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TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS

DENÚNCIA N. 1012054
Denunciante: Segmento Digital Comércio Ltda.
Denunciado: Prefeitura Municipal de Sete Lagoas
Partes: Leone Maciel Fonseca e Leonardo Alves de Araújo
Referência: Processo Licitatório n. 029/2017 – Pregão Presencial n. 025/2017 – Registro
de Preços n. 015/2017 – Abertura: 26/04/2017

RELATOR: CONSELHEIRO JOSÉ ALVES VIANA

EMENTA

PREGÃO PRESENCIAL. IRREGULARIDADES APONTADAS. SUSPENSÃO DO


CERTAME. DECISÃO MONOCRÁTICA REFERENDADA.
Determinada a suspensão do Pregão Presencial, com fulcro na competência prevista no caput
e §2º do artigo 197 c/c artigo 267 do Regimento Interno deste Tribunal, devendo os
responsáveis se absterem de praticar qualquer ato tendente a efetivar a contratação.

NOTAS TAQUIGRÁFICAS
22ª Sessão Ordinária da Segunda Câmara – 10/08/2017
CONSELHEIRO JOSÉ ALVES VIANA:
Submeto a referendo deste Colegiado, em cumprimento ao disposto no art. 264, §1º do Regimento
Interno, decisão monocrática por mim exarada em 07 de agosto de 2017, vazada nos seguintes
termos:
Tratam os autos de denúncia oferecida pela empresa Segmento Digital Comércio Ltda.
em face do Processo Licitatório nº 029/2017 – Pregão Presencial nº 025/2017 – Registro
de Preços nº 015/2017, deflagrado pela Prefeitura Municipal de Sete Lagoas, tendo como
objeto o registro de preços para eventual contratação de empresa especializada em
“prestação de serviços de processamento e organização de informações arquivísticas,
desenvolvimento de soluções embarcadas (MFPs) para digitalização de forma
descentralizada e integração com a solução de ECM/BPM utilizada pela Prefeitura,
solução e desenvolvimento de comunicações personalizadas, implantação de sites para
digitalização de documentos, impressão, com fornecimento de equipamentos
(impressoras/multifuncionais), sistema de gerenciamento de impressões, sistema de
gestão de ativos, manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos com a substituição
de peças, componentes e materiais utilizados na manutenção, ainda fornecimento de todos
os insumos originais do fabricante do equipamento ofertado (toner, cilindro, revelador,
Ribbons, etc.), excetuando-se papel e grampo”, no valor total anual estimado em
R$6.855.966,20 (seis milhões, oitocentos e cinquenta e cinco mil, novecentos e sessenta e
seis reais e vinte centavos).
A Coordenadoria de Fiscalização de Editais de Licitação, ao examinar as questões
denunciadas, manifestou-se no sentido de que o apontamento constante da denúncia
referente ao possível parcelamento do objeto deveria ser submetido à Diretoria de
Tecnologia da Informação, haja vista a complexidade técnica da matéria.
A referida Diretoria, por sua vez, à fl. 810, entendeu ser “viável tecnicamente o
parcelamento do objeto em questão”, considerando que “nas especificações dos objetos
devem conter claramente a obrigatoriedade de interligação dos softwares fornecidos ou

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n.05/2013. Os normativos mencionados e a validade das assinaturas poderão ser verificados no endereço www.tce.mg.gov.br, código verificador n. 1344421
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desenvolvidos com os equipamentos pretendidos, bem como com a solução já utilizada na


