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786/2014-6
elaboração do projeto básico/executivo. Não foi incluído o valor do recente convênio firmado com a
UNEB para ações sociais junto à comunidade quilombola, por se remeter seu exame à futura
fiscalização desta Corte junto ao empreendimento.
2.6 - Benefícios estimados da fiscalização
Dentre os benefícios estimados desta fiscalização, mencionam-se a melhoria do processo
de gestão da DIF/Dnit na implantação da Variante Ferroviária de Camaçari, especialmente quanto à
condução apropriada da retomada das obras, atualmente paralisadas, e o afastamento das várias
pendências existentes, promovendo a segurança do empreendimento e o resguardo do interesse
público. Não foram levantados benefícios quantificáveis.
3 - ACHADOS DE AUDITORIA
3.1 - Projeto executivo deficiente ou desatualizado.
3.1.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A ocorrência
necessita ser afastada pelos gestores da DIF/Dnit, mas não se enquadra no conceito de IG-P do inciso
IV, §1º do art. 98 da Lei 12.919/2013 (LDO 2014).
3.1.2 - Situação encontrada:
Não houve correção das deficiências constatadas pelo TCU em 2011 no projeto
básico/executivo contratado, como ausência de estudos das jazidas (comerciais ou não) de materiais
para terraplenagem. Também não houve a readequação de projeto pata todo o trecho da variante
apresentando: soluções definitivas para interferências existentes; alterações do projeto de OEAs;
orçamento completo; e obediência às especificações de ferrovias do programa PIL-Proferr/ANTT.
O projeto básico/executivo de engenharia da Variante Ferroviária de Camaçari/BA,
concluído em agosto/2009, foi elaborado pela Fundese, entidade contratada diretamente pela
Prefeitura de Camaçari com recursos provenientes do Convênio DPP/TT n.067/2005 (v. item 4.1 dos
Esclarecimentos Adicionais). A contratação da referida fundação foi considerada irregular pelo TCU,
assim como outras semelhantes examinadas no processo TC 013.296/2007 -7, haja vista a ausência de
elementos que fundamentassem a inexigibilidade de licitação, adotada pelo convenente. Com efeito,
medidas corretivas foram expedidas ao Dnit no âmbito do Acórdão 1.666/2008-TCU-Plenário.
Por ocasião de nova fiscalização desta Corte (Fiscobras 2011), avaliou-se mais
detalhadamente questão pertinente à existência ou não de projeto básico/executivo adequado para a
licitação/execução da obra, como exige o art.6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993. O principal achado
daquele trabalho, consignou a insuficiência de estudos para definição das jazidas de areia com
impacto no modelo de aquisição (comercial x explorada), na distância média de transporte (DMT), em
especial no serviço ‘Construção de aterro para substituição de solo mole’, o que gerou a expedição de
determinação específica ao Dnit (subitem 9.1.1 do Acórdão 670/2012-TCU-Plenário), para que no
prazo de 60 dias, fosse encaminhado levantamento das jazidas comerciais e não comerciais da região
da obra, com os respectivos estudos e ensaios acerca da viabilidade técnica e econômica do uso ou
não do material na obra, com destaque para os areais, em atenção ao art. 7º c/c o art. 6º, inciso IX,
alínea ‘f’, e inciso X, da Lei 8.666/ 1993, que dispõem entre outras coisas que o orçamento da obra
deve estar fundamentado em quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados (...).
Na sequência, em itens específicos, demonstra-se que até a presente data as deficiências
de projeto não foram solucionadas, bem assim que se agravou a desatualização do projeto da variante
em face de significativas interferências hoje existentes e exigências de especificações de ferrovias do
programa PIL-Proferr/ANTT.
3.1.2.1) AUSÊNCIA DE LEVANTAMENTO DE JAZIDAS
Em 29/11/2012, após tomar conhecimento das medidas corretivas do Acórdão 670/2012, o
Dnit encaminhou a esta Corte o Memorando n.438/2012/DIF/Dnit, noticiando que aquela autarquia
recebera do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) o levantamento dos processos
minerais de areia localizados em um raio de 14 km da Variante Ferroviária de Camaçari. Registrou,
todavia, a não disponibilidade dos estudos geológicos e geotécnicos das jazidas pelo DNPM, e do
caráter sigiloso destas demandas, que impediam a apresentação de dados adicionais.
Sem a possibilidade de contar com a empresa supervisora das obras para observar em
definitivo a determinação do TCU, já que o contrato de consultoria do Consórcio
Engesolo/Planex/Direção foi rescindido em 2013, a autarquia comunicou haver enviado solicitação
de informações acerca das jazidas existentes na região à Prefeitura de Camaçari/BA, esta na
qualidade de contratante do projeto da Fundese (Ofício n.1.039/2012/AUDINT-Dnit). Sem lograr
êxito em sua tentativa de obter os dados junto à municipalidade, o Dnit manifestou então a intenção
de contratar empresa para a realização daqueles estudos e levantamentos, encaminhando ao TCU
cópia das diligências e pareceres efetuados acerca da matéria.
Em 23/12/2013, a Coordenação de Obras Ferroviárias da DIF/Dnit asseverou que a
demanda supra seria incluída no âmbito da nova contratação de supervisão das obras da variante,
objeto do edital de RDC Eletrônico n. 638/2013-05, publicado pela Superintendência Regional do
Dnit no Estado da Bahia no dia 4/12/2013. E ainda, que o instrumento convocatório contemplaria a
instalação de laboratório de solos e a previsão de pessoal específico para sua operação, tornando a
consultoria contratada competente para confeccionar um trabalho técnico conclusivo acerca do tema,
de acordo com as prescrições normativas daquela autarquia.
A contratação em questão, por sua vez, se verificou em 18/3/2014, com a assinatura do
Contrato 255/2014 junto à firma Maia Melo Engenharia Ltda.. Nesta fiscalização, informações de
campo prestadas por engenheiro da aludida pessoa jurídica dão conta de que tais estudos seriam
disponibilizados ao Dnit com brevidade. Porém, até o fechamento desta auditoria, decorridos mais de
dois anos da promulgação do Acórdão 670/2012, nada ainda foi encaminhado ao TCU (v. também
achado 3.3).
A despeito da lacuna assinalada, salienta-se que a DIF/Dnit está por expedir nova ordem
de retomada dos serviços de engenharia da linha férrea da variante, para seus 5 km iniciais (v.Ata de
Reunião DIF do dia 25/4/14 anexa), de maior facilidade construtiva e em áreas predominantemente
públicas, sem dificuldades maiores quanto às desapropriações necessárias.
3.1.2.2) DESATUALIZAÇÃO DO PROJETO DE OEAs E AUSÊNCIA DE SOLUÇÕES
DEFINITIVAS PARA AS INTERFERÊNCIAS EXISTENTES NO TRAÇADO DA NOVA VIA
Foram destacadas, no projeto contratado junto à Fundese, em virtude da ligação
ferroviária situar-se fora do centro urbano, as seguintes interferências: - Passagem sobre a Rodovia
BR-324; - Passagem sobre a Rodovia BA-093; - Passagens sobre vias internas de ligações (4 vias); -
Passagem sobre a Rodovia Canal de Tráfego (BA - 504); - Passagem sob Via Matoim. Todas elas
solucionadas através da construção de viadutos ferroviários e rodoviários. Para tanto, foram
previstas as seguintes OEAs:
Viaduto rodoviário na estaca 56,00 + 10,00;
Viaduto ferroviário sobre rodovia estadual entre as estacas 227 e 229;
Viaduto ferroviário sobre o Rio Joanes e a Rodovia BA-093 entre estacas 260 e 266 (v.
foto anexa);
Viaduto ferroviário sobre o acesso a barragem na estaca 291 a 292 (passagem inferior);
Viaduto rodoviário de acesso a áreas diversas na estaca 388;
Viaduto ferroviário entre estacas 513 e 514 (passagem superior);
Viaduto ferroviário sobre a adutora, e sobre a Rodovia BA-593 entre as estacas 744 e 757
(v. foto anexa);
Viaduto ferroviário sobre a Rodovia BR 324, entre estacas 784 e 797.
