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Programa de Fiscalização
em Entes Federativos – V05º
Ciclo
Número do Relatório: 201800720
Sumário Executivo
Uberlândia/MG
Introdução
Este documento trata do resultado dos exames realizados pelo Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União - CGU no 5º Ciclo do Programa de Fiscalização de Entes
Federativos, instituído pela Portaria CGU nº 208, de 17 de janeiro de 2017. Os trabalhos foram
realizados em campo, no município de Uberlândia/MG, no período de março a maio de 2018.
No que tange aos recursos da área da saúde, a ação de fiscalização objetivou acompanhar a
aplicação dos recursos federais transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde para custeio das
ações e serviços de saúde executadas no município de Uberlândia/MG. No âmbito do
Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) / Ação 8585 - Atenção à
Saúde da População para Procedimentos em Média e Alta Complexidade, a fiscalização
compreendeu a avaliação da execução dos contratos de terceirização da gestão de unidades
públicas de saúde para organizações sociais e a verificação amostral de despesas executadas
por meio de dispensas e inexigibilidades de licitação.
Ainda no âmbito da saúde, foi avaliada em que medida os mecanismos instituídos pelas
instituições financeiras oficiais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, estão sendo
suficientes para que o município cumpra as obrigações do Decreto nº 7.507/2011 e de dois
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) e Termos Aditivos assinados
entre as instituições financeiras, Ministério Público Federal e CGU; que, em síntese, têm como
objetivo determinar que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal implementem em
seus sistemas informatizados mecanismos de controle para o cumprimento do Decreto
7.507/2011, especialmente quanto à identificação de beneficiários de saques “em espécie” ou
outras saídas de recurso público das contas-correntes do Fundo Municipal de Saúde.
Quanto aos recursos destinados pelo Ministério das Cidades, a CGU fiscalizou o Contrato de
Financiamento nº 409.705-78, de 13 de dezembro de 2013, cujo objeto corresponde à
implantação do novo Sistema Produtor de Água Potável, denominado Capim Branco,
contemplado no Programa 0121 – FGTS – Saneamento para Todos – Setor Público. A
fiscalização compreendeu a análise documental com fiscalização “in loco” para avaliar a
atuação da GIGOV/UB (Gerência Executiva de Governo da Caixa Econômica Federal de
Uberlândia) e do DMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia na
aplicação dos recursos provenientes do financiamento e englobou a verificação da
conformidade das contratações (projetos, fiscalização, trabalho técnico social e construção);
a verificação da execução financeira e do cronograma; a verificação da execução física dos
serviços; e a verificação do cumprimento dos objetivos do programa.
Montante
Ministério Programa Fiscalizado Qt. Fiscalizado por
Programa
MINIST.DOS Programa de Gestão e 1 36.298.000,00
TRANSP.,PORTOS E Manutenção do Ministério dos
AVIACAO CIVIL Transportes, Portos e Aviação
Civil
TOTALIZAÇÃO MINIST.DOS TRANSP.,PORTOS E 1 36.298.000,00
AVIACAO CIVIL
MINISTERIO DA SAUDE Aperfeiçoamento do Sistema 1 12.271.102,72
Único de Saúde (SUS)
Fortalecimento do Sistema 2 192.908.719,93
Único de Saúde (SUS)
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA SAUDE 3 205.179.822,65
MINISTERIO DAS FGTS-SANEAMENTO PARA 1 359.987.287,50
CIDADES TODOS
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DAS CIDADES 1 359.987.287,50
TOTALIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO 5 601.465.110,15
Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
sobre os quais apresentaram manifestações parciais, cabendo ao Ministério supervisor, nos
casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas
públicas, bem como à apuração das responsabilidades.
Consolidação de Resultados
Foram realizados exames nos processos disponibilizados pelo DNIT, cujo objeto é a
contratação de empresas para a execução das obras do Lote 4.3, referentes à duplicação,
incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia BR-365/MG,
no trevo com a BR-153/MG, situado no município de Monte Alegre de Minas/MG.
Por fim, a partir do levantamento em campo, por amostragem, e com a adoção das informações
técnicas do projeto, a equipe da CGU estimou o quantitativo de serviços de proteção ambiental
(enleivamento/hidrossemeadura), de execução de cercas e de pavimentação, comparando-o
com os serviços medidos e pagos na planilha da última medição acumulada, em percentuais
dos itens contratados, identificando um superfaturamento estimado no valor de R$
8.449.854,24, decorrente da execução a menor de tais serviços e, em alguns casos, da não
execução do serviço pago.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Em relação às obras de construção das três Unidades de Pronto Atendimento - UPA: Cidade
Verde (Córrego do Óleo), Novo Mundo e Pacaembu III, identificou-se que todas as obras
estão paralisadas, com risco de não se atingir os objetivos pactuados originalmente.
Quanto às obras de construção da UPA Pacaembu III, a fiscalização constatou que houve
celebração irregular de termos aditivos de acréscimos e supressões de serviços, ocasionando
extrapolação do limite estabelecido em Lei e o pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título
de administração local.
Por fim, para verificar o cumprimento dos ditames do Decreto nº 7.507/2011, foi analisado o
extrato bancário da conta do Bloco de financiamento de Média e Alta Complexidade, entre o
período de setembro a dezembro de 2017. Da análise, constatou-se que os extratos bancários
da conta mantida na Caixa Econômica Federal não contem a identificação do beneficiário
final (CPF ou CNPJ) e respectiva conta corrente de destino. Essa irregularidade demonstra o
descumprimento do Decreto nº 7.507/2011, com relação à movimentação bancária de contas-
correntes destinadas aos recursos da saúde.
Foi constatada, ainda, a ausência de amparo legal e técnico que justificasse a criação e o
pagamento de despesas referentes ao item orçamentário “adequação de preço para concretos
estruturais fck >= 35 Mpa”, inserido no orçamento da obra por intermédio do 3º Aditivo ao
Contrato nº 085/2015, com valor total de R$ 1.870.675,75.
Outro ponto que merece destaque refere-se à criação do item orçamentário “área de
estocagem provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, pois a fiscalização
identificou fragilidades na justificativa técnica que serviu de embasamento para a sua criação,
além do fato de que o item criado ter contemplado despesas já remuneradas em outro item do
orçamento.
1. Introdução
Este documento trata do resultado dos exames realizados pelo Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União, relativos à execução, pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, das obras do Lote 4.3, referentes à duplicação,
incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia BR-365/MG,
no trevo com a BR-153/MG, situado no município de Monte Alegre de Minas/MG, no valor
contratado de R$36.298.000,00, denominada neste relatório como obra do Trevão.
No local da obra, atualmente existe uma rotatória, que será retirada e onde serão executados
trechos pavimentados duplicados nas duas rodovias, além de alças e ramos para a ligação entre
as mesmas, novas pontes nos dois sentidos da BR-365/MG sobre o Ribeirão Monte Alegre,
alargamento da ponte na BR-153/MG sobre o mesmo Ribeirão no sentido São Paulo-Goiânia
e execução de duas passagens inferiores (viadutos) onde as duas rodovias se cruzam, bem
como todos os serviços complementares necessários a conferir funcionalidade e segurança ao
tráfego, como proteção ambiental, drenagem e sinalização.
2.1 Parte 1
2.1.1. Adoção de planilha sintética para medição de obra executada por meio de
empreitada por preço global.
Fato
A etapa de lances ocorreu no dia 26/06/2013 até às 11:45 horas, sendo que a Construtora
Gomes Lourenço apresentou o menor lance, às 11:38 horas, no valor de R$39.858.956,77.
Tendo em vista que o menor lance permanecia acima do orçamento referencial estimado,
limite aceito pela Autarquia, foi aberta a fase de negociação entre o presidente da Comissão
de Licitação e o representante da Construtora Gomes Lourenço, da seguinte forma (transcritas
apenas as manifestações mais relevantes):
a) No dia 26/06/2013:
- às 12:06 horas, o Presidente da Comissão de Licitação solicitou que fosse apresentada nova
proposta; às 12:15 a empresa informou que se tratava “do entroncamento da rodovia
transbrasiliana com altíssimo fluxo de veículos e caminhões com inúmeros acidentes fatais
diários, que demandará alto custo com segurança, todos os custos e serviços analisados e
conhecidos por nós preço final R$39.839.396,25”.
- às 12:15, o Presidente da Comissão de Licitação indagou se a empresa tinha interesse em
elaborar novo lance e às 12:17 informou que todos aqueles elementos haviam sido levados em
consideração quando da elaboração do projeto apresentado na licitação; também às 12:17 a
empresa respondeu: “não, nosso preço final é de R$39.839.396,25”.
- depois de informar, às 12:20, que agendaria nova fase de negociação e pedir que fosse
analisado o orçamento com um pouco mais de atenção e elaborada nova proposta, às 15:30, o
Presidente da Comissão de Licitação solicitou que fosse declarada nova proposta; às 15:34, a
empresa informou que “após análise do nosso orçamento com os acionistas da empresa
chegamos a nossa melhor oferta no valor de R$39.672.627,62”.
- às 15:46, o Presidente da Comissão de Licitação informou que a lei não o permitia adjudicar
com orçamento acima do constante do projeto da obra, necessitando assim que a empresa
revisse o orçamento para que pudesse negociar em situação mais vantajosa para a União; às
15:47, a empresa informou: “nosso preço mínimo orçado é esse. Estamos terminando uma
obra no mesmo local para o DNIT. Conhecemos o problema e o desafio que essa obra
representa; sendo esta contratação em regime integral e global não vislumbramos qualquer
desconto a mais possível de ser dado. Lamentamos não poder melhorar a proposta. Grato!”.
- às 15:54, o Presidente da Comissão de Licitação explicou que o regime de contratação era
empreitada por preço global, o que indicava um bem detalhado projeto de engenharia, onde
todos os custos foram contabilizados e perguntou: “posso fazer uma contraproposta?”.
- não houve manifestação da empresa, apenas a resposta à indagação de que estava conectado,
então, às 16:20, o Presidente da Comissão de Licitação informou que iria solicitar o anexo,
contendo a proposta de preços, para que, após análise, fossem identificadas possíveis
divergências no orçamento elaborado pela empresa e, às 16:21, informou: “após, iremos
reiniciar as conversações. Compreendido?”; às 16:24, a empresa concordou e informou que
estaria enviando para análise do DNIT.
- às 16:27, o Presidente da Comissão de Licitação informou que o prazo para envio da proposta
de preços seria dia 01/07/2013 e, às 16:28, solicitou o envio do anexo.
b) No dia 01/08/2013:
- às 11:10, o Presidente da Comissão de Licitação informou à empresa que a análise da
proposta de preços havia sido realizada e que o preço ainda estava acima do orçamento
referencial da Autarquia e perguntou se a empresa aceitava negociar; às 11:12, a empresa
informou que aceitava.
- às 11:13, o Presidente da Comissão de Licitação solicitou nova proposta; às 11:15, a
Construtora Gomes Lourenço apresentou a nova proposta: R$36.298.000,00.
- às 11:16, o Presidente da Comissão de Licitação perguntou se aquela era a última proposta;
às 11:17, a empresa respondeu afirmativamente.
- às 11:19, o Presidente da Comissão de Licitação informou que, tendo em vista que o valor
estava dentro dos limites de preços do DNIT, iria solicitar os anexos.
O art. 8º da Lei nº 12.462/2011, instituidora do RDC, lista os regimes a serem utilizados para
a execução indireta de obras e serviços e obras de engenharia. O § 1º do mesmo
artigo determina que devem ser adotados, preferencialmente, os regimes de empreitada por
preço global, empreitada integral ou contratação integrada e o § 2º dispõe que, no caso de
inviabilidade da aplicação do disposto no parágrafo anterior, poderá ser adotado outro regime
previsto no caput do artigo, hipótese em que serão inseridos nos autos do procedimento os
motivos que justificaram a exceção.
O DNIT optou pela adoção de empreitada por preço global, não obstante a determinação
contida no Acórdão TCU nº 1.977/2013 – Plenário no sentido de justificar, no respectivo
processo, a escolha por esse regime, em termos técnicos, econômicos ou outros devidamente
motivados. Essa orientação decorre do fato de que cada regime de execução tem suas
especificidades e, portanto, existe um conjunto de razões pela escolha de um ou outro, segundo
as características da obra. A empreitada por preço global é indicada quando os quantitativos
dos serviços executados puderem ser definidos com precisão, requerendo assim uma definição
minuciosa de todos os componentes da obra e fazendo com que seus custos possam ser
estimados com uma margem mínima de incerteza.
Verifica-se que não basta a escolha pela empreitada por preço global ser preferencial segundo
a Lei nº 12.462/2011, o DNIT deveria ter justificado a definição por tal regime de execução
no caso desta obra, tendo em vista que existe uma imprecisão intrínseca de quantitativos, o
que faz com que ocorra uma transferência maior de riscos para a empresa contratada, o que
potencializa a elevação do valor da obra. Consoante o Item 9.1.3 do Acórdão citado acima,
quando há grandes movimentações de terra e interferências, como é o caso da obra em questão,
onde existe uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários, deve ser
adotada a empreitada por preço unitário. Aliás, a Autarquia invariavelmente tem utilizado a
empreitada por preço unitário para a execução de obras similares à obra do Trevão.
A definição do regime de execução reflete a maneira como a obra deve ser medida. O fato que
agrava a escolha do DNIT é que, apesar de ter escolhido o regime de empreitada por preço
global, a Autarquia vem realizando medições como se fosse empreitada por preço unitário.
Segundo o art. 2º da Lei nº 12.462/2011, a empreitada por preço global deve ser utilizada
quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total, e, na empreitada
por preço unitário, a execução da obra ou do serviço é contratada por preço certo de unidades
determinadas. No primeiro caso, as medições são feitas quando uma etapa ou parcela pré-
definida estiver concluída e, no segundo, há medição apenas dos serviços efetivamente
executados.
Para a obra do Trevão, as medições estão sendo feitas considerando itens agregando vários
serviços, falha que está sendo tratada na alínea b) à frente, que aborda a utilização de uma
planilha sintética. Mas, além disso, o DNIT vem medindo e pagando os serviços segundo um
percentual de execução, típico de empreitada por preço unitário, ou seja, sem considerar etapas
ou parcelas concluídas.
Tome-se como exemplo o Item 6.3 do Quadro 2 – Critérios de Pagamento, relativo à execução
dos serviços de pintura de ligação, TSS, CBUQ e micro concreto asfáltico a frio, incluindo
fornecimento e transporte de material betuminoso. Tais serviços, que estão sendo/serão
executados nas rodovias BR-365 e BR-153, além das Alças 1, 2, 3 e 4 e dos Ramos A, B, C e
D, deveriam ter sido medidos conforme sua evolução, cada um considerando, na soma dos
serviços executados, os custos com fornecimento e transporte de material betuminoso.
Somente poderiam ser pagas as etapas de execução de TSS e CBUQ, por exemplo, após terem
sido concluídas. Alternativamente, poderia ser considerada como etapa a conclusão de TSS e
CBUQ em uma das duas rodovias, em uma alça ou em um ramo.
Da mesma forma, os itens que apresentam unidade de medida “km” e quantidade 2,1, foram
considerados de forma genérica e inclusive não seguem a lógica de medição dos serviços.
Primeiramente, porque 2,1 km é a extensão aproximada apenas do eixo original da BR-365,
não representando assim a extensão correta de todas as vias da interseção, na qual estão
inseridas também obras na BR-153, em quatro alças e em quatro ramos. O que agrava a
inadequação da planilha é o fato de que nenhum dos serviços considerados para serem
executados em 2,1 km são minimamente possíveis de medição seguindo uma lógica de
aferição por meio de uma medida linear seguindo o eixo das vias, a exemplo dos seguintes
itens:
a) 1.1 (desmatamento, destocamento e limpeza), cuja execução é realizada em área, com
medição por m2;
b) 1.2 (escavação, carga e transporte de material de 1ª, 2ª e 3ª categoria e compactação de
aterros), cuja execução é realizada em volume, com medição por m3;
c) 2.1 (corpo e bocas de bueiro tubulares de concreto), cujos serviços são executados por
unidade ou metro linear, mas muitas vezes transversalmente às vias;
d) 6.2 (regularização, camadas granulares, imprimação, incluindo fornecimento e transporte
de CM-30) e 6.3 (pintura de ligação, TSS, CBUQ, micro concreto asfáltico, a frio, incluindo
fornecimento e transporte de material betuminoso), que, além de serem executados em todas
as vias, ramos e alças, com comprimentos e larguras diferentes entre si, englobam serviços
muito díspares e com preços unitários diferenciados: como serviços de pavimentação,
fornecimento e transporte de vários materiais betuminosos, cada uma com distâncias de
transportes, custo e pesos específicos diferentes.
É importante ressaltar que, segundo o Item 3.2 do Anexo I do edital, “o orçamento a que se
refere o Art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93, foi elaborado com base nos preços unitários
do SICRO 2 para o Estado de Minas, o mês base de setembro de 2012, conforme Declaração
de Adequação do Orçamento às fls 04”. Ou seja, o orçamento estimado em planilhas constante
do projeto executivo considerou os preços unitários do SICRO 2, que apresenta composição
de custos de serviços com alto grau de detalhamento. Dessa forma, tendo em vista que houve
detalhamento, no projeto executivo, de todos os itens da planilha e seus respectivos preços
unitários, era perfeitamente possível que o critério de medição, considerando o regime de
empreitada por preço global, especificasse de forma objetiva as regras para realização das
medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de
acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40,
inciso XIV, da Lei 8.666/93.
Assim, a liquidação da despesa, pelo fiscal da obra, deveria ser feita após a aferição dos
serviços executados, de acordo com os itens constantes da planilha orçamentária. Somente a
partir de uma planilha analítica seria possível ao fiscal aferir se os serviços haviam sido
executados em determinados quantitativos nas unidades de km, m2, m3, kg, etc., realizados
por meio de medições, respectivamente, de comprimentos, áreas, volumes, pesos, etc.
c) Licitante vencedor não apresentou planilha com indicação dos quantitativos e dos
custos unitários.
Transcrevem-se, abaixo, trechos da Lei nº 12.462/2011, instituidora do RDC, que dispõe que,
ao adotar o regime de execução de empreitada por preço global, a planilha orçamentária deve
apresentar um detalhamento analítico, compatível com a tal regime:
De acordo com os trechos transcritos, a Lei do RDC determina que o orçamento deve ser
detalhado, fundamentando-se em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente
avaliados. E o Decreto que regulamenta a Lei determina que o licitante vencedor deve
apresentar planilha adequada ao lance vencedor e veda a utilização de unidades genéricas ou
indicadas como verba.
Quanto a essa última imposição, é importante ressaltar que, além do projeto executivo conter
uma planilha orçamentária analítica, a Gomes Lourenço, então licitante, também apresentou
uma planilha analítica relativamente ao valor total de R$39.672.627,62, juntamente com
proposta datada de 01/01/2013 e que se refere ao último valor obtido durante a fase de
negociação do dia 26/06/2013.
ato
/F
#
Manifestação da Unidade Examinada
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT oriente os setores competentes para que, nos procedimentos
licitatórios, elabore planilhas orçamentárias que guardem relação com a regime de execução
adotado e que tais planilha sirvam de base para os critérios de medição e pagamento adotados
nas medições das obras.
Recomendação 2: Que, nas licitações de obras ou serviços de engenharia realizadas por meio
do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, o DNIT oriente os setores
competentes para que, de acordo com art. 17 da Lei nº 12.462/2011, após o julgamento das
propostas, determine que o licitante vencedor reelabore e apresente, por meio eletrônico, as
planilhas orçamentárias com indicação dos quantitativos e dos custos unitários, bem como do
detalhamento das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES), com
os respectivos valores adequados ao lance vencedor.
Recomendação 3: No caso de opção pela utilização do regime de empreitada por preço global,
quando se tratar de obras que, por suas características, não possibilitam uma quantificação
absolutamente acurada dos exatos volumes a executar, a exemplo dos serviços de
terraplenagem e reformas, que o DNIT atenda ao disposto no Acórdão nº 1977/2013 -
Plenário, no sentido de que essa escolha seja justificada no processo em termos técnicos,
econômicos ou outros devidamente motivados.
Fato
A Cláusula Segunda do contrato, que trata do prazo contratual e local de prestação dos
serviços, originalmente, previa a elaboração dos projetos básico e executivo. Então, foi
celebrado o 1º Termo Aditivo, em 26/11/2013, corrigindo a falha, ao retirar tal obrigação da
empresa contratada, tendo em vista que a licitação foi realizada com base em projeto executivo
prévio.
Além dessa falha do projeto executivo, o DNIT não providenciou a desapropriação dos
terrenos na área de intervenção para a execução da obra. Assim, não foi possível a demolição
das edificações (moradias, comércio, etc.), que têm uma grande concentração no lado direito
de implantação da BR-365, no sentido Uberlândia – Ituiutaba, principalmente dentro dos
Ramos A e D, inclusive a escola municipal.
Mesmo com o DNIT estando ciente da superposição da rodovia projetada com o imóvel da
escola municipal, a obra foi executada sem que tivesse sido providenciada a alteração do
projeto inicial. Então, a fiscalização da obra adotou a solução de deslocar o eixo da BR-365
para o sul, em relação à localização do eixo projetado, fazendo com que a pista da BR-365 no
sentido Uberlândia – Ituiutaba fosse executada próxima ao muro da escola municipal.
A Figura 1 abaixo mostra a situação das edificações em relação às rodovias BR-365 e BR-
153, às alças e aos ramos da interseção e a localização da escola municipal próxima à pista da
BR-365.
Tendo em vista que, em relação à desapropriação, havia sido apresentado apenas o projeto
executivo, foi requerido, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201800738/02, de
10/05/2018, que a SRE/MG informasse se existe ou não documentação relativa à
desapropriação, produzida posteriormente ao projeto executivo, e, caso a resposta fosse
positiva, que se disponibilizasse a documentação. A SRE/MG não respondeu a solicitação da
CGU.
Outras entrevistas foram realizadas, além daquela feita com o diretor da escola. Duas pessoas
entrevistadas informaram que as áreas apresentam situação de usucapião da propriedade,
adquiridas há mais de 16 e 20 anos, de pessoas que já detinham a posse. Informaram também
possuírem contrato de compra e venda e que estavam estabelecidos comercialmente, no local.
De forma diferente, o projeto aponta o Posto Trevão como o único proprietário no local da
intervenção.
ato
/F
#
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores em razão da execução da obra sem que tenha sido providenciada a desapropriação
do local do empreendimento e com base em um projeto modificado, contendo irregularidades
que comprometem a segurança, ofertando-se o devido contraditório e ampla defesa.
Fato
Fonte: Pesquisa no Sistema de Acompanhamento de Contratos – SIAC do DNIT, em 10/04/2018, adaptada pela equipe de
fiscalização da CGU.
Conforme informado em ponto específico deste Relatório, a obra foi executada com base em
um projeto modificado. Segundo informação fornecida pelo fiscal do contrato, sua
modificação foi para viabilizar a execução da obra, que, além de outras situações, evitou
conflitos de desapropriação com as seguintes propriedades:
- Escola municipal em funcionamento, que apresentava superposição com o eixo da BR-365
do projeto original;
- 2 áreas particulares, situadas juntas ao trecho final da BR-153, uma à direita e outra à
esquerda, sendo uma com problemas de sucessão;
- Ademais, a parte relativa a reserva legal teria sido resolvida pela permuta com uma área
adquirida na Reserva do Parque de Peruaçu/MG.
Ressalta-se que a obra teve início de vigência em 06/01/2014 e prazo de execução inicialmente
pactuado de 540 dias, com previsão de término em 29/06/2015. Conforme o cronograma
pactuado, a previsão de término dos serviços de terraplenagem, drenagem, pavimentação e
obras de artes especiais ocorreria até o penúltimo mês previsto, maio de 2015. Em junho de
2015, restariam 20% dos serviços de sinalização, 7,5% de proteção ambiental (enleivamento,
hidrossemeadura e plantio de árvores e arbustos) e 15% de Obras Complementares (colocação
de defensas e execução de cercas). No entanto, a obra foi paralisada em 13/06/2015, sem
avaliações da situação, deixando as etapas atrasadas, todas as vias e obras de arte incompletas,
colocando a obra em situações de risco de perda do investimento, conforme relatado em ponto
específico deste Relatório.
Ressalte-se que, segundo consta no SIAC do DNIT, a obra encontra-se paralisada desde
13/06/2015.
e.1) Quanto à documentação, informou que não havia sido apresentada a manifestação
conclusiva do Chefe de Serviço de Engenharia a respeito da proposta de revisão e,
posteriormente, a manifestação conclusiva da Superintendência Regional no Estado de Minas
Gerais, contrariando o disposto na Instrução Normativa DG do DNIT nº 01, de junho de 2004.
e.2) O projeto geométrico foi o que mereceu maiores comentários no Parecer. Segundo o
Parecer, tendo em vista que todos os ramos e alças, à exceção da Alça 2, estavam sendo
executados de acordo com o projeto revisado e se encontravam em estágio avançado, foram
analisados apenas os parâmetros técnicos. Assim:
- Solicitou a apresentação de justificativa técnica para a necessidade das mudanças de traçado,
comprovação da indispensabilidade das readequações e demonstração da sua viabilidade.
- Verificou que a Alça 2 havia sido suprimida no projeto revisado sem qualquer justificativa
técnica, cuja apresentação foi solicitada para comprovar a indispensabilidade da citada Alça.
- Solicitou a apresentação de projetos, memórias de cálculo e quadros, a fim de comparação
dos parâmetros técnicos (raios, superelevações, superlarguras, rampas, tapers de aceleração,
dentre outros) entre o projeto executivo e o projeto revisado, de todas as alças, ramos e
traçados que foram modificados.
- Solicitou a apresentação de nova configuração detalhada das áreas de desapropriação que
seriam suprimidas ou acrescentadas, comparando-se com as áreas de desapropriação
concebidas no projeto executivo e demonstração da viabilidade econômica e social
decorrentes das mudanças das áreas afetadas.
- Solicitou a apresentação de novas soluções para os projetos de drenagem, proteção de
taludes, sinalização e barreiras que sofreram alterações.
f.2) Nesta versão, foi feita uma análise técnica mais aprofundada do projeto geométrico, que
se baseou na observância do Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais do DNER de
1999 e do Manual de Projeto de Interseções do DNIT, publicação IPR-718 de janeiro de 2005.
Tais normas estabelecem que a velocidade diretriz para a interseção é de 60 km/h, a
superelevação máxima para todos os trechos em curva é de 8% e fixam limites para
coeficientes de atrito transversais e raios de curvatura. Em resumo, foram feitas as seguintes
críticas no Parecer:
f.2.2) Inobservância do raio de curvatura horizontal mínimo (bordo interno) nas Alças 3 e 4,
bem como do comprimento total mínimo da curva vertical côncava da Alça 4, comprometendo
a segurança;
f.2.3) Inobservância do raio de curvatura horizontal mínimo (bordo interno) nos Ramos A, B,
C e D, da rampa máxima nos Ramos B e D, bem como do comprimento total mínimo da curva
vertical côncava do Ramo D, comprometendo a segurança.
Entretanto, para o prosseguimento das análises, voltou a solicitar que fossem providenciadas
as mesmas informações solicitadas na 1ª versão, além de planilha de acréscimos e supressões,
juntamente com o reflexo financeiro resultantes das modificações propostas, inclusive devido
à retirada da Alça 2.
g) Por meio do Fax nº 474/2015 (não foi possível identificar a data), a CGCONT/DIR
encaminhou à SREMG cópia do Parecer Técnico nº 052/2015, “com o objetivo de eliminar as
pendências e efetuar as correções com a maior brevidade possível”, determinando o prazo de
15 dias para o encaminhamento das respostas às pendências.
O grau de profundidade das alterações afetou as condições técnicas das alças e ramos de tal
forma que a obra não poderia ter sido iniciada sem aprovação do projeto modificado. E,
claramente, existem divergências entre o posicionamento da Nota Técnica, transcrita na alínea
b) retro, elaborada pelo Supervisor da UL Uberlândia à época e fiscal do contrato, e as duas
versões do Parecer Técnico nº 052/2015, elaborado pela CGCONT/DIR, descritas nas alíneas
e) e f).
O Parecer Técnico nº 052/2015, de maneira inversa, além de não vislumbrar justificativa para
a supressão da Alça 2, ao contrário da Nota Técnica, entendeu que a mudança não observava
os parâmetros técnicos aceitáveis relativos ao raio de curvatura horizontal mínimo (bordo
interno) nas Alças 3 e 4 e nos Ramos A, B, C e D, ao comprimento total mínimo da curva
vertical côncava da Alça 4 e do Ramo D e à rampa máxima nos Ramos B e D. E todos esses
aspectos comprometiam a segurança.
Cabe esclarecer que essa nova proposta de RPFO não foi apresentada à equipe de fiscalização
da CGU, pois, em relação à revisão de projeto, foi disponibilizado somente o Processo
Administrativo nº 50600.009070/2015-27.
- Na Nota Técnica que elaborou, o fiscal do contrato informou que as alterações promoveriam
a melhoria da trafegabilidade e buscavam o aprimoramento da segurança dos usuários.
Entretanto, a análise do Parecer Técnico da CGCONT apresentou diversas inconsistências no
projeto modificado. Dessa forma, o órgão técnico do DNIT encarregado de verificar se as
alterações atendiam aos padrões técnicos da Autarquia contradisse frontalmente o
posicionamento da fiscalização.
Em relação à continuidade das obras, que permanece sem execução desde junho de 2015,
consta no Processo Administrativo nº 50600.024855/2013-68 que:
- Em 01/08/2017, a Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do DNIT encaminhou à Diretoria
do Departamento de Outorgas de Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil o Ofício nº 2.414/2017/DISPEO/DIR/DNIT SEDE-
DNIT, prestando as informações requeridas em relação aos contratos vigentes do DNIT na
rodovia BR-365/MG (a obra do Trevão, o Viaduto da Xapetuba e a Travessia de Uberlândia),
que refletiam o cenário mais provável em que as obras se encontrariam quando da assunção
do trecho pela futura concessionária, previsto para setembro de 2018. Quanto à obra do
Trevão, do valor inicial do Contrato TT-829/2013 (R$36.298.000,00), restava um saldo
contratual de R$14.097.752,07, ambos a preços iniciais, com data base referente a setembro
de 2012. Para atualização do valor de forma geral e ampla, foi utilizado o Índice Nacional da
Construção Civil – INCC, resultando no montante a executar de R$ 19.243.789,17, conforme
a tabela a seguir:
- É importante ressaltar que no, Ofício nº 2.414/2017, o DNIT não informou que a obra foi
executada diferentemente do projeto original e que foi criado um impasse dentro da própria
Autarquia, tendo em vista que o Parecer Técnico nº 052/2015 da CGCONT apontou que, da
forma como está sendo executada a obra, há comprometimento da segurança.
Por fim, cabe informar ainda que a Resolução nº 34, emitida em 19/03/2018 pelo Conselho
do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República, aprovou a concessão
de exploração de infraestrutura e prestação de serviços rodoviários no âmbito da Rodovia BR-
364/365/GO/MG, entre o entroncamento com a BR-060(A) (Jataí) e o entroncamento com a
LMG-749 (Contorno Oeste de Uberlândia). No trecho a ser concedido, situa-se o local onde
está sendo executada a obra do Trevão.
ato
/F
#
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores da fiscalização e do acompanhamento da obra, em razão da ausência de alerta, antes
do início da obra, às instâncias superiores do DNIT, sobre os problemas existentes relativos à
superposição do eixo original da BR 365 com a escola municipal, por submeter
intempestivamente, para análise do setor competente do DNIT, o projeto contendo as
alterações e por informar, ao contrário do posicionamento do setor competente do DNIT, que
as alterações promoveriam a melhoria da trafegabilidade e buscavam o aprimoramento da
segurança dos usuários, ofertando-se o devido contraditório e ampla defesa.
Fato
A licitação para execução da obra ocorreu com base no projeto executivo da engenharia para
duplicação dos trechos das rodovias BR-365/MG e BR-153/MG, que faziam parte da
interseção entre elas, incluindo melhoramentos para adequação da capacidade e segurança da
interseção. O referido projeto foi elaborado pela Engesolo Engenharia, CNPJ
17.376.138/0001-92. Continha as informações básicas para sua execução.
Cabe ressaltar que, por meio do projeto original, a equipe da CGU levantou os quantitativos
de eleivamento a serem executados na obra. O valor encontrado foi de 198.560,00 m 2 e não
341.055 m2, conforme o quadro de quantidades do projeto e da planilha vencedora. Verificou-
se, então, uma superestimativa do serviço no quantitativo de 142.495,00 m2, que, ao ser
multiplicado pelo valor unitário contratado de R$ 10,18/m2 (R$3.470.488,83/141.055m2),
representou uma superestimativa no valor de R$1.449.992,82, somente para o serviço de
eleivamento de Alças, Ramos e Canteiros Centrais.
Conforme observado na visita técnica, junto à Rodovia BR-365 atual, a área interna do
Canteiro de obras/usina já era totalmente pavimentada bem antes da execução da obra. No
local, o fiscal da obra informou que somente foi executado o enleivamento na parte externa e
frontal margeando a BR-365. Desta forma, foi estimado a execução de 1.800 m2 em
eleivamento neste local. As seguintes fotos de execução do enleivamento foram apresentadas
nos relatórios de medições:
Na BR-365, BR-153, alças e ramos, para fins do levantamento dos serviços de enleivamento,
que totalizaram 62.082,75 m², a equipe da CGU considerou a vegetação encontrada dentro do
Ramo B, bem como nas laterais das vias e ramos e canteiros centrais dos segmentos que
tiveram intervenção, com exceção do ramo C e D, que se encontravam na fase de
terraplenagem. A vegetação existente aparentava similaridade com aquela da região,
principalmente as encontradas nas pastagens laterais. Entretanto, por prudência, foi
considerada no cálculo do quantitativo executado. As fotos a seguir apresentadas, registradas
pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018, exemplificam a situação.
Foto 08 – na lateral da BR-365 projeto em execução Foto 09- Vista da vegetação na lateral à obra, área
- (16/05/2018). ainda sem intervenção - (17/05/2018).
Observando os detalhes da foto acima, pode-se confirmar a situação das vias componentes do
trevo que serão descritas a seguir:
c.1) BR-365 anterior à BR-153 – após a Estaca 21 do projeto anterior e Estaca 7+10 do projeto
modificado, na confluência com a BR-365 atual - sentido Ituiutaba, ambas as pistas tiveram
início da fase de pavimentação, após um curto trecho terraplenado, seguido de outro executado
somente em base. A partir daí, verificou-se um maior trecho em camada granular (base) com
sinais de imprimação. Nestes trechos, pôde-se observar os elementos soltos, a base exposta e
com muito mato. Para efeito do levantamento, considerou-se como base imprimada. Na pista
da direita em direção a Ituiutaba, a base imprimada foi executada até pouco antes da sua junção
com o final do Ramo D. Já na pista da esquerda seguiu um pouco mais até antes da sua junção
com o início do ramo C, do projeto modificado.
Foto 12 – BR-365-Pista esquerda com base
Foto 13 – Pista direita – início da pista próximo
apresentando sinais de imprimação próximo à
a BR-365 atual - (17/05/2018).
BR-365 atual- (17/05/2018).
c.2) BR-365 depois da BR-153 (sentido Ituiutaba) - os serviços executados foram pontuados
a partir das obras de execução das Passagens Inferiores (fotos 18). A pista da direita
apresentou um pequeno trecho executado com apenas base, seguido de um mais extenso em
CBUQ de 4 cm e, na sequência, um seguimento em Tratamento Superficial Simples–TSS,
finalizando em base de brita, anteriormente ao pátio de vigas da Ponte Montante do Ribeirão
Monte Alegre. Diferentemente, a pista esquerda iniciou-se a partir da PI, com um trecho mais
longo em base (foto 18 e 19), seguido de outro em CBUQ de 4 cm, menor que o da direita. A
execução do TSS na pista esquerda (foto 20) foi mais extensa que o TSS da direita (foto 20 e
21). Finalizou com curto trecho em base, anterior ao pátio de vigas. Os referidos serviços
executados podem ser visualizados na figura IV acima e nas fotos registradas pela equipe de
fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018, apresentadas a seguir:
Foto 18- Vista do trecho de ambas as pistas com Foto 19 – vista de ambas as pistas. O asfalto da
CBUQ de 4 com de espessura. Verifica-se o pista esquerda (à direita na foto) iniciou bem
início da execução do CBUQ da Pista esquerda depois do CBUQ da pista direita (à esquerda na
posteriormente ao da pista direita - (16/05/2018). foto) - (16/05/2018).
Cabe observar que o canteiro central não seguiu a largura de 6 m conforme determinava o
projeto original.
Foto 24 - BR-153 – Detalhe -Trecho executado em Foto 25 - BR-153 – Inicio do trecho final
CBUQ com 4 cm de espessura – (16/05/2018). executado com CBUQ de 8 cm - (16/05/2018).
c.4) Desvio executado na BR-153 – Embora não contivesse informação de que o desvio seria
medido e pago, sua execução ocorreu para viabilizar a execução dos serviços das Passagens
Inferiores, tais como os caminhos de serviços, que são, normalmente, executados e
incorporados aos custos dos serviços elencados na planilha. De forma contrária, o pavimento
do desvio na BR-153 foi quantificado e acrescido aos quantitativos dos serviços executados.
c.5) Alça 1 – Ainda sem execução. Será coincidente, com poucas alterações, com a atual pista
da BR-365, anterior à rotatória existente entre as duas rodovias.
c.6) Alça 2 – Ainda sem execução. Foi solicitada a retirada da pista quando da solicitação de
aprovação do Projeto Modificado, situação que foi abordada em ponto específico deste
Relatório.
c.7) Alça 3 - Foi avaliada a partir da pista esquerda da BR-365 em execução, iniciando com
um primeiro trecho executado em CBUQ de 4 cm de espessura, seguido de um trecho em que,
metade da pista apresentou 8 cm e metade em 4 cm, findando com 8 cm de CBUQ na largura
total. Seguiu, nesta espessura, por um bom trecho e terminou com a espessura de 4 cm em um
trecho menos extenso. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias
16 e 17 de maio de 2018.
Foto 26 –Trecho em CBUQ com 4 cm de Foto 27 – Parte da pista em CBUQ de 4 cm e
espessura - (16/05/2018). metade com CBUQ de 8 cm - (16/05/2018).
Foto 28 – Final do primeiro trecho com a alteração Foto 29–Vista das diferentes espessuras na
de espessura (16/05/2018) Alça 3 (16/05/2018)
c.8) Alça 4 – Foi avaliada a partir da BR-153 no sentido Uberlândia. O pavimento terminou
bem antes do final de sua interseção com a BR-365 atual. Iniciou-se com um trecho mais
extenso executado em CBUQ na espessura de 4 cm, seguido de um curto trecho final com
execução apenas em base granular. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de
fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.
Foto 31 – Vista do trecho final da Alça 4
Foto 30 - vista da Alça 4 (17/05/2018)
anterior a BR- 365 atual (17/05/2018)
c.9) Ramo A – Ramo A –Verificou-se que a sua execução teve início em base imprimada a
partir da BR-365 em execução até a proximidade da atual BR-365, finalizando com pequeno
trecho em somente base. A maior parte deste ramo não sofreu intervenção, tendo em vista que
sua execução interfere com a atual via da BR-365, logo posterior à rotatória atual, em direção
a Ituiutaba. E desta, com a atual via que tangencia a rotatória, em direção à cidade de
Prata/MG. Além deste fato, o ramo finalizaria na pista direita da BR-153, ainda sem execução.
Assim, o trecho restante só poderá ter continuidade após a conclusão das PI’s e da BR-365,
possibilitando a transferência do tráfego para a nova via. As fotos a seguir foram registradas
pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.
c.10) Ramo B - Este ramo tem início na pista direita da BR-153 a ser duplicada, após a
Passagem Inferior, local ainda sem pavimento, conforme comentado no item c3 e termina na
BR-365 em execução. A partir de pequena distância ainda em terraplenagem, iniciou-se a
pavimentação do ramo com um curto trecho executado em base, seguido de um trecho mais
extenso em CBUQ de 4 cm de espessura. Finalizou em pequeno segmento em base, bem antes
da sua junção final com à BR-365 do projeto executado, região ainda em etapa de
terraplenagem. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias 16 e
17 de maio de 2018.
Quadro VIII –Cálculo das áreas e volumes das etapas do Pavimento por via
Vol.
Área (m2)
(m3)
Vias
BR- Desvio Alça Ramo Ramo Total Total
BR-365 Alça 04
153 BR-153 03 A B (m2) (m3)
Regul. Subleito 17.887,50 3.576,00 3.900,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 38.151,26
Sub-base 17.887,50 3.576,00 3.600,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 37.851,26 6.813,23
Base 17.157,00 3.576,00 3.600,00 4.087,38 3.942,50 1.254,00 3.049,50 36.666,38 5.499,96
1ª Imprimação 17.887,50 3.576,00 3.600,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 37.851,26
2ª Imprimação 13.409,55 3.576,00 3.600,00 4.087,38 3.942,50 1.064,00 2.574,50 32.253,93
Total imprimação 31.297,05 7.152,00 7.200,00 8.325,34 8.030,25 2.364,20 5.736,35 70.105,19
TSS 6.264,00 3.576,00 3.300,00 3.764,69 3.631,25 980,00 2.371,25 23.887,19
Pintura Ligação 3.540,00 3.576,00 3.300,00 3.764,69 3.631,25 2.371,25 20.183,19
CBUQ 4 cm 3.510,50 3.576,00 3.150,00 3.528,05 3.403,00 2.222,20 19.389,75 775,59
CBUQ 4 cm 1.768,00 3.000,00 2.708,05 7476,05 299,042
Total CBUQ 8 cm 3.510,50 5.344,00 6.150,00 6.236,10 3.403,00 0,00 2.222,20 26.865,80 1.074,63
Obs.: Para efeito de levantamento, considerou-se o comprimento apurado “in loco”, a espessura do pavimento de
projeto (18 cm de sub-base, 15 cm de base e 2 camadas de CBUQ de 4 cm (8 cm)) e as larguras adotadas no Quadro de
Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação constante do Projeto Original, para cada via.
Fonte: Levantamento “in loco” e Quadro de Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação
Comparando os quantitativos apurados pela equipe da CGU com os serviços medidos e pagos
na planilha da última medição acumulada, em percentuais dos itens contratados, identificou-
se um superfaturamento estimado no valor de R$ 8.449.854,24, conforme a tabela apresentada
a seguir:
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores pela medição de serviços não efetivamente executados, ofertando-se o devido
contraditório e ampla defesa.
Recomendação 4: Que o DNIT promova, nos termos da Cláusula Décima do Contrato TT-
00466/2014 e do art. 87 da Lei nº 8.666/93, a instauração de processo administrativo de
apuração de responsabilidades (PAAR) com vistas à aplicação das devidas sanções à empresa
supervisora das obras, Etel Estudos Técnicos Ltda., CNPJ 76.509.686/0001-02, em
decorrência da mesma não ter identificado as divergências entre os quantitativos medidos e
os efetivamente executados durante o acompanhamento da execução da obra, ofertando-se o
devido contraditório e ampla defesa.
