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Secretaria Federal de Controle Interno

Programa de Fiscalização
em Entes Federativos – V05º
Ciclo
Número do Relatório: 201800720

Sumário Executivo
Uberlândia/MG

Introdução

Este documento trata do resultado dos exames realizados pelo Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União - CGU no 5º Ciclo do Programa de Fiscalização de Entes
Federativos, instituído pela Portaria CGU nº 208, de 17 de janeiro de 2017. Os trabalhos foram
realizados em campo, no município de Uberlândia/MG, no período de março a maio de 2018.

A definição do escopo foi feita a partir de critérios de relevância, criticidade e de materialidade


dos programas de governo, buscando verificar a regularidade da aplicação dos recursos
públicos federais descentralizados ao município.

No âmbito do Programa de Gestão e Manutenção do Ministério dos Transportes, Portos e


Aviação Civil, a fiscalização da CGU contemplou a execução das obras do Lote 4.3, referentes
à duplicação, incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia
BR-365/MG, no trevo com a BR-153/MG pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes – DNIT, no valor contratado de R$ 36.298.000,00. O objetivo da ação de controle
foi verificar a situação do empreendimento, tendo em vista principalmente a paralisação da
execução das obras.

No que tange aos recursos da área da saúde, a ação de fiscalização objetivou acompanhar a
aplicação dos recursos federais transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde para custeio das
ações e serviços de saúde executadas no município de Uberlândia/MG. No âmbito do
Programa 2015 - Fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) / Ação 8585 - Atenção à
Saúde da População para Procedimentos em Média e Alta Complexidade, a fiscalização
compreendeu a avaliação da execução dos contratos de terceirização da gestão de unidades
públicas de saúde para organizações sociais e a verificação amostral de despesas executadas
por meio de dispensas e inexigibilidades de licitação.

Ademais, os trabalhos de fiscalização incidiram sobre a aplicação dos recursos federais


transferidos ao município para as obras de construção de três unidades de pronto atendimento
- UPA, nas localidades: Cidade Verde (Córrego do Óleo), Novo Mundo e Pacaembu III. A
análise compreendeu a verificação da conformidade das contratações; a verificação da
execução financeira e do cronograma; a verificação da execução física dos serviços; e a
verificação do cumprimento dos objetivos do programa.

Ainda no âmbito da saúde, foi avaliada em que medida os mecanismos instituídos pelas
instituições financeiras oficiais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, estão sendo
suficientes para que o município cumpra as obrigações do Decreto nº 7.507/2011 e de dois
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) e Termos Aditivos assinados
entre as instituições financeiras, Ministério Público Federal e CGU; que, em síntese, têm como
objetivo determinar que o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal implementem em
seus sistemas informatizados mecanismos de controle para o cumprimento do Decreto
7.507/2011, especialmente quanto à identificação de beneficiários de saques “em espécie” ou
outras saídas de recurso público das contas-correntes do Fundo Municipal de Saúde.

Quanto aos recursos destinados pelo Ministério das Cidades, a CGU fiscalizou o Contrato de
Financiamento nº 409.705-78, de 13 de dezembro de 2013, cujo objeto corresponde à
implantação do novo Sistema Produtor de Água Potável, denominado Capim Branco,
contemplado no Programa 0121 – FGTS – Saneamento para Todos – Setor Público. A
fiscalização compreendeu a análise documental com fiscalização “in loco” para avaliar a
atuação da GIGOV/UB (Gerência Executiva de Governo da Caixa Econômica Federal de
Uberlândia) e do DMAE – Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia na
aplicação dos recursos provenientes do financiamento e englobou a verificação da
conformidade das contratações (projetos, fiscalização, trabalho técnico social e construção);
a verificação da execução financeira e do cronograma; a verificação da execução física dos
serviços; e a verificação do cumprimento dos objetivos do programa.

Indicadores Socioeconômicos do Ente Fiscalizado

População: 604.013 pessoas


Índice de Pobreza: 13,64%
PIB per Capita: R$22.926,50
Eleitores: 373.744 eleitores
Área: 4116 km²
Fonte: Sítio do IBGE.

Informações sobre a Execução da Fiscalização


Ações de controle realizadas nos programas fiscalizados:

Montante
Ministério Programa Fiscalizado Qt. Fiscalizado por
Programa
MINIST.DOS Programa de Gestão e 1 36.298.000,00
TRANSP.,PORTOS E Manutenção do Ministério dos
AVIACAO CIVIL Transportes, Portos e Aviação
Civil
TOTALIZAÇÃO MINIST.DOS TRANSP.,PORTOS E 1 36.298.000,00
AVIACAO CIVIL
MINISTERIO DA SAUDE Aperfeiçoamento do Sistema 1 12.271.102,72
Único de Saúde (SUS)
Fortalecimento do Sistema 2 192.908.719,93
Único de Saúde (SUS)
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DA SAUDE 3 205.179.822,65
MINISTERIO DAS FGTS-SANEAMENTO PARA 1 359.987.287,50
CIDADES TODOS
TOTALIZAÇÃO MINISTERIO DAS CIDADES 1 359.987.287,50
TOTALIZAÇÃO DA FISCALIZAÇÃO 5 601.465.110,15

Os executores dos recursos federais foram previamente informados sobre os fatos relatados,
sobre os quais apresentaram manifestações parciais, cabendo ao Ministério supervisor, nos
casos pertinentes, adotar as providências corretivas visando à consecução das políticas
públicas, bem como à apuração das responsabilidades.

Consolidação de Resultados

Os trabalhos de fiscalização realizados no município de Uberlândia/MG, no âmbito do 5º


Ciclo do Programa de Fiscalização em Entes Federativos, evidenciaram falhas na aplicação
dos recursos federais examinados, as quais serão demonstradas de maneira detalhada por
Ministério e Programa de Governo neste relatório. Dentre estas, destacam-se, a seguir, as de
maior relevância quanto aos impactos sobre a efetividade dos Programas/Ações executados
no município.

MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL

Foram realizados exames nos processos disponibilizados pelo DNIT, cujo objeto é a
contratação de empresas para a execução das obras do Lote 4.3, referentes à duplicação,
incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia BR-365/MG,
no trevo com a BR-153/MG, situado no município de Monte Alegre de Minas/MG.

Da análise, verificou-se que em virtude da falha de projeto de desapropriação, cujo inventário


das propriedades existentes não detectou o local correto de uma escola municipal que estava
em funcionamento, o eixo da BR 365 foi projetado sobre a referida escola.

O DNIT autorizou o início da execução da obra em 06/01/2014, com a ciência do fiscal da


obra de que o eixo projetado da BR 365 passava sobre a escola municipal, sem providenciar
a sua remoção, conforme informado acima. Isso acarretou em readequações planialtimétricas
na BR 365 e em alças e ramos. Tendo em vista que não houve aprovação, pelo setor
competente do DNIT, do projeto alterado, que foi encaminhado intempestivamente ao mesmo,
a obra foi paralisada em 13/06/2015 e o contrato foi suspenso em 25/06/2015.

Durante inspeção física, realizada pela equipe de fiscalização da CGU no local do


empreendimento, entre 15 e 17/05/2018, verificou-se que a interrupção da execução da obra
há aproximadamente três anos vem trazendo diversos problemas, em decorrência do estágio
em que os serviços foram interrompidos.

Por fim, a partir do levantamento em campo, por amostragem, e com a adoção das informações
técnicas do projeto, a equipe da CGU estimou o quantitativo de serviços de proteção ambiental
(enleivamento/hidrossemeadura), de execução de cercas e de pavimentação, comparando-o
com os serviços medidos e pagos na planilha da última medição acumulada, em percentuais
dos itens contratados, identificando um superfaturamento estimado no valor de R$
8.449.854,24, decorrente da execução a menor de tais serviços e, em alguns casos, da não
execução do serviço pago.

MINISTÉRIO DA SAÚDE

No que tange à regularidade na aplicação dos recursos financeiros federais repassados ao


município no âmbito do programa Fortalecimento do Sistema Único de Saúde durante o
período compreendido entre 1º de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2017, os exames
apontaram situações irregulares. Tais irregularidades consistem em pagamentos indevidos a
prestadores de serviço do SUS sem cobertura contratual e no pagamento em duplicidade pelo
mesmo serviço prestado, no montante de R$ 841.990,55, relacionados à inexistência de
instrumento formal de contratação entre o SUS e os hospitais e à inadequação dos valores
pagos aos prestadores privados.

A fiscalização também identificou que houve favorecimento irregular na contratação


conduzida pela Secretaria Municipal de Saúde para a seleção de organização social para o
gerenciamento das Unidades de Saúde de Uberlândia. O favorecimento decorreu de restrições
à competitividade no processo de seleção, uma vez que o edital da licitação não
disponibilizava todos os elementos necessários à formulação de proposta por possíveis
interessados, principalmente devido a inexistência de informações sobre a composição de
custos unitários dos serviços a serem contratados.
Ademais, inconsistências apontadas no Contrato de Gestão demonstram a incongruência do
modelo contratual adotado pela Secretaria Municipal de Saúde com a formatação, o
dimensionamento e a avaliação dos serviços prestados no âmbito da Estratégia de Saúde da
Família, tais como indeterminação na quantificação dos integrantes das equipes de Saúde da
Família, critérios incipientes de seleção, contratação e fixação de profissionais e carência de
metas e indicadores específicos para a Estratégia de Saúde da Família em Uberlândia/MG.

Em relação às obras de construção das três Unidades de Pronto Atendimento - UPA: Cidade
Verde (Córrego do Óleo), Novo Mundo e Pacaembu III, identificou-se que todas as obras
estão paralisadas, com risco de não se atingir os objetivos pactuados originalmente.

Na obra da UPA Córrego do Óleo, a fiscalização apontou a ocorrência de medição e


pagamento, de serviços de superestrutura em concreto armado não executados, uma vez que
não restou comprovada a execução desses elementos estruturais. O pagamento desses serviços
resultou no superfaturamento de R$ 204.647,71. Além disso, é possível que a UPA não seja
implantada, pois o gestor municipal informou que o espaço a ser construído será utilizado para
outra finalidade.

Também foram identificadas irregularidades na execução das obras de construção da UPA


Novo Mundo, como a existência de obras paralisadas, inacabadas e com diversas falhas, além
do superfaturamento de R$ 46.639,36 por execução de serviços a menor e por pagamento de
serviços não executados.

Quanto às obras de construção da UPA Pacaembu III, a fiscalização constatou que houve
celebração irregular de termos aditivos de acréscimos e supressões de serviços, ocasionando
extrapolação do limite estabelecido em Lei e o pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título
de administração local.

Por fim, para verificar o cumprimento dos ditames do Decreto nº 7.507/2011, foi analisado o
extrato bancário da conta do Bloco de financiamento de Média e Alta Complexidade, entre o
período de setembro a dezembro de 2017. Da análise, constatou-se que os extratos bancários
da conta mantida na Caixa Econômica Federal não contem a identificação do beneficiário
final (CPF ou CNPJ) e respectiva conta corrente de destino. Essa irregularidade demonstra o
descumprimento do Decreto nº 7.507/2011, com relação à movimentação bancária de contas-
correntes destinadas aos recursos da saúde.

MINISTÉRIO DAS CIDADES

A fiscalização do Contrato de Financiamento nº 409.705-78 destinado a construção do sistema


de produção de água potável Capim Branco, constatou atrasos na execução da obra. Cabe
salientar que ocorreram atrasos justificados, bem como fatos que notoriamente impactaram no
prazo de execução das instalações da Estação de Tratamento de Água, como o embargo
ambiental e a alteração do local de bota-fora do material escavado. Entretanto, não há
justificativa para a morosidade na execução em diversas instalações, que ainda não haviam
sido iniciadas à época da visita à obra, com atrasos de conclusão das obras de quase um ano,
com relação à data anteriormente prevista.

Da análise dos processos, constatou-se sobrepreço de R$ 1.173.250,00, em virtude de


duplicidade na planilha orçamentária relativa ao fornecimento do sistema de cloro e, ainda,
sobrepreço de R$ 2.369.277,74, devido à superestimativa, na planilha orçamentária, da
quantidade de aço para as estruturas de concreto armado.

Foi constatada, ainda, a ausência de amparo legal e técnico que justificasse a criação e o
pagamento de despesas referentes ao item orçamentário “adequação de preço para concretos
estruturais fck >= 35 Mpa”, inserido no orçamento da obra por intermédio do 3º Aditivo ao
Contrato nº 085/2015, com valor total de R$ 1.870.675,75.

Outro ponto que merece destaque refere-se à criação do item orçamentário “área de
estocagem provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, pois a fiscalização
identificou fragilidades na justificativa técnica que serviu de embasamento para a sua criação,
além do fato de que o item criado ter contemplado despesas já remuneradas em outro item do
orçamento.

Em resumo, verificou-se irregularidades referentes a pagamentos e itens de despesa, cujo valor


totaliza R$ 6.542.777,67.
Ordem de Serviço: 201800738
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINIST.DOS TRANSP.,PORTOS E AVIACAO CIVIL
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: Superintendência Regional - Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes - Minas Gerais
Montante de Recursos Financeiros: R$ 36.298.000,00

1. Introdução

Este documento trata do resultado dos exames realizados pelo Ministério da Transparência e
Controladoria-Geral da União, relativos à execução, pelo Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes – DNIT, das obras do Lote 4.3, referentes à duplicação,
incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia BR-365/MG,
no trevo com a BR-153/MG, situado no município de Monte Alegre de Minas/MG, no valor
contratado de R$36.298.000,00, denominada neste relatório como obra do Trevão.

No local da obra, atualmente existe uma rotatória, que será retirada e onde serão executados
trechos pavimentados duplicados nas duas rodovias, além de alças e ramos para a ligação entre
as mesmas, novas pontes nos dois sentidos da BR-365/MG sobre o Ribeirão Monte Alegre,
alargamento da ponte na BR-153/MG sobre o mesmo Ribeirão no sentido São Paulo-Goiânia
e execução de duas passagens inferiores (viadutos) onde as duas rodovias se cruzam, bem
como todos os serviços complementares necessários a conferir funcionalidade e segurança ao
tráfego, como proteção ambiental, drenagem e sinalização.

Foram realizados exames nos processos disponibilizados pelo DNIT relativos ao


empreendimento, como contratos e termos aditivos, projetos de engenharia, medições,
relatórios, bem como toda a documentação que demonstra o desenvolvimento contratual. A
fim de complementar a percepção da equipe de fiscalização acerca da evolução do
empreendimento, também foi realizada inspeção física das obras, no período de 15 a 17 de
maio de 2018.

O objetivo da ação de controle foi verificar a situação do empreendimento, tendo em vista


principalmente a paralisação da execução das obras. As questões de auditoria colocadas
foram:
Foram observados os requisitos para medição adotando o regime de empreitada por preço
global?
Os projetos básico e executivo da obra, bem como os estudos preliminares necessários à sua
elaboração (como sondagens) foram corretamente elaborados?
O estudo sobre as possíveis desapropriações foi devidamente realizado, permitindo um
planejamento correto da execução das obras?
As obras foram iniciadas após a prévia desapropriação dos imóveis da área de intervenção?
As alterações propostas nas RPFO foram devidamente formalizadas e justificadas, bem como
respeitaram os regramentos legais?
As alterações na execução foram devidamente aprovadas pelo setor competente do DNIT?
O projeto foi alterado (RPFO), com inclusão de acesso ao empreendimento de terceiros, com
inclusão de retornos, inclusão de acesso, através do Ramo D, ao empreendimento de terceiros
e com alteração do traçado das alças de acesso?
Houve superfaturamento por superestimativa da planilha licitada?
Houve superfaturamento por pagamento de serviços executados a menor e/ou não executados?
A alteração do projeto foi acompanhada pela alteração da planilha contratada?
Existem defeitos de execução da obra?

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao


Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e
registros fotográficos, análise documental e realização de entrevistas.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de


medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais.

2.1.1. Adoção de planilha sintética para medição de obra executada por meio de
empreitada por preço global.

Fato

O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT realizou sessão pública do


RDC Eletrônico – Licitação nº 290/2013, Processo Administrativo nº 50600.024855/2013-68,
tendo como objeto a contratação de empresas para a execução das obras do Lote 4.3, referentes
à duplicação, incluindo melhoramento para adequação da capacidade e segurança na rodovia
BR-365/MG, no trevo com a BR-153/MG, situado no município de Monte Alegre de
Minas/MG. O regime de execução definido pelo DNIT foi empreitada por preço global, o
julgamento pelo menor preço, o modo de disputa aberto e o orçamento estimado (data base:
setembro de 2012), sigiloso, foi de R$36.531.715,26.

Participaram do certame as empresas Construtora Gomes Lourenço S.A. (CNPJ


61.069.050/0001-10) e Pavotec Pavimentação e Terraplenagem Ltda. (CNPJ
27.394.840/0001-32), que apresentaram suas propostas, respectivamente, em 25/06/2013, no
valor de R$ 43.000.000,00, e 26/06/2013, no valor de R$ 75.000.000,00.

A etapa de lances ocorreu no dia 26/06/2013 até às 11:45 horas, sendo que a Construtora
Gomes Lourenço apresentou o menor lance, às 11:38 horas, no valor de R$39.858.956,77.
Tendo em vista que o menor lance permanecia acima do orçamento referencial estimado,
limite aceito pela Autarquia, foi aberta a fase de negociação entre o presidente da Comissão
de Licitação e o representante da Construtora Gomes Lourenço, da seguinte forma (transcritas
apenas as manifestações mais relevantes):
a) No dia 26/06/2013:
- às 12:06 horas, o Presidente da Comissão de Licitação solicitou que fosse apresentada nova
proposta; às 12:15 a empresa informou que se tratava “do entroncamento da rodovia
transbrasiliana com altíssimo fluxo de veículos e caminhões com inúmeros acidentes fatais
diários, que demandará alto custo com segurança, todos os custos e serviços analisados e
conhecidos por nós preço final R$39.839.396,25”.
- às 12:15, o Presidente da Comissão de Licitação indagou se a empresa tinha interesse em
elaborar novo lance e às 12:17 informou que todos aqueles elementos haviam sido levados em
consideração quando da elaboração do projeto apresentado na licitação; também às 12:17 a
empresa respondeu: “não, nosso preço final é de R$39.839.396,25”.
- depois de informar, às 12:20, que agendaria nova fase de negociação e pedir que fosse
analisado o orçamento com um pouco mais de atenção e elaborada nova proposta, às 15:30, o
Presidente da Comissão de Licitação solicitou que fosse declarada nova proposta; às 15:34, a
empresa informou que “após análise do nosso orçamento com os acionistas da empresa
chegamos a nossa melhor oferta no valor de R$39.672.627,62”.
- às 15:46, o Presidente da Comissão de Licitação informou que a lei não o permitia adjudicar
com orçamento acima do constante do projeto da obra, necessitando assim que a empresa
revisse o orçamento para que pudesse negociar em situação mais vantajosa para a União; às
15:47, a empresa informou: “nosso preço mínimo orçado é esse. Estamos terminando uma
obra no mesmo local para o DNIT. Conhecemos o problema e o desafio que essa obra
representa; sendo esta contratação em regime integral e global não vislumbramos qualquer
desconto a mais possível de ser dado. Lamentamos não poder melhorar a proposta. Grato!”.
- às 15:54, o Presidente da Comissão de Licitação explicou que o regime de contratação era
empreitada por preço global, o que indicava um bem detalhado projeto de engenharia, onde
todos os custos foram contabilizados e perguntou: “posso fazer uma contraproposta?”.
- não houve manifestação da empresa, apenas a resposta à indagação de que estava conectado,
então, às 16:20, o Presidente da Comissão de Licitação informou que iria solicitar o anexo,
contendo a proposta de preços, para que, após análise, fossem identificadas possíveis
divergências no orçamento elaborado pela empresa e, às 16:21, informou: “após, iremos
reiniciar as conversações. Compreendido?”; às 16:24, a empresa concordou e informou que
estaria enviando para análise do DNIT.
- às 16:27, o Presidente da Comissão de Licitação informou que o prazo para envio da proposta
de preços seria dia 01/07/2013 e, às 16:28, solicitou o envio do anexo.

b) No dia 01/08/2013:
- às 11:10, o Presidente da Comissão de Licitação informou à empresa que a análise da
proposta de preços havia sido realizada e que o preço ainda estava acima do orçamento
referencial da Autarquia e perguntou se a empresa aceitava negociar; às 11:12, a empresa
informou que aceitava.
- às 11:13, o Presidente da Comissão de Licitação solicitou nova proposta; às 11:15, a
Construtora Gomes Lourenço apresentou a nova proposta: R$36.298.000,00.
- às 11:16, o Presidente da Comissão de Licitação perguntou se aquela era a última proposta;
às 11:17, a empresa respondeu afirmativamente.
- às 11:19, o Presidente da Comissão de Licitação informou que, tendo em vista que o valor
estava dentro dos limites de preços do DNIT, iria solicitar os anexos.

Posteriormente, foram trocadas mensagens referentes à solicitação de documentação e


apresentação da mesma pela empresa e demais procedimentos relativos à sesão pública, como
concessão de prazo recursal, e, em 29/08/2013, foi encerrada a sessão.

Em 06/09/2013, foi emitido o despacho decisório de homologação da licitação e adjudicação


do objeto pelo Diretor Executivo do DNIT e, em 14/10/2013, foi celebrado o Contrato TT-
829/2013-01 com a Construtora Gomes Lourenço.
Verifica-se, pela evolução do decréscimo dos preços apresentados na proposta inicial, lances
e fase de negociação, que o valor ofertado pela Construtora Gomes Lourenço:
1) reduziu 7,30% da proposta inicial para o último lance, no dia 26/06/2018 (de
R$43.000.000,00 para R$39.858.956,77).
2) reduziu apenas 0,47% (de R$39.858.956,77 para R$39.839.396,25 e depois para
R$39.672.627,62), depois de uma insistente negociação ocorrida também no dia 26/06/2018,
após a fase de lances, tendo em vista que a empresa alegou uma série de dificuldades e
características das rodovias que passam pela interseção onde seria implantanda a obra,
acarretando em altos custos com segurança.
3) reduziu consideráveis 8,51% (de R$39.672.627,62 para R$36.298.000,00) no dia
01/08/2013, após uma única solicitação de apresentação de nova oferta pelo Presidente da
Comissão de Licitação, passados mais de um mês da data da intensa negociação, redução essa
que foi maior ainda que aquela verificada entre o valor da proposta e o menor lance da
empresa.

A partir da documentação disponibilizada, identificaram-se as seguintes irregularidades na


contratação e medição da execução dos serviços:

a) Adoção incorreta do regime de execução empreitada por preço global.

O art. 8º da Lei nº 12.462/2011, instituidora do RDC, lista os regimes a serem utilizados para
a execução indireta de obras e serviços e obras de engenharia. O § 1º do mesmo
artigo determina que devem ser adotados, preferencialmente, os regimes de empreitada por
preço global, empreitada integral ou contratação integrada e o § 2º dispõe que, no caso de
inviabilidade da aplicação do disposto no parágrafo anterior, poderá ser adotado outro regime
previsto no caput do artigo, hipótese em que serão inseridos nos autos do procedimento os
motivos que justificaram a exceção.

O DNIT optou pela adoção de empreitada por preço global, não obstante a determinação
contida no Acórdão TCU nº 1.977/2013 – Plenário no sentido de justificar, no respectivo
processo, a escolha por esse regime, em termos técnicos, econômicos ou outros devidamente
motivados. Essa orientação decorre do fato de que cada regime de execução tem suas
especificidades e, portanto, existe um conjunto de razões pela escolha de um ou outro, segundo
as características da obra. A empreitada por preço global é indicada quando os quantitativos
dos serviços executados puderem ser definidos com precisão, requerendo assim uma definição
minuciosa de todos os componentes da obra e fazendo com que seus custos possam ser
estimados com uma margem mínima de incerteza.

Consolidando os entendimentos referentes à escolha da empreitada por preço global, o


Acórdão TCU nº 1.977/2013 – Plenário trouxe a seguinte orientação:
“9.1.1. a escolha do regime de execução contratual pelo gestor deve estar
fundamentada nos autos do processo licitatório, em prestígio ao definido no art. 50
da Lei 9.784/99;
9.1.2. os instrumentos convocatórios devem especificar, de forma objetiva, as regras
sobre como serão realizadas as medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa
conclusa do empreendimento ou de acordo com o cronograma físico-financeiro da
obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40, inciso XIV, da Lei 8.666/93;
9.1.3. a empreitada por preço global, em regra, em razão de a liquidação de despesas
não envolver, necessariamente, a medição unitária dos quantitativos de cada serviço
na planilha orçamentária, nos termos do art. 6º, inciso VIII, alínea 'a', da Lei 8.666/93,
deve ser adotada quando for possível definir previamente no projeto, com boa margem
de precisão, as quantidades dos serviços a serem posteriormente executados na fase
contratual; enquanto que a empreitada por preço unitário deve ser preferida nos casos
em que os objetos, por sua natureza, possuam uma imprecisão inerente de
quantitativos em seus itens orçamentários, como são os casos de reformas de
edificação, obras com grandes movimentações de terra e interferências, obras de
manutenção rodoviária, dentre outras;
9.1.4. nas situações em que, mesmo diante de objeto com imprecisão intrínseca de
quantitativos, tal qual asseverado no item 9.1.3. supra, se preferir a utilização da
empreitada por preço global, deve ser justificada, no bojo do processo licitatório, a
vantagem dessa transferência maior de riscos para o particular – e,
consequentemente, maiores preços ofertados – em termos técnicos, econômicos ou
outro objetivamente motivado, bem assim como os impactos decorrentes desses riscos
na composição do orçamento da obra, em especial a taxa de BDI – Bonificação e
Despesas Indiretas;
9.2. nos contratos executados mediante o Regime Diferenciado de Contratações
Públicas (RDC), aplicam-se, no que couber, os entendimentos expressos nesta
decisão, por força do disposto no art. 2º, inciso II; art. 8º, § 1º; art. 39; art. 45, inciso
I, alínea "b" e art. 63, todos da Lei 12.462/2011, como também no Acórdão
1.510/2013-Plenário, mormente no que se refere à necessidade de estabelecer uma
matriz de riscos, a explicitar as exatas responsabilidades e encargos a serem
assumidos pelos particulares – inclusive no que se refere a erros quantitativos;”.
(original sem grifo)

Verifica-se que não basta a escolha pela empreitada por preço global ser preferencial segundo
a Lei nº 12.462/2011, o DNIT deveria ter justificado a definição por tal regime de execução
no caso desta obra, tendo em vista que existe uma imprecisão intrínseca de quantitativos, o
que faz com que ocorra uma transferência maior de riscos para a empresa contratada, o que
potencializa a elevação do valor da obra. Consoante o Item 9.1.3 do Acórdão citado acima,
quando há grandes movimentações de terra e interferências, como é o caso da obra em questão,
onde existe uma imprecisão inerente de quantitativos em seus itens orçamentários, deve ser
adotada a empreitada por preço unitário. Aliás, a Autarquia invariavelmente tem utilizado a
empreitada por preço unitário para a execução de obras similares à obra do Trevão.

A definição do regime de execução reflete a maneira como a obra deve ser medida. O fato que
agrava a escolha do DNIT é que, apesar de ter escolhido o regime de empreitada por preço
global, a Autarquia vem realizando medições como se fosse empreitada por preço unitário.

Segundo o art. 2º da Lei nº 12.462/2011, a empreitada por preço global deve ser utilizada
quando se contrata a execução da obra ou do serviço por preço certo e total, e, na empreitada
por preço unitário, a execução da obra ou do serviço é contratada por preço certo de unidades
determinadas. No primeiro caso, as medições são feitas quando uma etapa ou parcela pré-
definida estiver concluída e, no segundo, há medição apenas dos serviços efetivamente
executados.

Para a obra do Trevão, as medições estão sendo feitas considerando itens agregando vários
serviços, falha que está sendo tratada na alínea b) à frente, que aborda a utilização de uma
planilha sintética. Mas, além disso, o DNIT vem medindo e pagando os serviços segundo um
percentual de execução, típico de empreitada por preço unitário, ou seja, sem considerar etapas
ou parcelas concluídas.

Tome-se como exemplo o Item 6.3 do Quadro 2 – Critérios de Pagamento, relativo à execução
dos serviços de pintura de ligação, TSS, CBUQ e micro concreto asfáltico a frio, incluindo
fornecimento e transporte de material betuminoso. Tais serviços, que estão sendo/serão
executados nas rodovias BR-365 e BR-153, além das Alças 1, 2, 3 e 4 e dos Ramos A, B, C e
D, deveriam ter sido medidos conforme sua evolução, cada um considerando, na soma dos
serviços executados, os custos com fornecimento e transporte de material betuminoso.
Somente poderiam ser pagas as etapas de execução de TSS e CBUQ, por exemplo, após terem
sido concluídas. Alternativamente, poderia ser considerada como etapa a conclusão de TSS e
CBUQ em uma das duas rodovias, em uma alça ou em um ramo.

Ao contrário, estão sendo medidos percentuais dos serviços executados, independentemente


de sua conclusão ou de qualquer critério referente a uma etapa pronta. A seguir, é mostrado
um trecho da 18ª Medição Parcial (última realizada, referente ao período de 01 a 12 de junho
de 2015), contendo os serviços relativos ao Item 6.3 (pintura de ligação, TSS, CBUQ e micro
concreto asfáltico) do Quadro 2 – Critérios de Pagamento, disponibilizado no Anexo II –
Quadros do edital do RDC, onde se constata a medição por percentuais de serviços executados
parcialmente, nem mesmo estando completos os serviços nas rodovias, ramos ou alças. Ou
seja, não estão sendo pagos os serviços por preço certo e total.

Quadro I – Item 6. Pavimentação relativo à 18º Medição da obra

Fonte: 18ª Medição, adaptada pela equipe de fiscalização da CGU.

b) Medição dos serviços utilizando planilha sintética.


Segundo o Item 10.2 do Anexo I – Projeto Básico do edital do RDC:
“os serviços serão medidos mensalmente, de acordo com os grupos preestabelecidos
no Quadro 2 – Critérios de Pagamento (Anexo II), após sua devida conclusão. Será
admitido o pagamento de etapas de uma parcela, de acordo com a Instrução de
Serviço IN nº 02/2004-DNIT. Os percentuais máximos admitidos para remuneração
de cada etapa de serviço serão aqueles estabelecidos pelo Orgão no Quadro 02 -
Critérios de Pagamento, conforme tabela (Anexo II), que não poderão ser modificados
pela Contratada. As medições deverão seguir o preconizado nas Especificações de
Serviço do DNIT e serão elaboradas mensalmente pela empresa Supervisora da obra,
sempre que os grupos de serviço forem concluídos e os dados lançados o Módulo do
Sistema de Medições do DNIT conforme as premissas do Boletim Eletrônico de
Medição — BEM, sendo posteriormente atestadas pelo Engenheiro Fiscal do contrato
(...)”. (original sem grifo)

O citado Quadro 2 – Critérios de Pagamento, foi disponibilizado do Anexo II – Quadros do


edital do RDC da seguinte forma:

Quadro II -“Quadro 2-Critério de Pagamento”


Fonte: Anexo II – Quadros do edital do RDC.
Verifica-se que foi adotada uma planilha de medição sintética, pois todos os seus itens
agregam diversos itens de serviços e, consequentemente, contêm unidades genéricas e
quantidades que não guardam relação com as reais quantidades a serem executadas e medidas.
Os itens do Quadro 2 que apresentam “cj” como unidade de medida e quantidade 1,0,
englobam serviços muito díspares e com preços unitários diferenciados. Podem ser citados os
serviços componentes das seis Obras de Arte Especiais (itens 7.1 a 7.5):
a) itens 7.1.1, 7.2.1, 7.3.1, 7.4.1 e 7.5.1 (infraestrutura), constituídos por serviços de tubulão
de ar comprimido e a céu aberto e preparo e lançamento de concreto;
b) itens 7.1.2, 7.2.2, 7.3.2, 7.4.2 e 7.5.2 (mesoestrutura), constituídos por serviços de execução
de formas, ferragens, preparo e lançamento de concreto e aparelho de apoio em neoprene; e
c) itens 7.1.3, 7.2.3, 7.3.3, 7.4.3 e 7.5.3, constituídos por serviços de execução de formas,
ferragens, preparo e lançamento de concreto, lançamento de lajes e vigas pré-moldadas e
protensão das estruturas (superestrutura); serviços de execução de formas e ferragens e
preparo e lançamento de concreto (lajes de transição); e instalação de guarda-corpos, drenos,
juntas elastoméricas e pinturas (acabamento).

Da mesma forma, os itens que apresentam unidade de medida “km” e quantidade 2,1, foram
considerados de forma genérica e inclusive não seguem a lógica de medição dos serviços.
Primeiramente, porque 2,1 km é a extensão aproximada apenas do eixo original da BR-365,
não representando assim a extensão correta de todas as vias da interseção, na qual estão
inseridas também obras na BR-153, em quatro alças e em quatro ramos. O que agrava a
inadequação da planilha é o fato de que nenhum dos serviços considerados para serem
executados em 2,1 km são minimamente possíveis de medição seguindo uma lógica de
aferição por meio de uma medida linear seguindo o eixo das vias, a exemplo dos seguintes
itens:
a) 1.1 (desmatamento, destocamento e limpeza), cuja execução é realizada em área, com
medição por m2;
b) 1.2 (escavação, carga e transporte de material de 1ª, 2ª e 3ª categoria e compactação de
aterros), cuja execução é realizada em volume, com medição por m3;
c) 2.1 (corpo e bocas de bueiro tubulares de concreto), cujos serviços são executados por
unidade ou metro linear, mas muitas vezes transversalmente às vias;
d) 6.2 (regularização, camadas granulares, imprimação, incluindo fornecimento e transporte
de CM-30) e 6.3 (pintura de ligação, TSS, CBUQ, micro concreto asfáltico, a frio, incluindo
fornecimento e transporte de material betuminoso), que, além de serem executados em todas
as vias, ramos e alças, com comprimentos e larguras diferentes entre si, englobam serviços
muito díspares e com preços unitários diferenciados: como serviços de pavimentação,
fornecimento e transporte de vários materiais betuminosos, cada uma com distâncias de
transportes, custo e pesos específicos diferentes.

É importante ressaltar que, segundo o Item 3.2 do Anexo I do edital, “o orçamento a que se
refere o Art. 40, § 2º, inciso II, da Lei 8.666/93, foi elaborado com base nos preços unitários
do SICRO 2 para o Estado de Minas, o mês base de setembro de 2012, conforme Declaração
de Adequação do Orçamento às fls 04”. Ou seja, o orçamento estimado em planilhas constante
do projeto executivo considerou os preços unitários do SICRO 2, que apresenta composição
de custos de serviços com alto grau de detalhamento. Dessa forma, tendo em vista que houve
detalhamento, no projeto executivo, de todos os itens da planilha e seus respectivos preços
unitários, era perfeitamente possível que o critério de medição, considerando o regime de
empreitada por preço global, especificasse de forma objetiva as regras para realização das
medições, a exemplo de pagamentos após cada etapa conclusa do empreendimento ou de
acordo com o cronograma físico-financeiro da obra, em atendimento ao que dispõe o art. 40,
inciso XIV, da Lei 8.666/93.

Ainda em relação à necessidade de detalhamento das medições, cabe reproduzir o disposto na


Lei nº 4.320/1964:

“Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo


credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.
§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:
I - a origem e o objeto do que se deve pagar;
II - a importância exata a pagar;
III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por
base:
I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II - a nota de empenho;
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço”.
(original sem grifo)

Assim, a liquidação da despesa, pelo fiscal da obra, deveria ser feita após a aferição dos
serviços executados, de acordo com os itens constantes da planilha orçamentária. Somente a
partir de uma planilha analítica seria possível ao fiscal aferir se os serviços haviam sido
executados em determinados quantitativos nas unidades de km, m2, m3, kg, etc., realizados
por meio de medições, respectivamente, de comprimentos, áreas, volumes, pesos, etc.

Ademais, segundo dispõe o art. 50 da Lei nº 9.784/1999, é necessário que os atos


administrativos sejam motivados e, no presente caso, a motivação do ato de liquidação das
despesas deveria observar a real execução dos serviços detalhados nas medições da obra,
fundamental para viabilizar o controle do fiscal sobre a efetiva execução dos mesmos.

c) Licitante vencedor não apresentou planilha com indicação dos quantitativos e dos
custos unitários.

Transcrevem-se, abaixo, trechos da Lei nº 12.462/2011, instituidora do RDC, que dispõe que,
ao adotar o regime de execução de empreitada por preço global, a planilha orçamentária deve
apresentar um detalhamento analítico, compatível com a tal regime:

“Art. 2o Na aplicação do RDC, deverão ser observadas as seguintes definições:


(...)
IV - projeto básico: conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de
precisão adequado, para, observado o disposto no parágrafo único deste artigo:
(...)
Parágrafo único. O projeto básico referido no inciso IV do caput deste artigo deverá
conter, no mínimo, sem frustrar o caráter competitivo do procedimento licitatório, os
seguintes elementos:
(...)
VI - orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
(...)
Art. 17. O regulamento disporá sobre as regras e procedimentos de apresentação de
propostas ou lances, observado o seguinte:
(...)
III - nas licitações de obras ou serviços de engenharia, após o julgamento das propostas,
o licitante vencedor deverá reelaborar e apresentar à administração pública, por meio
eletrônico, as planilhas com indicação dos quantitativos e dos custos unitários, bem
como do detalhamento das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos
Sociais (ES), com os respectivos valores adequados ao lance vencedor”. (original sem
grifo)

De acordo com o Decreto nº 7.581/2011, que regulamenta o RDC:

“Art. 40. Na verificação da conformidade da melhor proposta apresentada com os


requisitos do instrumento convocatório, será desclassificada aquela que:
(...)
§ 2º Com exceção da contratação integrada prevista no art. 9º da Lei nº 12.462, de
2011, nas licitações de obras ou serviços de engenharia, o licitante da melhor proposta
apresentada deverá reelaborar e apresentar à comissão de licitação, por meio
eletrônico, conforme prazo estabelecido no instrumento convocatório, planilha com os
valores adequados ao lance vencedor, em que deverá constar: (Redação dada pelo
Decreto nº 8.080, de 2013)
a) indicação dos quantitativos e dos custos unitários, vedada a utilização de unidades
genéricas ou indicadas como verba;
b) composição dos custos unitários quando diferirem daqueles constantes dos sistemas
de referências adotados nas licitações; e
c) detalhamento das Bonificações e Despesas Indiretas - BDI e dos Encargos
Sociais – ES”.

De acordo com os trechos transcritos, a Lei do RDC determina que o orçamento deve ser
detalhado, fundamentando-se em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente
avaliados. E o Decreto que regulamenta a Lei determina que o licitante vencedor deve
apresentar planilha adequada ao lance vencedor e veda a utilização de unidades genéricas ou
indicadas como verba.

Quanto a essa última imposição, é importante ressaltar que, além do projeto executivo conter
uma planilha orçamentária analítica, a Gomes Lourenço, então licitante, também apresentou
uma planilha analítica relativamente ao valor total de R$39.672.627,62, juntamente com
proposta datada de 01/01/2013 e que se refere ao último valor obtido durante a fase de
negociação do dia 26/06/2013.

Tendo em vista que, em relação ao valor contratado de R$ 36.298.000,00, consta da


documentação disponibilizada pelo DNIT à equipe de fiscalização da CGU apenas o “Quadro
II - Critérios de Pagamento”, contendo a planilha de medição sintética, foi requerido, por meio
da Solicitação de Fiscalização nº 201800738/02, de 10/05/2018, que a Autarquia apresentasse
a planilha contratada contendo preços unitários que se basearam em quantidades apresentadas
de forma analítica (unidades em m, m2, m3, etc.). O DNIT não disponilizou tal planilha nem
apresentou justificativas para a omissão.

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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
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Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a


análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
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Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT oriente os setores competentes para que, nos procedimentos
licitatórios, elabore planilhas orçamentárias que guardem relação com a regime de execução
adotado e que tais planilha sirvam de base para os critérios de medição e pagamento adotados
nas medições das obras.

Recomendação 2: Que, nas licitações de obras ou serviços de engenharia realizadas por meio
do Regime Diferenciado de Contratações Públicas - RDC, o DNIT oriente os setores
competentes para que, de acordo com art. 17 da Lei nº 12.462/2011, após o julgamento das
propostas, determine que o licitante vencedor reelabore e apresente, por meio eletrônico, as
planilhas orçamentárias com indicação dos quantitativos e dos custos unitários, bem como do
detalhamento das Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) e dos Encargos Sociais (ES), com
os respectivos valores adequados ao lance vencedor.

Recomendação 3: No caso de opção pela utilização do regime de empreitada por preço global,
quando se tratar de obras que, por suas características, não possibilitam uma quantificação
absolutamente acurada dos exatos volumes a executar, a exemplo dos serviços de
terraplenagem e reformas, que o DNIT atenda ao disposto no Acórdão nº 1977/2013 -
Plenário, no sentido de que essa escolha seja justificada no processo em termos técnicos,
econômicos ou outros devidamente motivados.

2.1.2. Readequação da obra, em decorrência de levantamento cadastral incorreto.

Fato

Em 14/10/2013, foi celebrado o Contrato TT-829/2013-01 entre o DNIT e a Construtora


Gomes Lourenço, pelo valor de R$ 36.298.000,00, com data base de setembro de 2012, para
a execução das obras do Lote 4.3 (duplicação, incluindo melhoramento para adequação da
capacidade e segurança na rodovia BR-365/MG, no trevo com a BR-153/MG), pelo regime
de empreitada por preço global e prazo máximo de 540 dias consecutivos.

A Cláusula Segunda do contrato, que trata do prazo contratual e local de prestação dos
serviços, originalmente, previa a elaboração dos projetos básico e executivo. Então, foi
celebrado o 1º Termo Aditivo, em 26/11/2013, corrigindo a falha, ao retirar tal obrigação da
empresa contratada, tendo em vista que a licitação foi realizada com base em projeto executivo
prévio.

Em 20/12/2013, o Superintendente Regional em Minas Gerais emitiu o Ofício nº 212/2013,


autorizando o início da execução das obras, a partir de 06/01/2014.

O levantamento cadastral constante do projeto executivo, elaborado pela Engesolo Engenharia


Ltda., CNPJ 17.376.138/0001-92, não foi coerente com a situação atual das edificações, pois
o inventário das propriedades existentes na área de intervenção não detectou o local correto
de uma escola do município de Monte Alegre de Minas, que já estava em funcionamento antes
do início da obra e inclusive permanece funcionando. A imprecisão do levantamento cadastral
das edificações trouxe reflexos negativos, pois o eixo da BR-365 foi projetado sobre a escola
municipal (ver Figura 2 adiante).

Ressalta-se que a Escola Municipal Nicanor Pereira, CNPJ 22.225.585-0001/80, situada


dentro da área de intervenção, funciona no local desde 1971, atendendo a toda população rural
da redondeza. Em entrevista, o diretor da escola informou que o imóvel, com
aproximadamente 1000 m2, é de propriedade da Prefeitura de Monte Alegre de Minas e que
possui escritura.

Além dessa falha do projeto executivo, o DNIT não providenciou a desapropriação dos
terrenos na área de intervenção para a execução da obra. Assim, não foi possível a demolição
das edificações (moradias, comércio, etc.), que têm uma grande concentração no lado direito
de implantação da BR-365, no sentido Uberlândia – Ituiutaba, principalmente dentro dos
Ramos A e D, inclusive a escola municipal.

A omissão da Autarquia mostrou-se mais flagrante em relação à escola municipal, tendo em


vista que os servidores do DNIT responsáveis pelo acompanhamento da obra tinham
conhecimento de que o eixo da BR-365 tinha sido projetado sobre o terreno da mesma,
inclusive o prédio onde ela funciona.

Mesmo com o DNIT estando ciente da superposição da rodovia projetada com o imóvel da
escola municipal, a obra foi executada sem que tivesse sido providenciada a alteração do
projeto inicial. Então, a fiscalização da obra adotou a solução de deslocar o eixo da BR-365
para o sul, em relação à localização do eixo projetado, fazendo com que a pista da BR-365 no
sentido Uberlândia – Ituiutaba fosse executada próxima ao muro da escola municipal.

A Figura 1 abaixo mostra a situação das edificações em relação às rodovias BR-365 e BR-
153, às alças e aos ramos da interseção e a localização da escola municipal próxima à pista da
BR-365.

Figura 1 – Localização das rodovias, alças e ramos e das edificações na área de


intervenção da obra
A Figura 2 abaixo mostra o mapa de situação da obra: em vermelho, a situação projetada
originalmente, com a superposição entre a BR-365 e a escola municipal e, em azul, a
localização das rodovias, alças e ramos onde estão sendo efetivamente executados.

Figura 2 – Mapa de situação da obra, mostrando o projeto original e o projeto efetivamente


executado
Tendo em vista que produziu consideráveis modificações planialtimétricas na BR-365 e em
alças e ramos, essa alteração deveria ter sido precedida de uma correspondente revisão
tempestiva do projeto executivo e sua aprovação pelos setores competentes da Autarquia, o
que não ocorreu. Essa falha foi tratada em ponto específico deste Relatório.

A fim de obter informações relativas à desapropriação na área de intervenção da obra, a equipe


de fiscalização da CGU requereu à Superintendência Regional do DNIT no Estado de Minas
Gerais – SRE/MG, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201800738/01, de 17/04/2018,
que fossem apresentados todos os processos e documentos relativos a desapropriações
(efetivadas e a efetivar), necessárias à completa execução das obras do Lote 4.3.

Tendo em vista que, em relação à desapropriação, havia sido apresentado apenas o projeto
executivo, foi requerido, por meio da Solicitação de Fiscalização nº 201800738/02, de
10/05/2018, que a SRE/MG informasse se existe ou não documentação relativa à
desapropriação, produzida posteriormente ao projeto executivo, e, caso a resposta fosse
positiva, que se disponibilizasse a documentação. A SRE/MG não respondeu a solicitação da
CGU.

Outras entrevistas foram realizadas, além daquela feita com o diretor da escola. Duas pessoas
entrevistadas informaram que as áreas apresentam situação de usucapião da propriedade,
adquiridas há mais de 16 e 20 anos, de pessoas que já detinham a posse. Informaram também
possuírem contrato de compra e venda e que estavam estabelecidos comercialmente, no local.
De forma diferente, o projeto aponta o Posto Trevão como o único proprietário no local da
intervenção.
ato
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
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Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a


análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
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Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores em razão da execução da obra sem que tenha sido providenciada a desapropriação
do local do empreendimento e com base em um projeto modificado, contendo irregularidades
que comprometem a segurança, ofertando-se o devido contraditório e ampla defesa.

Recomendação 2: Que o DNIT promova, nos termos do art. 87 da Lei nº 8.666/93, a


instauração de processo administrativo de apuração de responsabilidades (PAAR), com vistas
à aplicação das devidas sanções à empresa projetista da obra do Trevão, especificamente
quanto ao projeto de desapropriação, em decorrência da mesma não ter previsto a ocorrência
de superposição entre o eixo projetado da BR 365 com a escola municipal existente no local,
ofertando-se o devido contraditório e ampla defesa à empresa contratada.

2.1.3. Execução da obra do Trevão com base em projeto submetido intempestivamente


para aprovação pelo setor competente do DNIT, culminando na sua paralisação.

Fato

Foram feitas 18 medições para o Contrato TT-829/2013-01, entre os períodos de janeiro de


2014 e junho de 2015, perfazendo o total medido e pago de R$22.200.247,92 (a preços
iniciais, ou seja, com data base de setembro de 2012), correspondente a 61,16% do valor total
contratado, conforme a Quadro III.

Quadro III – Medições acumuladas do Contrato TT-829/2013-01

Fonte: Pesquisa no Sistema de Acompanhamento de Contratos – SIAC do DNIT, em 10/04/2018, adaptada pela equipe de
fiscalização da CGU.

Conforme informado em ponto específico deste Relatório, a obra foi executada com base em
um projeto modificado. Segundo informação fornecida pelo fiscal do contrato, sua
modificação foi para viabilizar a execução da obra, que, além de outras situações, evitou
conflitos de desapropriação com as seguintes propriedades:
- Escola municipal em funcionamento, que apresentava superposição com o eixo da BR-365
do projeto original;
- 2 áreas particulares, situadas juntas ao trecho final da BR-153, uma à direita e outra à
esquerda, sendo uma com problemas de sucessão;
- Ademais, a parte relativa a reserva legal teria sido resolvida pela permuta com uma área
adquirida na Reserva do Parque de Peruaçu/MG.

Ressalta-se que a obra teve início de vigência em 06/01/2014 e prazo de execução inicialmente
pactuado de 540 dias, com previsão de término em 29/06/2015. Conforme o cronograma
pactuado, a previsão de término dos serviços de terraplenagem, drenagem, pavimentação e
obras de artes especiais ocorreria até o penúltimo mês previsto, maio de 2015. Em junho de
2015, restariam 20% dos serviços de sinalização, 7,5% de proteção ambiental (enleivamento,
hidrossemeadura e plantio de árvores e arbustos) e 15% de Obras Complementares (colocação
de defensas e execução de cercas). No entanto, a obra foi paralisada em 13/06/2015, sem
avaliações da situação, deixando as etapas atrasadas, todas as vias e obras de arte incompletas,
colocando a obra em situações de risco de perda do investimento, conforme relatado em ponto
específico deste Relatório.

A paralisação está retratada conforme a evolução citada adiante.

Consta do Processo Administrativo nº 50600.024855/2013-68, relativo à licitação e


contratação da obra, que:

- Por meio do Ofício DIOP-CGL-024/2015, de 09/06/2015, a Construtora Gomes Lourenço


solicitou ao Supervisor da Unidade Local – UL do DNIT em Uberlândia a paralisação do
contrato, pois encontrava-se em fase de análise o relatório da 1ª Revisão de Projeto em Fase
de Obras – RPFO, que buscava a adequação planialtimétrica do traçado da BR-365, sem
reflexo financeiro, a fim de se evitarem alterações nos serviços a executar.

- O Supervisor da UL em Uberlândia, encaminhou ao Supervisor de Construção da SREMG,


em anexo ao Memorando nº 066/2015, de 11/06/2015, o Ofício da empresa, e manifestou a
concordância com a paralisação do contrato, “não havendo nenhum óbice para tanto”.

- Em decorrência do pleito, o Superintendente da SREMG encaminhou à construtora o Ofício


nº 392/2015, de 12/06/2015, determinando a paralisação do contrato a partir de 13/06/2015,
tendo como motivação a conclusão da análise da 1ª RPFO, e, em 25/06/2015, foi firmado o 2º
Termo Aditivo, suspendendo o prazo de execução do contrato.

Ressalte-se que, segundo consta no SIAC do DNIT, a obra encontra-se paralisada desde
13/06/2015.

Em relação à 1ª RPFO, foi aberto pelo DNIT o Processo Administrativo nº


50600.009070/2015-27, cujas principais peças são listadas a seguir:

a) Em 28/05/2015, a Coordenação de Obras e Construção Rodoviária – CGCONT/DIR emitiu


o Memorando nº 1.244/2015, encaminhando à SRE/MG o Relatório da 1ª RPFO sem reflexo
financeiro, para análise e providências.
b) O Supervisor da UL em Uberlândia à época (que também era e permanece sendo o fiscal
do Contrato TT-829/2013-01) elaborou Nota Técnica apresentando síntese da 1ª RPFO:
“a revisão em tela tem por objetivo readequar planialtimetricamente o projeto
executivo, incluindo rodovias, alças e ramos, para a promoção do melhoramento da
trafegabilidade na interseção da BR-365 com a BR-153. Basicamente as alterações
consistem na readequação do traçado e do perfil geométrico tendo em vista a
redefinição das áreas de desapropriação. Isso se deve à tentativa de evitar a remoção
imediata das edificações (moradias e escola municipal), buscando, ao mesmo o
aprimoramento da segurança dos usuários. Em consequência do remanejamento
intencional das áreas de desapropriação, concentrando-as no mínimo de imóveis e
proprietários possíveis. Tal medida acontece quando se condensam as pistas das
rodovias, alças e ramos para ocupação da menor área aceitável em obediência às
normas e manuais do DNIT. Assim sendo, se ganha tanto na diminuição do
desembolso com a desapropriação de áreas e edificações, quanto na fluidez da
execução da obra. A topografia do terreno natural onde é implantada a interseção
potencializa as situações de risco referentes à visibilidade e à atuação da gravidade.
Como forma de conter esta situação natural de risco e de efetuar melhorias no projeto
original, a mudança do traçado consiste no aumento dos raios das curvas horizontais
obedecendo aos requisitos pré-estabelecidos de superelevação e curva de transição.
A mudança do traçado vertical propõe reduzir os percentuais de rampas das tangentes
verticais e no estabelecimento de curvas verticais mais longas para suavizar a
mudança de tangentes e facilitar a visibilidade. Nesse ponto, são obedecidos os
critérios de rampa máxima e concordância vertical para a promoção da melhor
dirigibilidade. Ressalta-se que o conceito do projeto não foi alterado, mantendo-se a
interseção com as mesmas exigências técnicas originalmente planejadas. As
alterações sugeridas nesta readequação causaram o remanejamento de quantitativos
sem gerar reflexo financeiro”. Os trechos não estão sublinhados no original da Nota
Técnica e foram marcados porque vão de encontro à análise técnica feita pela
CGCONT/DIR na 2ª versão do Parecer Técnico nº 052/2015, descrito nas alíneas e) e
f) adiante.

c) Por meio do Memorando nº 075/2015, de 17/06/2015, o Supervisor da UL em Uberlândia


encaminhou a Nota Técnica ao Supervisor de Construção da SREMG, bem como o mapa de
situação da obra, manifestando-se de acordo com a proposição do Relatório da 1ª RPFO sem
reflexo financeiro e acrescentando que não havia nenhum impedimento à implementação dos
ajustes propostos.

d) Em 20/07/2015, o Supervisor de Construção da SREMG emitiu o Memorando nº 246/2015,


encaminhado à CGCONT/DIR em resposta ao Memorando nº 1.244/2015, informando que,
após analisado, e, baseando-se na manifestação da UL em Uberlândia, o Relatório da 1ª RPFO
estava de acordo com a aprovação da referida revisão.

e) A CGCONT/DIR emitiu a 1ª versão do Parecer Técnico nº 052/2015, em 26/08/2015, cuja


análise apontou que haviam sido encontradas incorreções na documentação, no projeto
geométrico e no orçamento:

e.1) Quanto à documentação, informou que não havia sido apresentada a manifestação
conclusiva do Chefe de Serviço de Engenharia a respeito da proposta de revisão e,
posteriormente, a manifestação conclusiva da Superintendência Regional no Estado de Minas
Gerais, contrariando o disposto na Instrução Normativa DG do DNIT nº 01, de junho de 2004.
e.2) O projeto geométrico foi o que mereceu maiores comentários no Parecer. Segundo o
Parecer, tendo em vista que todos os ramos e alças, à exceção da Alça 2, estavam sendo
executados de acordo com o projeto revisado e se encontravam em estágio avançado, foram
analisados apenas os parâmetros técnicos. Assim:
- Solicitou a apresentação de justificativa técnica para a necessidade das mudanças de traçado,
comprovação da indispensabilidade das readequações e demonstração da sua viabilidade.
- Verificou que a Alça 2 havia sido suprimida no projeto revisado sem qualquer justificativa
técnica, cuja apresentação foi solicitada para comprovar a indispensabilidade da citada Alça.
- Solicitou a apresentação de projetos, memórias de cálculo e quadros, a fim de comparação
dos parâmetros técnicos (raios, superelevações, superlarguras, rampas, tapers de aceleração,
dentre outros) entre o projeto executivo e o projeto revisado, de todas as alças, ramos e
traçados que foram modificados.
- Solicitou a apresentação de nova configuração detalhada das áreas de desapropriação que
seriam suprimidas ou acrescentadas, comparando-se com as áreas de desapropriação
concebidas no projeto executivo e demonstração da viabilidade econômica e social
decorrentes das mudanças das áreas afetadas.
- Solicitou a apresentação de novas soluções para os projetos de drenagem, proteção de
taludes, sinalização e barreiras que sofreram alterações.

e.3) Relativamente ao orçamento, a planilha final da revisão somente estaria em condições de


aceitação após solucionadas todas as pendências apresentadas no Parecer.

f) Em 25/11/2015, CGCONT/DIR emitiu a 2ª versão do Parecer Técnico nº 052/2015, que


também apontou incorreções na documentação, no projeto geométrico e no orçamento.

f.1) Quanto à documentação, foi mantido o mesmo posicionamento da 1ª versão.

f.2) Nesta versão, foi feita uma análise técnica mais aprofundada do projeto geométrico, que
se baseou na observância do Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais do DNER de
1999 e do Manual de Projeto de Interseções do DNIT, publicação IPR-718 de janeiro de 2005.
Tais normas estabelecem que a velocidade diretriz para a interseção é de 60 km/h, a
superelevação máxima para todos os trechos em curva é de 8% e fixam limites para
coeficientes de atrito transversais e raios de curvatura. Em resumo, foram feitas as seguintes
críticas no Parecer:

f.2.1) Supressão da Alça 2 (sentido Itumbiara/GO – Ituiutaba/MG) sem apresentação de


qualquer justificativa pela indispensabilidade de tal supressão;

f.2.2) Inobservância do raio de curvatura horizontal mínimo (bordo interno) nas Alças 3 e 4,
bem como do comprimento total mínimo da curva vertical côncava da Alça 4, comprometendo
a segurança;

f.2.3) Inobservância do raio de curvatura horizontal mínimo (bordo interno) nos Ramos A, B,
C e D, da rampa máxima nos Ramos B e D, bem como do comprimento total mínimo da curva
vertical côncava do Ramo D, comprometendo a segurança.
Entretanto, para o prosseguimento das análises, voltou a solicitar que fossem providenciadas
as mesmas informações solicitadas na 1ª versão, além de planilha de acréscimos e supressões,
juntamente com o reflexo financeiro resultantes das modificações propostas, inclusive devido
à retirada da Alça 2.

f.3) O mesmo posicionamento em relação ao orçamento, também foi mantido.

g) Por meio do Fax nº 474/2015 (não foi possível identificar a data), a CGCONT/DIR
encaminhou à SREMG cópia do Parecer Técnico nº 052/2015, “com o objetivo de eliminar as
pendências e efetuar as correções com a maior brevidade possível”, determinando o prazo de
15 dias para o encaminhamento das respostas às pendências.

h) Em 01/04/2016, a CGCONT/DIR emitiu despacho encaminhando o processo à SREMG


para providências, tendo em vista que não houve resposta ao Fax nº 474/2015. Em 07/04/2016,
o processo foi encaminhado ao Serviço de Construção da SREMG.

i) Em 15/12/2016, o Chefe de Serviço de Construção da SREMG encaminhou, dentre outros


destinatários, ao Coordenador de Obras Diretas da CGCONT o seguinte e-mail:
“As obras do denominado Trevão, na BR-365 x BR-153, objeto do Contrato nº TT-
829/2013-00 estão paralisadas há algum tempo. Recebi informações de que a empresa
contratada (Gomes Lourenço) havia solicitado alteração para a empresa Transvias,
a fim de dar continuidade às obras e que esse assunto estava sendo analisado pela
Procuradoria do DNIT em Brasília. Depois fiquei sabendo que tais obras poderiam
ser incluídas no contrato de Concessão da empresa Triunfo, que é a empresa que tem
o contrato de concessão da BR-153, mas também não sei se ocorreu evolução. O fato
é que as obras estão paralisadas e necessitamos tomar alguma providência quanto ao
tema, motivo pelo qual solicito informações atualizadas sobre o assunto e orientações
sobre uma Revisão de Projeto em Fase de Obras que estaria sendo analisada na
CGCONT. Aqui no Serviço de Construção está conosco o Processo Administrativo nº
500600.009070/2015-27 que trata do assunto e que não avançou em função das
informações já repassadas anteriormente. Peço, portanto, orientações do que fazer
com o referido Processo e contrato”.

j) Em 19/12/2016, o Coordenador de Obras Diretas da CGCONT atendeu à solicitação


encaminhando e-mail com o seguinte teor:
“Encontra-se desde 04/04/2016 nesta SR/MG o processo nº 500600.009070/2015-27,
que trata da RPFO. Envio cópia do Parecer com pendências. A priori, o mais grave
nesta RPFO é que já executaram as obras e estão pedindo para aprovar a geometria
das alças nas quais não atendem a velocidade diretriz de 60 km, ou seja,
comprometendo a segurança da via. Segue a mesma em anexo. Favor analisar e nos
informar as providências”. (original sem grifo)

k) O Chefe de Serviço de Construção da SREMG encaminhou, em 20/03/2017, o processo ao


fiscal do contrato, atualmente Supervisor da UL de Prata/MG, para avaliação e
esclarecimentos quanto à análise do relatório da RPFO, solicitando a máxima brevidade
possível, tendo em vista a possibilidade de reinício das obras.

l) O Supervisor da UL de Prata/MG devolveu o processo e, em despacho de 13/04/2017,


manifestou-se:
“considerando o lapso de tempo transcorrido desde a avaliação da proposta de
revisão do projeto em questão, sugerimos o arquivamento deste processo. Informo
outrossim que está em elaboração nova proposta de RPFO a qual encaminharemos a
esta SREMG em breve para avaliação”.

m) O Chefe de Serviço de Construção da SREMG, em despacho de 19/04/2017, concordou


com a proposição do Supervisor da UL de Prata/MG, já que novas situações poderiam ter
surgido ao longo do tempo e sugeriu o encaminhamento do processo à CGCONT, para
arquivamento.

n) O processo foi encaminhado, em 12/05/2017, pelo Coordenador de Engenharia da SREMG


à CGCONT e, em 26/05/2017, encaminhado para arquivamento pelo Coordenador de Obras
Diretas.

Pela sequência descrita, verifica-se a completa intempestividade do DNIT nas providências


tomadas visando a alteração do projeto e a execução da obra com base no projeto alterado.
Tendo em vista a magnitude das alterações em relação aos parâmetros técnicos, a revisão do
projeto deveria ter sido submetida ao setor competente do DNIT, para fins de aprovação,
previamente à execução da obra, e não após sua paralisação, que ocorreu mais de 18 meses
após o início dos serviços.

O grau de profundidade das alterações afetou as condições técnicas das alças e ramos de tal
forma que a obra não poderia ter sido iniciada sem aprovação do projeto modificado. E,
claramente, existem divergências entre o posicionamento da Nota Técnica, transcrita na alínea
b) retro, elaborada pelo Supervisor da UL Uberlândia à época e fiscal do contrato, e as duas
versões do Parecer Técnico nº 052/2015, elaborado pela CGCONT/DIR, descritas nas alíneas
e) e f).

Segundo a Nota Técnica, a 1ª RPFO promoveria a melhoria da trafegabilidade e buscava o


aprimoramento da segurança dos usuários. A mudança do traçado consistia no aumento dos
raios das curvas horizontais obedecendo aos requisitos pré-estabelecidos de superelevação e
curva de transição e propunha reduzir os percentuais de rampas das tangentes verticais e no
estabelecimento de curvas verticais mais longas para suavizar a mudança de tangentes e
facilitar a visibilidade, obedecendo os critérios de rampa máxima e concordância vertical para
a promoção da melhor dirigibilidade. Na Nota Técnica não foi apresentada justificativa para
a remoção da Alça 2.

O Parecer Técnico nº 052/2015, de maneira inversa, além de não vislumbrar justificativa para
a supressão da Alça 2, ao contrário da Nota Técnica, entendeu que a mudança não observava
os parâmetros técnicos aceitáveis relativos ao raio de curvatura horizontal mínimo (bordo
interno) nas Alças 3 e 4 e nos Ramos A, B, C e D, ao comprimento total mínimo da curva
vertical côncava da Alça 4 e do Ramo D e à rampa máxima nos Ramos B e D. E todos esses
aspectos comprometiam a segurança.

O e-mail de 19/12/2016 do Coordenador de Obras Diretas da CGCONT, transcrito na alínea


j) retro, confirma o entendimento do Parecer Técnico nº 052/2015. Além disso, entendeu ser
grave que, em uma obra que já estava sendo executada segundo um projeto alterado, foi
solicitado que fosse aprovada a nova geometria (alças e ramos) que não atendia a velocidade
diretriz de 60 km, ou seja, cuja segurança da via estava comprometida. Esse posicionamento
reforça o entendimento de que a profundidade das alterações do projeto, com inquestionáveis
reflexos nos parâmetros técnicos, necessitaria de uma prévia análise, para fins de aprovação
do novo projeto.

Chamado a fornecer os esclarecimentos solicitados na análise da 1ª RPFO, o Supervisor da


UL de Prata/MG e fiscal do contrato não apresentou tais esclarecimentos. Argumentou que
havia transcorrido um tempo desde a avaliação da proposta de revisão do projeto em questão,
sugeriu o arquivamento do processo e informou que estava em elaboração nova proposta de
RPFO, que seria encaminhada em breve para avaliação.

Cabe esclarecer que essa nova proposta de RPFO não foi apresentada à equipe de fiscalização
da CGU, pois, em relação à revisão de projeto, foi disponibilizado somente o Processo
Administrativo nº 50600.009070/2015-27.

Verifica-se a existência de irregularidades na atuação da fiscalização da obra, tendo em vista


que:

- Na documentação analisada, não consta alerta da fiscalização às instâncias superiores do


DNIT sobre os problemas existentes relativos à superposição do eixo original da BR 365 com
a escola municipal, antes do início da obra. Somente em 11/06/2015, após a solicitação da
construtora para a paralisação do contrato em decorrência de análise do relatório da 1ª Revisão
de Projeto em Fase de Obras – RPFO, é que manifestou a sua concordância com a paralisação.
Assim, além de deixar transcorrer a obra, que se iniciou em 06/01/2014, com base no projeto
alterado, ou seja, com alterações substanciais em relação ao projeto original, não foi tomada
a iniciativa de solicitar a paralisação para avaliação das modificações, pois a manifestação
ocorreu apenas após o pleito da empresa contratada.

- Submeteu intempestivamente, para análise do setor competente do DNIT, o projeto contendo


as alterações, pois somente após 18 (dezoito) medições, é que a obra foi paralisada, em
13/06/2015. Apenas em 17/06/2015, após a paralisação do contrato, é que o fiscal encaminhou
Nota Técnica ao Supervisor de Construção da SREMG, bem como o mapa de situação da
obra, manifestando-se de acordo com a proposição do Relatório da 1ª RPFO.

- Na Nota Técnica que elaborou, o fiscal do contrato informou que as alterações promoveriam
a melhoria da trafegabilidade e buscavam o aprimoramento da segurança dos usuários.
Entretanto, a análise do Parecer Técnico da CGCONT apresentou diversas inconsistências no
projeto modificado. Dessa forma, o órgão técnico do DNIT encarregado de verificar se as
alterações atendiam aos padrões técnicos da Autarquia contradisse frontalmente o
posicionamento da fiscalização.

Em relação à continuidade das obras, que permanece sem execução desde junho de 2015,
consta no Processo Administrativo nº 50600.024855/2013-68 que:
- Em 01/08/2017, a Diretoria de Infraestrutura Rodoviária do DNIT encaminhou à Diretoria
do Departamento de Outorgas de Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil o Ofício nº 2.414/2017/DISPEO/DIR/DNIT SEDE-
DNIT, prestando as informações requeridas em relação aos contratos vigentes do DNIT na
rodovia BR-365/MG (a obra do Trevão, o Viaduto da Xapetuba e a Travessia de Uberlândia),
que refletiam o cenário mais provável em que as obras se encontrariam quando da assunção
do trecho pela futura concessionária, previsto para setembro de 2018. Quanto à obra do
Trevão, do valor inicial do Contrato TT-829/2013 (R$36.298.000,00), restava um saldo
contratual de R$14.097.752,07, ambos a preços iniciais, com data base referente a setembro
de 2012. Para atualização do valor de forma geral e ampla, foi utilizado o Índice Nacional da
Construção Civil – INCC, resultando no montante a executar de R$ 19.243.789,17, conforme
a tabela a seguir:

Quadro IV - Valor restante do Contrato TT-829/2013, a preços iniciais e reajustado


INCC Valor restante do Contrato – R$
Setembro de 2012 Julho de 2017 Setembro de 2012 Julho de 2017
518,816 708,197 14.097.752,07 19.243.789,17
Fonte: folha 718 do Processo Administrativo nº 50600.024855/2013-68.

- Na conclusão do Ofício nº 2.414/2017, a DIR/DNIT, argumentando a dificuldade de


contratação dos remanescentes das obras, a morosidade do andamento dos contratos e a grande
importância das obras na BR-365/MG, tendo em vista o ganho de segurança e o
desenvolvimento econômico da região, solicitou que as obras da rodovia fossem incluídas no
escopo do projeto de concessão, especificamente devido ao período de grande restrição
orçamentária e financeira imposta à Autarquia.

- É importante ressaltar que no, Ofício nº 2.414/2017, o DNIT não informou que a obra foi
executada diferentemente do projeto original e que foi criado um impasse dentro da própria
Autarquia, tendo em vista que o Parecer Técnico nº 052/2015 da CGCONT apontou que, da
forma como está sendo executada a obra, há comprometimento da segurança.

- Em 04/08/2017, a Diretoria do Departamento de Outorgas de Transportes Terrestres e


Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil encaminhou à Diretoria de
Infraestrutura Rodoviária do DNIT o Ofício nº 25/2017/DOUT/SNTTA, informando que os
serviços remanescentes da obra do Trevão e do Viaduto da Xapetuba seriam incorporados à
concessão rodoviária da BR-364/365/MG/GO. As obras remanescentes da Travessia de
Uberlândia não estavam contidas no trecho estudado para a concessão.

Por fim, cabe informar ainda que a Resolução nº 34, emitida em 19/03/2018 pelo Conselho
do Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República, aprovou a concessão
de exploração de infraestrutura e prestação de serviços rodoviários no âmbito da Rodovia BR-
364/365/GO/MG, entre o entroncamento com a BR-060(A) (Jataí) e o entroncamento com a
LMG-749 (Contorno Oeste de Uberlândia). No trecho a ser concedido, situa-se o local onde
está sendo executada a obra do Trevão.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a


análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
trI
o
aliseC
n
/A
#

Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores da fiscalização e do acompanhamento da obra, em razão da ausência de alerta, antes
do início da obra, às instâncias superiores do DNIT, sobre os problemas existentes relativos à
superposição do eixo original da BR 365 com a escola municipal, por submeter
intempestivamente, para análise do setor competente do DNIT, o projeto contendo as
alterações e por informar, ao contrário do posicionamento do setor competente do DNIT, que
as alterações promoveriam a melhoria da trafegabilidade e buscavam o aprimoramento da
segurança dos usuários, ofertando-se o devido contraditório e ampla defesa.

Recomendação 2: Que o DNIT informe à Diretoria do Departamento de Outorgas de


Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e
à Agência Nacional de Transportes Terrestres que o setor competente da Autarquia considera
que o traçado do projeto que está sendo executado difere do original e contém uma geometria
que não atende às normas de segurança (Parecer Técnico CGCONT nº 052/2015), impondo-
se a necessidade de realização das adequações necessárias.

2.1.4. Superfaturamento estimado, referente à execução dos serviços de enleivamento,


de cercas e de pavimentação, no valor de R$8.449.854,24.

Fato

A obra, objeto do Contrato TT-829/2013-01, celebrado com a Construtora Gomes Lourenço,


tinha por objetivo alterar a forma de interseção entre as rodovias BR-365/MG e BR-153/MG,
com intenso fluxo de veículos.

A licitação para execução da obra ocorreu com base no projeto executivo da engenharia para
duplicação dos trechos das rodovias BR-365/MG e BR-153/MG, que faziam parte da
interseção entre elas, incluindo melhoramentos para adequação da capacidade e segurança da
interseção. O referido projeto foi elaborado pela Engesolo Engenharia, CNPJ
17.376.138/0001-92. Continha as informações básicas para sua execução.

O projeto de desapropriação fez parte do projeto executivo. Seriam desapropriados todos os


imóveis contidos na faixa de domínio com largura não inferior a 80 m e incluiu: levantamentos
realizados, a metodologia aplicada, critério utilizados, os elementos para desapropriação,
incluindo a pesquisa de mercado e os laudos e a avalição.
Entretanto, a obra teve início com um projeto modificado, conforme citado em item específico
deste Relatório. Tal projeto modificado não foi detalhado a nível executivo. Um mapa de
situação foi apresentado à equipe fiscalização, registrando o novo traçado do projeto em azul
e do projeto original, em vermelho. Foi retratado conforme o gráfico seguir:

Fonte: Comparativo de Projeto fornecido pelo Dnit

A partir do projeto original e do projeto modificado apresentado, a equipe da CGU reavaliou


o levantamento dos comprimentos originais e alterados das vias. Identificou-se uma variação
no comprimento, que resultou em um decréscimo do quantitativo das vias, conforme quadro
a seguir apresentado:

Quadro V – Diferença de comprimentos das vias


Projeto Original Projeto Modificado
Estaca Diferença
Vias Estaca Inicial Estaca Final Extensão Estaca Final Extensão
Inicial (m)
(m) (m)
Int. Frac. Int. Frac. Int. Frac. Int. Frac.
BR-365 0,00 105,00 17,00 2.117,00 0,00 95,00 19,79 1.919,79 -197,21
BR-153 0,00 101,00 19,00 2.039,00 0,00 101,00 19,00 2.039,00 0,00
Alça 01 0,00 41,00 6,40 826,40 0,00 46,00 17,76 937,76 111,36
Alça 02 0,00 23,00 10,00 470,00 0,00 25,00 16,80 516,80 46,80
Alça 03 0,00 33,00 4,00 664,00 0,00 23,00 8,67 468,67 -195,33
Alça 04 0,00 30,00 18,00 618,00 0,00 23,00 5,97 465,97 -152,03
Ramo A 0,00 14,00 14,00 294,00 0,00 18,00 19,53 379,53 85,53
Ramo B 0,00 23,00 8,00 468,00 0,00 16,00 8,22 328,22 -139,78
Ramo C 0,00 21,00 3,00 423,00 0,00 13,00 5,33 265,33 -157,67
Ramo D 0,00 21,00 18,00 438,00 0,00 24,00 5,31 485,31 47,31
Total 8.357,40 -551,02
Fonte: Comparativo de Projeto fornecido fiscal do Dnit x Projeto Geométrico Original

Ao final da fase de lances, a Construtora Gomes Lourenço S/A, vencedora do procedimento


licitatório, encaminhou a planilha detalhada com quantidades e preços, no valor de R$
39.672.627,86, contendo os mesmos quantitativos de serviços do Quadro Resumo de
Quantidades, apresentados no projeto e sua memória, em anexo ao edital

Em vistoria ao local das obras, pôde-se verificar a possibilidade de se estimar os serviços de


Proteção Ambiental, de Obras Complementares e de Pavimentação executados. Estes estudos
estão descritos nos itens a seguir.

a) Serviços de proteção ambiental: os quantitativos previstos no projeto original e na


planilha da proposta da empresa estão apresentados no Quadro a seguir:

Quadro VI – Quantidade prevista no projeto e na planilha da empresa vencedora


Quantidades
DISPOSITIVO PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL Unid.
Contratadas

Enleivamento (Alças e Ramos)


Enleivamento (Alças, Ramos e Canteiros Centrais) m2 341.055,00
Hidrossemeiaedura (Cortes, Aterros, Jazida e Canteiro de Obras 2
m 79.724,00
/Usinas)
Reconformação de terrenos (na jazida) m2 30.600,00
Plantio de arbustos e árvores unid. 2.917,00
Fonte: Quadro de Quantidades - Projeto

Cabe ressaltar que, por meio do projeto original, a equipe da CGU levantou os quantitativos
de eleivamento a serem executados na obra. O valor encontrado foi de 198.560,00 m 2 e não
341.055 m2, conforme o quadro de quantidades do projeto e da planilha vencedora. Verificou-
se, então, uma superestimativa do serviço no quantitativo de 142.495,00 m2, que, ao ser
multiplicado pelo valor unitário contratado de R$ 10,18/m2 (R$3.470.488,83/141.055m2),
representou uma superestimativa no valor de R$1.449.992,82, somente para o serviço de
eleivamento de Alças, Ramos e Canteiros Centrais.

Conforme as especificações técnicas apresentadas no projeto executivo, a reconformação do


terreno de jazidas e em taludes de cortes de aterros e canteiro de obras/usinas, deveriam ser
executados com a hidrossemeadura. Os serviços de enleivamento deveriam ser executados
somente em alças, ramos e canteiros centrais das rodovias. Entretanto, a execução de
enleivamento foi medida e paga na reconformação do terreno de jazidas, cujo valor unitário é
muito superior ao de hidrossemeadura.

Os quantitativos de enleivamento executados e estimados pela equipe da CGU estão


apresentados no Quadro a seguir:

Quadro VII - Quantidades de Serviços de Enleivamento e Hidrossemeadura executados


Enleivamento Hidrossemeadura
Local
(m2) (m2)
BR-365, BR-153, alças e ramos 62.082,75
Canteiro de Obras lado BR 365 (*) 1.800,00
Usina Asfalto (**) 4.500,00
Jazida (**) 30.600,00
Taludes de cortes e aterros 17.673,00
Total dos quantitativos de Serviços Executados 63.882,75 52.773,00
Total dos quantitativos previstos na Planilha Orçamentária 341.055,00 79.724,00
Obs:
(*) levantamento da parte frontal do Canteiro situado ao lado da BR-365 atual
(**) adotados os quantitativos da planilha orçamentária
Fonte: quadro de quantidade e planilhas de levantamento dos serviços

Conforme observado na visita técnica, junto à Rodovia BR-365 atual, a área interna do
Canteiro de obras/usina já era totalmente pavimentada bem antes da execução da obra. No
local, o fiscal da obra informou que somente foi executado o enleivamento na parte externa e
frontal margeando a BR-365. Desta forma, foi estimado a execução de 1.800 m2 em
eleivamento neste local. As seguintes fotos de execução do enleivamento foram apresentadas
nos relatórios de medições:

Foto 01 – enleivamento Foto 02 – dentro do Ramo B-


Foto 03 – na lateral da BR-365-
executado no canteiro central. gradeamento do terreno.
(8ª medição, 01 a 30/01/2015).
(6ª medição, 01 a 31/10/2014). (6ª medição, 01 a 31/10/2014).

Na BR-365, BR-153, alças e ramos, para fins do levantamento dos serviços de enleivamento,
que totalizaram 62.082,75 m², a equipe da CGU considerou a vegetação encontrada dentro do
Ramo B, bem como nas laterais das vias e ramos e canteiros centrais dos segmentos que
tiveram intervenção, com exceção do ramo C e D, que se encontravam na fase de
terraplenagem. A vegetação existente aparentava similaridade com aquela da região,
principalmente as encontradas nas pastagens laterais. Entretanto, por prudência, foi
considerada no cálculo do quantitativo executado. As fotos a seguir apresentadas, registradas
pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018, exemplificam a situação.

Foto 04 – Canteiro de obras/usina na lateral da BR- Foto 05 - Parte frontal do Canteiro de


365 atual - (16/05/2018). obras/Usina - (16/05/2018).
Foto 06 – enleivamento da BR-365- após a ponte,
Foto 07 – situação do Ramo B - (16/05/2018).
próximo à BR- 365 atual - (16/05/2018).

Foto 08 – na lateral da BR-365 projeto em execução Foto 09- Vista da vegetação na lateral à obra, área
- (16/05/2018). ainda sem intervenção - (17/05/2018).

b) As Obras Complementares medidas e pagas foram a remoção das cercas existentes e


a execução de novas cercas. Estas seguiriam o padrão do projeto e sua especificação, com
mourão pré-moldado de concreto de 1,50 m, a cada 2,50 m, seção quadrada com 4 ranhuras e
arame farpado em quatro linhas. Estas informações foram corroboradas com aquelas prestadas
pelo fiscal do contrato, em reunião feita no escritório do Dnit em Uberlândia/MG. Não foram
encontradas cercas executadas, no local, conforme o padrão do projeto executivo. As
existentes divergiam do modelo especificado, conforme fotos apresentadas a seguir,
registradas pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.
Foto 10 – Cercas encontradas no local
Foto 11 – Cerca de mourão de madeira diferente
diferentes do padrão especificado -
do padrão - (17/05/2018).
(17/05/2018).

c) Pavimentação - o projeto dos serviços de pavimentação da interseção definia as


“seções tipo” para cada via. O pavimento constituía-se dos seguintes elementos/camadas:

Figura III – Elementos/Camadas do Pavimento a ser executado

Em vistoria ao local das obras, foram levantados os serviços de pavimentação executados.


Verificou-se que a obra se encontrava tal como visualizada na foto a seguir apresentada, com
as devidas modificações ocorridas em decorrência da paralização da obra. A foto foi retirada
do Google Earth (imagens de 23/06/2017), ou seja, dois anos após a paralisação da obra.
Figura IV – Foto extraída do Google Earth (imagens de 23/06/2017)

Observação: indicações inseridas pela equipe da CGU

Observando os detalhes da foto acima, pode-se confirmar a situação das vias componentes do
trevo que serão descritas a seguir:

c.1) BR-365 anterior à BR-153 – após a Estaca 21 do projeto anterior e Estaca 7+10 do projeto
modificado, na confluência com a BR-365 atual - sentido Ituiutaba, ambas as pistas tiveram
início da fase de pavimentação, após um curto trecho terraplenado, seguido de outro executado
somente em base. A partir daí, verificou-se um maior trecho em camada granular (base) com
sinais de imprimação. Nestes trechos, pôde-se observar os elementos soltos, a base exposta e
com muito mato. Para efeito do levantamento, considerou-se como base imprimada. Na pista
da direita em direção a Ituiutaba, a base imprimada foi executada até pouco antes da sua junção
com o final do Ramo D. Já na pista da esquerda seguiu um pouco mais até antes da sua junção
com o início do ramo C, do projeto modificado.
Foto 12 – BR-365-Pista esquerda com base
Foto 13 – Pista direita – início da pista próximo
apresentando sinais de imprimação próximo à
a BR-365 atual - (17/05/2018).
BR-365 atual- (17/05/2018).

Foto 15 – Final da camada granular (base) com


Foto 14 – Detalhe camada granular (base) com sinais
sinais de imprimação da pista esquerda anterior
de imprimação - (17/05/2018).
ao início do Ramo C- (17/05/2018).

Entre os Ramos C e D, as pistas foram terraplenadas e os serviços encontravam-se bem


deteriorados conforme relatado em ponto específico deste relatório. A partir deste trecho até
a BR-153, não se pôde afirmar que houve execução de camada granular. As fotos a seguir
foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.

Foto 17 – Ambas as pistas terraplenadas abaixo


do Ramo C e parte superior ao Ramo D.
Foto 16 – Pista esquerda em direção a BR 153,
Verifica-se o final da base imprimada da pista
vista ao fundo - (17/05/2018).
esquerda, antes de sua junção com o ramo C -
(17/05/2018).

c.2) BR-365 depois da BR-153 (sentido Ituiutaba) - os serviços executados foram pontuados
a partir das obras de execução das Passagens Inferiores (fotos 18). A pista da direita
apresentou um pequeno trecho executado com apenas base, seguido de um mais extenso em
CBUQ de 4 cm e, na sequência, um seguimento em Tratamento Superficial Simples–TSS,
finalizando em base de brita, anteriormente ao pátio de vigas da Ponte Montante do Ribeirão
Monte Alegre. Diferentemente, a pista esquerda iniciou-se a partir da PI, com um trecho mais
longo em base (foto 18 e 19), seguido de outro em CBUQ de 4 cm, menor que o da direita. A
execução do TSS na pista esquerda (foto 20) foi mais extensa que o TSS da direita (foto 20 e
21). Finalizou com curto trecho em base, anterior ao pátio de vigas. Os referidos serviços
executados podem ser visualizados na figura IV acima e nas fotos registradas pela equipe de
fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018, apresentadas a seguir:

Foto 18- Vista do trecho de ambas as pistas com Foto 19 – vista de ambas as pistas. O asfalto da
CBUQ de 4 com de espessura. Verifica-se o pista esquerda (à direita na foto) iniciou bem
início da execução do CBUQ da Pista esquerda depois do CBUQ da pista direita (à esquerda na
posteriormente ao da pista direita - (16/05/2018). foto) - (16/05/2018).

Foto 20 – Pista esquerda-serviços em CBUQ de 4


Foto 21 – Pista direita - final da pista em CBUQ
cm de espessura, seguido de TSS e base no final -
de 4 cm e início do TSS - (16/05/2018).
(16/05/2018).

Cabe observar que o canteiro central não seguiu a largura de 6 m conforme determinava o
projeto original.

c.3) BR-153 em direção à Prata/MG – A pista direita da duplicação da BR-153 entre a


Passagem Inferior e o final da Alça 3 encontrava-se apenas terraplenada. Posteriormente à
Alça 3, ocorreu execução do pavimento na BR-153, até a camada de CBUQ. O primeiro trecho
com 4 cm de espessura, seguido de um trecho com parte da largura da pista executada na
espessura de 8 cm e parte com 4 cm, finalizando com um trecho de 8 cm. As fotos a seguir
foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.
Foto 22 - BR-153 – Pista entre a BR-153 e Ramo B Foto 23 - BR-153 – Trecho executado com
anterior ao final da Alça 3, ainda em terraplenagem - CBUQ, parte com 4 cm e parte com 8 cm -
(16/05/2018). 16/05/2018).

Foto 24 - BR-153 – Detalhe -Trecho executado em Foto 25 - BR-153 – Inicio do trecho final
CBUQ com 4 cm de espessura – (16/05/2018). executado com CBUQ de 8 cm - (16/05/2018).

c.4) Desvio executado na BR-153 – Embora não contivesse informação de que o desvio seria
medido e pago, sua execução ocorreu para viabilizar a execução dos serviços das Passagens
Inferiores, tais como os caminhos de serviços, que são, normalmente, executados e
incorporados aos custos dos serviços elencados na planilha. De forma contrária, o pavimento
do desvio na BR-153 foi quantificado e acrescido aos quantitativos dos serviços executados.

c.5) Alça 1 – Ainda sem execução. Será coincidente, com poucas alterações, com a atual pista
da BR-365, anterior à rotatória existente entre as duas rodovias.

c.6) Alça 2 – Ainda sem execução. Foi solicitada a retirada da pista quando da solicitação de
aprovação do Projeto Modificado, situação que foi abordada em ponto específico deste
Relatório.

c.7) Alça 3 - Foi avaliada a partir da pista esquerda da BR-365 em execução, iniciando com
um primeiro trecho executado em CBUQ de 4 cm de espessura, seguido de um trecho em que,
metade da pista apresentou 8 cm e metade em 4 cm, findando com 8 cm de CBUQ na largura
total. Seguiu, nesta espessura, por um bom trecho e terminou com a espessura de 4 cm em um
trecho menos extenso. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias
16 e 17 de maio de 2018.
Foto 26 –Trecho em CBUQ com 4 cm de Foto 27 – Parte da pista em CBUQ de 4 cm e
espessura - (16/05/2018). metade com CBUQ de 8 cm - (16/05/2018).

Foto 28 – Final do primeiro trecho com a alteração Foto 29–Vista das diferentes espessuras na
de espessura (16/05/2018) Alça 3 (16/05/2018)

c.8) Alça 4 – Foi avaliada a partir da BR-153 no sentido Uberlândia. O pavimento terminou
bem antes do final de sua interseção com a BR-365 atual. Iniciou-se com um trecho mais
extenso executado em CBUQ na espessura de 4 cm, seguido de um curto trecho final com
execução apenas em base granular. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de
fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.
Foto 31 – Vista do trecho final da Alça 4
Foto 30 - vista da Alça 4 (17/05/2018)
anterior a BR- 365 atual (17/05/2018)

c.9) Ramo A – Ramo A –Verificou-se que a sua execução teve início em base imprimada a
partir da BR-365 em execução até a proximidade da atual BR-365, finalizando com pequeno
trecho em somente base. A maior parte deste ramo não sofreu intervenção, tendo em vista que
sua execução interfere com a atual via da BR-365, logo posterior à rotatória atual, em direção
a Ituiutaba. E desta, com a atual via que tangencia a rotatória, em direção à cidade de
Prata/MG. Além deste fato, o ramo finalizaria na pista direita da BR-153, ainda sem execução.
Assim, o trecho restante só poderá ter continuidade após a conclusão das PI’s e da BR-365,
possibilitando a transferência do tráfego para a nova via. As fotos a seguir foram registradas
pela equipe de fiscalização nos dias 16 e 17 de maio de 2018.

Foto 32 - Fim da execução da base imprimada e final


em base - (16/05/2018).
Foto 33 - Vista do pavimento executado no Foto 34 - Detalhe do Pavimento do Ramo A
Ramo A - (16/05/2018). (vigas da ponte ao fundo) - (16/05/2018).

c.10) Ramo B - Este ramo tem início na pista direita da BR-153 a ser duplicada, após a
Passagem Inferior, local ainda sem pavimento, conforme comentado no item c3 e termina na
BR-365 em execução. A partir de pequena distância ainda em terraplenagem, iniciou-se a
pavimentação do ramo com um curto trecho executado em base, seguido de um trecho mais
extenso em CBUQ de 4 cm de espessura. Finalizou em pequeno segmento em base, bem antes
da sua junção final com à BR-365 do projeto executado, região ainda em etapa de
terraplenagem. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de fiscalização nos dias 16 e
17 de maio de 2018.

Foto 36 – Base do trecho final do Ramo B - com


Foto 35 – Base no final do Ramo B e vista do
sulcos de decorrentes de enxurradas na lateral -
trecho em CBUQ de 4 cm - (17/05/2018).
(17/05/2018)

c.11) Ramo C e D – Identificou-se apenas os serviços de terraplenagem no Ramo C e, também,


na parte final do Ramo D. As fotos a seguir foram registradas pela equipe de fiscalização nos
dias 16 e 17 de maio de 2018.
Foto 38 – Vista do início do Ramo C -
Foto 37 – Início do Ramo C - (17/05/2018).
(17/05/2018).

