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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 1

Relatório ainda sem despacho do relator

RELATÓRIO DE FISCALIZAÇÃO - SINTÉTICO

TC 009.967/2012-5 Fiscalização 461/2012

DA FISCALIZAÇÃO
Modalidade: conformidade
Ato originário: Acórdão 367/2012 - Plenário
Objeto da fiscalização: Implantação de Complexo de Poliéster e Resina PET em Ipojuca
Funcional programática:
• 22.662.2055.125U.0026/2012 - Implantação de Complexo de Poliéster e Resina PET, em Ipojuca
(PE) - No Estado de Pernambuco
Tipo da obra: Obras Especiais

Período abrangido pela fiscalização: 1/11/2011 a 17/5/2012


DO ÓRGÃO/ENTIDADE FISCALIZADO
Órgão/entidade fiscalizado: Petróleo Brasileiro S.A. - MME
Vinculação (ministério): Ministério de Minas e Energia
Vinculação TCU (unidade técnica): 9ª Secretaria de Controle Externo
Responsável pelo órgão/entidade:
nome: Richard Ward
cargo: Diretor Superintendente
período: a partir de 1/9/2008
Outros responsáveis: vide rol na peça:
ROL DE RESPONSÁVEIS
PROCESSOS DE INTERESSE
- TC 014.754/2011-8
- TC 009.967/2012-5
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Relatório ainda sem despacho do relator

RESUMO

Trata-se de auditoria realizada no Petróleo Brasileiro S.A. - MME, no período


compreendido entre 16/4/2012 e 29/6/2012.
Teve por objetivo geral fiscalizar as obras de Implantação de Complexo de Poliéster e
Resina PET, em Ipojuca (PE). Após considerar as informações levantadas no curso da fiscalização, os
recursos disponíveis e as limitações conhecidas, definiu-se como objetivo específico da auditoria a
análise da formação do novo preço meta do Contrato 14/2010. Formularam-se as questões de auditoria
adiante indicadas:
1) Os termos aditivos realizados no contrato aliança referem-se a alterações reais de
escopo?
2) Os termos aditivos onerosos que são decorrentes de alterações reais de escopo possuem
custos compatíveis com os de mercado?
3) O projeto básico foi adequado?
4) Há atraso injustificado na execução da obra?
Na fase de execução, foram utilizadas as seguintes técnicas e procedimentos, de forma
resumida:
1) Análises documentais, análises de registros e conferência de cálculos em elementos
integrantes do contrato objeto da fiscalização;
2) Inspeção física no canteiro de obra;
3) Registros fotográficos;
4) Observação direta;
5) Aplicação de entrevistas semi-estruturadas;
6) Reuniões de esclarecimentos e entrevistas não estruturadas com gestores.
Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal
de Contas da União, aprovada por meio da Portaria TCU n.º 280, de 8 de dezembro de 2010.
As principais constatações deste trabalho foram:
1) Gestão temerária de empreendimento;
2) Sobrepreço decorrente de inclusão inadequada de novos serviços;
3) Projeto básico deficiente ou desatualizado.
O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 3.568.000.777,57. Foi
calculado considerando o valor previsto (novo preço meta) para o Contrato Aliança 14/2010, objeto
desta fiscalização e que teve procedimentos de auditoria aplicados, conforme estipula o item 4.2.1 do
Memorando-Circular 12/2011 - Segecex.
As propostas de encaminhamento para as principais constatações contemplam
determinações à Citepe, além de oitivas à Citepe e à CNO.
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Relatório ainda sem despacho do relator

SUMÁRIO
Título Página
1 - APRESENTAÇÃO 4

2 - INTRODUÇÃO 5

2.1 - Deliberação que originou o trabalho 5


2.2 - Visão geral do objeto 5
2.3 - Objetivo e questões de auditoria 9
2.4 - Metodologia Utilizada 10
2.5 - Volume de recursos fiscalizados 10
2.6 - Benefícios estimados da fiscalização 10

3 - ACHADOS DE AUDITORIA 10

3.1 - Gestão temerária de empreendimento. (IG-C) 11


3.2 - Sobrepreço decorrente de inclusão inadequada de novos serviços. (IG- 24
C)
3.3 - Projeto básico deficiente ou desatualizado. (IG-C) 33

4 - ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES 41

4.1 - Achados pendentes de solução 41

5 - CONCLUSÃO 41

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO 42

7 - ANEXO 44

7.1 - Dados cadastrais 44


7.1.1 - Projeto básico 44
7.1.2 - Execução física e financeira 44
7.1.3 - Contratos principais 45
7.1.4 - Histórico de fiscalizações 46
7.2 - Deliberações do TCU 46
7.3 - Anexo Fotográfico 47
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Relatório ainda sem despacho do relator

1 - APRESENTAÇÃO

A Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco - Citepe é uma sociedade anônima de capital fechado
controlada pela Petrobras S/A e está intimamente ligada à operação da PetroquímicaSuape, cujo
produto gerado é o ácido tereftálico - PTA, principal matéria-prima das plantas da Citepe. Ambas são
hoje controladas pela Petrobras.
As obras Citepe se dividem na construção de duas unidades, uma para transformar o ácido tereftálico
em resina para embalagens PET (politereftalato de etileno), e outra de polímeros e filamentos de
poliéster (POY).
A unidade de PET produzirá 450 mil toneladas/ano de resina para embalagens plásticas, e a unidade de
polímeros e filamentos de poliéster terá capacidade de produção de 240 mil toneladas/ano, distribuída
entre filamento POY (partial oriented yarn); filamento texturizado DTY (draw textured yarn),
produzido a partir do POY; e filamento liso FDY (full draw yarn).
O objeto desta auditoria é o Contrato aliança 14/2010, celebrado sem prévia licitação entre a Citepe e a
Construtora Norberto Odebrecht - CNO no valor de R$ 1.799.000.000,00.
Vale ressaltar que as obras para a unidade geradora de PTA, a cargo da PetroquímicaSuape, também
foi contratada por meio de contrato aliança com a CNO, e que, apesar de quase pronta, sua entrada em
operação depende da conclusão das obras da Citepe. Isso porque a maior parte da sua produção será
destinada à produção de PET, na Citepe. Caso esta não entre em operação, a PetroquímicaSuape terá
dificuldades em escoar sua produção no mercado interno a preço viável, uma vez ter sido concedido
isenção tributária para a importação do insumo, no âmbito de um acordo comercial amplo com o
México. Hoje, o grupo Mossi & Ghisolfi (M&G), principal produtor da resina PET no Brasil, importa
todo o PTA de que necessita do México.
O contrato aliança, de acordo com o Manual de Procedimentos Contratuais da Petrobras, se caracteriza
por "envolver todas as fases necessárias à obtenção do objeto contratual, com controle, riscos e ganhos
compartilhados".
A equipe de fiscalização do Fiscobras/2011 se encarregou de analisar a legalidade da contratação da
Construtora Norberto Odebrecht - CNO na modalidade contrato de aliança, no âmbito do TC
014.754/2011-8. Concluiu pela impossibilidade jurídica da contratação, em face de interesses não
convergentes entre a Citepe e a CNO (à Citepe interessa a obra pronta, à CNO, o lucro). A constatação
de 2011 relacionada a "fiscalização ou supervisão deficiente ou omissa" acabou confirmada nos
trabalhos de 2012.
Na fase de planejamento da auditoria, constatou-se que havia um acúmulo de diversas solicitações de
alterações de escopo, ainda não aprovadas, que elevariam o valor do contrato substancialmente e que
poderiam estar incluindo compras para finalidade outra que não a execução da obra.
Diante disso, o planejamento inicialmente estabelecido previa as seguintes questões de auditoria:
1) Os termos aditivos realizados no contrato aliança referem-se a alterações reais de escopo?
2) Os termos aditivos onerosos que são decorrentes de alterações reais de escopo possuem custos
compatíveis com os de mercado?
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3) O projeto básico foi adequado?


4) Há atraso injustificado na execução da obra?

Importância socioeconômica

Segundo informações da Citepe, o Complexo Petroquímico de Suape, quando em plena operação, será
o maior pólo integrado de poliéster da América Latina, poderá gerar cerca de US$ 1 bilhão em
economia de divisas na balança comercial brasileira devido ao volume que deixará de ser importado de
PTA (ácido tereftálico purificado) e PET para o atendimento da crescente demanda do mercado
doméstico.

Ainda de acordo com a Citepe, toda a resina PET produzida será destinada ao mercado brasileiro,
sendo 30% para o próprio Estado de Pernambuco e o restante para as Regiões Sul e Sudeste.

Em estudo elaborado pela Agência Estadual de Planejamento e Pesquisas de Pernambuco


(CONDEPE/FIDEM), chegou-se à conclusão de que a cada R$ 1 milhão lançado na economia estadual
pelo complexo PetroquímicaSuape + Citepe haverá um incremento de R$ 288,7 mil no rendimento das
famílias e 21,3 novos postos de trabalho na economia pernambucana como um todo.

2 - INTRODUÇÃO

2.1 - Deliberação que originou o trabalho


Os trabalhos de auditoria realizados tiveram como fundamento a determinação constante do Acórdão
sigiloso 367/2012-TCU-Plenário.

