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573/2011-3
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secob-1, cujas conclusões foram
integralmente acolhidas pelos dirigentes:
“RESUMO
Trata-se de auditoria realizada na Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia -
Hemobras/MS, no período compreendido entre 31/01/2011 e 25/02/2011.
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar os atos relacionados às obras da Fábrica de
Hemoderivados e Biotecnologia da Hemobrás em Goiana/PE. A partir do objetivo do trabalho e a
fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de acordo com a legislação
pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
3 - O procedimento licitatório foi regular?
4 - O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e preços
unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?
5 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
6 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
Para a realização deste trabalho, foram utilizadas as diretrizes do roteiro de auditoria de
conformidade, sendo utilizadas as seguintes técnicas de auditoria: - Análise documental; -
Pesquisa em sistemas informatizados; - Confronto de informações e documentos; - Comparação
com a legislação, jurisprudência do TCU e doutrina; e - Conferência de cálculos. A análise
documental deteve-se ao processo administrativo da Concorrência nº 002/2010, cujo objeto é a
contratação de empresa especializada na execução das obras, instalações e serviços para
continuidade do parque industrial da Hemobrás na cidade de Goiana/PE. Para a análise dos
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 002.573/2011-3
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Em 2010 a obra relativa ao bloco B01 foi retomada, através do Edital nº 01/2010, que gerou o
Contrato nº 25/2010 e incluiu, ainda, os Blocos B14 (reservatório) e B17 (geradores).
Na ocasião dos trabalhos desta auditoria, estavam sendo licitados os demais blocos da unidade
fabril da Hemobrás: B02 (onde ocorrerá o fracionamento do plasma sanguíneo e sua
transformação em medicamentos), B03 (destinado ao envase dos produtos), B04 (prédio de
empacotamento), B05 (estocagem de produto acabado e almoxarifado), B06 (laboratório de
controle de qualidade), B10 (caldeiras para a produção de vapor), B11 (estocagem dos produtos
químicos), B12 (prédio de manutenção da planta industrial), B13 (estocagem de resíduos sólidos),
B16 (estocagem de etanol), B18 (subestação elétrica de 69 kV), B19 (paineis elétricos e
transformadores), B20 (tanque intermediário de etanol), P01 (portaria), R15 ‘Pipe Rack’ (estrutura
metálica para suporte de tubulação) e ‘Pipe Rack’ (B02-B06). O edital ainda contempla a
construção do prédio da caixa d'água elevada, com capacidade para 500 mil litros; passarelas
cobertas e áreas pavimentadas intermediárias entre as edificações B01, B02, B03, B04, B05,
totalizando 1.492 m², além do pátio de manobras do Bloco B05, com 2.482 m² e capacidade para
cinco caminhões.
Serão licitados numa terceira fase os blocos de unidades administrativas, que não necessitam
atender a características específicas de construção.
2.3 - Objetivo e questões de auditoria
A presente auditoria teve por objetivo fiscalizar os atos relacionados às obras da Fábrica de
Hemoderivados e Biotecnologia da Hemobrás em Goiana/PE.
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo
aplicados de acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões adiante indicadas:
1 - A previsão orçamentária para a execução da obra é adequada?
2 - Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
3 - O procedimento licitatório foi regular?
4 - O orçamento da obra encontra-se devidamente detalhado (planilha de quantitativos e
preços unitários) e acompanhado das composições de todos os custos unitários de seus serviços?
5 - Os quantitativos definidos no orçamento da obra são condizentes com os quantitativos
apresentados no projeto básico / executivo?
6 - Os preços dos serviços definidos no orçamento da obra são compatíveis com os valores de
mercado?
2.4 - Metodologia utilizada
Foram seguidas as diretrizes do roteiro de auditoria de conformidade, sendo utilizadas as seguintes
técnicas de auditoria:
- Análise documental;
- Pesquisa em sistemas informatizados;
- Confronto de informações e documentos;
- Comparação com a legislação, jurisprudência do TCU e doutrina; e
- Conferência de cálculos.
A análise documental deteve-se ao processo administrativo da Concorrência Pública nº 002/2010-
Hemobrás.
Para a análise dos orçamentos-base do edital, selecionaram-se os serviços mais relevantes dentro
da parte A da curva ABC da planilha orçamentária.
