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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte


Exercícios 2021 e 2022

26 de outubro de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério de Portos e Aeroportos
Unidade Auditada: Companhia das Docas do Estado do Rio Grande do Norte -
CODERN
Município/UF: Natal/RN
Relatório de Avaliação: 936329
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado com o intuito de se
REALIZADO obter uma visão transversal das contratações
realizadas pela Companhia e identificar
PELA CGU? oportunidades de melhorias, abordando como
os dispositivos da Lei nº 13.303/2016 estão
Foram objeto de análise as
refletidos no Regulamento de Compras da
contratações dos serviços,
Estatal e na execução de uma amostra de
mediante processos
contratos.
licitatórios, que originaram
os contratos da Codern de nº
039/2021, 041/2021,
043/2021, 051/2021, QUAIS AS CONCLUSÕES
067/2021 e 038/2022, bem
como o Contrato nº
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
003/2022 (Administração do AS RECOMENDAÇÕES QUE
Porto de Maceió - APMC). DEVERÃO SER ADOTADAS?
Acerca desses contratos,
foram analisados, ainda, seus Ao longo dos exames, foram identificadas
respectivos processos de falhas ou impropriedades na gestão das
pagamentos. Contratações da Companhia, englobando os
seguintes aspectos:
Por fim, fizeram parte do escopo (i) ausência de atuação sistemática em campo pela
do trabalho os processos de Codern no que diz respeito à emissão de relatórios
dispensa e de inexigibilidade de periódicos de fiscalização para o acompanhamento
licitação que geraram os do Contrato nº 43/2021; (ii) falta de ampliação de
contratos APMC nº 001/2022, pesquisa de preço, afastando a possibilidade da
002/2022 e 010/2021, porém, escolha de opção mais vantajosa para a
sem a etapa de análise da contratação de empresa de fornecimento de
execução contratual. combustível S-10; e iii) aspectos sobre licitações no
regulamento interno da Codern inconsistentes
com a Lei n° 13.303/2016.

As principais recomendações para a promoção


de melhorias estruturantes foram as
seguintes: a revisão da norma de fiscalização
de contratos da Codern com o objetivo de
padronizar a elaboração de relatórios de
fiscalização; o estabelecimento de rotinas
durante as licitações para que, em caso de
questionamentos entre os setores integrantes
nesses processos, haja a participação do
respectivo diretor responsável; além das
adequações necessárias no RILC da Codern
para que haja a compatibilidade com a Lei
13.303/2016.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil

ANTAQ Agência Nacional de Transportes Aquaviários

APMC Administração do Porto de Maceió

CEIS Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas

CGU Controladoria-Geral da União

CNEP Cadastro Nacional de Empresas Punidas

CNPJ Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas

GERTAB Gerência do Terminal Salineiro de Areia Branca

MPA Ministério de Portos e Aeroportos

RILC Regulamento Interno de Licitações e Contratos

TR Termo de Referência
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 11

1. Ausência de atuação sistemática em campo pela Codern no que diz respeito à


emissão de relatórios periódicos de fiscalização para o acompanhamento da execução
do Contrato nº 43/2021. 11

2. Falta de ampliação de pesquisa de preço, afastando a possibilidade da escolha de


opção mais vantajosa para a contratação de empresa de fornecimento de combustível
S-10. 13

3. Aspectos sobre licitações no regulamento interno da Codern inconsistentes com a Lei


n° 13.303/2016. 14

RECOMENDAÇÕES 18

CONCLUSÃO 19

ANEXOS 21

I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 21


INTRODUÇÃO
Neste relatório, são apresentados os resultados de auditoria realizada pela Controladoria-
Geral da União com o objetivo de conhecer o processo de contratações no âmbito da
Companhia Docas do Estado do Rio Grande do Norte (Codern) e avaliar se as práticas de
governança e de gestão adotadas encontram-se em consonância com a legislação aplicável e
aderentes às boas práticas.
A Codern é uma empresa pública vinculada ao Ministério de Portos e Aeroportos – MPA que
exerce a função de Autoridade Portuária, realizando a administração e exploração comercial
dos Portos de Natal, Areia Branca e Maceió.
O presente trabalho de auditoria justifica-se na medida em que as contratações conduzidas
pelas empresas estatais representam montantes relevantes de realização do gasto público, e
que cabe ao Órgão de Controle Interno, conforme estabelece a Constituição da República de
1988, em seu art. 74, inciso II, comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia
e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da
administração federal.
A seguinte questão de auditoria direcionou os exames realizados: As contratações da empresa
estão ocorrendo dentro dos padrões esperados de legalidade e eficiência? A partir disso,
houve a segmentação em subquestões de auditoria, detalhadas a seguir:

a) O regulamento interno de licitações e contratos da empresa está adequado à Lei nº


13.303/2016?

Neste subitem, foi avaliado se as disposições do regulamento interno da empresa estão


alinhadas às disposições da Lei nº 13.303/2016, bem como à jurisprudência do Tribunal
de Contas da União.

b) As definições sobre as necessidades e quantidades das contratações são fundamentadas,


nos processos, de forma clara e consistente?

Foram verificados, nos processos analisados, se há documentos em que estejam


dispostas as justificativas técnicas da contratação, sob os aspectos da necessidade e dos
quantitativos a serem adquiridos/contratados.

c) A estimativa preliminar de preços foi realizada de forma adequada e fundamentada?

A equipe de auditoria analisou se a estimativa preliminar de preços, que fixou o


parâmetro inicial para as contratações selecionadas, está lastreada em fontes adequadas
e confiáveis, tais como os sistemas corporativos, licitações anteriores e/ou pesquisas de
mercado devidamente documentadas no processo.

d) Existe um sistema de alçadas apropriado para a autorização das aquisições?

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Os testes abrangeram a verificação da existência de norma que fixe sistema de alçadas
decisórias para contratações, e se a referida norma foi aprovada em consonância com o
Estatuto da Empresa e se vem sendo aplicada nos processos analisados.

e) Estão sendo observadas as vedações constantes na Lei nº 13.303/2016, acerca das


empresas a serem contratadas pela estatal?

Os exames realizados objetivaram verificar se estão sendo observadas as vedações


estabelecidas no art. 38 da Lei nº 13.303/2016, no que tange a empresas contratadas, por
meio de consulta aos sistemas CNPJ (quadro societário), CNEP e CEIS. Como também, se
foram realizadas, por meio de levantamentos informatizados, as checagens das vedações
contidas nos incisos I a V do caput do referido artigo, além daquelas referentes aos incisos
I e II do seu parágrafo único.

f) As modalidades de licitação e as hipóteses de dispensa e inexigibilidade, estão sendo


corretamente aplicadas, de acordo com as normas externas e internas da empresa?

As análises consistiram em verificar se há licitações que foram promovidas com o uso de


modalidade diversa da prevista em lei, e os motivos da discrepância, além de se avaliar a
ocorrência de dispensas ou inexigibilidades indevidas de licitação.

g) Os contratos, uma vez celebrados, estão sendo adequadamente geridos e fiscalizados?

Foi verificado se os contratos possuem gerentes/fiscais formalmente designados, e se tais


agentes são qualificados (formação, treinamento, experiência, volume de contratos) para
o encargo. Além disso, no caso de ocorrer a contratação de empresas para apoiar os
fiscais de contratos, verificou-se a possível ocorrência de conflitos de interesse com as
empresas executoras.

h) Os pagamentos devidos têm sido corretamente processados, com o devido atesto de


recebimento?

Neste subitem, as análises compreenderam a verificação da observância dos critérios de


medição previstos no edital/contrato; a análise a respeito da efetivação dos pagamentos
dentro dos prazos contratuais estabelecidos; a compatibilidade entre os pagamentos
efetuados e as medições realizadas e a avaliação da adequabilidade da formalização dos
processos de pagamentos.

i) Eventuais aditivos, quando necessários, têm sido celebrados com observância das
disposições e limites legais, de forma justificada?

Os testes consistiram em verificar se os aditivos possuem justificativas e se foram


conduzidos de acordo com as normas, com preços adequados.