Fato
Dessa forma, a fim de verificar se houve alteração do valor contratado, a equipe de fiscalização
da CGU efetuou, por amostragem, medições nos serviços de pavimentação, utilizando a planta
“Comparativo Projetos – Projeto Original x Projeto Executado”, disponibilizada pelo fiscal
da obra para a 1ª RPFO. Comparando-se as quantidades apresentadas no “Quadro de
Quantidades”, folha IN-05 do Volume 2 – Projeto de Execução original, de março de 2010,
com as quantidades calculadas pela equipe de fiscalização a partir do projeto comparativo,
verificou um sobrepreço de R$1.038.752,70, apenas nos serviços de pavimentação, decorrente
da modificação do projeto, com redução nos quantitativos originais, conforme planilha abaixo.
Fonte: elaborado pela equipe da CGU, baseando-se no “Quadro de Quantidades” folha IN-05 do Volume 2 –
Projeto de Execução original, de março de 2010, e os cálculos a partir a planta “Comparativo Projetos – Projeto
Original x Projeto Executado” disponibilizado pelo fiscal do contrato.
ato
/F
#
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores, em razão da execução da obra com alterações de quantitativos sem a celebração
de termo aditivo modificando as quantidades contratadas, ofertando-se o devido contraditório
e ampla defesa.
Fato
Foto 44 – início da formação e agravamento da Foto 45 – erosão no talude, vista do eixo onde
erosão - (17/05/2018). está sendo implantada a BR-365 - (17/05/2018).
Erosão no talude de corte da pista esquerda da BR-365 (próxima à estaca 27, anterior ao Ramo C,
sentido Uberlândia à Ituiutaba), que se origina no terreno próximo à BR 365 e o Ramo C (falta de
cobertura vegetal e de elementos de drenagem).
Foto 46 – início da erosão no terreno próximo ao Foto 42 – erosão no talude, vista no início do
Ramo C - (17/05/2018). Ramo C - (17/05/2018).
Erosão no talude de corte do lado direito do Ramo C (próxima à estaca 1), que se origina no terreno
próximo à BR 365 e o Ramo C (falta de cobertura vegetal e de elementos de drenagem).
Fotos 48 e 49 – erosão na pista do Ramo C e falhas nos taludes, vistos entre as estacas 2 e 4 -
17/05/2018).
Erosão na pista do Ramo C, onde foi realizada apenas terraplenagem (falta de pavimentação e de
elementos de drenagem) e falhas nos dois taludes de corte do Ramo C (falta de cobertura vegetal).
Foto 50 - erosão no canteiro central da BR 365 - Foto 51- erosão na pista direita da BR 365 -
(17/05/2018). (17/05/2018).
Erosão no canteiro central e na pista direita da BR 365 no sentido Uberlândia a Ituiutaba, entre as
estacas 27 a 29, local onde foi realizada apenas terraplenagem (falta de pavimentação e de elementos
de drenagem).
Foto 52 – formação da erosão na lateral direita da
Foto 53 – final da erosão - (17/05/2018).
pista - (17/05/2018).
Erosão entre a pista e o talude de corte do lado direito da Alça 4 (precariedade de cobertura vegetal e
falta de elementos de drenagem).
b) A concretagem e protensão das vigas longarinas das pontes da BR-365/MG sobre o Rio
Monte Alegre nos terrenos próximos às duas cabeceiras das pontes, há mais de três anos, sem
que as mesmas tenham sido transportadas para as pontes e efetuado o travamento das mesmas,
conforme registro fotográfico adiante, torna necessário que se faça uma avaliação técnica para
determinar se as longarinas estão aptas a serem utilizadas.
Foto 53 – vigas longarinas concretadas e Foto 54 – vigas longarinas concretadas e
protendidas próximas às duas pontes sobre o Rio protendidas próximas às duas pontes sobre o Rio
Monte Alegre, no lado montante - (16/05/2018). Monte Alegre, no lado jusante - (16/05/2018).
Foto 55 – ferragem exposta no topo de todos os Foto 56 – ferragem exposta no topo de pilares da
pilares da Passagem Inferior Esquerda - Ponte sobre o Rio Monte Alegre – montante -
(17/05/2018). (16/05/2018).
ato
/F
#
Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores, em razão da execução incompleta de serviços que resultaram em erosões e na
necessidade de reexecução desses serviços, ofertando-se o devido contraditório e ampla
defesa.
2.2 Parte 2
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências imediatas de regularização por parte dos gestores federais, com
vistas à elisão dos pontos ressalvados no presente relatório, relativos à situação encontrada até
maio/2018 e sintetizados a seguir:
a) Para a medição da obra, que adotou o regime de execução de empreitada por preço
global, foi utilizada planilha sintética, com itens agrupados, o que contraria a jurisprudência
do TCU, tendo em vista que dificulta tanto a formulação das propostas, como a própria
medição dos serviços.
b) O inventário das propriedades existentes não detectou o local correto de uma escola
municipal que está em funcionamento, fazendo com que o eixo da BR 365 fosse projetado
sobre a escola. Em virtude dessa falha do projeto de desapropriação e como a obra foi
executada sem a remoção das edificações (moradias, comércio e a escola municipal) que
existem em toda sua área de intervenção, o eixo executado da BR 365 foi deslocado para o
sul em relação ao projetado, acarretando em readequações planialtimétricas na BR 365 e
principalmente em alças e ramos.
c) O DNIT autorizou o início da execução da obra em 06/01/2014, com a ciência do fiscal
da obra de que o eixo projetado da BR 365 passava sobre a escola municipal que estava em
funcionamento, sem providenciar a remoção da mesma, conforme informado acima. Isso
acarretou em readequações planialtimétricas na BR 365 e em alças e ramos. Somente em
17/06/2015 é que o fiscal do contrato elaborou Nota Técnica informando a necessidade de
Revisão de Projeto em Fase de Obras, visando a readequação do projeto, em função da
alteração do traçado e da supressão da Alça 2. Entretanto, em 26/08/2015, a CGCONT emitiu
o 1º Parecer Técnico e, em 25/11/2015, o 2º Parecer Técnico, concluindo que raios de curvas
e rampas de algumas alças e ramos propostos na adequação estavam foram dos parâmetros
técnicos do DNIT e solicitando a apresentação de justificativas técnicas para as alterações.
Em 13/04/2017, o fiscal do contrato informou que estava em elaboração nova proposta de
RPFO, que seria em breve encaminhada à SREMG para avaliação. No processo encaminhado,
não consta essa nova proposta de RPFO.
d) Tendo em vista que não houve aprovação, pelo setor competente do DNIT, do projeto
alterado, que foi encaminhado intempestivamente ao mesmo, a obra do Trevão foi paralisada
em 13/06/2015 e o contrato foi suspenso em 25/06/2015.
e) O DNIT, em ofício encaminhado à Diretoria do Departamento de Outorgas de
Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil,
no qual solicitou que a obra do Trevão fosse incluída no escopo do projeto de concessão,
especificamente devido ao período de grande restrição orçamentária e financeira imposta à
Autarquia, não informou que a obra foi executada diferentemente do projeto original e que foi
criado um impasse dentro do próprio DNIT, tendo em vista que a posição do órgão técnico
responsável pela análise e aprovação da revisão de projeto apontou que, da forma como está
sendo executada a obra, há comprometimento da segurança, ao contrário do entendimento da
fiscalização da obra.
f) Houve pagamento superfaturado de serviços de proteção ambiental (enleivamento e
reconformação do terreno), tendo em vista que a área medida e paga, que corresponde às
quantidades de projeto, são muito maiores que a área real total de execução dos serviços. Além
disso, foi medida e paga a execução de enleivamento em jazidas, quando na verdade foi
projetada a execução de hidrossemeadura.
g) Houve pagamento superfaturado de serviços de proteção ambiental (enleivamento) e
de pavimentação executados a menor e de obras complementares (cercas de arame) não
executados.
h) A obra foi executada segundo novo traçado na BR 365, o que alterou as quantidades
dos serviços executados em todo o perímetro da intervenção. Entretanto, não foi
providenciada a alteração da planilha contratada.
i) Na inspeção física da obra, ocorrida em maio de 2018, verificou-se a existência de
erosões e deterioração de alguns serviços, como drenagem superficial, sub-base e base, em
virtude de não complementação do serviço de drenagem, além da precariedade com que foi
executada a cobertura vegetal.
Ordem de Serviço: 201800261
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: UBERLANDIA
Montante de Recursos Financeiros: R$ 12.271.102,72
1. Introdução
Ressalta-se que os empreendimentos estão sendo executados com recursos repassados pelo
Fundo Nacional de Saúde- FNS, mediante os seguintes processos: - Processo nº
25000.141524/2010-61, Proposta nº 18431312000110000, Portaria nº 2736/GM, valor do
repasse de R$ 2.600.000,00; - Processo nº 25000.147513/2010-94; Proposta nº
18431312000110000, Portaria nº 2915/GM, valor do repasse de R$ 2.600.000,00; - Processo
nº 25000.141528/2010-49; Proposta nº 18431312000110000, Portaria nº 2737/GM, valor do
repasse de R$ 2.600.000,00.
A fiscalização dos repasses para as três obras compreendeu a análise documental com
fiscalização “in loco” para avaliar a atuação da Prefeitura Municipal de Uberlândia na
aplicação dos recursos transferidos ao município e englobou a verificação da conformidade
das contratações; a verificação da execução financeira e do cronograma; a verificação da
execução física dos serviços; e a verificação do cumprimento dos objetivos do programa.
2.1 Parte 1
2.1.1. Paralisação das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, com risco de
perdimento do objeto.
Fato
55 de 302
2.600.000,00
Fonte: Cronograma de Desembolso- Anexo à Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009.
Para o caso da UPA Cidade Verde II (Córrego do Óleo), as liberações, até o momento da
fiscalização, ocorreram da seguinte forma:
Valor
Data do
Parcela Repassado
Repasse
(R$)
1 16/11/2010 260.000,00
2 30/04/2014 1.690.000,00
Total 1.950.000,00
Fonte: Documentação referente à liberação de recursos
56 de 302
03 15/07/2015 prorrogação de Realização de estudos para possíveis
prazo de execução alterações arquitetônicas, para
das obras por mais atender às exigências normativas
365 dias ( relativas à acessibilidade;estudos
20/07/2015 a para possíveis alterações nas
18/07/2016) especificações do contrato, tendo em
vista alterações ocorridas nos
serviços de terraplenagem, que
sofreram alterações devido ao local
de instalação da obra.
04 06/08/2015 Acréscimos de Levantamento planialtimétrico
serviços na ordem georreferenciado efetuado, apurou
de R$ 159.393,44, divergências nos quantitativos
referente a constantes da planilha licitada, com
diferenças apuradas relação aos volumes de cortes e
entre volumes de aterros.
cortes e aterros.
05 15/07/2016 prorrogação de Morosidade no repasse de recursos.
prazo de execução
das obras por mais
166 dias (
19/07/2016 a
31/12/2016).
Fonte: Termos Aditivos ao Contrato nº 134/2014
Desde o início das obras, em 20/03/2014, foram efetuadas 3 medições, que perfizeram um
percentual de 24,33% em relação ao valor contratual.
Total 900.051,36
Fonte: Boletins de Medição - Contrato nº 134/2014
57 de 302
Note-se que a 1ª medição ocorreu quase cinco meses após o início das obras. Observa-se,
também, que a medição “1 A”, referente ao 4º termo aditivo, que foi lavrado somente em
agosto/2015, foi lançada em período retroativo, ou seja, agosto a setembro de 2014. Justifica-
se nos autos que tal fato se deu em função da morosidade na liberação de recursos, mas os
fatos ocorridos indicam que o contrato apresentava problemas de gerenciamento, tanto que
as obras foram totalmente paralisadas, conforme se verá nos parágrafos subsequentes.
Consta que, em 27/01/2016, foi assinada uma Ordem de Suspensão, por interesse da
Administração Pública, para que fossem avaliados os ajustes a serem implementados, em
face de divergências ocorridas entre o projeto e a planilha de quantitativos.
Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia via Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM, de
07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar as providências de
58 de 302
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA´s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o referido parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo.
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”
O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.
59 de 302
nova seria de 18 (dezoito) meses, a contar da data do pagamento da primeira parcela do
incentivo financeiro. A primeira ordem bancária foi emitida em 16/11/2010. Por sua vez, o
art. 24 estabelecia a devolução imediata dos recursos financeiros repassados na hipótese de
descumprimento deste prazo.
Em 09/03/2018, por ocasião da visita ao local das obras, situada no loteamento Cidade Verde
(Coordenadas: 18º 56’06” S/48º 19’58” W), a CGU encontrou a situação apontada nos
relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de Obras, qual seja,
obras totalmente paralisadas, ainda na fase de superestrutura metálica sem fechamento,
60 de 302
sujeita à ação das intempéries e de vândalos, pois o local se encontra desprovido de qualquer
fechamento lateral com tapumes. As fotos seguintes ilustram a situação encontrada:
Foto 01: Situação encontrada: Obras Foto 02: Outra vista do local, verifica-se a
abandonadas, com riscos de danos por total ausência de proteção lateral ( tapumes)
intempéries (oxidação inicial em alguns e a exposição da estrutura metálica, sem o
pontos da estrutura metálica) e depredação. devido tratamento contra oxidação, às ações
Local sem proteção nem vigilância. Riscos do tempo. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
de perdimento do objeto. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).
61 de 302
(...)
(...)
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/M
#
Cabe aqui reiterar a parte final do arrazoado interposto pelo gestor, para um melhor deslinde
sobre o assunto:
(...)
o Município está tomando as providências para devolução do valor repassado acrescidos
de correção monetária previsto em lei, bem como a destinação da estrutura existente para
aproveitamento de outros Órgãos da Administração Pública Municipal.
Portanto, diante da recente publicação da Portaria nº 1.653 de
62 de 302
11/06/2018GM/MS, na qual ficou definida a devolução do recurso, é que a Administração
Pública poderá definir sobre o reaproveitamento da estrutura, portanto, não sendo possível
afirmar sobre perdimento do objeto em questão como apontado no relatório.
(...).
A devolução dos recursos não trata de um ato proativo da atual gestão, tratando-se apenas
de cumprimento de exigências legais, quanto ao fato de não consecução do objeto pactuado.
Quanto ao perdimento do objeto, a CGU, ao inferir sobre isso, pautou-se apenas ao destino
original da referida estrutura, qual seja, uma Unidade de Pronto Atendimento. Assim, o
objetivo do repasse, que é a implantação da UPA Córrego do Óleo restou inequívoco que ao
que tudo indica, não será atingido. Mesmo que haja reaproveitamento da estrutura ali
existente, nos termos das justificativas acima, a mesma se dará em objeto distinto ao
pactuado originalmente.
trI
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n
/A
#
Fato
63 de 302
Figura II-Montagem do sistema dry-wall e painéis cimentício
Por definição, superestrutura de uma obra é um elemento de uma estrutura que se projeta
acima da linha de base. No caso de um edifício, representa geralmente a parte do edifício
situado acima do solo. Dando continuidade à análise do memorial descritivo em comento,
constatou-se que, conforme projeto, além da estrutura em aço USI SAC 300 já citado acima,
que comporá a superestrutura das UPA’s, existem peças em concreto armado que também
farão parte integrante da superestrutura, tais como as edificações complementares externas
(abrigo do gerador, abrigo dos gases medicinais, depósito de resíduos e estrutura onde
deveriam ter sido instalados os reservatórios enterrados).
64 de 302
Conforme já citado em item deste relatório, em inspeção física às obras da UPA Cidade
Verde (Córrego do Óleo), em 09/03/2018, a CGU se deparou com a seguinte situação: obras
abandonas, apenas com a infraestrutura (fundações) e superestrutura metálica executados:
Note-se que não foram identificados, por ocasião daquela inspeção, a existência de estruturas
em concreto armado, que compõem as estruturas complementares à superestrutura, na forma
prevista no projeto. Apenas a superestrutura em Aço USI SAC 300 havia sido executada.
Tal afirmativa é corroborada pelas conclusões dos relatórios de vistoria das Secretarias
Municipais de Obras (fevereiro/2017) e da Saúde (março/2017), qual seja, apenas esse
elemento construtivo em estrutura metálica havia sido executado. Ocorre, porém, que
analisando os boletins de medição referentes a esta obra, restou constatado que os serviços
de superestrutura em concreto armado haviam sido medidos e pagos, porém, não executados,
conforme tabela abaixo
7.0 Superestrutura
7.1 Pilares
Forma em
compensado
resinado 12mm
7.1.1 3x m2 920,00 36,53 33.607,60 33.607,60 0,00%
65 de 302
Concreto
Estrutural
usinado, incl
lançamento e
adensamento-
25 Mpa
7.1.2 m3 45,20 312,13 14.108,28 14.108,28 0,00%
Armadura CA
7.1.3 50/60 - média Kg 5.182,00 5,56 28.811,92 28.811,92 0,00%
7.2 Vigas
Forma em
compensado
resinado 12mm
7.2.1 3x m2 1.579,00 36,53 57.680,87 57.680,87 0,00%
Concreto
Estrutural
usinado, incl
lançamento e
adensamento-
25 Mpa
7.2.2 m3 104,65 312,13 32.664,40 32.664,40 0,00%
Armadura CA
7.2.3 50/60 - média Kg 6.794,00 5,56 37.774,64 37.774,64 0,00%
Total 204.647,71 204.647,71 0,00%
Fonte: Boletim de medição nº 03 (acumulado)
Assim sendo, não restando comprovada a execução desses elementos estruturais na obra, o
pagamento deste item nas medições efetuadas caracteriza superfaturamento por inexecução
de serviço medido, no valor de R$ 204.647,71, que representam 22,74% do total medido e
pago. Vale lembrar que foram efetuadas 3 medições, que totalizaram R$ 900.051,36, e o
responsável pela liberação dessas medições à época, foi o então Secretário Municipal de
Obras, Sr. CPF ***.253.796**.
ato
/F
#
66 de 302
aço USI SAC 300 com acabamento de alta resistência às cargas e à corrosão atmosférica
para pilares, vigas, perfis soldados, chapas de ligação e placas de base de pilares”.
Nota-se que o próprio relatório confirma a execução da infraestrutura e
superestrutura conforme o Memorial da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.
Ocorre que os quantitativos da planilha orçamentária referem-se a uma
superestrutura em concreto armado, divergente do previsto no memorial descritivo,
gerando uma substituição de um pelo outro sem a formalização de um aditamento de
alteração qualitativa.
Portanto, não é possível afirmar superfaturamento, pois ao comparar a medição
paga com a superestrutura executada, apesar de prevista em memorial, como não houve
correlação com a planilha orçamentária, o inspetor concluiu equivocadamente, conforme
inspeção física às obras da UPA Cidade Verde (Córrego do Óleo) em 09/03/2018, que as
estruturas em concreto armado que foram devidamente pagas, referiam-se a estruturas
complementares. Conclui-se portanto, que os itens apontados em relatório, foram
devidamente executados, conforme fotos relacionadas abaixo, mesmo que em material
diverso do contido na planilha, porém, importante destacar, na forma prevista no memorial,
devendo o gestor da época, responder sobre a não formalização do aditivo contratual dessa
substituição.
Conseguinte, importante salientar que foi exarado ofício nº 154/2015/SMO/GS
à BCM - Brasil Construções e Montagens em 09 de março de 2015, (Anexo III) solicitando
paralisação até que fossem resolvidas as divergências quanto aos projetos estruturais que
estavam sendo executados. Esse ofício demonstra que a fiscalização estava atenta quanto a
qualidade e correta execução da superestrutura prevista no memorial descritivo.
(...)”
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#
Preliminarmente, cabe lembrar que, para apuração de eventuais superfaturamentos por falta
de quantidade, a técnica adotada é no cotejamento entre a medição relativa a determinado
67 de 302
serviço, com sua existência física, quando da inspeção “in loco”, incluindo nessa análise, as
medições do mesmo serviço (dimensões, áreas e volumes), para se verificar se suas
quantidades executadas estão condizentes com aquelas medidas e pagas. Nessa linha, a
CGU, quando da inspeção ao local, não constatou a existência de estruturas de concreto
armado. O gestor alegou, ao final do seu texto, que os serviços foram devidamente
executados, conforme foto por ele apresentada, mesmo que em material diverso do contido
na planilha, porém, na forma prevista no memorial, devendo o gestor da época, responder
sobre a não formalização do aditivo contratual, conclui o gestor.
Assim sendo, as alegações do gestor não merecem acolhida, pois medições de serviços
impõem a existência física destes, dentro das dimensões/quantidades acordadas na planilha
de preços. Quanto à imputação de responsabilidade ao gestor antecessor, em face de não
celebração de termo aditivo, conforme alegado pela atual gestão, em nada altera a
inexistência de elementos estruturais executados nas obras. Desta forma, a CGU ratifica a
ocorrência de superfaturamento no valor de R$ 204.647,71, visto que, nos termos da planilha
de medição apresentada, não restou comprovada a execução desses elementos estruturais na
obra. Assim, cabe a restituição do referido valor pago a maior, devidamente atualizado.
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Fato
68 de 302
Quadro I - Cronograma de Desembolso
Cronograma de Desembolso Financeiro- Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009
I - Primeira Parcela equivalente a 10% do valor aprovado após
260.000,00
publicação da portaria específica de habilitação
II- Segunda parcela- equivalente a 65% do valor total aprovado,
mediante apresentação da respectiva ordem de início dos serviços,
assinada por profissional habilitado no Conselho Regional de
1.690.000,00
Engenharia, Arquitetura e Agronomia- CREA, ratificada pelo gestor
pelo gestor local e pelo Conselho Intergestores Bipartite-CIB e
autorizada pela Secretaria de Atenção à Saúde.
III- terceira parcela- equivalente a 25% do valor total aprovado, após
conclusão da edificação da unidade e apresentação do respectivo
atestado, assinado por assinada por profissional habilitado no
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia- 650.000,00
CREA,ratificada pelo gestor pelo gestor local e pelo Conselho
Intergestores Bipartite-CIB e autorizada pela Secretaria de Atenção à
Saúde
2.600.000,00
Fonte: Cronograma de Desembolso- Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009
Para o caso da UPA Novo Mundo, as liberações, até o momento, se deram da seguinte forma:
Tabela I - Repasse para UPA Novo Mundo
Data do
Parcela Valor Repassado (R$)
Repasse
1 08/11/2010 260.000,00
2 30/12/2013 1.690.000,00
Total 1.950.000,00
Fonte: Documentação referente à liberação de recursos
69 de 302
01 7/3/20 prorrogação de prazo Indefinições do projeto básico, que
14 de execução das obras causaram impedimentos para início
por mais 90 dias ( imediato das obras; período chuvoso
10/03/2014 a que retardaram o ritmo das obras.
07/06/2014)
02 2/6/20 prorrogação de prazo Indefinições do projeto básico, que
14 de execução das obras causaram impedimentos para início
por mais 207 dias imediato das obras; período chuvoso
(08/06/2014 a que retardaram o ritmo das obras.
31/12/2014)
03 18/12/ prorrogação de prazo Necessidade de estudos para definição
2014 de execução das obras de alterações arquitetônicas pela
por mais 90 dias ( Secretaria de Planejamento da PMU,
01/01/2015 a para atender exigências normativas
31/03/2015) quanto à acessibilidade interna do
local; atraso na entrega de
determinados materiais bem como
dificuldade de encontrar alguns itens
planilhados.
04 6/3/20 prorrogação de prazo Necessidade de conclusão dos estudos
15 de execução das obras para definição de alterações
por mais 180 dias ( arquitetônicas pela Secretaria de
01/04/2015 a Planejamento da PMU, para atender
27/09/2015) exigências normativas quanto à
acessibilidade interna do local.
05 26/9/2 prorrogação de prazo Necessidade de conclusão dos estudos
015 de execução das obras para definição de alterações
por mais 180 dias ( arquitetônicas pela Secretaria de
01/04/2015 a Planejamento da PMU, para atender
27/09/2015) exigências normativas quanto à
acessibilidade interna do local.
Também foi verificada a ausência de
itens e incoerências do projeto inicial,
cujo ajuste é necessário à conclusão
das obras.
01 1/12/2 1º termo de Necessidade de reajustamento de
apostilamen 014 apostilamento ao preços PI+R, a ser aplicado a partir de
to Contrato nº 593/2013, 28/11/2014 ( data base: agosto/2013)
reajustando o valor
contratual em 7,52%
(INCC)
Fonte: Termos aditivos – Contrato nº 593/2013
70 de 302
Boletim de Data Período de
Medição Emissão Execução Valor medido(R$)
01/11/2013 a
1 29/11/2013 29/11/2013 299.094,25
02/12/2013 a
2 20/1/2014 31/12/2013 244.591,75
01/01/2014 a
3 11/2/2014 15/01/2014 233.731,37
15/01/2014 a
4 7/4/2014 28/02/2014 366.050,31
01/03/2014 a
5 28/5/2014 30/03/2014 271.779,79
01/04/2014 a
6 1/7/2014 30/04/2014 233.231,00
01/05/2014 a
7 7/8/2014 31/05/2014 525.941,74
01/06/2014 a
8 18/9/2014 30/06/2014 82.824,63
01/07/2014 a
9 24/10/2014 31/07/2014 123.754,39
01/08/2014 a
10 24/11/2014 31/08/2014 100.789,46
01/09/2014 a
11 13/2/2015 31/10/2014 358,00
01/11/2014 a
12 12/3/2015 30/11/2014 139.248,63
Total 2.621.395,32
Fonte: Boletins de medição referentes ao Contrato nº 593/2013
71 de 302
Tendo em vista a paralisação desta e de outras duas obras similares no Município, a
Secretaria Municipal de Saúde-SMS, em março/2017, efetuou vistoria na UPA Novo Mundo
e em outras duas UPA’s, as do Pacaembu III e Córrego do Óleo, cujas obras também
apresentavam problemas de execução. Mediante relatório referente à UPA Novo Mundo,
restou comprovada a paralisação das obras na 12ª medição, quando ficou evidenciada a
ocorrência de várias patologias na edificação, inclusive faltando algumas instalações. Essas
patologias e falhas encontram-se detalhadas adiante, quando do relato acerca da inspeção
física efetuada pela CGU.
Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia via Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM, de
07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar as providências de
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA’s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o mesmo parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo. Até o término
dos trabalhos de campo, 09/03/2018, nenhuma medida relativa ao referido parecer, com base
nos autos, havia sido comunicada.
72 de 302
- Não houve aprovação do aditivo contratual devido ao não cumprimento de exigências dos
fiscais. A 13ª medição possuía vícios, como janelas deterioradas entre outros, apontados em
relatório fotográfico. Na mesma época a empreiteira protocolou pedido de 7º aditivo que
foi negado pela Administração por ultrapassar o quótice legal de 25% e por entender como
indevido, uma vez que custos de administração não previstos na planilha original, como de
horas de engenheiro, não foram comprovados ou constatados pela fiscalização.
- Dia 25 de janeiro de 2017 foi feito relatório fotográfico evidenciando o descaso com a
obra para afastar o pedido dessa cobrança de administração indireta que estava sendo
exigida pela empresa, uma vez que esta alegava zelar pela obra até aquele momento,
conforme consta em relatório.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do processo
judicial em andamento.
Ação de Reconhecimento de dívida c/c Cobrança
Autor: AZM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.
Número do Processo: 5023948-18.2016.8.13.0702
Data da Distribuição: 23/12/2016
(...)”
Adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01,
de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de 15/03/2018, a Secretaria Municipal de
Obras informou o seguinte:
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”
O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.
73 de 302
art. 24 estabelecia a devolução imediata dos recursos financeiros repassados na hipótese de
descumprimento deste prazo.
74 de 302
- informação constante no Ofício nº 004/2018- DPIS/SMS/PMU, de 07/02/2018, de que as
obras encontravam-se paralisadas desde junho/2016 e que havia pendência de apostilamento
na ordem de R$ 124.34319 e aditivo de serviços, ainda não definidos;
- dificuldades que o Município estava passando, visto que vinha aportando cerca de 30% de
recursos próprios, para arcar com as despesas vinculadas à Saúde;
- problemas encontrados pela CGU, por ocasião da inspeção física das obras, tendo sido
detectado, inclusive, ocorrência de superfaturamento e obras paralisadas (item específico
deste relatório detalha esses achados);
- pedido de prorrogação de prazo pela SMS, ainda não atendido (ao menos até término dos
trabalhos de campo da CGU).
Os fatos supracitados apontam para a não conclusão das obras dentro das especificações e
prazos acordados, haja vista a ocorrência de falhas/patologias em serviços já executados
(abordados em item específico deste relatório), porém, ainda não ajustados, em face da
suspensão contratual. Dessa forma, torna-se inequívoco o comprometimento ao atingimento
dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de imediato, medidas saneadoras eficazes
e efetivas, para que a contratada seja instada a sanar as falhas/patologias existentes nas obras.
ato
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“(...)
5. Obras de construção da UPA Novo Mundo paralisadas.
75 de 302
estava sendo almejado pela empresa, uma vez que esta alegava zelar pela obra até aquele
momento.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do processo
judicial em andamento.
Necessário destacar que independente do limite legal de 25% contratuais, essa
solicitação de aditamento incluiu itens que não foram constatados pelo fiscal e que a
administração indireta solicitada neste aditamento, também incluiu indevidamente, horas
de engenheiros não constatadas, o que levou a correta não aprovação do mesmo.
Importante ressaltar tal questão, pois o limite legal poderia ser superado de outra forma,
tendo em vista que a Lei traz situações específicas para um eventual extrapolamento, se
fosse o caso.
Por fim, apenas para que fique registrado, os itens 2 e 3 da tabela II no item 5 do relatório,
ficaram com valores errados, o correto é R$ 224.591,75 e R$ 223.731,37 respectivamente,
totalizando portanto R$ 2.591.395,32.
(...)”
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Quanto à paralisação das obras propriamente dita, considerando que houve acatamento por
parte do auditado, diante deste achado, é necessário que a PM de Uberlândia envide esforços
no sentido de que, findo o trâmite do processo judicial, as falhas construtivas existentes
sejam reparadas, bem como os serviços pendentes de execução sejam concluídos, sob risco
de perda parcial do objeto, por deterioração de elementos construtivos expostos, ou não, aos
intempéries, na forma descrita no campo “Fato” deste item.
Por fim, cabe ao Ministério da Saúde avaliar a pertinência da prorrogação do prazo para a
conclusão da unidade de pronto atendimento, visto que, segundo informações da Secretaria
Municipal de Obras, tal pleito foi efetivado pela Secretaria Municipal de Saúde, mediante o
Ofício nº 008/2018 – DPIS/SMS de 16 de março de 2018, solicitando a prorrogação do prazo
para finalizar a obra para agosto de 2019. Caso acate esta prorrogação, o referido ministério
deve acompanhar o cumprimento do prazo e das providências para a conclusão das obras e
o saneamento das falhas.
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76 de 302
Fato
77 de 302
01/04/2015 a atendimento às normas de
27/09/2015). acessibilidade.
78 de 302
09 28/6/2016 Prorrogação de prazo de Diferença entre o cronograma físico
execução das obras por da obra e o financeiro, devido ao
mais 60 dias atraso no repasse dos recursos;
(30/06/2016 a necessidade de ajustes em serviços
28/08/2016) anteriormente executados.
iii) Por seu turno, o 7º termo aditivo, teve também como mote as mesmas
justificativas acima, acrescentando que, nas alterações relativas a materiais, as
mesmas visaram dar maior durabilidade aos forros de gesso, e que, quanto ao
transformador inicialmente calculado, o mesmo necessitaria ser substituído. Por
fim, alega-se que tais alterações seriam essenciais à especificidade da obra,
pois, ao serem aprovadas, atenderiam ao interesse público. Ademais, foram
acrescidos itens referentes à “Administração da Obra”, antes não constantes na
planilha contratada. Justificou-se este quesito, tendo em vista o fato de a
contratada ter mantido na obra, profissionais como engenheiros, auxiliar
técnicos, dentre outros. Vale lembrar que se trata de custo direto de uma obra,
que geralmente são compostos por gastos para realização das obras, tais como:
Instalação e manutenção do canteiro de obras, Administração Local e
Mobilização/Desmobilização. No caso deste aditivo, foi Administração Local,
a qual já deveria estar consignada na planilha licitada, o principal serviço
incluído. Vale destacar, que este acréscimo (Administração Local), importou
79 de 302
um acréscimo de R$ 453.789,00, ou seja, só este quesito representou 51,94%
do valor aditivado.
Quanto aos acréscimos registrados em ambos os termos aditivos, foi apurado que a soma
deles perfez um percentual de 47,38% (48,80%, considerando a soma dos acréscimos e
supressões), destacando que, apenas o 7º termo aditivo, extrapolou o limite de 25%
estabelecido em lei. Segundo a jurisprudência, em se tratando de alteração quantitativa, se o
objeto contratual já houver sido acrescido em 25% do valor inicial atualizado, a
Administração ficará proibida de executar qualquer outro acréscimo. Caso seja necessária a
complementação das obras, mister se faz a realização de novo processo de contratação, o
que seria aplicável ao caso em tela.
Assim sendo, restou inequívoco que os aditivos acima extrapolaram o percentual de 25%
sobre o valor contratual atualizado. Ademais, as extrapolações acima (a maioria dos
itens), não se enquadram nas excepcionalidades consignadas na Decisão nº 215/1999-
Plenário-TCU, cujo trecho assim se apresenta:
“(...)
80 de 302
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas
de contratos de obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites
aludidos no item anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade e da
proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do contratante privado, desde que
satisfeitos cumulativamente os seguintes pressupostos: I - não acarretar para a
Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma eventual rescisão
contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um novo
procedimento licitatório; II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de
capacidade técnica e econômico-financeira do contratado; III - decorrer de fatos
supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou imprevisíveis por ocasião
da contratação inicial; IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente
contratado em outro de natureza e propósito diversos; V - ser necessárias à completa
execução do objeto original do contrato, à otimização do cronograma de execução e à
antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes; VI - demonstrar-se - na
motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites legais
mencionados na alínea “a”, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão
contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao
interesse público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja
gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à sua urgência e emergência”.
(...)
Para o cálculo dos custos da Administração Local, é preciso levar em conta toda a estrutura
de apoio necessária para o desenvolvimento adequado de cada obra. Trata-se, portanto, de
despesa vinculada à execução efetiva da obra, geralmente com variação de dispêndio em
cada mês, conforme o cronograma físico-financeiro. De fato, pela própria
natureza dos elementos de custos que compõem a Administração Local, anteriormente
mencionados, fica evidente a possibilidade de variação dos custos de água, energia, material
de consumo, telefone, equipe técnica e administrativa, por exemplo.
Em razão disso, aliás, não cabe a adoção de critério de pagamento como valor mensal fixo,
a título de Administração Local, dissociado do cumprimento do cronograma físico-
financeiro, haja vista que na possibilidade de ocorrer atraso na execução da obra, poderia,
indevidamente, encerrar-se o pagamento desse item, antes da conclusão da obra. E, em caso
de atraso na execução, por desídia da contratada, certamente estaria se beneficiando a
empresa por pagamento antecipado. Sendo assim, a fim de evitar a antecipação de
pagamento do item em comento, deve ser realizado o pagamento proporcional, associado à
mensuração do que foi efetivamente executado, conforme os boletins de medição de obra.
Note-se que observando a natureza dos custos que compõem a Administração Local, é
possível inferir que não existe correlação direta entre aditivos e aumento dos custos da
Administração Local, ou seja, nem sempre um aditivo de acréscimo à obra ou prorrogação
de prazo corresponde a um aumento dos custos com Administração Local. Para que isso
81 de 302
ocorra, necessário que a alteração do contrato promova aumento real de itens de custos que
compõem a Administração Local, o que deverá ser devidamente comprovado pela empresa
contratada. Nesta hipótese, poderá ser firmado termo aditivo com ambos os objetos ou o
aditivo referente a Administração Local poderá ser firmado posteriormente, após as análises
necessárias e decisão pelo deferimento ou não pela Administração, desde que este item tenha
sido incluído na planilha original licitada.
Tendo em vista que a Administração Local não foi inserida na planilha licitada, em
obediência aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e da isonomia, a sua
inclusão no 7º Termo Aditivo foi irregular, configurando, além de descumprimento do art.
65, §1º, da Lei nº 8.666/93, um pagamento indevido no valor R$ 453.789,00.
Por fim, reportando-se às justificativas para celebração de ambos os aditivos, cabe lembrar
que tais justificativas, via de regra, foram pautadas na necessidade de acréscimos, tendo em
vista as especificidades da obra, a fim de tornar viável sua conclusão e, acrescentam ainda,
que a celebração desses termos aditivos seriam de extrema importância para o pleno
funcionamento da Unidade de Saúde. Ocorre que, mesmo com as alterações aprovadas, as
obras UPA Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração da vigência
contratual e o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria Municipal de Saúde, em
face de diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência de várias questões de
ordem operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA, dentro dos quesitos
de segurança a profissionais e pacientes. Detalhes dessas falhas encontram-se discursados
em item específico deste relatório.
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“(...)
82 de 302
- que as condicionantes para alterações qualitativas não foram observadas e
que administração local não pode ser considerada como situação de consequência
incalculável ou imprevisível.
Ressaltando que os atos em análise foram ordenados na gestão 2013/2016,
observamos que as considerações que faremos, são aquelas possíveis a partir dos
documentos disponíveis em arquivo. Passemos aos relatos:
- a Lei 8.666/93 não trata literalmente de parecer jurídico sobre aditivos. Por
serem avenças relativas a contratos administrativos, com regulamento legal rígido,
implícita está a exigência de análise jurídica do ato. Sua conformidade com a lei e
especialmente se a justificativa atende as exigências legais, no caso os artigos 57 e 65 da
Lei 8.666/93, são indispensáveis. A prefeitura não adota parecer para esta análise, contudo
na estrutura administrativa, mantém em cada órgão um assessor jurídico, atuando de forma
alinhada à Procuradoria Geral do Município. Esse assessor é responsável, entre outras
atividades, pela elaboração das justificativas de aditivos e contratos administrativos. No
rodapé das justificativas questionadas em referência, nota-se as iniciais da advogada que
as elaborou- GMD. O aditivo e suas justificativas são objeto de análise final por advogados
da Procuradoria Adjunta Administrativa, conforme demonstra os vistos nos documentos,
inclusive do Procurador Geral à época;
- os acréscimos não ultrapassam o limite legal porque o 7º aditivo está
fundamentado no artigo 65, I “a” e seu objeto anuncia uma alteração qualitativa, conforme
evidencia a justificativa que o acompanha;
- as condicionantes do Acórdão expedido na Decisão do Processo 215/99 – TCU
foram abordadas na justificativa do 7º aditivo:
. no 6º parágrafo – afirma os gestores que os acréscimos de serviços não
alterariam a dimensão do objeto e que seus motivos eram supervenientes e imprevisíveis,
citando a instalação de gases medicinais, cujo projeto complementar não fazia parte do
projeto padrão do governo federal;
. no 7º parágrafo descreve a vantajosidade da alteração qualitativa frente
eventuais custos de uma rescisão contratual e elaboração um novo edital e ainda, os
dispêndios com a suspensão do empreendimento;
. nos 8º e 9º parágrafos cita as alterações necessárias, reiterando suas
imprevisibilidades, como a necessidade de aumentar a carga do gerador frente a
capacidade de atendimento do prédio, não considerada no projeto inicial, disponibilizado
pelo governo federal;
. no 11º parágrafo evidencia que o acréscimo de “Administração local”, apesar
de sua característica indissociável da execução, para o caso específico se revestiu de
consequência incalculável, frente ao tempo em que a obra fugiu de seu ritmo normal, devido
às adequações nos projetos fornecidos pelo governo federal. Avaliando o cronograma
físico/financeiro executado frente ao cronograma físico/financeiro previsto para a obra, é
possível inferir que defender como qualitativo o acréscimo de administração local seria
factível. Por certo que o custo da administração local pulverizado nos custos unitários da
planilha (tanto pelo contratante no orçamento inicial, quanto pela contratada em sua
proposta inicial, visto não constar de forma apartada em item específico na planilha) não
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considerou e nem poderia considerar as despesas com engenheiro, almoxarife, vigilante,
nos quase 2 anos de indefinição dos projetos executivos.
(...).
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Sobre a supracitada Decisão, ratifica-se que a mesma admite percentuais acima dos 25%,
desde que sejam satisfeitos, simultaneamente, os quesitos de I a VI( excepcionalidades) da
dita Decisão; ademais, em todos os casos, qualquer percentual, a legitimidade das
modificações contratuais deve sempre envolver situações imprevisíveis, ou previsíveis de
consequências incalculáveis, fato que não ocorreu no caso em tela. Assim o sendo, as
alegações apresentadas não merecem acolhida.
Ademais, o item “Administração Local” não foi incluído na planilha licitada e foi aditivado
posteriormente. Assim sendo, em obediência aos princípios da vinculação ao instrumento
convocatório e da isonomia, sua inclusão no 7º Termo Aditivo foi irregular, configurando,
além de descumprimento do art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/93, um pagamento indevido no
valor R$ 453.789,00, conforme disposto no campo “Fato” deste achado. Assim, cabe a
restituição do referido valor pago indevidamente atualizado.
Por fim, é licito reiterar que, mesmo com as alterações aprovadas, as obras da UPA
Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração da vigência contratual e
o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria Municipal de Saúde, em face de
diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência de várias questões de ordem
operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA, dentro dos quesitos de
segurança a profissionais e pacientes. Fato que vem a corroborar que este termo aditivo não
se enquadrou nas excepcionalidades da Decisão nº215/1999, pois não garantiu, dentre outros
condicionantes, a execução plena do contrato original.
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Fato
84 de 302
Por ocasião da visita ao local das obras em 09/03/2018, situadas no loteamento Novo Mundo
(Coordenadas: 18º 55’43” S/48º 13’27” W), a CGU encontrou a situação semelhante àquelas
apontadas nos relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de
Obras, com alguns achados adicionais, conforme apontado nas alíneas a seguir:
Foto 01: Forro em chapa de gesso Foto 02: Forro perfurado inclinado nos
perfurado, entrada da UPA Novo Mundo. beirais no entorno da UPA- infiltrações por
Infiltrações (Uberlândia/MG, todo o perímetro da edificação..
09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
b) Placas cimentícias estruturadas, com cerca de 770 m2, revestimento externo de toda
a UPA: foi executada apenas uma demão de selador. Nota-se infiltrações pelos
requadros das janelas, que estão danificando o revestimento interno da edificação
(Foto 03). Parte dos forros inclinados perfurados danificados, necessitando
reposição. Foi feito um cálculo expedito no local e foi apurado cerca de 3% da área
necessitando reposições, correspondente a uma área de aproximadamente 12 m2.
(Foto 04).
85 de 302
Foto 03: Placas cimentícias com sinais de Foto 04: Partes do forro perfurado inclinado
infiltrações pelos requadros das externo danificados (Uberlândia/MG,
janelas.(Uberlândia/MG, 09/03/2018). 09/03/2018).
c) Piso cerâmico externo com ocorrência de trincas e peças retiradas que não foram
recolocadas (Foto 05). Forro da área de acesso da ambulância às saídas de
cadáveres com infiltrações diversas ( Foto 06).
Foto 05: Peças cerâmicas do piso externo. Foto 06: Área de acesso saída de cadáveres,
(Uberlândia /MG, 09/03/2018). forro com infiltrações. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).
