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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

MUNICIPIO DE PACO DO LUMIAR


Exercício 2019

25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PACO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900638
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a
regularidade da aplicação de recursos públicos federais executados de
forma direta ou descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às Organizações da Sociedade Civil.

Relatório de Consolidação dos resultados para o Ente Federativo:


Trata-se de consolidação dos resultados das avaliações realizadas na
execução dos recursos federais transferidos ao município de Paço do
Lumiar.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado em decorrência de o
REALIZADO município de Paço do Lumiar/MA ter sido
escolhido para ser fiscalizado, no âmbito do
PELA CGU? sexto ciclo do Programa de Fiscalização de
Entes Federativos (FEF – V6), em acordo com
O trabalho realizado pela CGU
as competências constitucionais da CGU
consistiu de fiscalização no
inscritas nos artigos 70 e 74 da Carta Magna.
âmbito dos programas
federais da área de Educação,
quais sejam, Fundo de
Manutenção e QUAIS AS CONCLUSÕES
Desenvolvimento da
Educação Básica e de
ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
Valorização dos Profissionais AS RECOMENDAÇÕES QUE
da Educação (Fundeb), DEVERÃO SER ADOTADAS?
Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae) e Foram constatadas falhas na execução dos
Programa Nacional de Apoio programas, quais sejam: (a) Pnate: execução
ao Transporte Escolar (Pnate), de despesas sem documentação, falhas em
no município de Paço do licitações e veículos não encontrados; (b)
Lumiar/MA, abrangendo o Pnae: irregularidades em licitações e
período de janeiro de 2017 a contratações e dano ao erário de R$
dezembro de 2018. 663.290,03; (c) Fundeb: irregularidades em
licitações; desperdícios de recursos e gastos
em despesas inelegíveis que provocaram dano
ao erário de R$ 12.750.904,51; não
comprovação de recolhimento de
contribuições previdenciárias no montante de
R$ 11.392.040,06.
As propostas de providências a serem
adotadas são: (1) Adoção de procedimentos de
correição com vistas a apurar as
responsabilidades pelas irregularidades
cometidas que provocaram danos ao erário ou
apenas atentaram contra a legalidade e aos
princípios da administração pública; (2)
melhoria nos controles internos de modo a
evitar as falhas, especialmente execução de
despesas sem documentação comprobatória.
QUAIS AS CONCLUSÕES
QUAL FOI O ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
TRABALHO AS RECOMENDAÇÕES QUE
REALIZADO PELA DEVERÃO SER ADOTADAS?
CGU? Foram constatadas falhas na execução dos
programas, quais sejam: (a) Atenção Básica em
O trabalho realizado pela CGU Saúde: não apresentação de processos e
consistiu de fiscalização no âmbito documentos para análise, execução de
dos programas federais da área de despesas sem documentação comprobatória
Saúde, quais sejam, Atenção Básica no montante de R$ 1.588.170,18, e acúmulo
em Saúde (ATB) e Estratégia de indevido de cargos por profissionais das
Saúde da Família (ESF), no equipes de saúde da família, notadamente
município de Paço do Lumiar/MA, médicos, enfermeiros e cirurgiães-dentistas;
abrangendo o período de janeiro de (b) Estratégia de Saúde da Família: problemas
2017 a dezembro de 2018. na estrutura, funcionamento e falta de
Na Ação de Controle relativa à equipamentos nas Unidades Básicas de Saúde,
Atenção Básica em Saúde, o escopo insuficiência de desempenho na atuação de
dos exames compreendeu toda a profissionais e agentes de saúde e
parte financeira envolvendo as descumprimento de carga horária por
partes fixa e variável, ou seja, PAB- profissionais das equipes de saúde da família.
Fixo, ESF, SB e ACS. As recomendações propostas que sugerem
Já na Ação de Controle relativa à providências a serem adotadas são: (1) Adoção
Estratégia de Saúde da Família, o de procedimentos de correição com vistas a
escopo compreendeu a questão apurar responsabilidades pelas irregularidades
operacional de execução das Ações cometidas que provocaram danos ao erário; e
relacionadas às Estratégias de (2) Atuação no sentido de adequar a estrutura
Saúde da Família (ESF), Saúde Bucal e funcionamento das UBS e pugnar pelo
(SB), Agentes Comunitários de cumprimento da carga horária de trabalho por
Saúde (ACS) e Núcleos de Apoio à médicos, além de coibir e extinguir os casos de
Saúde da Família (NASF). acúmulo ilegal de cargos.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ACS – Agentes Comunitários de Saúde


ARP – Ata de Registro de Preços
ATB – Atenção Básica em Saúde
CGU – Controladoria-Geral da União
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas
Datasus - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
ESF – Estratégia de Saúde da Família
FEF – Fiscalização de Entes Federativos
FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
FNS – Fundo Nacional de Saúde
Fundeb – Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e Valorização do Magistério
MA - Maranhão
Nasf – Núcleo de Apoio a Saúde da Família
Pab – Programa de Atenção Básica
Pnae – Programa Nacional de Alimentação Escolar
Pnate – Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
PP – Pregão Presencial
SB – Saúde Bucal
STN – Secretaria do Tesouro Nacional
UBS – Unidade Básica de Saúde
TCE – Tribunal de Contas do Estado
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS 8

1. Impropriedades, ilegalidades e irregularidades verificadas em processos licitatórios 8

2. Dano potencial ao Erário no montante global de R$ 17.050.137,41 9

3. Não recolhimento de contribuições previdenciárias no montante de R$ 11.392.040,06 10

4. Falhas na execução operacional da Estratégia de Saúde da Família 10

CONCLUSÃO 11

ANEXOS 12

II – Relatórios consolidados relacionados às avaliações realizadas no âmbito do ciclo V06 do


FEF dos recursos transferidos ao município de Paço do Lumiar 12
INTRODUÇÃO
Os trabalhos de fiscalização, referentes ao 6° Ciclo do Programa de Fiscalização de Entes
Federativos (FEF-V6), realizados no município de Paço do Lumiar/MA, tiveram como
objeto a avaliação da execução de programas federais nas áreas de Educação e de
Saúde, a seguir enumerados: Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica e
Valorização dos Profissionais do Magistério (Fundeb), Programa Nacional de
Alimentação Escolar (Pnae), Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate),
Atenção Básica em Saúde e Estratégia de Saúde da Família. O escopo dos exames
abrangeu, em sua maioria, o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018.
O Município foi selecionado pela Controladoria Geral da União - CGU para ser
fiscalizado, no âmbito da 6ª edição do FEF. O objetivo dos exames se fixou na avaliação
da aplicação dos recursos federais pelo município de Paço do Lumiar/MA,
especificamente em relação aos programas citados no parágrafo anterior.
Os exames consistiram na análise documental da execução de despesas custeadas com
os recursos repassados pelo Governo Federal ao Município no período transcrito acima,
além da fiscalização in loco dos resultados e produtos obtidos a partir dos gastos feitos.
Objetiva-se confirmar o alcance do cumprimento das diretrizes dos programas junto à
comunidade local.
No geral, os dados, documentos e informações foram obtidos junto à própria gestão
municipal. No entanto, houve restrição ao trabalho de auditoria uma vez que nem todos
os documentos requeridos foram disponibilizados pela gestão. Adicionalmente, outras
fontes de pesquisa e bases de dados foram utilizadas, tais como sites do FNDE, do FNS,
do Datasus, da STN, do Portal da Transparência, do TCE/MA, do Banco do Brasil etc. As
informações e dados obtidos nessas bases de dados foram comparados e confrontados
com a documentação e informações colhidas junto ao gestor local e com respostas a
circularizações feitas a fornecedores e prestadores de serviço e integrantes da
comunidade local.
Foram executadas cinco Ações de Controle, conforme a seguir detalhado:
Quadro 01 – Programas fiscalizados por Ações de Controle e os montantes auditados
Programa Fiscalizado Quantidade de ações de controle Monte Fiscalizado
Fundeb 1 R$ 146.507.260,31
Pnae 1 R$ 5.290.538,80
Pnate 1 R$ 3.388.711,76
Atenção Básica 2 R$ 17.014.851,79
TOTAL 5 R$ 172.201.362,66
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização da CGU.

Assevere-se que houve restrição aos exames, no âmbito do Fundeb e da Atenção Básica
em Saúde, na medida em que vários documentos e informações solicitados não foram
apresentados, não obstante reiteradas solicitações formais.

7
CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS

1. Impropriedades, ilegalidades e irregularidades verificadas em


processos licitatórios.

Foram realizados exames sobre os processos licitatórios que teriam sido formalizados
previamente à execução de despesas relativas aos programas Fundeb e Pnae a seguir
indicados:

Quadro 02 – Processos Licitatórios e seus objetos fiscalizados por Programa


Programa Fiscalizado Processos Licitatórios Objeto Licitado
Fundeb PP 003/2017 e PP 073/2107 Aquisição de Combustíveis
Fundeb PP 005/2017 e PP 015/2018 Locação de Veículos
Pnae ARP/2017 e PP 003/2018 Aquisição de Gêneros Alimentícios
Pnae Chamada Pública 002/2017 Aquisição de Gêneros Alimentícios
Fonte: Elaborado pela Equipe de Fiscalização da CGU.

No geral, as irregularidades e ilegalidades mais graves dizem respeito a simulação de


formalização de processos licitatórios, que culminaram em favorecimento a
determinados fornecedores e danos ao erário, conforme a seguir descrito sucintamente:
a) Processos licitatórios para aquisição de combustíveis em 2017 e 2018 (PP
003/2017 e PP 073/2017):
a.1) há duas cotações com preços distintos, em tese, de duas empresas
diferentes, contudo, o CNPJ é o mesmo para as duas empresas e ambas se
situam no mesmo município, sendo que um mesmo responsável assina as
cotações;
a.2) cotações de duas empresas, teoricamente diferentes, mas com mesmo
CNPJ e que teriam sido assinadas pela mesma pessoa, mas cujas assinaturas
são diferentes;
a.3) cotações de empresas assinadas pela Chefe da Divisão de Compras e
Gerenciamento de Preços da Secretaria de Planejamento e Articulação
Governamental da prefeitura de Paço do Lumiar/MA;
a.4) editais dos pregões repletos de cláusulas abusivas, atentatórias à
legalidade e de exigências não contempladas na Lei 8.666/1993;
a.5) apenas uma empresa compareceu e foi contratada.

b) Nos processos licitatórios para locação de veículos para o transporte escolar


(PP 005/2017 e PP 015/2018):

8
b.1) erro na elaboração do termo de referência para o PP 005/2017, em
relação ao prazo contratual, que interfere diretamente na formação de
preços das propostas de preços pelas licitantes;
b.2) editais com as falhas similares verificadas nos pregões para aquisição de
combustíveis, ou seja, eivados de cláusulas abusivas e atentatórias à
legalidade;
b.3) adjudicação e homologação das licitações em valores superiores aos
efetivamente considerados vencedores;

c) Nos processos de licitação para aquisição de gêneros alimentícios para a


merenda escolar (Adesão a Ata de Registro de Preços e PP 003/2018):
c.1) adesão feita sem consulta e anuência do órgão gerenciador da Ata de
Registro de Preços;
c.2) assinatura de contrato com empresa não detentora de ata de registro de
preços vigente, por não ter sido vencedora de itens.

2. Dano potencial ao Erário no montante global de R$


17.050.137,41.

Essencialmente nos programas Fundeb e Pnae houve a ocorrência de diversas


irregularidades que culminaram com dano potencial ao Erário, conforme a seguir
relatado de forma sucinta:
a) dano ao Erário decorrente de sobrepreço verificado em contratações, no âmbito
do Pnae, no montante de R$ 532.811,65;
b) execução de despesas sem documentação comprobatória, no âmbito do
Fundeb, no valor total de R$ 2.047.772,69, referentes a despesas com
combustíveis, locação de veículos para o transporte escolar e aquisição de
móveis e utensílios;
c) realização de gastos sem a apresentação de documentos comprobatórios da
despesa, no âmbito do Pnae, no montante de R$ 130.478,38;
d) gastos com recursos da atenção básica em saúde sem comprovação mediante
documentos hábeis, no valor global de R$ 1.588.170,18;
e) execução de despesas consideradas inelegíveis para o Fundeb, na monta de R$
199.352,31, referentes a gastos com tarifas bancárias;
f) desperdícios de recursos do Fundeb com aquisição de livros didáticos não
utilizados pelos alunos e estocados sem uso em diversos depósitos da prefeitura
e em escolas, que somam o total de R$ 12.551.552,20.

9
3. Não recolhimento de contribuições previdenciárias no
montante global de R$ 11.392.040,06.

No âmbito do Fundeb, foi constatado que houve retenções previdenciárias para o


regime geral não recolhidas no valor total de R$ 3.520.800,30 (partes empregados e
patronal). Além disso, também foi verificado que não houve recolhimento de
contribuições previdenciárias (partes empregados e patronal) para o regime próprio no
montante de R$ 7.871.239,76. Dessa forma, houve apropriação indevida e sonegação
de contribuição previdenciária no valor total de R$ 11.392.040,06.

4. Falhas na execução operacional da Estratégia de Saúde da


Família.

A Estratégia de Saúde da Família, no município de Paço do Lumiar/MA, apresentou


deficiências em sua execução pelos gestores locais, tendo em vista que foram
constatadas falhas na estrutura física das Unidades Básicas de Saúde da Família. As
principais foram ausência de licença sanitária, falta de adequado gerenciamento de
resíduos sólidos, falhas na pintura de paredes, nos pisos, tetos e telhados, além de
problemas com a falta de equipamentos ou as más condições de conservação e
manutenção desses equipamentos e utensílios, para o desempenho das ações de saúde
nas UBS.

Além disso, foi constatado que os médicos não cumprem a carga horária contratual de
trabalho de 40 horas semanais e fazem os atendimentos, em geral, apenas dois dias por
semana, ou seja, apenas 16 horas semanais. Essa situação é agravada pelo acúmulo
ilegal de cargos sem que haja a compatibilidade de horários e locais e, às vezes, com
carga horária semanal muito superior ao limite razoável de 60 horas semanais.

10
CONCLUSÃO
Os trabalhos de Fiscalização sobre programas de governo federais, a seguir
mencionados, executados pelos gestores locais do município de Paço do Lumiar/MA, se
deram por conta da seleção da citada municipalidade no 6° Ciclo do Programa de
Fiscalização de Entes Federativos (FEF-V6). O escopo dos exames recaiu sobre os
Programas/Ações das áreas da Educação (Fundeb, Pnae e Pnate) e da Saúde (Atenção
Básica e Saúde da Família), e abrangeu, em regra, os exercícios de 2017 e 2018.
Como resultado da aplicação dos exames, verificaram-se como principais e relevantes
irregularidades:
(a) com base em diversas evidências contidas nos processos licitatórios Pregões
Presenciais 003/2017, 005/2017, 073/2017, 003/2018 e 015/2018, além da Chamada
Pública 002/2017, restou evidenciada a simulação desses processos licitatórios,
concluindo-se que, de fato, não foram formalizados e houve favorecimento na
contratação de determinados fornecedores;
(b) foi constatado dano potencial ao Erário, no montante global de R$ 17.050.137,41
(dezessete milhões cinquenta mil cento e trinta e sete reais e quarenta e um centavos),
que envolvem todos os programas e ações fiscalizados no período integral
compreendido entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, tudo em função de
sobrepreço verificado nos processos de contratação, de pagamentos por despesas
inelegíveis ou sem comprovação de documentos hábeis;
(c) houve apropriação indébita de contribuição previdenciária retida dos empregados e
sonegação de contribuição previdenciária patronal, no montante global de R$
11.392.040,36;
(c) na verificação da parte operacional (eficácia e efetividade) da execução da Estratégia
de Saúde da Família no citado Município, constataram-se diversas falhas que afetam os
resultados esperados para a população. Dentre elas estão: deficiências na infra-estrutra
das unidades de saúde, falta de equipamentos ou equipamentos em mau estado de
conservação, além de falhas no atendimento médico à população, em vista do não
cumprimento da carga horária pelos médicos e outros profissionais das equipes de
saúde da família, inclusive enfermeiros e cirurgiões-dentistas.
Por fim, convém frisar que houve restrição aos exames, no âmbito do Fundeb e da
Atenção Básica em Saúde, na medida em que vários documentos e informações
solicitados não foram apresentados, não obstante reiteradas solicitações formais.
Tais problemas demandam atuação dos gestores federais dos programas, nos casos de
implementação de melhorias na execução das políticas públicas, e de atores que têm a
missão institucional de apurar irregularidades e propor as devidas ações e sanções aos
responsáveis por tais falhas.

11
ANEXOS
I – Relatórios consolidados relacionados às avaliações realizadas
no âmbito do ciclo V06 do FEF dos recursos transferidos ao
município de Paço do Lumiar/MA

12
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR/MA
Exercícios de 2017 e 2018

25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900604
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a regularidade da
aplicação de recursos públicos federais executados de forma direta ou
descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às
Organizações da Sociedade Civil.

3
SUMÁRIO

SUMÁRIO 4

INTRODUÇÃO 5

RESULTADOS DOS EXAMES 6

1. Irregularidades e Impropriedades verificadas em licitações para aquisição de combustíveis em


2017 e 2018. 6

2. Irregularidades e Impropriedades verificadas em licitações para locação de veículos para o


transporte escolar em 2017 e 2018. 13

3. Realização de gastos com combustíveis e locação de veículos de transporte escolar, com a


utilização de recursos do Fundeb sem a apresentação de documentos que deem suporte à realização
das despesas específicas, no montante de R$ 1.534.031,80. 19

4. Irregularidades em inexigibilidade de licitação para compra de livros didáticos. 21

5. Desperdício de recursos do Fundeb no montante de R$ 12,5 milhões. 24

6. Não comprovação de recolhimento das contribuições previdenciárias no âmbito do Regime Geral


de Previdência Social (RGPS). 30

7. Não comprovação de recolhimento das contribuições previdenciárias no âmbito do Regime


Próprio de Previdência Social (RPPS). 31

8. Ausência de comprovantes de despesa referentes à aquisição de móveis e utensílios com recursos


do Fundeb. 33

9. Pagamento de despesas inelegíveis com recursos do Fundeb no montante de R$ 199 mil. 34

10. Restrição à fiscalização 35

CONCLUSÃO 36

ANEXOS 37

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 37

4
INTRODUÇÃO
A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas sobre atos e processos de
execução financeira e operacional do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.

A análise ocorreu conforme a Ação de Controle nº 201900604 e decorre do fato de a Prefeitura


ter sido escolhida no âmbito da 6º Edição do Programa de Fiscalização de Entes Federativos
(FEF), da CGU.

A análise buscou avaliar a adequação da folha de pagamento dos profissionais da educação,


dos processos de contratação (licitações), bem como a adequada execução dos contratos de
fornecimento de bens e serviços destinados às escolas da rede municipal de ensino.

Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como folhas de pagamento,
extratos bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, controles de aquisição e
distribuição de bens às escolas do município, além da realização de entrevistas, visitas e
inspeções físicas “in loco”.

A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado, para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.

5
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Irregularidades e Impropriedades verificadas em licitações para


aquisição de combustíveis em 2017 e 2018.
Foram analisados os processos licitatórios relativos aos Pregões Presenciais 003/2017 e
073/2017, conduzidos pela prefeitura municipal de Paço do Lumiar/MA para aquisição de
combustíveis e lubrificantes, para abastecimento dos veículos oficiais nos exercícios de 2017
e 2018.

A tabela a seguir demonstra os quantitativos, os preços unitários e totais licitados em cada


processo, de acordo com os termos de referência dos pregões, constantes às fls. 16 e 29 dos
processos relativos ao PP 003/2017 e ao PP 073/2017, respectivamente:

Tabela 01 – Quantitativos, valores unitários e totais do PP 003/2017 e do PP 073/2017


PP 003/2017 PP 073/2017
Discriminação Valor Valor
Qtd. Valor Total Qtd. Valor Total
Unit. Unit.
Diesel 650.000 3,32 2.158.000,00 0 0,00 0,00
Diesel S500 0 0,00 0,00 400.000 3,21 1.285.200,00
Diesel S10 70.000 3,53 247.100,00 210.000 3,26 683.830,00
Gasolina 194.500 3,82 742.990,00 0 0,00 0,00
Gasolina Comum 0 0,00 0,00 583.500 3,66 2.133.276,00
Gasolina Aditivada 0 0,00 0,00 10.000 3,70 36.960,00
Etanol 5.500 3,31 18.205,00 6.000 3,15 18.878,00
Lubrificante para motor a
0 0,00 0,00 200 24,67 4.933,33
diesel (mineral)
Lubrificante para motor a
0 0,00 0,00 200 30,67 6.133,33
diesel (semi-sintético)
Lubrificante para motor a
0 0,00 0,00 200 38,33 7.666,67
diesel (sintético)
Total ### ## 3.166.295,00 ### ## 4.176.877,33
Fonte: Processos licitatórios referentes ao PP 003/2017 e ao PP 073/2017.

Frise-se que os valores totais da última coluna da Tabela 01 estão todos errados, tendo em
vista que o produto entre a quantidade e o valor unitário de cada item equivale,
respectivamente, de cima para baixo, a R$ 1.284.000,00, R$ 684.600,00, R$ 2.135.610,00, R$
37.000,00, R$ 18.900,00, R$ 4.934,00, R$ 6.134,00 e R$ 7.666,00, totalizando R$ 4.178.844,00.

6
A partir da análise dos processos, foram constatadas impropriedades e irregularidades que
merecem destaque:

a) Realizou-se Pregão Presencial em detrimento do Pregão Eletrônico, sem a inserção de


justificativas no processo;

b) A informação sobre disponibilidade orçamentária referente ao PP 073/2017, constante às


fls. 34 a 36 do processo, apenas indica a classificação funcional, estrutura programática e
naturezas de despesa, sem especificar o valor da dotação orçamentária suficiente (ou não)
para se efetivar a contratação. Tal exigência contida no Art. 7º, §2º, III, c/c o Art. 14, Caput, da
Lei nº 8.666/1993, sugere que sejam especificadas não somente a classificação orçamentária,
mas também seja indicada que a dotação orçamentária existente é suficiente para honrar o
contrato que advirá da licitação;

c) O Termo de Referência do Pregão Presencial 073/2017, constante às fls. 27 a 30 do


processo, não traz os valores dos itens, tampouco o valor total da licitação, indicando o valor
estimado do custo a ser suportado pela administração pública, baseado em preços praticados
no mercado, conforme prescrito no Art. 10, § 2º, alínea “c”, do Decreto Municipal nº
3.090/2017;

d) Nas cotações de preços feitas para formar o preço de referência do PP 003/2017, há duas
cotações com preços distintos que, em tese, teriam sido emitidas por duas empresas
diferentes, quais sejam, a empresa Conceição de Maria Ribeiro Mouta – ME e o Auto Posto
São José. Contudo, há algumas coincidências que indicam ser a mesma empresa, pois, o CNPJ
é o mesmo para ambas (03.313.114/0002-60), as duas se situam no município de Raposa/MA
e o responsável que assina as cotações também é a mesma pessoa, conforme se verifica nas
figuras a seguir:

Figura 01 – Cotação de preços da empresa Conceição de Maria Ribeiro Mouta - ME.

7
Fonte: Processo relativo ao PP 003/2017, fls. 28 e 29.

Figura 02 – Cotação de preços da empresa Auto Posto São José.

Fonte: Processo relativo ao PP 003/2017, fls. 30 e 31.

8
d.1) A assinatura do responsável constante da proposta de preços do Auto Posto São
José não coincide com as demais assinaturas do autor desta cotação e da cotação da empresa
Conceição de Maria Ribeiro Mouta - ME;

d.2) Além disso, as propostas de preços nas cotações das empresas Conceição de Maria
Ribeiro Mouta - ME e Rolim e Rolim Ltda., em vez da assinatura do representante da empresa,
contêm a assinatura da Chefe da Divisão de Compras e Gerenciamento de Preços da Secretaria
de Planejamento e Articulação Governamental da prefeitura de Paço do Lumiar/MA,
conforme se verifica na figura a seguir:

Figura 03 – Cotações de preços das empresas Conceição de Maria Ribeiro Mouta - ME e


Rolim e Rolim Ltda.

Fonte: Processo relativo ao PP 003/2017, fls. 29 e 38.

e) Há uma orientação incomum no processo da licitação PP 003/2017, para que o licitante


antecipe contato com a comissão de licitação. Nesse sentido, antes do preâmbulo do Edital
do PP 003/2017, há um formulário intitulado “TERMO DE RECEBIMENTO DA CÓPIA INTEGRAL
DO EDITAL DE LICITAÇÃO”, o qual deveria ser preenchido e assinado pelo interessado na
retirada do edital e enviado para um e-mail ou encaminhado/entregue na Prefeitura
Municipal de Paço do Lumiar/MA, com a justificativa de que o pregoeiro trataria com a
empresa licitante interessada assuntos pertinentes à referida licitação. Tal exigência atenta
contra as boas práticas de gestão de licitações, pois impõe um contato prévio da
administração pública com os licitantes interessados sem qualquer necessidade premente,
não motivada pela própria licitante. Ademais, o Edital já prevê cláusula acerca de
esclarecimentos de dúvidas acerca das predisposições do Edital. Em caso de alterações
9
significativas, que podem impactar a formulação de propostas e apresentação de
documentos, a legislação prevê que seja republicado o aviso de licitação. Assim, um formulário
desses se faz totalmente desnecessário e atenta contra a impessoalidade e moralidade
administrativas, além de, quiçá, interferir na isonomia;

f) O Edital do Pregão Presencial 003/2017 apresenta incorreções e ilegalidades, a seguir


descritas:

f.1) exigência, no subitem 8.2.1.1, que trata da habilitação jurídica, de cédula de


identidade do proprietário ou sócios ou presidente das licitantes, sendo que essa exigência
não consta do rol de documentos previstos no Art. 28 da Lei 8.666/1993;

f.2) exigência abusiva, dentre os documentos de regularidade fiscal e trabalhista,


subitem 8.2.2.1, de prova de inscrição no CPF do proprietário ou sócios ou presidente das
licitantes, sendo que essa exigência não consta do rol de documentos previstos no Art. 29 da
Lei 8.666/1993;

f.3) exigência, no subitem 8.2.3.1, de apresentação de atestado de capacidade técnica


sem indicar quais quantitativos mínimos deveriam ser comprovados em relação aos itens de
maior relevância para o objeto, com o fim de se atestar se experiência anterior foi compatível
em características e quantidades com o objeto da licitação;

f.4) exigência de alvará sanitário ou licença sanitária, no subitem 8.2.3.3, como


requisito de qualificação técnica; exigência de apresentação de autorização de funcionamento
da empresa junto à ANVISA, no subitem 8.2.3.4; e exigência de apresentação de Certidão de
Regularidade junto ao Conselho Federal de Farmácia, no subitem 8.2.3.5. Para justificar essa
exigência, os subitens 8.2.3.3.1, 8.2.3.3.2, 8.2.3.4.1 e 8.2.3.4.2 se referem a medicamentos e
material hospitalar. Contudo, a licitação é para aquisição de combustíveis e lubrificantes;

f.5) exigência, no subitem 8.2.4.1.1, de índice contábil referente a “Endividamento


Total”. Nos termos da IN/MARE-GM nº 05/1995, os índices que podem ser exigidos são
Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral. Ademais, o Acórdão 2.882/2008 –
TCU/Plenário determinou que a administração pública “abstenha-se de utilizar fórmulas com
ponderação de índices contábeis não usualmente adotados para a avaliação da qualificação
econômico-financeira dos licitantes”;

g) No Edital do Pregão Presencial 073/2017 não consta a menção sobre locais, horários e
códigos de acesso aos meios de comunicação a distância em que serão fornecidos elementos,
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendimento das
obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto, em flagrante descumprimento ao art.
40, VII da Lei nº 8.666/1993. Ao contrário, no item 5.1, há a expressa afirmação de que
“Qualquer pedido de esclarecimento em relação a eventuais dúvidas na interpretação do
presente Edital e seus Anexos deverá ser enviado, por escrito, ao Pregoeiro e/ou sua Equipe
de Apoio, exclusivamente no endereço Av. 13, quadra 132, No 18, Maiobão, Paço do
Lumiar/MA” (os grifos constam do original);

10
h) O item 12.3, subalínea “b.4” do Pregão Presencial 073/2017, exige a apresentação de índice
contábil referente a “Grau de Endividamento”. Nos termos da IN/MARE-GM nº 05/1995, os
índices que podem ser exigidos são Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral.
Ademais, o Acórdão 2.882/2008 – TCU/Plenário determinou que a administração pública
“abstenha-se de utilizar fórmulas com ponderação de índices contábeis não usualmente
adotados para a avaliação da qualificação econômico-financeira dos licitantes”;

i) Some-se a tudo o fato de que as informações relativas ao PP 003/2017, homologado em


22/02/2017, somente foram inseridas no sistema SACOP (Sistema de Acompanhamento
Eletrônico de Contratação Pública), do TCE/MA, em 07/08/2017, ou seja, 08 meses após a
realização da licitação. Em relação ao PP 073/2017, homologado em 15/02/2018, até o
fechamento deste relatório não constava do referido sistema. Note-se que o TCE-MA
disponibiliza mural específico em seu site (http://site.tce.ma.gov.br/index.php/mural-de-
licitacoes-2) onde podem ser livremente consultados os dados de todos os certames
alimentados pelas unidades jurisdicionadas daquela Corte de Contas, inclusive os editais das
licitações. Assim, para além de servir como instrumento de controle pelo próprio TCE, esse
sistema garante maior transparência ao permitir que qualquer interessado, cidadão ou
licitante, possa acessar editais tempestivamente nele inseridos, sem a necessidade de
locomover-se ao município e sem, portanto, qualquer monitoramento por parte do órgão
licitante, tendo inclusive o efeito de mitigar a possibilidade de conluios;

j) Nos termos da Ata da Sessão Pública do Pregão Presencial no 003/2017, realizada em 22 de


fevereiro de 2017, compareceu apenas a empresa Rolim & Rolim Ltda.-ME. Os dados da
proposta inicial de preços e os valores após a negociação, ficaram assim:

Tabela 02 – Valores da proposta inicial de preços e valores negociados da empresa Rolim &
Rolim Ltda. – ME.