Destas obras, tem-se que ao menos o projeto do viaduto sobre a Rodovia BA-093 já se
encontra bastante defasado, e deverá ser refeito em decorrência da duplicação desta via promovida
atualmente pelo governo do Estado da Bahia, evento este não contemplado no projeto Fundese. As
alterações mais prováveis na OEA seriam o remanejamento de fundações e acréscimo de mais um
vão.
• Entrevias: 5,50 m;
• AMV:
1:14 para o desvio;
1:20 para linha principal.
• Distância min. entre pontas de agulhas nos AMV (cruzamento - desvio): 40 m;
• Tipo de dormentes para AMV: Madeira (padrão);
• Rampa máxima: 0,25%
• Distância entre os pátios: 50 km.
5. Pavimento Ferroviário
• Carga por eixo: mínimo de 37,5 toneladas por eixo.
A Nota Técnica EXT11-MAK-2013 do Consórcio STE/SISCON, de 6/12/2013 (anexa),
contempla um levantamento das desconformidades do projeto contratado para a variante em relação
às especificações do programa PIL (evidência anexa). O mesmo documento alerta, em seu final, que a
viabilidade de adequação do projeto existente de forma a atender o PIL poderá extrapolar o limite de
aditivo de 25%, previsto na Lei 8.666/1993, o que somente poderá ser confirmado com a elaboração
de orçamento de um novo projeto, considerando a concepção proposta.
3.1.3 - Objetos nos quais o achado foi constatado:
(OI) - Contrato 851/2010 , 22/11/2010, Construção da Variante Ferroviária de Camaçari
- Ligação Pólo Petroquímico ao Porto de Aratu, com 18,68 km de extensão, estrada EF 431, trecho
Camaçari - Araújo Lima., Consórcio Cowan-Cotrin.
(IG-C) - Projeto Básico 1/11/2009, Projeto executivo de engenharia para construção da
Variante Ferroviária ligando o Pólo Petroquímico ao Porto de Aratu, no Município de Camaçari, no
Estado da Bahia.
Não se enquadra no conceito de IG-P do inciso IV, §1º do art. 98 da Lei 12.919/2013
(LDO 2014), em função de que a situação poderá ser afastada pelo gestor enquanto a construção da
variante está suspensa.
3.1.4 - Causas da ocorrência do achado:
Deficiências de controle interno;
Dnit haver delegado, via convênio, a contratação do projeto básico à Prefeitura Municipal
de Camaçari, que não possuía expertise para a tarefa.
3.1.5 - Efeitos/Consequências do achado:
Aquisições ou contratações que não atendem à necessidade do órgão (efeito potencial)
Possíveis paralisações futuras do empreendimento, por extrapolação do limite de
alteração contratual do art.65, §1º, da Lei 8666/1993. (efeito potencial)
3.1.6 - Critérios:
Lei 8666/1993, art. 6º, inciso IX; art. 6º, inciso X; art. 12
3.1.7 - Evidências:
Correspondências eletrônicas envidas à DIF (PDF), folhas 1/6.
Of Req 2-178/2014 Camaçari DIF, folhas 1/2.
Of Req 2-178/2014 Camaçari DIF - Of Req 3-178/2014 Camaçari DIF, folhas 1/2.
Acórdão 1666-2008 - Rel e Voto (Fiscobras 2007), folhas 1/23.
Acórdão 670-2012 - Rel e Voto (Fiscobras 2011), folhas 1/15.
Acórdão 3236-2012 Prorrogação prazo do Acórdão 670-2012, folhas 1/2.
Of Dnit 319-2012 - Aud Int (abril), folhas 1/13.
Of Dnit 706-2012 - Aud Int (julho), folhas 1/80.
Of Dnit 1162-2012 (novembro à Prefeitura Camaçari), folhas 1/2.
Of Dnit 1207 -2012 - Aud Int (novembro), folhas 1/18.
Of Dnit 1307-2012 (dezembro), folha 1.
Of Dnit 021-2014 - Aud Int (janeiro), folhas 1/16.
Of DIF e Nota Técnica - Resposta Of Req 03-178-2014, folhas 4/5.
Of 340_2014 DIF, folhas 1/2.
Ata de Reunião - Dia 25-04-14 (DIF)_1, folhas 1/3.
VOLUME 3 - MEMÓRIA JUSTIFICATIVA - Final Ago-09, folha 23.
1º RELATÓRIO 1ª REVISÃO - MEMÓRIA JUSTIFICATIVA - VOLUME Sumário, folhas
1/54.
Novas Especificações de Projeto - Programa PIL-Proferr-ANTT - Novas Especificações
de Projeto - Programa PIL-Proferr-ANTT (Ofícios e Nota Técnica STE-SISCON, de dez/2013), folhas
1/15.
3.1.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Em resposta ao Ofício de Requisição n.3-178/2014, item A, subitens a.2.1 (ausência de
prévia revisão do projeto original) e a.2.4 (falta de revisão da planilha de serviços do Contrato
851/2010 quanto às OEAs), foi apresentada a Nota Técnica DIF 12/2014 (Of DIF de 7/5/2014), com
os seguintes esclarecimentos:
(a.2.1) ‘Conforme se verifica na ata de reunião do dia 25 de abril de 2014, o plano
estratégico para viabilização do empreendimento consiste da revisão de projeto do segmento inicial
cerca de 5 km cujo procedimento desapropriatório se dá por rito mais simples em razão dos avanços
já verificados junto aos proprietários: SUDIC e Breyner Logística. Em seguida, a autarquia pretende
emitir ordem de serviço específica para esse trecho.
O consórcio responsável pela construção do empreendimento informou que a execução do
segmento se materializa em cerca de oito meses, período em que a autarquia pretende detalhar as
soluções de eventual revisão de projeto, liberação imobiliária de faixa de domínio e quaisquer outros
elementos potencialmente impeditivos à implantação viária com auxílio da Supervisora Maia Melo.
Cumpre mencionar que já existe mobilização da equipe de topografia da consultoria para munir a
equipe técnica de dados pertinentes ao exame das adequações pretendidas.
Oportuno se faz destacar que, apesar de haver indicativos de elaboração inconsistente de
projeto, o reinicio das obras não se mostra destoante dos princípios da Administração Pública. O
fracionamento do empreendimento se configura ferramenta estratégica para consecução das ações
pretendidas na medida em que possibilita o desenvolvimento racional das atividades de implantação
ferroviária. Ao promover ações paralelas de construção restrita a segmento definido e detalhamento
de estudos, o departamento viabiliza a materialização de trecho apto à execução dos serviços
enquanto idealiza as soluções aplicáveis ao restante do objeto.
Na hipótese de se verificar revisões de projeto significativas nos trechos a serem
estudados, a autarquia poderá promover readequações através de aditamento contratual, visto ser
oportuno à Administração Pública se evitar o lançamento de novos certames licitatórios em razão das
incertezas inerentes ao processo - podem haver impugnações ao instrumento convocatório,
ajuizamento de ações judiciárias em consequência de rescisão do vínculo atualmente contratado,
dentre outros - e fatores como o atraso a ser verificado na entrega dos benefícios do empreendimento
à sociedade e a otimização de uso dos recursos públicos no vínculo estabelecido junto ao consórcio
em função do expressivo desconto global de 19,41% constante de sua proposta.
