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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 1

Relatório ainda não apreciado pelo TCU

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO

TC 006.576/2012-5 Fiscalização 231/2012

DA FISCALIZAÇÃO
Modalidade: conformidade
Ato originário: Acórdão 367/2012 - Plenário
Objeto da fiscalização: Construção das tubovias do Comperj
Funcionais programáticas:
• 25.753.2022.12O9.0033/2012 - Implantação de Refinaria no Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro, com Capacidade Nominal de 150 mil bpd (RJ) - No Estado do Rio de Janeiro
• 25.662.2055.14LD.0033/2012 - Construção de Unidades de Produção de Petroquímicos de 1ª e 2ª
Geração do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ (RJ) - No Estado do Rio de
Janeiro
Tipo da obra: Obras Especiais

Período abrangido pela fiscalização: 23/12/2010 a 13/4/2012


DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO
Órgão/entidade fiscalizado: Petróleo Brasileiro S.A. - MME
Vinculação (ministério): Ministério de Minas e Energia
Vinculação TCU (unidade técnica): 9ª Secretaria de Controle Externo
Responsável pelo órgão/entidade:
nome: Maria das Graças Silva Foster
cargo: Presidente da Petróleo Brasileiro S.A. - MME
período: a partir de 13/2/2012
Outros responsáveis: vide rol na peça:
MATRIZ DE RESPONSABILIZAÇÃO
PROCESSO DE INTERESSE
- TC 006.576/2012-5
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RESUMO

Trata-se de auditoria realizada no Petróleo Brasileiro S.A. - MME, no período


compreendido entre 7/3/2012 e 11/5/2012.
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de construção da tubovia do
Comperj. A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
2 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
3 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os
valores de mercado?
4 - A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
Esse trabalho está em conformidade com as NAT - Normas de Auditoria do TCU. Para a
sua realização foram seguidas as diretrizes do roteiro de auditoria de conformidade, sendo utilizadas as
seguintes técnicas de auditoria: entrevista; análise documental;pesquisa em sistemas
informatizados;comparação com a legislação, jurisprudência do TCU e doutrina;conferência de
cálculos; e estudo de caso.
A principal constatação deste trabalho foi: sobrepreço decorrente de preços excessivos
frente ao mercado.
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 731.810.727,00. Esse valor
foi calculado considerando o valor total do contrato nº 0858.0071411.11.2 (Tubovias do Comperj),
firmado com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S/A.
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a economia potencial
de R$ 162.966.305,20, decorrente de possível redução no valor do contrato.
A proposta de encaminhamento contempla determinação de medida cautelar à Petrobras e
oitiva da estatal.
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SUMÁRIO
Título Página
1 - APRESENTAÇÃO 4

2 - INTRODUÇÃO 5

2.1 - Deliberação que originou o trabalho 5


2.2 - Visão geral do objeto 5
2.3 - Objetivo e questões de auditoria 6
2.4 - Metodologia Utilizada 6
2.5 - Volume de recursos fiscalizados 6
2.6 - Benefícios estimados da fiscalização 6

3 - ACHADOS DE AUDITORIA 6

3.1 - Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (IG-P) 6

4 - CONCLUSÃO 21

5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 22

6 - ACHADOS RECLASSIFICADOS APÓS A CONCLUSÃO DA 23


FISCALIZAÇÃO

6.1 - Achados desta fiscalização 23

7 - ANEXO 24

7.1 - Dados cadastrais 24


7.1.1 - Projeto básico 24
7.1.2 - Execução física e financeira 24
7.1.3 - Contratos principais 25
7.1.4 - Histórico de fiscalizações 26
7.2 - Deliberações do TCU 26
7.3 - Instrução de análise da Manifestação Preliminar. 30
7.4 - Despacho da Ministra Ana Arraes que confirmou a IG-P. 56
7.5 - Anexo Fotográfico 60
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1 - APRESENTAÇÃO

Esta auditoria teve por objeto o Contrato 0858.0071411.11.2 -Tubovias do Comperj. As tubovias são
responsáveis pela interligação das Unidades de Processo de Refino, Unidades de Utilidades e
Unidades de Transporte/Transferência e Armazenagem e demais instalações, inclusive, no futuro, com
as instalações da Petroquímica.
Esse contrato foi firmado com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. pelo valor de R$
731.810.727,00, como resultado do Convite 0974051.11.8., no qual foram desclassificadas as três
melhores propostas do certame, por suposta inexequibilidade, após duas tentativas frustradas, ambas
por terem sido apresentadas propostas com preços excessivos (Convite nº 0840290.10.8 e Contratação
Direta).

Importância socioeconômica

O Comperj é um dos maiores empreendimentos individuais da história da Petrobras, com


investimentos previstos da ordem de US$ 8,4 bilhões no município de Itaboraí/ RJ. A área total do
empreendimento é de 45 km², sendo que a área terraplanada alcança 11 km², com volume de
movimentação de terra de 55.000.000 m³ e um anel viário de 20 km.

O projeto do Comperj consiste na construção de uma refinaria com duas linhas de processamento de
petróleo (dois trens), que formam as Unidades de Petroquímicos Básicos - UPB, e um conjunto de
Unidades de Petroquímicos Associados - UPA, onde serão transformados alguns produtos de refino
para produção de petroquímicos de segunda geração.

Assim, o Comperj visa não só a fornecer produtos de refino para o mercado consumidor (gasolina,
diesel, querosene, coque, etc.) como também a integrar a produção de petroquímicos básicos, ou de 1ª
geração (eteno, propeno, butadieno e benzeno), às unidades petroquímicas que produzirão, a partir
destas matérias-primas, os produtos de segunda geração (polietilenos, polipropileno, estireno, etileno
glicol, entre outros). Estes produtos serão destinados ao mercado de petroquímicos de terceira geração,
fabricantes de produtos destinados ao consumidor final.

Segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas - FGV ("Comperj Potencial de Desenvolvimento


Produtivo". FGV: 2008), o Comperj promoverá a instalação de até 724 indústrias do setor plástico, das
quais cerca de 90% deverão ser de micro e pequenas empresas.

De acordo com esse estudo, a expectativa é que o Comperj, na fase de operação, terá um faturamento
anual da ordem de US$ 5,8 bilhões, decorrente de vendas tanto dos produtos produzidos pela Unidade
de Petroquímicos Básicos (62%) quanto pela de Petroquímicos Associados (38%). As principais
resinas termoplásticas a serem produzidas pelas UPAs serão polipropileno (850 mil toneladas/ano),
polietileno (800 mil toneladas/ano) e politereftalato de etila (600 mil toneladas/ano).
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Para a fase de operação, considerando-se um ano típico de atividade plena, estima-se, no cenário
conservador, geração anual de valor adicionado da ordem de R$ 11,6 bilhões para o Brasil, sendo 84%
desse valor gerado no estado do Rio de Janeiro. Em um cenário otimista, a implantação das indústrias
do setor plástico gerará valor adicional de cerca de R$ 13 bilhões. A concretização dessas estimativas
poderá representar o equivalente a 39% do PIB da região de influência direta.

Com relação ao desenvolvimento econômico regional, a localização do Comperj, na região leste


metropolitana do Rio de Janeiro, coaduna-se com um planejamento econômico do estado fluminense
que tem por finalidade originar um processo de reorganização econômica e demográfica do estado, por
meio da geração de polos regionais de desenvolvimento, de forma a reduzir as diferenças sociais
presentes em seu território, através da redistribuição de benefícios econômicos e fiscais e da geração
de empregos.

A estimativa da FGV é que o pico da geração de emprego da fase de implantação ocorrerá na


finalização da construção civil da implantação do Comperj. Nesse momento, a obra sustentará perto de
173 mil postos de trabalho, dos quais cerca de 75 mil no estado do Rio de Janeiro, sendo 65 mil na
região de influência ampliada e 22 mil na região de influência direta. Em um ano típico de operação,
no cenário conservador (pós 2015) construído pela Fundação, serão sustentados pelas empresas do
setor plástico que irão se instalar no Rio de Janeiro mais de 117 mil empregos no estado, sendo 41 mil
na região de influência direta. O cenário otimista prevê a sustentação de cerca de 168 mil no estado e
63 mil na região direta de influência.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho


Em cumprimento ao Acórdão 367/2012 - Plenário, realizou-se auditoria na Comperj Participações
S.A., no período compreendido entre 7/3/2012 e 11/5/2012.
As razões que motivaram esta auditoria foram: materialidade da obra, grande variação no valor das
estimativas de preços e desclassicação das três propostas com menores preços.

2.2 - Visão geral do objeto


A fiscalização teve por objeto o Contrato nº 0858.0071411.11.2 (tubovia de interligação destinada ao
trem 1 do Comperj). A tubulação será disposta em vala trapezoidal com extensão de cerca de 4,5 Km
e largura entre os pés dos taludes variando de 30 a 70 m. O peso total da tubulação a ser implantada é
de cerca de 12 mil toneladas, sendo que serão de fornecimento da Petrobras 10,8 mil toneladas de
tubulação de aço carbono com diâmetro maior ou igual a 6".
De acordo com a estimativa da Estatal, no mês de pico da obra, 16º mês, haverá cerca de 2.500
empregados diretos. A autorização de serviço data de 12/12/2011, com término previsto para 8/3/2015.
Até fevereiro de 2012, o contrato tinha uma execução física de 1,09% e o valor financeiro realizado
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era de aproximadamente R$ 8,0 milhões (1,09% do contrato).

2.3 - Objetivo e questões de auditoria


A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar as obras de construção da tubovia do Comperj.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de
acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:

1) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?


2) Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos apresentados
no projeto básico / executivo?
3) Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
4) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?

2.4 - Metodologia utilizada


Este trabalho está em conformidade com as NAT - Normas de Auditoria do TCU. Para a sua
realização foram seguidas as diretrizes do roteiro de auditoria de conformidade, sendo utilizadas as
seguintes técnicas de auditoria:
- entrevista;
- análise documental;
- pesquisa em sistemas informatizados;
- comparação com a legislação, jurisprudência do TCU e doutrina; e
- conferência de cálculos;

2.5 - Volume de recursos fiscalizados


O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 731.810.727,00. Esse valor foi
calculado considerando o valor total do contrato nº 0858.0071411.11.2 (Tubovias do COMPERJ),
firmado com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S/A.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização


Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar a economia potencial de R$
162.966.305,20, decorrente da possível redução no valor do contrato.

3 - ACHADOS DE AUDITORIA
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3.1 - Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado.


3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de paralisação (IG-P)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A presente irregularidade
enquadra-se no artigo 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465/2011 (LDO 2012), visto que:
(i) a irregularidade apontada, sobrepreço de R$ 162.966.305,20, é materialmente relevante em relação
ao valor total contratado (22,5%);
(ii) a irregular desclassificação das melhores propostas pode ensejar a nulidade do certame e, por
conseguinte, do contrato;
(iii) a desclassificação injustificada das melhores propostas configura grave desvio relativamente aos
princípios constitucionais, notadamente aos da eficiência, economicidade e moralidade, bem como ao
princípio do julgamento objetivo das propostas.

3.1.2 - Situação encontrada:

A proposta da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., no valor de R$ 733.810.727,00, foi
considerada a vencedora do Convite nº 0974051.11.8, em detrimento das três propostas de menor
preço, das quais a menor tinha o valor de R$ 568.844.421,80 e foi apresentada pela empresa Galvão
Engenharia S.A. (diferença de R$ 164.966.305,20), desclassificada por ter sido considerada
inexequível, embora o Convite não tenha estabelecido de forma objetiva os critérios para a
caracterização da inexequibilidade, afrontando princípios basilares das licitações expressos no item 1.2
do Decreto nº 2.745/98, em especial os da economicidade e do julgamento objetivo.
Após negociações, foi celebrado o Contrato nº 0858.0071411.11.2, com a empresa MPE Montagens e
Projetos Especiais S.A., pelo valor de R$ 731.810.727,00, conforme proposto no Relatório da
Comissão de Licitação, de 9/11/2011 (evidência EVS-1) e no DIP ENGENHARIA 676/2011
(evidência EVS-2), corroborados pela Decisão da Diretoria Executiva constante da Ata DE 4908, item
17, de 17/11/2011 - Pauta nº 1285 (evidência EVS-3). O não aproveitamento da proposta de menor
preço, da Galvão Engenharia S.A., ocasionou um sobrepreço na contratação no valor de
R$162.966.305,20.
Convém destacar que a obra está no início e que o valor medido até fevereiro/2012 era de apenas R$
8,0 milhões (1,09%), e a execução física estava limitada à mobilização de pequena parcela do pessoal
e pequenas instalações de apoio. Durante a visita às obras, realizada em abril/2012, constatou-se a
existência de apenas dois contêineres, duas tendas, três banheiros químicos e uma ambulância no local
destinado ao canteiro. Pela materialidade do sobrepreço e pelo pequeno avanço físico da obra,
entendeu-se cabível classificar a irregularidade como IGP.

3.1.2.1 Processamento do Convite nº 0974051.11.8


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Após duas tentativas frustradas de contratar a obra da Tubovia do COMPERJ, ambas por terem sido
apresentadas propostas com preços excessivos (Convite nº 0840290.10.8 e Contratação Direta), foi
realizado o Convite nº 0974051.11.8, para o qual foram convidadas dezessete empresas. Outras duas
solicitaram e obtiveram permissão de participação (Serveng-Civilsan e MPE). Foram apresentadas oito
propostas, sendo seis de empresas e duas de consórcios, conforme mostra a Tabela 1 do Anexo 1, que
indica ainda o resultado do julgamento.
Um aspecto importante a ser ressaltado desde já diz respeito à variação do preço estimado pela
Petrobras para esta obra. O valor inicial da estimativa, no Convite nº 0840290.10.8, foi de R$
662.847.022,27, que aumentou para R$ 725.999.437,47 na Contratação Direta e atingiu o valor
máximo de R$ 920.430.312,28, na primeira estimativa para o Convite nº 0974051.11.8, o que
corresponde a uma variação total de 39%. Após a abertura das propostas, ante a iminente
desclassificação de cinco empresas, o valor da estimativa foi reduzido para R$ 837.031.063,50.
Tamanha variação levanta dúvidas acerca da confiabilidade da estimativa como referência de preços
para o certame licitatório.
Verifica-se, na Tabela 1 do Anexo 1, que as propostas de cinco empresas foram inicialmente
consideradas desclassificadas por terem apresentado propostas com preços considerados inexequíveis
(abaixo do limite inferior da estimativa de -15%), número este reduzido para três após a realização de
reuniões de esclarecimento e revisão da estimativa.
Observe-se que não foi estabelecido, no convite em tela, qualquer critério objetivo para a
caracterização da inexequibilidade das propostas, o que está em desacordo com a prescrição do item
5.3.1 do Decreto nº 2745/98, que assim dispõe:
"Na elaboração do edital deverão ser levados em conta, além das condições e exigências técnicas e
econômico-financeiras requeridas para a participação, os seguintes princípios básicos de licitação:
a) igualdade de oportunidade e de tratamento a todos os interessados na licitação;
b) publicidade e amplo acesso dos interessados às informações e trâmites do procedimento licitatório;
c) fixação de critérios objetivos para o julgamento da habilitação dos interessados e para
avaliação e classificação das propostas."
Dessa forma, a inexequibilidade das propostas foi declarada, em última análise, com base em
entendimentos da ENGENHARIA da Petrobras no sentido de que, para obras de indústrias de
processo, a precisão de sua estimativa admite erros de 15% para menos e 20% para mais. Tal
entendimento, que decorre de interpretação da norma americana AACE International Recommended
Practice No. 18R-97 (evidência EV-1), não está estabelecido nem no Decreto nº 2745/98 nem em
qualquer norma da empresa, inclusive no Manual de Contratações. Esse assunto está sendo tratado no
TC-006.810/2011-0.
Assim, a proposta da Galvão Engenharia S.A., uma empresa com larga experiência e excelente
avaliação na execução de projetos contratados pela Petrobras, mormente na área do Refino, conforme
registrado no Cadastro de Fornecedores da estatal (evidência EVS-10), foi declarada inexequível,
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enquanto a da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., empresa com pouca experiência e que
sequer foi convidada para o certame, foi declarada exequível e vencedora da licitação, embora seja R$
164.966.305,20 mais cara que a da Galvão Engenharia S.A..
Não parece razoável que a Galvão Engenharia S.A., que possui experiência comprovada em projetos
da área de Refino e participou deste processo de contratação desde o primeiro momento, apresente
uma proposta inexequível.
Além disso, vale lembrar que é bastante comum que a Petrobras, em situação inversa, em licitações
nas quais as empresas apresentam propostas elevadas, revise suas estimativas para cima, de forma a
enquadrar as propostas nos limites de aceitabilidade, sob a alegação de que as propostas se constituem
no verdadeiro valor de mercado, uma vez que as empresas são as detentoras dos conhecimentos
técnicos e dos custos das obras.
Neste certame, a Petrobras, com base nos resultados da licitação e da negociação frustradas e no afã de
enquadrar as propostas de preços esperadas no limite de aceitabilidade superior das estimativas
(+20%), elevou o seu valor para R$ 920.430.312,28, com limite máximo de R$ 1.104.516.374,74, o
que tornaria aceitáveis os preços propostos no convite anterior, em especial o menor deles, apresentado
pelo Consórcio OCS - Camargo Corrêa/SOG/OAS, no valor de R$ 1.079.657.804,13, conforme
exposto no tópico seguinte.
Entretanto, a estatal foi surpreendida com a mudança de comportamento das empresas participantes do
convite anterior, que apresentaram propostas com valores muito menores (redução de até 50%), o que
a levou, mais uma vez, a alterar o valor da estimativa, desta feita para baixo, mas não o suficiente para
aproveitar a proposta de valor mais baixo.

