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RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO

Distrito Sanitário Especial Indígena - Yanomami


Exercício 2019

13 de julho de 2020
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTERIO DA SAUDE
Unidade Examinada: Distrito Sanitário Especial Indígena - Yanomami
Município/UF: Boa Vista/Roraima
Ordem de Serviço: 201902638
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a
prevenção e o combate à corrupção, com participação social, por meio da
avaliação e controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.

Auditoria Interna Governamental


Atividade independente e objetiva de avaliação e de consultoria,
desenhada para adicionar valor e melhorar as operações de uma
organização; deve buscar auxiliar as organizações públicas a realizarem
seus objetivos, a partir da aplicação de uma abordagem sistemática e
disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de governança,
de gerenciamento de riscos e de controles internos.
POR QUE A CGU REALIZOU ESSE
QUAL FOI O TRABALHO?
TRABALHO
REALIZADO O trabalho foi realizado com vistas a responder
PELA CGU? as seguintes questões de auditoria: O
procedimento de dispensa foi precedido de
instrumentos de planejamento, como estudos
Este Relatório contempla o prévios, projeto básico ou termo de
produto da Avaliação dos referência? A contratação feita por dispensa
Resultados de Gestão, de licitação baseada em situação emergencial
relativo ao Programa/Ação: foi regular? Os preços previstos no orçamento
10423206520YP0001 - de referência estão adequados aos valores de
Proteção e Promoção dos mercado? O pagamento dos valores
Direitos dos Povos Indígenas contratuais observa estritamente as normas
/ Promoção, Proteção e legais vigentes e as orientações dos órgãos de
Recuperação da Saúde controle? A execução, supervisão e
Indígena, realizada no âmbito fiscalização dos serviços contratados são
do Distrito Sanitário Especial adequados e regulares?
Indígena Yanomami (DSEI-
Y).A presente auditoria teve
como objetivo avaliar a
regularidade dos processos
QUAIS AS CONCLUSÕES
de dispensa de licitação e da ALCANÇADAS PELA CGU? QUAIS
execução de contratos, AS RECOMENDAÇÕES QUE
relativos ao fretamento de
aeronave não regular e seu
DEVERÃO SER ADOTADAS?
monitoramento para o
atendimento da saúde
Em relação às questões de auditoria
indígena na área da reserva inicialmente propostas, as análises realizadas
Yanomami. demonstraram que a Dispensa de Licitação nº
1/2019 não foi precedida de instrumentos de
planejamento adequados, tendo em vista as
falhas constatadas no projeto básico. Além
disso, verificou-se fragilidades no controle de
horas de voo e no monitoramento de
aeronaves, o que ocasionou pagamento a
maior do serviço de monitoramento.
Em decorrência das conclusões alcançadas,
realizaram-se quatro recomendações ao DSEI-
Yanomami, visando à melhoria na execução da
prestação dos serviços de fretamento, bem
como, a correção das irregularidades
apontadas nos nove achados de auditoria.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ANAC - Agência Nacional de Aviação Civil

CGPO - Coordenação Geral de Planejamento e Orçamento

CJU/RR - Consultoria Jurídica da União no Estado de Roraima

Cobies - Coordenação de Apoio à Gestão de Bens, Serviços e Insumos Estratégicos de


Saúde

Dgesi - Departamento de Gestão da Saúde Indígena

DSEI - Distrito Sanitário Especial Indígena

DSEI-Y - Distrito Sanitário Especial Indígena - Yanomami

IN/MP - Instrução Normativa do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e


Gestão

OMA - Ordem de Missão Aérea

RAB - Registro Aeronáutico Brasileiro

SEI - Sistema Eletrônico de Informações

Selog - Serviço de Recursos Logísticos

Sesai - Secretaria Especial de Saúde Indígena

TCU - Tribunal de Contas da União


SUMÁRIO
QUAL FOI O TRABALHO REALIZADO PELA CGU? 3

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

RESULTADOS DOS EXAMES 7

1. Cancelamento de processo referente à contratação emergencial de empresa para


fretamento de aeronave. 7

2. Escolha do fornecedor realizada antes da conclusão da elaboração do Projeto Básico. 12

3. Contratação de transporte de passageiros, de cargas e aeromédico em um único lote. 15

4. A nova licitação para contratação de serviços de horas de voo será realizada pela
Secretaria de Saúde Indígena - Sesai. 16

5. Fragilidade no controle das horas de voo. 17

6. Contratação de serviço de monitoramento de aeronave que se se demonstrou ineficiente


anteriormente 19

7. O serviço de monitoramento de aeronave não atende à sua finalidade 21

8. Pagamento de monitoramento de aeronaves em número maior de que efetivamente


executado 22

9. Descumprimento de obrigação prevista em edital 25

RECOMENDAÇÕES 27

CONCLUSÃO 28

ANEXOS 29

I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE DE AUDITORIA 29


INTRODUÇÃO
A Controladoria Regional da União no Estado de Roraima, com base em suas atribuições
institucionais, realizou, no período de 9 de outubro de 2019 a 28 de abril de 2020,
trabalhos de avaliação com vistas a verificar a regularidade das contratações
emergenciais de fretamento de aeronave (Dispensas de Licitação nº 04/2018 e 01/2019)
e de monitoramento dos voos (Pregão nº 16/2018), bem como da execução dos
respectivos contratos (nº 09/2018, 10/2019 e 04/2018), no âmbito do no Distrito
Sanitário Especial Indígena - Yanomami.

Durante a auditoria, descobriu-se que havia uma contratação emergencial de empresa


para fretamento de aeronave (Processo nº 25064.002895/2018-31), que havia sido
cancelada e, em seguida, foi realizada a Dispensa de Licitação nº 01/2019. Assim, o
Processo nº 25064.002895/2018-31 foi incluído no escopo da auditoria.

As atividades de auditoria foram desenvolvidas em atendimento à determinação


contida na Ordem de Serviço nº 201902638 e com base nas atribuições institucionais da
CGU, disciplinadas pela Lei n° 10.180, de 6 de fevereiro de 2001.

Foram executadas ações de controle a fim de responder as seguintes questões de


auditoria:

1. O procedimento de dispensa foi precedido de instrumentos de planejamento, como


estudos prévios, projeto básico ou termo de referência?

2. A contratação feita por dispensa de licitação baseada em situação emergencial foi


regular?

3. Os preços previstos no orçamento de referência estão adequados aos valores de


mercado?

4. O pagamento dos valores contratuais observa estritamente as normas legais vigentes


e as orientações dos órgãos de controle?

5. A execução, supervisão e fiscalização dos serviços contratados são adequados e


regulares?

Para a execução da auditoria o DSEI-Y disponibilizou à equipe de auditoria acesso


externo aos processos no Sistema SEI. Foram analisados o Processo nº
25064.002895/2018-31 (contratação emergencial cancelada), o Processo nº
25064.001294/2019-91 (Dispensa nº 1/2019 - Contrato nº 10/2019) e respectivos
pagamentos (25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37), o Processo nº
25064.000150/2018-37 (Pregão Eletrônico nº 16/2018 - Contrato nº 04/2018) e
respectivos pagamentos (25064.000266/2018-76, 25064.002588/2018-50,
25064.000340/2019-35 e 25064.000692/2019-91) e o Processo nº 25064.001319/2018-
76 (Dispensa nº 4/2018 - Contrato nº 9/2018) e respectivos pagamentos
(25064.002281/2018-59).

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RESULTADOS DOS EXAMES
1. Cancelamento de processo referente à contratação
emergencial de empresa para fretamento de aeronave.
Em 7 de dezembro de 2018, o Chefe do Serviço de Recursos Logísticos - Selog solicitou,
por meio do Memorando nº
144/2018/YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 7014782) e do
Documento de Formalização da Demanda (SEI nº 7014866), autorização para a abertura
de processo para a contratação na forma emergencial de serviços de fretamento de
aeronaves.

Nesse Documento de Formalização da Demanda (SEI nº 7014866) consta que o referido


serviço era objeto do Contrato nº 02/2013, que estava expirando em 9 de janeiro de
2019, sem possibilidade de prorrogação. Ainda é informado que havia sido aberto o
Processo nº 25064.002370/2018-03 para realização de licitação para a nova contratação
de serviços de fretamento de aeronaves, mas não seria finalizado antes dessa data.

Assim, o então Coordenador Distrital de Saúde Indígena autorizou a abertura do


Processo nº 25064.002895/2018-31, conforme Memorando nº
270/2018/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 7015665), assinado em 7 de dezembro de
2018.

Foram realizados vários trâmites a fim de atender às recomendações da Consultoria


Jurídica da União no Estado de Roraima - CJU/RR, de Coordenações da Secretaria
Especial de Saúde Indígena - Sesai e da Subsecretaria de Assuntos Administrativos - SAA,
conforme exposto no quadro a seguir:

Quadro 1 - Cronologia dos atos/fatos


Data Ato / Fato
20/12/2018 Assinatura dos Estudos Preliminares da Contratação (SEI nº 7016714);
Assinatura do Projeto Básico (SEI nº 7016782) pelo Chefe do Selog
21/12/2018 Solicitação de proposta de preço para cinco empresas: Cleiton Táxi Aéreo Ltda.,
Aerobran Táxi Aereo Ltda., Ortiz Táxi Aéreo Ltda., Rio Acre Táxi Aéreo e Voare Táxi
Aéreo Ltda.
28/12/2018 Inclusão, no SEI, das propostas das empresas Rio Acre Táxi Aéreo, Cleiton Táxi Aéreo
Ltda. e Voare Táxi Aéreo Ltda.
Assinatura do Projeto Básico (SEI nº 7016782) pelo então Coordenador Distrital de
Saúde Indígena
31/12/2018 Assinatura do Mapa de Apuração (SEI nº 7327910)
03/01/2019 Encaminhamento do processo para emissão de parecer jurídico
28/01/2019 Encaminhamento ao DSEI-Y do Parecer nº 027/2019/CJU-RR/CGU/AGU (SEI nº
7695563), no qual a Advogada da União opinou pela legalidade da contratação
pretendida, após o atendimento de ressalvas apontadas

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Data Ato / Fato
27/03/2019 Informação de providências adotadas para atendimento das ressalvas apontadas
no Parecer nº 027/2019/CJU-RR/CGU/AGU (SEI nº 7695563), por meio do Despacho
YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 8541417)
28/03/2019 Encaminhamento do processo à Sesai para verificação de disponibilidade
orçamentaria e posterior autorização de governança, por meio do Despacho
YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 8558742)
01/04/2019 Encaminhamento do processo à Coordenação Geral de Planejamento e Orçamento
- CGPO para verificação de disponibilidade orçamentaria, por meio do Despacho
SESAI/MS (SEI nº 8617636)
05/04/2019 Encaminhamento do processo ao Departamento de Gestão da Saúde Indígena -
Dgesi para análise de mérito, por meio do Despacho SESAI/CGPO/SESAI/MS (SEI nº
8711443)
12/04/2019 Emissão do Despacho DGESI/SESAI/MS (SEI nº 8798365) com análise da instrução
processual e várias considerações e recomendações
16/04/2019 Encaminhamento, por meio do Despacho SESAI/MS (SEI nº 8840744), do processo
ao DSEI-Y para observar recomendações deste despacho e do Despacho DGESI (SEI
nº 8798365)
22/04/2019 Assinatura de novos Mapa de Apuração (SEI nº 8881074) e Projeto Básico (SEI nº
8897103)
Emissão de Autorização (SEI nº 8897491) pelo então Coordenador Distrital de Saúde
Indígena, aprovando o Projeto Básico
Assinatura de novos Estudos Preliminares da Contratação (SEI nº 8900706)
Informação de providências adotadas para atendimento das recomendações do
Despacho SESAI (SEI nº 8840744), por meio do Despacho
YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 8890847)
Encaminhamento do processo à Sesai para autorização, por meio do Despacho
YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 8925675)
08/05/2019 Encaminhamento do processo ao Dgesi para reanálise de mérito, por meio do
Despacho SESAI/MS (SEI nº 9013304)
16/05/2019 Encaminhamento do processo ao DSEI-Y para atender recomendações, pois a
instrução processual se encontrava parcialmente adequada, conforme Despacho
DGESI/SESAI/MS (SEI nº 9272876)
23/05/2019 Informação de providências adotadas para atendimento das recomendações do
Despacho DGESI (SEI nº 9272876), por meio do Despacho
YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 9370069)
Encaminhamento do processo à Sesai para reanálise e autorização superior, por
meio do Despacho YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 9410974)
02/07/2019 Informação de que a instrução processual se encontrava adequada, conforme
Despacho COBIES/DASI/SESAI/MS (SEI nº 9918814)
Encaminhamento do processo à SAA para autorização de governança
05/07/2019 Encaminhamento do processo à Sesai e ao DSEI-Y para complementação da
instrução processual, conforme Despacho SAA/SE/MS (SEI nº 10041657)
11/07/2019 Assinatura das Notas Técnicas nº 13/2019 (SEI nº 10086997) e 14/2019 (SEI nº
10100085) pelo então Coordenador Distrital de Saúde Indígena
Assinatura do Despacho COBIES/DASI/SESAI/MS (SEI nº 10100494) pelo
Coordenador de Apoio à Gestão de Bens, Serviços e Insumos Estratégicos de Saúde
- Substituto, encaminhando o processo à CGPO para manifestação quanto à
disponibilidade orçamentaria

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Data Ato / Fato
12/07/2019 Assinatura das Notas Técnicas nº 13/2019 e 14/2019 pelo Chefe do Selog
Assinatura do Despacho COBIES/DASI/SESAI/MS (SEI nº 10100494) pela Diretora do
Departamento de Atenção à Saúde Indígena
Encaminhamento das Notas Técnicas nº 13/2019 e 14/2019 ao DSEI-Y para
considerações e posterior envio à Coordenação de Apoio à Gestão de Bens, Serviços
e Insumos Estratégicos de Saúde - Cobies, conforme Despacho
YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 0010185860)
15/07/2019 Solicitação de correção da Nota Técnica 14 (SEI nº 10100085), por meio do
Despacho SESAI/CGPO/SESAI/MS (SEI nº 0010212165)
Encaminhamento do processo à Cobies para reanálise e autorização, por meio do
Despacho YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 0010216330)
Fonte: Processo nº 25064.002895/2018-31 no SEI-DSEI/YANOMAMI (acesso externo concedido em 31 de
outubro de 2019, com validade até 29 de janeiro de 2020).

