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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Acordo de Empréstimo BIRD TF nº 19211 - FIP CAR do Fundo Estratégico do


Clima (Projeto Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no Cerrado)
Exercício 2020

15 de outubro de 2021
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA
Unidade Auditada: Serviço Florestal Brasileiro - SFB
Município/UF: Brasília/Distrito Federal
Relatório de Avaliação: 903328
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
A Auditoria de Recursos Externos tem por objetivo fomentar a boa governança
pública, aumentar a transparência, provocar melhorias na execução de projetos
financiados por recursos internacionais, visando a regular aplicação dos recursos
e o atingimento dos objetivos e metas pactuados com os organismos
internacionais.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O objetivo principal do trabalho foi a avaliação da

REALIZADO execução do Projeto, a fim de verificar: o atingimento


dos resultados previstos; a adequabilidade da estrutura
PELA CGU? de gerenciamento, controles internos e registros
financeiros; a conformidade dos processos de aquisição
em relação às normas e regulamentos nacionais e
Avaliação do Projeto
internacionais aplicáveis; e a adequabilidade das
“Regularização Ambiental de demonstrações financeiras do projeto, tendo em vista
Imóveis Rurais no Cerrado”, as disposições do Suplemento 2, Seção II-B, itens 1, 2 e
que compõe o Plano de 3 do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do
Investimentos do Brasil (Brazil Clima.
Investment PLan – BIP), no
âmbito do Acordo de
Empréstimo BIRD TF nº 19211 QUAIS AS CONCLUSÕES
– FIP CAR do Fundo
Estratégico do Clima, ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
executado sob a AS RECOMENDAÇÕES QUE
responsabilidade do Serviço DEVERÃO SER ADOTADAS?
Florestal Brasileiro – SFB,
durante o exercício de 2020. O resultado do trabalho realizado indica que as
principais cláusulas de caráter contábil, financeiro e
gerencial foram atendidas pelos executores do Projeto;
que as prestações de contas submetidas ao Banco estão
corretamente apresentadas; que as Demonstrações
Financeiras Básicas do Projeto estão corretamente
apresentadas e representam adequadamente a
movimentação financeira e os investimentos realizados
no Projeto; que os controles internos apresentam
estrutura razoável para a implementação das atividades
previstas no Acordo de Empréstimo.
Todavia, constatou-se o atendimento parcial de
recomendação da CGU em relação a apresentação e
comprovação das despesas feitas na fonte
Contrapartida relacionadas nas Notas Informativas dos
IFRs, fragilidades no gerenciamento dos bens alocados
ao Projeto, como também, impropriedades na Etapa de
Planejamento quando da Contratação Direta, por
Inexigibilidade, da empresa Imagem Geosistemas e
Comércio Ltda.
Recomendou-se ao Projeto que:
1 - Incluir na coluna “Descrição”, da tabela “Anexo 1 –
Detalhamento da Contrapartida”, das notas
informativas anexadas às Informações Financeiras
Trimestrais (IFRs), discriminações dos contratos,
beneficiários e objetos, como meio de dar mais
transparência aos gastos informados e propiciar o
aprimoramento dos Controles Internos do Projeto,
quanto à apresentação das prestações de contas e dos
IFRs.
2 - Acompanhar o chamado feito junto à STN para a
regularização dos registros dos tombamentos nºs
1000032446 e 1000032447 no SIADS e adotar medidas
de aprimoramento dos Controles Internos do Projeto,
visando mitigar/eliminar fragilidades semelhantes no
gerenciamento de bens patrimoniais como meio de dar
mais transparência dos gastos inseridos nas
Demonstrações Financeiras.
3 - Em processos futuros de aquisição de softwares: (a)
a qualificação da demanda, ou seja, a identificação dos
requisitos necessários, seja feita a partir de análise de
um conjunto representativo das diversas soluções
disponíveis no mercado; (b) se abstenha de excluir
preliminarmente soluções com base em opiniões
genéricas ou desatualizadas, isto é, sem realizar uma
análise fundamentada do produto em si; (c) que a
Análise Comparativa de Soluções seja realizada de
forma criteriosa e objetiva e contemple também um
conjunto representativo das diversas soluções
disponíveis no mercado, fazendo o devido registro dos
resultados no Estudo Técnico Preliminar.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
Acordo Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima BIRD TF/19211-FIP CAR
APP Área de Preservação Permanente
BIP Brazil Investment Plan
BIRD Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – Banco Mundial
CAR Cadastro Ambiental Rural
CIF Climate Investment Fund – Fundo de Investimento em Clima
CGU Controladoria-Geral da União
FIP Forest Investment Program
GIZ Deutsche Gesellschaft fur Internationale Zusammenarbeit
IFRs Informações Financeiras Trimestrais
MMA Ministério do Meio Ambiente
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MOP Manual Operacional do Projeto
PAAC Plano Anual de Aquisições e Contratações
POA Plano Operativo Anual
PRA Programa de Regulamentação Ambiental
Projeto Projeto de Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no Cerrado – “Forest
Investment Program” - Cadastro Ambiental Rural – FIP-CAR
SEAs Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade
SFB Serviço Florestal Brasileiro
SFC Secretaria Federal de Controle Interno
SIADS Sistema Integrado de Gestão Patrimonial
STN Secretaria do Tesouro Nacional
UGP Unidade de Gestão do Projeto
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7

ESCOPO DOS TRABALHOS 8

RESULTADOS DOS EXAMES 9

1. Avaliação de Resultados: Melhorias na execução física e financeira do Projeto no ano


de 2020, quando comparado com anos anteriores 9

2. Avaliação de Controles Internos: Controles Internos parcialmente adequados para a


implementação das atividades previstas no Acordo de Empréstimo 11

3. Atendimento parcial à recomendação da CGU 12

4. Cumprimento de Cláusulas Contratuais 14

5. Gerenciamento de Bens Patrimoniais: Fragilidade no gerenciamento dos bens


alocados ao Projeto 14

6. Aquisições de Bens, Serviços e Contratações de Consultorias - Impropriedades na


Etapa de Planejamento quando da Contratação Direta, por Inexigibilidade, da empresa
Imagem Geosistemas e Comércio Ltda. 14

7. Comprovações de Gastos junto ao Agente Financeiro 19

8. Demonstrações Financeiras 19

RECOMENDAÇÕES 21

CONCLUSÃO 22

ANEXOS 23

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 23


INTRODUÇÃO
Na auditoria examinou-se a execução dos recursos recebidos no exercício de 2020 a partir do
Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima TF/19211-FIP CAR (Projeto de
Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no Cerrado – Forest Investment Program -
Cadastro Ambiental Rural – FIP-CAR), firmado entre a República Federativa do Brasil,
representada pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA, e o Banco Internacional para
Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, e coordenado pelo Serviço Florestal Brasileiro – SFB.
O Projeto FIP-CAR se caracteriza como de assistência técnica com foco no desenvolvimento
institucional e tem por objetivo geral “Melhorar a capacidade do MMA e de nove SEAs do
Mutuário de receber, analisar e aprovar registros de cadastro ambiental rural e vinculá-los ao
SICAR, e apoiar, nos municípios selecionados, os registros de imóveis no CAR”, composto pelos
componentes: 1. Fortalecer a capacidade dos Estados para o CAR; 2. Registro de propriedades
rurais nos municípios selecionados; e 3. Gerenciamento, monitoramento e avaliação do
Projeto.
Os trabalhos da Controladoria-Geral da União – CGU foram guiados pelas seguintes questões
de auditoria:
1) A execução financeira e física do Projeto tem acompanhado o Planejamento Anual e o prazo
de vigência da operação do Acordo de Empréstimo?
2) A Unidade de Gestão do Projeto possui controles internos mínimos que o permitam
planejar, executar e avaliar o Projeto para o cumprimento dos seus objetivos?
3) O Mutuário tem honrado os compromissos financeiros inerentes a amortização, juros e
comissões nos valores e prazos determinados no Acordo de Empréstimo?
4) Há um adequado gerenciamento sobre os bens patrimoniais adquiridos com recursos da
operação de empréstimo?
5) As despesas incorridas pelo Projeto atenderam aos requisitos normativos e formais
estabelecidos no Acordo de Empréstimo, Diretrizes do Banco específicas para aquisições de
bens e serviços ou contratação de consultorias, ou, conforme o caso, à legislação nacional?
6) As prestações de Contas dos Pedidos de Desembolso da Conta do Empréstimo ou as
Prestações de Contas dos Recursos Antecipados dessa conta estão corretamente
apresentadas em termos de valores e elegibilidade?
7) As demonstrações financeiras (De recursos recebidos desembolsos financeiros por fonte,
de investimentos por componente/ categoria, notas explicativas, conciliações bancárias, e
outras que o Banco possa ter solicitado) estão corretamente apresentadas?

