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26 de outubro de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério de Portos e Aeroportos
Unidade Auditada: Companhia das Docas do Estado do Rio Grande do Norte -
CODERN
Município/UF: Natal/RN
Relatório de Avaliação: 936329
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado com o intuito de se
REALIZADO obter uma visão transversal das contratações
realizadas pela Companhia e identificar
PELA CGU? oportunidades de melhorias, abordando como
os dispositivos da Lei nº 13.303/2016 estão
Foram objeto de análise as
refletidos no Regulamento de Compras da
contratações dos serviços,
Estatal e na execução de uma amostra de
mediante processos
contratos.
licitatórios, que originaram
os contratos da Codern de nº
039/2021, 041/2021,
043/2021, 051/2021, QUAIS AS CONCLUSÕES
067/2021 e 038/2022, bem
como o Contrato nº
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
003/2022 (Administração do AS RECOMENDAÇÕES QUE
Porto de Maceió - APMC). DEVERÃO SER ADOTADAS?
Acerca desses contratos,
foram analisados, ainda, seus Ao longo dos exames, foram identificadas
respectivos processos de falhas ou impropriedades na gestão das
pagamentos. Contratações da Companhia, englobando os
seguintes aspectos:
Por fim, fizeram parte do escopo (i) ausência de atuação sistemática em campo pela
do trabalho os processos de Codern no que diz respeito à emissão de relatórios
dispensa e de inexigibilidade de periódicos de fiscalização para o acompanhamento
licitação que geraram os do Contrato nº 43/2021; (ii) falta de ampliação de
contratos APMC nº 001/2022, pesquisa de preço, afastando a possibilidade da
002/2022 e 010/2021, porém, escolha de opção mais vantajosa para a
sem a etapa de análise da contratação de empresa de fornecimento de
execução contratual. combustível S-10; e iii) aspectos sobre licitações no
regulamento interno da Codern inconsistentes
com a Lei n° 13.303/2016.
TR Termo de Referência
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6
RECOMENDAÇÕES 18
CONCLUSÃO 19
ANEXOS 21
6
Os testes abrangeram a verificação da existência de norma que fixe sistema de alçadas
decisórias para contratações, e se a referida norma foi aprovada em consonância com o
Estatuto da Empresa e se vem sendo aplicada nos processos analisados.
i) Eventuais aditivos, quando necessários, têm sido celebrados com observância das
disposições e limites legais, de forma justificada?
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j) As eventuais penalidades têm sido aplicadas, de acordo com a lei e observando o devido
processo?
k) A empresa pública tem em seu site as informações sobre todas as suas licitações e sobre
os contratos celebrados?
Para a realização dos testes acima detalhados, foi definida uma amostra não probabilística
contemplando sete processos (com seus respectivos pagamentos) referentes a contratações
de serviços conduzidas diretamente pela Companhia ou pela APMC, no período de 2021 a
2022, sendo que três deles referem-se a contratações realizadas por meio de dispensa ou
inexigibilidade de licitação pela APMC, e quatro realizados por meio de licitações pela Codern.
Considerando-se não apenas o valor original dos contratos, mas também os valores dos
respectivos termos aditivos, a presente amostra totaliza R$ 29.294.403,16 e representa 51%
do montante de R$ 57.168.133,09 referente aos contratos vigentes no período. Os processos
selecionados foram os seguintes:
AQUISIÇÃO DE 04 (QUATRO)
GRUPOS GERADORES DIESEL
CUMMINS POWER
GENERATION, MODELO
PROCESSO C500D6, DESENVOLVENDO
LICITATÓRIO Nº POTÊNCIA NOMINAL DE 625 DISTRIBUIDORA
124/2021 – kVA (500 kW) EM REGIME CUMMINS DIESEL
039/2021 1.400.000,00 02/06/2022
PREGÃO “STANDBY” OU 569 kVA (455 DO NORDESTE
ELETRÔNICO Nº kW) EM REGIME “PRIME LTDA
011/2021 POWER”, NA TENSÃO DE
440/254 VCA E FREQUÊNCIA DE
60 HZ, PARA O TERMINAL
SALINEIRO DE AREIA BRANCA -
GERTAB
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Modalidade de Nº do Valor Original Fim da Empresa
Objeto
Contratação Contrato (R$) Vigência Contratada
CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
PROCESSO
PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
LICITATÓRIO Nº
MARÍTIMOS DE TRANSPORTE TECMARES
395/2020 –
041/2021 DE PESSOAL E MATERIAIS, DO 2.211.000,00 16/06/2022 MANUTENÇÃO
PREGÃO
CAIS DA GERTAB ATÉ O INDUSTRIAL LTDA
ELETRÔNICO Nº
TERMINAL SALINEIRO DE AREIA
09/2021
BRANCA-RN
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Fonte: elaborado pela CGU, a partir da planilha de contratos disponibilizada pela Codern.
