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25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PACO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900638
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
INTRODUÇÃO 7
CONCLUSÃO 11
ANEXOS 12
Assevere-se que houve restrição aos exames, no âmbito do Fundeb e da Atenção Básica
em Saúde, na medida em que vários documentos e informações solicitados não foram
apresentados, não obstante reiteradas solicitações formais.
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CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
Foram realizados exames sobre os processos licitatórios que teriam sido formalizados
previamente à execução de despesas relativas aos programas Fundeb e Pnae a seguir
indicados:
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b.1) erro na elaboração do termo de referência para o PP 005/2017, em
relação ao prazo contratual, que interfere diretamente na formação de
preços das propostas de preços pelas licitantes;
b.2) editais com as falhas similares verificadas nos pregões para aquisição de
combustíveis, ou seja, eivados de cláusulas abusivas e atentatórias à
legalidade;
b.3) adjudicação e homologação das licitações em valores superiores aos
efetivamente considerados vencedores;
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3. Não recolhimento de contribuições previdenciárias no
montante global de R$ 11.392.040,06.
Além disso, foi constatado que os médicos não cumprem a carga horária contratual de
trabalho de 40 horas semanais e fazem os atendimentos, em geral, apenas dois dias por
semana, ou seja, apenas 16 horas semanais. Essa situação é agravada pelo acúmulo
ilegal de cargos sem que haja a compatibilidade de horários e locais e, às vezes, com
carga horária semanal muito superior ao limite razoável de 60 horas semanais.
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CONCLUSÃO
Os trabalhos de Fiscalização sobre programas de governo federais, a seguir
mencionados, executados pelos gestores locais do município de Paço do Lumiar/MA, se
deram por conta da seleção da citada municipalidade no 6° Ciclo do Programa de
Fiscalização de Entes Federativos (FEF-V6). O escopo dos exames recaiu sobre os
Programas/Ações das áreas da Educação (Fundeb, Pnae e Pnate) e da Saúde (Atenção
Básica e Saúde da Família), e abrangeu, em regra, os exercícios de 2017 e 2018.
Como resultado da aplicação dos exames, verificaram-se como principais e relevantes
irregularidades:
(a) com base em diversas evidências contidas nos processos licitatórios Pregões
Presenciais 003/2017, 005/2017, 073/2017, 003/2018 e 015/2018, além da Chamada
Pública 002/2017, restou evidenciada a simulação desses processos licitatórios,
concluindo-se que, de fato, não foram formalizados e houve favorecimento na
contratação de determinados fornecedores;
(b) foi constatado dano potencial ao Erário, no montante global de R$ 17.050.137,41
(dezessete milhões cinquenta mil cento e trinta e sete reais e quarenta e um centavos),
que envolvem todos os programas e ações fiscalizados no período integral
compreendido entre janeiro de 2017 e dezembro de 2018, tudo em função de
sobrepreço verificado nos processos de contratação, de pagamentos por despesas
inelegíveis ou sem comprovação de documentos hábeis;
(c) houve apropriação indébita de contribuição previdenciária retida dos empregados e
sonegação de contribuição previdenciária patronal, no montante global de R$
11.392.040,36;
(c) na verificação da parte operacional (eficácia e efetividade) da execução da Estratégia
de Saúde da Família no citado Município, constataram-se diversas falhas que afetam os
resultados esperados para a população. Dentre elas estão: deficiências na infra-estrutra
das unidades de saúde, falta de equipamentos ou equipamentos em mau estado de
conservação, além de falhas no atendimento médico à população, em vista do não
cumprimento da carga horária pelos médicos e outros profissionais das equipes de
saúde da família, inclusive enfermeiros e cirurgiões-dentistas.
Por fim, convém frisar que houve restrição aos exames, no âmbito do Fundeb e da
Atenção Básica em Saúde, na medida em que vários documentos e informações
solicitados não foram apresentados, não obstante reiteradas solicitações formais.
Tais problemas demandam atuação dos gestores federais dos programas, nos casos de
implementação de melhorias na execução das políticas públicas, e de atores que têm a
missão institucional de apurar irregularidades e propor as devidas ações e sanções aos
responsáveis por tais falhas.
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ANEXOS
I – Relatórios consolidados relacionados às avaliações realizadas
no âmbito do ciclo V06 do FEF dos recursos transferidos ao
município de Paço do Lumiar/MA
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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR/MA
Exercícios de 2017 e 2018
25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900604
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
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SUMÁRIO
SUMÁRIO 4
INTRODUÇÃO 5
CONCLUSÃO 36
ANEXOS 37
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INTRODUÇÃO
A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas sobre atos e processos de
execução financeira e operacional do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação
Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.
Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como folhas de pagamento,
extratos bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, controles de aquisição e
distribuição de bens às escolas do município, além da realização de entrevistas, visitas e
inspeções físicas “in loco”.
A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado, para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.
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RESULTADOS DOS EXAMES
Frise-se que os valores totais da última coluna da Tabela 01 estão todos errados, tendo em
vista que o produto entre a quantidade e o valor unitário de cada item equivale,
respectivamente, de cima para baixo, a R$ 1.284.000,00, R$ 684.600,00, R$ 2.135.610,00, R$
37.000,00, R$ 18.900,00, R$ 4.934,00, R$ 6.134,00 e R$ 7.666,00, totalizando R$ 4.178.844,00.
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A partir da análise dos processos, foram constatadas impropriedades e irregularidades que
merecem destaque:
d) Nas cotações de preços feitas para formar o preço de referência do PP 003/2017, há duas
cotações com preços distintos que, em tese, teriam sido emitidas por duas empresas
diferentes, quais sejam, a empresa Conceição de Maria Ribeiro Mouta – ME e o Auto Posto
São José. Contudo, há algumas coincidências que indicam ser a mesma empresa, pois, o CNPJ
é o mesmo para ambas (03.313.114/0002-60), as duas se situam no município de Raposa/MA
e o responsável que assina as cotações também é a mesma pessoa, conforme se verifica nas
figuras a seguir:
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Fonte: Processo relativo ao PP 003/2017, fls. 28 e 29.
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d.1) A assinatura do responsável constante da proposta de preços do Auto Posto São
José não coincide com as demais assinaturas do autor desta cotação e da cotação da empresa
Conceição de Maria Ribeiro Mouta - ME;
d.2) Além disso, as propostas de preços nas cotações das empresas Conceição de Maria
Ribeiro Mouta - ME e Rolim e Rolim Ltda., em vez da assinatura do representante da empresa,
contêm a assinatura da Chefe da Divisão de Compras e Gerenciamento de Preços da Secretaria
de Planejamento e Articulação Governamental da prefeitura de Paço do Lumiar/MA,
conforme se verifica na figura a seguir:
g) No Edital do Pregão Presencial 073/2017 não consta a menção sobre locais, horários e
códigos de acesso aos meios de comunicação a distância em que serão fornecidos elementos,
informações e esclarecimentos relativos à licitação e às condições para atendimento das
obrigações necessárias ao cumprimento de seu objeto, em flagrante descumprimento ao art.
40, VII da Lei nº 8.666/1993. Ao contrário, no item 5.1, há a expressa afirmação de que
“Qualquer pedido de esclarecimento em relação a eventuais dúvidas na interpretação do
presente Edital e seus Anexos deverá ser enviado, por escrito, ao Pregoeiro e/ou sua Equipe
de Apoio, exclusivamente no endereço Av. 13, quadra 132, No 18, Maiobão, Paço do
Lumiar/MA” (os grifos constam do original);
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h) O item 12.3, subalínea “b.4” do Pregão Presencial 073/2017, exige a apresentação de índice
contábil referente a “Grau de Endividamento”. Nos termos da IN/MARE-GM nº 05/1995, os
índices que podem ser exigidos são Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral.
Ademais, o Acórdão 2.882/2008 – TCU/Plenário determinou que a administração pública
“abstenha-se de utilizar fórmulas com ponderação de índices contábeis não usualmente
adotados para a avaliação da qualificação econômico-financeira dos licitantes”;
Tabela 02 – Valores da proposta inicial de preços e valores negociados da empresa Rolim &
Rolim Ltda. – ME.
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k) Em relação ao Pregão Presencial no 073/2017, às fls. 191 a 193 do processo consta a Ata de
Realização do Pregão Presencial de 08 de janeiro de 2018. Nesta sessão, compareceu somente
a empresa C G de Sousa Eireli (Posto Naila), de CNPJ 69.425.734/0001-19;
k.1) A referida empresa foi devidamente credenciada e teve sua proposta de preços
aceita dentro dos termos do Edital. Contudo, segundo a Ata, a empresa teria sido inabilitada
por descumprir os itens 12.2 e 12.3 do Edital, ou seja, deixou de apresentar a Certidão
Negativa de débitos municipais e a Certidão Negativa de Falência e Recuperação Judicial;
Fonte: Processo licitatório relativo ao Pregão Presencial n o 073/2017, fls. 164 e 182.
k.3) Não obstante ter apresentado os documentos, a licitante não se opôs ao resultado,
aceitando-o passivamente e ainda declinou de apresentar recurso à decisão;
k.4) em função da decisão do pregoeiro, foi feita nova cotação de preços, elaborado
outro edital e realizada, em 08 de fevereiro de 2018, outra Sessão do Pregão. Dessa vez
compareceu apenas a empresa Rolim & Rolim Ltda.-ME. Os dados da proposta inicial de
preços e os valores após a negociação, ficaram assim:
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Tabela 03 – Valores da proposta inicial de preços e valores negociados da empresa
Rolim & Rolim Ltda. – ME.
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Processo Pregão Presencial nº 005/2017 Pregão Presencial nº 041/2017
Data do Contrato 27/03/2017 28/03/2018
Vigência do Contrato 09 meses 12 meses, prorrogável
Fonte: Processos licitatórios referentes aos pregões presenciais listados neste quadro.
*Conforme consta do preâmbulo do Edital (Fls. 148).
d.1) no Preâmbulo, no subitem 1.1, há menção sobre o pregão ser para “aquisição e
fornecimento de água mineral” para diversas secretarias municipais. Contudo, a Cláusula “2.
OBJETO DA LICITAÇÃO” afirma que a licitação tem por objeto a “contratação de pessoa(s)
jurídica(s) para execução dos serviços de locação de veículos (micro-ônibus e ônibus) destinado
exclusivamente ao transporte escolar dos alunos da rede de educação básica de ensino”;
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d.2) ainda no preâmbulo, no subitem 1.1, há a indicação de que a sessão da licitação
ocorrerá às 10h00 do dia 23 de fevereiro de 2017. Entretanto, adiante, no mesmo Preâmbulo,
no subitem 1.3, há a afirmação de que a sessão do certame iniciar-se-á às 14h00 da citada
data, quando seriam recebidos envelopes contendo propostas de preços e documentos de
habilitação;
d.6) as exigências de apresentação das declarações contidas nos itens 8.2.7 a 8.2.14
são excessivas e se mostram inócuas, haja vista que a administração pública dispõe de outros
meios para atestar o que tais declarações visam a demonstrar, além de que, se a
administração não adotar os meios necessários para atestar tais condições, de nada adiantam
a emissão das declarações pelas licitantes;
e) O Termo de Referência, constante às fls. 13 a 23 do processo, não traz os valores dos itens
tampouco o valor total da licitação, que indicariam o valor estimado do custo a ser suportado
pela administração pública, baseado em preços praticados no mercado, conforme prescrito
no Art. 10, § 2º, alínea “c”, do Decreto Municipal nº 3.090/2017;
c.1) no Preâmbulo, há a menção de que a licitação será do tipo “Menor Preço por
Quilometragem”. Nota-se que o termo “quilometragem” se refere ao regime de execução.
