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Proc 3699/1991

TCDF
TRIBUNAL DE CONTAS DO DISTRITO FEDERAL
Gabinete do Conselheiro JORGE CAETANO Processo nº: 3699/91
Fls. ______________
Rubrica____________
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PROCESSO Nº : 3699/91 (F) (I a III Volumes)


ÓRGÃO DE ORIGEM : POLÍCIA CIVIL DO DISTRITO FEDERAL
ASSUNTO : CONCURSO PÚBLICO

EMENTA
Edital nº 76/90-IDR. Concurso Público para o
cargo de Agente de Polícia da Carreira Policial
Civil do Distrito Federal. Provimento negado às
justificativas apresentadas. Aplicação de multa ao
então Secretário de Administração. Cumprimento
parcial de diligência. Exame de mérito do Pedido
de Reexame da Decisão nº 3976/99.
Insubsistência. Determinação à jurisdicionada.

RELATÓRIO

O presente processo, que trata do Concurso Público em epígrafe, já


foi apreciado em outras oportunidades, sendo que na Sessão Ordinária nº 3429,
realizada em 29/06/99, este egrégio Plenário, pela Decisão nº 3976/99, assim
deliberou:

“O Tribunal, de acordo com o voto do Relator, tendo em conta a


instrução e o parecer do Ministério Público, decidiu: I - tomar conhecimento dos
documentos juntados às fls. 346/433; II - em nome dos princípios da finalidade
social da lei e da estabilidade das relações jurídicas, e em face de já se ter um
lapso temporal de quase quatro anos, relevar, em caráter excepcional, o excesso
praticado no prazo de validade do Concurso Público normatizado pelo Edital nº
76/90-IDR, realizado para o Cargo de Agente de Polícia da Carreira Policial Civil
do Distrito Federal; III - negar provimento às justificativas apresentadas pelo
Senhor Secretário de Administração, à época, Antônio Carlos de Andrade; IV -
aplicar ao Senhor Antônio Carlos de Andrade, nos termos do artigo 57, incisos II e
IV, da Lei Complementar nº 01, de 09/05/94, multa no valor de 5000 (cinco mil)
Ufir, a ser recolhida aos cofres do Distrito Federal, por praticar atos de nomeação
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de candidatos aprovados no Concurso Público relativo ao Edital nº 076/90-IDR,


após 06/06/95, data da expiração do prazo de validade do certame, à vista do
disposto no inciso III do artigo 37 da Constituição Federal e do artigo 19, inciso III,
da Lei Orgânica do Distrito Federal, devendo encaminhar à Corte, no prazo de 30
(trinta) dias, o comprovante do recolhimento; V - determinar: a) ao Instituto de
Desenvolvimento de Recursos Humanos – IDR que: a1) atenda à determinação
constante do item II da Decisão Plenária nº 15250/95; a2) se abstenha de realizar
cursos de formação em que os candidatos não possam ser investidos dentro do
prazo de validade do concurso público; b) à Secretaria de Administração que
atenda à determinação constante do item IV da Decisão Plenária nº 15250/95; VI -
autorizar o retorno dos autos à 4ª ICE para oportuno exame da legalidade dos atos
de admissão oriundos do concurso em tela, para fins de registro.”

Inconformado com o item IV da decisão retrotranscrita o Sr. Antonio


Carlos de Andrade apresentou a esta Corte o Pedido de Reexame contra a multa
que lhe foi aplicada, acostado às fls. 510/522.

Pelo despacho do Presidente, de 30/12/99, fl. 525, foi admitido o


recurso em tela, relevando-se sua intempestividade, nos termos do parágrafo único
do artigo 3º da Resolução nº 113/99, para os fins previstos no § 1º da referida
norma.

ÓRGÃO TÉCNICO – A instrução procedida no âmbito da 4ª ICE, fls.