Quantidade Proposta Inicial Valores Negociados


Discriminação
(em litros) Valor Unitário Valor Total Valor Unitário Valor Total
Diesel 650.000 R$ 3,37 2.190.500,00 R$ 3,32 2.158.000,00
Diesel S10 70.000 R$ 3,58 250.600,00 R$ 3,53 247.100,00
Gasolina 194.500 R$ 3,87 752.715,00 R$ 3,82 742.990,00
Etanol Sem
Sem cotação Sem cotação Sem cotação Sem cotação
cotação
Total ### ###### 3.193.815,00 ###### 3.148.090,00
Fonte: Ata da Sessão Pública do Pregão Presencial 003/2017, Fls. 340 e 341.

j.1) Ressalte-se que a negociação simplesmente adequou os preços da empresa aos


valores de referência do pregão. A negociação sequer obteve, em todos os itens, os preços
informados pela mesma empresa por ocasião da consulta de preços de mercado, no início do
processo. Os valores unitários apresentados pela empresa naquela ocasião foram R$ 3,30, R$
3,40 e R$ 3,85, respectivamente para diesel, diesel S10 e gasolina. Percebe-se que somente o
valor da gasolina estava superior ao negociado;

11
k) Em relação ao Pregão Presencial no 073/2017, às fls. 191 a 193 do processo consta a Ata de
Realização do Pregão Presencial de 08 de janeiro de 2018. Nesta sessão, compareceu somente
a empresa C G de Sousa Eireli (Posto Naila), de CNPJ 69.425.734/0001-19;
k.1) A referida empresa foi devidamente credenciada e teve sua proposta de preços
aceita dentro dos termos do Edital. Contudo, segundo a Ata, a empresa teria sido inabilitada
por descumprir os itens 12.2 e 12.3 do Edital, ou seja, deixou de apresentar a Certidão
Negativa de débitos municipais e a Certidão Negativa de Falência e Recuperação Judicial;

k.2) No entanto, a análise dos documentos de habilitação apresentados pela empresa,


constantes às fls. 164 e 182 do processo, evidencia a presença desses documentos, conforme
se verifica na figura a seguir:

Figura 04 – Certidão Negativa de Débitos Municipais e Certidão Negativa de Falência e


Recuperação Judicial da empresa C G de Sousa Eireli.

Fonte: Processo licitatório relativo ao Pregão Presencial n o 073/2017, fls. 164 e 182.

k.3) Não obstante ter apresentado os documentos, a licitante não se opôs ao resultado,
aceitando-o passivamente e ainda declinou de apresentar recurso à decisão;

k.4) em função da decisão do pregoeiro, foi feita nova cotação de preços, elaborado
outro edital e realizada, em 08 de fevereiro de 2018, outra Sessão do Pregão. Dessa vez
compareceu apenas a empresa Rolim & Rolim Ltda.-ME. Os dados da proposta inicial de
preços e os valores após a negociação, ficaram assim:

12
Tabela 03 – Valores da proposta inicial de preços e valores negociados da empresa
Rolim & Rolim Ltda. – ME.

Quantidade Proposta Inicial Valores Negociados


Discriminação
(em litros) Valor Unitário Valor Total Valor Unitário Valor Total
Diesel S500 400.000 R$ 3,16 1.264.000,00 R$ 3,15 1.260.000,00
Diesel S10 210.000 R$ 3,30 693.000,00 R$ 3,29 690.900,00
Gasolina
583.500 R$ 3,67 2.141.445,00 R$ 3,65 2.129.775,00
Comum
Gasolina
10.000 R$ 3,88 38.800,00 R$ 3,85 38.500,00
Aditivada
Etanol 6.000 R$ 3,31 19.860,00 R$ 3,30 19.800,00
Lubrificante
200 R$ 17,00 3.400,00 R$ 17,00 3.400,00
Mineral
Lubrificante
200 R$ 28,00 5.600,00 R$ 25,00 5.000,00
Semi-sintético
Lubrificante
200 R$ 27,00 5.400,00 R$ 27,00 5.400,00
Sintético
Total ### ###### 4.171.505,00 ###### 4.152.775,00
Fonte: Ata da Sessão Pública do Pregão Presencial 073/2017, Fls. 311 a 313.

2. Irregularidades e Impropriedades verificadas em licitações para


locação de veículos para o transporte escolar em 2017 e 2018.
Foram analisados os seguintes processos licitatórios conduzidos pela prefeitura municipal de
Paço do Lumiar/MA para contratação de prestadora de serviços de locação de veículos (micro-
ônibus e ônibus), destinados exclusivamente ao transporte escolar dos alunos da educação
básica de ensino, nos exercícios de 2017 e 2018:

Quadro 01 – Processos Licitatórios formalizados pela prefeitura de Paço do Lumiar/MA


para locação de veículos para o transporte escolar em 2017 e 2018.

Processo Pregão Presencial nº 005/2017 Pregão Presencial nº 041/2017


Data da sessão 23/02/2017 13/03/2018
Menor preço por
Critério de adjudicação Menor preço por item
quilometragem*
Valor total estimado R$ 2.899.472,50 R$ 2.608.236,40
Valor total adjudicado R$ 2.195.958,60 R$ 2.439.380,80
T G Pontes Transportes – EPP
GCS Equipamentos e Construções
Empresa vencedora (Esplendor Transportes e Locação
Ltda.
de Veículos)

13
Processo Pregão Presencial nº 005/2017 Pregão Presencial nº 041/2017
Data do Contrato 27/03/2017 28/03/2018
Vigência do Contrato 09 meses 12 meses, prorrogável
Fonte: Processos licitatórios referentes aos pregões presenciais listados neste quadro.
*Conforme consta do preâmbulo do Edital (Fls. 148).

A partir das análises realizadas nessas licitações, foram constatadas impropriedades e


irregularidades individualizadas por certame, conforme descrito a seguir:

I – Pregão Presencial 005/2017 – Locação de veículos (ônibus e micro-ônibus) para o


transporte escolar:

a) Realizou-se Pregão Presencial em detrimento do Pregão Eletrônico, sem a inserção de


justificativas no processo;

b) Os despachos às fls. 09 e 24, emitidos pela Secretaria Municipal de Planejamento e


Articulação Governamental e pela Divisão de Gestão de Compras e Gerenciamento de Preços,
respectivamente, mencionam que a solicitação de contratação visa suprir a demanda por um
período de 9 meses apenas. Contudo, o Termo de Referência (fls. 13 a 16) e as pesquisas de
preços solicitadas (fls. 27 a 44) foram elaborados tomando-se por base a demanda para 12
meses. Isso culminou num valor estimado supervalorizado, o que pode ter interferido
diretamente nos preços cotados pelos interessados.

c) Há uma orientação incomum no processo da licitação PP 005/2017, para que o licitante


antecipe contato com a comissão de licitação. Nesse sentido, antes do preâmbulo do Edital,
há um formulário intitulado “TERMO DE RECEBIMENTO DA CÓPIA INTEGRAL DO EDITAL DE
LICITAÇÃO”, o qual deveria ser preenchido e assinado pelo interessado que retirasse o edital
e deveria ser enviado para um e-mail ou encaminhar/entregar na Prefeitura Municipal de Paço
do Lumiar/MA, sob a justificativa de o pregoeiro informar à empresa licitante interessada
quaisquer assuntos pertinentes à referida licitação. Tal exigência atenta contra as boas
práticas de gestão de licitações, pois impõe um contato prévio da administração pública com
os licitantes interessados sem qualquer necessidade premente, não motivada pela própria
licitante. Ademais, o Edital já prevê cláusula acerca de esclarecimentos de dúvidas acerca das
predisposições do Edital e, em caso de alterações significativas, que podem impactar a
formulação de propostas e apresentação de documentos, a legislação prevê que seja
republicado o aviso de licitação. Assim, um formulário desses se faz totalmente desnecessário
e atenta contra a impessoalidade e moralidade administrativas, além de, quiçá, interferir na
isonomia;

d) O Edital apresenta incorreções e ilegalidades, a seguir descritas:

d.1) no Preâmbulo, no subitem 1.1, há menção sobre o pregão ser para “aquisição e
fornecimento de água mineral” para diversas secretarias municipais. Contudo, a Cláusula “2.
OBJETO DA LICITAÇÃO” afirma que a licitação tem por objeto a “contratação de pessoa(s)
jurídica(s) para execução dos serviços de locação de veículos (micro-ônibus e ônibus) destinado
exclusivamente ao transporte escolar dos alunos da rede de educação básica de ensino”;

14
d.2) ainda no preâmbulo, no subitem 1.1, há a indicação de que a sessão da licitação
ocorrerá às 10h00 do dia 23 de fevereiro de 2017. Entretanto, adiante, no mesmo Preâmbulo,
no subitem 1.3, há a afirmação de que a sessão do certame iniciar-se-á às 14h00 da citada
data, quando seriam recebidos envelopes contendo propostas de preços e documentos de
habilitação;

d.3) as exigências de documentos de habilitação constantes dos subitens 8.2.1.1


(habilitação jurídica) e 8.2.2.1 (regularidade fiscal) não estão previstas na legislação. Os
documentos que podem e devem ser exigidos dizem respeito apenas às licitantes e não a seus
sócios ou proprietários;

d.4) exigência, no subitem 8.2.3.1.1, de apresentação de atestados de capacidade


técnica sem indicar quais quantitativos mínimos deveriam ser comprovados em relação aos
itens de maior relevância para o objeto, com o fim de atestar se a experiência anterior é
compatível em características e quantidades com o objeto da licitação;

d.5) o esclarecimento contido no item 8.15 deveria ter se constituído em um subitem


fixado logo após o subitem 8.2.2.10, já que a ele se refere diretamente e facilitaria o
entendimento dos interessados quando da preparação da documentação necessária à
participação no certame;

d.6) as exigências de apresentação das declarações contidas nos itens 8.2.7 a 8.2.14
são excessivas e se mostram inócuas, haja vista que a administração pública dispõe de outros
meios para atestar o que tais declarações visam a demonstrar, além de que, se a
administração não adotar os meios necessários para atestar tais condições, de nada adiantam
a emissão das declarações pelas licitantes;

e) O Termo de Referência, constante às fls. 13 a 23 do processo, não traz os valores dos itens
tampouco o valor total da licitação, que indicariam o valor estimado do custo a ser suportado
pela administração pública, baseado em preços praticados no mercado, conforme prescrito
no Art. 10, § 2º, alínea “c”, do Decreto Municipal nº 3.090/2017;

e) Some-se isto o fato de que as informações relativas ao PP 005/2017, realizado em


23/02/2017, somente foram inseridas no sistema SACOP, do TCE/MA, em 09/08/2017, 06
meses após a realização da licitação. Note-se que o TCE-MA disponibiliza mural específico em
seu site (http://site.tce.ma.gov.br/index.php/mural-de-licitacoes-2) onde podem ser
livremente consultados os dados de todos os certames alimentados pelas unidades
jurisdicionadas daquela Corte de Contas no SACOP, inclusive os editais das licitações. Assim,
para além de servir como instrumento de controle pelo próprio TCE, esse sistema garante
maior transparência ao permitir que qualquer interessado, cidadão ou licitante, possa acessar
editais tempestivamente nele inseridos sem a necessidade de locomover-se ao município, e
sem, portanto, qualquer monitoramento por parte do órgão licitante, tendo inclusive o efeito
de mitigar a possibilidade de conluios;

f) No Diário Oficial do Estado de 20 de fevereiro de 2017 a prefeitura de Paço do Lumiar/MA


publicou um adiamento do Pregão Presencial nº 05/2017 sob a alegação de “motivos de
15
ordem administrativa”, sem maiores justificativas técnicas no processo. Em 15 de março de
2017, a Secretária Municipal de Educação emitiu o Memorando nº 074/2017/SEMED,
destinado à Secretária Municipal de Planejamento e Articulação Governamental, informando
dos riscos que adviriram ao transporte escolar em função do adiamento do processo
licitatório, sem previsão de retorno, e sugeriu a adesão a uma Ata de Registro de Preços do
município de Timbiras/MA, com objeto similar;

g) Depois de submeter à apreciação da procuradoria jurídica do Município e ter aprovação


prévia para adesão, com aceitação pela Prefeitura Municipal de Timbiras/MA e anuência da
empresa prestadora do serviço, foi ratificada a adesão à Ata de Registro de Preços nº
007/2017, oriunda do Pregão Presencial nº 013/2017 do município citado. Os valores unitários
constantes dessa Ata estavam menores que os estimados na licitação inicial (Pregão Presencial
nº 005/2017) de Paço do Lumiar/MA. Nesta licitação, os valores unitários estavam estimados
em R$ 11,11 tanto para locação de ônibus quanto de micro-ônibus; já na Ata de Registro de
Preços aderida os valores unitários estavam em R$ 9,45 e R$ 7,50, respectivamente para
locação de ônibus e micro-ônibus, mostrando-se, assim, dentro do preço de mercado obtido
a partir das cotações feitas pela Prefeitura de Paço do Lumiar/MA para formação do preço de
referência da licitação;

h) Assim, foi feita a contratação da empresa T. G. Pontes Transportes – ME (Esplendor


Transportes e Locação), no valor total de R$ 2.195.958,60 por 9 (nove) meses de contrato,
referente a locação de 15 ônibus e 1 micro-ônibus. Contudo, o Termo de Adjudicação,
constante às fls. 422 do processo, indica o valor global de R$ 2.750.616,00, diferente do valor
real que consta do Ato de Homologação (fls. 423) e do Contrato (fls. 426), que foi assinado em
27 de março de 2017;

i) A revogação do Pregão Presencial nº 05/2017 somente foi efetivada em 20 de junho de


2017, quase 3 meses após a assinatura do contrato;

II – Pregão Presencial 015/2018 – Locação de veículos (ônibus e micro-ônibus) para o


transporte escolar:

a) Realizou-se Pregão Presencial em detrimento do Pregão Eletrônico. Às fls. 61 do processo,


houve a inserção de uma justificativa com a argumentação de se “imprimir maior celeridade
à contratação (...), sem prejuízo à competitividade” e complementando que “tem-se
observado através de acompanhamento de pregões eletrônicos (...), a excessiva demora em
suas conclusões, dado ao grande volume de empresas que declinam de suas propostas, o que
não ocorre na forma presencial”. Contudo, não houve apresentação de dados que
demonstrassem tal inviabilidade decorrente da forma eletrônica. Além disso, na esfera federal
em que se realiza maciçamente esta forma mais competitiva, não se verifica essas desistências
das empresas;

b) A informação sobre disponibilidade orçamentária apenas indica a classificação funcional,


estrutura programática e naturezas de despesa, sem especificar o valor da dotação
orçamentária suficiente (ou não) para se efetivar a contratação. Tal exigência contida no Art.
7º, §2º, III, c/c o Art. 14, Caput, da Lei nº 8.666/1993, sugere que sejam especificadas não
16
somente a classificação orçamentária, mas também seja indicada a dotação orçamentária
existente que seja suficiente para honrar o contrato que advirá da licitação;

c) O Edital apresenta incorreções e ilegalidades, a seguir descritas:

c.1) no Preâmbulo, há a menção de que a licitação será do tipo “Menor Preço por
Quilometragem”. Nota-se que o termo “quilometragem” se refere ao regime de execução.
Contudo, tal regime não existe na legislação;

c.2) equivocadamente, foi inserida dentre as exigências de regularidade fiscal e


trabalhista (subitem 6.1.2, alínea “h”) a declaração de que a empresa não emprega menores.
O art. 29 da Lei 8.666/1993, que trata da documentação de regularidade fiscal e trabalhista,
não prevê essa declaração, que constitui um item específico de exigência previsto no Inciso V
do Art. 27, em obediência ao disposto no inciso XXXIII do art. 7° da Constituição Federal;

c.3) exigência, no subitem 6.1.3.1, alínea “a”, de índice contábil referente a “Capital
Circulante Líquido”. Nos termos da IN/MARE-GM nº 05/1995, os índices que podem ser
exigidos são Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral. Ademais, o Acórdão
2.882/2008 – TCU/Plenário determinou que a administração pública “abstenha-se de utilizar
fórmulas com ponderação de índices contábeis não usualmente adotados para a avaliação da
qualificação econômico-financeira dos licitantes”;

c.4) exigência, no subitem 6.1.4, alínea “a”, de apresentação de atestado de


capacidade técnica sem indicar quais quantitativos mínimos deveriam ser comprovados em
relação aos itens de maior relevância para o objeto, com o fim de se atestar se experiência
anterior foi compatível em características e quantidades com o objeto da licitação;

d) O Termo de Referência, constante às fls. 37 a 45 do processo, não traz os valores dos itens
tampouco o valor total da licitação, que indicariam o valor estimado do custo a ser suportado
pela administração pública baseado em preços praticados no mercado, conforme prescrito no
Art. 10, § 2º, alínea “c”, do Decreto Municipal nº 3.090/2017;

e) Some-se isto o fato de que as informações relativas ao PP 015/2018, realizado em


13/03/2018, somente foram inseridas no sistema SACOP, do TCE/MA, em 13/11/2018, 08
meses após a realização da licitação. Note-se que o TCE-MA disponibiliza mural específico em
seu site (http://site.tce.ma.gov.br/index.php/mural-de-licitacoes-2) onde podem ser
livremente consultados os dados de todos os certames alimentados pelas unidades
jurisdicionadas daquela Corte de Contas no SACOP, inclusive os editais das licitações. Assim,
para além de servir como instrumento de controle pelo próprio TCE, esse sistema garante
maior transparência ao permitir que qualquer interessado, cidadão ou licitante, possa acessar
editais tempestivamente nele inseridos sem a necessidade de locomover-se ao município, e
sem, portanto, qualquer monitoramento por parte do órgão licitante, tendo inclusive o efeito
de mitigar a possibilidade de conluios;

f) A licitação, conforme o Anexo IX do Edital (VALOR DE REFERÊNCIA), às fls. 204 e 205 do


processo, consistiu de 04 itens, a saber:

17
a) ônibus para 44 passageiros, com motorista;
b) ônibus para 44 passageiros, com motorista, com espaço para deficientes;
c) micro-ônibus para 26 passageiros, com motorista;
d) micro-ônibus para 26 passageiros, com motorista, com espaço para deficientes.

g) Os valores unitários por quilômetro rodado para os itens elencados acima foram estimados,
respectivamente em R$ 8,87, R$ 10,48, R$ 7,35 e R$ 7,43. Tendo em vista os quantitativos de
quilometragem estimada para cada item (240.680km, para 17 ônibus; 7.920km, para 1
ônibus/deficientes; 23.760km, para 1 micro-ônibus; e 29.040km, para 2 micro-
ônibus/deficientes) os valores globais, considerada uma execução contratual por 10 meses,
fixaram-se em R$ 2.134.831,60, R$ 83.001,60, R$ 174.636,00 e R$ 215.767,20.

h) Em 13 de março de 2018, foi elaborada a Ata de Realização do Pregão Presencial nº


015/2018, em que houve a decretação de licitação deserta, pela ausência de interessados.
Contraditoriamente, outros documentos do processo denunciam que em 26 de fevereiro de
2018 (15 dias antes da sessão da licitação) a prefeitura já sabia que a licitação seria deserta,
já que nesta data foi feita nova justificativa para a contratação, pela Secretaria Municipal de
Educação, e emitida autorização de nova solicitação de cotação de preços, pela Secretaria
Municipal de Planejamento e Articulação Governamental, indicando a exclusão do item
“climatização” na especificação dos itens objeto da licitação. As cotações das empresas
consultadas foram formuladas e enviadas à prefeitura em 27 de fevereiro de 2018. Dessa
forma, em 14 de março de 2018, apenas 1 dia depois de a licitação ter sido deserta, foi emitido
o novo Aviso de Licitação, fixando a sessão em 26 de março de 2018. Outro elemento que
denota montagem do processo licitatório é a publicação no Diário Oficial do Estado no mesmo
dia de emissão do Aviso de Licitação, ou seja, 14 de março de 2018;

i) Em 26 de março de 2018 foi elaborada outra Ata de Realização do Pregão Presencial nº


015/2018, na qual consta que compareceram duas empresas, quais sejam: GCS Equipamentos
e Construções Ltda. (CNPJ n° 08.463.169/0001-90) e AW Transportes e Locação (CNPJ nº
26.245.325/0001-28). A segunda empresa teve sua proposta desclassificada em função de não
cumprir o item 5.1, alínea “e”, do Edital, tendo em vista que não apresentara “Planilha de
Encargos Sociais”, demonstrando a composição unitária dos custos com motoristas;

j) Como ficou apenas uma empresa, houve negociação direta com a única licitante classificada,
havendo redução nos valores por ela apresentados inicialmente, da seguinte forma:

j.1) Item 01 – do valor inicial mensal de R$ 202.652,56 para R$ 199.000,00;


j.2) Item 02 – do valor inicial mensal de R$ 7.880,40, sem negociação;
j.3) Item 03 – do valor inicial mensal de R$ 16.584,48 para R$ 16.200,00 e
j.4) Item 04 – do valor inicial mensal de R$ 20.473,20 para R$ 20.000,00;
j.5) Valor global para 10 meses de todos os itens: R$ 2.439.380,80. Contudo, esse valor
se mostra incorreto, pois, multiplicando-se os valores mensais negociados por 10 meses,
encontra-se o total de R$ 2.430.804,00, ou seja, R$ 8.576,80 menor.

18
k) Sem razões explicitadas, tendo em vista ter sido a proposta da empresa desclassificada, não
tendo item vencedor, há documentos de habilitação da mesma no processo, inseridos, sem
numeração, entre as fls. 373 e 375 do processo. Se a empresa teve sua proposta
desclassificada e não teve item vencedor, seus documentos de habilitação deveriam ter sido
devolvidos lacrados ou sequer recebidos pelo pregoeiro;

l) Não consta do processo a proposta readequada com os valores obtidos após a negociação.
Assim, não se pode verificar o erro entre os valores individuais dos itens e o valor total, como
observado na subalínea “j.5” acima;

m) O valor adjudicado e homologado (fls. 377 e 378) se deram no valor errado de R$


2.439.380,80. O contrato foi assinado em 28 de março de 2018 (fls. 379 a 423 – 3 vias), nesse
mesmo valor global;

n) Foi firmado aditivo de 25% do valor total do contrato, aumentando o quantitativo de 21


veículos (18 ônibus e 3 micro-ônibus) para 26 veículos (sem especificar qual tipo). O valor do
acréscimo foi de R$ 609.845,20. Porém, os acréscimos e supressões nos quantitativos
deveriam levar em conta cada item individualmente, ou seja, não se deve simplesmente
aumentar ou reduzir o valor global do contrato, mas sim, alterar seu valor, até o limite de 25%,
para mais ou para menos, em decorrência da alteração nos mesmos limites dos quantitativos
dos itens. Assim, como os quantitativos eram 17 ônibus e 1 micro-ônibus sem acessibilidade
e 1 ônibus e 2 micro-ônibus com acessibilidade, o único item que poderia contemplar
acréscimo ou supressão seria o de 17 ônibus sem acessibilidade, o que redundaria em 4
veículos. Ademais, não houve demonstração de quais veículos foi demandado o aumento
tampouco a quilometragem a ser acrescida, haja vista o valor do contrato ter por base a
quilometragem rodada mensal.

3. Realização de gastos com combustíveis e locação de veículos de


transporte escolar, com a utilização de recursos do Fundeb sem a
apresentação de documentos que deem suporte à realização das
despesas específicas, no montante de R$ 1.534.031,80.
Foram analisados os documentos que ensejaram pagamentos de despesas com combustíveis
e locação de veículos para o transporte escolar sob a tutela da prefeitura municipal de Paço
do Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.

A partir das análises efetuadas, constataram-se impropriedades relativas aos documentos


apresentados, conforme a seguir demonstrado.

a) houve execução de despesas com combustíveis comprovadas com documentos


(Notas de Liquidação-NL e Ordens de Pagamento-OP) com numeração conflitante, isto é, há
mais de um documento (NL ou OP) para a mesma despesa, não se conseguindo precisar qual
deles seria o correto para justificar o gasto, conforme demonstrado no quadro a seguir:
19
Quadro 02 – Gastos com combustíveis com duplicidade de documentos
comprobatórios de despesas.

DATA VALOR NL 1 NL 2 OP 1 OP 2
04/08/2017 38.122,40 222011/003 222001/003 - -
06/09/2017 13.936,00 - - 906015 00732
06/09/2017 9.296,00 - - 906011 00706
18/10/2017 18.648,64 222011/005 222001/005 1018002 00843
18/10/2017 31.606,40 222020/003 222002/003 - -
01/11/2017 36.719,20 222011/006 222001/006 1101006 00924
01/11/2017 30.216,80 222020/004 222002/004 1101005 00923
28/12/2017 63.593,67 222011/008 22001/008 1228013 01196
28/12/2017 38.830,00 222020/006 222002/006 1228014 01197
Total 280.969,11 ##### ##### ##### #####
Fonte: Documentos de despesas do Fundeb apresentados pela Prefeitura.

b) houve execução de despesas com combustíveis sem a apresentação das notas fiscais
e/ou faturas da empresa fornecedora, conforme demonstrado no quadro a seguir:

Quadro 03 – Gastos com combustíveis sem notas


fiscais/faturas de fornecimento.

DATA VALOR NE OP
09/05/2017 42.001,50 222011 509011
10/05/2017 65.801,76 222011 510010
01/02/2018 79.072,00 222011 00223
01/02/2018 175.296,00 222020 00222
01/02/2018 47.655,00 222011 00204
01/02/2018 64.724,83 222020 00205
22/03/2018 80.002,07 105002 00252
24/08/2018 53.209,55 605002 00928
07/12/2018 16.571,64 1001005 01383
07/12/2018 64.724,83 1001006 01382
TOTAL 689.059,18 ### ###
Fonte: Documentos de despesas do Fundeb apresentados pela Prefeitura.

c) também houve execução de gastos com locação de veículos para o transporte


escolar municipal, custeados com recursos do Fundeb, sem apresentação de quaisquer
documentos de despesas ou notas fiscais/faturas da empresa prestadora de serviços que
comprovem a realização das despesas. Tais gastos estão detalhados no quadro a seguir, a
partir do extrato bancário da conta específica do programa:

Quadro 04 – Gastos com locação de veículos para o transporte escolar municipal, em


2018, sem apresentação de documentos comprobatórios das despesas incorridas.

DATA VALOR TIPO DE TRANSFERÊNCIA FORNECEDOR CNPJ


05/06/2018 230.700,05 TED-Transf. Eletr. G C S Equipamentos e
08.463.169/0001-90
23/07/2018 104.078,96 Disponiv. Construções Ltda.