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j) As eventuais penalidades têm sido aplicadas, de acordo com a lei e observando o devido
processo?

Verificou-se a ocorrência da aplicação de penalidades nas hipóteses cabíveis, e se foi


observado o devido processo administrativo.

k) A empresa pública tem em seu site as informações sobre todas as suas licitações e sobre
os contratos celebrados?

Foi avaliado se a empresa mantém link dedicado à transparência ativa de suas


contratações, e se no referido link estão publicados, no mínimo, os editais de licitações
realizados e em andamento, bem como os contratos celebrados.

Para a realização dos testes acima detalhados, foi definida uma amostra não probabilística
contemplando sete processos (com seus respectivos pagamentos) referentes a contratações
de serviços conduzidas diretamente pela Companhia ou pela APMC, no período de 2021 a
2022, sendo que três deles referem-se a contratações realizadas por meio de dispensa ou
inexigibilidade de licitação pela APMC, e quatro realizados por meio de licitações pela Codern.
Considerando-se não apenas o valor original dos contratos, mas também os valores dos
respectivos termos aditivos, a presente amostra totaliza R$ 29.294.403,16 e representa 51%
do montante de R$ 57.168.133,09 referente aos contratos vigentes no período. Os processos
selecionados foram os seguintes:

Quadro 1 – Amostra de Processos Licitatórios

Modalidade de Nº do Valor Original Fim da Empresa


Objeto
Contratação Contrato (R$) Vigência Contratada

AQUISIÇÃO DE 04 (QUATRO)
GRUPOS GERADORES DIESEL
CUMMINS POWER
GENERATION, MODELO
PROCESSO C500D6, DESENVOLVENDO
LICITATÓRIO Nº POTÊNCIA NOMINAL DE 625 DISTRIBUIDORA
124/2021 – kVA (500 kW) EM REGIME CUMMINS DIESEL
039/2021 1.400.000,00 02/06/2022
PREGÃO “STANDBY” OU 569 kVA (455 DO NORDESTE
ELETRÔNICO Nº kW) EM REGIME “PRIME LTDA
011/2021 POWER”, NA TENSÃO DE
440/254 VCA E FREQUÊNCIA DE
60 HZ, PARA O TERMINAL
SALINEIRO DE AREIA BRANCA -
GERTAB

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Modalidade de Nº do Valor Original Fim da Empresa
Objeto
Contratação Contrato (R$) Vigência Contratada

CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
PROCESSO
PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
LICITATÓRIO Nº
MARÍTIMOS DE TRANSPORTE TECMARES
395/2020 –
041/2021 DE PESSOAL E MATERIAIS, DO 2.211.000,00 16/06/2022 MANUTENÇÃO
PREGÃO
CAIS DA GERTAB ATÉ O INDUSTRIAL LTDA
ELETRÔNICO Nº
TERMINAL SALINEIRO DE AREIA
09/2021
BRANCA-RN

EXECUÇÃO DAS OBRAS DE


RECUPERAÇÃO DAS
INSTALAÇÕES DE ATRACAÇÃO
PROCESSO
DO TERMINAL SALINEIRO DE CEJEN ENGENHARIA
LICITATÓRIO Nº 043/2021 21.623.903,16 06/07/2022
AREIA BRANCA, CUJO ESCOPO LTDA
030/2021
CONTEMPLA A RECUPERAÇÃO
DO CAIS DE BARCAÇAS E DOS
DOLFINS Nº 02, 03 E 04
CONTRATAÇÃO DE
PROCESSO
FORNECIMENTO CONTÍNUO DE
LICITATÓRIO Nº
ÓLEO DIESEL COMBUSTÍVEL S-
171/2022 - VIBRA ENERGIA
038/2022 10 COM ÔNUS DE INSTALAÇÃO 3.861.000,00 09/02/2023
PREGÃO S/A,
E MANUTENÇÃO DA
ELETRÔNICO Nº
INFRAESTRUTURA DE
20/2022
DISTRIBUIÇÃO
CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
CONTRATO
ESPECIALIZADA PARA
APMC Nº CONVERGY
LEVANTAMENTO CONTÁBIL, 26/01/2022
DISPENSA DE 001/2022 - SERVIÇOS E
INVENTÁRIO(FISÍCO 40.500,00 até
LICITAÇÃO PROCESSO CONTABILIDADE
PATRIMONIAL), AVALIAÇÃO DE 04/02/2022
APMC Nº LTDA EPP
BENS MÓVEIS E IMÓVEIS DA
744/2021
CODER-APMC.
CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
ESPECIALIZADA NO SETOR DE
CONTRATO
PORTUÁRIO PARA
APMC Nº
DESENVOLVIMENTO E 26/07/2022
002/2022 - MERCO SHIPPING
INEXIGIBILIDADE ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE 120.000,00 até
PROCESSO MARÍTIMA LTDA
DE LICITAÇÃO VIABILIDADE ECONÔMICA, 26/09/2022
APMC Nº
ADMINISTRATIVA, JURÍDICA E
874/2021
FINANCEIRA DO PORTO DE
MACEIÓ.

CONTRATO CONTRATAÇÃO DE EMPRESA


APMC Nº ESPECIALIZADA EM AVALIAÇÃO CONVERGY
DISPENSA DE 010/2021 - PATRIMONIAL PARA CADASTRO SERVIÇOS E
38.000,00 21/09/2021
LICITAÇÃO PROCESSO DE BENS MÓVEIS E IMÓVEIS CONTABILIDADE
APMC Nº AFETOS A OPERAÇÕES LTDA EPP
555/2021 PORTUÁRIAS (SISPAT-ANTAQ)

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Fonte: elaborado pela CGU, a partir da planilha de contratos disponibilizada pela Codern.

Este Relatório é composto, além da Introdução, das seguintes partes: (i) Resultado dos
Exames, na qual registram-se os achados da auditoria, apresentando os resultados das
análises realizadas; (ii) Recomendações propostas pela CGU; (iii) Conclusão, constando a
síntese dos resultados de auditoria e (iv) Anexos, nos quais serão registradas manifestações
da unidade em relação ao conteúdo da versão preliminar do Relatório, seguida de análise da
equipe de auditoria.
A presente auditoria foi realizada em conformidade com o disposto no Referencial Técnico da
Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal, aprovado pela
Instrução Normativa nº 3/2017. Ao longo da execução do trabalho, nenhuma restrição foi
imposta à equipe de auditoria.

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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Ausência de atuação sistemática em campo pela Codern no que diz
respeito à emissão de relatórios periódicos de fiscalização para o
acompanhamento da execução do Contrato nº 43/2021.
Da análise da documentação contida nas medições, bem como das respostas às solicitações
de auditoria, verificou-se a falta de acompanhamento direto da fiscalização da Codern, na
execução das atividades do Contrato n° 43/2021. Foram solicitados os relatórios de
fiscalização elaborados pelos fiscais da Codern, entretanto, o que a Companhia apresentou foi
um arquivo em formato “pdf” contendo exatamente os mesmos documentos que compõem
os anexos das medições, todos elaborados e fornecidos pela empresa executora contratada,
a Cejen Engenharia Ltda, CNPJ 79.540.670/0001-50.

A documentação fornecida como sendo “Relatórios de Fiscalização” é composta de uma


planilha idêntica ao boletim de medição de serviços, além da memória de cálculo com o
levantamento de todos os serviços executados no período e um breve relatório fotográfico,
todos esses documentos timbrados com o nome da contratada e sem qualquer assinatura.

Além disso, verificou-se que nos Relatórios Diários de Obra, elaborados em planilha formato
excel, entre novembro/2021 e março/2022 (amostra fornecida) não há o mínimo sinal da
atuação da fiscalização da Codern em campo. Apesar de haver campos reservados para
observações da contratada e da fiscalização, não há assinatura/visto nas folhas, nem qualquer
registro que tenha sido efetuado pelos fiscais da companhia. Apenas se identificam
observações efetuadas pelo engenheiro da empresa contratada, cujos comentários, até
então, também não fazem menção à presença de fiscalização da Codern no local dos serviços.