2.5 - VRF
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A jurisprudência do TCU é vasta nesse sentido, a exemplo dos Acórdãos 3.506/2009-1a Câmara,
1.379/2007-Plenário, 568/2008-1a Câmara, 1.378/2008-1a Câmara, 2.809/2008-2a Câmara,
5.262/2008-1a Câmara, 4.013/2008-1a Câmara, 1.344/2009-2a Câmara, 837/2008-Plenário,
3.667/2009-2a Câmara e 3.219/2010-Plenário.
Verificou-se que os itens da planilha orçamentária intitulados ‘Administração Local’, ‘Instalação
do Canteiro de Obras’ e ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’ apresentavam valores relevantes,
destoando significativamente dos preços praticados em serviços correlatos nas mais diversas obras
fiscalizadas por esta Corte de Contas.
O tema foi enfrentado no Acórdão 157/2009-TCU-Plenário. Por sua pertinência com o caso em
tela, cabe trazer à colação trechos do relatório que fundamentou o referido acórdão:
‘O item 9.2.1 do Acórdão TCU 397/2008-Plenário determinou a retirada dos custos relativos à
Administração Local do BDI e sua transferência para o custo direto do empreendimento. Na
explanação do Ex.mo. Ministro Relator Augusto Sherman, é feita a seguinte menção às Tabelas de
Composições de Preços para Orçamentos (TCPO), da Editora PINI:
‘A TCPO considera como adequado o percentual de 6% de Administração Local para grandes
obras. Dentro desse percentual encontram-se: mão-de-obra indireta (gerente, engenheiro, mestre
de obras, encarregado etc.), os equipamentos da administração (veículos, mobiliários, telefones
fixos, computadores etc.), o apoio à mão-de-obra (medicina e segurança do trabalho, alimentação
e transporte de funcionários administrativos, transporte dos funcionários dentro do canteiro de
obras etc.), consumos administrativos (contas de água, luz e telefone, materiais de escritório,
materiais de limpeza etc.), e, além disso, a instalação de canteiro (mobilização inicial, mobilização
de mão-de-obra, mobilização de equipamentos, construções provisórias, aluguel de casas,
manutenção das instalações do canteiro, controle tecnológico - serviços de laboratório de
materiais de construção e controles em geral etc.).’
(...)
No caso da obra objeto do Acórdão TCU 397/2008-Plenário (Centro de Lançamento de Alcântara,
da Agência Espacial Brasileira), considerada uma obra de complexidade logística elevada, o
Ex.mo. Ministro Relator, após analisar as condições envolvidas no caso concreto, considerou
excessivo até mesmo o percentual de 6,00% sugerido pela publicação técnica TCPO.
(...)
O somatório destes itens (que compõem a administração local) atinge absurdos 7,66%, muito
acima do estabelecido como limite pelo TCPO e pelo SICRO2 (2,5%).’
É importante ressaltar que, no caso ora analisado (obra da Hemobrás), já existem alíneas
específicas para a instalação de canteiro (R$ 2.203.825,05), mobilização e desmobilização (R$
95.600,00), manutenção e apoio de canteiro de obras (R$ 2.897.381,04), valores esses sem taxa de
BDI. Note que essas alíneas estariam englobadas no conceito de administração local do TCPO e
dentro do percentual de 6% sugerido.
Apenas para se ter idéia da relevância do montante em questão, somando os itens acima citados
encontra-se um total de R$ 5.196.806,09. Agregado ao valor de Administração Local (R$
18.246.605,52, conforme Tabela 01 ao final deste achado) chega-se a R$ 23.443.411,61, ou seja,
apenas esses itens representam 10,84% do valor do custo direto de referência da obra (R$
216.332.397,67 - valor corrigido indicado no achado de auditoria referente a serviços idênticos
com preços distintos, conforme ‘Planilha de Correção de Serviços Idênticos com Preços Distintos’
juntada aos autos). Aplicando-se a taxa de BDI prevista no edital, de 29,55%, chegamos ao preço
de R$ 30.370.939,74.
Embora não se questione a necessidade de alguns desses serviços de administração e canteiro para
a execução da obra, chama a atenção o elevado valor desses itens, não sendo razoável que serviços
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que não vão agregar valor definitivo ao empreendimento, pois o canteiro é uma instalação
provisória, representem um percentual tão elevado do preço final.