529/545, após proceder ao histórico dos autos, examina o mérito do Pedido de
Reexame interposto, assim analisando os argumentos apresentados pelo
peticionário:

“...
14. Alega o peticionário que a Decisão nº 15250/95 (fl. 144), proferida na
S.O. nº 3131, de 7/12/95, recebida na SEA em 30/1/96 (fl. 145) e no IDR em
29/1/96 (fl. 146), a qual alertou ao IDR que o prazo de validade do certame em
pauta havia expirado em 6/6/95, teve sua eficácia suspensa a partir da
interposição do Pedido de Reconsideração de fls. 147/149. Este, por sua vez, foi
recebido pelo TCDF como Pedido de Reexame e improvido conforme a Decisão nº
2240/96, item 2 (fl. 201), proferida na S.O. nº 3152, de 11/4/96.

15. As nomeações extemporâneas foram procedidas entre 9/2/96 e


9/4/96 (fls. 488/499), no interstício, portanto, de suspensividade da Decisão nº
15250/95, afora o provimento do servidor Miguel Bilac Azevedo, publicado em
2/5/96 (fl. 500).

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16. Desta forma, a quase totalidade das nomeações foi efetuada sem que
houvesse disposição do Tribunal eficaz em contrariedade, haja vista a
suspensividade inerente à admissão do Pedido de Reexame interposto em face da
Decisão nº. 15250/95. Além disso, a Decisão nº 2240/96, ainda que confirmatória,
teve caráter substitutivo em relação à Decisão nº 15250/95 na parte recorrida, o
que equivale dizer que a Decisão nº 15250/95 não chegou a produzir efeitos, na
parte recorrida.

...”

Na seqüência, ressalta os fatos ocorridos sobre a matéria no âmbito


do Processo nº 3375/95, lembrando os termos da Decisão nº 15.249/95 que sustou
os efeitos da Decisão nº 9333/95, fls. 28/32, até que ocorresse a decisão judicial
perante o Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal na sede do Mandado de
Segurança nº 5.685, impetrado pelos candidatos ao cargo de Assistente Básico em
Serviços Sociais, aos quais foi concedida a segurança.

Por estes fatos, entende a instrução que o inciso IV do artigo 57 da


Lei Complementar nº 1/94 não deve fundamentar a sanção em exame, “... tanto porque
não houve Decisão do Tribunal eficaz desatendida, como porque, se houvesse, não estaria satisfeito
o requisito da causa injustificada do desatendimento, vez que os órgãos colhidos pela Decisão dela
recorreram e justificaram seu posicionamento, ainda que eventualmente equivocado.” Sugere,
portanto, a revisão, neste particular, do inciso IV da Decisão nº 3976/99, para excluir
a menção ao inciso IV, do artigo 57, do mencionado diploma legal, como base para
a aplicação da multa em exame.

Quanto aos termos do inciso II da decisão recorrida, relevando os


atos de nomeação extemporâneos em nome dos princípios da finalidade social da lei
e da estabilidade das relações jurídicas, ressalta a instrução que “... tal fato não elimina
eventual responsabilidade do administrador, nem a ilegalidade passa a ser considerada inexistente
ou irrelevante, apenas visa resguardar a situação dos candidatos, que não contribuíram para a
ilegalidade e que, ao contrário, seguiram as orientações dos executores do concurso, não devendo
ser prejudicados em função do comportamento daqueles”.

Ressalta, mais, que o núcleo da questão, ou seja, o termo inicial


para a contagem do prazo de validade do certame onde se procede ao
fracionamento do resultado final é objeto de intensa controvérsia. Acrescenta que a
base legal “... para a aplicação da sanção ora em reexame teve sede no inciso II, do art. 57, da LC
nº 1/94, que prevê aplicação de multa em face de ‘... ato praticado com grave infração a norma legal
ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial’. As normas

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legais violadas, assinaladas na Decisão nº 3976/99, inciso IV, foram o inciso III, do art. 37, da
Constituição Federal e o inciso III, do art. 19, da Lei Orgânica do Distrito Federal”, as quais
igualmente expressam o seguinte teor:

‘... o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável
uma vez, por igual período.”

