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e-DOC C10FB4C9

Proc 00600-00014926/2023-17-e

TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL


SECRETARIA DE FISCALIZAÇÃO DE GESTÃO PÚBLICA, INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE
SEGUNDA DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DE GESTÃO PÚBLICA, INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE

Informação nº 194/2023 – SEGEM/DIGEM2

Brasília (DF), 23 de novembro de 2023.

Processo nº 00600-00014926/2023-17-e
Jurisdicionado: Controladoria-Geral do Distrito Federal - CGDF
Assunto: Auditoria Realizada por Outros Órgãos
Ementa: Auditoria realizada pela Controladoria-Geral do Distrito Federal
para avaliar a contratação e a prestação de serviços de empresa
especializada de limpeza e conservação na rodoviária do Plano
Piloto. Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal –
Semob. Pelo conhecimento do Relatório de Auditoria, ciência da
análise empreendida por esta Corte aos órgãos interessados e
arquivamento dos autos.

Senhor Diretor,

1 Tratam os autos de auditoria realizada pela Controladoria-Geral do Distrito


Federal – CGDF para avaliar a contratação e a prestação de serviços de empresa
especializada de limpeza e conservação na rodoviária do Plano Piloto.

2. O Relatório de Auditoria nº 04/2023 – DATCS/COLES/SUBCI/CGDF


(peça 1) foi encaminhado ao Tribunal mediante Ofício nº 438/2023-CGDF/GAB, em
atenção do art. 257, parágrafo único, do RI/TCDF1 (peças 1 e 2).

3. A auditoria foi realizada na Secretaria de Transporte e Mobilidade do DF,


durante o período de 18/03/2023 a 10/07/2023, com o objetivo de avaliar os serviços
da empresa prestadora de serviços para conservação e asseio da rodoviária do Plano
Piloto.

4. Ao final dos trabalhos foram registradas três constatações de


desconformidade, como descreve o Relatório de Auditoria nº 04/2023-

1 Art. 257. O órgão próprio do sistema de Controle Interno do Governo do Distrito Federal informará
ao Tribunal, até 31 de janeiro de cada ano, sua programação de fiscalização para o exercício, bem
como ao final de cada quadrimestre as eventuais alterações, indicando órgãos e entidades a serem
fiscalizados, o objeto e a modalidade das fiscalizações.
Parágrafo único. Concluída a fiscalização, deverá o órgão de Controle Interno encaminhar cópia do
seu relatório final ao Tribunal de Contas do Distrito Federal, sem prejuízo das providências dela
decorrentes.
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SEGUNDA DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DE GESTÃO PÚBLICA, INFRAESTRUTURA E MOBILIDADE

DATCS/COLES/SUBCI /CGDF, cujo teor encontra-se sintetizado a seguir nos tópicos


seguintes.

I. Do Planejamento da Contratação

31.1. FALHA NA DESCRIÇÃO DA ÁREA DOS BANHEIROS

5. A equipe de auditoria identificou divergência entre a área dos 10 (dez)


banheiros a serem limpos na rodoviária, no total de 466,23 m2, com as medidas
desses banheiros constantes do contrato de limpeza, de 4.500 m2.

6. Contudo, a justificativa para tanto consta, segundo consta do Relatório de


que se trata, do item 3.6 do Termo de Referência da licitação, nos seguintes termos
(p. 12/13):

(...) a rodoviária do Plano Piloto tinha a necessidade de que a empresa a ser


contratada disponibilizasse 1 (um) servente por banheiro. Tal justificativa
parece razoável, tendo em vista que a rodoviária do Plano Piloto é um local
de grande circulação. Tal necessidade, segundo as justificativas trazidas,
precisaria se adequar a métrica de cálculo para mensuração do quantitativo
de serventes previstos na IN 05/2017, recepcionada no GDF pelo Decreto n°
38.934/2018, que é de 1 servente para limpeza de 450 m de banheiros a
cada turno de 12h. Dessa forma, a SEMOB 2 descreveu no Termo de
referência, que para fins de medição, que cada banheiro teria 450 m² na
tentativa de se adequar a métrica da norma.

7. A partir dessa justificativa, a equipe de auditoria concluiu que (p. 13):

(...) os serviços prestados pela empresa Aval Serviços guardam


conformidade com o estipulado em contrato e no Termo de Referência, não
se vislumbrando prejuízo quanto a esse aspecto. Contudo, a SEMOB deve
adequar os futuros termos de referência para as próximas contratações para
que reflita a realidade da necessidade de limpeza das áreas a serem limpas
da rodoviária do Plano Piloto.

