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Março de 2023
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)
RELATÓRIO DE APURAÇÃO
Órgão: Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações
Unidade Examinada: Agência Espacial Brasileira
Município/UF: Brasília/DF
Relatório de Apuração: #1259709
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.
Apuração
O serviço de apuração consiste na execução de procedimentos com a finalidade
de averiguar atos e fatos inquinados de ilegalidade ou de irregularidade
praticados por agentes públicos ou privados, na utilização de recursos públicos
federais.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado a partir das apurações
REALIZADO realizadas no Plano de trabalho #1194826, que
RECOMENDAÇÕES 17
CONCLUSÃO 18
ANEXOS 19
INTRODUÇÃO
A Agência foi criada por meio da Lei nº 8.854, de 10 de fevereiro de 1994, com finalidade de
promover o desenvolvimento das atividades espaciais de interesse nacional. De acordo com a
referida lei:
1
O valor não compreende todos os deslocamentos realizados no ano de 2021 e também não compreende a todo
o ano de 2022, apenas aos deslocamentos realizados a data em que o trabalho teve início para o ano de 2022.
7
O investimento em viagens também se mostra relevante na AEB quando se considera outras
unidades do sistema MCTI, mesmo aquelas com estrutura e orçamento maiores. A título de
ilustração, entre 2019 e outubro 2022, a AEB realizou 108 viagens, ao passo que o CNPq e a
CNEN, 33 e 34 respectivamente. Não se questiona o total de viagens a priori, tendo em vista
o perfil de atividades da Agência, mas esses dados reforçam a relevância do tema em relação
aos processos da Unidade e a criticidade de sua análise.
Como benefícios esperados do trabalho, objetiva-se uma melhoria dos processos internos
relacionados aos deslocamentos internacionais da AEB e uma racionalização dos custos e das
comitivas integrantes dessas viagens, e a realização das viagens em caráter de urgência
apenas em casos excepcionais que não poderiam ser planejadas com a antecedência
recomendada.
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RESULTADOS DOS EXAMES
Art. 6º Compete aos titulares das Diretorias da Agência Espacial Brasileira, à Chefia
de Gabinete, ou ao Presidente da Agência Espacial Brasileira a autorização de
afastamento da sede para deslocamentos nacionais dos servidores das respectivas
unidades.
Parágrafo único. A solicitação de que trata o caput deve incluir informações sobre a
pertinência do afastamento com os interesses da Agência Espacial Brasileira e a
correlação das atividades desenvolvidas pelo servidor com o objetivo da viagem.
(grifos nossos)
Art. 7º O processo administrativo com vistas à autorização de afastamento do País
deverá ser encaminhado pela unidade solicitante à Presidência da Agência Espacial
Brasileira, com antecedência de, no mínimo, 30 (trinta) dias do início da missão, e
deverá constar:
I - solicitação de autorização para afastamento do País completamente preenchida,
disponível no SEI;
II - documentos que justifiquem o afastamento, tais como carta-convite ou
documento congênere, manifestando interesse da organização do evento, governo
estrangeiro, organismo ou entidade internacional quanto à participação de
representante desta Agência;
III - agenda ou programação do evento com a especificação das atividades previstas,
que deverão ser compatíveis com a justificativa apresentada para o pedido de
afastamento do País.
[...]
A solicitação de autorização para afastamento do país deve ser realizada via formulário SEI. O
formulário dispõe de campo específico denominado “IMPACTO/BENEFÍCIO DA MISSÃO PARA
A AGÊNCIA E RESULTADOS ESPERADOS”, e nele deve-se fazer referência a pertinência do
deslocamento com os interesses e missão institucional da agência. As evidências indicam que,
na maioria dos processos, não são apontados de forma clara e precisa os impactos /benefícios
esperados para AEB com os deslocamentos ao exterior. Conforme evidenciado, no
preenchimento do campo de exposição dos impactos/benefícios esperados, disponível no
formulário de solicitação de afastamento não há clareza ou ainda detalhamento de quais
serão os benefícios gerados no âmbito da agência no que tange aos programas, objetivos,
metas e ações relacionados no PNAE. Um exemplo disso foi a viagem para Copenhage/
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Dinamarca2 que teve como finalidade de manter reuniões com o Instituto de Pesquisa Espacial
dinamarquês (DTU Space) e, posteriormente, participação no evento “Semana de Inovação
Brasil-Suécia” realizado na cidade de Estocolmo na Suécia, os quais se realizaram entre os dias
09 e 15 de maio de 2022. Ademais, de forma semelhante são exemplos, as viagens realizadas
para Quito/ Equador3 e Colorado Springs/ Estados Unidos4.