Este Relatório é composto, além da Introdução, das seguintes partes: (i) Resultado dos
Exames, na qual registram-se os achados da auditoria, apresentando os resultados das
análises realizadas; (ii) Recomendações propostas pela CGU; (iii) Conclusão, constando a
síntese dos resultados de auditoria e (iv) Anexos, nos quais serão registradas manifestações
da unidade em relação ao conteúdo da versão preliminar do Relatório, seguida de análise da
equipe de auditoria.
A presente auditoria foi realizada em conformidade com o disposto no Referencial Técnico da
Atividade de Auditoria Interna Governamental do Poder Executivo Federal, aprovado pela
Instrução Normativa nº 3/2017. Ao longo da execução do trabalho, nenhuma restrição foi
imposta à equipe de auditoria.
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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Ausência de atuação sistemática em campo pela Codern no que diz
respeito à emissão de relatórios periódicos de fiscalização para o
acompanhamento da execução do Contrato nº 43/2021.
Da análise da documentação contida nas medições, bem como das respostas às solicitações
de auditoria, verificou-se a falta de acompanhamento direto da fiscalização da Codern, na
execução das atividades do Contrato n° 43/2021. Foram solicitados os relatórios de
fiscalização elaborados pelos fiscais da Codern, entretanto, o que a Companhia apresentou foi
um arquivo em formato “pdf” contendo exatamente os mesmos documentos que compõem
os anexos das medições, todos elaborados e fornecidos pela empresa executora contratada,
a Cejen Engenharia Ltda, CNPJ 79.540.670/0001-50.
Além disso, verificou-se que nos Relatórios Diários de Obra, elaborados em planilha formato
excel, entre novembro/2021 e março/2022 (amostra fornecida) não há o mínimo sinal da
atuação da fiscalização da Codern em campo. Apesar de haver campos reservados para
observações da contratada e da fiscalização, não há assinatura/visto nas folhas, nem qualquer
registro que tenha sido efetuado pelos fiscais da companhia. Apenas se identificam
observações efetuadas pelo engenheiro da empresa contratada, cujos comentários, até
então, também não fazem menção à presença de fiscalização da Codern no local dos serviços.
Considerando o valor significativo do contrato, bem como a especificidade dos serviços, não
se mostra prudente que a Codern prescinda de uma fiscalização presente, que busque
assegurar o devido cumprimento dos serviços e especificações contratadas. E, se houve a
atuação da fiscalização, o fato é que não foi devidamente registrada pela Codern nem
fornecidos esses registros à equipe de auditoria durante os trabalhos.
Merece registro, ainda, que não se identificou qualquer autorização da Codern para a
subcontratação mencionada, contrariando o disposto no item 6.2 do Termo de Referência –
TR, conforme se nota a seguir:
...
Os serviços subcontratados somente podem ser iniciados mediante autorização
expressa da Codern.
11
...
Frise-se que todos os relatórios emitidos pela metalúrgica, fornecidos à equipe de auditoria,
somente são assinados por um profissional, no campo “Inspetor”. Não há qualquer assinatura
nos campos “Aprovação”, “Supervisor”, ou mesmo “Cliente”, conforme se nota nos recortes
a seguir:
Dessa forma, não se consegue assegurar que os serviços de corte, solda e pintura, durante o
processo de fabricação das peças, tiveram o devido acompanhamento pela contratada, ou
12
mesmo pelo corpo técnico de fiscalização da Codern. Registre-se que, nesse caso, não se está
tratando de serviços offshore, ou seja, no próprio Terminal Salineiro, mas dos serviços de pré-
fabricação na empresa metalúrgica ainda em terra (Natal/RN).
Em edital, foi estabelecido que o critério de julgamento seria o maior desconto sobre o preço
médio do litro de combustível sobre a tabela de preços da ANP para revendedores,
regularmente publicada. Tendo isso em consideração, não houve no processo levantamento
de preços de combustíveis junto a fornecedores para estabelecer uma referência a ser
utilizada na disputa licitatória.