Após todos esses trâmites administrativos, em 26 de julho de 2019, sete meses após o
início do processo, o atual Coordenador Distrital de Saúde Indígena solicitou à Secretária
Especial de Saúde Indígena o cancelamento do Processo nº 25064.002895/2018-31 e
autorização para abertura de um novo procedimento, visto que as propostas obtidas
estavam vencidas, conforme Ofício nº 528/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº
10468380, originalmente nº 0010421433 no Processo nº 25064.001238/2019-57):

“6 – Dentre as providências à cargo deste DSEI e durante a composição do


processo a ser submetido ao Parecer da AGU, foram juntadas as propostas
das seguintes empresas:
- CLEITON TAXI AEREO LTDA;
- AEROBAN TÁXI AÉREO LTDA;
- ORTIZ TAXI AEREO LTDA;
- RIO ACRE TAXI AEREO LTDA; e
- VOARE TRAXI AEREO LTDA.

7 - Em atendimento a consulta realizada apenas três empresas responderam


as propostas formuladas, quais sejam:
- RIO ACRE TAXI AEREO LTDA;
- CLEITON TAXI AEREO LTDA; e
- VOARE TRAXI AEREO LTDA.

Vale observar que todas as propostas tem o prazo de validade de 60


(sessenta) dias após a sua emissão, portanto, e diante da não possibilidade
de contratação, por não terem sido renovados prazos de vencimento e
aceite perante este DSEI, todas perderam a sua efetividade e ainda a
necessidade de revisão criteriosa das exigências dos termos de referência.

8 - Os fatos que levaram a instauração do procedimento de contratação por


dispensa de licitação com base no artigo 24, inciso IV da Lei nº 8.666/93, se
mantem e são graves e repugnados pela administração pública federal e
demais esferas de governo, pois passaram a gerar dívidas sem prévio
procedimento licitatório (reconhecimento de dívida), razão pela qual torna-
se imperioso e de forma imediata a renovação dos procedimentos

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necessários a futura contratação, nos termos legais pretendidos. É necessário
esclarecer que após a emissão de parecer favorável pelo órgão de consultoria
jurídica da união todas as providências à cargo deste DSEI foram adotadas, no
entanto, até a presente data e nos termos do contido as folhas 747 do
processo administrativo de gestão, o Órgão Central de Governança tem a
obrigação de adoção de providências necessárias a autorização para a
celebração do contratado nos termos do Parecer emitido pela AGU, o que
torna imperiosa as providências para que sejam sanadas as possíveis
irregularidades administrativas.

9 - Em conclusão e diante dos fatos acima relatados e da continuidade da


situação que gerou a necessidade de instauração do procedimento por
dispensa de licitação, o qual recebeu, à época, parecer favorável do Órgão de
Assessoria Jurídica da União, bem como, pelo perecimento pelo decurso de
prazo da validade das propostas de preços, todas com valores praticados no
mercado local para os serviços a serem contratados, torna-se necessário
encerramento do presente processo, por não atingimento do seu objetivo e
adoção de providências a cargo deste Distrito para a instauração de novo
processo com o mesmo objetivo, juntamente com a instauração de processo
licitatório regular, na modalidade pregão eletrônico, do tipo menor preço.

10-De tudo que foi exposto solicito de Vossas Gestões no sentido de autorizar
a instauração de dispensa de Licitações, pelos motivos abaixo dispostos:
a) A Não existência de contrato para horas vôo;
b) A Possibilidade eminente de comprometimento da segurança e da vida
humana;
c) A Necessidade de revisão do Termo de Referência do processo citado
neste documento e do vencimento das propostas.

11-Por derradeiro solicito cancelar o processo Emergencial em comento e


autorizar a abertura de um novo pelos motivos citados.”

Observa-se que os motivos para o cancelamento do processo foram as propostas


vencidas e a necessidade de revisão criteriosa das exigências do termo de referência.
Todavia, considerando que se tratava de contratação emergencial e que o processo já
havia sido analisado pela Consultoria Jurídica da União no Estado de Roraima, pelo
Dgesi, pela SAA e pela Cobies, poderia ter sido apenas solicitada revalidação das
propostas e ter deixado a revisão do termo de referência para o processo licitatório que
estava em andamento.

No entanto, após a solicitação de cancelamento do Processo nº 25064.002895/2018-31,


o Chefe da Seção de Operações do DSEI-Y solicitou, em 31 de julho de 2019, por meio
do Documento de Formalização da Demanda (SEI nº 0010488296), autorização para a
abertura de novo processo para a contratação na forma emergencial de serviços de
fretamento de aeronaves.

Na mesma data, o Chefe do Selog emitiu o Parecer nº 1/2019-


YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 0010489910), no qual foi
favorável à contratação emergencial de serviços de horas de voo, tendo em vista a
inexistência de contrato para tal finalidade. Em seguida, o Chefe do Selog expediu
Despacho solicitando autorização para abertura de processo.

10
Ainda no dia 31 de julho, o Coordenador Distrital de Saúde Indígena do DSEI-Y deferiu a
abertura de processo, por meio do Ofício nº 576/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI
nº 0010491019). Assim, foi iniciado o Processo nº 25064.001294/2019-91 para
contratação emergencial de serviços de fretamento de aeronaves.

Destaca-se que um dos motivos para o cancelamento do Processo nº


25064.002895/2018-31 foi “a necessidade de revisão criteriosa das exigências dos
termos de referência”, conforme o citado Ofício nº
528/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS. Entretanto, os Estudos Preliminares da
Contratação (SEI nº 0010491328) do Processo nº 25064.001294/2019-91 tem data de
31 de julho de 2019 e a Minuta do Projeto Básico (SEI nº 0010491554) foi assinada nessa
mesma data. Assim, a revisão criteriosa do termo de referência foi realizada em apenas
cinco dias (26 a 31 de julho de 2019).

Contudo, constata-se que não houve alterações relevantes nos Estudos Preliminares da
Contratação do processo anterior e o do mais novo. A modificação mais relevante foi no
objeto, com a inclusão de transporte aeromédico e outras especificações das aeronaves,
conforme transcrições a seguir:

“1.1.1. Contratação na forma Emergencial de serviços de fretamento de


aeronaves monomotor para transporte de pessoas, pacientes, equipes de
saúde, cargas comuns, cargas perigosas e demais missões referente a saúde
indígena para atender o Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami.” (SEI
n° 8900706)

“1.1.1. Contratação na forma Emergencial de serviços de horas de vôo de


Empresa Aérea na modalidade de Táxi Aéreo brasileiro (AERONAVE
MONOMOTOR E\OU MULTIMOTOR TIPO I), regidas pelo RABC 135, RBAC 175,
Portaria nº 190/GC-5, RBAC 145, Portaria 466/SPL, com apresentação do
Certificado ETA (Empresa de Transporte Aéreo) e EO (Especificações
Operativas). Com capacidade mínima de passageiros - 05 (cinco) passageiros
e 01 (um) tripulante, transporte aeromédico conforme preconiza a IAC Nr
31340799, Transporte de Carga Comum e\ou perigosa em quantidade
conforme manual do fabricante da aeronave para operações sob regras de
vôo visuais. Velocidade de Cruzeiro mínima - 200 (duzentos) Km/h.
Homologação na categoria TPX para Transporte aeromédico, de passageiros,
cargas e cargas perigosas referente a saúde indígena para atender o Distrito
Sanitário Especial Indígena Yanomami.” (SEI nº 0010491328)

Quanto ao Projeto Básico do Processo nº 25064.002895/2018-31 (SEI nº 8897103), este


sofreu várias modificações significativas, com a exclusão de exigências importantes
como o item “10. HABILITAÇÃO”, no qual estão relacionados os documentos necessários
para a habilitação das empresas interessadas. No novo Projeto Básico (SEI nº
0010561997) não consta essa documentação.

Constatou-se também que o item “3. FORMA DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS” do Projeto
Básico (SEI nº 8897103) foi transformado no item “4.2. DETALHAMENTO DA
METODOLOGIA DE EXECUÇÃO/ENTREGAS” no Projeto Básico (SEI nº 0010561997).
Entretanto, no anterior (SEI nº 8897103) constavam procedimentos a serem observados
para a solicitação dos serviços pelo DSEI-Y e para a execução pela empresa contratada
que foram excluídos do Projeto Básico (SEI nº 0010561997), tais como:
11
a) a expedição de Ordem de Missão pela contratante anterior aos deslocamentos
das aeronaves (item 3.1.1);
b) a forma de registro das horas de voo (item 3.1.2);
c) a operacionalização e as condições das aeronaves da contratada (itens 3.1.4 a
3.1.10);
d) o limite de bagagem por passageiro (item 3.1.14);
e) o modo de transportar artigos perigosos e cargas (itens 3.1.15 a 3.1.17);
f) os casos de urgência e emergência (item 3.1.18).

Do item “5. REQUISITOS DA CONTRATAÇÃO” do Projeto Básico (SEI nº 8897103) foram


excluídos os subitens 5.1.2 a 5.2.5.7, que estabeleciam exigências importantes para a
empresa contratada, como por exemplo:

a) manter equipamentos, pilotos e aeronaves disponíveis para operar em qualquer


dia da vigência do contrato inclusive sábados, domingos e feriados (item 5.1.21);
b) adotar formulário específico de controle de voo que conste a hora de
acionamento e corte do motor (item 5.1.23);
c) disponibilizar veículos tipo van e caminhão para apoio logístico no translado de
passageiros e cargas (item 5.1.41);
d) dispor no hangar de espaço coberto suficiente para a logística de 2.000 kg por
dia de carga a ser embarcada (item 5.1.46);
e) serviço de rastreamento e monitoramento de aeronaves contratado pela
empresa (item 5.2).

Assim, o Contrato nº 10/2019, só foi firmado em 17 de agosto de 2019, e a contratação


de serviços de horas de voo foi postergada por aproximadamente mais um mês, devido
a uma revisão do termo de referência que excluiu exigências importantes e só incluiu
transporte aeromédico no objeto, cuja ausência não foi mencionada no Ofício nº
528/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS como motivo para o cancelamento do Processo
nº 25064.002895/2018-31.

2. Escolha do fornecedor realizada antes da conclusão da


elaboração do Projeto Básico.
No subitem 3.7.1, do item “3.7. RAZÃO DA ESCOLHA DO FORNECEDOR OU EXECUTANTE”
do Projeto Básico (SEI nº 0010561997), assinado eletronicamente em 6 de agosto de
2019, consta que:

“3.7.1. A habilitação do fornecedor está em consonância com a legislação em


vigor, tendo em vista o fornecedor ter oferecido a proposta mais vantajosa
para essa administração.”

Entretanto, o próprio Projeto Básico se contradiz no item 8.3.3:

12
“8.3.3. Por tratar-se de contratação emergencial, a análise da proposta mais
vantajosa para administração será realizada em etapa posterior a este projeto
básico.”

A IN/MP nº 5/2017, art. 20, estabeleceu que o projeto básico é uma etapa do
planejamento da contratação, III. Já a fase de seleção do fornecedor inicia-se com o
encaminhamento do projeto básico ao setor de licitações, conforme art. 33, da citada
IN/MP. Portanto, o fornecedor não deveria ter sido selecionado antes de o projeto
básico ter sido concluído.

O próprio gestor faz distinção entre a fase de planejamento da contratação e a de


seleção do fornecedor, conforme Ofício nº 606/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI
nº 0010515476), de 1º de agosto de 2019, em resposta à solicitação de cópia integral
do processo de contratação emergencial, requerida pela empresa Voare Táxi Aéreo
Ltda.:

“1 - Trata-se de contratação em caráter emergencial conforme inciso VI do


art. 24 da Lei 8.666/93 que encontra-se em fase interna de contratação;

2 - Conforme preconiza o parágrafo 1º do inciso V do art. 15 da Lei 8.666/93,


‘O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado’.

3 - A jurisprudência do TCU, a exemplo dos Acórdãos 3.506/2009-1a Câmara,


1.379/2007-Plenário, 568/2008-1a Câmara, 1.378/2008-1a Câmara,
2.809/2008-2a Câmara, 5.262/2008-1a Câmara, 4.013/2008-1a Câmara,
1.344/2009-2a Câmara, 837/2008-Plenário e 3.667/2009-2a Câmara, é no
sentido de que a realização de pesquisa de preços de mercado, previamente
à fase externa da licitação, é uma exigência legal para todos os processos
licitatórios, inclusive para os casos de dispensa e inexigibilidade, consistindo
essa pesquisa de um mínimo de três orçamentos de fornecedores distintos.