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• Sala Expurgo: 1 parede com placa RU e 3 paredes com placas ST;
• Sala de Preparo/Esterilização: 1 parede com placa RU e 3 paredes com
placas ST;
• Antecâmara: 2 paredes com placas RU e 2 paredes com placas ST;
• Guarda de material esterilizado: 4 paredes com placas ST;
• Sanitário Masc. e Fem.: em um dos sanitários = 3 paredes com placas RU e
1 parede com placa ST e no outro sanitário = 4 paredes com placas RU;
• Sala de Estabilização: local entre a higienização e o expurgo = 2 paredes
com placas RU e 2 paredes com placas ST.
O levantamento desses quantitativos, foi efetuado pela Secretaria Municipal de
Obras e pela CGU, que confrontou esses quantitativos com os apontados em campo,
chegando aos números listados acima.
Com relação à falta de instalação do forro em placas de gesso acartonado acima
citado, tal fato gerou um superfaturamento na ordem de R$ 40.920,81, conforme
detalhado na tabela a seguir uma vez que o serviço foi medido e pago.
87 de 302
Foto 07: Forro de gesso acartonado interno Foto 08: Revestimentos dry wall mesclados
não instalado. (Uberlândia/MG, entre ST(ambientes sem umidade) e RU(
09/03/2018). resistente a umidade). (Uberlândia/MG,
09/03/2018).
e) Danos gerais causados por infiltrações em diversas placas de gesso dry wall de
revestimento, principalmente aquelas contíguas às janelas externas, as quais
possuem infiltrações em seus requadros (Fotos 09 e 10). Foi feito um levantamento
expedito da área de revestimento de gesso a ser reparada, que perfez cerca de 360
m2, excetuando deste cálculo, as paredes instaladas incorretamente de forma mista
ST com RU, já citadas na alínea anterior.
Foto 09: Infiltrações em diversas paredes Foto 10: Infiltrações internas diversas;
internas em dry wall. Uberlândia/MG, situação comum nesta UPA Novo Mundo.
09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
88 de 302
Higienização – área = 8,34m² (piso cimentado queimado)
DML – área = 2,59m² (piso cimentado queimado)
Ar-condicionado – área = 5,18m² (piso cimentado queimado)
Recepção área interna do balcão = 10,95m² (piso Delta Sorrento Bold 53x53)
Parte do piso faltante na Área de Espera Pediátrica = 2,98m²
Faixa de piso em frente aos sanitários – área = 1,70m² (piso Delta sorrento Bold
53x53).
Com relação à instalação dos pisos em porcelanato a menor, acima citados, tal fato
gerou um superfaturamento na ordem de R$ 5.718,55, conforme demonstrado na
planilha abaixo:
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Foto 11: Foto de um dos setores da UPA Foto 12: Pisos faltantes e/ou se soltando em
Novo Mundo sem o piso. outros setores da edificação
(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
g) Área externa da UPA Novo Mundo: local onde deveria estar construída a área de
estacionamento. (Foto 13). Outro lado da UPA, onde também deveria estar
construído o outro pátio de veículos (Foto 14). Ambos os locais ainda estão
cobertos pela vegetação.
Foto 13: Foto de um dos pátios para Foto 14: Pátio para veículos (parte posterior
veículos (frontal), ainda não executado. da UPA). Também não executado.
(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
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Foto 15: Estruturas contíguas da UPA Foto 16: Reservatório elevado inacabado e
ainda inacabadas. (Uberlândia/MG, inoperante. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
09/03/2018).
No geral, as falhas e patologias apontadas acima, são as mais graves existentes na UPA Novo
Mundo. Ressalta-se que a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por força das cláusulas
contratuais correlatas, deverá acionar a empresa contratada, de forma a reparar os serviços
que apresentam danos reparáveis, bem como refazer serviços executados em
desconformidade com as especificações técnicas e concluir serviços medidos e pagos não
executados.
10. Irregularidades na execução das obras de construção da UPA Novo Mundo, com
ocorrência de falhas/patologias diversas e superfaturamento de R$46.639,36 por
execução de serviços a menor e por pagamento de serviços não executados
Em relação ao item 10, tem-se a afirmar que os itens que estão sendo
questionados, foram constatados inclusive em relatórios da própria Secretaria de Obras e
91 de 302
da Secretaria de Saúde, foram transcritos pela CGU conforme apontamentos em relatórios
da própria Prefeitura Municipal, que com seu poder-dever de fiscalização, evidenciou tais
irregularidades.
Tendo por base os apontamentos referidos, o Município deverá notificar a (s)
empresa (s) responsável para adotar as medidas necessárias e suficientes a promover a
preservação das construções já realizadas, , garantindo assim a solução rápida para cessar
o desgaste de determinadas partes da obra, até que a mesma possa ser concluída através de
novo processo licitatório, mediante a disponibilidade de recursos.
Pari passo, as secretarias municipais deverão instaurar os Procedimentos
Administrativos tendentes delimitar eventual ilícito administrativo e prejuízo ao ente
público, garantindo ampla defesa e contraditório tanto do fiscal quanto da empresa segundo
os moldes da Lei Federal nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e suas alterações e da Lei
Municipal nº 8.814, de 30 de agosto de 2004 e suas alterações.
Findo o procedimento, na hipótese de constatação de irregularidades, os autos
deverão ser encaminhados à Procuradoria Municipal para análise acerca do cabimento da
persecução de eventuais valores inquestionáveis e incontroversos administrativamente
junto a empresa, ressalvadas decisões judiciais em contrário.
(...).
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Pela análise textual, infere-se pela concordância do gestor com os achados apontados pela
CGU. Assim sendo, cabe à PM Uberlândia tornar eficazes as medidas a serem
implementadas, haja vista a existência de serviços com danos reparáveis, porém com riscos
de se tornarem irreparáveis no curto prazo. Há também serviços executados em
desconformidade com as especificações técnicas e, por fim, serviços medidos e pagos não
executados, que representam superfaturamento. Esse conjunto de falhas construtivas, se não
saneadas em tempo hábil, coloca em risco a consecução do objeto, em sua plenitude.
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Fato
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Em 09/09/2010, foram assinadas as Portarias nº 2736/GM e 2737/GM, as quais, mediante
seus arts. 1º, habilitaram as Unidades de Pronto Atendimento- UPA’s nos loteamentos
Pacaembu III e Novo Mundo, respectivamente, em Uberlândia/MG. As propostas para a
liberação de recursos referentes a essas UPA’s, cadastradas no sistema SISPAG, receberam
os nºs 18431.312000/1100-06 (Pacaembu III) e 18431.312000/1100-07 ( Novo Mundo). Os
valores de ambas as propostas foram de R$ 2.600.000,00. De acordo com a Portaria GM nº
1.020, de 13/05/2009, o cronograma de desembolso para os repasses deveriam obedecer aos
seguintes critérios:
Para o caso da UPA Pacaembu III, os repasses ocorreram da forma descrita abaixo:
Valor Repassado
Parcela Data do Repasse
(R$)
1 08/11/2010 260.000,00
2 06/03/2014 1.690.000,00
3 23/08/2016 650.000,00
Total 2.600.000,00
Fonte: Documentação relativa à liberação dos recursos.
93 de 302
Tabela I- Boletins de Medição
94 de 302
mesmo documento, a existência de diversos problemas diretamente ligados à execução das
obras, tais como: telhados danificados, necessidade de reparos das portas e em paredes de
dry wall, falta de expurgo do CME, instalações hidrossanitárias, problemas no piso e no
forro de gesso, dentre outras falhas/patologias, as quais também foram identificadas pela
CGU, por ocasião da inspeção “in loco”, que serão detalhadas nesta constatação.
Tendo em vista a ocorrência de falhas na execução contratual da obra da UPA Pacaembu III
e em outras duas obras similares no Município, a Secretaria Municipal de Saúde-SMS, em
março/2017, efetuou vistoria nesta e em outras duas UPA’s, as do Novo Mundo e Córrego
do Óleo, cujas obras também apresentavam problemas de execução. Mediante relatório
referente à UPA Pacaembu III, a SMS detectou uma série de problemas, muitos deles afetos
à má execução das obras e/ou falhas construtivas, tendo-as classificado da seguinte forma:
- Ausência de projetos de blindagem para sala de Raios-X, para fins de proteção dos
efeitos da radiação;
- ausência de levantamento radiométrico, de forma a medir os níveis de radiação na
sala de comando, sem o qual, não seria possível a liberação das instalações com
aparelhos de raios x;
- alteração de projeto efetuada na Sala de Esterilização, tendo em vista as dimensões
da autoclave, tornando-a inoperante. Dentre as várias inadequações, cita-se a
ausência de ar comprimido medicinal, gás inerte ou ar filtrado;
- relatório do Corpo de Bombeiros (CBMMG), detectou 9 irregularidades em seu
relatório de vistoria de 22/12/2016;
- sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), não possuem laudo
técnico comprovando sua funcionalidade;
- sistema de ar condicionado dos leitos isolados não foi construído, inclusive com
existência de dutos não utilizados nos banheiros desses leitos. A NBR 7256/2005,
determina a execução de sistema de tratamento de ar em estabelecimentos
assistenciais de saúde, tal sistema estava previsto em projeto, contudo, não foi
executado;
- o mesmo ocorreu para o sistema de condicionamento de ar para a sala de
estabilização, que também constava em projeto;
- ausência de sistema de geração de ar medicinal, conforme determina a NBR nº
12.188, tal sistema é de vital importância, pois permite manter a respiração de
pacientes em condições críticas;
95 de 302
- área definida para compressores de ar medicinal está próxima do sistema de vácuo,
isso pode levar a captação de ar medicinal contaminado ( NBR nº 12.188);
- instalações hidráulicas apresentam falhas que comprometem o fornecimento
regular de água potável para pacientes e funcionários. Como por exemplo: falta de
instalação da bomba de recalque reserva e bomba de drenagem; os reservatórios em
fibra de vidro já apresentam vazamentos;
- sistema elétrico, incluindo tomadas e quadros de distribuição, não possuem laudo
atestando sua funcionalidade, conforme determina a NBR nº 5410/2004;
- falta de exaustão em diversos locais: banheiros, expurgos e DML’s. No memorial
descritivo consta que poderiam ser utilizados exaustores na troca por lanternin;
contudo, nenhuma solução foi executada.
Vale lembrar que algumas das falhas/patologias inerentes à execução das obras
listadas acima, foram convalidadas pela CGU, durante a inspeção física das obras,
em 09/03/2018, cujos achados encontram-se descritos na parte final deste item,
juntamente com o relatório fotográfico. Por oportuno, cabe destacar a existência de
um Relatório de Inspeção Infraestrutura e Projetos nº 010/2016, de novembro/2016,
também da SMS, que relata as seguintes falhas, algumas também detectadas pela
CGU:
96 de 302
- em locais onde era prevista a utilização de placas de dry walls comuns, ST (
áreas secas) e RU( áreas molhadas), não houve a confirmação de utilização
correta desses;
- deformações nas telhas termo acústicas da cobertura, em rufos e calhas,
causando vazamentos e infiltrações, detectadas nas placas de forro;
- deficiências nas portas da UPA, em sua fixação, revestimento com laminado
melamínicos, faixa de proteção e portais empenados;
- sistema de bate macas utilizado diverso do previsto no projeto licitado;
- não foram entregues, à Secretaria de Saúde, os projetos “as built” de todas as
disciplinas complementares e os respectivos ART’s, sendo essa documentação
fundamental para a gestão técnica da UPA.
Com relação à execução da UPA Pacaembu III, bem como das UPA Córrego do Óleo e
Novo Mundo, a Procuradoria da República no Município de Uberlândia/MG instaurou o
Inquérito Civil nº 1.22.003.000455/2016-58 com vistas a apurar eventuais irregularidades
nas obras de execução. Em despacho datado em 04/08/2017, a PRM requereu da Prefeitura
Municipal de Uberlândia informações detalhadas sobre os motivos dos atrasos e paralisação
das UPA’s do Novo Mundo e do Córrego do Óleo e dos problemas críticos apontados pela
SMS, com relação à UPA Pacaembu III.
Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia mediante o Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM,
de 07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar providências de
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA’s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o referido parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo. Até o término
dos trabalhos de campo, 09/03/2018, não foi identificado, com base nos autos, que alguma
medida do MS quanto à UPA Pacaembu III havia sido efetivada.
97 de 302
- Segundo fiscal da obra, existem ainda pendências a serem resolvidas referentes à medições
(18ª e 19ª) da execução da obra, que, inclusive, a empresa tenta receber judicialmente,
alegando ter executado serviços que não foram aprovados pela fiscalização.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, também serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do
processo judicial em andamento.
Ação de Cobrança
Autor: AZM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.
Número do Processo: 5020181-69.2016.8.13.0702
Data da Distribuição: 12/11/2016
(...)”
Adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01,
de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de 15/03/2018, a Secretaria Municipal de
Obras complementou as justificativas acima, da seguinte forma (a parte inicial da resposta a
esta SF é idêntica à resposta à SF 201800261/03, citada em parágrafo antecedente):
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”
O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.
98 de 302
investimento, que, no caso em tela ocorreu em 06/03/2014. Na hipótese de descumprimento
deste prazo, ficou definido no art. 35 que a CGUE/DAHU/SAS/MS (Coordenação-Geral de
Urgência e Emergência/Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência/Secretaria de
Atenção à Saúde/Ministério da Saúde) notificaria a Prefeitura para apresentar justificativa
do atraso com a respectiva documentação comprobatória. Conforme o art. 35, cabe à
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência analisar a justificativa, aceitando-a ou não.
No caso de não aceitação da justificativa, a CGUE/DAHU/SAS/MS pode notificar o gestor
solicitando informação adicional e, após esgotadas as vias administrativas, a
CGUE/DAHU/SAS/MS deve elaborar relatório circunstanciado acerca do fato e o
encaminhar ao DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde).
▪ UPA Pacaembu: aguarda-se resultado do processo judicial em andamento para que sejam
providenciadas as sanções contratuais e as previstas na Lei de licitações, assim que houver
o encerramento do processo judicial em andamento, visto que a obra apresenta patologias
na cobertura, forros, portas, pendências nas instalações de ar-condicionado e não
conformidades na obra, no projeto de Prevenção e Combate à Incêndio e Pânico, executado
pela AZM Empreendimentos Imobiliários e pendências em medições (18ª e 19ª) da execução
da obra, que, a empresa tenta receber judicialmente, alegando ter executado serviços que
não foram aprovados pela fiscalização.
(...)”
99 de 302
Em 09/03/2018, por ocasião da visita ao local das obras, situada no loteamento Pacaembu
III (Coordenadas: 18º 53’41” S/48º 17’34” W), a CGU encontrou situações semelhantes
àquelas apontadas nos relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal
de Obras, conforme discursado nas alíneas a seguir:
Foto 01: Falhas construtivas no telhado - Foto 02: Rufos e calhas com falhas na
telhas termo acústicas. (Uberlândia/MG, instalação, aplicação de impermeabilizante
09/03/2018). para tentar minimizar os problemas de
infiltrações diversas existentes no interior da
edificação. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
100 de 302
Foto 03: Sinais de infiltrações no forro de Foto 04: Partes do forro em gesso
gesso perfurado, entrada da UPA acartonado interno, sinais de danos.
Pacaembu.(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
Foto 05: Placa em gesso acartonado de Foto 06: Desabamento de placas de gesso
parede com sinais de infiltração e fissuras acartonado internas, advindas das infiltrações
inter placas. (Uberlândia /MG, pluviais, causadas por telhas, rufos e calhas
09/03/2018). mal instaladas. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).
101 de 302
d) Deficiências diversas nas portas da Unidade, tais como portais empenados,
revestimento em laminado melamínico se desprendendo (Foto 07) e ocorrência de trincas
em batentes em algumas portas ( Foto 08).
Foto 09: Local onde foi instalado, sem o Foto 10: Outro local da UPA, representando
reforço devido, aparelho de ar condicionado a mesma falha. (Uberlândia/MG,
tipo split, já retirado. Uberlândia/MG, 09/03/2018).
09/03/2018).
102 de 302
f) Infiltrações provenientes dos requadros das janelas, devido à falta de vedação dessas
(Foto 11). Falta de parte do forro inclinado perfurado, instalado ao redor da UPA. (Foto 12).
Foto 11: Falta de vedação dos requadros Foto 12: ocorrência de falta de peças de
das janelas, causando infiltrações pluviais forros de gesso perfurado inclinado na parte
no interior da UPA. (Uberlândia/MG, externa da Unidade. (Uberlândia/MG,
09/03/2018). 09/03/2018).
g) Parte do serviço referente ao reservatório elevado com sinais de danos (Foto 13).
Reservatório aterrado (Foto 14): embora a foto não deixe muito nítido, não houve instalação
da bomba de recalque reserva e os reservatórios de fibra aterrados já apresentam sinais de
danos.
103 de 302
Foto 13: Reservatório elevado com sinais de Foto 14: Reservatório aterrado com danos,
danos antes mesmo de seu note-se parte de fôrma de compensado sobre
funcionamento.(Uberlândia/MG, o mesmo. No mesmo local também se
09/03/2018). verificou a ausência da bomba de recalque
reserva. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
h) Área externa para desembarque de ambulâncias sem cobertura (projeto não previa). (Foto
15). Sistema de condicionamento de ar com dutos não utilizados. (Foto 16).
i) Ocorrência de alguns locais da UPA sem os rodapés (Foto 17) e houve necessidade, em
alguns banheiros, de se complementar a divisória sanitária em granito cinza até o nível do
piso, pois o caimento do box contíguo foi executado no sentido contrário ao do ralo,
causando vazamento no box do vaso sanitário. (Foto 18).
104 de 302
Foto 17: Falta de rodapés em alguns pontos Foto 18: Complementação da divisória em
da UPA. (Uberlândia/MG, 9/03/2018). granito, para evitar passagem da água.
(Uberlândia/MG, 09/03/2018).
No geral, além de outras questões técnicas específicas apontadas pela SMS, são essas as
falhas e patologias mais graves existentes na UPA Pacaembu. Ressalte-se que algumas
dessas falhas/patologias, por sua gravidade e inequívoca visibilidade, deveriam ter sido
observadas pela fiscalização das obras na ocasião. Como é caso do telhado, sua má execução
já deveria ter sido objeto de observação da fiscalização desde o recebimento deste. Deverá
ser apurado se os fiscais à época, efetuaram os testes físicos na cobertura, de forma a verificar
se os serviços executados atenderam aos quesitos de penetração da água e desempenho
estrutural.
Também é mister que a Prefeitura faça as composições dos serviços contratados executados
de forma direta, conforme citado anteriormente, para que seja feita cobrança da empresa
AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda desses serviços. Com relação aos serviços de
reparos, ou seja, aqueles efetuados, também de forma direta, para ajustar serviços mal
executados, sejam planilhados de forma apartada, pois caracterizam superfaturamento por
serviços executados fora das especificações e/ou serviços de má qualidade, que deverão ser
quantificados e cobrados da empresa contratada.
105 de 302
Diante disso, infere-se que tais fatos apontam para a não conclusão das obras no curto prazo,
especialmente pela existência de pendência judicial a desfavor da prefeitura, o que pode
retardar, ainda mais, a solução das pendências apontadas. Tendo em vista o embargo
daquela UPA pela SMS, em face de diversas falhas também de cunho operacional (parte
dessas falhas não são objeto contratual), além das falhas/patologias construtivas discursadas
em parágrafo que trata da inspeção física da CGU, torna-se inequívoco o comprometimento
ao atingimento dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de imediato, medidas
saneadoras eficazes, visando a efetiva entrega daquela UPA para atendimento à população
alvo.
ato
/F
#
“(...)
106 de 302
dezembro/2016, não aprovando o funcionamento da UPA Pacaembu III.
Além disso, também foi corretamente informado, no documento
“Cadastramento de Obras Paralisadas” que foi instaurado o Processo Administrativo nº
076/2016, por intermédio da Portaria nº 40.381, de 18/08/2016, para apurar supostas
irregularidades, inclusive para tratar da rescisão unilateral do contrato a época. No
entanto, cabe ressaltar, que este contrato não existe mais, pois conforme todo o contexto já
constatado, findou-se pelo decurso do prazo. Sendo assim, este processo está sendo
reavaliado, a fim de que na inexistência de conflito perante as ações judiciais em
andamento, possa ser analisada a possibilidade de proferir decisão ou mesmo para
formalizar sua suspensão (pelas razões eventualmente cabíveis), podendo também, se for o
caso, findar-se devido ao prazo em que esteve paralisado, ensejar outros Processos
Administrativos pertinentes às irregularidades constatadas nos relatórios.
Cabe ressaltar que conforme constatado pela CGU no relatório, mediante o
Ofício Circular nº 015-CGUE/DAHU/SAS de 02/03/2017, a Prefeitura Municipal de
Uberlândia foi notificada acerca da Portaria GM/MS nº 381, em especial, o art. 17, que
trata das notificações realizadas devido à não observância de prazos. Por seu turno, a
PMU, mediante o Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, informou que, ao
assumir a atual gestão, foi detectado que as obras de construção da UPA Pacaembu III
apresentavam uma série de pendências, que se encontram consignadas no relatório
emitido pela SMS, em abril/2017, já citado anteriormente. Diante desses fatos, em resposta
ao supracitado ofício circular, a PMU solicita um tempo maior para a conclusão das obras,
tendo em vista o cenário encontrado pela atual gestão, ao assumir seu mandato. Naquela
ocasião, de acordo com dados do SISMOB, as obras apresentavam 94,51% de execução
efetiva.
O prazo solicitado deve-se ao fato de que a Lei Complementar 141/2012
estabelece um gasto de 15% e que as prioridades do governo municipal são:
1º) manter em dia o salário dos colaboradores;
2º) abastecer a rede com materiais médico hospitalares e medicamentos;
3º) manter os serviços já implantados em pleno funcionamento.
Assim, foi solicitado junto ao sistema SISMOB novos prazos, solicitação esta
que ainda não recebeu nenhuma resposta do Ministério da Saúde.
Por oportuno, em parte da resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201800261/03, de
15/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou o seguinte, acerca da situação das
obras em 19/03/2018:
“(...)
▪ UPA Pacaembu: aguarda-se resultado do processo judicial em andamento
para que sejam providenciadas as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, assim que houver o encerramento do processo judicial em
andamento, visto que a obra apresenta patologias na cobertura, forros, portas,
pendências nas instalações de ar-condicionado e não conformidades na obra,
no projeto de Prevenção e Combate à Incêndio e Pânico, executado pela AZM
Empreendimentos Imobiliários e pendências em medições (18ª e 19ª) da
execução da obra, que, a empresa tenta receber judicialmente, alegando ter
executado serviços que não foram aprovados pela fiscalização.
107 de 302
apontamento da Procuradoria Geral do Município, concluiu-se aguardar as decisões
judiciais para agir administrativamente ou até mesmo judicialmente, quanto às
providências que devem ser tomadas, como as previstas na Lei de Licitações 8666/1993 e
as firmadas em contrato com a referida empresa.
Ainda assim, diante dos novos relatórios, estudos e apontamentos, será definido
junto a Procuradoria Municipal de Uberlândia, independente da ação judicial em curso,
quais as medidas concretas poderiam ser tomadas, como o planilhamento dos itens
irregulares para que a Secretaria de Obras possa contribuir com a rápida solução a curto
prazo de determinados itens importantes da obra.
Conforme apontamento do próprio relatório, torna-se inequívoco o
comprometimento ao atingimento dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de
imediato, medidas saneadoras eficazes, visando a efetiva entrega daquela UPA para
atendimento à população alvo. No entanto, notificações e relatórios foram realizados para
a correta execução do objeto, pois não se trata apenas de entregar a UPA, mas sim, de
entregar um objeto para a população com a devida qualidade e dentro das normas e padrões
legais. Ora pois a própria lei de licitações prevê situações inesperadas e o poder-dever de
fiscalizar os contratos administrativos para a correta entrega do objeto. Não pode a
Administração Municipal arcar com as consequências de um eventual descumprimento de
prazo para entrega da obra por agir dentro da legalidade e por apontar as falhas existentes
das quais corroborou e contribuiu para que fossem devidamente apuradas.
Por fim, adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de
Fiscalização nº 201800261/01, de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de
15/03/2018, conforme apontado no relatório da CGU, a Secretaria Municipal de Obras
complementou as justificativas acima, da seguinte forma (a parte inicial da resposta a esta
SF é idêntica à resposta à SF 201800261/03, pois o citado pela Secretaria de Obras nesse
parágrafo, se aplica a todas as UPAs, cada qual com suas particularidades mas todas com
problemas fáticos semelhantes:
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
(...)
Mediante a proporção de fatos e desmembramentos dessas situações, onde ocorreu
inclusive ação judicial reivindicatória de posse da obra, é que conforme apontamento da
Procuradoria Geral do Município, concluiu-se aguardar as decisões judiciais para agir
administrativamente ou até mesmo judicialmente, quanto às providências que devem ser
108 de 302
tomadas, como as previstas na Lei de Licitações 8666/1993 e as firmadas em contrato com
a referida empresa.
Ainda assim, diante dos novos relatórios, estudos e apontamentos, será definido junto a
Procuradoria Municipal de Uberlândia, independente da ação judicial em curso, quais as
medidas concretas poderiam ser tomadas, como o planilhamento dos itens irregulares para
que a Secretaria de Obras possa contribuir com a rápida solução a curto prazo de
determinados itens importantes da obra.
(...)”
Ao final do texto, o gestor interpõe:
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”
Por fim, cabe ao Ministério da Saúde avaliar a pertinência da prorrogação do prazo para a
conclusão da unidade de pronto atendimento, visto que, segundo informações da Secretaria
Municipal de Obras, tal pleito foi efetivado pela Secretaria Municipal de Saúde, mediante
Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, solicitando um tempo maior para a
conclusão das obras, tendo em vista o cenário encontrado pela atual gestão, ao assumir seu
mandato. Caso acate esta prorrogação, o referido ministério deve acompanhar o
cumprimento do prazo e das providências para a conclusão das obras e o saneamento das
falhas.
trI
o
aliseC
n
/A
#
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
109 de 302
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.
Fato
Com vistas à contratação de empresa especializada para execução das obras de construção
da Unidade de Pronto Atendimento – UPA, tipo III, Loteamento Cidade verde (Córrego do
Óleo), foi aberta, em 17/02/2014, a Concorrência Pública nº 002/2014, tipo menor preço
global. Consta nos autos que 16 empresas adquiriram o edital. De acordo com a ata de
abertura, de 17/03/2014, 5 empresas apresentaram os envelopes 01- “Documentação” e 02-
“Proposta Financeira”, a saber: Engepac Engenharia Ltda.-ME, AZM Empreendimentos
Imobiliários Ltda., Brasil Construções e Montagens Ltda., Construtora Cinzel S/A e Elite
Construtora Ltda.. Foi considerada inabilitada apenas a empresa Engepac Engenharia Ltda.-
ME, por não atender ao item 4.2.3.1 do edital.
Na abertura das propostas, as empresas Construtora Cinzel S/A e Elite Construtora Ltda
foram desclassificadas por apresentarem valores acima do discriminado no item 6.1.1.6 do
edital. Por fim, sagrou-se vencedora a empresa Brasil Construções e Montagens Ltda. (CNPJ
nº 04.129.964/0001-95), com proposta de R$ 3.671.355,68. Cabe destacar que o preço
orçado pela Administração Municipal foi de R$ 4.190.242,51, com BDI igual a 26,9%, assim
sendo, a vencedora do certame ofertou 12,38% de desconto em relação ao orçado.
a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(...)
2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e impreterivelmente, no dia
10/02/2014, às 14:00 horas, horário limite em que o representante da licitante deverá se
apresentar na Secretaria Municipal de Obras para a visita.
(...)”
Constatou-se que cinco empresas efetuaram a visita técnica, sendo as mesmas que
compareceram à reunião de abertura dos envelopes, já citadas anteriormente.
O estabelecido no item 2.1.4.3 do edital, que fixou hora e dia para a visita técnica pelos
representantes dos licitantes, configura restrição ao caráter competitivo do certame, ao
limitar o comparecimento ao local a apenas um único horário fixo, bem como proporcionar
110 de 302
o conhecimento prévio entre os licitantes e a possibilidade de obtenção de informações
antecipadas pelas empresas interessadas referentes as propostas em elaboração.
Ademais, é sabido que a exigência de visita técnica visa dar cumprimento ao disposto no art.
30, inciso III da Lei nº 8.666/93, para assegurar que o licitante tome conhecimento de todas
as informações e condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
Ocorre que a exigência estabelecida no item 2.1.4.1 de que a referida visita fosse realizada
pelo responsável técnico, ainda detentor de atestados e fixação de data e horário vai de
encontro ao entendimento jurisprudencial. O Tribunal de Contas da União – TCU, no voto
do Acórdão 2299/2011 – Plenário, dispôs que:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal(...)”.
Em outro julgado, item 9.3 do Acórdão 785/2012-Plenário, a corte determinou que o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), na realização
de seus procedimentos licitatórios, evitasse que exigências formais e desnecessárias, a
exemplo da visita ao local das obras ser realizada por responsável técnico da licitante,
tornem-se instrumento de restrição indevida à liberdade de participação de possíveis
interessados.
Assim, a exigência, para fins de participação do certame, da visita técnica pelos responsáveis
técnicos da empresa e a determinação da sua realização somente no dia 10/12/2014 às
14:00h, além de restringir a participação de um maior universo de interessados, possibilitou
que os concorrentes interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa
forma, a competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.
111 de 302
Item 4.2.5.3.1 “A garantia acima referida deverá ser depositada na Tesouraria da
Secretaria Municipal de Finanças, até 05(cinco) dias úteis anteriores a abertura das
propostas, podendo serem realizada em uma das modalidades previstas no § 1º do Art. 56
da Lei nº 8.666/93 e demais alterações”.
De acordo com os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1, foi exigido que a Garantia de Manutenção da
Proposta fosse depositada na Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças até 5 dias antes
da data da entrega dos envelopes, sendo a prova de recolhimento documentação obrigatória
da Habilitação Econômico-Financeira. Embora o inciso III do art. 31 da Lei nº 8.666/93
estabeleça que a situação econômico-financeira da licitante possa ser demonstrada mediante
prestação de garantia, a legislação não exige que esta garantia seja entregue antes da abertura
dos envelopes, o que é corroborado pelo art. 43 da Lei nº 8.666/93, que determina que a
apreciação da documentação relativa à habilitação deve ocorrer no momento da abertura dos
envelopes.
Cabe salientar ainda que tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do
órgão licitante de todos os possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais
suscetível o comprometimento do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.
c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;
(...)”
4.2.6.2.5- a determinação da similaridade exigida será obtida pela abrangência dos itens
de maior relevância técnica e valor significativo, que deverão constar do atestado
apresentado conforme abaixo indicado:
a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa;
b) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60;
c) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado;
d) Execução de estrutura metálica para cobertura;
e) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio;
f) fornecimento e assentamento de forro de gesso;
g) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato;
h) execução de emassamento PVA em paredes e tetos;
i) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica;
j) fornecimento e plantio de grama “
112 de 302
Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a referida experiência anterior é
demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na execução de serviços
semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto
da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de Uberlândia não observou
essa determinação legal na exigência de comprovação de execução de alguns serviços
constantes no item 4.2.6.2.5 do edital, conforme quadro a seguir:
Quadro I- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia.
Percentual em
Valor relação ao
Item Descrição
Total R$ valor do
objeto orçado
preparo, lançamento,
adensamento e cura de
a 185.110,00 4,42%
concreto estrutural
Fck>= 20 Mpa (m3)
Fornecimento, corte,
dobragem e colocação de
b 183.748,10 4,39%
aço CA-50 e/ou CA-60
(Kg)
execução de alvenaria de
vedação utilizando Dry
c 157.488,20 3,76%
Wall de gesso acartonado
(m2)
Execução de estrutura
d metálica para cobertura 284.686,02 6,79%
(m2)
fornecimento e
e assentamento de telhas 270.427,90 6,45%
de alumínio (m2)
fornecimento e
f assentamento de forro de 92.840,97 2,22%
gesso (m2)
fornecimento,
regularização e
g 181.237,44 4,33%
assentamento de piso
porcelanato (m2)
execução de
h emassamento PVA em 60.490,41 1,44%
paredes e tetos (m2)
113 de 302
execução de pintura látex
i 69.353,31 1,66%
PVA e/ou acrílica (m2)
fornecimento e plantio de
j 18.874,51 0,45%
grama (m2)
Fonte: Planilha Orçamentária do Contratante.
Os itens “f”, “h”, “i” e “j” do quadro acima referem-se a serviços simples, que não
apresentam complexidade técnica, não se enquadrando no critério de maior relevância
em relação ao objeto. Quanto ao item “j”, relativo a fornecimento e plantio de grama,
além de não apresentar relevância técnica, ele representa apenas 0,45% do orçamento da
obra, mostrando-se insignificante em termos financeiros.
Neste sentido, após diversos julgados (Acórdãos nº 165/2009 - Plenário, 1908/2008 -
Plenário, 1417/2008 - Plenário, 597/2008 – Plenário, dentre outros), o TCU sumulou o
entendimento.
SÚMULA Nº 263
Para a comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde
que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação da
execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com características
semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a
complexidade do objeto a ser executado.
d) Item “ 4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:
114 de 302
O quadro a seguir identifica os quantitativos acima exigidos, demonstrados em termos
percentuais, em relação aos quantitativos orçados para os respectivos serviços:
Quantitativo
Percentual Percentual
exigido em
em relação entre o
Quantitativo atestado
Item Descrição Valor Total R$ ao valor do exigido em
Orçado técnico ( item
objeto atestado e
4.2.6.3.1 do
orçado o orçado
edital)
preparo,
lançamento,
adensamento e
a 185.110,00 4,42% 511,51 320,00 62,56%
cura de concreto
estrutural Fck>=
20 Mpa (m3)
Fornecimento,
corte,
dobrageme
b 183.748,10 4,39% 24.427,02 15.000,00 61,41%
colocação de
aço CA-50 e/ou
CA-60 (Kg)
execução de
alvenaria de
vedação
c 157.488,20 3,76% 1.529,23 500,00 32,70%
utilizando Dry
Wall de gesso
acartonado(m2)
Execução de
estrutura
d 284.686,02 6,79% 2.257,64 1.500,00 66,44%
metálica para
cobertura (m2)
fornecimento e
assentamento de
e 270.427,90 6,45% 2.257,64 1.500,00 66,44%
telhas de
alumínio (m2)
115 de 302
fornecimento e
assentamento de
f 92.840,97 2,22% 533,27 800,00 150,02%
forro de gesso
(m2)
fornecimento,
regularização e
g assentamento de 181.237,44 4,33% 1.696,42 1.200,00 70,74%
piso porcelanato
(m2)
execução de
emassamento
h PVA em 60.490,41 1,44% 5.630,24 3.000,00 53,28%
paredes e tetos
(m2)
execução de
pintura látex
i 69.353,31 1,66% 5.592,77 3.000,00 53,64%
PVA e/ou
acrílica (m2)
fornecimento e
j plantio de grama 18.874,51 0,45% 1.803,55 1.000,00 55,45%
(m2)
Acórdão nº2373/2013-TCU-Plenário:
Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária, identificada
no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa, contraria a jurisprudência
do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003, 2.215/2008, 1.949/2008, todos do
Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004
(...)”
116 de 302
Analisando o quadro III acima, observa-se que dos 10 itens exigidos, 9 extrapolaram esse
percentual. No caso do item f, o quantitativo exigido representa 150,02% do valor orçado,
superando sobremaneira o limite considerado na jurisprudência do TCU.
ato
/F
#
“(...)
1.a. Exigência de enviar responsável técnico para visita e data única para a
realização de visita técnica;
Dos itens 2.1.4.1 e 2.1.4.3 do Edital de Licitação CP 002/2014.
117 de 302
cabendo à sua responsabilidade programar um compromisso com data e horário pré
agendados, posteriormente aos 30 (trinta) dias da ciência da licitação (publicação).
Assim, no caso concreto a visita técnica em data única, tinha por objetivo,
minimizar as dificuldades administrativas para a Secretaria de Obras, considerando seu
exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação destes acompanhar as obras em
andamento, medições e visitas para novas contratações, além das atividades rotineiras de
relatórios, orientações, avaliações de alterações nas obras, laudos de engenharia. Assim, a
concentração em data única permitia maior aproveitamento de suas atividades.
Por outro lado, cediço que o objetivo da visita técnica sempre foi prestar
esclarecimentos necessários aos licitantes e permitir amplo entendimento do projeto,
visando facilitar a elaboração das propostas. Ocorre que, no caso concreto, a
Administração Pública nunca recusou os pedidos de agendamentos extraordinários
devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse sentido, este requisito não enseja
o caráter restritivo, pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.
118 de 302
Quanto a tal ponto, é de se considerar que a logística necessária para o referido
procedimento, sempre demanda tempo hábil, mormente considerando a ausência de
informatização do sistema. Assim, se se permitisse o depósito da garantia até o dia da
abertura tal conduta certamente incorreria no risco de impossibilidade procedimental da
Municipalidade em entregar a documentação necessária à comprovação do oferecimento
da garantia, o que, de acordo com o edital, é documento obrigatório e indispensável, que
deve constar no envelope inviolado dos documentos de habilitação do certame.
Assim, qualquer atraso na entrega dos documentos à Comissão de Licitação
impediria a participação da licitante, restringido assim o caráter competitivo.
Neste ínterim, ainda vale ressaltar que o expediente do Núcleo de Tesouraria
inicia-se às 12 horas. Portanto, é preciso reconhecer que os comprovantes de recolhimento
da garantia seriam exigidos apenas no momento da abertura dos envelopes, junto aos
documentos da fase de habilitação.
Além disso, cumpre observar também que a data definida para depósito era
posterior ao período de publicidade da modalidade em referência, ou seja, somente depois
de cumpridos os 30 dias de publicidade, delimitou-se a data máxima para o depósito (O
edital foi publicado em 09/01/14 e o depósito previsto para 11/02/14).
Importante nesse sentido ponderar que houve sempre o cuidado de definir a data
de depósito próximo à data da visita, de praxe em dia imediatamente posterior,
considerando que as licitantes cujas sedes não fossem Uberlândia, poderiam, após a visita
técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e evitando tumultos e nulidades
no dia da abertura.
Por todos estes motivos, não se pode considerar este requisito como restrição à
participação no certame. Pelo contrário, a Administração Municipal sempre se preocupou
em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os
interessados no certame de maneira isonômica – já que tal procedimento era de prévio
conhecimento e de igual condição a todos licitantes.
Cabe ressaltar que em meados de 2014, o Município adequou seus editais à
jurisprudência do TCU.
119 de 302
elevadas pela CGU, por excederem limite de 50% recomendado pelo TCU - Dos itens
4.2.6.3 e 4.2.6.3.1 do edital CP 002/2014
120 de 302
121 de 302
Quanto aos demais itens, os critérios para eleição destes quantitativos como
preponderantes, serão melhor explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o
contraditório.
Faremos as considerações que os processos permitem, valendo-nos da evolução
natural dos processos administrativos municipais esperada na Administração Pública. É
certo que jurisprudência das Cortes de Contas nacionais (TCE E TCU) são relevantes fontes
normativas, mas é importante ressaltar que o art. 30, III da Lei 8.666/93, não estabelece
limites e usa a expressão “compatível” como balizador da exigência. Mais uma vez,
entendemos que à área técnica de engenharia cabe a definir os critérios para aceitar os
atestados.
Mais importante ainda é observar que acatando a recomendação do Tribunal
de Contas da União, nossos editais foram adequados a partir de meados de 2014.
(...)
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(...)
Sobre a exigência de participação de responsável técnico, foi alegado que tal procedimento
visava única e exclusivamente tomar conhecimento de todas as informações e condições
locais para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei e
que tal só seria viável com a presença de um profissional de engenharia; assim sendo, o
edital exigiu a participação de um dos seus responsáveis técnicos, não necessariamente
aquele que estaria a frente dos serviços, caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de
2014, conclui o arrazoado, o Município já havia adequados em editais às recomendações do
TCU.
122 de 302
a visita técnica fosse realizada somente no dia 10/12/2014 às 14:00h, além de restringir a
participação de um maior universo de interessados, pode ter possibilitado que os
concorrentes interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa forma, a
competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.
Por seu turno, ratifica-se os ditames do Acórdão 2299/2011 – Plenário, segundo o qual:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal(...)”.
Por fim, sobre a adequação dos editais com relação à exigências do TCU, na forma descrita
nas justificativas apresentadas, não foi apresentada pelo gestor municipal, documentação
comprobatória que atestasse a efetividade dessa medida.
123 de 302
segundo o mesmo, em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a
participação de todos os interessados no certame de maneira isonômica.
De igual relevo à alínea anterior, a CGU reitera seu posicionamento inicial, ratificando que
tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do órgão licitante de todos os
possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais suscetível o comprometimento
do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o disposto no art. 3º da Lei nº
8.666/93. Ademais, o TCU, conforme já disposto no campo “Fato” deste item de relatório,
também já se posicionou contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo
para entrega dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº
381/2009 e nº 557/2010, ambos Plenário.
c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;
(...)”
Nesse sentido, mais uma vez, a CGU contesta as alegações apresentadas, visto que, mesmo
se tratando de questão discricionária do gestor, existe um arcabouço legal dando suporte
contrário a essa prática. Reitera-se, por exemplo, o art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, o
qual determina que a referida experiência anterior é demonstrada por meio de atestados de
capacidade técnica na execução de serviços semelhantes, mas limitadas às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação, fato que não foi observado pela
Prefeitura Municipal de Uberlândia, no caso em tela.
Por fim, vale pontuar que, mesmo que a matéria devesse ser atribuída ao gestor antecedente,
conforme alega o parecerista, a CGU entende que caberia ao atual gestor municipal, em face
do tempo em que já encontra na titularidade do cargo, em ajustar este critério, dentro dos
ditames legais correlatos.
d) Item “ 4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
(...)
Com relação aos itens “a” e “f”, a CGU refez os cálculos a acatou as justificativas
apresentadas, contudo, tal ajuste em nada altera o conteúdo dessa falha. Quanto aos demais
itens inquinados neste achado, o gestor alegou o seguinte:
124 de 302
(...)
Quanto aos demais itens, os critérios para eleição destes quantitativos como
preponderantes, serão melhor explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o
contraditório.
(...).
Assim sendo, com relação aos demais itens, a CGU reitera seu posicionamento, lembrando
que, dentre outros, o TCU, mediante o Acórdão nº2373/2013-TCU-Plenário, pacificou o
seguinte entendimento:
Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária, identificada
no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa, contraria a jurisprudência
do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003, 2.215/2008, 1.949/2008, todos do
Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004
(...)”
Quanto à questão interposta pelo gestor, sobre a oportunidade de contestação deste achado
pelo seu antecessor, destaca-se que caberia ao atual prefeito, nas situações em que a
prefeitura não tivesse elementos suficientes para apresentar esclarecimentos sobre fatos
anteriores à atual gestão, encaminhar tal demanda aos ex-gestores responsáveis pela
aplicação dos recursos federais nesse município, mediante expedição de diligência exarada
nesse sentido.
trI
o
aliseC
n
/A
#
Fato
125 de 302
foi suspensa para fins de análise mais detalhada dos documentos, conforme citado acima.
