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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Secretaria do Patrimônio da União


Exercício 2023

20 de dezembro de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA FAZENDA
Unidade Examinada: Secretaria do Patrimônio da União
Município – UF: Brasília – DF
Relatório de Avaliação: 1355827

20 de dezembro de 2023
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria. Objetiva também
avaliar a eficácia dos processos de governança, de gerenciamento de riscos e de
controles internos relativos ao objeto e à Unidade Auditada, e contribuir para o
seu aprimoramento. Especificamente, essa ação de controle visou avaliar o
andamento do Processo de Remição de Foro, no âmbito do Órgão Central e das
Superintendências Regionais selecionadas na amostra.

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POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO A auditoria teve como origem o Planejamento
REALIZADO Operacional 2023 da CGU, elaborado a partir do
mapeamento do universo de auditoria com base
PELA CGU? em riscos, o qual identificou o objeto de alienação
de bens imóveis da união como área prioritária a
O objeto do trabalho foi o
ser auditada. Dada a recente regulamentação dos
procedimento simplificado de
procedimentos e do cronograma da realização da
remição de foro de que trata o
remição de foro, a qual se enquadra no objeto em
Art. 102 do Anexo I do Decreto
questão, e o início dos procedimentos de
nº 9.745, de 15.05.1998, e
alienação, de fato, no exercício de 2022, foi
regulamentado pela Portaria
considerada oportuna e conveniente uma
SPU/ME nº 7.778, de
avaliação.
30.06.2021.
O escopo englobou análise da QUAIS AS CONCLUSÕES
normatização, do planejamento
e do monitoramento do
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS AS
programa por parte do RECOMENDAÇÕES QUE DEVERÃO
Secretaria do Patrimônio da SER ADOTADAS?
União (SPU), bem como a
execução local, por parte de Como resultado da auditoria, foi constatada ação
amostra de Superintendências da SPU na padronização do processo de remição
Regionais, abrangendo de foro mediante procedimento simplificado,
definição de imóveis elegíveis, bem como a seleção, a atualização cadastral, a
divulgação do programa, avaliação dos imóveis elegíveis e a concessão da
performance do aplicativo, remição de foro de acordo com o fluxo proposto
avaliação técnica e financeira e os normativos vigentes na amostra examinada.
dos imóveis elegíveis, valores No entanto, verificaram-se fragilidades na
para remição, registros no avaliação dos imóveis, especialmente, lacuna no
Sistema Integrado de processo de supervisão e revisão sobre
Administração Patrimonial - metodologias e cálculos efetuados pelas equipes
Siapa, pagamentos e emissão de técnicas das regionais da SPU. Identificou-se
certificados. deficiência no processo de divulgação da remição
de foro, o que pode ter contribuído para a baixa
demanda pelos foreiros dos imóveis elegíveis.
Ademais, não houve definição de resultados alvo
para o programa, mediante metas físico-
financeiras e indicadores, o que também pode ter
influenciado os baixos índices de remição de foro
atingidos entre 2021 e 2022.
Foram propostas recomendações estruturantes à
SPU para sanear as falhas anteriormente
reportadas.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CGATE Coordenação-Geral de Atendimento


CGCAV Coordenação-Geral de Avaliação e Contabilidade do Patrimônio
CGU Controladoria-Geral da União
FCT Fator Corretivo Total
MCDDM Método Comparativo Direto de Dados de Mercado
ME Ministério da Economia
PVG Planta de Valores Genéricos
RIP Registro Imobiliário Patrimonial no cadastro da SPU
Siapa Sistema Integrado de Administração Patrimonial
SFC Secretaria Federal de Controle Interno
SPU Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União
SPU-SC Superintendência do Patrimônio da União em Santa Catarina
SPU-SP Superintendência do Patrimônio da União em São Paulo
SPU-RJ Superintendência do Patrimônio da União no Rio de Janeiro
SPU-ES Superintendência do Patrimônio da União no Espírito Santo
SPU-PE Superintendência do Patrimônio da União em Pernambuco

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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7

RESULTADOS DOS EXAMES 9

1. Informações gerais sobre o processo de remição. 9

2. Fragilidades na supervisão da avaliação dos imóveis dos processos de remição de


foro. 11

3. Ausência de monitoramento sobre o percentual de foreiros notificados por AR sobre


o programa de remição de foro simplificado. 13

4. Planejamento insuficiente do programa de remição de foro via SPUApp, por falta de


definição de objetivos e resultados alvos, metas físico-financeiras e indicadores
estratégicos e operacionais. 15

