Você está na página 1de 31

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma


Agrária - Sr-20 - Espírito Santo
Exercício 2018

29 de novembro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
Unidade Examinada: Superintendência Estadual do Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária - Sr-20 - Espírito Santo
Município/UF: Vitória/Espírito Santo
Ordem de Serviço: 201900222
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Auditoria Interna Governamental


Atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria, desenhada
para adicionar valor e melhorar as operações de uma organização; deve buscar
auxiliar as organizações públicas a realizarem seus objetivos, a partir da
aplicação de uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar
a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO Desde a edição do Decreto nº 9.038 em
26.04.2017, a Controladoria-Geral da União
REALIZADO (CGU) realiza testes e avaliações em tempo real,
utilizando informações disponíveis em sistemas
PELA CGU? informatizados para acompanhar processos, de
modo a auxiliar a gestão das Unidades na
identificação de situações de risco, informando
Foi realizada ao gestor, de forma tempestiva, possíveis
auditoria com o contribuições para a melhoria dos processos de
gestão. No âmbito do Incra, a contratação de
objetivo de se serviços de perfuração de poços artesianos
avaliar a apresenta impacto relevante. Levantamentos
feitos em 2018 revelaram que diversas
regularidade da superintendências do Incra aderiram a uma Ata
de Registro de Preços da Companhia de
formalização e Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e
execução do Parnaíba (Codevasf) para contratar a perfuração
de poços artesianos, totalizando um valor de
contrato nº R$ 118.645.747,37.
05/2018, QUAIS AS CONCLUSÕES ALCANÇADAS
celebrado entre o PELA CGU? QUAIS AS
RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO SER
Incra/ES e a CUMPRIDAS?
empresa ERM
As análises indicaram problemas nas medições
Empreendimentos entregues pela empresa contratada, as quais
foram atestadas pelo Incra/ES e, como
Agrícolas Ltda. – consequência, acarretaram irregularidades nos
EPP, para pagamentos realizados pelo órgão. Os
procedimentos de gestão do contrato não vêm
perfuração de se mostrando adequados. Nesse caso,
recomenda-se ao órgão aprimorar os controles
poços artesianos. para garantir a execução das obras conforme a
A auditoria contratação e glosar os valores pagos de forma
irregular. Sobre a operacionalidade dos poços
abrangeu o artesianos, as visitas in loco demonstraram que
período de os sistemas de captação de água ainda não estão
funcionando, em função da falta de ligação dos
01.01.2018 a medidores de energia pela concessionária de
distribuição de energia elétrica. Para esses
12.03.2019. casos, recomenda-se ao gestor finalizar as
negociações com a concessionária, com
urgência, para que sejam realizadas as ligações
dos medidores de energia elétrica.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ART Anotação de Responsabilidade Técnica
CPF Cadastro de Pessoa Física
Codevasf Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba
Iema Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
ITR Imposto Sobre Propriedade Territorial Rural
Incra Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
RG - Registro Geral
Sinapi Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 8

1. Superfaturamento de R$ 86.382,21 em pagamentos de itens da planilha orçamentária


do contrato sem evidências de execução pela empresa contratada, em quantidade maior
que a medida pela equipe de fiscalização do contrato ou em duplicidade.......................... 8

2. Pagamento de faturas no total de R$ 769.718,07, sem que a empresa contratada tenha


apresentado todos os documentos exigidos nas medições................................................... 12

3. Atraso na entrega dos poços tubulares pelo Incra/ES....................................................... 13

4. Construção de itens da obra de engenharia em desacordo com as especificações


técnicas do projeto, sem apresentação de justificativas para as alterações, e com a
possibilidade de comprometimento na funcionalidade dos poços artesianos..................... 15

RECOMENDAÇÕES 16

CONCLUSÃO 17

ANEXOS 19

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 19

II - OUTROS DOCUMENTOS CONSIDERADOS RELEVANTES 25


INTRODUÇÃO
Com o objetivo de solucionar o problema de déficit hídrico em áreas de projetos de assentamento
no âmbito do estado do Espirito Santo e de disponibilizar água nos assentamentos, o Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), por meio da Superintendência Estadual do
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Sr20 - Espírito Santo, celebrou o contrato nº
05/2018 com a empresa ERM Empreendimentos Agrícolas Ltda. - EPP, de CNPJ nº 14.126.500/0001-
89. Tal contrato foi celebrado em 06.06.2018, sua vigência foi fixada em 365 dias a partir dessa data,
e o seu objeto foi a perfuração de 100 poços artesianos, no montante de R$ 8.044.859,00. A
contratação ocorreu após o Incra/ES aderir à Ata de Registro de Preços realizada pela Companhia
de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) em decorrência do Edital de
Concorrência nº 33/2017.

Este relatório apresenta os resultados dos exames realizados na sede do Incra/ES e em áreas de
projetos de assentamento nos municípios capixabas de Ecoporanga e Nova Venécia, tendo por
objeto a avaliação da execução do Programa 2066 - Reforma Agrária e Governança Fundiária / Ação
211A - Desenvolvimento de Assentamentos Rurais.

A auditoria abrangeu o período de 01.01.2018 a 12.03.2019, no qual o Incra/ES realizou pagamentos


no montante de R$ 769.718,07, referente à perfuração de 27 poços artesianos (dezesseis com vazão
suficiente para operacionalidade e onze sem vazão suficiente para operacionalidade).

O escopo dos trabalhos foi a avaliação da regularidade da formalização contratual e da execução


dos serviços. Dos 27 poços artesianos perfurados, foram selecionados, por amostragem não
probabilística, para inspeções in loco, treze poços artesianos (nove com vazão suficiente para
operacionalidade e quatro sem vazão suficiente para operacionalidade) perfurados pela empresa
contratada, o que corresponde a 48% do total de poços perfurados até o período das inspeções in
loco desta auditoria, que foi de 22 a 24.05.2019.

Com vistas à avaliação da execução dos recursos federais, buscou-se responder as seguintes
questões de auditoria:

1. O Incra/ES realizou estudo técnico para identificar os assentamentos com maior necessidade para
construção de poços artesianos?

2. Houve elaboração de Termo de Referência/Projeto Básico do objeto a ser licitado antes da adesão
à Ata de Registro de Preços da Codevasf?

3. Houve pesquisa de preços e motivação da vantagem do procedimento de adesão a essa Ata de


Registro de Preços?

4. Houve o cumprimento dos aspectos formais obrigatórios na assinatura do contrato administrativo


para construção dos poços?

5. O fiscal do contrato foi formalmente designado?

6
6. O contrato está sendo fiscalizado conforme os preceitos da legislação vigente?

7. O cronograma de execução do contrato está sendo atendido?

8. O objeto construído está de acordo com as especificações definidas no Projeto Básico?

9. Existe compatibilidade entre as medições realizadas e as faturas apresentadas?

10. Os preços contratados encontram-se de acordo com os valores praticados no mercado?

11. Existe compatibilidade entre as faturas apresentadas e os pagamentos realizados?

12. Houve pagamento sem cobertura contratual?

13. O termo de recebimento da obra detalha adequadamente o que foi executado e a sua
qualidade?

14. Os poços artesianos construídos estão operando?

Os trabalhos de auditoria envolveram: realização de análise documental nos processos relacionados


com a contratação da empresa responsável pela perfuração dos poços artesianos e com a execução
do contrato; entrevista com a equipe de fiscalização do contrato; coleta e análise dos dados da
composição de custos do contrato; e comparação entre os preços contratados e os registrados na
base do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi).

Os resultados dos exames realizados estão apresentados na sequência, por meio de achados cuja
solução cabe ao gestor do Incra/ES.

7
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Superfaturamento de R$ 86.382,21 em pagamentos de itens da


planilha orçamentária do contrato sem evidências de execução pela
empresa contratada, em quantidade maior que a medida pela equipe de
fiscalização do contrato ou em duplicidade.
Com o objetivo de se verificar a conformidade da execução do contrato nº 05/2018 firmado entre
o Incra/ES e a empresa ERM Empreendimentos Agrícolas Ltda. - EPP, foi avaliada a compatibilidade
entre as medições realizadas e as faturas apresentadas pela contratada, de um lado, e os
pagamentos realizados pelo órgão federal, do outro. Foram analisadas todas as evidências que
comprovam a execução dos itens que constam nas planilhas de medição apresentadas pela
empresa.

