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Exercício - 2022
20 de janeiro de 2023
20 de janeiro de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes - DNIT
Unidade Auditada: Superintendência Regional do DNIT no estado do Ceará
Município/UF: Fortaleza/CE
Relatório de Avaliação: # 905208
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O Termo de Compromisso nº 767/2011 foi
REALIZADO selecionado mediante análise de risco, que
considerou o universo de contratos e
PELA CGU? convênios vigentes durante o exercício de
2021, sob a responsabilidade da
Trata-se de Auditoria
Superintendência Regional do DNIT no estado
objetivando a avaliação da
do Ceará, que abrangem a execução,
execução das obras de
manutenção e recuperação de obras
duplicação do Anel Viário de
rodoviárias.
Fortaleza, objeto do Termo de
Compromisso nº 767/2011,
firmado pelo DNIT com o
Governo de Estado do Ceará. QUAIS AS CONCLUSÕES
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
AS RECOMENDAÇÕES QUE
DEVERÃO SER ADOTADAS?
Verificaram-se deficiências em serviços
executados no âmbito do Contrato nº
011/2018, cujas obras foram paralisadas,
causando riscos/prejuízos à Rodovia e aos
usuários, agravados pela deficiência do
projeto executivo.
Ademais, detectou-se alteração irregular na
liderança do Consórcio contratado, bem como
tentativa de celebração de aditivo também
irregular e descumprimento dos critérios de
pagamento previstos no Contrato, que gerou
atraso na obra, sem a devida sanção ao
Consórcio contratado.
Por fim, o Contrato nº 011/2018 foi rescindido
sem atendimento a requisitos técnicos e
aplicação das penalidades devidas, além de ter
sido verificada inércia por parte do DNIT no
acompanhamento do TC nº 767/2011-00.
Foi recomendado que o DNIT reavaliasse a
qualidade dos serviços executados por
intermédio do Contrato nº 011/2018 e
condicionasse a aprovação da Prestação de
Contas do TC nº 767/2011 à conclusão dos
reparos dos serviços defeituosos executados,
dentre outros.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
RECOMENDAÇÕES 37
CONCLUSÃO 38
ANEXOS 39
Ressalte-se que o TCU já realizou três trabalhos de fiscalização nas obras do Anel Viário de
Fortaleza, sendo dois relacionadas ao Processo TC-005.912/2015-6, que redundaram nos
Acórdãos nº 2726/2017-Plenário e 2262/2018-Plenário, e outro tratado no Processo TC
010.314/2019-9, que ainda tramita na Corte de Contas. Assim, para evitar sobreposição de
esforços, o escopo da presente auditoria abrangeu a verificação das obras que constituíram o
objeto do Contrato nº 011/2018, firmado com o Consórcio Anel Viário, bem como a análise
das novas licitações para a contratação dos remanescentes da obra, após a rescisão deste
último contrato.
Além dos trabalhos de inspeção física da obra, realizados nos dias 18 e 25.05.2022, foram
realizados testes, análises e consolidação de informações coletadas, em estrita observância às
normas de auditoria aplicáveis ao serviço público federal. Registre-se que nenhuma restrição
foi imposta à realização dos exames.
Cumpre informar que a SOP e a SR/DNIT/CE apresentaram manifestações em relação ao
conteúdo do relatório preliminar, as quais estão reproduzidas no anexo desta versão final do
relatório, acompanhadas das respectivas análises da equipe de auditoria. Portanto, os
achados de auditoria apresentados consideraram as referidas manifestações.
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RESULTADOS DOS EXAMES
1) Informações sobre o TC 767/2011 e Contratos Firmados.
O TC nº 767/2011 foi firmado, em 19.12.2011, entre o DNIT e o Governo do Estado do Ceará,
tendo como interveniente executor o Departamento Estadual de Rodovias – DER, para a
execução das obras de duplicação do Anel Viário de Fortaleza, compreendendo trechos da BR-
020 e BR-222, com extensão total de 32,30 km. Inicialmente, o Termo de Compromisso tinha
vigência até 31.12.2015, que foi estendida por meio de Termos Aditivos até 30.06.2023.
O Anel Viário de Fortaleza é uma importante via de integração entre as principais rodovias
que interligam a capital do Estado ao seu interior (CE-040, CE-060, CE-065, BR-116, BR-020 e
BR-222) e ao restante do País. Esta Rodovia também funciona como uma importante via de
transporte de cargas, interligando os portos marítimos do estado do Ceará (Complexo
Portuário do Pecém e Porto do Mucuripe), bem como serve de via de interligação entre os
principais municípios que compõe a Região Metropolitana de Fortaleza, além de fazer parte
do Plano de Logística de Transporte do Porto de Pecém.
O TC nº 767/2011 foi firmado no valor inicial de R$ 200.465.573,22, tendo este valor sido
alterado para R$ 257.224.513,58, por meio do 5º Termo Aditivo ao Termo de Compromisso,
de março de 2019, sem previsão de contrapartida estadual, já tendo sido empenhados R$
241.795.576,00 e repassados R$ 232.838.000,00, conforme Ordens Bancárias relacionadas na
Tabela 01:
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Quadro 01: Contratos firmados de execução e supervisão das obras.
Os Contatos nº 235/2010 e 336/2010 foram firmados pelo DNIT antes mesmo da celebração
do TC nº 767/2011, o qual foi celebrado com o objetivo de minimizar os problemas
enfrentados pelA SR/DNIT/CE com as interferências e as desapropriações que prejudicavam o
cumprimento do cronograma físico-financeiro do empreendimento, tendo sido tais contratos
sub-rogados ao Governo do Estado do Ceará, quando da celebração do referido Termo de
Compromisso. Conforme a SR/DNIT/CE, o ente beneficiado poderia melhor articular a retirada
dessas interferências com as companhias de serviços públicos (Chesf, CGGAS e Cagece).
Tendo em vista que o TCU já realizou trabalhos de fiscalização nas obras do Anel Viário de
Fortaleza, conforme já mencionado neste Relatório, o escopo do presente trabalho de
auditoria consistiu da verificação do Contrato nº 011/2018, que teve como objeto a
elaboração dos Projetos Básicos e Executivos e execução dos remanescentes da duplicação e
melhoramentos do Anel Viário de Fortaleza, firmado com o Consórcio Anel Viário, formado
inicialmente pelas empresas Sousa Reis, Jurema e Geosistemas, com liderança da primeira.
Compôs, ainda, o escopo da presente auditoria a análise dos Editais RDC Presencial nº
20210002-SOP e RDC Presencial nº 20210003-SOP, que trataram da contratação dos
remanescentes da obra, após a rescisão do Contrato nº 011/2018, ocorrida em 30.07.2021.
Ressalte-se que o Edital RDC Presencial nº 20210002-SOP foi fracassado, tendo em vista que
a única proposta de preços apresentada se encontrava acima do valor estimado pela
Administração, bem como o Edital RDC Presencial nº 20210003-SOP foi deserto, em virtude
do não comparecimento de nenhuma empresa interessada no certame. Não foram
detectadas impropriedades quando da análise dos referidos procedimentos licitatórios.
Por fim, por ocasião dos trabalhos de auditoria, verificou-se que a SOP havia iniciado novo
processo licitatório objetivando a contratação dos remanescentes das obras do Anel Viário,
contudo esta nova licitação não fez parte do escopo do presente trabalho.
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2) Deficiência em serviços executados por meio do Contrato nº
011/2018.
As obras de duplicação do Anel Viário de Fortaleza executadas por meio do Contrato nº
011/2018, firmado com o Consórcio Anel Viário, referiram-se, resumidamente, à restauração
do pavimento flexível da pista existente (LD), incluindo a construção do acostamento, ciclovia,
retornos, bem como construção dos viadutos de intersecção da BR-020 com as CE-040, CE-
060 e CE-065, tendo em vista que as obras de duplicação da pista nova já haviam sido
concluídas pelo Contrato nº 235/2010, celebrado com o Consórcio Galvão-EIT. A imagem a
seguir retrata os serviços executados e pendentes de execução no âmbito do Contrato nº
011/2018:
Em inspeção física realizada nas referidas obras, objeto do Contrato nº 011/2018, verificaram-
se diversos defeitos, tanto nos trechos executados em pavimento flexível (Binder + CBUQ),
quanto nos trechos executados em pavimento rígido, localizados nas intersecções com as
rodovias estaduais (Concreto de Cimento Portland com Formas Deslizantes), conforme
descrito a seguir.
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Foto 01 – BR-020 – Km 416,10 – Cratera ocupando Foto 02 – BR-020 – Km 408,84 – Cratera ocupando
mais de meia faixa da via. mais de meia faixa da via.
II) Trecho executado em pavimento rígido, com extensão aproximada de 800m (BR-020 - Km
414,95 a 414,15 - LD), localizado sob o Viaduto com a intersecção com a CE-065, apresentando
diversos defeitos nas placas de Concreto:
III) Trecho localizado na BR-020, entre os Km 419,20 e 408,34 - LD, em que havia sido concluída
a recuperação do revestimento (Binder + CBUQ), apresentando desgaste prematuro, com a
ocorrência de diversas panelas e remendos já efetuados.
Fotos 05 e 06 – BR-020 – Km BR-020 – Trecho 419,20 a 408,34 – LD – Trecho apresentando panelas, remendos
e desgaste.
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Tratando do presente tema, cabe destacar trecho do voto do relator, constante do Acórdão
nº 2355/2017 – Plenário (Processo nº 007.648/2012-0):
Cabe aos gestores públicos verificar a durabilidade e a robustez das obras públicas
concluídas, por meio de avaliações periódicas, especialmente durante o período de
garantia quinquenal (art. 618 do Código Civil). Por conseguinte, quando constatadas
falhas na solidez e qualidade dos serviços, durante o prazo quinquenal de garantia,
devem os gestores notificar a contratada para a correção de deficiências construtivas
e, caso os reparos não sejam realizados, ajuizar o devido processo judicial.
II) Inexecução dos retornos previstos em projeto (nove na BR-020 e um na BR-222), o que vem
ocasionando significativos riscos aos usuários, que são obrigados a utilizar os retornos de
forma improvisada ao longo da Rodovia, sem faixa de aproximação, causa de frequentes
colisões, conforme fotos a seguir:
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Foto 09 – BR-020 – Km 430,72 – Est. 115 – Local Foto 10 – BR-020 – Km 423,34 – Est. 484 – Local
previsto em projeto para o Retorno 01 previsto projeto em para o Retorno 05
Ressalte-se que, além dos retornos previstos em projetos, estão sendo utilizados outras
dezenas de retornos improvisados, contribuindo para o agravamento dos acidentes, conforme
fotos a seguir:
III) Deficiência na sinalização horizontal e vertical, tendo em vista que tais serviços não foram
medidos/executadas antes da paralização das obras, sendo constatada a sua
ausência/deficiência em diversos trechos da Rodovia, o que compromete a segurança dos
usuários, conforme se observa nas fotos a seguir:
Fotos 13 e 14 – Rodovia com sinalização horizontal provisória já deficiente e com raras sinalizações verticais.
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IV) Trecho localizado entre as Est. 614 e 657+5 (Km 420,74 a 419,875 - LD), com 865 m de
extensão, que não sofreu intervenção por parte do Consórcio contratado, embora previsto
para ser recuperado, encontrando-se completamente danificado, inclusive com
comprometimento das camadas inferiores do pavimento (base e sub-base), o que causa
significativos prejuízos aos usuários devido aos enormes e frequentes congestionamentos de
veículos e consequente aumento do tempo de deslocamento, do consumo de combustíveis,
necessidade adicionais de reparos nos veículos, dentre outros efeitos negativos.
Fotos 15 e 16 – BR-020 – Km 420 - Trecho com o revestimento deteriorado e com comprometimento das
camadas inferiores do pavimento.
V) Trecho de 750 m localizado na BR-020, entre os Km 414,15 e 413,4 (Est. 943+10 a 981 - LD),
em que havia sido apenas iniciado o serviço de recuperação (uma camada de Binder), antes
do abandono da obra pelo Consórcio contratado, o que ocasionou o desgaste prematuro do
revestimento, conforme fotos a seguir:
Fotos 17 e 18 – BR-020 – Km BR-020 - Km 414,15 a 413,4 – Trecho apresentando defeitos diversas panelas.
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Projetos e Construções LTDA., verificaram-se deficiências no Projeto Executivo elaborado pelo
referido Consórcio que comprometem a segurança e o fluxo dos veículos.
Verificou-se que o referido projeto não previu os alargamentos das pontes existentes (sobre
o rio Coaçu, rio Gavião e rio Siqueira), além do Viaduto da Linha Tronco Sul (BR-020) e o
Viaduto da Linha Tronco Norte (BR-222), de formar a contemplar a ciclovia executada ao longo
de todo o trecho do Anel Viário, causando uma descontinuidade da ciclovia na pista do lado
direito (pista existente) e comprometendo a segurança dos usuários, conforme fotos a seguir:
Fotos 21 e 22 – BR-020 – Km 415,65 e 415,58– Ponte sobre o Rio Siqueira (LD) sem ciclofaixa.
Ademais, verificou-se que também não foi previsto o alargamento do viaduto localizado na
interseção da BR-020 com a BR-116. Tendo em vista que uma das duas faixas do viaduto
existente é utilizada para acesso às alças de retorno, o não alargamento do viaduto sobre a
BR-116 vem ocasionando uma redução de duas para uma faixa na Rodovia BR-020, nos dois
sentidos, causando risco de acidentes e congestionamentos no horário de pico do trânsito.
