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23 de dezembro de 2020
Controladoria-Geral da União - CGU
Secretaria Federal de Controle Interno
RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO
Órgão: MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, PORTOS E AVIAÇÃO CIVIL
Unidade Examinada: Superintendência Regional do DNIT no Estado do Acre
(SR/DNIT/AC)
Município/UF: Rio Branco/Acre
Ordem de Serviço: 201900156
Missão
Promover o aperfeiçoamento e a transparência da Gestão Pública, a prevenção
e o combate à corrupção, com participação social, por meio da avaliação e
controle das políticas públicas e da qualidade do gasto.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 6
RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................................ 21
CONCLUSÃO ................................................................................................................................. 22
ANEXOS ....................................................................................................................................... 23
INTRODUÇÃO
Em cumprimento à Ação de Controle nº 201900156, foram desenvolvidos exames com dois
objetivos: o primeiro, avaliar as obras realizadas na BR-364/AC no âmbito do Programa de
Contratação, Restauração e Manutenção por Resultados (PROCREMA); o segundo, identificar
oportunidades de melhorias na qualidade do gasto do Governo Federal com licitações e/ou
contratos de obras públicas. Informações sobre os contratos analisados estão no quadro a
seguir:
VIGÊNCIA
RODOVIA CONTRATO TIPO VALOR (R$)
INÍCIO TÉRMINO
2700779/2016 CREMA/EXECUÇÃO 06/12/2016 05/12/2019 60.971.610,37
BR-364/AC
2700780/2016 CREMA/EXECUÇÃO 06/12/2016 05/12/2019 51.143.857,56
BR-364/AC E
2700695/2018 CREMA/SUPERVISÃO 23/08/2018 21/08/2021 23.566.347,87
BR-317/AC
TOTAL (R$) 135.681.815,80
Fonte: Elaborado pela CGU a partir de consultas realizadas em dezembro de 2018 ao SISDNIT/SIAC.
A auditoria foi realizada com base na materialidade e relevância das obras. Quanto à
materialidade, no período de 2017 a 2019 foram alocados à Superintendência do DNIT no
estado do Acre recursos no montante de R$ 559.442.643,80 para execução de obras do
CREMA. No que tange à relevância, as ações de manutenção de trechos rodoviários objetivam
manter a malha rodoviária federal no Estado do Acre (BR-364 e BR-317), única ligação
terrestre do Estado com o restante do País, em boas condições operacionais, promovendo a
redução dos custos de transporte e proporcionando segurança e conforto aos usuários.
O lote 01 teve seu objeto licitado em 2016 pela SR/DNIT/RO-AC através do Edital de Pregão
Eletrônico nº 0319/16-22, Processo nº 50622.003435/2016-32, vencido pela empresa LCM
Construção e Comércio S/A, com proposta vencedora no valor de R$ 60.971.610,37, Contrato
SR/RO-AC DNIT 22 00779/2016, assinado em 01.12.2016, publicado no Diário Oficial da União
no dia 05.12.2016.
O lote 02 da BR/364-AC está delimitado pelo seguinte trecho: DIV. RO/AC – ENTR. AC-090
(FRONT. BRASIL/PERU)(BOQUEIRÃO DA ESPERANÇA), Subtrecho: ACESSO MANUEL URBANO
– ENTR. AC-329 (IGARAPÉ ALTO JURUPARI), SEGMENTO : KM 352,85 AO KM 428,00,
EXTENSÃO: 75,15 KM.
O lote 02 teve seu objeto licitado em 2016 pela SR/DNIT/RO-AC através do Edital de Pregão
Eletrônico nº 0319/16-22, Processo nº 50622.003434/2016-98, vencido pela empresa LCM
Construção e Comércio S/A, com proposta vencedora no valor de R$ 51.143.857,56, Contrato
SR/RO-AC DNIT 22 00779/2016, assinado em 01.12.2016, publicado no Diário Oficial da União
no dia 05.12.2016.
Quanto à supervisão das obras, cabe registrar que houve três empresas supervisoras que se
sucederam, conforme informações do quadro a seguir:
SITUAÇÃO
PERÍODO DO
CONTRATO EMPRESA PROCESSO SEI DO
CONTRATO
CONTRATO
908/2012 Maia Melo Engenharia 22/11/2012 a 50600057187/2012-19 Concluído
LTDA. 30/09/2017
2700772/2017 Bureau Veritas do Brasil 23/10/2017 a 50018500035/2017-80 Concluído
Sociedade Classificadora e 20/04/2018
Certificadora LTDA.
2700695/2018 CAVA Engenharia de 23/08/2018 a 50600030684/2017-30 Ativo
Infraestrutura LTDA. 21/08/2021
7
Fonte: Ofício nº 62320/2019/CONGE-CAF-AC/SER-AC, de 11 de julho de 2019, em resposta à Solicitação de
Auditoria nº 201900156/03.
8
RESULTADOS DOS EXAMES
Como resultado, constatou-se que apesar de a intervenção adotada pelo órgão, denominada
Crema 1ª etapa, ser insuficiente para restaurar e manter as condições da rodovia conforme os
parâmetros técnicos estabelecidos pelo próprio DNIT, ela foi utilizada como solução
preliminar à uma futura reconstrução e garantiu a trafegabilidade da rodovia, principalmente
durante os períodos de inverno.
O Crema 1ª etapa consiste na execução de serviços em toda a pista para a melhora das
condições funcionais e, por isso, pode ser considerado um contrato de recuperação funcional.
Por outro lado, conforme o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos (publicação IPR-
720) e a Instrução de Serviço nº 06/2016, quando é necessário o tipo de intervenção
predominantemente estrutural, o DNIT geralmente utiliza a “restauração” e o Crema 2ª etapa.
Ambos são contratos de recuperação estrutural e funcional, uma vez que os levantamentos
previstos em seus projetos detectam tanto problemas funcionais quanto estruturais.
9
Para subsidiar a definição do tipo de intervenção a ser adotada na BR-364/AC, o DNIT
determinou que a empresa Maia Melo Engenharia Ltda, inscrita sob o CNPJ
08.156.424/000151, na época supervisora do trecho da rodovia, fizesse os ensaios
deflectométricos, por meio de Viga Benkelman, nos trechos que abrangem os lotes 01 e 02 da
rodovia. A partir dos resultados desses ensaios e utilizando-se da metodologia estabelecida
pelo DNIT para avaliar o tipo de intervenção a ser adotada na rodovia, preconizada
principalmente na norma DNER-PRO 011/79 e na Instrução de Serviço nº 06/2016, a Maia
Melo Engenharia Ltda concluiu que era necessária a realização de intervenção
predominantemente estrutural, por meio do acréscimo de camada asfáltica com espessura
variável entre 1 e 20cm sobre o pavimento existente na rodovia. Os resultados dos ensaios
deflectométricos constituem anexo deste relatório.
