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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.

765/2021-7

GRUPO II – CLASSE VI – Primeira Câmara


TC 014.765/2021-7
Natureza: Representação
Órgão: Prefeitura de José de Freitas - PI
Interessado: Reginaldo Soares Veloso Junior (004.148.363-40).
Representação legal: Omar de Alvanez Rocha Leal (12437/OAB-
PI).
SUMÁRIO: REPRESENTAÇÃO CONTRA POSSÍVEIS
IRREGULARIDADES EM PREGÃO PRESENCIAL.
CONHECIMENTO. EXAME SUMÁRIO. BAIXO RISCO,
BAIXA MATERIALIDADE E BAIXA RELEVÂNCIA DO
OBJETO. CIÊNCIA ÀS UNIDADES JURISDICIONADAS.

RELATÓRIO

Adoto, como relatório, instrução cuja proposta foi acolhida pelo escalão dirigente da
Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog):

A. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO

TC 014.765/2021-7 Prejudicada a continuidade do exame da representação;


comunicação dos fatos ao Denasus, FNDE, FNAS, ao órgão de
controle interno e ao TCE/PI; Aplicação de Multa.

UNIDADE JURISDICIONADA UASG


Prefeituras Municipais de José de Freitas/PI, Demerval 981109 (PM de José de
Lobão/PI, e Palmeiras/PI. Freitas/PI)

REPRESENTANTE CNPJ CONTRATO SOCIAL


Link Card Administradora de Benefícios Eireli 12.039.966/001-11 Peça 2
OBJETO DA CONTRATAÇÃO
Contratar, para registro de preço, pessoa jurídica especializada para a prestação de serviços que utilize
tecnologia de gestão e gerenciamento por sistema informatizado e integrado via web ou cartão
magnético, permitindo a transmissão de dados e movimentação diária por software via internet para
locação de máquinas pesadas, abastecimento de veículos, manutenção preventiva e corretiva de veículos,
com fornecimento, de peças, acessórios, componentes, lubrificantes, pneus e materiais originais
recomendados pelo fabricante, visando suprir as necessidades de manutenção dos veículos do Município
de José de Freitas (peça 3, p. 63).
PROCEDIMENTO AUXILIAR DE MODALIDADE NÚMERO DO CERTAME
CONTRATAÇÃO
Não se aplica Pregão Presencial 1/2018 (peça 3, p. 63)
MODO DE DISPUTA CRITÉRIO DE JULGAMENTO
Não se aplica Menor preço por item
VIGÊNCIA VALOR CONTRATADO
Doze meses, a partir de 15 de janeiro de Taxa de administração de 4,5% (peça 3, p. 139)
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2018, podendo ser prorrogado por até


sessenta meses (peça 3, p. 149 e 155)
LEGISLAÇÃO QUE REGE O CONTRATO
Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão) e subsidiariamente a Lei 8.666/1993
SUSPENSO POR MEDIDA CAUTELAR? Não
FASE DO CONTRATO
Informações coletadas no portal da transparência da Prefeitura Municipal de José de Freitas/PI,
atestam que o Contrato 4/2018, celebrado em 15/1/2018, vigeu até 20/12/2020 (peça 10, p. 1).
Em 13/12/2021, o município celebrou o Contrato 165/2021, que se encontra atualmente em
vigência (peça 92).