A avaliação da regularidade dos pagamentos realizados pelo Incra/ES foi feita com base em todos
os documentos apresentados pela empresa contratada, nas visitas in loco realizadas nas obras e em
uma planilha de controle que a equipe de fiscalização do contrato anexou às fls. 730 a 734 do
processo nº 54000.010973/2018-13, em que constam os serviços totais executados e fiscalizados
até 07.12.2018. Tal avaliação resultou na apuração de superfaturamento de R$ 86.382,21, conforme
se passa a detalhar.

Em 19.06.2018, foi expedida a Ordem de Serviço nº 1469/2018/SR(20)ES-G/SR(20)ES/INCRA


autorizando a empresa ERM Empreendimentos Agrícolas Ltda. - EPP a iniciar os serviços
contratados. Nessa mesma data, a Ordem de Serviço nº 1472/2018/SR(20)ES-G/SR(20)ES/INCRA foi
anexada às fls. 490 do processo nº 54000.010973/2018-13, em que o órgão constituiu a equipe
responsável pela fiscalização do contrato.

Nesse mesmo processo, a empresa contratada anexou a primeira medição das obras, que foi
realizada em 17.07.2018 e teve como principais documentos a planilha de medição nº 01 e a nota
fiscal nº 698, no valor de R$ 429.075,56. Essa nota fiscal foi integralmente paga pelo Incra/ES, com
exceção do valor de R$ 22.202,56, referente à instalação de bebedouros, cujo item foi suprimido.
Os pagamentos dessa nota fiscal totalizaram R$ 406.873,00 e foram feitos com base em três
atestados de execução realizados pela equipe de fiscalização do contrato.

Já a segunda medição foi apresentada pela empresa contratada em 13.08.2018, consta no processo
nº 54000.134978/2018-31, e teve como principais documentos a planilha de medição nº 02 e as
notas fiscais nº 704 e 707, nos valores de R$ 379.429,54 e R$ 48.852,20, respectivamente. Quanto
a essa segunda medição, até 07.06.2019, houve apenas um pagamento parcial referente à nota
fiscal nº 704, no valor de R$ 362.845,07, com base em três atestados de execução realizados pela
equipe de fiscalização do contrato.

As irregularidades identificadas por esta equipe de auditoria decorreram de análises referentes à


questão de auditoria nº 09, citada na introdução deste relatório. Os resultados dessas análises que
revelaram o superfaturamento apurado foram:
8
a) Pagamento por item da planilha da primeira medição distinto do efetivamente executado, que
era mais barato

Foi identificada desconformidade na execução do item de nº 2.5.8 da planilha da primeira medição,


referente a quinze licenças para perfuração dos poços artesianos.

Apesar de ser responsabilidade da empresa contratada providenciar as licenças para perfuração de


poços, o gestor do Incra/ES apresentou o documento “Declaração de Dispensa nº 307-D/2019”,
expedido em 16.05.2019 pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) do
Estado do Espírito Santo, no qual consta o próprio Incra/ES como requerente. Esse documento
informa que o objeto do contrato nº 05/2018 atende aos limites de porte para dispensa da licença
de perfuração. Evidencia-se, portanto, que a empresa contratada não precisou arcar com custos
referentes às licenças para perfuração de poços artesianos, haja vista que o Iema dispensou o
Incra/ES desse pagamento, restando necessário apenas o pagamento da taxa relativa à Declaração
de Dispensa de Licenciamento Ambiental.

Na página do Iema na internet (http://e-dua.sefaz.es.gov.br/aplicacoes/emitir.asp), é possível


realizar a emissão de Documento Único de Arrecadação (Dua), para pagamento da taxa
correspondente à solicitação da Declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental. Em simulação
realizada em tal página no dia 26.06.2019 verificou-se que a emissão de Declaração de Dispensa de
Licenciamento Ambiental para perfuração de quinze poços artesianos geraria uma taxa de R$
384,90, sendo R$ 25,66 por cada unidade.

Diante do exposto, constata-se que o valor de R$ 19.323,00 pago pelo Incra/ES à empresa ERM
Empreendimentos Agrícolas Ltda. - EPP pelo item nº 2.5.8 da planilha da primeira medição (quinze
licenças para perfuração dos poços artesianos) está incompatível com o valor cobrado pelo Iema,
órgão emissor da Declaração de Dispensa de Licenciamento Ambiental. O superfaturamento, nesse
caso, foi de R$ 18.938,10 (R$ 19.323,00 - R$ 384,90).

Em que pese as licenças não terem sido providenciadas pela ERM Empreendimentos Agrícolas Ltda.
– EPP, a equipe de fiscalização do contrato atestou o serviço e o Incra/ES pagou à empresa
integralmente por esse item contratado.

b) Atesto e pagamento de itens das planilhas da primeira e segunda medições, pela equipe de
fiscalização do contrato, em quantidade superior à que foi efetivamente executada

Foi realizado comparativo entre, de um lado, as informações que constam nas planilhas de medição
e nos atestados assinados pela equipe de fiscalização do contrato, até a data de 07.12.2018, e que
sustentam os pagamentos realizados à empresa contratada, e, do outro lado, as informações que
constam em uma planilha de controle de execução que foi anexada pela própria equipe de
fiscalização do contrato, às fls. 730 a 732 do processo nº 54000.010973/2018-73. Nessa planilha,
constam todos os serviços executados e fiscalizados pela equipe de fiscalização do contrato, até a
data de 07.12.2018. A comparação foi realizada com base nos registros nos campos com o
quantitativo e o valor unitário de cada item da planilha de medição que foi atestado pela equipe de
fiscalização e pago pelo Incra/ES.

9
A primeira planilha de medição foi integralmente paga, com exceção do valor de R$ 22.202,56,
referente à instalação de bebedouros, conforme constou no último atesto da Nota Fiscal nº 689, às
fls. 715 do processo nº 54000.010973/2018-13. Devido a essas condições de pagamento, foram
considerados todos os itens que constam nessa planilha de medição. Como a segunda planilha de
medição não foi paga integralmente, foram considerados apenas os itens que constam nos
atestados da equipe de fiscalização do contrato e que foram efetivamente pagos.

A comparação deveria trazer como resultado valores idênticos em todos os itens confrontados,
entretanto, foram identificados itens nos atestados assinados pela equipe de fiscalização do
contrato em quantidade superior à quantidade que consta na planilha de controle anexada ao
processo. Esse fato demonstra que o pagamento dos itens da planilha de medição foi maior do que
a execução efetiva.

c) Pagamento em duplicidade por itens da planilha da segunda medição

Verificou-se que a equipe de fiscalização do contrato realizou o atesto de itens da planilha da


segunda medição mais de uma vez, ocasionando pagamento em duplicidade por tais itens,
conforme detalhado a seguir.

O primeiro atesto da nota fiscal nº 704 foi realizado em 23.10.2018, e confirmou a realização dos
seguintes itens:

- 3.2.1 - Instalação de Chafariz, no valor de R$ 68.582,15; e

- 3.2.3 - Instalação de poços, no valor de R$ 12.558,92.

Em 07.12.2018, foi realizado o terceiro atesto da nota fiscal nº 704, confirmando a realização dos
itens a seguir:

- 3.2.1.3 - Fornecimento e assentamento de tubo de PVC soldável na cor azul DN 50mm – rede
adutora chafariz, no valor de R$ 31.564,85;

- 3.2.3.1 - Fornecimento de material e instalação hidráulica do poço, no valor de R$ 3.000; e

- 3.2.3.2 - Fornecimento e assentamento de tubo de PVC soldável na cor azul DN 50mm – tubo
edutor, no valor de R$ 5.251,48.

Os três itens confirmados no terceiro atesto e pagos pelo Incra/ES já estavam incorporados nos itens
confirmados no primeiro atesto e pagos pelo órgão federal, o que evidencia o pagamento em
duplicidade por itens da planilha de medição nº 02. O valor total dos itens pagos em duplicidade foi
de R$ 39.816,33.

Em suma, para as irregularidades relatadas nas alíneas anteriores, a equipe de fiscalização do


contrato atestou a execução e o Incra/ES realizou integralmente os pagamentos respectivos, sem
qualquer glosa em desfavor da empresa contratada, mesmo sem evidências de que os itens das
planilhas de medição tenham sido executados conforme registrado nas medições ou com evidências
de que os itens foram executados em desconformidade com os registros nas medições.