4 - Considerando que a dispensa do processo licitatório encontra-se em fase


interna, portanto anterior ao objeto peticionado por esta empresa;

5 - Considerando ainda que ao ofício supracitado foi anexada a minuta do


Projeto básico onde constam todas as informações necessárias para a
formulação de proposta por parte da empresa requisitada via ofício Ofício nº
584/2019YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS;

6 - Ainda, o atendimento a presente solicitação, nesta fase, implicaria em


quebra de sigilo de proposta conforme Acórdão n.º 2725/2010-Plenário, TC-
009.422/2010-2, rel. Min. Valmir Campelo, 13.10.2010:

[...]

7 - Ademais, a cópia integral objeto demandado pela empresa, será


disponibilizada ao público após a publicação do ato.”

Contudo, em 5 de agosto de 2019, antes da assinatura do Projeto Básico, o Coordenador


Distrital de Saúde Indígena do DSEI-Y, por meio do Ofício nº
610/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 0010545285), solicitou à empresa
Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.:

13
“Considerando que a 1ª colocada não apresentou habilitações exigidas na
minuta do projeto básico, este coordenador solicita a empresa PIQUIATUBA
TÁXI AÉREO LTDA, sobre a possibilidade de melhoria da proposta
inicialmente apresentada pela empresa supracitada, até às 14:00 do dia
05/08/2019, afim de subsidiar decisão quanto a proposta mais vantajosa
para administração.”

Em resposta, a empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. enviou o OF. nº 08/2019-DC/PQB


(SEI nº 0011273583), de 5 de agosto de 2019, com proposta de um valor unitário de R$
2.340,00. Esse valor de R$ 2.340,00 consta na tabela do item 5.1 do Projeto Básico,
referente à dotação orçamentária para atender às despesas.

Ressalta-se que a Análise nº 1/2019-YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS


(SEI nº 0010584268), referente à avaliação das propostas e documentações
apresentadas pelas empresas, só foi assinado em 6 de agosto de 2019. Mesma data de
assinatura do Projeto Básico.

Nesse documento consta que a menor proposta foi de R$ 2.349,00, apresentada pela
empresa Voare Táxi Aéreo Ltda., e que a segunda classificada foi de R$ 2.350,00,
apresentada pela empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. No entanto, o motivo para
inabilitar a empresa Voare Táxi Aéreo Ltda. foi a não apresentação de atestado de
capacidade técnica e a comprovação da falta de capacidade para a prestação dos
serviços aeromédicos, por meio de pesquisa, feita pelo DSEI-Y, no Sistema de Consulta
de Táxi Aéreo da ANAC.

Contudo, na minuta do Projeto Básico, encaminhada às empresas junto aos ofícios com
a solicitação de propostas, não constam os documentos necessários para habilitação das
empresas. Da mesma forma, no Projeto Básico não consta a exigência de apresentação
de documentos para habilitação. Somente nos Estudos Preliminares da Contratação
constam os requisitos da contratação, mas esse documento não foi enviado às
empresas. Desse modo, a empresa Voare Táxi Aéreo Ltda. não deveria ter sido
inabilitada ainda nessa fase do processo.

Além disso, quando o gestor solicitou nova da proposta à empresa Piquiatuba Táxi Aéreo
Ltda. incorreu em quebra de sigilo de proposta, conforme ele mesmo explanou no
parágrafo 6 do Ofício nº 606/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, transcrito
anteriormente.

Portanto, conclui-se que a empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. foi escolhida como
prestadora do serviço antes da conclusão da elaboração do Projeto Básico.

No quadro a seguir foram relacionados os atos/fatos em ordem cronológica para melhor


compreensão.

Quadro 2 - Cronologia dos atos/fatos


Data / Horário Ato / Fato
31/07/2019 Abertura do Processo nº 25064.001294/2019-91

14
Data / Horário Ato / Fato
31/07/2019 Assinatura da minuta do Projeto Básico (SEI nº 0010491554)
01/08/2019, das Assinatura dos ofícios com solicitação de proposta de preço para as empresas
16:44 até às 17:57
01/08/2019, às Assinatura do Ofício nº 606/2019 (SEI nº 0010515476), em resposta à solicitação
19:46 de cópia integral do processo de contratação emergencial, requerida pela
empresa Voare Táxi Aéreo Ltda.
02/08/2019 Proposta (SEI nº 0010548035) da empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.
03/08/2019 Proposta (SEI nº 0010548088) da empresa Voare Táxi Aéreo Ltda.
05/08/2019, às Assinatura do Ofício nº 610/2019, solicitando à empresa Piquiatuba Táxi Aéreo
11:03 Ltda. melhoria da proposta inicialmente apresentada
05/08/2019 A empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. enviou o OF. nº 08/2019-DC/PQB (SEI nº
0011273583) em resposta ao Ofício nº 610/2019
05/08/2019, a Assinatura dos “Estudos Preliminares da Contratação” (SEI nº 0010491328)
partir das 16:03
06/08/2019, às Assinatura do Projeto Básico (SEI nº 0010561997)
18:34
06/08/2019, às Assinatura da Análise nº 1/2019 (SEI nº 0010584268)
18:44
Fonte: Processo nº 25064. 001294/2019-91 no SEI-DSEI/YANOMAMI (acesso externo concedido em 10 de
outubro de 2019, com validade prorrogada até 14 de março de 2020).

3. Contratação de transporte de passageiros, de cargas e


aeromédico em um único lote.
Na justificativa do Projeto Básico da Dispensa de Licitação nº 1/2019 consta que, além
de atender a demandas de urgências e emergências médicas, seria necessário o
transporte aéreo de pessoas e cargas para atender o cronograma de entrada e saída de
equipes. Contudo, o citado Projeto Básico não separou em lotes a contratação do
transporte de passageiros, de cargas e aeromédico.

Por meio da Manifestação, anexa ao Ofício nº 1199/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS,


de 25 de outubro de 2019, o Coordenador Distrital de Saúde Indígena do DSEI-Y
informou que:

“No que concerne à segunda questão referente à unificação do objeto da


Dispensa de Licitação nº 1/2019, cumpre esclarecer inicialmente que, na
concepção de homem médio deste coordenador, recém-empossado no cargo
de uma instituição cuja missão fundamental é a atenção à saúde, a
modalidade aero médica não poderia estar dissociada das outras, passageiros
e cargas, pelo menos na circunstância emergencial deste caso concreto.

Por conseguinte, havia fundado receio de que um eventual item isolado de


aero médico restasse deserto ou fracassado, como ocorrera no Item 3 do
Pregão Eletrônico 30/2012, objeto do Processo nº 25064.000490/2012-42.

15
Desta forma, vislumbrou-se que excepcionalmente e em caráter emergencial
o objeto poderia ser único, desde que ao final do chamamento a contratação
se demonstrasse vantajosa, como de fato oportunamente se comprovou.

No mérito, cabe salientar que a Lei nº 8.666/93 em seu inciso IV do art. 24


afasta a legalidade estrita quanto à exigência constitucional da licitação, toda
vez que a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens,
públicos ou particulares esteja em perigo.

Desta feita, este coordenador entende que também poderia ser dispensável
o parcelamento do objeto em razão do estado de necessidade que a
circunstância apresentava.

(...)

Portanto, com o objetivo de manter o atendimento à saúde dos


administrados com dignidade, qualidade e eficiência, a unificação do objeto
buscou atender estritamente ao interesse público.

Por fim, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração restou


comprovada pelo valor contratado, em comparação aos preços praticados no
mercado e pela inclusão do serviço aero médico e aeronave de maior
capacidade de cargas e passageiros sem custo adicional.”

Apesar da explicação do gestor, o prestador de serviço foi selecionado antes da


conclusão da elaboração do Projeto Básico, como constatado no Achado 2. Além disso,
as pesquisas no Sistema de Consulta de Táxi Aéreo da ANAC (SEI nº 0010569535 e
0010569580) demonstram que somente a empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. tinha
aeronaves credenciadas para aeromédico. Essas consultas foram feitas pelo DSEI-Y, em
3 de agosto de 2019, antes da assinatura do Projeto Básico (SEI nº 0010561997), que foi
em 6 de agosto de 2019.

Diante dessas constatações apontadas de seleção de fornecedor ainda na etapa de


planejamento e da opção de lote único (incluindo aeromédico) evidencia-se que a
contratação de transporte de passageiros, de cargas e aeromédico foi direcionada para
inabilitar a empresa Voare Táxi Aéreo Ltda, em favor da contratação da empresa
Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.

4. A nova licitação para contratação de serviços de horas de voo


será realizada pela Secretaria de Saúde Indígena - Sesai.
Com relação à nova licitação para contratação de serviços de horas de voo, por meio da
Solicitação de Auditoria nº 201902638-02 foi perguntado ao DSEI-Y se o processo do
certame já havia iniciado e se seria concluído em até 180 dias da caracterização da
situação de emergência.

Em resposta o Coordenador Distrital de Saúde Indígena do DSEI-Y informou, por meio


do Ofício nº 1161/2019/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de outubro de 2019, que a

16
Secretaria de Saúde Indígena - Sesai e o Ministério Público Federal celebraram, em 22
de julho de 2019, um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, no qual se
comprometem na Cláusula Primeira:

“b) Centralizar e instruir os procedimentos de licitação relacionados à


contratação dos serviços de transporte terrestre, de transporte aéreo e de
fornecimento de alimentação que atendam à Secretaria de Saúde Indígena
(SESAI) e seus correspondentes Distritos Sanitários Especiais Indígenas
(DSEI's), em até 150 dias;

b.1) Antes da realização das licitações em âmbito central, será dado


conhecimento aos DSEIs e aos CONDISIs, via e-mail institucional;

b.2) Após a realização das licitações em âmbito central, os processos poderão


ser sub-rogados para os respectivos DSEI’s para a realização da execução dos
contratos, sendo o controle social informado do resultado dos procedimentos
licitatórios e do início da execução, via e-mail institucional;”

Ainda foi informado que o referido TAC se encontra nos autos do Processo SEI nº
25000.117784/2019-53, anexo 0010378803.

Portanto, a realização da nova licitação não está mais sob a responsabilidade da


Coordenação do DSEI-Y.

5. Fragilidade no controle das horas de voo.


O Contrato nº 10/2019 (SEI nº 0010767841), assinado eletronicamente em 17/08/2019,
tem como objeto, conforme sua Cláusula Primeira:

“1.1.O objeto do presente instrumento é a contratação de serviços de


serviços de horas de voo de Empresa Aérea na modalidade de Táxi Aéreo
brasileiro (AERONAVE MONOMOTOR E\OU MULTIMOTOR TIPO I), regidas
pelo RABC 135, RBAC 175, Portaria nº 190/GC-5, RBAC 145, Portaria 466/SPL,
com apresentação do Certificado ETA (Empresa de Transporte Aéreo) e EO
(Especificações Operativas). Com capacidade mínima de passageiros - 05
(cinco) passageiros e 01 (um) tripulante, transporte aeromédico conforme
preconiza a IAC Nr 31340799, Transporte de Carga Comum e\ou perigosa em
quantidade conforme manual do fabricante da aeronave para operações sob
regras de vôo visuais. Velocidade de Cruzeiro mínima - 200 (duzentos) Km/h.
Homologação na categoria TPX para Transporte aeromédico, de passageiros,
cargas e cargas perigosasreferente a saúde indígena para atender o Distrito
Sanitário Especial Indígena Yanomami., que serão prestados nas condições
estabelecidas no Projeto Básico.”

Nos Processos nº 25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37 constam nove notas


fiscais emitida pela empresa contratada Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda., referentes à
execução dos serviços objeto do referido contrato:

17
Tabela 1 - Notas fiscais emitida pela Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.
Nota Fiscal Data da NF Período de Execução Valor da Hora Horas Valor da NF
Voadas
2031 02/09/2019 18 a 31/08/2019 2.340,00 278:34 651.846,00
2042 26/09/2019 01 a 20/09/2019 2.340,00 434:52 1.017.588,00
2047 15/10/2019 21 a 30/09/2019 2.340,00 242:03 566.397,00
2050 22/10/2019 01 a 20/10/2019 2.340,00 590:40 1.382.160,00
2064 06/11/2019 21 a 31/10/2019 2.340,00 349:38 818.142,00
2067 22/11/2019 01 a 20/11/2019 2.340,00 560:46 1.312.194,00
2072 03/12/2019 21 a 30/11/2019 2.340,00 219:21 513.279,00
2077 20/12/2019 01 a 19/12/2019 2.340,00 438:41 1.026.519,00
2083 30/12/2019 20 a 29/12/2019 2.340,00 287:36 672.984,00
Total 7.961.109,00
Fonte: Processos nº 25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37 no SEI-DSEI/YANOMAMI
(acesso externo concedido em 14 de outubro de 2019, com validade prorrogada até 14 de março
de 2020).

Foram selecionadas para amostra as Notas Fiscais nº 2031 a 2067, cujo montante é de
R$ 5.748.327,00, representando 72,21% do somatório total de todas notas fiscais.

Para a execução dos serviços o DSEI-Y emite a Ordem de Missão Aérea - OMA e o registro
das horas de saída e chegada em cada localidade é feito pelos pilotos no Relatório de
Entrada e Saída de Pessoal e/ou Carga na Área Indígena Yanomami. Os dados desse
documento são consolidados por um funcionário da empresa contratada no Relatório
de Voo.