Parágrafo único. A solicitação de que trata o caput deve incluir informações sobre a
pertinência do afastamento com os interesses da Agência Espacial Brasileira e a
correlação das atividades desenvolvidas pelo servidor com o objetivo da viagem.
Para escolha dos integrantes das comitivas para missões internacionais, deve-se buscar, no
corpo funcional, colaboradores com habilidades técnicas suficientes e adequadas e que
desenvolvam atividades correlatas com os objetivos do afastamento, posto que os acordos,
contratos e conhecimentos realizados ou adquiridos no afastamento devem ser absorvidos de
forma a serem utilizados no âmbito da AEB para o alcance de seus objetivos. Restou
evidenciado a presença de servidores com atribuições diversas da temática das viagens e que
realizaram atividades de cunho administrativo, sem correlação com o objeto do afastamento.
Em virtude da diferença encontrada e a situação esperada, faz-se necessário apontar
deficiências no planejamento e seleção dos colaboradores selecionados para compor as
comitivas.
Essas deficiências estão intimamente relacionadas com o Achado 4 deste Relatório, que trata
do quantitativo de servidores participantes dos eventos, e é descrito na sequência. Quando
são enviadas comitivas muito grandes, como nas viagens a Paris e Dubai, naturalmente fica
mais difícil de comprovar a correlação entre as atividades desenvolvidas por cada servidor
com os objetivos da viagem. Como exemplo, pode-se citar a presença de assistentes e
2
Processo SEI_01350.001605_2021_43
3
Processo SEI_01350.000081_2022_54
4
Processo SEI_01350.000312_2022_20
10
assessores da presidência, além de servidores de áreas como comunicação social. Conforme
a doutrina, pode-se afirmar que, na verdade, os servidores não viajam, mas se afastam a
serviço para cumprir tarefas de interesse público. Isso reforça a necessidade de um
planejamento criterioso para cada viagem, para evitar possíveis distorções.
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De acordo com IN nº 1, de 19 de julho de 2021, Art. 7º:
Caso o processo seja encaminhado com prazo inferior aos 30 (trinta dias) do início da viagem,
é necessário apresentar, segundo Art. 9º da IN nº 1:
Por exemplo, na viagem realizada em abril de 2022, com destino a Santiago no Chile5, para
Feria Internacional del Aire y del Espacio realizada entre os dias 5 e 10 de abril, o afastamento
se originou a partir de convite recebido pela embaixada em Santiago, há indicação que no dia
03/09/2021 o MCTI enderençou o convite para AEB. Todavia, a reunião para indicação dos
nomes dos participantes da missão internacional ocorreu em 03/03/2022 e o envio da
solicitação de afastamento do país no dia 11/03/2022. Consequentemente, a viagem foi
realizada em caráter emergencial. Já na viagem realizada com destino Colorado Springs/
Estados Unidos6, entre os dias 29 de março a 01 de abril de 2022, há indicação do recebimento
do convite por parte da agência no dia 25 de fevereiro de 2022, ao passo que o formulário de
Pré-Aprovação da Viagem foi datado em 10/03/2022, contudo, a justificativa apresentada
para realização da viagem em caráter emergencial foi de que os servidores estavam
analisando qual cotação aérea ficaria mais viável para a viagem. Assim, ficou prejudicada a
consistência da justificativa e sua precisão diante dos prazos dispostos no processo.
Assim, pelo exposto, constata-se lentidão para início dos tramites na seleção de participantes
das missões internacionais, como também, inconsistências/imprecisão relacionadas às
justificativas apontadas para realização de deslocamentos em caráter emergencial.
5
Processo SEI_01350.001237/2021-33
6
Processo SEI_01350.000312/2022-20
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4. Motivação insuficiente para comprovar quantidade necessária de
servidores para as viagens internacionais
A conduta da dos agentes públicos deve ser pautada por princípios que norteiam o bom
desempenho das atividades e o alcance de metas e objetivos. Assim, a Constituição Federal
de 1988 elenca os principais princípios:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência [...]