10
Destaca-se que o anexo II deste relatório discrimina todos os itens mencionados neste achado.

A tabela a seguir traz o valor do superfaturamento apurado por esta equipe de auditoria na
execução desses itens:

Tabela – Superfaturamento apurado na amostra das obras de construção de poços artesianos


contratadas pelo Incra/ES no âmbito do contrato nº 05/2018
Valor do
Irregularidades relacionadas aos pagamentos feitos pelo Incra/ES Medição superfaturamento
(R$)
a) Item da planilha de medição cujo pagamento foi superior à execução
1ª 18.938,10
efetiva do serviço
b) Itens da planilha de medição com quantidades pagas maiores que as
1ª e 2ª 27.627,78
atestadas na planilha de controle da equipe de fiscalização do contrato
c) Itens da planilha de medição pagos em duplicidade 2ª 39.816,33
Total 86.382,21
Fonte: Planilhas de medições apresentadas pela empresa contratada e planilha de controle da equipe de fiscalização do
contrato anexadas aos processos nº 54000.010973/2018-13 e nº 54000.134978/2018-31.

As inconsistências relatadas infringem as regras definidas no Termo de Referência do contrato nº


05/2018. Conforme consta no item 12.3 do referido termo, o Incra/ES somente pagaria a contratada
pelos serviços efetivamente executados, com os preços integrantes da proposta aprovada e, caso
aplicável, a incidência de reajustamento e atualização financeira.

Nesse sentido, evidencia-se que a equipe do Incra/ES responsável pela fiscalização do contrato
atestou a execução de itens das planilhas de medição apresentadas pela empresa contratada sem
que os serviços tenham sido realizados conforme as medições. Ademais, fica demonstrada
irregularidade cometida pelo setor financeiro do Incra/ES, considerando que houve pagamento em
quantidade superior à atestada pela equipe de fiscalização do contrato.

Ressalta-se que os membros da equipe de fiscalização do contrato trabalharam sempre


isoladamente, haja vista que cada atestado ou relatório de fiscalização era assinado por apenas um
membro da equipe, sem que nenhum desses documentos contivesse a assinatura dos outros
membros da equipe. A falta do trabalho em equipe prejudica, principalmente, a identificação de
possíveis erros cometidos nas fiscalizações.

Um exemplo desse problema foi o pagamento em duplicidade por itens da planilha de medição nº
02. Nesse caso, o primeiro atesto foi realizado por um servidor e o terceiro atesto foi realizado por
outro servidor. A comunicação e a troca de informações entre os servidores que assinaram esses
atestados poderia ter evitado o pagamento em duplicidade. Caso esses atestados tivessem sido
elaborados, revisados e assinados por todos os membros da equipe, ou pelo menos dois deles, o
risco de ocorrer um erro por duplicidade de pagamento teria sido menor.

O pagamento de itens da planilha de medição em quantitativo maior que o realmente executado


representa custo que onera a execução das obras e favorece irregularmente a empresa contratada.

11
2. Pagamento de faturas no total de R$ 769.718,07, sem que a empresa
contratada tenha apresentado todos os documentos exigidos nas
medições.
Essa irregularidade foi constatada na análise referente à questão de auditoria nº 9, abordada na
introdução deste relatório.

Foi avaliada a compatibilidade entre as medições realizadas e as faturas apresentadas pela empresa
ERM Empreendimentos Agrícolas Ltda. - EPP. Para isso, foram analisados todos os documentos
apresentados pela empresa, quando da solicitação de faturamento e pagamento das primeira
(R$ 406.873,00) e segunda medições (R$ 362.845,07) de execução das obras.

Verificou-se que a empresa não apresentou todos os documentos que são exigidos pelo Termo de
Referência do contrato nº 05/2018. Conforme consta nesse Termo de Referência, as medições
realizadas pela empresa contratada deveriam vir acompanhadas de:

a) Registro fotográfico do início e término dos serviços;

b) Memória de cálculo com as quantidades de serviços realizados;

c) Documentação de regularidade fiscal da empresa no período (art. 55, inciso XIII, da Lei
8.666/1993);

d) Holerite dos funcionários envolvidos na realização dos serviços;

e) Diário de obras atualizado;

f) Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) de execução (na primeira medição ou na


eventualidade de mudança de responsável técnico);

g) Coordenadas geográficas de localização do local de perfuração do poço;

h) Termo de servidão pública reconhecida em cartório (Modelo Codevasf);

i) Documento de identificação do proprietário possuidor da terra (Registro Geral – RG e


Cadastro de Pessoa Física – CPF do casal); e

j) Comprovante de posse da terra (Imposto Sobre Propriedade Territorial Rural – ITR e/ou
Incra).

A empresa contratada não apresentou os registros fotográficos do início e término dos serviços, o
diário de obras atualizado, a ART de execução e as coordenadas geográficas de localização do local
de perfuração do poço.

12
Nesse caso, as inconsistências apontadas deixam claro que a equipe responsável pela fiscalização
do contrato permitiu o seguimento dos procedimentos de pagamento, mesmo com a empresa não
tendo cumprido todas as exigências constantes do referido Termo de Referência.

A solicitação de faturamento por parte da empresa contratada, sem a apresentação de todos os


documentos que são exigidos no Termo de Referência, não permite aos órgãos de controle e à
equipe de fiscalização do contrato identificar completa e claramente o que realmente foi executado
nas obras. Além disso, representa risco à execução das obras, uma vez que os documentos
apresentados não são suficientes para garantir que a empresa tenha realizado o trabalho de forma
adequada, podendo representar o pagamento de serviços não executados ou executados de forma
inadequada. Tal falha ganha relevo diante da atuação da equipe de fiscalização do contrato, que
atestou a execução de serviços indevidamente, conforme demonstrado no achado anterior sobre
superfaturamento.

O achado ora apresentado pode comprometer o atendimento das necessidades de abastecimento


de água aos assentamentos do Incra/ES.

3. Atraso na entrega dos poços tubulares pelo Incra/ES.


Esse achado foi constatado na análise referente às questões de auditoria nº 7 e 14, abordadas na
introdução deste relatório.

Com o objetivo de se avaliar se o cronograma de execução do contrato está sendo atendido e se os


poços artesianos construídos estão efetivamente operando, foram analisadas as planilhas de
medição das obras e foram realizadas visitas in loco em poços artesianos construídos.

As planilhas de medição das obras demonstraram que, até 23.05.2019, foram perfurados dezesseis
poços artesianos com vazão suficiente para operacionalidade pelas famílias assentadas, dos quais
nove foram visitados por esta equipe de auditoria. Verificou-se que apenas um poço artesiano
apresentava condições de operação, ainda assim com limitações, visto que o sistema de energia que
alimentava a bomba centrífuga do poço, depois de um tempo em operação, desligava e precisava
ser religado. Em todos esses poços visitados, já estavam finalizadas as obras de engenharia de
responsabilidade da empresa contratada, faltando apenas o Incra/ES solicitar a ligação dos
medidores de energia à concessionária de distribuição de energia elétrica.

Também foi constatado que vários desses poços se encontravam cercados de vegetação por todos
os lados, em completa situação de abandono, o que dificulta o acesso aos poços até mesmo para
fazer o registro fotográfico da situação encontrada. Os registros fotográficos de algumas situações
encontradas são apresentados a seguir:

13
Figura 1 - Poço artesiano em situação de abandono, Figura 2 - Poço artesiano em situação de abandono,
localizado no Assentamento Boa Vista, próximo à BR- localizado no Assentamento Franqueza e Realeza, no
342, entre os municípios de Ecoporanga e Nova município de Ecoporanga/ES, próximo à divisa com o
Venécia no Espírito Santo. Estado de Minas Gerais.

Registro fotográfico realizado no dia 22.05.2019. Registro fotográfico realizado no dia 23.05.2019.

Figura 3 - Poço artesiano operando com limitações,


com problema no sistema de energia que alimenta a
bomba submersa do poço.

Registro fotográfico realizado no dia 23.05.2019.

Com a finalização das obras de engenharia dos poços tubulares, caberia ao Incra/ES realizar os
trâmites necessários, junto à concessionária de distribuição de energia elétrica, para o fornecimento
de energia elétrica para o funcionamento do sistema de captação de água. A concessionária foi
contatada apenas em novembro de 2018 e as ligações não haviam sido finalizadas até 23.05.2019.

