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DA FISCALIZAÇÃO
Modalidade: conformidade
Ato originário: Acórdão 367/2012 - Plenário
Objeto da fiscalização: Construção das tubovias do Comperj
Funcionais programáticas:
• 25.753.2022.12O9.0033/2012 - Implantação de Refinaria no Complexo Petroquímico do Rio de
Janeiro, com Capacidade Nominal de 150 mil bpd (RJ) - No Estado do Rio de Janeiro
• 25.662.2055.14LD.0033/2012 - Construção de Unidades de Produção de Petroquímicos de 1ª e 2ª
Geração do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ (RJ) - No Estado do Rio de
Janeiro
Tipo da obra: Obras Especiais
RESUMO
SUMÁRIO
Título Página
1 - APRESENTAÇÃO 4
2 - INTRODUÇÃO 5
3 - ACHADOS DE AUDITORIA 6
4 - CONCLUSÃO 21
5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 22
7 - ANEXO 24
1 - APRESENTAÇÃO
Esta auditoria teve por objeto o Contrato 0858.0071411.11.2 -Tubovias do Comperj. As tubovias são
responsáveis pela interligação das Unidades de Processo de Refino, Unidades de Utilidades e
Unidades de Transporte/Transferência e Armazenagem e demais instalações, inclusive, no futuro, com
as instalações da Petroquímica.
Esse contrato foi firmado com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. pelo valor de R$
731.810.727,00, como resultado do Convite 0974051.11.8., no qual foram desclassificadas as três
melhores propostas do certame, por suposta inexequibilidade, após duas tentativas frustradas, ambas
por terem sido apresentadas propostas com preços excessivos (Convite nº 0840290.10.8 e Contratação
Direta).
Importância socioeconômica
O projeto do Comperj consiste na construção de uma refinaria com duas linhas de processamento de
petróleo (dois trens), que formam as Unidades de Petroquímicos Básicos - UPB, e um conjunto de
Unidades de Petroquímicos Associados - UPA, onde serão transformados alguns produtos de refino
para produção de petroquímicos de segunda geração.
Assim, o Comperj visa não só a fornecer produtos de refino para o mercado consumidor (gasolina,
diesel, querosene, coque, etc.) como também a integrar a produção de petroquímicos básicos, ou de 1ª
geração (eteno, propeno, butadieno e benzeno), às unidades petroquímicas que produzirão, a partir
destas matérias-primas, os produtos de segunda geração (polietilenos, polipropileno, estireno, etileno
glicol, entre outros). Estes produtos serão destinados ao mercado de petroquímicos de terceira geração,
fabricantes de produtos destinados ao consumidor final.
De acordo com esse estudo, a expectativa é que o Comperj, na fase de operação, terá um faturamento
anual da ordem de US$ 5,8 bilhões, decorrente de vendas tanto dos produtos produzidos pela Unidade
de Petroquímicos Básicos (62%) quanto pela de Petroquímicos Associados (38%). As principais
resinas termoplásticas a serem produzidas pelas UPAs serão polipropileno (850 mil toneladas/ano),
polietileno (800 mil toneladas/ano) e politereftalato de etila (600 mil toneladas/ano).
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
Para a fase de operação, considerando-se um ano típico de atividade plena, estima-se, no cenário
conservador, geração anual de valor adicionado da ordem de R$ 11,6 bilhões para o Brasil, sendo 84%
desse valor gerado no estado do Rio de Janeiro. Em um cenário otimista, a implantação das indústrias
do setor plástico gerará valor adicional de cerca de R$ 13 bilhões. A concretização dessas estimativas
poderá representar o equivalente a 39% do PIB da região de influência direta.
2 - INTRODUÇÃO
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 7
Relatório ainda não apreciado pelo TCU
A proposta da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., no valor de R$ 733.810.727,00, foi
considerada a vencedora do Convite nº 0974051.11.8, em detrimento das três propostas de menor
preço, das quais a menor tinha o valor de R$ 568.844.421,80 e foi apresentada pela empresa Galvão
Engenharia S.A. (diferença de R$ 164.966.305,20), desclassificada por ter sido considerada
inexequível, embora o Convite não tenha estabelecido de forma objetiva os critérios para a
caracterização da inexequibilidade, afrontando princípios basilares das licitações expressos no item 1.2
do Decreto nº 2.745/98, em especial os da economicidade e do julgamento objetivo.
Após negociações, foi celebrado o Contrato nº 0858.0071411.11.2, com a empresa MPE Montagens e
Projetos Especiais S.A., pelo valor de R$ 731.810.727,00, conforme proposto no Relatório da
Comissão de Licitação, de 9/11/2011 (evidência EVS-1) e no DIP ENGENHARIA 676/2011
(evidência EVS-2), corroborados pela Decisão da Diretoria Executiva constante da Ata DE 4908, item
17, de 17/11/2011 - Pauta nº 1285 (evidência EVS-3). O não aproveitamento da proposta de menor
preço, da Galvão Engenharia S.A., ocasionou um sobrepreço na contratação no valor de
R$162.966.305,20.
Convém destacar que a obra está no início e que o valor medido até fevereiro/2012 era de apenas R$
8,0 milhões (1,09%), e a execução física estava limitada à mobilização de pequena parcela do pessoal
e pequenas instalações de apoio. Durante a visita às obras, realizada em abril/2012, constatou-se a
existência de apenas dois contêineres, duas tendas, três banheiros químicos e uma ambulância no local
destinado ao canteiro. Pela materialidade do sobrepreço e pelo pequeno avanço físico da obra,
entendeu-se cabível classificar a irregularidade como IGP.
Após duas tentativas frustradas de contratar a obra da Tubovia do COMPERJ, ambas por terem sido
apresentadas propostas com preços excessivos (Convite nº 0840290.10.8 e Contratação Direta), foi
realizado o Convite nº 0974051.11.8, para o qual foram convidadas dezessete empresas. Outras duas
solicitaram e obtiveram permissão de participação (Serveng-Civilsan e MPE). Foram apresentadas oito
propostas, sendo seis de empresas e duas de consórcios, conforme mostra a Tabela 1 do Anexo 1, que
indica ainda o resultado do julgamento.
Um aspecto importante a ser ressaltado desde já diz respeito à variação do preço estimado pela
Petrobras para esta obra. O valor inicial da estimativa, no Convite nº 0840290.10.8, foi de R$
662.847.022,27, que aumentou para R$ 725.999.437,47 na Contratação Direta e atingiu o valor
máximo de R$ 920.430.312,28, na primeira estimativa para o Convite nº 0974051.11.8, o que
corresponde a uma variação total de 39%. Após a abertura das propostas, ante a iminente
desclassificação de cinco empresas, o valor da estimativa foi reduzido para R$ 837.031.063,50.
Tamanha variação levanta dúvidas acerca da confiabilidade da estimativa como referência de preços
para o certame licitatório.
Verifica-se, na Tabela 1 do Anexo 1, que as propostas de cinco empresas foram inicialmente
consideradas desclassificadas por terem apresentado propostas com preços considerados inexequíveis
(abaixo do limite inferior da estimativa de -15%), número este reduzido para três após a realização de
reuniões de esclarecimento e revisão da estimativa.
Observe-se que não foi estabelecido, no convite em tela, qualquer critério objetivo para a
caracterização da inexequibilidade das propostas, o que está em desacordo com a prescrição do item
5.3.1 do Decreto nº 2745/98, que assim dispõe:
"Na elaboração do edital deverão ser levados em conta, além das condições e exigências técnicas e
econômico-financeiras requeridas para a participação, os seguintes princípios básicos de licitação:
a) igualdade de oportunidade e de tratamento a todos os interessados na licitação;
b) publicidade e amplo acesso dos interessados às informações e trâmites do procedimento licitatório;
c) fixação de critérios objetivos para o julgamento da habilitação dos interessados e para
avaliação e classificação das propostas."
Dessa forma, a inexequibilidade das propostas foi declarada, em última análise, com base em
entendimentos da ENGENHARIA da Petrobras no sentido de que, para obras de indústrias de
processo, a precisão de sua estimativa admite erros de 15% para menos e 20% para mais. Tal
entendimento, que decorre de interpretação da norma americana AACE International Recommended
Practice No. 18R-97 (evidência EV-1), não está estabelecido nem no Decreto nº 2745/98 nem em
qualquer norma da empresa, inclusive no Manual de Contratações. Esse assunto está sendo tratado no
TC-006.810/2011-0.
Assim, a proposta da Galvão Engenharia S.A., uma empresa com larga experiência e excelente
avaliação na execução de projetos contratados pela Petrobras, mormente na área do Refino, conforme
registrado no Cadastro de Fornecedores da estatal (evidência EVS-10), foi declarada inexequível,
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
enquanto a da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., empresa com pouca experiência e que
sequer foi convidada para o certame, foi declarada exequível e vencedora da licitação, embora seja R$
164.966.305,20 mais cara que a da Galvão Engenharia S.A..
Não parece razoável que a Galvão Engenharia S.A., que possui experiência comprovada em projetos
da área de Refino e participou deste processo de contratação desde o primeiro momento, apresente
uma proposta inexequível.
Além disso, vale lembrar que é bastante comum que a Petrobras, em situação inversa, em licitações
nas quais as empresas apresentam propostas elevadas, revise suas estimativas para cima, de forma a
enquadrar as propostas nos limites de aceitabilidade, sob a alegação de que as propostas se constituem
no verdadeiro valor de mercado, uma vez que as empresas são as detentoras dos conhecimentos
técnicos e dos custos das obras.
Neste certame, a Petrobras, com base nos resultados da licitação e da negociação frustradas e no afã de
enquadrar as propostas de preços esperadas no limite de aceitabilidade superior das estimativas
(+20%), elevou o seu valor para R$ 920.430.312,28, com limite máximo de R$ 1.104.516.374,74, o
que tornaria aceitáveis os preços propostos no convite anterior, em especial o menor deles, apresentado
pelo Consórcio OCS - Camargo Corrêa/SOG/OAS, no valor de R$ 1.079.657.804,13, conforme
exposto no tópico seguinte.