B. HISTÓRICO

1. O Representante relatou a esta Corte de Contas uma série de irregularidades supostamente


ocorridas no Pregão Presencial 1/2018, visando eventual contratação de pessoa jurídica especializada
para a prestação de serviços de gerenciamento de locação de máquinas pesadas, abastecimento de
veículos e manutenção preventiva e corretiva de veículos.
2. Após análise inicial à peça 12, a equipe técnica entendeu caracterizada a plausibilidade
jurídica das alegações do representante no que se refere ao possível direcionamento do Pregão Presencial
1/2018, com restrição ao caráter competitivo da licitação, habilitação indevida da Conex no certame, e o
direcionamento dos serviços para empresas ligadas à Bamex Consultoria (que são a mesma empresa
como se verá mais adiante).
3. Verificou-se, ainda, indícios de irregularidades na contratação realizada pela prefeitura de
Demerval Lobão/PI, que aderiu à mencionada Ata de Registro de Preços decorrente do PP 1/2018, e
firmou com a Conex Consultoria o Contrato Administrativo 64/2018-PMDL/PI (peça 5, p. 2-18), e a
possibilidade de ter ocorrido situação semelhante no município de Palmeirais/PI, que também aderiu à
Ata de Registro de Preços decorrente do PP 1/2018, e firmou com a Bamex Consultoria o Contrato
Administrativo 6/2018 (peça 12).
4. Na esteira deste entendimento foram autorizadas diligências às Prefeituras de José de
Freitas/PI, Demerval Lobão/PI e Palmeirais/PI, solicitando documentos e informações complementares,
bem como solicitação ao Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE/PI) de informações a respeito da
existência de eventuais ações de controle/fiscalização sobre o Pregão Presencial 1/2018, nos termos
descritos nas propostas de encaminhamento à peça 12, p. 10-11.
5. Após a realização das referidas diligências, nenhuma das entidades encaminhou quaisquer
informações/documentos solicitados.
6. Considerando que as informações solicitadas são imprescindíveis para a análise dos fatos
relatados nesta representação, foram renovadas as diligências, estendendo-se, desta feita, a diligência à
Prefeitura de Palmeirais/PI, ao Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior, prefeito da municipalidade à época
dos fatos, conforme detalhado na instrução à peça 36. Foi também renovada a solicitação de informações
junto ao TCE/PI.
7. Promovidas as medidas preliminares alvitradas, passa-se a analisar as respostas
apresentadas, tópico a tópico, conforme transcrição/contextualização a seguir.
C. HISTÓRICO DE COMUNICAÇÕES
DESPACHO DO RELATOR OU DA
SECRETÁRIA (DELEGAÇÃO DE Peça 37 6/10/2021
COMPETÊNCIA)
OFÍCIOS ENCAMINHADOS PELO TCU

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À Prefeitura de José de
Ofício 58086/2021-TCU/Seproc, de 7/10/2021 (peças 42 e 44)
Freitas/PI
À Prefeitura de Demerval
Ofício 58088/2021-TCU/Seproc, de 7/10/2021 (peças 41 e 45)
Lobão/PI
À Prefeitura de Palmeirais/PI Ofício 8416/2022-TCU/Seproc, de 2/3/2022 (peças 58 e 60)
Ao Tribunal de Contas do Estado
Ofício 58097/2021-TCU/Seproc, de 7/10/2021 (peças 38 e 43)
do Piauí
Ao Sr. Reginaldo Soares Veloso Ofício 8417/2022-TCU/Seproc, de 2/3/2022 (peças 57 e 59); e
Júnior Ofício 8421/2022-TCU/Seproc, de 2/3/2022 (peças 55 e 61)