Esse fato demonstra que o Incra/ES não atuou com a celeridade necessária nos procedimentos,
junto à concessionária de distribuição de energia elétrica, para a ligação dos medidores de energia
nos locais em que foram construídos os poços tubulares.

Com o atraso na entrega dos poços artesianos em condições de operação, serão necessários novos
trabalhos de limpeza, para que se possa ter acesso aos poços e ao seu entorno. Esse atraso também
14
impacta no cumprimento do objetivo principal da construção dos poços artesianos, que é a
disponibilização de água às famílias assentadas pelo Incra/ES.

4. Construção de itens da obra de engenharia em desacordo com as


especificações técnicas do projeto, sem apresentação de justificativas
para as alterações, e com a possibilidade de comprometimento na
funcionalidade dos poços artesianos.
Essa irregularidade foi constatada na análise referente à questão de auditoria nº 8, abordada na
introdução deste relatório.

Com vistas a avaliar se a execução das obras de engenharia estava de acordo com as especificações
técnicas definidas no Projeto Básico, foi realizado, nas visitas in loco, o registro fotográfico dos
principais itens que constaram na planilha orçamentária do contrato. Na sequência, compararam-
se os desenhos constantes nas especificações técnicas do projeto com os registros fotográficos.

Nessa comparação, foram identificados itens das obras de engenharia dos poços artesianos
visitados que não estavam de acordo com os desenhos do projeto, a saber:

- O item 3.2.1 refere-se à instalação de chafariz para saída da água. As especificações técnicas desse
item estão definidas no projeto nº 10. Comparando o projeto nº 10 com os chafarizes localizados
nos poços visitados, verificou-se que a construção desse item não apresentou os tubos de aço
galvanizado de 2”, medindo 65 cm, que deveriam estar posicionados na parte superior do chafariz,
conectando as duas torneiras de saída da água. O valor unitário desse item é de R$ 41,02 o metro,
conforme planilha de composição de preços. Foi realizado o pagamento de onze unidades, o que
representa o pagamento total de R$ 293,29 em itens da composição de custos que não foram
executados; e

- O item 3.2.3 refere-se à instalação hidráulica do poço tubular. As especificações técnicas desse
item estão definidas no projeto nº 09. Comparando o projeto nº 09 com as instalações hidráulicas
dos poços visitados, verificou-se que não foi instalado o manômetro de conexão de ¼”, que faz a
medida de pressão de saída da água do poço. O valor unitário desse item é de R$ 85,10, conforme
planilha de composição de preços. Foi realizado o pagamento de onze unidades, o que representa
o pagamento total de R$ 936,10 em itens da composição de custos que não foram executados.

Vale registrar que, além desses itens suprimidos na execução dos poços artesianos, os itens 3.1.2 e
3.1.3, que se referem, respectivamente, à construção de mureta de proteção do padrão de medição
e ao fornecimento de material e instalação do padrão de medição, não foram executados conforme
previsto no projeto das obras. Conforme a documentação que contém as especificações técnicas
das obras, o projeto nº 13 define que esses dois itens deveriam ser construídos separados do poste
de concreto para energização. Todavia, um dos fiscais do contrato esclareceu em entrevista que o
modelo de poste utilizado pela concessionária de distribuição de energia elétrica já comporta um
espaço necessário para instalação do padrão de medição. Assim, o padrão de medição foi instalado
diretamente no poste de concreto para energização, e foi dispensada a construção da mureta de
proteção do padrão de medição.

15
Apesar de a mudança na construção do padrão de medição não representar um problema à
operacionalidade dos poços artesianos, os cálculos de composição de custos do item 3.1 – Instalação
Elétrica das Bombas, que comporta esses subitens, deveriam ser refeitos, a fim de se avaliar os
custos efetivos das obras decorrentes dessa alteração e promover os ajustes contratuais porventura
necessários.

Vale ressaltar que as supressões e as mudanças relacionadas acima, em relação ao projeto original,
não foram justificadas nem pela empresa contratada (nos documentos juntados ao processo para
pagamento dos serviços executados), nem pelos técnicos do órgão (nos documentos que atestaram
a execução dos serviços).

Os problemas identificados evidenciam a equipe responsável pela fiscalização do contrato não


implementou controles adequados para acompanhar as construções executadas pela empresa
contratada. A equipe de fiscalização atestou a execução do chafariz e da instalação hidráulica do
poço em desacordo com as especificações do projeto, e aceitou a alteração do projeto de
construção da mureta de proteção do padrão de energia, sem verificar o impacto das alterações nos
custos contratados.

Nesse contexto, a execução dos itens 3.1.2 e 3.1.3 em desconformidade com as especificações do
projeto pode afetar diretamente os custos da construção, podendo representar aumento no custo
das obras. Ademais, a supressão dos tubos de aço galvanizado de 2”, previstos no item 3.2.1, e a
supressão dos manômetros de conexão de ¼”, previstos no item 3.2.3, respectivamente,
representam situações que podem comprometer a funcionalidade dos poços artesianos.

RECOMENDAÇÕES
1 - Glosar, nos próximos pagamentos realizados à empresa contratada, no âmbito do contrato nº
05/2018: a) o valor total de R$ 86.382,21, correspondente à soma dos valores que excederam os
quantitativos efetivamente executados nos itens de nºs 2.5.7, 2.5.8, 3.1.2 a 3.1.5, 3.1.7 a 3.1.9,
3.2.1.1, 3.2.1.2, 3.2.2.1, 3.2.2.2, 3.2.3.1, 3.2.3.2, 3.2.9.1 a 3.2.9.15 e 3.2.10.1 a 3.2.10.8 com os
valores pagos em duplicidade nos itens de nºs 3.2.1.3, 3.2.3.1 e 3.2.3.2; e b) o valor a ser apurado
pela unidade, no tocante aos itens mencionados na alínea anterior, em relação à execução dos
poços artesianos já construídos, mas que não fizeram parte da amostra desta auditoria. Na
sequência, apresentar à CGU a demonstração da glosa resultante do superfaturamento apurado por
esta equipe de auditoria, bem como a resultante de eventuais superfaturamentos apurados pelo
próprio Incra/ES na construção dos poços artesianos que não fizeram parte da amostra desta
auditoria.

Achado nº 01

2 - Solicitar com urgência, à concessionária de distribuição de energia elétrica do local, a ligação dos
medidores de energia.

Achado nº 03

16
3 - Adotar rotina de solicitar a ligação dos medidores de energia, imediatamente após a conclusão
dos poços artesianos, à concessionária de distribuição de energia elétrica do local, de modo a evitar
despesas futuras com limpeza e manutenção de poços construídos, mas inoperantes.

Achado nº 03

4 - Exigir da empresa contratada os ajustes necessários na construção do chafariz e da tubulação de


saída dos poços artesianos, bem como a instalação dos manômetros, para que os itens executados
fiquem em conformidade com as especificações do objeto contratado.

Achado n° 4

5 - Calcular os valores resultantes das alterações na construção da mureta de proteção do padrão


de energia, a fim de se avaliar o impacto nos custos de execução da obra, reajustando o valor
contratual conforme os custos efetivos das construções dos poços artesianos e realizando eventuais
glosas nos valores já pagos, caso necessárias. Na sequência, apresentar à CGU a demonstração do
cálculo dos valores resultantes das alterações na construção da mureta de proteção do padrão de
energia, de modo que esta unidade de controle interno possa: a) avaliar se o impacto nos custos de
execução da obra foi devidamente considerado pelo Incra/ES no tocante a reajustamento do valor
contratual eventualmente necessário para ajustar os custos efetivos das construções dos poços
artesianos; e b) verificar a regularidade de eventuais glosas nos valores já pagos, caso necessárias.

Achado n° 4

CONCLUSÃO
Quanto à comprovação de execução do contrato nº 05/2018, esta auditoria identificou problemas
nas medições entregues pela empresa contratada, assim como nos atestados de execução assinados
pela equipe de fiscalização do contrato e, por conseguinte, nos pagamentos realizados pelo
Incra/ES. Nesse sentido, o órgão não vem realizando o trabalho de gestão e fiscalização da obra de
forma eficiente e adequada, comprometendo a conformidade da execução dos recursos públicos.
Confirmam essa conclusão as inconsistências relatadas nos procedimentos de pagamento da obra,
que tratam de pagamentos em duplicidade, pagamentos por serviços medidos em quantidades
superiores às atestadas pela equipe de fiscalização e pagamentos sem a apresentação de
documentos exigidos contratualmente.