Outrossim, também ficou impossibilitada a execução da ciclofaixa nos dois sentidos da
Rodovia BR-020, ao longo do referido viaduto, também comprometendo a segurança dos
usuários, conforme fotos a seguir:
Foto 23 – BR-020 - Km 429,16 e Foto 24 – BR-020 - – Início do Viaduto sobre a BR-116 (LD), com redução
Km 429,75 – Início do Viaduto sobre a BR-116 (LE), de faixa e sem ciclovia.
com redução de faixa e sem ciclovia.
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5) Alteração da composição e liderança do Consórcio contratado,
sem o atendimento das condicionantes dos Órgãos Jurídicos e em
confronto com o Edital de Licitação.
O Processo nº 00501758/2020 tratou de solicitação, datada de 16.01.2020, de alteração da
composição e liderança do Consórcio Souza Reis/Jurema/GEOSISTEMAS - ANEL VIÁRIO,
contratado, por meio do Contrato nº 011/2018, para a elaboração dos Projetos Básicos e
Executivos e execução dos remanescentes da duplicação e melhoramentos do Anel Viário de
Fortaleza.
O requerimento (fls. 2/5 do processo) foi formulado pela Construtora Sousa Reis Ltda., até
então líder do Consórcio Anel Viário, elencando como motivação para a alteração o
deferimento do processamento de Recuperação Judicial da própria Construtora Souza Reis,
nos termos da Lei Federal nº 11.101/2005, através de decisão proferida em 11.12.2019. No
requerimento, foi arguido, também, o fato da Construtora Jurema Ltda. se encontrar
excessivamente compromissada com outros contratos (pouca liquidez), bem como a
inadimplência crescente de parte de seus clientes.
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• Anexo 03 (fls. 38/50) - Minuta do 1º Termo Aditivo ao contrato de constituição do
consórcio, e
• Anexo 04 (fls. 51/242) – Documentos de Habilitação da empresa COSAMPA, descrita
no “EDITAL RDC ELETRÔNICO nº 20170001- DER.
Logo após, como única peça técnica tratando da análise das condicionantes jurídicas, constou
declaração do Diretor de Engenharia Rodoviária, também de 29.01.2020, informando que a
documentação exigida para comprovação da habilitação e qualificação apresentada pela
empresa Cosampa Projetos e Construções Ltda. estaria em conformidade com o que foi
solicitado/condicionado nos pareceres jurídicos, bem como atenderia às exigências contidas
no Edital de Licitação Edital RDCi nº 0001/2017.
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Ulteriormente, constou o Despacho do Superintendente da SOP, ainda em 29.01.2020, não se
reportando à declaração anterior do Diretor de Engenharia, mas apenas aprovando os
fundamentos do Parecer nº 028/2019 em seu inteiro teor.
Por fim, constou o 2o Termo Aditivo ao Contrato nº 011/2918, de 11.05.2020, que teve como
finalidade a inclusão/o ingresso da empresa Cosampa Projetos e Construções Ltda. no
CONSÓRCIO Souza Reis/Jurema/GEOSSISTEMAS — Anel Viário, que se passou a denominar
CONSÓRCIO COSAMPA/JUREMA/Sousa Reis/GEOSSISTEMAS – Anel Viário, permanecendo
inalteradas as demais cláusulas e disposições constantes do contrato original.
Ressalte-se que, após o ingresso da empresa Cosampa como líder do consórcio, foram
medidos, a preços iniciais (PI), apenas R$ 19.444.879,38, ou 23,27% do total contratado, tendo
o Contrato nº 011/2018 sido rescindido unilateralmente pela SOP, em 30.07.2021, mesmo
existindo diversos serviços passíveis de execução e sem a devida aplicação das penalidades
previstas em contrato, conforme tratado adiante, neste Relatório de Auditoria. A Tabela 02
retrata os valores medidos nos períodos em que as duas empresas se alternaram na liderança
do Consórcio Anel Viário:
No que concerne à condicionante de que “não exista vedação a respeito de alterações dessa
natureza no edital de licitação ou contrato celebrado”, o item 11.1 do Edital RDC ELETRÔNICO
nº 20170001/DER limitou a participação em consórcio a no máximo três empresas, conforme
segue:
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No entanto, após o 2o Termo Aditivo ao Contrato nº 011/2918, a nova composição do
Consórcio Anel Viário passou a ser formada por quatro empresas, conflitando com as
disposições do item 11.1 do Edital RDC ELETRÔNICO Nº 20170001/DER.
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Após levantamentos feitos na obra, com a ajuda da Supervisora JBR e da Fiscalização
da SOP, encontramos justificativas técnicas para serviços executados no valor de R$
7.200.137,35, calculados com base na Tabela SEINFRA nº 26 de dezembro/2019 para
ficar compatível com a data do valor solicitado.
Este parecer reflete o ponto de vista técnico da execução da obra. Sugerimos que
este pedido de reequilíbrio financeiro seja analisado sob o ponto de vista jurídico
para a sua melhor fundamentação.” (Grifou-se)
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da respectiva justificativa, bem como dos cálculos constantes na mesma, de modo a
observar as informações ali inseridas. (Grifou-se)
Após a inclusão das certidões do Consórcio, bem como confirmação de dotação orçamentária
disponível, foi firmado o 4o Termo Aditivo ao Contrato nº 011/2018 (fls. 109/110), datado de
03.08.2020 (publicado no DOE de 14.08.2020), que objetivou o reequilíbrio econômico-
financeiro do Contrato nº 011/2018, assinado pelo Superintendente da SOP e pelo sócio da
Construtora Cosampa Projetos e Construções Ltda, nova Líder do Consórcio.
Ressalte-se que, ao contrário do esperado, no corpo do Aditivo, bem como na publicação no
DOE, não é informado o valor que seria acrescido ao contrato com o reequilíbrio econômico-
financeiro, sendo apenas referenciado o processo administrativo que tratava do tema, não
disponível para acesso público, conforme Cláusula Primeira do Termo Aditivo a seguir:
CLAUSULA PRIMEIRA- DO OBJETO
O aditivo ora epigrafado tem por objeto o reequilíbrio econômico-financeiro do
Contrato nº 011/2018, em conformidade com as informações constantes no Parecer
Técnico da Diretoria de Engenharia Rodoviária DIRER/SOP, incluso às fls. 16/63 do
processo administrativo n° 11452751/2019.
Na sequência do processo, à fl. 112, a Assessoria Jurídica da SOP proferiu Despacho, datado
de 17.08.2020, remetendo o processo para a Superintendência da SOP e sugerindo, mais uma
vez, que fosse solicitada prévia anuência do DNIT acerca da matéria.
Conforme fls. 113/114 do processo, a SOP encaminhou o Ofício n° 1172 / 2020-SUPER/SOP,
de 03.09.2020, comunicando à SR/DNIT/CE sobre a elaboração de Aditivo ao Contrato no
011/2018, bem como solicitando a elaboração de Aditivo ao TC n° 767/2011, com a finalidade
de proceder inclusão na Clausula Décima Segunda do referido termo, dos seguintes serviços:
1 - Construção do canteiro de obras;
2 - Administração local da obra;
3 - Proteção mecânica de serviços públicos interferentes;
4 - Estocagem de Material;
5 - Aquisição de material de jazida;
6 - Acesso ao condomínio Jardins Ibiza;
7 - Ligação provisória da pista sul (LE) do anel viário no segmento da interseção da
rodovia CE-065; e,
8 - Caminhos de serviço, desvios de tráfego e retornos.
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Em seguida, às fls. 117/118 do processo, constou novo expediente da SR/DNIT/CE (Ofício n°
130865/2020/SRE-CE), datado de 27.10.2020, também se reportando ao Ofício n° 1172/ 2020-
SUPER/SOP, desta feita esclarecendo que não caberia ao DNIT nenhuma análise acerca do
aditivo em questão.
Ressalte-se que, ao contrário do afirmado pela SR/DNIT/CE, a Cláusula Quarta do TC nº
767/2011 prevê que as ações incluídas, como na presente situação, deveriam ter sido
submetidas ao DNIT para aprovação, conforme segue:
CLÁUSULA QUARTA
DO ACRÉSCIMO O ALTERAÇÃO
A cada ação incluída ou alterada na concepção do objeto avençado, corresponderá
à lavratura de Termo Aditivo ao Termo de Compromisso, a ser apresentado pelo
ENTE FEDRADO BENEFICIADO, à UNIDADE GESTORA, devidamente motivado e
justificado, para fins de aprovação, observada as disposições aplicáveis da Lei nº
8.666/93. (Grifou-se)
Em função do primeiro expediente da SR/DNIT/CE e a pedido, desta feita do Superintendente
Adjunto de Rodovias da SOP, por meio do Despacho datado de 30.10.2020, fl. 119 do Processo
nº 11452751/2019, o referido processo foi remetido para análise, manifestação e parecer da
Diretoria de Engenharia Rodoviária, juntamente com a Supervisora JBR e a fiscalização da SOP.
Às fls. 120/122 do mesmo processo, constou o documento Ct n° 14/2020-C254, datado de
23.11.2020, da empresa JBR Engenharia, contratada para Supervisão das obras de duplicação
do Anel Viário de Fortaleza, que concordou parcialmente com as quantidades dos serviços
anteriormente aprovadas, sem, no entanto, apresentar memória de cálculo dos quantitativos
informados, ou mesmo informar os valores devidos.
Na sequência, constou, às fls. 123/135, documento sem data ou autoria, também discordando
parcialmente dos quantitativos aprovados, no entanto contemplando memória de cálculos
destes quantitativos, bem como os valores envolvidos, que supostamente deveriam ser
reduzidos de R$ 7.200.137,35, para R$ 4.275.673,48.
À fl. 136 do mesmo processo, constou novo Despacho do Diretor de Engenharia da SOP,
datado de 03.12.2020, informando que, em face da manifestação da Supervisora JBR, far-se-
iam necessárias correções nos valores do Reequilíbrio Econômico-financeiro do Contrato n°
011/2018, em razão de redução do volume de movimentação de terra e por conta de que
parte dos quantitativos de ligações provisórias e desvios de tráfego já haviam sido pagos nas
medições parciais do Consorcio Construtor. Ademais, informa o seguinte:
Fomos informados que haverá novas reivindicações do Consorcio Construtor, em
complementação ao presente processo de reequilíbrio econômico-financeiro. Sendo
assim, considerando-se a atual necessidade de correção de quantitativos e valores
deste processo e o fato que nenhum pagamento ainda não foi efetuado, esta DIRER
sugere a anulação do processo em pauta e a criação de novo processo, incluindo as
correções aqui enumeradas e também a inclusão dos novos itens, tudo baseado no
Edital RDC Eletrônico n° 20170001-DER, em particular ao estabelecido na Matriz de
Risco.
Em seguida, à fl. 137 do Processo nº 11452751/2019 (última folha), o Superintendente
Adjunto de Rodovias – SOP solicitou posicionamento do Consórcio, em razão da diferença
financeira no reequilíbrio solicitado.
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Às fls. 02/05, do Processo nº 02748876/2021, que deu continuidade ao Processo nº
11452751/2019, constou o posicionamento do Consórcio Anel Viário, seguido por novo
Despacho do Diretor de Engenharia Rodoviária da SOP, de 13.04.2021, ratificando seu
posicionamento anterior e opinando pela anulação do 4º Termo Aditivo ao Contrato nº
011/2018, considerando que o referido instrumento havia apresentado desconformidades
que foram constatadas apenas depois do Aditivo publicado.
Logo em seguida, às fls. 13/18 do Processo nº 02748876/2021, constou o Parecer nº
350/2021, da Coordenadoria Jurídica da SOP, de 11.05.2021, concluindo pela necessidade de
anulação do 4º Termo Aditivo ao Contrato nº 011/2018, seguido por Despacho do
Superintendente da SOP (fl. 19), datado de 12.05.2021, autorizando a anulação do referido
Aditivo.
Por fim, às fls. 21/22 deste último processo, constou o Termo de Anulação do 4º Termo Aditivo
ao Contrato nº 011/2018, datado de 12.05.2021, assinado pelo Superintendente da SOP.
Cabe ressaltar que, embora o Aditivo não tenha sido levado adiante, as análises efetuadas
pelas áreas técnicas e jurídicas da SOP não levaram em consideração a alocação de risco
previstas nas Matrizes de Risco 1A e 1B, Anexo VII do RDC Eletrônico nº 20170001-DER, bem
como a Cláusula Décima Sexta do Contrato nº 011/2018, a seguir:
CLAUSULA DÉCIMA SEXTA - DOS ADITIVOS, DA MATRIZ DE RISCOS E DA
RECOMPOSIÇÃO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO-FINANCEIRO
16.1 Fica vedada a celebração de termos aditivos a este Contrato. exceto se
verificada uma das seguintes hipóteses.
16.2 Recomposição do equilíbrio econômico-financeiro, devido a caso fortuito ou
força maior:
16.3 Necessidade de alteração do projeto ou das especificações para melhor
adequação técnica aos objetivos da contratação, a pedido da administração pública,
desde que não decorrentes de erros ou omissões por parte da CONTRATADA
observados os limites previstos no § 1° do art. 65 da Lei n° 8.666/93.