A respeito dos argumentos utilizados pelo recorrente de que o


próprio TJDFT reiteradamente vem considerando, em casos
analógos, que o termo inicial para a contagem do prazo de validade
radica-se na data da última homologação do resultado final do
certame, assim comenta:

“...
26. Tal posicionamento, ainda que não pareça o mais adequado, pois
possibilitaria que certos certames se prolongassem no tempo sem o mínimo
controle temporal, não pode ser simplesmente desconsiderado. Ao contrário,
reforça o caráter polêmico do tema e conseqüentemente suscita dúvidas quanto à
própria caracterização da infração à norma e sua gravidade.

27. Nas palavras do peticionário: ‘...não se pode ter infringência legal ou


regulamentar, muito menos de natureza grave, conforme estatuído no inciso II, do
art. 57, da LC nº 1/94, a prática de ato com base em regra geral definida pelo
próprio Poder Judiciário.’.

...”

Quanto aos exemplos citados pelo peticionário sobre precedentes


deste Tribunal de Contas em que houve isenção de multa, bem como quanto à
alegação de excesso de multa pelo Plenário, aduz a instrução:

“...
29. Todavia, parece-nos que o entendimento mais adequado nesta
situação relaciona-se ao exame do conteúdo dos atos administrativos que
regeram o tema prazo de validade do certame em apreço, como exposto a seguir:

- Edital nº 76/90 - IDR (fls. 3/10), subitem 9.1, o qual prescreve que o termo inicial
para a mencionada contagem localiza-se na "...data de publicação, no Diário
Oficial do Distrito Federal, do Edital de Homologação do Resultado Final da 1ª
Turma a concluir o Curso de Formação..." ;

- Edital nº 98/91 - IDR (fls. 13/17), que veiculou o Resultado Final para a 1ª Turma,
publicado no DODF em 6/6/91;

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- Edital nº 102/93 - IDR (fl. 47), publicado no DODF de 2/6/93, que prorrogou, por
seis meses, o prazo de validade do concurso;

- Edital nº 218/93 - IDR (fl. 72), publicado no DODF de 22/11/93, o qual tornou sem
efeito o ato acima citado e prorrogou por mais dois anos, a contar de 6/6/93, o
prazo de validade do certame;

- Edital nº 184/94 (fl. 98), publicado no DODF de 8/12/94, que alterou o subitem
9.1 do Edital nº 76/90 – IDR, com base na Resolução – CPP abaixo referida, e
dispôs: “O prazo de validade do concurso Público será de (dois) anos, contados a
partir da homologação do resultado final relativo ao último grupo de candidatos
aprovados na última etapa.”;

- Resolução do CPP (fl. 127), homologada pela então Governadora do DF em


18/11/94 e publicada no DODF de 22/11/94, republicada no DODF de 22/12/94,
que "retificou" o prazo de validade do certame em pauta, entre outros,
determinando que o termo inicial para a referida contagem partiria da ..."data de
homologação do resultado final relativo ao grupo final de candidatos aprovados na
última etapa." ;

- Edital nº 6/95 – IDR (fl. 476), o qual tornou sem efeito o Edital nº 184/94 – IDR,
prescrevendo, por outras palavras, o mesmo contido na norma tornada sem
efeito: “O prazo de validade do Concurso Público será de 02 (dois) anos, contados
a partir da homologação do resultado final relativo ao grupo final de candidatos
aprovados na última etapa.”.

- Resolução do CPP (fl. 150), homologada pelo então Governador do DF em


10/11/95 e publicada no DODF de 13/11/95, do seguinte teor:

"1. Fica revogada a Resolução deste Conselho publicada no


DODF de 22/12/94, que versa sobre prazo de validade de concurso público;”.

30. Com que finalidade seria revogada uma deliberação de um órgão


Colegiado como o CPP senão com a de que seu conteúdo perdesse eficácia.
Evidentemente que a revogação daquela Resolução do Conselho de Política de
Pessoal – CPP, o qual por sua vez à época era presidido pelo peticionário, teve o
sentido de repudiar o texto lá contido (especialmente o termo inicial para a
contagem do prazo de validade) e em conseqüência o teor dos Editais nºs 184/94
e 6/95.

