Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
15 de outubro de 2021
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Unidade Auditada: Serviço Florestal Brasileiro - SFB
Município/UF: Brasília/Distrito Federal
Relatório de Avaliação: 903328
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Avaliação
A Auditoria de Recursos Externos tem por objetivo fomentar a boa governança
pública, aumentar a transparência, provocar melhorias na execução de projetos
financiados por recursos internacionais, visando a regular aplicação dos recursos
e o atingimento dos objetivos e metas pactuados com os organismos
internacionais.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O objetivo principal do trabalho foi a avaliação da
8. Demonstrações Financeiras 19
RECOMENDAÇÕES 21
CONCLUSÃO 22
ANEXOS 23
7
ESCOPO DOS TRABALHOS
Os critérios de seleção e a representatividade das amostras de gastos que foram aplicados
pela equipe estão a seguir indicados:
I - Gastos com fonte Banco Mundial – BIRD: R$ 17.637.352,18.
Amostra de Gastos: R$ 4.491.522,04. Percentual 25,47%.
Técnica de Auditoria: Testes substantivos nos processos de gastos realizados.
a) Aquisição de bens, obras e serviços: foram analisados cinco processos, que
representaram 80% do total de pagamentos para a aquisição de bens e serviços no
exercício auditado.
b) Contratação de serviços de consultoria: foram analisados três processos, que
representaram 67% do total de pagamentos para a contratação de serviços de
consultoria no exercício auditado.
c) Gerenciamento de bens patrimoniais: análise do gerenciamento de bens realizada a
partir de informações e imagens apresentadas pelo Projeto. Neste exercício, não foi
realizada inspeção física em decorrência do Covid-19.
d) Diárias e passagens: não foram identificados pagamentos com diárias e passagens no
exercício auditado.
e) Repasse para acordo de cooperação: foi identificado o repasse de recursos para o
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – INCA, no montante de R$
12.066.276,37, em 21/12/2020, o que representa 68% do total de gastos do Projeto,
no exercício auditado. Como os recursos foram repassados ao final do exercício de
2020, com execução da cooperação a ser feita no exercício de 2021, estes valores não
fizeram parte do escopo desta auditoria.
f) Gerenciamento de recursos descentralizados: não foi identificada descentralização de
recursos feita pelo Projeto no exercício auditado.
II – Gastos com fonte Contrapartida: R$ R$ 12.830.788,86 (2020) e mais ajuste de
exercícios anteriores no montante de R$ 14.586.109,84. Total: R$ 27.416.898,70.
Amostra de Gastos: R$ 15.131.082,50. Percentual 55%.
Técnica de Auditoria: Testes substantivos no processo de gasto.
a) Aquisição de bens e serviços em exercícios anteriores: foram analisados dois
processos, que representaram 25,97% do total de pagamentos de ajuste de exercícios
anteriores.
b) Aquisição de bens e serviços no exercício de 2020: foi analisado um processo, que
representou 88,40% do total de pagamentos para a aquisição de bens e serviços no
exercício auditado .
Foi dado conhecimento formal dos resultados do presente trabalho de auditoria à direção do
Projeto, cuja manifestação foi incorporada ao presente Relatório.
8
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Avaliação de Resultados: Melhorias na execução física e financeira
do Projeto no ano de 2020, quando comparado com anos anteriores.
O Acordo FIP-CAR foi assinado em 22 de maio de 2017 para vigorar até 28 de fevereiro de
2020. Os recursos para sua execução totalizavam US$ 49,980,000.00, sendo US$
32,480,000.00 disponibilizados pelo BIRD, e os US$ 17,500,000.00 restantes como
Contrapartida do Governo Brasileiro. Em 25 de setembro de 2019, o Acordo foi alterado com
a redução de US$ 8,000,000.00 nos recursos disponibilizados pelo BIRD passando a ser de US$
24,480,000.00, com novo prazo de vigência prorrogado para até 31 de dezembro de 2021.