16.4 0 caso fortuito e a força maior que possam ser objeto de cobertura de seguros
oferecidos no Brasil a época de sua ocorrência ou que estejam previstos na Matriz
de Risco são de responsabilidade da CONTRATADA.
16.5 Da Matriz de Risco
16.6 A Matriz de Risco e o instrumento que define as responsabilidades do
CONTRATANTE e da CONTRATADA na execução do contrato.
16.7 A CONTRATADA é integral e exclusivamente responsável por todos os riscos
relacionados ao objeto do ajuste, inclusive, sem limitação. conforme estabelecido na
MATRIZ DE RISCO 1A e 1B
16.8 A CONTRATADA não é responsável pelos riscos relacionados ao objeto do ajuste
quando a responsabilidade for do CONTRATANTE, conforme estabelecido na MATRIZ
DE RISCO 1A e IB
16.9 Constitui peca integrante deste Contrato, independentemente de transcrição
no instrumento respectivo, o Anexo VIII - Matriz de Risco 1A e IB.
Portanto, verifica-se que parte dos serviços que seriam aditados estão claramente definidos
nas Matrizes de Risco 1A e 1B, como de responsabilidade da Contratada ou Seguradora,
conforme quadro a seguir:
22
Quadro 03: Comparativo entre os serviços Aditivados com a Matriz de Risco 1B:
Família de Item de Serviço Item de Serviço – Materialização Alocação
Serviço Aditivado Matriz – 1B
Mudança da origem de
4 - Estocagem de material e/ou acréscimo
Material; Material de de número de fontes, Contratada
Terraplenagem
5 - Aquisição de material Jazida quaisquer que sejam os Seguradora
de jazida motivos causadores da
necessidade de alteração.
6 - Acesso ao condomínio
Jardins Ibiza;
7 - Ligação provisória da
pista sul (LE) do anel
Custos adicionais para Contratada
viário no segmento da Desvios de
manutenção e operação
interseção da rodovia CE- Tráfego Seguradora
de desvios de tráfegos
065; e,
8 - Caminhos de serviço,
desvios de tráfego e
retornos.
Fonte: RDC Eletrônico nº 20170001-DER.
Por todo o exposto, verificou-se que a SOP celebrou Termo Aditivo de reequilíbrio econômico-
financeiro do Contrato nº 011/2018 sem análise prévia da fiscalização da obra e da
Supervisora contratada, bem como sem atentar para as responsabilidades previstas na Matriz
de Risco previstas contratualmente. Tal Aditivo foi anulado somente após alerta efetuado pela
SR/DNIT/CE e pela área Jurídica da SOP.
Ademais, o Contrato previu que as medições seriam pagas em conformidade com as etapas
previstas no cronograma físico-financeiro, conforme segue:
Por fim solicita, em que pese o constante no Edital de Licitação, no caso de antecipação física
do cronograma, uma vez que já existiria saldo de empenho necessário para sua cobertura, que
sua remuneração fosse efetuada pelos serviços efetivamente executados.
26
caso as etapas não fossem plenamente executadas no respectivo período previsto no
cronograma físico-financeiro.
28
Na sequência do processo, à fl. 104, constou o Despacho do Superintendente da SOP, datado
de 25.06.2021, aprovando o Parecer nº 608/2021 e autorizando a rescisão unilateral do
Contrato nº 011/2018. No Despacho, a título de punição, determinou tão somente multa nos
termos da Cláusula Décima Quarta, subitem 14.2.3 do referido Contrato, ou seja, multa de 5%
sobre o valor total contratado, por descumprimento do prazo de execução do objeto da
licitação, bem como encaminhou os autos à Diretoria de Engenharia para elaboração do
Relatório de Vistoria, consoante o disposto no item b) do Acórdão nº 0332/2019 e notificação
à empresa contratada acerca da rescisão contratual.
Em seguida, constou a Notificação Extrajudicial do Consórcio (fls. 104/105), de 05.07.2021,
comunicando da rescisão unilateral do Contrato e aplicação de penalidade, seguido da
resposta do Consórcio Anel Viário à referida Notificação (fls. 108/118), datada de 12.07.2021,
cujas alegações foram todas refutadas, conforme análise efetuada pelo Diretor de Engenharia
Rodoviária da SOP, por meio de Despacho (fls. 136/138), datado de 20.07.2021.
Ressalte-se que, em seu Despacho, o Diretor de Engenharia Rodoviária da SOP também
informa que a Supervisora da Obra, empresa JBR Engenharia Ltda., havia apresentado a
“Situação Atual da Obra”, que equivaleria e atenderia aos objetivos do “Relatório de Vistoria”
solicitado pelo Superintendente da SOP.
No entanto o documento elaborado pela Supervisora, CI nº 13/2021 – C254 (fls. 119/121), de
12.07.2021, apenas contemplou um breve histórico do empreendimento, uma descrição
resumida dos serviços executados e pendentes de execução, além de um Relatório Fotográfico
da obra (fls. 122/133).
Portanto, referido documento não preenchia todos os requisitos do Acórdão TCE nº
0332/2019, tendo em vista que não foi assinado pela fiscalização e empresa contratada,
tampouco contemplou planilha de custo, quitação das partes e, principalmente, o “As Built”
dos serviços executados.
Também não foi constituída Comissão e, consequentemente, providenciada a elaboração de
Relatório de arrolamento da situação dos serviços, quando da rescisão contratual, em que
pese previsão no Contrato nº 011/2018, conforme cláusulas a seguir:
15.8 Ocorrendo rescisão do Contrato, o CONTRATANTE constituirá “Comissão” para
arrolamento da situação dos serviços, no momento da sua paralização e concederá
prazo corrido de 48 (quarenta e oito) horas para que a CONTRATADA indique seu
representante.
15.9 Vencido o prazo e não indicando a CONTRATADA o seu representante ou não
comparecendo o indicado para execução dos trabalhos, a “Comissão” fará o
respectivo arrolamento.”
15.10 Em quaisquer hipóteses as partes declaram aceitar incondicionalmente o
relatório de arrolamento feito. (Grifou-se)
Ademais, o Contrato nº 011/2018 também previa, conforme cláusula 8.1.2, que os serviços
executados pelo Consórcio Contratado deveriam ser recebidos pela SOP, em consonância com
as disposições contidas na Instrução de Serviço/DNIT nº 13, de 04.11.2013. Questionado sobre
o tema, a SOP, por meio do Ofício nº 340-2022/SUPAR/SOP, de 19.05.2022, assim se
pronunciou:
Na Instrução de Serviço nº 13, de 04.11.2013, no Art.2º - Procedimentos
Administrativos, item 2.8 é relatado o que segue:
29
"Quando, por qualquer razão não se concluir o objeto do Contrato, para instruir o
processo de rescisão será lavrado o Termo de Vistoria ou o de Avaliação, no prazo
de 5(cinco) dias úteis da data determinada no despacho rescisório, ou ainda, data da
paralização da obra, o que primeiro ocorrer...”
O pedido de rescisão contratual partiu do consórcio contratado e, devido a esta
decisão repentina, a SOP procedeu a apuração dos serviços realizados no período
vigente, fundamentando a Medição Final, aplicando as sanções administrativas
cabíveis, celebrando a rescisão desejada com a aplicação de multa e acionando a
seguradora do contrato.
Desta forma não foram adotados os procedimentos contidos na Instrução de serviço
nº 13, datada de 04/11/2013.
Às fls. 144/159 do processo, a Procuradoria Jurídica da SOP mais uma vez se pronunciou
acerca do pedido de Rescisão Unilateral, por meio do Parecer nº 1115/2021, de 23.07.2021,
opinando pela regularidade da rescisão de forma unilateral do Contrato nº 011/2018, com
aplicação de penalidade, considerando as manifestações técnicas apontadas nos pareceres e
relatório constante dos autos.
Por fim, às fls. 179/181, por meio do Termo de Rescisão Unilateral do Contrato nº 011/2018,
assinado pelo Superintendente da SOP, em 30.07.2021, procedeu-se à rescisão do Contrato
nº 011/2018, com aplicação de Penalidade de Multa, nos termos da Cláusula Décima Quarta,
subitem 14.2.3 do Contrato, a seguir:
14.2.3 5% (cinco por cento) sobre o valor total contratado, por descumprimento do
prazo de execução do objeto da licitação, sem prejuízo da aplicação do disposto nos
subitens 14.3.1 e 14.3.2. (Grifou-se)
No entanto, além punição acima, o atraso injustificado, seguido de abandono da obra pelo
Consórcio contratado ensejaria a aplicação de outras punições previstas no Contrato nº
011/2018, conforme cláusulas contratuais a seguir:
14.1 O licitante que não cumprir integralmente as obrigações assumidas, garantido
o contraditório e a ampla defesa, está sujeito às seguintes sanções:
14.1.1 Advertência
14.1.2 Multa;
14.1.3 Suspensão temporária de participação em licitação;
30
Declaração de inidoneidade;
14.1.5 Impedimento de licitar e contratar com a Administração Federal.
[....]
14.2 MULTA é a sanção pecuniária que será imposta ao fornecedor, por atraso
injustificado na entrega ou execução do contrato, e será aplicada nos seguintes
percentuais:
14.2.1 0,33% (trinta e três centésimos por cento) por dia de atraso na execução do
objeto da licitação, calculado sobre o valor correspondente à parte inadimplente,
até o limite de 9,9% (nove, vírgula, nove por cento), que corresponde a até 30
(trinta) dias de atraso;
[....]
“14.2.4 15% (QUINZE POR CENTO) em caso de recusa injustificada do adjudicatário
em assinar o contrato ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo
estabelecido pelo DER, recusa na conclusão do serviço, ou rescisão do contrato,
calculado sobre a parte inadimplente. (Grifou-se)
Ademais, conforme item 14.7 do Contrato, a multa poderia ser aplicada cumulativamente com
outras sanções, segundo a natureza e a gravidade da falta cometida, consoante o previsto na
Lei nº 8.666/93 e no art. 2º da Instrução Normativa/DG DNIT nº 01/2013.
Nesse sentido, o Contrato prevê a aplicação de penalidade de “Impedimento de Licitar e
Contratar com a Administração” em situações aplicáveis ao presente caso, quais sejam:
14.14.3 Ensejar o retardamento da execução ou da entrega do objeto da licitação
sem motivo justificado;
[.....]
14.14.7 Der causa à inexecução total ou parcial do contrato.
31
No entanto, pelos fatos apontados abaixo, verifica-se que a SR/DNIT/CE não cumpriu
fielmente com suas atribuições de fiscalizadora/supervisora do termo de compromisso.
a) Ofício nº 74353/2020/NAA-CE/SER-CE, da SR/DNIT/CE, de 26.06.2020, em resposta ao
Ofício nº 9668/2020/NAC3-CE/CEARA/CGU, de 18.06.2020, desta CGU, informa que havia
disponível, até aquele momento, apenas os relatórios de acompanhamento elaborados pela
empresa supervisora das obras referentes aos meses de maio/2018 (nº 72) a junho/2019 (nº
86), tendo apresentado os demais, do nº 01 ao nº 62, apenas em 09.07.2020, por meio do
Ofício nº 80201/2020/NAA-CE/CEARA/SER-CE, do nº 63 ao nº 67, em 18.08.2020, por meio do
Ofício nº 99726/2020/NAA-CE/SER-CE e do nº 68 ao nº 71, apenas em 12.04.2021, por meio
do Ofício 45875/2021/NAA-CE/SER-CE, todos extemporaneamente solicitados à SOP, tendo
esse último sido apresentado quase dez meses após a solicitação. A indisponibilidade de
informações absolutamente essenciais para o acompanhamento do Termo de Compromisso,
como os Relatórios de Supervisão da obra, evidencia que não havia um acompanhamento
efetivo, especialmente até maio/2018.
b) Item “h” do Ofício nº 46937/2022/NAA-CE/SER-CE, do DNIT/CE, de 17.03.2022, em resposta
à Solicitação de Auditoria nº 01/905208 desta CGU, que solicitou relatórios de
acompanhamento/andamento da execução elaborados pela equipe de fiscalização do
DNIT/CE, informa que o acompanhamento é realizado por meio de processo específico,
porém, não apresenta referido processo e, quando da necessidade de algum registro ou
solicitação, realiza-se dentro do processo de nº 50.603.000092/2019-25.
O Processo mencionado acima trata do acompanhamento do TC nº 767/2011, conforme
documentação anexa ao processo, porém foi iniciado somente a partir do exercício de 2019.
Em relação aos exercícios anteriores, foram disponibilizados apenas os processos de prestação
de contas, que não apresentam quaisquer relatórios e/ou pareceres da equipe de fiscalização:
• SEI nº 50600.033365/2013-52 (1ª Prestação de Contas);
• SEI nº 50600.072478/2014-54 (2ª Prestação de Contas), que apresenta o Memorando
nº 017/2014 – PORT 108/12 – TT-767/11 (fls. 03 a 04 – Vol. I), de 11.11.2014;
• SEI nº 50600.004329/2015-43 (3ª Prestação de Contas), com o Memorando nº
004/2015 – TT-767/11, de 20.02.2015, que trata do parecer da equipe de fiscalização
atestando que os serviços foram executados de acordo com as normas vigentes no
DNIT e os objetivos alcançados, bem como os recursos financeiros tiveram correta e
regular aplicação, porém não se vislumbra no processo quaisquer relatórios de
acompanhamento físico da obra, nem registro fotográfico, e
• SEI nº 50603.004192/2018-40 (4ª Prestação de Contas), que apresenta parecer da
equipe de fiscalização por meio da Nota Técnica nº 3/2019/SECONT - COENGE -
CE/COENGE - CAF - CE/SRE – CE, de 15.02.2019 (Doc. SEI 2645007), com relatório de
acompanhamento físico e registro fotográfico da obra (doc. SEI 2693733).