3.1.2.2 Antecedentes da Contratação

As obras de construção da tubovia do Comperj foram licitadas inicialmente em dezembro/2010, por


meio do Convite nº 0840290.10.8 (BID). A estimativa de preços para este certame foi de R$
662.847.022,47, com limite inferior de R$ 563.419.968,93 e superior de R$ 795.416.426,72.
A proposta de menor preço foi a apresentada pelo Consórcio OCS - Camargo Corrêa/SOG/OAS, no
valor de R$ 1.079.657.804,13, cerca de 36% acima do limite superior. Todas as licitantes foram
desclassificadas por preços excessivos, conforme mostrado na Tabela 5 do Anexo 1, elaborada com
base em informações do Relatório da Comissão de Licitação do Convite nº 0840290.10.8 - BID
(evidência EVS-5).
Inconformada com a decisão da Comissão de Licitação, o Consórcio OCS apresentou recurso pedindo
que a Comissão de Licitação reconsiderasse sua decisão e considerasse sua proposta classificada, o lhe
que foi negado, conforme Relatório da Comissão de Licitação do Convite nº 0840290.10.8, de
07/06/2011 (evidência EVS-6). Este Convite foi encerrado por Decisão da Diretoria Executiva,
conforme Ata DE 4.883, item 8, de 22/06/2011 - Pauta nº 656 (evidência EVS-7), tomando por base o
DIP ENGENHARIA 381/2011 (evidência EVS-8).
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Na decisão da Diretoria Executiva mencionada no parágrafo anterior, foi autorizada a realização de


negociação para contratação direta da tubovia do Comperj com o Consórcio OCS formado pelas
empresas Construções e Comércio Camargo Corrêa S.A., SOG - Óleo e Gás e Construtora OAS Ltda.
A estimativa de preços para negociação foi revisada e o seu valor foi fixado em R$ 725.999.437,47,
com limite inferior de R$ 617.099.521,85 e superior de R$ 871.199.324,96. A revisão da estimativa
incorporou os seguintes itens, conforme informado no subitem 2.2.3.1 do Relatório da Comissão de
Negociação, de 19/7/2011 (evidência EVS-9):
a) paralisações devido aos impactos de chuva e suas decorrências (14,7% em relação à MOD);
b) custo de folga para recebimento dos salários (1/2 por mês);
c) custo da cesta básica (R$ 210/mês);
d) custo decorrente do pagamento de PLR (um salário por funcionário para a MOD);
e) custo dos roletes para montagem de tubulação;
f) custo de sondagem.
A proposta final do Consórcio foi de R$ 1.001.142.764,13 e, como ainda era 37,9% maior da que a
estimativa, foi considerada excessiva, conforme Relatório da Comissão de Negociação, de 19/7/2011
(evidência EVS-9). Dessa forma, a contratação direta foi encerrada, por decisão da Diretoria
Executiva, nos termos da Ata DE nº 4.890, de 04/08/2011 (evidência EVS-21), ao mesmo tempo em
que foi autorizado o início de novo certame, concretizado pelo já referido Convite nº 0974051.11.8.

3.1.2.3 Exequibilidade da Proposta da Galvão Engenharia S.A.

A proposta da Galvão Engenharia S.A., no valor de R$ 568.844.421,80, foi desclassificada, conforme


o item 3.4.1 do Relatório da Comissão de Licitação (evidência EVS-1), emitido em 09/11/2011, por ter
sido considerada manifestamente inexequível em relação à estimativa da Petrobras, em virtude de ser
menor do que o limite inferior da estimativa (-15%), no valor de R$ 711.476.403,98.
Além do motivo genérico apontado no Relatório da Comissão de Licitação, observa-se, na Ata da
Reunião da Comissão de Licitação, realizada em 05/10/2011 (evidência EVS-4), que, após a análise do
Demonstrativo de Formação de Preços da Galvão Engenharia S.A., foram apontados os seguintes itens
que caracterizariam a inexequibilidade da proposta:
a) inexistência de profissionais exercendo funções exigidas contratualmente;
b) MOI (mão de obra indireta) significativamente abaixo da estimativa da Petrobras;
c) índice de produtividade maior em pelo menos 40% que a estimada pela Petrobras (Comissão B);
d) custos incompatíveis com a infraestrutura exigida contratualmente para canteiro de obras;
e) utilização de concreto moldado "in loco" para fabricação de dormentes, contrariando o item
contratual 4.2.10.6 do anexo V, apêndice A, que orienta a utilização de peças pré moldadas;
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f) estratégia construtiva, informada para formação de preços, considera que a tubovia pode ser
construída com as características de dutos, enquanto a Comissão entende que a obra de tubovia
apresenta características particulares e de maior complexidade quando comparada a obras de dutos,
tais como interferências com outros contratos.
Buscando uma melhor compreensão dos itens apontados pela Petrobras, foi solicitado, por meio do
Ofício de Requisição nº 04-231/2012, que a empresa justificasse de forma objetiva de que modo esses
poderiam tornar a proposta inexequível. As justificativas apresentadas foram juntadas aos autos sob o
título "Resposta ao Ofício de Requisição nº 04-231/2012" (evidência EVS-13).
Item "a" - inexistência de profissionais exigidos no edital
Para o item "a", a Petrobras apresentou uma tabela relacionando uma série de profissionais exigidos no
edital que não teriam sido previstos nos DFPs da Serveng, Engevix e Galvão.
Além disso, reconheceu que a inconsistência não tem, isoladamente, o condão de tornar a proposta
inexequível, mas que poderia, combinado com outros fatores, comprometer a isonomia do processo,
por eventuais desigualdades nas propostas das licitantes, assim como a qualidade e os prazos para a
realização dos serviços.
Constata-se, compulsando o DFP da Galvão (evidência EVS-19), que a maioria das funções apontadas
como não preenchidas pela empresa estão, na realidade, ali previstas, mas não com a mesma
denominação adotada pela Petrobras, conforme mostrado na Tabela 2 do Anexo 1.
Não bastasse o equívoco da Petrobras com relação à Galvão, verifica-se, compulsando agora o DFP
original da MPE (evidência EVS-18), que diversas funções, abaixo relacionadas, não foram previstas,
na realidade, pela vencedora da licitação. Além disso, outras funções foram preenchidas pela MPE da
mesma forma que pela Galvão, com denominações diferentes, caso do supervisor de movimentação de
cargas (supervisor de rigger) e do supervisor de topografia (topógrafos).
- Gerente de QSMS
- Gerente de suprimento
- Gerente de planejamento e controle
- Profissional de comunicação social
- Coordenador de comunicação social
- Coordenador de interfaces
- Engenheiro de comissionamento
Item "b" - MOI abaixo da estimativa da Petrobras
Para o item "b", a Petrobras apresentou duas tabelas: a primeira, relacionando a MOI de horistas e
mensalistas, e a segunda, relacionando a MOI de subempreiteiros. Em ambas, foram apresentados as
quantidades de HH e os valores correspondentes, previstos nas estimativas da Petrobras e nos DFPs da
Galvão, Serveng, Engevix e MPE.
Da mesma forma que para o item anterior, reconheceu que a inconsistência não tem, isoladamente, o
condão de tornar a proposta inexequível, mas que poderia, combinado com outros fatores,
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 12
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comprometer a isonomia do processo, por eventuais desigualdades nas propostas das licitantes, assim
como a qualidade e os prazos para a realização dos serviços.
Adicionalmente, apresentou, de forma exemplificativa, uma relação de funções em que o impacto de
uma MOI inferior seria mais sensível:
- MOI de Gerenciamento: a eficácia dos processos de gerenciamento é essencial para o alcance dos
objetivos do projeto. Algumas funções (gerentes e coordenadores) são definidas nos anexos contratuais
como requisito mínimo.
- MOI de Planejamento: equipe mínima e qualificação são definidas nos anexos contratuais.
- MOI ligada às disciplinas de Engenharia: a celeridade do projeto de engenharia tem relação direta
com a aplicação de recursos em nível adequado. Algumas funções (job leaders como exemplo) são
definidas nos anexos contratuais como requisito mínimo.
- MOI ligada às disciplinas de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional: a
fiscalização e o atendimento aos requisitos de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde
ocupacional são atribuições de profissionais específicos destas disciplinas e previstos em contrato para
atendimento por equipes mínimas. Em alguns casos há exigências previstas em lei, como nos casos de
profissionais de saúde e de segurança do trabalho.
Analisando as tabelas apresentadas pela Petrobras, verifica-se que os dados da MOI da MPE se
referem ao DFP do contrato (evidência EVS-20) e não da proposta (evidência EVS-18). Dessa forma,
foi elaborada a Tabela 3 do Anexo 1, considerando tanto o DFP do contrato quanto o da proposta
apresentada pela MPE na licitação.
Observa-se, na Tabela 3 do Anexo 1, que a MOI proposta pela MPE, mesmo maior que a da Galvão,
também é muito inferior à da estimativa da Petrobras (-46,76%) e, nem por isso, foi considerada
inexequível.
Não nos parece coerente o argumento da busca pela isonomia entre as licitantes, tal como preconizada
pela Petrobras, se ela "corrige" a proposta da quarta colocada, para adequá-la à sua estimativa, e não
admite a proposta de melhor preço, que apresenta distorções da mesma natureza e magnitude.
Ademais, vale lembrar a incoerência dessa justificativa com os argumentos que a Petrobras apresenta
quando recorre de decisão do TCU que determina que a estatal exija o detalhamento das propostas das
licitantes. Nesses casos, a companhia alega que cabe à empresa licitante definir metodologias de
trabalho e definições de estratégias para a execução das obras, não fazendo sentido a intromissão da
Petrobras em aspectos gerenciais de cada uma delas.
Convém ressaltar, neste momento, que outras alterações foram introduzidas no DFP da proposta da
MPE. Uma delas, muito significativa, foi o ajuste dos percentuais de alguns tributos (ISS, PIS e
COFINS), que, no DFP da proposta original, eram superiores aos previstos na legislação e, por isso,
foram reduzidos no DFP do contrato. Tal redução deveria ter ocasionado um decréscimo de cerca de
R$ 25,8 milhões no valor total proposto (evidência EVS-22), o que não se verificou na prática. A
diferença de R$ 2 milhões observada entre o valor proposto pela MPE e o valor do contrato celebrado
decorreu de um abatimento no valor do fornecimento de bens e não se relaciona com a correção do
valor dos tributos.
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Item "c" - produtividade


Para o item "c", a Petrobras apresentou justificativas no sentido de que a previsão de produtividade
maior do que a da estimativa de preços torna a proposta presumivelmente inexequível, haja vista que
esta obra é focada em utilização intensiva de recursos de mão de obra e a falta dela, decorrente de
produtividades irreais, poderia comprometer os prazos e a qualidade dos serviços.
Além disso, foi ressaltado o fato de que, por ser a tubovia um dos principais caminhos críticos do
empreendimento, é imprescindível que a obra se realize no prazo, sob pena de grandes impactos
financeiros ao Comperj, inclusive até maiores que o valor desse contrato.
Acrescenta ainda a estatal que a produtividade estimada pela Galvão Engenharia S.A. para os serviços
de tubulação, de 162,43 HH/t, já seria muito arrojada, mesmo desconsiderando a necessidade de
contingenciamento para impedimentos do site e impactos de paralisações por condições
meteorológicas esperadas no Comperj.
Por fim, a estatal afirma que a MPE foi a única licitante a estimar HH de MOD para as atividades de
tubulação de forma compatível às necessidades estimadas pela Petrobras e também foi a única a
contemplar em sua proposta todas as medidas para incremento das produtividades (solda orbital e
cobertura para a mitigação do efeito de chuvas) assim como outras de complementação de MOD
previstas no DFP (subcontratação de MOD).
Em primeiro lugar, a produtividade da obra está intimamente ligada às metodologias de trabalho e
estratégias para a execução das obras definidas por cada empresa, não sendo lícito afirmar, "a priori",
que a previsão de produtividade maior torna a proposta inexequível.
Ao afirmar que a produtividade da Galvão seria muito arrojada e, portanto, não seria exequível, a
Petrobras desconsidera toda a experiência e capacidade que esta empresa tem demonstrado ao longo
dos contratos celebrados com a estatal, em especial sua experiência recente e bem sucedida na
execução de obras na RNEST com a utilização de tendas infláveis para a mitigação dos efeitos de
chuvas, descargas atmosféricas e suas consequências (evidência EV-3).
Além disso, não procede a afirmação da estatal no sentido de que a MPE foi a única licitante a
contemplar todas as medidas para incremento de produtividade, haja vista que no DFP original de sua
proposta (evidência EVS-18) não foi prevista a utilização de solda orbital nem a cobertura para
mitigação do efeito de chuvas. Tais itens foram acrescidos no DFP da MPE, por meio de negociação,
entre a data de apresentação das propostas e a data da assinatura do contrato (evidências EVS-18 e
EVS-20). Ademais, o custo das medidas mitigadoras da MPE previsto no DFP do contrato é de apenas
R$ 2.400.000, 00, enquanto o valor estimado pela Petrobras foi de R$ 24.000.000,00 e o previsto pela
Galvão foi de R$ 30.000.000,00.
É importante ressaltar que, no quadro comparativo das produtividades apresentado pela Petrobras, a
produtividade da MPE não é a do DFP da proposta, mas sim do DFP do Contrato. Na Tabela 4 do
Anexo 1, onde incorporamos a produtividade da MPE no DFP da proposta original, constata-se que a
produtividade da Galvão é apenas 26,6% superior à da MPE no DFP da proposta (162,43 HH/t contra
221,39 HH/t), o que demonstra que ela não pode ser taxada de inexequível, ainda mais considerando as
medidas de mitigação dos efeitos de chuva que ela adotou em sua proposta.
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Item "d" - canteiro de obras