Por outro lado, há especificações no objeto licitado que descaracterizam a opção adotada
como a mais adequada para dimensionamento do mercado. Diferentemente da maioria das
licitações de fornecimento de combustíveis, não se trata de abastecimento de frota de
veículos, onde há deslocamento geralmente até um revendedor que mantém uma
infraestrutura de fornecimento.
Além disso, pelas características, a atividade é capaz de atrair o fornecimento por parte de
distribuidoras de combustíveis ao invés de revendedores que atendem a pessoas físicas.
Destaca-se que distribuidoras são empresas que obtêm de produtores os combustíveis e
repassam a revendedores. Dessa forma, toda uma organização de revenda é superada, não
havendo custos de manutenção de organização, impostos e lucros em mais uma parte da
cadeia, tanto assim que a empresa vencedora do Pregão Eletrônico 20/2022 foi a empresa de
comércio atacadista de combustíveis VIBRA ENERGIA S/A, CNPJ 34.274.233/0001-02, pelo
13
valor de R$ 3.861.000,00 (Contrato nº 038/2022), valor que teve reflexo das variações de
preço dos combustíveis no período.
...
...
14
...
Art. 143. Nos termos do art. 28, §3° da Lei 13.303/2016, a Codern e/ou APMC são
dispensadas da observância das regras de licitações nas seguintes situações:
(...)
II. Nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas características
particulares, vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas,
justificada a inviabilidade de procedimento competitivo.
(...)
Parágrafo Terceiro. A contratação direta a que se refere o inciso II poderá ser
precedida de chamamento público, através do qual o particular que melhor atender
às necessidades da Codern e/ou APMC será o selecionado para a firmar a parceria.
...
...
Art. 164. A condução dos procedimentos do chamamento público compete à CPL,
enquanto a gestão dos atos oriundos dele, compete à área técnica demandante.
Art. 165. O credenciamento seguirá, no que couber, o procedimento interno
previsto no Capítulo II deste Regulamento.
Parágrafo único. O edital de chamamento público de credenciamento conterá,no
mínimo:
...
Ou seja, há uma caracterização do termo Chamamento Público como sendo uma etapa do
Credenciamento. Destaca-se que a Lei 13.303/2016 também não trata do termo
Credenciamento. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o previsto
no inciso II do art. 143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II, Capítulo
I, Seção I, Art. 28, § 3º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:
...
Art. 28. Os contratos com terceiros destinados à prestação de serviços às empresas
públicas e às sociedades de economia mista, inclusive de engenharia e de
publicidade, à aquisição e à locação de bens, à alienação de bens e ativos integrantes
do respectivo patrimônio ou à execução de obras a serem integradas a esse
patrimônio, bem como à implementação de ônus real sobre tais bens, serão
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precedidos de licitação nos termos desta Lei, ressalvadas as hipóteses previstas nos
arts. 29 e 30.
...
§ 3º São as empresas públicas e as sociedades de economia mista dispensadas da
observância dos dispositivos deste Capítulo nas seguintes situações:
...
II - nos casos em que a escolha do parceiro esteja associada a suas características
particulares, vinculada a oportunidades de negócio definidas e específicas,
justificada a inviabilidade de procedimento competitivo.
...
...
§ 4º Consideram-se oportunidades de negócio a que se refere o inciso II do § 3º a
formação e a extinção de parcerias e outras formas associativas, societárias ou
contratuais, a aquisição e a alienação de participação em sociedades e outras formas
associativas, societárias ou contratuais e as operações realizadas no âmbito do
mercado decapitais, respeitada a regulação pelo respectivo órgão competente.
(grifos nossos)
...
...
Art. 163. O credenciamento, hipótese de inexigibilidade em razão dainviabilidade de
competição, será o instrumento adequado quando, no casoconcreto, houver
pluralidade de interessados e, ao mesmo tempo,indeterminação do número de
fornecedores suficientes para o pleno esatisfatório atendimento das necessidades
da CODERN e/ou APMC.
...
Dessa forma, existe conflito entre os comandos dos dois normativos: o § 3º, do Art.143 do
RILC da Codern com o Art. 28, § 3º, inciso II da Lei n° 13.303/2016. Por outro lado, o
doutrinador Marçal Justen Filho (Comentários à Lei de Licitações e Contratos Administrativos,
11ª Edição, Dialética Editora-2005, páginas 39/40) define Credenciamento, mediante
Chamamento Público, como um procedimento a ser utilizado sempre que houver
possibilidade de atender a todos indistintamente que queiram transacionar com a
Administração. Porém, caso não haja essa possibilidade, ocorre a necessidade de realização
de disputa licitatória, em regra. Tal definição não se enquadra no caso específico da
oportunidade de negócio como é tratada no RILC e na Lei 13.303/2016.