Segundo constam de informações do Relatório de Avaliação CGU nº 817078 – Exercício de
2019, o Projeto FIP CAR apresentou baixa execução física e financeira desde o ano de 2017
em decorrência de ajustes e de contingenciamentos orçamentários, com as dotações
orçamentárias no ano de 2017, de R$ 3 milhões, no ano 2018, de R$ 5 milhões, no ano de
2019, de R$ 4 milhões.
No exercício de 2020, ocorreu uma melhoria significativa na dotação orçamentária para o
Projeto, alcançando ao final do ano, o montante de R$ 22,808 milhões, em decorrência do
apoio do MAPA aos acordos firmados pelo Projeto junto ao Banco Mundial, com o intuito de
confirmar os esforços para a ampliação do orçamento para o Projeto.
Destaca-se que a proposta para a LOA-2020 era de R$ 25 milhões, contudo foi aprovado
somente R$ 5 milhões. Mas após diversas tratativas realizadas pelo Projeto com o apoio do
MAPA, foi acrescentada mais R$ 11,611 milhões de Sub-Repasse Recebido, em dezembro de
2020, somadas aos cerca de R$ 6,197 milhões de Restos a Pagar, totalizou um orçamento final
de R$ 22,808 milhões.
Em relação ao Sub-Repasse Recebido (R$ 11,611 milhões), o Projeto informou que “(...) É
imperioso frisar que a ampliação do orçamento permitiu a celebração de Projeto de
Cooperação Técnica junto ao IICA, o que amplia significativamente a capacidade operacional
do SFB para a implementação do Projeto em 2021”.
Assim, observa-se melhoria significativa na execução orçamentária e financeira no exercício
de 2020, quando comparado com os anos anteriores, embora ao se comparar com os totais
previstos para o Acordo de Empréstimo, considerando o final de vigência firmada em
31/12/2021, verifica-se que se continuar com este ritmo de execução orçamentária e
financeira, os valores previstos não serão executados, conforme se observa na tabela 1 a
seguir:
Tabela – Execução Orçamentaria do Projeto – Fonte BIRD Moeda: reais.
Ano Percentual
Totais Totais
Componentes de
2018 2019 2020 Executados Previstos
Execução
1 - Fortalecer a 2.079.450,00 175.800,00 0,00 2.255.250,00 37.500.000,00 6,01%
capacidade dos
Estados para o
CAR.
9
2 - Registros de 0,00 432.597,60 5.571.075,81 6.003.673,41 78.750.000,00 7,62%
propriedades
rurais nos
municípios
selecionados.
3 - 0,00 40.950,00 0,00 40.950,00 6.150.000,00 0,66%
Gerenciamento,
monitoramento
e avaliação do
Projeto.
Por outro lado, quando se verifica esta melhoria na execução do Projeto no ano de 2020,
constata-se, que mesmo com avanços na execução do Projeto em anos anteriores, a execução
do Projeto continuou baixa, considerando-se o previsto no POA-2020, como se observa na
tabela 2 abaixo:
Tabela – Execução Orçamentaria do Acordo de Empréstimo. Moeda: reais.
Componentes POA-2020 Execução do Percentual
Projeto - de Execução
2020
1 - Fortalecer a capacidade dos Estados para o CAR. 4.100.928,00 0,00 0%
2 - Registros de propriedades rurais nos municípios 16.092.122,96 5.571.075,81 34,62%
selecionados.
3 - Gerenciamento, monitoramento e avaliação do 65.000,00 0,00 0%
Projeto.
Totais 20.258.050,96 5.571.075,81 27,50%
Fonte: Dados do POA-2020, versão aprovada pelo Banco Mundial, em 20/02/2020, e IFR 1 A & 1 B - 2020.
Para a melhor clareza deste contexto, verifica-se que na Proposta de LOA-2020 para o Projeto
estava previsto R$ 25,000 milhões, mas deste montante somente foi aprovado R$ 5,000
milhões, o que somado aos cerca de R$ 6,197 milhões de Restos a Pagar, a dotação
orçamentária chegaria a R$ 11,197 milhões, bem abaixo dos R$ 20 milhões planejados para
execução das atividades no POA-2020.
