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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte


Secretaria de Saúde de Mossoró
Secretaria de Saúde de Guamaré
Exercício 2020

10 de maio de 2021
Controladoria-Geral da União (CGU)
Secretaria Federal de Controle Interno (SFC)

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: Ministério da Saúde
Unidades Examinadas: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do
Norte/Fundo Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte, Secretaria Municipal
de Saúde de Mossoró/Fundo Municipal de Saúde de Mossoró e Secretaria
Municipal de Saúde de Guamaré/Fundo Municipal de Saúde de Guamaré
Municípios/UF: Natal/RN, Mossoró/RN e Guamaré/RN
Relatório de Avaliação: 855215
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria.

Relatório de Consolidação dos resultados para os Entes Federativos:


Trata-se de consolidação dos resultados das avaliações realizadas na execução
dos recursos federais, transferidos ao Estado do Rio Grande do Norte, ao
Município de Mossoró/RN e ao Município de Guamaré/RN para implementar as
ações de enfrentamento da Covid-19.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO A Controladoria-Geral da União (CGU) está
REALIZADO monitorando a aplicação dos recursos federais
repassados a estados e municípios para
PELA CGU? combater o novo coronavírus causador da
Covid-19. O objetivo é identificar possíveis
irregularidades e atuar quando verificada a
Avaliação da boa e regular ocorrência de fraudes, garantindo que o
aplicação dos recursos recurso seja empregado, de fato, em ações de
federais, repassados ao enfretamento da pandemia.
Estado do Rio Grande do
Norte, à Prefeitura Municipal QUAIS AS CONCLUSÕES
de Mossoró/RN e à Prefeitura
Municipal de Guamaré/RN
ALCANÇADAS PELA CGU?
para enfrentamento da Covid- Verificou-se que a aplicação dos recursos
19, tendo como foco a federais não foi totalmente adequada, tendo
contratação da empresa de sido constatadas as seguintes irregularidades:
Serviços de Assistência Na Secretaria de Saúde Pública do Estado do
Médica e Ambulatorial Ltda – Rio Grande do Norte:
SAMA para o fornecimento de
mão de obra de profissionais 1. Profissional médico recebendo sozinho mais
médicos. de 50% do valor mensal pago à empresa
A SAMA foi contratada pela contratada com o cumprimento de carga
Secretaria de Saúde Pública horária excessiva;
do Rio Grande do Norte 2. Profissionais médicos cumprindo cargas
(SESAP/RN), mediante o horárias excessivas de trabalho, podendo
Contrato nº 48/2020 – COVID- comprometer a qualidade dos serviços
19, no valor de R$ prestados no Hospital Rafael Fernandes;
1.046,677,80.
A Secretaria Municipal de 3. Ausência de acompanhamento e
Saúde de Mossoró/RN fiscalização do contrato n.º 48/2020,
contratou a SAMA mediante o conforme previsto em cláusulas existentes no
Contrato nº 151/2020 – documento assinado; e
COVID-19, no valor de R$ 4. Contratação de profissionais médicos para
2.887.840,00. atuarem na condição de intensivistas sem
A Secretaria Municipal de verificação de respectiva habilitação de
Saúde de Guamaré/RN especialidade médica.
contratou a SAMA mediante o
Contrato nº 47/2020 – COVID- Na Secretaria de Saúde de Mossoró:
19, no valor de R$ 426.736,05.
1. Profissionais médicos cumprindo cargas
horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo
Benjamim Franco – UPA BH; e
2. Inconsistência em sistema eletrônico de
presença de profissionais médicos
contratados, ocasionando potenciais prejuízos
na prestação dos serviços.

Na Secretaria de Saúde de Guamaré:

1. Ausência de controle sobre os serviços


prestados pela empresa SAMA, gerando
sobreposição de valores pagos e ocasionando
um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês
de julho de 2020;
2. Profissionais médicos cumprindo cargas
horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados no Hospital
Manoel Lucas de Miranda; e
3. Divergências de informações dos
profissionais que executaram onze diárias de
quatro horas no Hospital Manoel Lucas de
Miranda durante o mês de agosto de 2020,
comprometendo a integridade dos registros
realizados pela empresa contratada na
comprovação dos serviços prestados.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CGU – Controladoria-Geral da União


CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CRM-RN – Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte
MS – Ministério da Saúde
SAMA – Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda
SESAP/RN – Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
UPA – Unidade de Pronto Atendimento
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7

CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS 8

1. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de Licitação Nº 11/2020,


Contrato Nº 48/2020, SESAP/RN. 8

2. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de Licitação Nº 58/2020,


Contrato Nº 151/2020, SMS-Mossoró. 8

3. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de Licitação Nº 61/2020,


Contrato Nº 47/2020, SMS-Guamaré. 8

RECOMENDAÇÕES 10

CONCLUSÃO 11

ANEXOS 12

I – Manifestação da unidade responsável pela execução dos recursos transferidos


e análise da equipe de auditoria 12

II – Relatórios consolidados relacionados às avaliações realizadas no âmbito dos


recursos transferidos ao Estado do Rio Grande do Norte, ao Município de
Mossoró/RN e ao Município de Guamaré/RN destinados às ações de
enfrentamento à Covid19. 13
INTRODUÇÃO
Este Relatório de Avaliação trata dos resultados dos exames realizados sobre a aplicação
dos recursos federais enviados aos estados e municípios para atender às ações
emergenciais de combate à Covid-19.

A auditoria analisou a aplicação desses recursos federais repassados ao Estado do Rio


Grande do Norte, ao Município de Mossoró/RN e ao Município de Guamaré/RN,
executados pelas respectivas Secretarias de Saúde tendo como objeto a contratação
direta da empresa de Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda (SAMA) para
prestação de plantões médicos em unidade de terapia intensiva adulto e atendimento
clínico adulto, realizadas com fundamento no artigo 4° da Lei Federal n° 13.979/2020,
conforme demonstrado a seguir:

Tabela 1 – Demonstrativo das dispensas avaliadas e valores


Secretaria Nº Dispensa Nº Contrato Valor contratual
SESAP/RN 11/2020 48/2020 1.046.677,80
SMS-Mossoró 58/2020 151/2020 2.877.840,00
SMS-Guamaré 61/2020 47/2020 426.736,05
Valor Total 4.351.253,85
Fontes:
Processo SEI n° 00610909.000008/2020-25 – Dispensa de Licitação SESAP/RN Nº 11/2020
Processo Administrativo Nº 998/2020 - Dispensa de Licitação SMS/Mossoró Nº 58/2020
Processo Administrativo Nº 3.709/2020 - Dispensa de Licitação SMS/Guamaré Nº 61/2020

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de fiscalização aplicáveis


ao Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, dentre outras, técnicas de inspeção
física e registros fotográficos, análise documental, realização de entrevistas e aplicação
de questionários.

As situações evidenciadas nos trabalhos de campo foram segmentadas de acordo com


a competência de monitoramento a ser realizado pelo CGU. Ressalte-se que este
Ministério não realizará o monitoramento isolado das providências saneadoras
relacionadas às constatações do Relatório.

7
CONSOLIDAÇÃO DOS RESULTADOS
1. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de
Licitação Nº 11/2020, Contrato Nº 48/2020, SESAP/RN.
Da análise do Contrato Nº 48/2020, proveniente da Dispensa de Licitação nº 11/2020,
no valor total de R$ 1.046.677,80, para o fornecimento de mão de obra de profissionais
médicos pela empresa de Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA,
tendo como enfoque a atuação no combate à emergência mundial COVID-19 em
Unidades de Terapia Intensiva no Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró/RN, foram
identificadas as seguintes impropriedades/irregularidades:
1. Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor mensal pago à empresa
contratada com o cumprimento de carga horária excessiva;
2. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias excessivas de trabalho, podendo
comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael Fernandes;
3. Ausência de acompanhamento e fiscalização do contrato n.º 48/2020, conforme
previsto em cláusulas existentes no documento assinado; e
4. Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição de intensivistas sem
verificação de respectiva habilitação de especialidade médica.

2. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de


Licitação Nº 58/2020, Contrato Nº 151/2020, SMS-Mossoró.
Após a análise do Contrato Nº 151/2020, proveniente da Dispensa de Licitação nº
58/2020, no valor total de R$ 2.877.840,00, para o fornecimento de mão de obra de
profissionais médicos pela empresa de Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial
Ltda – SAMA, na especialidade de medicina clínica adulta com o objetivo de atuarem,
em regime de plantão de 12 horas, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo
Benjamim Franco – UPA BH – em Mossoró/RN, tendo como foco o combate à
emergência mundial COVID-19, foram identificadas as seguintes
impropriedades/irregularidades:
1. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH; e
2. Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos
contratados, ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços.

3. Consolidação dos resultados da avaliação da Dispensa de


Licitação Nº 61/2020, Contrato Nº 47/2020, SMS-Guamaré.

8
Da análise do Contrato Nº 47/2020, proveniente da Dispensa de Licitação nº 61/2020,
no valor total de R$ 426.736,05, para o fornecimento de mão de obra de profissionais
médicos pela empresa de Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA,
tendo como enfoque a atuação no combate à emergência mundial COVID-19 em
Unidades de Terapia Intensiva no Hospital Manoel Lucas de Miranda, em Guamaré/RN,
foram identificadas as seguintes impropriedades/irregularidades:
1. Ausência de controle sobre os serviços prestados pela empresa SAMA, gerando
sobreposição de valores pagos e ocasionando um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no
mês de julho de 2020.

2. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução


improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital
Manoel Lucas de Miranda.

3. Divergências de informações dos profissionais que executaram onze diárias de quatro


horas no Hospital Manoel Lucas de Miranda durante o mês de agosto de 2020,
comprometendo a integridade dos registros realizados pela empresa contratada na
comprovação dos serviços prestados.

9
RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista que não há situações apontadas, cuja competência para adoção de
medidas seja dos gestores federais, o relatório não conterá recomendações.

10
CONCLUSÃO
As avaliações realizadas demonstram que a aplicação dos recursos federais para as
ações emergenciais de combate à Covid-19 não foi adequada com relação aos contratos
analisados.
No que diz respeito à Secretaria de Saúde Pública do Estado do Rio Grande do Norte-
SESAP/RN, foi identificado o seguinte: – um profissional médico recebeu sozinho mais
de 50% do valor mensal pago à empresa contratada com o cumprimento de carga
horária excessiva; – profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de
trabalho, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael
Fernandes; – a ausência de acompanhamento e fiscalização do contrato n.º 48/2020,
conforme previsto em cláusulas existentes no documento assinado; e – a contratação
de profissionais médicos para atuarem na condição de intensivistas sem verificação de
respectiva habilitação de especialidade médica.
Na Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró-SMS-Mossoró, verificou-se que: – houve
profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH; e – a ocorrência de
Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos contratados,
ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços.
Na Secretaria Municipal de Saúde de Guamaré-SMS-Guamaré, as
impropriedades/irregularidades verificadas foram as seguintes: – a ausência de
controle sobre os serviços prestados pela empresa SAMA, gerando sobreposição de
valores pagos e ocasionando um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês de julho de
2020; – profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de
execução improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no
Hospital Manoel Lucas de Miranda; e – divergências de informações dos profissionais
que executaram onze diárias de quatro horas no Hospital Manoel Lucas de Miranda
durante o mês de agosto de 2020, comprometendo a integridade dos registros
realizados pela empresa contratada na comprovação dos serviços prestados.

11
ANEXOS
I – Manifestação da unidade responsável pela execução dos
recursos transferidos e análise da equipe de auditoria
As manifestações dos gestores encontram-se descritas no campo próprio de cada
relatório agregado, assim como as respectivas análises da equipe de auditoria.

12
II – Relatórios consolidados relacionados às avaliações realizadas
no âmbito dos recursos transferidos ao Estado do Rio Grande do
Norte, ao Município de Mossoró/RN e ao Município de
Guamaré/RN destinados às ações de enfrentamento à Covid19.

13
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte – SESAP/RN.
Fundo Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte – FES/RN.
Exercício 2020

10 de maio de 2021
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Unidade Examinada: Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do
Norte - Fundo Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte
Município/UF: Natal/RN
Ordem de Serviço: 855215
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria.

2
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado para avaliação da
REALIZADO aplicação dos recursos federais recebidos pela
Secretaria de Estado de Saúde Pública –
PELA CGU? SESAP/RN para o enfrentamento da
emergência de saúde mundial Covid-19.
Análise da regularidade da
execução do Contrato nº
48/2020 – COVID-19,
celebrado entre a SESAP/RN e QUAIS AS CONCLUSÕES
a empresa de Serviços de
Assistência Médica e
ALCANÇADAS PELA CGU?
Ambulatorial Ltda – SAMA, no Verificou-se que a aplicação dos recursos
valor de R$ 1.046,677,80, federais não está adequada, tendo sido
para enfrentamento da constatadas as seguintes
COVID-19, no Município de impropriedades/irregularidades:
Mossoró, durante o período 1. Profissional médico recebendo sozinho mais
de seis meses a partir da de 50% do valor mensal pago à empresa
celebração do contrato. contratada com o cumprimento de carga
horária excessiva;
2. Profissional médico cumprindo cargas
horárias excessivas de trabalho, podendo
comprometer a qualidade dos serviços
prestados no Hospital Rafael Fernandes;
3. Ausência de acompanhamento e
fiscalização do contrato n.º 48/2020,
conforme previsto em cláusulas existentes no
documento assinado; e
4. Contratação de profissionais médicos para
atuarem na condição de intensivistas sem
verificação de respectiva habilitação de
especialidade médica.

3
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde


CRM-RN – Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte
MS – Ministério da Saúde
MPE – Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte
MPF – Ministério Público Federal
SAMA – Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda
SESAP/RN – Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte
UTI – Unidade de Terapia Intensiva

4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2

RESULTADOS DOS EXAMES 4

1. Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor mensal pago à empresa
contratada com o cumprimento de carga horária excessiva. 4

2. Profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de trabalho, podendo


comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael Fernandes. 6

3. Ausência de acompanhamento e fiscalização do contrato n.º 48/2020, conforme


previsto em cláusulas existentes no documento assinado. 8

4. Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição de intensivistas sem


verificação de respectiva habilitação de especialidade médica. 14

RECOMENDAÇÕES 19

CONCLUSÃO 19

ANEXOS 21

I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 21

Achado nº 1: Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor mensal pago
à empresa contratada com o cumprimento de carga horária excessiva. 21

Achado nº 2: Profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de trabalho,


podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael
Fernandes. 25

Achado nº 3: Ausência de acompanhamento e fiscalização do contrato n.º 48/2020,


conforme previsto em cláusulas existentes no documento assinado. 27

Achado nº 4: Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição de


intensivistas sem verificação de respectiva habilitação de especialidade médica. 28
INTRODUÇÃO
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados na aplicação dos recursos federais
destinados ao enfrentamento da emergência de saúde mundial Covid-19 executados pela
Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte – RN.

A auditoria teve o objetivo de avaliar a aplicação dos recursos públicos federais repassados ao
ente federado referenciado, relacionados com a contratação de fornecimento de mão de obra
de profissionais médicos. Para a consecução desse objetivo, foram respondidas as seguintes
questões de auditoria:

1) Os profissionais contratados possuem habilitação para atuar na especialidade que motivou


a contratação?

2) Os controles de prestação de serviço guardam coerência de registros? e

3) Há superfaturamento por inexecução de serviços?

Trata-se da Dispensa de Licitação Nº 11/2020 realizada pela Secretaria de Estado de Saúde


Pública do Estado do Rio Grande do Norte – SESAP/RN, processo SEI 00610909.000008/2020-
25, para contratação da empresa Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA,
CNPJ 14.775.280/0001-14, para atuar no combate à emergência mundial COVID-19 no
Hospital Rafael Fernandes, em Mossoró/RN, pelo valor total de R$ 1.046,677,80, mediante o
Contrato N° 48/2020, celebrado em 25.05.2020, com o período de execução previsto para seis
meses após a celebração contratual. A contratação orientou-se por preceitos constantes na
lei nº 13.979/2020, Medida Provisória (MPV) 926/2020 (convertida na lei nº 14.035/2020, de
11.08.2020) e Decreto Estadual 29.513/2020, além do Termo de Ajustamento de Conduta
firmado entre o MPE, MPF e governo estadual. O art. 4º-E da lei nº 14.035/2020 estabeleceu:
4º-E Nas contratações para aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao
enfrentamento da emergência que trata esta Lei, será admitida a apresentação de
termo de referência simplificado ou de projeto básico simplificado.
§ 1º O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado a que se
refere o caput conterá:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação simplificada da contratação;
III - descrição resumida da solução apresentada;
IV - requisitos da contratação;
V - critérios de medição e pagamento;
VI - estimativas dos preços obtidos por meio de, no mínimo, um dos seguintes
parâmetros:
a) Portal de Compras do Governo Federal;
b) pesquisa publicada em mídia especializada;
c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;
d) contratações similares de outros entes públicos; ou

2
e) pesquisa realizada com os potenciais fornecedores; e
VII - adequação orçamentária.

No referido processo, a primeira manifestação ocorre na página 15, Memorando nº


12/2020/SESAP - CRH - CONTRATOS/SESAP - CRH/SESAP – SECRETARIO, contendo motivações
e conclusões no sentido de proceder a uma contratação direta e emergencial de profissionais
intensivistas. Posteriormente, há o Termo de Referência (pág. 17) no qual o objeto da
contratação foi descrito como: “contratação direta (emergencial) da empresa de Serviços de
Assistência Médica e Ambulatorial Ltda (SAMA) para prestação de plantões médicos em
unidade de terapia intensiva adulto, seguindo então o prescrito no art. 4º-E da MPV-926/20.”

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao


Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, entre outras, técnicas de conferência de
cálculos, conferência de dados e análise documental.

Os resultados dos exames realizados serão apresentados em forma de achados de auditoria


para os quais cabe ao gestor local adotar ações corretivas. Esses achados que estão sob a
responsabilidade do gestor local compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios
repassadores de recursos federais e dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no
âmbito de suas competências.