5. Oportunidades de melhorias no processo de monitoramento da execução do


programa de remição de foro. 16

6. Baixo percentual de remições realizadas frente ao total de imóveis elegíveis do


programa de remição de foro simplificado. 17

RECOMENDAÇÕES 21

CONCLUSÃO 22

ANEXOS 23

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 23

II – COMPLEMENTAÇÃO DE DADOS AO ITEM 1 25

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INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho foi avaliar o procedimento simplificado de remição de foro de que
trata o Art. 102 do Anexo I do Decreto nº 9.745, de 15.05.1998 e regulamentado pela Portaria
SPU/ME nº 7.778, de 30.06.2021. Também foram utilizadas como critério de auditoria as
Instruções Normativas nº 03, nº 43 e nº 67 que definiram os procedimentos específicos de
operacionalização do processo de remição de foro.
Embora a unidade auditada seja a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), há que se ressaltar
que o escopo do trabalho não foi restrito tão somente a esta Unidade, sendo estendido,
mediante amostragem por critério de materialidade, às Superintendências Regionais da SPU
nos estados do Rio de Janeiro, de São Paulo, de Santa Catarina, do Espírito Santo e de
Pernambuco.
A remição de foro é a aquisição, por Pessoa Física ou Jurídica que seja foreiro, da parcela
correspondente a 17% do valor do terreno parcialmente pertencente à União para obter a
propriedade total do terreno. O objetivo principal da remição de foro é a desestatização de
ativos imobiliários da União. A Portaria SPU/ME nº 7.778/2021 regulamenta os procedimentos
e o cronograma para a realização da remição de foro mediante procedimento simplificado,
que pode ser realizado por intermédio do Aplicativo SPUApp, que deve ser baixado pelo
foreiro para habilitação ao processo de remição de foro.
A presente auditoria visou identificar a existência de procedimentos formalizados e avaliar a
adequação dos procedimentos realizados às normas estabelecidas, especialmente quanto à
elegibilidade, à revisão cadastral e à avaliação dos imóveis, assim como verificar a existência
de pontos de controle e de indicadores de desempenho que permitissem avaliar a eficiência
e a eficácia do processo.
O trabalho originou-se a partir da discussão e elaboração do Planejamento Operacional 2023
da CGU, mediante o mapeamento do universo de auditoria com base em risco. O
planejamento é o instrumento que estabelece prioridades e diretrizes para os trabalhos a
serem desenvolvidos pelas equipes de auditoria, considerando a missão, a visão e os objetivos
estratégicos da CGU e da Secretaria Federal de Controle Interno (SFC); o contexto e os desafios
atuais da administração pública federal; a necessidade de agregação de valor à gestão; as
atribuições legais da Secretaria; a conveniência e a oportunidade da avaliação; e os recursos
disponíveis à atividade de auditoria interna governamental, dentre outros.
O planejamento da presente auditoria foi realizado com base nos riscos inerentes mais
relevantes à eficiência do processo de remição de foro. Foram formuladas as seguintes
questões de auditoria de forma a orientar a definição dos testes a serem aplicados, tendo-se
como objeto o processo de remição de foro:
1) A avaliação dos imóveis para remição de foro foi realizada adequadamente de acordo com
a legislação, normas operacionais e metodologias aplicáveis?
2) A demanda por processos de remição de foro foi compatível com os objetivos e metas da
SPU?
3) O processo de remição de foro foi realizado com eficácia pela SPU e superintendências
regionais?

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O escopo englobou análise da normatização, do planejamento e do monitoramento do
programa por parte do Secretaria do Patrimônio da União (SPU), bem como a execução local,
por parte de amostra de Superintendências Regionais, abrangendo definição de imóveis
elegíveis, divulgação do programa, performance do aplicativo, avaliação técnica e financeira
dos imóveis elegíveis, valores para remição, registros no Sistema Integrado de Administração
Patrimonial (Siapa), pagamentos e emissão de certificados.
Para execução de testes específicos foram selecionados, por amostragem não probabilística,
25 imóveis de um total de 761 remidos, sendo cinco imóveis de maior materialidade, dentre
as cinco superintendências regionais de maior representatividade referente à remição de foro.
Os resultados da avaliação encontram-se organizados em achados de auditoria e foram
ordenados segundo a relevância materializando tanto as fragilidades identificadas quanto as
conformidades em relação aos aspectos avaliados, exceto o primeiro achado que contém
informações gerais sobre o objeto da auditoria. Na sequência, constam as recomendações a
serem implementadas pelo gestor federal para o saneamento das falhas identificadas. Por fim,
é apresentada a conclusão geral do trabalho, mediante respostas sucintas às questões de
auditoria que esta avaliação objetivou responder.

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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Informações gerais sobre o processo de remição.
Com o objetivo de responder à questão de auditoria nº 1: “A avaliação dos imóveis para
remição de foro foi realizada adequadamente de acordo com a legislação, normas
operacionais e metodologias aplicáveis?”, efetuou-se a avaliação dos procedimentos
efetivados no âmbito do processo de remição de foro, o qual foi considerado apropriado em
linhas gerais, conforme será relatado a seguir.

Utilizaram-se como referência a Lei n° 9.636, de 15.05.1998, e a Portaria SPU/ME Nº 7.778,


de 30.06.2021, quanto aos procedimentos e o cronograma relacionados ao processo. Além
disso, considerando que houve normatização por parte do Órgão Central da SPU para
regulação do processo de remição simplificado a ser seguido pelas Superintendências
Regionais, também se utilizaram como critério de auditoria as orientações do Ofício nº 231645
(18366371) referente à atualização cadastral e do Ofício Circular nº 4223 (19753002)
referente à atualização da planta de valores genéricos (PVG), além da Instrução Normativa
SPU nº 3, de 09.11.2016.

Com base nas Notas Técnicas elaboradas pelas Superintendências Regionais e aprovadas pelo
Órgão Central, foi constatado que as cinco Regionais da amostra seguiram as etapas do
processo de remição de foro a seguir previstas, definidas pelo Órgão Central da SPU,
constantes do Fluxo Geral, conforme figura 1 do Anexo II:

a) Seleção dos trechos;


b) Análise do enquadramento dos imóveis nos critérios previstos no inciso II do §6° do art. 16-
A e no inciso I do art. 16-C, da Lei n° 9.636/1998, tais como não estarem situados em faixas de
fronteira ou de segurança, estarem localizados em área urbana consolidada, etc.;
c) Revisão cadastral dos imóveis, mediante avaliação de endereços, de áreas do terreno e da
União, de número de testadas dos imóveis, dentre outros, com geração de nota técnica pelas
Superintendências Regionais e registro dos ajustes no Sistema Integrado de Administração
Patrimonial (Siapa);
d) Avaliação e atualização das Plantas de Valores Genéricos (PVG) e do Fator Corretivo Total
(FCT), nos trechos definidos no item “a”, com geração de nota técnica pelas regionais e
atualização no sistema Siapa; e
e) Submissão das notas técnicas às áreas técnicas do Órgão Central para análise e aprovação.