Ainda com o intuito de se obterem parâmetros percentuais para administração local, de modo a
aferir a razoabilidade dos preços praticados, referenciamo-nos ao artigo intitulado ‘BDI
Referencial com base no porte e localização da obra’, apresentado no XIII Simpósio Nacional de
Auditoria de Obras Públicas, em novembro de 2010, e publicado na Revista do TCU nº 118, cujo
autor, Alan de Oliveira Lopes, integra o quadro de Peritos Criminais da Polícia Federal.
Com base em orientações técnicas que dispõem sobre a padronização de procedimentos e exames
para cálculo do dano ao erário em obras e serviços de engenharia no âmbito da perícia de
Engenharia Legal (Engenharia Civil), o referido artigo indica uma fórmula estatística, função do
custo direto, para estimar o percentual relativo à administração local. Ressalte-se que tal expressão
matemática é resultado de estudo e análise de valores praticados em histórico de contratos
periciados por aquele órgão.
A Tabela 02, ao final deste achado, ilustra o emprego da citada metodologia, por intermédio da
qual se chega ao percentual aproximado de 5% do custo direto para os gastos com administração
local, ou R$ 10.816.619,88, pouco mais da metade dos R$ 18.246.605,52 previstos na planilha
orçamentária.
Não obstante, optou-se por uma análise mais detalhada, primando pelo conservadorismo, diante do
ineditismo do empreendimento e, ainda, antevendo-se alegações dos gestores de que a
complexidade da obra em tela contraindicaria a adoção de metodologias e percentuais nos moldes
dos supracitados como parâmetros.
Assim, foram adotadas as composições detalhadas dos itens ‘Administração Local’, ‘Instalação do
Canteiro de Obras’ e ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’ (planilhas 03, 04 e 05 - ao fim deste
achado), apresentadas pela Hemobrás em resposta ao Ofício de Requisição nº 02-069/2011,
limitando-se à verificação da compatibilidade dos custos dos insumos integrantes em relação ao
SINAPI.
Para a aferição do custo da mão de obra empregada na administração local e na manutenção e
apoio do canteiro, fez-se a conversão dos custos horários dos diversos profissionais previstos no
SINAPI, já embutidos os encargos sociais de horistas, de 126,38%, para o respectivo custo mensal,
considerando, para tanto, encargos sociais para mensalistas de 83,38%. A Tabela 06 ilustra em
detalhes o cálculo do custo da mão de obra.
Dessa forma, apurou-se um sobrepreço de R$ 2.036.105,73 no item ‘Administração Local’ do
orçamento-base e de R$ 538.802,64 no item ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’, valores sem a
incidência do BDI, conforme detalhado nas Tabelas 03 e 05.
Em relação ao serviço de instalação do canteiro, verificou-se que a Hemobrás adotou como
referência o custo de R$ 532,44 / m² para as diversas instalações que fazem parte do canteiro de
obras, como escritório, almoxarifado, alojamento, refeitório, sanitário/vestiário etc. A estimativa se
deu a partir do custo mediano obtido no SINAPI para projeto habitacional tipo ‘Casa Isolada’,
código 0115, sigla CR.1-3Q..104, ‘casa com 1 pavimento, fundação baldrame, composta de:
varanda, sala, 3 quartos, circulação, banheiro, lavabo, cozinha, área de serviço, quarto e WC de
empregada’, área útil de 89,03 m² e área construída de 103,90 m², com padrão de acabamento
baixo.
Um ponto importante a destacar é que, em meio ao emaranhado de documentos, memoriais e
plantas que compõem o projeto executivo apresentado pela Hemobrás, consta memorial descritivo
e especificação técnica que detalha as instalações provisórias e canteiro de obras da seguinte
forma:
‘O barracão será composto por galpão aberto provisório em madeira, cobertura em telha de
fibrocimento 6 mm, incluso preparo do terreno.
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O barracão de obra para alojamento e escritório será composto de piso em pinho 3ª, paredes em
compensado 10 mm, cobertura em telha de fibrocimento 6 mm, inclusas instalações elétricas e
esquadrias.
O barracão para depósito será em tábuas de madeira, cobertura em fibrocimento 4 mm, incluso
piso argamassa traço 1:6 (cimento e areia).
O barracão de obra em tábuas de madeira com banheiro, cobertura em fibrocimento 4 mm,
inclusas instalações hidro-sanitárias e elétricas
O sanitário deverá ter 4 m², dois módulos de vaso e chuveiro, paredes em tábuas de pinho,
cobertura em telha de fibrocimento 6 mm, incluso instalações, aparelhos, esquadrias e ferragens.’