Quando avaliamos a execução do Projeto (R$ 5,571 milhões) considerando o orçamento
disponível na maior parte do exercício auditado (R$ 11,197), verificamos que ocorreu uma
melhor execução, alcançando o percentual de 49,75% da dotação orçamentária aprovada e
liberada. A situação foi apresentada ao Banco Mundial que na Missão de Avaliação Financeira,
de 25 de novembro de 2020, concluiu que “O processo orçamentário está funcionando bem,
apesar da baixa disponibilidade e, consequentemente, execução orçamentária”.
Ressalta-se que somente em dezembro de 2020 é que a dotação do Projeto foi ampliada, com
o Sub-Repasse de R$ R$ 11,611 milhões, o que possibilitou o pagamento de adiantamento ao
Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura – IICA, no montante de R$ 12,066
milhões, em 21 de dezembro de 2020, em decorrência da assinatura do Projeto de
Cooperação Internacional – PCT BRA/IICA/20/002, em 4 de dezembro de 2020.
10
Quanto à baixa execução das metas orçamentárias e financeiras previstas, o Projeto informou
que:
Por fim, cumpre salientar que a execução financeira foi de aproximadamente R$
5,571 milhões, o que representa cerca de 67% do valor executado até o momento.
Salienta-se o impacto negativo da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) na
execução de cerca de R$ 3 milhões, relativos à realização de inscrições no CAR de até
50.000 famílias de territórios de Povos e Comunidades Tradicionais, localizados nos
Estados da Bahia, de Goiás, do Maranhão, de Minas Gerais e do Piauí (apenas planos
de trabalho concluídos em 2020).
12
“CONTRAPARTIDA”, as quais trazem o escopo dos gastos contabilizados. (...). Diante
deste pedido de esclarecimento, a fim de facilitar ainda mais o entendimento,
elaboramos tabela com as informações dos beneficiários, números dos contratos e
vinculação com a aba “CONTRAPARTIDA” (Anexo 1 desta Nota Técnica), além de
separar os comprovantes dos pagamentos (Anexo 2 desta Nota Técnica).
Além disso, solicitou-se ao Projeto que confirmasse todas essas despesas e disponibilizasse a
auditoria tabela com informações sobre os fornecedores, os números de contratos e os
comprovantes dos pagamentos do montante de R$ 41 milhões dos valores apresentados
como Contrapartida no IFR 1 A & 1 B – 4º trimestre de 2020.
Assim, tendo em vista a informação de que os valores apresentados como Contrapartida serão
reduzidos a R$ 27,41 milhões, montante já descrito e comprovado a esta auditoria, o que
seriam suficientes como Contrapartida pelo Projeto e considerando as negociações para os
cancelamentos dos recursos do Empréstimo ainda não formalizadas, conforme as
informações acima apresentadas pelo Projeto, conclui-se que a recomendação foi
parcialmente atendida, porque não foram discriminadas todas as despesas informadas como
Contrapartida (R$ 41 milhões), mas como talvez esse montante seja reduzido com o provável
cancelamento parcial do valor financiado, a recomendação permanece em monitoramento
por parte da CGU.
Por outro lado, visando facilitar a demonstração dos valores apresentados como
Contrapartida nas IFRs e anexos, essa recomendação será redefinida, para propiciar contínuo
13
o aprimoramento dos controles internos do Projeto, quanto à apresentação das prestações
de contas e Informações Financeiras (IFRs).
Indagado formalmente, o Projeto informou que "A COAL abriu chamado junto à STN para a
realização dos ajustes nos registros do SIADS, uma vez que estes trazem o valor de 2 unidades
em um único registro".
Com isso, considera-se necessário a regularização dos registros dos tombamentos de nºs
1000032446 e 1000032447 no SIADS feitos de forma inadequada.