Foto 39– Vista ao fundo do final do Ramo C -


Foto 40 - Vista topo do Ramo C - (17/05/2018).
(17/05/2018).

Foto 41 – Terraplenagem de parte do Ramo D. Foto 43 - Início dos serviços de terraplenagem no


Vista ao fundo da BR365 e Posto Trevão - final do Ramo D, à direita, junto à pista da BR-
(17/05/2018). 365, no trecho anterior à BR-153 - (17/05/2018).

Os quantitativos de serviços de eleivamento/hidrossemeadura, de execução de cercas e de


pavimentação, efetivamente executados foram estimados a partir do levantamento em campo,
por amostragem, e com a adoção das informações técnicas do projeto. Com relação
especificamente aos serviços de pavimentação, os quadros VIII e IX a seguir detalham os
quantitativos levantados pela equipe como executados para cada trecho da obra:

Quadro VIII –Cálculo das áreas e volumes das etapas do Pavimento por via
Vol.
Área (m2)
(m3)
Vias
BR- Desvio Alça Ramo Ramo Total Total
BR-365 Alça 04
153 BR-153 03 A B (m2) (m3)
Regul. Subleito 17.887,50 3.576,00 3.900,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 38.151,26
Sub-base 17.887,50 3.576,00 3.600,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 37.851,26 6.813,23
Base 17.157,00 3.576,00 3.600,00 4.087,38 3.942,50 1.254,00 3.049,50 36.666,38 5.499,96
1ª Imprimação 17.887,50 3.576,00 3.600,00 4.237,96 4.087,75 1.300,20 3.161,85 37.851,26
2ª Imprimação 13.409,55 3.576,00 3.600,00 4.087,38 3.942,50 1.064,00 2.574,50 32.253,93
Total imprimação 31.297,05 7.152,00 7.200,00 8.325,34 8.030,25 2.364,20 5.736,35 70.105,19
TSS 6.264,00 3.576,00 3.300,00 3.764,69 3.631,25 980,00 2.371,25 23.887,19
Pintura Ligação 3.540,00 3.576,00 3.300,00 3.764,69 3.631,25 2.371,25 20.183,19
CBUQ 4 cm 3.510,50 3.576,00 3.150,00 3.528,05 3.403,00 2.222,20 19.389,75 775,59
CBUQ 4 cm 1.768,00 3.000,00 2.708,05 7476,05 299,042
Total CBUQ 8 cm 3.510,50 5.344,00 6.150,00 6.236,10 3.403,00 0,00 2.222,20 26.865,80 1.074,63
Obs.: Para efeito de levantamento, considerou-se o comprimento apurado “in loco”, a espessura do pavimento de
projeto (18 cm de sub-base, 15 cm de base e 2 camadas de CBUQ de 4 cm (8 cm)) e as larguras adotadas no Quadro de
Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação constante do Projeto Original, para cada via.
Fonte: Levantamento “in loco” e Quadro de Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação

Quadro IX–Consumo do Material Betuminoso


Consumo de Materiais betuminoso (t)
Vias Total (m2) Total (m3) Total (t)
Imprimação - CM-30 70.105,19 - 84,13
Tratamento Superfical Simples -TSS (RR-2C) 23.887,19 - 28,66
Pintura Ligação – (RR-1C) 20.183,19 8,07
CBUQ - Cimento asfáltico de petróleo modificado 26.865,80 1.074,63 161,18
Obs.: Foram adotados as densidades e os índices de consumo do Quadro de Demonstrativo do Consumo de Materiais e do Quadro
Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação constante do Projeto Original: (CM-30, RR-2C e TSS=0,0012 t/m2 e
CBUQ com densidade de 2,50 t/m3 e consumo de 0,06 t/t.).
Fonte: Demonstrativo do Consumo de Materiais e Demonstrativo dos Quantitativos dos Serviços de Pavimentação

Comparando os quantitativos apurados pela equipe da CGU com os serviços medidos e pagos
na planilha da última medição acumulada, em percentuais dos itens contratados, identificou-
se um superfaturamento estimado no valor de R$ 8.449.854,24, conforme a tabela apresentada
a seguir:

Quadro X – Planilha de Cálculo do Superfaturamento


Quant. Valor
Super-
Valor executada serviço
Preço faturamento,
Item Discriminação do Serviço Unid. medido e estimada efetivamente
Unit. (e) estimado =
pago ( c) pela CGU executado
(c)-(f)
(d) (f)
DISPOSITIVO PARA PROTEÇÃO AMBIENTAL
19955 Enleiva. e Reconform do Terreno
Enleivamento (Alças, Ramos e Canteiros
centrais)
m2 3.165.671,16 63.882,75 10,18 650.054,59 2.515.616,57
Enleivamento (jazida) m2 618.416,02 0,00 23,23 0,00 618.416,02
19956 Hidrossemeadura
Hidrossemead (cortes, aterr, jazida e cant.
obras/usinas)
m2 0,00 35.100,00 1,14 39.856,32 -39.856,32
Total Proteção Ambiental 3.784.087,18 624.279,90 3.094.176,27
5 OBRAS COMPLEMENTARES
19959 Cerca arame e remoção
Cerca arame farp. c/ mourão concr. seç
m 105.917,56 0,00 28,34 0,00 90.029,93
quadrada
Remoção de Cercas m 12,43 15.887,63 0,00
T.Obras Complementares m 105.917,56 15.887,63 90.029,93
6 PAVIMENTAÇÃO
Regulaz.camadas Granul. Imprimação,
4.741.305,39 2.472.120,03 2.269.185,36
19961 incl. Fornec. Trasporte de CM-30
2
Regularização do subleito m 38.151,26 1,06 40.485,57
Sub-Base de Solo-Cimento (cascalho mais 1.706.869,94 691.838,57
m3 6.813,23 143,04 974.545,81
3,5% de cimento) EC-PV 02
Base Solo-Cimento (80,5% cascalho +
m3 2.086.174,37 5.499,96 217,54 1.196.477,17 889.697,20
14% areia + 5,5% de cimento)
Imprimação (CM-30) m2 70.105,19 0,35 24.798,20
Fornecimento asfalto diluído CM-30 t 948.261,08 84,13 2.492,16 209.656,13 687.649,60
Transporte asfalto diluído CM-30 t 84,13 310,93 26.157,14
Pint.Ligação, TSS, CBUQ, Micro-Conc.
Asfalt. frio, incl. Fornec. Transp. Mat. 3.850.790,49 854.327,82 2.996.462,67
19962 asfáltico
Trat. Superf. Simples c/ emulsão asfáltica
modific. polímero (RR-2C)
m2 23.887,19 1,51 36.127,90
Fornec. emulsão asfált. RR-2C modificada
t 84.958,65 28,66 1.162,80 33.331,36 8.685,42
polímero
Transp. emulsão asfáltica RR-2C modif.
t 28,66 237,71 6.813,96
polímero
Pintura de Ligação (RR-1C) m2 20.183,19 0,22 4.447,47
Fornec.emuls. asfál. RR-1C t 8,07 993,26 8.018,87
Transp. emulsão asf. RR-1C 91,8 t 46 t 8,07 237,71 1.919,12
CBUQ usinado a quente c/ asfáltico
t 2.686,58 134,33 360.879,09
petróleo modif. com polímero
Fornec.cimento asfáltico petróleo modif.
t 161,18 2.221,69 358.089,22
polímero
3.765.831,84 2.987.777,25
Transp.cimento asfált. petróleo modif.
t 161,18 277,34 44.700,81
polímero 926,5 t 1.393
MicroConcr. Asf. Frio mod polímero m2 0,00 4,66 0,00
Fornec.emulsão asf.RL-1C modif.
t 0,00 1.322,80 0,00
polímero
Transp. emulsão asfáltica RL-1C modif.
t 0,00 237,71 0,00
polímero 91,8 t 337
Total Pavimentação 8.592.095,88 3.326.447,84 5.265.648,04
Total Superfaturamento 8.449.854,24
Observação:
1-Os custos unitários foram calculados pela divisão dos valores contratados pelos quantitativos, tais como o valor de R$ 10,18/m2 referente
ao m2 de enleivamento (alças e ramos, apurado pela divisão do valor total da planilha de medição para o item (R$ 3.470.488,8), dividido
pela quantidade contratada de eleivamento (341.055,00 m2).
2-Os custos unitários dos itens de pavimento, foram calculados pelos itens contratados da planilha sintética, no valor de R$ 36.298.000,00
e ajustados pela soma dos valores dos mesmos itens da planilha detalhada apresentada, pela empresa CGL no valor de R$ 39.672.627,86.
Fonte: Planilha da 18º Medição Acumulada e Planilhas de levantamentos dos Serviços

O superfaturamento estimado representa 23,28% do valor contratado, no valor de R$


36.298.000,00, e 38,06% do valor total medido e pago no total de R$ 22.200.247,92. A
medição e o pagamento de quantitativos de serviços não efetivamente executados indica
possíveis ilícitos previstos nas Leis nº 8.112/90, nº 12.846/2013 e 8.666/93.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a


análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
trI
o
aliseC
n
/A
#

Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores pela medição de serviços não efetivamente executados, ofertando-se o devido
contraditório e ampla defesa.

Recomendação 2: Que o DNIT promova ações com vistas ao ressarcimento do valor de R$


8.449.854,24 (data-base setembro/2012), devidamente atualizado, relativo ao
superfaturamento na execução de serviços pagos e não efetivamente executados.

Recomendação 3: Que o DNIT promova, nos termos da Lei nº 12.846/2013 e do Decreto nº


8.420/2015, a apuração de responsabilidade administrativa da empresa responsável pelas
obras, Construtora Gomes Lourenço S.A., CNPJ 61.069.050/0001-10, em decorrência da
medição e do pagamento de serviços não efetivamente executados, ofertando-se o devido
contraditório e ampla defesa à empresa contratada.

Recomendação 4: Que o DNIT promova, nos termos da Cláusula Décima do Contrato TT-
00466/2014 e do art. 87 da Lei nº 8.666/93, a instauração de processo administrativo de
apuração de responsabilidades (PAAR) com vistas à aplicação das devidas sanções à empresa
supervisora das obras, Etel Estudos Técnicos Ltda., CNPJ 76.509.686/0001-02, em
decorrência da mesma não ter identificado as divergências entre os quantitativos medidos e
os efetivamente executados durante o acompanhamento da execução da obra, ofertando-se o
devido contraditório e ampla defesa.

2.1.5. Sobrepreço decorrente da falta de ajuste da planilha contratada pela alteração


do projeto.

Fato

Na Nota Técnica constante do Processo Administrativo nº 50600.009070/2015-27, relativo à


1ª Revisão de Projeto em Fase de Obra - RPFO, o Supervisor da UL em Uberlândia à época
(que também era e permanece sendo o fiscal do Contrato TT-829/2013-01) afirmou que “as
alterações sugeridas nesta readequação causaram o remanejamento de quantitativos sem
gerar reflexo financeiro”. Deve-se ponderar, entretanto, que dificilmente uma readequação
como foi feita, com alterações significativas nos comprimentos da BR-365, nas Alças 3 e 4 e
nos quatro Ramos, não causaria reflexo financeiro.

Dessa forma, a fim de verificar se houve alteração do valor contratado, a equipe de fiscalização
da CGU efetuou, por amostragem, medições nos serviços de pavimentação, utilizando a planta
“Comparativo Projetos – Projeto Original x Projeto Executado”, disponibilizada pelo fiscal
da obra para a 1ª RPFO. Comparando-se as quantidades apresentadas no “Quadro de
Quantidades”, folha IN-05 do Volume 2 – Projeto de Execução original, de março de 2010,
com as quantidades calculadas pela equipe de fiscalização a partir do projeto comparativo,
verificou um sobrepreço de R$1.038.752,70, apenas nos serviços de pavimentação, decorrente
da modificação do projeto, com redução nos quantitativos originais, conforme planilha abaixo.

Quadro XI – Planilha de sobrepreço nos serviços de pavimentação decorrente da alteração


do projeto.

Fonte: elaborado pela equipe da CGU, baseando-se no “Quadro de Quantidades” folha IN-05 do Volume 2 –
Projeto de Execução original, de março de 2010, e os cálculos a partir a planta “Comparativo Projetos – Projeto
Original x Projeto Executado” disponibilizado pelo fiscal do contrato.

ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
m
x
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U
ifestco
an
/M
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Análise do Controle Interno

Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a


análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
trI
o
aliseC
n
/A
#

Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores, em razão da execução da obra com alterações de quantitativos sem a celebração
de termo aditivo modificando as quantidades contratadas, ofertando-se o devido contraditório
e ampla defesa.

Recomendação 2: Que o DNIT informe à Diretoria do Departamento de Outorgas de


Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e
à Agência Nacional de Transportes Terrestres acerca da necessidade de realizar levantamentos
para verificar os quantitativos dos serviços remanescentes, tendo em vista que a alteração dos
quantitativos decorrentes da modificação da obra não foram registradas pela Autarquia.

2.1.6. Defeitos na obra do Trevão, em decorrência da execução incompleta e de


problemas decorrentes da paralisação do empreendimento.

Fato

Durante inspeção física, realizada pela equipe de fiscalização da CGU no local do


empreendimento, entre 15 e 17/05/2018, verificou-se que a interrupção da execução da obra
há aproximadamente três anos vem trazendo diversos problemas, em decorrência do estágio
em que os serviços foram interrompidos. Adiante, são listados os problemas decorrentes da
paralisação da obra e da execução incompleta dos serviços:

a) A ausência e/ou precariedade de cobertura vegetal, a falta de alguns elementos de drenagem


e o estágio no qual se encontrava a pavimentação, provocaram erosões em diversos pontos,
necessitando assim de realização de serviços, a fim de recuperar os locais erodidos. As fotos
a seguir mostram alguns dos locais com erosão:

Foto 44 – início da formação e agravamento da Foto 45 – erosão no talude, vista do eixo onde
erosão - (17/05/2018). está sendo implantada a BR-365 - (17/05/2018).
Erosão no talude de corte da pista esquerda da BR-365 (próxima à estaca 27, anterior ao Ramo C,
sentido Uberlândia à Ituiutaba), que se origina no terreno próximo à BR 365 e o Ramo C (falta de
cobertura vegetal e de elementos de drenagem).
Foto 46 – início da erosão no terreno próximo ao Foto 42 – erosão no talude, vista no início do
Ramo C - (17/05/2018). Ramo C - (17/05/2018).
Erosão no talude de corte do lado direito do Ramo C (próxima à estaca 1), que se origina no terreno
próximo à BR 365 e o Ramo C (falta de cobertura vegetal e de elementos de drenagem).

Fotos 48 e 49 – erosão na pista do Ramo C e falhas nos taludes, vistos entre as estacas 2 e 4 -
17/05/2018).
Erosão na pista do Ramo C, onde foi realizada apenas terraplenagem (falta de pavimentação e de
elementos de drenagem) e falhas nos dois taludes de corte do Ramo C (falta de cobertura vegetal).

Foto 50 - erosão no canteiro central da BR 365 - Foto 51- erosão na pista direita da BR 365 -
(17/05/2018). (17/05/2018).
Erosão no canteiro central e na pista direita da BR 365 no sentido Uberlândia a Ituiutaba, entre as
estacas 27 a 29, local onde foi realizada apenas terraplenagem (falta de pavimentação e de elementos
de drenagem).
Foto 52 – formação da erosão na lateral direita da
Foto 53 – final da erosão - (17/05/2018).
pista - (17/05/2018).
Erosão entre a pista e o talude de corte do lado direito da Alça 4 (precariedade de cobertura vegetal e
falta de elementos de drenagem).

Foto 49 – formação da erosão - (16/05/2018). Foto 50 – final da erosão, próxima ao bueiro -


(16/05/2018).
Erosão no início da pista do Ramo B (falta de pavimentação e de elementos de drenagem).

Fotos 51 e 52 – carreamento de material sob valeta/sarjeta - (16/05/2018).


Carreamento de material sob valeta/sargjeta entre a Alça 3 (próximo às estacas 7 e 8) e o Ramo B
(próximo às estacas 12 e 13) por precariedade de cobertura vegetal).

b) A concretagem e protensão das vigas longarinas das pontes da BR-365/MG sobre o Rio
Monte Alegre nos terrenos próximos às duas cabeceiras das pontes, há mais de três anos, sem
que as mesmas tenham sido transportadas para as pontes e efetuado o travamento das mesmas,
conforme registro fotográfico adiante, torna necessário que se faça uma avaliação técnica para
determinar se as longarinas estão aptas a serem utilizadas.
Foto 53 – vigas longarinas concretadas e Foto 54 – vigas longarinas concretadas e
protendidas próximas às duas pontes sobre o Rio protendidas próximas às duas pontes sobre o Rio
Monte Alegre, no lado montante - (16/05/2018). Monte Alegre, no lado jusante - (16/05/2018).

c) A exposição a intempéries da ferragem de algumas importantes estruturas de concreto,


como pilares de pontes e de passagens inferiores, conforme registro fotográfico adiante, torna
necessário que se faça uma avaliação técnica para determinar se tais ferragens estão aptas a
serem utilizadas.

Foto 55 – ferragem exposta no topo de todos os Foto 56 – ferragem exposta no topo de pilares da
pilares da Passagem Inferior Esquerda - Ponte sobre o Rio Monte Alegre – montante -
(17/05/2018). (16/05/2018).

ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Ofício nº 33652/2018/NAA – MG/SRE – MG – DNIT, de 14 de setembro de


2018, o Superintendente Regional do DNIT no Estado de Minas Gerais apresentou a seguinte
manifestação:
“1. Em atendimento ao ofício epigrafado, esclarecemos que, efetivamente, não foi possível
apresentar as justificativas do DNIT, no prazo concedido, devido ao elevado número de
instâncias e interessados envolvidos no contrato ora auditado.
2. Assim, informamos que os esclarecimentos serão prestados diretamente aos gestores
responsáveis pelo Programa de Fiscalização dos Entes Federativos [...]”.
m
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Análise do Controle Interno


Diante da ausência de manifestação da unidade examinada após a apresentação dos fatos, a
análise do Controle Interno sobre a constatação consta registrada acima, no campo “fato”.
trI
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Recomendações:
Recomendação 1: Que o DNIT instaure, nos termos do "caput" do art. 143 da Lei nº
8.112/1990, procedimento administrativo disciplinar para a apuração de responsabilidades de
servidores, em razão da execução incompleta de serviços que resultaram em erosões e na
necessidade de reexecução desses serviços, ofertando-se o devido contraditório e ampla
defesa.

Recomendação 2: Que o DNIT informe à Diretoria do Departamento de Outorgas de


Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil e
à Agência Nacional de Transportes Terrestres acerca da necessidade de realizar levantamentos
para verificar os quantitativos dos serviços que terão que ser executados novamente em
decorrência de erosões, bem como avaliar as estruturas das vigas longarinas das pontes e as
estruturas de concreto que possuem ferragens expostas, sujeitas a intempéries, a fim de
verificar se estão em condições de serem utilizadas.

2.2 Parte 2

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.

3. Conclusão

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada e exige providências imediatas de regularização por parte dos gestores federais, com
vistas à elisão dos pontos ressalvados no presente relatório, relativos à situação encontrada até
maio/2018 e sintetizados a seguir:

a) Para a medição da obra, que adotou o regime de execução de empreitada por preço
global, foi utilizada planilha sintética, com itens agrupados, o que contraria a jurisprudência
do TCU, tendo em vista que dificulta tanto a formulação das propostas, como a própria
medição dos serviços.
b) O inventário das propriedades existentes não detectou o local correto de uma escola
municipal que está em funcionamento, fazendo com que o eixo da BR 365 fosse projetado
sobre a escola. Em virtude dessa falha do projeto de desapropriação e como a obra foi
executada sem a remoção das edificações (moradias, comércio e a escola municipal) que
existem em toda sua área de intervenção, o eixo executado da BR 365 foi deslocado para o
sul em relação ao projetado, acarretando em readequações planialtimétricas na BR 365 e
principalmente em alças e ramos.
c) O DNIT autorizou o início da execução da obra em 06/01/2014, com a ciência do fiscal
da obra de que o eixo projetado da BR 365 passava sobre a escola municipal que estava em
funcionamento, sem providenciar a remoção da mesma, conforme informado acima. Isso
acarretou em readequações planialtimétricas na BR 365 e em alças e ramos. Somente em
17/06/2015 é que o fiscal do contrato elaborou Nota Técnica informando a necessidade de
Revisão de Projeto em Fase de Obras, visando a readequação do projeto, em função da
alteração do traçado e da supressão da Alça 2. Entretanto, em 26/08/2015, a CGCONT emitiu
o 1º Parecer Técnico e, em 25/11/2015, o 2º Parecer Técnico, concluindo que raios de curvas
e rampas de algumas alças e ramos propostos na adequação estavam foram dos parâmetros
técnicos do DNIT e solicitando a apresentação de justificativas técnicas para as alterações.
Em 13/04/2017, o fiscal do contrato informou que estava em elaboração nova proposta de
RPFO, que seria em breve encaminhada à SREMG para avaliação. No processo encaminhado,
não consta essa nova proposta de RPFO.
d) Tendo em vista que não houve aprovação, pelo setor competente do DNIT, do projeto
alterado, que foi encaminhado intempestivamente ao mesmo, a obra do Trevão foi paralisada
em 13/06/2015 e o contrato foi suspenso em 25/06/2015.
e) O DNIT, em ofício encaminhado à Diretoria do Departamento de Outorgas de
Transportes Terrestres e Aquaviário do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil,
no qual solicitou que a obra do Trevão fosse incluída no escopo do projeto de concessão,
especificamente devido ao período de grande restrição orçamentária e financeira imposta à
Autarquia, não informou que a obra foi executada diferentemente do projeto original e que foi
criado um impasse dentro do próprio DNIT, tendo em vista que a posição do órgão técnico
responsável pela análise e aprovação da revisão de projeto apontou que, da forma como está
sendo executada a obra, há comprometimento da segurança, ao contrário do entendimento da
fiscalização da obra.
f) Houve pagamento superfaturado de serviços de proteção ambiental (enleivamento e
reconformação do terreno), tendo em vista que a área medida e paga, que corresponde às
quantidades de projeto, são muito maiores que a área real total de execução dos serviços. Além
disso, foi medida e paga a execução de enleivamento em jazidas, quando na verdade foi
projetada a execução de hidrossemeadura.
g) Houve pagamento superfaturado de serviços de proteção ambiental (enleivamento) e
de pavimentação executados a menor e de obras complementares (cercas de arame) não
executados.
h) A obra foi executada segundo novo traçado na BR 365, o que alterou as quantidades
dos serviços executados em todo o perímetro da intervenção. Entretanto, não foi
providenciada a alteração da planilha contratada.
i) Na inspeção física da obra, ocorrida em maio de 2018, verificou-se a existência de
erosões e deterioração de alguns serviços, como drenagem superficial, sub-base e base, em
virtude de não complementação do serviço de drenagem, além da precariedade com que foi
executada a cobertura vegetal.
Ordem de Serviço: 201800261
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: UBERLANDIA
Montante de Recursos Financeiros: R$ 12.271.102,72

1. Introdução

Este relatório apresenta os resultados da ação de controle de fiscalização realizada no


período de 06 a 10 de março de 2018 nas obras de construção de três unidades de pronto
atendimento -UPA, nas localidades: Cidade Verde ( Córrego do Óleo), Novo Mundo e
Pacaembu III, todas situadas no Município de Uberlândia/MG, em atendimento à Ordem de
Serviço nº 201800261.

Ressalta-se que os empreendimentos estão sendo executados com recursos repassados pelo
Fundo Nacional de Saúde- FNS, mediante os seguintes processos: - Processo nº
25000.141524/2010-61, Proposta nº 18431312000110000, Portaria nº 2736/GM, valor do
repasse de R$ 2.600.000,00; - Processo nº 25000.147513/2010-94; Proposta nº
18431312000110000, Portaria nº 2915/GM, valor do repasse de R$ 2.600.000,00; - Processo
nº 25000.141528/2010-49; Proposta nº 18431312000110000, Portaria nº 2737/GM, valor do
repasse de R$ 2.600.000,00.
A fiscalização dos repasses para as três obras compreendeu a análise documental com
fiscalização “in loco” para avaliar a atuação da Prefeitura Municipal de Uberlândia na
aplicação dos recursos transferidos ao município e englobou a verificação da conformidade
das contratações; a verificação da execução financeira e do cronograma; a verificação da
execução física dos serviços; e a verificação do cumprimento dos objetivos do programa.

Os trabalhos foram realizados junto à Prefeitura Municipal de Uberlândia/MG em estrita


observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço Público Federal, tendo sido
utilizadas as técnicas de análise documental, inspeção física, conferência de cálculos,
entrevistas e indagação escrita. Não foi imposta à equipe de fiscalização qualquer restrição
à execução deste trabalho.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de


medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais.

2.1.1. Paralisação das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, com risco de
perdimento do objeto.

Fato

O Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 342, de 04/03/2003, lançou a Política


Nacional de Urgência e Emergência com o intuito de estruturar e organizar a rede de
urgência e emergência no País. O objetivo desta política foi integrar e articular todos os
estabelecimentos de saúde, com vistas a diminuir as filas nos prontos-socorros dos hospitais,
evitando que casos que possam ser resolvidos nas UPA’s, ou unidades básicas de saúde,
sejam encaminhados para unidades hospitalares. Outrossim, de acordo com a Portaria nº
1.601, de 07/07/2011, em seu artigo 3º, uma UPA de Porte III, tais quais as previstas para o
Município de Uberlândia, dispõe de um mínimo de 15 leitos de observação e têm capacidade
para atender até 450 pacientes, no período de 24 horas. Ademais, segundo estudos do
Ministério da saúde, 97% dos casos são solucionados na própria unidade.

Em 21/09/2010, foi assinada a Portaria nº 2915/GM, de 21/09/2010, a qual, mediante seu


art. 1º, habilitou a Unidade de Pronto Atendimento - UPA, no loteamento Cidade Verde II
(Córrego do Óleo), UPA Porte III, em Uberlândia/MG. A proposta para a liberação de
recursos referentes a essa UPA, cadastrada no sistema SISPAG, recebeu o nº
18431.312000/1100-05. O valor da proposta foi de R$ 2.600.000,00 e, de acordo com a
Portaria GM nº 1.020, de 13/05/2009, o cronograma de desembolso para os repasses
deveriam obedecer aos seguintes critérios:

Tabela I - Cronograma de Desembolso

Cronograma de Desembolso Financeiro - Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009

I - Primeira Parcela equivalente a 10% do valor aprovado após


260.000,00
publicação da portaria específica de habilitação
II- Segunda parcela equivalente a 65% do valor total
aprovado, mediante apresentação da respectiva ordem de
início dos serviços, assinada por profissional habilitado
no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e 1.690.000,00
Agronomia - CREA, ratificada pelo gestor pelo gestor
local e pelo Conselho Intergestores Bipartite-CIB e
autorizada pela Secretaria de Atenção à Saúde.
III- terceira parcela equivalente a 25% do valor total
aprovado, após conclusão da edificação da unidade e
apresentação do respectivo atestado, assinado por
assinada por profissional habilitado no Conselho
650.000,00
Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia-
CREA, ratificada pelo gestor pelo gestor local e pelo
Conselho Intergestores Bipartite-CIB e autorizada pela
Secretaria de Atenção à Saúde

55 de 302
2.600.000,00
Fonte: Cronograma de Desembolso- Anexo à Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009.

Para o caso da UPA Cidade Verde II (Córrego do Óleo), as liberações, até o momento da
fiscalização, ocorreram da seguinte forma:

Tabela I - Repasse para UPA Cidade Verde II

Valor
Data do
Parcela Repassado
Repasse
(R$)
1 16/11/2010 260.000,00
2 30/04/2014 1.690.000,00
Total 1.950.000,00
Fonte: Documentação referente à liberação de recursos

Conforme abordado em item específico deste relatório, sagrou-se vencedora da


Concorrência nº 002/2014, para execução das obras de construção da UPA Cidade Verde
(Córrego do Óleo), a empresa Brasil Construções e Montagens Ltda. (CNPJ nº
04.129.964/0001-95), com proposta de R$ 3.671.355,68. Os atos de homologação e
adjudicação do objeto deram-se em 20/03/2014. Nessa mesma data, foi celebrado o
Contrato nº 134/2014 com a referida empresa, no valor retrocitado. O prazo fixado para
execução das obras foi inicialmente de 6 meses, contados da ordem de início, lavrada
também em 20/03/2014. Entretanto, o referido contrato foi aditivado em 5 ocasiões, a saber:
Quadro II- Termos Aditivos ao Contrato nº 134/2014
Termo Data de Objeto Justificativa
Aditivo Celebração
01 04/12/2014 prorrogação de Realização de estudos para possíveis
prazo de execução alterações arquitetônicas, para
das obras por mais atender às exigências normativas
10 meses ( relativas à acessibilidade; atraso na
20/09/2014 a aprovação, pelos órgãos
19/07/2015) competentes, dos projetos elétricos e
hidrosanitários.
02 10/03/2015 altera conta Mudança do agente financeiro
corrente relativa ao
pagamento da
dotação
orçamentária.

56 de 302
03 15/07/2015 prorrogação de Realização de estudos para possíveis
prazo de execução alterações arquitetônicas, para
das obras por mais atender às exigências normativas
365 dias ( relativas à acessibilidade;estudos
20/07/2015 a para possíveis alterações nas
18/07/2016) especificações do contrato, tendo em
vista alterações ocorridas nos
serviços de terraplenagem, que
sofreram alterações devido ao local
de instalação da obra.
04 06/08/2015 Acréscimos de Levantamento planialtimétrico
serviços na ordem georreferenciado efetuado, apurou
de R$ 159.393,44, divergências nos quantitativos
referente a constantes da planilha licitada, com
diferenças apuradas relação aos volumes de cortes e
entre volumes de aterros.
cortes e aterros.
05 15/07/2016 prorrogação de Morosidade no repasse de recursos.
prazo de execução
das obras por mais
166 dias (
19/07/2016 a
31/12/2016).
Fonte: Termos Aditivos ao Contrato nº 134/2014

Destaca-se que todos os termos aditivos acima tiveram aprovação da Prefeitura de


Uberlândia, por intermédio do então Secretário Municipal de Obras, Sr. ***.070.926-**,
sem nenhuma contestação com relação às justificativas inerentes a eles.

Desde o início das obras, em 20/03/2014, foram efetuadas 3 medições, que perfizeram um
percentual de 24,33% em relação ao valor contratual.

Tabela III- Boletins de Medição

Boletim de Data Valor


Medição Emissão Período de Execução medido(R$)

1 04/08/2014 04/08/2014 a 04/09/2014 52.755,88


/1 A( 4º
termo
aditivo) 15/01/2015 04/08/2014 a 04/09/2014 159.393,44

2 11/12/2014 10/11/2014 a 10/12/2014 456.055,30

3 15/01/2015 11/12/2014 a 31/12/2014 231.846,74

Total 900.051,36
Fonte: Boletins de Medição - Contrato nº 134/2014

57 de 302
Note-se que a 1ª medição ocorreu quase cinco meses após o início das obras. Observa-se,
também, que a medição “1 A”, referente ao 4º termo aditivo, que foi lavrado somente em
agosto/2015, foi lançada em período retroativo, ou seja, agosto a setembro de 2014. Justifica-
se nos autos que tal fato se deu em função da morosidade na liberação de recursos, mas os
fatos ocorridos indicam que o contrato apresentava problemas de gerenciamento, tanto que
as obras foram totalmente paralisadas, conforme se verá nos parágrafos subsequentes.

Nos termos do documento intitulado “Cadastramento de Obras Paralisadas”, datado de


20/10/2017, elaborado pela Secretaria Municipal de Obras, encaminhado à CGU em
16/03/2018, anexo à resposta parcial da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01, de
12/03/2018, a razão da paralisação foi que a empresa contratada não teve interesse em
continuar as obras, paralisando os serviços e descumprindo o contrato.

Consta que, em 27/01/2016, foi assinada uma Ordem de Suspensão, por interesse da
Administração Pública, para que fossem avaliados os ajustes a serem implementados, em
face de divergências ocorridas entre o projeto e a planilha de quantitativos.

Em 26/02/2016, a Prefeitura emitiu expediente informando que, durante a vigência da ordem


de suspensão, a contratada deveria arcar com a guarda e vigilância da obra, até que se
solucionasse as pendências de projeto, fato gerador da suspensão das obras, conforme
justificativas de prorrogação de prazos acima listadas. Contudo, posteriormente, em
dezembro/2016, a contratada formalmente comunicou que estaria desmobiliando totalmente
o canteiro de obras, situação esta que persistia até a data desta fiscalização, 09/03/2018.

Tendo em vista a paralisação desta e de outras duas obras similares no Município, a


Secretaria Municipal de Saúde-SMS, em março/2017, efetuou vistoria na UPA Córrego do
Óleo e em outras duas UPA’s, as do Pacaembu III e Novo Mundo, cujas obras também
apresentavam problemas de execução. Mediante relatório referente à UPA Córrego do Óleo,
restou comprovada a paralisação das obras, ainda na 3º medição, quando ficou evidenciado
que apenas os serviços de fundação e de estrutura metálica haviam sido executados.

Com relação à execução das três UPA’s a Procuradoria da República no Município de


Uberlândia/MG instaurou o Inquérito Civil nº 1.22.003.000455/2016-58 com vistas a apurar
eventuais irregularidades nas obras de execução. Examinando despacho datado em
04/08/2017, exarado pela Egrégia Procuradoria, verificou-se que a PRM requereu da
Prefeitura Municipal de Uberlândia informações detalhadas sobre os motivos dos atrasos e
paralisação da Unidade de Atendimento Córrego do Óleo e das outras duas UPA’s,
Pacaembu III e Novo Mundo. Esse mesmo despacho relata, de forma sucinta, todos os
problemas apontados nas 3 UPA’s, com base no relatório emitido pela Secretaria Municipal
de Saúde – SMS em abril/2017 e encaminhado ao Ministério Público Federal.

Destaca-se, na oportunidade, que a Secretaria Municipal de Obras, em 20/02/2017, também


efetuou vistoria nessas obras, cujas inferências foram semelhantes às do relatório da SMS e
dos achados da CGU, por ocasião da visita “in loco”, conforme será descrito a seguir.

Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia via Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM, de
07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar as providências de

58 de 302
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA´s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o referido parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo.

Diante disso, foi emitida, em 15/03/2018, a Solicitação de Fiscalização nº 2018000261/03,


requerendo junto à Secretaria Municipal de Obras, informações atualizadas sobre os fatos
ora relatados. Em resposta, encaminhada em expediente s/nº, de 19/03/2018, foi informado
o seguinte:

“UPA CIDADE VERDE (Córrego do Óleo): Em 09 de março de 2015 a montagem da


estrutura metálica da UPA teve ordem de paralisação em face às grandes divergências
constatadas entre o projeto estrutural aprovado e o executado e ocorreu suspensão da obra
em 08 de março de 2016, conforme Anexo III, posteriormente a empresa teria abandonado
a obra em data não documentada. Assim como outros contratos, esse contrato será objeto
de Processo Administrativo que deverá apurar a responsabilidade da descontinuidade ou
do não aditamento da obra, bem como aplicação de multas, levantamento de garantia
contratual, entre outros, não obstando as sanções civis ou criminais que possam estar
inerentes ao fato e que serão objeto de processo de sindicância pela Administração.”
Adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01,
de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de 15/03/2018, o Secretário Municipal de
Obras complementou as justificativas acima da seguinte forma:

“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”

O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.

Entretanto, somente a partir da Portaria GM/MS nº 342, de 04/03/2013, que redefiniu as


diretrizes para implantação do Componente Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), foi
exigido o cumprimento de prazos para conclusão das obras. Conforme o art. 21, inciso I,
alínea “b” da Portaria GM/MS nº 342, o prazo para conclusão e funcionamento de uma UPA

59 de 302
nova seria de 18 (dezoito) meses, a contar da data do pagamento da primeira parcela do
incentivo financeiro. A primeira ordem bancária foi emitida em 16/11/2010. Por sua vez, o
art. 24 estabelecia a devolução imediata dos recursos financeiros repassados na hipótese de
descumprimento deste prazo.

Porém, nova portaria foi publicada em 05/01/2017, redefinindo as diretrizes de modelo


assistencial e financiamento de UPA 24h. O art. 34, inciso I, alínea “b” da Portaria nº
10/GM/MS estabeleceu que o prazo para conclusão e início do efetivo funcionamento é de
18 (dezoito) meses, a contar da data da transferência da segunda parcela do recurso de
investimento, que, no caso em tela, ocorreu em 30/04/2014. Na hipótese de descumprimento
deste prazo, ficou definido no art. 35 que a CGUE/DAHU/SAS/MS (Coordenação-Geral de
Urgência e Emergência/Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência/Secretaria de
Atenção à Saúde/Ministério da Saúde) notificaria a Prefeitura para apresentar justificativa
do atraso com a respectiva documentação comprobatória. Conforme o art. 35, cabe à
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência analisar a justificativa, aceitando-a ou não.
No caso de não aceitação da justificativa, a CGUE/DAHU/SAS/MS pode notificar o gestor
solicitando informação adicional e, após esgotadas as vias administrativas, a
CGUE/DAHU/SAS/MS deve elaborar relatório circunstanciado acerca do fato e o
encaminhar ao DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde).

Em 06/02/2017, foi publicada a Portaria GM/MS nº 381, dispondo sobre as transferências,


fundo a fundo, de recursos financeiros destinados à execução de obras de construção no
âmbito do Ministério da Saúde. Nesta, ficou estabelecido que, conforme o art. 17, as obras
que estão fora do prazo de execução estabelecido pelo Ministério da Saúde, serão notificadas
novamente uma única vez, no dia 01/03/2017, tendo o Município até o dia 12/05/2017 para
apresentar justificativa e novo prazo. O §3º do art. 17 estabeleceu que “As propostas de
projetos que tiveram prazo prorrogado não atendido serão desabilitadas, devendo a área
técnica encaminhar relatório circunstanciado para a Secretaria Executiva”.

Mediante o Ofício Circular nº 015-CGUE/DAHU/SAS de 02/03/2017, a Prefeitura


Municipal de Uberlândia-PMU foi notificada acerca da Portaria GM/MS nº 381, em
especial, do art. 17, que trata das notificações realizadas devido à não observância de prazos.
Por seu turno, a PMU, mediante o Ofício nº 006/2018- DPIS/SMS/PMU, de 16/02/2018,
informou que a obra encontrava-se com 23,50% de execução e contrato vencido desde
31/12/2016. Considerando, dentre outras dificuldades financeiras pelas quais o Município
vinha passando, que este, inclusive, vinha arcando com 30% das despesas com saúde com
recursos próprios, o mesmo ofício informou que o Município não dispunha de recursos
para a conclusão das obras.

Por oportuno, em parte da resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201800261/03, de


15/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou que, conforme SISMOB – Sistema
de Monitoramento de Obras, do Ministério da Saúde, na data 15/03/2018 houve parecer não
favorável à solicitação de prorrogação do prazo para conclusão da obra.

Em 09/03/2018, por ocasião da visita ao local das obras, situada no loteamento Cidade Verde
(Coordenadas: 18º 56’06” S/48º 19’58” W), a CGU encontrou a situação apontada nos
relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de Obras, qual seja,
obras totalmente paralisadas, ainda na fase de superestrutura metálica sem fechamento,

60 de 302
sujeita à ação das intempéries e de vândalos, pois o local se encontra desprovido de qualquer
fechamento lateral com tapumes. As fotos seguintes ilustram a situação encontrada:

Foto 01: Situação encontrada: Obras Foto 02: Outra vista do local, verifica-se a
abandonadas, com riscos de danos por total ausência de proteção lateral ( tapumes)
intempéries (oxidação inicial em alguns e a exposição da estrutura metálica, sem o
pontos da estrutura metálica) e depredação. devido tratamento contra oxidação, às ações
Local sem proteção nem vigilância. Riscos do tempo. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
de perdimento do objeto. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).

Em síntese, os fatos consignados nos parágrafos antecedentes indicam:


- informação constante no Ofício nº 006/2018- DPIS/SMS/PMU, de 16/02/2018, de que as
obras encontravam-se apenas com 23,50% de execução e contrato vencido desde
31/12/2016;
- dificuldades financeiras pelas quais o Município vinha passando, de forma de que este não
disporia de recursos para a conclusão das obras;
- emissão de parecer pelo Ministério da Saúde, de que não seria aprovada proposta de
prorrogação de prazo para conclusão das obras.
Os fatos supracitados, somados à situação encontrada “in loco” e, ainda, a ausência de
medidas saneadoras efetivas e eficazes, indicam possíveis falhas no gerenciamento das obras
e a possibilidade do perdimento do objeto e, por conseguinte, do atingimento dos objetivos
colimados. Ainda sobre a situação detectada “in loco”, há de se considerar o recrudescimento
desta, tendo em vista a inevitável deterioração dos elementos metálicos diante das
intempéries e de uma possível ação de vândalos no local.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:

61 de 302
(...)

2. Paralisação das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, com risco de


perdimento do objeto
A Construção da UPA – Unidade de Pronto Atendimento “Tipo III”, Loteamento
Cidade Verde II, termos da Portaria n° 1.020, de 13 de maio de 2009 e Portaria n.° 2.915,
de 21 de setembro de 2010, ambas do Ministério da Saúde, a ser implantada na Rua Jamile
Calil Attie esquina com Rua Lúcia Fonseca Attie, Área Institucional 01, Qd. 02 Córrego do
Óleo no Loteamento Cidade Verde II, em Uberlândia/MG, encontra-se com 24% da obra
executada (fundação e estrutura metálica).
Como no município existem 07 (sete) Portas de Entrada para Urgência e
Emergência denominadas Unidades de Atendimento Integrado, 1 UPA em funcionamento
e 2 outras UPAs em obras entendemos que o município já possui uma infra estrutura
suficiente para responder a demanda da Urgência/Emergência.
Diante desses fatos o município propôs ao Ministério da Saúde uma alteração
do objeto destas Portarias quanto ao tipo de Unidade a ser construída, bem como a
avaliação para que possamos dar continuidade ao projeto, porém, substituindo a mesma
por outra de menor valor e com isso efetivar o término da construção, a qual permitiria ao
Município manter o compromisso de melhorar a prestação de serviços em saúde da
população (Ofício nº040/DPIS/SMS/PMU datado de 10/05/2017, Anexo I)
Em 11 de maio de 2017 o requerimento foi encaminhado para análise via
SISMOB – Sistema de Monitoramento de Obras, o qual emitiu em 15/03/2018 parecer
desfavorável ao pleito em razão do extenso prazo para a conclusão da obra.
Em 12 de junho do corrente ano foi publicada a Portaria nº 1.653 de
11/06/2018GM/MS revogando a Portaria de Habilitação nº 2915 de 21 de setembro de
2010, e determinando o devido ressarcimento dos valores repassados ao Fundo Municipal
de Saúde de Uberlândia (Anexo II)
Diante da publicação, o Município está tomando as providências para
devolução do valor repassado acrescidos de correção monetária previsto em lei, bem como
a destinação da estrutura existente para aproveitamento de outros Órgãos da
Administração Pública Municipal.
Portanto, diante da recente publicação da Portaria nº 1.653 de
11/06/2018GM/MS, na qual ficou definida a devolução do recurso, é que a Administração
Pública poderá definir sobre o reaproveitamento da estrutura, portanto, não sendo possível
afirmar sobre perdimento do objeto em questão como apontado no relatório.

(...)

m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Cabe aqui reiterar a parte final do arrazoado interposto pelo gestor, para um melhor deslinde
sobre o assunto:

(...)
o Município está tomando as providências para devolução do valor repassado acrescidos
de correção monetária previsto em lei, bem como a destinação da estrutura existente para
aproveitamento de outros Órgãos da Administração Pública Municipal.
Portanto, diante da recente publicação da Portaria nº 1.653 de

62 de 302
11/06/2018GM/MS, na qual ficou definida a devolução do recurso, é que a Administração
Pública poderá definir sobre o reaproveitamento da estrutura, portanto, não sendo possível
afirmar sobre perdimento do objeto em questão como apontado no relatório.

(...).

A devolução dos recursos não trata de um ato proativo da atual gestão, tratando-se apenas
de cumprimento de exigências legais, quanto ao fato de não consecução do objeto pactuado.
Quanto ao perdimento do objeto, a CGU, ao inferir sobre isso, pautou-se apenas ao destino
original da referida estrutura, qual seja, uma Unidade de Pronto Atendimento. Assim, o
objetivo do repasse, que é a implantação da UPA Córrego do Óleo restou inequívoco que ao
que tudo indica, não será atingido. Mesmo que haja reaproveitamento da estrutura ali
existente, nos termos das justificativas acima, a mesma se dará em objeto distinto ao
pactuado originalmente.

trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.2. Ocorrência de medição e pagamento, na obra da UPA Córrego do Óleo, de


serviços de superestrutura em concreto armado não executados, resultando em
superfaturamento de R$ 204.647,71.

Fato

De acordo com a documentação técnica de engenharia, verificou-se que o Memorial


Descritivo relativo às obras de construção de Unidades de Pronto Atendimento- UPA”s do
Córrego do Óleo, Novo Mundo e Pacaembu III, todas de Uberlândia/MG, foi executado pela
Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, responsável pela elaboração do Projeto
Padrão para todas as UPA’s. No referido memorial, consta que a infraestrutura deveria ser
executada em concreto armado (fundações - radier) e a superestrutura em ESTRUTURA
METÁLICA (item 1.2 – Projeto de Estrutura do Memorial Descritivo = “A superestrutura
da edificação será construída em aço USI SAC 300 com acabamento de alta resistência às
cargas e à corrosão atmosférica para pilares, vigas, perfis soldados, chapas de ligação e
placas de base de pilares”.

O sistema construtivo a ser implantado resume-se em perfis tubulares metálicos para


estruturar cobertura, fechamentos em painéis cimentícios, dry-wall de gesso e telhas de aço
termo-acústicas, além dos componentes de vedação e acabamento. Tudo dimensionado para
responder às mais variadas solicitações de cargas e ventos pertinentes. Os fechamentos (dry-
wall e placas cimentícias), nos termos doe mesmo memorial descritivo, fazem parte do
sistema “Steel Framing Light”, dispensando o cálculo estrutural, ficando o dimensionamento
das peças a cargo do responsável por sua montagem. As figuras a seguir, ilustram o sistema
proposto no projeto:

Figura I- Ilustração do sistema Steel Framing Light

63 de 302
Figura II-Montagem do sistema dry-wall e painéis cimentício

Por definição, superestrutura de uma obra é um elemento de uma estrutura que se projeta
acima da linha de base. No caso de um edifício, representa geralmente a parte do edifício
situado acima do solo. Dando continuidade à análise do memorial descritivo em comento,
constatou-se que, conforme projeto, além da estrutura em aço USI SAC 300 já citado acima,
que comporá a superestrutura das UPA’s, existem peças em concreto armado que também
farão parte integrante da superestrutura, tais como as edificações complementares externas
(abrigo do gerador, abrigo dos gases medicinais, depósito de resíduos e estrutura onde
deveriam ter sido instalados os reservatórios enterrados).

64 de 302
Conforme já citado em item deste relatório, em inspeção física às obras da UPA Cidade
Verde (Córrego do Óleo), em 09/03/2018, a CGU se deparou com a seguinte situação: obras
abandonas, apenas com a infraestrutura (fundações) e superestrutura metálica executados:

Foto 01: Situação encontrada: obras


abandonadas, com apenas estrutura metálica
concluída. Não há indícios de superestrutura em
concreto armado executados.
(Uberlândia/MG, 09/03/2018).

Note-se que não foram identificados, por ocasião daquela inspeção, a existência de estruturas
em concreto armado, que compõem as estruturas complementares à superestrutura, na forma
prevista no projeto. Apenas a superestrutura em Aço USI SAC 300 havia sido executada.
Tal afirmativa é corroborada pelas conclusões dos relatórios de vistoria das Secretarias
Municipais de Obras (fevereiro/2017) e da Saúde (março/2017), qual seja, apenas esse
elemento construtivo em estrutura metálica havia sido executado. Ocorre, porém, que
analisando os boletins de medição referentes a esta obra, restou constatado que os serviços
de superestrutura em concreto armado haviam sido medidos e pagos, porém, não executados,
conforme tabela abaixo

Tabela I- Serviços de Superestrutura em Concreto Armado- Medidos e Pagos, conforme


BM.

Custo Preço Total


Quantidade Unitário Contratado Total A
Item Descrição Unidade Contratual (R$) (R$) Medido(R$) Realizar

7.0 Superestrutura
7.1 Pilares
Forma em
compensado
resinado 12mm
7.1.1 3x m2 920,00 36,53 33.607,60 33.607,60 0,00%

65 de 302
Concreto
Estrutural
usinado, incl
lançamento e
adensamento-
25 Mpa
7.1.2 m3 45,20 312,13 14.108,28 14.108,28 0,00%
Armadura CA
7.1.3 50/60 - média Kg 5.182,00 5,56 28.811,92 28.811,92 0,00%
7.2 Vigas
Forma em
compensado
resinado 12mm
7.2.1 3x m2 1.579,00 36,53 57.680,87 57.680,87 0,00%
Concreto
Estrutural
usinado, incl
lançamento e
adensamento-
25 Mpa
7.2.2 m3 104,65 312,13 32.664,40 32.664,40 0,00%
Armadura CA
7.2.3 50/60 - média Kg 6.794,00 5,56 37.774,64 37.774,64 0,00%
Total 204.647,71 204.647,71 0,00%
Fonte: Boletim de medição nº 03 (acumulado)

Assim sendo, não restando comprovada a execução desses elementos estruturais na obra, o
pagamento deste item nas medições efetuadas caracteriza superfaturamento por inexecução
de serviço medido, no valor de R$ 204.647,71, que representam 22,74% do total medido e
pago. Vale lembrar que foram efetuadas 3 medições, que totalizaram R$ 900.051,36, e o
responsável pela liberação dessas medições à época, foi o então Secretário Municipal de
Obras, Sr. CPF ***.253.796**.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
“(...)

3. Ocorrência de medição e pagamento, na obra da UPA Cörrego do öleo, de serviços de


superestrutura em concreto armado não executados, resultando em superfaturamento de
R$ 204.647,71
O Memorial Descritivo relativo às obras de construção de Unidades de Pronto
Atendimento- UPA”s do Córrego do Óleo, Novo Mundo e Pacaembu III, todas de
Uberlândia/MG, foi executado pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais,
responsável pela elaboração do Projeto Padrão para todas as UPA’s. No referido
memorial, consta que a infraestrutura deveria ser executada em concreto armado
(fundações - radier) e a superestrutura em ESTRUTURA METÁLICA (item 1.2 – Projeto de
Estrutura do Memorial Descritivo = “A superestrutura da edificação será construída em

66 de 302
aço USI SAC 300 com acabamento de alta resistência às cargas e à corrosão atmosférica
para pilares, vigas, perfis soldados, chapas de ligação e placas de base de pilares”.
Nota-se que o próprio relatório confirma a execução da infraestrutura e
superestrutura conforme o Memorial da Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.
Ocorre que os quantitativos da planilha orçamentária referem-se a uma
superestrutura em concreto armado, divergente do previsto no memorial descritivo,
gerando uma substituição de um pelo outro sem a formalização de um aditamento de
alteração qualitativa.
Portanto, não é possível afirmar superfaturamento, pois ao comparar a medição
paga com a superestrutura executada, apesar de prevista em memorial, como não houve
correlação com a planilha orçamentária, o inspetor concluiu equivocadamente, conforme
inspeção física às obras da UPA Cidade Verde (Córrego do Óleo) em 09/03/2018, que as
estruturas em concreto armado que foram devidamente pagas, referiam-se a estruturas
complementares. Conclui-se portanto, que os itens apontados em relatório, foram
devidamente executados, conforme fotos relacionadas abaixo, mesmo que em material
diverso do contido na planilha, porém, importante destacar, na forma prevista no memorial,
devendo o gestor da época, responder sobre a não formalização do aditivo contratual dessa
substituição.
Conseguinte, importante salientar que foi exarado ofício nº 154/2015/SMO/GS
à BCM - Brasil Construções e Montagens em 09 de março de 2015, (Anexo III) solicitando
paralisação até que fossem resolvidas as divergências quanto aos projetos estruturais que
estavam sendo executados. Esse ofício demonstra que a fiscalização estava atenta quanto a
qualidade e correta execução da superestrutura prevista no memorial descritivo.

(Uberlândia/MG, 09/03/2018 - Superestrutura metálica executada)

(...)”
m
x
E
d
U
ifestco
an
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Análise do Controle Interno

Preliminarmente, cabe lembrar que, para apuração de eventuais superfaturamentos por falta
de quantidade, a técnica adotada é no cotejamento entre a medição relativa a determinado

67 de 302
serviço, com sua existência física, quando da inspeção “in loco”, incluindo nessa análise, as
medições do mesmo serviço (dimensões, áreas e volumes), para se verificar se suas
quantidades executadas estão condizentes com aquelas medidas e pagas. Nessa linha, a
CGU, quando da inspeção ao local, não constatou a existência de estruturas de concreto
armado. O gestor alegou, ao final do seu texto, que os serviços foram devidamente
executados, conforme foto por ele apresentada, mesmo que em material diverso do contido
na planilha, porém, na forma prevista no memorial, devendo o gestor da época, responder
sobre a não formalização do aditivo contratual, conclui o gestor.

Quanto à alegação do gestor, na qual a superestrutura fora executada em estrutura metálica


e que este serviço foi medido como superestrutura em concreto armado, devido à ausência
de formalização de aditivo, não há fundamento, pois, a superestrutura foi medida no item
9.1 – Estrutura de aço para cobertura sem lanternim.

Assim sendo, as alegações do gestor não merecem acolhida, pois medições de serviços
impõem a existência física destes, dentro das dimensões/quantidades acordadas na planilha
de preços. Quanto à imputação de responsabilidade ao gestor antecessor, em face de não
celebração de termo aditivo, conforme alegado pela atual gestão, em nada altera a
inexistência de elementos estruturais executados nas obras. Desta forma, a CGU ratifica a
ocorrência de superfaturamento no valor de R$ 204.647,71, visto que, nos termos da planilha
de medição apresentada, não restou comprovada a execução desses elementos estruturais na
obra. Assim, cabe a restituição do referido valor pago a maior, devidamente atualizado.
trI
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n
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#

2.1.3. Obras de construção da UPA Novo Mundo paralisadas.

Fato

O Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 342, de 04/03/2003, lançou a Política


Nacional de Urgência e Emergência com o intuito de estruturar e organizar a rede de
urgência e emergência no País. O objetivo desta política foi integrar e articular todos os
estabelecimentos de saúde, com vistas a diminuir as filas nos prontos- socorros dos hospitais,
evitando que casos que possam ser resolvidos nas UPA’s, ou unidades básicas de saúde,
sejam encaminhados para unidades hospitalares. Outrossim, de acordo com a Portaria nº
1.601, de 07/07/2011, em seu artigo 3º, uma UPA de Porte III, tais quais as previstas para o
Município de Uberlândia, dispõe de um mínimo de 15 leitos de observação e têm capacidade
para atender até 450 pacientes, no período de 24 horas. Ademais, segundo estudos do
Ministério da saúde, 97% dos casos são solucionados na própria unidade.

Em 09/09/2010, foram assinadas as Portarias nº 2736/GM e 2737/GM, as quais, mediante


seus arts. 1º, habilitaram as Unidades de Pronto Atendimento- UPA’s nos loteamentos
Pacaembu III e Novo Mundo, respectivamente, em Uberlândia/MG. As propostas para a
liberação de recursos referentes a essas UPA’s, cadastradas no sistema SISPAG, receberam
os nºs 18431.312000/1100-06 (Pacaembu III) e 18431.312000/1100-07 (Novo Mundo). Os
valores de ambas as propostas foram de R$ 2.600.000,00. De acordo com a Portaria GM nº
1.020, de 13/05/2009, o cronograma de desembolso para os repasses deveriam obedecer aos
seguintes critérios:

68 de 302
Quadro I - Cronograma de Desembolso
Cronograma de Desembolso Financeiro- Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009
I - Primeira Parcela equivalente a 10% do valor aprovado após
260.000,00
publicação da portaria específica de habilitação
II- Segunda parcela- equivalente a 65% do valor total aprovado,
mediante apresentação da respectiva ordem de início dos serviços,
assinada por profissional habilitado no Conselho Regional de
1.690.000,00
Engenharia, Arquitetura e Agronomia- CREA, ratificada pelo gestor
pelo gestor local e pelo Conselho Intergestores Bipartite-CIB e
autorizada pela Secretaria de Atenção à Saúde.
III- terceira parcela- equivalente a 25% do valor total aprovado, após
conclusão da edificação da unidade e apresentação do respectivo
atestado, assinado por assinada por profissional habilitado no
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia- 650.000,00
CREA,ratificada pelo gestor pelo gestor local e pelo Conselho
Intergestores Bipartite-CIB e autorizada pela Secretaria de Atenção à
Saúde
2.600.000,00
Fonte: Cronograma de Desembolso- Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009

Para o caso da UPA Novo Mundo, as liberações, até o momento, se deram da seguinte forma:
Tabela I - Repasse para UPA Novo Mundo

Data do
Parcela Valor Repassado (R$)
Repasse
1 08/11/2010 260.000,00
2 30/12/2013 1.690.000,00
Total 1.950.000,00
Fonte: Documentação referente à liberação de recursos

Conforme tratado em item específico deste relatório, sagrou-se vencedora da Concorrência


nº 405/2013, para execução das obras de construção da UPA Novo Mundo (Lote II), a
empresa AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ nº 09.662.879/0001-01), com
proposta de R$ 3.391.488,04. Os atos de homologação e adjudicação do objeto ocorreram
em 28/08/2013. Em 29/08/2013, foi celebrado o Contrato nº 593/2013 com a referida
empresa, no valor retrocitado. O prazo fixado para execução das obras foi inicialmente de 6
meses, contados da ordem de início, lavrada em 06/09/2013. Entretanto, o referido contrato
foi objeto dos seguintes termos aditivos:
Quadro II- Termos Aditivos ao Contrato nº 593/2013
Termo Data Objeto Justificativa
Aditivo de
Celebr
ação

69 de 302
01 7/3/20 prorrogação de prazo Indefinições do projeto básico, que
14 de execução das obras causaram impedimentos para início
por mais 90 dias ( imediato das obras; período chuvoso
10/03/2014 a que retardaram o ritmo das obras.
07/06/2014)
02 2/6/20 prorrogação de prazo Indefinições do projeto básico, que
14 de execução das obras causaram impedimentos para início
por mais 207 dias imediato das obras; período chuvoso
(08/06/2014 a que retardaram o ritmo das obras.
31/12/2014)
03 18/12/ prorrogação de prazo Necessidade de estudos para definição
2014 de execução das obras de alterações arquitetônicas pela
por mais 90 dias ( Secretaria de Planejamento da PMU,
01/01/2015 a para atender exigências normativas
31/03/2015) quanto à acessibilidade interna do
local; atraso na entrega de
determinados materiais bem como
dificuldade de encontrar alguns itens
planilhados.
04 6/3/20 prorrogação de prazo Necessidade de conclusão dos estudos
15 de execução das obras para definição de alterações
por mais 180 dias ( arquitetônicas pela Secretaria de
01/04/2015 a Planejamento da PMU, para atender
27/09/2015) exigências normativas quanto à
acessibilidade interna do local.
05 26/9/2 prorrogação de prazo Necessidade de conclusão dos estudos
015 de execução das obras para definição de alterações
por mais 180 dias ( arquitetônicas pela Secretaria de
01/04/2015 a Planejamento da PMU, para atender
27/09/2015) exigências normativas quanto à
acessibilidade interna do local.
Também foi verificada a ausência de
itens e incoerências do projeto inicial,
cujo ajuste é necessário à conclusão
das obras.
01 1/12/2 1º termo de Necessidade de reajustamento de
apostilamen 014 apostilamento ao preços PI+R, a ser aplicado a partir de
to Contrato nº 593/2013, 28/11/2014 ( data base: agosto/2013)
reajustando o valor
contratual em 7,52%
(INCC)
Fonte: Termos aditivos – Contrato nº 593/2013

Destaca-se que todos os termos aditivos acima tiveram aprovação da Prefeitura de


Uberlândia, sem nenhuma contestação com relação às justificativas inerentes a eles.
Desde o início das obras, em 09/09/2013, foram efetuadas 12 medições, que perfizeram um
percentual de 77,29% em relação ao valor contratual.

Tabela II- Boletins de Medição

70 de 302
Boletim de Data Período de
Medição Emissão Execução Valor medido(R$)
01/11/2013 a
1 29/11/2013 29/11/2013 299.094,25
02/12/2013 a
2 20/1/2014 31/12/2013 244.591,75
01/01/2014 a
3 11/2/2014 15/01/2014 233.731,37
15/01/2014 a
4 7/4/2014 28/02/2014 366.050,31
01/03/2014 a
5 28/5/2014 30/03/2014 271.779,79
01/04/2014 a
6 1/7/2014 30/04/2014 233.231,00
01/05/2014 a
7 7/8/2014 31/05/2014 525.941,74
01/06/2014 a
8 18/9/2014 30/06/2014 82.824,63
01/07/2014 a
9 24/10/2014 31/07/2014 123.754,39
01/08/2014 a
10 24/11/2014 31/08/2014 100.789,46
01/09/2014 a
11 13/2/2015 31/10/2014 358,00
01/11/2014 a
12 12/3/2015 30/11/2014 139.248,63

Total 2.621.395,32
Fonte: Boletins de medição referentes ao Contrato nº 593/2013

De acordo com o documento intitulado “Cadastramento de Obras paralisadas”, datado de


dezembro/2016, encaminhado pela Secretaria Municipal de Obras à CGU em 16/03/2018,
em anexo à resposta parcial da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01, de 12/03/2018,
as obras foram paralisadas em dezembro/2016. No campo “Observações” do mesmo
documento, consta que foram executados serviços, relativos à 13ª Medição, porém não
pagos, devido a inconformidades apontadas pela fiscalização da obra. Verificou-se também
a necessidade de ajustes em determinados serviços anteriormente planejados, relativos à
acessibilidade e exigências sanitárias, de forma a atender as determinações da Secretaria
Municipal de Saúde. Consta também que a contratada criou resistência com relação à
adequação da planilha do aditivo de valor por ela pleiteado, visto que tramitava um aditivo
de valor com acréscimos de serviços que ultrapassavam os 25% previstos em lei, não sendo
aprovado pela Administração. Por fim, consta que a razão da paralisação foi o fim do prazo
do contrato da empresa AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda com a prefeitura, em
27/12/2016.

71 de 302
Tendo em vista a paralisação desta e de outras duas obras similares no Município, a
Secretaria Municipal de Saúde-SMS, em março/2017, efetuou vistoria na UPA Novo Mundo
e em outras duas UPA’s, as do Pacaembu III e Córrego do Óleo, cujas obras também
apresentavam problemas de execução. Mediante relatório referente à UPA Novo Mundo,
restou comprovada a paralisação das obras na 12ª medição, quando ficou evidenciada a
ocorrência de várias patologias na edificação, inclusive faltando algumas instalações. Essas
patologias e falhas encontram-se detalhadas adiante, quando do relato acerca da inspeção
física efetuada pela CGU.

Com relação à execução das três UPA’s, a Procuradoria da República no Município de


Uberlândia/MG instaurou o Inquérito Civil nº 1.22.003.000455/2016-58 com vistas a apurar
eventuais irregularidades nas obras de execução. Examinando despacho datado em
04/08/2017, exarado pela Egrégia Procuradoria, verificou-se que a PRM requereu à
Prefeitura Municipal de Uberlândia informações detalhadas sobre os motivos dos atrasos e
paralisação da Unidade de Atendimento Novo Mundo e das outras duas UPA’s, Pacaembu
III e Córrego do Óleo. Esse mesmo despacho relata, de forma sucinta, todos os problemas
apontados nas 3 UPA’s, com base no relatório emitido pela Secretaria Municipal de Saúde
– SMS em abril/2017 e encaminhado ao Ministério Público Federal.

Destaca-se, na oportunidade, que a Secretaria Municipal de Obras, em 20/02/2017, também


efetuou vistoria nessas obras, cujas inferências foram as mesmas do relatório da SMS e dos
achados da CGU, por ocasião da visita “in loco”, conforme será descrito a seguir.

Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia via Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM, de
07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar as providências de
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA’s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o mesmo parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo. Até o término
dos trabalhos de campo, 09/03/2018, nenhuma medida relativa ao referido parecer, com base
nos autos, havia sido comunicada.

Diante disso, foi emitida, em 15/03/2018, a Solicitação de Fiscalização nº 2018000261/03,


requerendo informações atualizadas sobre os fatos ora relatados. Em resposta, encaminhada
em expediente s/nº, de 19/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou o seguinte:
“(...)
UPA NOVO MUNDO:
Não houve ordem de paralisação da Administração, mas as obras foram de fato
paralisadas. Isso deve a uma série de fatores, entre eles:

72 de 302
- Não houve aprovação do aditivo contratual devido ao não cumprimento de exigências dos
fiscais. A 13ª medição possuía vícios, como janelas deterioradas entre outros, apontados em
relatório fotográfico. Na mesma época a empreiteira protocolou pedido de 7º aditivo que
foi negado pela Administração por ultrapassar o quótice legal de 25% e por entender como
indevido, uma vez que custos de administração não previstos na planilha original, como de
horas de engenheiro, não foram comprovados ou constatados pela fiscalização.
- Dia 25 de janeiro de 2017 foi feito relatório fotográfico evidenciando o descaso com a
obra para afastar o pedido dessa cobrança de administração indireta que estava sendo
exigida pela empresa, uma vez que esta alegava zelar pela obra até aquele momento,
conforme consta em relatório.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do processo
judicial em andamento.
Ação de Reconhecimento de dívida c/c Cobrança
Autor: AZM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.
Número do Processo: 5023948-18.2016.8.13.0702
Data da Distribuição: 23/12/2016
(...)”
Adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01,
de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de 15/03/2018, a Secretaria Municipal de
Obras informou o seguinte:
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”

O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.

Entretanto, somente a partir da Portaria GM/MS nº 342, de 04/03/2013, que redefiniu as


diretrizes para implantação do Componente Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), foi
exigido o cumprimento de prazos para conclusão das obras. Conforme o art. 21, inciso I,
alínea “b” da Portaria GM/MS nº 342, o prazo para conclusão e funcionamento de uma UPA
nova seria de 18 (dezoito) meses, a contar da data do pagamento da primeira parcela do
incentivo financeiro. A primeira ordem bancária foi emitida em 08/11/2010. Por sua vez, o

73 de 302
art. 24 estabelecia a devolução imediata dos recursos financeiros repassados na hipótese de
descumprimento deste prazo.

Porém, nova portaria foi publicada em 05/01/2017, redefinindo as diretrizes de modelo


assistencial e financiamento de UPA 24h. O art. 34, inciso I, alínea “b” da Portaria nº
10/GM/MS estabeleceu que o prazo para conclusão e início do efetivo funcionamento é de
18 (dezoito) meses, a contar da data da transferência da segunda parcela do recurso de
investimento, que, no caso em tela ocorreu em 30/12/2013. Na hipótese de descumprimento
deste prazo, ficou definido no art. 35 que a CGUE/DAHU/SAS/MS (Coordenação-Geral de
Urgência e Emergência/Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência/Secretaria de
Atenção à Saúde/Ministério da Saúde) notificaria a Prefeitura para apresentar justificativa
do atraso com a respectiva documentação comprobatória. Conforme o art. 35, cabe à
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência analisar a justificativa, aceitando-a ou não.
No caso de não aceitação da justificativa, a CGUE/DAHU/SAS/MS pode notificar o gestor
solicitando informação adicional e, após esgotadas as vias administrativas, a
CGUE/DAHU/SAS/MS deve elaborar relatório circunstanciado acerca do fato e o
encaminhar ao DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde).

Em 06/02/2017, foi publicada a Portaria GM/MS nº 381, dispondo sobre as transferências,


fundo a fundo, de recursos financeiros destinados à execução de obras de construção no
âmbito do Ministério da Saúde. Nesta, ficou estabelecido que, conforme o art. 17, as obras
que estão fora do prazo de execução estabelecido pelo Ministério da Saúde, serão notificadas
novamente uma única vez, no dia 01/03/2017, tendo o Município até o dia 12/05/2017 para
apresentar justificativa e novo prazo. O §3º do art. 17 estabeleceu que “As propostas de
projetos que tiveram prazo prorrogado não atendido serão desabilitadas, devendo a área
técnica encaminhar relatório circunstanciado para a Secretaria Executiva”.

Mediante o Ofício Circular nº 015-CGUE/DAHU/SAS de 02/03/2017, a Prefeitura


Municipal de Uberlândia foi notificada acerca da Portaria GM/MS nº 381, em especial, o
art. 17, que trata das notificações realizadas devido à não observância de prazos. Por seu
turno, a PMU, mediante o Ofício nº 004/2018- DPIS/SMS/PMU, de 07/02/2018, informou
que as obras encontravam-se paralisadas desde junho/2016 e que havia pendência de
apostilamento na ordem de R$ 124.34319 e aditivo de serviços, ainda não definidos.
Considerando, dentre outras dificuldades financeiras pelas quais o Município vinha
passando, que este, inclusive, vinha arcando com 30% das despesas com saúde com recursos
próprios. Diante deste cenário, o mesmo ofício solicita prorrogação de prazo, de forma a
finalizar a referida obra.

Por oportuno, em parte da resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201800261/03, de


15/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou que foi solicitada pela Secretaria
Municipal de Saúde a prorrogação do prazo para finalizar a obra (Ofício 008/2018 –
DPIS/SMS de 16 de março de 2018), para agosto de 2019, entretanto, até a data de
encerramento dos trabalhos de campo da CGU, em 09/03/2018, não havia sido
disponibilizado à equipe, documento que atestasse a aprovação desta prorrogação ora
requerida.

Em síntese, os fatos narrados anteriormente indicam:

74 de 302
- informação constante no Ofício nº 004/2018- DPIS/SMS/PMU, de 07/02/2018, de que as
obras encontravam-se paralisadas desde junho/2016 e que havia pendência de apostilamento
na ordem de R$ 124.34319 e aditivo de serviços, ainda não definidos;
- dificuldades que o Município estava passando, visto que vinha aportando cerca de 30% de
recursos próprios, para arcar com as despesas vinculadas à Saúde;
- problemas encontrados pela CGU, por ocasião da inspeção física das obras, tendo sido
detectado, inclusive, ocorrência de superfaturamento e obras paralisadas (item específico
deste relatório detalha esses achados);
- pedido de prorrogação de prazo pela SMS, ainda não atendido (ao menos até término dos
trabalhos de campo da CGU).

Os fatos supracitados apontam para a não conclusão das obras dentro das especificações e
prazos acordados, haja vista a ocorrência de falhas/patologias em serviços já executados
(abordados em item específico deste relatório), porém, ainda não ajustados, em face da
suspensão contratual. Dessa forma, torna-se inequívoco o comprometimento ao atingimento
dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de imediato, medidas saneadoras eficazes
e efetivas, para que a contratada seja instada a sanar as falhas/patologias existentes nas obras.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:

“(...)
5. Obras de construção da UPA Novo Mundo paralisadas.

As obras da UPA NOVO MUNDO, localizada na Avenida San Diego com R.


Columbia, encontra-se com 73,70% da obra executada, mas faticamente paralisadas desde
junho de 2016.
No tópico 5 é afirmado que os fatos apontam para não conclusão das obras
desta UPA, no entanto, em março de 2017 e fevereiro de 2018 foi solicitado à Coordenação
Geral de Urgência e Emergência (CGUE/SAS/MS) por meio dos ofícios nºs 018 DIPS/SMS
e 004/2018 DIPS/SMS (ANEXO IV) solicitando a prorrogação do prazo para a superação
da etapa de execução da construção com um novo cronograma, e até o momento, não foi
enviado nenhuma resposta.
Muitos dos fatos apontados, já haviam sido constatados pela Secretaria de
Saúde e Secretaria de Obras do Município de Uberlândia, foram justamente esses os
motivos que ensejaram a paralisação fática da obra. Ainda assim, não houve ordem de
paralisação por parte da Administração. Constatou-se, conforme já enviado na resposta de
solicitação de fiscalização nº 2018000261/03, o seguinte:
- Não houve aprovação do aditivo contratual devido ao não cumprimento de
exigências dos fiscais. A 13ª medição possuía vícios, como janelas deterioradas entre
outros, apontados em relatório fotográfico. Na mesma época a empreiteira protocolou
pedido de 7º aditivo que foi negado pela Administração por ultrapassar o quótice legal de
25% e por entender como indevido, uma vez que custos de administração não previstos na
planilha original, como de horas de engenheiro, não foram comprovados ou constatados
pela fiscalização.
- Dia 25 de janeiro de 2017 foi feito relatório fotográfico evidenciando o descaso com
a obra para subsidiar a negatória do pedido de cobrança de administração indireta que

75 de 302
estava sendo almejado pela empresa, uma vez que esta alegava zelar pela obra até aquele
momento.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do processo
judicial em andamento.
Necessário destacar que independente do limite legal de 25% contratuais, essa
solicitação de aditamento incluiu itens que não foram constatados pelo fiscal e que a
administração indireta solicitada neste aditamento, também incluiu indevidamente, horas
de engenheiros não constatadas, o que levou a correta não aprovação do mesmo.
Importante ressaltar tal questão, pois o limite legal poderia ser superado de outra forma,
tendo em vista que a Lei traz situações específicas para um eventual extrapolamento, se
fosse o caso.

Por fim, apenas para que fique registrado, os itens 2 e 3 da tabela II no item 5 do relatório,
ficaram com valores errados, o correto é R$ 224.591,75 e R$ 223.731,37 respectivamente,
totalizando portanto R$ 2.591.395,32.
(...)”

m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Preliminarmente, a CGU, após conferência de dados de valores, acata as retificações


informadas pelo gestor, mesmo porque as diferenças em nada influenciam na situação
apontada:
(...)
os itens 2 e 3 da tabela II no item 5 do relatório, ficaram com valores errados, o correto é
R$ 224.591,75 e R$ 223.731,37 respectivamente, totalizando portanto R$ 2.591.395,32.
(...)

Quanto à paralisação das obras propriamente dita, considerando que houve acatamento por
parte do auditado, diante deste achado, é necessário que a PM de Uberlândia envide esforços
no sentido de que, findo o trâmite do processo judicial, as falhas construtivas existentes
sejam reparadas, bem como os serviços pendentes de execução sejam concluídos, sob risco
de perda parcial do objeto, por deterioração de elementos construtivos expostos, ou não, aos
intempéries, na forma descrita no campo “Fato” deste item.

Por fim, cabe ao Ministério da Saúde avaliar a pertinência da prorrogação do prazo para a
conclusão da unidade de pronto atendimento, visto que, segundo informações da Secretaria
Municipal de Obras, tal pleito foi efetivado pela Secretaria Municipal de Saúde, mediante o
Ofício nº 008/2018 – DPIS/SMS de 16 de março de 2018, solicitando a prorrogação do prazo
para finalizar a obra para agosto de 2019. Caso acate esta prorrogação, o referido ministério
deve acompanhar o cumprimento do prazo e das providências para a conclusão das obras e
o saneamento das falhas.
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.4. Celebração irregular de termos aditivos de acréscimos/supressões de serviços


nas obras de construção da UPA Pacaembu III ocasionando extrapolação do limite
estabelecido em lei e o pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título de administração
local.

76 de 302
Fato

Conforme tratado em item específico deste relatório, sagrou-se vencedora da Concorrência


nº 405/2013, para execução das obras de construção da UPA Pacaembu III (Lote II), a
empresa AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. (CNPJ nº 09.662.879/0001-01), com
proposta de R$ 3.382.305,21 Os atos de homologação e adjudicação do objeto se deram em
28/08/2013. Em 04/09/2013, foi celebrado o Contrato nº 598/2013 com a referida empresa,
no valor retrocitado. O prazo fixado para execução das obras foi inicialmente de 6 meses,
contados da ordem de início, lavrada em 06/09/2013. Entretanto, o referido contrato foi
objeto dos seguintes termos aditivos:
Quadro I - Termos Aditivos ao Contrato nº 598/2013
Termo Data de Objeto Justificativa para celebração do
Aditivo Celebração termo aditivo

01 7/3/2014 prorrogação de prazo de Indefinições no projeto básico, que


execução das obras por impediram início imediato das
mais 90 dias ( obras.
10/03/2014 a
07/06/2014)

02 2/6/2014 Prorrogação de prazo de Indefinições no projeto básico, que


execução das obras por impediram início imediato das
mais 207 dias obras. Dificuldade na contratação de
(08/06/2014 a mão de obra especializada;
31/12/2014) dificuldade para encontrar materiais
específicos.

03 18/12/2014 Prorrogação de prazo de Necessidade de conclusão dos


execução das obras por estudos para definição de alterações
mais 90 dias arquitetônicas pela Secretaria de
(01/01/2015 a Planejamento da PMU, para atender
31/03/2015). exigências normativas quanto à
acessibilidade interna do local.
Também foi verificada a ausência de
itens e incoerências do projeto
inicial, cujo acréscimo de serviços
se fará necessário para a boa
funcionalidade da obra.

04 6/3/2015 Prorrogação de prazo de Falta de conclusão dos estudos para


execução das obras por definição de alterações
mais 180 dias ( arquitetônicas pela Secretaria de
Planejamento Urbano, com vistas ao

77 de 302
01/04/2015 a atendimento às normas de
27/09/2015). acessibilidade.

05 1/9/2015 Acréscimos e Necessidade de alterações das


supressões de serviços especificações dos projetos padrões,
na ordem de R$ sendo necessária alterações de
792.866,64. quantitativos e readequação da
planilha original.

06 26/9/2015 Prorrogação de prazo de O aumento dos quantitativos


execução das obras por aditivados no 5º T.A, resultou em
mais 95 dias necessidade de aumento de prazo
(28/09/2015 a para execução desses serviços.
31/12/2015).

07 10/12/2015 Acréscimos e Com o andamento das obras,


supressões de serviços verificou-se a necessidade de
na ordem de R$ alteração das especificações do
873.693,71. contrato, visando melhor
Prorrogação do prazo aproveitamento dos serviços, tendo
de execução por mais 4 em vista o fato de os projetos padrão
meses (01/01/2016 a disponibilizados pelo MS serem
30/04/2016) imprecisos, podendo causar
prejuízos à edificação. Assim sendo,
se faz necessária alteração nos
quantitativos e readequação da
planilha licitada,
incluindo/suprimindo quantitativos
necessários à execução dos serviços.
Ademais, essa alteração de
quantitativos e inclusão de itens
novos, são necessários em função de
fatos supervenientes e
imprevisíveis, especificamente com
relação ao projeto de gases
medicinais, essencial ao pleno
funcionamento da UBS.

08 29/4/2016 Prorrogação de prazo de Diferença entre o cronograma físico


execução das obras por da obra e o financeiro, devido ao
mais 60 dias atraso no repasse dos recursos;
(01/05/2016 a necessidade de ajustes em serviços
29/06/2016) anteriormente executados.

78 de 302
09 28/6/2016 Prorrogação de prazo de Diferença entre o cronograma físico
execução das obras por da obra e o financeiro, devido ao
mais 60 dias atraso no repasse dos recursos;
(30/06/2016 a necessidade de ajustes em serviços
28/08/2016) anteriormente executados.

01 1/12/2014 1º termo de Necessidade de reajustamento de


apostilamento apostilamento ao preços PI+R, a ser aplicado a partir
Contrato nº 598/2013, de 01/12/2014 (data base:
reajustando o valor agosto/2013). Novo valor
contratual em 7,22% contratual: R$ 3.626.507,65
(INCC)

Fonte: Termos Aditivos ao Contrato nº 405/2013.

Ao analisar as justificativas e percentuais relativos aos termos aditivos de acréscimos de


valor, referentes aos 5º e 7º termos aditivos, constatou-se os seguintes aspectos:
i) O parecer técnico aprovando as justificativas para celebração do 5º Termo
Aditivo foi expedido pela Secretaria Municipal de Obras em 15/05/2015 e o
referente ao 7º termo aditivo, em 10/12/2015. Visto não terem sido localizados
os respectivos pareceres jurídicos nos autos, foi emitida, em 14/03/2018, a
Solicitação de Fiscalização nº 201800261/02 neste sentido. Contudo, na
resposta enviada em expediente s/nº, de 16/03/2018, os responsáveis não
encaminharam os referidos pareceres, nem se manifestaram sobre sua eventual
ausência, encaminhando, tão somente, os pareceres técnicos relativos a ambos
os termos aditivos;
ii) Sobre os itens aditivados no 5º termo aditivo, verificou-se que houve um
acréscimo de 21,86% (percentual este levando em conta a compensação
“acréscimos – supressões”), em relação ao valor contratual atualizado (PI+R).
Os itens acrescentados foram justificados com foco maior na necessidade de
readequação da planilha licitada, pois, entendeu-se à época, serem necessários
tais acréscimos, de forma a atingir a funcionalidade da obra;

iii) Por seu turno, o 7º termo aditivo, teve também como mote as mesmas
justificativas acima, acrescentando que, nas alterações relativas a materiais, as
mesmas visaram dar maior durabilidade aos forros de gesso, e que, quanto ao
transformador inicialmente calculado, o mesmo necessitaria ser substituído. Por
fim, alega-se que tais alterações seriam essenciais à especificidade da obra,
pois, ao serem aprovadas, atenderiam ao interesse público. Ademais, foram
acrescidos itens referentes à “Administração da Obra”, antes não constantes na
planilha contratada. Justificou-se este quesito, tendo em vista o fato de a
contratada ter mantido na obra, profissionais como engenheiros, auxiliar
técnicos, dentre outros. Vale lembrar que se trata de custo direto de uma obra,
que geralmente são compostos por gastos para realização das obras, tais como:
Instalação e manutenção do canteiro de obras, Administração Local e
Mobilização/Desmobilização. No caso deste aditivo, foi Administração Local,
a qual já deveria estar consignada na planilha licitada, o principal serviço
incluído. Vale destacar, que este acréscimo (Administração Local), importou

79 de 302
um acréscimo de R$ 453.789,00, ou seja, só este quesito representou 51,94%
do valor aditivado.

iv) O 7º termo aditivo importou em acréscimo de 24,09% (percentual este, levando-


se em conta a compensação “acréscimos – supressões”), em relação ao valor
contratual atualizado (PI+R).

A dinâmica contratual de obras públicas envolve, algumas vezes, a necessidade de executar


serviços não previstos inicialmente no termo original. Nesses casos, via de regra, trata-se de
aditamentos decorrentes de alterações de projetos e especificações, para uma melhor
adequação técnica da obra e seus objetivos. Outra questão primordial é o limite de 25%.
Conforme estabelecido no artigo 65, § 1º, da Lei nº 8.666/93, o contratado fica obrigado a
aceitar os acréscimos e supressões que se fizeram nas obras, até 25% do valor contratual
atualizado. Destaca-se que esse limite refere-se individualmente aos acréscimos e
supressões, vedada a compensação entre um e outro percentual.

Há casos em que se admite ultrapassar o limite de 25% de aditivos de valor. Entretanto, a


situação fática tem que atender alguns pressupostos. Dentre eles, está o pressuposto de que
a legitimidade das modificações contratuais deve envolver, sempre, situações imprevisíveis,
ou previsíveis de consequências incalculáveis, nos termos da lei, ou seja, eventos que não se
anteviam anteriormente à celebração contratual. Tal posicionamento é corroborada pela
jurisprudência do TCU, como a contida na Decisão nº 215/1999 - Plenário-TCU.

Nesse diapasão, considerando que se deva levar em conta os acréscimos e supressões, em


separado, sem considerar a compensação entre um e outro, o 5º termo aditivo importou em
acréscimo líquido contratual de R$ 792.866,64, sendo R$ 805.503,14 de acréscimos e R$
12.640,50 de supressões. Já o 7º TA, cujo acréscimo contratual foi de R$ 873.693,71, teve
R$ 912.720,11 representando acréscimos e R$ 39.026,40 de supressões. Aplicando-se a
regra estabelecida pela Lei nº 8.666/93, o 5º termo aditivo teve um percentual de aumento
global de 22,21% (22,56%, considerando a soma dos acréscimos e supressões), o 7º TA
perfez um aumento global de 25,17% (26,24%, considerando a soma dos acréscimos e
supressões), ambos em relação ao valor contratual atualizado (PI + R= R$ 3.626.507,65).
Vale destacar que o novo valor contratual, após celebração de ambos os termos aditivos
acima, foi para R$ 5.048.865,56.

Quanto aos acréscimos registrados em ambos os termos aditivos, foi apurado que a soma
deles perfez um percentual de 47,38% (48,80%, considerando a soma dos acréscimos e
supressões), destacando que, apenas o 7º termo aditivo, extrapolou o limite de 25%
estabelecido em lei. Segundo a jurisprudência, em se tratando de alteração quantitativa, se o
objeto contratual já houver sido acrescido em 25% do valor inicial atualizado, a
Administração ficará proibida de executar qualquer outro acréscimo. Caso seja necessária a
complementação das obras, mister se faz a realização de novo processo de contratação, o
que seria aplicável ao caso em tela.

Assim sendo, restou inequívoco que os aditivos acima extrapolaram o percentual de 25%
sobre o valor contratual atualizado. Ademais, as extrapolações acima (a maioria dos
itens), não se enquadram nas excepcionalidades consignadas na Decisão nº 215/1999-
Plenário-TCU, cujo trecho assim se apresenta:
“(...)

80 de 302
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e excepcionalíssimas
de contratos de obras e serviços, é facultado à Administração ultrapassar os limites
aludidos no item anterior, observados os princípios da finalidade, da razoabilidade e da
proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais do contratante privado, desde que
satisfeitos cumulativamente os seguintes pressupostos: I - não acarretar para a
Administração encargos contratuais superiores aos oriundos de uma eventual rescisão
contratual por razões de interesse público, acrescidos aos custos da elaboração de um novo
procedimento licitatório; II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de
capacidade técnica e econômico-financeira do contratado; III - decorrer de fatos
supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou imprevisíveis por ocasião
da contratação inicial; IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente
contratado em outro de natureza e propósito diversos; V - ser necessárias à completa
execução do objeto original do contrato, à otimização do cronograma de execução e à
antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes; VI - demonstrar-se - na
motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que extrapole os limites legais
mencionados na alínea “a”, supra - que as consequências da outra alternativa (a rescisão
contratual, seguida de nova licitação e contratação) importam sacrifício insuportável ao
interesse público primário (interesse coletivo) a ser atendido pela obra ou serviço, ou seja
gravíssimas a esse interesse; inclusive quanto à sua urgência e emergência”.
(...)

Na oportunidade, cabem algumas considerações adicionais: a Administração Local consiste


nas despesas administrativas de apoio e administração do canteiro de obras, necessárias a
condução e execução do empreendimento. Trata-se de custo diretamente relacionado à
execução da obra, e, embora varie de acordo com as características de cada uma, possui um
núcleo básico inerente à execução de qualquer projeto. Entre estes componentes de custos
podem ser citados: pessoal técnico, administrativo e de apoio, encarregados, vigias, veículos
de transporte, materiais de consumo, computadores, equipamentos, água, luz, telefone, etc.

Para o cálculo dos custos da Administração Local, é preciso levar em conta toda a estrutura
de apoio necessária para o desenvolvimento adequado de cada obra. Trata-se, portanto, de
despesa vinculada à execução efetiva da obra, geralmente com variação de dispêndio em
cada mês, conforme o cronograma físico-financeiro. De fato, pela própria
natureza dos elementos de custos que compõem a Administração Local, anteriormente
mencionados, fica evidente a possibilidade de variação dos custos de água, energia, material
de consumo, telefone, equipe técnica e administrativa, por exemplo.

Em razão disso, aliás, não cabe a adoção de critério de pagamento como valor mensal fixo,
a título de Administração Local, dissociado do cumprimento do cronograma físico-
financeiro, haja vista que na possibilidade de ocorrer atraso na execução da obra, poderia,
indevidamente, encerrar-se o pagamento desse item, antes da conclusão da obra. E, em caso
de atraso na execução, por desídia da contratada, certamente estaria se beneficiando a
empresa por pagamento antecipado. Sendo assim, a fim de evitar a antecipação de
pagamento do item em comento, deve ser realizado o pagamento proporcional, associado à
mensuração do que foi efetivamente executado, conforme os boletins de medição de obra.
Note-se que observando a natureza dos custos que compõem a Administração Local, é
possível inferir que não existe correlação direta entre aditivos e aumento dos custos da
Administração Local, ou seja, nem sempre um aditivo de acréscimo à obra ou prorrogação
de prazo corresponde a um aumento dos custos com Administração Local. Para que isso

81 de 302
ocorra, necessário que a alteração do contrato promova aumento real de itens de custos que
compõem a Administração Local, o que deverá ser devidamente comprovado pela empresa
contratada. Nesta hipótese, poderá ser firmado termo aditivo com ambos os objetos ou o
aditivo referente a Administração Local poderá ser firmado posteriormente, após as análises
necessárias e decisão pelo deferimento ou não pela Administração, desde que este item tenha
sido incluído na planilha original licitada.

Com relação ao 7º termo Aditivo, especificamente no que tange ao acréscimo de itens de


“Administração Local”, tais itens não se enquadram como situações imprevisíveis, ou
previsíveis de consequências incalculáveis, nos termos da lei, ou seja, tais itens seriam
perfeitamente previsíveis no ato da celebração contratual, lembrando que a celebração de
aditivos baseada em situação previsível, a qual deveria estar consignada na planilha original,
incorre em ato de ilegalidade, maculando a competitividade do certame.