Entretanto, a estatal foi surpreendida com a mudança de comportamento das empresas participantes do
convite anterior, que apresentaram propostas com valores muito menores (redução de até 50%), o que
a levou, mais uma vez, a alterar o valor da estimativa, desta feita para baixo, mas não o suficiente para
aproveitar a proposta de valor mais baixo.
f) estratégia construtiva, informada para formação de preços, considera que a tubovia pode ser
construída com as características de dutos, enquanto a Comissão entende que a obra de tubovia
apresenta características particulares e de maior complexidade quando comparada a obras de dutos,
tais como interferências com outros contratos.
Buscando uma melhor compreensão dos itens apontados pela Petrobras, foi solicitado, por meio do
Ofício de Requisição nº 04-231/2012, que a empresa justificasse de forma objetiva de que modo esses
poderiam tornar a proposta inexequível. As justificativas apresentadas foram juntadas aos autos sob o
título "Resposta ao Ofício de Requisição nº 04-231/2012" (evidência EVS-13).
Item "a" - inexistência de profissionais exigidos no edital
Para o item "a", a Petrobras apresentou uma tabela relacionando uma série de profissionais exigidos no
edital que não teriam sido previstos nos DFPs da Serveng, Engevix e Galvão.
Além disso, reconheceu que a inconsistência não tem, isoladamente, o condão de tornar a proposta
inexequível, mas que poderia, combinado com outros fatores, comprometer a isonomia do processo,
por eventuais desigualdades nas propostas das licitantes, assim como a qualidade e os prazos para a
realização dos serviços.
Constata-se, compulsando o DFP da Galvão (evidência EVS-19), que a maioria das funções apontadas
como não preenchidas pela empresa estão, na realidade, ali previstas, mas não com a mesma
denominação adotada pela Petrobras, conforme mostrado na Tabela 2 do Anexo 1.
Não bastasse o equívoco da Petrobras com relação à Galvão, verifica-se, compulsando agora o DFP
original da MPE (evidência EVS-18), que diversas funções, abaixo relacionadas, não foram previstas,
na realidade, pela vencedora da licitação. Além disso, outras funções foram preenchidas pela MPE da
mesma forma que pela Galvão, com denominações diferentes, caso do supervisor de movimentação de
cargas (supervisor de rigger) e do supervisor de topografia (topógrafos).
- Gerente de QSMS
- Gerente de suprimento
- Gerente de planejamento e controle
- Profissional de comunicação social
- Coordenador de comunicação social
- Coordenador de interfaces
- Engenheiro de comissionamento
Item "b" - MOI abaixo da estimativa da Petrobras
Para o item "b", a Petrobras apresentou duas tabelas: a primeira, relacionando a MOI de horistas e
mensalistas, e a segunda, relacionando a MOI de subempreiteiros. Em ambas, foram apresentados as
quantidades de HH e os valores correspondentes, previstos nas estimativas da Petrobras e nos DFPs da
Galvão, Serveng, Engevix e MPE.
Da mesma forma que para o item anterior, reconheceu que a inconsistência não tem, isoladamente, o
condão de tornar a proposta inexequível, mas que poderia, combinado com outros fatores,
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
comprometer a isonomia do processo, por eventuais desigualdades nas propostas das licitantes, assim
como a qualidade e os prazos para a realização dos serviços.
Adicionalmente, apresentou, de forma exemplificativa, uma relação de funções em que o impacto de
uma MOI inferior seria mais sensível:
- MOI de Gerenciamento: a eficácia dos processos de gerenciamento é essencial para o alcance dos
objetivos do projeto. Algumas funções (gerentes e coordenadores) são definidas nos anexos contratuais
como requisito mínimo.
- MOI de Planejamento: equipe mínima e qualificação são definidas nos anexos contratuais.
- MOI ligada às disciplinas de Engenharia: a celeridade do projeto de engenharia tem relação direta
com a aplicação de recursos em nível adequado. Algumas funções (job leaders como exemplo) são
definidas nos anexos contratuais como requisito mínimo.
- MOI ligada às disciplinas de Qualidade, Segurança, Meio Ambiente e Saúde Ocupacional: a
fiscalização e o atendimento aos requisitos de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde
ocupacional são atribuições de profissionais específicos destas disciplinas e previstos em contrato para
atendimento por equipes mínimas. Em alguns casos há exigências previstas em lei, como nos casos de
profissionais de saúde e de segurança do trabalho.
Analisando as tabelas apresentadas pela Petrobras, verifica-se que os dados da MOI da MPE se
referem ao DFP do contrato (evidência EVS-20) e não da proposta (evidência EVS-18). Dessa forma,
foi elaborada a Tabela 3 do Anexo 1, considerando tanto o DFP do contrato quanto o da proposta
apresentada pela MPE na licitação.
Observa-se, na Tabela 3 do Anexo 1, que a MOI proposta pela MPE, mesmo maior que a da Galvão,
também é muito inferior à da estimativa da Petrobras (-46,76%) e, nem por isso, foi considerada
inexequível.
Não nos parece coerente o argumento da busca pela isonomia entre as licitantes, tal como preconizada
pela Petrobras, se ela "corrige" a proposta da quarta colocada, para adequá-la à sua estimativa, e não
admite a proposta de melhor preço, que apresenta distorções da mesma natureza e magnitude.
Ademais, vale lembrar a incoerência dessa justificativa com os argumentos que a Petrobras apresenta
quando recorre de decisão do TCU que determina que a estatal exija o detalhamento das propostas das
licitantes. Nesses casos, a companhia alega que cabe à empresa licitante definir metodologias de
trabalho e definições de estratégias para a execução das obras, não fazendo sentido a intromissão da
Petrobras em aspectos gerenciais de cada uma delas.
Convém ressaltar, neste momento, que outras alterações foram introduzidas no DFP da proposta da
MPE. Uma delas, muito significativa, foi o ajuste dos percentuais de alguns tributos (ISS, PIS e
COFINS), que, no DFP da proposta original, eram superiores aos previstos na legislação e, por isso,
foram reduzidos no DFP do contrato. Tal redução deveria ter ocasionado um decréscimo de cerca de
R$ 25,8 milhões no valor total proposto (evidência EVS-22), o que não se verificou na prática. A
diferença de R$ 2 milhões observada entre o valor proposto pela MPE e o valor do contrato celebrado
decorreu de um abatimento no valor do fornecimento de bens e não se relaciona com a correção do
valor dos tributos.
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a) maior número de interferências com outras unidades, arruamentos, pontes, acessos, etc.;
b) utilização de diâmetros e materiais diversificados de tubos em um mesmo trecho de tubovia;
c) grande número de derivações, loops e ramificações, que demandam mais curvas, estruturas de
sustentação e, consequentemente, fundações específicas;
d) normas de regulamentação da fabricação, montagem e testes de tubulações para tubovias são mais
rigorosas que as aplicáveis às obras de dutos.
Acrescenta, ainda, que a consideração de que a tubovia pode ser construída com as características de
dutos torna a proposta presumidamente inexequível, pois devido a esta ser uma obra focada na
utilização intensiva de recursos de mão de obra, a falta dela através de previsões de produtividade
irreais (a produtividade de uma obra de duto é cerca do dobro de uma tubovia) pode comprometer os
prazos e a qualidade para a realização dos serviços.
Para uma adequada análise deste tópico, é necessário contextualizar a estratégia definida pela Galvão
e, para isso, transcreve-se, abaixo, a íntegra da justificativa da Galvão para o fato de sua proposta no
segundo convite ter sido 50% inferior à proposta apresentada na licitação frustrada (arquivo
"Apresentação Tubovias Galvão.pdf" - evidência EV-3):
"No BID inicial, em face do prazo exíguo disponibilizado, consideramos como estratégia de
construtibilidade de nossa proposta, uma obra convencional de construção e montagem, com suas
produtividades e contingências climáticas pertinentes.
No RE-BID, considerando o novo prazo estabelecido, a experiência da Galvão na área de dutos,
demonstrada nas obras recentes do Gascac 1A, Gasjap, Gaspal II e Gasduc III, esta ultima com valor
de R$ 900 Milhões, 3.500 colaboradores, exatamente na região de Magé e Itaboraí, associado a
expertise implantada na obra da RNEST - Contrato 8500.0000080.10.2, com a utilização de tendas
infláveis, onde obtivemos excelentes resultados, tendo a Petrobras inclusive, inscrito a obra para
participar do premio de inovação do ano, tivemos a oportunidade de colocá-las em pratica neste
certame da Tubovia, revendo o nosso planejamento inicial, dimensionando a obra em fases de
produção, similar a uma obra dutoviária, ou seja: que trabalharíamos, tanto na construção de
dormentes, quanto para as fases de desfile, acoplamento e soldagem da tubulação, como se fosse uma
linha de duto, e ainda, previmos a utilização de 4 conjuntos de tendas infláveis, visando mitigar os
efeitos das chuvas e suas consequências, e desta forma, pudemos adotar com bastante segurança e
menores riscos, as produtividades deste método de construtivo, otimizando o número de frentes de
trabalho e os recursos de supervisão e adm local da obra, nos conferindo um diferencial competitivo,
resultando numa economia de escala bastante expressiva, o que nos permitiu ofertar uma proposta bem
mais vantajosa para a Petrobras e uma melhor estratégia de atendimento do prazo da obra."
As justificativas apresentadas parecem suficientes para afastar receios de que pudesse se tratar de uma
proposta aventureira de uma empresa incauta.
Não se pode olvidar, que a larga experiência e excelente avaliação da Galvão na execução de obras
contratadas pela Petrobras (evidência EVS-10), associada ao fato de estar participando deste processo
desde o início, confere credibilidade à sua proposta e à sua estratégia construtiva.