Para o item "d", a Petrobras apresentou um comparativo dos custos dos canteiros e informou que, no
caso dos canteiros de obras, os custos das licitantes estão muito aquém dos estimados pela Petrobras,
indicando uma possível inexequibilidade de quase todas propostas.
No entanto, reconhece que não é possível afirmar com assertividade a inexequibilidade, uma vez que
não foram apresentados pelas empresas detalhamentos suficientes para se concluir sobre o não
atendimento dos itens inclusos nos anexos contratuais.
Informa, por fim, que, como se entendeu que por si só este item não seria suficiente para definir a
inexequibilidade da proposta, e que tendo a empresa MPE apresentado proposta com valor global
dentro da faixa admissível (-15 a +20%), julgou que a mesma poderia compensar essa diferença com
outros itens da sua proposta e que nas demais não foi vislumbrada essa possibilidade dado que os
valores globais se encontravam abaixo da faixa admissível (-15 a +20%).
Fica evidente que a Petrobras não tinha, nesse item, elementos para considerar qualquer proposta como
inexequível, haja vista que o canteiro previsto em sua estimativa de preços nem sequer corresponde às
especificações para os canteiros constantes do Anexo I - A do Convite nº 097.4.051.11-8 (evidência
EV-2).
Item "e" - dormentes em concreto moldado 'in loco"
Para o item "e", a Petrobras reconhece que a execução de dormentes com concreto moldado "in loco"
não torna por si só a proposta inexequível, mas pode, combinado com outros fatores da proposta,
comprometer a isonomia do processo, a qualidade e os prazos para a realização dos serviços.
A estatal reconhece, também, que, no caso da licitação da tubovia, em princípio, a execução de
dormentes com concreto moldado "in loco" pode parecer não trazer prejuízos quanto à qualidade e
celeridade da obra, entretanto, entende que a alta produtividade necessária para execução desta obra
nos prazos requeridos em contrato foi estimada utilizando-se concreto pré-moldado.
Acrescenta que este método construtivo, concreto pré-moldado, apresenta vantagens em relação à
logística de suprimento e maior produtividade de campo e que a previsão de concreto moldado "in
loco" traz incerteza quanto à execução integral do objeto licitado no prazo pretendido pela
Administração.
Fica claro que o julgamento pela inexequibilidade da proposta da Galvão é, nesse item, absolutamente
subjetivo. A Petrobras não pode presumir que a Galvão não cumprirá o cronograma proposto
simplesmente porque não previu a utilização de concreto pré-moldado para a execução dos dormentes.
Para que o cronograma se cumpra à risca, basta que a empresa empenhe os recursos materiais
necessários, o que é bastante crível para uma empresa que, como dissemos anteriormente, é detentora
de uma ampla carteira de obras executadas para estatal, com excelente conceito.
Item "f" - estratégia construtiva
Para o item "f", a estatal alega que as tubovias e dutovias têm características predominantes distintas e
cita aspectos que reduziriam a produtividade na execução de uma tubovia em comparação com uma
dutovia:
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a) maior número de interferências com outras unidades, arruamentos, pontes, acessos, etc.;
b) utilização de diâmetros e materiais diversificados de tubos em um mesmo trecho de tubovia;
c) grande número de derivações, loops e ramificações, que demandam mais curvas, estruturas de
sustentação e, consequentemente, fundações específicas;
d) normas de regulamentação da fabricação, montagem e testes de tubulações para tubovias são mais
rigorosas que as aplicáveis às obras de dutos.
Acrescenta, ainda, que a consideração de que a tubovia pode ser construída com as características de
dutos torna a proposta presumidamente inexequível, pois devido a esta ser uma obra focada na
utilização intensiva de recursos de mão de obra, a falta dela através de previsões de produtividade
irreais (a produtividade de uma obra de duto é cerca do dobro de uma tubovia) pode comprometer os
prazos e a qualidade para a realização dos serviços.
Para uma adequada análise deste tópico, é necessário contextualizar a estratégia definida pela Galvão
e, para isso, transcreve-se, abaixo, a íntegra da justificativa da Galvão para o fato de sua proposta no
segundo convite ter sido 50% inferior à proposta apresentada na licitação frustrada (arquivo
"Apresentação Tubovias Galvão.pdf" - evidência EV-3):
"No BID inicial, em face do prazo exíguo disponibilizado, consideramos como estratégia de
construtibilidade de nossa proposta, uma obra convencional de construção e montagem, com suas
produtividades e contingências climáticas pertinentes.
No RE-BID, considerando o novo prazo estabelecido, a experiência da Galvão na área de dutos,
demonstrada nas obras recentes do Gascac 1A, Gasjap, Gaspal II e Gasduc III, esta ultima com valor
de R$ 900 Milhões, 3.500 colaboradores, exatamente na região de Magé e Itaboraí, associado a
expertise implantada na obra da RNEST - Contrato 8500.0000080.10.2, com a utilização de tendas
infláveis, onde obtivemos excelentes resultados, tendo a Petrobras inclusive, inscrito a obra para
participar do premio de inovação do ano, tivemos a oportunidade de colocá-las em pratica neste
certame da Tubovia, revendo o nosso planejamento inicial, dimensionando a obra em fases de
produção, similar a uma obra dutoviária, ou seja: que trabalharíamos, tanto na construção de
dormentes, quanto para as fases de desfile, acoplamento e soldagem da tubulação, como se fosse uma
linha de duto, e ainda, previmos a utilização de 4 conjuntos de tendas infláveis, visando mitigar os
efeitos das chuvas e suas consequências, e desta forma, pudemos adotar com bastante segurança e
menores riscos, as produtividades deste método de construtivo, otimizando o número de frentes de
trabalho e os recursos de supervisão e adm local da obra, nos conferindo um diferencial competitivo,
resultando numa economia de escala bastante expressiva, o que nos permitiu ofertar uma proposta bem
mais vantajosa para a Petrobras e uma melhor estratégia de atendimento do prazo da obra."
As justificativas apresentadas parecem suficientes para afastar receios de que pudesse se tratar de uma
proposta aventureira de uma empresa incauta.
Não se pode olvidar, que a larga experiência e excelente avaliação da Galvão na execução de obras
contratadas pela Petrobras (evidência EVS-10), associada ao fato de estar participando deste processo
desde o início, confere credibilidade à sua proposta e à sua estratégia construtiva.
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ANEXO I – TABELAS REFERENTES AO ACHADO SOBREPREÇO

Tabela nº 1 - Propostas recebidas no convite nº 0974051.11.8


Em relação à Estimativa Em relação à Estimativa
Valor da
Petrobras - Rev. 0 (1) Petrobras - Rev. A (2)
Empresa/Consórcio Proposta
Variação Resultado Variação Resultado final
(R$)
(%) parcial (%) do julgamento
Galvão Engenharia S.A. 568.844.421,80 -38,20% Desclassificado -32,04% Desclassificado
Serveng Civilsan S.A. 593.018.725,70 -35,57% Desclassificado -29,15% Desclassificado
Engevix Engenharia S.A. 663.131.895,23 -27,95% Desclassificado -20,78% Desclassificado
MPE Mont. e Proj. Especiais S.A. 733.810.727,00 -20,28% Desclassificado -12,33% Vencedora
GDK S.A. 752.524.553,08 -18,24% Desclassificado -10,10% 2ª colocada
Cons. Usiminas/Barbosa Melo e SEI 789.386.071,00 -14,24% -5,69% 3ª colocada
Cons. Camargo Corrêa/SOG 845.429.428,92 -8,15% 1,00% 4ª colocada
Toyo S.A. 974.231.900,00 5,85% 16,39% 5ª colocada
70% da Média das 8 propostas sup. a 50% 518.033.050,74
(1) - Estimativa da Petrobras - Rev. 0 920.430.312,28 0,00% 9,96%
(2) - Estimativa da Petrobras - Rev. 1 837.031.063,50 -9,06% 0,00%
Fontes: Relatório Comissão de Licitação (EVS-1); Estimativas Petrobras (EVS-14, EVS-15, EVS-16, EVS-17)
Observação:
Se adotado o critério objetivo da Lei 8666/93, todas as propostas seriam classificadas, pois 70% da média das
propostas superiores a 50% corresponde a R$ 518 MM, valor inferior ao da proposta da Galvão.

Tabela 2 - Comparação Estimativa e DFP p/ alguns itens da MOI que estariam incorretos na prop. da Galvão
Profissionais apontados pela Petrobras como não Profissionais constantes do DFP Galvão
apresentados no DFP da Galvão
Cargo Salário Estimativa Cargo no DFP Salário no DFP
Coordenador de construção e
Gerente de construção e montagem 19.592,09 25.000,00
montagem

Gerente de QSMS 12.406,82 Coordenador de qualidade 21.000,00

Gerente de suprimento 15.592,96 Gerente de logística 15.000,00

Gerente de planejamento e controle 19.592,09 Gerente de administração contratual 25.000,00

Supervisor de topografia (na estimativa,


5.653,17 Topógrafos 6.500,00
inspetor de topografia)

Supervisor de movimentação de cargas 6.628,84 Supervisor de rigger 10.000,00

Os serviços de ensaios não destrutivos


Inspetor de END 5.653,17
foram previstos como subcontratos
Engenheiro de produção, no DFP de
Engenheiro de comissionamento 13.347,90 18.000,00
Comissionamento

Coordenador de comissionamento 13.891,93 Supervisor técnico de comissionamento 15.000,00

Fontes: Estimativa Rebid Rev. A (EVS-15); DFP Galvão (EVS-19)


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Tabela 3 - Comparativo de homens-hora de MOI - Mão de Obra Indireta


MPE
TOTAIS DE HOMENS-HORA PETRO GALVÃO SERVENG ENGEVIX
PROPOSTA CONTRATO
Total HH MOI 2.007.318 672.951 1.196.645 1.708.677 1.068.645 1.517.706
% em relação à PETRO - -66,48% -40,39% -14,88% -46,76% -24,39%
Fontes : Es ti ma ti va Petrobra s Rebi d Rev. A (EVS-17);
DFPs da s l i ci ta ntes (EVS-18, EVS-19, EVS-21, EVS-22);
DFPs do contra to (EVS-20).

Tabela 4 - Quadro Comparativo da Produtividade para Montagem das Tubulações


DIFERENÇA EM RELAÇÂO
MOD Subcon-
Total à proposta
Tubulações tratação a IEAROM
MPE
HH 4.113.188 4.113.188
IEAROM 0,0% -32,4%
Prod 293,07 293,07
ESTIMATIVA
SCIP (Comissão HH 3.962.585 3.962.585
3,7% -27,5%
B) Prod 282,34 282,34
HH 1.484.848 1.484.848
SERVENG 63,9% 52,2%
Prod 105,80 105,80
HH 2.279.640 2.279.640
Galvão 44,6% 26,6%
Prod 162,43 162,43
PROPOSTAS
HH 2.433.226 2.433.226
Engevix 40,8% 21,7%
Prod 173,37 173,37
HH 2.212.672 894.500 3.107.172
MPE 24,5% 0,0%
Prod 157,66 221,39
HH
3.675.302 894.500 4.569.802
CONTRATO CONTRATO MPE -11,1% -47,1%
Prod 261,87 325,61
Fontes: Estimativa Petrobras Rebid Rev. A (EVS-17);
DFPs das licitantes (EVS-18, EVS-19, EVS-21, EVS-22);
DFPs do contra to (EVS-20).

Tabela 5 - Resultado da licitação frustrada (BID)

RESULTADO BID TUBOVIAS BID % da Estimativa

CONSORCIO OCS 1.079.657.804,03 62,88%


CONSORCIO TBV 1.099.622.796,66 65,89%
GALVÃO ENGENHARIA 1.134.924.879,66 71,22%
ANDRADE GUTIERREZ 1.158.543.541,34 74,78%
ENGEVIX 1.226.736.666,91 85,07%
CONSORCIO QUEIROZ GALVÃO 1.245.094.799,90 87,84%
Fonte: Rel a tóri o Comi s s ã o Convi te 0840290.10.8 BID (EVS-5)
Obs erva çã o: A es ti ma ti va da Petrobra s pa ra BID (Rev. 0) foi de R$ 662.847.022,27
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3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(IG-P) - Contrato 0858.0071411.11.2, 29/11/2011, Fornecimento de bens e prestação de serviços
relativos à verificação de consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo,
Construção Civil, Montagem Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do
COMPERJ, Mpe - Montagens e Projetos Especiais SA.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 162.966.305,20

3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:


Utilização de critério não estabelecido no convite e nem em qualquer norma da Petrobras para a
desclassificação das empresas no certame.
3.1.5 - Critérios:
Decreto 2745/1998, art. 1º, item 1.2; art. 5º, item 5.3.1.a
3.1.6 - Evidências:
EV-1 AACE -18r-97_Cost_Estimation_Classification_System_EPC_for_Process_Industries.
EV-2 Anexo I-A - Requisitos para Instalação de Canteiro de Obras.
EV-3 Apresentação Tubovias Galvão.
EVS-1 Relatório da Comissao de Licitação de 9-11-2011 - REBID.
EVS-2 DIP ENGENHARIA 676-2011 de 10-11-11 - Autoriza assinatura do contrato com a MPE.
EVS-3 Ata DE 4908 de 17 de Nov de 2011- Aprova contratação da MPE.
EVS-4 Ata da reunião da Comissão de Licitação de 5-10-11 - REBID.
EVS-5 Relatório da Comissão de licitação do Convite 0840290-10-8 BID.
EVS-6 Relatório da Comissão de licitação do Convite 0840290-10-8 - Recurso BID.
EVS-7 Ata DE 4883 de 22-6-11 - Encerra o Convite 0840290-10-8 e autoriza a Contratação Direta.
EVS-8 - DIP ENGENHARIA 381-2011 - Encerra BID e autoriza a Contratação Direta.
EVS-9 Relatório da Comissão de Negociação de 19-7-11 - Contratação Direta.
EVS-10 Carteira de Contratos no Cadastro de Fornecedores da Petrobras.
EVS-11 Designação da Comissão de Licitação do Convite 0974051-11-8 - DIP 105-2011.
EVS-12 Ata da Reunião Inicial IECOMPERJ-SL-ECP.
EVS-13 Resposta ao Ofício de Requisição nº 04-231 2012.
EVS-14 Estimativa BID Original.
EVS-15 Estimativa BID rev A (Contratação Direta).
EVS-16 Estimativa REBID Original.
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EVS-17 Estimativa REBID rev A.


EVS-18 DFP da Proposta MPE PDF.
EVS-19 DFP Galvão PDF.
EVS-20 DFP do Contrato MPE.
EVS-21 Ata DE 4980 de 4-8-11 - Encerra Contratação Direta e autoriza Convite 0974051-11-8.
EVS-22 Planilha de cálculo do impacto da redução dos percentuais dos tributos no preço da MPE.
3.1.7 - Medidas corretivas:
O presente achado ainda será objeto de manifestação preliminar das empresas Petróleo Brasileiro S.A.
- Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., conforme previsto no § 9º do art. 91 da Lei
12.465/2011 (LDO/2012). As prováveis medidas corretivas para o achado serão, alternativamente, as
seguintes:
a) renegociação do valor do contrato atual com a MPE; ou
b) caso não haja concordância da MPE, efetuar o distrato do contrato atual, indenizando-a pelos
serviços executados, e convocar as demais participantes do certame, pela ordem ascendente do valor
das propostas, a partir da Galvão Engenharia S.A, para celebrar novo contrato pelo valor proposto pela
Galvão; ou,
c) caso não se consiga celebrar novo contrato pelo valor proposto pela Galvão, realizar nova licitação.
3.1.8 - Conclusão da equipe:
Verifica-se que a proposta de menor preço do Convite nº 0974051.11.8, apresentada pela Galvão
Engenharia S.A., no valor de R$ 568.844.421,80, foi irregularmente desclassificada por ter sido
considerada inexequível, embora o Convite não tenha estabelecido de forma objetiva os critérios para a
caracterização da inexequibilidade, em flagrante afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do
Decreto nº 2.745/98, que dispõe expressamente que os editais devem fixar critérios objetivos para a
avaliação e classificação das propostas, e aos princípios fundamentais das licitações expressos no item
1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento objetivo.
A proposta da Galvão Engenharia S.A. foi desclassificada, conforme item 3.4.1 do Relatório da
Comissão de Licitação emitido em 09/11/2011 (evidência EVS-1), por ser manifestamente inexequível
em relação à estimativa da Petrobras, em virtude de ser inferior ao limite inferior da estimativa (-15%),
correspondente a R$ 711.476.403,98.
O critério adotado pela Comissão de Licitação não está estabelecido em nenhum normativo da
Petrobras e nem no Decreto nº 2745/98, e traduz entendimento da ENGENHARIA da Petrobras,
decorrente de interpretação da norma americana AACE International Recommended Practice No. 18R-
97 (evidência EV-1), no sentido de que, para obras de indústrias de processo, a variação de preços com
relação ao centro da estimativa deve ficar na faixa compreendida entre -15% e +20%.
Além de não haver previsão legal para o critério adotado pela Comissão de Licitação, o valor da
estimativa de preços da Petrobras sofreu uma grande variação ao longo do processo de contratação, da
seguinte forma:
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1ª Estimativa - Convite nº 0840290.10.8: R$ 662.847.022,27


2ª Estimativa Contratação Direta: R$ 725.999.437,47 (+9,53%) em relação à 1ª estimativa.
3ª Estimativa Convite nº 0974051.11.8: R$ 920.430.312,28 (+26,78%) em relação à 2ª estimativa.
4ª Estimativa Convite nº 0974051.11.8: R$ 837.031.063,50 (-9,06%) em relação à 3ª estimativa.
Tamanha variação no valor da estimativa para uma mesma obra, não lhe confere a necessária
confiabilidade para que possa ser considerado como preço de referência e ser utilizado como
parâmetro em uma análise de inexequibilidade de propostas. Nesse caso, dever-se-ia ter construído, a
partir das propostas recebidas, um novo referencial de preços. Se tivesse sido adotado critério
semelhante ao previsto no artigo 48 da Lei 8666/93, a Comissão teria concluído que a proposta da
Galvão era exequível, conforme mostra a Tabela 1 do Anexo 1.
A desclassificação por inexequibilidade da proposta da Galvão Engenharia S.A. mostra-se ainda
menos compreensível quando se compara a sua larga experiência e o seu enorme acervo de obras
realizadas para a Petrobras com os da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A..
Em decorrência da desclassificação da Galvão Engenharia S.A., foi celebrado o Contrato nº
0858.0071411.11.2 com a MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., pelo valor de R$
731.810.727,00, com um sobrepreço de R$ 162.966.305,20, tomando por base o valor da proposta da
Galvão Engenharia S.A.(R$ 568.844.421,80). Ressalta-se ainda a existência de outras duas propostas
com valores menores que a proposta da MPE, mas que também foram desclassificadas por serem
consideradas inexequíveis (menos de 85% do valor da estimativa da Petrobras).
Considerando o pequeno avanço da obra e a magnitude do sobrepreço, verifica-se cabível, no caso sob
exame, a adoção de medida cautelar, nos termos do art. 276 do Regimento Interno do TCU, a fim de
que seja suspensa a execução do Contrato nº 0858.0071411.11.2, até que este Tribunal se pronuncie
acerca da regularidade dos procedimentos adotados na licitação.
Quanto à presença do "fumus boni iuris" para a suspensão cautelar da execução do contrato em
questão, é de se ver que as ocorrências apontadas constituem, ao menos liminarmente, em cognição
sumária, afronta ao Decreto nº 2.745/98, que rege as licitações realizadas pela Petrobras.
No que diz respeito à urgência ("periculum in mora") da suspensão da execução do contrato em
questão, é importante que ela se faça de imediato, sob pena de perda de eficácia da medida, pois até o
momento, eventual indenização pela rescisão contratual será de menor valor que o ganho com a
contratação da Galvão, tendo em vista que a contratada só instalou duas tendas, dois contêineres e três
banheiros químicos na região do canteiro de obras, conforme pode ser visto na foto intitulada "Visão
geral das intalações do canteiro em abril de 2012" do Anexo Fotográfico, item 7.3 deste relatório.
Enfim, a situação está a requerer medida urgente deste Tribunal no sentido de evitar que se prossiga
com a execução do Contrato nº 0858.0071411.11.2 sem o prévio exame por este Tribunal das
justificativas a serem apresentadas pelos responsáveis.

