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24 de março de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR)
Unidade Auditada: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco
e do Parnaíba (Codevasf)
Município/UF: Diversos municípios do RN
Relatório de Avaliação: 1199726
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho decorre da ação de controle nº
REALIZADO 906016, que, motivada pela materialidade,
avaliou a utilização do Sistema de Registro de
PELA CGU? Preços na Codevasf para execução de serviços
de pavimentação em comparação com a forma
Avaliação da atuação da
tradicional de execução desses objetos por
Codevasf na execução do
Contrato nº 0.141.00/2020, instrumentos de repasse regulamentados pela
decorrente do Edital nº Portaria nº 424/2016 e identificou uma série de
77/2020 - DF/Sede para certames SRP com irregularidades, que foram
Registro de Preço de obras de avaliados separadamente pela CGU no Órgão
pavimentação asfáltica em Central e nas Superintendências.
CAUQ em vias de diversos
municípios do Rio Grande do
Norte.
Os trabalhos de campo foram
realizados de 25.05.2022 a
QUAIS AS CONCLUSÕES
21.10.2022. ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
AS RECOMENDAÇÕES QUE
DEVERÃO SER ADOTADAS?
A partir dos exames efetuados, foi verificada a
ineficiência da atuação da Codevasf no
acompanhamento dos contratos, tendo sido
identificadas impropriedades evidenciadas no
decorrer da execução do serviço contratado,
tais como: Falta de critério para distribuição
dos serviços contratados aos beneficiários;
substituição informal de vias que já haviam
sido enquadradas; falta de normativos e
treinamento específico para o seu corpo
técnico, para análise e recebimento de
projetos; ausência de planos de amostragem e
execução inadequada dos ensaios e controle
tecnológico; subcontratação indevida,
inexistência de fiscalização formal do contrato;
forma de medição de serviços imprecisa e
execução de pavimentação em desacordo com
normas técnicas.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
14. Forma utilizada para medição da espessura do CAUQ aplicado na via é imprecisa e
não garante a correta quantificação desse insumo. 33
RECOMENDAÇÕES 43
CONCLUSÃO 46
ANEXOS 47
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe à avaliação da execução do contrato decorrente do
Edital do Pregão Eletrônico nº 77/2020 da Sede da Companhia de Desenvolvimento dos Vales
do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), relativo à execução de serviço de pavimentação
em Concreto Asfáltico Usinado a Quente – CAUQ em vias de diversos municípios do Estado do
Rio Grande do Norte.
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Os exames foram realizados em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao
Serviço Público Federal, tendo sido empregada a análise documental, solicitação de
informações, verificações em campo, além de consultas a fontes abertas e sistemas
coorporativos.
Ocorre que o próprio Termo de Referência, parte integrante e anexo ao Edital do SRP 77/2020,
traz os dispositivos reproduzidos a seguir:
3.2.2. Justifica-se o procedimento licitatório devido à conveniência administrativa e
as características do serviço, que será realizado por demanda justificada do Estado
ou Município, com execução parcial por produtos previamente especificados e
quantificados por unidade de medida padrão (m²), havendo necessidade de
contratações frequentes.
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Assim, a equipe de auditoria renovou os questionamentos, tendo em vista que no Processo
nº 59500.001756/2020-30 não foram identificadas as demandas justificadas dos municípios
(beneficiários), nem qualquer outro procedimento formal de indicação das vias pelos
prepostos.
Quanto aos critérios para a eleição dos vinte e quatro municípios (beneficiários) contemplados
com os serviços objeto do referido contrato, a unidade manifestou-se conforme segue:
Os municípios são indicados pelos remetentes dos Recursos Orçamentários, na
sequência seguimos os procedimentos para execução de serviços de pavimentação,
no âmbito da Codevasf em consonância com as determinações exaradas pelo
Tribunal de Contas da União nos Acórdãos nº 1.213/2021 e 1.170/2022-
TCU/Plenário, ou seja, visita técnica aos municípios, identificação das potenciais ruas
com as Prefeituras, realização do procedimento de enquadramento, elaboração de
projeto, etc.
De toda forma, nem nessa segunda manifestação foi apresentado qualquer documento formal
que contenha as “demandas justificadas” do município beneficiário, nem qualquer outro
documento formal em que conste essa indicação. Os procedimentos de enquadramento,
elaborados pela própria Codevasf, apenas citam que as ruas foram indicadas, mas sem
qualquer identificação ou mesmo assinatura do preposto ou outro representante municipal.
Outra questão que não ficou clara é quanto ao quantitativo de serviços a ser distribuído entre
os vários beneficiários. Questionada acerca de algum limite/teto relativo à extensão ou área
de pavimentação a ser concedida aos municípios, a Codevasf informou que os serviços são
“limitados aos recursos orçamentários disponibilizados e aos critérios técnicos de
enquadramento das vias”, todavia não apresentou qualquer documentação comprobatória.
Da resposta, depreende-se que parece não haver um fundamento definido que busque uma
repartição uniforme, imparcial e objetiva dos serviços objeto do contrato entre os
beneficiários. Ou melhor, não há critério formal para disciplinar a distribuição, além do já
mencionado “limite dos recursos orçamentários disponibilizados”, do que se entende que
pode suceder certa subjetividade na definição.
Corroborando esses fatos, nota-se que houve municípios que foram beneficiados com apenas
uma rua, enquanto outros com seis ou mais ruas. Ou ainda municípios contemplados com
pouco mais de três mil metros quadrados de área pavimentada, enquanto outros
ultrapassaram a marca de mais de dez mil metros quadrados (Santa Cruz/RN) ou até dezoito
mil (Parelhas/RN), conforme consta dos projetos executivos. Impende registrar que não foi
identificado qualquer documento que contenha as devidas justificativas para tais diferenças.
Do que foi exposto, resta evidente que além da imprecisão quanto ao objeto da licitação,
levando a um projeto básico parcialmente indefinido, o que decorre do modelo formatado
para o certame, deve-se reconhecer que também faltam critérios estabelecidos, bem como
documentos formais não só para registrar a demanda dos beneficiários, como para distribuir
objetivamente ou mesmo limitar a distribuição dos serviços entre os diversos beneficiários.
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2. Indicação e/ou substituição de vias para pavimentação realizadas
informalmente.
Figura 2 – Recorte da pág. 20 do diário de obra. Registros do dia 10.01.2022, no qual se lê:
“Iniciando serviços e finalizando no mesmo dia da rua Assis Lopes, rua esta, acrescentada
pelo deputado XXXXXXX”
Fonte: Recorte da pág. 20 do diário de obra, registros do dia 10.01.2022, do Contrato nº 0.141.00/2020.
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Figura 3 - Recorte da pág. 27 do diário de obra. Registros do dia 17.01.2022, no qual se lê:
“Recebemos a visita do Deputado XXXXXXX, onde o mesmo junto com o Prefeito, solicitou a
execução de uma parte da Rua São Francisco.”
Fonte: - Recorte da pág. 27 do diário de obra, registros do dia 17.01.2022, do Contrato nº 0.141.00/2020.
Figura 4 – Recorte da pág. 36 do diário de obra. Registros do dia 26.01.2022, no qual se lê:
“Execução rua da feira solicitada pelo deputado XXXXXXX e autorizado pelo fiscal da obra.”
Fonte:– Recorte da pág. 36 do diário de obra, registros do dia 26.01.2022, do Contrato nº 0.141.00/2020.
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Esses registros demonstram que ocorrem solicitações para pavimentação de ruas realizadas
por Deputado Estadual, e não pelo respectivo Prefeito, verdadeiro gestor da área beneficiada,
que é o que dispõe o comando do edital e TR do SRP n.º 077/2020. Não foi identificada no
processo qualquer tratativa da Codevasf sobre as alterações demonstradas nas figuras 2, 3 e
4, e nem mesmo justificativas para estas alterações.
Do que foi exposto, verifica-se que o processo de indicação das ruas, objeto dos serviços
contratados, não está baseado em motivações técnicas, apresenta falhas que o tornam frágil,
ensejando influências políticas locais durante a execução do contrato. Ademais, tais
modificações de última hora, promovidas por atores de fora do processo, acabam por
distorcer o objeto executado, podendo desviar o foco da real necessidade do município.
Do exame da cópia do Livro Diário de Obras fornecido pela Codevasf, depreende-se que o
início das anotações ocorreu em 30.11.2021, conforme se nota pela reprodução da primeira
página do diário a seguir:
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Figura 5 – Reprodução da primeira página do diário de obras
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No diário fornecido há registro de 161 dias. Desses, 40 são registros de “dias de descanso”
(sábado e domingo) nos quais aparentemente não houve execução dos serviços. O fim dos
registros efetuados, até a disponibilização das folhas para a equipe de auditoria, encerra-se
na data de 31.05.2022.
Da análise das diversas folhas do livro, observou-se que o conteúdo não tem sido preenchido
de forma adequada, de forma a permitir o registro fiel dos acontecimentos, finalidade a que
se propõe essa ferramenta.
A título de ilustração, considere-se a conceituação do diário de obras, encontrada no Manual
de Obras Públicas do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Pública-IBRAOP:
Livro de Ordem (Diário de Obras)
Constituirá a memória escrita de todas as atividades relacionadas com a obra ou
serviço e servirá de subsídio para: comprovar autoria de trabalhos; garantir o
cumprimento das instruções, tanto técnicas como administrativas; dirimir dúvidas
sobre a orientação técnica relativa à obra; avaliar motivos de eventuais falhas
técnicas, gastos imprevistos e acidentes de trabalho; e eventual fonte de dados para
trabalhos estatísticos.
Inicialmente, observa-se que o diário utilizado no contrato em comento não tem campo
específico para anotação do município para o qual se está a registrar os serviços. Essa
informação até poderia ser consignada no campo “Discriminação das atividades”, em que se
detalha a execução das tarefas do dia, mas também não foi identificada essa indicação, na
grande maioria dos registros.