Considerando o valor significativo do contrato, bem como a especificidade dos serviços, não
se mostra prudente que a Codern prescinda de uma fiscalização presente, que busque
assegurar o devido cumprimento dos serviços e especificações contratadas. E, se houve a
atuação da fiscalização, o fato é que não foi devidamente registrada pela Codern nem
fornecidos esses registros à equipe de auditoria durante os trabalhos.

Prosseguindo nessa linha, em resposta à Solicitação de Auditoria n° 05, que solicitava os


resultados dos laudos, testes e ensaios, a Codern forneceu vários relatórios com resultados
de medição sobre pintura e solda. Ocorre que todos eles foram emitidos pela própria empresa
subcontratada para produção dos módulos das estruturas metálicas (Metalúrgica Aço Lar
Ltda.), exatamente a mesma que aparece nos relatórios fotográficos das medições de serviços.

Merece registro, ainda, que não se identificou qualquer autorização da Codern para a
subcontratação mencionada, contrariando o disposto no item 6.2 do Termo de Referência –
TR, conforme se nota a seguir:
...
Os serviços subcontratados somente podem ser iniciados mediante autorização
expressa da Codern.
11
...

Frise-se que todos os relatórios emitidos pela metalúrgica, fornecidos à equipe de auditoria,
somente são assinados por um profissional, no campo “Inspetor”. Não há qualquer assinatura
nos campos “Aprovação”, “Supervisor”, ou mesmo “Cliente”, conforme se nota nos recortes
a seguir:

Figura 1 – Recorte do Relatório de ensaio não destrutivo por partícula magnética-técnica


yoke, Emitido em 03.06.2022.

Fonte: Fornecido pela Codern

Figura 2 – Recorte de Relatório de Inspeção de Pintura nº 17/2022, emitido em 10.05.2022

Fonte: Fornecido pela Codern

Dessa forma, não se consegue assegurar que os serviços de corte, solda e pintura, durante o
processo de fabricação das peças, tiveram o devido acompanhamento pela contratada, ou
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mesmo pelo corpo técnico de fiscalização da Codern. Registre-se que, nesse caso, não se está
tratando de serviços offshore, ou seja, no próprio Terminal Salineiro, mas dos serviços de pré-
fabricação na empresa metalúrgica ainda em terra (Natal/RN).

2. Falta de ampliação de pesquisa de preço, afastando a possibilidade


da escolha de opção mais vantajosa para a contratação de empresa
de fornecimento de combustível S-10.
Em análise documental, a equipe de auditoria identificou que a realização do Pregão
Eletrônico n° 20/2022 cujo objeto é a “contratação de fornecimento contínuo de óleo
combustível S-10 com ônus de instalação e manutenção da infraestrutura de distribuição”, foi
procedida sem ampla pesquisa de mercado para estabelecer preço de referência para
distribuidores (por exemplo, menor percentual de acréscimo ao preço da ANP para
distribuidores), de maneira que a busca pela opção mais vantajosa não foi devidamente
evidenciada na condução do processo administrativo correspondente.

Em edital, foi estabelecido que o critério de julgamento seria o maior desconto sobre o preço
médio do litro de combustível sobre a tabela de preços da ANP para revendedores,
regularmente publicada. Tendo isso em consideração, não houve no processo levantamento
de preços de combustíveis junto a fornecedores para estabelecer uma referência a ser
utilizada na disputa licitatória.

Por outro lado, há especificações no objeto licitado que descaracterizam a opção adotada
como a mais adequada para dimensionamento do mercado. Diferentemente da maioria das
licitações de fornecimento de combustíveis, não se trata de abastecimento de frota de
veículos, onde há deslocamento geralmente até um revendedor que mantém uma
infraestrutura de fornecimento.

A licitação destinou-se a uma aquisição de combustíveis para suprir de energia a infraestrutura


do Terminal Salineiro de Areia Branca, estrutura off shore a 14 milhas náuticas da costa, ou
seja, o fornecedor teria um cliente específico para entrega do combustível. A quantidade
licitada foi definida em 500.000 litros, demonstrando o elevado volume de fornecimento,
fazendo com que o Codern passasse a ser um grande comprador, com ganhos de escala para
o fornecedor. A estimativa inicial do valor foi de R$ 3.652.500,00, montante que justifica uma
busca por maiores economias de valor.

Além disso, pelas características, a atividade é capaz de atrair o fornecimento por parte de
distribuidoras de combustíveis ao invés de revendedores que atendem a pessoas físicas.
Destaca-se que distribuidoras são empresas que obtêm de produtores os combustíveis e
repassam a revendedores. Dessa forma, toda uma organização de revenda é superada, não
havendo custos de manutenção de organização, impostos e lucros em mais uma parte da
cadeia, tanto assim que a empresa vencedora do Pregão Eletrônico 20/2022 foi a empresa de
comércio atacadista de combustíveis VIBRA ENERGIA S/A, CNPJ 34.274.233/0001-02, pelo

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valor de R$ 3.861.000,00 (Contrato nº 038/2022), valor que teve reflexo das variações de
preço dos combustíveis no período.

Assim sendo, a referência de levantamento de preços da ANP seria sobre revendedores,


incluindo, portanto, custos relacionados a essa etapa da cadeia de fornecimento e uma busca
mais próxima das possibilidades de valores a serem obtidos necessitaria considerar um
levantamento junto a empresas distribuidoras, havendo até mesmo a possibilidade de uma
publicização ativa por parte da Codern na busca de potenciais empresas fornecedoras com o
intuito de um impacto potencial em relação aos valores a serem contratados. No entanto, a
referência desconexa de levantamentos feitos junto à ANP na licitação impediu o alcance dos
objetivos de levantamentos de preços feito pela administração. Sobre isso, a Gerência Jurídica
da Codern, por meio do Despacho nº 342/2022/GERJUR-CODERN/DP-CODERN, fez o seguinte
alerta:

...

Dado ao valor da aquisição, por cautela, sugerimos novas tentativas de cotação, ou


manifestação do setor de compras, expressa, sobre a impossibilidade de realização
se for o caso.

No mesmo sentido, se não for conseguido preços referenciais se busque orçamentos


de referência por outros meios permitidos no regulamento, ou parecer técnico
fundamentado que justifique que o preço de referência é exequível, compatível ao
praticado no mercado.

...

Um aspecto importante é a situação de urgência relatada para realização do certame, uma


vez que foi reportado no documento inicial do processo, de 08.06.2022, que o contrato até
então vigente se encerraria em julho de 2022, ou seja, no intervalo de pouco mais de um mês.
A ausência de planejamento e ação prévia por parte da administração proporcionou um
intervalo de tempo exíguo para realização dos atos administrativos. Tanto que a observação
feita pela Gerência Jurídica, em 06.07.2022, não teve resposta acostada nos autos do
processo, sendo que o certame foi anunciado no Diário Oficial da União em 13.07.2022.

3. Aspectos sobre licitações no regulamento interno da Codern


inconsistentes com a Lei n° 13.303/2016.
Em análise documental, constatou-se que há duas inconsistências no Regulamento Interno de
Licitações e Contratos – RILC da Codern em relação ao conteúdo da Lei 13.303/2016, que
dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de
suas subsidiárias, no âmbito da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.
No Capítulo IV, Dos Procedimentos de Contratação Direta, Seção II, Art.143, inciso II, § 3º do
RILC, foi especificado o seguinte texto:

14
...
Art. 143. Nos termos do art. 28, §3° da Lei 13.303/2016, a Codern e/ou APMC são
dispensadas da observância das regras de licitações nas seguintes situações:
(...)
II. Nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas características
particulares, vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas,
justificada a inviabilidade de procedimento competitivo.
(...)
Parágrafo Terceiro. A contratação direta a que se refere o inciso II poderá ser
precedida de chamamento público, através do qual o particular que melhor atender
às necessidades da Codern e/ou APMC será o selecionado para a firmar a parceria.
...