20
31/07/2018 188.754,50
TOTAL 523.533,51 ##### ##### #####
Fonte: Extratos bancários da conta específica do Programa (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 17.338-X).
d) outrossim, houve gastos com empresa administradora de cartões de frota
(Brasilcard Administradora de Cartões Ltda. – CNPJ 03.817.702/0001-50), no valor total de R$
26.980,00, sem apresentação de documentação de despesa, conforme detalhado nas
subalíneas a seguir:

d.1) não apresentação da Ordem de Pagamento relativa ao gasto feito em 12/07/2018,


no valor 13.490,00; e
d.2) não apresentação de quaisquer documentos (nota de empenho, ordem de
pagamento, nota fiscal/fatura etc.) relativamente ao gasto efetuado em 04/10/2018, no
mesmo valor de R$ 13.490,00.

4. Irregularidades em inexigibilidade de licitação para compra de


livros didáticos.

Por meio da Inexigibilidade de Licitação nº 05/2017 (Processo Administrativo nº 1.039, de


04/05/2017), a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA, no âmbito do Fundeb, contratou a empresa
Sisttech Tecnologia Educacional (CNPJ 01.268.154/0001-21) para fornecimento da coleção de
Robótica PESC (7.420 materiais didáticos), destinada a alunos da Educação Básica. O Contrato
nº 068/2017 foi celebrado em 25/05/2017, no valor de R$ 2.953.160,00.
O exame do procedimento licitatório revelou as seguintes irregularidades:
a) Ausência de prova de inviabilidade de competição, a qual serviu de justificativa para a
contratação direta. Também não há no processo justificativa para a escolha do fornecedor, o
que contraria o artigo 25, I, e artigo 26, II, da Lei nº 8.666/93.
Segundo a jurisprudência das Cortes de Contas a inexigibilidade da licitação condiciona-se a
três requisitos cumulativos: 1º) exclusividade do material, atestada por órgão ou entidades
competentes para tal, o que impede que a Administração Pública adquira produto similar; 2º)
inviabilidade de competição pela falta de outro licitante; 3º) ainda que seja tutelado por
patente, não possa ser fornecido por terceiros.
Por essa lógica, segundo se extrai do inciso I do artigo 25 da Lei nº 8.663/93, (artigo da lei
usado pela prefeitura para fundamentar a inexigibilidade), não seria apenas o fato de a
Sisttech Tecnologia Educacional possuir a patente dos livros de Robótica PESC, mas o fato de
esses livros deterem determinadas e fundamentais características não encontradas nos
produtos oferecidos por outras empresas concorrentes, e que essas peculiaridades
contemplem o interesse da Administração Pública.
Nesse sentido, conforme demonstram os autos do processo, a prefeitura não comprovou a
inviabilidade de competição, fulcro essencial para enquadramento da aquisição dos livros na
hipótese de inexigibilidade.
A peça que instruiu o processo e que serviu para justificar a inexigibilidade configura-se num
despacho do Secretário Municipal de Educação (titular do CPF ***.228.993-**) para a
21
Secretaria Municipal de Planejamento (Processo 1.039/2017, fls 02/11). A justificativa aborda
a necessidade de introduzir práticas de ensino e estudo a partir da robótica, e acrescenta o
seguinte:
Figura 05 - Fragmentos da justificativa para aquisição dos livros Robótica
PESC

Fonte: Processo nº 1.039/2017 (Inexigibilidade de Licitação nº 05/2017), fls. 02/11.

Não há registro no processo de que a prefeitura tenha realizado previamente uma verificação
prática de robótica a fim de que a nova metodologia fosse criteriosamente avaliada pelos
técnicos do Ensino Fundamental, a considerar o valor expressivo da contratação e o fato de a
disciplina robótica não integrar a grade curricular do município. Além disso, não realizaram
pesquisa para verificar a existência de outros produtos similares no mercado editorial.
Segundo os autos do processo, a aquisição foi autorizada, portanto, sem análise prévia e com
base unicamente em despacho do secretário de educação. A ausência de planejamento prévio
da contratação, a qual foi concluída em dezessete dias úteis, redundou em desperdício,
conforme apontado neste relatório.
Em pesquisa realizada na Internet, constatou-se a existência de pelo menos quatro outras
empresas que oferecem produtos similares àqueles fornecidos pela Sisttech Tecnologia, como
por exemplo: Modelix Robotics (www.modelix.com.br), Brink Mobil
(www.brinkmobil.com.br), Zoom Education (www.zoom.education) e Expoente
(www.expoente.com.br).
A partir das informações contidas nas páginas eletrônicas dessas empresas, verificam-se
semelhanças dos produtos ofertados com o que foi adquirido pela prefeitura de Paço do
Lumiar/MA. Todos apresentam conteúdo pedagógico teórico-prático que visa à introdução da
22
robótica na Educação Fundamental com fornecimento de material didático, material de apoio,
kits escolares, manuais, treinamento para os professores etc.
Reitera-se que no processo de contratação não há comprovação de que tenha sido feita
consulta prévia ao mercado com o objetivo de encontrar outras empresas capazes de executar
a proposta de introdução da robótica nas salas de aula do ensino fundamental do município.
Também não existe parecer emitido pela área técnica da Secretaria de Educação a respeito da
viabilidade do projeto Robótica PESC. O processo de compra já se inicia com o fornecedor do
objeto previamente definido.
Os pareceres emitidos pela comissão de licitação (fls. 85/89) e jurídico (fls. 153/158), que
firmaram opinião no sentido de confirmar a exclusividade do fornecedor, e portanto da
inexigibilidade da licitação, ampararam-se, principalmente, na Declaração de Exclusividade (fl.
143) emitida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), segundo a qual a Coleção Robótica PESC
seria de edição e distribuição exclusiva em todo o território nacional da empresa Sisttech
Tecnologia Educacional.
Ressalta-se, contudo, que o documento não é taxativo no sentido de consignar
categoricamente que somente a Sisttech Tecnologia Educacional disporia desse tipo de
material didático. E nem poderia fazê-lo, dado que, conforme revelou a pesquisa na Internet
realizada pela CGU, existem no mercado nacional outras empresas aptas a fornecer produtos
semelhantes. Nesse sentido, a declaração da CBL juntada pela prefeitura não impedia a
pesquisa no mercado em busca de outras empresas que fornecessem materiais semelhantes,
a fim de que fosse efetivamente comprovada a inviabilidade de competição e, por
conseguinte, caracterizasse de forma indubitável a inexigibilidade da licitação.

b) Ausência de pesquisa de preços com fornecedores de serviços similares (artigo 26, III, da
Lei nº 8.666/93).
Os artigos 25 e 26 da Lei de Licitações determinam que, na contratação direta por
inexigibilidade, a administração comprove a inviabilidade de competição e justifique a escolha
do fornecedor do objeto pretendido, além disso exige que seja verificada a razoabilidade dos
preços pactuados.
No caso da Inexigibilidade nº 05/2017, foram juntados aos autos os contratos da empresa
Sisttech Tecnologia Educacional com as prefeituras de Manaus/AM, Itupeva/SP e com o
governo da Paraíba (fls.29/55).
No contrato com a prefeitura de Manaus/AM, assinado em 2016, o preço conhecido é
somente o global, sem especificação dos itens adquiridos, suas quantidades e preços
unitários.
O contrato pactuado com a prefeitura de Itupeva/SP data de 2014 e os preços unitários estão
cerca de 37% mais baixos em relação aos valores contratados pela prefeitura de Paço do
Lumiar/MA.
Já o contrato com o Governo da Paraíba, firmado em 2016, os preços unitários situam-se na
mesma faixa daqueles contratados pelo município maranhense, ou seja, R$ 398,00/coleção
PESC Robótica.

23
Haja vista que a inviabilidade da competição, fulcro da inexigibilidade de licitação,
demonstrou-se inexistente, a justificativa do preço a partir de um único fornecedor revelou-
se inadequada e insuficiente para aferir, à luz do princípio constitucional da economicidade, a
razoabilidade dos preços pactuados e se a contratação revelou-se o melhor custo/benefício
para a prefeitura, tendo em vista que a existência de outras empresas aptas para fornecer o
produto, abriria a possibilidade de pesquisa preliminar de preços no mercado.

5. Desperdício de recursos do Fundeb no montante de R$ 12,5


milhões.

No âmbito do Fundeb, em 2017 e 2018 a prefeitura de Paço do Lumiar/MA promoveu a


aquisição de livros didáticos para alunos da Educação Básica do município.
Por meio de inexigibilidade de licitação, a prefeitura contratou duas empresas para o
fornecimento de livros de robótica e de educação ambiental. E mediante pregão presencial,
contratou o fornecimento de livros de matemática, português e kits tecnológicos
experimentais, conforme detalhado no quadro abaixo.

Quadro 05 – Painel das contratações de livros didáticos pela Prefeitura de Paço


do Lumiar/MA no âmbito do Fundeb
Processo Empresa Valor Contrato
Contrato Objeto Contratado
Licitatório Contratada (R$)
Processo Sisttech Tecnologia 068, de 2.953.160,00 Livro Coleção
Administrativo Educacional (CNPJ 25/05/2017 Robótica PESC
1.039/2017 01.268.154/0001-
(Inexigibilidade de 21)
Licitação 05/2017)
Processo Astral Científica 138, de 4.982.064,00 Livro Educação e
Administrativo Comércio de 27/07/2017 Sustentabilidade
1.849/2017 Produtos e
(Inexigibilidade de Equipamentos
Licitação) Ltda. (CNPJ
03.574.184/0001-
91)
Processo Astral Científica 082, de 7.827.726,00 Livros português e
Administrativo Comércio de 28/03/2018 matemática e kits
521/2018 (Pregão Produtos e tecnológicos
Presencial Equipamentos experimentais
017/2018) Ltda. (CNPJ
03.574.184/0001-
91)
Total 15.762.850,00
Fonte: Documentação encaminhada pela prefeitura de Paço do Lumiar/MA e Astral Científica

24
Ressalta-se que até a conclusão deste relatório a prefeitura não disponibilizou à CGU os
Processos Administrativos 1.849/2017 (inexigibilidade de licitação) e 521/2018 (Pregão
Presencial 017/2018), e ainda os processos de pagamento de 2018 da empresa Astral
Científica.
Segundo os extratos das contas específicas do Fundeb, 17.338-X e 28.756-3, agência 4863-1,
Banco do Brasil, a prefeitura transferiu para as empresas Sisttech Tecnologia e Astral
Científica, no período 01/01/2017 a 31/12/2018, os valores de R$ 2.953.160,00 e R$
7.184.448,60, respectivamente, totalizando o montante de R$ 10.137.608,60.
A partir do exame dessas contratações, apurou-se a ocorrência de desperdício de recursos
públicos. Relata-se a seguir, por contratação, a situação verificada pela CGU.

A) Contratos 68/2017 e 138/2017


Conforme informado acima, a prefeitura contratou as empresas Astral Científica e Sisttech
Tecnologia para fornecimento de livros didáticos. O quadro abaixo detalha as notas fiscais
emitidas por essas duas empresas, no âmbito desses contratos à que a CGU teve acesso.

Quadro 06 – Notas Fiscais emitidas no âmbito dos contratos 68/2017 e 138/2017


Valor Nota Fiscal
Fornecedor Descrição do Livro Nota Fiscal
Quantidade (R$)
Coleção PESC Robótica 5.000 000.212, de
2.109.400,00
Sisttech Material de apoio 300 30/05/2017
Tecnologia Coleção PESC Robótica 2.000 000.216, de
843.760,00
Material de apoio 120 21/06/2017
005.163, de
Educação e Sustentabilidade 14.240 1.557.776,00
04/10/2017
005.071, de
Educação e Sustentabilidade 5.510 602.296,00
Astral Científica 29/08/2017
005.110, de
Educação e Sustentabilidade 16.980 1.856.592,00
12/09/2017
Educação e Sustentabilidade 8.830 01/09/2017 965.400,00
Totais ########## 76.968 #### 7.935.224,00
Fonte: Prestações de contas do Fundeb de 2017 de Paço do Lumiar/MA

Além dessas notas fiscais, a CGU identificou a de nº 004.768, de 02/03/2017, no valor de R$


1.899.849,60, emitida por Astral Científica, referente à compra de 23.988 livros Praticar
Educação Física, voltados para alunos do 4º ao 9º ano.
Embora esses livros didáticos não estejam contemplados no contrato 138/2017, a nota fiscal
004.768 foi paga pela prefeitura em 02/03/2017, conforme consta no extrato da conta
específica do Fundeb. A prefeitura não informou a que contrato essa nota fiscal estaria
vinculada.
De acordo com informações contidas no processo de contratação da empresa Sisttech
Tecnologia Educacional, Processo 1.039/2017, a compra da Coleção PESC Robótica tinha o
objetivo de introduzir o ensino de robótica em onze escolas do município.

25
Todos os livros elencados acima, segundo informações de técnicos e professores de Paço do
Lumiar/MA, não fizeram parte da grade curricular do município em 2017 e 2018, período
auditado.
Conforme informação da prefeitura, os livros PESC Robótica foram distribuídos para 21
escolas. Dentre essas escolas que receberam os livros de robótica, a CGU, em maio de 2019,
visitou treze e constatou que em apenas uma escola (INFORMAR A ESCOLA) os livros PESC
Robótica foram entregues aos alunos. Segundo a gestora dessa escola, a distribuição teria sido
uma iniciativa do próprio colégio, em que pese a incompletude do projeto robótica no
município. Nas outras unidades, os livros ainda estavam nas caixas, como pode ser visto nas
fotos abaixo.
As justificativas repassadas pelos gestores das escolas, para os livros não terem sido utilizados,
residem no fato de o projeto robótica no município não ter tido sequência.

Figura 06 – Fotos de livros PESC Robótica estocados em escolas

Foto – Livros PESC Robótica estocados em depósito Foto – Livros PESC Robótica estocados em sala
da UEB Pão da Vida. Paço do Lumiar/MA, 30 de maio da UEB Bandeira Tribuzzi. Paço do Lumiar/MA,
de 2019. 30 de maio de 2019.
Fonte: CGU

Ainda, de acordo com a prefeitura, os livros Educação e Sustentabilidade e Praticar Educação


Física foram entregues, respectivamente, a 21 e 47 unidades de ensino. Dentre as escolas que
receberam os livros Educação e Sustentabilidade, a CGU visitou, em maio de 2019, 9 unidades.
Em apenas duas escolas não havia livros de Educação e Sustentabilidade estocados por falta
de uso, ou seja, em sete escola a distribuição aos alunos não aconteceu.
Em relação aos livros Praticar Educação Física, embora a prefeitura não tenha informado o
processo licitatório e o contrato correspondentes, a CGU, com base na nota fiscal 004.768,
também verificou sua distribuição.
Em duas escolas esses livros não haviam sido distribuídos para os alunos, e em outras duas,
após a distribuição, havia sobras desse livro guardadas sem uso.
A CGU constatou que a grande maioria dos livros de Educação e Sustentabilidade se
encontrava estocada em depósito da prefeitura sem que fosse dada a devida utilidade,
conforme demonstram as fotos abaixo.

26
Figura 07 – Fotos de livros Educação e Sustentabilidade estocados em depósitos da
prefeitura

Foto – Livros Educação e Sustentabilidade Ambiental estocados em depósito da prefeitura. Paço do


Lumiar/MA, 12 de junho 2019.
Fonte: CGU

Diante do exposto, constatou-se que 7.420 livros PESC Robótica, recebidos pela prefeitura em
junho de 2017, e a maior parte dos 45.560 livros de Educação e Sustentabilidade, recebidos
em agosto de 2017, estão desde essas datas, portanto, há mais de 700 dias, armazenados em
salas de escolas e depósitos da prefeitura sem aplicação alguma, a resultar num desperdício
de recursos públicos de R$ 7.935.224,00.

B) Contrato 82/2018

O contrato 82/2018, no valor de R$ 7.827.726,00, firmado com a empresa Astral Científica,


tem como objeto a compra de livros didáticos de português e matemática e kits tecnológicos
experimentais para alunos da Educação Básica.
Até a conclusão deste relatório, a prefeitura não entregou o processo licitatório nem os
processos de pagamento relativos a esse contrato.

27
Ressalta-se que livros de matemática e português são distribuídos pelo Ministério da
Educação, através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de forma regular e gratuita,
às escolas públicas de educação básica da rede municipal, inclusive para as instituições de
educação infantil comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e
conveniadas com o Poder Público.
Haja vista que a prefeitura não disponibilizou o processo de compra desses livros,
desconhecem-se as justificativas e razões técnicas que ampararam a aquisição dos mesmos.
O quadro abaixo retrata alguns detalhes da contratação.

Quadro 07 – Notas Fiscais emitidas no âmbito do contrato 82/2018


Valor Nota
Fornecedor Descrição do Livro Quantidade Nota Fiscal
Fiscal (R$)
Astral Científica Livros teórico e prático 8.144 005.532, 3.007.706,80
(aluno e professor) e 04/04/2018
orientação didática
(professor) de
português e matemática
Unidade Experimental – 27 005.533, 1.529.100,00
Matemática (kit 04/04/2018
tecnológico)
Unidade Experimental – 26
Português (kit
tecnológico)
Livros teórico e prático 20.609 005.534, 3.087.228,20
(aluno e professor) e 04/04/2018
orientação didática
(professor) de
português e matemática
Totais 28.806 7.624.035,00
Fonte: Documentação encaminhada pela Astral Científica

A CGU apurou que embora tenha emitido a nota fiscal 005.532, a empresa não entregou os
livros nela faturados. Além disso, ficou constatado que a empresa Astral Científica forneceu
todos os livros relacionados nas notas fiscais 005.533 e 005.534, mas recebeu da prefeitura
apenas a soma de R$ 1.267.935,00, referente à parte da nota fiscal 005.533.
Segundo o Processo 0800932-85-2019, que corre na Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Paço do Lumiar/MA, a empresa Astral Científica propôs Ação de Execução contra a prefeitura
visando ao recebimento dos valores, acrescidos de correção, multa e juros, relativos ao
material didático entregue, mas não pago.
Uma vez entregue, ainda que parcialmente, a CGU procedeu à inspeção física e constatou que
esses livros didáticos se encontram guardados, em uma sala de aula da escola municipal Alana
Ludmila, desde o mês de abril de 2018, portanto, há mais de um ano, sem terem sido utilizados
pelos alunos e sem aplicação alguma, , conforme evidenciam as fotos abaixo.

28
Figura 08– Fotos de livros de matemática e português e kits tecnológicos entregues pela
empresa Astral Científica

Foto – Livros teórico e prático (aluno e professor) e orientação didática (professor) de português e matemática
e kits tecnológicos estocados na UEB Alana Ludmila. Paço do Lumiar/MA, 21 de junho de 2019.
Fonte: CGU

Verificou-se, portanto, que os livros didáticos e kits tecnológicos, constantes das notas fiscais
005.533 e 005.534, recebidos pela prefeitura em abril de 2018, estão ainda guardados sem
que tenham sido distribuídos para os alunos da rede pública municipal e sem ter finalidade
29
alguma, em que pese já terem decorridos mais de 450 dias, a originar um desperdício de
recursos públicos de R$ 4.616.328,20.
Em resumo, no âmbito dos contratos 68/2017, 138/2017 e 82/2018, constatou-se desperdício
de recursos do Fundeb no montante de R$ 12.551.552,20.

6. Não comprovação de recolhimento das contribuições


previdenciárias no âmbito do Regime Geral de Previdência Social
(RGPS).

De acordo com os Resumos Contábeis das folhas de pagamento de 2017 e 2018 dos
profissionais remunerados com recursos do Fundeb (parcelas 40% e 60%), os montantes
relativos à Previdência Social, no âmbito do Regime Geral de Previdência Social, resultado das
contribuições previdenciárias retidas dos trabalhadores da Educação Básica e da contribuição
patronal a cargo da prefeitura, são demonstrados na tabela abaixo.
Tabela 04 – Resumo das cotas previdenciárias relativas ao
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) informadas nas
folhas de pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb
Exercício/Valores em (R$)
Cota Previdenciária
2017 2018
Cota Empregado (Folha 40%) 6.398,25 45.233,17
Cota Patronal (Folha 40%) 15.250,42 117.645,09
Cota Empregado (Folha 60%) 860.826,10 1.123.769,51
Cota Patronal (Folha 60%) 1.764.778,46 2.481.116,91
Total Cota Empregado 867.224,35 1.169.002,68
Total Cota Patronal 1.780.028,88 2.598.762,00
Total (empregado + patronal) 2.647.253,23 3.767.764,68
Total Geral (anos 2017 e 2018) 6.415.017,91
Fonte: Folhas de Pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb e Resumos
Contábeis.

No que se refere às contribuições previdenciárias retidas dos empregados e a patronal,


relativas ao Regime Geral de Previdência Social (RGPS), a prefeitura não apresentou as guias
de recolhimento autenticadas, a comprovar o correspondente repasse à Receita Federal do
Brasil.
Do exame dos extratos das contas específicas do Fundeb, contas correntes nº 17.338-X e
28.756-3, agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018,

30
observaram-se recolhimentos à Previdência Social, sob o título “INSS Arrecadação”, conforme
abaixo, entretanto, não foi possível apurar a qual competência a que se referiam.
Tabela 05 – Valores recolhidos à Previdência
Social sob o título “INSS Arrecadação” em 2017 e
2018
Exercício Valor (R$)
2017 2.397.596,52
2018 496.621,09
Total Recolhido 2.894.217,61
Fonte: Extratos bancários das contas 17.338-X e 28.756-3,
agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de 1º de janeiro
de 2017 a 31 de dezembro de 2018.

Pelo exposto acima, no âmbito do RGPS, tem-se que o montante recolhido à Previdência
Social, R$ 2.894.217,61, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, é inferior à soma
declarada nas folhas de pagamento do Fundeb do mesmo período, ou seja, R$ 6.415.017,91.
Dessa forma, a prefeitura não comprovou o repasse das contribuições previdenciárias à
Receita Federal do Brasil, no montante de, pelo menos, R$ 3.520.800,30. Esse montante pode
ser ainda maior, considerando que pelos extratos bancários não foi possível verificar a que
competência se referiam os recolhimentos efetuados em 2017 e 2018, se ao ano corrente ou
se a exercícios anteriores.

7. Não comprovação de recolhimento das contribuições


previdenciárias no âmbito do Regime Próprio de Previdência Social
(RPPS).

De acordo com os Resumos Contábeis das folhas de pagamento de 2017 e 2018 dos
profissionais remunerados com recursos do Fundeb (parcelas 40% e 60%), os montantes
relativos à Previdência Social, no âmbito do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS),
resultado das contribuições previdenciárias retidas dos trabalhadores da Educação Básica e
da contribuição patronal a cargo da prefeitura, são demonstrados na tabela abaixo.

Tabela 06 – Resumo das cotas previdenciárias relativas ao Regime Próprio de Previdência


Social (RPPS) informadas nas folhas de pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb
Exercício/Valores em (R$)
Cota Previdenciária
2017 2018
Cota Empregado (Folha 40%) 430.706,18 424.461,33

31
Exercício/Valores em (R$)
Cota Previdenciária
2017 2018
Cota Patronal (Folha 40%) 726.127,72 541.048,98
Cota Empregado (Folha 60%) 2.948.989,03 3.234.941,10
Cota Patronal (Folha 60%) 4.992.738,03 4.216.071,62
Total Cota Empregado 3.379.695,21 3.659.402,43
Total Cota Patronal 5.718.865,75 4.757.120,60
Total (empregado + patronal) 9.098.560,96 8.416.523,03
Total Geral (anos 2017 e 2018) 17.515.083,99
Fonte: Folhas de Pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb e Resumos Contábeis.

A partir da análise dos extratos das contas específicas do Fundeb, contas correntes nº 17.338-
X e 28.756-3, ambas da agência 4863-1, Banco do Brasil, verificaram-se diversas transferências
bancárias para a conta nº 6963-9, agência 4863-1, Banco do Brasil.
Segundo o Ofício 026/2019 – GAB/PREF/COORD, de 03/06/2019, da Prefeitura de Paço do
Lumiar/MA, em resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201900604/06, esta conta, de título
“PREVPAÇO CONTA MOVIMENTO”, recebe/movimenta as contribuições previdenciárias
referentes à Previdência Social do Município de Paço do Lumiar/MA.
Os valores repassados em 2017 e 2018 para a conta “PREVPAÇO”, conforme retratam os
extratos da conta única do Fundeb, foram os da tabela que segue. Entretanto, não foi possível
verificar a que competência essas transferências se referem.

Tabela 07 – Valores repassados para a conta


PREVPAÇO em 2017 e 2018
Exercício Valor (R$)
2017 2.963.610,85
2018 6.680.233,38
Total Repassado 9.643.844,23
Fonte: Extratos bancários das contas 17.338-X, 28.756-3 e
6963-9, agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de 1º de
janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2018

Observa-se que o valor repassado à Previdência Social do município, R$ 9.643.844,23, no


período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, é inferior ao montante declarado nas folhas
de pagamento do Fundeb do mesmo período, ou seja, R$ 17.515.083,99.
Dessa maneira, a prefeitura não comprovou o repasse ao Instituto de Previdência dos
Servidores de Paço do Lumiar/MA de, pelo menos, R$ 7.871.239,76. Esse montante pode ser
ainda maior, considerando que pelos extratos bancários não foi possível verificar a que
competência se referiam os recolhimentos efetuados em 2017 e 2018, se ao ano corrente ou
se a exercícios anteriores.
32
8. Ausência de comprovantes de despesa referentes à aquisição de
móveis e utensílios com recursos do Fundeb.

Verificou-se que alguns débitos constantes nos extratos da conta 17.338-X, agência 4863-1,
do Banco do Brasil, referente à conta específica do Fundeb, não tinham comprovantes de
despesa que dariam suporte aos valores transferidos das contas públicas.
A relação a seguir contempla apenas as transferências que tiveram como destino a conta
44.878-8, agência 1414-1, do Banco do Brasil, de titularidade de P C L COMERCIO E SERVICOS
EIRELI, CNPJ 10.831.944/0001-64, e que não foram comprovadas por meio de notas fiscais na
prestação de contas.

Quadro 08 – Relação das transferências para a empresa P C L Comércio sem a


devida comprovação de despesas
Data Histórico Documento Valor (R$)
23/05/2017 Transferência on line 551.414.000.044.878 523.260,00
23/05/2017 Transferência on line 551.414.000.044.878 311.920,00
TOTAL 835.180,00
Fonte: Extratos da conta 17.338-X, agência 4863-1, do Banco do Brasil

De acordo com a amostra do quadro acima, o valor total de R$ 835.180,00, não foi
devidamente comprovado pela Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar/MA por meio de notas
fiscais, gerando tal fato, prejuízo aos mecanismos de controle, inviabilizando a averiguação da
conciliação bancária, bem como da conformidade das despesas realizadas com os valores
transferidos da conta corrente.
De acordo com notas de liquidação, esses débitos com transferências para a conta a 44.878-
8, agência 1414-1, do Banco do Brasil, de titularidade de P C L COMERCIO E SERVICOS EIRELI,
supostamente se referem à aquisição de móveis e utensílios. A confirmação dessa informação
não foi possível porque as notas fiscais correspondentes não constam nas prestações de
contas.
Além disso, a CGU solicitou, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201900604-01, a
informação de como se deu a distribuição dos materiais permanentes, com descrição do
material, quantidade e data de recebimento, além dos órgãos ou escolas aos quais foram
destinados. No entanto, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA não se manifestou e não
disponibilizou a informação até o fechamento deste relatório.
Ou seja, não há quaisquer notas fiscais que justifiquem a transferência desses valores, nem a
Prefeitura de Paço do Lumiar/MA informou como se deu a distribuição dos móveis e utensílios
pagos. Portanto, o gestor não conseguiu comprovar a efetiva destinação dos recursos.

33
9. Pagamento de despesas inelegíveis com recursos do Fundeb no
montante de R$ 199.352,31.
Mediante análise das despesas realizadas, nos exercícios de 2017 e 2018, constatou-se que os
recursos do Fundeb não foram empregados exclusivamente na manutenção e
desenvolvimento da educação básica, como determinam os artigos 70 e 71 da Lei nº 9.394/96,
considerando que foram verificados pagamentos de despesas inelegíveis e/ou com desvio de
finalidade, notadamente de tarifas bancárias, no montante de R$ 199.352,31, conforme a
seguir demonstrado.

Verificou-se o pagamento indevido de tarifas bancárias, a princípio incidente sobre serviços


de recepção, processamento eletrônico e pagamento da folha de vencimentos de servidores
municipais da educação, conforme registro de débitos no extrato bancário da conta do Banco
do Brasil, ag. 4863-1, conta 14.948-9 (PMPL FOPAG FUNDEB) nos exercícios de 2017 e 2018.