Contudo, tal regime não existe na legislação;
c.3) exigência, no subitem 6.1.3.1, alínea “a”, de índice contábil referente a “Capital
Circulante Líquido”. Nos termos da IN/MARE-GM nº 05/1995, os índices que podem ser
exigidos são Liquidez Geral, Liquidez Corrente e Solvência Geral. Ademais, o Acórdão
2.882/2008 – TCU/Plenário determinou que a administração pública “abstenha-se de utilizar
fórmulas com ponderação de índices contábeis não usualmente adotados para a avaliação da
qualificação econômico-financeira dos licitantes”;
d) O Termo de Referência, constante às fls. 37 a 45 do processo, não traz os valores dos itens
tampouco o valor total da licitação, que indicariam o valor estimado do custo a ser suportado
pela administração pública baseado em preços praticados no mercado, conforme prescrito no
Art. 10, § 2º, alínea “c”, do Decreto Municipal nº 3.090/2017;
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a) ônibus para 44 passageiros, com motorista;
b) ônibus para 44 passageiros, com motorista, com espaço para deficientes;
c) micro-ônibus para 26 passageiros, com motorista;
d) micro-ônibus para 26 passageiros, com motorista, com espaço para deficientes.
g) Os valores unitários por quilômetro rodado para os itens elencados acima foram estimados,
respectivamente em R$ 8,87, R$ 10,48, R$ 7,35 e R$ 7,43. Tendo em vista os quantitativos de
quilometragem estimada para cada item (240.680km, para 17 ônibus; 7.920km, para 1
ônibus/deficientes; 23.760km, para 1 micro-ônibus; e 29.040km, para 2 micro-
ônibus/deficientes) os valores globais, considerada uma execução contratual por 10 meses,
fixaram-se em R$ 2.134.831,60, R$ 83.001,60, R$ 174.636,00 e R$ 215.767,20.
j) Como ficou apenas uma empresa, houve negociação direta com a única licitante classificada,
havendo redução nos valores por ela apresentados inicialmente, da seguinte forma:
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k) Sem razões explicitadas, tendo em vista ter sido a proposta da empresa desclassificada, não
tendo item vencedor, há documentos de habilitação da mesma no processo, inseridos, sem
numeração, entre as fls. 373 e 375 do processo. Se a empresa teve sua proposta
desclassificada e não teve item vencedor, seus documentos de habilitação deveriam ter sido
devolvidos lacrados ou sequer recebidos pelo pregoeiro;
l) Não consta do processo a proposta readequada com os valores obtidos após a negociação.
Assim, não se pode verificar o erro entre os valores individuais dos itens e o valor total, como
observado na subalínea “j.5” acima;
DATA VALOR NL 1 NL 2 OP 1 OP 2
04/08/2017 38.122,40 222011/003 222001/003 - -
06/09/2017 13.936,00 - - 906015 00732
06/09/2017 9.296,00 - - 906011 00706
18/10/2017 18.648,64 222011/005 222001/005 1018002 00843
18/10/2017 31.606,40 222020/003 222002/003 - -
01/11/2017 36.719,20 222011/006 222001/006 1101006 00924
01/11/2017 30.216,80 222020/004 222002/004 1101005 00923
28/12/2017 63.593,67 222011/008 22001/008 1228013 01196
28/12/2017 38.830,00 222020/006 222002/006 1228014 01197
Total 280.969,11 ##### ##### ##### #####
Fonte: Documentos de despesas do Fundeb apresentados pela Prefeitura.
b) houve execução de despesas com combustíveis sem a apresentação das notas fiscais
e/ou faturas da empresa fornecedora, conforme demonstrado no quadro a seguir:
DATA VALOR NE OP
09/05/2017 42.001,50 222011 509011
10/05/2017 65.801,76 222011 510010
01/02/2018 79.072,00 222011 00223
01/02/2018 175.296,00 222020 00222
01/02/2018 47.655,00 222011 00204
01/02/2018 64.724,83 222020 00205
22/03/2018 80.002,07 105002 00252
24/08/2018 53.209,55 605002 00928
07/12/2018 16.571,64 1001005 01383
07/12/2018 64.724,83 1001006 01382
TOTAL 689.059,18 ### ###
Fonte: Documentos de despesas do Fundeb apresentados pela Prefeitura.
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31/07/2018 188.754,50
TOTAL 523.533,51 ##### ##### #####
Fonte: Extratos bancários da conta específica do Programa (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 17.338-X).
d) outrossim, houve gastos com empresa administradora de cartões de frota
(Brasilcard Administradora de Cartões Ltda. – CNPJ 03.817.702/0001-50), no valor total de R$
26.980,00, sem apresentação de documentação de despesa, conforme detalhado nas
subalíneas a seguir:
Não há registro no processo de que a prefeitura tenha realizado previamente uma verificação
prática de robótica a fim de que a nova metodologia fosse criteriosamente avaliada pelos
técnicos do Ensino Fundamental, a considerar o valor expressivo da contratação e o fato de a
disciplina robótica não integrar a grade curricular do município. Além disso, não realizaram
pesquisa para verificar a existência de outros produtos similares no mercado editorial.
Segundo os autos do processo, a aquisição foi autorizada, portanto, sem análise prévia e com
base unicamente em despacho do secretário de educação. A ausência de planejamento prévio
da contratação, a qual foi concluída em dezessete dias úteis, redundou em desperdício,
conforme apontado neste relatório.
Em pesquisa realizada na Internet, constatou-se a existência de pelo menos quatro outras
empresas que oferecem produtos similares àqueles fornecidos pela Sisttech Tecnologia, como
por exemplo: Modelix Robotics (www.modelix.com.br), Brink Mobil
(www.brinkmobil.com.br), Zoom Education (www.zoom.education) e Expoente
(www.expoente.com.br).
A partir das informações contidas nas páginas eletrônicas dessas empresas, verificam-se
semelhanças dos produtos ofertados com o que foi adquirido pela prefeitura de Paço do
Lumiar/MA. Todos apresentam conteúdo pedagógico teórico-prático que visa à introdução da
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robótica na Educação Fundamental com fornecimento de material didático, material de apoio,
kits escolares, manuais, treinamento para os professores etc.
Reitera-se que no processo de contratação não há comprovação de que tenha sido feita
consulta prévia ao mercado com o objetivo de encontrar outras empresas capazes de executar
a proposta de introdução da robótica nas salas de aula do ensino fundamental do município.
Também não existe parecer emitido pela área técnica da Secretaria de Educação a respeito da
viabilidade do projeto Robótica PESC. O processo de compra já se inicia com o fornecedor do
objeto previamente definido.
Os pareceres emitidos pela comissão de licitação (fls. 85/89) e jurídico (fls. 153/158), que
firmaram opinião no sentido de confirmar a exclusividade do fornecedor, e portanto da
inexigibilidade da licitação, ampararam-se, principalmente, na Declaração de Exclusividade (fl.
143) emitida pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), segundo a qual a Coleção Robótica PESC
seria de edição e distribuição exclusiva em todo o território nacional da empresa Sisttech
Tecnologia Educacional.
Ressalta-se, contudo, que o documento não é taxativo no sentido de consignar
categoricamente que somente a Sisttech Tecnologia Educacional disporia desse tipo de
material didático. E nem poderia fazê-lo, dado que, conforme revelou a pesquisa na Internet
realizada pela CGU, existem no mercado nacional outras empresas aptas a fornecer produtos
semelhantes. Nesse sentido, a declaração da CBL juntada pela prefeitura não impedia a
pesquisa no mercado em busca de outras empresas que fornecessem materiais semelhantes,
a fim de que fosse efetivamente comprovada a inviabilidade de competição e, por
conseguinte, caracterizasse de forma indubitável a inexigibilidade da licitação.
b) Ausência de pesquisa de preços com fornecedores de serviços similares (artigo 26, III, da
Lei nº 8.666/93).
Os artigos 25 e 26 da Lei de Licitações determinam que, na contratação direta por
inexigibilidade, a administração comprove a inviabilidade de competição e justifique a escolha
do fornecedor do objeto pretendido, além disso exige que seja verificada a razoabilidade dos
preços pactuados.
No caso da Inexigibilidade nº 05/2017, foram juntados aos autos os contratos da empresa
Sisttech Tecnologia Educacional com as prefeituras de Manaus/AM, Itupeva/SP e com o
governo da Paraíba (fls.29/55).
No contrato com a prefeitura de Manaus/AM, assinado em 2016, o preço conhecido é
somente o global, sem especificação dos itens adquiridos, suas quantidades e preços
unitários.
O contrato pactuado com a prefeitura de Itupeva/SP data de 2014 e os preços unitários estão
cerca de 37% mais baixos em relação aos valores contratados pela prefeitura de Paço do
Lumiar/MA.
Já o contrato com o Governo da Paraíba, firmado em 2016, os preços unitários situam-se na
mesma faixa daqueles contratados pelo município maranhense, ou seja, R$ 398,00/coleção
PESC Robótica.
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Haja vista que a inviabilidade da competição, fulcro da inexigibilidade de licitação,
demonstrou-se inexistente, a justificativa do preço a partir de um único fornecedor revelou-
se inadequada e insuficiente para aferir, à luz do princípio constitucional da economicidade, a
razoabilidade dos preços pactuados e se a contratação revelou-se o melhor custo/benefício
para a prefeitura, tendo em vista que a existência de outras empresas aptas para fornecer o
produto, abriria a possibilidade de pesquisa preliminar de preços no mercado.
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Ressalta-se que até a conclusão deste relatório a prefeitura não disponibilizou à CGU os
Processos Administrativos 1.849/2017 (inexigibilidade de licitação) e 521/2018 (Pregão
Presencial 017/2018), e ainda os processos de pagamento de 2018 da empresa Astral
Científica.
Segundo os extratos das contas específicas do Fundeb, 17.338-X e 28.756-3, agência 4863-1,
Banco do Brasil, a prefeitura transferiu para as empresas Sisttech Tecnologia e Astral
Científica, no período 01/01/2017 a 31/12/2018, os valores de R$ 2.953.160,00 e R$
7.184.448,60, respectivamente, totalizando o montante de R$ 10.137.608,60.
A partir do exame dessas contratações, apurou-se a ocorrência de desperdício de recursos
públicos. Relata-se a seguir, por contratação, a situação verificada pela CGU.
25
Todos os livros elencados acima, segundo informações de técnicos e professores de Paço do
Lumiar/MA, não fizeram parte da grade curricular do município em 2017 e 2018, período
auditado.
Conforme informação da prefeitura, os livros PESC Robótica foram distribuídos para 21
escolas. Dentre essas escolas que receberam os livros de robótica, a CGU, em maio de 2019,
visitou treze e constatou que em apenas uma escola (INFORMAR A ESCOLA) os livros PESC
Robótica foram entregues aos alunos. Segundo a gestora dessa escola, a distribuição teria sido
uma iniciativa do próprio colégio, em que pese a incompletude do projeto robótica no
município. Nas outras unidades, os livros ainda estavam nas caixas, como pode ser visto nas
fotos abaixo.
As justificativas repassadas pelos gestores das escolas, para os livros não terem sido utilizados,
residem no fato de o projeto robótica no município não ter tido sequência.
Foto – Livros PESC Robótica estocados em depósito Foto – Livros PESC Robótica estocados em sala
da UEB Pão da Vida. Paço do Lumiar/MA, 30 de maio da UEB Bandeira Tribuzzi. Paço do Lumiar/MA,
de 2019. 30 de maio de 2019.
Fonte: CGU
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Figura 07 – Fotos de livros Educação e Sustentabilidade estocados em depósitos da
prefeitura
Diante do exposto, constatou-se que 7.420 livros PESC Robótica, recebidos pela prefeitura em
junho de 2017, e a maior parte dos 45.560 livros de Educação e Sustentabilidade, recebidos
em agosto de 2017, estão desde essas datas, portanto, há mais de 700 dias, armazenados em
salas de escolas e depósitos da prefeitura sem aplicação alguma, a resultar num desperdício
de recursos públicos de R$ 7.935.224,00.