Ou seja, a Hemobrás não poderia orçar um item em desconformidade com as especificações de
projeto, favorecendo o contratado em prejuízo da Administração Pública.
As instalações que fazem parte do canteiro são provisórias, sendo desfeitas após o término da obra,
não sendo razoável adotar como referência o custo do m² de construção de uma casa permanente,
em alvenaria, telhas cerâmicas, com banho, lavabo, WC de empregada e varanda. Diante disso,
buscou-se no SINAPI a adequação dos valores para a instalação do canteiro, por meio dos
seguintes serviços, idênticos aos descritos no memorial supracitado:
- ‘73752/001 - Sanitário com 4 m², dois módulos de vaso e chuveiro, paredes em tábuas de pinho,
cobertura em telha de amianto 6 mm, incluso instalações, aparelhos, esquadrias e ferragens’ (R$
428,70 / m²);
- ‘73803/001 - Galpão aberto provisório em madeira, cobertura em telha de fibrocimento 6 mm,
incluso preparo do terreno’ (R$ 126,30 / m²);
- ‘73805/001 - Barracão de obra para alojamento/escritório, piso em pinho 3a, paredes em
compensado 10 mm, cobertura em telha amianto 6 mm, incluso instalações elétricas e esquadrias’
(R$ 136,08 / m²);
- ‘74210/001 - Barracão para depósito em tábuas de madeira, cobertura em fibrocimento 4 mm,
incluso piso argamassa traço 1:6 (cimento e areia)’ (R$ 167,37 / m²).
Para algumas das instalações previstas na composição do canteiro, do gênero barracão de obra,
que não possuíam correspondência direta com o SINAPI, foi utilizado o serviço de custo mais alto,
SINAPI - 74210/001 (R$ 167,37 / m²), mantendo-se, assim, uma abordagem conservadora.
Desta feita, foi encontrado um sobrepreço de R$ 1.016.468,75 no item ‘Instalação do Canteiro de
Obras’ do orçamento-base, sem BDI, conforme detalhado na Tabela 04.
Em resposta ao Ofício de Requisição nº 03-069/2011, de 25/02/2011, no qual esclarecimentos
foram solicitados acerca dos preços e composições dos itens ‘Administração Local’, ‘Instalação do
Canteiro de Obras’ e ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’, a Hemobrás encaminhou, em 02/03/2011,
documentação com diversas considerações.
Sobre o item ‘Instalação do Canteiro de Obras’, a Hemobrás alega que a adoção do custo unitário
extraído do SINAPI, de R$532,44 (projeto habitacional tipo ‘Casa Isolada’, código 0115), como
custo referencial para a instalação do canteiro, se deu para que fosse atendida a legislação
normativa brasileira (NR18), para que as instalações suportassem no mínimo três períodos
chuvosos, pelo menor custo de manutenção da referida instalação e pela necessidade de
reutilização do canteiro nas demais etapas do empreendimento. Além disso, alega que foi verificado
que o canteiro em chapas de compensado instalado para a 1ª etapa do empreendimento necessitou
de manutenção após o período chuvoso de 2010, além de as condições ambientais, acústicas e
térmicas não serem adequadas.
As alegações aduzidas não justificam a adoção de custo tão discrepante para o metro quadrado do
canteiro de obras. Primeiramente, resta claro que os serviços específicos de instalação de canteiro
presentes no SINAPI atendem a legislação normativa brasileira. Existem, inclusive, empresas
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(...)
2. As irregularidades apuradas pelo Tribunal [...] foram, resumidamente, as seguintes: [...]
exigência cumulativa, no edital, de garantia de participação de 5% do valor do contrato de
arrendamento e de comprovação de capital social integralizado ou Patrimônio Líquido mínimo;
(...)
[ACÓRDÃO]
(...)
9.4. com fundamento no art. 71, inciso IX, da Constituição Federal, no art. 45 da Lei n° 8.443/1992
e no art. 251 do Regimento Interno do TCU, fixar o prazo de 15 (quinze) dias para que o Diretor-
Presidente da [...] adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, [...] tendo em
conta as irregularidades abaixo consignadas,[...]:
9.4.5. exigência cumulativa, no edital licitatório, de garantia de participação de 5% do valor do
contrato de arrendamento e de comprovação de capital social integralizado ou patrimônio líquido
mínimo, contrariando o § 2º do art. 31 da Lei nº 8.666/93.’