O procedimento identificado como Chamamento Público não está previsto na Lei


13.303/2016. Também não houve especificação no RILC das etapas deste procedimento,
constituindo ausência importante para caracterização de normas a serem seguidas e de casos
de aplicabilidade.
Por outro lado, o Chamamento Público volta a ser citado na subseção I (Do Credenciamento),
da seção IV (Das Hipóteses de Inexigibilidade de Licitação), do Capítulo IV (Dos Procedimentos
de Contratação Direta) do RILC. A subseção referenciada trata de procedimento identificado
como Credenciamento, sendo que nos seus artigos 164 e 165 está descrito:

...
Art. 164. A condução dos procedimentos do chamamento público compete à CPL,
enquanto a gestão dos atos oriundos dele, compete à área técnica demandante.
Art. 165. O credenciamento seguirá, no que couber, o procedimento interno
previsto no Capítulo II deste Regulamento.
Parágrafo único. O edital de chamamento público de credenciamento conterá,no
mínimo:
...

Ou seja, há uma caracterização do termo Chamamento Público como sendo uma etapa do
Credenciamento. Destaca-se que a Lei 13.303/2016 também não trata do termo
Credenciamento. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o previsto
no inciso II do art. 143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II, Capítulo
I, Seção I, Art. 28, § 3º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:

...
Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas
públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de
publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos integrantes
do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse
patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão

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precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos
arts. 29 e 30.
...
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia mista dispensadas da
observância dos dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
...
II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas características
particulares, vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas,
justificada a inviabilidade de procedimento competitivo.
...

O § 4º do mesmo artigo estabelece:

...
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se refere o inciso II do § 3º a
formação e a extinção de parcerias e outras formas associativas, societárias ou
contratuais, a aquisição e a alienação de participação em sociedades e outras formas
associativas, societárias ou contratuais e as operações realizadas no âmbito do
mercado decapitais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão competente.
(grifos nossos)
...

Assim, a oportunidade de negócio se refere a novas formas associativas e parcerias, não se


relacionando com aquisições de fornecedores de serviços rotineiros. As definições utilizadas
no RILC para Credenciamento não se enquadram nos parâmetros descritos. Divergente disso,
o Credenciamento é descrito no art. 163 do RILC como:

...
Art. 163. O credenciamento, hipótese de inexigibilidade em razão dainviabilidade de
competição, será o instrumento adequado quando, no casoconcreto, houver
pluralidade de interessados e, ao mesmo tempo,indeterminação do número de
fornecedores suficientes para o pleno esatisfatório atendimento das necessidades
da CODERN e/ou APMC.
...

Dessa forma, existe conflito entre os comandos dos dois normativos: o § 3º, do Art.143 do
RILC da Codern com o Art. 28, § 3º, inciso II da Lei n° 13.303/2016. Por outro lado, o
doutrinador Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
11ª Edição, Dialética Editora-2005, páginas 39/40) define Credenciamento, mediante
Chamamento Público, como um procedimento a ser utilizado sempre que houver
possibilidade de atender a todos indistintamente que queiram transacionar com a
Administração. Porém, caso não haja essa possibilidade, ocorre a necessidade de realização
de disputa licitatória, em regra. Tal definição não se enquadra no caso específico da
oportunidade de negócio como é tratada no RILC e na Lei 13.303/2016.
16
Outra situação de divergência encontrada entre os dois normativos é que no Capítulo IV, Dos
Procedimentos de Contratação Direta, Seção III, Art.148, do RILC da Codern consta:
...
Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 da Lei 13.303/2016 a
Codern e/ou APMC é dispensada da realização de licitação.
...

Já o Art. 29 da Lei n° 13.303/2016, a expressão utilizada é “dispensável a realização de


licitação” para um elenco de situações. A diferença no caso é que em havendo condições e
opção administrativa, é possível realizar licitação para as situações descritas, sendo que a
redação dada no RILC da companhia descreve como dispensa compulsória de licitação.

Cabe destacar a importância quanto a consonância do conjunto do Regulamento Interno de


Licitações e Contratos com a Lei 13.303/2016, de maneira a guardar os princípios descritos
nesta legislação.

17
RECOMENDAÇÕES
1. Revisar a norma de fiscalização de contratos da Codern com o objetivo de padronizar a
elaboração de relatórios de fiscalização, bem como de determinar a emissão desses relatórios,
com assinatura do competente fiscal do contrato, previamente a cada medição de serviços,
anexando-os aos respectivos processos de pagamento.

Achado nº 1

2. Implementar normativo que contemple a definição de hipóteses de dispensa de elaboração


de estudos preliminares de objetos de obras, serviços e compras.

Achado nº 2

3. Estabelecer, dentro do fluxo de procedimentos licitatórios/contratações diretas, rotinas


para que, em caso de questionamentos entre os setores integrantes desses processos, haja a
participação do respectivo diretor responsável.

Achado nº 2

4. Estabelecer, em normativos, controles de expiração de prazos contratuais, bem como


antecedência mínima para início de eventuais processos licitatórios para renovação,
viabilizando planejamento e cotações de preços em tempo hábil.

Achado nº2

5. Estabelecer, em normativo, a área competente pela realização da cotação de preços


prevista legalmente.

Achado nº 2

6. Proceder as adequações necessárias no RILC da Codern para que haja a compatibilidade


com a Lei 13.303/2016.

Achado nº 3

18
CONCLUSÃO
A partir dos Achados de Auditoria identificados no presente trabalho, entende-se que, no que
tange à Questão de Auditoria colocada – As contratações da empresa estão ocorrendo dentro
dos padrões esperados de legalidade e eficiência? –, a Codern possui, em relação aos
contratos objetos da amostra analisada pela CGU, nível razoável de governança, necessitando
de aperfeiçoamentos nas suas normas internas referentes a contratações, na elaboração de
seus editais e termos de referência, assim como na gestão de seus contratos.

Especificamente, no que tange às subquestões explicitadas na introdução do presente


trabalho, que se constituíram em foco de atuação da equipe por meio dos testes realizados,
são as seguintes as conclusões, que devem ser entendidas como aplicáveis apenas aos
contratos objetos da amostra analisada pela CGU (ou seja, a opinião emitida não se estende
para os contratos não auditados):

a) O regulamento interno de licitações e contratos da empresa está adequado à Lei


13.303/2016?
Parcialmente adequado. Há desconformidades que precisam ser corrigidas, entre os textos do
RILC e o texto da Lei 13.303/2016. Para os casos identificados, houve a recomendação à
companhia para que faça adequações necessárias no RILC dela no sentido de compatibilizá-lo
com a Lei 13.303/2016.

b) As definições sobre as necessidades e quantidades das contratações são fundamentadas,


nos processos, de forma clara e consistente?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

c) A estimativa preliminar de preços foi realizada de forma adequada e fundamentada?

Parcialmente adequado. Foi identificado processo no qual a cotação de preço estava


incompleta sendo emitida a recomendação de instituição de normativos que padronizem a
elaboração de estudos preliminares de acordo com o objeto a ser contratado.

d) Existe um sistema de alçadas apropriado para a autorização das aquisições?


Adequado. Foi identificada uma norma de alçada complementar sobre autorização de
licitações no âmbito da Codern.

e) Estão sendo observadas as vedações constantes na Lei 13.303/2016, acerca das empresas
a serem contratadas pela estatal?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

f) As modalidades de licitação, e as hipóteses de dispensa e inexigibilidade, estão sendo


corretamente aplicadas, de acordo com as normas externas e internas da empresa?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

g) Os contratos, uma vez celebrados, estão sendo adequadamente geridos e fiscalizados?

19
Parcialmente adequado. Verificou-se em contrato analisado que a fiscalização dos serviços
contratados está inapropriada sendo emitida a recomendação de revisão da norma de
fiscalização de contratos da Codern com o objetivo de padronizar a elaboração de relatórios
de fiscalização, bem como que determinem a emissão desses relatórios, com assinatura do
competente fiscal do contrato, previamente a cada medição de serviços, anexando-os aos
respectivos processos de pagamento.

h) Os pagamentos devidos têm sido corretamente processados, com o devido atesto de


recebimento?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

i) Eventuais aditivos, quando necessários, têm sido celebrados com observância das
disposições e limites legais, de forma justificada?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

j) As eventuais penalidades têm sido aplicadas, de acordo com a lei e observando o devido
processo?
Não avaliado. Não foram aplicadas penalidades considerando-se a totalidade dos contratos
da Codern no período.

k) A empresa pública apresenta em seu site as informações sobre todas as suas licitações e
sobre os contratos celebrados?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.