2.2 - Visão geral do objeto


Em um breve histórico da contratação, tem-se que a Petrobras, por meio de sua subsidiária Petrobras
Química S.A. - Petroquisa, associou-se minoritariamente a um grupo de empresas têxteis nacionais
com o intuito de estruturar a cadeia de poliéster no Brasil, criando a empresa Citepe, em 2006.
O projeto previa a construção de duas grandes unidades distintas, uma a encargo da Companhia
Petroquímica de Pernambuco - PetroquímicaSuape, para a produção do ácido tereftálico - PTA,
principal insumo da outra unidade, a Citepe. Esta, se dividiria em outras duas unidades, a primeira para
a produção de resina PET (politereftalato de etileno), para embalagens plásticas, e outra para produção
de polímeros e filamentos de poliéster (POY, DTY e FDY).
Os projetos evoluíram nos anos de 2006, 2007 e 2008, quando em 1º/12/2008 o Conselho de
Administração autorizou a celebração do primeiro contrato aliança, entre a PetroquímicaSuape e a
Construtora Norberto Odebrecht - CNO. Em 6/4/2009, a empresa SEI foi contratada para elaboração
do projeto básico da Citepe, e, em 3/12/2009, o Conselho de Administração da Citepe autorizou a
celebração do contrato preliminar de aliança 17/2009 (early work agreement), entre essa empresa e a
CNO.
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As alíneas "f" e "g" das considerações iniciais do contrato aliança objeto desta fiscalização (14/2010)
expõem os objetivos desse acordo prévio:
"f) As partes celebraram em 04 de dezembro de 2009 um Contrato Parcial de Aliança nº 17/2009, para
possibilitar a realização de serviços iniciais das obras de implementação do Projeto, antes da
elaboração de orçamento definitivo; e
g) Durante a vigência do Contrato Parcial de Aliança as partes puderam orçar os custos da Obra e
estabelecer o Preço Meta e os Prazos Teto e Meta finais, bem como de um Sistema definitivo de bônus
e penalidades."
A elaboração do projeto básico foi contratada em 6/4/2009, enquanto que o contrato aliança 14/2010,
objeto desta auditoria, sucessor do pré-contrato 17/2009, foi assinado dezessete meses depois, em
1º/9/2010, no valor de R$ 1.799.000.000,00 (a estimativa para o empreendimento teve intervalo de
precisão fixado entre -1% e +3%). Já no âmbito dessa aliança, foi firmado contrato com a empresa
Genpro, para elaboração do projeto de detalhamento da Citepe (projeto executivo).
CONCEITOS DE CONTRATO ALIANÇA
Um princípio fundamental dos contratos aliança é o comprometimento comum das partes para a
completude do objeto no preço e no prazo definidos. A performance do contratado, outro pressuposto
básico, é medida por meio de indicadores de desempenho, para fins de bonificações ou penalizações ao
final do contrato.
Em contratos convencionais, as partes situam-se em posições antagônicas, onde cada uma defende seu
exclusivo interesse. Nos contratos aliança, os interesses são supostamente convergentes, como em um
convênio. Por esse motivo, os aliançados são normalmente chamados de parceiros. O parceiro
proprietário é o contratante, que paga, enquanto o parceiro não proprietário é o contratado, que
constrói.
O parecer jurídico elaborado pela Gerência Jurídica da Citepe acerca da obrigatoriedade da Companhia
de realizar ou não certame licitatório para a formação de aliança expõe conceitos e requisitos especiais
dos contratos aliança, dos quais destacamos:
"Um contrato de aliança é um contrato com incentivo à performance onde parte da remuneração da
empresa aliada estará ligada ao resultado do projeto, frente ao custo pretendido";
"elaboração conjunta de um orçamento, o mais realista possível, que contemple todos os custos
necessários à consecução do projeto";
"conjugação de esforços no gerenciamento do empreendimento";
"estabelecimento de sistema de bônus e penalidades, que tenha como parâmetro o preço meta"; e
"para a CITEPE, o cumprimento do cronograma de implantação do projeto é passo crítico, e devem ser
envidados todos os esforços para que tal cronograma seja cumprido."
Portanto, resumidamente, pode-se definir um contrato aliança pelas seguintes características:
1) riscos e responsabilidades compartilhados equitativamente;
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2) gestão compartilhada;
3) comprometimento com o preço e prazo meta estabelecidos de forma conjunta; e
4) remuneração da contratada com estabelecimento de sistema de bônus e penalidades relacionados à
performance.
SISTEMA DE REMUNERAÇÃO NOS CONTRATOS ALIANÇA
De acordo com a literatura estrangeira acerca de contratos aliança, em especial a australiana, o preço
meta (target cost ou target outcome cost) é o alvo a ser atingido em termos de preços. Após uma
estimativa conjunta (open book) dos custos da obra, com as necessidades reais do escopo levantadas
com todas as composições de custo e memórias de cálculo abertas, os parceiros fixam o preço meta
dentro de uma curva de distribuição de probabilidade de custo.
O preço meta, portanto, não é necessariamente a última linha da estimativa de custo, mas um valor
negociado abaixo do custo máximo estimado, por levar em conta a desejável agregação de valor pela
melhor performance do parceiro não proprietário.
O sistema de remuneração em um contrato típico de aliança é composto por três fases (parcelas). Na
primeira, o parceiro não proprietário é ressarcido de todos os custos diretos incorridos durante a
execução do projeto. Essa fase é sem risco para o contratado, uma vez que se garante o ressarcimento
integral dos custos reais de execução. A segunda fase é composta de uma taxa, constituída de um
percentual de lucro bruto e de um percentual referente aos custos de administração central (overhead).
A terceira e última fase do sistema de remuneração é composta pelas bonificações e penalizações,
dependentes da eficiência da contratada na execução da obra. Essa eficiência é mensurada por
indicadores de desempenho estabelecidos contratualmente.
A gestão do empreendimento, que por definição é compartilhada entre os parceiros, é um diferencial
em contratos aliança. Se bem gerido o projeto, haverá economia de recursos para o parceiro
proprietário e bonificações para o não proprietário. Se mal gerido, ambos devem arcar com o ônus,
sendo que o parceiro não proprietário tem as penalizações limitadas ao montante percebido de lucro e
administração central (fase 2).
Note-se que, de acordo com a literatura estrangeira, o parceiro não proprietário poderá vir a ser
penalizado inclusive sobre a parcela da remuneração da administração central. Isso porque nessa
parcela estão inscritos, inclusive, os pró-labores da diretoria, e, como pressuposto do contrato aliança
está a norma implícita de que um parceiro só poderá obter ganhos se o outro também obtiver. Se
houver perdas na aliança, esta deverá ser, de igual forma, para os dois parceiros.
No entanto, a cláusula 8.5 do Contrato 14/2010 prevê que a soma dos valores dos bônus e penalidades
no caso concreto é limitada ao valor da RG (lucro) que tiver sido recebida pela CNO, não incidindo,
portanto, sobre a parcela da administração central.
Pelo exposto, percebe-se que o preço meta é o principal parâmetro de aferição de desempenho do
parceiro não proprietário. Se o preço meta for atingido, ou seja, se o custo total do empreendimento
ficar igual ou abaixo ao estipulado como meta, o contratado fará jus à bonificação. Se o preço meta for
ultrapassado, haverá uma penalização ao contratado. Isso não afasta, no entanto, a necessidade de
acompanhar os indicadores de desempenho estabelecidos, pois estes indicam como a contratada tem
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gerido os recursos disponíveis para a execução da obra. O não acompanhamento desses indicadores
poderá escamotear aumentos quantitativos decorrentes de ineficiências da contratada, o que rompe
com os princípios de um contrato aliança.
No sistema de bônus e penalidades definido no contrato (cláusula 8), tem-se que "as partes se obrigam
ao cumprimento das metas pré-estabelecidas, bem como observar fielmente o orçamento".
No Anexo 10 - Diretrizes de Planejamento, há a informação de que os indicadores de desempenho e os
índices de produtividade devem ser acompanhados.
O Gráfico 1 ilustra o sistema de remuneração em contratos aliança.
MOTIVOS DE ESCOLHA DA CNO COMO ALIANÇADA
A fase de definição do preço meta é extensa e trabalhosa. Também chamada de fase de
desenvolvimento do projeto "project development", normalmente demanda pré-contratos com o
parceiro não proprietário para trabalhos de detalhamento das atividades e necessidades do
empreendimento. No caso concreto, esse trabalho conjunto foi formalizado por meio do já citado
"early work agreement" (Contrato 17/2009).
A CNO foi escolhida como parceira não proprietária devido a sua expertise como empresa construtora
no segmento petroquímico e por privilégios de conhecimento acerca do objeto que se desejava
construir. Esses privilégios advêm, em especial, de contrato celebrado com a PetroquímicaSuape,
empresa subsidiária integral da Petrobras, para a construção de unidade de produção de PTA (ácido
tereftálico), em terreno contíguo à Citepe, e por ser sócia da Petrobras em outros empreendimentos
petroquímicos, como é o caso da Braskem.
Foi, aliás, o privilégio de informações que a CNO detinha o motivo alegado para sua contratação direta
por inviabilidade fática de competição. Para ilustrar, destacam-se os seguintes argumentos extraídos do
já citado parecer jurídico da Citepe:
"Desde 2008 a CNO constrói a planta industrial da PetroquímicaSuape, o que lhe atribui significativa
vantagem sobre eventuais outras concorrentes, tendo em vista os profundos conhecimentos sobre todos
os aspectos de uma adequada realização, fiscalização e conclusão das obras de uma planta industrial;
Num eventual processo licitatório, a CNO, sem dúvidas, teria a possibilidade de ofertar os melhores
preços e as melhores condições de técnica e prazo para a realização dos serviços. Isso é inviabilidade
fática de um processo licitatório;
Mas não se deve considerar somente a vantagem da CNO em relação a outras empresas. Deve-se
também considerar a tranquilidade que os atuais conhecimentos da CNO permitem supor em favor da
CITEPE;"
Ademais, vale lembrar que o Contrato 14/2010 foi celebrado em 1º/9/2010, dez meses após a
assinatura do contrato parcial de aliança. Além desses 10 meses de prazo formal para maturação das
necessidades do projeto e formação do preço meta, a CNO detinha informações privilegiadas que
datam de 3/12/2007, quando foi com ela celebrado o contrato parcial de aliança com a
PetroquímicaSuape, para o início dos trabalhos na unidade de produção de ácido tereftálico (PTA), que
é contígua à Citepe e fornecerá a maior parte dos insumos doas unidades de POY e PET.
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Fica claro, portanto, que a CNO detinha conhecimentos privilegiados acerca do empreendimento que
datam, pelo menos, de três anos de antecedência à assinatura do Contrato 14/2010, mas esses
conhecimentos não se mostraram úteis para a formalização e para a execução de um bom contrato, o
que se evidencia por estar a situação encontrada bastante aquém do ideal propugnado nos textos a
respeito de contratos aliança.

2.3 - Objetivo e questões de auditoria


Esta auditoria teve por objetivo geral fiscalizar as obras de Implantação de Complexo de Poliéster e
Resina PET, em Ipojuca (PE).
A partir do objetivo do trabalho e a fim de avaliar em que medida os recursos estão sendo aplicados de
acordo com a legislação pertinente, formularam-se as questões de auditoria específicas adiante
indicadas:
1) Os termos aditivos realizados no contrato aliança referem-se a alterações reais de escopo?
2) Os termos aditivos onerosos que são decorrentes de alterações reais de escopo possuem custos
compatíveis com os de mercado?
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3) O projeto básico foi adequado?


4) Há atraso injustificado na execução da obra?
Além dessas, por questões operacionais (Fiscalis), foram registradas no sistema as seguintes questões
gerais de auditoria:

1) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
2) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da obra?

2.4 - Metodologia utilizada


Foram elaboradas matrizes de planejamento e de achados. Na fase de execução, foram utilizadas as
seguintes técnicas e procedimentos, de forma resumida:
1) análises documentais, análises de registros e conferência de cálculos;
2) inspeção física de obra;
3) registros fotográficos;
4) observação direta;
5) aplicação de entrevistas semi-estruturadas; e
6) reuniões de esclarecimentos e entrevistas não estruturadas com gestores.
Os trabalhos foram realizados em conformidade com as Normas de Auditoria do Tribunal de Contas
da União, aprovada por meio da Portaria 280, de 8 de dezembro de 2010.

2.5 - Volume de recursos fiscalizados


O volume de recursos fiscalizados alcançou o montante de R$ 3.593.058.051,00. Foi calculado
considerando o valor previsto (novo preço meta) para o Contrato Aliança 14/2010 após o quarto
aditivo (Conforme evidencia o Relatório da Comissão Interna de Revisão do Contrato Aliança -
Evidência 7), objeto desta fiscalização e que teve procedimentos de auditoria aplicados, conforme
estipula o item 4.2.1 do Memorando-Circular 12/2011 - Segecex.

2.6 - Benefícios estimados da fiscalização


Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a possibilidade de redução do
preço meta, sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$ 192.899.758,06. Esse
montante foi obtido pelo somatório dos seguintes itens, que devem ser excluídos do preço meta:
quadrantes 3 e 4 da texturização: R$ 76.000.000,00; chuvas e greves pagas: R$ 15.375.750,81;
estimativa de chuvas e greves: R$ 50.000.000,00; e Bulk Material: R$ 51.524.007,25. Esses valores
foram obtidos levando-se em consideração a bonificação que poderia incidir sobre os itens.
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3 - ACHADOS DE AUDITORIA

3.1 - Gestão temerária de empreendimento.


3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A situação encontrada é grave
e passível de enquadramento no conceito de indício de irregularidade grave com recomendação de
paralisação contido no artigo 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465/2011 (LDO 2012), em especial por
ensejar nulidade da contratação em razão de o regime de execução assemelhar-se a um contrato por
administração. No entanto, a interrupção do fluxo financeiro para o empreendimento não é adequada.
Diferentemente do que ocorre em contratações por EPC (Engeneering, Procurement and Construction),
a paralisação do Contrato 14/2010 é o mesmo que paralisar todo o empreendimento, por serem escopo
do contrato todas as unidades de processo. Isso significa interromper todos os subcontratos de
fornecimento em vigor e desmobilizar todo o efetivo de mão de obra e os equipamentos de montagem
industrial da obra.
Além disso, o outro contrato do complexo petroquímico (unidade de PTA), também à cargo da CNO e
que está em fase final de conclusão, é dependente da Citepe para escoamento de sua produção, por ser
a maior parte do PTA produzido por aquela unidade (500 mil toneladas/ano de uma capacidade
produtiva de 700 mil toneladas/ano) destinado à empresa.
Ademais, o impacto econômico-financeiro da paralisação, segundo informações da Citepe e de estudo
da Condepe/Fidem, tende a se evidenciar também por perda de divisas por desequilíbrio na balança
comercial brasileira por maiores necessidades de importação de PTA, de resina PET e de polímeros e
filamentos de poliéster, e por perdas para a economia das famílias no Estado de Pernambuco.
Ademais, o impacto econômico-financeiro da paralisação, segundo informações da Citepe e de estudo
da Condepe/Fidem, tende a provocar perda de divisas por desequilíbrio na balança comercial brasileira
por maiores necessidades de importação de PTA, de resina PET e de polímeros e filamentos de
poliéster, além de perdas para a economia das famílias no Estado de Pernambuco.
3.1.2 - Situação encontrada:

A celebração de contrato aliança com base em projeto básico deficiente, o aumento de quantitativos de
insumos e serviços acima do razoável em contratos aliança, a evolução injustificada da relação
MOI/MOD, o não acompanhamento dos indicadores de desempenho e dos índices de produtividade
inicialmente pactuados, e o salto de quase 100% no valor previsto (de R$ 1,8 bilhão para R$ 3,6
bilhões) indicam gestão temerária de empreendimento.
Segundo Paschoal Mantecca, ações de gestão temerária se caracterizam por decisões arriscadas,
perigosas e imprudentes:
"A gestão temerária traduz-se pela impetuosidade com que são conduzidos os negócios, o que aumenta
o risco de que as atividades empresariais terminem por causar prejuízos a terceiros, ou por malversar o
dinheiro empregado na sociedade infratora." (MANTECCA, Paschoal.Crimes contra a Economia
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Relatório ainda sem despacho do relator

Popular e Sua Repressão.São Paulo, Saraiva, 1985)


No TCU, as razões de decidir da tipificação de gestão temerária têm sido desvios de conduta e/ou
negligência funcional de gestores públicos, caracterizados pela falta ou insuficiência de análises
técnicas, grave inobservância de normas, pareceres técnicos e cláusulas contratuais, assim como a
existência de sobrepreço, a contratação com projeto básico deficiente, a carência de planejamento
adequado e a falta de controles efetivos em obras públicas.
Nesse sentido são os Acórdãos: 254/2004-2ª Camara, 221/2006-Plenário, 172/2011-Plenário,
170/1999-Plenário e 274/2010-Plenário.