Em ata de 17/07/2013, o andamento do certame foi novamente suspenso, sendo concedido
novo prazo recursal, para nova análise documental. Em nova análise efetuada em
18/07/2013, a CPL acatou a documentação apresentada pelas seguintes empresas (as únicas
a apresentarem a documentação requerida após concessão dos prazo recursais): Treviso
Construtora Ltda., AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Brasil Construções e
Montagens Ltda., declarando-as habilitadas.
Cabe destacar que o preço orçado pela Administração municipal foi de R$ 3.550.424,29 para
o Lote I e R$ 3.549.703,12 para o Lote II, com BDI= 25,0% para ambas. Assim sendo, a
vencedora do certame ofertou descontos de 4,69% para o Lote I e 4,72% para o Lote II, em
relação aos preços orçados pela Administração.
a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(..)
126 de 302
2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e impreterivelmente, no dia
13/06/2013, às 14:00 horas, horário limite em que o representante da licitante deverá se
apresentar na Secretaria Municipal de Obras para a visita.”
Constatou-se que seis empresas efetuaram a visita técnica, sendo as mesmas que
compareceram à primeira reunião da CPL (21/06/2013), já citadas anteriormente.
É sabido que a exigência de visita técnica visa dar cumprimento ao disposto no art. 30, inciso
III da Lei nº 8.666/93, para assegurar que o licitante tome conhecimento de todas as
informações e condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
Ocorre que a exigência de que a referida visita fosse realizada pelo responsável técnico,
ainda detentor de atestados e fixação de data e horário vai de encontro ao entendimento
jurisprudencial.O Tribunal de Contas da União – TCU, no voto do Acórdão 2299/2011 –
Plenário, dispôs que:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal.”.
Assim, a exigência, para fins de participação do certame, da visita técnica pelos responsáveis
técnicos da empresa e a determinação da sua realização somente no dia 10/12/2014 às
14:00h, além de restringir a participação de um maior universo de interessados, possibilitou
que os concorrentes interessados se conhecessem previamente comprometendo, dessa
forma, a competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.
127 de 302
no valor de R$ 35.500,00 (trinta e cinco mil e quinhentos reais) para o Lote I (um) e mais
R$ 35.490,00 (trinta e cinco mil quatrocentos e noventa reais) para o Lote II (dois);”
Item 4.2.5.3.1 “As garantias acima referidas deverão ser depositadas na Tesouraria da
Secretaria Municipal de Finanças, até 05(cinco) dias úteis anteriores a abertura das
propostas, podendo serem realizada em uma das modalidades previstas no § 1º do Art. 56
da Lei nº 8.666/93 e demais alterações.”
De acordo com os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1, foi exigido que a Garantia de Manutenção da
Proposta fosse depositada na Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças até 5 dias antes
da data da entrega dos envelopes, sendo a prova de recolhimento documentação obrigatório
a da Habilitação Econômico-Financeira. Embora o inciso III do art. 31 da Lei nº 8.666/93
estabeleça que a situação econômico-financeira da licitante possa ser demonstrada mediante
prestação de garantia, a legislação não exige que esta garantia seja entregue antes da abertura
dos envelopes, o que é corroborado pelo art. 43 da Lei nº 8.666/93, que determina que a
apreciação da documentação relativa à habilitação deve ocorrer no momento da abertura dos
envelopes.
Cabe salientar ainda que tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do
órgão licitante de todos os possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais
suscetível o comprometimento do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.
c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;
(...)
4.2.6.2.5- a determinação da similaridade exigida será obtida pela abrangência dos itens
de maior relevância técnica e valor significativo, que deverão constar do atestado
apresentado conforme abaixo indicado:
128 de 302
Trata-se de exigência de experiência anterior do responsável técnico da empresa licitante na
execução de determinados serviços, conhecida como capacidade técnico-profissional. Cabe
salientar que, para a comprovação da capacidade técnica- operacional (item 4.2.6.3 do edital)
foram exigidos os mesmos serviços, acrescentando o respectivo quantitativo mínimo do item
executado anteriormente.
Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a referida experiência anterior é
demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na execução de serviços
semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto
da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de Uberlândia não observou
essa determinação legal na comprovação de execução de alguns serviços de constantes no
item 4.2.6.2.5 do edital, conforme quadro a seguir:
Quadro I- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia- Lote I
Percentual em relação ao
Item Descrição Valor Total R$
valor do objeto orçado
129 de 302
k fornecimento e plantio de grama (m2) 61.272,49 1,73%
Quadro II- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia Lote II
Percentual em relação ao
Item Descrição Valor Total R$
valor do objeto orçado
fornecimento, regularização e
h 165.638,33 4,90%
assentamento de piso porcelanato (m2)
Os itens “g”, “i”, “j” e “k” (de ambos os lotes) dos quadros acima referem-se a serviços
simples, que não apresentam complexidade técnica, não se enquadrando no critério de maior
relevância em relação ao objeto. Quanto aos itens “b” dos lotes I e II, relativos a “preparo,
lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa (m3), eles
130 de 302
representam 0,70% e 0,74% dos orçamentos dos respectivo lote. Embora seja um serviço
de relevância, por se tratar de concreto estrutural, neste caso especificamente, somente o
anterior (itens “a”), com fck= 20Mpa, se mostrou relevante em valor na planilha licitada, ao
passo que os itens “b”, com fck=25Mpa, não impactaram os respectivos orçamentos,
afigurando-se, pouco significantes, em termos financeiros, embora, tecnicamente seja
relevante. Logo, este item também não se enquadra no critério de maior relevância e valor
significativo, simultaneamente.
d) Item “4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:
131 de 302
Os quadros a seguir identificam os quantitativos acima exigidos para os respectivos serviços,
demonstrados em termos percentuais, em relação aos quantitativos orçados por lote:
Quantitativo
Percentual Percentual
exigido em
em relação entre o
Valor Quantitativo atestado
Item Descrição ao valor do exigido em
Total R$ Orçado técnico ( item
objeto atestado e o
4.2.6.3.1 do
orçado orçado
edital)
preparo,
lançamento,
adensamento e cura
a 58.427,01 1,65% 183,56 220,00 119,85%
de concreto
estrutural Fck>= 20
Mpa (m3)
preparo,
lançamento,
adensamento e cura
b 25.004,40 0,70% 76,35 100,00 130,98%
de concreto
estrutural Fck>= 25
Mpa (m3)
Fornecimento,
corte, dobrageme
c colocação de aço 153.940,97 4,34% 21.088,15 15.000,00 71,13%
CA-50 e/ou CA-60
(Kg)
132 de 302
execução de
alvenaria de
d vedação utilizando 153.695,54 4,33% 1.607,80 700,00 43,54%
Dry Wall de gesso
acartonado(m2)
Execução de
estrutura metálica
e 265.689,45 7,48% 2.257,64 1.500,00 66,44%
para cobertura
(m2)
fornecimento e
assentamento de
f 244.809,42 6,90% 2.207,28 1.500,00 67,96%
telhas de alumínio
(m2)
fornecimento e
g assentamento de 78.031,56 2,20% 1.796,77 1.000,00 55,66%
forro de gesso (m2)
fornecimento,
regularização e
h assentamento de 165.638,33 4,67% 1.658,95 1.200,00 72,33%
piso porcelanato
(m2)
execução de
emassamento PVA
i 60.341,63 1,70% 5.459,08 3.000,00 54,95%
em paredes e tetos
(m2)
execução de
j pintura látex PVA 69.637,90 1,96% 5.459,08 3.000,00 54,95%
e/ou acrílica (m2)
133 de 302
fornecimento e
k plantio de grama 61.272,49 1,73% 5.806,76 3.500,00 60,27%
(m2)
Quantitativo
Percentual
exigido em
em
atestado Percentual entre o
Valor relação ao Quantitativo
Item Descrição técnico ( exigido em atestado
Total R$ valor do Orçado
item e o orçado
objeto
4.2.6.3.1 do
orçado
edital)
preparo,
lançamento,
adensamento e
cura de
a 58.430,35 1,73% 183,56 220,00 119,85%
concreto
estrutural
Fck>= 20 Mpa
(m3)
preparo,
lançamento,
adensamento e
cura de
b 25.004,40 0,74% 76,38 100,00 130,92%
concreto
estrutural
Fck>= 25 Mpa
(m3)
Fornecimento,
corte,
dobrageme
c 153.940,97 4,55% 21.088,15 15.000,00 71,13%
colocação de
aço CA-50 e/ou
CA-60 (Kg)
134 de 302
execução de
alvenaria de
vedação
d 153.695,54 4,54% 700,00 43,54%
utilizando Dry
Wall de gesso
acartonado(m2)
1.607,80
Execução de
estrutura
e 235.689,45 6,97% 1.500,00 66,44%
metálica para
cobertura (m2)
2.257,64
fornecimento e
assentamento
f 244.809,42 7,24% 1.500,00 67,96%
de telhas de
alumínio (m2)
2.207,28
fornecimento e
assentamento
g 78.011,56 2,31% 1.796,77 1.000,00 55,66%
de forro de
gesso (m2)
fornecimento,
regularização
e assentamento
h 165.638,33 4,90% 1.658,95 1.200,00 72,33%
de piso
porcelanato
(m2)
execução de
emassamento
i PVA em 60.341,63 1,78% 5.459,08 3.000,00 54,95%
paredes e tetos
(m2)
execução de
pintura látex
j 69.637,90 2,06% 5.459,08 3.000,00 54,95%
PVA e/ou
acrílica (m2)
135 de 302
fornecimento e
k plantio de 61.272,49 1,81% 5.806,76 3.500,00 60,27%
grama (m2)
De acordo com o item 6.2 do edital, a licitante considerada vencedora do lote nº 01, primeiro
a ser julgado, não poderia participar do julgamento do lote nº 02. Tal critério, além de não
apresentar amparo legal, contraria o art. 3º da Lei nº 8.666/93 ao não garantir o princípio da
isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, bem como restringir
a competitividade.
Ao estabelecer a referida restrição, uma empresa, que, em função de sua estrutura de custo
e, até, na expectativa que vencer as duas obras, poderia apresentar a menor proposta de
preços para os dois lotes, não teria a sua proposição para o lote 2 julgada, trazendo prejuízo
para a Administração.
136 de 302
Conclusivamente, analisando as constatações abordadas nas alíneas a), b), c) e d) acima, em
conjunto ou de per si, tem-se uma dimensão das restrições editalícias constantes no
chamamento em tela e seu possível impacto no comparecimento ao certame. Das 26
empresas que adquiriram o edital, 6 comparecerem à primeira reunião de 21/06/2013 e
somente 3 foram habilitadas para a abertura das propostas de preços para os dois lotes, sendo
que somente uma teve sua proposta de preços validada pela CPL para os dois lotes.
ato
/F
#
137 de 302
concentração em data única permitia maior aproveitamento de suas atividades.
Por outro lado, cediço que o objetivo da visita técnica sempre foi prestar
esclarecimentos necessários aos licitantes e permitir amplo entendimento do projeto,
visando facilitar a elaboração das propostas. Ocorre que, no caso concreto, a
Administração Pública nunca recusou os pedidos de agendamentos extraordinários
devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse sentido, este requisito não enseja
o caráter restritivo, pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.
138 de 302
impediria a participação da licitante, restringido assim o caráter competitivo.
Neste ínterim, ainda vale ressaltar que o expediente do Núcleo de Tesouraria
inicia-se às 12 horas. Portanto, é preciso reconhecer que os comprovantes de recolhimento
da garantia só seriam obrigados à apresentação no momento da abertura dos envelopes,
junto aos documentos da fase de habilitação.
Além disso, cumpre observar também que a data definida para depósito era
posterior ao período de publicidade da modalidade em referência, ou seja, somente depois
de cumpridos os 30 dias de publicidade, delimitou-se a data máxima para o depósito (data
publicação 14/05/13 e data depósito 14/06/13).
Importante nesse sentido ponderar que houve sempre o cuidado de definir a data
de depósito próximo à data da visita, de praxe em dia imediatamente posterior,
considerando que as licitantes cujas sedes não fossem Uberlândia, poderiam, após a visita
técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e evitando tumultos e nulidades
no dia da abertura.
Por todos estes motivos, não se pode considerar este requisito como restrição à
participação no certame. Pelo contrário, a Administração Municipal sempre se preocupou
em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os
interessados no certame de maneira isonômica – já que tal procedimento era de prévio
conhecimento e de igual condição a todos licitantes.
Cabe ressaltar que em meados de 2014, o Município adequou seus editais à
jurisprudência do TCU.
139 de 302
h) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos ;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica;
k) fornecimento e plantio de grama”
140 de 302
conforme item editalício 4.2.6.3 que se segue:
Item “4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os
serviços, objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s)
técnico(s) emitido(s) em seu nome, de experiência por desempenho de atividade
pertinente e compatível com o objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:
a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa, em
volume maior ou igual a 220 m3;
b) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa, em
volume maior ou igual a 100 m3
c) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60, em quantidade
maior ou igual a 15 toneladas;
d) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado, em área
maior ou igual a 700 m2;
e) execução de estrutura metálica para cobertura, em área maior ou igual a 1.500 m2;
f) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio, em área maior ou igual a 1.500m2;
g) fornecimento e assentamento de forro de gesso, em área maior ou igual a 1000,00 m2;
h) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato, em área maior ou igual
a 1.200,00 m2;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos, em área maior ou igual a
3.000,00 m2;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica, em área maior ou igual a 3.000,00 m2;
k) fornecimento e plantio de grama, em área maior ou igual a 3.500 m2“.
141 de 302
Alega o auditor a extrapolação dos limites determinados pela jurisprudência do
TCU em 50% dos respectivos quantitativos das atividades constantes da planilha de
orçamento básico.
Ao se analisar as planilhas de maneira isolada (lotes 01 e 02) e aplicar o limite
estipulado, de fato, se verifica que há uma variação para mais, do percentual limite ditado
pela jurisprudência para certos itens, o que não ocorre ao somar os quantitativos, por item,
de ambas as planilhas e aplicar, após esse procedimento, o cálculo do limite de 50%, o que
parece ter sido o procedimento adotado pela área técnica à época da elaboração do edital.
Abaixo apresenta-se o quadro 2 com os itens utilizados para o cálculo das atividades que
deveriam constar dos atestados.
Os critérios para eleição destes quantitativos como preponderantes, serão melhor
explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o contraditório.
Fizemos as considerações que os processos permitem, valendo-nos da evolução
natural dos processos administrativos municipais esperada na Administração Pública. É
certo que jurisprudência das Cortes de Contas nacionais (TCE E TCU) são fontes normativas
relevantes, mas é importante ressaltar que o art. 30, III da Lei 8.666/93, não estabelece limites
e usa a expressão “compatível” como balizador da exigência. Mais uma vez, entendemos que
à área técnica de engenharia cabe definir os critérios para aceitar os atestados.
Mais importante ainda é observar que acatando a recomendação do Tribunal de
Contas da União, nossos editais foram adequados a partir de meados de 2014.
142 de 302
143 de 302
144 de 302
CURVA B CURVA A
145 de 302
Por fim, anota a Controladoria Geral da União, que impedir o vencedor do lote I
de participar do julgamento das propostas para o lote II fere o princípio da isonomia e
portanto o art. 3º da Lei 8.666/93. As razões de governo devem ser questionadas ao gestor à
época, mas supostamente a intenção seria que, para projetos estratégicos executados ao
mesmo tempo, um eventual problema com uma empresa não atingisse todos os
empreendimentos. Esta licitação, em termos de execução, parece confirmar essa suspeição.
Contudo, esta licitação trouxe no edital o item 6.9, admitindo a participação no lote II, do
vencedor no lote I (caso frustrasse a participação). Foi este critério que permitiu a
participação da AZM Empreendimentos Imobiliários na abertura do envelope de proposta
para o lote II. A partir dele, foi dado provimento ao recurso interposto, tendo em vista que a
comissão não observara sua disciplina no momento da abertura das propostas. Portanto, o
edital não contrariava o artigo 3º da Lei 8.666/93.
Vale observar que as duas obras foram licitadas em único processo, atendendo
ao artigo 23,§ 1º da Lei 8.666/93, que determina que as obras deverão ser divididas em tantas
parcelas quantas se comprovem técnica e economicamente viáveis, para ampliar a
competitividade.
(...)..
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável técnico.
(...)
Sobre a realização da visita técnica na mesma data e mesmo horário, os responsáveis alegaram
que tal prática visava tão somente minimizar as dificuldades administrativas para a Secretaria
de Obras, considerando seu exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação destes
acompanhar as obras em andamento, medições e visitas para novas contratações. Na
sequência, o gestor alega que a Administração Pública nunca recusou os pedidos de
agendamentos extraordinários devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse
sentido, entendem os responsáveis, que este requisito não enseja restrição ao caráter restritivo,
pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.
Sobre a exigência de participação de responsável técnico, foi alegado que tal procedimento
visava única e exclusivamente tomar conhecimento de todas as informações e condições locais
para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei e que tal
só seria viável com a presença de um profissional de engenharia; assim sendo, o edital exigiu
a participação de um dos seus responsáveis técnicos, não necessariamente aquele que estaria
a frente dos serviços, caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de 2014, conclui o
arrazoado, o Município já havia adequados em editais às recomendações do TCU.
146 de 302
visita técnica fosse realizada somente no dia 13/06/2013 às 14:00h, além de restringir a
participação de um maior universo de interessados, pode ter possibilitado que os concorrentes
interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa forma, a competitividade
da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.
Assim sendo, reitera-se as disposições contidas nos Acórdãos TCU nº 2.028/2006 – 1ª Câmara
e nº 874/2007 – 2ª Câmara, o TCU – Tribunal de Contas da União, segundo os quais é admitida
a visita técnica como critério de habilitação, desde que tal exigência não venha acompanhada
de condicionantes que resultem em ônus desnecessário às licitantes, tal como a visita com data
e hora marcada. Também no Acórdão TCU nº 2150/2008 – Plenário, foi determinado que,
para os casos em que a visita seja imprescindível, deve-se evitar reunir os licitantes em data e
horários marcados capazes de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de
concorrentes.
Por seu turno, ratifica-se os ditames do Acórdão 2299/2011 – Plenário, segundo o qual:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa possua
o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do engenheiro
antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a participação de
possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do Tribunal(...)”.
Por fim, sobre a adequação dos editais com relação à exigências do TCU, na forma descrita
nas justificativas apresentadas, não foi apresentada pelo gestor municipal, documentação
comprobatória que atestasse a efetividade dessa medida.
Foi justificado pelo gestor que a exigência de garantia é uma forma minimamente segura, com
a qual a Administração Pública pode exigir que a licitante mantenha as propostas financeiras
durante a realização do certame, bem como demonstre indício de saúde econômico-financeira
da empresa, tratando-se, inclusive, de estrita exigência legal. Neste caso, a garantia foi exigida
considerando que o montante deveria ser depositado junto à Tesouraria da Secretaria
Municipal de Finanças. Quanto à data definida para o depósito, alegam que a mesma foi fixada
próxima à data da visita técnica, pois, assim sendo, as licitantes cujas sedes não fossem
Uberlândia, poderiam, após a visita técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e
evitando tumultos e nulidades no dia da abertura. Tal prática, na ótica do parecerista, não pode
ser considerada como restrição à participação no certame, pelo contrário, segundo ele, a
Administração Municipal sempre se preocupou segundo o mesmo, em instituir procedimentos
céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os interessados no certame de
maneira isonômica.
147 de 302
De igual relevo à alínea anterior, a CGU reitera seu posicionamento inicial, ratificando que
tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do órgão licitante de todos os
possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais suscetível o comprometimento
do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.
Ademais, o TCU, conforme já disposto no campo “Fato” deste item de relatório, também já
se posicionou contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo para entrega
dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº 381/2009 e nº
557/2010, ambos Plenário.
Itens “c” e “.d”: Exigência de atestados em nome de profissionais engenheiros de seu quadro
permanente, para itens considerados menos relevantes pela equipe técnica da CGU - Dos
itens 4.2.6.2 e 4.2.6.2.5 do edital CP 405/13, Exigência de atestados em nome da empresa,
contendo quantidades similares e compatíveis aos serviços orçados, cujas quantidades foram
consideradas elevadas pela CGU, por excederem limite de 50% recomendado pelo TCU. Dos
itens 4.2.6.3 e 4.2.6.3.1 do edital CP 405/2013.
(...)
Em seu arrazoado, ao discordar da CGU, no aspecto que trata da exigência de atestados de
capacidade técnica na execução de serviços semelhantes, mas limitadas às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação, o gestor, conclusivamente informa o
seguinte:
(...)
É apontado pelo relatório do auditor da CGU um grupo de 04 (quatro) itens que em sua
avaliação “referem-se a serviços simples, que não apresentam complexidade técnica, não se
enquadrando no critério de maior relevância em relação ao objeto.”
g) fornecimento e assentamento de forro de gesso (m²)
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos (m²)
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica (m²)
k) fornecimento e plantio de grama (m²)
Cabe esclarecer que os projetos das UPA´s, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde
de Minas Gerais, observam critérios executivos e estruturais que implicam em um modelo
construtivo que foge um pouco aos tradicionais padrões de construções em alvenaria, muito
comuns no cenário de obras civis nacionais.
A Secretaria de Estado, ao optar por uma estrutura em drywall com perfis em light steel
frame, deve-se atentar a elaboração e execução de um projeto integrado de soluções que
atuem concomitantemente para perfeita funcionalidade da edificação, ainda mais em se
tratando de uma unidade hospitalar possuidora de rígidos critérios construtivos e de
manutenção que devem determinar a perenidade da estrutura e o mínimo impacto em
atividades de manutenção preditiva e corretiva. Nessa esteira, ainda que per si pareça
“serviço simples, que não apresentam complexidade técnica” não há que se dizer os itens em
comento sejam de menor relevância no contexto exposto. Acrescenta-se o fato da análise de
valor significativo obtido pela metodologia da curva ABC aplicada ao orçamento básico,
demonstrar inequivocamente que os itens elencados nas cláusulas 4.2.6.5 e 4.2.6.3.1 são, de
fato os de maior valor significativo.
(...)
Preliminarmente, cabe reiterar que o assunto versa sobre a exigência de experiência anterior
do responsável técnico da empresa licitante na execução de determinados serviços, conhecida
como capacidade técnico-profissional. Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a
referida experiência anterior é demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na
execução de serviços semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de
148 de 302
Uberlândia não observou essa determinação legal na comprovação de execução dos serviços
listados nos itens “g”, “i”, “j” e “k” (de ambos os lotes, quadros I e II, do Campo “Fato”).
Em que pesem as justificativas acima apresentadas, onde o gestor infere que não há que se
dizer que os itens em comento sejam de menor relevância no contexto exposto, a CGU ratifica
seu posicionamento, no sentido de que os itens “g”, “i” e “j” não se enquadram, de forma
simultânea, nos quesitos “maior relevância e valor significativo”. Já o item “k”, não se
enquadra em nenhum dos dois quesitos.
Assim sendo, cabe citar as disposições contidas na Súmula nº 263/2011-TCU, segundo a qual,
para a comprovação da capacidade técnico operacional das licitantes, desde que limitada,
simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser
contratado, é legal a exigência de comprovação da execução da execução de quantitativos
mínimos em obras ou serviços com características semelhantes, devendo essa exigência
guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser executado, o que não se
aplica ao caso em tela.
Quanto à segunda parte deste quesito, o qual versa sobre a extrapolação dos limites
determinados pela jurisprudência do TCU em 50% dos respectivos quantitativos das
atividades constantes da planilha de orçamento básico, o gestor alegou, em parte de seu
arrazoado, o seguinte:
(...)
(...)
Cabe informar que a análise das planilhas deve ser feita por lote, não de forma conjunta,
conforme alegado pelo gestor, além do mais, ao que tudo indica, os quantitativos constantes
na cláusula editalícia, não se afiguram serem resultado de somatório de quantitativos de
ambos os lotes. Logo, essa argumentação não merece acolhida.
149 de 302
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária,
identificada no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa,
contraria a jurisprudência do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003,
2.215/2008, 1.949/2008, todos do Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004
(...)”
Na parte final do seu texto sobre a matéria, o gestor municipal interpõe o seguinte:
(...)
Por fim, anota a Controladoria Geral da União, que impedir o vencedor do lote I de participar
do julgamento das propostas para o lote II fere o princípio da isonomia e portanto o art. 3º
da Lei 8.666/93. As razões de governo devem ser questionadas ao gestor à época, mas
supostamente a intenção seria que, para projetos estratégicos executados ao mesmo tempo,
um eventual problema com uma empresa não atingisse todos os empreendimentos. Esta
licitação, em termos de execução, parece confirmar essa suspeição (...)
Cumpre informar que, ao estabelecer a referida restrição, uma empresa, que, em função de sua
estrutura de custo e, até, na expectativa que vencer as duas obras, poderia apresentar a menor
proposta de preços para os dois lotes, não teria a sua proposição para o lote 2 julgada, trazendo
prejuízo para a Administração.
Por fim, quanto à questão interposta pelo gestor, sobre a oportunidade de contestação deste
achado pelo seu antecessor, destaca-se que caberia ao atual prefeito, nas situações em que a
prefeitura não tivesse elementos suficientes para apresentar esclarecimentos sobre fatos
anteriores a atual gestão, encaminhar tal demanda aos ex-gestores responsáveis pela aplicação
dos recursos federais nesse município, mediante expedição de diligência exarada nesse
sentido.
trI
o
aliseC
n
/A
#
Fato
Em relação aos dois recolhimentos das guias de pagamento do edital, há uma grande
coincidência: os pagamentos realizados pela AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e
Brasil Construções e Montagens Ltda. ocorreram em um correspondente do “Caixa Aqui” da
Caixa Econômica Federal em mesma data (14/01/2014), no mesmo operador, com um
150 de 302
intervalo de tempo entre os dois pagamentos de apenas 37 segundos, pois foram efetuados
respectivamente, às 14h01min02s e 14h01min39s.
Dessa forma, verificou-se que a mesma pessoa efetuou os dois recolhimentos das guias de
pagamento do edital. Tal situação indica uma possível frustração do caráter competitivo na
participação das duas empresas na Concorrência nº 02/2014. Destaca-se que as referidas
empresas foram as únicas com propostas de preços válidas, haja vista que as empresas
Construtora Cinzel S/A e Elite Construtora Ltda., apesar de habilitadas, apresentaram
propostas superior ao limite fixado pela prefeitura.
ato
/F
#
(...)
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
O fato de a prefeitura ter feita a pesquisa acima argumentada, com base nos dados por ela
levantados, não exclui a possibilidade ter ocorrido a frustração do caráter competitivo neste
certame, visto que restou inequívoco que mesma pessoa efetuou os dois recolhimentos das
guias de pagamento do edital. Ademais, quando se fala em frustração de competitividade, tal
afirmativa não se pauta apenas em um quesito, mas em um conjunto probatório razoável de
fatos, para se ter essa inferência. No caso desta Concorrência, além do fato acima, têm ainda
os aspectos insertos em constatação específica sobre a Concorrência nº 002/2014, que também
151 de 302
versam sobre possível restrição ao caráter competitivo do certame, constatação essa constante
em item específico deste relatório.
trI
o
aliseC
n
/A
#
Fato
Em 01/08/2013, a CPL reuniu-se em nova sessão com os três licitantes habilitados. Naquela
oportunidade, a empresa Treviso Construtora Ltda., por meio de Carta de Desistência assinada
pelo seu Sócio-Diretor CPF ***.233.556-** requereu a retirada dos envelopes II – Lote 01 e
III – Lote 02 – Proposta Comercial do certame licitatório, justificando o seu pedido em função
de, no período de 21/06/2013, data da 1ª abertura, até 01/08/2013, outros compromissos foram
assumidos pela empresa. Assim, a CPL desconsiderou para fins de julgamento, as propostas
de preços da referida empresa.
Entretanto, o procedimento adotado pela referida comissão contraria o disposto no §3º do art.
6º da Lei nº 8.666/93, que estabelece o seguinte:
“ § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo
justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão”.
No caso da desistência da empresa Treviso Construtora Ltda após a fase de habilitação, não
ficou configurado a existência de fato superveniente que justificasse o acatamento de tal
desistência. Destaca-se que a empresa, no período compreendido entre a 1ª reunião
(21/06/2013) e o acatamento da desistência da empresa (01/08/2013) apresentou nova
documentação de habilitação, nos termos do Memorando nº 901/2013/SMO/GS, de
18/07/2013, indicando que mantinha interesse em continuar sua participação na licitação.
Além disso, o novo julgamento da fase de habilitação ocorreu em 18/07/2013, apontando que,
até aquela data, de acordo com a lei, a empresa ainda poderia desistir de sua proposta.
152 de 302
Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio do
Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
“(...)
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
(...) Como a ata não discorre sobre sua decisão, cabe inferir que ter assumido outros
compromissos no decorrer do processo, seria sim fato superveniente (...),(G.N.)
O fato é que a empresa Treviso Construtora Ltda, após a fase de habilitação, desistiu do
certames, não restando comprovada a existência de fato superveniente que justificasse o
acatamento de tal desistência pela CPL. O procedimento adotado pela referida comissão
contraria o disposto no §3º do art. 6º da Lei nº 8.666/93. Ademais, a empresa, no período
compreendido entre a 1ª reunião (21/06/2013) e o acatamento da desistência da empresa
(01/08/2013), apresentou nova documentação de habilitação, indicando que mantinha
interesse em continuar sua participação na licitação. Como resultado dessa desistência, apenas
duas empresas apresentaram proposta ao certame, sendo que apenas uma sagrou-se vencedora
em dois lotes.
trI
o
aliseC
n
/A
#
3. Conclusão
Em decorrência dos exames realizados e dos fatos apontados neste relatório, foram
constatadas as seguintes situações:
153 de 302
-Paralisação das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, com risco de perdimento do
objeto;
- Ocorrência de medição e pagamento, das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, de
serviços de superestrutura em concreto armado, os quais não haviam sido executados,
resultando em superfaturamento de R$ 204.647,71;
Obras de construção da UPA Novo Mundo paralisadas;
-Celebração irregular de termos aditivos de acréscimos/supressões de serviços nas obras de
construção da UPA Pacaembu III ocasionando extrapolação do limite estabelecido em lei e o
pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título de administração local;
-Ocorrência de falhas nas obras de construção da UPA Pacaembu III, comprometendo sua
viabilidade operacional, visto que o funcionamento daquela UPA foi embargado pela
Secretaria Municipal de Saúde;
-Irregularidades na execução das obras de construção da UPA Novo Mundo, com ocorrência
de falhas/patologias diversas e superfaturamento de R$46.639,36 por execução de serviços a
menor e por pagamento de serviços não executados;
-Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 002/2014 para
construção da UPA do Córrego do Óleo;
-Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 405/2013, relativa às
obras de construção das UPA Novo Mundo e Pacaembu III;
-Pagamento referente à aquisição do edital da Concorrência nº 02/2014 pelas licitantes
classificadas em 1º e 2º lugar no certame realizado pela mesma pessoa;
-Desistência indevida de licitante após a fase de habilitação da Concorrência Pública nº
405/2013, acatada pela Comissão de Permanente de Licitação;
Conclusivamente, cabem os seguintes aspectos sobre as três obras, todas elas paralisadas:
b) UPA Pacaembu
Por ocasião da inspeção física da CGU, as obras ainda não estavam concluídas na íntegra.
Segundo o gestor, em seu arrazoado, as alterações propostas foram aprovadas, contudo,
reitera-se que as obras UPA Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração
da vigência contratual e, além do mais, o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria
Municipal de Saúde, em face de diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência
de várias questões de ordem operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA,
dentro dos quesitos de segurança a profissionais e pacientes.
154 de 302
superfaturamento. Esse conjunto de falhas construtivas, se não saneadas em tempo hábil,
coloca em risco a consecução do objeto, em sua plenitude.
155 de 302
Ordem de Serviço: 201800306
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE
Montante de Recursos Financeiros: Não se aplica.
1. Introdução
2.1 Parte 1
156 de 302
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral
da União.
2.1.1. Ausência de transparência nos extratos das contas correntes da Caixa Econômica
Federal.
Fato
As contas correntes dos principais blocos que compõem o Fundo Municipal de Saúde de
Uberlândia/MG - FMS, destinatárias de repasses de recursos federais, estão abertas na Caixa
Econômica Federal - CEF.
O Decreto nº 7.507/2011 da Casa Civil que dispõe sobre a movimentação de recursos federais
transferidos aos Estados, Distrito Federal e Municípios determina, além de outros dispositivos,
que:
Com a finalidade de dar cumprimento às determinações legais citadas, foram assinados dois
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) e três Termos Aditivos aos
TAC´s entre o Ministério Público Federal, as instituições financeiras oficiais que custodiam
tais recursos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e a Controladoria-Geral da
União.
Para verificar se o cumprimento dos ditames do Decreto nº 7.507/2011, foi analisado o extrato
bancário da conta do Bloco MAC, nº 624.003-0, entre o período de setembro a dezembro de
157 de 302
2017. Constatou-se, porém, que a Caixa não dá a devida transparência da utilização dos
recursos por meio do extrato da conta. Quase a totalidade de saídas de recursos da referida
conta no período analisado se deu por meio da nomenclatura “DB ACC ARR” e “ENVIO
TED”, cujos valores em muitos casos ultrapassaram 1 milhão de reais. O procedimento
adotado pela instituição financeira são pagamentos efetuados em blocos/boletins, onde
diversos débitos a diversos fornecedores são feitos no mesmo momento, e, somando os
referidos débitos, se chega ao montante da saída financeira em determinada data. Tem-se
abaixo um quadro com extração do extrato bancário a título exemplificativo.
Constata-se, então, que as saídas de recursos (lançamentos a débito) não possuem a devida
transparência, uma vez que os extratos bancários não contêm a identificação do beneficiário
final (CPF ou CNPJ) e respectiva conta corrente de destino.
Vale ressaltar que no período analisado não se verificou ocorrência de saque “em espécie”
nessa conta.
Da análise amostral da documentação de débitos em conta não houve constatação de utilização
dos recursos da conta do Bloco da Média e Alta Complexidade em finalidade diversa a que se
referem as ações do Bloco.
ato
/F
#
2.2 Parte 2
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que não foram observadas ações ilegais na
execução das despesas do Bloco Mac do Fundo Municipal de Saúde de Uberlândia, que
afrontassem o cumprimento do Decreto nº7.507/2011.
158 de 302
Ordem de Serviço: 201800267
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE
Montante de Recursos Financeiros: R$ 192.908.719,93
1. Introdução
2.1 Parte 1
159 de 302
2.1.1. Pagamentos a prestadores de serviço do SUS sem cobertura contratual e em
duplicidade, no montante de R$841.990,55.
Fato
160 de 302
dada a situação de emergência em proporcionar o tratamento médico hospitalar ao paciente,
não é possível selecionar através do sistema licitatório”, confirmando o enquadramento como
inexigibilidade de licitação.
Não obstante as justificativas e pareceres apresentados, a situação fática não é passível de ser
enquadrada como inexigibilidade de licitação nos termos da Lei nº 8.666/1993, art. 25, porque
a hipótese legal está vinculada exclusivamente a ideia de inviabilidade de competição. Não há
qualquer referência, no artigo citado e subsequentes, sobre casos de emergência servindo
como base para a inexigibilidade da licitação. Compras de serviços em caráter emergencial,
prioritariamente, enquadram-se como dispensa de licitação, conforme hipótese prevista na Lei
nº 8.666/1993, art. 24, inc. IV.
As “Justificativas” insertas nos processos afirmam a relação jurídica entre as partes, alegando
que “a par da relação jurídica entre Município e instituição já existir desde o ‘aceite’ e
prestação de serviço, a obrigação é líquida até que seja apresentada a fatura da Unidade
Hospitalar (...)”.
Em que pese a tese defendida sobre o surgimento da relação jurídica com o “aceite” e a
recorrente afirmação dos prestadores sobre a existência de um “acordo”, o fato é que a SMS
não apresentou os contratos ou instrumentos jurídicos semelhantes que teriam sido firmados
entre as partes, alegando que tais informações deveriam ser solicitadas à gestão municipal
anterior, a qual teria tido a responsabilidade pelos atos questionados.
Sobre a questão, a Lei nº 8.666/1993 é límpida e incontestável ao afirmar, no art. 60, parágrafo
único, que “é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de
pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a
5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas
em regime de adiantamento”.
Não há, então, possibilidade legal que permita a prestação de serviços de saúde e o
consequente pagamento sem a formalização de um contrato, ou instrumento semelhante, que
regulamente as obrigações, direitos, valores, garantias e penalidade entre as partes.
161 de 302
Em paralelo a inexistência de vínculo jurídico formal entre as partes que suporte o pagamento,
um outro problema está relacionado aos valores efetivamente pagos pelos serviços prestados.
Conforme já relatado, em todos os casos contemplados nas Inexigibilidades ocorreram
pagamentos concomitantes por meio do faturamento normal do SUS, através da emissão de
AIH, e por meio de faturamento específico emitido pelo prestador de serviço para a mesma
internação. A tabela seguinte demonstra os valores pagos por processo de inexigibilidade e
por internação.
162 de 302
desconto dos valores pagos por intermédio da AIH, porém com compensação por débitos do prestador existentes
junto ao SUS. (3) Na Inex 303 o “Total pago no processo” corresponde ao valor da fatura do prestador descontado
o valor da AIH.
Nas Inexigibilidades nº 280, 282, 574 e 649/2016, as Solicitações de Pagamento emitidas pelo
Hospital Santa Catarina citam que os pagamentos seriam feitos de acordo com “uma tabela
diferenciada que também é parte integrante do acordo em questão e que é paga, com recursos
próprios, pela SMS em sua dotação orçamentária específica” (original sem grifo). De forma
semelhante, na Inexigibilidade nº 303/2016, a Casa de Saúde Santa Marta informou que a
remuneração pelo serviço prestado seria “calculada pela conhecida tabela de serviços
complementares” (original sem grifo), conforme Ofício nº 00746/2015, de 26 de maio de
2016.
Portanto, não restou demonstrado que os pagamentos foram feitos com base em valores de
referência previamente acordados, indicando que os prestadores tiveram total liberdade na
fixação do preço pelos serviços prestados.
Outro agravante para o problema dos preços praticados é o tratamento diferenciado adotado
em relação aos prestadores. Para o Hospital Santa Catarina, o valor faturado foi pago
integralmente, enquanto para a Casa de Saúde Santa Marta, o valor pago correspondeu ao
valor faturado descontado o valor da AIH correspondente. Também sobre essa questão, a SMS
optou por não se manifestar.
Ressalta-se que a ilegalidade decorre, basicamente, da omissão da base legal para suportar tais
pagamentos, da inexistência de instrumento contratual para regulamentar o vínculo
(atribuições, responsabilidades, obrigações, preços, penalidades) entre as partes e da
simulação de procedimento de inexigibilidade de licitação, conforme relatado anteriormente.
Além disso, não há justificativa técnica para os pagamentos, que são irregulares por
configurarem-se como pagamentos em duplicidade e sem base contratual, uma vez que os
163 de 302
serviços em questão já haviam sido remunerados por meio do faturamento normal das contas
hospitalares apresentadas por meio das AIH.
Considera-se, por fim, que houve ainda o favorecimento indevido ao Hospital Santa Catarina
e à Casa de Saúde Santa Marta porque o pagamento de valores complementares aos serviços
prestados ao SUS não foram estendidos aos demais prestadores do Município, prejudicando
inclusive os prestadores públicos: Hospital de Clínicas da UFU e Hospital e Maternidade
Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro.
ato
/F
#
“Inicialmente, cumpre informar que o número de leitos destinados ao Sistema Único de Saúde
neste Município de Uberlândia é inferior ao preconizado pela Organização Mundial de
Saúde.
Uberlândia possui apenas dois Hospitais Públicos: o Hospital e Maternidade Municipal Dr.
Odelmo Leão Carneiro (HMMDOLC) e o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia (HC/UFU) que é um hospital macrorregional, referência para a rede, em alta
complexidade, desenvolvendo ainda, ações de média complexidade. O Hospital de Clínicas
da UFU não suporta a demanda dos pacientes cardiológicos e de leitos de UTI não tendo o
Município de Uberlândia outra alternativa a não ser utilizar a rede privada credenciada.
O Hospital Santa Catarina estava credenciado junto ao SUS - CNES nº 2151855, desde
25/01/2006 (Portaria GM nº 17 de 25 de janeiro de 2006) em cirurgia cardíaca e leitos de
UTI, sendo esta a avença que permitiu as internações e procedimentos médicos à época. Há
de ressaltar que os procedimentos cardiológicos (cirurgia cardíaca) eram realizados pelo
HC/UFU e Hospital Santa Catarina.
O Hospital Casa de Saúde Santa Marta estava credenciado junto ao SUS em leitos de UTI–
CNES nº 2151847 desde 18/12/2008 (Portaria GM nº 3036 de 18 de dezembro de 2008),
sendo esta a avença que permitia as internações e procedimentos médicos à época.
164 de 302
hospitais da rede privada em atenderem somente pela Tabela SUS. Com isso foi realizado
uma negociação com os hospitais da rede privada credenciados ao SUS uma tabela
complementar baseado em valores intermediários inferior aos valores aplicados pelos planos
de saúde.
A metodologia era a mesma, pagava-se aos hospitais pelo processo de inexigibilidade apenas
a diferença pactuada, que excedia a tabela SUS. O procedimento faturado contra o SUS,
enviado pelo sistema SIH/SUS, era remunerado pela transferência de recursos ao Fundo
Municipal de Saúde pela União, mediante apuração do faturamento apresentado. O modo de
planilhar a despesa diferiu entre os hospitais na forma e apresentação, mas conforme
demonstrado a seguir, ambos mantiveram o mesmo tratamento para a despesa:
O hospital Santa Marta apresenta a fatura no valor total da conta hospitalar deduzindo o
valor pago através das AIH conforme evidenciado às fls. 4 do processo de Inexigibilidade nº
303/2016. O Hospital Santa Catarina apresenta a conta hospitalar já deduzida do valor pago
através da AIH,conforme evidenciado às fls. 31, 146, 176 do processo de Inexigibilidade nº
282/2016.
165 de 302
166 de 302
Isto não significa que há tratamento diferenciado entre os hospitais. A tabela complementar
aplicada é a mesma para ambos os hospitais. Cabe esclarecer que todas as contas
hospitalares com pagamento complementar são auditadas pelo Setor de Auditoria desta
Secretaria. Só após a apresentação da conta hospitalar devidamente auditada é que são
efetuados os pagamentos.
Quanto à escolha pelo enquadramento no art. 25, caput, da Lei Federal nº 8.666/1993 em
detrimento do art. 24, inciso IV, da mesma lei, deveu-se a interpretação sistemática da
legislação, de acordo com a definição da doutrina, bem como pelo cuidado com a
terminologia aplicada ao caso, à época.
A seguir, abordaremos aqueles que seriam os fundamentos da linha jurídica adotada; senão
vejamos:
Por força do art. 196 e seguintes da Constituição Federal de 1988, a Saúde é um direito do
cidadão e sua manutenção é um dever do Estado. E a Lei Federal nº 8.080/90 em seu art. 24,
167 de 302
permite que quando as disponibilidades do SUS forem insuficientes para garantir a cobertura
de assistência à população, o Sistema Único de Saúde poderá recorrer aos serviços ofertados
pela iniciativa privada.