D. DOCUMENTOS APRESENTADOS EM RESPOSTA ÀS DILIGÊNCIAS/SOLICITAÇÃO

PELA PREFEITURA DE JOSÉ DE FREITAS/PI


A Prefeitura de José de Freitas/PI não encaminhou qualquer documentação ou informação solicitada.
PELA PREFEITURA DE DEMERVAL LOBÃO/PI
A Prefeitura de Demerval Lobão/PI não encaminhou qualquer documentação ou informação solicitada.
PELA PREFEITURA DE PALMEIRAIS/PI
a) Ofício s/n, de 29/3/2022 (peça 63).
b) Notas de Empenho emitidas para pagamento à Conex Consultoria em Gestão Empresarial Ltda.
pela prestação de serviços de gerenciamento informatizado de frota de veículos e a título de taxa de
comissão referente a intermediação de negócio, no exercício de 2018 (peças 64-66).
c) Notas de Liquidação e Ordens de Pagamento emitidos em favor da Conex Consultoria em Gestão
Empresarial Ltda. relativos à prestação de serviços de gerenciamento informatizado de frota de veículos e
a título de taxa de comissão referente a intermediação de negócio, no exercício de 2018 (peças 67-70).
d) Extrato da Conta Corrente do Fundo Municipal de Educação de Palmeirais/PI, referente aos meses
de abril, julho e dezembro de 2018 (peças 71, 72, 76).
e) Documentos diversos de liquidação de despesas emitidos em favor da Conex Consultoria em
Gestão Empresarial Ltda. relativos à prestação de serviços de gerenciamento informatizado de frota de
veículos, tais como notas de empenho, liquidação e pagamento, notas fiscais e comprovante de
transferências bancárias (peças 73-75, 77, 78, 80-88).
f) Extrato da Conta Corrente da Prefeitura Municipal de Palmeirais/PI-FUS, referente ao mês de
dezembro de 2018 (peça 79).
g) Comprovante de protocolo da Ação de Obrigação de Fazer impetrada pelo município de
Palmeirais/PI, perante o ex-prefeito Reginaldo Soares Veloso Júnior (peça 89).

PELA TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO PIAUÍ


h) Ofício 2075/2021-GP-TCE/PI, de 22/11/2021 (peça 47, p. 1), que encaminha em anexo os
seguintes documentos: Relatório de Gestão de Contas da Prefeitura Municipal de José de Freitas/MA,
referente ao exercício de 2019 (peça 47, p. 2-56); cópia do Processo Administrativo 278/2017-PMJF/PI,
relativo ao Pregão Presencial 1/2018-PMJF/PI (peça 47, p. 57-286); e Manifestação da Divisão de Apoio
aos Jurisdicionados (DAJUR), com informações solicitadas pelo TCU (peça 47, p. 287-288).
PELA SR. REGINALDO SOARES VELOSO JÚNIOR
O Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior não encaminhou qualquer documentação ou informação solicitada
ao TCU.