Tendo em vista que a Administração Local não foi inserida na planilha licitada, em
obediência aos princípios da vinculação ao instrumento convocatório e da isonomia, a sua
inclusão no 7º Termo Aditivo foi irregular, configurando, além de descumprimento do art.
65, §1º, da Lei nº 8.666/93, um pagamento indevido no valor R$ 453.789,00.
Por fim, reportando-se às justificativas para celebração de ambos os aditivos, cabe lembrar
que tais justificativas, via de regra, foram pautadas na necessidade de acréscimos, tendo em
vista as especificidades da obra, a fim de tornar viável sua conclusão e, acrescentam ainda,
que a celebração desses termos aditivos seriam de extrema importância para o pleno
funcionamento da Unidade de Saúde. Ocorre que, mesmo com as alterações aprovadas, as
obras UPA Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração da vigência
contratual e o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria Municipal de Saúde, em
face de diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência de várias questões de
ordem operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA, dentro dos quesitos
de segurança a profissionais e pacientes. Detalhes dessas falhas encontram-se discursados
em item específico deste relatório.

ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:

“(...)

6. Celebração irregular de termos aditivos de acréscimos/supressões de serviços nas


obras de construção da UPA Pacaembu III ocasionando extrapolação do limite
estabelecido em lei e o pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título de administração
local.

Em preliminar, o relatório insurgiu-se a CGU quanto aos seguintes aspectos do


7º aditivo:
- ausência de parecer jurídico aprovando as justificativas;
- os acréscimos ultrapassaram o limite admitido do § 1º do art. 65 da Lei
8.666/93;

82 de 302
- que as condicionantes para alterações qualitativas não foram observadas e
que administração local não pode ser considerada como situação de consequência
incalculável ou imprevisível.
Ressaltando que os atos em análise foram ordenados na gestão 2013/2016,
observamos que as considerações que faremos, são aquelas possíveis a partir dos
documentos disponíveis em arquivo. Passemos aos relatos:
- a Lei 8.666/93 não trata literalmente de parecer jurídico sobre aditivos. Por
serem avenças relativas a contratos administrativos, com regulamento legal rígido,
implícita está a exigência de análise jurídica do ato. Sua conformidade com a lei e
especialmente se a justificativa atende as exigências legais, no caso os artigos 57 e 65 da
Lei 8.666/93, são indispensáveis. A prefeitura não adota parecer para esta análise, contudo
na estrutura administrativa, mantém em cada órgão um assessor jurídico, atuando de forma
alinhada à Procuradoria Geral do Município. Esse assessor é responsável, entre outras
atividades, pela elaboração das justificativas de aditivos e contratos administrativos. No
rodapé das justificativas questionadas em referência, nota-se as iniciais da advogada que
as elaborou- GMD. O aditivo e suas justificativas são objeto de análise final por advogados
da Procuradoria Adjunta Administrativa, conforme demonstra os vistos nos documentos,
inclusive do Procurador Geral à época;
- os acréscimos não ultrapassam o limite legal porque o 7º aditivo está
fundamentado no artigo 65, I “a” e seu objeto anuncia uma alteração qualitativa, conforme
evidencia a justificativa que o acompanha;
- as condicionantes do Acórdão expedido na Decisão do Processo 215/99 – TCU
foram abordadas na justificativa do 7º aditivo:
. no 6º parágrafo – afirma os gestores que os acréscimos de serviços não
alterariam a dimensão do objeto e que seus motivos eram supervenientes e imprevisíveis,
citando a instalação de gases medicinais, cujo projeto complementar não fazia parte do
projeto padrão do governo federal;
. no 7º parágrafo descreve a vantajosidade da alteração qualitativa frente
eventuais custos de uma rescisão contratual e elaboração um novo edital e ainda, os
dispêndios com a suspensão do empreendimento;
. nos 8º e 9º parágrafos cita as alterações necessárias, reiterando suas
imprevisibilidades, como a necessidade de aumentar a carga do gerador frente a
capacidade de atendimento do prédio, não considerada no projeto inicial, disponibilizado
pelo governo federal;
. no 11º parágrafo evidencia que o acréscimo de “Administração local”, apesar
de sua característica indissociável da execução, para o caso específico se revestiu de
consequência incalculável, frente ao tempo em que a obra fugiu de seu ritmo normal, devido
às adequações nos projetos fornecidos pelo governo federal. Avaliando o cronograma
físico/financeiro executado frente ao cronograma físico/financeiro previsto para a obra, é
possível inferir que defender como qualitativo o acréscimo de administração local seria
factível. Por certo que o custo da administração local pulverizado nos custos unitários da
planilha (tanto pelo contratante no orçamento inicial, quanto pela contratada em sua
proposta inicial, visto não constar de forma apartada em item específico na planilha) não

83 de 302
considerou e nem poderia considerar as despesas com engenheiro, almoxarife, vigilante,
nos quase 2 anos de indefinição dos projetos executivos.

(...).
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Em que pesem as considerações apresentadas pelo gestor, as mesmas não justificam os


acréscimos registrados em ambos os termos aditivos, que somaram, em termos percentuais,
47,38%. Em especial o 7º termo aditivo que, de forma isolada, extrapolou o limite de 25%
estabelecido em lei. É alegado que tal extrapolação se deu em face de alteração qualitativa,
contudo, na celebração deste, não restou comprovada a ocorrência de fatos supervenientes
que implicaram em dificuldades não previstas ou imprevisíveis, conforme alegou o gestor.
Vale lembrar que a Decisão nº 215/199-TCU prevê que, para alterações qualitativas
contratuais, deve ser comprovada sua necessidade, nos seguintes aspectos: na completa
execução do objeto original do contrato, na otimização ao cronograma de execução e na
antecipação dos benefícios sociais e econômicos decorrentes. No presente caso, nenhuma
das situações acima restou comprovada.

Sobre a supracitada Decisão, ratifica-se que a mesma admite percentuais acima dos 25%,
desde que sejam satisfeitos, simultaneamente, os quesitos de I a VI( excepcionalidades) da
dita Decisão; ademais, em todos os casos, qualquer percentual, a legitimidade das
modificações contratuais deve sempre envolver situações imprevisíveis, ou previsíveis de
consequências incalculáveis, fato que não ocorreu no caso em tela. Assim o sendo, as
alegações apresentadas não merecem acolhida.

Ademais, o item “Administração Local” não foi incluído na planilha licitada e foi aditivado
posteriormente. Assim sendo, em obediência aos princípios da vinculação ao instrumento
convocatório e da isonomia, sua inclusão no 7º Termo Aditivo foi irregular, configurando,
além de descumprimento do art. 65, §1º, da Lei nº 8.666/93, um pagamento indevido no
valor R$ 453.789,00, conforme disposto no campo “Fato” deste achado. Assim, cabe a
restituição do referido valor pago indevidamente atualizado.

Por fim, é licito reiterar que, mesmo com as alterações aprovadas, as obras da UPA
Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração da vigência contratual e
o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria Municipal de Saúde, em face de
diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência de várias questões de ordem
operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA, dentro dos quesitos de
segurança a profissionais e pacientes. Fato que vem a corroborar que este termo aditivo não
se enquadrou nas excepcionalidades da Decisão nº215/1999, pois não garantiu, dentre outros
condicionantes, a execução plena do contrato original.

trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.5. Irregularidades na execução das obras de construção da UPA Novo Mundo,


com ocorrência de falhas/patologias diversas e superfaturamento de R$46.639,36 por
execução de serviços a menor e por pagamento de serviços não executados.

Fato

84 de 302
Por ocasião da visita ao local das obras em 09/03/2018, situadas no loteamento Novo Mundo
(Coordenadas: 18º 55’43” S/48º 13’27” W), a CGU encontrou a situação semelhante àquelas
apontadas nos relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal de
Obras, com alguns achados adicionais, conforme apontado nas alíneas a seguir:

a) Danos causados por infiltrações decorrentes de águas pluviais em cerca de 46,00


m2 de forro em placas de gesso perfurado, na entrada da UPA Novo Mundo (Foto
01) e danos de mesma procedência, causados nos 411,00 m2 de placas de gesso
inclinadas, situadas ao redor da edificação, tendo em vista a falta de proteção ao
mesmo forro, ao redor da platibanda (Foto 02).

Foto 01: Forro em chapa de gesso Foto 02: Forro perfurado inclinado nos
perfurado, entrada da UPA Novo Mundo. beirais no entorno da UPA- infiltrações por
Infiltrações (Uberlândia/MG, todo o perímetro da edificação..
09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

b) Placas cimentícias estruturadas, com cerca de 770 m2, revestimento externo de toda
a UPA: foi executada apenas uma demão de selador. Nota-se infiltrações pelos
requadros das janelas, que estão danificando o revestimento interno da edificação
(Foto 03). Parte dos forros inclinados perfurados danificados, necessitando
reposição. Foi feito um cálculo expedito no local e foi apurado cerca de 3% da área
necessitando reposições, correspondente a uma área de aproximadamente 12 m2.
(Foto 04).

85 de 302
Foto 03: Placas cimentícias com sinais de Foto 04: Partes do forro perfurado inclinado
infiltrações pelos requadros das externo danificados (Uberlândia/MG,
janelas.(Uberlândia/MG, 09/03/2018). 09/03/2018).

c) Piso cerâmico externo com ocorrência de trincas e peças retiradas que não foram
recolocadas (Foto 05). Forro da área de acesso da ambulância às saídas de
cadáveres com infiltrações diversas ( Foto 06).

Foto 05: Peças cerâmicas do piso externo. Foto 06: Área de acesso saída de cadáveres,
(Uberlândia /MG, 09/03/2018). forro com infiltrações. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).

d) Ausência de instalação do forro em chapa de gesso acartonado estruturado em todo


o interior da UPA Novo Mundo, existindo, tão somente, a estrutura em metalon
para fixação do forro. A área faltante corresponde a cerca de 1300 m2. (Foto 07).
Ocorrência indevida de placas de gesso acartonado (fechamento/paredes)
mescladas entre ST (áreas secas) e RU (áreas molhadas) em um mesmo cômodo
(Foto 08), conforme detalhado a seguir:

86 de 302
• Sala Expurgo: 1 parede com placa RU e 3 paredes com placas ST;
• Sala de Preparo/Esterilização: 1 parede com placa RU e 3 paredes com
placas ST;
• Antecâmara: 2 paredes com placas RU e 2 paredes com placas ST;
• Guarda de material esterilizado: 4 paredes com placas ST;
• Sanitário Masc. e Fem.: em um dos sanitários = 3 paredes com placas RU e
1 parede com placa ST e no outro sanitário = 4 paredes com placas RU;
• Sala de Estabilização: local entre a higienização e o expurgo = 2 paredes
com placas RU e 2 paredes com placas ST.
O levantamento desses quantitativos, foi efetuado pela Secretaria Municipal de
Obras e pela CGU, que confrontou esses quantitativos com os apontados em campo,
chegando aos números listados acima.
Com relação à falta de instalação do forro em placas de gesso acartonado acima
citado, tal fato gerou um superfaturamento na ordem de R$ 40.920,81, conforme
detalhado na tabela a seguir uma vez que o serviço foi medido e pago.

Tabela I- Dados da medição do forro de gesso acartonado- 12º BM


Item Descrição Unida Quantida Custo Preço Total A
de de Unitário Total Medido( Realiza
Contratu (R$) Contratado R$) r
al (R$)
15.2 Forro em chapa de m2 1.339,47 30,55 40.920,81 40.920,81 0,00
gesso acartonado
estruturado da
Armstrong ou similar

Fonte: Cálculo do serviço medido x serviço efetivamente executado

87 de 302
Foto 07: Forro de gesso acartonado interno Foto 08: Revestimentos dry wall mesclados
não instalado. (Uberlândia/MG, entre ST(ambientes sem umidade) e RU(
09/03/2018). resistente a umidade). (Uberlândia/MG,
09/03/2018).

e) Danos gerais causados por infiltrações em diversas placas de gesso dry wall de
revestimento, principalmente aquelas contíguas às janelas externas, as quais
possuem infiltrações em seus requadros (Fotos 09 e 10). Foi feito um levantamento
expedito da área de revestimento de gesso a ser reparada, que perfez cerca de 360
m2, excetuando deste cálculo, as paredes instaladas incorretamente de forma mista
ST com RU, já citadas na alínea anterior.

Foto 09: Infiltrações em diversas paredes Foto 10: Infiltrações internas diversas;
internas em dry wall. Uberlândia/MG, situação comum nesta UPA Novo Mundo.
09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

f) Ocorrência de pisos não assentados e/ou faltosos, em diversos cômodos da UPA.


Foi feito um levantamento expedito pela CGU com base no projeto x inspeção x
medição e, juntamente com os cálculos da Secretaria de Obras, a exemplo da
metodologia adotada para levantamento das placas de gesso acartonado faltantes,
citado na alínea “d”. Tais cálculos levaram aos seguintes valores, por cômodos:
(Fotos 11 e 12):

Preparo/Estabilização – área = 8,05 m² (piso Delta Branco Bold/53x53)


Antecâmara – área = 2,65m² (piso Delta Branco Bold/53x53)
Guarda de Materiais – área = 5,29m² (piso Delta Branco Bold/53x53)
Sanitários Masc./Fem. – área = 3,74m² (piso Delta Branco Bold/53x53)
Posto de enfermagem – área = 23,52m² (piso Delta Sorrento Bold 53x53)
Sala de gesso – área = 16,45m² (piso Portobello Quebec Bold 45x45)

88 de 302
Higienização – área = 8,34m² (piso cimentado queimado)
DML – área = 2,59m² (piso cimentado queimado)
Ar-condicionado – área = 5,18m² (piso cimentado queimado)
Recepção área interna do balcão = 10,95m² (piso Delta Sorrento Bold 53x53)
Parte do piso faltante na Área de Espera Pediátrica = 2,98m²
Faixa de piso em frente aos sanitários – área = 1,70m² (piso Delta sorrento Bold
53x53).
Com relação à instalação dos pisos em porcelanato a menor, acima citados, tal fato
gerou um superfaturamento na ordem de R$ 5.718,55, conforme demonstrado na
planilha abaixo:

Tabela II- Superfaturamento por execução de pisos a menor


Local Tipo Piso Área sem Preço Superfaturament
piso (m2) Unitário o(R$)
(R$)
Salas: Delta branco Bold 53 43,25 73,93 3.197,47
preparo/estabilização x 53 cm
, ante câmara, guarda
de materiais,
sanitários masc. e
femin., posto de
enfermagem.
Sala de gesso Porto Bello Quebec 45 16,45 66,11 1.087,51
x 45

Sala de higienização, Cimentado Queimado 16,03 24,97 400,27


DML e do ar
condicionado
Recepeção interna Delta Sorrento Bolt 53 15,63 66,11 1.033,30
balcão de x 53 cm
atendimento, área de
espera pediátrica e
faixa de piso faltante
em frente aos
saniários
5.718,55

Fonte: Medição efetuada “in loco” das áreas desprovidas de pisos.

89 de 302
Foto 11: Foto de um dos setores da UPA Foto 12: Pisos faltantes e/ou se soltando em
Novo Mundo sem o piso. outros setores da edificação
(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

g) Área externa da UPA Novo Mundo: local onde deveria estar construída a área de
estacionamento. (Foto 13). Outro lado da UPA, onde também deveria estar
construído o outro pátio de veículos (Foto 14). Ambos os locais ainda estão
cobertos pela vegetação.

Foto 13: Foto de um dos pátios para Foto 14: Pátio para veículos (parte posterior
veículos (frontal), ainda não executado. da UPA). Também não executado.
(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

h) Estruturas externas da UPA, que compõem o projeto como um todo, ainda


inacabados (Foto 15). Reservatório elevado ainda não concluído, pois não há
ligação com o sistema de recalque, composto por caixas d‘água aterradas, ainda
não executadas (Foto 16).

90 de 302
Foto 15: Estruturas contíguas da UPA Foto 16: Reservatório elevado inacabado e
ainda inacabadas. (Uberlândia/MG, inoperante. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
09/03/2018).

No geral, as falhas e patologias apontadas acima, são as mais graves existentes na UPA Novo
Mundo. Ressalta-se que a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por força das cláusulas
contratuais correlatas, deverá acionar a empresa contratada, de forma a reparar os serviços
que apresentam danos reparáveis, bem como refazer serviços executados em
desconformidade com as especificações técnicas e concluir serviços medidos e pagos não
executados.

Segundo informações da Secretaria Municipal de Obras, encontra-se em andamento a


abertura de novo certame licitatório, visando a conclusão dessas obras, entretanto, tal ato
não exime a PMU de determinar à contratada, nos termos da carta contratual, a sanear as
falhas executivas existentes, bem como executar os serviços pendentes. Tendo em vista
tratar-se de contrato administrativo e, como tal, contem cláusulas expressas que definem
direitos e obrigações das partes, a obrigatoriedade da contratada em levar a termo as
obrigações contratuais, não se extinguirá pela simples celebração de novo contrato para
conclusão das obras, cabendo, destarte, tornar eficaz as medidas implementadas, sob risco,
conforme dito anteriormente, de comprometimento dos objetivos propostos.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
“(...)

10. Irregularidades na execução das obras de construção da UPA Novo Mundo, com
ocorrência de falhas/patologias diversas e superfaturamento de R$46.639,36 por
execução de serviços a menor e por pagamento de serviços não executados

Em relação ao item 10, tem-se a afirmar que os itens que estão sendo
questionados, foram constatados inclusive em relatórios da própria Secretaria de Obras e

91 de 302
da Secretaria de Saúde, foram transcritos pela CGU conforme apontamentos em relatórios
da própria Prefeitura Municipal, que com seu poder-dever de fiscalização, evidenciou tais
irregularidades.
Tendo por base os apontamentos referidos, o Município deverá notificar a (s)
empresa (s) responsável para adotar as medidas necessárias e suficientes a promover a
preservação das construções já realizadas, , garantindo assim a solução rápida para cessar
o desgaste de determinadas partes da obra, até que a mesma possa ser concluída através de
novo processo licitatório, mediante a disponibilidade de recursos.
Pari passo, as secretarias municipais deverão instaurar os Procedimentos
Administrativos tendentes delimitar eventual ilícito administrativo e prejuízo ao ente
público, garantindo ampla defesa e contraditório tanto do fiscal quanto da empresa segundo
os moldes da Lei Federal nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 e suas alterações e da Lei
Municipal nº 8.814, de 30 de agosto de 2004 e suas alterações.
Findo o procedimento, na hipótese de constatação de irregularidades, os autos
deverão ser encaminhados à Procuradoria Municipal para análise acerca do cabimento da
persecução de eventuais valores inquestionáveis e incontroversos administrativamente
junto a empresa, ressalvadas decisões judiciais em contrário.

(...).
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Pela análise textual, infere-se pela concordância do gestor com os achados apontados pela
CGU. Assim sendo, cabe à PM Uberlândia tornar eficazes as medidas a serem
implementadas, haja vista a existência de serviços com danos reparáveis, porém com riscos
de se tornarem irreparáveis no curto prazo. Há também serviços executados em
desconformidade com as especificações técnicas e, por fim, serviços medidos e pagos não
executados, que representam superfaturamento. Esse conjunto de falhas construtivas, se não
saneadas em tempo hábil, coloca em risco a consecução do objeto, em sua plenitude.
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.6. Ocorrência de falhas nas obras de construção da UPA Pacaembu III,


comprometendo sua viabilidade operacional, visto que o funcionamento daquela UPA
foi embargado pela Secretaria Municipal de Saúde.

Fato

O Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 342, de 04/03/2003, lançou a Política


Nacional de Urgência e Emergência com o intuito de estruturar e organizar a rede de
urgência e emergência no País. O objetivo desta política foi integrar e articular todos os
estabelecimentos de saúde , com vistas a diminuir as filas nos prontos- socorros dos
hospitais, evitando que casos que possam ser resolvidos nas UPA’s, ou unidades básicas de
saúde, sejam encaminhados para unidades hospitalares. Outrossim, de acordo com a Portaria
nº 1.601, de 07/07/2011, em seu artigo 3º, uma UPA de Porte III, tais quais as previstas para
o Município de Uberlândia, dispõe de um mínimo de 15 leitos de observação e têm
capacidade para atender até 450 pacientes, no período de 24 horas. Ademais, segundo
estudos do Ministério da saúde, 97% dos casos são solucionados na própria unidade.

92 de 302
Em 09/09/2010, foram assinadas as Portarias nº 2736/GM e 2737/GM, as quais, mediante
seus arts. 1º, habilitaram as Unidades de Pronto Atendimento- UPA’s nos loteamentos
Pacaembu III e Novo Mundo, respectivamente, em Uberlândia/MG. As propostas para a
liberação de recursos referentes a essas UPA’s, cadastradas no sistema SISPAG, receberam
os nºs 18431.312000/1100-06 (Pacaembu III) e 18431.312000/1100-07 ( Novo Mundo). Os
valores de ambas as propostas foram de R$ 2.600.000,00. De acordo com a Portaria GM nº
1.020, de 13/05/2009, o cronograma de desembolso para os repasses deveriam obedecer aos
seguintes critérios:

Quadro I - Cronograma de Desembolso

Cronograma de Desembolso Financeiro- Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009


I - Primeira Parcela equivalente a 10% do valor aprovado após
260.000,00
publicação da portaria específica de habilitação
II- Segunda parcela- equivalente a 65% do valor total aprovado,
mediante apresentação da respectiva ordem de início dos serviços,
assinada por profissional habilitado no Conselho Regional de
1.690.000,00
Engenharia, Arquitetura e Agronomia- CREA, ratificada pelo gestor
pelo gestor local e pelo Conselho Intergestores Bipartite-CIB e
autorizada pela Secretaria de Atenção à Saúde.
III- terceira parcela- equivalente a 25% do valor total aprovado, após
conclusão da edificação da unidade e apresentação do respectivo
atestado, assinado por assinada por profissional habilitado no
Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia- 650.000,00
CREA,ratificada pelo gestor pelo gestor local e pelo Conselho
Intergestores Bipartite-CIB e autorizada pela Secretaria de Atenção à
Saúde
Total 2.600.000,00
Fonte: Cronograma de Desembolso- Anexo à Portaria GM nº 1.020 de 13/05/2009

Para o caso da UPA Pacaembu III, os repasses ocorreram da forma descrita abaixo:

Quadro II - Repasse para UPA Pacaembu III

Valor Repassado
Parcela Data do Repasse
(R$)
1 08/11/2010 260.000,00
2 06/03/2014 1.690.000,00
3 23/08/2016 650.000,00
Total 2.600.000,00
Fonte: Documentação relativa à liberação dos recursos.

As obras referentes ao Contrato nº 598/2013, celebrado com a empresa AZM


Empreendimentos Imobiliários Ltda., para construção da UPA Pacaembu III, tiveram seu
início em 09/09/2013. Desde então, foram efetuadas 17 medições, que perfizeram total de
R$ 2.771.821,49, representando um percentual de 94,51% em relação ao valor contratual e
aditivos posteriores, conforme tabela a seguir:

93 de 302
Tabela I- Boletins de Medição

Boletim de Data Período de Execução Valor medido(R$)


Medição Emissão

1 29/11/2013 01/11/2013 a 29/11/2013 298.897,37


2 20/1/2014 02/12/2013 a 31/12/2013 225.542,32

3 11/2/2014 01/01/2014 a 15/01/2014 152.549,75

4 7/4/2014 15/01/2014 a 28/02/2014 409.776,25

5 28/5/2014 01/03/2014 a 30/03/2014 268.771,79


6 1/7/2014 01/04/2014 a 30/04/2014 185.252,16

7 7/8/2014 01/05/2014 a 31/05/2014 522.034,47

8 18/9/2014 01/06/2014 a 30/06/2014 148.024,78

9 24/10/2014 01/07/2014 a 31/07/2014 126.669,85

10 24/11/2014 01/08/2014 a 31/08/2014 93.101,70

11 13/2/2015 01/09/2014 a 31/10/2014 485,50

12 12/3/2015 01/11/2014 a 30/11/2014 107.337,58

13 30/9/2015 01/07/2015 a 27/09/2015 319.804,25

14 6/1/2016 28/09/2015 a 08/01/2016 486.922,38


15 19/2/2016 07/01/2016 a 19/02/2016 539.494,16

16 20/3/2016 20/02/2016 a 15/03/2016 493.978,81

17 30/6/2016 16/03/2016 a 30/06/2016 393.178,37


Total 4.771.821,49
Fonte: Boletim de medição- Contrato nº 598/2013

De acordo com o documento intitulado “Cadastramento de Obras paralisadas”, datado de


dezembro/2016, encaminhado pela Secretaria Municipal de Obras à CGU em 16/03/2018,
em anexo à resposta parcial da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01, de 12/03/2018,
o contrato com a empresa encerrou-se em agosto de 2016, com diversas pendências
apontadas. No campo “Observações” do mesmo documento, consta que foram executados
94,51% das obras, contudo, o local apresentava diversas pendências, tais como: instalação
de gases medicinais, impressora do raio-x e outros equipamentos. Constava também no

94 de 302
mesmo documento, a existência de diversos problemas diretamente ligados à execução das
obras, tais como: telhados danificados, necessidade de reparos das portas e em paredes de
dry wall, falta de expurgo do CME, instalações hidrossanitárias, problemas no piso e no
forro de gesso, dentre outras falhas/patologias, as quais também foram identificadas pela
CGU, por ocasião da inspeção “in loco”, que serão detalhadas nesta constatação.

Destaca-se que há um laudo do Corpo de Bombeiros (CBMMG), de dezembro/2016, não


aprovando o funcionamento da UPA Pacaembu III. Também consta que alguns serviços
contratados pendentes de execução, foram executados pela própria Prefeitura Municipal, por
intermédio do setor de apoio e manutenção, denominado EMAM. Como esses serviços não
foram discriminados em planilha específica, não foi possível calcular o valor executado de
forma direta. Por fim, o documento “Cadastramento de Obras Paralisadas” informa que foi
instaurado o Processo Administrativo nº 076/2016, por intermédio da Portaria nº 40.381, de
18/08/2016, para apurar supostas irregularidades, processo este, de acordo com exames da
CGU in loco”, ainda não havia apresentado um parecer conclusivo.

Tendo em vista a ocorrência de falhas na execução contratual da obra da UPA Pacaembu III
e em outras duas obras similares no Município, a Secretaria Municipal de Saúde-SMS, em
março/2017, efetuou vistoria nesta e em outras duas UPA’s, as do Novo Mundo e Córrego
do Óleo, cujas obras também apresentavam problemas de execução. Mediante relatório
referente à UPA Pacaembu III, a SMS detectou uma série de problemas, muitos deles afetos
à má execução das obras e/ou falhas construtivas, tendo-as classificado da seguinte forma:

a) Inconformidades críticas: situação encontrada que impacta a segurança da assistência


e dos profissionais que atuarão na Unidade, sendo o funcionamento UPA condicionado à
solução dessas inconformidades, as quais se encontram abaixo resumidas:

- Ausência de projetos de blindagem para sala de Raios-X, para fins de proteção dos
efeitos da radiação;
- ausência de levantamento radiométrico, de forma a medir os níveis de radiação na
sala de comando, sem o qual, não seria possível a liberação das instalações com
aparelhos de raios x;
- alteração de projeto efetuada na Sala de Esterilização, tendo em vista as dimensões
da autoclave, tornando-a inoperante. Dentre as várias inadequações, cita-se a
ausência de ar comprimido medicinal, gás inerte ou ar filtrado;
- relatório do Corpo de Bombeiros (CBMMG), detectou 9 irregularidades em seu
relatório de vistoria de 22/12/2016;
- sistema de proteção contra descargas atmosféricas (SPDA), não possuem laudo
técnico comprovando sua funcionalidade;
- sistema de ar condicionado dos leitos isolados não foi construído, inclusive com
existência de dutos não utilizados nos banheiros desses leitos. A NBR 7256/2005,
determina a execução de sistema de tratamento de ar em estabelecimentos
assistenciais de saúde, tal sistema estava previsto em projeto, contudo, não foi
executado;
- o mesmo ocorreu para o sistema de condicionamento de ar para a sala de
estabilização, que também constava em projeto;
- ausência de sistema de geração de ar medicinal, conforme determina a NBR nº
12.188, tal sistema é de vital importância, pois permite manter a respiração de
pacientes em condições críticas;

95 de 302
- área definida para compressores de ar medicinal está próxima do sistema de vácuo,
isso pode levar a captação de ar medicinal contaminado ( NBR nº 12.188);
- instalações hidráulicas apresentam falhas que comprometem o fornecimento
regular de água potável para pacientes e funcionários. Como por exemplo: falta de
instalação da bomba de recalque reserva e bomba de drenagem; os reservatórios em
fibra de vidro já apresentam vazamentos;
- sistema elétrico, incluindo tomadas e quadros de distribuição, não possuem laudo
atestando sua funcionalidade, conforme determina a NBR nº 5410/2004;
- falta de exaustão em diversos locais: banheiros, expurgos e DML’s. No memorial
descritivo consta que poderiam ser utilizados exaustores na troca por lanternin;
contudo, nenhuma solução foi executada.

b) Inconformidades maiores: pode resultar em assistência insegura ou com risco


a profissionais e pacientes, sendo, pois, recomendada sua solução. Em síntese,
compreende:
- área externa para desembarque de ambulâncias sem cobertura;
- falta de instalação do tanque de oxigênio líquido;- improvisou-se a instalação de 12
aparelhos de ar condicionado modelo split em diversos locais da UPA, inclusive nos
leitos de isolamentos e na sala de estabilização, contrariando as determinações da
NBR nº 7256/2005. Nos demais locais, onde a norma não veda, os mesmos foram
instalados de forma precária com riscos de queda, sendo que alguns aparelhos até já
foram removidos da Unidade.

c) Inconformidades menores: são aquelas que, apesar de não serem classificadas


como crítica ou maior, também podem provocar desvio ou prejuízo para o
atendimento com qualidade.

Vale lembrar que algumas das falhas/patologias inerentes à execução das obras
listadas acima, foram convalidadas pela CGU, durante a inspeção física das obras,
em 09/03/2018, cujos achados encontram-se descritos na parte final deste item,
juntamente com o relatório fotográfico. Por oportuno, cabe destacar a existência de
um Relatório de Inspeção Infraestrutura e Projetos nº 010/2016, de novembro/2016,
também da SMS, que relata as seguintes falhas, algumas também detectadas pela
CGU:

- rede de gases não executada na íntegra;


- grupo gerador da UPA não é o recomendado, pois não possui tratamento
acústico, podendo causar desconforto à equipe clínica e ao público, quando em
uso;
- processo construtivo Steel Framing - Dry Wall já apresenta, em alguns pontos,
deterioração e fissuras nas placas internas dos painéis de fechamento em gesso
acartonado e nas placas cimentícias externas;
- ausência de previsão de reforços adequados para sustentação de equipamentos,
monitores, bancadas, dentre outros, lembrando que é necessária a utilização de
mecanismos de sustentação RMA - reforço de madeira, RME - reforço metálico
e RCP - reforço em compensado plastificado, para todo o sistema dry wall,
conforme determina a NBR nº 15.758/2009;

96 de 302
- em locais onde era prevista a utilização de placas de dry walls comuns, ST (
áreas secas) e RU( áreas molhadas), não houve a confirmação de utilização
correta desses;
- deformações nas telhas termo acústicas da cobertura, em rufos e calhas,
causando vazamentos e infiltrações, detectadas nas placas de forro;
- deficiências nas portas da UPA, em sua fixação, revestimento com laminado
melamínicos, faixa de proteção e portais empenados;
- sistema de bate macas utilizado diverso do previsto no projeto licitado;
- não foram entregues, à Secretaria de Saúde, os projetos “as built” de todas as
disciplinas complementares e os respectivos ART’s, sendo essa documentação
fundamental para a gestão técnica da UPA.

Com relação à execução da UPA Pacaembu III, bem como das UPA Córrego do Óleo e
Novo Mundo, a Procuradoria da República no Município de Uberlândia/MG instaurou o
Inquérito Civil nº 1.22.003.000455/2016-58 com vistas a apurar eventuais irregularidades
nas obras de execução. Em despacho datado em 04/08/2017, a PRM requereu da Prefeitura
Municipal de Uberlândia informações detalhadas sobre os motivos dos atrasos e paralisação
das UPA’s do Novo Mundo e do Córrego do Óleo e dos problemas críticos apontados pela
SMS, com relação à UPA Pacaembu III.

Sobre a atuação do Ministério da Saúde - MS neste contexto, verificou-se nos autos que a
Procuradoria da República em Uberlândia mediante o Ofício nº 2.334-OF/PRM/UDI/LAM,
de 07/11/2017, instou o MS a se manifestar sobre o assunto e adotar providências de
auditoria e fiscalização. Em atendimento ao pleito, foi emitido o Parecer nº 1636-SEI/2017-
COADE/CGAUD/DENASUS/SGEP/MS, lavrado em 29/12/2017, no qual constam
informações detalhadas sobre a gestão dos recursos das três UPA’s inquinadas pela PRM.
Conclusivamente, o referido parecer, com base nos artigos 1.106, 1.115 e 1.119, da Portaria
de Consolidação nº 06, de 28/09/2017 (a qual consolida as normas sobre o financiamento e
transferência de recursos federais para as ações do Sistema Único de Saúde), propõe o envio
do dito parecer à Área Técnica, para que seja realizado monitoramento dos recursos
transferidos ao Município de Uberlândia, para construção de UPA’s e, se constatadas
impropriedades/irregularidades, aplicar as penalidades no citado normativo. Até o término
dos trabalhos de campo, 09/03/2018, não foi identificado, com base nos autos, que alguma
medida do MS quanto à UPA Pacaembu III havia sido efetivada.

Diante disso, foi emitida, em 15/03/2018, a Solicitação de Fiscalização nº 2018000261/03,


requerendo informações atualizadas sobre os fatos ora relatados. Em resposta, encaminhada
em expediente s/nº, de 19/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou o seguinte:
“(...)
UPA PACAEMBU: Não houve ordem de paralisação da Administração, mas as obras
foram de fato paralisadas. Isso também se deve a uma série de fatores, entre eles:
- A obra encontra-se com pendências nas instalações de ar-condicionado, sistema de
prevenção e combate a incêndio (o Auto de vistoria do Corpo de Bombeiros – AVCB, não
foi obtido, devido a não conformidades constatadas na obra, conforme projeto de Prevenção
e Combate à Incêndio e Pânico, executado pela AZM Empreendimentos Imobiliários);
- Também foram verificadas pela fiscalização, patologias que demandam reparos em
instalações da unidade;

97 de 302
- Segundo fiscal da obra, existem ainda pendências a serem resolvidas referentes à medições
(18ª e 19ª) da execução da obra, que, inclusive, a empresa tenta receber judicialmente,
alegando ter executado serviços que não foram aprovados pela fiscalização.
- As medidas Administrativas como as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, também serão tomadas imediatamente, assim que houver o encerramento do
processo judicial em andamento.
Ação de Cobrança
Autor: AZM EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA.
Número do Processo: 5020181-69.2016.8.13.0702
Data da Distribuição: 12/11/2016
(...)”
Adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01,
de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de 15/03/2018, a Secretaria Municipal de
Obras complementou as justificativas acima, da seguinte forma (a parte inicial da resposta a
esta SF é idêntica à resposta à SF 201800261/03, citada em parágrafo antecedente):
“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”

O Município de Uberlândia foi habilitado a receber recursos para a UPA Córrego do Óleo
sob a égide da Portaria nº 1.020, de 13/05/2009, que estabelecia diretrizes para a implantação
da Política Nacional de Atenção às Urgências.

Entretanto, somente a partir da Portaria GM/MS nº 342, de 04/03/2013, que redefiniu as


diretrizes para implantação do Componente Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h), foi
exigido o cumprimento de prazos para conclusão das obras. Conforme o art. 21, inciso I,
alínea “b” da Portaria GM/MS nº 342, o prazo para conclusão e funcionamento de uma UPA
nova seria de 18 (dezoito) meses, a contar da data do pagamento da primeira parcela do
incentivo financeiro. A primeira ordem bancária foi emitida em 08/11/2010. Por sua vez, o
art. 24 estabelecia a devolução imediata dos recursos financeiros repassados na hipótese de
descumprimento deste prazo.

Porém, nova portaria foi publicada em 05/01/2017, redefinindo as diretrizes de modelo


assistencial e financiamento de UPA 24h. O art. 34, inciso I, alínea “b” da Portaria nº
10/GM/MS estabeleceu que o prazo para conclusão e início do efetivo funcionamento é de
18 (dezoito) meses, a contar da data da transferência da segunda parcela do recurso de

98 de 302
investimento, que, no caso em tela ocorreu em 06/03/2014. Na hipótese de descumprimento
deste prazo, ficou definido no art. 35 que a CGUE/DAHU/SAS/MS (Coordenação-Geral de
Urgência e Emergência/Departamento de Atenção Hospitalar e de Urgência/Secretaria de
Atenção à Saúde/Ministério da Saúde) notificaria a Prefeitura para apresentar justificativa
do atraso com a respectiva documentação comprobatória. Conforme o art. 35, cabe à
Coordenação-Geral de Urgência e Emergência analisar a justificativa, aceitando-a ou não.
No caso de não aceitação da justificativa, a CGUE/DAHU/SAS/MS pode notificar o gestor
solicitando informação adicional e, após esgotadas as vias administrativas, a
CGUE/DAHU/SAS/MS deve elaborar relatório circunstanciado acerca do fato e o
encaminhar ao DENASUS (Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde).

Em 06/02/2017, foi publicada a Portaria GM/MS nº 381, dispondo sobre as transferências,


fundo a fundo, de recursos financeiros destinados à execução de obras de construção no
âmbito do Ministério da Saúde. Nesta, ficou estabelecido que, conforme o art. 17, as obras
que estão fora do prazo de execução estabelecido pelo Ministério da Saúde, serão notificadas
novamente uma única vez, no dia 01/03/2017, tendo o Município até o dia 12/05/2017 para
apresentar justificativa e novo prazo. O §3º do art. 17 estabeleceu que “As propostas de
projetos que tiveram prazo prorrogado não atendido serão desabilitadas, devendo a área
técnica encaminhar relatório circunstanciado para a Secretaria Executiva”.

Mediante o Ofício Circular nº 015-CGUE/DAHU/SAS de 02/03/2017, a Prefeitura


Municipal de Uberlândia foi notificada acerca da Portaria GM/MS nº 381, em especial, o
art. 17, que trata das notificações realizadas devido à não observância de prazos. Por seu
turno, a PMU, mediante o Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, informou que, ao
assumir a atual gestão, foi detectado que as obras de construção da UPA Pacaembu III
apresentavam uma série de pendências, que se encontram consignadas no relatório emitido
pela SMS, em abril/2017, já citado anteriormente. Diante desses fatos, em resposta ao
supracitado ofício circular, a PMU solicita um tempo maior para a conclusão das obras,
tendo em vista o cenário encontrado pela atual gestão, ao assumir seu mandato. Naquela
ocasião, de acordo com dados do SISMOB, as obras apresentavam 94,51% de execução
efetiva.

Por oportuno, em parte da resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201800261/03, de


15/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou o seguinte, acerca da situação das
obras em 19/03/2018:
“(...)

▪ UPA Pacaembu: aguarda-se resultado do processo judicial em andamento para que sejam
providenciadas as sanções contratuais e as previstas na Lei de licitações, assim que houver
o encerramento do processo judicial em andamento, visto que a obra apresenta patologias
na cobertura, forros, portas, pendências nas instalações de ar-condicionado e não
conformidades na obra, no projeto de Prevenção e Combate à Incêndio e Pânico, executado
pela AZM Empreendimentos Imobiliários e pendências em medições (18ª e 19ª) da execução
da obra, que, a empresa tenta receber judicialmente, alegando ter executado serviços que
não foram aprovados pela fiscalização.

(...)”

99 de 302
Em 09/03/2018, por ocasião da visita ao local das obras, situada no loteamento Pacaembu
III (Coordenadas: 18º 53’41” S/48º 17’34” W), a CGU encontrou situações semelhantes
àquelas apontadas nos relatórios da Secretaria Municipal de Saúde e da Secretaria Municipal
de Obras, conforme discursado nas alíneas a seguir:

a) Deformações e falhas na execução das telhas termoacústicas da cobertura, em rufos


e calhas, que apresentaram inclinação inadequada e telhas deslocadas. Tal fato certamente
foi gerador das diversas infiltrações detectadas no interior da Unidade de Saúde. (Fotos 1 e
2).

Foto 01: Falhas construtivas no telhado - Foto 02: Rufos e calhas com falhas na
telhas termo acústicas. (Uberlândia/MG, instalação, aplicação de impermeabilizante
09/03/2018). para tentar minimizar os problemas de
infiltrações diversas existentes no interior da
edificação. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

b) Forro em chapa inclinada de gesso perfurado estruturado, na entrada da UPA, com


sinais claros de danos causados por infiltrações oriundas das falhas apontadas na aplicação
das telhas, rufos e calhas( Foto 03). Forro em gesso acartonado estruturado interno se
soltando, também como consequência das infiltrações vindas da cobertura ( Foto 04).

100 de 302
Foto 03: Sinais de infiltrações no forro de Foto 04: Partes do forro em gesso
gesso perfurado, entrada da UPA acartonado interno, sinais de danos.
Pacaembu.(Uberlândia/MG, 09/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

c) Sinais de infiltrações em forros e paredes em dry wall internas. Com relação ao


sistema construtivo “Steel Framing-Dry Wall”, mais precisamente as placas de paredes
internas e as placas cimentícias (externas), verificou-se, ao longo da inspeção, que , além
dos sinais de infiltração, alguns apresentam sintomas de deterioração e fissuras (Foto 05).
Parte do forro de gesso acartonado desabou por conta da grave infiltração causada pelas
telhas mal instaladas. Há riscos de ocorrência deste fato em outros locais da edificação, caso
os problemas da cobertura não sejam sanados. ( Foto 06)

Foto 05: Placa em gesso acartonado de Foto 06: Desabamento de placas de gesso
parede com sinais de infiltração e fissuras acartonado internas, advindas das infiltrações
inter placas. (Uberlândia /MG, pluviais, causadas por telhas, rufos e calhas
09/03/2018). mal instaladas. (Uberlândia/MG,
09/03/2018).

101 de 302
d) Deficiências diversas nas portas da Unidade, tais como portais empenados,
revestimento em laminado melamínico se desprendendo (Foto 07) e ocorrência de trincas
em batentes em algumas portas ( Foto 08).

Foto 07: Laminado melamínico se Foto 08: Trincas em batente de portas


desprendendo de algumas portas da internas. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).
Unidade. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

e) Não houve previsão de reforço adequado para sustentação de equipamentos de ar


condicionado tipo split. Nos casos ilustrados nas fotos 09 e 10, os mesmos haviam sido
retirados, por serem considerados inadequados, consoante relatório da SMS. Deveria ter
havido previsão de reforço tipo RMA - madeira. (Fotos 09 e 10).

Foto 09: Local onde foi instalado, sem o Foto 10: Outro local da UPA, representando
reforço devido, aparelho de ar condicionado a mesma falha. (Uberlândia/MG,
tipo split, já retirado. Uberlândia/MG, 09/03/2018).
09/03/2018).

102 de 302
f) Infiltrações provenientes dos requadros das janelas, devido à falta de vedação dessas
(Foto 11). Falta de parte do forro inclinado perfurado, instalado ao redor da UPA. (Foto 12).

Foto 11: Falta de vedação dos requadros Foto 12: ocorrência de falta de peças de
das janelas, causando infiltrações pluviais forros de gesso perfurado inclinado na parte
no interior da UPA. (Uberlândia/MG, externa da Unidade. (Uberlândia/MG,
09/03/2018). 09/03/2018).

g) Parte do serviço referente ao reservatório elevado com sinais de danos (Foto 13).
Reservatório aterrado (Foto 14): embora a foto não deixe muito nítido, não houve instalação
da bomba de recalque reserva e os reservatórios de fibra aterrados já apresentam sinais de
danos.

103 de 302
Foto 13: Reservatório elevado com sinais de Foto 14: Reservatório aterrado com danos,
danos antes mesmo de seu note-se parte de fôrma de compensado sobre
funcionamento.(Uberlândia/MG, o mesmo. No mesmo local também se
09/03/2018). verificou a ausência da bomba de recalque
reserva. (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

h) Área externa para desembarque de ambulâncias sem cobertura (projeto não previa). (Foto
15). Sistema de condicionamento de ar com dutos não utilizados. (Foto 16).

Foto 15: Área para desembarque de Foto 16: Duto de sistema de ar


ambulâncias sem cobertura. condicionado inoperante.
(Uberlândia/MG, 9/03/2018). (Uberlândia/MG, 09/03/2018).

i) Ocorrência de alguns locais da UPA sem os rodapés (Foto 17) e houve necessidade, em
alguns banheiros, de se complementar a divisória sanitária em granito cinza até o nível do
piso, pois o caimento do box contíguo foi executado no sentido contrário ao do ralo,
causando vazamento no box do vaso sanitário. (Foto 18).

104 de 302
Foto 17: Falta de rodapés em alguns pontos Foto 18: Complementação da divisória em
da UPA. (Uberlândia/MG, 9/03/2018). granito, para evitar passagem da água.
(Uberlândia/MG, 09/03/2018).

No geral, além de outras questões técnicas específicas apontadas pela SMS, são essas as
falhas e patologias mais graves existentes na UPA Pacaembu. Ressalte-se que algumas
dessas falhas/patologias, por sua gravidade e inequívoca visibilidade, deveriam ter sido
observadas pela fiscalização das obras na ocasião. Como é caso do telhado, sua má execução
já deveria ter sido objeto de observação da fiscalização desde o recebimento deste. Deverá
ser apurado se os fiscais à época, efetuaram os testes físicos na cobertura, de forma a verificar
se os serviços executados atenderam aos quesitos de penetração da água e desempenho
estrutural.

Também é mister que a Prefeitura faça as composições dos serviços contratados executados
de forma direta, conforme citado anteriormente, para que seja feita cobrança da empresa
AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda desses serviços. Com relação aos serviços de
reparos, ou seja, aqueles efetuados, também de forma direta, para ajustar serviços mal
executados, sejam planilhados de forma apartada, pois caracterizam superfaturamento por
serviços executados fora das especificações e/ou serviços de má qualidade, que deverão ser
quantificados e cobrados da empresa contratada.

À guisa da conclusão, eis a síntese dos fatos:


- informação constante no Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, de que, ao assumir
a atual gestão, foi detectado que as obras de construção da UPA Pacaembu III apresentavam
uma série de pendências, todas elas devidamente levantadas pela SMS em relatório
específico;
- problemas encontrados pela CGU, por ocasião da inspeção física das obras, conforme
detalhado no relatório fotográfico acima;
- pedido de prorrogação de prazo pela SMS, ainda não atendido (até término dos trabalhos
de campo da CGU);
- pendência judicial, relativa às medições de nºs 12 e 13, que podem ainda mais agravar, no
curto prazo, a solução dos problemas apontados pela fiscalização municipal e pela CGU.

105 de 302
Diante disso, infere-se que tais fatos apontam para a não conclusão das obras no curto prazo,
especialmente pela existência de pendência judicial a desfavor da prefeitura, o que pode
retardar, ainda mais, a solução das pendências apontadas. Tendo em vista o embargo
daquela UPA pela SMS, em face de diversas falhas também de cunho operacional (parte
dessas falhas não são objeto contratual), além das falhas/patologias construtivas discursadas
em parágrafo que trata da inspeção física da CGU, torna-se inequívoco o comprometimento
ao atingimento dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de imediato, medidas
saneadoras eficazes, visando a efetiva entrega daquela UPA para atendimento à população
alvo.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:

“(...)

7. Ocorrência de falhas nas obras de construção da UPA Pacaembu III,


comprometendo sua viabilidade operacional, visto que o funcionamento daquela UPA foi
embargado pela Secretaria Municipal de Saúde.

Conforme correto apontamento da CGU, de acordo com o documento intitulado


“Cadastramento de Obras paralisadas”, datado de dezembro/2016, encaminhado pela
Secretaria Municipal de Obras à CGU em 16/03/2018, em anexo à resposta parcial da
Solicitação de Fiscalização nº 201800261/01, de 12/03/2018, o contrato com a empresa
encerrou-se em agosto de 2016, com diversas pendências apontadas. No campo
“Observações” do mesmo documento, consta que foram executados 94,51% das obras,
contudo, o local apresentava diversas pendências, tais como: instalação de gases
medicinais, impressora do raio-x e outros equipamentos. Constava também no mesmo
documento, a existência de diversos problemas diretamente ligados à execução das obras,
tais como: telhados danificados, necessidade de reparos das portas e em paredes de drywall,
falta de expurgo do CME, instalações hidrossanitárias, problemas no piso e no forro de
gesso, dentre outras falhas/patologias, as quais também foram identificadas pela CGU, por
ocasião da inspeção “in loco”, que serão detalhadas nesta constatação.
Ora pois, a Administração tem o poder-dever de fiscalizar o contrato. A
propósito, vale registrar que a prerrogativa conferida a Administração de fiscalizar a
implementação da avença deve ser interpretada também como uma obrigação. Por isso,
fala-se em um poder-dever, porquanto, em deferência ao princípio do interesse público, não
pode a Administração esperar o término do contrato para verificar se o objeto fora de fato
concluído conforme o programado. (TCU - Acórdão 1632/2009 - Plenário).
Sendo assim, tendo em vista a ocorrência de falhas na execução contratual da
obra da UPA Pacaembu III e em outras duas obras similares no Município, a Secretaria
Municipal de Saúde-SMS, em março/2017, efetuou vistoria nesta e em outras duas UPA’s,
as do Novo Mundo e Córrego do Óleo, cujas obras também apresentavam problemas de
execução. Mediante relatório referente à UPA Pacaembu III, a SMS detectou uma série
de problemas, muitos deles afetos à má execução das obras e/ou falhas construtivas,
classificando-as da seguinte forma: incorformidades críticas, incorformidades maiores e
incorformidades menores.
Destaca-se que há um laudo do Corpo de Bombeiros (CBMMG), de

106 de 302
dezembro/2016, não aprovando o funcionamento da UPA Pacaembu III.
Além disso, também foi corretamente informado, no documento
“Cadastramento de Obras Paralisadas” que foi instaurado o Processo Administrativo nº
076/2016, por intermédio da Portaria nº 40.381, de 18/08/2016, para apurar supostas
irregularidades, inclusive para tratar da rescisão unilateral do contrato a época. No
entanto, cabe ressaltar, que este contrato não existe mais, pois conforme todo o contexto já
constatado, findou-se pelo decurso do prazo. Sendo assim, este processo está sendo
reavaliado, a fim de que na inexistência de conflito perante as ações judiciais em
andamento, possa ser analisada a possibilidade de proferir decisão ou mesmo para
formalizar sua suspensão (pelas razões eventualmente cabíveis), podendo também, se for o
caso, findar-se devido ao prazo em que esteve paralisado, ensejar outros Processos
Administrativos pertinentes às irregularidades constatadas nos relatórios.
Cabe ressaltar que conforme constatado pela CGU no relatório, mediante o
Ofício Circular nº 015-CGUE/DAHU/SAS de 02/03/2017, a Prefeitura Municipal de
Uberlândia foi notificada acerca da Portaria GM/MS nº 381, em especial, o art. 17, que
trata das notificações realizadas devido à não observância de prazos. Por seu turno, a
PMU, mediante o Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, informou que, ao
assumir a atual gestão, foi detectado que as obras de construção da UPA Pacaembu III
apresentavam uma série de pendências, que se encontram consignadas no relatório
emitido pela SMS, em abril/2017, já citado anteriormente. Diante desses fatos, em resposta
ao supracitado ofício circular, a PMU solicita um tempo maior para a conclusão das obras,
tendo em vista o cenário encontrado pela atual gestão, ao assumir seu mandato. Naquela
ocasião, de acordo com dados do SISMOB, as obras apresentavam 94,51% de execução
efetiva.
O prazo solicitado deve-se ao fato de que a Lei Complementar 141/2012
estabelece um gasto de 15% e que as prioridades do governo municipal são:
1º) manter em dia o salário dos colaboradores;
2º) abastecer a rede com materiais médico hospitalares e medicamentos;
3º) manter os serviços já implantados em pleno funcionamento.

Assim, foi solicitado junto ao sistema SISMOB novos prazos, solicitação esta
que ainda não recebeu nenhuma resposta do Ministério da Saúde.
Por oportuno, em parte da resposta à Solicitação de Fiscalização nº 201800261/03, de
15/03/2018, a Secretaria Municipal de Obras informou o seguinte, acerca da situação das
obras em 19/03/2018:

“(...)
▪ UPA Pacaembu: aguarda-se resultado do processo judicial em andamento
para que sejam providenciadas as sanções contratuais e as previstas na Lei de
licitações, assim que houver o encerramento do processo judicial em
andamento, visto que a obra apresenta patologias na cobertura, forros, portas,
pendências nas instalações de ar-condicionado e não conformidades na obra,
no projeto de Prevenção e Combate à Incêndio e Pânico, executado pela AZM
Empreendimentos Imobiliários e pendências em medições (18ª e 19ª) da
execução da obra, que, a empresa tenta receber judicialmente, alegando ter
executado serviços que não foram aprovados pela fiscalização.

Mediante a proporção de fatos e desmembramentos dessas situações, onde


ocorreu inclusive ação judicial reivindicatória de posse da obra, é que conforme

107 de 302
apontamento da Procuradoria Geral do Município, concluiu-se aguardar as decisões
judiciais para agir administrativamente ou até mesmo judicialmente, quanto às
providências que devem ser tomadas, como as previstas na Lei de Licitações 8666/1993 e
as firmadas em contrato com a referida empresa.
Ainda assim, diante dos novos relatórios, estudos e apontamentos, será definido
junto a Procuradoria Municipal de Uberlândia, independente da ação judicial em curso,
quais as medidas concretas poderiam ser tomadas, como o planilhamento dos itens
irregulares para que a Secretaria de Obras possa contribuir com a rápida solução a curto
prazo de determinados itens importantes da obra.
Conforme apontamento do próprio relatório, torna-se inequívoco o
comprometimento ao atingimento dos objetivos colimados, caso não sejam adotadas, de
imediato, medidas saneadoras eficazes, visando a efetiva entrega daquela UPA para
atendimento à população alvo. No entanto, notificações e relatórios foram realizados para
a correta execução do objeto, pois não se trata apenas de entregar a UPA, mas sim, de
entregar um objeto para a população com a devida qualidade e dentro das normas e padrões
legais. Ora pois a própria lei de licitações prevê situações inesperadas e o poder-dever de
fiscalizar os contratos administrativos para a correta entrega do objeto. Não pode a
Administração Municipal arcar com as consequências de um eventual descumprimento de
prazo para entrega da obra por agir dentro da legalidade e por apontar as falhas existentes
das quais corroborou e contribuiu para que fossem devidamente apuradas.
Por fim, adicionalmente, em resposta à alínea “h”, da Solicitação de
Fiscalização nº 201800261/01, de 12/03/2018, encaminhada em expediente s/nº, de
15/03/2018, conforme apontado no relatório da CGU, a Secretaria Municipal de Obras
complementou as justificativas acima, da seguinte forma (a parte inicial da resposta a esta
SF é idêntica à resposta à SF 201800261/03, pois o citado pela Secretaria de Obras nesse
parágrafo, se aplica a todas as UPAs, cada qual com suas particularidades mas todas com
problemas fáticos semelhantes:

“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Com relação às justificativas apresentadas, em tese, houve concordância do gestor com as


interposições da CGU, em especial quanto aos parágrafos a seguir:

(...)
Mediante a proporção de fatos e desmembramentos dessas situações, onde ocorreu
inclusive ação judicial reivindicatória de posse da obra, é que conforme apontamento da
Procuradoria Geral do Município, concluiu-se aguardar as decisões judiciais para agir
administrativamente ou até mesmo judicialmente, quanto às providências que devem ser

108 de 302
tomadas, como as previstas na Lei de Licitações 8666/1993 e as firmadas em contrato com
a referida empresa.

Ainda assim, diante dos novos relatórios, estudos e apontamentos, será definido junto a
Procuradoria Municipal de Uberlândia, independente da ação judicial em curso, quais as
medidas concretas poderiam ser tomadas, como o planilhamento dos itens irregulares para
que a Secretaria de Obras possa contribuir com a rápida solução a curto prazo de
determinados itens importantes da obra.

(...)”
Ao final do texto, o gestor interpõe:

“(...)
É necessário esclarecer que esta Administração quando assumiu a gestão já encontrou os
contratos vencidos, e assim como de diversas outras obras, procurou levantar o máximo de
informações, esgotar as possibilidades de soluções administrativas para que as obras não
paralisassem faticamente, elaborou relatório de todas as obras junto com os fiscais para
entender os problemas atuais a fim de buscar soluções, formou comissões para análise de
informações sobre as obras, e por fim, se coloca a disposição para que qualquer
irregularidade existente possa ser apurada e posteriormente sanada ou punida dentro dos
meios legais.
(...)”

Assim sendo, compete à Prefeitura Municipal de Uberlândia comprovar a efetividade das


medidas propostas, no sentido de contribuir para a solução a curto prazo de itens relevantes
da obra. Somente assim, o gestor poderia comprovar a eficácia dos levantamentos realizados
em sua gestão, pois foi informado que foram elaborados relatórios de todas as obras, para se
entender os problemas encontrados, com o fito de busca de soluções eficazes, inclusive com
formação de comissões, de forma a se evitar paralisação fática das obras; entretanto, apesar
dessa medida preventiva do gestor, as três obras fiscalizadas apresentaram problemas de
execução e todas se encontravam paralisadas na ocasião da visita “in loco” da CGU.

Por fim, cabe ao Ministério da Saúde avaliar a pertinência da prorrogação do prazo para a
conclusão da unidade de pronto atendimento, visto que, segundo informações da Secretaria
Municipal de Obras, tal pleito foi efetivado pela Secretaria Municipal de Saúde, mediante
Ofício nº 057/2017- DPS/SMS, de 13/06/2017, solicitando um tempo maior para a
conclusão das obras, tendo em vista o cenário encontrado pela atual gestão, ao assumir seu
mandato. Caso acate esta prorrogação, o referido ministério deve acompanhar o
cumprimento do prazo e das providências para a conclusão das obras e o saneamento das
falhas.

trI
o
aliseC
n
/A
#

2.2 Parte 2

Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.

109 de 302
Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de
recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito
de suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das
pastas ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.

2.2.1. Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 002/2014


para construção da UPA do Córrego do Óleo.

Fato

Com vistas à contratação de empresa especializada para execução das obras de construção
da Unidade de Pronto Atendimento – UPA, tipo III, Loteamento Cidade verde (Córrego do
Óleo), foi aberta, em 17/02/2014, a Concorrência Pública nº 002/2014, tipo menor preço
global. Consta nos autos que 16 empresas adquiriram o edital. De acordo com a ata de
abertura, de 17/03/2014, 5 empresas apresentaram os envelopes 01- “Documentação” e 02-
“Proposta Financeira”, a saber: Engepac Engenharia Ltda.-ME, AZM Empreendimentos
Imobiliários Ltda., Brasil Construções e Montagens Ltda., Construtora Cinzel S/A e Elite
Construtora Ltda.. Foi considerada inabilitada apenas a empresa Engepac Engenharia Ltda.-
ME, por não atender ao item 4.2.3.1 do edital.

Na abertura das propostas, as empresas Construtora Cinzel S/A e Elite Construtora Ltda
foram desclassificadas por apresentarem valores acima do discriminado no item 6.1.1.6 do
edital. Por fim, sagrou-se vencedora a empresa Brasil Construções e Montagens Ltda. (CNPJ
nº 04.129.964/0001-95), com proposta de R$ 3.671.355,68. Cabe destacar que o preço
orçado pela Administração Municipal foi de R$ 4.190.242,51, com BDI igual a 26,9%, assim
sendo, a vencedora do certame ofertou 12,38% de desconto em relação ao orçado.

Com relação ao edital, constatou-se a inclusão de cláusulas restritivas à competitividade, que


podem ter inibido a presença de um maior número de empresas no certame, bem como
permitiu o conhecimento prévio entre os licitantes, conforme descrito a seguir:

a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(...)
2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e impreterivelmente, no dia
10/02/2014, às 14:00 horas, horário limite em que o representante da licitante deverá se
apresentar na Secretaria Municipal de Obras para a visita.
(...)”

Constatou-se que cinco empresas efetuaram a visita técnica, sendo as mesmas que
compareceram à reunião de abertura dos envelopes, já citadas anteriormente.

O estabelecido no item 2.1.4.3 do edital, que fixou hora e dia para a visita técnica pelos
representantes dos licitantes, configura restrição ao caráter competitivo do certame, ao
limitar o comparecimento ao local a apenas um único horário fixo, bem como proporcionar

110 de 302
o conhecimento prévio entre os licitantes e a possibilidade de obtenção de informações
antecipadas pelas empresas interessadas referentes as propostas em elaboração.

Corrobora o entendimento dessa questão a manifestação do TCU, por meio do Acórdão nº


2.150/2008 – Plenário, que dispôs: “evite reunir os licitantes em data e horário marcados
capaz de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes. ” Também, o
Acórdão TCU nº 3.459/2012 – Plenário, no item 9.3.1, determinou: “estabelecer prazo
adequado para a realização da visita técnica, não a restringindo a dia e horário fixos, com
vistas a inibir que potenciais licitantes tomem conhecimento prévio do universo de
concorrentes, bem assim permitir aos possíveis interessados, após a realização da visita,
tempo hábil para finalização de suas propostas”.

Segundo os Acórdãos TCU nº 2.028/2006 – 1ª Câmara e nº 874/2007 – 2ª Câmara, o TCU


– Tribunal de Contas da União admite a visita técnica como critério de habilitação, desde
que tal exigência não venha acompanhada de condicionantes que resultem em ônus
desnecessário às licitantes, tal como a visita com data e hora marcada. No Acórdão TCU nº
2150/2008 – Plenário, foi determinado que, para os casos em que a visita seja
imprescindível, deve-se evitar reunir os licitantes em data e horários marcados capazes de
dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes.

Ademais, é sabido que a exigência de visita técnica visa dar cumprimento ao disposto no art.
30, inciso III da Lei nº 8.666/93, para assegurar que o licitante tome conhecimento de todas
as informações e condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
Ocorre que a exigência estabelecida no item 2.1.4.1 de que a referida visita fosse realizada
pelo responsável técnico, ainda detentor de atestados e fixação de data e horário vai de
encontro ao entendimento jurisprudencial. O Tribunal de Contas da União – TCU, no voto
do Acórdão 2299/2011 – Plenário, dispôs que:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal(...)”.
Em outro julgado, item 9.3 do Acórdão 785/2012-Plenário, a corte determinou que o
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), na realização
de seus procedimentos licitatórios, evitasse que exigências formais e desnecessárias, a
exemplo da visita ao local das obras ser realizada por responsável técnico da licitante,
tornem-se instrumento de restrição indevida à liberdade de participação de possíveis
interessados.
Assim, a exigência, para fins de participação do certame, da visita técnica pelos responsáveis
técnicos da empresa e a determinação da sua realização somente no dia 10/12/2014 às
14:00h, além de restringir a participação de um maior universo de interessados, possibilitou
que os concorrentes interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa
forma, a competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.

b) Itens 4.2.5.3-“Prova de recolhimento, junto a Tesouraria da Secretaria Municipal de


Finanças da Prefeitura Municipal de Uberlândia, de Garantia de Manutenção de Proposta,
no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).”

111 de 302
Item 4.2.5.3.1 “A garantia acima referida deverá ser depositada na Tesouraria da
Secretaria Municipal de Finanças, até 05(cinco) dias úteis anteriores a abertura das
propostas, podendo serem realizada em uma das modalidades previstas no § 1º do Art. 56
da Lei nº 8.666/93 e demais alterações”.
De acordo com os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1, foi exigido que a Garantia de Manutenção da
Proposta fosse depositada na Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças até 5 dias antes
da data da entrega dos envelopes, sendo a prova de recolhimento documentação obrigatória
da Habilitação Econômico-Financeira. Embora o inciso III do art. 31 da Lei nº 8.666/93
estabeleça que a situação econômico-financeira da licitante possa ser demonstrada mediante
prestação de garantia, a legislação não exige que esta garantia seja entregue antes da abertura
dos envelopes, o que é corroborado pelo art. 43 da Lei nº 8.666/93, que determina que a
apreciação da documentação relativa à habilitação deve ocorrer no momento da abertura dos
envelopes.

Cabe salientar ainda que tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do
órgão licitante de todos os possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais
suscetível o comprometimento do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.

Quanto a referida exigência, o Tribunal de Contas da União também já se posicionou


diversas vezes contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo para entrega
dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº 381/2009 e nº
557/2010, ambos Plenário.

c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;
(...)”
4.2.6.2.5- a determinação da similaridade exigida será obtida pela abrangência dos itens
de maior relevância técnica e valor significativo, que deverão constar do atestado
apresentado conforme abaixo indicado:
a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa;
b) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60;
c) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado;
d) Execução de estrutura metálica para cobertura;
e) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio;
f) fornecimento e assentamento de forro de gesso;
g) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato;
h) execução de emassamento PVA em paredes e tetos;
i) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica;
j) fornecimento e plantio de grama “

Trata-se de exigência de experiência anterior do responsável técnico da empresa licitante na


execução de determinados serviços, conhecida como capacidade técnico-profissional. Cabe
salientar que, para a comprovação da capacidade técnica- operacional (item 4.2.6.3 do edital)
foram exigidos os mesmos serviços, acrescentando o respectivo quantitativo mínimo do item
executado anteriormente.

112 de 302
Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a referida experiência anterior é
demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na execução de serviços
semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto
da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de Uberlândia não observou
essa determinação legal na exigência de comprovação de execução de alguns serviços
constantes no item 4.2.6.2.5 do edital, conforme quadro a seguir:

Quadro I- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia.

Percentual em
Valor relação ao
Item Descrição
Total R$ valor do
objeto orçado

preparo, lançamento,
adensamento e cura de
a 185.110,00 4,42%
concreto estrutural
Fck>= 20 Mpa (m3)
Fornecimento, corte,
dobragem e colocação de
b 183.748,10 4,39%
aço CA-50 e/ou CA-60
(Kg)
execução de alvenaria de
vedação utilizando Dry
c 157.488,20 3,76%
Wall de gesso acartonado
(m2)
Execução de estrutura
d metálica para cobertura 284.686,02 6,79%
(m2)
fornecimento e
e assentamento de telhas 270.427,90 6,45%
de alumínio (m2)
fornecimento e
f assentamento de forro de 92.840,97 2,22%
gesso (m2)
fornecimento,
regularização e
g 181.237,44 4,33%
assentamento de piso
porcelanato (m2)
execução de
h emassamento PVA em 60.490,41 1,44%
paredes e tetos (m2)

113 de 302
execução de pintura látex
i 69.353,31 1,66%
PVA e/ou acrílica (m2)
fornecimento e plantio de
j 18.874,51 0,45%
grama (m2)
Fonte: Planilha Orçamentária do Contratante.

Os itens “f”, “h”, “i” e “j” do quadro acima referem-se a serviços simples, que não
apresentam complexidade técnica, não se enquadrando no critério de maior relevância
em relação ao objeto. Quanto ao item “j”, relativo a fornecimento e plantio de grama,
além de não apresentar relevância técnica, ele representa apenas 0,45% do orçamento da
obra, mostrando-se insignificante em termos financeiros.
Neste sentido, após diversos julgados (Acórdãos nº 165/2009 - Plenário, 1908/2008 -
Plenário, 1417/2008 - Plenário, 597/2008 – Plenário, dentre outros), o TCU sumulou o
entendimento.

SÚMULA Nº 263
Para a comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde
que limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação da
execução de quantitativos mínimos em obras ou serviços com características
semelhantes, devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a
complexidade do objeto a ser executado.

d) Item “ 4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:

a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa, em


volume maior ou igual a 320 m3;
b) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60, em quantidade
maior ou igual a 15 toneladas;
c) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado, em área
maior ou igual a 500 m2;
d) Execução de estrutura metálica para cobertura, em área maior ou igual a 1.500 m2;
e) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio, em área maior ou igual a 1.500m2;;
f) fornecimento e assentamento de forro de gesso, em área maior ou igual a 800,00 m2;
g) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato, em área maior ou igual
a 1.200,00 m2;
h) execução de emassamento PVA em paredes e tetos, em área maior ou igual a 3.000,00
m2;
i) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica, em área maior ou igual a 3.000,00 m2;
j) fornecimento e plantio de grama, em área maior ou igual a 1.000,00 m2“.

114 de 302
O quadro a seguir identifica os quantitativos acima exigidos, demonstrados em termos
percentuais, em relação aos quantitativos orçados para os respectivos serviços:

Quadro II- Comparativos entre quantitativos exigidos no edital e quantitativos orçados.

Quantitativo
Percentual Percentual
exigido em
em relação entre o
Quantitativo atestado
Item Descrição Valor Total R$ ao valor do exigido em
Orçado técnico ( item
objeto atestado e
4.2.6.3.1 do
orçado o orçado
edital)

preparo,
lançamento,
adensamento e
a 185.110,00 4,42% 511,51 320,00 62,56%
cura de concreto
estrutural Fck>=
20 Mpa (m3)

Fornecimento,
corte,
dobrageme
b 183.748,10 4,39% 24.427,02 15.000,00 61,41%
colocação de
aço CA-50 e/ou
CA-60 (Kg)

execução de
alvenaria de
vedação
c 157.488,20 3,76% 1.529,23 500,00 32,70%
utilizando Dry
Wall de gesso
acartonado(m2)

Execução de
estrutura
d 284.686,02 6,79% 2.257,64 1.500,00 66,44%
metálica para
cobertura (m2)

fornecimento e
assentamento de
e 270.427,90 6,45% 2.257,64 1.500,00 66,44%
telhas de
alumínio (m2)

115 de 302
fornecimento e
assentamento de
f 92.840,97 2,22% 533,27 800,00 150,02%
forro de gesso
(m2)

fornecimento,
regularização e
g assentamento de 181.237,44 4,33% 1.696,42 1.200,00 70,74%
piso porcelanato
(m2)
execução de
emassamento
h PVA em 60.490,41 1,44% 5.630,24 3.000,00 53,28%
paredes e tetos
(m2)
execução de
pintura látex
i 69.353,31 1,66% 5.592,77 3.000,00 53,64%
PVA e/ou
acrílica (m2)

fornecimento e
j plantio de grama 18.874,51 0,45% 1.803,55 1.000,00 55,45%
(m2)

Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 002/2014

É sabido que a capacidade técnico-operacional envolve a comprovação de que a empresa


participou anteriormente de contrato, cujo objeto foi similar ao previsto na contratação a ser
efetuada pela Administração. Tal exigência visa verificar se a empresa a ser contratada
reúne mão de obra, equipamentos e materiais necessários e suficientes para a perfeita
execução do objeto, dentro das quantidades, qualidade e prazos exigidos. Nesse contexto, o
TCU recomenda que tais exigências sejam limitadas a 50% dos quantitativos do instrumento
convocatório. O referido tribunal tem pacificado essa matéria, mediante alguns Acórdãos,
tais como

Acórdão nº2373/2013-TCU-Plenário:

Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária, identificada
no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa, contraria a jurisprudência
do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003, 2.215/2008, 1.949/2008, todos do
Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004

(...)”

116 de 302
Analisando o quadro III acima, observa-se que dos 10 itens exigidos, 9 extrapolaram esse
percentual. No caso do item f, o quantitativo exigido representa 150,02% do valor orçado,
superando sobremaneira o limite considerado na jurisprudência do TCU.

Conclusivamente, analisando as constatações abordadas nas alíneas a), b), c) e d) acima, em


conjunto ou de per si, tem-se uma dimensão das restrições editalícias constantes no
chamamento em tela e seu possível impacto no comparecimento ao certame, haja vista que
das 16 empresas que adquiriram o edital, apenas 5 comparecerem à reunião inicial da CPL,
sendo 3 eliminadas e apenas duas apresentaram proposta válidas, conforme já descrito neste
item. Além disso, as condições exigidas no edital permitiram o conhecimento prévio dos
licitantes e que eles se conhecessem durante a realização da visita técnica obrigatória. #
to

ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:

“(...)

“UPA Córrego do Óleo – Cláusulas do Edital Consideradas restritivas

1.a. Exigência de enviar responsável técnico para visita e data única para a
realização de visita técnica;
Dos itens 2.1.4.1 e 2.1.4.3 do Edital de Licitação CP 002/2014.

O item 2.1.4.1 do edital de licitação da CP 022/2014, dispõe que:


“2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis
técnicos. Para o credenciamento, o profissional deverá apresentar documento
de identificação pessoal e o registro da empresa licitante junto ao CREA,
comprovando que é mesmo responsável técnico.” (..)
O item 2.1.4.3 do edital de licitação da CP 002/2014, dispõe que:
“2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e
impreterivelmente, no dia 10/02/2014, às 14:00 horas, horário limite em que o
representante da licitante deverá se apresentar na Secretaria Municipal de
Obras para a visita.”
A exigência de participação de responsável técnico na visita estava associada
ao intuito único da visita: tomar conhecimento de todas as informações e condições locais
para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei. Ora, só
se habilita a isso, um profissional de engenharia, o edital exigiu a participação de um dos
seus responsáveis técnicos, não necessariamente aquele que estaria a frente dos serviços,
caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de 2014, o Município já adequou seus editais
às recomendações do TCU.
O relatório técnico da CGU aponta Acórdãos do Tribunal de Contas da União
(2028/06, 2150/08 e 3459/12), onde é considerada restrição ao caráter competitivo do
certame, a exigência de visita técnica em uma única data.
Não se pode considerar que a Administração Pública deva se dedicar
exclusivamente a uma única licitação, pois, é de interesse do licitante participar do certame,

117 de 302
cabendo à sua responsabilidade programar um compromisso com data e horário pré
agendados, posteriormente aos 30 (trinta) dias da ciência da licitação (publicação).
Assim, no caso concreto a visita técnica em data única, tinha por objetivo,
minimizar as dificuldades administrativas para a Secretaria de Obras, considerando seu
exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação destes acompanhar as obras em
andamento, medições e visitas para novas contratações, além das atividades rotineiras de
relatórios, orientações, avaliações de alterações nas obras, laudos de engenharia. Assim, a
concentração em data única permitia maior aproveitamento de suas atividades.
Por outro lado, cediço que o objetivo da visita técnica sempre foi prestar
esclarecimentos necessários aos licitantes e permitir amplo entendimento do projeto,
visando facilitar a elaboração das propostas. Ocorre que, no caso concreto, a
Administração Pública nunca recusou os pedidos de agendamentos extraordinários
devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse sentido, este requisito não enseja
o caráter restritivo, pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.

1.b. Exigência antecipada da comprovação de garantia de manutenção da


proposta. Dos itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1 do Edital de Licitação CP 002/2014.

Os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1 do edital de licitação da CP 002/2014, exigem a


caução de 1% (um por cento) do valor estimado da contratação para o oferecimento da
proposta comercial, como garantia da boa saúde financeira da empresa, resguardando a
Administração Pública quanto a manutenção da proposta comercial ofertada.
Ora, a exigência de garantia da proposta comercial está expressamente prevista
no inciso III do artigo 31 da Lei Federal nº 8.666/93, que possibilita à Administração
Pública a exigência de garantia de 1% do valor do estimado do objeto da contratação a ser
comprovada na fase de habilitação, a saber:

“Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-


se-á a:
(...)
III – garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no “caput” e § 1º
do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto
da contratação.”

A exigência de garantia é forma minimamente segura com a qual a


Administração Pública pode exigir que a licitante mantenha as propostas financeiras
durante a realização do certame, bem como pode demonstrar o indício de saúde econômico-
financeira da empresa, tratando-se, inclusive, de estrita exigência legal.
No presente caso, a garantia foi exigida, considerando que o montante deveria
ser depositado junto à Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças.
Assim, à empresa interessada em concorrer caberia diligenciar na referida
repartição e solicitar os procedimentos necessários para depósito.
Naquela repartição, o depósito segue um procedimento interno em que, sendo a
garantia ofertada em espécie, a Tesouraria Municipal emite o Documento de Arrecadação
Municipal - DAM, para que a empresa recolha tal valor junto à agência bancária, ficando
com o comprovante de recolhimento - DAM.
Noutro norte, se a garantia é oferecida mediante Fiança Bancária ou Seguro
Garantia, a Tesouraria Municipal confere o documento e emite a comprovação de depósito,
documentos estes exigidos na fase de habilitação do processo licitatório.

118 de 302
Quanto a tal ponto, é de se considerar que a logística necessária para o referido
procedimento, sempre demanda tempo hábil, mormente considerando a ausência de
informatização do sistema. Assim, se se permitisse o depósito da garantia até o dia da
abertura tal conduta certamente incorreria no risco de impossibilidade procedimental da
Municipalidade em entregar a documentação necessária à comprovação do oferecimento
da garantia, o que, de acordo com o edital, é documento obrigatório e indispensável, que
deve constar no envelope inviolado dos documentos de habilitação do certame.
Assim, qualquer atraso na entrega dos documentos à Comissão de Licitação
impediria a participação da licitante, restringido assim o caráter competitivo.
Neste ínterim, ainda vale ressaltar que o expediente do Núcleo de Tesouraria
inicia-se às 12 horas. Portanto, é preciso reconhecer que os comprovantes de recolhimento
da garantia seriam exigidos apenas no momento da abertura dos envelopes, junto aos
documentos da fase de habilitação.
Além disso, cumpre observar também que a data definida para depósito era
posterior ao período de publicidade da modalidade em referência, ou seja, somente depois
de cumpridos os 30 dias de publicidade, delimitou-se a data máxima para o depósito (O
edital foi publicado em 09/01/14 e o depósito previsto para 11/02/14).
Importante nesse sentido ponderar que houve sempre o cuidado de definir a data
de depósito próximo à data da visita, de praxe em dia imediatamente posterior,
considerando que as licitantes cujas sedes não fossem Uberlândia, poderiam, após a visita
técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e evitando tumultos e nulidades
no dia da abertura.
Por todos estes motivos, não se pode considerar este requisito como restrição à
participação no certame. Pelo contrário, a Administração Municipal sempre se preocupou
em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os
interessados no certame de maneira isonômica – já que tal procedimento era de prévio
conhecimento e de igual condição a todos licitantes.
Cabe ressaltar que em meados de 2014, o Município adequou seus editais à
jurisprudência do TCU.

1.c Exigência de atestados em nome de profissionais engenheiros de seu


quadro permanente, para itens considerados menos relevantes pela equipe técnica da
CGU - Dos itens 4.2.6.2 e 4.2.6.2.5 do edital CP 002/14
Insurge a CGU quanto a exigência de atestados de responsabilidade técnica por
execução de serviços de assentamento de forro de gesso; Execução de emassamento PVA
em paredes e tetos; execução de pintura látex PVA e/ou acrílica; fornecimento e plantio de
grama. Entende a CGU que estes itens não se enquadram no critério de maior relevância
técnica.
Trata-se de uma questão discricionária da área técnica de engenharia, que deve
ser respeitada em editais para contratar obra e serviço de engenharia. O critério escolhido
pelo gestor anterior deve ser a ele questionado. Contudo, cabe ressaltar que acabamento
em obras, requer mão de obra em maior número, requer capacidade de coordenar equipes
multidisciplinares, em unidade de saúde até fornecimento e plantio de grama tem papel
preponderante no funcionamento da entidade.

1.d Exigência de atestados em nome da empresa, contendo quantidades


similares e compatíveis aos serviços orçados, cujas quantidades foram consideradas

119 de 302
elevadas pela CGU, por excederem limite de 50% recomendado pelo TCU - Dos itens
4.2.6.3 e 4.2.6.3.1 do edital CP 002/2014

Relata a CGU que os quantitativos exigidos nos atestados para demonstrar


compatibilidade superam 50% dos quantitativos orçados pela Administração, ensejando
restrição à ampla participação na licitação.
Ao analisarmos o quadro 03 abaixo, vemos que o item “preparo, lançamento,
adensamento e cura de concreto estrutural Fck >=20Mpa” apresenta quantitativo orçado
incoerente com o apresentado pelo auditor, talvez como resultado da não consideração dos
quantitativos referentes ao concreto de 25Mpa, os quais devem ser somados visto tratar de
concreto superior a 20 Mpa de resistência (>=). Vale ressaltar que o item 5.1.3 da planilha
orçamentária teve seu quantitativo convertido em m³ por se tratar da unidade “metro de
estaca”. Aplicando-se o limite de 50% (339,36m³), podemos ver que o quantitativo exigido
está abaixo do limite legal e não acima como considerado pelo auditor.
Especial atenção devemos ter ao analisarmos o item “f”, “fornecimento e
assentamento de forro de gesso (m²)”. Insta o auditor, que para o referido item foi requerido
atestado para quantitativo superior em 150,02% ao limite estipulado pela jurisprudência.
Ocorre que o somatório dos quantitativos relacionados a atividade não corresponde ao
apontado no relatório da CGU (vide quadro 03 abaixo), onde se pode verificar que
somando-se os itens relevados para efeito de cálculo temos o quantitativo orçado de 1834,24
m², o que limitado a 50% nas exigências editalícias nos imporia um limite de 917,12 m²,
sendo exigidos 800m² de atestados.
_________________

120 de 302
121 de 302
Quanto aos demais itens, os critérios para eleição destes quantitativos como
preponderantes, serão melhor explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o
contraditório.
Faremos as considerações que os processos permitem, valendo-nos da evolução
natural dos processos administrativos municipais esperada na Administração Pública. É
certo que jurisprudência das Cortes de Contas nacionais (TCE E TCU) são relevantes fontes
normativas, mas é importante ressaltar que o art. 30, III da Lei 8.666/93, não estabelece
limites e usa a expressão “compatível” como balizador da exigência. Mais uma vez,
entendemos que à área técnica de engenharia cabe a definir os critérios para aceitar os
atestados.
Mais importante ainda é observar que acatando a recomendação do Tribunal
de Contas da União, nossos editais foram adequados a partir de meados de 2014.

(...)

m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Com relação às justificativas apresentadas, cabem as seguintes análises:

a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(...)

Sobre a realização da visita técnica na mesma data e mesmo horário, os responsáveis


alegaram que tal prática visava tão somente minimizar as dificuldades administrativas para
a Secretaria de Obras, considerando seu exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação
destes acompanhar as obras em andamento, medições e visitas para novas contratações. Na
sequência, o gestor alega que a Administração Pública nunca recusou os pedidos de
agendamentos extraordinários devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse
sentido, entendem os responsáveis, que este requisito não enseja restrição ao caráter
restritivo, pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.

Sobre a exigência de participação de responsável técnico, foi alegado que tal procedimento
visava única e exclusivamente tomar conhecimento de todas as informações e condições
locais para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei e
que tal só seria viável com a presença de um profissional de engenharia; assim sendo, o
edital exigiu a participação de um dos seus responsáveis técnicos, não necessariamente
aquele que estaria a frente dos serviços, caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de
2014, conclui o arrazoado, o Município já havia adequados em editais às recomendações do
TCU.

Não procede a justificativa apresentada de que, a adoção desse procedimento pautou-se na


exiguidade temporal dos engenheiros da Entidade, o que, por si só, não se afigura como
condicionante que resulte em ônus desnecessário ao licitante. Logo, a determinação de que

122 de 302
a visita técnica fosse realizada somente no dia 10/12/2014 às 14:00h, além de restringir a
participação de um maior universo de interessados, pode ter possibilitado que os
concorrentes interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa forma, a
competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.

O mesmo se aplica à exigência de profissional da empresa na realização da visita técnica.


Embora no arrazoado os responsáveis aleguem que tais profissionais não seriam,
necessariamente, aquele que estariam a frente dos serviços, caso a empresa vencesse a
licitação, o item do edital deixa claro que foi exigido um dos engenheiros responsáveis
técnicos da empresa, ratificando o posicionamento inicial da CGU sobre este achado,
reiterando que tal prática não coaduna com a jurisprudência do TCU.

Assim sendo, reitera-se as disposições contidas nos Acórdãos TCU nº 2.028/2006 – 1ª


Câmara e nº 874/2007 – 2ª Câmara, o TCU – Tribunal de Contas da União, segundo os quais
é admitida a visita técnica como critério de habilitação, desde que tal exigência não venha
acompanhada de condicionantes que resultem em ônus desnecessário às licitantes, tal como
a visita com data e hora marcada. Também no Acórdão TCU nº 2150/2008 – Plenário, foi
determinado que, para os casos em que a visita seja imprescindível, deve-se evitar reunir os
licitantes em data e horários marcados capazes de dar-lhes conhecimento prévio acerca do
universo de concorrentes.

Por seu turno, ratifica-se os ditames do Acórdão 2299/2011 – Plenário, segundo o qual:

“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal(...)”.
Por fim, sobre a adequação dos editais com relação à exigências do TCU, na forma descrita
nas justificativas apresentadas, não foi apresentada pelo gestor municipal, documentação
comprobatória que atestasse a efetividade dessa medida.

b) Itens 4.2.5.3-“Prova de recolhimento, junto a Tesouraria da Secretaria Municipal de


Finanças da Prefeitura Municipal de Uberlândia, de Garantia de Manutenção de Proposta,
no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).”
Foi justificado pelo gestor que a exigência de garantia é uma forma minimamente segura,
com a qual a Administração Pública pode exigir que a licitante mantenha as propostas
financeiras durante a realização do certame, bem como demonstre indício de saúde
econômico-financeira da empresa, tratando-se, inclusive, de estrita exigência legal. Neste
caso, a garantia foi exigida considerando que o montante deveria ser depositado junto à
Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças. Quanto à data definida para o depósito,
alegam que a mesma foi fixada próxima à data da visita técnica, pois, assim sendo, as
licitantes cujas sedes não fossem Uberlândia, poderiam, após a visita técnica, depositar a
garantia, retirando seu comprovante e evitando tumultos e nulidades no dia da abertura. Tal
prática, na ótica do parecerista, não pode ser considerada como restrição à participação no
certame, pelo contrário, segundo ele, a Administração Municipal sempre se preocupou

123 de 302
segundo o mesmo, em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a
participação de todos os interessados no certame de maneira isonômica.

De igual relevo à alínea anterior, a CGU reitera seu posicionamento inicial, ratificando que
tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do órgão licitante de todos os
possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais suscetível o comprometimento
do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o disposto no art. 3º da Lei nº
8.666/93. Ademais, o TCU, conforme já disposto no campo “Fato” deste item de relatório,
também já se posicionou contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo
para entrega dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº
381/2009 e nº 557/2010, ambos Plenário.

c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;
(...)”

De acordo com as justificativas apresentadas, trata-se de uma questão discricionária da área


técnica de engenharia, que deve ser respeitada em editais para contratar obra e serviço de
engenharia. Informa também o responsável que o critério escolhido pelo gestor anterior deve
ser a ele questionado. Contudo, ele ressalta que acabamento em obras, requer mão de obra
em maior número, requer capacidade de coordenar equipes multidisciplinares em unidade
de saúde; até fornecimento e plantio de grama tem papel preponderante no funcionamento
da entidade, segundo os termos do texto apresentado.

Nesse sentido, mais uma vez, a CGU contesta as alegações apresentadas, visto que, mesmo
se tratando de questão discricionária do gestor, existe um arcabouço legal dando suporte
contrário a essa prática. Reitera-se, por exemplo, o art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, o
qual determina que a referida experiência anterior é demonstrada por meio de atestados de
capacidade técnica na execução de serviços semelhantes, mas limitadas às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação, fato que não foi observado pela
Prefeitura Municipal de Uberlândia, no caso em tela.

Por fim, vale pontuar que, mesmo que a matéria devesse ser atribuída ao gestor antecedente,
conforme alega o parecerista, a CGU entende que caberia ao atual gestor municipal, em face
do tempo em que já encontra na titularidade do cargo, em ajustar este critério, dentro dos
ditames legais correlatos.

d) Item “ 4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
(...)

Com relação aos itens “a” e “f”, a CGU refez os cálculos a acatou as justificativas
apresentadas, contudo, tal ajuste em nada altera o conteúdo dessa falha. Quanto aos demais
itens inquinados neste achado, o gestor alegou o seguinte:

124 de 302
(...)
Quanto aos demais itens, os critérios para eleição destes quantitativos como
preponderantes, serão melhor explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o
contraditório.
(...).

Assim sendo, com relação aos demais itens, a CGU reitera seu posicionamento, lembrando
que, dentre outros, o TCU, mediante o Acórdão nº2373/2013-TCU-Plenário, pacificou o
seguinte entendimento:

Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária, identificada
no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa, contraria a jurisprudência
do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003, 2.215/2008, 1.949/2008, todos do
Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004

(...)”

Quanto à questão interposta pelo gestor, sobre a oportunidade de contestação deste achado
pelo seu antecessor, destaca-se que caberia ao atual prefeito, nas situações em que a
prefeitura não tivesse elementos suficientes para apresentar esclarecimentos sobre fatos
anteriores à atual gestão, encaminhar tal demanda aos ex-gestores responsáveis pela
aplicação dos recursos federais nesse município, mediante expedição de diligência exarada
nesse sentido.

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2.2.2. Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 405/2013,


relativa às obras de construção das UPA Novo Mundo e Pacaembu III.