Nesse ponto, cabe esclarecer a função que o software de SIG tem no projeto da
análise dinamizada do CAR: fornecer um ambiente de processamento de análises
espaciais de grande volume de dados, simultaneamente, necessário para que os
estados da federação possam processar as análises dos cadastros nos servidores do
SFB, integrados à plataforma do SICAR, a qual é desenvolvida/mantida pela
Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC). Conforme
apresentado no Documento de Oficialização da Demanda (DOD) da contratação em
comento, a FUNDECC apoiou o SFB na definição dos requisitos necessários à solução
de SIG que deveria ser acoplada ao módulo de análise dinamizada. Os requisitos
adotados foram elencados após análise técnica avançada e específica para o objetivo
da análise dinamizada, considerando a plataforma existente do SICAR e sua
comunicação com outros sistemas.
15
Apesar de o Projeto deixar claro em sua resposta que as demais soluções não atenderiam à
demanda por questões de desempenho em relação à escala necessária para viabilizar a
chamada “Análise Dinamizada do CAR”, ao deixar transparente no DOD quais ferramentas
foram testadas objetivando especificar os requisitos técnicos da solução almejada, para não
correr o risco de ser ventilada hipótese de direcionamento, esperava-se que a área
requisitante explicitasse que foram testados não somente o ArcGIS mas também outras
soluções disponíveis no mercado.
Apesar de o SFB não ter adotado a rigor o mecanismo de prova de conceito (PoC) mencionado
pela Egrégia Corte de Contas, conforme registrado no DOD de maneira explícita, a área
requisitante adotou as funcionalidades, características e desempenho do ArcGIS como
parâmetros para elaboração dos requisitos técnicos. Contudo, ao fazê-lo, não se cercou de
medidas, a exemplo das citadas nos acórdãos anteriores, que mitigassem o risco de
direcionamento do certame ou que buscassem garantir a devida isonomia e impessoalidade
na seleção da solução tecnológica que melhor atenderia às necessidades do órgão.
Então, solicitou-se ao Projeto justificativas do porquê não terem sido consideradas na análise
comparativa de soluções (item 3.2 do ETP), as seguintes opções:
a) A própria solução da Autodesk, considerando que os critérios aplicados nessa análise
eram mais objetivos do que os utilizados para eliminá-la de maneira prematura.
b) Outras opções disponíveis no mercado, tais como o VisionGis, o Idrisis, o Spring, etc.,
este último desenvolvido pelo INPE (http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/).
16
Em resposta, o Projeto mediante a NOTA TÉCNICA Nº 10/2021/CAPR/CGCAR/DRA/SFB, de
17/09/2021, esclareceu que:
Ademais, foram considerados ainda o fato do SFB já possuir licenças do ARCGis, bem
como a verificação de que o ARCGis era utilizado por diversos outros órgãos para
finalidades compatíveis com as da contratação pretendida.
17
Com efeito, ao adotar tal opinião como fundamento para descartar de pronto o AutoCad Map
3D, a equipe do SFB ignorou o fato de que lacunas de desempenho ou de processamento
podem ter sido corrigidas em versões mais recentes do software, ou ainda, a possibilidade de
que tais melhorias tenham sido providenciadas já no ano de 2009, quando o fabricante decidiu
oferecer suporte a SIG. O mesmo pode ser dito a respeito da referência utilizada na literatura
científica, datada do ano de 1983. Nessas condições, seria razoável incluir a solução em
questão em uma análise mais aprofundada e transparente, e não superficial.
Apesar de terem sido aplicados critérios objetivos no quadro do item 3.2 do ETP (Análise
Comparativa de Soluções), a equipe de auditoria reforça que, além do QGIS+Geoserver e
ArcGIS, outras soluções poderiam ter sido submetidas ao mesmo escrutínio, visando tornar o
processo de seleção mais amplo, mais objetivamente mensurável e adequadamente
evidenciado.