3
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor


mensal pago à empresa contratada com o cumprimento de carga
horária excessiva.
Para liquidação dos empenhos relativos ao Contrato N° 48/2020, celebrado em 25.05.2020,
verificou-se que a SAMA apresentou à SESAP/RN Relatórios de Produção Médica onde
demonstram os plantões com os respectivos profissionais que teriam prestado o serviço. No
mês de maio de 2020, foram os seguintes dados apresentados para os plantões de 12 e 6
horas no Hospital Rafael Fernandes:
Tabela 1 – Plantões 12 horas SAMA maio-2020 Hosp. Rafael Fernandes
QUANTIDADE DE
CRM PROFISSIONAIS VALOR
PLANTÕES
9--2 J. P. de F. 3 5.627,31
9--6 J. E. da S. N. 7,5 14.068,28
9--8 M. A. de C. B. 2 3.751,54
9--3 T. A. A. e S. 4 7.503,08
9--4 T. D. G. 1,5 2.813,66
8--8 V. G. de O. N. 0,5 937,88
Total Geral 18,5 34.701,75
Fonte: Processo SEI 00610909.000008/2020-25, Relatório de Produção Médica SAMA 17.05.2020 – 31.05.2020

Tabela 2 – Plantões 6 horas SAMA maio-2020 Hosp. Rafael Fernandes


QUANTIDADE DE
CRM PROFISSIONAIS VALOR
DIÁRIAS
9--X J. E. da S. N. 11 10.316,68
8--X V. G. de O. N. 4,0 3.751,52
Total Geral 15 14.068,20
Fonte: Processo SEI 00610909.000008/2020-25, Relatório de Produção Médica SAMA 17.05.2020 – 31.05.2020

Nesses demonstrativos, chama atenção a carga horária dispendida pelo médico J. E. da S. N.,
CRM 9**X/RN, apontando que o profissional é responsável sozinho por 50% do montante
total executado, conforme a distribuição da escala abaixo:
Quadro 1 – Escala 12 horas maio-2020
Dia do Plantão Manhã Tarde Noturno
18.05.2020 T. D. G. J. E. da S. N. J. E. da S. N.
20.05.2020 T. A. A. e S. J. E. da S. N.
23.05.2020 J. P. de F. J. P. de F. J. E. da S. N.
23.05.2020 M. A. de C. B. M. A. de C. B. M. A. de C. B.
24.05.2020 T. A. A. e S. T. A. A. e S. J. E. da S. N.
26.05.2020 J. E. da S. N.
27.05.2020 V. G. de O. N. T. A. A. e S. J. E. da S. N.
29.05.2020 J. P. de F. J. P. de F. J. P. de F.

4
Dia do Plantão Manhã Tarde Noturno
30.05.2020 T. A. A. e S. T. A. A. e S. T. A. A. e S.
31.05.2020 T. D. G. T. D. G. J. E. da S. N.
Fonte: Processo de liquidação de despesa de maio de 2020, Processo SEI 00610909.000008/2020-25.

Quadro 2 – Escala 6 horas maio-2020


Dia do Plantão Manhã Tarde Noturno
17.05.2020 V. G. de O. N.
18.05.2020 J. E. da S. N.
19.05.2020 J. E. da S. N.
20.05.2020 V. G. de O. N.
21.05.2020 J. E. da S. N.
22.05.2020 J. E. da S. N.
23.05.2020 J. E. da S. N.
24.05.2020 J. E. da S. N.
25.05.2020 J. E. da S. N.
26.05.2020 J. E. da S. N.
27.05.2020 V. G. de O. N.
28.05.2020 J. E. da S. N.
29.05.2020 V. G. de O. N.
30.05.2020 J. E. da S. N.
31.05.2020 J. E. da S. N.
Fonte: Processo de liquidação de despesa de maio de 2020, Processo SEI 00610909.000008/2020-25.

Entre os dias 17 e 31.05.2020, o profissional J. E. da S. N., trabalhou todos os dias, com exceção
dos dias 17 e 29, segundo a escala e folha de ponto produzida pela SAMA assinada pelo
médico, verificando-se, no período, uma carga horária intensa com curtos intervalos. A maior
sequência ocorreu entre os dias 18 e 19.05.2020, quando o profissional, segundo registros,
iniciou às 06h49 e terminou às 13h18 do dia seguinte, ou seja, 30 horas e 30 minutos de forma
contínua, o que se demonstra demasiado e com potencial de afetar a qualidade dos serviços
prestados. Entre os dias 18 e 31.05.2020, ou seja, em catorze dias, J. E. da S. N. totalizou 156
horas trabalhadas, uma carga horária excessiva para um curto espaço de tempo. O fato se
repetiu no mês de junho e julho de 2020 quando o profissional teria totalizado 228 e 222 horas
de trabalho mensal, respectivamente. Tal situação de exaustiva carga horaria atribuída ao
médico tem o potencial de comprometer o real objetivo da contratação, ou seja, o
atendimento de casos decorrentes da emergência de saúde COVID-19.

Em termos de pagamentos recebidos pelo profissional em comparação aos demais


componentes da equipe médica, os valores foram os seguintes:

Tabela 3 – Demonstrativo de pagamentos a J. E. da S. N.


Outros
Período Valor da Fatura J. E. da S. N. Percentual (%) Percentual (%)
Beneficiários
Maio 48.769,95 24.384,96 50,00 24.384,99 50,00
Junho 64.693,91 35.819,51 55,37 28.874,40 44,63

5
Outros
Período Valor da Fatura J. E. da S. N. Percentual (%) Percentual (%)
Beneficiários
Julho 62.284,31 34.701,63 55,72 27.582,68 44,28
Soma 175.748,17 94.906.10 54,00 80.842,07 46,00
Fonte: Processo de liquidação de despesa de maio de 2020, Processo SEI 00610909.000008/2020-25.

A partir da análise das informações levantadas na Tabela 3, percebe-se que o profissional J. E.


da S. N., durante os três meses, recebeu 54% do total pago à equipe de médicos. A carga
horária tão excessiva apresentada pela SAMA para apenas um médico, neste período, pode
indicar ausência de controle das horas efetivamente prestadas ou a prestação de serviços sem
a qualidade exigida.

2. Profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de


trabalho, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados
no Hospital Rafael Fernandes.
Em análise de registros, a equipe de auditoria identificou um médico que prestou serviço
mediante o Contrato 48/2020 pela empresa SAMA Ltda. e que possuía registros de cargas
horárias em outros estabelecimentos de saúde, de maneira que, em vários casos, o total de
horas mensais mostra-se excessivo ou até mesmo incompatível.

As informações foram obtidas no sítio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde –


CNES, na rede mundial de computadores, endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.

O CNES é regulamentado pela Portaria de Consolidação n.° 1, de 28 de setembro de 2017, do


Ministério da Saúde – MS. A obrigatoriedade de registro dos estabelecimentos de saúde no
CNES é prevista nos artigos seguintes:

Art. 131. A instituição privada com a qual a Administração Pública celebrará contrato
deverá:

I - estar registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES);

(...)

VI - assegurar a veracidade das informações prestadas ao SUS;

VII - cumprir todas as normas relativas à preservação do meio ambiente; e

VIII - preencher os campos referentes ao contrato no Sistema de Cadastro Nacional


de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

(...)

Art. 154. O cadastro no SCNES das entidades abrangidas por esta Subseção deve
estar atualizado, a fim de subsidiar a análise da prestação de serviços ao SUS.

6
(...)

Art. 294. Fica definido a obrigatoriedade de alimentação mensal e sistemática dos


Bancos de Dados Nacionais dos Sistemas: Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (SCNES), Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), Sistema de
Informação Hospitalar (SIH/SUS), Comunicação de Internação Hospitalar e
Ambulatorial (CIHA), Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Sistema
de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), Sistema de Informação em Saúde
para a Atenção Básica (SISAB) e Conjunto Mínimo de Dados (CMD).

(...)

Art. 358. Fica instituído o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).


(Origem: PRT MS/GM 1646/2015, Art. 1º)

Art. 359. O CNES se constitui como documento público e sistema de informação


oficial de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde
no País, independentemente da natureza jurídica ou de integrarem o SUS, e possui
as seguintes finalidades:

I - cadastrar e atualizar as informações sobre estabelecimentos de saúde e suas


dimensões, como recursos físicos, trabalhadores e serviços;

(...)

Art. 361. O cadastramento e a manutenção dos dados cadastrais no CNES são


obrigatórios para que todo e qualquer estabelecimento de saúde possa funcionar
em território nacional, devendo preceder aos licenciamentos necessários ao
exercício de suas atividades, bem como às suas renovações. (grifos não originais)

Dessa forma, o cadastramento no CNES e sua atualização são procedimentos obrigatórios. Um


aspecto importante constante na determinação legal é que este sistema deve ser
mensalmente atualizado, de maneira que os registros que porventura estejam no sistema não
gozam de um intervalo temporal muito grande.

Diante disso, a confrontação da carga horária do profissional disponibilizado para a execução


do contrato em análise com a SESAP/RN com os dados do CNES revela o seguinte:

a) Médico J. E. da S. N.
Quadro 3 – CNES Médico J. E. da S. N. – horas semanais no período de maio a julho de
2020
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL
UNIDADE BASICA DE
MEDICO DA ESTRATEGIA
J. E. DA S. N. CARAUBAS SAUDE BENEDITO JOAO 40
DE SAUDE DA FAMILIA
PESSOA
H. MATERNIDADE ALMEIDA
J. E. DA S. N. MOSSORO MEDICO CLINICO 5
CASTRO
H. REG. DR TARCISIO DE
J. E. DA S. N. MOSSORO MEDICO CLINICO 15
VASCONCELOS MAIA
Total de Horas Semanais 60
Fonte: CNES meses mai – jun – jul de 2020.

7
Percebe-se que o profissional J. E. da S. N., além das sessenta horas semanais previstas no
CNES cumpridas com outros vínculos trabalhistas que totalizam 240 horas mensais, ele teria
cumprido mais 156 horas em maio, 228 horas em junho e 222 horas em julho de 2020 por
força do Contrato n° 48/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado em
17.05.20, o médico teria trabalhado 276 horas no mês de maio (120 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 156 mediante o Contrato nº 48/2020), 468 horas em junho (240 horas por
outros vínculos trabalhistas mais 228 horas mediante o Contrato nº 48/2020) e 462 horas em
julho de 2020 (240 horas por outros vínculos trabalhistas mais 222 horas mediante o Contrato
nº 48/2020), totalizando 1.206 horas trabalhadas no período de 77 dias (quinze dias de maio,
31 dias de junho e 31 dias de julho de 2020). Dividindo-se o total de horas trabalhadas pelo
número de dias no período, chega-se a uma média de quinze horas de trabalho por dia, sem
intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.

Assim, conforme as informações extraídas do CNES, tem-se que o profissional médico


disponibilizado pela empresa SAMA já possuía carga horária semanal elevada.

Dessa forma, a execução do contrato fica prejudicada tendo em vista já haver atuação em
outros estabelecimentos de saúde do médico prestador de serviços, de modo que o
cumprimento de toda a carga horária prevista pelo profissional não é factível.

3. Ausência de acompanhamento e fiscalização do Contrato n.º


48/2020, conforme previsto em cláusulas existentes no documento
assinado.
No processo apresentado pela SESAP/RN, consta que a fiscalização ficaria a cargo das
servidoras G. de S. M. (titular), matrícula ***.704-*, e G. M. de C. V. (substituta), matrícula
***.373-*. Para comprovação de execução da prestação de serviços, o contrato previu as
seguintes condicionalidades a serem aferidas pela fiscalização do contrato:
“5.3 DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS:
Os serviços serão prestados sob a forma de plantões presenciais de 12h/06h na
Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital Rafael Fernandes, unidade
vinculada à rede hospitalar da Secretaria Estadual de Saúde Pública do Rio Grande
do Norte – SESAP/RN.
(...)
O quantitativo estimado mensalmente será dimensionado de acordo com a
prestação do serviço com limite até a estimativa da necessidade de acordo com a
unidade apresentada a seguir, condicionado à comprovação de prestação dos
serviços registrados em prontuário médico, e o faturamento realizado pela
CONTRATADA, não pode ultrapassar o total global delimitado para o período desta
contratação.
(...)
CLÁUSULA SÉTIMA – DO PAGAMENTO E DAS NOTAS FISCAIS:
7.3. Deverá ser anexado às notas fiscais e o relatório dos plantões.
(...)
CLÁUSULA OITAVA – DAS OBRIGAÇÕES:

8
São obrigações e responsabilidades das partes afora outras previstas no presente
Contrato, e às que por Lei lhe couberem:
8.1 DA CONTRATANTE:
8.1.1. Comunicar à Contratada, por escrito, sobre imperfeições, falhas ou
irregularidades verificadas na prestação do serviço, para que seja substituído e/ou
corrigido;
8.1.2. Acompanhar e fiscalizar o cumprimento das obrigações da Contratada,
através de comissão/servidor formada por fiscal de contrato, diretor médico ou
seu representante legal da referida unidade;

8.2 DA CONTRATADA:
8.2.1. A Contratada deve cumprir todas as obrigações constantes neste contrato,
assumindo exclusivamente os riscos e as despesas decorrentes da boa e perfeita
execução do objeto e, ainda:
(...)
8.2.3. A contratada terá de entregar, na assinatura do contrato, a listagem dos
profissionais que executarão os plantões nas unidades de terapia intensiva adulto,
bem como as respectivas qualificações/ habilitações técnicas.” (grifos não originais)

Considerando o conteúdo do processo SEI 00610909.000008/2020-25, bem como


documentos de liquidação da despesa encaminhados posteriormente, não se verificou a
atuação da fiscalização prevista no item 8.2.3 quanto à verificação das exigências de
qualificações técnicas dos profissionais. Também não foram identificados quaisquer vestígios
de análise dos relatórios de plantões na liquidação da despesa, conforme previsto nos itens
contratuais 5.3 e 7.3, apesar de já haver pagamento da despesa no mês de maio/2020.

A liquidação da despesa ocorreu mediante documentos elaborados pela empresa SAMA,


tendo sido apresentados um modelo semelhante a um ponto eletrônico, um modelo
semelhante a uma folha de ponto e uma escala de plantões. Nos dois últimos, há assinaturas
identificadas como sendo do Diretor Geral do Hospital Rafael Fernandes, L. C. R. de M., e do
Diretor Médico, J. E. da S. J., legitimados para acompanhamento e fiscalização pelo item do
contrato 8.1.2 e pela cláusula décima segunda. Contudo, não foram identificadas justificativas
para substituição de atribuições de fiscais do contrato. O Diretor Médico também assina o
seguinte documento:
Imagem 1 – Relatório Execução maio-2020

9
Fonte: Processo de liquidação de despesa

Apesar disso, não foram acostados os documentos necessários já citados: relatórios de


plantões médicos, registro de prontuários médicos e qualificações de profissionais que
prestaram serviços, bem como não há registro da anuência dos fiscais de contrato nos
documentos de liquidação da despesa. Os outros documentos apresentados pela SAMA
foram:

Imagem 2 – Modelo de Escala

10
Fonte: Processo de liquidação de despesa

11
Imagem 3 – Modelo de Folha de Ponto SAMA

Fonte: Processo de liquidação de despesa

12
Imagem 4 – Modelo de Ponto Eletrônico SAMA

Fonte: Processo de liquidação de despesa

13
Dessa forma, constata-se que, apesar de haver a assinatura do Diretor Geral e do Diretor
Médico, os documentos apresentados para liquidação da despesa foram produzidos pela
empresa contratada SAMA, bem como não há assinatura das fiscais especificadas em
contrato.

Além disso, outro fato que merece destaque é a ocorrência de parentesco do Diretor Médico,
J. E. da S. J., e o profissional que mais executou plantões nos meses de maio, junho e julho de
2020, J. E. da S. N., ou seja, pai e filho, segundo declarações Diretor Geral do Hospital Rafael
Fernandes, L. C. R. de M..

Ainda segundo declarações do Diretor Geral do Hospital Rafael Fernandes, não foram
instalados leitos UTI no hospital, não sendo então seguida integralmente a motivação da
contratação. Por outro lado, o Diretor Médico, J. E. da S. J., que liquida a despesa, também
trabalha na empresa SAMA. Em 10 e 11.08.2020, o Diretor Médico consta como tendo
trabalhado pela SAMA no Hospital Almeida Castro, em Mossoró/RN, no período da manhã,
sendo que, segundo a escala de agosto/2020 da SESAP/RN, este servidor estava previsto para
atuar no Hospital Rafael Fernandes em regime de plantão de oito horas nessas mesmas datas.
Ou seja, o próprio funcionário da SAMA atestou despesas realizadas pela empresa.

Cabe destacar que no endereço eletrônico http://samamed.com.br/sagittarius/listar/ pode


ser encontrado o registro dos profissionais que atuam pela empresa em vários
estabelecimentos de saúde.

4. Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição


de intensivistas sem verificação de respectiva habilitação de
especialidade médica.
No contrato assinado encaminhado pela SESAP/RN, consta a descrição do seguinte objeto
“contratação de serviços médicos, em escalas de plantões presenciais, de caráter ininterrupto,
na especialidade de Terapia Intensiva Adulta, através de empresa especializada para
prestação de serviços no Hospital Rafael Fernandes”. Houve a seguinte previsão contratual:
“5.1 DESCRIÇÃO DOS SERVIÇOS DE ACORDO COM A SUA ESPECIFICIDADE
Os serviços contratados serão prestados pelos profissionais que integram o quadro
da CONTRATADA a qualquer paciente encaminhado ao Hospital Rafael Fernandes,
que necessitar do atendimento especializado na área de terapia intensiva, não
podendo, em nenhuma hipótese, a prestação dos serviços pelos profissionais
daquela ocorrerem em concomitância com a escala de plantão do Servidor Público
Estadual da mesma especialidade.
Os serviços a serem prestados deverão estar de acordo com as atribuições descritas
a seguir:
(...)
5.1.2 DAS ATRIBUIÇÕES NA UNIDADE COM SERVIÇO DE UTI ADULTO:
I – Prestar assistência médica especializada a pacientes que necessitem de
procedimentos especializados na UTI Adulto;
II – Disponibilizar médico exclusivo para a área da UTI Adulto, ininterruptamente,
nas 24 (vinte e quatro) horas por dia;

14
III - É vedado ao médico da UTI adulto prestar atendimento a outros setores do
Hospital em seu horário de permanência na UTI, salvo excepcionalmente em
situações de emergência;
IV – A responsabilidade do intensivista adulto inicia-se no momento da internação
do paciente na UTI adulto.
5.1.3 INSTRUÇÕES GERAIS ESPECÍFICAS DOS INTENSIVISTAS
I – As avaliações diárias dos médicos intensivistas, médico diarista e coordenador
da UTI são importantes para condução clínica do paciente e, em comum acordo, as
condutas devem ser tomadas e aplicadas de acordo com os protocolos clínicos com
evidências científicas concomitantes às necessidades do paciente, respeitando-se
as devidas especializações de cada profissional dentro do contexto apresentado;
II – Como a presença do intensivista diarista e coordenador da unidade não são
contínuas, a intercorrência e necessidade de urgência e emergência devem ser
conduzidas pelo intensivista plantonista presente continuamente na unidade,
dentro do possível, em acordo com os demais médicos envolvidos no tratamento do
paciente e com as condutas previamente combinadas;
III – A condição acima deve ser respeitada pelos demais médicos corresponsáveis
ausentes naquele momento, independente do resultado final, visto que a medicina
é uma ciência de meio e não de fim;
IV – Os intensivistas adulto devem sempre trabalhar em equipe, composta, além
dos plantonistas, por coordenador e diaristas titulados, que, portanto, são mais
experientes e capacitados para conduzir situações de dificuldades técnicas
administrativas e éticas;” (grifos não originais)

Pelo exposto acima, é possível constatar a relevância da especialização médica intensivista,


sendo, portanto, uma importante condicionalidade na contratação por dispensa de licitação.
Entretanto, essa especialidade não é registrada no CRM-RN dos profissionais disponibilizados
pela empresa. Os profissionais identificados como sendo disponibilizados para cumprimento
do contrato durante o mês de maio de 2020 foram os seguintes:
Tabela 4 – Profissionais SAMA
QUANTIDADE DE
CRM PROFISSIONAIS VALOR
PLANTÕES
9--2 J. P. de F. 3 5.627,31
9--6 J. E. da S. N. 7,5 14.068,28
9--8 M. A. de C. B. 2 3.751,54
9--3 T. A. A. e S. 4 7.503,08
9--4 T. D. G. 1,5 2.813,66
8--8 V. G. de O. N. 0,5 937,88
Total Geral 18,5 34.701,75
Fonte: Relatório Produção Médica SAMA 17.05.2020 – 31.05.2020

Em consulta ao CRM-RN, verificou-se que esses profissionais não possuem registrada a


especialidade de intensivista, conforme abaixo:

15
Imagem 5 – CRM J. P. de F.

Fonte: CRM-RN

Imagem 6 – CRM J. E. da S. N.