De acordo com a Resolução FNDE nº 44/2011, artigo 4º, parágrafo 1º, que firmou um Acordo
de Cooperação Mútua entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e as
instituições financeiras, é isenta a cobrança de tarifas bancárias pela movimentação das
contas correntes específicas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.

Essas tarifas bancárias não seriam cobradas pela instituição financeira se fosse utilizada
somente a conta específica do Fundeb no município, de uso exclusivo para despesas da
educação básica.

Tabela 8 – Despesas com tarifas bancárias.


2017 2018 2017/2018
Mês
(R$) (R$) (R$)
Janeiro ---- 204,40 204,40
Fevereiro 16.624,02 14.787,13 31.411,15
Março 8.260,77 4.458,20 12.718,97
Abril 11.569,37 8.884,75 20.454,12
Maio ---- 4.590,00 4.590,00
Junho 31.812,96 4.951,55 36.764,51
Julho 31,28 9.374,72 9.406,00
Agosto 8.651,94 11.503,89 20.155,83
Setembro 15,90 28,14 44,04
Outubro 4.369,00 4.864,66 9.233,66
Novembro 4.304,40 8.375,43 12.679,83
Dezembro 20.751,41 20.938,39 41.689,80
Total 106.391,05 92.961,26 199.352,31
Fonte: Extratos bancários (Banco do Brasil,
Agência 4863-1, conta 14.948-9).

Sendo assim, consideram-se inelegíveis as despesas referentes ao pagamento de tarifa


bancária nos exercícios de 2017 e 2018, que totalizam R$ 199.352,31.

34
10. Restrição à fiscalização

Em afronta ao que determina o artigo 26, inciso I, da Lei nº 11.494/2007, bem como o artigo
26 da Lei nº 10.180/2001 e o artigo 93 do Decreto-Lei nº 200/1967, a prefeitura de Paço do
Lumiar/MA não forneceu algumas informações e documentações, em que pese terem sido
solicitadas em tempo hábil e reiteradas oportunamente. A falta desse material configurou-se
em uma restrição à fiscalização da CGU.
No âmbito do Fundeb, não foi disponibilizado o seguinte:
a) Processos licitatórios que deram origem às contratações das empresas Astral Científica e L
Dourado Pires;
b) Processos de pagamento de 2018 da empresa Astral Científica;
c) Processos de pagamento de 2017 da empresa L Dourado Pires;
d) Relação de todos os processos licitatórios realizados em 2017 e 2018;
e) Distribuição dos materiais permanentes supostamente adquiridos da empresa P C L
Comércio e Serviços;
f) Extratos bancários da conta nº 31027001-4, agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de
1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2018;
g) Processo licitatório Pregão Presencial nº 17/2018 (Processo Administrativo nº 521/2018);
h) Processos de pagamento com as notas fiscais, ordens de pagamento e comprovantes das
transferências bancárias relativos às entregas dos livros fornecidos pela empresa Astral
Científica, objeto do Contrato nº 082/2018 (Processo Administrativo nº 521/2018);
i) Nome e CNPJ da empresa que forneceu para a prefeitura os livros de título “Microkids”, bem
como os números do processo licitatório, contrato de fornecimento e processos de
pagamento, com as notas fiscais, ordens de pagamento e comprovantes das transferências
bancárias correspondentes.

Os dados e documentos relacionados nos itens “a”, “b”, “c”, “d” e “e” foram solicitados em
13/03/2019, por meio do Ofício 4.188/2019/Regional/MA-CGU e reiterados pelas Solicitações
de Fiscalização nº 201900604/03, de 24/04/2019, e 201900604/05, de 23/05/2019.

A documentação e informações contidas nas letras “f”, “g”, “h” e “i” foram pedidas por meio
da Solicitação de Fiscalização nº 201900604/07, de 19/06/2019, e reiteradas por e-mail em
27/06/2019.

Ressalta-se, por oportuno, a demora por parte da prefeitura em disponibilizar à CGU a


documentação e informações solicitadas, que se estendeu do início e abril a junho/2019, em
que pese o escopo do trabalho tratar de exercícios anteriores (2017 e 2018).

35
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb) no Município de Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de
2017 e 2018, apresenta inadequações, em função das irregularidade e impropriedades
listadas a seguir:
a) falhas em licitações para aquisição de combustíveis e locação de veículos;
b) ausência de documentação comprobatória de despesas com combustíveis e
locação de veículos;
c) irregularidades em inexigibilidade de licitação para aquisição de livros didáticos;
d) desperdício de recursos do Fundeb, no montante de R$ 12.551.552,20, com
aquisição de livros didáticos que não estão sendo utilizados pelos alunos;
e) ausência de comprovação de recolhimentos de contribuições previdenciárias do
Regime Geral e Regime Próprio;
f) ausência de comprovação de despesas com aquisição de móveis e utensílios;
g) gastos com despesas inelegíveis no montante de R$ 199.352,31;
h) não apresentação de documentos e processos licitatórios referentes a despesas
efetuadas com recursos do Fundeb.

36
ANEXOS

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE


DE AUDITORIA

Não houve manifestação da unidade examinada.

37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE PACO DO LUMIAR
Exercício 2018

15 de julho de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE PACO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900440
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a
regularidade da aplicação de recursos públicos federais executados de
forma direta ou descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às Organizações da Sociedade Civil.

2
SUMÁRIO
SUMÁRIO 3

INTRODUÇÃO 4

RESULTADOS DOS EXAMES ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

1. Restrição à realização da fiscalização: não disponibilização de informações e documentos


solicitados. Erro! Indicador não definido.

2. Não comprovação de despesas. Erro! Indicador não definido.

3. Acumulação irregular de cargos. Erro! Indicador não definido.

CONCLUSÃO ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

ANEXOS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA Erro!


Indicador não definido.

Não houve manifestação da Unidade examinada. Erro! Indicador não definido.


INTRODUÇÃO
Neste relatório serão apresentados os resultados dos procedimentos realizados na
fiscalização dos recursos da Atenção Básica no Município de Paço do Lumiar/MA, nos
exercícios de 2017 e 2018. A ação fiscalizada compreende o repasse de recursos
financeiros do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais de Saúde ou,
excepcionalmente, para os Fundos Estaduais de Saúde. Destina-se a ampliar o acesso da
população rural e urbana à atenção básica, por meio da transferência de recursos
federais, com base em um valor per capita, para a prestação da atenção básica, de
caráter individual ou coletivo, para a promoção da saúde, prevenção de agravos,
tratamento e reabilitação, levando em consideração as disparidades regionais.
Na consecução dos trabalhos foi analisada a regular aplicação dos recursos financeiros
federais provenientes do PAB fixo repassados ao município, num total de R$
2.647.704,00 e 2.877.960,00, nos exercícios de 2017 e 2018, respectivamente, pelo
Fundo Nacional de Saúde. Foram examinados, ainda, eventuais acúmulos indevidos de
cargos, no que se adentrou ao emprego de recursos do PAB variável.
A análise ocorreu em atendimento à Ação de Controle nº 201900440, e decorre do fato
de a prefeitura ter sido escolhida no âmbito da 6º Ciclo do Programa de Fiscalização de
Entes Federativos (FEF), da CGU.
Os procedimentos buscaram verificar se os recursos da Atenção Básica foram
regularmente utilizados. Em suma, as seguintes questões de auditoria foram levantadas:
a) A execução financeira do Bloco da Atenção Básica em Saúde (BLATB) no Município
atendeu ao que prescreve a legislação aplicável e as normas do Programa?
b) Os bens, materiais de consumo, medicamentos e combustíveis foram devidamente
recebidos e utilizados exclusivamente na atenção básica em saúde?
c) As obras e serviços custeados com recursos do bloco da atenção básica em saúde
foram devidamente entregues e serviram para uso exclusivo da atenção básica?
d) As despesas de pessoal com recursos da atenção básica em saúde foram aplicadas
exclusivamente na atenção básica?
Nesse sentido, os procedimentos consistiram em: obtenção dos extratos bancários da
conta específica do BLATB; emissão de Solicitação de Fiscalização à Prefeitura que
requereu informações e documentação pertinentes; pesquisa de informações nos
portais do TCE-MA e do Município; circularizações externas a prestadores de serviços;
realização de pesquisas em bases de dados de sistemas corporativos como o Sistema do
Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS).
Conforme consignado à frente, houve limitações às realizações dos exames, haja vista
que vários documentos e informações solicitados não foram apresentados.

4
5
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Restrição à realização da fiscalização: não disponibilização de


informações e documentos solicitados.

Observou-se a imposição de restrições quanto à apresentação da documentação


necessária à realização dos exames no que tange a Atenção Básica em Saúde. Embora
as informações e documentação a seguir tenham sido solicitadas, a Prefeitura Municipal
de Paço do Lumiar, além de não as disponibilizar, não apresentou manifestação a esse
respeito.

a) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/001, datada de 12/04/2019, enviada por e-


mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1) Apresentar relação com o nome de todas as pessoas (concursados e
contratados) que prestaram serviços à rede municipal de saúde, no período de
janeiro de 2017 a dezembro de 2018, cujas remunerações foram total ou
parcialmente custeadas com recursos da Atenção Básica. A relação deverá
discriminar: nome completo, CPF, cargo e função, carga horária semanal,
lotação, data e forma de admissão.

b) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/004, datada de 10/05/2019, enviada por e-


mail na mesma data. Trata-se de reiteração da Solicitação de Fiscalização nº
201900440/001.

c) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/005, datada de 24/05/2019, enviada por e-


mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1- Informar o procedimento de controle utilizado para atestar o fornecimento de
combustíveis e consequente pagamento das Notas Fiscais a seguir discriminadas.
Pede-se, ainda, que seja apresentada a documentação que serviu para embasar
os respectivos atestes.
Nota Fiscal - Nº Nota Fiscal - Data Nota Fiscal - Valor

1457 18/09/2017 37.477,50

1477 11/10/2017 50.201,92

2- Disponibilizar os processos de dispensa de licitação relativos aos contratos de


locação de imóveis custeados com recursos da Atenção Básica nos exercícios de
2017 e 2018.

6
d) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/006, datada de 04/06/2019, enviada por e-
mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1) Relativamente aos contratos realizados com a empresa PAULO DE TARSO
DE CARVALHO DE BAYMA FILHO - EPP (WIKITELECOM)), CNPJ 11.509.434/0001-
38, e custeados com recursos da saúde, relativos aos exercícios de 2017 e 2018,
pede-se:
1.1) Processos de pagamentos do período;
1.2) A relação contendo endereço completo e quantidade de links e
equipamentos disponibilizados para cada um desses endereços no
período em análise.

e) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/007, datada de 04/06/2019, enviada por e-


mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1) Relativamente aos contratos realizados com as empresas M E SERVICOS E
CONSERVACAO LTDA (ARACAGY SEGURANCA E CONSERVACAO), CNPJ
07.309.431/0001-83, e INSTITUTO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO
HUMANO - BEM BRASIL (INSTITUTO BEM BRASIL), CNPJ 10.427.965/0001-19, e
custeados com recursos da saúde, relativos aos exercícios de 2017 e 2018, pede-
se:
1.1) Processos de pagamentos do período;
1.2) A relação contendo nome da unidade, endereço completo e
quantidade de postos de Auxiliar Operacional de serviços Gerais e Agentes
de Portaria utilizados em cada um desses endereços no período em
análise.

f) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/008, datada de 05/06/2019, enviada por e-


mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1) Relativamente aos contratos realizados com a empresa ARAÚJO & MATOS
SERVIÇOS E COMERCIO LTDA - ME (LIBERTY SERVICOS E COMERCIO), CNPJ
18.255.866/0001-09, e custeados com recursos da saúde, relativos aos exercícios
de 2017 e 2018, pede-se:
1.1) Processos Licitatórios e aditivos;
1.1) Processos de pagamentos do período;
1.2) Relação das unidades (com respectivos endereços completos) em que
foram utilizadas mão-de-obra objeto dos contratos, contendo ainda a
identificação do nome completo e CPF dos empregados utilizados, mês a
mês, no período em análise.

7
A restrição à apresentação das informações e documentação solicitada, conforme
descrito nos itens acima, dificultou e até mesmo impediu um aprofundamento dos
exames nos procedimentos de fiscalização da utilização dos recursos federais na
Atenção Básica no Município de Paço do Lumiar.

2. Não comprovação de despesas no montante de R$


1.588.170,18.
Em virtude da não apresentação integral de documentação comprobatória de despesas,
a seguir identificamos os pagamentos que não tiveram sua regularidade comprovada:

Quadro 01 - Despesas não comprovadas da Conta 10738-7 (FUNDO MUNIC-FNS BLATB)


DATA VALOR FAVORECIDO
18/10/2017 37.477,50 POSTO PIRAMIDE (ROLIM & ROLIM LTDA)
19/10/2017 50.201,92 POSTO PIRAMIDE (ROLIM & ROLIM LTDA)
13/07/2017 7.031,86 ***.589.603-**
25/08/2017 8.500,00 ***.589.603-**
20/10/2017 7.031,86 ***.589.603-**
19/10/2017 7.031,86 ***.297.403-**
10/11/2017 7.031,86 ***.297.403-**
12/12/2017 7.031,86 ***.297.403-**
17/11/2017 6.306,86 ***.108.613-**
12/12/2017 6.306,86 ***.108.613-**
24/10/2017 4.770,09 ***.511.543-**
19/10/2017 1.468,14 ISSQN - PL
20/10/2017 1.468,14 ISSQN - PL
20/10/2017 1.468,14 ISSQN - PL
10/11/2017 1.468,14 ISSQN - PL
12/12/2017 1.468,14 ISSQN - PL
24/10/2017 610,23 ISSQN - PL
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
03/11/2017 23.227,50
EIRELI)
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
14/12/2017 23.227,50
EIRELI)
03/11/2017 1.222,50 ISSQN - PL
14/12/2017 1.222,50 ISSQN - PL
17/11/2017 1.193,14 ISSQN - PL
12/12/2017 1.193,14 ISSQN - PL
09/01/2018 140.000,00 ARAUJO & MATOS SERVICOS E COMERCIO LTDA
TOTAL 347.959,74
Fonte: Extratos bancários da conta da Atenção Básica (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 10.738-7)

8
Quadro 02 - Despesas não comprovadas da Conta 26788-0 (FMS CUSTEIO SUS)
DATA VALOR FAVORECIDO
07/03/2018 5.183,11 ***.297.403-**
02/03/2018 6.306,86 ***.108.613-**
20/03/2018 6.306,86 ***.108.613-**
10/05/2018 1.222,50 ***.108.613-**
10/05/2018 1.222,50 ***.108.613-**
16/05/2018 80.000,00 ***.108.613-**
25/05/2018 6.306,86 ***.108.613-**
25/06/2018 6.306,86 ***.108.613-**
07/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
07/08/2018 212,80 ***.108.613-**
07/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
08/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
04/10/2018 3.560,20 ***.108.613-**
23/10/2018 3.560,20 ***.108.613-**
13/11/2018 3.560,20 ***.108.613-**
18/12/2018 3.560,20 ***.108.613-**
16/10/2018 4.508,95 ***.511.543-**
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
22/01/2018 23.227,50
EIRELI)
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
27/04/2018 23.227,50
EIRELI)
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
27/04/2018 23.227,50
EIRELI)
22/01/2018 1.222,50 ISSQN - PL
10/05/2018 1.222,50 ISSQN - PL
10/05/2018 1.222,50 ISSQN - PL
18/01/2018 134.675,39 ARAUJO & MATOS SERVICOS E COMERCIO LTDA
20/03/2018 57.517,87 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 42.804,00 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 57.517,87 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 42.804,00 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
12/06/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
12/06/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
22/08/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
05/09/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
29/10/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

9
DATA VALOR FAVORECIDO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 23.237,50 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
24/07/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
22/08/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
05/09/2018 49.623,00 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
16/10/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
08/11/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
18/01/2018 15.158,69 ISSQN - PL
20/03/2018 6.688,12 IMPOSTOS
20/03/2018 6.688,12 IMPOSTOS
06/11/2018 6.688,12 IMPOSTOS
TOTAL 1.240.210,44
Fonte: Extratos bancários da conta de Custeio do SUS (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 26.788-0)

Em virtude da não comprovação da regular aplicação dos recursos acima discriminados,


os valores devem ser restituídos à Conta da Atenção Básica (2017) e Conta de Custeio
do SUS (2018) do Município.

3. Acumulação irregular de cargos.

Ao utilizar informações obtidas na RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), CNIS


(Cadastro Nacional de Informações Sociais) e CNES, além de pesquisas em prestações
de contas dos exercícios de 2017 e 2018 de diversos municípios maranhenses (obtidas
no portal do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão), foi possível constatar casos
de acúmulo indevido de cargos públicos, seja por falta de permissão legal, seja por
incompatibilidade de horários, seja, ainda, por total incompatibilidade dos cargos ou
localidades. Abaixo segue a identificação das pessoas e as situações detectadas.

Quadro 03 - U.B.S BENJ. CONST. PEIXOTO - MAIOBA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
***.108.713-** ENFERMEIRO - PSF PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 03/10/2011, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVICOS HOSPITALARES - EBSERH (CNPJ 15126437000143), a partir de
01/10/2014 (RAIS). De acordo com o Portal da Transparência (http://www.portaltransparencia.gov.br),
este vínculo é exercido no HOSPITAL DAS CLINICAS em VITÓRIA-ES. Verificou-se ainda que seu endereço
que consta do Sistema da Receita Federal é também da cidade de VITÓRIA-ES.

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


***.908.104-** MEDICO - CLINICO GERAL PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 09/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):

10
MEDICO DO TRABALHO, junto ao SESC, a partir de 01/02/2018 até 05/2019 (CNIS). (12h CNES).
De acordo com informações obtidas junto ao SESC/MA, a profissional exerce suas atividades de terças
às quintas-feiras, 4 horas diárias, no horário comercial.
MEDICO DO TRABALHO, junto à AMBEV, no período de 08/2013 até 08/2017 (CNIS). (20H RAIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.049.143-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 18/06/2018 (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.513.173-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 04/09/2017 (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.972.503-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
VIDAS SERVICOS HOSPITALARES LTDA (CNPJ 05.582.017/0001-18), no período de 06/07/2016 a
03/03/2017. (CNIS)
IB INSTITUTO BIOSAUDE (CNPJ 03.170.887/0001-54), no período de 01/04/2017 a nov/2017. (CNIS)
INSTITUTO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA VIDA HUMANA (CNPJ 21.843.341/0001-07), a partir
de 01/04/2019 (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.752.473-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 11/03/1998. (RAIS)
IB INSTITUTO BIOSAUDE (CNPJ 03.170.887/0001-54), no período de 01/04/2017 a nov/2017. (CNIS)
INSTITUTO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA VIDA HUMANA (CNPJ 21.843.341/0001-07), a partir
de 01/04/2019. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 04 - U.B.S. DO MAIOBÃO


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
TECNICO DE
***.093.493-** PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
ENFERMAGEM - PSF
Além do vínculo acima, a partir de 03/10/2011, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 23/09/2015. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO

11
AGENTE COMUNITARIO DE
***.084.023-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 22/05/2018. (CNIS)
INSTITUTO GERIR (CNPJ 14.963.977/0007-04), no período de 12/05/2015 a 05/2018. (CNIS)
MUNICIPIO DE PENALVA (CNPJ 06.179.402/0001-81), a partir de 01/01/2017. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.922.213-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
VIDAS SERVICOS HOSPITALARES LTDA (CNPJ 05.582.017/0001-18), a partir de 21/02/2017. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.585.203-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE PASSAGEM FRANCA (CNPJ 10.438.570/0001-11), no período de 27/02/2017 a
31/01/2018. (CNIS)
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 14/09/2018. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.838.893-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 04/01/2017. (CNIS)
IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICORDIA DE BARIRI (CNPJ44.690.238/0003-23), no período de
03/11/2015 a 01/07/2017. (CNIS)
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 03/05/2018. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


CONTRAT
***.453.703-** MEDICO - CLINICO GERAL PAB - PSF - CONTRATADOS
ADO
Além do vínculo acima, a partir de 28/06/2016, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
CEUMA-ASSOCIACAO DE ENSINO SUPERIOR (CNPJ 23.689.763/0003-59), a partir de 01/02/2008. (CNIS)
MUNICIPIO DE ITAPECURU MIRIM (CNPJ 44.690.238/0003-23), a partir de 01/01/2017. (CNIS)
ESTADO DO MARANHAO - SECRETARIA DE ESTADO DA SAUDE (CNPJ 02.973.240/0001-06), a partir de
31/05/2004. (CNIS)
MUNICIPIO DE CHAPADINHA (CNPJ 06.117.709/0001-58), a partir de 01/02/2017. (CNIS)
FUNDACAO UNIVERSIDADE DO MARANHAO (CNPJ), a partir de 21/05/1992. (SIAPE)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.655.773-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO LUIS (CNPJ 06.307.102/0001-30), a partir de 25/07/2002. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO

12
TECNICO EM
***.400.903-** PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
ENFERMAGEM
Além do vínculo acima, a partir de 09/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE CAJARI (CNPJ 06.469.837/0001-60), a partir de 10/06/1999. (CNIS)
MUNICIPIO DE VIANA (CNPJ 06.439.988/0001-76), a partir de 19/05/2008. (CNIS)
EMPRESA MARANHENSE DE SERVICOS HOSPITALARES - EMSERH (CNPJ 18519709000163), a partir de
09/11/2015. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 05 - SECRETARIA DE SAÚDE


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
TECNICO EM
***.601.533-** PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
ENFERMAGEM
Além do vínculo acima, a partir de 02/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 11/09/2017. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


PAB-MELHOR
***.303.963-** PSICOLOGO EFETIVO
EMCASA/EMAD-EMAP EF
Além do vínculo acima, a partir de 07/07/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
11/06/2008. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 06 - U.B.S. CS NOSSA SENHORA DA LUZ


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
AGENTE COMUNITARIO DE
***.319.873-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 22/05/2018. (CNIS)
INSTITUTO GERIR (CNPJ 14.963.977/0007-04), no período de 12/05/2015 a 05/2018. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.265.693-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
01/10/1998. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.497.993-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO LUIS (CNPJ 06.307.102/0002-11), a partir de 24/08/2015. (RAIS)
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 21/02/2008. (RAIS)

13
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 07 - U.B.S. SANTA RITA DE CASSIA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
AGENTE COMUNITARIO DE
***.156.313-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de20/01/2010, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE RAPOSA (CNPJ 01.612.325/0001-98), a partir de 20/01/2010. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.209.883-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 23/06/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO LUIS (CNPJ 06.307.102/0001-30), a partir de 23/06/2009. (CNIS)
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 16/08/2012. (RAIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 08 - U.B.S ITAPERA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
AGENTE COMUNITARIO DE
***.002.173-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE RAPOSA (CNPJ 01.612.325/0001-98), a partir de 19/03/2010. (RAIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.225.743-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE RAPOSA (CNPJ 01.612.325/0001-98), a partir de25/01/2010. (RAIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 09 - U. B.S. EUZ. MAXIMO - PINDOBA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
***.976.253-** ODONTOLOGO PAB - PSB - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 18/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE ESMERALDA-RS (CNPJ 88.225.149/0001-10), no período de 27/10/2017 a 08/01/2018.
(CNIS)
MUNICIPIO DE MATA ROMA (CNPJ ), a partir de junho/2018. (Contas 2018).

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


***.141.223-** MEDICO - CLINICO GERAL PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 19/02/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
HOSPITAL GERAL DA VILA LUIZAO - MEDICO CLINICO - Período de jan/2017 a dez/2018. (No CNES consta
a CH de 12H)

14
HOSPITAL NINA RODRIGUES - MEDICO CLINICO - Período de jan/2017 a dez/2018. (No CNES consta a CH
de 20H)
FUNDACAO UNIVERSIDADE DO MARANHAO - MEDICO RESIDENTE - 60 HORAS SEMANAIS, a partir de
01/04/2017. (SIAPE)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 10 - U.B.S FRANC. GOMES DE BRITO - IGUAIBA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
AGENTE COMUNITARIO DE
***.429.623-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 10/01/2017, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE RAPOSA (CNPJ 01.612.325/0001-98), a partir de 12/01/2010. (RAIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 11 - U.B.S. CANAÃ


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
***.057.669-** ODONTOLOGO PAB - PSB - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 09/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE PRESIDENTE SARNEY (CNPJ 01613745000199), a partir de 30/03/2010. (RAIS)
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
13/04/2004. (RAIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


TECNICO EM
***.379.493-** PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
ENFERMAGEM
Além do vínculo acima, a partir de 09/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
ESTADO DO MARANHAO - POLICIA MILITAR DO MARANHAO (CNPJ 06.650.139/0001-67), a partir de
18/06/2007. (CNIS)
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 03/09/2012. (RAIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 12 - U.B.S. DOMIRA DANTAS - PARANÃ


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
CONTRAT
***.081.863-** ENFERMEIRO - PSF PAB - PSF - CONTRATADOS
ADO
Além do vínculo acima, a partir de 06/07/2015, foram detectados os seguintes vínculos:
IB INSTITUTO BIOSAUDE (CNPJ 03.170.887/0001-54), no período de 01/04/2017 a nov/2017. (CNIS)
INSTITUTO DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO DA VIDA HUMANA (CNPJ 21.843.341/0001-07), a partir
de 01/04/2019. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


***.036.493-** ENFERMEIRO PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 16/12/2016, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE PIRAPEMAS (CNPJ 07.623.366/0001-66), a partir de 01/10/2011. (CNIS)

15
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
15/03/2010. (RAIS e CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


PAB-MELHOR
***.814.303-** ASSISTENTE SOCIAL EFETIVO
EMCASA/EMAD-EMAP EF
Além do vínculo acima, a partir de 17/10/2011, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO LUIS (CNPJ 06.307.102/0001-30), a partir de 01/07/2010. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.107.253-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO LUIS (CNPJ 06.307.102/0001-30), a partir de 03/09/2007. (CNIS)
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 12/01/2016. (RAIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.558.733-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
ESTADO DO MARANHAO - POLICIA MILITAR DO MARANHAO (CNPJ 06650139000167), Cabo dos
Bombeiros a partir de 01/02/2011. (RAIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 13 - U.B.S. MOJÓ


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
***.122.523-** ENFERMEIRO - PSF PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
Além do vínculo acima, a partir de 03/10/2011, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
04/07/2007. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 14 - U.B.S. VILA CAFETEIRA


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
TECNICO DE CONTRAT
***.111.983-** PAB - PSF - CONTRATADOS
ENFERMAGEM - PSF ADO
Além do vínculo acima, a partir de 02/06/2014, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO GERIR (CNPJ 14.963.977/0007-04), no período de 24/10/2017 a 01/2018. (CNIS)
INSTITUTO VIDA E SAUDE - INVISA (CNPJ 05.997.585/0008-56), a partir de 22/05/2018. (CNIS)
INSTITUTO BRASILEIRO DE INTEGRACAO SOCIAL - IBIS (CNPJ 19.400.230/0001-76), a partir de
01/04/2019. (CNIS)

CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO


AGENTE COMUNITARIO DE
***.352.803-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 14/07/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE CODO (CNPJ 06.104.863/0001-95), a partir de 08/08/2016. (RAIS)

16
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Quadro 15 - U.B.S ADIL. MORAES - V. SÃO JOSÉ


CPF DO PROFISSIONAL CARGO DEPARTAMENTO VÍNCULO
TECNICO EM HIGIENE
***.223.463-** PAB - PSB - EFETIVOS EFETIVO
DENTAL - THD
Além do vínculo acima, a partir de 03/10/2011, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE SAO JOSE DE RIBAMAR (CNPJ 06.351.514/0001-78), a partir de 01/02/2016. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES

Os acúmulos irregulares apontados acima ajudam a explicar, pelo menos em parte,


algumas das constatações apontadas no Ordem de Serviço 201900442. Uma vez que
das situações apontadas acima implicam no não cumprimento parcial ou integral da
carga horária contratada, disso decorre prejuízo na prestação dos serviços à população,
além do prejuízo financeiro causado pelo pagamento a profissionais por horários não
cumpridos. Tais valores devem ser apurados, caso a caso, e restituídos à conta municipal
da Atenção Básica.

17
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais
recebidos não está devidamente adequada à totalidade dos normativos referentes ao
objeto fiscalizado devido às ocorrências das seguintes irregularidades e impropriedades:

- Restrição à realização da fiscalização: não disponibilização de informações e


documentos solicitados.
- Não comprovação de despesas custeadas com recursos da Atenção Básica.
- Acumulação irregular de cargos que causa prejuízos à prestação de serviços à
população local, bem como prejuízos financeiros à Administração Pública.