Dessa forma, a exigência cumulativa de capital social mínimo juntamente com a prestação de
garantia de participação no certame configura ato irregular, por ser restritivo à competição, sendo
contrário aos dispositivos legais vigentes. Não obstante, no caso concreto não há indícios de que
essa exigência tenha de fato restringido a competitividade da licitação. Ademais, não consta dos
autos do processo administrativo qualquer questionamento por parte de licitantes ou interessados
em relação ao fato em tela.
Cabe, assim, alertar a Hemobrás no sentido de não inserir em futuras licitações a exigência
cumulativa de capital social mínimo juntamente com a prestação de garantia de participação no
certame.
3.3.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Edital 02/2010, 3/12/2010, CONCORRÊNCIA, Contratação de empresa especializada na
execução obras, instalações e serviços para continuidade da implantação da planta industrial no
terreno da HEMOBRÁS.
3.3.4 - Causas da ocorrência do achado:
Não observância dos critérios existentes na Lei 8666/93 para exigência de garantia.
Não observância da jurisprudência do TCU
3.3.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Restrição à competitividade do certame. (efeito potencial)
3.3.6 - Critérios:
Acórdão 108/2006, item 9.1.3.3, Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 2338/2006, item 9.4.5, Tribunal de Contas da União, Plenário
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso V; art. 23, inciso I, alínea c; art. 31, § 2º; art. 56
3.3.7 - Evidências:
Edital - Concorrência nº 002_2010 - Edital de Concorrência nº 2/2010.
3.3.8 - Conclusão da equipe:
Ante o exposto, cabe alertar a Hemobrás para que em futuras licitações não faça constar nos
editais, de forma concomitante, as exigências de capital social mínimo e a prestação de garantia
prevista no art. 56, § 1, da Lei 8.666/1993;
3.4 - Existência de preços diferentes para o mesmo serviço.
3.4.1 - Tipificação do achado:
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Não obstante todos os preços unitários da proposta serem iguais ou inferiores aos do orçamento, o
fato de o consórcio licitante ter ofertado preços diferentes para serviços de idêntica especificação
comprova que ele poderia executar todos os serviços pelo menor preço cotado. O contratado, ao
receber por um item unitário um valor maior do que o que ofereceu para um mesmo item na
planilha, leva uma vantagem indevida sobre a Administração.
Embora o valor total cotado a maior pelos preços unitários diferentes supracitados some R$
66.180,64, valor pequeno frente ao total da proposta, de R$ 278.363.583,22, uma vez que o
contrato foi recém assinado, torna-se oportuno determinar à Hemobrás que faça um levantamento
dos serviços de mesma especificação técnica, independente de descrições erroneamente não
idênticas na planilha, que possuam preços distintos apesar de serem cotados pelo mercado ao
mesmo preço, adotando no contrato o menor dos preços ofertados.
Do exposto, é necessário realizar OITIVA da Hemobrás e do consórcio vencedor para que se
manifestem sobre a ocorrência de preços unitários diferentes para mesmos serviços, apresentando
as correções que se mostrem adequadas.
3.4.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Edital 02/2010, 3/12/2010, CONCORRÊNCIA, Contratação de empresa especializada na
execução obras, instalações e serviços para continuidade da implantação da planta industrial no
terreno da HEMOBRÁS.
3.4.4 - Causas da ocorrência do achado:
Falhas na elaboração da planilha de custos do edital.
Falha na verificação dos preços unitários da proposta.
3.4.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Possibilidade de desclassificação indevida de licitante. (efeito potencial)
Pagamento de serviços que poderiam ser prestados por um valor inferior pelo contratado. (efeito
potencial)
3.4.6 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 40, § 2º, inciso II
3.4.7 - Evidências:
Planilha Orçamentária - Edital - Planilha orçamentária.
Planilha Orçamentária - Proposta Vencedora - Proposta de preços do Consórcio Mendes
Júnior/TEP/Squadro.
Planilha de Correção de Serviços Idênticos com Preços Distintos.