3.1.2.1 - Aumento de quase 100% no valor do contrato

O relatório da comissão interna de análise e revisão do contrato aliança (Evidência 7) expõe a decisão
pelo novo preço meta da contratação no valor de R$ 3.593.058.051,00. Em uma análise ampla, o fato
de o custo da contratação passar de R$ 1,8 bilhão para R$ 3,6 bilhões sem alteração do objeto
contratado, por si só não é razoável, uma vez ter a contratada participado do orçamento e influenciado
na elaboração do projeto básico. Agrava o resultado o fato de se tratar de contrato aliança, firmado
com base em uma estimativa à qual se atribuiu faixa de precisão de -1% a +3%.
O aumento do preço da contratação se deu, resumidamente, a dois grandes grupos: acréscimos
quantitativos e inclusão de serviços não previstos inicialmente, decorrentes de incompletude ou
inadequação do projeto básico. Não houve alteração do objeto da contratação, ou seja, a unidade
industrial prevista continuou com as mesmas capacidades, utilizando a mesma tecnologia e os mesmos
equipamentos de processo.
É evidente que ajustes no preço meta podem ser admitidos, mas, se ocorrerem, devem ser passíveis de
fundamentação em eventos extraordinários imprevisíveis ou previsíveis mas de impactos incalculáveis,
na mais pura aplicação da teoria da imprevisão.
O Guia Completo de Projeto Aliança (Evidência 41) traz orientação nesse sentido:
"Although it is expected that variations, If any, will be very limited, the alliance agreement needs to
include a mechanism for adjusting the TOC [Target Outcome Cost] and other targets if there are
variations." Em tradução livre:
"Embora se espere que variações, se houver, sejam muito limitadas, o contrato aliança deve incluir um
mecanismo para ajustamento do preço meta e de outras metas, se ocorrerem variações."
Ao tratar da possibilidade de alteração contratual em decorrência de falhas ou omissões do projeto
básico, o artigo 125, § 6º, inciso III, da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2012 (Lei 12.465/2011)
determina, para os contratos a preço global, que suas alterações não devem ultrapassar a 10% do valor
total do contrato:
"III - mantidos os critérios estabelecidos no caput deste artigo, deverá constar do edital e do contrato
cláusula expressa de concordância do contratado com a adequação do projeto básico, sendo que as
alterações contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças, orçamentos, plantas,
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 13
Relatório ainda sem despacho do relator

especificações, memoriais e estudos técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no seu
conjunto, 10% (dez por cento) do valor total do contrato, computando-se esse percentual para
verificação do limite do art. 65, §1º, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993." (grifos acrescidos)
O dispositivo legal acima indica que alterações contratuais, inclusive as originadas por falhas ou
omissões no projeto básico, não podem ensejar incrementos quantitativos e de preço na magnitude
vista nesta negociação. Ora, se em um contrato a preço global o aumento decorrente de falhas de
projeto não pode ultrapassar 10%, em contratos aliança esse limite deve ser ainda menor, pois o
parceiro não proprietário participa ativamente do desenvolvimento do projeto, tornando-se por ele
corresponsável.
Mesmo se se tratasse de alteração de escopo por decisão negociada entre as partes, o limite de
incremento contratual seria de no máximo 25%, nos termos do item 7.2, alínea "b", do Procedimento
Licitatório Simplificado da Petrobras, aprovado pelo Decreto 2.745/98:

"7.2 Os contratos regidos por este Regulamento poderão ser alterados, mediante acordo entre as partes,
principalmente nos seguintes casos:
b) quando necessária a alteração do valor contratual, em decorrência de acréscimo ou diminuição
quantitativa de seu objeto, observado, quanto aos acréscimos, o limite de vinte e cinco por cento do
valor atualizado do contrato."

No contrato foi prevista uma cláusula que permite fazer flutuar o preço meta em decorrência de
alterações quantitativas. O item 3.1.4, do Anexo 1, do Contrato, que estabelece bases e premissas do
orçamento, dispõe que:
"O Preço Meta será ajustado com base nas variações das quantidades previstas no Adendo 1.1
(quantitativos de construção civil e montagem eletromecânica) e nas alterações das especificações,
RMs e FDs consideradas neste orçamento e as definidas pela engenharia de detalhamento. Os reflexos
devidos às variações nas quantidades e especificações deverão ser considerados nos prazos previstos
no Adendo 1.6 - Cronograma".
Ocorre que, da maneira como o contrato está sendo executado e como está sendo proposta a revisão do
preço meta, conforme será detalhado no decorrer do relatório, o regime de execução de fato adotado
aproxima-se de um contrato por administração, vedado na contratação pública por envolver riscos
inadmissíveis para a Administração Pública. Nas razões de veto do Presidente da República à previsão
de contratação por administração na Lei Geral de Licitações e Contratos, a Advocacia-Geral da União
assim se manifestou:
"A experiência tem demonstrado que a execução indireta, sob o regime de administração contratada,
envolve a assunção de elevadíssimos riscos pela Administração, que é obrigada a adotar cuidados
extremos de fiscalização, sob pena de incorrer em elevados prejuízos em face do encarecimento final
da obra ou serviço. Como é sabido, nesse regime de execução interessa ao contratado, que se remunera
à base de um percentual incidente sobre os custos do que é empregado na obra ou serviço, tornar esses
custos os mais elevados possíveis, já que, assim, também os seus ganhos serão maximizados."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 14
Relatório ainda sem despacho do relator

Em um rápido cálculo dos valores da remuneração básica da contratada, constituída da Taxa de


Administração Central - TAC e Remuneração Geral - RG, que juntas somam 14,33% sobre o preço
meta original (já considerado o desconto chamado de "esforço corporativo") (Evidência 37), chega-se
a um montante de mais de 257 milhões de reais apenas a título de remuneração, sem considerar
eventuais ganhos por bonificações.
Se o valor do contrato for aditivado sobre as bases negociadas, a remuneração básica da contratada
(TAC + RG) saltará para mais de 514 milhões de reais (considerando-se a manutenção do mesmo
percentual de desconto a título de esforço corporativo).
Assim, tolerar incrementos de 100% no preço meta sem alteração do objeto contratado é contraditório
com as premissas de um contrato aliança, não só porque o parceiro não proprietário participou da
elaboração do orçamento inicial e influenciou a elaboração do projeto básico, mas porque o sistema de
bonificação/penalização foi fixado em torno desse orçamento. O resultado, no caso concreto, é a
Citepe arcando com um aumento de custos de quase 1,8 bilhão de reais e a CNO passando a receber
quase 277 milhões de reais apenas a título de lucros, sem qualquer penalização por baixa
produtividade, enquanto que inicialmente receberia a metade: R$ 138 milhões.A Tabela 2 ilustra a
situação.

Em assim ocorrendo, o parceiro proprietário vê frustrada sua expectativa de custo final da obra, ao
passo que o parceiro não proprietário vê aumentadas suas expectativas de remuneração, uma vez que
este recebe um percentual de lucro empresarial (RG), que é calculado sobre o custo da obra.
Em outras palavras, conforme será tratado no tópico 3.3, ambos participam da elaboração do projeto e
da estimativa de custo da obra, mas só a Citepe tem a perder com as falhas do projeto e da estimativa,
o que não pode ser denominado aliança, tampouco parceria.

3.1.2.2 - Aumento de 873 dias no prazo meta

A Cláusula 6.1.2 do Contrato 14/2010 (Evidência 1) dispõe que o prazo meta para a completação
mecânica da obra era de 333 dias. O já citado relatório da comissão interna de análise e revisão do
contrato aliança (Evidência 7), evidencia aumentos no prazo inicialmente pactuado em mais 873 dias,
ou seja, um incremento temporal acima de 160%.
As partes justificam a postergação dos prazos de conclusão em virtude de:

• "Alterações realizadas no projeto de Engenharia Básica após a conclusão do FEED;


• Aumento das quantidades de materiais originalmente previstas no FEED;
• Aumento do prazo necessário para colocação das ordens de compra dos equipamentos On-Shore;
• Aumento do prazo de fornecimento de equipamentos On-Shore;
• Movimentos reivindicatórios (greves) com paralisações das atividades [34 dias];
• Chuvas e suas consequências;
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 15
Relatório ainda sem despacho do relator

• Serviços originalmente não previstos no contrato."

Além do aumento do preço meta, como demonstrado, o aumento expressivo do prazo sem
penalizações à contratada por baixa produtividade desequilibra o contrato em prejuízo da Citepe, e em
benefício à CNO por ter seu lucro praticamente dobrado.
O prazo meta também é um objetivo pactuado entre os parceiros de um contrato aliança, e relaciona-se
com a necessidade de conclusão do empreendimento, de um lado, e com a capacidade e eficiência na
execução dos serviços, de outro.
Na metodologia dos contratos aliança, o risco de não execução dos serviços no tempo estabelecido
recai especialmente sobre o parceiro não proprietário, e a ele são impostas penalidades caso os prazos
não sejam cumpridos.
Convém retomar a manifestação do já citado parecer jurídico da Citepe (Evidência 31), no que
concerne à contratação direta da CNO por inexigibilidade de licitação:
"(...) para a CITEPE, o cumprimento do cronograma de implantação do projeto é passo crítico, e
devem ser envidados todos os esforços para que tal cronograma seja cumprido."
O § 5º da cláusula 8.3 do contrato, estabelece que o cálculo da penalidade pelo descumprimento de
prazo se dá com base no preço meta ou no custo real:
"§ 5º - Se o prazo de Completação Mecânica for superior ao Prazo Teto, a CNO pagará à CITEPE uma
penalidade adicional equivalente a 0,01% (zero vírgula zero um por cento) por dia que ultrapassar o
Prazo Teto, calculado com base no Preço Meta ou Custo Real, o que for menor, limitada esta
penalidade ao valor total do RG que tiver sido recebido pela CNO, excluídos os impostos que tiverem
sido recolhidos relativos a RG".
Não obstante haver penalização prevista para o contratado, e apesar de o prazo meta ter sido
aumentado em mais 873 dias, a Citepe deixou de demonstrar a ausência de culpa da CNO, ou seja, não
comprovou que as ações da contratada ou sua baixa produtividade não tenham concorrido para que a
dilatação do prazo se tornasse necessária.
De acordo com as justificativas apresentadas para a prorrogação dos prazos apenas as referentes aos
movimentos grevistas (34 dias - Tabela 1) e as referentes a chuvas e suas consequências é que podem
ser consideradas extraordinárias, ou seja, que derivam de eventos extracontratuais, sem gestão da
aliança. Às demais, caberiam ações dos gestores no sentido de mitigar os efeitos das necessidades
apresentadas, em especial pela aceleração do ritmo da execução, por meio da utilização de horas extras
(previstas no orçamento), abertura de outras frentes simultâneas de trabalho, entre outras.

Nesse sentido é o item 8.1 do Anexo 10 do contrato (Evidência 36), que elenca as diretrizes de
planejamento para a contratação:
"8.1 Todos os serviços deverão ter sua execução controlada de forma a possibilitar a reavaliação do
planejamento e, em consequência, permitir a necessidade de alocar mais recursos de forma a atender
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 16
Relatório ainda sem despacho do relator

aos prazos do contrato."


Também se faz conveniente recordar que a Companhia Citepe é um empreendimento comercial, cuja
prorrogação dos prazos previstos para entrada em operação por si só impacta sua viabilidade
econômica.

3.1.2.3 - Falhas no sistema de acompanhamento dos gastos

Foram identificadas diversas falhas no acompanhamento dos gastos e na execução dos serviços, das
quais destacamos quatro: demora na percepção das deficiências do projeto; não percepção da
extrapolação dos custos indiretos; não acompanhamento dos indicadores de desempenho pactuados; e
aceitação de aumentos injustificados de quantitativos.

DEMORA NA PERCEPÇÃO DAS DEFICIÊNCIAS DO PROJETO


Em resposta ao questionário 1, quando perguntada em que momento a Citepe percebeu que os
quantitativos iniciais não seriam suficientes para a conclusão do empreendimento, a Companhia
informou que isso ocorreu nos 10º e 11º meses do contrato:
"Os quantitativos estimados descolaram da estabilidade que vinham mantendo nos meses de junho e
julho de 2011. A partir daí intensificamos o acompanhamento que já existia e passamos a analisar mais
detalhadamente estas tendências."
Os Relatórios Mensais de Acompanhamento - RMAs (Evidências 43 a 56), no entanto, demonstram
que nesse mesmo período (junho, julho/2011), já se havia utilizado cerca de 10 milhões de homens-
hora (HH), enquanto o previsto inicialmente para a completude do empreendimento era pouco mais de
12 milhões, incluindo a mão de obra de detalhamento de projeto. Nesse mesmo período, o avanço
físico da obra era em torno de 30%.
Outra evidência da demora na percepção de que o projeto era deficiente está no quadro de quantidades
previstas, realizadas e projetadas (Evidência 15). Este explicita que o HH executado até abril/2012 já
ultrapassava o previsto para todo o empreendimento em mais de 24%, e o projetado indica um
acréscimo de mais de 157%, mais do que triplicando o custo de mão de obra previsto.
Assim, no momento em que a Citepe diz ter percebido a necessidade de incremento de quantitativos,
havia um avanço físico de pouco mais de 30%, e já se havia utilizado mais de 80% de toda a mão de
obra prevista para o empreendimento.

NÃO PERCEPÇÃO DA EXTRAPOLAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS


Pela Tabela 3, percebe-se que os quantitativos de mão de obra indireta executados até abril de 2012 e
previstos até a conclusão do empreendimento cresceram significativamente mais do que os
quantitativos de mão de obra direta.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 17
Relatório ainda sem despacho do relator

De acordo com Eliseu Martins, mão de obra indireta é "a relativa ao pessoal da chefia, supervisão ou
ainda a atividades que , apesar de vinculadas à produção , nada têm de aplicação direta sobre o
produto: manutenção, prevenção de acidentes, contabilidade de custos, programação, controle da
produção e etc".
Ou seja, não é a mão de obra indireta que faz o avanço físico da obra. Assim, quanto mais mão de obra
direta alocada, mais tende a avançar a obra, mas o mesmo não pode ser dito em relação à mão de obra
indireta, que deve ser minimizada tanto quanto os requisitos de qualidade e segurança permitirem.
Segundo Sérgio Conforto e Mônica Spranger, para empreendimentos industriais, a relação entre a MOI
e MOD oscila entre 15 a 20%, sendo menor para grandes obras e maior em pequenos
empreendimentos:

"A relação da mão de obra indireta sobre a mão de obra direta (em quantidade de HH) varia entre 15%
a 20%.
(...)
Em pequenas montagens, a tendência é a de pessoal indireto corresponder a um percentual maior,
ocorrendo o inverso nos casos de grandes montagens."

Essa relação MOI/MOD pode ser vista como um macroindicador de eficiência de gestão.
Ao se calcular a relação para as quantidades inicialmente previstas no contrato, chega-se a quase 15%,
o que está de acordo com a literatura especializada, mas, nas quantidades realizadas até abril/2012, a
relação MOI/MOD foi de 22%. Já para a conclusão do projeto a relação deve ultrapassar 27%, como
indicam as tendências.
Extrai-se dessas informações que, em contratos aliança como este em análise, aliado às deficiências de
acompanhamento dos gestores da Citepe, passou a ser mais interessante para o contratado manter um
elevado efetivo de mão de obra alocada, pois sobre ela perceberá lucro. Além disso, o realinhamento
do preço meta, como pretendido pelas partes, não trará penalizações para a ineficiência do parceiro não
proprietário.
Seria de se esperar que os gestores da Citepe tivessem acompanhado a evolução dos gastos de MOD e
MOI para obstar a extrapolação dos custos indiretos e assegurar a manutenção da relação MOI/MOD
fixada no contrato original.

