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RELATÓRIO DE AUDITORIA
I – ESCOPO DO TRABALHO
Fato
O Termo de Compromisso (TC PAC) n.º 0021/12 (Siafi n.º 671356), no valor de R$
8.790.187,64, firmado entre a Funasa e a Prefeitura Municipal de Caaporã/PB, custeado
100% com recursos federais financiados pela Funasa, tem como objetivo a implantação
do sistema de esgotamento sanitário do município de Caaporã/PB, cuja execução das
obras tem como responsável a empresa COENCO Construções Empreendimento e
Comércio Ltda. (CNPJ 00.431.864/0001-68), com base no Contrato n.º 105/12, no valor
de R$ 7.938.428,20.
Dos recursos previstos para o referido TC PAC, foram liberados até 16.04.2015, R$
4.395.093,82, ou seja, 50% dos recursos a serem financiados, assim distribuídos:
Por sua vez, tal Relatório subsidiou o Parecer Técnico n.º 95/2014/DIESP/SUEST/PB, de
26 de maio de 2014, acostado às fls. 1.381-1.383, Vol. IX do Processo Funasa/SUEST/PB
nº 25210.009.523.2011-38. Nesse Parecer, os técnicos da Funasa/SUEST/PB informam
que o Relatório 1 (Relatório de Andamento), elaborado pela Prefeitura Municipal de
Caaporã/PB, não contém as informações necessárias para comprovar a execução dos
serviços e, em razão disso, a referida Prefeitura foi instada a apresentar os documentos
pendentes por meio da Notificação n.º 36. (fls. 1.380 do Processo Funasa n.º
25210.009.523/2011-38), datada de 27 de maio de 2014.
Nesse Relatório, os técnicos concluíram que o valor acumulado das medições totalizava
R$ 2.858.458,82, ou seja, 36,00% de execução do Contrato n.º 105/12, quando foram
analisadas as medições de 1 a 8 apresentadas pela construtora. Ressalte-se que a empresa
JM Engenheiros Consultores Ltda. presta consultoria de engenharia para assistir e
subsidiar a Fundação Nacional de Saúde na supervisão de obras em municípios do Estado
da Paraíba.
Ressalte-se que o baixo percentual de 9,25%, informado na Visita Técnica n.º 15/14 foi
medido em razão das pendências verificadas por ocasião da última fiscalização, quando
os técnicos da Funasa/SUEST/PB informaram que a Prefeitura Municipal de Caaporã/PB
deixou de apresentar a seguinte documentação:
No Quadro 3, nota-se que o servidor (Siape n.º 1679111/CPF ***.027.554-**) tanto atuou
como servidor da Divisão de Engenharia da Funasa/SUEST/PB, quanto atuou como
engenheiro da JM Engenheiros Consultores Ltda. (CNPJ 07.321.709/0001-38).
Por essa razão, conclui-se que a atuação desses dois servidores foi determinante para que
a Funasa liberasse mais 20% dos recursos do TC PAC n.º 0021/12, no valor de R$
1.758.037,53, referente à 2ª parcela, sem a devida comprovação da compatibilidade da
execução física da obra com a 1ª parcela liberada de 30% dos recursos, no valor de R$
2.637.056,29, em afronta ao disposto na Portaria Funasa nº 623, de 11 de maio de 2010,
tendo em vista que a 2ª parcela foi liberada em 03 de outubro de 2013, com base nas
informações constantes do Relatório n.º 043/13, de 03 de junho de 2013.
Além disso, informe-se que o servidor em comento (Siape n.º 1679111/CPF ***.027.554-
**), no período de 13 de fevereiro de 2009 a 11 de fevereiro de 2014, estava lotado na
Divisão de Engenharia da Funasa/SUEST/PB, submetido à jornada de 40 horas semanais.