Importante ressaltar que a 4ª Prestação de Contas, referente ao período de janeiro a
dezembro de 2015, foi apresentada apenas em 06.12.2018, conforme Ofício nº 1590/2018 –
SUPER/DER. (Doc. SEI 2247676).
32
c) Depreende-se das portarias de nomeação das equipes de fiscalização1 do TC nº 767/2011,
que, de novembro/2012 a maio/2014, apenas um servidor tinha sido nomeado para a
fiscalização do referido termo de compromisso, o que contraria o §1º da Cláusula Sexta do TC
nº 767/2011, que prevê a nomeação de uma comissão para acompanhar a execução física das
obras do objeto do termo de compromisso.
d) A fragilidade do acompanhamento a cargo da SR/DNIT/CE é evidenciada, também, pela
ineficácia da atuação relativa à realocação do Gasfor I (Processo SEI nº 50603.000612/2012-
23), conforme se verifica no histórico dos fatos que serão retratados a seguir:
• em 15.08.2012, tratativas entre a SR/DNIT/CE e a Petrobras mostram que a
SR/DNIT/CE solicitava cronograma de realização, projeto de sinalização, ART e
cronograma de desativação do Gasfor I, juntamente com documentação tratando da
implantação do Gasfor II (Ofício nº 1504/2012 – DNIT/CE);
• em 30.08.2012, a Petrobras informava da impossibilidade de envio de ART dos serviços
e do projeto de sinalização, pois esses documentos seriam elaborados por empresa
montadora a ser contratada para remanejamento da tubulação do Gasfor, pendente
de celebração, em função da necessidade de conclusão das desapropriações e serviços
de terraplenagem prévios, que estariam sob a responsabilidade do DER/DNIT. Solicita
desconsiderar o envio dos documentos, permitindo a celebração do aditivo ao
contrato de permissão de uso ou autorizar a execução dos serviços de remanejamento
da tubulação da Gasfor, com posterior celebração desse aditivo (Ofício
ENGENHARIA/IETEG/IENE – 1061/2012.
• em 11.10.2012, a SR/DNIT/CE solicitava novamente a mesma documentação
anteriormente demandada por meio do Ofício nº 1504/2012 - DNIT/CE (Ofício nº
1885/2012 – SR/DNIT/CE);
• em 29.10.2012, a Petrobras informava à SR/DNIT/CE que os processos de realocação
do Gasfor I e sua desativação seriam executados por empresas distintas e que a
desativação estaria prevista para o exercício de 2014. Informa ainda que a Petrobrás
aguardaria da SR/DNIT/CE, em regime de urgência, autorização para realocação do
Garfor I. No entanto, não se reporta aos documentos requisitados pela SR/DNIT/CE
(Ofício ETM/ENG-GE/IEGN/IEGNNNE- 010/2012);
• ainda em 29.10.2012, a Petrobras solicitou demandas sob a responsabilidade tanto do
DER/CE quanto da SR/DNIT/CE, tais como, cronograma de terraplanagem e ajuste de
grade para a execução das realocações, desapropriações e liberação para execução
das obras (Ata de Reunião nº 0105/2012)2;
• em 17.08.2015, a SR/DNIT/CE solicitou, novamente, as mesmas documentações, já
demandadas ao longo do exercício de 2012, que tratassem da realocação do Gasfor I
e sua remoção, para a execução do Gasfor II (Ofício nº 2337/2015);
• em 31.01.2018, por meio do Ofício nº 3130/2018/NAA – CE/SER – CE-DNIT, a
SR/DNIT/CE notificou a Petrobras que efetuasse as alterações relacionadas em tabela
anexa ao referido ofício, com vistas à execução das obras de duplicação do Anel Viário,
com prazo de cumprimento estipulado em 180 dias;
1
Portarias nº 083, de 17.09.2010, nº 108, de 20.11.2012, nº 071, de 19.05.2014, nº 183, de 27.10.2015, nº 6369,
de 05.11.2020 e nº 2863, de 19.05.2021
2
Não há quaisquer registros no Processo SEI nº 50603.000612/2012-23, entre o final do exercício de 2012 e
/2015, bem como entre agosto/2015 e início de 2018, relacionados ao assunto aqui abordado.
33
• em 20.02.2018, por meio de correspondência eletrônica, a SEOP/DNIT/CE, ou à
Petrobras que as obras de duplicação haviam sido retomadas pelo DER/CE e solicitou
informações sobre a situação do Gasfor I, se fora ou não realocado, se ainda existia ou
não procedimento licitatório, tudo objetivando a instrução processual e a retomada
das tratativas referentes à regularização da situação do Gasfor;
• em 04.04.2018, foi realizada reunião, por meio de vídeo conferência com a
participação dos representantes da TAG, TRANSPETRO, DER/CE e SR/DNIT/CE,
oportunidade na qual foram explicitadas, por parte dos representantes da SR/DNIT/CE
e DER/CE, em linhas gerais, o novo projeto. Para que a TAG pudesse conhecer e avaliar
com detalhes técnicos o novo projeto da SR/DNIT/CE, de modo a estabelecer as
modificações necessárias no traçado e/ou proteção estrutural do Gasfor, solicitou o
envio de documentação complementar;
• em 17.04.2018, por meio do Ofício TAG/DTO/GCO 0007/2018 (Processo SEI nº
50603.000153/2018-73 anexo ao Processo SEI nº 50603.000612/2012-23), a Petrobras
informou à SR/DNIT/CE que foram realizadas diversas tratativas entre os anos de 2010
e 2013 relacionadas ao Gasfor com representantes do órgão, tendo sido realizada uma
obra pela TAG, com custos próprios, entre os meses de agosto e dezembro de 2014,
que possibilitariam a continuidade da duplicação do anel viário, porém a duplicação
não havia sido levada adiante pela SR/DNIT/CE, conforme cronograma e projeto
apresentado à época, e, naquele momento, o referido órgão pretendia realizar obra
baseada em um novo projeto, demandando novas providências por parte da
Petrobras/TAG;
• em 18.07.2018, Ofício TAG/OTC/GC° 0008/2018, da Petrobrás direcionado à
SR/DNIT/CE, nos mesmos termos do Ofício 007/2018, historiando o acontecido, afirma
que ainda não havia recebido os documentos solicitados, sem os quais não poderia
avançar no tema (estabelecer as modificações necessárias no traçado e/ou proteção
estrutural do Gasfor, face a esta nova condição). Após o recebimento da
documentação requerida, encaminhariam avaliação oportunamente, sem que tal fato
correspondesse à assunção de responsabilidade pela execução da eventual nova obra
de realocação;
• Em 31.07.2018, em contraste com a afirmativa apresentada pela Petrobras de que a
SR/DNIT/CE estaria participando das tratativas relacionados ao Gasfor I, a Comissão de
Fiscalização do TC nº 767/2011, informou à SR/DNIT/CE, por meio do Despacho/SER -
CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE, que todas as tratativas para a execução
dos serviços no período de agosto a dezembro de 2014, mesma época em que foram
realizadas as obras de realocação do Gasfor I, foram realizadas pelo DER/CE, e que a
referida comissão não possuía conhecimento das tratativas em relação a qualquer
projeto enviado à TAG. Informou, ainda, por ocasião de reunião presencial com a TAG
junto ao DER/CE, em 04.04.2018, que teve conhecimento de que já haviam sido
realizadas obras de realocação da rede para a execução das obras do Anel Viário de
Fortaleza, e ficou definido que o DER/CE, junto com uma equipe da TAG/PETROBRÁS,
dirigir-se-iam ao local das obras, e, assim, o DER/CE ficaria responsável por repassar
todas as informações relativas ao atual projeto. Por fim, solicitou notificar o DER/CE
(Interveniente Executor do TC-767/2011) para manifestação quanto ao solicitado pela
TAG, evidenciando que houve uma delegação de competência ao DER/CE pela
SR/DNIT/CE, em relação às tratativas quanto à interferência.
34
Verifica-se, portanto, pelos fatos apontados no Despacho/SER - CE/COENGE - CAF -
CE/SECONT - COENGE – CE, que a SR/DNIT/CE não estava atuando de forma proativa em
relação à remoção da interferência do gasoduto da Petrobrás, visto que informa que
desconhecia quaisquer obras que estariam sendo executadas pela TAG na sua faixa de
domínio. O assunto teve, ainda, os seguintes desdobramentos:
• em 24.05.2019, a SR/DNIT/CE, por meio do Ofício nº 43961/2019/NAA - CE/SRE – CE,
apresentou a documentação solicitada pela Petrobras, conforme reunião realizada
com a TAG, em 04.04.2018, porém informou que não havia recebido quaisquer
manifestações da Petrobras/TAG quanto à remoção ou mitigação do duto na
intersecção entre a BR-020 (4º anel viário) e CE-060 nas proximidades da CEASA, com
o objetivo de conclusão das obras de duplicação do anel viário;
• em 03.07.2020, Ofício CE-TAG DO - 0036/2020, da TAG, direcionado à SR/DNIT/CE,
reafirma que, no período de agosto a dezembro de 2014, a TAG havia realizado a obra
de realocação do gasoduto no trecho do Anel Viário de Fortaleza na BR-020/CE-60
(“Obras de Realocação”), de modo a possibilitar as obras de duplicação pretendida
pela SR/DNIT/CE. Na ocasião, a TAG arcou com todos os custos relacionados, no valor
de aproximadamente R$ 6 milhões; que as obras de realocação foram previamente
discutidas e aprovadas pelo DER/CE, atuando em cooperação e sob a supervisão e
aprovação da SR/DNIT/CE, conforme o TC Nº 767/2011; que após transcorridos cerca
de 4 anos da conclusão das obras de realocação do gasoduto, a SR/DNIT/CE enviou
ofício à TAG para informar sobre sua intenção de retomar a obra inicialmente prevista,
baseada em um novo projeto, e solicitar providências por parte da TAG; que para
subsidiar a análise dos impactos envolvidos, a TAG solicitou, em abril e julho de 2018,
o envio, pela SR/DNIT/CE, do novo projeto, tendo a TAG recebido o referido projeto
somente em fevereiro de 2020. Não obstante o histórico descrito acima, com objetivo
de atender ambas as partes com o mínimo de impacto possível, e considerando o
cronograma das obras em andamento pela TAG, foi apresentada uma alternativa
viável em relação à aludida interferência, que não envolvia deslocamento do gasoduto
da TAG. Diante disso, a TAG encaminhou, para análise da SR/DNIT/CE, os documentos
técnicos relacionados aos estudos desenvolvidos pela TAG quanto a essa nova
alternativa;
• em 20.07.2020, Despacho/SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE negou
quaisquer participações do Serviço de Construção - SECON no que diz respeito à obra
de realocação realizada pela TAG, ou seja, não houve supervisão da SR/DNIT/CE;
afirmou que a TAG informara de uma apresentação de um novo projeto, quando da
retomada das obras que foram informadas em 2018, porém o projeto tratado seria o
original das obras, com adaptações relacionadas a outras interferências, não
relacionadas ao gasoduto; que somente no ano de 2018 (abril) é que a SR/DNIT/CE foi
informada das obras de realocação do gasoduto neste local, e, a partir de uma reunião
ocorrida nesse mês, que se iniciaram as tratativas junto à SR/DNIT/CE, conforme
registrado em Despacho (DNIT) SECONT - COENGE – CE; apesar de a TAG informar que
somente recebeu os projetos solicitados em fevereiro de 2020, desconsiderando
qualquer envio por parte do DER/CE, a SR/DNIT/CE os encaminhou em maio de 2019,
conforme pode ser verificado através do Ofício 43961. Quanto à proposta de alteração
em si, considerou um acréscimo demasiado nas desapropriações da obra, basicamente
sobre a CEASA, que é de responsabilidade do Governo do Estado do Ceará, via
35
Superintendência de Obras Públicas - SOP, que ao mesmo tempo enviou outra
proposta de alteração do projeto através do processo nº 50603.001440/2020-15, com
menores impactos nas desapropriações e, conforme apresentado, sendo viável
tecnicamente. Por fim, sugeriu informar à TAG que a proposta apresentada esbarrava
na necessidade de acréscimo demasiado na desapropriação da CEASA e que a SOP
apresentou outra proposta com menor impacto, e
• em 17.09.2020, por meio do Ofício nº 1231/2020 – SUPER/SOP, a SOP confirmou que
a Petrobras/TAG teria feito uma realocação do gasoduto, fazendo um histórico sobre
a interferência aqui mencionada, e citou a participação do Superintendente do DER/CE
à época, de uma empresa projetista e um engenheiro calculista que poderiam
confirmar a realização dos serviços.