NÃO ACOMPANHAMENTO DOS INDICADORES DE DESEMPENHO PACTUADOS


O item 8.2, do Anexo 10 (Evidência 36), elenca os indicadores de desempenho do contrato:
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 18
Relatório ainda sem despacho do relator

"8.2 Deverão ser emitidos relatórios mensais, em 2 vias para a Citepe em data a ser acordada, a serem
utilizados nas reuniões de coordenação, contendo no mínimo, as seguintes informações:
(...)
Indicadores de desempenho: variação de prazo (SV), variação de custo (CV), índice de performance de
custo (CPI) e índice de performance de prazo (SPI), conforme o Practice Standard for Earned Value
Management - PMI."

Esses indicadores de desempenho deveriam ser acompanhados e seus resultados divulgados por meio
dos relatórios mensais de acompanhamento, conforme orienta o item 5.3, alínea "a", do mesmo Anexo
10:
"5.3 - A CNO deverá emitir Relatório Mensal de Acompanhamento dos serviços do contrato,
detalhando as atividades conforme estrutura da EAP [Estrutura Analítica do Projeto], e contemplando
os seguintes tópicos:
a) acompanhamento dos Indicadores de Desempenho do Contrato;"

De acordo com as práticas para a gestão por valores agregados (Practice Standard for Earned Value
Management - PMI)(Evidência 42), a variação de prazo (SV), também chamada de schedule variance,
determina se um projeto está à frente ou atrás do cronograma. É calculada pela diferença entre o valor
agregado (EV) e o valor previsto (PV). Um resultado positivo indica condição favorável e um
resultado negativo, condição desfavorável. (SV = EV - PV)
O índice de performance de prazo (SPI), indica quão eficiente a construtora está gerindo o tempo. É
calculado pela divisão entre o valor agregado (EV) e o valor previsto (PV). Um valor abaixo de uma
unidade indica ineficiência na gestão do tempo, ou seja, parte do tempo planejado foi utilizado para
outras atividades que não as previstas. (SPI = EV / PV)
Já a variação de custo (CV), demonstra como o projeto está se desenvolvendo em relação aos custos
programados. É calculada pela diferença entre o valor agregado (EV) e o custo atual (AC). De forma
semelhante ao SPI, o índice de performance de custo (CPI) indica quão eficiente a construtora está
gerindo os recursos. (CPI = EV / AC)
Por não se ter encontrado qualquer evidência de acompanhamento do desempenho da gestão nos
RMAs, a Citepe foi questionada acerca desses indicadores. Pela sua resposta, percebe-se que a
Companhia não está cumprindo essa cláusula do contrato, tendo as partes convencionado
informalmente acompanhar apenas o total desembolsado, tal qual num contrato por administração:
"(...) as disposições do anexo de planejamento seguem um modelo utilizado usualmente nos contratos,
mas customizações são realizadas no decorrer da obra de acordo com as características de cada obra e
do acerto entre as partes envolvidas. Neste caso, por ser um contrato em Aliança onde parte do
suprimento de equipamentos e materiais é de responsabilidade da CITEPE e o critério de medição
prevê ressarcimento de custos à medida que os mesmos são desembolsados, o entendimento das partes
foi que a utilização dos indicadores na forma transcrita não seria o mais adequado e que, de forma
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 19
Relatório ainda sem despacho do relator

alternativa, constariam como anexos ao relatório mensal as curvas de execução financeira prevista e
realizada e o quadro do Acompanhamento dos Valores Contratuais."
Customizações na utilização de indicadores de desempenho - estabelecidos contratualmente - que
deixem de demonstrar a performance desejada da construtora está em desacordo com os preceitos
básicos de contratos aliança, e configura falha de acompanhamento do contrato.
Em resposta a novo questionamento acerca da sistemática utilizada para a medição dos serviços
executados e o confronto destes com os valores do projeto detalhado, a Citepe se manifestou indicando
não haver a aferição de quaisquer indicadores de desempenho da contratada:
"O confronto dos valores pagos ao longo da obra com o preço meta é feito no final dos serviços
através do levantamento dos quantitativos do projeto final de detalhamento e o custo baseado nos
standards e valores definidos no Contrato. Em suma, com a conclusão da obra, calcula-se o preço meta
em função das quantidades finais levantadas do projeto executivo e confronta-se com o desembolso
total realizado ao longo da obra. Caso o valor desembolsado seja menor haverá pagamentos de bônus à
aliançada e, em caso contrário, a cobrança de penalidade."
Ora, pela forma com que está se pretendendo pactuar o novo preço meta da contratação, toda a
ineficiência e baixa produtividade da contratada ficará escamoteada nos incrementos quantitativos,
uma vez que a Citepe pretende aferir a eficiência da CNO apenas ao final da contratação por meio do
confronto entre as quantidades finais levantadas do projeto executivo e o desembolso total realizado.
Nota-se também, em análise conjunta da Tabela 3 e do Gráfico 2, que as quantidades previstas de mão
de obra direta (MOD) para todo o empreendimento já havia sido ultrapassada em mais de 16% em
abril/2012. É grave essa constatação uma vez que, em junho/julho de 2012 (momento em que a Citepe
alega ter percebido o descolamento dos quantitativos), o avanço físico previsto era próximo de 60%,
enquanto que o realizado situava-se pouco acima de 30%. Não é razoável a alocação de mais mão de
obra prevista para todo o projeto em abril, com menos de 30% de execução física, se os quantitativos
de projeto só passaram a aumentar 2 a 3 meses após.
Isso indica que os índices de produtividade efetivos foram muito aquém dos utilizados na
orçamentação do empreendimento. Na medida em que não houve alteração do objeto contratado, e a
CNO elaborou o orçamento em conjunto com a Citepe e influenciou na elaboração do projeto básico
ao longo de dezessete meses, tal queda de produtividade indica clara ineficiência da contratada.
O mesmo item 5.3, do Anexo 10, também determina o acompanhamento dos índices de produtividade
e dos efetivos de homens-hora, como se lê nas alíneas "c" e "f" do documento:

"5.3 A CNO deverá emitir Relatório Mensal de Acompanhamento dos serviços do contrato,
detalhando as atividades conforme estrutura da EAP, e contemplando os seguintes tópicos:
c) efetivo, homens-hora e horas-máquina envolvidas no período;
(...)
f) análise comparativa dos índices de produtividade previstos e realizados."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 20
Relatório ainda sem despacho do relator

Os indicadores de desempenho propugnados inicialmente explicitam que os controles deveriam levar


em consideração a agregação de valor no tempo. Isso significa que não basta a análise do custo
previsto versus o custo realizado, mas o que se gera de resultados na construção do empreendimento
frente aos custos realizados. Um exemplo positivo de uma análise baseada em valores agregados seria
a constatação de que o custo realizado empatou com o previsto, mas o avanço físico realizado
ultrapassou o esperado. Nesse caso, teria havido agregação de valor por eficiência da construtora. Pelo
que se viu até aqui, a situação encontrada indica o inverso.
Os índices de produtividade e a relação MOI/MOD, de igual forma, indicam o quão eficiente são
executados os serviços e como são gerenciadas as frentes de trabalho, comparados aos padrões
estabelecidos pelos parceiros no momento da formação do preço meta, ou seja, no momento em que se
delineou o equilíbrio financeiro do contrato.
Assim, a falta de acompanhamento dos índices de produtividade, dos efetivos de homens-hora e dos
indicadores de desempenho estabelecidos contratualmente evidenciam falhas graves na gestão do
empreendimento. As evidências de desempenho abaixo do esperado comprometem o equilíbrio
financeiro do contrato, em prejuízo à Citepe e benefício à CNO.

ACEITAÇÃO DE AUMENTOS INJUSTIFICADOS DE QUANTITATIVOS


Há indícios de inadequações dos aumentos dos quantitativos projetados (planilhas de tendências),
como se depreende da análise do documento "MD-000-000-940-SEI-002" (Evidência 58). Esse
documento foi elaborado com a finalidade de "verificar, analisar e esclarecer as causas e origens que
levaram a PetroquímicaSuape apontar diferenças a maior, entre os quantitativos apresentados pela SEI
[empresa contratada para elaboração do projeto básico] como FEED [lista de quantitativos] e as
tendências de quantidades dos projetos executivos".
Nesse documento, a SEI informa não ter identificado razões para o aumento na espessura das lajes do
2º pavimento na subestação de Utilidades, uma vez que as cargas utilizadas para o cálculo foram as
mesmas.
A empresa questiona a metodologia utilizada para elaboração das planilhas de tendências, uma vez que
as alterações ocorridas já estariam contempladas nos quantitativos do projeto de detalhamento, não
fazendo sentido usar uma regressão linear para estimar os quantitativos futuros com base na proporção
em que os quantitativos atualizados superaram os do projeto básico.
A SEI informa que o acréscimo generalizado de 10% para as ligações em todas as estruturas metálicas
realizada pela Genpro (com influência da CNO) no projeto detalhado não é devido.
Novamente, agora para a área do Suape Extension, a empresa questiona a diferença entre o que consta
do projeto detalhado e o que consta da planilha de tendências. No projeto detalhado, mesmo com
acréscimo de 10% para ligações, chega-se a 668 toneladas de estrutura metálica, ao passo que na
planilha de tendências tem-se 729 toneladas.
Para a área dos Silos de Produto, em relação a estrutura metálica, a SEI não conseguiu verificar de
onde veio a diferença entre o valor apresentado nas tendências e o valor do FEED acrescido de acordo
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 21
Relatório ainda sem despacho do relator

com as alterações determinadas pela CNO. Permanece uma diferença de 133 toneladas de estruturas
metálicas sem explicação nem justificativas razoáveis.
Esses indícios são indicativos de que podem existir graves erros nos acréscimos dos novos
quantitativos de serviços e insumos para a formação do novo preço meta da contratação, não passíveis
de análise por ausência de informações detalhadas (composição de custos dos serviços e memórias de
cálculo dos histogramas).
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 22
Relatório ainda sem despacho do relator

3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(IG-C) - Contrato 14/2010-Citepe, 1/9/2010, Realização das obras de implementação do projeto da
Citepe para produção de POY e PET, Construtora Norberto Odebrecht S.A.

3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:


Deficiência no acompanhamento dos índices de produtividade da contratada e dos indicadores de
desempenho estabelecidos contratualmente.
3.1.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Prejuízos em virtude da ausência de fiscalização (efeito potencial)
3.1.6 - Critérios:
Constituição Federal, art. 37, caput
Decreto 2745/1998, art. 1º
Doutrina: Sérgio Conforto e Mônica Spranger, Estimativas de Custos de Investimentos para
Empreendimentos Industriais, Editora Taba Cultural, 2ª Edição de 2008
Lei 12465/2011, art. 125
3.1.7 - Evidências:
Contrato 14/2010 Citepe.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 23
Relatório ainda sem despacho do relator

MD-000-000-940-SEI-002.
Planilha de quantitativos finais de projeto.
Anexo 1 do Contrato 14/2010.
Resumo da estimativa final da EPB para o empreendimento PET/POY + utilidades.
93D - OfícioRespostaTCU_11 2012_21mai12 - Questionário nº 01 respondido pela Citepe.
Parecer jurídico da Citepe.
23 - Anexo 10_Diretrizes de Planejamento.
15 - Anexo 2_Resumo Orçamento.
Anexo 8_Forma de Pagamento.
21e - Adendo 8.5 do Anexo 8_Ressarcimento_Critérios de Medição.
3 - TerceiroAditivo_CNO_CTP_mar12.
Relatório Mensal de Acompanhamento - out/2010.
Relatório Mensal de Acompanhamento - nov/2010.
Relatório Mensal de Acompanhamento - dez/2010.
Relatório Mensal de Acompanhamento - jan/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - fev/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - mar/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - abr/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - mai/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - jun/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - jul/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - ago/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - set/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - out/2011.
Relatório Mensal de Acompanhamento - set/2010.
Practice Standard for Earned Value Management (PMI®).
Project Alliance.
3.1.8 - Conclusão da equipe:
Em documento eletrônico inserido como peça 85 no TC 14.754/2011-8, referente à fiscalização na
Citepe no exercício de 2011, a CNO se manifestou, em 25/6/2012, nos seguintes termos:
"Devidamente implementada, toda essa estrutura contratual permitirá, para o empreendedor (CITEPE),
a garantia de um projeto bem construído, com otimização de prazo e preço, uma vez que a eficiência
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 24
Relatório ainda sem despacho do relator

da empresa executora (CNO) será recompensada com uma maximização de sua remuneração. Em
outras palavras, a obra pronta e em operação no menor prazo e custo possíveis interessam a ambas as
partes, pois tanto a CITEPE quanto a CNO se beneficiam mutualmente com a eficiência na sua
execução".
A Citepe, também em manifestação no mesmo processo (Peça 74), ao elencar objetivos da aliança que
evidenciam interesses convergentes dos parceiros, apontou a importância no compromisso com os
prazos e custos pactuados e com a necessidade em minimizar as incertezas de custos nos contratos
aliança:
"Comprometer-se com prazos e custos pactuados e com a busca contínua da redução de ambos com a
garantia da manutenção dos critérios de qualidade e segurança definidos para a implementação do
empreendimento";
"Minimizar as incertezas de custos que, regra geral, elevam o preço de um orçamento de um contrato
tradicional ou epecista quando comparado ao modelo de aliança".
Chamam atenção a afirmação da CNO de que o contrato aliança permitiria a otimização de preço e
prazo e a declaração da Citepe de que um contrato aliança pressupõe incertezas de custos e que deve
haver contínua gestão no sentido de reduzir prazos e custos pactuados.
O que se viu nesta fiscalização é outra realidade. Pactuou-se um contrato aliança com base em um
projeto básico deficiente, um orçamento falho e uma gestão igualmente falha, que deixou de
acompanhar indicadores de desempenho e índices de produtividade da contratada, concorrendo para a
dilatação dos prazos e o incremento dos custos, em prejuízo à Citepe e benefício à CNO.
Assim, propõe-se oitivas da Citepe e da CNO acerca do aumento indevido do preço meta,
caracterizado por serem consideradas despesas que não se relacionavam com as alterações de projeto
ou que decorriam de culpa da contratada, como o aumento da relação MOI/MOD e o aumento
injustificado de quantitativos.