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Outra situação de divergência encontrada entre os dois normativos é que no Capítulo IV, Dos
Procedimentos de Contratação Direta, Seção III, Art.148, do RILC da Codern consta:
...
Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 da Lei 13.303/2016 a
Codern e/ou APMC é dispensada da realização de licitação.
...
17
RECOMENDAÇÕES
1. Revisar a norma de fiscalização de contratos da Codern com o objetivo de padronizar a
elaboração de relatórios de fiscalização, bem como de determinar a emissão desses relatórios,
com assinatura do competente fiscal do contrato, previamente a cada medição de serviços,
anexando-os aos respectivos processos de pagamento.
Achado nº 1
Achado nº 2
Achado nº 2
Achado nº2
Achado nº 2
Achado nº 3
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CONCLUSÃO
A partir dos Achados de Auditoria identificados no presente trabalho, entende-se que, no que
tange à Questão de Auditoria colocada – As contratações da empresa estão ocorrendo dentro
dos padrões esperados de legalidade e eficiência? –, a Codern possui, em relação aos
contratos objetos da amostra analisada pela CGU, nível razoável de governança, necessitando
de aperfeiçoamentos nas suas normas internas referentes a contratações, na elaboração de
seus editais e termos de referência, assim como na gestão de seus contratos.
e) Estão sendo observadas as vedações constantes na Lei 13.303/2016, acerca das empresas
a serem contratadas pela estatal?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.
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Parcialmente adequado. Verificou-se em contrato analisado que a fiscalização dos serviços
contratados está inapropriada sendo emitida a recomendação de revisão da norma de
fiscalização de contratos da Codern com o objetivo de padronizar a elaboração de relatórios
de fiscalização, bem como que determinem a emissão desses relatórios, com assinatura do
competente fiscal do contrato, previamente a cada medição de serviços, anexando-os aos
respectivos processos de pagamento.
i) Eventuais aditivos, quando necessários, têm sido celebrados com observância das
disposições e limites legais, de forma justificada?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.
j) As eventuais penalidades têm sido aplicadas, de acordo com a lei e observando o devido
processo?
Não avaliado. Não foram aplicadas penalidades considerando-se a totalidade dos contratos
da Codern no período.
k) A empresa pública apresenta em seu site as informações sobre todas as suas licitações e
sobre os contratos celebrados?
Adequado. Não foram detectadas desconformidades no referido aspecto.
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ANEXOS
I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Achado nº 1
[...]
“3. ANÁLISE
4. DOCUMENTOS RELACIONADOS
5. CONCLUSÃO
5.1. Considerando as variadas atribuições dos engenheiros que atuavam nas operações e
manutenções do Terminal Salineiro de Areia Branca (TERSAB) que ocorriam em paralelo às
obras de Engenharia em andamento, além da elevada responsabilidade de supervisionar e
orientar os aproximadamente 170 funcionários que laboravam no porto entre colaboradores
da CODERN, empregados terceirizados, usuários do porto, prestadores de serviços e equipes
das empreiteiras que realizavam obras simultâneas.
5.2. Considerando que o corpo técnico da CODERN é reduzido, demandando que os membros
da Comissão de Fiscalização do Contrato em tela também atuassem como fiscais de outros
três contratos de obras de Engenharia no TERSAB.
5.4. Apesar das dificuldades citadas, ao longo de todo o período de vigência do Contrato Nº
043/2021 a Comissão de Fiscalização buscou agir com diligência, retidão e responsabilidade
diante de seus deveres e atribuições, atuando de forma contínua e eficaz, de acordo com as
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condições e ferramentas a ela disponibilizadas, ainda que alguns aspectos da fiscalização
exercida eventualmente não tenham atingido o nível de profundidade almejado pela CGU.
5.7. Além da fiscalização in loco das obras e serviços executados por meio do Contrato, foram
realizados estudos e debates técnicos aprofundados sobre diferentes temas, gerando um
elevado número de documentos tais como Ofícios, Notificações, Notas Técnicas, Relatórios e
Mensagens de e-mail, por meio dos quais foi possível avaliar, corrigir e autorizar as medições
realizadas, desenvolver análises e efetuar cálculos que fundamentaram a concessão de
aditivos e de reajustamento de preço, examinar e aprovar projetos, comprovar a execução de
serviços, emitir alertas e solicitar esclarecimentos sobre o andamento das obras e outros
assuntos pertinentes ao Contrato, dentre outras ações.