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Tabela 2 - Comparação Estimativa e DFP p/ alguns itens da MOI que estariam incorretos na prop. da Galvão
Profissionais apontados pela Petrobras como não Profissionais constantes do DFP Galvão
apresentados no DFP da Galvão
Cargo Salário Estimativa Cargo no DFP Salário no DFP
Coordenador de construção e
Gerente de construção e montagem 19.592,09 25.000,00
montagem
4 - CONCLUSÃO
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5 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Por todo o exposto, submetemos estes autos à consideração superior, propondo a adoção das seguintes
providências:
a) considerando a possibilidade de adoção, por parte deste Tribunal, de medida cautelar de suspensão
da execução do Contrato nº 0858.0071411.11.2, cujo objeto é a construção da Tubovia do Comperj,
promover, com fulcro no art. 276, § 2º do Regimento Interno do TCU, a oitiva prévia das empresas
Petróleo Brasileiro S.A. Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. para que, no prazo
improrrogável de 5 (cinco) dias úteis, se pronuncie a respeito do indício de irregularidade grave tratado
no item 3.1 deste relatório, consistente no sobrepreço de R$ 162.966.305,20 na contratação da empresa
MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. em detrimento da proposta de menor preço, apresentada
pela empresa Galvão Engenharia S.A., desclassificada por ter sido considerada inexequível, sem que o
Convite nº 0974051.11.8 tenha estabelecido, de forma objetiva, os critérios para a caracterização da
inexequibilidade, em flagrante afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98 e
aos princípios fundamentais das licitações expressos no item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da
economicidade e do julgamento objetivo;
b) em cumprimento ao § 9º do art. 91 da Lei 12.465/2011 e com fulcro no item 9.6 do Acórdão
2.382/2011-TCU-Plenário, colher a manifestação preliminar das empresas Petróleo Brasileiro S.A.
Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., para que estas, no prazo improrrogável de 15
(quinze) dias, se pronunciem a respeito do indício de irregularidade grave do tipo IG-P (inciso IV do §
1º do art. 91 da Lei 12.465/2011 - LDO/2012) tratado no item 3.1 deste relatório, consistente no
sobrepreço de R$ 162.966.305,20 na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais
S.A. em detrimento da proposta de menor preço, apresentada pela empresa Galvão Engenharia S.A.,
desclassificada por ter sido considerada inexequível, sem que o Convite nº 0974051.11.8 tenha
estabelecido, de forma objetiva, os critérios para a caracterização da inexequibilidade, em flagrante
afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98 e aos princípios fundamentais das
licitações expressos no item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento
objetivo, bem como analisar, mediante Portaria de Inspeção, conforme disposto na Portaria-Segecex nº
4/2012, a referida manifestação preliminar;
c) retornar os autos à SECOB-3 afim de que se promova as oitivas das empresa Petróleo Brasileiro
S.A. Petrobras e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. e adote as demais medidas processuais
que se fizerem necessárias.
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A Ministra Relatora Ana Arrais confirmou a proposta de IG-P por meio de despacho do dia 2/7/2012.
a) comunique, em cumprimento ao art. 96, caput, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), à Comissão Mista
de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que foram detectados indícios
de irregularidades graves, do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art. 91 LDO/2012, no Contrato
0858.0071411.11.2, firmado pela Petrobras com a empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.,
cujo objeto é a construção da tubovia do Comperj, no Estado do Rio de Janeiro, em face de potencial
dano ao erário de R$ 162.966.305,20;
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
7 - ANEXO
7.1 - Dados cadastrais
Obra bloqueada na LOA deste ano: Não
Observações:
Sem Observações
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
Execução financeira/orçamentária
Desembolso
Funcional programática: 25.753.2022.12O9.0033/2012 - Implantação de Refinaria no Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro, com Capacidade Nominal de 150 mil bpd (RJ) - No Estado do Rio de
Janeiro
Observações:
Os valores referem-se ao contrato das tubovias
Nº contrato: 0858.0071411.11.2
Objeto do contrato: Fornecimento de bens e prestação de serviços relativos à verificação de
consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo, Construção Civil, Montagem
Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do COMPERJ
Data da assinatura: 29/11/2011 Mod. licitação: convite
SIASG: -- Código interno do SIASG:
CNPJ contratada: 31.876.709/0001-89 Razão social: Mpe - Montagens e Projetos Especiais
SA
CNPJ contratante: 33.000.167/0001-01 Razão social: Petróleo Brasileiro S.A. - MME
Situação inicial Situação atual
Vigência: 29/11/2011 a 24/2/2015 Vigência: a
Valor: R$ 731.810.727,00 Valor: R$ 731.810.727,00
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Relatório ainda não apreciado pelo TCU
Alterações do objeto:
Observações:
A unidade de medida adotada de volume de serviços e de custo unitário é o peso estimado das
tubulações expresso em toneladas.
TC 006.576/2012-5
Tipo: Relatório de Inspeção
Unidade Jurisdicionada: Petróleo Brasileiro S.A. – MME
Vinculação: Ministério de Minas e Energia
Responsáveis: Rol de Responsáveis (peça 14)
Ministra-Relatora: Ana Arraes
Proposta: adoção de medida cautelar; comunicação de
indício de IG-P ao Congresso Nacional; audiência dos
responsáveis; oitiva das empresas.
I - INTRODUÇÃO
6. A contratação da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. foi realizada por intermédio
do Contrato nº 0858.0071411.11.2, celebrado em 29/11/2011, no valor de R$ 731.810.727,00. O
objeto deste contrato é o fornecimento de bens e prestação de serviços relativos à verificação de
consistência da documentação técnica, elaboração do Projeto Executivo, Construção Civil,
Montagem Eletromecânica, Interligações e Comissionamento para a Tubovia do Comperj.
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Análise
10. Impende registrar que, das 25 evidências registradas no achado, apenas duas não são
documentos produzidos pela Petrobras, e, ainda assim, uma delas é uma norma internacional
amplamente utilizada pela empresa. Dessa forma, apenas a EVS-22 – Planilha de cálculo do
impacto da redução dos percentuais dos tributos no preço da MPE precisaria ser disponibilizada
para a estatal.
12. Registre-se, ainda, que os documentos em tela sempre estiveram disponíveis para
consulta pela Petrobras, desde que foram inseridos no sistema eletrônico de processos, em
22/5/2012.
13. Por fim, há que se ressaltar que a Petrobras pode, se assim desejar, apresentar novos
elementos, e o TCU os apreciará, pois está Corte rege-se pelo principio da verdade material. Mas,
isso não significa que prazos processuais fixados em Lei possam ser descumpridos (o prazo
concedido à Petrobras é aquele previsto no art. 91, § 1º, IV, da LDO2012).
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14. Dessa forma, refuta-se por inteiro a alegação de que teria sido violado o princípio do
contraditório e da ampla defesa, assim como a pretensão da Petrobras de ter a devolução integral
do prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei 12.465/2011.
15. A Petrobras afirma que a metodologia para o cálculo do sobrepreço adotado pela equipe
de auditoria, comparação do preço contratado com o de menor valor, proposto pela Galvão
Engenharia, não se coaduna com a usualmente utilizada pela própria Secob, consistente na
comparação entre o preço de referência da estimativa da estatal com o preço teto calculado pelas
equipes técnicas do TCU, com base em referenciais considerados como de mercado.
Análise
17. Não é verdade que o prejuízo ao erário se configura por meio da comparação do valor
contratado com o valor de mercado. Se o administrador possui mais de uma proposta válida com
valor abaixo do mercado, seu dever é escolher o menor valor, desde esse seja exequível. No caso
da Petrobras, esse entendimento decorre do art.37 caput, da CF, que estabelece os princípios da
moralidade e da eficiência, e da regra insculpida no item 1.3 do Decreto 2745/98.
18. Quanto à redução da proposta da Galvão na segunda licitação, é razoável admitir que,
depois de alguns meses da realização do 1º certame, foi possível estudar melhor o projeto,
identificando metodologias de construção mais eficientes, e apresentar proposta mais
competitiva.
19. Ademais, conforme registrado no relatório, reduções substanciais nas propostas são
comuns quando a competitividade aumenta. No caso de Barra do Riacho (TC-009.832/2010-6), a
Confab S.A. reduziu sua proposta em 35,6%, sem buscar nova metodologia de construção.
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22. Nessa esteira, assevera que a estimativa de custos do REBID (R$ 920.430.312,28) é uma
estimativa original e não pode ser tratada como uma revisão da estimativa do BID
(R$ 662.847.022,27 e revista para R$ 725.999.437,47 na Contratação Direta).
23. Informa a estatal que a variação no valor da estimativa do BID ocorreu devido à
necessidade de serem contemplados os seguintes itens:
a) paralisações devido aos impactos de chuva e suas decorrências (14,7% em relação à
MOD);
b) custo de folga para recebimento dos salários (1/2 dia por mês);
c) custo de cesta básica (R$210,00 por mês);
d) custo decorrente do pagamento de PLR (1 salário para a MOD);
e) custo de roletes para montagem de tubulação;
f) custo de sondagem.
24. Com relação ao REBID, a Petrobras informa que, após a abertura e análise das propostas,
a Comissão de Licitação, ao deparar-se com uma grande quantidade de propostas com preços
inexequíveis, convocou todas as empresas nessa situação para esclarecimentos e que essas
reuniões subsidiaram a necessidade de reavaliação técnico-econômica da estimativa de custos,
cujo valor passou para R$ 837.031.063,50 na revisão A.
25. Por fim, a estatal ressalta que a variação no valor das suas estimativas nos dois processos
licitatórios (BID e REBID) foi da ordem de 26% enquanto que o preço da proponente tomada
como parâmetro de mercado pela Secob, a Galvão Engenharia S.A., foi a metade do proposto
originalmente (R$ 1.134.924.879,66 no BID e R$ 568.844.421,80).
Análise
26. Não assiste razão à Petrobras quando afirma que as estimativas de preços para o REBID
não podem ser tratadas como revisões da estimativa realizada para o BID, por se tratarem de
processos licitatórios distintos, com condições de escopo e de mercado diferenciados.