4 - CONCLUSÃO
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 22
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

Entre os benefícios estimados desta fiscalização, pode-se mencionar a economia potencial de R$


162.966.305,20, decorrente da possível redução no valor do contrato.

5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Por todo o exposto, submetemos estes autos à consideração superior, propondo a adoção das seguintes
providências:
a) considerando a possibilidade de adoção, por parte deste Tribunal, de medida cautelar de suspensão
da execução do Contrato nº 0858.0071411.11.2, cujo objeto é a construção da Tubovia do Comperj,
promover, com fulcro no art. 276, § 2º do Regimento Interno do TCU, a oitiva prévia das empresas
Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. para que, no prazo
improrrogável de 5 (cinco) dias úteis, se pronuncie a respeito do indício de irregularidade grave tratado
no item 3.1 deste relatório, consistente no sobrepreço de R$ 162.966.305,20 na contratação da empresa
MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. em detrimento da proposta de menor preço, apresentada
pela empresa Galvão Engenharia S.A., desclassificada por ter sido considerada inexequível, sem que o
Convite nº 0974051.11.8 tenha estabelecido, de forma objetiva, os critérios para a caracterização da
inexequibilidade, em flagrante afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98 e
aos princípios fundamentais das licitações expressos no item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da
economicidade e do julgamento objetivo;
b) em cumprimento ao § 9º do art. 91 da Lei 12.465/2011 e com fulcro no item 9.6 do Acórdão
2.382/2011-TCU-Plenário, colher a manifestação preliminar das empresas Petróleo Brasileiro S.A.
Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., para que estas, no prazo improrrogável de 15
(quinze) dias, se pronunciem a respeito do indício de irregularidade grave do tipo IG-P (inciso IV do §
1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 - LDO/2012) tratado no item 3.1 deste relatório, consistente no
sobrepreço de R$ 162.966.305,20 na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais
S.A. em detrimento da proposta de menor preço, apresentada pela empresa Galvão Engenharia S.A.,
desclassificada por ter sido considerada inexequível, sem que o Convite nº 0974051.11.8 tenha
estabelecido, de forma objetiva, os critérios para a caracterização da inexequibilidade, em flagrante
afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98 e aos princípios fundamentais das
licitações expressos no item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento
objetivo, bem como analisar, mediante Portaria de Inspeção, conforme disposto na Portaria-Segecex nº
4/2012, a referida manifestação preliminar;
c) retornar os autos à SECOB-3 afim de que se promova as oitivas das empresa Petróleo Brasileiro
S.A. Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. e adote as demais medidas processuais
que se fizerem necessárias.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 23
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

6 - ACHADOS RECLASSIFICADOS APÓS A CONCLUSÃO DA FISCALIZAÇÃO

6.1 - Achados desta fiscalização


6.1.1 - (IG-P confirmado) Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado.
Objeto: Contrato 0858.0071411.11.2, 29/11/2011, Fornecimento de bens e prestação de serviços
relativos à verificação de consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo,
Construção Civil, Montagem Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do
COMPERJ, Mpe - Montagens e Projetos Especiais SA.
Este achado foi tratado no processo 006.576/2012-5 e foi considerado confirmado por meio do
despacho do Exmº Sr. Ministro Relator Ana Lúcia Arraes de Alencar, em 2/7/2012.

A Ministra Relatora Ana Arrais confirmou a proposta de IG-P por meio de despacho do dia 2/7/2012.

34. Ante o exposto, determino à Secob-3 que:

a) comunique, em cumprimento ao art. 96, caput, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), à Comissão Mista
de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados indícios
de irregularidades graves, do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art. 91 LDO/2012, no Contrato
0858.0071411.11.2, firmado pela Petrobras com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.,
cujo objeto é a construção da tubovia do Comperj, no Estado do Rio de Janeiro, em face de potencial
dano ao erário de R$ 162.966.305,20;
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 24
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

7 - ANEXO
7.1 - Dados cadastrais
Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

7.1.1 - Projeto básico


Informações gerais

Projeto(s) Básico(s) abrange(m) toda obra? Sim


Foram observadas divergências significativas entre o projeto básico/executivo e a Não
construção, gerando prejuízo técnico ou financeiro ao empreendimento?
Exige licença ambiental? Sim
Possui licença ambiental? Sim
Está sujeita ao EIA(Estudo de Impacto Ambiental)? Sim
As medidas mitigadoras estabelecidas pelo EIA estão sendo implementadas Sim
tempestivamente?
A obra está legalmente obrigada a cumprir requisitos de acessibilidade? Não

Observações:Deixou-se de verificar as questões ambientais por se relacionarem ao empreendimento e


não à obra que é objeto específico desta auditoria e, ainda, por terem sido essas questões contempladas
nas auditorias anteriores realizadas no Comperj.
7.1.2 - Execução física e financeira
Execução física

Data da vistoria: 4/4/2012 Percentual executado: 1


Data do início da obra: 12/12/2011 Data prevista para conclusão: 8/3/2015
Situação na data da vistoria: Em andamento.
Descrição da execução realizada até a data da vistoria: Até o dia 25 de fevereiro de 2012, o
contrato tinha uma execução física de 1,09%, e o valor financeiro realizado aprovado era de
aproximadamente R$8,0 milhões (1,09% do contrato).
No dia 4 de abril de 2012, data da vistoria à obra, a equipe foi informada de que o projeto do canteiro
de obras não se encontrava pronto. Na obra, constatou-se a existência de apenas duas tendas, dois
contêineres, três banheiros químicos e uma ambulância no local destinado ao canteiro. (Vide anexo
fotográfico)

Observações:
Sem Observações
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 25
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

Execução financeira/orçamentária

Primeira dotação: 01/2010


Valor estimado para conclusão: R$ 723.000.000,00
Valor estimado global da obra: R$ 731.810.727,00
Data base estimativa: 1/9/2011

Desembolso
Funcional programática: 25.753.2022.12O9.0033/2012 - Implantação de Refinaria no Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro, com Capacidade Nominal de 150 mil bpd (RJ) - No Estado do Rio de
Janeiro

Origem Ano Valor orçado Valor liquidado Créditos Moeda


autorizados
União 2012 6.992.541.000,00 676.212.438,00 6.992.541.000,00 Real
União 2011 5.829.621.000,00 2.139.419.794,00 3.244.870.000,00 Real
União 2010 0,00 458.897.654,00 647.840.000,00 Real

Observações:
Os valores referem-se ao contrato das tubovias

7.1.3 - Contratos principais

Nº contrato: 0858.0071411.11.2
Objeto do contrato: Fornecimento de bens e prestação de serviços relativos à verificação de
consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo, Construção Civil, Montagem
Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do COMPERJ
Data da assinatura: 29/11/2011 Mod. licitação: convite
SIASG: -- Código interno do SIASG:
CNPJ contratada: 31.876.709/0001-89 Razão social: Mpe - Montagens e Projetos Especiais
SA
CNPJ contratante: 33.000.167/0001-01 Razão social: Petróleo Brasileiro S.A. - MME
Situação inicial Situação atual
Vigência: 29/11/2011 a 24/2/2015 Vigência: a
Valor: R$ 731.810.727,00 Valor: R$ 731.810.727,00
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 26
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

Data-base: 1/9/2011 Data-base: 1/9/2011


Volume do serviço: 12.000,00 tonelada Volume do serviço: 12.000,00 tonelada
Custo unitário: 60.984,22 R$/tonelada Custo unitário: 60.984,22 R$/tonelada
BDI: BDI:
Nº/Data aditivo atual:
Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:
A unidade de medida adotada de volume de serviços e de custo unitário é o peso estimado das
tubulações expresso em toneladas.

7.1.4 - Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da


fiscalização.

2009 2010 2011


Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Não Não Não
Fiscobras)?
Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não Não
Processos correlatos (inclusive de interesse) 6576/2012-5

7.2 - Deliberações do TCU


Processo de interesse (Deliberações até a data de início da auditoria)
Não há deliberação para este Processo de Interesse.

Processo de interesse (Deliberações após a data de início da auditoria)


Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012
Audiência de Responsável: Carolina Fernandes Loss: , apresentem razões de justificativa a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente
na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20; PRAZO
PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 27
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Denise Barros Souto: , apresentem razões de justificativa a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente
na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20; PRAZO
PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: EDUARDO SAMPAIO ALVES: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: JOSE FERREIRA XAVIER BORGES: , apresentem razões de justificativa
a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça
40), consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: LEANDRO SCHUELLER: , apresentem razões de justificativa a respeito
do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Luiz Alberto Gaspar Domingues: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Diligência a Órgão/Entidade: Petróleo Brasileiro S.A.: realize, com fulcro no inciso V do artigo 250 do
Regimento Interno, a oitiva das empresas Petróleo Brasileiro S.A. e MPE Montagens e Projetos
Especiais S.A., para que, se assim desejarem, no prazo de quinze dias, se manifestem a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente
na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20. PRAZO
PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 28
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Luiz Alberto Gaspar Domingues: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: PRISCILA FEITOZA DO NASCIMENTO: , apresentem razões de
justificativa a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de
Fiscalização (peça 40), consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar
dano de R$ 162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: RODRIGO MARCOS DA SILVA: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Roberto Gonçalves: , apresentem razões de justificativa a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente
na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20; PRAZO
PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Sérgio de Carvalho Alcaires Mendes: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.

Processo: 006.576/2012-5 Deliberação: Despacho do Min. Ana Arraes Data: 2/7/2012


Audiência de Responsável: Luiz Alberto Gaspar Domingues: , apresentem razões de justificativa a
respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$
162.966.305,20; PRAZO PARA ATENDIMENTO: 15 DIAS.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 29
Relatório ainda não apreciado pelo TCU
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 30
Relatório ainda não apreciado pelo TCU

7.3 - Instrução de análise da Manifestação Preliminar.


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO
3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – SECOB 3
1ª Diretoria Técnica

TC 006.576/2012-5
Tipo: Relatório de Inspeção
Unidade Jurisdicionada: Petróleo Brasileiro S.A. – MME
Vinculação: Ministério de Minas e Energia
Responsáveis: Rol de Responsáveis (peça 14)
Ministra-Relatora: Ana Arraes
Proposta: adoção de medida cautelar; comunicação de
indício de IG-P ao Congresso Nacional; audiência dos
responsáveis; oitiva das empresas.

I - INTRODUÇÃO

1. Trata-se da análise das manifestações da Petrobras e da MPE Projetos Especiais S.A., a


respeito do indício de irregularidade grave do tipo IG-P tratado no item 3.1 do Relatório de
Fiscalização nº 231/2012 (peça 40), tanto em atendimento ao disposto no inciso IV do art. 91 da
Lei 12.465/2011 – LDO/2012, quanto no da determinação constante do Despacho da Ministra
Relatora Anna Arraes (peça 53), em sede de medida cautelar.

2. A Petrobras atendeu, tempestivamente, a ambas as oitivas. A primeira manifestação,


referente à oitiva da LDO/2012, realizada por meio do Ofício nº 356/2012-TCU-SECOB-3,
emitido em 22/05/2012 (peça 44), protocolado na mesma data (peça 45), foi apresentada pela
estatal em 6/6/2012 (peça 60).

3. A segunda manifestação, referente à oitiva da medida cautelar, realizada por intermédio


do Ofício nº 390/2012-TCU/SECOB-3, emitido em 11/6/2012 (peça 55), protocolado em
12/6/2012 (peça 59), foi apresentada pela estatal em 19/6/2012 (peça 66).

4. A empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. atendeu, tempestivamente, em


20/06/2012 (peça 64), à oitiva da medida cautelar, realizada por meio do Ofício nº 391/2012-
TCU/SECOB-3, emitido em 11/06/2012 (peça 54), recebido na empresa em 13/06/2012.

5. O indício de irregularidade grave em tela refere-se ao sobrepreço de R$ 162.966.305,20


na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. em detrimento da proposta
de menor preço, apresentada pela empresa Galvão Engenharia S.A., desclassificada por ter sido
considerada inexequível, sem que o Convite nº 0974051.11.8 tenha estabelecido, de forma
objetiva, os critérios para a caracterização da inexequibilidade, em flagrante afronta ao disposto
na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98 e aos princípios fundamentais das licitações
expressos no item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento
objetivo.

6. A contratação da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. foi realizada por intermédio
do Contrato nº 0858.0071411.11.2, celebrado em 29/11/2011, no valor de R$ 731.810.727,00. O
objeto deste contrato é o fornecimento de bens e prestação de serviços relativos à verificação de
consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo, Construção Civil,
Montagem Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do Comperj.

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Para verificar as assinaturas, acesse www.tcu.gov.br/autenticidade, informando o código 48678874.


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Relatório ainda não apreciado pelo TCU

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3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – SECOB 3
1ª Diretoria Técnica

II – ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO PRELIMINAR DO INCISO IV DO ART. 91 DA


LEI 12.465/2011 – LDO/2012 – PETROBRAS (PEÇA 60)

II.1. Violação do contraditório e ampla defesa

7. A Petrobras alega, preliminarmente, que as evidências que embasaram a IG-P deveriam


acompanhar o relatório de fiscalização e que o fato de não terem sido enviadas quando da sua
notificação, realizada por meio do Ofício 356/2012-TCU/SECOB-3, causou grave violação ao
seu direito de defesa, pois ficou impossibilitada de analisar e refutar o conteúdo de tais
documentos.

8. Afirma a estatal, que as evidências só chegaram à empresa no dia 01/06/2012 (sexta-


feira) e que, por isso, os seus técnicos somente tiveram acesso às evidências no dia 04/06/2012
(segunda-feira) pela manhã, ou seja, transcorridos 2/3 do prazo legal estabelecido para a
manifestação da Companhia.

9. Por fim, a PETROBRAS requereu a devolução integral do prazo de resposta previsto no


inciso IV do § 1º do artigo 91 da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), em razão de grave violação do
contraditório e da ampla defesa.

Análise

10. Impende registrar que, das 25 evidências registradas no achado, apenas duas não são
documentos produzidos pela Petrobras, e, ainda assim, uma delas é uma norma internacional
amplamente utilizada pela empresa. Dessa forma, apenas a EVS-22 – Planilha de cálculo do
impacto da redução dos percentuais dos tributos no preço da MPE precisaria ser disponibilizada
para a estatal.

11. Além disso, verifica-se, compulsando o sistema de controle eletrônico de processos do


TCU, que a Petrobras pediu vista e cópia do processo apenas em 29/5/2012, seis dias após a sua
notificação, ocorrida em 23/6/2012, o que demonstra que a estatal não apresentou interesse em
acessar os documentos do processo, ao contrário do que afirma.

12. Registre-se, ainda, que os documentos em tela sempre estiveram disponíveis para
consulta pela Petrobras, desde que foram inseridos no sistema eletrônico de processos, em
22/5/2012.

13. Por fim, há que se ressaltar que a Petrobras pode, se assim desejar, apresentar novos
elementos, e o TCU os apreciará, pois está Corte rege-se pelo principio da verdade material. Mas,
isso não significa que prazos processuais fixados em Lei possam ser descumpridos (o prazo
concedido à Petrobras é aquele previsto no art. 91, § 1º, IV, da LDO2012).

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Relatório ainda não apreciado pelo TCU

TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO


3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – SECOB 3
1ª Diretoria Técnica

14. Dessa forma, refuta-se por inteiro a alegação de que teria sido violado o princípio do
contraditório e da ampla defesa, assim como a pretensão da Petrobras de ter a devolução integral
do prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei 12.465/2011.

II.2. Sobrepreço decorrente de preços excessivos

15. A Petrobras afirma que a metodologia para o cálculo do sobrepreço adotado pela equipe
de auditoria, comparação do preço contratado com o de menor valor, proposto pela Galvão
Engenharia, não se coaduna com a usualmente utilizada pela própria Secob, consistente na
comparação entre o preço de referência da estimativa da estatal com o preço teto calculado pelas
equipes técnicas do TCU, com base em referenciais considerados como de mercado.

16. Afirma, também, que consegue trazer esclarecimentos robustos e tecnicamente


adequados quando sua estimativa é confrontada por valores referenciais, mas não quando se
elege como preço de mercado o proposto por uma empresa privada, a Galvão Engenharia, que,
em lapso temporal extremamente curto, oferta dois preços significantemente diversos para o
mesmo certame.

Análise

17. Não é verdade que o prejuízo ao erário se configura por meio da comparação do valor
contratado com o valor de mercado. Se o administrador possui mais de uma proposta válida com
valor abaixo do mercado, seu dever é escolher o menor valor, desde esse seja exequível. No caso
da Petrobras, esse entendimento decorre do art.37 caput, da CF, que estabelece os princípios da
moralidade e da eficiência, e da regra insculpida no item 1.3 do Decreto 2745/98.

1.3 A licitação destina-se a selecionar a proposta mais vantajosa para a realização da


obra, serviço ou fornecimento pretendido pela PETROBRÁS e será processada e
julgada com observância dos princípios da legalidade, da impessoalidade, da
moralidade, da publicidade, da igualdade, bem como da vinculação ao instrumento
convocatório, da economicidade, do julgamento objetivo e dos que lhes são
correlatos.