3.4.8 - Conclusão da equipe:
Conclui-se, seguindo orientação contida no item 4.4.5 do Anexo III do Memorando-Circular nº
12/2011-Segecex, e com fundamento no art. 157 do Regimento Interno do TCU, pela necessidade
de realizar OITIVA da Hemobrás e do consórcio vencedor para que se manifestem sobre a
ocorrência de preços unitários diferentes para mesmos serviços existentes em diversos pontos da
planilha de preços, apresentando as correções que se mostrem adequadas e adotando no contrato o
menor dos valores ofertados.
Cabe, ainda, determinar à Hemobrás que realize uma completa revisão em toda a planilha
orçamentária contratual para a garantia de que erros grosseiros não estejam trazendo prejuízo à
Administração Pública, a exemplo da existência de preços distintos para serviços idênticos,
informando o resultado dessa revisão à esta Corte de Contas, tão logo finalizada.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
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Constava como relator original do presente processo (TC 002.573/2011-3) o Exmo Sr. Ministro-
Substituto Weder de Oliveira. No entanto, verificou-se que há processo aberto (TC 015.521/2010-9,
Fiscalização nº 307/2010), autuado no âmbito do Fiscobras 2010, cujo objeto também é a
Construção da Fábrica de Hemoderivados e Biotecnologia - PE, com recursos do mesmo
Programa de Trabalho que ora se fiscaliza, PT nº 10.303.1291.1H00.0026. O referido processo
tinha como relator original o Exmo. Sr. Ministro Benjamin Zymler, atual presidente desta Corte de
Contas, e encontra-se na fase de análise de audiências, sendo que a relatoria atual está a cargo do
Exmo. Sr. Ministro Ubiratan Aguiar.
Desta feita, no intuito de atender determinação contida no item 9.7 e subitens do Acórdão TCU nº
442/2010, foi transferida a relatoria do presente processo para o Exmo. Sr. Ministro Ubiratan
Aguiar.
Um fato a se destacar foi a denúncia anônima encaminhada pelo endereço eletrônico
hemobras1@gmail.com, a qual foi recebida na data de 14/03/2011, por meio do correio eletrônico
institucional do supervisor desta fiscalização. Conquanto se considere que ao ser recebida a
denúncia o relatório já estava praticamente finalizado e que, nos termos do art. 235, caput e
parágrafo único, do Regimento Interno deste Tribunal, a referida denúncia não pode ser conhecida,
posto que não preenche os requisitos necessários, dentre eles o ‘ome legível do denunciante, sua
qualificação e endereço’ há que se ressaltar, em sede de cognição sumária, que a mensagem traz
informações pertinentes ao caso, que já haviam sido tratadas no presente relatório.
5 - CONCLUSÃO
As seguintes constatações foram identificadas neste trabalho:
Questão 3 Restrição à competitividade da licitação decorrente de critérios
inadequados de habilitação e julgamento. (item 3.3)
Questão 5 Sobrepreço decorrente de quantitativo inadequado. (item 3.2)
Questão 6 Sobrepreço decorrente de preços excessivos frente ao mercado. (item 3.1)
Existência de preços diferentes para o mesmo serviço. (item 3.4)
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a identificação de dano
potencial ao erário em razão de indícios de sobrepreço de R$ 21.552.395,32 no valor global do
Contrato nº 02/2011. Adicionalmente, pode-se mencionar a melhoria dos processos internos da
Hemobrás diante da identificação de irregularidades no edital e na planilha orçamentária, que
ensejaram alertas a fim de que não voltem a ocorrer em licitações futuras. Portanto, o total dos
benefícios quantificáveis desta auditoria é de R$ 21.552.395,32.
Não foram constatados achados decorrentes das demais questões propostas para esta auditoria.
6 - ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, somos pelo encaminhamento dos autos ao Gabinete do Exmo. Sr. Ministro-
Relator Ubiratan Aguiar, com as seguintes propostas:
a) Determinar, com fundamento no art. 157 do Regimento Interno/TCU, oitiva da Empresa
Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia - Hemobrás/MS, na pessoa do Diretor-Presidente, Sr.