Ainda durante os exercícios de 2020, 2021 e início de 2022, por meio de diversos ofícios, a
SR/DNIT/CE solicitou à SOP informações atualizadas, quanto às tratativas relacionadas com a
TAG ou qualquer decisão quanto à realocação do gasoduto, tendo recebido resposta apenas
em 22.02.2022, por meio do Ofício nº 110/2022/SUPAR/SOP, informando que a interferência
do gasoduto Gasfor seria objeto de estudos pela SOP, porém somente após a recontratação
de uma empresa supervisora, visto que as obras do anel viária se encontram paralisadas.
Portanto, pela documentação que foi analisada no processo em referência, fica claro que as
tratativas no que diz respeito à interferência do gasoduto da Petrobrás, que deveriam ter sido
realizadas pela SR/DNIT/CE, conforme previsto no TC nº 767/2011, encontrava-se,
anomalamente, sob a responsabilidade do interveniente executor, antes o DER/CE e, hoje, a
SOP, e que desde o ano de 2010 não se vislumbrou sucesso quanto à solução para essa
interferência, dando causa para a ausência de frente de trabalho nos serviços que
necessitavam da resolução desse problema.
A ineficácia na solução da interferência do Gasfor com o Anel Viário, somado a outros aspectos
já referidos, evidencia fragilidade do acompanhamento do TC nº 767/2011, sob a
responsabilidade da SR/DNIT/CE, especialmente até o exercício de 2018.
36
RECOMENDAÇÕES
1 - Que o DNIT avalie a qualidade dos serviços executados por intermédio do Contrato nº
011/2018 e notifique à Convenente para que convoque o Consórcio Anel Viário a fim de
efetuar os reparos das falhas identificadas, a exemplo dos defeitos apontadas no presente
Relatório de Auditoria, nos termos do art. 618 do Código Civil (garantia quinquenal).
Achado n° 2
37
CONCLUSÃO
Após a execução dos testes de auditoria, de forma a responder as questões de auditoria
definidas para o presente trabalho, os resultados preliminares apontaram a ocorrência dos
seguintes achados de auditoria:
b) paralização das obras pelo Consórcio contratado causando riscos e prejuízos à Rodovia e
aos usuários;
38
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Achado nº 2
40
serviços ainda não concluídos. Tal situação está inviabilizando a utilização da rodovia
com engarrafamentos quilométricos. (vide fotos 72 a 74 do Anexo Ic).
Portanto, baseado no referido Relatório de Visita nº 01/2022, encaminhamos o
presente comunicando a situação precária encontrada, solicitando que sejam
acionados os consórcios executores de cada um desses trechos para que façam as
correções necessárias, dentro do prazo estabelecido pela Legislação, no que diz
respeito a garantia dos serviços executados.
Ademais, entende a comissão de fiscalização que ao perdurar o estado de abandono
pelo qual se encontra a obra e da ausência de conservação e manutenção da rodovia
por parte do Ente Beneficiado, que estão presentes fatos que comprovam dano ao
empreendimento, bem como comprometimento do objetivo social proposto.
Para o atendimento desse expediente, fixamos o prazo de 10 (dez) dias corridos,
contados do recebimento deste, sob pena de aplicação de penalidades cabíveis.
Sem mais para o momento, colocamo-nos à disposição para maiores
esclarecimentos.” [Grifamos]
Como se observa, esta SR/DNIT/CE vem notificando ao longo do andamento das obras as
patologias encontradas, solicitando providências da SOP/CE para solucionar esses
problemas.”
Quanto aos esclarecimentos apresentados pela SOP, não foi encaminhada documentação
comprobatória das notificações efetuadas ao Consórcio contratado, que comprovasse a sua
atuação para a regularização das falhas verificadas, em parte causada pela deficiência no
acompanhamento da execução da obra.
Ademais, os defeitos apontados são característicos de serviços executados fora dos padrões
de qualidade exigidos pelas normas do DNIT. Portanto, trata-se de necessidade de intervenção
cujos serviços, usualmente, não estão contemplados no escopo de contratos de
conservação/manutenção.
Ressalte-se que não foi apresentada nenhuma comprovação acerca da apropriação de custos
ou fornecido alguma referência de valores a serem apropriados.
Achado nº 3
41
A SOP-CE. sinalizou através do DETRAN-CE, a faixa de bordo da pista e posterirormente,
implantou placas de obras indicativas do desnível. Pista/acostamentos ao longo do trecho.
Item III - O Consorcio Construtor não fez a Sinalização Definitiva Projetada mas tão somente a
sinalização de obras, muitas vezes, deficientes e que não são remuneradas.
Para suprir esta deficiência. a SOP-CE através do DETRAN-CE. fez a Sinalização Horizontal e
também, a Sinalização Vertical, esta última, com placas de obras e placas obedecendo o
modelo projetado.
Item IV - O intervalo da Pista Norte, não executado citado pela CGU, nesse item, deteriorou-
se e rapidamente pela ação do intenso tráfego de cargas pesadas no Anel Viário. Para não
ocorrer a paralisação do tráfego nesse intervalo a SOP, está fazendo serviços de
conservação/manutenção. A situação da via nesse intervalo, é agravada porque a pista antiga
possui um greide enterrado, que será elevado pelo projeto, por ocasião da retomada das
obras.
Item V - O intervalo da Pista Norte, entre o km 414,15 e km 413,4, com o pavimento asfáltico
executado apenas até a camada de Binder, já com ocorrência de buracos tipo "panelas", pela
à ação de tráfego, está também contemplado pelo serviço de conserva da SOP, através de
operações de "tapa buracos", até que ocorra a retomada das obras para não prejudicar o
tráfego usuário da rodovia.
Nota Técnica: Os serviços de consertos e de conservação viária, que a SOP está fazendo nesse
trecho da BR-020, estão com seus custos apropriados para futuras cobranças judiciais, no
processo de rescisão contratual litigioso da SOP com o Consorcio Construtor, no que couber
de suas responsabilidades.”
“Esta SR/DNIT/CE, por meio da fiscalização do TC, veio ao longo do andamento das obras
notificando à SOP/CE (Ente Executor deste TC) sobre os problemas de descontinuidade da
obra, conforme se verifica nos documentos acostados, principalmente, ao processo SEI nº
50603.000092/2019-25, dentre os quais citamos:
42
situação de grave risco para os usuários da rodovia devido a liberação de grande parte da
duplicação da via.
• Ofícios nº 23/2019/SECONT - COENGE - CE/COENGE - CAF - CE/SRE - CE-DNIT, reiterado
por meio do OFÍCIO Nº 89459/2019/NAA - CE/SRE – CE (4058758), de 17/09/2019,
ausências de retornos;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (5888453), de 26/06/2019,
em que solicita reiteração de Ofícios: a) Ofício nº 89459/2019/NAA - CE/SRE – CE
(4058752) - Execução dos retornos projetados da obra (após a retomada das obras e a
passagem do período de chuvas na região não há mais nenhum impedimento para início
destes serviços, visando a segurança dos usuários e operacionalidade da rodovia); b) Ofício
nº 68521/2019/NAA - CE/SRE – CE – Envio de relatórios de supervisão das obras, os quais
foram apresentados somente do período de maio/2018 a fev/2019; c) Ofício nº
125231/2019/NAA - CE/SRE - CE - Apresentação de justificativas quanto a juntas do
pavimento rígido em desconformidade com o projeto executivo; d) Ofício nº
45874/2020/NAA -CE/SRE - CE - Apresentar informações atuais das obras.
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (6810381), de 03/11/2020,
para notificar o Ente Executor, nos seguintes termos:
43
justificada pela presença de gasoduto GASFOR de responsabilidade da TAG
(Transportadora Associada de Gás S/A).
e) Informações acerca de recuperação de pista, melhorias de sinalização e fechamento
de acessos irregulares no âmbito das Obras de Duplicação do Anel Viário.
f) Informações acerca da execução dos retornos projetados nas Obras de Duplicação
do Anel Viário.
g) Apresentar cronograma atualizado das obras.
h) Correção dos laudos de desapropriação D-036, D-055, D-128, D-128A, D-128B, D-
129, I-65B, I-65C, em atendimento ao OFÍCIO Nº 7158/2021/NAA - CE/SRE - CE
(7364919).
i) Aproveitar a oportunidade para atualizar o DNIT quanto ao andamento das obras e
contratos.”
44
h. Tendo em vista a possível a rescisão do contrato com o Consórcio e uma vez que o
DNIT fez várias solicitações para as correções dos laudos I-65, D-128, D-128A, D-128B
e D-129, deve a SOP observar a não realização desse serviço e considerar como
inexecução parcial do contrato, realizando as devidas ações de penalização. Dessa
forma, deve-se providenciar as correções dos laudos I-65, D-128, D-128A, D-128B e D-
129 e o envio em caráter de urgência do laudo D-267, conforme solicitado por e-mail
e Ofício nº 49553/2021/NAA - CE/SRE – CE (7982671) em 19/04/2021.”
45
Sem mais para o momento, colocamo-nos à disposição para maiores
esclarecimentos.” [Grifamos]
Portanto, como se observa nos despachos acima, esta SR/DNIT/CE, veio ao longo do
andamento das obras notificando o Ente Executor (SOP/CE) para que, dentre outras ações,
executasse os retornos projetados e realizasse os serviços de acordo com o projeto aprovado.
Ademais, alertou ainda para uma possível rescisão do contrato firmado com o Consórcio
Executor da Obra, devendo considerar como inexecução parcial e realizar as devidas ações de
penalização.”
Ressalte-se que não foi apresentada nenhuma comprovação acerca da apropriação de custos
ou fornecido alguma referência de valores a serem apropriados.
Ressalte-se que o a única sanção administrativa aplicada ao Consórcio Anel Viário foi a multa
por descumprimento do prazo de execução do objeto da licitação, efetuada somente após o
abandono da obra pelo Consórcio.
46
Achado nº 4
Tal projeto foi a referência para a licitação do Edital no 251/09-03 em que foi contratado o
Consorcio Construtor GALVÃO / EIT, que em linhas gerais implantou a Pista Sul em pavimento
rígido de placas de concreto, vindo a rescindir litigiosamente o contrato nº UT
03.1.0.00.235/2010-00, em 22.12.2015. Após a rescisão com o Consorcio GALVÃO/EIT e do
Contrato e do Distrato com o Consorcio TORC/VIA, ocorreu o Contrato no 011/2018 do DER-
CE com o Consorcio Souza Reis/Geossistema/Jurema, agora tendo por objeto a "Elaboração
dos Projetos Básico e Executivo e Execução das Obras Remanescentes do Anel Viário de
Fortaleza".
Ademais, observa-se que o remanescente tem também como referência o mesmo Projeto
elaborado pela Consultora NBR, de janeiro de 2006, contratado e aprovado pelo DNIT. O
Projeto da NBR, estabeleceu os serviços da duplicação de pistas e melhoramentos do Anel
Viário, inclusive a planilha orçamentária que norteou a licitação e que gerou o Contrato do
Consorcio GALVÃO/ElT e também o Contrato para execução do remanescente firmado com o
Consórcio Souza Reis/Geossistema/Jurema. O Projeto da NBR aprovado pelo DNIT, não
contempla qualquer alargamento do Viaduto do Anel sobre a BR-116/CE, como também não
contempla alargamento das três pontes citadas, e nem alargamento dos três viadutos,
também citados na Pista existente.
47
Por meio do Despacho /SR-CE/COENGE-CAF-CE/SCT-CE, de 18.11.2022, a SR/DNIT/CE
apresentou o seguinte Esclarecimento:
“Relacionado ao assunto, com relação às Obras de Arte Especiais que não teriam largura
apropriada para comportar as ciclovias projetadas na adequação da pista existente, os
projetos executivos não previram o alargamento desta obra, sendo verificada a necessidade
de adequação dos projetos quando da execução dos projetos no período de execução do
contrato 11/2018. Por não haver previsão no Edital de licitação do contrato (RDCi), haveria a
necessidade de uma adequação contratual.
Em 2020 a Fiscalização solicitou análise de viabilidade sobre o item, junto com outras
necessidades para adequação do projeto (em síntese: adequação de solução de
pavimentação, geometria, bloqueio de acessos irregulares, contenções, marginal de acesso à
bairro isolado, etc), porém a proposta de adequação das OAE´s não foi apresentada pela
contratada e não houve mais tempo hábil para esta ação, tendo em vista a paralisação
definitiva da obra em 2021.
Desde então, quando das tratativas para a realização de uma nova contratação por ser
necessário um projeto estrutural de alargamento destas obras DNIT, diante de não possuir
contrato específico, solicitou à SOP em 27/04/2021 (reunião para tratar da nova licitação),
porém não houve a concordância por motivos de necessidade de urgência na contratação das
obras.”
Achado nº 5
48
Contudo, a Lei Federal nº 8.666/1993 e a Lei Federal nº 8.987/1995 não regulam de maneira
expressa a modificação, por substituição de consorciada, da estrutura da contratada após a
assinatura de contratos administrativos. A nosso ver, a doutrina mais balizada entende que
não haverá óbice à alteração da composição do consórcio em contratos administrativos já
firmados, tanto que não haja vedação expressa no edital de licitação ou no contrato que deu
origem a avença (TORRES. 2018).