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impactando diretamente nos quantitativos de insumos e serviços, como brita para lastro e material
terroso/arenoso para corte/aterro, este último de forte impacto no principal contrato pactuado (v.
relatório Fiscobras 2011).
As incertezas admitidas pelo próprio gestor da DIF em sua manifestação, alusivas às
futuras etapas construtivas da ferrovia, importam em alto risco de prejuízo ao interesse público e de
futuro dano ao erário. Impasses legais ou contratuais, por desentendimento entre as partes poderão
surgir, e os serviços que forem realizados agora, de forma fragmentada, certamente perdidos.
Nesta linha, destaca-se a necessária avaliação do atingimento ou não do limite legal de
acréscimos/supressões contratuais previsto no art. 65,§1º, da Lei 8.666/1993, englobando todas as
alterações de projeto necessárias para os 18km da via ( inclusive as do programa PIL). Este exame,
de grande importância no momento, se ainda não finalizado pela autarquia deverá ser procedido, no
intuito de evitar problemas futuros de paralisação das obras, medida esta que poderá indicar ao Dnit
inclusive a inviabilidade da continuidade do Contrato 851/2010.
Portanto, a equipe propõe determinação à DIF/Dnit para que condicione a ordem de
reinício das obras do empreendimento:
a) à revisão e aprovação da readequação projeto executivo, com características de básico,
contratado junto à Fundese para todo o trajeto de 18km do empreendimento, em conformidade com as
diretrizes e especificações do programa PIL-Proferr/ANTT, contemplando orçamento total dos
serviços necessários para a finalização das obras, incluindo: a atualização dos projetos das obras de
arte especiais; as soluções das interferências não detalhadas inicialmente (redes Embasa, Brasken, e
linhas Coelba); em respeito ao disposto nos art. 6º, inciso IX, alíneas ‘a’ a ‘f’, e 12, da Lei
8.666/1993, e jurisprudência do Tribunal de Contas da União; e
b) à reavaliação da viabilidade do contrato firmado com o Consórcio Cowan-Cotrin, com
base em revisão completa do projeto e orçamento do empreendimento, nos termos do art. 65, §1º, da
Lei 8.666/1993, firmando-se os aditivos necessários, se for o caso.
3.2 - Gestão temerária de empreendimento.
3.2.1 - Tipificação do achado:
Classificação - grave com recomendação de continuidade (IG-C)
Justificativa de enquadramento (ou não) no conceito de IG-P da LDO - A ocorrência se
refere ao histórico de problemas do empreendimento, não se enquadrando no conceito de IG -P do
inciso IV, §1º do art. 98 da Lei 12.919/2013 (LDO 2014).
3.2.2 - Situação encontrada:
Identificação de falhas sistêmicas, que em conjunto, caracterizam a gestão temerária do
empreendimento, como ausência de sincronia das contratações, ausência de desapropriações, falta de
revisão definitiva do projeto contratado, problemas ambientais, ausência de aprovação de orçamento
atualizado para a conclusão de todos serviços de engenharia, e tentativa de fracionamento do trecho
da ferrovia para a retomada das obras.
As ocorrências elencadas neste achado, intitulado gestão temerária de empreendimento,
têm por característica principal, o fato de se relacionarem com a governança da DIF/Dnit,
principalmente por ausência ou falha na implementação tempestiva de ações previstas em normativos
internos ou legislação pertinente (gestão), que vêm comprometendo sobremaneira os objetivos e
resultados traçados nas etapas iniciais de planejamento e contratação das obras da variante.
Seguem, doravante, as constatações em questão:
3.2.2.1) EXPEDIÇÃO DE ORDEM DE SERVIÇO PARA O INÍCIO DAS OBRAS, NO
FINAL DE 2010, SEM EMPRESAS DE SUPERVISÃO E DE CONSULTORIA AMBIENTAL
Os serviços de engenharia para a construção da variante de Camaçari foram contratados
em 28/10/2010, junto ao Consórcio Cowan-Cotrin. Porém, somente em 14/12/2011, um ano após,
pactuou-se a consultoria relativa à supervisão das obras junto ao Consórcio
Engesolo/Planex/Direção, com o advento do Contrato 638/2011.
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PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) -
Despacho n° 165/2013/COOROB/CGOFER/DIF: proposta de rescisão unilateral do contrato com o
Cons. Engesolo-Direção-Planex (continuação)., folhas 1/3.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) -
Despacho n° 173/2013/COOROB/CGOFER/DIF: análise da defesa prévia do Cons. Engesolo-
Direção-Planex., folhas 4/8.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 2) -
Contrato DIF 638/2011 com o Cons. Engesolo-Direção-Planex., folhas 9/16.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 3) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 3) -
petição inicial da Ação Ordinária contra a DIF/Dnit., folhas 11/30.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 4) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 4) -
Termo de Rescisão Unilateral do Contrato com o Cons. Engesolo-Direção-Planex., folhas 1/2.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 4) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 4) -
decisão judicial denegando antecipação de tutela., folhas 24/25.
PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 5) - PA Dnit 50600 037101 2013 - 78 (Parte 5) -
decisão judicial denegando antecipação de tutela (continuação)., folha 1.
3.4.8 - Esclarecimentos dos responsáveis:
Não foi formalmente solicitado pela equipe de auditoria.
3.4.9 - Conclusão da equipe:
Do exposto neste achado, ao entender da equipe de auditoria não haveria previsão legal
para a cobrança da indenização a título de ‘ressarcimento ao erário da parte não executada do
contrato’, levantada no processo administrativo n. 50600.037101 2013/78-1, já que equivocadamente
enquadrada no art. 80, IV da Lei 8.666/1993.
Porém, compete à DIF/Dnit reavaliar ou não seu entendimento acerca da matéria, por
tratar-se o ato em comento medida gerencial e de conveniência da atual gestão da autarquia.
Alerta-se, todavia, que judicialmente, poderá haver o Dnit que indenizar futuramente o
contratado por não pagamento de serviço realizado e por danos morais. A Ação impetrada pelo
consórcio supervisor contra a autarquia teve seu valor estimado com base no montante do serviço de
desapropriação pactuado no Contrato 638/2011, isto é, quase R$ 400.000,00. Ou seja, a sucumbência
poderá se dar nesse valor e, certamente, os honorários advocatícios do autor serão cobrados ao Dnit.
Neste diapasão, por prudência, propõe-se apenas a expedição de recomendação à
DIF/Dnit, para que, ao seu alvitre, reexamine as decisões administrativas que embasaram a exigência
de indenização de ressarcimento ao erário ao Consórcio Engesolo -Planex-Direção, nos autos do
processo administrativo 50600.037101/2013-78, por inexecução parcial do contrato, haja vista que a
situação que fundamentou a cobrança não se enquadraria no art. 80, IV da Lei 8.666/1993 - que se
refere à retenção de créditos até o limite dos prejuízos causados à Administração - de forma a evitar o
enriquecimento sem justa causa para o erário.
4 - ESCLARECIMENTOS ADICIONAIS
4.1 - O CONVÊNIO FIRMADO EM 2005 COM A PREFEITURA DE CAMAÇARI/BA ?
O projeto executivo da Variante Ferroviária de Camaçari/BA, com características de
projeto básico, foi contratado junto à Fundação para o Desenvolvimento Sustentável (Fundese) pela
Prefeitura de Camaçari, em decorrência do Convênio DPP/TT n. 067/2005 (Siafi 526909), firmado
entre a municipalidade e o Dnit no montante de R$ 2.000.000,00. O mencionado convênio teve ainda
como interveniente a Ferrovia Centro Atlântica S/A (FCA).
