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651/2018-5
TC-040.651/2018-5
Natureza: Tomada de Contas Especial.
Entidade: Serviço Social da Indústria – Departamento Regional do
Amazonas (Sesi/AM).
Responsáveis: André Luiz Martins Vieira (945.819.162-91),
Antônio Carlos da Silva (002.008.322-04), Eliane Cristina
Fagundes (159.357.478-98), Luma Stefane Matos de Araújo
(528.786.602-00), Rosana Bianco de Vasconcelos (345.681.822-
04) e Vicente de Paula Armond de Melo (076.872.812-68).
RELATÓRIO
permanente de licitação do Sistema FIEAM, definiu o objeto como sendo a contratação, pelo
menor preço global, de empresa especializada na prestação de serviços de conservação, limpeza
e manutenção predial nas dependências do Clube do Trabalhador do Amazonas – CTAM,
estimando-se os quantitativos das seguintes categorias profissionais, conforme Termo de
Referência (Anexo I):
Item Profissional Quantidades
1 Agente de Limpeza 43
2 Jardineiro/Roçador/Podador 2
3 Agente de Piscina 3
4 Jardineiro/Paisagista 2
5 Artífice de Serviços Gerais 2
6 Bombeiro Hidráulico 1
7 Pedreiro 1
8 Pintor 1
9 Eletricista de Alta Tensão 2
10 Encarregado de Agente de Limpeza 3
Total 60
17.1 Não consta do Edital o valor orçado de referência da Administração.
17.2 Não constam os dados das áreas internas e externas no Edital, mas a defesa apresentada
pelos responsáveis informa que ‘a estrutura do Clube do Trabalhador, composta por 75 hectares
de área, sendo 168.917 m² de área construída e aberta ao público todos os dias da semana,
incluindo sábados, domingo e feriados’. E que oferece aos seus usuários a seguinte estrutura:
a) Parque Aquático composto por piscina olímpica, recreativa, tanque de salto, visores para
captura de imagem dos atletas e arquibancada coberta para 3.000 pessoas;
b) Dois Ginásios Poliesportivos com capacidade de 3.000 espectadores cada um, placar
eletrônico e vestiários;
c) Estádio de Futebol ‘Roberto Simonsen’ com capacidade de até 8.000 pessoas na arquibancada,
dotado de grama esmeralda, cabine para imprensa, placar eletrônico, pavilhão de bandeiras,
banco de reserva, vestiários e banheiros;
d) Duas Quadras de Grama Sintética;
e) Duas Quadras de Tênis;
f) Quadras de Vôlei de Areia;
g) Auditório com capacidade para 80 lugares;
h) Academia de Ginástica e Musculação;
i) Pista de Caminhada;
j) Restaurante;
k) Salão de Eventos; e
l) Chapéu de Palha.
17.3 Retiraram cópias do edital treze empresas interessadas, conforme comprovantes de
pagamento (peça 31, p. 19-30 e peça 32, p. 1-8).
18. Quanto ao edital, merecem relevo:
a) o pedido de esclarecimentos da Criart Serviços, de 23/11/2016 (peça 33, p. 1-11),
questionando a exigência da certidão de registro de comprovação de aptidão devidamente
registrado no Conselho Regional de Administração - CRA (subitem 10.1 do edital);
b) a impugnação ao edital apresentada pela Jacks Serviços e Representações Ltda., de
23/11/2016 (peça 33, p. 12-16, peças 34 e 35, peça 36, p. 1-3), que, dentre outras questões de
cunho operacional quanto à prestação dos serviços, questionou as exigências de profissional do
quadro permanente registrado no CRA (subitens 8.2.11 e 10.3), registro de comprovação de
aptidão registrado no CRA (subitem 10.1) e certificado de regularidade da empresa junto ao
CRA (subitem 10.2);
c) a impugnação ao edital apresentada pela Nova Local Rio Prestação de Serviços Ltda., de
21/11/2016 (peça 36, p. 4-9), questionando as exigências de certificado da empresa licitante
junto ao Conselho Regional de Química – CRQ (subitem 10.4) e de responsável técnico
profissional da Química registrado e em dia com suas obrigações no CRQ (subitem 10.5).
18.1 A resposta do Sesi/AM ao pedido de esclarecimentos e às impugnações concretizou-se em
25/11/2016, conforme Ofício Circular (peça 36, p. 10-11 e peça 37, p. 1-8), subscrito por Eliane
Cristina Fagundes (CPF 159.357.478-98), lotada no Setor de Contratos e Licitações do Sistema
FIEAM, reproduzido nas peças 37-43, encaminhados por e-mails às empresas interessadas (peça
44, p. 1-13).
18.2 Quanto às exigências feitas às empresas licitantes concernentes aos registros juntos aos
conselhos regionais de fiscalização profissional assim se posicionou o Sesi/AM:
a) no que se refere aos registros no CRA, o Sesi/AM limitou-se a reconhecer o direito das
empresas GSP e da Criart Serviços em continuarem na licitação, dispensadas da apresentação
das declarações e documentos previstos nos subitens 8.2.11, 10.1, 10.2 e 10.3 do edital, com
fundamento em decisão judicial que as amparava;
b) com relação aos registros no Conselho Regional de Química – CRQ, não acolheu a
impugnação apresentada pela Nova Local Rio Prestação de Serviços Ltda., sob o argumento de
que o ‘uso de produtos químicos para limpeza e higienização das piscinas do Parque Aquático do
CTAM, é que se justificaria a manutenção das exigências contidas nos itens 10.4. e 10.5, do
Edital’.
19. Conforme ata de 13/1/2017 (peça 78, p. 5), apesar de incompleta por não conter a segunda
página, foram inabilitadas as empresas Nativa Serviços, por não atender aos subitens 10.1 e 10.3
do edital; e Valem Serviços, por não atender aos subitens 10.1, 10.3, 10.4 e 10.5, ou seja, foram
inabilitadas exatamente por conta da não apresentação de registros junto ao CRA. Depreende-se
que as demais empresas foram habilitadas – Comdasp Consultoria Empresarial Ltda., Criart
Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda. e Jacks Serviços de Conservação e Limpeza
Ltda.
19.1 Após manifestarem intenção de recorrer (peça 78, p. 6-10), entraram com recursos contra a
habilitação as empresas:
a) Comdasp (peça 78, p. 11-18);
b) Jacks (peça 79, p. 1-19);
c) Criart (peça 79, p. 20-24, peça 80, p. 1-11, peça 81, p. 3-12).
19.2 Em 3/2/2017, a Comissão Permanente de Licitação, conforme Relatório de Julgamento
(peça 80, p. 12-17), não conheceu dos recursos interpostos, mantendo-se inabilitadas as empresas
Nativa Serviços e Valem Serviços, e como habilitadas as empresas Comdasp Consultoria, Criart
Serviços e Jack Serviços. As empresas recorrentes foram notificadas (peça 80, p. 18-21 e peça
81, p. 1-2).
20. A ata de abertura das propostas realizada em 8/2/2017 (peça 81, p. 14), apesar de incompleta
por não constar a segunda página, registrou a suspensão da sessão, muito provavelmente para
avaliar as propostas apresentadas.
20.1 Contestaram a proposta da empresa Criart os representantes da Comdasp (peça 81, p. 15),
por considerá-la inexequível, e da empresa Jacks (peça 81, p. 16), por cotar tributos menores do
que o termo de referência.
20.2 Por conseguinte, o Sesi/AM encaminhou diligências para apurar o custo das limpezas das
piscinas (peça 81, p. 17-21).