O princípio da eficiência baliza que os responsáveis por gerir a coisa pública devem buscar o
melhor resultado possível com o mínimo dispêndio e com níveis adequados de qualidade7.
Além disso, é fundamental explicitar a motivação para os atos e os fundamentos pelos quais
o levaram a chegar à determinada decisão8.
Conforme relatado, para a maioria dos processos analisados, não foi feita a devida exposição
da necessidade do afastamento de servidores em relação à quantidade, bem como das
atividades a serem realizadas durante o afastamento. Isso fica reforçado quando se analisa os
relatórios de viagem, tema do próximo tópico: não é claramente demonstrada a relação entre
os resultados esperados com a viagem e os resultados alcançados após o retorno ao país.
7
Di Pietro, 2002,p. 83 . DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: Atlas, 2002.
8
art. 2º, §único, VII, da Lei n. 9.784/99.
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5. Prestações de contas apresentadas não contemplam a totalidade
dos requisitos normativos
No contexto de afastamentos internacionais, a prestação de contas (Relatório Circunstanciado
e demais documentos) é de extrema importância para demostrar o trabalho desenvolvido
durante o afastamento, conforme Art.36 da IN nº 1:
Parágrafo único. Em caso de viagens ao exterior, com ônus ou com ônus limitado, o
servidor ficará obrigado, dentro do prazo de 30 (trinta) dias, contado da data do
término do afastamento do país, a apresentar relatório circunstanciado das
atividades exercidas no exterior, conforme previsão contida no art. 16 do Decreto nº
91.800, de 18 de outubro de 1985, além do cumprimento do que dispõe o caput.
Dessa maneira, é imprescindível realizar a prestação de contas dentro do prazo legal, com o
detalhamento dos fatos e atividades desenvolvidas, apreciada e aprovada por um superior
hierárquico. Além disso, o Relatório Circunstanciado das viagens é um instrumento que
propicia a identificação de deficiências nos procedimentos internos, oportunizando melhorias
no processo.
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Deste modo, pelas falhas apontadas, houve casos em que a prestação de contas não evidência
adequadamente o cumprimento inequívoco da programação prevista para a viagem e os
benefícios para a instituição, uma vez que os relatórios são falhos em pontos vitais, conforme
descrito acima.
Nesse contexto, com o objetivo de verificar se havia aprovação das contas prestadas pelos
servidores da AEB ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), o Ministério foi
instado a confirmar a realização da prestação e respectiva aprovação.
Nesse âmbito, segundo o MCTI, “O recebimento dos relatórios de viagem ocorre geralmente
via Sistema de Concessão de Passagens e Diárias – SCDP, no qual também é autorizada a
despesa de viagem ao exterior [...] Nesse sistema, além de se fazer a solicitação de viagem,
também é realizada toda a prestação de contas do interessado”.
Diante do retorno aos questionamentos, ficou constatado que não há indicação nos processos
SEI-AEB de que seja realizada alimentação dos processos com o recebimento das informações
pelo MCTI e, consequentemente, a aprovação. Isso decorre do fato de que não há previsão
dessa comunicação entre prestação de contas/aprovação no SCDP e a alimentação do
processo SEI, o que prejudica a clareza e a transparência da fase final do processo de
afastamento. Entretanto, conforme Memorando nº 17096-2022-MCTI: “se encontra, no
âmbito deste Ministério, uma proposta de portaria com o intuito de aperfeiçoar os controles
relacionados aos afastamentos do país dos servidores do MCTI, bem como de suas entidades
vinculadas”.
Portanto, ficou caracterizado que não há previsão para alimentação do processo SEI-AEB da
prestação/aprovação realizada pelo MCTI via SCPD, de afastamentos autorizados pelo
Ministro de Estado. Todavia, como descrito, há propostas de aperfeiçoamento de controles
por parte do Ministério relacionado ao tema.
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RECOMENDAÇÕES
Recomendações à AEB:
Recomendação ao MCTI:
Achado nº 7.
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CONCLUSÃO
Em suma, as causas para distorção entre a situação esperada e a situação encontrada guardam
relação com deficiências no planejamento e procedimentos internos de instrução de
processos.