Ocorre que, a partir de 12 de fevereiro de 2014, ou seja, no dia seguinte ao término do
contrato temporário de trabalho com a Funasa/SUEST/PB, evidenciou-se a atestação
desse ex-servidor desempenhando as funções de diretor de obras da Prefeitura Municipal
de Caaporã/PB e fiscal das obras de esgotamento sanitário em tela, referentes ao Contrato
n.º 060/2013, sob responsabilidade de outra empresa, a Construtora Santa FÉ, ou RTS
Pereira Construções e Serviços Eireli – EPP (CNPJ 12.209.627/0001-36), que assumiu a
execução das obras, após a rescisão unilateral da Prefeitura de Caaporã/PB com a
construtora COENCO. Verificou-se a atuação do ex-servidor na elaboração dos seguintes
documentos:
Faz-se necessário informar que, durante o tempo em que esteve lotado na Divisão de
Engenharia da Funasa/SUEST/PB, o ex-servidor participou de trabalhos referentes ao
Contrato n.º 105/12, decorrente da Concorrência n.º 01/12, firmado entre a Prefeitura
Municipal de Caaporã/PB e a construtora COENCO Construções Empreendimento e
Comércio Ltda. (CNPJ 00.431.864/0001-68), o qual foi rescindido unilateralmente pela
Prefeitura em 07 de maio de 2013, sob a alegação de vícios e irregularidades constatadas
na execução do referido contrato.
Em razão disso, foi realizado novo procedimento licitatório, a Concorrência n.º 01/13, na
qual se sagrou vencedora a única empresa que apresentou proposta, no caso, a Construtora
Santa Fé, ou RTS Pereira Construções e Serviços Eireli – EPP (CNPJ 12.209.627/0001-
36), tendo sido firmado o Contrato n.º 060/2013, em 14 de agosto de 2013, e a Ordem de
Serviço expedida em 06 de dezembro de 2013.
Com esse percentual de execução, a Funasa não poderia ter realizado o segundo repasse
dos recursos para a Prefeitura de Caaporã/PB, uma vez que, por força da Portaria Funasa
nº 623, de 11 de maio de 2010, Art. 1º, § 3º, inciso II, haveria a obrigatoriedade de
comprovar que o percentual de execução estaria em 30%. Por essa razão, a atuação dos
servidores da Funasa, na elaboração do Relatório de Visita Técnica n.º 043/13, de
03/06/2013, acostado às fls. 1014, Vol. VIII do Processo Funasa/SUEST/PB nº
25210.009.523.2011-38, foi determinante para ser liberado indevidamente, em
03.10.2013, a segunda parcela dos recursos, no valor de R$ 1.758.037,53.
Pelo conjunto dos fatos e evidências, infere-se que houve favorecimento à Prefeitura
Municipal de Caaporã/PB pelos dois servidores (chefe da Divisão de Engenharia da
Funasa - Siape n.º 0473385/CPF ***.406.334-** e o servidor - Siape n.º 1679111/CPF
***.027.554-**), configurando-se em conflito de interesses dos servidores da Funasa no
exercício de suas funções na Divisão de Engenharia, em infração às disposições da Lei
n.º 12.813, de 16/05/2013, que dispõe sobre o conflito de interesses no exercício de cargo
ou emprego do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao exercício do cargo
ou emprego, a qual reza, in verbis:
Art. 2º
Submetem-se ao regime desta Lei os ocupantes dos seguintes cargos e
empregos:
I - de ministro de Estado;
II - de natureza especial ou equivalentes;
III - de presidente, vice-presidente e diretor, ou equivalentes, de autarquias,
fundações públicas, empresas públicas ou sociedades de economia mista; e
IV - do Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, níveis 6 e 5 ou
equivalentes.
Parágrafo único. Além dos agentes públicos mencionados nos incisos I a IV,
sujeitam-se ao disposto nesta Lei os ocupantes de cargos ou empregos cujo
exercício proporcione acesso a informação privilegiada capaz de trazer
vantagem econômica ou financeira para o agente público ou para terceiro,
conforme definido em regulamento. (grifo nosso).
Art. 5º
Configura conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego no âmbito
do Poder Executivo federal:
I - divulgar ou fazer uso de informação privilegiada, em proveito próprio ou
de terceiro, obtida em razão das atividades exercidas;
II - exercer atividade que implique a prestação de serviços ou a manutenção
de relação de negócio com pessoa física ou jurídica que tenha interesse em
decisão do agente público ou de colegiado do qual este participe;
III - exercer, direta ou indiretamente, atividade que em razão da sua natureza
seja incompatível com as atribuições do cargo ou emprego, considerando-se
Por fim, convém retomar que a empresa JM Engenheiros Consultores Ltda. (CNPJ
07.321.709/0001-38), prestadora de serviços de consultoria de supervisão de obras da
Funasa/SUEST/PB, atuou no caso em tela, tendo como um dos responsáveis técnicos, na
elaboração do “Relatório Justificativo” (fls. 1.020 às 1.024 do Processo Funasa n.º
25210.009.523/2011-38), datado de 20/10/2013, o ex-servidor da Divisão de Engenharia
da Funasa/SUEST/PB (Siape n.º 1679111/CPF ***.027.554-**).