Os trabalhos de auditoria foram realizados no período de 25 de março a 15 de outubro de


2021, por meio de análises e consolidação de informações referentes ao exercício de 2020. As
atividades foram executadas em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao
Serviço Público Federal, compatíveis com as Normas Internacionais de Auditoria – NIA.

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ESCOPO DOS TRABALHOS
Os critérios de seleção e a representatividade das amostras de gastos que foram aplicados
pela equipe estão a seguir indicados:
I - Gastos com fonte Banco Mundial – BIRD: R$ 17.637.352,18.
Amostra de Gastos: R$ 4.491.522,04. Percentual 25,47%.
Técnica de Auditoria: Testes substantivos nos processos de gastos realizados.
a) Aquisição de bens, obras e serviços: foram analisados cinco processos, que
representaram 80% do total de pagamentos para a aquisição de bens e serviços no
exercício auditado.
b) Contratação de serviços de consultoria: foram analisados três processos, que
representaram 67% do total de pagamentos para a contratação de serviços de
consultoria no exercício auditado.
c) Gerenciamento de bens patrimoniais: análise do gerenciamento de bens realizada a
partir de informações e imagens apresentadas pelo Projeto. Neste exercício, não foi
realizada inspeção física em decorrência do Covid-19.
d) Diárias e passagens: não foram identificados pagamentos com diárias e passagens no
exercício auditado.
e) Repasse para acordo de cooperação: foi identificado o repasse de recursos para o
Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – INCA, no montante de R$
12.066.276,37, em 21/12/2020, o que representa 68% do total de gastos do Projeto,
no exercício auditado. Como os recursos foram repassados ao final do exercício de
2020, com execução da cooperação a ser feita no exercício de 2021, estes valores não
fizeram parte do escopo desta auditoria.
f) Gerenciamento de recursos descentralizados: não foi identificada descentralização de
recursos feita pelo Projeto no exercício auditado.
II – Gastos com fonte Contrapartida: R$ R$ 12.830.788,86 (2020) e mais ajuste de
exercícios anteriores no montante de R$ 14.586.109,84. Total: R$ 27.416.898,70.
Amostra de Gastos: R$ 15.131.082,50. Percentual 55%.
Técnica de Auditoria: Testes substantivos no processo de gasto.
a) Aquisição de bens e serviços em exercícios anteriores: foram analisados dois
processos, que representaram 25,97% do total de pagamentos de ajuste de exercícios
anteriores.
b) Aquisição de bens e serviços no exercício de 2020: foi analisado um processo, que
representou 88,40% do total de pagamentos para a aquisição de bens e serviços no
exercício auditado .

Foi dado conhecimento formal dos resultados do presente trabalho de auditoria à direção do
Projeto, cuja manifestação foi incorporada ao presente Relatório.

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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Avaliação de Resultados: Melhorias na execução física e financeira
do Projeto no ano de 2020, quando comparado com anos anteriores.
O Acordo FIP-CAR foi assinado em 22 de maio de 2017 para vigorar até 28 de fevereiro de
2020. Os recursos para sua execução totalizavam US$ 49,980,000.00, sendo US$
32,480,000.00 disponibilizados pelo BIRD, e os US$ 17,500,000.00 restantes como
Contrapartida do Governo Brasileiro. Em 25 de setembro de 2019, o Acordo foi alterado com
a redução de US$ 8,000,000.00 nos recursos disponibilizados pelo BIRD passando a ser de US$
24,480,000.00, com novo prazo de vigência prorrogado para até 31 de dezembro de 2021.
Segundo constam de informações do Relatório de Avaliação CGU nº 817078 – Exercício de
2019, o Projeto FIP CAR apresentou baixa execução física e financeira desde o ano de 2017
em decorrência de ajustes e de contingenciamentos orçamentários, com as dotações
orçamentárias no ano de 2017, de R$ 3 milhões, no ano 2018, de R$ 5 milhões, no ano de
2019, de R$ 4 milhões.
No exercício de 2020, ocorreu uma melhoria significativa na dotação orçamentária para o
Projeto, alcançando ao final do ano, o montante de R$ 22,808 milhões, em decorrência do
apoio do MAPA aos acordos firmados pelo Projeto junto ao Banco Mundial, com o intuito de
confirmar os esforços para a ampliação do orçamento para o Projeto.
Destaca-se que a proposta para a LOA-2020 era de R$ 25 milhões, contudo foi aprovado
somente R$ 5 milhões. Mas após diversas tratativas realizadas pelo Projeto com o apoio do
MAPA, foi acrescentada mais R$ 11,611 milhões de Sub-Repasse Recebido, em dezembro de
2020, somadas aos cerca de R$ 6,197 milhões de Restos a Pagar, totalizou um orçamento final
de R$ 22,808 milhões.
Em relação ao Sub-Repasse Recebido (R$ 11,611 milhões), o Projeto informou que “(...) É
imperioso frisar que a ampliação do orçamento permitiu a celebração de Projeto de
Cooperação Técnica junto ao IICA, o que amplia significativamente a capacidade operacional
do SFB para a implementação do Projeto em 2021”.
Assim, observa-se melhoria significativa na execução orçamentária e financeira no exercício
de 2020, quando comparado com os anos anteriores, embora ao se comparar com os totais
previstos para o Acordo de Empréstimo, considerando o final de vigência firmada em
31/12/2021, verifica-se que se continuar com este ritmo de execução orçamentária e
financeira, os valores previstos não serão executados, conforme se observa na tabela 1 a
seguir:
Tabela – Execução Orçamentaria do Projeto – Fonte BIRD Moeda: reais.
Ano Percentual
Totais Totais
Componentes de
2018 2019 2020 Executados Previstos
Execução
1 - Fortalecer a 2.079.450,00 175.800,00 0,00 2.255.250,00 37.500.000,00 6,01%
capacidade dos
Estados para o
CAR.

9
2 - Registros de 0,00 432.597,60 5.571.075,81 6.003.673,41 78.750.000,00 7,62%
propriedades
rurais nos
municípios
selecionados.
3 - 0,00 40.950,00 0,00 40.950,00 6.150.000,00 0,66%
Gerenciamento,
monitoramento
e avaliação do
Projeto.

Totais 2.079.450,00 649.347,60 5.571.075,81 8.299.873,41 122.400.000,00 6,78%

Fonte: Dados dos IFRs 1 A & 1 B – 2018 a 2020.