Na discriminação das atividades executadas há poucos casos nos quais se indica o município
em que se está a trabalhar. A própria figura anterior, referente à primeira página do diário, é
um bom exemplo, pois se inicia a sequência de registros sem ao menos dizer a qual município
se referem os trabalhos descritos.
Nessa mesma linha, observou-se a repetição de relatos de serviço, sem especificação do local
de execução, o que confunde a rastreabilidade e acompanhamento dos serviços. Os registros
a seguir, reproduzidos das datas indicadas, demonstram que não se consegue saber de onde
se trata cada serviço, ou mesmo se é um serviço ou registro que foi repetido:
Do mesmo modo, há registros de serviços que são descritos como finalizados e, depois,
aparentemente, iniciam novamente, sem qualquer explicação sobre a motivação, como se
pode notar a seguir:
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Dia 14.01 = “Finalizamos serviço de limpeza, pintura de ligação e aplicação de capa
asfáltica na Av. Miguel Barbosa, trecho 02”
Além disso, verificou-se também que há uma economia de palavras na discriminação dos
serviços executados, o que também destoa do adequado e fidedigno relato das atividades
executadas. Verificou-se várias ruas em que se realiza a sequência de relatos apenas focando
nos termos “iniciando”, “continuando” e “finalizando” para uma via específica. Não há,
mesmo nas vias mais extensas (como nos municípios de Lagoa Nova e Parelhas) qualquer
indicação de distância, extensão, estaca ou qualquer outra referência que se possa ter noção
da quantidade executada naquele dia.
Observou-se ainda que em alguns períodos há dias úteis no qual o campo “Discriminação das
atividades” encontra-se totalmente em branco, como por exemplo, no período de 04.03.2022
a 16.03.2022, bem como entre 21 e 25.03.2022 (segunda à sexta-feira) e, por fim, 31.03 e
01.04 (quinta e sexta-feira).
Dessa forma, resta evidente que nem a Codevasf nem a empresa contratada vêm
preenchendo os registros no livro diário que possibilitem refletir de forma fidedigna as
atividades ocorridas nas diversas obras executadas no âmbito do contrato.
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O controle da produção (Execução) do Concreto Asfáltico deve ser exercido através
de coleta de amostras, ensaios e determinações feitas de maneira aleatória de
acordo com o Plano de Amostragem Aleatória (vide item 7.4).
A Codevasf não vem se utilizando dos exames/ensaios de qualidade dos materiais asfálticos
aplicados nos serviços de imprimação e pintura de ligação, previstos no documento
Especificações Técnicas, anexo ao edital da licitação (SRP n° 77/2020).
Os materiais asfálticos previstos para essas obras para a imprimação e para a pintura de
ligação são o asfalto diluído CM-30 e a emulsão asfáltica RR-1C, respectivamente.
O documento Especificações Técnicas, que em seu Subitem 10.5, trata do serviço de
imprimação, entre outras coisas, expressa o seguinte:
Os materiais utilizados na execução da imprimação devem ser rotineiramente
examinados em laboratório, obedecendo à metodologia indicada pelo DNIT e
satisfazer às especificações em vigor, mediante a execução dos seguintes
procedimentos:
Asfalto diluído
a. Para todo carregamento que chegar à obra:
- 1 (um) ensaio de viscosidade cinemática a 60 °C (NBR 14.756:2001);
- 1 (um) ensaio do ponto de fulgor e combustão (vaso aberto TAG) (NBR 5.765:2012).
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b. Para cada 100 t:
- 1 (um) ensaio de viscosidade Saybolt Furol (NBR 14.491:2007), no mínimo em 3
(três) temperaturas, para o estabelecimento da relação viscosidade x temperatura;
- 1 (um) ensaio de destilação para os asfaltos diluídos (NBR 14.856:2002), para
verificação da quantidade de resíduo.
No Subitem 10.6 desse mesmo documento, é abordado o serviço de pintura de ligação, que
entre outras coisas, expressa o seguinte:
O ligante asfáltico deve ser examinado em laboratório, obedecendo à metodologia
indicada pelo DNIT e satisfazer às especificações em vigor.
Para todo carregamento que chegar à obra devem ser executados os seguintes
ensaios na emulsão asfáltica:
- Ensaio de viscosidade “Saybolt-Furol”(DNER-ME 004/94) a 50ºC;
- Ensaio de resíduo por evaporação (ABNTNBR14376/2007);
- Ensaio de peneiramento (DNER-ME 005/95); - determinação da carga da partícula
(DNIT 156/2011-ME).
Para cada 100 t devem ser executados os seguintes ensaios:
- Ensaio de sedimentação para emulsões (DNER- ME 006/00);
- Ensaio de Viscosidade “Saybolt-Furol” (DNER-ME 004/94) a várias temperaturas,
para o estabelecimento da relação viscosidade x temperatura.
Observa-se nas transcrições acima que foram previstas as realizações de exames/ensaios para
esses materiais asfálticos para todos os carregamentos que chegarem às obras, revelando-se,
portanto, o cumprimento da Norma DNIT 031/2006 – ES como uma determinação contratual.
O que se percebe é que a Codevasf não vem exigindo o cumprimento dessa determinação
contratual e, nessa esteira, a empresa também não vem cumprindo-a.
Sem esses ensaios a Codevasf não dispõe de parâmetros técnicos para atestar e/ou garantir a
qualidade desses materiais asfálticos utilizados nas obras e consequentemente, criam-se
incertezas quanto à qualidade dos produtos entregues.
Questionada por meio da Solicitação de Auditoria nº 05 sobre as realizações desses exames
(em relação ao CM-30), a Codevasf respondeu o seguinte:
Os ensaios foram comprovados a partir da apresentação do Certificado de Qualidade
do CAP, ligante utilizado na mistura do Asfalto Diluído CM-30 e pelos ensaios de
verificação da taxa de aplicação por rua.
A apresentação dos ensaios é pré-requisito para montar o processo de pagamento.
O peso de 100 toneladas não foi atingido nos 3 municípios que receberam a mistura
asfáltica.
Anexos a essa resposta foram apresentados cópias de um Certificado de qualidade de CAP
(Cimento Asfáltico de Petróleo) e de um ensaio de verificação de taxa de aplicação.
Essa justificativa da Codevasf não se mostra consistente nesse cenário. O citado certificado
(emitido pelos fabricantes/fornecedores e que deve acompanhar todos os carregamentos que
são entregues) não se confunde e nem substitui os exames não realizados nos carregamentos
de CM-30 e no RR-1C que chegam nas obras. Esses ligantes mesmo sendo oriundos do CAP,
são produtos diferentes, com finalidades e características também diferentes, tanto que o
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contrato exige para cada um deles exames específicos por carregamento que chegam às
obras.
Quanto à justificativa de aceitação dos ensaios de verificação da taxa de aplicação por rua,
este basicamente se destina a verificar a quantidade (taxa) do ligante aplicado ao solo, não se
prestando, portanto, a verificar os mesmos parâmetros daqueles ensaios especificados, o que
apenas comprova a desobediência aos dispositivos contratuais.
A seguir serão relatadas duas situações que exemplificam a fragilidade dos resultados das
extrações/ensaios quando realizados sem o devido acompanhamento da fiscalização da
Codevasf. Essas situações estão relacionadas à R. João José de Oliveira Neto, no Município de
Parelhas/RN e outra, às Ruas VX de novembro e Alto do Paraíso, no Município de São
Tomé/RN.
A- Rua João José de Oliveira Neto, no Município de Parelhas/RN
A fiscalização da Codevasf, questionou à contratada (COMUNICAÇÃO Nº: 04/Contrato n.
0.141.00/2020 - 12ª GTR, de 03.05.2022) o fato dela haver espalhado manualmente uma
camada de 1,5cm de CAUQ na pista (método denominado como "SARRAFEAMENTO”) e
depois, sobre essa camada, lançado outra mecanicamente com a vibroacabadora
completando assim os 3,5cm previstos.
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A contratada apresentou defesa, por meio do Parecer Técnico nº 002/2022, justificando o
método empregado (“sarrafeamento”) e afirmou que esses 1,5cm de CAUQ assim lançados
seriam por conta dela (executados em desacordo com norma técnica, projeto e contrato).
Negou que a camada subsequente de CAUQ, que lançou com a vibro acabadora, tivesse
espessura menor que a contratual (que é de 3,5cm), ou seja, que teria apenas a diferença de
espessura para completar os 3,5cm.
Para comprovar que de fato havia lançado mecanicamente uma camada de 3,5cm sobre a
camada de 1,5cm lançada manualmente, apresentou em sua defesa cinco fotos de corpo de
prova emparelhados com uma trena, nas quais se vê os valores de suas espessuras como
sendo 4cm, 4,5cm, 4,5cm, 5,5cm e 4cm, aproximadamente.
No contexto narrado pela contratada, essa camada asfáltica deveria ter no mínimo 5cm de
espessura (1,5cm sarrafiado + 3,5cm do projeto lançado mecanicamente), porém, não é isso
que se observa nos valores extraídos das fotos.
Os valores constantes nas fotos apresentados como provas mostram-se frágeis e com suas
representatividades comprometidas, quando, de nove corpos de provas extraídos na via, a
contratada apresentou em sua defesa somente os cinco que lhes eram favoráveis, ou seja,
descartou quatro de valores inferiores, conforme mostra a tabela de “Sondagem A Rotativa”
(documento com os resultados obtidos das amostras extraídas na via), constante no próprio
parecer de defesa da contratada. Nesse documento estão postas as espessuras de 9 corpos
de provas com valores de 3,81cm, 3,67cm, 5,95cm, 3,63cm, 3,86cm, 4,85cm, 4,31cm, 3,59cm
e 4,01cm.
2- Rua VX de novembro e Alto do Paraíso, no município de São Tomé/RN
A equipe de auditoria, juntamente com um representante da Codevasf, realizou inspeção
física na Ruas XV de Novembro e na Rua Alto Paraíso no Município de São Tomé, em
17.08.2022. Na oportunidade foram realizadas medições da espessura da camada de CAUQ
naquela rua nas quais se constatou significativas variações na espessura desse pavimento
(mesmo tendo sido ela comtemplada com a execução de base de brita graduada simples).