3.2 - Sobrepreço decorrente de inclusão inadequada de novos serviços.


3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A situação encontrada é grave
e passível de enquadramento no conceito de indício de irregularidade grave com recomendação de
paralisação contido no artigo 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465/2011 (LDO 2012), em especial por
ensejar nulidade da contratação em razão de o regime de execução assemelhar-se a um contrato por
administração. No entanto, a interrupção do fluxo financeiro para o empreendimento não é adequada.
Diferentemente do que ocorre em contratações por EPC (Engeneering, Procurement and Construction),
a paralisação do Contrato 14/2010 é o mesmo que paralisar todo o empreendimento, por serem escopo
do contrato todas as unidades de processo. Isso significa interromper todos os subcontratos de
fornecimento em vigor e desmobilizar todo o efetivo de mão de obra e os equipamentos de montagem
industrial da obra.
Além disso, o outro contrato do complexo petroquímico (unidade de PTA), também à cargo da CNO e
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 25
Relatório ainda sem despacho do relator

que está em fase final de conclusão, é dependente da Citepe para escoamento de sua produção, por ser
a maior parte do PTA produzido por aquela unidade (500 mil toneladas/ano de uma capacidade
produtiva de 700 mil toneladas/ano) destinado à empresa.
Ademais, o impacto econômico-financeiro da paralisação, segundo informações da Citepe e de estudo
da Condepe/Fidem, tende a se evidenciar também por perda de divisas por desequilíbrio na balança
comercial brasileira por maiores necessidades de importação de PTA, de resina PET e de polímeros e
filamentos de poliéster, e por perdas para a economia das famílias no Estado de Pernambuco.
3.2.2 - Situação encontrada:

O novo preço meta do Contrato 14/2010, que está em fase de aprovação, não está devidamente
justificado e apresenta inconsistências.
A forma com que o novo preço meta foi proposto para o Contrato 14/2010 foi por meio de negociação
entre a CNO e a Citepe.
Em 27/3/2012 foi elaborado o Relatório da Comissão Interna de Análise e Revisão do Contrato de
Aliança 014/2010 (Evidência 7). Esse relatório expõe uma negociação entre os parceiros da aliança
para tratar de alterações do preço meta e dos prazos meta e teto do contrato, em razão de aumento de
quantitativos, inclusão de serviços não previstos, greves e impactos de chuvas.
Tomou-se, como base da negociação, um orçamento elaborado pela CNO, no valor de R$
3.568.000.777,57 (Evidência 16), e outro elaborado pela Engenharia da Petrobras, no valor total de R$
3.000.058.051,00 (Evidência 28).
Durante a negociação, a Citepe e a CNO teriam verificado que seus orçamentos não só eram distintos
por apresentarem uma diferença de R$ 567.942.726,57, mas eram incompletos. Por isso, ambas
aumentaram seus valores.
A Citepe acrescentou os seguintes grupos de verbas: impactos decorrentes de greves e chuvas - R$
205.000.000,00; fornecimento de Bulk Material - R$ 103.000.000,00; construção e montagem dos
quadrantes 3 e 4 da texturização - R$ 76.000.000,00; serviços não previstos no contrato original - R$
189.000.000,00; e acréscimo de serviços com engenharia de detalhamento e TAC e RG sobre
suprimento off-shore - R$ 160.000.000,00.
Com esses acréscimos, o orçamento, que originalmente era de R$ 3.000.058.051,00, passou a ser de
R$ 3.733.058.051,00, perto de 25% a mais.
Já o orçamento da CNO, que inicialmente era de R$ 3.568.000.777,57, passou a ser de
3.849.000.777,57 (7,8% a mais), pelo acréscimo dos seguintes grupos de verba: construção e
montagem dos quadrantes 3 e 4 da texturização - R$ 76.000.000,00; e impactos decorrentes de greves
e chuvas - R$ 205.000.000,00.
Após uma negociação de descontos genéricos, foram retirados R$ 35.000.000,00 de serviços não
previstos no contrato original e R$ 105.000.000,00 das verbas de chuvas e greves, convergindo-se para
o valor final de R$ 3.593.058.051,00 para a contratação, que é superior à proposta inicial da CNO.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 26
Relatório ainda sem despacho do relator

Concluiu-se, portanto, pela necessidade de reajustar o Contrato 14/2010 em R$ 1.794.058.051,00, o


que representa um acréscimo de 99,73% em relação ao valor contratual originário.
Em privilégio à clareza, as análises serão segregadas por tópicos.

3.2.2.1 Diferença entre os orçamentos originais

Nota-se, de pronto, que havia uma diferença significativa entre os orçamentos originalmente
apresentados pelos parceiros (R$ 567.942.726,57). Apesar de se tratar de uma contratação aliança, na
qual se pressupõe a abertura das memórias de cálculo dos orçamentos (open book), em momento
algum ficou demonstrado que os envolvidos na negociação tentaram identificar minuciosamente as
diferenças apresentadas nos orçamentos, item a item, pela análise individual de cada composição de
serviço, de modo a comprovar se o que se apresentava tanto de um lado quanto do outro refletia, de
fato, os custos reais da obra.
O que ocorreu foi uma negociação que convergiu para um valor do preço meta, pelo acréscimo de
grupos de valores a ambas as propostas e pela concessão de descontos genéricos.
Assim, não há como afirmar que os valores apresentados refletem fidedignamente os custos da obra,
que se faz imprescindível por se tratar de um contrato aliança.

3.2.2.2 Impactos decorrentes de greves e chuvas

O adicional de chuvas e greves, acrescido aos orçamentos tanto da Citepe quanto da CNO, estimado
inicialmente em R$ 205.000.000,00 e negociado no valor final de R$ 100.000.000,00, não pode fazer
parte do preço meta da contratação porque são verbas meramente indenizatórias, não fazendo sentido
que a contratada aufira lucro ou receba bonificação por indenização de paralisações por chuvas ou
greves.
Não deve haver pagamento de lucro ou bonificação sobre indenizações por chuva ou greve.
O ressarcimento dos custos relacionados a chuvas extraordinárias pode ser razoável, mas o montante
desse ressarcimento não pode estar contido no preço meta da contratação.
Como anteriormente explicitado, o preço meta é o principal parâmetro de aferição de eficiência do
parceiro não proprietário, em um contrato aliança. Atingindo-se o preço meta, o contratado fará jus a
bonificações pecuniárias. Havendo recursos de natureza indenizatória no preço meta, haverá a
possibilidade de o contratado vir a ser bonificado sobre esses recursos, o que não é razoável.
Também não há que se falar em pagamento de lucros sobre custos decorrentes de eventos fortuitos,
pois esses devem ser pagos apenas na medida para que o equilíbrio inicial do contrato se mantenha.
Ademais, no caso de greve, há que se verificar se a contratada deu causa ao evento, ou concorreu para
que ele ocorresse.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 27
Relatório ainda sem despacho do relator

Na análise da memória de cálculo apresentada pela contratada para justificar o montante estimado de
R$ 205.378.515,42 (Evidência 8), foram identificadas as seguintes inconsistências:

• pagamento da verba indenizatória para serviços de engenharia de detalhamento (elaboração do


projeto executivo). COMENTÁRIO DA EQUIPE: os trabalhos de elaboração do projeto executivo
são terceirizados, realizados na cidade de São Paulo e remunerados de forma proporcional ao
número de documentos gerados. Chuvas no estado de Pernambuco não interferem nos trabalhos;
• os custos com alimentação foram estimados por meio de um valor fixo por HH, sem discriminação
entre MOI e MOD, com café, almoço e jantar para todos. COMENTÁRIO DA EQUIPE: O custo da
alimentação da mão de obra direta e da indireta são distintos. O jantar só é servido para a MOD no
caso de mão de obra alojada ou quando há trabalho noturno, o que não ocorre se a mão de obra
estiver paralisada;
• os custos de alojamento de encarregados, técnicos e oficiais foram calculados sobre o HH total
(MOD + MOI). COMENTÁRIO DA EQUIPE: Encarregados, técnicos e oficiais compõem a mão de
obra indireta e nem todos são alojados;
• verba para indenização de chuvas a subcontratados. COMENTÁRIO DA EQUIPE: Os
subcontratados possuem contratos convencionais, normalmente a preços globais, nos quais os riscos
de chuvas ordinárias são inseridos na esfera de risco exclusivo do subcontratado;
• inscrição de item de custo não especificado, classificado como "Despesas Gerais";
• os custos da mão de obra paralisada foram estimados por meio de percentuais sobre o total da mão
de obra (MOD = 9.5%; MOI = 19,23%).COMENTÁRIO DA EQUIPE: A mão de obra a ser
indenizada deve ser apurada em cada frente de trabalho paralisada, no tempo exato do impedimento;
• previsão de pagamento de lucro sobre os custos de ressarcimento. COMENTÁRIO DA EQUIPE:
Sobre verbas indenizatórias não devem ser previstos lucros ou bonificações;
• previsão de custos devidos à paralisação de "Serviços não Previstos". COMENTÁRIO DA EQUIPE:
Não é razoável prever indenização sobre serviços que não se sabe se serão necessários.

Como exemplo de desconto genérico concedido na negociação, cita-se o ajuste de R$ 105.000.000,00


promovido nessa estimativa:

"3.8.7 Após estes ajustes, a Diretoria da Citepe propôs à CNO:


(...)
Reduzir em R$ 105.000.000,00 (cento e cinco milhões de reais), sem nenhuma diminuição do escopo
acordado para este item, do valor correspondente aos impactos decorrentes de paralisações devido a
ocorrência de chuvas e suas consequências, previstos para todo período do Contrato de Aliança,
passando de R$ 205.000.000,00 (duzentos e cinco milhões de reais) para R$ 100.000.000,00 (cem
milhões de reais)."

A metodologia de cálculo dos custos de paralisação, para efeito de indenização, não pode ser
simplificada, devendo-se apurar o que ocorreu em cada frente de trabalho, com indicação precisa de
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 28
Relatório ainda sem despacho do relator

cada equipe efetivamente paralisada, do tempo exato de paralisação, dos equipamentos efetivamente
paralisados, com detalhamento da composição de custos das eventuais necessidades de serviços
adicionais na retomada dos trabalhos.
A mera suposição de que todos os equipamentos e toda a mão de obra do empreendimento ficam
paralisados em função de chuvas ou greves é falha e irreal.
O Plenário deste Tribunal, ao tratar dos serviços de terraplenagem do Comperj, no que se refere aos
equipamentos paralisados por ocasião de chuvas, deliberou no seguinte sentido:

"Outrossim, cabe determinar à Petrobras que, doravante, somente utilize a metodologia para
pagamento da verba indenizatória decorrente de paralisações da obra em função de chuvas, descargas
atmosféricas ou resgate arqueológico após definir, com base em critérios objetivos, as parcelas efetivas
a serem consideradas no ressarcimento dos custos dos equipamentos impactados, demonstrando de
forma clara as metodologias empregadas na apuração dos custos dos "equipamentos paralisados
durante a ocorrência de chuvas" e dos "equipamentos operando em condições adversas a normal,
realizando serviços de mitigação das consequências das chuvas", baseando-se, para tanto, no que
couber, na referência de preços dos sistemas usualmente adotados (Sicro e Sinapi) ou, para os quais
não seja possível ajustar as composições de preços desses sistemas às peculiaridades das obras,
justificando as composições adotadas, com elementos suficientes que comprovem os preços unitários
dos insumos e dos serviços que integram o orçamento." (Acórdão 3077/2010-P).

No caso em tela, indícios indicam que mesmo serviços não diretamente afetados por chuvas são
ressarcidos, como é o caso dos serviços de engenharia de detalhamento. Os serviços de engenharia de
detalhamento, como já comentado, são objeto de contrato específico com a Genpro, com execução no
estado de São Paulo e pagamentos realizados por meio de critérios específicos (entrega de
documentos).
Indenizar esses serviços em sua integralidade não é razoável. No caso de ressarcimento em razão de
paralisações por chuvas ou greves, há que se identificar de forma inequívoca os reais impactos nos
serviços e seus custos, inclusive aqueles referentes à administração central.
Nesse mesmo sentido, o Acórdão 3077/2010-P já citado determinou à Petrobras que adotasse as
seguintes ações:

"9.5.2 definição de parâmetros mais objetivos para apuração das situações que realmente ensejam
paralisação dos serviços e, por conseguinte, pagamento de indenização, a fim de se ressarcir somente o
valor real e justo, em respeito aos princípios basilares que regem as ações da Administração Pública,
notadamente os da legalidade e economicidade;
9.5.3. aprimoramento da metodologia de orçamentação utilizada para se estimar o valor da verba
indenizatória a ser ressarcida, tomando-se por base os critérios efetivamente estabelecidos para
medição e pagamento da aludida verba."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 29
Relatório ainda sem despacho do relator

O outro ponto a ser analisado no que se refere à metodologia de cálculo dos impactos das paralisações
decorrentes de chuvas e greves é o cálculo realizado para trás, ou seja, o que já foi efetivamente
considerado como custo incorrido.
Na memória de cálculo das paralisações (Evidência 35), consta mais de um milhão e setecentos mil
HHs paralisados em função de chuvas e greves, como ilustra a Tabela 4.
Como se extrai das informações, foram pagos à contratada mais de trinta milhões de reais apenas a
título de mão de obra paralisada.
Os lucros embutidos nesses valores, assim como aqueles contidos em outras indenizações, como os
oriundos de equipamentos de montagem, devem ser apurados detalhadamente e restituídos à Citepe.
Conclui-se que a Citepe deve excluir do preço meta os valores pagos referentes a indenização por
paralisações decorrentes de chuvas, suas consequências e greves; deve fazer-se restituir de eventuais
lucros sobre esses valores pagos; deve apurar discriminadamente os custos de mão de obra e
equipamentos efetivamente paralisados em cada frente de trabalho do empreendimento; deve abster-se
de adicionar ao preço meta contingências relacionadas aos eventos futuros de possíveis paralisações da
mesma natureza, além de promover a apuração, a tempo real, dos custos efetivos de eventos futuros de
eventuais paralisações, de forma também discriminada em cada frente de trabalho; e, como mais
importante, antes de firmar aditivo contratual pactuando novo preço meta, deve certificar-se de que os
custos apresentados são fidedignos à obra.

