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NOTÍCIAS DESTACADAS DOS

TRIBUNAIS SUPERIORES
02/07/2022 – 08/07/2022

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Notícias do STF

STF proíbe contingenciamento dos recursos do Fundo Clima

Ministra Rosa Weber julga inviável ação sobre revisão da política de cotas

Supremo valida lei que determinou transferência de recursos para garantir internet na rede

pública

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https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=490062&ori=1

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Notícias do STJ

Réu pode ser condenado a pagar custas e honorários em ação civil pública ajuizada por

associação privada

Concessionária de rodovia não pode cobrar de autarquia de saneamento pelo uso da faixa de

domínio
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Juiz sempre deve reduzir a pena quando houver confissão do réu, define Quinta Turma

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condenado-a-pagar-custas-e-honorarios-em-acao-civil-publica-ajuizada-por-associacao-

privada.aspx

https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/05072022-Concessionaria-de-

rodovia-nao-pode-cobrar-de-autarquia-de-saneamento-pelo-uso-da-faixa-de-dominio.aspx

https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/07072022-Juiz-sempre-deve-

reduzir-a-pena-quando-houver-confissao-do-reu--define-Quinta-Turma.aspx

Notícias do TST

Auditor fiscal do trabalho tem competência para reconhecer vínculo de emprego

Processo sobre motorista que transporta carga além do permitido em lei é da competência da

Justiça do Trabalho

Horas de deslocamento são computadas na jornada em período posterior à reforma trabalhista

de 2017

Links das notícias:

https://www.tst.jus.br/web/guest/-/auditor-fiscal-do-trabalho-tem-compet%C3%AAncia-para-

reconhecer-v%C3%ADnculo-de-emprego

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https://www.tst.jus.br/web/guest/-/motorista-que-transporta-carga-al%C3%A9m-do-que-

permite-lei-de-tr%C3%A2nsito-%C3%A9-caso-da-justi%C3%A7a-do-trabalho

https://www.tst.jus.br/web/guest/-/horas-de-deslocamento-s%C3%A3o-computadas-na-jornada-

em-per%C3%ADodo-posterior-%C3%A0-reforma-trabalhista-de-2017

NOTÍCIAS DO STF

STF proíbe contingenciamento dos recursos do Fundo Clima

Por maioria, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu o contingenciamento das

receitas que integram o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima) e determinou ao

governo federal que adote as providências necessárias ao seu funcionamento, com a consequente

destinação de recursos. O STF reconheceu, ainda, a omissão da União devido à não alocação

integral das verbas do fundo referentes ao ano de 2019.

A decisão se deu, em sessão virtual finalizada em 1º/7, no julgamento da Arguição de

Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 708, ajuizada pelo Partido dos Trabalhadores

(PT), pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e pela

Rede Sustentabilidade.

Decisão deliberada

Em seu voto pela procedência do pedido, o relator, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que os

documentos juntados aos autos comprovam a efetiva omissão da União, durante o ano de 2019 e

parte de 2020. Segundo ele, informações da Comissão de Meio Ambiente do Senado revelam que

a não alocação dos recursos foi uma “decisão deliberada do Executivo”, até que fosse possível

alterar a constituição do Comitê Gestor do fundo.

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O relator afastou a alegação do Ministério do Meio Ambiente de que o não funcionamento ocorreu

porque se esperava o novo marco normativo de saneamento. Segundo o ministro, os recursos do

fundo não se destinam exclusivamente nem majoritariamente a esse setor. Além disso, o Plano

Anual de Aplicação de Recursos (PAAR) de 2020 e 2021, posteriormente aprovado, não se limitou

à alocação dos recursos paralisados para saneamento, direcionando-os a todas as linhas

disponíveis para financiamento no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES).

De acordo com Barroso, os recursos reembolsáveis foram todos destinados pelo PAAR de 2020 e

2021 ao BNDES e direcionados, prioritariamente, ao meio ambiente urbano. Já recursos não

reembolsáveis foram integralmente alocados ao projeto Lixão Zero, do governo de Rondônia,

ficando retida a importância de R$ 212.772,00 para atendimento das metas fiscais.

Vinculação

O relator assinalou também que deve ser vedado o contingenciamento dos recursos do fundo, pois

a destinação desses instrumentos conta com a apreciação e deliberação não apenas do Executivo,

mas também do Legislativo. "O Executivo não pode simplesmente ignorar as destinações

determinadas pelo Legislativo, a seu livre critério, sob pena de violação ao princípio da separação

dos Poderes", destacou.