Apesar de os estudos baseados nas normas do DNIT indicarem como solução mais adequada
a reconstrução de trechos da rodovia, a Autarquia adotou o tipo de intervenção do tipo
CREMA, que objetiva a recuperação da pista, e não sua reconstrução. A decisão do DNIT foi
adotada considerando fatores como: valor por/Km, tempo de elaboração do projeto,
restrinções orçamentárias, trafegabilidade da pista, compatibilização com reconstrução
posterior e processo de regularização ambiental.
10
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Quadro 02 - Comparativos de modelagens de intervenções possíveis na BR-364/AC em 2015, trecho Sena
Madureira (km 274) ao Rio Liberdade (km 684).”
Nesse contexto, após definida a intervenção do tipo CREMA como preliminar à fase de
reconstrução da rodovia, foram estabelecidos em projeto serviços de tratamento superficial
duplo, capa selante com pedrisco, reciclagem de base com adição de brita e preenchimento
com solo, não tendo sido previstos serviços englobando as demais camadas do pavimento
(sub- base e subleito).
11
“5. No ano de 2014 a Diretoria Colegiada do DNIT, por meio do Relato nº 95/2014
(Anexo I) (6323958) decidiu que a Autarquia assumisse as obras da Rodovia, dado o
fracasso das obras de implantação através dos convênios com o DERACRE, convênios
esses que até a presente data estão pendentes de recebimento por parte do DNIT, e
diversos com processos de Tomada de Contas Especial - TCE em curso.
6. Ademais, no Relato 95/2014, a Diretoria Colegiada do DNIT, dentre outras
providências, determinou que o Superintendente Regional do DNIT nos Estados de
Rondônia e Acre realizasse os procedimentos necessários à contratação de CREMA
compatível com a condição da rodovia, para os trechos já recebidos pelo DNIT.
Determinou ainda à Diretoria de Infraestrutura Rodoviária - DIR desenvolver, desde
já, os respectivos levantamentos e projetos com base nos remanescentes das obras,
com vista à contratação direta dos serviços pelo DNIT, de modo a garantir a
trafegabilidade da rodovia e proporcionar conforto e segurança para o usuário.
[...]
9. Diante deste cenário, se mostrava evidente a necessidade de total reconstrução da
Rodovia, entendimento este pacificado dentro do DNIT local e Nacional, e
confirmado pela peça técnica produzida pelo Consórcio Dynatest/Engemap (Anexo IV)
(6324027), através de estudos deflectométricos (FWD) e LVC, em abril de 2015.
10. Nesta linha de entendimento, como não foi concluído a elaboração do anteprojeto
para adequada solução e inexistir dotação orçamentária com esta finalidade (não havia
rubrica orçamentária específica, que não se confunde com a rubrica de manutenção),
e por outro lado, havia uma pressão social intensa para que o DNIT cumprisse com sua
missão institucional, no sentido de não permitir a interrupção do tráfego da BR-
364/AC entre os municípios de Rio Branco a Cruzeiro do Sul, conforme hemeroteca
digital, entre os anos de 2014 a 2017 (Anexo XII)(6324205), foram concebidos os
Projetos CREMAS (obras funcionais), como solução intermediária à reconstrução.
11. Naquele momento, corroborava com o referido entendimento o RELATÓRIO DE
ACOMPANHAMENTO – 1ª ETAPA do TCU, TC 011.590/2015-7 Fiscalis 204/2015 (Anexo
II) (6323965), onde vale destacar a seguinte passagem do referido documento da Corte
de Contas da União:
(...)
141. Por seu turno, a Superintendência do DNIT RO/AC obtemperou que, como a BR-
364/AC, por meio de convênios celebrados com o Deracre, esteve sob a responsabilidade
do estado do Acre nos últimos anos e que apenas recentemente foi reassumida pelo
DNIT, não existindo projetos para a referida rodovia, motivo pelo qual foram licitados e
encontram-se contratados Planos Anuais de Trabalho (PATOS), ou seja, contratos
mínimos de manutenção/conservação da via (peça 27, p. 47).
142. Não obstante, reconheceu que tais contratos de manutenção e conservação não
são suficientes para garantir a trafegabilidade no segmento compreendido entre Sena
Madureira e o rio Liberdade, haja vista serem necessárias intervenções estruturais no
pavimento devido ao avançado estado de degradação do sub-trecho. Assim sendo, o
DNIT trabalha atualmente na elaboração de anteprojeto de reconstrução da BR-
364/AC, mas que não ficará pronto neste exercício. (grifo nosso)
143. Por conseguinte, encontrar-se-ia em andamento na Superintendência do DNIT
RO/AC processo visando à contratação de Plano de Obras Funcional capaz de
restabelecer as condições de tráfego da rodovia. Prevendo-se que, neste caso, deverá
ser adotada uma solução técnica mais robusta que as previstas nos contratos de
manutenção e conservação, sem perder de vista que todo o trabalho deverá servir
como intermediário à solução definitiva de reconstrução, de modo a evitar retrabalhos,
tampouco má utilização dos recursos públicos. (grifo nosso)
(...)
154. Pelo exposto, não se vislumbra que o andamento até agora verificado justifique
imediata intervenção desta Corte de Contas, malgrado o planejamento desta e de
12
futuras ações de controle demande o estabelecimento pelo DNIT de cronograma das
medidas que pretende realizar, inclusive aquelas previstas para serem efetuadas no
exercício de 2016. (grifo nosso)
12. Cumpre registrar, a existência do Inquérito Civil nº 1.10.000.000323/2015-96 do
Ministério Público Federal - MPF (Anexo III) (6324000), que apurava a garantia de
atuação da União na manutenção e restauração das Rodovias Federais no Estado do
Acre, sobretudo para evitar a interrupção do tráfego da BR-364/AC de Rio Branco à
Cruzeiro do Sul, conforme descrito abaixo (p. 12):
(...)
Conforme anotado, o presente inquérito civil foi instaurado com o intuito de
apurar suposto estado de omissão do Poder Público em garantia a restauração e
manutenção das rodovias federais BR-317 e BR-364, nos trechos do estado do Acre, em
vista das reiteradas notícias de abandono e omissão do DNIT em proceder à
manutenção/fiscalização das referidas rodovias, inclusive diante da hipótese de
interdição da BR-364 e consequente isolamento da região oeste do estado. (grifo nosso).