21. Conforme propostas apresentadas pelas empresas Criart (peça 81, p. 23-28, peças 82-84),
Comdasp (peças 85-88 e peça 89, p. 1-3) e Jacks (peça 89, p. 4-18, peças 90-93), foram estes os
valores consignados pelas licitantes, registrados na ata da sessão de reabertura e julgamento,
realizada em 22/3/2017 (peça 95, p. 1-2):
29.2 Também não se constata superfaturamento quando se compara o preço médio contratado
de R$ 397.993,93 com o preço médio mensal contratado no valor de R$ 399.717,84, firmando
entre o Sesi/AM e a empresa Master Serviços de Limpeza Ltda. em 2019, resultante do Pregão
Presencial 001/2019, ‘corroborando com o valor do preço contratado proposto pela empresa
COMDASP e o preço médio de mercado’.
29.3 Registra, ainda, o preço médio mensal do contrato 17/2017 no valor de R$ 510.696,94,
celebrado pelo Estado do Amazonas para prestação de serviços de conservação, manutenção e
limpeza da Vila Olímpica e outras estruturas esportivas na cidade de Manaus, com área interna
de 118.421,40m² e área externa de 32.879,63 m², com estrutura e características similares ao
contrato firmado pelo Sesi/AM.
30. Quanto à desclassificação da empresa Criart Serviços de Terceirização de Mão-de-Obra,
preliminarmente, os responsáveis transcrevem o item 7.8 do Edital da Concorrência 04/2016:
‘7.8 É facultada a Comissão Permanente de Licitação do Sistema FIEAM ou à Autoridade
Superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou
complementar a instrução do Processo, vedada a inclusão posterior de documento ou
informação que deveria constar originariamente da proposta ou documentação da licitante,
podendo, também, solicitar pareceres técnicos e/ou jurídicos sobre a documentação e/ou
proposta ao Setor competente.’
30.1 No caso, a comissão de licitação diligenciou à Gerência do Clube do Trabalhador para
solicitar a planilha de custo da manutenção da área do parque aquático, que apresentou o custo
mensal no valor de R$ 13.329,80; o que fundamentou a conclusão pela inexequibilidade da
proposta da Criart, com espeque nos itens 9.1, 9.3, 11.2 e 11.4 do Edital, pois apresentou para
este serviço o orçamento anual no valor de R$ 15.617,00.
(...)
30.3 Na sequência, ressaltam a possibilidade de desclassificação de proposta com preço
irrisório, conforme jurisprudência deste Tribunal (Acórdão nº. 744/2010-1ª Câmara, TC-
010.109/2009-9, Rel. Min. Valmir Campelo, 23.02.2010), e informam que o parecer da
Assessoria Jurídica do Sesi/AM reconheceu a razão da recorrente quanto à base de cálculo de
seus impostos e seu regime de lucro real, mas manteve a conclusão da inexequibilidade da
proposta da Criart, pois não foi apresentada conjunto probatório mínimo da exequibilidade (...).
(...)
30.5 Os responsáveis reforçam que o preço de mercado mensal dos serviços contratuais, no
valor de R$ 421.019,82, apurado antes da licitação na segunda cotação de preços, também
apontou para a inexequibilidade da proposta da Criart.
30.6 Por último, assim concluíram quanto à desclassificação:
‘Portanto, na análise da presente resposta, é mister que o digno Ministro Relator considere
os obstáculos e dificuldades reais do gestor, nos moldes do art. 22, da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro já mencionado, deixando mais do que claro que não se trata
de uma desclassificação arbitrária ou de superfaturamento.’
31. Quanto ao dano apurado nesta TCE, os responsáveis contestam os valores pelos quais foram
citados, ante os seguintes argumentos:
31.1 O marco inicial da ocorrência do dano apontado na instrução à peça 132, contado a partir
do Acórdão 1.414/2017-TCU-Plenário, de 5/7/2017, não levou em consideração:
a) que a notificação deste Acórdão somente ocorreu em 28/7/2017;
b) o prazo de 90 dias estabelecido neste Acórdão para anulação da Concorrência 4/2016;
c) o trâmite da representação TC 10.448/2017, pois nele a matéria estava sendo discutida em
sede recursal, com efeito suspensivo, conforme art. 34, § 2º da Lei 8.443/1992:
c.1) interpostos pela COMDASP, por meio dos Embargos de Declaração em 8/8/2017, rejeitados
conforme Acórdão 1.974/2017, de 6/9/2017; e por meio de Pedido de Reexame interposto em
22/9/2017;
10
32.3 Quanto ao então Diretor Regional do Sesi/AM, Antônio Carlos da Silva, aduzem que o
responsável somente homologou, adjudicou e contratou a empresa vencedora da Concorrência
004/2016, após receber o processo licitatório ‘devidamente instruído com os documentos
analisados pela Comissão de Licitação, entre eles as diligências para analisar a exequibilidade da
proposta, além de parecer da Assessoria Jurídica’.
32.4 Com relação à então Superintendente Regional do Sesi/AM, Rosana Bianco Vasconcelos,
reitera que somente celebrou o contrato com a empresa Comdasp, após receber ‘o Processo
Licitatório devidamente concluído para na fase de contratação, instruído com os documentos
analisados pela Comissão de Licitação, entre eles as diligências realizadas para analisar a
exequibilidade da proposta, além do indispensável e bem fundamentado parecer da Assessoria
Jurídica’.
32.5 Por último, recorrem ao art. 28 da LINDB, para registrarem que ‘o agente público
responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas em caso de dolo ou erro
grosseiro’, conforme parâmetros estabelecidos no art. 12 do Decreto 9.830/2019, que
regulamenta o disposto nos arts. 20 ao 30 da LINDB (...).
(...)
ANÁLISE
33. Preliminarmente, transcreve-se a seguir excertos do Voto do Ministro Relator André Luiz de
Carvalho (peça 3), condutor do Acórdão 2.424/2017-TCU-Plenário:
[transcreve do item 9 ao 20, nos quais foi discutida a desclassificação da melhor proposta de
preços, por inexequibilidade]
(...)
34.1 Concluiu-se, [naquele Voto], que não se mostrou adequado o referido procedimento de
pronta desclassificação da empresa que apresentou o menor preço, sem que fosse facultada a
possibilidade de que ela comprovasse a exequibilidade de suas propostas (v. g.: Acórdãos
3.092/2014 e 1.161/2014, do Plenário).
34.2 Naquela assentada, também não foi aceita a suposta fundamentação para essa medida,
quando se alegou que a desclassificação da ora representante teria resultado de erro na
elaboração da proposta quanto ao valor mensal do material de manutenção do parque aquático,
vez que ele teria sido considerado insuficiente pela contratante para cobrir os custos desse
serviço.
Da natureza jurídica do Sesi
35. Desta feita, o primeiro argumento no sentido de que o SESI/AM possui natureza jurídica
de direito privado e não estaria sujeita aos ditames da Lei 8.666/1993, mas sim ao próprio
regulamento de licitações e contratos, conquanto tenha pertinência e esteja em consonância com
a jurisprudência deste Tribunal, não afasta a inadequação da pronta desclassificação da empresa
que apresentou o menor preço (...).
(...)