18. Quanto à redução da proposta da Galvão na segunda licitação, é razoável admitir que,
depois de alguns meses da realização do 1º certame, foi possível estudar melhor o projeto,
identificando metodologias de construção mais eficientes, e apresentar proposta mais
competitiva.

19. Ademais, conforme registrado no relatório, reduções substanciais nas propostas são
comuns quando a competitividade aumenta. No caso de Barra do Riacho (TC-009.832/2010-6), a
Confab S.A. reduziu sua proposta em 35,6%, sem buscar nova metodologia de construção.

20. Portanto, não se consideram aceitáveis as alegações da Petrobras de que o método de


cálculo do sobrepreço não tem consistência e de que a utilização do preço ofertado pela Galvão
Engenharia S.A. como paradigma de mercado não encontra respaldo metodológico.

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II.3. Necessidade da Elaboração de Novas Estimativas

21. A Petrobras afirma que o BID (Convite nº 0840290.10.8) e o REBID (Convite nº


0974051.11.8) são processos de contratação distintos que, embora similares, não se confundem e
pressupõem condições de mercado e escopos diferenciados.

22. Nessa esteira, assevera que a estimativa de custos do REBID (R$ 920.430.312,28) é uma
estimativa original e não pode ser tratada como uma revisão da estimativa do BID
(R$ 662.847.022,27 e revista para R$ 725.999.437,47 na Contratação Direta).

23. Informa a estatal que a variação no valor da estimativa do BID ocorreu devido à
necessidade de serem contemplados os seguintes itens:
a) paralisações devido aos impactos de chuva e suas decorrências (14,7% em relação à
MOD);
b) custo de folga para recebimento dos salários (1/2 dia por mês);
c) custo de cesta básica (R$210,00 por mês);
d) custo decorrente do pagamento de PLR (1 salário para a MOD);
e) custo de roletes para montagem de tubulação;
f) custo de sondagem.

24. Com relação ao REBID, a Petrobras informa que, após a abertura e análise das propostas,
a Comissão de Licitação, ao deparar-se com uma grande quantidade de propostas com preços
inexequíveis, convocou todas as empresas nessa situação para esclarecimentos e que essas
reuniões subsidiaram a necessidade de reavaliação técnico-econômica da estimativa de custos,
cujo valor passou para R$ 837.031.063,50 na revisão A.

25. Por fim, a estatal ressalta que a variação no valor das suas estimativas nos dois processos
licitatórios (BID e REBID) foi da ordem de 26% enquanto que o preço da proponente tomada
como parâmetro de mercado pela Secob, a Galvão Engenharia S.A., foi a metade do proposto
originalmente (R$ 1.134.924.879,66 no BID e R$ 568.844.421,80).

Análise

26. Não assiste razão à Petrobras quando afirma que as estimativas de preços para o REBID
não podem ser tratadas como revisões da estimativa realizada para o BID, por se tratarem de
processos licitatórios distintos, com condições de escopo e de mercado diferenciados.

27. Primeiro, porque o objeto de ambas as licitações é o mesmo, com prazos para execução
idênticos. A diferença de escopo apontada entre o BID e o REBID consiste, na verdade, em uma
redução no comprimento dos dormentes, contemplando apenas suportação para as tubulações da
Etapa-1 (Refino), e retirada de 3 linhas de diesel e óleo combustível, ambas apontando para
reduções de custo.

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28. Segundo, porque a alegada diferença nas condições mercadológicas não se sustenta, haja
vista que o mercado se encontrava aquecido tanto no final de 2010 como em meados/final de
2011. A grande diferença que se observa é no comportamento das licitantes. No BID, as
empresas se comportaram como se não conhecessem com exatidão o projeto, aumentando suas
propostas para compensar os riscos de contratar nessa condição. Já no REBID, o comportamento
das empresas foi genuinamente concorrencial, com propostas de valores baixos, conforme o grau
de conhecimento da obra e a disposição de assumir riscos de cada licitante.

29. O que se observa, na realidade, é que as diferenças entre as estimativas decorrem de


equívocos cometidos no feed (levantamento de quantitativos de projeto) do BID e de aumentos
de custos no REBID com o objetivo inequívoco de aumentar o valor da estimativa.
Compulsando-se as justificativas apresentadas pela Petrobras em resposta ao Ofício de
Requisição nº 06-231/2012, verifica-se que as variações mais significativas observadas entre a
estimativa do BID e a do REBID decorrem, principalmente, de ajustes no índice de
impeditividade (improdutividade) e de adoção de premissas mais conservadoras no que diz
respeito à ocorrência de chuvas.

30. No BID, a improdutividade da mão de obra considerada foi de 13,03% enquanto no


REBID ela saltou para 28,91%, dos quais 15,88% decorrem do que se denominou de “chuva não
mitigada”. Esta elevação tem reflexo direto no homem hora (HH) de mão de obra direta (MOD) e
indireto no HH de mão de obra indireta (MOI), haja vista que a relação HH MOI/HH MOD
mantém-se praticamente constante, em torno de 28%.

31. É importante ressaltar que a previsão de custos para o item “Proteção contra chuvas e
intempéries” saltou de R$ 3.200.00,00 no BID para R$ 24.000.000 no REBID e, ainda assim, o
HH de MOD do REBID foi calculado considerando, indevidamente, um adicional de 15,88%
para fazer frente a chuvas não mitigadas.

32. A Galvão Engenharia previu, em sua proposta, a utilização de uma cobertura lonada
como forma de mitigação dos efeitos de chuva, ao custo de R$ 30.000.000,00, o que
praticamente descartou as paralisações das frentes de trabalho em decorrência dos efeitos de
chuva e lhe permitiu adotar uma produtividade elevada para os trabalhos de campo.

33. Ainda com relação à mão de obra, verifica-se que na estimativa do REBID foram
adotados diversos critérios que elevaram substancialmente o seu custo, entre os quais citam-se os
seguintes:
a) taxa de atratividade de 30% para alguns cargos da MOD;
b) consideração de periculosidade para a MOD;
c) utilização da faixa alta da tabela de salários da MOI;
d) consideração do reajuste da data base salarial; e
e) elevação do BDI.

34. Na revisão da estimativa do REBID, parte desses excessos foi excluída, caso da
periculosidade da MOD e da antecipação do reajuste salarial, assim como foram excluídos os
adicionais de atratividade para alguns cargos, e a faixa média da tabela de salários da MOI voltou
a ser aplicada para os cargos intermediários e inferiores.

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35. Na estimativa do REBID, foram adotados percentuais mais elevados para o BDI, sob o
argumento de que seriam mais condizentes com o porte das empresas convidadas (grandes
empresas).

36. É importante ressaltar que, na realidade, o valor do BDI está mais relacionado ao porte da
obra que se está contratando (valor orçado) e ao volume de obras da empresa proponente, do que
com o porte da empresa. Neste sentido, verifica-se que o AC-2.369/2011-P prevê BDI menor
para obras de maior porte. Ademais, tanto o valor da estimativa do BID quanto do REBID
sugeriam que a obra fosse realizada por uma empresa de grande porte. Portanto, não há razão
para se considerar adequada a majoração realizada pela Petrobras.

37. Convém ressaltar, também, que o custo de logística saltou de R$ 147.195.097,77 no BID
para R$ 224.685.779,71 no REBID, em decorrência, principalmente, de aumentos no custo de
canteiro, conforme se observa na Tabela 1. Um dos principais responsáveis pelo acréscimo de
custo do canteiro foi a previsão, no REBID, de uma área coberta de 20.272,00 m2, ao custo de R$
9.883.933,07. Conforme esclarecimento prestado pela Petrobras na Resposta ao Ofício de
Requisição nº 08-231, esta área se destina ao armazenamento de tubos fornecidos pela estatal.
Sendo assim, não deveria ser cotado como área coberta, mas como pátio de estocagem, o que
reduziria esse valor para R$ 1.895.432,00, uma diferença de quase R$ 8,0 milhões.

Tabela 1 – Comparação entre os custos de logística no BID e no REBID


Item BID REBID Diferença
Proteção contra chuvas 3.200.000,00 24.000.000,00 20.800.000,00
Tecnologia de Informação 0,00 13.444.216,00 13.444.216,00
Esgotamento de Resíduos – 0,00 1.506.333,40 1.506.333,40
Canteiro
Esgotamento de Resíduos – 0,00 1.027.045,50 1.027.045,50
Alojamento
Canteiros 20.111.036,77 37.887.504,68 17.776.467,91
Total 23.311.036,77 77.865.099,58 54.554.062,81

38. Conclui-se, portanto, que as quatro estimativas apresentadas pela Petrobras (duas no
BID/Contratação Direta e duas no REBID) podem e devem ser tratadas como uma única, com
diversas revisões, realizadas para adequar a estimativa às propostas recebidas na licitação
frustrada, para forçar o aumento do seu valor e permitir que as propostas se enquadrassem no
limite superior da faixa de variação admitida pela Petrobras, e não porque a obra contratada é
outra.

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II.4. Sobrepreço – Parâmetros de Mercado e Análise Matemática

39. Aqui, a estatal retoma o argumento de que a equipe de auditoria, na determinação do


sobrepreço, não analisou a estimativa da Petrobras e limitou-se a adotar o preço proposto como
referencial de mercado.

40. A Petrobras afirma que tal metodologia contraria entendimento recente do TCU acerca do
conceito de sobrepreço e, para comprovar tal afirmação, traz aos autos excerto de parte do voto
do Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar, relator do AC-1784/2011-P (TC-009.830/2010-3), para
enfatizar que o único modo para se aferir se os preços praticados nas obras da RNEST estão
corretos e dentro de parâmetros de mercado aceitáveis se dá por meio das estimativas de custo da
Petrobras.

41. A Petrobras questiona, também, se é possível considerar como referência de mercado


razoável, para apuração de sobrepreço, o preço ofertado por uma das proponentes que no certame
frustrado anteriormente ofertou proposta com valor quase duas vezes superior ao da atual.

42. A estatal insiste na tese de que, na visão do TCU, sobrepreço pode ser definido como a
diferença a maior existente entre os valores que compõem um orçamento final ou uma estimativa
de custos e as referências consideradas como de mercado.

43. Por fim, depois de reiteradas críticas à utilização do preço ofertado pela Galvão
Engenharia S.A. como paradigma para cálculo do sobrepreço, a Petrobras alega que não foi
elaborado estudo relativo ao preço ofertado pela empresa em relação aos referenciais de mercado.

Análise

44. Não procede a alegação da Petrobras de que suas estimativas não foram analisadas, pois,
como mostrado no item II.3, elas o foram, em especial no tocante à grande variação de seus
preços.

45. Quanto à adoção do valor proposto pela Galvão para servir como parâmetro de mercado,
reiteramos que o prejuízo apontado refere-se ao fato de a Petrobras não ter escolhido a melhor
proposta. O valor de mercado usualmente é definido pela mediana do mercado, enquanto que a
melhor proposta, na licitação em questão, seria a de menor valor dentre as exequíveis.

46. Vale também registrar que a menção ao voto do Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar, Relator
do AC-1784/2011-P (TC-009.830/2010-3), deve ser devidamente contextualizada. No caso, a
Petrobras havia contratado com a empresa que apresentou melhor proposta. Para avaliar o preço
do contrato, a equipe requereu detalhes dessa proposta, mas a Petrobras informou que não as
possuía, porque seu entendimento é de que esses detalhes não são importantes, bastando-lhe
saber se o preço global ofertado está de acordo com a sua estimativa, e não por outra razão que o
Relator afirmou que essa seria a única forma de apurar o sobrepreço.

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47. O que se observa é que a Galvão pôde ofertar um preço muito menor do que a estimativa
da Petrobras porque foi mais ousada e criativa na sua proposta de metodologia executiva do que
a contemplada na estimativa da Petrobras e na proposta vencedora do certame, utilizando-se de
tecnologias anteriormente testadas pela empresa para a mitigação dos efeitos de chuva e
produtividades maiores do que as usualmente adotadas pela Petrobras para a fabricação e
montagem de tubulações, porém dentro de parâmetros especificados na literatura. Conforme
mostrado na Tabela 2, enquanto a literatura sugere índice de 163,36 HH/t, a Galvão considerou
162,43 HH/t em sua proposta.

Tabela 2 - Cálculo da produtividade para a tubovia do Comperj


Diâmetro Produtividades para montagem de Quantidade no Produtividade Produtividade p/
(pol) linhas de processo(1) (HH/t) Comperj(3)(t) ponderada pela tubulações corridas(2)
Aço Carbono Aço Inox quantidade (HH/t)
(HH/t)
6” 350 600
6,5” 325 12.189,25
8” 250 450 326,72 163,36
9,93” 353,5 783,67
10” 200 350
Obs.: 1) as produtividades para a montagem das linhas de processo foram extraídas do livro Montagens Industriais de Paulo S.
Thiago Fernandes;
2) segundo o mesmo autor, a produtividade para a montagem de tubulações corridas é o dobro da produtividade para a
montagem de linhas de processo;
3) o diâmetro médio das tubulações e respectivas quantidades foram extraídos do arquivo “Comparativo Produt ARO 06
rev 2.xls” apresentado na resposta ao Ofício de Requisição nº 04-231-2012

II.5. Estratégia construtiva utilizada pela Galvão para a sua formação de preço no Convite
nº 0974051.11.8

48. A Petrobras afirma que a Galvão Engenharia S.A., em total desacordo e descumprimento
ao objeto contratual, cotou uma obra de dutovia, diferente da obra constante no objeto da Carta
Convite.

49. Alega que as atividades de construção e montagem de tubulações, quando executadas em


obras em campo aberto (dutovia) e em unidades industriais, apresentam diferentes índices de
produtividade e, portanto, custos, completamente distintos que não podem ser comparados.

50. Acrescenta a estatal que executar uma obra de tubovias com base em uma estratégia
construtiva de obras de dutovias, conforme proposto pela Galvão, é extremamente arriscado do
ponto de vista técnico, e a aceitação de tal proposta configuraria gestão temerária.

51. Em primeiro plano, porque uma obra de tubovias, tal qual a que está sendo realizada pela
MPE no Comperj, possui muitas interfaces com outras obras de montagem industrial também
realizadas no Comperj, de modo que as cautelas relativas a SMS (Segurança, Meio Ambiente e
Saúde) são maiores que em uma obra de dutos (executada de forma individual e sem
interferência com outros contratos da mesma natureza e magnitude no mesmo site de obras).
Além disso, as interferências aumentam a improdutividade das equipes de montagem.

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52. Desse modo, entende a Petrobras, que a proposta apresentada pela Galvão é inexequível,
pois foi elaborada com base em uma estratégia construtiva de dutos, que não contempla a perda
de produtividade e os custos de SMS decorrentes das interfaces da obra.

Análise

53. A Petrobras insiste na tese de que a produtividade adotada pela Galvão é incompatível
com a de uma obra de tubovia.

54. No entanto, é importante ter em mente que, apesar das interferências, a obra de uma
tubovia não pode ser comparada à de uma unidade de processo. Com certeza a produtividade em
uma tubovia tende a ser muito maior do que a de uma unidade de processo, haja vista que o
menor número de interferências aumenta a produtividade para a montagem das tubulações.
Conforme apontado na Tabela 2, a produtividade recomendada para tubulações corridas (sem
interferências) é o dobro da recomendada para unidades de processo.

55. A questão é quão maior pode ser esta produtividade. A Galvão, com toda a sua expertise,
entendeu que poderia adotar produtividades próximas das esperadas para obras de tubovia. Ao
contrário, a Petrobras, de forma conservadora, optou por realizar a sua estimativa considerando
produtividades próximas às do outro extremo, de unidades de processos, que considera a
existência de uma infinidade de interferências.

56. Não há, portanto, como se afirmar que a proposta da Galvão é inexequível. Poderia até
ser taxada de ousada, mas não de inexequível.

II.6. Implicações jurídicas do conceito de sobrepreço utilizado pela SECOB – Violação aos
princípios do contraditório e da ampla defesa

57. A Petrobras repete argumentos acerca da irregularidade da adoção do preço ofertado pela
Galvão como parâmetro de mercado e que isso impossibilita sua defesa, haja vista que a ampla
defesa somente poderia ser estabelecida caso a Petrobras pudesse defender a sua estimativa de
custos e afirmar que para aquela licitação ela refletiu o preço de mercado.

Análise

58. Conforme já demonstrado anteriormente, não houve e não há qualquer ofensa ao


contraditório e a ampla defesa.

59. Se a Petrobras entende que a proposta da Galvão é inexequível, deve prová-lo de forma
objetiva, o que a estatal não fez até o momento.

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II.7. Critérios de aceitabilidade de preços

60. A Petrobras afirma que a faixa de aceitabilidade de preços está sendo analisada em
processo específico (TC-006.810/2010), que foi aberto para discutir os valores mínimos e
máximos que devem ser aceitos em suas.

61. Alega, ainda, que a Secob já aceitou o estabelecimento de um intervalo esperado de


precisão, discutindo-se no momento alguns aspectos práticos relativos à sua aplicação (TAG e
QD). Portanto, torna-se contraditório estabelecer neste momento que não existem critérios ou
que eles não seriam conhecidos.