Além disso, os recursos são vinculados por lei a atividades específicas e, por essa razão, não

podem ser contingenciados, nos termos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF - Lei

Complementar 101/2000). Ele lembrou inclusive que esse foi o entendimento adotado pelo STF no

julgamento da ADPF 347, em que o Plenário concluiu pela impossibilidade de contingenciamento

dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional (FUNPEN).

Aumento do desmatamento

Ainda para o relator, a vedação ao contingenciamento não se justifica em razão do grave contexto

ambiental brasileiro, ressaltando o dever constitucional de tutela ao meio ambiente (artigo 225 da
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Constituição Federal). Ele observou que, em 2021, o desmatamento aumentou mais de 22% e

alcançou uma área de 13.235 km², a maior em 15 anos, representando aumento de 76% no

desmatamento anual em relação a 2018. Para este ano, a ferramenta de inteligência artificial

PrevisIA prevê desmatamento na Amazônia Legal de 15.391 km², um aumento de 16% em relação

a 2021.

Segundo Barroso, os resultados apurados indicam que o país caminha no sentido contrário aos

compromissos internacionais assumidos e à mitigação das mudanças climáticas. "Esse é o

preocupante e persistente quadro em que se encontra o enfrentamento às mudanças climáticas no

Brasil, que coloca em risco a vida, a saúde e a segurança alimentar da sua população, assim como

a economia no futuro”, concluiu.

Outros votos

O ministro Edson Fachin seguiu o entendimento do relator, mas, em seu voto, também

determinava que a União publicasse relatório estatístico trimestral sobre o percentual de gastos do

Fundo Clima em cinco segmentos (energia, indústria, agropecuária, uso da terra, mudança no uso

da terra e florestas e resíduos), e que formulasse, com periodicidade razoável, o Inventário

Nacional de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa.

Único a divergir, o ministro Nunes Marques votou pela improcedência do pedido. Ele não constatou

a alegada omissão da União, pois, a seu ver, o Fundo Clima é apenas um dos vários instrumentos à

disposição da administração pública para execução da política de proteção ao meio ambiente, a

qual tem sido realizada por atuação “primeira, integrada e consistente” dos Ministérios do Meio

Ambiente, da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovações, entre outros.

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Ministra Rosa Weber julga inviável ação sobre revisão da política de cotas

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), considerou inviável (negou

seguimento) ação em que o Partido Democrático Trabalhista (PDT) pede à Corte que garanta que a

revisão da Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), prevista para este ano, não resulte na diminuição ou na

extinção das políticas de inclusão já conquistadas.

Segundo a ministra, apesar da importância das políticas de ação afirmativa para a concretização

das normas constitucionais, tal como reconhecido pelo Supremo em diferentes precedentes, trata-

se de pedido de controle de constitucionalidade de caráter preventivo, direcionado a ato legislativo

futuro, que revise a política de cotas, e não propriamente ao dispositivo que prevê a revisão,

situação que impede sua apreciação pelo STF.

Na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7184, o partido assinala que o artigo 7º da Lei

12.711/2012 estabelece que, no prazo de dez anos, a completar-se em agosto deste ano, deve ser

promovida a revisão do programa especial para o acesso às instituições de educação superior de

estudantes pretos e pardos, indígenas, pessoas com deficiência e egressos do ensino médio em

escolas públicas. A legenda requereu ao Supremo que conferisse interpretação ao artigo 7º

estabelecendo-se que o ato revisor se limite às melhorias que porventura possam ser incorporadas

à política de cotas, e não para sua extinção, suspensão ou diminuição de eficácia.

Caráter preventivo

Na decisão, a relatora frisou que a jurisprudência do Supremo é firme no sentido da inexistência de

controle de constitucionalidade de caráter preventivo no sistema brasileiro, à exceção de mandado

de segurança impetrado por parlamentar em hipóteses específicas relacionadas ao processo

legislativo. A atuação prévia do STF, tal como solicitado na ação, criaria obstáculos, de modo

antecipado, ao debate e à deliberação da matéria pelo Legislativo, "o que não encontra guarida na

arquitetura do controle de constitucional existente no Brasil".