[...]
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empresa contratada, bem como alguns atestes de medições, todos esses como anexos do
mencionado ofício, no intuito de demonstrar a ação da fiscalização sobre o contrato.
No corpo da Nota Técnica nº 02 (Anexo II), observa-se o relato de algumas notificações
emitidas pela fiscalização da Codern endereçadas à contratada. Essas notificações fazem
referência à modificação de critérios de medição, atrasos de obra, descompasso entre
cronogramas apresentados e reajuste de contrato.
Frise-se aqui, mais uma vez, que o achado não versou sobre ausência de atuação em matéria
contratual e administrativa, mas da ausência de evidência da prática constante da fiscalização
em campo.
Quanto aos outros seis expedientes enviados em anexo (anexo IV) do citado ofício
(“documentos”, “despachos”, etc.), verifica-se que três deles são referentes ao exercício 2023,
portanto, fora do escopo dos trabalhos de auditoria que geraram o Achado nº 1 deste
Relatório. Dos outros três, nota-se que um deles (Despacho nº 200/2021, de março/2022) é
relativo a atraso de início de obras e os outros dois (Documentos nº 4932321 e nº 4968809)
são relativos a visitas realizadas no galpão da metalúrgica Açolar, ocorridos, cada um, em um
único turno (vespertino) de um dia do mês de dezembro/2021.
Sobre os e-mails anexos ao ofício de manifestação (Anexo III), nota-se que são comunicações
entre a fiscalização da Codern e o engenheiro da contratada, concentradas entre janeiro e
maio de 2022. Tratam de assuntos diversos, e trazem, de fato, alguns apontamentos da
fiscalização sobre falhas técnicas específicas na execução dos serviços.
Em que pese alguns dos expedientes/comunicações trazidos como exemplo de atuação, de
fato, se tratarem de apontamentos de falhas técnicas e solicitações de correção na execução
dos serviços, é fato que não está demonstrado que essa prática é institucionalizada,
normatizada, sistemática e constante na instituição. A Codern não demonstrou ter relatórios
padronizados formais, nem um normativo que discipline a emissão, preenchimento e
periodicidade desses relatórios. Inclusive, os vários “documentos” enviados como anexos
nessa manifestação têm, cada um, tipo (despachos, documentos, notas técnicas), contexto e
formato diferentes. Ademais, não se verifica uma constância na emissão de tais peças ao
longo da execução da obra.
Assim, resta claro que a emissão desses expedientes de variados tipos e propósitos pela
Codern não tem se dado de forma constante e institucionalizada, mas sob demanda de alguma
questão pontual que venha a impor a necessidade de comunicação/notificação específica à
contratada. Dessa forma, ainda se sente a ausência de relatórios de acompanhamento e
fiscalização padronizados, formalizados e constantes sobre o andamento geral da obra, que
permitam, além da rastreabilidade da evolução da obra, a comprovação da atuação efetiva da
própria equipe técnica da Codern em campo.
Em outro ponto, a já mencionada Nota Técnica nº 02 também ensaia o entendimento acerca
de uma dispensa de responsabilidade da contratada (Cejen) em relação à fabricação das peças
estruturais produzidas por sua “subcontratada” Açolar. Afirma que a responsabilidade
contratual da Cejen se daria apenas sobre o serviço de “instalação” das peças, pois com base
no item 5.3.1 da Planilha orçamentária da obra, o serviço estaria descrito apenas como
“substituição de perfis”.
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O entendimento não se mostra razoável, tendo em vista que, em última análise, as peças que
serão substituídas ou instaladas, estarão integradas a todo o sistema estrutural final do
terminal e não devem prescindir da qualidade e correta execução na sua produção. E ainda,
nas próprias composições de preço dos serviços que compõem o item “Paramento – Quadro
de defensas” (5.3.1) citado na manifestação, pode-se citar como exemplo, o subitem
“Fabricação de perfil de aço “I” de 14” por 12” x ¾” (abas) x 1/2@” (alma) – 14 WF 78” (grifo
nosso), quantificado na planilha em 51,9 toneladas, representando 4,36% do orçamento. Isso
evidencia que o processo de fabricação da peça está incluso na respectiva composição. E assim
sucessivamente com os próximos subitens do item 5.3.1 que tratam da substituição (e
fornecimento) de peças metálicas.