20
ANEXOS
I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Achado nº 1

Manifestação da unidade auditada:

A Codern, por meio do OFÍCIO Nº 26/2023/ENGGERTAB-CODERN/GERTAB-CODERN/DTC-


CODERN/DP-CODERN, de 1º/09/2023, ANEXO 1 do OFÍCIO Nº 66/2023/ASSDP-CODERN/DP-
CODERN, de 05.09.2023, manifestou-se nos seguintes termos:

[...]

“3. ANÁLISE

A Portaria de Comissão de Fiscalização do Contrato N° 043/2021 foi elaborada


considerando a compatibilidade entre o local de trabalho dos membros da Comissão e o local
de execução dos serviços.

Todos os membros da Comissão são analistas técnico administrativos da Companhia,


na função de engenheiros, e que trabalhavam em regime de escala 14 de embarque, por 14
dias de folga, por 14 dias no administrativo em terra (Areia Branca ou Natal). Portanto, todos
os membros da Comissão tinham acesso permanente aos locais de trabalho e
acompanhamento in loco da obra.

Ainda que não mantivesse a periodicidade na elaboração de relatórios da obra, tendo


em vista a grande demanda de serviços do setor de engenharia, os membros da comissão
acompanham in loco cada avanço dos serviços, inclusive a liberação dos locais de trabalho,
embarque de pessoas e materiais e execução dos procedimentos de serviços.

Conforme exposto na Nota Técnica 2 (7064399), a Comissão de Fiscalização


apresentava avaliações sobre a execução da obra nos mais variados documentos oficiais. Em
anexo apresentamos comunicações da Comissão, entre as quais pode-se observar análises
que comprovam o acompanhamento in loco da obra, como:

Despacho nº 200/2021/ENGGERTAB-CODERN: "O primeiro embarque


da equipe para iniciar de fato a obra no cais de barcaças ocorreu dia
16/11/2021 com a retirada dos pranchões do cais de barcaça iniciado
na estaca 01. A mobilização dos equipamentos para tratamento
anticorrosivo (compressor, silo, material abrasivo, tubulações de ar
comprimido, equipamentos de jateamento), foi realizada dia 30/01.
Os trabalhos de tratamento anticorrosivo no Dolfin N° 02 iniciou-se no
dia 02/02 com tratamento manual, e se estendeu no mês de fevereiro
com tratamento por jateamento abrasivo."
21
OFÍCIO Nº 6/2022/ENGGERTAB-CODERN: "Foi verificado in loco que o
quantitativo de serviços não previstos seria de 223,56 m², área
correspondente à remoção e remontagem de 1490,4 metros lineares
de peças de madeira de 0,15 m (8 peças de 6,2m utilizadas na parte
interna de cada um dos 24 módulos do cais acrescidas de 2 linhas de
150m na borda do cais)."

OFÍCIO Nº 47/2022/ENGGERTAB-CODERN: "É válido ressaltar que tal


constatação somente foi possível com o decorrer dos serviços do
Contrato n° 043/2021, uma vez que o acesso que permitiu a
visualização de uma considerável parte dos elementos indicados pela
Contratada somente foi possível após a remoção de tábuas do Cais de
Barcaças, com a montagem de andaimes suspensos e jateamento
anticorrosivo das superfícies metálicas, somente após o qual foi
possível identificar outras estruturas com elevado grau de corrosão..."

Encaminhamos em anexo alguns e-mails da Comissão de Fiscalização para a


Contratada solicitando correções e melhorias na qualidade dos serviços prestados (7502231).

Encaminhamos os relatórios técnicos emitidos pela Comissão de Fiscalização que


corroboram com a fiscalização in loco da obra (7502444).

Em relação a subcontratação, a Comissão de Fiscalização reitera o disposto na Nota


Técnica 2 (7064399):

Em relação a fabricação dos elementos estruturais do Paramento -


Quadro das Defensas do Cais de Barcaças na empresa AÇOLAR, cabe
desenvolver um breve histórico sobre este ponto. Primeiramente, a
CEJEN manifestou a intenção de adquirir as estruturas em aço do cais
de barcaças que seriam fabricadas por empresa externa. Esse
manifesto foi realizado através da Carta CEJEN DIR N° 075/2021 como
resposta a Notificação N° 01 emitida pela Comissão de Fiscalização. Em
face disso, a Comissão de Fiscalização solicitou as documentações para
avaliação da empresa prestadora do fornecimento dos paramentos
através do Ofício N° 034/2021 de 25/11/2021. A CEJEN encaminhou os
documentos da empresa AÇOLAR através do Ofício CEJEN DIR
084/2021 de 12/12/2021. No entanto, após verificação da planilha
orçamentária da obra, o item 5.3.1 – Paramento do Quadro de
Defensas é composto por subitens descritos como “substituição” de
perfis, tubos e outros elementos estruturais. Neste sentido, a
Comissão de Fiscalização entende que a responsabilidade principal da
Contratada é a instalação dos elementos estruturais no cais de
barcaças e não propriamente sua fabricação. Portanto, os serviços
prestados pela AÇOLAR à CEJEN, no entendimento da Comissão de
Fiscalização, se encaixam como fornecimento de materiais estruturais,
mantendo as exigências de habilitação firmadas em Contrato à CEJEN
pela instalação, que é o escopo principal do Contrato. Portanto,
22
descaracteriza a subcontratação, vez que a instalação dos elementos
estruturais foi totalmente executada pela CEJEN. Ainda assim, a
Comissão de Fiscalização manteve a diligência de comprovar a
capacitação da AÇOLAR mediante análise das documentações
enviadas pela Contratada, bem como a qualidade dos materiais
fornecidos, exigindo os certificados de qualidade do aço aplicado, das
soldas, a manutenção das especificações de pintura firmadas no
Termo de Referência e concordância das dimensões estruturais ao
projeto original. A Comissão de Fiscalização também efetuou visitas
técnicas no galpão da AÇOLAR para acompanhar o desenvolvimento
dos trabalhos e verificar a qualidade dos materiais fornecidos.

Sobre as assinaturas dos documentos emitidos pela Contratada, a Comissão de


Fiscalização aprovava as documentações apresentadas pela Contratada através dos atestes
finais das medições. Todos os documentos que fazem parte da medição são analisados e, por
fim, recebidos pela comissão. O ateste era efetuado digitalmente, com a assinatura de todos
os membros (7502515).

4. DOCUMENTOS RELACIONADOS

4.1. Anexo Emails Comissão de Fiscalização sobre a obra (7502231);

4.2. Anexo Relatórios CF (7502444);

4.3. Anexo Atestes (7502515).

5. CONCLUSÃO

5.1. Considerando as variadas atribuições dos engenheiros que atuavam nas operações e
manutenções do Terminal Salineiro de Areia Branca (TERSAB) que ocorriam em paralelo às
obras de Engenharia em andamento, além da elevada responsabilidade de supervisionar e
orientar os aproximadamente 170 funcionários que laboravam no porto entre colaboradores
da CODERN, empregados terceirizados, usuários do porto, prestadores de serviços e equipes
das empreiteiras que realizavam obras simultâneas.

5.2. Considerando que o corpo técnico da CODERN é reduzido, demandando que os membros
da Comissão de Fiscalização do Contrato em tela também atuassem como fiscais de outros
três contratos de obras de Engenharia no TERSAB.

5.3. Considerando que, diante da elevada responsabilidade de fiscalização do Contrato, haja


vista o seu valor expressivo, a Comissão de Fiscalização ainda buscou a possibilidade de
Contratação de assessoria técnica. No entanto, devido as condições financeiras da Companhia
o pleito não fora atendido.