Pela via transversa, a lógica caminha no sentido de que, sendo omisso o edital quanto à
possibilidade ou não de alteração dos constituintes do consórcio após a assinatura do contrato
administrativo, a medida estaria autorizada (TORRES, 2018). Apesar disso, para a adoção da
medida, o Tribunal de Contas da União impõe a observância de alguns requisitos. Vamos a
eles:
a) que a alteração tenha se dado por motivo justificado (fato novo posterior à
assinatura do contrato);
b) que a empresa que substituirá a retirante preencha todos os requisitos de
habilitação previstos no edital de licitação que deu origem à avença;
c) que a aceitação da justificação - pautada no motivo novo a alicerçar o pedido - pela
administração pública tenha como suporte o princípio da continuidade da relação
contratual o atendimento do interesse público;
d) que a modificação do consorcio não prejudique o objeto do contrato, ou seja, que
não existam risco de inadimplemento contratual decorrente da substituição de
empresas no consórcio.
Observa-se na presente situação fática, no que concerne à condicionante de que "não exista
vedação a respeita de alterações dessa natureza no edital de licitação ou Contrato celebrada",
o item 11.1 do Edital RDC Eletrônico na 20170001/DER limitou a participação em consorcio a
no máximo três empresas.
49
Por fim, e não menos importante, se deve reservar ainda necessidade de reservar
expressamente espaço para a ação discricionária da Administração a ser desencadeada em
resposta a particularidades de que tenha conhecimento acerca da reestruturação e que
possam ser repudiados pelos princípios gerais da Administração Pública.
Nesta esteira, esta SOP entendeu cabível a modificação do consorcio com o acréscimo de mais
uma empresa ao feito, já que não existiu alteração ao escopo licitado originalmente,
mantendo-se as condições de habilitação inalteradas, em nada modificava os regramentos
elencados no contrato a alteração do consorcio supracitado.”
Achado nº 6
“Consoante toda explanação feita pela CGU podemos observar que esta SOP ciente dos
equívocos ocorridas na condução do pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, corrigiu
50
suas falhas com a anulação do aditivo. Ademais, é oportuno ressaltar que a administração
pública pode rever seus atos, conforme preleciona a Súmula 473/STF: "A administração pode
anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não
se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial".”
Embora o Aditivo tenha de fato sido anulado e, por conseguinte, não tenha redundado em
prejuízo ao erário, as falhas graves praticadas pelos gestores da SOP merecem registro, de
forma a possibilitar eventuais apurações pelos órgãos competentes, aos quais o presente
relatório será encaminhado.
Achado nº 7
No caso da obra de duplicação de pistas do Anel Viário de Fortaleza, os fatos que motivaram
as alterações do Cronograma, estão informados nos Relatórios Mensais da Obra, constando
de atrasos na:
* nas desapropriações;
* remoção de adutoras;
51
* remoção de gasoduto da CEGAS.
É também de se notar que na execução de uma obra rodoviária, há um caminho crítico onde
as atividades são interdependentes, como por exemplo, o projeto aprovado pelo DNIT,
vinculou a compensação do solo do corte da trincheira da interseção do Anel/CE-040, com os
aterros da interseção do Anel/CE-060.
Ocorreu que a execução da trincheira de origem dos solos for liberada sem ter sido liberada a
execução dos aterros de destino dos solos, obrigando a construtora estocar o solo,
desdobrando a operação de “escavação carga e transporte do material” que teve de ser
executada de duas vezes, aumentando o tempo de execução os seus custos, o valor da obra e
a alteração do Cronograma. Não se trata de mudança da fonte de materiais, mas sim de atraso
no Cronograma da obra, por interferência imprevisível e estranha a vontade das partes do
Contrato (Art. 57 da Lei 8666/93).”
Ademais, caso alguma situação, que não de responsabilidade da contratada, tenha de fato
comprometido o cumprimento do cronograma, deveria ter sido devidamente motivada,
apreciada pela fiscalização e supervisão da obra, para que só então fosse efetuado o devido
ajuste formal do Cronograma da obra.
Como consequência, é razoável considerar que tais decisões permitiram que o Consórcio
contratado optasse por executar apenas os serviços financeiramente mais rentáveis, para em
seguida abandonar a obra, o que tem, inclusive, dificultado a recontratação dos serviços
52
remanescentes, considerando o desinteresse dos licitantes, diante das sucessivas licitações
desertas.
Achado nº 8
“Consoante o presente tópico é oportuno informar que esta SOP adotou todas as medidas
possíveis para implementação das sanções ao consórcio, contudo após aplicação de
penalidade recebeu um ofício da Controladoria Geral do Estado - CGE determinando a
suspensão da penalidade para maiores apurações do feito. Neste azo, informamos que o
processo de rescisão contratual e aplicação de penalidade encontra-se direcionado à CGE para
complementação da instrução do Processo Disciplinar. conforme ofício 44/2022-CGE
(anexo).”
Achado nº 9
53
“Esta abordagem diz respeito a atuação do DNIT-CE, com relação ao TC-767/2011 e a obra de
duplicação de pistas do Anel Viário de Fortaleza, a quem cabe responder à CGU.”
54
“Em resposta ao questionamento formulado por esta Diretoria, entendo que nos ajustes
firmados mediante Termo de Compromisso, deve a fiscalização do DNIT ficar adstrita à
regularidade da aplicação dos recursos financeiros transferidos e ao cumprimento do objeto
do ajuste, sendo de responsabilidade do ente federado beneficiado a fiscalização da execução
dos contratos celebrados com terceiros para viabilizar a execução do objeto do Termo de
Compromisso.”
Portanto, ficou entendido que a ação desta SR/DNIT/CE e da Equipe de Fiscalização deste TC
ficaria restrita apenas à comprovação da execução do objeto em si, sem adentrar nos aspectos
da gestão da obra, acompanhamento das medições, acompanhamento do cronograma, já que
tais funções deveriam ser do Ente Executor.
Entretanto, apesar desta orientação, esta SR/DNIT/CE e equipe de fiscalização deste TC veio
agindo, ao longo do andamento das obras deste TC, além do que determina a Lei nº
11.578/2007 e referida orientação, atuando de forma ativa na execução da obra, conforme se
observa nos apontamentos a seguir.
Na alínea "a" do item "9. Inércia por parte do DNIT quanto ao acompanhamento do Termo de
Compromisso nº 767/2011" do presente Relatório de Auditoria aponta que: "[...] A
indisponibilidade de informações absolutamente essenciais para o acompanhamento do
Termo de Compromisso, como os Relatórios de Supervisão da obra, evidencia que não havia
um acompanhamento efetivo, especialmente até maio/2018", e da alínea “d” que retratada
à fragilidade do acompanhamento a cargo da SR/DNIT/CE e pela ineficácia da atuação relativa
à realocação do Gasfor I (Processo SEI nº 50603.000612/2012-23).
No que diz respeito à questão da indisponibilidade dos Relatórios de Supervisão, entendemos
que se houve falha, foi apenas no aspecto formal, uma vez que o fato de o DNIT não haver
arquivado em seu banco de dados/processos esses Relatórios de Supervisão da obra, não
comprova de per si que havia falha na fiscalização deste TC.
Registre-se que a fiscalização das obras do Anel Viário de Fortaleza, objeto do referido TC, era
realizada pela Equipe de Fiscalização da SR/DNIT/CE por meio de vistorias in loco, as quais
eram acompanhadas pela Supervisora, conforme se verifica nos documentos acostados,
principalmente, ao processo SEI nº 50603.000092/2019-25.
No Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (3688391), acostado ao
referido processo, informa que desde 2012 esse acompanhamento era feito em conjunto com
a Supervisora por meio de um relatório Sucinto e, mesmo assim, eram feitas verificações in
loco pela então equipe de fiscalização, além de solicitações posteriores para dar suporte a
essa fiscalização.
A comprovação dessa afirmativa pode ser evidenciada por meio da leitura de diversos
despachos feitos pela equipe de fiscalização, os quais estão acostadas em vários processos,
mais especificamente no processo SEI nº 50603.000092/2019-25, contendo uma série de
solicitações e notificações feitas ao Ente Executor, dentre elas:
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (2459491), de
16/01/2019, com a solicitação de notificação à SOP para o início imediato da
construção dos retornos projetados, de acordo com o projeto executivo aprovado,
alertando inclusive para a situação de grave risco para os usuários da rodovia devido
a liberação de grande parte da duplicação da via;
55
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (3688391), de
25/07/2019, em que solicita notificação à SOP para que reitere uma notificação feita
através Ofício nº 2864/2019/SECONT - COENGE - CE/COENGE - CAF - CE/SRE - CE-DNIT
(2522654), de outubro/2018, para “apresentação mensal de relatórios de execução
dos serviços objeto deste TC (obras e supervisão)”, conforme determina o Parágrafo
Segundo da Cláusula Sexta – DA SUPERVISÃO E FISCALIZAÇÃO do Termo de
Compromisso. No referido Despacho, informa ainda que “A obra se desenvolve desde
janeiro de 2012 através deste TC e que vinha sendo apresentado relatório sucinto das
atividades e informações financeiras, sendo que desde a nova contratação através de
RDCi nada mais nos foi apresentado, nos restando somente o acompanhamento in loco
das obras, sem a apresentação de nenhuma documentação formal”;
• Ofício nº 23/2019/SECONT - COENGE - CE/COENGE - CAF - CE/SRE - CE-DNIT, reiterado
por meio do OFÍCIO Nº 89459/2019/NAA - CE/SRE – CE (4058758), de 17/09/2019, com
notificações devido à ausência de retornos;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (4559335), de
29/11/2019, em que foi detectado pela equipe de fiscalização do TC que entre as
estacas 51 e 59 o pavimento rígido executado na pista direita da interseção da CE-065
foi executado com juntas de ligação em desconformidade com o projeto executivo,
bem como apresentou fissura em uma das placas. Foi sugerido notificar à
Superintendência de Obras Públicas – SOP para apresentação de justificativas e ou
ações de correção quanto ao exposto;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (5474786), de
23/04/2019, em que solicita manifestação do Ente Executor quanto à situação atual
das obras e contratos relacionados ao empreendimento, nos seguintes quesitos a)
Informar se já foi efetivada a inclusão de mais uma empresa no Consorcio responsável
pelas obras, nos enviando documentação comprobatória para arquivo nesta SR, b)
Apresentar cronograma físico financeiro atual, contemplando novo prazo para a
execução, e c) Informar as tratativas quanto aos projetos ainda não aprovados
(sinalização e obras complementares) e a documentação referente à necessidades de
Revisão de Projetos em Fase de Obras necessárias e já discutidas entre o
DNIT/SOP/Consórcio;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (5888453), de
26/06/2019, em que solicita reiteração de Ofícios: a) Ofício nº 89459/2019/NAA -
CE/SRE – CE (4058752) - Execução dos retornos projetados da obra (após a retomada
das obras e a passagem do período de chuvas na região não há mais nenhum
impedimento para início destes serviços, visando a segurança dos usuários e
operacionalidade da rodovia); b) Ofício nº 68521/2019/NAA - CE/SRE – CE – Envio de
relatórios de supervisão das obras, os quais foram apresentados somente do período
de maio/2018 a fev/2019; c) Ofício nº 125231/2019/NAA - CE/SRE - CE - Apresentação
de justificativas quanto a juntas do pavimento rígido em desconformidade com o
projeto executivo; d) Ofício nº 45874/2020/NAA - CE/SRE - CE - Apresentar
informações atuais das obras;
• OFÍCIO Nº 122926/2020/NAA - CE/SRE – CE (6653007), de 08/09/2020, noticia a
ocorrência de 2 (dois) buracos profundos e perigosos próximos ao bordo da Rodovia
BR-020/CE (4º Anel Viário), altura do km 406, que vinha gerando constantes
56
reclamações por parte dos usuários e poderia causar acidentes com graves
consequências;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (7952235), de
15/04/2021: surgimentos de panelas no pavimento recém-restaurado da pista
direita (existente) nas proximidades do Km 408,5;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (8513333), de 25/06/2021, solicita
intervenção imediata no segmento compreendido do Km 406 ao 413 onde há diversos
buracos recém-abertos da pista direita (decrescente) que causam transtornos e
insegurança aos usuários da via;
• Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SCT - CE (10994888), de 05/04/2022, em que
notifica a presença de buracos, principalmente nos seguintes pontos: Km 420.1 ao
420.8 - trecho Pajuçara; e Km 411.9 ao 414.2 (nesse trecho só está executado o binder
sem a capa).
[grifamos]
Como se observa, esta SR/DNIT/CE, por meio da equipe de fiscalização, veio realizando, ao
longo do andamento das obras, vistorias em campo, as quais embasavam as notificações ao
Ente Executor (SOP/CE), dessa forma cumprindo sua responsabilidade no acompanhamento
deste Termo de Compromisso.
Ademais, de acordo com o Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE
(3688391) acima, verifica-se que desde 2012 as vistorias eram realizadas com a apresentação
da Supervisora do Relatório Sucinto das atividades e informações financeiras, sendo
constantemente cobrado por esta Regional os Relatórios de Supervisão.
Entretanto, como a SOP/CE não estava atendendo as notificações feitas pela equipe de
fiscalização, foi elaborado o Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE
(6810381), de 03/11/2020, para notificar o Ente Executor, nos seguintes termos:
“[...]
Tendo em vista as diversas solicitações feitas à Superintendência de Obras Públicas - SOP,
Interveniente Executor do Termo de Compromisso, sem o devido atendimento ou justificativa,
conforme demonstrado na Planilha Resumo anexada ao processo (6810359).