Ainda quanto à execução da obra e aos pagamentos respectivos, foi identificada incompatibilidade
entre itens executados e as especificações técnicas contratadas, o que demanda que o Incra/ES exija
ajustes por parte da empresa contratada.

A respeito do cronograma de execução da obra e da operacionalidade dos poços artesianos


construídos, as visitas aos locais de execução dos poços demonstraram que o órgão não está
atendendo aos prazos definidos no Termo de Referência. Como consequência, foram identificados

17
poços artesianos na situação de abandono, o que exigirá novos gastos para a operacionalidade do
sistema de captação de água.

Não foram identificadas irregularidades nas avaliações relativas às questões de auditoria de nºs 1 a
6 e 10 a 13.

18
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA

Achados nº 1, 2, 3 e 4
Manifestação da unidade examinada
Por meio do Ofício nº 57861/2019/SR(20)ES-G/SR(20)ES/INCRA-INCRA, de 06.09.2019, a
Superintendência Estadual do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - Sr-20 - Espírito
Santo apresentou a seguinte manifestação:
[...]
Trata o presente sobre resposta ao Relatório Preliminar nº 201900222 encaminha por
Vossa Senhoria no qual friso que dos 14 questionamentos abordados pelo citado relatório,
apenas 04 demandam explicações por parte desta Autarquia Agrária, conforme consta na
conclusão dos trabalhos deste órgão de controle, ao qual passo a relatar a seguir.
No que tange ao item 7 - O cronograma de execução do contrato está sendo atendido?
R.: Na medida do possível em razão do contingenciamento de recursos por parte do governo
federal. Cumpre informar que foram solicitados por parte desta Regional no decorrer do
primeiro semestre os recursos orçamentários e financeiros para que equipe de fiscalização
pudesse conferir 'in loco' o andamento dos trabalhos realizados pela empresa contratada,
contudo o primeiro e único repasse no corrente ano só ocorreu no mês de agosto no valor
de R$ 20.000,00 conforme Ofício SEI 3974305.
No que tange ao item 8 - O objeto construído está de acordo com as especificações
definidas no Projeto Básico?
R.: Sim. Mister informar que esta Regional aderiu a uma Ata de Registro de Preços e houve
a necessidade de mudanças pontuais em razão de adequações a realidade local e tais como:
substituição de mureta de proteção do padrão de energia por poste padrão de energia em
razão da exigência da companhia de energia, nesse sentido será reavaliado se é necessário
fazer adequação. Quanto a informação de supressão dos tubos de aço galvanizado e
manômetros, será objeto de análise por parte do corpo técnico e eventuais desacordos com
o que foi contratado será objeto de glosa em pagamentos futuros, haja vista que as obras
estão sendo executas.
No que tange ao item 9 - Existe compatibilidade entre as medições realizadas e as faturas
apresentadas?
R.: Está sendo reavaliado todas as medições e pagamentos; contudo os pagamentos foram
efetuados de acordo com os atestos apresentados e na parte do relatório que informa sobre
duplicidade de pagamentos estamos analisando minuciosamente para eventual glosa em
pagamentos futuros.
No que tange ao item 14 - Os poços artesianos construídos estão operando?
R.: Não, as obras ainda estão sendo executadas e serão consideradas conclusas somente
após o Termo der Recebimento da Obra, no qual informo que nenhum foi assinado.
Quanto ao resultado dos exames, constam os questionamentos:
1. Superfaturamento de R$ 86.767,11 em pagamentos de itens da planilha orçamentária do
contrato sem evidências de execução pela empresa contratada, em quantidade maior que
a medida pela equipe de fiscalização do contrato ou em duplicidade.

19
[...]
A - Pagamento por item da planilha da primeira medição que deveria ser executado pela
empresa contratada, mas foi executado pelo Incra/ES.
R.: Todo o trabalho foi realizado pela Empresa ERM Empreendimentos Agrícolas, sendo que
para isso foi repassado uma Procuração SEI 4375061, conforme exigência do IEMA, que
emite a dispensa da licença em nome do Incra/ES. Cumpre informar que o custo para
pagamento das licenças engloba os trabalhos de mão de obra, material e serviços conforme
se depreende da planilha de composição de preços elaborada pela Codevasf SEI 0796154,
código: CPU – 24, com preço unitário de R$ 1.000,00 com BDI de 28,82%, assim o preço
unitário desse item fica em R$ 1.288,20 que multiplicado por 15 poços atinge o valor de
19.323,00. Cumpre informar que Incra/ES aderiu a uma Ata de Registro de Preço, no qual
foi feita pesquisa de preço com escopo de aderir a mais vantajosa conforme SEI 0756657.
Nesse sentido, a adesão engloba o todo e não cabe, a princípio, esta Regional contestar a
planilha definida pela Codevasf. Por oportuno, especificamente a página deste item foi
segmentada das demais para facilitar a visualização - SEI 4376995.
B) Atesto e pagamento de itens das planilhas da primeira e segunda medições, pela equipe
de fiscalização do contrato, em quantidade superior à que foi efetivamente executada.
R.: Quanto a este item passo a relatar os atestos por nota fiscal:
Nota Fiscal n° 0000698 – SEI 1311933 – R$ 429.075,56 – planilha de medição SEI 1311975
elaborada pela empresa ERM.
Atesto SEI 1372245 de 02/08/2018 - R$ 232.240,15
Atesto SEI 1731430 de 19/09/2018 – R$ 118.529,50
Atesto SEI 1966062 de 18/10/2018 – R$ 56.099,97__
Total R$ 406.869,62
Notas Fiscais n° 0000704 e 0000707 – SEI 1486474 e 1556950 – R$ 428.281,74 – planilha
de medição SEI 1557012 elaborada pela empresa ERM.
Atesto SEI 1995590 de 23/10/2018 – R$ 266.584,30
Atesto SEI 2107176 de 07/11/2018 – R$ 56.444,44
Atesto SEI 2363181 de 07/12/2018 – R$ 39.816,33
Total R$ 362.845,07
Diante do exposto, o valor apresentado pela empresa até momento da confecção do
relatório CGU é de R$ 857.357,30, contudo, o efetivamente pago é de R$ 769.714,69.
Cumpre informar que consta na Planilha SEI 2417380, o valor pago de R$ 729.897,98.
Ocorre que simultaneamente a confecção desta, foi realizado pagamento de R$ 39.816,33,
e não acostado na referida planilha, perfazendo um total pago de R$ 769.714,69.
Do exposto, nota-se que consta uma diferença para menos entre os valores apresentados
pela empresa e o efetivamente pago pelo INCRA.
Ressaltamos, porém, que estamos realizando a revisão de todos os cálculos de forma
minuciosa a fim de averiguar possíveis inconsistências. Caso seja detectado, tomaremos as
providências no sentido de glosar valores a serem apresentados uma vez que os trabalhos
se encontram em andamento.
C) Pagamento em duplicidade por itens da planilha da segunda medição
R.: Em função do relatório apresentado pela CGU, estamos realizando a revisão de todos os
cálculos de forma minuciosa a fim de averiguar possíveis inconsistências. Caso seja
detectado, tomaremos as providências no sentido de glosar valores a serem apresentados
uma vez que os trabalhos se encontram em andamento.

20
2. Pagamento de faturas no total de R$ 769.718,07, sem que a empresa contratada tenha
apresentado todos os documentos exigidos nas medições.
Com relação a esse item apresentamos o que segue: os registros fotográficos não foram
apresentados ainda a esta regional, observamos que as obras ainda estão em andamento,
ressaltando que não houve nenhum recebimento definitivo de obra. Quanto a ART, já tinha
sido emitida conforme se depreende do SEI 4389747. Com relação as coordenadas
geográficas, as mesmas já foram apresentadas conforme doc. SEI 4390053, nesse item
específico, observamos quando da fiscalização "in loco" por parte da CGU foi encaminhado
as referidas coordenadas por e-mail a esse órgão.

3. Atraso na entrega dos poços tubulares pelo Incra/ES.


R,: Em razão do contingenciamento de recursos houve a necessidade de prorrogação do
prazo referente ao objeto contratado, conforme Primeiro Termo Aditivo SEI 3613132.