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Supremo valida lei que determinou transferência de recursos para garantir internet na rede

pública

O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou a constitucionalidade da Lei 14.172/2021, que

determinou à União a transferência aos estados e ao Distrito Federal de R$ 3,5 bilhões para

garantir acesso à internet, com fins educacionais, a professores e alunos da rede de educação

básica pública. Por unanimidade, na sessão virtual encerrada em 1º/7, o Plenário julgou

improcedente o pedido formulado na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 6926.

Equilíbrio fiscal

A ADI foi ajuizada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, depois que seu veto à lei foi

derrubado pelo Congresso Nacional. Entre outros pontos, o presidente alegou que a norma, de

iniciativa parlamentar, afrontaria o devido processo legislativo, pois interferiria na gestão material e

de pessoal da administração pública, ameaçaria o equilíbrio fiscal da União e desrespeitaria o limite

de gastos estabelecido pela Emenda Constitucional (EC) 95/2016.

Direito à Educação

Em seu voto, o relator da ADI, ministro Dias Toffoli, afirmou que a educação é o primeiro dos

direitos sociais consagrados na Constituição de 1988 e que o acesso à internet é um pressuposto

para sua concretização, fato que ficou mais evidente diante do contexto da pandemia de covid-19,

em que a necessidade de distanciamento social transferiu tarefas presenciais para o formato

remoto. Ele constatou que a Lei 14.172/2021, portanto, foi ao encontro do mandamento

constitucional sobre o direito à educação e do princípio segundo o qual o ensino será ministrado

com “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”.

Prazos

Inicialmente, o ministro observou que a lei previa 30 dias a partir de sua vigência para o repasse

dos recursos, estabelecendo que sua aplicação deveria ocorrer até 31/12/2021, e a restituição até
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31/3/2022 dos valores não utilizados. Lembrou que, para viabilizar a transferência, aplicação e

restituição dos valores, os prazos foram ampliados por decisões liminares do STF. Ocorre que o

Congresso Nacional, por meio da Lei 14.731/2022, prorrogou o prazo de aplicação dos recursos

para 31/12/2023 e o de devolução para 31/3/2024. Assim, explicou o relator, ficou prejudicada a

análise desse ponto da lei, bem como das liminares concedidas.

Viabilidade financeira

Em relação aos demais pontos da norma, o ministro afastou a alegação de inconstitucionalidade

por inobservância da iniciativa reservada ao presidente da República para propor leis sobre criação

e extinção de órgãos da administração pública. Ele salientou que, embora tenha criado despesa

para a administração pública, a norma não cria órgãos ou promove mudanças em sua estrutura

nem dispõe sobre regime jurídico de servidores. Já quanto à regularidade da despesa, Toffoli

explicou que a proposta legislativa contou com estimativa de impacto orçamentário, conforme

exigido pelo artigo 113 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), tendo sido

demonstrado, pelo legislador, sua viabilidade financeira e orçamentária.

Quanto à alegação de inconstitucionalidade diante do encerramento do estado de emergência que

justificava despesas extraordinárias durante a pandemia, o relator ressaltou que a norma observou

as limitações legais impostas às proposições legislativas que impliquem criação, expansão ou

aperfeiçoamento de ação governamental, sem utilizar as dispensas previstas nas ECs 106/2020 e

109/2021, que tratam do regime extraordinário fiscal decorrente da calamidade pública. Além

disso, a lei se faz necessária "em um momento em que o país ainda vivencia os efeitos sociais e

econômicos impostos pela pandemia de covid-19",

Respeito ao teto de gastos

Por fim, o ministro afastou o argumento de que a lei dificultaria a observância de regras legais e

constitucionais voltadas ao equilíbrio fiscal, como a meta de resultado primário (artigo 2º da

LDO/2021), o teto de gastos (EC 95/2016) e a regra de ouro das finanças públicas. Ele ressaltou

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que a Advocacia-Geral da União (AGU), em informações prestadas nos autos, descreveu os

trâmites cabíveis para o cumprimento da transferência de recursos aos estados, de forma a não

subverter tais regras e, posteriormente, informou que foi editado decreto regulamentando os

repasses.

NOTÍCIAS DO STJ

Réu pode ser condenado a pagar custas e honorários em ação civil pública ajuizada por

associação privada

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) definiu que, em ação civil pública ajuizada

por associação privada, o réu pode ser condenado a arcar com as custas e os honorários

advocatícios.