Assim, mesmo deixando-se de lado eventual questão sobre a natureza jurídica do instituto da
“subcontratação”, a equipe de auditoria entende, conforme a boa prática, que a fiscalização
não deve se resumir ao ato da instalação da peça, mas também ao processo de sua
fabricação/produção, não só no intuito de garantir a integridade e conformidade dos
materiais por todo o processo de confecção, como para evitar erros, retrabalho e atrasos de
cronograma.
Nesse caso, pode-se inclusive fazer uma analogia com uma obra de pavimentação asfáltica,
em que a fiscalização desse tipo de contrato tem a responsabilidade de exigir e acompanhar
a realização dos ensaios de controle tecnológico dos produtos asfálticos não só na aplicação
na obra, como também na saída da usina e chegada ao canteiro, buscando garantir a
qualidade de todo o processo de execução do pavimento.
Por fim, deve-se ficar claro que a ação de fiscalização por parte da Codern, além de abranger
todas as etapas para a garantia da conformidade do produto, deve ocorrer de forma constante
e padronizada, com registro em Relatórios de Acompanhamento e Fiscalização
sistematizados, cujo formato, periodicidade, competência para emissão, devem estar
normatizados pela instituição.
Diante de todo o exposto, entende-se pela manutenção do achado no relatório, para que se
possa acompanhar a evolução e aperfeiçoamento da atividade de fiscalização pela Codern.
Achado nº 2
[...]
26
Primeiramente, a contratação efetuada objetivou aquisição de combustíveis por demanda,
com variação do consumo ao longo do contrato, portanto, inviabilizando a utilização de preços
fixos. Considerando a sazonalidade nos valores dos combustíveis, e seguindo orientação da
apostila “preço de referência em compras públicas” do TCU, buscou-se assegurar a utilização
de um índice oficial para o contrato.
Ademais, em conformidade com a Resolução ANP 58, a CODERN, à época da licitação, não se
classificava como grande consumidor, pois não possuía, em seu estabelecimento, instalações
aéreas ou subterrâneas com capacidade total de armazenagem de óleo diesel B igual ou
superior a 15 m3 (quinze metros cúbicos):
“XI - Grande Consumidor: pessoa física ou jurídica que possua, em seu
estabelecimento, instalações aéreas ou subterrâneas com capacidade
total de armazenagem de óleo diesel B igual ou superior a 15 m3
(quinze metros cúbicos), para funcionamento de:
a) Ponto de Abastecimento, exclusivo, autorizado pela ANP,
conforme regulamentação vigente; ou
b) equipamento fixo, exclusivo, como por exemplo, grupo gerador de
energia elétrica;
ou
c) Ponto de Abastecimento e equipamento fixo;” (grifos nossos)
Portanto, a contratação foi efetuada com base na classificação que a Companhia possuía (não
possuindo tanque 15 m3), tendo o ganhador da licitação, efetuado toda adequação da área
para recebimento do combustível, sem ônus adicionais para a CODERN. Segue discriminado
as adequações efetuadas pela empresa ganhadora:
· TANQUE DE ARMAZENAGEM
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SERVIÇO DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO PARA ENTREGA DE COMBUSTÍVEL
· MANUTENÇÃO DO SISTEMA
Assim, além do desconto ofertado pela empresa vencedora (em cima da tabela ANP), ela teria
de prestar/disponibilizar os itens/serviços acima descritos, se responsabilizando ainda por
todas as licenças e atividades referentes ao meio ambiente e normas regulatórias.
Esses itens/serviços, se realizados pela Companhia, ensejariam em muitos encargos e
regulações, dos quais não possuímos expertise, ensejando em contratações adicionais para
uma unidade que seria concedida à esfera privada. Ademais, ressaltamos que a empresa
vencedora, VIBRA (empresa do grupo PETROBRÁS) é um distribuidor de combustível e não
apenas um revendedor (https://www.vibraenergia.com.br/historia), possuindo a
envergadura necessária para um fornecimento sem interrupções.
Continuando, o relatório da CGU aponta ainda que o quantitativo estava definido em 500.000
litros, porém, se tratava de estimativa de consumo durante todo o contrato, do total estimado
foram consumidos 200.000 litros, totalizando R$ 1.447.496,00. Como forma de exemplificar,
após o fim do contrato, o qual encerrou-se antes da vigência prevista, a VIBRA está realizando
a descontaminação da área, sem ônus adicional para a CODERN. Portanto, a projeção do
quantitativo foi um atrativo para o êxito do certame, face aos custos adicionais que o licitante
vencedor teria.