62. Afirma, também, que, ao contrário da Lei 8666/93, a Petrobras não divulga o seu
orçamento ao mercado e, portanto, não trabalha com critério de aceitabilidade de preço máximo
global. Não faz qualquer sentido, dentro da lógica de licitação e contratação utilizada pela
Companhia, estabelecer em seu ato convocatório a metodologia estabelecida pela AACEI, se o
valor total final paradigma estrategicamente não é revelado ao mercado.

63. Portanto, a solução, conforme autorizada pelo Decreto nº 2745/98, seria utilizar um
padrão técnico internacional associado às diretrizes da estratégia de contratação utilizada pela
Petrobras.

Análise

64. É importante registrar, desde logo, que o item 5.3.1 do Decreto 2745/98 impõe que sejam
fixados critérios objetivos para a avaliação e classificação das propostas. Não há o que se discutir
a esse respeito.

65. Quanto à discussão, que está sendo travada no âmbito do TC-006.810/2011-0, é verdade
que lá se discute os limites máximos e mínimos que a estatal define a priori para as licitações.
Mas, não está no escopo daquele processo a definição de critério objetivo para situações em
quem muitas propostas estão abaixo do mínimo previamente fixado. A Petrobras deveria ter
regulamentado tal hipótese, pois não é raro acontecer o que se viu no caso da tubovia. O que a
equipe fez no relatório foi mostrar que, se fosse adotado pela Petrobras o critério da Lei
8.666/93, a proposta não teria sido considerada inexequível.

66. Independente da discussão acerca dos limites de aceitabilidade, há que se destacar a farta
jurisprudência do TCU no sentido de que a presunção de inexequibilidade é relativa e deve ser
avaliada no caso concreto.

67. Portanto, a não estipulação de critérios objetivos para aceitabilidade das propostas, se
constitui em infração ao Decreto 2745/98 e ao princípio do julgamento objetivo. Além disso, a
vedação de acesso prévio dos órgãos de controle às estimativas da Petrobras agrava ainda mais
esta irregularidade.

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II.8. Aspectos práticos que comprovam a inexequibilidade da proposta da Galvão

68. Neste item, a Petrobras procura demonstrar, tal como feito em atendimento ao Ofício de
Requisição nº 04-231-2012, que os motivos alegados para a desclassificação da Galvão
comprovam a inexequibilidade da proposta da empresa.

II.8.1. "Item A": Da inexistência de profissionais exigidos no edital

69. A Petrobras apresenta uma planilha com diversos profissionais previstos no edital que
não teriam sido considerados no DFP da Galvão, e informa que as funções gerenciais não podem
ser exercidas por coordenadores ou gerentes de áreas não correlatas.

70. Segundo a estatal, no relatório de auditoria, foi considerado que as funções de gerente de
construção e montagem e gerente de QSMS poderiam ser substituídas por coordenadores, sem
qualquer garantia de que as exigências de capacitação para os cargos, expressas no edital fossem
cumpridas, mesmo que o salário fosse compatível com a função gerencial.

71. Alega que as funções que compõem a equipe de planejamento são fundamentais para a
evolução e controle do cronograma e que a Galvão não previu mobilizar a equipe mínima
prevista pela Petrobras para atender ao contrato, indicando claramente que não haveria um
planejamento eficiente na obra.

72. Acrescenta que o Comperj possui um cronograma integrado que possibilita o


acompanhamento da evolução de todos os contratos e os impactos ocasionados por cada
empreendimento no caminho critico geral. A quantidade de interfaces com outras contratadas,
característica primordial deste contrato, reforça a demanda de uma equipe completa para o
planejamento e controle do empreendimento.

73. Ressalta a estatal que outras funções não previstas pela Galvão são imprescindíveis em
uma obra como o Comperj:

a) coordenador e profissionais de comunicação social, pelos impactos sociais imensos


gerados na região de implantação do empreendimento e que é assunto regular nas
mídias locais e nacionais, exigindo pessoal qualificado para tramitação das
informações referentes ao contrato, inclusive para público interno;
b) técnico de informática e analista de sistemas, com as qualificações exigidas em
contrato, são necessários em função das exigências de automação de projeto,
controles de cronograma, de medições, de suprimentos, etc., assim como, também,
para dar apoio técnico a todo o desenvolvimento e operacionalização dos softwares
que serão utilizados;
c) coordenador de interfaces, que é o profissional que mais será demandado durante a
execução do contrato, haja vista que as características de construção da tubovia
exigem que a pessoa que assuma este cargo tenha a capacidade de analisar o
comportamento e evolução de todos os contratos do Comperj que interfiram na
execução da tubovia.

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Análise

74. A Petrobras apresentou os mesmos argumentos durante a auditoria, mostrando o quadro


de profissionais previstos no edital e que não teriam sido considerados no DFP da Galvão. No
quadro abaixo, apresenta-se, ao lado da listagem de profissionais trazida pela Petrobras,
comparação entre as propostas da Galvão e da MPE, que foi declarada vencedora do certame.

Profissionais Apontados pela Profissionais constantes do DFP Profissionais Constantes no DFP da


Petrobras como não apresentados Galvão proposta da MPE
no DFP da Galvão
Cargo Salário na Cargo no DFP Salário no Cargo no DFP Salário no
Estimativa DFP DFP
Gerente de Coordenador de
Gerente de Obra -
construção e 19.592,09 construção e 25.000,00 20.000,00
Montagem
montagem montagem
Coordenador de
Gerente de QSMS 12.406,82 21.000,00 Não previsto
qualidade
Gerente de
15.592,96 Gerente de logística 15.000,00 Não previsto
suprimento
Gerente de Gerente de
planejamento e 19.592,09 administração 25.000,00 Não previsto
controle contratual
Profissional de
Não previsto Não previsto
Comunicação Social
Coordenador de
Não previsto Não previsto
Comunicação Social
Coordenador de
Não previsto Não previsto
Interfaces

Técnicos de Técnicos de
5.105,94 Não previsto 5.500,00
Planejamento Planejamento

Analista de Sistema 7.680,64 Não previsto Analista de Sistema 4.500,00

Supervisor de Supervisor de
6.628,84 Não previsto 5.500,00
Construção Civil Construção Civil
Supervisor de
topografia ( na
5.653,17 Topógrafos 6.500,00 Topógrafos 6.000,00
estimativa - Inspetor
de topografia)
Os serviços de
ensaios não
Inspetor de END 5.653,17 destrutivos foram Inspetor de END 5.500,00
previstos como
subcontratos
Engenheiro de
Engenheiro de
13.347,90 produção, no DFP de 18.000,00 Não previsto
comissionamento
comissionamento.
Técnico de
Não previsto Não previsto
Informática

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75. Discordamos da Petrobras quando ela alega que não há como garantir que os
Coordenadores previstos pela Galvão para os importantes cargos de Gerente de construção e
montagem e Gerente de QSMS irão suprir as exigências do edital, pois os salários dos
coordenadores da Galvão são superiores aos de gerente da estrutura da Petrobras. Basta, portanto,
que a Petrobras, ao analisar os currículos apresentados pela contratada, verifique a
compatibilidade do profissional com os requisitos do edital.

76. A Petrobras aponta, corretamente, que a Galvão não previu profissionais para as funções
de Coordenador de Comunicação Social, Comunicação Social, Técnico de Informática, Analista
de Sistemas e Coordenador de Interfaces, todas consideradas por ela como muito importantes.

77. Porém, a Petrobras omite que a MPE, que foi contratada, não previu profissionais para
mais funções: Gerente de QSMS, Gerente de Suprimento, Gerente de Planejamento e Controle,
Coordenador de Comunicação Social, Comunicação Social, Coordenador de Interfaces,
Engenheiro de Comissionamento e Técnico de Informática.

78. Apegando-se à literalidade do edital, se a proposta da Galvão fosse considerada


inexequível, a da MPE também deveria sê-lo, o que não ocorreu. Conclui-se que a Petrobras
entendeu, no caso da MPE, que o nome da função era irrelevante, bastando que previsse
profissional com salário compatível. Portanto, o mesmo critério deveria ter sido adotado no
julgamento da proposta da Galvão.

II.8.2. "Item B" - MOI abaixo da estimativa da Petrobras

79. A estatal alega que a MOI da Galvão foi de 672.951 HH, e a previsão da Petrobras foi de
2.007.318 HH, ou seja, a Galvão previu 1/3 das horas estimadas pela Petrobras. Enquanto isso, a
MOI prevista na proposta da MPE foi de 1.517.706 HH o que representa 75,61% do total da MOI
estimada. A MOI prevista pela MPE foi 125,53% maior do que a da Galvão.

80. A Petrobras aduz que a MOI de um contrato deve ser suficientemente dimensionada para
que possibilite a execução das atividades de produção e que a falta de recursos voltados às áreas
de planejamento, controle, qualidade, segurança, limpeza, organização e gerenciamento dos
trabalhos gera reflexo negativo no avanço da obra.

81. A Petrobras aponta, também, que a relação MOI/MOD da MPE (26,86%) está alinhada
com a da estimativa da Petrobras (27,6%), enquanto que a da Galvão (12,42%) é menos da
metade.

Análise

82. É preciso registrar, de imediato, que a Petrobras continua informando dados do DFP do
Contrato da MPE como se fossem dados originais da proposta da empresa, o que, inclusive, já foi
alertado na análise das justificativas da Petrobras, no relatório de auditoria. A reincidência
demonstra má-fé da empresa.

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83. O verdadeiro número da MOI na proposta original da MPE foi 1.068.645 HH e


corresponde a 33,34% da MOD. Logo, a MOI prevista pela MPE foi 53,2% da MOI da
estimativa da Petrobras.

84. A Petrobras alega que a relação MOI/MOD da MPE está alinhada com a da sua
estimativa, porém, de acordo com a literatura, ambas estão bastante elevadas. Conforto e
Spranger preconizam que a relação MOI/MOD deve se situar na faixa compreendida entre 15% e
20%. A relação da Galvão (12%), embora baixa, está mais próxima da faixa recomendada que a
da estimativa da Petrobras (28%) e a da proposta da MPE (33%).

85. Dessa forma, considerando que a MOI prevista pela MPE era quase metade da estimativa
da Petrobras, não há como se aceitar a declaração de inexigibilidade da Galvão sem que a MPE
fosse arrastada junto com ela. Constata-se, mais uma vez, a falta de critério objetivo da Comissão
de Licitação.

II.8.2.1 Ajustes nos percentuais de ISS, PIS e COFINS no DFP do Contrato da MPE

86. A Petrobras afirma que a alíquota do ISS em Itaboraí é de 5% e que esse foi o percentual
apresentado na proposta original da MPE para todos os serviços. Da mesma forma, para o
COFINS e PIS, que possuem taxação diferenciada para a fase de construção civil (3,00% e
0,65% respectivamente) e para a de construção e montagem (7,65% e 1,60% respectivamente), a
Petrobras afirma que esses foram exatamente os índices previstos na proposta original da MPE.

Análise

87. A Petrobras traz aos autos informações que não se sustentam perante os documentos
entregues à equipe de auditoria (EVS-18 DFP da Proposta MPE). O DFP da proposta original da
MPE aponta claramente que as alíquotas para o COFINS e o PIS da construção civil eram de
7,60% e 1,65%, respectivamente. No DFP do Contrato, essas alíquotas foram alteradas para
3,00% e 1,65%, sem que a diferença fosse convertida em redução do preço proposto.

88. Para o ISS, foi adotada uma alíquota de 5,00% no DFP da proposta da MPE, a mesma do
DFP do Contrato, só que este considerou um abatimento variável, de 0,52% na construção civil,
de 0,91% na construção e montagem e de 1,32% no fornecimento de materiais. Da mesma forma,
esta redução não foi convertida em abatimento de preço.

89. Já para o COFINS e PIS a alíquota prevista no DFP original para a construção e
montagem e fornecimento de materiais não consideraram o abatimento previsto no regime não
cumulativo (Lei 10.833/2003, art. 3º e Lei 10.637/2002, art. 3º). Tal correção foi efetuada no
DFP do Contrato, mas a diferença não correspondeu a uma redução do preço proposto.

90. Fica claro, portanto, que a Petrobras reconheceu e identificou excessos no valor dos
tributos da proposta da MPE, mas a correção desses excessos não correspondeu a uma redução
no preço da obra, no valor de R$ 25.843.260,87, como deveria ser feito.

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II.8.3. "Item C": Produtividade

91. A Petrobras alega que, nos índices de produtividade, constantes do DFP da Galvão,
verifica-se redução substancial em relação aos índices praticados em projetos similares (tubovia)
para a Petrobras, observadas as improdutividades decorrentes de paralisações por chuvas, trajetos
e interfaces com outras empreiteiras em atividades no Comperj, conforme previsto nos
instrumentos contratuais próprios.

92. A razão de tal redução deve-se ao fato de que a licitante Galvão não atentou para o objeto
contratual e cotou uma obra de dutovia. Este é um vício que macula fatalmente a proposta
ofertada pela Galvão, de flagrante inexequibilidade.

93. Nessa senda, foi analisada pela Comissão de Licitação a impraticabilidade da proposta
sobre o ponto de vista financeiro e da incapacidade em desempenhar o objeto licitado. Desata a
Petrobras que se deve observar o OBJETO LICITADO e não na proposta apresentada pela
Galvão, com objeto diferente do que se pedia na Carta Convite.

94. Alega, adicionalmente, que a MPE seguiu os requisitos mínimos obrigatórios e previu a
utilização de solda orbital e cobertura nas áreas de trabalho para a mitigação dos efeitos das
chuvas, ao passo que a Galvão não previu a utilização da solda orbital.

95. Informa, ainda, que os recursos de MOD alocados pela MPE são superiores aos da
estimativa da Petrobras (293,07 HH/t), com produtividade de 325,61 HH/t de tubulação, ao passo
que a Galvão previu apenas 162,43 HH/t.

Análise

96. Uma vez mais, não custa repetir, a Petrobras compara, indevidamente, os dados do DFP
da Galvão com os do Contrato da MPE, olvidando os números da proposta original da MPE.

97. Não é verdade que a MPE tenha previsto a utilização de solda orbital na sua proposta,
assim como não é verdade que tenha previsto cobertura para mitigação dos efeitos de chuva. Não
previu (ver DFP de Montagem Eletromecânica da EVS-18 DFP da Proposta MPE). A
Construtora só veio a prever tais custos quando da assinatura do contrato, após negociações
realizadas com a Petrobras acerca da exequibilidade da sua proposta.

98. Além disso, não se pode sequer afirmar que no contrato, depois de a proposta original da
MPE ter sido alterada, a planilha prevê adequadamente as medidas mitigação dos efeitos de
chuva. Na planilha do contrato, essas medidas somam R$ 2.400.000,00, enquanto na proposta da
Galvão alcançam R$ 30.000.000,00 e na estimativa da Petrobras R$ 24.000.000,00.

99. Quanto à produtividade, no DFP original da proposta da MPE foi de 221,39 HH/t e não
de 325,61 HH/t. Esta é a que prevê a planilha do Contrato. Ou seja, o DFP do Contrato não tem
relação alguma com o DFP da proposta vencedora.
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100. Por fim, não resta dúvida que a produtividade prevista pela Galvão (162 HH/t) é ousada,
mas, ainda assim, no limite dos parâmetros estabelecidos na literatura, conforme analisado
anteriormente.

II.8.4. "Item D”: Canteiros de Obras

101. A Petrobras rechaça veementemente a seguinte afirmativa que consta do relatório de


auditoria: "Fica evidente que a Petrobras não tinha, neste item, elementos para considerar
qualquer proposta como inexequível, haja vista que o canteiro previsto em sua estimativa de
preços nem sequer corresponde às especificações para os canteiros constantes do Anexo I – A
do Convite n 097.4.051.11-8".

102. Segundo a estatal, essa assertiva não procede, porquanto a Empresa tem uma das
melhores e maiores estruturas de Engenharia de Custos do país (inclusive o seu Gerente
responsável foi escolhido como o Engenheiro de Custo de 2012 pelo renomado IBEC – Instituto
Brasileiro de Engenharia de Custos).

103. Prossegue a estatal informando como é feita a estimativa de custos do canteiro e


apresenta a documentação de suporte e a metodologia utilizada. Conclui que todas as exigências
do Anexo I-A de Canteiro do Edital foram consideradas e precificadas pela Engenharia/SL/ECP.

Análise

104. A estimativa de preços da Petrobras para os canteiros não corresponde às especificações.


Um exemplo dessa dissociação é a estimativa de custos da área de 20.272,00 m2, especificada
como sendo almoxarifado de materiais da Petrobras, onde, de acordo com os esclarecimentos
prestados pela Petrobras, na resposta ao Ofício de Requisição nº 08-231/2012, deveriam ser
armazenados os tubos fornecidos pela Petrobras.

105. Na estimativa de custos do canteiro essa área foi cotada a R$ 487,57/m2, praticamente o
mesmo preço das edificações, cotadas a R$ 490,00/m2. O custo unitário dos pátios de estocagem,
que deveriam servir de referência, foi cotado a R$ 93,50/m2. Apenas neste item houve uma
diferença de quase R$ 8,0 milhões.

106. Além disso, não há a menor compatibilidade entre os custos de canteiro previstos pela
Petrobras com os das licitantes, conforme apontado pela própria estatal na resposta ao Ofício de
Requisição nº 04-231/2012 e mencionado no relatório de auditoria, sendo que estas cotaram com
base nos elementos estipulados no Anexo I-A do REBID.