Para o colegiado, a tese fixada pela Corte Especial no EAREsp 962.250 somente se aplica à parte

ré vencida em ação civil pública quando seu autor for pessoa jurídica de direito público. Naquele

julgamento, a corte estabeleceu que, "em razão da simetria, descabe a condenação em honorários

advocatícios da parte requerida em ação civil pública, quando inexistente má-fé, de igual sorte

como ocorre com a parte autora, por força da aplicação do artigo 18 da Lei 7.347/1985".

Na origem, a Associação Estadual de Amparo ao Consumidor e ao Cidadão e Defesa Contra as

Práticas Abusivas (Aprodec) ingressou com ação civil pública contra a PepsiCo do Brasil, com o

objetivo de obrigá-la a incluir determinadas informações na embalagem de um produto.

Diferenciação entre associações de natureza pública e privada

Em primeira instância, a PepsiCo deixou de ser condenada ao pagamento das custas processuais e

dos honorários com fundamento no acórdão da Corte Especial no EAREsp 962.250, decisão que foi

reformada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), o qual consignou não ser aplicável a

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decisão do STJ às demandas propostas por associações e fundações privadas, de modo a não

impedir o acesso à Justiça para a sociedade civil organizada.

Ao interpor recurso especial, a PepsiCo alegou que, se a associação de natureza privada não pode

ser condenada ao pagamento de honorários, os advogados que a representam também não

poderiam, pelo princípio da simetria, ser beneficiados com a verba sucumbencial.

A empresa sustentou que, na legislação de regência, não há diferenciação quanto à legitimidade

entre a associação privada e a associação pública, até mesmo porque, independentemente de sua

natureza, a autora deve revestir finalidades institucionais de interesse público.

Não basta o acesso à Justiça no plano formal

A relatora, ministra Nancy Andrighi, ao manter a decisão do TJRJ, destacou a peculiaridade do

caso, visto que, nos processos em que foi aplicado o princípio da simetria pela Terceira ou pela

Quarta Turma do STJ, o Ministério Público era o autor da ação.

Ela destacou que o argumento da corte estadual sobre o acesso à Justiça é essencial para a

solução da controvérsia, pois tal acesso deve ser garantido não apenas de modo formal, mediante

a possibilidade de ingresso em juízo, mas também no plano material. "Não é suficiente a mera

possibilidade de propositura de demanda. Torna-se relevante garantir o acesso material à ordem

jurídica", declarou a magistrada, lembrando que um dos problemas do acesso à Justiça é

exatamente o elevado custo do processo.

"Não seria razoável, sob o enfoque ético e político, equiparar ou tratar como simétricos grandes

grupos econômicos/instituições do Estado com organizações não governamentais", afirmou.

A ministra lembrou ainda que o STJ tem alguns precedentes esparsos no sentido de que o

entendimento do EAREsp 962.250 não se aplica às ações civis públicas propostas por associações

e fundações privadas, pois, do contrário, "barrado estaria, de fato, um dos objetivos mais nobres e

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festejados da Lei 7.347/1985, qual seja, viabilizar e ampliar o acesso à Justiça para a sociedade

civil organizada".

Concessionária de rodovia não pode cobrar de autarquia de saneamento pelo uso da faixa de

domínio

Em julgamento de Incidente de Assunção de Competência (IAC), a Primeira Seção do Superior

Tribunal de Justiça (STJ) estabeleceu que "é indevida a cobrança promovida por concessionária de

rodovia, em face de autarquia prestadora de serviços de saneamento básico, pelo uso da faixa de

domínio da via pública concedida".

Com esse entendimento, o colegiado negou provimento ao recurso da administradora de uma

rodovia para que a autarquia de saneamento tivesse de pagar pelo uso de parte da faixa de

domínio, necessária à passagem de rede coletora de esgoto para atender uma universidade, um

hospital estadual e uma unidade da Polícia Militar.

O colegiado acompanhou a relatora, ministra Regina Helena Costa, para quem não seria legítimo o

poder concedente delegar a gestão da via a um particular e este cobrar do próprio poder público –

mesmo que de outra esfera federativa – pelo uso do espaço. Se a rodovia estivesse fora do regime

de concessão, ressaltou a ministra, essa cobrança não seria possível.

Uso da faixa de domínio por concessionária não retira a sua natureza pública

Em seu voto, a relatora lembrou que o Supremo Tribunal Federal (STF), ao julgar o Tema 261, com

repercussão geral, afastou a possibilidade de cobrança de tributo (taxa) pelo uso da faixa de

domínio por concessionária de serviço público, quando a via é administrada pelo Estado.