Fonte: CRM-RN

Imagem 7 – CRM M. A. de C. B.

Fonte: CRM-RN

Imagem 8 – CRM T. Á. A. e S.

Fonte: CRM-RN

Imagem 9 – CRM T. D. G.

Fonte: CRM-RN

16
Imagem 10 – CRM V. G. de O. N.

Fonte: CRM-RN

Além desses, nos meses de junho e julho, a SAMA forneceu outros profissionais, conforme
abaixo:
Imagem 11 – CRM C. E. de A.

Fonte: CRM-RN

Imagem 12 – CRM D. J. D. D.

Fonte: CRM-RN

Imagem 13 – CRM A. C. de O. A.

Fonte: CRM-RN

17
Imagem 14 – CRM M. F. S.

Fonte: CRM-RN

Imagem 15 – CRM V. P. da S.

Fonte: CRM-RN

Assim, não foi acostada no processo comprovação de verificação da condicionalidade da


especialidade de intensivista dos médicos disponibilizados pela empresa SAMA, bem como
não há manifestação do fiscal do contrato sobre essa impropriedade. Além disso, informações
registradas no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte indicam que esses
profissionais não cumprem tal exigência.

18
RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista que não há situações apontadas, cuja competência para adoção de medidas
seja dos gestores federais, o relatório não conterá recomendações.

CONCLUSÃO
O resultado da auditoria realizada na execução do Contrato N° 48/2020, celebrado entre a
SESAP/RN e a empresa SAMA, evidencia que houve falhas da SESAP/RN no que diz respeito
aos controles do acompanhamento da execução, faturamento e pagamento pelos serviços
médicos prestados pela empresa SAMA, tendo em vista que foram constatadas as seguintes
impropriedades/irregularidades:
1. Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor mensal pago à empresa
contratada com o cumprimento de carga horária excessiva.

Nesse achado, foi verificado que entre os dias 17 e 31.05.2020, o profissional J. E. da S. N.


totalizou 156 horas supostamente trabalhadas, uma carga horária excessiva para um curto
espaço de tempo. Ademais, esse mesmo fato se repetiu no mês de junho e julho de 2020
quando o profissional teria totalizado 228 e 222 horas de trabalho mensal, respectivamente.
Com isso, durante os três meses de contrato averiguados, somente esse profissional recebeu
54% do valor total pago à equipe de médicos, podendo indicar a ausência de controle das
horas efetivamente trabalhadas ou a prestação de serviços sem a qualidade exigida.
2. Profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de trabalho, podendo
comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael Fernandes.

Nesse achado, a equipe de auditoria identificou que médico prestador de serviços mediante
o Contrato 48/2020 pela empresa SAMA possuía registros de cargas horárias em outros
estabelecimentos de saúde, de maneira que, o total de horas mensais mostra-se excessivo ou
até mesmo incompatível. As informações foram obtidas no sítio do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES, na rede mundial de computadores, endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.
3. Ausência de acompanhamento e fiscalização do Contrato n.º 48/2020, conforme previsto
em cláusulas existentes no documento assinado.

No presente achado de auditoria, não se verificou a atuação da fiscalização prevista no item


8.2.3 do Contrato Nº 48/2020 quanto à verificação das exigências de qualificações técnicas
dos profissionais. Também não foram identificados quaisquer vestígios de análise dos
relatórios de plantões na liquidação da despesa, conforme previsto nos itens contratuais 5.3
e 7.3. Constatou-se ainda que, apesar de haver a assinatura do Diretor Geral e do Diretor
Médico do Hospital Rafael Fernandes, os documentos apresentados para liquidação da
despesa foram produzidos pela empresa contratada SAMA, bem como não foram encontradas
as assinaturas das fiscais especificadas em contrato atestando essa documentação.
4. Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição de intensivistas sem
verificação de respectiva habilitação de especialidade médica.

19
Nesse achado, não conta no processo a comprovação de verificação da condicionalidade da
especialidade de intensivista dos médicos disponibilizados pela empresa SAMA, bem como
não houve manifestação do fiscal do contrato sobre essa impropriedade. Além disso,
informações de registros dos profissionais no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande
do Norte indicam que esses profissionais não cumprem tal exigência.

20
ANEXOS
I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
A SESAP/RN, mediante o Ofício nº 172/2021/SESAP - Gabinete/SESAP – Secretario -SESAP, de
20.01.2021, apresentou as manifestações a seguir transcritas, cujas análises desta auditoria
são apresentadas na sequência:

Achado nº 1: Profissional médico recebendo sozinho mais de 50% do valor mensal pago à
empresa contratada com o cumprimento de carga horária excessiva.

Manifestação da unidade examinada

“Sobre o item em evidência, não é demasiado repisar o fato público e notório que não é de
hoje que o Estado do Rio Grande do Norte sofre com a insuficiência de profissionais atuantes
na área da saúde. Nem mesmo os dois certames públicos realizados ao longo dos últimos 10
anos para preenchimento dos cargos efetivos desta Secretaria de Estado da Saúde Pública
foram suficientes para preencher o déficit de pessoal constatado.
Some-se ao cenário o fato de o país se encontrar inserido em situação de calamidade pública
decorrente da infecção ocasionada pelo novo coronavírus, achando-se o Estado do Rio Grande
do Norte completamente imerso neste contexto pandêmico.
Nesse sentido, sabe-se que dentre os inúmeros efeitos deletérios advindos com a pandemia
provocada pelo novo coronavírus, a circunstância mais grave vivenciada por todos os
prestadores dos serviços de saúde foi e vem sendo o desabastecimento mundial de insumos,
EPIs, equipamentos hospitalares, e em especial, a mais preocupante, a insuficiência de
profissionais de saúde, indispensáveis ao combate da conjuntura suportada.
Na linha do retratado na justificativa de Id. 5158518, não se restringindo ao âmbito do Estado
do Rio Grande do Norte, foi necessário que todos os entes enfrentassem o contexto em meio
ao caos provocado pela ausência de itens básicos de saúde, dentre eles a inexistência de
pessoal apto a prestação dos serviços tais como médicos, enfermeiros, técnico de
enfermagem, farmacêuticos, fisioterapeutas, e outras especialidades que atuam no sistema,
constituindo o quadro em cenário desafiador para todas as Secretarias de Saúde do país.
Como relatado a demanda experimentada foi motivo propulsor do incremento da escassez de
sorte que são incontáveis as notícias que retratam e evidenciam não só a ausência de
profissionais no mercado, bem como a exaustão decorrente das incontáveis horas de serviço
prestados por aqueles que se encontravam na linha de frente da batalha, consequência do
aumento exponencial nos casos de infecção e necessidade de tratamento da COVID-19[1].
Diante da rotina exaustiva onde o foco era dar tudo de si para cuidar dos pacientes enfermos,
o excesso de horas trabalhadas e o cumprimento de carga horária excessiva se revelaram fato
comum dentre os profissionais da área, conjuntura que não foi e não poderia ter sido
diferente no Estado do Rio Grande do Norte.
Rememore-se que para suprir a lacuna supratranscrita, inúmeros apelos foram realizados
pelos mais diversos gestores de saúde espalhados pelo mundo, conjuntura que no país levou

21
até mesmo o Ministério de Educação (MEC) a autorizar a antecipação da formatura de
profissionais de medicina, farmácia e fisioterapia, visando incrementar os números de
profissionais existentes no mercado de trabalho[2]. Quanto ao tema, suscite-se que as
práticas educacionais excepcionais destinadas à formatura precoce nos cursos de medicina
durante o contexto pandêmico foram compiladas e promulgadas sob a Lei n° 14.040[3], que
disciplinou a formatura dos recém egressos das cadeiras universitárias.
Além disso, no Estado do RN foram realizados dois processos seletivos para o recrutamento e
contratação temporária de excepcional interesse público materializados nos Editais n°
01/2020 e 02/2020, respectivamente nos meses de abril e maio do corrente ano, visando a
contratação de pessoal para o desenvolvimento do Plano de Contingência Estadual para
Infecção Humana pelo Novo Coronavírus. Inobstante tenham sido publicadas vagas para
profissionais médicos em todas as oito regiões de saúde do estado do RN, o número de
inscritos se revelou muito abaixo das vagas ofertadas, e quantitativos ainda piores foram
observados no tocante à quantidade de profissionais médicos que efetivamente assumiram o
vínculo temporário com esta Secretaria de Saúde.
Ainda, acrescente-se que durante o período corriqueiramente restou constado que os
profissionais da saúde, em especial, os médicos atuantes nas unidades de terapia intensiva
constituíram enorme porcentagem das pessoas infectadas pelo novo coronavírus[4],
perfazendo alta parcela daqueles que vieram a óbito[5], fatores que também contribuíram
para a ausência dessa mão-de-obra no mercado. Adicione-se à conjuntura a necessidade de
afastamento de muitos profissionais da saúde por serem integrantes de grupo de risco da
COVID-19.
Diante das razões consignadas, em nada se demonstra fora do habitual a constatação sobre o
cumprimento de cargas horárias excessivas de trabalho por profissionais médicos, recebendo
estes valores correspondentes às imoderadas horas trabalhadas. Dentro do contexto em que
inserida a contratação, verifica-se que a constatação em evidência se revelou fato comum na
prestação de serviços médicos, notadamente, na execução destes serviços dentro das
Unidades de Terapia Intensiva, hipótese da contratação analisada.
Por outro lado, quanto à percepção sobre profissional médico recebendo sozinho mais de 50%
do valor mensal pago à empresa contratada, verifica-se que averiguada a prestação efetiva
dos serviços pelo profissional, circunstância outra não poderia ter empreendido a empresa ou
a administração, sob pena de enriquecimento ilícito. Constatada a efetiva prestação dos
serviços pelo profissional contratado, a Administração ou a empresa não poderia se furtar ao
pagamento dos seus serviços sem incidir em locupletamento, quadro em que procederia com
conduta considerada contrária a todo o ordenamento jurídico posto.
Ademais, faz-se mister destacar que o objeto do termo de contrato n° 48/2020 previu o
quantitativo de plantões a serem utilizados durante o mês, circunstância detalhada no quadro
de distribuição de plantões – que veiculou quantitativo necessário a manutenção das UTIS
com médicos por 24h. Nesse diapasão, o objeto do contrato não consiste na quantidade de
profissionais, e sim, do somatório de horas necessárias para que as unidades possam
funcionar sem solução de continuidade dos serviços, circunstância que corresponde à 62
plantões de 12 horas resultando em 744 horas mensais.
O cálculo em evidência observa a quantidade de dias que a UTI se mantem em funcionamento
(31 dias), a quantidade de horas/dia que a Unidade se encontra aberta (24 horas), e ainda, a
quantidade de profissionais médicos necessários para a manutenção dos 10 leitos de UTI

22
(Resolução da Diretoria Colegiada - RDC 07/2010 - 1 médico plantonista), de modo que o
número de profissionais a serem contratados para uma ala com 10 leitos de UTI pode variar.
Por ser assim, não há o que se falar, portanto, em prejuízo à prestação dos serviços por
ausência de quantitativos médicos suficiente ao atendimento da demanda. A contratação
realizada coaduna-se nos exatos termos com os quantitativos necessários a execução dos
serviços nos leitos de UTI em que foram prestados.”
Além desse documento, a Unidade encaminhou em anexo Despacho no Processo
00610002.006692/2020-62, de 14/01/2021, assinado pelo Fisioterapeuta E. A. da S. e pela
Subcoordenadora de Gestão de Relações de Trabalho, R. F. do N., expondo o seguinte:
“Mediante escassez de profissionais médicos para atuar no enfrentamento à pandemia, bem
como a inexistência de cláusula contratual referente ao quantitativo de profissionais a serem
contratados, mas sim ao total de plantões a serem executados por mês, observa-se que os
plantões cobrados pela empresa Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda - SAMA,
comprovados pela produção e nota fiscal, foram feitos conforme estipulado em contrato.”

Análise da equipe de auditoria

Em sua manifestação sobre a constatação de que 50%, 55,37% e 55,72% dos valores pagos
nos meses de maio, junho e julho de 2020, no âmbito do contrato 48/2020, foram pagos
somente a um único profissional médico, a SESAP/RN salientou diversas dificuldades que se
apresentaram para contratação de profissionais de saúde para atuarem na rede estadual de
saúde em resposta a demandas decorrentes da emergência mundial de saúde COVID-19.
Não são desconsideradas as situações de tensão as quais o sistema de saúde público foi
exposto, tanto com relação às situações novas a partir do surgimento da COVID-19, quanto
pelas peculiares já existentes na área de saúde pública. A partir da chegada da COVID-19,
inclusive, houve a liberação de recursos públicos específicos para o enfrentamento da doença,
ocasionando numa necessidade ainda mais premente de comprometimento com a forma de
emprego dos recursos e com o acompanhamento da efetiva prestação dos serviços públicos
nessa área. Portanto, os riscos para aplicação de recursos públicos na contratação de mão de
obra especializada estão relacionados com ausência de planejamento e acompanhamento da
disposição de profissionais, evitando, por exemplo, que houvesse somente um cumprimento
de carga horária sem a atuação na unidade de saúde ou um registro formal de presença sem
o comparecimento contínuo durante turnos de serviço.
No caso em questão, apesar do contrato contemplar uma carga horária que permitisse o
funcionamento de leitos de UTI por 24 horas, tal situação somente pode ser executada
mediante a presença física dos profissionais contratados. Portanto, a empresa contratada se
disponibilizou a fornecer profissionais com esse intuito e demonstrou possuir em seus
quadros quantitativos significativo de profissionais, de maneira que seria viável uma
equalização de carga horária dentre os prestadores de serviços existentes. Nesse sentido,
inclusive, destaca-se que a empresa possui outros profissionais em seus quadros que prestam
serviços a outras unidades de saúde no município de Mossoró/RN e em outros municípios
potiguares, de forma que o equilíbrio é passível de ser atingido. Uma melhor divisão poderia
ter sido atingida dentre aqueles que atuaram no Hospital Rafael Fernandes.
Por outro lado, apesar da referência contratual ser o quantitativo de horas de UTI, a
racionalidade na disposição de horário de profissionais em escala não pode ser descartada.

23
Tendo isso em consideração, ao se atentar aos registros de carga horária realizada pelo
profissional em destaque, conforme apontado no Achado nº 2 deste relatório, totaliza 468
horas no mês de junho de 2020 e de 462 horas no mês de julho de 2020, somando-se as horas
de alegada execução no Contrato 48/2020 com outros vínculos registrado no CNES. Inclusive,
houve a confirmação do Secretário de Saúde do Município de Caraúbas/RN, K. H. F. P., de que
os dados inseridos no CNES relativos ao médico J. E. da S. N. estão corretos e há o registro do
cumprimento de carga horária semanal de quarenta horas pelo profissional na Unidade Básica
de Saúde (UBS) Benedito João Pessoa pertencente àquele município, sendo em horário
corrido de 7h às 13h de segunda a quinta-feira, com as sextas-feiras de folga para estudos.
Considerando apenas as diárias em que o médico consta nas escalas deste contrato em
comento, excetuando-se os plantões, ele teria executado onze diárias no mês de maio e 23
diárias no mês de junho, na grande maioria pela manhã. Portanto, as cargas horárias do
profissional citado são conflitantes com a atuação dele na UBS de Caraúbas/RN.
Ademais, a análise das escalas de serviços demonstrou que houve turnos nos meses de maio,
junho e julho de 2020 que os médicos contratados da SAMA não registraram presença. Tendo
por consideração que o Contrato 48/2020 teve como única motivação suprimento de leitos
de UTI que seriam abertos no Hospital Rafael Fernandes, não se confundindo com as
demandas já existentes neste estabelecimento de saúde, ou os pacientes acometidos pela
COVID-19 ficaram desassistidos ou foram atendidos por médicos servidores do Hospital Rafael
Fernandes, fugindo dos objetivos da contratação. A título de exemplo, entre os dias 24 e 26
de julho/2020, só houve registro de presença de médicos da SAMA no turno da manhã,
ficando eventuais pacientes sem receber atendimento desses profissionais durante os turnos
da tarde e da noite por três dias. Outra situação reportada no Despacho no Processo
00610002.006692/2020-62, de 14.01.2021, foi que “com a finalização das adequações
estruturais, o Hospital Rafael Fernandes foi equipado e abriu os leitos de terapia intensiva.
Atualmente encontra-se com 10 leitos de UTI.” Em outro trecho desse mesmo Despacho foi
citado:
[...] o cálculo leva em consideração a quantidade de dias que a UTI funciona (31 dias)
x a quantidade de horas por dias que a UTI funciona (24 horas) x a quantidade de
profissionais médicos necessários para uma UTI de 10 leitos (Resolução da
Diretoria Colegiada - RDC 07/2010 - 1 médico plantonista), dessa forma, 31x24x1
= 744 horas, que dividida em plantões de 12 horas chega-se a 62 plantões por mês.
O mesmo cálculo se aplica para médico diarista, contudo, para ele utiliza-se o que
está especificado na RDC 07 (diarista pela manhã e tarde, o que corresponde a 12
horas).
Assim sendo, conforme especificado, para cada dez leitos é necessário um plantonista.
Entretanto, mesmo após terem sido abertos somente dez leitos de UTI, há turnos em que há
acúmulo de dois médicos da SAMA, enquanto há turnos em que não há nenhum. Em maio,
foram nove ocorrências em que mais de um médico da SAMA que trabalharam no mesmo
turno, em junho foram dez ocorrências e em julho foram onze ocorrências.
Esses fatos demonstram a importância da manutenção da racionalidade da distribuição de
carga horária com o intuito de serem preservados os objetivos pactuados no contrato, bem
como a relevância do controle da previsão e da prestação de serviços dos profissionais quando
do cumprimento da carga horária prevista.
Na manifestação da SESAP/RN, não foi especificado quem são os responsáveis pela elaboração
das escalas dos médicos contratados, se a SAMA ou a própria SESAP/RN. Contudo, a