18
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA

Não houve manifestação da Unidade examinada.

19
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE DE PAÇO DO LUMIAR
Exercícios 2017 e 2018

25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA SAÚDE
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900442
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a regularidade da
aplicação de recursos públicos federais executados de forma direta ou
descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e às
Organizações da Sociedade Civil.

3
SUMÁRIO
SUMÁRIO 4

INTRODUÇÃO 5

RESULTADOS DOS EXAMES 6

1. Equipes de Saúde da Família com composição mínima incompleta. 6

2. Profissionais trabalhando em Equipes de Saúde da Família e Núcleos de Apoio à Saúde da Família


sem contrato de trabalho formalizado. 7

3. Cumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga horária semanal inferior à exigida
pela Estratégia Saúde da Família. 8

4. Impropriedades na atualização dos dados no Sistema CNES. 10

5. Deficiência na realização de visitas domiciliares pelos Agentes Comunitários de Saúde. Erro!


Indicador não definido.2

6. Deficiência na realização de visitas domiciliares do médico ou enfermeiro quando necessário.


Erro! Indicador não definido.3

7. Divulgação insuficiente de reuniões, encontros ou palestras, realizadas para orientação sobre os


cuidados com a saúde. Erro! Indicador não definido.5

8. Infraestrutura insuficiente das UBS. Erro! Indicador não definido.6

9. Insuficiência/ausência de materiais, equipamentos e insumos necessários à realização das


atividades dos profissionais das Equipes de Saúde da Família. Erro! Indicador não definido.2

10. Membros de Equipe de Saúde da Família trabalhando na área de outra equipe. 29

11. Profissionais de saúde bucal sem condições de realizar atendimento adequado a população.
Erro! Indicador não definido.0

12. Alvará de Autorização Sanitária encontrado nas UBS e Centros de Saúde está vencido. Erro!
Indicador não definido.2

13. Ausência de informações básicas sobre as Equipes de Saúde da Família e serviços oferecidos à
população, em local visível. Erro! Indicador não definido.3

CONCLUSÃO ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.6

ANEXOS 37

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE FISCALIZAÇÃO 37

4
INTRODUÇÃO
A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas em atos e processos de
execução financeira e operacional da Estratégia Saúde da Família no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.
A análise ocorreu em atendimento à Ação de Controle nº 201900442 e decorre do fato de a
prefeitura ter sido escolhida no âmbito da 6º Edição do Programa de Fiscalização de Entes
Federativos (FEF), da CGU.
Com 16 Unidades Básicas de Saúde, o Município de Paço do Lumiar/MA, para a oferta de ações
e serviços de saúde no âmbito da Estratégia Saúde da Família, conta com 21 equipes de saúde
da família para atendimento de sua população, estimada em 120.621 pessoas.
Para referido atendimento, as equipes têm a constituição mínima de um(a) médico(a) e
enfermeiro(a), um auxiliar ou técnico em enfermagem e agentes comunitários de saúde, cujo
quantitativo varia em função do número de usuários a serem atendidos nas regiões de saúde
delimitadas.
Os principais serviços oferecidos no âmbito das Unidades Básicas são consultas médicas,
inalações, injeções, curativos, vacinas, coletas para exames laboratoriais, tratamento
odontológico, quando constituída com equipe de saúde bucal, fornecimento de medicação
básica e encaminhamentos para especialidades médicas.
Para a oferta de referidos serviços, exceto gastos com ACS e Saúde Bucal, o município
recebeu/utilizou os valores abaixo:
Quadro 01 – Recursos federais da Saúde da Família descentralizados no período
2017 2018
1.631.570,00 8.981.601,57*
Fonte: https://consultafns.saude.gov.br/#/consolidada
*Total do Piso da Atenção Básica em Saúde
Dada a proximidade com que atua na comunidade, a ESF é considerada como a porta de
entrada para o uso dos serviços de saúde no âmbito do SUS, com nível de resolutividade de
problemas de saúde em até 80% das situações, segundo informações do Ministério da Saúde.
Por tal característica, revela-se como importante estratégia de atuação na saúde, pois
potencializa a economia de gastos, uma vez que os custos envolvidos com a atenção de média
e alta complexidade são consideravelmente elevados.
Pela importância destacada acima, a fiscalização realizada procurou avaliar, entre outros
aspectos, se as Equipes de Saúde da Família possuem pelo menos a composição mínima,
acrescida de profissionais de saúde bucal, quando for o caso; a forma de contratação dos
profissionais; o cumprimento da carga horária; estrutura física das UBS de acordo com as

5
recomendações do Ministério da Saúde; e a existência de equipamentos e insumos
necessários ao desempenho de suas atribuições e responsabilidades.

RESULTADOS DOS EXAMES

1. Equipes de Saúde da Família com composição mínima incompleta.

Com o objetivo de verificar a composição mínima das equipes de saúde da família, realizou-se
visita às Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do município, selecionados com
critérios não probabilísticos, tendo sido identificado que as seguintes equipes de saúde da
família (ESF) estão com a composição mínima incompleta: ESF Maiobão I, ESF Maiobão II, ESF
Vila São Pedro e ESF Vila São José.

De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo


XXII, subitem 3.4, a Equipe de Saúde da Família deve ter a seguinte composição mínima:

Composta no mínimo por médico, preferencialmente da especialidade medicina de


família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da
família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS).
Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os
profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em
saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
O número de ACS por equipe deverá ser definido de acordo com base populacional,
critérios demográficos, epidemiológicos e socioeconômicos, de acordo com
definição local.

A situação de cada equipe com composição mínima incompleta é descrita abaixo:

a) Unidade Básica de Saúde Maiobão

Durante visita realizada na Unidade Básica de Saúde Maiobão, local onde trabalham três
equipes de saúde da família (ESF Maiobão I, II e III), constatou-se que duas equipes estão sem
médico.
A médica I. C. T., da ESF Maiobão I, deixou a equipe em, aproximadamente, abril/2019. De
acordo com informações obtidas no local, a profissional passou em uma residência médica e
ainda não foi substituída.
A ESF Maiobão II também está sem médico. A profissional A. F. B. S. G. também deixou a
equipe porque foi aprovada em um programa de residência médica. Não trabalha na ESF
desde 21/03/2019.
Todos os atendimentos de pacientes das ESFs Maiobão I e II estão sendo realizados pela
médica da ESF Maiobão III.

6
b) Centro de Saúde Vila São Pedro

Na ESF Vila São Pedro a técnica de enfermagem G. C. V. não trabalha desde 2017, devido a
aposentadoria.

c) Centro de Saúde da Vila São José

Na ESF Vila São José (ESF com saúde bucal – M1) a técnica de enfermagem I. L. R. não trabalha
desde 2016 ou 2017, devido a aposentadoria. Essa profissional também nunca foi substituída.
O técnico em saúde bucal A. W. M. M. também não trabalha mais na equipe, tendo exercido
as suas atividades na equipe até o início de 2018.
Diante da saída de profissionais essenciais ao bom funcionamento das equipes de saúde da
família citadas, a prefeitura não providenciou a contratação de profissionais substitutos.
Na Unidade Básica de Saúde Maiobão, a falta de médico na ESF Maiobão I e na ESF Maiobão
II está sobrecarregando a médica da ESF Maiobão III, com prejuízo para a qualidade do
atendimento oferecido a comunidade.
A falta de técnico de enfermagem no Centro de Saúde Vila São Pedro e no Centro de Saúde
da Vila São José prejudica o desenvolvimento das atividades normais das equipes de saúde da
família, tendo em vista que esse profissional tem atribuições definidas, as quais estão sendo
realizadas por outros membros das equipes.
A falta de técnico em saúde bucal na ESF Vila São José prejudica sobremaneira o trabalho que
deve ser realizado pelo cirurgião-dentista da equipe.

2. Profissionais trabalhando em Equipes de Saúde da Família e


Núcleos de Apoio à Saúde da Família sem contrato de trabalho
formalizado.

Objetivando verificar a regularidade das contratações dos profissionais que estão trabalhando
nas Equipes de Saúde da Família (ESF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), no
Município de Paço do Lumiar/MA, solicitou-se, por meio do OFÍCIO Nº
4188/2019/Regional/MA-CGU, de 12.03.2019, no Anexo I, subitem 5.3, a disponibilização do
contrato de trabalho mais recente de cada profissional. Essa solicitação foi reiterada por meio
da Solicitação de Fiscalização nº: 201900442/002, de 09.05.2019.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 3.4, os integrantes da Equipe de Saúde da Família devem cumprir carga horária
de 40 horas semanais, conforme dispositivo reproduzido a seguir:

Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga horária de 40


(quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da ESF.
Dessa forma, os profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma)
equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente.

7
A mesma portaria, em seu Anexo XXII, art. 15, estabelece, para os integrantes do NASF, a carga
horária semanal mínima de 20 horas.
Em levantamento realizado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
identificou-se que 93 profissionais que trabalham nas ESFs e NASFs são contratados por prazo
determinado, conforme detalhado no quadro abaixo.

Quadro 02 – Quantidade de profissionais contratados por prazo determinado em cada


estabelecimento de saúde do município de Paço do Lumiar/MA.

Estabelecimento Contratados por Prazo Determinado


CENTRO DE SAUDE CANAÃ 1
CENTRO DE SAUDE DA VILA SAO JOSE 7
CENTRO DE SAUDE ITAPERA MOCAJITUBA 2
CENTRO DE SAUDE MAIOBA 11
CENTRO DE SAUDE MOJO 3
CENTRO DE SAUDE NOSSA SENHORA DA LUZ 8
CENTRO DE SAUDE PARANA S 3
CENTRO DE SAUDE VILA SAO PEDRO 11
UNIDADE BASICA DE SAUDE DA PINDOBA 6
UNIDADE BASICA DE SAUDE DA PIRAMIDE 3
UNIDADE BASICA DE SAUDE IGUAIBA 8
UNIDADE BASICA DE SAUDE MAIOBAO 20
UNIDADE BASICA DE SAUDE SAFIRA 7
UNIDADE BASICA DE SAUDE VILA CAFETEIRA 2
CENTRO DE SAUDE TAMBAU 1
Total 93
Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde.

Apesar da reiteração da solicitação de fiscalização, os contratos não foram apresentados. A


omissão da prefeitura em disponibilizar os contratos dos profissionais é indicativo de
irregularidade das contratações.
A inexistência de contratos assinados também fragiliza o trabalhador na hora de fazer valer os
seus direitos, dificultando a prova do vínculo trabalhista, da sua duração e demais condições
acordadas.

3. Cumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga


horária semanal inferior à exigida pela Estratégia Saúde da Família.

Durante a visita realizada às Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do município,


selecionados com critérios não probabilísticos, realizou-se levantamento dos horários de
trabalho e, consequentemente, da carga horária cumprida por profissionais integrantes das
equipes. Essa verificação ocorreu devido a existência de carga horária semanal mínima
8
prevista na legislação da Estratégia Saúde da Família. Quanto a esse aspecto, as seguintes
equipes foram avaliadas: Tambaú, Vila Nazaré, Maiobão I, II e III, Carlos Augusto, Iguaiba, Vila
São Pedro, Mercês e Itapera.
Conforme informado no item anterior, a carga horária semanal dos profissionais de saúde da
família deve ser de 40 horas semanais. Contudo, a situação encontrada para as categorias
profissionais médico, enfermeiro e cirurgião-dentista está em desacordo com a legislação
vigente, como está registrado no quadro abaixo.

Quadro 03 – Carga horária semanal cumprida por integrantes das ESFs

CBO/Especialidade Variação da Carga Horária Semanal Observada nas Equipes


Médico De 12 horas a 32 horas
Enfermeiro De 21 horas a 40 horas
Cirurgião-dentista De 20 horas a 30 horas
Fonte: Papel de trabalho elaborado pela equipe a partir de informações obtidas durante
as visitas realizadas.

A maioria dos médicos está trabalhando menos de 20 horas nas Equipes de Saúde da Família.
Além disso, não trabalham todos os dias em que as Unidades Básicas de Saúde e Centros de
Saúde estão em funcionamento (de segunda a sexta-feira). A maioria dos enfermeiros está
trabalhando 30 horas semanais nas UBS. Quanto aos cirurgiões-dentistas, a maioria está
cumprindo carga horária semanal inferior a 30 horas.
A prefeitura foi questionada sobre o motivo do cumprimento de carga horária semanal de
apenas 30 horas por servidores municipais da área da saúde, por meio da Solicitação de
Fiscalização nº 201900442/002, de 09.05.2019. Em resposta, o gestor apresentou, por meio
do Ofício nº 022/2019-GAB/PREF/COORD., de 16.05.2019, a seguinte justificativa:

Em outro aspecto, estamos encaminhando mídia contendo a cópia da medida


liminar concedida pela Excelentíssima Senhora Juíza de Direito, Dra. Jaqueline dos
Reis Caracas, no ano de 2012, que reduz a carga horária dos servidores vinculados à
Secretaria Municipal de Saúde, conforme item nº 2, da Solicitação de Fiscalização nº
201900442/002.
Por oportuno, em relação à implementação da decisão judicial exarada pela
Excelentíssima Doutora Jaqueline dos Reis Caracas, temos dado a ela cumprimento
até mesmo porque a decisão contempla astreintes no valor de R$ 500,00
(quinhentos) reais a incidir na esfera patrimonial do Excelentíssimo Senhor Prefeito.

A redução da carga horária semanal dos servidores municipais da área da saúde que integram
Equipes de Saúde da Família para 30 horas está em desacordo com o normativo da ESF
supracitado, que estabelece a carga horária semanal de 40 horas para todos os profissionais
de saúde membros das equipes. A consequência negativa dessa adequação da carga horária
é a presença dos profissionais beneficiados nas Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde
apenas durante parte do horário de funcionamento desses estabelecimentos, prejudicando,
assim, o serviço prestado à população.

9
A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo XXII, art. 10, XIX, estabelece
a seguinte competência às secretarias municipais de saúde:

Art. 10. Compete às secretarias municipais de saúde a coordenação do componente


municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a
política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos
municípios e do Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10)
[...]
XIX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos os profissionais
que compõem as equipes que atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas
de trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde vigente e a modalidade de atenção. (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10,
XIX)

4. Impropriedades na atualização dos dados no Sistema CNES.

Durante a visita às Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde, verificou-se as informações


constantes do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) quanto a atualização
das informações referentes aos profissionais integrantes das Equipes de Saúde da Família.
De acordo com a Portaria do Ministério da Saúde nº 1.646, de 02.10.2015, o Cadastro Nacional
de Estabelecimentos de Saúde (CNES) tem, entre outras, as seguintes finalidades:

Art. 2º O CNES se constitui como documento público e sistema de informação oficial


de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde no país,
independentemente da natureza jurídica ou de integrarem o Sistema Único de Saúde
(SUS), e possui as seguintes finalidades:

I - cadastrar e atualizar as informações sobre estabelecimentos de saúde e suas


dimensões, como recursos físicos, trabalhadores e serviços;
[...]
IV - fornecer informações que apoiem a tomada de decisão, o planejamento, a
programação e o conhecimento pelos gestores, pesquisadores, trabalhadores e
sociedade em geral acerca da organização, existência e disponibilidade de serviços,
força de trabalho e capacidade instalada dos estabelecimentos de saúde e
territórios.

Algumas equipes estão com a sua composição desatualizada no CNES, conforme detalhado no
quadro abaixo.

Quadro 04 – Profissionais das Equipes de Saúde da Família com informações


desatualizadas no CNES

Profissional Especialidade Equipe Situação Encontrada


A médica não trabalha na equipe
Médico Médico da
Maiobão II desde 21.03.2019. Foi aprovada em
CPF: ***.705.903-** Estratégia
um programa de residência médica.

10
Profissional Especialidade Equipe Situação Encontrada
Deixou a equipe, aproximadamente,
Médico Médico da
Maiobão I em abril/2019. Foi aprovada em um
CPF: ***.428.643-** Estratégia
programa de residência médica.
Agente
ACS
Comunitário Vila Nazaré Abandonou o cargo em janeiro/2018.
CPF: ***.156.543-**
de Saúde
Agente
ACS
Comunitário Vila Nazaré Abandonou o cargo em maio/2018.
CPF: ***.468.083-**
de Saúde
Agente
ACS
Comunitário Maiobão III Aposentada desde 2015.
CPF: ***.945.213-**
de Saúde
Agente
ACS Pediu exoneração do cargo em
Comunitário Maiobão III
CPF: Não identificado fevereiro/2019.
de Saúde
Médico Médico da
Tambaú Pediu exoneração em março/2019.
CPF: Não identificado Estratégia
Começou a trabalhar na equipe uma
Médico Médico da semana depois da saída da
Tambaú
CPF: ***.062.593-** Estratégia profissional de CNS
****0236258****.
Técnico Técnico de
Vila São Pedro Aposentada em 2017.
CPF: ***.137.793-** Enfermagem
Auxiliar Auxiliar em
Itapera Aposentada.
CPF: ***.911.443-** Saúde Bucal
Auxiliar Auxiliar em Nova auxiliar em saúde bucal da
Itapera
CPF: ***.424.513-** Saúde Bucal equipe. Entrou em abril/2019.
Médico Médico da Não trabalha na equipe desde o mês
Itapera
CPF: ***.531.063-** Estratégia de março/2019.
Médico Médico da
Itapera Médica atual da equipe Itapera.
CPF: ***.352.453-** Estratégia
Técnico Técnico em Foi remanejada para o Centro de
Iguaiba
CPF: ***.189.653-** Saúde Bucal Saúde Canaã no final de 2017.
Agente
ACS
Comunitário Vila São José Não trabalha na equipe desde 2017.
CPF: ***.352.803-**
de Saúde
Técnico Técnico de
Vila São José Aposentada em 2016 ou 2017.
CPF: ***.728.583-** Enfermagem
Técnico Técnico em Não trabalha na equipe desde o início
Vila São José
CPF: ***.892.623-** Saúde Bucal de 2018.
Agente de
ACE
combate a Mojó Não trabalha na equipe.
CPF: Não identificado
Endemias
Fonte: Informações obtidas durante entrevistas realizadas com membros das ESFs.

Com base nas inconsistências identificadas na relação de profissionais por Equipe de Saúde da
Família, registrada no CNES, constata-se que a Secretaria de Saúde de Paço do Lumiar/MA não
está providenciando a atualização tempestiva das informações de composição das equipes
nesse sistema.
Conforme demonstrado no quadro acima, mudanças ocorridas na composição das equipes
nos anos de 2015, 2016 ou 2017, 2018, além das ocorridas no início de 2019, ainda não foram
registradas no CNES.

11
A manutenção do CNES atualizado é muito importante, tendo em vista que ele é o sistema de
informação oficial de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde
no país.

5. Deficiência na realização de visitas domiciliares pelos Agentes


Comunitários de Saúde.

Com o objetivo de verificar a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) junto à
comunidade, realizou-se visita às famílias residentes na área de atuação das seguintes Equipes
de Saúde da Família (ESF): Vila São José, Carlos Augusto, Itapera, Mojó, Mercês, Pindoba, Vila
São Pedro e Iguaiba. Foram entrevistadas cinco famílias por ESF. As famílias foram
questionadas sobre a regularidade das visitas domiciliares dos ACS.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 4.2.6, a, são atribuições comuns do ACS e ACE:

II.- Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção de doenças e


agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território, e de vigilância em
saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de ações educativas individuais
e coletivas, na UBS, no domicílio e outros espaços da comunidade, incluindo a
investigação epidemiológica de casos suspeitos de doenças e agravos junto a outros
profissionais da equipe quando necessário;

III.- Realizar visitas domiciliares com periodicidade estabelecida no planejamento


da equipe e conforme as necessidades de saúde da população, para o
monitoramento da situação das famílias e indivíduos do território, com especial
atenção às pessoas com agravos e condições que necessitem de maior número de
visitas domiciliares; (grifo nosso)

A situação encontrada está registrada no seguinte quadro:

Quadro 05 – Regularidade de visitas domiciliares realizadas por ACS

Equipe Regularidade das Visitas Domiciliares


3 famílias, das 5 entrevistadas, não recebem visitas do ACS. Uma
Vila São José família não recebe visita a 8 anos e duas não são visitadas há dois
anos.
Carlos Augusto 1 família, das 5 entrevistadas, não recebe visita do ACS
Itapera 1 família, das 5 entrevistadas, não recebe visita do ACS
Mojó 2 famílias, das 5 entrevistadas, não recebem visita do ACS
1 família, das 5 entrevistadas, não recebe visita do ACS. Essa família
Mercês
não recebe visita há 5 anos.
Pindoba As cinco famílias entrevistadas recebem visitas com regularidade.
Vila São Pedro 1 família, das 5 entrevistadas, não recebe visita do ACS.
Iguaiba As cinco famílias entrevistadas recebem visitas com regularidade.
Fonte: Entrevista realizada com famílias atendidas pela Estratégia Saúde da Família.

12
Conforme demonstrado, existem famílias que não estão sendo visitadas por Agente
Comunitário de Saúde. Algumas não são visitadas há vários anos.
Algumas famílias apontaram causas para a falta de visitas do ACS. Duas famílias que residem
na área de atuação da ESF Vila São José informaram que a ACS da micro área faleceu há alguns
anos e nunca foi substituída. Uma família atendida pela ESF Mojó informou que a ACS da micro
área não visita a sua residência porque prioriza casas com crianças e idosos.
Os profissionais de saúde que atuam na Atenção Básica têm a missão de acompanhar a
população ao longo do tempo, tanto no caso de doenças e agravos quanto agindo
preventivamente, promovendo o cuidado integral à saúde da população, sempre que
necessário, no domicílio.

6. Deficiência na realização de visitas domiciliares do médico ou


enfermeiro quando necessário.

Com o objetivo de verificar se os pacientes com problemas de saúde que estavam


impossibilitados de se deslocar até a Unidade Básica de Saúde receberam a visita do médico
e/ou enfermeiro, realizou-se visita às famílias residentes na área de atuação das seguintes
Equipes de Saúde da Família (ESF): Vila São José, Carlos Augusto, Itapera, Mojó, Mercês,
Pindoba, Vila São Pedro e Iguaiba. Foram entrevistadas cinco famílias por ESF.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 4.1, são atribuições comuns a todos os membros das Equipes que atuam na
Atenção Básica:

XVIII. Realizar visitas domiciliares e atendimentos em domicílio às famílias e pessoas


em residências, Instituições de Longa Permanência (ILP), abrigos, entre outros tipos
de moradia existentes em seu território, de acordo com o planejamento da equipe,
necessidades e prioridades estabelecidas;

XIX. Realizar atenção domiciliar a pessoas com problemas de saúde


controlados/compensados com algum grau de dependência para as atividades da
vida diária e que não podem se deslocar até a Unidade Básica de Saúde; (Grifo nosso)

Ainda conforme a portaria citada, os enfermeiros e médicos têm, entre outras, as seguintes
atribuições específicas:

4.2.1 – Enfermeiro:

I.- Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas às equipes e, quando
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários
(escolas, associações entre outras), em todos os ciclos de vida;
[...]
4.2.1- Médico:

II.- Realizar consultas clínicas, pequenos procedimentos cirúrgicos, atividades em


grupo na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais
espaços comunitários (escolas, associações entre outros); em conformidade com
13
protocolos, diretrizes clínicas e terapêuticas, bem como outras normativas técnicas
estabelecidas pelos gestores (federal, estadual, municipal ou Distrito Federal),
observadas as disposições legais da profissão; (Grifo nosso)

A situação encontrada na área de atuação de cada equipe avaliada está registrada no seguinte
quadro:

Quadro 06 – Atendimentos domiciliares solicitados às Equipes de Saúde da Família

Equipe Solicitações de Visitas não Atendidas


As cinco famílias entrevistadas informaram que não precisaram de atendimento
Vila São José
domiciliar.
As cinco famílias entrevistadas informaram que não precisaram de atendimento
Carlos Augusto
domiciliar.
Das cinco famílias entrevistadas, quatro solicitaram o atendimento domiciliar e nenhuma
foi atendida.
Situação da família 1: O irmão da entrevistada sofreu um acidente de moto e quebrou a
perna. A mãe dela procurou o Centro de Saúde para tentar conseguir que a enfermeira
fizesse os curativos na residência do paciente. Além de não conseguir a visita, o centro não
tinha os materiais para fazer o curativo. A família teve que comprar os materiais e fez os
curativos por conta própria.
Situação da família 2: O avô da entrevistada é hipertenso e não tem uma das pernas. A
Itapera
família tem muita dificuldade para transportar o familiar até o Centro de Saúde. Já
tentaram conseguir uma visita do médico ou da enfermeira e não tiveram sucesso.
Situação da família 3: O esposo da entrevistada precisava de curativos devido a uma
cirurgia que fez no pé. Como não podia sair de casa, a família tentou conseguir a visita do
médico ou enfermeiro e não foi atendida.
Situação da família 4: A avó da entrevistada faleceu em dezembro/2018, com 106 anos,
devido a complicações de uma gripe. A família acredita que a doença se agravou devido à
falta de atendimento domiciliar da Equipe de Saúde da Família.
Das cinco famílias entrevistadas, quatro não precisaram de atendimento domiciliar. Uma
Mojó
família precisou e foi atendida pelo médico.
Das cinco famílias entrevistadas, três não precisaram de atendimento domiciliar. Duas
Mercês
famílias precisaram e foram atendidas pelo médico.
Das cinco famílias entrevistadas, quatro não precisaram de atendimento domiciliar. Uma
Pindoba
família precisou e foi atendida pelo médico.
Das cinco famílias entrevistadas, duas informaram que solicitaram e não receberam a
Vila São Pedro
visita do médico ou enfermeiro.
Das cinco famílias entrevistadas, duas informaram que solicitaram e não receberam a
visita do médico ou enfermeiro.
Situação da família 1: A mãe do entrevistado tem hérnia de disco e, quando está sentindo
muitas dores, procura atendimento na UPA do Araçagi. De 2017 até hoje já precisou
Iguaiba algumas vezes do atendimento domiciliar e não conseguiu.
Situação da família 2: O avô está acamado e nunca recebeu visita do médico ou
enfermeiro. O entrevistado informou que os funcionários da UBS alegam que não tem
transporte para os membros da equipe. Quando precisa de atendimento, a família leva
para consultar em São Luís.
Fonte: Entrevista realizada com famílias atendidas pela Estratégia Saúde da Família.

Conforme demonstrado, as Equipes de Saúde da Família Itapera, Vila São Pedro e Iguaiba
foram demandadas para realizar atendimento domiciliar e não realizaram o atendimento.
14
O atendimento domiciliar deve ser atividade rotineira das ESFs, que deve realiza-lo sempre
que os pacientes estiverem impossibilitados de se deslocarem até a Unidade Básica de Saúde.

7. Divulgação insuficiente de reuniões, encontros ou palestras,


realizadas para orientação sobre os cuidados com a saúde.

As Equipes de Saúde da Família também têm a atribuição de orientar as famílias de sua área
de atuação sobre os cuidados com a saúde. Para atingir esse objetivo, as equipes podem
realizar reuniões, encontros e palestras para tratar sobre assuntos de interesse da
comunidade, tais como: pressão alta, diabetes, planejamento familiar, alimentação e higiene
bucal.
Para verificar se as famílias estão sendo convidadas para participar de ações de educação,
realizou-se visita às famílias residentes na área de atuação das seguintes Equipes de Saúde da
Família (ESF): Vila São José, Carlos Augusto, Itapera, Mojó, Mercês, Pindoba, Vila São Pedro e
Iguaiba. Foram entrevistadas cinco famílias por ESF.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 4.1, é atribuição comum a todos os membros das Equipes que atuam na Atenção
Básica: “XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme
planejamento da equipe e utilizando abordagens adequadas às necessidades deste público;”.
A resposta das famílias entrevistadas ao questionamento sobre o convite para participar de
reuniões, encontros e palestras está registrada no seguinte quadro:

Quadro 07 – Convites para Participar de Reuniões, Encontros e Palestras

Equipe Convites para Participar de Reuniões, Encontros e Palestras


Das cinco famílias entrevistadas, nenhuma foi convidada para participar de reuniões, encontros
Vila São
e palestras. Quatro famílias informaram que não são convidadas há vários anos e uma informou
José
que nunca foi convidada.
Carlos Das cinco famílias entrevistadas, duas foram convidadas pela Equipe para participar de ações
Augusto de educação e três informaram que não foram convidadas nos últimos anos.
Das cinco famílias entrevistadas, nenhuma foi convidada para participar de reuniões, encontros
Itapera e palestras. Duas informaram que nunca foram convidadas. Duas não são convidadas há vários
anos.
Das cinco famílias entrevistadas, três confirmaram o convite e duas informaram que não foram
Mojó
convidadas.
Das cinco famílias entrevistadas, uma foi convidada, uma não soube informar e três não foram
Mercês
convidadas.
As cinco famílias entrevistadas confirmaram que foram convidadas para participar de ações de
Pindoba
educação.
Vila São Das cinco famílias entrevistadas, três foram convidadas e duas informaram que nunca foram
Pedro convidadas.
Iguaiba Das cinco famílias entrevistadas, três não foram convidadas.
Fonte: Entrevista realizada com famílias atendidas pela Estratégia Saúde da Família.