Como exemplo, citam-se o próprio AutoCad Map 3D (descartado a partir de opinião exarada
em um fórum especializado, conforme já discutido aqui), as tecnologias citadas na resposta
da Unidade (GeoTools, GeoServer, Anaconda e funções de banco de dados do PostGis etc.),
além de outras soluções existentes no mercado identificadas pela própria equipe de auditoria
(VisionGis, o Idrisis, o Spring etc.). Inclusive, esses dois últimos grupos citados sequer foram
mencionados no ETP.
Apesar de fazer sentido, não há transparência nos estudos técnicos de que essa análise prévia,
que resultou na eliminação dessas alternativas tecnológicas, foi feita com a mesma
objetividade e cautela, e de forma verificável e criteriosa, tal qual foi conduzida a análise
comparativa pormenorizada que resultou na eliminação do QGIS+Geoserver e na escolha do
ArcGIS (item 3.2 do ETP).
E ainda, é arriscado utilizar a posse do SFB de licenças do ArcGIS desatualizadas desde 2015
para apoiar a decisão de “eleger o ArcGIS como uma das opções a serem estudadas e
comparadas com as opções baseadas em código aberto, em contraposição à solução da
Autodesk” (Fonte: ETP), posicionamento reforçado na resposta da Unidade. Primeiro, porque
não há impedimento para que duas ou mais soluções proprietárias possam ter seu
desempenho comparado às soluções de código aberto. Segundo, porque a informação prévia
18
sobre a posse de licenças do ArcGIS, embora pertinente para a análise comparativa de custos,
não impediria que a solução da Autodesk, ou qualquer outra, fosse avaliada de forma
criteriosa do ponto de vista técnico e funcional, nos termos do inc. II do Art. 11 da IN SGD/ME
nº 01/2019.
De fato, facilita o intercâmbio de dados se outros órgãos utilizam uma mesma solução
tecnológica (no caso do ArcGIS, a ANEEL, EPL, MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA e ANA –
conforme item 7.2 do ETP). Entretanto, seguindo o mesmo raciocínio do parágrafo anterior,
também é arriscado utilizar essa informação para apoiar a contraposição da solução da
Autodesk, não submetendo-a à análise comparativa de soluções constante do item 3.2 do ETP.
Ora, o intercâmbio de dados já está coberto nas necessidades tecnológicas 1, 2, 6, 7 e 9
(quadro do item 1 do ETP) e no critério “Compatibilidade>Coexistência e interoperabilidade”
do quadro do item 3.2 do ETP, ou seja, caso o Autocad Map 3D não atendesse aos critérios de
interoperabilidade e compatibilidade poderia ser eliminado da mesma forma, porém de
maneira mais verificável e transparente, e não superficial tal qual ocorreu.
Assim, após análise dos processos de aquisição e pagamento, verifica-se que os mesmos
atenderam aos requisitos formais do Acordo de Empréstimo, do Banco e da Legislação
Nacional. Exceto, pelas impropriedades detectadas na etapa de planejamento para a
Contratação Direta da empresa Imagem, Geosistemas e Comércio Ltda., detalhada
especificamente neste item, onde se detectou que a Etapa de Planejamento para a
contratação da empresa Imagem foi feita sem uma ampliação do escopo da análise
comparativa de preços e descarte de outras soluções disponíveis no mercado, podendo
corroborar com o descumprimento aos princípios da isonomia e impessoalidade inerentes às
contratações públicas.
Quanto aos controles contábeis, é possível o rastreamento dos valores no Siafi para os
montantes oriundos da fonte externa KfW, movimentados pela Conta Designada daquele
Projeto, já que tal movimentação também se faz com fonte carimbada da Doação KfW.
Verifica-se que tanto as movimentações da Conta Especial, quanto da Conta Operativa estão
conciliadas com a documentação de despesa e com os extratos das contas e saldos disponíveis
ao final de 2020, no que tange a fonte externa do BIRD.