Concluiu-se dessas medições que a espessura média nessa rua ficou em torno de 2,5 cm.
Ainda nessa inspeção, identificou-se na Rua XV de Novembro, marcas de cinco furos de
extração de corpo de prova (dois na linha central da pista e três em seus bordos) e um furo
(linha central) da Rua Alto Paraíso.
Questionado na oportunidade sobre a dinâmica desses furos, o fiscal da Codevasf informou
que não sabia que haviam sido executadas aquelas extrações, pois não fora informado desse
serviço. Acrescentou ainda que, dado o método de “sarrafeamento” empregado também
naquela rua, por meio do documento Nº 005/ CT 0.141.00/2020 - 12ª GTR, de 31.05.2022
(transcrito adiante) notificou a contratada para comprovar a real espessura do CAUQ por meio
ensaios, cujos corpos de provas, deveriam ser extraídos na presença da fiscalização da
Codevasf, o que não foi obedecido.
Nº 005/ CT 0.141.00/2020 - 12ª GTR Natal, de 31.05.2022
Município de São Tomé tem 02 ruas com espessura visivelmente fora do
especificado, ruas 15 de novembro e Alto do Paraíso. Realizar ajuste e/ou apresentar
ensaios, realizados na presença da fiscalização, com a comprovação das espessuras
mediante extração de corpo de provas.”
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Do que foi exposto, infere-se que a insuficiência de procedimentos de controle e
acompanhamento dos serviços, bem como na determinação da realização dos ensaios de
controle tecnológico podem estar ensejando uma atuação não transparente da contratada na
apresentação dos resultados dos ensaios exigidos para os serviços. Em última análise, da
forma como está ocorrendo o controle tecnológico, a Administração não dispõe da
confiabilidade exigida para esse importante instrumento de avaliação da qualidade dos
serviços.
Na documentação fornecida pela Codevasf, referente as sete primeiras medições dos serviços
objeto do contrato em análise, constam resultados de ensaios realizados no CAUQ e
documentos de controle emitidos pela própria usina de asfalto responsável pelos embarques
e envios de concreto asfáltico (CAUQ) para as obras nesse período. Porém, não constam
registros e/ou controles informando sobre os efetivos recebimentos desse tipo de material
nas obras.
Dos ensaios de CAUQ apresentados nessas sete primeiras medições e dos controles de
carregamento desse produto nas usinas de asfalto constante nessas medições extraiu-se que
a usina enviou CAUQ às obras em 38 dias desse período, enquanto foram realizados ensaios
de controle tecnológico nesse material em somente oito desses dias. Portanto, houve controle
da qualidade do produto betuminoso somente em 21% dos dias enviados, conforme se
observa no quadro adiante.
Quadro 1– Datas das saídas de CAUQ da usina de asfalto para a obra (embarque) e datas das
realizações dos respectivos ensaios de controle tecnológico.
Mês DIAS DE EMBARQUE DIAS DE ENSAIOS
Dezembro/2021 13, 14, 15, 16 e 17 15
Janeiro/2022 10, 11, 12, 13, 14, 17, 21, 24, 25 e 27 12 e 25
Fevereiro/2022 10, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 21, 22 e 25 10, 12 e 16
Abril/2022 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 14, 18, 19 e 22 13 e 14
Fonte: Documentos fornecidos pela Codevasf, referentes as sete primeiras medições.
20
que: “os serviços serão executados conforme o projeto, de acordo com as Normas Brasileiras
da ABNT e Manuais do DNIT.”
Assim, utilizou-se nessa análise a Norma DNIT 031/2006 – ES, que versa sobre “Pavimentos
flexíveis - Concreto asfáltico - Especificação de serviço”. O normativo assim se expressa:
7.4 Plano de Amostragem - Controle Tecnológico
O número e a frequência de determinações correspondentes aos diversos ensaios
para o controle tecnológico da produção e do produto são estabelecidos segundo
um Plano de Amostragem aprovado pela Fiscalização ...
A Codevasf não conseguiu, até então, comprovar a existência desse plano de amostragem ou
adoção de critérios que orientassem ou legitimassem as testagens do CAUQ nos moldes
apresentados no quadro anterior. Pelo contrário, em resposta a SA04, relativamente à
participação da fiscalização da Codevasf nesse tipo de Plano de Amostragem, a unidade assim
se manifestou:
Devem ser efetuadas extrações de asfalto, de amostras coletadas na pista, logo após
a passagem da acabadora (DNER-ME 053).
[...]
21
Deve ser executada uma determinação, no mínimo a cada 700m2 de pista.
Portanto, conclui-se que a atuação da Codevasf na aferição da qualidade dos serviços de CAUQ
utilizados nos capeamentos asfálticos das vias beneficiadas com o objeto do presente
contrato, não vem seguindo os normativos técnicos apropriados, bem como os respectivos
dispositivos contratuais.
22
VI. A subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação da
contratada com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, exceto
se admitida no edital e no contrato e autorizada pela Codevasf, bem como a
fusão, cisão ou incorporação, que afetem a boa execução deste;
23
No caso em comento, deve-se registrar que a ART de fiscalização fornecida pela Codevasf para
um fiscal, somente foi registrada em 29.07.2022 (quase dez meses após o início dos serviços).
O fato de inexistir registro de ART para os fiscais apresenta-se como inconformidade com as
normas vigentes. Ratifica-se a inconformidade a partir do Recurso Extraordinário nº 838.284
do STF, em sede de repercussão geral. Ademais, houve pacificação de entendimento através
da AGU, conforme se segue:
1. Com o objetivo de uniformizar entendimentos informo, para ampla
divulgação aos órgãos e entidades do Sistema de Pessoal Civil da
Administração Federal - SIPEC, acerca do teor do Parecer nº
30/2018/DECOR/CGU/AGU, de 30 de maio de 2018, aprovado pelo Despacho
nº 00421/2018/DECOR/CGU/AGU, de 24 de julho de 2018, concernente à
decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal em sede de repercussão
geral no Recurso Extraordinário nº 838.284, publicada no Diário de Justiça
Eletrônico - Dje de 22 de setembro de 2017, que declara a
constitucionalidade da cobrança da Anotação de Responsabilidade Técnica -
ART e impõe-se a revogação das alíneas "c", "e" "f" e "g" constantes da
conclusão do Parecer nº 001/2016/DECOR/CGU/AGU, aprovado pelo
Consultor-Geral da União em 20 de julho de 2016.
2. A partir da decisão do STF, "todos os trabalhos técnicos que demandem
registro de responsabilidade técnica produzidos por servidores públicos
estão obrigados ao registro de Anotação de Responsabilidade Técnica - ART
ou Registro de Responsabilidade Técnica - RRT conforme se trate de
engenheiro, arquiteto ou urbanista". (Ofício Circular nº 24/2019-MP de 24
de janeiro de 2019)
24
A Norma DNIT 031/2006 – ES, que trata da execução dos serviços de implantação e
recuperação de pavimento com aplicação de CAUQ, em seu Subitem 5.3, traz a relação dos
equipamentos “mínimos” que devem ser empregados nas execuções desses serviços,
conforme transcrito a seguir:
5.3 Equipamentos
Os equipamentos necessários à execução dos serviços serão adequados aos locais
de instalação das obras, atendendo ao que dispõem as especificações para os
serviços. Devem ser utilizados, no mínimo, os seguintes equipamentos:
[...]
f) Equipamento para compactação;
O equipamento para a compactação deve ser constituído por rolo pneumático e rolo
metálico liso, tipo tandem ou rolo vibratório. Os rolos pneumáticos,
autopropulsionados, devem ser dotados de dispositivos que permitam a calibragem
de variação da pressão dos pneus de 2,5 kgf/cm² a 8,4 kgf/cm².
O equipamento em operação deve ser suficiente para compactar a mistura na
densidade de projeto, enquanto esta se encontrar em condições de trabalhabilidade.
NOTA: Todo equipamento a ser utilizado deve ser vistoriado antes do início da
execução do serviço de modo a garantir condições apropriadas de operação, sem o
que, não será autorizada a sua utilização.
25
Foto 1 – Acabamento superficial da pavimentação Foto 2 – Acabamento superficial da pavimentação
asfáltica com desníveis, sem alisamento, asfáltica com desníveis, sem alisamento,
externando característica da não utilização de rolo externando característica da não utilização de rolo
de pneu – R. Dr. Borges de Oliveira – Campo de pneu – R. Dr. Borges de Oliveira – Campo
Redondo/RN – 17.08.2022. Redondo/RN – 17.08.2022.
Fonte: Elaboração da CGU em visita in loco em conjunto com o fiscal da Codevasf.
Figura 7 – Foto encaminhada pela Codevasf do rolo combinado utilizado nas obras de
pavimentação.
26
s
Fonte: Resposta à SA07/1199726.
Rolo compactador misto – apresenta dispositivos de Rolo compactador de pneu – apresenta apenas pneus
compactação do tipo cilindro metálico em conjunto como dispositivo de compactação (pneus dianteiros
com o dispositivo do tipo pneumático. são desencontrados/desalinhados com os traseiros
para cobrir na pista toda a largura do equipamento).
27
Rolo compactador de cilindro metálico mono – Rolo compactador de cilindro metálico duplo –
apresenta apenas dispositivo de compactação apresentam dois dispositivos de compactação cilindro
cilindro metálico (no caso, liso). O pneu é mero metálico (no caso, liso).
dispositivo de propulsão e sustentação.
Fonte: Consulta em sites da internet.
O produto dessa diferença (R$ 1,35) pela quantidade total desse serviço contratado
(16.566,12 toneladas) é R$ 22.364,20 (a preço inicial contratado), caracterizando
superfaturamento atinente ao serviço contratado e que não vem sendo executado.
28
11. Não cumprimento do cronograma contratual.
Do exame dos serviços executados até o fim do prazo de vigência inicial do contrato nº
0.141.00/2020, verificou-se que o cronograma ajustado originalmente não foi cumprido.