Fato

Com vistas à contratação de empresa(s) especializada(s) para execução das obras de


construção de duas Unidades de Pronto Atendimento – UPA, tipo III, nos loteamentos Novo
Mundo (Lote I) e Pacaembu III (Lote II), foi instaurada, em 21/06/2013, a Concorrência
Pública nº 405/2013, tipo menor preço global. Consta nos autos que 26 empresas adquiriram
o edital. De acordo com a ata de abertura, de 21/06/2013, 6 empresas apresentaram os
envelopes 01 - “Documentação” e 02 - “Proposta Financeira”, a saber: N&S.J. Construtora
Ltda., Engepac Engenharia Ltda.-ME, AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda., Brasil
Construções e Montagens Ltda., Construtora Martins Medeiros Ltda e Treviso Construtora
Ltda.. Contudo, a CPL, com base no item 5.1.1 do edital, optou por suspender a sessão, para
que fosse efetuada uma melhor análise à documentação apresentada pelos licitantes.

Após análise de documento intitulado “Ato de habilitação”, datado em 26/06/2013, ficou


constatado que a CPL, após exame minudente à documentação dos licitantes, considerou
inabilitadas todas as empresas que compareceram à reunião inicial, em 21/06/2013, a qual

125 de 302
foi suspensa para fins de análise mais detalhada dos documentos, conforme citado acima.
Em ata de 17/07/2013, o andamento do certame foi novamente suspenso, sendo concedido
novo prazo recursal, para nova análise documental. Em nova análise efetuada em
18/07/2013, a CPL acatou a documentação apresentada pelas seguintes empresas (as únicas
a apresentarem a documentação requerida após concessão dos prazo recursais): Treviso
Construtora Ltda., AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Brasil Construções e
Montagens Ltda., declarando-as habilitadas.

Em uma segunda sessão, em 01/08/2013, a CPL reuniu com os licitantes habilitados. Na


ocasião, a empresa Treviso Construtora solicitou a sua desistência da licitação, o que foi
acatado de forma irregular pela Comissão Permanente de Licitação, fato tratado em item
específico deste relatório. Assim, foram julgadas as propostas apresentadas apenas pelas
AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Brasil Construções e Montagens Ltda. No
julgamento do lote I, sagrou-se vencedora a empresa AZM Empreendimentos Imobiliários
Ltda.(CNPJ nº 09.662.879/0001-01), com proposta de R$ 3.391.488,04, sendo que a Brasil
Construções e Montagens Ltda. apresentou preço superior ao orçado pela administração e
foi desclassificada. No que tange ao lote II, por exigência do item 6.2 do edital, que vedava
a vencedora do lote I participar do julgamento do segundo lote, a empresa AZM
Empreendimentos Imobiliários Ltda. foi impedida de ter sua proposta de preço julgada. A
única empresa habilitada, a Brasil Construções e Montagens Ltda., novamente, apresentou
preço (R$4.888.911,59) muito superior ao limite fixado, sendo desclassificada.

De acordo com a documentação do certame, a empresa AZM Empreendimentos Imobiliários


Ltda. protocolou recurso contra a sua desclassificação para o 2º lote. A CPL, em ata
correspondente ao julgamento do referido recurso datada em 14/08/2013, julgou procedente
o recurso em comento, visto que as razões apresentadas pela recorrente, se enquadravam nas
regras interpostas no item 6.9 da convocação editalícia. Assim sendo, em 19/08/2013, em
novo julgamento das propostas do Lote II, a Comissão Permanente de Licitação reiterou que
julgou procedente o recurso AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda., contra a sua
desclassificação para o 2º lote, declarando a empresa vencedora do 2º lote com proposta de
R$ 3.382.200,68.

Cabe destacar que o preço orçado pela Administração municipal foi de R$ 3.550.424,29 para
o Lote I e R$ 3.549.703,12 para o Lote II, com BDI= 25,0% para ambas. Assim sendo, a
vencedora do certame ofertou descontos de 4,69% para o Lote I e 4,72% para o Lote II, em
relação aos preços orçados pela Administração.

Com relação ao edital, constatou-se a inclusão de cláusulas restritivas à competitividade, que


podem ter inibido a participação de um maior número de empresas no certame, bem como
permitiu o conhecimento prévio entre os licitantes, conforme descrito a seguir:

a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável
técnico.
(..)

126 de 302
2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e impreterivelmente, no dia
13/06/2013, às 14:00 horas, horário limite em que o representante da licitante deverá se
apresentar na Secretaria Municipal de Obras para a visita.”

Constatou-se que seis empresas efetuaram a visita técnica, sendo as mesmas que
compareceram à primeira reunião da CPL (21/06/2013), já citadas anteriormente.

Segundo os Acórdãos TCU nº 2.028/2006 – 1ª Câmara e nº 874/2007 – 2ª Câmara, o TCU


– Tribunal de Contas da União admite a visita técnica como critério de habilitação, desde
que tal exigência não venha acompanhada de condicionantes que resultem em ônus
desnecessário às licitantes, tal como a visita com data e hora marcada. No Acórdão TCU nº
2150/2008 – Plenário, foi determinado que, para os casos em que a visita seja
imprescindível, deve-se evitar reunir os licitantes em data e horários marcados capazes de
dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de concorrentes.

Com relação à fixação de data e horário predeterminados para realização de visitas, a


jurisprudência do Tribunal contida nos Acórdãos 906/2012 e 110/2012, ambos Plenário,
também condena essa medida, por entender que configura restrição indevida à
competitividade e por favorecer o prévio acerto entre os pretendentes.

É sabido que a exigência de visita técnica visa dar cumprimento ao disposto no art. 30, inciso
III da Lei nº 8.666/93, para assegurar que o licitante tome conhecimento de todas as
informações e condições locais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação.
Ocorre que a exigência de que a referida visita fosse realizada pelo responsável técnico,
ainda detentor de atestados e fixação de data e horário vai de encontro ao entendimento
jurisprudencial.O Tribunal de Contas da União – TCU, no voto do Acórdão 2299/2011 –
Plenário, dispôs que:
“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa
possua o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do
engenheiro antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a
participação de possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do
Tribunal.”.

Em outro julgado, item 9.3 do Acórdão 785/2012-Plenário, a corte determinou que o


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), na realização
de seus procedimentos licitatórios, evitasse que exigências formais e desnecessárias, a
exemplo da visita ao local das obras ser realizada por responsável técnico da licitante,
tornem-se instrumento de restrição indevida à liberdade de participação de possíveis
interessados.

Assim, a exigência, para fins de participação do certame, da visita técnica pelos responsáveis
técnicos da empresa e a determinação da sua realização somente no dia 10/12/2014 às
14:00h, além de restringir a participação de um maior universo de interessados, possibilitou
que os concorrentes interessados se conhecessem previamente comprometendo, dessa
forma, a competitividade da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.

b) Itens 4.2.5.3-“Prova de recolhimento, junto a Tesouraria da Secretaria Municipal de


Finanças da Prefeitura Municipal de Uberlândia, de Garantia de Manutenção de Proposta,

127 de 302
no valor de R$ 35.500,00 (trinta e cinco mil e quinhentos reais) para o Lote I (um) e mais
R$ 35.490,00 (trinta e cinco mil quatrocentos e noventa reais) para o Lote II (dois);”
Item 4.2.5.3.1 “As garantias acima referidas deverão ser depositadas na Tesouraria da
Secretaria Municipal de Finanças, até 05(cinco) dias úteis anteriores a abertura das
propostas, podendo serem realizada em uma das modalidades previstas no § 1º do Art. 56
da Lei nº 8.666/93 e demais alterações.”
De acordo com os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1, foi exigido que a Garantia de Manutenção da
Proposta fosse depositada na Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças até 5 dias antes
da data da entrega dos envelopes, sendo a prova de recolhimento documentação obrigatório
a da Habilitação Econômico-Financeira. Embora o inciso III do art. 31 da Lei nº 8.666/93
estabeleça que a situação econômico-financeira da licitante possa ser demonstrada mediante
prestação de garantia, a legislação não exige que esta garantia seja entregue antes da abertura
dos envelopes, o que é corroborado pelo art. 43 da Lei nº 8.666/93, que determina que a
apreciação da documentação relativa à habilitação deve ocorrer no momento da abertura dos
envelopes.

Cabe salientar ainda que tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do
órgão licitante de todos os possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais
suscetível o comprometimento do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o
disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.

Quanto a referida exigência, o Tribunal de Contas da União também já se posicionou


diversas vezes contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo para entrega
dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº 381/2009 e nº
557/2010, ambos Plenário.

c) Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro permanente, na data
da apresentação da proposta, profissional (is) de nível superior, detentor(es) de atestado(s)
de responsabilidade técnica por execução de obra de características semelhantes e
compatíveis com o objeto da licitação;

(...)
4.2.6.2.5- a determinação da similaridade exigida será obtida pela abrangência dos itens
de maior relevância técnica e valor significativo, que deverão constar do atestado
apresentado conforme abaixo indicado:

a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa;


b) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa;
c) fornecimento, corte, dobrageme colocação de aço CA-50 e/ou CA-60
d) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado;
e) execução de estrutura metálica para cobertura;
f) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio;
g) Fornecimento e assentamento de forro de gesso;
h) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos ;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica;
k) fornecimento e plantio de grama “

128 de 302
Trata-se de exigência de experiência anterior do responsável técnico da empresa licitante na
execução de determinados serviços, conhecida como capacidade técnico-profissional. Cabe
salientar que, para a comprovação da capacidade técnica- operacional (item 4.2.6.3 do edital)
foram exigidos os mesmos serviços, acrescentando o respectivo quantitativo mínimo do item
executado anteriormente.

Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a referida experiência anterior é
demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na execução de serviços
semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto
da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de Uberlândia não observou
essa determinação legal na comprovação de execução de alguns serviços de constantes no
item 4.2.6.2.5 do edital, conforme quadro a seguir:

Quadro I- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia- Lote I

Percentual em relação ao
Item Descrição Valor Total R$
valor do objeto orçado

preparo, lançamento, adensamento e


a cura de concreto estrutural Fck>= 20 58.427,01 1,65%
Mpa (m3)

preparo, lançamento, adensamento e


b cura de concreto estrutural Fck>= 25 25.004,40 0,70%
Mpa (m3)

Fornecimento, corte, dobrageme


c colocação de aço CA-50 e/ou CA-60 153.940,97 4,34%
(Kg)
execução de alvenaria de vedação
d utilizando Dry Wall de gesso 153.695,54 4,33%
acartonado(m2)

Execução de estrutura metálica para


e 265.689,45 7,48%
cobertura (m2)

fornecimento e assentamento de telhas


f 244.809,42 6,90%
de alumínio (m2)

fornecimento e assentamento de forro


g 78.031,56 2,20%
de gesso (m2)
fornecimento, regularização e
h 165.638,33 4,67%
assentamento de piso porcelanato (m2)
execução de emassamento PVA em
i 60.341,63 1,70%
paredes e tetos (m2)

execução de pintura látex PVA e/ou


j 69.637,90 1,96%
acrílica (m2)

129 de 302
k fornecimento e plantio de grama (m2) 61.272,49 1,73%

Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 405/2013

Quadro II- Itens inquinados como de maior relevância e valor significativo nos termos da
cláusula editalícia Lote II

Percentual em relação ao
Item Descrição Valor Total R$
valor do objeto orçado

preparo, lançamento, adensamento e cura


a de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa 58.430,35 1,73%
(m3)
preparo, lançamento, adensamento e cura
b de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa 25.004,40 0,74%
(m3)
Fornecimento, corte, dobrageme
c colocação de aço CA-50 e/ou CA-60 153.940,97 4,55%
(Kg)

execução de alvenaria de vedação


d utilizando Dry Wall de gesso 153.695,54 4,54%
acartonado(m2)

Execução de estrutura metálica para


e 235.689,45 6,97%
cobertura (m2)

fornecimento e assentamento de telhas


f 244.809,42 7,24%
de alumínio (m2)

fornecimento e assentamento de forro de


g 78.011,56 2,31%
gesso (m2)

fornecimento, regularização e
h 165.638,33 4,90%
assentamento de piso porcelanato (m2)

execução de emassamento PVA em


i 60.341,63 1,78%
paredes e tetos (m2)

execução de pintura látex PVA e/ou


j 69.637,90 2,06%
acrílica (m2)

k fornecimento e plantio de grama (m2) 61.272,49 1,81%

Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 405/2013

Os itens “g”, “i”, “j” e “k” (de ambos os lotes) dos quadros acima referem-se a serviços
simples, que não apresentam complexidade técnica, não se enquadrando no critério de maior
relevância em relação ao objeto. Quanto aos itens “b” dos lotes I e II, relativos a “preparo,
lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa (m3), eles

130 de 302
representam 0,70% e 0,74% dos orçamentos dos respectivo lote. Embora seja um serviço
de relevância, por se tratar de concreto estrutural, neste caso especificamente, somente o
anterior (itens “a”), com fck= 20Mpa, se mostrou relevante em valor na planilha licitada, ao
passo que os itens “b”, com fck=25Mpa, não impactaram os respectivos orçamentos,
afigurando-se, pouco significantes, em termos financeiros, embora, tecnicamente seja
relevante. Logo, este item também não se enquadra no critério de maior relevância e valor
significativo, simultaneamente.

Neste sentido, após diversos julgados (Acórdãos nº 165/2009 - Plenário, 1908/2008 -


Plenário, 1417/2008 - Plenário, 597/2008 – Plenário, dentre outros) o TCU sumulou o
entendimento.
SÚMULA Nº 263
Para a comprovação da capacidade técnico-operacional das licitantes, e desde que
limitada, simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do
objeto a ser contratado, é legal a exigência de comprovação da execução de
quantitativos mínimos em obras ou serviços com características semelhantes,
devendo essa exigência guardar proporção com a dimensão e a complexidade do
objeto a ser executado”.

d) Item “4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os serviços,
objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s) técnico(s) emitido(s)
em seu nome, de experiência por desempenho de atividade pertinente e compatível com o
objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:

a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa,


em volume maior ou igual a 220 m3;
b) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa,
em volume maior ou igual a 100 m3
c) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60, em
quantidade maior ou igual a 15 toneladas;
d) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado, em
área maior ou igual a 700 m2;
e) execução de estrutura metálica para cobertura, em área maior ou igual a 1.500
m2;
f) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio, em área maior ou igual a
1.500m2;
g) fornecimentoe assentamento de forro de gesso, em área maior ou igual a 1000,00
m2;
h) fornecimento, regularizaçãoe assentamento de piso porcelanato, em área maior ou
igual a 1.200,00 m2;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos, em área maior ou igual a
3.000,00 m2;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica, em área maior ou igual a 3.000,00
m2;
k) fornecimento e plantio de grama, em área maior ou igual a 3.500 m2“.

131 de 302
Os quadros a seguir identificam os quantitativos acima exigidos para os respectivos serviços,
demonstrados em termos percentuais, em relação aos quantitativos orçados por lote:

Quadro III- Comparativos entre quantitativos exigidos no edital e quantitativos orçados-


Lote I

Quantitativo
Percentual Percentual
exigido em
em relação entre o
Valor Quantitativo atestado
Item Descrição ao valor do exigido em
Total R$ Orçado técnico ( item
objeto atestado e o
4.2.6.3.1 do
orçado orçado
edital)

preparo,
lançamento,
adensamento e cura
a 58.427,01 1,65% 183,56 220,00 119,85%
de concreto
estrutural Fck>= 20
Mpa (m3)

preparo,
lançamento,
adensamento e cura
b 25.004,40 0,70% 76,35 100,00 130,98%
de concreto
estrutural Fck>= 25
Mpa (m3)

Fornecimento,
corte, dobrageme
c colocação de aço 153.940,97 4,34% 21.088,15 15.000,00 71,13%
CA-50 e/ou CA-60
(Kg)

132 de 302
execução de
alvenaria de
d vedação utilizando 153.695,54 4,33% 1.607,80 700,00 43,54%
Dry Wall de gesso
acartonado(m2)

Execução de
estrutura metálica
e 265.689,45 7,48% 2.257,64 1.500,00 66,44%
para cobertura
(m2)

fornecimento e
assentamento de
f 244.809,42 6,90% 2.207,28 1.500,00 67,96%
telhas de alumínio
(m2)

fornecimento e
g assentamento de 78.031,56 2,20% 1.796,77 1.000,00 55,66%
forro de gesso (m2)

fornecimento,
regularização e
h assentamento de 165.638,33 4,67% 1.658,95 1.200,00 72,33%
piso porcelanato
(m2)

execução de
emassamento PVA
i 60.341,63 1,70% 5.459,08 3.000,00 54,95%
em paredes e tetos
(m2)

execução de
j pintura látex PVA 69.637,90 1,96% 5.459,08 3.000,00 54,95%
e/ou acrílica (m2)

133 de 302
fornecimento e
k plantio de grama 61.272,49 1,73% 5.806,76 3.500,00 60,27%
(m2)

Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 405/2013

Quadro IV- Comparativos entre quantitativos exigidos no edital e quantitativos orçados-


Lote II

Quantitativo
Percentual
exigido em
em
atestado Percentual entre o
Valor relação ao Quantitativo
Item Descrição técnico ( exigido em atestado
Total R$ valor do Orçado
item e o orçado
objeto
4.2.6.3.1 do
orçado
edital)

preparo,
lançamento,
adensamento e
cura de
a 58.430,35 1,73% 183,56 220,00 119,85%
concreto
estrutural
Fck>= 20 Mpa
(m3)

preparo,
lançamento,
adensamento e
cura de
b 25.004,40 0,74% 76,38 100,00 130,92%
concreto
estrutural
Fck>= 25 Mpa
(m3)

Fornecimento,
corte,
dobrageme
c 153.940,97 4,55% 21.088,15 15.000,00 71,13%
colocação de
aço CA-50 e/ou
CA-60 (Kg)

134 de 302
execução de
alvenaria de
vedação
d 153.695,54 4,54% 700,00 43,54%
utilizando Dry
Wall de gesso
acartonado(m2)

1.607,80

Execução de
estrutura
e 235.689,45 6,97% 1.500,00 66,44%
metálica para
cobertura (m2)

2.257,64

fornecimento e
assentamento
f 244.809,42 7,24% 1.500,00 67,96%
de telhas de
alumínio (m2)

2.207,28

fornecimento e
assentamento
g 78.011,56 2,31% 1.796,77 1.000,00 55,66%
de forro de
gesso (m2)

fornecimento,
regularização
e assentamento
h 165.638,33 4,90% 1.658,95 1.200,00 72,33%
de piso
porcelanato
(m2)

execução de
emassamento
i PVA em 60.341,63 1,78% 5.459,08 3.000,00 54,95%
paredes e tetos
(m2)

execução de
pintura látex
j 69.637,90 2,06% 5.459,08 3.000,00 54,95%
PVA e/ou
acrílica (m2)

135 de 302
fornecimento e
k plantio de 61.272,49 1,81% 5.806,76 3.500,00 60,27%
grama (m2)

Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 405/2013

É sabido que a capacidade técnico-operacional envolve a comprovação de que a empresa


participou anteriormente de contrato cujo objeto foi similar ao previsto na contratação a ser
efetuada pela Administração. Tal exigência visa verificar se a empresa a ser contratada,
reúne mão de obra, equipamentos e materiais necessários e suficientes para a perfeita
execução do objeto, dentro das quantidades, qualidade e prazos exigidos. Nesse contexto, o
TCU recomenda que tais exigências sejam limitadas a 50% dos quantitativos do instrumento
convocatório. O referido tribunal tem pacificado essa matéria, mediante alguns acórdãos,
tais como o Acórdão nº2373/2013-TCU-Plenário:
Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais
de serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária,
identificada no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa,
contraria a jurisprudência do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003,
2.215/2008, 1.949/2008, todos do Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004
(...)”
Analisando os quadros IV e V, observa-se que dos 11 itens exigidos, 07 extrapolaram esse
percentual. No caso dos itens a e b, o quantitativo exigido representa cerca de 120% e 131%,
respectivamente, em relação ao valor orçado para cada um dos lotes, superando
sobremaneira o limite considerado na jurisprudência do TCU.
e) Item 6.2 “ A licitante considerada vencedora no Lote julgado, não participará do
julgamento do próximo Lote, porém seu Envelope de Proposta Financeira referente a esse
outro lote ficará na posse da Comissão de Licitação, permanecendo lacrado e inviolado,
até a homologação do julgamento de todos os lotes do processo, pela autoridade
competente, quando, então, poderão ser devolvidos às licitantes proponentes”

De acordo com o item 6.2 do edital, a licitante considerada vencedora do lote nº 01, primeiro
a ser julgado, não poderia participar do julgamento do lote nº 02. Tal critério, além de não
apresentar amparo legal, contraria o art. 3º da Lei nº 8.666/93 ao não garantir o princípio da
isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a Administração, bem como restringir
a competitividade.

Ao estabelecer a referida restrição, uma empresa, que, em função de sua estrutura de custo
e, até, na expectativa que vencer as duas obras, poderia apresentar a menor proposta de
preços para os dois lotes, não teria a sua proposição para o lote 2 julgada, trazendo prejuízo
para a Administração.

136 de 302
Conclusivamente, analisando as constatações abordadas nas alíneas a), b), c) e d) acima, em
conjunto ou de per si, tem-se uma dimensão das restrições editalícias constantes no
chamamento em tela e seu possível impacto no comparecimento ao certame. Das 26
empresas que adquiriram o edital, 6 comparecerem à primeira reunião de 21/06/2013 e
somente 3 foram habilitadas para a abertura das propostas de preços para os dois lotes, sendo
que somente uma teve sua proposta de preços validada pela CPL para os dois lotes.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio


do Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
(...)

4.Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 405/2013, relativa


às obras de construção das UPA Novo Mundo e Pacaembu III - Dos itens 2.1.4.1 e 2.1.4.3
do Edital de Licitação CP 405/2013

O item 2.1.4.1 do edital de licitação da CP 405/2013, dispõe que:


“2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis
técnicos. Para o credenciamento, o profissional deverá apresentar documento
de identificação pessoal e o registro da empresa licitante junto ao CREA,
comprovando que é mesmo responsável técnico.” (..)

O item 2.1.4.3 do edital de licitação da CP 405/2013, dispõe que:


“2.1.4.3 a visita técnica ao local das obras acontecerá, exclusiva e
impreterivelmente, no dia 13/06/2013, às 14:00 horas, horário limite em que o
representante da licitante deverá se apresentar na Secretaria Municipal de
Obras para a visita.”

A exigência de participação de responsável técnico na visita estava associada


ao intuito único da visita: tomar conhecimento de todas as informações e condições locais
para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei. Ora, só
se habilita a isso, um profissional de engenharia, o edital exigiu a participação de um dos
seus responsáveis técnicos, não necessariamente aquele que estaria a frente dos serviços,
caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de 2014, o Município já adequou seus editais
às recomendações do TCU.
O relatório técnico da CGU aponta Acórdãos do Tribunal de Contas da União
(2028/06, 2150/08 e 2299/11), onde é considerada restrição ao caráter competitivo do
certame, a exigência de visita técnica em uma única data.
Não se pode considerar que a Administração Pública deva se dedicar
exclusivamente a uma única licitação, pois, é de interesse do licitante participar do certame,
cabendo à sua responsabilidade programar um compromisso com data e horário pré
agendados, posteriormente aos 30 (trinta) dias da ciência da licitação (publicação).
Assim, no caso concreto a visita técnica em data única, tinha por objetivo,
minimizar as dificuldades administrativas para a Secretaria de Obras, considerando seu
exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação destes acompanhar as obras em
andamento, medições e visitas para novas contratações, além das atividades rotineiras de
relatórios, orientações, avaliações de alterações nas obras, laudos de engenharia. Assim, a

137 de 302
concentração em data única permitia maior aproveitamento de suas atividades.
Por outro lado, cediço que o objetivo da visita técnica sempre foi prestar
esclarecimentos necessários aos licitantes e permitir amplo entendimento do projeto,
visando facilitar a elaboração das propostas. Ocorre que, no caso concreto, a
Administração Pública nunca recusou os pedidos de agendamentos extraordinários
devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse sentido, este requisito não enseja
o caráter restritivo, pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.

4.b. Exigência antecipada da comprovação de garantia de manutenção da


proposta - Dos itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1 do Edital de Licitação CP 405/2013.
Os itens 4.2.5.3 e 4.2.5.3.1 do edital de licitação da CP 405/2013, exigem a
caução de 1% (um por cento) do valor estimado das contratações para o oferecimento da
proposta comercial, como garantia da boa saúde financeira da empresa, resguardando a
Administração Pública quanto a manutenção da proposta comercial ofertada.
Ora, a exigência de garantia da proposta comercial está expressamente prevista
no inciso III do artigo 31 da Lei Federal nº 8.666/93, que possibilita à Administração
Pública a exigência de garantia de 1% do valor do estimado do objeto da contratação a ser
comprovada na fase de habilitação, a saber:

“Art. 31. A documentação relativa à qualificação econômico-financeira limitar-


se-á a:
(...)
III – garantia, nas mesmas modalidades e critérios previstos no “caput” e § 1º
do art. 56 desta Lei, limitada a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto
da contratação.”

A exigência de garantia é forma minimamente segura com a qual a


Administração Pública pode exigir que a licitante mantenha as propostas financeiras
durante a realização do certame, bem como pode demonstrar o indício de saúde econômico-
financeira da empresa, tratando-se, inclusive, de estrita exigência legal.
No presente caso, a garantia foi exigida, considerando que o montante deveria
ser depositado junto à Tesouraria da Secretaria Municipal de Finanças.
Assim, à empresa interessada em concorrer caberia diligenciar na referida
repartição e solicitar os procedimentos necessários para depósito.
Naquela repartição, o depósito segue um procedimento interno em que, sendo a
garantia ofertada em espécie, a Tesouraria Municipal emite o Documento de Arrecadação
Municipal - DAM, para que a empresa recolha tal valor junto à agência bancária, ficando
com o comprovante de recolhimento - o DAM.
Noutro norte, se a garantia é oferecida mediante Fiança Bancária ou Seguro
Garantia, a Tesouraria Municipal confere o documento e emite a comprovação de depósito,
documentos estes exigidos na fase de habilitação do processo licitatório.
Quanto a tal ponto, é de se considerar que a logística necessária para o referido
procedimento, sempre demanda tempo hábil, mormente considerando a ausência de
informatização do sistema. Assim, se se permitisse o depósito da garantia até o dia da
abertura tal conduta certamente incorreria no risco de impossibilidade procedimental da
Municipalidade em entregar a documentação necessária à comprovação do oferecimento
da garantia, o que, de acordo com o edital, é documento obrigatório e indispensável, que
deve constar no envelope inviolado dos documentos de habilitação do certame.
Assim, qualquer atraso na entrega dos documentos à Comissão de Licitação

138 de 302
impediria a participação da licitante, restringido assim o caráter competitivo.
Neste ínterim, ainda vale ressaltar que o expediente do Núcleo de Tesouraria
inicia-se às 12 horas. Portanto, é preciso reconhecer que os comprovantes de recolhimento
da garantia só seriam obrigados à apresentação no momento da abertura dos envelopes,
junto aos documentos da fase de habilitação.
Além disso, cumpre observar também que a data definida para depósito era
posterior ao período de publicidade da modalidade em referência, ou seja, somente depois
de cumpridos os 30 dias de publicidade, delimitou-se a data máxima para o depósito (data
publicação 14/05/13 e data depósito 14/06/13).
Importante nesse sentido ponderar que houve sempre o cuidado de definir a data
de depósito próximo à data da visita, de praxe em dia imediatamente posterior,
considerando que as licitantes cujas sedes não fossem Uberlândia, poderiam, após a visita
técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e evitando tumultos e nulidades
no dia da abertura.
Por todos estes motivos, não se pode considerar este requisito como restrição à
participação no certame. Pelo contrário, a Administração Municipal sempre se preocupou
em instituir procedimentos céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os
interessados no certame de maneira isonômica – já que tal procedimento era de prévio
conhecimento e de igual condição a todos licitantes.
Cabe ressaltar que em meados de 2014, o Município adequou seus editais à
jurisprudência do TCU.

4.c e 4.d Exigência de atestados em nome de profissionais engenheiros de seu


quadro permanente, para itens considerados menos relevantes pela equipe técnica da
CGU - Dos itens 4.2.6.2 e 4.2.6.2.5 do edital CP 405/13, Exigência de atestados em nome
da empresa, contendo quantidades similares e compatíveis aos serviços orçados, cujas
quantidades foram consideradas elevadas pela CGU, por excederem limite de 50%
recomendado pelo TCU. Dos itens 4.2.6.3 e 4.2.6.3.1 do edital CP 405/2013

Consta do relatório preliminar, análise realizada pelo auditor referente às


exigências de comprovação de capacidade técnica-operacional e capacidade técnica-
profissional, conforme se verifica nos itens editalícios 4.2.6.5 e 4.2.6.3.1
“Item “4.2.6.2 “ Comprovação que a empresa possui em seu quadro
permanente, na data da apresentação da proposta, profissional (is) de nível
superior, detentor(es) de atestado(s) de responsabilidade técnica por execução
de obra de características semelhantes e compatíveis com o objeto da licitação;
(...)
4.2.6.2.5- a determinação da similaridade exigida será obtida pela abrangência
dos itens de maior relevância técnica e valor significativo, que deverão constar
do atestado apresentado conforme abaixo indicado:
a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20
Mpa;
b) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>=
25Mpa;
c) fornecimento, corte, dobrageme colocação de aço CA-50 e/ou CA-60
d) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado;
e) execução de estrutura metálica para cobertura;
f) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio;
g) Fornecimento e assentamento de forro de gesso;

139 de 302
h) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos ;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica;
k) fornecimento e plantio de grama”

A análise da Lei de licitações, em especial ao art. 30, inc. I, § 1º vê-se claramente


que o legislador definiu a comprovação técnico-profissional através de atestados que
demonstrem “possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da
proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade
competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou
serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação...”
Observa-se claramente que a conjunção “e” implica numa condição onde
ambas as exigências devem estar presentes, quais sejam: “maior relevância” e “valor
significativo”. Deve-se esclarecer que o texto, ainda que seja claro em relação ao
significado da expressão “valor significativo” no entendimento de valor monetário
expressivo dentro do contexto contratual, não deixa claro a primeira parcela da exigência
quando dita “maior relevância”. Tal critério de avaliação, fica a cargo da equipe técnica
que avalia, no contexto da obra, quais itens se enquadram dentro dessas parcelas. Com o
cuidado de não limitar a abrangência dos aspectos relacionados à avaliação técnica, pode-
se citar dois critérios dos quais se vale a área técnica para definição da relevância, quais
sejam, implicação de impacto na funcionalidade do conjunto da obra do item relevado,
valor do item caso se encontre dentro dos grupos AB da curva ABC de avaliação dos itens
de valor significativo.
É apontado pelo relatório do auditor da CGU um grupo de 04 (quatro) itens que
em sua avaliação “referem-se a serviços simples, que não apresentam complexidade
técnica, não se enquadrando no critério de maior relevância em relação ao objeto.”
g) fornecimento e assentamento de forro de gesso (m²)
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos (m²)
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica (m²)
k) fornecimento e plantio de grama (m²)

Cabe esclarecer que os projetos das UPA´s, fornecidos pela Secretaria de


Estado da Saúde de Minas Gerais, observam critérios executivos e estruturais que implicam
em um modelo construtivo que foge um pouco aos tradicionais padrões de construções em
alvenaria, muito comuns no cenário de obras civis nacionais.
A Secretaria de Estado, ao optar por uma estrutura em drywall com perfis em
light steel frame, deve-se atentar a elaboração e execução de um projeto integrado de
soluções que atuem concomitantemente para perfeita funcionalidade da edificação, ainda
mais em se tratando de uma unidade hospitalar possuidora de rígidos critérios construtivos
e de manutenção que devem determinar a perenidade da estrutura e o mínimo impacto em
atividades de manutenção preditiva e corretiva. Nessa esteira, ainda que per si pareça
“serviço simples, que não apresentam complexidade técnica” não há que se dizer os itens
em comento sejam de menor relevância no contexto exposto. Acrescenta-se o fato da análise
de valor significativo obtido pela metodologia da curva ABC aplicada ao orçamento básico,
demonstrar inequivocamente que os itens elencados nas cláusulas 4.2.6.5 e 4.2.6.3.1 são,
de fato os de maior valor significativo, como se pode observar pelo quadro 1 abaixo.
Consta ainda no relatório, avaliação do critério utilizado para determinação
dos quantitativos mínimos para demonstração de capacidade técnica-operacional,

140 de 302
conforme item editalício 4.2.6.3 que se segue:
Item “4.2.6.3- Comprovação que a empresa licitante está apta a prestar os
serviços, objeto da presente licitação, através da apresentação de atestado(s)
técnico(s) emitido(s) em seu nome, de experiência por desempenho de atividade
pertinente e compatível com o objeto desta licitação.
4.2.6.3.1- Para fins desta licitação, são considerados itens relevantes, aqueles
representados pelos serviços a seguir discriminados:
a) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 20 Mpa, em
volume maior ou igual a 220 m3;
b) preparo, lançamento, adensamento e cura de concreto estrutural Fck>= 25 Mpa, em
volume maior ou igual a 100 m3
c) fornecimento, corte, dobragem e colocação de aço CA-50 e/ou CA-60, em quantidade
maior ou igual a 15 toneladas;
d) execução de alvenaria de vedação utilizando Dry Wall de gesso acartonado, em área
maior ou igual a 700 m2;
e) execução de estrutura metálica para cobertura, em área maior ou igual a 1.500 m2;
f) fornecimento e assentamento de telhas de alumínio, em área maior ou igual a 1.500m2;
g) fornecimento e assentamento de forro de gesso, em área maior ou igual a 1000,00 m2;
h) fornecimento, regularização e assentamento de piso porcelanato, em área maior ou igual
a 1.200,00 m2;
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos, em área maior ou igual a
3.000,00 m2;
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica, em área maior ou igual a 3.000,00 m2;
k) fornecimento e plantio de grama, em área maior ou igual a 3.500 m2“.

141 de 302
Alega o auditor a extrapolação dos limites determinados pela jurisprudência do
TCU em 50% dos respectivos quantitativos das atividades constantes da planilha de
orçamento básico.
Ao se analisar as planilhas de maneira isolada (lotes 01 e 02) e aplicar o limite
estipulado, de fato, se verifica que há uma variação para mais, do percentual limite ditado
pela jurisprudência para certos itens, o que não ocorre ao somar os quantitativos, por item,
de ambas as planilhas e aplicar, após esse procedimento, o cálculo do limite de 50%, o que
parece ter sido o procedimento adotado pela área técnica à época da elaboração do edital.
Abaixo apresenta-se o quadro 2 com os itens utilizados para o cálculo das atividades que
deveriam constar dos atestados.
Os critérios para eleição destes quantitativos como preponderantes, serão melhor
explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o contraditório.
Fizemos as considerações que os processos permitem, valendo-nos da evolução
natural dos processos administrativos municipais esperada na Administração Pública. É
certo que jurisprudência das Cortes de Contas nacionais (TCE E TCU) são fontes normativas
relevantes, mas é importante ressaltar que o art. 30, III da Lei 8.666/93, não estabelece limites
e usa a expressão “compatível” como balizador da exigência. Mais uma vez, entendemos que
à área técnica de engenharia cabe definir os critérios para aceitar os atestados.
Mais importante ainda é observar que acatando a recomendação do Tribunal de
Contas da União, nossos editais foram adequados a partir de meados de 2014.

142 de 302
143 de 302
144 de 302
CURVA B CURVA A

145 de 302
Por fim, anota a Controladoria Geral da União, que impedir o vencedor do lote I
de participar do julgamento das propostas para o lote II fere o princípio da isonomia e
portanto o art. 3º da Lei 8.666/93. As razões de governo devem ser questionadas ao gestor à
época, mas supostamente a intenção seria que, para projetos estratégicos executados ao
mesmo tempo, um eventual problema com uma empresa não atingisse todos os
empreendimentos. Esta licitação, em termos de execução, parece confirmar essa suspeição.
Contudo, esta licitação trouxe no edital o item 6.9, admitindo a participação no lote II, do
vencedor no lote I (caso frustrasse a participação). Foi este critério que permitiu a
participação da AZM Empreendimentos Imobiliários na abertura do envelope de proposta
para o lote II. A partir dele, foi dado provimento ao recurso interposto, tendo em vista que a
comissão não observara sua disciplina no momento da abertura das propostas. Portanto, o
edital não contrariava o artigo 3º da Lei 8.666/93.
Vale observar que as duas obras foram licitadas em único processo, atendendo
ao artigo 23,§ 1º da Lei 8.666/93, que determina que as obras deverão ser divididas em tantas
parcelas quantas se comprovem técnica e economicamente viáveis, para ampliar a
competitividade.

(...)..
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U
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#

Análise do Controle Interno

Com relação às justificativas apresentadas, cabem as seguintes análises:

a) Item “2.1.4.1 – a visita técnica deve ser realizada pelo representante credenciado da
empresa licitante que, necessariamente deve ser um dos seus responsáveis técnicos. Para o
credenciamento, o profissional deverá apresentar documento de identificação pessoal e o
registro da empresa licitante junto ao CREA, comprovando que é mesmo responsável técnico.
(...)

Sobre a realização da visita técnica na mesma data e mesmo horário, os responsáveis alegaram
que tal prática visava tão somente minimizar as dificuldades administrativas para a Secretaria
de Obras, considerando seu exíguo quadro de engenheiros, sendo obrigação destes
acompanhar as obras em andamento, medições e visitas para novas contratações. Na
sequência, o gestor alega que a Administração Pública nunca recusou os pedidos de
agendamentos extraordinários devidamente justificados pela empresa interessada. Nesse
sentido, entendem os responsáveis, que este requisito não enseja restrição ao caráter restritivo,
pois, o objetivo da visita é diametralmente o oposto.

Sobre a exigência de participação de responsável técnico, foi alegado que tal procedimento
visava única e exclusivamente tomar conhecimento de todas as informações e condições locais
para cumprimento das obrigações objeto da licitação, conforme o art. 30, III da lei e que tal
só seria viável com a presença de um profissional de engenharia; assim sendo, o edital exigiu
a participação de um dos seus responsáveis técnicos, não necessariamente aquele que estaria
a frente dos serviços, caso vencesse a licitação. Contudo, em meados de 2014, conclui o
arrazoado, o Município já havia adequados em editais às recomendações do TCU.

Não procede a justificativa apresentada de que, a adoção desse procedimento pautou-se na


exiguidade temporal dos engenheiros da Entidade, o que, por si só, não se afigura como
condicionante que resulte em ônus desnecessário ao licitante. Logo, a determinação de que a

146 de 302
visita técnica fosse realizada somente no dia 13/06/2013 às 14:00h, além de restringir a
participação de um maior universo de interessados, pode ter possibilitado que os concorrentes
interessados se conhecessem previamente, comprometendo, dessa forma, a competitividade
da licitação, pela quebra do sigilo dos participantes em potencial.

O mesmo se aplica à exigência de profissional da empresa na realização da visita técnica.


Embora no arrazoado os responsáveis aleguem que tais profissionais não seriam,
necessariamente, aquele que estariam a frente dos serviços, caso a empresa vencesse a
licitação, o item do edital deixa claro que foi exigido um dos engenheiros responsáveis
técnicos da empresa, ratificando o posicionamento inicial da CGU sobre este achado,
reiterando que tal prática não coaduna com a jurisprudência do TCU.

Assim sendo, reitera-se as disposições contidas nos Acórdãos TCU nº 2.028/2006 – 1ª Câmara
e nº 874/2007 – 2ª Câmara, o TCU – Tribunal de Contas da União, segundo os quais é admitida
a visita técnica como critério de habilitação, desde que tal exigência não venha acompanhada
de condicionantes que resultem em ônus desnecessário às licitantes, tal como a visita com data
e hora marcada. Também no Acórdão TCU nº 2150/2008 – Plenário, foi determinado que,
para os casos em que a visita seja imprescindível, deve-se evitar reunir os licitantes em data e
horários marcados capazes de dar-lhes conhecimento prévio acerca do universo de
concorrentes.

Por seu turno, ratifica-se os ditames do Acórdão 2299/2011 – Plenário, segundo o qual:

“20. A obrigatoriedade de que a visita técnica fosse realizada por engenheiro civil,
responsável técnico da empresa licitante, exige, implicitamente, que a empresa possua
o profissional em seus quadros permanentes, pois impõe a contratação do engenheiro
antes mesmo da realização da licitação. Tal exigência, que inibe a participação de
possíveis interessados, não se coaduna com a jurisprudência do Tribunal(...)”.
Por fim, sobre a adequação dos editais com relação à exigências do TCU, na forma descrita
nas justificativas apresentadas, não foi apresentada pelo gestor municipal, documentação
comprobatória que atestasse a efetividade dessa medida.

b) Itens 4.2.5.3-“Prova de recolhimento, junto a Tesouraria da Secretaria Municipal de


Finanças da Prefeitura Municipal de Uberlândia, de Garantia de Manutenção de Proposta,
no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais).”

Foi justificado pelo gestor que a exigência de garantia é uma forma minimamente segura, com
a qual a Administração Pública pode exigir que a licitante mantenha as propostas financeiras
durante a realização do certame, bem como demonstre indício de saúde econômico-financeira
da empresa, tratando-se, inclusive, de estrita exigência legal. Neste caso, a garantia foi exigida
considerando que o montante deveria ser depositado junto à Tesouraria da Secretaria
Municipal de Finanças. Quanto à data definida para o depósito, alegam que a mesma foi fixada
próxima à data da visita técnica, pois, assim sendo, as licitantes cujas sedes não fossem
Uberlândia, poderiam, após a visita técnica, depositar a garantia, retirando seu comprovante e
evitando tumultos e nulidades no dia da abertura. Tal prática, na ótica do parecerista, não pode
ser considerada como restrição à participação no certame, pelo contrário, segundo ele, a
Administração Municipal sempre se preocupou segundo o mesmo, em instituir procedimentos
céleres e eficientes a fim de garantir a participação de todos os interessados no certame de
maneira isonômica.

147 de 302
De igual relevo à alínea anterior, a CGU reitera seu posicionamento inicial, ratificando que
tal exigência, ao possibilitar o conhecimento prévio por parte do órgão licitante de todos os
possíveis interessados em participar da disputa e tornar mais suscetível o comprometimento
do sigilo quanto ao universo de concorrentes, contraria o disposto no art. 3º da Lei nº 8.666/93.
Ademais, o TCU, conforme já disposto no campo “Fato” deste item de relatório, também já
se posicionou contrário à apresentação de garantia da proposta antes do prazo para entrega
dos demais documentos de habilitação, como pode-se ver nos Acórdãos nº 381/2009 e nº
557/2010, ambos Plenário.

Itens “c” e “.d”: Exigência de atestados em nome de profissionais engenheiros de seu quadro
permanente, para itens considerados menos relevantes pela equipe técnica da CGU - Dos
itens 4.2.6.2 e 4.2.6.2.5 do edital CP 405/13, Exigência de atestados em nome da empresa,
contendo quantidades similares e compatíveis aos serviços orçados, cujas quantidades foram
consideradas elevadas pela CGU, por excederem limite de 50% recomendado pelo TCU. Dos
itens 4.2.6.3 e 4.2.6.3.1 do edital CP 405/2013.
(...)
Em seu arrazoado, ao discordar da CGU, no aspecto que trata da exigência de atestados de
capacidade técnica na execução de serviços semelhantes, mas limitadas às parcelas de maior
relevância e valor significativo do objeto da licitação, o gestor, conclusivamente informa o
seguinte:
(...)
É apontado pelo relatório do auditor da CGU um grupo de 04 (quatro) itens que em sua
avaliação “referem-se a serviços simples, que não apresentam complexidade técnica, não se
enquadrando no critério de maior relevância em relação ao objeto.”
g) fornecimento e assentamento de forro de gesso (m²)
i) execução de emassamento PVA em paredes e tetos (m²)
j) execução de pintura látex PVA e/ou acrílica (m²)
k) fornecimento e plantio de grama (m²)
Cabe esclarecer que os projetos das UPA´s, fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde
de Minas Gerais, observam critérios executivos e estruturais que implicam em um modelo
construtivo que foge um pouco aos tradicionais padrões de construções em alvenaria, muito
comuns no cenário de obras civis nacionais.
A Secretaria de Estado, ao optar por uma estrutura em drywall com perfis em light steel
frame, deve-se atentar a elaboração e execução de um projeto integrado de soluções que
atuem concomitantemente para perfeita funcionalidade da edificação, ainda mais em se
tratando de uma unidade hospitalar possuidora de rígidos critérios construtivos e de
manutenção que devem determinar a perenidade da estrutura e o mínimo impacto em
atividades de manutenção preditiva e corretiva. Nessa esteira, ainda que per si pareça
“serviço simples, que não apresentam complexidade técnica” não há que se dizer os itens em
comento sejam de menor relevância no contexto exposto. Acrescenta-se o fato da análise de
valor significativo obtido pela metodologia da curva ABC aplicada ao orçamento básico,
demonstrar inequivocamente que os itens elencados nas cláusulas 4.2.6.5 e 4.2.6.3.1 são, de
fato os de maior valor significativo.
(...)
Preliminarmente, cabe reiterar que o assunto versa sobre a exigência de experiência anterior
do responsável técnico da empresa licitante na execução de determinados serviços, conhecida
como capacidade técnico-profissional. Nos termos do art. 30, inc. I, § 1º da Lei nº 8.666/93, a
referida experiência anterior é demonstrada por meio de atestados de capacidade técnica na
execução de serviços semelhantes, mas limitadas “às parcelas de maior relevância e valor
significativo do objeto da licitação” (original sem negrito). Ocorre que a Prefeitura de

148 de 302
Uberlândia não observou essa determinação legal na comprovação de execução dos serviços
listados nos itens “g”, “i”, “j” e “k” (de ambos os lotes, quadros I e II, do Campo “Fato”).

Em que pesem as justificativas acima apresentadas, onde o gestor infere que não há que se
dizer que os itens em comento sejam de menor relevância no contexto exposto, a CGU ratifica
seu posicionamento, no sentido de que os itens “g”, “i” e “j” não se enquadram, de forma
simultânea, nos quesitos “maior relevância e valor significativo”. Já o item “k”, não se
enquadra em nenhum dos dois quesitos.

Assim sendo, cabe citar as disposições contidas na Súmula nº 263/2011-TCU, segundo a qual,
para a comprovação da capacidade técnico operacional das licitantes, desde que limitada,
simultaneamente, às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto a ser
contratado, é legal a exigência de comprovação da execução da execução de quantitativos
mínimos em obras ou serviços com características semelhantes, devendo essa exigência
guardar proporção com a dimensão e a complexidade do objeto a ser executado, o que não se
aplica ao caso em tela.

Quanto à segunda parte deste quesito, o qual versa sobre a extrapolação dos limites
determinados pela jurisprudência do TCU em 50% dos respectivos quantitativos das
atividades constantes da planilha de orçamento básico, o gestor alegou, em parte de seu
arrazoado, o seguinte:

(...)

Ao se analisar as planilhas de maneira isolada (lotes 01 e 02) e aplicar o limite


estipulado, de fato, se verifica que há uma variação para mais, do percentual limite ditado
pela jurisprudência para certos itens, o que não ocorre ao somar os quantitativos, por item,
de ambas as planilhas e aplicar, após esse procedimento, o cálculo do limite de 50%, o que
parece ter sido o procedimento adotado pela área técnica à época da elaboração do edital.
Abaixo apresenta-se o quadro 2 com os itens utilizados para o cálculo das atividades que
deveriam constar dos atestados.
Os critérios para eleição destes quantitativos como preponderantes, serão melhor
explicados pelo gestor à época, quando for-lhes facultado o contraditório.

(...)

Cabe informar que a análise das planilhas deve ser feita por lote, não de forma conjunta,
conforme alegado pelo gestor, além do mais, ao que tudo indica, os quantitativos constantes
na cláusula editalícia, não se afiguram serem resultado de somatório de quantitativos de
ambos os lotes. Logo, essa argumentação não merece acolhida.

Na oportunidade, ratifica-se o posicionamento do TCU sobre o assunto, impondo que tais


exigências sejam limitadas a 50% dos quantitativos do instrumento convocatório. O referido
tribunal tem pacificado essa matéria, mediante alguns acórdãos, em especial o Acórdão
nº2373/2013-TCU-Plenário:
Trecho do Acórdão
“(...)
9.1(...)

149 de 302
9.1.2 a exigência, para efeito de qualificação técnica das licitantes, de percentuais de
serviços acima de 50% dos respectivos quantitativos da planilha orçamentária,
identificada no edital de Pré-Qualificação CH-12/15/2009, sem justificativa,
contraria a jurisprudência do TCU, dentre outros, os Acórdãos nºs 1.284/2003,
2.215/2008, 1.949/2008, todos do Plenário.
Ver também Acórdãos Plenários nºs 1842/2013, 1211/2013, 1552/2003 e 2088/2004

(...)”

Na parte final do seu texto sobre a matéria, o gestor municipal interpõe o seguinte:

(...)
Por fim, anota a Controladoria Geral da União, que impedir o vencedor do lote I de participar
do julgamento das propostas para o lote II fere o princípio da isonomia e portanto o art. 3º
da Lei 8.666/93. As razões de governo devem ser questionadas ao gestor à época, mas
supostamente a intenção seria que, para projetos estratégicos executados ao mesmo tempo,
um eventual problema com uma empresa não atingisse todos os empreendimentos. Esta
licitação, em termos de execução, parece confirmar essa suspeição (...)

Cumpre informar que, ao estabelecer a referida restrição, uma empresa, que, em função de sua
estrutura de custo e, até, na expectativa que vencer as duas obras, poderia apresentar a menor
proposta de preços para os dois lotes, não teria a sua proposição para o lote 2 julgada, trazendo
prejuízo para a Administração.

Por fim, quanto à questão interposta pelo gestor, sobre a oportunidade de contestação deste
achado pelo seu antecessor, destaca-se que caberia ao atual prefeito, nas situações em que a
prefeitura não tivesse elementos suficientes para apresentar esclarecimentos sobre fatos
anteriores a atual gestão, encaminhar tal demanda aos ex-gestores responsáveis pela aplicação
dos recursos federais nesse município, mediante expedição de diligência exarada nesse
sentido.

trI
o
aliseC
n
/A
#

2.2.3. Pagamento referente à aquisição do edital da Concorrência nº 02/2014 pelas


licitantes classificadas em 1º e 2º lugar no certame realizado pela mesma pessoa.

Fato

Conforme tratado anteriormente, 16 empresas adquiriram o edital da Concorrência nº 02/2014,


cujo objeto era a construção da UPA Córrego do Óleo. Nas folhas 166 a 167 dos autos,
constam as guias emitidas pela Prefeitura de Uberlândia para recolhimento de tributo no valor
de R$ 50,00, referentes a “cópia do Edital CP 002/2014”, para as empresas AZM
Empreendimentos Imobiliários Ltda. (fls. 66) e Brasil Construções e Montagens Ltda. (fl. 67),
respectivamente, segunda e primeira colocadas no certame. Nas mesmas folhas, também
constam os respectivos comprovantes de pagamento do edital feitos pelas empresas.

Em relação aos dois recolhimentos das guias de pagamento do edital, há uma grande
coincidência: os pagamentos realizados pela AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e
Brasil Construções e Montagens Ltda. ocorreram em um correspondente do “Caixa Aqui” da
Caixa Econômica Federal em mesma data (14/01/2014), no mesmo operador, com um

150 de 302
intervalo de tempo entre os dois pagamentos de apenas 37 segundos, pois foram efetuados
respectivamente, às 14h01min02s e 14h01min39s.

Dessa forma, verificou-se que a mesma pessoa efetuou os dois recolhimentos das guias de
pagamento do edital. Tal situação indica uma possível frustração do caráter competitivo na
participação das duas empresas na Concorrência nº 02/2014. Destaca-se que as referidas
empresas foram as únicas com propostas de preços válidas, haja vista que as empresas
Construtora Cinzel S/A e Elite Construtora Ltda., apesar de habilitadas, apresentaram
propostas superior ao limite fixado pela prefeitura.

ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio do


Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
“(...)

8. Conclui a CGU que pagamento do Documento de Arrecadação Municipal – DAM para


as licitantes classificadas em 1º e 2º lugar, foram realizados pela mesma pessoa, ensejando
possível frustração ao caráter competitivo.

A partir do processo, foram avaliados outros pontos e não alcançamos outros


indícios ensejadores de frustração ao caráter competitivo:
1 – E-mail, CEP, Telefone diferentes
2 – Quadro Societário não apresenta nenhuma relação evidente
3 – Atividades Secundárias apresentam formação diferente
4 – Formatação dos orçamentos é diferente UPA Pacaembu III e UPA Novo
Mundo
Portanto, não foi constatado frustração do caráter competitivo diante das
informações apuradas no processo licitatório. A afirmação sobre a aquisição com pequena
diferença em segundos não cabe ser apurada pela Administração Municipal, e sim pela
Esfera Judicial para compor fatos em eventual investigação.

(...)

m
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E
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U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

O fato de a prefeitura ter feita a pesquisa acima argumentada, com base nos dados por ela
levantados, não exclui a possibilidade ter ocorrido a frustração do caráter competitivo neste
certame, visto que restou inequívoco que mesma pessoa efetuou os dois recolhimentos das
guias de pagamento do edital. Ademais, quando se fala em frustração de competitividade, tal
afirmativa não se pauta apenas em um quesito, mas em um conjunto probatório razoável de
fatos, para se ter essa inferência. No caso desta Concorrência, além do fato acima, têm ainda
os aspectos insertos em constatação específica sobre a Concorrência nº 002/2014, que também

151 de 302
versam sobre possível restrição ao caráter competitivo do certame, constatação essa constante
em item específico deste relatório.
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.2.4. Desistência indevida de licitante após a fase de habilitação da Concorrência


Pública nº 405/2013, acatada pela Comissão de Permanente de Licitação.

Fato

A Comissão Permanente de Licitação responsável pela Concorrência Pública nº 405/2013


relativa à contratação de empresas para a construção das UPA Pacaembu III e Novo Mundo
era composta pelo servidor CPF ***.078.236-**, designado presidente, bem como pelos
servidores CPF ***.058.636-**, CPF ***.900.536-** e CPF ***.931896-**.

Conforme tratado anteriormente, a abertura da licitação ocorreu em reunião ocorrida em


21/06/2013. Em 26/06/2013, em nova sessão, a CPL considerou inabilitadas todas as empresas
que compareceram à reunião inicial. Após nova análise, em 18/07/2013, a CPL acatou a nova
documentação apresentada pelas empresas Treviso Construtora Ltda., AZM
Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Brasil Construções e Montagens Ltda., declarando-as
habilitadas.

Em 01/08/2013, a CPL reuniu-se em nova sessão com os três licitantes habilitados. Naquela
oportunidade, a empresa Treviso Construtora Ltda., por meio de Carta de Desistência assinada
pelo seu Sócio-Diretor CPF ***.233.556-** requereu a retirada dos envelopes II – Lote 01 e
III – Lote 02 – Proposta Comercial do certame licitatório, justificando o seu pedido em função
de, no período de 21/06/2013, data da 1ª abertura, até 01/08/2013, outros compromissos foram
assumidos pela empresa. Assim, a CPL desconsiderou para fins de julgamento, as propostas
de preços da referida empresa.

Entretanto, o procedimento adotado pela referida comissão contraria o disposto no §3º do art.
6º da Lei nº 8.666/93, que estabelece o seguinte:
“ § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de proposta, salvo por motivo
justo decorrente de fato superveniente e aceito pela Comissão”.
No caso da desistência da empresa Treviso Construtora Ltda após a fase de habilitação, não
ficou configurado a existência de fato superveniente que justificasse o acatamento de tal
desistência. Destaca-se que a empresa, no período compreendido entre a 1ª reunião
(21/06/2013) e o acatamento da desistência da empresa (01/08/2013) apresentou nova
documentação de habilitação, nos termos do Memorando nº 901/2013/SMO/GS, de
18/07/2013, indicando que mantinha interesse em continuar sua participação na licitação.
Além disso, o novo julgamento da fase de habilitação ocorreu em 18/07/2013, apontando que,
até aquela data, de acordo com a lei, a empresa ainda poderia desistir de sua proposta.

Em função da desconsideração da proposta da empresa Treviso Construtora Ltda., foram


julgadas as propostas apresentadas apenas pela AZM Empreendimentos Imobiliários Ltda. e
Brasil Construções e Montagens Ltda. Sagrou-se vencedora dos 2 lotes a empresa AZM
Empreendimentos Imobiliários Ltda, tendo em vista que a empresa Brasil Construções e
Montagens Ltda propostas de preço muito superior ao limite fixado tanto para o Lote I como
para o Lote II, sendo desclassificada.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

152 de 302
Em resposta ao Relatório Preliminar, a Prefeitura Municipal de Uberlândia, por intermédio do
Ofício nº 377/GP, de 13/09/2018, apresentou a seguinte manifestação:
“(...)

9. Na análise da licitação Concorrência Pública 405/13, a desistência de proposta de um


dos licitantes foi apontada como indevida por considerar que a motivação não decorria de
fato superveniente

A empresa Treviso Construtora Ltda pediu desistência da proposta de preço no


dia da abertura da proposta financeira, alegando ter assumido outros compromissos no
decorrer de processo. O motivo foi aceito pela Comissão de Licitação, sem se estender. A
Comissão de Licitação é a autoridade daquele julgamento na forma do art. 51 da Lei
8.666/93. Obviamente que a ela cabe diligências na forma do §3º do artigo 43, mas no caso
em análise, chamou para si a decisão. Entendemos que os atos da Comissão podem ser
questionados pelos órgãos de controle, quando revestidos de ilegalidade, que parece não ser
o caso, ali o critério para decidir como superveniente e justo coube com toda a carga de
responsabilidade a ela. Como a ata não discorre sobre sua decisão, cabe inferir que ter
assumido outros compromissos no decorrer do processo, seria sim fato superveniente, tendo
em vista o prazo decorrido entre o início do julgamento (21.06.13) e a abertura das propostas
financeira (01.08.13).
Assumir outros compromissos denota diminuir capacidade operacional para o
empreendimento em licitação.
(...).

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#

Análise do Controle Interno

Preliminarmente, a ausência de interposição de qualquer fato ocorrido em uma licitação em


ata correlata, não permite ilações que visem minimizar a falha apontada, conforme descrito
no arrazoado, a seguir, transcrito:

(...) Como a ata não discorre sobre sua decisão, cabe inferir que ter assumido outros
compromissos no decorrer do processo, seria sim fato superveniente (...),(G.N.)

O fato é que a empresa Treviso Construtora Ltda, após a fase de habilitação, desistiu do
certames, não restando comprovada a existência de fato superveniente que justificasse o
acatamento de tal desistência pela CPL. O procedimento adotado pela referida comissão
contraria o disposto no §3º do art. 6º da Lei nº 8.666/93. Ademais, a empresa, no período
compreendido entre a 1ª reunião (21/06/2013) e o acatamento da desistência da empresa
(01/08/2013), apresentou nova documentação de habilitação, indicando que mantinha
interesse em continuar sua participação na licitação. Como resultado dessa desistência, apenas
duas empresas apresentaram proposta ao certame, sendo que apenas uma sagrou-se vencedora
em dois lotes.
trI
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#

3. Conclusão

Em decorrência dos exames realizados e dos fatos apontados neste relatório, foram
constatadas as seguintes situações:

153 de 302
-Paralisação das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, com risco de perdimento do
objeto;
- Ocorrência de medição e pagamento, das obras de construção da UPA Córrego do Óleo, de
serviços de superestrutura em concreto armado, os quais não haviam sido executados,
resultando em superfaturamento de R$ 204.647,71;
Obras de construção da UPA Novo Mundo paralisadas;
-Celebração irregular de termos aditivos de acréscimos/supressões de serviços nas obras de
construção da UPA Pacaembu III ocasionando extrapolação do limite estabelecido em lei e o
pagamento indevido de R$ 453.789,00 a título de administração local;
-Ocorrência de falhas nas obras de construção da UPA Pacaembu III, comprometendo sua
viabilidade operacional, visto que o funcionamento daquela UPA foi embargado pela
Secretaria Municipal de Saúde;
-Irregularidades na execução das obras de construção da UPA Novo Mundo, com ocorrência
de falhas/patologias diversas e superfaturamento de R$46.639,36 por execução de serviços a
menor e por pagamento de serviços não executados;
-Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 002/2014 para
construção da UPA do Córrego do Óleo;
-Restrição à competitividade na realização da Concorrência Pública nº 405/2013, relativa às
obras de construção das UPA Novo Mundo e Pacaembu III;
-Pagamento referente à aquisição do edital da Concorrência nº 02/2014 pelas licitantes
classificadas em 1º e 2º lugar no certame realizado pela mesma pessoa;
-Desistência indevida de licitante após a fase de habilitação da Concorrência Pública nº
405/2013, acatada pela Comissão de Permanente de Licitação;

Conclusivamente, cabem os seguintes aspectos sobre as três obras, todas elas paralisadas:

a) UPA Córrego do Óleo


Obras paralisadas, apenas com estrutura metálica executada; assim sendo, o objetivo do
repasse, que é a implantação da UPA Córrego do Óleo,ao que tudo indica, não será atingido.
O gestor informou em suas justificativas que aquele espaço será utilizado em outra finalidade;
contudo, mesmo que haja reaproveitamento da estrutura ali existente, nos termos das
justificativas apresentadas, a mesma se dará em objeto distinto ao pactuado originalmente.

b) UPA Pacaembu

Por ocasião da inspeção física da CGU, as obras ainda não estavam concluídas na íntegra.
Segundo o gestor, em seu arrazoado, as alterações propostas foram aprovadas, contudo,
reitera-se que as obras UPA Pacaembu III não estavam 100% executadas quando da expiração
da vigência contratual e, além do mais, o funcionamento desta foi embargado pela Secretaria
Municipal de Saúde, em face de diversas falhas/patologias constatadas, bem como a existência
de várias questões de ordem operacional que impediram o funcionamento pleno desta UPA,
dentro dos quesitos de segurança a profissionais e pacientes.

c) UPA Novo Mundo

Obras paralisadas e inacabadas, com ocorrência de diversos danos/patologias. Há de se


destacar a ocorrência de danos reparáveis, porém com riscos de se tornarem irreparáveis no
curto prazo. Há também serviços executados em desconformidade com as especificações
técnicas e, por fim, serviços medidos e pagos não executados, que representam

154 de 302
superfaturamento. Esse conjunto de falhas construtivas, se não saneadas em tempo hábil,
coloca em risco a consecução do objeto, em sua plenitude.

155 de 302
Ordem de Serviço: 201800306
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE
Montante de Recursos Financeiros: Não se aplica.

1. Introdução

A ação de fiscalização destinou-se a verificar em que medida os mecanismos instituídos pelas


instituições financeiras oficiais, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, estão sendo
suficientes para que os municípios cumpram as obrigações do Decreto nº 7.507/2011 e de dois
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) e Termos Aditivos assinados
entre as instituições financeiras, Ministério Público Federal e CGU. As principais questões
analisadas foram se:

- As saídas de recursos (lançamentos a débito) nas contas correntes do Fundo Municipal de


Saúde contém a identificação do beneficiário final (CPF ou CNPJ) e respectiva conta corrente
de destino;

- Os lançamentos do tipo saque “em espécie” possuem a identificação do beneficiário final;

- Os lançamentos do tipo saque “em espécie” respeitam o limite do valor máximo de


oitocentos reais por transação;

- Os documentos comprobatórios que suportam os lançamentos realizados em


desconformidade com o Decreto nº 7507/2011 são suficientes para sanar tais
inconformidades;

- Os documentos comprobatórios que suportam os lançamentos realizados são relativos à área


da saúde (contas do Fundo Municipal de Saúde).

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 12 a 16/03/2018 na Secretaria


Municipal de Saúde de Uberlândia/MG. A verificação da movimentação bancária foi relativa
ao período de setembro a dezembro de 2017.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.

2.1 Parte 1

156 de 302
Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de
medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral
da União.

2.1.1. Ausência de transparência nos extratos das contas correntes da Caixa Econômica
Federal.

Fato

As contas correntes dos principais blocos que compõem o Fundo Municipal de Saúde de
Uberlândia/MG - FMS, destinatárias de repasses de recursos federais, estão abertas na Caixa
Econômica Federal - CEF.

Contas Correntes do FMS


Bloco Agência Conta Corrente
Assistência Farmacêutica 3961 624.000-6
Atenção Básica 3961 624.001-4
Gestão do SUS 3961 624.002-2
Média e Alta Complexidade - MAC 3961 624.003-0
Vigilância em Saúde 3961 624.004-9
Fonte: Extratos das contas correntes do Fundo Municipal de Saúde de Uberlândia

O Decreto nº 7.507/2011 da Casa Civil que dispõe sobre a movimentação de recursos federais
transferidos aos Estados, Distrito Federal e Municípios determina, além de outros dispositivos,
que:

- Os recursos federais transferidos aos Estados e Municípios deverão depositados e mantidos


em conta específica aberta para este fim em instituições financeiras oficiais federais (art. 2,
caput);
- A movimentação dos recursos será realizada exclusivamente por meio eletrônico, mediante
crédito em conta corrente de titularidade dos fornecedores e prestadores de serviços
devidamente identificados (art. 2, § 1);
- Excepcionalmente, mediante justificativa circunstanciada, poderão ser realizados saques
para pagamento em dinheiro a pessoas físicas que não possuam conta bancária ou saques para
atender a despesas de pequeno vulto, adotando-se, em ambas hipóteses, mecanismos que
permitam a identificação do beneficiário final, devendo as informações sobre tais pagamentos
constar em item específico da prestação de contas (art. 2, § 2);
- O valor unitário de cada pagamento feito com o montante total sacado, na forma do § 3º, não
poderá ultrapassar o limite de R$ 800,00, vedado o fracionamento de despesa ou do
documento comprobatório (art. 2, § 4);

Com a finalidade de dar cumprimento às determinações legais citadas, foram assinados dois
Termos de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TAC) e três Termos Aditivos aos
TAC´s entre o Ministério Público Federal, as instituições financeiras oficiais que custodiam
tais recursos (Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil) e a Controladoria-Geral da
União.

Para verificar se o cumprimento dos ditames do Decreto nº 7.507/2011, foi analisado o extrato
bancário da conta do Bloco MAC, nº 624.003-0, entre o período de setembro a dezembro de

157 de 302
2017. Constatou-se, porém, que a Caixa não dá a devida transparência da utilização dos
recursos por meio do extrato da conta. Quase a totalidade de saídas de recursos da referida
conta no período analisado se deu por meio da nomenclatura “DB ACC ARR” e “ENVIO
TED”, cujos valores em muitos casos ultrapassaram 1 milhão de reais. O procedimento
adotado pela instituição financeira são pagamentos efetuados em blocos/boletins, onde
diversos débitos a diversos fornecedores são feitos no mesmo momento, e, somando os
referidos débitos, se chega ao montante da saída financeira em determinada data. Tem-se
abaixo um quadro com extração do extrato bancário a título exemplificativo.

Extrato bancário da conta corrente 624.003-0 - Média e Alta Complexidade - MAC

Constata-se, então, que as saídas de recursos (lançamentos a débito) não possuem a devida
transparência, uma vez que os extratos bancários não contêm a identificação do beneficiário
final (CPF ou CNPJ) e respectiva conta corrente de destino.

Vale ressaltar que no período analisado não se verificou ocorrência de saque “em espécie”
nessa conta.
Da análise amostral da documentação de débitos em conta não houve constatação de utilização
dos recursos da conta do Bloco da Média e Alta Complexidade em finalidade diversa a que se
referem as ações do Bloco.

ato
/F
#

2.2 Parte 2

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.

3. Conclusão

Com base nos exames realizados, conclui-se que não foram observadas ações ilegais na
execução das despesas do Bloco Mac do Fundo Municipal de Saúde de Uberlândia, que
afrontassem o cumprimento do Decreto nº7.507/2011.

158 de 302
Ordem de Serviço: 201800267
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Instrumento de Transferência: Fundo a Fundo ou Concessão
Unidade Examinada: FUNDO MUNICIPAL DE SAUDE
Montante de Recursos Financeiros: R$ 192.908.719,93

1. Introdução

A ação de fiscalização objetivou acompanhar a aplicação dos recursos federais transferidos


pelo Fundo Nacional de Saúde para custeio das ações e serviços de saúde executadas no
Município de Uberlândia/MG. Para atingir tal objetivo, o escopo do trabalho envolveu a
análise da execução dos contratos de terceirização da gestão de unidades públicas de saúde
para organizações sociais e a verificação amostral de despesas executadas por meio de
dispensas e inexigibilidades de licitação.

Neste contexto, analisou-se prioritariamente a regularidade na aplicação dos recursos


financeiros federais repassados ao Município no âmbito do programa “8585 – Fortalecimento
do Sistema Único de Saúde (SUS) ” durante o período compreendido entre 1º de janeiro de
2016 a 31 de dezembro de 2017.

Os trabalhos de campo ocorreram no período de 6 a 8 de março de 2018, permitindo a


verificação dos seguintes aspectos:

• Regularidade das contratações diretas utilizando recursos federais;


• Execução do vínculo contratual entre a Associação Paulista para o Desenvolvimento
da Medicina (SPDM) e a Prefeitura Municipal de Uberlândia/MG;
• Execução do vínculo contratual entre a Missão Sal da Terra e a Prefeitura Municipal
de Uberlândia/MG.

Registra-se que nenhuma restrição foi imposta à realização dos exames.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de


medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais.

159 de 302
2.1.1. Pagamentos a prestadores de serviço do SUS sem cobertura contratual e em
duplicidade, no montante de R$841.990,55.

Fato

Durante o exercício de 2016, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Uberlândia/MG


executou procedimentos de Inexigibilidade de Licitação com o Hospital Santa Catarina SA
(CNPJ: 25.760.422/0001-96) e a Casa de Saúde Santa Marta SA (CNPJ: 25.654.385/0001-
31), prestadores privados de saúde, na tentativa de legitimar pagamentos por serviços
prestados a usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

Estes pagamentos referiam-se a pacientes do SUS atendidos nestes Hospitais em decorrência


de encaminhamento pela Central Municipal de Regulação de Urgência e Emergência do
Município de Uberlândia/MG, sendo a remuneração pelos serviços composta por uma parte
relativa ao faturamento normal das contas hospitalares apresentadas por meio das
Autorizações de Internação Hospitalar (AIH), consideradas e pagas mensalmente ao prestador
pelo SUS, somado a uma outra parte de caráter complementar custeada pelo Fundo Municipal
de Saúde.

Para justificar o pagamento dessa “complementação” ao Hospital Santa Catarina e à Casa de


Saúde Santa Marta, a SMS optou por constituir procedimentos de inexigibilidade de licitação
específicos para conjuntos de internações, abstendo-se da formalização de instrumento
contratual para regulamentar juridicamente esta suplementação de recursos financeiros aos
prestadores.

A análise procedida sobre tais pagamentos considerou os seguintes processos de


inexigibilidade de licitação:

• Inexigibilidade de Licitação nº 280/2016, homologada em 13 de maio de 2016, para


pagamento de R$150.310,43 ao Hospital Santa Catarina;
• Inexigibilidade de Licitação nº 282/2016, homologada em 24 de maio de 2016, para
pagamento de R$125.942,22 ao Hospital Santa Catarina;
• Inexigibilidade de Licitação nº 303/2016, homologada em 02 de junho de 2016, para
pagamento de R$131.277,50 à Casa de Saúde Santa Marta;
• Inexigibilidade de Licitação nº 574/2016, homologada em 26 de outubro de 2016, para
pagamento de R$255.873,65 ao Hospital Santa Catarina;
• Inexigibilidade de Licitação nº 649/2016, homologada em 10 de novembro de 2016,
para pagamento de R$178.226,75 ao Hospital Santa Catarina.

Conforme documentos insertos nos processos, denominados “Justificativa” e emitidos pelo


Secretário Municipal de Saúde à época, CPF ***.997.026-**, e ratificados pelo então Prefeito,
CPF ***.726.006-**, todos estes procedimentos de Inexigibilidade foram fundamentados
com base na caracterização da situação como “emergência em se delegar o tratamento médico
hospitalar ao paciente, visto que não existe a possibilidade de selecionar o serviço através do
sistema licitatório, uma vez que a seleção da melhor instituição deve se dar caso a caso,
atendendo às necessidades particulares de casos clínicos específicos”.

Tal entendimento do Gestor Municipal teve a aquiescência da Procuradoria Geral do


Município, a qual, por meio dos Pareceres emitidos para análise jurídica destes processos de
inexigibilidade, reputou como adequadas “a justificativa apresentada, tendo em vista que

160 de 302
dada a situação de emergência em proporcionar o tratamento médico hospitalar ao paciente,
não é possível selecionar através do sistema licitatório”, confirmando o enquadramento como
inexigibilidade de licitação.

Não obstante as justificativas e pareceres apresentados, a situação fática não é passível de ser
enquadrada como inexigibilidade de licitação nos termos da Lei nº 8.666/1993, art. 25, porque
a hipótese legal está vinculada exclusivamente a ideia de inviabilidade de competição. Não há
qualquer referência, no artigo citado e subsequentes, sobre casos de emergência servindo
como base para a inexigibilidade da licitação. Compras de serviços em caráter emergencial,
prioritariamente, enquadram-se como dispensa de licitação, conforme hipótese prevista na Lei
nº 8.666/1993, art. 24, inc. IV.

Além do enquadramento legal equivocado dos processos de Inexigibilidade, a relação jurídica


entre a SMS e os hospitais é fragilizada pela inexistência de instrumento contratual
formalizado entre as partes.

As “Justificativas” insertas nos processos afirmam a relação jurídica entre as partes, alegando
que “a par da relação jurídica entre Município e instituição já existir desde o ‘aceite’ e
prestação de serviço, a obrigação é líquida até que seja apresentada a fatura da Unidade
Hospitalar (...)”.

As Solicitações de Pagamento apresentadas pelo Hospital Santa Catarina nas Inexigibilidades


nº 280, 282, 574 e 649/2016 citam que “nossa instituição hospitalar possui um acordo com a
Secretaria Municipal de Saúde para atendimento de pacientes encaminhados pela Central de
Regulação Municipal em razão dos valores remunerados conforme credenciamento pelo SUS
e do déficit de leitos existentes na cidade de Uberlândia/MG” (original sem grifo). O Ofício
nº 00746/2015, de 26 de maio de 2016, que integra a Inexigibilidade nº 303/2016, registrou
que “a Casa de Saúde Santa Marta S.A., representada por seus diretores, entabulou com o
Município de Uberlândia/MG, por intermédio do Senhor Secretário Municipal de Saúde,
acordos nos quais contratou-se que a primeira atenderia os procedimentos de urgência e
emergência na área de Unidade de Terapia Intensiva Adulto (UTI Adulto) mediante
encaminhamento do segundo, através de sua Central Municipal de Regulação de Urgência e
Emergência” (original sem grifo).

Em que pese a tese defendida sobre o surgimento da relação jurídica com o “aceite” e a
recorrente afirmação dos prestadores sobre a existência de um “acordo”, o fato é que a SMS
não apresentou os contratos ou instrumentos jurídicos semelhantes que teriam sido firmados
entre as partes, alegando que tais informações deveriam ser solicitadas à gestão municipal
anterior, a qual teria tido a responsabilidade pelos atos questionados.

Sobre a questão, a Lei nº 8.666/1993 é límpida e incontestável ao afirmar, no art. 60, parágrafo
único, que “é nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o de
pequenas compras de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor não superior a
5% (cinco por cento) do limite estabelecido no art. 23, inciso II, alínea "a" desta Lei, feitas
em regime de adiantamento”.

Não há, então, possibilidade legal que permita a prestação de serviços de saúde e o
consequente pagamento sem a formalização de um contrato, ou instrumento semelhante, que
regulamente as obrigações, direitos, valores, garantias e penalidade entre as partes.

161 de 302
Em paralelo a inexistência de vínculo jurídico formal entre as partes que suporte o pagamento,
um outro problema está relacionado aos valores efetivamente pagos pelos serviços prestados.
Conforme já relatado, em todos os casos contemplados nas Inexigibilidades ocorreram
pagamentos concomitantes por meio do faturamento normal do SUS, através da emissão de
AIH, e por meio de faturamento específico emitido pelo prestador de serviço para a mesma
internação. A tabela seguinte demonstra os valores pagos por processo de inexigibilidade e
por internação.

Tabela – Valores pagos aos prestadores por meio de Inexigibilidades de Licitação


AIH Fatura Prestador Total Pago
Internação
Processo no
(paciente/data) Nº Valor Nº Valor Processo
ARS - 07/12/15 311512071612-5 15.646,21 2796 81.035,04
280/2016 150.310,43
DJF – 26/11/15 311512069188-1 16.346,06 2799 69.275,39
JAAS – 02/12/15 311512070193-5 13.218,90 2801 30.992,29
GCM – 01/03/16 311612056856-1 10.664,85 2838 8.433,29
282/2016 GAF – 17/02/16 311612056857-2 9.705,97 2843 8.342,14 125.942,22
NGS – 17/02/16 311612054665-0 22.376,81 2846 68.713,81
RR – 18/02/16 311612056859-4 10.467,92 2848 9.460,69
BAN – 10/03/15 311512034871-4 10.489,35 78.898,01
303/2016 FFV – 03/04/15 311512037969-0 3.043,61 789 53.540,87 131.277,50
MDF – 08/04/15 311512038761-0 6.092,54 18.464,12
ISB – 20/05/16 311612066770-4 6.151,68 2890 20.554,32
ASGR - 21/05/16 311612066906-8 8.746,30 2891 39.621,97 256.233,65
574/2016 EBP – 27/05/16 311612067719-7 9.347,88 2893 70.720,75
MNP – 17/06/16 311612070466-4 10.014,66 2894 61.050,54 (7.800,27)
JR – 17/06/2016 311612070465-4 10.165,35 2895 64.286,07
EDF – 24/08/15 311512061355-0 2.473,30 2711 24.073,43
RCM – 20/11/15 311512068529-2 3.201,09 2730 6.458,99
LMP – 30/11/15 311512069633-6 1.369,46 2733 1.612,77
NSC – 20/11/15 311512068523-7 3.152,39 2736 4.210,55
MAJL - 03/12/15 311512070188-0 3.185,67 2739 3.034,23
MJCB - 21/12/15 311512072239-5 1.828,62 2741 7.166,76
EM – 30/11/15 311512069635-8 1.919,24 2743 2.864,74
AGA – 08/12/15 311512071460-7 747,64 2745 1.075,48
HMM – 27/11/15 311512069629-2 3.171,10 2749 12.396,38
NCS – 30/11/15 311512069636-9 1.884,65 2750 5.030,68
JFP – 28/11/15 311512069630-3 3.557,87 2751 2.852,98
LM – 24/11/15 311512069036-3 3.295,55 2752 20.646,04 178.226,75
649/2016 MSS – 30/11/15 311512069627-0 1.925,07 2753 4.647,66
PVA – 24/11/15 311512069041-8 2.037,26 2754 9.999,79 (5.752,05)
ARS – 26/11/15 311512069187-0 4.164,28 2755 15.931,76
MJCB - 12/12/15 311512071480-5 3.780,09 2756 18.906,94
IS – 25/11/15 311512072242-8 1.248,21 2762 9.411,20
EMMS - 20/12/15 311512072233-0 1.200,18 2765 1.357,22
ECS – 03/12/15 311512070189-1 5.451,82 2766 2.559,90
JMN – 07/12/15 311512070532-3 2.469,30 2767 2.446,27
EMC – 07/12/15 311512070542-2 2.358,25 2768 2.847,36
RM – 10/12/15 311512071467-3 7.839,93 2769 6.676,28
GJC – 08/12/15 311512071462-9 2.286,51 2771 3.793,74
JEM – 11/12/15 311512071478-3 2.029,04 2773 3.065,22
MTC – 22/12/15 311512072247-2 6.274,66 2776 5.160,38
TOTAL 235.329,27 861.616,05 841,990,55
Fonte: Processos de Inexigibilidade de Licitação nº 280, 282, 303, 574 e 649/2016.
Obs.: (1) Os valores da coluna “Total pago no processo” nas Inex 280 e 282 correspondem a soma das faturas
emitidas pelo prestador no respectivo processo, sem desconto dos valores pagos por intermédio da AIH. (2) Nas
Inex 574 e 649 o total pago corresponde a soma das faturas emitidas pelo prestador no respectivo processo, sem

162 de 302
desconto dos valores pagos por intermédio da AIH, porém com compensação por débitos do prestador existentes
junto ao SUS. (3) Na Inex 303 o “Total pago no processo” corresponde ao valor da fatura do prestador descontado
o valor da AIH.

Todos os pagamentos relacionados na coluna “Fatura do Prestador” da tabela anterior foram


feitos sem a demonstração dos custos (valores) de referência dos itens de serviço realizados
nos respectivos processos de inexigibilidade de licitação.

Nas Inexigibilidades nº 280, 282, 574 e 649/2016, as Solicitações de Pagamento emitidas pelo
Hospital Santa Catarina citam que os pagamentos seriam feitos de acordo com “uma tabela
diferenciada que também é parte integrante do acordo em questão e que é paga, com recursos
próprios, pela SMS em sua dotação orçamentária específica” (original sem grifo). De forma
semelhante, na Inexigibilidade nº 303/2016, a Casa de Saúde Santa Marta informou que a
remuneração pelo serviço prestado seria “calculada pela conhecida tabela de serviços
complementares” (original sem grifo), conforme Ofício nº 00746/2015, de 26 de maio de
2016.

Entretanto, em nenhum dos processos analisados, a “tabela diferenciada” do Hospital Santa


Catarina ou a “tabela de serviços complementares” da Casa de Saúde Santa Marta está
reproduzida, referenciada ou identificada. A SMS, repetindo o acontecido em relação aos
contratos, alegou novamente que tais informações deveriam ser solicitadas à gestão municipal
anterior, conforme consta no Ofício nº 242/2018, emitido em 25 de abril de 2018 pelo
Secretário Municipal de Saúde, CPF ***.744.696-**.

Portanto, não restou demonstrado que os pagamentos foram feitos com base em valores de
referência previamente acordados, indicando que os prestadores tiveram total liberdade na
fixação do preço pelos serviços prestados.

Outro agravante para o problema dos preços praticados é o tratamento diferenciado adotado
em relação aos prestadores. Para o Hospital Santa Catarina, o valor faturado foi pago
integralmente, enquanto para a Casa de Saúde Santa Marta, o valor pago correspondeu ao
valor faturado descontado o valor da AIH correspondente. Também sobre essa questão, a SMS
optou por não se manifestar.

Diante de todas os fatos apontados, os pagamentos realizados ao Hospital Santa Catarina SA


e à Casa de Saúde Santa Marta SA, por meio das Inexigibilidades nº 280, 282, 303, 574 e
649/2016, são ilegais e os respectivos valores devem ser integralmente ressarcidos ao
Município de Uberlândia/MG, bem como devem ser apuradas as responsabilidades dos
agentes públicos envolvidos.

O montante a ser devolvido totaliza R$ 841.990,55, em valores originais, não corrigidos,


correspondente às faturas emitidas pelos prestadores, conforme calculado na tabela anterior.

Ressalta-se que a ilegalidade decorre, basicamente, da omissão da base legal para suportar tais
pagamentos, da inexistência de instrumento contratual para regulamentar o vínculo
(atribuições, responsabilidades, obrigações, preços, penalidades) entre as partes e da
simulação de procedimento de inexigibilidade de licitação, conforme relatado anteriormente.

Além disso, não há justificativa técnica para os pagamentos, que são irregulares por
configurarem-se como pagamentos em duplicidade e sem base contratual, uma vez que os

163 de 302
serviços em questão já haviam sido remunerados por meio do faturamento normal das contas
hospitalares apresentadas por meio das AIH.

Considera-se, por fim, que houve ainda o favorecimento indevido ao Hospital Santa Catarina
e à Casa de Saúde Santa Marta porque o pagamento de valores complementares aos serviços
prestados ao SUS não foram estendidos aos demais prestadores do Município, prejudicando
inclusive os prestadores públicos: Hospital de Clínicas da UFU e Hospital e Maternidade
Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou


a seguinte manifestação:

“Inicialmente, cumpre informar que o número de leitos destinados ao Sistema Único de Saúde
neste Município de Uberlândia é inferior ao preconizado pela Organização Mundial de
Saúde.

Uberlândia possui apenas dois Hospitais Públicos: o Hospital e Maternidade Municipal Dr.
Odelmo Leão Carneiro (HMMDOLC) e o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de
Uberlândia (HC/UFU) que é um hospital macrorregional, referência para a rede, em alta
complexidade, desenvolvendo ainda, ações de média complexidade. O Hospital de Clínicas
da UFU não suporta a demanda dos pacientes cardiológicos e de leitos de UTI não tendo o
Município de Uberlândia outra alternativa a não ser utilizar a rede privada credenciada.

Estamos vivenciando grandes dificuldades para atender os pacientes que necessitam de


procedimentos cardiológicos (cirurgia cardíaca), pois o HC/UFU continua não atendendo a
demanda do Município e Região. Esta Secretaria já realizou Chamada Pública (434/2017)
para a contratação de serviços cardiológicos com valores de Tabela SUS publicada em
18/09/2017 sendo sua abertura no dia 23/10/2017 restando deserta e, republicada no dia
03/11/2017, sendo a abertura em 07/12/2017, restando também deserta.

O Hospital Santa Catarina estava credenciado junto ao SUS - CNES nº 2151855, desde
25/01/2006 (Portaria GM nº 17 de 25 de janeiro de 2006) em cirurgia cardíaca e leitos de
UTI, sendo esta a avença que permitiu as internações e procedimentos médicos à época. Há
de ressaltar que os procedimentos cardiológicos (cirurgia cardíaca) eram realizados pelo
HC/UFU e Hospital Santa Catarina.

O Hospital Casa de Saúde Santa Marta estava credenciado junto ao SUS em leitos de UTI–
CNES nº 2151847 desde 18/12/2008 (Portaria GM nº 3036 de 18 de dezembro de 2008),
sendo esta a avença que permitia as internações e procedimentos médicos à época.

O acordo mencionado pelos hospitais consubstanciam-se no credenciamento junto ao SUS


que permitia a remuneração dos procedimentos pela tabela SUS, complementada por tabela
diferenciada (Anexo I) estabelecida por este Município desde 2006, conforme Portaria Nº
1.601 de 11/09/2001 hoje objeto da Portaria de Consolidação GM/MS nº 6, de 28 de setembro
de 2017, na intenção de viabilizar os procedimentos de média e alta complexidade.

A decisão desta Secretaria em praticar a tabela complementar se deu em razão da


insuficiência de leitos do Hospital de Clínicas de Uberlândia e Região e da não aceitação dos

164 de 302
hospitais da rede privada em atenderem somente pela Tabela SUS. Com isso foi realizado
uma negociação com os hospitais da rede privada credenciados ao SUS uma tabela
complementar baseado em valores intermediários inferior aos valores aplicados pelos planos
de saúde.

O documento que formaliza a relação jurídica com os hospitais em referência é o


credenciamento junto ao SUS. Para atender a Lei n.º 8.666/93, foram instaurados os
processos de inexigibilidade.

A metodologia era a mesma, pagava-se aos hospitais pelo processo de inexigibilidade apenas
a diferença pactuada, que excedia a tabela SUS. O procedimento faturado contra o SUS,
enviado pelo sistema SIH/SUS, era remunerado pela transferência de recursos ao Fundo
Municipal de Saúde pela União, mediante apuração do faturamento apresentado. O modo de
planilhar a despesa diferiu entre os hospitais na forma e apresentação, mas conforme
demonstrado a seguir, ambos mantiveram o mesmo tratamento para a despesa:

O hospital Santa Marta apresenta a fatura no valor total da conta hospitalar deduzindo o
valor pago através das AIH conforme evidenciado às fls. 4 do processo de Inexigibilidade nº
303/2016. O Hospital Santa Catarina apresenta a conta hospitalar já deduzida do valor pago
através da AIH,conforme evidenciado às fls. 31, 146, 176 do processo de Inexigibilidade nº
282/2016.

165 de 302
166 de 302
Isto não significa que há tratamento diferenciado entre os hospitais. A tabela complementar
aplicada é a mesma para ambos os hospitais. Cabe esclarecer que todas as contas
hospitalares com pagamento complementar são auditadas pelo Setor de Auditoria desta
Secretaria. Só após a apresentação da conta hospitalar devidamente auditada é que são
efetuados os pagamentos.

Quanto à escolha pelo enquadramento no art. 25, caput, da Lei Federal nº 8.666/1993 em
detrimento do art. 24, inciso IV, da mesma lei, deveu-se a interpretação sistemática da
legislação, de acordo com a definição da doutrina, bem como pelo cuidado com a
terminologia aplicada ao caso, à época.

A seguir, abordaremos aqueles que seriam os fundamentos da linha jurídica adotada; senão
vejamos:

Por força do art. 196 e seguintes da Constituição Federal de 1988, a Saúde é um direito do
cidadão e sua manutenção é um dever do Estado. E a Lei Federal nº 8.080/90 em seu art. 24,

167 de 302
permite que quando as disponibilidades do SUS forem insuficientes para garantir a cobertura
de assistência à população, o Sistema Único de Saúde poderá recorrer aos serviços ofertados
pela iniciativa privada.

A seleção, portanto, não é aleatória. Ela segue um protocolo prévio de escolha, que vai
selecionar o hospital mais apto a acolher o paciente.

No entanto, a entrada do paciente nestes casos, ocorre antes que a administração possa
sequer iniciar qualquer tipo de fase pré-licitatória, como pesquisa de preços, orçamentos,
confecção de edital, publicação, sob risco de danos irreversíveis aos pacientes.

Portanto, quando o sistema de saúde admite o paciente à guarda do hospital privado, está
criando uma relação jurídica com o mesmo. Veja bem, não se trata de contrato tácito ou
verbal, que seria ofensivo ao § único do art. 60 da Lei Federal n.º 8.666/1993, e sim uma
relação jurídica ainda sem obrigação de contraprestação definida.