15
Conforme exposto acima, nenhuma das famílias atendidas pelas equipes Vila São José e
Itapera entrevistadas receberam convite para participar de ações de educação. A maioria das
famílias entrevistadas na área de atuação das equipes Carlos Augusto, Mercês e Iguaiba
também não receberam convite.
A ampliação das ações de educação, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família, contribui
para minimizar os problemas de saúde da comunidade, refletindo na diminuição da demanda
por outros serviços oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde.

8. Infraestrutura insuficiente das UBS.

As Unidades Básicas de Saúde (UBS), para oferecer serviços de qualidade a população,


precisam, entre outros fatores, de infraestrutura e ambiência adequadas. Para avaliar a
estrutura física das unidades de saúde, realizou-se visita às seguintes UBS e Centros de Saúde:
Unidade Básica de Saúde Maiobão, Centro de Saúde Tambaú, Centro de Saúde da Vila São
José, Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz, Unidade Básica de Saúde Iguaiba, Centro de
Saúde Itapera Mocajituba, Centro de Saúde Vila São Pedro, Centro de Saúde Mojó e Unidade
Básica de Saúde da Pindoba.

A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo XXII, subitem 3.1,


faz, entre outras, as seguintes recomendações sobre a infraestrutura e ambiência das UBS:

3.1. Infraestrutura e ambiência

A infraestrutura de uma UBS deve estar adequada ao quantitativo de população


adscrita e suas especificidades, bem como aos processos de trabalho das equipes e
à atenção à saúde dos usuários. Os parâmetros de estrutura devem, portanto, levar
em consideração a densidade demográfica, a composição, atuação e os tipos de
equipes, perfil da população, e as ações e serviços de saúde a serem realizados. É
importante que sejam previstos espaços físicos e ambientes adequados para a
formação de estudantes e trabalhadores de saúde de nível médio e superior, para
a formação em serviço e para a educação permanente na UBS.
As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitárias e tendo como
referência as normativas de infraestrutura vigentes, bem como possuir
identificação segundo os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda,
ser cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(SCNES), de acordo com as normas em vigor para tal.

As UBS poderão ter pontos de apoio para o atendimento de populações dispersas


(rurais, ribeirinhas, assentamentos, áreas pantaneiras, etc.), com reconhecimento
no SCNES, bem como nos instrumentos de monitoramento e avaliação. A estrutura
física dos pontos de apoio deve respeitar as normas gerais de segurança sanitária.

A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetônico), entendido como


lugar social, profissional e de relações interpessoais, que deve proporcionar uma
atenção acolhedora e humana para as pessoas, além de um ambiente saudável
para o trabalho dos profissionais de saúde.

Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componentes que atuam como
modificadores e qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar: recepção sem
grades (para não intimidar ou dificultar a comunicação e também garantir
16
privacidade à pessoa), identificação dos serviços existentes, escala dos
profissionais, horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmico
e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência em conformidade
com as normativas vigentes.

Além da garantia de infraestrutura e ambiência apropriadas, para a realização da


prática profissional na Atenção Básica, é necessário disponibilizar equipamentos
adequados, recursos humanos capacitados, e materiais e insumos suficientes à
atenção à saúde prestada nos municípios e Distrito Federal.

3.2. Tipos de unidades e equipamentos de saúde

São considerados unidades ou equipamentos de saúde no âmbito da Atenção Básica:

VII) Unidade Básica de Saúde

Recomenda-se os seguintes ambientes:

VII. consultório médico e de enfermagem, consultório com sanitário, sala de


procedimentos, sala de vacinas, área para assistência farmacêutica, sala
de inalação coletiva, sala de procedimentos, sala de coleta/exames, sala
de curativos, sala de expurgo, sala de esterilização, sala de observação e
sala de atividades coletivas para os profissionais da Atenção Básica. Se
forem compostas por profissionais de saúde bucal, será necessário
consultório odontológico com equipo odontológico completo;

b. área de recepção, local para arquivos e registros, sala multiprofissional de


acolhimento à demanda espontânea, sala de administração e gerência, banheiro
público e para funcionários, entre outros ambientes conforme a necessidade.
(Grifo nosso)

Como referência para avaliação da estrutura física das UBS, utilizou-se, também, o Manual de
Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, elaborado pelo Ministério da Saúde. Esse
manual relaciona os mobiliários, equipamentos e instrumentais imprescindíveis para a UBS
com Equipe de Saúde da Família.
Os problemas identificados em cada Unidade Básica de Saúde e Centro de Saúde visitados
estão descritos a seguir:
8.1 Unidade Básica de Saúde Maiobão
8.1.1 A UBS não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de observação,
consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais, almoxarifado,
copa/cozinha, área para assistência farmacêutica e sala dos ACS.

8.1.2 A UBS tem dois consultórios médicos e um consultório de enfermagem. Somente o


consultório de enfermagem tem sanitário.

8.1.3 Sala de curativos:


- A pia é muito pequena para lavar os materiais;

17
- A sala é aberta na parte superior e as paredes são de gesso, não podendo ser lavadas. Devido
a isso, não realizam curativos em ferimentos infectantes. Realizam apenas curativos simples;
- Apresenta parede com infiltração.

8.1.4 A existência de apenas um consultório de enfermagem prejudica os atendimentos


porque não é possível realizar preventivos ao mesmo tempo de outros atendimentos, tendo
em vista que as duas mesas ficam na mesma sala. Mesmo com biombo, de acordo com
informações obtidas no local, não seria adequado realizar atendimentos simultâneos na
mesma sala.

8.1.5 Todos os profissionais almoçam nas dependências da UBS. Sem local adequado, fazendo
os atendimentos enquanto ingerem os alimentos. Como não existe copa/cozinha na unidade,
foi improvisado um local embaixo de uma escada para diminuir o problema. Nesse local são
guardados alimentos e materiais de limpeza. O local é muito estreito, pequeno, sem pia, sem
fogão e sem uma mesa adequada para refeições. A UBS recebeu recentemente um fogão que
foi instalado em outro andar do prédio.

8.1.6 Todas as salas têm paredes que não chegam até o teto. Esse tipo de parede prejudica os
atendimentos médicos e de enfermagem, devido ao barulho que passa de uma sala para a
outra, a exemplo do choro de crianças durante a vacinação.

8.1.7 A quantidade de salas é insuficiente para os profissionais das três equipes. Devido a isso,
fazem uma escala de trabalho para evitar a presença, no mesmo horário, de mais profissionais
do que a estrutura física permite.

8.2 Centro de Saúde Tambaú

8.2.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à
demanda espontânea, sala de administração e gerência.

8.2.2 A copa/cozinha é muito pequena, sem espaço para colocar mesa e cadeiras para as
refeições. Devido a isso, as refeições são realizadas em uma mesa na Sala de Reuniões. O
centro recebeu um fogão com quatro bocas, industrial, que não pode ser usado porque é
grande demais para o tamanho da cozinha. Está sendo utilizado um fogão velho e muito
enferrujado.

8.2.3 Um consultório médico está sem pia.

8.3 Centro de Saúde da Vila São José

8.3.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
observação, consultório ginecológico e sala dos ACS.

8.3.2 Área nos fundos do posto com grande quantidade de pisos e telhas quebrados e
espalhados por todo o terreno.
18
8.3.3 A farmácia foi fechada na segunda quinzena de fevereiro/2019 porque o centro não tem
profissional para realizar esse trabalho (farmacêutico, auxiliar de farmácia ou um técnico
administrativo com conhecimentos sobre o seu funcionamento) e os outros profissionais
estavam sobrecarregados. Devido a isso, os pacientes têm que pegar os medicamentos em
outras UBS.

8.3.4 Quanto a estrutura física, a farmácia é pequena, dificultando o armazenamento


adequado dos medicamentos. De acordo com informações obtidas no local, os medicamentos
recebiam umidade porque estavam em contato com a parede e com o chão. A sala não é
climatizada e estava com mofo devido a infiltrações, prejudicando a qualidade de vários
medicamentos.

8.3.5 Apesar de ter duas Equipes de Saúde da Família trabalhando no mesmo Centro de Saúde,
o local tem apenas um consultório a disposição dos médicos. O outro está sendo utilizado pelo
NASF para realização de fisioterapia.

8.3.6 A sala onde funcionava o almoxarifado foi transformada em sala de enfermagem. Devido
a essa adaptação, a sala é pequena, sem pia, sem banheiro e sem espaço para colocar mesa
para exames. O aparelho de ar-condicionado existente na sala foi retirado do consultório
odontológico porque o Centro de Saúde não oferece esse tipo de tratamento a mais de dois
anos.

8.3.7 Desde 2015 a cisterna apresenta rachaduras e vazamentos, enchendo apenas no período
chuvoso. Devido a isso, o Centro de Saúde não tem abastecimento regular de água. Desde
2016, frequentemente precisam utilizar água recolhida dos aparelhos de ar-condicionado nos
banheiros.

8.4 Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz

8.4.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.

8.4.2 O Centro de Saúde está sem água. Os funcionários estão pegando água na rua. As duas
caixas d’água são muito velhas e estão com vazamentos. A tubulação também é muito antiga.
A bomba d’água não pode ser ligada porque os canos existentes estão forçando a bomba.

8.4.3 O Centro de Saúde tem dois consultórios médicos e dois de enfermagem. Apenas um
tem banheiro.

8.4.4 Existência de goteiras. Principalmente no corredor, copa e farmácia.

8.4.5 A sala de curativos não funciona há nove meses porque não tem técnica em enfermagem
para realizar os procedimentos. A única técnica em enfermagem do Centro de Saúde está
trabalhando exclusivamente com vacinação, devido à grande demanda.

19
8.5 Unidade Básica de Saúde Iguaiba

8.5.1 A UBS não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de coleta, sala
de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala de
administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.

8.5.2 A UBS precisa de retelhamento urgente, tendo em vista o grande número de goteiras
em vários locais da unidade.

8.5.3 Consultórios médico e de enfermagem sem pia.

8.5.4 A sala de curativos está com muito mofo nas paredes, devido a infiltrações.

8.5.5 A tubulação da pia da copa/cozinha está quebrada. Os profissionais estão usando um


balde para recolher a água suja. O local também está com mofo em algumas paredes.
5.6 A sala de vacina está inapropriada para vacinação porque as paredes estão com muito
mofo. A pia está entupida. A mesa está enferrujada. A sala não pode ser utilizada quando está
chovendo porque o teto está com muitas goteiras.

8.6 Centro de Saúde Itapera Mocajituba

8.6.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.

8.6.2 A sala de acolhimento está com infiltrações em algumas paredes e com goteira.

8.6.3 O consultório odontológico está com goteira.

8.6.4 A única sala de enfermagem utilizada pelos profissionais está com infiltração em algumas
paredes.

8.6.5 O abrigo de resíduos sólidos não está sendo utilizado.

8.7 Centro de Saúde Vila São Pedro

8.7.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à
demanda espontânea, sala de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os
profissionais, abrigo de resíduos sólidos e sala dos ACS.

8.7.2 Rampa de acesso ao Centro de Saúde com buraco dificultando a passagem de cadeira
de rodas.

8.7.3 Infiltração nas paredes, com criação de mofo, nos seguintes locais: recepção, consultório
odontológico, sala de procedimentos e sala de vacina.

20
8.7.4 Nenhum consultório tem banheiro.

8.7.5 A sala de vacina não está funcionando desde novembro/2018 devido à falta de técnico
em enfermagem.

8.7.6 Copa/cozinha sem espaço para a mesa de refeições. A mesa fica no corredor.

8.8 Centro de Saúde Mojó

8.8.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, consultório ginecológico.

8.8.2 Banheiro da sala do médico interditado devido a um vazamento na base do vaso


sanitário.

8.8.3 Banheiro feminino dos pacientes não pode ser usado porque está sem porta.

8.8.4 Sala de reunião sem mesas e cadeiras e com infiltrações na base das paredes.

8.8.5 Terreno próximo ao Centro de Saúde com grande quantidade de lixo espalhado pelo
chão.

8.8.6 O bebedouro não tem manutenção há dois anos.

8.8.7 O transporte público até o Centro de Saúde não funciona com regularidade,
prejudicando o comparecimento dos membros da equipe ao trabalho.

8.8.8 O médico e a enfermeira têm que dividir o mesmo consultório para atender os pacientes,
devido à ausência de móveis e materiais nas outras salas. Além desse problema, o consultório
está sem porta, situação que tira a privacidade dos pacientes, principalmente das mulheres
grávidas.

8.8.9 A farmácia não está funcionando porque não é climatizada e o Centro de Saúde também
não tem profissional para trabalhar no local.

8.9 Unidade Básica de Saúde da Pindoba

A equipe de fiscalização foi informada pelos moradores da localidade que a UBS estava
fechada há duas semanas. Por esse motivo, a inspeção física das suas dependências não foi
realizada.

21
9. Insuficiência/ausência de materiais, equipamentos e insumos
necessários à realização das atividades dos profissionais das Equipes
de Saúde da Família.

Para realizar as suas atribuições adequadamente, os profissionais das Equipes de Saúde da


Família precisam de materiais, equipamentos e insumos em quantidade e variedade
adequadas aos serviços oferecidos a comunidade. Para avaliar a disponibilidade desses itens
nas UBS e Centros de Saúde, realizou-se visita aos seguintes estabelecimentos: Unidade Básica
de Saúde Maiobão, Centro de Saúde Tambaú, Centro de Saúde da Vila São José, Centro de
Saúde Nossa Senhora da Luz, Unidade Básica de Saúde Iguaiba, Centro de Saúde Itapera
Mocajituba, Centro de Saúde Vila São Pedro, Centro de Saúde Mojó e Unidade Básica de Saúde
da Pindoba.

A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo XXII, art. 10, XV, estabelece a
seguinte competência às secretarias municipais de saúde:

Art. 10. Compete às secretarias municipais de saúde a coordenação do componente


municipal da Atenção Básica, no âmbito de seus limites territoriais, de acordo com a
política, diretrizes e prioridades estabelecidas, sendo responsabilidades dos
municípios e do Distrito Federal: (Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10)
[...]
XV – garantir recursos materiais, equipamentos e insumos suficientes para o
funcionamento das UBS e equipes, para a execução do conjunto de ações propostas;
(Origem: PRT MS/GM 2436/2017, Art. 10, XV)

Os problemas identificados em cada Unidade Básica de Saúde e Centro de Saúde visitados


estão descritos a seguir:

9.1 Unidade Básica de Saúde Maiobão

9.1.1 A quantidade de copos descartáveis que a UBS recebe por mês (em média, três ou quatro
centos) é insuficiente para atender pacientes e funcionários.

9.1.2 O bebedouro não recebe manutenção há um ano, principalmente no filtro.

9.1.3 Os armários da recepção estão quebrados.

9.1.4 Identificou-se, também, que a UBS precisa de alguns equipamentos:


- Três negatoscópios. Um para cada consultório e um para a sala de enfermagem;
- Um otoscópio; e
- Uma régua antropométrica para bebês.

9.1.5 Vários materiais são comprados pelos membros das equipes, tendo em vista a demora
da prefeitura no fornecimento e, às vezes, fornecendo em quantidade insuficiente. Os

22
materiais que mais faltam são: impressos variados (receituários e ficha geral para prontuário);
garrafões de água mineral e luvas para procedimentos.
Os medicamentos recebidos não são suficientes porque dispensam para pacientes oriundos
de outras UBS do município.

9.1.6 Problemas identificados na sala de curativos:


- Faz dois anos que a UBS não recebe produtos químicos adequados para esterilizar os
materiais. Os profissionais estão usando detergente comum (para louça).
- Vários móveis estão com ferrugem;
- O depósito de lixo utilizado não tem tampa.

9.2 Centro de Saúde Tambaú

9.2.1 O Centro de Saúde precisa dos seguintes equipamentos:


- dois negatoscópios (Um para cada consultório médico);
- um otoscópio;
- um glicosímetro;
- uma balança pediátrica (para a sala de triagem)

9.2.2 Precisam de maior quantidade de receituários e fichas gerais. Há dois meses que não
recebem em quantidade suficiente. Os membros da equipe têm que tirar xerox para atender
a demanda. Além disso, estão pagando com o próprio dinheiro.
No dia da visita, os pacientes estavam recebendo a receita em apenas uma via. Devido a isso,
aqueles que tinham medicamentos a receber estavam sendo orientados a tirar uma cópia, em
um estabelecimento comercial próximo, tendo em vista a necessidade de retenção, pela
farmácia do posto, de uma via do documento. Esse problema ocorre devido à insuficiência de
receitas no Centro de Saúde.

9.2.3 Há seis meses que não conseguem medir a glicose dos pacientes porque estão sem
glicosímetro.

9.2.4 Vários equipamentos da sala de curativos estão enferrujados e precisam ser trocados, a
exemplo de mesas, suporte para soro, escada e balança.

9.2.5 Outro problema identificado durante a visita, realizada no início da tarde, foi o calor
excessivo na recepção. Apenas um aparelho de 9.000 BTUs foi instalado no local e não estava
funcionando. A recepção estava lotada. Havia, aproximadamente, 27 pacientes aguardando a
vez para consultar. Muitos estavam reclamando do calor no local e estavam discutindo com
funcionários do Centro de Saúde. Ressalta-se que a recepção foi construída na posição poente.

9.2.6 Outro problema identificado no centro foi a existência de 15 caixas de medicamentos


vencidos (vencimento: 03/2019), encontrados já separados para devolução a Secretaria de
Saúde.

23
9.3 Centro de Saúde da Vila São José

9.3.1 Desde 2017 os funcionários e pacientes não bebem água do bebedouro que fica na
recepção porque não confiam na qualidade da água. O filtro do equipamento foi trocado uma
vez, em meados de 2018. Sempre compraram água mineral. Apenas em 2018 começaram a
receber da Secretaria de Saúde. Apesar disso, sempre precisaram fazer uma cota para comprar
água, devido a quantidade recebida ser insuficiente. Alguns usuários do Centro de Saúde
levam sua própria água para beber porque sabem da carência no local.

9.3.2 A caixa d’água e a cisterna não são limpas há quase três anos. A caixa d’água não tem
escada que permita subir para fazer a manutenção.

9.3.3 Desde 2017 faltam vários materiais de limpeza no centro. Os profissionais também estão
comprando com recursos próprios.

9.3.4 Copa/cozinha sem armários para guardar os utensílios. A maior parte dos utensílios
utilizados, como liquidificador e panelas, foram comprados pelos próprios funcionários. O
fogão e o botijão de gás também pertencem a um funcionário. Apenas uma boca desse fogão
está funcionando. Mesa para refeições sem cadeiras e pequena para a quantidade de
profissionais.

9.3.5 Não tem bombona para acondicionar o lixo infectante. Esse tipo de lixo está sendo
descartado em sacos plásticos comuns.

9.3.6 Antes do fechamento da farmácia, vários medicamentos eram recebidos de forma


irregular, prejudicando a entrega aos pacientes. Alguns eram recebidos em quantidade
inferior a solicitada. Outros em quantidade muito superior e, às vezes, perto do vencimento,
prejudicando a distribuição aos pacientes.

9.3.7 A sala de reuniões precisa de mais cadeiras porque tem utilidades diversas para as
equipes, inclusive para atividades com a comunidade. Para realizar essas atividades,
normalmente retiram longarinas da recepção e cadeiras de outras salas que não estão com
atendimento para poder acomodar as pessoas. Um ventilador está quebrado e uma das
paredes sempre fica mofada. Os armários estão com as fechaduras quebradas e alguns estão
muito enferrujados e com puxadores quebrados, precisando ser trocados.

9.3.8 Não estão realizando preventivos há dois meses porque não tem transporte para levar
o material coletado para realizar os exames. Também não há luvas para procedimentos.

9.3.9 As visitas domiciliares não estão sendo realizadas devido a falta de transporte.

9.3.10 Estão sem fita para o glicosímetro.

9.3.11 A maioria dos ACS não tem balança. Aqueles que têm compraram com o próprio
dinheiro.

24
9.3.12 Um ventilador da recepção está quebrado. De acordo com os profissionais, está
fazendo falta porque o local é quente.

9.3.13 Os dois sonares da UBS estão quebrados. Um está quebrado há três meses e o outro
há seis.

9.3.14 Os medicamentos para nebulização estão em falta há vários meses.

9.3.15 Quantidade insuficiente de receituários para remédios, receituários para requisição de


exames, ficha geral do paciente e boletim de produção individual (BPI). Há mais de três meses
que o Centro de Saúde não recebe os formulários em quantidade suficiente. Geralmente, os
profissionais têm que usar o próprio dinheiro para fazer cópia dos formulários. Esse problema
também ocorreu em 2018.

9.3.16 Armário vitrine da sala de vacina não fecha porque está com a fechadura quebrada.
Essa mesma sala apresenta mofo em uma parede devido a infiltração de água do aparelho de
ar-condicionado.

9.3.17 O Centro de Saúde precisa dos seguintes equipamentos:


- dois otoscópios;
- dois negatoscópios;
- quatro balanças antropométricas;
- uma balança pediátrica;
- um glicosímetro;
- dois nebulizadores;
- duas escadas de dois degraus.

9.4 Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz

9.4.1 Sempre falta papel e sabão nos consultórios.

9.4.2 Consultório de enfermagem com aparelho de ar-condicionado e armário quebrados.

9.4.3 Consultório médico com mesa e armário quebrados.

9.4.4 Cadeira odontológica com defeito. Não baixa completamente o encosto, prejudicando o
trabalho da dentista. O consultório odontológico precisa de um mocho para a auxiliar em
saúde bucal.

9.4.5 A sala de vacina precisa de um arquivo de aço com gavetas. O armário vitrine não tem
prateleiras, prejudicando a guarda dos materiais

9.4.6 Um consultório médico apresenta os seguintes problemas: cadeira para o paciente


quebrada; escada de dois degraus em estado de conservação ruim; ausência de cesto de lixo
e negatoscópio e aparelho de ar-condicionado quebrado.

9.4.7 O Centro de Saúde precisa de dois arquivos e três estantes de aço.


25
9.4.8 O Centro de Saúde não tem equipamento para inalação desde 2015.

9.4.9 Insuficiência de receituários e fichas para prontuário. Os funcionários estão tirando xerox
com recursos próprios.

9.4.10 Outros equipamentos necessários:

- duas escadas de dois degraus.


- duas mesas para exames ginecológicos.

9.5 Unidade Básica de Saúde Iguaiba

9.5.1 A UBS não recebe receituário para remédios controlados (receituário azul) desde o mês
de dezembro/2018.

9.5.2 O médico está atendendo na sala do dentista porque o aparelho de ar-condicionado do


consultório médico está quebrado. Além desse problema, o banheiro está interditado desde
dezembro/2018 porque está sem água e com o vaso sanitário vazando na base.

9.5.3 A farmácia está com o aparelho de ar-condicionado quebrado desde novembro/2018.

9.5.4 A cadeira e a mesa da sala de curativos estão muito enferrujadas.

9.5.5 precisam de mais luvas para procedimentos.

9.5.6 A mesa da sala de vacina está enferrujada.

9.5.7 Os profissionais solicitaram a substituição de algumas estantes de aço da farmácia e


ainda não foram atendidos.

9.5.8 Outros equipamentos necessários:

- dois estetoscópios;
- um glicosímetro;
- uma cadeira de rodas.

9.6 Centro de Saúde Itapera Mocajituba

9.6.1 O Centro de Saúde não recebe água mineral há, aproximadamente, três meses.
Costumam receber apenas um garrafão por mês. A água dura apenas uma semana. A
diferença consumida é paga pelos próprios funcionários.

9.6.2 O posto está sem receituário há um mês. A médica está utilizando o seu receituário
particular. No dia da visita, a médica ainda tinha, aproximadamente, 16 pacientes para
consultar quando acabaram até os receituários particulares da profissional.

26
9.6.3 O Centro de Saúde possui dois aparelhos de pressão porque foram doados pela médica
anterior do estabelecimento. Um deles não está sendo utilizado porque precisa de pilhas e a
Secretaria de Saúde não fornece.

9.6.4 Dois banheiros estão interditados. O banheiro dos funcionários e o banheiro feminino
dos pacientes. Estão com problema na descarga.

9.6.5 O aparelho de ar-condicionado da farmácia está quebrado.

9.6.6 O Centro de Saúde não realiza nebulização há dois anos porque o equipamento está
quebrado.

9.6.7 O aparelho de ar-condicionado do consultório odontológico foi consertado há apenas


um mês. Ficou dois anos sem funcionar.

9.6.8 O Centro de Saúde não faz curativos há dois anos porque as autoclaves estão quebradas.
Uma quebrou há dois anos e a outra está quebrada há quatro anos.

9.6.9 O consultório odontológico está sem compressor.

9.6.10 Os armários que estão no consultório odontológico precisam ser substituídos porque
não atendem a necessidade dos profissionais.

9.6.11 Uma sala de enfermagem não é utilizada porque não tem estrutura. Não tem lâmpada,
o aparelho de ar-condicionado não funciona e a maca está muito enferrujada.

9.6.12 O Centro de Saúde possui uma cadeira de rodas que não pode ser utilizada devido ao
péssimo estado de conservação.

9.6.13 Um ventilador está com defeito. É utilizado apena porque está apoiado por um pedaço
de madeira.

9.6.14 Não houve visitas domiciliares em 2017 e 2018 porque a prefeitura não disponibilizava
os veículos. Apenas em 2019 as visitas foram retomadas.

9.6.15 O Centro de Saúde não tem bombonas para armazenamento de lixo infectante. Esse
tipo de lixo fica armazenado apenas nos coletores para materiais perfurocortantes que são
utilizados nas salas.

9.6.16 Outros equipamentos necessários:

- Longarina do corredor precisa de reforma/substituição;


- dois armários vitrine (um para o consultório ginecológico e outro para a sala de vacina);
- negatoscópio para os consultórios médicos;
- quatro armários para arquivo;
- três escadas de dois degraus;
- um glicosímetro;
27
- dois mochos com encosto (para o consultório odontológico);
- uma balança pediátrica;
- dois ventiladores (um para o corredor de espera e o outro para a recepção);
- um sonar.

9.7 Centro de Saúde Vila São Pedro

9.7.1 O bebedouro foi entregue, aproximadamente, em maio/2018, sem filtro. Até hoje o filtro
não foi colocado. Está ligado diretamente ao cano de água.

9.7.2 A partir de janeiro/2019, o Centro de Saúde está recebendo receituários em quantidade


insuficiente. Às vezes, a equipe compra, com dinheiro próprio, resmas de papel e leva para a
Secretaria de Saúde para tirar xerox.

9.7.3 A sala de vacina está sem aparelho de ar-condicionado. O armário de aço está sem
fechadura e enferrujado, precisando ser trocado.

9.7.4 Copa/cozinha com fogão com apenas duas bocas funcionando.

9.7.5 O Centro de Saúde não tem bombona para colocar o lixo infectante. Esse tipo de lixo fica
armazenado apenas nos coletores para materiais perfurocortantes e são descartados dentro
de sacos de lixo comuns.

9.7.6 Outros equipamentos necessários:

- dois arquivos de aço;


- um otoscópio;
- um glicosímetro.

9.8 Centro de Saúde Mojó

9.8.1 A única balança pediátrica está quebrada há seis meses.

9.8.2 Não tem equipamentos para nebulização.

9.8.3 Copa/cozinha sem os seguintes itens: armários para a guarda dos utensílios, geladeira,
mesa para refeições e cadeiras.

9.8.4 Sala de curativos/procedimentos sem os seguintes itens: mesa para exames, foco de luz,
instrumentais cirúrgicos, balde cilíndrico porta detritos com pedal, escada de dois degraus,
suporte de soro e armário vitrine.

9.8.5 Sala de vacina sem os seguintes itens: caixa térmica, refrigerador para vacina, armário
vitrine, arquivo de aço com gaveta, cadeiras, mesa de escritório.

9.8.6 Farmácia sem os seguintes itens: aparelho de ar-condicionado, vidro no local de


dispensação dos medicamentos, mesa de escritório e cadeira.
28
9.8.7 Sala de reuniões sem os seguintes itens: mesa de reuniões, cadeiras e quadro de avisos.