24
responsabilidade pela fiscalização do contrato foi prevista como sendo da SESAP/RN, sendo
que durante os meses junho e julho de 2020 os atestos de prestação de serviços foram
procedidos pelo Diretor Geral do Hospital Rafael Fernandes e pelo Diretor Médico, sendo que
este é pai do médico J. E. da S. N., bem como também é membro da própria empresa SAMA.
Como identificado no Achado nº 3, o Diretor Médico possuiu registro de trabalho pela SAMA
em horário concomitante com expediente previsto de trabalho no Hospital Rafael Fernandes.
Foram anexados ainda à manifestação da Unidade, documentos intitulados “Evolução e
Prescrição Médica”. Trata-se de documentos impressos que possuem no final de página
carimbo e assinatura de médico. Não houve maiores esclarecimentos sobre as rotinas de
elaboração desses documentos, porém o encaminhamento aparenta o intuito de comprovar
a prestação de serviços por parte dos profissionais da SAMA. Muitos desses documentos são
assinados por J. E. da S. N., contudo a compilação de dados da totalidade deixa transparecer
várias inconsistências. A principal delas é que em catorze momentos quando há mais de um
profissional médico da SAMA por turnos de serviço, apenas um deles assina a ficha de
evolução e prescrição médica, de maneira que, considerando-se esta ficha como comprovante
de frequência, há a indicação de que nem todos os profissionais constantes em notas fiscais
da SAMA, num mesmo turno de serviço, de fato cumpriram carga horária integral.
Para ilustrar essa afirmação, verificou-se que, por exemplo, em 04.06.2020, apesar de J. E. da
S. N. assinar a folha de ponto, a ficha de evolução e prescrição médica foi assinada pela médica
A. G. G. V., que não foi identificada como sendo da empresa SAMA. Fatos semelhantes
ocorreram nos dias 18.05.2020, 25.05.2020, 27.05.2020, 07.06.2020 e 31.07.2020.
Prosseguindo, em 03.06.2020, o médico E. D. do N. da escala da SESAP/RN assina a ficha de
evolução, indicando que os médicos que já trabalhavam no Hospital Rafael Fernandes
evoluíam os pacientes dos novos leitos abertos, sendo que o contrato feito com a SAMA tinha
a pretensão de suprir 24 horas desses leitos com médicos da própria empresa. Há também
registro nesse sentido no dia 06.06.2020 com a médica SESAP/RN T. A. A. e S.. Outra situação
encontrada foi que, mesmo não tendo assinado a folha de ponto no dia 12.06.2020, o médico
C. E. de A. assina a ficha de evolução e prescrição médica. Fatos semelhantes ocorreram nos
dias 20.07.2020, 25.07.2020 e 26.07.2020. Por fim, no dia 30.05.2020, apesar de registrado na
folha de ponto, não há elaboração de ficha de evolução por profissional da SAMA. Fatos
semelhantes ocorreram nos dias 03.07.2020, 05.07.2020 e 12.07.2020.

Assim sendo, não é possível considerar esses documentos, ficha de “evolução e prescrição
médica”, como comprovação de presença do profissional durante todas as horas contratadas
por turno de serviço. Porém, é possível identificar várias inconsistências na execução dos
serviços pela empresa SAMA, alertando para a necessidade de planejamento e
acompanhamento das horas contratadas para manter os leitos abertos em funcionamento 24
horas diárias, bem como dos profissionais que de fato prestam os serviços.

Achado nº 2: Profissional médico cumprindo cargas horárias excessivas de trabalho,


podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Rafael Fernandes.

Manifestação da unidade examinada

“Sobre o item em evidência, não é demasiado repisar o fato público e notório que não é de
hoje que o Estado do Rio Grande do Norte sofre com a insuficiência de profissionais atuantes
na área da saúde. Nem mesmo os dois certames públicos realizados ao longo dos últimos 10
25
anos para preenchimento dos cargos efetivos desta Secretaria de Estado da Saúde Pública
foram suficientes para preencher o déficit de pessoal constatado.
Some-se ao cenário o fato de o país se encontrar inserido em situação de calamidade pública
decorrente da infecção ocasionada pelo novo coronavírus, achando-se o Estado do Rio Grande
do Norte completamente imerso neste contexto pandêmico.
Nesse sentido, sabe-se que dentre os inúmeros efeitos deletérios advindos com a pandemia
provocada pelo novo coronavírus, a circunstância mais grave vivenciada por todos os
prestadores dos serviços de saúde foi e vem sendo o desabastecimento mundial de insumos,
EPIs, equipamentos hospitalares, e em especial, a mais preocupante, a insuficiência de
profissionais de saúde, indispensáveis ao combate da conjuntura suportada.
Na linha do retratado na justificativa de Id. 5158518, não se restringindo ao âmbito do Estado
do Rio Grande do Norte, foi necessário que todos os entes enfrentassem o contexto em meio
ao caos provocado pela ausência de itens básicos de saúde, dentre eles a inexistência de
pessoal apto a prestação dos serviços tais como médicos, enfermeiros, técnico de
enfermagem, farmacêuticos, fisioterapeutas, e outras especialidades que atuam no sistema,
constituindo o quadro em cenário desafiador para todas as Secretarias de Saúde do país.
Como relatado a demanda experimentada foi motivo propulsor do incremento da escassez de
sorte que são incontáveis as notícias que retratam e evidenciam não só a ausência de
profissionais no mercado, bem como a exaustão decorrente das incontáveis horas de serviço
prestados por aqueles que se encontravam na linha de frente da batalha, consequência do
aumento exponencial nos casos de infecção e necessidade de tratamento da COVID-19[1].
Diante da rotina exaustiva onde o foco era dar tudo de si para cuidar dos pacientes enfermos,
o excesso de horas trabalhadas e o cumprimento de carga horária excessiva se revelaram fato
comum dentre os profissionais da área, conjuntura que não foi e não poderia ter sido
diferente no Estado do Rio Grande do Norte.
Rememore-se que para suprir a lacuna supratranscrita, inúmeros apelos foram realizados
pelos mais diversos gestores de saúde espalhados pelo mundo, conjuntura que no país levou
até mesmo o Ministério de Educação (MEC) a autorizar a antecipação da formatura de
profissionais de medicina, farmácia e fisioterapia, visando incrementar os números de
profissionais existentes no mercado de trabalho[2]. Quanto ao tema, suscite-se que as
práticas educacionais excepcionais destinadas à formatura precoce nos cursos de medicina
durante o contexto pandêmico foram compiladas e promulgadas sob a Lei n° 14.040[3], que
disciplinou a formatura dos recém egressos das cadeiras universitárias.
Além disso, no Estado do RN foram realizados dois processos seletivos para o recrutamento e
contratação temporária de excepcional interesse público materializados nos Editais n°
01/2020 e 02/2020, respectivamente nos meses de abril e maio do corrente ano, visando a
contratação de pessoal para o desenvolvimento do Plano de Contingência Estadual para
Infecção Humana pelo Novo Coronavírus. Inobstante tenham sido publicadas vagas para
profissionais médicos em todas as oito regiões de saúde do estado do RN, o número de
inscritos se revelou muito abaixo das vagas ofertadas, e quantitativos ainda piores foram
observados no tocante à quantidade de profissionais médicos que efetivamente assumiram o
vínculo temporário com esta Secretaria de Saúde.
Ainda, acrescente-se que durante o período corriqueiramente restou constado que os
profissionais da saúde, em especial, os médicos atuantes nas unidades de terapia intensiva

26
constituíram enorme porcentagem das pessoas infectadas pelo novo coronavírus[4],
perfazendo alta parcela daqueles que vieram a óbito[5], fatores que também contribuíram
para a ausência dessa mão-de-obra no mercado. Adicione-se à conjuntura a necessidade de
afastamento de muitos profissionais da saúde por serem integrantes de grupo de risco da
COVID-19.
Diante das razões consignadas, em nada se demonstra fora do habitual a constatação sobre o
cumprimento de cargas horárias excessivas de trabalho por profissionais médicos, recebendo
estes valores correspondentes às imoderadas horas trabalhadas. Dentro do contexto em que
inserida a contratação, verifica-se que a constatação em evidência se revelou fato comum na
prestação de serviços médicos, notadamente, na execução destes serviços dentro das
Unidades de Terapia Intensiva, hipótese da contratação analisada.”

Análise da equipe de auditoria

Na constatação, foram listados cinco profissionais médicos com excesso de cargas horárias,
contudo diante das alegações relacionadas à emergência mundial de saúde pública, buscou-
se verificar a adequabilidade de horas trabalhadas no contrato em questão. Assim, apesar de
haver um quantitativo elevado de horas semanais trabalhadas no CNES, no caso de quatro dos
cinco profissionais o quantitativo de horas executadas no contrato com a SESAP/RN é plausível
de ser contemplado diante da situação atípica, tendo em vista serem menos de vinte horas
mensais cumpridas. Contudo, o profissional J. E. da S. N. possui registrado um elevado
quantitativo de horas executadas no contrato em questão, que somadas com as registradas
no CNES, indicam a impraticabilidade da carga horária a ele atribuída. Portanto, mantém-se a
constatação somente com os quantitativos de horas excedentes deste profissional médico.

Achado nº 3: Ausência de acompanhamento e fiscalização do contrato n.º 48/2020,


conforme previsto em cláusulas existentes no documento assinado.

Manifestação da unidade examinada

“Quanto ao suscitado cumpre esclarecer que no início da vigência da contratação examinada


foi solicitada à direção do hospital a indicação de servidores para atuar na fiscalização do
contrato n° 48/2020, oportunidade em que foram designadas as servidoras G. de S. M. P. e G.
M. de C. V., ambas enfermeiras integrantes do quadro de servidores efetivos desta Secretaria.
Todavia, como revelam as informações exaradas pela Direção Geral do hospital, ocorre que
ao ser anexada a primeira nota fiscal referente aos serviços prestados na contratação em
questão, uma das servidoras indicadas, a Sra. G. de S. M. P., emitiu pronunciamento pela
impossibilidade de permanecer atuando na fiscalização da avença, porquanto também exercia
a função de auditora fiscal no município de Mossoró, circunstância que ensejaria a
incompatibilidade com a função que lhe fora designada.
Sobre a conjuntura, inobstante a direção do hospital tenha por inúmeras ocasiões informado
a servidora sobre a inexistência da incompatibilidade anunciada, sucede que a fiscal
permaneceu irredutível quanto à possibilidade de continuar atuando na função. Desse modo,
frente à emergência constatada, consubstanciada na necessidade de efetuar o atesto da nota
dos serviços prestados no mês anterior, objetivando tão somente a não solução de
continuidade na prestação dos serviços, a diretoria adotou conduta compatível com as

27
circunstâncias fáticas observadas à época, requerendo, para tanto, o atesto das notas aos
próprios diretores do hospital.
No tocante a direção do nosocômio cumpre aclarar que esta é composta por uma direção
médica, uma direção administrava e uma diretoria geral. Nesse sendo, esclarece-se a razão
pela qual as notas se encontram subscritas ora pelo diretor administrativo, ora pela diretoria
médica, uma vez que eram estes os servidores que se encontravam no hospital nas respectivas
ocasiões de atesto das notas. Na mesma linha, elucide-se que em consonância com o disposto
na cláusula 7.2, do termo de contrato n° 48/2020, todos os vistos foram realizados pelo diretor
geral do hospital.
Outrossim, registre-se que não obstante as ações empreendidas, desde que restou apurado o
cenário de negação pela fiscal do contrato outrora designada, a diretoria do nosocômio
passou a buscar a nomeação de novo fiscal para a contratação. No entanto, em conformidade
com o relatado, frente ao severo quadro de inexistência de profissionais habilitados, a
conduta não se mostrou possível em um primeiro momento.
Sem embargo do cenário delineado, como faz provar a documentação constante no processo
SEI n° 00610619.000038/2020-05, após incansáveis buscas foram nomeados como fiscais os
servidores J. J. e V. M da S. Quanto à nomeação dos fiscais substitutos, assinale-se que a
Portaria de designação foi publicada em agosto, com nomeação retroava à 1º de junho. Por
ser assim, resta elucidada, portanto, a razão pela qual os atestes dos meses anteriores não
foram realizados pelos mesmos. Das informações prestadas, colhe-se que os documentos já
haviam sido atestados diretores médicos e administrativos, servidores presentes na ocasião.
Pelas razões ora dispostas, não há, desse modo, o que se falar em ausência de
acompanhamento e fiscalização do contrato n° 48/2020. Como revelam os esclarecimentos o
que pode ser observado foi que diante circunstâncias em que inserida a contratação, a
fiscalização e o acompanhamento foram realizados por servidores diversos dos outrora
designados, quadro que a posteriori foi devidamente saneado.”

Análise da equipe de auditoria

Em que pese a manifestação exposta, foram previstas duas fiscais de contrato, sendo que
somente uma manifestou impedimento de ordem pessoal. Não há manifestação sobre a não
atuação da segunda fiscal de contrato designada. Além disso, o Diretor Médico que atestou
as notas fiscais é membro da empresa SAMA e exerce cargo de gerência no Hospital Rafael
Fernandes, demonstrando claro conflito de interesses e infringindo o princípio da segregação
de funções, bem como atestou serviços do próprio filho. Essa situação ocorreu nos meses de
maio e junho, somente em julho a Diretora de Administração assina o atesto junto com o
Diretor Geral do Hospital.

Além do atesto de notas fiscais, outras situações mereciam ser acompanhadas, conforme
previsões contratuais, sendo que não houve explanação a respeito por parte da SESAP/RN.
Assim, a argumentação do gestor não esclarece o fato apontado, mantendo-se a constatação.

Achado nº 4: Contratação de profissionais médicos para atuarem na condição de


intensivistas sem verificação de respectiva habilitação de especialidade médica.

Manifestação da unidade examinada

28
“Reforce-se que a conjuntura enfrentada revelou cenário de verdadeiro transtorno quanto à
prestação de serviços de saúde em geral, conjuntura em que os profissionais existentes no
mercado se tornaram insuficientes.
Justamente neste contexto, a Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) emitiu Nota
Técnica, com recomendações de contingenciamento de recursos humanos em unidades de
assistência a pacientes graves em caráter excepcional durante o período de pandemia,
contendo orientações para que as exigências consolidadas na atual legislação fossem
adaptadas e flexibilizadas com a finalidade de atender à totalidade das demandas.
Da referida nota pode se extrair que a condução horizontal com delineamento da estratégia
diagnóstico-terapêutica bem como acompanhamento e modificação desta estratégia de
forma diuturna é condição essencial para possibilidade de bom desfecho dos pacientes
acometidos com COVID-19, de modo que estes requerem cuidados intensivos de profissionais
com conhecimento especializado em Medicina Intensiva.
No entanto, a própria nota faz constar que diante da ausência de médico diarista portador de
Título de Especialista em Medicina Intensiva (TE/AMIB) ou Registro de Qualificação de
Especialista (RQE) em Medicina Intensiva, pelo Conselho Regional de Medicina, esta atribuição
poderá ser realizada, preferencialmente, por médicos com titulação ou residência médica em
nefrologia, clínica médica, anestesiologia, pneumologia, cardiologia entre outras, que
idealmente tenham experiência em medicina intensiva e, na falta destes, a atribuição poderá
ser realizada por qualquer médico, desde que supervisionado por médico especialista em
Medicina Intensiva.
Desse modo, frente à conjuntura enfrentada, denotada a impossibilidade de formar
profissionais especialistas em tão pouco tempo, alternativa (sic) outra não restou senão, a
contratação de profissionais médicos, sob a supervisão de médico especialista em Terapia
Intensiva, a exemplo da contratação analisada, em que o responsável técnico da empresa, o
Dr. Honório Ribeiro Dantas Neto é portador de título de especialista em Terapia Intensiva, e
com extremo louvor assegurou a supervisão e a boa atuação dos profissionais nos leitos de
UTIs, tendo sido a execução do contrato perfectibilizada sem qualquer prejuízo aos
pacientes.”

Análise da equipe de auditoria

Apesar do abrandamento da utilização de médicos em UTI na condição de intensivistas,


conforme alegado, toda a contratação foi conduzida no sentido de exigir a utilização de
profissionais médicos intensivistas. Além disso, não foi especificado como ocorreu a
organização da empresa SAMA para atuar nessa supervisão com a utilização de médico
especialista em Terapia Intensiva, destacando-se que há pelo menos outro contrato
identificado neste relatório no qual é exigida a disponibilização de médicos intensivistas.

Assim, não ficou claro se a empresa atuou somente com um médico intensivista para
supervisão de todas as horas contratadas, nem quais seriam os instrumentos dessa
supervisão, visto que não há registro da presença desse profissional específico nos turnos de
serviço contratados. Assim, a argumentação do gestor não esclarece o fato apontado,
mantendo-se a constatação.

29
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Município de Mossoró/RN.
Fundo Municipal de Saúde – FMS.
Exercício 2020

10 de maio de 2021

30
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA SAÚDE
Unidade Examinada: Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró - Fundo
Municipal de Saúde
Município/UF: Mossoró/RN
Ordem de Serviço: 855215

31
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria.

32
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado para avaliação da
REALIZADO aplicação dos recursos federais recebidos pelo
Município de Mossoró/RN para o
PELA CGU? enfrentamento da emergência de saúde
mundial Covid-19.
Análise da regularidade da
execução do Contrato nº
151/2020 – COVID-19,
celebrado entre o Município QUAIS AS CONCLUSÕES
de Mossoró/RN e a empresa
de Serviços de Assistência
ALCANÇADAS PELA CGU?
Médica e Ambulatorial Ltda, Verificou-se que a aplicação dos recursos
no valor de R$ 2.887.840,00, federais não está adequada, tendo sido
para enfrentamento da constatadas as seguintes
COVID-19, durante o período impropriedades/irregularidades:
de seis meses a partir da
celebração do contrato.
1. Profissionais médicos cumprindo cargas
horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo
Benjamim Franco – UPA BH; e
2. Inconsistência em sistema eletrônico de
presença de profissionais médicos
contratados, ocasionando potenciais prejuízos
na prestação dos serviços.