Por outro lado, quando se verifica esta melhoria na execução do Projeto no ano de 2020,
constata-se, que mesmo com avanços na execução do Projeto em anos anteriores, a execução
do Projeto continuou baixa, considerando-se o previsto no POA-2020, como se observa na
tabela 2 abaixo:
Tabela – Execução Orçamentaria do Acordo de Empréstimo. Moeda: reais.
Componentes POA-2020 Execução do Percentual
Projeto - de Execução
2020
1 - Fortalecer a capacidade dos Estados para o CAR. 4.100.928,00 0,00 0%
2 - Registros de propriedades rurais nos municípios 16.092.122,96 5.571.075,81 34,62%
selecionados.
3 - Gerenciamento, monitoramento e avaliação do 65.000,00 0,00 0%
Projeto.
Totais 20.258.050,96 5.571.075,81 27,50%
Fonte: Dados do POA-2020, versão aprovada pelo Banco Mundial, em 20/02/2020, e IFR 1 A & 1 B - 2020.

Para a melhor clareza deste contexto, verifica-se que na Proposta de LOA-2020 para o Projeto
estava previsto R$ 25,000 milhões, mas deste montante somente foi aprovado R$ 5,000
milhões, o que somado aos cerca de R$ 6,197 milhões de Restos a Pagar, a dotação
orçamentária chegaria a R$ 11,197 milhões, bem abaixo dos R$ 20 milhões planejados para
execução das atividades no POA-2020.
Quando avaliamos a execução do Projeto (R$ 5,571 milhões) considerando o orçamento
disponível na maior parte do exercício auditado (R$ 11,197), verificamos que ocorreu uma
melhor execução, alcançando o percentual de 49,75% da dotação orçamentária aprovada e
liberada. A situação foi apresentada ao Banco Mundial que na Missão de Avaliação Financeira,
de 25 de novembro de 2020, concluiu que “O processo orçamentário está funcionando bem,
apesar da baixa disponibilidade e, consequentemente, execução orçamentária”.
Ressalta-se que somente em dezembro de 2020 é que a dotação do Projeto foi ampliada, com
o Sub-Repasse de R$ R$ 11,611 milhões, o que possibilitou o pagamento de adiantamento ao
Instituto Internacional de Cooperação para a Agricultura – IICA, no montante de R$ 12,066
milhões, em 21 de dezembro de 2020, em decorrência da assinatura do Projeto de
Cooperação Internacional – PCT BRA/IICA/20/002, em 4 de dezembro de 2020.

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Quanto à baixa execução das metas orçamentárias e financeiras previstas, o Projeto informou
que:
Por fim, cumpre salientar que a execução financeira foi de aproximadamente R$
5,571 milhões, o que representa cerca de 67% do valor executado até o momento.
Salienta-se o impacto negativo da pandemia do novo Coronavírus (COVID-19) na
execução de cerca de R$ 3 milhões, relativos à realização de inscrições no CAR de até
50.000 famílias de territórios de Povos e Comunidades Tradicionais, localizados nos
Estados da Bahia, de Goiás, do Maranhão, de Minas Gerais e do Piauí (apenas planos
de trabalho concluídos em 2020).

Em resumo, ratificam-se as informações apresentadas acima, pois os efeitos negativos da


pandemia Covid-19 são notórios, o que fez com que o Projeto adotasse medidas mitigadoras
para diminuir as consequências danosas para o alcance de resultados por se tratar de
atividades que exigiam visitas rurais domiciliares. Dentre as medidas mitigadores informadas
pelo Projeto, considera-se relevante o cumprimento dos protocolos de saúde nas atividades
de campo.
Assim, nota-se o esforço da Equipe de Projeto para superar as dificuldades em um ambiente
de pandemia e de limitações orçamentárias, agravadas pela baixa execução total do Projeto
(6,78%) e da proximidade do final da sua vigência (31/12/2021).
Neste contexto, destaca-se que, segundo informações apresentadas pelo Projeto, foi
solicitada ao Banco Mundial a prorrogação do Empréstimo com a data final de vigência
passando para 31/12/2022, com uma redução parcial de US$ 16,20 milhões, numa tentativa
de maximizar os resultados do Projeto pelo Governo Brasileiro.

2. Avaliação de Controles Internos: Controles internos parcialmente


adequados para a implementação das atividades previstas no Acordo
de Empréstimo.
A avaliação dos controles internos da Unidade de Gestão do Projeto – UGP/SFB verificou a
adequabilidade e suficiência parcial para a eficiente e eficaz gestão do Projeto. Os controles
internos foram analisados conforme a metodologia estabelecida pelo Comittee of Sponsoring
Organizations of the Treadway Comission – COSO, dividida nos componentes: Ambiente de
Controle; Avaliação de Riscos; Procedimentos de Controle; Informação e Comunicação; e
Monitoramento.
Ambiente de Controle: Nesse componente foi avaliado se a UGP/SFB está estruturada para o
desempenho das atividades previstas no Acordo de Empréstimo. Verifica-se que este
componente se monstra razoavelmente adequado. Todavia, observa-se que o exercício de
2020 ficou caracterizado por mudanças no SFB/MAPA e alterações no arranjo institucional do
Projeto. Assim, em dezembro de 2020 foi assinado o Projeto de Cooperação Técnica (PCT) com
o IICA que apoiaria a UGP/MAPA junto com a área meio do MAPA no gerenciamento
operacional do Projeto, ficando as atribuições gerenciais e operacionais mantidas com a
UGP/MAPA, conforme foi definido no MOP, de dezembro/2020, com emissão de "aceite" pelo
BIRD em 04/03/2021, restando o Projeto instituir a UGP/SFB/MAPA com este novo arranjo de
implementação do Projeto.
Avaliação de Riscos: Verifica-se que a UGP/SFB realizou avaliação de riscos em conjunto com
a equipe do BIRD durante o exercício de 2020, na qual se identificaram riscos relacionados às
11
adaptações necessárias ao ambiente criado pela Pandemia COVID e à baixa disponibilidade
orçamentária do Projeto, que impactaram negativamente o alcance de resultados no exercício
auditado, mas esta auditoria observou que foram adotadas medidas e controles para
minimizar os danos para o alcance de resultados positivos pelo Projeto.
Procedimentos de Controle: Destaca-se, ainda, que as competências definidas para a Unidade
de Gestão do Projeto na Portaria MMA 323/2017 - UGP/SFB foram exercidas adequadamente,
com a adoção de procedimentos de controle adequados, obedecendo ao princípio da
segregação de funções sem sobreposição de competências chaves na execução das atividades
pelo Projeto, restando ao Projeto realizar a atualização da portaria com base no arranjo
institucional atual.
Informação e Comunicação: Constata-se que a UGP/SFB realizou uma divulgação interna
adequada dos resultados e dificuldades enfrentadas pelo Projeto.
Monitoramento: Verifica-se que a UGP/SFB manteve um monitoramento parcialmente
adequado, com a execução do Projeto realizada diretamente pelo SFB, com a coordenação
feita por meio da Diretoria de Cadastro e Fomento Florestal – DCF, com dedicação parcial. O
gerente, a coordenadora técnica e o coordenador administrativo e financeiro do Projeto são
da Coordenação-Geral de Fomento e Inclusão Florestal - CGFI. Observa-se que o SFB conta com
dois pontos focais (advogados da União), na Consultoria Jurídica do MAPA, sendo 1 para
atendimento de demandas finalísticas e 1 para atendimento de demandas relacionadas às
áreas meio.
Assim, verifica-se que as competências da UGP/SFB no que tange à operação do Acordo de
Empréstimo foram parcialmente cumpridas, mantendo-se parcialmente adequados os
controles internos que permitiram o planejamento, execução do Projeto no exercício de 2020,
uma vez que foram identificados atendimento parcial de recomendação da CGU, fragilidades
no gerenciamento de bens e impropriedades na contratação da empresa Imagem
Geosistemas e Comércio Ltda., conforme itens 3, 5 e 6 respectivamente deste Relatório.