Nos Atestos (SEI nº 0011625166, 0011874706, 0012049655 e 0012390222) do Fiscal do


Contrato, são citados apenas as Ordens de Missão Aérea (OMA) e os Relatórios de Voo
dos pilotos como comprovantes da execução dos serviços. Não há menção aos relatórios
de monitoramento, apesar de haver um contrato vigente para rastreamento e
monitoramento de aeronaves que visava dar mais segurança e eficiência na fiscalização
do contrato de fretamento de aeronave.

Nos Processos nº 25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37 também não


constam relatórios de monitoramento das aeronaves. Assim, a única fonte de
informação sobre a rota realizada, o tempo de duração de cada trecho percorrido vem
dos próprios pilotos, fragilizando o controle sobre a execução dos serviços.

Como exemplo pode-se citar a OMA nº 0210 (SEI nº 0012024781), na qual consta que
foi acrescentada pela Piquiatuba uma perna para Demini, que não estava prevista, para
abastecer o avião. No Relatório de Voo nº 0465 (SEI nº 12184112) não foi discriminada
essa perna, ficando da seguinte forma:

Quadro 3 - Relatório de Voo nº 0465, referente à OMA nº 0210


Trecho Saída Chegada Duração
Boa Vista - Demini 10:30 12:10 1:40
Demini - Xihupi 12:14 12:44 0:30
Xihupi - Toototobi 12:47 13:12 0:25
Toototobi - Araca 13:15 13:51 0:36
Araca - Baixo Catrimani 13:54 15:06 1:12
Baixo Catrimani - Boa Vista 15:15 16:38 1:23

18
Trecho Saída Chegada Duração
Total de horas 5:46
Fonte: OMA nº 0210 (SEI nº 0012024781), Relatório de Voo nº 0465 (SEI nº 12184112).

Entretanto, no Relatório de Entrada e Saída (SEI nº 12184112) consta que essa perna
para Demini foi feita depois da ida para Araca, mas não conta a hora de saída de Demini
nem a de chegada em Baixo Catrimani, conforme a seguir:

Quadro 4 - Relatório de Entrada e Saída, referente à OMA nº 0210


Trecho Saída Chegada Duração
Boa Vista - Demini 10:30 12:10 1:40
Demini - Xihupi 12:14 12:44 0:30
Xihupi - Toototobi 12:47 13:12 0:25
Toototobi - Araca 13:15 13:51 0:36
Araca – Demini 13:54 ?
Demini - Baixo Catrimani 15:06 ?
Baixo Catrimani - Boa Vista 15:15 16:38 1:23
Fonte: OMA nº 0210 (SEI nº 0012024781), Relatório de Entrada e Saída (SEI nº 12184112).

Não consta se o tempo de abastecimento foi descontado.

6. Contratação de serviço de monitoramento de aeronave que se


se demonstrou ineficiente anteriormente
O Processo nº 25064.000150/2018-37 foi iniciado em 5 de fevereiro de 2018 com o
Memorando nº 2/2018/YANOMAMI/SELOG/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº
2395388), por meio do qual o Chefe do Serviço de Recursos Logísticos - Selog solicitou
autorização para abertura de processo para contratação de empresa para realização de
monitoramento de aeronave por meio de sistema hibrido, satelital e GSM. Anexo ao
memorando foi inserida a Justificativa (SEI nº 2397670), na qual o Chefe do Selog
explicou:

“2.8 A contratação do serviço de monitoramento de aeronaves visa dar mais


segurança e eficiência na fiscalização do contrato de fretamento de aeronave
com referência a quantidade de horas voadas, mapa do percurso, identificar
com precisão a rota realizada, data e horário do deslocamento, tempo de
duração de cada trecho percorrido, entre outras informações imprescindíveis
a comprovação incontestável da efetiva prestação do serviço em questão e
até mesmo evitar desvio de rotas.

2.9 A solicitação visa também, a substituição do Contrato nº 25/2013 de


prestação de serviço de monitoramento de aeronaves que tem como vigência
final 13/05/2018.”

Entretanto, no Ofício nº 764/GAB-DSEI-Y/SESAI/MS, de 14 de junho de 2017, referente


à manifestação do gestor quanto à constatação “2.1.11. Ineficácia do Sistema de
Monitoramento no registro das horas de voo realizadas pelas aeronaves contratadas”
do Relatório de Demandas Externas nº 201600202, foi informado:

19
“Durante a vigência do contrato, este sistema na prática se demonstrou
ineficiente para se aferir o trajeto em tempo real do voo e passou a ser
utilizado, quando não falha, para constatar a realização do voo e nunca como
controle para fins de pagamento.

Verificou-se também que o sistema está sujeito a várias interferências e


bloqueios, o que impede a precisão do monitoramento.”

Tendo em vista que o próprio gestor do DSEI-Y afirmou que o monitoramento era
ineficiente, mesmo assim foi realizada licitação para contratar esse serviço novamente,
foi solicitada justificativa por meio da Solicitação de Auditoria nº 201902638-08, de 21
de janeiro de 2020.

Em 10 de fevereiro de 2020, o gestor apresentou a seguinte justificativa, conforme


Ofício nº 227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS:

“2. Considerando o item 1 que faz referência ao Processo nº


25064.000150/2018-37 cuja a Justificativa contida no Termo de Referência se
faz em torno de que a contratação: ‘dará mais segurança e eficiência na
fiscalização do contrato de fretamento de aeronave...’. Por conseguinte,
foram observadas algumas falhas quanto ao sistema de monitoramento. Não
há o que se falar no que tange ao dever que a administração pública tem de
rever os seus próprios atos, desde que não venha cercear o direito da
empresa de se justificar, visto que, no item 10 OBRIGAÇÕES DA
CONTRATADA:

3. ‘10.2 Reparar, corrigir, remover ou substituir, às suas expensas, no


total ou em parte, no prazo fixado pelo fiscal do contrato, os serviços
efetuados em que se verificarem vícios, defeitos ou incorreções resultantes
da execução ou dos materiais empregados’. Insta salientar que, há de se
respeitar o Art. 5º LV da Constituição Brasileira assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. Tendo em vista a
necessidade de ajustes ou correção no sistema de monitoramento foi enviado
o OFÍCIO Nº 109/2018/SELOG/DSEI-Y/SESAI/MS de 30 de janeiro de 2018,
contidos no processo 25064.000326/2013-46 , anexo volume 03 , p. 50 e 51
(0012342131) notificando a empresa RADIONET LTDA EPP para manifestação
acerca de falhas no sistema de monitoramento.”

Anexa ao Ofício nº 227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, foi encaminhada cópia


digitalizada do Volume 3 do Processo nº 25064.000326/2013-46. Às fls. 452 deste
processo, consta o Ofício nº 109/2018/SELOG/DSEI-Y/SESAI/MS, no qual a empresa
Radionet Ltda. foi notificada por falhas na execução do Contrato nº 25/2013:

“O sistema disponibilizado deixa de apresentar algumas informações


conforme abaixo:

• Relatório de Operação - apresenta informações incompletas, não


apresenta precisão na hora da decolagem e pouso, não apresenta
tempo de voo correto.
• Relatório de Posição - o sistema não atualiza a cada 20 segundos
deixando de demonstrar a localização correta do voo.
• Mapa de Operação - deixa de apresentar o itinerário correto dos
voos.

20
Diante do exposto, solicitamos que sejam corrigidas as falhas do sistema no
prazo de 05 dias para que assim possamos aferir todas as informações
necessárias dos voos contratados por este DSEI, não sendo atendida a
solicitação serão aplicadas as sanções previstas no edital e contrato.”

Em 5 de fevereiro de 2018, a empresa Radionet Ltda. respondeu que havia corrigido as


falhas encontradas (fls. 453):

“Em resposta ao seu ofício supracitado informamos que: as posições das


aeronaves são recebidas pelos satélites de comunicação e retransmitidas
para a Sede da Orbcom (Skyware), empresa responsável pelo serviço de
comunicação via satélite, sendo retransmitidas automaticamente para nossa
base de dados via internet, justamente na conexão entre o nosso serviço de
rastreamento e o da Orbcom encontramos falha na conexão de tal forma que
as posições das aeronaves não estavam sendo processadas e inseridas em
nossa base, tendo nossa área de TI reprocessado estas posições.

Além do citado acima, encontramos no relatório de posição filtros de


velocidade que impediam a visualização das posições das aeronaves, estes
filtros foram reconfigurados.

No que tange a integração com a Orbcom e o software de rastreamento,


acreditamos que os ajustes foram realizados, entretanto solicitamos que seja
feito o acompanhamento das aeronaves, diariamente relatando de imediato
qualquer anormalidade para que possamos tomar as devidas providencias.

Importante lembra aos pilotos dos procedimentos de utilização dos


equipamentos principalmente no que diz respeito a conexão do mesmo e
ligação da chave geral da aeronave pelo menos 5 minutos antes da decolagem
para que o equipamento consiga capturar as informações da constelação de
satélites GPS, permitindo o posicionamento correto das mesmas
principalmente durante a decolagem.”

Apesar de a empresa contratada ter afirmado que as falhas foram corrigidas, o gestor
não apresentou o Relatório de Operação, o Relatório de Posição, o Mapa de Operação
ou outro documento que comprove que o serviço de monitoramento de aeronaves está
sendo eficiente.

7. O serviço de monitoramento de aeronave não atende à sua


finalidade
Segundo a Justificativa (SEI nº 2397670), a finalidade da contratação de empresa para
realização de monitoramento de aeronave seria para comprovação da quantidade de
horas voadas do serviço de fretamento de aeronave, dando mais segurança à
fiscalização do contrato de serviços de horas de voo.

No Relatório (SEI nº 0013474577), encaminhado pelo Ofício nº


230/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 10 de fevereiro de 2020, o Fiscal do Contrato
nº 04/2018 informou:

21
“(...) O Sistema de Gerenciamento de Frotas (AUTOVISION) com senhas de
acesso para 2 servidores do Setor, permite monitorar e gerar relatórios de
acompanhamentos dos voos que são realizados diariamente. Tais relatórios
permitem analisar através dos GPS instalados em cada aeronave cadastrada.
A empresa disponibiliza os GPS conforme a demanda utilizada e fixa na
aeronave, assim como, utiliza uma reserva de segurança para o caso de algum
equipamento apresentar defeito ou alguma aeronave necessitar de
manutenção. Os relatórios são anexados ao processo de fretamento de
aeronave para demonstrar a realização dos voos.”

Apesar de o Fiscal do Contrato afirmar que os relatórios de acompanhamentos dos voos


são anexados ao processo de fretamento de aeronave, verificou-se que nos Processos
nº 25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37, referentes aos pagamentos à
empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. (Contrato nº 10/2019), não constam tais relatórios.

Além disso, nos Atestos (SEI nº 0011625166, 0011874706, 0012049655 e 0012390222),


referentes aos serviços de horas de voo discriminados nas Notas Fiscais nº 2031, 2042,
2047, 2050,2064 e 2067, são citados apenas as Ordens de Missão Aérea (OMA) e os
Relatórios de Voo dos pilotos como comprovantes da execução dos serviços. Não há
menção aos relatórios de monitoramento.

Ainda foi constatado que três aeronaves da empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda., de
prefixos PR-DNA, PT-RNL e PT-ITL, prestaram serviço ao DSEI-Y, conforme OMA e os
Relatórios de Voo, mas não foram monitoradas, pois não constam nas relações com o
número de série de cada aparelho e o prefixo da aeronave na qual foi instalado, anexas
ao Ofício nº 227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 10 de fevereiro de 2020. Nos
relatórios gerados pela Central de Monitoramento, encaminhados pelo Ofício nº
302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de fevereiro de 2020, não constam essas
aeronaves também.

Portanto, o serviço de monitoramento de aeronave, objeto do Contrato nº 04/2018, não


está atendendo à sua finalidade, pois não está servindo para comprovação da
quantidade de horas voadas do serviço de fretamento de aeronave.

8. Pagamento de monitoramento de aeronaves em número


maior de que efetivamente executado
Por meio Ofício nº 227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 10 de fevereiro de 2020,
foram encaminhadas, em anexo, relações com o número de série de cada equipamento
de monitoramento portátil fornecido pela contratada Radionet Ltda., objeto do
Contrato nº 04/2018. Tais relações contêm o número de série de cada aparelho e o
prefixo da aeronave na qual foi instalado, a partir de julho de 2018 e a partir de agosto
de 2019, conforme os anexos 0013485647_2018, 0013485826_2019 e
0013485923_2020.

22
No anexo 0013485647_2018 constam 23 equipamentos de monitoramento instalados
em 22 aeronaves. Essa diferença ocorreu porque dois aparelhos GPS, os de número de
série 4445796 e 4441546, constam na mesma aeronave de prefixo PT-XCG.

Além disso, em consulta ao Registro Aeronáutico Brasileiro - RAB no site da Anac,


verificou-se que algumas aeronaves não prestavam serviço para o DSEI-Y:

a) três aeronaves (PT-JDM, PT-KTI e PT-KKF) são operadas pela Piquiatuba Táxi
Aéreo Ltda., que só foi contratada pelo DSEI-Y em 2019;
b) uma aeronave (PT-YDG) é operada pela M3 Investimentos Eireli, que não tinha
contrato com o DSEI-Y;
c) duas aeronaves operadas pela Voare Táxi Aéreo Ltda. (PR-GPI e PT-KGC) estão
com status de operação negada para táxi aéreo pelo motivo de estarem
avariadas por acidente (os acidentes ocorreram em 2016 e 2017, conforme
Relatórios do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, de
27 de julho de 2018 e 11 de março de 2019);
d) uma aeronave (PT-HQZ) é operada pela Tarp Táxi Aéreo Ltda., que estava com
Certificado de Operador Aéreo (COA) suspenso e foi substituída pela Icaraí
Turismo Táxi Aéreo Ltda. a partir de agosto de 2018; e
e) o registro da aeronave PP-SLD não foi encontrado.