Tanto no contrato como no Termo de Referência o prazo de vigência previsto era de 12 meses,
conforme se pode notar nos trechos reproduzidos a seguir.
Na cláusula sexta do Contrato nº 0.141.00/2020, que trata do prazo de execução dos serviços,
tem-se o seguinte:
Assim, o prazo original de vigência do contrato era de um ano, com início em 23.06.2021 e fim
em 22.06.2022. Deve-se registrar, por oportuno, que a ordem de serviço do referido contrato
foi emitida no mesmo dia de sua assinatura, qual seja, 23.06.2021.
Em resposta à solicitação de auditoria recebida em 06.06.2022, a poucos dias do fim da
vigência contratual, a Codevasf forneceu cronograma atualizado do contrato. Na peça, cujo
recorte é reproduzido a seguir, verifica-se que o referido cronograma encontra-se ajustado
para um período adicional de 300 dias, formalizado pelo 1º aditivo.
29
Fonte: Codevasf
Entretanto, o que se destaca, conforme se observa na última linha da planilha, é que o valor
de R$3.713.574,47, soma dos serviços executados até aquele momento, ou seja, fim do
primeiro ano de vigência, corresponde a apenas 13,89% de execução do total do contrato.
Isso demonstra o baixo percentual de execução nos 12 meses da vigência original, levando ao
não cumprimento do cronograma contratado inicialmente.
30
de reconhecer que a concentração dessas etapas na pessoa da contratada pode gerar um risco
para a Administração. O risco de essas etapas serem conduzidas de forma a favorecer os
interesses da empresa, o que requer um maior rigor e atenção da Codevasf na análise e
recebimento dos projetos.
Entretanto, o que se verificou é que a Codevasf não vem determinando parâmetros ou
critérios de orientação para os seus técnicos realizarem de forma sistemática as análises de
recebimento de projetos. Cada um de seus técnicos decide de acordo seus critérios e
experiência o escopo da análise em cada projeto, bem como o nível de aprofundamento
dessas análises. Nessa linha, não se observou a devida importância dada pela Codevasf quanto
à suficiência da experiência/capacitação de seu corpo técnico para essas análises, visto que
quando questionada acerca (por meio da Solicitação de Auditoria nº05), limitou-se a informar
o seguinte: “O corpo técnico da Codevasf designado para acompanhamento e fiscalização dos
instrumentos, cujo objeto são obras e serviços de engenharia possuem formação técnica
compatível e são designados via determinação/decisão.”
Os achados relatados no decorrer deste Relatório demonstram que restou evidente a
necessidade de treinamentos mais específicos para os técnicos da estatal que estão atuando
diretamente no objeto do aludido contrato (área de pavimentação asfáltica). Ademais,
constatou-se que a experiência profissional entre os membros da equipe técnica da Codevasf
é heterogênea. Há técnicos com poucos anos de formação na área de engenharia, sem
experiência específica na área de pavimentação e com pouco tempo de atuação na própria
Codevasf.
Além da insuficiência de treinamento específico na área de pavimentação, a Codevasf não tem
normatizado os critérios de aceitação de projetos e serviços. Também não tem tornado
vinculante a atuação dos seus fiscais com os normativos e procedimentos do Dnit e as
especificações técnicas contratuais, o que termina por gerar dúvidas quanto aos preços
contratados, bem como à qualidade e quantidade de alguns serviços executados. Os achados
4, 5, 7, 11 e 14 a 17 deste Relatório tratam das fragilidades consequentes e exemplificam o
que foi exposto.
31
Verificou-se que, para efeito das medições e pagamentos de serviços executados nas obras, a
Codevasf vem utilizando essa DMT estimada (50 km), em todas as obras, independentemente
da sua localização real e suas DMTs efetivas.
Ocorre que essa prática adotada pela Codevasf, nessas obras, não condiz com a manifestação
anterior da direção da Codevasf em Brasília (mais especificamente, da Área de
Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura AD/GCO) constante no Relatório de Avaliação
CGU nº 906016 (Achado - 7.3.4), elaborado em 2021. Naquela oportunidade, a direção da
Codevasf se pronunciou da seguinte forma, sobre esse tema:
As DMTs dos pregões objeto deste relatório serão calculadas para cada projeto
executivo. Nos pregões realizados em 2021, as DMTs já foram reduzidas,
considerando que serão objeto de ajustes/aditivos de acordo com o local da obra
(urbana/rural, capital/interior).
Para os próximos pregões (2022), as DMTs serão colocadas a parte, fora da
composição, como item da planilha principal, sendo pagas txkm, de modo a
possibilitar uma maior transparência na medição.
Da manifestação transcrita anteriormente, extrai-se que as DMTs dos pregões realizados em
2021 seriam objeto de ajustes/aditivos de acordo com o local da obra (urbana/rural,
capital/interior). Entretanto, não foi o que se observou no transcorrer da presente auditoria.
As DMTs demonstradas nos projetos executivos não foram consideradas nas medições e
pagamentos dos serviços executados nessas obras.
Nas obras sob análise, os projetos executivos foram elaborados exclusivamente pela
contratada que, ao seu critério, elegeu as soluções técnicas para sua execução, inclusive, as
fontes de fornecimentos de insumos com as correspondentes DMTs.
Não foram verificadas ações da Codevasf no sentido de se avaliar a pertinência das DMTs
selecionadas pela contrata, conforme indicadas nos projetos executivos, com por exemplo:
- Realizar levantamentos prévios, na região das obras, de todos os potenciais
fornecedores/jazidas de insumos. Essa prática permite se escolher com mais clareza os
fornecedores/jazidas mais adequadas e com melhores preços para cada uma das obras;
- Realizar conciliação entre as DMTs previstas nos projetos e as utilizadas nos orçamentos das
obras. A correspondência entre essas DMTs é imprescindível para assegurar a adequada
elaboração dos preços nas obras;
- Verificações quanto à adoção de DMTs maiores que as necessárias. Inclusões em projetos
e/ou em orçamentos de fornecedores e/ou jazidas de insumos mais distantes das obras (ou
de suas áreas de serviços) em detrimento dos mais próximos, sem as devidas justificativas,
elevando indevidamente os preços dos contratos;
- Checagens dos locais de onde a contratada vem se abastecendo de fato de determinados
insumos materiais/serviços para a obra. Nos casos em que a contratada, por sua conveniência,
trocar de fornecedores/jazidas previstos por outros mais próximos, caberá redução dos seus
valores correspondentes as reduções das DMTs.
Quando da realização deste trabalho, verificou-se que a Codevasf não vinha, até então,
adotando ações que incorporem essas práticas à gestão das obras.
32
14. Forma utilizada para medição da espessura do CAUQ aplicado na
via é imprecisa e não garante a correta quantificação desse insumo.
A sistemática e os instrumentos dos quais a Codevasf vem se utilizando para aferir e atestar
as espessuras das camadas asfálticas de CAUQ aplicadas nas vias/pistas não estão compatíveis
com a norma técnica (Norma DNIT 031/2006 - ES), nem em conformidade com o disposto no
Termo de Referência da Ata de Registro de Preços n.º 077/2020.
Para efetuar tais medições a Codevasf vem se utilizando de uma régua/escala metálica de
aproximadamente 40 cm, a qual é apoiada horizontalmente sobre a superfície da pista, no
sentido transversal, de modo que essa régua transpasse o bordo/beirada dessa pista e, com
uma escala/trena (ou similar), mede-se o espaço entre essa régua e a base da camada do
CAUQ em aferição, conforme demonstram as imagens adiante.
Figura 10 - Registros fotográficos realizados em campo em 16.08.2022
Foto 3 – Exemplo do modo de medição (registro em Foto 4 – Medição em outro ponto da via (registro em
16.08.2022) 16.08.2022)
Fonte: Elaboração da CGU em visita in loco.
Nas aferições feitas pela equipe de auditoria, juntamente com o fiscal da Codevasf,
empregando essa sistemática em campo, observou-se variações significativas (em torno de
0,5 a 1,0 cm) em um mesmo ponto da pista, aparentemente, em decorrências do
comprimento e posição dessa régua, da forma como ela foi apoiada/pressionada sobre a
superfície da pista, da qualidade do acabamento superficial da pista (desníveis etc.) entre
outros fatores.
Essa sistemática de medição, além de ser imprecisa, só se presta ao uso nas bordas da pista,
portanto, exclui as possibilidades de verificação em quaisquer outros pontos da via que não
sejam as bordas. Registre-se que quaisquer métodos utilizados que não possibilitem a aferição
em pontos aleatórios da pista já têm comprometida sua utilidade e adequabilidade.
33
Nessa sistemática de medição utilizada pela Codevasf recai sobre os seus fiscais de obra a
definição dos critérios (locais e quantidades dos pontos de medição) a serem considerados
em cada verificação, pois a Codevasf não normatizou regras ou critérios orientando o seu
corpo técnico nessa tarefa. Da mesma forma, não há orientações quanto ao uso de médias
das medições assim efetuadas visando resultados mais representativos.
Por outro lado, não ficou claro os motivos pelos quais a Codevasf vem adotando este tipo de
metodologia de medição, visto que, tanto o Termo de Referência quanto à norma (Norma
DNIT 031/2006 – ES) apontam em outra direção, qual seja, o uso de extração de corpo de
prova (nos termos do Plano de Amostragem Aleatório) e/ou equipamentos de aferição em
obras civil (topografia, por exemplo), com se observa nos trechos transcritos adiante.
Nesse sentido a Norma DNIT 031/2006 – ES, em seu Subitem 7.3 dispõe o seguinte:
Quanto aos custos para realizar os tipos de medições citadas nesse normativo, os Subitens
17.25 a 17.27 do Termo de Referência da licitação (Ata de Registro de Preços n.º 077/2020)
34
apontam que esses controles tecnológicos são de responsabilidade da contratada, conforme
se verifica nos excertos transcritos a seguir:
A sistemática de medição adotada pela Codevasf para aferir a camada asfáltica (CAUQ)
aplicada nas vias não se revela como boa prática e está em desacordo com a norma (DNIT
031/2006 – ES) e com o próprio contrato (Termo de Referência) celebrado com a empresa
prestadora do serviço.