5.4. Apesar das dificuldades citadas, ao longo de todo o período de vigência do Contrato Nº
043/2021 a Comissão de Fiscalização buscou agir com diligência, retidão e responsabilidade
diante de seus deveres e atribuições, atuando de forma contínua e eficaz, de acordo com as

23
condições e ferramentas a ela disponibilizadas, ainda que alguns aspectos da fiscalização
exercida eventualmente não tenham atingido o nível de profundidade almejado pela CGU.

5.5. O acompanhamento direto da fiscalização da CODERN sobre os serviços executados por


meio do Contrato Nº 043/2021 foi realizado in loco no Terminal Salineiro de Areia Branca,
durante os períodos de embarque dos membros da Comissão de Fiscalização na referida
unidade portuária, assim como nas ocasiões em que foram realizadas visitas técnicas
específicas para vistoria das obras, análise dos serviços e outras deliberações referentes à
execução do contrato. Nessas oportunidades, os fiscais da CODERN interagiam
constantemente com os engenheiros e equipe técnica da CEJEN, comprovando in loco a
execução e a qualidade dos serviços, debatendo demandas e possíveis soluções, autorizando
a disponibilização de áreas para novas frentes de serviço, apresentando questionamentos e
sanando dúvidas técnicas além de outras atividades inerentes à fiscalização do contrato e à
supervisão dos serviços que estavam sendo desenvolvidos sob responsabilidade da
Contratada.

5.6. Não obstante o acompanhamento direto dos membros da fiscalização presentes no


Terminal Salineiro, os demais fiscais também puderam averiguar e comprovar o
desenvolvimento dos serviços por meio de imagens e vídeos enviados por e-mail e
compartilhados em grupos específicos sobre o tema criados em aplicativo de mensagens,
usando as ferramentas tecnológicas disponíveis para auxiliar e agilizar os trabalhos de
fiscalização.

5.7. Além da fiscalização in loco das obras e serviços executados por meio do Contrato, foram
realizados estudos e debates técnicos aprofundados sobre diferentes temas, gerando um
elevado número de documentos tais como Ofícios, Notificações, Notas Técnicas, Relatórios e
Mensagens de e-mail, por meio dos quais foi possível avaliar, corrigir e autorizar as medições
realizadas, desenvolver análises e efetuar cálculos que fundamentaram a concessão de
aditivos e de reajustamento de preço, examinar e aprovar projetos, comprovar a execução de
serviços, emitir alertas e solicitar esclarecimentos sobre o andamento das obras e outros
assuntos pertinentes ao Contrato, dentre outras ações.

5.8. Diante de todo o exposto, a Comissão de Fiscalização do Contrato Nº 043/2021 entende


que desde o início dos seus trabalhos atuou de forma ativa e zelosa, com os seus membros
realizando o acompanhamento contínuo e direto dos serviços executados pela empresa CEJEN
durante todo a vigência contratual.”

[...]

Análise da equipe de auditoria:

De início, deve-se aclarar que o achado não tratou de inexistência ou informalidade da


Comissão de fiscalização do contrato, mas sim da ausência de evidências de sua efetiva
atuação sistemática in loco.
Nessa manifestação, por meio do Ofício Nº 66/2023/ASSDP-CODERN/DP-CODERN, a Codern
enviou, além da Nota Técnica nº 02, alguns e-mails e expedientes diversos trocados com a

24
empresa contratada, bem como alguns atestes de medições, todos esses como anexos do
mencionado ofício, no intuito de demonstrar a ação da fiscalização sobre o contrato.
No corpo da Nota Técnica nº 02 (Anexo II), observa-se o relato de algumas notificações
emitidas pela fiscalização da Codern endereçadas à contratada. Essas notificações fazem
referência à modificação de critérios de medição, atrasos de obra, descompasso entre
cronogramas apresentados e reajuste de contrato.
Frise-se aqui, mais uma vez, que o achado não versou sobre ausência de atuação em matéria
contratual e administrativa, mas da ausência de evidência da prática constante da fiscalização
em campo.
Quanto aos outros seis expedientes enviados em anexo (anexo IV) do citado ofício
(“documentos”, “despachos”, etc.), verifica-se que três deles são referentes ao exercício 2023,
portanto, fora do escopo dos trabalhos de auditoria que geraram o Achado nº 1 deste
Relatório. Dos outros três, nota-se que um deles (Despacho nº 200/2021, de março/2022) é
relativo a atraso de início de obras e os outros dois (Documentos nº 4932321 e nº 4968809)
são relativos a visitas realizadas no galpão da metalúrgica Açolar, ocorridos, cada um, em um
único turno (vespertino) de um dia do mês de dezembro/2021.
Sobre os e-mails anexos ao ofício de manifestação (Anexo III), nota-se que são comunicações
entre a fiscalização da Codern e o engenheiro da contratada, concentradas entre janeiro e
maio de 2022. Tratam de assuntos diversos, e trazem, de fato, alguns apontamentos da
fiscalização sobre falhas técnicas específicas na execução dos serviços.
Em que pese alguns dos expedientes/comunicações trazidos como exemplo de atuação, de
fato, se tratarem de apontamentos de falhas técnicas e solicitações de correção na execução
dos serviços, é fato que não está demonstrado que essa prática é institucionalizada,
normatizada, sistemática e constante na instituição. A Codern não demonstrou ter relatórios
padronizados formais, nem um normativo que discipline a emissão, preenchimento e
periodicidade desses relatórios. Inclusive, os vários “documentos” enviados como anexos
nessa manifestação têm, cada um, tipo (despachos, documentos, notas técnicas), contexto e
formato diferentes. Ademais, não se verifica uma constância na emissão de tais peças ao
longo da execução da obra.
Assim, resta claro que a emissão desses expedientes de variados tipos e propósitos pela
Codern não tem se dado de forma constante e institucionalizada, mas sob demanda de alguma
questão pontual que venha a impor a necessidade de comunicação/notificação específica à
contratada. Dessa forma, ainda se sente a ausência de relatórios de acompanhamento e
fiscalização padronizados, formalizados e constantes sobre o andamento geral da obra, que
permitam, além da rastreabilidade da evolução da obra, a comprovação da atuação efetiva da
própria equipe técnica da Codern em campo.
Em outro ponto, a já mencionada Nota Técnica nº 02 também ensaia o entendimento acerca
de uma dispensa de responsabilidade da contratada (Cejen) em relação à fabricação das peças
estruturais produzidas por sua “subcontratada” Açolar. Afirma que a responsabilidade
contratual da Cejen se daria apenas sobre o serviço de “instalação” das peças, pois com base
no item 5.3.1 da Planilha orçamentária da obra, o serviço estaria descrito apenas como
“substituição de perfis”.

25
O entendimento não se mostra razoável, tendo em vista que, em última análise, as peças que
serão substituídas ou instaladas, estarão integradas a todo o sistema estrutural final do
terminal e não devem prescindir da qualidade e correta execução na sua produção. E ainda,
nas próprias composições de preço dos serviços que compõem o item “Paramento – Quadro
de defensas” (5.3.1) citado na manifestação, pode-se citar como exemplo, o subitem
“Fabricação de perfil de aço “I” de 14” por 12” x ¾” (abas) x 1/2@” (alma) – 14 WF 78” (grifo
nosso), quantificado na planilha em 51,9 toneladas, representando 4,36% do orçamento. Isso
evidencia que o processo de fabricação da peça está incluso na respectiva composição. E assim
sucessivamente com os próximos subitens do item 5.3.1 que tratam da substituição (e
fornecimento) de peças metálicas.
Assim, mesmo deixando-se de lado eventual questão sobre a natureza jurídica do instituto da
“subcontratação”, a equipe de auditoria entende, conforme a boa prática, que a fiscalização
não deve se resumir ao ato da instalação da peça, mas também ao processo de sua
fabricação/produção, não só no intuito de garantir a integridade e conformidade dos
materiais por todo o processo de confecção, como para evitar erros, retrabalho e atrasos de
cronograma.
Nesse caso, pode-se inclusive fazer uma analogia com uma obra de pavimentação asfáltica,
em que a fiscalização desse tipo de contrato tem a responsabilidade de exigir e acompanhar
a realização dos ensaios de controle tecnológico dos produtos asfálticos não só na aplicação
na obra, como também na saída da usina e chegada ao canteiro, buscando garantir a
qualidade de todo o processo de execução do pavimento.