Tendo em vista que o não atendimento das solicitações trata de descumprimento das cláusulas
constantes do TC.
Tendo em vista que diante da verificação do descumprimento de cláusulas do TC, a
Administração poderá realizar as ações constantes na Cláusula Décima Terceira, conforme
segue abaixo:
Constatadas quaisquer irregularidades e descumprimento pelo ENTE FEDERADO BENEFICIADO
das condições estabelecidas neste Termo de Compromisso, a UNIDADE GESTORA deverá
suspender a liberação das parcelas previstas, como também determinará à instituição
financeira oficial a suspensão do saque dos valores da conta vinculada do INTERVENIENTE
EXECUTOR, até que haja regularização da(s) pendência(s), (...) (grifo nosso)
Sugerimos, notificar novamente a SOP reiterando os ofícios listados na Planilha Resumo
(6810359), estabelecendo um prazo de 10 (dez) dias para atendimento, como última
tentativa antes da aplicação das penalidades cabíveis.” [grifamos]
57
Verifica-se acima que esta SR/DNIT/CE estava envidando todos os esforços necessários para
que o Ente Executor atendesse as notificações realizadas, enfatizando, inclusive, para possível
suspensão de liberações de recursos, demonstrando, assim, total compromisso entre suas
ações e as necessárias à fiscalização.
Foi somente em 11/11/2020 que o Ente Executor encaminhou, por meio do Ofício
1569/SUPAR/SOP (6871250), os documentos e informações solicitadas pelos despachos
acima.
Por meio do Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (7614821), de
01/03/2021, foi feita a análise da documentação, o que resultou em nova notificação, dada
ao conhecimento da SOP/CE por meio do OFÍCIO Nº 40697/2021/NAA - CE/SRE – CE
(7843044), de 30/03/2021, nos seguintes termos:
“a) Providências quanto à efetiva demolição de imóveis já desapropriados, no âmbito das
Obras de Duplicação do Anel Viário, nas imediações da interseção com a CE-065.
b) Saneamento da recomposição das cercas danificadas ao longo da faixa de domínio do Anel
Viário de Fortaleza, de forma a resguardá-la da invasão por parte de particulares.
c) Apresentar relatórios de supervisão de Janeiro/2018 a Abril/2018 (nº 68 a 71), e os
relatórios a partir de Setembro/2020.
d) Projeto executivo para aprovação como Revisão de Projeto em Fase de Obras - RPFO da
alteração na interseção da BR-020 (Anel Viário de Fortaleza) com a CE-060, justificada pela
presença de gasoduto GASFOR de responsabilidade da TAG (Transportadora Associada de Gás
S/A).
e) Informações acerca de recuperação de pista, melhorias de sinalização e fechamento de
acessos irregulares no âmbito das Obras de Duplicação do Anel Viário.
f) Informações acerca da execução dos retornos projetados nas Obras de Duplicação do Anel
Viário.
g) Apresentar cronograma atualizado das obras.
h) Correção dos laudos de desapropriação D-036, D-055, D-128, D-128A, D-128B, D-129, I65B,
I-65C, em atendimento ao OFÍCIO Nº 7158/2021/NAA - CE/SRE - CE (7364919).
i) Aproveitar a oportunidade para atualizar o DNIT quanto ao andamento das obras e
contratos.” [grifamos]
Uma vez que a SOP não vinha atendendo às notificações, foi elaborado o Despacho / SRE -
CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (8027288), de 26/04/2021, com a solicitação de reunião
formal com a SOP com a seguinte pauta: - Desenvolvimento dos trabalhos de levantamentos
para projeto de remanescente das obras e necessidades de adequações para nova licitação; -
Notificações da SR/CE pendentes de tratativas ou justificativas; - Regularização da entrega de
relatórios de andamento de obras; - Adequação contratual da supervisora e possível rescisão
perante o Acórdão 86/2020; - Situação atual das obras e possíveis problemas operacionais do
segmento.
A SOP, por meio do ofício nº 151/2021-SUPAR/SOP (8036405), de 27/04/2021, encaminhou
novos documentos e informações que haviam sido solicitadas por meio do Ofício nº
40697/2021/NAACE/SRE-CE (7843044), de 30/03/2021, as quais foram analisadas por meio
58
do Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (8155467), 12/05/2021, apresentando
ainda as seguintes pendências:
“a. Providências quanto à efetiva demolição dos imóveis já desapropriados, no âmbito das
Obras de Duplicação do Anel Viário, nas imediações da interseção com a CE-065 e nas
imediações do entroncamento com o Nova Metrópole;
b. As solicitações de recomposição das cercas danificadas ao longo da faixa de domínio foram
feitas várias vezes pelo DNIT e as área não cercadas estão totalmente vulneráveis e passíveis
de invasões. Assim, tendo em vista a possível rescisão do contrato com o Consórcio, deve a
SOP observar a não realização desse serviço e considerar como inexecução parcial do contrato,
realizando as devidas ações de penalização. Caso haja nova contratação, considerar a
execução deste serviço no novo contrato;
c. Apresentar relatórios de supervisão de obras a partir de setembro/2020;
d. As solicitações para apresentação do Projeto executivo para aprovação como Revisão de
Projeto em Fase de Obras – RPFO da alteração da interseção da BR-020 (Anel Viário de
Fortaleza) com a CE-060, justificada com a presença de gasoduto – GASFOR de
responsabilidade da TAG (Transportadora Associada de Gás S/A) foram feitas várias vezes pelo
DNIT. Assim, tendo em vista a possível rescisão do contrato com o Consórcio, deve a SOP
observar a não realização desse serviço e considerar como inexecução parcial do contrato,
realizando as devidas ações de penalização. Caso haja nova contratação, considerar a
execução deste serviço no novo contrato;
e. Comprovar a execução da recuperação de pista, conforme informado pela SOP, por meio
do ofício nº 151/2021/SUPAR-SOP (8036405);
f. As solicitações para a execução da melhoria da sinalização e o fechamento dos acessos
irregulares foram feitas várias vezes pelo DNIT e a sua inexecução torna o tráfego na rodovia
vulnerável e passível de acidentes. Assim, tendo em vista a possível rescisão do contrato com
o Consórcio, deve a SOP observar a não realização desse serviço e considerar como inexecução
parcial do contrato, realizando as devidas ações de penalização. Devido a urgência que o caso
requer, deverá a SOP verificar a possibilidade de executar as melhorias na sinalização e
providenciar o fechamento dos acessos irregulares;
g. As solicitações para execução dos retornos projetados foram feitas várias vezes pelo DNIT
e sua inexecução torna o tráfego vulnerável e passível de acidentes. Tendo em vista a possível
rescisão do contrato com o Consórcio, deve a SOP observar a não realização desse serviço e
considerar como inexecução parcial do contrato, realizando as devidas ações de penalização.
Caso haja nova contratação, considerar a execução deste serviço no novo contrato;
h. Tendo em vista a possível a rescisão do contrato com o Consórcio e uma vez que o DNIT fez
várias solicitações para as correções dos laudos I-65, D-128, D-128A, D-128B e D-129, deve a
SOP observar a não realização desse serviço e considerar como inexecução parcial do contrato,
realizando as devidas ações de penalização. Dessa forma, deve-se providenciar as correções
dos laudos I-65, D-128, D-128A, D-128B e D-129 e o envio em caráter de urgência do laudo D-
267, conforme solicitado por e-mail e Ofício nº 49553/2021/NAA - CE/SRE - CE (7982671) em
19/04/2021.” [Grifamos]
Como se observa no despacho acima, além das cobranças das pendências acima relatadas, a
equipe de fiscalização deste TC alertou à SOP para uma possível rescisão do contrato da
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SOP/CE com o Consórcio Executor da Obra, a qual deveria observar a não realização desse
serviço e considerar como inexecução parcial do contrato, realizando as devidas ações de
penalização.
Por meio do Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (8995054), de 20/08/2021, foi
solicitada a reiteração das pendências apontadas no despacho acima, sugerindo ainda que o
processo fosse encaminhado à Coordenação de Obras Delegadas - CODEL/CGCONT para
ciência da situação e providências cabíveis, uma vez que o Ente Beneficiado estava em
descumprimento da cláusula Décima Terceira, alínea "d", deste Termo de Compromisso, o
que, dentre outras ações, poderia ensejar na suspensão de saques dos valores da conta
vinculada, Cláusula Décima Terceira do Termo de Compromisso.
Na sequência, a Equipe de Fiscalização deste TC fez nova vistoria em campo, dando ensejo ao
Relatório de Vistoria nº 01/2022 (SEI nº 11156947), de 07/04/2022, acompanhado de seus
anexos fotográficos (SEI nºs 11156990, 11157024 e 11157063), os quais foram encaminhados
à SOP por meio do OFÍCIO Nº 73696/2022/NAA - CE/SRE – CE (11159007), de 26/04/2022,
com a com as seguintes informações/notificação:
“Trata-se do acompanhamento e fiscalização do Termo de Compromisso nº 767/2011, tendo
como objeto a "Conclusão das Obras de Duplicação e Melhoramento do Anel Viário de
Fortaleza - CE, na Rodovia BR-020/CE".
Sobre o assunto, informamos que foi realizada visita técnica pela equipe de fiscalização na
obra, objeto do referido TC, a qual está registrada no Relatório de Visita Técnica nº 01/2022
(11156947) e respectivos anexos 1a (11156990), Ib (11157024), 1c (11157063) e Termo de
Rescisão Contratual (11157155), o que foi registro, principalmente, onde foram observados os
seguintes pontos:
Conforme Termo de Rescisão Contratual anexo, o contrato nº 011/2018 firmado com o
Consórcio Cosampa/Souza Reis/Jurema/Geosistema foi rescindido em 30/07/2021, estando a
obra paralisada desde mar/2021, em total estado de abandono pelo Ente Beneficiado, o que
tem ocasionando sérios problemas de continuidade na sua execução, bem como na
manutenção e conservação dos serviços já executados. Além disso, está provocando grandes
transtornos aos transuentes que trafegam pela rodovia, causando e podendo ainda causar
sérios acidentes no local;
Os principais problemas encontrados na rodovia estão relacionados à ausência de
conservação e manutenção, à falta de continuidade da obra e o início de serviços sem a sua
conclusão: a) ausência da execução dos retornos definidos em projeto. Essa situação está
forçando aos transuentes a utilizarem retornos irregulares, causando ou podendo causar
acidentes de trânsito nestes locais (vide fotos 1 a 33 do Anexo Ia). Vale ressaltar que o DNIT
vem constantemente cobrando a execução desse retorno, o que pode ser comprovado com a
verificação do processo nº 50603.000092/2019-25; b) anomalias encontradas em campo,
principalmente, fissuras, alçamento de placa e fissuras/rachaduras nas placas do pavimento
rígido, buracos e trilhas de roda no pavimento flexível (vide Fotos 34 a 69 do Anexo Ib). Ao
persistir a situação, além de comprometer a boa trafegabilidade, estará comprometendo a
durabilidade do pavimento, além de causar acidentes de trânsito; c) desníveis existentes, em
vários pontos, entre a pista de rolamento e o acostamento, os quais estão acima do
permitido (vide fotos 71, 75 e 76 do Anexo Ic). Tal situação poderá dar ensejo a acidentes de
trânsito; e d) buracos em grandes dimensões e profundidades em locais com serviços ainda
60
não concluídos. Tal situação está inviabilizando a utilização da rodovia com engarrafamentos
quilométricos. (vide fotos 72 a 74 do Anexo Ic).
Portanto, baseado no referido Relatório de Visita nº 01/2022, encaminhamos o presente
comunicando a situação precária encontrada, solicitando que sejam acionados os consórcios
executores de cada um desses trechos para que façam as correções necessárias, dentro do
prazo estabelecido pela Legislação, no que diz respeito a garantia dos serviços executados.
Ademais, entende a comissão de fiscalização que ao perdurar o estado de abandono pelo qual
se encontra a obra e da ausência de conservação e manutenção da rodovia por parte do Ente
Beneficiado, que estão presentes fatos que comprovam dano ao empreendimento, bem
como comprometimento do objetivo social proposto.
Para o atendimento desse expediente, fixamos o prazo de 10 (dez) dias corridos, contados do
recebimento deste, sob pena de aplicação de penalidades cabíveis. Sem mais para o momento,
colocamo-nos à disposição para maiores esclarecimentos.” [Grifamos]
Tal relatório de visita técnica foi também enviado para à Coordenação de Obras Delegadas –
CODEL por meio do Despacho / SRE - CE/NAA – CE (11184140), de 26/04/2022, para adoção
das providências cabíveis, o que foi respondido pela CODEL por meio do OFÍCIO Nº
126099/2022/COCCONV/CGCONT/DIR/DNIT SEDE (11887501), de 11/07/2022, finalizando
nos seguintes termos:
“Diante do relatado pela referida Regional verifica-se clara violação às Cláusulas Décima
Primeira e Décima Segunda do TC 767/2011, o que ensejaria a aplicação do disposto na
Cláusula Décima Terceira do mesmo instrumento. Tal entendimento está em consonância
com o disposto na lei Lei n° 11.578/2007 e Lei 8.666/1993.