3. Acompanhamento de Recomendação da CGU - Atendimento


parcial à recomendação da CGU.
Quanto à recomendação expedida pela Controladoria-Geral da União – CGU no Relatório de
Auditoria nº 817078, referente à avaliação da execução do Projeto no exercício 2019,
transcrita a seguir:

Discriminar os valores, ações, beneficiários e documentos fiscais de modo analítico,


promovendo as conciliações necessárias com os sistemas contábeis (no caso o Siafi),
ou com outros sistemas de acompanhamento financeiro disponíveis, inclusive, com
a sua discriminação, nos Pedidos de Desembolsos encaminhados ao Banco, como
meio de dar mais transparência os gastos inseridos.

O Projeto informou que:

O atendimento da recomendação se deu mediante a apresentação dos


comprovantes de pagamento (Ordens Bancárias ou Programações Financeiras)
relativos aos valores informados na aba “CONTRAPARTIDA”. (...). Os nomes dos
arquivos dos comprovantes de pagamento foram vinculados às linhas da aba

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“CONTRAPARTIDA”, as quais trazem o escopo dos gastos contabilizados. (...). Diante
deste pedido de esclarecimento, a fim de facilitar ainda mais o entendimento,
elaboramos tabela com as informações dos beneficiários, números dos contratos e
vinculação com a aba “CONTRAPARTIDA” (Anexo 1 desta Nota Técnica), além de
separar os comprovantes dos pagamentos (Anexo 2 desta Nota Técnica).

Diante dessas informações e comprovantes de pagamentos apresentados pelo Projeto, a


auditoria, após análise, indagou ao Projeto em relação aos valores apresentados na Tabela,
conjuntamente com os comprovantes de pagamento, que tinham totalizado mais de 27
milhões de reais, sendo 7 milhões ocorridos nos anos de 2016 a 2018, que poderiam já terem
sido apresentados em anos anteriores, conforme consta dos valores apresentados no IFR 1 A
& 1 B – 4º trimestre de 2018, no montante de R$ 16.566.210,74.

Além disso, solicitou-se ao Projeto que confirmasse todas essas despesas e disponibilizasse a
auditoria tabela com informações sobre os fornecedores, os números de contratos e os
comprovantes dos pagamentos do montante de R$ 41 milhões dos valores apresentados
como Contrapartida no IFR 1 A & 1 B – 4º trimestre de 2020.

Em resposta, o Projeto informou que:

Ocorre que, recentemente, o Banco Mundial autorizou a realização de novo


cancelamento parcial dos recursos do empréstimo no valor de US$ 16,20 milhões
(Anexo 2 desta Nota Técnica), sendo que quando do cancelamento parcial anterior
de US$ 8 milhões, já havia sido manifestado o entendimento de que o cancelamento
de recursos do Acordo de Empréstimo resulta em cancelamento proporcional da
contrapartida (Anexo 3 desta Nota Técnica). Dessa forma, com o novo cancelamento
parcial, o valor da contrapartida seria reduzido à aproximadamente US$ 4,46
milhões, isto é, os R$ 27,41 milhões já comprovados seriam suficientes para a meta
de contrapartida prevista.

Sendo assim, neste momento, não há necessidade de comprovação do valor de R$


14,07 milhões, razão pela qual será realizado ajuste no próximo IFR a fim de ajustar
o valor total da contrapartida para R$ 27,41 milhões. Não obstante, caso o novo
cancelamento parcial não seja formalizado, a coordenação do Projeto avaliará se
será o caso de realizar o levantamento da comprovação das despesas retroativas que
serão excluídas neste primeiro momento, para novamente considerá-las como parte
da contrapartida.

Assim, tendo em vista a informação de que os valores apresentados como Contrapartida serão
reduzidos a R$ 27,41 milhões, montante já descrito e comprovado a esta auditoria, o que
seriam suficientes como Contrapartida pelo Projeto e considerando as negociações para os
cancelamentos dos recursos do Empréstimo ainda não formalizadas, conforme as
informações acima apresentadas pelo Projeto, conclui-se que a recomendação foi
parcialmente atendida, porque não foram discriminadas todas as despesas informadas como
Contrapartida (R$ 41 milhões), mas como talvez esse montante seja reduzido com o provável
cancelamento parcial do valor financiado, a recomendação permanece em monitoramento
por parte da CGU.

Por outro lado, visando facilitar a demonstração dos valores apresentados como
Contrapartida nas IFRs e anexos, essa recomendação será redefinida, para propiciar contínuo

13
o aprimoramento dos controles internos do Projeto, quanto à apresentação das prestações
de contas e Informações Financeiras (IFRs).

4. Cumprimento de Cláusulas Contratuais.


Verifica-se o adequado cumprimento das cláusulas inerentes ao pagamento dos encargos
financeiros do Acordo de Empréstimo. Os juros devidos em 2020 foram pagos segundo os
montantes extraídos do Siafi. As parcelas de amortização iniciarão o pagamento a partir de 15
de dezembro de 2025 até 15 de junho de 2035 em 1% e após 15 de dezembro de 2035 até
2055 em 2%.
De modo geral, verifica-se que as cláusulas de caráter contábil-financeiro-gerencial foram
atendidas.

5. Gerenciamento de Bens Patrimoniais: Fragilidade no


gerenciamento dos bens alocados ao Projeto.
No exercício auditado ocorreu a aquisição de bens, conforme o previsto no POA-2020, e, após
a análise das aquisições por amostra, verificou-se que o Projeto realizou um adequado
gerenciamento sobre os bens patrimoniais adquiridos com recursos do empréstimo,
excetuando fragilidade constatada nos registros dos tombamentos de nºs 1000032446 e
1000032447, por não apontarem adequadamente as quantidades adquiridas, pois se tratam
de 4 licenciamentos e no registro constam somente 2 licenciamentos.

Indagado formalmente, o Projeto informou que "A COAL abriu chamado junto à STN para a
realização dos ajustes nos registros do SIADS, uma vez que estes trazem o valor de 2 unidades
em um único registro".

Com isso, considera-se necessário a regularização dos registros dos tombamentos de nºs
1000032446 e 1000032447 no SIADS feitos de forma inadequada.

6. Aquisições de Bens, Serviços e Contratações de Consultorias -


Impropriedades na Etapa de Planejamento quando da Contratação
Direta, por Inexigibilidade, da empresa Imagem Geosistemas e
Comércio Ltda.
Após a análise dos processos de aquisição e de contratação de consultoria com os recursos do
Projeto, verifica-se que os gastos realizados são elegíveis quanto à finalidade, suporte
documental e atendimento das diretrizes de aquisição do Banco e da legislação nacional.
Entretanto, observaram-se falhas no planejamento para a contratação de serviços de
manutenção, upgrade e aquisição das licenças de uso de softwares ArcGIS (Esri) nos níveis
Desktop e Server, última versão, com suporte técnico especializado Esri (EEAP) e manutenção
de versões feitos pela empresa Imagem Geosistemas e Comércio Ltda.
Após a análise se verificou que para qualificar a demanda de SIG necessária para o SICAR, o
SFB instalou uma versão demonstrativa do software ArcGIS, fornecida diretamente pelo
14
distribuidor da tecnologia no Brasil, para realização de testes de configuração e performance.
Segundo informado, a partir dos testes foi possível identificar os requisitos necessários para a
solução de SIG, elencadas no Ofício nº 091/2019/DIRETORIA/FUNDECC (SEI nº 0088058).
Indagou-se ao Projeto que informasse e justificasse se foram utilizadas versões
demonstrativas de outros softwares de SIG disponíveis no mercado para definir os requisitos
necessários.

Em resposta, o Projeto por intermédio da Nota Técnica Nº 10/2021/CAPR/CGCAR/DRA/SFB,


de 17/09/2021, esclareceu o que segue:

No que se refere ao pedido para informar se foram utilizadas versões demonstrativas


de outros softwares de SIG disponíveis no mercado para definir os requisitos
necessários, cabe informar que, desde 2014, o Serviço Florestal Brasileiro utilizou
diversas tecnologias de geoprocessamento, baseadas em softwares livres, aplicadas
ao Cadastro Ambiental Rural (tais como, GeoTools, GeoServer, Anaconda, funções
de banco de dados do PostGis, e linguagem de programação em Scala, dentre
outras), as quais suportaram e sustentaram o SICAR desde sua implantação. Ou seja,
ao longo do tempo, foram utilizados diversos frameworks capazes de realizar o
processamento de dados geográficos, mas não na escala necessária para o projeto
da Análise Dinamizada do CAR, o que motivou a contratação em epígrafe.