3.2.2.3 Quadrantes 3 e 4 da texturização

Os documentos enviados a esta fiscalização evidenciam que os serviços relativos aos quadrantes 3 e 4
da Texturização, que respondem por R$ 76 milhões de acréscimo no preço meta, estavam previstos no
escopo inicial do contrato aliança e, portanto, nos quantitativos de projeto, não podendo ser somados à
estimativa da Petrobras a fim de formar o novo preço meta do contrato aliança. Não há em nenhum
documento do Contrato 14/2010 referência que exclua os quadrantes 3 e 4 de seu escopo ou que o
limite apenas aos quadrantes 1 e 2.
Os quadrantes 3 e 4 da texturização foram previstos no FEED (Projeto Básico), como evidenciam as
memórias de cálculo das estruturas metálicas da texturização e seus desenhos respectivos: MC-002-
530-120-SEI-001 (Evidência 21), MC-002-530-140-SEI-002 (Evidência 22), MC-002-530-140-SEI-
005 (Evidência 23) e MC-002-530-140-SEI-006 (Evidência 24).
Esses quadrantes também estavam presentes no projeto detalhado, que serviu de base para a proposta
da Citepe, como evidenciam as memórias de cálculo MC-002-530-122-CNO-003 (Evidência 25) e
MC-002-530-122-CNO-004 (Evidência 26).
Assim, a verba relativa aos quadrantes 3 e 4 da texturização não poderia ser adicionada às propostas
levadas para a negociação e menos ainda ao valor original do contrato.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 30
Relatório ainda sem despacho do relator

3.2.2.4Bulk Material
O valor referente a fornecimento de bulk material somado à estimativa da Petrobras a fim de formar o
novo preço meta da contratação não é regular.
De acordo com as informações da diretoria da Citepe, o grupo de verba denominado de bulk material
destina-se a aquisições de materiais vendidos a granel, para utilização fora do escopo do contrato
aliança. Questionada a respeito (Evidência 34), a Citepe informou que:

"Os itens a que se refere a expressão bulk material dizem respeito, basicamente, a materiais de
tubulação, elétrica, instrumentação e infraestrutura seca de TI/Telecom e de segurança e serão
utilizados em atividades de construção e montagem acessórias ao Aliança, fundamentalmente,
Armazéns e Logística e Drenagem."

Por serem materiais corriqueiros que também seriam utilizados dentro do escopo do contrato aliança, e
em grande escala (cabos elétricos, eletrocalhas, eletrodutos, suportes, materiais de telecom, etc), a
Citepe solicitou à CNO que, quando os adquirisse para o contrato aliança, fizesse acrescido de
quantitativos para utilização exclusiva pela Citepe, fora do escopo do contrato aliança.
A justificativa informada foi o ganho de escala na aquisição, o que a tornaria mais econômica para as
necessidades exclusivas da Citepe, com se lê em resposta a questionamento da equipe: "O efetivo
ganho de escala teria de ser mensurado pela cotação em volumes menores de tais materiais, que por
certo encareceriam os valores unitários dos produtos."
A solução adotada é irregular, uma vez caracterizar fuga à necessidade de licitar. Sendo o bulk
material destinado a aplicações fora do escopo do contrato aliança, não haveria outra solução à Citepe
a não ser cumprir sua obrigação constitucional de licitar, como preceitua o art. 37 da Carta Magna.
O procedimento licitatório poderia ser dispensado, caso a situação se enquadrasse em uma das
hipóteses do decreto 2.745/98, mas isso se objetivamente demonstrado, conforme estabelece o item 2.2
do regulamento de licitações da Petrobras:

"2.2 A dispensa de licitação dependerá de exposição de motivos do titular da unidade administrativa


interessada na contratação da obra, serviço ou compra em que sejam detalhadamente esclarecidos:
a) a caracterização das circunstâncias de fato justificadoras do pedido;
b) o dispositivo deste Regulamento aplicável à hipótese;
c) as razões da escolha da firma ou pessoa física a ser contratada;
d) a justificativa do preço de contratação e a sua adequação ao mercado e à estimativa de custo da
Petrobras."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 31
Relatório ainda sem despacho do relator

O valor total de aquisições de bulk material monta R$ 92.757.658,86 (Evidência 10). Sobre esses
valores foram pagos lucro (RG), taxa de administração central (TAC), além de impostos sobre TAC e
RG, o que elevou o valor final ao montante de R$ 103.048.014,49.
Esse montante, por não fazer parte do escopo do contrato, deve ser excluído do preço meta em sua
integralidade, pois sobre ele não pode a contratada vir a ser bonificada no âmbito do contrato aliança.
Além disso, cabe determinar à Citepe que abstenha-se de utilizar mecanismos de aquisição que possam
se caracterizar como fuga à licitação, a não ser que seja possível enquadrar a situação em uma das
hipóteses de dispensa ou inexigibilidade licitatória.

3.2.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:


(IG-C) - Contrato 14/2010-Citepe, 1/9/2010, Realização das obras de implementação do projeto da
Citepe para produção de POY e PET, Construtora Norberto Odebrecht S.A.
Estimativa do valor potencial de prejuízo ao erário: 192.899.758,06

3.2.4 - Causas da ocorrência do achado:


Riscos mal gerenciados que se materializaram.
3.2.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Pagamento indevido de bonificações à contratada. (efeito potencial)
3.2.6 - Critérios:
Acórdão 2649/2007, TCU-Plenário
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 32
Relatório ainda sem despacho do relator

Acórdão 3077/2010, Tribunal de Contas da União, Plenário


Decisão 1332/2002, TCU-Plenário
Decreto 2745/1998, art. 1º
Lei 10934/2004, art. 105, § 1º; art. 105, caput
Lei 11178/2005, art. 112, § 1º; art. 112, caput
Lei 11439/2006, art. 115, § 1º; art. 115, caput
Lei 11514/2007, art. 115, § 1º; art. 115, caput
3.2.7 - Evidências:
Contrato 14/2010 Citepe.
Anexo 1 do Contrato 14/2010.
Relatório da reunião da comissão interna.
1 - 62Ac - Chuva e greves.
Suprimento Bulk Material.
1 - 62De - Quadrante 3 e 4.
MC-002-530-120-SEI-001.pdf.
MC-002-530-122-CNO-003.pdf.
MC-002-530-122-CNO-004.pdf.
Resumo da estimativa final da EPB para o empreendimento PET/POY + utilidades.
Planilha com a estimativa final da EPB para o empreendimento PET/POY + utilidades.
MC-002-530-140-SEI-002.pdf.
MC-002-530-140-SEI-005.pdf.
MC-002-530-140-SEI-006.pdf.
1A - RELATÓRIO_COMISSÃO_MISTA - 1A - RELATÓRIO COMISSÃO MISTA DE REVISÃO
DO CONTRATO.
2.4 - 68a - Memoria paralisações.
RES Informações sobre o Bulk Material.
Resposta ao Ofício 1-461 de Maio de 2012.
15 - Anexo 2_Resumo Orçamento.
3.2.8 - Conclusão da equipe:
Pelo exposto, conclui-se que o preço meta negociado entre as partes não reflete com fidedignidade os
custos reais da contratação. Houve a inserção indevida de verbas, que devem ser expurgadas do preço
meta no valor total de R$ 309.799.516,11 (Tabela 5).
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 33
Relatório ainda sem despacho do relator

Além disso, deve a Citepe apurar discriminadamente os custos de mão de obra e equipamentos
efetivamente paralisados em cada frente de trabalho do empreendimento em decorrência de chuvas e
greves.
A Companhia deve abster-se de adicionar ao preço meta contingências relacionadas aos eventos
futuros de possíveis paralisações da mesma natureza.
Deve ainda, a Citepe, promover a apuração, a tempo real, dos custos efetivos de eventos futuros de
eventuais paralisações, de forma discriminada em cada frente de trabalho.
Também é dever da Citepe abster-se de utilizar o Contrato 14/2010 para aquisição de bens e
equipamento não pertencentes ao escopo do objeto contratado, evitando, dessa forma, que se
caracterize como fuga à licitação.
Por fim, conclui-se que a Citepe deve certificar-se de que o orçamento de um novo preço meta a ser
pactuado reflita com fidedignidade os custos reais da obra, com a produtividade prevista no acordo
inicial.

3.3 - Projeto básico deficiente ou desatualizado.


3.3.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A situação encontrada é grave
e passível de enquadramento no conceito de indício de irregularidade grave com recomendação de
paralisação contido no artigo 91, § 1º, inciso IV, da Lei 12.465/2011 (LDO 2012), em especial por
ensejar nulidade da contratação em razão de o regime de execução assemelhar-se a um contrato por
administração. No entanto, a interrupção do fluxo financeiro para o empreendimento não é adequada.
Diferentemente do que ocorre em contratações por EPC (Engeneering, Procurement and Construction),
a paralisação do Contrato 14/2010 é o mesmo que paralisar todo o empreendimento, por serem escopo
do contrato todas as unidades de processo. Isso significa interromper todos os subcontratos de
fornecimento em vigor e desmobilizar todo o efetivo de mão de obra e os equipamentos de montagem
industrial da obra.
Além disso, o outro contrato do complexo petroquímico (unidade de PTA), também à cargo da CNO e
que está em fase final de conclusão, é dependente da Citepe para escoamento de sua produção, por ser
a maior parte do PTA produzido por aquela unidade (500 mil toneladas/ano de uma capacidade
produtiva de 700 mil toneladas/ano) destinado à empresa.
Ademais, o impacto econômico-financeiro da paralisação, segundo informações da Citepe e de estudo
da Condepe/Fidem, tende a se evidenciar também por perda de divisas por desequilíbrio na balança
comercial brasileira por maiores necessidades de importação de PTA, de resina PET e de polímeros e
filamentos de poliéster, e por perdas para a economia das famílias no Estado de Pernambuco.
3.3.2 - Situação encontrada:

O projeto básico sobre o qual a Citepe e a CNO elaboraram o orçamento para o contrato 14/2010 se
mostrou deficiente, incompleto e incapaz de delinear adequadamente a contratação. Essa constatação
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 34
Relatório ainda sem despacho do relator

está pautada em três principais fatos: 1) variação de cerca de 100% no valor final do contrato; 2)
ausência de projeto de 14 das 43 áreas consideradas; 3) finalização prematura do projeto antes de
concluído.
De acordo com o Decreto 2745/98, em seu item 1.3, "nenhuma obra ou serviço será licitado sem a
aprovação do projeto básico respectivo, com a definição das características, referências e demais
elementos necessários ao perfeito entendimento, pelos interessados, dos trabalhos a realizar".
A jurisprudência do TCU é no sentido de que a contratação com base em projeto básico deficiente
macula os princípios da administração pública aplicados à contratação de obras e serviços e é motivo
suficiente para responsabilização dos gestores responsáveis. Este entendimento do Tribunal pode ser
visto nos Acórdãos 2544/11-P, 0184/12-P, 1094/12-2ªC.
Ademais, o Decreto 2745/98 prevê, em seu item 7.2, alínea b, a possibilidade de alteração contratual
decorrente de aumentos de quantitativos, no entanto, limita os acréscimos a 25% do valor contratual
reajustado. Esta limitação sugere que o projeto sobre o qual é orçada a contratação deve ser suficiente
para não permitir variação maior que 25%, ou seja, deve ser detalhado a ponto que se tenha razoável
certeza dos custos finais do empreendimento.
Em contratos do tipo aliança esse percentual deve ser ainda menor, uma vez que os parceiros elaboram
em conjunto o projeto básico e o orçamento do empreendimento. No entanto, conforme salientado no
item 3.1, o contrato está por ser majorado em 100% de seu valor.
Antes de tratar dos fatos que sustentam a tese de que o projeto básico era deficiente, cumpre traçar um
histórico resumido de como esse projeto foi desenvolvido.