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E. EXAME TÉCNICO

Item 28.1: Reiterar a diligencia à Prefeitura Municipal de José de Freitas/PI para que encaminhe cópia
dos seguintes documentos e/ou esclarecimentos: a) contrato firmado com a empresa Lira e Melo Ltda,
CNPJ 10.972.910/0001-90, e respectivos aditivos, em decorrência do Pregão Presencial 3/2017, que teve
por objeto o gerenciamento de locação de máquinas, acompanhado da relação de todas as contratações
feitas com base neste ajuste; b) documentação relativa à execução do contrato 4/2018-PMJF/PI, firmado
com a Conex Consultoria em gestão empresarial EIRELLE —EPP, CNPJ: 28.008.410/0001-06, para a
prestação de serviços de gerenciamento por sistema informatizado e integrado via web ou cartão
magnético, para locação de maquinas pesadas, abastecimento de veículos, manutenção preventiva e
corretiva de veículos (rede de estabelecimentos credenciados para a prestação dos serviços, relatórios do
sistema com as cotações realizadas para escolha do prestador de serviço, notas de empenho, liquidação e
pagamento, notas fiscais emitidas pela empresa gerenciadora e pelas empresas prestadoras dos serviços,
comprovantes de pagamento, extratos bancários das contas pelas quais foram realizados os pagamentos,
relativos aos exercícios em que os serviços foram contratados, etc.); c) demais informações que julgar
necessárias; e d) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais
dúvidas, informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada
8. A entidade, mais uma vez, não apresentou qualquer manifestação ou documento.
Análise:
9. A Prefeitura Municipal de José de Freitas/PI não encaminhou qualquer dos
documentos ou informações solicitados, tampouco apresentou justificativas para sua omissão.
10. Ambas as diligências, portanto, restaram infrutíferas na obtenção de documentos que
são essenciais à análise das irregularidades relatadas nesta instrução, cuja ausência impede esta
Corte de Contas de manifestar-se de forma conclusiva sobre os indícios de irregularidade
relatadas nesta representação.
11. Ocorre que em resposta à solicitação de informações desta Corte de Contas, o
TCE/PI comunicou que foi realizada análise do processo de contratação decorrente do PP
1/2018, objeto desta representação, relatando a detecção das seguintes irregularidades,
conforme consta do item 2.5 – Sistema de Gerenciamento de Frota, do Relatório de Gestão de
Contas à peça 47, p. 35-43, in verbis:
11.1. Licitação única para objetos diferentes (peça 47, p. 36):
Além dos serviços típicos de implantação de monitoramento, o Instrumento Convocatório
aglutina no mesmo objeto os serviços de locação de máquinas pesadas no item 5.3 do Termo
de Referência. Contudo, em regra, a Administração não pode juntar na mesma licitação/lote
objetos de natureza distinta, exceto caso tenha justificativa expressa no processo licitatório.
O monitoramento é executado por empresas que atuam exclusivamente com esse segmento
como atividade-fim. Da mesma forma, a solução relativa à locação de máquinas também é
realizada por empresa com know-how específico e exclusivo. Ocorre que a unificação desses
serviços em um único objeto excluirá indevidamente do certame as empresas prestadoras
exclusivamente de um dos serviços, razão pela qual impera que seja determinado o
fracionamento do objeto.
A junção de objetos de natureza distinta restringe o universo de participantes vilipendiando
o princípio da competitividade (...).
11.2. Não parcelamento do objeto da licitação (peça 47, p. 37-39):
o item 5.5 do Termo de Referência abrange na licitação os serviços especializados de
transporte por guinchamento em suspenso para remoções e socorro mecânico. Ocorre que a
Lei nº. 8.666/93, ao regulamentar o art. 37, XXI, da CF/88, institui, nos §§ 1º e 2º do art. 23,
a obrigatoriedade de parcelamento do objeto licitado com finalidade de garantir a
ampliação da competitividade, devendo ocorrer a divisão dos serviços em tantas parcelas
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quantas se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com


vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade sem perda da economia.
(...)
Assim, resta evidenciado que a ausência do parcelamento do objeto do Edital ocasionará
prejuízos à vantajosidade do certame, porquanto será indevidamente vedado o acesso de
licitantes com amplas condições de ofertar a proposta mais vantajosa para cada objeto
licitado.
11.3. Ausência de pesquisas de preço (peça 47, p. 38):
Constatou-se que no respectivo PP nº 001/2018 inexistiu a necessária pesquisa prévia de
preços para que pudessem balizar os valores oferecidos pelos licitantes e aqueles executados
nas contratações, servindo, portanto, de parâmetro para que a Administração Pública
identifique o valor médio atual praticado no mercado com vistas a auxiliá-la no
planejamento da contratação, bem assim, a tentar negociar preços com os fornecedores já
contratados no momento de uma possível renovação contratual.
11.4. Ausência de motivação de aditivo contratual (peça 47, p. 38-39):
Em 19/12/2018, foi realizado o Segundo Aditivo ao contrato nº 004/2018 com a empresa
BAMEX CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL LTDA com o objetivo de aditivar
cláusula do valor acrescendo em 25% do valor inicial corrigido para o item “combustíveis”
e prorrogar o contrato por mais 12 meses contados de 14/01/2019. Peça 10, fls. 178 a 181.
(...)
No Termo Aditivo analisado, não constam as justificativas dos fatos imprevistos
supervenientes, conforme reza o art. 65, II, “d” da Lei nº 8.666/93.
11.5. Inexistência de estudos preliminares de dimensionamento do montante de gastos com
combustíveis (peça 47, p. 39-40):
Observou-se que no processo licitatório PP nº 01/2018 foi apresentada a mera descrição do
objeto, com quantitativos estimados totais, sem demonstrar através de planilhas de cálculos
como se chegou a essas quantidades (Peça 10, fl. 21). Chama-se a atenção, portanto, para a
inexistência de estudos/informações preliminares alusivas ao dimensionamento do montante
de gasto despendido com o objeto pretendido, ou seja, não existem elementos que justifiquem
as quantidades estimadas.
Na busca do aperfeiçoamento das práticas da gestão pública municipal, a administração
deveria ter como ponto de partida para a compra de combustíveis, a realização de estudo
preliminar, contendo: consumo médio diário/semanal/mensal por veículo, com base nas
rotas, distâncias percorridas e quantidade de deslocamentos.
(...)
A ausência de um planejamento geral de compras tem como efeito a existência de dados não
confiáveis, a realização de compras desnecessárias e não planejadas, a ineficiência no
atendimento ao usuário e o desperdício de materiais, entre outros.
11.6. Outras irregularidades na execução do gerenciamento da frota de veículos:
a) Ausência de norma regulamentadora das atividades de gerenciamento da frota de
veículos do município (peça 47, p. 41):
o município não possui ato normativo disciplinando as principais atividades de gestão da
frota (cadastramento, solicitação, utilização, abastecimento, manutenção, competências do
setor e do gerente de transporte, etc.) e de manuais de rotinas e procedimentos detalhando
ou padronizando estas atividades, levando a erros e retrabalhos na execução das atividades,
com consequente desperdício de tempo e de recursos públicos.
b) Deficiências no setor responsável pelo gerenciamento da frota dos veículos
municipais (peça 47, p. 41):
o ente deve assegurar que o setor responsável pelo gerenciamento da frota possua recursos
humanos, materiais e tecnológicos adequados para o desenvolvimento de suas atividades. A
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falta de liderança do gerente de transporte para planejar, organizar, dirigir e controlar a