B) Contrato 82/2018
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Ressalta-se que livros de matemática e português são distribuídos pelo Ministério da
Educação, através do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), de forma regular e gratuita,
às escolas públicas de educação básica da rede municipal, inclusive para as instituições de
educação infantil comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e
conveniadas com o Poder Público.
Haja vista que a prefeitura não disponibilizou o processo de compra desses livros,
desconhecem-se as justificativas e razões técnicas que ampararam a aquisição dos mesmos.
O quadro abaixo retrata alguns detalhes da contratação.
A CGU apurou que embora tenha emitido a nota fiscal 005.532, a empresa não entregou os
livros nela faturados. Além disso, ficou constatado que a empresa Astral Científica forneceu
todos os livros relacionados nas notas fiscais 005.533 e 005.534, mas recebeu da prefeitura
apenas a soma de R$ 1.267.935,00, referente à parte da nota fiscal 005.533.
Segundo o Processo 0800932-85-2019, que corre na Vara da Fazenda Pública da Comarca de
Paço do Lumiar/MA, a empresa Astral Científica propôs Ação de Execução contra a prefeitura
visando ao recebimento dos valores, acrescidos de correção, multa e juros, relativos ao
material didático entregue, mas não pago.
Uma vez entregue, ainda que parcialmente, a CGU procedeu à inspeção física e constatou que
esses livros didáticos se encontram guardados, em uma sala de aula da escola municipal Alana
Ludmila, desde o mês de abril de 2018, portanto, há mais de um ano, sem terem sido utilizados
pelos alunos e sem aplicação alguma, , conforme evidenciam as fotos abaixo.
28
Figura 08– Fotos de livros de matemática e português e kits tecnológicos entregues pela
empresa Astral Científica
Foto – Livros teórico e prático (aluno e professor) e orientação didática (professor) de português e matemática
e kits tecnológicos estocados na UEB Alana Ludmila. Paço do Lumiar/MA, 21 de junho de 2019.
Fonte: CGU
Verificou-se, portanto, que os livros didáticos e kits tecnológicos, constantes das notas fiscais
005.533 e 005.534, recebidos pela prefeitura em abril de 2018, estão ainda guardados sem
que tenham sido distribuídos para os alunos da rede pública municipal e sem ter finalidade
29
alguma, em que pese já terem decorridos mais de 450 dias, a originar um desperdício de
recursos públicos de R$ 4.616.328,20.
Em resumo, no âmbito dos contratos 68/2017, 138/2017 e 82/2018, constatou-se desperdício
de recursos do Fundeb no montante de R$ 12.551.552,20.
De acordo com os Resumos Contábeis das folhas de pagamento de 2017 e 2018 dos
profissionais remunerados com recursos do Fundeb (parcelas 40% e 60%), os montantes
relativos à Previdência Social, no âmbito do Regime Geral de Previdência Social, resultado das
contribuições previdenciárias retidas dos trabalhadores da Educação Básica e da contribuição
patronal a cargo da prefeitura, são demonstrados na tabela abaixo.
Tabela 04 – Resumo das cotas previdenciárias relativas ao
Regime Geral de Previdência Social (RGPS) informadas nas
folhas de pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb
Exercício/Valores em (R$)
Cota Previdenciária
2017 2018
Cota Empregado (Folha 40%) 6.398,25 45.233,17
Cota Patronal (Folha 40%) 15.250,42 117.645,09
Cota Empregado (Folha 60%) 860.826,10 1.123.769,51
Cota Patronal (Folha 60%) 1.764.778,46 2.481.116,91
Total Cota Empregado 867.224,35 1.169.002,68
Total Cota Patronal 1.780.028,88 2.598.762,00
Total (empregado + patronal) 2.647.253,23 3.767.764,68
Total Geral (anos 2017 e 2018) 6.415.017,91
Fonte: Folhas de Pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb e Resumos
Contábeis.
30
observaram-se recolhimentos à Previdência Social, sob o título “INSS Arrecadação”, conforme
abaixo, entretanto, não foi possível apurar a qual competência a que se referiam.
Tabela 05 – Valores recolhidos à Previdência
Social sob o título “INSS Arrecadação” em 2017 e
2018
Exercício Valor (R$)
2017 2.397.596,52
2018 496.621,09
Total Recolhido 2.894.217,61
Fonte: Extratos bancários das contas 17.338-X e 28.756-3,
agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de 1º de janeiro
de 2017 a 31 de dezembro de 2018.
Pelo exposto acima, no âmbito do RGPS, tem-se que o montante recolhido à Previdência
Social, R$ 2.894.217,61, no período de janeiro de 2017 a dezembro de 2018, é inferior à soma
declarada nas folhas de pagamento do Fundeb do mesmo período, ou seja, R$ 6.415.017,91.
Dessa forma, a prefeitura não comprovou o repasse das contribuições previdenciárias à
Receita Federal do Brasil, no montante de, pelo menos, R$ 3.520.800,30. Esse montante pode
ser ainda maior, considerando que pelos extratos bancários não foi possível verificar a que
competência se referiam os recolhimentos efetuados em 2017 e 2018, se ao ano corrente ou
se a exercícios anteriores.
De acordo com os Resumos Contábeis das folhas de pagamento de 2017 e 2018 dos
profissionais remunerados com recursos do Fundeb (parcelas 40% e 60%), os montantes
relativos à Previdência Social, no âmbito do Regime Próprio de Previdência Social (RPPS),
resultado das contribuições previdenciárias retidas dos trabalhadores da Educação Básica e
da contribuição patronal a cargo da prefeitura, são demonstrados na tabela abaixo.
31
Exercício/Valores em (R$)
Cota Previdenciária
2017 2018
Cota Patronal (Folha 40%) 726.127,72 541.048,98
Cota Empregado (Folha 60%) 2.948.989,03 3.234.941,10
Cota Patronal (Folha 60%) 4.992.738,03 4.216.071,62
Total Cota Empregado 3.379.695,21 3.659.402,43
Total Cota Patronal 5.718.865,75 4.757.120,60
Total (empregado + patronal) 9.098.560,96 8.416.523,03
Total Geral (anos 2017 e 2018) 17.515.083,99
Fonte: Folhas de Pagamento de 2017 e 2018 do Fundeb e Resumos Contábeis.
A partir da análise dos extratos das contas específicas do Fundeb, contas correntes nº 17.338-
X e 28.756-3, ambas da agência 4863-1, Banco do Brasil, verificaram-se diversas transferências
bancárias para a conta nº 6963-9, agência 4863-1, Banco do Brasil.
Segundo o Ofício 026/2019 – GAB/PREF/COORD, de 03/06/2019, da Prefeitura de Paço do
Lumiar/MA, em resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201900604/06, esta conta, de título
“PREVPAÇO CONTA MOVIMENTO”, recebe/movimenta as contribuições previdenciárias
referentes à Previdência Social do Município de Paço do Lumiar/MA.
Os valores repassados em 2017 e 2018 para a conta “PREVPAÇO”, conforme retratam os
extratos da conta única do Fundeb, foram os da tabela que segue. Entretanto, não foi possível
verificar a que competência essas transferências se referem.
Verificou-se que alguns débitos constantes nos extratos da conta 17.338-X, agência 4863-1,
do Banco do Brasil, referente à conta específica do Fundeb, não tinham comprovantes de
despesa que dariam suporte aos valores transferidos das contas públicas.
A relação a seguir contempla apenas as transferências que tiveram como destino a conta
44.878-8, agência 1414-1, do Banco do Brasil, de titularidade de P C L COMERCIO E SERVICOS
EIRELI, CNPJ 10.831.944/0001-64, e que não foram comprovadas por meio de notas fiscais na
prestação de contas.
De acordo com a amostra do quadro acima, o valor total de R$ 835.180,00, não foi
devidamente comprovado pela Prefeitura Municipal de Paço do Lumiar/MA por meio de notas
fiscais, gerando tal fato, prejuízo aos mecanismos de controle, inviabilizando a averiguação da
conciliação bancária, bem como da conformidade das despesas realizadas com os valores
transferidos da conta corrente.
De acordo com notas de liquidação, esses débitos com transferências para a conta a 44.878-
8, agência 1414-1, do Banco do Brasil, de titularidade de P C L COMERCIO E SERVICOS EIRELI,
supostamente se referem à aquisição de móveis e utensílios. A confirmação dessa informação
não foi possível porque as notas fiscais correspondentes não constam nas prestações de
contas.
Além disso, a CGU solicitou, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201900604-01, a
informação de como se deu a distribuição dos materiais permanentes, com descrição do
material, quantidade e data de recebimento, além dos órgãos ou escolas aos quais foram
destinados. No entanto, a Prefeitura de Paço do Lumiar/MA não se manifestou e não
disponibilizou a informação até o fechamento deste relatório.
Ou seja, não há quaisquer notas fiscais que justifiquem a transferência desses valores, nem a
Prefeitura de Paço do Lumiar/MA informou como se deu a distribuição dos móveis e utensílios
pagos. Portanto, o gestor não conseguiu comprovar a efetiva destinação dos recursos.
33
9. Pagamento de despesas inelegíveis com recursos do Fundeb no
montante de R$ 199.352,31.
Mediante análise das despesas realizadas, nos exercícios de 2017 e 2018, constatou-se que os
recursos do Fundeb não foram empregados exclusivamente na manutenção e
desenvolvimento da educação básica, como determinam os artigos 70 e 71 da Lei nº 9.394/96,
considerando que foram verificados pagamentos de despesas inelegíveis e/ou com desvio de
finalidade, notadamente de tarifas bancárias, no montante de R$ 199.352,31, conforme a
seguir demonstrado.
De acordo com a Resolução FNDE nº 44/2011, artigo 4º, parágrafo 1º, que firmou um Acordo
de Cooperação Mútua entre o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e as
instituições financeiras, é isenta a cobrança de tarifas bancárias pela movimentação das
contas correntes específicas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.
Essas tarifas bancárias não seriam cobradas pela instituição financeira se fosse utilizada
somente a conta específica do Fundeb no município, de uso exclusivo para despesas da
educação básica.
34
10. Restrição à fiscalização
Em afronta ao que determina o artigo 26, inciso I, da Lei nº 11.494/2007, bem como o artigo
26 da Lei nº 10.180/2001 e o artigo 93 do Decreto-Lei nº 200/1967, a prefeitura de Paço do
Lumiar/MA não forneceu algumas informações e documentações, em que pese terem sido
solicitadas em tempo hábil e reiteradas oportunamente. A falta desse material configurou-se
em uma restrição à fiscalização da CGU.
No âmbito do Fundeb, não foi disponibilizado o seguinte:
a) Processos licitatórios que deram origem às contratações das empresas Astral Científica e L
Dourado Pires;
b) Processos de pagamento de 2018 da empresa Astral Científica;
c) Processos de pagamento de 2017 da empresa L Dourado Pires;
d) Relação de todos os processos licitatórios realizados em 2017 e 2018;
e) Distribuição dos materiais permanentes supostamente adquiridos da empresa P C L
Comércio e Serviços;
f) Extratos bancários da conta nº 31027001-4, agência 4863-1, Banco do Brasil, no período de
1º de janeiro de 2017 a 31 de dezembro de 2018;
g) Processo licitatório Pregão Presencial nº 17/2018 (Processo Administrativo nº 521/2018);
h) Processos de pagamento com as notas fiscais, ordens de pagamento e comprovantes das
transferências bancárias relativos às entregas dos livros fornecidos pela empresa Astral
Científica, objeto do Contrato nº 082/2018 (Processo Administrativo nº 521/2018);
i) Nome e CNPJ da empresa que forneceu para a prefeitura os livros de título “Microkids”, bem
como os números do processo licitatório, contrato de fornecimento e processos de
pagamento, com as notas fiscais, ordens de pagamento e comprovantes das transferências
bancárias correspondentes.