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Para a magistrada, ainda que o posicionamento do STF tenha sido extraído de hipótese distinta da

que estava em análise no STJ, ele se assentou no fundamento de que a utilização da faixa de

domínio para viabilizar a consecução de serviço público diverso da destinação ordinária do espaço

não lhe retira a natureza de bem público de uso comum do povo.

Citando outros julgados da Suprema Corte, a ministra concluiu que, "embora cedido ao particular, o

bem público de uso comum do povo, na ótica revelada pelo STF, não se desnatura, permanecendo,

pois, afetado à destinação pública, motivo pelo qual se afigura ilegítimo exigir remuneração pela

sua utilização, quando voltada a instrumentalizar a execução de serviço público, como ocorre na

espécie".

Natureza subjetiva das partes norteia a solução das controvérsias

Na jurisprudência do STJ, Regina Helena Costa verificou que a Primeira Seção adotou soluções

jurídicas diversas conforme as partes presentes nas demandas, mas não chegou a discutir a

situação em que uma empresa privada (concessionária da rodovia) exige de autarquia prestadora

de serviço público o pagamento pelo uso da faixa de domínio.

Segundo a relatora, o STJ considera legítimo que a concessionária da rodovia exija o pagamento de

outra concessionária (empresa privada contra empresa privada), desde que a cobrança esteja

prevista no contrato de concessão, nos moldes do artigo 11 da Lei 8.987/1995.

Por outro lado, nos casos em que a rodovia é administrada por ente federado, de forma

centralizada ou descentralizada, e a cobrança se dirige a concessionária de serviço público (Estado

contra particular), "é assente a ilegalidade da exigência, seja porque não cabe a fixação de preço

público, uma vez que o uso do espaço se reverte em favor da sociedade, seja porque a natureza do

valor cobrado não é de taxa, porquanto ausentes a prestação de serviço público ou o exercício do

poder de polícia".

Impossibilidade de cobrança quando o Estado participa da relação


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Regina Helena Costa ressaltou que a regra do artigo 11 da Lei 8.987/1995 abrange interações

entre concessionárias, "sendo inapta para embasar cobrança pelo uso da faixa de domínio quando,

sob regime de exploração direta ou indireta, o Estado participe da relação processual, seja na

qualidade de gestor da rodovia e autor da cobrança, seja na condição de sujeito passivo, quando

lhe é exigido o pagamento pela utilização do espaço por empresa privada administradora da via".

Dessa forma, a ministra afirmou que o dispositivo legal não valida, em desfavor de autarquia

prestadora de serviço de saneamento, a exigência de pagamento pelo uso da faixa de domínio,

pois tal utilização é necessária à saúde coletiva. "Se da própria previsão legal não se pode extrair a

anuência para a cobrança enfocada, não surtirá efeitos obrigacionais, por conseguinte, eventual

cláusula do contrato de concessão que preveja a exigência em face de pessoa jurídica de direito

público", concluiu.

Juiz sempre deve reduzir a pena quando houver confissão do réu, define Quinta Turma

Em decisão unânime que alterou sua jurisprudência, a Quinta Turma do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) firmou a tese de que o réu terá direito à diminuição da pena pela confissão sempre

que houver admitido a autoria do crime perante a autoridade, como prevê o artigo 65, inciso III, "d",

do Código Penal – independentemente de a confissão ser usada pelo juiz como um dos

fundamentos da condenação, e mesmo que seja ela parcial, qualificada, extrajudicial ou retratada.

Com a nova orientação, o colegiado negou provimento ao recurso especial em que o Ministério

Público de Santa Catarina (MPSC) sustentava que um homem condenado por roubo não teria

direito à atenuação de pena concedida pelo tribunal de origem, pois o juiz não considerou sua

confissão na sentença.

O MPSC baseou seu entendimento na Súmula 545 do STJ, a qual dispõe que o réu fará jus à

atenuante quando a confissão for utilizada para a formação do convencimento do julgador;


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portanto, para o órgão de acusação, se a confissão não é utilizada pelo juiz, o réu não tem esse

direito.

O ministro Ribeiro Dantas, relator do recurso, afirmou que viola o princípio da legalidade

condicionar a redução da pena à citação expressa da confissão na sentença, como razão decisória,

principalmente porque o direito concedido ao réu sem ressalvas na lei não pode ficar sujeito ao

arbítrio do julgador.