A seleção, portanto, não é aleatória. Ela segue um protocolo prévio de escolha, que vai
selecionar o hospital mais apto a acolher o paciente.
No entanto, a entrada do paciente nestes casos, ocorre antes que a administração possa
sequer iniciar qualquer tipo de fase pré-licitatória, como pesquisa de preços, orçamentos,
confecção de edital, publicação, sob risco de danos irreversíveis aos pacientes.
Portanto, quando o sistema de saúde admite o paciente à guarda do hospital privado, está
criando uma relação jurídica com o mesmo. Veja bem, não se trata de contrato tácito ou
verbal, que seria ofensivo ao § único do art. 60 da Lei Federal n.º 8.666/1993, e sim uma
relação jurídica ainda sem obrigação de contraprestação definida.
Considerando a amplitude do fato jurídico, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
(2010, p. 340) propõem o seguinte conceito: “Fato Jurídico em sentido amplo seria todo
acontecimento natural ou humano capaz de criar, modificar, conservar ou extinguir relações
jurídicas”.
Tal conceito, amparado na conceituação clássica de Savigny, define que qualquer fato
concreto que resulte em consequências jurídicas será um fato jurídico. Quando o fato foi
resultado da vontade de um agente humano, trata-se de um ato jurídico, e quando deste ato
jurídico decorrem resultados de obrigação e deveres entre os sujeitos envolvidos estamos
diante de uma relação jurídica.
Caio Mário (2009, p. 392), assim ensina que: “fatos jurídicos são os acontecimentos em
virtude dos quais começam, se modificam ou se extinguem as relações jurídicas”.
É impossível, no momento da internação, prever qual vai ser o custo do tratamento, bem como
também é impossível saber quais e quantos serão os pacientes a serem realocados na rede
particular, vez que dependem da oferta de leitos na rede pública.
Cria-se, portanto, uma relação jurídica ilíquida entre o município e o hospital particular, que
prescinde de contrato ou instrumentalização, vez que só vai poder ser devidamente liquidada
quando o tratamento se encerrar. Só então o vínculo jurídico se aperfeiçoará e surgirá a
obrigação de pagar.
Veja bem, até que o paciente saia do tratamento não existe obrigação de pagar do município.
Não existe débito, não existe liquidez, e como o hospital foi o selecionado pelo sistema da
168 de 302
rede pública para abrigar o paciente, este era o único hospital que poderia oferecer o serviço
naquele momento, com as especificidades que o caso concreto requeria.
Assim, vemos cristalinamente a subsunção ao caput do art. 25 da Lei Federal n.º 8.666/1993.
O dispositivo, também muito usado para credenciamentos, abarca os casos em que, diante
das excentricidades do caso concreto, não se poderia ter sido escolhido outro prestador para
o serviço sem a ofensa de princípios constitucionais. No caso, a integridade física do paciente.
Pois bem. Quanto à aplicabilidade do art. 24, inciso IV da Lei Federal nº 8.666/1993 para os
casos de internação por falta de leitos públicos cabe tecer alguns comentários.
Conforme a leitura do dispositivo, temos:
Segue a conceituação doutrinária de Marçal Justen Filho, que divide com Jacoby o título de
autoridade máxima em matéria licitatória no país:
Este segundo requisito, em suas palavras: “a contratação imediata apenas será admissível
se evidenciado que será instrumento adequado e eficiente a eliminar o risco (...) a relação de
causalidade entre a contratação e a supressão do risco do dano” (MARÇAL, 2005, p. 239).
Assim, verificamos uma diferença crucial para o caso concreto. Enquanto a dispensa busca
pagar urgentemente para evitar um dano (prova inequívoca da intenção do legislador foi o
prazo de 180 (cento e oitenta) dias para conclusão do serviço/entrega do material), no caso
concreto sequer existe liquidez. O objeto do contrato emergencial deve ser o suficiente para
afastar o dano. É o caso, por exemplo, do paciente que precisa de um medicamento para
sobreviver. A administração fará o contrato imediatamente com base no art. 24, inciso IV da
Lei Federal nº 8.666/1993 e em seguida adquirirá o medicamento para afastar o perigo.
No caso em apreço, não existe qualquer liquidez, não existe qualquer expectativa do custo do
atendimento. Quando exsurge o dever de pagamento da administração já se passaram meses,
às vezes anos da prestação dos serviços. A emergência já se esvaziou há tempos.
169 de 302
Por tais argumentos, o Gestor Municipal à época, elegeu o fundamento legal do art. 25, caput,
da Lei Federal nº 8.666/1993 por entender que a internação do paciente na rede particular
gera uma relação jurídica subjacente, mas ainda incerta e ilíquida, que poderá ser exigida
num futuro, como motivo para que se considere inviável a eleição de outro hospital nas
condições fáticas estabelecidas, em especial pelo credenciamento junto ao SUS para
prestação dos respectivos serviços.”
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
Apesar das alegações apresentadas, não há que se falar em surgimento de uma nova relação
jurídica “quando o sistema de saúde admite o paciente à guarda do hospital privado”, pois,
esta já existia desde o credenciamento do prestador privado no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), fato jurídico que obrigaria o Hospital a receber o
paciente. Assim, toda a manifestação apresentada pelo Gestor resta inaplicável à situação
fática apresentada nesta constatação.
Não obstante a contradição do gestor nas justificativas acima, o fato que persiste é que, para
ambas as situações, há obrigatoriedade da formalização de instrumento jurídico para
regulamentar o vínculo com o SUS, seja por meio das regras de contratualização previstas na
Portaria de Consolidação GM/MS nº 2/2017, Anexo XXIV e Anexo 2 do Anexo XXIV
(matéria regulada à época dos fatos pelas Portarias GM/MS nº 3390/2013 e nº 3410/2013),
seja por meio de contrato administrativo firmado de acordo com o regramento estabelecido na
Lei nº 8.666/1993
170 de 302
Registra-se que, apesar de o Hospital Santa Catarina e a Casa de Saúde Santa Marta estarem
registrados como prestadores de serviço para o SUS, vinculados à gestão municipal, no CNES,
a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG não apresentou – nem durante à visita “in
loco”, nem em sua manifestação – os instrumentos jurídicos que formalizaram o citado
“credenciamento junto ao SUS”.
Este documento não está datado, nem cita prazo de validade ou aprazado, e não integra um
ato normativo público do Município de Uberlândia/MG, porém, os valores cobrados nas
faturas relativas aos procedimentos de Inexigibilidade nº 280, 282, 303, 574 e 649/2016
guardam correspondência com os valores fixados no documento, especificamente para horas
de consumo de oxigênio e diárias de enfermaria.
Sobre a afirmação de que: “é impossível, no momento da internação, prever qual vai ser o
custo do tratamento, bem como também é impossível saber quais e quantos serão os pacientes
a serem realocados na rede particular”, esta serve, na verdade, para reafirmar a importância
da formalização de um contrato que estipule os custos unitários, fixados conforme tabelas
previamente acordadas, de forma a garantir a prestação dos serviços e a respectiva
contraprestação financeira entre as partes envolvidas.
171 de 302
Cabe ainda elucidar a questão sobre o tratamento diferenciado entre os dois hospitais no
momento do cálculo dos valores devidos pelos serviços prestados. O Gestor manifestou-se no
sentido de que “a metodologia era a mesma, pagava-se aos hospitais pelo processo de
inexigibilidade apenas a diferença pactuada, que excedia a tabela SUS”.
Resta nítido pela comparação dos quadros o tratamento diferenciado dispensado pela SMS: o
Hospital Santa Catarina recebe o valor integral das faturas apresentadas enquanto a Casa de
Saúde Santa Marta recebe o valor da fatura descontado da AIH respectiva. Ressalta-se que
nas faturas apresentadas pelo Hospital Santa Catarina não consta registro de nenhum desconto
de valores em função dos valores pagos por intermédio da AIH.
Para fins de comparação, caso fosse aplicado a mesma metodologia aplicada à Casa de Saúde
Santa Marta para os pagamentos ao Hospital Santa Catarina, o valor percebido em função da
Inexigibilidade nº 282/2016 cairia de R$125.942,22 para R$59.507,77.
Por fim, cumpre ainda ressaltar o prejuízo dos hospitais públicos que não receberam o
acréscimo de pagamento pelos mesmos serviços cardiológicos prestados pelos hospitais
privados, fato que não foi considerado na manifestação apresentada pelo Gestor Municipal.
Pelo princípio da impessoalidade da igualdade, o pagamento complementar por serviços de
saúde deveria constituir uma política pública municipal, abrangendo toda a rede prestadora de
serviços para o SUS no município de Uberlândia/MG.
trI
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#
172 de 302
2.1.2. Dimensionamento impreciso de custos e inexatidão do preço estimado para a
formação do preço da Chamada Pública nº 001/2017, direcionando para a contratação
da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
Fato
Este modelo, inclusive, está implementado desde o início das operações do hospital em
dezembro de 2010, quando a própria SPDM assumiu o gerenciamento e execução das ações
e serviços de saúde prestadas no HMMDOLC. A Lei Municipal nº 11.032/2011 dá suporte à
contratação, estabelecendo em seu art. 2º, inc. I, a “adoção, com exclusividade, do modelo de
contrato de gestão com organizações sociais para as parcerias relativas ao funcionamento
das UAI’s – Unidades de Atendimento Integrado, Programa Saúde da Família – PSF’s,
Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro e outras unidades de saúde
que venham a ser criadas”.
Neste contexto, o vínculo atual entre SMS e SPDM foi efetivado por meio da realização de
chamada pública para seleção dentre os possíveis interessados, com posterior contratação por
intermédio de dispensa de licitação.
A Chamada Pública nº 001/2017-SMS teve seu edital emitido em 26 de outubro de 2017 pelo
Secretário Municipal de Saúde, CPF ***.744.696-**, tendo a SPDM, como única entidade
habilitada, sido declarada vencedora. Foi indicada então a “instauração e formalização da
Dispensa de Licitação, pelo art. 24, XXIV da Lei nº 8.666/93 com a Organização Social
vencedora” e homologado o processo em 29 de novembro de 2017. Por conseguinte, a
Dispensa de Licitação nº 815/2017 culminou com a formalização do Contrato de Gestão nº
366/2017 em 20 de dezembro de 2017.
173 de 302
• R$ 8.140.249,77 como parcela fixa “destinada exclusivamente a custeio, inclusive
encargos previdenciários e provisões”;
• R$ 1.110.392,82 como parcela variável, “destinada exclusivamente a custeio, (...)
vinculados à avaliação dos indicadores de qualidade e conforme sua valoração”;
• R$ 220.959,16, como parcela referente ao “pagamento integral do passivo
Trabalhista compreendendo exclusivamente as verbas rescisórias, especificamente
as relativas às multas do FGTS”;
• R$ 52.500,00, como parcela destinada exclusivamente a despesas com investimento.
A estimativa dos recursos financeiros para execução dos serviços previstos no Contrato de
Gestão foi estabelecida no processo da Chamada Pública nº 001/2017-SMS, mais
especificamente no “Demonstrativo de Custo” que compõe o Anexo VI do Edital datado de
26 de outubro de 2017. A tabela seguinte apresenta um resumo deste Demonstrativo,
agrupando os custos por grupo de despesa.
174 de 302
Mais importante que a questão da nomenclatura, porém, é a definição sobre a destinação dos
R$ 428.857,00 estimados para “Divisibilidade de custos corporativos” no Anexo VI, pois é
fundamental conhecer os beneficiários finais de tais recursos. Importante registrar que, como
este item integra o grupo “Funcionamento” (representa 6,4% dos recursos estimados para este
grupo), não há como classificá-lo como despesas de caráter administrativo ou operacional,
uma vez que a planilha de custos tem grupo específico para esses tipos de custos.
No “Demonstrativo de Custo” (Anexo VI), constam dois itens relacionados diretamente aos
recursos humanos: o grupo “Pessoal/ encargos” no valor de R$ 87.674.418,83 e o item
“Pessoal/ encargos (áreas diversas da atividade fim do hospital)”, sendo que este último
integra o grupo “Despesas Operacionais Administrativas”, no valor de R$3.303.044,43.
Somados, tais valores representam 79,6% dos recursos totais estimados para o Contrato.
O Anexo VII do Edital da Chamada Pública nº 001/2017-SMS, não mantém associação direta
com o “Demonstrativo de Custo” (Anexo VI). Primeiro porque apresenta a “Planilha
Dimensionamento de Pessoal” para o Contrato de Gestão sem replicar, de forma clara e
inequívoca, a divisão estabelecida na composição de custos entre pessoal administrativo (item
“Pessoal/ encargos de áreas diversas da atividade fim do hospital) e corpo técnico (grupo
“Pessoal/ encargos”). Segundo, por não haver correspondência direta entre o valor
determinado nesta planilha de dimensionamento de pessoal, R$ 3.290.528,13, e os valores
relativos aos recursos humanos estabelecidos no “Demonstrativo de Custo”.
175 de 302
Consequentemente, o dimensionamento do gasto financeiro com pessoal com base na carga
horária (horas de serviço) é impreciso porque desconsidera duas variáveis importantes na
definição do custo de mão de obra: a quantidade de contratados por área e o nível de
especialização e remuneração de cada tipo de profissional. Isto dificultou a correta formulação
da proposta no âmbito da Chamada Pública nº 001/2017-SMS em decorrência da significativa
materialidade financeira dos recursos destinados aos gastos com pessoal no âmbito do
Contrato, a qual tem forte impacto no estabelecimento do preço final dos serviços a serem
prestados por corresponder a quase 80% dos recursos totais estimados para o acordo.
Portanto, este conjunto de irregularidades verificados nos Anexos VI e VII do Edital teve
repercussão direta na elaboração da proposta por possíveis interessados em participar da
Chamada Pública nº 001/2017-SMS e na formação do preço final praticado no âmbito do
Contrato de Gestão nº 366/2017. Neste contexto, a análise da viabilidade econômico-
financeira da contratação por possíveis interessados foi prejudicada pela incipiência da
composição de custos relativa aos serviços a serem prestados no gerenciamento do Hospital
Municipal.
Nesta perspectiva, o Acórdão TCU nº 2.057/2016 – Plenário orienta que “do processo de
transferência do gerenciamento dos serviços de saúde para organizações sociais deve constar
estudo detalhado que contemple a fundamentação da conclusão de que a transferência do
gerenciamento para organizações sociais mostra-se a melhor opção, avaliação precisa dos
custos do serviço e dos ganhos de eficiência esperados, bem assim planilha detalhada com a
estimativa de custos a serem incorridos na execução dos contratos de gestão’ (item 9.2.3.2).
Trazendo tal orientação para o presente caso, a análise procedida sobre os processos
administrativos referentes à Chamada Pública nº 001/2017-SMS e Dispensa de Licitação nº
815/2017 não identificou a existência deste estudo detalhado prévio em meio à documentação
que integram tais processos.
ato
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176 de 302
O primeiro Contrato de Gestão foi realizado com a Missão Sal da Terra no ano de 2007, e
desde então temos tido o cuidado e o estudo permanente em reavaliar e aperfeiçoar os
contratos de gestão, principalmente o sistema de liberação de parcelas e de avaliação.
O critério de escolha da Organização Social na Chamada Pública n.º 001/2017 foi uma
seleção de Projetos pela “melhor técnica”, pois o hospital municipal encontra-se em
funcionamento desde 2010, e os valores foram sendo reajustados ao longo do período, ou
seja, o valor do contrato foi definido no edital e, não, estimado.
No edital conteve todas as informações apresentadas no Projeto Básico e seus Anexos, onde
descreve a capacidade instalada, os serviços a serem prestados, bem como os profissionais
hoje existentes e os custos por grupos, permitindo que qualquer Organização Social
plenamente estruturada e capacitada participe do certame e possa apresentar uma proposta
técnica compatibilizada com os recursos disponibilizados para o contrato.
177 de 302
aos mesmos fornecedores das outras unidades de saúde desta Secretaria Municipal de Saúde
- SMS, conseguindo um desconto maior por volume de aquisição, onde esse desconto seria
dividido proporcionalmente à aquisição de cada adquirente. Ressaltando que os serviços de
higienização e limpeza referidos no Demonstrativo de Custos contemplam a mão de obra;
diferente do que está inserido em “custos corporativos”.
Todos os colaboradores contratados no HMMDOLC são por meio de processo seletivo, sendo
o regime de trabalho pela CLT, onde os profissionais médicos, independente da
especialidade, recebem por hora trabalhada e todos os seus reflexos (Anexo II).”
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Em sua manifestação, o Gestor Municipal de Saúde afirmou que o edital da Chamada Pública
nº 001/2017 continha todos os elementos necessários para que “qualquer Organização Social
plenamente estruturada e capacitada” formulasse uma proposta técnica em condições de
participação do certame.
A construção de uma planilha de custos e formação de preços que permita identificar, em nível
de detalhamento suficiente, todos os custos envolvidos nos serviços a serem prestados é
elemento prévio e fundamental ao procedimento de seleção da organização social porque é
base para a tomada de decisão do Gestor Municipal, incluindo a decisão pelo modelo
administrativo mais adequado e a avaliação sobre a existência de recursos financeiros para
implantação, manutenção e desenvolvimento da operação da unidade hospitalar.
178 de 302
Ao adotar a sistemática de tomar os custos do “contrato de 2010” como base para a formação
de preços, o processo de administrativo da Chamada Pública nº 001/2017 deveria
obrigatoriamente estar instruído com um demonstrativo dos custos efetivos praticados no
contrato base e das respectivas variações aplicáveis aos valores históricos decorrentes de
aumento ou supressão de serviços e fornecimentos, atualizações monetárias, etc.
Entretanto, essa explicação apresentada pelo Gestor não guarda correspondência com as
informações registradas no Demonstrativo de Custos (Anexo VI do Edital da Chamada
Pública nº 001/2017). Por já existir no Demonstrativo um item específico para “Material de
Limpeza/Higiene Pessoal”, integrando o grupo de “Materiais”, não há justificativa técnica
para a adoção de um novo item, com terminologia duvidosa, para abrigar os “custos com
aquisições de materiais de uso e consumo (produtos de higienização e limpeza pesada,
descartáveis)”. Mesmo que os referidos materiais fossem adquiridos de forma conjunta com
a SMS, não haveria necessidade de enquadramento das despesas em item diferente do já
existente no grupo “Materiais”.
179 de 302
Quanto ao dimensionamento dos recursos humanos, o Gestor ateve-se, em sua manifestação,
a informar que a base para o cálculo de pessoal foi a “atual estrutura do hospital com toda
sua capacidade operacional e necessidades de assistência do Município”, abstendo-se de
comentar/justificar os apontamentos sobre a inconsistência dos valores atribuídos aos custos
com pessoal e encargos nos Anexos VI e VII e sobre o dimensionamento do corpo clínico,
bem como em relação ao impacto dessas impropriedades citadas na estimativa do gasto
financeiro com pessoal e, consequentemente, na formulação de proposta no âmbito da
Chamada Pública nº 001/2017-SMS.
Importante reiterar que o Gestor Municipal não apresentou novos documentos que
preenchessem a lacuna de informações decorrente da inexistência de memória de cálculo e/ou
planilha de custos e formação de preços. Também não houve manifestação no sentido de
promover alterações/melhorias no modelo de Contrato de Gestão utilizado pela SMS,
contrariando a alegação inicial de que os contratos estavam em constante aprimoramento.
Fato
180 de 302
UAPSF Laranjeiras UAPSF Shopping Park II UAPSF São Jorge III
UAPSF Seringueiras I UAPSF Shopping Park III UAPSF São Jorge IV
UAPSF Seringueiras II UAPSF Granada I UAPSF São Jorge V
UAPSF São Gabriel UAPSF Granada II UAPSF Jardim Botânico
Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013, item 1.1.
Obs.: UAI: Unidade de Atendimento Integrado / UAPSF: Unidade de Atenção Primária a Saúde da Família.
Esta contratação da Missão Sal da Terra decorreu de processo licitatório conduzido pela
Secretaria Municipal de Saúde do Município de Uberlândia/MG, na modalidade concorrência
e do tipo “técnica e preço”, visando a seleção de organização social para o gerenciamento das
unidades de saúde do Setor Sul a partir do exercício de 2014. Ressalta-se que este modelo de
contratação de organizações sociais para gerenciamento de unidades públicas de saúde do
Setor Sul já estava operacionalizado no município desde 2010, sendo, inclusive, a Missão Sal
da Terra a entidade responsável pelo serviço nessas mesmas unidades.
Este modelo, inclusive, está suportado pela Lei Municipal nº 11.032/2011, que determina em
seu art. 2º, inc. I, a “adoção, com exclusividade, do modelo de contrato de gestão com
organizações sociais para as parcerias relativas ao funcionamento das UAI’s – Unidades de
Atendimento Integrado, Programa Saúde da Família – PSF’s, Hospital e Maternidade
Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro e outras unidades de saúde que venham a ser criadas”.
Neste contexto, o edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013 foi emitido pelo Secretário
Municipal de Saúde, CPF ***.991.896-**, em 5 de dezembro de 2013 com o intuito,
exclusivamente, de selecionar organização social da área de saúde, devidamente qualificada
nos termos da Lei nº 9.637/1998 e da Lei Municipal nº 7.579/2000. A abertura dos documentos
de habilitação, ocorrida em 31 de janeiro de 2014, e o posterior julgamento das propostas, em
16 de maio de 2014, determinou a homologação do procedimento e a consequente assinatura
do Contrato de Gestão nº 250/2014 com a única entidade habilitada no processo: a Missão Sal
da Terra.
Segundo o item 15.2 do Edital, “os recursos financeiros para a execução do Contrato foram
estimados com base nos valores que vêm sendo efetivamente dispendidos com a operação das
Unidades de Saúde (...)”, porém, tal regramento não está acompanhado no instrumento
convocatório de nenhum detalhamento dos valores citados e/ou de sua evolução histórica, bem
como não há qualquer informação sobre a composição dos custos unitários que permitiu o
estabelecimento destes preços praticados no Contrato de Gestão pelo Município de
Uberlândia/MG.
181 de 302
ao item 7.2.1 do Edital, o qual determinava que “a proposta de preço deverá conter a
apresentação detalhada dos preços (individualizados)”.
Esta omissão do Edital em relação à determinação dos custos unitários dos serviços licitados
limita a participação de entidades interessadas por não fornecer integralmente todos os
elementos necessários para a avaliação da viabilidade econômico-financeira do negócio e,
consequentemente, impactar significativamente a formulação da proposta pelos possíveis
interessados.
Por outro lado, a Missão Sal da Terra, por ser responsável pela execução do serviço licitado
desde 2010, participou do processo licitatório com importante vantagem competitiva em
relação a possíveis concorrentes por ser a única detentora das informações relativas à
composição de custos dos serviços licitados.
182 de 302
• quantificação dos profissionais integrantes das equipes de saúde da família por meio
da carga horária semanal estabelecida por cargo, sem estabelecimento de uma equipe
mínima para as equipes de Saúde da Família;
• indefinição do número de profissionais da área de odontologia, decorrente da não
especificação no dimensionamento dos recursos humanos do número e da constituição
do número de equipes de saúde bucal;
• indefinição do número de agentes comunitários de saúde, agravado pela omissão dos
critérios de dimensionamento de tais profissionais em função da população adscrita;
• indefinição do número de auxiliares administrativos e de serviços gerais, bem como
das equipes contempladas com tais profissionais;
• indefinição do número de psicólogos e assistentes sociais a serem contratados, bem
como dos critérios da distribuição destes profissionais no atendimento às diversas
equipes.
Novamente, a Missão Sal da Terra teria uma vantagem competitiva em relação a outras
possíveis interessadas por estar executando os serviços desde 2010 e, portanto, conhecer
plenamente as necessidades de recursos humanos para o pleno funcionamento das unidades
em questão.
Entretanto, a Proposta Financeira apresentada pela Missão Sal da Terra apresenta os itens
“Material Médico Hosp./Odonto/Oftalmo”, “Medicamentos” e “Material de Consumo
Hospitalar Descartável” com valores financeiros zerados, indicando que a entidade não
183 de 302
assumiria a responsabilidade pela compra e distribuição dos medicamentos e materiais
médicos hospitalares.
184 de 302
Ressalta-se que, pelos princípios da igualdade e da impessoalidade entre os licitantes, o
Município de Uberlândia/MG deveria conduzir a licitação de maneira impessoal, sem
prejudicar ou privilegiar nenhum licitante, tratando com isonomia todos os interessados na
disputa, desde que preenchidos os requisitos exigidos para a participação.
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Todos os atos do processo licitatório em questão seguiram a Lei Federal nº 8.666/1993, bem
como o princípio da publicidade dos atos, e foram concedidos todos os prazos de recurso
para quaisquer pessoas que se sentissem prejudicadas ou cerceadas em seu direito de
participar.
185 de 302
Ainda respaldando o entendimento para propositura de custos, outra empresa apresentou
proposta para participação no certame, conforme comprova Ata de Sessão Pública anexada
às fls. 803 e 804 da Concorrência Pública, ou seja, a empresa INDSH – Instituto Nacional de
Desenvolvimento Social e Humano se considerou apta a apresentar proposta de preços
baseando-se nas informações do edital e sem necessidade de pedido de esclarecimento.
Concluímos que nenhum dos fatos alegados resultou na limitação à competitividade, pois se
assim fosse não haveria a participação de outra empresa na Concorrência Pública nº
1.142/2013.
A partir do momento em que mais de uma entidade participa da concorrência, não realiza
pedido de esclarecimento ou interpõe recursos e, ainda, se dispõe a apresentar proposta
técnica e financeira, não há de se falar que houve qualquer limitação à competitividade.”
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Tal entendimento do Gestor não pode prosperar porque a participação de outra empresa e a
não interposição de recursos ao Edital não são suficientes para garantir a competitividade do
certame. Até porque, a outra empresa participante – Instituto Nacional de Desenvolvimento
Social e Humano (INDSH) – foi inabilitada, não chegando sequer a fase de proposta da
Concorrência.
A competitividade do certame deve ser garantida pelo Edital, que deve evitar cláusulas ou
condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo, estabelecendo
tratamento igualitário entre os licitantes de forma a atender os princípios da isonomia, da
seleção da proposta mais vantajosa para a administração, da legalidade, da impessoalidade, da
igualdade, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.
186 de 302
Permanece, então, o fato de que o Edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013 não
disponibilizava todos os elementos necessários à formulação de proposta por possíveis
interessados, principalmente devido a inexistência de informações sobre a composição de
custos unitários dos serviços. Registra-se que o Gestor não apresentou qualquer justificativa
ou comentário sobre este fato, o que faz persistir o entendimento sobre o descumprimento da
Lei nº 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inc. II.
Portanto, apesar das justificativas apresentadas, permanece a conclusão pela incerteza gerada
para a formulação de propostas financeiras por entidades interessadas devida à incompletude
das informações sobre recursos humanos.
Inclusive, a alegação do Gestor Municipal de que “restou claro que esta não seria obrigação
das entidades, que a Missão Sal da Terra não constou da proposta financeira apresentada”,
serve a comprovação, na verdade, que a Missão Sal da Terra detinha informação privilegiada
sobre o fornecimento de insumos caber a SMS, atribuindo significativa vantagem em relação
aos demais possíveis concorrentes por não incluir em sua Proposta Financeira os valores
financeiros relativos a insumos (“Material Médico Hosp./Odonto/Oftalmo”, “Medicamentos”
e “Material de Consumo Hospitalar Descartável”).
Além disso, uma hipótese que deve ser considerada é a desistência de entidades em participar
do certame em função da possível conclusão pela inviabilidade do negócio decorrente da
assunção dos custos com fornecimento de insumos conforme exige o Edital e anexos da
Concorrência Pública nº 1.142/2013.
Por todo o exposto, mantém-se a conclusão de que a omissão de informações sobre os custos
dos serviços no procedimento licitatório, aliada às imprecisões do dimensionamento de
pessoal e à incerteza sobre a responsabilidade de fornecimento dos insumos, acarretaram
dificuldades à formulação de proposta por possíveis interessados com consequente prejuízo à
competitividade do certame.
Confirma-se, ainda, a hipótese de favorecimento à entidade Missão Sal da Terra porque, como
já era executora dos serviços anteriormente à Concorrência, configurava-se como única
187 de 302
entidade que possuía informações relativas à integralidade dos custos envolvidos no negócio,
ao dimensionamento dos recursos humanos necessários e à sistemática de fornecimento de
insumos.
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Fato
O Setor Sul, um dos cinco setores sanitários em que foi dividido o Município de
Uberlândia/MG, possui uma população de 70.289 habitantes adscrita à sua área de
abrangência. O atendimento primário à saúde desta população é realizado por 21 UAPSF,
todas sob gestão da Missão Sal da Terra.
Estas UAPSF administradas pela Missão Sal da Terra devem seguir a legislação referente ao
Sistema Único de Saúde (SUS) e as diretrizes do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde
do Município de Uberlândia/MG, prestando atendimento ambulatorial nas áreas de clínica
geral, pediatria, ginecologia, odontologia, psicologia, serviços social e atendimento de
enfermagem, por meio de equipe multiprofissional e multidisciplinar, no horário de 7 às 17
horas, de segunda a sexta-feira (“Anexo I: Projeto Básico – Termo de Referência” do Contrato
de Gestão).
188 de 302
dos serviços ofertados às pessoas” ” (matéria regulada anteriormente pela Portaria
MS/GM 2.436/2017, Art. 7º, VII);
“VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissionais de saúde para
a Atenção Básica com vistas a promover ofertas de cuidado e o vínculo” (matéria
regulada anteriormente pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 7º, VIII).
As regras sobre dimensionamento dos recursos humanos existentes no Contrato de Gestão não
são suficientes para garantir a manutenção de equipes completas, conforme as exigências
estabelecidas para a Saúde da Família na PNAB.
189 de 302
Imagem – Reprodução de parte da página 36 do “Anexo I: Projeto Básico – Termo de
Referência” do Contrato de Gestão nº 250/2014, destacando a planilha “O Dimensionamento
dos Recursos Humanos das UAPSF”.
190 de 302
profissionais (principalmente agentes comunitários de saúde) e da disponibilização parcial de
serviços para os usuários do SUS.
Ainda que as regras contratuais exijam da contratada manter quadro de pessoal compatível
com os serviços prestados nas unidades, o Contrato de Gestão nº 250/2014 não conta com
dispositivo que obrigue e/ou estimule a contratada à manutenção dos profissionais nas
UAPSF. Essa normatização seria fundamental para garantir a formação de relações de vínculo
e responsabilização entre as equipes da Estratégia de Saúde da Família e sua população
adscrita, conforme determina a PNAB.
O Contrato de Gestão, do modo como está formatado, permite a contratada liberdade para,
por exemplo, suprir o cargo de médico nas equipes da Estratégia de Saúde da Família em
sistema de rodízio, rotacionando livremente os profissionais entre equipes, programando
profissionais diferentes para cumprir a carga horária semanal de cada equipe e/ou escalando
profissionais de acordo com funções/atividades/serviços, independente das equipes. Tais
hipóteses trariam danos irreparáveis à operacionalização da Estratégia de Saúde da Família no
Município.
Outro problema está relacionado à alocação de agentes comunitários de saúde (ACS), que
devem necessariamente residir na área da comunidade em que atuar, conforme condição
determinada na Lei nº 11.350/2006, art. 6º, inc. I. Apesar do citado dispositivo legal, este
requisito específico da Estratégia de Saúde da Família não está mencionado no Contrato, não
sendo estabelecida nenhuma regra para condicionar a aplicabilidade da Lei nº 11.350/2006
aos processos de contratação de pessoal e à própria política de recursos humanos da
contratada. De forma semelhante, a diretriz da Estratégia de Saúde da Família de
territorialização não está referenciada no Contrato, não havendo qualquer normativo sobre
dimensionamento dos ACS em função da população adscrita e/ou área geográfica de atuação.
191 de 302
entendimento decorre do fato da própria natureza do contrato firmado com a Organização
Social tratar de uma “prestação de serviço”, na qual o objeto é basicamente a execução do
serviço acordado, independente do profissional executor. Ou seja, para o presente caso, não
há impedimento de que profissionais médicos diversos integrem as equipes, desde que sejam
cumpridas as atividades e a carga horária estabelecida.
No Projeto Básico (Anexo I), a produção de serviços é abordada por meio da estimativa da
necessidade de atendimento para as UAPSF, a qual foi estabelecida em termos das atividades
da equipe, dos atendimentos de urgência e emergência e de exames e procedimentos, com
base em parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde (Portaria GM/MS nº 1.101/2002)
e pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Especificamente em relação às
atividades da equipe, as estimativas de serviços foram determinadas para consultas médicas e
para atendimentos de outros profissionais, desprezando a quantificação de outras atividades
típicas da Estratégia de Saúde da Família, como trabalhos interdisciplinares (palestras,
reuniões, treinamentos, etc.) e ações de cuidado preventivo e de educação em saúde
individuais, em família e em grupos.
Já o Plano de Prestação de Serviços (Anexo III) estipula que o modelo assistencial contempla
“ações de promoção e educação para saúde individual e coletiva” e “estímulo da
participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para área da saúde” (item 6.3),
bem como relaciona as atividades previstas para estabelecimento da produção esperada por
equipe (item 6.4). Esta referência de produção por UAPSF está reproduzida na imagem
seguinte.
192 de 302
Imagem – Reprodução da planilha integrante do item “6.4 – Atividades das UAPSF” do “Anexo III –
Plano de Prestação de Serviços” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).
Nota-se, pela planilha anterior, que há previsão de atividades de grupo incluídas em “ações de
enfermeiro” e em “atividades de serviço social”, porém, as falhas repetem-se em relação à
ausência de previsão de visitas domiciliares e atividades de grupo para os médicos e
odontólogos e a inexistência de referência a ações relacionadas à atuação conjunta dos
profissionais, o que rompe com a diretriz de atuação multidisciplinar da equipe prevista na
PNAB.
193 de 302
Imagem – Reprodução da planilha integrante do item “6.4 – Atividades das UAPSF” do “Anexo III –
Plano de Prestação de Serviços” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).
Cumpre relatar ainda que, mesmo após as alterações do 13º Aditivo, os números estabelecidos
como referência na planilha têm validade para todas as UAPSF, desconsiderando variáveis
como a população adscrita e o número de profissionais disponíveis. Por outro lado, essa
estimativa de produção não vincula formalmente a contratada, pois não existe obrigação de
cumprimento destes índices pré-estabelecidos no Contrato de Gestão.
194 de 302
Imagem – Reprodução do “Quadro Sumário de Itens e Critérios para Avaliação UAPSF Setor Sul” que
integra o “Anexo V – Sistema de Avaliação” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).
Importante registrar ainda que, em relação aos recursos humanos, o Sistema de Avaliação
considera os índices de absenteísmo e de rotatividade, porém, apenas o primeiro contribui para
a formação da nota final do prestador de serviço (3 de 100 pontos possíveis), cabendo ao
segundo servir apenas como “acompanhamento” sem correspondência financeira. Evidencia-
se assim mais uma demonstração da inação da SMS de Uberlândia/MG no que concerne a
criação de mecanismos de estímulo à permanência dos profissionais nas equipes de Saúde da
Família.
CONCLUSÃO
195 de 302
a transferência do gerenciamento das equipes de Saúde da Família a organizações sociais é a
melhor opção em termos econômicos e técnicos, além da construção de um instrumento
contratual adequado e adaptado às especificidades estabelecidas nas diretrizes e objetivos da
Estratégia de Saúde da Família.
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Acerca deste tema, no Anexo III do Contrato de Gestão nº 250/2014, foi determinado um
dimensionamento para composição da equipe mínima de Saúde da Família, posicionamento
que foi reforçado e melhorado no Décimo Terceiro Aditivo, Anexo III – Plano de Prestação
de Serviços, que dispõe:
196 de 302
06 Agentes
Atividade Coletiva 30
Comunitários de Saúde
Atividades por equipe de Saúde da Família
Teleconsultoria no site do HC/UFMG Equipe 02
(*) 260 por ACS.
Ainda com referência às equipes mínimas de saúde da família, consta no Contrato de Gestão
item 3.2.59 e em seu Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência, como obrigação da
Contratada seguir o Plano Diretor de Atenção Primária a Saúde em atenção a Portaria 648
de 28 de março de 2006, e ainda desenvolver o estabelecido do PMAQ do Ministério da
Saúde.
Quanto à alegação de não constar do Contrato de Gestão a necessidade dos Agentes de Saúde
Comunitários residirem na área da comunidade em que atuarem, não há necessidade de
constar no instrumento contratual expressamente a Lei nº 11.350/2006, art. 6º, inc. I., para
que haja a obrigação de cumprimento deste dispositivo, tanto é que este requisito consta em
todos os processos seletivos da Contratada como requisito mínimo para contratação dos
agentes de saúde (Anexos III e IV), pela seguinte redação: “Ensino Fundamental Completo e
comprovar residência nas intermediações da Unidade Setor Sul desde a publicação do
Edital.”
Outro ponto levantado é a inexistência de definição clara e objetiva dos quantitativos mínimos
de profissionais para manutenção das escalas de atendimento em regime de plantão por
especialidade médica e de diversos outros profissionais para atuação nas UAIs, o que não
procede, pois no Edital em seu Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência e no Contrato
de Gestão, também no Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência, ambos nos itens
3.5.1.3 – Uai São Jorge e 3.5.2.3 – Uai Pampulha, há todas as especificações de pessoal
necessário para as escalas do pronto atendimento por especialidade, vejamos:
197 de 302
➢ Escala física – Tarde – Clínica Médica: 03 médicos (sendo responsáveis pela Sala de
Emergência e Enfermaria).
➢ Escala física – Noite – Clínica Médica: 02 médicos (sendo responsáveis pela Sala de
Emergência e Enfermaria).
➢ Escala física – Dia: 02 médicos na Traumato/Ortopedia e 02 médicos na Pediatria".
UAI PAMPULHA
“3.5.2.3. No Pronto Atendimento
O atendimento de Urgência e Emergência ao usuário deverá funcionar segundo protocolo de
Acolhimento com Classificação de Risco - Protocolo de Manchester nas áreas de Clínica Médica,
Traumato/Ortopedia e Pediatria.
É de competência da Unidade resolver os casos de baixa e média gravidade e os casos de maior
gravidade ser encaminhado ao Pronto Socorro do HC/UFU. HMMDOLCe/ou outro hospital de
referência, conforme determinação da Central de Regulação de Urgência e Emergência,
utilizando o SUSFácil, que é um software de Regulação Assistencial cujo intuito é regular o acesso
aos serviços hospitalares e ambulatoriais de média e alta complexidade, de urgência e emergência
e eletivos credenciados ao SUS.
As gerências deverão garantir a manutenção das escalas de plantão do pronto atendimento
completas adequando-se a demanda durante todos os dias da semana:
➢ Escala física/manhã - Clínica Médica: 04 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria). Deverá ser mantido 01 (um) médico
horizontal para a Enfermaria de Clínica Médica.
➢ Escala física/tarde - Clínica Médica: 03 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria),
➢ Escala física/noite - Clínica Médica: 02 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria) e médico cobertura das 19:00 às
23:00h.
➢ Escala física/dia: 02 médicos na Traumato/Ortopedia e 02 médicos na Pediatria;
➢ Escala física/noite: Na Pediatria eTraumato/Ortopedia, 02 médicos por clínica,
atendendo também aos pacientes referenciados da UAI São Jorge após as 19h".
Para a execução dos demais serviços que foram exigidas horas de trabalho, o número de
profissionais a cumprir a carga horária determinada não limita a prestação do serviço
podendo este quantitativo ser estabelecido pela Contratada sem prejuízos ao atendimento à
população e desde que respeitada a legislação vigente acerca do serviço prestado e os
direitos trabalhistas do colaborador.
Acerca do não estabelecimento de metas para visitas domiciliares e atividades de grupo para
os médicos e odontólogos, bem como atuação multidisciplinar, informamos que pelo Nono
Termo Aditivo foi inserido no Anexo III – Plano de Prestação de Serviços, Item II – Equipes
de Saúde da Família e Núcleo de Apoio à Saúde, 2- Efetividade, Quadro com a relação de
atendimentos onde contempla atividades como a visita domiciliar e atendimento de grupo
(atividades coletivas) para os médicos e cirurgiões dentistas.
198 de 302
“o estabelecimento de metas, obrigações e o dimensionamento de profissionais no contrato
referido, não conflitam com quaisquer dispositivos legais específicos sobre a prestação destes
serviços de saúde”.
Sobre os recursos humanos necessários à prestação dos serviços, o Gestor entende que o
Anexo III do Contrato de Gestão nº 250/2014 teria as determinações suficientes para
dimensionamento das equipes de Saúde da Família. Porém, afirma em seguida que tal
posicionamento “foi reforçado e melhorado no Décimo Terceiro Aditivo, Anexo III – Plano
de Prestação de Serviços”.
Cumpre registrar ainda que a existência de uma norma regulamentadora sobre determinado
assunto, não necessariamente exime o registro no termo contratual. Em que pese o gestor usar
de forma recorrente esta alegação para justificar omissões no modelo de Contrato de Gestão
adotado pelo Município, a Lei nº 9.637/1998, art. 6º, é clara ao delimitar que “o contrato de
gestão (...) discriminará as atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e
da organização social”. Assim, o termo contratual deve necessariamente relacionar todas as
“atribuições, responsabilidades e obrigações” da SMS e da Missão Sal da Terra relacionadas
a execução dos serviços objeto do Contrato de Gestão nº 250/2014, mesmo que haja previsão
expressa em leis ou outros normativos da Administração Pública.
199 de 302
profissionais para atuação nas UAI” não foi considerada para análise porque essa constatação
trata exclusivamente da aplicabilidade do Contrato de Gestão nº 250/2014 para a prestação
dos serviços da Estratégia de Saúde da Família.
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Fato
A Lei nº 9.637/1998, art. 8º, estabelece que “a execução do contrato de gestão celebrado por
organização social será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação
correspondente à atividade fomentada”. Especifica ainda que “os resultados atingidos com
a execução do contrato de gestão devem ser analisados, periodicamente, por comissão de
avaliação, indicada pela autoridade supervisora da área correspondente, composta por
especialistas de notória capacidade e adequada qualificação” (art. 8º, § 2º).
De forma semelhante, no Contrato de Gestão nº 250/2014, firmado com a Missão Sal da Terra
em 18 de junho de 2014, também constou previsão de constituição de “Comissão de
Acompanhamento e Avaliação do Contrato de Gestão” por meio de ato do Secretário
Municipal de Saúde, a qual caberia a “verificação do desenvolvimento das atividades e
retorno obtido pela organização social de saúde com a aplicação dos recursos sob sua
gestão”.
200 de 302
Imagem – Reprodução de parte de Termo de Imagem – Reprodução de parte de Termo de
Informação, datado de 9 de março de 2018, Informação, datado de 9 de março de 2018,
referente ao Contrato de Gestão nº 366/2017. referente ao Contrato de Gestão nº 250/2014.
A SMS, porém, confirmou a realização do acompanhamento dos contratos em tela por meio
dos “Relatórios de Avaliação” elaborados e apurados mensalmente pelo Núcleo de Avaliação
de Contrato de Gestão, que integra a estrutura da Secretaria de Saúde de Uberlândia/MG.
O quadro seguinte demonstra as notas finais apuradas pelo Núcleo de Avaliação de Contrato
de Gestão e os respectivos percentuais da parcela variável recebidas pelas organizações sociais
SPDM e Missão Sal da Terra, sendo que para esta última eram gerados três relatórios de
avaliação correspondentes à UAI Pampulha, à Uai São Jorge e às Equipes de Saúde da Família
do Setor Sul.