35.4 No âmbito das entidades paraestatais, o TCU exerce o controle sobre suas despesas
considerando principalmente os princípios que resguardam o interesse público, respeitando a
autonomia concedida a tais organizações pelo regime jurídico a que estão submetidas. Dessa
forma, o que se exige dos administradores dessas entidades, além da observância aos seus
objetivos sociais, é que suas normas internas previnam contra o desrespeito a tais princípios.
35.5 É nesse sentido a jurisprudência do TCU, conforme os Acórdãos 3.871/2011-TCU-2a
Câmara, rel. JOSÉ JORGE; 3.871/2011-TCU-1ª Câmara, rel. UBIRATAN AGUIAR; 500/2010-
TCU-Plenário, rel. ANDRÉ DE CARVALHO; 2.097/2010-TCU-2a Câmara, rel. BENJAMIN
ZYMLER; 2.569/2010-TCU-1a Câmara, rel. MARCOS BEMQUERER; 3.319/2010-TCU-
1a Câmara, rel. AUGUSTO NARDES; 5.079/2010-TCU-1a Câmara, rel. WALTON ALENCAR
RODRIGUES; 5.504/2010-TCU-2a Câmara, rel. AROLDO CEDRAZ; 2.989/2009-TCU-
Plenário, rel. VALMIR CAMPELO; 155/2008-TCU-1a Câmara, rel. AUGUSTO NARDES;
11
12
13
14
médio
Rodin 421.371,84 5.056.462,08 8/9/2016 Peça 24, p. 2-3
Jacks 428.461,51 5.141.538,14 16/9/2016 Peça 24, p. 4-6
Comdasp 415.026,10 4.980.313,20 14/9/2016 Peça 24, p. 7-17, peças 25, 26, 28
Preço 421.619,82 5.059.437,81
médio
57.1 Em suas alegações de defesa, os responsáveis argumentam que a segunda cotação de
preços teve um preço médio substancialmente maior em decorrência de alterações no termo de
referência, mas não informou quais foram estas alterações.
58. Fazendo o cotejamento entre as cotações de referência, nestes dois momentos, verifica-se as
seguintes diferenças mais relevantes materialmente:
Cotante Salários Enc. Mat. Outros Transp/ LDI Tributos Mensal (R$)
Sociais /Equip. Alim/EPI
GI 61.421,85 50.881,86 103.654,00 77.476,80 3.685,31 39.691,26 336.811,08
Serviços
Nativa 206.716,50
Magi 69.172,52 57.938,90 117.246,35 41.833,73 47.073,34 333.264,84
Preço médio 292.264,14
Rodin 61.845,26 51.857,23 101.220,60 29.911,10 107.727,30 68.810,35 421.371,84
Comdasp 61.845,26 51.857,23 96.560,40 12.659,21 107.188,15 67.773,78 428.461,51
Jaks 61.845,26 51.857,23 101.352,60 36.202,10 107.236,69 69.967,98 415.026,10
Preço 61.845,26 51.857,23 99.711,20 26.257,47 107.384,05 68.850,70 421.619,82
médio
59. Da tabela anterior e das respectivas cotações de preços, sobressaem as seguintes
informações:
59.1 A proposta da Nativa não constituiu uma cotação confiável, pois não trouxe o
detalhamento necessário dos preços (peça 18, p. 1), tampouco constam a assinatura do
representante e o CNPJ da empresa.
59.2 As duas primeiras propostas de cotação apresentadas em julho de 2016 (GI, peça 17, p. 5-
9; e Magi, peça 19), ainda sob as condições da primeira versão do Termo de Referência de
2/6/2016 (peça 16 e peça 17, p. 1-3), que não definia a forma da apresentação comercial das
propostas, não discriminou os valores dos ‘Custos e Despesas Indiretas’ e ‘Margem de Lucro’.
59.3 As três propostas de cotação apresentadas em setembro de 2016 (Rodin, peça 24, p. 2-3;
Jaks, peça 24, p. 4-6; Comdasp, peça 24, p. 7-17), já sob a nova versão do Edital e Termo de
Referência de 20/9/2016 (peças 22-23), apresentaram propostas comerciais com a discriminação
dos valores dos ‘Custos e Despesas Indiretas’ e ‘Margem de Lucro’, conforme previa o item 8.5
do Termo de Referência (peça 23, p. 16-17), itens que foram essencialmente os responsáveis
pelo acréscimo dos preços médios cotados. Conforme planilhas de custo (peças 24, p. 6 e 12), a
Comdasp e a Jaks apresentaram a margem de lucro de 10% e de Tributos de 16,33%, e para os
‘Custos e Despesas Indiretas’, 31,50% e 32,68%, respectivamente.
59.4 Portanto, em tese, são coerentes as justificativas apresentadas pelos responsáveis de que as
alterações do termo de referência ensejaram o acréscimo dos preços médios das cotações, mas
também revelam os valores médios elevados dos ‘Custos e Despesas Indiretas’ + ‘Margem de
Lucro’ (R$ 107.384,05), da mesma magnitude dos referentes aos ‘Salários’ + ‘Encargos Sociais’
(R$ 113.702,49) e dos ‘Materiais/Equipamentos’ (R$ 99.711,20).
Das duas propostas com menores preços
60. Ao cotejar a proposta de preços da contratada Comdasp (peça 85, p. 12) com a da Criart
(peça 82, p. 24), desclassificada, constata-se que salários, encargos sociais e parcela dos
insumos, por estarem definidas previamente, são exatamente iguais (...).
[segue tabela na qual fica evidenciada a igualdade das rubricas salários, encargos sociais e
parcela dos insumos]
61. A diferença do valor mensal entre as duas propostas, portanto, no valor de R$ 161.507,10,
deve-se aos itens ‘Material/Equipamentos’ (R$ 64.522,51 – 39,95%), ‘Custos e Despesas
15
Indiretas’ (R$ 41.012,58 – 25,39%), ‘Tributos’ (R$ 31.288,00 – 19,37%), ‘Lucro’ (R$ 20.614,81
– 12,76%) e ‘Uniforme/EPI’ (R$ 4.069,20 – 2,52%):
Uniforme
Proposta EPI Material CDI % Lucro % Tributos % Total
Comdasp 9.084,60 94.789,20 60.545,54 25,00% 30.273,03 10,00% 64.992,56 16,33% 259.684,93
Criart 5.015,40 30.266,69 19.532,96 11,25% 9.658,22 5,00% 33.704,56 14,25% 98.177,83
Diferença 4.069,20 64.522,51 41.012,58 20.614,81 31.288,00 161.507,10
62. Com relação ao lucro, não há a rigor valor mínimo aceitável, em consonância com a
jurisprudência deste Tribunal, conforme enunciados abaixo:
62.1 Acórdão 3.092/2014-Plenário:
‘A proposta de licitante com margem de lucro mínima ou sem margem de lucro não
conduz, necessariamente, à inexequibilidade, pois tal fato depende da estratégia comercial
da empresa. A desclassificação por inexequibilidade deve ser objetivamente demonstrada,
a partir de critérios previamente publicados, após dar à licitante a oportunidade de
demonstrar a exequibilidade de sua proposta.’
62.2 Acórdão 906/2020-Plenário, relator Weder de Oliveira:
‘Divergências entre as planilhas de composição de custos e formação de preços da licitante
e as da Administração, inclusive relativas à cotação de lucro zero ou negativo, não são, em
princípio, motivo de desclassificação, devendo para tanto haver o exame da exequibilidade
da proposta, uma vez que as planilhas possuem caráter subsidiário e instrumental.’
63. A diferença dos preços de uniforme/EPI decorre de levantamentos feitos pelas empresas e se
justifica pelo poder de barganha e escala de compras de cada uma das empresas.