Os trechos nos municípios selecionados na amostra foram aprovados pela Secretaria da SPU
por intermédio dos seguintes documentos:

Nota Técnica SEI nº 46954/2021/ME (19087658) e Nota Técnica SEI nº 57881/2021/ME


(20745707), vinculadas ao processo SEI 19739.135289/2021-13, imóveis localizados em
trechos nos municípios de Barueri, Santos e São Paulo, todas no Estado de São Paulo;

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Nota Técnica SEI n° 54882/2021/ME (20311374), vinculada ao processo
SEI 19739.111116/2021-18, imóveis com valor de remição de até R$ 1.000.000,00, localizados
na Av. Atlântica, na cidade do Rio de Janeiro;
Nota Técnica SEI nº 56949/2021/ME (20624448), vinculada ao processo
SEI 19739.145201/2021-71, imóveis localizados em trechos nos municípios de Vitória (ES),
Recife (PE), Florianópolis (SC), Barueri (SP), Santana do Parnaíba (SP) e Santos (SP).
Após a aprovação dos trechos pela SPU, os registros no Siapa, e o encaminhamento via
correspondência postal aos foreiros dos imóveis elegíveis, o processo de remição simplificado
ocorreu via aplicativo SPUApp, ferramenta utilizada para notificação dos foreiros, registro de
interesse por parte deles e demais etapas.

Finalmente, quando da confirmação do pagamento, a Superintendência Regional faz a


expedição do Certificado de Remição para averbação no cartório de registro de imóveis
competente.

Atualização Cadastral

Quanto à etapa de revisão cadastral dos imóveis elegíveis realizada pelas regionais da
amostra, constatou-se obediência ao fluxo de atualização cadastral, desenhado na Figura 2 do
Anexo II.

Avaliação e Atualização da PVG

Quanto à forma de atualização da PVG dos imóveis elegíveis dos trechos objetos de remição
de foro simplificado, as regionais realizaram a revisão e a atualização da Planta de Valores
conforme orientação da SPU e seguindo a estrutura e o fluxo de atualização da PGV, disposto
nas figuras 3 e 4 do Anexo II.

Diferente das demais regionais que realizaram a atualização da PGV por tratamento científico,
utilizando-se do Método Comparativo Direto de Dados de Mercado (MCDDM), a
Superintendência Regional em Santa Catarina realizou a atualização dos valores da PGV a
partir da definição de um novo valor do terreno paradigma. O procedimento foi realizado
através da combinação do MCDDM e do chamado "Método Involutivo", em consonância com
o que preconiza a NBR 14653 (NBR-14.653-1/2019 e NBR-14.653-2/2011), e a Instrução
Normativa SPU nº 05/2018 (vigente à época).

Questionada pela auditoria da CGU quanto à regularidade da metodologia aplicada pela


Superintendência de Santa Catarina, a SPU, por meio da Coordenação-Geral de Avaliação e
Contabilidade do Patrimônio (CGCAV), entende que o referido estudo apresentado tem
pertinência e coerência técnica conforme regem os ditames da NBR 14653 e não necessitam
de maiores verificações quanto ao seu resultado final, uma vez que alinhados à solicitação
inicial da Instrução Normativa nº 3/2016.

Além da avaliação da conformação geral do processo de remição simplificado às normas,


examinou-se a regularidade processual da remição de 25 RIP amostrados (cinco por regional
selecionada) de um total de 761 imóveis remidos com pagamentos realizados.
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Para o conjunto dos 25 RIPs amostrados, foi constatada a atualização de valores e FCT no Siapa
em conformidade com as Notas Técnicas aprovadas pela SPU, a emissão do Certificado de
Remição após prévio pagamento dos valores de remição registrados no Siapa, de acordo com
o Art. 124 do Decreto-Lei nº 9.760, de 1946, inclusive com a identificação do número do DARF
de pagamento, conforme registrado no histórico cadastral no sistema Siapa dos imóveis da
amostra selecionada.
Respondendo de forma sucinta à questão de auditoria nº 1, conclui-se pela existência de
normas do Órgão Central relacionadas ao processo de remição de foro, pela conformidade
processual conduzida pelas Superintendências Regionais e pela realização de atualização
cadastral, de avaliação e de atualização da PVG, além do cálculo do valor de remição, do
pagamento e da emissão do Certificado de Remição, todos de acordo com os normativos e
orientações aplicáveis.

2. Fragilidades na supervisão da avaliação dos imóveis dos processos


de remição de foro.
Ainda objetivando responder à questão de auditoria nº 1, conforme critérios registrados no
item 1, embora o Órgão Central tenha definido normatização e fluxos para o processo de
remição e tenha sido constatada a conformidade processual pelas superintendências
regionais a esse regramento, foi constatada fragilidade na supervisão conduzida pelas áreas
técnicas da SPU e pelas instâncias regionais.
No âmbito das Superintendências Regionais, a atualização do cadastro, da PVG e do FCT dos
imóveis elegíveis para remição foi realizada pelas equipes técnicas, sem haver previsão de
supervisão técnica para avaliação da conformidade das metodologias aplicadas pelos
avaliadores, dos dados e das amostras coletados, dos cálculos e dos resultados, por instância
própria nas regionais ou no Órgão Central. Basicamente, as Notas Técnicas geradas pelos
avaliadores são submetidas para aprovação dos Superintendentes Regionais, sem antes
passar por uma instância interna revisora desses quesitos.
Para exemplificar, a Nota Técnica SEI nº 56345/2021/ME, referente à conclusão dos
procedimentos de atualização da Planta de Valores Genéricas pela Superintendência de Santa
Catarina, demonstra que a aprovação se resumiu a despachos do Coordenador e do
Superintendente, nos seguintes termos: “Coordenador: De acordo. Superintendente: Acolho
a manifestação técnica. Aprovo a etapa de atualização de avaliação.”
Por sua vez, conforme já relatado, em alinhamento ao fluxo estabelecido para o processo de
remição de foro, as notas técnicas elaboradas pelos avaliadores e aprovadas pelos
Superintendentes Regionais foram submetidas à aprovação do Órgão Central.
No entanto, não foram apresentadas evidências que demonstrem que o escopo de supervisão
empregado tenha contemplado rotina de avaliação das metodologias empregadas, dados
amostrados, cálculos e resultados.
Para exemplificar, destaca-se a Nota Técnica nº 56949/2021/ME, elaborada pelas
Coordenações-Gerais de Atendimento e de Avaliação e Contabilidade do Patrimônio,
referente à autorização para remição de foro mediante procedimento simplificado em trechos