13. Ou seja, caso não houvesse uma atuação diligente do DNIT e seus agentes,
certamente o referido procedimento evoluiria para uma condenação e punição por
omissão. Entretanto, dado o planejamento e as ações tomadas pela Autarquia, o
referido procedimento foi arquivado, conforme se constata nos trechos abaixo da
decisão de arquivamento (p. 20 a 21), in verbis:
É evidente que as referidas providências (intervenção CREMA e PATOS) são
extremamente relevantes, não apenas para conservação contínua da malha viária, mas
como medidas imediatas, a curto prazo, para evitar interrupção, sobretudo, da rodovia
BR-364. A medida a longo prazo, conforme acentuado em diversas ocasiões, consiste
na reconstrução integral do trecho que interliga a capital com o município de Cruzeiro
do Sul, processo mais contundente, mas também mais complexo e demorado.
(...)
Tais fundamentos são suficientes para promoção de arquivamento do presente
inquérito civil (...).
[...]
16. Diante deste contexto, qual seja: impossibilidade de aplicação direta de solução
definitiva (reconstrução) e que a não ação acarretaria diretamente no fechamento da
rodovia já no período chuvoso de 2016/2017, assim, foi planejado que o DNIT realizaria
obras funcionais, dentro da realidade orçamentária daquele momento e dentro da
rubrica existente de manutenção rodoviária para o Estado do Acre, para garantir a
trafegabilidade e proteger o patrimônio público já implantado, que segundo estudo do
TCU gira na ordem de 1,5 bilhões de reais (Anexo II, p. 4 item 9), sendo uma primeira
etapa da reconstrução. Essas intervenções foram os projetos CREMA, divididos em seis
lotes, com três anos de vigência, incluindo os Lotes 01 e 02, objeto da presente
auditoria.
17. Vale ressaltar, que ainda no ano de 2015, por meio do Memorando 2ª UL nº
238/2015 (Anexo XI) (6324148) foi manifestada pelo Chefe da Unidade Local de Rio
Branco ao Superintendente RO/AC a preocupação em relação ao estado da Rodovia BR-
364/AC, bem como, esclarecendo ao Superintendente Regional RO/AC as competências
regimentais, citadas inclusive no Acórdão nº 1097/2014 - TCU - Plenário, que caberia
ao "DNIT/SEDE (DIR e DPP) a decisão sobre a manutenção dos contratos vigentes, a
elaboração de novos contratos, o tipo de solução a ser adotada ou se
seria melhor aguardar a reconstrução da referida rodovia e fechá-la durante o período
de chuvas na região".
18. Portanto, a referida decisão de escolha da tipologia de contrato para manutenção
da BR-364/AC, não se deu a nível da Unidade Local de Rio Branco, conforme já
13
demonstrado acima, foi um desdobramento do Relato da Diretoria Colegiada do DNIT
nº 95/2014, como também, no Fórum de Planejamento da DIR 2016, conforme planilha
anexa a ATA (Anexo V) (6324044) para o Estado do Acre, e tais projetos foram
elaborados no DNIT - Sede, nos processos (50600.014022/2016-
31, 50600.014021/2016-97, 50600.014020/2016-42, 50600.014019/2016-
18, 50600.014018/2016-13 e 50600.014017/2016-29, os quais podem ser consultados
no endereço eletrônico do "DNIT sem papel").”
Durante a inspeção, a equipe da CGU, com o auxílio da empresa supervisora, efetuou a abertura
de 10 poços de inspeção do pavimento, sendo cinco no lote 01 e cinco no lote 02, todos os poços
com dimensões de 60 cm x 60 cm, e com profundidade entre 43 e 72 cm.
Com isso, foi possível visualizar a situação das camadas inferiores do pavimento existente antes
e após a execução das obras. Em geral, as camadas de revestimento asfáltico e base inspecionadas
foram executadas de acordo com as dimensões previstas em projeto. A camada de sub-base, no
entanto, que é fundamental para receber e redistribuir as cargas para as camadas inferiores,
apresentava características de composição dos materiais, umidade e granulometria que
indicavam não serem adequadas para serviços de pavimentação. Apesar dessa indicação, a
situação somente poderia ser comprovada por meio de ensaios de laboratório, solução não
disponível à Regional durante as fiscalizações.
Por todo o exposto, conclui-se que o tipo de intervenção adotado pela SRE/AC, embora não seja
a solução final para a manutenção da BR-364/AC, Km 274,30 ao Km 352,85 (lote 01) e Km 352,85
ao Km 428,00 (lote 02), garantiu a trafegabilidade da via, principalmente no período mais crítico
que corresponde ao inverno amazônico.
Apesar disso, para que se evitem perdas dos serviços já realizados no CREMA, em razão da
precária estrutura do pavimento existente na rodovia, há a urgente necessidade de elaboração
e execução do projeto de recontrução dos lotes 01 e 02 da BR-364/AC.
14
2. Ocorrência de patologias precoces no pavimento objeto das obras
dos lotes 01 e 02 da BR/364-AC.
Os exames objetivaram verificar se os resultados apurados estão dentro das metas
estabelecidas nos contratos firmados pelo DNIT e no Plano de Gestão de Qualidade (PGQ)
apresentado pela empresa executora da obra, principalmente quanto à qualidade e à garantia
quinquenal dos serviços executados.
Dessa forma, por meio de análise documental, verificou-se que a empresa CAVA Engenharia
de Infraestrutura Ltda, inscrita sob o CNPJ 05.296.490/0001-39, supervisora das obras dos
lotes 01 e 02 da BR/364-AC, elaborou dois pareceres técnicos registrando a existência de
patologias precoces no pavimento dos trechos objeto da fiscalização. Também elaborou, em
fevereiro de 2019, relatório onde está registrada a ocorrência de 37 erosões no lote 01 e 42
erosões no lote 02.
Por sua vez, a empresa supervisora emitiu em junho de 2019 dois pareceres técnicos,
referentes aos lotes 01 e 02, em que são divulgados os resultados dos ensaios de sondagem
realizados nas camadas do pavimento.
Destacam-se trechos (idênticos para os dois lotes) dos pareceres técnicos dos lotes 01 e 02:
10. CONCLUSÕES
15
Salienta-se que, principalmente em decorrência dos problemas estruturais que se agravaram
durante a execução das obras do Crema, foram realizados quatro aditivos contratuais, sendo
dois no lote 01 e dois no lote 02.
Por sua vez, a CGU realizou a inspeção física das obras dos lotes 01 e 02 no período de 27.08.19
a 30.08.19. Um dos objetivos da inspeção física foi verificar em campo os registros dos
pareceres técnicos elaborados pela Cava Engenharia Ltda.