Segundo o Código Penal, a confissão sempre atenua a pena

O relator observou que, embora alguns julgados do STJ tenham adotado a posição defendida pelo

MPSC, eles não têm amparo em nenhum dos precedentes geradores da Súmula 545, os quais não

ordenaram a exclusão da atenuante quando a confissão não for empregada na motivação da

sentença. "Até porque esse tema não foi apreciado quando da formação do enunciado sumular",

disse o ministro.

Ribeiro Dantas destacou que o artigo 65, inciso III, "d", do Código Penal estabeleceu que a

confissão é uma das circunstâncias que "sempre atenuam a pena", de modo que o direito subjetivo

à diminuição surge no momento em que o réu confessa (momento constitutivo), e não quando o

juiz cita sua confissão na sentença condenatória (momento meramente declaratório).

De acordo com o ministro, a súmula buscou ampliar essa garantia de atenuação em casos de

confissão parcial ou mesmo de retratação da confissão – que anteriormente eram controversos –,

motivo pelo qual é incabível a interpretação sugerida pelo MPSC, que impõe uma condição não

prevista no texto legal.

Atenuante da confissão é diferente de delação premiada

Ao contrário da colaboração e da delação premiadas, observou o relator, a atenuante da confissão

não se fundamenta nos efeitos ou facilidades que a admissão dos fatos pelo réu eventualmente
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traga para a investigação do crime, mas, sim, no senso de responsabilidade pessoal do acusado – a

única pessoa que pode decidir sobre a confissão.

Segundo Dantas, o legislador, se quisesse, "poderia, tranquilamente, limitar a atenuação da pena

aos casos em que a confissão gerasse um ganho prático à apuração do crime, como fez nos casos

de colaboração e delação premiadas".

Juiz não pode desconsiderar a confissão

Sobre a eventual existência de outras provas da culpa do acusado ou mesmo sobre a hipótese de

prisão em flagrante, o ministro considerou que tais circunstâncias não autorizam o julgador a

recusar a atenuação da pena, especialmente porque a confissão, por ser espécie única de prova,

corrobora objetivamente as demais.

No entender do relator, é contraditório que o Estado quebre a confiança depositada pelo acusado

na lei penal, ao garantir a atenuação da pena, estimulando-o a confessar, para depois

desconsiderar esse ato no processo judicial. Afinal, a decisão pela confissão é ponderada pelo réu

a partir do confronto entre a diminuição de suas chances de absolvição e a expectativa de redução

da reprimenda, apontou.

"Por tudo isso, o réu fará jus à atenuante do artigo 65, inciso III, 'd', do CP quando houver admitido

a autoria do crime perante a autoridade, independentemente de a confissão ser utilizada pelo juiz

como um dos fundamentos da sentença condenatória", concluiu o ministro.

NOTÍCIAS DO TST

Auditor fiscal do trabalho tem competência para reconhecer vínculo de emprego

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A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que um auditor fiscal do trabalho tem

competência para reconhecer a existência de relação de emprego e, por consequência, proceder à

autuação da empresa e aplicar as multas decorrentes. Na interpretação do colegiado, o auditor

possui atribuição funcional para avaliar a existência de vínculo empregatício nos estabelecimentos

que fiscaliza, sem prejuízo da competência da Justiça do Trabalho.

Nulidade das autuações

A Linhas Setta, de São Bernardo do Campo (SP), ajuizou ação para anular três autos de infração

lavrados por auditor fiscal do trabalho que detectara fraude na contratação de prestadores de

serviços e reconhecera o vínculo empregatício entre a empresa e alguns empregados sem registro

na carteira de trabalho. A Setta alegou que a competência exclusiva para reconhecer a existência

de relação de emprego é da Justiça do Trabalho.

Limites do auditor fiscal

O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) reformou a sentença da juíza da 5ª Vara do

Trabalho de São Bernardo do Campo (SP) para anular os autos de infração e as multas aplicadas

pelo auditor. Segundo o Regional, embora o auditor tenha a atribuição de fiscalizar e punir

eventuais fraudes trabalhistas, ele extrapola a sua competência funcional ao reconhecer a

existência de relação de emprego.