8. A partir dessa conclusão, foi recomendado à Semob-DF que, em suas


futuras contratações de serviços de limpeza, sejam estabelecidas a frequência de
limpeza de todas as áreas da rodoviária do Plano Piloto, especialmente a dos
banheiros, considerando a área efetiva desses locais, o fluxo de usuários, horários de
maior circulação, especificando as atividades e horários para cada ciclo de limpeza,
de forma a se adequar aos critérios estabelecidos na IN 05/2017.

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9. Essa falha foi classifica como de Tipo B2, nos termos da Portaria CGDF nº
163, de 06 de julho de 2023.

3.1.2. REQUISITOS DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE INEXISTENTES

10. Ainda no curso das atividades da auditoria a CGDF identificou que o Termo
de Referência e posterior Contrato não trouxeram os requisitos de análise qualitativa,
avaliados mediante o mecanismo de Instrumento de Medição de Resultados (IMR).

11. A qualidade dos serviços foi aferida apenas pela inserção do termo SIM
nas menções ao termo “qualidade” nos processos de pagamento, em resposta à
pergunta “Prestou o serviço com a qualidade esperada?”.

12. Concluiu-se, então, pela ausência de mecanismos de aferição da qualidade


dos serviços prestados. Esse quadro indicou, na visão do órgão de Controle Interno,
a necessidade de definição da rotina de atividades para cada ambiente e da forma
como a fiscalização aferirá a qualidade desses serviços.

13. A unidade auditada, instada a se pronunciar, informou que estaria em


elaboração “o modelo padrão de Instrumento de Medição de Resultados - IMR, nos
moldes do Anexo V-B da Instrução Normativa nº 05/2017, o qual constará como anexo
do Termo de Referência e instrumento.”

14. Desse contexto, foi recomendado à Semob a manualização do processo


de contratação, discriminando suas etapas, contemplando, no planejamento, as
diretrizes técnicas para elaboração e execução de Instrumentos de Medição de
Resultados – IMR capazes de aferir efetivamente a qualidade na prestação de
serviços.

15. Essa falha também recebeu a classificação de Tipo B, nos termos da


Portaria CGDF nº 163, de 06 de julho de 2023.

II. Execução do Contrato

3.2.1. DA INDISPONIBILIDADE DOS BANHEIROS PÚBLICOS

16. Em diversas oportunidades, mediante verificação in loco na rodoviária, a


equipe de auditoria identificou banheiros fechados para reforma. Essas ocorrências
foram comprovadas mediante registros fotográficos (peça 1, fls. 21 a 25).

2 Falha tipo “B”: situações indesejáveis que, apesar de comprometerem o desempenho de determinado
programa ou atividade da unidade examinada, não se enquadram nas ocorrências de falha do tipo
"C", sendo decorrentes de atos ou de omissões em desacordo com os parâmetros de legalidade,
eficiência, economicidade, efetividade ou qualidade, resultantes de fragilidades operacionais ou nos
normativos internos, ou de insuficiência de informações gerenciais que respaldem a tomada de
decisão;
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17. Partindo-se do pressuposto que banheiros fechados para reforma não


precisavam ser limpos, buscou-se nos processos de pagamento a existência de
glosas em relação a esses serviços não prestados. Contudo, constatou-se a ausência
de glosas referentes a essas ocorrências.

18. Instada a se pronunciar, a Semob-DF manifestou-se nos seguintes termos:

Com relação ao 3.2.1, que se refere a recomendação de realizar


levantamento e glosa dos valores pagos e não executados pela Contratada,
acreditamos que tal ponto não merece prosperar, uma vez que durante o
breve período em que os banheiros ficaram fechados para manutenção a
empresa continuou prestando o serviço com o mesmo número de
colaboradores, uma vez que, com os banheiros interditados, a demanda dos
demais, diante do fluxo aumentado, tornou-se maior, e consequentemente,
a demanda por consumo de materiais é automaticamente transferida,
portanto, não há que se falar em prejuízo ao erário.

19. A equipe de auditoria refutou essa resposta, sob a alegação de que “os
banheiros já tinham um tratamento diferenciado na aferição dos serviços (1 servente por
banheiro). Se alguns banheiros não estavam disponíveis, por consequência o
profissional/servente não realizou o serviço naquele local.”

20. A CGDF classificou essa falha como de Tipo C3, nos termos da Portaria nº
163, de 06 de julho de 2023, recomendando à Semob:

• Realizar levantamento de quantos banheiros estiveram indisponíveis


por motivo de reforma durante a vigência do contrato em análise,
individualizando em dias e correlacionando o devido valor financeiro.