Nesse contexto, por meio de análise documental, a CGU verificou que a Cava Engenharia havia
identificado 58 trechos no lote 01 com problemas na camada de base relativos a serviços
realizados nos anos de 2017 e 2018 e a ocorrência de 37 erosões.
Preliminarmente, para inspeção física do lote 01, a CGU selecionou 27 pontos de parada e
inspeção, dentre os 58 trechos em que foram registrados problemas pela Cava Engenharia.
Em cada ponto foram coletadas coordenadas geográficas, por meio de aparelho de GPS, e
foram efetuados os registros fotográficos e de vídeo. A seguir, estão os quadros com as
principais informações dos locais inspecionados e alguns registros fotográficos. Em anexo a
este relatório podem ser encontradas outras fotografias.
16
16 311,600 08°58.743' S 068°59.603' W EROSÃO NÃO HÁ.
Fotografia 01: Patologias (exsudação e Fotografia 02: Erosão abrangendo meia pista no
escorregamento de bordo) no km 352,400 do km 341,900 do lote 01. Data: 29.08.2019.
lote 01. Data: 29.08.2019.
De modo semelhante, a CGU selecionou 29 pontos de parada e inspeção do lote 02. A seguir
estão os quadros com as principais informações dos locais inspecionados e alguns registros
fotográficos.
17
Quadro 4 – Pontos de parada para verificar a ocorrência de patologias e erosões no lote 02
(Km 352,85 ao 428,00 da BR/364-AC)
Fotografia 01: Patologias (exsudação e Fotografia 02: Erosão abrangendo meia pista no
escorregamento de bordo) no km 370,900 do km 412,600 do lote 02. Data: 28.08.2019.
lote 02. Data: 28.08.2019.
Ainda durante a inspeção física, com o auxílio dos técnicos da empresa Cava Engenharia, foram
abertos dez poços de inspeção, sendo cinco no lote 01 e cinco no lote 02, com o objetivo de
verificar a existência e as espessuras das camadas do pavimento. Segue quadro com
informações dos poços abertos no lote 01:
19
Segue quadro com informações dos poços abertos para inspeção no lote 02:
As informações sobre cada poço, tanto do lote 01 quanto do lote 02, estão em anexo a este
relatório.
Ressalte-se que, além dos serviços refeitos, foi constatada a existência de outras patologias
precoces no pavimento, também decorrentes de serviços concluídos em 2017 e 2018, desta
feita não corrigidos pela empresa contratada.
20
RECOMENDAÇÕES
1 – Elaborar e executar, com a maior brevidade possível, o projeto de reconstrução dos lotes
01 e 02 da BR-364/AC, de modo a evitar possíveis prejuízos decorrentes do uso prolongado do
CREMA.
Achados nº 01 e 02
Achado nº 02
21
CONCLUSÃO
Com base nos exames realizados, constatou-se a escolha de intervenção do tipo CREMA como
solução preliminar a uma futura reconstrução de trechos da BR-364/AC. Além disso, verificou-
se a ocorrência de patologias precoces no pavimento, em serviços realizados nos exercícios
de 2017 e 2018.
Assim, recomendou-se ao DNIT que elabore e execute, com a maior brevidade possível, o
projeto de reconstrução dos lotes 01 e 02 da BR-364/AC, de modo a evitar possíveis prejuízos
decorrentes do uso prolongado do CREMA.
Por fim, foi emitida recomendação para que a SRE/AC evite, em contratações de CREMA e
PATO (Programa Anual de Trabalho e Orçamento), a sobreposição de serviços que foram
executados anteriormente por empresas contratadas pelo DNIT e que ainda estejam cobertos
pelo prazo de garantia contratual.
22
ANEXOS
I – MANIFESTAÇÃO DA UNIDADE EXAMINADA E ANÁLISE DA EQUIPE
DE AUDITORIA
Achado nº 1
“5. No ano de 2014 a Diretoria Colegiada do DNIT, por meio do Relato nº 95/2014 (Anexo I)
(6323958) decidiu que a Autarquia assumisse as obras da Rodovia, dado o fracasso das obras
de implantação através dos convênios com o DERACRE, convênios esses que até a presente
data estão pendentes de recebimento por parte do DNIT, e diversos com processos de Tomada
de Contas Especial - TCE em curso.
6. Ademais, no Relato 95/2014, a Diretoria Colegiada do DNIT, dentre outras
providências, determinou que o Superintendente Regional do DNIT nos Estados de Rondônia
e Acre realizasse os procedimentos necessários à contratação de CREMA compatível com
a condição da rodovia, para os trechos já recebidos pelo DNIT. Determinou ainda à Diretoria
de Infraestrutura Rodoviária - DIR desenvolver, desde já, os respectivos levantamentos e
projetos com base nos remanescentes das obras, com vista à contratação direta dos serviços
pelo DNIT, de modo a garantir a trafegabilidade da rodovia e proporcionar conforto e
segurança para o usuário.
7. Diante das denúncias dos Convênios e paralisação das obras dos Convênios, já em 2014, o
DNIT, por meio da Superintendência Regional nos Estados de Rondônia e Acre, foram
elaborados de imediato para este trecho, contratos de manutenção (PATOS), os quais são as
contratações mais rápidas no âmbito do DNIT. Entretanto, dado o elevado estado de
degradação do pavimento pós implantação (fotos 01 a 04) esta modelagem de contrato se
mostrou insuficiente para garantir a trafegabilidade e segurança dos usuários, aliado ao fato
de que a deterioração avançava rapidamente ao longo de todo o trecho, com inúmeros
atoleiros que dificultavam sobremaneira a trafegabilidade, o que forçou o DNIT a decretar
obras emergenciais (de Tarauacá ao Rio Liberdade) para impedir a interrupção do tráfego.
23
24
Fotos 01 a 04 - BR-364/AC, trechos Sena Madureira ao Rio Liberdade, no início da execução dos
CREMAS, em péssimas condições de trafegabilidade e repleta de atoleiros.
8. Deste modo, os contratos de PATOS giravam na ordem de 45 milhões para dois anos, para
atender um trecho de 410 km. Mesmo assim, dada a criticidade do trecho foi necessária a
decretação de emergência na ordem de 75 milhões para aproximadamente 40 km críticos
localizados entre Tarauacá ao Rio Liberdade.
9. Diante deste cenário, se mostrava evidente a necessidade de total reconstrução da Rodovia,
entendimento este pacificado dentro do DNIT local e Nacional, e confirmado pela peça
técnica produzida pelo Consórcio Dynatest/Engemap (Anexo IV) (6324027), através de estudos
deflectométricos (FWD) e LVC, em abril de 2015.