Romulo Maciel Filho, CPF: 142.718.264-72, para que, no prazo de quinze dias, manifeste-se sobre
os indícios de irregularidade apontados no corrente relatório:
a.1) existência de sobrepreço no valor de R$ 21.552.395,32, decorrente de quantitativo inadequado
para o serviço de cimbramento e de preços excessivos frente ao mercado para os itens
‘Administração Local’, ‘Instalação do Canteiro de Obras’ e ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’ da
planilha orçamentária contratual;
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a.2) aceitação de preços unitários diferentes para itens idênticos nas planilhas de preços do
Contrato nº 02/2011, em afronta ao art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993.
b) Determinar, com fundamento no art. 157 do Regimento Interno/TCU, oitiva do Consórcio
Mendes Júnior/TEP/Squadro, na pessoa de seu representante legal, para que, caso assim o desejar,
no prazo de quinze dias manifeste-se sobre os indícios de irregularidade apontados no corrente
relatório, os quais podem representar futuro ajuste no valor contratado:
b.1) existência de sobrepreço no valor de R$ 21.552.395,32, decorrente de quantitativo inadequado
para o serviço de cimbramento e de preços excessivos frente ao mercado para os itens
‘Administração Local’, ‘Instalação do Canteiro de Obras’ e ‘Manutenção e Apoio do Canteiro’ da
planilha orçamentária contratual;
b.2) ocorrência de preços unitários diferentes para itens idênticos nas planilhas de preços do
Contrato nº 02/2011, em afronta ao art. 43, inciso IV, da Lei 8.666/1993.
c) Determinar à Hemobrás que realize uma completa revisão em toda a planilha orçamentária
contratual para a garantia de que erros grosseiros não estejam trazendo prejuízo à Administração
Pública, a exemplo da existência de preços distintos para serviços idênticos, bem como possíveis
erros de quantitativos, informando, no prazo de trinta dias, o resultado dessa revisão a esta Corte
de Contas.
d) Alertar a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia - Hemobrás/MS quanto às
seguintes impropriedades constatadas:
d.1) realização de apenas uma cotação de mercado para serviços e itens da planilha orçamentária
que não possuíam correspondência no SINAPI ou SICRO, fato que vai de encontro à jurisprudência
do TCU a exemplo do Acórdão nº 3.219/2010-Plenário, conforme tratado no item 3.1 do relatório;
d.2) exigência nos editais, de forma concomitante, de capital social mínimo e prestação de garantia
prevista no art. 56, § 1, da Lei 8.666/1993, fato que vai de encontro à legislação vigente (Lei
8.666/1993, art. 31, §2º) e à jurisprudência do TCU, conforme tratado no item 3.3 do relatório.
e) Encaminhar cópia da deliberação que vier a ser proferida ao Tribunal de Contas do Estado de
Pernambuco, tendo em vista os indícios de sobrepreço apurados, e por ser o Estado de
Pernambuco sócio minoritário da Hemobras.
f) Comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do Congresso
Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no disposto no
inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato nº 02/2011-Hemobrás,
relativo às obras da segunda etapa de construção do parque industrial da Hemobrás na cidade de
Goiana/PE.”
É o relatório.
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VOTO
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TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 18 de maio de 2011.
UBIRATAN AGUIAR
Relator
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1. Processo TC-002.573/2011-3
2. Grupo I – Classe V – Levantamento de Auditoria
3. Interessado: Congresso Nacional
4. Entidade: Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia – Hemobras/MS
5. Relator: Ministro Ubiratan Aguiar
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secob-1
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos que cuidam de Levantamento de Auditoria
realizado nas obras da Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia – Hemobras/MS, no
âmbito do Fiscobras/2011.
9.4.1 realização de apenas uma cotação de mercado para serviços e itens da planilha
orçamentária que não possuíam correspondência no SINAPI ou no SICRO, fato que vai de encontro à
jurisprudência deste Tribunal, a exemplo do Acórdão nº 3.219/2010-Plenário;
9.4.2 exigência nos editais, de forma concomitante, de capital social mínimo e prestação da
garantia prevista no art. 56, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, fato que vai de encontro ao art. 31, §2º, da
referida Lei e à jurisprudência deste Tribunal;
9.5. encaminhar cópia do presente acórdão ao Tribunal de Contas do Estado de
Pernambuco, tendo em vista os indícios de sobrepreço apurados, e por ser o Estado de Pernambuco
sócio minoritário da Hemobrás;
9.6. comunicar à Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização do
Congresso Nacional que não foram detectados indícios de irregularidades que se enquadram no
disposto no inciso IV do § 1º do art. 94 da Lei nº 12.309/2010 (LDO/2011), no Contrato nº 02/2011-
Hemobrás, relativo às obras da segunda etapa de construção do parque industrial da Hemobrás na
cidade de Goiana/PE.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral
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