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nos municípios de Vitória (ES), Recife (PE), Florianópolis (SC), Barueri (SP), Santa do Parnaíba
(SP) e Santos (SP).
O teor desse documento apresenta um sumário executivo, descrevendo as etapas já
realizadas dentro do processo. No que se refere ao Estudo Técnico para Atualização da Planta
de Valores Genéricos dos Imóveis da Etapa 2, faz citação às Notas Técnicas elaboradas pelas
superintendências regionais. Quanto às avaliações realizadas, o único destaque efetuado
refere-se ao prazo máximo de validade das avaliações de doze meses. Não existe qualquer
avaliação, comentário ou ressalva em relação às metodologias aplicadas, dados amostrados,
cálculos e resultados.
A aprovação evidenciada é sumária por meio de despacho eletrônico das diretorias envolvidas
e pela Secretária da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União (SPU).
A temática foi objeto de questionamento por meio da Solicitação de Auditoria nº 10 e o teor
da manifestação do Órgão Central da SPU, por meio da Coordenação Geral de Avaliação e
Contabilidade (CGCAV), conforme Nota Técnica SEI nº 1355827, corrobora a conclusão da
auditoria de que houve fragilidade no processo de supervisão técnica das avaliações
realizadas.
A referida Nota Técnica informou, em resumo, que:
- não houve nenhuma informação específica ou diferente dos Normativos já apresentados,
tratados no âmbito da área de Avaliação de Imóveis para a realização de trabalho técnico
referente para remição de foro nas localidades prioritariamente constituídas;
- todos os normativos específicos para elaboração de plantas de valores ou qualquer outro
tipo de avaliação (seja avaliação de em massa ou de imóveis individuais) é tratado de forma
mais abrangente pela NBR 14653 e suas partes que é a Norma Brasileira de Referência para
avaliação de Imóveis, que em suas partes 1 e 2 trata especificamente de Avaliação de imóveis
Urbanos;
- todos os normativos estabelecidos pela SPU, mesmo que anteriores à data referência do
processo, assim como a Lei nº. 14.011, de 10.06.2020, e Instrução Normativa SPU/ME nº 67
de 20.09.2022 (mais recente), não estabelecem metodologia diferente da encontrada na NBR
14653 para tratamento de informações sobre Avaliação de Imóveis;
- em virtude da peculiaridade apesentada por todas as Superintendências Regionais da SPU,
não há como se adotar um norteador único para a avaliação dos imóveis;
- compete aos avaliadores das Unidades Regionais a adoção de melhores práticas para análise
de viabilidade das metodologias empregadas, de acordo com a dificuldade ou complexidade
dos trabalhos encontrados;
- a SPU, por meio de sua Coordenação Geral de Contabilidade e Avaliação, apresenta, em
todos os eventos (seminários, workshops e congressos), soluções para trabalhos com o
assunto Planta de Valores Genéricas, com a apresentação de estudos de caso, teses e
trabalhos elaborados pelos servidores da SPU para todas as Unidades da Federação.

Em suma, a unidade registrou que a avaliação dos imóveis (PVG, FCT e outros) deve seguir os
normativos, manuais e orientações expedidos pela SPU e gerais (NBR), seja para processo de
remição de foro ou para outras finalidades (taxa de ocupação, por exemplo) e que a escolha
da metodologia de avaliação depende do julgamento do avaliador diante do caso concreto.
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A manifestação ainda descreve a avaliação sobre as metodologias empregadas no âmbito das
superintendências; no entanto, foram produzidas a posteriori, em resposta à SA nº 10, e não
na ocasião da aprovação das Notas Técnicas.
A causa da fragilidade apontada deve-se a falta de previsão normativa de etapa de supervisão
sobre as avaliações por instância local, bem como de modelo de supervisão técnica a ser
empregado pela área técnica do Órgão Central da SPU.
Ressalte-se que, no caso de processo de remição de foro, após o pagamento e a emissão do
certificado de remição do imóvel, qualquer incorreção na avaliação do imóvel não pode ser
mais desfeita, situação em que eventual valor a menor apurado não pode ser revertido ou
cobrado do titular do imóvel.
Em contrapartida, em avaliação de imóvel para determinação da taxa de ocupação, por
exemplo, que tem menor materialidade em comparação à remição de foro, eventual
imprecisão poderia ser objeto de correção, cessando prejuízos futuros para a Administração.
Nesse sentido, parece ser plenamente justificável a existência de processo de revisão ante a
materialidade envolvida nos processos de remição e a impossibilidade de reversão ou
cobrança de valores a menor perante o titular do imóvel.
Complementando a resposta à questão de auditoria nº 1, em que pese a adequação
processual relatada no item 1, não existe, na rotina estabelecida pelas regionais ou pelo órgão
central, evidência de etapa de revisão da atualização dos imóveis executada pelos avaliadores.
Essa lacuna na supervisão pode impactar a qualidade e precisão das avaliações, sublinhando
a necessidade de implementar procedimentos efetivos de revisão e controle para assegurar a
integridade e consistência dos processos de avaliação de imóveis.