64. As despesas indiretas diferem naturalmente entre as empresas, pois as peculiaridades da
estrutura de cada empresa e a realidade de mercado são fatores importantes para a fixação de
percentuais que irão compor a respectiva taxa e determinam os custos indiretos a serem
absorvidos pela contratada e a remuneração do capital nela empregado. Cabe a este Tribunal
somente verificar a abusividade dos valores pagos a esse título.
65. Quanto ao porte da empresa Criart, segundo extratos da RAIS/DGI, foram estes os valores
pagos, entre 2007 e 2020, a título de remuneração de pessoal:
Ano Remun. Anual Qte.Vínc.CLT
2007 4.401.556,88 1702
2008 9.557.274,28 2129
2009 12.779.848,67 2667
2010 22.897.119,79 4220
2011 39.037.387,29 5902
2012 60.417.355,29 7611
2013 82.432.188,10 10277
2014 98.255.273,90 10216
2015 121.339.165,25 11189
2016 135.213.014,05 11110
2017 147.645.992,56 11176
2018 151.622.657,52 10979
2019 161.851.635,26 11656
2020 143.134.474,01 10268
Total (R$) 1.190.584.942,85
65.1 Constam do sistema SIAGI a celebração de 100 contratos da empresa Criart com a
Administração Pública, entre 2007 e 2020 (Fonte: SIASG/DGI).
16
66. Quanto ao porte da empresa Comdasp, segundo extratos da RAIS/DGI, foram estes os
valores pagos, entre 2006 e 2020, a título de remuneração de pessoal:
Ano Remun. Anual Qte.Vínc.CLT
2006 2.262.932,62 339
2007 2.571.454,23 355
2008 4.109.135,82 388
2009 4.940.158,38 363
2010 5.474.436,75 388
2011 5.610.022,51 404
2012 6.409.158,61 447
2013 7.441.997,86 495
2014 8.226.889,10 482
2015 5.903.241,37 470
2016 5.191.524,37 390
2017 5.777.525,88 443
2018 6.337.790,40 450
2019 5.379.947,86 420
2020 5.917.914,88 442
Total (R$) 81.554.130,64
66.1 Não constam do sistema SIASG a celebração de contratos da empresa Comdasp com a
Administração Pública (Fonte: SIASG/DGI).
67. Quanto aos tributos, conquanto o edital tenha previsto na alínea ‘g’ do item 8.4 do Termo de
Referência (peça 23, p. 14), a cotação das incidências de CSLL (2,88%) e do IRPJ (4,80%), a
empresa Criart deixou de cotá-las expressamente e corretamente, pois ela é desobrigada
legalmente por ser optante do regime de tributação do lucro real.
68. Portanto, permaneceu como motivo para a desclassificação da proposta somente, a
inexequibilidade, arguida pela comissão de licitação e referendada pelo parecer acerca do recurso
apresentado, do valor do preço anual apresentado pela empresa Criart, referente aos materiais e
equipamentos para manutenção do parque aquático, a seguir tratado.
Da cotação do preço de materiais para o parque aquático
69. A cotação de preços mensais dos materiais para o parque aquático foi um dos argumentos de
desclassificação da proposta da empresa Criart, assim justificado na ata de julgamento de
22/3/2017 (peça 95, p. 1-2):
‘(...) A Comissão decidiu desclassificar a proposta da empresa CRIART SERVIÇOS DE
TERCEIRIZAÇÃO DE MÃO DE OBRA LTDA, por entender que [ela] está inexequível,
nos valores apresentados dos Custos e Despesas Indiretas, dada a inclusão dos tributos
CSLL e IRPJ (...), e também dos valores de material para manutenção do Parque Aquático,
com base nos itens 9.1, 9.3, 11.2 e 11.4 do Edital e itens 8.3 e 8.4, alínea ‘d’, do Termo de
Referência (...).’
70. Irresignada, a empresa entrou com recurso em 27/3/2017 (peças 96-97), cujos argumentos
foram apreciados por meio de Parecer pela improcedência parcial do recurso e manutenção da
desclassificação da empresa Criart, nos seguintes termos (peça 99):
‘(...)
Parece fora de questão à conjectura em relação ao porte econômico da recorrente para suprir
o material que, por omissão deixou de cotar, considerada a sua periodicidade mensal. Acima
de tudo, trata-se de observar as condições de participação, os critérios de julgamento
erigidos pelo Edital, à obediência aos termos do Edital e do Termo de Referência,
privilegiando o princípio da vinculação ao Edital e do julgamento objetivo.
17
materiais de consumo e não têm vida útil tão curta assim. Eles devem ser disponibilizados nos
quantitativos que constam das relações, mas são contabilizados mensalmente apenas os valores
das respectivas depreciações incorridas.
74. A proposta da empresa Criart para esta relação de material foi a seguinte (peça 82, p. 19):
RELAÇÃO DE MATERIAL DE MANUTENÇÃO DO PARQUE AQUÁTICO
Itens Descrição do item Qtde Unid. Periodic. Vr. Vr. Total
Unitário
01 Cloro 350 Kls Anual 14,00 4.900,00
02 Barrilha 150 Kls Anual 13,00 1.950,00
03 Sulfato de Alumínio 120 Kls Anual 8,00 960,00
04 Desengordurante 60 Lts Anual 10,00 600,00
05 Limpa Bordas 10 Lts Anual 15,00 150,00
06 Limpa Alumínio 2 Und Anual 18,00 36,00
07 Parafuso de inox 50 cm 10 Und Anual 12,00 120,00
08 Degrau de Inox 1 Kl Anual 900,00 900,00
09 Cola para fixar azulejo 1 Mts 2 Anual 16,00 16,00
10 Azulejo branco 1 Kit Anual 250,00 250,00
11 Teste de PHD 2 Und Anual 50,00 100,00
12 Bombas de Aspiração PFA – Pratic 2 Und Anual 600,00 1.200,00
1.0 CV
13 Jateadora Kacher HD 850 4 Und Anual 900,00 3.600,00
14 Peneira (com cabo de 6 metros) 5 Mts Anual 80,00 400,00
15 Mangote (com cabo de 6 metros) 2 Mts Anual 90,00 180,00
16 Vara Telescópica (com cabo de 6 3 Kls Anual 85,00 255,00
metros)