3.3.2.1 Histórico do desenvolvimento do projeto básico

De acordo com as respostas ao questionário de auditoria 1 (Evidência 11) e o memorial descritivo da


SEI (Evidência 58), descrito mais adiante, a empresa SEI foi contratada, em 6/4/2009, para elaborar,
até fevereiro de 2010, o projeto básico e o Feed (listas de materiais e serviços oriundos do projeto) do
empreendimento. Quando dessa contratação, já se sabia que seria a CNO a contratada para construção
e a montagem do empreendimento. Esta decisão se deveu a uma série de motivos ligados à expertise
da empresa e aos ganhos de sinergia que se poderia obter do fato de o empreendimento adjacente, as
plantas de PTA da Petroquímica Suape ter sido contratado com a CNO (ver no item 3.1). Ficou claro
nos documentos que a CNO, sendo a escolhida para o empreendimento, orientou a elaboração do
projeto básico desde o seu início, mesmo antes de haver pré-contrato aliança assinado entre esta e a
Citepe.
O contrato preliminar de aliança, nº 17/2009, também chamado de early work agreement foi assinado
em 4/12/2009, confirmando a CNO como a parceira não proprietária dentro do contrato aliança.
Percebe-se, pelas datas apresentadas, que o contrato preliminar foi assinado antes mesmo de se haver
um projeto básico e Feed finalizados, de acordo com os prazos estabelecidos. Isso ocorreu porque a
Citepe e a CNO decidiram encerrar o desenvolvimento do projeto básico em 31/12/2009. Desse modo,
somente as especificações realizadas até essa data foram incluídas no Feed que serviu de base para a
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 35
Relatório ainda sem despacho do relator

orçamentação da obra. Ou seja, as alterações de projeto posteriores a dezembro/2009 não foram


consideradas no preço do contrato 14/2010, se transformando, então, em aditivos a esse contrato.
A SEI, no memorial descritivo MD-000-000-940-SEI-002, ainda afirma (item 2.4.4) que o
encerramento precoce do projeto básico se deu em virtude do cronograma do empreendimento. Teve
início, então, em março/2010, o projeto de detalhamento, sendo parte executado pela empresa Genpro
e parte pela própria SEI. Esta nova fase incluía, além do detalhamento do projeto básico já existente, o
desenvolvimento deste quando ele ainda não existia e a inclusão das solicitações de alterações
realizadas pela Citepe.
A assinatura do contrato 14/2010 (Evidência 1), firmado com a CNO com base no projeto básico
concluído em 31/12/2009, ocorreu em 1º/9/2010 e teve como preço aquele derivado do Feed
sabidamente desatualizado e incompleto.
Durante a execução do contrato e do desenvolvimento do projeto detalhado, de acordo com a diretoria
da Citepe, por volta de junho e julho de 2011, percebeu-se um descolamento entre os valores das
quantidades previstas no projeto detalhado e aqueles previstos no projeto básico e no Feed (Evidência
11):

"Os quantitativos estimados descolaram da estabilidade que vinham mantendo nos meses de junho e
julho de 2011. A partir daí intensificamos o acompanhamento que já existia e passamos a analisar mais
detalhadamente estas tendências."

A pedido da Citepe, a SEI entregou, em 25/10/2011, o memorial descritivo MD-000-000-940-SEI-002


(Evidência 58) com explicações para algumas diferenças encontradas entre o projeto básico e o projeto
detalhado.
Nesse documento, a SEI informou que grande parte do escopo do projeto executivo não estava
contemplada no projeto básico (item 2.4.1), mesmo sendo partes essenciais do empreendimento, como
projetos de tubulação, elétrica, instrumentação e mecânica de todas as unidades de Lurgi/Bulher
(unidades com o maquinário de fabricação de polímeros, filamentos têxteis e pastilhas PET) e as
disciplinas de Autowarehouse (depósito automatizado) e armazéns.
A SEI afirma, no item 2.4.2.1 do memorial, que preencheu planilhas do Feed conforme as orientações
padrões contidas no modelo de Feed que lhe foi apresentado e as instruções que lhe foram passadas
pela CNO, exclusivamente, e que a Petrobras sequer teria comentado as planilhas que resultaram de
seu trabalho:

"As planilhas de Feed constantes do Contrato foram preenchidas pela SEI, segundo seu entendimento
e interpretação das orientações que constaram das mesmas. No seu preenchimento, as únicas
orientações recebidas vieram da CNO (o Feed não foi comentado pela Petrobras)."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 36
Relatório ainda sem despacho do relator

Em outros três trechos do mesmo documento, a SEI reitera que a orientação para elaboração do projeto
básico e do Feed foi feita predominantemente pela CNO, como evidenciam os itens 3.1.1, 3.1.3, 3.1.5.
(grifos nossos):

"Conforme orientação da CNO, o escopo da SEI para as Torres de Resfriamento deveria contemplar
somente a Casa de Bombas em estrutura metálica e as bombas propriamente ditas."
"O escopo para o volume apresentado na planilha de tendências não é o mesmo que foi adotado para
elaboração do projeto FEED que seguiu a orientação da CNO, portanto, a comparação entre os
volumes totais do FEED e do Executivo não é apropriada em função das diferenças entre as premissas
seguidas."
"O escopo do projeto FEED (conforme orientação da CNO), difere do escopo do Projeto Executivo,
em função da mudança de arranjo no Projeto Executivo, acréscimo de bombas e do acréscimo de
escopo (bacias de contenção, bases de tubulação etc), o que justifica a diferença entre os volumes de
concreto em 377% a mais no Projeto Executivo."

Ou seja, a CNO teve predominância na orientação da elaboração do projeto básico e, posteriormente,


durante a elaboração do projeto executivo, alegou que vários aspectos não foram considerados e que
seriam necessários aumentos de quantitativos e inclusões extraordinárias de serviços. De certo modo,
pode-se dizer que, se é verdade que esse aumento de quantitativos é necessário, então a Citepe foi
induzida a erro pela CNO, pois é provável que não tivesse iniciado a obra se soubesse que ela iria
dobrar de preço.

3.3.2.2 Variações de quantitativos de projeto decorrentes de incompletude e deficiência do


projeto básico

A deficiência e a imprecisão do projeto se evidenciam pela relevante variação que houve entre os
quantitativos previstos no projeto básico e aqueles oriundos das planilhas de tendências elaboradas
pela Genpro e pela CNO (Evidência 15).
A cláusula contratual que prevê a alteração do preço meta em função da variação de quantidades faz
com que o ganho da construtora, por receber TAC e RG, seja proporcional às quantidades, sendo
vantajoso para a empreiteira o aumento de quantitativos. A seguir, destacam-se algumas das variações
evidenciadas nos quantitativos das diversas disciplinas que, em conjunto com algumas verbas extras
questionadas no achado 3.2, somam quase 100% do valor do contrato original:

• montagem de tubulação variou de 2.789 ton para 5.004 ton (79,4%);


• lançamento e ligação de cabos elétricos variou de 819.493 m para 2.021.532 m (146,7%);
• lançamento e ligação de cabos de instrumentação variou de 205.466 m para 641.198 m (212,1%)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 37
Relatório ainda sem despacho do relator

• estruturas metálicas variou de 18.192 ton para 26.189 ton (43,9%);


• concreto variou de 44.975 m3 para 81.926 m3 (82,1%).

Esses aumentos de quantitativos decorrem principalmente da incompletude do projeto básico que,


sabidamente, não contemplava partes essenciais do escopo do empreendimento, tendo sido encerrado
prematuramente em 31/12/2009 e da deficiência deste em retratar as especificações do projeto.
No memorial descritivo da SEI (item 2.4.3.3), é evidenciado que o Feed base do orçamento era
incompleto. De um total de 43 áreas do empreendimento, cinco não tiveram seus projetos básicos
desenvolvidos, e outras nove tiveram as planilhas elaboradas simplesmente com base em estimativas
da CNO, sem especificações repassadas pela Citepe. Ou seja, os Feeds de 14 áreas não foram
elaborados com base no projeto básico e, segundo afirma a SEI, não fizeram parte do escopo inicial de
seu trabalho.
Como evidência da prematura finalização do projeto básico, tem-se o item 2.4.5 do memorial, no qual
é apresentado um rol de inclusões de itens de serviços, que não estavam contemplados no Feed, e
ocorreram após o encerramento do projeto básico e algumas até um ano após a elaboração do Feed.
Como exemplo de deficiência do projeto básico para a formação do preço meta da contratação, tem-se
o quantitativo de estrutura metálica na área de Fiação. Esse item, que tinha projeto básico, sofreu nada
menos do que oito alterações quantitativas ao longo do procedimento de detalhamento, o que culminou
numa oscilação de 18,8% em relação à quantidade inicialmente estabelecida.
Outro exemplo é o sistema de drenagem, que teve suas especificações técnicas completamente
alteradas quando do detalhamento, tendo havido a inclusão de PITs (grandes caixas de passagem de
concreto com função de regularização de fluxo) sem que houvesse explicação razoável para a escolha
da nova solução, que se mostrou bastante mais onerosa. Somente a inclusão desses PITs gerou o
incremento de 16.918 Kg nos quantitativos de tubulação.
Um terceiro exemplo que evidencia a contratação sem o projeto básico adequado é a não elaboração
completa de projeto básico para o sistema de combate a incêndio. O quantitativo de tubulação para a
rede de combate a incêndio passou de 194.330 Kg no projeto básico para 358.490 Kg no projeto
executivo. Essa informação era sabida desde antes da assinatura do contrato, conforme está descrito no
memorial descritivo da SEI (item 5.6.2), não tendo sido incluídos no Feed os quantitativos respectivos.
Esse memorial relatou da seguinte forma, in verbis:

"O Projeto Básico de Segurança e Combate a Incêndio das edificações Lurgi fazia parte do escopo
Contratual. Desta forma foi emitido a documentação do Básico e as Planilhas de FEED para estas
edificações exceto a rede de água de combate a incêndio. Não houve tempo hábil para o
desenvolvimento do Projeto Básico de Incêndio até o final de 2009, que permitisse a emissão de um
projeto pré-detalhado de uma rede de combate a Incêndio, por diversos motivos, sendo o
preponderante a impossibilidade da realização de reuniões técnicas com o pessoal de SMS da PQS,
ausente do Brasil nos últimos meses de 2009."
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 38
Relatório ainda sem despacho do relator

3.3.2.3 Resultado agravado pelo regime inicial de contratação adotado

O relatório da comissão de negociação de 30/8/2010 (Evidência 16) traz como anexo a primeira
estimativa da Engenharia da Petrobras para o empreendimento. Nas considerações sobre a estimativa,
é afirmado que o nível de detalhamento do projeto utilizado permitia que se tivesse confiança de que o
custo final da obra viesse a ficar na faixa de -1% a +3% do valor estimado.
O valor da estimativa foi de R$ 1.751.492.414,96, assim, o custo do projeto deveria variar entre R$
1.733.977.490,71 e R$ 1.804.037.187,30. Mas, em se confirmando a nova negociação, o custo será de
R$ 3.593.058.051,00, com uma diferença de 99,7% a mais em relação ao valor inicialmente
contratado.
Tendo em vista a precisão da estimativa, presente em seu resumo, informada pelo setor de estimativas
de custos da Petrobras - SL/ECP, não seria razoável que uma variação em torno de 100% fosse
esperada, com apenas 54% de execução física, o que reforça a conclusão de que o contrato foi firmado
com o projeto básico deficiente e incompleto.
Além disso, há que se reforçar que a premissa do contrato aliança era de projeto e orçamentação em
parceria, diferentemente do ocorrido. Como evidência do praticado, tem-se o item 4.1.1 do memorial
descritivo da SEI. Ela informou que o aumento de estrutura metálica para o vigamento secundário
decorreu de determinação da CNO, que definiu que seria usada laje steel deck em vez de concreto,
encarecendo a obra.

"No projeto FEED, a estrutura metálica do Poy SUAPE foi projetada para receber lajes moldadas in
loco. Por determinação da CNO, no Projeto Executivo, a laje de concreto foi alterada para steel deck,
demandando um acréscimo de vigamento secundário"

Ainda, no memorial descritivo da SEI, em vários trechos, a empresa contratada para validar os
aumentos dos quantitativos (provenientes do projeto detalhado feito pela Genpro sob supervisão da
CNO) demonstra não concordar com os valores apresentados ou não encontrou justificativas
suficientes para os aumentos propostos (ver abaixo excertos extraídos do memorial - Evidência 58 e o
item 3.1).

"Não foi possível identificar o motivo do aumento na espessura das lajes uma vez que as cargas usadas
nos projetos FEED e detalhado foram similares" (Item 3.3.4 do memorial)
"Entendemos não ser apropriado, pelo menos para o Poy SUAPE, o acréscimo de 10% para as ligações
- que está acrescido na Planilha de Tendências da CNO - à todas estruturas de forma genérica" (Item
4.1.6 do memorial)
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 39
Relatório ainda sem despacho do relator

Diante desses exemplos e dos apresentados no histórico inicial, a suposição de que o contrato foi
orçado em conjunto, de forma a melhor caracterizar o escopo da contratação, não mais existe. Uma vez
não ter havido o devido compartilhamento de riscos e tarefas, como já apontado no item 3.1, há
indícios de que a predominância da CNO nas definições técnicas e na gestão da elaboração do projeto
básico, com pequena participação da Citepe, propiciou a aditivação posterior do contrato a favor da
construtora.
Também vale ressaltar que a alegada expertise e o pré-conhecimento do empreendimento pela CNO,
motivos da sua contratação direta, não se demonstraram úteis quando da orientação da SEI na
elaboração do projeto básico e do Feed. Assim, não se cumpriu a premissa da inexigibilidade
licitatória, tampouco do contrato aliança, no qual os parceiros devem definir conjuntamente, com o
máximo de confiança possível, o objeto da contratação a fim de se orçar fidedignamente o preço meta.
Portanto, conclui-se que a Citepe contratou sem a presença de projeto básico completo, o que impediu
a elaboração adequada do orçamento para o empreendimento, em descumprimento ao item 1.3 do
Decreto 2.745/98. Além disso, a predominância da CNO na orientação do projeto básico coloca em
dúvida os incrementos posteriores de quantitativos, uma vez a contratada se beneficiar diretamente do
aumento de custos do empreendimento.
Propõe-se então, realizar-se a oitiva da Citepe e da CNO para que se manifestem, se assim desejarem,
acerca da contratação baseada em projeto básico deficiente e incompleto que, no escopo deste
contrato, deveria ser de responsabilidade compartilhada entre contratante e contratada.
3.3.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(IG-C) - Contrato 14/2010-Citepe, 1/9/2010, Realização das obras de implementação do projeto da
Citepe para produção de POY e PET, Construtora Norberto Odebrecht S.A.