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ANEXOS
Viajantes para
Integrantes Possibilidade de
Processo SEI Destino apoio Problemas Boas práticas
comitiva participação on line
administrativo
Copenhage Não demonstratrada a necessidade da participação Encaminhamento proposto no relatório de
01350.001605/2021-43 3 não não
Estocolmo de 3 servidores viagem.
Presença de servidores com com perfil não
relacionado com a missão.
01350.000880/2021-40 Dubai 10 não sim Não demostrada a necessidade do número elevado
de servidores.
Relatórios de viagem incompletos.
Huntsville Relatórios de viagem sem detalhamento das Instrução com adequação ao normativo na fase de
01350.000936/2022-47 1 não não
Washington atividades realizadas solicitação de afastamento
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II – MANIFESTAÇÃO DA AEB E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA – APÓS PRIMEIRO
RELATÓRIO PRELIMINAR
Manifestação da Entidade
PROCESSO Nº 01350.001247/2022-50
1. SUMÁRIO EXECUTIVO
2. INFORMAÇÕES
2.1. Inicialmente, vale ressaltar que a presença da AEB em eventos no exterior, representada
por meio de seus servidores, conflui com as competências desta Autarquia, dispostas em sua
Lei de criação 8.854, de 10 de fevereiro de 1994, especialmente no que diz respeito a executar
e fazer executar a Política Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (PNDAE),
aprovada pelo Decreto 1.332, de 8 de dezembro de 1994, que tem como um de seus objetivos
específicos o: ''Estabelecimento no País de competência técnico-científica na área espacial,
que lhe possibilite atuar com real autonomia: nas negociações, nos acordos e nos tratados
internacionais envolvendo matérias pertinentes às atividades espaciais ou que possam
beneficiar-se dos conhecimentos decorrentes dessas atividades.
2.4. No que tange ao Achado 1, que versa sobre a necessidade de melhor motivação na
aprovação das viagens, entende-se que o órgão de auditoria recomenda que a
imprescindibilidade da missão seja justificada com fundamento no PNAE. Nesse ponto,
20
esclarece-se que as atividades executadas pela AEB têm como norte o PNAE, que figura como
instrumento de planejamento e orientativo para o período de 10 anos, no caso, de 2022 a
2031. Destarte, e conforme explicitado no PNAE, "o Brasil desempenha papéis de destaque
em várias agendas internacionais" (PNAE, p. 37), tendo como visão de futuro "Ser o país sul-
americano líder no mercado espacial", o que denota a importância da dimensão da
cooperação internacional no exercício das atividades da AEB. Logo, tem-se que, embora as
justificativas não descrevam explicitamente a aderência ao PNAE, tal instrumento é a base de
todas as atividades executadas pela AEB.
2.5. Em relação ao Achado 2, que trata da ''presença de servidores com atribuições não
diretamente relacionadas com a temática da viagem'', destaca-se que a AEB participou de
eventos de grande porte que necessitavam uma equipe com conhecimento em diversas áreas.
Nas missões de Dubai e Paris, em específico, a Agência estava atuando na condição de
organizadora de um dos eventos (Space4Women) de Dubai, por exemplo, e de expositora do
International Astronautical Congress - IAC, de Paris. Tais eventos necessitaram uma equipe
multidisciplinar a fim de serem viabilizados.
2.6. No que se refere à missão para Dubai, em específico, observa-se que o seu objetivo
englobou três eventos, quais sejam: i) a participação na EXPO 2020/Dubai, que celebrou, entre
os dias 17 e 23 de outubro, a semana do Espaço; ii) a organização e participação no Space for
Women Expert Meeting: Initiatives, challenges and opportunities for women in space, e iii)
participação no 72º Congresso Internacional de Astronáutica (IAC), evento anual organizado
pela Federação Internacional de Astronáutica (IAF). A participação no IAC se fez essencial no
sentido de permitir que esta autarquia se fizesse presente no fórum internacional mais
importante e adequado de representação diante de suas congêneres no mundo, além de seus
representantes terem atuado diretamente na defesa da candidatura da AEB para sediar o
mesmo Congresso no ano de 2024 no Brasil.