33
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
CRM-RN – Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte
SAMA –- Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda
SMS – Secretaria Municipal de Saúde
UPA – Unidade de Pronto Atendimento

34
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2

RESULTADOS DOS EXAMES 4

1. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução


improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na Unidade de
Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH. 4

2. Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos


contratados, ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços. 13

RECOMENDAÇÕES 15

CONCLUSÃO 15

ANEXOS 16

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 16

Achado nº 1: Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas,


de execução improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH. 16

Achado nº 2: Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos


contratados, ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços. 17
INTRODUÇÃO
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados na aplicação dos recursos federais
destinados ao enfrentamento da emergência de saúde mundial Covid-19 executados pelo
município de Mossoró/RN.

A auditoria teve o objetivo avaliar a aplicação dos recursos públicos federais repassados aos
entes federados referenciados, sendo que a despesa foi a contratação de fornecimento de
mão de obra de profissionais médicos. Para a consecução desse objetivo, foram respondidas
as seguintes questões de auditoria:

1) Os profissionais contratados possuem habilitação para atuar na especialidade que motivou


a contratação?

2) Os controles de prestação de serviço guardam coerência de registros? e

3) Há superfaturamento por inexecução de serviços?

Trata-se da Dispensa de Licitação n° 058/2020 (processo administrativo N° 998/2020)


realizada pelo município de Mossoró/RN, para contratação, em caráter emergencial, de mão
de obra médica na especialidade de medicina clínica adulta em regime de plantão de 12 horas.
A empresa contratada foi a de Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda – SAMA,
CNPJ 14.775.280/0001-14, pelo valor total de R$ 2.877.840,00, mediante o Contrato n°
151/2020, firmado em 17.06.2020, com o período de execução inicialmente de seis meses
após a celebração contratual.

Esse processo administrativo orientou-se pela Lei nº 13.979/2020, subsidiariamente pela Lei
nº 8.666/1993, pela Medida Provisória nº 926/2020 (convertida na lei nº 14.035/2020, de
11.08.2020), pelos Decretos Municipais nº 5631, 5638, 5655 e 5675, todos de 2020. O art. 4-
E da lei nº 14.035/2020 estabeleceu:
4º-E Nas contratações para aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao
enfrentamento da emergência que trata esta Lei, será admitida a apresentação de
termo de referência simplificado ou de projeto básico simplificado.
§ 1º O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado a que se
refere o caput conterá:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação simplificada da contratação;
III - descrição resumida da solução apresentada;
IV - requisitos da contratação;
V - critérios de medição e pagamento;
VI - estimativas dos preços obtidos por meio de, no mínimo, um dos seguintes
parâmetros:
a) Portal de Compras do Governo Federal;
b) pesquisa publicada em mídia especializada;
c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;

2
d) contratações similares de outros entes públicos; ou
e) pesquisa realizada com os potenciais fornecedores; e
VII - adequação orçamentária.

No referido processo, a primeira manifestação acerca da necessidade dessa contratação (fl.


01) ocorre por meio de solicitação de contratação emergencial assinada pela Secretária
Municipal de Saúde – SMS, em 02.06.2020, com motivações e conclusões no sentido de
proceder a uma contratação direta e emergencial de profissionais para atuarem na Unidade
de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH – em Mossoró/RN.
Posteriormente, consta o Termo de Referência (fls. 06/10) relacionado com a contratação, por
meio de Dispensa de Licitação, de 300 plantões de 12 horas para composição de equipes de
hospital de campanha destinado ao enfrentamento da emergência de saúde mundial COVID-
19.
No caso, o processo foi instruído baseado na lei nº 13.979/2020 e na lei nº 14.035/2020. O
objeto do processo de dispensa referenciado guarda correlação com a emergência de saúde
de enfrentamento da COVID-19.

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao


Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, entre outras, técnicas de conferência de
cálculos, conferência de dados e análise documental.

Os resultados dos exames realizados serão apresentados em forma de achados de auditoria


para os quais cabe ao gestor local adotar ações corretivas. Esses achados que estão sob a
responsabilidade do gestor local compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios
repassadores de recursos federais e dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no
âmbito de suas competências.

3
RESULTADOS DOS EXAMES
1. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho
excessivas, de execução improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados na Unidade de Pronto Atendimento
(UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH.
Após análise documental e conferência de dados, ao se atentar aos horários cumpridos, foram
verificadas algumas inconsistências em relação aos turnos de trabalhos dos profissionais da
SAMA. Abaixo segue a escala apresentada no mês de junho:
Quadro 1 – Escala Sala Vermelha junho/2020
Dia Manhã Tarde Noturno
17/06/2020 C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.
17/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
17/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
18/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
18/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
18/06/2020 M. M. A. da S. M. M. A. da S. M. M. A. da S.
19/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
19/06/2020 L. W. de S. S.
20/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
20/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
20/06/2020 M. M. A. da S. M. M. A. da S. M. M. A. da S.
21/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
21/06/2020 M. M. A. da S. M. M. A. da S. C. de P. C.
21/06/2020 L. W. de S. S.
22/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
22/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
23/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
23/06/2020 C. de P. C. C. de P. C. M. M. A. da S.
23/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
24/06/2020 C. de P. C. C. de P. C. M. M. A. da S.
24/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
24/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S.
25/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
25/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
25/06/2020 C. de P. C.
26/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
26/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. M. F. da S.
26/06/2020 M. M. A. da S. M. M. A. da S. M. M. A. da S.
26/06/2020 C. de P. C. C. de P. C.
27/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
27/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.

4
Dia Manhã Tarde Noturno
27/06/2020 C. de P. C.
27/06/2020 W. L. de S. S.
28/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
28/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
28/06/2020 L. T. L. C. S.
29/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
29/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
29/06/2020 C. de P. C.
30/06/2020 F. I. de M. S. F. I. de M. S. F. I. de M. S.
30/06/2020 L. W. de S. S. L. W. de S. S. L. W. de S. S.
30/06/2020 M. M. A. da S. M. M. A. da S. M. M. A. da S.
30/06/2020 W. L. de S. S.
Fonte: Processo de pagamento 998/2020 – Empenho 349/2020

Quadro 2 – Escala Sala Verde junho/2020


Dia Manhã Tarde Noturno
17/06/2020 E. A. F. P. dos S. E. A. F. P. dos S. E. A. F. P. dos S.
17/06/2020 H. D. de A. H. D. de A. E. F. de L. F.
17/06/2020 I. F. do N. I. F. do N. I. de L. F.
17/06/2020 J. F. da S. J. F. da S. J. F. da S.
18/06/2020 C. de P. C. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
18/06/2020 E. E. de M. S. I. F. do N. J. F. da S.
18/06/2020 J. R. P. N. P. A. C. A.
19/06/2020 C. de P. C. C. de P. C. C. de S. F.
19/06/2020 L. T. L. C. S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
19/06/2020 J. R. P. N. P. A. C. A.
20/06/2020 E. E. de M. S. C. de P. C. E. E. de M.
20/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
20/06/2020 P. A. C. A. P. A. C. A. P. A. C. A.
20/06/2020 J. R. P. N.
21/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
21/06/2020 L. T. L. C. S. L. T. L. C. S. L. T. L. C. S.
21/06/2020 L. W. de S. S. J. F. da S.
21/06/2020 P. A. C. A.
22/06/2020 C. de P. C. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
22/06/2020 H. D. de A. H. D. de A. E. F. de L. F.
22/06/2020 I. F. do N. L. T. L. C. S.
23/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
23/06/2020 J. R. P. N. E. F. de L. F.
23/06/2020 L. T. L. C. S.
24/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
24/06/2020 H. D. de A. H. D. de A. J. F. da S.
24/06/2020 L. T. L. C. S. J. R. P. N. P. A. C. A.

5
Dia Manhã Tarde Noturno
24/06/2020 L. W. de S. S.
25/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
25/06/2020 J. F. da S. J. F. da S. J. F. da S.
25/06/2020 L. T. L. C. S. I. F. do N. P. A. C. A.
25/06/2020 M. F. S.
26/06/2020 E. E. de M. S. E. E. de M. S. P. A. C. A.
26/06/2020 I. F. do N. J. R. P. N. J. R. P. N.
26/06/2020 J. F. da S. J. F. da S.
26/06/2020 H. D. de A. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
27/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
27/06/2020 I. F. do N. I. F. do N. F. L. E. F.
27/06/2020 J. F. da S. J. F. da S. J. F. da S.
28/06/2020 E. E. de M. S. E. E. de M. S. F. L. E. F.
28/06/2020 J. F. da S. J. F. da S. J. F. da S.
28/06/2020 J. R. P. N. I. F. do N. P. A. C. A.
29/06/2020 C. de P. C. E. A. F. P. do S. J. F. da S.
29/06/2020 I. F. do N. I. F. do N. J. R. P. N.
29/06/2020 E. E. de M.
30/06/2020 E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S. E. A. F. P. do S.
30/06/2020 L. T. L. C. S. A. P. P. M. E. F. de L. F.
30/06/2020 J. R. P. N. C. R. N. A. J. F. da S.
Fonte: Processo de pagamento 998/2020 – Empenho 349/2020

Há duas escalas na UPA-BH, uma intitulada Sala Verde e outra intitulada Sala Vermelha. Com
relação a esta, é possível perceber que o profissional F. I. de M. S. não deixou as dependências
da unidade hospitalar, ou seja, permanecendo por catorze dias, de 17 a 30.06.20, o que se
constitui inexequível. Da mesma forma, há outros profissionais com um excessivo período
continuado. Dentre eles, o profissional L. W. de S. S., identificado como responsável pela
elaboração de escala médica da UPA-BH.

Com relação à escala da Sala Verde, também é possível perceber que alguns profissionais
possuem uma sequência de horas trabalhadas de forma excessiva, como é o caso do
profissional E. A. F. P. dos S., que, segundo os registros de frequência, assumiu o serviço
médico no dia 22.06.2020 e somente deixou a unidade hospitalar no dia 26.06.2020 pela
manhã, sendo que, neste mesmo dia, retornou no turno da tarde e registrou presença até o
dia 28.06.2020 pela manhã. Dessa forma, os registros demonstram ser inexequível elevada
carga horária sequencialmente.

Outro ponto de destaque é que há uma irregularidade nos quantitativos de profissionais


escalados por turnos e por dias. Ou seja, há dias e turnos com mais profissionais que outros.

As inconsistências com relação ao mês de junho também se apresentaram no mês de julho e


agosto, tendo sido estes os períodos analisados. Contudo, a equipe de fiscalização teve acesso
a escalas da UPA-BH de cargas horárias de médicos que não estavam contemplados no
contrato da SAMA para enfrentamento da emergência de saúde COVID-19. Constatou-se que
parte dos profissionais disponibilizados pela SAMA já trabalhavam na UPA-BH como

6
servidores estatutários numa escala própria. Neste caso, as cargas horárias são de 20 horas
semanais (80 horas mensais). Entretanto, constatou-se que estes profissionais são escalados
somente para 72 horas mensais. Da mesma forma, a distribuição de dias e turnos sofreram
descontinuidades nos quantitativos sem uma motivação aparente. Foram constatados
médicos que só trabalharam em determinados dias da semana e/ou período do mês e foram
encontrados dias em que não houve profissionais escalados.

Como ocorreu no mês de junho de 2020, o médico E. A. F. P. dos S. possui eventos de carga
horária excessiva no mês de julho de 2020. Verificou-se, por exemplo, que o profissional deu
entrada pela SAMA no dia 02.07.2020 no turno da tarde, depois foi escalado no turno da noite
pela escala normal da UPA-BH, registrando a saída no dia 03.07.2020 pela manhã. Em seguida,
retornou neste mesmo dia no turno da tarde pela SAMA e cumpriu escala no turno da noite
pela escala normal da UPA-BH. Na sequência, registrou presença no dia 04.07.2020 no turno
da manhã pela SAMA e só registrou saída no dia 06.07.2020 pela manhã, retornando nesse
mesmo dia no turno da tarde pela SAMA e depois cumprindo escala no turno da noite pela
escala normal da UPA-BH, deixando o serviço no dia 07.07.2020 pela manhã. Assim, no
intervalo de 114 horas, o profissional citado folgou apenas doze horas, mostrando-se
excessiva a carga horária executada. Da mesma forma, ocorreu com o profissional F. I. de M.
S., que entre registros de presença pela SAMA e escala normal da UPA-BH, trabalhou entre os
dias 07.07.2020 e 12.07.2020, 132 horas de forma ininterrupta, evidenciando a
inexequibilidade dessa carga horária.

Outra inconsistência no mês de julho é que há registro de prestação de serviço pela SAMA por
um profissional no mesmo período em que ele estava escalado para cumprir a escala normal
da UPA-BH, ou seja, sobreposição de turnos. Foi o caso de F. I. de M. S. que deu entrada pela
SAMA no dia 02.07.2020 e saída no dia 03.07.2020, ao mesmo tempo em que estava escalado
no turno da noite pela escala normal da UPA-BH. Este fato voltou a se repetir no mês de agosto
com o responsável pela elaboração da escala da UPA-BH, L. W. de S. S., entre os dias
04.08.2020 e 05.08.2020, quando estava escalado para cumprir plantão diurno na escala
normal da UPA-BH. No mês de agosto ocorreu também como o profissional F. I. de M. S. no
dia 08.08.2020.

No mês de agosto, as inconsistências também ocorreram, sendo que os mais comuns foram
os casos de 48 horas seguidas de trabalho. O profissional F. I. de M. S., entre os dias 06.08.2020
e 09.08.2020, registrou 84 horas ininterruptas de trabalho pela SAMA.

Ademais, a equipe de auditoria identificou que médicos que prestaram serviço no Contrato n°
151/2020 pela empresa SAMA Ltda cumpriram cargas horárias por vínculos de trabalho em
outros estabelecimentos de saúde ou na própria UPA-BH, de maneira que, em vários casos, o
total de horas mensais mostra-se excessivo. As informações foram obtidas no sítio do
Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde na rede mundial de computadores mediante
o endereço eletrônico http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.

O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde – CNES – é previsto na Portaria de


Consolidação n. 1, de 28 de setembro de 2017, do Ministério da Saúde – MS. A
obrigatoriedade de registro no CNES é prevista nos artigos seguintes da citada Portaria:

Art. 131. A instituição privada com a qual a Administração Pública celebrará contrato
deverá:

7
I - estar registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES);

(...)

VI - assegurar a veracidade das informações prestadas ao SUS;

VII - cumprir todas as normas relativas à preservação do meio ambiente; e

VIII - preencher os campos referentes ao contrato no Sistema de Cadastro Nacional


de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

(...)

Art. 154. O cadastro no SCNES das entidades abrangidas por esta Subseção deve
estar atualizado, a fim de subsidiar a análise da prestação de serviços ao SUS.

(...)

Art. 294. Fica definido a obrigatoriedade de alimentação mensal e sistemática dos


Bancos de Dados Nacionais dos Sistemas: Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (SCNES), Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), Sistema de
Informação Hospitalar (SIH/SUS), Comunicação de Internação Hospitalar e
Ambulatorial (CIHA), Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Sistema
de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), Sistema de Informação em Saúde
para a Atenção Básica (SISAB) e Conjunto Mínimo de Dados (CMD).

(...)

Art. 358. Fica instituído o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).


(Origem: PRT MS/GM 1646/2015, Art. 1º)

Art. 359. O CNES se constitui como documento público e sistema de informação


oficial de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde
no País, independentemente da natureza jurídica ou de integrarem o SUS, e possui
as seguintes finalidades:

I - cadastrar e atualizar as informações sobre estabelecimentos de saúde e suas


dimensões, como recursos físicos, trabalhadores e serviços;

(...)

Art. 361. O cadastramento e a manutenção dos dados cadastrais no CNES são


obrigatórios para que todo e qualquer estabelecimento de saúde possa funcionar
em território nacional, devendo preceder aos licenciamentos necessários ao
exercício de suas atividades, bem como às suas renovações. (grifos não originais)

Dessa forma, o cadastramento no CNES e sua atualização são de procedimento obrigatório.


Um aspecto importante constante na determinação legal é que este sistema deve ser
mensalmente atualizado, de maneira que os registros que porventura estejam no sistema não
gozam de um intervalo temporal muito grande.

Diante do exposto, a confrontação dos profissionais disponibilizados para execução do


contrato em análise com os dados do CNES revela o seguinte:

8
a) Médico I. F. do N.
Quadro 3 – CNES I. F. do N. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL
MEDICO DA ESTRATEGIA UBS ODETE DE BRITO
I. F. DO N. FELIPE GUERRA 40
DE SAUDE DA FAMILIA GUERRA
UPA RAIMUNDO
I. F. DO N. MOSSORO MEDICO CLINICO 20
BENJAMIM FRANCO
Total Horas Semanais 60
Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional I. F. do N., de acordo com as informações existentes no CNES, teve sessenta


horas semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 240 horas
mensais, além de 66 horas de junho, 114 horas de julho e 132 horas de agosto de 2020
mediante o Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado
em 17.06.20, o médico teria trabalhado 186 horas no mês de junho (120 horas por outros
vínculos trabalhistas mais 66 mediante o Contrato nº 151/2020), 354 horas em julho (240
horas por outros vínculos trabalhistas mais 114 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e
372 horas em agosto de 2020 (240 horas por outros vínculos trabalhistas mais 132 horas
mediante o Contrato nº 151/2020), totalizando 912 horas trabalhadas no período de 76 dias
(catorze dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de
horas trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de doze horas de
trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 20 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

b) Médico H. D. de A.
Quadro 4 – CNES H. D. de A. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL
MEDICO DA
ESTRATEGIA DE CASA DE SAUDE E MAT ANA M
H. D. DE A. GROSSOS 40
SAUDE DA GONCALVES
FAMILIA

UPA RAIMUNDO BENJAMIM


H. D. DE A. MOSSORO MEDICO CLINICO 20
FRANCO
Total Horas Semanais 60
Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional H. D. de A., de acordo com as informações existentes no CNES, teve sessenta


horas semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 240 horas
mensais, além de 42 horas de junho, 72 horas de julho e 114 horas de agosto de 2020
mediante o Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado
em 17.06.20, o médico teria trabalhado 162 horas no mês de junho (120 horas por outros
vínculos trabalhistas mais 42 mediante o Contrato nº 151/2020), 312 horas em julho (240
horas por outros vínculos trabalhistas mais 72 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e 354

9
horas em agosto de 2020 (240 horas por outros vínculos trabalhistas mais 114 horas mediante
o Contrato nº 151/2020), totalizando 828 horas trabalhadas no período de 76 dias (catorze
dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de horas
trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de dez horas de trabalho
por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 20 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

c) Médico E. E. de M. S.