frota pública leva à prática de atos de gestão sem planejamento, organização, direção e
controle, com consequente ineficiência na gestão da frota.
c) Ausência de sistema informatizado de registros das informações de utilização dos
veículos dos municípios (peça 47, p. 41):
a não utilização de um sistema informatizado (software) para gerenciar a frota, levando ao
uso de recursos escriturais e de planilhas para o gerenciamento da frota, com consequente
perda de agilidade para obtenção de informações gerenciais, sobretudo das informações de
natureza técnico-econômica. (...) o diretor de transporte, o Sr. Veridiano Bezerra Sampaio,
respondeu o QE – Gestão de Frota informando que não há registro de informações de
utilização de veículos. (grifo nosso).
d) Ausência de controle adequado de utilização dos pneus da frota de veículos que
possibilitem aferir a durabilidade, o custo e iniba substituições não autorizadas (peça 47, p. 41).
e) Contratação de serviços de aquisição de peças ou de credenciamento de oficinas
para fornecimento de peças e serviços mecânicos, sem apresentação de lista de empresas
credenciadas (peça 47, p. 42):
A contratação de empresa de gerenciamento da manutenção da frota que dispõe de uma rede
credenciada de oficinas para executar os serviços nos veículos da contratante com critério
de julgamento do tipo menor taxa de administração é aceitável desde que a remuneração
esteja dentro de percentual praticado no mercado. Entretanto, não foi apresentada a lista de
credenciadas pela empresa BAMEX CONSULTORIA EM GESTÃO EMPRESARIAL
LTDA. (grifo nosso).
(...)
Não há vantagem econômica em obter-se taxa de administração baixa, quando os preços
efetivos das peças e dos serviços a serem prestados – que representam a maior parte dos
valores despendidos com a contratação – não forem objeto de licitação. Sendo
desconhecidos, não há como se obter a garantia de que o novo modelo é o mais vantajoso
para a Administração Pública.
(...)
Todo esse procedimento é insuscetível de controle, já que a empresa gerenciadora escolhe,
de forma unilateral, as oficinas que participarão da coleta de preços para a execução dos
serviços, abrindo-se, assim, a janela do arbítrio para a escolha de empresas que convenham
ao interesse da empresa gerenciadora. Resultaria obstruída a aplicação, no caso concreto,
do disposto no art. 67 da Lei nº 8.666/93, que trata da fiscalização dos contratos
administrativos pela Administração. Nos casos em que se sagra vencedora da licitação a
empresa gerenciadora que oferta a menor taxa de administração, mas superior a 0% (2%,
3,5%, 5%), a taxa de administração representa índice pequeno em relação aos custos da
execução dos serviços (peças e mão de obra). Não sendo esses fixados previamente, não há
como se conhecerem os preços de maior vulto que devam ser pagos. E é justamente por
desconhecer os preços que serão cobrados pelos serviços e pelas peças que a Administração
Pública infringirá o Princípio da Economicidade. Mesmo quando se busca três orçamentos,
não tem a empresa gerenciadora o compromisso de escolher a cotação mais vantajosa entre
as empresas da rede credenciada.
Assim, a empresa gerenciadora poderá solicitar os orçamentos entre fornecedores que
praticam o preço máximo ou próximo do máximo da tabela oficial de peças da montadora,
ou oficinas que praticam os maiores preços de valor/hora da mão de obra, pois repercutirá
em maior rendimento para si. Quanto mais caro o fornecimento de peças e serviços, maior o
valor auferido com a taxa de administração que a empresa gerenciadora aja de boa-fé
estará obrigada apenas nos termos do contrato celebrado com a Administração, daí a
relevância de bem definir-se o perfil desse contrato e o seu conteúdo mínimo.
12. Percebe-se, portanto, que as irregularidades objeto desta representação, ocorridas
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no Pregão Presencial 1/2018, e no Contrato 4/2018, dele decorrente, tais como a restrição à
competitividade, ausência de rede credenciada, com possível direcionamento dos serviços a
empresas pré-determinadas, foram detectadas pela auditoria realizada pelo TCE/PI, que já vem