4. Construção de itens da obra de engenharia em desacordo com as especificações técnicas


do projeto, sem apresentação de justificativas para as alterações, e com a possibilidade de
comprometimento na funcionalidade dos poços artesianos.
R.: Houveram mudanças pontuais em razão de adequações a realidade local tais como:
substituição de mureta de proteção do padrão de energia por poste padrão de energia em
razão da exigência da companhia de energia, nesse sentido será reavaliado se é necessário
fazer adequação quanto aos custos. No tocante à supressão dos tubos de aço galvanizado
e manômetros, está sendo objeto de análise por parte do corpo técnico e eventuais
desacordos com o que foi contratado será objeto de glosa em pagamentos futuros e ou
substituição e instalação, se for o caso, haja vista que as obras estão sendo executas.
Por fim, em razão dos devidos apontamentos que merecem adequações, esta Regional está
trabalhando no sentindo de aprimorar os controles internos para garantir a execução das
obras conforme o serviço contratado e, caso necessário, serão tomadas as providências
necessárias (glosa de notas, substituição de itens e equipamentos, adequações em obras,
devolução de valores pagos, etc). Ressaltamos a iniciativa para construção dos poços
tubulares decorre de uma determinação judicial que determinou que esta Autarquia
realizasse o fornecimento de água potável aos beneficiários do Programa Nacional de
Reforma Agrária, especificamente no município de Ecoporanga/ES. Cumpre informar que
esta Superintendência Regional não possuí expertise para gerenciar obras dessa
complexidade, pois não consta em nossos registros dos últimos 15 anos tenha se tenha
realizado obras do gênero (construção de poços). Por derradeiro, observamos que os preços
médios dos poços perfurados por meio do contrato n° 05/2018 é da ordem de R$ 57.000,00,
enquanto que na Pesquisa de Vantajosidade SEI 0756657, o custo médio apresentado de
perfuração de poço é de R$ 87.378,73.
Considerando os termos apresentados no Relatório Preliminar CGU, é o que temos a
informar no presente momento, ao tempo em que nos colocamos à disposição para outros
esclarecimentos, caso necessário, na medida em temos atuado no sentido de equacionar
as possíveis inconsistências apresentadas visando uma resposta ágil à sociedade e correta
utilização dos recursos públicos. (sic)

Análise da equipe de auditoria (achado nº 1)

21
O gestor apresentou a sua manifestação elencando as suas justificativas nos três itens que
constaram no apontamento. Assim, a análise da equipe de auditoria será realizada para cada item
apresentado pelo gestor.
A - Pagamento por item da planilha da primeira medição distinto do efetivamente executado, que
era mais barato
O gestor apresentou uma procuração que dá poderes ao responsável técnico da empresa
contratada para obter as licenças necessárias junto aos órgãos reguladores para execução da obra.
Ainda que o gestor tenha apresentado evidências de que o trabalho foi realizado pela empresa
contratada, o valor unitário pago à empresa está incompatível com o valor cobrado pelo órgão
emissor da declaração, e o valor total pago não condiz com o número de declarações obtidas
(apenas uma).
O gestor não se manifestou quanto à incompatibilidade existente entre o valor de R$ 19.323,00
pago pela emissão de quinze licenças e o valor de R$ 384,90 que deveria ter sido atestado e pago
pela obtenção de apenas uma declaração de dispensa. A simples verificação do documento emitido
pelo Iema, anteriormente ao atesto do serviço sobre a execução do item 2.5.8 da planilha da
primeira medição, seria suficiente para que a unidade não pagasse todo o quantitativo previsto
naquele item.
Embora o gestor tenha esclarecido que os custos para pagamento das licenças englobam mão de
obra, material e serviços, todos esses custos se referem ao trabalho que a empresa teria caso fossem
emitidas quinze licenças para perfuração de poços artesianos, o que não ocorreu. Isso porque a
natureza do objeto executado permitiu que a sua execução fosse autorizada apenas com uma única
declaração de dispensa pelo Iema.
O gestor também argumenta que os valores das licenças de perfuração já estavam definidos na ata
de registro de preços, à qual o Incra/ES apenas fez uma adesão, entretanto, o fato de o Incra/ES ter
aderido a uma ata de registro de preços não pode ser utilizado como argumento para o pagamento
de um serviço que não foi executado. Ao gestor cabe avaliar todos os itens que constaram na
planilha orçamentária da ata de registro de preços e, caso seja identificado algum item que não se
adeque à realidade local, esse item deve ser, obrigatoriamente, reavaliado para identificar a
necessidade de adequação dos custos.
Diante do exposto, percebe-se que os argumentos do gestor não são capazes de alterar o
entendimento pela irregularidade sob análise.
Por fim, há que serem feitos os seguintes registros: 1º) no relatório preliminar enviado ao gestor, a
descrição sumária desta irregularidade era “Pagamento por item da planilha da primeira medição
que deveria ser executado pela empresa contratada, mas foi executado pelo Incra/ES”. Em função
da manifestação do gestor, tal descrição foi alterada nesta versão definitiva do relatório para
“Pagamento por item da planilha da primeira medição distinto do efetivamente executado, que era
mais barato”; e 2º) o valor do superfaturamento apontado no relatório preliminar enviado ao gestor
era de R$ 19.323,00, mas foi corrigido para R$ 18.938,1 nesta versão definitiva do relatório.
B) Atesto e pagamento de itens das planilhas da primeira e segunda medições, pela equipe de
fiscalização do contrato, em quantidade superior à que foi efetivamente executada.
Os argumentos do gestor não são capazes de afastar a irregularidade apontada.
22
O gestor apresentou o somatório dos pagamentos realizados até o momento e argumentou que o
valor total pago se apresenta menor que o valor total apresentado pela empresa. O fato de se ter
um valor total pago menor que o valor total apresentado pela empresa não significa que essa regra
também será verdadeira em todos os itens que constam da planilha de medição, podendo ter itens
com valor pago a maior que o executado e também o contrário.
O apontamento foi realizado utilizando o somatório de todos os itens em que o cálculo do valor
pago estava maior que o valor executado. Para esses itens, o gestor deve realizar a glosa dos valores
pagos a maior, nos próximos pagamentos à empresa contratada. Por outro lado, para os itens em
que o valor pago esteja eventualmente menor que o valor executado, cabe ao Incra/ES monitorar e
confirmar o percentual de execução e realizar o pagamento do que for efetivamente executado.
Por fim, o gestor esclarece que está sendo realizada uma revisão de todos os cálculos realizados a
fim de identificar possíveis inconsistências. Considerando a precariedade na clareza das informações
que constam em todo o processo de pagamento, um trabalho rigoroso de revisão de todos os
cálculos se mostra uma ação importante neste momento. Contudo, não foram apresentados
documentos que comprovem que esse trabalho esteja realmente sendo realizado.
C) Pagamento em duplicidade por itens da planilha da segunda medição
O processo de pagamento apresenta incoerências (ausência de documentos exigidos nas medições,
planilhas com quantitativos diferentes, etc.) que comprometem a clareza das informações
apresentadas. É importante destacar os esclarecimentos do gestor de que está sendo realizada uma
revisão de todos os cálculos realizados, a fim de identificar possíveis inconsistências. Contudo, não
foram apresentados documentos que comprovem que esse trabalho esteja realmente sendo
realizado. Como o gestor não apresentou nenhuma informação nova capaz de afastar a
irregularidade apontada, mantém-se o entendimento pelo pagamento em duplicidade.
Análise da equipe de auditoria (achado nº 2)
A manifestação do gestor não modificou o entendimento pela irregularidade, conforme se
demonstra a seguir.
Apesar de o apontamento ter evidenciado a ausência de quatro documentos obrigatórios (registros
fotográficos, ART, coordenadas geográficas e diário de obras) nas medições apresentadas pela
empresa para pagamento, o gestor se pronunciou apenas sobre os registros fotográficos, a ART e as
coordenadas geográficas.
Sobre os registros fotográficos de realização da obra, o gestor confirma que não foram apresentados
e justifica esclarecendo que a obra ainda está em andamento, entretanto, os registros fotográficos
são evidências importantes que vão demonstrar como está o andamento das construções do início
ao final da realização dos serviços. As fotografias permitem controlar aspectos diversos relacionados
ao trabalho, como a qualidade do serviço prestado, a segurança no canteiro de obra e o progresso
diário verificado na construção. Com isso, um registro fotográfico apresentado pela empresa
contratada no momento da realização do pagamento pode representar uma evidência importante
que a equipe de fiscalização pode utilizar tanto para comprovar quanto para questionar a realização
de um dado serviço.