Nesse ponto, cabe esclarecer a função que o software de SIG tem no projeto da
análise dinamizada do CAR: fornecer um ambiente de processamento de análises
espaciais de grande volume de dados, simultaneamente, necessário para que os
estados da federação possam processar as análises dos cadastros nos servidores do
SFB, integrados à plataforma do SICAR, a qual é desenvolvida/mantida pela
Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC). Conforme
apresentado no Documento de Oficialização da Demanda (DOD) da contratação em
comento, a FUNDECC apoiou o SFB na definição dos requisitos necessários à solução
de SIG que deveria ser acoplada ao módulo de análise dinamizada. Os requisitos
adotados foram elencados após análise técnica avançada e específica para o objetivo
da análise dinamizada, considerando a plataforma existente do SICAR e sua
comunicação com outros sistemas.

Diante desta manifestação, observa-se no item 4 do DOD que a Diretoria de Cadastro e


Fomento Florestal/Serviço Florestal Brasileiro deixa claro que os “requisitos necessários para
a solução de SIG” foram identificados a partir de testes de configuração e performance
realizados sobre uma versão demonstrativa do software ArcGIS instalada especificamente
para essa finalidade. Em sua resposta, apesar de o Projeto ter informado que desde 2014
utiliza diversas tecnologias de geoprocessamento aplicadas ao CAR (ex.: tais como, GeoTools,
GeoServer, Anaconda, funções de banco de dados do PostGis, e linguagem de programação
em Scala, dentre outras), nenhuma delas foi citada no DOD.

Ou seja, os requisitos necessários para iniciar o processo de contratação da solução de SIG,


que englobam tanto os requisitos de negócio quanto os tecnológicos (conforme dispõe o inc.
I do Art. 11 da IN SGD/ME Nº 01/2019), e que posteriormente iriam compor o Estudo Técnico
Preliminar (item 1 do ETP), foram elaborados a partir de análises técnicas realizadas sobre
uma única solução tecnológica, o ArcGIS (solução contratada ao final do processo).

15
Apesar de o Projeto deixar claro em sua resposta que as demais soluções não atenderiam à
demanda por questões de desempenho em relação à escala necessária para viabilizar a
chamada “Análise Dinamizada do CAR”, ao deixar transparente no DOD quais ferramentas
foram testadas objetivando especificar os requisitos técnicos da solução almejada, para não
correr o risco de ser ventilada hipótese de direcionamento, esperava-se que a área
requisitante explicitasse que foram testados não somente o ArcGIS mas também outras
soluções disponíveis no mercado.

A respeito do risco de direcionamento a partir da previsão no edital e TR de requisitos de


negócio ou especificações técnicas que somente podem ser atendidos por solução tecnológica
de determinada marca ou fabricante, o Tribunal de Contas da União (TCU) tem os seguintes
entendimentos:

2. O órgão licitante deve identificar um conjunto representativo de diversos modelos


existentes no mercado que atendam completamente as necessidades da
Administração antes de elaborar as especificações técnicas (...). (Acórdão nº
2.383/2014-TCU-Plenário e 2.829/2015-TCU-Plenário).

9.4.1. no procedimento destinado à elaboração e à identificação de requisitos


técnicos, abstenha-se de identificá-los em prova de conceito realizada na fase
preparatória dos certames e, em homenagem aos princípios da impessoalidade e da
isonomia, promova o exame de outras plataformas disponíveis no mercado.
(Acórdão nº 2.059/2017-TCU-Plenário).

Apesar de o SFB não ter adotado a rigor o mecanismo de prova de conceito (PoC) mencionado
pela Egrégia Corte de Contas, conforme registrado no DOD de maneira explícita, a área
requisitante adotou as funcionalidades, características e desempenho do ArcGIS como
parâmetros para elaboração dos requisitos técnicos. Contudo, ao fazê-lo, não se cercou de
medidas, a exemplo das citadas nos acórdãos anteriores, que mitigassem o risco de
direcionamento do certame ou que buscassem garantir a devida isonomia e impessoalidade
na seleção da solução tecnológica que melhor atenderia às necessidades do órgão.

Em continuação às análises desta auditoria, verificou-se também no item 3.1 do Estudo


Técnico Preliminar que foi feita uma comparação inicial entre o ArcGis (da ESRI) e o Autocad
Map 3D (da Autodesk) e, posteriormente, com o QGIS (Open source), sendo que o Autocad
foi eliminado em função de opinião registrada em fórum de discussão na internet
(https://forums.autodesk.com/t5/autocad-map-3d-forum/arcgis-vs-autodesk-map-3d/td-
p/2188797), que julgou ser o ArcGis superior ao Autocad em relação à capacidade de análise
e processamento de dados. Em que pese ser corroborada por uma publicação científica
(“COWEN, 1983”, conforme o ETP), tal opinião foi emitida por um instrutor certificado da ESRI,
fabricante do ArcGis, podendo configurar conflito de interesses e estar direcionada.

Então, solicitou-se ao Projeto justificativas do porquê não terem sido consideradas na análise
comparativa de soluções (item 3.2 do ETP), as seguintes opções:
a) A própria solução da Autodesk, considerando que os critérios aplicados nessa análise
eram mais objetivos do que os utilizados para eliminá-la de maneira prematura.
b) Outras opções disponíveis no mercado, tais como o VisionGis, o Idrisis, o Spring, etc.,
este último desenvolvido pelo INPE (http://www.dpi.inpe.br/spring/portugues/).

16
Em resposta, o Projeto mediante a NOTA TÉCNICA Nº 10/2021/CAPR/CGCAR/DRA/SFB, de
17/09/2021, esclareceu que:

Inicialmente, cabe esclarecer que o emissor da opinião apresentada no ETP é um


especialista na área de GIS, com mais de 25 anos de experiência, sendo reconhecido
na área como expert em uma variedade de softwares geoespaciais, incluindo as
soluções da ESRI e da AUTODESK (Fonte: https://www.linkedin.com/in/trippcorbin).
Ao utilizar a opinião desse especialista para compor o Estudo, entendeu-se tratar de
profissional que possui amplo conhecimento nas duas soluções, uma vez que, dentre
suas especialidades, estão elencados o treinamento tanto nos pacotes da ESRI,
quanto nos pacotes da AUTODESK, além de outros softwares de GIS. É imperioso
reiterar ainda que a opinião foi corroborada por publicação científica. Sendo assim,
a equipe de planejamento da contratação entendeu ser o emissor da opinião um
profissional especializado com amplo conhecimento nas duas plataformas e,
portanto, com credibilidade técnica perante a comunidade internacional de GIS para
emitir opinião comparativa entre as duas soluções, cuja opinião corroborava
publicação científica..

(...) Conforme item 3.1 do ETP, dados os requisitos e as necessidades de negócio,


identificou-se, dentre as soluções disponíveis no mercado, que o QGIS e o ARCGis
seriam as melhores opções para o atendimento da demanda e, consequentemente,
para compor a análise comparativa de soluções.

A tomada de decisão pelas soluções que compuseram a análise comparativa


considerou a capacidade da solução em processar análises geoespaciais de grande
volume de dados, simultaneamente, necessária para que a operação da Análise
Dinamizada fosse escalável e alcançasse a produtividade e eficiência inerente ao seu
próprio conceito. Essa característica foi identificada como necessidade tecnológica
no próprio ETP, e era fundamental para a solução buscada naquela ocasião,
resultando na escolha das soluções que passaram por análise comparativa.