• Instaurar processo específico para devolução de valores levantados na


recomendação anterior, notificando a empresa contratada e garantindo
o contraditório e a ampla defesa

3 Falha tipo “C”: situações indesejáveis que comprometem significativamente o desempenho do


programa ou da unidade examinada, nas quais há a caracterização de uma das seguintes
ocorrências:
a) omissão no dever de prestar contas;
b) prática de ato de gestão ilegal, ilegítimo, antieconômico, ou infração a norma legal ou regulamentar
de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional ou patrimonial que tenha causado ou
tenham claro potencial de causar prejuízo ao erário ou configure grave desvio relativamente aos
princípios a que está submetida à Administração Pública; e
c) desfalque ou desvio de dinheiros, bens ou valores públicos.
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III. Da Análise

21. As falhas constantes do Tópico I foram entendidas pela CGDF como de


menor gravidade (subitens 3.1.1 e 3.1.2 – Tipo B), tendo como proposta de solução
o aprimoramento dos processos de trabalho com vistas a melhorias em contratações
futuras. A Semob anuiu com essas considerações.

22. Não se tem qualquer reparo em relação à solução proposta pelo órgão de
Controle Interno nessas questões.

23. Quanto ao Tópico II (subitem 3.2.1 – Tipo C), não houve acordo entre a
CGDF e a Semob em relação à suposta falha identificada. Enquanto a primeira, em
que pese os esclarecimentos prestados pela segunda, entende que a redução do
número de banheiros implicaria redução no número de profissionais de limpeza e
glosa contratual, a Semob tem posicionamento distinto.

24. Para a Secretaria de Mobilidade, gestora da rodoviária, banheiros


interditados implicam maior demanda para os banheiros disponíveis e, assim, na
necessidade de incremento nos serviços de limpeza destes. Além disso, não houve
redução do número de colaboradores e, portanto, não caberia qualquer glosa
contratual.

25. Ainda que a avaliação da CGDF encontre respaldo lógico – um profissional


de limpeza por banheiro disponível e a supressão desse tipo de profissional na
proporção da indisponibilidade de banheiros – isso de fato não teria ocorrido,
conforme informação da Semob.

26. Assim, se não houve redução no número de colaboradores postos à


disposição da administração da rodoviária, não haveria por que se falar de glosa
contratual.

27. Poderia ser aventada a hipótese de má gestão do contrato por não se haver
reduzido o número de profissionais de limpeza na proporção da indisponibilidade de
banheiros, em razão de suas reformas. Deixa-se, entretanto, de considerar tal
possibilidade pelos motivos a seguir.

28. O argumento de que a indisponibilidade de banheiros acarreta maior fluxo


para os banheiros disponíveis é irrefutável. Em razão disso, seria aceitável o
incremento dos serviços de limpeza nesses banheiros.

29. Ademais, o Relatório de Auditoria não indica os períodos das


indisponibilidades desses banheiros e, desse modo, torna-se impossível avaliar a
razoabilidade da supressão de parte dos serviços prestados, conforme defendido pela
CGDF.

30. Diante disso, a priori, entende-se inapropriada a glosa contratual proposta


pelo órgão de Controle Interno.

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31. Essa conclusão, contudo, não impede a CGDF de buscar elementos que
efetivamente comprovem a necessidade de realização da glosa pretendida.

32. No mais, abstém-se de qualquer crítica à gestão contratual pela Semob,


em face de suas alegações e da ausência de maiores informações para análise dos
fatos.

IV. Conclusões e Sugestões

33. Em fase do exposto, cabe ao Tribunal apenas conhecer do Relatório de


Auditoria nº 04/2023 - DATCS/COLES/SUBCI/CGDF, dispensando quaisquer outras
providências, pois essas não se fazem necessárias.

34. De todo modo, o acompanhamento do deslinde das recomendações


dirigida à Semob é atividade inerente às competências da Controladoria-Geral do
Distrito Federal, cujos desdobramentos são comunicados a este Tribunal. Assim,
nesta ocasião, após a cientificação das partes envolvidas – CGDF e Semob – das
conclusões desta Corte a respeito dos fatos, os autos poderão ser arquivados.

35. Com base nessas considerações, sugere-se ao eg. Tribunal:

I. conhecer:
a. do Ofício nº 438/2023 – CGDF/GAB;
b. do Relatório de Auditoria nº 04/2023 – DATCS/COLES/SUBCI/CGDF; e
c. desta Informação nº 194/2023 – DIGEM2;
II. cientificar a Controladoria-Geral do Distrito Federal e a Secretaria de
Transporte e Mobilidade do Distrito Federal – Semob/DF das conclusões
deste Tribunal acerca da fiscalização objeto do Relatório de Auditoria nº
04/2023 – DATCS/COLES/SUBCI/CGDF, encaminhando-lhes cópia desta
Informação, do Relatório/Voto e da decisão a ser proferida;
III. autorizar o retorno dos autos à Segem para as providências pertinentes e
posterior arquivamento.

À consideração superior.

Hugo Alexandre Galindo


Auditor de Controle Externo

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De acordo.

À Segem.

Raimundo Lustosa De Melo Filho


Diretor

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