VALOR TOTAL (R$) 15.617,00
PREÇO POR FUNCIONÁRIO (03) 433,81
75. A proposta da empresa Comdasp para esta relação de material foi a seguinte (peça 87, p.
19):
RELAÇÃO DE MATERIAL DE MANUTENÇÃO DO PARQUE AQUÁTICO
Itens Descrição do item Unid. Qtde. Vr. Vida útil/ Vr. Total
Unitário meses
01 Cloro KG 350 25,00 1 8.750,00
02 Barrilha KG 150 10,00 1 1.500,00
03 Sulfato de Alumínio KG 120 9,00 1 1.080,00
04 Desengordurante LT 60 29,00 1 1.740,00
05 Limpa Bordas LT 10 22,00 1 220,00
06 Limpa Alumínio UNID 2 31,50 1 63,00
07 Parafuso de inox 50 cm UNID 10 2,00 1 20,00
08 Degrau de Inox UNID 1 390,00 6 65,00
09 Cola para fixar azulejo UNID 1 28,69 1 28,69
10 Azulejo branco M2 1 30,00 1 30,00
11 Teste de PHD KIT 2 49,50 1 99,00
12 Bombas de Aspiração PFA – Pratic UNID 2 997,00 12 166,17
1.0 CV
13 Jateadora Kacher HD 850 UNID 4 1.941,00 12 647,00
14 Peneira (com cabo de 6 metros) UNID 12 155,00 12 155,00
15 Mangote (com cabo de 6 metros) UNID 12 90,00 12 90,00
16 Vara Telescópica (com cabo de 6 UNID 12 120,00 12 120,00
metros)
VALOR TOTAL (R$) 14.773,86
PREÇO POR FUNCIONÁRIO (60) 246,23
76. A proposta da empresa Jaks para esta relação de material foi a seguinte (peça 91, p. 4):
19
20
6 mts)
720,00 12.609,80
TOTAL 13.329,80
78. Das propostas apresentadas da resposta à diligência nos itens anteriores, extraem-se as
seguintes considerações:
78.1 As propostas e resposta apresentaram os itens de serviços com periodicidades diversas –
Criart (mensal), Comdasp (mensal), Jaks (mensal, trimestral e anual) e Clube do Trabalhador
(anual, mensal, semestral, quando necessário), revelando que o edital não foi claro quanto a este
aspecto, ainda que em uma das respostas aos esclarecimentos tenha sido informado que as
propostas deveriam contemplar valores mensais.
78.2 Verifica-se, também, valores mensais de serviços muito diferentes, reflexo possível da falta
de clareza na sua especificação e periodicidade. Como exemplos, a Vara de telescopia
(R$ 255,00; R$ 120,00; R$ 1.458,33 e R$ 145,00) e a Jateadora (R$ 3.600,00; R$ 647,00 e
R$ 1.694,93; R$ 1.850,00).
78.3 De fato, a proposta da Criart apresentou valores como sendo anuais, mas os valores totais
mensais das três propostas e da resposta do Clube do Trabalhador eram próximos (R$ 15.617,00;
R$ 14.773,86; R$ 14.635,43 e R$ 13.329,80). Este possível equívoco poderia ter sido saneado se
tivesse sido encaminhada diligência pela comissão de licitação.
79. Corrigindo-se a proposta da Criart, transformando o valor apresentado para o material para
manutenção das piscinas de anual para mensal, seria acrescido ao valor total da proposta o
montante de R$ 171.787,00 (11 x 15.617,00), sem considerar a incidência do lucro, despesas
indiretas e tributos; passando o valor anual de R$ 2.838.280,92 para R$ 3.010.067,92; e o mensal
de R$ 236.523,41 para R$ 250.838,99.
80. Neste ponto, importante ressaltar que este Tribunal já reconheceu que as entidades do
Sistema S não estão obrigadas a observar a lei de licitações, podendo ter regulamentos próprios,
mas devem observar os princípios que norteiam a administração pública, como legalidade,
economicidade, impessoalidade, eficiência, dentre outros. Neste contexto, de relativa
flexibilidade e ambientes de natureza privada, a eficiência e a economicidade deveriam ganhar
mais importância, mas não foi o que aconteceu no caso em apreço.
81. Em nome da legalidade e da vinculação ao instrumento convocatório, numa decisão que
prezou pelo rigorismo formal, [a entidade renunciou] à economicidade, pois a proposta de menor
preço foi desclassificada por apresentar preços equivocadamente anuais, quando deveriam ser
mensais, de um item de valor muito pouco significativo, que, se fosse corrigido, caso a
oportunidade tivesse sido dada à empresa proponente, ainda resultaria numa proposta total muito
inferior à segunda proposta.
82. O princípio da legalidade e o rigorismo formal, por outro lado, não foram observados
quando não se expediu diligência à empresa proponente para justificar e/ou corrigir a proposta de
preços para o item de materiais para manutenção de piscinas, [pois] o edital estabelecia esta
possibilidade de procedimento (item 11.16 do Edital da Concorrência 001/2016, peça 29, p. 9).
Do descumprimento de decisão do TCU e do dano
83. A jurisprudência deste Tribunal é pacífica no sentido de que, como regra geral uma vez
suspensa a eficácia de decisão do TCU, a prática de atos que contrariem essa decisão não
caracteriza o seu descumprimento enquanto não for julgado em definitivo o recurso que a
suspendeu (Acórdão 6.224/2014-2ª Câmara).
84. Entretanto, a regra geral que confere efeito suspensivo ao recurso não pode pôr em risco a
eficácia da prestação jurisdicional do Tribunal, pois essa regra deve ceder espaço ao poder geral
de cautela e não pode ameaçar o interesse público. São neste sentido os enunciados dos seguintes
Acórdãos:
84.1 Acórdão 1.950/2021-Plenário, relator Marcos Bemquerer Costa:
‘O efeito suspensivo dos recursos não autoriza o recorrente ou qualquer terceiro a, antes do
pronunciamento definitivo do TCU sobre o mérito dos recursos, praticar novo ato ou
21
adotar providência que, direta ou indiretamente, contrarie quaisquer dos itens da decisão
recorrida.’
84.2 Acórdão 1.272/2018-Plenário, relator José Múcio Monteiro:
‘A interposição de recursos com efeito suspensivo suspende provisoriamente os efeitos das
decisões do TCU, mas não autoriza o recorrente a, antes do julgamento do mérito do
recurso, praticar atos ou adotar providências que direta ou indiretamente violem ou
contrariem os itens da decisão recorrida.’
84.3 Acórdão 2.055/2015- Plenário, relator Augusto Nardes:
‘Nos processos do TCU, sempre que houver ameaça ao interesse público, a regra geral que
confere efeito suspensivo aos recursos deve ser afastada em nome do poder geral de
cautela.’
84.4 Acórdão 1.877/2015- Plenário, relator Bruno Dantas:
‘A regra geral que confere efeito suspensivo ao recurso não pode pôr em risco a eficácia do
acórdão. Essa regra deve ceder espaço ao poder geral de cautela sempre que o efeito
suspensivo ensejar periculum in mora em ameaça ao interesse público que norteia os
processos nos tribunais de contas.’
84.4.1 No Voto condutor [do Acórdão 1.877/2015 – Plenário], assim dispôs o Relator:
‘11. Extraio dos fundamentos do despacho cautelar ora agravado a materialização de risco
de ineficácia da decisão ante a possibilidade de exaurimento dos recursos disponíveis no
Contrato 281/2011 (destaques acrescidos):
‘10. Conferir efeito suspensivo ao recurso em relação à referida determinação até a
decisão final deste Tribunal pode significar, em última análise, permissão ao DNIT
para que efetue pagamentos irregulares, ante a constatação de sobrepreço no tocante
ao custo excessivo da mão de obra, conforme disposto no subitem 9.2.1.1
do Acórdão 3293/2011-TCU-Plenário. Nessa hipótese, a deliberação estará, ainda
antes da decisão definitiva, completamente esvaziada, prejudicando-se o próprio
direito por ela protegido. A incidência de efeito suspensivo sobre a determinação
endereçada ao DNIT pode lhe retirar, portanto, toda a eficácia, tornando inócua a
decisão que foi adotada pelo Tribunal de Contas da União no que diz respeito ao
contrato 281/2011.’
(...)
13. O perigo na demora, entendido como a ineficácia da decisão final na hipótese de o
julgador não adotar a medida de urgência, está caracterizado, no caso, pelo risco acima
mencionado, de que a suspensão dos efeitos do subitem 9.4.3 do acórdão recorrido possa
tornar inócua a determinação nele exarada.