2.7. Ainda relacionado ao Achado 2, faz-se importante esclarecer que a AEB conta com uma
equipe de servidores diminuta. Dessa feita, embora a AEB esteja organizada em unidades
setoriais, muitos dos trabalhos e temas discutidos e construídos na AEB são executados por
equipes multidisciplinares, compostas por servidores de diversas unidades, por meio de
Grupos de Trabalho.
2.8. Desta feita, tem-se, por exemplo, que o servidor Aluísio Viveiros Camargo, Diretor de
Planejamento, Orçamento e Administração - DPOA, em meio às inúmeras atividades
realizadas na missão à Dubai, auxiliou o Presidente desta Autarquia na extensa agenda de
reuniões com representantes de empresas, agências espaciais e organizações internacionais,
como pode ser verificado no Relatório de Viagem ao Exterior do Diretor, anexado aos autos
do processo nº 01350.000880/2021-40, o qual contém o registro de cartões e folders das
reuniões realizadas. Nesse mesmo contexto, o Diretor da DPOA atuou, em algumas
oportunidades, como Presidente substituto da AEB, o que demonstra a interdependência e
interdisciplinariedade das unidades da AEB.
2.10. Com relação ao Achado 3, o Relatório de Auditoria demonstra que houve atraso na
definição da equipe. Nesse aspecto, importante esclarecer que a participação da AEB na FIDAE
– Feria Internacional del Aire y del Espacio se configura como o primeiro evento internacional
no qual a AEB montou um estande, então alguns atrasos nas definições derivam do fato de a
tratativa ter sido inédita. Nesse aspecto, também a delimitação da quantidade de servidores
e as competências requeridas para comporem o estande da AEB foram objeto de inúmeras
reuniões.
2.11. Além disso, importa registrar que os processos de viagens são instruídos e remetidos ao
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com vistas à autorização da viagem e sua
publicação no Diário Oficial da União - DOU. O trâmite do processo no MCTI independe de
atuação da AEB, então é importante frisar que podem ocorrer atrasos que, em alguns casos,
fogem à esfera de competência desta Agência.
2.15. Com relação aos temas ''falta de clareza acerca de atividades desenvolvidas pelos
participantes'' e ''a justificativa e relatório não são claros sobre a necessidade do
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deslocamento do servidor", encaminha-se Despacho da Coordenação de Satélites e
Aplicações - CSA (SEI nº 0190269), que oferece esclarecimentos adicionais.
2.16. Tabela-Resumo das viagens e ocorrências verificadas: Por fim, informo que foram
promovidas sugestões de alterações na Tabela-Resumo do Relatório Preliminar (Anexo I do
Relatório), tendo em vista a oportunidade de se adequar algumas informações, as quais foram
ajustadas e constam da tabela anexa (SEI 0192730), em vermelho. Alguns ajustes promovidos:
b) Roma: não havia oportunidade de participação online. Como descrito pelo organizador do
evento, o encontro não propiciou participação online, mas, ao revés, custeou a participação
do Presidente da Autarquia. Ademais, uma das finalidades do evento era a interação com a
indústria italiana;
c) Paris: participaram da missão um total de 6 servidores, e não 11, como constam nos
processos relacionados.
3. CONCLUSÃO
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ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA
A Unidade examinada afirma que a sua equipe de servidores é diminuta, com equipes
multidisciplinares. De acordo com a Instrução Normativa nº 1, de 19 de julho de 2021, em seu
Art. 6º:
Parágrafo único. A solicitação de que trata o caput deve incluir informações sobre a
pertinência do afastamento com os interesses da Agência Espacial Brasileira e a
correlação das atividades desenvolvidas pelo servidor com o objetivo da viagem.
A necessidade de correlação das atividades do servidor com o objetivo da viagem não é uma
faculdade, e sim uma disposição legal. Isso só reforça a necessidade de uma avaliação
criteriosa dos servidores que participam de viagens, e, também, de quais viagens que devem
ser realizadas, de acordo com a capacidade da AEB.