25
10. Nesta linha de entendimento, como não foi concluído a elaboração do anteprojeto para
adequada solução e inexistir dotação orçamentária com esta finalidade (não havia rubrica
orçamentária específica, que não se confunde com a rubrica de manutenção), e por outro lado,
havia uma pressão social intensa para que o DNIT cumprisse com sua missão institucional, no
sentido de não permitir a interrupção do tráfego da BR-364/AC entre os municípios de Rio
Branco a Cruzeiro do Sul, conforme hemeroteca digital, entre os anos de 2014 a 2017 (Anexo
XII)(6324205), foram concebidos os Projetos CREMAS (obras funcionais), como solução
intermediária à reconstrução.
11. Naquele momento, corroborava com o referido entendimento o RELATÓRIO DE
ACOMPANHAMENTO – 1ª ETAPA do TCU, TC 011.590/2015-7 Fiscalis 204/2015 (Anexo II)
(6323965), onde vale destacar a seguinte passagem do referido documento da Corte de Contas
da União:
(...)
141. Por seu turno, a Superintendência do DNIT RO/AC obtemperou que, como a BR-
364/AC, por meio de convênios celebrados com o Deracre, esteve sob a responsabilidade
do estado do Acre nos últimos anos e que apenas recentemente foi reassumida pelo
DNIT, não existindo projetos para a referida rodovia, motivo pelo qual foram licitados
e encontram-se contratados Planos Anuais de Trabalho (PATOS), ou seja, contratos
mínimos de manutenção/conservação da via (peça 27, p. 47).
142. Não obstante, reconheceu que tais contratos de manutenção e conservação não são
suficientes para garantir a trafegabilidade no segmento compreendido entre Sena
Madureira e o rio Liberdade, haja vista serem necessárias intervenções estruturais no
pavimento devido ao avançado estado de degradação do sub-trecho. Assim sendo,
o DNIT trabalha atualmente na elaboração de anteprojeto de reconstrução da BR-
364/AC, mas que não ficará pronto neste exercício. (grifo nosso)
143. Por conseguinte, encontrar-se-ia em andamento na Superintendência do DNIT
RO/AC processo visando à contratação de Plano de Obras Funcional capaz de
restabelecer as condições de tráfego da rodovia. Prevendo-se que, neste caso, deverá
ser adotada uma solução técnica mais robusta que as previstas nos contratos de
manutenção e conservação, sem perder de vista que todo o trabalho deverá servir
como intermediário à solução definitiva de reconstrução, de modo a evitar
retrabalhos, tampouco má utilização dos recursos públicos. (grifo nosso)
(...)
154. Pelo exposto, não se vislumbra que o andamento até agora verificado justifique
imediata intervenção desta Corte de Contas, malgrado o planejamento desta e de
futuras ações de controle demande o estabelecimento pelo DNIT de cronograma
das medidas que pretende realizar, inclusive aquelas previstas para serem
efetuadas no exercício de 2016. (grifo nosso)
12. Cumpre registrar, a existência do Inquérito Civil nº 1.10.000.000323/2015-96 do Ministério
Público Federal - MPF (Anexo III) (6324000), que apurava a garantia de atuação da União na
manutenção e restauração das Rodovias Federais no Estado do Acre, sobretudo para evitar a
interrupção do tráfego da BR-364/AC de Rio Branco à Cruzeiro do Sul, conforme descrito abaixo
(p. 12):
(...)
Conforme anotado, o presente inquérito civil foi instaurado com o intuito de
apurar suposto estado de omissão do Poder Público em garantia a restauração e
manutenção das rodovias federais BR-317 e BR-364, nos trechos do estado do Acre, em
vista das reiteradas notícias de abandono e omissão do DNIT em proceder à
manutenção/fiscalização das referidas rodovias, inclusive diante da hipótese de
interdição da BR-364 e consequente isolamento da região oeste do estado. (grifo
nosso).
26
13. Ou seja, caso não houvesse uma atuação diligente do DNIT e seus agentes, certamente o
referido procedimento evoluiria para uma condenação e punição por omissão. Entretanto,
dado o planejamento e as ações tomadas pela Autarquia, o referido procedimento foi
arquivado, conforme se constata nos trechos abaixo da decisão de arquivamento (p. 20 a 21), in
verbis:
É evidente que as referidas providências (intervenção CREMA e PATOS) são
extremamente relevantes, não apenas para conservação contínua da malha viária, mas
como medidas imediatas, a curto prazo, para evitar interrupção, sobretudo, da rodovia
BR-364. A medida a longo prazo, conforme acentuado em diversas ocasiões, consiste
na reconstrução integral do trecho que interliga a capital com o município de Cruzeiro
do Sul, processo mais contundente, mas também mais complexo e demorado.
(...)
Tais fundamentos são suficientes para promoção de arquivamento do presente
inquérito civil (...).
14. A título exemplificativo, é possível citar inquérito civil aberto pelo MPF para apurar omissão
do DNIT no Estado de Minas Gerais, conforme matéria jornalística disponível por meio do
endereço eletrônico: https://www.hojeemdia.com.br/horizontes/cidades/mpf-aciona-dnit-
na-justi%C3%A7a-para-corrigir-problemas-na-br-365-1.675807.
15. Na mesma linha, o TCU considera primordial a cobertura contratual de 100% da malha
rodoviária federal, em que pese a Corte de Contas da União reconhecer que nem sempre é
possível realizar a contratação adequada ao trecho, haja vista as limitações impostas
pelo Orçamento da União (item 31 deste documento), conforme pode ser verificado nos
trechos abaixo do Relatório do Acórdão do TCU nº 83/2020 - Plenário:
(...)
7. Tendo em vista a importância social e econômica dessa ação, o Plano Plurianual da
União (PPA), de 2016 a 2019, estabelece expressa previsão de se realizar a
manutenção permanente de 100% da malha rodoviária sob a administração
federal (Lei 13.249/2016 - Anexo I) , meta a ser alcançada pelo Ministério dos
Transportes, Portos e Aviação Civil no âmbito do Programa 2087 - Transporte Terrestre
(Meta 040E do Objetivo 0280). (Grifo nosso)
(...)
55. Tal irregularidade afronta uma das metas estabelecidas no Plano Plurianual (PPA)
2016/2019 (Anexo I), instituído pela Lei 13.249/2016, em que um dos objetivos (0280)
é ‘melhorar a trafegabilidade e a segurança da malha rodoviária federal não concedida,
por meio de sua manutenção permanente, e da melhoria da sinalização e do controle
dos limites de peso e de velocidade’, tendo como uma de suas metas (040E) ‘realizar a
manutenção permanente de 100% da malha rodoviária sob administração federal’. O
cumprimento desta meta cabe ao DNIT, conforme competências estabelecidas nos
arts. 80 e 81 da Lei 10.233/2001.