201 de 302
estabelecida na Lei nº 9.637/1998, art. 8º, parágrafo 2º, de promover a avaliação periódica dos
resultados obtidos com os Contratos de Gestão por “especialistas de notória capacidade e
adequada qualificação”.
Ressalta-se, por fim, que este modelo adotado pelo Município de Uberlândia/MG, no qual a
Administração Pública abandona o papel de principal executora, transferindo o gerenciamento
das unidades públicas de saúde para entidades privadas para se concentrar nas funções de
planejamento, regulação, controle e avaliação da política pública de saúde, tem como maior
fragilidade o processo de acompanhamento da atuação da Organização Social executora: caso
o ente público não esteja devidamente preparado para supervisionar a execução dos contratos
de gestão, há graves riscos de que a população sujeite-se a uma piora na qualidade dos
serviços, bem como abre possibilidade para que recursos públicos sejam desviados e/ou
desperdiçados.
ato
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“Consideramos que o Município possui uma legislação datada da década de 90 que necessita
de adequações com relação às alterações que foram realizadas ao longo desses anos.
Entendemos a importância da nomeação das comissões, bem como suas atribuições, para que
possamos acompanhar a execução contratual e já providenciamos os trâmites legais para
publicação das mesmas.
202 de 302
semana da reunião (Anexos VII e VIII). Em anexo, apresentamos a ata de reunião com a
participação de membros do CMSU (Anexos IX e X).
Por fim, vale destacar que a ausência de norma nomeando a Comissão, não prejudicou a
avaliação sistemática dos contratos por meio do relatório de avaliação emitido pelo Núcleo
de Avaliação de Contrato de Gestão, conforme conclui o relatório de inspeção da CGU.
Entendemos que o Núcleo de Avaliação (criado por Lei na estrutura da Secretaria) hoje é
composto por especialistas na área de saúde pública, cada um na sua área de formação, com
experiência suficiente para emprestar eficácia ao citado relatório de avaliação.”
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O Gestor Municipal, em sua manifestação, informou que está providenciando a nomeação das
comissões de acompanhamento dos Contratos de Gestão n.º 250/2014 e nº 366/2017,
confirmando os apontamentos realizados nessa constatação.
Fato
Tais informações e dados não estão divulgados para acesso da população nos sítios eletrônicos
da Prefeitura Municipal de Uberlândia/MG e/ou das organizações sociais prestadoras de
203 de 302
serviço, como a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e a Missão
Sal da Terra.
Neste mesmo sentido, a Lei nº 9.637/1998, art. 7º, determina que “na elaboração do contrato
de gestão, devem ser observados os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade (...)”. Este dispositivo, inclusive, é replicado, integralmente, na
204 de 302
Lei Municipal nº 7.579/2000, a qual dispõe sobre a qualificação de organizações sociais no
Município de Uberlândia/MG.
205 de 302
Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou
a seguinte manifestação:
Não obstante o exposto, independentemente das ações para ampla reestruturação do portal
de transparência; diante da conclusão apontada no relatório da CGU de necessidade de
melhoria do grau de transparência da execução dos contratos de gestão mantidos com
referidas entidades, a Administração informa que adotará medidas específicas e imediatas
para garantir a disponibilização do necessário acesso à informação à sociedade,
implementando os correspondentes instrumentos de transparência ativa em relação aos
Contratos de Gestão nº 366/2017 e nº 250/2014.
Entendemos que a leitura do dispositivo deve ser feita de forma compatibilizada com o regime
jurídico que norteia a relação contratual em tela, de modo que ele destinar-se-ia a
informações que por sua natureza comportassem reserva momentânea ou permanente e
sujeitas a avaliação da entidade estatal detentora do poder de fiscalização, mas não afetaria
206 de 302
as informações que a entidade contratada estivesse obrigada a divulgar por determinação de
lei ou decorrente do direito de livre acesso nos termos dos princípios entabulados no art. 37
da Constituição da República e das normas de regência.
Desse modo, ressalvados esclarecimentos e/ou mesmo aditamento que possa ser efetivado
junto ao referido contrato de gestão, acaso necessário; certo é que aludido dispositivo não
impede que seja assegurada a devida transparência passiva e ativa por parte da entidade,
inclusive através de divulgação de informações conjuntas e em meios eletrônicos integrados.”
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• para a Missão Sal da Terra, foi possível acessar informações sobre procedimentos
licitatórios e processos seletivos conduzidos pela entidade no âmbito do Contrato de
Gestão nº 250/2014;
• para a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), foi possível
acessar apenas os extratos dos procedimentos licitatórios de contratação da entidade
pela SMS.
Em que pese a importância dessas informações acessíveis ao cidadão, fato é que elementos
centrais da parceria firmada com as organizações sociais não estão disponibilizados nestes
caminhos citados pela SMS em sua manifestação, como, por exemplo, a íntegra dos contratos
e seus respectivos documentos descritivos, os demonstrativos de custos e os dados da
execução físico e financeira dos contratos
207 de 302
2.2 Parte 2
Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.
Fato
As referidas dispensas tiveram como fundamento o caráter emergencial, pautadas pelo inciso
IV, art. 24, da Lei nº 8.666/93, que preconiza a dispensa de licitação nos casos de emergência
ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas. O gestor justificou a
realização das dispensas por emergência com base no art. 4º, § único do Decreto Municipal nº
16.927/2017, que estabeleceu estado de calamidade financeira de Uberlândia, bem como na
falta dos referidos materiais em estoque, situação advinda da gestão anterior. Ocorre que
nenhuma das justificativas apresentadas atendem aos normativos que regulam a matéria.
De acordo com o exposto pelo Ministro Bruno Dantas em seu voto no Acórdão TCU nº
2504/2016-Plenário, a mera existência de decreto municipal caracterizando a situação do
município como emergencial não é suficiente para enquadrar as contratações nos requisitos
208 de 302
da Lei 8.666/1993 para dispensa de licitação. A administração pública deve verificar se os
fatos que justificam a contratação extraordinária atendem, de forma incontestável, os
requisitos para a dispensa de licitação em caráter emergencial. Deverá existir uma urgência
concreta e efetiva, resultado do estado emergencial ou calamitoso, com riscos iminentes e
gravosos de danos à bens e/ou pessoas. No caso em tela, verifica-se que a falta de material
alegada pelo gestor foi gerada por planejamento inadequado e má gestão dos recursos. A
escassez e consequente necessidade de se adquirir os materiais das dispensas poderiam ter
sido verificadas no início da nova gestão, resultando em imediatas providências para
realização do devido certame licitatório. Prova que não havia riscos iminentes que resultariam
em riscos gravosos é que os pedidos de compra dos materiais foram realizados, pelos
competentes setores, em 12/01/2017, e a abertura dos processos de dispensas ocorreu somente
no início de março, conforme demonstrado no quadro anterior, sendo as primeiras notas fiscais
de aquisição dos produtos emitidas em 08/03/2017. Portanto, havia tempo hábil para
realização do devido procedimento licitatório e a aquisição por meio de dispensa de licitação
foi ilegal.
No que tange à realização dos processos de dispensa, foram efetivadas quatro cotações de
preços dos referidos materiais, com as seguintes empresas:
209 de 302
E-mail enviado pela prefeitura requisitando a cotação de preços
Destaca-se que a empresa Midiapel não foi vencedora em nenhum dos itens dos processos e
que as outras 3 empresas foram as fornecedoras dos itens cotados.
Esses fatos são indícios de que as cotações realizadas foram meramente formais, em
cumprimento às determinações legais, e não para serem utilizadas como uma fonte de
referência para os preços praticados no mercado, caracterizando, desta forma, uma simulação
de cotação e o direcionamento da contratação para as empresas que forneceram as cotações.
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“Inicialmente, cumpre esclarecer que o Decreto nº 16.927/2017 foi publicado seguindo duas
situações de extrema anormalidade verificadas no Município: uma concernente à calamidade
financeira municipal em razão do excesso de dívidas deixadas pela gestão anterior sem
correspondente disponibilidade financeira, outra referente ao estado crítico em relação à
necessidade de contratações emergenciais.
210 de 302
Adiante, o Decreto dedicou os três primeiros artigos ao estado de calamidade financeira, e o
artigo 4º ao estado crítico e emergencial.
Observa-se, portanto, que não se tratou de autorizar contratações emergenciais com mero
respaldo no decreto referido, pelo contrário, em ambos os casos no decreto municipal
enfatizou-se o dever de observar os requisitos legais correspondentes, em especial, em
nenhum momento cogitou-se contratações dessa natureza sem as devidas justificativas
abordando as circunstâncias fáticas caracterizadoras da situação excepcional.
Cabe ainda esclarecer que no bimestre final de 2016, a equipe de transição solicitou à Gestão
passada a prorrogação de diversos contratos que estavam em vigor, os quais eram
indispensáveis à prestação de serviços essenciais a serem oferecidos à população e à garantia
de funcionamento do Município de Uberlândia. Tratava-se de medida tendente a evitar
prejuízos aos trabalhos da nova gestão, principalmente nos 100 (cem) primeiros dias de
governo, e especialmente no que se referia ao atendimento às áreas de Saúde, Educação e
Desenvolvimento Social.
Com isso, no início de 2017 a Secretaria Municipal de Saúde requisitou para a Diretoria de
Compras a aquisição de diversos itens, como: medicamentos, materiais médicos hospitalares
e materiais de limpeza e consumo para às Unidades de Saúde Municipal.
Para gerar um pedido de compra nesta Secretaria de Saúde é realizado da seguinte forma: i)
a Coordenação de Compras e Suprimentos recebe toda a demanda (pedido) da Rede
Municipal de Saúde necessária para manutenção de suas atividades; ii) verifica-se o estoque
disponível daquele determinado item para análise da necessidade de sua aquisição; iii)
211 de 302
verificada a necessidade, inicia-se a fase de cotação de preço no mercado para estimar a
Diretoria Financeira/SMS para emissão da requisição no sistema de compras. Isso justifica
a cotação realizada com a empresa Comigo Comercial em 11/01/2017 e o pedido ser datado
de 12/01/2017.
As cotações são realizadas com várias empresas para a formação do preço estimado da
compra. O banco de preços também é consultado para ampliar a pesquisa e aferir a realidade
dos preços de mercado. Cabe esclarecer que, nos casos de dispensa de licitação, a Requisição
de compra já é emitida com o menor valor cotado.
Conforme dito anteriormente, os orçamentos são realizados com diversas empresas, cabendo
a elas manifestarem sobre seus produtos comercializados, assim o simples envio de e-mail
solicitando orçamento de alguns produtos não vincula a obrigação da empresa de fornecer
tais orçamentos e nem mesmo a realização de contratação pela Administração Pública.
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Dois fatores essenciais que poderiam justificar a dispensa em caráter emergencial não foram
demonstrados pelos gestores na manifestação. O primeiro diz respeito aos possíveis riscos de
prejuízo e comprometimento de segurança das pessoas, conforme determinações do já citado
Acórdão TCU nº 2504/2016-Plenário. O segundo fator foi o tempo de aproximadamente dois
meses transcorridos entre a requisição dos materiais e a emissão de notas fiscais de
fornecimento dos produtos, o qual descaracteriza o caráter emergencial na aquisição dos
materiais em questão.
Com relação às cotações de preços, em que pese o secretário municipal de saúde discorrer
sobre a sistemática utilizada para se gerar um pedido de compra, nenhuma normatização do
processo de compras ou outro documento foi apresentado que comprovasse que a cotação não
foi realizada antes dos requerimentos dos materiais. Ressalta-se, ainda, que as cotações das
empresas Comercial Mackey e Midiapel Papelaria e Informática não foram datadas, e a data
da cotação da empresa Alternativa Comercial é a mesma do pedido de compra, 12/01/2017.
Quanto à cotação de gêneros alimentícios e produtos de limpeza junto à Midiapel, com uma
simples consulta (aberta ao público) ao Sistema Integrado de Informações sobre Operações
Interestaduais com Mercadorias e Serviços – SINTEGRA, a Secretaria de Saúde obteria
informações sobre a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE concluindo
que a referida empresa não comercializa os produtos cotados, uma vez que ela possui como
CNAE Principal o “Comércio Atacadista de Artigos de Escritório e de Papelaria” e como
212 de 302
Secundário “Serviços de Acabamentos Gráficos, Exceto Encadernação e Plastificação”. No
próprio e-mail encaminhado a Midiapel informou que participou das licitações a pedido da
prefeitura, mesmo não sendo seu ramo de atividade.
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Fato
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002.262 29/06/2017 29/06/2017 27.120,00
Fonte: Notas fiscais emitidas pelas empresas referentes às Dispensas de Licitação 051, 053 e 115/2017.
Um fato a ser destacado é que as empresas Comigo Comercial Minas Goiás e Comercial
Mackey emitiram notas sequenciais quase que na totalidade para a Prefeitura de Uberlândia
num período aproximado de um mês.
A última nota fiscal emitida pela Comercial Mackey é de 02 de maio de 2018, ou seja, o
contribuinte supostamente está operando em outro estabelecimento ou em outro endereço.
214 de 302
O contribuinte não possui contabilista cadastrado e embora tenha emissão regular de notas
fiscais, a última declaração enviada ao fisco (PGDAS) com movimento foi em outubro de
2015. A emissão de notas fiscais eletrônicas foi bloqueada pela SEF/MG.
A última nota fiscal emitida pelo contribuinte Alternativa Comercial foi dia 14/12/2017. Não
foram encontradas notas fiscais eletrônicas de entradas no período de 01/2017 a 06/2017
referente às mercadorias citadas nas notas fiscais eletrônicas do quadro acima.”
A informação da SEF/MG de que não há entrada, nas empresas, das mercadorias constantes
nas Notas Fiscais emitidas e pagas pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, coloca
em dúvida o fornecimento dos produtos. Esse fato é reforçado pela inexistência de
funcionários nas empresas e a localização incerta das mesmas. Ressalta-se que esses produtos
são de consumo, o que impossibilitou a verificação física dos mesmos, pela equipe de
fiscalização.
215 de 302
Comercial Mackey: Avenida Constelação – 1604 Uberlândia-MG
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216 de 302
“As compras emergenciais efetuadas àquela época foram de entrega imediata devido ao
desabastecimento da rede pública de saúde, tanto é verdade que os empenhos emitidos foram
todos ordinários. Isto significa que a entrega e o pagamento ocorreriam de uma só vez.
Com relação à suposta irregularidade frente à situação do sócio da empresa, cabe destacar
é que ele não possuía vínculo empregatício com a Administração Pública à época da
contratação da empresa Comercial Makey (Anexo XI).
Verifica-se tal fato pelo desligamento deste servidor em 02/01/2017 (Anexo XI) e a
contratação da empresa formalizada pela emissão da primeira Requisição de Compra datada
de 26/01/2017.
Não resta dúvida quanto à idoneidade desta empresa na relação jurídica em tela, pois os
produtos solicitados foram devidamente entregues à Diretoria de Armazenagem e
Distribuição de Uberlândia.
A partir das informações da SEF/MG, de que não houve entrada na empresa para um produto
(pano de prato atoalhado – marca Teka), a CGU fez a seguinte observação: “A informação
da SEF/MG de que não há entrada, nas empresas, das mercadorias constantes nas Notas
Fiscais emitidas e pagas pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, coloca em
dúvida o fornecimento dos produtos. Esse fato é reforçado pela inexistência de funcionários
nas empresas e a localização incerta das mesmas. Ressalta-se que esses produtos são de
consumo, o que impossibilitou a verificação física dos mesmos, pela equipe de fiscalização.”
Ora, os produtos foram entregues ao Município mediante documento fiscal hábil – Nota
Fiscal Eletrônica, foram recebidos pelo Sistema Central de Gestão de Estoque da Prefeitura,
conforme relatório anexo (Anexo XII). Cabendo ressaltar que a Diretoria de Armazenagem
e Distribuição da Prefeitura, é órgão independente da Secretaria de Saúde, ligado à
Secretaria de Administração, portanto sem relação de sujeição com o órgão contratante. As
questões relativas às obrigações tributárias principal e acessórias com o fisco estadual são
verificadas no Município apenas em nível de certidão negativa com a Fazenda Estadual.
No mesmo sentido temos a relação contratual com a empresa Alternativa Comercial LTDA,
que apresentou toda a documentação exigida, conforme Lei Federal nº 8.666/1993 e forneceu
os produtos solicitados pela Administração entregues na Diretoria de Armazenagem e
Distribuição de Uberlândia (Anexo XII).
Vale destacar, também, que não há qualquer indício de superfaturamento dos produtos
relacionados nas licitações, estando dentro dos preços de mercado.”
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217 de 302
Com relação ao sócio da empresa Comercial Mackey, que à época da dispensa de licitação era
servidor da Prefeitura de Uberlândia, o secretário municipal de saúde alegou que o referido
servidor havia sido desligado em 02/01/2017, portanto, antes da realização do procedimento,
sendo anexada à manifestação uma publicação no Diário Oficial do Município – DOM, de
16/01/2017, da referida exoneração, com efeitos retroativos à data de 02/01/2017.
Em que pese a requisição de compras ser datada de 26/01/2017, conforme informado, consta
no processo um “Pedido de Compra” de 12/01/2017, portanto, anterior à publicação da
exoneração, com cotações de preços realizadas junto à Comercial Mackey, contrariando a Lei
nº 8.666/93 que veda em seu artigo 9º, inciso III, a participação, direta ou indiretamente, de
servidor em licitação e fornecimento de bens. Apesar do ato administrativo ser retroativo, para
os envolvidos na realização do procedimento de dispensa, até a data de 12/01/2017 não havia
conhecimento do desligamento do servidor, uma vez que a publicidade do ato se deu quatro
dias depois. Além disso, não há provas de que o servidor não acompanhou ou realizou algum
tipo de ato do referido certame, ou logrou vantagens devido à possíveis informações
“privilegiadas” obtidas até 16/01/2017, tendo em vista que ocupava o cargo de Assistente
Jurídico da própria Secretaria Municipal de Saúde.
Foi informado também que o atual endereço da Comercial Mackey é na Av. Raulino Cotta
Pacheco – 1589, loja 48/49, todavia, o endereço à época da cotação de preços era Avenida
Constelação – 1604, o referido nas fotos da constatação em tela. Não houve manifestação
quanto ao endereço da empresa Alternativa Comercial.
Fato
218 de 302
dos contratos por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração, desde que referida prorrogação não ultrapasse 60 meses.
Como o Contrato nº 562/2013 foi assinado em 06/08/2013, ele poderia ter sido prorrogado até
o mês de agosto de 2018.
Além disso, o cenário apresentado pelos gestores não poderia ter sido caracterizado como
situação de urgência. Como citado no item 2.2.1 desse relatório, as contratações realizadas
com fundamento no caráter emergencial devem ser baseadas em uma urgência concreta e
efetiva, resultado do estado emergencial ou calamitoso, com riscos iminentes e gravosos de
danos à bens e/ou pessoas. Esses fatores não podem ser usados como justificativas para a
realização da dispensa, tendo em vista que, os procedimentos para dar início a um novo
processo licitatório poderiam ter sido tomados desde a assinatura do último termo aditivo (5º)
ao Contrato nº 562/2013, que foi em 22/07/2015. Portanto, a necessidade da prestação dos
serviços já era de conhecimento da administração, e não decorrente de algum fato que
culminou em um estado emergencial ou calamitoso. Outro fator que afasta o caráter
emergencial é que desde as requisições para realização da Dispensa nº 968/2015, de
10/12/2015, passaram-se aproximadamente três meses até a assinatura do contrato com a RB
Digital Eireli (11/03/2016), empresa que apresentou o menor preço por cópia. A seguir tem-
se o quadro comparativo das empresas que apresentaram preços:
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
...
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por
cento) para os seus acréscimos.
A Lei de Licitações, para este caso, autoriza um acréscimo de até 25% do valor original e não
de aproximadamente 63%, como foi realizado.
219 de 302
eletrônicos da Prefeitura, houve a necessidade de realização de nova dispensa de licitação.
Após fim da vigência do Contrato nº 067/2016 com a RB Digital, realizou-se a Dispensa de
Licitação de nº 643/2016, sendo novamente o menor preço por cópia apresentado pela RB
digital, resultando na assinatura do Contrato nº 270/2016 em 03/11/2016, no valor de R$
213.754,53, com vigência até 31/12/2016. Segue quadro com as cotações de preços para a
referida Dispensa.
Ocorre que o inciso IV, artigo 24, da Lei nº 8.666/93, que prevê a realização de dispensa
emergencial estabelece o prazo contratual máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos,
vedada a prorrogação dos respectivos contratos. Mesmo que tenha sido realizada duas
diferentes dispensas (968/2015 e 643/2016) com assinaturas de respectivos contratos
(067/2016 e 270/2016), o objeto em tela foi o mesmo, com prestação de serviços pela mesma
empresa, no mesmo valor unitário por cópia. Há indícios de que a segunda dispensa de
licitação foi uma simulação, sendo de fato, uma prorrogação do Contrato nº 067/2016
decorrente da primeira dispensa de licitação.
Por todo o exposto, conclui-se que foi ilegal a contratação dos serviços de reprografia por
meio de dispensa de licitação.
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“Relata a Controladoria Geral da União que a contratação por dispensa para serviço de
reprografia era desnecessária porque o Contrato nº 562/13 poderia ser prorrogado na forma
do artigo 57, II, da Lei 8.666/93, por caracterizar-se como serviço de natureza contínua. De
fato, essa era a intenção, mas o contrato com vigência até 31/12/15 terminou em agosto/15,
porque a quantidade de serviço prevista se exauriu. Talvez, durante a auditoria do processo
968/15 isso não tenha sido observado na justificativa pela equipe de Inspeção. A melhor
aplicação da lei é sempre eleita como providência primeira pelos diversos mecanismos de
controle da Administração Municipal. O contrato 562/13 não foi encerrado como afirmam,
seu objeto exauriu antes do fim da vigência.
220 de 302
A opção foi por expor a verdade e não parece razoável descaracterizar uma emergência
porque seu processo pecou em celeridade, falou-se em emergência e não em calamidade.
Acusar a Secretaria de simular uma nova dispensa e insinuar que acontecera de fato uma
prorrogação do contrato 67/16 quando se instaurou novo processo de dispensa 643/16
(contrato 270/16) não é razoável. Os atrasos do processo pregão eletrônico, foram
circunstanciados de maneira exaustiva na justificativa e a imprevisibilidade é princípio
presente no direito administrativo. Apontaram ainda que ambos os processos de dispensa
tiveram o mesmo vencedor, entendendo como ilegal as contratações, sem, contudo, observar
que o parque gráfico (420 equipamentos) e sua instalação à época da primeira contratação
com a empresa RB Digital, a colocara em condição favorável (para ofertar preços mais
competitivos) em contratações emergenciais, pouco atrativas aos concorrentes, dada a
exiguidade dos prazos para amortizar investimentos de mobilização e instalação.”
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Em uma consulta realizada pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal junto ao Tribunal de Contas da União – TCU sobre a possibilidade de
alteração de contrato administrativo em valor excedente aos limites estabelecidos nos §§ 1º e
2º do art. 65 da Lei nº 8.666/93, a corte de contas emitiu a seguinte Decisão nº 215/1999 –
Plenário:
“ a) ...
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e
excepcionalíssimas de contratos de obras e serviços, é facultado à Administração
ultrapassar os limites aludidos no item anterior, observados os princípios da
finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais
do contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes
pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos
de uma eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos
custos da elaboração de um novo procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e
econômico-financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou
imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de
natureza e propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização
do cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos
decorrentes;
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VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que
extrapole os limites legais mencionados na alínea "a", supra - que as conseqüências
da outra alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação)
importam sacrifício insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo) a
ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse interesse; inclusive
quanto à sua urgência e emergência;”
Portanto, a SMS poderia, desde que cumpridos os pressupostos citados, ultrapassar os limites
estabelecidos por lei no aditamento ao Contrato nº 562/2013, até que fosse concluído o Pregão
Eletrônico nº 921/2015, sem a necessidade de realização das duas Dispensas de Licitação.
Mesmo porque, como consequência do término do Contrato e a realização da primeira
Dispensa, houve um aumento sem justificativa de 15% para o valor da cópia, de R$ 0,0864
para R$ 0,09936.
Com base em uma “Justificativa” assinada pelo secretário municipal de saúde em 11/07/2014,
alegando a necessidade de acréscimo ao Contrato citado anteriormente, devido ao aumento de
demanda em alguns órgãos vinculados à SMS, foi assinado em 11/10/2014 o 2º Termo Aditivo
ao referido instrumento, com aumento no percentual de 25%. Portanto, a urgência justificada
para a realização da Dispensa nº 968/2015, que foi homologada somente em 10/03/2016, já
era de conhecimento do gestor em 2014.
Para a realização da Dispensa nº 968/2015 foi utilizada a justificativa de que não era possível
a prorrogação do instrumento porque já havia sido aditivado em 25% e o quantitativo de
serviço havia se exaurido em agosto de 2015, atendendo, desta forma, o limite estabelecido
no art. 65 da Lei de Licitações. Já no 1º Termo Aditivo - TA ao Contrato nº 067/2016, que
além de prorrogar o instrumento por mais 70 dias o aditou em mais R$ 232.074,26 (63% do
valor original), conforme Memorando nº 483/2016 – DF constante da Justificativa para a
celebração do TA, o secretário de saúde alegou que o Termo se fundamentou no art. 57, II, da
Lei nº 8.666/93 e que não havia aplicabilidade do limite de 25%. Vê-se, portanto, uma
contradição do gestor em sua manifestação, tendo em vista que para aditivos de contratos com
mesma natureza de prestação de serviços, com a mesma empresa prestadora, aplicou-se o
limite legal conforme conveniência da administração municipal.
Com relação ao indício apontado de que a Dispensa nº 643/2016 teria sido simulada e que, de
fato, teria ocorrido uma prorrogação do Contrato da Dispensa nº 968/2015, o gestor informou
que devido ao fato da empresa RB Digital já possuir o parque gráfico instalado, em
decorrência da primeira contratação, a colocaria em condição favorável. Certamente esse fato
já traria uma vantagem à RB Digital, mas a SMS reforçou essa condição favorável ao realizar
a cotação de preços junto à outras duas empresas localizadas fora de Uberlândia, uma em Belo
Horizonte/MG e outra em Orlândia/SP, que, por maiores custos logísticos, estariam em
desvantagem na competição de preço frente à RB Digital que tem sua sede no município.
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Fato
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285/2013. O contrato prevê os serviços de reprografia e impressão em papel A4 e Ofício II,
com tecnologia a Laser, além do fornecimento de 420 impressoras, material de consumo, mão
de obra especializada, manutenção preventiva e corretiva, treinamento aos usuários e
instalação de uma Central de Cópias com funcionários e técnicos residentes em Uberlândia.
A quantidade estimada de cópias mensais era de 585.000, no valor de R$ 50.544,00, sendo
R$ 0,0864 por cópia. Esse contrato teve aditivos de prorrogação de vigência, sendo a última
prevista para findar em 31/12/2015. O 5º Termo Aditivo, de 22/07/2015, acrescentou
1.755.000 cópias, mantendo o custo unitário. A justificativa do Secretário de Saúde foi o
aumento da demanda em alguns Órgãos da Secretaria Municipal de Saúde e a necessidade
contínua desse serviço, cuja interrupção ou suspensão ensejaria prejuízos ou transtornos para
a Administração Pública. Contudo, não foi justificado nem comprovado o aumento dessa
demanda.
O referido contrato, conforme registrado no item 2.2.3 deste relatório, poderia ser prorrogado
por 60 meses, portanto, até agosto de 2018, atendendo previsão disposta na Lei nº 8.666/93,
art. 57, inciso II. Alegando um aumento de demanda nos atendimentos das Unidades de
Atendimento Integrado - UAI, mas sem a devida comprovação, os gestores decidiram pelo
encerramento do Contrato nº 562/2013 em 31/12/2015 e deram início aos procedimentos para
abertura do Pregão Eletrônico nº 921/2015. Ocorre que os referidos procedimentos para a
realização da licitação, como requisições de compras, cotações de preços, dentre outros, só
foram iniciados em novembro de 2015. Como não haveria tempo hábil para conclusão do
Pregão até o fim do Contrato nº 562/2013, os gestores resolveram realizar as Dispensas de
Licitação relatadas no item 2.2.3.
Porém, houve um aumento no quantitativo e no valor das cópias nos processos de Dispensas
de Licitação, sem que a SMS apresentasse a comprovação da demanda. Para os anos de 2014
e 2015, o número de cópias relacionadas ao Contrato nº 562/2013 e Termos Aditivos foi de
aproximadamente 8.755.000/ano. Já os valores contratados junto à mesma empresa em 2016,
objetos da Dispensa de Licitação nº 968/2015 (R$ 596.762,20 para 178 dias de vigência
contratual) e da Dispensa nº 643/2016 (R$ 213.754,53 para 58 dias de vigência contratual),
correspondem a um contrato anual de quase 13.000.000 de cópias/ano. Contudo, não consta
nos processos quaisquer documentos que demonstrem ou que comprovem a necessidade do
aumento na prestação de serviços em aproximadamente 48%.
223 de 302
Importante acrescentar que os contratos preveem que o pagamento será realizado após
conferência da Secretaria Municipal de Saúde das medições (cartões de leitura) entregues pela
contratada juntamente com o relatório contendo as quantidades de cópias/impressões do mês,
assim como os relatórios de fechamento dos equipamentos, acompanhado da leitura de cada
equipamento. Contudo, apesar de constarem nos processos de pagamento os referidos
relatórios, não foi escopo dos trabalhos de fiscalização a conferência do total de cópias pagas
relacionadas ao número de cópias de cada impressora, nem a confirmação do registro das
impressoras.
Por todo o exposto, conclui-se que foram realizadas diversas ações irregulares com o objetivo
de proceder um considerável aumento no valor e quantitativo da prestação de serviços de
reprografia, sem qualquer justificativa ou comprovação de necessidade. Interrompeu-se um
contrato que poderia ter sido prorrogado, realizou-se duas dispensas de licitação
irregularmente nas quais houve aumento substancial nos contratos, também sem justificativa,
efetivou-se pagamentos sem cobertura contratual, culminando, por fim, na conclusão de um
pregão eletrônico com mais um aumento dos serviços, ressaltando que, desde 2013, a
prestação dos serviços de reprografia é realizada pela mesma empresa e mesmas
especificações de execução como estrutura de equipamentos, fornecimento de materiais
(papel, cartucho, toner, dentre outros) e mão de obra para manutenção e assistência técnica.
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uma prática irresponsável como aponta o relatório, após construir uma conclusão distante
dos fatos. Veja o histórico do consumo do serviço:
Mês Quantidade
setembro/13 1.104.901
outubro/13 825.737
novembro/13 621.890
dezembro/13 371.448
janeiro/14 782.244
fevereiro/14 820.900
março/14 809.192
abril/14 862.824
maio/14 746.814
junho/14 925.620
julho/14 537.536
agosto/14 971.704
setembro/14 871.515
outubro/14 692.145
janeiro/15 1.355.581
fevereiro/15 1.438.444
março/15 1.123.291
abril/15 1.151.383
maio/15 952.682
junho/15 983.425
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dezembro/15 1.062.139 – Indenização
março/16 1.087.086
abril/16 977.231
maio/16 822.739
junho/16 783.310
julho/16 1.197.111
agosto/16 1.138.580
novembro/16 729.084
dezembro/16 968.272
A média mensal de consumo de cópias manteve-se praticamente igual durante a vigência dos
contratos auditados (562/13, 67/16 e 270/16). Faltou talvez verificar a quantidade paga mês
a mês e entender que o contrato 562/13 já havia sido aditado para acréscimo em 2015, no
limite máximo admitido pela lei. Ao comparar o quantitativo de cópias (8.775.000) previsto
no contrato 562/13 para o ano de 2015, com a projeção para 12 meses das cópias previstas
nos processos de dispensa (13.000.000), o técnico da CGU não observou que o quantitativo
8.775.000 havia sido suficiente por apenas 08 meses. O Município não explicou o aumento
de demanda porque isso não aconteceu, reforçando, a quantidade de cópias/mês já se
aproximava de 900.000 desde 2013. A licitação que deu origem ao contrato 562/13 – Pregão
Presencial 285/13 subestimou a demanda, presumimos que por tratar-se de uma licitação
realizada em primeiro ano de mandato, tenha se tentado uma retração do consumo por
medida de economia ou coisa parecida, isso são ilações e o real motivo deve ser objeto de
arguição à gestão anterior.
Nossas considerações se limitam aos documentos com registro das despesas. O aumento no
preço das cópias não é difícil de entender, o preço R$0,0864 era de 2013 e R$0,09936 o preço
para 2015/2016. O INPC para o período julho/13 a junho/15, indexador para o contrato
562/13 e para contratos de outras Secretarias, decorrentes do mesmo pregão 285/13,
alcançou 15,94% e subsidiou a atualização do preço unitário da cópia A4 P e B dos contratos
560/13 e 561/13, para R$0,0994 a partir de setembro/15, após negociação do percentual para
15%. Vale observar que R$0,0994/cópia foi o preço ofertado para a Dispensa 643/16,
contrato 270/16, de 03/11/16 auditado nesta inspeção.
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Fica claro que as ações de contratação tiveram por finalidade manter o serviço e evitar
desabastecimento, jamais aumentar o número de cópias sem necessidade. Observa-se que a
quantidade realizada mês a mês se manteve em níveis similares no período setembro/13 a
dezembro/16, salvo alguns períodos atípicos.
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Para a realização da Dispensa nº 968/2015 a SMS realizou três cotações de preços, conforme
quadro a seguir.
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Ocorre que não ficou esclarecido a motivação da SMS em realizar as referidas cotações com
o quantitativo de 500.000 cópias mensais, sendo que pelo histórico de consumo apresentado
na manifestação, a média mensal no período de janeiro a outubro de 2015 tinha sido de
1.062.529 cópias.
Quanto aos pagamentos sem cobertura contratual o gestor ratificou o fato informando que será
instaurada uma sindicância administrativa para apurar supostas irregularidades.
Em que pese todo o exposto na manifestação do gestor, a secretaria municipal de saúde não
apresentou nenhum documento que comprovasse o considerável aumento de demanda
utilizado como justificativa para realização das dispensas de licitação.
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2.2.5. Dispensa irregular de licitação para contratação de trio elétrico com simulação
de cotação de preços.
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A justificativa apresentada foi a urgência na contratação, tendo como fundamento o art. 24,
inciso IV da Lei nº 8.666/93. O caráter emergencial mais uma vez deve ser afastado porque
não figurou nesse caso a urgência concreta e efetiva com riscos iminentes e gravosos de danos
à bens e/ou pessoas, situações que devem estar presentes para que se justifique a dispensa de
licitação por emergência. Na própria “Justificativa” constante no processo, de 20/10/2016, o
gestor alega que não havia sido publicado o Pregão Presencial nº 570/2016 para o alcance do
mesmo objeto, mesmo tendo sido emitido o primeiro “pedido de compra” em 28/06/2016.
Pelo exposto, já constata-se a ineficiência da administração na realização de um devido
processo licitatório, uma vez que, mesmo após aproximadamente quatro meses desde a
emissão do primeiro pedido de compra, o edital sequer havia sido publicado. MARÇAL
JUSTEN FILHO considerada esse tipo de situação como “emergência fabricada”, onde a
Administração deixa de adotar tempestivamente as providências necessárias à realização de
licitação desejável. Nesses casos, ainda que não haja má-fé, os responsáveis podem responder
administrativamente e civilmente pela ilegalidade cometida, inclusive, com relação aos
possíveis prejuízos acarretados. Destaca-se que a realização do evento (15ª Parada do Orgulho
LGBT) se deu em 23/10/2016 e as cotações de preços (detalhadas no quadro a seguir), são
228 de 302
datadas de 10/06/2016 e 14/06/2016, portanto, havia tempo hábil para realização do devido
certame licitatório.
Ressalta-se que duas das cotações tem conteúdo e grafia semelhantes, com indícios de terem
sido realizadas pela mesma pessoa, conforme ilustrações a seguir.
(1) Além de ter sido utilizada mesma “fonte” de letra, nota-se a similaridade na disposição
dos subtítulos “Requisitos da proposta” e “Responsabilidade da contrada”, bem como o erro
de português na palavra “contratada”.
(2) Novamente mesma disposição de textos e igualdade. Nas duas propostas tem-se escrito 8(
oito) sem espaço entre o número e o parênteses e numeração escrita em letra minúscula. Por
sua vez, tem-se a expressão “2(DUAS )” escrita com espaço no final do parênteses e a
numeração escrita em letras maiúsculas.
229 de 302
Vê-se, portanto, que além da utilização indevida do procedimento de dispensa de licitação há
indícios de simulação de cotação de preços com possível direcionamento para a empresa
vencedora.
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O processo obedeceu aos requisitos da Lei 8.666/93 dando ampla publicidade, como também,
realizou a pesquisa de preços junto às empresas especializadas, conforme se comprova por
meio das próprias propostas. Ressalta-se que o processo de dispensa seguiu as mesmas
condições pré-estabelecidas no Pregão presencial nº 570/2016.
Ressalte-se, ainda, que a Administração não foi inerte, uma vez que requereu a apuração do
atraso no processo licitatório – Pregão Presencial nº 570/2016, conforme consta na própria
justificativa por meio do Memorando nº 3497/2016/AJ.
Acerca da alegação da emergência fabricada, consideramos que ainda que tivesse havido
desídia do administrador, havia uma necessidade pública que não poderia ficar insatisfeita
enquanto se esperava a realização regular de uma licitação.
230 de 302
PELO ADMINISTRADOR. NÃO-PROVIMENTO DO RECURSO
APRESENTADO PELA EMPRESA.
1. A situação prevista no art. 24, VI, da Lei nº 8.666/93 não distingue a
emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou
inércia administrativa, sendo cabível, em ambas as hipóteses, a contratação
direta, desde que devidamente caracterizada a urgência de atendimento a
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares.
2. A incúria ou inércia administrativa caracteriza-se em relação ao
comportamento individual de determinado agente público, não sendo possível
falar-se da existência de tais situações de forma genérica, sem
individualização de culpas”.
(Acórdão 1876/2007-Plenário, Processo nº 008.403/1999-6, Rel. Aroldo
Sedraz, 14.09.2997).”
231 de 302
Portanto, não comete ato de improbidade administrativa, nem crime de dispensa indevida de
licitação, o gestor que, em razão de algum problema administrativo, vê-se na premente
necessidade de efetuar uma contratação direta para satisfazer o interesse público, evitando
um mal maior, num juízo de proporcionalidade, que seria deixar a população desprovida do
resultado da contratação.”
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Nas próprias jurisprudências citadas pelo gestor constam os requisitos para se realizar o
processo de dispensa em caráter emergencial. Deve-se restar comprovada a caracterização da
urgência de atendimento à situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras ou serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares. (grifamos)
A SMS em sua manifestação não comprovou o atendimento aos requisitos expostos, bem
como não esclareceu a demora na realização de um devido processo licitatório. Conforme
informado, o evento “Parada do Orgulho LGBT” já ocorre há 15 anos em Uberlândia,
portanto, não seria razoável se falar em “situação emergencial”.
Com relação às propostas, está claro no exposto que não se trata de simples erro de digitação,
conforme relatado. Há fortes indícios de simulação de propostas e que as mesmas tenham sido
realizadas pela mesma pessoa.
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Fato
De acordo com análises realizadas em cinco processos, Dispensas nº 083, 101, 148, 170 e
459/2017, cujo montante somou R$ 1.966.744,57, verificou-se que não existe a devida
segregação de funções dos servidores envolvidos no processo.
O setor de licitações da prefeitura atua como mero formalizador dos processos. A maior parte
dos atos administrativos são realizados pela coordenadora do Núcleo de Assistência
Farmacêutica. Ela é a responsável pela captação da demanda dos medicamentos pelas
unidades de saúde e consequente requisição de compras. Também fica sob sua reponsabilidade
a cotação de preços realizadas por meio de envio de e-mails às empresas, coleta de preços
junto ao Banco de Preços em Saúde (BPS) e compras governamentais. Após essa etapa, a
própria coordenadora elabora o mapa comparativo de preços onde se obtém o menor preço
para os itens em questão. Além dessas etapas, a análise e recolhimento de toda a documentação
relativa à regularidade fiscal, qualificação técnica, jurídica, dentre outras, é realizada por ela.
Após esses atos o processo é encaminhado para a assessoria jurídica para validação e
elaboração da justificativa da dispensa, que, após análises da secretaria de governo, finanças,
CGM e diretoria de compras, realiza a publicação. Na sequência, tem-se a emissão do parecer
jurídico e homologação.
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A concentração de ações e atos para realização das dispensas pela coordenadora do Núcleo,
com encaminhamento do processo para o setor de licitações já com definição do vencedor de
cada item se mostra frágil e de grandes riscos, uma vez que a pessoa que realiza as cotações
tem contato direto com as possíveis empresas fornecedoras, podendo ter ingerência na
manipulação de preços cotados, direcionamento para determinado item e/ou outro tipo de
influência no certame. Além disso, praticamente toda responsabilidade do processo fica a
cargo da pessoa que, em tese, seus atos deveriam apenas se limitar à requisição de itens. A
segregação de funções reduz o risco de erro, desperdício ou procedimentos incorretos e o risco
de não detectar problemas durante o processo. Não deve haver apenas uma pessoa ou equipe
que controle todas as etapas-chave de uma transação ou evento. As obrigações e
responsabilidades devem estar sistematicamente atribuídas a um certo número de indivíduos,
para assegurar a realização de revisões e avaliações efetivas.
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Importante notar que, a rigor, nos processos de contratação direta, as funções de autorização,
execução, registro e controle respeitam a regra da segregação. Isto porque, a despeito da
indicada oportunidade de melhoria, tem-se que após a emissão da requisição, o expediente
está sujeito à análise de controle interno por equipe que não participa das fases de execução
do processo, na Diretoria de Compras o expediente recebe registros competentes e
providências a cargo daquela unidade administrativa.
Embora diante do cenário caótico apresentado, logo no início de 2017 um conjunto de ações
para o exercício de boas práticas nas compras públicas foram efetivadas.
Dentre elas, no âmbito da Controladoria Geral do Município fora instituída, sob forma de
Comissão, equipe especializada para auditoria de preços e necessidade da despesa pública,
que ao longo de 2017 atuou fortemente na orientação e fiscalização, com destaque para
treinamento de servidores responsáveis pela formação de preços, elaboração e divulgação
de manual de controle interno sobre essas questões, como se pode verificar na seguinte
notícia, datada de 07/02/0217 “Curso visa aumentar eficiência e transparência das compras
públicas. – Controladoria Geral treina 70 servidores ligados à área financeira a partir de
233 de 302
hoje”:
<http://www.uberlandia.mg.gov.br/2014/noticia/12659/curso_visa_aumentar_eficiencia_e_
transparencia_das_compras_publicas.html>
Dito isso, e não obstante o processo contínuo de aprimoramento das compras públicas
municipais, que poderá receber melhorias nos pontos alertados, forçoso concluir que não
houve identificação irregularidades nas aquisições, em especial, não se constatou qualquer
irregularidade nos valores cotados e pagos, tampouco qualquer constatação que desabonasse
a conduta dos agentes públicos que atuaram nos processos, e que, por fim, o processo de
compras na Prefeitura Municipal de Uberlândia segue passos rigorosos, com atuações de
órgãos isentos e sérios.”