Outro esclarecimento a prestar é que a CODERN se encontrava em processo de arrendamento
de seu terminal (TERSAB), e que, pelos termos apresentados pelo estudo de viabilidade do
Ministério supervisor, já deveria ter sido entregue ao arrendatário em junho/2022. A CODERN
foi acompanhamento mês a mês a questão da entrega do Terminal, e considerando o atraso
no repasse da unidade, conforme documentação anexa (PTO), houve a necessidade de
realização de nova licitação, em curto espaço de tempo, com o objetivo de manter o
abastecimento do Terminal Salineiro de Areia Branca (o qual pela relevância econômica para
o Estado é efetuada de forma ininterrupta), posto que ainda se encontrava sob
responsabilidade desta Companhia Docas.”
[...]
Com relação aos demais serviços necessários além do fornecimento de combustível, todos já
estavam previstos no edital, de maneira que não houve modificações supervenientes que
justificassem um acréscimo incerto para eventuais fornecedores. Assim, todas as condições
são expostas na busca de valor de mercado aos fornecedores, ou seja, a composição do preço
obtida já traria os custos de todos os serviços. A Unidade não fez uma estimativa de custos
desses serviços em uma composição de preço, não cabendo manifestar-se sobre o valor ideal,
sendo esses custos compreendidos em um levantamento adequado no mercado. Dessa
forma, a justificativa de que foi utilizado um valor de referência de revendedor motivado por
os outros serviços necessários, não se mostra adequada.
Sobre ser ou não grande consumidor, em que pese o especificado no regulamento citado, a
Unidade projetou a aquisição de 500.000 litros e adquiriu de fato 200.000 litros, segundo sua
afirmação, o que é um grande volume, apesar de sua classificação como consumidor. Dessa
forma, visando a busca da melhor proposta, não havia nenhum impeditivo de realização de
um levantamento de preços preciso junto a fornecedores específicos. Além disso, a própria
Unidade argumentou que foi contratada uma distribuidora por ter capacidade adequada para
realizar os demais serviços além do fornecimento de combustível, de maneira que
revendedores não teriam condição para tal. Portanto, os preços deveriam ser buscados junto
ao mercado de distribuidoras ou sistemas de referência de distribuidoras (por exemplo, preço
de referência da ANP para distribuidores).
Achado nº 3
[...]
“4.ANÁLISE
PONTO 7. Aspectos sobre licitações no regulamento interno da Codern inconsistentes com
a Lei n° 13.303/2016.
O Ponto foi subdividido em 3 (três) partes:
1. O procedimento identificado como Chamamento Público não está previsto na Lei
13.303/2016.
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Também não houve especificação no RILC das etapas deste procedimento, constituindo
ausência
importante para caracterização de normas a serem seguidas e de casos de aplicabilidade.
(...)
Por outro lado, o Chamamento Público volta a ser citado na subseção I (Do
Credenciamento),da seção IV (Das Hipóteses de Inexigibilidade de Licitação), do Capítulo IV
(DosProcedimentos de Contratação Direta) do RILC. A subseção referenciada trata
deprocedimento identificado como Credenciamento, sendo que nos seus artigos 164 e 165
estádescrito:
(...)
Ou seja, há uma caracterização do termo Chamamento Público como sendo uma etapa
doCredenciamento. Destaca-se que a Lei 13.303/2016 também não trata do
termoCredenciamento. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o
previstono inciso II do art. 143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II,
CapítuloI, Seção I, Art. 28, § 3º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:
(...)
Manifestação:
A fim de corrigir estas inconformidades foi providenciada a Alteração 1 ao RG.1012.01–
REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA CODERN, revisão 2.0, eliminando
o termo “Chamamento Público” nos Artigos 164, 165 e 166, substituindo-o pelo termo
“Credenciamento”.
Constatado que o termo “Credenciamento”, da maneira como estava descrito no Art. 163,
constituía também uma inconformidade, corroborando com o achado da CGU no Relatório
Preliminar de Avaliação onde, além de misturar com o termo “Chamamento Público”, ainda
caracterizava este termo como sendo uma etapa do “Credenciamento”. Através da mesma
Alteração 1, foi alterada a definição do termo “Credenciamento”, no Art. 163, na qual
definição o termo passa a ser entendido como um “Cadastramento prévio” aliado aos
“requisitos de habilitação atualizados”, isto é, não é um simples cadastramento, e é utilizado
para todos os tipos de aquisição. O Art. 163 passou a ter a seguinte redação:
“ Art. 163. O Credenciamento consiste num cadastramento prévio de potenciais fornecedores
com requisitos de habilitação atualizados, sendo essencial para aquisições de materiais, obras
e serviços, em especial, nos casos de contratação direta.”