Prefeitura, uma vez que empresas diferentes podem ser declaradas vencedoras de itens
distintos”.
O Ministério Público junto a este Tribunal de Contas, em sua manifestação preliminar,
fls. 813/819, ratificou tal entendimento e fez aditamentos à denúncia, opinando pela
suspensão do certame e citação dos responsáveis.
Tendo em vista a escorreita análise realizada pelo Órgão Ministerial, em observância ao
princípio da eficiência e da economicidade, adoto parte das razões por esse apresentadas,
acostadas às fls. 813/819 dos presentes autos, como o fundamento desta decisão, fazendo
uso, in casu, da intitulada motivação per relationem 1, verbis:
II – FUNDAMENTAÇÃO
Inicialmente, cumpre destacar que o processo licitatório (Processo Licitatório
n. 80/2016) que precedeu a este procedimento (Processo Licitatório n. 29/2017) foi
objeto de representação aviada por este Ministério Público e restou anulado, razão
pela qual o presente exame será realizado, também, com vistas aos fundamentos
que ampararam a mencionada representação.
Do cotejo dos documentos acostados aos autos relativos ao Pregão Presencial
n. 25/2017, percebe-se que os responsáveis sanaram o apontamento relativo à
vedação de participação de empresas em consórcio. Entretanto, faz-se necessário
que os responsáveis apresentem esclarecimentos acerca dos quantitativos de
equipamentos e à ausência de divisão em lotes ou itens, bem como em relação aos
aditamentos ora apresentados:
1 – Dos requisitos e quantitativos relativos aos equipamentos:
Este Ministério Público aviou representação em face do Pregão n. 80/2016, cujo
objeto era o registro de preços para a contratação de empresa especializada na
prestação de serviço de outsourcing de impressão, com remuneração estabelecida
de forma mista, pela locação dos equipamentos e por página impressa.
Naquela representação, constatou-se indício de exigência de capacidade excessiva
para a rotina de trabalho a que seriam submetidos os equipamentos descritos no
Termo de Referência em que se especificavam os quantitativos de páginas
impressas e de horas de serviço a serem prestados em cada um dos itens que
compunham o objeto do certame, além de constatar-se divergência no que tange
aos equipamentos Tipos IV, V, VI e VII e aos respectivos tipos de páginas.
Ao proceder ao exame do Pregão Presencial n. 25/2017 é possível verificar que,
embora a Administração tenha modificado as especificações e quantitativos dos
equipamentos, estes continuam com capacidade superdimensionada, sendo este,
um dos itens objeto de impugnação pela empresa SIMPRESS COMÉRCIO
LOCAÇÃO E SERVIÇOS S.A., fls. 543 a 562, segundo a qual “... é inadmissível e
fere o princípio da economicidade a locação de um equipamento deste porte para
esta quantidade ínfima de serviços mensais”.

1
Motivação per relationem se caracteriza pela remissão que o ato judicial expressamente faz a outras
manifestações ou peças processuais existentes nos autos, mesmo as produzidas pelas partes, pelo Ministério
Público ou por autoridades públicas, cujo teor indique os fundamentos de fato e ou de direito que justifiquem a
decisão emanada do Poder Judiciário. Precedente: MS 25.936-ED, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 13-
6-2007, Plenário, DJE de 18-9-2009. (http://junior-dpj.blogspot.com.br/2011/11/tecnica-da-motivacao-per-
relationem.html)

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Para justificar a opção pela contratação de prestação de serviço de outsourcing de


impressão, com a atualização tecnológica dos equipamentos, afirmou a
Administração (fl. 370) que:
3.9.3 Por se tratar de contrato de serviço onde o custo final será apurado pelo
número de cópias impressas e por valor fixo para cada equipamento, o uso pela
empresa contratada, de máquinas de maior capacidade aliado ao prazo do contrato,
obriga queda significativa do custo unitário visto que, conforme levantamento
realizado, o custo dos insumos torna-se menor por cópia impressa;
3.9.4 Permitir a extinção de qualquer contratação de manutenção e assistência
técnica de equipamentos, que passam a ser de responsabilidade do prestador de
serviços; (...)
Na contramão das alegações de maior eficiência e economia que seriam oferecidas
pelos equipamentos de maior robustez, impende observar que já no Anexo II –
Relatório de Especificações – estimava a Prefeitura Municipal de Sete Lagoas que
o custo mensal unitário dos equipamentos Tipo II seria de R$ 463,99, enquanto o
relativo aos equipamentos Tipo I, menos eficientes, seria de R$ 339,97. Tais
valores, no entanto, não representariam, de plano, prejuízo à economicidade da
contratação, uma vez que eventual economia propiciada pela eficiência operacional
dos dispositivos poderia compensar a superioridade do valor fixo respectivo.
Todavia, ao confrontar, a partir dos dados insertos no mencionado ANEXO II, os
volumes estimados de impressões para os equipamentos Tipos I e II, bem como os
custos decorrentes, depreende-se que aquela justificativa não encontra respaldo
prático, uma vez que o volume e os valores unitário e total previstos para
impressões no equipamento Tipo I são de 600.000 unidades ao custo individual de
R$ 0,08, totalizando R$ 48.000,00 mensais em face de 340.000 páginas a R$ 0,20
cada, perfazendo o total de R$ 68.000,00 no mesmo período para o trabalho
desempenhado pelas multifuncionais Tipo II. Ressalte-se, ainda, que embora fosse
projetado para os equipamentos Tipo I um volume de impressões 76,47% superior,
o custo absoluto envolvido com as impressões realizadas pelas multifuncionais
mais eficientes e supostamente mais econômicas Tipo II superaria em 41,66% o
relativo àqueles.
Conquanto os comparativos realizados anteriormente sejam suficientes para
amparar a tese de que a locação de multifuncionais mais robustas não teria
necessariamente o condão de majorar a economicidade da contratação, a análise da
proposta comercial da empresa vencedora, Stoque Soluções Tecnológicas Ltda.,
corrobora a tese ora esposada, considerando-se que, embora os valores propostos
sejam consideravelmente inferiores àqueles estimados no ANEXO II - Relatório de
Especificações, não evidenciam, lado outro, a vantajosidade econômica da locação
dos equipamentos mais robustos.
Nesse sentido, ao cotejar, a partir das informações contidas na proposta, fl. 795, o
custo fixo mensal unitário dos equipamentos Tipos I e II, de R$ 280,00 e
R$ 390,00, respectivamente, perfazendo os valores mensais globais de R$
112.000,00 e R$ 31.200,00, e analisá-los em face do custo por página impressa de
R$ 0,06 para ambos, evidencia-se a ausência de vantagem econômica para a
Administração na escolha dos equipamentos Tipo II, porquanto, a despeito da
eficiência e da economicidade alegadas, em face do número de impressões
estimado no edital, o valor estipulado por página impressa não refletiu a economia
de escala pretendida nos dispositivos Tipo II em relação aos do Tipo I.
Destaque-se, ademais, que, em conformidade com os requisitos estabelecidos no
Termo de Referência para ambos os itens, as únicas características aptas a
diferenciar as multifuncionais ora comparadas são a velocidade de impressão e a