Esse relatório, cujo percentual de execução das obras, conforme demonstrado nos
parágrafos anteriores, não condizia com a realidade, foi produzido após a liberação da
segunda parcela, sendo que, por esse motivo, entende-se não haver participação dessa
empresa na liberação indevida da segunda parcela.
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a/
Causa
Com a segunda licitação a área técnica da FUNASA entendeu que era necessário
aprofundar-se nas verificações das planilhas licitadas para analisar a
compatibilidade entre a planilha da segunda licitação com o saldo dos itens do
convênio. Nesse momento foi identificado divergências de compatibilização, para
dar mais transparência as medições, foram solicitados documentos que
substancializariam a identificação onde os erros se encontravam: se nas medições
ou na planilha das licitações da 1° empresa, ou se estavam na planilha licitada
da segunda empresa ou em suas medições, por essa motivação foram glosados os
itens a princípio. ” (sic)
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Eistfe/
Acerca da citação da Portaria Funasa n.º 637/2014, convém informar que a liberação da
segunda parcela do TC PAC n.º 0021/12, ocorreu em 03.10.2013, estando, portanto, sob
a égide da Portaria Funasa n.º 623, de 11 de maio de 2010.
Por fim, a Funasa não apresentou dados ou informações que elidissem a constatação de
conflitos de interesses em favor da Prefeitura Municipal de Caaporã pelos dois servidores
de CPF nºs ***.406.334-** e ***.027.554-** e de Siape nºs 0473385 e 1679111.
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Recomendações:
Recomendação 1: Apurar responsabilidade pela liberação de R$ 1.758.037,53 à Prefeitura
Municipal de Caaporã/PB, referente à segunda parcela do TC PAC n.º 0021/12.
Fato
A Prefeitura Municipal Caaporã /PB, objetivando contratar empresa para a execução das
obras de implantação do sistema de esgotamento sanitário do município, realizou a
Concorrência Pública n.º 001/2012, cuja vencedora do certame foi a empresa COENCO
Construções Empreendimentos e Comércio Ltda. (CNPJ 00.431.864/0001-68), tendo
sido expedida a Ordem de Serviço (fls. 552 do Processo PMC n.º 18/2012), pelo Prefeito
Municipal de Caaporã/PB, em 10 de julho de 2012, em virtude do Contrato n.º 105/2012,
que estipulou o prazo de 540 dias para a entrega do objeto, contados a partir da expedição
da referida Ordem de Serviço.
A análise da planilha orçamentária, constante no anexo do edital, bem com a análise dos
quantitativos de obra a serem executados, permitiu evidenciar que foram exigidos
quantitativos superiores aos 50% acordados pelos TCU, conforme se demonstram nos
quadros a seguir:
Quadro 1 - Item 6.11.3, letra “n” do Edital: Transporte de material para aterro em
quantidade mínima de 25.000 m3
Qtd. exigida no edital (mínimo) Qtd. a ser executada
25.000m³ 3.192,30m³ (lagoa facultativa)
3.624,50m³ (lagoa de maturação)
Total: 6.816,80m³
A quantidade exigida no edital superou em 366,74% a quantidade a ser executada.
Fonte: Processo PMC n.º 18/2012.
Tendo em vista que não foi justificada nos autos a necessidade de quantitativos superiores
a 50%, entende-se que foi excessiva a exigência de qualificação técnico-operacional.