Os dados e documentos relacionados nos itens “a”, “b”, “c”, “d” e “e” foram solicitados em
13/03/2019, por meio do Ofício 4.188/2019/Regional/MA-CGU e reiterados pelas Solicitações
de Fiscalização nº 201900604/03, de 24/04/2019, e 201900604/05, de 23/05/2019.
A documentação e informações contidas nas letras “f”, “g”, “h” e “i” foram pedidas por meio
da Solicitação de Fiscalização nº 201900604/07, de 19/06/2019, e reiteradas por e-mail em
27/06/2019.
35
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais do
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
Profissionais da Educação (Fundeb) no Município de Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de
2017 e 2018, apresenta inadequações, em função das irregularidade e impropriedades
listadas a seguir:
a) falhas em licitações para aquisição de combustíveis e locação de veículos;
b) ausência de documentação comprobatória de despesas com combustíveis e
locação de veículos;
c) irregularidades em inexigibilidade de licitação para aquisição de livros didáticos;
d) desperdício de recursos do Fundeb, no montante de R$ 12.551.552,20, com
aquisição de livros didáticos que não estão sendo utilizados pelos alunos;
e) ausência de comprovação de recolhimentos de contribuições previdenciárias do
Regime Geral e Regime Próprio;
f) ausência de comprovação de despesas com aquisição de móveis e utensílios;
g) gastos com despesas inelegíveis no montante de R$ 199.352,31;
h) não apresentação de documentos e processos licitatórios referentes a despesas
efetuadas com recursos do Fundeb.
36
ANEXOS
37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE PACO DO LUMIAR
Exercício 2018
15 de julho de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE PACO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900440
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
2
SUMÁRIO
SUMÁRIO 3
INTRODUÇÃO 4
4
5
RESULTADOS DOS EXAMES
6
d) Solicitação de Fiscalização nº 201900440/006, datada de 04/06/2019, enviada por e-
mail na mesma data. Por meio deste documento foi pedido:
1) Relativamente aos contratos realizados com a empresa PAULO DE TARSO
DE CARVALHO DE BAYMA FILHO - EPP (WIKITELECOM)), CNPJ 11.509.434/0001-
38, e custeados com recursos da saúde, relativos aos exercícios de 2017 e 2018,
pede-se:
1.1) Processos de pagamentos do período;
1.2) A relação contendo endereço completo e quantidade de links e
equipamentos disponibilizados para cada um desses endereços no
período em análise.
7
A restrição à apresentação das informações e documentação solicitada, conforme
descrito nos itens acima, dificultou e até mesmo impediu um aprofundamento dos
exames nos procedimentos de fiscalização da utilização dos recursos federais na
Atenção Básica no Município de Paço do Lumiar.
8
Quadro 02 - Despesas não comprovadas da Conta 26788-0 (FMS CUSTEIO SUS)
DATA VALOR FAVORECIDO
07/03/2018 5.183,11 ***.297.403-**
02/03/2018 6.306,86 ***.108.613-**
20/03/2018 6.306,86 ***.108.613-**
10/05/2018 1.222,50 ***.108.613-**
10/05/2018 1.222,50 ***.108.613-**
16/05/2018 80.000,00 ***.108.613-**
25/05/2018 6.306,86 ***.108.613-**
25/06/2018 6.306,86 ***.108.613-**
07/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
07/08/2018 212,80 ***.108.613-**
07/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
08/08/2018 3.560,20 ***.108.613-**
04/10/2018 3.560,20 ***.108.613-**
23/10/2018 3.560,20 ***.108.613-**
13/11/2018 3.560,20 ***.108.613-**
18/12/2018 3.560,20 ***.108.613-**
16/10/2018 4.508,95 ***.511.543-**
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
22/01/2018 23.227,50
EIRELI)
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
27/04/2018 23.227,50
EIRELI)
WIKI TELECOM (PAULO DE TARSO DE CARVALHO BAYMA FILHO
27/04/2018 23.227,50
EIRELI)
22/01/2018 1.222,50 ISSQN - PL
10/05/2018 1.222,50 ISSQN - PL
10/05/2018 1.222,50 ISSQN - PL
18/01/2018 134.675,39 ARAUJO & MATOS SERVICOS E COMERCIO LTDA
20/03/2018 57.517,87 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 42.804,00 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 57.517,87 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 42.804,00 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
20/03/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
12/06/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
12/06/2018 26.752,50 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
22/08/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
05/09/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
29/10/2018 25.414,88 M E SERVICOS E CONSERVACAO LTDA
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 44.820,80 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
9
DATA VALOR FAVORECIDO
17/05/2018 21.583,30 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
17/05/2018 23.237,50 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
24/07/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
22/08/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
05/09/2018 49.623,00 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
16/10/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
08/11/2018 49.623,03 INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
18/01/2018 15.158,69 ISSQN - PL
20/03/2018 6.688,12 IMPOSTOS
20/03/2018 6.688,12 IMPOSTOS
06/11/2018 6.688,12 IMPOSTOS
TOTAL 1.240.210,44
Fonte: Extratos bancários da conta de Custeio do SUS (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 26.788-0)
10
MEDICO DO TRABALHO, junto ao SESC, a partir de 01/02/2018 até 05/2019 (CNIS). (12h CNES).
De acordo com informações obtidas junto ao SESC/MA, a profissional exerce suas atividades de terças
às quintas-feiras, 4 horas diárias, no horário comercial.
MEDICO DO TRABALHO, junto à AMBEV, no período de 08/2013 até 08/2017 (CNIS). (20H RAIS)
11
AGENTE COMUNITARIO DE
***.084.023-** PAB - ACS - EFETIVOS EFETIVO
SAÚDE
Além do vínculo acima, a partir de 01/08/2007, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
INSTITUTO ACQUA - ACAO, CIDADANIA, QUALIDADE URBANA E AMBIENTAL (CNPJ 03.254.082/0005-12),
a partir de 22/05/2018. (CNIS)
INSTITUTO GERIR (CNPJ 14.963.977/0007-04), no período de 12/05/2015 a 05/2018. (CNIS)
MUNICIPIO DE PENALVA (CNPJ 06.179.402/0001-81), a partir de 01/01/2017. (CNIS)
12
TECNICO EM
***.400.903-** PAB - PSF - EFETIVOS EFETIVO
ENFERMAGEM
Além do vínculo acima, a partir de 09/03/2015, foi(ram) detectado(s) o(s) seguinte(s) vínculo(s):
MUNICIPIO DE CAJARI (CNPJ 06.469.837/0001-60), a partir de 10/06/1999. (CNIS)
MUNICIPIO DE VIANA (CNPJ 06.439.988/0001-76), a partir de 19/05/2008. (CNIS)
EMPRESA MARANHENSE DE SERVICOS HOSPITALARES - EMSERH (CNPJ 18519709000163), a partir de
09/11/2015. (CNIS)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES
13
Fonte: RAIS, CNIS e CNES
14
HOSPITAL NINA RODRIGUES - MEDICO CLINICO - Período de jan/2017 a dez/2018. (No CNES consta a CH
de 20H)
FUNDACAO UNIVERSIDADE DO MARANHAO - MEDICO RESIDENTE - 60 HORAS SEMANAIS, a partir de
01/04/2017. (SIAPE)
Fonte: RAIS, CNIS e CNES
15
FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE DE SAO LUIS MARANHAO (CNPJ 13.816.886/0001-98), a partir de
15/03/2010. (RAIS e CNIS)
16
Fonte: RAIS, CNIS e CNES
17
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais
recebidos não está devidamente adequada à totalidade dos normativos referentes ao
objeto fiscalizado devido às ocorrências das seguintes irregularidades e impropriedades:
18
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA
19
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE DE PAÇO DO LUMIAR
Exercícios 2017 e 2018
25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA SAÚDE
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900442
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
3
SUMÁRIO
SUMÁRIO 4
INTRODUÇÃO 5
3. Cumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga horária semanal inferior à exigida
pela Estratégia Saúde da Família. 8
11. Profissionais de saúde bucal sem condições de realizar atendimento adequado a população.
Erro! Indicador não definido.0
12. Alvará de Autorização Sanitária encontrado nas UBS e Centros de Saúde está vencido. Erro!
Indicador não definido.2
13. Ausência de informações básicas sobre as Equipes de Saúde da Família e serviços oferecidos à
população, em local visível. Erro! Indicador não definido.3
ANEXOS 37
4
INTRODUÇÃO
A seguir são apresentados os resultados das análises efetuadas em atos e processos de
execução financeira e operacional da Estratégia Saúde da Família no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018.
A análise ocorreu em atendimento à Ação de Controle nº 201900442 e decorre do fato de a
prefeitura ter sido escolhida no âmbito da 6º Edição do Programa de Fiscalização de Entes
Federativos (FEF), da CGU.
Com 16 Unidades Básicas de Saúde, o Município de Paço do Lumiar/MA, para a oferta de ações
e serviços de saúde no âmbito da Estratégia Saúde da Família, conta com 21 equipes de saúde
da família para atendimento de sua população, estimada em 120.621 pessoas.
Para referido atendimento, as equipes têm a constituição mínima de um(a) médico(a) e
enfermeiro(a), um auxiliar ou técnico em enfermagem e agentes comunitários de saúde, cujo
quantitativo varia em função do número de usuários a serem atendidos nas regiões de saúde
delimitadas.
Os principais serviços oferecidos no âmbito das Unidades Básicas são consultas médicas,
inalações, injeções, curativos, vacinas, coletas para exames laboratoriais, tratamento
odontológico, quando constituída com equipe de saúde bucal, fornecimento de medicação
básica e encaminhamentos para especialidades médicas.
Para a oferta de referidos serviços, exceto gastos com ACS e Saúde Bucal, o município
recebeu/utilizou os valores abaixo:
Quadro 01 – Recursos federais da Saúde da Família descentralizados no período
2017 2018
1.631.570,00 8.981.601,57*
Fonte: https://consultafns.saude.gov.br/#/consolidada
*Total do Piso da Atenção Básica em Saúde
Dada a proximidade com que atua na comunidade, a ESF é considerada como a porta de
entrada para o uso dos serviços de saúde no âmbito do SUS, com nível de resolutividade de
problemas de saúde em até 80% das situações, segundo informações do Ministério da Saúde.
Por tal característica, revela-se como importante estratégia de atuação na saúde, pois
potencializa a economia de gastos, uma vez que os custos envolvidos com a atenção de média
e alta complexidade são consideravelmente elevados.
Pela importância destacada acima, a fiscalização realizada procurou avaliar, entre outros
aspectos, se as Equipes de Saúde da Família possuem pelo menos a composição mínima,
acrescida de profissionais de saúde bucal, quando for o caso; a forma de contratação dos
profissionais; o cumprimento da carga horária; estrutura física das UBS de acordo com as
5
recomendações do Ministério da Saúde; e a existência de equipamentos e insumos
necessários ao desempenho de suas atribuições e responsabilidades.
Com o objetivo de verificar a composição mínima das equipes de saúde da família, realizou-se
visita às Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do município, selecionados com
critérios não probabilísticos, tendo sido identificado que as seguintes equipes de saúde da
família (ESF) estão com a composição mínima incompleta: ESF Maiobão I, ESF Maiobão II, ESF
Vila São Pedro e ESF Vila São José.
Durante visita realizada na Unidade Básica de Saúde Maiobão, local onde trabalham três
equipes de saúde da família (ESF Maiobão I, II e III), constatou-se que duas equipes estão sem
médico.
A médica I. C. T., da ESF Maiobão I, deixou a equipe em, aproximadamente, abril/2019. De
acordo com informações obtidas no local, a profissional passou em uma residência médica e
ainda não foi substituída.
A ESF Maiobão II também está sem médico. A profissional A. F. B. S. G. também deixou a
equipe porque foi aprovada em um programa de residência médica. Não trabalha na ESF
desde 21/03/2019.