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Embora o gestor tenha mencionado que diversas ações estão sendo tomadas para melhorias
no setor de compras, inclusive quanto ao ponto alertado, as providências concretas necessárias
para que se implemente a segregação de funções nas compras da SMS, especificamente com
relação às dispensas de licitação, não foram informadas.
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Fato
De forma aleatória, foram selecionados os meses de março e outubro de 2017, bem como 10
médicos para verificação das respectivas jornadas de trabalho. Verificou-se que 2
profissionais apresentaram sobreposições de horários comparando escalas de trabalho e folha
de frequência:
234 de 302
18/10/2017 19:00 às 07:00 h 19:12 às 07:34 h
23/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:28 às 20:48 h
23/10/2017 19:00 às 07:00 h 20:49 às 07:23 h
30/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:30 às 19:34 h
Fonte: escalas de trabalho fornecidas pelo gestor e folha individual de frequência do HU da UFU (Hospital de Clínicas de Uberlândia -
Universidade Federal de Uberlândia).
Em seis dias do mês de outubro de 2017, o médico CPF ***.093.266-** estava escalado para
cumprir atividades tanto na SPDM quanto no HU-UFU em 7 períodos.
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Foi confirmada a sobreposição de horários de plantão desta profissional. Desta forma, serão
tomadas as medidas administrativas necessárias (Anexo XIII).
Confrontando o registro de ponto feito na SPDM e o da FAEPU – SAD, constata-se que não
houve conflito de horários registrados. (Anexo XIV).
Ressaltamos que a SPDM pagou, para estes profissionais, somente as horas médicas
efetivamente trabalhadas e registradas em Ponto Eletrônico, ressalvada a profissional que
atua no Programa Melhor em Casa, que realiza registro manual de ponto.
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Com relação à profissional de CPF nº ***.332.926-** o gestor informou que seriam tomadas
as medidas administrativas necessárias para apurar a irregularidade.
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Viu-se, portanto, que de acordo com registro de vínculo no CNES a carga horária de trabalho
nas quatro semanas deveria ser de 120 horas, mas conforme registrado no ponto eletrônico, a
jornada para o mesmo período foi de 67 horas e 01 minuto.
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3. Conclusão
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Ordem de Serviço: 201800257
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 359.987.287,50
1. Introdução
2.1 Parte 1
239 de 302
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral
da União.
Fato
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Quadro II – Desembolsos efetuados para o Contrato de Financiamento nº 409.705-78
FPD – Ficha de Valor Valor Contrapartida Valor total
Data do Natureza do
Processamento financiamento contrapartida física desembolsado
desembolso desembolso
de Desembolso (R$) (R$) (R$) (R$)
01/2014 01/12/14 352.947,22 221.324,22 - 574.271,44 projeto
02/2015 06/01/15 528.812,91 329.723,88 - 858.536,79 projeto
03/2015 05/03/15 749.659,26 470.092,22 - 1.219.751,48 projeto
04/2015 20/04/15 693.135,96 434.647,90 - 1.127.783,86 projeto
05/2015 26/06/15 556.799,05 349.154,50 - 905.953,55 projeto
06/2015 24/09/15 321.772,37 201.775,25 - 523.547,62 projeto
07/2015 26/04/16 1.709.053,31 267.416,34 - 1.976.469,65 obra
08/2016 18/05/16 1.907.425,95 298.445,80 - 2.205.871,75 obra
09/2016 13/06/16 4.101.726,40 641.798,99 - 4.743.525,39 obra
10/2016 19/07/16 4.448.874,44 696.117,39 - 5.144.991,83 obra
11/2016 02/09/16 7.146.153,14 1.118.161,81 - 8.264.314,95 projeto e obra
12/2016 27/10/16 4.489.576,07 702.486,00 - 5.192.062,07 obra
13/2016 30/11/16 3.129.776,74 489.717,58 3.813,85 3.623.308,17 obra
projeto, obra e
14/2016 20/12/16 9.507.039,46 2.047.618,73 3.789,25 11.558.447,44
gerenciamento
15/2017 21/06/17 9.584.518,66 1.499.693,97 17.886,65 11.102.099,28 obra
16/2017 28/07/17 3.643.073,46 570.033,35 7.603,10 4.220.709,91 obra
17/2017 28/08/17 10.714.398,60 1.676.486,60 36.894,40 12.427.779,60 obra
Total (R$) 63.584.743,00 12.014.694,53 69.987,25 75.669.424,78
Fonte: Fichas de Processamento de Desembolso.
Cabe informar que, após o recebimento dos recursos, a Prefeitura Municipal efetua a
transferência do mesmo para o DMAE para a conta corrente nº 36-3, agência nº 1537, Caixa
Econômica Federal.
Em 13 de abril de 2018, o saldo desta conta era de R$ 10.786,45, aplicado em fundo de renda
fixa (CDB Flex Empresarial).
PROJETO
241 de 302
Empresa CNPJ
Senha Engenharia e Urbanismo S.S. 36.863.538/0001-77
Serra Azul Engenharia Ltda 00.064.849/0001-29
Fonte: Ata de abertura.
No Ato de avaliação final “técnica e preço” e classificação, de 10 de julho de 2014, foi exarado
o resultado final da avaliação “Técnica e Preço”, conforme demonstrado a seguir:
Foram emitidas e pagas sete medições para a Serra Azul Engenharia, totalizando 99,21% do
valor contratado, conforme quadro a seguir:
242 de 302
Valor da Data da Valor do Valor da
Nota Valor da nota
Medição Medição nota Financiamento Contrapartida
Fiscal fiscal (R$)
(R$) fiscal (R$) (R$)
2015/97 01/10/15 236.034,38 236.034,38 -
2015/98 01/10/15 56.171,78 - 56.171,78
2015/99 01/10/15 145.603,47 - 145.603,47
2º
145.603,47 2016/1 26/01/16 145.603,47 - 145.603,47
aditivo
2016/105 03/10/16 191.821,65 - 191.821,65
7ª 497.720,94 2016/106 03/10/16 139.015,07 139.015,07 -
2016/108 03/10/16 166.884,22 166.884,22 -
Total
5.850.169,15 5.850.169,15 3.506.026,06 2.344.143,09
(R$)
Fonte: notas fiscais
Em 24 de abril de 2017, foi firmado o Contrato nº 070/2017 com a Serra Azul Engenharia
Ltda. (CNPJ: 00.064.849/0001-29), fundamentado na Inexigibilidade nº 025/2017, para
execução de serviços de engenharia consultiva para executar as revisões dos projetos
executivos durante a implantação das obras do novo sistema de produção de água potável
Capim Branco, no valor de R$ 1.909.975,86. Conforme o Termo de Referência, a justificativa
da contratação por inexigibilidade foi baseada no fato de o corpo técnico do DMAE não
conseguir atender a demanda da executora e da gerenciadora no que tange às dúvidas e
complementos do projeto executivo e pelo fato de a Serra Azul Engenharia deter o direito de
exclusividade das alterações do projeto, o que inviabilizaria a competição do certame.
Até 13 de abril de 2018, haviam sido medidos R$ 718.569,09, totalizando 37,62% do contrato.
Cabe ressaltar que não foram utilizados recursos do contrato de financiamento para este
contrato.
EXECUÇÃO DA OBRA
Para esta concorrência, foram realizadas uma audiência pública, em 31 de dezembro de 2014,
e uma etapa de pré-qualificação.
243 de 302
Quadro VI – empresas que participaram da pré-qualificação
da Concorrência Pública nº 001/2015
Consórcio / empresa CNPJs Qualificação
244 de 302
Consórcio / empresa CNPJs Qualificação
Abeinsa Infraestructuras Medio Ambiente
S.A. (N.I.F. n° A–41290792), Solví
Consórcio
Participações em Projetos de Saneamento não foi pré-
Saneamento
Ltda. (10.439.447/0001–15) e Cosatel qualificado
Uberlândia
Construções, Saneamento e Energia Ltda.
(01.106.544/0001–03)
Trail Infraestrutura Ltda. (05.497.348/0001–50)
Consórcio SP – não foi pré-
e Consbem Construções e Comércio Ltda.
Capim Branco qualificado
(61.776.399/0001–91)
Emsa - Empresa Sul
Americana de 17.393.547/001-05 pré-qualificado
Montagem S.A
Transvias
não foi pré-
Construções e 54.883.194/0001–40
qualificada
Terraplenagem Ltda.
Assim, dos 14 (quatorze) licitantes que apresentaram documentos para pré-qualificação, sete
foram declarados pré-qualificados.
245 de 302
Consórcio / empresa Valor Proposta
proposta de preços
Consórcio Capim Branco
desqualificada
proposta de preços
Consórcio Águas de Minas
desqualificada
Fonte: Ato de julgamento e classificação das propostas
246 de 302
Mediante o 3º Aditamento ao contrato, de 28/12/2017, foram realizados acréscimos e
supressões na planilha orçamentária, resultando em um acréscimo de R$ 10.452.917,34, o que
alterou o valor contratual para R$ 283.082.808,33. Dentre as alterações efetivadas, destacam-
se aquelas relacionadas com a inclusão de serviços de vigilância armada e vigilância noturna
na obra, com a adequação do preço do concreto estrutural de 35 MPa e com a inclusão de
serviços de recuperação de nichos construtivos nas estruturas de concreto.
247 de 302
Valor do Valor da
Valor da Medição Nota Data da Valor da nota
Medição Financiamento Contrapartida
(R$) Fiscal nota fiscal fiscal (R$)
(R$) (R$)
Foram pagos, ainda, R$ 2.785.590,92 a título de reajustamento das medições 10ª a 20ª.
248 de 302
a.7) acessos e pátios de manobras: corte do terreno em execução.
b) Adutora de água bruta: parte dos tubos estocados às margens da Estrada do Pau
Furado, aguardando liberação para escavação. Os dois tanques amortecedores
unidirecionais ainda não foram iniciados;
f) Adutora de água tratada – gravidade: parte da tubulação já foi executada e parte está
em execução;
A interligação com o sistema distribuidor instalado (Reservatório Custódio) ainda não foi
realizada, bem como os quatro tanques amortecedores unidirecionais – TAU´s compreendidos
nas adutoras de água bruta e adutora de água tratada – recalque ainda não foram iniciados.
249 de 302
Foto 1 -Vista aérea do entorno da Usina Capim Branco e, nos destaques, a área da
Captação e da Estação de Tratamento de Água, Uberlândia/MG, 14/04/2018
250 de 302
Foto 2 - Execução da estrutura da elevatória Foto 3 - Sala elétrica (Captação),
de água bruta (Captação), Uberlândia/MG, Uberlândia/MG, 12/04/2018
12/04/2018
251 de 302
Foto 8 - Estrutura do decantador executada Foto 9 - Execução da estrutura da sala
(ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018 elétrica e da elevatória de água tratada
(ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018
GERENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO
252 de 302
técnica e preço, sob o regime de empreitada por preço unitário, com orçamento estimado em
R$ 11.020.346,72.
Senha Engenharia e
36.863.538/0001-77
Urbanismo S.S.
Consórcio SGS SGS Enger Engenharia Ltda. (51.167.500/0001-53) e
Enger - Planal Planal Engenharia Ltda. (04.748.601/0001-38)
Consórcio Leme Leme Engenharia Ltda. (33.633.561/0001-87) e Diefra
Engenharia - Diefra Engenharia e Consultoria Ltda. (17.579.459/0001-94)
Fonte: Ato de habilitação e inabilitação
253 de 302
trabalho), técnicos diversos (terraplenagem, concreto, topografia, etc.), bem como de veículos
e contêineres para escritório.
254 de 302
Valor da Valor da Valor do Valor da
Medi_ Nota Data da
Medição nota fiscal Financiamento Contrapartida
ção Fiscal nota fiscal
(R$) (R$) (R$) (R$)
009900 20/12/16 60.309,56 60.309,56 -
001333 19/12/16 41.706,89 41.706,89 -
001335 20/12/16 50.463,03 - 50.463,03
6 230.424,79
009904 20/12/16 75.694,54 - 75.694,54
009901 20/12/16 62.560,33 62.560,33 -
001430 02/05/17 47.099,62 - 47.099,62
001431 02/05/17 38.927,09 38.927,09 -
7 215.066,78
010450 10/05/17 70.649,44 - 70.649,44
010449 10/05/17 58.390,63 58.390,63 -
001447 16/05/17 39.894,98 39.894,98 -
001446 16/05/17 48.270,72 - 48.270,72
8 220.414,26
010507 17/05/17 59.842,47 59.842,47 -
010510 17/05/17 72.406,09 - 72.406,09
001449 16/05/17 44.507,44 44.507,44 -
001448 16/05/17 53.851,55 - 53.851,55
9 245.897,47
010506 17/05/17 66.761,16 66.761,16 -
010508 17/05/17 80.777,32 - 80.777,32
010515 22/05/17 73.000,88 73.000,88 -
010516 22/05/17 88.327,04 - 88.327,04
10 268.879,87
001455 22/05/17 48.667,26 48.667,26 -
001454 22/05/17 58.884,69 - 58.884,69
010646 27/06/17 77.080,71 77.080,71 -
010647 27/06/17 93.263,41 - 93.263,41
11 283.906,87
001514 26/06/17 51.387,14 51.387,14 -
001513 26/06/17 62.175,61 - 62.175,61
001536 10/07/17 51.636,76 51.636,76 -
001535 10/07/17 62.477,62 - 62.477,62
12 285.285,94
010675 11/07/17 77.455,13 77.455,13 -
010676 11/07/17 93.716,43 - 93.716,43
010847 25/08/17 76.760,05 76.760,05 -
010848 25/08/17 92.875,42 - 92.875,42
13 282.725,78
001624 25/08/17 51.173,37 51.173,37 -
001623 25/08/17 61.916,94 - 61.916,94
010892 15/09/17 75.653,41 75.653,41 -
010908 15/09/17 91.536,45 - 91.536,45
14 278.649,77
001645 14/09/17 50.435,61 50.435,61 -
001644 14/09/17 61.024,30 - 61.024,30
010972 05/10/17 74.694,21 74.694,21 -
15 275.116,79 010973 05/10/17 90.375,86 - 90.375,86
001674 04/10/17 49.796,14 49.796,14 -
255 de 302
Valor da Valor da Valor do Valor da
Medi_ Nota Data da
Medição nota fiscal Financiamento Contrapartida
ção Fiscal nota fiscal
(R$) (R$) (R$) (R$)
001673 04/10/17 60.250,58 - 60.250,58
001699 06/11/18 50.027,46 50.027,46 -
001698 06/11/18 60.530,46 - 60.530,46
16 276.394,81
011060 06/11/18 75.041,19 75.041,19 -
011063 06/11/18 90.795,70 - 90.795,70
011281 21/12/17 82.927,10 82.927,10 -
011282 21/12/17 100.337,21 - 100.337,21
17 305.440,52
001757 20/12/17 55.284,73 55.284,73 -
001758 21/12/17 66.891,48 - 66.891,48
001837 02/03/18 72.611,42 - 72.611,42
001838 02/03/18 60.012,18 60.012,18 -
18 331.559,01
011505 05/03/18 90.018,27 90.018,27 -
011506 05/03/18 108.917,14 - 108.917,14
001844 09/03/18 51.961,02 51.961,02 -
011530 12/03/18 77.941,56 77.941,56 -
19 322.046,58
011529 12/03/18 115.286,39 - 115.286,39
001843 09/03/18 76.857,61 - 76.857,61
Total
4.725.664,01 4.725.664,01 2.122.539,45 2.603.124,56
(R$)
Fonte: notas fiscais
No que tange ao projeto de trabalho social, foi realizada a Concorrência Pública n° 095/2017,
de 06 de outubro de 2017, cujo objeto é a “elaboração e execução de Projeto de Trabalho
Social, consistente na contratação de agência de comunicação, diagnóstico físico-ambiental e
socioeconômico e plantão social envolvendo reuniões e elaboração do PDST, na área de
intervenção do Projeto de Trabalho Social – PTS do Sistema Produtor de Água Capim Branco,
tendo como escopo geral promover a participação social”, do tipo melhor técnica e preço, sob
o regime de empreitada por preço unitário, com orçamento estimado em R$ 835.228,19.
A única participante do certame foi a empresa Arco Verde Meio Ambiente Eireli.
Em 26 de dezembro de 2017, foi firmado o Contrato nº 166/2017 com a Arco Verde Meio
Ambiente Eireli – EPP (CNPJ: 11.657.367/0001-07), no valor de R$ 646.615,00. O prazo para
execução dos serviços foi estipulado em oito meses.
Até 09 de abril de 2018 não havia ocorrido nenhuma medição deste contrato.
O quadro a seguir sintetiza o valor pago pelo DMAE para cada um dos contratos celebrados
para consecução do objeto do contrato de financiamento, com a totalização para o
empreendimento. Destaca-se que, embora tenha sido desembolsado, até 10 de abril de 2018,
o montante de R$ 63.584.743,00 a título de financiamento, já foram pagos R$ 126.972.478,60
para as empresas contratadas, o que resulta em uma contrapartida efetiva de R$ 63.387.735,60
256 de 302
(126.972.478,60 – 63.584.743,00), salientando-se que a contrapartida total prevista no
contrato de financiamento é de R$ 71.997.457,50. Após a análise dos boletins de medição pela
Caixa Econômica Federal, vem ocorrendo restituição de parte desta contrapartida ao DMAE.
A defasagem de tempo entre as medições do consórcio executor e do consórcio gerenciador e
o efetivo pagamento da parcela correspondente pela Caixa Econômica Federal, é causada,
dentre outros, pelo fato de o DMAE, como agente promotor do contrato de financiamento,
encaminhar a documentação para a Prefeitura Municipal de Uberlândia, tomador do
financiamento, que elabora a prestação de contas e encaminha à Caixa.
Quadro XIII – valor total medido e pago pelo DMAE para implantação do novo sistema de
produção de água potável Capim Branco
Última
Período última Valor medido Valor do Valor da
Contrato medição
medição acumulado financiamento* contrapartida
efetuada
Contrato nº
7ª e última 01/08 a
064/2014 5.850.169,15 3.506.026,06 2.344.143,09
medição 16/12/2015
(projeto)
Contrato nº
070/2017 01 a
8ª medição 718.569,09 - 718.569,09
(revisão do 22/12/2017
projeto)
Contrato nº
085/2015 24ª medição dezembro/2017 115.678.076,35 86.021.574,38 29.656.501,96
(obra)
Contrato nº
051/2016
19ª medição dezembro/2017 4.725.664,01 2.122.539,45 2.603.124,56
(gerenciamento
e fiscalização)
Total (R$) 126.972.478,60 91.650.139,89 35.322.338,70
* Embora conste na descrição das notas fiscais a origem do recurso como sendo
financiamento, parte destas notas são pagas com contrapartida adicional.
ato
/F
#
Fato
257 de 302
Preço total
Item Descrição
(R$)
02 Captação 4.626.683,64
03 Adutora 27.122.395,37
04 ETA – estação de tratamento de água 45.978.863,14
05 Fornecimento de materiais 109.365.124,60
06 Instalações elétricas - fornecimento 19.114.286,89
07 Instalações elétricas - instalação 7.552.911,78
08 Automação - fornecimento 8.691.556,30
09 Automação - instalação 3.928.084,36
Valor total da obra 264.567.429,21
Fonte: planilha contratual (sem aditivos)
Para a Sala de Cloro da ETA, está prevista a execução de um “Sistema de cloro completo para
dois pontos de aplicação”. Foi verificado que na planilha orçamentária da ETA – Estação de
Tratamento de Água constam o item 13.05.01 – Sistema de cloro completo para dois pontos
de aplicação, com quantidade unitária e custo de R$ 1.285.800,00 e o item 13.05.05 –
Instalação de sistema de cloro completo para dois pontos de aplicação. Por sua vez, na planilha
Fornecimento de materiais, consta o item 04.19.01.01 – Sistema de cloro completo para dois
pontos de aplicação, com uma unidade e custo de R$ 1.285.800,00, ocorrendo, portanto,
duplicidade de previsão de fornecimento do referido sistema. Na planilha da ETA, deveria
constar somente o serviço de instalação do sistema de cloro, previsto no item 13.05.05 e o
fornecimento do sistema de cloro deveria constar somente na planilha Fornecimento de
materiais (item 04.19.01.01). Ressalta-se que o sistema de cloro ainda não foi fornecido, não
ocorrendo, portanto, medições e pagamentos para este item.
Assim, deve ser suprimido da planilha contratual da ETA o item 13.05.01 – Sistema de cloro
completo para dois pontos de aplicação, cujo preço total apresentado pelo Consórcio BT,
Convap, Completa é de R$ 1.173.250,00.
ato
/F
#
258 de 302
“(...)
Dessa forma, estamos aguardando retorno com anuência da contratada (a fim de que não se
alegue posteriormente ausência de contraditório) para realização do termo de aditamento
com a supressão dos itens acima citados, com valor contratado de R$ 1.173.250,00. Tão logo
seja assinado o Aditivo, o DMAE encaminhará cópia à CGU para conhecimento e arquivo.
Cumpre ainda ressaltar ainda que a instalação do sistema de cloro está sendo suprimida, e
que permanecerá no contrato apenas o item 04.19.01.01, que se refere apenas ao
fornecimento. Logo, destacamos que se vislumbra a possibilidade de solicitação pela
contratada de inclusão do item de instalação desse sistema na planilha por meio de aditivo
posteriormente”.
Manifestação da CAIXA
Foi recomendado somente a supressão do item 13.05.01 – Sistema de cloro completo para
dois pontos de aplicação da planilha orçamentária da ETA – Estação de Tratamento de Água,
por estar previsto também no item 04.19.01.01 da planilha Fornecimento de materiais. Não
foi recomendado e não há motivo para a supressão do item 13.05.05 – Instalação de sistema
de cloro completo para dois pontos de aplicação, não sendo necessário, portanto, uma futura
solicitação de termo aditivo para inclusão do item de instalação do sistema de cloro, pois o
item instalação do sistema de cloro já consta na planilha contratual (item 13.05.05).
trI
o
aliseC
n
/A
#
Fato
259 de 302
O quantitativo do serviço de armação de aço para estruturas de concreto armado constante da
planilha orçamentária da licitação e do Contrato nº 085/2015, para construção da 1ª etapa do
novo sistema de produção de água potável Capim Branco, é superior ao quantitativo de aço
previsto no projeto estrutural executivo. Por exemplo, para a Estação Elevatória de Água
Tratada – Acesso / Sala Elétrica (item 09.03.05) foram estimados na planilha orçamentária
228.077kg de aço CA-50, mas, conforme os quadros resumo das pranchas do projeto estrutural
executivo, totalizado na tabela a seguir, a quantidade de aço projetada é de somente 94.945kg,
que representa uma superestimativa de 140%.
260 de 302
Quantidade de
Quantidade de aço conforme
aço planilha quadros resumo
Estrutura do projeto
orçamentária
(kg) executivo*
(kg)
Alas, descidas d´água e caixas de passagem - 753,00
Adutora
Adutora de água bruta - caixas de inspeção 7.779,78 6.339,00
Adutora de água bruta - Caixa de ventosa tríplice 1.728,84 1.621,00
Tanque hidropneumático - 919,00
Adutora de água bruta - Estrutura de concreto para
40.000,00 -
apoio e enriquecimento
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 01 12.808,14 3.827,00
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 02 12.808,14 3.827,00
261 de 302
Quantidade de
Quantidade de aço conforme
aço planilha quadros resumo
Estrutura do projeto
orçamentária
(kg) executivo*
(kg)
Sistema de lavagem dos filtros (elevatória e
40.366,00 36.846,00
reservatório)
Tanque de contato 262.871,00 238.972,00
Reservatório 10.000m3 311.948,00 293.536,00
Estação elevatória de água tratada - acesso / sala
228.077,00 94.945,00
elétrica
Casa de química 34.114,00 31.008,00
Sulfato de alumínio (tanques de coahulante) 9.966,99 6.905,00
Ácido-fluossilícico 3.501,00 3.283,00
Sala de cloro (e bacia da sala de cloro) 21.646,00 14.211,00
Edifício de agua bruta com calha Parshall 53.597,00 57.027,00
Edifício de saída da água tratada 3.617,00 3.854,10
Fossa séptica 1.517,00 1.099,00
Galpão / oficina / deposito 31.270,78 19.861,00
Alas - 1.921,00
Blocos de ancoragem - 1.055,00
Descidas d´água - 496,00
Guarda-corpo sobre muro e passarelas - 537,00
Muros - 21.447,00
Passarela e sala dos geradores - 12.321,00
UTR - decantador secundário - 1 - 2 64.048,00 59.171,00
UTR - tanque de homogeneização - 4.784,00
UTR - adensadores de lodo - 1 - 2 - caixa de manobra 53.975,00 48.904,00
UTR - tanque de regularização 56.774,00 46.830,00
UTR - elevatória de recirculação 4.482,00 4.074,00
UTR - desaguamento mecanizado (tanque de cal
19.422,59 5.913,00
hidratada)
UTR sala elétrica / polímero 22.019,00 19.466,00
Peso total de aço CA-50 (kg) 2.430.989,77 1.986.229,10
* Quantidades conforme quadro resumo – pode haver variação em função de erros no quadro
resumo.
Fonte: planilha orçamentária e projeto estrutural executivo.
Assim, o serviço de armação de aço para estruturas de concreto armado foi superestimado em
444.760,67kg (2.430.989,77 – 1.986.229,10), ocasionando um sobrepreço de R$ 2.446.183,69
(444.760,67kg x R$5,50/kg) na planilha contratual.
Salienta-se que, pelo fato de as estruturas estarem em execução e pela defasagem entre a
última medição aprovada (dezembro/2017) e a data da inspeção (abril/2018), este sobrepreço
ainda não teve impactos financeiros relevantes nos pagamentos, pois somente na Estação
262 de 302
elevatória de água bruta e na Guarita da ETA foram constatados a medição de aço superior à
quantidade projetada.
Assim, deve ser ajustado na planilha contratual as quantidades do serviço de armação de aço,
limitando-se o pagamento da armação de aço de cada estrutura à quantidade projetada e
efetivamente executada.
Este tema foi abordado em reunião realizada em 28 de novembro de 2017, entre representantes
do DMAE, Consórcio BT, Convap, Completa e Consórcio SGS Enger – Planal, na qual
“decidiu-se agrupar os volumes de concreto fck=35MPa dos floculadores, decantadores,
filtros e reservatório em um único item, igualmente com as áreas de forma para concreto,
tendo em vista o desbalanceamento existente entre as quantidades do projeto executivo e a
planilha contratual, mantendo a quantidade total contratada de cada serviço. A revisão da
planilha com a nova formatação será formalizada através de aditamento (04) ao Contrato”.
Assim, tal divergência de quantidade já fora detectada durante a execução do reservatório,
dando a entender que em outras estruturas a quantidade planilhada é inferior à quantidade
projetada, sendo que as quantidades das estruturas seriam agrupadas em futuro termo aditivo.
263 de 302
O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº
2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:
O quantitativo listado que foi apurado pela CGU e apresentado no relatório preliminar foi
de 1.986.229,10 kg, com a expressa ressalva de que poderia haver variações. Neste sentido,
houve apuração da projetista Serra Azul Engenharia na qual foi verificada que o quantitativo
real com os projetos revisados é de 2.000.212,00 kg.
A planilha com a revisão do projeto elaborada pela Serra Azul deverá ser anexada à defesa.
Assim, o quantitativo de aço para serviço de armação para estruturas de concreto armado
quantificado em licitação é maior em 430.777,77kg (2.430.989,77 – 2.000.212,00) sendo
necessário um Aditivo de supressão de aço dessa quantidade, resultando em uma supressão
estimada financeira no contrato atual de (430.777,77kg x R$5,50/kg) R$ 2.369.277,74.
Importante neste ponto destacar, que este item já havia sido constatado pela equipe de
engenharia do DMAE, sendo que o Termo Aditivo com a finalidade de corrigir essa situação
já está sendo elaborado pelos setores responsáveis. Assim que formalizado o Aditivo, o DMAE
encaminhará à CGU para conhecimento e arquivo.
Destaca-se, ainda, que conforme salientado no relatório preliminar, pelo fato de as estruturas
estarem em execução e pela defasagem entre a última medição aprovada e a data da inspeção
(abril/2018), este “sobrepreço” não teve impactos financeiros relevantes nos pagamentos,
pois somente na Estação elevatória de água bruta e na Guarita da ETA foi constatada a
medição de aço superior à quantidade projetada (508,80 kg, que equivale à 0,025% do
quantitativo total).
Para esse quantitativo, irrelevante se comparado ao total, solicitamos à CGU que faça uma
nova verificação in loco para esclarecimento, haja vista que entendemos não haver medição
superior, sendo possível tal identificação através de uma nova apuração por este i. fiscal, que
após a verificação poderá excluir tal item das pendências apontadas.
Por fim, especificamente em relação à Estação Elevatória de Água Bruta, o DMAE solicita à
CGU uma nova conferência dos projetos atualizados pela Serra Azul Engenharia, que
totalizam 27.059 Kg, haja vista que, considerando tal quantidade, não há medição superior
à quantidade projetada, conforme se demonstra no quadro resumo de aço abaixo, vejamos:
264 de 302
592-CAPT-EC-DS-1007-R02 1906 2097
592-CAPT-EC-DS-1008-R02 7256 7981
592-CAPT-EC-DS-1009-R02 5754 6329
592-CAPT-EC-DS-1010-R03 6252 6877
592-CAPT-EC-DS-1011-R03 1422 1564
592-CAPT-EC-DS-1012-R01 836 920
TOTAL 27.059 29.764
Quadro Resumo de Aço – EEAB – Revisado”
Manifestação da CAIXA
Foi informado que a empresa projetista, Serra Azul Engenharia, elaborou a revisão do projeto
executivo e apurou uma quantidade real de 2.000.212kg de aço, que resulta em uma
quantidade de 430.777,77kg (2.430.989,77 – 2.000.212,00) a maior na planilha orçamentária,
sendo que tal diferença será objeto de aditivo de supressão, resultando em uma supressão
estimada financeira no contrato atual de R$ 2.369.277,74 (430.777,77kg x R$5,50/kg).
Entretanto, não foi mencionado na justificativa o fato de haver divergência também nos
quantitativos de concreto, pois conforme já citado, foi verificada diferença entre o volume de
concreto armado previsto na planilha orçamentária e levantado nas pranchas do projeto
estrutural do Reservatório da Estação de Tratamento de Água, ocasionando uma diferença de
R$ 213.165,72.
Cabe ao DMAE solicitar à projetista, que foi responsável tanto pela elaboração do projeto
estrutural quanto pela elaboração da planilha orçamentária, o levantamento das quantidades
corretas dos quantitativos de volume de concreto, área de formas e volume de cimbramento
(escoramento) de cada uma das estruturas que compõem a construção da 1ª etapa do novo
sistema de produção de água potável Capim Branco, tendo em vista que pode existir maiores
divergências que gere pagamentos por serviços não executados, cabendo à Caixa Econômica
Federal somente autorizar o pagamento das medições dos serviços referentes às estruturas de
concreto (concreto, forma, cimbramento) em quantidades compatíveis com os projetos.
trI
o
aliseC
n
/A
#
Fato
265 de 302
Unitário
Item Descrição Ud Quantidade Total (R$)
(R$)
Captação -
01.
Limpeza/Nivelamento/Urbanização
Locação da obra, com uso de
01.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 16.876,00 362.158,96
topógrafo e nivelador
02. Guarita
Locação da obra, com uso de
02.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 25,80 553,67
topógrafo e nivelador
03. Estação Elevatória de Água Bruta
Locação da obra, com uso de
03.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 179,45 3.851,00
topógrafo e nivelador
04. Sala Elétrica / Sala de Controle
Locação da obra, com uso de
04.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 447,20 9.596,91
topógrafo e nivelador
05. Fossa Séptica
Locação da obra, com uso de
05.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 40,46 868,27
topógrafo e nivelador
06. Subestação
Locação da obra, com uso de
06.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 5.000,00 107.300,00
topógrafo e nivelador
Fonte: Planilha orçamentária
266 de 302
Locação da obra, com uso de
06.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 150,00 3.219,00
topógrafo e nivelador
07. Tanque de Contato
Locação da obra, com uso de
07.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.835,80 39.396,27
topógrafo e nivelador
08. Reservatório 10.000 m³
Locação da obra, com uso de
08.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 2.353,86 50.513,84
topógrafo e nivelador
Estação Elevatória de Água Tratada
09.
- Acesso / Sala Elétrica
Locação da obra, com uso de
09.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.087,73 23.342,69
topógrafo e nivelador
10. Casa de Química
Locação da obra, com uso de
10.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 332,60 7.137,60
topógrafo e nivelador
11. Sulfato de Alumínio
Locação da obra, com uso de
11.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 209,15 4.488,36
topógrafo e nivelador
12. Ácido-Fluossilícico
Locação da obra, com uso de
12.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 52,51 1.126,86
topógrafo e nivelador
13. Sala de Cloro
Locação da obra, com uso de
13.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 349,20 7.493,83
topógrafo e nivelador
14.
Locação da obra, com uso de
14.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 265,11 5.689,26
topógrafo e nivelador
15. Edifício de Saída de Água Tratada
Locação da obra, com uso de
15.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 84,21 1.807,15
topógrafo e nivelador
16. Fossa Séptica
Locação da obra, com uso de
16.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 40,46 868,27
topógrafo e nivelador
17. Galpão / Oficina / Depósito
Locação da obra, com uso de
17.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 464,96 9.978,04
topógrafo e nivelador
18. UTR - Decantador Secundário 1 - 2
Locação da obra, com uso de
18.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 810,24 17.387,75
topógrafo e nivelador
UTR - Adensadores de Lodo 1-2 -
19.
Caixa de Manobra
Locação da obra, com uso de
19.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 581,06 12.469,55
topógrafo e nivelador
267 de 302
20. UTR - Tanque de Regularização
Locação da obra, com uso de
20.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 478,80 10.275,05
topógrafo e nivelador
21. UTR - Elevatória de Recirculação
Locação da obra, com uso de
21.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 29,16 625,77
topógrafo e nivelador
22. UTR - Desaguamento Mecanizado
Locação da obra, com uso de
22.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 237,18 5.089,88
topógrafo e nivelador
23. UTR Sala Elétrica / Polímero
Locação da obra, com uso de
23.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 160,16 3.437,03
topógrafo e nivelador
24. Fossa Séptica UTR
Locação da obra, com uso de
24.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 46,00 987,16
topógrafo e nivelador
Fonte: Planilha orçamentária
Todavia, existem duas tipologias distintas de serviços de locação da obra: (i) a primeira
relacionada com a implantação dos piquetes para subsidiar a execução da terraplenagem da
área destinada à implantação geral da captação de água bruta (16.876,00 m²) e da área
destinada à implantação da ETA (107.348,95 m²); e (ii) outra relacionada com a efetiva
locação dos edifícios/estruturas a serem construídos nos limites da área da captação de água
bruta (5.692,91 m²) e da área da ETA (13.369,85 m²).
Ressalta-se que a primeira tipologia descrita corresponde aos itens “01.01.01” da planilha e
a segunda tipologia corresponde aos itens orçamentários restantes, sendo que o valor uniforme
adotado para o serviço se refere a uma especificação de serviço condizente com a segunda
tipologia, qual seja, a efetiva locação de edifícios/estruturas fazendo-se uso de gabaritos de
madeira.
Cabe registrar que o DMAE está atestando apenas a execução do item “01.01.01” (Captação
e ETA), deixando os restantes sem ateste, enquanto que o correto seria o contrário, ou seja,
atestar os outros itens orçamentários referentes aos serviços de locação e retirar do orçamento
os itens “01.01.01”.
268 de 302
Frente ao exposto, conclui-se que houve a previsão indevida do quantitativo de 124.224,95
m² (107.348,95+16.876,00) referente ao item “Locação da obra, com uso de equipamentos
topográficos, inclusive topógrafo e nivelador”, totalizando R$ 2.665.867,43.
Ressalta-se ainda que até a 24ª medição, foram atestados 84.232,73 m² referentes aos serviços
de locação remunerados a R$ 21,46 / m², sendo que a área total passível de ateste
corresponderia a 19.062,76 m². A diferença ocorrida resultou em um pagamento indevido de
R$ 1.398.547,56.
ato
/F
#
“Em análise à planilha orçamentária da obra, a CGU verificou que os serviços de locação
constam com o mesmo valor unitário de R$ 21,46/m² para todos os tipos de locação a serem
executados no empreendimento, indicando haver uma uniformidade nas especificações da
atividade de locação.
Todavia, existem duas tipologias distintas de serviços de locação da obra: (i) a primeira
relacionada com a implantação dos piquetes para subsidiar a execução da terraplenagem da
área destinada à implantação geral da captação de água bruta (16.876,00 m²) e da área
destinada à implantação da ETA (107.348,95 m²); e (ii) outra relacionada com a efetiva
locação dos edifícios/estruturas a serem construídos nos limites da área da captação de água
bruta (5.692,91 m²) e da área da ETA (13.369,85 m²).
Assim, nos termos do enunciado da súmula 473 do STF, foi solicitado através do Ofício
2635/2018/DG – Anexo 1 - a supressão da planilha contratual de vários itens referentes à
locação de obra, totalizando uma supressão de R$ 905.624,44. Assim que formalizado, o
termo de aditamento será encaminhado à CGU para conhecimento e arquivo.
É importante ressaltar que foi prevista apenas 1 equipe de topografia para acompanhamento
de obras, e que, como é de experiência da própria equipe de engenharia Controladoria Geral
da União, uma obra desse porte necessita de várias equipes simultâneas para
acompanhamento de níveis, alturas de concretagem e cotas em geral.
269 de 302
Por fim, destacamos ainda que, diante de tal supressão, vislumbra-se a possibilidade de
solicitação pelo Consórcio executor de inclusão do item posteriormente haja vista a real
necessidade de se alocar equipes topográficas na obra, oportunidade na qual, se solicitado,
o pleito será objeto de avaliação pelo DMAE”.
Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#
Segundo o DMAE, foi solicitada a supressão na planilha contratual de vários itens referentes
à locação de obra, totalizando o valor de R$ 905.624,44, sendo informado que assim que
formalizado, o respectivo termo de aditamento seria encaminhado à CGU para conhecimento
e arquivo.
Ressalta-se, entretanto, que o valor informado a ser suprimido não corresponde ao apurado
pela CGU.
Fato
270 de 302
De forma a mitigar a ocorrência de tais riscos, o TCU passou a determinar que os custos
relativos à “administração local” e à “manutenção do canteiro de obra” passassem a ser
medidos proporcionalmente ao andamento físico das obras, conforme descrito a seguir:
Acórdão nº 2622/2013-TCU-Plenário
Acórdão nº 1978/2013-TCU-Plenário
“9.4. recomendar à Infraero, com base no art. 250, inciso III, do Regimento
Interno do TCU, que institua, como regra contratual, o pagamento dos serviços
relacionados à "administração local" e à "manutenção do canteiro de obras"
vinculado e proporcional ao andamento físico da obra, tal qual julgado no
Acórdão 3.103/2010-Plenário, de modo a tanto estimular a eficiência da
contratada como reduzir o risco de pagamentos a maior dessas rubricas, em
comparação com os encargos efetivamente incorridos pelo particular”;
Em que pese o fato dos Acórdão do TCU terem sido emitidos em casos concretos e não sejam
de atendimento obrigatório pelo DMAE, ressalta-se que o próprio edital da licitação da obra
em comento previu critério de medição para os itens “01.02 - Conservação e manutenção dos
canteiros” e “01.03 – Administração Local” de forma compatível com o entendimento do
TCU, qual seja:
“Critério de Medição
271 de 302
PAL: percentual da administração local a ser medido no mês;
MSSAL: valor da medição dos serviços executados no mês (não se computando o
valor do fornecimento de materiais e o da própria administração local);
VTSAL: valor total do contrato, excluídos os valores totais de fornecimento de
materiais e o da própria administração local”.
Ressalta-se que esse critério de medição foi objeto de questionamento pelos licitantes durante
o processo licitatório nos seguintes termos:
Dessa forma, os custos desses itens devem ser apropriados mensalmente de forma
quantitativa, por tratarem-se de custos diretos, mas, de forma complementar, também devem
obedecer um limite máximo proporcional à efetiva execução da obra.
A seguir, são apresentados os valores fixados para os itens orçamentários da obra após o 3º
Termo Aditivo, bem como os valores já atestados até a 24ª medição.
272 de 302
07. Instalações Elétricas - Instalação 7.552.911,78 0 0
08. Automação - Fornecimento 8.691.556,30 0 0
09. Automação - Instalação 3.928.084,36 0 0
TOTAL 283.082.808,33 115.678.075,67 41
Baseando-se nos valores apresentados, é possível calcular os valores dos componentes das
fórmulas de cálculo adotadas no critério de medição dos itens “Conservação e manutenção
dos canteiros” e “Administração Local”, bem como apurar os valores medidos e os valores
passíveis de medição para os dois itens:
Frente ao exposto, constata-se ter ocorrido até a 24ª medição, efetivada em dezembro de 2017,
adiantamento de pagamento em desacordo com o critério estabelecido no edital de licitação,
no valor de R$ 1.399.617,38, relativo ao item “Conservação e manutenção dos canteiros” e
R$ 1.691.198,07, relativo ao item “Administração Local”, totalizando o valor de R$
3.090.815,45.
ato
/F
#
“No que concerne ao presente item, é importante destacar que a Gestão do Contrato executa
a apropriação mensal e de forma quantitativa, conforme documentação enviada para a
Controladoria Geral da União.
Nesta linha de raciocínio, toda a documentação enviada pela contratada para comprovação
de efetivo em obra atende às premissas contratuais e é verificada pela Controladoria do
Município, que somente autoriza o prosseguimento da medição, e autoriza o pagamento, se
houver os correspondentes documentos legais que demonstrem o vínculo existente e o
atendimento a todos os procedimentos fiscais, tributários e trabalhistas, além da efetiva
presença no canteiro de obras da contratada.
Ou seja, não existe qualquer possibilidade de se pagar por qualquer profissional que não
tenha sido efetivamente contratado e tenha efetivamente prestado seus serviços em favor da
administração pública! Importante tal destaque na medida em que a equipe de administração
273 de 302
que compõe o quadro da contratada é necessária para o cumprimento do objeto, e dessa
forma, até então, esteve e está presente para que a obra possa ser executada.
Lado outro, existem profissionais contratados pelo Consórcio executor que não são
remunerados no item da administração, haja vista que a complexidade da obra demanda a
contratação de equipe completa e que excede a planilha de administração.
Neste tópico, alega a CGU, em breve síntese, que o TCU emitiu recomendações no sentido de
que os custos relativos à ‘administração local’ e à ‘manutenção do canteiro de obra’ fossem
alocados no orçamento como custos diretos, devendo, portanto, serem medidos de forma
quantitativa. Aduz que esta metodologia resultou em taxas de BDI mais enxutas e em
incremento do controle dos custos das obras. Entende a CGU que ‘os custos desses itens
devem ser apropriados mensalmente de forma quantitativa, por tratarem-se de custos diretos,
mas, de forma complementar, também devem obedecer um limite máximo proporcional à
efetiva execução da obra’.