Considerando a amplitude do fato jurídico, Pablo Stolze Gagliano e Rodolfo Pamplona Filho
(2010, p. 340) propõem o seguinte conceito: “Fato Jurídico em sentido amplo seria todo
acontecimento natural ou humano capaz de criar, modificar, conservar ou extinguir relações
jurídicas”.

Tal conceito, amparado na conceituação clássica de Savigny, define que qualquer fato
concreto que resulte em consequências jurídicas será um fato jurídico. Quando o fato foi
resultado da vontade de um agente humano, trata-se de um ato jurídico, e quando deste ato
jurídico decorrem resultados de obrigação e deveres entre os sujeitos envolvidos estamos
diante de uma relação jurídica.

Caio Mário (2009, p. 392), assim ensina que: “fatos jurídicos são os acontecimentos em
virtude dos quais começam, se modificam ou se extinguem as relações jurídicas”.

Para não se aprofundar demais na conceituação de relação jurídica, podemos argumentar


que quando o sistema de saúde seleciona um paciente e, em decorrência imediata de ordem
constitucional o interna em hospital particular está, neste momento, criando um vínculo
jurídico de débito futuro, incerto e ilíquido com o futuro pagador. Assim, no momento em que
surge o débito e a obrigação de pagar, a relação jurídica já foi previamente formada entre o
município e o hospital. Não é necessária, portanto, a contratualização do hospital para
atender ao paciente, e sim apenas no momento da liquidação da fatura e pagamento por parte
do ente responsável.

É impossível, no momento da internação, prever qual vai ser o custo do tratamento, bem como
também é impossível saber quais e quantos serão os pacientes a serem realocados na rede
particular, vez que dependem da oferta de leitos na rede pública.

Cria-se, portanto, uma relação jurídica ilíquida entre o município e o hospital particular, que
prescinde de contrato ou instrumentalização, vez que só vai poder ser devidamente liquidada
quando o tratamento se encerrar. Só então o vínculo jurídico se aperfeiçoará e surgirá a
obrigação de pagar.

Veja bem, até que o paciente saia do tratamento não existe obrigação de pagar do município.
Não existe débito, não existe liquidez, e como o hospital foi o selecionado pelo sistema da

168 de 302
rede pública para abrigar o paciente, este era o único hospital que poderia oferecer o serviço
naquele momento, com as especificidades que o caso concreto requeria.

Assim, vemos cristalinamente a subsunção ao caput do art. 25 da Lei Federal n.º 8.666/1993.
O dispositivo, também muito usado para credenciamentos, abarca os casos em que, diante
das excentricidades do caso concreto, não se poderia ter sido escolhido outro prestador para
o serviço sem a ofensa de princípios constitucionais. No caso, a integridade física do paciente.

DA INAPLICABILIDADE DO ART. 24, INCISO IV

Pois bem. Quanto à aplicabilidade do art. 24, inciso IV da Lei Federal nº 8.666/1993 para os
casos de internação por falta de leitos públicos cabe tecer alguns comentários.
Conforme a leitura do dispositivo, temos:

“nos casos de emergência ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de


atendimento de situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas,
obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens
necessários ao atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
respectivos contratos;” (grifo nosso).

Segue a conceituação doutrinária de Marçal Justen Filho, que divide com Jacoby o título de
autoridade máxima em matéria licitatória no país:

“O dispositivo enfocado refere-se aos casos em que o decurso de tempo necessário ao


procedimento licitatório normal impediria a adoção de medidas indispensáveis para evitar danos
irreparáveis. Quando fosse concluída a licitação, o dano já estaria concretizado. A dispensa de
licitação e a contratação imediata representam uma modalidade de atividade acautelatória dos
interesses que estão sob a tutela estatal.” (MARÇAL, Comentários à Lei de Licitações e Contratos
Administrativos, 2005, p. 238).

O mestre, em seguida, extrai os requisitos da norma, que se divide em: a) demonstração


concreta e efetiva da potencialidade do dano; e b) demonstração de que a contratação é a via
adequada e efetiva para eliminar o risco.

Este segundo requisito, em suas palavras: “a contratação imediata apenas será admissível
se evidenciado que será instrumento adequado e eficiente a eliminar o risco (...) a relação de
causalidade entre a contratação e a supressão do risco do dano” (MARÇAL, 2005, p. 239).

Assim, verificamos uma diferença crucial para o caso concreto. Enquanto a dispensa busca
pagar urgentemente para evitar um dano (prova inequívoca da intenção do legislador foi o
prazo de 180 (cento e oitenta) dias para conclusão do serviço/entrega do material), no caso
concreto sequer existe liquidez. O objeto do contrato emergencial deve ser o suficiente para
afastar o dano. É o caso, por exemplo, do paciente que precisa de um medicamento para
sobreviver. A administração fará o contrato imediatamente com base no art. 24, inciso IV da
Lei Federal nº 8.666/1993 e em seguida adquirirá o medicamento para afastar o perigo.

No caso em apreço, não existe qualquer liquidez, não existe qualquer expectativa do custo do
atendimento. Quando exsurge o dever de pagamento da administração já se passaram meses,
às vezes anos da prestação dos serviços. A emergência já se esvaziou há tempos.

169 de 302
Por tais argumentos, o Gestor Municipal à época, elegeu o fundamento legal do art. 25, caput,
da Lei Federal nº 8.666/1993 por entender que a internação do paciente na rede particular
gera uma relação jurídica subjacente, mas ainda incerta e ilíquida, que poderá ser exigida
num futuro, como motivo para que se considere inviável a eleição de outro hospital nas
condições fáticas estabelecidas, em especial pelo credenciamento junto ao SUS para
prestação dos respectivos serviços.”
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Análise do Controle Interno

O Gestor Municipal justificou a necessidade da contratação do Hospital Santa Catarina e da


Casa de Saúde Santa Marta pela insuficiência de leitos na rede pública do município voltados
para procedimentos cirúrgicos cardiológicos. Informou ainda que restaram desertas as duas
publicações da Chamada Pública nº 434/2017 para contratação de serviços cardiológicos em
decorrência da não aceitação dos hospitais privados em atenderem somente pela “Tabela
SUS”.

Entretanto, essa constatação sobre pagamentos indevidos decorreu da contratação sem


cobertura contratual e do pagamento em duplicidade pelo mesmo serviço prestado. Não houve
contestação da participação da iniciativa privada no SUS, possibilidade essa, inclusive,
prevista constitucionalmente (Constituição, art. 199, § 1º). Da mesma forma, o pagamento de
tabela diferenciada para remuneração de serviços assistenciais de saúde também está
respaldado pela Portaria de Consolidação GM/MS nº 6/2017, art. 1140 a 1142 (matéria
regulada à época dos fatos pela Portaria GM/MS nº 1.606/2001, art. 1º ao 3º).

O problema, então, relaciona-se à inexistência de instrumento formal de contratação entre o


SUS e os hospitais e à adequabilidade dos valores pagos aos prestadores privados.

Em sua manifestação, o Gestor Municipal afirmou inicialmente que “o documento que


formaliza a relação jurídica com os hospitais em referência é o credenciamento junto ao
SUS”. Posteriormente, para justificar o enquadramento da situação como inexigibilidade de
licitação, alegou contraditoriamente que, quando “o sistema de saúde admite o paciente à
guarda do hospital privado, está criando uma relação jurídica com o mesmo”, relação esta
que “não se trata de contrato tácito ou verbal, que seria ofensivo ao § único do art. 60 da Lei
Federal n.º 8.666/1993, e sim uma relação jurídica ainda sem obrigação de contraprestação
definida”.

Apesar das alegações apresentadas, não há que se falar em surgimento de uma nova relação
jurídica “quando o sistema de saúde admite o paciente à guarda do hospital privado”, pois,
esta já existia desde o credenciamento do prestador privado no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES), fato jurídico que obrigaria o Hospital a receber o
paciente. Assim, toda a manifestação apresentada pelo Gestor resta inaplicável à situação
fática apresentada nesta constatação.

Não obstante a contradição do gestor nas justificativas acima, o fato que persiste é que, para
ambas as situações, há obrigatoriedade da formalização de instrumento jurídico para
regulamentar o vínculo com o SUS, seja por meio das regras de contratualização previstas na
Portaria de Consolidação GM/MS nº 2/2017, Anexo XXIV e Anexo 2 do Anexo XXIV
(matéria regulada à época dos fatos pelas Portarias GM/MS nº 3390/2013 e nº 3410/2013),
seja por meio de contrato administrativo firmado de acordo com o regramento estabelecido na
Lei nº 8.666/1993

170 de 302
Registra-se que, apesar de o Hospital Santa Catarina e a Casa de Saúde Santa Marta estarem
registrados como prestadores de serviço para o SUS, vinculados à gestão municipal, no CNES,
a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG não apresentou – nem durante à visita “in
loco”, nem em sua manifestação – os instrumentos jurídicos que formalizaram o citado
“credenciamento junto ao SUS”.

Neste contexto, a justificativa do gestor para enquadramento da situação como inexigibilidade


de licitação em decorrência do fato de que “a entrada do paciente (...) ocorre antes que a
administração possa sequer iniciar qualquer fase pré-licitatória” não se sustenta porque,
conforme a própria manifestação do gestor, a incapacidade de atendimento da rede pública e
a citada negociação com os prestadores de serviço demonstram que a situação era de pleno
conhecimento do gestor municipal e a realização de procedimento de
contratação/contratualização dos hospitais privados factível de realização em tempo hábil pelo
Gestor Municipal.

Além disso, a caracterização da situação como “emergência em se delegar o tratamento


médico hospitalar ao paciente, visto que não existe a possibilidade de selecionar o serviço
através do sistema licitatório, uma vez que a seleção da melhor instituição deve se dar caso
a caso, atendendo às necessidades particulares de casos clínicos específicos”, serve à
demonstração de que a inexigibilidade de licitação não é aplicável ao caso, visto haver
possibilidade de seleção de instituição, afastando a hipótese fundamental de inviabilidade de
competição exigida pelo art. 25 da Lei nº 8.666/1993.

Sobre o pagamento da tabela complementar, o Gestor manifestou-se no sentido de que “foi


realizado uma negociação com os hospitais da rede privada credenciados ao SUS uma tabela
complementar baseada em valores intermediários inferior aos valores aplicados pelos planos
de saúde”. Para comprovação foi apresentado um documento assinado pelo Assessor
Municipal de Saúde, CPF ***.997.026-**, intitulado “Tabela Complementar dos Valores
Pagos pela Secretaria Municipal de Saúde”, o qual apresenta como itens de composição
referências a outras tabelas (Tabela SIH/SUS, Tabela AMB/92, Guia Farmacêutico
Brasíndice, etc.) ou valores fixos para alguns procedimentos.

Este documento não está datado, nem cita prazo de validade ou aprazado, e não integra um
ato normativo público do Município de Uberlândia/MG, porém, os valores cobrados nas
faturas relativas aos procedimentos de Inexigibilidade nº 280, 282, 303, 574 e 649/2016
guardam correspondência com os valores fixados no documento, especificamente para horas
de consumo de oxigênio e diárias de enfermaria.

Sobre a afirmação de que: “é impossível, no momento da internação, prever qual vai ser o
custo do tratamento, bem como também é impossível saber quais e quantos serão os pacientes
a serem realocados na rede particular”, esta serve, na verdade, para reafirmar a importância
da formalização de um contrato que estipule os custos unitários, fixados conforme tabelas
previamente acordadas, de forma a garantir a prestação dos serviços e a respectiva
contraprestação financeira entre as partes envolvidas.

Conclui-se, por fim, pela reiteração do entendimento sobre a ocorrência de pagamentos


indevidos ao Hospital Santa Catarina e à Casa de Saúde Santa Marta no âmbito das
Inexigibilidade de Licitação nº 280, 282, 303, 574 e 649/2016 no valor total de R$841.990,55.

171 de 302
Cabe ainda elucidar a questão sobre o tratamento diferenciado entre os dois hospitais no
momento do cálculo dos valores devidos pelos serviços prestados. O Gestor manifestou-se no
sentido de que “a metodologia era a mesma, pagava-se aos hospitais pelo processo de
inexigibilidade apenas a diferença pactuada, que excedia a tabela SUS”.

Entretanto, os documentos financeiros confirmam o tratamento diferenciado. Para melhor


elucidação dos fatos, os quadros seguintes detalham os valores dos processos de pagamento
para as duas Inexigibilidades citadas na manifestação da SMS.

Tabela – Comparativo de metodologia de pagamento a prestadores


Valores (Em R$)
Entidade
Fatura apresentada
Processo AIH Pagamento ao
pelo Prestador
(número da AIH) prestador
(número da fatura)
19.625,50
Casa de Saúde Santa Marta 150.903,00 (311512034871-4 131.277,50
Inexigibilidade 303/2016 (Fatura nº 789) 311512037969-0 (NE 12686/2016)
311512038761-0)
30.992,29 13.218,90
(Fatura nº 2801) (3115120701935)
8.433,29 10.664,85
(Fatura nº 2801) (311612056856-1)
8.342,14 9.705,97
Hospital Santa Catarina (Fatura nº 2801) (311612056856-1) 125.942,22
Inexigibilidade 282/2016 68.713,81 22.376,81 ((NE 12091/2016)
(Fatura nº 2801) (311612054665-0)
9.460,69 10.467,92
(Fatura nº 2801) (311612056859-4)
125.942,22 66.434,45
(TOTAL) (TOTAL)
Fonte: Elaborado pela CGU, com base nas informações Processos de Inexigibilidade de Licitação nº 280, 282, 303,
574 e 649/2016.

Resta nítido pela comparação dos quadros o tratamento diferenciado dispensado pela SMS: o
Hospital Santa Catarina recebe o valor integral das faturas apresentadas enquanto a Casa de
Saúde Santa Marta recebe o valor da fatura descontado da AIH respectiva. Ressalta-se que
nas faturas apresentadas pelo Hospital Santa Catarina não consta registro de nenhum desconto
de valores em função dos valores pagos por intermédio da AIH.

Para fins de comparação, caso fosse aplicado a mesma metodologia aplicada à Casa de Saúde
Santa Marta para os pagamentos ao Hospital Santa Catarina, o valor percebido em função da
Inexigibilidade nº 282/2016 cairia de R$125.942,22 para R$59.507,77.

Por fim, cumpre ainda ressaltar o prejuízo dos hospitais públicos que não receberam o
acréscimo de pagamento pelos mesmos serviços cardiológicos prestados pelos hospitais
privados, fato que não foi considerado na manifestação apresentada pelo Gestor Municipal.
Pelo princípio da impessoalidade da igualdade, o pagamento complementar por serviços de
saúde deveria constituir uma política pública municipal, abrangendo toda a rede prestadora de
serviços para o SUS no município de Uberlândia/MG.
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172 de 302
2.1.2. Dimensionamento impreciso de custos e inexatidão do preço estimado para a
formação do preço da Chamada Pública nº 001/2017, direcionando para a contratação
da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).

Fato

Em 20 de dezembro de 2017, o Município de Uberlândia, representado pela Secretaria


Municipal de Saúde, e a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM),
CNPJ 61.699.567/0026-40, firmaram o Contrato de Gestão nº 366/2017 com o objeto de
“prestação de serviços na área de saúde na forma de parceria, com gestão operacional de
todas as ações de assistência à saúde no Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão
Carneiro - HMMDOLC (...)” (Cláusula 2.1 – Do objeto e da finalidade).

O objeto do ajuste firmado, portanto, foi a consolidação da transferência da gestão


administrativa, financeira e assistencial do Hospital Municipal para a esfera privada, por
intermédio da contratação de organização social, de acordo com a Lei n° 9.637/98 e com o
inciso XXIV, do art. 24, da Lei n° 8.666/1993, normativos cuja constitucionalidade foi
confirmada pela Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) STF nº 1923.

Este modelo, inclusive, está implementado desde o início das operações do hospital em
dezembro de 2010, quando a própria SPDM assumiu o gerenciamento e execução das ações
e serviços de saúde prestadas no HMMDOLC. A Lei Municipal nº 11.032/2011 dá suporte à
contratação, estabelecendo em seu art. 2º, inc. I, a “adoção, com exclusividade, do modelo de
contrato de gestão com organizações sociais para as parcerias relativas ao funcionamento
das UAI’s – Unidades de Atendimento Integrado, Programa Saúde da Família – PSF’s,
Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro e outras unidades de saúde
que venham a ser criadas”.

Neste contexto, o vínculo atual entre SMS e SPDM foi efetivado por meio da realização de
chamada pública para seleção dentre os possíveis interessados, com posterior contratação por
intermédio de dispensa de licitação.

A Chamada Pública nº 001/2017-SMS teve seu edital emitido em 26 de outubro de 2017 pelo
Secretário Municipal de Saúde, CPF ***.744.696-**, tendo a SPDM, como única entidade
habilitada, sido declarada vencedora. Foi indicada então a “instauração e formalização da
Dispensa de Licitação, pelo art. 24, XXIV da Lei nº 8.666/93 com a Organização Social
vencedora” e homologado o processo em 29 de novembro de 2017. Por conseguinte, a
Dispensa de Licitação nº 815/2017 culminou com a formalização do Contrato de Gestão nº
366/2017 em 20 de dezembro de 2017.

Os recursos financeiros envolvidos no Contrato de Gestão foram estimados, incialmente, em


R$ 114.289.221,00 para os doze meses do exercício de 2018 (parcela mensal de
R$ 9.524.101,75), os quais seriam custeados com recursos provenientes do Bloco de Atenção
de Média e Alta Complexidade Ambulatorial e Hospitalar (BLMAC), a serem repassados pelo
Fundo Nacional de Saúde (FNS) e de convênio firmado com a Secretaria de Estado de Saúde
de Minas Gerais (SES/MG), além de recursos próprios proveniente do orçamento municipal.

O Anexo V –“Sistema de Liberação de Parcelas” demonstra as regras, procedimentos e


cronograma de pagamento dos recursos financeiros envolvidos no Contrato de Gestão,
estabelecendo que a remuneração mensal seria transferida da seguinte forma:

173 de 302
• R$ 8.140.249,77 como parcela fixa “destinada exclusivamente a custeio, inclusive
encargos previdenciários e provisões”;
• R$ 1.110.392,82 como parcela variável, “destinada exclusivamente a custeio, (...)
vinculados à avaliação dos indicadores de qualidade e conforme sua valoração”;
• R$ 220.959,16, como parcela referente ao “pagamento integral do passivo
Trabalhista compreendendo exclusivamente as verbas rescisórias, especificamente
as relativas às multas do FGTS”;
• R$ 52.500,00, como parcela destinada exclusivamente a despesas com investimento.

A estimativa dos recursos financeiros para execução dos serviços previstos no Contrato de
Gestão foi estabelecida no processo da Chamada Pública nº 001/2017-SMS, mais
especificamente no “Demonstrativo de Custo” que compõe o Anexo VI do Edital datado de
26 de outubro de 2017. A tabela seguinte apresenta um resumo deste Demonstrativo,
agrupando os custos por grupo de despesa.

Tabela- Demonstrativo de Custos do Contrato de Gestão nº 366/2017


Valor Anual Valor Mensal
Grupo de despesa %
(em R$) (em R$)
Pessoal/encargos 87.674.418,83 7.306.201,57 76,7%
Funcionamento 6.728.387,38 560.698,95 5,9%
Serviços terceirizados 2.121.353,93 176.779,49 1,9%
Materiais 8.933.165,38 744.430,45 7,8%
Despesas operacionais/ administrativas 5.550.385,55 462.532,13 4,9%
Multas FGTS 2.651.509,93 220.959,16 2,3%
Investimentos 630.000,00 52.500,00 0,6%
Total 114.289.221,00 9.524.101,75 100,0%
Fonte: Elaborado pela CGU, com base na Anexo VI do Edital de Chamada Pública nº 001/2017-SMS, datado de 26 de
outubro de 2017.

Ressalta-se que o Edital e anexos da Chamada Pública nº 001/2017-SMS não detalham a


sistemática utilizada para construção do “Demonstrativo de Custo” resumido na tabela
anterior, abstendo-se de inserir, no processo administrativo correspondente, a memória de
cálculo que permitiu a estimativa dos valores para cada item de custo contemplado no Anexo
VI. Há referência apenas de que o “orçamento foi formatado em função das linhas de
atividade assistencial” no item 6 do “Sistema de Liberação de Parcelas” da Minuta de
Contrato que compõe o Anexo IV do Edital.

A composição de custos apresentada no Anexo VI, e a consequentemente formação de preço


dos serviços prestados no âmbito do Contrato de Gestão nº 366/2017, apresentam
inconsistências decorrentes da indeterminação de valores integrantes da planilha de custos e
do dimensionamento impreciso dos recursos humanos.

A indeterminação de valores decorre da inserção injustificada do item “Divisibilidade de


custos corporativos” na composição de custos estimada para o Contrato. Em primeira análise,
a nomenclatura utilizada para o item não é elucidativa, nem é usual em planilhas de custos de
serviços públicos. Há alto grau de indefinição sobre o significado de “custos corporativos”,
sendo fundamental a especificação/detalhamento em seus componentes e o esclarecimento
sobre a função do termo “divisibilidade”, o qual pode indicar tanto um quociente como um
dividendo, considerando os elementos de uma operação de divisão.

174 de 302
Mais importante que a questão da nomenclatura, porém, é a definição sobre a destinação dos
R$ 428.857,00 estimados para “Divisibilidade de custos corporativos” no Anexo VI, pois é
fundamental conhecer os beneficiários finais de tais recursos. Importante registrar que, como
este item integra o grupo “Funcionamento” (representa 6,4% dos recursos estimados para este
grupo), não há como classificá-lo como despesas de caráter administrativo ou operacional,
uma vez que a planilha de custos tem grupo específico para esses tipos de custos.

Tal indeterminação, aliada a falta de informações sobre a metodologia de estimativa dos


custos aplicáveis ao Contrato, traz incerteza sobre a adequabilidade dos valores despendidos
na parceria aos efetivos custos dos serviços prestados e aos valores praticados no mercado.
Pode, ainda, acarretar no superdimensionamento do preço dos serviços prestados com
consequente beneficiamento indevido da entidade contratada.

Era preciso ainda, para determinados itens relacionados no “Demonstrativo de Custo”, um


maior detalhamento da informação para permitir uma maior compreensão e uma estimativa
mais precisa dos valores envolvidos por possíveis interessados em participar da Chamada
Pública. Itens como “Assessoria/consultoria” e “Manutenção da Acreditação” precisam ser
mais detalhados porque, considerando apenas estas descrições, não há elementos suficientes
para o dimensionamento de custos por possíveis interessados. Da mesma forma, itens como
“Medicamentos”, “Material médico-hospitalar” e “Material de escritório” carecem de maior
detalhamento (histórico de consumo, estoques disponíveis, relação de itens a serem
adquiridos, etc.) para estimativa mais precisa sobre o efetivo custo de tais aquisições.

A outra inconsistência na composição de custos está relacionada ao dimensionamento


impreciso dos recursos humanos.

No “Demonstrativo de Custo” (Anexo VI), constam dois itens relacionados diretamente aos
recursos humanos: o grupo “Pessoal/ encargos” no valor de R$ 87.674.418,83 e o item
“Pessoal/ encargos (áreas diversas da atividade fim do hospital)”, sendo que este último
integra o grupo “Despesas Operacionais Administrativas”, no valor de R$3.303.044,43.
Somados, tais valores representam 79,6% dos recursos totais estimados para o Contrato.

O Anexo VII do Edital da Chamada Pública nº 001/2017-SMS, não mantém associação direta
com o “Demonstrativo de Custo” (Anexo VI). Primeiro porque apresenta a “Planilha
Dimensionamento de Pessoal” para o Contrato de Gestão sem replicar, de forma clara e
inequívoca, a divisão estabelecida na composição de custos entre pessoal administrativo (item
“Pessoal/ encargos de áreas diversas da atividade fim do hospital) e corpo técnico (grupo
“Pessoal/ encargos”). Segundo, por não haver correspondência direta entre o valor
determinado nesta planilha de dimensionamento de pessoal, R$ 3.290.528,13, e os valores
relativos aos recursos humanos estabelecidos no “Demonstrativo de Custo”.

Em relação à questão específica do dimensionamento do corpo clínico necessário ao


funcionamento do HMMDOLC na “Planilha Dimensionamento de Pessoal”, o gasto
financeiro é estimado exclusivamente em função de horas de serviço, relegando variáveis
importantes na formação do preço, como a quantificação de profissionais por especialização
e tipos de jornada de trabalho aceitáveis no acordo. Outro complicador decorre do fato desta
estimativa constar no documento de forma genérica, contemplando apenas a divisão em
“médico coordenador”, “médico PL” e “médico DI”, e sem qualquer detalhamento por área
de especialidade médica.

175 de 302
Consequentemente, o dimensionamento do gasto financeiro com pessoal com base na carga
horária (horas de serviço) é impreciso porque desconsidera duas variáveis importantes na
definição do custo de mão de obra: a quantidade de contratados por área e o nível de
especialização e remuneração de cada tipo de profissional. Isto dificultou a correta formulação
da proposta no âmbito da Chamada Pública nº 001/2017-SMS em decorrência da significativa
materialidade financeira dos recursos destinados aos gastos com pessoal no âmbito do
Contrato, a qual tem forte impacto no estabelecimento do preço final dos serviços a serem
prestados por corresponder a quase 80% dos recursos totais estimados para o acordo.

Portanto, este conjunto de irregularidades verificados nos Anexos VI e VII do Edital teve
repercussão direta na elaboração da proposta por possíveis interessados em participar da
Chamada Pública nº 001/2017-SMS e na formação do preço final praticado no âmbito do
Contrato de Gestão nº 366/2017. Neste contexto, a análise da viabilidade econômico-
financeira da contratação por possíveis interessados foi prejudicada pela incipiência da
composição de custos relativa aos serviços a serem prestados no gerenciamento do Hospital
Municipal.

Estas irregularidades, inclusive, podem ter operado como elemento limitador da


competitividade na Chamada Pública, uma vez que a única organização social interessada e
habilitada ao certame foi exatamente a SPDM, entidade que já prestava o serviço licitado
desde 2010 e que, portanto, foi favorecida pela incompletude de informações do Edital porque
detinha com exclusividade informações privilegiadas sobre o negócio.

Registra-se ainda que a imprecisão no dimensionamento dos custos e preços, no âmbito da


Chamada Pública nº 001/2017-SMS e do Contrato de Gestão nº 366/2017, inviabilizou a
análise periódica dos resultados atingidos por comissão de avaliação, conforme exigido na Lei
nº 9.637/1998, art. 8º, § 2º. Ademais, tal fato é demonstrativo da fragilidade dos estudos
prévios que embasaram a transferência da gestão de unidade pública de saúde para
organizações sociais.

Nesta perspectiva, o Acórdão TCU nº 2.057/2016 – Plenário orienta que “do processo de
transferência do gerenciamento dos serviços de saúde para organizações sociais deve constar
estudo detalhado que contemple a fundamentação da conclusão de que a transferência do
gerenciamento para organizações sociais mostra-se a melhor opção, avaliação precisa dos
custos do serviço e dos ganhos de eficiência esperados, bem assim planilha detalhada com a
estimativa de custos a serem incorridos na execução dos contratos de gestão’ (item 9.2.3.2).
Trazendo tal orientação para o presente caso, a análise procedida sobre os processos
administrativos referentes à Chamada Pública nº 001/2017-SMS e Dispensa de Licitação nº
815/2017 não identificou a existência deste estudo detalhado prévio em meio à documentação
que integram tais processos.
ato
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou


a seguinte manifestação:

“O Município de Uberlândia vem há anos estudando e discutindo a utilização de Organização


Social para o gerenciamento de suas Unidades de Saúde. Somos o pioneiro na implantação
deste modelo organizacional no estado de Minas Gerais, consequentemente, estamos em
constante aprimoramento destes contratos.

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O primeiro Contrato de Gestão foi realizado com a Missão Sal da Terra no ano de 2007, e
desde então temos tido o cuidado e o estudo permanente em reavaliar e aperfeiçoar os
contratos de gestão, principalmente o sistema de liberação de parcelas e de avaliação.

Com a construção do Hospital Municipal, em 2010, firmamos o Contrato de Gestão nº 187/10


com a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina - SPDM para o
gerenciamento do Hospital e Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro.

O Hospital e Maternidade Municipal de Uberlândia, pela sua complexidade foi implantado


progressivamente, obedecendo a um Projeto Tático Operacional em etapas por cada período.
Em janeiro de 2011, o HMMDOLC iniciou suas atividades gradativamente, apresentando um
perfil assistencial voltado à média e alta complexidade e internações em leitos de UTI.

O critério de escolha da Organização Social na Chamada Pública n.º 001/2017 foi uma
seleção de Projetos pela “melhor técnica”, pois o hospital municipal encontra-se em
funcionamento desde 2010, e os valores foram sendo reajustados ao longo do período, ou
seja, o valor do contrato foi definido no edital e, não, estimado.

No edital conteve todas as informações apresentadas no Projeto Básico e seus Anexos, onde
descreve a capacidade instalada, os serviços a serem prestados, bem como os profissionais
hoje existentes e os custos por grupos, permitindo que qualquer Organização Social
plenamente estruturada e capacitada participe do certame e possa apresentar uma proposta
técnica compatibilizada com os recursos disponibilizados para o contrato.

No que diz respeito à construção do Demonstrativo de Custos (Anexo VI do Edital), a


sistemática utilizada foi a projeção do aumento sobre o contrato de 2010 e posteriores, com
aditivos, atualizados até dezembro de 2017; onde cada item apresentou um acréscimo dentro
do aumento geral, respeitando o percentual (80%) direcionados a custos com pessoal. Sendo
assim, ficou dispensada a memória de cálculo com previsões. A tabela anexa mostra a
evolução dos custos para o novo contrato, sendo:

• 2,87% para a parcela fixa,


• 3,03% para a parcela variável,
• 2,70% para provisionamento e multa de FGTS,
• 0,36% para investimentos,
• 3,28% para pessoal e encargos.

O aumento no valor direcionado a encargos e pessoal foi devido à contratação de novos


profissionais para atender à demanda de serviços descritos nos Anexos.

Os itens funcionamento, serviços terceirizados e materiais, do Demonstrativo de Custos, não


tiveram aumento.

O item despesas operacionais administrativas do Demonstrativo de Custos, tiveram aumento


de 6,29% para corresponder aos 5% da parcela de custeio, conforme previsto em contrato.

Com relação aos valores inseridos no Demonstrativo de Custos como Divisibilidade de


Custos Corporativos, referem-se a custos com aquisições de materiais de uso e consumo
(produtos de higienização e limpeza pesada, descartáveis) que poderiam ser adquiridos junto

177 de 302
aos mesmos fornecedores das outras unidades de saúde desta Secretaria Municipal de Saúde
- SMS, conseguindo um desconto maior por volume de aquisição, onde esse desconto seria
dividido proporcionalmente à aquisição de cada adquirente. Ressaltando que os serviços de
higienização e limpeza referidos no Demonstrativo de Custos contemplam a mão de obra;
diferente do que está inserido em “custos corporativos”.

O item assessoria/consultoria refere-se a serviços dessa natureza aplicáveis a qualquer setor


da Instituição, como jurídico, contábil ou administrativo.

O item Manutenção da Acreditação refere-se aos serviços oferecidos pela entidade


credenciada a instituir, fiscalizar e orientar em todos os níveis da acreditação do Hospital e
Maternidade Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro – HMMDOLC.

O dimensionamento de Recursos Humanos apresentado no Anexo VII do edital foi baseado


na atual estrutura do hospital com toda sua capacidade operacional e necessidades de
assistência do Município apresentadas no Anexo I e II do edital. Isto está refletido na planilha
de custo onde aproximadamente 80% do valor contratado é destinado ao custeio de recursos
humanos.

Todos os colaboradores contratados no HMMDOLC são por meio de processo seletivo, sendo
o regime de trabalho pela CLT, onde os profissionais médicos, independente da
especialidade, recebem por hora trabalhada e todos os seus reflexos (Anexo II).”
m
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Análise do Controle Interno

Em sua manifestação, o Gestor Municipal de Saúde afirmou que o edital da Chamada Pública
nº 001/2017 continha todos os elementos necessários para que “qualquer Organização Social
plenamente estruturada e capacitada” formulasse uma proposta técnica em condições de
participação do certame.

Sobre a construção do Demonstrativo de Custos, a SMS entende que “ficou dispensada a


memória de cálculo com previsões” porque “a sistemática utilizada foi projeção do aumento
sobre o contrato de 2010 e posteriores, com aditivos, atualizados até dezembro de 2017”.
Foram demonstrados ainda os percentuais de aumento aplicados

Não obstante as considerações apresentadas pelo Gestor, a orçamentação inicial é fundamental


ao processo de transferência da gestão operacional do Hospital Municipal para garantir a
análise sobre a viabilidade econômica financeira do negócio, a adequabilidade dos custos
praticados na contratação e a transparência do gasto público em saúde. Registra-se que o
estudo prévio de viabilidade é citado como obrigatório pelo Acórdão TCU nº 3239/2013 –
Plenário.

A construção de uma planilha de custos e formação de preços que permita identificar, em nível
de detalhamento suficiente, todos os custos envolvidos nos serviços a serem prestados é
elemento prévio e fundamental ao procedimento de seleção da organização social porque é
base para a tomada de decisão do Gestor Municipal, incluindo a decisão pelo modelo
administrativo mais adequado e a avaliação sobre a existência de recursos financeiros para
implantação, manutenção e desenvolvimento da operação da unidade hospitalar.

178 de 302
Ao adotar a sistemática de tomar os custos do “contrato de 2010” como base para a formação
de preços, o processo de administrativo da Chamada Pública nº 001/2017 deveria
obrigatoriamente estar instruído com um demonstrativo dos custos efetivos praticados no
contrato base e das respectivas variações aplicáveis aos valores históricos decorrentes de
aumento ou supressão de serviços e fornecimentos, atualizações monetárias, etc.

A incerteza sobre os custos praticados permanece mesmo em relação às novas informações


apresentadas na manifestação, uma vez que o gestor informou os percentuais de aumento
aplicados por grupo de item do Contrato, mas novamente não demonstrou os cálculos e/ou
critérios considerados que determinaram esses valores percentuais. Ou seja, a manifestação
cita que a parcela fixa sofreu um acréscimo de 2,87% e a variável de 3,03%, mas não
demonstra como a Administração chegou a estes valores numéricos de acréscimos nos custos
do Contrato.

Quanto ao apontamento sobre o item “Divisibilidade de custos corporativos”, o Gestor


informou que “referem-se a custos com aquisições de materiais de uso e consumo (produtos
de higienização e limpeza pesada, descartáveis), que poderiam ser adquiridos junto aos
mesmos fornecedores das outras unidades de saúde desta Secretaria Municipal de Saúde -
SMS, conseguindo um desconto maior por volume de aquisição, onde esse desconto seria
dividido proporcionalmente à aquisição de cada adquirente”.

Entretanto, essa explicação apresentada pelo Gestor não guarda correspondência com as
informações registradas no Demonstrativo de Custos (Anexo VI do Edital da Chamada
Pública nº 001/2017). Por já existir no Demonstrativo um item específico para “Material de
Limpeza/Higiene Pessoal”, integrando o grupo de “Materiais”, não há justificativa técnica
para a adoção de um novo item, com terminologia duvidosa, para abrigar os “custos com
aquisições de materiais de uso e consumo (produtos de higienização e limpeza pesada,
descartáveis)”. Mesmo que os referidos materiais fossem adquiridos de forma conjunta com
a SMS, não haveria necessidade de enquadramento das despesas em item diferente do já
existente no grupo “Materiais”.

Ainda há que se considerar que a descrição utilizada, “Divisibilidade de custos corporativos”,


não permitiria a um possível licitante interessado na Chamada Pública compreender que os
valores financeiros estabelecidos corresponderiam a despesas com “materiais de uso e
consumo (produtos de higienização e limpeza pesada, descartáveis)”.

Tal fato serve a confirmação da hipótese de direcionamento do procedimento de Chamada


Pública para contratação da SPDM, na medida em que essa organização social, por ser a
executora anterior dos serviços, detinha o conhecimento privilegiado sobre os custos
praticados no Contrato. E esse conhecimento acabava por tornar-se uma vantagem
competitiva pois possibilitaria uma avaliação melhor sobre a viabilidade do negócio por
conhecer efetivamente os itens de custos componentes do preço pago pelos serviços.

Portanto, as irregularidades na construção do item “Divisibilidade de custos corporativos” –


considerados no contexto que envolve a inexistência de uma memória de cálculos e/ou de uma
planilha detalhada de custos e formação de preços e a explicação insuficiente na manifestação
do Gestor Municipal – confirmam a inadequabilidade do valor registrado de R$428.857,00,
implicando na necessidade de revisão contratual para redefinição dos custos efetivos dos
serviços prestados para apuração de possível superdimensionamento do preço praticado no
Contrato de Gestão nº 366/2017.

179 de 302
Quanto ao dimensionamento dos recursos humanos, o Gestor ateve-se, em sua manifestação,
a informar que a base para o cálculo de pessoal foi a “atual estrutura do hospital com toda
sua capacidade operacional e necessidades de assistência do Município”, abstendo-se de
comentar/justificar os apontamentos sobre a inconsistência dos valores atribuídos aos custos
com pessoal e encargos nos Anexos VI e VII e sobre o dimensionamento do corpo clínico,
bem como em relação ao impacto dessas impropriedades citadas na estimativa do gasto
financeiro com pessoal e, consequentemente, na formulação de proposta no âmbito da
Chamada Pública nº 001/2017-SMS.

Importante reiterar que o Gestor Municipal não apresentou novos documentos que
preenchessem a lacuna de informações decorrente da inexistência de memória de cálculo e/ou
planilha de custos e formação de preços. Também não houve manifestação no sentido de
promover alterações/melhorias no modelo de Contrato de Gestão utilizado pela SMS,
contrariando a alegação inicial de que os contratos estavam em constante aprimoramento.

Diante de todo o exposto, permanece a irregularidade do dimensionamento impreciso dos


custos estabelecidos na Chamada Pública nº 001/2017 e da consequente inexatidão do preço
praticado no Contrato de Gestão nº 366/2017, bem como o entendimento de direcionamento
do procedimento licitatório para a contratação da SPDM.

Com o agravante da confirmação da inadequabilidade dos recursos financeiros destinados ao


item “Divisibilidade de custos corporativos” em decorrência da explicação inconsistente
fornecida pelo Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG.
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#

2.1.3. Favorecimento na contratação da Missão Sal da Terra para gestão de Unidades


de Saúde de Uberlândia/MG devido às limitações à competitividade no processo
licitatório.

Fato

Em 18 de junho de 2014, o Município de Uberlândia/MG, representado pela Secretaria


Municipal de Saúde, e a Missão Sal da Terra (CNPJ 20.734.604/0001-79) firmaram o Contrato
de Gestão nº 250/2014 tendo como objeto um “acordo de cooperação celebrado entre as
partes, relativo à gestão das Unidades de Saúde no Setor Sul, (...), para organização,
implantação e desenvolvimento de ações de assistência à saúde (...)” (Cláusula 2.1).

O objeto do ajuste firmado, portanto, foi a consolidação da transferência da gestão


administrativa, financeira e assistencial de unidades públicas de saúde integrantes do Setor
Sul (listadas no quadro seguinte) para a esfera privada, especificamente, no caso, para
organização social qualificada nos termos da Lei nº 9.637/1998.

Quadro- Unidades de Saúde contempladas no Contrato de Gestão nº 250/2014


Unidades de Saúde do Setor Sul
UAI São Jorge UAI Pampulha
UAPSF Gravatás UAPSF Lagoinha I UAPSF Santa Luzia
UAPSF Aurora UAPSF Lagoinha II UAPSF São Jorge I
UAPSF Campo Alegre UAPSF Shopping Park I UAPSF São Jorge II

180 de 302
UAPSF Laranjeiras UAPSF Shopping Park II UAPSF São Jorge III
UAPSF Seringueiras I UAPSF Shopping Park III UAPSF São Jorge IV
UAPSF Seringueiras II UAPSF Granada I UAPSF São Jorge V
UAPSF São Gabriel UAPSF Granada II UAPSF Jardim Botânico
Fonte: Edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013, item 1.1.
Obs.: UAI: Unidade de Atendimento Integrado / UAPSF: Unidade de Atenção Primária a Saúde da Família.

Esta contratação da Missão Sal da Terra decorreu de processo licitatório conduzido pela
Secretaria Municipal de Saúde do Município de Uberlândia/MG, na modalidade concorrência
e do tipo “técnica e preço”, visando a seleção de organização social para o gerenciamento das
unidades de saúde do Setor Sul a partir do exercício de 2014. Ressalta-se que este modelo de
contratação de organizações sociais para gerenciamento de unidades públicas de saúde do
Setor Sul já estava operacionalizado no município desde 2010, sendo, inclusive, a Missão Sal
da Terra a entidade responsável pelo serviço nessas mesmas unidades.

Este modelo, inclusive, está suportado pela Lei Municipal nº 11.032/2011, que determina em
seu art. 2º, inc. I, a “adoção, com exclusividade, do modelo de contrato de gestão com
organizações sociais para as parcerias relativas ao funcionamento das UAI’s – Unidades de
Atendimento Integrado, Programa Saúde da Família – PSF’s, Hospital e Maternidade
Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro e outras unidades de saúde que venham a ser criadas”.

Neste contexto, o edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013 foi emitido pelo Secretário
Municipal de Saúde, CPF ***.991.896-**, em 5 de dezembro de 2013 com o intuito,
exclusivamente, de selecionar organização social da área de saúde, devidamente qualificada
nos termos da Lei nº 9.637/1998 e da Lei Municipal nº 7.579/2000. A abertura dos documentos
de habilitação, ocorrida em 31 de janeiro de 2014, e o posterior julgamento das propostas, em
16 de maio de 2014, determinou a homologação do procedimento e a consequente assinatura
do Contrato de Gestão nº 250/2014 com a única entidade habilitada no processo: a Missão Sal
da Terra.

O processo referente à Concorrência Pública nº 1.142/2013, porém, foi conduzido de forma


irregular por não constar, no edital e em seus anexos, informações sobre a composição de
custos unitários dos serviços a serem prestados pela entidade contratada, elemento
imprescindível à licitação conforme exige a Lei nº 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inc. II.

O edital e seus anexos limitaram-se a estabelecer os recursos financeiros a serem transferidos


– mensal e anualmente – para a entidade contratada, detalhados exclusivamente por unidade
de saúde contemplada no Contrato: UAI São Jorge, UAI Pampulha e 21 Equipes de Saúde da
Família do Setor Sul.

Segundo o item 15.2 do Edital, “os recursos financeiros para a execução do Contrato foram
estimados com base nos valores que vêm sendo efetivamente dispendidos com a operação das
Unidades de Saúde (...)”, porém, tal regramento não está acompanhado no instrumento
convocatório de nenhum detalhamento dos valores citados e/ou de sua evolução histórica, bem
como não há qualquer informação sobre a composição dos custos unitários que permitiu o
estabelecimento destes preços praticados no Contrato de Gestão pelo Município de
Uberlândia/MG.

A única informação sobre os custos do Contrato no processo da Concorrência Pública nº


1.142/2013 está na proposta financeira apresentada pela Missão Sal da Terra para atendimento

181 de 302
ao item 7.2.1 do Edital, o qual determinava que “a proposta de preço deverá conter a
apresentação detalhada dos preços (individualizados)”.

Esta omissão do Edital em relação à determinação dos custos unitários dos serviços licitados
limita a participação de entidades interessadas por não fornecer integralmente todos os
elementos necessários para a avaliação da viabilidade econômico-financeira do negócio e,
consequentemente, impactar significativamente a formulação da proposta pelos possíveis
interessados.

Por outro lado, a Missão Sal da Terra, por ser responsável pela execução do serviço licitado
desde 2010, participou do processo licitatório com importante vantagem competitiva em
relação a possíveis concorrentes por ser a única detentora das informações relativas à
composição de custos dos serviços licitados.

Agravam tal fato, a incompletude das informações no instrumento convocatório sobre o


dimensionamento de pessoal necessário à prestação dos serviços licitados e a imprecisão dos
regramentos estabelecidos na licitação sobre a responsabilidade sobre a aquisição dos insumos
(principalmente medicamentos e material médico-hospitalar).

O Edital, em seu Anexo I, Item 7 – Os Recursos Humanos, fornece informações relativas ao


dimensionamento de recursos humanos para a Uai São Jorge, para a Uai Pampulha e para as
UAPSF. É exigido da contratada a manutenção de “quadro funcional adequado, todos
submetidos a processo seletivo”, sendo “os profissionais da área da saúde contratados de
acordo com a carga horária da categoria profissional”, conforme planilhas específicas para
cada uma das unidades de serviço.

As planilhas de dimensionamento de recursos humanos fornecidas na Concorrência


relacionam os profissionais à quantidade de atividades esperadas e ao número de horas
semanais, sem o estabelecimento de um quantitativo mínimo ou médio de profissionais
vinculados às unidades para realização dos serviços licitados. Neste contexto, o
dimensionamento de pessoal por possíveis licitantes interessadas enfrentaria, entre outras, as
dificuldades relacionadas a seguir:

• planilhas de dimensionamento de difícil compreensão, estabelecendo apenas a carga


horária semanal e o “total de atividades” – anual mensal e diária – por profissional, e
abstendo-se de especificar de forma objetiva quais as atividades consideradas e qual o
número mínimo e/ou médio de atividades por profissional;
• tratamento diferenciado por profissional/cargo decorrente da falta de uniformidade no
dimensionamento, estabelecendo para alguns o total de atividades e a carga horária,
enquanto para outros somente um destes critérios, sem definição de qualquer critério
técnico ou econômico para tal procedimento;
• inexistência de definição clara e objetiva dos quantitativos mínimos de profissionais
para manutenção das escalas de atendimento em regime de plantão por especialidade
médica nas UAI;
• indefinição do quantitativo de diversos profissionais para as UAI, tais como,
psicólogos, auxiliar e técnicos de saúde bucal, técnicos de radiologia, técnicos de
manutenção e porteiros/maqueiros, entre outros;
• possibilidade de contratação de “auxiliar administrativo” com cargas horárias diversas
(6, 8 e 12 horas ), sem a correspondente definição da quantidade de profissionais
necessários por cada tipo de jornada de trabalho;

182 de 302
• quantificação dos profissionais integrantes das equipes de saúde da família por meio
da carga horária semanal estabelecida por cargo, sem estabelecimento de uma equipe
mínima para as equipes de Saúde da Família;
• indefinição do número de profissionais da área de odontologia, decorrente da não
especificação no dimensionamento dos recursos humanos do número e da constituição
do número de equipes de saúde bucal;
• indefinição do número de agentes comunitários de saúde, agravado pela omissão dos
critérios de dimensionamento de tais profissionais em função da população adscrita;
• indefinição do número de auxiliares administrativos e de serviços gerais, bem como
das equipes contempladas com tais profissionais;
• indefinição do número de psicólogos e assistentes sociais a serem contratados, bem
como dos critérios da distribuição destes profissionais no atendimento às diversas
equipes.

Tais dificuldades para dimensionamento dos recursos humanos trariam incertezas à


formulação da proposta financeira pelas entidades interessadas porque os gastos com pessoal
têm forte representatividade na formação do custo total dos serviços.

Novamente, a Missão Sal da Terra teria uma vantagem competitiva em relação a outras
possíveis interessadas por estar executando os serviços desde 2010 e, portanto, conhecer
plenamente as necessidades de recursos humanos para o pleno funcionamento das unidades
em questão.

Outro problema estabelecido no Edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013 está


relacionado à definição de responsabilidades sobre o financiamento, a aquisição e a logística
dos insumos (medicamentos e material médico hospitalar) necessários à prestação dos
serviços licitados. O instrumento convocatório não especifica de forma clara e inequívoca a
responsabilidade das partes em relação ao fornecimento de insumos para as unidades de saúde.

Na Cláusula Terceira do Contrato de Gestão, na qual são listadas as obrigações e


responsabilidade dos partícipes, não há obrigação do Contratante relacionada à
disponibilização de medicamentos e material médico hospitalar para suporte aos serviços a
serem prestados pela organização social contratada.

Já em relação à contratada, existe dispositivo contratual (cláusula 3.2.2) que determina o


“provimento dos insumos (materiais) necessários a garantia do pleno financiamento das
Unidades de Saúde (...)”. Também no Anexo I do Edital (replicado no Contrato de Gestão)
há referências a responsabilidade da Contratada sobre os insumos: “(...) a organização social
deverá manter a provisão e compra de material para assistência farmacêutica e médico
hospitalar conforme lista padronizada da SMS (Remume) se houver desabastecimento
temporário dos mesmos, considerando o apoio logístico da Central de Abastecimento
Farmacêutico (...)”.

Estes dispositivos contratuais, apesar da falta de clareza e pouca objetividade de redação,


direcionam o entendimento de que a responsabilidade pelo fornecimento de medicamentos e
material médio hospitalar caberia a organização social contratada.

Entretanto, a Proposta Financeira apresentada pela Missão Sal da Terra apresenta os itens
“Material Médico Hosp./Odonto/Oftalmo”, “Medicamentos” e “Material de Consumo
Hospitalar Descartável” com valores financeiros zerados, indicando que a entidade não

183 de 302
assumiria a responsabilidade pela compra e distribuição dos medicamentos e materiais
médicos hospitalares.

Assim, tal situação caracteriza-se como restritiva à participação de possíveis interessados


porque a exigência editalícia de fornecimento de insumos pela contratada implicaria,
necessariamente, no aumento dos custos do serviço licitado e no consequente desinteresse em
participar da Concorrência pela inviabilidade econômica financeira do negócio.

Fato é agravado pelo Quinto Aditivo ao Contrato de Gestão nº 250/2014, firmado em 24 de


novembro de 2015, que modificou o contrato tornando obrigação da contratante o
fornecimento de materiais médico hospitalares e medicamentos necessários ao funcionamento
das unidades de saúde. Tal mudança trouxe impactos financeiros significativos para o contrato
por modificar a responsabilidade pela aquisição de medicamentos, porém, estranhamente, não
houve a correspondente adequação financeira no contrato.

Ressalta-se que a justificativa apresentada pelo então Secretário Interino de Saúde


***.479.006-**, em documento datado de 24 de novembro de 2015, não apresenta argumentos
técnicos ou financeiros para a mudança efetivada pelo Quinto Aditivo, restringindo-se a
atender “solicitação de adequação contratual” da Missão Sal da Terra.

A mudança acarretou impactos significativos na execução contratual na medida em que a


responsabilidade pelo fornecimento de medicamentos e material médico hospitalar foi
devolvida ao Município, sem qualquer alteração correspondente nos valores repassados à
contratada e com consequente aumento injustificado do gasto público em saúde.

De acordo com toda a exposição anterior, a análise do processo administrativo da


Concorrência Pública nº 1.142/2013 caracteriza a limitação à competitividade na execução do
procedimento licitatório decorrente da inexistência no instrumento convocatório de elementos
imprescindíveis à formulação das propostas por entidades interessadas, mais especificamente,
o orçamento detalhado em planilhas com a composição de todos os custos unitários dos
serviços licitados, conforme exige a Lei nº 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inc. II.

Tal omissão de informações foi elemento complicador na construção de proposta financeira e


técnica por possíveis interessados devido à incerteza gerada sobre a precificação e a
integralidade dos custos envolvidos na execução dos serviços e de seu consequente impacto
na avaliação da viabilidade econômica financeira do negócio.

O grau de incerteza foi ampliado ainda pela incompletude da estimativa do dimensionamento


dos recursos humanos necessários e pela insegurança decorrente da dubiedade do edital, do
contrato e dos termos aditivos sobre a parte responsável pelo suprimento de medicamentos,
material médico hospitalar e demais insumos para viabilização da execução dos serviços a
serem prestados.

Ademais, este conjunto de irregularidades terminaram por favorecer a entidade vencedora do


certame – a Missão Sal da Terra – porque ela configurava-se como única possível concorrente
à Concorrência Pública nº 1.142/2013 a possuir as informações relativas à integralidade dos
custos envolvidos no negócio, ao dimensionamento dos recursos humanos necessários e à
sistemática de fornecimento de insumos.

184 de 302
Ressalta-se que, pelos princípios da igualdade e da impessoalidade entre os licitantes, o
Município de Uberlândia/MG deveria conduzir a licitação de maneira impessoal, sem
prejudicar ou privilegiar nenhum licitante, tratando com isonomia todos os interessados na
disputa, desde que preenchidos os requisitos exigidos para a participação.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou


a seguinte manifestação:

“O Processo Licitatório nº 1142/2013, na modalidade Concorrência Pública tipo “técnica e


preço”, foi autorizada em 30/10/2013, a ata de abertura foi realizada em 31/01/2014, onde
compareceram as entidades Missão Sal da Terra e Instituto Nacional de Desenvolvimento
Social e Humano – INDSH. Em 04/02/2014 ocorreu o ato de habilitação, que habilitou
somente a OS – Missão Sal da Terra, pois a INDSH deixou de apresentar a seguinte
documentação: Curriculum Vitae dos dirigentes responsáveis pela entidade, relatório das
atividades que desenvolve e suas finalidades sociais, cópia da lei que reconhece a entidade
como de utilidade pública, atestado de visita técnica e documentos pessoais do seu
responsável legal. Assim, foram marcadas as demais sessões para a abertura dos envelopes
2 e 3, culminando na habilitação da entidade Missão Sal da Terra e a homologação do
certame em 16/05/2014.

Todos os atos do processo licitatório em questão seguiram a Lei Federal nº 8.666/1993, bem
como o princípio da publicidade dos atos, e foram concedidos todos os prazos de recurso
para quaisquer pessoas que se sentissem prejudicadas ou cerceadas em seu direito de
participar.

A respeito da ausência da composição de custos e incompletude de informações que


supostamente favoreceriam a Missão Sal da Terra, ressaltamos que no decorrer do Processo
Licitatório não houve questionamentos de qualquer entidade sobre a composição dos custos
ou solicitação de esclarecimento acerca das informações de recursos humanos prestadas,
apesar de previsão para tanto no Capítulo XI – Recursos, item 11.1 do Edital: “Qualquer
proponente ou instituição que tenha legítimo interesse poderá interpor impugnação, sobre
eventuais dúvidas ocorridas no presente edital, no prazo máximo de 03 (três) dias antes da
data limite para entrega dos envelopes, sob pena de decadência.”

Sobre a ausência de determinação expressa no Edital do quantitativo de alguns profissionais,


sendo estabelecida somente carga horária, reforçamos que a indicação de carga horária para
a execução dos serviços definidos é suficiente para balizar a proposta financeira. Este
formato possibilita que cada entidade dimensione o quantitativo de profissionais a ser
contratado de forma mais vantajosa na execução do serviço e no valor apresentado da
proposta financeira.

Também, não há de se falar sobre a inexistência de definição clara e objetiva dos


quantitativos mínimos de profissionais para manutenção das escalas de atendimento em
regime de plantão por especialidade médica nas UAIs, pois o Edital, em seu Anexo I – Projeto
Básico – Termo de Referência, Itens 3.5.1.3 – Uai São Jorge e 3.5.2.3 – Uai Pampulha, trazem
todas as especificações de pessoal necessárias para as escalas de atendimentos por
especialidade.

185 de 302
Ainda respaldando o entendimento para propositura de custos, outra empresa apresentou
proposta para participação no certame, conforme comprova Ata de Sessão Pública anexada
às fls. 803 e 804 da Concorrência Pública, ou seja, a empresa INDSH – Instituto Nacional de
Desenvolvimento Social e Humano se considerou apta a apresentar proposta de preços
baseando-se nas informações do edital e sem necessidade de pedido de esclarecimento.

Com relação à definição de responsabilidades sobre o financiamento, a aquisição e a


logística dos insumos (medicamentos e material médico hospitalar) necessários à prestação
dos serviços licitados, esclarecemos que como não havia determinação expressa como
obrigação da contratada a aquisição de medicamentos e material médico hospitalar e
considerando que o fornecimento destes é obrigação inerente ao órgão público municipal, na
relação em tela, não há que se falar em duplo entendimento. Tanto restou claro que esta não
seria obrigação das entidades, que a Missão Sal da Terra não constou da proposta financeira
apresentada.

Na verdade, o Quinto Aditivo Contratual vem reforçar a ideia de que a obrigação de


fornecimento de materiais médicos hospitalares e medicamentos sempre foram da
Contratante, tanto é que não houve alteração de ordem financeira e nem poderia ter, visto
que a proposta financeira homologada já não apresentava tais gastos.

Concluímos que nenhum dos fatos alegados resultou na limitação à competitividade, pois se
assim fosse não haveria a participação de outra empresa na Concorrência Pública nº
1.142/2013.

A partir do momento em que mais de uma entidade participa da concorrência, não realiza
pedido de esclarecimento ou interpõe recursos e, ainda, se dispõe a apresentar proposta
técnica e financeira, não há de se falar que houve qualquer limitação à competitividade.”
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Análise do Controle Interno

Em sua manifestação, o Gestor Municipal alega que a inexistência de “questionamentos de


qualquer entidade sobre a composição dos custos ou solicitação de esclarecimento acerca das
informações de recursos humanos prestadas” no decorrer do processo licitatório comprovaria
que não houve favorecimento à Missão Sal da Terra. De forma semelhante, entende ainda que
a participação de outra entidade, que não pediu esclarecimentos ou apresentou recursos,
afastaria a hipótese de limitação à competitividade.

Tal entendimento do Gestor não pode prosperar porque a participação de outra empresa e a
não interposição de recursos ao Edital não são suficientes para garantir a competitividade do
certame. Até porque, a outra empresa participante – Instituto Nacional de Desenvolvimento
Social e Humano (INDSH) – foi inabilitada, não chegando sequer a fase de proposta da
Concorrência.

A competitividade do certame deve ser garantida pelo Edital, que deve evitar cláusulas ou
condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo, estabelecendo
tratamento igualitário entre os licitantes de forma a atender os princípios da isonomia, da
seleção da proposta mais vantajosa para a administração, da legalidade, da impessoalidade, da
igualdade, da vinculação ao instrumento convocatório e do julgamento objetivo.

186 de 302
Permanece, então, o fato de que o Edital da Concorrência Pública nº 1.142/2013 não
disponibilizava todos os elementos necessários à formulação de proposta por possíveis
interessados, principalmente devido a inexistência de informações sobre a composição de
custos unitários dos serviços. Registra-se que o Gestor não apresentou qualquer justificativa
ou comentário sobre este fato, o que faz persistir o entendimento sobre o descumprimento da
Lei nº 8.666/1993, art. 7º, § 2º, inc. II.

Especificamente em relação ao dimensionamento de recursos humanos, o Gestor reafirma,


por diversas vezes em sua manifestação, que o Edital traria todas as especificações de pessoal
necessárias, justificando que “a indicação de carga horária para a execução dos serviços
definidos é suficiente para balizar a proposta financeira” e que este formato ainda permitiria
“que cada entidade dimensione o quantitativo de profissionais a ser contratado de forma
mais vantajosa na execução do serviço e no valor apresentado da proposta financeira”.

O Gestor não acompanhou essas informações sobre o dimensionamento de pessoal com


qualquer documento ou planilha que demonstrasse a efetividade dos critérios e números
apresentados no Edital. Da mesma foram, absteve-se de comentar o rol de dificuldades
impostas a formulação da proposta pelos licitantes apontado nessa Constatação.

Portanto, apesar das justificativas apresentadas, permanece a conclusão pela incerteza gerada
para a formulação de propostas financeiras por entidades interessadas devida à incompletude
das informações sobre recursos humanos.

Em relação à indefinição sobre a responsabilidade das partes em relação ao fornecimento de


insumos, a divergência entre o regramento estabelecido no Contrato de Gestão nº 250/2014
(que atribui a obrigação à contratada), e a proposta financeira apresentada pela Missão Sal da
Terra (que não assume os gastos com insumos) é inconteste, sendo comprovada pela
necessidade de correção consubstanciada no Quinto Aditivo ao Contrato.

Inclusive, a alegação do Gestor Municipal de que “restou claro que esta não seria obrigação
das entidades, que a Missão Sal da Terra não constou da proposta financeira apresentada”,
serve a comprovação, na verdade, que a Missão Sal da Terra detinha informação privilegiada
sobre o fornecimento de insumos caber a SMS, atribuindo significativa vantagem em relação
aos demais possíveis concorrentes por não incluir em sua Proposta Financeira os valores
financeiros relativos a insumos (“Material Médico Hosp./Odonto/Oftalmo”, “Medicamentos”
e “Material de Consumo Hospitalar Descartável”).

Além disso, uma hipótese que deve ser considerada é a desistência de entidades em participar
do certame em função da possível conclusão pela inviabilidade do negócio decorrente da
assunção dos custos com fornecimento de insumos conforme exige o Edital e anexos da
Concorrência Pública nº 1.142/2013.

Por todo o exposto, mantém-se a conclusão de que a omissão de informações sobre os custos
dos serviços no procedimento licitatório, aliada às imprecisões do dimensionamento de
pessoal e à incerteza sobre a responsabilidade de fornecimento dos insumos, acarretaram
dificuldades à formulação de proposta por possíveis interessados com consequente prejuízo à
competitividade do certame.

Confirma-se, ainda, a hipótese de favorecimento à entidade Missão Sal da Terra porque, como
já era executora dos serviços anteriormente à Concorrência, configurava-se como única

187 de 302
entidade que possuía informações relativas à integralidade dos custos envolvidos no negócio,
ao dimensionamento dos recursos humanos necessários e à sistemática de fornecimento de
insumos.
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/A
#

2.1.4. Inadequabilidade do Contrato de Gestão nº 250/2014 à operacionalização da


Estratégia de Saúde da Família.

Fato

O Município de Uberlândia/MG, representado pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS),


transferiu a gestão administrativa, financeira e assistencial da UAI Pampulha, da UAI São
Jorge e das Unidades de Atenção Primária a Saúde da Família (UAPSF) do Setor Sul para a
organização social Missão Sal da Terra (CNPJ 20.734.604/0001-79) por meio do Contrato de
Gestão nº 250/2014.

Por consequência, entre outras obrigações, a Missão Sal da Terra comprometeu-se a


“organizar, implantar e desenvolver ações de assistência à saúde nas Unidades de Saúde (...),
responsabilizando-se pela constituição de equipe interdisciplinar da melhor qualidade para
prestar serviço de assistência integral ao cidadão”, notadamente em relação às equipes da
Estratégia de Saúde da Família (denominadas no município como UAPSF) do Setor Sul.

O Setor Sul, um dos cinco setores sanitários em que foi dividido o Município de
Uberlândia/MG, possui uma população de 70.289 habitantes adscrita à sua área de
abrangência. O atendimento primário à saúde desta população é realizado por 21 UAPSF,
todas sob gestão da Missão Sal da Terra.

Estas UAPSF administradas pela Missão Sal da Terra devem seguir a legislação referente ao
Sistema Único de Saúde (SUS) e as diretrizes do Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde
do Município de Uberlândia/MG, prestando atendimento ambulatorial nas áreas de clínica
geral, pediatria, ginecologia, odontologia, psicologia, serviços social e atendimento de
enfermagem, por meio de equipe multiprofissional e multidisciplinar, no horário de 7 às 17
horas, de segunda a sexta-feira (“Anexo I: Projeto Básico – Termo de Referência” do Contrato
de Gestão).

No âmbito legislativo do SUS, a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), atualmente


regulamentada no Anexo XXII da Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro de 2017,
tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção
Básica (art 4º). Dentre as responsabilidades comuns estabelecidas pela PNAB para todas as
esferas de Governo (art. 7º), merecem destaque no presente contexto:

“II - apoiar e estimular a adoção da Estratégia Saúde da Família (ESF) como


estratégia prioritária de expansão, consolidação e qualificação da Atenção Básica”
(matéria regulada anteriormente pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 7º, II);
“VII - desenvolver mecanismos técnicos e estratégias organizacionais de
qualificação da força de trabalho para gestão e atenção à saúde, estimular e
viabilizar a formação, educação permanente e continuada dos profissionais,
garantir direitos trabalhistas e previdenciários, qualificar os vínculos de trabalho e
implantar carreiras que associem desenvolvimento do trabalhador com qualificação

188 de 302
dos serviços ofertados às pessoas” ” (matéria regulada anteriormente pela Portaria
MS/GM 2.436/2017, Art. 7º, VII);
“VIII - garantir provimento e estratégias de fixação de profissionais de saúde para
a Atenção Básica com vistas a promover ofertas de cuidado e o vínculo” (matéria
regulada anteriormente pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 7º, VIII).

Em relação as competências específicas do Município (art.10), destaca-se:

“VII - fomentar a mobilização das equipes e garantir espaços para a participação


da comunidade no exercício do controle social” (matéria regulada anteriormente
pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 10, VII);
“X - inserir a Estratégia de Saúde da Família em sua rede de serviços como a
estratégia prioritária de organização da Atenção Básica; (matéria regulada
anteriormente pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 10, X);
“XIV - selecionar, contratar e remunerar os profissionais que compõem as equipes
multiprofissionais de Atenção Básica, em conformidade com a legislação vigente;
(matéria regulada anteriormente pela Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 10, XIV);
“XIX - assegurar o cumprimento da carga horária integral de todos os profissionais
que compõem as equipes que atuam na Atenção Básica, de acordo com as jornadas
de trabalho especificadas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de
Saúde vigente e a modalidade de atenção” (matéria regulada anteriormente pela
Portaria MS/GM 2.436/2017, Art. 10, XIX).

A PNAB (Anexo 1) estabelece, ainda, como diretriz da Atenção Básica, o conceito de


população adscrita, implicando no estímulo ao desenvolvimento de relações de vínculo e
responsabilização entre as equipes da Estratégia de Saúde da Família e a população, como
forma de garantir a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado.

Neste contexto, o Contrato de Gestão nº 250/2014 pode prejudicar a correta operacionalização


da Estratégia de Saúde da Família no Município de Uberlândia/MG porque permite grau
excessivo de discricionariedade à contratada Missão Sal da Terra no estabelecimento de
critérios e na quantificação dos recursos humanos a serem contratados para a prestação dos
serviços objeto do Contrato. É incipiente também na formulação de metas e indicadores que
permitam avaliar o cumprimento das obrigações e responsabilidades no que tange à Saúde da
Família.

RECURSOS HUMANOS NECESSÁRIOS À PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS

As regras sobre dimensionamento dos recursos humanos existentes no Contrato de Gestão não
são suficientes para garantir a manutenção de equipes completas, conforme as exigências
estabelecidas para a Saúde da Família na PNAB.

O dimensionamento de pessoal aplicável às UAPSF estava determinado em planilha que


integrava o Item 7.2 do Projeto Básico (Anexo I), a qual é reproduzida a seguir.

189 de 302
Imagem – Reprodução de parte da página 36 do “Anexo I: Projeto Básico – Termo de
Referência” do Contrato de Gestão nº 250/2014, destacando a planilha “O Dimensionamento
dos Recursos Humanos das UAPSF”.

A análise da planilha reproduzida anteriormente demonstra que o dimensionamento de pessoal


para as UAPSF foi feito de forma indireta, pouco criteriosa e com informações truncadas. Ao
adotar a planilha, a SMS absteve-se de estabelecer uma composição mínima para as equipes
de Saúde da Família nos termos estabelecidos na PNAB. Ressalta-se que essa planilha,
inclusive, foi suprimida pelas alterações introduzidas no Projeto Básico pelo 13º Termo
Aditivo ao Contrato de Gestão nº 250/2014.

Os critérios adotados no Contrato são improdutivos, contribuindo pouco ou nada para a


definição do número de profissionais necessários porque: (i) a carga horária definida é idêntica
para todos os profissionais (40 horas semanais), (ii) o quadro está truncado pela falta de
registro das atividades para metade dos profissionais, (iii) não há informação sobre quantas
equipes terão psicólogo e assistente social, bem como não há definição de equipes com saúde
bucal e em qual modalidade, e (iv) o “total de atividades” desconsidera complexidades e
peculiaridades das ações a serem executadas, tratando-as igualitariamente, além de não
permitir estimar o número de profissionais a partir do total de atividades pela ausência de
informações sobre valores mínimos ou médios por tipo de profissional.

Em oposição a esse modelo indireto de determinação do quantitativo de pessoal, e


considerando o fato de que as UAPSF do Setor Sul estavam em operação no momento da
contratação, o dimensionamento dos recursos humanos no âmbito das equipes de UAPSF
poderia ter sido feito diretamente, por meio da estimativa das quantidades de cada profissional
por equipe e/ou total calculadas com base nos números registrados no Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde (CNES) à época da contratação. Tal opção coadunaria plenamente
com a metodologia utilizada pelo Ministério da Saúde, que utiliza, prioritariamente, a
população adscrita para definição das equipes (quantidade e área de abrangência) e do
quantitativo de profissionais.

Destarte, o Contrato de Gestão formatado pela SMS de Uberlândia/MG permitia a empresa


contratada uma margem de manobra injustificada na disponibilização de profissionais para as
UAPSF, o que pode ter acarretado prejuízos técnicos e financeiros ao Município de
Uberlândia/MG decorrentes, por exemplo, da manutenção de equipes com número de
profissionais insuficientes à prestação do serviço, da sobrecarga de trabalho de alguns

190 de 302
profissionais (principalmente agentes comunitários de saúde) e da disponibilização parcial de
serviços para os usuários do SUS.

CRITÉRIOS DE CONTRATAÇÃO DE PESSOAL

O Contrato de Gestão (Cláusula 3.2.4) estabelece como obrigação e responsabilidade da


Missão Sal da Terra o provimento dos recursos humanos para composição do quadro funcional
das Unidades de Saúde, estabelecendo que a seleção de pessoal deve acontecer por meio de
processo seletivo e a contratação pelo regime estabelecido na Consolidação das Leis de
Trabalho (CLT). É exigido ainda da contratada “garantir em exercício nas Unidades de Saúde
(...) quadro de recursos humanos qualificados e compatível com o porte da unidade e dos
serviços contratados, conforme estabelecido nas normas atinentes à espécie” (Cláusula
3.2.6).

Ainda que as regras contratuais exijam da contratada manter quadro de pessoal compatível
com os serviços prestados nas unidades, o Contrato de Gestão nº 250/2014 não conta com
dispositivo que obrigue e/ou estimule a contratada à manutenção dos profissionais nas
UAPSF. Essa normatização seria fundamental para garantir a formação de relações de vínculo
e responsabilização entre as equipes da Estratégia de Saúde da Família e sua população
adscrita, conforme determina a PNAB.

O Contrato de Gestão, do modo como está formatado, permite a contratada liberdade para,
por exemplo, suprir o cargo de médico nas equipes da Estratégia de Saúde da Família em
sistema de rodízio, rotacionando livremente os profissionais entre equipes, programando
profissionais diferentes para cumprir a carga horária semanal de cada equipe e/ou escalando
profissionais de acordo com funções/atividades/serviços, independente das equipes. Tais
hipóteses trariam danos irreparáveis à operacionalização da Estratégia de Saúde da Família no
Município.

Outro problema está relacionado à alocação de agentes comunitários de saúde (ACS), que
devem necessariamente residir na área da comunidade em que atuar, conforme condição
determinada na Lei nº 11.350/2006, art. 6º, inc. I. Apesar do citado dispositivo legal, este
requisito específico da Estratégia de Saúde da Família não está mencionado no Contrato, não
sendo estabelecida nenhuma regra para condicionar a aplicabilidade da Lei nº 11.350/2006
aos processos de contratação de pessoal e à própria política de recursos humanos da
contratada. De forma semelhante, a diretriz da Estratégia de Saúde da Família de
territorialização não está referenciada no Contrato, não havendo qualquer normativo sobre
dimensionamento dos ACS em função da população adscrita e/ou área geográfica de atuação.

Importante reiterar que a rotatividade de profissionais dificulta a vinculação do médico à


população adscrita, tornando impessoal a relação médico-comunidade ao relacionar o vínculo
obrigacional exclusivamente à prestação do serviço, prescindindo contato direto e contínuo
de um profissional, que gera uma relação de confiança e respeito na população. Resta
prejudicado, assim, um dos pontos centrais da Estratégia de Saúde da Família que é o
estabelecimento de vínculo e a criação de laços de compromisso e de responsabilidade entre
os profissionais médicos e a população.

Diante destes fatos, a operacionalização da Estratégia de Saúde da Família por meio de


Contrato de Gestão firmado com Organização Social é inapropriada por proporcionar maior
possibilidade de descontinuidade das ações executadas no âmbito da Estratégia. Tal

191 de 302
entendimento decorre do fato da própria natureza do contrato firmado com a Organização
Social tratar de uma “prestação de serviço”, na qual o objeto é basicamente a execução do
serviço acordado, independente do profissional executor. Ou seja, para o presente caso, não
há impedimento de que profissionais médicos diversos integrem as equipes, desde que sejam
cumpridas as atividades e a carga horária estabelecida.

METAS ESPECÍFICAS PARA A SAÚDE DA FAMÍLIA

O Contrato de Gestão aborda a questão da expectativa de produção de serviços da Missão Sal


da Terra no “Anexo I: Projeto Básico – Termo de Referência” (item 3.4.3 – Necessidade de
Atendimento para as UAPSF), no “Anexo II – Planejamento Estratégico” (parte II, item 2 –
Serviços a serem ofertados), no “Anexo III – Plano de Prestação de Serviços” (item 6.3 –
Atendimento UAPSF e item 6.4 – Atividades das UAPSF) e no “Anexo V – Sistema de
Avaliação”.

No Projeto Básico (Anexo I), a produção de serviços é abordada por meio da estimativa da
necessidade de atendimento para as UAPSF, a qual foi estabelecida em termos das atividades
da equipe, dos atendimentos de urgência e emergência e de exames e procedimentos, com
base em parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde (Portaria GM/MS nº 1.101/2002)
e pela Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais. Especificamente em relação às
atividades da equipe, as estimativas de serviços foram determinadas para consultas médicas e
para atendimentos de outros profissionais, desprezando a quantificação de outras atividades
típicas da Estratégia de Saúde da Família, como trabalhos interdisciplinares (palestras,
reuniões, treinamentos, etc.) e ações de cuidado preventivo e de educação em saúde
individuais, em família e em grupos.

Mantendo o mesmo padrão, no Planejamento Estratégico (Anexo II) são relacionados os


serviços a serem ofertados, priorizando ações de recuperação da saúde, como consultas
médicas, e de caráter geral, como visitas domiciliares, e desprezando atividades voltadas para
a promoção, proteção e prevenção da saúde, sobre as quais não há qualquer referência.

Já o Plano de Prestação de Serviços (Anexo III) estipula que o modelo assistencial contempla
“ações de promoção e educação para saúde individual e coletiva” e “estímulo da
participação da comunidade nas políticas públicas voltadas para área da saúde” (item 6.3),
bem como relaciona as atividades previstas para estabelecimento da produção esperada por
equipe (item 6.4). Esta referência de produção por UAPSF está reproduzida na imagem
seguinte.

192 de 302
Imagem – Reprodução da planilha integrante do item “6.4 – Atividades das UAPSF” do “Anexo III –
Plano de Prestação de Serviços” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).

Nota-se, pela planilha anterior, que há previsão de atividades de grupo incluídas em “ações de
enfermeiro” e em “atividades de serviço social”, porém, as falhas repetem-se em relação à
ausência de previsão de visitas domiciliares e atividades de grupo para os médicos e
odontólogos e a inexistência de referência a ações relacionadas à atuação conjunta dos
profissionais, o que rompe com a diretriz de atuação multidisciplinar da equipe prevista na
PNAB.

Posteriormente, por meio do 13º Termo Aditivo ao Contrato de Gestão nº 250/2014, as


atividades de grupo foram ampliadas, melhorando principalmente devido ao acréscimo de
metas de produção relativas a atividades coletivas e de atenção domiciliar para o médico, o
enfermeiro e o cirurgião dentista. Por outro lado, as atividades relativas às ações do técnico
de enfermagem, do técnico de higiene bucal e do auxiliar de saúde bucal não constam no novo
quadro, bem como foram suprimidas as ações dos psicólogos e dos profissionais de serviço
social.

193 de 302
Imagem – Reprodução da planilha integrante do item “6.4 – Atividades das UAPSF” do “Anexo III –
Plano de Prestação de Serviços” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).

Cumpre relatar ainda que, mesmo após as alterações do 13º Aditivo, os números estabelecidos
como referência na planilha têm validade para todas as UAPSF, desconsiderando variáveis
como a população adscrita e o número de profissionais disponíveis. Por outro lado, essa
estimativa de produção não vincula formalmente a contratada, pois não existe obrigação de
cumprimento destes índices pré-estabelecidos no Contrato de Gestão.

No Anexo V, o Sistema de Avaliação – ao estabelecer pontos de avaliação da execução


contratual para definição do percentual da parcela variável a ser paga a contratada Missão Sal
da Terra – contempla de forma genérica as metas e/ou indicadores relacionados a produção
(efetividade), preterindo a divisão entre ações características de recuperação, promoção,
proteção e prevenção da saúde e/ou entre procedimentos específicos, como consultas, visitas,
atividades em grupos, palestras, reuniões, etc. Tal fato é claramente demonstrado pelo excerto
do “Quadro Sumário de Itens e Critérios para Avaliação UAPSF Setor Sul”.

194 de 302
Imagem – Reprodução do “Quadro Sumário de Itens e Critérios para Avaliação UAPSF Setor Sul” que
integra o “Anexo V – Sistema de Avaliação” do Contrato de Gestão nº 250/2014 (adaptação da CGU).

Nota-se que as ações consideradas para avaliação da execução têm significativa


representatividade na nota final (35 de 100 pontos possíveis), entretanto, não servem a medida
da efetividade das ações em relação ao cumprimento das diretrizes da Estratégia de Saúde da
Família, justamente por tratar as atividades realizadas com caráter exclusivamente
quantitativo em detrimento da análise qualitativa dos serviços prestados pela Organização
Social contratada.

Importante registrar ainda que, em relação aos recursos humanos, o Sistema de Avaliação
considera os índices de absenteísmo e de rotatividade, porém, apenas o primeiro contribui para
a formação da nota final do prestador de serviço (3 de 100 pontos possíveis), cabendo ao
segundo servir apenas como “acompanhamento” sem correspondência financeira. Evidencia-
se assim mais uma demonstração da inação da SMS de Uberlândia/MG no que concerne a
criação de mecanismos de estímulo à permanência dos profissionais nas equipes de Saúde da
Família.

Portanto, o padrão utilizado na construção da descrição, definição e especificação dos serviços


e das metas e indicadores de avaliação nos anexos do Contrato de Gestão nº 250/2014
demonstram a tendência de encaminhar a prestação dos serviços ao modelo de atendimento
assistencialista tradicional – que prioriza ações de recuperação da saúde , como consultas
médicas e atendimentos individuais – em detrimento de ações de prevenção, promoção e
proteção à saúde, estas mais acordadas com as diretrizes e objetivos da Estratégia de Saúde
da Família estabelecidas na PNAB e do paradigma de Atenção Primária à Saúde preconizado
pelo Ministério da Saúde.

CONCLUSÃO

A constitucionalidade da transferência da gestão administrativa de unidades de saúde a


organizações sociais, adotado pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG e
consubstanciado na Lei n° 9.637/98, está reafirmada pela Ação Direta de
Inconstitucionalidade (ADIn) STF nº 1923 e pelo Tribunal de Contas da União (Acórdão nº
2.057/2016 – Plenário), não cabendo, portanto, contestações ao modelo adotado no Contrato
de Gestão nº 250/2014.

Entretanto, as inconsistências apontadas no Contrato de Gestão – indeterminação na


quantificação dos integrantes das equipes de Saúde da Família, critérios incipientes de seleção,
contratação e fixação de profissionais e carência de metas/indicadores específicos para a
Estratégia de Saúde da Família – demonstram a incongruência do modelo contratual adotado
pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG com a formatação, o dimensionamento
e a avaliação dos serviços prestados no âmbito da Estratégia de Saúde da Família.

Essas inconsistências apontadas no Contrato de Gestão nº 250/2014 tornam o instrumento


ineficiente para garantir a correta operacionalização da Estratégia de Saúde da Família,
implicando na necessidade de mudanças para adequação às diretrizes e objetivos estabelecidos
para a atenção primária à saúde pelo Ministério da Saúde.

Nesse contexto, a aplicabilidade do modelo de transferência de gestão para organizações


sociais à Estratégia de Saúde da Família deve ser reavaliada pelo Município de
Uberlândia/MG, mediante o desenvolvimento de estudo prévio detalhado que fundamente que

195 de 302
a transferência do gerenciamento das equipes de Saúde da Família a organizações sociais é a
melhor opção em termos econômicos e técnicos, além da construção de um instrumento
contratual adequado e adaptado às especificidades estabelecidas nas diretrizes e objetivos da
Estratégia de Saúde da Família.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou


a seguinte manifestação:

“O Contrato nº 250/2014, juntamente com seus anexos, estabelecem as regras a serem


seguidas por ambas as partes, Missão Sal da Terra e Prefeitura de Uberlândia- Secretaria
Municipal de Saúde, para o cumprimento do objeto contratado, assegurando à população a
prestação do serviço de saúde de forma adequada.

O estabelecimento de metas, obrigações e o dimensionamento de profissionais no contrato


referido, não conflitam com quaisquer dispositivos legais específicos sobre a prestação destes
serviços de saúde, sendo justamente ao contrário, asseguram o bom desempenho da entidade
e do Município.

Independente de ter expressamente previstos todos os dispositivos legais que regem a


prestação dos serviços de saúde, o cumprimento destes é inerente a esta atividade, como
manter a equipe mínima de uma unidade de saúde.

Acerca deste tema, no Anexo III do Contrato de Gestão nº 250/2014, foi determinado um
dimensionamento para composição da equipe mínima de Saúde da Família, posicionamento
que foi reforçado e melhorado no Décimo Terceiro Aditivo, Anexo III – Plano de Prestação
de Serviços, que dispõe:

“6.5. Atividades das equipes de Saúde da Família


A CONTRATADA deverá realizar mensalmente um número de atividades CONTRATADAS
referentes às 21 equipes sob a sua gerência. Os parâmetros a seguir correspondem a 01 equipe
de saúde da família e foram baseados nas atividades previstas na Planilha de Programação.

EQUIPES DE SAÚDE DA FAMÍIA


Nº DE PRODUÇÃO
ATENDIMENTO
PROFISSIONAL MENSAL
Atividades por Profissionais de Nível Superior
Consultas Médicas 432
Atenção Domiciliar 01 Médico 12
Atividade Coletiva 01
Consulta e Acolhimento de Enfermagem 256
Atenção Domiciliar 01 Enfermeiro 12
Atividade Coletiva 01
Tratamentos completados 60
Primeira Consulta Programática 01 Cirurgião Dentista 60
Atenção Domiciliar 04
Atividade Coletiva 01
Atividades por Profissional de Nível Fundamental
Visita domiciliar (*) 1.560

196 de 302
06 Agentes
Atividade Coletiva 30
Comunitários de Saúde
Atividades por equipe de Saúde da Família
Teleconsultoria no site do HC/UFMG Equipe 02
(*) 260 por ACS.

Ainda com referência às equipes mínimas de saúde da família, consta no Contrato de Gestão
item 3.2.59 e em seu Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência, como obrigação da
Contratada seguir o Plano Diretor de Atenção Primária a Saúde em atenção a Portaria 648
de 28 de março de 2006, e ainda desenvolver o estabelecido do PMAQ do Ministério da
Saúde.

O Plano Diretor da Atenção Primária à Saúde se caracteriza como um esforço conjunto de


profissionais, gestores e cidadãos no fortalecimento da Atenção Primária, através do
planejamento, organização, operacionalização e monitoramento de ações que visem
resultados concretos na melhoria dos indicadores de saúde, na qualidade e na resolubilidade
da assistência à saúde.

Tais dispositivos estabelecem diversas diretrizes da Atenção Básica, tais como: a


territorialização, o cadastramento das famílias, o levantamento dos problemas das famílias,
a classificação familiar por grau de risco, a estratificação das condições crônicas.

Quanto à alegação de não constar do Contrato de Gestão a necessidade dos Agentes de Saúde
Comunitários residirem na área da comunidade em que atuarem, não há necessidade de
constar no instrumento contratual expressamente a Lei nº 11.350/2006, art. 6º, inc. I., para
que haja a obrigação de cumprimento deste dispositivo, tanto é que este requisito consta em
todos os processos seletivos da Contratada como requisito mínimo para contratação dos
agentes de saúde (Anexos III e IV), pela seguinte redação: “Ensino Fundamental Completo e
comprovar residência nas intermediações da Unidade Setor Sul desde a publicação do
Edital.”

Outro ponto levantado é a inexistência de definição clara e objetiva dos quantitativos mínimos
de profissionais para manutenção das escalas de atendimento em regime de plantão por
especialidade médica e de diversos outros profissionais para atuação nas UAIs, o que não
procede, pois no Edital em seu Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência e no Contrato
de Gestão, também no Anexo I – Projeto Básico – Termo de Referência, ambos nos itens
3.5.1.3 – Uai São Jorge e 3.5.2.3 – Uai Pampulha, há todas as especificações de pessoal
necessário para as escalas do pronto atendimento por especialidade, vejamos:

UAI SÃO JORGE


“3.5.1.3. No Pronto Atendimento
O atendimento de Urgência e Emergência ao usuário deverá funcionar segundo protocolo de
Acolhimento com Classificação de Risco - Protocolo de Manchester, nas áreas de Clínica Médica,
Traumato/Ortopedia e Pediatria.
É de competência da Unidade resolver os casos de baixa e média gravidade e os casos de maior
gravidade ser encaminhado ao Pronto Socorro do HC/UFU, HMMDOLC ou outro hospital de
referência, conforme determinação da Central de Regulação de Urgência e Emergência,
utilizando o SUS Fácil, cujo intuito é regular o acesso aos serviços hospitalares de média e alta
complexidade, de urgência e emergência e eletivos credenciados ao SUS.
As gerências deverão garantir a manutenção das escalas de plantão do pronto atendimento
completas adequando-se a demanda durante todos os dias da semana.
➢ Escala física – Manhã – Clínica Médica: 04 médicos (sendo responsáveis pela Sala
de Emergência e Enfermaria).

197 de 302
➢ Escala física – Tarde – Clínica Médica: 03 médicos (sendo responsáveis pela Sala de
Emergência e Enfermaria).
➢ Escala física – Noite – Clínica Médica: 02 médicos (sendo responsáveis pela Sala de
Emergência e Enfermaria).
➢ Escala física – Dia: 02 médicos na Traumato/Ortopedia e 02 médicos na Pediatria".

UAI PAMPULHA
“3.5.2.3. No Pronto Atendimento
O atendimento de Urgência e Emergência ao usuário deverá funcionar segundo protocolo de
Acolhimento com Classificação de Risco - Protocolo de Manchester nas áreas de Clínica Médica,
Traumato/Ortopedia e Pediatria.
É de competência da Unidade resolver os casos de baixa e média gravidade e os casos de maior
gravidade ser encaminhado ao Pronto Socorro do HC/UFU. HMMDOLCe/ou outro hospital de
referência, conforme determinação da Central de Regulação de Urgência e Emergência,
utilizando o SUSFácil, que é um software de Regulação Assistencial cujo intuito é regular o acesso
aos serviços hospitalares e ambulatoriais de média e alta complexidade, de urgência e emergência
e eletivos credenciados ao SUS.
As gerências deverão garantir a manutenção das escalas de plantão do pronto atendimento
completas adequando-se a demanda durante todos os dias da semana:
➢ Escala física/manhã - Clínica Médica: 04 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria). Deverá ser mantido 01 (um) médico
horizontal para a Enfermaria de Clínica Médica.
➢ Escala física/tarde - Clínica Médica: 03 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria),
➢ Escala física/noite - Clínica Médica: 02 médicos na Clínica Médica (sendo
responsáveis pela Sala de Emergência e Enfermaria) e médico cobertura das 19:00 às
23:00h.
➢ Escala física/dia: 02 médicos na Traumato/Ortopedia e 02 médicos na Pediatria;
➢ Escala física/noite: Na Pediatria eTraumato/Ortopedia, 02 médicos por clínica,
atendendo também aos pacientes referenciados da UAI São Jorge após as 19h".

Para a execução dos demais serviços que foram exigidas horas de trabalho, o número de
profissionais a cumprir a carga horária determinada não limita a prestação do serviço
podendo este quantitativo ser estabelecido pela Contratada sem prejuízos ao atendimento à
população e desde que respeitada a legislação vigente acerca do serviço prestado e os
direitos trabalhistas do colaborador.

Acerca do não estabelecimento de metas para visitas domiciliares e atividades de grupo para
os médicos e odontólogos, bem como atuação multidisciplinar, informamos que pelo Nono
Termo Aditivo foi inserido no Anexo III – Plano de Prestação de Serviços, Item II – Equipes
de Saúde da Família e Núcleo de Apoio à Saúde, 2- Efetividade, Quadro com a relação de
atendimentos onde contempla atividades como a visita domiciliar e atendimento de grupo
(atividades coletivas) para os médicos e cirurgiões dentistas.

Ressaltamos que nas unidades contempladas neste contrato há atividades multidisciplinares


constantes como os Grupos de Diabéticos, Tabagismo, Hipertensos, Gestantes, Atenção
Continuada e Promoção de Auto Cuidado que contam com a participação de profissionais
médicos de diversas especialidades como endocrinologista, ginecologista e cardiologista,
bem como de profissionais da Nutrição, Educação Física, Psicólogos, etc.”
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Análise do Controle Interno

O Gestor Municipal discordou dos apontamentos em relação a inaplicabilidade do modelo de


contratação atual para a operacionalização da Estratégia de Saúde da Família, afirmando que

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“o estabelecimento de metas, obrigações e o dimensionamento de profissionais no contrato
referido, não conflitam com quaisquer dispositivos legais específicos sobre a prestação destes
serviços de saúde”.