Todos os atendimentos de pacientes das ESFs Maiobão I e II estão sendo realizados pela
médica da ESF Maiobão III.
6
b) Centro de Saúde Vila São Pedro
Na ESF Vila São Pedro a técnica de enfermagem G. C. V. não trabalha desde 2017, devido a
aposentadoria.
Na ESF Vila São José (ESF com saúde bucal – M1) a técnica de enfermagem I. L. R. não trabalha
desde 2016 ou 2017, devido a aposentadoria. Essa profissional também nunca foi substituída.
O técnico em saúde bucal A. W. M. M. também não trabalha mais na equipe, tendo exercido
as suas atividades na equipe até o início de 2018.
Diante da saída de profissionais essenciais ao bom funcionamento das equipes de saúde da
família citadas, a prefeitura não providenciou a contratação de profissionais substitutos.
Na Unidade Básica de Saúde Maiobão, a falta de médico na ESF Maiobão I e na ESF Maiobão
II está sobrecarregando a médica da ESF Maiobão III, com prejuízo para a qualidade do
atendimento oferecido a comunidade.
A falta de técnico de enfermagem no Centro de Saúde Vila São Pedro e no Centro de Saúde
da Vila São José prejudica o desenvolvimento das atividades normais das equipes de saúde da
família, tendo em vista que esse profissional tem atribuições definidas, as quais estão sendo
realizadas por outros membros das equipes.
A falta de técnico em saúde bucal na ESF Vila São José prejudica sobremaneira o trabalho que
deve ser realizado pelo cirurgião-dentista da equipe.
Objetivando verificar a regularidade das contratações dos profissionais que estão trabalhando
nas Equipes de Saúde da Família (ESF) e Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), no
Município de Paço do Lumiar/MA, solicitou-se, por meio do OFÍCIO Nº
4188/2019/Regional/MA-CGU, de 12.03.2019, no Anexo I, subitem 5.3, a disponibilização do
contrato de trabalho mais recente de cada profissional. Essa solicitação foi reiterada por meio
da Solicitação de Fiscalização nº: 201900442/002, de 09.05.2019.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 3.4, os integrantes da Equipe de Saúde da Família devem cumprir carga horária
de 40 horas semanais, conforme dispositivo reproduzido a seguir:
7
A mesma portaria, em seu Anexo XXII, art. 15, estabelece, para os integrantes do NASF, a carga
horária semanal mínima de 20 horas.
Em levantamento realizado no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES),
identificou-se que 93 profissionais que trabalham nas ESFs e NASFs são contratados por prazo
determinado, conforme detalhado no quadro abaixo.
A maioria dos médicos está trabalhando menos de 20 horas nas Equipes de Saúde da Família.
Além disso, não trabalham todos os dias em que as Unidades Básicas de Saúde e Centros de
Saúde estão em funcionamento (de segunda a sexta-feira). A maioria dos enfermeiros está
trabalhando 30 horas semanais nas UBS. Quanto aos cirurgiões-dentistas, a maioria está
cumprindo carga horária semanal inferior a 30 horas.
A prefeitura foi questionada sobre o motivo do cumprimento de carga horária semanal de
apenas 30 horas por servidores municipais da área da saúde, por meio da Solicitação de
Fiscalização nº 201900442/002, de 09.05.2019. Em resposta, o gestor apresentou, por meio
do Ofício nº 022/2019-GAB/PREF/COORD., de 16.05.2019, a seguinte justificativa:
A redução da carga horária semanal dos servidores municipais da área da saúde que integram
Equipes de Saúde da Família para 30 horas está em desacordo com o normativo da ESF
supracitado, que estabelece a carga horária semanal de 40 horas para todos os profissionais
de saúde membros das equipes. A consequência negativa dessa adequação da carga horária
é a presença dos profissionais beneficiados nas Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde
apenas durante parte do horário de funcionamento desses estabelecimentos, prejudicando,
assim, o serviço prestado à população.
9
A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo XXII, art. 10, XIX, estabelece
a seguinte competência às secretarias municipais de saúde:
Algumas equipes estão com a sua composição desatualizada no CNES, conforme detalhado no
quadro abaixo.
10
Profissional Especialidade Equipe Situação Encontrada
Deixou a equipe, aproximadamente,
Médico Médico da
Maiobão I em abril/2019. Foi aprovada em um
CPF: ***.428.643-** Estratégia
programa de residência médica.
Agente
ACS
Comunitário Vila Nazaré Abandonou o cargo em janeiro/2018.
CPF: ***.156.543-**
de Saúde
Agente
ACS
Comunitário Vila Nazaré Abandonou o cargo em maio/2018.
CPF: ***.468.083-**
de Saúde
Agente
ACS
Comunitário Maiobão III Aposentada desde 2015.
CPF: ***.945.213-**
de Saúde
Agente
ACS Pediu exoneração do cargo em
Comunitário Maiobão III
CPF: Não identificado fevereiro/2019.
de Saúde
Médico Médico da
Tambaú Pediu exoneração em março/2019.
CPF: Não identificado Estratégia
Começou a trabalhar na equipe uma
Médico Médico da semana depois da saída da
Tambaú
CPF: ***.062.593-** Estratégia profissional de CNS
****0236258****.
Técnico Técnico de
Vila São Pedro Aposentada em 2017.
CPF: ***.137.793-** Enfermagem
Auxiliar Auxiliar em
Itapera Aposentada.
CPF: ***.911.443-** Saúde Bucal
Auxiliar Auxiliar em Nova auxiliar em saúde bucal da
Itapera
CPF: ***.424.513-** Saúde Bucal equipe. Entrou em abril/2019.
Médico Médico da Não trabalha na equipe desde o mês
Itapera
CPF: ***.531.063-** Estratégia de março/2019.
Médico Médico da
Itapera Médica atual da equipe Itapera.
CPF: ***.352.453-** Estratégia
Técnico Técnico em Foi remanejada para o Centro de
Iguaiba
CPF: ***.189.653-** Saúde Bucal Saúde Canaã no final de 2017.
Agente
ACS
Comunitário Vila São José Não trabalha na equipe desde 2017.
CPF: ***.352.803-**
de Saúde
Técnico Técnico de
Vila São José Aposentada em 2016 ou 2017.
CPF: ***.728.583-** Enfermagem
Técnico Técnico em Não trabalha na equipe desde o início
Vila São José
CPF: ***.892.623-** Saúde Bucal de 2018.
Agente de
ACE
combate a Mojó Não trabalha na equipe.
CPF: Não identificado
Endemias
Fonte: Informações obtidas durante entrevistas realizadas com membros das ESFs.
Com base nas inconsistências identificadas na relação de profissionais por Equipe de Saúde da
Família, registrada no CNES, constata-se que a Secretaria de Saúde de Paço do Lumiar/MA não
está providenciando a atualização tempestiva das informações de composição das equipes
nesse sistema.
Conforme demonstrado no quadro acima, mudanças ocorridas na composição das equipes
nos anos de 2015, 2016 ou 2017, 2018, além das ocorridas no início de 2019, ainda não foram
registradas no CNES.
11
A manutenção do CNES atualizado é muito importante, tendo em vista que ele é o sistema de
informação oficial de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde
no país.
Com o objetivo de verificar a atuação dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) junto à
comunidade, realizou-se visita às famílias residentes na área de atuação das seguintes Equipes
de Saúde da Família (ESF): Vila São José, Carlos Augusto, Itapera, Mojó, Mercês, Pindoba, Vila
São Pedro e Iguaiba. Foram entrevistadas cinco famílias por ESF. As famílias foram
questionadas sobre a regularidade das visitas domiciliares dos ACS.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 4.2.6, a, são atribuições comuns do ACS e ACE:
12
Conforme demonstrado, existem famílias que não estão sendo visitadas por Agente
Comunitário de Saúde. Algumas não são visitadas há vários anos.
Algumas famílias apontaram causas para a falta de visitas do ACS. Duas famílias que residem
na área de atuação da ESF Vila São José informaram que a ACS da micro área faleceu há alguns
anos e nunca foi substituída. Uma família atendida pela ESF Mojó informou que a ACS da micro
área não visita a sua residência porque prioriza casas com crianças e idosos.
Os profissionais de saúde que atuam na Atenção Básica têm a missão de acompanhar a
população ao longo do tempo, tanto no caso de doenças e agravos quanto agindo
preventivamente, promovendo o cuidado integral à saúde da população, sempre que
necessário, no domicílio.
Ainda conforme a portaria citada, os enfermeiros e médicos têm, entre outras, as seguintes
atribuições específicas:
4.2.1 – Enfermeiro:
I.- Realizar atenção à saúde aos indivíduos e famílias vinculadas às equipes e, quando
indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários
(escolas, associações entre outras), em todos os ciclos de vida;
[...]
4.2.1- Médico:
A situação encontrada na área de atuação de cada equipe avaliada está registrada no seguinte
quadro:
Conforme demonstrado, as Equipes de Saúde da Família Itapera, Vila São Pedro e Iguaiba
foram demandadas para realizar atendimento domiciliar e não realizaram o atendimento.
14
O atendimento domiciliar deve ser atividade rotineira das ESFs, que deve realiza-lo sempre
que os pacientes estiverem impossibilitados de se deslocarem até a Unidade Básica de Saúde.
As Equipes de Saúde da Família também têm a atribuição de orientar as famílias de sua área
de atuação sobre os cuidados com a saúde. Para atingir esse objetivo, as equipes podem
realizar reuniões, encontros e palestras para tratar sobre assuntos de interesse da
comunidade, tais como: pressão alta, diabetes, planejamento familiar, alimentação e higiene
bucal.
Para verificar se as famílias estão sendo convidadas para participar de ações de educação,
realizou-se visita às famílias residentes na área de atuação das seguintes Equipes de Saúde da
Família (ESF): Vila São José, Carlos Augusto, Itapera, Mojó, Mercês, Pindoba, Vila São Pedro e
Iguaiba. Foram entrevistadas cinco famílias por ESF.
De acordo com a Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo I do Anexo
XXII, subitem 4.1, é atribuição comum a todos os membros das Equipes que atuam na Atenção
Básica: “XXIII. Realizar ações de educação em saúde à população adstrita, conforme
planejamento da equipe e utilizando abordagens adequadas às necessidades deste público;”.
A resposta das famílias entrevistadas ao questionamento sobre o convite para participar de
reuniões, encontros e palestras está registrada no seguinte quadro:
15
Conforme exposto acima, nenhuma das famílias atendidas pelas equipes Vila São José e
Itapera entrevistadas receberam convite para participar de ações de educação. A maioria das
famílias entrevistadas na área de atuação das equipes Carlos Augusto, Mercês e Iguaiba
também não receberam convite.
A ampliação das ações de educação, realizadas pelas Equipes de Saúde da Família, contribui
para minimizar os problemas de saúde da comunidade, refletindo na diminuição da demanda
por outros serviços oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde.
Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componentes que atuam como
modificadores e qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar: recepção sem
grades (para não intimidar ou dificultar a comunicação e também garantir
16
privacidade à pessoa), identificação dos serviços existentes, escala dos
profissionais, horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto térmico
e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência em conformidade
com as normativas vigentes.
Como referência para avaliação da estrutura física das UBS, utilizou-se, também, o Manual de
Estrutura Física das Unidades Básicas de Saúde, elaborado pelo Ministério da Saúde. Esse
manual relaciona os mobiliários, equipamentos e instrumentais imprescindíveis para a UBS
com Equipe de Saúde da Família.
Os problemas identificados em cada Unidade Básica de Saúde e Centro de Saúde visitados
estão descritos a seguir:
8.1 Unidade Básica de Saúde Maiobão
8.1.1 A UBS não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de observação,
consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais, almoxarifado,
copa/cozinha, área para assistência farmacêutica e sala dos ACS.
17
- A sala é aberta na parte superior e as paredes são de gesso, não podendo ser lavadas. Devido
a isso, não realizam curativos em ferimentos infectantes. Realizam apenas curativos simples;
- Apresenta parede com infiltração.