Em relação ao Achado nº3, a Unidade Examinada expõe os motivos pelos quais houve atraso
nos tramites para realização da viagem em caráter emergencial com destino a Santiago no
Chile. Vale mencionar que o Achado nº3 aponta também inconsistências/imprecisão
relacionadas às justificativas apresentadas para realização de deslocamentos em caráter
emergencial em outros afastamentos. Assim, novamente, enfatizamos a necessidade de
melhor instrução do processual, assim como, melhorias no planejamento afim de respeitar
aos prazos estabelecidos na legislação pertinente e ao normativo interno. Por fim, não houve
demanda no sentido de alteração do achado.
24
Achado nº 4 – itens 2.12 a 2.15 da manifestação da AEB
25
III – MANIFESTAÇÃO DA AEB E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA – APÓS SEGUNDO
RELATÓRIO PRELIMINAR
Manifestação da Entidade
PROCESSO Nº 01350.001247/2022-50
1. SUMÁRIO EXECUTIVO
2. INFORMAÇÕES
2.2. Após análise da resposta por parte da equipe de auditoria da CGU, foi encaminhada, no
dia 6 de março de 2023, a segunda versão do Relatório Preliminar. Assim, na oportunidade do
recebimento do documento em menção, julga-se necessário apresentar esclarecimentos a
esse órgão de auditoria, com a intenção de reiterar a compreensão dos temas tratados.
2.3. No que tange à análise da equipe de auditoria em relação ao Achado 1, no que diz:
2.4. Cabe informar que, conforme apresentado no item 2.4 da Nota Informativa nº 69, as
atividades executadas pela AEB têm como norte o PNAE, que figura como instrumento de
planejamento e orientação para o período de 10 anos, no caso, de 2022 a 2031. Logo, o
documento é a base de todas as atividades executadas pela autarquia. Ainda no caso de não
estar expressa a aderência de cada afastamento às finalidades da AEB, as justificativas
apresentadas e todas as informações que compõem os autos demonstram, claramente, o
alinhamento das missões.
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2.5. Um exemplo da adequada motivação é o afastamento para Copenhage e todas as citadas
no Achado 1. Todo o processo instruído mostra a cooperação havida entre a AEB e a
Dinamarca, na área espacial. O afastamento decorreu de convite da Embaixada no Brasil em
Copenhage (documento SEI nº 0151711), tendo sido discutida a conveniência e oportunidade
de participação na missão em reunião entre AEB, MCTI e o MRE, além de diversas trocas de e-
mails entre esse entes, nas quais foi verificada a aderência do conteúdo programado para o
evento, a necessidade de participação da AEB e de discussão de Memorando de Entendimento
voltado ao setor espacial (SEI nº 0149184 e 0149186). Diante do exposto, tem-se que a
motivação das missões consta em diversos documentos que compõem os autos, e não apenas
nos formulários de solicitação desses.
2.6. Todos os processos citados contêm ampla motivação, que justifica o empenho dos
recursos da AEB em cada um desses afastamentos.
2.8. Nesse aspecto, vale registrar que no ano de 2022, primeira vez em sua história, foi
montado estande da AEB em um dos mais importantes eventos de astronáutica, como
consequência de sua maior projeção internacional. O setor espacial brasileiro tem sido, cada
vez mais, alvo de interesse internacional, em especial pela anunciada abertura do espaçoporto
de Alcântara para operação em bases comerciais.
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2.10. Com relação à viagem realizada com destino Colorado Springs/ Estados Unidos, entre os
dias 29 de março a 01 de abril de 2022, como apontado no Relatório Preliminar de Auditoria,
há indicação do recebimento do convite por parte da Agência no dia 25 de fevereiro, ao passo
que o formulário de Pré-aprovarão da Viagem foi datado em 10/03/2022, portanto, 15 dias
após o recebimento do convite. Esse foi o prazo para a realização da tomada de decisão
quanto à realização dos afastamentos, definição da equipe, importância, oportunidade e
pertinência da participação da AEB no evento e o orçamento disponível da AEB.
2.11. Nesse ponto, uma análise a ser feita é como aumentaram os convites para que a AEB
participe de eventos internacionais. O new space, a recente criação de novas agências
espaciais em diversos países, o aumento constante da participação privada no setor, que
movimenta milhões de dólares por ano, a abertura do espaçoporto de Alcântara para
operação, dentre outros, mostram que as relações internacionais conduzidas pela AEB têm
sido ampliadas, havendo reconhecimento internacional pela Agência, o que se reflete nos
inúmeros e inéditos convites que a AEB têm recebido nos últimos três a quatro anos.