31. Revela-se, portanto, contra-senso incontornável entre a revogação da


Resolução do CPP (conseqüentemente impossibilitando a Administração de
proceder conforme estatuído na norma revogada) e as nomeações posteriormente
efetuadas de forma extemporânea (procedidas conforme a contagem de prazo
prescrita na norma revogada) cuja competência para a prática dos atos coube ao
então titular da SEA, peticionário nesses autos.

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32. O Administrador, desta forma, não poderia ter tido motivos para
apresentar qualquer dúvida razoável quanto à interpretação das normas violadas
(art. 37, III, Constituição Federal e art. 19, III, Lei Orgânica do DF).

33. Entendendo, nessas circunstâncias, que a infração à norma em


comento, conquanto não seja incontestável em termos genéricos, haja vista os
pronunciamentos do próprio TJDFT, nesta situação concreta mostra-se
incontornável, sugerimos ao Plenário a manutenção dos termos do item IV, da
Decisão nº 3976/99 (fl. 464), afora a cominação fundada no item IV, LC nº 1/94.

34. No tocante ao redimensionamento do valor da multa, pleiteado às fl.


520/521 da peça em exame, por apresentar-se “..excessivamente elevado em
comparação às quantias arbitradas por essa Eg. Corte em outros casos, inclusive
de maior gravidade.”, consideramos da alçada do Plenário tal avaliação.

...”

Passando a analisar o cumprimento da diligência determinada ao


Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos – IDR nos itens a-1 e a-2 da
Decisão nº 3976/99, informa que àquele órgão respondeu por meio do Ofício nº
330/99-IDR, e anexos, fls. 472/476, assim esclarecendo:

“...
36. O mencionado item a1 fazia referência ao cumprimento, pelo IDR, do
item II, Decisão nº 15250/95 (fl. 144), que por sua vez determinava ao Instituto que
tornasse sem efeito o Ed. 184/94 – IDR por contrariar o art. 37, III, da Constituição
Federal.

37. A Superintendente do IDR certifica que o edital em questão ... “foi


tornado sem efeito pelo Edital nº 06/95-IDR, de 06/01/95, publicado no DODF nº
07, de 09/01/95 e encaminhado a esta Corte em 20 de janeiro de 1995, por meio
do Ofício nº 021/95 - IDR;”.

38. Informamos que tal ofício não constava dos autos. Não obstante, a
cópia encaminhada, assim como a cópia do Ed. nº 6/95 – IDR, estão dispostas às
fls. 475/476.

39. Transcrevemos parcialmente abaixo, respectivamente, os textos do


Ed. 184/94 – IDR (norma tornada sem efeito) e do Ed. 6/95 – IDR (norma que a
substituiu):

‘O prazo de validade do concurso Público será de (dois)


anos, contados a partir da homologação do resultado final relativo ao
último grupo de candidatos aprovados na última etapa’”.

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‘O prazo de validade do Concurso Público será de 02


(dois) anos, contados a partir da homologação do resultado final
relativo ao grupo final de candidatos aprovados na última etapa.’.

40. Considerando que as duas normas são do mesmo teor (grupo final de
candidatos aprovados na última etapa não é outra coisa senão último grupo de
candidatos aprovados na última etapa), não foi concretizada a determinação
Plenária alvitrada naquela oportunidade, razão que nos faz sugerir novo
diligenciamento ao IDR no sentido de tornar sem efeito o Edital nº 6/95, DODF de
9/1/95, alertando para a eventual aplicação da sanção prevista no art. 57, VII, Lei
Complementar nº 1/94. Respondida, portanto, a diligência pelo IDR, mas
insubsistente seu conteúdo.