O convênio em questão foi objeto de análise por esta Corte de Contas, em conjunto com
outros instrumentos semelhantes, conforme se depreende da leitura do voto condutor do Acórdão
3015/2011-TCU-Plenário, de relatoria da Exma. Ministra Ana Arraes, proferido por ocasião da
apreciação do TC 007.510/2007-3 (Fiscobras 2007). Destarte, transcreve-se abaixo os parágrafos 78
a 84 do aludido voto que tratam da matéria:
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‘(...) 78. Em resumo, dois aspectos poderiam ser objeto de oportuna averiguação por este
Tribunal: primeiro, se houve respeito à Lei de Licitações na contratação da Fundação para o
Desenvolvimento Sustentável (Fundese) pelo Município de São Félix por meio de inexigibilidade de
licitação, e, segundo - sendo este o foco sugerido pela unidade técnica -, se o produto elaborado por
essa fundação para atender ao objeto do Convênio 12/2002, qual seja, o projeto básico/executivo que
balizou a Concorrência 21/2006 e a execução do contrato dela decorrente, seguiu os parâmetros
fixados no art. 6º, inciso IX, da Lei 8.666/1993.
79. Quanto ao primeiro aspecto, a contratação da Fundese por inexigibilidade de
licitação, em convênios nos quais o Dnit figurou como concedente, foi avaliada pela Corte de Contas
nos seguintes processos, todos encerrados (municípios a seguir nominados, todos localizados no
Estado da Bahia, na condição de convenentes):
a) TC 003.319/2008-8: Alagoinhas;
b) TC 013.296/2007-7: Camaçari;
c) TC 003.320/2008-9 (apensado ao TC 003.319/2008-8): Dias D'Ávila;
d) TC 003.321/2008-6 (apensado ao TC 003.319/2008-8): São Félix.
80. Com relação ao processo que cuidou dos fatos relacionados ao Município de
Camaçari, o TCU prolatou o Acórdão 1.666/2008 – Plenário, no âmbito do qual foram ouvidos
em audiência o Sr. Luiz Carlos Caetano, prefeito municipal, e o então Diretor-Geral do Dnit, Sr.
Mauro Barbosa da Silva. Por meio dessa deliberação, este Tribunal acolheu parcialmente as razões
de justificativa de ambos os gestores e dirigiu a seguinte determinação ao Dnit:
‘9.2. determinar ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes que, nos
termos do art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/1992, realize fiscalização tempestiva sobre a execução dos
convênios nos quais figure como concedente, especialmente quanto às justificativas e à base legal
escolhida pelos convenentes para licitar ou afastar o processo licitatório, com vistas à execução dos
objetos dos convênios, a fim de evitar a ocorrência de situações como aqu ela analisada neste
processo, envolvendo a contratação indevida da Fundação para o Desenvolvimento Sustentável
(Fundese) pelo Município de Camaçari/BA por inexigibilidade de licitação, em observância ao que
dispõe o art. 23 da Instrução Normativa STN nº 1/1997;’ (grifo nosso)?
81. Tal determinação foi reforçada no processo que cuidou dos fatos relacionados ao
Município de Alagoinhas, conforme se depreende da leitura do item 1.6 do Acórdão 4.972/2010 - 1ª
Câmara:
‘1.6. Determinação:
1.6.1. ao Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes - Dnit que realize
fiscalização tempestiva sobre a execução dos convênios nos quais figure como concedente,
especialmente quanto às justificativas e à base legal escolhida pelos convenentes para licitar ou
afastar o processo licitatório, com vistas à execução dos objetos dos convênios, a fim de evitar a
ocorrência de situações como aquela analisada neste processo, envolvendo a contratação indevida da
Fundação Centro de Estudos para o Desenvolvimento Sustentável - Fundese pelo Município de
Alagoinhas/BA por inexigibilidade de licitação.’ (grifo nosso)
82. Cabe ressaltar que na instrução da Secex/BA transcrita no relatório do Acórdão
1.666/2008 – Plenário (TC 013.296/2007-7), foi feito o seguinte registro pela unidade técnica:
‘A presente análise se fez em conjunto com os demais processos de natureza similar em
tramitação no TCU: TC-003.321/2008-6 (São Félix); TC-003.320/2008-9 (Dias D'Ávila) e TC-
003.319/2008-8 (Alagoinhas), e com a documentação fornecida pela Fundese. Contou, ainda, com o
conhecimento adquirido sobre os empreendimentos ferroviários na Bahia a partir das inspeções
realizadas por esta Secex/BA.’ (grifo nosso)
83. Verifico, portanto, que o TCU se debruçou em ocasiões pretéritas, em quatro
processos, sobre a questão relacionada à contratação da Fundese, via inexigibilidade de licitação,
por diversos municípios baianos, sem que tenha havido a aplicação de multa aos envolvidos ou mesmo
imputação de débito. Além disso, ao Dnit foram dirigidas determinações para que a autarquia não
23
mais incorresse na irregularidade que motivou audiências nos TCs que mencionei no item 79 deste
voto.
84. Não há necessidade, portanto, de aprofundamento da questão atinente ao primeiro
aspecto que mencionei inicialmente.
(...)’
Ante o acima transcrito, entende-se que restaram prejudicadas as análises contidas na
questão n.4 de auditoria.
4.2 A INTERFERÊNCIA COM ÁREA DE COMUNIDADE QUILOMBOLA E O
CONVÊNIO UNEB FIRMADO EM 2014
O fato de parte do traçado da nova via projetada para a Variante de Camaçari cortar
área ocupada por uma comunidade quilombola, o Quilombo de Pitanga dos Palmares, resultou numa
série de discussões, conflitos e reivindicações entre o referido grupo social e a autarquia de
transportes (Dnit) ao longo do período de concepção e contratação do empreendimento. Várias
reuniões, audiências públicas, intervenções de vereadores das cidades afetadas, foram registradas e
se encontram documentadas nos autos do processo administrativo 50600.004312/2010-81.
Ao Dnit não restou outra alternativa, após várias tratativas com moradores e entidades
representativas daquela comunidade, senão a celebração, em 19/2/2014, do Convênio 1164/2013
(Siafi 678735) com a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), cujo objeto contempla uma série de
ações na sequência elencadas (evidências anexas).
A vigência do instrumento é de dois anos e meio, e envolve o expressivo montante de
R$ 38.997.572,00, a serem transferidos parceladamente.
Dentre as ações previstas para o instrumento (v. Plano de Trabalho fornecido, em
resposta ao Ofício de Requisição n.3-178/2014, item B, b.1), destacam-se:
- Plano Básico de Revitalização (Sustentabilidade Econômica, Ambiental,
Cultural/Esportiva, Educacional e Religiosa);
- Programa de Construção de Casas;
- Serviços de Arqueologia; e?
- Assessoramento às Atividades de Desapropriação.
Não tendo ligação direta com as obras de construção da Variante de Camaçari/BA, senão
com as condicionantes paralelas estabelecidas de caráter estritamente social, o convênio em comento
não apresenta repasse de recursos federais até a presente data, consoante pesquisa no Siafi (anexa).
Pela sua complexidade, abrangência e materialidade, a transferência voluntária em
apreço, bem como sua documentação completa e ações a serem executadas, poderá ser examinada
mais detalhadamente nas próximas fiscalizações desta Corte junto ao empreendimento e à instituição
de ensino envolvida, UNEB.