2.13. Com relação ao disposto no Relatório de que alguns afastamentos poderiam ser
substituídos por participação via videoconferência, dispensando a necessidade de mais de um
participante presencialmente, entende-se que não se pode desconsiderar a relevância de
reuniões presenciais. Perceba-se que é a tecnologia espacial que permite a realização de
eventos virtuais, os quais têm suma importância, mas não substituem o encontro
pessoalmente feito pelos diversos stakeholders do setor espacial. Desta feita, a participação
de forma presencial configura-se como mérito administrativo, estando devidamente
motivado nos autos respectivos.
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2.15. Tabela - resumo das viagens e ocorrências realizadas - Item 2.16 da manifestação da
AEB: Com relação aos afastamentos para Paris, apenas 6 (seis) foram aprovados, como
explicado anteriormente. Os afastamentos internacionais da AEB têm como autoridade
competente para aprovação o(a) Ministro(a) de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Como não houve aprovação dessa autoridade em 5 dos afastamentos solicitados, o ato
administrativo de afastamento desses servidores sequer se aperfeiçoou, não gerando, pois,
efeitos. Por esse motivo, entende-se não ser o caso de cancelar nenhum afastamento, eis que
não aprovados.
2.16. Nada obstante, foram anexados aos autos o Ofício do MCTI que mostra a aprovação de
apenas 6 (seis) servidores, dentre os 11 (onze) nomes inicialmente enviados pela AEB ao MCTI.
Esse documento já constava em processo relacionado ao do afastamento, mas
posteriormente foi replicado neste.
3. CONCLUSÃO
3.1. Não obstante os argumentos aqui apresentados, importa destacar que a AEB se mostra
inteiramente alinhada e disposta a aprimorar os registros internos referentes às missões
internacionais.
3.2. A esse respeito, informa-se que as diversas unidades desta Autarquia têm participado
ativamente do esforço conjunto com vistas a melhorias nos processos relacionados a
deslocamentos para o exterior de servidores da AEB. Todos os anos a ACI elabora tabela de
possíveis viagens ao exterior e, em trabalho conjunto com o Gabinete, neste ano de 2023 foi
elaborado mecanismo transversal de consultas internas relacionadas às possíveis
participações das diretorias em eventos externos.
3.3. Cabe pautar que a ACI elaborou Nota Técnica (SEI n° 0193254) relacionada ao Relatório
Preliminar da CGU, em que apontou várias circunstâncias em que o compromisso da ACI com
as melhores práticas relacionadas a viagens ao exterior pode ser constatado. A fim de melhor
esclarecer e otimizar processos, o setor responsável pela cooperação internacional (ACI)
esteve presente nas viagens a Dubai, Colorado Springs, Quito e Paris.
29
ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA
A AEB afirma que “ainda no caso de não estar expressa a aderência de cada afastamento às
finalidades da AEB, as justificativas apresentadas e todas as informações que compõem os
autos demonstram, claramente, o alinhamento das missões”.
A AEB afirma que suas equipes são multidisciplinares e cita o exemplo da necessidade da
equipe responsável pelas contratações no evento com estande da AEB.
A Instrução Normativa nº 1/2021 prescreve que a solicitação de viagem deve incluir
informações sobre a pertinência do afastamento com os objetivos da AEB, além da correlação
de atividades. Nesse aspecto, reforça-se a necessidade de exposição clara e explícita das
atividades do servidor com a temática da viagem. Além disso, ressalta-se a necessidade de
uma avaliação criteriosa dos servidores e de suas atividades para participarem das comitivas,
e, também, de quais viagens podem ser realizadas, de acordo com a capacidade técnica e
operacional do quadro da agência.