Quanto às fontes de recursos BIRD (fonte externa) e Contrapartida (KfW CAR), os registros das
IFRs guardam conciliação com o Siafi. Quanto às demais fontes apropriadas como
Contrapartida, foi possível realizar a conciliação com o Siafi, do montante de R$ 27,41 milhões,
ficando pendente de análise o total de R$ 14,07 milhões, caso a redução parcial do Projeto
não seja formalizada.
Cabe mencionar que as Notas Explicativas não apresentam o regime contábil para elaboração
das demonstrações financeiras e os detalhes analíticos para os registros efetuados a título de
contrapartida permanecem pendentes de análises, considerando as medidas ou ajustes nos
IFRs a serem realizados quando da formalização ou não da redução parcial dos valores do
Acordo de Empréstimo.
20
RECOMENDAÇÕES
1 – Incluir na coluna “Descrição”, da tabela “Anexo 1 – Detalhamento da Contrapartida”, das
notas informativas anexadas às Informações Financeiras Trimestrais (IFRs), discriminações dos
contratos, beneficiários e objetos, como meio de dar mais transparência aos gastos
informados e propiciar o aprimoramento dos Controles Internos do Projeto, quanto à
apresentação das prestações de contas e dos IFRs.
Achado n° 3.
2 – Acompanhar o chamado feito junto à STN para a regularização dos registros dos
tombamentos de nºs 1000032446 e 1000032447 no SIADS feitos de forma inadequada e
adotar medidas de aprimoramento dos Controles Internos do Projeto, visando
mitigar/eliminar fragilidades semelhantes no gerenciamento de bens patrimoniais.
Achado n° 5.
21
CONCLUSÃO
Em síntese, verifica-se que os gastos realizados pelo Projeto FIP-CAR no exercício de 2020,
objeto da auditoria, apresentaram melhorias na execução física e financeira do Projeto,
quando comparado com as execuções em anos anteriores, apesar das situações geradas pela
pandemia Covid-19 e das limitações orçamentárias financeiras.
Em relação aos controles internos da UGP/SFB, verifica-se que estão parcialmente adequados,
mas permitem planejar, executar e avaliar o Projeto para o cumprimento dos seus objetivos.
Ressalva-se que com a reestruturação do Projeto ao final do ano de 2020, cabe ao Projeto
proceder a formalização da nova UGP/MAPA no exercício de 2021, bem como, cabe continuar
a implementação de melhorias para apresentação das Notas Informativas anexadas às IFRs,
no que tange aos registros decorrentes das Contrapartidas do Projeto.
Verifica-se, também, que Projeto tem honrado os compromissos financeiros inerentes aos
juros nos valores e prazos determinados no Acordo de Empréstimo.
Há um adequado gerenciamento sobre os bens patrimoniais adquiridos com recursos da
operação de empréstimo. Exceto, por fragilidades detectadas no gerenciamento dos bens no
SIADS.
No que se refere às despesas incorridas pelo Projeto com os recursos do FIP BIRD CAR, verifica-
se que atenderam aos requisitos normativos e formais estabelecidos no Acordo de
Empréstimo, Diretrizes do Banco específicas para aquisições de bens e serviços ou contratação
de consultorias, ou, conforme o caso, à legislação nacional. Exceto, por impropriedades
detectadas na Etapa de Planejamento quando da Contratação Direta da empresa Imagem.
As prestações de Contas dos Pedidos de Desembolso da Conta do Empréstimo ou as
Prestações de Contas dos Recursos Antecipados dessa conta foram apresentadas
corretamente em termos de valores e elegibilidade.
Por fim, constata-se que as demonstrações financeiras quanto aos recursos externos
administrados pelo BIRD estão corretamente apresentadas, mas cabe continuar a
implementação de melhorias para as Notas Informativas no que tange aos registros
decorrentes das Contrapartidas como dito anteriormente. Esta opinião não cobre os registros
efetuados com recursos de Contrapartida no montante de R$ 14,07 milhões, uma vez que os
exames dessas despesas permanecem pendentes dependendo de formalização ou não de
redução parcial do montante do Acordo de Empréstimo.