9.9 Unidade Básica de Saúde da Pindoba

A equipe de fiscalização foi informada pelos moradores da localidade que a UBS estava
fechada a duas semanas. Por esse motivo, a inspeção física das suas dependências não foi
realizada.

10. Membros de Equipe de Saúde da Família trabalhando na área de


outra equipe.

Realizou-se visita ao Centro de Saúde Mojó para verificar as condições de trabalho da Equipe
de Saúde da Família (ESF) que desenvolve as suas atividades no local.
O trabalho da ESF do Centro de Saúde Mojó está sendo prejudicado, entre outros fatores, pela
ausência de alguns membros que estão exercendo as suas atribuições no Centro de Saúde
Nossa Senhora da Luz.
Apesar da ESF do Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz estar completa, conforme verificado
em visita realizada no local, membros da ESF Mojó também estão trabalhando no Centro de
Saúde, com prejuízo para as atividades que devem ser realizadas no Centro de Saúde Mojó.
Os profissionais da ESF Mojó que estão trabalhando indevidamente no Centro de Saúde Nossa
Senhora da Luz estão relacionados no seguinte quadro:

Quadro 08 – Profissionais que estão trabalhando indevidamente no Centro de Saúde


Nossa Senhora da Luz

Profissional Especialidade Situação Encontrada


O médico consulta no Centro de Saúde Mojó somente nas
Médico terças e quintas-feiras, das 08:00h às 12:00h. Nas quartas-
Médico da Estratégia
CPF: ***.125.543-** feiras faz visitas domiciliares. Também trabalha no Centro de
Saúde Nossa Senhora da Luz.
Trabalha no Centro de Saúde Mojó somente nas segundas e
Enfermeiro Enfermeiro da quartas-feiras, no turno da tarde. Trabalha nas terças e
CPF: ***.122.523-** Estratégia quintas-feiras no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz,
também no turno da tarde.
ACS Agente Comunitário
Trabalha apenas no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz.
CPF: ***.367.603-** de Saúde
ACS Agente Comunitário
Trabalha somente no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz.
CPF: Não identificado de Saúde
ACS Agente Comunitário
Trabalha somente no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz.
CPF: ***.487.583-** de Saúde
ACS Agente Comunitário
Trabalha somente no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz.
CPF: Não identificado de Saúde
ACS Agente Comunitário
Trabalha somente no Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz.
CPF: ***.046.553-** de Saúde
Fonte: Informações obtidas durante visita realizada ao Centro de Saúde Mojó.

29
A Secretaria de Saúde de Paço do Lumiar não tomou providências para manter os profissionais
da ESF Mojó trabalhando somente no Centro de Saúde Mojó e em sua área de atuação.
A dedicação de parte da carga horária dos profissionais da ESF Mojó ao trabalho no Centro de
Saúde Nossa Senhora da Luz, que tem Equipe de Saúde da Família própria, prejudica o
atendimento da população residente na área de atuação da equipe.

11. Profissionais de saúde bucal sem condições de realizar


atendimento adequado a população.

Durante a visita realizada nas Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do Município de
Paço do Lumiar/MA, com Equipes de Saúde da Família com saúde bucal, verificou-se a efetiva
prestação de serviços odontológicos a população. As seguintes equipes foram visitadas:
Mercês, Vila São Pedro, Itapera, Iguaiba, Vila São José e Pindoba.

A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo XXII, contém os


seguintes dispositivos referentes ao serviço odontológico:

Recomenda-se os seguintes ambientes:

VII. consultório médico e de enfermagem, consultório com sanitário, sala de


procedimentos, sala de vacinas, área para assistência farmacêutica, sala de inalação
coletiva, sala de procedimentos, sala de coleta/exames, sala de curativos, sala de
expurgo, sala de esterilização, sala de observação e sala de atividades coletivas para
os profissionais da Atenção Básica. Se forem compostas por profissionais de saúde
bucal, será necessário consultório odontológico com equipo odontológico
completo;
[...]
3.3 – Funcionamento

Recomenda-se que as Unidades Básicas de Saúde tenham seu funcionamento com


carga horária mínima de 40 horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana
e nos 12 meses do ano, possibilitando acesso facilitado à população.
[...]
Composta no mínimo por médico, preferencialmente da especialidade medicina de
família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da
família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS).
Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias (ACE) e os
profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em
saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal.
[...]
Para equipe de Saúde da Família, há a obrigatoriedade de carga horária de 40
(quarenta) horas semanais para todos os profissionais de saúde membros da ESF.
Dessa forma, os profissionais da ESF poderão estar vinculados a apenas 1 (uma)
equipe de Saúde da Família, no SCNES vigente. (Grifo Nosso)

Além dos problemas de infraestrutura, carga horária dos profissionais e falta de equipamentos
e materiais, já detalhados em itens específicos deste relatório, chama atenção os longos
períodos sem atendimento odontológico das Equipes de Saúde da Família com saúde bucal,
conforme relatado a seguir:
30
11.1 Equipe de Saúde da Família Vila São Pedro

O consultório odontológico funcionou normalmente até agosto/2017. A partir desse mês,


ficou sem alguns insumos necessários para realizar os atendimentos. Um dos itens em falta
era o fotopolimerizador (equipamento utilizado nas restaurações). O consultório não
funcionou até o final de 2018. Durante esse período, a equipe fazia palestras nas escolas, no
Centro de Saúde e durante as visitas domiciliares aos acamados. A partir do início de 2019,
com a chegada de anestésicos, passaram a realizar extrações.

11.2 Equipe de Saúde da Família Itapera

O consultório odontológico não funciona há mais de dois anos. Quando há necessidade de


atendimento, os profissionais da equipe informam à comunidade que os equipamentos estão
quebrados e que faltam materiais e, geralmente, costumam encaminhar esses pacientes para
o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO), localizado no bairro do Maiobão.

11.3 Equipe de Saúde da Família Iguaiba

O consultório odontológico não funciona desde 2014. Os profissionais que deveriam trabalhar
no consultório odontológico não foram encontrados na Unidade Básica de Saúde para explicar
os motivos da falta de atendimento.

11.4 Equipe de Saúde da Família Vila São José

O consultório odontológico não funciona há mais de dois anos. Os profissionais que deveriam
trabalhar no consultório odontológico não foram encontrados no Centro de Saúde para
explicar os motivos da falta de atendimento.
De acordo com famílias entrevistadas, residentes na área de atuação da equipe, os
tratamentos não são realizados por falta de equipamento/material.

11.5 Equipe de Saúde da Família Pindoba

A Unidade Básica de Saúde estava fechada no dia da visita. De acordo com informações
obtidas durante entrevista realizada com famílias residentes na área de atuação da equipe, a
UBS estava fechada há, aproximadamente, duas semanas.
De acordo com a comunidade, a equipe não ofereceu tratamento odontológico nos últimos
dois anos, devido à falta de equipamentos/materiais necessários.
As Unidades Básicas de Saúde devem funcionar com carga horária mínima de 40 horas por
semana, no mínimo cinco dias por semana, e durante os 12 meses do ano, de acordo com
recomendação constante do normativo pertinente. Essa recomendação inclui os profissionais
de saúde bucal.
A ausência e/ou insuficiência de equipamentos e materiais necessários ao adequado
funcionamento dos consultórios odontológicos das ESFs privam as famílias residentes em sua
31
área de atuação do tratamento adequado de seus problemas bucais. Outro problema causado
é a subutilização da mão de obra dos profissionais que trabalham na atenção à saúde bucal.
Além disso, tende a sobrecarregar outros estabelecimentos de saúde.

12. Alvará de Autorização Sanitária encontrado nas UBS e Centros de


Saúde está vencido.

Durante a visita às Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do Município de Paço do


Lumiar/MA, constatou-se que o Alvará de Autorização Sanitária encontrado nos
estabelecimentos está vencido.
A Lei Complementar nº 39, de 15.12.1998, que dispõe sobre o Código de Saúde no Estado do
Maranhão, possui os seguintes dispositivos, entre outros, referentes ao Alvará de Autorização
Sanitária:
Art. 67 - Para os efeitos desta Lei, consideram-se estabelecimentos de assistência à
saúde aqueles que prestam:
I - serviços médicos;
II - serviços odontológicos;
III - serviços de apoio diagnóstico e terapêutico;
IV - outros serviços de saúde definidos pelos órgãos competentes.
[...]
Art. 69 - Os estabelecimentos de assistência à saúde a que se refere o art. 67 e os
estabelecimentos de interesse para a saúde a que se referem os incisos I a IX do art.
68 terão alvará de autorização sanitária expedido pela autoridade sanitária
competente, municipal ou estadual, com validade de 1 (um) ano, renovável por
períodos iguais e sucessivos.
§ 1º - A concessão ou renovação do alvará de autorização sanitária será condicionada
ao cumprimento de requisitos técnicos referentes aos produtos, instalações,
máquinas, equipamentos, normas e rotinas do estabelecimento, comprovado pela
autoridade sanitária competente através de vistoria.
§2º- O alvará de autorização sanitária poderá, a qualquer tempo, ser cancelado, no
interesse da saúde pública, sendo assegurado ao proprietário do estabelecimento o
direito de defesa em processo administrativo instaurado pela autoridade sanitária.

A situação encontrada em cada estabelecimento é descrita a seguir:

12.1 Centro de Saúde Mojó: Alvará com validade até 03.10.2018.

12.2 Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz: Alvará com validade até 03.10.2018.

12.3 Centro de Saúde Itapera Mocajituba: O alvará não estava afixado em local visível ao
público.

12.4 Centro de Saúde Tambaú: O alvará não estava afixado em local visível ao público.

32
12.5 Centro de Saúde da Vila São José: O alvará não estava afixado em local visível ao público.
12.6 Centro de Saúde Vila São Pedro: O alvará não estava afixado em local visível ao público.

12.7 Unidade Básica de Saúde Iguaiba: O alvará não estava afixado em local visível ao público.

12.8 Unidade Básica de Saúde Maiobão: Alvará com validade até 03.10.2018.

Conforme evidenciado, a Secretaria Municipal de Saúde de Paço do Lumiar/MA não


providenciou a renovação do Alvará de Autorização Sanitária das Unidades Básicas de Saúde
e centros de saúde do município.
Tendo em vista que o alvará atesta que o estabelecimento tem condições satisfatórias de
higiene e salubridade, é muito importante para os usuários dos serviços de saúde que esteja
atualizado.

13. Ausência de informações básicas sobre as Equipes de Saúde da


Família e serviços oferecidos à população, em local visível.

Durante as visitas realizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Saúde do
Município de Paço do Lumiar/MA, verificou-se a existência, em local visível aos usuários, de
informações mínimas a respeito do estabelecimento de saúde, conforme previsto na
legislação da estratégia. Os seguintes estabelecimentos foram visitados: Unidade Básica de
Saúde Maiobão, Centro de Saúde Tambaú, Centro de Saúde da Vila São José, Centro de Saúde
Nossa Senhora da Luz, Unidade Básica de Saúde Iguaiba, Centro de Saúde Itapera Mocajituba,
Centro de Saúde Vila São Pedro e Centro de Saúde Mojó.
A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, no Anexo I do Anexo XXII, subitens
3.1 e 3.3, detalha as informações que devem estar disponíveis aos usuários dos serviços das
UBS, em local visível. Esses dispositivos têm a seguinte redação:

3.1. Infraestrutura e ambiência


[...]
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componentes que atuam como
modificadores e qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar: recepção sem
grades (para não intimidar ou dificultar a comunicação e também garantir
privacidade à pessoa), identificação dos serviços existentes, escala dos
profissionais, horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmico
e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência em conformidade
com as normativas vigentes.
[...]
3.3 - Funcionamento
[...]
Deverá estar afixado em local visível, próximo à entrada da UBS:

- Identificação e horário de atendimento;


- Mapa de abrangência, com a cobertura de cada equipe;
- Identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos componentes de
cada equipe da UBS;
33
- Relação de serviços disponíveis; e
- Detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe. (Grifo nosso)

Os problemas identificados em cada Unidade Básica de Saúde e Centro de Saúde visitados


estão descritos a seguir:

13.1 Unidade Básica de Saúde Maiobão

As seguintes informações não estão disponíveis: mapa de abrangência, com a cobertura de


cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos componentes de
cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e detalhamento das escalas de
atendimento de cada equipe.

13.2 Centro de Saúde Tambaú

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e
detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.

13.3 Centro de Saúde da Vila São José

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e
detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.

13.4 Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz

As seguintes informações não estão disponíveis: mapa de abrangência, com a cobertura de


cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no território e dos componentes de
cada equipe da UBS; e relação de serviços disponíveis.

13.5 Unidade Básica de Saúde Iguaiba

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e
detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.

13.6 Centro de Saúde Itapera Mocajituba

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e
detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.
34
13.7 Centro de Saúde Vila São Pedro

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS e relação de serviços disponíveis.

13.8 Centro de Saúde Mojó

As seguintes informações não estão disponíveis: horário de atendimento; mapa de


abrangência, com a cobertura de cada equipe; identificação do Gerente da Atenção Básica no
território e dos componentes de cada equipe da UBS; relação de serviços disponíveis; e
detalhamento das escalas de atendimento de cada equipe.

A falta dessas informações dificulta o entendimento, pela população, da abrangência dos


serviços disponibilizados nos estabelecimentos e dias da semana em que são realizados,
causando transtornos aos usuários que se deslocam aos locais em busca de atendimento.

35
CONCLUSÃO
A fiscalização da Estratégia de Saúde da Família, realizada no Município de Paço do
Lumiar/MA, procurou avaliar, entre outros aspectos, se as Equipes de Saúde da Família
possuem pelo menos a composição mínima, acrescida de profissionais de saúde bucal, quando
for o caso; a forma de contratação dos profissionais; o cumprimento da carga horária;
estrutura física das UBS de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde; e a
existência de equipamentos e insumos necessários ao desempenho de suas atribuições e
responsabilidades.
Com base na análise dos documentos recebidos durante o trabalho de campo e nas
informações obtidas durante as visitas às Unidades Básicas de Saúde, Centros de Saúde e
famílias atendidas pelas equipes, os seguintes problemas foram identificados: Equipes de
Saúde da Família com composição mínima incompleta; profissionais trabalhando em Equipes
de Saúde da Família e Núcleos de Apoio à Saúde da Família sem contrato de trabalho
formalizado; cumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga horária semanal
inferior à exigida pela Estratégia Saúde da Família; impropriedades na atualização dos dados
no Sistema CNES; deficiência na realização de visitas domiciliares pelos Agentes Comunitários
de Saúde; deficiência na realização de visitas domiciliares do médico ou enfermeiro quando
necessário; divulgação insuficiente de reuniões, encontros ou palestras, realizadas para
orientação sobre os cuidados com a saúde; infraestrutura insuficiente das UBS;
insuficiência/ausência de materiais, equipamentos e insumos necessários à realização das
atividades dos profissionais das Equipes de Saúde da Família; membros de Equipe de Saúde
da Família trabalhando na área de outra equipe; profissionais de saúde bucal sem condições
de realizar atendimento adequado a população; Alvará de Autorização Sanitária encontrado
nas UBS e Centros de Saúde está vencido e ausência de informações básicas sobre as Equipes
de Saúde da Família e serviços oferecidos à população, em local visível.

36
ANEXOS

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE


DE FISCALIZAÇÃO

Não houve manifestação da unidade examinada.

37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR/MA
Exercícios de 2017 e 2018

25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900612
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a
regularidade da aplicação de recursos públicos federais executados de
forma direta ou descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às Organizações da Sociedade Civil.

2
3
SUMÁRIO

SUMÁRIO 4

INTRODUÇÃO 5

RESULTADOS DOS EXAMES 6

1. Execução de despesas com recursos do Pnate sem a apresentação dos documentos


comprobatórios de despesas específicos 6

2. Impropriedades e Irregularidades em processo licitatório para aquisição de


combustíveis em 2017 7

3. Veículos de Transporte Escolar próprios e locados não localizados e veículos


próprios parados por defeitos 10

CONCLUSÃO 13

ANEXOS 14

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA


14
INTRODUÇÃO
A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas a atos e processos de
execução financeira e operacional do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar
(Pnate) no Município de Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.

A análise ocorreu em atendimento à Ação de Controle nº 201900612 e decorre do fato


de a Prefeitura ter sido escolhida no âmbito da 6º Edição do Programa de Fiscalização
de Entes Federativos (FEF), da CGU.

A análise buscou avaliar a adequação dos processos de contratação (licitações), bem


como a adequada execução dos contratos de fornecimento de bens e serviços
destinados às escolas da rede municipal de ensino, relativamente ao transporte escolar,
especificamente no tocante a fornecimento de combustíveis e locação de veículos.

Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como folha de
pagamentos, extratos bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, controles
de aquisição e distribuição bens às escolas do município, além da realização de
entrevistas e visitas e inspeções físicas “in loco”.

Não ocorreram restrições nem limitações aos nossos trabalhos.

A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.

5
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Execução de gastos com recursos do Pnate sem a


apresentação dos documentos comprobatórios de despesas
específicos.
Foram analisados os documentos que ensejaram pagamentos de despesas com
combustíveis e locação de veículos para o transporte escolar, sob a tutela da prefeitura
municipal de Paço do Lumiar/MA, que foram custeadas com recursos do Programa
Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – Pnate, nos exercícios de 2017 e 2018.

A partir das análises efetuadas, constataram-se irregularidades relativas aos


documentos apresentados, conforme a seguir demonstrado.

a) houve execução de gastos com locação de veículos para o transporte escolar


municipal, custeados com recursos do Pnate, sem apresentação de quaisquer
documentos de despesas ou notas fiscais/faturas da empresa prestadora de serviços
que comprovem a realização das despesas. Tais gastos estão detalhados no quadro a
seguir, a partir do extrato bancário da conta específica do programa:

Quadro 01 – Gastos com locação de veículos para o transporte escolar municipal em


2018 sem apresentação de documentos comprobatórios das despesas incorridas.

BANCO /
CONTA DO
DATA VALOR TIPO DE TRANSFERÊNCIA AGÊNCIA DO
FORNECEDOR
FORNECEDOR
27/02/2018 65.852,10 Transferência Enviada 001/1505-7 37.770-8
14/03/2018 3.465,90 Pagamento de Título - -
13/09/2018 230.700,05 TED-Transf. Eletr. Disponiv. 104/2080-X 0565-3
07/12/2018 23.661,47 Transferência Enviada 001/4323-0 14.198-4
07/12/2018 55.210,07 Transferência Enviada 001/4323-0 14.198-4
TOTAL 378.889,59 ##### ##### #####
Fonte: Extratos bancários da conta específica do Programa (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 12.519-9).

b) houve execução de despesas com locação de veículos sem a apresentação das


Ordens de Pagamento de quitação das despesas, conforme demonstrado no quadro a
seguir:
Quadro 02 – Gastos com locação de veículos sem notas
fiscais/faturas de fornecimento.

DATA VALOR NE/NL FORNECEDOR


13/12/2017 202.173,30 1002010/1 T. G. Pontes Transportes
10/01/2018 161.738,64 1130047/1 T. G. Pontes Transportes
TOTAL 363.911,94 ### ###
Fonte: Documentos de despesas do Pnate apresentados pela Prefeitura.

6
c) outrossim, houve movimentações indevidas na conta específica do Programa,
conforme detalhado nas subalíneas a seguir:

c.1) pagamento de tarifas bancárias por emissão de extratos, no valor total de


R$ 14,75, descontado da conta do Programa em 13/06/2018 (5x2,95), cujo valor foi
devolvido à conta apenas em 28/02/2019;

c.2) pagamento de despesas com gasolina, no valor de R$ 15.347,20, em


01/10/2018 (todos os veículos do transporte escolar são movidos a diesel). O valor foi
devolvido à conta específica do Programa somente em 27/02/2019.

2. Impropriedades e Irregularidades em processo licitatório para


aquisição de combustíveis em 2017.
Foi analisado o processo licitatório conduzido pela prefeitura municipal de Paço do
Lumiar/MA para contratação de empresa especializada em gerenciamento de frota de
veículos, manutenção preventiva e corretiva com fornecimento e reposição de peças e
abastecimento de combustíveis para a Secretaria Municipal de Educação, Secretaria
Municipal de Administração e Finanças, Secretaria Municipal de Saúde e Secretaria
Municipal de Desenvolvimento Social, no exercício de 2017. A contratação deveria suprir
as necessidades da frota de 34 veículos, sendo 11 da Secretaria de Educação, 09 da
Secretaria de Desenvolvimento Social, 11 da Secretaria de Saúde e 03 da Secretaria de
Administração e Finanças.

Optou-se pela adesão a Ata de Registro de Preços do Governo do Estado do Maranhão.


A partir da análise do processo, foram constatadas impropriedades e irregularidades
que merecem destaque:

a) O despacho às fls. 41 e 42, emitidos pela Secretaria Municipal de Planejamento e


Articulação Governamental por meio de sua Divisão de Compras, menciona que houve
dificuldades na obtenção de cotação de preços em três fontes distintas, razão pela qual,
limitou o balizamento do preço de referência a duas fontes, quais sejam, a Ata de
Registro de Preços no 413/2016, da Polícia Militar do Estado do Maranhão (Fls. 43 a 48),
e a Ata de Registro de Preços no 253/2016, da Cia. de Saneamento Ambiental do
Maranhão – CAEMA (Fls. 68 a 72). Procedendo-se a uma busca no Comprasnet, por
exemplo, encontrou-se uma série de pregões para registro de preços desse mesmo tipo
de objeto licitado, a citar apenas como exemplos: Pregão 35/2016 (UASG 935100 –
Centrais Elétricas de Rondônia S/A), Pregão 15/2016 (UASG 158129 – Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano) e Pregão 5/2016 (UASG 153032 –
Universidade Federal de Lavras/MG). A partir dessas licitações poder-se-ia melhor ter se
fixado os preços de referência, inclusive e principalmente no tocante a taxa de
administração, que não está muito claro nas fontes pesquisadas;

7
b) O despacho constante às fls. 65 do processo, emitido pela Secretária Municipal de
Planejamento e Articulação Governamental, aprova o Termo de Referência da licitação.
Contudo, nos autos desse processo não consta nenhum Termo de Referência;

c) A Secretária Municipal de Planejamento e Articulação Governamental, por meio do


Ofício 412/2017 – GAB/SEMAF, de 17 de julho de 2017, constante às fls. 134 e 135 do
processo, informa ao órgão gerenciador da Ata de Registro de Preços n o 253/2016 de
que há o interesse da Prefeitura de Paço do Lumiar/MA em aderir a essa Ata. Para tanto,
encaminha no corpo desse Ofício um quadro com a discriminação dos itens, quantidades
e valores totais para o período de 12 meses, conforme a figura a seguir:

Figura 01 – Discriminação dos itens, quantidades, prazo e valores para Adesão.

Fonte: Ofício n. 412/2017 – GAB/SEMAF, de 27 de julho de 2017, constante às fls. 134 do processo.

c.1) Nota-se, especificamente no tocante aos itens 02 e 03, que se referem a


fornecimento de combustíveis, que não foram especificadas as quantidades de litros de
gasolina/etanol e de óleo diesel, mas, como em todos os itens, apenas a quantidade de
veículos e o prazo de 12 meses, sendo arbitrado um valor unitário para cada item, sem
qualquer demonstração da base de cálculo que revelasse a real necessidade para o valor
atribuído. Isso por que levou por base o modelo equivocado usado pela CAEMA na sua
Ata de Registro de Preços, da qual se fez a adesão;

c.2) Percebe-se que, no quadro da figura acima, não houve previsão de


fornecimento de combustíveis para as secretarias municipais de Educação e
Administração e Finanças;

c.3) Contudo, quando a Gerência de Registro de Preços da Comissão Central


Permanente de Licitação do Estado do Maranhão, confirma a adesão, após
pronunciamento favorável do fornecedor, há um anexo diferente que prevê

8
quantitativos diferentes de veículos e sem menção a uma ou outra secretaria municipal,
como se vê na figura a seguir:

Figura 02 – Quantitativos confirmados pelo gerenciador da Ata de Registro de


Preços.

Fonte: Confirmação da Adesão à Ata de Registro de Preços no 253/2016, às fls. 185 e 186 do processo.

c.4) Nesse novo anexo persiste o problema da falta de clareza nos quantitativos
atribuídos e valores unitários, sem base alguma revelada.

d) A informação sobre disponibilidade orçamentária, constante às fls. 188 a 190 do


processo, apenas indica a classificação funcional, estrutura programática e naturezas de
despesa, sem especificar o valor da dotação orçamentária suficiente (ou não) para se
efetivar a contratação. Tal exigência contida no Art. 7º, §2º, III, c/c o Art. 14, Caput, da
Lei nº 8.666/1993, sugere que sejam especificadas não somente a classificação
orçamentária, mas também seja indicada a dotação orçamentária existente que seja
suficiente para honrar o contrato que advirá da licitação.

e) A adesão foi firmada mediante termo assinado em 22 de agosto de 2017, com


validade de 12 meses, cuja homologação se deu no dia seguinte, no valor total de R$
1.754.862,87.

f) Some-se a isto o fato de que não foram encontradas informações no SACOP relativas
ao processo de Adesão a Ata de Registro de Preços, homologada em 23/08/2017.
Ressalte-se que o TCE-MA disponibiliza mural específico em seu site
(http://site.tce.ma.gov.br/index.php/mural-de-licitacoes-2) onde podem ser livremente
consultados os dados de todos os certames alimentados pelas unidades jurisdicionadas
daquela Corte de Contas no SACOP.

9
3. Veículos de transporte escolar próprios e locados não
localizados e veículos próprios parados por defeitos.

A Prefeitura de Paço do Lumiar/MA prestou informações, em atendimento a Solicitação


de Fiscalização, que possuía, em 2018, 14 veículos próprios e 21 locados, incluindo
ônibus e micro-ônibus, para atendimento ao transporte escolar dos alunos da educação
básica do município. O quadro a seguir traz detalhes sobre esses veículos:

Quadro 03 – Relação de veículos próprios e locados utilizados para o transporte


escolar no município de Paço do Lumiar/MA em 2018

Marca/Modelo Ano Placa Próprio/Locado


IVECO CITYCLASS 70C17 2014 * Próprio
IVECO CITYCLASS 70C17 2014 * Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 NXH-0621 Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 NXH-1259 Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 NXG-6476 Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 NXK-3930 Próprio
MARCOPOLO VOLARE V8L 2009 NNE-3823 Próprio
MARCOPOLO VOLARE V8L 2009 NND-8266 Próprio
MARCOPOLO VOLARE V8L 2009 NND-8672 Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 NXG-7984 Próprio
VOLKSBUS 15190 EQD E. HD 2011 OIS 1016 Próprio
MARCOPOLO VOLARE V8L 2009 NNE 2178 Próprio
IVECO CITYCLASS 70C16 2011 NXJ 9962 Próprio
VOLKSWAGEM APACHE 2012 OJC 5887 Alugado
VOLKSWAGEM APACHE 2012 OJB 8754 Alugado
VOLKSWAGEM APACHE 2012 OJC 2819 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 KVZ 4602 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LPQ 6649 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 KNX 5926 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LLF 5514 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LLF 5516 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LLF 5508 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LUP 3553 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LPM 5816 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 KVG 8737 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 KVI 4038 Alugado
MERCEDES MARCOPOLO TORINO 2006 HXS 3845 Alugado
MERCEDES MARCOPOLO TORINO 2006 HXS 3825 Alugado
MERCEDES MARCOPOLO TORINO 2009 HFD 9681 Alugado
MERCEDES MARCOPOLO TORINO 2010 NVB 3012 Alugado
MERCEDES NEOBUS 2010 LLF 5515 Alugado
MERCEDES MARCOPOLO TORINO 2008 KXP 1784 Alugado
MERCEDES INDUSCAR FOZ 2008 KNO 7804 Alugado
* 2008 NHP 8019 Alugado
Fonte: Informação prestada pela prefeitura de Paço do Lumiar/MA.