II.8.5. "Item E": Dormentes em concreto moldado "in loco"

107. A Petrobras procura mostrar as vantagens da utilização de dormentes pré-moldados,


prevista pela estatal, e as desvantagens da execução in loco, como previu a Galvão.

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Análise

108. Não resta dúvida que a utilização de concreto pré-moldado para a fabricação de
dormentes agiliza e otimiza o processo de execução da obra.

109. Mas o que está em pauta, no momento, é a exequibilidade da proposta da Galvão e não
apenas as vantagens de um método construtivo. Uma proposta não pode ser considerada
inexequível apenas porque considera a execução de dormentes em concreto moldado in loco em
vez de pré-moldados. Para considerá-la inexequível, a Petrobras deveria comprovar a
inviabilidade de a empresa cumprir o cronograma da obra em decorrência do método executivo
proposto, o que não feito.

II.8.6. "Item F": estratégia construtiva

110. A Petrobras procura demonstrar, mais uma vez, as principais diferenças entre uma obra
de dutos e uma tubovia industrial. Ressalta a ocorrência de mais de 30 empreendimentos em
paralelo à execução da tubovia, todos com algum tipo de interferência com a tubovia.

111. Afirma a estatal que as experiências anteriores que a Galvão utiliza para sustentar sua
proposta de uso de tendas infláveis não são semelhantes às realidades da tubovia. Essa solução se
limitaria a proteger trechos longos e contínuos, o que não ocorre no Comperj, haja vista que as
interferências são inúmeras e se distribuem por toda a obra. Aduz que, embora os efeitos dessa
solução sejam conhecidos da Galvão, as interferências não o são por completo.

112. A Petrobras afirma que a Galvão procura, com sua proposta, impor à Petrobras um risco
muito grande. A única razão para propor tais estratégias, segundo a Petrobras, é que a Galvão
acredita que, em não conseguindo aplicar as medidas planejadas, poderia transferir para a
Petrobras a responsabilidade de resolver seus desvios de prazo e custo.

Análise

113. Não resta dúvida de que existem diferenças entre uma obra de dutos e de uma tubovia.

114. Da mesma forma, ficou bastante claro, ao longo das análises efetuadas, que as
produtividades propostas pela Petrobras são muito conservadoras e estão próximas das utilizadas
para unidades de processo, de execução mais complexa e com um número maior de
interferências. Também ficou assente que a Galvão propôs produtividades mais ousadas,
próximas das praticadas em obras de dutos.

115. Mas, em nenhum momento, a Petrobras demonstrou porque entende que a Galvão não
compreendeu o objeto da obra. Aliás, difícil é imaginar que a Galvão, com o histórico de obras
que tem, apresente e insista numa proposta que a Petrobras afirma ser inexequível.

116. Conclui-se, portanto, que a Petrobras não trouxe elementos objetivos que permitam
considerar inexequível a estratégia executiva proposta pela Galvão.

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III. ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO REFERENTE À MEDIDA CAUTELAR –


PETROBRAS (PEÇA 66)

117. A Petrobras se limita a questionar a existência da “fumaça do bom direito”, requisito


fundamental para concessão da cautelar, a partir, principalmente, dos esclarecimentos prestados
em sua manifestação preliminar protocolada em 6/6/2012, ora complementados.

118. A complementação mencionada pela Petrobras é, em grande parte, uma repetição dos
argumentos trazidos na manifestação anterior, para tópicos específicos contidos no despacho da
Ministra Relatora, como veremos a seguir.

119. O primeiro tópico atacado pela Petrobras foi a “inexistência de profissionais exigidos no
edital”, com a transcrição integral dos argumentos apresentados na manifestação anterior e
devidamente analisados no item II.8.1 desta instrução.

120. O segundo foi a “MOI abaixo da estimativa da Petrobras”, também com os mesmos
argumentos apresentados na manifestação anterior e devidamente analisados no item II.8.2 desta
instrução.

121. O terceiro foi a “irregular desclassificação de três licitantes – sobrepreço”, para o qual,
além de argumentos já apresentados na manifestação anterior, no tópico “sobrepreço –
parâmetros de mercado e análise matemática”, foi mencionada uma conclusão da Comissão
Mista de Orçamento do CN que reforçaria o argumento da validade de sua estimativa de custo.
Como este argumento não traz novidades ao tema, considera-se que esta questão já foi
devidamente analisada no item II.4 desta instrução.

122. O quarto foi o “motivo de desclassificação – inexequibilidade da proposta da Galvão


Engenharia”, para o qual repetem-se os argumentos apresentados no item “estratégia construtiva
utilizada pela Galvão para a sua formação de preço no Convite nº 0974051.11.8” da
manifestação anterior, analisados no item II.5 desta instrução.

123. O quinto foi a “estratégia construtiva”, para o qual repetem-se os argumentos


apresentados no ” item F: estratégia construtiva” da manifestação anterior, já analisados no item
II.8.6 desta instrução.

124. O sexto e último ponto atacado foi o “existência de quatro estimativas de custos”, com os
mesmos argumentos do item “histórico – da necessidade fundamentada da elaboração de novas
estimativas” da manifestação anterior, já exaustivamente analisada no item II.3 desta instrução.

125. Não há, portanto, qualquer novidade nesta manifestação da Petrobras que possa alterar os
entendimentos anteriores.

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IV. ANÁLISE DA MANIFESTAÇÃO REFERENTE À MEDIDA CAUTELAR – MPE


MONTAGENS E PROJETOS ESPECIAIS S.A. (PEÇA 64)

IV.1. Solicitação de prorrogação de prazo

126. A MPE alega que, embora no Relatório de Auditoria tenha sido recomendada a concessão
de prazo de quinze dias para oitiva dos interessados, foi concedido apenas cinco dias para a sua
manifestação, o que configuraria afronta aos princípios constitucionais de ampla defesa e do
contraditório, e requer a concessão de novo prazo.

Análise

127. Aparentemente, a MPE confundiu a proposta de oitiva da IG-P com a da cautelar. Na


primeira, foi proposto prazo de quinze dias, e, na segunda, prazo de cinco dias. A MPE está
sendo instada a se manifestar acerca da cautelar (oitiva prévia) e o prazo concedido, de cinco
dias, é regimental (§ 2º do artigo 276 do RITCU).

128. Não há, portanto, qualquer afronta à ampla defesa e ao contraditório. A MPE poderá se
manifestar novamente antes que qualquer medida definitiva a respeito do contrato firmado com a
Petrobras seja adotada por esta Corte de Contas.

129. Dessa forma, refuta-se por inteiro a alegação de que teria sido violado o princípio do
contraditório e da ampla defesa, assim como a pretensão da MPE de ter novo prazo.

IV.2. Inexequibilidade técnica da primeira colocada

130. A empresa alega que a proposta da empresa Galvão não contempla o estabelecido no
edital, de tal forma que sua proposta, aparentemente de menor preço, não se encontra em
conformidade com o instrumento convocatório.

131. Acrescenta que, se a empresa Galvão de fato tivesse apresentado preço nos moldes do
edital e da MPE, o seu preço seria demasiadamente superior ao preço da MPE, ora questionado, e
que a alternativa para a prestação de serviço apresentada pela empresa Galvão não estava prevista
no edital e, portanto, não deve ser considerada, sob pena de se estar infringindo princípios
basilares do procedimento licitatório, como a vinculação ao instrumento convocatório,
julgamento objetivo e isonomia.

132. Segundo a MPE, a proposta da Galvão não tem correspondência com o que foi licitado,
com método construtivo diferente, em clara violação ao princípio da isonomia entre os licitantes,
daí o porquê da desclassificação. Portanto, na visão da empresa, a desclassificação, fundada na
inexequibilidade, se deu em razão da metodologia proposta ser “manifestamente inexequível”.

133. A MPE alega, também, que, como a finalidade primordial da licitação é a busca da
proposta mais vantajosa segundo o interesse público, quando o licitante deixa de comprovar que

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sua proposta é exequível, não se pode conferir a este o direito de ser reconhecido até mesmo
como vencedor, pois, do contrário, estar-se-ia proibindo a busca pela proposta mais eficiente.

134. Alega, também, que é inexequível o preço incoerente ou incompatível com os custos de
mercado, sem apresentação de qualquer lucratividade ou razoabilidade em sua formulação,
exatamente como se apresentaram as propostas desclassificadas, em especial a da Galvão, haja
vista a alteração da metodologia de execução da tubovia, equiparando-a a dutovia.

Análise

135. Em apertada síntese, a proposta da Galvão seria inexequível, na visão da MPE, por ter
sido cotada a obra de uma dutovia ao invés de uma tubovia. É importante ressaltar que este
argumento já foi usado anteriormente pela Petrobras, inclusive com mais propriedade, analisado
e rebatido no relatório de auditoria e nesta instrução.

136. Ainda assim, convém repetir que a proposta da Galvão foi elaborada não para a
construção de uma dutovia, mas sim para a de uma tubovia, utilizando métodos construtivos
normalmente utilizados em dutovias.

137. A utilização deste partido construtivo não inviabiliza a proposta da Galvão, até porque as
tubovias e as dutovias apresentam muitas semelhanças entre si, diferindo, basicamente, na
concentração de dutos e na quantidade de interferências.

138. A alegação de que a alteração do método construtivo seria um descumprimento do edital


e por si só já deveria acarretar a desclassificação da Galvão não encontra amparo nos
procedimentos usualmente adotados pela Petrobras. Apenas para exemplificar, cita-se o caso da
construção e montagem dos oleodutos Cacimbas – Barra do Riacho, tratado no TC-
010.552/2009-1.

139. Na licitação citada no item anterior, a estimativa de custos da Petrobras foi de


R$ 160.451.517,26, com limite inferior de R$ 136.383.789,67, e contemplava a utilização de
trincheiras e dutos encamisados com concreto para a travessia de áreas alagadas. A proposta de
menor preço e vencedora do certame, no valor de R$ 85.914.517,06, adotou um método
construtivo radicalmente diferente, que provou ser acertado, a utilização de furos direcionais para
a travessia das áreas alagadas. A Petrobras acatou a proposta e a obra, que fazia parte do caminho
crítico do empreendimento, foi concluída sem sobressaltos.

140. Não há, portanto, como considerar que as alegações da MPE, meramente retóricas,
tenham o condão de caracterizar a inexequibilidade da proposta da Galvão.

IV.3. Experiência e produtividade da MPE

141. A MPE informa que o procedimento por ela dotado em sua proposta e acolhido pela
Petrobras, foi o de execução de tubovias, com tubulações montadas em “pipe way” de até 60

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metros de largura, com diversas linhas de produtos correndo em paralelo, com aumento
significativo da dificuldade e riscos operacionais na execução da obra.

142. A empresa ressalta que é, também, detentora da mesma, ou até maior, qualificação
técnica para a execução dos serviços que a Galvão Engenharia S.A, pois, encontra-se
devidamente cadastrada no Cadastro Geral de Fornecedores da Petrobras para a execução de
tubovias. Acrescenta, que tem se destacado pelo alto desempenho na execução de obras junto à
Petrobras, inclusive tendo sido premiada por diversas vezes.

143. Por fim, a empresa acrescenta que é parte integrante do Grupo MPE, composto por
diversas empresas com larga experiência na Engenharia. Cita a sua própria experiência (24 anos)
e a de suas coirmãs, a EBE – Empresa Brasileira de Engenharia S/A (73 anos de existência),
GEMON – Geral de Engenharia e Montagens S/A (26 anos de existência) e EBSE – Empresa
Brasileira de Solda S/A (89 anos), para ao fim afirmar que a sua experiência supera, em muito, a
da Galvão, com apenas nove anos de existência.

Análise

144. Aqui, a MPE tentou demonstrar que, diferentemente da Galvão, elaborou uma proposta
para execução de uma tubovia, e que detém mais experiência que a sua congênere.

145. Verifica-se que, na realidade, a proposta da MPE, embora mais elevada, descumpria,
também, muitas das cláusulas do Edital, conforme mostrado na análise das manifestações da
Petrobras, nos itens II.8.1 a II.8.4 deste relatório, de forma que se a proposta da Galvão merecia
ter sido desclassificada a da MPE também deveria sê-lo.

146. Compulsando a documentação inicial dos convites, constata-se que a empresa MPE não
foi convidada a participar do BID e nem do REBID, somente participando deste por ter solicitado
a sua inclusão na lista das empresas selecionadas. A sua inclusão no processo foi autorizada, nos
termos do DIP ENGENHARIA 555/2011, por ter sido considerado que atendia a quase todos os
critérios pré-estabelecidos. Ou seja, não atendia a todos os requisitos, mas, em prol do aumento
de competitividade foi admitida no certame.

147. Embora mais antiga, a experiência da MPE em contratos com a Petrobras, mormente na
área de Refinarias, não pode ser comparado com a da Galvão, conforme mostrado na evidência
EVS-10 Carteira de Contratos no Cadastro de Fornecedores da Petrobras, onde a MPE aparece
com apenas cinco contratos e a Galvão com cerca de 22.

IV.4. Princípio da vinculação ao instrumento vinculatório

148. A MPE alega que não merece prosperar o argumento de que não foi estabelecido, no
Edital, qualquer critério objetivo para a caracterização da inexequibilidade das propostas, pois a
declaração de inexequibilidade das propostas configurou verdadeiro dever da Administração
Pública de exigir a demonstração das condições mínimas e indispensáveis para a prestação do
serviço, conforme estabelecido no Edital, prevalecendo o princípio da vinculação da
Administração Pública ao Edital.
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3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – SECOB 3
1ª Diretoria Técnica

149. Alega, ainda, que apresentou proposta tendo como base o instrumento convocatório, agiu
dentro da mais absoluta legalidade, atendendo aos princípios gerais da Administração Pública, e
que a Galvão Engenharia S.A., licitante que ofertou o menor preço, em momento algum
impugnou ou questionou as regras do edital da licitação e reconheceu a legalidade de sua
desclassificação.

Análise

150. Ao contrário do que afirma a MPE, não foram estabelecidos, no edital, os critérios para
aceitabilidade das propostas. Tanto isto é verdade, que a própria MPE tomou conhecimento de
que sua proposta estava dentro do limite de aceitabilidade por intermédio do relatório da
auditoria, conforma afirma no item 18 de sua manifestação.

151. A bem da verdade, a proposta da MPE somente foi incluída na faixa de aceitabilidade
após a alteração da estimativa da Petrobras. Este é um critério de aceitabilidade não declarado no
edital e também bastante elástico, haja vista que pode ser alterado ao longo do processo, como
ocorreu na licitação em tela e em diversas outras.

152. Também ao contrário do que afirma a MPE, a sua proposta não estava estritamente de
acordo com o instrumento convocatório, conforme já mostrado anteriormente, nos itens II.8.1 a
II.8.4 deste relatório.

153. Por fim, o fato de a Galvão não ter apresentado recurso, não significa que ela estivesse de
acordo com sua desclassificação, até porque procurou demonstrar o contrário, mas sim por não
ser uma sistemática corrente nas licitações da Petrobras. Perde-se esta licitação, mas ganham-se
outras.

V. CONCLUSÃO

154. Verifica-se que nem a Petrobras e nem a MPE trouxeram aos autos novos elementos que
nos permitam considerar regular a desclassificação imposta à Galvão Engenharia S.A., por
inexequibilidade de sua proposta, no Convite nº 0974051.11.8.

155. Além disso, não restou configurada a violação ao princípio do contraditório e da ampla
defesa para a Petrobras, refutando-se, assim, a pretensão da estatal de ter a devolução integral do
prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei 12.465/2011. Não obstante, a Petrobras poderá
apresentar esclarecimentos adicionais no sentido de sanear o indício de irregularidade detectado.

156. Da mesma forma, não restou configurada a violação ao princípio do contraditório e da


ampla defesa para a MPE, refutando-se, assim, a pretensão da empresa de ter a prorrogação de
prazo.

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3ª Secretaria de Fiscalização de Obras – SECOB 3
1ª Diretoria Técnica

157. Restam, portanto, configuradas as seguintes irregularidades no Convite nº 0974051.11.8:

a) desclassificação da Galvão Engenharia S.A., por ter sido a sua proposta, no valor de
R$ 568.844.421,80, considerada inexequível, embora o Convite não tenha
estabelecido de forma objetiva os critérios para a caracterização da inexequibilidade,
em afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98, que dispõe
expressamente que os editais devem fixar critérios objetivos para a avaliação e
classificação das propostas, e aos princípios fundamentais das licitações expressos no
item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento
objetivo;
b) contratação da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., por meio do Contrato nº
0858.0071411.11.2, no valor de R$ 731.810.727,00, com um sobrepreço de
R$ 162.966.305,20, tomando por base o valor da proposta da Galvão Engenharia S.A.

158. Tendo em vista que a proposta da empresa Galvão Engenharia S.A. foi amplamente
criticada tanto pela Petrobras como pela MPE, considera-se adequado que seja franqueada a sua
manifestação em oitiva.