Conforme informado no Ofício nº 1202/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 8 de


junho de 2020, as aeronaves operadas pela Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. (PT-JDM, PT-KTI
e PT-KKF) foram contratadas pela Paramazônia Táxi Aéreo.

Portanto, as demais aeronaves acima relacionadas não deveriam constar na relação de


aeronaves monitoradas, pois não prestavam serviço para o DSEI-Y. Assim, das 22
aeronaves relacionadas, apenas dezessete prestavam serviço para o DSEI-Y a partir de
15 de agosto de 2018, data de início de execução do Contrato nº 04/2018.

Quadro 5 - Quantidade de aeronaves monitoradas em 2018


Total de aeronaves do anexo 0013485647_2018 22
Aeronave da M3 Investimentos Eireli -1
Aeronaves com status de operação negada para táxi aéreo -2
Aeronave da Tarp Táxi Aéreo Ltda. -1
Aeronave PP-SLD -1
Aeronaves monitoradas após 13/08/2018 17
Fonte: anexo 0013485647_2018 e consulta dos RAB no site da Anac realizada em 14 de fevereiro de
2020.

Já no anexo 0013485826_2019 constam quinze equipamentos de monitoramento


instalados em quinze aeronaves. Entretanto, também consta a aeronave de prefixo PP-
SLD, cujo RAB não consta no site da Anac.

Além disso, as outras quatorze aeronaves eram operadas pela Voare Táxi Aéreo Ltda. ou
pela Amazonaves Táxi Aéreo Ltda., que era consorciada daquela empresa. Contudo, a
Voare Táxi Aéreo Ltda. suspendeu a execução dos serviços a partir de 17 de agosto de
2019, conforme VOARE/Carta nº 075/2019 (Processo nº 25064.001294/2019-91 - SEI nº
0011130546).
23
A nova contratada para prestar os serviços de hora de voo, conforme Contrato nº
10/2019 (Processo nº 25064.001294/2019-91 - SEI nº 0010767841), assinado em 17 de
agosto de 2019, foi a Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.

Devido a essa troca de prestador dos serviços de hora de voo, foi necessário trocar os
equipamentos de monitoramento das aeronaves da empresa anterior, Voare Táxi Aéreo
Ltda., para as da Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda., mas no anexo 0013485826_2019 não
constam aeronaves operadas por esta empresa.

No Despacho YANOMAMI/SESANI/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (SEI nº 11300589), de


19 de setembro de 2019, o Chefe do Serviço de Edificações e Saneamento Ambiental
Indígena - Sesani informou que ainda não havia monitoramento das aeronaves da
Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda. e solicitou a instalação dos GPS:

“Considerando a assinatura de novo contrato no dia 17/08/2019 com a


empresa PIQUIATUBA TAXI AEREO no processo 25064.001476/2019-62, onde
estão sendo utilizadas aeronaves diferentes das anteriores, sendo que as
atuais não constam até o momento os equipamentos de monitoramento das
aeronaves da empresa supramencionada. Solicito dessa gestão que
encaminhe de imediato para que a empresa Radionet instale os
equipamentos nas aeronaves que estão prestando serviços atualmente a este
DSEI.”

Segundo o Ofício nº 302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de fevereiro de 2020,


os GPS foram instalados a partir de outubro de 2019, sem especificar o dia.

Portanto, até 17 de agosto de 2019, apenas quatorze aeronaves foram monitoradas.


Após essa data até 30 de setembro de 2019, nenhuma aeronave foi monitorada e, a
partir de outubro de 2019, somente seis aeronaves foram monitoradas, conforme
relatórios gerados pelo sistema de monitoramento e anexados ao Ofício nº
302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS.

Quadro 6 - Quantidade de aeronaves monitoradas em 2019


Total de aeronaves do anexo 0013485826_2019 15
Aeronave PP-SLD -1
Aeronave monitoradas até 17 de agosto 14
Aeronave monitoradas de 18 de agosto até 30 de setembro -0-
Aeronave monitoradas a partir de 1º de outubro 6
Fonte: anexo 0013485826_2019, Ofício nº 302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de fevereiro
de 2020, e consulta dos RAB no site da Anac realizada em 14 de fevereiro de 2020.

Ressalta-se que somente no anexo 0013485923_2020 constam seis aeronaves da


Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.

Tendo em vista que no Termo de Contrato nº 04/2018 (SEI nº 5201434) consta que o
serviço de rastreamento e monitoramento seria com o fornecimento do equipamento
em regime de comodato para atender vinte aeronaves, constata-se o superfaturamento
de serviço, pois em 2018 e em 2019 (até 17 de agosto) foram monitoradas quatorze
aeronaves, de 18 de agosto até 30 de setembro de 2019, nenhuma e a partir de 1º de

24
outubro de 2019, seis. Isso representa um montante pago a maior de R$ 107.886,07,
dos serviços executados até dezembro de 2019:

Tabela 2 - Cálculo dos valores pagos a maior


NF Valor da NF Período do Serviço Qtd. Valor Total Diferença a
Exec. Unit.Executado maior
5578 7.527,50 15 a 31/08/2018 17 752,75 6.398,38 1.129,12
5595 15.055,00 01 a 30/09/2018 17 752,7512.796,75 2.258,25
5610 15.055,00 01 a 31/10/2018 17 752,7512.796,75 2.258,25
5628 15.055,00 01 a 30/11/2018 17 752,7512.796,75 2.258,25
5647 15.055,00 01 a 31/12/2018 17 752,7512.796,75 2.258,25
5660 15.055,00 01 a 31/01/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5674 15.055,00 01 a 28/02/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5688 15.055,00 01 a 31/03/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5712 15.055,00 01 a 30/04/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5745 15.055,00 01 a 31/05/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5764 15.055,00 01 a 30/06/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5823 15.055,00 01 a 31/07/2019 17 752,7512.796,75 2.258,25
5855 15.055,00 01 a 17/08/2019 17 752,75 7.017,57 8.037,43
18 a 31/08/2019 -0- 752,75 -0-
5880 15.055,00 01 a 30/09/2019 -0- 752,75 -0- 15.055,00
5897 15.055,00 01 a 31/10/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
5941 15.055,00 01 a 30/11/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
5997 15.055,00 01 a 31/12/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
Total 248.407,50 167.729,70 80.677,80
Fonte: Processos nº 25064.000266/2018-76, 25064.002588/2018-50, 25064.000340/2019-35 e
25064.000692/2019-91, anexos 0013485647_2018 e 0013485826_2019 do Ofício nº
227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 10 de fevereiro de 2020, e Ofício nº
302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de fevereiro de 2020.

Portanto, constata-se que o Distrito Sanitário Especial Indígena - Yanomami está


pagando para a empresa Radionet Ltda. serviços que não estão sendo executados.

9. Descumprimento de obrigação prevista em edital


O item 6.1.2 do Termo de Referência, Anexo I do Edital do Pregão Eletrônico nº 16/2018
(SEI nº 4638519) estabeleceu que:

“6.1.2 A contratada deverá manter um técnico especializado no Estado de


Roraima para a realização de instalação, trocas e manutenção dos
equipamentos;”

Por meio da Solicitação de Auditoria nº 201902638-10, de 13 de fevereiro de 2020, foi


solicitada a identificação do técnico especializado mantido pela contratada Radionet
Ltda. no Estado de Roraima para a realização de instalação, trocas e manutenção dos
equipamentos.

Em 21 de fevereiro de 2020, no Ofício nº 302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, o


gestor informou que “não foram encontrados registros acerca de profissionais enviados
pela empresa RADIONET para instalação, manutenção e troca dos GPS”.

25
Assim, fica constatado o descumprimento de obrigação prevista em edital pela empresa
Radionet Ltda.

26
RECOMENDAÇÕES
Achado n° 5

1 - No atesto da prestação dos serviços de fretamento de aeronave, comparar as


informações sobre a rota realizada e o tempo de voo de cada trecho percorrido com os
relatórios de monitoramento, efetuando os descontos dos trechos não comprovados.

Achado n° 6 e 7

2 - Caso o serviço de monitoramento de aeronave apresente falhas, efetuar os


descontos proporcionais aos períodos sem monitoramento.

Achado n° 8

3 - Solicitar da empresa contratada Radionet Ltda. o ressarcimento pelo valor pago a


maior de R$ 80.677,80.

Achado n° 9

4 - Exigir que a empresa contratada Radionet Ltda. mantenha um técnico especializado


no Estado de Roraima, conforme exigência do item 6.1.2 do Termo de Referência, Anexo
I do Edital do Pregão Eletrônico nº 16/2018.

27
CONCLUSÃO
Diante do exposto, conclui-se que a Dispensa de Licitação nº 1/2019 não foi precedida
de instrumentos de planejamento adequados, tendo em vista as falhas constatadas no
projeto básico. Apesar disso, considerou-se que a contratação foi regular e que os preços
previstos no orçamento de referência estão adequados aos valores de mercado.

Foram constatados pagamentos a maior na execução do Contrato nº 04/2018, referente


ao monitoramento de aeronaves, no montante de R$ 80.677,80.

Ainda, foram constatadas fragilidades na fiscalização do serviço de fretamento de


aeronave, bem como falhas na execução do serviço de monitoramento de aeronaves.

Ressalta-se como boas práticas da gestão a adoção do registro de horas de voo por meio
do horário de acionamento e do corte do motor da aeronave, ao invés da tabela com as
horas pré-estabelecida por trecho, que era utilizada anteriormente.

28
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA
EQUIPE DE AUDITORIA

Achado nº 1.
Manifestação da Unidade Prestadora de Contas
Por meio do Ofício nº 1202/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 8 de junho de 2020,
encaminhado via correio eletrônico (dseiyano.sesai@saude.gov.br), em 16 de junho de
2020, o Coordenador Distrital de Saúde Indígena Substituto apresentou a seguinte
manifestação com relação aos Achados de Auditoria:

“Tendo em vista, o Processo 00221.100190/2019-88 cuja avaliação de trabalhos


realizados no que tange a execução contratual de fretamento de aeronave não regular
e monitoramento junto ao DSEI-Y cumpre informar:

Nº 01 CANCELAMENTO DE PROCESSO REFERENTE À CONTRATAÇÃO EMERGENCIAL DE


EMPRESA PARA FRETAMENTO DE AERONAVE.

Cumpre destacar que este coordenador entrou em exercício neste DSEI em 22.07.19,
somente três dias depois tomou conhecimento de que não existia contrato para a
prestação de serviços de transporte aéreo e que havia uma empresa prestando tal
serviço por reconhecimento de dívida desde o dia 09.01.2019.

Ao saber da existência do processo emergencial de nº 25064.002895/2018-31, que


estava em trâmite na SESAI, em Brasília/DF, o analisou e verificou o vencimento das
propostas e revisão do Projeto Básico.

Naquele momento de crise, no qual uma empresa estava prestando o serviço há sete
meses sem cobertura contratual e que os preços apresentados nas propostas poderiam
estar defasados em relação aos valores praticados no mercado, realmente não se
vislumbrou a possibilidade de consulta às empresas para revalidação. Ademais, se sentiu
a necessidade de ampliação da pesquisa, conforme foi feito no bojo do Processo nº
25064.001294/2019-91.

Por conseguinte, considerando que o Projeto Básico do processo cancelado previa o


transporte de enfermos, urgência, emergência e resgate, reconhecido pelo Despacho
COBIES (SEI 9918814), sem a exigência da competente habilitação junto à ANAC, é que
surgiu a necessidade de inclusão da modalidade aero médica no objeto.

Insta salientar que, em 19.09.19 foi noticiado pela médica e pela enfermeira do DSEI, por
meio do Relatório (0011320119) no Processo nº 25064.001294/2019-91, que a empresa
que estava prestando o serviço por indenização por sete meses e por cinco anos relativos
29
ao Contrato nº 02/2013, realizava as remoções dos pacientes, em seus diversos estados
de gravidade, sem os devidos cuidados preconizados pelos manuais médicos, inferindo-
se que realizava sem a autorização da ANAC e previsão contratual, haja vista que não
havia esta especificação no Contrato nº 02/2013, eis que restou fracassado o item
referente ao serviço aero médico, do Pregão Eletrônico nº 30/2012 (Proc. nº
25064.000490/2012-72).

Esta alteração por si só já constitui mudança de grande relevância social, visto que os
administrados eram transportados em condições que violavam os protocolos médicos e
atentava contra a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República,
sedimentado na Constituição Federal de 1988 (Inciso III, art. 1º).

No que tange à documentação destinada à habilitação, o Projeto Básico exigiu taxativa


e exaustivamente o Certificado ETA e as Especificações Operativas, em consonância com
as especificações do objeto.

Quanto aos demais documentos obrigatórios de habilitação jurídica, qualificação


técnica, econômico-financeira e regularidade fiscal, as empresas, cientes de se tratar de
dispensa de licitação, regida pela Lei nº 8.666/93, apresentaram todas as suas
documentações em obediência aos artigos 28 a 31 da Lei de Licitações, conforme se pode
verificar nas juntadas aos autos de números (0010574246), (0010574304),
(0010574505) e (0010574620). Importante ainda destacar que foram realizadas
consultas ao SICAF (0010582876) (0010582904) e à ANAC (0010569535) (0010569580)
para verificar a situação de ambas as empresas que responderam ao chamamento.