4.3 OS DEMAIS MATERIAIS PARA A SUPERESTRUTURA DA VARIANTE
Quanto ao fornecimento das barras de trilhos e acessórios de fixação para a
superestrutura da via, destaca-se que em outra auditoria integrante desta FOC, alusiva ao Contorno
Ferroviário de São Félix/BA, esta equipe já havia obtido a informação de que os equipamentos
armazenados na UL/Dnit de Cruz das Almas/BA deverão ser destinados à Variante de Camaçari.
Parte desse material (trilhos TR-57) está cedida, por empréstimo, à Valec Engenharia, Construções e
Ferrovias S.A., e quando da devolução, talvez já seja entregue diretamente à obra sob análise,
devendo ser acompanhada da documentação pertinente à qualidade (testes e ensaios devidos) e
origem do equipamento (para fins de rastreamento). Os AMVs também serão fornecidos de forma
segregada ao contrato principal pelo Dnit.
Estas informações também constam do Of 340/2014, item ‘e’, anexo.
4.4 ESCOLHA DO MINISTRO RELATOR DO PRESENTE PROCESSO?
Com fundamento no art. 17 da Resolução do TCU 175/2005 e rito processual estabelecido
pelo item 9.5 do Acórdão 3143/2013-TCU-Plenário c/c 9.9 do Acórdão 448/2013-TCU-Plenário,
24
adotou-se um único relator da FOC pelo critério da lista de unidades jurisdicionadas (LUJ 2013 -
2014) que contém o órgão repassador dos recursos (Dnit): Ministro Walton Alencar Rodrigues.
5 - CONCLUSÃO
De todo o exposto neste Relatório de Auditoria, restaram configurados os seguintes
achados, que não se enquadram no conceito de IG-P do inciso IV, §1º do art. 98 da Lei 12.919/2013
(LDO 2014):
a) projeto executivo deficiente ou desatualizado (achado 3.1);
b) gestão temerária de empreendimento (achado 3.2);
c) descumprimento de determinação exarada pelo TCU (achado 3.3); e
d) inobservância das normas legais, regulamentares e contratuais relativas à
responsabilidade das empresas projetistas, supervisoras e construtoras pela qualidade das obras, em
especial quanto à reparação de defeitos ou à devolução de valores pagos (achado 3.4).
Quanto às questões de auditoria adotadas na fase de planejamento da fiscalização,
apresenta-se os seguintes resultados:
1) Há projeto básico/executivo adequado para a licitação/execução da obra?
Resposta: Não. O projeto contratado encontra-se defasado, embora o Dnit e o Consórcio
Cowan-Cotrin estejam em tratativas para esta atualização (v. processo administrativo específico). Sob
o aspecto das soluções de engenharia, a revisão de projeto deverá satisfazer as novas necessidades de
OEAs, adotar soluções para as interferências existentes e não detalhadas inicialmente (Embasa,
Brasken e Coelba), e estar em conformidade com as diretrizes do programa PIL-Proferr/ANTT.
2) A formalização do contrato atendeu aos preceitos legais e sua execução foi adequada?
Resposta: Sim. Não foram observadas, neste trabalho e na auditoria do Fiscobras 2011,
problemas com a formalização dos Contratos 851/2010, 638/2011 e 255/2014. Há problemas que
impedem, todavia, a execução do principal contrato, como projeto de OEAs desatualizado, pendências
ambientais e com desapropriações, interferências não solucionadas, ocorrências estas que não são de
responsabilidade do consórcio construtor, mas da ineficiente gestão do empreendimento pela
DIF/Dnit .
3) A administração está tomando providências com vistas a regularizar a situação da
obra?
Resposta: Sim. Porém, de concreto, apenas a supervisão das obras foi recentemente
recontratada. Várias outras questões ainda se encontram pendentes como acima destacado, e o
processo de regularização da obra não tem evoluído a contento.
4) A formalização e a execução do convênio (ou outros instrumentos congêneres) foram
adequadas?
Resposta: Não. A resposta para esta questão de auditoria, em relação à Variante
Ferroviária de Camaçari/BA, decorreu de exames anteriores desta Corte de Contas, que já havia se
debruçado sobre o assunto, em especial quanto à execução do convênio, conforme exposto no item 4.1
dos Esclarecimentos Adicionais deste relatório. Quanto ao convênio da UNEB, para ações sociais
junto à comunidade quilombola, pela ausência de execução financeira até esta data, e pela
complexidade das ações nele previstas, propõe-se que seu exame se verifique em futura fiscalização
do TCU (Secex/BA).
Dentre os principais benefícios estimados desta fiscalização, mencionam-se a melhoria do
processo de gestão da DIF/Dnit na implantação da variante ferroviária em epígrafe, especialmente
quanto à condução apropriada da retomada das obras, atualmente paralisadas, e o afastamento das
várias pendências existentes, promovendo a segurança do empreendimento e o resguardo do interesse
público. Não foram levantados benefícios quantificáveis.
No que tange à proposta de encaminhamento, deixa-se de sugerir a expedição de medida
cautelar pelo TCU em relação às obras de construção da via ferroviária em apreço, tendo em vista
que as mesmas já se encontram paralisadas. Porém, entende-se providencial a adoção de
determinação à DIF/Dnit para que condicione a expedição de ordem de reinício dos serviços do
25
26
27
28
17. O Relatório de Fiscalização apontou que o projeto disponível para a execução da obra,
em sua versão mais recente, contempla as seguintes deficiências:
a) diversos elementos de projeto em desacordo com o Programa de Investimentos em
Logística (PIL), com destaque para a incompatibilidade da bitola da via;
b) desatualização de projetos de obras de arte especiais com a ausência de soluções
para diversas interferências na via;
c) ausência de levantamento de jazidas; e
d) ausência de orçamento detalhado para todas as obras e serviços de engenharia.
I.1. Inadequação ao PIL
18. A esse respeito, o documento apresentado pelo Dnit à peça 33 não informa qualquer
providência que tenha sido tomada no sentido de adequar ao projeto da obra ao PIL, em especial na
questão da diferença de bitolas.
19. As definições técnicas trazidas pelo PIL impactam diretamente no resultado pretendido
à execução da obra. Tais definições da obra condicionam o resultado final do empreendimento.
20. A título exemplificativo, o raio de curvatura, o grau de inclinação das rampas, o tipo de
tratamento das interferências (passagem em nível versus passagem inferior ou superior) e,
essencialmente, a bitola da via, determinam o quanto de carga pode passar por um determinado
trecho em um determinado período de tempo.
21. Caso tais definições não sejam respeitadas, um trecho como um contorno ferroviário
pode vir a se tornar um gargalo dentro da malha ferroviária, exigindo velocidades menores que
aquelas previstas e, especialmente, impedindo a passagem de trens com bitola diferente daquela
utilizada.
22. Em sua argumentação, o Dnit informa que pretende fracionar a obra, iniciando a
execução dos primeiros cinco quilômetros, com a alteração concomitante do projeto (peça 33, p. 5).
23. Aquele documento consigna que o consórcio responsável pela construção do
empreendimento informou que a execução do segmento se dará em cerca de oito meses, período em
que a autarquia pretende detalhar as soluções de eventual revisão de projeto.
24. Além da afrontar a Lei Geral de Licitações e Contratos Públicos (Lei 8.666/1993), o
risco dessa abordagem do Dnit é que o consórcio construtor inicie as obras de um trecho que pode se
tornar inútil, uma vez que sequer está determinada a bitola da via, entre outras condicionantes do
PIL. Tais condicionantes podem impactar o próprio traçado da via, ou seja, existe o risco de o
consórcio iniciar um trecho de obra que posteriormente deverá ser abandonado, em favor de outro.