h) Item 5.1.1.3, incisos VI a IX, do Edital da Concorrência Pública n.º 001/2013, in verbis:
“VI- Relação individualizada da equipe técnica especializada (analista de solos,
topógrafo, técnico em edificações e/ou saneamento) e administrativa da empresa,
acompanhada dos respectivos currículos profissionais e de seus integrantes, com
experiência profissional específica em suas áreas de atuação e relacionada com
o objeto deste Edital e registro na entidade profissional competente, quando
exigido por Lei, sendo que, no mínimo, deverá constar 01 (um) profissional de
Engenharia Civil e 01 (um) profissional de nível superior na área de Segurança
do Trabalho;(original sem grifo)
VII- Prova de registro junto aos serviços especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho (Lei Federal n° 6.514, de 22/11/77 e
Portaria n° 3.214 de 08/06/78 do Ministério do Trabalho).(original sem grifo)
VIII - Os licitantes deverão apresentar ainda nesta fase do certame o PPRA,
visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, através da
antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente controle da ocorrência de
riscos ambientais existentes ou que venham a existir no ambiente de
trabalho;(original sem grifo)
IX – Apresentação do PCMSO, tendo o objetivo da promoção e preservação da
saúde do conjunto dos seus trabalhadores;”(original sem grifo)
Acerca da exigência simultânea de engenheiro civil e profissional de nível superior na
área de segurança do trabalho, entende-se como afronta à Lei 8.666/93, art. 30, §1º inciso
I, uma vez que as exigências de qualificação técnica-profissional devem estar limitadas
às parcelas de maior relevância técnica e valor significativo do objeto da licitação, o que
não foi definido no edital, consoante exige o art. 30 § 2º da Lei 8.666/93, notadamente
para as parcelas de maior valor e relevância técnica na execução do objeto que dependem
de um profissional de nível superior na área de segurança do trabalho para sua execução.
Pelo exposto, os itens considerados restritivos foram determinantes para que somente uma
empresa fosse habilitada e, por conseguinte, declarada vencedora do certame. Por essa
razão, conclui-se que, tanto no processo licitatório realizado em 2012, quanto no processo
licitatório realizado em 2013, houve restrição à competitividade.
1.1.1.3 INFORMAÇÃO
Fato
Esses fatos, aliados às demais cláusulas restritivas apontadas na constatação anterior deste
Relatório, contribuíram para que houvesse restrição irregular à competitividade no
certame, que culminou com a participação de somente uma empresa, a Construtora
SANTA FÉ (CNPJ 12.209.627/0001-36), que foi declarada a vencedora da Concorrência
nº 001/2013.
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a/
1.1.1.4 CONSTATAÇÃO
Fato
O montante liberado pela Funasa, incluindo quase todo o rendimento das aplicações
financeiras, foi utilizado para pagamento dos serviços, conforme demonstrado nas tabelas
a seguir:
Portanto, restou demonstrado que a Funasa liberou somente 50% dos recursos previstos
para o TC/PAC nº 0021/2012, sendo que todo o valor liberado até a data da inspeção
física às obras, em 19 de fevereiro de 2016, foi desembolsado para pagamento às
empresas contratadas pela Prefeitura Municipal de Caaporã/PB, restando tão somente
R$ 22,48 disponíveis na conta corrente nº 19817-X, mantida na agência nº 3815-6 do
Banco do Brasil, proveniente de saldo das aplicações financeiras. Registre-se que o atraso
no repasse de recursos pela Funasa, descumprindo o cronograma de desembolso
acordado, é uma das causas para o atraso no avanço físico das obras.
o#tF
a/
Causa
Ocorre que, de acordo com tabelas dispostas nesta constatação, o valor total de recursos
liberados pela Funasa (R$ 4.395.093,82), correspondentes a 50% da previsão de
desembolso do TC/PAC nº 0021/2012, foi totalmente utilizado para realização dos
pagamentos às empresas executoras das obras, que somaram R$ 4.542.446,72, para os
quais foram utilizados, ainda, o valor dos rendimentos das aplicações. O último
pagamento efetuado pela Prefeitura Municipal de Caaporã/PB foi realizado em 08 de
outubro de 2014 e refere-se à quitação da nota fiscal nº 650, emitida pela Construtora
SANTA FÉ em 02 de outubro de 2014.
Desse modo, desde a data do último pagamento realizado pelo Município, que esgotou os
recursos liberados pela Funasa e os rendimentos das aplicações, até o envio do Ofício nº
624/GAB/SUEST-PB/FUNASA, de 21 de julho de 2016, passaram-se quase dois anos.
A evidência de que os recursos liberados foram totalmente sacados enseja duas situações
possíveis:
1.1.1.5 CONSTATAÇÃO
Obras paralisadas.