Trabalhadores em situação irregular

Em recurso ao TST, a União defendeu a atuação do auditor fiscal, com o argumento de que a

competência exercida pela Justiça do Trabalho não exclui o poder de polícia administrativa do

Ministério do Trabalho e Emprego (artigos 626 e 628 da CLT). Ressaltou que a fiscalização

apurara a existência de trabalhadores prestando serviços na atividade fim da empresa com

subordinação, habitualidade e pessoalidade, o que comprovaria o vínculo empregatício.

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02/07/2022 – 08/07/2022

Competência funcional

Relator do recurso na Sétima Turma, o ministro Renato de Lacerda Paiva esclareceu que a

jurisprudência do TST adota o entendimento de que “a declaração de existência de vínculo de

emprego feita pelo auditor fiscal do trabalho não invade a esfera da competência da Justiça do

Trabalho”, uma vez que esse profissional tem a atribuição de verificar o cumprimento das normas

trabalhistas.

O relator destacou que o artigo 628 da CLT confere competência ao auditor fiscal, em sede

administrativa, para apurar a existência de relação de emprego, bem como para lavrar o auto de

infração correspondente. Para o ministro, a fiscalização do cumprimento das normas trabalhistas

feita pelo auditor não se confunde com a atuação da Justiça do Trabalho, pois permanece

resguardado o direito da parte autuada de recorrer ao Poder Judiciário para discutir a legalidade da

penalidade administrativa.

Desse modo, o relator reconheceu a competência do auditor fiscal do trabalho para concluir pela

existência de vínculo empregatício, proceder à autuação do estabelecimento e aplicar as

penalidades previstas em lei.

A decisão foi unânime, mas a Linhas Setta apresentou embargos de declaração, ainda não julgados

pela Sétima Turma.

Processo sobre motorista que transporta carga além do permitido em lei é da competência da

Justiça do Trabalho

A Sétima Turma do Tribunal Superior do Trabalho decidiu que uma ação relativa a motoristas de

caminhão que transportam cana-de-açúcar com cargas superiores ao máximo permitido pela lei de

trânsito é de competência da Justiça do Trabalho, que deve examinar e julgar o caso. O colegiado
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concluiu que a questão envolve o meio ambiente de trabalho dos motoristas, com descumprimento

de normas relativas à saúde e segurança do trabalhador.

O Ministério Público, por meio da Procuradoria do Trabalho no Município de Araçatuba (SP),

ajuizou a ação civil pública em 2015 para impedir que os motoristas das empresas paulistas

Pioneiros Bioenergia S.A. e Usina Santa Adélia S.A. trafeguem com caminhões em vias públicas

com carga que exceda o limite de tolerância previsto no Código de Trânsito Brasileiro (Lei

9.503/1997).

Em alguns casos, segundo o Ministério Público do Trabalho (MPT), motoristas transportam carga

mais de 86% acima da tonelagem máxima permitida. O excesso de peso acarreta risco maior de

acidentes por diversas causas, entre elas limitação da mobilidade do veículo, despencamento da

cana-de-açúcar, tombamento do veículo e desgastes acentuados nos freios e pneus impostos pelo

sobrepeso, informou o MPT.

TRT

No exame do caso, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região entendeu que o tema não era

da competência da Justiça do Trabalho, pois o conflito giraria em torno do cumprimento de normas

de trânsito e nenhuma matéria trabalhista ou relacionada a trabalhadores teria sido apresentada.

Além disso, registrou que a petição inicial buscaria o nexo entre o trabalho e o descumprimento da

legislação de trânsito “por mera presunção acerca da possibilidade de agravamento das condições

laborais”, porque acidentes de trânsito no transporte de carga seriam muito comuns e haveria

posicionamento da Justiça do Trabalho de que a atividade é de risco.

Meio ambiente de trabalho

Para o relator do recurso de revista, ministro Cláudio Brandão, o desatendimento das normas que

regulam o limite de cargas embora representem, de início, violação das regras do Código de
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Trânsito Brasileiro, com risco a uma infinidade de indivíduos, representa também, “de modo direto,

risco mais acentuado de acidentes para aquele que se encontra na direção”. Segundo ele, a matéria

em discussão é, sim, da competência da Justiça do Trabalho, por envolver questão referente ao

meio ambiente de trabalho dos motoristas.

O ministro ressaltou que “pensar que o tema só interessa ao Poder Público para fins de aplicação

de sanções de trânsito é negar que, para o motorista, o meio ambiente do trabalho resulta das

circunstâncias em torno das quais o seu trabalho é realizado”. Isso incluiria as condições de

manutenção do veículo, limites à jornada de trabalho, concessão de intervalos, proibição de

utilização de substâncias psicoativas, entre outras circunstâncias, “todas elas componentes da

higiene, saúde e segurança do trabalho”, frisou.