41. Relativamente ao item a2, Decisão nº 3976/99, o Tribunal determinou


ao IDR que “se abstenha de realizar cursos de formação em que os candidatos
não possam ser investidos dentro do prazo de validade do concurso público;”.
Respondeu a titular do IDR (fl. 472) que “os editais com data posterior a 18/01/95
são feitos em observância ao que dispõe o Decreto nº 16.254, de 19/12/94,
republicado no DODF nº 14 de 18/01/95, onde, em seu artigo 31, dispõe que o
prosseguimento do concurso, em que houver mais de uma prova, poderá ser
limitado a um determinado número de candidatos, restando os demais eliminados
do certame. Assim, com o advento do citado decreto, este Instituto tem adotado,
como prática, impedir o prosseguimento de candidatos em concursos por etapas,
inserindo tal procedimento nos editais que normatizam os concursos;”.

42. Consideramos atendida, neste particular, a diligência orientada ao


IDR.

...”

No que pertine à diligência à Secretaria de Administração constante


do item V, letra “b”, da multicitada Decisão nº 3976/99, informa que a jurisdicionada
mediante o Ofício nº 691/99-GAB/SEA-DF, fls. 470/471, respondeu que “... não houve
nomeação de candidatos após 06/06/95, data de encerramento da validade do concurso, com
exceção daquelas decorrentes de decisões judiciais.”

Registra, sobre o assunto, que, na inspeção realizada naquela


Pasta, conforme determinação contida no item 3 da Decisão nº 2240/96, fl. 201,
verificou-se a nomeação intempestiva de inúmeros candidatos, fato que, inclusive,
determinou a responsabilização do então Secretário de Administração, ora
recorrente, conforme item IV da decisão mencionada.

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Trazendo à colação excerto da instrução procedida naquela


assentada, entende superada esta fase que culminou com a sanção do responsável,
sugerindo seja desconsiderada a documentação enviada pelo titular da SEA, pois as
informações requeridas já haviam sido obtidas mediante inspeção registrada às fls.
229/251, e cujos resultados revelaram conteúdo diverso daquelas agora
encaminhadas.

Informa outrossim, a anexação às fls. 488/500 e 527/528, das


Portarias que veicularam as nomeações extemporâneas mencionadas na instrução
que registrou a inspeção referenciada, bem como, às fls. 477/487, a Nota nº 163/99-
CJP, oriunda da Consultoria Jurídica da Presidência deste Tribunal, que transmite
cópia da ementa, acórdão, relatórios e votos colacionados no Agravo Regimental
interposto no âmbito do Mandado de Segurança nº 6952/96.

A respeito deste último, a instrução assim se pronuncia:

“...
49. O pleito orientava-se no sentido do cumprimento de ordem judicial
concedida em face do certame que ora acompanhamos, para execução em
concurso futuro, posteriormente veiculado para ingresso no mesmo cargo. Assim a
relatoria resumiu os pedidos: “a) - serem considerados como se tivessem
aprovados na primeira fase desse novo concurso; b) – serem aproveitados na
segunda fase desse novo concurso; c) – ser dispensada, em relação a eles, a
exigência de curso superior, pois essa exigência não constava do concurso de
1990.”.

50. À evidência o recurso foi unanimemente improvido.

...”

Por fim, dando continuidade ao acompanhamento do certame,


relaciona os editais anexados aos autos, informando que não foi constatada
nenhuma irregularidade nos mesmos.

As sugestões ao egrégio Plenário são vistas nos itens I a V, fls.


543/544, com as quais se mostram de acordo os titulares da 4ª Divisão Técnica e da
4ª Inspetoria de Controle Externo, fl. 545.

MINISTÉRIO PÚBLICO - Solicitado o pronunciamento do douto


Ministério Público, pelo despacho singular de 12/05/2000, fl. 547, retornam os autos
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acrescidos do Parecer nº 3P.1.608/2000, fls. 548/549, da lavra do ilustre Procurador


doutor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, que expende as seguintes considerações
sobre as alegações contidas no Pedido de Reexame:

“...

5. Alega o defendente que referida decisão foi suspensa à vista do


pedido de reconsideração interposto pela Secretaria de Administração e pelo
Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos. Portanto, antes do
julgamento do mérito do recurso, segundo o responsável, ainda estava em vigor o
Edital nº 184/94, convalidando as nomeações efetivadas naquele interregno, não
se podendo afirmar que mencionadas nomeações descumpriram qualquer decisão
dessa Corte.