8.1.5 Todos os profissionais almoçam nas dependências da UBS. Sem local adequado, fazendo
os atendimentos enquanto ingerem os alimentos. Como não existe copa/cozinha na unidade,
foi improvisado um local embaixo de uma escada para diminuir o problema. Nesse local são
guardados alimentos e materiais de limpeza. O local é muito estreito, pequeno, sem pia, sem
fogão e sem uma mesa adequada para refeições. A UBS recebeu recentemente um fogão que
foi instalado em outro andar do prédio.
8.1.6 Todas as salas têm paredes que não chegam até o teto. Esse tipo de parede prejudica os
atendimentos médicos e de enfermagem, devido ao barulho que passa de uma sala para a
outra, a exemplo do choro de crianças durante a vacinação.
8.1.7 A quantidade de salas é insuficiente para os profissionais das três equipes. Devido a isso,
fazem uma escala de trabalho para evitar a presença, no mesmo horário, de mais profissionais
do que a estrutura física permite.
8.2.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à
demanda espontânea, sala de administração e gerência.
8.2.2 A copa/cozinha é muito pequena, sem espaço para colocar mesa e cadeiras para as
refeições. Devido a isso, as refeições são realizadas em uma mesa na Sala de Reuniões. O
centro recebeu um fogão com quatro bocas, industrial, que não pode ser usado porque é
grande demais para o tamanho da cozinha. Está sendo utilizado um fogão velho e muito
enferrujado.
8.3.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
observação, consultório ginecológico e sala dos ACS.
8.3.2 Área nos fundos do posto com grande quantidade de pisos e telhas quebrados e
espalhados por todo o terreno.
18
8.3.3 A farmácia foi fechada na segunda quinzena de fevereiro/2019 porque o centro não tem
profissional para realizar esse trabalho (farmacêutico, auxiliar de farmácia ou um técnico
administrativo com conhecimentos sobre o seu funcionamento) e os outros profissionais
estavam sobrecarregados. Devido a isso, os pacientes têm que pegar os medicamentos em
outras UBS.
8.3.5 Apesar de ter duas Equipes de Saúde da Família trabalhando no mesmo Centro de Saúde,
o local tem apenas um consultório a disposição dos médicos. O outro está sendo utilizado pelo
NASF para realização de fisioterapia.
8.3.6 A sala onde funcionava o almoxarifado foi transformada em sala de enfermagem. Devido
a essa adaptação, a sala é pequena, sem pia, sem banheiro e sem espaço para colocar mesa
para exames. O aparelho de ar-condicionado existente na sala foi retirado do consultório
odontológico porque o Centro de Saúde não oferece esse tipo de tratamento a mais de dois
anos.
8.3.7 Desde 2015 a cisterna apresenta rachaduras e vazamentos, enchendo apenas no período
chuvoso. Devido a isso, o Centro de Saúde não tem abastecimento regular de água. Desde
2016, frequentemente precisam utilizar água recolhida dos aparelhos de ar-condicionado nos
banheiros.
8.4.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.
8.4.2 O Centro de Saúde está sem água. Os funcionários estão pegando água na rua. As duas
caixas d’água são muito velhas e estão com vazamentos. A tubulação também é muito antiga.
A bomba d’água não pode ser ligada porque os canos existentes estão forçando a bomba.
8.4.3 O Centro de Saúde tem dois consultórios médicos e dois de enfermagem. Apenas um
tem banheiro.
8.4.5 A sala de curativos não funciona há nove meses porque não tem técnica em enfermagem
para realizar os procedimentos. A única técnica em enfermagem do Centro de Saúde está
trabalhando exclusivamente com vacinação, devido à grande demanda.
19
8.5 Unidade Básica de Saúde Iguaiba
8.5.1 A UBS não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de coleta, sala
de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala de
administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.
8.5.2 A UBS precisa de retelhamento urgente, tendo em vista o grande número de goteiras
em vários locais da unidade.
8.5.4 A sala de curativos está com muito mofo nas paredes, devido a infiltrações.
8.6.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os profissionais e sala dos ACS.
8.6.2 A sala de acolhimento está com infiltrações em algumas paredes e com goteira.
8.6.4 A única sala de enfermagem utilizada pelos profissionais está com infiltração em algumas
paredes.
8.7.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, consultório com sanitário, sala multiprofissional de acolhimento à
demanda espontânea, sala de administração e gerência, sala de atividades coletivas para os
profissionais, abrigo de resíduos sólidos e sala dos ACS.
8.7.2 Rampa de acesso ao Centro de Saúde com buraco dificultando a passagem de cadeira
de rodas.
8.7.3 Infiltração nas paredes, com criação de mofo, nos seguintes locais: recepção, consultório
odontológico, sala de procedimentos e sala de vacina.
20
8.7.4 Nenhum consultório tem banheiro.
8.7.5 A sala de vacina não está funcionando desde novembro/2018 devido à falta de técnico
em enfermagem.
8.7.6 Copa/cozinha sem espaço para a mesa de refeições. A mesa fica no corredor.
8.8.1 O Centro de Saúde não possui os seguintes ambientes: sala de inalação coletiva, sala de
coleta, sala de observação, sala multiprofissional de acolhimento à demanda espontânea, sala
de administração e gerência, consultório ginecológico.
8.8.3 Banheiro feminino dos pacientes não pode ser usado porque está sem porta.
8.8.4 Sala de reunião sem mesas e cadeiras e com infiltrações na base das paredes.
8.8.5 Terreno próximo ao Centro de Saúde com grande quantidade de lixo espalhado pelo
chão.
8.8.7 O transporte público até o Centro de Saúde não funciona com regularidade,
prejudicando o comparecimento dos membros da equipe ao trabalho.
8.8.8 O médico e a enfermeira têm que dividir o mesmo consultório para atender os pacientes,
devido à ausência de móveis e materiais nas outras salas. Além desse problema, o consultório
está sem porta, situação que tira a privacidade dos pacientes, principalmente das mulheres
grávidas.
8.8.9 A farmácia não está funcionando porque não é climatizada e o Centro de Saúde também
não tem profissional para trabalhar no local.
A equipe de fiscalização foi informada pelos moradores da localidade que a UBS estava
fechada há duas semanas. Por esse motivo, a inspeção física das suas dependências não foi
realizada.
21
9. Insuficiência/ausência de materiais, equipamentos e insumos
necessários à realização das atividades dos profissionais das Equipes
de Saúde da Família.
A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, Anexo XXII, art. 10, XV, estabelece a
seguinte competência às secretarias municipais de saúde:
9.1.1 A quantidade de copos descartáveis que a UBS recebe por mês (em média, três ou quatro
centos) é insuficiente para atender pacientes e funcionários.
9.1.5 Vários materiais são comprados pelos membros das equipes, tendo em vista a demora
da prefeitura no fornecimento e, às vezes, fornecendo em quantidade insuficiente. Os
22
materiais que mais faltam são: impressos variados (receituários e ficha geral para prontuário);
garrafões de água mineral e luvas para procedimentos.
Os medicamentos recebidos não são suficientes porque dispensam para pacientes oriundos
de outras UBS do município.
9.2.2 Precisam de maior quantidade de receituários e fichas gerais. Há dois meses que não
recebem em quantidade suficiente. Os membros da equipe têm que tirar xerox para atender
a demanda. Além disso, estão pagando com o próprio dinheiro.
No dia da visita, os pacientes estavam recebendo a receita em apenas uma via. Devido a isso,
aqueles que tinham medicamentos a receber estavam sendo orientados a tirar uma cópia, em
um estabelecimento comercial próximo, tendo em vista a necessidade de retenção, pela
farmácia do posto, de uma via do documento. Esse problema ocorre devido à insuficiência de
receitas no Centro de Saúde.
9.2.3 Há seis meses que não conseguem medir a glicose dos pacientes porque estão sem
glicosímetro.
9.2.4 Vários equipamentos da sala de curativos estão enferrujados e precisam ser trocados, a
exemplo de mesas, suporte para soro, escada e balança.
9.2.5 Outro problema identificado durante a visita, realizada no início da tarde, foi o calor
excessivo na recepção. Apenas um aparelho de 9.000 BTUs foi instalado no local e não estava
funcionando. A recepção estava lotada. Havia, aproximadamente, 27 pacientes aguardando a
vez para consultar. Muitos estavam reclamando do calor no local e estavam discutindo com
funcionários do Centro de Saúde. Ressalta-se que a recepção foi construída na posição poente.
23
9.3 Centro de Saúde da Vila São José
9.3.1 Desde 2017 os funcionários e pacientes não bebem água do bebedouro que fica na
recepção porque não confiam na qualidade da água. O filtro do equipamento foi trocado uma
vez, em meados de 2018. Sempre compraram água mineral. Apenas em 2018 começaram a
receber da Secretaria de Saúde. Apesar disso, sempre precisaram fazer uma cota para comprar
água, devido a quantidade recebida ser insuficiente. Alguns usuários do Centro de Saúde
levam sua própria água para beber porque sabem da carência no local.
9.3.2 A caixa d’água e a cisterna não são limpas há quase três anos. A caixa d’água não tem
escada que permita subir para fazer a manutenção.
9.3.3 Desde 2017 faltam vários materiais de limpeza no centro. Os profissionais também estão
comprando com recursos próprios.
9.3.4 Copa/cozinha sem armários para guardar os utensílios. A maior parte dos utensílios
utilizados, como liquidificador e panelas, foram comprados pelos próprios funcionários. O
fogão e o botijão de gás também pertencem a um funcionário. Apenas uma boca desse fogão
está funcionando. Mesa para refeições sem cadeiras e pequena para a quantidade de
profissionais.
9.3.5 Não tem bombona para acondicionar o lixo infectante. Esse tipo de lixo está sendo
descartado em sacos plásticos comuns.
9.3.7 A sala de reuniões precisa de mais cadeiras porque tem utilidades diversas para as
equipes, inclusive para atividades com a comunidade. Para realizar essas atividades,
normalmente retiram longarinas da recepção e cadeiras de outras salas que não estão com
atendimento para poder acomodar as pessoas. Um ventilador está quebrado e uma das
paredes sempre fica mofada. Os armários estão com as fechaduras quebradas e alguns estão
muito enferrujados e com puxadores quebrados, precisando ser trocados.
9.3.8 Não estão realizando preventivos há dois meses porque não tem transporte para levar
o material coletado para realizar os exames. Também não há luvas para procedimentos.
9.3.9 As visitas domiciliares não estão sendo realizadas devido a falta de transporte.
9.3.11 A maioria dos ACS não tem balança. Aqueles que têm compraram com o próprio
dinheiro.
24
9.3.12 Um ventilador da recepção está quebrado. De acordo com os profissionais, está
fazendo falta porque o local é quente.
9.3.13 Os dois sonares da UBS estão quebrados. Um está quebrado há três meses e o outro
há seis.
9.3.16 Armário vitrine da sala de vacina não fecha porque está com a fechadura quebrada.
Essa mesma sala apresenta mofo em uma parede devido a infiltração de água do aparelho de
ar-condicionado.
9.4.4 Cadeira odontológica com defeito. Não baixa completamente o encosto, prejudicando o
trabalho da dentista. O consultório odontológico precisa de um mocho para a auxiliar em
saúde bucal.
9.4.5 A sala de vacina precisa de um arquivo de aço com gavetas. O armário vitrine não tem
prateleiras, prejudicando a guarda dos materiais
9.4.9 Insuficiência de receituários e fichas para prontuário. Os funcionários estão tirando xerox
com recursos próprios.
9.5.1 A UBS não recebe receituário para remédios controlados (receituário azul) desde o mês
de dezembro/2018.
- dois estetoscópios;
- um glicosímetro;
- uma cadeira de rodas.