Fato
Causa
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Eistfe/
O fato de os serviços terem sido reiniciados no momento da inspeção realizada pela Suest-
PB/Funasa não descontrói as evidências apontadas nesta constatação, mas, apenas,
reafirma que a atuação da Controladoria-Geral da União na Paraíba trouxe resultados
positivos à continuidade da ação governamental.
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li/a
1.1.1.6 CONSTATAÇÃO
Fato
Ao plotar as referidas coordenadas no Programa Google Earth, constatou-se que parte das
lagoas da Estação de Tratamento de Esgotos está sendo construída fora dos limites do
terreno desapropriado por meio do Decreto Expropriatório nº 45/2011, conforme
demonstrado na imagem a seguir:
Imagem obtida a partir do programa Google Earth, mostrando a plotagem dos vértices e dos limites do
terreno (em vermelho): Observa-se que parte das lagoas, especialmente da lagoa facultativa e da lagoa
de maturação, está situada fora dos limites do terreno desapropriado.
Causa
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Eistfe/
É importante ressaltar que as informações trazidas a este relatório estão lastreadas nas
evidências obtidas junto à Prefeitura Municipal de Caaporã/PB e na FUNASA e em dados
colhidos na inspeção física às obras. Desse modo, todas as constatações aqui registradas
pela equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União foram elaboradas com base em
critérios eminentemente técnicos.
Sendo assim, ainda que os fatos apontados quanto à falha na desapropriação do terreno
estejam sujeitos à contestação por parte da Suest-PB/Funasa, caberia à Unidade
Examinada ter apresentados seus argumentos contraditórios no momento oportuno.
Porém, ao não contestar a falha nem conferir sua pertinência na inspeção física realizada
em 25 de maio de 2016, a Suest-PB/Funasa não deu a devida importância para o trabalho
realizado pela Controladoria-Geral da União no acompanhamento dos recursos públicos
federais.
orInC
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li/a
1.1.1.7 CONSTATAÇÃO
Fato
Preliminarmente, cabe citar que não foi possível entrar no imóvel, haja vista que, segundo
informações do Diretor de Obras da Prefeitura, o imóvel que havia sido alugado pela
Construtora SANTA FÉ para servir como canteiro de obras foi devolvido ao proprietário,
por ocasião da desmobilização da empresa.
Em que pese a restrição imposta para o acesso da equipe da CGU ao canteiro de obras,
de acordo com a análise dos documentos apresentados e amparado na visita ao imóvel
alugado, foi possível constatar a inexecução das edificações relativas às instalações
provisórias do canteiro de obras, conforme relatado a seguir.
Foto do imóvel alugado que serviu de canteiro de Foto do imóvel alugado que serviu de canteiro de
obras para as construtoras COENCO e SANTA FÉ obras para as construtoras COENCO e SANTA FÉ
(imagem obtida no Relatório Fotográfico nº 02, (imagem obtida no Relatório Fotográfico nº 01,
apresentado pela Prefeitura de Caaporã/PB). apresentado pela Prefeitura de Caaporã/PB)
Foto parcial da lateral do imóvel alugado (imagem Foto atual da lateral do imóvel alugado que serviu
obtida no Google Earth). Observam-se tubos de canteiro de obras para as construtoras COENCO
depositados no terreno. e SANTA FÉ (imagem obtida pela equipe de
Data da imagem: Outubro/2012. fiscalização da CGU em 19/02/2016).
Causa
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Eistfe/
Primeiramente, cabe informar que o pagamento dos aluguéis não foi objeto de
questionamento por parte da equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União,
relativamente aos contratos firmados pela Prefeitura Municipal de Caaporã/PB com a
empresa COENCO e com a Construtora SANTA FÉ, objetivando à execução das obras
do sistema de esgotamento sanitário. Portanto, tais serviços foram considerados como se
tivessem sido prestados.
Fotos apresentadas pela Funasa, após o envio do Relatório Preliminar. Vistas do local onde teria
funcionado um laboratório pela empresa COENCO, situado dentro do terreno do imóvel alugado.
Fotos apresentadas pela Funasa, após o envio do Relatório Preliminar. Local situado dentro do terreno do
imóvel alugado, onde teria sido construído pela empresa COENCO um galpão para a guarda de materiais.
É possível observar que existem alguns escombros de pilaretes na imagem à esquerda, bem como tubos
guardados sem cobertura na imagem à direita.