Sobre os recursos humanos necessários à prestação dos serviços, o Gestor entende que o
Anexo III do Contrato de Gestão nº 250/2014 teria as determinações suficientes para
dimensionamento das equipes de Saúde da Família. Porém, afirma em seguida que tal
posicionamento “foi reforçado e melhorado no Décimo Terceiro Aditivo, Anexo III – Plano
de Prestação de Serviços”.

De fato, as alterações promovidas no 13º Aditivo, firmado em setembro de 2017, foram


positivas em relação a questão da utilização de metas e indicadores específicos para a Saúde
da Família, principalmente pelo acréscimo de metas de produção relativas a atividades
coletivas e de atenção domiciliar para o médico, o enfermeiro e o cirurgião dentista. Por outro
lado, as atividades relativas às ações do técnico de enfermagem, do técnico de higiene bucal
e do auxiliar de saúde bucal não constam no novo quadro, bem como foram suprimidas as
ações dos psicólogos e dos profissionais de serviço social.

Especificamente em relação ao dimensionamento das equipes de ESF, porém, o 13º Aditivo


pouco contribuiu para dirimir as falhas relatadas porque não trouxe dispositivos que
contribuíssem para a determinação clara e inequívoca do quantitativo e dos critérios para a
composição das equipes, bem como não considerou critérios populacionais e/ou históricos de
atendimento para definição de número de profissionais (principalmente ACS) por equipe.

Sobre a contratação dos agentes comunitários de saúde, o Gestor Municipal comprovou a


inserção da obrigação prevista na Lei nº 11.350/2006, art. 6º, inc. I., nos processos seletivos
conduzidos pela Missão Sal da Terra. Entretanto, permanece a impropriedade relativa a não
inserção no Contrato de Gestão das condicionalidades expressas na Lei nº 11.350/2006 para
a contratação dos ACS. É interessante registrar que essa lei regulamenta as atividades de
Agente Comunitário de Saúde e de Agente de Combate às Endemias, delimitando a atuação
desses profissionais no âmbito do SUS e exigindo “vínculo direto” com Administração
Pública.

Cumpre registrar ainda que a existência de uma norma regulamentadora sobre determinado
assunto, não necessariamente exime o registro no termo contratual. Em que pese o gestor usar
de forma recorrente esta alegação para justificar omissões no modelo de Contrato de Gestão
adotado pelo Município, a Lei nº 9.637/1998, art. 6º, é clara ao delimitar que “o contrato de
gestão (...) discriminará as atribuições, responsabilidades e obrigações do Poder Público e
da organização social”. Assim, o termo contratual deve necessariamente relacionar todas as
“atribuições, responsabilidades e obrigações” da SMS e da Missão Sal da Terra relacionadas
a execução dos serviços objeto do Contrato de Gestão nº 250/2014, mesmo que haja previsão
expressa em leis ou outros normativos da Administração Pública.

Por todo o exposto, mantém-se a contestação da aplicabilidade do modelo atual de


transferência de gestão às organizações sociais adotado pelo Município de Uberlândia/MG
para operacionalização da Estratégia de Saúde da Família.

Registra-se, por fim, que a justificativa apresentada na manifestação para a “inexistência de


definição clara e objetiva dos quantitativos mínimos de profissionais para manutenção das
escalas de atendimento em regime de plantão por especialidade médica e de diversos outros

199 de 302
profissionais para atuação nas UAI” não foi considerada para análise porque essa constatação
trata exclusivamente da aplicabilidade do Contrato de Gestão nº 250/2014 para a prestação
dos serviços da Estratégia de Saúde da Família.
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2.1.5. Gestor Municipal do SUS não designou formalmente a "Comissão de


Acompanhamento e Avaliação" para os Contratos de Gestão nº 250/2014 e nº 366/2017.

Fato

A Lei nº 9.637/1998, art. 8º, estabelece que “a execução do contrato de gestão celebrado por
organização social será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação
correspondente à atividade fomentada”. Especifica ainda que “os resultados atingidos com
a execução do contrato de gestão devem ser analisados, periodicamente, por comissão de
avaliação, indicada pela autoridade supervisora da área correspondente, composta por
especialistas de notória capacidade e adequada qualificação” (art. 8º, § 2º).

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Uberlândia/MG, no processo de elaboração e


formalização do Contrato de Gestão nº 366/2017, firmado com a Associação Paulista para o
Desenvolvimento da Medicina (SPDM) em 20 de dezembro de 2017, previu, como principal
elemento do acompanhamento e de avaliação da parceria, a “Comissão de Acompanhamento
e Avaliação do Contrato de Gestão”, conforme consta na Cláusula Quinta do próprio
instrumento.

De forma semelhante, no Contrato de Gestão nº 250/2014, firmado com a Missão Sal da Terra
em 18 de junho de 2014, também constou previsão de constituição de “Comissão de
Acompanhamento e Avaliação do Contrato de Gestão” por meio de ato do Secretário
Municipal de Saúde, a qual caberia a “verificação do desenvolvimento das atividades e
retorno obtido pela organização social de saúde com a aplicação dos recursos sob sua
gestão”.

Não obstante as previsões contratuais estabelecidas no instrumento de formalização do


vínculo e a obrigatoriedade prevista na Lei nº 9.637/1998, a SMS não designou formalmente
a “Comissão de Acompanhamento e Avaliação do Contrato de Gestão” para os Contratos de
Gestão firmados com a SPDM e com a Missão Sal da Terra. O gestor municipal do SUS, CPF
***.744.696-**, confirmou não haverem comissões nomeadas, conforme documentos
reproduzidos a seguir.

200 de 302
Imagem – Reprodução de parte de Termo de Imagem – Reprodução de parte de Termo de
Informação, datado de 9 de março de 2018, Informação, datado de 9 de março de 2018,
referente ao Contrato de Gestão nº 366/2017. referente ao Contrato de Gestão nº 250/2014.

A SMS, porém, confirmou a realização do acompanhamento dos contratos em tela por meio
dos “Relatórios de Avaliação” elaborados e apurados mensalmente pelo Núcleo de Avaliação
de Contrato de Gestão, que integra a estrutura da Secretaria de Saúde de Uberlândia/MG.

Os Relatórios de Avaliação, assinados pela Coordenadora do Núcleo de Avaliação de Contrato


de Gestão, CPF ***.591.556-**, avaliam os dados e informações relativos a execução dos
Contratos, pontuando os indicadores estabelecidos para apuração da nota final e consequente
determinação do valor da parcela variável a ser transferido para a organização social.

O quadro seguinte demonstra as notas finais apuradas pelo Núcleo de Avaliação de Contrato
de Gestão e os respectivos percentuais da parcela variável recebidas pelas organizações sociais
SPDM e Missão Sal da Terra, sendo que para esta última eram gerados três relatórios de
avaliação correspondentes à UAI Pampulha, à Uai São Jorge e às Equipes de Saúde da Família
do Setor Sul.

Quadro – Pontuações obtidas pelas Organizações Sociais


Contrato de Contrato de Gestão nº 250/2014
Gestão 366/2017 UAI Pampulha UAI São Jorge ESF
Mês
Nota Parcela Nota Parcela Nota Parcela Nota Parcela
Final Paga Final Paga Final Paga Final Paga
Janeiro 86,2 100% 85,0 100% 93,7 100% 81,0 80%
Fevereiro 92,3 100% 86,9 100% 90,0 100% 90,8 100%
Março 98,7 100% 85,1 100% 90,1 100% 86,3 100%
Abril 94,3 100% 87,5 100% 90,7 100% 85,4 100%
Maio 93,7 100% 89,1 100% 90,2 100% 87,7 100%
Junho 93,0 100% 79,4 80% 87,7 100% 92,1 100%
Julho 88,0 100% 83,6 80% 91,7 100% 91,9 100%
Agosto 87,9 100% 80,5 80% 87,1 100% 90,6 100%
Setembro 93,0 100% 73,5 80% 93,1 100% 87,9 100%
Outubro 88,9 100% 90,8 100% 92,5 100% 85,6 100%
Novembro 85,7 100% 86,0 100% 85,3 100% 90,0 100%
Dezembro 86,2 100% 85,1 100% 89,4 100% 88,8 100%
Fonte: Relatórios de Avaliação referentes aos Contratos de Gestão emitidos pela SMS de Uberlândia/MG.

Apesar de comprovar o acompanhamento da execução contratual por intermédio dos


relatórios de avaliação de metas e indicadores mensais, a SMS descumpriu exigência

201 de 302
estabelecida na Lei nº 9.637/1998, art. 8º, parágrafo 2º, de promover a avaliação periódica dos
resultados obtidos com os Contratos de Gestão por “especialistas de notória capacidade e
adequada qualificação”.

O processo de acompanhamento e avaliação dos Contratos de Gestão é prejudicado ainda pela


inexistência de previsão contratual sobre a forma e periodicidade de atuação ativa dos
Conselhos de Saúde na fiscalização dos serviços prestados pelas organizações sociais. Em que
pese as indiscutíveis legitimidade e autonomia dos Conselhos de Saúde para a fiscalização
dos contratos de gestão firmados com Organizações Sociais, é imprescindível que os
instrumentos de formalização carreguem normativos específicos prevendo e regulamentando
a forma de participação ativa da sociedade no contrato, por meio do Conselho Municipal de
Saúde do Município.

O Tribunal de Contas da União (TCU) ratifica a importância do controle social no Acórdão


TCU nº 2057/2016 – Plenário, firmando entendimento no sentido de que “os Conselhos de
Saúde devem participar das decisões relativas à terceirização dos serviços de saúde e da
fiscalização da prestação de contas das organizações sociais, a teor do disposto no art. 1º,
parágrafo 2º, da lei Federal 8,142/1990”.

Ressalta-se, por fim, que este modelo adotado pelo Município de Uberlândia/MG, no qual a
Administração Pública abandona o papel de principal executora, transferindo o gerenciamento
das unidades públicas de saúde para entidades privadas para se concentrar nas funções de
planejamento, regulação, controle e avaliação da política pública de saúde, tem como maior
fragilidade o processo de acompanhamento da atuação da Organização Social executora: caso
o ente público não esteja devidamente preparado para supervisionar a execução dos contratos
de gestão, há graves riscos de que a população sujeite-se a uma piora na qualidade dos
serviços, bem como abre possibilidade para que recursos públicos sejam desviados e/ou
desperdiçados.
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou


a seguinte manifestação:

“Consideramos que o Município possui uma legislação datada da década de 90 que necessita
de adequações com relação às alterações que foram realizadas ao longo desses anos.

Entendemos a importância da nomeação das comissões, bem como suas atribuições, para que
possamos acompanhar a execução contratual e já providenciamos os trâmites legais para
publicação das mesmas.

O Conselho Municipal de Saúde de Uberlândia – CMSU organiza-se por meio de comissões


temáticas que representam o controle social no processo de acompanhamento e fiscalização
dos Contratos de Gestão. Assim em reunião realizada no dia 28/09/2016, conforme página 9
da Ata em anexo (Anexo V) foi definido membros do conselho que irão acompanhar os
contratos com a SPDM e MSDT.

As reuniões de acompanhamento acontecem mensalmente conforme cronograma anexo


(Anexo VI), que foi encaminhado ao CMSU, e realizamos a convocação por meio de email na

202 de 302
semana da reunião (Anexos VII e VIII). Em anexo, apresentamos a ata de reunião com a
participação de membros do CMSU (Anexos IX e X).

O Município entende e concorda com o importante papel de fiscalização e avaliação


permanente dos Contratos de Gestão e hoje tem como Visão: Tornar-se modelo de gestão em
saúde, considerando um modelo de excelência e comprometido com o cidadão.

Por fim, vale destacar que a ausência de norma nomeando a Comissão, não prejudicou a
avaliação sistemática dos contratos por meio do relatório de avaliação emitido pelo Núcleo
de Avaliação de Contrato de Gestão, conforme conclui o relatório de inspeção da CGU.
Entendemos que o Núcleo de Avaliação (criado por Lei na estrutura da Secretaria) hoje é
composto por especialistas na área de saúde pública, cada um na sua área de formação, com
experiência suficiente para emprestar eficácia ao citado relatório de avaliação.”
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Análise do Controle Interno

O Gestor Municipal, em sua manifestação, informou que está providenciando a nomeação das
comissões de acompanhamento dos Contratos de Gestão n.º 250/2014 e nº 366/2017,
confirmando os apontamentos realizados nessa constatação.

Sobre a atuação do Conselho Municipal de Saúde no acompanhamento dos Contratos de


Gestão, cumpre esclarecer que não se confunde com a comissão de acompanhamento, sendo
duas instituições independentes, ambas com plenos poderes para controle e acompanhamento
dos contratos firmados com as organizações sociais.

Permanece, assim, a constatação sobre a inexistência de comissão de acompanhamento nos


moldes exigidos pelo art. 8º da Lei nº 9.637/1998, bem como a sugestão de inclusão de
dispositivos de legitimação da atuação fiscalizatória plena do Conselho Municipal de Saúde.
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2.1.6. Insuficiência das ações de transparência implementadas pela Prefeitura de


Uberlândia/MG no que tange aos contratos de gestão firmados com organizações sociais.

Fato

O acompanhamento e controle social sobre a atuação das organizações sociais no Município


de Uberlândia/MG é fortemente prejudicada pelo baixo grau de transparência da execução dos
Contratos de Gestão mantidos com tais entidades.

O uso de ferramentas que possibilitariam a transparência nos Contratos de Gestão nº 366/2017


e nº 250/2014, por exemplo, são escassos ou mesmos nulos, impossibilitando a real
participação e controle social em função de não haver divulgação, em meios eletrônicos de
acesso público, da íntegra dos instrumentos contratuais, dos relatórios mensais de avaliação
emitidos pela Secretaria Municipal de Saúde, de relatórios gerenciais e de execução financeira
emitidos pelas entidades contratadas, da documentação relativa à prestação de contas dos
Contratos e/ou dos valores financeiros envolvidos na parceria.

Tais informações e dados não estão divulgados para acesso da população nos sítios eletrônicos
da Prefeitura Municipal de Uberlândia/MG e/ou das organizações sociais prestadoras de

203 de 302
serviço, como a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e a Missão
Sal da Terra.

A Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº 101/2000), após alterações


promovidas pela Lei da Transparência (Lei Complementar nº 131/2009) e pela Lei
Complementar nº 156/2016, estabelece normas gerais de transparência para a gestão fiscal,
ressaltando a necessidade de ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso
público, dos instrumentos de transparência, conforme excertos seguintes:

“Art. 48. (...)


§ 1º A transparência será assegurada também mediante:
I – (...);
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo
real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária e
financeira, em meios eletrônicos de acesso público;
(...)
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disponibilizarão suas
informações e dados contábeis, orçamentários e fiscais conforme periodicidade,
formato e sistema estabelecidos pelo órgão central de contabilidade da União, os
quais deverão ser divulgados em meio eletrônico de amplo acesso público.
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48,
os entes da Federação disponibilizarão a qualquer pessoa física ou jurídica o
acesso a informações referentes a:
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no
decorrer da execução da despesa, no momento de sua realização, com a
disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente
processo, ao bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica
beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao procedimento licitatório
realizado; (...).

Com maior detalhamento, a Lei nº 12.527/2011, denominada “Lei de Acesso à Informação”,


reafirma ao cidadão brasileiro o acesso às informações públicas sob guarda do Estado,
ampliando a participação popular e facilitando o controle social das ações governamentais.
Esta Lei estabelece o acesso à informação como regra, nos seguintes termos:

“Art. 3º. Os procedimentos previstos nesta Lei destinam-se a assegurar o direito


fundamental de acesso à informação e devem ser executados em conformidade
com os princípios básicos da administração pública e com as seguintes diretrizes:
I - observância da publicidade como preceito geral e do sigilo como exceção;
II - divulgação de informações de interesse público, independentemente de
solicitações;
III - utilização de meios de comunicação viabilizados pela tecnologia da
informação;
IV - fomento ao desenvolvimento da cultura de transparência na administração
pública;
V - desenvolvimento do controle social da administração pública”.

Neste mesmo sentido, a Lei nº 9.637/1998, art. 7º, determina que “na elaboração do contrato
de gestão, devem ser observados os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade, economicidade (...)”. Este dispositivo, inclusive, é replicado, integralmente, na

204 de 302
Lei Municipal nº 7.579/2000, a qual dispõe sobre a qualificação de organizações sociais no
Município de Uberlândia/MG.

Os instrumentos contratuais contêm normas relativas à transparência, mas ainda de caráter


incipiente e de pouca objetividade. Exemplos dos dispositivos citados, retirados das
obrigações atribuídas a entidade contratada (SPDM) no Contrato de Gestão nº 366/2017, são
reproduzidos a seguir:

“3.1.45) Garantir transparência do processo de gestão administrativa-


financeira, com abertura de planilhas financeiras e de custos para
acompanhamento das partes;
3.1.46) Alimentar regularmente os sistemas de informação vigentes no SUS ou
novos que venham a ser implementados em substituição ou complementariedade
aos atuais; (...)
3.1.64) Afixar em lugar visível de acesso e circulação, sua condição de entidade
qualificada como Organização Social de Saúde a serviço do SUS e da
SMS/Uberlândia e da gratuidade dos serviços prestados nessa condição;
3.1.65) Afixar um painel com atualizações diárias dos profissionais que estão de
plantão no hospital e suas respectivas especialidades”.

Agrava a deficiência dos instrumentos contratuais, a inserção de dispositivo, neste mesmo


Contrato de Gestão nº 366/2017, que vai de encontro ao princípio da transparência e a seu
postulado de ter o acesso à informação pública como regra, o qual impõe a contratada a
divulgação de informações sobre a prestação dos serviços apenas após a autorização da
contratada. Tal dispositivo, reproduzido a seguir, em nada contribui ao processo de
transparência do Contrato de Gestão, contribuindo, ao contrário, como um precedente para a
negativa de acesso a informações públicas e ao cerceamento da atuação do controle social.

“3.1.57) Divulgar informações acerca da prestação dos serviços objeto deste


Contrato somente se houver expressa autorização da SMS/PMU”.

Portanto, considerando todos os normativos citados, é incontestável a legitimidade da opção


pela transferência do gerenciamento de unidades de saúde a organizações sociais por
intermédio de Contrato de Gestão, porém, não exime a parceria do atendimento aos princípios
da Administração Pública esculpidos no art. 37 da Constituição, mais notadamente o princípio
da publicidade e sua ideia de transparência.

Neste contexto, a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG e as organizações sociais


contratadas não implementaram ações de transparência suficientes para garantir a
disponibilização do mínimo acesso à informação à sociedade, sendo, portanto, insuficientes
os instrumentos de transparência ativa na parceria formalizada nos Contratos de Gestão nº
366/2017 e nº 250/2014.

Os instrumentos e as partes envolvidas na contratação devem, necessariamente, promover a


transparência no sentido de fortalecer a atuação do Controle Social por meio da criação de
instrumentos permissivos de acesso fácil e rápido à regulamentação e às informações, e dados
sobre o gasto público.
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Manifestação da Unidade Examinada

205 de 302
Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24 de agosto de 2018, o gestor apresentou
a seguinte manifestação:

“No site da Prefeitura Municipal de Uberlândia, endereço eletrônico


http://www.uberlandia.mg.gov.br, no menu “Transparência”, ícone “Licitações”, há aba
específica para visualização de dados do contrato de gestão nº 250/2014 com a entidade
Missão Sal da Terra.

Seguindo o caminho citado, o cidadão visualiza as informações diretamente no portal da


entidade, mediante consulta no menu “Transparência”, ícones, “Missão Sal da Terra”, e em
seguida “Contratos”.

Embora as informações estejam disponíveis no portal da própria entidade, nota-se que o


acesso está diretamente disponibilizado na página de transparência do Município, o que
garante a visualização de forma integrada, a despeito, por certo, dos avanços que se impõem,
conforme veremos adiante.

No tocante ao Contrato de Gestão nº 366/2017 com a entidade SPDM Associação Paulista


para o Desenvolvimento da Medicina, as informações gerais da contratação podem ser
visualizadas mediante consulta no site da Prefeitura Municipal de Uberlândia, endereço
eletrônico http://www.uberlandia.mg.gov.br, no menu “Transparência”, ícone “Licitações”,
aba “acesse aqui os valores licitados – dispensa/inexigibilidade”, utilizando-se os
parâmetros ali disponíveis.

A Administração Municipal tem envidado esforços para modernização da transparência


pública municipal e para o fomento ao controle social, para assegurar informações
tempestivas, confiáveis e de fácil acesso, mediante navegação simples.

O desafio é grande, a Prefeitura tem implementado melhorias permanentes no portal da


Transparência, mas ainda são necessários avanços. Para tanto, a presente Gestão Municipal,
no planejamento orçamentário, dedicou alocação de recursos voltados à consecução da
reformulação do Portal da Prefeitura Municipal de Uberlândia.

Não obstante o exposto, independentemente das ações para ampla reestruturação do portal
de transparência; diante da conclusão apontada no relatório da CGU de necessidade de
melhoria do grau de transparência da execução dos contratos de gestão mantidos com
referidas entidades, a Administração informa que adotará medidas específicas e imediatas
para garantir a disponibilização do necessário acesso à informação à sociedade,
implementando os correspondentes instrumentos de transparência ativa em relação aos
Contratos de Gestão nº 366/2017 e nº 250/2014.

Por fim, o relatório preliminar de auditoria aponta irregularidade quanto ao dispositivo


“3.1.57” do Contrato de Gestão nº 366/2017, que iria de encontro ao princípio da
transparência, por estabelecer a necessidade de prévia autorização da contratante para
divulgação de informações sobre prestação de serviços.

Entendemos que a leitura do dispositivo deve ser feita de forma compatibilizada com o regime
jurídico que norteia a relação contratual em tela, de modo que ele destinar-se-ia a
informações que por sua natureza comportassem reserva momentânea ou permanente e
sujeitas a avaliação da entidade estatal detentora do poder de fiscalização, mas não afetaria

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as informações que a entidade contratada estivesse obrigada a divulgar por determinação de
lei ou decorrente do direito de livre acesso nos termos dos princípios entabulados no art. 37
da Constituição da República e das normas de regência.

Desse modo, ressalvados esclarecimentos e/ou mesmo aditamento que possa ser efetivado
junto ao referido contrato de gestão, acaso necessário; certo é que aludido dispositivo não
impede que seja assegurada a devida transparência passiva e ativa por parte da entidade,
inclusive através de divulgação de informações conjuntas e em meios eletrônicos integrados.”
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Análise do Controle Interno

Os caminhos informados pela Secretaria Municipal de Saúde para o acesso às informações


relativas aos Contratos de Gestão nº 250/2014 e nº 366/2017 permitiram identificar as
seguintes situações:

• para a Missão Sal da Terra, foi possível acessar informações sobre procedimentos
licitatórios e processos seletivos conduzidos pela entidade no âmbito do Contrato de
Gestão nº 250/2014;
• para a Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), foi possível
acessar apenas os extratos dos procedimentos licitatórios de contratação da entidade
pela SMS.

Em que pese a importância dessas informações acessíveis ao cidadão, fato é que elementos
centrais da parceria firmada com as organizações sociais não estão disponibilizados nestes
caminhos citados pela SMS em sua manifestação, como, por exemplo, a íntegra dos contratos
e seus respectivos documentos descritivos, os demonstrativos de custos e os dados da
execução físico e financeira dos contratos

Tais omissões demonstram a necessidade de melhoria do grau de transparência sobre os


Contratos de Gestão firmados com as organizações sociais no Município de Uberlândia/MG.

Cumpre registrar que o Gestor Municipal demonstrou interesse na melhoria da transparência


dos atos municipais ao informar que “dedicou alocação de recursos voltados à consecução
da reformulação do Portal da Prefeitura Municipal de Uberlândia” e que “adotará medidas
específicas e imediatas para garantir a disponibilização do necessário acesso à informação
à sociedade, implementando os correspondentes instrumentos de transparência ativa em
relação aos Contratos de Gestão nº 366/2017 e nº 250/2014”.

Especificamente sobre a cláusula 3.1.57 do Contrato de Gestão nº 366/2017, a justificativa


apresentada pelo Gestor foi de que o dispositivo se aplicaria apenas às “informações que por
sua natureza comportassem reserva momentânea ou permanente e sujeitas a avaliação da
entidade estatal detentora do poder de fiscalização”.

Entretanto, o texto da cláusula tem caráter geral, sujeitando claramente a divulgação de


informações sobre a prestação dos serviços objeto do contrato à autorização da SMS, e não
impondo, em nenhum momento, o critério seletivo citado na manifestação do Gestor. Há
necessidade, portanto, de construir nova redação para este artigo, incluindo a condicionalidade
de aplicação da restrição apenas para os documentos que comportassem reserva momentânea
ou permanente.
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2.2 Parte 2

Nesta parte serão apresentadas as situações detectadas cuja competência primária para
adoção de medidas corretivas pertence ao executor do recurso federal.

Dessa forma, compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios repassadores de


recursos federais, bem como dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no âmbito de
suas competências, embora não exijam providências corretivas isoladas por parte das pastas
ministeriais. Este Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências
saneadoras relacionadas a estas constatações.

2.2.1. Dispensa irregular de licitação com simulação de cotação de preços para


aquisição de produtos de limpeza e de consumo e indícios de direcionamento para as
empresas fornecedoras.

Fato

No início de 2017, a Secretaria Municipal de Saúde – SMS de Uberlândia/MG requisitou, para


o setor de compras, a aquisição de diversos itens de materiais de limpeza e consumo para as
unidades de saúde do município. Foram realizadas cotações de preços com quatro empresas,
resultando na formalização de três dispensas de licitação, conforme quadro a seguir. Ressalta-
se que o valor de cada dispensa é o resultado da soma dos valores dos itens em que cada uma
das empresas obteve o menor preço. O quadro a seguir discrimina esses processos:

Quadro - Dispensas de Licitação


Nº do Data de Valor
Empresa Vencedora Objeto
Processo Abertura Empenhado R$
Copo descartável, rodo, pano
Comercial Mackey de prato, pano de limpeza de
051/2017 02/03/2017 74.119,50
Ltda. chão, sabão em pó.
Papel toalha, sabonete
líquido, bucha dupla face,
Comigo Comercial
053/2017 02/03/2017 papel higiênico, desinfetante 161.758,10
Minas Goiás Ltda.
hospitalar.
Alternativa Comercial
115/2017 09/03/2017 Sacos para lixo. 170.440,00
Ltda.
Fonte: Processos de Dispensa de Licitação 051, 053 e 115/2017.

As referidas dispensas tiveram como fundamento o caráter emergencial, pautadas pelo inciso
IV, art. 24, da Lei nº 8.666/93, que preconiza a dispensa de licitação nos casos de emergência
ou de calamidade pública, quando caracterizada urgência de atendimento de situação que
possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas. O gestor justificou a
realização das dispensas por emergência com base no art. 4º, § único do Decreto Municipal nº
16.927/2017, que estabeleceu estado de calamidade financeira de Uberlândia, bem como na
falta dos referidos materiais em estoque, situação advinda da gestão anterior. Ocorre que
nenhuma das justificativas apresentadas atendem aos normativos que regulam a matéria.

De acordo com o exposto pelo Ministro Bruno Dantas em seu voto no Acórdão TCU nº
2504/2016-Plenário, a mera existência de decreto municipal caracterizando a situação do
município como emergencial não é suficiente para enquadrar as contratações nos requisitos

208 de 302
da Lei 8.666/1993 para dispensa de licitação. A administração pública deve verificar se os
fatos que justificam a contratação extraordinária atendem, de forma incontestável, os
requisitos para a dispensa de licitação em caráter emergencial. Deverá existir uma urgência
concreta e efetiva, resultado do estado emergencial ou calamitoso, com riscos iminentes e
gravosos de danos à bens e/ou pessoas. No caso em tela, verifica-se que a falta de material
alegada pelo gestor foi gerada por planejamento inadequado e má gestão dos recursos. A
escassez e consequente necessidade de se adquirir os materiais das dispensas poderiam ter
sido verificadas no início da nova gestão, resultando em imediatas providências para
realização do devido certame licitatório. Prova que não havia riscos iminentes que resultariam
em riscos gravosos é que os pedidos de compra dos materiais foram realizados, pelos
competentes setores, em 12/01/2017, e a abertura dos processos de dispensas ocorreu somente
no início de março, conforme demonstrado no quadro anterior, sendo as primeiras notas fiscais
de aquisição dos produtos emitidas em 08/03/2017. Portanto, havia tempo hábil para
realização do devido procedimento licitatório e a aquisição por meio de dispensa de licitação
foi ilegal.

No que tange à realização dos processos de dispensa, foram efetivadas quatro cotações de
preços dos referidos materiais, com as seguintes empresas:

Quadro – Empresas que apresentaram preços


Empresas CNPJ Endereço
Rua Constelação nº 1604 B. Jd. Brasília
Comercial Mackey Ltda 05.911.311/0001-26
Uberlândia - MG
Av. Professora Minervina Cândida Oliveira
Alternativa Comercial Ltda 00.365.513/0001-04
nº 4950 B. Umuarama Uberlândia - MG
Comigo Comercial Minas Av. Belarmino Cotta Pacheco – 3023 Loja II
29.953.100/0001-63
Goiás Ltda B. Santa Mônica Uberlândia - MG
Midiapel Papelaria e Av. Segismundo Pereira – 2074 B. Santa
11.586.127/0001-50
Informática Ltda Mônica Uberlândia - MG
Fonte: Processos de Dispensa de Licitação 051, 053 e 115/2017.

Contudo, há indícios de que as cotações foram simuladas. A cotação da empresa Comigo


Comercial tem data de 11/01/2017, anterior ao pedido de compra dos materiais que foi no dia
12/01/2017. Outro fator agravante foi a cotação junto à empresa que não comercializa os
materiais objetos das dispensas. Dentre os diversos itens cotados constam produtos
alimentícios (pó de café e chá) e produtos de limpeza (desinfetante hospitalar, detergente,
sabão em pó, sabonete, etc.). A empresa Midiapel, que é uma empresa que comercializa
artigos de escritório, papelaria e materiais de informática, apresentou também cotação para os
produtos alimentícios e de limpeza citados. A empresa informou por e-mail, que por estarem
em dia com as certidões, a prefeitura pediu para que participassem da cotação, mesmo para os
produtos que não eram do ramo de atividade da empresa, conforme gravura a seguir:

209 de 302
E-mail enviado pela prefeitura requisitando a cotação de preços

E-mail encaminhado pela Midiapel em resposta ao questionamento da CGU

Destaca-se que a empresa Midiapel não foi vencedora em nenhum dos itens dos processos e
que as outras 3 empresas foram as fornecedoras dos itens cotados.

Esses fatos são indícios de que as cotações realizadas foram meramente formais, em
cumprimento às determinações legais, e não para serem utilizadas como uma fonte de
referência para os preços praticados no mercado, caracterizando, desta forma, uma simulação
de cotação e o direcionamento da contratação para as empresas que forneceram as cotações.

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#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“Inicialmente, cumpre esclarecer que o Decreto nº 16.927/2017 foi publicado seguindo duas
situações de extrema anormalidade verificadas no Município: uma concernente à calamidade
financeira municipal em razão do excesso de dívidas deixadas pela gestão anterior sem
correspondente disponibilidade financeira, outra referente ao estado crítico em relação à
necessidade de contratações emergenciais.

210 de 302
Adiante, o Decreto dedicou os três primeiros artigos ao estado de calamidade financeira, e o
artigo 4º ao estado crítico e emergencial.

No mencionado artigo 4º, como medida de transparência, e de efetivamente externar a


situação para a população, foram relacionadas situações identificadas segundo as quais o
Município estava desprovido de bens e serviços, e que, obedecido o art. 24, IV, da Lei
8.666/93, seriam celebrados contratos por dispensa de licitação para as hipóteses
necessárias a garantir que serviços públicos não sofressem solução de continuidade e não
afetassem as necessidades básicas da Administração.

Observa-se, portanto, que não se tratou de autorizar contratações emergenciais com mero
respaldo no decreto referido, pelo contrário, em ambos os casos no decreto municipal
enfatizou-se o dever de observar os requisitos legais correspondentes, em especial, em
nenhum momento cogitou-se contratações dessa natureza sem as devidas justificativas
abordando as circunstâncias fáticas caracterizadoras da situação excepcional.

Cabe ainda esclarecer que no bimestre final de 2016, a equipe de transição solicitou à Gestão
passada a prorrogação de diversos contratos que estavam em vigor, os quais eram
indispensáveis à prestação de serviços essenciais a serem oferecidos à população e à garantia
de funcionamento do Município de Uberlândia. Tratava-se de medida tendente a evitar
prejuízos aos trabalhos da nova gestão, principalmente nos 100 (cem) primeiros dias de
governo, e especialmente no que se referia ao atendimento às áreas de Saúde, Educação e
Desenvolvimento Social.

Porém, no andamento final dos trabalhos de transição, a despeito de todas as solicitações e


justificativas apresentadas pela equipe do Prefeito eleito, a Gestão anterior optou por não
aditar grande parte dos contratos, cujas prorrogações de prazos haviam sido solicitadas.

Assim, foi rompida prática costumeira na história do Município de Uberlândia, pautada no


respeito à coisa pública e nos princípios que norteiam a Administração Pública, segundo a
qual a gestão que está de saída promove o andamento de licitações, cuja homologação é
submetida à nova gestão, e realiza os aditamentos solicitados para quantidades e prazos
necessários ao andamento dos serviços municipais nos primeiros meses.

Com isso, no início de 2017 a Secretaria Municipal de Saúde requisitou para a Diretoria de
Compras a aquisição de diversos itens, como: medicamentos, materiais médicos hospitalares
e materiais de limpeza e consumo para às Unidades de Saúde Municipal.

A demora na condução das licitações da Secretaria Municipal de Saúde agravou-se ainda


mais, haja vista que na Gestão anterior as compras e contratações de serviços eram
realizadas pela FUNDASUS (criada pela Lei Complementar Municipal nº 558, de 05 de
março de 2013 - Anexo XVI), extinta a partir de janeiro de 2017 (extinta pela Lei
Complementar Municipal nº 616, de 11 de janeiro de 2017 - Anexo XVII), sobrecarregando
a Diretoria de Compras Municipal.

Para gerar um pedido de compra nesta Secretaria de Saúde é realizado da seguinte forma: i)
a Coordenação de Compras e Suprimentos recebe toda a demanda (pedido) da Rede
Municipal de Saúde necessária para manutenção de suas atividades; ii) verifica-se o estoque
disponível daquele determinado item para análise da necessidade de sua aquisição; iii)

211 de 302
verificada a necessidade, inicia-se a fase de cotação de preço no mercado para estimar a
Diretoria Financeira/SMS para emissão da requisição no sistema de compras. Isso justifica
a cotação realizada com a empresa Comigo Comercial em 11/01/2017 e o pedido ser datado
de 12/01/2017.

As cotações são realizadas com várias empresas para a formação do preço estimado da
compra. O banco de preços também é consultado para ampliar a pesquisa e aferir a realidade
dos preços de mercado. Cabe esclarecer que, nos casos de dispensa de licitação, a Requisição
de compra já é emitida com o menor valor cotado.

Conforme dito anteriormente, os orçamentos são realizados com diversas empresas, cabendo
a elas manifestarem sobre seus produtos comercializados, assim o simples envio de e-mail
solicitando orçamento de alguns produtos não vincula a obrigação da empresa de fornecer
tais orçamentos e nem mesmo a realização de contratação pela Administração Pública.

Referindo-nos ao email, através do qual se baseia o Auditor, a empresa Midiapel informa


claramente que à época não tinha preços competitivos para os produtos necessários à
Secretaria, porque não tinha parcerias com fornecedores, o que, definitivamente, não
invalida sua cotação para formação do preço.

O reflexo de tantas solicitações emergenciais das Secretarias (Saúde, Educação e


Desenvolvimento Social) à Diretoria de Compras provocou a impossibilidade dar celeridade
aos processos de licitações, mesmo as compras emergenciais, gerando atraso nas aquisições
dos materiais e contratações de serviços.”

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Análise do Controle Interno

Dois fatores essenciais que poderiam justificar a dispensa em caráter emergencial não foram
demonstrados pelos gestores na manifestação. O primeiro diz respeito aos possíveis riscos de
prejuízo e comprometimento de segurança das pessoas, conforme determinações do já citado
Acórdão TCU nº 2504/2016-Plenário. O segundo fator foi o tempo de aproximadamente dois
meses transcorridos entre a requisição dos materiais e a emissão de notas fiscais de
fornecimento dos produtos, o qual descaracteriza o caráter emergencial na aquisição dos
materiais em questão.

Com relação às cotações de preços, em que pese o secretário municipal de saúde discorrer
sobre a sistemática utilizada para se gerar um pedido de compra, nenhuma normatização do
processo de compras ou outro documento foi apresentado que comprovasse que a cotação não
foi realizada antes dos requerimentos dos materiais. Ressalta-se, ainda, que as cotações das
empresas Comercial Mackey e Midiapel Papelaria e Informática não foram datadas, e a data
da cotação da empresa Alternativa Comercial é a mesma do pedido de compra, 12/01/2017.

Quanto à cotação de gêneros alimentícios e produtos de limpeza junto à Midiapel, com uma
simples consulta (aberta ao público) ao Sistema Integrado de Informações sobre Operações
Interestaduais com Mercadorias e Serviços – SINTEGRA, a Secretaria de Saúde obteria
informações sobre a Classificação Nacional de Atividades Econômicas - CNAE concluindo
que a referida empresa não comercializa os produtos cotados, uma vez que ela possui como
CNAE Principal o “Comércio Atacadista de Artigos de Escritório e de Papelaria” e como

212 de 302
Secundário “Serviços de Acabamentos Gráficos, Exceto Encadernação e Plastificação”. No
próprio e-mail encaminhado a Midiapel informou que participou das licitações a pedido da
prefeitura, mesmo não sendo seu ramo de atividade.

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#

2.2.2. Empresas contratadas apresentam irregularidades que sugerem a simulação no


fornecimento de produtos alimentícios e de limpeza.

Fato

A Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG realizou as Dispensas de Licitação nº


051/2017, 053/2017 e 115/2017 para aquisição de produtos de limpeza e de consumo.
Conforme documentação que compõem os processos, os fornecimentos dos produtos foram
efetivados conforme quadro a seguir.

Quadro – Fornecimento de Produtos


Nº da
Nº da Total em
Dispensa Data da Data de
Empresa Nota Valor R$ R$ por
de Nota Fiscal Recebimento
Fiscal Empresa
Licitação
000.923 08/03/2017 09/03/2017 10.545,00
000.924 08/03/2017 09/03/2017 5.557,50
000.925 08/03/2017 22/03/2017 37.192,50
Comercial Mackey 000.926 22/03/2017 22/03/2017 3.780,00
051/2017 Ltda. 000.927 22/03/2017 22/03/2017 600,00 74.119,50
000.928 22/03/2017 22/03/2017 1.920,00
000.929 27/03/2017 27/03/2017 5.647,00
000.930 03/04/2017 07/04/2017 2.894,50
000.931 03/04/2017 07/04/2017 5.983,00
001.816 16/03/2017 17/03/2017 18.464,20
001.817 16/03/2017 17/03/2017 6.364,00
001.818 16/03/2017 17/03/2017 3.474,40
001.820 20/03/2017 20/03/2017 13.085,10
001.821 20/03/2017 20/03/2017 12.058,75
Comigo Comercial 001.824 29/03/2017 30/03/2017 54.466,30
053/2017 Minas Goiás Ltda. 001.825 29/03/2017 30/03/2017 20.616,40 161.758,10
001.826 29/03/2017 29/03/2017 6.129,20
001.829 10/04/2017 11/07/2017 7.486,50
001.830 10/04/2017 11/04/2017 12.694,50
001.831 10/04/2017 11/04/2017 3.989,25
001.832 10/04/2017 11/04/2017 2.929,50
002.160 01/04/2017 03/04/2017 1.513,00
002.161 01/04/2017 03/04/2017 9.078,00
002.162 17/04/2017 17/04/2017 22.339,00
002.196 20/04/2017 20/04/2017 1.450,00
002.197 20/04/2017 20/04/2017 7.612,50
002.209 27/04/2017 28/04/2017 3.366,00
Alternativa 002.210 27/04/2017 28/04/2017 709,50
115/2017 Comercial Ltda. 002.211 27/04/2017 28/04/2017 1.800,00 170.440,00
002.213 04/05/2017 09/05/2017 2.040,00
002.215 12/05/2017 12/05/2017 12.240,00
002.216 17/05/2017 17/05/2017 12.240,00
002.239 01/06/2017 01/06/2017 31.380,00
002.240 07/06/2017 08/06/2017 9.784,50
002.241 12/06/2017 12/06/2017 27.767,50

213 de 302
002.262 29/06/2017 29/06/2017 27.120,00
Fonte: Notas fiscais emitidas pelas empresas referentes às Dispensas de Licitação 051, 053 e 115/2017.

Um fato a ser destacado é que as empresas Comigo Comercial Minas Goiás e Comercial
Mackey emitiram notas sequenciais quase que na totalidade para a Prefeitura de Uberlândia
num período aproximado de um mês.

Ocorre, ainda, que as empresas Comercial Mackey e Alternativa Comercial apresentam


diversas situações que apontam para indícios de irregularidades no fornecimento dos
materiais.

Um dos sócios da Comercial Mackey, CPF nº ***480.306-**, era à época da contratação,


servidor, não efetivo, da Prefeitura de Uberlândia. A Lei nº 8.666/93 veda em seu artigo 9º,
inciso III, a participação, direta ou indiretamente, de servidor em licitação e fornecimento de
bens. O Tribunal de Contas da União – TCU por diversas vezes já manifestou nesse mesmo
sentido, como por exemplo nos Acórdãos nº 294/2007 e 934/2011, ambos Plenário.

Verificou-se, ainda, duas situações incomuns para empresas comerciais fornecedoras de


órgãos públicos. A primeira é que na Relação Anual de Informações Sociais - RAIS da
Comercial Mackey não há registro de empregados. A segunda é que a empresa possui diversos
ramos de atividades, de acordo com sua Classificação Nacional de Atividades Econômicas –
CNAE. A Mackey tem como CNAE principal o “comércio atacadista de produtos alimentícios
em geral” e mais 43 CNAE´s secundários onde cita-se como exemplo o comércio de artigos
médicos e ortopédicos, móveis e artigos de colchoaria, ferragens e ferramentas, aparelhos e
equipamentos para uso agropecuário, comércio varejista de animais vivos, dentre outros.

A outra empresa vencedora, a Alternativa Comercial Ltda., tem as mesmas características da


Mackey. Não possui funcionários registrados na RAIS e possui diversos ramos de atividades.
Tem como CNAE principal “fabricação de embalagens de material plástico” e mais 32
CNAE´s secundários que vai desde o comércio de calçados, peças e acessórios novos para
veículos automotores, material elétrico, comércio de livros, materiais de construção, comércio
de leites e laticínios, comércio atacadista de frutas, dentre outros.

A Diretoria de Gestão Fiscal/SUFIS da Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais –


SEF/MG, por meio do Ofício nº 117/2018/DGF/SUFIS, informou que:

“Em diligência ao estabelecimento do contribuinte Comercial Mackey constatou-se que no


endereço do cadastro do contribuinte, rua Constelação, 1604, Jardim Brasília, funciona a
Igreja Adventista do Sétimo Dia, portanto, o mesmo encontra-se desaparecido, em local
incerto e não sabido, motivo pelo qual, foi iniciado os procedimentos para cancelamento de
ofício da inscrição estadual e publicação de ato declaratório de falsidade ideológica dos
documentos emitidos.

No cadastro da SEF/MG, a data de início das atividades foi em 17/11/2003. A última


alteração cadastral é datada de 30/05/2008.

A última nota fiscal emitida pela Comercial Mackey é de 02 de maio de 2018, ou seja, o
contribuinte supostamente está operando em outro estabelecimento ou em outro endereço.

214 de 302
O contribuinte não possui contabilista cadastrado e embora tenha emissão regular de notas
fiscais, a última declaração enviada ao fisco (PGDAS) com movimento foi em outubro de
2015. A emissão de notas fiscais eletrônicas foi bloqueada pela SEF/MG.

Na análise das poucas notas fiscais eletrônicas de entradas no período de 01/2017 em


diante, verificou-se que não há entradas para o produto: Pano de Prato Atoalhado de boa
qualidade-Teka. Para os demais produtos existem as correspondentes entradas.”.

Em diligência ao estabelecimento do contribuinte Alternativa Comercial, no endereço de


cadastro, constatamos que a empresa não está mais no local, motivo pelo qual foi iniciado
os procedimentos para cancelamento de ofício da inscrição estadual por desaparecimento,
nos termos da alínea “b” do inciso II do artigo 108 do Decreto 43.080/2002. No mesmo
estabelecimento está inscrito outro contribuinte, com nome empresarial de Uberplastic
Industria de Embalagens EIRELI, IE: 003.137905.00-30, CNPJ: 29.775.093/0001-08, com
início de atividade em 26/02/2018 e atividade econômica de fabricação de embalagens de
material plástico.

Importante ressaltar que a atividade econômica do contribuinte Alternativa Comercial é


igual ao da empesa Uberplastic Indústria de Embalagens (fabricação de embalagens de
material plástico).

A última nota fiscal emitida pelo contribuinte Alternativa Comercial foi dia 14/12/2017. Não
foram encontradas notas fiscais eletrônicas de entradas no período de 01/2017 a 06/2017
referente às mercadorias citadas nas notas fiscais eletrônicas do quadro acima.”

A informação da SEF/MG de que não há entrada, nas empresas, das mercadorias constantes
nas Notas Fiscais emitidas e pagas pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, coloca
em dúvida o fornecimento dos produtos. Esse fato é reforçado pela inexistência de
funcionários nas empresas e a localização incerta das mesmas. Ressalta-se que esses produtos
são de consumo, o que impossibilitou a verificação física dos mesmos, pela equipe de
fiscalização.

As fotos a seguir correspondem aos endereços de funcionamento das empresas constantes no


cadastro CNPJ. Registra-se que não existe qualquer tipo de identificação das referidas
empresas nos locais.

215 de 302
Comercial Mackey: Avenida Constelação – 1604 Uberlândia-MG

Alternativa Comercial: Av. Prof. Minervina Cândida Oliveira-4950 Uberlândia-MG.

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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

216 de 302
“As compras emergenciais efetuadas àquela época foram de entrega imediata devido ao
desabastecimento da rede pública de saúde, tanto é verdade que os empenhos emitidos foram
todos ordinários. Isto significa que a entrega e o pagamento ocorreriam de uma só vez.

Com relação à suposta irregularidade frente à situação do sócio da empresa, cabe destacar
é que ele não possuía vínculo empregatício com a Administração Pública à época da
contratação da empresa Comercial Makey (Anexo XI).

Verifica-se tal fato pelo desligamento deste servidor em 02/01/2017 (Anexo XI) e a
contratação da empresa formalizada pela emissão da primeira Requisição de Compra datada
de 26/01/2017.

Quanto à suposta irregularidade documental acerca da inexistência de inscrição de


funcionários na RAIS, bem como diversos ramos no CNAE, esclarecemos que a
documentação de habilitação exigida pela Lei Federal nº 8.666/1993, não consta como
obrigação a apresentação de tais documentos. Em relação ao endereço, sua inscrição e
situação cadastral atual no CNPJ da empresa, consta o endereço na Av. Raulino Cotta
Pacheco, nº 1589, loja 48/49, Bairro Martins e o endereço atual na SEF é o mesmo.

Não resta dúvida quanto à idoneidade desta empresa na relação jurídica em tela, pois os
produtos solicitados foram devidamente entregues à Diretoria de Armazenagem e
Distribuição de Uberlândia.

A partir das informações da SEF/MG, de que não houve entrada na empresa para um produto
(pano de prato atoalhado – marca Teka), a CGU fez a seguinte observação: “A informação
da SEF/MG de que não há entrada, nas empresas, das mercadorias constantes nas Notas
Fiscais emitidas e pagas pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia, coloca em
dúvida o fornecimento dos produtos. Esse fato é reforçado pela inexistência de funcionários
nas empresas e a localização incerta das mesmas. Ressalta-se que esses produtos são de
consumo, o que impossibilitou a verificação física dos mesmos, pela equipe de fiscalização.”

Ora, os produtos foram entregues ao Município mediante documento fiscal hábil – Nota
Fiscal Eletrônica, foram recebidos pelo Sistema Central de Gestão de Estoque da Prefeitura,
conforme relatório anexo (Anexo XII). Cabendo ressaltar que a Diretoria de Armazenagem
e Distribuição da Prefeitura, é órgão independente da Secretaria de Saúde, ligado à
Secretaria de Administração, portanto sem relação de sujeição com o órgão contratante. As
questões relativas às obrigações tributárias principal e acessórias com o fisco estadual são
verificadas no Município apenas em nível de certidão negativa com a Fazenda Estadual.

No mesmo sentido temos a relação contratual com a empresa Alternativa Comercial LTDA,
que apresentou toda a documentação exigida, conforme Lei Federal nº 8.666/1993 e forneceu
os produtos solicitados pela Administração entregues na Diretoria de Armazenagem e
Distribuição de Uberlândia (Anexo XII).

Vale destacar, também, que não há qualquer indício de superfaturamento dos produtos
relacionados nas licitações, estando dentro dos preços de mercado.”
m
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Análise do Controle Interno

217 de 302
Com relação ao sócio da empresa Comercial Mackey, que à época da dispensa de licitação era
servidor da Prefeitura de Uberlândia, o secretário municipal de saúde alegou que o referido
servidor havia sido desligado em 02/01/2017, portanto, antes da realização do procedimento,
sendo anexada à manifestação uma publicação no Diário Oficial do Município – DOM, de
16/01/2017, da referida exoneração, com efeitos retroativos à data de 02/01/2017.

Em que pese a requisição de compras ser datada de 26/01/2017, conforme informado, consta
no processo um “Pedido de Compra” de 12/01/2017, portanto, anterior à publicação da
exoneração, com cotações de preços realizadas junto à Comercial Mackey, contrariando a Lei
nº 8.666/93 que veda em seu artigo 9º, inciso III, a participação, direta ou indiretamente, de
servidor em licitação e fornecimento de bens. Apesar do ato administrativo ser retroativo, para
os envolvidos na realização do procedimento de dispensa, até a data de 12/01/2017 não havia
conhecimento do desligamento do servidor, uma vez que a publicidade do ato se deu quatro
dias depois. Além disso, não há provas de que o servidor não acompanhou ou realizou algum
tipo de ato do referido certame, ou logrou vantagens devido à possíveis informações
“privilegiadas” obtidas até 16/01/2017, tendo em vista que ocupava o cargo de Assistente
Jurídico da própria Secretaria Municipal de Saúde.

Foi informado também que o atual endereço da Comercial Mackey é na Av. Raulino Cotta
Pacheco – 1589, loja 48/49, todavia, o endereço à época da cotação de preços era Avenida
Constelação – 1604, o referido nas fotos da constatação em tela. Não houve manifestação
quanto ao endereço da empresa Alternativa Comercial.

A dúvida quanto ao fornecimento de materiais foi baseada em diligências realizadas pela


Secretaria de Estado de Fazenda de Minas Gerais – SEF/MG, onde foi oficiado à CGU que as
empresas não constavam dos endereços cadastrais e sem correspondente entrada de
mercadorias fornecidas à Prefeitura, e que haviam iniciado os procedimentos para
cancelamento das inscrições estaduais das empresas Comercial Mackey e Alternativa
Comercial, inclusive com bloqueio de emissão de notas fiscais da primeira empresa.
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n
/A
#

2.2.3. Dispensa irregular de licitação para a contratação de serviços de impressão


reprográfica.

Fato

Em 2016 a Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG - SMS realizou duas dispensas


de licitação para contratação de serviços de impressão reprográfica, com instalação de
equipamentos e fornecimento de insumos. A Dispensa nº 968/2015, homologada em
10/03/2016, baseou-se nas requisições de compras da SMS datadas de 10/12/2015, no total
aproximado de 6 milhões de cópias/ano. A justificativa para realização da referida dispensa
em caráter emergencial (art. 24, inciso IV da Lei nº 8.666/93) foi que o Contrato nº 562/2013
com a empresa RB Digital Eireli – EPP, CNPJ nº 08.039.440/0001-64, terminaria em
31/12/2015, e que o mesmo já havia sido aditado em 25% devido ao aumento de demanda nos
atendimentos das Unidades de Atendimento Integrado - UAI, resultado da crise ocorrida no
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Foi alegado na justificativa que
não haveria tempo hábil para conclusão do Pregão Eletrônico nº 921/2015 para nova
contratação dos serviços de reprografia que estava em andamento, e que, assim que este fosse
finalizado, o contrato emergencial seria rescindido. Ocorre que não haveria necessidade da
realização da dispensa, uma vez que a prestação de serviços de reprografia se caracteriza como
serviço contínuo, e, nesses casos, a Lei nº 8.666/93, art. 57, inciso II autoriza a prorrogação

218 de 302
dos contratos por iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços e condições
mais vantajosas para a administração, desde que referida prorrogação não ultrapasse 60 meses.
Como o Contrato nº 562/2013 foi assinado em 06/08/2013, ele poderia ter sido prorrogado até
o mês de agosto de 2018.

Além disso, o cenário apresentado pelos gestores não poderia ter sido caracterizado como
situação de urgência. Como citado no item 2.2.1 desse relatório, as contratações realizadas
com fundamento no caráter emergencial devem ser baseadas em uma urgência concreta e
efetiva, resultado do estado emergencial ou calamitoso, com riscos iminentes e gravosos de
danos à bens e/ou pessoas. Esses fatores não podem ser usados como justificativas para a
realização da dispensa, tendo em vista que, os procedimentos para dar início a um novo
processo licitatório poderiam ter sido tomados desde a assinatura do último termo aditivo (5º)
ao Contrato nº 562/2013, que foi em 22/07/2015. Portanto, a necessidade da prestação dos
serviços já era de conhecimento da administração, e não decorrente de algum fato que
culminou em um estado emergencial ou calamitoso. Outro fator que afasta o caráter
emergencial é que desde as requisições para realização da Dispensa nº 968/2015, de
10/12/2015, passaram-se aproximadamente três meses até a assinatura do contrato com a RB
Digital Eireli (11/03/2016), empresa que apresentou o menor preço por cópia. A seguir tem-
se o quadro comparativo das empresas que apresentaram preços:

Quadro – Comparativo de Cotações de Preços


Razão Social CNPJ Preço por cópia
RB Digital Eireli 08.039.440/0001-64 R$ 0,0994
MBM do Triângulo Copiadoras e Duplicadores Ltda 01.813.338/0001-25 R$ 0,11
Matriz Comércio de Copiadoras Ltda 07.899.774/0001-45 R$ 0,12
Fonte: Processo de Dispensa de Licitação nº 968/2015

O Contrato nº 067/2016, de 11/03/2016, decorrente da Dispensa nº 968/2015, foi assinado


com valor de R$ 364.687,94 e vigência até 28/06/2016. Em 23/06/2016 foi assinado o 1º termo
aditivo - TA, prorrogando o prazo para 06/09/2016 e aumentando o valor original em R$
232.074,26. Ocorre que o valor referente ao 1º TA corresponde a aproximadamente 63% do
valor original, o que contraria o dispositivo legal que rege as alterações contratuais no que
tange aos acréscimos e supressões, que dispõe:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas
justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
...
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os
acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25%
(vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular
de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por
cento) para os seus acréscimos.

A Lei de Licitações, para este caso, autoriza um acréscimo de até 25% do valor original e não
de aproximadamente 63%, como foi realizado.

Conforme exposto pela Diretoria de Compras de Uberlândia, devido ao atraso na conclusão


do Pregão Eletrônico nº 921/2015 por motivos de correções de edital, demandas de
modificações pela Procuradoria Geral do Município, SMS, Controle Interno, bem como falhas
no sistema de licitações da Caixa Econômica Federal, no qual são realizados os pregões

219 de 302
eletrônicos da Prefeitura, houve a necessidade de realização de nova dispensa de licitação.
Após fim da vigência do Contrato nº 067/2016 com a RB Digital, realizou-se a Dispensa de
Licitação de nº 643/2016, sendo novamente o menor preço por cópia apresentado pela RB
digital, resultando na assinatura do Contrato nº 270/2016 em 03/11/2016, no valor de R$
213.754,53, com vigência até 31/12/2016. Segue quadro com as cotações de preços para a
referida Dispensa.

Quadro – Comparativo de Cotações de Preços


Razão Social CNPJ Preço por cópia
RB Digital Eireli 08.039.440/0001-64 R$ 0,0994
MR Copiadoras Digitais Ltda 05.222.003/0001-93 R$ 0,11
Matriz Comércio de Copiadoras Ltda 07.899.774/0001-45 R$ 0,12
Fonte: Processo de Dispensa de Licitação nº 643/2016

Ocorre que o inciso IV, artigo 24, da Lei nº 8.666/93, que prevê a realização de dispensa
emergencial estabelece o prazo contratual máximo de 180 dias consecutivos e ininterruptos,
vedada a prorrogação dos respectivos contratos. Mesmo que tenha sido realizada duas
diferentes dispensas (968/2015 e 643/2016) com assinaturas de respectivos contratos
(067/2016 e 270/2016), o objeto em tela foi o mesmo, com prestação de serviços pela mesma
empresa, no mesmo valor unitário por cópia. Há indícios de que a segunda dispensa de
licitação foi uma simulação, sendo de fato, uma prorrogação do Contrato nº 067/2016
decorrente da primeira dispensa de licitação.

Por todo o exposto, conclui-se que foi ilegal a contratação dos serviços de reprografia por
meio de dispensa de licitação.
ato
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#

Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“Relata a Controladoria Geral da União que a contratação por dispensa para serviço de
reprografia era desnecessária porque o Contrato nº 562/13 poderia ser prorrogado na forma
do artigo 57, II, da Lei 8.666/93, por caracterizar-se como serviço de natureza contínua. De
fato, essa era a intenção, mas o contrato com vigência até 31/12/15 terminou em agosto/15,
porque a quantidade de serviço prevista se exauriu. Talvez, durante a auditoria do processo
968/15 isso não tenha sido observado na justificativa pela equipe de Inspeção. A melhor
aplicação da lei é sempre eleita como providência primeira pelos diversos mecanismos de
controle da Administração Municipal. O contrato 562/13 não foi encerrado como afirmam,
seu objeto exauriu antes do fim da vigência.

Equivoca-se o relatório ao afirmar que ausência de serviço de reprografia não se constitui


em urgência concreta em unidades de Saúde, muito antes ao contrário, desencadearia em
colapso para prescrição, prontuários, guias para autorização de exames. Ainda que se
questione o atraso nas providências para licitar, não se pode condenar processos verdadeiros
e cercados de providências que evitaram desabastecimento.

O processo de Dispensa 968/15 demorara concluir, porque também foi questionado


internamente em nossas instâncias de controle com intuito de aperfeiçoá-lo, de demonstrar a
compatibilidade do preço, situações assim de dificuldades, não são fabricadas ou desejadas.

220 de 302
A opção foi por expor a verdade e não parece razoável descaracterizar uma emergência
porque seu processo pecou em celeridade, falou-se em emergência e não em calamidade.

Quanto à prorrogação do prazo do contrato 67/2016 pelo período de 29.06.16 a 06.09.16,


definitivamente não se trata de acréscimo de serviço. A prorrogação se fundamentou no
artigo 57, II, da Lei 8.666/93, onde não há aplicação do artigo 65, I, “b”, e sua limitação de
25%.

Acusar a Secretaria de simular uma nova dispensa e insinuar que acontecera de fato uma
prorrogação do contrato 67/16 quando se instaurou novo processo de dispensa 643/16
(contrato 270/16) não é razoável. Os atrasos do processo pregão eletrônico, foram
circunstanciados de maneira exaustiva na justificativa e a imprevisibilidade é princípio
presente no direito administrativo. Apontaram ainda que ambos os processos de dispensa
tiveram o mesmo vencedor, entendendo como ilegal as contratações, sem, contudo, observar
que o parque gráfico (420 equipamentos) e sua instalação à época da primeira contratação
com a empresa RB Digital, a colocara em condição favorável (para ofertar preços mais
competitivos) em contratações emergenciais, pouco atrativas aos concorrentes, dada a
exiguidade dos prazos para amortizar investimentos de mobilização e instalação.”
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/M
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Análise do Controle Interno

O gestor alegou que o Contrato nº 562/2013 terminou em agosto/2015 em decorrência da


exaustação do quantitativo de cópias contratadas, mesmo após acréscimo de 25%, por isso,
foi realizada a Dispensa nº 968/2015.

Em uma consulta realizada pelo Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da
Amazônia Legal junto ao Tribunal de Contas da União – TCU sobre a possibilidade de
alteração de contrato administrativo em valor excedente aos limites estabelecidos nos §§ 1º e
2º do art. 65 da Lei nº 8.666/93, a corte de contas emitiu a seguinte Decisão nº 215/1999 –
Plenário:

“ a) ...
b) nas hipóteses de alterações contratuais consensuais, qualitativas e
excepcionalíssimas de contratos de obras e serviços, é facultado à Administração
ultrapassar os limites aludidos no item anterior, observados os princípios da
finalidade, da razoabilidade e da proporcionalidade, além dos direitos patrimoniais
do contratante privado, desde que satisfeitos cumulativamente os seguintes
pressupostos:
I - não acarretar para a Administração encargos contratuais superiores aos oriundos
de uma eventual rescisão contratual por razões de interesse público, acrescidos aos
custos da elaboração de um novo procedimento licitatório;
II - não possibilitar a inexecução contratual, à vista do nível de capacidade técnica e
econômico-financeira do contratado;
III - decorrer de fatos supervenientes que impliquem em dificuldades não previstas ou
imprevisíveis por ocasião da contratação inicial;
IV - não ocasionar a transfiguração do objeto originalmente contratado em outro de
natureza e propósito diversos;
V - ser necessárias à completa execução do objeto original do contrato, à otimização
do cronograma de execução e à antecipação dos benefícios sociais e econômicos
decorrentes;

221 de 302
VI - demonstrar-se - na motivação do ato que autorizar o aditamento contratual que
extrapole os limites legais mencionados na alínea "a", supra - que as conseqüências
da outra alternativa (a rescisão contratual, seguida de nova licitação e contratação)
importam sacrifício insuportável ao interesse público primário (interesse coletivo) a
ser atendido pela obra ou serviço, ou seja gravíssimas a esse interesse; inclusive
quanto à sua urgência e emergência;”

Portanto, a SMS poderia, desde que cumpridos os pressupostos citados, ultrapassar os limites
estabelecidos por lei no aditamento ao Contrato nº 562/2013, até que fosse concluído o Pregão
Eletrônico nº 921/2015, sem a necessidade de realização das duas Dispensas de Licitação.
Mesmo porque, como consequência do término do Contrato e a realização da primeira
Dispensa, houve um aumento sem justificativa de 15% para o valor da cópia, de R$ 0,0864
para R$ 0,09936.

Com base em uma “Justificativa” assinada pelo secretário municipal de saúde em 11/07/2014,
alegando a necessidade de acréscimo ao Contrato citado anteriormente, devido ao aumento de
demanda em alguns órgãos vinculados à SMS, foi assinado em 11/10/2014 o 2º Termo Aditivo
ao referido instrumento, com aumento no percentual de 25%. Portanto, a urgência justificada
para a realização da Dispensa nº 968/2015, que foi homologada somente em 10/03/2016, já
era de conhecimento do gestor em 2014.

Para a realização da Dispensa nº 968/2015 foi utilizada a justificativa de que não era possível
a prorrogação do instrumento porque já havia sido aditivado em 25% e o quantitativo de
serviço havia se exaurido em agosto de 2015, atendendo, desta forma, o limite estabelecido
no art. 65 da Lei de Licitações. Já no 1º Termo Aditivo - TA ao Contrato nº 067/2016, que
além de prorrogar o instrumento por mais 70 dias o aditou em mais R$ 232.074,26 (63% do
valor original), conforme Memorando nº 483/2016 – DF constante da Justificativa para a
celebração do TA, o secretário de saúde alegou que o Termo se fundamentou no art. 57, II, da
Lei nº 8.666/93 e que não havia aplicabilidade do limite de 25%. Vê-se, portanto, uma
contradição do gestor em sua manifestação, tendo em vista que para aditivos de contratos com
mesma natureza de prestação de serviços, com a mesma empresa prestadora, aplicou-se o
limite legal conforme conveniência da administração municipal.

Com relação ao indício apontado de que a Dispensa nº 643/2016 teria sido simulada e que, de
fato, teria ocorrido uma prorrogação do Contrato da Dispensa nº 968/2015, o gestor informou
que devido ao fato da empresa RB Digital já possuir o parque gráfico instalado, em
decorrência da primeira contratação, a colocaria em condição favorável. Certamente esse fato
já traria uma vantagem à RB Digital, mas a SMS reforçou essa condição favorável ao realizar
a cotação de preços junto à outras duas empresas localizadas fora de Uberlândia, uma em Belo
Horizonte/MG e outra em Orlândia/SP, que, por maiores custos logísticos, estariam em
desvantagem na competição de preço frente à RB Digital que tem sua sede no município.
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2.2.4. Aumento sem justificativa e/ou comprovação na prestação dos serviços de


reprodução reprográfica e pagamentos sem cobertura contratual.

Fato

O Contrato nº 562/2013 para prestação de serviços de reprografia e impressão foi assinado


pela Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG – SMS e a empresa RB Digital Eireli
– EPP, CNPJ 08.039.440/0001-64, em 06/08/2013, fundamentado no Pregão Presencial nº

222 de 302
285/2013. O contrato prevê os serviços de reprografia e impressão em papel A4 e Ofício II,
com tecnologia a Laser, além do fornecimento de 420 impressoras, material de consumo, mão
de obra especializada, manutenção preventiva e corretiva, treinamento aos usuários e
instalação de uma Central de Cópias com funcionários e técnicos residentes em Uberlândia.
A quantidade estimada de cópias mensais era de 585.000, no valor de R$ 50.544,00, sendo
R$ 0,0864 por cópia. Esse contrato teve aditivos de prorrogação de vigência, sendo a última
prevista para findar em 31/12/2015. O 5º Termo Aditivo, de 22/07/2015, acrescentou
1.755.000 cópias, mantendo o custo unitário. A justificativa do Secretário de Saúde foi o
aumento da demanda em alguns Órgãos da Secretaria Municipal de Saúde e a necessidade
contínua desse serviço, cuja interrupção ou suspensão ensejaria prejuízos ou transtornos para
a Administração Pública. Contudo, não foi justificado nem comprovado o aumento dessa
demanda.

O referido contrato, conforme registrado no item 2.2.3 deste relatório, poderia ser prorrogado
por 60 meses, portanto, até agosto de 2018, atendendo previsão disposta na Lei nº 8.666/93,
art. 57, inciso II. Alegando um aumento de demanda nos atendimentos das Unidades de
Atendimento Integrado - UAI, mas sem a devida comprovação, os gestores decidiram pelo
encerramento do Contrato nº 562/2013 em 31/12/2015 e deram início aos procedimentos para
abertura do Pregão Eletrônico nº 921/2015. Ocorre que os referidos procedimentos para a
realização da licitação, como requisições de compras, cotações de preços, dentre outros, só
foram iniciados em novembro de 2015. Como não haveria tempo hábil para conclusão do
Pregão até o fim do Contrato nº 562/2013, os gestores resolveram realizar as Dispensas de
Licitação relatadas no item 2.2.3.

Porém, houve um aumento no quantitativo e no valor das cópias nos processos de Dispensas
de Licitação, sem que a SMS apresentasse a comprovação da demanda. Para os anos de 2014
e 2015, o número de cópias relacionadas ao Contrato nº 562/2013 e Termos Aditivos foi de
aproximadamente 8.755.000/ano. Já os valores contratados junto à mesma empresa em 2016,
objetos da Dispensa de Licitação nº 968/2015 (R$ 596.762,20 para 178 dias de vigência
contratual) e da Dispensa nº 643/2016 (R$ 213.754,53 para 58 dias de vigência contratual),
correspondem a um contrato anual de quase 13.000.000 de cópias/ano. Contudo, não consta
nos processos quaisquer documentos que demonstrem ou que comprovem a necessidade do
aumento na prestação de serviços em aproximadamente 48%.

Destaca-se que, com a homologação do Pregão Eletrônico nº 921/2015, foi assinado o


Contrato nº 281/2016, novamente com a empresa RB Digital. O número de cópias para 2017,
referentes a esse contrato e seu 1º Termo Aditivo, foi de 14.480.976, um aumento de 11,40%
em comparação a 2016 e 65,40% a 2015. Também não ficou demonstrado e/ou justificado um
aumento de aproximadamente 15% no valor das cópias nos instrumentos contratuais. O valor
da cópia referente ao contrato vigente em 2015 era de R$ 0,0864 e para o contrato relativo à
1ª dispensa de 2016 era de R$ 0,09936. Em que pese fazerem parte de dois diferentes
instrumentos contratuais, os serviços foram prestados pela mesma empresa com utilização dos
mesmos recursos (mesma previsão de assistência técnica, mesma quantidade de impressoras,
dentre outros).

223 de 302
Importante acrescentar que os contratos preveem que o pagamento será realizado após
conferência da Secretaria Municipal de Saúde das medições (cartões de leitura) entregues pela
contratada juntamente com o relatório contendo as quantidades de cópias/impressões do mês,
assim como os relatórios de fechamento dos equipamentos, acompanhado da leitura de cada
equipamento. Contudo, apesar de constarem nos processos de pagamento os referidos
relatórios, não foi escopo dos trabalhos de fiscalização a conferência do total de cópias pagas
relacionadas ao número de cópias de cada impressora, nem a confirmação do registro das
impressoras.

Além do aumento injustificado de cópias, ocorreram pagamentos à empresa RB Digital sem


cobertura contratual. Para os serviços prestados entre 01/01/2016 a 11/03/2016 (período entre
o final do Contrato nº 562/2013 e início do Contrato nº 067/2016) efetuou-se pagamento no
valor de R$ 164.827,86 e para os serviços prestados entre 07/09/2016 a 03/11/2016 (período
entre o final do Contrato nº 067/2016 e início do Contrato nº 270/2016) foi realizado
pagamento no montante de R$ 171.339,07. Portanto, foram pagos R$ 336.166,93 para a
empresa RB Digital sem cobertura contratual.

Por todo o exposto, conclui-se que foram realizadas diversas ações irregulares com o objetivo
de proceder um considerável aumento no valor e quantitativo da prestação de serviços de
reprografia, sem qualquer justificativa ou comprovação de necessidade. Interrompeu-se um
contrato que poderia ter sido prorrogado, realizou-se duas dispensas de licitação
irregularmente nas quais houve aumento substancial nos contratos, também sem justificativa,
efetivou-se pagamentos sem cobertura contratual, culminando, por fim, na conclusão de um
pregão eletrônico com mais um aumento dos serviços, ressaltando que, desde 2013, a
prestação dos serviços de reprografia é realizada pela mesma empresa e mesmas
especificações de execução como estrutura de equipamentos, fornecimento de materiais
(papel, cartucho, toner, dentre outros) e mão de obra para manutenção e assistência técnica.
ato
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“Definitivamente não se aumentou serviços de reprografia sem necessidade. Trata-se de


serviço essencial à rede de saúde, cuja demanda mesmo com o controle necessário e a
crescente informatização, tem crescimento proporcional aos atendimentos e ações da
Secretaria de Saúde.

Talvez não se tenha observado que o aumento natural da demanda desencadeou as


contratações com dispensa de licitação e não o contrário. O contrato 562/13 não pôde ser
prorrogado porque seu quantitativo exauriu antes do término da vigência. A quantidade de
cópias prevista para até 31/12/15 terminou em agosto/15, o que não pode ser considerado

224 de 302
uma prática irresponsável como aponta o relatório, após construir uma conclusão distante
dos fatos. Veja o histórico do consumo do serviço:

Mês Quantidade

setembro/13 1.104.901

outubro/13 825.737

novembro/13 621.890

dezembro/13 371.448

janeiro/14 782.244

fevereiro/14 820.900

março/14 809.192

abril/14 862.824

maio/14 746.814

junho/14 925.620

julho/14 537.536

agosto/14 971.704

setembro/14 871.515

outubro/14 692.145

novembro e dezembro/14 751.572

janeiro/15 1.355.581

fevereiro/15 1.438.444

março/15 1.123.291

abril/15 1.151.383

maio/15 952.682

junho/15 983.425

julho e agosto/15 1.770.191

setembro/15 932.239 – Indenização

outubro/15 918.054 – Indenização

novembro/15 861.817 - Indenização

225 de 302
dezembro/15 1.062.139 – Indenização

janeiro/16 857.628 - Indenização

fevereiro/16 800.600 - Indenização

março/16 1.087.086

abril/16 977.231

maio/16 822.739

junho/16 783.310

julho/16 1.197.111

agosto/16 1.138.580

setembro e outubro/16 1.724.427 – Indenização

novembro/16 729.084

dezembro/16 968.272

A média mensal de consumo de cópias manteve-se praticamente igual durante a vigência dos
contratos auditados (562/13, 67/16 e 270/16). Faltou talvez verificar a quantidade paga mês
a mês e entender que o contrato 562/13 já havia sido aditado para acréscimo em 2015, no
limite máximo admitido pela lei. Ao comparar o quantitativo de cópias (8.775.000) previsto
no contrato 562/13 para o ano de 2015, com a projeção para 12 meses das cópias previstas
nos processos de dispensa (13.000.000), o técnico da CGU não observou que o quantitativo
8.775.000 havia sido suficiente por apenas 08 meses. O Município não explicou o aumento
de demanda porque isso não aconteceu, reforçando, a quantidade de cópias/mês já se
aproximava de 900.000 desde 2013. A licitação que deu origem ao contrato 562/13 – Pregão
Presencial 285/13 subestimou a demanda, presumimos que por tratar-se de uma licitação
realizada em primeiro ano de mandato, tenha se tentado uma retração do consumo por
medida de economia ou coisa parecida, isso são ilações e o real motivo deve ser objeto de
arguição à gestão anterior.

Nossas considerações se limitam aos documentos com registro das despesas. O aumento no
preço das cópias não é difícil de entender, o preço R$0,0864 era de 2013 e R$0,09936 o preço
para 2015/2016. O INPC para o período julho/13 a junho/15, indexador para o contrato
562/13 e para contratos de outras Secretarias, decorrentes do mesmo pregão 285/13,
alcançou 15,94% e subsidiou a atualização do preço unitário da cópia A4 P e B dos contratos
560/13 e 561/13, para R$0,0994 a partir de setembro/15, após negociação do percentual para
15%. Vale observar que R$0,0994/cópia foi o preço ofertado para a Dispensa 643/16,
contrato 270/16, de 03/11/16 auditado nesta inspeção.

226 de 302
Fica claro que as ações de contratação tiveram por finalidade manter o serviço e evitar
desabastecimento, jamais aumentar o número de cópias sem necessidade. Observa-se que a
quantidade realizada mês a mês se manteve em níveis similares no período setembro/13 a
dezembro/16, salvo alguns períodos atípicos.

Os processos de indenização relativos aos períodos setembro/15 a dezembro/15, janeiro/16


a fevereiro/16 e setembro a outubro/16, foram apresentados à equipe de fiscalização, atendem
estritamente o parágrafo único do artigo 59 da Lei 8.666/93, demonstram a boa fé do
fornecedor, demonstram a compatibilidade do preço e informam a instauração da respectiva
Sindicância Administrativa para apurar supostas irregularidades. Portanto, não houve
pagamentos à margem do devido processo legal.”

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Análise do Controle Interno

Com relação à impossibilidade de prorrogação do Contrato nº 562/2013 informado pelo


gestor, conforme abordado no item 2.2.3, viu-se que seria possível realizar a alteração
contratual em valor excedente aos limites estabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº
8.666/93, com base na Decisão nº 215/1999 – Plenário do Tribunal de Contas da União.

Novamente vê-se uma contradição na manifestação do gestor. Um dos argumentos utilizados


na justificativa para a realização da Dispensa nº 968/2015 foi um aumento de 55% nos
atendimentos das UAI´s do município em virtude da crise ocorrida no Hospital das Clínicas
da Universidade Federal de Uberlândia. Já a informação prestada na manifestação desta
constatação foi que o aumento natural (grifamos) da demanda desencadeou as contratações
com as dispensas de licitação.

Conforme o histórico do consumo de serviços apresentado na manifestação da SMS, a


quantidade de cópias no último quadrimestre de 2014 somou 2.315.232, enquanto que o
quantitativo para o 1º quadrimestre de 2015 foi de 5.068.699. Houve, portanto, um aumento
de aproximadamente 119% de um quadrimestre para outro, o que não seria razoável
considerar como “aumento natural de demanda” e, além disso, está acima do aumento alegado
de 55% nos atendimentos das UAI´s.

Para a realização da Dispensa nº 968/2015 a SMS realizou três cotações de preços, conforme
quadro a seguir.

Quantidade de Valor Unitário


Empresa Data da Cotação
Cópias Mensais por Cópia R$
RB Digital 28/10/2015 500.000 0,0994
MBM Solução de Impressão 05/11/2015 Não informado 0,11
Matriz Copiadoras 05/11/2015 500.000 0,12
Fonte: Cotações de preços constantes do processo de Dispensa nº 968/2015.

227 de 302
Ocorre que não ficou esclarecido a motivação da SMS em realizar as referidas cotações com
o quantitativo de 500.000 cópias mensais, sendo que pelo histórico de consumo apresentado
na manifestação, a média mensal no período de janeiro a outubro de 2015 tinha sido de
1.062.529 cópias.

A justificativa apresentada para a alteração do preço informada na manifestação não consta


em nenhum documento do processo de Dispensa. A Cláusula Quinta do Contrato nº 562/2013
previa o reajuste de preços dos serviços prestados pela RB Digital, entretanto, a contratada em
nenhum momento, até o “fim” do contrato em agosto de 2015, solicitou o reajuste ou
reequilíbrio econômico-financeiro. Tanto que o 5º Termo Aditivo ao Contrato foi assinado em
22/07/2015 com o mesmo valor unitário por cópia, R$ 0,0864.

Quanto aos pagamentos sem cobertura contratual o gestor ratificou o fato informando que será
instaurada uma sindicância administrativa para apurar supostas irregularidades.

Em que pese todo o exposto na manifestação do gestor, a secretaria municipal de saúde não
apresentou nenhum documento que comprovasse o considerável aumento de demanda
utilizado como justificativa para realização das dispensas de licitação.
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2.2.5. Dispensa irregular de licitação para contratação de trio elétrico com simulação
de cotação de preços.

Fato

Para a realização da 15ª Parada do Orgulho LGBT de Uberlândia/MG em 2016, a Secretaria


Municipal de Saúde - SMS realizou a Dispensa de Licitação nº 646/2016 que teve como objeto
a contratação de um trio elétrico no valor de R$ 19.545,00 junto à empresa Jorge Som Serviços
& Comércio Ltda., CNPJ nº 06.696.615/0001-80.

A justificativa apresentada foi a urgência na contratação, tendo como fundamento o art. 24,
inciso IV da Lei nº 8.666/93. O caráter emergencial mais uma vez deve ser afastado porque
não figurou nesse caso a urgência concreta e efetiva com riscos iminentes e gravosos de danos
à bens e/ou pessoas, situações que devem estar presentes para que se justifique a dispensa de
licitação por emergência. Na própria “Justificativa” constante no processo, de 20/10/2016, o
gestor alega que não havia sido publicado o Pregão Presencial nº 570/2016 para o alcance do
mesmo objeto, mesmo tendo sido emitido o primeiro “pedido de compra” em 28/06/2016.
Pelo exposto, já constata-se a ineficiência da administração na realização de um devido
processo licitatório, uma vez que, mesmo após aproximadamente quatro meses desde a
emissão do primeiro pedido de compra, o edital sequer havia sido publicado. MARÇAL
JUSTEN FILHO considerada esse tipo de situação como “emergência fabricada”, onde a
Administração deixa de adotar tempestivamente as providências necessárias à realização de
licitação desejável. Nesses casos, ainda que não haja má-fé, os responsáveis podem responder
administrativamente e civilmente pela ilegalidade cometida, inclusive, com relação aos
possíveis prejuízos acarretados. Destaca-se que a realização do evento (15ª Parada do Orgulho
LGBT) se deu em 23/10/2016 e as cotações de preços (detalhadas no quadro a seguir), são

228 de 302
datadas de 10/06/2016 e 14/06/2016, portanto, havia tempo hábil para realização do devido
certame licitatório.

Quadro – Cotação de preços


Razão Social CNPJ Valor Cotado R$
Jorge Som Serviços & Comércio Ltda 06.696.615/0001-80 19.545,00
Mamede Eventos e Entretenimento Ltda 24.394.257/0001-33 19.555,00
Wilson Gomes dos Santos 64.353.238/0001-83 19.998,00

Ressalta-se que duas das cotações tem conteúdo e grafia semelhantes, com indícios de terem
sido realizadas pela mesma pessoa, conforme ilustrações a seguir.

Proposta da empresa vencedora Proposta possivelmente simulada

(1) Além de ter sido utilizada mesma “fonte” de letra, nota-se a similaridade na disposição
dos subtítulos “Requisitos da proposta” e “Responsabilidade da contrada”, bem como o erro
de português na palavra “contratada”.

(2) Novamente mesma disposição de textos e igualdade. Nas duas propostas tem-se escrito 8(
oito) sem espaço entre o número e o parênteses e numeração escrita em letra minúscula. Por
sua vez, tem-se a expressão “2(DUAS )” escrita com espaço no final do parênteses e a
numeração escrita em letras maiúsculas.

(3) Igualdade na disposição dos caracteres e apresentação dos termos.

229 de 302
Vê-se, portanto, que além da utilização indevida do procedimento de dispensa de licitação há
indícios de simulação de cotação de preços com possível direcionamento para a empresa
vencedora.
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“Com referência ao processo de dispensa para a contratação de empresa para fornecimento


temporário de um trio elétrico, vamos nos ater apenas no que consta do referido processo,
por se tratar de atos da gestão anterior, encerrada em 2016.

O processo obedeceu aos requisitos da Lei 8.666/93 dando ampla publicidade, como também,
realizou a pesquisa de preços junto às empresas especializadas, conforme se comprova por
meio das próprias propostas. Ressalta-se que o processo de dispensa seguiu as mesmas
condições pré-estabelecidas no Pregão presencial nº 570/2016.

Foram colhidas 03 (três) propostas de empresas especializadas na prestação do referido


serviço. Contudo, a escolha e contratação da empresa Jorge Som Serviços e Comércio Ltda.
se deu por esta ter apresentado o menor preço do mercado, o que, por si, afasta qualquer
ocorrência de direcionamento no procedimento da contratação.

O simples fato de erro de digitação da proposta não comprova a existência de direcionamento


na contratação da empresa vencedora. Na verdade, tais ilações decorrem de meros indícios,
desamparado, contudo, de quaisquer outros elementos que possam demonstrar minimamente
a suposta ocorrência de direcionamento.

Ressalte-se, ainda, que a Administração não foi inerte, uma vez que requereu a apuração do
atraso no processo licitatório – Pregão Presencial nº 570/2016, conforme consta na própria
justificativa por meio do Memorando nº 3497/2016/AJ.

Acerca da alegação da emergência fabricada, consideramos que ainda que tivesse havido
desídia do administrador, havia uma necessidade pública que não poderia ficar insatisfeita
enquanto se esperava a realização regular de uma licitação.

O evento “Parada do Orgulho LGBT” é um evento internacionalmente reconhecido em prol


da garantia dos direitos civis da população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais (LGBT) que acontece desde 1997 no Brasil e há 15 anos em Uberlândia.

O Tribunal de Contas da União e a Advocacia-Geral da União passaram a admitir, em


caráter excepcional, a contratação direta pelo tempo estritamente necessário à realização
de novo certame, desde que seja apurada, concomitantemente, a causa da dispensa e
responsabilizados eventuais culpados.

“TCU: “RECURSOS DE RECONSIDERAÇÃO EM PROCESSO DE


PRESTAÇÃO DE CONTAS. QUESTÕES RELACIONADAS A LICITAÇÕES E
CONTRATOS. DISPENSAS FUNDAMENTADAS EM SITUAÇÃO DE
EMERGÊNCIA. PROVIMENTO PARCIAL AO RECURSO APRESENTADO

230 de 302
PELO ADMINISTRADOR. NÃO-PROVIMENTO DO RECURSO
APRESENTADO PELA EMPRESA.
1. A situação prevista no art. 24, VI, da Lei nº 8.666/93 não distingue a
emergência real, resultante do imprevisível, daquela resultante da incúria ou
inércia administrativa, sendo cabível, em ambas as hipóteses, a contratação
direta, desde que devidamente caracterizada a urgência de atendimento a
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de
pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares.
2. A incúria ou inércia administrativa caracteriza-se em relação ao
comportamento individual de determinado agente público, não sendo possível
falar-se da existência de tais situações de forma genérica, sem
individualização de culpas”.
(Acórdão 1876/2007-Plenário, Processo nº 008.403/1999-6, Rel. Aroldo
Sedraz, 14.09.2997).”

A Orientação Normativa nº 11/2009 da Advocacia Geral da União, dispôs o seguinte:

ON nº 11/2009 da AGU: “A contratação direta com fundamento no inc. IV do


art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993, exige que, concomitantemente, seja apurado
se a situação emergencial foi gerada por falta de planejamento, desídia ou má
gestão, hipótese que quem lhe deu causa será responsabilizado na forma da
lei”.

No mesmo sentido, decidiu o Tribunal de Contas da União:

“(...) No caso em tela, a situação emergencial legitimaria a contratação direta


com fundamento no art. 24, inciso IV, da Lei nº 8.666/1993, desde que
constasse nos autos do processo administrativo demonstração, com base em
fatos, de que a situação que justifica a contratação direta qualifica-se como
emergência ou calamidade pública, estando caracterizada urgência de
atendimento de situação que poderia ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, públicos
ou particulares”. (Acórdão n. 4.458/2011 – 2ª. Câmara)

O Acórdão nº 3521/2010 – 2ª Câmara, TC-029.596/2008-2, do Tribunal de Contas da União,


da lavra do relator Ministro Benjamin Zymler, (06.07.2010), demonstrou seu novo
posicionamento.

“(...) em antiga jurisprudência deste Tribunal, Decisão n.º 347/94 – Plenário,


segundo a qual a dispensa de licitação é cabível desde que a situação adversa,
dada como de emergência ou de calamidade pública, não se tenha originado,
total ou parcialmente, da falta de planejamento, da desídia administrativa ou
da má gestão dos recursos disponíveis”. No entanto, o relator chamou a
atenção para o fato de que “a jurisprudência desta Corte de Contas evoluiu,
mediante Acórdão n.º 46/2002 – Plenário”, no sentido de que também é
possível a contratação direta quando a situação de emergência decorre da
falta de planejamento, da desídia administrativa ou da má gestão dos recursos
públicos, devendo-se analisar, para fim de responsabilização, a conduta do
agente público que não adotou tempestivamente as providências cabíveis”.
(gn)

231 de 302
Portanto, não comete ato de improbidade administrativa, nem crime de dispensa indevida de
licitação, o gestor que, em razão de algum problema administrativo, vê-se na premente
necessidade de efetuar uma contratação direta para satisfazer o interesse público, evitando
um mal maior, num juízo de proporcionalidade, que seria deixar a população desprovida do
resultado da contratação.”
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Análise do Controle Interno

Nas próprias jurisprudências citadas pelo gestor constam os requisitos para se realizar o
processo de dispensa em caráter emergencial. Deve-se restar comprovada a caracterização da
urgência de atendimento à situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a
segurança de pessoas, obras ou serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou
particulares. (grifamos)

A SMS em sua manifestação não comprovou o atendimento aos requisitos expostos, bem
como não esclareceu a demora na realização de um devido processo licitatório. Conforme
informado, o evento “Parada do Orgulho LGBT” já ocorre há 15 anos em Uberlândia,
portanto, não seria razoável se falar em “situação emergencial”.

Com relação às propostas, está claro no exposto que não se trata de simples erro de digitação,
conforme relatado. Há fortes indícios de simulação de propostas e que as mesmas tenham sido
realizadas pela mesma pessoa.
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2.2.6. Ausência de segregação de funções na realização de dispensas de licitação para


compra de medicamentos.

Fato

A Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia/MG realizou em 2017 diversos


procedimentos de dispensas de licitações para compra de medicamentos.

De acordo com análises realizadas em cinco processos, Dispensas nº 083, 101, 148, 170 e
459/2017, cujo montante somou R$ 1.966.744,57, verificou-se que não existe a devida
segregação de funções dos servidores envolvidos no processo.

O setor de licitações da prefeitura atua como mero formalizador dos processos. A maior parte
dos atos administrativos são realizados pela coordenadora do Núcleo de Assistência
Farmacêutica. Ela é a responsável pela captação da demanda dos medicamentos pelas
unidades de saúde e consequente requisição de compras. Também fica sob sua reponsabilidade
a cotação de preços realizadas por meio de envio de e-mails às empresas, coleta de preços
junto ao Banco de Preços em Saúde (BPS) e compras governamentais. Após essa etapa, a
própria coordenadora elabora o mapa comparativo de preços onde se obtém o menor preço
para os itens em questão. Além dessas etapas, a análise e recolhimento de toda a documentação
relativa à regularidade fiscal, qualificação técnica, jurídica, dentre outras, é realizada por ela.
Após esses atos o processo é encaminhado para a assessoria jurídica para validação e
elaboração da justificativa da dispensa, que, após análises da secretaria de governo, finanças,
CGM e diretoria de compras, realiza a publicação. Na sequência, tem-se a emissão do parecer
jurídico e homologação.