A situação fragiliza as quantificações do CAUQ aplicado da via, comprometendo a segurança
da medição, do atesto e do pagamento desse serviço.
Foto 5: Medida de 2,5 cm de espessura do CAUQ com Foto 6: Medição com régua e trena em outro ponto
paquímetro. Rua XV de Novembro - São Tomé/RN, = 3cm. Rua XV de Novembro - São Tomé/RN,
16.08.2022. 16.08.2022.
36
Foto 7: Com régua da prancheta e escala do Foto 8: Com régua da prancheta e escala do
paquímetro. Medição desse ponto=3cm. Rua XV de paquímetro. Medição desse ponto=2,5 cm. Rua XV
Novembro - São Tomé/RN, 16.08.2022. de Novembro - São Tomé/RN, 16.08.2022.
Fonte: Elaboração da CGU em visita in loco, acompanhado pelo fiscal da Codevasf.
Durante a inspeção de campo realizada pela CGU juntamente com o fiscal da Codevasf foi
possível observar algumas poucas marcas da extração de corpo de provas nessas duas ruas,
porém, esse fiscal não fora informado e não sabia dessas extrações.
b) Na Rua Dr. Borges de Oliveira, em Campo Redondo/RN, onde a camada asfáltica foi
implantada sobre paralelepípedo (não foi necessário serviço de base), a equipe de auditoria
acompanhada pelo fiscal da Codevasf também efetuou inspeção visual e medições de
verificação (utilizando-se da sistemática de medição da Codevasf). Os resultados das medições
assim realizadas nas bordas da via variaram entre 2,5 cm e 3,5 cm.
Tratando-se de um pavimento asfáltico executado sobre paralelepípedo, tais variações até
poderiam se enquadrar dentro de uma tolerância, porém, outros aspectos verificados
também se mostram como falhas no caso dessa via. A equipe, em inspeção visual, identificou
37
em alguns pontos imperfeições no acabamento superficial do CAUQ (áspero, desnivelamento
etc.) com ocorrências de significativas fissuras e/ou trincas.
Observou ainda que, por ser excessivamente fina a camada de CAUQ aplicada mais ao centro
da via, ela mal encobre os contornos/formas das pedras dos paralelepípedos deixando-as
marcadas na superfície do pavimento, demonstrado nos registros fotográficos adiante.
A verificação da espessura dessas camadas mais centrais restou impossibilitada, visto que a
sistemática de medição utilizada neste trabalho foi a mesma da Codevasf (que utiliza como
instrumento de medição somente régua e trena) e não se presta para medições em outras
áreas da via que não sejam em suas bordas.
Figura 12 - Registros fotográficos da visita à Rua Dr. Borges de Oliveira, em Campo
Redondo/RN, em 17.08.2022.
Foto 9: Medição com a sistemática de régua e trena. Foto 10: Medição com a sistemática de régua e trena.
Obtida espessura da camada CAUQ de 2,5cm - Rua Dr. Obtida espessura da camada CAUQ de 3,5cm - Rua Dr.
Borges de Oliveira - Campo Redondo/RN, em Borges de Oliveira - Campo Redondo/RN, em
17.08.2022. 17.08.2022.
Foto 11: Espessura da camada de CAUQ excessivamente Foto 12: Espessura da camada de CAUQ tão fina que
fina, que revela os contornos das pedras de além das trincas aparecem as marcas de contorno dos
paralelepípedos – Rua Dr. Borges de Oliveira - Campo paralelepípedos – Rua Dr. Borges de Oliveira - Campo
Redondo/RN, em 17.08.2022. Redondo/RN, em 17.08.2022.
Fonte: Elaboração da CGU em visita in loco, juntamente com o fiscal da Codevasf.
38
Em resposta à solicitação de justificativas pela situação apresentada (SA07), a Codevasf
manifestou-se nos seguintes termos:
O Engenheiro responsável pela execução do serviço informou que é possível que o
pavimento em paralelo existente devido a acomodação das pedras tenha causado as
trincas, como hipótese devido ao material de assentamento das mesmas e/ou sem
a devida compactação, podendo ser considerado um vício oculto pontual.
No entanto, cabe observar que se trata de calçamentos antigos os quais já sofreram a devida
acomodação pelo tráfego existente e ação do tempo. E, por outro lado, a execução do
pavimento se deu num período de tempo razoavelmente curto antes da realização desta
inspeção (aproximadamente seis meses), ou seja, trata-se de pavimentação nova e com pouco
tempo de uso.
Com isso, os fatos não permitem afirmar pela ocorrência das rachaduras verificadas na
pavimentação recentemente construída. As características visualizadas em campo apontam
para a possibilidade da baixa espessura da camada asfáltica, abaixo dos 3,5cm contratados.
Portanto, os casos descritos só reforçam que o contrato em tela deve demandar uma atenção
especial por parte da Codevasf no seu acompanhamento e, da mesma forma em outros que
envolvem esse tipo de serviço.
Na inspeção física realizada pela equipe de auditoria, acompanhada pelo fiscal da Codevasf,
ocorrida em 16.08.2022, na Av. Silvio Bezerra de Melo no Município de Lagoa Nova/RN, foi
verificado que, principalmente, nas esquinas dessa avenida com as ruas que a interceptam, o
pavimento asfáltico executado já se encontra danificado e com deterioração em progressão,
com prejuízo a trafegabilidade na via, conforme se observa nas fotos adiante.
39
Figura 13 – Registros fotográficos do acabamento superficial da pavimentação asfáltica
Foto 13 – Rua Silvio B. de Melo. Registro em 16.08.2022 Foto 14 - Rua Silvio B. de Melo. Registro em 16.08.2022
Foto 15 - Rua Silvio B. de Melo. Registro em 16.08.2022 Foto 16 - Rua Silvio B. de Melo. Registro em 16.08.2022
Fonte: Elaboração da CGU em visita in loco juntamente com o fiscal da Codevasf.
Quando do enquadramento (avaliação inicial dos requisitos para receber o pavimento) feito
pela Codevasf, essa via já era pavimentada com calçamento de paralelepípedo. Sempre que
possível, aproveita-se esse tipo de pavimento para se executar diretamente sobre ele a
camada asfáltica, aproveito assim as vantagens técnicas/mecânicas que ele oferece. Na citada
avenida não houve esse aproveitamento, sob a alegação da Codevasf de que a Prefeitura do
Município manifestou interesse em retirar e reaproveitar em outros locais (as suas custas) as
pedras de paralelepípedos do calçamento existente no local dessa obra. Inclusive, sobre essa
pretensão da Prefeitura, a Codevasf fez constar no correspondente termo de enquadramento,
o seguinte registro: “A prefeitura municipal se propõe a realizar remoção da pavimentação
existente em paralelepípedo.”
40
Com a remoção do pavimento existente (removido só na largura da via onde seria aplicado o
CAUQ) surgiu a necessidade de executar nessa avenida uma nova base para a camada
asfáltica, no caso feita de brita graduada.
Ressalta-se que não se observa nos enquadramentos e nos projetos executivos das outras
obras (disponibilizados pela Codevasf à CGU) a remoção desse tipo de calçamento para
aplicação da camada asfáltica, muito pelo contrário, o seu aproveitamento como base do
pavimento vem sendo a regra.
Observou-se que, de forma geral, os veículos que vêm das vias transversais acessarem essa
avenida principal recém pavimentada com CAUQ, precisam vencer os desníveis dessa via em
relação as suas marginais (outras vias secundárias, estacionamentos etc.) subindo pela borda
do pavimento com a base de brita graduada exposta (portanto mais instável), o que pode
estar contribuindo para a desagregação desse material e consequentemente, a deterioração
da camada asfáltica.
41
Figura 14 - Reprodução da imagem da seção transversal da avenida no seu projeto executivo
Fonte: Codevasf
O citado alongamento do calçamento pela Prefeitura não condiz com o previsto no projeto, o
qual indica uma faixa de paralelepípedo ao longo de cada lado do pavimento asfáltico,
conforme se verifica na imagem da seção transversal da avenida reproduzida anteriormente.
Por outro lado, a qualidade e durabilidade do serviço de pavimentação asfáltica devem
sempre ser perseguidos pela contratada e contratante, independentemente de realizações de
ações complementares prometidas pelo Município.
A execução da pavimentação fora dos termos do projeto, juntamente com a ausência de zelo
na realização da obra, provocou problemas técnicos no pavimento que estão relacionados a
sua degradação precoce.
42
RECOMENDAÇÕES
1 - Estabelecer normativos internos que definam critérios técnicos objetivos a serem seguidos
para distribuição do objeto aos municípios, com definição da competência específica dos
agentes que atuam nesse processo, dando a devida publicidade ao corpo técnico.
Achado nº 1
3 – Ajustar a minuta padrão dos editais e contratos, incluindo como condição para ateste das
medições a obrigatoriedade da apresentação pela contratada do livro diário de obras, em
padrão a ser estabelecido pela CODEVASF, que deverá ser assinado também pelo fiscal do
contrato e preposta da contratada, devendo conter no mínimo as seguintes informações:
i) quantitativos de mão de obra e equipamentos discriminados por tipo e especialidade; ii)
registros das visitas da fiscalização à obra e eventuais determinações realizadas pelos fiscais
da Companhia durante as fiscalizações; iii) dias de chuvas ou outras ocorrências que impactam
no andamento das obras; iv) indicações dos serviços em execução no dia, inclusive, com
indicação do local (estaca, segmento ou coordenadas).
Achado nº 3
43
6 – Incluir nos futuros editais a permissão de subcontratar e ajustar a minuta padrão dos
contratos, incluindo os critérios e situações passíveis de subcontratação, assim como o dever
da fiscalização da companhia de registrar e autorizar as eventuais subcontratações, buscando
ampliar a concorrência nos certames e reduzir os custos das obras. Destaca-se que as
subcontratadas devem possuir capacidade técnica equivalente ou superior, caso a parcela
subcontratada tenha sido requisito de qualificação técnica.