16. Diante deste contexto, qual seja: impossibilidade de aplicação direta de solução definitiva
(reconstrução) e que a não ação acarretaria diretamente no fechamento da rodovia já no
período chuvoso de 2016/2017, assim, foi planejado que o DNIT realizaria obras funcionais,
dentro da realidade orçamentária daquele momento e dentro da rubrica existente
de manutenção rodoviária para o Estado do Acre, para garantir a trafegabilidade e proteger o
patrimônio público já implantado, que segundo estudo do TCU gira na ordem de 1,5 bilhões de
reais (Anexo II, p. 4 item 9), sendo uma primeira etapa da reconstrução. Essas
27
intervenções foram os projetos CREMA, divididos em seis lotes, com três anos de vigência,
incluindo os Lotes 01 e 02, objeto da presente auditoria.
17. Vale ressaltar, que ainda no ano de 2015, por meio do Memorando 2ª UL nº 238/2015
(Anexo XI) (6324148) foi manifestada pelo Chefe da Unidade Local de Rio Branco ao
Superintendente RO/AC a preocupação em relação ao estado da Rodovia BR-364/AC, bem
como, esclarecendo ao Superintendente Regional RO/AC as competências regimentais, citadas
inclusive no Acórdão nº 1097/2014 - TCU - Plenário, que caberia ao "DNIT/SEDE (DIR e DPP) a
decisão sobre a manutenção dos contratos vigentes, a elaboração de novos contratos, o tipo
de solução a ser adotada ou se seria melhor aguardar a reconstrução da referida rodovia e
fechá-la durante o período de chuvas na região".
18. Portanto, a referida decisão de escolha da tipologia de contrato para manutenção da BR-
364/AC, não se deu a nível da Unidade Local de Rio Branco, conforme já demonstrado acima,
foi um desdobramento do Relato da Diretoria Colegiada do DNIT nº 95/2014, como também,
no Fórum de Planejamento da DIR 2016, conforme planilha anexa a ATA (Anexo V) (6324044)
para o Estado do Acre, e tais projetos foram elaborados no DNIT - Sede, nos processos
(50600.014022/2016-31, 50600.014021/2016-97, 50600.014020/2016-
42, 50600.014019/2016-18, 50600.014018/2016-13 e 50600.014017/2016-29, os quais
podem ser consultados no endereço eletrônico do "DNIT sem papel").
19. O quadro abaixo ilustra o contexto de possibilidades de intervenções na BR-364/AC no
trecho de Sena Madureira ao Rio Liberdade no ano de 2015, onde o CREMA se mostrou como
a única alternativa possível, devido aos seguintes fatores: restrição orçamentária; falta de
projeto definitivo; assunção repentina pela responsabilidade de manutenção do trecho (que
antes era realizada pelo DERACRE); necessidade de intervenção imediata, dada a célere
degradação da rodovia, com iminente risco de interrupção do tráfego; pressão social e Órgãos
Auditores e Fiscalizadores (TCU e MPF), cobrando a atuação desta Autarquia de modo a manter
o patrimônio público, proporcionando trafegabilidade e segurança aos usuários da rodovia.
Comparativos de modelagens de intervenções possíveis na BR-364/AC em 2015, trecho
Sena Madureira (km 274) ao Rio Liberdade (km 684)
Possibilida
Viabili
Valor de de
Tempo Aplicabil Risco Pré- dade
Tipos de (R$) po Compet Rubrica Interru Compatibil
de idade à de obra requisito/Regul de
contrato no r km ência de orçamen pção do ização com
elabor BR- emerge arização aplicaç
DNIT (nov/20 escolha tária tráfego a
ação 364/AC ncial ambiental ão em
15) Reconstruç
2015
ão
Primeir
Prováve a
Possível,
SRE (já l, solução
mas se Inventário e
76.934, delegada Manuten Prováve inclusiv adotada
PATO Rápido mostrou Não abrangido pelo
47 pela ção l e com e se
sem PROFAS
SEDE) ocorrên mostro
eficácia.
cia u
inviável
Viável,
Levantamentos
como
de campo pela
Possível, Improv primei
SR, elaboração
mas não ável e ra
795.967 DNIT/S Manuten Improv do
CREMA Médio como sem Sim etapa
,49 EDE ção ável CREMA pelo
solução ocorrên de
DNIT/SEDE e
definitiva. cia solução
abrangido pelo
definiti
PROFAS
va
RESTAURA 1.693.5 DNIT/S Manuten Possível, Improv Improv Elaboração de Inviáve
Longo Sim
ÇÃO 75,09 EDE ção mas sem ável ável Termo de l pelo
28
projeto Referência para quesito
imediato contratação de tempo,
e sem empresa e ainda
solução especializada não
definitiva. para elaboração seria
do projeto e solução
abrangido pelo definiti
PROFAS va.
Inviáve
Impossíve Elaboração de
l pelo
l de forma anteprojeto de
quesito
imediata, engenharia e
tempo,
RECONSTR 2.687.8 DNIT/S sem Improv Improv licenciamento
Longo Própria - mas
UÇÃO 46,76 EDE projeto, ável ável ambiental
seria
mas traria ordinário (não
solução
solução abrangido pelo
definiti
definitiva. PROFAS)
va.
Quadro 02 - Comparativos de modelagens de intervenções possíveis na BR-364/AC em 2015, trecho Sena
Madureira (km 274) ao Rio Liberdade (km 684).
23. Outra análise que pode ser realizada para constatar a viabilidade do CREMA:
23.1. Se considerarmos que em novembro de 2015 o valor da reconstrução por km é de R$
2.687.846,76 (Custos médios gerenciais do DNIT - Anexo VI (6324049)) e considerarmos a
extensão a ser reconstruída de 410 km, necessitaríamos de um investimento em torno de R$
1,1 bilhão. Por outro lado, nestes CREMAS foram investidos de 2016 a 2019, a preços iniciais
(para efeito correto de comparação), aproximadamente R$ 230 milhões (SIAC/2020), sendo
que com esse investimento foi possível manter a rodovia aberta, melhorar a trafegabilidade
(vide ICM dos lotes 01 e 02 abaixo - Figura 01) e desobrigou a União de investir, naquele
momento, um montante de R$ 870 milhões de reais, que aplicados a uma taxa de juros
modesta e conservadora de 0,5% ao mês se obtém um valor mensal de R$ 4,35 milhões.