232 de 302
A concentração de ações e atos para realização das dispensas pela coordenadora do Núcleo,
com encaminhamento do processo para o setor de licitações já com definição do vencedor de
cada item se mostra frágil e de grandes riscos, uma vez que a pessoa que realiza as cotações
tem contato direto com as possíveis empresas fornecedoras, podendo ter ingerência na
manipulação de preços cotados, direcionamento para determinado item e/ou outro tipo de
influência no certame. Além disso, praticamente toda responsabilidade do processo fica a
cargo da pessoa que, em tese, seus atos deveriam apenas se limitar à requisição de itens. A
segregação de funções reduz o risco de erro, desperdício ou procedimentos incorretos e o risco
de não detectar problemas durante o processo. Não deve haver apenas uma pessoa ou equipe
que controle todas as etapas-chave de uma transação ou evento. As obrigações e
responsabilidades devem estar sistematicamente atribuídas a um certo número de indivíduos,
para assegurar a realização de revisões e avaliações efetivas.
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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“No âmbito da Prefeitura Municipal as atividades relativas ao processo de formação de


preços e cotações com fornecedores, de um modo geral, não são exercidas por uma unidade
de central de custos. Referidos trabalhos são exercidos no âmbito de cada Secretaria
ordenadora das despesas de seus programas orçamentários, através de equipes e servidores
com atribuições compatíveis com a atividade.

Importante notar que, a rigor, nos processos de contratação direta, as funções de autorização,
execução, registro e controle respeitam a regra da segregação. Isto porque, a despeito da
indicada oportunidade de melhoria, tem-se que após a emissão da requisição, o expediente
está sujeito à análise de controle interno por equipe que não participa das fases de execução
do processo, na Diretoria de Compras o expediente recebe registros competentes e
providências a cargo daquela unidade administrativa.

Outrossim, cumpre frisar que os processos em questão referem-se a aquisições realizadas em


um momento de declarada anormalidade administrativa, consoante já aludido Decreto nº
16.927/2017, frente às condições em que a atual gestão recebeu a Administração Municipal,
onde a área da saúde encontrava-se em sério estado de desabastecimento, inclusive de
produtos básicos, e sem a existência de atas de registro de preços ou contratos em vigor, ou
mesmo de licitações em andamento que assegurassem o atendimento das necessidades em
relação á saúde pública. Situação grave que se repetia também em áreas como Assistência
Social e Educação.

Embora diante do cenário caótico apresentado, logo no início de 2017 um conjunto de ações
para o exercício de boas práticas nas compras públicas foram efetivadas.

Dentre elas, no âmbito da Controladoria Geral do Município fora instituída, sob forma de
Comissão, equipe especializada para auditoria de preços e necessidade da despesa pública,
que ao longo de 2017 atuou fortemente na orientação e fiscalização, com destaque para
treinamento de servidores responsáveis pela formação de preços, elaboração e divulgação
de manual de controle interno sobre essas questões, como se pode verificar na seguinte
notícia, datada de 07/02/0217 “Curso visa aumentar eficiência e transparência das compras
públicas. – Controladoria Geral treina 70 servidores ligados à área financeira a partir de

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hoje”:
<http://www.uberlandia.mg.gov.br/2014/noticia/12659/curso_visa_aumentar_eficiencia_e_
transparencia_das_compras_publicas.html>

Dito isso, e não obstante o processo contínuo de aprimoramento das compras públicas
municipais, que poderá receber melhorias nos pontos alertados, forçoso concluir que não
houve identificação irregularidades nas aquisições, em especial, não se constatou qualquer
irregularidade nos valores cotados e pagos, tampouco qualquer constatação que desabonasse
a conduta dos agentes públicos que atuaram nos processos, e que, por fim, o processo de
compras na Prefeitura Municipal de Uberlândia segue passos rigorosos, com atuações de
órgãos isentos e sérios.”
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Análise do Controle Interno

Embora o gestor tenha mencionado que diversas ações estão sendo tomadas para melhorias
no setor de compras, inclusive quanto ao ponto alertado, as providências concretas necessárias
para que se implemente a segregação de funções nas compras da SMS, especificamente com
relação às dispensas de licitação, não foram informadas.
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2.2.7. Descumprimento de jornada de trabalho de médicos da Associação Paulista para


o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) devido à sobreposição de jornada e
descumprimento de carga horária contratada.

Fato

A análise do cumprimento da jornada de trabalho de médicos no Hospital e Maternidade


Municipal Dr. Odelmo Leão Carneiro – HMMDOLC, contratados pela Associação Paulista
para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), em função do Contrato de Gestão nº 319/2017,
demonstrou irregularidades na prestação do serviço.

De forma aleatória, foram selecionados os meses de março e outubro de 2017, bem como 10
médicos para verificação das respectivas jornadas de trabalho. Verificou-se que 2
profissionais apresentaram sobreposições de horários comparando escalas de trabalho e folha
de frequência:

Médica CPF ***.332.926-** - Março de 2017


Escala médica de ecocardiografia da SPDM Escala médica na UAI Planalto
Terças-feiras 07:00 às 19:00 h 17:00 às 22:00 h
Quartas-feiras 07:00 às 19:00 h 17:00 às 22:00 h
Fonte: escalas de trabalho fornecidas pelo gestor.

A profissional do quadro acima teve 2 horas de sobreposição de jornadas de trabalho em 2


dias da semana.

Médico CPF ***.093.266-** - Outubro de 2017


Escala Nefrologia da SPDM Folha de frequência HU-UFU*
02/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:40 às 19:33 h
04/10/2017 19:00 às 07:00 h 19:29 às 07:21 h
16/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:21 às 19:20 h

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18/10/2017 19:00 às 07:00 h 19:12 às 07:34 h
23/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:28 às 20:48 h
23/10/2017 19:00 às 07:00 h 20:49 às 07:23 h
30/10/2017 13:00 às 19:00 h 13:30 às 19:34 h
Fonte: escalas de trabalho fornecidas pelo gestor e folha individual de frequência do HU da UFU (Hospital de Clínicas de Uberlândia -
Universidade Federal de Uberlândia).

Em seis dias do mês de outubro de 2017, o médico CPF ***.093.266-** estava escalado para
cumprir atividades tanto na SPDM quanto no HU-UFU em 7 períodos.

Ressalta-se que a impossibilidade de trabalho em locais diferentes no mesmo horário e se for


o caso, o recebimento integral da remuneração de ambos, configura dano ao erário público e
consequente enriquecimento ilícito do profissional.

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Manifestação da Unidade Examinada

Por meio do Memorando nº 117/2018 – GS/SMS, de 24/08/2018, o gestor apresentou a


seguinte manifestação:

“- Médica CPF ***332.926** - Março 2017

Foi confirmada a sobreposição de horários de plantão desta profissional. Desta forma, serão
tomadas as medidas administrativas necessárias (Anexo XIII).

- Médica CPF ***925.616**- Outubro 2017

Confrontando o registro de ponto feito na SPDM e o da FAEPU – SAD, constata-se que não
houve conflito de horários registrados. (Anexo XIV).

- Médico CPF ***093.266** - Outubro 2017

Conforme registro de ponto anexo, não houve sobreposição de pagamentos de horas


trabalhadas, pois os horários registrados na SPDM não conflitam com os horários
registrados no HU-UFU (Anexo XV).

Ressaltamos que a SPDM pagou, para estes profissionais, somente as horas médicas
efetivamente trabalhadas e registradas em Ponto Eletrônico, ressalvada a profissional que
atua no Programa Melhor em Casa, que realiza registro manual de ponto.

A Prefeitura tem adotado melhores técnicas de controle e fiscalização da efetiva frequência


de seus profissionais, com a publicação das escalas de plantões no site da PMU e afixação
nas Unidades de Saúde (possibilitando o controle também da população), bem como a
instalação de controle de pontos eletrônicos de reconhecimento biométricos.”

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Análise do Controle Interno

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Com relação à profissional de CPF nº ***.332.926-** o gestor informou que seriam tomadas
as medidas administrativas necessárias para apurar a irregularidade.

Quanto ao médico de CPF nº ***.093.266-** foi apresentado o ponto eletrônico do mês de


outubro/2017 que demonstra que nos seis dias informados ele cumpriu jornada em horários
diferentes. Ocorre que além de cumprir jornada de trabalho diferente da escala programada, o
médico está descumprindo o quantitativo de horas para o qual está contratado. Conforme
consulta ao site do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES, seu vínculo
com a SPDM como médico nefrologista do Hospital Dr. Odelmo Leão Carneiro, no mesmo
mês analisado, era de 30 horas semanais. De acordo com o ponto eletrônico encaminhado na
manifestação, o cumprimento da jornada em quatro semanas do mês de outubro de 2017 se
deu conforme quadro a seguir:

Quadro Demonstrativo da Jornada de Trabalho em Outubro/2017


Quantidade de Horas
Dia Horário de Entrada Horário de Saída
Registradas
01 - - -
02 20:11 21:16 01:05
03 08:38 13:20 04:42
04 16:21 18:04 01:43
05 09:03 14:10 05:07
08:57 13:25
06 05:23
17:21 18:16
07 09:30 12:10 02:40
Subtotal de horas trabalhadas na semana 20:40
08 10:08 13:32 03:24
09 17:30 19:44 02:14
10 08:34 13:32 04:58
11 14:57 19:09 04:12
12 08:46 13:44 04:58
13 - - -
14 - - -
Subtotal de horas trabalhadas na semana 19:46
15 - - -
16 19:42 20:38 00:56
17¹ 08:12 - -
18 17:26 18:49 01:23
08:58 12:26
19 03:45
15:03 15:20
20 09:06 15:03 05:57
21 09:12 14:21 05:09
Subtotal de horas trabalhadas na semana 17:10
22 09:37 11:56 02:19
23 - - -
24 08:50 12:30 03:40
25 17:53 18:48 00:55
26 18:04 19:02 00:58
27 17:34 19:07 01:33
28 - - -
Subtotal de horas trabalhadas na semana 09:25
Total de horas trabalhadas nas quatro semanas analisadas 67:01
Fonte: Ponto eletrônico do profissional encaminhado como anexo XV da manifestação do gestor.
1 – Consta registro da hora de entrada, mas não consta registro da hora de saída nem registro de quantidade de horas trabalhadas.

236 de 302
Viu-se, portanto, que de acordo com registro de vínculo no CNES a carga horária de trabalho
nas quatro semanas deveria ser de 120 horas, mas conforme registrado no ponto eletrônico, a
jornada para o mesmo período foi de 67 horas e 01 minuto.

trI
o
aliseC
n
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#

3. Conclusão

Em síntese, a ação de fiscalização procedida sobre a aplicação dos recursos federais


transferidos pelo Fundo Nacional de Saúde para custeio das ações e serviços de saúde
executadas no Município de Uberlândia/MG permitiu identificar as seguintes situações de
irregularidades/impropriedades:

• Pagamentos a prestadores de serviço do SUS sem cobertura contratual e em


duplicidade, no montante de R$ 841.990,55.
• Dimensionamento impreciso de custos e inexatidão do preço estimado para a formação
do preço da Chamada Pública nº 001/2017, direcionando para a contratação da
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
• Favorecimento na contratação da Missão Sal da Terra para gestão de Unidades de
Saúde de Uberlândia/MG devido às limitações à competitividade no processo
licitatório.
• Inadequabilidade do Contrato de Gestão nº 250/2014 à operacionalização da Estratégia
de Saúde da Família.
• Gestor Municipal do SUS não designou formalmente a “Comissão de
Acompanhamento e Avaliação” para os Contratos de Gestão nº 250/2014 e nº
366/2017.
• Insuficiência das ações de transparência implementadas pela Prefeitura de
Uberlândia/MG no que tange aos contratos de gestão firmados com organizações
sociais.
• Dispensa irregular de licitação com simulação de cotação de preços para aquisição de
produtos de limpeza e de consumo e indícios de direcionamento para as empresas
fornecedoras.
• Empresas contratadas apresentam irregularidades que sugerem a simulação no
fornecimento de produtos alimentícios e de limpeza;
• Dispensa irregular de licitação para contratação de serviços de impressão reprográfica.
• Aumento sem justificativa e/ou comprovação na prestação dos serviços de reprodução
reprográfica e pagamentos sem cobertura contratual.
• Dispensa irregular de licitação para contratação de trio elétrico com simulação de
cotação de preços.
• Ausência de segregação de funções na realização de dispensas de licitação para
compra de medicamentos.
• Descumprimento de jornada de trabalho de médicos da Associação Paulista para o
Desenvolvimento da Medicina (SPDM) devido à sobreposição de jornada e
descumprimento de carga horária contratada.

237 de 302
238 de 302
Ordem de Serviço: 201800257
Município/UF: Uberlândia/MG
Órgão: MINISTERIO DAS CIDADES
Instrumento de Transferência: Não se Aplica
Unidade Examinada: SECRETARIA MUNICIPAL DE GOVERNO
Montante de Recursos Financeiros: R$ 359.987.287,50

1. Introdução

Este Relatório trata da fiscalização do Contrato de Financiamento nº 409.705-78, de 13 de


dezembro de 2013, cujo objeto corresponde à implantação do novo Sistema Produtor de Água
Potável, denominado Capim Branco, em Uberlândia – MG. O contrato está contemplado no
Programa 0121 – FGTS – Saneamento para Todos – Setor Público.

A fiscalização do contrato de financiamento compreendeu a análise documental com


fiscalização “in loco” para avaliar a atuação da GIGOV/UB (Gerência Executiva de Governo
da Caixa Econômica Federal de Uberlândia) e do DMAE – Departamento Municipal de Água
e Esgoto de Uberlândia na aplicação dos recursos provenientes do financiamento e englobou
a verificação da conformidade das contratações (projetos, fiscalização, trabalho técnico social
e construção); a verificação da execução financeira e do cronograma; a verificação da
execução física dos serviços; e a verificação do cumprimento dos objetivos do programa.

Os trabalhos de campo foram realizados no período de 9 a 13 de abril de 2018. Os exames


foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis ao Serviço
Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção física e registros
fotográficos, análise documental e realização de entrevistas.

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia e a Caixa Econômica Federal


foram previamente informadas sobre os fatos relatados. O primeiro manifestou-se em 6 de
agosto de 2018 e a segunda não havia apresentado manifestação até a data de conclusão deste
relatório, cabendo ao Ministério supervisor, nos casos pertinentes, adotar as providências
corretivas visando à consecução das políticas públicas, bem como à apuração das
responsabilidades

Na consecução dos trabalhos, foi analisada a aplicação do montante pactuado, sendo


R$ 287.989.830,00 com recursos federais e R$ 71.997.457,50 de contrapartida, totalizando
R$ 359.987.287,50 para a execução total do Contrato de Financiamento.

2. Resultados dos Exames

Os resultados da fiscalização serão apresentados de acordo com o âmbito de tomada de


providências para saneamento das situações encontradas, bem como pela forma de
monitoramento a ser realizada por este Ministério.

2.1 Parte 1

Nesta parte serão apresentadas as situações evidenciadas que demandarão a adoção de


medidas preventivas e corretivas por parte dos gestores federais, visando à melhoria da

239 de 302
execução dos Programas de Governo ou à instauração da competente tomada de contas
especiais, as quais serão monitoradas pelo Ministério da Transparência e Controladoria-Geral
da União.

2.1.1. Informações sobre o contrato de financiamento para implantação do sistema de


captação de água - Capim Branco em Uberlândia.

Fato

Em 13 de dezembro de 2013, foi celebrado o Contrato de Financiamento nº 409.705-78 entre


a Caixa Econômica Federal e a Prefeitura Municipal de Uberlândia, no âmbito do programa
Saneamento para Todos, tendo como agente promotor o Departamento Municipal de Água e
Esgoto de Uberlândia – DMAE, cujo objetivo é “implantar o novo Sistema Produtor de Água
Potável, denominado Capim Branco, numa produção em primeira etapa de 2.000
litros/segundo”. O valor do investimento é de R$ 359.987.287,50, sendo R$ 287.989.830,00
a título de financiamento, lastreados em recursos do FGTS, e R$ 71.997.457,50 relativos à
contrapartida, que equivale a 20% do valor do investimento. No quadro a seguir apresenta-se
o detalhamento do contrato de financiamento, com a descrição de cada item de investimento.

Quadro I – QCI – Quadro de Composição do Investimento


Valor Proposto
Descrição
(R$)
Projetos executivos 5.704.565,68
Canteiro e Administração 29.492.064,30
Captação 4.541.562,88
Adutora 16.413.990,52
ETA - Estação de Tratamento de Água 38.325.542,56
Obra Fornecimento de materiais 105.426.577,05
Instalações elétricas - fornecimento 914.251,24
Instalações elétricas - instalação 631.198,95
Automação - fornecimento 361.873,95
Automação - instalação 49.865,22
Gerenciamento 9.355.679,45
Projeto de Trabalho Social 3.600.000,00
Saldo a reprogramar 145.170.115,69
Custo Total do empreendimento 359.987.287,50
Fonte: QCI de 08/01/2018.

Até 09 de abril de 2018, haviam sido efetuados 17 desembolsos, descentralizando os recursos


para a Prefeitura Municipal de Uberlândia, na conta corrente específica nº 569-2, agência nº
3961-6, Caixa Econômica Federal, totalizando 21,02% do valor pactuado, conforme quadro a
seguir:

240 de 302
Quadro II – Desembolsos efetuados para o Contrato de Financiamento nº 409.705-78
FPD – Ficha de Valor Valor Contrapartida Valor total
Data do Natureza do
Processamento financiamento contrapartida física desembolsado
desembolso desembolso
de Desembolso (R$) (R$) (R$) (R$)
01/2014 01/12/14 352.947,22 221.324,22 - 574.271,44 projeto
02/2015 06/01/15 528.812,91 329.723,88 - 858.536,79 projeto
03/2015 05/03/15 749.659,26 470.092,22 - 1.219.751,48 projeto
04/2015 20/04/15 693.135,96 434.647,90 - 1.127.783,86 projeto
05/2015 26/06/15 556.799,05 349.154,50 - 905.953,55 projeto
06/2015 24/09/15 321.772,37 201.775,25 - 523.547,62 projeto
07/2015 26/04/16 1.709.053,31 267.416,34 - 1.976.469,65 obra
08/2016 18/05/16 1.907.425,95 298.445,80 - 2.205.871,75 obra
09/2016 13/06/16 4.101.726,40 641.798,99 - 4.743.525,39 obra
10/2016 19/07/16 4.448.874,44 696.117,39 - 5.144.991,83 obra
11/2016 02/09/16 7.146.153,14 1.118.161,81 - 8.264.314,95 projeto e obra
12/2016 27/10/16 4.489.576,07 702.486,00 - 5.192.062,07 obra
13/2016 30/11/16 3.129.776,74 489.717,58 3.813,85 3.623.308,17 obra
projeto, obra e
14/2016 20/12/16 9.507.039,46 2.047.618,73 3.789,25 11.558.447,44
gerenciamento
15/2017 21/06/17 9.584.518,66 1.499.693,97 17.886,65 11.102.099,28 obra
16/2017 28/07/17 3.643.073,46 570.033,35 7.603,10 4.220.709,91 obra
17/2017 28/08/17 10.714.398,60 1.676.486,60 36.894,40 12.427.779,60 obra
Total (R$) 63.584.743,00 12.014.694,53 69.987,25 75.669.424,78
Fonte: Fichas de Processamento de Desembolso.

Cabe informar que, após o recebimento dos recursos, a Prefeitura Municipal efetua a
transferência do mesmo para o DMAE para a conta corrente nº 36-3, agência nº 1537, Caixa
Econômica Federal.

Em 13 de abril de 2018, o saldo desta conta era de R$ 10.786,45, aplicado em fundo de renda
fixa (CDB Flex Empresarial).

Para a execução do objeto do contrato de financiamento, foram realizadas quatro licitações


pelo DMAE, a saber: elaboração de projeto, execução das obras, gerenciamento e fiscalização
das obras e projeto de trabalho social. Foi celebrada, ainda, uma inexigibilidade para revisão
do projeto executivo, com dispêndio de recursos próprios.

PROJETO

Para a elaboração do projeto, foi realizada a Concorrência Pública n° 043/2014, de 29 de abril


de 2014, tendo como objeto a “elaboração de projetos executivos para implantação do novo
sistema de produção de água potável no Município de Uberlândia, denominado Capim
Branco”. O valor estimado foi de R$ 6.053.591,77.

Conforme a Ata de abertura, de 23 de junho de 2014, as seguintes empresas apresentaram a


documentação exigida e foram habilitadas a participar do certame:

Quadro III – Empresas habilitadas da Concorrência Pública nº 043/2014


Empresa CNPJ
Arcadis Logos S.A. 07.939.296/0001-50

241 de 302
Empresa CNPJ
Senha Engenharia e Urbanismo S.S. 36.863.538/0001-77
Serra Azul Engenharia Ltda 00.064.849/0001-29
Fonte: Ata de abertura.

No Ato de avaliação final “técnica e preço” e classificação, de 10 de julho de 2014, foi exarado
o resultado final da avaliação “Técnica e Preço”, conforme demonstrado a seguir:

Quadro IV – Classificação final da proposta Concorrência Pública nº 043/2014


Pontuação
Pontuação Proposta de Pontuação
Empresa final da
técnica preços Comercial
proposta
Serra Azul Engenharia Ltda 8,80 5.750.985,06 9,79 9,20

Arcadis Logos S.A. 8,56 5.630.335,13 10,00 9,14


Senha Engenharia e Urbanismo
8,56 6.023.206,75 9,35 8,88
S.S.
Fonte: Ato de avaliação final “técnica e preço” e classificação.

A Serra Azul Engenharia Ltda. (CNPJ: 00.064.849/0001-29) foi declarada vencedora do


certame e, em 24 de julho de 2014 foi firmado o Contrato nº 064/2014, no valor de
R$ 5.750.985,06 e prazo de 210 dias. A ordem de serviço autorizando o início da elaboração
do projeto foi emitida em 23 de julho de 2014. Em 20 de abril de 2015, foi celebrado o 2º
Aditamento ao contrato, aumentando em R$ 145.603,47 o valor contratual, devido a
acréscimo de serviços de topografia e sondagem. Desta forma, o valor total do contrato foi
alterado para R$ 5.896.588,53.

Foram emitidas e pagas sete medições para a Serra Azul Engenharia, totalizando 99,21% do
valor contratado, conforme quadro a seguir:

Quadro V – Pagamentos efetuados para a Serra Azul


Engenharia referente ao Contrato nº 64/2014
Valor da Data da Valor do Valor da
Nota Valor da nota
Medição Medição nota Financiamento Contrapartida
Fiscal fiscal (R$)
(R$) fiscal (R$) (R$)
2014/204 07/11/14 352.947,22 352.947,22 -
1ª 574.271,44
2014/205 07/11/14 221.324,22 - 221.324,22
2015/1 09/01/15 525.812,91 525.812,91 -
2ª 855.536,79
2015/2 09/01/15 329.723,88 - 329.723,88
2015/16 06/03/15 749.659,26 749.659,26 -
3ª 1.219.751,48
2015/17 06/03/15 470.092,22 - 470.092,22
2015/25 15/04/15 693.135,96 693.135,96 -
4ª 1.127.783,86
2015/26 15/04/15 434.647,90 - 434.647,90
2015/69 25/06/15 556.799,05 556.799,05 -
5ª 905.953,55
2015/70 25/06/15 349.154,50 - 349.154,50
6ª 523.547,62 2015/96 01/10/15 85.737,99 85.737,99 -

242 de 302
Valor da Data da Valor do Valor da
Nota Valor da nota
Medição Medição nota Financiamento Contrapartida
Fiscal fiscal (R$)
(R$) fiscal (R$) (R$)
2015/97 01/10/15 236.034,38 236.034,38 -
2015/98 01/10/15 56.171,78 - 56.171,78
2015/99 01/10/15 145.603,47 - 145.603,47

145.603,47 2016/1 26/01/16 145.603,47 - 145.603,47
aditivo
2016/105 03/10/16 191.821,65 - 191.821,65
7ª 497.720,94 2016/106 03/10/16 139.015,07 139.015,07 -
2016/108 03/10/16 166.884,22 166.884,22 -
Total
5.850.169,15 5.850.169,15 3.506.026,06 2.344.143,09
(R$)
Fonte: notas fiscais

O Termo de Recebimento Definitivo do projeto foi emitido em 15 de dezembro de 2016.

Em 24 de abril de 2017, foi firmado o Contrato nº 070/2017 com a Serra Azul Engenharia
Ltda. (CNPJ: 00.064.849/0001-29), fundamentado na Inexigibilidade nº 025/2017, para
execução de serviços de engenharia consultiva para executar as revisões dos projetos
executivos durante a implantação das obras do novo sistema de produção de água potável
Capim Branco, no valor de R$ 1.909.975,86. Conforme o Termo de Referência, a justificativa
da contratação por inexigibilidade foi baseada no fato de o corpo técnico do DMAE não
conseguir atender a demanda da executora e da gerenciadora no que tange às dúvidas e
complementos do projeto executivo e pelo fato de a Serra Azul Engenharia deter o direito de
exclusividade das alterações do projeto, o que inviabilizaria a competição do certame.

Trata-se de contratação de equipe técnica para realizar adequações, alterações e acréscimos


no projeto executivo decorrentes de fatos inesperados ocorridos durante a execução das obras
e detalhamento, a ser medida em meses, bem como de hospedagem, passagem, locação de
veículo e reprografia.

Até 13 de abril de 2018, haviam sido medidos R$ 718.569,09, totalizando 37,62% do contrato.
Cabe ressaltar que não foram utilizados recursos do contrato de financiamento para este
contrato.

EXECUÇÃO DA OBRA

Para a execução da obra, foi realizada a Concorrência Pública nº 001/2015, de 13 de fevereiro


de 2015, cujo objeto é a “construção da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável
do município de Uberlândia, denominado Capim Branco”, do tipo menor preço global e no
regime de empreitada por preço unitário, com orçamento estimado em R$ 359.987.287,50.

Para esta concorrência, foram realizadas uma audiência pública, em 31 de dezembro de 2014,
e uma etapa de pré-qualificação.

Conforme o Ato de julgamento de pré-qualificação, expedido em 30 de abril de 2015, 14


(quatorze) empresas apresentaram documentos referentes à Habilitação Jurídica, Qualificação
Técnica, Regularidade Fiscal e Qualificação Econômico-Financeira:

243 de 302
Quadro VI – empresas que participaram da pré-qualificação
da Concorrência Pública nº 001/2015
Consórcio / empresa CNPJs Qualificação

Araguaia Engenharia não foi pré-


19.465.574/0001-63
Ltda qualificada
Conenge – SC Construções e Engenharia
Ltda. (75.554.030/0001–49), Construtora
Consórcio Águas de
Augusto Velloso S.A. (60.853.934/0001–06) pré-qualificado
Minas
e Acepar – Archel Construções e
Participações S.A. (09.056.774/0001–09)
BT Construções Ltda. (04.810.813/0001–06),
Consórcio BT, Convap Engenharia e Construções S.A.
pré-qualificado
Convap, Completa (17.250.986/0001–50) e Completa
Engenharia S.A. (16.530.446/0001–68)
Construtora Passareli Ltda.
Consórcio Capim (60.625.829/0001-01) e Engeform
pré-qualificado
Branco Construções e Comércio Ltda.
(48.246.920/0001-10)
Construtora Colares Linhares S.A.
(03.568.496/0001–92), Collet & Sons S.A.
Consórcio CCE –
Engenharia, Comércio e Indústria pré-qualificado
Águas de Uberlândia
(33.163.924/0001–68) e EIT Construções
S.A. (13.424.192/0001–05)
Comim Construtora Ltda. (16.587.834/0001–
Consórcio Comim, 85), Construtora Sanenco Ltda. não foi pré-
Sanenco, Infracon (65.280.737/0001–50) e Infracon Engenharia qualificado
e Comércio Ltda. (57.444.283/0001–88)
Construbase Engenharia Ltda.
Consórcio
(62.445.838/0001–46), Equipav Engenharia
Construbase, pré-qualificado
Ltda. (09.191.464/0001–05) e Terracom
Equipav, Terracon
Construções Ltda. (47.497.367/0001–26)
Construtora Ferreira Guedes S.A.
Consórcio ETA não foi pré-
(61.099.826/0001-44) e Via Engenharia S.A.
Capim Branco qualificado
(00.584.775/0001-80)
Heleno & Fonseca Construtécnica S.A.
Consórcio HFGLO – (61.573.184/0001–73), Goetze Lobato
pré-qualificado
Capim Branco Engenharia Ltda., (89.952.709/0001–09) e
Ônix Construções S.A. (07.807.573/0001–70)

244 de 302
Consórcio / empresa CNPJs Qualificação
Abeinsa Infraestructuras Medio Ambiente
S.A. (N.I.F. n° A–41290792), Solví
Consórcio
Participações em Projetos de Saneamento não foi pré-
Saneamento
Ltda. (10.439.447/0001–15) e Cosatel qualificado
Uberlândia
Construções, Saneamento e Energia Ltda.
(01.106.544/0001–03)
Trail Infraestrutura Ltda. (05.497.348/0001–50)
Consórcio SP – não foi pré-
e Consbem Construções e Comércio Ltda.
Capim Branco qualificado
(61.776.399/0001–91)
Emsa - Empresa Sul
Americana de 17.393.547/001-05 pré-qualificado
Montagem S.A

Construtora Queiroz não foi pré-


33.412.792/0001–60
Galvão S.A. qualificada

Transvias
não foi pré-
Construções e 54.883.194/0001–40
qualificada
Terraplenagem Ltda.

Fonte: Ato de julgamento de pré-qualificação

Assim, dos 14 (quatorze) licitantes que apresentaram documentos para pré-qualificação, sete
foram declarados pré-qualificados.

Em 08 de julho de 2015, foi tornada pública a 2ª Etapa da Concorrência Pública nº 001/2015,


sendo os licitantes pré-qualificados convocados a apresentar suas propostas de preço em 10
de agosto de 2015. Ressalta-se que nessa 2ª Etapa, o valor estimado para a contratação foi
reduzido para R$ 337.097.552,84, visto que a planilha orçamentária reformulada se baseou
no Projeto Executivo contratado pelo DMAE e não mais no Projeto Básico, como na 1ª Etapa
da licitação.

Em 03 de setembro de 2015, foi proferido o Ato de julgamento e classificação das propostas,


com o julgamento e classificação das propostas de seis consórcios/empresas, dos quais quatro
apresentaram propostas válidas, conforme quadro a seguir:

Quadro VII – Classificação das propostas financeiras


da Concorrência Pública nº 001/2015
Consórcio / empresa Valor Proposta
Consórcio BT, Convap, Completa R$ 264.567.429,21
Emsa – Empresa Sul Americana de Montagem S.A R$ 270.900.000,00
Consórcio HFGLO – Capim Branco R$ 296.095.549,53
Consórcio Construbase, Equipav, Terracon R$ 314.579.900,00

245 de 302
Consórcio / empresa Valor Proposta
proposta de preços
Consórcio Capim Branco
desqualificada
proposta de preços
Consórcio Águas de Minas
desqualificada
Fonte: Ato de julgamento e classificação das propostas

O Consórcio BT, Convap, Completa (CNPJ: 23.413.647/0001-40), formado pelas empresas


BT Construções Ltda. (CNPJ: 04.810.813/0001–06), Convap Engenharia e Construções S.A.
(CNPJ: 17.250.986/0001–50) e Completa Engenharia S.A. (CNPJ: 16.530.446/0001–68) foi
contratado em 08 de outubro de 2015 para construção da 1ª etapa do novo sistema de produção
de água potável do município de Uberlândia, denominado Capim Branco, abrangendo
captação, elevatória de água bruta e tratada, adutora de água bruta e tratada, Estação de
Tratamento de Água – ETA, Unidade de Tratamento de Resíduos – UTR, câmara de transição,
tanques amortecedores unidirecionais – TAU´s e a reservação e interligação com o sistema
distribuidor instalado, pelo preço de R$ 264.567.429,21, conforme o Contrato nº 085/2015.
No quadro a seguir está apresentado o resumo deste contrato. Cabe informar que o BDI –
Benefícios de Despesas Indiretas para o fornecimento de materiais foi de 12% e, para os
demais serviços, 23,50%.

Quadro VIII – Resumo do Contrato nº 085/2015


Preço total
Item Descrição
(R$)
01 Canteiro e administração 38.187.523,13
02 Captação 4.626.683,64
03 Adutora 27.122.395,37
04 ETA – estação de tratamento de água 45.978.863,14
05 Fornecimento de materiais 109.365.124,60
06 Instalações elétricas - fornecimento 19.114.286,89
07 Instalações elétricas - instalação 7.552.911,78
08 Automação - fornecimento 8.691.556,30
09 Automação - instalação 3.928.084,36
Valor total da obra 264.567.429,21
Fonte: planilha contratual

Em 23 de novembro de 2016, foi firmado o 1º Termo de Aditamento, acrescendo R$


8.062.461,77 ao contrato, cujo valor total passou para R$ 272.629.890,99. Dentre as alterações
efetivadas, destacam-se (i) as alterações nos volumes de escavação de 1ª, 2ª e 3ª categorias na
ETA, provocadas por divergência entre a altimetria do terreno primitivo indicada no projeto
e a altimetria real de campo e, ainda, pela diferença nas distribuições das categorias dos
materiais e (ii) a inclusão de serviços relacionados com a estocagem provisória de tubos na
obra.

246 de 302
Mediante o 3º Aditamento ao contrato, de 28/12/2017, foram realizados acréscimos e
supressões na planilha orçamentária, resultando em um acréscimo de R$ 10.452.917,34, o que
alterou o valor contratual para R$ 283.082.808,33. Dentre as alterações efetivadas, destacam-
se aquelas relacionadas com a inclusão de serviços de vigilância armada e vigilância noturna
na obra, com a adequação do preço do concreto estrutural de 35 MPa e com a inclusão de
serviços de recuperação de nichos construtivos nas estruturas de concreto.

Quanto ao prazo de vigência do Contrato nº 085/2015, cabe registrar que o mesmo


corresponde a 50 (cinquenta) meses, compreendendo 36 (trinta e seis) meses para a execução
das obras e serviços, seis meses referentes à pré-operação, três meses para a entrega provisória,
três meses para a entrega definitiva e dois meses para o encerramento do contrato, contados a
partir da primeira ordem de serviço, o que ocorreu em 08 de outubro de 2015.

Até o momento da fiscalização, haviam sido emitidas e pagas 24 medições, correspondentes


a 40,86% do valor do contrato. No quadro a seguir estão demonstradas estas 24 medições com
a respectiva origem do recurso. Salienta-se que, embora esteja descrito nas notas fiscais que
o recurso seria pago via financiamento ou via contrapartida do DMAE, as medições da obra
não correspondem às medições enviadas pelo DMAE à Caixa, sendo apresentados boletins de
medição paralelos à Caixa Econômica Federal, denominados “Boletim de medição - DMAE
X CEF”, na qual são medidos os serviços previamente acatados pela análise da Caixa. Até 10
de abril de 2018, a Caixa Econômica Federal havia analisado o correspondente à 18ª medição
da obra.

Quadro IX – Pagamentos efetuados para o Consórcio BT, Convap, Completa


referente ao Contrato nº 085/2015
Valor do Valor da
Valor da Medição Nota Data da Valor da nota
Medição Financiamento Contrapartida
(R$) Fiscal nota fiscal fiscal (R$)
(R$) (R$)

1ª 60.814,71 000002 12/01/16 60.814,71 - 60.814,71


2ª 421.699,59 000003 12/01/16 421.699,59 - 421.699,59
000004 29/01/16 162,13 - 162,13
3ª 1.552.781,54
000005 29/01/16 1.552.619,41 - 1.552.619,41
4ª 1.062.726,82 000006 02/03/16 1.062.726,82 - 1.062.726,82
5ª 1.082.069,74 000007 01/04/16 1.082.069,74 - 1.082.069,74
000009 25/05/16 442.048,92 - 442.048,92
6ª 2.349.474,87
000010 25/15/16 1.907.425,95 1.907.425,95 -
000012 15/06/16 571.079,23 - 571.079,23
7ª 4.672.805,63
000011 15/06/16 4.101.726,40 4.101.726,40 -
000013 12/07/16 716.855,48 - 716.855,48
8ª 5.165.729,92
000014 12/07/16 4.448.874,44 4.448.874,44 -
000016 01/09/16 1.981.201,79 - 1.981.201,79
9ª 9.127.354,93
000015 01/09/16 7.146.153,13 7.146.153,13 -
000019 26/10/16 702.486,00 - 702.486,00
10ª 5.755.072,18 000018 26/10/16 4.489.576,07 4.489.576,07 -
000026 23/12/16 563.010,11 - 563.010,11
11ª 5.365.529,12 000022 29/11/16 3.129.776,74 3.129.776,74 -

247 de 302
Valor do Valor da
Valor da Medição Nota Data da Valor da nota
Medição Financiamento Contrapartida
(R$) Fiscal nota fiscal fiscal (R$)
(R$) (R$)

000023 30/11/16 489.717,58 - 489.717,58


000027 23/12/16 1.746.034,80 - 1.746.034,80
000025 16/12/16 2.777.069,13 - 2.777.069,13
000024 16/12/16 8.580.122,11 8.580.122,11 -
12ª 12.699.726,83
000029 26/12/16 713.923,54 - 713.923,54
000030 26/12/16 628.612,05 - 628.612,05
000031 10/04/17 1.152.013,65 - 1.152.013,65
13ª 3.268.102,48
000032 12/04/17 2.116.088,83 2.116.088,83 -
000033 25/05/17 6.255.536,39 6.255.536,39 -
14ª 7.210.825,97
000034 25/05/17 955.289,58 - 955.289,58
15ª 3.171.635,36 000035 22/06/17 3.171.635,36 3.171.635,36 -
16ª 3.187.598,21 000036 24/07/17 3.187.598,21 3.187.598,21 -
17ª 3.384.104,32 000037 03/08/17 3.384.104,32 3.384.104,32 -
000038 29/08/17 3.090.237,20 3.090.237,20 -
18ª 5.227.402,65
000039 29/08/17 2.137.165,45 - 2.137.165,45
000040 26/09/17 6.597.809,50 6.597.809,50 -
19ª 7.332.055,96
000041 26/09/17 734.246,46 - 734.246,46
000044 26/10/17 3.387.402,44 3.387.402,44 -
20ª 4.560.143,52
000043 26/10/17 1.172.741,08 - 1.172.741,08
000045 21/11/17 2.578.614,26 2.578.614,26 -
21ª 5.115.744,54
000046 21/11/17 2.537.130,28 - 2.537.130,28
000048 13/12/17 4.911.985,84 4.911.985,84 -
22ª 8.180.555,22
000049 13/12/17 3.268.569,38 - 3.268.569,38
23ª 11.854.026,50 000051 27/12/17 11.854.026,50 11.854.026,50 -
000052 19/02/18 1.682.880,69 1.682.880,69 -
24ª 3.870.095,74 000053 19/02/18 2.000.000,00 - 2.000.000,00
000054 19/02/18 187.215,05 - 187.215,05
Total (R$) 115.678.076,35 115.678.076,34 86.021.574,38 29.656.501,96
Fonte: notas fiscais

Foram pagos, ainda, R$ 2.785.590,92 a título de reajustamento das medições 10ª a 20ª.

De forma sucinta, a situação do andamento da obra em 12/04/2018 era a seguinte:

a) Captação no Reservatório da Usina Hidrelétrica Capim Branco I:


a.1) canal de captação: gabião e colchão dreno executados;
a.2) elevatória de água bruta: estrutura em execução;
a.3) guarita: estrutura e alvenaria executadas;
a.4) pórtico: estrutura em execução;
a.5) sala elétrica: estrutura e alvenaria executadas;
a.6) subestação: paredes corta-fogo executadas e estrutura da sala elétrica em
execução;

248 de 302
a.7) acessos e pátios de manobras: corte do terreno em execução.

b) Adutora de água bruta: parte dos tubos estocados às margens da Estrada do Pau
Furado, aguardando liberação para escavação. Os dois tanques amortecedores
unidirecionais ainda não foram iniciados;

c) Estação de Tratamento de Água – ETA:


c.1) tanques de coagulante (sulfato de alumínio): estrutura executada;
c.2) canal parshall: estrutura em execução:
c.3) floculador: concretagem da estrutura no dia da inspeção da CGU;
c.4) decantador: estrutura executada;
c.5) filtro: estrutura não iniciada;
c.6) casa de química: execução das formas e armação dos blocos de fundação;
c.7) tanques de cal hidratada em suspensão: fundação não iniciada;
c.8) sala de cloro: estrutura da laje de piso iniciada;
c.9) guarita: estrutura e alvenaria executadas
c.10) sala de água tratada: fundação não iniciada;
c.11) reservatório de água de lavagem: fundação não iniciada;
c.12) elevatória de água de lavagem: fundação não iniciada;
c.13) sala elétrica e elevatória de água tratada: estrutura em execução;
c.14) reservatório de água tratada: estrutura executada;
c.15) ácido fluossílicico: fundação não iniciada;
c.16) galpão depósito: estrutura executada e parte da alvenaria;
c.17) decantador secundário: armação em execução;
c.18) tanque de homogeneização: armação do bloco de fundação em execução;
c.19) adensadores: estacas de fundação cravadas;
c.20) elevatória de lodo adensado: armação do bloco de fundação em execução;
c.21) desidratação e sala elétrica: estacas de fundação cravadas;
c.22) elevatória de recirculação: estacas de fundação cravadas;
c.23) tanque de regularização: estacas de fundação cravadas;

Os serviços de urbanização, pavimentação, drenagem, e interligação da ETA às


adutoras de água bruta e tratada ainda não haviam sido iniciados.

d) Adutora de água tratada – recalque: tubulação concluída, restando a execução da


passagem inferior sob o anel viário de Uberlândia e os dois tanques amortecedores
unidirecionais;

e) Câmara de transição: estrutura iniciada;

f) Adutora de água tratada – gravidade: parte da tubulação já foi executada e parte está
em execução;

A interligação com o sistema distribuidor instalado (Reservatório Custódio) ainda não foi
realizada, bem como os quatro tanques amortecedores unidirecionais – TAU´s compreendidos
nas adutoras de água bruta e adutora de água tratada – recalque ainda não foram iniciados.

As fotos a seguir ilustram o andamento das obras:

249 de 302
Foto 1 -Vista aérea do entorno da Usina Capim Branco e, nos destaques, a área da
Captação e da Estação de Tratamento de Água, Uberlândia/MG, 14/04/2018

Imagem 1 - Vista aérea da Estação de Tratamento de Água, Uberlândia/MG, 12/04/2018


(foto fornecida pelo Consórcio BCC)

250 de 302
Foto 2 - Execução da estrutura da elevatória Foto 3 - Sala elétrica (Captação),
de água bruta (Captação), Uberlândia/MG, Uberlândia/MG, 12/04/2018
12/04/2018

Foto 4 - Execução da estrutura da Foto 5 - Tubos da adutora de água bruta,


subestação (Captação), Uberlândia/MG, Uberlândia/MG, 12/04/2018
12/04/2018

Foto 6 - Execução dos blocos de fundação Foto 7 - Execução da concretagem do


da Casa de Química (ETA), Floculador (ETA), Uberlândia/MG,
Uberlândia/MG, 12/04/2018 12/04/2018

251 de 302
Foto 8 - Estrutura do decantador executada Foto 9 - Execução da estrutura da sala
(ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018 elétrica e da elevatória de água tratada
(ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018

Foto 10 - Poço de inspeção da adutora de Foto 11 - Execução da estrutura da câmara


água tratada – recalque, Uberlândia/MG, de transição, Uberlândia/MG, 12/04/2018
12/04/2018

Foto 12 - Execução da adutora de água Foto 13 - Poço de inspeção da adutora de


tratada - gravidade, Uberlândia/MG, água tratada – gravidade, Uberlândia/MG,
12/04/2018 12/04/2018

GERENCIAMENTO E FISCALIZAÇÃO

Para o gerenciamento e fiscalização da obra do novo sistema de produção de água potável


denominado “Capim Branco” foi realizada a Concorrência Pública nº 173/2015 do tipo melhor

252 de 302
técnica e preço, sob o regime de empreitada por preço unitário, com orçamento estimado em
R$ 11.020.346,72.

Conforme o Ato de habilitação e inabilitação, de 18 de fevereiro de 2016, as seguintes


empresas apresentaram a documentação exigida e foram habilitadas a participar do certame:

Quadro X – empresas habilitadas da Concorrência Pública nº 173/2015


Consórcio / empresa CNPJs

Arcadis Logos S.A. 07.939.296/0001-50

Senha Engenharia e
36.863.538/0001-77
Urbanismo S.S.
Consórcio SGS SGS Enger Engenharia Ltda. (51.167.500/0001-53) e
Enger - Planal Planal Engenharia Ltda. (04.748.601/0001-38)
Consórcio Leme Leme Engenharia Ltda. (33.633.561/0001-87) e Diefra
Engenharia - Diefra Engenharia e Consultoria Ltda. (17.579.459/0001-94)
Fonte: Ato de habilitação e inabilitação

No Ato de avaliação final “técnica e preço”, classificação e julgamento, de 12 de abril de


2016, foi exarado o resultado final da avaliação “Técnica e Preço”, conforme demonstrado a
seguir:

Quadro XI – Classificação final da proposta Concorrência Pública nº 173/2015


Pontuação
Pontuação Proposta de Pontuação
Empresa final da
técnica preços Comercial
proposta
Consórcio SGS Enger -
99 9.355.679,45 69,61 87,24
Planal
Consórcio Leme
95 9.479.982,82 68,14 84,26
Engenharia - Diefra
Senha Engenharia e
97 9.903.520,13 63,15 83,46
Urbanismo S.S.
Arcadis Logos S.A. 95 9.977.283,74 62,29 81,92
Fonte: Ato de avaliação final “técnica e preço”, classificação e julgamento

Assim, o Consórcio SGS Enger – Planal (CNPJ: 24.763.416/0001-20), formado pelas


empresas SGS Enger Engenharia Ltda (CNPJ: 51.167.500/0001-53) e Planal Engenharia Ltda
(CNPJ: 04.748.601/0001-38) foi contratado em 19 de maio de 2016 para gerenciamento e
fiscalização da obra do novo sistema de produção de água potável denominado “Capim
Branco”, pelo preço de R$ 9.355.679,45, conforme o Contrato nº 051/2016. O prazo do
contrato foi estipulado em 33 (trinta e três) meses e a ordem de início foi emitida em 01 de
junho de 2016.

Em síntese, o serviço de gerenciamento e fiscalização compreende a elaboração de relatórios


para subsidiar a fiscalização do DMAE. Conforme a planilha orçamentária, compreende a
alocação de mão de obra, tais como engenheiros (civil, eletricista, mecânico e segurança do

253 de 302
trabalho), técnicos diversos (terraplenagem, concreto, topografia, etc.), bem como de veículos
e contêineres para escritório.

Em 25 de outubro de 2017 o contrato foi acrescido em R$ 664.128,18, relativo ao 1º


Aditamento ao Contrato nº 051/2016, devido a acréscimo de quantitativo do item 4.1 –
Engenheiro Sênior e inclusão dos itens 2.6 – Passagem Aérea e 2.7 – Hospedagem.
Posteriormente, devido a impossibilidade de inclusão dos novos itens (passagem e
hospedagem), este aditivo foi retificado, sendo o valor do acréscimo alterado para R$
580.775,94 relativo a acréscimo quantitativo e qualitativo na cláusula quarta, com a inclusão
do item 4.1 – Consultor de Engenheira Sênior. Dessa forma, o valor total do contrato após o
aditivo foi alterado para R$ 9.936.455,39.

Em 29 de novembro de 2017, foi exarado o 2º Aditamento ao Contrato, no valor de R$


334.818,18, relativo a reajuste contratual, referente a Convenção Coletiva de Trabalho
2016/2017.

Até o momento da fiscalização, haviam sido emitidas e pagas 19 medições, correspondentes


a 47,56% do valor do contrato. Cabe ressaltar, todavia, que apesar das notas fiscais indicarem
que os recursos utilizados nos pagamentos são oriundos da CAIXA e do DMAE, houve
liberação de recursos pela CAIXA apenas para o pagamento das primeiras seis medições,
sendo as demais pagas com recursos próprios do DMAE.

Quadro XII – Pagamentos efetuados para o Consórcio SGS Enger – Planal


referente ao Contrato nº 051/2016
Valor da Valor da Valor do Valor da
Medi_ Nota Data da
Medição nota fiscal Financiamento Contrapartida
ção Fiscal nota fiscal
(R$) (R$) (R$) (R$)
001305 01/12/16 25.805,51 - 25.805,51
009829 02/12/16 38.708,27 - 38.708,27
1 117.833,38
001328 19/12/16 21.327,84 21.327,84 -
009896 20/12/16 31.991,76 31.991,76 -
001306 01/12/16 34.387,60 - 34.387,60
009830 02/12/16 51.581,40 - 51.581,40
2 157.021,01
001329 19/12/16 28.420,80 28.420,80 -
009897 20/12/16 42.631,21 42.631,21 -
001307 01/12/16 43.237,73 - 43.237,73
009831 02/12/16 64.856,59 - 64.856,59
3 197.432,55
001330 19/12/16 35.735,29 35.735,29 -
009905 21/12/16 53.602,94 53.602,94 -
001308 01/12/16 45.865,86 - 45.865,86
009832 02/12/16 68.798,79 - 68.798,79
4 209.433,15
001331 19/12/16 37.907,40 37.907,40 -
009899 20/12/16 56.861,10 56.861,10 -
001332 19/12/16 40.206,38 40.206,38 -
5 222.134,68 001334 20/12/16 48.647,50 - 48.647,50
009902 20/12/16 72.971,24 - 72.971,24

254 de 302
Valor da Valor da Valor do Valor da
Medi_ Nota Data da
Medição nota fiscal Financiamento Contrapartida
ção Fiscal nota fiscal
(R$) (R$) (R$) (R$)
009900 20/12/16 60.309,56 60.309,56 -
001333 19/12/16 41.706,89 41.706,89 -
001335 20/12/16 50.463,03 - 50.463,03
6 230.424,79
009904 20/12/16 75.694,54 - 75.694,54
009901 20/12/16 62.560,33 62.560,33 -
001430 02/05/17 47.099,62 - 47.099,62
001431 02/05/17 38.927,09 38.927,09 -
7 215.066,78
010450 10/05/17 70.649,44 - 70.649,44
010449 10/05/17 58.390,63 58.390,63 -
001447 16/05/17 39.894,98 39.894,98 -
001446 16/05/17 48.270,72 - 48.270,72
8 220.414,26
010507 17/05/17 59.842,47 59.842,47 -
010510 17/05/17 72.406,09 - 72.406,09
001449 16/05/17 44.507,44 44.507,44 -
001448 16/05/17 53.851,55 - 53.851,55
9 245.897,47
010506 17/05/17 66.761,16 66.761,16 -
010508 17/05/17 80.777,32 - 80.777,32
010515 22/05/17 73.000,88 73.000,88 -
010516 22/05/17 88.327,04 - 88.327,04
10 268.879,87
001455 22/05/17 48.667,26 48.667,26 -
001454 22/05/17 58.884,69 - 58.884,69
010646 27/06/17 77.080,71 77.080,71 -
010647 27/06/17 93.263,41 - 93.263,41
11 283.906,87
001514 26/06/17 51.387,14 51.387,14 -
001513 26/06/17 62.175,61 - 62.175,61
001536 10/07/17 51.636,76 51.636,76 -
001535 10/07/17 62.477,62 - 62.477,62
12 285.285,94
010675 11/07/17 77.455,13 77.455,13 -
010676 11/07/17 93.716,43 - 93.716,43
010847 25/08/17 76.760,05 76.760,05 -
010848 25/08/17 92.875,42 - 92.875,42
13 282.725,78
001624 25/08/17 51.173,37 51.173,37 -
001623 25/08/17 61.916,94 - 61.916,94
010892 15/09/17 75.653,41 75.653,41 -
010908 15/09/17 91.536,45 - 91.536,45
14 278.649,77
001645 14/09/17 50.435,61 50.435,61 -
001644 14/09/17 61.024,30 - 61.024,30
010972 05/10/17 74.694,21 74.694,21 -
15 275.116,79 010973 05/10/17 90.375,86 - 90.375,86
001674 04/10/17 49.796,14 49.796,14 -

255 de 302
Valor da Valor da Valor do Valor da
Medi_ Nota Data da
Medição nota fiscal Financiamento Contrapartida
ção Fiscal nota fiscal
(R$) (R$) (R$) (R$)
001673 04/10/17 60.250,58 - 60.250,58
001699 06/11/18 50.027,46 50.027,46 -
001698 06/11/18 60.530,46 - 60.530,46
16 276.394,81
011060 06/11/18 75.041,19 75.041,19 -
011063 06/11/18 90.795,70 - 90.795,70
011281 21/12/17 82.927,10 82.927,10 -
011282 21/12/17 100.337,21 - 100.337,21
17 305.440,52
001757 20/12/17 55.284,73 55.284,73 -
001758 21/12/17 66.891,48 - 66.891,48
001837 02/03/18 72.611,42 - 72.611,42
001838 02/03/18 60.012,18 60.012,18 -
18 331.559,01
011505 05/03/18 90.018,27 90.018,27 -
011506 05/03/18 108.917,14 - 108.917,14
001844 09/03/18 51.961,02 51.961,02 -
011530 12/03/18 77.941,56 77.941,56 -
19 322.046,58
011529 12/03/18 115.286,39 - 115.286,39
001843 09/03/18 76.857,61 - 76.857,61
Total
4.725.664,01 4.725.664,01 2.122.539,45 2.603.124,56
(R$)
Fonte: notas fiscais

TRABALHO TÉCNICO SOCIAL

No que tange ao projeto de trabalho social, foi realizada a Concorrência Pública n° 095/2017,
de 06 de outubro de 2017, cujo objeto é a “elaboração e execução de Projeto de Trabalho
Social, consistente na contratação de agência de comunicação, diagnóstico físico-ambiental e
socioeconômico e plantão social envolvendo reuniões e elaboração do PDST, na área de
intervenção do Projeto de Trabalho Social – PTS do Sistema Produtor de Água Capim Branco,
tendo como escopo geral promover a participação social”, do tipo melhor técnica e preço, sob
o regime de empreitada por preço unitário, com orçamento estimado em R$ 835.228,19.

A única participante do certame foi a empresa Arco Verde Meio Ambiente Eireli.

Em 26 de dezembro de 2017, foi firmado o Contrato nº 166/2017 com a Arco Verde Meio
Ambiente Eireli – EPP (CNPJ: 11.657.367/0001-07), no valor de R$ 646.615,00. O prazo para
execução dos serviços foi estipulado em oito meses.

Até 09 de abril de 2018 não havia ocorrido nenhuma medição deste contrato.

O quadro a seguir sintetiza o valor pago pelo DMAE para cada um dos contratos celebrados
para consecução do objeto do contrato de financiamento, com a totalização para o
empreendimento. Destaca-se que, embora tenha sido desembolsado, até 10 de abril de 2018,
o montante de R$ 63.584.743,00 a título de financiamento, já foram pagos R$ 126.972.478,60
para as empresas contratadas, o que resulta em uma contrapartida efetiva de R$ 63.387.735,60

256 de 302
(126.972.478,60 – 63.584.743,00), salientando-se que a contrapartida total prevista no
contrato de financiamento é de R$ 71.997.457,50. Após a análise dos boletins de medição pela
Caixa Econômica Federal, vem ocorrendo restituição de parte desta contrapartida ao DMAE.
A defasagem de tempo entre as medições do consórcio executor e do consórcio gerenciador e
o efetivo pagamento da parcela correspondente pela Caixa Econômica Federal, é causada,
dentre outros, pelo fato de o DMAE, como agente promotor do contrato de financiamento,
encaminhar a documentação para a Prefeitura Municipal de Uberlândia, tomador do
financiamento, que elabora a prestação de contas e encaminha à Caixa.

Quadro XIII – valor total medido e pago pelo DMAE para implantação do novo sistema de
produção de água potável Capim Branco
Última
Período última Valor medido Valor do Valor da
Contrato medição
medição acumulado financiamento* contrapartida
efetuada
Contrato nº
7ª e última 01/08 a
064/2014 5.850.169,15 3.506.026,06 2.344.143,09
medição 16/12/2015
(projeto)
Contrato nº
070/2017 01 a
8ª medição 718.569,09 - 718.569,09
(revisão do 22/12/2017
projeto)
Contrato nº
085/2015 24ª medição dezembro/2017 115.678.076,35 86.021.574,38 29.656.501,96
(obra)
Contrato nº
051/2016
19ª medição dezembro/2017 4.725.664,01 2.122.539,45 2.603.124,56
(gerenciamento
e fiscalização)
Total (R$) 126.972.478,60 91.650.139,89 35.322.338,70
* Embora conste na descrição das notas fiscais a origem do recurso como sendo
financiamento, parte destas notas são pagas com contrapartida adicional.

ato
/F
#

2.1.2. Previsão de fornecimento do sistema de cloro em duplicidade na planilha


orçamentária da construção do sistema de produção de água potável Capim Branco,
ocasionando sobrepreço de R$ 1.173.250,00.

Fato

A planilha orçamentária do Contrato nº 085/2015, para construção da 1ª etapa do novo sistema


de produção de água potável Capim Branco, é constituída por nove planilhas, conforme
demonstrado no quadro a seguir:

Quadro – Resumo do Contrato nº 085/2015


Preço total
Item Descrição
(R$)
01 Canteiro e administração 38.187.523,13

257 de 302
Preço total
Item Descrição
(R$)
02 Captação 4.626.683,64
03 Adutora 27.122.395,37
04 ETA – estação de tratamento de água 45.978.863,14
05 Fornecimento de materiais 109.365.124,60
06 Instalações elétricas - fornecimento 19.114.286,89
07 Instalações elétricas - instalação 7.552.911,78
08 Automação - fornecimento 8.691.556,30
09 Automação - instalação 3.928.084,36
Valor total da obra 264.567.429,21
Fonte: planilha contratual (sem aditivos)

Desta forma, consta na planilha “Fornecimento de materiais”, o fornecimento de materiais


hidráulicos, tais como tubos e conexões (de PVC, ferro fundido, de concreto, aço carbono,
dentre outros), válvulas, registros e equipamentos e sistemas diversos, como bombas, sistema
de cloro, analisador de cor, elevadores, prensa, túnel liner, tanques, comportas, dentre outros.
Nas planilhas “Captação”, “Adutora” e “ETA – Estação de Tratamento de Água” estão as
obras civis e a instalação dos diversos materiais e equipamentos.

Para a Sala de Cloro da ETA, está prevista a execução de um “Sistema de cloro completo para
dois pontos de aplicação”. Foi verificado que na planilha orçamentária da ETA – Estação de
Tratamento de Água constam o item 13.05.01 – Sistema de cloro completo para dois pontos
de aplicação, com quantidade unitária e custo de R$ 1.285.800,00 e o item 13.05.05 –
Instalação de sistema de cloro completo para dois pontos de aplicação. Por sua vez, na planilha
Fornecimento de materiais, consta o item 04.19.01.01 – Sistema de cloro completo para dois
pontos de aplicação, com uma unidade e custo de R$ 1.285.800,00, ocorrendo, portanto,
duplicidade de previsão de fornecimento do referido sistema. Na planilha da ETA, deveria
constar somente o serviço de instalação do sistema de cloro, previsto no item 13.05.05 e o
fornecimento do sistema de cloro deveria constar somente na planilha Fornecimento de
materiais (item 04.19.01.01). Ressalta-se que o sistema de cloro ainda não foi fornecido, não
ocorrendo, portanto, medições e pagamentos para este item.

Assim, deve ser suprimido da planilha contratual da ETA o item 13.05.01 – Sistema de cloro
completo para dois pontos de aplicação, cujo preço total apresentado pelo Consórcio BT,
Convap, Completa é de R$ 1.173.250,00.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

258 de 302
“(...)

Em síntese, a CGU identificou que existe o serviço de instalação em duplicidade na planilha,


isto é, nos itens 13.05.05 e 13.05.01, devendo ser suprimido um dos itens.

Inicialmente, cumpre-nos observar que, conforme já fora observado pela Controladoria


Geral da União (“ressalta-se que o sistema de cloro ainda não foi fornecido, não ocorrendo,
portanto, medições e pagamentos para este item”), NÃO houve fornecimento, medição e/ou
pagamento realizado para o referido item, devendo apenas haver a supressão de um dos itens
na planilha com ajustes financeiros.

Pois bem, diante do apontamento do CGU, e seguindo as diretrizes do enunciado da súmula


473 do STF, o DMAE solicitou ao Consórcio responsável pela execução da obra, através do
Ofício nº 2635/2018/DG (em anexo), a supressão dos itens 13.05.01 e 13.05.05, que se
referem à instalação do sistema de cloro, cujo preço total apresentado pelo Consórcio BT,
Convap, Completa foi de R$ 1.173.250,00.

Dessa forma, estamos aguardando retorno com anuência da contratada (a fim de que não se
alegue posteriormente ausência de contraditório) para realização do termo de aditamento
com a supressão dos itens acima citados, com valor contratado de R$ 1.173.250,00. Tão logo
seja assinado o Aditivo, o DMAE encaminhará cópia à CGU para conhecimento e arquivo.

Cumpre ainda ressaltar ainda que a instalação do sistema de cloro está sendo suprimida, e
que permanecerá no contrato apenas o item 04.19.01.01, que se refere apenas ao
fornecimento. Logo, destacamos que se vislumbra a possibilidade de solicitação pela
contratada de inclusão do item de instalação desse sistema na planilha por meio de aditivo
posteriormente”.

Manifestação da CAIXA

Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.


m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Foi recomendado somente a supressão do item 13.05.01 – Sistema de cloro completo para
dois pontos de aplicação da planilha orçamentária da ETA – Estação de Tratamento de Água,
por estar previsto também no item 04.19.01.01 da planilha Fornecimento de materiais. Não
foi recomendado e não há motivo para a supressão do item 13.05.05 – Instalação de sistema
de cloro completo para dois pontos de aplicação, não sendo necessário, portanto, uma futura
solicitação de termo aditivo para inclusão do item de instalação do sistema de cloro, pois o
item instalação do sistema de cloro já consta na planilha contratual (item 13.05.05).
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.3. Quantidade de aço para estrutura de concreto superestimada na planilha


orçamentária para a construção do sistema de produção de água potável Capim Branco
ocasionando sobrepreço de R$ 2.369.277,74.

Fato

259 de 302
O quantitativo do serviço de armação de aço para estruturas de concreto armado constante da
planilha orçamentária da licitação e do Contrato nº 085/2015, para construção da 1ª etapa do
novo sistema de produção de água potável Capim Branco, é superior ao quantitativo de aço
previsto no projeto estrutural executivo. Por exemplo, para a Estação Elevatória de Água
Tratada – Acesso / Sala Elétrica (item 09.03.05) foram estimados na planilha orçamentária
228.077kg de aço CA-50, mas, conforme os quadros resumo das pranchas do projeto estrutural
executivo, totalizado na tabela a seguir, a quantidade de aço projetada é de somente 94.945kg,
que representa uma superestimativa de 140%.

Quadro I – Quantidade de aço projetada


para a Elevatória de água tratada
Peso de aço no
Prancha quadro resumo
(kg)
592-EAT-EC-DS-1013 41.367
592-EAT-EC-DS-1014 6.380
592-EAT-EC-DS-1015 6.805
592-EAT-EC-DS-1016 2.768
592-EAT-EC-DS-1017 2.120
592-EAT-EC-DS-1018 2.442
592-EAT-EC-DS-1019 3.055
592-EAT-EC-DS-1020 13.057
592-EAT-EC-DS-1021 4.703
592-EAT-EC-DS-1022 4.695
592-EAT-EC-DS-1023 828
592-EAT-EC-DS-1024 1.522
592-EAT-EC-DS-1025 2.047
592-EAT-EC-DS-1026 3.156
Peso total (kg) 94.945
Fonte: Projeto Executivo.

No quadro a seguir, está apresentada a quantidade de aço prevista na planilha orçamentária de


cada uma das estruturas que compõem a 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável
Capim Branco, bem como a quantidade de aço projetada para cada uma destas estruturas.

Quadro II – Aço estimado x aço projetado


Quantidade de
Quantidade de aço conforme
aço planilha quadros resumo
Estrutura do projeto
orçamentária
(kg) executivo*
(kg)
Captação
Guarita 2.681,00 2.368,00
Estação elevatória de água bruta 32.551,00 24.390,00
Sala elétrica / sala de controle 16.258,00 17.521,00
Fossa séptica 1.517,00 525,00
Subestação 25.715,00 13.225,00

260 de 302
Quantidade de
Quantidade de aço conforme
aço planilha quadros resumo
Estrutura do projeto
orçamentária
(kg) executivo*
(kg)
Alas, descidas d´água e caixas de passagem - 753,00
Adutora
Adutora de água bruta - caixas de inspeção 7.779,78 6.339,00
Adutora de água bruta - Caixa de ventosa tríplice 1.728,84 1.621,00
Tanque hidropneumático - 919,00
Adutora de água bruta - Estrutura de concreto para
40.000,00 -
apoio e enriquecimento
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 01 12.808,14 3.827,00
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 02 12.808,14 3.827,00

Adutora de água tratada - recalque - caixas de inspeção 12.101,88 8.277,00

Adutora de água tratada - recalque - caixas de ventosa


5.186,52 4.009,00
tríplice

Adutora de água tratada - recalque - caixas de descarga 5.186,52 2.592,00

Tampas das caixas - 12.429,00


Adutora de água tratada - recalque - Estrutura de
52.000,00 -
concreto para apoio e enriquecimento
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 03 12.808,14 4.679,00
Tanque amortecedor unidirecional - TAU - 04 12.808,14 4.689,00
AAT - recalque - travessia sobre anel viário norte - 4.536,00
Câmara de transição 41.102,16 41.502,00
Adutora de água tratada - gravidade - caixas de
12.966,30 9.010,00
inspeção
Adutora de água tratada - gravidade - caixas de ventosa
6.050,95 7.474,00
tríplice
Adutora de água tratada - gravidade - caixas de
6.050,95 5.698,00
descarga
Adutora de água tratada - gravidade -Estrutura de
55.200,00 -
concreto para apoio e enriquecimento
AAT - gravidade - travessia sob ferrovia - 3.806,00
ETA - Estação de tratamento de água
Guarita 3.325,00 3.022,00
Floculadores / sopradores 177.540,00 161.645,00
Decantador / canal água floculada 368.879,00 335.343,00
Filtro / canal de água / decantador / descarga de
282.724,95 273.737,00
lavagem

261 de 302
Quantidade de
Quantidade de aço conforme
aço planilha quadros resumo
Estrutura do projeto
orçamentária
(kg) executivo*
(kg)
Sistema de lavagem dos filtros (elevatória e
40.366,00 36.846,00
reservatório)
Tanque de contato 262.871,00 238.972,00
Reservatório 10.000m3 311.948,00 293.536,00
Estação elevatória de água tratada - acesso / sala
228.077,00 94.945,00
elétrica
Casa de química 34.114,00 31.008,00
Sulfato de alumínio (tanques de coahulante) 9.966,99 6.905,00
Ácido-fluossilícico 3.501,00 3.283,00
Sala de cloro (e bacia da sala de cloro) 21.646,00 14.211,00
Edifício de agua bruta com calha Parshall 53.597,00 57.027,00
Edifício de saída da água tratada 3.617,00 3.854,10
Fossa séptica 1.517,00 1.099,00
Galpão / oficina / deposito 31.270,78 19.861,00
Alas - 1.921,00
Blocos de ancoragem - 1.055,00
Descidas d´água - 496,00
Guarda-corpo sobre muro e passarelas - 537,00
Muros - 21.447,00
Passarela e sala dos geradores - 12.321,00
UTR - decantador secundário - 1 - 2 64.048,00 59.171,00
UTR - tanque de homogeneização - 4.784,00
UTR - adensadores de lodo - 1 - 2 - caixa de manobra 53.975,00 48.904,00
UTR - tanque de regularização 56.774,00 46.830,00
UTR - elevatória de recirculação 4.482,00 4.074,00
UTR - desaguamento mecanizado (tanque de cal
19.422,59 5.913,00
hidratada)
UTR sala elétrica / polímero 22.019,00 19.466,00
Peso total de aço CA-50 (kg) 2.430.989,77 1.986.229,10
* Quantidades conforme quadro resumo – pode haver variação em função de erros no quadro
resumo.
Fonte: planilha orçamentária e projeto estrutural executivo.

Assim, o serviço de armação de aço para estruturas de concreto armado foi superestimado em
444.760,67kg (2.430.989,77 – 1.986.229,10), ocasionando um sobrepreço de R$ 2.446.183,69
(444.760,67kg x R$5,50/kg) na planilha contratual.

Salienta-se que, pelo fato de as estruturas estarem em execução e pela defasagem entre a
última medição aprovada (dezembro/2017) e a data da inspeção (abril/2018), este sobrepreço
ainda não teve impactos financeiros relevantes nos pagamentos, pois somente na Estação

262 de 302
elevatória de água bruta e na Guarita da ETA foram constatados a medição de aço superior à
quantidade projetada.

Quadro III – aço medido a maior


Quantidade de
Quantidade
aço conforme Quantidade Aço medido
de aço
quadros resumo de aço a maior
Estrutura planilha
do projeto medida (kg)
orçamentária
executivo (kg) (b) (c = b – a)
(kg)
(kg) (a)
Estação elevatória de
32.551,00 24.390,00 24.595,80 205,80
água bruta
Guarita - ETA 3.325,00 3.022,00 3.325,00 303,00
Fonte: planilha orçamentária, projeto estrutural executivo e 24ª medição.

Assim, deve ser ajustado na planilha contratual as quantidades do serviço de armação de aço,
limitando-se o pagamento da armação de aço de cada estrutura à quantidade projetada e
efetivamente executada.

Tendo em vista esta divergência na quantidade de aço entre o projeto e a planilha


orçamentária, foi analisada a quantidade do serviço “Concreto usinado bombeado
fck=35MPa, inclusive lançamento e adensamento” da estrutura mais relevante da Estação de
Tratamento de Água, o Reservatório 10.000m³ (item 08.03.04). Consta na planilha o volume
de 3.368,98m³ de concreto e, conforme levantamento nas pranchas do projeto estrutural, o
volume seria de cerca de 2.868,53m³, que resulta em uma diferença de 500,45m³ de concreto.
Somente no referido item de serviço do Reservatório, a diferença entre o valor constante na
planilha orçamentária contratada e o apurado a partir do projeto seria de R$ 213.165,72.

Este tema foi abordado em reunião realizada em 28 de novembro de 2017, entre representantes
do DMAE, Consórcio BT, Convap, Completa e Consórcio SGS Enger – Planal, na qual
“decidiu-se agrupar os volumes de concreto fck=35MPa dos floculadores, decantadores,
filtros e reservatório em um único item, igualmente com as áreas de forma para concreto,
tendo em vista o desbalanceamento existente entre as quantidades do projeto executivo e a
planilha contratual, mantendo a quantidade total contratada de cada serviço. A revisão da
planilha com a nova formatação será formalizada através de aditamento (04) ao Contrato”.
Assim, tal divergência de quantidade já fora detectada durante a execução do reservatório,
dando a entender que em outras estruturas a quantidade planilhada é inferior à quantidade
projetada, sendo que as quantidades das estruturas seriam agrupadas em futuro termo aditivo.

Tendo em vista que houve incorreções de quantidades de serviços planilhados e projetados,


tanto no aço, quanto no concreto, o correto seria a realização de um levantamento no projeto
das quantidades corretas de volume de concreto, área de formas e volume de cimbramento
(escoramento) de cada uma das estruturas que compõem a construção da 1ª etapa do novo
sistema de produção de água potável Capim Branco, para a devida adequação, via aditivo, das
quantidades na planilha contratual.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

263 de 302
O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº
2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“Segundo consta no relatório preliminar, entendeu a CGU que o quantitativo do serviço de


armação de aço para estruturas de concreto armado constante da planilha orçamentária da
licitação e do Contrato nº 085/2015, para construção da 1ª etapa do novo sistema de
produção de água potável Capim Branco, é superior ao quantitativo de aço previsto no
projeto estrutural executivo.

O quantitativo listado que foi apurado pela CGU e apresentado no relatório preliminar foi
de 1.986.229,10 kg, com a expressa ressalva de que poderia haver variações. Neste sentido,
houve apuração da projetista Serra Azul Engenharia na qual foi verificada que o quantitativo
real com os projetos revisados é de 2.000.212,00 kg.

A planilha com a revisão do projeto elaborada pela Serra Azul deverá ser anexada à defesa.

De toda forma o quantitativo apurado pela projetista estrutura à estrutura (Anexo 2) é


inferior ao previsto na planilha do Contrato Administrativo nº 085/2015.

Assim, o quantitativo de aço para serviço de armação para estruturas de concreto armado
quantificado em licitação é maior em 430.777,77kg (2.430.989,77 – 2.000.212,00) sendo
necessário um Aditivo de supressão de aço dessa quantidade, resultando em uma supressão
estimada financeira no contrato atual de (430.777,77kg x R$5,50/kg) R$ 2.369.277,74.

Importante neste ponto destacar, que este item já havia sido constatado pela equipe de
engenharia do DMAE, sendo que o Termo Aditivo com a finalidade de corrigir essa situação
já está sendo elaborado pelos setores responsáveis. Assim que formalizado o Aditivo, o DMAE
encaminhará à CGU para conhecimento e arquivo.

Destaca-se, ainda, que conforme salientado no relatório preliminar, pelo fato de as estruturas
estarem em execução e pela defasagem entre a última medição aprovada e a data da inspeção
(abril/2018), este “sobrepreço” não teve impactos financeiros relevantes nos pagamentos,
pois somente na Estação elevatória de água bruta e na Guarita da ETA foi constatada a
medição de aço superior à quantidade projetada (508,80 kg, que equivale à 0,025% do
quantitativo total).

Para esse quantitativo, irrelevante se comparado ao total, solicitamos à CGU que faça uma
nova verificação in loco para esclarecimento, haja vista que entendemos não haver medição
superior, sendo possível tal identificação através de uma nova apuração por este i. fiscal, que
após a verificação poderá excluir tal item das pendências apontadas.

Por fim, especificamente em relação à Estação Elevatória de Água Bruta, o DMAE solicita à
CGU uma nova conferência dos projetos atualizados pela Serra Azul Engenharia, que
totalizam 27.059 Kg, haja vista que, considerando tal quantidade, não há medição superior
à quantidade projetada, conforme se demonstra no quadro resumo de aço abaixo, vejamos:

ESTAÇÃO ELEVATÓRIA DE ÁGUA BRUTA


PROJETO PESO (kg) PESO (kg) + 10%
592-CAPT-EC-DS-1005-R03 2557 2812
592-CAPT-EC-DS-1006-R03 1076 1184

264 de 302
592-CAPT-EC-DS-1007-R02 1906 2097
592-CAPT-EC-DS-1008-R02 7256 7981
592-CAPT-EC-DS-1009-R02 5754 6329
592-CAPT-EC-DS-1010-R03 6252 6877
592-CAPT-EC-DS-1011-R03 1422 1564
592-CAPT-EC-DS-1012-R01 836 920
TOTAL 27.059 29.764
Quadro Resumo de Aço – EEAB – Revisado”

Manifestação da CAIXA

Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.


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Análise do Controle Interno

Foi informado que a empresa projetista, Serra Azul Engenharia, elaborou a revisão do projeto
executivo e apurou uma quantidade real de 2.000.212kg de aço, que resulta em uma
quantidade de 430.777,77kg (2.430.989,77 – 2.000.212,00) a maior na planilha orçamentária,
sendo que tal diferença será objeto de aditivo de supressão, resultando em uma supressão
estimada financeira no contrato atual de R$ 2.369.277,74 (430.777,77kg x R$5,50/kg).

Entretanto, não foi mencionado na justificativa o fato de haver divergência também nos
quantitativos de concreto, pois conforme já citado, foi verificada diferença entre o volume de
concreto armado previsto na planilha orçamentária e levantado nas pranchas do projeto
estrutural do Reservatório da Estação de Tratamento de Água, ocasionando uma diferença de
R$ 213.165,72.

Cabe ao DMAE solicitar à projetista, que foi responsável tanto pela elaboração do projeto
estrutural quanto pela elaboração da planilha orçamentária, o levantamento das quantidades
corretas dos quantitativos de volume de concreto, área de formas e volume de cimbramento
(escoramento) de cada uma das estruturas que compõem a construção da 1ª etapa do novo
sistema de produção de água potável Capim Branco, tendo em vista que pode existir maiores
divergências que gere pagamentos por serviços não executados, cabendo à Caixa Econômica
Federal somente autorizar o pagamento das medições dos serviços referentes às estruturas de
concreto (concreto, forma, cimbramento) em quantidades compatíveis com os projetos.
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2.1.4. Previsão em duplicidade de itens orçamentários referentes ao serviço de locação


da obra, acarretando sobrepreço de R$ 2.665.867,43.

Fato

Em análise à planilha orçamentária da obra, verificou-se que os serviços de locação constam


com o mesmo valor unitário de R$ 21,46/m² para todos os tipos de locação a serem executados
no empreendimento, indicando haver uma uniformidade nas especificações da atividade de
locação, conforme descreve-se a seguir:

Quadro I – Previsão dos serviços de locação na obra (Captação)


ÁREA DA CAPTAÇÃO

265 de 302
Unitário
Item Descrição Ud Quantidade Total (R$)
(R$)
Captação -
01.
Limpeza/Nivelamento/Urbanização
Locação da obra, com uso de
01.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 16.876,00 362.158,96
topógrafo e nivelador
02. Guarita
Locação da obra, com uso de
02.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 25,80 553,67
topógrafo e nivelador
03. Estação Elevatória de Água Bruta
Locação da obra, com uso de
03.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 179,45 3.851,00
topógrafo e nivelador
04. Sala Elétrica / Sala de Controle
Locação da obra, com uso de
04.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 447,20 9.596,91
topógrafo e nivelador
05. Fossa Séptica
Locação da obra, com uso de
05.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 40,46 868,27
topógrafo e nivelador
06. Subestação
Locação da obra, com uso de
06.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 5.000,00 107.300,00
topógrafo e nivelador
Fonte: Planilha orçamentária

Quadro II – Previsão dos serviços de locação na obra (ETA)


ÁREA DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA - ETA
Previsto
Unitário Total
Item Descrição Ud Quantidade
(R$) (R$)
ETA -
01.
Limpeza/Nivelamento/Urbanização
Locação da obra, com uso de
01.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 107.348,95 2.303.708,47
topógrafo e nivelador
02. Guarita
Locação da obra, com uso de
02.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 25,80 553,67
topógrafo e nivelador
03. Floculadores / Sopradores
Locação da obra, com uso de
03.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.034,72 22.205,09
topógrafo e nivelador
04. Decantador / Canal Água Floculada
Locação da obra, com uso de
04.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.562,39 33.528,89
topógrafo e nivelador
Filtro / Canal de Água / Decantador
05.
/ Descarga de Lavagem
Locação da obra, com uso de
05.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.178,75 25.295,98
topógrafo e nivelador
06. Sistema de Lavagem dos Filtros

266 de 302
Locação da obra, com uso de
06.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 150,00 3.219,00
topógrafo e nivelador
07. Tanque de Contato
Locação da obra, com uso de
07.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.835,80 39.396,27
topógrafo e nivelador
08. Reservatório 10.000 m³
Locação da obra, com uso de
08.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 2.353,86 50.513,84
topógrafo e nivelador
Estação Elevatória de Água Tratada
09.
- Acesso / Sala Elétrica
Locação da obra, com uso de
09.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 1.087,73 23.342,69
topógrafo e nivelador
10. Casa de Química
Locação da obra, com uso de
10.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 332,60 7.137,60
topógrafo e nivelador
11. Sulfato de Alumínio
Locação da obra, com uso de
11.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 209,15 4.488,36
topógrafo e nivelador
12. Ácido-Fluossilícico
Locação da obra, com uso de
12.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 52,51 1.126,86
topógrafo e nivelador
13. Sala de Cloro
Locação da obra, com uso de
13.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 349,20 7.493,83
topógrafo e nivelador
14.
Locação da obra, com uso de
14.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 265,11 5.689,26
topógrafo e nivelador
15. Edifício de Saída de Água Tratada
Locação da obra, com uso de
15.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 84,21 1.807,15
topógrafo e nivelador
16. Fossa Séptica
Locação da obra, com uso de
16.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 40,46 868,27
topógrafo e nivelador
17. Galpão / Oficina / Depósito
Locação da obra, com uso de
17.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 464,96 9.978,04
topógrafo e nivelador
18. UTR - Decantador Secundário 1 - 2
Locação da obra, com uso de
18.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 810,24 17.387,75
topógrafo e nivelador
UTR - Adensadores de Lodo 1-2 -
19.
Caixa de Manobra
Locação da obra, com uso de
19.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 581,06 12.469,55
topógrafo e nivelador

267 de 302
20. UTR - Tanque de Regularização
Locação da obra, com uso de
20.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 478,80 10.275,05
topógrafo e nivelador
21. UTR - Elevatória de Recirculação
Locação da obra, com uso de
21.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 29,16 625,77
topógrafo e nivelador
22. UTR - Desaguamento Mecanizado
Locação da obra, com uso de
22.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 237,18 5.089,88
topógrafo e nivelador
23. UTR Sala Elétrica / Polímero
Locação da obra, com uso de
23.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 160,16 3.437,03
topógrafo e nivelador
24. Fossa Séptica UTR
Locação da obra, com uso de
24.01.01 equipamentos topográficos, inclusive m² 21,46 46,00 987,16
topógrafo e nivelador
Fonte: Planilha orçamentária

Todavia, existem duas tipologias distintas de serviços de locação da obra: (i) a primeira
relacionada com a implantação dos piquetes para subsidiar a execução da terraplenagem da
área destinada à implantação geral da captação de água bruta (16.876,00 m²) e da área
destinada à implantação da ETA (107.348,95 m²); e (ii) outra relacionada com a efetiva
locação dos edifícios/estruturas a serem construídos nos limites da área da captação de água
bruta (5.692,91 m²) e da área da ETA (13.369,85 m²).

Ressalta-se que a primeira tipologia descrita corresponde aos itens “01.01.01” da planilha e
a segunda tipologia corresponde aos itens orçamentários restantes, sendo que o valor uniforme
adotado para o serviço se refere a uma especificação de serviço condizente com a segunda
tipologia, qual seja, a efetiva locação de edifícios/estruturas fazendo-se uso de gabaritos de
madeira.

De modo a facilitar o entendimento do ocorrido, tomando-se como exemplo a implantação da


ETA, descreve-se que na área de 107.348,95 m² serão construídos efetivamente apenas
13.369,85 m² de edifícios/estruturas. Portanto, baseando-se na especificação definida para os
serviços de locação, deveriam estar contemplados no orçamento apenas os 13.369,85 m² e não
os 120.718,80 m², o que, tendo ocorrido, configurou-se na previsão em duplicidade de
serviços.

Cabe registrar que o DMAE está atestando apenas a execução do item “01.01.01” (Captação
e ETA), deixando os restantes sem ateste, enquanto que o correto seria o contrário, ou seja,
atestar os outros itens orçamentários referentes aos serviços de locação e retirar do orçamento
os itens “01.01.01”.

Complementarmente, faz-se a ressalva acerca da possibilidade da inserção na planilha


orçamentária, de outro serviço de locação, condizente com a primeira tipologia descrita, no
quantitativo de 124.224,95 m², mas cujo valor, considerando o custo unitário direto do Sinapi
para mesma data-base da proposta e a taxa de BDI da proposta, não ultrapassaria R$ 0,36/m²,
muito inferior, portanto aos R$ 21,46 previstos.

268 de 302
Frente ao exposto, conclui-se que houve a previsão indevida do quantitativo de 124.224,95
m² (107.348,95+16.876,00) referente ao item “Locação da obra, com uso de equipamentos
topográficos, inclusive topógrafo e nivelador”, totalizando R$ 2.665.867,43.

Ressalta-se ainda que até a 24ª medição, foram atestados 84.232,73 m² referentes aos serviços
de locação remunerados a R$ 21,46 / m², sendo que a área total passível de ateste
corresponderia a 19.062,76 m². A diferença ocorrida resultou em um pagamento indevido de
R$ 1.398.547,56.
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Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“Em análise à planilha orçamentária da obra, a CGU verificou que os serviços de locação
constam com o mesmo valor unitário de R$ 21,46/m² para todos os tipos de locação a serem
executados no empreendimento, indicando haver uma uniformidade nas especificações da
atividade de locação.

Todavia, existem duas tipologias distintas de serviços de locação da obra: (i) a primeira
relacionada com a implantação dos piquetes para subsidiar a execução da terraplenagem da
área destinada à implantação geral da captação de água bruta (16.876,00 m²) e da área
destinada à implantação da ETA (107.348,95 m²); e (ii) outra relacionada com a efetiva
locação dos edifícios/estruturas a serem construídos nos limites da área da captação de água
bruta (5.692,91 m²) e da área da ETA (13.369,85 m²).

Conforme ressaltado no relatório preliminar, o DMAE está atestando apenas a execução do


item “01.01.01” (Captação e ETA), deixando os restantes sem ateste, enquanto que o correto
seria o contrário, ou seja, atestar os outros itens orçamentários referentes aos serviços de
locação e retirar do orçamento os itens “01.01.01”.

Assim, nos termos do enunciado da súmula 473 do STF, foi solicitado através do Ofício
2635/2018/DG – Anexo 1 - a supressão da planilha contratual de vários itens referentes à
locação de obra, totalizando uma supressão de R$ 905.624,44. Assim que formalizado, o
termo de aditamento será encaminhado à CGU para conhecimento e arquivo.

É importante ressaltar que foi prevista apenas 1 equipe de topografia para acompanhamento
de obras, e que, como é de experiência da própria equipe de engenharia Controladoria Geral
da União, uma obra desse porte necessita de várias equipes simultâneas para
acompanhamento de níveis, alturas de concretagem e cotas em geral.

Conforme pode ser verificado em material já entregue, até o mês de Novembro/2017 – 83


equipes estiveram trabalhando na obra durante 25 meses, estando elas registradas e
formalizadas nas GFIP e SEFIP da contratada. No entanto, apenas 36 dessas equipes foram
remuneradas no item de equipe de acompanhamento de obra. Finalmente, logo que
regularizada a situação, com supressões e acréscimos, o termo de aditamento será
encaminhado a CGU para conhecimento e arquivo.

269 de 302
Por fim, destacamos ainda que, diante de tal supressão, vislumbra-se a possibilidade de
solicitação pelo Consórcio executor de inclusão do item posteriormente haja vista a real
necessidade de se alocar equipes topográficas na obra, oportunidade na qual, se solicitado,
o pleito será objeto de avaliação pelo DMAE”.

Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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Análise do Controle Interno

Segundo o DMAE, foi solicitada a supressão na planilha contratual de vários itens referentes
à locação de obra, totalizando o valor de R$ 905.624,44, sendo informado que assim que
formalizado, o respectivo termo de aditamento seria encaminhado à CGU para conhecimento
e arquivo.

Ressalta-se, entretanto, que o valor informado a ser suprimido não corresponde ao apurado
pela CGU.

Dessa forma, ratifica-se o entendimento de que os itens “01.01.01” referentes à “Captação”


e à “ETA” devam ser excluídos do orçamento (124.224,95 m² x R$ 21,46 = R$ 2.665.867,43),
sendo, todavia, possível a inclusão de outro item, com valor unitário limitado a R$ 0,36/m²
(124.224,95 m² x R$ 0,36 = R$ 44.720,98).

No que se refere à alegação da necessidade de se aditivar o contrato para se adequar o número


de equipes de topografia na obra, cabe alertar ao DMAE que na composição analítica do
orçamento, o item “Equipe de Topografia” contempla 03 topógrafos, 06 auxiliares de
topógrafo, 03 teodolitos, 03 veículos e 09 rádios de comunicação. Portanto, quando é atestada
01 unidade (mês) do item orçamentário “Equipe de Topografia”, na verdade, está sendo
atestada a prestação de serviço de 03 equipes de topografia pelo período de 01 mês.
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2.1.5. Adiantamento de pagamento referente aos itens "Administração Local" e


"Conservação e Manutenção do Canteiro".

Fato

Com o intuito de deixar os orçamentos de obras públicas mais transparente, o Tribunal de


Contas da União – TCU emitiu nos últimos anos inúmeras determinações aos órgãos públicos
para que os custos relativos à “administração local” e à “manutenção do canteiro de obra”
fossem alocados no orçamento como custos diretos, devendo, portanto, serem medidos de
forma quantitativa.

A adoção dessa metodologia resultou em taxas de BDI mais enxutas e em incremento do


controle dos custos das obras. Todavia, provocou também significativos aumentos de custos
nas obras quando seus prazos de execução extrapolavam o inicialmente previsto, bem como
incorria em risco de prejuízo à Contratante, caso a Contratada abandonasse a obra durante sua
execução.