27. Primeiro, porque o objeto de ambas as licitações é o mesmo, com prazos para execução
idênticos. A diferença de escopo apontada entre o BID e o REBID consiste, na verdade, em uma
redução no comprimento dos dormentes, contemplando apenas suportação para as tubulações da
Etapa-1 (Refino), e retirada de 3 linhas de diesel e óleo combustível, ambas apontando para
reduções de custo.
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28. Segundo, porque a alegada diferença nas condições mercadológicas não se sustenta, haja
vista que o mercado se encontrava aquecido tanto no final de 2010 como em meados/final de
2011. A grande diferença que se observa é no comportamento das licitantes. No BID, as
empresas se comportaram como se não conhecessem com exatidão o projeto, aumentando suas
propostas para compensar os riscos de contratar nessa condição. Já no REBID, o comportamento
das empresas foi genuinamente concorrencial, com propostas de valores baixos, conforme o grau
de conhecimento da obra e a disposição de assumir riscos de cada licitante.
31. É importante ressaltar que a previsão de custos para o item “Proteção contra chuvas e
intempéries” saltou de R$ 3.200.00,00 no BID para R$ 24.000.000 no REBID e, ainda assim, o
HH de MOD do REBID foi calculado considerando, indevidamente, um adicional de 15,88%
para fazer frente a chuvas não mitigadas.
32. A Galvão Engenharia previu, em sua proposta, a utilização de uma cobertura lonada
como forma de mitigação dos efeitos de chuva, ao custo de R$ 30.000.000,00, o que
praticamente descartou as paralisações das frentes de trabalho em decorrência dos efeitos de
chuva e lhe permitiu adotar uma produtividade elevada para os trabalhos de campo.
33. Ainda com relação à mão de obra, verifica-se que na estimativa do REBID foram
adotados diversos critérios que elevaram substancialmente o seu custo, entre os quais citam-se os
seguintes:
a) taxa de atratividade de 30% para alguns cargos da MOD;
b) consideração de periculosidade para a MOD;
c) utilização da faixa alta da tabela de salários da MOI;
d) consideração do reajuste da data base salarial; e
e) elevação do BDI.
34. Na revisão da estimativa do REBID, parte desses excessos foi excluída, caso da
periculosidade da MOD e da antecipação do reajuste salarial, assim como foram excluídos os
adicionais de atratividade para alguns cargos, e a faixa média da tabela de salários da MOI voltou
a ser aplicada para os cargos intermediários e inferiores.
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35. Na estimativa do REBID, foram adotados percentuais mais elevados para o BDI, sob o
argumento de que seriam mais condizentes com o porte das empresas convidadas (grandes
empresas).
36. É importante ressaltar que, na realidade, o valor do BDI está mais relacionado ao porte da
obra que se está contratando (valor orçado) e ao volume de obras da empresa proponente, do que
com o porte da empresa. Neste sentido, verifica-se que o AC-2.369/2011-P prevê BDI menor
para obras de maior porte. Ademais, tanto o valor da estimativa do BID quanto do REBID
sugeriam que a obra fosse realizada por uma empresa de grande porte. Portanto, não há razão
para se considerar adequada a majoração realizada pela Petrobras.
37. Convém ressaltar, também, que o custo de logística saltou de R$ 147.195.097,77 no BID
para R$ 224.685.779,71 no REBID, em decorrência, principalmente, de aumentos no custo de
canteiro, conforme se observa na Tabela 1. Um dos principais responsáveis pelo acréscimo de
custo do canteiro foi a previsão, no REBID, de uma área coberta de 20.272,00 m2, ao custo de R$
9.883.933,07. Conforme esclarecimento prestado pela Petrobras na Resposta ao Ofício de
Requisição nº 08-231, esta área se destina ao armazenamento de tubos fornecidos pela estatal.
Sendo assim, não deveria ser cotado como área coberta, mas como pátio de estocagem, o que
reduziria esse valor para R$ 1.895.432,00, uma diferença de quase R$ 8,0 milhões.
38. Conclui-se, portanto, que as quatro estimativas apresentadas pela Petrobras (duas no
BID/Contratação Direta e duas no REBID) podem e devem ser tratadas como uma única, com
diversas revisões, realizadas para adequar a estimativa às propostas recebidas na licitação
frustrada, para forçar o aumento do seu valor e permitir que as propostas se enquadrassem no
limite superior da faixa de variação admitida pela Petrobras, e não porque a obra contratada é
outra.
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40. A Petrobras afirma que tal metodologia contraria entendimento recente do TCU acerca do
conceito de sobrepreço e, para comprovar tal afirmação, traz aos autos excerto de parte do voto
do Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar, relator do AC-1784/2011-P (TC-009.830/2010-3), para
enfatizar que o único modo para se aferir se os preços praticados nas obras da RNEST estão
corretos e dentro de parâmetros de mercado aceitáveis se dá por meio das estimativas de custo da
Petrobras.
42. A estatal insiste na tese de que, na visão do TCU, sobrepreço pode ser definido como a
diferença a maior existente entre os valores que compõem um orçamento final ou uma estimativa
de custos e as referências consideradas como de mercado.
43. Por fim, depois de reiteradas críticas à utilização do preço ofertado pela Galvão
Engenharia S.A. como paradigma para cálculo do sobrepreço, a Petrobras alega que não foi
elaborado estudo relativo ao preço ofertado pela empresa em relação aos referenciais de mercado.
Análise
44. Não procede a alegação da Petrobras de que suas estimativas não foram analisadas, pois,
como mostrado no item II.3, elas o foram, em especial no tocante à grande variação de seus
preços.
45. Quanto à adoção do valor proposto pela Galvão para servir como parâmetro de mercado,
reiteramos que o prejuízo apontado refere-se ao fato de a Petrobras não ter escolhido a melhor
proposta. O valor de mercado usualmente é definido pela mediana do mercado, enquanto que a
melhor proposta, na licitação em questão, seria a de menor valor dentre as exequíveis.
46. Vale também registrar que a menção ao voto do Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar, Relator
do AC-1784/2011-P (TC-009.830/2010-3), deve ser devidamente contextualizada. No caso, a
Petrobras havia contratado com a empresa que apresentou melhor proposta. Para avaliar o preço
do contrato, a equipe requereu detalhes dessa proposta, mas a Petrobras informou que não as
possuía, porque seu entendimento é de que esses detalhes não são importantes, bastando-lhe
saber se o preço global ofertado está de acordo com a sua estimativa, e não por outra razão que o
Relator afirmou que essa seria a única forma de apurar o sobrepreço.
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47. O que se observa é que a Galvão pôde ofertar um preço muito menor do que a estimativa
da Petrobras porque foi mais ousada e criativa na sua proposta de metodologia executiva do que
a contemplada na estimativa da Petrobras e na proposta vencedora do certame, utilizando-se de
tecnologias anteriormente testadas pela empresa para a mitigação dos efeitos de chuva e
produtividades maiores do que as usualmente adotadas pela Petrobras para a fabricação e
montagem de tubulações, porém dentro de parâmetros especificados na literatura. Conforme
mostrado na Tabela 2, enquanto a literatura sugere índice de 163,36 HH/t, a Galvão considerou
162,43 HH/t em sua proposta.
II.5. Estratégia construtiva utilizada pela Galvão para a sua formação de preço no Convite
nº 0974051.11.8
48. A Petrobras afirma que a Galvão Engenharia S.A., em total desacordo e descumprimento
ao objeto contratual, cotou uma obra de dutovia, diferente da obra constante no objeto da Carta
Convite.
50. Acrescenta a estatal que executar uma obra de tubovias com base em uma estratégia
construtiva de obras de dutovias, conforme proposto pela Galvão, é extremamente arriscado do
ponto de vista técnico, e a aceitação de tal proposta configuraria gestão temerária.
51. Em primeiro plano, porque uma obra de tubovias, tal qual a que está sendo realizada pela
MPE no Comperj, possui muitas interfaces com outras obras de montagem industrial também
realizadas no Comperj, de modo que as cautelas relativas a SMS (Segurança, Meio Ambiente e
Saúde) são maiores que em uma obra de dutos (executada de forma individual e sem
interferência com outros contratos da mesma natureza e magnitude no mesmo site de obras).
Além disso, as interferências aumentam a improdutividade das equipes de montagem.
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52. Desse modo, entende a Petrobras, que a proposta apresentada pela Galvão é inexequível,
pois foi elaborada com base em uma estratégia construtiva de dutos, que não contempla a perda
de produtividade e os custos de SMS decorrentes das interfaces da obra.
Análise
53. A Petrobras insiste na tese de que a produtividade adotada pela Galvão é incompatível
com a de uma obra de tubovia.
54. No entanto, é importante ter em mente que, apesar das interferências, a obra de uma
tubovia não pode ser comparada à de uma unidade de processo. Com certeza a produtividade em
uma tubovia tende a ser muito maior do que a de uma unidade de processo, haja vista que o
menor número de interferências aumenta a produtividade para a montagem das tubulações.
Conforme apontado na Tabela 2, a produtividade recomendada para tubulações corridas (sem
interferências) é o dobro da recomendada para unidades de processo.
55. A questão é quão maior pode ser esta produtividade. A Galvão, com toda a sua expertise,
entendeu que poderia adotar produtividades próximas das esperadas para obras de tubovia. Ao
contrário, a Petrobras, de forma conservadora, optou por realizar a sua estimativa considerando
produtividades próximas às do outro extremo, de unidades de processos, que considera a
existência de uma infinidade de interferências.
56. Não há, portanto, como se afirmar que a proposta da Galvão é inexequível. Poderia até
ser taxada de ousada, mas não de inexequível.
II.6. Implicações jurídicas do conceito de sobrepreço utilizado pela SECOB – Violação aos
princípios do contraditório e da ampla defesa
57. A Petrobras repete argumentos acerca da irregularidade da adoção do preço ofertado pela
Galvão como parâmetro de mercado e que isso impossibilita sua defesa, haja vista que a ampla
defesa somente poderia ser estabelecida caso a Petrobras pudesse defender a sua estimativa de
custos e afirmar que para aquela licitação ela refletiu o preço de mercado.