O relatório reconhece que, embora o entendimento acima não fosse obrigatório ao DMAE, o
órgão o previu em edital essa forma de medição, mas não cumpriu.
Contudo, neste ato, o DMAE vem esclarecer que a resposta dada ao questionamento número
06 transcrita no relatório acabou por gerar um entendimento dúbio na medida que assevera
que ‘esse item tem preço global mas, deverá ser pago mensalmente’, sendo que o próprio
relatório aponta que a resposta poderia ‘suscitar dúvida’.
E dentro deste contexto de dúvida quanto ao edital, o DMAE optou por fazer os pagamentos
mensalmente e de forma quantitativa, não fazendo tal opção por mera liberalidade, mas sim
em estrita observância aos princípios que norteiam a administração pública e, como todo ato
administrativo, devidamente motivado.
É nesta linha de entendimento a lição do Professor José dos Santos Carvalho Filho segundo
o qual ‘pode-se, pois, conceituar o motivo como a situação de fato ou de direito que gera a
vontade do agente quando pratica o ato administrativo’ (In: Manual de direito
administrativo. 15a. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2006. p. 99).
Não diferente, é a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem o ‘Motivo é pressuposto
de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo’ (In: Direito
administrativo. 24a. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 212).
Isso posto, vejamos então os motivos que ensejaram o ato administrativo questionado:
1 – A forma de pagamento atende premissa do Controle Interno que somente processa e paga
qualquer modalidade de mão de obra se houver o correspondente documento legal que
demonstre o vínculo e o atendimento a todos os procedimentos fiscais, tributários e
trabalhistas, além da efetiva presença dos profissionais no canteiro do Contratado. A forma
proposta pelo Relatório funciona muito bem quando a obra transcorre dentro do prazo ou
quando eventuais atrasos possam ser imputados à contratada. Contudo, essa forma não
funciona quando eventuais atrasos são decorrentes de problemas nas licenças ambientais,
modificação do projeto ou não conclusão de desapropriações. Isso porque, quando o atraso
não possa se imputado à contratada, este custo fixo de ‘administração local’ e à ‘manutenção
do canteiro de obra’ também não pode ser imputado a ela, sob pena de o órgão vir a sofrer
uma ação por enriquecimento ilícito pois, mesmo quando a obra não caminha dentro do
274 de 302
previsto, há o custo de manutenção de toda a estrutura e dos profissionais nela envolvidos,
não fazendo sentido que o órgão obrigasse a contratada a desmobilizar sua estrutura física e
de pessoal sendo que teria que contratá-lo logo em seguida (é fato público e independe de
prova que os custos disso no Brasil são exorbitantes).
Por outro lado, poder-se-ia alegar que, quando a obra caminhasse de forma mais rápida, a
contratada também receberia por isso. Contudo, esta forma de pagamento esbarraria no
Controle Interno que somente paga o que foi efetivamente utilizado. Ou seja, se a obra tivesse
andado rapidamente a contratada, de todo modo, receberia apenas o que efetivamente
utilizou e não seria compensada pelo tempo que ficou parada por motivos a ela alheios.
Concluindo, o DMAE concorda que a forma sugerida no relatório seria perfeita nas hipóteses
de tempestividade do cronograma ou atrasos imputados à contratada (pois nesse caso, o
consórcio arcaria por sua culpa).
Contudo, como os atrasos ocorreram por razões alheias ao consórcio e ao próprio DMAE
(falta de disponibilidade de recursos para a contrapartida ou ainda a morosidade judicial
das desapropriações), esta autarquia entende que os pagamentos devem continuar sendo
feitos da forma atual, sob pena de o órgão vir a sofrer uma ação por locupletamento ilícito
por parte da contratada.
2 – Outro motivo a justificar a forma atual dos pagamentos é a efetiva vinculação à realidade
comprovada documentalmente. Trata-se de critério justo para evitar desequilíbrios para as
partes pois todos os serviços realizados e devidamente comprovados devem ser totalmente
pagos conforme prevê a legislação. Além disso, percebe-se que o que o Contratado mantém
no canteiro de obras o efetivo necessário ao cumprimento do objeto.
3 – Em função das diversas alterações no cronograma físico, causadas pelos fatores técnicos,
jurídicos e financeiros, não é possível desmobilizar e mobilizar em curto espaço de tempo,
sem onerosos custos ao Projeto, o efetivo de mão de obra administrativa, em razão do alto
nível de qualificação, treinamento e conhecimento especifico que estes profissionais têm da
obra.
Todos esses motivos foram cuidadosamente analisados pelo Dmae, desde o início dos
trabalhos, de modo a embasar o ato administrativo de pagamento dos itens ‘administração
local’ e à ‘manutenção do canteiro de obra’, uma vez que qualquer ruptura de premissas
explicitadas no Processo Licitatório podem gerar questionamentos e processos judiciais
contra esta autarquia, resultando em maiores atrasos, conhecendo a importância hídrica
desta obra para a cidade de Uberlândia.
Vale ressaltar que a forma de pagamento sugerida no relatório, embora com entendimento
majoritário, não pode ser considerada uma verdade absoluta, principalmente se
considerarmos a natureza, porte e especificidades da obra analisada. Neste sentido, vale
trazer à baila os ensinamentos do ex Presidente do TCU, Valmir Campelo:
275 de 302
‘Em opinião particular, abalizamos que o mais importante seja o adequado
dimensionamento dos custos, de acordo com as peculiaridades de cada
obra, mediante um projeto de canteiro e a composição detalhada da
administração local, tudo transparentemente disposto no projeto e motivado
no processo licitatório, com base nos preços de mercado. Tal providência
pode ser empreendida tanto para custos diretos como indiretos’. (In: Obras
públicas: comentários à jurisprudência do TCU. 2a. ed. rev. e atual. Belo
Horizonte: Fórum, 2013. p. 87)
Por todo o exposto, com o devido respeito ao entendimento deste i. fiscal e à orientação
sugerida pelo TCU, o órgão entende que há razões e motivação suficiente para que o
pagamento da ‘Administração Local’ e da ‘Conservação e Manutenção de Canteiros’ sejam
realizados na forma atual, isto é, mensalmente e de forma quantitativa, não configurando tal
prática, em nenhuma hipótese, como qualquer espécie de adiantamento ou de infringência à
legislação pátria”.
Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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Na manifestação do DMAE, foi descrito que “a forma proposta pelo Relatório funciona muito
bem quando a obra transcorre dentro do prazo ou quando eventuais atrasos possam ser
imputados à contratada”. Cabe registrar que assiste razão ao DMAE quanto ao teor da
afirmação, fazendo-se apenas a ressalva que a “forma proposta pelo relatório” citada não foi
proposta pela CGU, mas sim, estava prevista no edital da licitação da obra.
Entende-se que, caso comprovado de forma inequívoca que a Contratada não concorreu para
o atraso da obra, não haveria proibição para a assinatura de aditivos contratuais que
prorrogassem o prazo de execução da obra e majorassem a parcela financeira correspondente
à “administração local” e “manutenção do canteiro de obra”, restabelecendo, dessa maneira
o equilíbrio econômico-financeiro contratual.
Ressalta-se, ainda, que como a Caixa Econômica Federal limita o pagamento do valor
referente à “administração local”, os acréscimos de custos incorridos com a prorrogação do
prazo de execução da obra deverão ser suportados pelo DMAE e não por recursos federais.
276 de 302
Dessa forma, cabe aos Órgãos de Controle com o quais o DMAE se relaciona, avaliar se, por
ação ou omissão, representantes do DMAE contribuíram para o atraso na execução da obra e,
por consequência, para o acréscimo de custos da obra.
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Fato
A solicitação de aditamento contratual feita pelo Consórcio contratado para a execução das
obras foi analisada e aceita pela Gerência de Projetos e Obras do DMAE, por intermédio do
Memorando Interno nº 9246/2017/GPO/DT, de 27 de novembro de 2017, o que subsidiou a
assinatura do 3º Termo Aditivo ao Contrato nº 085/2015, pelo Diretor Geral do DMAE, em
28 de dezembro de 2017.
277 de 302
Quadro I: Preço de adequação do m³ de concreto estrutural 35 Mpa em estruturas verticais
Materiais Unidade Custo Unitário Consumo Custo (R$)
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,06 350,00 19,92
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,40 35,00 13,85
Aditivo Mira Set 63 Kg 3,89 3,10 12,06
Aditivo Mira Flow 943 Kg 9,33 3,75 34,99
Polipropileno Kg 16,40 0,30 4,92
Custo Unitário 85,74
BDI 20,15
Preço Unitário 105,89
Fonte: Solicitação do aditivo contratual
Ressalta-se que, da forma que foi colocado, o pleito do Consórcio correspondeu a uma
solicitação de “revisão” do preço de um serviço contratado, objetivando corrigir suposto
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, causado pela necessidade de alteração do
traço do concreto inicialmente especificado, devido à ocorrência de reatividade entre a brita
disponível na região de Uberlândia (de rocha basáltica) e o Cimento Portland Comum.
Cabe registrar, entretanto, que o item “d” do art. 65 da lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
determinou que revisões desse tipo são passíveis de serem acatadas apenas “na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis”, após
a apresentação das propostas das empresas.
278 de 302
De forma a se verificar se no caso em comento estavam cumpridos os requisitos legais para a
aceitação do pleito do Consórcio, há que se considerar algumas questões, quais sejam:
- era do conhecimento do Consórcio, ou pelo menos deveria ser, que na região de Uberlândia
não havia disponibilidade de agregados de granito ou gnaisse, mas sim, de basalto, visto que
a Empresa Líder do consórcio, além de ser de Uberlândia, atua na produção e venda de
agregados, sendo, inclusive, fornecedora de material para a obra;
- segundo a Empresa Gerenciadora que acompanha a execução da obra, a pedreira que poderia
fornecer agregados de granito ou gnaisse está localizada a aproximadamente 150 km de
distância da obra, o que elevaria o custo do frete relativo à entrega do produto;
- ao elaborar sua proposta de preços, o Consórcio deveria, ao formar seu preço do concreto,
ter comparado as opções de (i) comprar brita de granito ou gnaisse de uma pedreira distante,
arcando com os custos de transporte, ou (ii) utilizar o material disponível na região,
computando no preço do concreto, todavia, o necessário acréscimo de custos causado pela
alteração do tipo de cimento e pelo acréscimo de aditivos.
Dessa análise, pode-se concluir que, para a data-base de agosto de 2015, (i) o custo do concreto
efetivamente utilizado nas estruturas verticais (R$ 261,98) foi R$ 17,90 superior ao custo do
concreto no Sinapi (R$ 244,08) e (ii) o custo do concreto efetivamente utilizado nas estruturas
horizontais (R$ 240,46) foi R$ 3,62 inferior ao custo do concreto no Sinapi (R$ 244,08).
279 de 302
Portanto, a diferença entre o custo do concreto aplicado nas estruturas verticais e o custo do
concreto inicialmente previsto, caso fosse passível de remuneração, deveria ser de R$ 17,90 e
não R$ 85,74 (R$ 105,89 – BDI), conforme ocorreu. Já em relação ao concreto aplicado nas
estruturas horizontais, verifica-se que seu custo foi R$ 3,62 inferior ao custo do concreto
inicialmente previsto, o que ensejaria uma redução de valor e não um acréscimo de R$ 64,00
(R$ 79,04 – BDI), conforme ocorreu.
Portanto, entende-se que a “adequação de preço para concretos estruturais fck >= 35 Mpa”,
prevista no 3º Aditivo ao Contrato nº 085/2015, no valor de R$ 1.870.675,75, configurou-se
como indevida, ressaltando que até a 24ª medição já havia sido atestado o valor de R$
634.770,26.
ato
/F
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Pois bem, conforme ressaltado no referido relatório, cabe registrar que a alínea “d” do art.
65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, determinou que revisões desse tipo são passíveis
de serem acatadas apenas “na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis,
porém de consequências incalculáveis”, após a apresentação das propostas das empresas.
Durante o período licitatório, um estudo dessa magnitude não poderia ser realizado por cada
participante para conhecer as reatividades do processo de tratamento de água, razão pela tal
é mais do que razoável que uma revisão dessa grandeza possa ser acatada pelo órgão
posteriormente, haja vista a quantidade de estudos e pareceres emitidos por renomadas
associações.
280 de 302
Conforme listado no relatório preliminar da Controladoria Geral da União, este contrato
possui uma fiscalizadora e gerenciadora (Consórcio SGS Enger/Planal), que ao analisar a
questão também emitiu parecer favorável à adequação de preço para o concreto
Fck>=35Mpa.
Portanto, este órgão entende que atuou dentro da legalidade e da razoabilidade ao agir em
estrita conformidade aos pareceres e documentos técnicos sobre o tema, devidamente
formalizados e que seguem anexados a esta manifestação como Anexo 5, a saber:
➢ Parecer da Gerenciadora e Fiscalizadora quanto a adequação do concreto;
➢ Dosagem racional do concreto considerando a utilização de cimento Portland comum
e agregados de rocha basáltica, a qual indicou reatividade álcali – agregado positiva;
➢ Dosagem racional do concreto considerando a utilização de Cimento CP III 40-RS e
agregados de rocha basáltica que indicou não potencialidade reativa;
➢ Relatórios da ABCP referente aos ensaios de reatividade álcali – agregado, realizados
em laboratório com amostras de agregados basálticos e os dois tipos de cimento;
➢ Três propostas de diferentes fornecedores para fornecimento dos aditivos utilizados na
dosagem racional aprovada, bem como da fibra plástica para reforço do concreto.
Destaca-se que a grande divergência entre o DMAE e o relatório apresentado diz respeito à
questão da previsibilidade ou não da mudança dos concretos estruturais da obra. E conforme
demonstrado, as alterações propostas na composição do concreto foram necessárias, o que
implicou a adequação do preço unitário contratual. Quanto à imprevisibilidade, esta também
restou demonstrada pois, durante o processo licitatório, não seria razoável exigir-se das
concorrentes o conhecimento prévio das reatividades dos produtos utilizados no tratamento
de água, o qual só foi obtido posteriormente a partir de estudos e pareceres emitidos por
renomadas associações.
O caso narrado se enquadra perfeitamente ao dispositivo legal, assim comentado pelo ilustre
Prof. Marçal Justen Filho:
7) Modificações qualitativas: alteração do projeto ou de suas especificações.
A melhor adequação técnica supõe a descoberta de circunstâncias desconhecidas
acerca da execução da prestação ou a constatação de que a solução técnica
anteriormente adotada não era a mais adequada. Os contratos de longo prazo ou
de grande especialização são mais suscetíveis a essa modalidade de alteração.
Não há muito cabimento para essa hipótese em contratos de execução instantânea
ou cujo objeto seja simples e sumário.
A hipótese da al. “a” compreende as situações em que se constata
supervenientemente a inadequação da concepção original, a partir da qual se
promovera a contratação. Tal pode verificar-se em vista de eventos
supervenientes. Assim, por exemplo, considere-se a hipótese de descoberta
281 de 302
científica, que evidencia a necessidade de inovações para ampliar ou assegurar
a utilidade inicialmente cogitada pela Administração.
O caso em tela diz respeito exatamente à uma situação preexistente mas desconhecida pelo
DMAE e pelas licitantes, uma vez que somente foi possível conhecer posteriormente a
reatividades dos produtos utilizados no tratamento de água a partir de estudos e pareceres
emitidos por renomadas associações.
Diante do até aqui exposto, resta evidenciado que não há porque se falar em pagamento
indevido haja vista que o DMAE agiu em estrita observância aos princípios norteadores da
administração pública, agindo com prudência, razoabilidade e legalidade ao embasar a
alteração em documentos técnicos e formais”.
Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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Em que pese o entendimento divergente do DMAE quanto à questão, entende-se que não
foram apresentados fatos ou argumentos novos que possuam o condão de alterar o
entendimento de que não foram cumpridos os requisitos técnicos e legais que justificassem a
necessidade de um equilíbrio econômico-financeiro do contrato, pois, conforme já relatado,
não ocorreram fatos imprevisíveis que justificassem a necessidade de um equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, não há como se comprovar que ocorreu “alteração” de
uma situação inicialmente existente e, mesmo que o mérito do aditivo fosse adequado, os
valores aditivados restaram superestimados
Fato
282 de 302
acrescidos, constava o item referente à “área de estocagem provisória de tubos na obra”, no
valor total de R$ 1.129.574,18.
A análise do pleito foi efetivada pela Gerência de Projetos e Obras do DMAE, a qual
apresentou as seguintes justificativas para a sua aprovação:
Essa situação, constatada após o início das obras, ocorre ao longo dos 4.610 m
da Adutora de Água Bruta, impedindo sua execução, inicialmente planejada para
o início de maio/2016.
A avaliação das áreas, para fins de aluguel, foi feita pela empresa WALACE
EMPREENDIMENTOS, a pedido do Consórcio BCC, com o objetivo de obter
valores de mercado imobiliário para aluguel de áreas urbanas e rurais no
Município de Uberlândia.
283 de 302
Os valores das avaliações foram considerados como referência para as
composições de custo unitário mensal de aluguel das três áreas, incluindo limpeza
e preparo da área, pavimentação com cascalho, locação de container e banheiro
químico, cerca de fechamento, vigilância e BDI, conforme composições
apresentadas no Item 4.2.7.1 – Composições de Preço Unitário do Caderno de
Memória de Cálculo do 1º Aditivo Contratual com Reflexo Financeiro”.
Percebe-se, então, que um dos argumentos utilizados como justificativa para a inclusão do
item em comento no aditivo contratual referiu-se ao fato de que o contrato de fornecimento
dos tubos, firmado entre o Consórcio e a Arcellor Mittal, previu a entrega total dos tubos para
dezembro de 2016. Entretanto, o cronograma contratado, que estava vigente até a assinatura
do 1º Termo Aditivo, previa que o fornecimento dos tubos ocorresse entre novembro de 2016
e dezembro de 2017 e que o assentamento dos tubos ocorresse entre novembro de 2016 e
outubro de 2018.
Dessa maneira, o acordo para que os tubos fossem entregues até dezembro 2016 configurou-
se em uma decisão de iniciativa do Consórcio, de forma a aproveitar, muito provavelmente,
uma condição financeira vantajosa, mas que teve como consequência uma maior necessidade
de áreas disponíveis para guarda de todo o material entregue simultaneamente.
Cabe registrar também que o item aditivado “Área de estocagem provisória de tubos na obra”
abrange, além dos valores relativos ao aluguel e à implantação das áreas destinadas ao
depósito dos tubos, despesas relacionadas com a carga dos tubos no depósito e descarga nas
valas, bem como o transporte dos tubos do depósito até as valas.
“Em 20 de outubro de 2016, o Consórcio contratado para a execução das obras encaminhou
ao DMAE solicitação do 1º aditivo ao Contrato nº 085/2015. Dentre os serviços a serem
284 de 302
acrescidos, constava o item referente à ‘área de estocagem provisória de tubos na obra’, no
valor total de R$ 1.129.574,18.
Segundo apuração da CGU, “o acordo para que os tubos fossem entregues até dezembro
2016 configurou-se em uma decisão de iniciativa do Consórcio, de forma a aproveitar, muito
provavelmente, uma condição financeira vantajosa, mas que teve como consequência uma
maior necessidade de áreas disponíveis para guarda de todo o material entregue
simultaneamente”.
Isso porque, conforme já relatado em registros anteriores, durante o processo licitatório, foi
divulgado que os decretos de criação/alteração das faixas de domínio da Rodovia Pau Furado
eram suficientes para permitir a utilização das faixas laterais, em toda sua extensão por 30
m a partir do eixo da pista para os trabalhos de implantação das adutoras e tal premissa foi
divulgada durante o processo licitatório.
No entanto, por ocasião do início das obras da adutora de água tratada (trecho de recalque),
o DMAE se deparou com a existência de cercas confrontantes posicionadas à uma distância
menor ou igual a 18 m e, quando procurou os proprietários para informá-los da necessidade
de remanejamento para os 30 m da faixa de domínio, não houve acordo.
Neste sentido, a metodologia construtiva inicial exigia que a vala fosse aberta por
escavadeira de grande porte com a terra retirada sendo lançada para o lado das cercas, em
alguns casos, sobre elas. Logo a seguir os escoramentos eram montados e os fundos
regularizados e compactados. Após essa etapa concluída, os segmentos de tubos com 12
metros eram transportados da fábrica para a obra e descarregados paralelos e ao longo das
valas, numa distância muito próxima da borda da Rodovia Municipal, conforme fotos em
anexo.
Portanto, diferentemente da conclusão exposta no relatório pela CGU, a inclusão das áreas
de estocagem decorre de uma alteração na metodologia inicial adotada e, principalmente, de
uma busca pela segurança dos usuários da pista e dos próprios trabalhadores da obra,
evitando-se na realidade danos e prejuízos maiores com acidentes que, certamente,
ocorreriam com os tubos alocados ao lado da pista.
Neste sentido, vale citar a lição do professor Antonio José Calhau de Resende, que ao analisar
os diversos princípios vitais para a garantia da ordem pública, conceituou o princípio da
razoabilidade da seguinte forma:
‘A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e variável
no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso, prudência,
285 de 302
moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a
relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a
ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a pratica do ato’.
(In: RESENDE, Antonio José Calhau. O princípio da Razoabilidade dos Atos
do Poder Público. Revista do Legislativo. Abril, 2009).
É exatamente o caso deste item: o DMAE, a gerenciadora e o consórcio executor, por meio
de tal medida, buscaram tão somente a proteção do interesse público, agindo com bom senso
e prudência ao decidir pela locação de áreas para evitar eventos mais graves e mais danosos
à coletividade, finalidade esta que fora alcançada, o que pode ser comprovado pela ausência
de quaisquer acidentes graves e/ou com vítimas ocorridos no local.
Não obstante à fundamentação acima já ser suficiente para justificar o presente item, há
ainda que se ressaltar que tal alteração teve como consequência uma verdadeira redução de
custo ao DMAE, haja vista que a entrega dos tubos foi finalizada em junho/2017, o que
resultou na ausência da aplicação do reajuste total do item no contrato.
O segundo reajuste que também seria gerado caso o cronograma inicial fosse seguido,
resultaria em um segundo reajustamento de 4,55% (reajuste para o item do contrato em 2017)
acarretando um aumento de aproximadamente R$ 666.000,00 (seiscentos e sessenta e seis
mil reais) (segue como Anexo 7 o apostilamento feito ao contrato para comprovação dos
índices citados e também um estudo de reajustes para os itens de tubulações).
Logo, o valor para estocagem provisória de tubos é menor que o previsto em caso de um
reajustamento do item, resultando em verdadeira economia ao DMAE, mais uma vez atuando
o DMAE em estrita observância aos princípios que norteiam a administração pública, mais
especialmente o da eficiência neste caso.
Ademais, vale frisar que as frentes de trabalho na adutora, para as quais a compra dos tubos
foi necessária, se deu no intuito de que a obra não ficasse parada em razão dos problemas já
relatados no item 5, problemas esses que nem o Consórcio, nem o DMAE concorreram.
O que ocorreu no caso em tela foi justamente uma decisão administrativa cuja finalidade foi
a de direcionar a obra para uma determinada frente de trabalho (onde a compra dos tubos
era necessária), em descompasso com o cronograma inicial, mas com o intuito de que a obra
não ficasse parada.
286 de 302
como indevido, fato é que existe respaldo técnico, justificativa plausível e legal, na medida
em que se buscou preservar o bem maior (a vida e a segurança dos usuários e trabalhadores),
além de se obter uma economia ao erário, na medida em que o valor da locação das áreas é
menor que o reajustamento que seria devido pelo contrato.
Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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Dessa forma, ainda segundo o DMAE, os tubos ficariam alocados ao lado da pista aguardando
o momento para serem colocados na vala, mas como não foi disponibilizada a faixa de 30m a
partir do eixo da pista, conforme inicialmente previsto, foi necessário criar o item de “locação
de área para estocagem/transbordo dos tubos”, para garantir a segurança dos usuários da
Rodovia e a segurança dos trabalhadores na obra.
Ressalta-se que a não disponibilização da faixa prevista ao longo da via, realmente dificultou
a execução da obra, visto que reduziu bastante a área de manobra das máquinas. Todavia, não
foi localizado nenhum documento que indicasse que estava previsto originalmente que os
tubos deveriam ficar estocados por muito tempo ao longo da via, mas apenas, que eles seriam
descarregados ao longo da via para, então, serem assentados logo a seguir.
O fato de constar na planilha orçamentária item referente ao transporte dos tubos a serem
assentados, reforça o entendimento de que eles seriam estocados e/ou preparados em canteiro
para, depois, serem transportados para os locais do assentamento.
No que refere à argumentação de que a compra antecipada dos tubos “teve como consequência
uma verdadeira redução de custo ao DMAE”, devido à ausência de aplicação do reajuste deste
item do Contrato, cabe registrar que tal entendimento não condiz com a realidade, pois o valor
287 de 302
pago de forma antecipada não ficaria parado em conta corrente, mas sim , seria depositado em
aplicações com taxa de rendimento superior à taxa do reajuste aplicada ao contrato.
Verificou-se, ainda, que o DMAE não se pronunciou quanto ao fato de que o item aditivado
“Área de estocagem provisória de tubos na obra” abrange, além dos valores relativos ao
aluguel e à implantação das áreas destinadas ao depósito dos tubos, outras despesas já
contempladas na planilha orçamentária contratada.
Fato
Para a execução das estruturas em concreto armado para construção da 1ª etapa do novo
sistema de produção de água potável Capim Branco (Contrato nº 085/2015), foi previsto na
planilha orçamentária da Captação e da ETA – Estação de Tratamento de Água o item de
serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte
(perda de 10%) / dobra / colocação” para cada uma das estruturas (elevatória de água bruta,
guarita, decantador, etc.). Na planilha Adutora, além deste, também foi previsto o item de
serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 16,0 (5/8”) a 25,0mm (1”) – fornecimento/ corte
(perda de 10%) / dobra / colocação”.
Por sua vez, consta na proposta apresentada pelo Consórcio BT, Convap, Completa somente
a composição de custo “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) –
fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” referente aos aços de diâmetro 6,3 a
12,5mm. Nesta composição, o aço representa 65% e a mão-de-obra e arame recozido, 35%.
288 de 302
em diâmetros superiores a 12,5mm, embora conste nos projetos estruturais aços com
diâmetros de 16, 20 e 25mm, ressaltando-se que a quantidade total de aço fora alocada na
composição existente (Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) –
fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação).
Acordou-se que, para as armaduras das estruturas ainda por serem executadas, o Consórcio
BCC poderá adquirir o aço necessário, tendo em vista que o fornecedor não poderá manter
os preços praticados atualmente a partir do mês de outubro.
289 de 302
Foto 1 - Execução dos blocos de fundação Foto 2 - Aço estocado próximo à Casa de
da Casa de Química (ETA), Química (ETA), Uberlândia/MG,
Uberlândia/MG, 12/04/2018 12/04/2018
Salienta-se que o modo de medição de praxe do serviço de armação é por peso (kg) após a
colocação e amarração do aço. Como exemplo, o DNIT – Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes utiliza a norma rodoviária Especificação de Serviço DNER-ES
nº 346/97 para execução das estruturas de concreto. Nesta especificação, em seu item 7,
critérios de medição, é definido que “serão medidos separadamente, por metro quadrado de
fôrmas colocadas, por metro cúbico de concreto e por quilograma de aço dobrado e colocado
nas fôrmas”. Conforme o caderno de encargos da SUDECAP – Superintendência de
Desenvolvimento da Capital – Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o critério de
pagamento de armação será “os serviços serão pagos pelo preço unitário contratual,
contemplando o fornecimento, corte, montagem, colocação e perdas” (3ª edição, pág. 252).
No quadro a seguir, estão apresentadas as estruturas da ETA nas quais não foi medido o
serviço de concreto, mas foi medido o serviço de aço. Em outras estruturas, tais como o
reservatório de água tratada, foram medidos 85% do aço e 68% do concreto. No tanque de
contato foi medido 63% do aço, mas somente 8% do concreto. Devido à dificuldade de
levantamento in loco da quantidade real de aço aplicada nestas estruturas, por parte desta
equipe, não consta na tabela a seguir as estruturas nas quais parte do concreto já tenha sido
medido.
290 de 302
Armação aço CA-50
quantidade acumulada
Item Descrição
24ª medição
(kg)
Preço Unitário (R$/kg) (b) 5,50
Total (R$) (c = a x b) 1.499.400,82
Tal prática torna-se ainda mais grave se ocorrer o abandono, falência, distrato do contrato, etc.
pela executora da obra, uma vez que o serviço foi pago em sua totalidade, mas não executado.
No caso em questão, este fato pode ser mitigado pela contratação já realizada de seguro de
risco de engenharia.
Cabe salientar que foi corretamente aplicado ao serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3
(1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” o BDI –
Benefícios de Despesas Indiretas de serviços, com valor 23,5%, por se tratar de prestação de
serviço. Caso ocorra medição do aço quando do fornecimento do material, pode ser
questionada a não utilização do BDI de fornecimento de materiais, de 12%.
Incialmente, cumpre salientar que, para a execução das estruturas em concreto armado para
construção da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco
(Contrato nº 085/2015), foi previsto na planilha orçamentária da Captação e da ETA –
Estação de Tratamento de Água o item de serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”)
a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” para cada uma
das estruturas (elevatória de água bruta, guarita, decantador, etc.). Na planilha Adutora,
além deste, também foi previsto o item de serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 16,0 (5/8”)
a 25,0mm (1”) – fornecimento/ corte (perda de 10%) / dobra / colocação”.
Neste sentido, para melhor definição do que é o conceito de “serviço de execução de armação
de aço”, cumpre destacar que o mesmo é composto por várias etapas, a saber:
291 de 302
• Corte: Antes de efetuar os cortes do aço, foi executado um estudo para minimizar as
sobras de aço. Dessa forma, o material foi aproveitado da melhor maneira possível e de
acordo com o projeto em execução. Posterior à fase de estudo, o material foi cortado
conforme projeto especifico para as estruturas da ETA Capim Branco.
• Dobra: Como segunda fase da prestação de serviços, a fase de dobra é realizada com o
material já cortado conforme especificação de projeto. As dobras são realizadas de
forma a atender as especificidades do projeto, ficando a armadura pronta, restando
apenas a colocação das mesmas nas fôrmas para aguardar a concretagem.
Portanto, deve-se separar de forma bem clara dois conceitos distintos, o de fornecimento do
aço, que consiste no fornecimento do material, e o de serviços de armação de aço, que
consiste no corte, dobra e armação/montagem.
Neste sentido, destaca-se que o DMAE não concordou em pagar o fornecimento do aço
(material) como 65% do preço estabelecido na planilha contratual. O que ocorreu de fato é
que os 65% do preço contratual pagos ao Consórcio responsável pela execução,
destinaram-se ao pagamento pelos serviços de fornecimento, CORTE e DOBRA do aço,
restando os demais 35% para o serviço de armação/montagem e colocação na fôrma.
Demonstrando em números o exposto, verifica-se que, conforme foi listado pelo próprio
relatório da CGU, a composição de custos destaca aproximadamente 65% do preço total
apenas para fornecimento de material. Trazendo esses percentuais para valores, e
considerando as condições de realidade, os serviços de corte, dobra e armação tem um preço
de mercado entre R$ 1,70 e R$ 2,00 (variando de acordo com a especificidade de cada
projeto). Por sua vez, o percentual não pago de 35%, convertido para valores monetários,
significa aproximadamente R$ 1,92/kg, ou seja, valor suficiente para realizar todo o serviço
de corte, dobra e armação, situação.
Neste sentido, considerando que apenas a colocação na forma restou pendente, pode-se
afirmar que muito mais que 65% dos serviços foram efetivamente executados. E considerando
que o DMAE efetuou o pagamento dos 65% para fornecimento do aço, bem como para
realização dos serviços de corte e dobra, restando pendente somente os serviços de armação
e a colocação na forma, pode-se afirmar que, em termos percentuais, é mais provável que o
pagamento dos 65% não faça jus aos serviços efetivamente prestados do que o pagamento
tenha sido realizado apenas para “fornecimento”, como consta no relatório da CGU,
porquanto esta não é a realidade dos fatos.
Em síntese, ilustre fiscal, o DMAE vem afirmar que o quantitativo listado no Quadro I, de
272.618,33kg, não se refere apenas ao fornecimento do material, mas também aos serviços
de CORTE e à DOBRA (prestação de serviços) do mesmo.
Dessa forma, entendemos que o pagamento de 65% do preço unitário contratual é necessário,
visto que se trata de uma obra de mais de 2.000 toneladas de aço e que existem frentes de
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serviço apenas para corte e dobra de aço, deixando-os prontos para que restasse apenas a
colocação em forma, conforme pode ser evidenciado no relatório preliminar recebido.
Há ainda alguns pontos importantes a serem destacados vejamos. O primeiro, é que há prova
da realização de tais serviços, que se faz através do relatório fotográfico em anexo que
comprova que o aço está cortado e dobrado na obra, aguardando apenas a armação e
colocação na fôrma.
Como segundo ponto de destaque, transcreve-se o seguinte trecho constante no relatório: “tal
prática torna-se ainda mais grave se ocorrer o abandono, falência, distrato do contrato, etc.
pela executora da obra, uma vez que o serviço foi pago em sua totalidade, mas não executado.
No caso em questão, este fato pode ser mitigado pela contratação já realizada de seguro de
risco de engenharia.”
Pois bem, neste ponto, importa destacar inicialmente que o serviço pago foi efetivamente
executado, conforme se demonstrou acima (corte e dobra) e corroborado pelo relatório
fotográfico anexo. Não obstante, tem-se ainda que na improvável hipótese de abandono,
falência, distrato do contrato ou qualquer outra semelhante, não haverá qualquer prejuízo à
obra porquanto os serviços de fornecimento, corte e dobra já foram efetivamente realizados
conforme projeto especifico para as estruturas da ETA Capim Branco, ou seja, só podem ser
utilizados nesta obra e o material já cortado e dobrado será aproveitado integralmente,
independente de alteração da empresa executora da obra.
Quanto à ressalva de que foi corretamente aplicado ao serviço “Armação aço CA-50,
diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra /
colocação” o BDI – Benefícios de Despesas Indiretas de serviços, com valor 23,5%, por se
tratar de prestação de serviço, concordamos que o BDI deve ser de 23,5%, e ressaltamos que
o percentual pago é de 65% em relação ao preço contratual.
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Assim, mesmo considerando os percentuais estariam de acordo com os referenciais do
próprio TCU para obras Hídricas, conforme estabelecido como parâmetro no acórdão
2.369/2011 do TCU, vejamos:
Manifestação da CAIXA
Em que pese o DMAE ter justificado que 65% do serviço de fornecimento e colocação de aço
foram pagos em função de fornecimento, corte e dobra, a composição apresentada pelo
Consórcio BCC à época da contratação, é composta de 65% para fornecimento do aço e 35%
para mão de obra, estando o corte e dobra incluídos neste último percentual. Ademais, o aço
estocado na obra contêm etiquetas do fornecedor, indicando que o mesmo é fornecido cortado
e dobrado, conforme ilustrado na foto a seguir:
294 de 302
Conforme já relatado, o serviço de armação de aço só pode ser medido e pago após a execução
do serviço, e não pelo simples fornecimento do aço na obra.
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Fato
Conforme o Contrato nº 085/2015, o prazo para o Consórcio BT, Convap, Completa executar
as obras da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco é de 36
meses. Também foram previstos seis meses de pré-operação, três meses para entrega
provisória, três meses para entrega definitiva e dois meses para encerramento do contrato,
totalizando 50 meses.
Cabe salientar que ocorreram atrasos justificados no que tange à adutora de água tratada por
gravidade, uma vez que houve alteração no traçado original.
Já a adutora de água bruta, cujos serviços de instalações e obras civis deveriam ser executados
entre março e junho/2017, ainda não foram iniciados. As justificativas apresentadas para este
atraso são:
- a adutora de água bruta seria implantada na margem direita da faixa de domínio da
Estrada do Pau Furado, entretanto, ao iniciar os serviços, os proprietários dos terrenos
lindeiros à estrada, informaram ao Consórcio BT, Convap, Completa que, embora a
estrada municipal tenha sido decretada como de utilidade pública nos anos 2000, nunca
ocorreu a efetiva desapropriação das áreas;
- a adutora será então executada na margem esquerda da estrada, cuja topografia é mais
favorável (na margem direita seria necessário a execução de aterros, com grande
movimentação de terra);
- parte da margem esquerda pertence ao Parque Estadual do Pau Furado, na qual já
está autorizado a utilização de parte da área para assentamento da adutora. Demais
proprietários estão pendentes de novo Decreto de Utilidade Pública e de futura
desapropriação, já foi providenciado o licenciamento ambiental da margem esquerda.
295 de 302
Quanto à captação, entende-se que o atraso também é justificado, pois o Consórcio Capim
Branco Energia, responsável pela administração da usina hidrelétrica e pelo reservatório
(lago) na qual a água será captada, embargou a execução dos serviços, solicitando, entre
outros, alteração no método de escavação de material de 3ª categoria e do tipo de fundação
profunda, devido à proximidade da captação com o maciço da barragem.
Assim, nas unidades filtro, tanques de cal hidratada em suspensão, sala de água tratada,
reservatório de água de lavagem, elevatória de água de lavagem, ácido fluossílicico, tanque
de homogeneização, adensadores, elevatória de lodo adensado, desidratação e sala elétrica,
elevatória de recirculação e tanque de regularização ainda não haviam sequer sido iniciadas a
execução das estruturas de concreto armado.
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Foto 1 - Filtro - fundação executada (ETA), Foto 2 - Adensadores - estacas cravadas
Uberlândia/MG, 12/04/2018 (ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018
Ressalta-se que, em 09 de outubro de 2015, um dia após a emissão da ordem de serviço, foi
feita a demarcação da área da ETA e iniciada a limpeza do terreno com trator, conforme
relatado no diário de obras, indicando que não ocorreram fatos que impedissem o início dos
trabalhos no local.
ato
/F
#
“No item 5 do relatório preliminar, verifica-se que a CGU alega que existe uma morosidade
na execução da obra. Em síntese, concluiu a fiscalização que ocorreram atrasos justificados
no que tange à adutora de água tratada por gravidade, uma vez que houve alteração no
traçado original, bem como que o atraso na captação é justificado, mas, em contrapartida,
que a adutora de água bruta, cujos serviços de instalações e obras civis deveriam ser
executados entre março e junho/2017, ainda não foram iniciados e, ainda, que não há
justificativa para a morosidade na execução do restante da obra, em especial na Estação de
Tratamento de Água.
Incialmente, cumpre-nos ressaltar que a presente obra tem complexidade elevada, isto é, para
análise quanto à sua execução, especialmente quanto ao prazo, é necessário uma análise
ampla, abrangendo todos os fatores e agentes que tem relação direta, ou indireta, com a
execução da obra.
Neste ínterim, ocorreram, no decorrer da obra, diversos fatos que impactaram diretamente
no prazo de execução da mesma e, por via de consequência, ocasionaram um atraso na sua
execução. Dentre os principais problemas que ocasionariam tais atrasos podemos citar os
principais, vejamos:
297 de 302
da obra. Neste sentido, entre a emissão da OS em 08/10/2015 e o parecer técnico final
sobre os marcos, em 26/11/2015, houve um atraso inicial de quase 50 dias, o que afetou
diretamente o cronograma de execução da Estação de Tratamento de Água (ETA).
298 de 302
5) DISPONIBILIDADE FINANCEIRA DO DMAE PARA CONTRAPARTIDA NA
OBRA: Quando do início da obra, havia uma previsão de dotação orçamentária para a
obra. Ocorre que, diante da conjuntura financeira do país, que é de amplo e notório
conhecimento, há uma crise econômica que afetou diretamente a administração pública.
Não é diferente para o DMAE! O órgão, diante da grave crise econômica, tem encontrado
sérias dificuldades financeiras para cumprir seus compromissos na forma inicialmente
prevista, sendo necessários ajustes financeiros. Neste sentido, fez-se necessária a redução
da dotação orçamentária para a obra ao longo dos anos, exatamente para evitar o colapso
financeiro do órgão, tudo em observância à probidade, eficiência e responsabilidade
financeira com que o órgão trabalha.
299 de 302
7) CONTRATAÇÃO DA PROJETISTA: Até o mês de Abril/2017 alguns pontos da obra
estavam paralisados devido à necessidade de revisões de projeto que se tornaram-se
necessárias ao longo da execução da obra. A título de exemplo, pode-se citar a situação
na qual o Consórcio Capim Branco Energia – CCBE, Usina Amador Aguiar I, solicitou
revisão para evitar problemas com as barragens, citando inclusive o exemplo emblemático
do ocorrido com a empresa Samarco em Mariana – MG. Neste sentido, foi necessária a
contratação de uma empresa projetista para realizar as revisões necessárias. E mais uma
vez, em estrita observância aos tramites legais, o DMAE realizou o procedimento para
contratação da empresa (Serra Azul Engenharia) para que pontos como a captação de
água bruta foram revisados e adequados para que a obra pudesse ser iniciada. Tal
procedimento, por óbvio, demanda uma série de atos administrativos burocráticos que,
necessariamente, causam atraso na execução da obra.
As situações acima descritas fizeram com que as primeiras “patamarizações” da ETA fossem
parcialmente concluídas somente em novembro 2016 e a conclusão total ocorreu somente em
dezembro de 2017 com a execução das escavações das infraestruturas sob os prédios civis.
Dessa forma, percebe-se que não foi possível iniciar qualquer obra civil antes de outubro de
2016. Além dos impeditivos físicos acima mencionados, as obras civis sofreram atrasos na
sua implantação em função dos necessários ajustes das dotações orçamentárias feitos pelo
DMAE, conforme listado acima.
Todavia, parece-nos óbvio que em uma obra de tamanha complexidade, que envolve tantas
situações e agentes, de forma direta e indireta, é aceitável a ocorrência de situações
posteriores e imprevisíveis que impactam no cronograma inicial de execução.
Não obstante a isso, o DMAE sempre agiu de forma a observar os princípios basilares da
administração pública, agindo de forma responsável e buscando sempre atender aos
300 de 302
princípios da legalidade, razoabilidade, primazia do interesse público e eficiência esculpidos
no artigo 37 da Constituição Federal e no artigo 2º da Lei nº 9.784/99.
Manifestação da CAIXA
2.2 Parte 2
Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.
3. Conclusão
Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada na construção do sistema de produção de água potável Capim Branco, e exige
providências de regularização por parte dos gestores federais.
301 de 302
formas e volume de cimbramento (escoramento) de cada uma das estruturas que compõem a
construção da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco, a fim de
evitar possível superfaturamento nestes serviços. Também foi constatada a antecipação de
pagamento do serviço de armação de aço.
Foi constatada, ainda, a ausência de amparo legal e técnico que justificasse a criação e o
pagamento de despesas referentes ao item orçamentário “adequação de preço para
concretos estruturais fck >= 35 Mpa”, inserido no orçamento da obra por intermédio do 3º
Aditivo ao Contrato nº 085/2015, com valor total de R$ 1.870.675,75.
Outro ponto que merece destaque refere-se à criação do item orçamentário “área de
estocagem provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, pois entendeu-se
haver fragilidade na justificativa técnica que serviu de embasamento para a sua criação, além
do fato de que o item criado contemplou despesas já remuneradas em outro item do
orçamento.
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