Quadro 5 – CNES E. E. de M. S. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020


NOME UF MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL
MEDICO DA
UBASF JOAO CELEDONIO
E. E. DE M. S. CE JAGUARUANA ESTRATEGIA DE SAUDE 40
DA SILVA
DA FAMILIA
UPA RAIMUNDO
E. E. DE M. S. RN MOSSORO MEDICO CLINICO 20
BENJAMIM FRANCO
Total Horas Semanais 60
Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional E. E. de M. S., de acordo com as informações existentes no CNES, teve sessenta


horas semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 240 horas
mensais, além de 54 horas de junho, 114 horas de julho e 84 horas de agosto de 2020
mediante o Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado
em 17.06.20, o médico teria trabalhado 174 horas no mês de junho (120 horas por outros
vínculos trabalhistas mais 54 mediante o Contrato nº 151/2020), 354 horas em julho (240
horas por outros vínculos trabalhistas mais 114 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e
324 horas em agosto de 2020 (240 horas por outros vínculos trabalhistas mais 84 horas
mediante o Contrato nº 151/2020), totalizando 852 horas trabalhadas no período de 76 dias
(catorze dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de
horas trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de onze horas de
trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 20 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

d) Médico F. I. de M. S.

Quadro 6 – CNES F. I. de M. S. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020


NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

HOSPITAL MATERNIDADE
F. I. de M. S. MOSSORO MEDICO CLINICO 5
ALMEIDA CASTRO

MEDICO CENTRO CLINICO PROF VINGT


F. I. de M. S. MOSSORO 20
OFTALMOLOGISTA UN ROSADO PAM

10
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

HOSPITAL REGIONAL DR
F. I. de M. S. MOSSORO MEDICO CLINICO TARCISIO DE VASCONCELOS 15
MAIA

UPA RAIMUNDO BENJAMIM


F. I. de M. S. MOSSORO MEDICO CLINICO 20
FRANCO

SERVICOS DE ASSISTENCIA
MEDICO
F. I. de M. S. MOSSORO MEDICA E AMBULATORIAL 2
OFTALMOLOGISTA
LTDA SAMA

F. I. de M. S. MOSSORO MEDICO CLINICO ISAMED 10

Total Horas Semanais 72


Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional F. I. de M. S., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 72 horas


semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 288 horas mensais,
além de 336 horas de junho, 552 horas de julho e 504 horas de agosto de 2020 mediante o
Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado em 17.06.20,
o médico teria trabalhado 480 horas no mês de junho (144 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 336 horas mediante o Contrato nº 151/2020), 840 horas em julho (288 horas
por outros vínculos trabalhistas mais 552 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e 792 horas
em agosto de 2020 (288 horas por outros vínculos trabalhistas mais 504 horas mediante o
Contrato nº 151/2020), totalizando 2.112 horas trabalhadas no período de 76 dias (catorze
dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de horas
trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de 27 horas de trabalho
por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que mais do que inexequível,
ela extrapola a quantidade de 24 horas diárias possíveis.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 20 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

e) Médico L. W. de S. S.

Quadro 7 – CNES L. W. de S. S. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020


NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

L. W. de S. S. MOSSORO MEDICO CLINICO SAMU 192 USA 02 5

DIRETOR DE SERVICOS UPA RAIMUNDO


L. W. de S. S. MOSSORO 20
DE SAUDE BENJAMIM FRANCO

UPA RAIMUNDO
L. W. de S. S. MOSSORO MEDICO CLINICO 10
BENJAMIM FRANCO

11
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

SERRA DO UNIDADE MISTA DR SILVIO


L. W. de S. S. MEDICO CLINICO 24
MEL ROM DE LUCENA

Total Horas Semanais 59


Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional L. W. de S. S., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 59 horas


semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 236 horas mensais,
além de 288 horas de junho, 264 horas de julho e 324 horas de agosto de 2020 mediante o
Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado em 17.06.20,
o médico teria trabalhado 406 horas no mês de junho (118 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 288 mediante o Contrato nº 151/2020), 500 horas em julho (236 horas por
outros vínculos trabalhistas mais 264 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e 560 horas
em agosto de 2020 (236 horas por outros vínculos trabalhistas mais 324 horas mediante o
Contrato nº 151/2020), totalizando 1.466 horas trabalhadas no período de 76 dias (catorze
dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de horas
trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de dezenove horas de
trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 30 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

f) Médico M. M. A. da S.
Quadro 8 – CNES M. M. A. da S. – horas semanais no período de junho e agosto de 2020
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

CENTRO MEDICO RODOLFO


M. M. A. da S. MOSSORO MEDICO CLINICO 12
FERNANDES

UPA RAIMUNDO BENJAMIM


M. M. A. da S. MOSSORO MEDICO CLINICO 10
FRANCO

UNIDADE MISTA DE SAUDE


M. M. A. da S. UPANEMA MEDICO CLINICO RAIMUNDO NONATO 15
CANDIDO
MEDICO DA
UNIDADE BASICA DE SAUDE
M. M. A. da S. UPANEMA ESTRATEGIA DE 40
ELMO ROCHA DA SILVA
SAUDE DA FAMILIA
Total Horas Semanais 77
Fonte: CNES jun – jul – ago de 2020.

O profissional M. M. A. da S., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 77 horas


semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 308 horas mensais,
além de 132 horas de junho, 156 horas de julho e 120 horas de agosto de 2020 mediante o
Contrato n° 151/2020. Dessa forma, como o contrato começou a ser executado em 17.06.20,
o médico teria trabalhado 286 horas no mês de junho (154 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 132 mediante o Contrato nº 151/2020), 464 horas em julho (308 horas por
outros vínculos trabalhistas mais 156 horas mediante o Contrato nº 151/2020) e 428 horas

12
em agosto de 2020 (308 horas por outros vínculos trabalhistas mais 120 horas mediante o
Contrato nº 151/2020), totalizando 1.178 horas trabalhadas no período de 76 dias (catorze
dias de junho, 31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020). Dividindo-se o total de horas
trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de quinze horas de
trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.
Destaca-se que este profissional é contratado como estatutário e trabalha com carga horária
de 10 horas na própria UPA Raimundo Benjamim Franco – UPA-BH.

Diante do exposto, os dados cadastrais indicam que os profissionais médicos disponibilizados


pela empresa SAMA já possuíam carga horária semanal elevada. Dessa forma, a execução do
contrato é prejudicada tendo em vista já haver atuação em outros estabelecimentos de saúde
dos médicos prestadores de serviços, de maneira que o cumprimento de toda a carga horária
por profissional não se mostra factível.

2. Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais


médicos contratados, ocasionando potenciais prejuízos na prestação
dos serviços.
Em análise documental e conferência de registros, a equipe de auditoria identificou que há
registros incompatíveis no sistema eletrônico utilizado pela empresa SAMA apresentados
como comprovação de prestação de serviços e utilizados para pagamentos de despesas
contratuais.

O profissional médico C. de P. C. presta serviço tanto ao município de Mossoró/RN quanto ao


município de Guamaré/RN nos contratos relacionados ao enfrentamento da emergência de
saúde COVID-19, sendo que, no dia 15.07.2020, ele registrou saída de serviço em Guamaré/RN
às 07:00:30 e registrou entrada às 07:06:39 em Mossoró/RN, ou seja, um intervalo de apenas
seis minutos. Ocorre que, o tempo médio de deslocamento entre os dois municípios é de 2
horas e 30 minutos, tornando impossível a presença física do profissional nos dois locais como
registrado. Seguem imagens dos registros da empresa SAMA:
Imagem 1 – Registro Eletrônico C. de P. C. – Guamaré/RN

Fonte: Relatório Biométrico da empresa SAMA

Imagem 2 – Registro Eletrônico C. de P. C. – Mossoró/RN

13
Fonte: Relatório Biométrico da empresa SAMA

Esse fato também ocorreu no dia 22.07.2020, quando C. de P. C. registrou saída de serviço em
Guamaré/RN às 07:20:53 e registrou entrada às 07:45:02 em Mossoró/RN.

Outra inconsistência foi identificada no registro feito pelo profissional F. I. da S. (que é o


mesmo F. I. de M. S.) no dia 19.07.2020, conforme abaixo:
Imagem 3 – Registro Eletrônico F. I. da S. – Mossoró/RN

Fonte: Relatório Biométrico da empresa SAMA

Assim, mesmo já havendo um registro de entrada, foi possível abrir outro registro de entrada,
na mesma data, dentro do mesmo intervalo de tempo, sem que tenha havido o registro de
saída, evidenciando, assim, a possibilidade de duplo registro dos profissionais.

Diante do exposto, constatou-se que o principal comprovante de prestação de serviço


utilizado em processos de pagamento de despesa, ou seja, o sistema eletrônico da empresa
SAMA, possui inconsistências que impedem de tornarem-se inequívocos os registros de
presença de profissionais nas respectivas unidades de saúde.

14
RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista que não há situações apontadas, cuja competência para adoção de medidas
seja dos gestores federais, o relatório não conterá recomendações.

CONCLUSÃO
O resultado da auditoria realizada na execução do Contrato N° 151/2020, celebrado entre a
Prefeitura de Mossoró/RN e a empresa SAMA, evidencia que houve falhas por parte da
Prefeitura no que diz respeito ao controle no acompanhamento da execução pelos serviços
médicos prestados pela empresa SAMA, tendo em vista que foram constatadas as seguintes
impropriedades/irregularidades:
1. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na Unidade de Pronto
Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH.

Nesse achado, a equipe de auditoria identificou que médicos prestadores de serviços


mediante o Contrato n° 151/2020 pela empresa SAMA cumpriram cargas horárias por vínculos
de trabalho em outros estabelecimentos de saúde ou na própria UPA-BH, de maneira que, em
vários casos, o total de horas mensais mostra-se excessivo. As informações foram obtidas no
sítio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde na rede mundial de computadores
mediante o endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.
2. Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos contratados,
ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços.

Nesse achado, verificou-se que o principal comprovante de prestação de serviço utilizado em


processos de pagamento de despesa, ou seja, o sistema eletrônico da empresa SAMA, possui
inconsistências que impedem de tornarem-se inequívocos os registros de presença de
profissionais nas respectivas unidades de saúde.

15
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE
DE AUDITORIA
A Secretaria Municipal de Saúde de Mossoró, mediante o Ofício nº 832/2020/SMS, de
30.12.2020, apresentou as manifestações a seguir transcritas, cujas análises desta auditoria
são apresentadas na sequência:

Achado nº 1: Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de


execução improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados na
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Raimundo Benjamim Franco – UPA BH.

Manifestação da unidade examinada

“[...]
Inicialmente, cumpre esclarecer que a alegação de comprometimento na disponibilização,
execução e qualidade dos serviços prestados na Unidade de Pronto Atendimento RAIMUNDO
BENJAMIM FRANCO – UPA DO BH, em razão da jornada de trabalho excessiva de trabalho,
cumprida pelos profissionais médicos ali lotados, não se justifica e, por conseguinte, não
merece prosperar.

Como é público e notório, em razão da pandemia do coronavírus, o mundo presenciou em


2020 a maior crise sanitária da história dos últimos 100 (cem) anos, desde o surgimento da
gripe espanhola. Assim como os demais profissionais que estavam na linha de frente, os
médicos se tornaram figuras ainda mais essenciais no combate aos efeitos maléficos
ocasionados pelo coronavírus, fazendo o possível para cuidar de todos os pacientes
infectados, cumprindo, assim, o “Juramento de Hipócrates”.

Diante desse cenário, levando em consideração o exponencial aumento da demanda de


pacientes e a necessidade de afastamento de alguns profissionais contaminados com o
coronavírus ou que se enquadravam em grupo de risco, médicos em todos os países, de fato,
prestaram serviços além da jornada habitual.
No presente caso, tal excepcionalidade foi necessária para garantir a continuidade na
prestação do serviço, contudo, houve correção da situação nos meses subsequentes.

No que diz respeito à relação de médicos constante no Relatório Preliminar de Avaliação em


epígrafe, em uma análise mesmo que perfunctória, apesar da constatação verificada de alguns
profissionais médicos estarem cadastrados no CNES com carga horarias acima do habitual,
depreende-se claramente que não há que se falar em jornada excessiva ou sobre-humana,
capaz de gerar prejuízo, seja de atendimento aos usuários, seja financeiro junto aos órgãos
públicos correspondentes.

Além disso, ao contrário da suposta presunção de comprometimento na qualidade dos


serviços, todos os médicos da SAMA (SERVIÇOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E AMBULATORIAL

16
LTDA) cumpriram, de maneira zelosa e devotada, todos os deveres e atribuições atinentes às
suas funções.
Ressalte-se, ainda, que inexiste, até o presente momento, registro ou reclamação de má
prestação dos serviços executados pelos médicos da SAMA, bem como verificação de óbito
acontecido naquele equipamento de saúde, em decorrência da falta de assistência ou
imperícia causados aos usuários acometidos pelo Coronavírus. [...]”

Análise da equipe de auditoria

Em sua manifestação, a Unidade trouxe argumentos de forma genérica, ressaltando aspectos


decorrentes da situação de emergência de saúde proveniente da COVID-19. Realmente, não
se pode deixar de considerar tal ocorrência, entretanto, seria necessário haver maiores
esclarecimentos sobre casos específicos para se afastar riscos de falta de planejamento ou
controle sobre a execução de serviços contratados. Eventuais situações podem estar
amparadas pelo aumento da demanda dos sistemas de saúde pública, contudo há casos
extremos relatados na constatação, não tendo sido abordados na manifestação. Assim, os
argumentos não esclarecem a situação verificada, mantendo-se a constatação.

Achado nº 2: Inconsistência em sistema eletrônico de presença de profissionais médicos


contratados, ocasionando potenciais prejuízos na prestação dos serviços.

Manifestação da unidade examinada

“[...]
Outrossim, esclarecemos ainda acerca da biometria dos profissionais que a “empresa SAMA
possui divulgação de postos e profissionais que estão prestando serviço em tempo real na
rede mundial de computadores no endereço eletrônico
http://samamed.com.br/sagittarius/listar/index.php”, em caráter meramente informativo,
em seu site institucional, alguns locais e os nomes dos profissionais que estão prestando
serviços em tempo real.
Diga-se de passagem, tal serviço, ainda em fase experimental, trata-se de mera
disponibilidade e não decorre de obrigação legal ou contratual.
Mesmo sem obrigação para tanto, a SAMA vem ajustando o seu sistema para divulgar, em seu
site e ao vivo, todos os locais em que seus profissionais médicos prestam serviços. No entanto,
por razões técnicas, ainda não foi possível assim fazer, razão pelo qual vem implementando
de forma gradativa.”

Análise da equipe de auditoria

Os registros eletrônicos foram inseridos em processos de pagamentos como forma inclusive


de liquidação de despesas. Assim, como esses registros foram utilizados como comprovantes
de prestação de serviços, a argumentação da Unidade não prospera, mantendo-se a
constatação.

17
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Município de Guamaré/RN.
Fundo Municipal de Saúde – FMS.
Exercício 2020

10 de maio de 2021
18
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DA SAÚDE
Unidade Examinada: Município de Guamaré/RN - Fundo Municipal de Saúde
Município/UF: Guamaré/RN
Ordem de Serviço: 855215

19
Missão
Elevar a credibilidade do Estado por meio da participação social, do controle
interno governamental e do combate à corrupção em defesa da sociedade.

Avaliação
O trabalho de avaliação, como parte da atividade de auditoria interna, consiste
na obtenção e na análise de evidências com o objetivo de fornecer opiniões ou
conclusões independentes sobre um objeto de auditoria.

20
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO O trabalho foi realizado para avaliação da
REALIZADO aplicação dos recursos federais recebidos pelo
Município de Guamaré/RN para o
PELA CGU? enfrentamento da emergência de saúde
mundial Covid-19.
Análise da regularidade da
execução do Contrato nº
47/2020 – COVID-19,
celebrado entre o Município QUAIS AS CONCLUSÕES
de Guamaré/RN e a empresa
de Serviços de Assistência
ALCANÇADAS PELA CGU?
Médica e Ambulatorial Ltda, Verificou-se que a aplicação dos recursos
no valor de R$ 426.736,05, federais não está adequada, tendo sido
para enfrentamento da constatadas as seguintes
COVID-19, durante o período impropriedades/irregularidades:
de três meses a partir da 1. Ausência de controle sobre os serviços
celebração do contrato. prestados pela empresa SAMA, gerando
sobreposição de valores pagos e ocasionando
um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês
de julho de 2020;
2. Profissionais médicos cumprindo cargas
horárias de trabalho excessivas, de execução
improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados no Hospital
Manoel Lucas de Miranda; e
3. Divergências de informações dos
profissionais que executaram onze diárias de
quatro horas no Hospital Manoel Lucas de
Miranda durante o mês de agosto de 2020,
comprometendo a integridade dos registros
realizados pela empresa contratada na
comprovação dos serviços prestados.

21
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CNES – Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde


CRM-RN – Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte
MS – Ministério da Saúde
SAMA - Serviços de Assistência Médica e Ambulatorial Ltda
UTI - Unidade de Terapia Intensiva

22
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 2

RESULTADOS DOS EXAMES 4

1. Ausência de controle sobre os serviços prestados pela empresa SAMA, gerando


sobreposição de valores pagos e ocasionando um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no
mês de julho de 2020. 4

2. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução


improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital
Manoel Lucas de Miranda. 7

3. Divergências de informações dos profissionais que executaram onze diárias de quatro


horas no Hospital Manoel Lucas de Miranda durante o mês de agosto de 2020,
comprometendo a integridade dos registros realizados pela empresa contratada na
comprovação dos serviços prestados. 13

RECOMENDAÇÕES 14

CONCLUSÃO 14

ANEXOS 16

I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 16


INTRODUÇÃO
Este Relatório trata dos resultados dos exames realizados na aplicação dos recursos federais
destinados ao enfrentamento da emergência de saúde mundial Covid-19 executados pelo
município de Guamaré/RN.

A auditoria teve o objetivo avaliar a aplicação dos recursos públicos federais repassados ao
ente federado referenciado, relacionado com a contratação de fornecimento de mão de obra
de profissionais médicos. Para a consecução desse objetivo, foram respondidas as seguintes
questões de auditoria:

1) Os profissionais contratados possuem habilitação para atuar na especialidade que motivou


a contratação?

2) Os controles de prestação de serviço guardam coerência de registros? e

3) Há superfaturamento por inexecução de serviços?

Trata-se de dispensa de licitação n° 061/2020 (processo administrativo N° 3.709/2020)


realizada pelo município de Guamaré/RN, para contratação, em caráter emergencial, de
empresa e/ou cooperativa especializada objetivando a prestação de serviços médicos de
plantões em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), em cinco leitos para Covid-19, no Hospital
Manoel Lucas de Miranda. A empresa contratada foi a de Serviços de Assistência Médica e
Ambulatorial Ltda – SAMA, CNPJ 14.775.280/0001-14, pelo valor total de R$ 426.736,05
mediante o Contrato N° 47/2020, celebrado em 24.06.2020, com o período de execução
previsto para três meses após a celebração contratual.