9.6.1 O Centro de Saúde não recebe água mineral há, aproximadamente, três meses.
Costumam receber apenas um garrafão por mês. A água dura apenas uma semana. A
diferença consumida é paga pelos próprios funcionários.
9.6.2 O posto está sem receituário há um mês. A médica está utilizando o seu receituário
particular. No dia da visita, a médica ainda tinha, aproximadamente, 16 pacientes para
consultar quando acabaram até os receituários particulares da profissional.
26
9.6.3 O Centro de Saúde possui dois aparelhos de pressão porque foram doados pela médica
anterior do estabelecimento. Um deles não está sendo utilizado porque precisa de pilhas e a
Secretaria de Saúde não fornece.
9.6.4 Dois banheiros estão interditados. O banheiro dos funcionários e o banheiro feminino
dos pacientes. Estão com problema na descarga.
9.6.6 O Centro de Saúde não realiza nebulização há dois anos porque o equipamento está
quebrado.
9.6.8 O Centro de Saúde não faz curativos há dois anos porque as autoclaves estão quebradas.
Uma quebrou há dois anos e a outra está quebrada há quatro anos.
9.6.10 Os armários que estão no consultório odontológico precisam ser substituídos porque
não atendem a necessidade dos profissionais.
9.6.11 Uma sala de enfermagem não é utilizada porque não tem estrutura. Não tem lâmpada,
o aparelho de ar-condicionado não funciona e a maca está muito enferrujada.
9.6.12 O Centro de Saúde possui uma cadeira de rodas que não pode ser utilizada devido ao
péssimo estado de conservação.
9.6.13 Um ventilador está com defeito. É utilizado apena porque está apoiado por um pedaço
de madeira.
9.6.14 Não houve visitas domiciliares em 2017 e 2018 porque a prefeitura não disponibilizava
os veículos. Apenas em 2019 as visitas foram retomadas.
9.6.15 O Centro de Saúde não tem bombonas para armazenamento de lixo infectante. Esse
tipo de lixo fica armazenado apenas nos coletores para materiais perfurocortantes que são
utilizados nas salas.
9.7.1 O bebedouro foi entregue, aproximadamente, em maio/2018, sem filtro. Até hoje o filtro
não foi colocado. Está ligado diretamente ao cano de água.
9.7.3 A sala de vacina está sem aparelho de ar-condicionado. O armário de aço está sem
fechadura e enferrujado, precisando ser trocado.
9.7.5 O Centro de Saúde não tem bombona para colocar o lixo infectante. Esse tipo de lixo fica
armazenado apenas nos coletores para materiais perfurocortantes e são descartados dentro
de sacos de lixo comuns.
9.8.3 Copa/cozinha sem os seguintes itens: armários para a guarda dos utensílios, geladeira,
mesa para refeições e cadeiras.
9.8.4 Sala de curativos/procedimentos sem os seguintes itens: mesa para exames, foco de luz,
instrumentais cirúrgicos, balde cilíndrico porta detritos com pedal, escada de dois degraus,
suporte de soro e armário vitrine.
9.8.5 Sala de vacina sem os seguintes itens: caixa térmica, refrigerador para vacina, armário
vitrine, arquivo de aço com gaveta, cadeiras, mesa de escritório.
A equipe de fiscalização foi informada pelos moradores da localidade que a UBS estava
fechada a duas semanas. Por esse motivo, a inspeção física das suas dependências não foi
realizada.
Realizou-se visita ao Centro de Saúde Mojó para verificar as condições de trabalho da Equipe
de Saúde da Família (ESF) que desenvolve as suas atividades no local.
O trabalho da ESF do Centro de Saúde Mojó está sendo prejudicado, entre outros fatores, pela
ausência de alguns membros que estão exercendo as suas atribuições no Centro de Saúde
Nossa Senhora da Luz.
Apesar da ESF do Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz estar completa, conforme verificado
em visita realizada no local, membros da ESF Mojó também estão trabalhando no Centro de
Saúde, com prejuízo para as atividades que devem ser realizadas no Centro de Saúde Mojó.
Os profissionais da ESF Mojó que estão trabalhando indevidamente no Centro de Saúde Nossa
Senhora da Luz estão relacionados no seguinte quadro:
29
A Secretaria de Saúde de Paço do Lumiar não tomou providências para manter os profissionais
da ESF Mojó trabalhando somente no Centro de Saúde Mojó e em sua área de atuação.
A dedicação de parte da carga horária dos profissionais da ESF Mojó ao trabalho no Centro de
Saúde Nossa Senhora da Luz, que tem Equipe de Saúde da Família própria, prejudica o
atendimento da população residente na área de atuação da equipe.
Durante a visita realizada nas Unidades Básicas de Saúde e Centros de Saúde do Município de
Paço do Lumiar/MA, com Equipes de Saúde da Família com saúde bucal, verificou-se a efetiva
prestação de serviços odontológicos a população. As seguintes equipes foram visitadas:
Mercês, Vila São Pedro, Itapera, Iguaiba, Vila São José e Pindoba.
Além dos problemas de infraestrutura, carga horária dos profissionais e falta de equipamentos
e materiais, já detalhados em itens específicos deste relatório, chama atenção os longos
períodos sem atendimento odontológico das Equipes de Saúde da Família com saúde bucal,
conforme relatado a seguir:
30
11.1 Equipe de Saúde da Família Vila São Pedro
O consultório odontológico não funciona desde 2014. Os profissionais que deveriam trabalhar
no consultório odontológico não foram encontrados na Unidade Básica de Saúde para explicar
os motivos da falta de atendimento.
O consultório odontológico não funciona há mais de dois anos. Os profissionais que deveriam
trabalhar no consultório odontológico não foram encontrados no Centro de Saúde para
explicar os motivos da falta de atendimento.
De acordo com famílias entrevistadas, residentes na área de atuação da equipe, os
tratamentos não são realizados por falta de equipamento/material.
A Unidade Básica de Saúde estava fechada no dia da visita. De acordo com informações
obtidas durante entrevista realizada com famílias residentes na área de atuação da equipe, a
UBS estava fechada há, aproximadamente, duas semanas.
De acordo com a comunidade, a equipe não ofereceu tratamento odontológico nos últimos
dois anos, devido à falta de equipamentos/materiais necessários.
As Unidades Básicas de Saúde devem funcionar com carga horária mínima de 40 horas por
semana, no mínimo cinco dias por semana, e durante os 12 meses do ano, de acordo com
recomendação constante do normativo pertinente. Essa recomendação inclui os profissionais
de saúde bucal.
A ausência e/ou insuficiência de equipamentos e materiais necessários ao adequado
funcionamento dos consultórios odontológicos das ESFs privam as famílias residentes em sua
31
área de atuação do tratamento adequado de seus problemas bucais. Outro problema causado
é a subutilização da mão de obra dos profissionais que trabalham na atenção à saúde bucal.
Além disso, tende a sobrecarregar outros estabelecimentos de saúde.
12.2 Centro de Saúde Nossa Senhora da Luz: Alvará com validade até 03.10.2018.
12.3 Centro de Saúde Itapera Mocajituba: O alvará não estava afixado em local visível ao
público.
12.4 Centro de Saúde Tambaú: O alvará não estava afixado em local visível ao público.
32
12.5 Centro de Saúde da Vila São José: O alvará não estava afixado em local visível ao público.
12.6 Centro de Saúde Vila São Pedro: O alvará não estava afixado em local visível ao público.
12.7 Unidade Básica de Saúde Iguaiba: O alvará não estava afixado em local visível ao público.
12.8 Unidade Básica de Saúde Maiobão: Alvará com validade até 03.10.2018.
Durante as visitas realizadas nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Centros de Saúde do
Município de Paço do Lumiar/MA, verificou-se a existência, em local visível aos usuários, de
informações mínimas a respeito do estabelecimento de saúde, conforme previsto na
legislação da estratégia. Os seguintes estabelecimentos foram visitados: Unidade Básica de
Saúde Maiobão, Centro de Saúde Tambaú, Centro de Saúde da Vila São José, Centro de Saúde
Nossa Senhora da Luz, Unidade Básica de Saúde Iguaiba, Centro de Saúde Itapera Mocajituba,
Centro de Saúde Vila São Pedro e Centro de Saúde Mojó.
A Portaria de Consolidação MS/GAB nº 2, de 28.09.2017, no Anexo I do Anexo XXII, subitens
3.1 e 3.3, detalha as informações que devem estar disponíveis aos usuários dos serviços das
UBS, em local visível. Esses dispositivos têm a seguinte redação:
35
CONCLUSÃO
A fiscalização da Estratégia de Saúde da Família, realizada no Município de Paço do
Lumiar/MA, procurou avaliar, entre outros aspectos, se as Equipes de Saúde da Família
possuem pelo menos a composição mínima, acrescida de profissionais de saúde bucal, quando
for o caso; a forma de contratação dos profissionais; o cumprimento da carga horária;
estrutura física das UBS de acordo com as recomendações do Ministério da Saúde; e a
existência de equipamentos e insumos necessários ao desempenho de suas atribuições e
responsabilidades.
Com base na análise dos documentos recebidos durante o trabalho de campo e nas
informações obtidas durante as visitas às Unidades Básicas de Saúde, Centros de Saúde e
famílias atendidas pelas equipes, os seguintes problemas foram identificados: Equipes de
Saúde da Família com composição mínima incompleta; profissionais trabalhando em Equipes
de Saúde da Família e Núcleos de Apoio à Saúde da Família sem contrato de trabalho
formalizado; cumprimento, por parte dos profissionais de saúde, de carga horária semanal
inferior à exigida pela Estratégia Saúde da Família; impropriedades na atualização dos dados
no Sistema CNES; deficiência na realização de visitas domiciliares pelos Agentes Comunitários
de Saúde; deficiência na realização de visitas domiciliares do médico ou enfermeiro quando
necessário; divulgação insuficiente de reuniões, encontros ou palestras, realizadas para
orientação sobre os cuidados com a saúde; infraestrutura insuficiente das UBS;
insuficiência/ausência de materiais, equipamentos e insumos necessários à realização das
atividades dos profissionais das Equipes de Saúde da Família; membros de Equipe de Saúde
da Família trabalhando na área de outra equipe; profissionais de saúde bucal sem condições
de realizar atendimento adequado a população; Alvará de Autorização Sanitária encontrado
nas UBS e Centros de Saúde está vencido e ausência de informações básicas sobre as Equipes
de Saúde da Família e serviços oferecidos à população, em local visível.
36
ANEXOS
37
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR/MA
Exercícios de 2017 e 2018
25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCACAO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/Maranhão
Ação de Controle: 201900612
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
2
3
SUMÁRIO
SUMÁRIO 4
INTRODUÇÃO 5
CONCLUSÃO 13
ANEXOS 14
Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como folha de
pagamentos, extratos bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, controles
de aquisição e distribuição bens às escolas do município, além da realização de
entrevistas e visitas e inspeções físicas “in loco”.
A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.
5
RESULTADOS DOS EXAMES
BANCO /
CONTA DO
DATA VALOR TIPO DE TRANSFERÊNCIA AGÊNCIA DO
FORNECEDOR
FORNECEDOR
27/02/2018 65.852,10 Transferência Enviada 001/1505-7 37.770-8
14/03/2018 3.465,90 Pagamento de Título - -
13/09/2018 230.700,05 TED-Transf. Eletr. Disponiv. 104/2080-X 0565-3
07/12/2018 23.661,47 Transferência Enviada 001/4323-0 14.198-4
07/12/2018 55.210,07 Transferência Enviada 001/4323-0 14.198-4
TOTAL 378.889,59 ##### ##### #####
Fonte: Extratos bancários da conta específica do Programa (Banco do Brasil, Ag. 4863-1, C/C 12.519-9).
6
c) outrossim, houve movimentações indevidas na conta específica do Programa,
conforme detalhado nas subalíneas a seguir:
7
b) O despacho constante às fls. 65 do processo, emitido pela Secretária Municipal de
Planejamento e Articulação Governamental, aprova o Termo de Referência da licitação.