14. Quanto à fumaça do bom direito, entendida como a verossimilhança, ou seja, a
plausibilidade do direito alegado, verifico que, no caso, ela decorre da própria decisão
desta Corte. Ela, após analisar o mérito da matéria, num juízo de cognição até mais
completo do que deve preceder a concessão de medida cautelar, considerou necessário
determinar ao DNIT que efetuasse a glosa, se for o caso, se ainda não tenha realizado, dos
valores pagos a maior nas medições já realizadas no Contrato 281/2011, para os serviços
em que os preços contratados estejam superiores aos de referência.’
84.5 Acórdão 2.143/2013- Plenário, relator Benjamin Zymler:
‘A interposição de recursos com efeito suspensivo susta provisoriamente os efeitos das
decisões do Tribunal, mas não autoriza o recorrente a, antes do julgamento do mérito do
recurso, praticar qualquer ato ou adotar qualquer providência que direta ou indiretamente
contrarie qualquer dos itens da decisão recorrida, sujeitando-se o infrator à multa prevista
no art. 58, inciso II, da Lei 8.443/1992.’
84.5.1 Transcreve-se a seguir excerto do Voto condutor [do Acórdão 2.143/2013 – Plenário]:
22
‘22. Ainda, preliminarmente, observo que os responsáveis agiram por sua conta e risco ao
dar continuidade à execução contratual com o conhecimento de que havia deliberação
desta Corte no sentido de determinar a anulação do contrato. Isso porque o efeito
suspensivo dos recursos interpostos contra a referida deliberação não autorizava a
continuidade da execução contratual. Nesse sentido, cito o entendimento firmado pelo
Tribunal mediante a Decisão 188/1995-Plenário: considerar como de caráter normativo o
entendimento de que o efeito suspensivo dos pedidos de reconsideração e de reexame, bem
como dos embargos de declaração, impetrados contra as Decisões do Tribunal, susta
provisoriamente os [seus] efeitos (...) até o julgamento do recurso, mas não autoriza o
recorrente a, antes do pronunciamento do Tribunal sobre o mérito do recurso, praticar
qualquer ato ou adotar qualquer providência que direta ou indiretamente contrarie qualquer
dos itens da decisão recorrida, sujeitando-se o infrator à multa prevista no art. 58, II, da Lei
8.443/92, combinado com o art. 220, II, do Regimento Interno;’
84.6 Acórdão 1.381/2012- Plenário, relator Valmir Campelo:
‘Enquanto pendente efeito suspensivo atribuído a pedido de reexame interposto, o
recorrente não pode praticar atos que venham afetar a eficácia da prestação jurisdicional do
Tribunal, sob pena de arcar com o ônus do descumprimento da decisão recorrida.’
85. No caso em apreço, ao tomar conhecimento dos termos da determinação do item 9.2 do
Acórdão 1.414/2017-TCU-Plenário, em 28/7/2017 (peça 46 do TC 010.448/2017-9), o Sesi/AM
dispunha de 90 dias para adotar as providências necessárias para a anulação da Concorrência nº
4/2016, com todos os atos dela decorrentes, aí incluído o contrato celebrado com a Comdasp
Consultoria Empresarial Ltda., sem prejuízo de que, dentro desse mesmo prazo promovesse a
conclusão de nova licitação destinada à contratação dos correspondentes serviços, [e deveria]
informar o TCU sobre o resultado de todas essas medidas ainda dentro do referido prazo.
86. Desde a celebração do contrato, em 2/5/2017, e até o fim do prazo estipulado de 90 dias,
ocorrido em 28/10/2017, o dano ao erário não deixou de ocorrer e as responsabilidades e
condenação em débito devem recair sobre os gestores que deram causa à formalização do
contrato: i) André Luiz Martins Vieira, Eliane Cristina Fagundes e Luma Stefane Matos de
Araújo, membros da comissão de licitação; ii) Vicente de Paula Armond de Melo, assessor da
Diretoria Regional e parecerista jurídico em recurso contra julgamento da CPL; iii) Antônio
Carlos da Silva, Diretor Regional que homologou o procedimento; e iv) Rosana Bianco
Vasconcelos, Superintendente Regional que celebrou o contrato.
87. Após findar o prazo de 90 dias sem que se fossem adotados os procedimentos determinados
pelo item 9.2 do Acórdão 1.414/2017-TCU-Plenário, as responsabilidades pela continuidade
contratual e pelo ressarcimento do dano devem recair sobre quem tinha o dever de cumprir a
determinação: Antônio Carlos da Silva, Diretor Regional e Rosana Bianco Vasconcelos,
Superintendente Regional, que agiram por sua conta e risco ao dar continuidade à execução
contratual com o conhecimento de que havia deliberação desta Corte no sentido de determinar a
anulação da Concorrência 4/2016 e do contrato resultante, talvez confiando nos efeitos
suspensivos dos Embargos de Declaração e Pedido de Reexame interpostos.
88. Para todos os responsáveis arrolados, além do julgamento pela irregularidade das contas, são
pertinentes as aplicações das multas dos arts. 57 e 58 da Lei 8.443/1992.
89. Com as considerações acima, a condenação em débito deve ser ajustada e observar as
seguintes composições e responsabilidades solidárias:
Data de ocorrência Valor histórico (R$) Responsáveis solidários
1º/6/2017 161.470,52 André Luiz Martins Vieira
3/7/2017 161.470,52 Eliane Cristina Fagundes
1º/8/2017 161.470,52 Luma Stefane Matos de Araújo
1º/9/2017 161.470,52 Vicente de Paula Armond de Melo
2/10/2017 161.470,52 Antônio Carlos da Silva
1º/11/2017 161.470,52 Rosana Bianco Vasconcelos
23
1º/2/2018 161.470,52
1º/3/2018 161.470,52
2/4/2018 161.470,52
2/5/2018 161.470,52
1º/6/2018 161.470,52
2/7/2018 161.470,52
1º/8/2018 161.470,52
3/9/2018 161.470,52
10/8/2018 24.139,81
17/8/2018 24.139,81
1º/10/2018 161.470,52
1º/11/2018 161.470,52
3/12/2018 161.470,52
10/12/2018 94.363,10
Valor atualizado até 18/7/2022 (com juros): R$ 2.737.299,76
V) aplicar individualmente aos responsáveis André Luiz Martins Vieira, Eliane Cristina
Fagundes, Luma Stefane Matos de Araújo, Vicente de Paula Armond de Melo, Antônio Carlos
da Silva e Rosana Bianco Vasconcelos a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992 c/c o art.