3. Ausência de monitoramento sobre o percentual de foreiros


notificados por AR sobre o programa de remição de foro simplificado.
Como parte dos procedimentos aplicados para responder à questão de auditoria nº 2: “A
demanda de processos de remição de foro foi compatível com os objetivos e metas da SPU?”,
procurou-se avaliar se a ação foi adequadamente divulgada e alcançou os potenciais foreiros
dos imóveis, bem como identificar os resultados alcançados relacionados ao tema.
Como critério de avaliação utilizou-se o Art. 102 da Instrução Normativa SPU nº 03, de
09.11.2016, alterada pela Portaria nº 7.890, de 01.07.2021.
O Órgão Central da SPU, por meio da Nota Técnica SEI nº 21028/2023/MGI, destaca que a
divulgação do processo de remição de foro mediante procedimento simplificado foi realizada
por intermédio do envio de correspondências postais, com aviso de recebimento,
encaminhadas aos foreiros responsáveis pelos imóveis aprovados, conforme disposto no art.
6º da Portaria SPU/ME nº 7.778, de 30.06.2021 e no art. 107-D da Instrução Normativa SPU
nº 03/2016.
No entanto, de um total de 14.569 mil imóveis elegíveis para remição de foro, a SPU não soube
informar quantos foram efetivamente notificados por AR, o que se considera uma falha no
processo de divulgação. De acordo com o SPUApp, apenas 1.636 baixaram o aplicativo de

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remição de foro, sendo que, desses, 1.550 foram notificados pelo aplicativo, conforme Art.
107-E da Portaria Nº 7.890/2021.
Art. 107-E. O foreiro que baixar o aplicativo na forma do art. 107-C será
automaticamente notificado por intermédio de mensagem eletrônica,
disponibilizada pelo aplicativo SPUApp (Anexo XXX), e manifestará ciência do seu
recebimento mediante emissão de aceite em campo específico do aplicativo. (art.
107-D da IN 03/2016)

Figura 1: Acompanhamento da Remição de Foro

Fonte: Painel SPU de Acompanhamento da Remição de Foro.

Embora o processo de remição de foro simplificado e o uso do aplicativo SPUApp tenha


agregado simplificação burocrática e agilidade para o cidadão, a estratégia de comunicação
poderia ser mais eficiente, indo além de controlar os avisos de recebimento, e considerar
alternativas, como publicidade em redes sociais direcionadas por localização, comunicação
para a administração dos condomínios afetados, jornais de maior veiculação local (Art. 102 IN
03/2016) ou outras opções mais eficazes de comunicação.
A estratégia de comunicação possibilitaria, ainda, uma etapa de feedback dos foreiros para
entender melhor sua decisão em relação à remição de foro buscando melhorias para as
próximas edições.
O normativo regulatório do processo simplificado de remição de foro não estabeleceu fluxo
de monitoramento sobre a taxa de notificação aos foreiros, de forma a corrigir
tempestivamente a estratégia de comunicação e garantir a ciência do processo.
A ausência de monitoramento do processo de divulgação e de medidas corretivas pode ter
comprometido o alcance do programa de remição de foro simplificado. Foi informado pela
SPU que a necessidade de automatização do processo de tratamento dos AR recebidos foi
identificada ainda no exercício de 2021 e que foi encaminhada solicitação de desenvolvimento
de funcionalidade ao Serviço Federal de Processamento de Dados, por intermédio da
Demanda 2915616 – Implantar funcionalidade para tratar os AR devolvidos pelos Correios,
relativo ao processo de remição de foro. Entende-se, portanto, que a SPU já adotou
providências para o equacionamento da impropriedade, apesar de, até dezembro de 2023,
ainda não ter sido possível a implementação da funcionalidade.

Respondendo de forma sucinta a questão de auditoria nº 2, a divulgação do processo de


remição de foro na forma simplificada foi insuficiente e ineficiente, por não controlar os avisos
de recebimento das correspondências postais de forma a corrigir tempestivamente a

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estratégia de comunicação com o interessado, garantindo a ciência do processo e ampliando
a participação dos foreiros dos imóveis.

4. Planejamento insuficiente do programa de remição de foro via


SPUApp, por falta de definição de objetivos e resultados alvos, metas
físico-financeiras e indicadores estratégicos e operacionais.
Como parte dos procedimentos aplicados para responder à questão de auditoria nº 3: “O
processo de remição de foro foi realizado com eficácia pela SPU e superintendências
regionais?”, procurou-se avaliar se o processo de remição de foro atingiu os objetivos
propostos pela SPU.
Como critério de avaliação utilizaram-se as melhores práticas de gestão de projetos com a
definição de objetivos, metas e indicadores que deveriam constar no planejamento do
programa.
O programa de remição de foro simplificado foi implementado sem a estruturação de alvos a
serem atingidos, com ausência de definição de objetivos e metas físico-financeiras, assim
como de indicadores estratégicos e operacionais, prejudicando significativamente os
resultados do programa.
A falta de definição de objetivos, metas e indicadores representou uma séria lacuna no
programa, tornando inviável o monitoramento do seu desempenho e prejudicando a
capacidade do gestor de ajustar estratégias e planos tático-operacionais com o intuito de
melhorar a eficácia do programa. Essa ausência comprometeu a capacidade de
acompanhamento contínuo do programa durante a sua execução, bem como a avaliação de
seu ciclo e a implementação de correções ao longo do processo e melhorias posteriores.
É imprescindível a adoção dessas boas práticas de gestão por várias razões: dar direção ao
projeto, ajudar na priorização, permitir a medição, avaliação e tomada de decisão, definir
responsabilidades, melhorar a comunicação, gerenciar melhor os riscos e permitir melhoria
contínua.
O Órgão Central da SPU, por meio da Nota Técnica SEI nº 21028/2023/MGI, destaca que não
foram estabelecidos indicadores nem foram definidas metas físicas e financeiras,
considerando o ineditismo do processo e a necessidade de se implementar pilotos em várias
regiões do país, de forma a se validar a sistemática e identificar eventuais possibilidades de
melhoria no processo.
A ausência de resultados alvos para o programa pode ter sido um fator determinante para o
baixo percentual de imóveis remidos, que atingiu apenas 5,22% do universo de imóveis
elegíveis para a remição de foro, conforme detalhado no item 6.
A falta de metas e objetivos pode ter levado a uma implementação do programa sem um
direcionamento eficaz, sem referenciais para direcionar os esforços dos gestores responsáveis
pela condução do programa, o que, por sua vez, dificulta a obtenção de resultados
significativos.