Análise
59. Se a Petrobras entende que a proposta da Galvão é inexequível, deve prová-lo de forma
objetiva, o que a estatal não fez até o momento.
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60. A Petrobras afirma que a faixa de aceitabilidade de preços está sendo analisada em
processo específico (TC-006.810/2010), que foi aberto para discutir os valores mínimos e
máximos que devem ser aceitos em suas.
62. Afirma, também, que, ao contrário da Lei 8666/93, a Petrobras não divulga o seu
orçamento ao mercado e, portanto, não trabalha com critério de aceitabilidade de preço máximo
global. Não faz qualquer sentido, dentro da lógica de licitação e contratação utilizada pela
Companhia, estabelecer em seu ato convocatório a metodologia estabelecida pela AACEI, se o
valor total final paradigma estrategicamente não é revelado ao mercado.
63. Portanto, a solução, conforme autorizada pelo Decreto nº 2745/98, seria utilizar um
padrão técnico internacional associado às diretrizes da estratégia de contratação utilizada pela
Petrobras.
Análise
64. É importante registrar, desde logo, que o item 5.3.1 do Decreto 2745/98 impõe que sejam
fixados critérios objetivos para a avaliação e classificação das propostas. Não há o que se discutir
a esse respeito.
65. Quanto à discussão, que está sendo travada no âmbito do TC-006.810/2011-0, é verdade
que lá se discute os limites máximos e mínimos que a estatal define a priori para as licitações.
Mas, não está no escopo daquele processo a definição de critério objetivo para situações em
quem muitas propostas estão abaixo do mínimo previamente fixado. A Petrobras deveria ter
regulamentado tal hipótese, pois não é raro acontecer o que se viu no caso da tubovia. O que a
equipe fez no relatório foi mostrar que, se fosse adotado pela Petrobras o critério da Lei
8.666/93, a proposta não teria sido considerada inexequível.
66. Independente da discussão acerca dos limites de aceitabilidade, há que se destacar a farta
jurisprudência do TCU no sentido de que a presunção de inexequibilidade é relativa e deve ser
avaliada no caso concreto.
67. Portanto, a não estipulação de critérios objetivos para aceitabilidade das propostas, se
constitui em infração ao Decreto 2745/98 e ao princípio do julgamento objetivo. Além disso, a
vedação de acesso prévio dos órgãos de controle às estimativas da Petrobras agrava ainda mais
esta irregularidade.
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68. Neste item, a Petrobras procura demonstrar, tal como feito em atendimento ao Ofício de
Requisição nº 04-231-2012, que os motivos alegados para a desclassificação da Galvão
comprovam a inexequibilidade da proposta da empresa.
69. A Petrobras apresenta uma planilha com diversos profissionais previstos no edital que
não teriam sido considerados no DFP da Galvão, e informa que as funções gerenciais não podem
ser exercidas por coordenadores ou gerentes de áreas não correlatas.
70. Segundo a estatal, no relatório de auditoria, foi considerado que as funções de gerente de
construção e montagem e gerente de QSMS poderiam ser substituídas por coordenadores, sem
qualquer garantia de que as exigências de capacitação para os cargos, expressas no edital fossem
cumpridas, mesmo que o salário fosse compatível com a função gerencial.
71. Alega que as funções que compõem a equipe de planejamento são fundamentais para a
evolução e controle do cronograma e que a Galvão não previu mobilizar a equipe mínima
prevista pela Petrobras para atender ao contrato, indicando claramente que não haveria um
planejamento eficiente na obra.
73. Ressalta a estatal que outras funções não previstas pela Galvão são imprescindíveis em
uma obra como o Comperj:
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Análise
Técnicos de Técnicos de
5.105,94 Não previsto 5.500,00
Planejamento Planejamento
Supervisor de Supervisor de
6.628,84 Não previsto 5.500,00
Construção Civil Construção Civil
Supervisor de
topografia ( na
5.653,17 Topógrafos 6.500,00 Topógrafos 6.000,00
estimativa - Inspetor
de topografia)
Os serviços de
ensaios não
Inspetor de END 5.653,17 destrutivos foram Inspetor de END 5.500,00
previstos como
subcontratos
Engenheiro de
Engenheiro de
13.347,90 produção, no DFP de 18.000,00 Não previsto
comissionamento
comissionamento.
Técnico de
Não previsto Não previsto
Informática
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75. Discordamos da Petrobras quando ela alega que não há como garantir que os
Coordenadores previstos pela Galvão para os importantes cargos de Gerente de construção e
montagem e Gerente de QSMS irão suprir as exigências do edital, pois os salários dos
coordenadores da Galvão são superiores aos de gerente da estrutura da Petrobras. Basta, portanto,
que a Petrobras, ao analisar os currículos apresentados pela contratada, verifique a
compatibilidade do profissional com os requisitos do edital.
76. A Petrobras aponta, corretamente, que a Galvão não previu profissionais para as funções
de Coordenador de Comunicação Social, Comunicação Social, Técnico de Informática, Analista
de Sistemas e Coordenador de Interfaces, todas consideradas por ela como muito importantes.
77. Porém, a Petrobras omite que a MPE, que foi contratada, não previu profissionais para
mais funções: Gerente de QSMS, Gerente de Suprimento, Gerente de Planejamento e Controle,
Coordenador de Comunicação Social, Comunicação Social, Coordenador de Interfaces,
Engenheiro de Comissionamento e Técnico de Informática.
79. A estatal alega que a MOI da Galvão foi de 672.951 HH, e a previsão da Petrobras foi de
2.007.318 HH, ou seja, a Galvão previu 1/3 das horas estimadas pela Petrobras. Enquanto isso, a
MOI prevista na proposta da MPE foi de 1.517.706 HH o que representa 75,61% do total da MOI
estimada. A MOI prevista pela MPE foi 125,53% maior do que a da Galvão.
80. A Petrobras aduz que a MOI de um contrato deve ser suficientemente dimensionada para
que possibilite a execução das atividades de produção e que a falta de recursos voltados às áreas
de planejamento, controle, qualidade, segurança, limpeza, organização e gerenciamento dos
trabalhos gera reflexo negativo no avanço da obra.
81. A Petrobras aponta, também, que a relação MOI/MOD da MPE (26,86%) está alinhada
com a da estimativa da Petrobras (27,6%), enquanto que a da Galvão (12,42%) é menos da
metade.
Análise
82. É preciso registrar, de imediato, que a Petrobras continua informando dados do DFP do
Contrato da MPE como se fossem dados originais da proposta da empresa, o que, inclusive, já foi
alertado na análise das justificativas da Petrobras, no relatório de auditoria. A reincidência
demonstra má-fé da empresa.
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84. A Petrobras alega que a relação MOI/MOD da MPE está alinhada com a da sua
estimativa, porém, de acordo com a literatura, ambas estão bastante elevadas. Conforto e
Spranger preconizam que a relação MOI/MOD deve se situar na faixa compreendida entre 15% e
20%. A relação da Galvão (12%), embora baixa, está mais próxima da faixa recomendada que a
da estimativa da Petrobras (28%) e a da proposta da MPE (33%).
85. Dessa forma, considerando que a MOI prevista pela MPE era quase metade da estimativa
da Petrobras, não há como se aceitar a declaração de inexigibilidade da Galvão sem que a MPE
fosse arrastada junto com ela. Constata-se, mais uma vez, a falta de critério objetivo da Comissão
de Licitação.
II.8.2.1 Ajustes nos percentuais de ISS, PIS e COFINS no DFP do Contrato da MPE
86. A Petrobras afirma que a alíquota do ISS em Itaboraí é de 5% e que esse foi o percentual
apresentado na proposta original da MPE para todos os serviços. Da mesma forma, para o
COFINS e PIS, que possuem taxação diferenciada para a fase de construção civil (3,00% e
0,65% respectivamente) e para a de construção e montagem (7,65% e 1,60% respectivamente), a
Petrobras afirma que esses foram exatamente os índices previstos na proposta original da MPE.
Análise
87. A Petrobras traz aos autos informações que não se sustentam perante os documentos
entregues à equipe de auditoria (EVS-18 DFP da Proposta MPE). O DFP da proposta original da
MPE aponta claramente que as alíquotas para o COFINS e o PIS da construção civil eram de
7,60% e 1,65%, respectivamente. No DFP do Contrato, essas alíquotas foram alteradas para
3,00% e 1,65%, sem que a diferença fosse convertida em redução do preço proposto.
88. Para o ISS, foi adotada uma alíquota de 5,00% no DFP da proposta da MPE, a mesma do
DFP do Contrato, só que este considerou um abatimento variável, de 0,52% na construção civil,
de 0,91% na construção e montagem e de 1,32% no fornecimento de materiais. Da mesma forma,
esta redução não foi convertida em abatimento de preço.
89. Já para o COFINS e PIS a alíquota prevista no DFP original para a construção e
montagem e fornecimento de materiais não consideraram o abatimento previsto no regime não
cumulativo (Lei 10.833/2003, art. 3º e Lei 10.637/2002, art. 3º). Tal correção foi efetuada no
DFP do Contrato, mas a diferença não correspondeu a uma redução do preço proposto.
90. Fica claro, portanto, que a Petrobras reconheceu e identificou excessos no valor dos
tributos da proposta da MPE, mas a correção desses excessos não correspondeu a uma redução
no preço da obra, no valor de R$ 25.843.260,87, como deveria ser feito.
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91. A Petrobras alega que, nos índices de produtividade, constantes do DFP da Galvão,
verifica-se redução substancial em relação aos índices praticados em projetos similares (tubovia)
para a Petrobras, observadas as improdutividades decorrentes de paralisações por chuvas, trajetos
e interfaces com outras empreiteiras em atividades no Comperj, conforme previsto nos
instrumentos contratuais próprios.
92. A razão de tal redução deve-se ao fato de que a licitante Galvão não atentou para o objeto
contratual e cotou uma obra de dutovia. Este é um vício que macula fatalmente a proposta
ofertada pela Galvão, de flagrante inexequibilidade.