No que se refere à exclusão dos itens do Item 3 - Forma de Prestação dos Serviços, os
quesitos em questão, data venia, estão esparsos no novo Projeto Básico ou foram
excluídos por sua obviedade.

Primeiramente, toda operação é precedida de autorização por meio de sua respectiva


Ordem de Missão Aérea, como se pode comprovar nos documentos relativos à execução
do serviço, em consonância com o previsto no Item 4.2.6. do Projeto Básico.

Em segundo lugar, a forma e registro das horas/voo no processo emergencial da


Dispensa de Licitação nº1/2019 adotou o sistema de acionamento e corte,
acompanhada pelo monitoramento satelital (GPS), o que gerou economia ao contrato
em relação ao método de tabela pré-estabelecida, conforme Ofício Piquiatuba nº
13/2019 (0011484303).

A operacionalização e as condições das aeronaves, o limite de bagagem por passageiro,


o modo de transporte de artigos perigosos e cargas seguem os manuais do fabricante
de cada aeronave e à legislação aeronáutica que rege a matéria, com a aferição dos
pesos e manuseios das cargas controlados pelo Setor de Operações do DSEI e pela
empresa contratada.

Os casos de urgência e emergência são definidos pelo setor do DSEI responsável por este
tipo de remoções, que somente são autorizadas por uma médica reguladora, que assiste
a equipe multidisciplinar localizada em área indígena.
30
Da mesma forma, quanto aos requisitos da contratação, a obrigação da empresa manter
equipamentos, pilotos e aeronaves para operar em qualquer dia da vigência do contrato,
inclusive sábados, domingos e feriados está inserida na Sub Cláusula 4.2.8 do Item 4 –
Descrição detalhada do objeto.

O formulário específico de controle de voo que conste a hora de acionamento e corte do


motor é padrão do serviço e foi utilizado na execução do contrato, como se pode inferir
do teor do Ofício nº 13/2019, acima mencionado.

Quanto à disponibilidade de veículos para apoio logístico no translado, este quesito ficou
a critério da contratada, que deveria apresentar a solução adequada às especificações
descritas no Item 2 do Projeto Básico. De igual modo, a disponibilidade de hangar ficou
implícita no segundo parágrafo do Item 2.3 do Projeto Básico.A exclusão da obrigação
da empresa dispor de serviço de rastreamento e monitoramento de aeronaves se
justifica pelo fato do DSEI possuir contrato para esta finalidade, portanto, tal exigência
iria onerar desnecessariamente o contrato.

Por derradeiro, insta salientar que o Contrato nº 10/2019 foi assinado apenas dezessete
dias após a formalização da demanda, em contraponto ao processo emergencial
anterior, que já tramitava há oito meses e ainda estava na SESAI, em Brasília/DF, com
pendências e destituído de autorização de governança. E se a modalidade aero médico
não constava do Ofício nº 528/2019 como motivo de cancelamento do processo
emergencial anterior, isto comprova que não havia premeditação para tal desiderato, o
que ocorreu somente depois da análise do caso concreto.

Análise do Controle Interno


No Ofício nº 1202/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS o gestor afirmou que exigências,
como disponibilidade de veículos e de hangar, ficaram “a critério da contratada, que
deveria apresentar a solução adequada”. Entretanto, a Lei nº 8.666/1993, art. 6º, IX
define que o Projeto Básico deve ter nível de precisão adequado:

“IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com


nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo
de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações
dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
de execução, devendo conter os seguintes elementos:

a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da


obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;

b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de


forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as
fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e
montagem;”

Assim, tais exigências deveriam estar detalhadas no Projeto Básico e não terem ficado a
critério da contratada apresentar a solução adequada.
31
Com relação à obrigação da empresa de manter equipamentos, pilotos e aeronaves para
operar em qualquer dia da vigência do contrato, inclusive sábados, domingos e feriados,
foi informado que está inserida na Sub Cláusula 4.2.8 do Item 4 - Descrição detalhada
do objeto. Contudo essa cláusula não cosnta no Projeto Básico (SEI nº 0010561997) nem
no Contrato nº 10/2019 (SEI nº 0010767841).

Sobre a forma de registro das horas de voo, não obstante o gestor ter informado que foi
adotado o sistema de acionamento e corte e que isso gerou economia, tal procedimento
não foi especificado no Projeto Básico. De fato, esse controle de voo constava no Projeto
Básico (SEI nº 8897103) do Processo nº 25064.002895/2018-31, que foi cancelado.

Quanto à inclusão da modalidade aero médica no objeto, apesar de o Relatório SEI nº


0011320119 demonstrar que os serviços de resgates aéreos eram realizados de forma
inadequada anteriormente, constatou-se que, no período de agosto a outubro de 2019,
ocorreram cem voos de remoção em aeronaves que não eram autorizadas a fazer
transporte de passageiros enfermos, segundo as Ordens de Missão Aérea - OMA
relacionadas a seguir:

Quadro 7 - Ordens de Missão Aérea com remoção em aeronaves não autorizadas a


fazer transporte de passageiros enfermos
OMA Data do Voo Aeronave SEI
1492 23/08/2019 PT-JTP 10861777
1494 24/08/2019 PT-JTP 10878441
1498 24/08/2019 PT-WEE 10880465
1497 24/08/2019 PR-BAP 10880464
1508 25/08/2019 PT-KKF 10880836
1517 27/08/2019 PT-JDM 10909386
1518 27/08/2019 PT-KKF 10909742
1523 28/08/2019 PT-KKF 10921652
1528 28/08/2019 PT-KKF 10930520
1534 29/08/2019 PT-JDM 10955403
1532 29/08/2019 PT-KKF 10951057
1537 30/08/2019 PT-WEE 10972728
1540 30/08/2019 PT-JDM 10973105
1542 30/08/2019 PT-WEE 10975596
1556 02/09/2019 PT-KKF 11006266
1562 03/09/2019 PR-BAP 11632905
1570 05/09/2019 PT-KKF 11064913
1571 05/09/2019 PT-WEE 11067517
1572 05/09/2019 PR-BAP 11067708
1573 05/09/2019 PT-JTP 11067790
1574 05/09/2019 PT-JDM 11068012
1575 06/09/2019 PT-KKF 11659448
1576 06/09/2019 PT-JTP 11092267
1582 06/09/2019 PR-BAP 11105282
1584 07/09/2019 PT-JDM 11113060
1585 08/09/2019 PT-JTP 11114316
1586 08/09/2019 PT-JDM 11114009
1588 09/09/2019 PT-JDM 11115857
1589 09/09/2019 PT-JTP 11120662
1590 09/09/2019 PT-KKF 11124317
1592 10/09/2019 PT-WEE 11142104

32
OMA Data do Voo Aeronave SEI
1598 12/09/2019 PT-JDM 11183589
1599 12/09/2019 PT-KKF 11183927
1600 12/09/2019 PT-WEE 11184216
1601 12/09/2019 PT-KKF 11196721
1609 14/09/2019 PT-WEE 11219125
1610 14/09/2019 PT-KKF 11227609
1611 14/09/2019 PT-JDM 11228470
1615 14/09/2019 PR-BAP 11229620
1619 15/09/2019 PR-BAP 11229694
1621 16/09/2019 PT-JTP 11229893
1622 16/09/2019 PT-WEE 11229920
1636 18/09/2019 PT-JDM 11277839
1637 18/09/2019 PT-KKF 11278035
1638 19/09/2019 PT-JDM 11286479
1642 19/09/2019 PR-BAP 11298640
1645 20/09/2019 PT-KKF 11317004
1647 20/09/2019 PT-JDM 11319251
1652 20/09/2019 PR-BAP 11331046
1653 21/09/2019 PT-JTP 11340158
1667 23/09/2019 PT-JDM 11351680
1674 25/09/2019 PT-KKF 11386828
1675 25/09/2019 PT-JDM 11386908
1676 25/09/2019 PT-JDM 11386918
1679 25/09/2019 PR-BAP 11386990
1682 25/09/2019 PT-KKF 11387084
1686 26/09/2019 PR-BAP 11408374
1687 26/09/2019 PT-WEE 11408468
1693 26/09/2019 PR-BAP 11420960
1694 27/09/2019 PT-WEE 11427983
1699 27/09/2019 PT-WEE 11430957
1712 29/09/2019 PR-BAP 11452195
1732 02/10/2019 PT-KKF 11516482
1733 03/10/2019 PT-KKF 11523271
1737 03/10/2019 PT-JTP 11526007
003 04/10/2019 PT-JTP 11636366
005 04/10/2019 PT-JDM 11638547
010 04/10/2019 PT-WEE 11569554
011 05/10/2019 PT-KKF 11573068
048 10/10/2019 PT-JDM 11652917
049 10/10/2019 PT-KKF 11656388
050 10/10/2019 PR-BAP 11656550
056 11/10/2019 PT-WEE 11675953
069 14/10/2019 PT-JDM 11697711
084 15/10/2019 PR-BAP 11727822
086 17/10/2019 PT-KKF 11746207
089 17/10/2019 PR-BAP 11762263
096 18/10/2019 PT-KKF 11784354
102 19/10/2019 PR-BAP 11808716
103 19/10/2019 PT-JDM 11809851
109 19/10/2019 PT-KKF 11815382
113 22/10/2019 PT-JDM 11815935
117 20/10/2019 PT-WEE 11816126
121 21/10/2019 PR-BAP 11816186
123 21/10/2019 PT-KKF 11816936

33
OMA Data do Voo Aeronave SEI
129 22/10/2019 PT-KKF 11840149
136 23/10/2019 PT-WEE 12241819
144 25/10/2019 PT-JDM 11885735
151 24/10/2019 PR-BAP 12233813
152 26/10/2019 PR-BAP 11905094
155 25/10/2019 PT-WEE 11914550
161 26/10/2019 PT-WEE 11927881
162 26/10/2019 PT-JDM 11928066
164 26/10/2019 PR-BAP 11928391
172 27/10/2019 PT-KKF 11929363
174 28/10/2019 PR-BAP 11929524
184 29/10/2019 PT-JTP 11930359
188 30/10/2019 PR-BAP 11940849
191 31/10/2019 PT-JDM 11973840
192 31/10/2019 PT-JTP 11974132
Fonte: Processos nº 25064.001476/2019-62 e 25064.001834/2019-37.

Essas OMA representam aproximadamente 22% do total de voos realizados no período.

Portanto, conclui-se que não houve a revisão do termo de referência que motivou o
cancelamento do Processo nº 25064.002895/2018-31.

Achado nº 2.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 02 O FORNECEDOR FOI ESCOLHIDO ANTES DA CONCLUSÃO DA ELABORAÇÃO DO
PROJETO BÁSICO, ALÉM DE OCORRÊNCIA DE QUEBRA DE SIGILO DE PROPOSTA.

No que concerne à conclusão de que o fornecedor, parte do Contrato nº 10/2019 foi


escolhido antes da conclusão do Projeto Básico e que tenha havido quebra de sigilo de
propostas, discordamos destas assertivas afirmando que:

A redação do Item 3.7.1 do Projeto Básico remete a evento futuro à redação deste termo,
como pressuposto da escolha da proposta mais vantajosa para a Administração e
habilitada conforme a legislação.

Agora, quanto ao Item 8.3.3. do Projeto Básico, verifica-se que houve um erro de
redação, onde se lê “posterior”, deveria ter sido “anterior”.

É importante frisar que, normalmente, nas contratações emergenciais, a escolha do


fornecedor é um dos primeiros atos do procedimento, considerada a urgência do caso,
precedendo às demais formalidades.

Imagine a situação hipotética de que dez metros da Ponte dos Macuxi desabassem,
prejudicando milhares de pessoas que dependem dela, todos os dias.

34
Pela lógica, a urgência obrigaria a escolha do fornecedor que faria o reparo, antes
mesmo da existência do processo.

O art. 20 e seguintes da I.N. nº 5/2017 prevê um fluxo em condições normais nas


contratações por convite, tomada de preços, concorrência e pregão e até mesmo nas
dispensas e inexigibilidade de licitação, porém, o fundamento da Dispensa de Licitação
nº 1/2019, o inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93 exige decisões rápidas do gestor, que
impeçam o perecimento de pessoas e materiais.

A fase interna da licitação prevê uma ampla pesquisa de mercado para se adotar o(s)
valor(es) de referência, porém, em alguns casos de dispensa de licitação, sobretudo, nos
casos emergenciais, a ampla pesquisa se confunde com a própria convocação dos
fornecedores, motivo pelo qual estes dados foram incluídos, a posteriori, no Projeto
Básico.

No entanto, os auditores confundiram conclusão do Projeto Básico com assinatura e


inserção dos referidos dados, que a administração não dispunha no momento da
elaboração, como é o caso do preço de referência.

Todas as empresas consultadas receberam uma minuta do Projeto Básico sem constar o
valor de referência.

Na ocasião da negociação do valor da proposta, conforme o próprio auditor exemplificou


no recorte, no Ofício nº 610/2019, NÃO HÁ menção a valor de referência, nem tampouco
ao valor da empresa concorrente, desclassificada por inabilitação.

Na mesma esteira, informo que os dados orçamentários e valor de referência somente


foram inseridos no Projeto Básico após o julgamento das propostas.