267 do Regimento Interno do TCU, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação,
para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o
recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data
do acórdão proferido por este Tribunal até a data do efetivo recolhimento, se paga após o
vencimento, na forma da legislação em vigor;
VI) aplicar individualmente aos responsáveis André Luiz Martins Vieira, Eliane Cristina
Fagundes, Luma Stefane Matos de Araújo, Vicente de Paula Armond de Melo, Antônio Carlos
da Silva e Rosana Bianco Vasconcelos a multa prevista no art. 58, incisos II, III e IV da Lei
8.443/1992 c/c o art. 268, incisos II, III e VII do Regimento Interno/TCU, fixando-lhes o prazo
de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem, perante o Tribunal (art. 214, III,
alínea ‘a’, do Regimento Interno/TCU), o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro
Nacional, atualizada monetariamente desde a data do acórdão proferido por este Tribunal até a
data do efetivo recolhimento, se paga após o vencimento, na forma da legislação em vigor;
VII) autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendidas as notificações, na
forma do disposto no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992;
VIII) autorizar também, desde logo, se requerido, com fundamento no art. 26 da Lei 8.443, de
1992, c/c o art. 217, §§ 1º e 2º, do Regimento Interno/TCU, o parcelamento da dívida em até 36
parcelas, incidindo, sobre cada parcela, corrigida monetariamente, os correspondentes
acréscimos legais, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar do recebimento da notificação,
para comprovar, perante o Tribunal, o recolhimento da primeira parcela, e de trinta dias, a contar
da parcela anterior, para comprovar os recolhimentos das demais parcelas, devendo incidir, sobre
cada valor mensal, atualizado monetariamente, os juros de mora devidos, no caso do débito, na
forma prevista na legislação em vigor, alertando os responsáveis de que a falta de comprovação
do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos
termos do § 2º do art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal;
IX) enviar cópia do Acórdão a ser prolatado à Procuradoria da República no Estado do
Amazonas, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei 8.443/1992, c/c o § 7º do art. 209 do Regimento
Interno/TCU, para adoção das medidas cabíveis; e
X) enviar cópia do Acórdão que vier a ser proferido ao Sesi/AM e aos responsáveis, para ciência;
XI) informar à Procuradoria da República no Estado do Amazonas, ao Sesi/AM e aos
responsáveis que a deliberação que vier a ser proferida, acompanhada do Relatório e do Voto
que a fundamentarem, estará disponível para a consulta no endereço www.tcu.gov.br/acordaos,
26
além de esclarecer que, caso requerido, o TCU poderá fornecer sem custos as correspondentes
cópias, de forma impressa; e
XII) informar à Procuradoria da República no Estado do Amazonas que, nos termos do parágrafo
único do art. 62 da Resolução TCU 259/2014, os procuradores e membros do Ministério Público
credenciados nesta Corte podem acessar os presentes autos de forma eletrônica e automática,
ressalvados apenas os casos de eventuais peças classificadas como sigilosas, as quais requerem
solicitação formal.”
5. O Parquet especializado, em parecer da lavra do Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé,
ponderou que a responsabilização dos membros da Comissão Permanente de Licitação e do parecerista
jurídico deveria se restringir às parcelas do débito anteriores à ciência do Acórdão 1.414/2017 –
Plenário pelo Sesi/AM, ou seja, 28/7/2017 (cf. peças 42 e 46 do TC 010.448/2017-9), porquanto, em
seu entendimento, não estava na esfera de competência desses responsáveis a adoção de medidas para
interromper o dano ao erário, papel que caberia aos dirigentes da entidade a partir do recebimento da
notificação acerca da decisão do TCU (peça 220).
6. Arguiu, ainda, a não aplicação de multa fundamentada no art. 58 da Lei 8.443/1992, pois
não restaria identificada irregularidade autônoma que justificasse a reprimenda fulcrada naquele
dispositivo legal, uma vez que a desclassificação indevida da empresa Criart, além de não ter sido
objeto de audiência, teria sido, em última instância, a causa motivadora do débito ora apurado, o que
enseja a aplicação da multa prevista no art. 57 da LOTCU.
7. Após tais registros, o membro do MP/TCU anuiu aos demais encaminhamentos alvitrados
pela então Secex/TCE.
8. Estando os autos conclusos ao relator, os Srs. Antônio Carlos da Silva, André Luiz Martins
Vieira, Vicente de Paula Armond de Melo, bem como as Sras. Rosana Bianco Vasconcelos, Eliane
Cristina Fagundes e Luma Stefane Matos de Araújo apresentaram memorial por meio do qual
defendem, em síntese, o afastamento de suas responsabilidades no débito em foco (peça 222).
É o Relatório.
27
VOTO
Stefane Matos de Araújo, ambas na condição de membros da CPL; e Rosana Bianco Vasconcelos,
então Superintendente Regional do Sesi/AM, pelo débito abaixo descrito:
Data Valor (R$)
1º/6/2017 161.470,52
3/7/2017 161.470,52
1º/8/2017 161.470,52
1º/9/2017 161.470,52
2/10/2017 161.470,52
1º/11/2017 161.470,52
4/12/2017 161.470,52
2/1/2018 161.470,52
1º/2/2018 161.470,52
1º/3/2018 161.470,52
2/4/2018 161.470,52
2/5/2018 161.470,52
1º/6/2018 161.470,52
2/7/2018 161.470,52
1º/8/2018 161.470,52
3/9/2018 161.470,52
10/8/2018 24.139,81
17/8/2018 24.139,81
1º/10/2018 161.470,52
1º/11/2018 161.470,52
3/12/2018 161.470,52
10/12/2018 94.363,10
8. Efetuadas as citações acima, vieram aos autos as respectivas alegações de defesa, que
foram analisadas pela AudTCE na instrução da peça 217, tendo aquela unidade especializada pugnado,
ao final, por julgar irregulares as contas dos responsáveis, imputando-se-lhes o débito apurado, sem
prejuízo de aplicar-lhes as penalidades pecuniárias insculpidas nos arts. 57 e 58, incisos II, III e IV, da
Lei 8.443/1992.
9. De seu turno, o MP/TCU propôs ajustes quanto às parcelas de débito a ser imposto aos
membros da Comissão Permanente de Licitação e ao parecerista jurídico, bem como quanto ao
fundamento da reprimenda pecuniária, a qual, em seu entender, deveria ser fulcrada, apenas, no art. 57
da Lei Orgânica do TCU.
10. É a síntese do necessário. Passo a decidir.
11. Dissinto dos pareceres lavrados nestes autos pela unidade especializada e pelo MP/TCU
por entender que inexiste o dano ao erário pelo qual os responsáveis foram citados.
12. O suposto débito ora em discussão decorreria da diferença entre o preço ofertado pela
empresa Criart Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda. – no valor de R$ 2.838.280,92 – e
aquele praticado pela vencedora do certame, Comdasp Consultoria Empresarial Ltda., no montante de
R$ 4.775.927,16.
13. A firma Criart Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda. foi inabilitada do certame
em função de a Comissão de Licitação ter considerado inexequível o preço por ela ofertado, em
relação ao material de manutenção do parque aquático. Diante disso, o contrato foi firmado com a
então segunda colocada, Comdasp Consultoria Empresarial Ltda..
14. A indigitada empresa Criart Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda. apresentou
planilha de preços em que cotou, para o item “manutenção do parque aquático”, o valor anual de R$
15.617,00.
15. A Comissão de Licitação efetuou diligência junto ao Sesi/AM para verificar qual era o
custo mensal de manutenção do parque aquático, tendo recebido como resposta que a despesa se
situava em torno de R$ 13 mil.
16. Diante de tal fato, entendeu a Comissão que o preço apresentado era inexequível, uma vez
que o valor anual ofertado, quando transposto para o mensal, indicava algo em torno de R$ 1.300,00, o
qual foi considerado irrisório.
17. Dessa maneira, haja vista que a Comissão de Licitação não se valeu da sistemática prevista
no próprio edital do certame, ou seja, a realização de diligência junto à Criart Serviços de
Terceirização de Mão de Obra Ltda. para que esclarecesse os termos de sua proposta (peça 29, pp. 6 e
9, subitens 7.8, 11.8 e 11.16, abaixo transcritos), as decisões pretéritas deste Tribunal consideraram
que tal inação configurou o débito ora em discussão:
“7.8 É facultada a Comissão Permanente de Licitação do Sistema FIEAM ou à Autoridade
Superior, em qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou
complementar a instrução do Processo, vedada a inclusão posterior de documento ou informação
que deveria constar originariamente da proposta ou documentação da licitante, podendo,
também, solicitar pareceres técnicos e/ou jurídicos sobre a documentação e/ou proposta ao Setor
competente.