270 de 302
De forma a mitigar a ocorrência de tais riscos, o TCU passou a determinar que os custos
relativos à “administração local” e à “manutenção do canteiro de obra” passassem a ser
medidos proporcionalmente ao andamento físico das obras, conforme descrito a seguir:

Acórdão nº 2622/2013-TCU-Plenário

“9.3.2. oriente os órgãos e entidades da Administração Pública Federal a:


(...)
9.3.2.2. estabelecer, nos editais de licitação, critério objetivo de medição para a
administração local, estipulando pagamentos proporcionais à execução
financeira da obra, abstendo-se de utilizar critério de pagamento para esse item
como um valor mensal fixo, evitando-se, assim, desembolsos indevidos de
administração local em virtude de atrasos ou de prorrogações injustificadas do
prazo de execução contratual, com fundamento no art. 37, inciso XXI, da
Constituição Federal e no arts. 55, inciso III, e 92, da Lei n. 8.666/1993”;

Acórdão nº 1978/2013-TCU-Plenário

“9.4. recomendar à Infraero, com base no art. 250, inciso III, do Regimento
Interno do TCU, que institua, como regra contratual, o pagamento dos serviços
relacionados à "administração local" e à "manutenção do canteiro de obras"
vinculado e proporcional ao andamento físico da obra, tal qual julgado no
Acórdão 3.103/2010-Plenário, de modo a tanto estimular a eficiência da
contratada como reduzir o risco de pagamentos a maior dessas rubricas, em
comparação com os encargos efetivamente incorridos pelo particular”;

Em que pese o fato dos Acórdão do TCU terem sido emitidos em casos concretos e não sejam
de atendimento obrigatório pelo DMAE, ressalta-se que o próprio edital da licitação da obra
em comento previu critério de medição para os itens “01.02 - Conservação e manutenção dos
canteiros” e “01.03 – Administração Local” de forma compatível com o entendimento do
TCU, qual seja:

“Critério de Medição

A unidade de medição será GLOBAL, em percentuais mensais variáveis definidos


pela proporção ‘valor de cada medição mensal, excluída a parcela referente a
fornecimentos de materiais, dividido pelo valor total do contrato, excluídas as
parcelas referentes ao valor total de fornecimentos de materiais e ao da própria
administração local’. Esse critério implica na aplicação das seguintes fórmulas
para a determinação do valor mensal a ser pago neste item:
a) valor mensal de cada medição
VAL = PAL * AL, em que
VAL: valor a ser medido em cada mês, no item ‘ADMINISTRAÇÃO LOCAL,
INCLUSIVE MANUTENÇÃO DO CANTEIRO DE OBRAS’;
PAL: percentual da administração local a ser medido no mês, calculado de
acordo com a alínea b, a seguir;
AL: valor contratual global (global) da administração local
b) percentual mensal a ser aplicado ao valor contratual global da administração
local
PAL = MSSAL / VTSAL, em que

271 de 302
PAL: percentual da administração local a ser medido no mês;
MSSAL: valor da medição dos serviços executados no mês (não se computando o
valor do fornecimento de materiais e o da própria administração local);
VTSAL: valor total do contrato, excluídos os valores totais de fornecimento de
materiais e o da própria administração local”.

Ressalta-se que esse critério de medição foi objeto de questionamento pelos licitantes durante
o processo licitatório nos seguintes termos:

“PERGUNTA 06: No documento ‘592-GER-GR-OR-1006-R02 – R592-GER-GR-


OR-1014: PLANILHA DE OBRA – ORÇAMENTO REGULAMENTAÇÕES E
CRITÉRIOS DE MEDIÇÃO’, pág. 38, serviço com o código ‘CO0261’ consta a
unidade ‘UM.:MÊS’. Adiante na mesma página, consta: ‘Critério de Medição: A
unidade de medição será GLOBAL (...)’. Estamos entendendo que existe um
equívoco no texto e que a unidade de medição será MÊS. Nosso entendimento está
correto? Em caso positivo, solicitamos revisão do documento.

Resposta 06: Conforme descrito no documento ‘Regulamentações e Critérios de


Medição’, esse item tem preço global mas, deverá ser pago mensalmente.
Portanto, está correto”.

Em leitura ao questionamento realizado e à resposta disponibilizada, percebe-se que o termo


“correto” utilizado na resposta do DMAE, apesar de suscitar dúvida, não se refere ao
entendimento do licitante, mas sim ao critério de medição definido, tanto que o critério não
foi alterado no edital após o questionamento.

Dessa forma, os custos desses itens devem ser apropriados mensalmente de forma
quantitativa, por tratarem-se de custos diretos, mas, de forma complementar, também devem
obedecer um limite máximo proporcional à efetiva execução da obra.

A seguir, são apresentados os valores fixados para os itens orçamentários da obra após o 3º
Termo Aditivo, bem como os valores já atestados até a 24ª medição.

Quadro I – Serviços atestados até a 24ª medição


Valor Medido até
Valor Após 3º
Item Descrição a 24ª Medição % Medida
Aditivo (R$)
(R$)
01 Canteiro e Administração
Conservação e Manutenção do
01.01.02 5.196.135,96 3.443.883,44 66
Canteiro central
01.01.03 Administração Local 11.625.218,79 6.264.796,67 54
01.01.01/
01.01.04
Demais itens do Grupo 01.01 12.369.535,70 6.903.050,75 56
a
01.01.20
01.02 Serviços Diversos 1.666.284,03 953.364,04 57
01.03 Serviços Específicos 9.226.937,24 0 0
02. Captação 5.356.050,72 1.972.352,64 37
03. Adutora 30.090.286,58 13.705.665,61 46
04. ETA 56.717.764,80 26.393.710,24 47
05. Fornecimento de Materiais 111.547.755,18 55.919.448,73 50
Instalações Elétricas -
06. 19.114.286,89 121.803,55 1
Fornecimento

272 de 302
07. Instalações Elétricas - Instalação 7.552.911,78 0 0
08. Automação - Fornecimento 8.691.556,30 0 0
09. Automação - Instalação 3.928.084,36 0 0
TOTAL 283.082.808,33 115.678.075,67 41

Baseando-se nos valores apresentados, é possível calcular os valores dos componentes das
fórmulas de cálculo adotadas no critério de medição dos itens “Conservação e manutenção
dos canteiros” e “Administração Local”, bem como apurar os valores medidos e os valores
passíveis de medição para os dois itens:

Quadro II – Componentes das fórmulas de cálculo da Administração Local


VTSAL R$ 126.907.855,21
MSSAL R$ 49.928.143,28
PAL 0,3934
AL R$ 16.821.354,75
VAL R$ 6.617.864,66

Quadro III – Valores medidos e passíveis de medição referentes à Administração Local


Valor medido até a Valor passível de Diferença
Descrição
24ª medição (R$) medição (R$) (R$)
Conservação e Manutenção do Canteiro
3.443.883,44 2.044.266,06 1.399.617,38
Central
Administração Local 6.264.796,67 4.573.598,60 1.691.198,07
Total 9.708.680,11 6.617.864,66 3.090.815,45

Frente ao exposto, constata-se ter ocorrido até a 24ª medição, efetivada em dezembro de 2017,
adiantamento de pagamento em desacordo com o critério estabelecido no edital de licitação,
no valor de R$ 1.399.617,38, relativo ao item “Conservação e manutenção dos canteiros” e
R$ 1.691.198,07, relativo ao item “Administração Local”, totalizando o valor de R$
3.090.815,45.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“No que concerne ao presente item, é importante destacar que a Gestão do Contrato executa
a apropriação mensal e de forma quantitativa, conforme documentação enviada para a
Controladoria Geral da União.

Nesta linha de raciocínio, toda a documentação enviada pela contratada para comprovação
de efetivo em obra atende às premissas contratuais e é verificada pela Controladoria do
Município, que somente autoriza o prosseguimento da medição, e autoriza o pagamento, se
houver os correspondentes documentos legais que demonstrem o vínculo existente e o
atendimento a todos os procedimentos fiscais, tributários e trabalhistas, além da efetiva
presença no canteiro de obras da contratada.

Ou seja, não existe qualquer possibilidade de se pagar por qualquer profissional que não
tenha sido efetivamente contratado e tenha efetivamente prestado seus serviços em favor da
administração pública! Importante tal destaque na medida em que a equipe de administração

273 de 302
que compõe o quadro da contratada é necessária para o cumprimento do objeto, e dessa
forma, até então, esteve e está presente para que a obra possa ser executada.

Lado outro, existem profissionais contratados pelo Consórcio executor que não são
remunerados no item da administração, haja vista que a complexidade da obra demanda a
contratação de equipe completa e que excede a planilha de administração.

Neste tópico, alega a CGU, em breve síntese, que o TCU emitiu recomendações no sentido de
que os custos relativos à ‘administração local’ e à ‘manutenção do canteiro de obra’ fossem
alocados no orçamento como custos diretos, devendo, portanto, serem medidos de forma
quantitativa. Aduz que esta metodologia resultou em taxas de BDI mais enxutas e em
incremento do controle dos custos das obras. Entende a CGU que ‘os custos desses itens
devem ser apropriados mensalmente de forma quantitativa, por tratarem-se de custos diretos,
mas, de forma complementar, também devem obedecer um limite máximo proporcional à
efetiva execução da obra’.

O relatório reconhece que, embora o entendimento acima não fosse obrigatório ao DMAE, o
órgão o previu em edital essa forma de medição, mas não cumpriu.

Contudo, neste ato, o DMAE vem esclarecer que a resposta dada ao questionamento número
06 transcrita no relatório acabou por gerar um entendimento dúbio na medida que assevera
que ‘esse item tem preço global mas, deverá ser pago mensalmente’, sendo que o próprio
relatório aponta que a resposta poderia ‘suscitar dúvida’.

E dentro deste contexto de dúvida quanto ao edital, o DMAE optou por fazer os pagamentos
mensalmente e de forma quantitativa, não fazendo tal opção por mera liberalidade, mas sim
em estrita observância aos princípios que norteiam a administração pública e, como todo ato
administrativo, devidamente motivado.
É nesta linha de entendimento a lição do Professor José dos Santos Carvalho Filho segundo
o qual ‘pode-se, pois, conceituar o motivo como a situação de fato ou de direito que gera a
vontade do agente quando pratica o ato administrativo’ (In: Manual de direito
administrativo. 15a. ed. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2006. p. 99).

Não diferente, é a lição de Maria Sylvia Zanella Di Pietro, para quem o ‘Motivo é pressuposto
de fato e de direito que serve de fundamento ao ato administrativo’ (In: Direito
administrativo. 24a. ed. São Paulo: Atlas, 2011. p. 212).

Isso posto, vejamos então os motivos que ensejaram o ato administrativo questionado:

1 – A forma de pagamento atende premissa do Controle Interno que somente processa e paga
qualquer modalidade de mão de obra se houver o correspondente documento legal que
demonstre o vínculo e o atendimento a todos os procedimentos fiscais, tributários e
trabalhistas, além da efetiva presença dos profissionais no canteiro do Contratado. A forma
proposta pelo Relatório funciona muito bem quando a obra transcorre dentro do prazo ou
quando eventuais atrasos possam ser imputados à contratada. Contudo, essa forma não
funciona quando eventuais atrasos são decorrentes de problemas nas licenças ambientais,
modificação do projeto ou não conclusão de desapropriações. Isso porque, quando o atraso
não possa se imputado à contratada, este custo fixo de ‘administração local’ e à ‘manutenção
do canteiro de obra’ também não pode ser imputado a ela, sob pena de o órgão vir a sofrer
uma ação por enriquecimento ilícito pois, mesmo quando a obra não caminha dentro do

274 de 302
previsto, há o custo de manutenção de toda a estrutura e dos profissionais nela envolvidos,
não fazendo sentido que o órgão obrigasse a contratada a desmobilizar sua estrutura física e
de pessoal sendo que teria que contratá-lo logo em seguida (é fato público e independe de
prova que os custos disso no Brasil são exorbitantes).

Por outro lado, poder-se-ia alegar que, quando a obra caminhasse de forma mais rápida, a
contratada também receberia por isso. Contudo, esta forma de pagamento esbarraria no
Controle Interno que somente paga o que foi efetivamente utilizado. Ou seja, se a obra tivesse
andado rapidamente a contratada, de todo modo, receberia apenas o que efetivamente
utilizou e não seria compensada pelo tempo que ficou parada por motivos a ela alheios.
Concluindo, o DMAE concorda que a forma sugerida no relatório seria perfeita nas hipóteses
de tempestividade do cronograma ou atrasos imputados à contratada (pois nesse caso, o
consórcio arcaria por sua culpa).

Contudo, como os atrasos ocorreram por razões alheias ao consórcio e ao próprio DMAE
(falta de disponibilidade de recursos para a contrapartida ou ainda a morosidade judicial
das desapropriações), esta autarquia entende que os pagamentos devem continuar sendo
feitos da forma atual, sob pena de o órgão vir a sofrer uma ação por locupletamento ilícito
por parte da contratada.

2 – Outro motivo a justificar a forma atual dos pagamentos é a efetiva vinculação à realidade
comprovada documentalmente. Trata-se de critério justo para evitar desequilíbrios para as
partes pois todos os serviços realizados e devidamente comprovados devem ser totalmente
pagos conforme prevê a legislação. Além disso, percebe-se que o que o Contratado mantém
no canteiro de obras o efetivo necessário ao cumprimento do objeto.

3 – Em função das diversas alterações no cronograma físico, causadas pelos fatores técnicos,
jurídicos e financeiros, não é possível desmobilizar e mobilizar em curto espaço de tempo,
sem onerosos custos ao Projeto, o efetivo de mão de obra administrativa, em razão do alto
nível de qualificação, treinamento e conhecimento especifico que estes profissionais têm da
obra.

4 – Outra razão é a de que, quando questionado, durante o processo licitatório, sobre a


questão do pagamento mensal e já se definiu, na ocasião, o fluxo mensal para esses tópicos,
aquela decisão foi utilizada pelos licitantes na hora da elaboração de suas propostas.
Percebeu-se que a formula paramétrica objetiva sugerida era conflitante com o cronograma
físico financeiro que acompanhava todo o processo licitatório.

Todos esses motivos foram cuidadosamente analisados pelo Dmae, desde o início dos
trabalhos, de modo a embasar o ato administrativo de pagamento dos itens ‘administração
local’ e à ‘manutenção do canteiro de obra’, uma vez que qualquer ruptura de premissas
explicitadas no Processo Licitatório podem gerar questionamentos e processos judiciais
contra esta autarquia, resultando em maiores atrasos, conhecendo a importância hídrica
desta obra para a cidade de Uberlândia.

Vale ressaltar que a forma de pagamento sugerida no relatório, embora com entendimento
majoritário, não pode ser considerada uma verdade absoluta, principalmente se
considerarmos a natureza, porte e especificidades da obra analisada. Neste sentido, vale
trazer à baila os ensinamentos do ex Presidente do TCU, Valmir Campelo:

275 de 302
‘Em opinião particular, abalizamos que o mais importante seja o adequado
dimensionamento dos custos, de acordo com as peculiaridades de cada
obra, mediante um projeto de canteiro e a composição detalhada da
administração local, tudo transparentemente disposto no projeto e motivado
no processo licitatório, com base nos preços de mercado. Tal providência
pode ser empreendida tanto para custos diretos como indiretos’. (In: Obras
públicas: comentários à jurisprudência do TCU. 2a. ed. rev. e atual. Belo
Horizonte: Fórum, 2013. p. 87)

Por fim, dentro da autotutela administrativa, insculpida no enunciado da súmula 473 do C.


STF, decorre também o Poder-Dever de a Administração Pública manter hígido o equilíbrio
econômico-financeiro de contratos quando estendido o prazo de execução da obra por
motivos alheios à construtora.

Por todo o exposto, com o devido respeito ao entendimento deste i. fiscal e à orientação
sugerida pelo TCU, o órgão entende que há razões e motivação suficiente para que o
pagamento da ‘Administração Local’ e da ‘Conservação e Manutenção de Canteiros’ sejam
realizados na forma atual, isto é, mensalmente e de forma quantitativa, não configurando tal
prática, em nenhuma hipótese, como qualquer espécie de adiantamento ou de infringência à
legislação pátria”.

Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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U
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/M
#

Análise do Controle Interno

Na manifestação do DMAE, foi descrito que “a forma proposta pelo Relatório funciona muito
bem quando a obra transcorre dentro do prazo ou quando eventuais atrasos possam ser
imputados à contratada”. Cabe registrar que assiste razão ao DMAE quanto ao teor da
afirmação, fazendo-se apenas a ressalva que a “forma proposta pelo relatório” citada não foi
proposta pela CGU, mas sim, estava prevista no edital da licitação da obra.

Dessa forma, a metodologia de remuneração dos itens “administração local” e “manutenção


do canteiro de obra” não atendeu ao princípio da vinculação ao instrumento convocatório.

Entende-se que, caso comprovado de forma inequívoca que a Contratada não concorreu para
o atraso da obra, não haveria proibição para a assinatura de aditivos contratuais que
prorrogassem o prazo de execução da obra e majorassem a parcela financeira correspondente
à “administração local” e “manutenção do canteiro de obra”, restabelecendo, dessa maneira
o equilíbrio econômico-financeiro contratual.

Na sequência, a forma de remuneração dos itens em comento deveria ocorrer da forma


determinada no edital, ou seja, medidos de forma quantitativa e proporcionalmente à
evolução física das obras, mas com valores já majorados por meio do aditivo contratual
firmado.

Ressalta-se, ainda, que como a Caixa Econômica Federal limita o pagamento do valor
referente à “administração local”, os acréscimos de custos incorridos com a prorrogação do
prazo de execução da obra deverão ser suportados pelo DMAE e não por recursos federais.

276 de 302
Dessa forma, cabe aos Órgãos de Controle com o quais o DMAE se relaciona, avaliar se, por
ação ou omissão, representantes do DMAE contribuíram para o atraso na execução da obra e,
por consequência, para o acréscimo de custos da obra.
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.6. Pagamento indevido de valores relativos à adequação do preço dos concretos


estruturais da obra.

Fato

A solicitação de aditamento contratual feita pelo Consórcio contratado para a execução das
obras foi analisada e aceita pela Gerência de Projetos e Obras do DMAE, por intermédio do
Memorando Interno nº 9246/2017/GPO/DT, de 27 de novembro de 2017, o que subsidiou a
assinatura do 3º Termo Aditivo ao Contrato nº 085/2015, pelo Diretor Geral do DMAE, em
28 de dezembro de 2017.

Dentre os serviços acrescentados por meio do referido aditivo contratual, constou a


“adequação de preço para concretos estruturais fck >= 35 Mpa”, no valor total de
R$ 1.870.675,75, tendo sido apresentadas as seguintes justificativas no referido memorando:

“A necessidade de adequação no preço do concreto especificado no projeto


executivo e estabelecido na planilha contratual, com resistência característica de
fck>=35Mpa tem a seguinte motivação:

- Disponibilidade de agregados: as especificações técnicas do edital estabelecem


que os agregados graúdos e miúdos deverão ser, de preferência, de granito ou
gnaisse. Esse tipo de rocha não é encontrada na nossa região, o material
disponível na região é de rocha basáltica;

- Cimento: as especificações técnicas do edital estabelecem que o cimento a ser


utilizado na fabricação do concreto é o Cimento Portland Comum, no entanto, os
ensaios de laboratório em amostra de agregados de rocha basáltica feitos pela
Associação Brasileira de Cimento Portland – ABCP – para verificação da
potencialidade de reação com os álcalis solúveis do Cimento Portland Comum,
demonstram ser potencialmente reativos. Com essa condição de comportamento,
será necessário para atender o projeto a utilização de Cimento CP III 40-RS.

- Aditivos: devido as características da rocha basáltica a ser utilizada


principalmente de forma lamelar e alongada, é necessário a utilização de aditivos
para garantir a plasticidade e trabalhabilidade do concreto durante o
lançamento, bem como para reduzir o consumo de água de amassamento, de
maneira a preservar o fator água/cimento estabelecido em projeto.

Portanto, do ponto de vista técnico, as alterações são essenciais, o que implica


em uma consequente adequação no preço unitário contratual, estando dividido
entre concretos horizontais e verticais, pois apresentam preços diferentes”.

Foram apresentadas, então, planilhas com as composições de custos elaboradas pelo


Consórcio que subsidiaram a definição dos valores a serem aditivados, quais sejam:

277 de 302
Quadro I: Preço de adequação do m³ de concreto estrutural 35 Mpa em estruturas verticais
Materiais Unidade Custo Unitário Consumo Custo (R$)
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,06 350,00 19,92
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,40 35,00 13,85
Aditivo Mira Set 63 Kg 3,89 3,10 12,06
Aditivo Mira Flow 943 Kg 9,33 3,75 34,99
Polipropileno Kg 16,40 0,30 4,92
Custo Unitário 85,74
BDI 20,15
Preço Unitário 105,89
Fonte: Solicitação do aditivo contratual

Quadro II: Preço de adequação do m³ de concreto estrutural 35 Mpa em estruturas horizontais


Materiais Unidade Custo Unitário Consumo Custo (R$)
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,06 350,00 19,92
Cimento CPIII-40 RS Kg 0,40 39,00 15,43
Aditivo Mira Set 63 Kg 3,89 3,70 14,40
Aditivo Mira Flow 943 Kg 9,33 1,00 9,33
Polipropileno Kg 16,40 0,30 4,92
Custo Unitário 64,00
BDI 15,04
Preço Unitário 79,04
Fonte: Solicitação do aditivo contratual

Em análise às composições disponibilizadas, pode-se concluir que foram a dotadas as


seguintes premissas pelo DMAE ao acatar a solicitação do consórcio vencedor da licitação:

- o traço original do concreto apresentava um consumo de 350 kg de cimento por m³ de


concreto;
- o valor do Kg do Cimento CPIII-40 RS era R$ 0,06 superior ao Kg do Cimento Portland
comum;
- o valor do Kg do Cimento CPIII-40 RS correspondeu a R$ 0,40;
- o traço do concreto descrito como o efetivamente utilizado na obra contempla um consumo
de 385 kg do Cimento CPIII-40 RS por m³ de concreto nas estruturas verticais (350+35) e 389
kg do cimento CPIII-40 RS por m³ de concreto nas estruturas horizontais (350+39);
- o consumo de aditivos e do polipropileno adotado no aditivo contratual corresponde à
totalidade de tais insumos descritos no traço atual do concreto da obra, o que indica que foi
considerado que não havia consumo algum de aditivos e de polipropileno no traço original do
concreto.

Ressalta-se que, da forma que foi colocado, o pleito do Consórcio correspondeu a uma
solicitação de “revisão” do preço de um serviço contratado, objetivando corrigir suposto
desequilíbrio econômico-financeiro do contrato, causado pela necessidade de alteração do
traço do concreto inicialmente especificado, devido à ocorrência de reatividade entre a brita
disponível na região de Uberlândia (de rocha basáltica) e o Cimento Portland Comum.

Cabe registrar, entretanto, que o item “d” do art. 65 da lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993,
determinou que revisões desse tipo são passíveis de serem acatadas apenas “na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis”, após
a apresentação das propostas das empresas.

278 de 302
De forma a se verificar se no caso em comento estavam cumpridos os requisitos legais para a
aceitação do pleito do Consórcio, há que se considerar algumas questões, quais sejam:

- as especificações técnicas do edital já haviam estabelecido que os agregados deveriam ser


preferencialmente de granito ou gnaisse;

- era do conhecimento do Consórcio, ou pelo menos deveria ser, que na região de Uberlândia
não havia disponibilidade de agregados de granito ou gnaisse, mas sim, de basalto, visto que
a Empresa Líder do consórcio, além de ser de Uberlândia, atua na produção e venda de
agregados, sendo, inclusive, fornecedora de material para a obra;

- segundo a Empresa Gerenciadora que acompanha a execução da obra, a pedreira que poderia
fornecer agregados de granito ou gnaisse está localizada a aproximadamente 150 km de
distância da obra, o que elevaria o custo do frete relativo à entrega do produto;

- ao elaborar sua proposta de preços, o Consórcio deveria, ao formar seu preço do concreto,
ter comparado as opções de (i) comprar brita de granito ou gnaisse de uma pedreira distante,
arcando com os custos de transporte, ou (ii) utilizar o material disponível na região,
computando no preço do concreto, todavia, o necessário acréscimo de custos causado pela
alteração do tipo de cimento e pelo acréscimo de aditivos.

- Considerando as alternativas disponíveis, caso a solução mais econômica tivesse preço


superior ao especificado no orçamento-base, a licitante deveria ter questionado a Comissão de
Licitação quanto à situação encontrada ou mesmo impugnado o edital.

Entende-se, então, que os requisitos acerca da imprevisibilidade da situação não restaram


presentes no caso em comento.

Ademais, para se comprovar a “alteração” de uma situação inicialmente existente, faz-se


necessária a caracterização de uma “situação anterior” e de uma “situação posterior”. No
caso em análise, não é possível fazer tal caracterização, pois não há como definir plenamente
a “situação anterior”, visto que tanto no orçamento-base do DMAE, o qual utilizou como
referência o Sinapi, quanto na proposta do Consórcio, não foi especificado o traço do concreto
a ser utilizado, o que permitiria demonstrar o consumo dos insumos utilizados para a
confecção do concreto (cimento, areia, brita e aditivos), mas apenas especificado o insumo
“concreto usinado bombeável”, o qual não detalha o consumo de materiais demandado.

Salienta-se que, de forma complementar, a Equipe da CGU efetuou análise comparativa do


custo do insumo do Sinapi n° 34495: “concreto usinado bombeável, classe de resistência
C35”, na data-base de agosto de 2015, com o custo do concreto obtido a partir do traço
descrito como sendo o efetivamente utilizado na obra e os custos dos insumos cotados pelo
Consórcio em 2017 (devidamente depreciados para a data da proposta pelo índice de reajuste
constante no contrato).

Dessa análise, pode-se concluir que, para a data-base de agosto de 2015, (i) o custo do concreto
efetivamente utilizado nas estruturas verticais (R$ 261,98) foi R$ 17,90 superior ao custo do
concreto no Sinapi (R$ 244,08) e (ii) o custo do concreto efetivamente utilizado nas estruturas
horizontais (R$ 240,46) foi R$ 3,62 inferior ao custo do concreto no Sinapi (R$ 244,08).

279 de 302
Portanto, a diferença entre o custo do concreto aplicado nas estruturas verticais e o custo do
concreto inicialmente previsto, caso fosse passível de remuneração, deveria ser de R$ 17,90 e
não R$ 85,74 (R$ 105,89 – BDI), conforme ocorreu. Já em relação ao concreto aplicado nas
estruturas horizontais, verifica-se que seu custo foi R$ 3,62 inferior ao custo do concreto
inicialmente previsto, o que ensejaria uma redução de valor e não um acréscimo de R$ 64,00
(R$ 79,04 – BDI), conforme ocorreu.

Frente ao exposto, no que se refere à adequação do valor do concreto estrutural da obra,


conclui-se que (i) não ocorreram fatos imprevisíveis que justificassem a necessidade de um
equilíbrio econômico-financeiro do contrato; (ii) não há como se comprovar que ocorreu
“alteração” de uma situação inicialmente existente; e (iii) mesmo que o mérito do aditivo
fosse adequado, os valores aditivados restaram superestimados.

Portanto, entende-se que a “adequação de preço para concretos estruturais fck >= 35 Mpa”,
prevista no 3º Aditivo ao Contrato nº 085/2015, no valor de R$ 1.870.675,75, configurou-se
como indevida, ressaltando que até a 24ª medição já havia sido atestado o valor de R$
634.770,26.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“Conforme exposto pela CGU em seu relatório preliminar, a solicitação de aditamento


contratual feita pelo Consórcio contratado para a execução das obras foi analisada e aceita
pela Gerência de Projetos e Obras do DMAE, por intermédio do Memorando Interno nº
9246/2017/GPO/DT, de 27 de novembro de 2017, o que subsidiou a assinatura do 3º Termo
Aditivo ao Contrato nº 085/2015, pelo Diretor Geral do DMAE, em 28 de dezembro de 2017.

Dentre os serviços acrescentados por meio do referido aditivo contratual, constou a


‘adequação de preço para concretos estruturais fck >= 35 Mpa’, que se refere a modificação
do traço de concreto, resultando o valor total de R$ 1.870.675,75.

Pois bem, conforme ressaltado no referido relatório, cabe registrar que a alínea “d” do art.
65 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, determinou que revisões desse tipo são passíveis
de serem acatadas apenas “na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis,
porém de consequências incalculáveis”, após a apresentação das propostas das empresas.

O traço estabelecido no processo licitatório não levou em consideração a reatividade do


concreto com os produtos utilizados no tratamento de água, e conforme ensaios anexados à
esta justificativa, foi necessária a troca do tipo de Cimento e a inclusão de aditivos para o
traço de concreto executivo.

Durante o período licitatório, um estudo dessa magnitude não poderia ser realizado por cada
participante para conhecer as reatividades do processo de tratamento de água, razão pela tal
é mais do que razoável que uma revisão dessa grandeza possa ser acatada pelo órgão
posteriormente, haja vista a quantidade de estudos e pareceres emitidos por renomadas
associações.

280 de 302
Conforme listado no relatório preliminar da Controladoria Geral da União, este contrato
possui uma fiscalizadora e gerenciadora (Consórcio SGS Enger/Planal), que ao analisar a
questão também emitiu parecer favorável à adequação de preço para o concreto
Fck>=35Mpa.

É o que se extrai do trecho retirado da análise do aditivo, vejamos:


‘Portanto, do ponto de vista técnico as alterações propostas na composição do concreto
são necessárias, o que implica em adequação do preço unitário contratual. Em cada
unidade estrutural do projeto do Sistema Produtor Capim Branco, onde a resistência
característica do concreto está especificada com Fck>=35Mpa, deverá ser
acrescentado um novo item na planilha contratual com o título – Adequação de preço
para o concreto Fck>=35Mpa – com o mesmo volume do concreto previsto na
planilha.’

Portanto, este órgão entende que atuou dentro da legalidade e da razoabilidade ao agir em
estrita conformidade aos pareceres e documentos técnicos sobre o tema, devidamente
formalizados e que seguem anexados a esta manifestação como Anexo 5, a saber:
➢ Parecer da Gerenciadora e Fiscalizadora quanto a adequação do concreto;
➢ Dosagem racional do concreto considerando a utilização de cimento Portland comum
e agregados de rocha basáltica, a qual indicou reatividade álcali – agregado positiva;
➢ Dosagem racional do concreto considerando a utilização de Cimento CP III 40-RS e
agregados de rocha basáltica que indicou não potencialidade reativa;
➢ Relatórios da ABCP referente aos ensaios de reatividade álcali – agregado, realizados
em laboratório com amostras de agregados basálticos e os dois tipos de cimento;
➢ Três propostas de diferentes fornecedores para fornecimento dos aditivos utilizados na
dosagem racional aprovada, bem como da fibra plástica para reforço do concreto.

Destaca-se que a grande divergência entre o DMAE e o relatório apresentado diz respeito à
questão da previsibilidade ou não da mudança dos concretos estruturais da obra. E conforme
demonstrado, as alterações propostas na composição do concreto foram necessárias, o que
implicou a adequação do preço unitário contratual. Quanto à imprevisibilidade, esta também
restou demonstrada pois, durante o processo licitatório, não seria razoável exigir-se das
concorrentes o conhecimento prévio das reatividades dos produtos utilizados no tratamento
de água, o qual só foi obtido posteriormente a partir de estudos e pareceres emitidos por
renomadas associações.

O caso narrado se enquadra perfeitamente ao dispositivo legal, assim comentado pelo ilustre
Prof. Marçal Justen Filho:
7) Modificações qualitativas: alteração do projeto ou de suas especificações.
A melhor adequação técnica supõe a descoberta de circunstâncias desconhecidas
acerca da execução da prestação ou a constatação de que a solução técnica
anteriormente adotada não era a mais adequada. Os contratos de longo prazo ou
de grande especialização são mais suscetíveis a essa modalidade de alteração.
Não há muito cabimento para essa hipótese em contratos de execução instantânea
ou cujo objeto seja simples e sumário.
A hipótese da al. “a” compreende as situações em que se constata
supervenientemente a inadequação da concepção original, a partir da qual se
promovera a contratação. Tal pode verificar-se em vista de eventos
supervenientes. Assim, por exemplo, considere-se a hipótese de descoberta

281 de 302
científica, que evidencia a necessidade de inovações para ampliar ou assegurar
a utilidade inicialmente cogitada pela Administração.

Também admite a incidência do dispositivo para respaldar modificações


derivadas de situações preexistentes mas desconhecidas por parte dos
interessados. O grande exemplo é o das “sujeições imprevistas”, expressão
clássica no Direito francês e que indica eventos da natureza ou fora do controle
dos seres humanos, existentes por ocasião da contratação mas cuja revelação
se verifica apenas por ocasião da execução da prestação. O grande exemplo é o
da falha geológica de terreno, que impede a implantação da obra tal como
inicialmente prevista” (In: Comentários à lei de licitações e contratos
administrativos. 11a ed. São Paulo: Dialética, 2005. p. 538/539)

O caso em tela diz respeito exatamente à uma situação preexistente mas desconhecida pelo
DMAE e pelas licitantes, uma vez que somente foi possível conhecer posteriormente a
reatividades dos produtos utilizados no tratamento de água a partir de estudos e pareceres
emitidos por renomadas associações.

Diante do até aqui exposto, resta evidenciado que não há porque se falar em pagamento
indevido haja vista que o DMAE agiu em estrita observância aos princípios norteadores da
administração pública, agindo com prudência, razoabilidade e legalidade ao embasar a
alteração em documentos técnicos e formais”.

Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Em que pese o entendimento divergente do DMAE quanto à questão, entende-se que não
foram apresentados fatos ou argumentos novos que possuam o condão de alterar o
entendimento de que não foram cumpridos os requisitos técnicos e legais que justificassem a
necessidade de um equilíbrio econômico-financeiro do contrato, pois, conforme já relatado,
não ocorreram fatos imprevisíveis que justificassem a necessidade de um equilíbrio
econômico-financeiro do contrato, não há como se comprovar que ocorreu “alteração” de
uma situação inicialmente existente e, mesmo que o mérito do aditivo fosse adequado, os
valores aditivados restaram superestimados

Portanto, ratifica-se o entendimento de que a “adequação de preço para concretos estruturais


fck >= 35 Mpa”, prevista no 3º Aditivo ao Contrato nº 085/2015, no valor de R$ 1.870.675,75,
configurou-se como indevida.
trI
o
aliseC
n
/A
#

2.1.7. Aditamento irregular do Contrato nº 085/2015 para inclusão de remuneração de


áreas para estocagem de tubos, gerando pagamento indevido na execução das obras.

Fato

Em 20 de outubro de 2016, o Consórcio contratado para a execução das obras encaminhou ao


DMAE solicitação do 1º aditivo ao Contrato nº 085/2015. Dentre os serviços a serem

282 de 302
acrescidos, constava o item referente à “área de estocagem provisória de tubos na obra”, no
valor total de R$ 1.129.574,18.

A análise do pleito foi efetivada pela Gerência de Projetos e Obras do DMAE, a qual
apresentou as seguintes justificativas para a sua aprovação:

“As áreas em questão, estrategicamente escolhidas ao longo dos 19.964 m da


Adutora, tem como finalidade armazenar provisoriamente os tubos, até que sejam
aplicados nas diversas frentes de montagem, de acordo com o cronograma de
obra.

Tal necessidade resulta de três condições principais, a saber:

Primeira: da situação gerada pelo não cumprimento dos confrontantes ao longo


da obra de posicionar suas cercas de divisa de acordo com o decreto que definiu
as faixas de Domínio (portanto, obstáculos legais ao acesso para execução das
obras, até a determinação judicial, em andamento).

Essa situação, constatada após o início das obras, ocorre ao longo dos 4.610 m
da Adutora de Água Bruta, impedindo sua execução, inicialmente planejada para
o início de maio/2016.

Segunda: a possibilidade de remanejamento do caminhamento do trecho da


Adutora de Água Tratada por gravidade, da Av. Solidariedade para rua/av. de
futuro Loteamento que, se aprovado em tempo hábil, possibilitará uma redução
de aproximadamente 1.000 m de tubulação DN 1.200mm e uma série de custos
indiretos com interferências urbanas, equivalente a uma economia de
aproximadamente R$ 4.500.000,00.

Terceira: o contrato de fornecimento dos tubos de aço pela empresa Arcelor


Mittal. O cronograma de entrega dos tubos na obra tem encerramento previsto
para dezembro de 2016 enquanto que o Cronograma de Assentamento dos tubos
pelo Consórcio BCC prevê seu encerramento em junho/2017 e janeiro/2018, da
Adutora de Água Bruta e Adutora de Água Tratada, respectivamente.

Portanto, há necessidade de se contar com três áreas para estocagem de tubos,


com as localizações ilustradas a seguir:

a) Área 3 de 20.000 m² situado entre a Captação e a ETA, para depósito de tubos


a serem assentados na Adutora de Água Bruta;
b) Área 1 de 27.512,62 m² situada entre a Câmara de Transição e o Centro de
Reservação Custódio Pereira, no Bairro Mansões Aeroporto, para depósito de
tubos a serem assentados na Adutora de Água Tratada;
c) Área 2 de 5.600 m² para tubos sem revestimento de 1.000 e 1.200 mm, situada
próximo da Central de Revestimento, no Bairro Industrial de Uberlândia.

A avaliação das áreas, para fins de aluguel, foi feita pela empresa WALACE
EMPREENDIMENTOS, a pedido do Consórcio BCC, com o objetivo de obter
valores de mercado imobiliário para aluguel de áreas urbanas e rurais no
Município de Uberlândia.

283 de 302
Os valores das avaliações foram considerados como referência para as
composições de custo unitário mensal de aluguel das três áreas, incluindo limpeza
e preparo da área, pavimentação com cascalho, locação de container e banheiro
químico, cerca de fechamento, vigilância e BDI, conforme composições
apresentadas no Item 4.2.7.1 – Composições de Preço Unitário do Caderno de
Memória de Cálculo do 1º Aditivo Contratual com Reflexo Financeiro”.

Percebe-se, então, que um dos argumentos utilizados como justificativa para a inclusão do
item em comento no aditivo contratual referiu-se ao fato de que o contrato de fornecimento
dos tubos, firmado entre o Consórcio e a Arcellor Mittal, previu a entrega total dos tubos para
dezembro de 2016. Entretanto, o cronograma contratado, que estava vigente até a assinatura
do 1º Termo Aditivo, previa que o fornecimento dos tubos ocorresse entre novembro de 2016
e dezembro de 2017 e que o assentamento dos tubos ocorresse entre novembro de 2016 e
outubro de 2018.

Dessa maneira, o acordo para que os tubos fossem entregues até dezembro 2016 configurou-
se em uma decisão de iniciativa do Consórcio, de forma a aproveitar, muito provavelmente,
uma condição financeira vantajosa, mas que teve como consequência uma maior necessidade
de áreas disponíveis para guarda de todo o material entregue simultaneamente.

Há que se ressaltar ainda que a especificação do item “assentamento de tubos em aço


carbono”, constante no edital da licitação, cita que “os serviços previstos e/ou necessários
para a execução da montagem do projeto e omitidos na relação acima, devem estar inclusos
no preço, pois não caberá nenhum pagamento adicional”.

Cabe registrar também que o item aditivado “Área de estocagem provisória de tubos na obra”
abrange, além dos valores relativos ao aluguel e à implantação das áreas destinadas ao
depósito dos tubos, despesas relacionadas com a carga dos tubos no depósito e descarga nas
valas, bem como o transporte dos tubos do depósito até as valas.

Todavia, a planilha orçamentária da obra já contempla item específico referente ao transporte


dos tubos do depósito em canteiro até o local de assentamento, bem como contemplava a
disponibilidade na obra em tempo integral de dois Caminhões Guindauto, os quais poderiam
ser utilizados para carga/descarga dos tubos.

Frente ao exposto, entende-se que o acréscimo do item “Área de estocagem provisória de


tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, por intermédio do 1º Aditivo ao Contrato nº
85/2015, não possui respaldo técnico, configurando-se, portanto, como indevido, ressaltando
que até a 24ª, já havia sido atestado o valor de R$ 543.689,54.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“Em 20 de outubro de 2016, o Consórcio contratado para a execução das obras encaminhou
ao DMAE solicitação do 1º aditivo ao Contrato nº 085/2015. Dentre os serviços a serem

284 de 302
acrescidos, constava o item referente à ‘área de estocagem provisória de tubos na obra’, no
valor total de R$ 1.129.574,18.

Segundo apuração da CGU, “o acordo para que os tubos fossem entregues até dezembro
2016 configurou-se em uma decisão de iniciativa do Consórcio, de forma a aproveitar, muito
provavelmente, uma condição financeira vantajosa, mas que teve como consequência uma
maior necessidade de áreas disponíveis para guarda de todo o material entregue
simultaneamente”.

Ocorre que, a necessidade da criação da área de Estocagem/Transbordo dos tubos não se


originou apenas de demanda do Consórcio executor, mas também, e principalmente, da
exigência da Gerenciadora e do DMAE para mudar-se a metodologia construtiva da adutora,
adotada inicialmente.

Isso porque, conforme já relatado em registros anteriores, durante o processo licitatório, foi
divulgado que os decretos de criação/alteração das faixas de domínio da Rodovia Pau Furado
eram suficientes para permitir a utilização das faixas laterais, em toda sua extensão por 30
m a partir do eixo da pista para os trabalhos de implantação das adutoras e tal premissa foi
divulgada durante o processo licitatório.

No entanto, por ocasião do início das obras da adutora de água tratada (trecho de recalque),
o DMAE se deparou com a existência de cercas confrontantes posicionadas à uma distância
menor ou igual a 18 m e, quando procurou os proprietários para informá-los da necessidade
de remanejamento para os 30 m da faixa de domínio, não houve acordo.

Neste sentido, a metodologia construtiva inicial exigia que a vala fosse aberta por
escavadeira de grande porte com a terra retirada sendo lançada para o lado das cercas, em
alguns casos, sobre elas. Logo a seguir os escoramentos eram montados e os fundos
regularizados e compactados. Após essa etapa concluída, os segmentos de tubos com 12
metros eram transportados da fábrica para a obra e descarregados paralelos e ao longo das
valas, numa distância muito próxima da borda da Rodovia Municipal, conforme fotos em
anexo.

Dessa forma, a permanecer a metodologia inicial adotada, os tubos ficariam alocados ao


lado da pista aguardando o momento para serem colocados na vala. Assim sendo, para
garantir a segurança do usuário da Rodovia e, ainda, para garantir a segurança dos
trabalhadores na obra, optou-se pela criação do item de locação de área para
estocagem/transbordo dos tubos.

Portanto, diferentemente da conclusão exposta no relatório pela CGU, a inclusão das áreas
de estocagem decorre de uma alteração na metodologia inicial adotada e, principalmente, de
uma busca pela segurança dos usuários da pista e dos próprios trabalhadores da obra,
evitando-se na realidade danos e prejuízos maiores com acidentes que, certamente,
ocorreriam com os tubos alocados ao lado da pista.

Neste sentido, vale citar a lição do professor Antonio José Calhau de Resende, que ao analisar
os diversos princípios vitais para a garantia da ordem pública, conceituou o princípio da
razoabilidade da seguinte forma:
‘A razoabilidade é um conceito jurídico indeterminado, elástico e variável
no tempo e no espaço. Consiste em agir com bom senso, prudência,

285 de 302
moderação, tomar atitudes adequadas e coerentes, levando-se em conta a
relação de proporcionalidade entre os meios empregados e a finalidade a
ser alcançada, bem como as circunstâncias que envolvem a pratica do ato’.
(In: RESENDE, Antonio José Calhau. O princípio da Razoabilidade dos Atos
do Poder Público. Revista do Legislativo. Abril, 2009).

Em outras palavras, é dizer: os órgãos da administração públicas, e seus administradores,


devem utilizar a competência discricionária no desempenho da função pública como forma
de melhor atender as conveniências da administração, principalmente, as necessidades
coletivas.

É exatamente o caso deste item: o DMAE, a gerenciadora e o consórcio executor, por meio
de tal medida, buscaram tão somente a proteção do interesse público, agindo com bom senso
e prudência ao decidir pela locação de áreas para evitar eventos mais graves e mais danosos
à coletividade, finalidade esta que fora alcançada, o que pode ser comprovado pela ausência
de quaisquer acidentes graves e/ou com vítimas ocorridos no local.

Não obstante à fundamentação acima já ser suficiente para justificar o presente item, há
ainda que se ressaltar que tal alteração teve como consequência uma verdadeira redução de
custo ao DMAE, haja vista que a entrega dos tubos foi finalizada em junho/2017, o que
resultou na ausência da aplicação do reajuste total do item no contrato.

Sendo assim, em se tratando de aproximadamente R$ 46.000.000,00 (quarenta e seis milhões


de reais), um reajuste de 3,93% (reajuste para o item do contrato em 2016) acarretaria um
acréscimo de aproximadamente R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos mil reais), valor
que seria devido ao fornecedor e, consequentemente, repassado ao DMAE.

O segundo reajuste que também seria gerado caso o cronograma inicial fosse seguido,
resultaria em um segundo reajustamento de 4,55% (reajuste para o item do contrato em 2017)
acarretando um aumento de aproximadamente R$ 666.000,00 (seiscentos e sessenta e seis
mil reais) (segue como Anexo 7 o apostilamento feito ao contrato para comprovação dos
índices citados e também um estudo de reajustes para os itens de tubulações).

Logo, o valor para estocagem provisória de tubos é menor que o previsto em caso de um
reajustamento do item, resultando em verdadeira economia ao DMAE, mais uma vez atuando
o DMAE em estrita observância aos princípios que norteiam a administração pública, mais
especialmente o da eficiência neste caso.

Ademais, vale frisar que as frentes de trabalho na adutora, para as quais a compra dos tubos
foi necessária, se deu no intuito de que a obra não ficasse parada em razão dos problemas já
relatados no item 5, problemas esses que nem o Consórcio, nem o DMAE concorreram.

O que ocorreu no caso em tela foi justamente uma decisão administrativa cuja finalidade foi
a de direcionar a obra para uma determinada frente de trabalho (onde a compra dos tubos
era necessária), em descompasso com o cronograma inicial, mas com o intuito de que a obra
não ficasse parada.

Portanto, em que pese a alegação no relatório de que o acréscimo do item “Área de


estocagem provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, por intermédio do 1º
Aditivo ao Contrato nº 85/2015, não possuiria respaldo técnico, configurando-se, portanto,

286 de 302
como indevido, fato é que existe respaldo técnico, justificativa plausível e legal, na medida
em que se buscou preservar o bem maior (a vida e a segurança dos usuários e trabalhadores),
além de se obter uma economia ao erário, na medida em que o valor da locação das áreas é
menor que o reajustamento que seria devido pelo contrato.

Tal prática está em completa sintonia com os princípios da razoabilidade, da legalidade, do


interesse público e da eficiência, previstos no artigo 37 da Constituição Federal e no artigo
2º da Lei nº 9.784/99, na medida em que, com fundamento no resguardo da ordem pública e
buscando a segurança dos usuários da rodovia e dos trabalhadores da obra, isto é, visando
a proteção do interesse público, houve aditamento com alteração da metodologia inicial
definida em estrita observância ao princípio da eficiência, haja vista a real economia
financeira ocorrida”.

Manifestação da CAIXA
Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.
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Análise do Controle Interno

Segundo o DMAE, a necessidade da criação da área de Estocagem/Transbordo dos tubos se


originou, principalmente, por exigência da Gerenciadora e do DMAE, de modo a se alterar a
metodologia de execução da adutora prevista inicialmente, a qual previa as fases de: abertura
das valas por escavadeira; montagem dos escoramentos; regularização e compactação dos
fundos das valas; transporte dos tubos da fábrica para a obra; e descarregamento dos tubos
paralelos e ao longo das valas.

Dessa forma, ainda segundo o DMAE, os tubos ficariam alocados ao lado da pista aguardando
o momento para serem colocados na vala, mas como não foi disponibilizada a faixa de 30m a
partir do eixo da pista, conforme inicialmente previsto, foi necessário criar o item de “locação
de área para estocagem/transbordo dos tubos”, para garantir a segurança dos usuários da
Rodovia e a segurança dos trabalhadores na obra.

Ressalta-se que a não disponibilização da faixa prevista ao longo da via, realmente dificultou
a execução da obra, visto que reduziu bastante a área de manobra das máquinas. Todavia, não
foi localizado nenhum documento que indicasse que estava previsto originalmente que os
tubos deveriam ficar estocados por muito tempo ao longo da via, mas apenas, que eles seriam
descarregados ao longo da via para, então, serem assentados logo a seguir.

O fato de constar na planilha orçamentária item referente ao transporte dos tubos a serem
assentados, reforça o entendimento de que eles seriam estocados e/ou preparados em canteiro
para, depois, serem transportados para os locais do assentamento.

Ressalta-se, ainda, que o cronograma físico-financeiro contratado indicava que os tubos


seriam adquiridos de forma proporcional ao assentamento dos mesmos, e não comprados na
sua integralidade na fase inicial da obra. Entende-se que foi essa compra antecipada que
provocou a necessidade de áreas adicionais para estoque dos tubos.

No que refere à argumentação de que a compra antecipada dos tubos “teve como consequência
uma verdadeira redução de custo ao DMAE”, devido à ausência de aplicação do reajuste deste
item do Contrato, cabe registrar que tal entendimento não condiz com a realidade, pois o valor

287 de 302
pago de forma antecipada não ficaria parado em conta corrente, mas sim , seria depositado em
aplicações com taxa de rendimento superior à taxa do reajuste aplicada ao contrato.

Verificou-se, ainda, que o DMAE não se pronunciou quanto ao fato de que o item aditivado
“Área de estocagem provisória de tubos na obra” abrange, além dos valores relativos ao
aluguel e à implantação das áreas destinadas ao depósito dos tubos, outras despesas já
contempladas na planilha orçamentária contratada.

Frente ao exposto, ratifica-se o entendimento de que o acréscimo do item “Área de estocagem


provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, por intermédio do 1º Aditivo ao
Contrato nº 85/2015, configura-se como indevido.
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aliseC
n
/A
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2.1.8. Antecipação de pagamento do serviço de armação de aço para estruturas de


concreto armado na construção do sistema de produção de água potável Capim Branco.

Fato

Para a execução das estruturas em concreto armado para construção da 1ª etapa do novo
sistema de produção de água potável Capim Branco (Contrato nº 085/2015), foi previsto na
planilha orçamentária da Captação e da ETA – Estação de Tratamento de Água o item de
serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte
(perda de 10%) / dobra / colocação” para cada uma das estruturas (elevatória de água bruta,
guarita, decantador, etc.). Na planilha Adutora, além deste, também foi previsto o item de
serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 16,0 (5/8”) a 25,0mm (1”) – fornecimento/ corte
(perda de 10%) / dobra / colocação”.

Na planilha da Captação, consta a coluna CPU (provavelmente, composição de preço


unitário), na qual o serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) –
fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” está referenciado com o código
CH0069. Não consta a coluna CPU nas planilhas ETA – Estação de Tratamento de Água e
Adutora. Conforme o Projeto Executivo, em seu volume “Regulamentações e Critérios de
Medição”, a descrição do serviço da composição CH0069 (em conjunto com a CH0068) é
“execução de armadura de aço para concreto armado, incluindo cortes, limpeza, dobramento,
soldas, amarração e colocação das armaduras e/ou telas de aço, pastilhas e espaçadores” e o
critério de medição é “pelo peso do aço, medido no projeto da estrutura”. As bitolas de aço
presentes nesta composição são de 16,0 (5/8”) a 25,0mm (1”). Apesar de não ter sido
referenciado nas planilhas orçamentárias, consta no volume “Regulamentações e Critérios de
Medição” a composição CU0875, para “fornecimento de aço para concreto armado, incluindo
carga, transporte até o local da obra, descarga e estoque”, cujo critério de medição seria “pelo
peso de aço efetivamente fornecido e estocado (...)” e bitolas de 10,0 (3/8”) e 12,5mm (1/2”).

Por sua vez, consta na proposta apresentada pelo Consórcio BT, Convap, Completa somente
a composição de custo “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) –
fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” referente aos aços de diâmetro 6,3 a
12,5mm. Nesta composição, o aço representa 65% e a mão-de-obra e arame recozido, 35%.

Em relação à elaboração das planilhas orçamentárias da Captação e da ETA – Estação de


Tratamento de Água, não consta, nas referidas planilhas, composições para colocação de aço

288 de 302
em diâmetros superiores a 12,5mm, embora conste nos projetos estruturais aços com
diâmetros de 16, 20 e 25mm, ressaltando-se que a quantidade total de aço fora alocada na
composição existente (Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) –
fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação).

Conforme reunião realizada em 12 de setembro de 2017, entre representantes do DMAE,


Consórcio BT, Convap, Completa e Consórcio SGS Enger – Planal, foi discutido que, quando
da elaboração do 2º termo aditivo contratual, “O DMAE concorda com o desmembramento do
preço unitário do aço estrutural em dois preços, sendo um para fornecimento do aço posto
na obra e outro de corte, dobramento e colocação na forma, nas mesmas proporções da
composição do preço original. Será feito o devido ajuste no Critério de Medição e
Pagamento”. Em outra reunião, ocorrida em 26 de setembro de 2017, foi discutido o critério
de medição e pagamento das armaduras de aço nas estruturas de concreto armado: “Existe
divergência entre os critérios de medição da Regulamentação de Preços do Edital e a planilha
contratual. Nos critérios de medição do Edital – código CU0875 e códigos CH0068 e CH0069
– a medição e pagamento do fornecimento do aço é feita em separado do corte, dobramento
e colocação. Entretanto, na planilha contratual o preço unitário é único, considerando o
fornecimento, corte, dobramento e colocação, consolidados.

Acordou-se que, para as armaduras das estruturas ainda por serem executadas, o Consórcio
BCC poderá adquirir o aço necessário, tendo em vista que o fornecedor não poderá manter
os preços praticados atualmente a partir do mês de outubro.

O DMAE concorda em pagar o fornecimento do aço como 65% do preço estabelecido na


planilha contratual e 35% para o corte, dobramento e colocação na forma, em concordância
com a composição de preço unitário da proposta comercial aprovada no processo
licitatório”.

Dissonante do discutido, a descrição dos critérios de medição CH0068 e CH0069 é “execução


de armadura de aço para concreto armado, incluindo cortes, limpeza, dobramento, soldas,
amarração e colocação das armaduras e/ou telas de aço, pastilhas e espaçadores”, não sendo
mencionado a separação do fornecimento do aço e colocação do mesmo. Quanto ao critério
CU0875, o mesmo trata somente de fornecimento, não incluindo colocação. Salienta-se que,
em que pese a concordância do DMAE quanto a estas alterações, não consta no 3º Termo
Aditivo ao contrato, firmado em 28 de dezembro de 2017, qualquer alteração na forma de
medição do serviço de armação em aço.

Em verificação à planilha da 24ª medição, referente a dezembro/2017, foi observado que, em


diversas estruturas, a quantidade de aço CA-50 medida e paga é superior à quantidade de
formas e de concreto medidos. Por exemplo, a Casa de Química da ETA, que tem previsão de
34.114kg de fornecimento, corte, dobra e colocação de aço CA-50 na planilha orçamentária,
já teve 20.321,60kg do serviço medido, embora a estrutura sequer tivesse sido iniciada, pois
a fundação estava em execução durante a fiscalização em abril/2018 (fotos a seguir).
Analisando-se as memórias de cálculo das medições, constatou-se que o serviço “Armação
aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra
/ colocação” está sendo medido no momento do fornecimento do aço e não na execução do
referido serviço.

289 de 302
Foto 1 - Execução dos blocos de fundação Foto 2 - Aço estocado próximo à Casa de
da Casa de Química (ETA), Química (ETA), Uberlândia/MG,
Uberlândia/MG, 12/04/2018 12/04/2018

Salienta-se que o modo de medição de praxe do serviço de armação é por peso (kg) após a
colocação e amarração do aço. Como exemplo, o DNIT – Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes utiliza a norma rodoviária Especificação de Serviço DNER-ES
nº 346/97 para execução das estruturas de concreto. Nesta especificação, em seu item 7,
critérios de medição, é definido que “serão medidos separadamente, por metro quadrado de
fôrmas colocadas, por metro cúbico de concreto e por quilograma de aço dobrado e colocado
nas fôrmas”. Conforme o caderno de encargos da SUDECAP – Superintendência de
Desenvolvimento da Capital – Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, o critério de
pagamento de armação será “os serviços serão pagos pelo preço unitário contratual,
contemplando o fornecimento, corte, montagem, colocação e perdas” (3ª edição, pág. 252).

No quadro a seguir, estão apresentadas as estruturas da ETA nas quais não foi medido o
serviço de concreto, mas foi medido o serviço de aço. Em outras estruturas, tais como o
reservatório de água tratada, foram medidos 85% do aço e 68% do concreto. No tanque de
contato foi medido 63% do aço, mas somente 8% do concreto. Devido à dificuldade de
levantamento in loco da quantidade real de aço aplicada nestas estruturas, por parte desta
equipe, não consta na tabela a seguir as estruturas nas quais parte do concreto já tenha sido
medido.

Quadro I – Aço medido em estruturas da ETA na qual


não ocorreram medição de concreto armado
Armação aço CA-50
quantidade acumulada
Item Descrição
24ª medição
(kg)
Filtro / Canal de água / Decantador / Descarga de
05. 178.476,35
lavagem
10. Casa de química 20.321,60
15. Edifício de saída da água tratada 2.137,20
18. UTR - Decantador secundário - 1 - 2 27.242,68
UTR - Adensadores de lodo - 1 - 2 - Caixa de
19. 31.787,60
manobra
23. UTR Sala elétrica / Polímero 12.652,90
Total (kg) (a) 272.618,33

290 de 302
Armação aço CA-50
quantidade acumulada
Item Descrição
24ª medição
(kg)
Preço Unitário (R$/kg) (b) 5,50
Total (R$) (c = a x b) 1.499.400,82

Este valor, de R$ 1.499.400,82, pode ser caracterizado como antecipação de pagamento,


contrariando os art. 62 e 63 da Lei nº 4.320/64, na qual o pagamento da despesa só será
efetuado após sua regular liquidação sendo que a liquidação dos serviços prestados ocorre
quando da prestação efetiva do serviço.

Tal prática torna-se ainda mais grave se ocorrer o abandono, falência, distrato do contrato, etc.
pela executora da obra, uma vez que o serviço foi pago em sua totalidade, mas não executado.
No caso em questão, este fato pode ser mitigado pela contratação já realizada de seguro de
risco de engenharia.

Cabe salientar que foi corretamente aplicado ao serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3
(1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” o BDI –
Benefícios de Despesas Indiretas de serviços, com valor 23,5%, por se tratar de prestação de
serviço. Caso ocorra medição do aço quando do fornecimento do material, pode ser
questionada a não utilização do BDI de fornecimento de materiais, de 12%.

Finalmente, cabe destacar que, conforme tratado anteriormente, a antecipação de pagamento,


além do apontado para a ETA, está ocorrendo para outras estruturas, tais como do reservatório
de água tratada e do tanque de contato em virtude do descompasso entre o percentual de aço
medido e percentual de concreto medido.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“Conforme se vê no Relatório enviado, este r. órgão questionou no item 4, a “antecipação de


pagamento do serviço de armação de aço para estruturas de concreto armado na construção
do sistema de produção de água potável Capim Branco”.

Incialmente, cumpre salientar que, para a execução das estruturas em concreto armado para
construção da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco
(Contrato nº 085/2015), foi previsto na planilha orçamentária da Captação e da ETA –
Estação de Tratamento de Água o item de serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 6,3 (1/4”)
a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra / colocação” para cada uma
das estruturas (elevatória de água bruta, guarita, decantador, etc.). Na planilha Adutora,
além deste, também foi previsto o item de serviço “Armação aço CA-50, diâmetro 16,0 (5/8”)
a 25,0mm (1”) – fornecimento/ corte (perda de 10%) / dobra / colocação”.

Neste sentido, para melhor definição do que é o conceito de “serviço de execução de armação
de aço”, cumpre destacar que o mesmo é composto por várias etapas, a saber:

291 de 302
• Corte: Antes de efetuar os cortes do aço, foi executado um estudo para minimizar as
sobras de aço. Dessa forma, o material foi aproveitado da melhor maneira possível e de
acordo com o projeto em execução. Posterior à fase de estudo, o material foi cortado
conforme projeto especifico para as estruturas da ETA Capim Branco.

• Dobra: Como segunda fase da prestação de serviços, a fase de dobra é realizada com o
material já cortado conforme especificação de projeto. As dobras são realizadas de
forma a atender as especificidades do projeto, ficando a armadura pronta, restando
apenas a colocação das mesmas nas fôrmas para aguardar a concretagem.

• Armação / Montagem: Finalizando a prestação dos serviços, tem-se a etapa de armação


e montagem, na qual o material já cortado e dobrado é amarrado e colocado dentro das
fôrmas para aguardar a concretagem.

Portanto, deve-se separar de forma bem clara dois conceitos distintos, o de fornecimento do
aço, que consiste no fornecimento do material, e o de serviços de armação de aço, que
consiste no corte, dobra e armação/montagem.

Neste sentido, destaca-se que o DMAE não concordou em pagar o fornecimento do aço
(material) como 65% do preço estabelecido na planilha contratual. O que ocorreu de fato é
que os 65% do preço contratual pagos ao Consórcio responsável pela execução,
destinaram-se ao pagamento pelos serviços de fornecimento, CORTE e DOBRA do aço,
restando os demais 35% para o serviço de armação/montagem e colocação na fôrma.

Demonstrando em números o exposto, verifica-se que, conforme foi listado pelo próprio
relatório da CGU, a composição de custos destaca aproximadamente 65% do preço total
apenas para fornecimento de material. Trazendo esses percentuais para valores, e
considerando as condições de realidade, os serviços de corte, dobra e armação tem um preço
de mercado entre R$ 1,70 e R$ 2,00 (variando de acordo com a especificidade de cada
projeto). Por sua vez, o percentual não pago de 35%, convertido para valores monetários,
significa aproximadamente R$ 1,92/kg, ou seja, valor suficiente para realizar todo o serviço
de corte, dobra e armação, situação.

Neste sentido, considerando que apenas a colocação na forma restou pendente, pode-se
afirmar que muito mais que 65% dos serviços foram efetivamente executados. E considerando
que o DMAE efetuou o pagamento dos 65% para fornecimento do aço, bem como para
realização dos serviços de corte e dobra, restando pendente somente os serviços de armação
e a colocação na forma, pode-se afirmar que, em termos percentuais, é mais provável que o
pagamento dos 65% não faça jus aos serviços efetivamente prestados do que o pagamento
tenha sido realizado apenas para “fornecimento”, como consta no relatório da CGU,
porquanto esta não é a realidade dos fatos.

Em síntese, ilustre fiscal, o DMAE vem afirmar que o quantitativo listado no Quadro I, de
272.618,33kg, não se refere apenas ao fornecimento do material, mas também aos serviços
de CORTE e à DOBRA (prestação de serviços) do mesmo.

Dessa forma, entendemos que o pagamento de 65% do preço unitário contratual é necessário,
visto que se trata de uma obra de mais de 2.000 toneladas de aço e que existem frentes de

292 de 302
serviço apenas para corte e dobra de aço, deixando-os prontos para que restasse apenas a
colocação em forma, conforme pode ser evidenciado no relatório preliminar recebido.

Há ainda alguns pontos importantes a serem destacados vejamos. O primeiro, é que há prova
da realização de tais serviços, que se faz através do relatório fotográfico em anexo que
comprova que o aço está cortado e dobrado na obra, aguardando apenas a armação e
colocação na fôrma.

Como segundo ponto de destaque, transcreve-se o seguinte trecho constante no relatório: “tal
prática torna-se ainda mais grave se ocorrer o abandono, falência, distrato do contrato, etc.
pela executora da obra, uma vez que o serviço foi pago em sua totalidade, mas não executado.
No caso em questão, este fato pode ser mitigado pela contratação já realizada de seguro de
risco de engenharia.”

Pois bem, neste ponto, importa destacar inicialmente que o serviço pago foi efetivamente
executado, conforme se demonstrou acima (corte e dobra) e corroborado pelo relatório
fotográfico anexo. Não obstante, tem-se ainda que na improvável hipótese de abandono,
falência, distrato do contrato ou qualquer outra semelhante, não haverá qualquer prejuízo à
obra porquanto os serviços de fornecimento, corte e dobra já foram efetivamente realizados
conforme projeto especifico para as estruturas da ETA Capim Branco, ou seja, só podem ser
utilizados nesta obra e o material já cortado e dobrado será aproveitado integralmente,
independente de alteração da empresa executora da obra.

Quanto à ressalva de que foi corretamente aplicado ao serviço “Armação aço CA-50,
diâmetro 6,3 (1/4”) a 12,5mm (1/2”) – fornecimento / corte (perda de 10%) / dobra /
colocação” o BDI – Benefícios de Despesas Indiretas de serviços, com valor 23,5%, por se
tratar de prestação de serviço, concordamos que o BDI deve ser de 23,5%, e ressaltamos que
o percentual pago é de 65% em relação ao preço contratual.

Por fim, no que se refere à situação de descasamento significativo entre o fornecimento de


aço e os serviços de corte/dobra com a etapa seguinte de montagem nas formas, tal fato
ocorreu pontualmente. Ou seja, o DMAE informa que, atualmente, não existe diferença entre
as quantidades em kg de aço montado e as quantidades em kg de aço medido atualmente,
de modo que trata-se de pendência já solucionada na obra e passível de nova verificação por
este r. órgão caso necessário.

O Tribunal de Contas da União (TCU) definiu parâmetros para Benefícios e Despesas


Indiretas (BDI) para serviços e obras públicas de engenharia, por meio percentuais mínimos
e máximos por atividade. "O referido Acórdão estabelece referenciais de BDI para serem
adotados pelo próprio TCU na análise do preço de obras públicas, uma vez que uma das
parcelas que compõem o preço é o BDI (a outra parcela é o custo direto)", informa o
Tribunal.

A decisão, publicada no dia 20 de setembro, no acórdão 2.369/2011, foi baseada em estudo


elaborado pelo próprio TCU, que aplicou critérios estatísticos em uma amostra de editais e
contratos administrativos firmados pela Administração Pública. A cada um dos órgãos foi
pedido e usado como referência estudos normativos e/ou metodologias de cálculo do BDI,
além de composições de BDI previstas em editais recentes, entre outros.

293 de 302
Assim, mesmo considerando os percentuais estariam de acordo com os referenciais do
próprio TCU para obras Hídricas, conforme estabelecido como parâmetro no acórdão
2.369/2011 do TCU, vejamos:

Manifestação da CAIXA

Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.


m
x
E
d
U
ifestco
an
/M
#

Análise do Controle Interno

Em que pese o DMAE ter justificado que 65% do serviço de fornecimento e colocação de aço
foram pagos em função de fornecimento, corte e dobra, a composição apresentada pelo
Consórcio BCC à época da contratação, é composta de 65% para fornecimento do aço e 35%
para mão de obra, estando o corte e dobra incluídos neste último percentual. Ademais, o aço
estocado na obra contêm etiquetas do fornecedor, indicando que o mesmo é fornecido cortado
e dobrado, conforme ilustrado na foto a seguir:

Foto 3 – Etiqueta de fornecimento de aço,


Uberlândia/MG, 12/04/2018

294 de 302
Conforme já relatado, o serviço de armação de aço só pode ser medido e pago após a execução
do serviço, e não pelo simples fornecimento do aço na obra.
trI
o
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n
/A
#

2.1.9. Morosidade na construção do sistema de produção de água potável Capim


Branco.

Fato

Conforme o Contrato nº 085/2015, o prazo para o Consórcio BT, Convap, Completa executar
as obras da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco é de 36
meses. Também foram previstos seis meses de pré-operação, três meses para entrega
provisória, três meses para entrega definitiva e dois meses para encerramento do contrato,
totalizando 50 meses.

A ordem de serviço foi emitida em 08 de outubro de 2015, ressaltando-se que, em 14 de


outubro de 2015, foi emitida ordem de paralisação, devido a decisão judicial, mas as obras
foram retomadas em 26 de outubro de 2015, resultando em uma paralisação de 12 dias.

Decorreram-se 26 meses entre o início da execução e a 24ª medição, referente a


dezembro/2017, representando cerca de 72% do prazo contratual (26 ÷ 36). Conforme o
cronograma financeiro original das obras, apresentado pelo Consórcio, no 26º mês o valor
total acumulado previsto de execução seria de R$ 213.356.283,37, o que representa 80,64%
do valor contratual (213.356.283,37 ÷ 264.567.429,21). Entretanto, no novo cronograma
apresentado no 1º Aditivo, consta a previsão de execução de 78,29% dos serviços acumulado
no mês de dezembro/2017. Até a 24ª medição, haviam sido medidos 40,86% do valor do
contrato, ou seja, cerca da metade do previsto foi executado no período, demonstrando
morosidade na execução do contrato por parte do Consórcio BT, Convap, Completa, além de
descumprimento da cláusula contratual 2.9, na qual a contratada deve seguir o cronograma
físico-financeiro das obras.

Cabe salientar que ocorreram atrasos justificados no que tange à adutora de água tratada por
gravidade, uma vez que houve alteração no traçado original.

Já a adutora de água bruta, cujos serviços de instalações e obras civis deveriam ser executados
entre março e junho/2017, ainda não foram iniciados. As justificativas apresentadas para este
atraso são:
- a adutora de água bruta seria implantada na margem direita da faixa de domínio da
Estrada do Pau Furado, entretanto, ao iniciar os serviços, os proprietários dos terrenos
lindeiros à estrada, informaram ao Consórcio BT, Convap, Completa que, embora a
estrada municipal tenha sido decretada como de utilidade pública nos anos 2000, nunca
ocorreu a efetiva desapropriação das áreas;
- a adutora será então executada na margem esquerda da estrada, cuja topografia é mais
favorável (na margem direita seria necessário a execução de aterros, com grande
movimentação de terra);
- parte da margem esquerda pertence ao Parque Estadual do Pau Furado, na qual já
está autorizado a utilização de parte da área para assentamento da adutora. Demais
proprietários estão pendentes de novo Decreto de Utilidade Pública e de futura
desapropriação, já foi providenciado o licenciamento ambiental da margem esquerda.

295 de 302
Quanto à captação, entende-se que o atraso também é justificado, pois o Consórcio Capim
Branco Energia, responsável pela administração da usina hidrelétrica e pelo reservatório
(lago) na qual a água será captada, embargou a execução dos serviços, solicitando, entre
outros, alteração no método de escavação de material de 3ª categoria e do tipo de fundação
profunda, devido à proximidade da captação com o maciço da barragem.

Entretanto, não há justificativa para a morosidade na execução do restante da obra, em especial


na Estação de Tratamento de Água – ETA. Conforme visita às obras, em 12 de abril de 2018,
a situação de cada uma das unidades que compõem a ETA era a seguinte:

1) tanques de coagulante (sulfato de alumínio): estrutura executada;


2) canal parshall: estrutura em execução:
3) floculador: concretagem da estrutura no dia da inspeção;
4) decantador: estrutura executada;
5) filtro: estrutura não iniciada;
6) casa de química: execução das formas e armação dos blocos de fundação;
7) tanques de cal hidratada em suspensão: fundação não iniciada;
8) sala de cloro: estrutura da laje de piso iniciada;
9) guarita: estrutura e alvenaria executadas
10) sala de água tratada: fundação não iniciada;
11) reservatório de água de lavagem: fundação não iniciada;
12) elevatória de água de lavagem: fundação não iniciada;
13) sala elétrica e elevatória de água tratada: estrutura em execução;
14) reservatório de água tratada: estrutura executada;
15) ácido fluossílicico: fundação não iniciada;
16) galpão depósito: estrutura executada e parte da alvenaria;
17) decantador secundário: armação em execução;
18) tanque de homogeneização: armação do bloco de fundação em execução;
19) adensadores: estacas de fundação cravadas;
20) elevatória de lodo adensado: armação do bloco de fundação em execução;
21) desidratação e sala elétrica: estacas de fundação cravadas;
22) elevatória de recirculação: estacas de fundação cravadas;
23) tanque de regularização: estacas de fundação cravadas.

Assim, nas unidades filtro, tanques de cal hidratada em suspensão, sala de água tratada,
reservatório de água de lavagem, elevatória de água de lavagem, ácido fluossílicico, tanque
de homogeneização, adensadores, elevatória de lodo adensado, desidratação e sala elétrica,
elevatória de recirculação e tanque de regularização ainda não haviam sequer sido iniciadas a
execução das estruturas de concreto armado.

Por exemplo, conforme o cronograma do 1º Aditivo, toda a execução do filtro, incluindo


equipamentos, deveria estar concluída em setembro/2017. Estruturas que compõem a Unidade
de Tratamento de Resíduos, como adensadores e tanque de regularização deveriam estar
concluídas, inclusive seus equipamentos, em junho/2017. As fotos a seguir ilustram a situação
destas estruturas que deveriam estar concluídas há, pelo menos, oito meses atrás.

296 de 302
Foto 1 - Filtro - fundação executada (ETA), Foto 2 - Adensadores - estacas cravadas
Uberlândia/MG, 12/04/2018 (ETA), Uberlândia/MG, 12/04/2018

Ressalta-se que, em 09 de outubro de 2015, um dia após a emissão da ordem de serviço, foi
feita a demarcação da área da ETA e iniciada a limpeza do terreno com trator, conforme
relatado no diário de obras, indicando que não ocorreram fatos que impedissem o início dos
trabalhos no local.
ato
/F
#

Manifestação da Unidade Examinada

Manifestação do Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia - DMAE

O Departamento Municipal de Água e Esgoto de Uberlândia, mediante o Ofício nº


2766/2018/DG, de 6 de agosto de 2018, apresentou a seguinte manifestação:

“No item 5 do relatório preliminar, verifica-se que a CGU alega que existe uma morosidade
na execução da obra. Em síntese, concluiu a fiscalização que ocorreram atrasos justificados
no que tange à adutora de água tratada por gravidade, uma vez que houve alteração no
traçado original, bem como que o atraso na captação é justificado, mas, em contrapartida,
que a adutora de água bruta, cujos serviços de instalações e obras civis deveriam ser
executados entre março e junho/2017, ainda não foram iniciados e, ainda, que não há
justificativa para a morosidade na execução do restante da obra, em especial na Estação de
Tratamento de Água.

Incialmente, cumpre-nos ressaltar que a presente obra tem complexidade elevada, isto é, para
análise quanto à sua execução, especialmente quanto ao prazo, é necessário uma análise
ampla, abrangendo todos os fatores e agentes que tem relação direta, ou indireta, com a
execução da obra.

Neste ínterim, ocorreram, no decorrer da obra, diversos fatos que impactaram diretamente
no prazo de execução da mesma e, por via de consequência, ocasionaram um atraso na sua
execução. Dentre os principais problemas que ocasionariam tais atrasos podemos citar os
principais, vejamos:

1) INDEFINIÇÃO SOBRE OS MARCOS DE REFERÊNCIA: Por uma questão técnica,


houve uma indefinição inicial quanto aos marcos de referência para a implantação da
obra, porquanto se mostrou necessária uma análise técnica entre o órgão e a projetista
para se obter o melhor resultado e evitar futuros problemas, considerando a complexidade

297 de 302
da obra. Neste sentido, entre a emissão da OS em 08/10/2015 e o parecer técnico final
sobre os marcos, em 26/11/2015, houve um atraso inicial de quase 50 dias, o que afetou
diretamente o cronograma de execução da Estação de Tratamento de Água (ETA).

2) FRENTES DE TRABALHO NÃO LIBERADAS: Conforme é de conhecimento da CGU,


com o início das obras da adutora foram identificadas questões relativas à desapropriação
das áreas de execução e das faixas de serviço, localizadas à margem da Rodovia Pau
Furado, com largura prevista de 30 metros do eixo da pista (entendida inicialmente como
faixa de domínio). Após diversas discussões técnicas e jurídicas, inclusive com os
proprietários, foi definido em reunião com o magistrado da vara da Fazenda Pública que
somente por meio de um processo judicial de desapropriação poderia solucionar a
questão. E neste sentido, é de amplo e notório conhecimento a morosidade de um litígio
judicial, que permanece até a presente data sem solução, permanecendo quase 3,0 km sem
desapropriação, o que impede a finalização da implantação da adutora de água bruta.
Destaca-se que, das frentes liberadas para implantação, todas estão executadas, o que
demonstra que esta pendência é o principal entrave para conclusão da adutora de água
bruta.

3) INDISPONIBILIDADE DE ENERGIA ELÉTRICA NA OBRA: Em que pese toda a


atenção, diligência e afinco do DMAE, houve um significativo atraso no acerto e
contratação da CEMIG para atendimento de energia na nova ETA. Isso porque, dada a
complexidade da obra, a própria CEMIG foi revisando seus prazos e valores iniciais,
buscando adequar o prazo total de execução da obra e ainda um custo-benefício ao erário
(novamente cita-se os princípios da eficiência e da razoabilidade observados pelo órgão).
Para se ter um parâmetro, houve redução de 12 meses para execução do projeto e de
aproximadamente R$ 3.000.000,00 do projeto incialmente apresentado pela CEMIG.
Noutras palavras, com a finalidade de se obter o melhor custo/benefício ao erário, bem
como em razão da complexidade da obra, houve um atraso até a data da efetiva
contratação da CEMIG, sendo o contrato firmado somente em junho/2018, para o prazo
máximo de 26 meses. Sem essa contratação não houve liberação pela equipe de Gestão do
contrato, por prudência e bom senso, para compras de equipamentos elétricos em geral,
afinal não seria possível testá-los (como testar sem energia?) e realizar o comissionamento
da estação de tratamento de água.

4) APROVAÇÃO DOS SERVIÇOS ELÉTRICOS E DE AUTOMAÇÃO PELA C.E.F.: O


projeto para os serviços de elétrica e automação, até a presente data (conforme e-mail
anexo) não foi aprovado pela Caixa Econômica Federal. Destaca-se que o contrato com
a CEF para liberação do recurso foi firmado em 2013, sendo que o processo foi iniciado
em 2015 e até a presente data (2018) a CEF não aprovou, definitivamente, a parte de
elétrica e automação para a obra, que corresponde à aproximadamente R$ 40.000.000,00
do total da obra. O referido valor corresponde à um valor significativo na obra e, por
consequência, à um valor que o DMAE não consegue aportar sem a contrapartida da CEF,
para liberar a compra dos materiais, alguns com prazo de fabricação superior a 12 meses.
Ressalte-se que, durante todo este período mencionado, o processo foi avaliado por
diferentes analistas, sendo que nenhum finalizou o processo, sendo todas as reuniões e
pedidos do DMAE formalizados por meio de Atas de reuniões realizadas na CEF.
Portanto, mais uma vez trata-se de situação que impacta diretamente no prazo de execução
da obra, sendo que a solução dependente de aprovação final da CEF, tendo o DMAE
realizado (e realiza até a presente data) tudo que está ao seu alcance para solução rápida
da questão.

298 de 302
5) DISPONIBILIDADE FINANCEIRA DO DMAE PARA CONTRAPARTIDA NA
OBRA: Quando do início da obra, havia uma previsão de dotação orçamentária para a
obra. Ocorre que, diante da conjuntura financeira do país, que é de amplo e notório
conhecimento, há uma crise econômica que afetou diretamente a administração pública.
Não é diferente para o DMAE! O órgão, diante da grave crise econômica, tem encontrado
sérias dificuldades financeiras para cumprir seus compromissos na forma inicialmente
prevista, sendo necessários ajustes financeiros. Neste sentido, fez-se necessária a redução
da dotação orçamentária para a obra ao longo dos anos, exatamente para evitar o colapso
financeiro do órgão, tudo em observância à probidade, eficiência e responsabilidade
financeira com que o órgão trabalha.

Assim, em 08.08.2016, se fez necessária a primeira alteração da dotação orçamentária


original, que reduziu para o ano de 2016, o valor de R$ 90.800.000,00 para R$ 68.000.000,
isto é, redução de aproximadamente 25%. Em 08.06.2017, fez-se necessária a segunda
alteração na dotação orçamentária, na qual se reduziu o valor para o mencionado ano
(2017) de R$ 148.000.000,00 para R$ 90.000.000,00, isto é, redução de aproximadamente
40%. Por fim, em 22.03.2018, novamente foi necessária a 3ª alteração na dotação
orçamentária, na qual para o ano de 2018, reduziu-se de R$ 135.000.000,00 para R$
71.000.000,00, isto é, redução de aproximadamente 50%. Destaca-se que, no mesmo ato,
o DMAE solicitou estudos e concordância do Consórcio executor para uma dilação do
prazo contratual em 12 meses diante da ausência de condições financeiras para
cumprimento do cronograma inicial (Ofício em anexo).

Neste ponto, especificamente, o DMAE destaca que todas as reduções de dotação


orçamentárias acima citadas foram realizadas com o único objetivo de agir em estrita
conformidade aos princípios básicos da administração púbica. Ora, a probidade, a
razoabilidade, a eficiência administrativa, a supremacia do interesse público e o bom
senso determinam que o órgão não pode, em nenhum momento, assumir compromissos
com os quais não poderia cumprir. Neste sentido, o DMAE agiu de forma a preservar o
erário e adequar a execução da obra à realidade financeira do órgão, sendo consequência
natural a prorrogação do prazo para execução da obra.

6) EMBARGO DA OBRA PELA POLÍCIA AMBIENTAL: A Policia da Ambiental, em


fiscalização no local da obra, constatou que o DMAE não havia providenciado a licença
para extração mineral junto ao DNPM. Neste sentido lavrou Boletim de Ocorrência, em
09.02.2017, determinando o embargo (paralisação) das escavações e dos transportes na
Estação de Tratamento de Água (ETA) até que a situação fosse regularizada. Somente em
06.04.2017, isto é, mais de 60 dias depois, houve a liberação das áreas para continuidade
da execução, sendo importante ressaltar que, ao final, ficou constatado pelo DNPM que
não era necessária tal licença de extração exigida pela polícia ambiental. Noutras
palavras, a execução das obras da ETA, a qual a CGU afirma não haver justificativa de
atraso, ficaram paralisadas por mais de 2 meses em razão de uma exigência que,
posteriormente, o próprio DNPM comprovou ser inexigível. Mais uma vez, demonstra-se
o impacto no atraso da obra decorrente de fatos posteriores à assinatura do contrato,
imprevisíveis e sem qualquer culpa do DMAE, que nada pôde fazer a não ser cumprir as
determinações da polícia ambiental e demonstrar, através da visita de um fiscal do DNPM,
que era inexigível tal licença.

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7) CONTRATAÇÃO DA PROJETISTA: Até o mês de Abril/2017 alguns pontos da obra
estavam paralisados devido à necessidade de revisões de projeto que se tornaram-se
necessárias ao longo da execução da obra. A título de exemplo, pode-se citar a situação
na qual o Consórcio Capim Branco Energia – CCBE, Usina Amador Aguiar I, solicitou
revisão para evitar problemas com as barragens, citando inclusive o exemplo emblemático
do ocorrido com a empresa Samarco em Mariana – MG. Neste sentido, foi necessária a
contratação de uma empresa projetista para realizar as revisões necessárias. E mais uma
vez, em estrita observância aos tramites legais, o DMAE realizou o procedimento para
contratação da empresa (Serra Azul Engenharia) para que pontos como a captação de
água bruta foram revisados e adequados para que a obra pudesse ser iniciada. Tal
procedimento, por óbvio, demanda uma série de atos administrativos burocráticos que,
necessariamente, causam atraso na execução da obra.

8) DA REMOÇÃO DE MATERIAIS ESCAVADOS: Como o local de implantação das


obras civis da Estação de Tratamento de Água está localizada em grande parte em áreas
que necessitam de cortes profundos no terreno natural, foi necessário executar a remoção
dos materiais escavados em sua totalidade, além de dependerem também da execução das
infraestruturas projetadas sob os edifícios, tais como redes de drenagem, passagem e
alimentação.

9) ESGOTAMENTO DOS SERVIÇOS E AJUSTES QUANTITATIVOS INCLUÍDOS NO


1º ADITIVO: Durante a execução da obra, novamente por fato posterior e imprevisível, o
DMAE se deparou com outra situação, qual seja, a necessidade de se indicar um local
apropriado, segundo as diretrizes da legislação municipal, para disposição final do
material escavado. Diante de tal fato, houve o exaurimento precoce das quantidades de
transporte x Km incialmente projetados. Não bastasse tal fato, com o aprofundamento das
cotas de escavações, o terreno natural apresentou mudança do perfil na caracterização da
formação do subsolo, com ocorrência de material de 2ª categoria em volume superior ao
projetado. Assim, a única alternativa possível e necessária, foi a assinatura de Termo
Aditivo de quantidade ao contrato, com a finalidade de suprir tais necessidades.
Necessariamente, para que se cumpra todos os trâmites legais e burocráticos dentro do
órgão para formalização de tal aditivo (e da administração municipal como um todo já
que envolve vários setores), foram necessários 8 meses, o que, por si só, gera novamente
um atraso na execução da obra, ficando a ressalva de que, novamente, decorrente de fatos
posteriores, ocorridos no decorrer da execução.

As situações acima descritas fizeram com que as primeiras “patamarizações” da ETA fossem
parcialmente concluídas somente em novembro 2016 e a conclusão total ocorreu somente em
dezembro de 2017 com a execução das escavações das infraestruturas sob os prédios civis.
Dessa forma, percebe-se que não foi possível iniciar qualquer obra civil antes de outubro de
2016. Além dos impeditivos físicos acima mencionados, as obras civis sofreram atrasos na
sua implantação em função dos necessários ajustes das dotações orçamentárias feitos pelo
DMAE, conforme listado acima.

Todavia, parece-nos óbvio que em uma obra de tamanha complexidade, que envolve tantas
situações e agentes, de forma direta e indireta, é aceitável a ocorrência de situações
posteriores e imprevisíveis que impactam no cronograma inicial de execução.

Não obstante a isso, o DMAE sempre agiu de forma a observar os princípios basilares da
administração pública, agindo de forma responsável e buscando sempre atender aos

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princípios da legalidade, razoabilidade, primazia do interesse público e eficiência esculpidos
no artigo 37 da Constituição Federal e no artigo 2º da Lei nº 9.784/99.

Portanto, entende-se que há um atraso no cronograma inicial de execução da obra, o que já


foi objeto, inclusive, de ofício enviado ao consórcio executor e de reuniões internas acerca
do novo cronograma. Todavia, em nenhuma hipótese, admite-se uma morosidade na execução
da obra por culpa do DMAE ou até mesmo das empresas envolvidas (gerenciadora, executora
e projetista), na medida em que todas as ocorrências citadas anteriormente demonstram a
existência de situações posteriores e imprevisíveis, além da notória e pública crise econômica
que o país enfrenta”.

Manifestação da CAIXA

Não houve manifestação da Caixa Econômica Federal.


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Análise do Controle Interno

Dentre os fatos elencados na justificativa que notoriamente impactaram no prazo de execução


das instalações da Estação de Tratamento de Água, podem ser aceitos o embargo ambiental e
a alteração do local de bota-fora do material escavado. Entretanto, não há justificativa para o
atraso em diversas instalações, tais como: filtro, tanques de cal hidratada em suspensão, sala
de água tratada, reservatório de água de lavagem, elevatória de água de lavagem, ácido
fluossílicico, tanque de homogeneização, adensadores, elevatória de lodo adensado,
desidratação e sala elétrica, elevatória de recirculação e tanque de regularização, que ainda
não haviam sido iniciadas à época da visita à obra, com atrasos de conclusão das obras de
quase um ano.
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2.2 Parte 2

Não houve situações a serem apresentadas nesta parte, cuja competência para a adoção de
medidas preventivas e corretivas seja do executor do recurso federal.

3. Conclusão

Com base nos exames realizados, conclui-se que a aplicação dos recursos federais não está
adequada na construção do sistema de produção de água potável Capim Branco, e exige
providências de regularização por parte dos gestores federais.

Em relação ao fornecimento do sistema de cloro foi constatado um sobrepreço de


R$ 1.173.250,00 em virtude de duplicidade na planilha orçamentária, sendo necessário
elaboração de termo aditivo com a supressão somente do item 13.05.01 – Sistema de cloro
completo para dois pontos de aplicação da planilha orçamentária da ETA – Estação de
Tratamento de Água.

Já a quantidade de aço para as estruturas de concreto armado foi superestimada na planilha


orçamentária, ocasionando sobrepreço de R$ 2.369.277,74, na qual, segundo a manifestação
do gestor, será suprimido por termo aditivo, cabendo ao DMAE solicitar à projetista o
levantamento das quantidades corretas dos quantitativos de volume de concreto, área de

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formas e volume de cimbramento (escoramento) de cada uma das estruturas que compõem a
construção da 1ª etapa do novo sistema de produção de água potável Capim Branco, a fim de
evitar possível superfaturamento nestes serviços. Também foi constatada a antecipação de
pagamento do serviço de armação de aço.

No que se refere a quantitativos de serviços, foi verificado que o item orçamentário


“Locação da obra, com uso de equipamentos topográficos, inclusive topógrafo e
nivelador”, estimado em R$ 2.665.867,43, estava previsto em duplicidade com serviços de
locação de estruturas localizadas na área da “Captação” e na área da “Estação de
Tratamento de Água”.

Verificou-se, também, que a remuneração de itens orçamentários relacionados com a


“Administração Local” e com a “Conservação e Manutenção do Canteiro” estava
ocorrendo em desacordo com o edital da licitação, incorrendo em adiantamento de
pagamentos.

Foi constatada, ainda, a ausência de amparo legal e técnico que justificasse a criação e o
pagamento de despesas referentes ao item orçamentário “adequação de preço para
concretos estruturais fck >= 35 Mpa”, inserido no orçamento da obra por intermédio do 3º
Aditivo ao Contrato nº 085/2015, com valor total de R$ 1.870.675,75.

Outro ponto que merece destaque refere-se à criação do item orçamentário “área de
estocagem provisória de tubos na obra”, no valor de R$ 1.129.574,18, pois entendeu-se
haver fragilidade na justificativa técnica que serviu de embasamento para a sua criação, além
do fato de que o item criado contemplou despesas já remuneradas em outro item do
orçamento.

Também foi constatada morosidade na construção do sistema de produção de água potável


Capim Branco, especificamente na estação de tratamento de água.

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