30
Achado nº 3 – itens 2.9 a 2.11 da segunda manifestação da AEB
A AEB argumenta que no caso da viagem ao Chile para a Feria Internacional del Aire y del
Espacio houve atraso nos trâmites internos, devido aquele ser o primeiro evento no qual foi
montado um estande na condição de expositor. Já a viagem para Colorado Springs/ Estados
Unidos teve como justificativa para realização em caráter de urgência a realização da tomada
de decisão quanto à realização dos afastamentos e definição da equipe. Contudo, o Achado
nº 3 não se refere somente aos atrasos decorrentes de trâmites internos, dificuldades no
planejamento ou fluxos de responsabilidade do MCTI e que fogem a esfera de controle da
AEB, mas também diz respeito a consistência das justificativas apresentadas para realização
dos deslocamentos em caráter de urgência. Outrossim, em sequência na manifestação da
unidade examinada, é demostrada ainda mais a necessidade de planejamento do corpo
técnico e operacional com vista ao momento atual da agência, conforme item 2.11 da
manifestação: “Nesse ponto, uma análise a ser feita é como aumentaram os convites para
que a AEB participe de eventos internacionais”. (grifos nossos). Assim, outra vez, destacamos
a necessidade de melhor instrução do processual, assim como melhorias no planejamento a
fim de respeitar aos prazos estabelecidos na legislação pertinente e ao normativo interno. Por
fim, não houve demanda no sentido de alteração do achado.
A AEB afirma que “os documentos remetidos ao MCTI visando à aprovação da viagem
permitem identificar as atividades a serem realizadas por meio do cronograma enviado.
Reitera-se que os registros das missões internacionais são descritos e detalhados
posteriormente nos Relatórios de Viagem ao Exterior, que são juntados aos autos dos
processos”. A análise documental demonstrou que não existe, de maneira clara e explícita,
uma correlação entre o que foi planejado e, principalmente, o que foi efetivamente realizado.
A norma pertinente requer que essa correlação fique evidente nos processos, que pode ser
materializada nos relatórios de viagem. O Achado nº 4 versa que “não é claramente
demonstrada a relação entre os resultados esperados com a viagem e os resultados
alcançados após o retorno ao país”, dessa forma não é possível atestar se a necessidade
anteriormente dimensionada era aquém do necessário ou superior e devido a essa lacuna no
detalhamento objetivo do que efetivamente foi realizado. Quanto à afirmação de que os “a
participação de forma presencial configura-se como mérito administrativo”, a motivação deve
ser clara e demonstrar cabalmente a real necessidade do deslocamento presencial, sob pena
de apuração de responsabilidade. No momento atual, de sérias dificuldades orçamentárias,
recomenda-se fortemente a adoção de participação por vídeo conferência sempre que
possível. Por fim, é fundamental demostrar a necessidade da quantidade de forma motivada
tanto na fase de aprovação como também na prestação de contas.
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Achado nº 5 – não mencionado nas manifestações da AEB
Embora não apresentado em tópico apartado dos demais, o Achado nº 4 apresenta pontos
abordados pela unidade em seus esclarecimentos que dizem respeito ao Achado nº 5. -
“Reitera-se que os registros das missões internacionais são descritos e detalhados
posteriormente nos Relatórios de Viagem ao Exterior, que são juntados aos autos dos
processos. Além disso, os conhecimentos e experiências obtidos durante as missões
internacionais são compartilhados com a Agência de forma transversal, por meio de reuniões
de diretorias, ou com a Assessoria de Cooperação Internacional (ACI) ou, ainda, reuniões de
lições aprendidas com o grupo que participou da missão”
O Achado nº 5 demonstra que os Relatórios de Viagem, em sua maioria, não contemplam os
itens previstos em norma, e por isso estão irregulares. Ressalta-se importância de se elaborar
relatórios de forma completa, detalhada e explícita, com os fatos ocorridos no afastamento e
a avaliação do cumprimento dos objetivos da missão.
Conclusão
A AEB afirma estar “inteiramente alinhada”, o que não se sustenta, visto que há diversos
pontos para correção e melhoria ao quais podemos citar tramites e planejamento de
autorização, aprovação dos afastamentos, motivação e instrução processual adequada e
prestação de contas nos moldes da legislação aplicável. Além disso, como exposto, esses
pontos quando corrigidos e disciplinados acarretaram ganhos para toda gestão da agência
implicando em maior atingimento de seus objetivos.
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Assim, as recomendações deste Relatório de Apuração são para tornar os processos mais
transparentes, aderentes à norma, além de seu aprimoramento nos pontos destacados.
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IV – MANIFESTAÇÃO DO MCTI E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA – APÓS SEGUNDO
RELATÓRIO PRELIMINAR
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