10
Foi procedida a vistoria in loco dos veículos próprios e locados. Os resultados dessa
vistoria física foram os citados a seguir:

a) não foram localizados os seguintes veículos próprios, constantes do quadro acima:


a.1) ônibus Volksbus 15190 EQD E. HD, ano 2011, placa NXH-0621;
a.2) ônibus Marcopolo Volare V8L, 2009, placa NND-8266;
a.3) ônibus Volksbus 15190 EQD E. HD, ano 2011, placa OIS-1016;
a.4) ônibus Marcopolo Volare V8L, 2009, placa NNE-2178.

b) não foram localizados os seguintes veículos locados, constantes do quadro acima:


b.1) ônibus Mercedes Benz Neobus, ano 2010, placa LPQ-6649;
b.2) ônibus Mercedes Benz Marcopolo Torino, ano 2006, placa HXS-3845;
b.3) ônibus Mercedes Benz Marcopolo Torino, ano 2006, placa HXS-3825;
b.4) ônibus Mercedes Benz Marcopolo Torino, ano 2009, placa HFD-9681;
b.5) ônibus Mercedes Benz Marcopolo Torino, ano 2010, placa NVB-3012;
b.6) ônibus Mercedes Benz Neobus, ano 2010, placa LLF-5515.

c) os veículos próprios encontram-se todos parados, danificados e sem manutenção


desde o ano de 2018 (não foi possível precisar o mês), sendo que o micro-ônibus Iveco
Cityclass 70C16, ano 2011, placa NXJ-9962 se encontra danificado e, portanto, parado,
desde a gestão anterior, conforme informações prestadas pelo atual Coordenador de
Transportes do Município. A seguir, algumas fotografias dos veículos:

Figura 03 – Veículos próprios com defeito e parados em garagens descobertas.

11
Fonte: Relatório fotográfico elaborado pela equipe de fiscalização a partir da vistoria “in loco”.

12
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos
federais do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) no Município de
Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018, apresenta inadequações, em função
das irregularidade e impropriedades listadas a seguir:
a) ausência de comprovação de despesas com recursos do Pnate com
documentos hábeis e idôneos;
b) impropriedades e irregularidades em processo licitatório para aquisição de
combustíveis em 2017;
c) veículos de transporte escolar (próprios e locados) não localizados e/ou
parados com defeitos, sem poderem ser utilizados no cumprimento da missão do
Programa.

13
ANEXOS

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA


EQUIPE DE AUDITORIA

Não houve manifestação da unidade examinada.

14
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Exercício 2017 e 2018

25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCAÇÃO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900609
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Fiscalização em Entes Federativos – Ciclo: V06


A Fiscalização em Entes Federativos tem por objetivo verificar a
regularidade da aplicação de recursos públicos federais executados de
forma direta ou descentralizada aos Estados, ao Distrito Federal, aos
Municípios e às Organizações da Sociedade Civil.

3
SUMÁRIO
SUMÁRIO 4

INTRODUÇÃO 5

RESULTADOS DOS EXAMES 6

1. Não comprovação de realização de Chamada(s) Pública(s) em 2018. 6

2. Ilegalidade no processo de adesão a Ata de Registro de Preços para aquisição de merenda


escolar em 2017. 7

3. Irregularidades no Pregão Presencial nº 03/2018. Erro! Indicador não definido.1

4. Dano ao erário de R$ 532.811,65, decorrente da execução de contrato com sobrepreço em


2017. Erro! Indicador não definido.2

5. Dano ao erário de R$ 130.478,38, decorrente de despesas não comprovadas em 2017. Erro!


Indicador não definido.3

6. Não observância do gasto mínimo de 30% dos recursos do PNAE junto ao pequeno produtor
rural, em 2017. Erro! Indicador não definido.4

CONCLUSÃO ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.

ANEXOS ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.6

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA Erro!


Indicador não definido.6

4
INTRODUÇÃO

A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas a atos e processos de


execução financeira e operacional do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
no município de Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.

A análise ocorreu em atendimento à Ação de Controle nº 201900609 e decorre do fato


de a Prefeitura ter sido escolhida no âmbito da 6º Edição do Programa de Fiscalização
de Entes Federativos (FEF), da CGU.

A análise buscou avaliar a adequação dos processos de contratação (licitações e


chamadas públicas), bem como a adequada execução dos contratos de fornecimento de
alimentação escolar, aplicação dos recursos sob a forma de merenda escolar de
qualidade e o cumprimento da Lei nº 11.947/2009.

Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como extratos
bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, guias de recebimento dos
alimentos e distribuição às escolas do município, além da realização de entrevistas e
visitas e inspeções físicas “in loco”.

Quanto às restrições ocorridas durante os trabalhos, mesmo após ter recebido desta
Controladoria a Solicitação de Fiscalização nº 01, de 12/03/2019 (Anexo do Ofício nº
4188/2019/Regional/MA-CGU), posteriormente reiterada em expediente de
30/04/2019, por meio das quais foram requeridos diversos documentos e informações,
a Prefeitura de Paço do Lumiar não entregou à CGU alguns dos processos solicitados, a
exemplo das Chamadas Públicas da merenda escolar para 2018, conforme será relatado
mais adiante.

A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.

5
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Não comprovação de realização de Chamada(s) Pública(s) em


2018.

A Prefeitura de Paço do Lumiar/MA disponibilizou à CGU dois processos de contratação


para aquisição de alimentos no âmbito do PNAE em 2017, quais sejam: Processos nº
472/2017, que trata de adesão à Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA; e
092758/2017/SEMED, relativo à Chamada Pública nº 02/2017, para aquisição de
merenda junto a pequenos agricultores rurais.

Para fornecimento de alimentação escolar em 2018, a Prefeitura disponibilizou à CGU o


Processo nº 035/2018, relativo ao Pregão Presencial nº 03/2018.

O Gestor não disponibilizou à CGU eventual(is) processo(s) de contratação dos


agricultores familiares rurais no exercício de 2018, objeto de requisição desta
Controladoria por meio da Solicitação de Fiscalização nº 01, de 12/03/2019 (Anexo do
Ofício nº 4188/2019/Regional/MA-CGU), posteriormente reiterada por meio de
expediente de 30/04/2019.

A tabela a seguir traz os valores totais pagos em 2018 a instituições vinculadas à


agricultura familiar, para as quais não houve comprovação da realização de
procedimentos de contratação:

Tabela 01 - Valores totais pagos em 2018 pela Prefeitura de Paço do Lumiar, à conta
do PNAE (Banco do Brasil, Agência 4863-1, Conta 11041-8), para os quais não houve
comprovação de procedimento anterior de contratação (Chamada Pública).
Valor total recebido
Fornecedor CNPJ
em 2018 (R$)
Associação de Pequenos Agricultores
08.983.085/0001-87 352.668,60
da Comunidade de Iguaíba
Clube de Mães do Povoado Pindoba 03.436.586/0001-20 235.113,51
Associação dos Agricultores
15.218.179/0001-25 163.646,20
Familiares Rurais da Vila Residencial
Nova
Cooperativa dosCanaã
Produtores de
22.497.379/0001-20 137.100,76
Acerola, Graviola e Cupuaçu do MA

6
2. Ilegalidade no processo de adesão a Ata de Registro de Preços
para aquisição de merenda escolar em 2017.

Em relação ao Processo nº 472/2017, que trata de adesão à Ata de Registro de Preços


nº 01/PP/28/2016, decorrente do Pregão Presencial nº 28/2016 da Prefeitura de
Arari/MA para fornecimento de merenda, foram verificadas as seguintes
irregularidades:

a) Os itens e quantitativos da demanda da Prefeitura de Paço do Lumiar/MA são


exatamente os mesmos da ARP de Arari/MA, a indicar montagem do processo para
proceder-se à adesão, em detrimento da realização de processo licitatório.

Não é crível que Paço do Lumiar/MA, município de 120 mil habitantes e que, em 2017,
segundo o FNDE (http://abre.ai/link01), possuía cerca de 21.138 alunos na rede
municipal, tenha tido a mesma quantidade demandada de merenda em 2016 por
Arari/MA, sendo este um município com 30 mil habitantes e apenas 6.889 alunos na
rede municipal neste ano, segundo dados do INEP (http://abre.ai/link02).

A corroborar tal constatação, veja-se que a quantidade contratada por Paço do Lumiar
em 2018 foi bem superior àquela constante da adesão ocorrida em 2017, para os itens
que se repetiram nesses anos sucessivos, senão vejamos:

Tabela 02 - Comparativo dos quantitativos de merenda contratados pela Prefeitura


de Paço do Lumiar em 2017 (adesão à ARP 01/PP/28/2016 da Prefeitura de
Arari/MA), com aqueles contratados em 2018 em decorrência do PP nº 03/2018.
Quantidade contratada
Item Un
2017 2018
Açúcar refinado Kg 14.550 14.850
Alho Kg 860 2.926
Arroz agulhinha Kg 24.500 35.790
Aveia em flocos finos Kg 1.300 4.235
Biscoito salgado Kg 7.530 13.664
Corante Kg 860 1.474
Extrato de tomate Kg 860 2.926
Leite em pó Kg 14.700 34.730
Macarrão espaguete Kg 19.600 21.380
Mingau de tapioca com coco Kg 6.200 12.133
Óleo de soja L 1.800 5.840
Pão doce Un 245.000 612.230
Peito de frango congelado Kg 14.700 30.130
Polpa de fruta Kg 14.700 18.337
Sal refinado Kg 900 2.904
Tempero seco Kg 900 1.474
Vinagre L 750 5.850

7
No âmbito do próprio contrato que decorreu da adesão em comento, qual seja, Contrato
nº 02/2017 celebrado em 02/03/2017 com a empresa R. R. A. Costa Eireli (CNPJ
19.349.771/0001-17), no valor total de R$ 2.175.293,00, foram executadas, para todos
itens, quantitativos superiores aos (constantes da Ata e) contratados, culminando em
pagamentos a essa empresa, no exercício de 2017 e à conta do PNAE (Banco do Brasil,
Agência 4863-1, Conta 11041-8), que chegam a R$ 2.550.184,45.

Tabela 03 – Comparativo dos quantitativos de merenda contratados pela Prefeitura


de Paço do Lumiar em 2017 (adesão à ARP 01/PP/28/2016 da Prefeitura de
Arari/MA) com aqueles executados em 2017, no bojo do mesmo contrato.
Qtde. constante da ARP
01/PP/28/2016 e contratada Quantidade efetivamente
# Item Un.
em 2017 (Contrato nº executada em 2017
02/2017)
1 Açúcar refinado Kg 14.550 17.280
2 Alho Kg 860 961
3 Arroz agulhinha – Tipo 1 Kg 24.500 27.260
4 Aveia em flocos finos Kg 1.300 1.500
5 Bebida láctea chocolate Kg 2.450 3.063
6 Bebida láctea morango Kg 2.450 3.063
7 Biscoito doce Kg 7.350 8.810
8 Biscoito salgado Kg 7.530 8.930
9 Carne Moída Kg 19.600 21.260
10 Corante Kg 860 1.012
11 Ervilha em conserva Kg 620 775
12 Extrato de tomate Kg 860 1.052
13 Feijão branco – Tipo 1 Kg 4.890 5.640
14 Flocos de milho Kg 70 88
15 Leite de soja em pó Kg 360 400
16 Leite em pó integral Kg 14.700 17.330
17 Macarrão espaguete Kg 19.600 20.290
18 Milho verde em conserva Kg 650 813
19 Mingau de tapioca com coco Kg 6.200 8.670
20 Óleo de soja L 1.800 2.124
21 Pão doce Kg 245.000 299.129
22 Peito de frango congelado Kg 14.700 17.595
23 Polpa de fruta Kg 14.700 17.952
24 Proteína de soja (Carne) Kg 2.500 3.000
25 Sal refinado Kg 900 1.095
26 Tempero seco Kg 900 1.001
27 Vinagre L 750 936
Fonte: Processos nº 472/2017, que trata de adesão a Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA para
fornecimento de merenda. Contrato nº 02/2017, celebrado em 02/03/2017 com a empresa R. R. A. Costa Eireli.
Notas Fiscais nºs 285, 285, 286, 287, 288, 289, 301, 302, 303, 313, 314, 315, 324, 325, 358, 359, 366, 376, 394,
395, todas de 2017, emitidas pela empresa R. R. A. Costa Eireli.

b) A pesquisa preliminar de preços, a comprovar a suposta vantajosidade da adesão, foi


realizada pela administração comparando-se os valores da Ata de Registro de Preços
com cotações oferecidas por outras três empresas. Ainda que os preços registrados na
ARP tenham sido os menores para todos os itens na comparação, a realização de

8
pesquisa exclusivamente via cotação não observou os preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública (Lei nº 8.666/1993, art. 15, V).

Isto posto, para a análise geral dos preços contratados decorrentes dessa adesão,
utilizou-se o Painel de Preços do PNAE (http://abre.ai/link04), mantido pelo FNDE.

Conforme informações constantes do site do FNDE (http://abre.ai/link03), os dados do


Painel decorrem das aquisições de gêneros alimentícios ocorridas em anos anteriores,
estando disponíveis, no momento da realização deste trabalho, apenas as informações
do exercício de 2017. As informações foram extraídas das próprias notas fiscais
registradas junto ao Sistema de Gestão de Prestação de Contas (SIGPC Contas Online),
pelos próprios gestores, de forma manual.

Como o Painel não diferencia os preços dos produtos da agricultura familiar dos demais
fornecedores, e aqueles geralmente são maiores que estes, a consulta, além de refletir
os preços efetivamente praticados no mercado, permite observar a devida prudência e
conservadorismo no cálculo de eventual sobrepreço.

A seguir, tem-se a comparação dos valores contratados em 2017, decorrente da adesão,


com aqueles constantes do Painel:

Tabela 04 – Comparativo entre os preços unitários contratados decorrentes da


adesão, e os valores unitários do Painel de Preços do PNAE em 2017.

Total Preço unitário no Total


Preço unitário
Item Qtde. Painel de Preços do
contratado (R$) (R$) (R$)
PNAE (R$)
Açúcar refinado 14.550 3,90 56.745,00 2,90 42.195,00
Alho 860 29,00 24.940,00 26,94 23.168,40
Arroz agulhinha – Tipo 1 24.500 4,30 105.350,00 3,16 77.420,00
Aveia em flocos finos 1.300 23,60 30.680,00 10,00 13.000,00
Bebida láctea chocolate 2.450 17,50 42.875,00 13,35 32.707,50
Bebida láctea morango 2.450 17,50 42.875,00 13,35 32.707,50
Biscoito doce 7.350 11,80 86.730,00 7,31 53.728,50
Biscoito salgado 7.530 11,80 88.854,00 7,10 53.463,00
Carne Moída 19.600 17,80 348.880,00 18,95 371.420,00
Corante 860 9,90 8.514,00 5,07 4.360,20
Ervilha em conserva 620 12,60 7.812,00 5,31 3.292,20
Feijão branco – Tipo 1 4.890 12,90 63.081,00 6,50 31.785,00
Flocos de milho 70 6,90 483,00 4,38 306,60
Leite de soja em pó 360 92,60 33.336,00 24,51 8.823,60
Leite em pó integral 14.700 29,00 426.300,00 21,54 316.638,00
Macarrão espaguete 19.600 7,10 139.160,00 4,16 81.536,00
Milho verde em conserva 650 16,60 10.790,00 5,45 3.542,50
Mingau de tapioca com coco 6.200 17,50 108.500,00 12,00 74.400,00
Óleo de soja 1.800 6,10 10.980,00 4,42 7.956,00
Pão doce 245.000 0,70 171.500,00 0,81 198.450,00
Peito de frango congelado 14.700 9,10 133.770,00 8,85 130.095,00
Polpa de fruta 14.700 11,80 173.460,00 7,61 111.867,00
Sal refinado 900 1,35 1.215,00 0,50 450,00

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Total Preço unitário no Total
Preço unitário
Item Qtde. Painel de Preços do
contratado (R$) (R$) (R$)
PNAE (R$)
Tempero seco 900 12,20 10.980,00 4,10 3.690,00
Vinagre 750 2,30 1.725,00 1,79 1.342,50
- - Total (R$) 2.129.535,00 Total (R$) 1.678.344,50
Fonte: Processos nº 472/2017, que trata de adesão a Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA para
fornecimento de merenda, e consulta ao Painel de Preços do PNAE (https://www.fnde.gov.br/painelprecospnae/),
em 20/05/2019. Parâmetros: 2017 e Nordeste.
Nota 1: Foram retirados da tabela os itens “Extrato de tomate” e “Proteína de soja (carne)”, por não terem
equivalentes (em descrição ou unidade) no Painel de Preços do PNAE.
Nota 2: Os valores unitários no Painel de Preços do PNAE são obtidos por meio de regressão linear ou do cálculo da
mediana, a partir de metodologia própria do FNDE

A partir da tabela acima, é possível verificar que os valores contratados em 2017 foram,
em geral, superiores àqueles praticados por prefeituras do Nordeste nesse mesmo ano
– com exceção dos itens “carne moída” e “pão doce”.

c) O processo de adesão à ARP 01/PP/28/2016 da Prefeitura de Arari/MA culminou na


contratação, pela Prefeitura de Paço do Lumiar/MA, da empresa R. R. A. Costa Eireli, nos
valores individuais registrados na ARP para todos os 27 itens, somando R$ 2.175.293,00.

Ocorre que a empresa vencedora do Pregão Presencial 28/2016 de Arari/MA, e que


assinou a ARP com esta Prefeitura, foi a empresa A. da C. Muniz Neto (CNPJ
04.863.976/0001-49).

Em suma, o procedimento da Prefeitura de Paço do Lumiar foi o seguinte: sem consultar


o órgão gerenciador da ARP, em 23/02/2017 solicitou formalmente a adesão à empresa
A. da C. Muniz Neto (vencedora do PP 28/2016 e detentora da ARP de Arari/MA), a qual,
por sua vez, declinou do pedido em 24/02/2017.

Ato contínuo, ainda em 24/02/2017, a Prefeitura de Paço do Lumiar consultou a segunda


colocada no PP 28/2016, a empresa Batista e Coelho Ltda. (CNPJ 07.321.315/0001-80),
se esta teria “interesse em atender o fornecimento de gêneros alimentícios destinados
a elaboração da Merenda Escolar para este Município, através da Ata de Registro de
Preços 01/PP/28/2016”, tendo novamente recebido uma resposta negativa, em
01/03/2017.

Ainda em 01/03/2017, procedeu a consulta à terceira colocada no PP 28/2016, a


empresa R. R. A. Costa Eireli, tendo nesse mesmo dia recebido o aceite, e assinado o
contrato já no dia seguinte.

O procedimento de adesão jamais poderia ter ocorrido tal como levado a efeito pela
Prefeitura de Paço do Lumiar, porque:

i) em primeiro lugar, o órgão gerenciador da ARP - Prefeitura de Arari/MA - não foi


consultado acerca da adesão (item 10.1 da ARP, e Decreto nº 7.892/2013, art. 22, §º,
utilizado pela Prefeitura de Paço do Lumiar como parâmetro normativo no processo de
adesão, às fls. 119, 280 e 280);

10
ii) em segundo lugar, porque a empresa detentora da ARP, A. da C. Muniz Neto, assinou
contrato em 02/02/2017 com a Prefeitura de Arari/MA, prevendo parcela dos
quantitativos registrados, portanto nos meses de fevereiro e março de 2017 a ARP
01/PP/28/2016 não havia se encerrado, nem havia sido cancelada, tendo validade até
junho de 2017;

iii) por fim, porque embora conste da ARP que as empresas Batista e Coelho Ltda. e R.
R. A. Costa Eireli comporiam o cadastro de reserva, tal cadastro somente poderia ser
utilizado no caso de impossibilidade de atendimento pelo primeiro colocado da ata, nos
casos de cancelamento (Decreto Federal nº 7.892/2013, art. 11, II, e §2º, c/c art. 20 e
21; Decreto Municipal de Paço do Lumiar nº 3.091/2017, art. 11, II, e §2º, c/c art. 20 e
21). Ou seja, não existe previsão normativa de utilização do cadastro de reserva quando
a empresa detentora da ata se recusa a permitir adesões tardias.

Mesmo o fato de os valores unitários contratados junto à empresa R. R. A. Costa Eireli


terem sido idênticos aos registrados em Ata para a empresa A. da C. Muniz Neto não
seria suficiente para afastar a presente constatação, uma vez que na maioria dos casos
verificou-se sobrepreço em relação aos valores de mercado, conforme já relatado.

3. Irregularidades no Pregão Presencial nº 03/2018.

Para fornecimento de alimentação escolar em 2018, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA


disponibilizou à CGU o Processo nº 035/2018, relativo ao Pregão Presencial nº 03/2018.
A partir de análise feita ao referido processo, foram identificadas as seguintes
irregularidades:

a) Realização de pesquisa preliminar de preços exclusivamente via cotação;

b) Realização de Pregão Presencial sem justificativa para a não realização de Pregão


Eletrônico;

c) Previsão editalícia de que as impugnações e os pedidos de esclarecimentos


ocorressem exclusivamente mediante expediente por escrito protocolado no endereço
indicado, não admitindo outras formas de envio;

d) Exigência editalícia genérica quanto aos atestados de capacidade técnica, sem indicar
quais quantitativos mínimos deveriam ser comprovados para efeito experiência em
atividade anterior compatível com o objeto do certame; e

e) Inobservância ao interregno mínimo de 8 (oito) dias úteis da modalidade Pregão (Lei


nº 10.520/2002, art. 4º, V), eis que a publicação no Diário Oficial do Município ocorreu
em 08/02/2018, a sessão em 20/02/2018, mas o Decreto Municipal nº 3.225, de
09/02/2018, suspendeu as atividades administrativas na Prefeitura nos dias 12, 13 e 14
de fevereiro de 2018 (carnaval).

11
4. Dano ao erário de R$ 532.811,65, decorrente da execução de
contrato com sobrepreço em 2017.

Em 02/03/2017, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA e a empresa R. R. A. Costa Eireli


celebraram o Contrato nº 02/2017, para fornecimento de merenda escolar, no valor
total de R$ 2.175.293,00, em decorrência de processo de adesão relatado mais acima
(vide Item 2), no qual verificou-se sobrepreço em 23 dos 27 itens contratados.

Considerando o quantitativo efetivamente executado nesse contrato, obtido a partir das


notas fiscais emitidas pela empresa R. R. A. Costa Eireli durante 2017, o prejuízo efetivo
ao erário decorrente de pagamentos de itens com sobrepreço é o seguinte:

Tabela 05 – Cálculo do dano ao erário decorrente da execução


do contrato Contrato nº 02/2017, em que houve sobrepreço.

(A) (B) (C) (D) = (C) – (B) (E) = (D) x (A)

Item Qtde. Preço Preço unit. no Dano/benefício Cálculo do dano


executada, unitário Painel de Preços unitário (R$) ao erário
faturada e contratado do PNAE (R$)
paga (R$) (R$)
Açúcar refinado 17.280 3,90 2,90 -1,00 -17.280,00
Alho 961 29,00 26,94 -2,06 -1.979,66
Arroz agulhinha – Tipo 1 27.260 4,30 3,16 -1,14 -31.076,40
Aveia em flocos finos 1.500 23,60 10,00 -13,60 -20.400,00
Bebida láctea chocolate 3.063 17,50 13,35 -4,15 -12.711,45
Bebida láctea morango 3.063 17,50 13,35 -4,15 -12.711,45
Biscoito doce 8.810 11,80 7,31 -4,49 -39.556,90
Biscoito salgado 8.930 11,80 7,10 -4,70 -41.971,00
Carne Moída 21.260 17,80 18,95 1,15 24.449,00
Corante 1.012 9,90 5,07 -4,83 -4.887,96
Ervilha em conserva 775 12,60 5,31 -7,29 -5.649,75
Feijão branco – Tipo 1 5.640 12,90 6,50 -6,40 -36.096,00
Flocos de milho 88 6,90 4,38 -2,52 -221,76
Leite de soja em pó 400 92,60 24,51 -68,09 -27.236,00
Leite em pó integral 17.330 29,00 21,54 -7,46 -129.281,80
Macarrão espaguete 20.290 7,10 4,16 -2,94 -59.652,60
Milho verde em conserva 813 16,60 5,45 -11,15 -9.064,95
Mingau de tapioca com coco 8.670 17,50 12,00 -5,50 -47.685,00
Óleo de soja 2.124 6,10 4,42 -1,68 -3.568,32
Pão doce 299.129 0,70 0,81 0,11 32.904,19
Peito de frango congelado 17.595 9,10 8,85 -0,25 -4.398,75
Polpa de fruta 17.952 11,80 7,61 -4,19 -75.218,88
Sal refinado 1.095 1,35 0,50 -0,85 -930,75
Tempero seco 1.001 12,20 4,10 -8,10 -8.108,10
Vinagre 936 2,30 1,79 -0,51 -477,36

12
(A) (B) (C) (D) = (C) – (B) (E) = (D) x (A)

Item Qtde. Preço Preço unit. no Dano/benefício Cálculo do dano


executada, unitário Painel de Preços unitário (R$) ao erário
faturada e contratado do PNAE (R$)
paga (R$) (R$)

TOTAL DO DANO AO ERÁRIO 532.811,65

Fonte: Processo nº 472/2017, que trata de adesão a Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA para
fornecimento de merenda, e consulta ao Painel de Preços do PNAE (https://www.fnde.gov.br/painelprecospnae/),
em 20/05/2019. Parâmetros: 2017 e Nordeste. Notas Fiscais nºs 285, 285, 286, 287, 288, 289, 301, 302, 303, 313,
314, 315, 324, 325, 358, 359, 366, 376, 394, 395, todas de 2017, emitidas pela empresa R. R. A. Costa Eireli.
Nota 1: Foram retirados da tabela os itens “12 – Extrato de tomate” e “24 – Proteína de soja (carne)”, por não terem
equivalentes (em descrição ou unidade) no Painel de Preços do PNAE.
Nota 2: Os valores unitários no Painel de Preços do PNAE são obtidos por meio de regressão linear ou do cálculo da
mediana, a partir de metodologia própria do FNDE.

5. Dano ao erário de R$ 130.478,38, decorrente de despesas não


comprovadas em 2017.

Em 2017, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA realizou pagamentos à conta do PNAE


(Banco do Brasil, Agência 4863-1, Conta 11041-8), para os quais não foram apresentados
comprovantes de despesa, conforme a tabela abaixo:

Tabela 06 – Comparativo entre valores recebidos e despesas comprovadas,


no âmbito do PNAE/2017.
(A) (B)
(C) = (A) – (B)
Fornecedor Valor recebido Soma das Notas Fiscais
Dano ao erário
em 2017 e processos de despesa
Associação de
Pequenos Agricultores
da Comunidade de
R$ 275.868,81 R$ 183.912,54 R$ 91.956,27
Iguaíba
Associação dos
Agricultores Familiares
Rurais da Vila R$ 115.566,33 R$ 77.044,22 R$ 38.522,11
Residencial Nova
Canaã

TOTAL DO DANO AO ERÁRIO R$ 130.478,38

Fonte: Extrato da conta do PNAE (Banco do Brasil, Agência 4863-1, Conta 11041-8), ano 2017. Notas Fiscais
173241821 e 173256266 e processos de despesa respectivos, da Associação de Pequenos Agricultores da
Comunidade de Iguaíba (2017). Notas Fiscais 173241568 e 173256950 e processos de despesa respectivos, da
Associação dos Agricultores Familiares Rurais da Vila Residencial Nova Canaã (2017).

13
6. Não observância do gasto mínimo de 30% dos recursos do
PNAE junto ao pequeno produtor rural, em 2017.

De acordo com a Lei nº 11.947/2009, no mínimo 30% do valor repassado a estados,


municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação
(FNDE) para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) deve ser utilizado na
compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor
familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma
agrária, as comunidades tradicionais indígenas e quilombolas. A aquisição dos produtos
da Agricultura Familiar pode ser realizada por meio da Chamada Pública, dispensando-
se, nesse caso, o procedimento licitatório, nos termos dessa mesma lei, e da Resolução
CD/FNDE nº 26/2013.

Em 2017, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA recebeu um total de R$ 2.399.607,20 à


conta do PNAE e efetuou pagamentos junto a entidades de pequenos agricultores rurais
no montante de R$ 533.857,52, o que corresponde a apenas 22,25% do total recebido.

14
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos
federais do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018, apresenta inadequações, em função das
irregularidade e impropriedades listadas a seguir:
i) Não comprovação de realização de chamada pública em 2018 para aquisição
de produtos diretamente de pequenos produtores rurais locais;
j) Ilegalidade no processo de adesão a Ata de Registro de Preços para aquisição
de merenda escolar em 2017;
k) Irregularidade no processo licitatório para aquisição de merenda escolar em
2108;
l) dano ao Erário no valor de R$ 532.811,65, referente a execução de contrato
com sobrepreço;
m) despesas não comprovadas com documentos hábeis no montante de R$
130.478,38;
n) não observância em 2017 de gasto mínimo de 30% dos recursos do Programa
com aquisição de produtos diretamente de pequenos produtores rurais
locais.

15
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA

Não houve manifestação da unidade examinada.

16

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