A solução da Autodesk foi excluída justamente por não atender satisfatoriamente ao


critério supramencionado, conforme avaliado pela equipe de planejamento da
contratação à época.

Ademais, foram considerados ainda o fato do SFB já possuir licenças do ARCGis, bem
como a verificação de que o ARCGis era utilizado por diversos outros órgãos para
finalidades compatíveis com as da contratação pretendida.

Observa-se na manifestação do Projeto acima, quanto à opinião contrária em relação ao


desempenho do “AutoCad Map 3D”, que o Projeto alerta com razão que a fonte veio de um
especialista na área de GIS, com 25 anos de experiência no uso em ambas as plataformas
(AutoCad Map 3D e ArcGIS), conforme perfil em rede social (Linkedin). Entretanto, esta equipe
de auditoria também alerta que tal opinião foi emitida no ano de 2008 (‘02-26-2008 06:26
AM’, conforme registrado na página do fórum especializado cujo link consta no ETP
(https://forums.autodesk.com/t5/autocad-map-3d-forum/arcgis-vs-autodesk-map-3d/td-
p/2188797), estando defasada tanto em relação ao processo de planejamento em análise
quanto em relação à data de lançamento da ferramenta AutoCad Map 3D (2009), conforme
menciona o próprio ETP.

17
Com efeito, ao adotar tal opinião como fundamento para descartar de pronto o AutoCad Map
3D, a equipe do SFB ignorou o fato de que lacunas de desempenho ou de processamento
podem ter sido corrigidas em versões mais recentes do software, ou ainda, a possibilidade de
que tais melhorias tenham sido providenciadas já no ano de 2009, quando o fabricante decidiu
oferecer suporte a SIG. O mesmo pode ser dito a respeito da referência utilizada na literatura
científica, datada do ano de 1983. Nessas condições, seria razoável incluir a solução em
questão em uma análise mais aprofundada e transparente, e não superficial.

Já na Análise Comparativa de Soluções (item 3.2 do ETP), percebe-se que a equipe de


planejamento do SFB adotou critérios de avaliação objetivos para cotejar as soluções
QGIS+Geoserver e ArcGIS. Tais critérios foram baseados em princípios da Engenharia de
Software e em perguntas-chave associadas a cada princípio, adaptadas ao contexto das
plataformas tecnológicas de geoprocessamento, bem como às necessidades da
Administração.

Apesar de terem sido aplicados critérios objetivos no quadro do item 3.2 do ETP (Análise
Comparativa de Soluções), a equipe de auditoria reforça que, além do QGIS+Geoserver e
ArcGIS, outras soluções poderiam ter sido submetidas ao mesmo escrutínio, visando tornar o
processo de seleção mais amplo, mais objetivamente mensurável e adequadamente
evidenciado.

Como exemplo, citam-se o próprio AutoCad Map 3D (descartado a partir de opinião exarada
em um fórum especializado, conforme já discutido aqui), as tecnologias citadas na resposta
da Unidade (GeoTools, GeoServer, Anaconda e funções de banco de dados do PostGis etc.),
além de outras soluções existentes no mercado identificadas pela própria equipe de auditoria
(VisionGis, o Idrisis, o Spring etc.). Inclusive, esses dois últimos grupos citados sequer foram
mencionados no ETP.

Depreende-se da leitura do item 3.1 do ETP e da resposta da Unidade à S.A. que as


supracitadas alternativas tecnológicas não foram submetidas aos critérios da análise
comparativa de soluções (item 3.2 do ETP) em virtude de não atenderem, a partir de uma
análise prévia, aos requisitos de desempenho estabelecidos no projeto de “Análise
Dinamizada do CAR”, notadamente relativos aos aspectos de escalabilidade, eficiência e
produtividade.

Apesar de fazer sentido, não há transparência nos estudos técnicos de que essa análise prévia,
que resultou na eliminação dessas alternativas tecnológicas, foi feita com a mesma
objetividade e cautela, e de forma verificável e criteriosa, tal qual foi conduzida a análise
comparativa pormenorizada que resultou na eliminação do QGIS+Geoserver e na escolha do
ArcGIS (item 3.2 do ETP).

E ainda, é arriscado utilizar a posse do SFB de licenças do ArcGIS desatualizadas desde 2015
para apoiar a decisão de “eleger o ArcGIS como uma das opções a serem estudadas e
comparadas com as opções baseadas em código aberto, em contraposição à solução da
Autodesk” (Fonte: ETP), posicionamento reforçado na resposta da Unidade. Primeiro, porque
não há impedimento para que duas ou mais soluções proprietárias possam ter seu
desempenho comparado às soluções de código aberto. Segundo, porque a informação prévia
18
sobre a posse de licenças do ArcGIS, embora pertinente para a análise comparativa de custos,
não impediria que a solução da Autodesk, ou qualquer outra, fosse avaliada de forma
criteriosa do ponto de vista técnico e funcional, nos termos do inc. II do Art. 11 da IN SGD/ME
nº 01/2019.

De fato, facilita o intercâmbio de dados se outros órgãos utilizam uma mesma solução
tecnológica (no caso do ArcGIS, a ANEEL, EPL, MINISTÉRIO DA INFRAESTRUTURA e ANA –
conforme item 7.2 do ETP). Entretanto, seguindo o mesmo raciocínio do parágrafo anterior,
também é arriscado utilizar essa informação para apoiar a contraposição da solução da
Autodesk, não submetendo-a à análise comparativa de soluções constante do item 3.2 do ETP.
Ora, o intercâmbio de dados já está coberto nas necessidades tecnológicas 1, 2, 6, 7 e 9
(quadro do item 1 do ETP) e no critério “Compatibilidade>Coexistência e interoperabilidade”
do quadro do item 3.2 do ETP, ou seja, caso o Autocad Map 3D não atendesse aos critérios de
interoperabilidade e compatibilidade poderia ser eliminado da mesma forma, porém de
maneira mais verificável e transparente, e não superficial tal qual ocorreu.

Assim, após análise dos processos de aquisição e pagamento, verifica-se que os mesmos
atenderam aos requisitos formais do Acordo de Empréstimo, do Banco e da Legislação
Nacional. Exceto, pelas impropriedades detectadas na etapa de planejamento para a
Contratação Direta da empresa Imagem, Geosistemas e Comércio Ltda., detalhada
especificamente neste item, onde se detectou que a Etapa de Planejamento para a
contratação da empresa Imagem foi feita sem uma ampliação do escopo da análise
comparativa de preços e descarte de outras soluções disponíveis no mercado, podendo
corroborar com o descumprimento aos princípios da isonomia e impessoalidade inerentes às
contratações públicas.

7. Comprovações de Gastos junto ao Agente Financeiro


Verifica-se que os gastos relacionados nas prestações de contas dos pedidos de desembolso
do Acordo foram corretamente apresentados em termos de valores e elegibilidade e que as
taxas de conversão da moeda foram corretamente utilizadas. Neste Projeto são utilizadas as
taxas de internalização dos adiantamentos analisados.
Tendo em vista que as prestações de contas foram apresentadas em forma de planilha
extraída dos registros da obrigação do Projeto BIRD 19.211 pelo Tesouro Gerencial, podemos
constatar que os valores da fonte externa guardam correlação com os valores apresentados
nos SOE 11. 12, 13, 15 e 17 ao Banco Mundial.