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capacidade do alimentador recirculador automático de originais, 47 ppm / 50 folhas


e 60 ppm / 75 folhas, para os dispositivos Tipos I e II, respectivamente, o que, na
ausência de justificativas aptas a fundamentar a escolha da Prefeitura Municipal de
Sete Lagoas, não ampara, em face das informações constantes dos autos, a locação
de equipamentos com custo fixo unitário superior em 39,28% aos do Tipo I.
Desse modo, restou evidenciado que as especificações técnicas, por demasiadas,
restringiram a competitividade do certame, sendo certo que não consta dos autos
estudo que comprove as alegações de maior eficiência, como decorrência do
princípio constitucional da eficiência (art. 37) e legal da economicidade.
2 – Da ausência de divisão do objeto em lotes ou itens
No exame do processo anterior, anulado pela Administração, apontou este Parquet
a necessidade de determinação para que os responsáveis esclarecessem as razões
que obstaram a divisão do objeto do certame, sobretudo no tocante aos serviços de
natureza diversa atinentes ao outsourcing de impressão e à engenharia de software.
Nestes autos, embora o escopo do Pregão Presencial n. 25/2017 seja mais
abrangente, as razões consignadas no procedimento justificam apenas a
terceirização dos serviços e não a contratação do objeto em lote único, isso porque
os dispositivos que tratam da matéria (artigos 15, IV, e 23, §1º, da Lei 8.666/93)
autorizam a unificação de objetos distintos apenas na hipótese em que houver
maior eficiência econômica - o que não restou demonstrado nos autos.
Ademais, as exigências consignadas no edital em apreço resultaram na participação
de apenas uma empresa no certame, como se verifica da ata de fls. 788 a 790, o que
alijou do procedimento empresas especializadas em apenas alguma das soluções,
uma vez que não fornecem o conjunto completo de soluções requeridas.
E por último, cumpre ressaltar que no exame elaborado pela Diretoria de
Tecnologia da Informação concluiu-se pela viabilidade do parcelamento do objeto
em questão, fl. 810.
Assim, a ausência de comprovação, nos autos do procedimento, de que a solução
adotada efetivamente atende à demanda da Prefeitura com o menor custo,
comparando-o com os demais modelos de remuneração possíveis fere os artigos 3º,
caput, 15, IV, e 23, §1º, da Lei 8.666/1993, bem como o princípio da motivação
dos atos administrativos.
3 – Da exigência de equipamentos novos, de primeiro uso
O edital consignou a seguinte exigência quanto às obrigações da contratada:
9. Deverão ser rigorosamente observadas as especificações dos equipamentos
objeto desta licitação, respeitando-se os requisitos mínimos exigidos, sem
preferência de marcas. O equipamento multifuncional oferecido deverá ser sem uso
e possuir as seguintes especificações técnicas:
................................................................................................................
14.1 – A CONTRATADA é responsável pela execução do objeto deste instrumento
em plena conformidade com as especificações e normas técnicas pertinentes,
obrigando-se a reparar, refazer ou repor qualquer parte da execução do serviço que
venha a apresentar defeitos ou incorreções, no prazo de no máximo 02 dias, sem
ônus adicionais.
.................................................................................................................
14.8 - A CONTRATADA deverá disponibilizar os equipamentos em perfeitas
condições de funcionamento e produtividade, no prazo definido para a instalação,
como fornecimento do material necessária (sic) e de boa qualidade. Os