Achado nº 8
7- Estabelecer procedimento que vincule o registro prévio de ART de fiscalização, logo após a
emissão da ordem de serviço do contrato.
Achado nº 9
44
13 – Providenciar a correção do serviço executado com a qualidade contratada de acordo com
o projeto.
14 – Verificar situações similares nos trechos executados desse contrato e corrigi-los com a
qualidade contratada de acordo com o projeto, caso sejam encontradas falhas.
Achado nº 15
45
CONCLUSÃO
Os achados relacionados a seguir dão um panorama do resultado das análises que
fundamentaram as respostas para as questões de auditoria propostas para essa ação de
controle, que teve por objeto a avaliação da execução do Contrato nº 0.141.00/2020,
decorrentes do Edital do Pregão Eletrônico nº 77/2020 da Sede-DF.
46
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Em 28.12.2022, a Superintendência Regional da Codevasf no RN apresentou manifestação aos
fatos trazidos no relatório, descritas a seguir em seus itens específicos. Foi procedido
tarjamento de nomes para proteção aos dados pessoais.
Achado nº 1 - Falta de critérios para distribuição dos serviços aos municípios beneficiários.
“Em relação a questão de critérios e documentos formais quanto a demanda dos beneficiários
e distribuição, ratificamos as informações repassadas anteriormente. A Codevasf vem
implementando melhorias em seus procedimentos em consonância com as determinações
exaradas pelo Tribunal de Contas da União nos Acórdãos nº 1.213/2021 e 1.170/2022-
TCU/Plenário. Assim, o Procedimento de Enquadramento das vias para obras de
pavimentação foi revisado e aprovado pela Codevasf em 13/06/2022, onde o beneficiário tem
o dever de realizar o Formulário -Relatório de Avaliação Inicial (anexo), que contém vários
critérios e procedimentos tais como avaliação inicial, as necessidades das obras de
pavimentação e definição do tipo de revestimento, devidamente elaborado e assinado por
responsável técnico do Município.”
“Durante o enquadramento das ruas passíveis de atendimento, é realizada visita técnica pela
Codevasf para avaliação de ruas indicadas pelo preposto municipal. Realizado o
enquadramento, é autorizada a mobilização de equipe de topografia das ruas indicadas,
passíveis de atendimento. Em alguns casos, a área levantada é superior ao quantitativo
disponibilizado e por este motivo, algumas ruas indicadas no enquadramento, não são
beneficiadas, e não constam no projeto executivo, como no caso de Tangará/RN. Em relação
a São Tomé, de fato, uma das vias não está no documento de enquadramento (rua José Lopes
47
Pereira), no entanto, ela foi indicada pela prefeitura de São Tomé conforme croqui anexo
(Anexo 2.1). Ratifica-se que, as quatro vias enquadradas foram contempladas em projeto.
Em que pese não haver evidência de que o croqui (anexo 2.1), apresentado na manifestação,
tenha sido enviado pela Prefeitura de São Tomé, é compreensível que na etapa dos
enquadramentos possa haver um erro ou confusão de nomes de ruas, ou mesmo uma
imprecisão na delimitação de um trecho que possa ser implicitamente considerado como
complemento entre outras, tal como na justificativa trazida para as baias da rodoviária de
Tangará/RN. Contudo, deve-se procurar sanar qualquer dúvida ou incerteza na fase de
planejamento/projetos executivos, para não correr o risco de se perder um levantamento
topográfico, por ter sido realizado em local diferente, por exemplo.
Ademais, justamente para evitar que tais equívocos tragam dubiedade ou insegurança ao
processo, ou mesmo que se deixe margem para atuação de influências locais, é que é
necessário formalizar o registro de todas as etapas, bem como de qualquer alteração que
possa ser procedida em campo (após o devido enquadramento e projeto executivo).
Como melhoria, será informado a localidade dos serviços no campo “OBRA” conforme
demonstrado abaixo.
Por se tratar de contrato, com previsão de serviços em diversos municípios do estado do Rio
Grande do Norte, a Codevasf registrará no referido diário, no campo “OBRA”, destacado em
vermelho na Figura supramencionada, além do serviço em execução, a localidade. A título de
exemplo, na referida FIGURA, o campo OBRA passaria a constar: “Pavimentação em CAUQ em
Santa Cruz/RN”, ou simplesmente “CAUQ em Santa Cruz.”
Embora o diário de obras tenha apresentado algumas lacunas quanto ao seu preenchimento,
os processos de medição eliminam qualquer dúvida quanto ao local e período de execução
dos serviços realizados.
Por registrar-se em diário de obras a rua em que ocorrem os serviços, entende-se como
definida a localização dos mesmos para fins de fiscalização. O registro repetido por mais de
um dia consecutivo no diário leva ao entendimento, pelo menos do ponto de vista desta
fiscalização, de que há um avanço na execução dos serviços na rua citada, ao longo do tempo,
e não na repetição de serviço no mesmo trecho.
No entanto, por não se registrar de maneira mais detalhada (por estaqueamento, por
exemplo) a localização em que ocorrem os serviços, como constatado pela CGU, torna-se mais
complexo avaliar o avanço diário do serviço.
50
Desta maneira, a Codevasf implementará e fará gestão junto a CONTRATADA para efetivação
do registro dos serviços executados em função de estaqueamento (por exemplo), de maneira
a viabilizar uma maior transparência no acompanhamento dos serviços.
Em relação aos períodos úteis que não receberam informações, a forma que foi utilizada para
colocar os fatos em diário prejudicou o entendimento do mesmo. Apesar disso, tentaremos
explicitar os acontecimentos nos períodos citados:
A equipe de auditoria entende que um episódio ou outro, antes não explicado, inclusive, pela
forma deficiente de se registrar as informações, possa ser esclarecido. Contudo, o fato é que
o preenchimento não estava adequado e é necessário uma atenção maior da fiscalização
sobre o assunto.
“De fato, inicialmente, o entendimento era de que como a emulsão asfáltica e o asfalto diluído
eram oriundos do CAP, a apresentação do certificado de qualidade era suficiente.
52
Achado nº 6 - Risco de manipulação pela contratada na apresentação dos resultados de
ensaios de contraprova de espessuras de camada asfáltica, devido à ausência da Codevasf.
“De fato, os dois exemplos de ensaios citados foram realizados sem a presença da Codevasf e
não trouxeram clareza ao processo.
Além disso, a R. João José de Oliveira Neto, possui em sua geometria diversas curvas e
desnível na cota de elevação do terreno do subleito primitivo, o engenheiro de execução com
intuito de proteger as camada dimensionadas para base, após a aplicação da imprimação e
pintura de ligação, acresceu o serviços em custo de aditivo para a Contratante o serviço com
a metodologia de “sarrafeamento” ( Imagem 04) em alguns pontos que julgou ser necessário,
como curvas e altos declives, a técnica de “sarrafeamento” consiste na aplicação com
caminhão basculante e regularização do material manualmente e com vibroacabadora, em
uma camada com aproximadamente de 1,5 cm de concreto asfáltico para proteger a camada
de base até de a realização da aplicação do revestimento de concreto asfáltico.
Sendo assim, a fiscalização acredita que em alguns pontos, de fato, deveriam ter os 1,5 cm
extras, aproximadamente, mas em outros apenas a espessura contratual. Na época, o serviço
foi aceito baseado no entendimento anterior e a Contratada foi informada que o método não
deveria ser mais utilizado (Anexo 6.1 pg. 1).
Apesar de tudo isso, de fato, a confiança na boa fé da empresa diante do ensaio realizada em
Parelhas pode trazer certa fragilidade ao processo, uma vez que, ficou à disposição apenas do
interesse da Contratada a definição dos pontos. Dessa forma, em situação parecida e com o
intuito de garantir a qualidade dos serviços realizados no município de São Tomé, a
fiscalização solicitou por meio do Comunicado Nº 005/ CT 0.141.00/2020 -12ª GTR (Anexo
6.2), que a extração fosse realizada na presença da fiscalização, fato já citado neste relatório.
Durante a visita realizada no dia 17/08/2022 junto à equipe de auditores, constatou-se que a
Engefort fez o ensaio e que, de fato, a fiscalização não tinha ciência disso. No entanto, o
comunicado não cita que foi utilizado o mesmo método de “sarrafeamento” de Parelhas. Na
mesma visita, foram realizadas as medidas com régua e trena e a média das espessuras
encontrada foi de 2,5 cm.
Na fase inicial, manifestou a Codevasf no sentido de confirmar a veracidade dos fatos citados
nos dois exemplos da CGU. A unidade deixa evidente que, de fato, os ensaios foram
realizados sem a presença da fiscalização, comprometendo assim a clareza do processo.
Destacou também a importância de acompanhar as realizações dos ensaios de controle
tecnológico para garantir maior confiabilidade nos resultados.
A Codevasf sintetizou os exemplos apresentado nos relatos da CGU antes de esclarecer que,
no tocante às Rua XV de Novembro e Rua Alto Paraíso, no Município de São Tomé, os ensaios
(perfuração com extração de corpo de prova) foram repetidos, porém, agora na presença de
sua fiscalização, tendo sido assim confirmado os resultados informados pela contratada
inicialmente e, no tocante à Rua João José de Oliveira Neto, no Município de Parelhas/RN, a
Codevasf expressou seu entendimento que, de fato, a confiança na boa fé da empresa diante
do ensaio realizada em Parelhas pode trazer certa fragilidade ao processo, uma vez que, ficou
à disposição apenas do interesse da Contratada a definição dos pontos
“De fato, o quantitativo de ensaios ficou abaixo do especificado nas Alíneas “a” e “d” do
Subitem 7.2.1 da Norma DNIT 031/2006 –ES. No entanto, os ensaios citados (Marshall e tração
por compressão diametral) foram feitos e apresentados desde o início do contrato.