93. Nessa senda, foi analisada pela Comissão de Licitação a impraticabilidade da proposta
sobre o ponto de vista financeiro e da incapacidade em desempenhar o objeto licitado. Desata a
Petrobras que se deve observar o OBJETO LICITADO e não na proposta apresentada pela
Galvão, com objeto diferente do que se pedia na Carta Convite.
94. Alega, adicionalmente, que a MPE seguiu os requisitos mínimos obrigatórios e previu a
utilização de solda orbital e cobertura nas áreas de trabalho para a mitigação dos efeitos das
chuvas, ao passo que a Galvão não previu a utilização da solda orbital.
95. Informa, ainda, que os recursos de MOD alocados pela MPE são superiores aos da
estimativa da Petrobras (293,07 HH/t), com produtividade de 325,61 HH/t de tubulação, ao passo
que a Galvão previu apenas 162,43 HH/t.
Análise
96. Uma vez mais, não custa repetir, a Petrobras compara, indevidamente, os dados do DFP
da Galvão com os do Contrato da MPE, olvidando os números da proposta original da MPE.
97. Não é verdade que a MPE tenha previsto a utilização de solda orbital na sua proposta,
assim como não é verdade que tenha previsto cobertura para mitigação dos efeitos de chuva. Não
previu (ver DFP de Montagem Eletromecânica da EVS-18 DFP da Proposta MPE). A
Construtora só veio a prever tais custos quando da assinatura do contrato, após negociações
realizadas com a Petrobras acerca da exequibilidade da sua proposta.
98. Além disso, não se pode sequer afirmar que no contrato, depois de a proposta original da
MPE ter sido alterada, a planilha prevê adequadamente as medidas mitigação dos efeitos de
chuva. Na planilha do contrato, essas medidas somam R$ 2.400.000,00, enquanto na proposta da
Galvão alcançam R$ 30.000.000,00 e na estimativa da Petrobras R$ 24.000.000,00.
99. Quanto à produtividade, no DFP original da proposta da MPE foi de 221,39 HH/t e não
de 325,61 HH/t. Esta é a que prevê a planilha do Contrato. Ou seja, o DFP do Contrato não tem
relação alguma com o DFP da proposta vencedora.
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100. Por fim, não resta dúvida que a produtividade prevista pela Galvão (162 HH/t) é ousada,
mas, ainda assim, no limite dos parâmetros estabelecidos na literatura, conforme analisado
anteriormente.
102. Segundo a estatal, essa assertiva não procede, porquanto a Empresa tem uma das
melhores e maiores estruturas de Engenharia de Custos do país (inclusive o seu Gerente
responsável foi escolhido como o Engenheiro de Custo de 2012 pelo renomado IBEC – Instituto
Brasileiro de Engenharia de Custos).
Análise
105. Na estimativa de custos do canteiro essa área foi cotada a R$ 487,57/m2, praticamente o
mesmo preço das edificações, cotadas a R$ 490,00/m2. O custo unitário dos pátios de estocagem,
que deveriam servir de referência, foi cotado a R$ 93,50/m2. Apenas neste item houve uma
diferença de quase R$ 8,0 milhões.
106. Além disso, não há a menor compatibilidade entre os custos de canteiro previstos pela
Petrobras com os das licitantes, conforme apontado pela própria estatal na resposta ao Ofício de
Requisição nº 04-231/2012 e mencionado no relatório de auditoria, sendo que estas cotaram com
base nos elementos estipulados no Anexo I-A do REBID.
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Análise
108. Não resta dúvida que a utilização de concreto pré-moldado para a fabricação de
dormentes agiliza e otimiza o processo de execução da obra.
109. Mas o que está em pauta, no momento, é a exequibilidade da proposta da Galvão e não
apenas as vantagens de um método construtivo. Uma proposta não pode ser considerada
inexequível apenas porque considera a execução de dormentes em concreto moldado in loco em
vez de pré-moldados. Para considerá-la inexequível, a Petrobras deveria comprovar a
inviabilidade de a empresa cumprir o cronograma da obra em decorrência do método executivo
proposto, o que não feito.
110. A Petrobras procura demonstrar, mais uma vez, as principais diferenças entre uma obra
de dutos e uma tubovia industrial. Ressalta a ocorrência de mais de 30 empreendimentos em
paralelo à execução da tubovia, todos com algum tipo de interferência com a tubovia.
111. Afirma a estatal que as experiências anteriores que a Galvão utiliza para sustentar sua
proposta de uso de tendas infláveis não são semelhantes às realidades da tubovia. Essa solução se
limitaria a proteger trechos longos e contínuos, o que não ocorre no Comperj, haja vista que as
interferências são inúmeras e se distribuem por toda a obra. Aduz que, embora os efeitos dessa
solução sejam conhecidos da Galvão, as interferências não o são por completo.
112. A Petrobras afirma que a Galvão procura, com sua proposta, impor à Petrobras um risco
muito grande. A única razão para propor tais estratégias, segundo a Petrobras, é que a Galvão
acredita que, em não conseguindo aplicar as medidas planejadas, poderia transferir para a
Petrobras a responsabilidade de resolver seus desvios de prazo e custo.
Análise
113. Não resta dúvida de que existem diferenças entre uma obra de dutos e de uma tubovia.
114. Da mesma forma, ficou bastante claro, ao longo das análises efetuadas, que as
produtividades propostas pela Petrobras são muito conservadoras e estão próximas das utilizadas
para unidades de processo, de execução mais complexa e com um número maior de
interferências. Também ficou assente que a Galvão propôs produtividades mais ousadas,
próximas das praticadas em obras de dutos.
115. Mas, em nenhum momento, a Petrobras demonstrou porque entende que a Galvão não
compreendeu o objeto da obra. Aliás, difícil é imaginar que a Galvão, com o histórico de obras
que tem, apresente e insista numa proposta que a Petrobras afirma ser inexequível.
116. Conclui-se, portanto, que a Petrobras não trouxe elementos objetivos que permitam
considerar inexequível a estratégia executiva proposta pela Galvão.
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118. A complementação mencionada pela Petrobras é, em grande parte, uma repetição dos
argumentos trazidos na manifestação anterior, para tópicos específicos contidos no despacho da
Ministra Relatora, como veremos a seguir.
119. O primeiro tópico atacado pela Petrobras foi a “inexistência de profissionais exigidos no
edital”, com a transcrição integral dos argumentos apresentados na manifestação anterior e
devidamente analisados no item II.8.1 desta instrução.
120. O segundo foi a “MOI abaixo da estimativa da Petrobras”, também com os mesmos
argumentos apresentados na manifestação anterior e devidamente analisados no item II.8.2 desta
instrução.
121. O terceiro foi a “irregular desclassificação de três licitantes – sobrepreço”, para o qual,
além de argumentos já apresentados na manifestação anterior, no tópico “sobrepreço –
parâmetros de mercado e análise matemática”, foi mencionada uma conclusão da Comissão
Mista de Orçamento do CN que reforçaria o argumento da validade de sua estimativa de custo.
Como este argumento não traz novidades ao tema, considera-se que esta questão já foi
devidamente analisada no item II.4 desta instrução.
124. O sexto e último ponto atacado foi o “existência de quatro estimativas de custos”, com os
mesmos argumentos do item “histórico – da necessidade fundamentada da elaboração de novas
estimativas” da manifestação anterior, já exaustivamente analisada no item II.3 desta instrução.
125. Não há, portanto, qualquer novidade nesta manifestação da Petrobras que possa alterar os
entendimentos anteriores.
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126. A MPE alega que, embora no Relatório de Auditoria tenha sido recomendada a concessão
de prazo de quinze dias para oitiva dos interessados, foi concedido apenas cinco dias para a sua
manifestação, o que configuraria afronta aos princípios constitucionais de ampla defesa e do
contraditório, e requer a concessão de novo prazo.
Análise
128. Não há, portanto, qualquer afronta à ampla defesa e ao contraditório. A MPE poderá se
manifestar novamente antes que qualquer medida definitiva a respeito do contrato firmado com a
Petrobras seja adotada por esta Corte de Contas.
129. Dessa forma, refuta-se por inteiro a alegação de que teria sido violado o princípio do
contraditório e da ampla defesa, assim como a pretensão da MPE de ter novo prazo.
130. A empresa alega que a proposta da empresa Galvão não contempla o estabelecido no
edital, de tal forma que sua proposta, aparentemente de menor preço, não se encontra em
conformidade com o instrumento convocatório.
131. Acrescenta que, se a empresa Galvão de fato tivesse apresentado preço nos moldes do
edital e da MPE, o seu preço seria demasiadamente superior ao preço da MPE, ora questionado, e
que a alternativa para a prestação de serviço apresentada pela empresa Galvão não estava prevista
no edital e, portanto, não deve ser considerada, sob pena de se estar infringindo princípios
basilares do procedimento licitatório, como a vinculação ao instrumento convocatório,
julgamento objetivo e isonomia.
132. Segundo a MPE, a proposta da Galvão não tem correspondência com o que foi licitado,
com método construtivo diferente, em clara violação ao princípio da isonomia entre os licitantes,
daí o porquê da desclassificação. Portanto, na visão da empresa, a desclassificação, fundada na
inexequibilidade, se deu em razão da metodologia proposta ser “manifestamente inexequível”.
133. A MPE alega, também, que, como a finalidade primordial da licitação é a busca da
proposta mais vantajosa segundo o interesse público, quando o licitante deixa de comprovar que
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sua proposta é exequível, não se pode conferir a este o direito de ser reconhecido até mesmo
como vencedor, pois, do contrário, estar-se-ia proibindo a busca pela proposta mais eficiente.
134. Alega, também, que é inexequível o preço incoerente ou incompatível com os custos de
mercado, sem apresentação de qualquer lucratividade ou razoabilidade em sua formulação,
exatamente como se apresentaram as propostas desclassificadas, em especial a da Galvão, haja
vista a alteração da metodologia de execução da tubovia, equiparando-a a dutovia.