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equipamentos devem ser obrigatoriamente novos e de primeiro uso, deverão ser de


última geração, novos, de primeiro uso, sem ser remanufaturados, ou oriundos de
recondicionamentos, devidamente entregues, instalados, configurados e integrados.
...........................................................................................................................
14.10 - É de responsabilidade da CONTRTADA a troca imediata dos
equipamentos fornecidos objeto desta licitação, que estiverem fora das
especificações contidas no TERMO DE REFERÊNCIA deste edital ou em que se
verificarem vícios, defeitos ou incorreções, sem quaisquer ônus para a
CONTRATANTE.
...........................................................................................................................
14.30 – Substituir os equipamentos que integram a solução que apresentarem
defeitos, inclusive intermitentes, causando prejuízos dos serviços de
impressão/cópia em no máximo 02 (dois) dias úteis.

Tem-se que as exigências epigrafadas implicam na impossibilidade de o licitante


utilizar equipamentos que já possua e atendam às especificações técnicas dos
equipamentos consignados no edital, vez que, embora não possuam a característica
de primeiro uso, detenham a utilidade e a eficiência pretendidas.
Essas qualidades não impossibilitariam a utilização de equipamentos seminovos e
impactam diretamente na estimativa de custos dos equipamentos novos, o que
repercute na proposta apresentada, ou como ocorrido nos presentes autos, na sua
quase deserção, haja vista o comparecimento de uma única licitante.
Ademais, o edital cercou a Administração de várias garantias para as hipóteses em
que houvesse a necessidade de reparar, refazer ou repor qualquer parte da execução
do serviço que venha a apresentar defeitos ou incorreções, estabelecendo prazo
máximo de 02 dias, sem ônus adicionais, para que a contratada o fizesse.
(...)
5- Da suspensão liminar do certame
Em face das irregularidades apontadas na denúncia e dos apontamentos
complementares realizados por este Parquet, que demonstram que o Pregão
Presencial n. 25/2017 foi maculado pelo superdimensionamento das especificações
técnicas dos equipamentos demandados pela Prefeitura Municipal de Sete Lagoas e
por previsões editalícias que restringiram a ampla competitividade entre os
participantes, em afronta às normas de regência, impõe-se a concessão da medida
liminar de suspensão do certame.
A providência que ora se requer encontra respaldo no art. 60 da Lei Orgânica do
Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais, que dispõe:
Art. 60. O Tribunal poderá suspender, de ofício ou a pedido, liminarmente, o
procedimento licitatório, até a data da assinatura do respectivo contrato ou da
entrega do bem ou do serviço, caso sejam constatadas ilegalidades, observando-se,
no que couber, o disposto no Capítulo II do Título IV desta Lei Complementar.
Parágrafo único. A suspensão a que se refere o caput deste artigo poderá ser
determinada pelo Conselheiro-Relator, que submeterá sua decisão à ratificação do
Tribunal Pleno ou da Câmara, conforme o caso, sob pena de perda de eficácia.
Por seu turno, o art. 264 da Resolução TCEMG nº 12/2008, estabelece:

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Art. 264. A licitação poderá ser liminarmente suspensa se constatadas