25. Ademais, ainda que o traçado não se altere, a largura da plataforma pode ser alterada,
o que demandará novos serviços que não somente se somarão aos iniciais, mas que podem impactar
em perda dos primeiros serviços para a execução dos novos serviços.
26. A falta de definição da bitola adequada da via, entre outros elementos definidos no PIL,
é um fator impeditivo de toda a adequação do projeto e, consequentemente, impeditivo do
prosseguimento da obra.
27. O Dnit, ao informar que é o consórcio construtor que estimou o prazo de duração da
execução do trecho parcial, apresentou um outro problema, pois é a Administração quem deve
determinar o prazo de execução, a partir de seu projeto adequadamente elaborado e aprovado.
28. Em sua manifestação à peça 33, o Dnit não apresentou uma solução adequada ao
problema. Em lugar disso, a ação pretendida pelo Dnit pode agravar o quadro, trazendo prejuízos ao
Erário e ao interesse público que é consubstanciado na regular execução da obra.
I.2. Obras de arte especiais e interferências na via
29. Quanto às obras de arte especiais, a situação encontrada identificou que existe, entre
outros problemas, uma duplicação de rodovia a ser cruzada, com projeto contemplando apenas
rodovia em pista simples, ou seja, a ferrovia deve cruzar uma rodovia duplicada mas o viaduto
ferroviário é para rodovia com pista simples.
29
30. Para outros trechos, certas interferências sequer foram previstas no projeto, como por
exemplo a adutora da Empresa Baiana de Águas e Saneamento, a qual pode demandar alteração no
traçado.
31. De modo semelhante ao já indicado na presente instrução, o Dnit manifestou sua
intenção de promover a revisão de projetos concomitante à ex ecução da obra e, caso necessário,
realizar rescisão contratual e confeccionar revisão de projeto para novo certame licitatório ou,
alternativamente, reduzir o escopo do atual contrato e realizar licitação para o complemento da obra,
com novo objeto.
32. Desta forma, o Dnit informa não possuir as definições essenciais à execução da obra,
porém pretende retomar as atividades mesmo diante de tais deficiências, e que, quando forem
identificadas e traçadas as definições essenciais do projeto, será decidido o que fazer quanto ao
contrato.
33. Além da afronta à Lei Geral de Licitações e Contratos Públicos (Lei 8.666/1993), o
risco de tal abordagem do Dnit é que o serviço venha a ser iniciado e, a seguir, paralisado para a
definição do projeto quanto às interferências e que, associado a essa possível paralisação, o preço da
obra venha a se elevar de forma ainda desconhecida.
34. Associado a esse risco, há o risco de as alterações de projeto pretendidas pelo Dnit
nessa abordagem inicial serem incompatíveis com as definições do PIL, conforme já tratado na
presente instrução, uma vez que o Dnit não apresentou solução para adequação ao PIL.
35. Desta forma, conjugado ao desvio em relação a comando legal, tem-se um grande risco
à viabilidade do empreendimento, com risco de elevação desconhecida de preço do empreendimento,
bem como com risco de ter-se um prazo de execução desconhecido.
I.3. Levantamento de jazidas
36. O Relatório de Fiscalização trouxe a informação que os estudos acerca de jazidas
estavam em andamento quando da realização da auditoria, porém sem terem sido apresentados aos
auditores.
37. Em sua manifestação à peça 33, o Dnit informou que estava prosseguindo nos estudos
acerca das jazidas.
38. Posteriormente, o Dnit trouxe aos autos as informações acerca das jazidas que podem
atender ao empreendimento, por meio dos documentos acostados aos autos às peças 54, 55, 57 e 58.
39. Adicionalmente, compulsando-se os autos do TC 001.306-2011-1, apenso a estes autos,
verifica-se que a instrução da Unidade Técnica, acostada às peças 92 e 93 daqueles autos, considerou
cumprida a determinação de levantamento de jazidas, conforme determinado no Acórdão 670/2012 -
TCU-Plenário.
40. Desta forma, o Dnit apresentou a documentação que fora solicitada.
41. O impacto desse levantamento de jazidas deve ser avaliado em conjunto com todo o
orçamento atualizado da obra, o qual ainda não existe, ou pelo menos não foi apresentado pelo Dnit
até o momento, conforme tratado a seguir.
I.4. Ausência de orçamento detalhado do empreendimento
42. As diversas indefinições ou falhas em definições apontadas pelo Relatório de
Fiscalização indicam que o orçamento elaborado para a obra não corresponde à realidade, e que o
preço a ser pago pela Administração não é conhecido.
43. Conforme já tratado na presente instrução, o Dnit, em sua manifestação à peça 33
apresenta sua intenção de iniciar a obra e, concomitantemente, promover os estudos e as
consequentes alterações de projeto necessárias à execução do empreendimento.
44. O Dnit não apresentou elementos que permitam delimitar, com razoável grau de
precisão, o limite máximo a que o orçamento da obra pode ser elevado.
45. Pelo contrário, o Dnit expressamente admitiu a incerteza total quanto ao orçamento
real da obra, ao prever as possibilidades de rescindir o contrato em vigor ou, alternativamente,
30
fracionar o objeto do empreendimento, ficando o atual contrato com uma parte e um futuro contrato a
ser licitado com outra parte.
46. O risco dessa abordagem é de iniciar-se um empreendimento com desembolsos de
recursos públicos sem que se tenha a certeza que tais desembolsos sejam de alguma utilidade para a
consecução dos objetivos do empreendimento.
47. Uma vez que os elementos condicionantes do projeto, de acordo com o PIL, não foram
ainda adotados, e que há interferências da obra ainda não tratadas e não projetadas, a Administração
pode vir a se envolver em uma execução parcial de obra para a qual não se conhece o custo real de
conclusão, ou mesmo o seu prazo.
II. Viabilidade do contrato firmado com o Consórcio Cowan-Cotrin
48. A viabilidade do contrato está diretamente ligada à pertinência de seu objeto, e
consequentemente de seu preço, em relação ao objeto que será efetivamente realizado.
49. Da leitura do Relatório de Fiscalização pode-se cotejar elementos essenciais do projeto
básico, conforme determinado na Lei de Licitações, com aqueles efetivamente existentes, e considerar
a viabilidade do contrato a partir dos resultados observados.
50. Dentre os elementos essenciais do projeto básico, é oportuno destacar os seguintes:
e) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global da obra e
identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
f) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de forma a
minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração do projeto
executivo e de realização das obras e montagem; e
g) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos de
serviços e fornecimentos propriamente avaliados.
51. Uma vez que as condicionantes do PIL não foram observadas, e que há omissões e
inadequações significativas nos projetos de obras de arte especiais, não se tem, com clareza, uma
visão geral da obra, havendo até mesmo incerteza quanto ao real traçado, além de existirem lacunas
acerca de elementos constitutivos.
52. Por consequência, conforme já tratado anteriormente na presente instrução, o
orçamento real da obra a ser realizada é desconhecido, e não se dispõe de elementos para estimar,
com um razoável grau de precisão, a ordem de grandeza que o preço final da obra pode alcançar.
53. A manifestação do Dnit acostada à peça 33 não apresentou as correções aos problemas
apresentados. Em lugar disso, apresentou uma situação potencialmente danosa e com riscos
desconhecidos, a saber, o início da obra com a concomitante revisão de projeto.
54. Nova manifestação do Dnit, acostada à peça 62 dos autos, traz o ofício 824/2014-DIF,
no qual é consignado que o Dnit aguarda manifestação da Secretaria de Fomento para Ações de
Transportes do Ministério dos Transportes (SFAT/MT), em face das especificações de ferrovias do
PIL.