23.2. Lado outro, após os CREMAS, o custo médio mensal de manutenção deste trecho é de R$
1,84 milhão (fonte SIAC, preços atualizados - quadro abaixo) ao mês. Ou seja, a União não
desperdiçou dinheiro ou assumiu risco de desperdiçar, na verdade houve um investimento de
acordo com as condições dos Orçamentos Gerais da União daqueles anos, que proporcionou o
cumprimento de seus objetivos, sobretudo de não fechamento da Rodovia e a manutenção do
30
patrimônio público. Logo, o custo para a manutenção atualmente é menor que a rentabilidade
do recurso não utilizado para reconstrução da rodovia.
Contratos Período Valor Medido (R$)
007/2020 Fevereiro (2020) - Julho (2020) 3.033.696,98
008/2020 Fevereiro (2020) - Julho (2020) 4.066.890,32
009/2020 Fevereiro (2020) - Julho (2020) 2.193.277,49
010/2020 Fevereiro (2020) - Julho (2020) 1.745.592,02
Total 11.039.456,81
Média do custo mensal de manutenção (R$) 1.839.909,47
Quadro 03 - Valores acumulados medidos nos contratos de PATOS da BR-364/AC de Sena Madureira ao Rio Liberdade. Fonte: SIAC
agosto/2020
Figura 01 - Índice de Condição da Manutenção - ICM dos Lotes 01 e 02 de CREMA da BR-364/AC - julho/2020.
24. Frisa-se ainda, que antes das intervenções dos CREMAS não foi possível manter um nível
satisfatório de manutenção da rodovia com contratos tipo PATOS, o que após os CREMAS está
sendo possível. Ademais, em que pese os CREMAS não terem resolvido os problemas
estruturais da Rodovia, haja visto ela ser predominantemente em aterro constituído de argila
altamente expansiva (tabatinga), portanto, material impróprio para aterro, conforme fotos 05
e 06, entretanto, a restruturação da camada de base proporcionou melhora significativa nas
condições operacionais da rodovia, conforme foto 07 ilustrativa de antes e depois da
Restauração no CREMA.
31
Fotos 05 e 06 - Ilustram a constituição predominante do corpo de aterro da BR-364/AC, constituído de argila
altamente expansiva (tabatinga).
Foto 06 - Ilustra o aspecto geral do antes e depois dos trechos restaurados por meio do CREMA na BR-364/AC.
25. Portanto, mediante o que foi exposto, fica evidente que ao analisarmos estes CREMAS
como solução final, ele é considerado insuficiente para corrigir todos os problemas estruturais
da rodovia, porém conforme foi demonstrado acima, ele foi pensado como a primeira etapa
da solução definitiva, que virá com o anteprojeto da reconstrução.
[...]
32. Em relação ao investimento realizado nos lotes 1 e 2, discriminado no relatório de auditoria
no valor de "R$ 84.130.309,63 (oitenta e quatro milhões, cento e trinta mil trezentos e nove
reais e sessenta e três centavos)", destacamos inicialmente conforme supramencionado, que
a solução a nível de manutenção da BR-364/AC tem cumprido plenamente sua funcionalidade,
o valor informado foi utilizado para execução de 160 quilômetros de manutenção durante 3
anos, incluindo o controle de atoleiros e de processos erosivos, e aproximadamente 103
quilômetros de restauração (aproximadamente 64% dos lotes 01 e 02) de base com
revestimento. Ademais, todos os serviços medidos foram efetivamente executados e pagos
mediante controle tecnológico apresentado.”
Análise da equipe de auditoria
Nesse contexto, a SRE/AC relatou que realizou estudos técnicos mais rigorosos visando
determinar uma solução que garantisse uma maior trafegabilidade na BR-364/AC. A conclusão
inicial dos estudos demonstrou que a solução técnica mais adequada seria a reconstrução total
da rodovia.
Inclusive, a SRE/AC informou que tanto o Ministério Público Federal (MPF) quanto o Tribunal de
Contas da União (TCU) tinham conhecimento que a Autarquia adotaria o CREMA com o fim de
dar trafegabilidade a rodovia. Para isso a Autarquia apresentou vários documentos que
comprovam a ciência do MPF e do TCU.
A manifestação apresentada pela SRE/AC justificou, por meio de um quadro que apresenta um
resumo do estudo comparativo de modelagens de intervenções possíveis na BR-364/AC, a razão
pela qual foi adotado o CREMA.
Diante do exposto, considera-se que mesmo que o CREMA não fosse a solução mais adequada
para os lotes 01 e 02 da BR-364 sob o ponto de vista estritamente técnico, os outros fatores
apresentados (viabilidade orçamentária, tempo de elaboração dos projetos, trafegabilidade,
possibilidade de compatibilização com a reconstrução, etc.), justificaram a adoção desse tipo de
intervenção, não se deixando de lado, porém, em razão da precária estrutura do pavimento
existente na rodovia, há a urgente necessidade de elaboração e execução do projeto de
recontrução desses lotes.
Achado nº 2
Ocorrência de patologias precoces no pavimento objeto das obras dos lotes 01 e 02 da BR/364-
AC.
36. Quanto a recomendação de adotar medidas para evitar possíveis sobreposições de serviços
a serem refeitos com os novos contratos, informamos que o DNIT/AC já vem atuando neste
sentido. Nas próprias Ordens de Serviço dos novos contratos de manutenção (PATOs) foram
expedidas as determinações para não realizarem intervenções nas áreas de retrabalho que
estão devidamente identificadas (Anexo X) (5098463; 5098465), as quais são passivos das
empresas contratadas dos CREMAs.
37. Importante destacar também, que no final do ano de 2018 o DNIT/AC obteve duas UMOs
(Unidade Móvel Operacional para pesagem de veículos) a fim de fiscalizar e controlar o peso
dos veículos de carga nas Rodovias Federais. Apesar da inspeção auditorial não ter encontrado
a fiscalização de peso, é importante ressaltar que o modelo de contratação destas UMOs que
se viabilizou para essa Unidade foi de operação de 8 horas diárias, de segunda a sexta-feira, em
horários e locais variados, na forma de "blitz". Elas estão com a base operacional em Rio
34
Branco, permitindo um raio de atuação ordinário de 50 km a partir de Rio Branco.
Excepcionalmente ocorrem operações fora desse raio conforme a demanda, informações de
carga e de interesse ao DNIT/AC. Para viabilizar estas operações foi proposto para a PRF a
celebração de um Termo de Cooperação, entretanto sem êxito. Posteriormente, com proposta
à Polícia Militar, na qual concordou firmar o referido Termo de Cooperação Técnica em Rio
Branco, e desde então vem nos auxiliando na operação de ambas as UMOs.