Causa de 43% dos acidentes

Ele apresentou informações de empresas e portais relacionados ao tema, apontando como o

excesso de carga dos caminhões aumenta as chances de acidentes, inclusive fatais. Uma das

empresas, especializada em softwares para gestão de transporte rodoviário, indicou que, conforme

o Atlas da Acidentalidade no Transporte Brasileiro, “cerca de 43% dos acidentes que ocorreram

nas principais estradas do Brasil envolvendo caminhões tiveram como principal causa o excesso de

peso transportado por eles”. Esse atlas, informou o relator, foi desenvolvido pelo Programa Volvo

de Segurança no Trânsito (PVST), em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, para mostrar a

situação da acidentalidade nas rodovias federais.

Interseção de normas

A regra limitadora do peso máximo a ser transportado no caminhão, conforme Brandão, embora

esteja inserida no Código de Trânsito, “possui interseção com as normas ambientais trabalhistas e

integra o sistema de proteção da segurança do trabalho e de preservação à saúde do trabalhador”.

Por isso, se o acidente viesse a ocorrer, “nenhuma dúvida subsistiria quanto à competência desta

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Justiça para analisar ações nas quais o empregado buscasse o ressarcimento dos danos

eventualmente causados, fossem eles patrimoniais, extrapatrimoniais, estéticos ou mesmo

existenciais”, completou.

Portanto, segundo ele, não seria razoável que a mesma competência assegurada para o

julgamento dos pedidos que envolvem as consequências do acidente seja afastada no caso de

ação “em que se pretende assegurar medidas para evitar que o acidente venha a ocorrer”. No

entender de Cláudio Brandão, a apreciação e o julgamento de ação civil pública ajuizada pelo

Ministério Público, com pedidos relativos à adequação do meio ambiente de trabalho, para

determinação de cumprimento de obrigações relativas à saúde, à segurança e à proteção dos

trabalhadores, inserem-se no âmbito da competência material da Justiça do Trabalho.

O colegiado acompanhou o voto do relator e acolheu o recurso do Ministério Público, declarando a

competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar a ação, determinando o retorno dos

autos ao TRT da 15ª Região para que prossiga no exame da matéria.

Horas de deslocamento são computadas na jornada em período posterior à reforma trabalhista

de 2017

A Terceira Turma do Tribunal Superior do Trabalho determinou o pagamento de horas in itinere a

um trabalhador rural durante todo o período contratual, inclusive após o início da vigência da Lei

13.467/2017, que extinguiu o direito à remuneração dessas horas de trajeto. Para o colegiado, a

parcela já havia se incorporado ao patrimônio jurídico do empregado, não se podendo reduzir a

remuneração e violar direito adquirido do trabalhador.

Entenda o caso

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O empregado ajuizou ação contra a Citrosuco, agroindústria do município de Matão (SP), afirmando

que, além da jornada de trabalho, gastava cerca de 4 horas por dia nos percursos de ida e volta de

seu ponto de embarque até as fazendas e arrendamentos da empresa. Pediu a condenação da

agroindústria ao pagamento, como extras, das horas de deslocamento.

A Vara do Trabalho de Itápolis (SP) entendeu ser devido o pedido, mas somente até novembro de

2017, pois, a partir da vigência da Lei 13.467/2017, foi extinto o direito às horas in itinere, decisão

que foi inteiramente mantida pelo Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.

O empregado, então, recorreu para o Tribunal Superior do Trabalho.

Direito intertemporal

Para a Terceira Turma do TST, em observância ao direito intertemporal, as alterações feitas pela

Lei 13.467/2017 são inaplicáveis aos contratos de trabalho vigentes quando da sua edição, uma

vez que suprime e/ou altera direito preexistente.

“No caso, o direito já havia se incorporado ao patrimônio jurídico do empregado, não sendo

possível reduzir a remuneração ou violar o direito adquirido do trabalhador, a teor do que dispõe os

artigos 5º, XXXVI, 7º, VI, da Constituição da República e 6º da LINDB”, afirmou o ministro Alberto

Balazeiro, relator do processo no TST.

Desse modo, o colegiado, por unanimidade, acompanhou o voto do relator para deferir o

pagamento das horas in itinere durante todo o período contratual.

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