Esse processo administrativo orientou-se pela Lei nº 13.979/2020, subsidiariamente pela Lei
nº 8.666/1993, pela Medida Provisória nº 926/2020 (convertida na lei nº 14.035/2020, de
11.08.2020), pelo Decreto Estadual nº 29.556/2020 e pelo Decreto Municipal nº 012/2020
que declara Estado de Calamidade Pública. O art. 4-E da lei nº 14.035/2020 estabeleceu:
4º-E Nas contratações para aquisição de bens, serviços e insumos necessários ao
enfrentamento da emergência que trata esta Lei, será admitida a apresentação de
termo de referência simplificado ou de projeto básico simplificado.
§ 1º O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado a que se
refere o caput conterá:
I - declaração do objeto;
II - fundamentação simplificada da contratação;
III - descrição resumida da solução apresentada;
IV - requisitos da contratação;
V - critérios de medição e pagamento;
VI - estimativas dos preços obtidos por meio de, no mínimo, um dos seguintes
parâmetros:
a) Portal de Compras do Governo Federal;

2
b) pesquisa publicada em mídia especializada;
c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo;
d) contratações similares de outros entes públicos; ou
e) pesquisa realizada com os potenciais fornecedores; e
VII - adequação orçamentária.

No referido processo, a primeira manifestação acerca da necessidade dessa contratação (fl.


01) ocorre por meio de solicitação de contratação emergencial assinada pelo Secretário
Municipal de Saúde, em 09.06.2020, com motivações e conclusões no sentido de proceder a
uma contratação direta e emergencial de profissionais para atuarem em leitos UTI.
Posteriormente, consta o Termo de Referência (fls. 03/14) relacionado com a contratação, por
meio de Dispensa de Licitação, de 195 plantões de 12 horas (7h às 19h e 19h às 7h) e 390
horas de médicos diaristas de 4 horas (7h às 11h) para composição de equipes de UTI.
No caso, o processo foi instruído baseado na lei nº 13.979/2020 e na lei nº 14.035/2020. O
objeto do processo de dispensa referenciado guarda correlação com a emergência de saúde
de enfrentamento da COVID-19.

Os exames foram realizados em estrita observância às normas de auditoria aplicáveis ao


Serviço Público Federal, tendo sido utilizadas, entre outras, técnicas de conferência de
cálculos, conferência de dados e análise documental.

Os resultados dos exames realizados serão apresentados em forma de achados de auditoria


para os quais cabe ao gestor local adotar ações corretivas. Esses achados que estão sob a
responsabilidade do gestor local compõem o relatório para conhecimento dos Ministérios
repassadores de recursos federais e dos Órgãos de Defesa do Estado para providências no
âmbito de suas competências.

3
RESULTADOS DOS EXAMES

1. Ausência de controle sobre os serviços prestados pela empresa


SAMA, gerando sobreposição de valores pagos e ocasionando um
potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês de julho de 2020.
Após análise do controle de carga horária executada na prestação de serviço pela empresa
SAMA, utilizado para a efetivação da liquidação da despesa referente ao mês de julho de 2020,
e posterior pagamento, foram verificados fatos atípicos com relação ao real cumprimento de
horários. A empresa contratada apresentou a escala com a relação de profissionais que
prestaram serviços ao município de Guamaré/RN. Além disso, a SAMA também apresentou
documento de produção própria com horários que os profissionais prestaram serviços.
Seguem imagens dos documentos citados:
Imagem 1 – Documento SAMA Escala

Fonte: Processo de pagamento julho/2020 – Contrato 47/2020

4
Imagem 2 – Documento SAMA controle de frequência

Fonte: Processo de pagamento julho/2020 – Contrato 47/2020

Dentre as inconsistências encontradas, verifica-se que não há no processo de despesa


encaminhado eventuais documentos de controle de frequência gerados pelo próprio
município ou ainda folha de ponto com assinatura dos profissionais médicos, bem como não
há atesto de liquidação da despesa assinado por fiscal de contrato. O documento de liquidação
da despesa é assinado pelo próprio Secretário Municipal de Saúde.

A escala de plantões de doze e de quatro horas do mês de julho de 2020 que foi disponibilizada
à equipe de auditoria foi a seguinte:
Quadro 1 – Escala julho/2020
Dia Diária Manhã Tarde Noturno

01/07/2020 M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S.

02/07/2020 E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

03/07/2020 E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

04/07/2020 W. R. da S. F. W. R. da S. F. W. R. da S. F. W. R. da S. F.

05/07/2020 W. R. da S. F. W. R. da S. F. W. R. da S. F. W. R. da S. F.

06/07/2020 C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

5
Dia Diária Manhã Tarde Noturno

07/07/2020 C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.

08/07/2020 C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

E. M. da C. R. E. M. da C. R.
09/07/2020 E. M. da C. R. E. M. da C. R.

10/07/2020 E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
11/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
12/07/2020

C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
13/07/2020

C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.
14/07/2020

C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
15/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
16/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
17/07/2020

M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S.
18/07/2020

M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S.
19/07/2020

C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
20/07/2020

C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.
21/07/2020

C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
22/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
23/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
24/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
25/07/2020

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
26/07/2020

6
Dia Diária Manhã Tarde Noturno
C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
27/07/2020

C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.
28/07/2020

C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.
29/07/2020

30/07/2020 E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
31/07/2020

Fonte: Processo de pagamento julho/2020 – Contrato 47/2020

A Nota Fiscal N° 5652, emitida em 31.07.2020, pela empresa SAMA, no valor de R$ 141.307,49,
que corresponde aos serviços prestados no mês de julho/2020, relata a prestação de serviços
de 65 plantões de doze horas e 31 plantões de quatro horas.

Conforme discriminado na Nota Fiscal emitida, houve a cobrança de plantões de doze horas e
diárias de quatro horas a um mesmo profissional como se esse tivesse prestado os dois
serviços ao mesmo tempo, tanto os serviços de plantões quanto os serviços de diárias em
todos os dias do mês de julho de 2020, de maneira que houve sobreposição de horários pagos.

Assim, tendo em vista que uma hora de serviço prestado custa R$ 156,31, nas quatro horas
de diárias não caberia tal pagamento, no valor diário de R$ 625,24 (4 horas X R$ 156,31).
Portanto, há um potencial prejuízo no mês de julho de R$ 19.382,44 (31 diárias X R$ 625,24).

2. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho


excessivas, de execução improvável, podendo comprometer a
qualidade dos serviços prestados no Hospital Manoel Lucas de
Miranda.
Após análise documental e conferência de dados no que diz respeito ao cumprimento das
escalas de plantões, foram verificadas algumas inconsistências em relação ao acúmulo de
horas trabalhadas pelos profissionais da SAMA nas escalas disponibilizadas. Conforme as
informações extraídas do Quadro 1 – Escala Julho/2020 do achado anterior, verificou-se que
em cinco momentos os profissionais da SAMA trabalharam 48 horas seguidas, sem intervalo
(E. M. da C. R. nos dias 2 e 3, 16 e 17 e 30 e 31; W. R. da S. F. nos dias 4 e 5; e M. R. de M. G.
S. nos dias 18 e 19). Em dois momentos, o profissional E. M. da C. R. trabalhou 96 horas
seguidas, sem intervalo, nos dias 9, 10, 11 e 12 e nos dias 23, 24, 25 e 26, demostrando-se a
carga horária excessiva de trabalho para os médicos da SAMA.

Situação semelhante ocorreu no mês de agosto/2020, conforme a seguir:

7
Quadro 2 – Escala Agosto/2020
Dia Diária Manhã Tarde Noturno

01/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

02/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

03/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

04/08/2020 M. R. de M. G. S. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.

05/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

06/08/2020 M. R. de M. G. S. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

07/08/2020 M. R. de M. G. S. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

E. M. da C. R. / M. R. de
08/08/2020 M. R. de M. G. S. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
M. G. S.

09/08/2020 M. R. de M. G. S. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

10/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

11/08/2020 C. G. F. V. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.

12/08/2020 C. de P. C. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

13/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

E. M. da C. R. / M. R. de
14/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R.
M. G. S.

15/08/2020 E. M. da C. R. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S.

16/08/2020 E. M. da C. R. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S. M. R. de M. G. S.

17/08/2020 M. R. de M. G. S. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

8
Dia Diária Manhã Tarde Noturno

18/08/2020 C. G. F. V. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.

19/08/2020 C. de P. C. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

20/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

21/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

C. G. F. V. / M. R. de M.
22/08/2020 E. M. da C. R. C. G. F. V. C. G. F. V.
G. S.

23/08/2020 E. M. da C. R. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

24/08/2020 E. M. da C. R. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

25/08/2020 C. G. F. V. C. de P. C. C. de P. C. C. de P. C.

26/08/2020 C. de P. C. C. G. F. V. C. G. F. V. C. G. F. V.

27/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

28/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

29/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

30/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

31/08/2020 C. G. F. V. E. M. da C. R. E. M. da C. R. E. M. da C. R.

Fonte: Processo de pagamento agosto/2020 – Contrato 47/2020

Assim, verifica-se que em três momentos os profissionais da SAMA trabalharam 48 horas


seguidas, sem intervalo (E. M. da C. R. nos dias 13 e 14 e 20 e 21; e M. R. de M. G. S. nos dias
15 e 16). Em dois momentos o profissional C. G. F. V. trabalhou 72 horas seguidas, sem
intervalo, nos dias 01, 02 e 03 e nos dias 22, 23 e 24. Em um momento o profissional E. M. da
C. R. trabalhou 96 horas seguidas, sem intervalo, nos dias 06, 07, 08 e 09. Em um momento, o
profissional E. M. da C. R. trabalhou 120 horas seguidas, sem intervalo, nos dias 27, 28, 29, 30
e 31.

Ademais, a equipe de auditoria identificou que médicos prestadores de serviço mediante o


Contrato n° 47/2020 pela empresa SAMA Ltda possuíam vínculos contratuais em outros
9
estabelecimentos de saúde. As informações foram obtidas no sítio do Cadastro Nacional de
Estabelecimentos de Saúde – CNES na rede mundial de computadores endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.

O CNES é regulamentado pela Portaria de Consolidação n.° 1, de 28 de setembro de 2017, do


Ministério da Saúde – MS. A obrigatoriedade de registro dos estabelecimentos de saúde no
CNES é prevista nos artigos seguintes:

Art. 131. A instituição privada com a qual a Administração Pública celebrará contrato
deverá:

I - estar registrada no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES);

(...)

VI - assegurar a veracidade das informações prestadas ao SUS;

VII - cumprir todas as normas relativas à preservação do meio ambiente; e

VIII - preencher os campos referentes ao contrato no Sistema de Cadastro Nacional


de Estabelecimentos de Saúde (SCNES).

(...)

Art. 154. O cadastro no SCNES das entidades abrangidas por esta Subseção deve
estar atualizado, a fim de subsidiar a análise da prestação de serviços ao SUS.

(...)

Art. 294. Fica definido a obrigatoriedade de alimentação mensal e sistemática dos


Bancos de Dados Nacionais dos Sistemas: Cadastro Nacional de Estabelecimentos
de Saúde (SCNES), Sistema de Informação Ambulatorial (SIA/SUS), Sistema de
Informação Hospitalar (SIH/SUS), Comunicação de Internação Hospitalar e
Ambulatorial (CIHA), Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), Sistema
de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), Sistema de Informação em Saúde
para a Atenção Básica (SISAB) e Conjunto Mínimo de Dados (CMD).

(...)

Art. 358. Fica instituído o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES).


(Origem: PRT MS/GM 1646/2015, Art. 1º)

Art. 359. O CNES se constitui como documento público e sistema de informação


oficial de cadastramento de informações de todos os estabelecimentos de saúde
no País, independentemente da natureza jurídica ou de integrarem o SUS, e possui
as seguintes finalidades:

I - cadastrar e atualizar as informações sobre estabelecimentos de saúde e suas


dimensões, como recursos físicos, trabalhadores e serviços;

(...)

10
Art. 361. O cadastramento e a manutenção dos dados cadastrais no CNES são
obrigatórios para que todo e qualquer estabelecimento de saúde possa funcionar
em território nacional, devendo preceder aos licenciamentos necessários ao
exercício de suas atividades, bem como às suas renovações. (grifos não originais)

Dessa forma, o cadastramento no CNES e sua atualização são de procedimento obrigatório.


Um aspecto importante constante na determinação legal é que este sistema deve ser
mensalmente atualizado, de maneira que os registros que porventura estejam no sistema não
gozam de um intervalo temporal muito grande.

Diante disso, a confrontação dos profissionais disponibilizados para execução do contrato em


análise com a Prefeitura de Guamaré/RN com os dados do CNES revela o seguinte no período
de julho e agosto de 2020:

a) Médico C. G. F. V.
Quadro 3 – CNES C. G. F. V. – horas semanais no período de julho e agosto de 2020
NOME UF MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

HOSPITAL
C. G.F. V. RN ALTO DO RODRIGUES MEDICO CLINICO MATERNIDADE MARIA 18
RODRIGUES DE MELO

MEDICO CENTRO DE SAUDE DA


C. G.F. V. RN ALTO DO RODRIGUES 4
ANGIOLOGISTA FAMILIA III
MEDICO CENTRO DE SAUDE DE
C. G.F. V. RN CARNAUBAIS 2
ANGIOLOGISTA CARNAUBAIS
MEDICO EM HOSPITAL
C. G.F. V. PE RECIFE CIRURGIA EVANGELICO DE 16
VASCULAR PERNAMBUCO
HOSPITAL
C. G.F. V. PE RECIFE MEDICO RESIDENTE EVANGELICO DE 16
PERNAMBUCO
Total de Horas Semanais 56
Fonte: CNES jul – ago de 2020.

O profissional C. G. F. V., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 56 horas


semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 224 horas mensais,
além de 192 horas de julho e 288 horas de agosto de 2020 mediante o Contrato n° 47/2020.
Dessa forma, o médico teria cumprido 416 horas em julho (224 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 192 horas mediante o Contrato nº 47/2020), 512 horas em agosto (224 horas
por outros vínculos trabalhistas mais 288 horas mediante o Contrato nº 47/2020), totalizando
928 horas trabalhadas no período de 62 dias (31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020).
Dividindo-se o total de horas trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma
média de catorze horas de trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de
trabalho que é inexequível.

b) Médico E. M. da C. R.
Quadro 4 – CNES E. M. da C. R. – horas semanais no período de julho e agosto de 2020

11
NOME MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL
FACS FACULDADE DE
MEDICO
E. M. DA C. R. MOSSORO CIENCIAS DA SAUDE 2
OTORRINOLARINGOLOGISTA
SERVICOS AMBULATORIAS
CLINICA DE
MEDICO
E. M. DA C. R. MOSSORO OTORRINOLARINGOLOGIA DE 10
OTORRINOLARINGOLOGISTA
MOSSORO
DR EWERTON ROZENDO
MEDICO
E. M. DA C. R. MOSSORO RINOPLASTIA OTORRINO 10
OTORRINOLARINGOLOGISTA
INTEGRADA
PAU DOS MEDICO CER CENTRO ESPECIALIZADO
E. M. DA C. R. 20
FERROS OTORRINOLARINGOLOGISTA EM REABILITACAO
HOSPITAL MATERNIDADE
E. M. DA C. R. PENDENCIAS MEDICO CLINICO 36
LEVANI DE FREITAS
MEDICO CENTRO DE SAUDE MANOEL
E. M. DA C. R. PENDENCIAS 2
OTORRINOLARINGOLOGISTA MOREIRA DA SILVA
MEDICO DA ESTRATEGIA DE CENTRO DE SAUDE MANOEL
E. M. DA C. R. PENDENCIAS 40
SAUDE DA FAMILIA MOREIRA DA SILVA
Total de Horas Semanais 120
Fonte: CNES jul – ago de 2020.
O profissional E. M. da C. R., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 120 horas
semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 480 horas mensais,
além de 336 horas de julho e 312 horas de agosto de 2020 mediante o Contrato n° 47/2020.
Dessa forma, o médico teria cumprido 816 horas em julho (480 horas por outros vínculos
trabalhistas mais 336 horas mediante o Contrato nº 47/2020), 792 horas em agosto (480 horas
por outros vínculos trabalhistas mais 312 horas mediante o Contrato nº 47/2020), totalizando
1.608 horas trabalhadas no período de 62 dias (31 dias de julho e 31 dias de agosto de 2020).
Dividindo-se o total de horas trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma
média de 25 horas de trabalho por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho
que, mais do que inexequível, extrapola a quantidade de 24 horas diárias possíveis.

c) Médico W. R. da S. F.
Quadro 5 – CNES W. R. da S. F. – horas semanais no período de julho e agosto de 2020
NOME UF MUNICIPIO DESCRICAO CBO ESTABELECIMENTO TOTAL

UPA 24H DR MILTON


W. R. DA S. F. RN ACU MEDICO CLINICO 20
MARQUES DE MEDEIROS

CATOLE DO
W. R. DA S. F. PB MEDICO CLINICO SAMU USA 12
ROCHA

MEDICO EM
HOSPITAL DISTRITAL
W. R. DA S. F. PB POMBAL MEDICINA 24
SENADOR RUY CARNEIRO
INTENSIVA

Total de Horas Semanais 56


Fonte: CNES jul – ago

O profissional W. R. da S. F., de acordo com as informações existentes no CNES, teve 56 horas


semanais cumpridas com outros vínculos trabalhistas que dão um total de 224 horas mensais,
além de 48 horas de julho mediante o Contrato n° 47/2020. Dessa forma, o médico teria
12
cumprido 272 horas em julho (224 horas por outros vínculos trabalhistas mais 48 horas
mediante o Contrato nº 47/2020), ou seja, no período de 31 dias. Dividindo-se o total de horas
trabalhadas pelo número de dias no período, chega-se a uma média de oito horas de trabalho
por dia, sem intervalos diários, ou seja, uma carga de trabalho que é inexequível.

Diante do exposto, os dados cadastrais indicam que os profissionais médicos disponibilizados


pela empresa SAMA já possuíam carga horária semanal elevada. Dessa forma, a execução do
contrato é prejudicada tendo em vista já haver atuação em outros estabelecimentos de saúde
dos médicos prestadores de serviços, de maneira que o cumprimento de toda a carga horária
por profissional não é factível. Com essas informações, demostra-se que a carga horária
excessiva de trabalho para os médicos da SAMA torna-se inexequível.

3. Divergências de informações dos profissionais que executaram


onze diárias de quatro horas no Hospital Manoel Lucas de Miranda
durante o mês de agosto de 2020, comprometendo a integridade dos
registros realizados pela empresa contratada na comprovação dos
serviços prestados.
Com relação ao mês de agosto, o município enviou processo de pagamento identificado pelo
número 5.257/2020, com valor total de 141.307,49. Entre as folhas 10 e 16 deste processo
constam identificação de 31 diárias de quatro horas. A comprovação ocorre por meio de
escalas elaboradas pela empresa SAMA e por documento identificado por relatório biométrico
Guamaré UTI Covid diárias agosto. Nesse relatório consta a identificação de profissional, a
data e o horário de entrada e saída.