15
Respondendo de forma sucinta à questão de auditoria nº 3, há prejuízo quanto a avaliação da
eficácia do processo uma vez que não houve definição de objetivos, metas e indicadores para
o programa de remição de foro.

5. Oportunidades de melhorias no processo de monitoramento da


execução do programa de remição de foro.
Como parte dos procedimentos aplicados para responder à questão de auditoria nº 3: “O
processo de remição de foro foi realizado com eficácia pela SPU e superintendências
regionais?”, procurou-se avaliar se o processo de remição foi monitorado, corrigido e avaliado
pela SPU.
Como critério de avalição utilizaram-se as melhores práticas de gestão de projetos com a
medição do desempenho e correção de ações para permitir o alcance dos objetivos do
projeto, bem como o art. 11º da Instrução Normativa Conjunta MP/CGU nº 01/2016.
A auditoria identificou que a SPU não dispõe de instrumentos e ferramentas que materializam
o monitoramento da remição de foro, como relatórios periódicos de resultados, análises de
situações inesperadas, elaboração de planos de melhorias decorrentes do monitoramento
realizado.
Esse monitoramento, além de documentar a atuação preventiva da SPU, permitiria a adoção
de ações corretivas e os seus resultados seriam utilizados como aprendizado e melhoria
contínua em novas rodadas do programa.
O Órgão Central da SPU, por meio da Nota Técnica SEI nº 21028/2023/MGI, destaca que o
processo era acompanhado diariamente pela Coordenação-Geral de Atendimento (CGATE) e
semanalmente pelos Gabinetes da SPU e da extinta Secretaria Especial de Desestatização,
Desinvestimento e Mercados (SEDDM), com base no Painel de Remição de Foro, não sendo
necessária a elaboração de relatórios, considerando que os dados atualizados eram
consultados de forma online. Além disso, informou que o andamento dos trabalhos das
Superintendências era realizado por meio de pontos de controle mensais, que contava com a
participação das áreas responsáveis pelos processos na SPU.
Em que pese a boa iniciativa de construção do Painel de Remição de Foro e o
acompanhamento por meio da ferramenta, conforme resposta da SPU acima, foram
identificadas oportunidades de melhoria nesse processo.
A causa para as lacunas no monitoramento, além da própria falta de definição de objetivos,
metas e indicadores discutida no item 4, pode estar associada à carência de normatização de
fluxos, rotinas e instrumentos de monitoramento para o programa.
O modelo do monitoramento implementado pelos gestores pode ter contribuído para os
resultados pouco significativos de imóveis remidos, assunto tratado no Achado 6.
Complementando a resposta à questão de auditoria nº 3 constante do item 4, houve prejuízo
quanto a avaliação da eficácia do processo uma vez que não foi instituído monitoramento que
permitisse ajustes nos procedimentos adotados.

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6. Baixo percentual de remições realizadas frente ao total de imóveis
elegíveis do programa de remição de foro simplificado.
Ainda como parte dos procedimentos aplicados para responder à questão de auditoria nº 3:
“O processo de remição de foro foi realizado com eficácia pela SPU e superintendências
regionais?”, procurou-se avaliar os resultados alcançados pela remição de foro via SPUApp em
âmbito nacional e regional.
A análise inicial remete para uma comparação entre o potencial do programa de remição de
foro e os resultados alcançados pelo programa, conforme dados do Painel de Remição de
Foro, disponibilizado pela SPU, para os quais foram criadas visualizações pela equipe de
auditoria.
O número total de imóveis enquadrados para realização da remição de foro mediante
procedimento simplificado foi de 14.569, cujo valor total dos imóveis com desconto seria de
R$ 396.851.052,00, conforme Figura 2 a seguir, distribuído pelas UF referenciadas nas Notas
Técnicas.
Figura 2: Potencial da Remição de Foro

Fonte: Gráficos criados pela equipe de auditoria a partir dos dados do Painel SPU.

Conforme determinado em portaria, foram encaminhadas as correspondências postais com


aviso de recebimento (AR) para os foreiros, para as quais, conforme já relatado neste
relatório, não foi realizado controle dos efetivos recebimentos.
De forma simplificada, seriam as seguintes as etapas do fluxo de remição de foro pelo
procedimento simplificado no SPUApp:
• O foreiro, tendo conhecimento do processo, faz o download do aplicativo SPUApp,
valida os dados dos imóveis vinculados ao seu CPF e consulta eventuais débitos
patrimoniais.
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• Após o pagamento dos débitos, o usuário recebe mensagem quanto à disponibilização
da Notificação de Remição de Foro.
• Em seguida, o usuário recebe a notificação e manifesta interesse (em até trinta dias da
ciência da notificação) e paga o DARF com desconto de 25% à vista (em até sessenta
dias da ciência da notificação) para recebimento do Certificado de Remição de
Aforamento, necessário para averbação no respectivo cartório de registro de imóveis.
Conforme se vê na Tabela 1 a seguir, consta, na coluna “C” (que contém a contagem de
notificações via aplicativo SPUApp), que foram enviadas notificações para apenas 10,65% dos
potenciais foreiros, referentes a 1.552 imóveis, frente ao potencial de 14.569 imóveis
elegíveis, constantes na coluna “B”. Esses dados indicam uma falha na comunicação com o
interessado, já abordado no achado nº 3 e a necessidade de melhoria do processo de
monitoramento do programa, já relatado no achado nº 5.
Em seguida, vê-se que a notificação foi recebida pelos proprietários de 901 imóveis, que
corresponde a 58% dos que receberam a notificação. Na etapa seguinte, houve manifestação
de interesse por 829 foreiros (92% dos que receberam a notificação), dos quais, 761 pagaram
a remição (91% dos que manifestaram interesse). Assim, apenas 5,22% dos imóveis
enquadrados no programa foram remidos.
Tabela 1: RIP por Etapa
[E]Contagem do [G]%
[B]Contagem [D]Contagem do [F]Contagem
[C]Contagem Aceite da Realizado
[A]UF de RIP Recebimento da do Pagamento
da Notificação Manifestação / Qtd
Potencial Notificação da Remição
de Interesse Total
AL 547 47 20 20 18 3,29%
BA 109 11 6 6 6 5,50%
CE 233 23 20 20 17 7,30%
ES 484 59 16 12 11 2,27%
PB 64 8 3 3 3 4,69%
PE 413 34 14 12 12 2,91%
PI 82 9 6 5 5 6,10%
PR 28 6 6 6 6 21,43%
RJ 6.282 692 461 434 403 6,42%
RN 35 3 1 1 1 2,86%
SC 1693 143 64 54 44 2,60%
SE 500 77 38 34 29 5,80%
SP 4.063 440 246 222 206 5,07%
TO 36 0 0 0 0 0,00%
5,22%
Total 14.569 1552 901 829 761
[=F/B]
[=B] 100% [=C/B] 10,65% [=D/C] 58,05% [=E/D] 92,01% [=F/E] 91,80%
Fonte: Tabela criada pela equipe de auditoria a partir dos dados do Painel SPU.