irregularidades graves que possam causar lesão ao erário, fraude ou risco de
ineficácia da decisão de mérito.
Cotejando as disposições supramencionadas com as peculiaridades presentes no
caso em apreço, constata-se o cabimento da medida cautelar de suspensão liminar
do certame, em vista da presença do fumus boni iuris, consistente nas previsões
editalícias que, conforme demonstrado alhures, comprometem a competitividade
do certame e constituem risco de aquisição de serviço especificado em
desconformidade com a demanda real da Prefeitura Municipal de Sete Lagoas,
possibilitando, portanto, que a contratação seja realizada em prejuízo da impositiva
economicidade do gasto público.
Ademais, demonstra-se presente o periculum in mora, visto que, inobstante a
recomendação para que não seja assinada a Ata de Registro de Preços ou praticado
ato tendente à contratação, o certame não foi oficialmente suspenso, razão pela
qual a futura decisão de mérito a ser proferida por essa Corte, em reconhecimento
das irregularidades ora apontadas, poderá ter sua tempestividade e efetividade
mitigadas, caso pronunciada após a contratação da licitante vencedora em
procedimento eivado das irregularidades ora constatadas.
III - CONCLUSÃO
Em face do exposto, OPINA este Ministério Público de Contas pela suspensão
liminar do certame e pela citação dos responsáveis, a fim de que apresentem as
alegações que entenderem pertinentes em face dos apontamentos constantes do
parecer ministerial e dos relatórios técnicos, nos termos regimentais.
Assim, considerando a plausibilidade dos apontamentos retro citados, entendo por
atendido o requisito da probabilidade do direito, bem como caracterizado o perigo de
dano consubstanciado na possibilidade de assinatura de contratos com base na Ata de
Registro de Preços. Presentes, portanto, os pressupostos necessários à concessão da
cautelar pleiteada pela denunciante.
Desta feita, com fulcro na competência prevista no caput e §2º do artigo 197 c/c artigo
267 do Regimento Interno deste Tribunal, determino, ad referendum do colegiado
competente, a suspensão do Pregão Presencial nº 025/2017, devendo os responsáveis se
absterem de praticar qualquer ato tendente a efetivar a contratação.
Intimem-se o Leone Maciel Fonseca, Prefeito Municipal de Sete Lagoas, e o Sr.
Leonardo Alves de Araújo, Pregoeiro e Subscritor do edital em comento, na forma
prevista no art. 166, §1º, VI e VII do diploma regimental, para que, no prazo de 05
(cinco) dias, comprovem a suspensão do Pregão Presencial nº 025/2017 encaminhando
cópia da sua publicação.
E, havendo eventual revogação/anulação do referido procedimento licitatório, o fato
deverá ser comunicado imediatamente a este Tribunal, fazendo-se menção aos
presentes autos.
Advirtam-se os responsáveis de que o não cumprimento dessas determinações poderá
ensejar a aplicação de multa individual no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais).
Dê-se ciência desta decisão à denunciante.
Cumprida a determinação ou vencido o prazo concedido, retornem os autos conclusos.

CONSELHEIRO GILBERTO DINIZ:


Referendo.

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CONSELHEIRO PRESIDENTE WANDERLEY ÁVILA:


Também acompanho o Relator.
REFERENDADA A DECISÃO MONOCRÁTICA, POR UNANIMIDADE.

(PRESENTE À SESSÃO O PROCURADOR MARCÍLIO BARENCO CORRÊA DE MELLO.)

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM os Exmos. Srs. Conselheiros da


Segunda Câmara, por unanimidade, na conformidade da Ata de Julgamento, e das Notas
Taquigráficas, em referendar a decisão monocrática que: I) determinou a suspensão do Pregão
Presencial n. 025/2017, com fulcro na competência prevista no caput e §2º do artigo 197 c/c
artigo 267 do Regimento Interno deste Tribunal, devendo os responsáveis se absterem de
praticar qualquer ato tendente a efetivar a contratação; II) determinou a intimação de Leone
Maciel Fonseca, Prefeito Municipal de Sete Lagoas, e do Sr. Leonardo Alves de Araújo,
Pregoeiro e Subscritor do edital em comento, na forma prevista no art. 166, §1º, VI e VII do
diploma regimental, para que, no prazo de 05 (cinco) dias, comprovem a suspensão do Pregão
Presencial n. 025/2017 encaminhando cópia da sua publicação; e, caso havendo eventual
revogação/anulação do referido procedimento licitatório, o fato deverá ser comunicado
imediatamente a este Tribunal, fazendo-se menção aos presentes autos; III) advertiu os
responsáveis de que o não cumprimento dessas determinações poderá ensejar a aplicação de
multa individual no valor de R$5.000,00 (cinco mil reais); IV) determinou, por fim, a ciência
desta decisão à denunciante. Cumprida a determinação ou vencido o prazo concedido,
retornem os autos conclusos ao Relator.
Plenário Governador Milton Campos, 10 de agosto de 2017.

WANDERLEY ÁVILA JOSÉ ALVES VIANA


Presidente Relator
(assinado eletronicamente)

ahw/

CERTIDÃO
Certifico que a Súmula desse Acórdão foi
disponibilizada no Diário Oficial de Contas de
___/___/______, para ciência das partes.
Tribunal de Contas, ___/___/_____.
_________________________________
Coordenadoria de Sistematização e Publicação
das Deliberações e Jurisprudência

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