(...)
11.8. Durante o julgamento, o Pregoeiro poderá promover diligência destinada a esclarecer ou
complementar a instrução do processo.
(...)
11.16 O pregoeiro, na fase de julgamento, poderá promover quaisquer diligências julgadas
necessárias à análise das propostas e da documentação, cabendo aos licitantes atenderem às
solicitações no prazo estipulado e fixado na convocação.”
18. Decerto, a não utilização da possibilidade de diligenciamento acima descrita
consubstanciou ato irregular, mas não implicou, necessariamente, dano ao erário.
19. É que, nos termos da jurisprudência deste Tribunal, o superfaturamento, para estar
devidamente caracterizado, deve refletir que o preço praticado – pago pela Administração – estava
em patamar superior ao valor de mercado, consoante evidencia a ementa abaixo descrita, colhida da
ferramenta de pesquisa Jurisprudência Selecionada:
(Acórdão 2.085/2023 – Segunda Câmara, relator Ministro Vital do Rêgo)
“A aquisição de bens por preços superiores aos previstos no plano de trabalho do convênio, por
si só, não representa superfaturamento. Para que se configure dano ao erário, é necessária a
demonstração de que os valores pagos são superiores aos preços de mercado.” (grifo
acrescido)
20. De forma mais específica, a Corte já deliberou, por meio de seu colegiado maior, que o
parâmetro para cálculo de eventual superfaturamento é o preço de mercado, e não as propostas
apresentadas por outras licitantes:
(Acórdão 1.093/2021 – Plenário, relator Ministro Vital do Rêgo)
“O parâmetro para a avaliação da conformidade dos preços ofertados são os valores
de mercado, e não as propostas apresentadas por outros licitantes.” (grifei)
21. Consoante o quadro que consta da instrução da peça 128 (p. 3), tomando-se a média das
três propostas apresentadas ao Sesi/AM, em sede de cotação de preços efetuada pela entidade, no mês
de setembro de 2016, isto é, em época mais próxima ao lançamento do edital – novembro –, o que
melhor refletia os preços praticados pelo mercado, chega-se ao quantum médio mensal de R$
421.619,81.
22. O preço apresentado pela vencedora do certame foi de R$ 397.993,93 mensais, ou R$
4.775.927,16 anuais, ou seja, em patamar menor ao praticado à época pelo mercado.
23. Em reforço, colho das alegações de defesa acostadas aos autos que, mediante consulta ao
Portal da Transparência do Estado do Amazonas, os responsáveis reportaram a existência do Contrato
17/2017, firmado pela Secretaria de Estado de Juventude, Esporte e Lazer do Estado do Amazonas –
SEJEL/AM.
24. Tal avença foi celebrada por um custo mensal de R$ 510.696,94 (cláusula sétima, peça
206, p. 3). Tendo em vista que a extensão da área de limpeza, manutenção e conservação naqueloutro
ajuste foi de cerca de 151.000 m2 (peça 207, p. 14), e, no Clube do Trabalhador, a área construída é de
aproximadamente 169.000 m2 (peça 205, p. 8), resta descaracterizado o superfaturamento outrora
aventado.
25. Nesse sentido, afastado o débito, resta o exame acerca da irregularidade consubstanciada
na desclassificação da firma Criart Serviço de Terceirização de Mão de Obra Ltda., isto é, cabe
perquirir se tal ato deve ser passível de apenação ou se é suficiente à espécie dar ciência à entidade
sobre a ocorrência.
26. Reputo que a atuação deste Tribunal no caso em foco teve como escopo principal que o
contrato firmado com a empresa Comdasp Consultoria Empresarial Ltda., em valor superior ao que
poderia ter sido, hipoteticamente, contratado com a Criart Serviço de Terceirização de Mão de Obra
Ltda., fosse encerrado, daí a razão de ser do subitem 9.2 do Acórdão 1.414/2017 – Plenário (transcrito
no item 3 acima), o qual fixou prazo para o encerramento daquele ajuste.
27. E dessa obrigação, a entidade não se furtou, eis que, após impetrar os recursos cabíveis –
como lhe era legitimamente facultado pelas normas processuais apropriadas – rescindiu o contrato em
30/11/2018.
28. Nessa linha de ideias, e haja vista que a avença foi devidamente rescindida, creio que seria
de excessivo rigor apenar os responsáveis com multa pecuniária, sendo suficiente à espécie dar ciência
à entidade que a não utilização da faculdade prevista em edital de diligenciar à licitante para que
corrigisse erro formal em sua proposta de preços, contrariou o edital do certame.
29. Com essas breves considerações, e pedindo escusas à AudTCE e ao MP/TCU, pugno por
julgar regulares com ressalva as contas dos responsáveis, expedindo-se-lhes a devida quitação.
Ante o exposto, voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este Colegiado.
1. Processo: TC-040.651/2018-5.
2. Grupo: II; Classe de Assunto: II – Tomada de Contas Especial.
3. Responsáveis: André Luiz Martins Vieira (945.819.162-91), Antônio Carlos da Silva (002.008.322-
04), Eliane Cristina Fagundes (159.357.478-98), Luma Stefane Matos de Araújo (528.786.602-00),
Rosana Bianco de Vasconcelos (345.681.822-04) e Vicente de Paula Armond de Melo (076.872.812-
68).
4. Entidade: Serviço Social da Indústria – Departamento Regional do Amazonas (Sesi/AM).
5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa.
6. Representante do Ministério Público: Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé.
7. Unidade Técnica: Unidade de Auditoria Especializada em Tomada de Contas Especial – AudTCE.
8. Representação legal: Fábio José Duarte Marques (OAB/AM 8.582), Laryssa Mayná Nunes Marques
(OAB/AM 14.485), João Roberto dos Anjos Filho (OAB/AM 12.389), José Roque Nunes Marques
(OAB/AM 15.570) e Juliana Maria Duarte Marques (OAB/AM 9.259).
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos da Tomada de Contas Especial instaurada em
cumprimento ao Acórdão 1.414/2017 – Plenário (relator Ministro-Substituto André de Carvalho),
prolatado nos autos do TC-010.448/2017-9.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da
Segunda Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, 18 e 23, inciso II, da Lei
8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas dos Srs. André Luiz Martins Vieira, Antônio
Carlos da Silva, Vicente de Paula Armond de Melo, bem como das Sras. Eliane Cristina Fagundes,
Luma Stefane Matos de Araújo e Rosana Bianco Vasconcelos, expedindo-se-lhes quitação;
9.2. com fulcro no art. 9º da Resolução/TCU 315/2020, dar ciência ao Serviço Social da
Indústria – Departamento Regional do Amazonas que a não realização de diligência junto à Criart
Serviços de Terceirização de Mão de Obra Ltda. para que esclarecesse os termos de sua proposta
afrontou aos subitens 7.8, 11.8 e 11.16 do Edital de Concorrência 04/2016;
9.3. enviar cópia deste Acórdão aos responsáveis e ao Sesi/AM; e
9.4. encerrar o presente processo, com base no art. 169, inciso V, do Regimento
Interno/TCU.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
LUCAS ROCHA FURTADO
Subprocurador-Geral