A Codevasf mostrou estar ciente da existência da situação em questão bem como de suas
inconsistências ao frisar que, “de fato, o quantitativo de ensaios ficou abaixo do
especificado nas Alíneas “a” e “d” do Subitem 7.2.1 da Norma DNIT 031/2006 – ES,”.
Informou ainda que com o intuito de seguir os normativos e termos contratuais em sua
totalidade, os ensaios passaram a ser cobrados pela fiscalização e apresentados pela
contratada.
Apesar da adoção de algumas medidas para cumprimento das exigências contratuais a
partir de então, o novo posicionamento da Codevasf frente a essa situação não é suficiente
para ilidir totalmente a situação inconsistente apontada, motivo pelo qual, mantém-se em
relatório os apontamentos iniciais.
Diante do avanço da execução do contrato, a unidade deve avaliar a medida a tomar, quanto
aos serviços de sinalização, que traga o maior benefício para a entrega do objeto contratado
à sociedade.
Contudo, o que deve ficar claro nas próximas contratações desse tipo é que os editais (e
respectivas minutas de contrato) devem trazer expressa a previsão de subcontratação.
Ademais, é importante lembrar que a companhia deve não só autorizar expressamente, como
também registrar formalmente tais atos.
“De fato, perante o CREA faltou emitir a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) até o
dia 27 de julho de 2022. Entende-se que foi um equívoco a demora para emissão da ART, mas
o mesmo já foi sanado.
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Perante a administração da CODEVASF, o contrato não ficou desamparado de fiscalização
formal em nenhum momento. Durante a resposta a SA01, deixamos de acrescentar a Decisão
560/2021 (anexa) de 28 de maio de 2021 que designa Marcelo Silva Peixoto como fiscal do
contrato.”
Quanto à designação formal do fiscal, que havia sido apontada originalmente no achado, de
fato, a equipe não havia recebido a Decisão 560/2021, de 28 de maio de 2021 que preenche
o intervalo de tempo apontado inicialmente como sem designação formal do fiscal da obra.
De toda forma, fica mantida a outra parte do achado, que trata da ausência de registro de ART
da fiscalização perante o CREA, durante mais de 10 meses de execução do contrato, dado que
representa uma inconformidade com as normas em vigor, bem como a ausência do
instrumento de defesa para a sociedade, pois formaliza o compromisso do profissional com a
qualidade dos serviços prestados.
56
A Codevasf manifestou concordância com a situação apontada neste tópico, porém, não há
elementos demonstrando que as inconsistências apontadas foram sanadas, motivo pelo qual,
ficaram mantidos no relatório os fatos apontados.
Além disso, houve durante o ano de 2022, descontinuidade no fornecimento de insumos pela
PETROBRAS, prejudicando o ritmo das obras, o que provocou a necessidade de aditamento
de prazo ao contrato.
Acrescentamos que, apesar dos fatos citados a Codevasf tem cobrado continuamente que a
execução contratual fique dentro do cronograma através das seguintes comunicações
formais:
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Achado nº 12 - Codevasf não dispõe de normativos ou orientações específicas norteando
seus técnicos sobre como proceder as análises de recebimento de projeto
“Por tratar-se de serviços comuns de engenharia, com planilha orçamentária constituída por
poucos itens, entende-se não haver maiores riscos para a fiscalização do objeto contratado.
Na manifestação a Codevasf afirma que por tratar-se de serviços comuns de engenharia, com
planilha orçamentária constituída por poucos itens, entende-se não haver maiores riscos para
a fiscalização do objeto contratado.
Porém, quando das inspeções físicas realizadas “in loco” nas obras sob análise, diante da
quantidade significativa de problemas técnicos detectados, o que se pôde perceber foi uma
falta de experiência mais apurada por parte da fiscalização, ou a falta de uma vivência
específica na prática dos serviços de pavimentação. Vários destes problemas foram tratados
em tópicos específicos deste trabalho, entre eles, problemas nos recebimentos, aplicações e
controle de materiais betuminosos, acabamento superficial com qualidade insatisfatória,
projeto desalinhado com a realidade do local, serviços executados em desacordo com o
projeto. Problemas como esses, entre outros, permitem inferir que eles têm entre suas
possíveis causas, a pouca experiência do fiscal nesse tipo de atividade.
Vale salientar que conforme informação passada em campo pelo próprio fiscal da obra, ele
havia se formado há poucos anos na área de engenharia, sem experiência pregressa específica
na área de pavimentação e com pouco tempo (meses) de atuação na própria Codevasf.
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Entende-se, portanto, que a Codevasf enfraquece a sua linha de controle ao se eximir de
estabelecer parâmetros para orientar seu corpo técnico na execução desse tipo de tarefas.
A Codevasf frisou que consulta os normativos vigentes, buscando extrair os principais critérios
de projeto e execução, adequados a fiscalização do contrato. Porém, pelas situações postas
neste relatório, as quais demonstram a inobservância de norma técnica e do instrumento
contratual, não ficaram claros os motivos que levaram a Codevasf a não aplicar
satisfatoriamente as normas vigentes por ela consultadas.
Tendo em vista que a Codevasf não conseguiu apresentar documentos que mostrem a
inexistência dos problemas aqui apontados ou que, tenham eles sido sanados, fica assim,
mantido neste tópico os relatos iniciais.
“De fato, a Ata de Registro de Preços n.º 077/2020, Contrato 0.141.00/2020, de 23.06.2021
prevê uma DMT padrão estimada de 50 km, a qual vem sendo paga desde o início dos serviços.
Conforme questionamentos a respeito das DMTs apresentadas em projeto na SA06 e SA08, a
checagem dos fornecedores apresentados não era feita, uma vez que, o orçamento de cada
município era apresentado e pago conforme planilha contratual, que são os 50 km.
Dentro do cenário citado na resposta no item 1.2 da SA08 em que o TCU orienta que em
futuros procedimentos licitatórios que a DMT seja inserida nas planilhas orçamentárias fora
das composições e no cenário apresentado nesse tópico do Relatório de Avaliação CGU nº
906016 (Anexo 14.1 Relatório de Avaliação –Exercício 2021), o contrato em tela começou a
avaliar as DMTs posteriormente à aprovação de alguns projetos executivos.
Inicialmente, a Contratada protocolou a primeira solicitação de replanilhamento (Anexo 14.2)
solicitando alteração e acréscimo de alguns itens, entre eles a DMT que alega estar acima dos
50 km previstos contratualmente. A resposta enviada (Anexo 14.3) concluiu pelo
indeferimento do pleito a partir do apontamento de fornecedores mais próximos.
Posteriormente, a Engefort protocolou a segunda solicitação de replanilhamento (Anexo 14.4)
apresentando suas justificativas para aquisição nos fornecedores indicados anteriormente e
com algumas sugestões aceitas da primeira análise da fiscalização. Por meio da segunda
resposta da fiscalização (Anexo 14.5), indeferiu-se o pleito e solicitou-se a comprovação das
justificativas de aquisição em certos fornecedores apresentados em projetos já executados
(como notas fiscais, dispensa de outros mais próximos, estudo de jazidas, etc). Na mesma
resposta, foram revistos alguns trajetos e apresentados outros fornecedores próximos,
concluindo que, caso a contratada comprovasse as justificativas, a fiscalização aceitaria o
aditivo nos termos apresentados.
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Por último, a Contratada protocolou a terceira Solicitação de replanilhamento (Anexo 15.6)
sem apresentar as comprovações solicitadas pela fiscalização e mantendo os fornecedores
mais distantes. Portanto, a fiscalização respondeu (Anexo 15.7) indeferindo o pleito, apesar
de concordar que o contrato deva ser readequado, deve ser feito conforme a melhor proposta
técnica e financeira.
O estudo foi feito pela equipe técnica da Codevasf (Anexo 15.8pg. 6 em diante) e enviado, em
07 de dezembro de 2022, para a Contratada (Anexo 15.8pg. 1) para apreciação. O estudo
mostrou que a Contratada faz jus ao aditivo, no entanto, em valor inferior ao pleiteado.
O intuito de descrever o roteiro do pleito de aditivo acima foi de demonstrar que apesar de
ainda estar em análise, a fiscalização vem tentando incorporar as práticas citadas como de
levantamento dos fornecedores mais próximos, avaliação do cenário de cada local da obra,
conciliação entre as DMTs de projeto e de checagem dos fornecedores dos serviços já
executados (visitas).”
Em sua manifestação, a Codevasf reconheceu que vinha utilizando uma DMT padrão estimada
de 50 km para efeito de pagamentos dos serviços medidos sem as checagens dos
fornecedores, com base em entendimento extraído da Ata de Registro de Preços n.º
077/2020. Porém, com o advento deste trabalho, a unidade despertou para a inconsistência
dessa prática frente à orientação do TCU de que, em futuros procedimentos licitatórios deste
tipo fossem as DMT’s inseridas nas planilhas orçamentárias, portanto, fora das composições
de custos unitários dos serviços, o que permitiria assim efetuar medições e pagamentos das
reais DMT’s. Na sequência, a Codevasf expôs suas ações e decisões frente aos pleitos da
contratada para majorar o valor das DMT’s, para os quais, entretanto, essa não havia
apresentado os documentos/informações técnicas apropriados para fazer jus aos pedidos.
Extrai-se da leitura dessa manifestação que a auditada entendeu a pertinência dos fatos
apontados pela CGU, inclusive, informou que passou a adotar novas ações para adequar e
resolver os fatos apontados.
Todavia, as informações e documentos apresentados pela Codevasf nesta manifestação não
foram suficientes para sanar a situação levantada neste tópico do relatório, motivo pelo qual,
ficam mantidos em relatório os fatos apontados inicialmente.
“De fato, a forma de medição citada para aferir as espessuras das camadas asfálticas de CAUQ
aplicadas nas vias/pistas não está compatível com a norma técnica (Norma DNIT 031/2006 -
ES), nem em conformidade como disposto no Termo de Referência da Ata de Registro de
Preços n.º 077/2020.
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Essa sistemática de medição foi adotada para exemplificar, em alguns casos, locais que
visivelmente estavam com espessura menor que a contratual munindo a fiscalização de
evidências, mesmo que imprecisas, para solicitar esclarecimentos (Comunicado 04) e
extrações de corpo de provas de asfalto (Comunicado 05).