3.3.4 - Causas da ocorrência do achado:


Negligência e ineficiência da Citepe no acompanhamento do projeto básico. Influência da contratada
na elaboração do projeto básico. Contratação prematura sendo sabida a incipiência do projeto básico.
3.3.5 - Efeitos/Conseqüências do achado:
Alteração no valor final da obra superior ao permitido pelo Decreto 2.745/98. (efeito real) - A
contratação com base em projeto básico deficiente propiciou a aditivação do contrato em quase 100%,
tendo em vista que se constatou que grande parte do escopo final do empreendimento não estava
previsto inicialmente.
3.3.6 - Critérios:
Acórdão 2544/2011, Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 184/2012, Tribunal de Contas da União, Plenário
Acórdão 1094/2012, Tribunal de Contas da União, 2ª Câmara
Decreto 2745/1998, art. 1º, item 1.3; art. 1º, item 7.2
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 40
Relatório ainda sem despacho do relator

Lei 12465/2011, art. 125, § 6º, inciso III


3.3.7 - Evidências:
Contrato 14/2010 Citepe.
MD-000-000-940-SEI-002.
Planilha de quantitativos finais de projeto.
Relatório da Comissão de Negociação da Citepe.
Resumo da estimativa final da EPB para o empreendimento PET/POY + utilidades.
93D - OfícioRespostaTCU_11 2012_21mai12 - Questionário nº 01 respondido pela diretoria da
Citepe.
3.3.8 - Conclusão da equipe:
O projeto básico era insuficiente para a elaboração do orçamento base para o Contrato 14/2010 e,
durante a fase de detalhamento, sob liderança da CNO, várias alterações foram feitas de forma a
aumentar significativamente os quantitativos de projeto e, por conseguinte, os itens decorrentes deles,
como quantidade de mão de obra.
Há clara assimetria de informações e interesses entre a CNO e a Citepe. Enquanto que, pelo
mecanismo do contrato aliança e sua cláusula de ajuste do preço meta em função dos quantitativos, a
CNO tem interesse no aumento dos quantitativos por ganhar TAC e RG sobre os custos reais
incorridos no projeto, a Citepe tem interesse em minimizar os custos do seu empreendimento. Ocorre
que, desde o projeto básico e durante a maior parte do projeto detalhado, a gestão foi da CNO, sendo
dela as diretrizes de projeto, desde o básico.
O memorial descritivo da SEI, que foi solicitado para validar os novos quantitativos apresentados pela
CNO, relata vários fatos que vêm reforçar a ideia de negligência da Citepe na fiscalização da
elaboração do projeto básico, além de evidenciar a participação predominante da CNO, mesmo antes
de ter assinado o contrato preliminar de aliança, na elaboração deste projeto. Assim, o Contrato
14/2010 foi prematuramente formalizado, pois, tinha-se ciência de que vários itens careciam de
detalhamento e outros, indispensáveis, não estariam contemplados, naquele momento, no projeto
utilizado para se estabelecer o preço meta.
As variações de quantidades apresentadas, as áreas não contempladas, o encerramento prematuro do
projeto e o novo valor do preço meta que se pretende são evidências de que o projeto básico da
contratação era deficiente e incompleto, por não cumprir o disposto no item 1.3 do Decreto 2.745/98.
Propõe-se, então, realizar-se a oitiva da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco - Citepe e da
Construtora Norberto Odebrecht - CNO, com fundamento no art. 5º, inciso LV, da Constituição
Federal e na Súmula Vinculante nº 3 do STF, para que se manifestem, se assim desejarem, acerca da
contratação baseada em projeto básico deficiente e incompleto que, no escopo deste contrato, deveria
ser de responsabilidade compartilhada entre a contratante e a contratada.

4 - ACHADOS DE OUTRAS FISCALIZAÇÕES


TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 41
Relatório ainda sem despacho do relator

4.1 - Achados pendentes de solução


4.1.1 - (IG-C) Adoção de regime de execução contratual inadequado ou antieconômico. (TC
014.754/2011-8)
Objeto: Contrato 14/2010-Citepe, 1/9/2010, Realização das obras de implementação do projeto da
Citepe para produção de POY e PET, Construtora Norberto Odebrecht S.A.

Este achado está sendo tratado no processo 014.754/2011-8.

5 - CONCLUSÃO
Em se confirmando o aditivo que está em fase de aprovação, o contrato vai dobrar de preço e a
conclusão da obra ocorrerá 29 meses depois do previsto.
A Citepe terá prejuízo com essas alterações, tanto pelo aumento de custo como pela postergação da
receita.
A CNO lucrará em dobro, pois seu lucro é proporcional ao custo da obra.
De certo modo, pode-se dizer que a CNO tem culpa no grande aumento do valor do contrato, pois foi
sob sua orientação que a SEI elaborou a lista de serviços e materiais (FEED) que embasou a primeira
estimativa.
A Citepe falhou ao determinar a paralisação do serviço de elaboração do projeto básico e por celebrar
contrato com projeto básico incompleto (item 3.3).
A Citepe também falhou no acompanhamento do custo da obra, pois demorou para perceber a
extrapolação dos custos, por não acompanhar os índices de produtividade e os indicadores de
desempenho, e por aceitar aumentos injustificados de quantitativos de insumos e serviços (item 3.1).
Também se pode dizer que há indícios de irregularidade no cálculo do novo valor do contrato (item
3.2), e que o valor negociado não reflete com fidedignidade os custos da obra, em virtude de: ausência
de análise detalhada das composições de custo por parte dos parceiros; inclusão indevida de verbas
indenizatórias no preço meta; inserção em duplicidade de grupo de verba; e inserção indevida de
materiais para utilização fora do escopo do contrato.
Desse modo, cumpre propor oitiva da Citepe e da CNO para que se manifestem acerca das
irregularidades apontadas neste relatório.
Ademais, deve-se determinar à Citepe que encaminhe a este Tribunal eventuais termos aditivos que
venham a ser pactuados no âmbito do Contrato 14/2010 que alterem o preço e/ou o prazo meta, no
prazo máximo de 30 dias após sua assinatura, acompanhados das justificativas cabíveis, do orçamento
do novo preço meta, contendo a memória justificativa do custo detalhada, os índices de produtividade
adotados, os preços e referências dos insumos e todas as memórias de cálculo utilizadas com suas
fórmulas explícitas.
Entre os benefícios estimados desta fiscalização pode-se mencionar a possibilidade de redução do
preço meta, sendo o total dos benefícios quantificáveis desta auditoria de R$ 192.899.758,06. Esse
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 42
Relatório ainda sem despacho do relator

montante foi obtido pelo somatório dos seguintes itens, que devem ser excluídos do preço meta:
quadrantes 3 e 4 da texturização: R$ 76.000.000,00; chuvas e greves pagas: R$ 15.375.750,81;
estimativa de chuvas e greves: R$ 50.000.000,00; e Bulk Material: R$ 51.524.007,25. Esses valores
foram obtidos levando-se em consideração a bonificação que poderia incidir sobre os itens.

6 - PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
Proposta da equipe
Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo:
Determinação:
6.1 Determinar à Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco - Citepe que encaminhe a este Tribunal
eventuais termos aditivos que venham a ser pactuados no âmbito do Contrato 14/2010 que alterem o
preço e/ou o prazo meta, no prazo máximo de 30 dias após sua assinatura, acompanhados das
justificativas cabíveis, do orçamento do novo preço meta, contendo a memória justificativa de custos
detalhada, os índices de produtividade adotados, os preços e referências dos insumos e todas as
memórias de cálculo utilizadas com suas fórmulas explícitas;
Oitivas:
6.2 Promover a oitiva da Companhia Integrada Têxtil de Pernambuco - Citepe, com fundamento no
art. 5º inciso LV, da Constituição Federal, na Súmula Vinculante nº 3 do STF, e no art. 250, inciso V,
do Regimento Interno do TCU, para que se manifeste, se assim desejar, acerca dos indícios de
aumento indevido no preço e no prazo meta, caracterizado pelas irregularidades abaixo apontadas:
6.2.1 negociação sem comprovação de que os custos apresentados refletiam a realidade da contratação,
apesar de se tratar de contrato aliança, com orçamento "open book" (item 3.2.2.1);
6.2.2 não comprovação de ausência de culpa da contratada nos incrementos quantitativos em
decorrência de baixa produtividade;
6.2.3 não acompanhamento dos índices de produtividade e dos indicadores de desempenho, como
estabelecido no anexo 10 do contrato;
6.2.4 não confirmação da real necessidade dos aumentos de quantitativos (item 3.3.2.3);
6.2.5 inclusão indevida de verbas no preço meta negociado no valor total de R$ 309.799.516,11 (item
3.2.2);
6.2.6 formalização do contrato de aliança 14/2010 com projeto básico deficiente e incompleto;
6.2.7 previsão de alteração do prazo meta sem a demonstração de isenção de culpa do contratado por
baixa produtividade.
6.3 Promover a oitiva da Construtora Norberto Odebrecht - CNO, com fundamento no art. 5º inciso
LV, da Constituição Federal, na Súmula Vinculante nº 3 do STF, e no art. 250, inciso V, do Regimento
Interno do TCU, para que se manifeste, se assim desejar, acerca dos indícios de aumento indevido no
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 43
Relatório ainda sem despacho do relator

preço e no prazo meta, respaldado em projeto básico notadamente insuficiente, e que teve influência da
contratada na sua elaboração.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 44
Relatório ainda sem despacho do relator

7 - ANEXO
7.1 - Dados cadastrais
Obra bloqueada na LOA deste ano: Não

7.1.1 - Projeto básico


Informações gerais

Projeto(s) Básico(s) abrange(m) toda obra? Não


Foram observadas divergências significativas entre o projeto básico/executivo e a Sim
construção, gerando prejuízo técnico ou financeiro ao empreendimento?
Exige licença ambiental? Sim
Possui licença ambiental? Sim
Está sujeita ao EIA(Estudo de Impacto Ambiental)? Sim
As medidas mitigadoras estabelecidas pelo EIA estão sendo implementadas Sim
tempestivamente?
A obra está legalmente obrigada a cumprir requisitos de acessibilidade? Não

Observações:
7.1.2 - Execução física e financeira
Execução física

Data da vistoria: 7/5/2012 Percentual executado: 54


Data do início da obra: 1/9/2010 Data prevista para conclusão: 31/12/2013
Situação na data da vistoria: Em andamento.
Descrição da execução realizada até a data da vistoria:

Observações:
Sem Observações

Execução financeira/orçamentária

Primeira dotação: 01/2010


Valor estimado para conclusão: R$ 1.628.640.000,00
Valor estimado global da obra: R$ 3.600.000.000,00
Data base estimativa: 27/3/2012
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 45
Relatório ainda sem despacho do relator

Desembolso
Funcional programática: 22.662.2055.125U.0026/2012 - Implantação de Complexo de Poliéster e
Resina PET, em Ipojuca (PE) - No Estado de Pernambuco

Origem Ano Valor orçado Valor liquidado Créditos Moeda


autorizados
União 2012 948.011.000,00 10.293.793,00 948.011.000,00 Real

Funcional programática: 22.662.0285.125U.0026/2011 - Implantação de Complexo de Poliéster e


Resina PET, em Ipojuca (PE).

Origem Ano Valor orçado Valor liquidado Créditos Moeda


autorizados
União 2011 1.236.999.000,00 386.480,04 1.236.999.000,00 Real
União 2010 825.127.000,00 438.612,60 825.127.000,00 Real

Observações:
Sem Observações

7.1.3 - Contratos principais

Nº contrato: 14/2010-Citepe
Objeto do contrato: Realização das obras de implementação do projeto da Citepe para produção de
POY e PET
Data da assinatura: 1/9/2010 Mod. licitação: inexigibilidade de licitação
SIASG: -- Código interno do SIASG:
CNPJ contratada: 15.102.288/0022-07 Razão social: Construtora Norberto Odebrecht S.A.
CNPJ contratante: 33.795.055/0001-94 Razão social: Petrobras Química S.A. - MME
Situação inicial Situação atual
Vigência: 1/9/2010 a 13/10/2011 Vigência: 1/9/2010 a 30/5/2012
Valor: R$ 1.799.000.000,00 Valor: R$ 2.386.049.915,67
Data-base: 1/3/2010 Data-base: 1/3/2010
Volume do serviço: Volume do serviço:
Custo unitário: Custo unitário:
BDI: BDI:
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 46
Relatório ainda sem despacho do relator

Nº/Data aditivo atual: 3 20/12/2011


Situação do contrato: Em andamento.

Alterações do objeto:

Observações:

7.1.4 - Histórico de fiscalizações

A classe da irregularidade listada é referente àquela vigente em 30 de novembro do ano da


fiscalização.

2009 2010 2011


Obra já fiscalizada pelo TCU (no âmbito do Não Não Sim
Fiscobras)?
Foram observados indícios de irregularidades graves? Não Não IG-C
Processos correlatos (inclusive de interesse) 14754/2011-8, 9967/2012-5

7.2 - Deliberações do TCU


Processo de interesse (Deliberações até a data de início da auditoria)
Processo: 014.754/2011-8 Deliberação: Despacho do Min. Weder de Oliveira Data: 8/3/2012

Processo de interesse (Deliberações após a data de início da auditoria)


Não há deliberação até a emissão desse relatório.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 47
Relatório ainda sem despacho do relator

7.3 - Anexo Fotográfico

equipamentos
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 48
Relatório ainda sem despacho do relator

estrutura metálica

texturização
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 49
Relatório ainda sem despacho do relator

laje aveolar
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO 50
Relatório ainda sem despacho do relator

pipe shop

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