55. A abordagem adotada pelo Dnit ignora os riscos, optando por um cenário de incerteza,
porém com indicação de que se acredita que, ao final, boas soluções terão sido adotadas, mesmo que
atualmente sequer sejam conhecidos os elementos essenciais do projeto da obra.
56. Desta forma, é desconhecida a viabilidade do contrato firmado, pois o objeto
contratado não contém definições essenciais, além de conter outras definições que não levam em
consideração as determinações do PIL.
III. Desapropriações e licenciamento ambiental
57. O Relatório de Fiscalização constatou a ausência de solução definitiva para diversos
trechos pendentes de desapropriação, mesmo quatro anos após a contratação da obra, com destaque
à existência de uma comunidade quilombola no trecho a desapropriar.
58. Em sua manifestação à peça 33, o Dnit informou a celebração de termo de
compromisso com a Universidade do Estado da Bahia, com vistas à solução da questão da
comunidade quilombola.
31
59. Quanto aos demais trechos não desapropriados, houve apenas a indicação de que
houve avanços juntos aos proprietários Sudic e Breyner Logística, sem apresentar outras informações.
60. Posteriormente, por meio do Ofício 824/2014-DIF (peça 62), o Dnit reiterou as
providências tomadas quanto à comunidade quilombola que foram informadas no documento à peça
33, sem apresentar conclusões do citado termo de compromisso. Quanto aos demais trechos não
desapropriados, não houve informação.
61. A abordagem adotada pelo Dnit na questão das desapropriações sujeita a
Administração a riscos desconhecidos quanto a paralisações e atrasos na obra, pois não há, desde a
contratação da obra em 2010, a conclusão do processo de desapropriação, ou mesmo elementos
mínimos para a projeção de um prazo para a conclusão dessa etapa.
62. Desta forma, o Dnit pretende iniciar uma obra sem ter o conhecimento acerca dos
prazos de desapropriação e a compatibilidade com o avanço das obras.
63. A execução da obra contendo trechos não desapropriados pode ter impactos também
sobre os trechos já desapropriados, pois as interrupções das obras em alguns pontos podem acarretar
desequilíbrio no chamado ‘balanço do diagrama de massas’, ou seja, pode ocorrer de o solo a ser
utilizado em um aterro ser justamente aquele que seria originário de um corte previsto em um dos
pontos em que a obra foi interrompida por falta de desapropriação.
64. Como consequência, o aterro em questão demandará solos transportados de distâncias
maiores ou de áreas de empréstimos não previstas, o que resultará em aumento de custos.
65. Por outro lado, quando da execução das obras na área que se encontrava
anteriormente interrompida, pode acontecer de o solo daquele corte não ter mais serventia para
aterros, demandando o seu transporte para áreas de ‘bota-fora’, o que também provoca aumentos
indevidos de custos.
66. Quanto ao licenciamento ambiental, o Relatório de Fiscalização constatou que, dentre
as condicionantes da licença 740/2010-IBAMA, consta a necessidade de contratação de gestão
ambiental ao empreendimento, para verificar, fiscalizar e relatar o cumprimento dos programas
aprovados.
67. Foi verificada a paralisação do contrato de gestão ambiental com o consequente não
atendimento à condicionante imposta pelo IBAMA. O documento à peça 33, do Dnit, trouxe o seguinte
à página 6:
Segundo informado por colaborador da setorial responsável pelo licenciamento
dos empreendimentos da autarquia, a requisição das licenças de instalação e supressão
vegetal em momento no qual há vigência das autorizações prorroga de modo automático
sua validade, o que ilustra a conformação ambiental para reinicio de ações de construção.
68. Adicionalmente, por meio do Ofício 08/2015-DIF, o Dnit informou a situação do
contrato de gestão ambiental, o qual está paralisado por falta de previsão contratual de sua
continuidade, ou seja, exaustão do prazo contratado, e informa as providências tomadas durante a
execução contratual.
69. Verifica-se que o Dnit fez apenas uma alegação vaga, carente de comprovação e
ineficaz a solucionar o problema, mencionando um certo ‘colaborador da setorial responsável pelo
licenciamento dos empreendimentos da autarquia’ que teria prestado a informação da regularidade.
70. Ademais, há, nos autos, à peça 16, um conjunto de licenças ambientais vencidas, para o
qual não houve explicação adequada ou correção por parte do Dnit.
71. Desta forma, o risco de interrupção da obra por falta de licenciamento ambiental não
foi adequadamente tratado pelo Dnit.
IV. Atendimento ao Acórdão 670/2012-TCU-Plenário (jazidas)
72. A proposta de encaminhamento da equipe de fiscalização referia-se ao atendimento
integral ao Acórdão 670/2012-TCU-Plenário, porém, ao longo do relatório, fica evidente que o
problema para a retomada das obras, em relação a esse julgado, era a falta de adequado estudo de
jazidas, que era uma das determinações do referido acórdão.
32
73. Conforme já tratado na presente instrução, o Dnit apresentou a documentação que fora
solicitada, porém o impacto desse levantamento de jazidas deve ser avaliado em conjunto com todo o
projeto da obra, em especial o orçamento atualizado, o qual ainda não existe, ou pelo menos não foi
apresentado pelo Dnit até o momento.
74. Adicionalmente, compulsando-se os autos do TC 001.306-2011-1, apenso a estes autos,
verifica-se que a instrução da Unidade Técnica, acostada às peças 92 e 93 daqueles autos, verificou o
cumprimento integral das determinações do Acórdão 670/2012 -TCU-Plenário.
75. Ademais, a proposta de determinar ao Dnit que apresente um projeto com, pelo menos,
as características de projeto básico, já contempla o adequado estudo de jazidas.
CONCLUSÃO
76. Atualmente, o DNIT não dispõe, ou pelo menos não apresentou, as seguintes
informações:
a) projeto básico que atenda ao definido pela Lei de Licitações, contemplando o traçado
real completo da Variante Ferroviária de Camaçari, e que atenda às condicionantes impostas pelo
Programa de Investimentos em Logística - PIL;
b) preço final a ser pago pelo Erário para conclusão das obras da Variante Ferroviária
de Camaçari;
c) prazo para conclusão das obras da Variante Ferroviária de Camaçari;
77. Uma vez que já há um contrato em vigor, os riscos de execução de um objeto
inadequado são altos, com perdas de recursos financeiros e de tempo.
78. Nesse sentido, suprir as deficiências de projeto, avaliar a viabilidade de se prosseguir
com o contrato em vigor, e só então retomar a obra apresenta-se como a solução mais rápida, mais
econômica e menos danosa ao meio ambiente.
79. Do cotejo das informações apresentadas no relatório de fiscalização com aquelas
prestadas pelo Dnit à peça 33, observou-se que a Variante Ferroviária de Camaçari é
empreendimento cujos parâmetros necessários à análise de seu preço, retorno e risco, não são
conhecidos, sendo adequadas as medidas propostas pela equipe de fiscalização, em sua proposta de
encaminhamento, item I, letras ‘a’, ‘b’, e ‘c’.
80. Quanto ao item ‘d’, o Dnit apresentou a documentação que fora solicitada, porém o
impacto desse levantamento de jazidas deve ser avaliado em conjunto com todo o projeto da obra, em
especial o orçamento atualizado, o qual ainda não existe, ou pelo menos não foi apresentado pelo
Dnit até o momento.”
6. Enfim, os dirigentes da SeinfraHidroFerrovia manifestaram concordância com a aludida
proposta (Peças 66 e 67).
É o Relatório.