Desse modo, em relação aos banheiros e ao galpão construído pela empresa COENCO,
em que pese a negativa de acesso da equipe de auditoria da Controladoria-Geral da União
com a finalidade de avaliar as dimensões das edificações ali existentes, pode-se considerá-
las como executadas. Em relação aos demais itens do contrato firmado com a empresa
COENCO, não foram disponibilizadas evidências que tais serviços tenham sido
realizados.
Fotos apresentadas pela Funasa, após o envio do Relatório Preliminar. Local situado dentro da Estação de
Tratamento de Esgotos. Trata-se de um galpão aberto com uma pequena edificação em alvenaria na parte
dos fundos, que teria sido construído pela Construtora SANTA FÉ.
Vale salientar que, nos dois contratos de obras, as especificações dos serviços de
construção do escritório da fiscalização e do escritório da contratada previam a utilização
de alvenaria chapiscada, coberta com telhas canal e forro de gesso, numa área de 101,64
m² (escritório da fiscalização) e 40,50m² (escritório da contratada). Além disso, o
refeitório deveria possuir uma área de 24m². Tais estruturas não foram encontradas nem
apontadas pela Suest-PB/Funasa como executadas.
Após a análise dos documentos e das informações apresentadas adicionalmente, parte das
justificativas prestadas pela Suest-PB/Funasa foram acatadas. Porém, permanecem sem
comprovação a construção dos seguintes itens das instalações do canteiro de obras:
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li/a
1.1.1.8 CONSTATAÇÃO
Fato
Dentre os serviços que tiveram os custos analisados com base nas composições de preços
do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), que é
utilizado como referência pela Caixa Econômica Federal para avaliação do custo das
obras, constatou-se que a “Locação da Estação de Tratamento de Esgoto” (item 1.2),
estimada no quantitativo de 120.000 m², foi superdimensionada no montante de
R$ 20.104,50.
No entanto, segundo levantamento realizado por esta equipe de fiscalização nos projetos
da E.T.E., por meio de imagens de satélite obtidas no programa Google Earth e de
medições no local da obra, a área da Estação de Tratamento de Esgotos é de
aproximadamente 68.450 m² (370m x 185m), considerando todo o perímetro externo da
base dos diques, perfazendo uma diferença de 51.550m², que corresponde a
R$ 20.104,50, considerando o preço unitário de R$ 0,39/m² de locação (valores
históricos).
Cabe reforçar que a área total do terreno desapropriado, conforme Decreto Expropriatório
nº 045/2011, emitido em 12 de setembro de 2011, possui somente 94.200 m², ou seja, é
inferior à área da locação paga à empresa COENCO (120.000 m²).
Desse modo, haja vista que não se justificou a utilização de madeira “aparelhada” na
divisão da lagoa de maturação da Estação de Tratamento de Esgotos, o preço do serviço
foi considerado superdimensionado em R$ 4.464,63, conforme cálculo apresentado a
seguir:
1
ã !"
= 1 − $ % &ç (ç
!"
2
*.,-.,01
= )1 − 4 % 26.350,22 = 9$ 4.464,63
2.*33,33
Ressalte-se que, até o momento da inspeção física in loco às obras, pela CGU, em 19 de
fevereiro de 2016, o item 5.19 não havia sido medido pela Prefeitura Municipal de
Caaporã/PB nem pago a Construtora SANTA FÉ. Porém, o referido serviço de aquisição
de mourões em madeira de lei aparelhada ainda consta como item a executar na planilha
de adequação das obras, apresentada pela Prefeitura Municipal de Caaporã/PB à Funasa,
por meio do Ofício PMC/GP/nº 078/2015, emitido em 15 de dezembro de 2015.
Causa
“A área da Estação de tratamento não abarca somente as lagoas mas ela engloba
o cinturão verde, a cerca de entorno a área onde serão instalados as iluminações,
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Neste caso, estaria correto utilizar-se, para fins de aprovação do serviço de locação da
cerca de entorno das lagoas, o comprimento referente ao perímetro do terreno e, não, de
toda a área interna do terreno, tendo em vista que não há previsão de construção de
edificações, consoante o Sinapi.
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li/a
1.1.1.9 CONSTATAÇÃO
Execução dos diques das lagoas da E.T.E. com divergências em relação aos
projetos. Pagamentos a maior no montante de R$ 34.688,17.