Análise
135. Em apertada síntese, a proposta da Galvão seria inexequível, na visão da MPE, por ter
sido cotada a obra de uma dutovia ao invés de uma tubovia. É importante ressaltar que este
argumento já foi usado anteriormente pela Petrobras, inclusive com mais propriedade, analisado
e rebatido no relatório de auditoria e nesta instrução.
136. Ainda assim, convém repetir que a proposta da Galvão foi elaborada não para a
construção de uma dutovia, mas sim para a de uma tubovia, utilizando métodos construtivos
normalmente utilizados em dutovias.
137. A utilização deste partido construtivo não inviabiliza a proposta da Galvão, até porque as
tubovias e as dutovias apresentam muitas semelhanças entre si, diferindo, basicamente, na
concentração de dutos e na quantidade de interferências.
140. Não há, portanto, como considerar que as alegações da MPE, meramente retóricas,
tenham o condão de caracterizar a inexequibilidade da proposta da Galvão.
141. A MPE informa que o procedimento por ela dotado em sua proposta e acolhido pela
Petrobras, foi o de execução de tubovias, com tubulações montadas em “pipe way” de até 60
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metros de largura, com diversas linhas de produtos correndo em paralelo, com aumento
significativo da dificuldade e riscos operacionais na execução da obra.
142. A empresa ressalta que é, também, detentora da mesma, ou até maior, qualificação
técnica para a execução dos serviços que a Galvão Engenharia S.A, pois, encontra-se
devidamente cadastrada no Cadastro Geral de Fornecedores da Petrobras para a execução de
tubovias. Acrescenta, que tem se destacado pelo alto desempenho na execução de obras junto à
Petrobras, inclusive tendo sido premiada por diversas vezes.
143. Por fim, a empresa acrescenta que é parte integrante do Grupo MPE, composto por
diversas empresas com larga experiência na Engenharia. Cita a sua própria experiência (24 anos)
e a de suas coirmãs, a EBE – Empresa Brasileira de Engenharia S/A (73 anos de existência),
GEMON – Geral de Engenharia e Montagens S/A (26 anos de existência) e EBSE – Empresa
Brasileira de Solda S/A (89 anos), para ao fim afirmar que a sua experiência supera, em muito, a
da Galvão, com apenas nove anos de existência.
Análise
144. Aqui, a MPE tentou demonstrar que, diferentemente da Galvão, elaborou uma proposta
para execução de uma tubovia, e que detém mais experiência que a sua congênere.
145. Verifica-se que, na realidade, a proposta da MPE, embora mais elevada, descumpria,
também, muitas das cláusulas do Edital, conforme mostrado na análise das manifestações da
Petrobras, nos itens II.8.1 a II.8.4 deste relatório, de forma que se a proposta da Galvão merecia
ter sido desclassificada a da MPE também deveria sê-lo.
146. Compulsando a documentação inicial dos convites, constata-se que a empresa MPE não
foi convidada a participar do BID e nem do REBID, somente participando deste por ter solicitado
a sua inclusão na lista das empresas selecionadas. A sua inclusão no processo foi autorizada, nos
termos do DIP ENGENHARIA 555/2011, por ter sido considerado que atendia a quase todos os
critérios pré-estabelecidos. Ou seja, não atendia a todos os requisitos, mas, em prol do aumento
de competitividade foi admitida no certame.
147. Embora mais antiga, a experiência da MPE em contratos com a Petrobras, mormente na
área de Refinarias, não pode ser comparado com a da Galvão, conforme mostrado na evidência
EVS-10 Carteira de Contratos no Cadastro de Fornecedores da Petrobras, onde a MPE aparece
com apenas cinco contratos e a Galvão com cerca de 22.
148. A MPE alega que não merece prosperar o argumento de que não foi estabelecido, no
Edital, qualquer critério objetivo para a caracterização da inexequibilidade das propostas, pois a
declaração de inexequibilidade das propostas configurou verdadeiro dever da Administração
Pública de exigir a demonstração das condições mínimas e indispensáveis para a prestação do
serviço, conforme estabelecido no Edital, prevalecendo o princípio da vinculação da
Administração Pública ao Edital.
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149. Alega, ainda, que apresentou proposta tendo como base o instrumento convocatório, agiu
dentro da mais absoluta legalidade, atendendo aos princípios gerais da Administração Pública, e
que a Galvão Engenharia S.A., licitante que ofertou o menor preço, em momento algum
impugnou ou questionou as regras do edital da licitação e reconheceu a legalidade de sua
desclassificação.
Análise
150. Ao contrário do que afirma a MPE, não foram estabelecidos, no edital, os critérios para
aceitabilidade das propostas. Tanto isto é verdade, que a própria MPE tomou conhecimento de
que sua proposta estava dentro do limite de aceitabilidade por intermédio do relatório da
auditoria, conforma afirma no item 18 de sua manifestação.
151. A bem da verdade, a proposta da MPE somente foi incluída na faixa de aceitabilidade
após a alteração da estimativa da Petrobras. Este é um critério de aceitabilidade não declarado no
edital e também bastante elástico, haja vista que pode ser alterado ao longo do processo, como
ocorreu na licitação em tela e em diversas outras.
152. Também ao contrário do que afirma a MPE, a sua proposta não estava estritamente de
acordo com o instrumento convocatório, conforme já mostrado anteriormente, nos itens II.8.1 a
II.8.4 deste relatório.
153. Por fim, o fato de a Galvão não ter apresentado recurso, não significa que ela estivesse de
acordo com sua desclassificação, até porque procurou demonstrar o contrário, mas sim por não
ser uma sistemática corrente nas licitações da Petrobras. Perde-se esta licitação, mas ganham-se
outras.
V. CONCLUSÃO
154. Verifica-se que nem a Petrobras e nem a MPE trouxeram aos autos novos elementos que
nos permitam considerar regular a desclassificação imposta à Galvão Engenharia S.A., por
inexequibilidade de sua proposta, no Convite nº 0974051.11.8.
155. Além disso, não restou configurada a violação ao princípio do contraditório e da ampla
defesa para a Petrobras, refutando-se, assim, a pretensão da estatal de ter a devolução integral do
prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei 12.465/2011. Não obstante, a Petrobras poderá
apresentar esclarecimentos adicionais no sentido de sanear o indício de irregularidade detectado.
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a) desclassificação da Galvão Engenharia S.A., por ter sido a sua proposta, no valor de
R$ 568.844.421,80, considerada inexequível, embora o Convite não tenha
estabelecido de forma objetiva os critérios para a caracterização da inexequibilidade,
em afronta ao disposto na alínea a do item 5.3.1 do Decreto nº 2.745/98, que dispõe
expressamente que os editais devem fixar critérios objetivos para a avaliação e
classificação das propostas, e aos princípios fundamentais das licitações expressos no
item 1.2 do mesmo Decreto, em especial os da economicidade e do julgamento
objetivo;
b) contratação da MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., por meio do Contrato nº
0858.0071411.11.2, no valor de R$ 731.810.727,00, com um sobrepreço de
R$ 162.966.305,20, tomando por base o valor da proposta da Galvão Engenharia S.A.
158. Tendo em vista que a proposta da empresa Galvão Engenharia S.A. foi amplamente
criticada tanto pela Petrobras como pela MPE, considera-se adequado que seja franqueada a sua
manifestação em oitiva.
159. Além disso, restam presentes os pressupostos básicos para a medida cautelar proposta.
VI – PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
160. Por todo o exposto, submetemos estes autos à consideração superior, propondo a adoção
das seguintes providências:
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iii)caso não se consiga celebrar novo contrato pelo valor atualizado da proposta da
Galvão Engenharia S.A., realizar nova licitação;
c) realizar, nos termos do inciso II do Art. 43 da Lei nº 8.443/92 c/c o inciso IV do Art.
250 do RITCU, a audiência dos responsáveis devidamente identificados no Rol
de Responsáveis (peça 14), para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de
justificativa a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do
Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na desclassificação indevida da
empresa Galvão Engenharia S.A., o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20
na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.;
d) realizar, com fulcro no inciso V do artigo 250 do RITCU, a oitiva das empresas
Petróleo Brasileiro S.A., MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. e Galvão
Engenharia S.A. para que, se assim desejarem, no prazo de quinze dias, se
manifestem a respeito do indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do
Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na desclassificação indevida da
empresa Galvão Engenharia S.A., o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20
na contratação da empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A.;
e) comunicar à empresa Petróleo Brasileiro S.A. que não restou configurada qualquer
violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa, refutando-se, assim, a sua
pretensão de ter a devolução integral do prazo previsto no § 9º do artigo 91 da Lei
12.465/2011;
f) comunicar à empresa MPE Montagens e Projetos Especiais S.A. que não restou
configurada qualquer violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa,
refutando-se, assim, a sua pretensão de ter prorrogação de prazo; e
g) retornar os autos à SECOB-3 a fim de que se promovam as medidas processuais
necessárias.
_______________________________________
André Luiz Coelho Hyppolito dos Santos
AUFC – 2795-2
Página 24 de 24
TC 006.576/2012-5
Natureza: RELATÓRIO DE AUDITORIA
Órgão/Entidade: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
MME
Pronunciamento da SECOB-3/D1
(Assinado Eletronicamente)
FILIPE CASTRO NICOLLI - Matrícula 4220-0
Diretor
TC 006.576/2012-5
Natureza: RELATÓRIO DE AUDITORIA
Órgão/Entidade: PETRÓLEO BRASILEIRO S.A. -
MME
Pronunciamento da Unidade
(Assinado Eletronicamente)
EDUARDO NERY MACHADO FILHO - Matrícula 4208-0
Secretário
TC 006.576/2012-5
Natureza: Relatório de Auditoria
Unidade Jurisdicionada: Petróleo Brasileiro S.A. - MME.