38. Quanto a recomendação nas análises e aprovação de novos projetos CREMA, "que seja feita
uma comparação deflectométrica dos projetos com procedimentos DNER-PRO 11/79",
informamos que a referida recomendação é extremamente pertinente e iremos observar o fiel
cumprimento da recomendação nos novos projetos CREMAs, bem como melhorar a instrução
processual no sentido de historiar todas as fases de estudo, elaboração e análise dos projetos.”
Análise da equipe de auditoria
Embora a Unidade tenha informado que já vem adotando algumas ações para a correção dos
problemas, tais como evitar contratações futuras com sobreposição de serviços que ainda
estejam cobertos pela garantia quinquenal e acionamento da empresa supervisora para
identificar as causas das patologias existentes e, se for o caso, determinar à empresa executora
que corrija as patologias detectadas sem custos adicionais para União, essas ações não são
suficientes para elidir as falhas detectadas durante o período de campo, já que a supervisora não
levantou exatamente todas as patologias pelas quais a contratada é responsável, haja vista que
podem ocorrer ou surgir patologias decorrentes de deficiências pré-existentes nas camadas
subjacentes do pavimento. De igual modo, também podem surgir outras patologias, ao longo da
execução dos retrabalhos, pelas quais a contratada é responsável, o que implica em acréscimos
de serviços nas planilhas de retrabalhos. Por fim, como manifestado, as ações de correção devem
ocorrer até agosto de 2020, o que possibilitirá uma análise mais precisa da situação.
35
II – METODOLOGIA
Com o intuito de avaliar o tipo de intervenção utilizado pelo DNIT para executar as obras do
Crema nos lotes 01 e 02 da BR/364/AC, preliminarmente se verificou os principais normativos
do DNIT que se aplicam ao tema. No caso, o Manual de Restauração de Pavimentos Asfálticos
(publicação IPR-720), a Instrução de Serviço nº 06 de 29 de abril de 2016 e o Procedimento-B
DNER-PRO 011/79 (Avaliação Estrutural dos Pavimentos Flexíveis).
36
É a deflexão característica de um subtrecho homogêneo, obtida a partir de uma análise
estatística dos valores de deflexão medidos nos pontos abrangidos pela extensão do
segmento homogêneo.
Subdivisão da extensão total do trecho rodoviário estudado que possa ser considerado
razoavelmente homogêneo com vistas às medidas corretivas que estejam a requerer.
Nessa subdivisão devem ser considerados: constituição do pavimento existente; contato entre
as litologias que constituem o subleito; tráfego solicitante; perfil de deflexões e raios de
curvatura; módulos elásticos; irregularidade longitudinal; e natureza e frequência dos defeitos
ocorrentes.
[...] Em segmentos cuja solução indicada seja a reconstrução, deverão ser feitos ensaios
complementares de laboratório com o intuito de identificar a causa dos problemas e
caracterizar sua necessidade, como também pode auxiliar na definição da nova solução a ser
adotada.
37
e necessidade de tráfego e segurança da via, deverá ser priorizada a elaboração de projeto
e/ou anteprojeto de Restauração/Reabilitação em detrimento ao CREMA.”
38
III - GLOSSÁRIO DE TERMOS TÉCNICOS
1) A conservação consiste na execução de serviços para correção de defeitos tão logo eles
forem surgindo, e na execução de serviços preventivos em locais nos quais há sinais de início
de surgimento de defeitos. É o tipo de contrato conhecido como "tapa-buracos;
Idealizada por Benkelman, por ocasião dos estudos levados a efeito na pista experimental da
WASHO, a chamada viga Benkelman é o dispositivo mais simples e difundido para o
levantamento de deflexões em pavimentos.
39
Sua constituição básica compreende uma viga horizontal apoiada sobre três pés, sendo um
traseiro e dois dianteiros. Um braço de prova é rotulado na parte frontal da viga de referência,
tendo a sua porção maior posicionada adiante da viga, e a menor sob ela. A ponta do braço
de prova deve tocar o pavimento no ponto a ser ensaiado, enquanto na outra extremidade
aciona um extensômetro, solidário à viga, sensível a 0,01mm (Figura 21).
A carga de prova utilizada é a roda dupla traseira direita de um caminhão basculante. No Brasil,
as deflexões Benkelman são tomadas sob carga de eixo de 8,2 tf, ou carga de roda de 4,1 tf.
Instalada a ponta de prova no centro de carga da roda dupla, faz-se uma leitura inicial L0 no
extensômetro. Quando o caminhão se afasta a mais de 5 m do ponto de ensaio e é decorrido
espaço de tempo suficiente para o pavimento recuperar a sua condição original, faz-se a
segunda leitura Lf.
sendo F a constante da viga, definida como a relação entre a parte maior e a menor do braço
de prova.
40
Calculadas todas as deflexões é possível proceder ao traçado e à análise das deformadas
levantadas.
Realizado por um técnico treinado, que percorre o trecho a uma velocidade de até 60
km/hora, tendo como objetivo coletar a freqüência de defeitos encontrados e o estado de
conservação da pista de rolamento. Os dados de levantamento são os seguintes:
Trincas em bloco;
Afundamentos localizados;
Ondulações;
Panelas;
Desgastes;
Exsudações;
Quebras de bordo;
Escorregamentos;
41
6) Índice de Gravidade Global - IGG (parâmetro funcional) – está previsto na norma DNIT
006/2013-PRO.
Para o levantamento dos defeitos são utilizadas planilhas para anotações das ocorrências,
material para demarcação de estacas e áreas da pesquisa, e treliça metálica para
determinação do afundamento nas trilhas de roda das áreas analisadas. A figura a seguir
mostra um exemplo de treliça, com haste móvel central, capaz de medir os afundamentos
com a precisão de 0,5mm.
O IGG não é determinado para toda a área da pista, mas de forma amostral para algumas
estações com área e distanciamento entre elas prefixados pela especificação do DNIT.
Observe-se que não se dá importância neste método à área atingida pelo defeito, mas à sua
ocorrência ou não.
De posse dos dados levantados, deve-se proceder a uma análise prévia de forma a subdividir
a via em segmentos que possuam as mesmas características ou defeitos.
Onde:
IGI = cada um dos índices de gravidade individual calculados para os oito tipos de defeitos e
para as trilhas de roda.
42
Foram estabelecidos conceitos do índice de gravidade global (IGG) por faixa de valores:
43