159. Além disso, restam presentes os pressupostos básicos para a medida cautelar proposta.

VI – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

160. Por todo o exposto, submetemos estes autos à consideração superior, propondo a adoção
das seguintes providências:

a) adotar, com fulcro no art. 276 do RITCU, a medida cautelar de suspensão da


execução do Contrato nº 0858.0071411.11.2, até que este Tribunal se pronuncie
acerca da regularidade dos procedimentos adotados no Convite nº 0974051.118, em
especial sobre a desclassificação da Galvão Engenharia S.A.;
b) comunicar, em cumprimento ao art. 96, caput, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que foram detectados indícios de irregularidades graves do tipo IG-P (inciso
IV do § 1º do art. 91 LDO/2012) no Contrato nº 0858.0071411.11.2, firmado com a
empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., cujo objeto é a construção da
Tubovia do Comperj, no Estado do Rio de Janeiro, tendo sido estimado potencial
dano ao erário de R$ 162.966.305,20 e que seu saneamento depende da adoção das
seguintes medidas pela Petrobras:
i) renegociação do valor do Contrato nº 0858.0071411.11.2 com a MPE Montagens
e Projetos Especiais S.A. de forma a se obter um desconto correspondente ao
preço da proposta de menor valor; ou
ii) caso não haja concordância da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais
S.A., efetuar o distrato do Contrato nº 0858.0071411.11.2, indenizando-a pelos
serviços executados, e convocar as demais participantes do certame, pela ordem
ascendente do valor das propostas, a partir da Galvão Engenharia S.A., tendo
como base o valor proposto pela Galvão Engenharia S.A. (R$ 568.844.421,80); ou

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iii)caso não se consiga celebrar novo contrato pelo valor atualizado da proposta da
Galvão Engenharia S.A., realizar nova licitação;
c) realizar, nos termos do inciso II do Art. 43 da Lei nº 8.443/92 c/c o inciso IV do Art.
250 do RITCU, a audiência dos responsáveis devidamente identificados no Rol
de Responsáveis (peça 14), para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de
justificativa a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do
Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na desclassificação indevida da
empresa Galvão Engenharia S.A., o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20
na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.;
d) realizar, com fulcro no inciso V do artigo 250 do RITCU, a oitiva das empresas
Petróleo Brasileiro S.A., MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. e Galvão
Engenharia S.A. para que, se assim desejarem, no prazo de quinze dias, se
manifestem a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do
Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na desclassificação indevida da
empresa Galvão Engenharia S.A., o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20
na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.;
e) comunicar à empresa Petróleo Brasileiro S.A. que não restou configurada qualquer
violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, refutando-se, assim, a sua
pretensão de ter a devolução integral do prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei
12.465/2011;
f) comunicar à empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. que não restou
configurada qualquer violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa,
refutando-se, assim, a sua pretensão de ter prorrogação de prazo; e
g) retornar os autos à SECOB-3 a fim de que se promovam as medidas processuais
necessárias.

Secob-3/DT1, em 26 de junho de 2012.

_______________________________________
André Luiz Coelho Hyppolito dos Santos
AUFC – 2795-2

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Secretaria-Geral de Controle Externo
Secretaria de Fiscalização de Obras 3

TC 006.576/2012-5
Natureza: RELATÓRIO DE AUDITORIA
Órgão/Entidade: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
MME

Pronunciamento da SECOB-3/D1

Manifesto-me de acordo com a proposta formulada pelo(a) AUFC ANDRE LUIZ


COELHO HYPPOLITO DOS SANTOS constante de peça anterior (doc 48.678.874-4).

SECOB-3/D1, 27 de junho de 2012.

(Assinado Eletronicamente)
FILIPE CASTRO NICOLLI - Matrícula 4220-0
Diretor

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Secretaria-Geral de Controle Externo
Secretaria de Fiscalização de Obras 3

TC 006.576/2012-5
Natureza: RELATÓRIO DE AUDITORIA
Órgão/Entidade: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
MME

Pronunciamento da Unidade

Manifesto-me de acordo com a proposta formulada pelo(a) AUFC ANDRE LUIZ


COELHO HYPPOLITO DOS SANTOS (doc 48.678.874-4), a qual contou com a anuência
do(a) titular da SECOB-3/D1 (doc 48.688.107-0).

SECOB-3, 27 de junho de 2012.

(Assinado Eletronicamente)
EDUARDO NERY MACHADO FILHO - Matrícula 4208-0
Secretário

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7.4 - Despacho da Ministra Ana Arraes que confirmou a IG-P.


MIN-AA
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Gabinete da Ministra Ana Arraes

TC 006.576/2012-5
Natureza: Relatório de Auditoria
Unidade Jurisdicionada: Petróleo Brasileiro S.A. - MME.
Responsável: Maria das Graças Silva Foster (694.772.727-87)
Interessado: Congresso Nacional

DESPACHO

Cuidam os autos de levantamento de auditoria realizado pela 3ª Secretaria de Fiscalização de


Obras (Secob-3), no âmbito do Plano de Fiscalização de Obras de 2012 (Fiscobras 2012), em parte das
obras do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - Comperj.
2. Preliminarmente, cumpre contextualizar a importância social e econômica da fiscalização.
3. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, localizado no município de Itaboraí/RJ, será uma
refinaria com duas linhas de processamento de petróleo, que formam as Unidades de Petroquímicos
Básicos - UPB e um conjunto de Unidades de Petroquímicos Associados - UPA.
4. É um dos maiores empreendimentos individuais da história da Petrobras, com investimentos
previstos em US$ 8,4 bilhões e faturamento anual estimado em US$ 5,8 bilhões, o que equivaleria a
39% do PIB da região de influência direta, segundo estudos da Fundação Getúlio Vargas. As
estimativas iniciais indicam que 724 indústrias do setor plástico serão instaladas em função do
Comperj, das quais cerca de 90% deverão ser de micro e pequenas empresas. Durante a operação,
prevista para início em 2015, poderão ser gerados quase 170 mil empregos no Estado do Rio de
Janeiro.
5. O empreendimento é fiscalizado pelo TCU desde 2008. Tramitam nesta Corte 55 processos
relacionados ao Comperj, dos quais três são de minha relatoria. Dos apontamentos já realizados, de
forma geral, destacam-se pela gravidade: a indicação de sobrepreço em um contrato para ampliação do
sistema de água tratada (TC 009.840/2010-9); a ausência de detalhamentos de custos unitários em
licitações realizadas (TC's 007.317/2011-5, 007.315/2011-2, 007.316/2011-9); e irregularidades
relativas à verba indenizatória decorrente das paralisações por chuvas (TC's 012.194/2009-9,
021.324/2008-6).
6. O presente feito limita-se a examinar o processo de licitação e contratação da construção da
tubovia de interligação das Unidades de Petroquímicos Básicos do Comperj, objeto do
Contrato 0858.0071411.11.2, firmado entre a Petrobras e a empresa MPE Montagens e Projetos
Especiais S.A.
7. Auditoria da Secob-3 apontou sobrepreço de R$ 162.966.305,20 no contrato firmado, em razão
de irregular desclassificação de três licitantes, dentre os quais um que ofereceu proposta inferior à
contratada na aludida magnitude. Ao apontar possível grave dano ao Erário, indicou a Secob-3 a
necessidade de adoção de medida cautelar, com oitiva prévia dos interessados.
8. Após exame da irregularidade indicada, acolhi a proposta da unidade técnica e determinei a
oitiva da Petrobrás e da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., para que se manifestassem
sobre a possibilidade de suspensão cautelar do contrato firmado.

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Gabinete do Ministra Ana Arraes

9. Neste passo, duas questões são tratadas: i) as defesas da Petrobras e da empresa MPE Projetos
Especiais S.A acerca da medida cautelar em face do potencial sobrepreço de R$ 162.966.305,20 no
Contrato 0858.0071411.11.2.; e ii) a manifestação da Petrobras sobre possível enquadramento da
irregularidade apontada como IG-P, ou seja, com irregularidade grave, tendente à paralisação do
contrato fiscalizado, nos termos do inciso IV do artigo 91 da Lei 12.465/2011 (LDO 2012).
10. A Secob-3, depois de analisar as argumentações dos interessados, concluiu pela necessidade de
suspensão cautelar do contrato e de comunicação ao Congresso Nacional de que foram detectados
indícios de IG-P na avença. Acrescentou proposta de audiência dos responsáveis e de novas oitivas das
empresas envolvidas.
Classificação da irregularidade como IG-P
11. Quanto à aposição da chancela de IG-P, considero que os indícios de irregularidade são graves
o suficiente para motivá-la. O sobrepreço apontado em mais de R$ 160 milhões é materialmente
relevante e as evidências de possível desclassificação irregular de licitantes têm potencial para ensejar a
nulidade do procedimento licitatório e consequentemente do contrato firmado, nos termos da alínea 'a'
do inciso IV do artigo 91 da LDO 2012.
12. As argumentações aduzidas pela Petrobras em sua manifestação preliminar não são suficientes
para afastar os indícios que sustentam a proposta de classificação da irregularidade como IG-P.
13. Primeiramente, não é possível entender que tenha havido prejuízo à defesa da Petrobras por não
estarem incluídas em sua notificação as evidências relacionadas à irregularidade apontada.
14. O relatório de auditoria, com o detalhamento das questões tratadas e até com tabelas que
sustentam o sobrepreço, foi regularmente encaminhado à Estatal. Além disso, como consignado pela
Secob-3, apenas duas das 25 evidências registradas no achado não são documentos produzidos pela
Petrobras. Uma delas é uma norma internacional amplamente utilizada pela empresa e a outra, a 'EVS-
22 – Planilha de cálculo do impacto da redução dos percentuais dos tributos no preço da MPE' aborda
divergências nas alíquotas de PIS e COFINS adotadas pela contratada que já haviam sido identificadas
pela Petrobras quando da contratação da MPE, além de representarem apenas 17% do sobrepreço
apontado.
15. Também não vislumbro ofensa à ampla defesa decorrente da imputação de sobrepreço a partir
da proposta de menor valor no certame. Não foram comparados os preços contratados com outros
referenciais obtidos no mercado porque não é esse o foco da questão, sendo incabível concluir pela
existência de ofensa à defesa da Estatal. O ponto fulcral da irregularidade em exame é a
desclassificação injustificada de licitantes, que pode ter gerado um prejuízo ao Erário superior a R$ 160
milhões, apontamento em relação ao qual a Petrobras não trouxe elementos suficientes para afastá-lo.
16. Assiste razão à Estatal quando alega que ainda não há uma manifestação conclusiva desta Corte
acerca da regularidade do critério de aceitação de preços por ela utilizado, que tem como limite inferior
subestimativas de até 15% e como teto superestimativas de até 20%, já que a matéria é objeto de
discussão nos autos do TC 006.810/2011-0. Entretanto, decorre dos princípios da isonomia, da
transparência e da motivação a necessária justificação das desclassificações promovidas no certame,
mormente porque a presunção de inexequibilidade é sempre relativa e deve ser avaliada em cada caso
concreto.
17. Ainda para sustentar a classificação como IG-P da irregularidade apontada no
Contrato 0858.0071411.11.2, acolho as conclusões da Secob-3 e reitero meu entendimento acerca da
insuficiência das razões aduzidas para imputar como inexequível a menor proposta apresentada no
certame promovido pela Petrobras. Ademais, também não foram trazidas evidências que permitam

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concluir pela regularidade do aumento do orçamento-base licitado, fato este que aumentou o valor do
limite inferior de aceitação das propostas e resultou na desclassificação de três licitantes.
18. Deficiências apontadas pela Estatal na proposta da empresa que ofertou o menor preço
novamente não se sustentam diante do exame da unidade técnica. A alegada falta de previsão de alguns
profissionais exigidos no instrumento convocatório é refutada pela Secob-3, que demonstra em quadro
comparativo entre a menor proposta ofertada e o orçamento da contratada que as argumentações não
procedem.
19. Além disso, tendo como parâmetro bibliografia especializada, a Secob-3 comparou os
quantitativos de mão de obra direta (MOD) e indireta (MOI) de três fontes: da estimativa da Petrobras,
da proposta de menor valor e do orçamento da contratada. Concluiu que há indícios de superestimativa
na MOI prevista no orçamento-base e na tabela da empresa vencedora do certame. Essa injustificada
elevação dos preços-base contribuiu para que os valores oferecidos por alguns licitantes estivessem
fora do limite inferior aceito pela Estatal.
20. Nessa mesma linha está a discutida produtividade adotada pela empresa que ofereceu o menor
preço na licitação, apontada como inexequível pela Petrobras. A unidade técnica indica que a referida
produtividade está mais afeta à prevista na bibliografia técnica do que a defendida pela Estatal.
21. Corroboro com o entendimento da unidade instrutora de que a Petrobras não trouxe elementos
objetivos que permitam considerar inexequível a estratégia executiva definida na menor proposta.
22. Também impactam na estimativa de preços da Petrobras, de forma a majorá-la, as indicações da
Secob-3 relativas à superestimativa de custos unitários de itens do canteiro de obras, o que novamente
afasta o valor do orçamento-base daqueles registrados nas propostas desclassificadas por
inexequibilidade.
23. Concluo, portanto, estarem presentes os elementos necessários à indicação de IG-P para a
irregularidade examinada.

Medida cautelar
24. Quanto à medida cautelar alvitrada, as manifestações da Petrobras não inovam em relação
àquelas consignadas em face da proposta de classificação como IG-P.
25. A empresa contratada, MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., apresenta argumentos que
não infirmam as ofensas legais decorrentes das desclassificações realizadas pela Petrobras. Em sua
manifestação, também não logrou êxito em comprovar a inexequibilidade da proposta de menor preço.
26. Apesar disso, considero que, neste momento, algumas ponderações são necessárias.
27. Dos 55 processos que tramitam nesta Corte relacionados ao Comperj (alguns apensados por
pertinência temática), nenhum possui, até o momento, decisão final de mérito. Verifico, portanto, que
as questões neles apontadas ainda são objeto de análise.
28. Além disso, não é possível olvidar que eventual medida de suspensão cautelar de um contrato,
como aventado aqui, tem impacto na execução do empreendimento como um todo.
29. Com diversas fiscalizações já realizadas e com irregularidades significativas registradas, este
Tribunal tem se pautado por uma conduta cautelosa nos encaminhamentos que impactam no andamento
das obras do Comperj, principalmente em face da destacada importância social e econômica do
empreendimento. Essa é a linha que entendo mais adequada no presente feito.

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30. Mesmo que não tenham sido afastados os pressupostos acautelatórios do fumus boni juris e do
periculum in mora, considero de suma importância avaliar um elemento de exclusão indispensável para
legitimar a adoção de uma medida liminar - o periculum in mora inverso.
31. Levando-se em conta a geração de empregos decorrente do Comperj, a movimentação
financeira, o impacto social, as receitas estimadas, em suma, toda a importância socioeconômica do
empreendimento, considero que a adoção da medida acautelatória, neste momento, pode resultar em
dano maior do que o que se visa proteger.
32. Ademais, penso que a chancela de IG-P para a irregularidade verificada no
Contrato 0858.0071411.11.2 pode ser medida capaz de ensejar a correção dos apontamentos realizados.
Assim, e em face das consequências práticas que advirão da suspensão cautelar do contrato em
comento, penso que o aprofundamento da questão é a medida mais acertada antes que medida tão
gravosa seja adotada.
33. Deixo, ainda, de acolher a proposta de realização de oitiva da empresa que ofereceu o menor
preço global no certame em análise, por entender que aquela licitante não demonstrou interesse de agir,
além de não ser parte formal no presente processo.
34. Ante o exposto, determino à Secob-3 que:
a) comunique, em cumprimento ao art. 96, caput, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que
foram detectados indícios de irregularidades graves, do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art.
91 LDO/2012, no Contrato 0858.0071411.11.2, firmado pela Petrobras com a empresa MPE
Montagens e Projetos Especiais S.A., cujo objeto é a construção da tubovia do Comperj, no
Estado do Rio de Janeiro, em face de potencial dano ao erário de R$ 162.966.305,20;
b) realize, nos termos do inciso II do art. 43 da Lei 8.443/1992, c/c o inciso IV do art. 250 do
Regimento Interno, a audiência prévia dos responsáveis identificados no rol de responsáveis
(peça 14), para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de
R$ 162.966.305,20;
c) realize, com fulcro no inciso V do artigo 250 do Regimento Interno, a oitiva das empresas
Petróleo Brasileiro S.A. e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., para que, se assim
desejarem, no prazo de quinze dias, se manifestem a respeito do indício de irregularidade
grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na
desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20.
35. Retornem os autos à Secob-3 a fim de que se promovam as medidas indicadas no item anterior.

TCU, Gabinete, 2 de julho de 2012.

(Assinado Eletronicamente)
ANA ARRAES
Relatora

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7.5 - Anexo Fotográfico

Instalações encontradas na área destinada ao canteiro principal em abril de 2012


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Área destinada ao canteiro principal.

Visão geral das instalações do canteiro em abril de 2012.


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Área destinada à Tubovia.


A larga vala trapezoidal foi preparada no âmbito do contrato de terraplenagem. Por meio do contrato
da tubovia, serão assentadas, nessa vala, as tubulações de interligação das unidades.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 63
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Vista da área destinada ao canteiro principal.


Ao fundo, veem-se obras de outros contratos.
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À esquerda, vê-se larga vala trapezoidal onde serão assentados os tubos. Ao lado do leito onde serão
assentados os tubos, vê-se uma vala de drenagem e, mais à direita, o talude da tubovia.

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