A soma do valor da remição recebido referente a esses 761 imóveis foi de R$ 13.304.247,25,
que representa, apenas, 3,35% do potencial do programa. Os números de imóveis e a soma
dos valores recebidos por UF estão constam do gráfico a seguir:

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Figura 3: Pagamento da Remição de Foro

Fonte: Gráficos criados pela equipe de auditoria a partir dos dados do Painel SPU.

Os percentuais de valores recebidos com as remições por UF podem ser consultados na Tabela
2 abaixo:
Tabela 2: RIP por Etapa
Soma de Valor Total
Soma de Valor de Remição % Valor Recebido
UF Potencial de Remição com
Recebido (Total) / Valor Total
Desconto

AL R$ 2.782.800,41 R$ 46.360,99 1,67%


BA R$ 136.511,22 R$ 6.822,05 5,00%
CE R$ 7.201.128,92 R$ 302.279,65 4,20%
ES R$ 13.812.062,82 R$ 177.784,91 1,29%
PB R$ 759.675,71 R$ 23.410,42 3,08%
PE R$ 20.011.467,13 R$ 262.576,04 1,31%
PI R$ 787.495,12 R$ 45.120,31 5,73%
PR R$ 127.428,51 R$ 26.752,50 20,99%
RJ R$ 215.011.389,20 R$ 8.833.491,72 4,11%
RN R$ 247.461,28 R$ 7.081,34 2,86%
SC R$ 71.459.622,53 R$ 1.398.114,09 1,96%
SE R$ 3.980.983,70 R$ 118.076,18 2,97%
SP R$ 60.381.594,42 R$ 2.056.377,05 3,41%
TO R$ 151.430,80 R$ - 0,00%
Total R$ 396.851.051,77 R$ 13.304.247,25 3,35%
Fonte: Dados do Painel SPU | Tabela criada pela equipe de auditoria.

A baixa taxa de imóveis remidos pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo a falta de
metas físico-financeiras e indicadores para o programa, problemas na divulgação do

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programa, modelo de monitoramento insuficiente adotado pelo Órgão Central e as lacunas
de normatização, conforme discutido nos achados 3, 4 e 5.
Completando a análise quanto à questão de auditoria nº 3, constata-se que o programa
obteve baixo percentual de remições realizadas frente ao seu potencial e baixo volume
arrecadatório aos cofres públicos, o que comprometeu a eficácia do processo se for
considerado o potencial existente. Devido ao desconto concedido e o processo simplificado
via aplicativo, esperavam-se melhores resultados, sendo necessários ajustes e melhorias para
diminuir os gargalos, melhorar a comunicação com os foreiros e aumentar o número de
interessados.

20
RECOMENDAÇÕES
1. Normatizar e implantar, no fluxo de remição de foro, etapa de revisão local e/ou
Central das metodologias, dos cálculos e dos valores obtidos pela equipe técnica
quando da avaliação dos imóveis (PGV e FCT), tendo em vista a materialidade
envolvida e impossibilidade de recuperação de prejuízos pós emissão de certificado de
emissão de aforamento.

Achado nº 2

2. Solicitar ao Ministério, de forma fundamentada, a elaboração de plano de


comunicação estratégico como medida para potencializar os programas conduzidos
pela SPU, contemplando canais em redes sociais direcionados ao público-alvo, bem
como outras opções eficazes de comunicação.

Achado nº 3

3. Estabelecer procedimento estruturado que preveja, anualmente, quais os serviços


priorizados e seus objetivos, suas metas físico-financeiras e seus indicadores e que
preveja a divulgação interna para as Superintendências da SPU.

Achado nº 4

4. Estabelecer procedimento para monitoramento sobre a execução do planejamento


dos serviços priorizados, documentando os eventos de acompanhamento,
formalizando planos de ação de medidas corretivas, relatórios e boletins de progresso
dos serviços priorizados e de medidas corretivas implementadas, entre outros.