realizando a devida apuração das responsabilidades, tendo sido citado o prefeito de José de
Freitas/MA, o Sr. Roger Coqueiro Linhares, para apresentar suas alegações de defesa quanto às
irregularidades detectadas, conforme proposto no Relatório de Gestão de Contas da referida
municipalidade (peça 47, p. 53).
13. Na instrução inicial, à peça 12, fixou-se a competência do TCU, pois foram
identificados alguns pagamentos dos serviços prestados por meio do Contrato 4/2018, decorrente
do PP 1/2018, com recursos do SUS, do Fundeb e do FNAS, conforme notas de empenhos
coletadas no portal da transparência da Prefeitura Municipal de José de Freitas/PI (peça 9).
14. A contratação em questão tinha por objetivo suprir as necessidades de toda a
Prefeitura, portanto presume-se que apenas parcela dos pagamentos dos serviços prestados por
meio do Contrato 4/2018 tenham sido custeados com recursos federais, fazendo ressalva que, em
relação aos recursos do SUS, há competência concorrente do TCU e do TCE na fiscalização da
aplicação dos recursos, em razão do cofinanciamento do SUS com recursos federais, estaduais e
municipais, bem como que, em relação ao Fundeb, a parcela de recursos federais que atrai a
competência do TCU é ainda menor, relacionada apenas à complementação da União.
15. Nas notas de empenho coletadas no portal da transparência da Prefeitura Municipal
de José de Freitas/PI (peça 9), constatou-se o pagamento de apenas R$ 47.178,14 com recursos
do SUS, R$ 14.883,44 com recursos do Fundeb e R$ 5.000,00 com recursos do FNAS. Portanto a
materialidade dos recursos federais envolvidos não é alta. A maior parte dos pagamentos
parece, de fato, ter sido custeada com recursos próprios.
16. Nos termos do art. 106 da Resolução TCU 259/2014 (alterada pela Resolução TCU
323/2020), caso se façam presentes os requisitos de admissibilidade, as unidades técnicas
realizarão exame sumário acerca do risco para o órgão ou entidade jurisdicionada, da
materialidade e da relevância dos fatos noticiados na denúncia ou representação e da
necessidade de atuação direta do Tribunal no caso concreto.
17. No caso ora em análise, não se vislumbra risco à Unidade Jurisdicionada,
materialidade ou relevância dos fatos noticiados, como requer o art. 106 da Resolução TCU
259/2014, na medida em que a irregularidade noticiada, se confirmada, já foi consumada, sem a
possibilidade de reversão.
18. Da mesma forma, como dito acima, não há materialidade na parcela de recursos
federais aplicados na execução do contrato, bem como não há necessidade de atuação direta do
Tribunal, pois entende-se que a atuação corretiva do TCE/PI é suficiente para dar o adequado
tratamento ao fato noticiado, sem esquecer que os recursos federais aplicados também estão
sujeitos à fiscalização das pastas responsáveis pelos repasses dos recursos e do órgão de controle
interno.
19. Neste sentido, considerando que a documentação carreada aos autos não permite a
manifestação conclusiva das irregularidades relatadas no Pregão Presencial 1/2018, e no
Contrato 4/2018; considerando que o TCE/PI já realizou a apuração das referidas
irregularidades em suas ações de fiscalização e já está promovendo a devida responsabilização
dos gestores envolvidos, com a proposição de recomendações para evitar a reincidência dos
fatos; considerando que a presente representação não atende aos requisitos previstos no exame
sumário disposto no art. 106 da Resolução-TCU 259/2014, entende-se que deve ser considerada
prejudicada a continuidade do exame da representação por este Tribunal, diante do baixo risco,
da baixa relevância e da baixa materialidade de seu objeto, autorizando o arquivamento do
presente processo após a representação ser levada ao conhecimento do Departamento Nacional
de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), do Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e do Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS) para a adoção das
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providências de suas alçadas e armazenamento em base de dados acessível ao Tribunal, com