Frisa-se que, o método não advém de nenhum normativo rodoviário ou da própria Codevasf
sendo fruto apenas do que a fiscalização tinha em campo para registro. Sendo assim, antes de
atestar e pagar pelos serviços, a equipe técnica utilizou-se do método com o foco de dirimir
dúvidas e rejeitar serviços. O método não foi utilizado com o intuito de aprovar medições.
Não restam dúvidas da importância da extração de corpo provas para garantir, dentro da
amostragem e execução correta, a qualidade do serviço, tanto que, intensificaram-se as
cobranças dos ensaios nos padrões normativos conforme registros de e-mail do item 5 deste
relatório (Anexos 5.1, 5.2 e 5.3). Além disso, nos últimos municípios que receberam serviços
de pavimentação em CAUQ, foram apresentados relatórios de extração de corpo de provas
(Anexo 15.1) feitos dentro dos padrões normativos e acompanhados da equipe técnica da
Codevasf (Anexo 15.2) permitindo aferir a espessura da camada e o grau de compactação da
amostra.
A aferição da camada da espessura de CAUQ aplicada também vem sendo feita durante a
execução dos serviços. Conforme resposta ao item 1.4 da SA03, é possível fiscalizar o controle
realizado pelos mesistas (profissionais que regulam a espessura da vibroacabadora) da
quantidade de massa aplicada por meio de um gabarito regulável conforme medidas
contratuais (com acréscimo da densidade pré adensamento).”
“De fato, a aferição correta das dimensões das camadas asfálticas é de suma importância para
se determinar o valor do serviço efetivamente executado.
Após considerações dos engenheiros presentes na reunião foi acordado que a aplicação de
CBUQ deverá acontecer conforme a planilha do contrato e será medida por toneladas e não
em centímetros de forma que caso ocorra uma pequena divergência na espessura, mas seja
comprovada a utilização das toneladas de CBUQ previstas o serviço será aprovado. [...]
Sendo assim, a solução adotada no início da execução dos serviços teve como objetivo
remunerar a Contrata de forma justa e garantir a qualidade dos serviços.
Como citado no presente item, em cidades em que o serviço é de implantação, ou seja, que
receberam outras camadas de pavimento granulares, somente é pago a Contratada o volume
previsto geometricamente no projeto/planilha de espessura constante de 3,5 cm.
Conforme citado nas manifestações da Codevasf nos itens 5, 9e 15 deste relatório preliminar,
a partir da fiscalização direta da execução dos serviços, tanto pelo fiscal quanto pela equipe
de apoio à fiscalização por tempo integral, e intensificando-se a cobrança de ensaios que
permitam aferir de forma adequada a espessura das camadas de pavimento asfáltico (CAUQ),
a Codevasf busca garantir a conformidade com os respectivos projetos executivos e o
pagamento dos serviços conforme efetivamente prestados.
Quanto a Rua Dr. Borges de Oliveira (Campo Redondo/RN), os serviços foram executados,
atestados e pagos conforme o peso de CAUQ gasto para executá-la. Em fevereiro de 2022,
quando a rua foi concluída, não existia ainda as patologias citadas. No entanto, diante dos
indícios apresentados, quando da elaboração do Relatório de Recebimento Provisório Parcial
do contrato (Anexo 16.4), foi repassado à Contratada a solicitação de correção das patologias
encontradas.”
A Codevasf manifesta entendimento de que a aferição correta das dimensões das camadas
asfálticas é de suma importância para se determinar o valor do serviço efetivamente
executado. Ainda, que neste contrato, os pagamentos dos pavimentos asfálticos executados
sobre paralelepípedo são pagos com base na massa asfáltica aplicada e não pelas medições
geométricas. Segundo essa Auditada, essa forma de aferição visa remunerar a Contrata de
forma justa e garantir a qualidade dos serviços.
De toda forma, independentemente de que o critério de medição tenha sido alterado para
mensuração de peso em lugar do volume geométrico, há que se garantir a espessura de 3,5
cm da camada asfáltica conforme previsto em projeto e contrato.
Dentro desse critério, na Rua XV de Novembro (São Tomé/RN), como a massa asfáltica foi
aplicada sobre base nova, a mensuração desse insumo se deu pela medição da camada
asfáltica aplicada, cujos métodos de medição não se enquadravam na norma técnica.
Questionada, a Codevasf refez essas medições aplicando parâmetros técnicos e concluiu pela
compatibilidade das medições com o projeto.
Quanto à Rua Dr. Borges de Oliveira (Campo Redondo/RN), a Codevasf concordou com a
existência do problema e solicitou sua correção à contratada.
A Codevasf, por meio de novas aferições, verificou que na Rua XV de Novembro (São
Tomé/RN) as medidas do pavimento asfáltico estão em conformidade com o projeto, já na
Rua Dr. Borges de Oliveira (Campo Redondo/RN), esse alinhamento com o projeto não se
confirmou. Logo, os documentos disponibilizados e os fatos apontados pela Codevasf não
foram suficientes para sanar totalmente as inconsistências apontadas nos exemplos e, nem
assegurar que, situações semelhantes não tenham ocorrido em outras vias objeto desse
contrato. Assim, mantém-se o relato inicial deste tópico do relatório.
“Em geral, como relatado no presente relatório pela CGU, os prepostos municipais atendem
a recomendação/sugestão da Codevasf de aplicar o CAUQ diretamente sobre a pavimentação
existente, face ao trabalho requerido para a remoção da pavimentação existente em
paralelepípedo, as interferências existentes, ligações prediais superficiais, necessidade de
rebaixamento de redes, dentre outros.
No caso de Lagoa Nova, o preposto municipal optou pela remoção da pavimentação existente,
com vista a sua utilização em outro local. Informou também que se encontrava em
desenvolvimento a elaboração de um projeto de urbanização ao longo da avenida principal,
de maneira que a Codevasf poderia realizar a pavimentação em CAUQ ao longo da avenida,
de acordo com o projeto proposto.
Observa-se que apenas ocorreu até o momento desta auditoria, a execução da pavimentação
pela Codevasf. O atraso nas obras de urbanização pela prefeitura, ocasionaram ao longo do
tempo, as diversas patologias constatadas em campo, dado o desnível criado, ocasionado pela
remoção da pavimentação existente, favorecendo o acúmulo de água proveniente de chuvas.
Nas intercessões com a avenida, as referidas patologias são mais facilmente observadas, dado
o fluxo de veículos.
A Codevasf reafirmou que a camada asfáltica nessa rua não foi aplicada sobre o
paralelepípedo, em virtude de acerto com o município no qual esse se prontificou em remover
esse calçamento, conforme o ocorrido.
No projeto da pavimentação (figura 14), aprovado pela Codevasf, não se vê área para as tais
obras municipais de urbanização. Nele, o que se visualiza (salvo em locais de esquinas, vagas
de estacionamento, acesso a alguns estabelecimentos residenciais e comerciais etc.) é,
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contígua a cada uma das margens do pavimento asfáltico, uma faixa marginal de
paralelepípedos (de largura variada) justaposta à calçada de pedestre, havendo entre esses
dois uma linha de meio fio/sarjeta, elementos esses, já existentes/construídos conforme
indicado no projeto.
A Codevasf destaca que, até a época desta auditoria, ocorrera apenas a execução da
pavimentação pela Codevasf e que, o atraso nas obras de urbanização pela Prefeitura,
ocasionaram ao longo do tempo, as diversas patologias constatadas em campo, dado o
desnível criado, ocasionado pela remoção da pavimentação existente, favorecendo o acúmulo
de água proveniente de chuvas.
Sobre o suposto atraso nas obras de urbanização, a Codevasf não esclareceu que referência
(cronograma, etc.) se baseou para concluir sobre esse citado atraso. Cabe destacar que, ela
própria afirmara que o projeto de urbanização se encontrava em elaboração quando da
realização dessa obra. Não ficaram esclarecidos os motivos pelos quais, mesmo havendo o
entendimento da Codevasf de que o descompasso das execuções dessas obras acarretaria
problemas para a via, levaram-na a autorizar a execução do empreendimento.
Ainda quanto à alegação de que o atraso nas obras de urbanização pela prefeitura ocasionou,
ao longo do tempo, as diversas patologias constatadas em campo, dado o desnível criado,
originado pela remoção da pavimentação existente, favorecendo o acúmulo de água
proveniente de chuvas, a unidade sugere ser do município a responsabilidade pelo surgimento
das patologias, no entanto, não se evidenciou elementos para sustentar essa situação. Vê-se,
na figura 14, que o pavimento asfáltico (base + capeamento) deveria ser executado (com
largura de 7 metros) entre as duas faixas de calçamento de paralelepípedo existente (de
larguras variadas) mantendo-os (asfalto e paralelepípedo) em um mesmo alinhamento de
seus níveis/cotas. Entretanto, a camada asfáltica foi executada em cota superior ao pavimento
de paralelepípedo e também da calçada de pedestre. Assim, para acessarem à pista asfaltada,
em diversos lugares, os veículos precisam vencer esse desnível subindo pela borda do
pavimento, a qual não fora preparada adequadamente para esse fim.
Da verificação física da via, cabe inferir que, em diversos locais, na execução da base do
pavimento não houve rebaixamento necessário no leito para que a espessura do pavimento
executado (base e capeamento asfáltico) não ultrapassasse o nível dos calçamentos marginais
de paralelepípedo existentes.
Das observações provenientes da inspeção física realizada no local da obra e do seu projeto
conclui-se não haver compatibilidade satisfatória entre o projeto e a realidade do local, nem
entre o projeto e os serviços executados. Isso vem se traduzindo em prejuízos ao objeto
executado e aos usuários da via defeituosa.
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Os novos documentos apresentados pela Codevasf em sua manifestação não foram
suficientes para comprovar que as inconsistências apontadas neste tópico do relatório foram
sanadas, portanto, fica mantido o conteúdo do relato iniciais.
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