8. Demonstrações Financeiras - Apresentadas adequadamente, com


oportunidade de melhorias para as Notas Informativas relativas a
registros de Contrapartida.
Em relação às demonstrações financeiras e à documentação de apoio referentes ao exercício
de 2020, verifica-se que foram adequadamente apresentadas, contudo se detectou a
necessidade da contínua melhoria na forma de apresentação das Notas Informativas anexadas
às Informações Financeiras Trimestrais (IFRs), o que foi apontado anteriormente no Relatório
19
de Avaliação CGU nº 817078 - Exercício de 2019, o que gerou recomendação da CGU, com
atendimento parcial pelo Projeto, conforme abordado no item 3 deste Relatório.
Em atenção à recomendação citada anteriormente, o Projeto apresentou os comprovantes e
informações sobre os valores citados nos IFRs como Contrapartida, no montante de R$ 27,41
milhões. Entretanto, constata-se que o IFR do 4 Trimestre de 2020, apresentou o montante
acumulado de R$ 41,49 milhões, ou seja, faltou apresentar à auditoria comprovantes de um
total de R$ 14,07 milhões.
O Projeto informou que:
Sendo assim, neste momento, não há necessidade de comprovação do valor de R$
14,07 milhões, razão pela qual será realizado ajuste no próximo IFR a fim de ajustar
o valor total da contrapartida para R$ 27,41 milhões. Não obstante, caso o novo
cancelamento parcial não seja formalizado, a coordenação do Projeto avaliará se
será o caso de realizar o levantamento da comprovação das despesas retroativas que
serão excluídas neste primeiro momento, para novamente considerá-las como parte
da contrapartida.

Quanto aos controles contábeis, é possível o rastreamento dos valores no Siafi para os
montantes oriundos da fonte externa KfW, movimentados pela Conta Designada daquele
Projeto, já que tal movimentação também se faz com fonte carimbada da Doação KfW.
Verifica-se que tanto as movimentações da Conta Especial, quanto da Conta Operativa estão
conciliadas com a documentação de despesa e com os extratos das contas e saldos disponíveis
ao final de 2020, no que tange a fonte externa do BIRD.
Quanto às fontes de recursos BIRD (fonte externa) e Contrapartida (KfW CAR), os registros das
IFRs guardam conciliação com o Siafi. Quanto às demais fontes apropriadas como
Contrapartida, foi possível realizar a conciliação com o Siafi, do montante de R$ 27,41 milhões,
ficando pendente de análise o total de R$ 14,07 milhões, caso a redução parcial do Projeto
não seja formalizada.
Cabe mencionar que as Notas Explicativas não apresentam o regime contábil para elaboração
das demonstrações financeiras e os detalhes analíticos para os registros efetuados a título de
contrapartida permanecem pendentes de análises, considerando as medidas ou ajustes nos
IFRs a serem realizados quando da formalização ou não da redução parcial dos valores do
Acordo de Empréstimo.

20
RECOMENDAÇÕES
1 – Incluir na coluna “Descrição”, da tabela “Anexo 1 – Detalhamento da Contrapartida”, das
notas informativas anexadas às Informações Financeiras Trimestrais (IFRs), discriminações dos
contratos, beneficiários e objetos, como meio de dar mais transparência aos gastos
informados e propiciar o aprimoramento dos Controles Internos do Projeto, quanto à
apresentação das prestações de contas e dos IFRs.

Achado n° 3.

2 – Acompanhar o chamado feito junto à STN para a regularização dos registros dos
tombamentos de nºs 1000032446 e 1000032447 no SIADS feitos de forma inadequada e
adotar medidas de aprimoramento dos Controles Internos do Projeto, visando
mitigar/eliminar fragilidades semelhantes no gerenciamento de bens patrimoniais.
Achado n° 5.

3 – Recomendamos que, em processos futuros de aquisição de softwares: (a) a qualificação


da demanda, ou seja, a identificação dos requisitos necessários, seja feita a partir de análise
de um conjunto representativo das diversas soluções disponíveis no mercado; (b) se abstenha
de excluir preliminarmente soluções com base em opiniões genéricas ou desatualizadas, isto
é, sem realizar uma análise fundamentada do produto em si; (c) que a Análise Comparativa de
Soluções seja realizada de forma criteriosa e objetiva e contemple também um conjunto
representativo das diversas soluções disponíveis no mercado, fazendo o devido registro dos
resultados no Estudo Técnico Preliminar.
Achado n° 6.

21
CONCLUSÃO
Em síntese, verifica-se que os gastos realizados pelo Projeto FIP-CAR no exercício de 2020,
objeto da auditoria, apresentaram melhorias na execução física e financeira do Projeto,
quando comparado com as execuções em anos anteriores, apesar das situações geradas pela
pandemia Covid-19 e das limitações orçamentárias financeiras.
Em relação aos controles internos da UGP/SFB, verifica-se que estão parcialmente adequados,
mas permitem planejar, executar e avaliar o Projeto para o cumprimento dos seus objetivos.
Ressalva-se que com a reestruturação do Projeto ao final do ano de 2020, cabe ao Projeto
proceder a formalização da nova UGP/MAPA no exercício de 2021, bem como, cabe continuar
a implementação de melhorias para apresentação das Notas Informativas anexadas às IFRs,
no que tange aos registros decorrentes das Contrapartidas do Projeto.
Verifica-se, também, que Projeto tem honrado os compromissos financeiros inerentes aos
juros nos valores e prazos determinados no Acordo de Empréstimo.
Há um adequado gerenciamento sobre os bens patrimoniais adquiridos com recursos da
operação de empréstimo. Exceto, por fragilidades detectadas no gerenciamento dos bens no
SIADS.
No que se refere às despesas incorridas pelo Projeto com os recursos do FIP BIRD CAR, verifica-
se que atenderam aos requisitos normativos e formais estabelecidos no Acordo de
Empréstimo, Diretrizes do Banco específicas para aquisições de bens e serviços ou contratação
de consultorias, ou, conforme o caso, à legislação nacional. Exceto, por impropriedades
detectadas na Etapa de Planejamento quando da Contratação Direta da empresa Imagem.
As prestações de Contas dos Pedidos de Desembolso da Conta do Empréstimo ou as
Prestações de Contas dos Recursos Antecipados dessa conta foram apresentadas
corretamente em termos de valores e elegibilidade.
Por fim, constata-se que as demonstrações financeiras quanto aos recursos externos
administrados pelo BIRD estão corretamente apresentadas, mas cabe continuar a
implementação de melhorias para as Notas Informativas no que tange aos registros
decorrentes das Contrapartidas como dito anteriormente. Esta opinião não cobre os registros
efetuados com recursos de Contrapartida no montante de R$ 14,07 milhões, uma vez que os
exames dessas despesas permanecem pendentes dependendo de formalização ou não de
redução parcial do montante do Acordo de Empréstimo.

22
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE AUDITADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
Por intermédio do Sistema e-AUD, em 14/10/2021, a Diretoria de Regularização Ambiental –
DRA-SFB/MAPA apresentou a seguinte manifestação:

Achado nº 3

Manifestação da unidade auditada:

Estamos de acordo com a recomendação e, caso sejam contabilizados novos gastos


como contrapartida, será realizada discriminação nos moldes da apresentação das
informações constantes do Anexo 1 desta Nota Técnica, o qual foi encaminhado à
CGU como parte da resposta a um dos itens da Solicitação de Auditoria nº
903328/002. Ocorre que, conforme sinalizado na Nota Técnica nº
8/2021/CAPR/CGCAR/DRA/SFB, Anexo 2 desta Nota Técnica, foi formalizada a
redução do valor da contrapartida para US$ 4,46 milhões (Anexo 3 desta Nota
Técnica), ou seja, a meta de contrapartida foi cumprida com os R$ 27,41 milhões
contabilizados e comprovados até o momento.

Achado nº 5

Manifestação da unidade auditada

Estamos de acordo com a recomendação, sendo que o acompanhamento está sendo


realizado pela Coordenação de Administração e Logística – COAL do SFB, conforme
mencionado na Nota Técnica 05/2021/CAPR/CGCAR/DRA/SFB, Anexo 4 desta Nota
Técnica.