Fato
Detalhe dos cortes das lagoas (Prancha 02-09). Inclinação do dique que divide as lagoas facultativas e
de maturação especificada na razão de 1:2.
Representação gráfica do dique que divide as lagoas facultativas e de maturação. (Fl. 2.532 do Processo
Funasa nº 25210.002735/2015-18)
No entanto, conforme medições feitas por amostragem pela equipe de auditoria da CGU,
a extensão horizontal das bases laterais desses diques foi reduzida de 4,00 para cerca de
3,13m, o que corresponde a uma inclinação na razão de, aproximadamente, 1/1,5,
conforme apresentado nas figuras a seguir:
Representação gráfica do Dique Tipo 1, que divide as lagoas facultativas e de maturação, com inclinação
na razão de 1/1,5. As áreas em azul somadas correspondem 1,74m², que implicam, consequentemente,
na redução no volume do aterro executado nos diques desse tipo.
As medições na largura do aterro inclinado foram realizadas no dique divisor das lagoas
facultativas e de maturação, nas seguintes coordenadas:
Saliente-se que, ao utilizar uma inclinação mais íngreme nos diques, foram reduzidos os
volumes de movimentação de terra necessários à construção do maciço. Por outro lado, a
inclinação adotada deixou a estrutura mais instável em relação a que foi projetada,
gerando falhas, erosões e fraturas nos terrenos, podendo causar acidentes.
Quanto à lateral Leste da lagoa facultativa, verificou-se que os projetos que contêm as
seções de corte da E.T.E. não foram seguidos, haja vista que, na inspeção física realizada
pela equipe de auditoria da CGU, foram identificados solos naturais no dique inclinado
dessa lagoa, contradizendo os planos de corte que previam a escavação vertical para
execução posterior do aterro compactado, conforme mostrado nas imagens a seguir:
Fotos: Vistas parciais da face interna do dique Leste da lagoa facultativa. Presença de solo orgânico não
escavado na parte superior do dique, próximo ao coroamento. Fotos obtidas em 19/02/2016 pela equipe
de auditoria da CGU.
Diante das evidências de execução dos serviços em desacordo com o projeto, citadas nesta
constatação, foram realizados os cálculos do montante pago a maior pelos serviços de
Causa
Por fim, quanto à correção das falhas de instabilidade nos taludes, não foram apresentadas
informações nas justificativas para avaliar se foram adotadas medidas para o reforço do
solo ou se simplesmente houve a colocação dos elementos de proteção contra as erosões
(placas, meio-fio, etc.).
orInC
#estA
li/a
1.1.1.10 CONSTATAÇÃO
Fato
Tabela: Diferenças entre o valor pago à Construtora COENCO e o valor dos serviços atestados pela
Prefeitura Municipal de Caaporã/PB.
Somatório dos valores dos serviços Valor total do boletim de medição atestado Diferença
Medição
na planilha de medição (R$) e pago à empresa COENCO (R$) (R$)
BM 02 457.251,39 507.011,51 49.760,12
BM 04 518.014,51 523.414,00 5.399,49
BM 05 242.782,88 248.954,42 6.171,54
Total pago a maior em razão de erros nas somas dos valores dos serviços 61.435,50
Fonte: Fonte: Documentos relativos aos pagamentos dos Boletins de Medição nº 02, 04 e 05, da empresa
COENCO.
Causa
oaU
c#ndM
xm
Eistfe/
A Suest-PB/Funasa reconheceu que houve falhas nas medições realizadas para a empresa
COENCO. Porém, não restou esclarecido se foi realizado o ressarcimento pelos
pagamentos indevidos após a apresentação da medição final acumulada. Destarte, o dano
efetivo ao erário permanece, no montante de R$ 61.435,50.
orInC
#estA
li/a
1.1.1.11 INFORMAÇÃO
Fato
Na inspeção física por amostragem, que tomou por base os projetos disponibilizados pela
Prefeitura de Caaporã/PB e o levantamento das redes coletoras de esgoto realizado pela
Funasa/Diesp/PB e encaminhado à CGU-Regional/PB por e-mail em 05 de fevereiro de
2016, verificou-se que os serviços de recomposição da pavimentação em alguns trechos
da rede coletora de esgotos foram executados em desconformidade com o Memorial
Descritivo (Execução de Aterros, fl. 104/105 da Concorrência nº 001/2012), em razão da
compactação inadequada do reaterro das escavações, considerando que, nesses segmentos
da rede coletora, ocorreram afundamentos da rua após o reassentamento dos
paralelepípedos, conforme mostrado nas fotografias a seguir:
Por outro lado, também foram encontrados trechos onde a recomposição da pavimentação
em paralelepípedo foi considerada satisfatória, bem como a realização de segmentos da
rede coletora de esgotos em ruas para as quais o projeto não previa a execução de
calçamento.