Responsável: Maria das Graças Silva Foster (694.772.727-87)
Interessado: Congresso Nacional
DESPACHO
9. Neste passo, duas questões são tratadas: i) as defesas da Petrobras e da empresa MPE Projetos
Especiais S.A acerca da medida cautelar em face do potencial sobrepreço de R$ 162.966.305,20 no
Contrato 0858.0071411.11.2.; e ii) a manifestação da Petrobras sobre possível enquadramento da
irregularidade apontada como IG-P, ou seja, com irregularidade grave, tendente à paralisação do
contrato fiscalizado, nos termos do inciso IV do artigo 91 da Lei 12.465/2011 (LDO 2012).
10. A Secob-3, depois de analisar as argumentações dos interessados, concluiu pela necessidade de
suspensão cautelar do contrato e de comunicação ao Congresso Nacional de que foram detectados
indícios de IG-P na avença. Acrescentou proposta de audiência dos responsáveis e de novas oitivas das
empresas envolvidas.
Classificação da irregularidade como IG-P
11. Quanto à aposição da chancela de IG-P, considero que os indícios de irregularidade são graves
o suficiente para motivá-la. O sobrepreço apontado em mais de R$ 160 milhões é materialmente
relevante e as evidências de possível desclassificação irregular de licitantes têm potencial para ensejar a
nulidade do procedimento licitatório e consequentemente do contrato firmado, nos termos da alínea 'a'
do inciso IV do artigo 91 da LDO 2012.
12. As argumentações aduzidas pela Petrobras em sua manifestação preliminar não são suficientes
para afastar os indícios que sustentam a proposta de classificação da irregularidade como IG-P.
13. Primeiramente, não é possível entender que tenha havido prejuízo à defesa da Petrobras por não
estarem incluídas em sua notificação as evidências relacionadas à irregularidade apontada.
14. O relatório de auditoria, com o detalhamento das questões tratadas e até com tabelas que
sustentam o sobrepreço, foi regularmente encaminhado à Estatal. Além disso, como consignado pela
Secob-3, apenas duas das 25 evidências registradas no achado não são documentos produzidos pela
Petrobras. Uma delas é uma norma internacional amplamente utilizada pela empresa e a outra, a 'EVS-
22 – Planilha de cálculo do impacto da redução dos percentuais dos tributos no preço da MPE' aborda
divergências nas alíquotas de PIS e COFINS adotadas pela contratada que já haviam sido identificadas
pela Petrobras quando da contratação da MPE, além de representarem apenas 17% do sobrepreço
apontado.
15. Também não vislumbro ofensa à ampla defesa decorrente da imputação de sobrepreço a partir
da proposta de menor valor no certame. Não foram comparados os preços contratados com outros
referenciais obtidos no mercado porque não é esse o foco da questão, sendo incabível concluir pela
existência de ofensa à defesa da Estatal. O ponto fulcral da irregularidade em exame é a
desclassificação injustificada de licitantes, que pode ter gerado um prejuízo ao Erário superior a R$ 160
milhões, apontamento em relação ao qual a Petrobras não trouxe elementos suficientes para afastá-lo.
16. Assiste razão à Estatal quando alega que ainda não há uma manifestação conclusiva desta Corte
acerca da regularidade do critério de aceitação de preços por ela utilizado, que tem como limite inferior
subestimativas de até 15% e como teto superestimativas de até 20%, já que a matéria é objeto de
discussão nos autos do TC 006.810/2011-0. Entretanto, decorre dos princípios da isonomia, da
transparência e da motivação a necessária justificação das desclassificações promovidas no certame,
mormente porque a presunção de inexequibilidade é sempre relativa e deve ser avaliada em cada caso
concreto.
17. Ainda para sustentar a classificação como IG-P da irregularidade apontada no
Contrato 0858.0071411.11.2, acolho as conclusões da Secob-3 e reitero meu entendimento acerca da
insuficiência das razões aduzidas para imputar como inexequível a menor proposta apresentada no
certame promovido pela Petrobras. Ademais, também não foram trazidas evidências que permitam
concluir pela regularidade do aumento do orçamento-base licitado, fato este que aumentou o valor do
limite inferior de aceitação das propostas e resultou na desclassificação de três licitantes.
18. Deficiências apontadas pela Estatal na proposta da empresa que ofertou o menor preço
novamente não se sustentam diante do exame da unidade técnica. A alegada falta de previsão de alguns
profissionais exigidos no instrumento convocatório é refutada pela Secob-3, que demonstra em quadro
comparativo entre a menor proposta ofertada e o orçamento da contratada que as argumentações não
procedem.
19. Além disso, tendo como parâmetro bibliografia especializada, a Secob-3 comparou os
quantitativos de mão de obra direta (MOD) e indireta (MOI) de três fontes: da estimativa da Petrobras,
da proposta de menor valor e do orçamento da contratada. Concluiu que há indícios de superestimativa
na MOI prevista no orçamento-base e na tabela da empresa vencedora do certame. Essa injustificada
elevação dos preços-base contribuiu para que os valores oferecidos por alguns licitantes estivessem
fora do limite inferior aceito pela Estatal.
20. Nessa mesma linha está a discutida produtividade adotada pela empresa que ofereceu o menor
preço na licitação, apontada como inexequível pela Petrobras. A unidade técnica indica que a referida
produtividade está mais afeta à prevista na bibliografia técnica do que a defendida pela Estatal.
21. Corroboro com o entendimento da unidade instrutora de que a Petrobras não trouxe elementos
objetivos que permitam considerar inexequível a estratégia executiva definida na menor proposta.
22. Também impactam na estimativa de preços da Petrobras, de forma a majorá-la, as indicações da
Secob-3 relativas à superestimativa de custos unitários de itens do canteiro de obras, o que novamente
afasta o valor do orçamento-base daqueles registrados nas propostas desclassificadas por
inexequibilidade.
23. Concluo, portanto, estarem presentes os elementos necessários à indicação de IG-P para a
irregularidade examinada.
Medida cautelar
24. Quanto à medida cautelar alvitrada, as manifestações da Petrobras não inovam em relação
àquelas consignadas em face da proposta de classificação como IG-P.
25. A empresa contratada, MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., apresenta argumentos que
não infirmam as ofensas legais decorrentes das desclassificações realizadas pela Petrobras. Em sua
manifestação, também não logrou êxito em comprovar a inexequibilidade da proposta de menor preço.
26. Apesar disso, considero que, neste momento, algumas ponderações são necessárias.
27. Dos 55 processos que tramitam nesta Corte relacionados ao Comperj (alguns apensados por
pertinência temática), nenhum possui, até o momento, decisão final de mérito. Verifico, portanto, que
as questões neles apontadas ainda são objeto de análise.
28. Além disso, não é possível olvidar que eventual medida de suspensão cautelar de um contrato,
como aventado aqui, tem impacto na execução do empreendimento como um todo.
29. Com diversas fiscalizações já realizadas e com irregularidades significativas registradas, este
Tribunal tem se pautado por uma conduta cautelosa nos encaminhamentos que impactam no andamento
das obras do Comperj, principalmente em face da destacada importância social e econômica do
empreendimento. Essa é a linha que entendo mais adequada no presente feito.
30. Mesmo que não tenham sido afastados os pressupostos acautelatórios do fumus boni juris e do
periculum in mora, considero de suma importância avaliar um elemento de exclusão indispensável para
legitimar a adoção de uma medida liminar - o periculum in mora inverso.
31. Levando-se em conta a geração de empregos decorrente do Comperj, a movimentação
financeira, o impacto social, as receitas estimadas, em suma, toda a importância socioeconômica do
empreendimento, considero que a adoção da medida acautelatória, neste momento, pode resultar em
dano maior do que o que se visa proteger.
32. Ademais, penso que a chancela de IG-P para a irregularidade verificada no
Contrato 0858.0071411.11.2 pode ser medida capaz de ensejar a correção dos apontamentos realizados.
Assim, e em face das consequências práticas que advirão da suspensão cautelar do contrato em
comento, penso que o aprofundamento da questão é a medida mais acertada antes que medida tão
gravosa seja adotada.
33. Deixo, ainda, de acolher a proposta de realização de oitiva da empresa que ofereceu o menor
preço global no certame em análise, por entender que aquela licitante não demonstrou interesse de agir,
além de não ser parte formal no presente processo.
34. Ante o exposto, determino à Secob-3 que:
a) comunique, em cumprimento ao art. 96, caput, da Lei 12.465/2011 (LDO/2012), à
Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso Nacional que
foram detectados indícios de irregularidades graves, do tipo IG-P (inciso IV do § 1º do art.
91 LDO/2012, no Contrato 0858.0071411.11.2, firmado pela Petrobras com a empresa MPE
Montagens e Projetos Especiais S.A., cujo objeto é a construção da tubovia do Comperj, no
Estado do Rio de Janeiro, em face de potencial dano ao erário de R$ 162.966.305,20;
b) realize, nos termos do inciso II do art. 43 da Lei 8.443/1992, c/c o inciso IV do art. 250 do
Regimento Interno, a audiência prévia dos responsáveis identificados no rol de responsáveis
(peça 14), para que, no prazo de quinze dias, apresentem razões de justificativa a respeito do
indício de irregularidade grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40),
consistente na desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de
R$ 162.966.305,20;
c) realize, com fulcro no inciso V do artigo 250 do Regimento Interno, a oitiva das empresas
Petróleo Brasileiro S.A. e MPE Montagens e Projetos Especiais S.A., para que, se assim
desejarem, no prazo de quinze dias, se manifestem a respeito do indício de irregularidade
grave tratado no item 3.1 do Relatório de Fiscalização (peça 40), consistente na
desclassificação indevida de licitantes, o que pode caracterizar dano de R$ 162.966.305,20.
35. Retornem os autos à Secob-3 a fim de que se promovam as medidas indicadas no item anterior.
(Assinado Eletronicamente)
ANA ARRAES
Relatora
À esquerda, vê-se larga vala trapezoidal onde serão assentados os tubos. Ao lado do leito onde serão
assentados os tubos, vê-se uma vala de drenagem e, mais à direita, o talude da tubovia.