Por fim, deve-se ficar claro que a ação de fiscalização por parte da Codern, além de abranger
todas as etapas para a garantia da conformidade do produto, deve ocorrer de forma constante
e padronizada, com registro em Relatórios de Acompanhamento e Fiscalização
sistematizados, cujo formato, periodicidade, competência para emissão, devem estar
normatizados pela instituição.

Diante de todo o exposto, entende-se pela manutenção do achado no relatório, para que se
possa acompanhar a evolução e aperfeiçoamento da atividade de fiscalização pela Codern.

Achado nº 2

Manifestação da unidade auditada:

A Codern, por meio da NOTA TÉCNICA Nº 1/2023/ASSDAF-CODERN/DAF-CODERN/DP-


CODERN, anexa ao Ofício Nº 101/2023/SECDP-CODERN/DP-CODERN, de 28.04.2023,
manifestou-se nos seguintes termos:

[...]

“Ante o exposto pela Controladoria-Geral da União, esclarecemos alguns pontos importantes


no que tange ao certame licitatório analisado.

26
Primeiramente, a contratação efetuada objetivou aquisição de combustíveis por demanda,
com variação do consumo ao longo do contrato, portanto, inviabilizando a utilização de preços
fixos. Considerando a sazonalidade nos valores dos combustíveis, e seguindo orientação da
apostila “preço de referência em compras públicas” do TCU, buscou-se assegurar a utilização
de um índice oficial para o contrato.

Ademais, em conformidade com a Resolução ANP 58, a CODERN, à época da licitação, não se
classificava como grande consumidor, pois não possuía, em seu estabelecimento, instalações
aéreas ou subterrâneas com capacidade total de armazenagem de óleo diesel B igual ou
superior a 15 m3 (quinze metros cúbicos):
“XI - Grande Consumidor: pessoa física ou jurídica que possua, em seu
estabelecimento, instalações aéreas ou subterrâneas com capacidade
total de armazenagem de óleo diesel B igual ou superior a 15 m3
(quinze metros cúbicos), para funcionamento de:
a) Ponto de Abastecimento, exclusivo, autorizado pela ANP,
conforme regulamentação vigente; ou
b) equipamento fixo, exclusivo, como por exemplo, grupo gerador de
energia elétrica;
ou
c) Ponto de Abastecimento e equipamento fixo;” (grifos nossos)
Portanto, a contratação foi efetuada com base na classificação que a Companhia possuía (não
possuindo tanque 15 m3), tendo o ganhador da licitação, efetuado toda adequação da área
para recebimento do combustível, sem ônus adicionais para a CODERN. Segue discriminado
as adequações efetuadas pela empresa ganhadora:

“SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO E ARMAZENAGEM PARA DIESEL COMBUSTÍVEL S-10

· TANQUE DE ARMAZENAGEM

Capacidade 15.000L Pleno ou Bipartido


o Instalado no Local de Recebimento indicado no item 4
o Posição horizontal ou vertical
oCom sistemas de monitoramento de nível em resolução de litros
o Bacia de contenção
o Regularização ambiental (se necessário)
o Segurança e proteção de atmosfera explosiva
o Normas
§ NBR 15461
§ NBR 15216
§ NBR 17505
§ NBR 7821
§ API 650
27
§ UL 142
§ Outras

· SISTEMA DE BOMBEAMENTO E DISTRIBUIÇÃO

o SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE EMBARCAÇÃO

§ Vazão mínima de bombeamento de 50m³/h (Necessária celeridade


na transferência de combustível)
§ Tubulação conectada ao tanque até ao cais da talha de materiais
(Necessária visita técnica para ver local) por meio de tubulação aérea
ou subterrânea
§ Instrumento de medição de volume
§ Sistema de filtragem de partículas de 25 mícrons
dimensionado conforme projeto final proposto pela
contratada
§ A instalação elétrica, componentes, acessórios, projeto,
dimensionamento para equipamentos elétricos, como bombas
centrífugas, ou outros equipamentos, devem ser de ônus da
contratada, devendo a contratante fornecer acesso à infraestrutura
elétrica própria e se responsabilizar pelo pagamento das taxas de
serviço da concessionária elétrica.

o SISTEMA DE RECEBIMENTO(ENTRADA) PARA O TANQUE DE


ARMAZENAMENTO
§ Sistema aspirado por bomba com vazão de 50m³/h
§ Sistema de medição de volume
§ Conexões hidráulicas e acessórios padronizados compatíveis para
aceitar qualquer caminhão enviado pela empresa, e qualquer
eventualidade deve ser corrigida pela contratada de modo a garantir
o abastecimento da contratante.

o SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE VEÍCULOS E EMPILHADEIRAS


§ Pelo menos um posto de abastecimento para veículos de pequeno
porte
§ Sistema de medição de volume expelido
§ Sistema de filtragem de partículas de 25 mícrons

· Todos os sistemas devem atender normas de Segurança para proteção de atmosfera


explosiva

28
SERVIÇO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA ENTREGA DE COMBUSTÍVEL

o Veículo regularizado perante órgãos de trânsito e de fiscalização de


combustíveis específico para transporte de combustível S-10

· MANUTENÇÃO DO SISTEMA

o Realizar limpeza do Tanque a cada 02 anos


o Realizar manutenção dos equipamentos, conforme plano de
manutenção próprio ou especificado pelo fabricante, troca de filtros,
aferição de medidores de volume e outros acessórios.”

Assim, além do desconto ofertado pela empresa vencedora (em cima da tabela ANP), ela teria
de prestar/disponibilizar os itens/serviços acima descritos, se responsabilizando ainda por
todas as licenças e atividades referentes ao meio ambiente e normas regulatórias.
Esses itens/serviços, se realizados pela Companhia, ensejariam em muitos encargos e
regulações, dos quais não possuímos expertise, ensejando em contratações adicionais para
uma unidade que seria concedida à esfera privada. Ademais, ressaltamos que a empresa
vencedora, VIBRA (empresa do grupo PETROBRÁS) é um distribuidor de combustível e não
apenas um revendedor (https://www.vibraenergia.com.br/historia), possuindo a
envergadura necessária para um fornecimento sem interrupções.
Continuando, o relatório da CGU aponta ainda que o quantitativo estava definido em 500.000
litros, porém, se tratava de estimativa de consumo durante todo o contrato, do total estimado
foram consumidos 200.000 litros, totalizando R$ 1.447.496,00. Como forma de exemplificar,
após o fim do contrato, o qual encerrou-se antes da vigência prevista, a VIBRA está realizando
a descontaminação da área, sem ônus adicional para a CODERN. Portanto, a projeção do
quantitativo foi um atrativo para o êxito do certame, face aos custos adicionais que o licitante
vencedor teria.
Outro esclarecimento a prestar é que a CODERN se encontrava em processo de arrendamento
de seu terminal (TERSAB), e que, pelos termos apresentados pelo estudo de viabilidade do
Ministério supervisor, já deveria ter sido entregue ao arrendatário em junho/2022. A CODERN
foi acompanhamento mês a mês a questão da entrega do Terminal, e considerando o atraso
no repasse da unidade, conforme documentação anexa (PTO), houve a necessidade de
realização de nova licitação, em curto espaço de tempo, com o objetivo de manter o
abastecimento do Terminal Salineiro de Areia Branca (o qual pela relevância econômica para
o Estado é efetuada de forma ininterrupta), posto que ainda se encontrava sob
responsabilidade desta Companhia Docas.”

[...]

Análise da equipe de auditoria:


29
Na manifestação da Unidade, foi argumentado sobre a característica parcelada da aquisição e
a sazonalidade de preços, tendo sido buscada uma referência oficial. Porém, conforme
argumentado no achado, a referência obtida foi para um fornecimento por revendedores,
sendo que a característica do serviço e fornecimento era de distribuidora. Não há impeditivo
legal que haja uma busca percuciente de valores de mercado no intuito de adequação às
características da aquisição.