6. Não procede tal afirmativa. O efeito suspensivo não autoriza o


Administrador à prática continuada de atos irregulares e ilegais. O Edital nº 184/94
feria flagrantemente a Carta Magna ao estender por tempo ilimitado o prazo de
validade do concurso em questão.

7. O Supremo Tribunal Federal tem decidido, quando caracterizado o


exercício abusivo do direito de recorrer, pela aplicação da multa prevista no
Código de Processo Civil, art. 557, § 2º, na redação dada pela lei nº 9.756/98,
mencionando que ‘o ordenamento jurídico brasileiro repele práticas incompatíveis
com o postulado ético-jurídico da lealdade processual. O processo não pode ser
manipulado para viabilizar o abuso de direito, pois essa é uma idéia que se revela
frontalmente contrária ao dever de probidade que se impõe à observância das
partes. O litigante de má-fé - trate-se de parte pública ou de parte privada - deve
ter a sua conduta sumariamente repelida pela atuação jurisdicional dos juizes e
dos tribunais, que não podem tolerar o abuso processual como prática
descaracterizadora da essência ética do processo.’

8. A atuação da Administração Pública deve nortear-se pelo preceito da


razoabilidade. As nomeações extemporâneas, com respaldo em norma
inconstitucional, acarretando sérias conseqüências, caracterizaram ações
desarrazoadas por parte do Administrador. O princípio da razoabilidade é de
assento corrente em nossa jurisprudência, e utilizada com freqüência, por
exemplo, pelo Ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal.

9. Outra alegação que merece destaque diz respeito à decisão desse


Tribunal que, em nome dos princípios da finalidade social da lei e da estabilidade
das relações jurídicas, argumentos defendidos no parecer desta Procuradoria (§§
15 e 24 - fls. 444 e 446), relevou, em caráter excepcional, o excesso praticado no
prazo de validade do concurso em tela. Segundo o defendente não houve ‘grave

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infração de norma legal ou regulamentar’ quando das nomeações ora


questionadas, até porque o Tribunal chegou a relevar tais atos.

10. Desarrazoado seria deixar desamparado o candidato que imaginou


legítimo o ato do Estado; nem por isso significa que foi considerado correto o erro
do Administrador, e que não deve responder por suas ações.

...”

Concluindo, à vista das considerações expendidas, opina o douto


Ministério Público pelo acolhimento das sugestões apresentadas pelo Corpo
Técnico.

VOTO

À vista dos termos da instrução e do parecer do douto Ministério


Público, VOTO no sentido de que este egrégio Plenário:

I - tome conhecimento:

a) dos documentos juntados aos autos às fls. 470/509 e


527/528;

b) do Pedido de Reexame constante de fls. 510/521, para no


mérito, negar-lhe provimento, por insubsistência de razões;

II - mantenha os termos da Decisão nº 3976/99, item IV, exceto no


tocante à cominação fundamentada no inciso IV do artigo 57 da
Lei Complementar nº 1/94;

III - considere respondidas as diligências determinadas no item V,


alíneas “a” e “b”, da Decisão nº 3976/99, porém insatisfatórias
com relação ao subitem a.1;

IV - determine à Secretaria de Gestão Administrativa que, no prazo


de 30 (trinta) dias, torne sem efeito o Edital nº 06/95-IDR,
expedido pelo extinto Instituto de Desenvolvimento de Recursos
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Humanos – IDR, publicado no DODF nº 07, de 09/01/95,


alertando-a para a eventual aplicação da sanção prevista no
artigo 57, inciso VII, da Lei Complementar nº 1/94;

V - dê conhecimento desta decisão ao recorrente e à jurisdicionada;

VI - autorize o retorno dos autos à 4ª ICE, para oportuno exame da


legalidade, com fins de registro, dos atos de admissão oriundos
do concurso acompanhado.

Brasília - DF, de novembro de 2000.

JORGE CAETANO
Conselheiro

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