Por outro lado, a empresa SAMA possui divulgação de postos e profissionais que estão
prestando serviço em tempo real na rede mundial de computadores no endereço eletrônico
http://samamed.com.br/sagittarius/listar/index.php. Diante disso, informações contidas
neste endereço eletrônico foram comparadas com o relatório biométrico apresentado como
comprovação de execução de serviços de diárias de profissionais médicos. A comparação
revelou que nenhum médico identificado como prestador de serviço de diárias no relatório
biométrico estava identificado no endereço eletrônico como presente no município de
Guamaré UTI Covid. Os dias do mês de agosto verificados foram 12, 13, 15, 16, 17, 18, 19, 21,
22, 26, 29. Há, portanto, uma divergência que compromete a integridade dos registros feitos
pela empresa SAMA utilizados na comprovação da execução das diárias nesses onze dias do
mês de agosto de 2020. Desse modo, assim como no mês de julho, as despesas com diárias
de profissionais médicos no mês de agosto também possuem inconsistências em sua
liquidação.

13
RECOMENDAÇÕES
Tendo em vista que não há situações apontadas, cuja competência para adoção de medidas
seja dos gestores federais, o relatório não conterá recomendações.

CONCLUSÃO
O resultado da auditoria realizada na execução do Contrato N° 47/2020, celebrado entre a
Prefeitura de Guamaré/RN e a empresa SAMA, evidencia que houve falhas por parte da
Prefeitura no que diz respeito ao controle no acompanhamento da execução, faturamento e
pagamento pelos serviços médicos prestados pela empresa SAMA, tendo em vista que foram
constatadas as seguintes impropriedades/irregularidades:
1. Ausência de controle sobre os serviços prestados pela empresa SAMA, gerando
sobreposição de valores pagos e ocasionando um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês
de julho de 2020.
Nesse achado, conforme discriminado em Nota Fiscal emitida pela empresa SAMA no mês de
julho de 2020, houve a cobrança de plantões de doze horas e diárias de quatro horas a um
mesmo profissional como se esse tivesse prestado os dois serviços ao mesmo tempo, tanto os
serviços de plantões quanto os serviços de diárias em todos os dias do mês de julho de 2020,
de maneira que houve sobreposição de horários pagos. Assim, tendo em vista que uma hora
de serviço prestado custa R$ 156,31, nas quatro horas de diárias não caberia tal pagamento,
no valor diário de R$ 625,24 (4 horas X R$ 156,31). Portanto, houve um prejuízo no mês de
julho de R$ 19.382,44 (31 diárias X R$ 625,24).

2. Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de execução


improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no Hospital Manoel
Lucas de Miranda.
Nesse achado, a equipe de auditoria identificou que médicos prestadores de serviços
mediante o Contrato n° 47/2020 pela empresa SAMA cumpriram cargas horárias por vínculos
de trabalho em outros estabelecimentos, o total de horas mensais mostra-se excessivo. As
informações foram obtidas no sítio do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde –
CNES na rede mundial de computadores endereço eletrônico
http://cnes.datasus.gov.br/pages/profissionais/consulta.jsp.

3. Divergências de informações dos profissionais que executaram onze diárias de quatro horas
no Hospital Manoel Lucas de Miranda durante o mês de agosto de 2020, comprometendo a
integridade dos registros realizados pela empresa contratada na comprovação dos serviços
prestados.
No presente achado de auditoria, foi identificado que durante onze dias do mês de agosto
houve divergências de informações sobre a comprovação de execução de serviços de diárias
de profissionais médicos entre as informações divulgadas pela empresa SAMA no endereço
eletrônico http://samamed.com.br/sagittarius/listar/index.php e o relatório biométrico
14
apresentado pela Prefeitura como comprovação de execução de serviços de diárias de
profissionais médicos. A comparação revelou que nesses onze dias nenhum médico
identificado como prestador de serviço de diárias no relatório biométrico estava identificado
no endereço eletrônico como presente no município de Guamaré UTI Covid. Desse modo,
assim como no mês de julho, as despesas com diárias de profissionais médicos no mês de
agosto também possuem inconsistências em sua liquidação.

15
ANEXOS
I– MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE
AUDITORIA
A Prefeitura de Guamaré/RN, mediante correspondência eletrônica, enviada em 12.01.2021,
apresentou as manifestações a seguir transcritas cujas análises desta auditoria ocorrerão na
sequência:

Achado nº 1: Ausência de controle sobre os serviços prestados pela empresa SAMA, gerando
sobreposição de valores pagos e ocasionando um potencial prejuízo de R$ 19.382,44 no mês
de julho de 2020.

Manifestação da unidade examinada:

“Quanto a suposta incongruência mencionada no item supra, custa enredar que o Município
de Guamaré promoveu a remessa das informações requisitadas. Porém, por lapso, não restou
gerado informações de diárias relacionadas exatamente ao importe mencionado no relatório
preliminar, tendo sido reiterada seu envio, conforme depreende do Protocolo nº. 4.395/2020
em anexo.”

Análise da equipe de auditoria:

As análises consideraram o conteúdo do processo de pagamento da despesa relacionado ao


Contrato 047/2020, de 23/06/2020. No caso, os documentos relacionados para o mês de julho
de 2020 foram agrupados no Processo Administrativo 4.688/2020, de 03/08/2020. Além desse
processo de pagamento do mês de julho, foram enviados também os referentes aos meses de
junho e agosto, sendo que as análises foram procedidas com o conteúdo desses processos.
Foram enviados a mais, de forma não juntada a esses processos, outras planilhas não
assinadas ou timbradas, apenas com indicação do mês e do ano, sem maiores detalhes. Essas
planilhas em alguns pontos traziam informações divergentes dos documentos constantes nos
processos de pagamentos. Diante do exposto, foram consideradas as informações contidas
nos processos de pagamentos.

A necessidade de gerar processos administrativos para pagamento de despesas advém das


fases da despesa pública prevista na Lei 4.320/1964, artigos 58 a 70, empenho, liquidação e
pagamento. Estes atos necessitam ser emitidos por responsáveis designados. Sobre a
liquidação da despesa, o parágrafo segundo do artigo 63 da referida lei especifica:

[...}

“§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá


por base:

I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;

II - a nota de empenho;

16
III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.”
(grifos não originais)

[...]

No Contrato 047/2020, houve as seguintes exigências para comprovação da despesa:


“8.1 – Entregue o objeto deste contrato, o pagamento ocorrerá conforme indicado no Item I
do TERMO DE REFERÊNCIA, parte integrante do presente instrumento, independentemente
de sua transcrição.”

Por sua vez, o termo de referência dispõe:

g.1 DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS:

[...]
A Secretaria Municipal de Saúde deverá receber mensalmente até o quinto dia útil
do mês seguinte ao da prestação dos serviços, relatório emitido pela CONTRATADA
contendo: nome e carga horária do profissional que prestou o serviço, acompanhado
de cópia do livro de ocorrência médica devidamente assinado pelos referidos
profissionais.

O quantitativo estimado será dimensionado de acordo com a demanda do serviço,


condicionado à comprovação de prestação dos serviços registrados em livro de
ocorrência médica com cópias anexas ao faturamento realizado pela CONTRATADA,
não podendo ultrapassar o total global delimitado para o período desta
contratação.

DO PAGAMENTO:

i.1 – O pagamento será efetuado até 30 dias após a efetiva prestação dos serviços,
mediante a apresentação dos documentos - Nota Fiscal/fatura devidamente
atestada e vistada pelo Coordenador do serviço, e DECLARAÇÃO do certifico do
fiscal do contrato; e

i.2 - No ato do pagamento, a CONTRATADA obriga-se a apresentar cópia autenticada


da Folha de Pagamento de Pessoal e respectiva Guia de Recolhimento Prévio,
devidamente quitada, das contribuições Previdenciárias incidentes sobre a
remuneração dos segurados e do FGTS, acompanhados da Relação dos
Trabalhadores – GFIP e Protocolo de Envio , correspondentes aos serviços
executados, na forma prevista na Lei no 8.212/91, alterada pela Lei 9.711 – IN
INSS/DC nº 69 e 71/2002 e regulamentos instituídos pelo Regime Geral de
Previdência Social – RGPS.

[...]

Não há nos processos de pagamentos cópias do livro de ocorrência médica devidamente


assinado pelos referidos profissionais, nem mesmo cópias de folha de pagamento de pessoal.
Consta apenas documento emitido pela empresa com nome e carga horária executada por
cada profissional. Ou seja, estes foram os documentos considerados nas análises, de maneira
que apenas planilhas fora dos processos de pagamentos não foram consideradas, tendo em
vista que necessitavam passar por procedimento de liquidação de despesa.
17
Por outro lado, também não há atestos e vistos de coordenador com a certificação do fiscal
de contrato em nenhum dos processos de pagamentos analisados. As únicas manifestações,
certificando a prestação dos serviços, foram emitidas pelo próprio Secretário Municipal de
Saúde em todos os processos de pagamentos.

Assim, essas ausências de atestos por parte de funcionários públicos na liquidação da despesa
já contradizem ao pactuado e fragiliza o procedimento de verificação de execução dos
serviços. Por outro lado, no documento existente no processo de despesa do mês de julho de
2020, consta um relatório emitido pela empresa SAMA, prestadora o serviço, que não é
compatível com as planilhas de escala de profissionais encaminhadas. Dessa forma, considerar
válidas as planilhas é considerar inválido o documento anexo ao processo de pagamento. Foi
então considerado o documento intitulado escala realizada constante no Processo 4.688/2020
(fls. 5 a 7) e o relatório com nome do profissional e carga horária (fls. 8 e 9). Destaca-se que
as planilhas encaminhadas por fora não possuem numeração, portanto, não foram liquidadas
pelo Secretário Municipal de Saúde no processo administrativo 4.688/2020, que possui
páginas numeradas de 1 a 25.

Posteriormente, em sua manifestação contendo 408 páginas, o atual prefeito encaminhou


(fls. 192 e 193) outro relatório contendo nome do profissional e carga horária executada em
diárias no mês de julho/2020, informando que 28 diárias foram executadas pelo mesmo
médico. Entretanto, esse relatório possui formato diferente do inserido no processo
administrativo 4.688/2020. Seguem as imagens dos dois documentos:

Imagem 3 – Relatório gerado, em 03.08.2020, constante no Processo Administrativo


4.688/2020

Relatório Profissional – Hora julho/2020

18
Fonte: Processo Administrativo 4.688/2020, fls. 8 a 9

É possível identificar que esse relatório possui um registro do sistema e do endereço


eletrônico do qual foi gerado, além de numeração de páginas emitidas. Esses elementos não
constam no relatório inserido na manifestação do atual prefeito, conforme abaixo:

Imagem 4 – Relatório da Manifestação da Prefeitura mediante a correspondência


eletrônica, enviada em 12.01.2021

Relatório Profissional – Hora julho/2020

19
Fonte: Manifestação da Unidade, fls. 192 e 193

As ausências destacadas nesse modelo de relatório encaminhado na manifestação do


município têm o potencial de gerar inconformidades. Cabe destacar como divergência de
informação constante no relatório da manifestação da prefeitura e no relatório contido no
processo 4.688/2020 a seguinte situação: o processo 4.688/2020 relata que o profissional M.
R. da C. R. trabalhou do dia 18/07/2020, entrando às 07:43:36, até o dia 20/07/2020, às
07:11:09, já o relatório constante na manifestação do município reporta que o mesmo médico
iniciou o cumprimento de diária no dia 20/07/2020, entrando às 07:00:00. Ou seja, durante
onze minutos o profissional citado esteve cumprindo duas escalas diferentes, de maneira que
fica demonstrado que ou se trata de sistemas de registros diversos, ou que é possível realizar
registros em duplicidade para escalas diversas.

As inconformidades das planilhas apresentadas fora dos processos ficam mais claras na
observação do mês de junho de 2020. No processo administrativo 4.507/2020, referente ao
pagamento dos serviços da empresa SAMA no mês de junho/2020, constam basicamente os
mesmos documentos contidos no processo de pagamento do mês de julho. Inclusive, na
página 12, há um relatório de profissionais e carga horária realizada no mês. Já na
manifestação do município (fls. 196 e 197), foram inseridos dois relatórios de profissionais e
carga horária com modelo diferente do constante no processo de administrativo 4.507/2020.
Seguem as imagens dos dois documentos:

Imagem 5 – Relatório gerado, em 01.07.2020, constante no Processo Administrativo


4.507/2020

20
Fonte: Processo Administrativo 4.507/2020, fls. 12

Imagem 6 – Relatório da Manifestação da Prefeitura mediante a correspondência


eletrônica, enviada em 12.01.2021

Fonte: Manifestação da Unidade, fls. 196

21
Fonte: Manifestação da Unidade, fls. 197

Do mesmo modo, percebe-se que as informações contidas no documento inserido no


processo administrativo 4.507/2020 são semelhantes às contidas no relatório da fl. 197,
porém divergente do relatório contido na fl. 196. Este, por sua vez, contém a informação de
que o médico H. R. D. N. trabalhou no dia 26/06/2020, entrada às 07:02:07, até o dia
27/06/2020, saída às 07:18:09, sendo que no mesmo dia 27/06/2020 possui uma entrada às
07:07:03 e saída no mesmo dia às 19:10:07. Também é possível perceber que todos os três
relatórios possuem o mesmo usuário, a mesma data e o mesmo horário, inclusive o mesmo
segundo de emissão. Ou seja, o relatório contido na fl. 196 da manifestação do município
evidencia que é possível haver edição de informações no modelo de relatório não inserido nos
processos de pagamentos dos meses de junho e julho/2020.

Assim sendo, considerando que não foram emitidos os previstos atestos do coordenador do
serviço, do fiscal de contrato, bem como não foram apresentados as folhas de pagamentos
dos profissionais que prestaram serviço, dentre outras exigências para o pagamento da
empresa contratada, as análises consideraram os documentos inseridos nos processos
administrativos de pagamentos os quais tiveram um registro formal de liquidação da despesa.
Dessa forma, mantém-se a constatação.

Achado nº 2: Profissionais médicos cumprindo cargas horárias de trabalho excessivas, de


execução improvável, podendo comprometer a qualidade dos serviços prestados no
Hospital Manoel Lucas de Miranda.

Manifestação da unidade examinada:

“A jornada de trabalho desempenhada pelos profissionais médicos foi devidamente


executada, não havendo qualquer registro de comprometimento ao seu cumprimento, nem
crítica ou quebra de qualidade na prestação dos serviços, conforme relato da direção do
Hospital Manoel Lucas de Miranda. Ademais, cumpre enredar, que todos os profissionais da
área médica no país e no mundo trabalharam em regime diferenciado, levando em
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consideração a abnegação ao seu mister frente as incertezas da pandemia e da escassez de
profissionais no mercado.”

Análise da equipe de auditoria:

Em sua manifestação, o atual gestor municipal não apresentou maiores elementos para uma
distribuição mais equilibrada dos turnos em sequência e cargas horárias dos profissionais,
bem como não expôs eventuais planejamentos para enfrentar a questão. Dessa forma,
mantém-se a constatação.

Achado nº 3: Divergências de informações dos profissionais que executaram onze diárias de


quatro horas no Hospital Manoel Lucas de Miranda durante o mês de agosto de 2020,
comprometendo a integridade dos registros realizados pela empresa contratada na
comprovação dos serviços prestados.

Manifestação da unidade examinada:

“As informações relacionadas ao controle de jornada são aquelas apresentadas em


expedientes anteriormente enviados pelo município de Guamaré a equipe de Auditoria da
CGU. Acerca da divergência decorrente dos registros de diárias foi notificada a empresa SAMA,
que vazou justificativas, conforme expediente em anexo. Assim disposto: i) que as
informações constantes do sítio da empresa são meramente informativas; ii) que os
lançamentos são em caráter experimental; iii) que o sistema vem sofrendo ajustes e
atualização; iv) que os profissionais prestaram efetivo serviço na unidade.”

Análise da equipe de auditoria:

Conforme exposto anteriormente, houve vários atos acordados previamente para a


comprovação da execução dos serviços. No contrato há a seguinte previsão:

“8.1 – Entregue o objeto deste contrato, o pagamento ocorrerá conforme indicado no Item I
do TERMO DE REFERÊNCIA, parte integrante do presente instrumento, independentemente
de sua transcrição.”

Por sua vez, o termo de referência dispõe:

g.1 DA EXECUÇÃO DOS SERVIÇOS:

[...]

A Secretaria Municipal de Saúde deverá receber mensalmente até o quinto dia útil
do mês seguinte ao da prestação dos serviços, relatório emitido pela CONTRATADA
contendo: nome e carga horária do profissional que prestou o serviço, acompanhado
de cópia do livro de ocorrência médica devidamente assinado pelos referidos
profissionais.

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O quantitativo estimado será dimensionado de acordo com a demanda do serviço,
condicionado à comprovação de prestação dos serviços registrados em livro de
ocorrência médica com cópias anexas ao faturamento realizado pela CONTRATADA,
não podendo ultrapassar o total global delimitado para o período desta contratação.

DO PAGAMENTO:

i.1 – O pagamento será efetuado até 30 dias após a efetiva prestação dos serviços,
mediante a apresentação dos documentos - Nota Fiscal/fatura devidamente
atestada e vistada pelo Coordenador do serviço, e DECLARAÇÃO do certifico do fiscal
do contrato; e

i.2 - No ato do pagamento, a CONTRATADA obriga-se a apresentar cópia autenticada


da Folha de Pagamento de Pessoal e respectiva Guia de Recolhimento Prévio,
devidamente quitada, das contribuições Previdenciárias incidentes sobre a
remuneração dos segurados e do FGTS, acompanhados da Relação dos
Trabalhadores – GFIP e Protocolo de Envio , correspondentes aos serviços
executados, na forma prevista na Lei no 8.212/91, alterada pela Lei 9.711 – IN
INSS/DC nº 69 e 71/2002 e regulamentos instituídos pelo Regime Geral de
Previdência Social – RGPS.

[...]

As ausências identificadas levam a necessidade de aprofundamentos nas comprovações de


execução dos serviços. A empresa SAMA dispõe, via rede mundial de computadores, de vários
postos de atuação em tempo real, inclusive mais dois postos em Guamaré/RN, de maneira
que o terceiro posto, no caso de diarista neste município não é algo estranho ao que já vem
sendo feito. Considerando então não haver maiores justificativas para a não divulgação, bem
como as ausências de atos a serem praticados pela empresa na comprovação da despesa,
mantém-se a constatação.

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