23
A respeito da ART, o gestor apresentou o comprovante de que foi emitida em 03.12.2018, mas essa
data é posterior à realização das duas medições que a empresa apresentou, o que comprova que,
no momento do pagamento das medições, esse documento ainda não havia sido emitido. Embora
o gestor tenha comprovado a emissão da ART, é importante deixar claro que, conforme constou no
Termo de Referência do contrato, esse documento deveria, obrigatoriamente, estar presente na
documentação apresentada pela empresa no momento do pagamento das medições apresentadas
pela empresa contratada.
Da mesma forma, o gestor também apresentou a comprovação de registro das coordenadas
geográficas em que os poços artesianos foram perfurados. Também nesse caso, o Termo de
Referência do contrato define que esse documento deveria, obrigatoriamente, estar presente na
documentação apresentada pela empresa no momento do pagamento das medições apresentadas
pela empresa contratada.
Não houve manifestação do gestor a respeito da ausência dos diários de obras nas medições
apresentadas pela empresa contratada.
Considerando a argumentação do gestor ao fato verificado, inclusive sua manifestação quanto à
questão de nº 9, de que estariam sendo reavaliadas todas as medições e pagamentos, embora tenha
afirmado que estes últimos foram realizados de acordo com os atestos dos fiscais e, considerando,
ainda, a ausência de documentos necessários que deveriam acompanhar a nota fiscal e a medição,
conclui-se pela impossibilidade de os fiscais do contrato terem atestado, efetiva e previamente aos
pagamentos, a compatibilidade entre as medições realizadas e as faturas apresentadas.
Análise da equipe de auditoria (achado nº 3)
Sobre esse apontamento, o gestor informa: que houve contingenciamento no repasse de recursos
para construção dos poços artesianos, o que teria ocasionado o atraso na entrega do objeto; e que
as obras ainda estão sendo executadas, não tendo sido emitido nenhum Termo de Recebimento da
Obra.
É importante esclarecer que o problema de atraso na entrega dos poços artesianos, relacionado
nesse apontamento, refere-se aos dezesseis poços artesianos que já haviam sido finalizados pela
empresa contratada. Apesar de esses poços artesianos já terem sido finalizados, ainda não estão
em operação por conta da ausência de ligação da energia elétrica pela concessionária responsável,
conforme foi relatado no achado. Assim, o esclarecimento apresentado pelo gestor não tem
fundamento, já que o problema não ocorreu por conta da ausência de repasse de recursos,
tampouco pelo fato de as obras de outros poços ainda estarem em andamento.
Deve-se frisar que o gestor não apresentou esclarecimento para o problema que envolve a ligação
dos medidores e o fornecimento de energia elétrica pela concessionária responsável.
A solicitação da ligação da energia elétrica é uma responsabilidade do órgão e não da empresa
contratada. Os dezesseis poços artesianos relatados já deveriam ter os seus Termos de Recebimento
assinados pelo órgão e, dado o longo período desde a sua conclusão, também já deveriam ter sido
colocados em operação. Todavia, conforme demonstram os registros fotográficos apresentados no
achado, a morosidade do Incra/ES em adotar providências para a ligação da energia elétrica trará

24
prejuízos aos cofres públicos para que seja viabilizada a operacionalidade desses poços, que estão
concluídos, inoperantes e com sinais de abandono.
Considerando a argumentação do gestor ao fato verificado, inclusive sua manifestação quanto à
questão de nº 7 e 14, de que, por conta do contingenciamento de recursos, houve prejuízo nos
trabalhos da equipe de fiscalização e de que o recebimento dos poços artesianos ainda não foi
concluído com os Termos de Recebimento da Obra, conclui-se que a manifestação do gestor não
modificou o entendimento pela irregularidade.

Análise da equipe de auditoria (achado nº 4)

As manifestações apresentadas pelo gestor não foram capazes de modificar o entendimento da


equipe de auditoria, pelos motivos que seguem.

Para esse apontamento, o gestor apenas faz menção de que as mudanças no projeto serão
reavaliadas para identificar a necessidade de adequação dos custos. Já para os itens que não foram
executados, o gestor informa que estão sendo analisados eventuais desacordos e que será realizada
glosa em pagamentos futuros e ou substituição e instalação, se for o caso. O gestor complementa a
sua justificativa afirmando que objeto construído está de acordo com as especificações definidas no
Projeto Básico.

Destaca-se que os esclarecimentos do gestor para as mudanças no projeto indicam providências


futuras. Nesse caso, deverá ser monitorada a realização dessas providências para confirmar a sua
real execução. Quanto aos itens que não foram executados, os esclarecimentos do gestor não
vieram acompanhados de evidências que confirmem que o gestor realmente esteja tomando
alguma providência com relação aos fatos apontados. Apesar do gestor afirmar que o objeto
construído está de acordo com as especificações definidas no Projeto Básico, as mudanças
implementadas nos itens 3.1.2 e 3.1.3 e as ausências na execução dos itens 3.2.1 e 3.2.3
demonstram que a execução não seguiu as definições detalhadas do Projeto Básico.

Por fim, não houve justificativa para a supressão dos tubos de aço galvanizado de 2”, previstos no
item 3.2.1, e para a supressão dos manômetros de conexão de ¼”, previstos no item 3.2.3, que
podem comprometer a funcionalidade dos poços artesianos.

II - OUTROS DOCUMENTOS CONSIDERADOS RELEVANTES

Tabela – Superfaturamento por pagamento de itens das planilhas da primeira e da segunda


medições executados pela empresa contratada em quantidades inferiores às medidas e pagas

25
Valor total Quantidad Valor total Valor total
Quantidad pago na e medida medido pela de serviços
Preço e total da primeira e pela equipe de pagos e
Unid
Item Descrição do Serviço Unitário primeira e segunda equipe de fiscalização não
ade
(R$) segunda medições fiscalização do contrato executado
medições (R$) do (R$) s (R$)
(a) contrato (b) (c) = a - b
Serviços de
2
perfuração
2.5 Serviços diversos
Construção de laje de
proteção sanitária em
concreto armado para
qualquer tipo de
estrutura, FCK = 15
Mpa, virado em
betoneira na obra,
2.5.7 incluindo lançamento, un 157,19 12,00 1.886,28 10,00 1.571,90 314,38
adensamento,
acabamento e forma,
nas dimensões-1,0m x
1,0m x 0,15m, com
declividade de 2% em
relação ao centro do
poço para as bordas.
3 Serviços de instalação
Instalação Elétrica das
3.1
bombas
Execução da mureta
de proteção do padrão
3.1.2 un 598,03 11,00 6.578,33 10,00 5.980,30 598,03
de medição - COELBA -
Ver Projeto 13.
Fornecimento de
materiais e instalação
3.1.3 un 650,06 11,00 7.150,66 10,00 6.500,60 650,06
de padrão de
medidor-COELBA
Fornecimento de
material e instalação
de cabo alumínio
3.1.4 m 11,39 440,00 5.011,60 400,00 4.556,00 455,60
Duplex 2 x 16mm²
(Rede Coelba/Poste
Medidor).
Fornecimento de
material e instalação
de cabo de cobre PP
3.1.5 flexível - 3 x 2,5mm² m 12,15 627,00 7.618,05 570,00 6.925,50 692,55
(Poste
Medidor/Quadro/Bom
ba).
Fornecimento de
material e instalação
3.1.7 m 12,86 330,00 4.243,80 300,00 3.858,00 385,80
de eletroduto 3/4,
incluindo comexão.
Fornecimento de
material e instalação
de painel/quadro de
3.1.8 un 1.006,84 11,00 11.075,24 10,00 10.068,40 1.006,84
comando para bomba
monofásica de poço
artesiano.
Fornecimento de
3.1.9 m 2,82 627,00 1.768,14 570,00 1.607,40 160,74
material e instalação