22
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Por intermédio do Sistema e-AUD, em 14/10/2021, a Diretoria de Regularização Ambiental –
DRA-SFB/MAPA apresentou a seguinte manifestação:
Achado nº 3
Achado nº 5
Achado nº 6
23
RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES SOBRE A
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BÁSICAS
Ao Senhor Diretor-Geral,
Examinamos o Demonstrativo de Fontes e Usos por Categoria de Despesa e Componentes –
IFR 1A e 1B, Conciliação da Conta Designada – IFR 1C, referentes ao 1º, 2º, 3º E 4º trimestres
de 2020 e respectivas Notas Informativas; os Pedidos de Desembolso (SOE) relativos aos
Applications nº 11, 12, 13, 15 e 17; e o cumprimento das cláusulas contratuais de caráter
contábil-financeiro-gerencial do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima – BIRD
nº TF019211 correspondente ao Projeto de Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no
Cerrado- CAR/FIP, executado pelo Serviço Florestal Brasileiro – SFB, financiado com recursos
do Fundo Estratégico do Clima, por intermédio do Banco Internacional para Reconstrução e o
Desenvolvimento - BIRD. As demonstrações foram elaboradas pelo SFB, com base na Seção II-
Monitoramento, Relatórios e Avaliação do Projeto, B – Gestão Financeira: Relatórios
Financeiros: Auditorias, item 3 do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima
TF019211.
24
Opinião sobre o cumprimento das Cláusulas Contratuais
Em nossa opinião, o Serviço Florestal Brasileiro vem adequadamente cumprindo, no que se
refere aos aspectos mais relevantes, as cláusulas e disposições de caráter contábil-financeiro-
gerencial do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima – BIRD nº TF019211, bem
como das principais leis e disposições nacionais aplicáveis.
25
Como parte da auditoria de acordo com as normas de auditoria, nós exercemos julgamento
profissional e mantemos o ceticismo profissional durante toda a auditoria. Nós também:
• Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas demonstrações
financeiras, independentemente se causada por fraude ou erro, planejamos e
executamos procedimentos de auditoria que respondam a esses riscos e obtemos
evidência de auditoria que seja suficiente e apropriada para fornecer uma base para a
opinião do auditor. O risco de não se detectar uma distorção relevante resultante de
fraude é maior que aquele de se detectar uma distorção relevante resultante de erro,
uma vez que a fraude pode envolver conluio, falsificação, omissões intencionais, falsas
declarações ou transgressão dos controles internos.
• Obtemos entendimento dos controles internos relevantes para a auditoria para planejar
procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de
expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da entidade.
• Avaliamos a adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas
contábeis e das respectivas divulgações feitas pela administração.
• Avaliamos a apresentação geral, a estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras,
inclusive as divulgações e se as demonstrações financeiras representam as
correspondentes transações e eventos subjacentes de forma a alcançar a apresentação
adequada.
Nos comunicamos com os responsáveis pela governança sobre, entre outros assuntos, o
escopo planejado, o cronograma e os achados significativos da auditoria, incluindo quaisquer
deficiências significativas no controle interno que identificamos durante a auditoria.
Parágrafo(s) de ênfase(s) e outros assuntos: sem modificar a nossa opinião, chamamos
atenção para o(s) seguinte(s):
Ênfase:
- Base de elaboração e apresentação das demonstrações financeiras: embora as notas
explicativas não descrevam a base de elaboração e apresentação dessas demonstrações
financeiras de 2020, verificamos que elas foram elaboradas pelo regime de caixa, para
auxiliar a administração do Projeto a demonstrar o cumprimento das disposições Acordo
de Empréstimo acima mencionado. Consequentemente, as demonstrações financeiras
podem não servir para outras finalidades.
- Nossa opinião não alcançou a elegibilidade dos gastos financiados em parte da
Contrapartida no montante de R$ 14.075.760,72, tendo em vista que os valores
apresentados podem ou não ser cancelados, após a aprovação da formalização de
redução parcial dos valores financiados pelo Acordo de Empréstimo.
26