Neste sentido, não há fundamento fático ou jurídico para a afirmação de que houve
quebra de sigilo de propostas, que ocorre quando um fornecedor tem acesso ao valor
proposto por seu concorrente, ou ao valor de referência quando este deveria ser sigiloso,
o que não ocorreu no caso em tela.

Tanto é verdade que, se os fornecedores tivessem recebido a minuta do Projeto Básico


com as informações orçamentárias e o valor de referência, por que a Voare Taxi Aéreo
Ltda e a Piquiatuba Taxi Aéreo Ltda apresentaram propostas com valor superior R$
2.349,00 e R$ 2.350,00 respectivamente?

Por derradeiro, ainda sobre este quesito, reitera-se que a descrição do objeto “aero
médico”, aliada à exigência de apresentação das Especificações Operativas (EO), por si
só, vinculam os fornecedores a comprovar suas habilitações junto à ANAC, que por sua
vez, se constituem prova de requisito essencial de habilitação.

Deste modo, um possível erro semântico ou de interpretação quanto ao fundamento de


desclassificação da empresa Voare Taxi Aéreo Ltda, não altera a condição da empresa,
que não possuía as habilitações necessárias para a execução do objeto descrito no
Projeto Básico.

35
Portanto, salvo melhor juízo, não houve quebra de sigilo das propostas e os dados
relativos à dotação orçamentária e ao julgamento das propostas (valor de referência)
foram inseridos no Projeto Básico somente após a escolha do fornecedor.

Análise do Controle Interno


A Unidade se manifestou no sentido da discordância dos apontamentos da Equipe de
Auditoria.

Registra-se inicialmente que a situação emergencial decorreu do em virtude dos atos do


próprio DSEI Yanomami, em falhas na gestão do Contrato nº 02/2013, expirado em 9 de
janeiro de 2019, e falhas de planejamento para o próximo período pela incapacidade de
o órgão concluir a licitação e a contratação do novo prestador de serviço (Processo nº
25064.002370/2018-03).
O TCU entende que o planejamento das contratações seja adequado na administração
pública de modo a se evitar execução sem respaldo contratual e a contratação
emergencial, situações ocorridas em relação ao contrato em tela, consoante se segue:
Efetue planejamento adequado das contratações, de modo a realizar
tempestivamente os respectivos procedimentos licitatórios e evitar que a
prestação dos serviços ou o fornecimento de bens ocorram sem amparo
contratual, contrariando o art. 60, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993, ou
que seja firmado ajuste emergencial, em desacordo com as hipóteses
contempladas no art. 24, inciso IV, da citada lei. Acórdão 890/2007 Plenário

Somado a isso, o órgão iniciou o Processo nº 25064.002895/2018-31, referente à


contratação na forma emergencial de serviços de fretamento de aeronaves, iniciado em
7 de dezembro de 2018, cerca de um mês antes do encerramento do Contrato nº
02/2013, e cancelado pelo então Coordenador mais de sete meses depois (em 26 de
julho de 2019) da expiração do citado contrato, sem a contratação do prestador o
serviço, período em que os serviços foram pagos por reconhecimento de dívida ao
fornecedor do contrato já expirado.
Nesse sentido, essa situação é bem diversa da situação de desabamento de ponte
apresentada pela Unidade, visto que esta resulta de situação imprevisível, e aquela
(nova licitação e novo contrato) decorre de situações totalmente previsíveis. Ou seja, a
realização de uma nova contratação para serviços de transporte aéreo, que se
encontram como atividade essencial da missão institucional de atenção à saúde
indígena do DSEI Yanomami, em decorrência do término da vigência do contrato
anterior, é situação natural de continuidade da prestação desse serviço que já é
realizado a décadas.
As alegações da Unidade sobre a escolha do fornecedor e pesquisa de preços anteriores
à conclusão do projeto básico podem ser justificadas, dependendo da análise do caso
concreto, em situações imprevisíveis, como a desabamento de ponte, e não em
situações regulares, como a do contrato de horas de voo em que a responsabilidade pela
situação de prestação de serviços sem cobertura contratual se deveu exclusivamente a
fatores atribuídos à condução do procedimento de contratação realizado pelo DSEI
Yanomami.

36
Verificou-se assim na análise processual transcrita no Achado 1 que essa contratação de
horas de voo e ocorreu pelos trâmites comuns a todos processos de dispensa de
licitação, tendo elaboração de projeto básico, pesquisa de preços, solicitação de parecer
jurídico, cancelamento do processo emergencial, revisão do termo de referência
(projeto básico), abertura de novo processo emergencial (Processo nº
25064.001294/2019-91), com aproveitamento do parecer jurídico do processo
anteriormente cancelado, tudo ao longo de cerca de oito meses, resultando na
assinatura do Contrato nº 10/2019, em 17 de agosto de 2019. Desse modo, não prospera
o argumento da Unidade de que a análise das propostas anteriormente à conclusão do
projeto básico se deu em decorrência da situação excepcional e imprevisível.
Com relação ao projeto básico a Unidade reconhece que houve diversos erros nas
disposições, como a utilização do termo “anterior” no lugar de “posterior”, análise das
propostas de preço antes da conclusão do projeto básico, sendo enviada aos
concorrentes “uma minuta do Projeto Básico sem constar o valor de referência”, em
desacordo com as disposições da Lei nº 8.666/93 e IN 05/17, que exigem a presença dos
preços de referência no projeto básico/termo de referência, bem como de ampla
pesquisa de preços anterior.
Assim, consoante o art. 6, IX, da Lei nº 8.666/93 a definição de projeto básico é atrelada
à necessidade de orçamento de referência:
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com
nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo
de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações
dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que
possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do prazo
de execução, devendo conter os seguintes elementos:
...
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

A IN 05/17 traz disposição no mesmo sentido:


Art. 30. O Termo de Referência ou Projeto Básico deve conter, no mínimo, o
seguinte conteúdo:
...
X - estimativas detalhadas dos preços, com ampla pesquisa de mercado nos
termos da Instrução Normativa nº 5, de 27 de junho de 2014;
Indo além, o TCU entende que na instrução dos processos de dispensa, mesmo sob o
argumento de emergencialidade, não é suficiente apenas a inserção das cotações de
preços obtidas. É fundamental a análise fundamentada dos valores apresentados e
contratados (Acórdão TCU nº 4.442/2010-1C), reforçando a ideia de ampla pesquisa
anterior ao julgamento das propostas.
De acordo com o TCU, a orientação aos órgãos e entidade é a de que:
Observe rigorosamente, no caso de contratação em caráter emergencial,
além do disposto no art. 24, inciso IV, c/c o art. 26, parágrafo único, incisos I
a III da Lei nº 8.666/1993, com o detalhamento contido na Decisão Plenária
nº 347/1994, a necessidade de só efetivar contratações diretas de entidades
após comprovação da compatibilidade dos preços praticados com os do

37
mercado, mediante pesquisa de preços, devendo a documentação pertinente
constar do respectivo processo de dispensa ou inexigibilidade. Acórdão
1379/2007 Plenário
Sobre a alegação de que os serviços de aeromédico e de EO vinculam a necessidade de
habilitação na ANAC, acolhe-se esse argumento. No entanto, ressalta-se que consoante
o contido no Achado 3, a ausência de parcelamento do objeto em lotes prejudicou a
competição desejável, favorecendo a empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda.
Por fim, quanto à quebra do sigilo da proposta acata-se a argumentação da Unidade.

Achado nº 3.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 03 CONTRATAÇÃO DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS, DE CARGAS E AEROMÉDICO
EM UM SÓ LOTE.

A alegação de que o objeto da Dispensa de Licitação nº 1/2019 tenha sido direcionada à


empresa Piquiatuba Taxi Aéreo Ltda, devido apenas às consultas realizadas após o
recebimento das propostas e da assinatura do Projeto Básico não merece prosperar,
conforme já explanado no item anterior.

Ora, se a pesquisa no sítio da ANAC é posterior à convocação e ao recebimento das


propostas, esta informação só se tornou conhecida depois da definição do objeto,
convocação e julgamento das propostas.

Ademais, a auditoria se restringiu apenas às pesquisas das duas empresas junto à ANAC,
para afirmar que somente a Piquiatuba possuía habilitações técnicas para o transporte
aero médico.

Há dez meses quando este gestor, leigo na administração de saúde indígena, assumiu a
Coordenação do DSEI, acreditava que o objeto em questão deveria ser único. Agora
suspeita que o fracionamento seja tecnicamente inviável.

Segundo a Divisão de Atenção à Saúde Indígena – DIASI, estatisticamente, a cada três


dias se realiza pelo menos uma remoção aero médica. Historicamente, este tipo de
serviço consome, em torno de 1.300 horas/voo/ano.

Diante destes dados e sabendo que o ramo aeronáutico é dinâmico e que avião parado
é sinônimo de prejuízo, pergunta-se, qual empresa aérea brasileira poderia, em tese,
manter mobilizada uma ou mais aeronaves em espera, ociosa por dois dias, sem que isto
onerasse o contrato ou qual paciente, em estado de necessidade, localizado em plena
selva, poderia esperar por mais tempo uma aeronave se deslocar de regiões mais
longínquas do país para realizar seu resgate, sem que isto também aumentasse o custo
da operação?

38
Ao se deparar com esta reflexão é que devemos sopesar os princípios da dignidade da
pessoa humana e da eficiência com o da competição.

Por fim, depois de dez meses na gestão da saúde indígena Yanomami, a execução do
serviço de transporte aéreo de forma unificada parece ser o modo mais eficiente e
vantajoso para a administração.

Análise do Controle Interno


A justificativa da Unidade, no sentido de que o fracionamento seja tecnicamente
inviável, tendo em vista a baixa demanda e alto custo de operação da aeronave aero
médica, em análise preliminar, pode ser considerada plausível, sobretudo sob o ponto
de vista do questionamento feito no texto da manifestação.
Registra-se por oportuno que apesar de o Item 3 do Pregão Eletrônico nº 30/2012,
conforme a Ata de Realização do Pregão Eletrônico ter sido cancelado na aceitação pelo
fato de as licitantes não terem enviado a proposta e demais anexos exigidos pelo
pregoeiro no prazo, houve competitividade em relação ao item.
Outra questão a ser sopesada é o custo da opção de parcelar o objeto (aeronave
monomotor e aeromédico) em lotes separados ou de adotar lote único. Para tanto,
apresenta-se a seguir as simulações de custo anual de cada escolha da Unidade:
Tabela 3 - Simulação de custos com objeto parcelado em lotes
Valor
Valor Total
ITEM DESCRIÇÃO DETALHADA UND. QTD. Unitário
(R$)
(R$)
AERONAVE MONOMOTOR

· Capacidade mínima de passageiros – 05


(cinco) passageiros e 01 (um) tripulante para
operações sob regras de vôo visuais.
Hora
1 10.000,00 1.530,00 15.300.000,00
· Velocidade de Cruzeiro mínimo – 200 Voo
(duzentos) Km/h.
· Homologação na categoria TPX e para
Transporte de passageiros, cargas e cargas
perigosas.

AERONAVE MONOMOTOR (AEROMÉDICO)

· Capacidade mínima de passageiros – 05


(cinco) passageiros e 01 (um) tripulante para
operações sob regras de vôo visuais diurna.
Hora
2 · Velocidade do Cruzeiro mínimo – 200 1.700,00 2.910,00 4.947.000,00
Voo
(duzentos) Km/h.

· Com equipamentos médicos necessários


e exigíveis para homologação para
aeromédica de acordo com as competentes
legislações.

39
· Homologação na categoria TPX e
transporte de enfermo.
Total
20.247.000,00
Fonte: Elaborado pela equipe de auditoria

A tabela acima apresenta a simulação do custo da opção pelo parcelamento do objeto,


com a separação da aeronave monomotor e da aeronave aeromédica, com base na
estimativa de horas de voo e do custo unitário do Pregão Eletrônico nº 30/2012 (que
retratou a avaliação realizada na elaboração dos instrumentos de planejamento
anteriores ao edital), totalizando R$ 20.247.000,00.

Tabela 4 - Simulação de custos com objeto único


Valor Unit.
ITEM DESCRIÇÃO DETALHADA UND. QTD. Valor Total (R$)
(R$)
AERONAVE MONOMOTOR
(AEROMÉDICO)
· Capacidade mínima de passageiros
– 05 (cinco) passageiros e 01 (um)
tripulante para operações sob regras
de vôo visuais diurna.
· Velocidade do Cruzeiro mínimo –
Hora
1 200 (duzentos) Km/h. 11.700,00 2.340,00 27.378.000,00
Voo
· Com equipamentos médicos
necessários e exigíveis para
homologação para aeromédica de
acordo com as competentes
legislações.
· Homologação na categoria TPX e
transporte de enfermo.
Total 27.378.000,00
Fonte: Elaborado pela equipe de auditoria

Já a tabela apresenta a simulação do custo da opção pelo parcelamento do objeto, com


a separação da aeronave monomotor e da aeronave aeromédica, com base na
estimativa de horas de voo da contratação emergencial do Pregão Presencial nº 30/2012
e do custo unitário adotado no Contrato Emergencial nº 20/2019 (Dispensa de Licitação
nº 1/2019), totalizando R$ 27.378.000,00.

Assim, a opção adotada pelo DSEI Yanomami no Contrato Emergencial nº 20/2019 de


utilizar lote único, resultou em um custo anual maior em relação ao objeto parcelado
em R$ 7.131.000,00 ao ano.
Dessa forma, ficará a cargo da Unidade promover, para as contratações futuras, os
estudos necessários de avaliação do custo da opção pelo parcelamento ou não do
objeto, considerando-se aspectos técnicos de estímulo à competitividade em relação ao
lote de aeronave aeromédica, no caso do parcelamento, e de economicidade, no caso
da opção pelo lote único.