26
Valor total Quantidad Valor total Valor total
Quantidad pago na e medida medido pela de serviços
Preço e total da primeira e pela equipe de pagos e
Unid
Item Descrição do Serviço Unitário primeira e segunda equipe de fiscalização não
ade
(R$) segunda medições fiscalização do contrato executado
medições (R$) do (R$) s (R$)
(a) contrato (b) (c) = a - b
de corda de Nylon de
10mm.
Instalações e
3.2
construções diversas
Instalação do chafariz
3.2.1
- Ver projetos 10 e 11.
Fornecimento de
material e execução
3.2.1.1 un 201,56 11,00 2.217,16 10,00 2.015,60 201,56
do chafariz - Ver
Projeto 10.
Fornecimento de
material e instalação
3.2.1.2 un 491,89 11,00 5.410,79 10,00 4.918,90 491,89
hidráulica do chafariz -
Ver Projeto 11.
Instalação de
reservatórios e
3.2.2 barriletes de subida e
descida - Ver projetos
03, 04, 05 e 06.
Fornecimento de
material e instalação
de reservatório em
fibra de vidro
3.2.2.1 Capacidade de un 2.699,22 4,00 10.796,88 3,00 8.097,66 2.699,22
10.000L e barrilete de
subida para base
elevada de 4,00m -
Ver Projeto 03.
Fornecimento de
material e instalação
de barrilete de descida
3.2.2.2 un 162,35 4,00 649,40 3,00 487,05 162,35
para base elevada de
4,00m - Ver Projeto
04.
Instalação de poço -
3.2.3 0,00
Ver projeto 09.
Fornecimento de
material e instalação
3.2.3.1 un 717,04 11,00 7.887,44 10,00 7.170,40 717,04
hidráulica do poço
(Rede de 2").
Fornecimento e
assentamento de
tubos e conexões em
3.2.3.2 m 27,34 572,00 15.638,48 500,00 13.670,00 1.968,48
PVC, rocável,
Diâmetro Nominal de
50 mm - Tubo edutor.
Construção de base
3.2.9 elevada - Ver projetos 0,00
01 e 02.
Escavação manual de
3.2.9.1 m³ 69,82 27,20 1.899,10 20,40 1.424,33 474,78
valas.
Reaterro manual de
3.2.9.2 m³ 52,95 13,60 720,12 10,20 540,09 180,03
valas/cavas

27
Valor total Quantidad Valor total Valor total
Quantidad pago na e medida medido pela de serviços
Preço e total da primeira e pela equipe de pagos e
Unid
Item Descrição do Serviço Unitário primeira e segunda equipe de fiscalização não
ade
(R$) segunda medições fiscalização do contrato executado
medições (R$) do (R$) s (R$)
(a) contrato (b) (c) = a - b
Concreto magro para
lastro, traço 1:4,5:4,5
3.2.9.3 (cimento/areia m³ 435,24 1,56 678,97 1,17 509,23 169,74
média/brita 1) -
preparo manual.
Armação de estrutura
convencional,
3.2.9.4 utilizando aço CA-60 Kg 14,12 204,00 2.880,48 153,00 2.160,36 720,12
DE 5.0mm -
montagem.
Armação de estrutura
convencional,
3.2.9.5 utilizando aço CA-50 kg 12,35 304,00 3.754,40 228,00 2.815,80 938,60
DE 8.0mm -
montagem.
Armação de estrutura
convencional,
3.2.9.6 utilizando aço CA-50 kg 10,02 348,00 3.486,96 261,00 2.615,22 871,74
DE 10.0mm -
montagem.
Armação de estrutura
convencional,
3.2.9.7 utilizando aço CA-50 kg 8,21 484,00 3.973,64 363,00 2.980,23 993,41
DE 12.5mm -
montagem.
Concreto FCK =
20MPA, traço 1:2,7:3
(cimento/areia
3.2.9.8 m³ 392,58 22,32 8.762,39 16,74 6.571,79 2.190,60
média/brita 1),
preparo mecânico
com betoneira 600 L.
Lançamento com uso
de baldes,
adensamento e
3.2.9.9 m³ 191,72 22,32 4.279,19 16,74 3.209,39 1.069,80
acabamento de
concreto em
estruturas.
Laje pré-moldada,
3.2.9.10 inclusive vigotas e m² 90,06 31,36 2.824,28 23,52 2.118,21 706,07
lajotas.
Fabricação de fôrma
para vigas, com
3.2.9.11 m² 110,40 145,32 16.043,33 108,99 12.032,50 4.010,83
madeira serrada,
e=25mm.
Chapisco em
superfície vertical
3.2.9.12 utilizando argamassa m² 4,16 35,28 146,76 26,46 110,07 36,69
de cimento e areia
traço 1:3.
Fabricação de escoras
3.2.9.13 do tipo pontalete, em m 13,50 288,00 3.888,00 216,00 2.916,00 972,00
madeira.
Locação de andaime
m/m
3.2.9.14 metálico tubular tipo 21,71 64,00 1.389,44 48,00 1.042,08 347,36
ês
torre.

28
Valor total Quantidad Valor total Valor total
Quantidad pago na e medida medido pela de serviços
Preço e total da primeira e pela equipe de pagos e
Unid
Item Descrição do Serviço Unitário primeira e segunda equipe de fiscalização não
ade
(R$) segunda medições fiscalização do contrato executado
medições (R$) do (R$) s (R$)
(a) contrato (b) (c) = a - b
Pintura com tinta
3.2.9.15 impermeável mineral m² 11,26 152,52 1.717,38 114,39 1.288,03 429,34
em pó, duas demãos.
Construção de cerca -
3.2.10
Ver Projeto n.º 15
Cerca com mourões
de concreto reto
15X15cm,
espaçamento de 3m,
cravados 0,5m,
escoras de 10x10cm
nos cantos, com 9 fios
3.2.10.1 de arame de aço m 59,26 187,00 11.081,62 170,00 10.074,20 1.007,42
ovolado 15X17.
(Cercamento para
poço c/ energia
elétrica 4,50 x 4,50m,
cercamento para poço
c/ gerador 6,00 x
6,00m).
Portão de ferro com
3.2.10.2 suporte e batedor m² 573,52 16,50 9.463,08 15,00 8.602,80 860,28
(1,00m x 1,50m).
Escavação manual de
3.2.10.3 valas - 2 x m³ 69,82 6,21 433,58 0,90 62,84 370,74
(0,30x0,30x0,50).
Reaterro manual de
3.2.10.4 m³ 52,95 1,62 85,78 0,20 10,59 75,19
valas/cavas
Armação de estrutura
convencional,
3.2.10.5 utilizando aço CA-60 Kg 14,05 22,00 309,10 20,00 281,00 28,10
DE 4.2mm -
montagem.
Armação de estrutura
convencional,
3.2.10.6 utilizando aço CA-50 kg 10,02 66,00 661,32 60,00 601,20 60,12
DE 10.0mm -
montagem.
Fabricação de fôrma
para vigas, com
3.2.10.7 m² 110,40 19,80 2.185,92 18,00 1.987,20 198,72
madeira serrada,
e=25mm.
Concreto FCK =
15MPA, traço
1:3,4:3,5
3.2.10.8 m³ 467,68 1,87 874,56 0,99 463,00 411,56
(cimento/areia
média/brita 1),
preparo manual.
Total 27.627,78
Fonte: Planilhas de medições apresentadas pela empresa contratada e planilha de controle da equipe de fiscalização do
contrato anexadas aos processos nº 54000.010973/2018-13 e nº 54000.134978/2018-31.

Tabela – Superfaturamento pelo pagamento em duplicidade

29
de itens da planilha da segunda medição
Preço
Superfaturame
Item Descrição do Serviço Unidade Quantidade Unitário
nto (R$)
(R$)
Instalação de chafariz - Ver projetos
3.2.1
10 e 11.
Fornecimento e assentamento de
3.2.1.3 tubo de PVC soldável, na cor azul, DN m 1.386,85 22,76 31.564,85
50mm - Rede adutora do chafariz.
3.2.3 Instalação do poço - Ver projeto 09.
Fornecimento de material e
3.2.3.1 instalação hidráulica do poço (Rede un 4,19 717,04 3.000,00
de 2").
Fornecimento e assentamento de
tubos e conexões em PVC, roscável,
3.2.3.2 m 192,08 27,34 5.251,48
Diâmetro Nominal de 50 mm - Tubo
edutor.
Total 39.816,33
Fonte: Planilhas de medições apresentadas pela empresa contratada e planilha de controle da equipe de fiscalização do
contrato anexadas aos processos nº 54000.010973/2018-13 e nº 54000.134978/2018-31.

30

Você também pode gostar