Achado nº 5

21
CONCLUSÃO
Do trabalho realizado, pode-se concluir, frente às questões de auditoria propostas:
Questão de auditoria 1 - A avaliação dos imóveis para remição de foro foi realizada
adequadamente de acordo com a legislação, normas operacionais e metodologias aplicáveis?
Como registrado nos achados nº 1 e nº 2, constata-se que o processo de atualização cadastral
e de avaliação dos imóveis para remição de foro foi realizado de forma padronizada, seguindo
os normativos vigentes e as orientações do Órgão Central. No entanto, verificaram-se
fragilidades na supervisão e revisão da metodologia, amostras e dos cálculos efetuados na
atualização da PGV e FCT.
Questão de auditoria 2 - A demanda por processos de remição de foro foi compatível com os
objetivos e metas da SPU?
Como registrado no achado nº 3, a ausência de monitoramento sobre os AR das
correspondências postais encaminhadas aos foreiros informando sobre a remição de foro via
aplicativo SPUApp interferiu negativamente no processo. Entendeu-se que essa informação
poderia servir de insumo para que, junto com os dados disponíveis no Painel de Remição de
Foro, os gestores do programa pudessem decidir quanto à melhor estratégia de comunicação
com os possíveis interessados e elaborar um plano de ação para melhoria dos resultados.
Questão de auditoria 3 - O processo de remição de foro foi realizado com eficácia pela SPU e
superintendências regionais?
Como registrado no achado nº 4, não houve definição de objetivos, metas e indicadores para
o programa de remição de foro via SPUApp, o que prejudicou o acompanhamento, o
direcionamento do programa e os resultados.
Além disso, de acordo com o achado nº 5, apesar de ter sido realizado o acompanhamento
das etapas do programa via Painel de Remição de Foro, foram encontradas oportunidades de
melhoria no seu monitoramento, como a definição de métricas, elaboração de
relatórios/boletins do progresso do programa, entre outros.
Por fim, o achado nº 6 aponta o baixo percentual de remições realizadas frente ao potencial
de imóveis elegíveis, com apenas 5,2% dos imóveis remidos e 3,3% de valor arrecadado.

22
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Por intermédio do OFÍCIO SEI Nº 152476/2023/MGI, a Secretaria do Patrimônio da União
apresentou manifestação acerca da Recomendação 2 constante do Relatório Preliminar, a
qual relaciona-se ao Achado nº 3 constante do presente relatório. Acerca dos Achados nº 2,
nº 4, nº 5 e nº 6, não foram apresentados esclarecimentos adicionais, permanecendo,
portanto, os entendimentos já relatados.

Achado nº 3
Ausência de monitoramento sobre o percentual de foreiros notificados por AR sobre o
programa de remição de foro simplificado.

Manifestação da unidade auditada


"1. Em atenção ao Relatório Preliminar - Auditoria 1355827 - SFC, que dispõe sobre a avaliação
do processo de remição de foro conduzido pela SPU, e em observância à Reunião de Busca
Conjunta de Soluções, realizada entre a Secretária do Patrimônio da União - SPU e a
Controladoria-Geral da União - CGU, em 11/12/2023, em relação à proposta de
Recomendação nº 2 (Normatizar e implantar monitoramento do percentual de recebimento
de AR sobre os avisos de recebimento das correspondências postais), apresentamos as
seguintes considerações:

I. No ano de 2021, no decorrer do processo de remição de foro mediante procedimento


simplificado pelo SPUApp, identificou-se a necessidade de automatização do processo de
tratamento dos ARs recebidos dos Correios.

II. Em decorrência dessa possibilidade de melhoria, foi apresentada solicitação para


desenvolvimento de funcionalidade ao Serviço Federal de Processamento de Dados - SERPRO,
por intermédio da Demanda 2915616 – Implantar funcionalidade para tratar os ARs
devolvidos pelos Correios, relativo ao processo de remição de foro, no Sistema Integrado de
Administração Patrimonial, no entanto, a solução ainda não foi desenvolvida, em função da
necessidade de priorização de outras demandas, inclusive decorrentes de decisões judiciais.

III. Com as alterações ocorridas na estrutura dos Ministérios, a partir de janeiro de 2023 a SPU
passou a ser subordinada ao Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos,
incorrendo em alterações na estratégia de atuação da SPU, que priorizou outras ações em
decorrência da mudança do planejamento estratégico, para alinhamento às novas diretrizes
estabelecidas pelo Governo Federal.

IV. Dessa forma, a priorização do desenvolvimento e implantação da solução será definida


dentro do Plano de Transformação Digital da SPU, que atualmente encontra-se em fase de
elaboração.

23
V. Ressaltamos que a solução disposta na supracitada Recomendação não se aplicaria, nesse
momento, a outros processos correlatos da SPU, considerando que na Grande Emissão os
DARFs são enviados aos responsáveis pelos imóveis para pagamento por meio de
correspondência simples, sem o Aviso de Recebimento - AR, bem como que já existe
sistemática de acompanhamento dos ARs enviados/devolvidos dentro do processo da Grande
Notificação, inclusive com painel de acompanhamento dos débitos notificados por AR.

2. Feitas essas considerações, entendemos como atendidas as ações propostas no texto da


Recomendação nº 2 do Relatório Preliminar - Auditoria 1355827 - SFC, razão pela qual
pedimos a exclusão desse quesito do Relatório Final a ser elaborado pela CGU.”

Análise da equipe de auditoria


Do exposto, entende-se desnecessária a emissão da recomendação nº 2 prevista no Relatório
Preliminar, posto que a Unidade já adotou as providências cabíveis. O texto do Achado nº 3
será ajustado informando as ações já adotadas, a recomendação nº 2 do Relatório Preliminar
será excluída e as demais recomendações renumeradas, tendo os seus respectivos textos
ajustados conforme acordado na Reunião de Busca Conjunta de Soluções realizada em
11.12.2023.

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II – COMPLEMENTAÇÃO DE DADOS AO ITEM 1
Figura 4: Fluxo Geral da Remição de Foro

Fonte: Apresentação Remição de Foro pelo Procedimento Simplificado – Piloto Fase 2

Figura 5: Fluxo de Atualização Cadastral

Fonte: Apresentação Remição de Foro pelo Procedimento Simplificado – Piloto Fase 2

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Figura 6: Estrutura de Atualização da PGV

Fonte: Apresentação Remição de Foro pelo Procedimento Simplificado – Piloto Fase 2

Figura 7: Fluxo de Atualização da PGV

Fonte: Apresentação Remição de Foro pelo Procedimento Simplificado – Piloto Fase 2

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