Achado nº 6

Manifestação da unidade auditada

Estamos de acordo com as recomendações a fim de conferir maior transparência à


etapa de planejamento da contratação, e para robustecer ainda mais a instrução
processual em contratações futuras. Nesse contexto, cabe reiterar o entendimento
de que o Estudo Técnico Preliminar (ETP) permitiu a tomada de decisão pela
Contratação Direta, nos termos do "Regulamento de Aquisições do Banco Mundial
para Mutuários de Operações de Financiamento de Projetos de Investimento, versão
julho/2016", sendo inclusive objeto de manifestação de "não objeção" do Banco
Mundial, a qual levou em conta as suas disposições, conforme se verifica no Anexo
5 desta Nota Técnica.

Análise da equipe de auditoria

Diante da concordância e ciência sobre o teor do Relatório Preliminar do Gestor Federal,


mantivemos as recomendações deste relatório de auditoria.

23
RELATÓRIO DOS AUDITORES INDEPENDENTES SOBRE A
DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BÁSICAS

Nº do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima: BIRD nº TF019211.


Nome do Projeto: Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no Cerrado - CAR/FIP
Unidade Executora: Serviço Florestal Brasileiro – SFB
Período Auditado: 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2020

Ao Senhor Diretor-Geral,
Examinamos o Demonstrativo de Fontes e Usos por Categoria de Despesa e Componentes –
IFR 1A e 1B, Conciliação da Conta Designada – IFR 1C, referentes ao 1º, 2º, 3º E 4º trimestres
de 2020 e respectivas Notas Informativas; os Pedidos de Desembolso (SOE) relativos aos
Applications nº 11, 12, 13, 15 e 17; e o cumprimento das cláusulas contratuais de caráter
contábil-financeiro-gerencial do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima – BIRD
nº TF019211 correspondente ao Projeto de Regularização Ambiental de Imóveis Rurais no
Cerrado- CAR/FIP, executado pelo Serviço Florestal Brasileiro – SFB, financiado com recursos
do Fundo Estratégico do Clima, por intermédio do Banco Internacional para Reconstrução e o
Desenvolvimento - BIRD. As demonstrações foram elaboradas pelo SFB, com base na Seção II-
Monitoramento, Relatórios e Avaliação do Projeto, B – Gestão Financeira: Relatórios
Financeiros: Auditorias, item 3 do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima
TF019211.

Opinião sobre as demonstrações financeiras


Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam razoavelmente,
em todos os aspectos relevantes, os pagamentos do Projeto em 31/12/2020, de acordo com
o critério contábil de caixa.

Opinião sobre a adequabilidade dos Pedidos de Reembolso


Consideramos que os Pedidos de Desembolso (SOE) acima referidos e as informações que os
suportam, juntamente com os controles e procedimentos internos utilizados para elaborá-los,
são razoavelmente confiáveis para sustentar as solicitações ao BIRD para o reembolso dos
gastos incorridos, os quais são elegíveis para financiamento de acordo com os requisitos
estabelecidos no Acordo de Empréstimo nº TF019211 – CAR/FIP.

24
Opinião sobre o cumprimento das Cláusulas Contratuais
Em nossa opinião, o Serviço Florestal Brasileiro vem adequadamente cumprindo, no que se
refere aos aspectos mais relevantes, as cláusulas e disposições de caráter contábil-financeiro-
gerencial do Acordo de Empréstimo do Fundo Estratégico do Clima – BIRD nº TF019211, bem
como das principais leis e disposições nacionais aplicáveis.

Base para a opinião


Nossa auditoria foi conduzida de acordo com as Normas Internacionais de Auditoria (ISA),
emitidas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC), e os requerimentos específicos
do BIRD. Nossas responsabilidades, em conformidade com tais normas, estão descritas na
seção a seguir intitulada “Responsabilidades dos auditores pela auditoria”. Somos
independentes em relação ao Projeto auditado, de acordo com os princípios éticos relevantes
previstos no Código de Conduta Profissional do Servidor da CGU, e cumprimos com as demais
responsabilidades definidas nesse Código. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é
suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião de auditoria.

Responsabilidades da Administração e dos encarregados pela governança do Projeto e pelas


demonstrações financeiras
A administração do Projeto é responsável pela elaboração e adequada apresentação das
demonstrações financeiras de acordo com as cláusulas do Acordo de Empréstimo do Fundo
Estratégico do Clima – BIRD nº TF019211, estabelecendo diretrizes para elaboração de
relatórios financeiros, o que inclui determinar que o critério de caixa constitui uma base
contábil aceitável nas circunstâncias, e pelos controles internos julgados como necessários
para permitir a elaboração dessas demonstrações financeiras livres de distorção relevante,
independentemente se causada por fraude ou erro.
Os encarregados pela governança são responsáveis por supervisionar o processo de
elaboração e divulgação das informações financeiras do Projeto.

Responsabilidades dos auditores pela auditoria das demonstrações financeiras


Nossos objetivos são obter segurança razoável de que as demonstrações financeiras, tomadas
em conjunto, estão livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude
ou erro, e emitir relatório de auditoria contendo nossa opinião. Segurança razoável é um alto
nível de segurança, mas não é uma garantia de que uma auditoria realizada de acordo com as
normas internacionais de auditoria sempre detecta as eventuais distorções relevantes
existentes. As distorções podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas
relevantes quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de uma
perspectiva razoável, as decisões econômicas dos usuários tomadas com base nessa
demonstração.

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Como parte da auditoria de acordo com as normas de auditoria, nós exercemos julgamento
profissional e mantemos o ceticismo profissional durante toda a auditoria. Nós também:
• Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas demonstrações
financeiras, independentemente se causada por fraude ou erro, planejamos e
executamos procedimentos de auditoria que respondam a esses riscos e obtemos
evidência de auditoria que seja suficiente e apropriada para fornecer uma base para a
opinião do auditor. O risco de não se detectar uma distorção relevante resultante de
fraude é maior que aquele de se detectar uma distorção relevante resultante de erro,
uma vez que a fraude pode envolver conluio, falsificação, omissões intencionais, falsas
declarações ou transgressão dos controles internos.
• Obtemos entendimento dos controles internos relevantes para a auditoria para planejar
procedimentos de auditoria que são apropriados nas circunstâncias, mas não para fins de
expressar uma opinião sobre a eficácia desses controles internos da entidade.
• Avaliamos a adequação das práticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas
contábeis e das respectivas divulgações feitas pela administração.
• Avaliamos a apresentação geral, a estrutura e conteúdo das demonstrações financeiras,
inclusive as divulgações e se as demonstrações financeiras representam as
correspondentes transações e eventos subjacentes de forma a alcançar a apresentação
adequada.

Nos comunicamos com os responsáveis pela governança sobre, entre outros assuntos, o
escopo planejado, o cronograma e os achados significativos da auditoria, incluindo quaisquer
deficiências significativas no controle interno que identificamos durante a auditoria.
Parágrafo(s) de ênfase(s) e outros assuntos: sem modificar a nossa opinião, chamamos
atenção para o(s) seguinte(s):
Ênfase:
- Base de elaboração e apresentação das demonstrações financeiras: embora as notas
explicativas não descrevam a base de elaboração e apresentação dessas demonstrações
financeiras de 2020, verificamos que elas foram elaboradas pelo regime de caixa, para
auxiliar a administração do Projeto a demonstrar o cumprimento das disposições Acordo
de Empréstimo acima mencionado. Consequentemente, as demonstrações financeiras
podem não servir para outras finalidades.
- Nossa opinião não alcançou a elegibilidade dos gastos financiados em parte da
Contrapartida no montante de R$ 14.075.760,72, tendo em vista que os valores
apresentados podem ou não ser cancelados, após a aprovação da formalização de
redução parcial dos valores financiados pelo Acordo de Empréstimo.

Brasília, 15 de outubro de 2021.

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