Contudo, nos autos desse processo não consta nenhum Termo de Referência;
Fonte: Ofício n. 412/2017 – GAB/SEMAF, de 27 de julho de 2017, constante às fls. 134 do processo.
8
quantitativos diferentes de veículos e sem menção a uma ou outra secretaria municipal,
como se vê na figura a seguir:
Fonte: Confirmação da Adesão à Ata de Registro de Preços no 253/2016, às fls. 185 e 186 do processo.
c.4) Nesse novo anexo persiste o problema da falta de clareza nos quantitativos
atribuídos e valores unitários, sem base alguma revelada.
f) Some-se a isto o fato de que não foram encontradas informações no SACOP relativas
ao processo de Adesão a Ata de Registro de Preços, homologada em 23/08/2017.
Ressalte-se que o TCE-MA disponibiliza mural específico em seu site
(http://site.tce.ma.gov.br/index.php/mural-de-licitacoes-2) onde podem ser livremente
consultados os dados de todos os certames alimentados pelas unidades jurisdicionadas
daquela Corte de Contas no SACOP.
9
3. Veículos de transporte escolar próprios e locados não
localizados e veículos próprios parados por defeitos.
10
Foi procedida a vistoria in loco dos veículos próprios e locados. Os resultados dessa
vistoria física foram os citados a seguir:
11
Fonte: Relatório fotográfico elaborado pela equipe de fiscalização a partir da vistoria “in loco”.
12
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos
federais do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar (Pnate) no Município de
Paço do Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018, apresenta inadequações, em função
das irregularidade e impropriedades listadas a seguir:
a) ausência de comprovação de despesas com recursos do Pnate com
documentos hábeis e idôneos;
b) impropriedades e irregularidades em processo licitatório para aquisição de
combustíveis em 2017;
c) veículos de transporte escolar (próprios e locados) não localizados e/ou
parados com defeitos, sem poderem ser utilizados no cumprimento da missão do
Programa.
13
ANEXOS
14
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Exercício 2017 e 2018
25 de outubro de 2019
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA EDUCAÇÃO
Unidade Examinada: MUNICIPIO DE PAÇO DO LUMIAR
Município/UF: Paço do Lumiar/MA
Ação de Controle: 201900609
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
3
SUMÁRIO
SUMÁRIO 4
INTRODUÇÃO 5
6. Não observância do gasto mínimo de 30% dos recursos do PNAE junto ao pequeno produtor
rural, em 2017. Erro! Indicador não definido.4
4
INTRODUÇÃO
Para isso, foram obtidas e analisadas informações diversas, tais como extratos
bancários, notas fiscais e comprovantes de despesas, guias de recebimento dos
alimentos e distribuição às escolas do município, além da realização de entrevistas e
visitas e inspeções físicas “in loco”.
Quanto às restrições ocorridas durante os trabalhos, mesmo após ter recebido desta
Controladoria a Solicitação de Fiscalização nº 01, de 12/03/2019 (Anexo do Ofício nº
4188/2019/Regional/MA-CGU), posteriormente reiterada em expediente de
30/04/2019, por meio das quais foram requeridos diversos documentos e informações,
a Prefeitura de Paço do Lumiar não entregou à CGU alguns dos processos solicitados, a
exemplo das Chamadas Públicas da merenda escolar para 2018, conforme será relatado
mais adiante.
A seguir, apresentaremos os achados para os quais cabe ao gestor local adotar ações
corretivas. Tais achados compõem o relatório de fiscalização para conhecimento dos
Ministérios repassadores de recursos federais, e dos Órgãos de Defesa do Estado para
providências no âmbito de suas competências. Sendo assim, não exigem providências
corretivas pontuais por parte das pastas ministeriais nem o monitoramento isolado das
providências saneadoras a eles relacionadas.
5
RESULTADOS DOS EXAMES
Tabela 01 - Valores totais pagos em 2018 pela Prefeitura de Paço do Lumiar, à conta
do PNAE (Banco do Brasil, Agência 4863-1, Conta 11041-8), para os quais não houve
comprovação de procedimento anterior de contratação (Chamada Pública).
Valor total recebido
Fornecedor CNPJ
em 2018 (R$)
Associação de Pequenos Agricultores
08.983.085/0001-87 352.668,60
da Comunidade de Iguaíba
Clube de Mães do Povoado Pindoba 03.436.586/0001-20 235.113,51
Associação dos Agricultores
15.218.179/0001-25 163.646,20
Familiares Rurais da Vila Residencial
Nova
Cooperativa dosCanaã
Produtores de
22.497.379/0001-20 137.100,76
Acerola, Graviola e Cupuaçu do MA
6
2. Ilegalidade no processo de adesão a Ata de Registro de Preços
para aquisição de merenda escolar em 2017.
Não é crível que Paço do Lumiar/MA, município de 120 mil habitantes e que, em 2017,
segundo o FNDE (http://abre.ai/link01), possuía cerca de 21.138 alunos na rede
municipal, tenha tido a mesma quantidade demandada de merenda em 2016 por
Arari/MA, sendo este um município com 30 mil habitantes e apenas 6.889 alunos na
rede municipal neste ano, segundo dados do INEP (http://abre.ai/link02).
A corroborar tal constatação, veja-se que a quantidade contratada por Paço do Lumiar
em 2018 foi bem superior àquela constante da adesão ocorrida em 2017, para os itens
que se repetiram nesses anos sucessivos, senão vejamos:
7
No âmbito do próprio contrato que decorreu da adesão em comento, qual seja, Contrato
nº 02/2017 celebrado em 02/03/2017 com a empresa R. R. A. Costa Eireli (CNPJ
19.349.771/0001-17), no valor total de R$ 2.175.293,00, foram executadas, para todos
itens, quantitativos superiores aos (constantes da Ata e) contratados, culminando em
pagamentos a essa empresa, no exercício de 2017 e à conta do PNAE (Banco do Brasil,
Agência 4863-1, Conta 11041-8), que chegam a R$ 2.550.184,45.
8
pesquisa exclusivamente via cotação não observou os preços praticados no âmbito dos
órgãos e entidades da Administração Pública (Lei nº 8.666/1993, art. 15, V).
Isto posto, para a análise geral dos preços contratados decorrentes dessa adesão,
utilizou-se o Painel de Preços do PNAE (http://abre.ai/link04), mantido pelo FNDE.
Como o Painel não diferencia os preços dos produtos da agricultura familiar dos demais
fornecedores, e aqueles geralmente são maiores que estes, a consulta, além de refletir
os preços efetivamente praticados no mercado, permite observar a devida prudência e
conservadorismo no cálculo de eventual sobrepreço.
9
Total Preço unitário no Total
Preço unitário
Item Qtde. Painel de Preços do
contratado (R$) (R$) (R$)
PNAE (R$)
Tempero seco 900 12,20 10.980,00 4,10 3.690,00
Vinagre 750 2,30 1.725,00 1,79 1.342,50
- - Total (R$) 2.129.535,00 Total (R$) 1.678.344,50
Fonte: Processos nº 472/2017, que trata de adesão a Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA para
fornecimento de merenda, e consulta ao Painel de Preços do PNAE (https://www.fnde.gov.br/painelprecospnae/),
em 20/05/2019. Parâmetros: 2017 e Nordeste.
Nota 1: Foram retirados da tabela os itens “Extrato de tomate” e “Proteína de soja (carne)”, por não terem
equivalentes (em descrição ou unidade) no Painel de Preços do PNAE.
Nota 2: Os valores unitários no Painel de Preços do PNAE são obtidos por meio de regressão linear ou do cálculo da
mediana, a partir de metodologia própria do FNDE
A partir da tabela acima, é possível verificar que os valores contratados em 2017 foram,
em geral, superiores àqueles praticados por prefeituras do Nordeste nesse mesmo ano
– com exceção dos itens “carne moída” e “pão doce”.
O procedimento de adesão jamais poderia ter ocorrido tal como levado a efeito pela
Prefeitura de Paço do Lumiar, porque:
10
ii) em segundo lugar, porque a empresa detentora da ARP, A. da C. Muniz Neto, assinou
contrato em 02/02/2017 com a Prefeitura de Arari/MA, prevendo parcela dos
quantitativos registrados, portanto nos meses de fevereiro e março de 2017 a ARP
01/PP/28/2016 não havia se encerrado, nem havia sido cancelada, tendo validade até
junho de 2017;
iii) por fim, porque embora conste da ARP que as empresas Batista e Coelho Ltda. e R.
R. A. Costa Eireli comporiam o cadastro de reserva, tal cadastro somente poderia ser
utilizado no caso de impossibilidade de atendimento pelo primeiro colocado da ata, nos
casos de cancelamento (Decreto Federal nº 7.892/2013, art. 11, II, e §2º, c/c art. 20 e
21; Decreto Municipal de Paço do Lumiar nº 3.091/2017, art. 11, II, e §2º, c/c art. 20 e
21). Ou seja, não existe previsão normativa de utilização do cadastro de reserva quando
a empresa detentora da ata se recusa a permitir adesões tardias.
d) Exigência editalícia genérica quanto aos atestados de capacidade técnica, sem indicar
quais quantitativos mínimos deveriam ser comprovados para efeito experiência em
atividade anterior compatível com o objeto do certame; e
11
4. Dano ao erário de R$ 532.811,65, decorrente da execução de
contrato com sobrepreço em 2017.
12
(A) (B) (C) (D) = (C) – (B) (E) = (D) x (A)
Fonte: Processo nº 472/2017, que trata de adesão a Ata de Registro de Preços da Prefeitura de Arari/MA para
fornecimento de merenda, e consulta ao Painel de Preços do PNAE (https://www.fnde.gov.br/painelprecospnae/),
em 20/05/2019. Parâmetros: 2017 e Nordeste. Notas Fiscais nºs 285, 285, 286, 287, 288, 289, 301, 302, 303, 313,
314, 315, 324, 325, 358, 359, 366, 376, 394, 395, todas de 2017, emitidas pela empresa R. R. A. Costa Eireli.
Nota 1: Foram retirados da tabela os itens “12 – Extrato de tomate” e “24 – Proteína de soja (carne)”, por não terem
equivalentes (em descrição ou unidade) no Painel de Preços do PNAE.
Nota 2: Os valores unitários no Painel de Preços do PNAE são obtidos por meio de regressão linear ou do cálculo da
mediana, a partir de metodologia própria do FNDE.
Fonte: Extrato da conta do PNAE (Banco do Brasil, Agência 4863-1, Conta 11041-8), ano 2017. Notas Fiscais
173241821 e 173256266 e processos de despesa respectivos, da Associação de Pequenos Agricultores da
Comunidade de Iguaíba (2017). Notas Fiscais 173241568 e 173256950 e processos de despesa respectivos, da
Associação dos Agricultores Familiares Rurais da Vila Residencial Nova Canaã (2017).
13
6. Não observância do gasto mínimo de 30% dos recursos do
PNAE junto ao pequeno produtor rural, em 2017.
14
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos
federais do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no Município de Paço do
Lumiar/MA, nos exercícios de 2017 e 2018, apresenta inadequações, em função das
irregularidade e impropriedades listadas a seguir:
i) Não comprovação de realização de chamada pública em 2018 para aquisição
de produtos diretamente de pequenos produtores rurais locais;
j) Ilegalidade no processo de adesão a Ata de Registro de Preços para aquisição
de merenda escolar em 2017;
k) Irregularidade no processo licitatório para aquisição de merenda escolar em
2108;
l) dano ao Erário no valor de R$ 532.811,65, referente a execução de contrato
com sobrepreço;
m) despesas não comprovadas com documentos hábeis no montante de R$
130.478,38;
n) não observância em 2017 de gasto mínimo de 30% dos recursos do Programa
com aquisição de produtos diretamente de pequenos produtores rurais
locais.
15
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA
16