cópia para o respectivo órgão de controle interno, nos termos do art. 106, § 4º, inciso II, da
Resolução-TCU 259/2014, alterada pela Resolução-TCU 323/2020.
20. Quanto ao não encaminhamento de qualquer documento ou informação solicitada
nas diligências realizadas por esta Corte de Contas, tal comportamento denota desídia da
representada com dever constitucional de prestar contas dos recursos públicos por ela aplicados,
a que se encontra obrigada por força do parágrafo único, do art. 70, da CF/1988.
21. Nesse sentido, considerando que a não apresentação de documentos imprescindíveis
à apuração de irregularidades tratadas em processo de controle externo, expressamente
cobrados em diligência, sujeita o responsável à aplicação da multa prevista no art. 58, IV, da Lei
8.443/1992, e que a aplicação de multa por não atendimento a diligência do TCU prescinde de
realização de prévia audiência quando constar na comunicação processual encaminhada ao
responsável advertência de que o não cumprimento à diligência pode ensejar a aplicação da
referida penalidade (Acórdãos 2202/2011-TCU-Primeira Câmara, Min. Rel. Ubiratan Aguiar, e
Acórdão 3015/2019-Primeira Câmara, Min. Rel. Augusto Sherman), será proposta a aplicação
de multa ao Sr. Roger Coqueiro Linhares, Prefeito Municipal de José de Freitas/PI.
Item 28.2: Reiterar a diligencia à Prefeitura Municipal de Demerval Lobão/PI para que encaminhe cópia
dos seguintes documentos e/ou esclarecimentos: a) documentação relativa à execução do Contrato
Administrativo 64/2018-PMDL/PI firmado com Conex Consultoria em gestão empresarial EIRELLE —
EPP, CNPJ: 28.008.410/0001-06, para a prestação dos serviços de gerenciamento por sistema
informatizado e integrado via web ou cartão magnético, para locação de maquinas pesadas,
abastecimento de veículos manutenção preventiva e corretiva de veículos (rede de estabelecimentos
credenciados para a prestação dos serviços, relatórios do sistema com as cotações realizadas para
escolha do prestador de serviços, notas de empenho, liquidação e pagamento, notas fiscais emitidas pela
empresa gerenciadora e pelas empresas prestadoras dos serviços, comprovantes de pagamento, extratos
bancários das contas pelas quais foram realizados os pagamentos, relativos aos exercícios em que os
serviços foram contratados, etc.); b) demais informações que julgar necessárias; e c) designação formal
de interlocutor que conheça da matéria para dirimir eventuais dúvidas, informando nome, função/cargo,
e-mail e telefone de contato.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada:
22. A entidade não apresentou qualquer manifestação.
Análise:
23. Ambas as diligências restaram infrutíferas na obtenção de documentos que são
essenciais à análise das irregularidades relatadas nesta instrução.
24. Sem tais documentos não há como concluir, sequer, pela competência desta Corte de
Contas para fiscalizar o Contrato 64/2018-PMDL/PI firmado pela Prefeitura de Demerval
Lobão com a Conex Consultoria, via adesão à Ata de Registro de Preços decorrente do PP
1/2018.
25. Embora haja indícios de que houve direcionamento dos serviços realizados via
Contrato Administrativo 64/2018-PMDL/PI, para empresas ligadas à Conex Consultoria (peça 5,
p. 2-18), quando se observa, pelas notas fiscais emitidas pelos estabelecimentos prestadores de
serviço, que somente a empresa Aro Sport (CNPJ 11.485.534/0001-71), ligada ao proprietário da
Conex (peça 1, p. 9-10), realizou serviços de reposição e manutenção automotiva, os
comprovantes de transferência à peça 5, p. 25, 30 e 34, denotam que os pagamentos realizadas
na execução do contrato são provenientes de uma conta bancária da prefeitura municipal,
vinculada aos recursos do Fundo de Participação dos Municípios, cuja fiscalização escapa à
competência desta Corte de Contas, haja vista que o TCU não possui jurisdição sobre a
utilização dos recursos provenientes do Fundo de Participação dos Municípios após a sua
entrega ao ente federado, ficando essa responsabilidade a cargo dos respectivos tribunais de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