Com relação aos demais serviços necessários além do fornecimento de combustível, todos já
estavam previstos no edital, de maneira que não houve modificações supervenientes que
justificassem um acréscimo incerto para eventuais fornecedores. Assim, todas as condições
são expostas na busca de valor de mercado aos fornecedores, ou seja, a composição do preço
obtida já traria os custos de todos os serviços. A Unidade não fez uma estimativa de custos
desses serviços em uma composição de preço, não cabendo manifestar-se sobre o valor ideal,
sendo esses custos compreendidos em um levantamento adequado no mercado. Dessa
forma, a justificativa de que foi utilizado um valor de referência de revendedor motivado por
os outros serviços necessários, não se mostra adequada.

Sobre ser ou não grande consumidor, em que pese o especificado no regulamento citado, a
Unidade projetou a aquisição de 500.000 litros e adquiriu de fato 200.000 litros, segundo sua
afirmação, o que é um grande volume, apesar de sua classificação como consumidor. Dessa
forma, visando a busca da melhor proposta, não havia nenhum impeditivo de realização de
um levantamento de preços preciso junto a fornecedores específicos. Além disso, a própria
Unidade argumentou que foi contratada uma distribuidora por ter capacidade adequada para
realizar os demais serviços além do fornecimento de combustível, de maneira que
revendedores não teriam condição para tal. Portanto, os preços deveriam ser buscados junto
ao mercado de distribuidoras ou sistemas de referência de distribuidoras (por exemplo, preço
de referência da ANP para distribuidores).

Achado nº 3

Manifestação da unidade auditada:

A Codern, por meio da NOTA TÉCNICA Nº 3/2023/COORCRI-CODERN/DP-CODERN, anexa ao


Ofício Nº 101/2023/SECDP-CODERN/DP-CODERN, de 28.04.2023, manifestou-se nos
seguintes termos:

[...]

“4.ANÁLISE
PONTO 7. Aspectos sobre licitações no regulamento interno da Codern inconsistentes com
a Lei n° 13.303/2016.
O Ponto foi subdividido em 3 (três) partes:
1. O procedimento identificado como Chamamento Público não está previsto na Lei
13.303/2016.
30
Também não houve especificação no RILC das etapas deste procedimento, constituindo
ausência
importante para caracterização de normas a serem seguidas e de casos de aplicabilidade.
(...)
Por outro lado, o Chamamento Público volta a ser citado na subseção I (Do
Credenciamento),da seção IV (Das Hipóteses de Inexigibilidade de Licitação), do Capítulo IV
(DosProcedimentos de Contratação Direta) do RILC. A subseção referenciada trata
deprocedimento identificado como Credenciamento, sendo que nos seus artigos 164 e 165
estádescrito:
(...)
Ou seja, há uma caracterização do termo Chamamento Público como sendo uma etapa
doCredenciamento. Destaca-se que a Lei 13.303/2016 também não trata do
termoCredenciamento. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o
previstono inciso II do art. 143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II,
CapítuloI, Seção I, Art. 28, § 3º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:
(...)
Manifestação:
A fim de corrigir estas inconformidades foi providenciada a Alteração 1 ao RG.1012.01–
REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA CODERN, revisão 2.0, eliminando
o termo “Chamamento Público” nos Artigos 164, 165 e 166, substituindo-o pelo termo
“Credenciamento”.
Constatado que o termo “Credenciamento”, da maneira como estava descrito no Art. 163,
constituía também uma inconformidade, corroborando com o achado da CGU no Relatório
Preliminar de Avaliação onde, além de misturar com o termo “Chamamento Público”, ainda
caracterizava este termo como sendo uma etapa do “Credenciamento”. Através da mesma
Alteração 1, foi alterada a definição do termo “Credenciamento”, no Art. 163, na qual
definição o termo passa a ser entendido como um “Cadastramento prévio” aliado aos
“requisitos de habilitação atualizados”, isto é, não é um simples cadastramento, e é utilizado
para todos os tipos de aquisição. O Art. 163 passou a ter a seguinte redação:
“ Art. 163. O Credenciamento consiste num cadastramento prévio de potenciais fornecedores
com requisitos de habilitação atualizados, sendo essencial para aquisições de materiais, obras
e serviços, em especial, nos casos de contratação direta.”
(...)
2. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o previsto no inciso II do art.
143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II, Capítulo I, Seção I, Art. 28, §
3º, inciso II,da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:
(...)
Assim, a oportunidade de negócio se refere a novas formas associativas e parcerias, não se
relacionando com aquisições de fornecedores de serviços rotineiros. As definições utilizadas
no RILC para Credenciamento não se enquadram nos parâmetros descritos. Divergente
disso, o Credenciamento é descrito no art. 163 do RILC como:
31
(...)
Manifestação:
Constatado que o conteúdo do Art. 143, tratava de “oportunidade de negócio”, prevista no
Art. 28, § 4º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, referindo-se a “novas formas associativas e
parcerias, não se relacionando com aquisições de fornecedores de serviços rotineiros”,
aquisições estas que constituem a essência do RILC da CODERN, corroborando também com
o achado da CGU no Relatório Preliminar de Avaliação. A fim de corrigir esta inconformidade,
através da mesma Alteração 1 foi cancelado o Art. 143, seus Incisos I e II e seus parágrafos
primeiro, segundo e terceiro.

(...)
3. Outra situação de divergência encontrada entre os dois normativos é que no Capítulo IV,
Dos Procedimentos de Contratação Direta, Seção III, Art.148, do RILC da Codern consta:
...
Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 da Lei 13.303/2016 a Codern e/ou
APMC é dispensada da realização de licitação.
...
Já o Art. 29 da Lei n° 13.303/2016, a expressão utilizada é “dispensável a realização de
licitação” para um elenco de situações. A diferença no caso é que em havendo condições e
opção administrativa, é possível realizar licitação para as situações descritas, sendo que a
redação dada no RILC da companhia descreve como dispensa compulsória de licitação.
Manifestação:
Constatado que o conteúdo do Art. 148, além de referir-se apenas às hipóteses de dispensa
do Art. 29 da Lei nº 13.303/2016, realmente tornavam a dispensa de licitação como
compulsória naqueles casos, passando ao largo da regra básica nas aquisições que é a
existência de licitação, mantendo a competição, sempre que possível, e que a compra direta
é exceção a ser evitada, corroborando também com o achado da CGU no Relatório Preliminar
de Avaliação. Assim, para corrigir mais esta inconformidade foi providenciada, também
através da Alteração 1, a mudança da redação do Art. 148.
O Art. 148 do RILC da CODERN passou a ter a seguinte redação:
“Art. 148. Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 daLei 13.303/2016 a
CODERN é dispensável da realização de licitação.”
5. DOCUMENTOS RELACIONADOS
5.1. RG.1012.01 - REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA COMPANHIA
DOCAS DO RIO GRANDE DO NORTE (7073365)
5.2. IS.1012.002/2023 - Instrução de Serviço que altera o RG.1012.01 (7071338).
5.3. Portaria nº 77, de 26 de abril de 2023 (7066856).
6. CONCLUSÃO
Assim, segue a análise com a solução técnica de execução imediata de alterações no
Regulamento Interno de Licitações e Contratos da CODERN (RILC), ao mesmo tempo em que
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foi designada, através de Portaria, Comissão específica para efetuar revisão no Instrumento
Normativo como um todo. Esclareço que os normativos RG.1012.01 e IS.1012.002/2023
encontram-se publicados no SITE da CODERN (www.codern.com.br), em "GOVERNANÇA
CORPORATIVA" > "Políticas e Normas" > "NORMINST", listados por ordem alfa-numérica de
códigos e a Portaria nº 77 encontra-se no mesmo sítio NORMINST no título "II -
INSTRUMENTOS DECLARATÓRIOS (ID) COM CONTEÚDOS NORMATIVOS".”

Análise da equipe de auditoria:

A unidade em sua manifestação concordou com o conteúdo do achado.

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