(...)
2. Ocorre que há uma incompatibilidade do Credenciamento com o previsto no inciso II do art.
143 do RILC. Esta previsão é reprodução do existente no Título II, Capítulo I, Seção I, Art. 28, §
3º, inciso II,da Lei n° 13.303/2016, conforme descrito a seguir:
(...)
Assim, a oportunidade de negócio se refere a novas formas associativas e parcerias, não se
relacionando com aquisições de fornecedores de serviços rotineiros. As definições utilizadas
no RILC para Credenciamento não se enquadram nos parâmetros descritos. Divergente
disso, o Credenciamento é descrito no art. 163 do RILC como:
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(...)
Manifestação:
Constatado que o conteúdo do Art. 143, tratava de “oportunidade de negócio”, prevista no
Art. 28, § 4º, inciso II, da Lei n° 13.303/2016, referindo-se a “novas formas associativas e
parcerias, não se relacionando com aquisições de fornecedores de serviços rotineiros”,
aquisições estas que constituem a essência do RILC da CODERN, corroborando também com
o achado da CGU no Relatório Preliminar de Avaliação. A fim de corrigir esta inconformidade,
através da mesma Alteração 1 foi cancelado o Art. 143, seus Incisos I e II e seus parágrafos
primeiro, segundo e terceiro.
(...)
3. Outra situação de divergência encontrada entre os dois normativos é que no Capítulo IV,
Dos Procedimentos de Contratação Direta, Seção III, Art.148, do RILC da Codern consta:
...
Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 da Lei 13.303/2016 a Codern e/ou
APMC é dispensada da realização de licitação.
...
Já o Art. 29 da Lei n° 13.303/2016, a expressão utilizada é “dispensável a realização de
licitação” para um elenco de situações. A diferença no caso é que em havendo condições e
opção administrativa, é possível realizar licitação para as situações descritas, sendo que a
redação dada no RILC da companhia descreve como dispensa compulsória de licitação.
Manifestação:
Constatado que o conteúdo do Art. 148, além de referir-se apenas às hipóteses de dispensa
do Art. 29 da Lei nº 13.303/2016, realmente tornavam a dispensa de licitação como
compulsória naqueles casos, passando ao largo da regra básica nas aquisições que é a
existência de licitação, mantendo a competição, sempre que possível, e que a compra direta
é exceção a ser evitada, corroborando também com o achado da CGU no Relatório Preliminar
de Avaliação. Assim, para corrigir mais esta inconformidade foi providenciada, também
através da Alteração 1, a mudança da redação do Art. 148.
O Art. 148 do RILC da CODERN passou a ter a seguinte redação:
“Art. 148. Art. 148. Nas hipóteses taxativamente previstas no art. 29 daLei 13.303/2016 a
CODERN é dispensável da realização de licitação.”
5. DOCUMENTOS RELACIONADOS
5.1. RG.1012.01 - REGULAMENTO INTERNO DE LICITAÇÕES E CONTRATOS DA COMPANHIA
DOCAS DO RIO GRANDE DO NORTE (7073365)
5.2. IS.1012.002/2023 - Instrução de Serviço que altera o RG.1012.01 (7071338).
5.3. Portaria nº 77, de 26 de abril de 2023 (7066856).
6. CONCLUSÃO
Assim, segue a análise com a solução técnica de execução imediata de alterações no
Regulamento Interno de Licitações e Contratos da CODERN (RILC), ao mesmo tempo em que
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foi designada, através de Portaria, Comissão específica para efetuar revisão no Instrumento
Normativo como um todo. Esclareço que os normativos RG.1012.01 e IS.1012.002/2023
encontram-se publicados no SITE da CODERN (www.codern.com.br), em "GOVERNANÇA
CORPORATIVA" > "Políticas e Normas" > "NORMINST", listados por ordem alfa-numérica de
códigos e a Portaria nº 77 encontra-se no mesmo sítio NORMINST no título "II -
INSTRUMENTOS DECLARATÓRIOS (ID) COM CONTEÚDOS NORMATIVOS".”
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