1.1.1.12 INFORMAÇÃO
Fato
Foto: Imagens da Estação Elevatória nº 03, disponibilizada pela Suest-PB/Funasa, referente à inspeção
física realizada em 25 de maio de 2016.
1.1.1.13 CONSTATAÇÃO
Fato
Contudo, constatou-se que nenhum dos serviços executados até a data da inspeção no
município entrou em funcionamento e, por isso, ainda não podem ser considerados como
etapa útil do projeto, haja vista que as seguintes fases da execução do sistema de
Além disso, a execução antecipada das ligações domiciliares oferece o risco de obstrução
nas tubulações, bem como torna possível despejo de esgotos domiciliares nas ruas, uma
vez que há descontinuidade da coleta dos esgotos domésticos para a E.T.E..
As fotografias a seguir mostram esse tipo de problema citado, que pode ter sido causado
pela implantação da rede coletora de esgotos na bacia “B”, inclusive com a execução de
ligações domiciliares, sem que tenham sido construídos os elementos intermediários e
finais do sistema (E.T.E., EE nº 03 e Emissário da EE nº 03), fundamentais para a
destinação desses efluentes coletados:
Outro fato que evidencia a falha do município no gerenciamento dos recursos destinados
à construção do Sistema de Esgotamento Sanitário é o pagamento pela aquisição de
grande parte dos tubos e conexões destinados à rede coletora de esgotos e para as ligações
domiciliares, contrariando o cronograma financeiro, o que implicou na escassez de
recursos para a execução das obras da E.T.E. e da EE nº 03.
Destaque-se que uma parte dessa tubulação, adquirida ainda durante o primeiro contrato
de obras firmado com a empresa COENCO em 2012, continua estocada e sem aplicação
na obra. É importante mencionar que os tubos e conexões tiveram que ser distribuídos
para terrenos distintos, pertencentes a uma creche, a um posto de saúde e à secretaria de
infraestrutura, após a paralisação das obras e desmobilização da Construtora SANTA FÉ,
contratada em 2013, a qual manteve os materiais guardados no mesmo imóvel alugado
pela empresa COENCO, conforme mostrado nas fotografias a seguir:
Em relação à Construtora SANTA FÉ, os boletins de medição indicam que foram pagos
cerca de 15.000 metros de assentamentos de tubos até o boletim de medição nº 10, ou
seja, o estoque contábil dos tubos não assentados é de 10.000 metros lineares.
Causa
oaU
c#ndM
xm
Eistfe/
No que pertine à ausência de etapa útil do sistema de esgotamento sanitário, não parece
razoável que o gestor da Suest-PB/Funasa menospreze os problemas de gerenciamento
das obras do sistema de esgotamento sanitário no município de Caaporã/PB, onde os
recursos descentralizados pela Concedente foram utilizados sem um planejamento
adequado, permitindo, por exemplo, a aquisição e o pagamento pela quase totalidade dos
tubos e conexões, sendo que grande parte ainda não foi utilizada, o que resultou na falta
de recursos do convênio para a execução de outros serviços.
Ademais, falar em etapa útil de um convênio em execução faz todo sentido, pois a
execução planejada das obras poderia permitir, por exemplo, a conclusão de parte do
sistema de esgotamento em uma bacia específica, da estação elevatória, da estação de
tratamento de esgotos e do emissário, de forma a antecipar a utilização dos serviços por
uma parcela da população.
orInC
#estA
li/a
Em face dos exames realizados, somos de opinião que a Unidade Gestora deve adotar
medidas corretivas com vistas a elidirem os pontos ressalvados, especialmente quanto aos
seguintes itens:
1.1.1.9 – Execução dos diques das lagoas da E.T.E. com divergências em relação aos
projetos. Pagamentos a maior no montante de R$ 34.688,17.
orInC
estA
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