Ocorre que, conforme pode ser verificado nos autos do processo n. 50600.005813/2022-19, o
trecho objeto do TC 767/2011 foi transferido ao Estado do Ceará, conforme Publicação
Termo de Doação nº 95/22 (11810217) e Publicação Retificação Termo de Transferência
095/22 (11832262). Ademais, por meio do OFÍCIO Nº
124131/2022/COCCONV/CGCONT/DIR/DNIT SEDE (11859279) foi proposto o encerramento
de TC - 767/2011, de modo que, nesse momento, a aplicação do disposto na Cláusula Décima
Terceira do referido instrumento se mostraria inócuo.
Diante disso, restituímos o presente processo a essa Regional, a fim de que adote as
providências que lhe competem, conforme exposto no OFÍCIO Nº
118040/2022/COCCONV/CGCONT/DIR/DNIT SEDE (11775936).” [Grifamos]
Somente em 15/09/2022 que a SOP/CE respondeu ao OFÍCIO Nº 73696/2022/NAA - CE/SRE –
CE (11159007), de 26/04/2022, informando que já haviam sido iniciada, em 11 de agosto de
2022, a recuperação dos seguintes trechos: entre a Gerardo Bastos e a CE 060 (terraplenagem,
regularização, aterro com pó de pedra, sub-base e base), e entre a CE 040 e a BR 222 (TBA em
CBUQ), com expectativa para conclusão em 25/09/2022.
Por meio do Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (12563873), de 27/09/2022, foi
solicitado à SOP que fossem elaborados os seguintes documentos/informações: a)
Mapeamento de todas as patologias encontradas na obra referentes ao contrato nº 11/2018
(ainda em garantia); b) Mapeamento das demais patologias encontradas na obra referentes
aos outros contratos; c) Providências que estão sendo tomadas para solucionar essas
anomalias, como o acionamento do Consórcio dentro do prazo da garantia, contratação do
61
remanescente, sinalização dos trechos para evitar acidentes, etc; d) Cronograma de ação para
solucionar todas as patologias encontradas.
Portanto, baseado nos fatos acima apontados, verifica-se que esta SR/DNIT/CE, por meio da
equipe de fiscalização, vinha atuando de forma efetiva para que as obras do Anel Viário de
Fortaleza fossem executadas de acordo com o cronograma proposto, com o projeto aprovado
e dentro da qualidade dos serviços executados.
Ademais, entende esta SR/DNIT/CE que, diferente do que foi apontado no Relatório de
Auditoria, a equipe de fiscalização deste TC estava envidando todos os esforços para o bom
andamento do referido Termo de Compromisso, uma vez que vinha atuando, dentro dos seus
limites de competência, de forma efetiva para que as notificações realizadas fossem
atendidas.
Reforça-se esse entendimento quando esta SR/DNIT/CE, por meio da Equipe de Fiscalização
do TC, sugeriu a suspensão da liberação de recursos, como se verifica no Despacho / SRE -
CE/COENGE - CAF - CE/SCT – CE (8995054), de 20/08/2021, demonstrando, assim, total
consonância entre suas ações e as determinações contidas no referido Termo de
Compromisso.
No que diz respeito à suposta fragilidade do acompanhamento a cargo da SR/DNIT/CE e pela
suposta ineficácia da atuação relativa à realocação do Gasfor I, apontada na alínea “d” do
Resultado do Exame nº 9, o referido Relatório de Auditoria retrata ao histórico dos fatos
ocorridos no Processo SEI nº 50603.000612/2012-23.
Da leitura dos fatos narrados, entende esta SR/DNIT/CE que diferentemente do que foi
apontado no Relatório de Auditoria, o que se verifica na leitura desses fatos é exatamente o
oposto, uma vez que houve uma série de ofícios e tratativas junto ao interveniente executor
e à Petrobrás/TAG para que essa interferência fosse sanada.
A informação dada pela CGU de que os fatos apontados no Despacho/SER - CE/COENGE - CAF
- CE/SECONT - COENGE – CE, evidenciavam que a SR/DNIT/CE não estava atuando de forma
proativa em relação à remoção da interferência do gasoduto por desconhecer quaisquer obras
que estariam sendo executadas, entende-se que não justifica de per si tal evidência, haja vista
que esta SR/DNIT/CE não pode ser responsabilizada por atos alheios ao seu conhecimento e
à sua vontade como a que ocorreu no referido processo.
Registre-se que a própria SOP/CE juntamente com a Petrobrás tomaram para si a execução do
projeto e serviço dessa interferência sem o aval e o conhecimento da SR/DNIT/CE, e que o
fato de não haver sido detectado em campo a execução desse serviço pelo DNIT, não justifica
esse apontamento, uma vez que seria quase impossível, já que muitos serviços estavam sendo
executados ao mesmo tempo e também os equipamentos envolvidos nessa operação eram
praticamente imperceptíveis, conforme se verifica na foto do equipamento utilizado para tal
fim, a seguir:
62
Como se observa na foto acima, o simples posicionamento de um equipamento deste porte
não daria condições para que a Equipe de Fiscalização deste TC, a qual passava
esporadicamente no local, detectasse a execução da remoção da interferência do gasoduto
da Petrobrás, nem comprovaria que desconhecia quaisquer obras que estariam sendo
executadas pela TAG na sua faixa de domínio, uma vez que no decorrer do andamento das
obras, haviam vários equipamentos presentes e em plena execução em cada um dos trechos
da obra.
Portanto, baseado nas supostas evidências apontadas neste Relatório de Auditoria de que
havia “deficiência por parte do DNIT quanto ao acompanhamento do Termo de Compromisso
nº 767/2011-00”, entende esta SR/DNIT/CE exatamente o contrário, haja vista que, baseado
nos relatos acima, suas ações foram sempre no sentido de que a obra fosse executada dentro
dos padrões de qualidade estabelecidos pelo DNIT.
Ademais, entende que o simples fato de não haver em seu banco de dados/processos os
Relatórios de Supervisão e de que a SR/DNIT/CE não tomou conhecimento da execução da
retirada indevida do gasoduto da TAG não comprovam de per si a evidência de tal
apontamento, conforme se verifica nos relatos da presente defesa.
Dessa forma, entende esta SR/DNIT/CE que seja excluído do relatório de auditoria esse
apontamento, excluindo também qualquer tipo de responsabilização da Equipe de
Fiscalização deste Termo de Compromisso.”
Inicialmente, impende frisar que a afirmação, por parte da SR/DNIT/CE, de que não cabe à
CGU avaliar a execução das obras em período anterior ao escopo da presente auditoria não
procede, visto que, apesar de os trabalhos se concentrarem no Contrato nº 011/2018 e
licitações posteriores, conforme descrito na Introdução deste relatório, a auditoria abrange
todo o objeto do Termo de Compromisso nº 767/2011.
63
explicar diversas situações verificadas durante o trabalho de auditoria, ainda que sejam fatos
que remontem ao passado, razão pela qual não pode, não deve e não foi desconsiderado.
Ademais, a definição do escopo, nesse caso, tem como objetivo evitar redundância na atuação
dos órgãos de controle, o que não impede que um fato novo, não constatado e/ou relatado
em trabalhos anteriores, não seja objeto de avaliação por parte da equipe de auditoria.
Senão vejamos:
Acrescenta que, desde 2012, o acompanhamento era realizado por meio de um relatório
sucinto, elaborado conjuntamente com a supervisora, com verificações in loco pela então
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equipe de fiscalização, além de solicitações posteriores para dar suporte à fiscalização,
conforme Despacho / SRE - CE/COENGE - CAF - CE/SECONT - COENGE – CE (SEI 3688391).
Complementa sua argumentação descrevendo o teor contido em despachos feito pela equipe
de fiscalização, retirados do processo acima mencionado, contendo solicitações e notificações
feitas ao ente executor do contrato.
Neste ponto, releva destacar que todos os despachos apresentados datam de janeiro de 2019
a abril de 2022, com solicitações de relatórios de execução dos serviços, problemas na
execução física das obras, dentre outras demandas.
Novas solicitações para o atendimento das mesmas pendências foram enviadas à SOP no
exercício de 2021 por meio de ofícios, inclusive alertando para uma possível rescisão
contratual da SOP com o consórcio construtor da obra, a qual deveria observar a não
realização desse serviço e considerar como inexecução parcial do contrato, realizando as
devidas ações de penalização.
Após a rescisão contratual realizada pela SOP de forma unilateral por descumprimento por
parte do Consórcio Cosampa/Souza Reis/Jurema/Geosistema dos termos contidos no
Contrato nº 011/2018, em 30.07.2021, a SR/DNIT/CE relata que nova vistoria foi realizada em
07.04.2022, o que ensejou solicitação à SOP para providências visando ao saneamento dos
mesmos problemas já identificados em vistorias anteriores, tais como ausência de
conservação e manutenção, falta de continuidade da obra e o início de serviços sem a sua
conclusão.
Impende informar que, mesmo antes da assinatura do termo de compromisso, quando a obra
ainda estava sob a responsabilidade direta da SR/DNIT/CE, uma empresa de supervisão foi
contratada para o acompanhamento e fiscalização do objeto, em 07.04.2010, sendo que o
65
contrato foi sub-rogado para o antigo DER, hoje SOP, após a celebração do termo de
compromisso, em 18.01.2012.
Importante mencionar que o art. 7º da Lei nº 11.578, de 26.11.2007, cita claramente que a
concedente dos recursos é responsável pela fiscalização do termo de compromisso quando
prevê que “a fiscalização quanto à regularidade da aplicação dos recursos financeiros
transferidos será realizada pelas unidades gestoras da União perante as quais forem
apresentados os termos de compromisso, pelo TCU e CGU”. (grifo nosso)
Ainda de acordo com o despacho “em outubro de 2018 esta Comissão de Fiscalização do
referido TC realizou notificação através do Ofício nº Ofício nº 2864/2019/SECONT - COENGE -
CE/COENGE - CAF - CE/SRE - CE-DNIT (2522654) solicitando: apresentação mensal de
relatórios de execução dos serviços objeto deste TC (obras e supervisão), e que até o
momento não foi atendido”.
Pela situação apontada também fica evidente a demora na atuação da equipe de fiscalização
no que diz respeito à tempestividade da solução das pendências relacionados ao TC nº
767/2011, visto que, somente após nove meses da notificação por meio de ofício é que solicita
providências à Superintendência.
Outro aspecto a ser explanado diz respeito à ineficácia no cumprimento da Cláusula Décima
Terceira (Do Descumprimento das Cláusulas do Termo de Compromisso) do TC nº 767/2011,
evidenciada no Processo nº 50603.000092/2019-25 e na manifestação apresentada, visto que,
desde o início do exercício de 2019, demandas por parte da equipe de fiscalização não eram
atendidas pelo ente executor, tais como relatórios de execução dos serviços, problemas na
execução física das obras, dentre outras.
Verifica-se, portanto, que apesar de a SR/DNIT/CE afirmar que, além da realização de visitas
in loco, produtos dessas visitas constam do processo referido, não se comprovou tal
afirmativa, como retratado acima.
Segundo Hely Lopes Meireles, em seu livro “O Direito Administrativo Brasileiro”, o ato
administrativo possui 5 requisitos básicos: competência, finalidade, forma, motivo e objeto. A
forma é requisito vinculado e imprescindível à validade do ato. Todo ato administrativo é, em
princípio, formal e a forma exigida pela lei quase sempre é a escrita, assim possibilita a prova
de existência do ato.
Portanto, sem um desses requisitos, no caso específico a forma, o ato se tornaria inócuo e
sem validade jurídica.
67
Quanto à atuação relativa à realocação do Gasfor I (Processo SEI nº 50603.000612/2012-23),
a SR/DNIT/CE informa que houve uma série de ofícios e tratativas junto ao interveniente
executor e à Petrobrás/TAG para que essa interferência fosse sanada.
Acresce ainda que a própria SOP/CE juntamente com a Petrobrás tomaram para si a execução
do projeto e serviço dessa interferência sem o aval e o conhecimento da SR/DNIT/CE,
apresentando como evidência uma foto de um equipamento utilizado nesse tipo de serviço,
como exemplo, para justificar a dificuldade na identificação da obra que estaria sendo
executada, tendo em vista outras frentes de trabalhos realizadas ao mesmo tempo na faixa
de domínio.
Relata ainda que as visitas ao local, onde estavam sendo feitas as remoções e/ou quaisquer
obras que estariam sendo executadas pela TAG, eram esporádicas, o que dificultava ainda
mais a identificação dos serviços.
O cerne central do assunto aqui abordado diz respeito à sub-rogação informal do serviço de
remoção do Gasfor I ao antigo DER, atualmente SOP, para tratar de um serviço que deveria
ter sido tratado pela própria SR/DNIT/CE junto à Petrobrás, como previsto na letra “f” da
Cláusula Décima “Das Obrigações da Unidade Gestora” do TC 767/2011.
A própria SR/DNIT/CE admite que as tratativas estariam sendo realizadas entre a SOP/CE
diretamente com a Petrobrás, o que de fato ficou demonstrado nos fatos apontados neste
relatório, tendo a SR/DNIT/CE apenas um papel secundário na atuação dessa etapa da
execução do objeto.
Finalmente, cabe frisar que o fato trazido à baila no relatório não se reveste de natureza que
justifique qualquer responsabilização, porém, certamente, sugere a necessidade de
aprimoramento dos procedimentos a serem empregados em futuros instrumentos de
transferência de recursos a entes subnacionais em que o DNIT atue como Concedente.
68