40
Achado nº 4.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 04 A NOVA LICITAÇÃO PARA CONTRATAÇÃO DE SERVIÇOS DE HORAS DE VOO SERÁ
REALIZADA PELA SECRETARIA DE SAÚDE INDÍGENA - SESAI.

Reitero que a SESAI ficou incumbida de realizar licitação centralizada para contratação
de transporte aéreo e outros serviços para atender à saúde indígena em âmbito
nacional, por força do Termo de Ajustamento de Conduta (0010378803), assinado em
22.07.2019 com o Ministério Público Federal.

A licitação decorrente deste ajuste, promovida pela SESAI, o Pregão Eletrônico nº


11/2020, UASG 250110, objeto do Processo nº 25000.189458/2019-48, teve sua
abertura em 05.05.2020 e até a presente data não foi concluída.

Análise do Controle Interno


Segundo informação do gestor, a licitação para contratação de serviços de horas de voo
teve sua abertura em 5 de maio de 2020, mas ainda não havia sido concluída, conforme
Processo nº 25000.189458/2019-48, referente ao Pregão Eletrônico nº 11/2020 da
UASG 250110.

Achado nº 5.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 05 FRAGILIDADE NO CONTROLE DE HORAS DE VOO

Em relação aos relatórios de monitoramentos das aeronaves, informo que, os GPS foram
entregues a Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda, prestadora do serviço a esse Dsei, através de
protocolo, na data de 26 Set 2019. Sendo gerados os relatórios a partir de 01 Out 2019.
Informo ainda, os relatórios referente aos meses - Out (0015011755, 0015011681,
0015011630, 0015011594, 0015011536, 0015011494), Nov(0015011427, 0015011378,
0015011259, 0015011226, 0015011183, 0015011145) e Dez (0015011105, 0015011063,
0015011012, 0015010935, 0015010879, 0015010853) 2019, encontram-se nos autos do
processo de pagamento (25064.001834/2019-37).

[...]

Análise do Controle Interno


O gestor informou que os relatórios de monitoramento das aeronaves, referente aos
meses de outubro (0015011755, 0015011681, 0015011630, 0015011594, 0015011536,

41
0015011494), novembro (0015011427, 0015011378, 0015011259, 0015011226,
0015011183, 0015011145) e dezembro de 2019 (0015011105, 0015011063,
0015011012, 0015010935, 0015010879, 0015010853), encontram-se no Processo nº
25064.001834/2019-37. Entretanto, os citados relatórios foram incluídos somente no
dia 26 de maio de 2020, após esta Controladoria Regional ter enviado o Relatório
Preliminar.

Além disso, os atestos foram assinados em 9 de outubro de 2019 (SEI nº 0011625166),


24 de outubro de 2019 (SEI nº 0011874706), 5 de novembro de 2019 (SEI nº
0012049655) e 28 de novembro de 2019 (SEI nº 0012390222), antes da data de geração
dos relatórios de monitoramento, em 14 e 19 de fevereiro de 2020.

Portanto, fica confirmado que, no momento de atestar os serviços prestados, a única


fonte de informação sobre a rota realizada e o tempo de duração de cada trecho
percorrido vem dos próprios pilotos, fragilizando o controle sobre as horas voadas.

Achado nº 6.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 06 CONTRATAÇÃO DE SERVIÇO DE MONITORAMENTO DE AERONAVE QUE SE
DEMONSTROU INEFICIENTE ANTERIORMENTE.

Considerando o encerramento do Contrato nº 25/2013 em maio de 2018, cujo objeto


tratava-se de sistema de rastreamento e monitoramento eletrônico portátil em
Aeronaves e veículos do Distrito Sanitário especial Indígena Yanomami , por meio do
sistema GPS, SATELITAL e GSM junto a empresa Radionet Ltda EPP houve a necessidade
de realizar nova licitação, que iniciou com abertura de pregão eletrônico nº 08/2018
fracassado, ocasionando a abertura de outro pregão o de nº 11/2018 encerrado por
problemas no CATSER e finalmente o pregão n°16/2018 que deu origem ao Contrato nº
04/2018. Cumpre salientar que todo esse diapasão de fatos envolvendo o certame
licitatório denota a particularidade ímpar de cada objeto licitado cujo acompanhamento
e fiscalização veem sendo moldados conforme a execução de cada contrato.

Análise do Controle Interno


Nos relatórios de monitoramento das aeronaves, citados no item 5 da manifestação do
gestor, constata-se que é frequente a falha “Sem registro de transmissão no período
selecionado”, comprovando que o serviço continua ineficiente.

Além disso, no Ofício nº 550/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (0014142028), de 25 de


março de 2020, citado no item 9 da manifestação, o DSEI-Y solicitou à contratada
Radionet Ltda. um técnico para corrigir falhas dos aparelhos de GPS, que não estavam
registrando relatórios, confirmando novamente a ineficiência dos serviços prestados.

42
Achado nº 7.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 07 O SERVIÇO DE MONITORAMENTO DE AERONAVE NÃO ATENDE À SUA
FINALIDADE.

Não há o quer se falar nas fragilidades observadas no que tange ao monitoramento para
comprovar a quantidade de horas voadas, mas há que se considerar a presunção de boa-
fé visto que , a administração vem gradativamente aprendendo a fiscalizar a execução
de objetos extremamente complexos pois trata-se de sistema satelital , suscetível a
sofrer interferências desde o ajustamento do equipamento, as interferências
atmosféricas e até mesmo em regiões que interferem no sinal emitido, prejudicando
assim, o monitoramento ultra-preciso, fatos estes que somente no decorrer da execução
podem ser observados e , portanto, ajustados se essa verificação for feita através de um
acompanhamento online pelo distrito em cada voo. Todavia, não seria desarrazoável
afirmar que o relatório emitido pelo sistema de monitoramento é uma ferramenta
fundamental na comprovação da realização do voo e de sua rota, contemplando assim
dois itens da justificativa de abertura do processo do referido monitoramento.

Análise do Controle Interno


Apesar de o gestor afirmar que o relatório emitido pelo sistema de monitoramento é
uma ferramenta fundamental na comprovação da realização do voo e de sua rota, esse
instrumento não está sendo utilizado, pois os relatórios de monitoramento,
relacionados no item 5 da manifestação do gestor, foram incluídos somente no dia 26
de maio de 2020, após esta Controladoria Regional ter enviado o Relatório Preliminar.

Além disso, os Atestos foram assinados em 9 de outubro de 2019 (SEI nº 0011625166),


24 de outubro de 2019 (SEI nº 0011874706), 5 de novembro de 2019 (SEI nº
0012049655) e 28 de novembro de 2019 (SEI nº 0012390222), antes da data de geração
dos relatórios de monitoramento, em 14 e 19 de fevereiro de 2020.

Portanto, fica mantido o entendimento de que o serviço de monitoramento de


aeronave, objeto do Contrato nº 04/2018, não está atendendo à sua finalidade.

Achado nº 8.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 08 O PAGAMENTO DE MONITORAMENTO DE AERONAVES EM NÚMERO MAIOR DE
QUE EFETIVAMENTE EXECUTADO.

43
Não obstante a análise dos prefixos das aeronaves que constam no anexo do oficio nº
227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, referente ao ano de 2018 anexo nº 0013485647,
há que se levar em consideração alguns aspectos:

1 - As aeronaves operadas pela empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda (PT-JDM, PT-KTI e
PT-KKF), no início de 2018 foram contratadas pela Paramazônia Táxi Aéreo, visto que,
na época a empresa Paramazônia executava o contrato nº 02/2012 assinado junto ao
Distrito Yanomami. Por conseguinte, contratou a empresa Piquiatuba Táxi Aéreo Ltda
para realizar alguns voos para o Distrito Yanomami e, consequentemente, foram
instalados os GPS nas referidas aeronaves para registros dos voos.

2 - As aeronaves operadas pela TARP Táxi Aéreo (PT-YDG e PT-HQZ) eram utilizadas pela
empresa para atender ao Distrito Yanomami através do contrato nº 09/2017,
informamos ainda que os relatórios dos GPS eram encaminhados pela empresa sem
custo para o Distrito.

Análise do Controle Interno


Conforme informado pelo gestor, as aeronaves operadas pela Piquiatuba Táxi Aéreo
Ltda. (PT-JDM, PT-KTI e PT-KKF) foram contratadas pela Paramazônia Táxi Aéreo.
Portanto, essas aeronaves também deveriam ser monitoradas por meio do Contrato nº
04/2018.

Entretanto, as aeronaves operadas pela Tarp Táxi Aéreo (PT-YDG e PT-HQZ) eram objeto
do Contrato nº 09/2017, cujos monitoramentos já estavam incluídos no próprio
contrato. Com relação às outras aeronaves (PT-YDG, PR-GPI, PT-KGC e PP-SLD), não há
informação.

Assim, das 22 aeronaves relacionadas, apenas dezessete deveriam ser monitorados pelo
Contrato nº 04/2018, pois as outras cinco não prestavam serviço para o DSEI-Y.

Quadro 8 - Quantidade de aeronaves monitoradas em 2018


Total de aeronaves do anexo 0013485647_2018 22
Aeronave da M3 Investimentos Eireli -1
Aeronaves com status de operação negada para táxi aéreo -2
Aeronave da Tarp Táxi Aéreo Ltda. -1
Aeronave PP-SLD -1
Aeronaves monitoradas após 13/08/2018 17
Fonte: anexo 0013485647_2018 e consulta dos RAB no site da Anac realizada em 14 de fevereiro de
2020.

O gestor não prestou mais informações sobre o restante do Achado de Auditoria.


Portanto, fica mantido o posicionamento da equipe de Auditoria, alterando-se apenas o
cálculo do valor pago a maior até 17 de agosto de 2019:

44
Tabela 5 - Cálculo dos valores pagos a maior
NF Valor da NF Período do Serviço Qtd. Valor Total Diferença a
Exec. Unit. Executado maior
5578 7.527,50 15 a 31/08/2018 17 752,75 6.398,38 1.129,12
5595 15.055,00 01 a 30/09/2018 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5610 15.055,00 01 a 31/10/2018 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5628 15.055,00 01 a 30/11/2018 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5647 15.055,00 01 a 31/12/2018 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5660 15.055,00 01 a 31/01/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5674 15.055,00 01 a 28/02/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5688 15.055,00 01 a 31/03/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5712 15.055,00 01 a 30/04/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5745 15.055,00 01 a 31/05/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5764 15.055,00 01 a 30/06/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5823 15.055,00 01 a 31/07/2019 17 752,75 12.796,75 2.258,25
5855 15.055,00 01 a 17/08/2019 17 752,75 7.017,57 8.037,43
18 a 31/08/2019 -0- 752,75 -0-
5880 15.055,00 01 a 30/09/2019 -0- 752,75 -0- 15.055,00
5897 15.055,00 01 a 31/10/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
5941 15.055,00 01 a 30/11/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
5997 15.055,00 01 a 31/12/2019 6 752,75 4.516,50 10.538,50
Total 248.407,50 167.729,70 80.677,80
Fonte: Processos nº 25064.000266/2018-76, 25064.002588/2018-50, 25064.000340/2019-35 e
25064.000692/2019-91, anexos 0013485647_2018 e 0013485826_2019 do Ofício nº
227/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 10 de fevereiro de 2020, Ofício nº
302/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 21 de fevereiro de 2020, e Ofício nº
1202/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS, de 8 de junho de 2020.

Assim, o montante pago a maior foi de R$ 80.677,80, dos serviços executados até
dezembro de 2019:

Achado nº 9.

Manifestação da Unidade Prestadora de Contas


Nº 09 DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PREVISTA EM EDITAL.

Diante do exposto, informo que a empresa RADIONET LTDA ME foi informada através do
Ofício nº OFÍCIO Nº 550/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (0014142028) a solicitação e
recolhimento de aparelho de monitoramento que a partir do recolhimento, a cobrança
por parte da contratada deverá ser feita exclusivamente dos aparelhos (10 unidades),
em uso efetivo pela contratante.”

Análise do Controle Interno


O achado de auditoria trata sobre a obrigação da contratada “manter um técnico
especializado no Estado de Roraima para a realização de instalação, trocas e
manutenção dos equipamentos”.

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Em sua manifestação o gestor informou que foi solicitado à empresa contratada o
recolhimento de aparelhos de monitoramento, por meio do Ofício nº
550/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS (0014142028), de 25 de março de 2020:

“5. Diante do exposto, solicitamos um técnico em caráter de urgência,


para corrigir falhas que os aparelhos estão acometidos, pois não estão
registrando relatórios, com perda de sinal constante, oscilação frequente e o
recolhimento de 10 dos aparelhos que estão sem uso por esta contratante.
Lembramos ainda que, desde o dia 07 de março de 2020 até a presente data,
os equipamentos estão sem funcionamento e não emitem relatórios. E que a
partir do recolhimento, a cobrança por parte da contratada deverá ser feita
exclusivamente dos aparelhos (10 unidades), em uso efetivo pela
contratante.”

Portanto, considerando que não é informado no Ofício nº


550/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS nem no Ofício nº
1202/2020/YANOMAMI/DSEI/SESAI/MS se a empresa Radionet Ltda. mantém um
técnico especializado em Roraima, conclui-se que a contratada não cumpre a obrigação.

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