33
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
II) com base no art. 250, inciso III, do RITCU, recomendar à DIF/Dnit para que, ao seu
alvitre, reexamine as decisões administrativas que embasaram a exigência de indenização de
ressarcimento ao erário ao Consórcio Engesolo-Planex-Direção, nos autos do processo
administrativo 50600.037101/2013-78, por inexecução parcial do Contrato 638/2011, haja vista que a
situação que fundamentou a cobrança não se enquadraria no art. 80, IV da Lei 8.666/1993 - que se
refere à retenção de créditos até o limite dos prejuízos causados à Administração - de forma a evitar o
enriquecimento sem justa causa para o erário (achado 3.4);
III) promover a oitiva da DIF/Dnit no sentido de que seja esclarecida a situação do
contrato de consultoria em gestão ambiental (n.128/2013) decorrente do Pregão Eletrônico
n.614/2012, pactuado junto à firma MPB Saneamento Ltda. em 26/2/2013, em especial as razões da
paralisação da execução do instrumento, ocorrida em 30/4/2013, tendo em vista as pendências
ambientais atualmente existentes para a retomada das obras da variante, como definição de áreas de
bota-fora, e emissão de novas licenças/autorizações específicas, que deverão gerar novas
condicionantes a serem observadas para as obras (achado 3.2)”.
5. De todo modo, tendo em vista o surgimento de dúvidas quanto aos aspectos técnicos que
envolvem a matéria, determinei à SecobInfraurbana, por meio de despacho acostado à Peça nª 59, ante
a especialização por ela obtida na área de ferrovias, que emitisse pronunciamento conclusivo sobre a
proposta de encaminhamento, levando em consideração os argumentos tecidos pelo Dnit à Peça nº 33.
6. Determinei, ainda, que fosse encaminhado alerta aos gestores da Diretoria de Infraestrutura
Ferroviária – DIF/Dnit no sentido de que a expedição de ordem de serviço para a retomada das obras
da variante ferroviária de Camaçari/BA, antes da manifestação definitiva do TCU nos presentes autos,
poderia ensejar a responsabilização pessoal dos gestores, inclusive com a imputação de débito, se fosse
o caso, e com a aplicação da multa fundada na Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, caso confirmada a
inadequação do prosseguimento do contrato nos moldes avençados.
7. No presente momento, apreciam-se os pereceres técnicos acostados aos autos, com ênfase
no parecer técnico apresentado pela unidade técnica especializada (Peça nº 65), o qual, exceto com
relação ao alegado descumprimento de decisão do TCU (item I-d), já considerado esclarecido,
apresenta posição favorável ao encaminhamento proposto pela Secex/BA.
8. De início, após a análise dos fundamentos técnicos e legais apresentados, quase que
integralmente coincidentes com aqueles acostados aos autos pela Secex/BA, manifesto a minha
concordância com os pareceres constantes dos autos, incorporando-os a estas razões de decidir, sem
prejuízo de tecer as considerações que se seguem.
9. Como visto, não obstante a existência de inúmeros e graves problemas constatados na
condução das várias ações pertinentes à aludida obra, mais especificamente no que se refere à
execução do Contrato nº 851/2010, firmado com o Consórcio Cowan-Cotrin em 22/11/2010, o Dnit
mantinha a firme convicção de reiniciar a execução do empreendimento, ainda que de forma
fracionada, envolvendo os cinco primeiros quilômetros, que teriam poucos empecilhos a serem
contornados.
10. A alegação principal é a de que esse procedimento ensejaria o reinício imediato da obra, ao
tempo em que as providências, as revisões e os estudos, necessários aos demais trechos, seriam
implementados concomitantemente.
11. Em que pese o subjacente interesse da entidade em dar celeridade à execução da obra, o
fato é que as irregularidades apontadas ensejam, de forma imediata, a prévia reavaliação do precário
projeto executivo adotado, de forma a verificar a possibilidade, ou não, de prosseguimento do contrato
já firmado, bem como a necessidade de adoção de providências efetivas quanto às desapropriações
necessárias e às exigências de órgãos e entidades ambientais.
12. Em primeiro lugar, no que se refere ao projeto executivo, com características de básico, foi
identificado que ele não está em conformidade com as diretrizes e especificações do Programa de
1. Processo nº TC 006.786/2014-6.
1.1. Apensos: 003.419/2015-0; 001.306/2011-1.
2. Grupo I – Classe: V – Assunto: Auditoria.
3. Interessado/Responsáveis:
3.1. Interessado: Congresso Nacional.
3.2. Responsáveis: Amauri Sousa Lima (CPF 239.914.026-53); Mario Dirani (CPF 922.508.078-68).
4. Entidade: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).
5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidades Técnicas: Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia (Secex/BA) e Secretaria de
Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária (SeinfraHidroferrovia).
8. Advogado constituído nos autos: não há.
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Fiscalização de Orientação Centralizada
(FOC) sobre a variante ferroviária de Camaçari/BA, coordenada pela Seinfra Hidroferrovia e executada
em parceria com unidades técnicas regionais desta Corte de Contas, dentre elas a Secex/BA, com o
objetivo de verificar se o investimento federal em corredores ferroviários (malha concedida), a cargo
do Dnit, tem eliminado conflitos entre a operação ferroviária e o tráfego de pessoas e veículos em
perímetro urbano, de forma a reduzir os riscos de acidentes, a melhorar a operação do modal e a
reduzir impactos socioambientais;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do
Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, com base no
art.250, inciso II, do RITCU, e consequentemente à sua Diretoria de Infraestrutura Ferroviária (DIF)
que condicionem a expedição de ordem de serviço para o reinício das obras da variante ferroviária de
Camaçari/BA à:
9.1.1. revisão e readequação do projeto executivo, que apresenta características de projeto
básico, para todo o trajeto de 18 km do empreendimento, em conformidade com as diretrizes e
especificações do programa PIL-Proferr/ANTT, contemplando o orçamento total dos serviços
necessários para a finalização das obras e incluindo: a atualização dos projetos das obras de arte
especiais; as soluções das interferências não detalhadas inicialmente (redes Embasa, Brasken, e linhas
Coelba), em respeito ao disposto nos arts. 6º, inciso IX, alíneas “a” a “f”, e 12 da Lei nº 8.666, de
1993, e à jurisprudência do Tribunal de Contas da União;
9.1.2. reavaliação da viabilidade do contrato firmado com o Consórcio Cowan-Cotrin, com
base em revisão completa do projeto e em novo orçamento do empreendimento, nos termos do art. 65,
§ 1º, da Lei nº 8.666, de 1993, firmando-se os termos de aditamentos necessários, se for o caso; e
9.1.3. regularização das pendências quanto à desapropriação e à renovação das licenças
ambientais alusivas às áreas de intervenção de engenharia da via, adotando o rito previsto na legislação
federal pertinente e respeitando a jurisprudência do TCU sobre o tema;
9.2. promover a audiência dos gestores da Diretoria de Infraestrutura Ferroviária
(DIF/Dnit) a fim de que, no prazo de 15 (quinze) dias, esclareçam e justifiquem a situação atual do
contrato de consultoria em gestão ambiental (Contrato nº 128/2013) decorrente do Pregão Eletrônico
nº 614/2012, pactuado junto à MPB Saneamento Ltda. em 26/2/2013, em especial, quanto às razões da
paralisação da execução do ajuste, ocorrida em 30/4/2013, tendo em vista as pendências ambientais
atualmente existentes para a retomada das obras da aludida variante, como definição de áreas de bota-
fora e emissão de novas licenças e autorizações específicas, que deverão gerar novas condicionantes a
serem observadas para as obras;
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Procurador-Geral, em exercício