contas estaduais ou municipais (Acórdão 977/2017-TCU-Plenário, Min. Rel. Aroldo Cedraz).


26. Nesse sentido, será proposto o encaminhamento desta representação ao TCE/PI para
que adote as providências que entender pertinente, acerca dos indícios de irregularidade
relatados nesta representação.
27. Item 28.3: Reiterar a diligencia à Prefeitura Municipal de Palmeirais para que
encaminhe cópia dos seguintes documentos e/ou esclarecimentos: a) informe quais os recursos
utilizados para a execução do Contrato Administrativo 6/2018, firmado com a empresa Conex
Consultoria em gestão empresarial EIRELLE —EPP,CNPJ: 28.008.410/0001-06, em razão da
adesão à Ata de Registro de Preços decorrente do PP1/2018, encaminhando as notas de empenho
que suportem suas respostas; b) caso tenham sido utilizados recursos provenientes de repasses de
verbas federais à municipalidade na execução do Contrato Administrativo 6/2018, encaminhar
cópia de toda a documentação relativa à execução contratual (rede de estabelecimentos
credenciados para a prestação dos serviços, relatórios do sistema com as cotações realizadas
para escolha do prestador de serviços, notas de empenho, liquidação e pagamento, notas fiscais
emitidas pela empresa gerenciadora e pelas empresas prestadoras dos serviços, comprovantes de
pagamento, extratos bancários das contas pelas quais foram realizados os pagamentos, relativos
aos exercícios em que os serviços foram contratados, etc.); c) demais informações que julgar
necessárias; e d) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir
eventuais dúvidas, informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato
Manifestação da Unidade Jurisdicionada sobre os indícios de irregularidades (peça 63):
28. O Prefeito de Palmeirais, Sr. José Baltazar de Oliveira, informou que os recursos
utilizados para a execução do Contrato Administrativo 6/2018, foram recursos provenientes de
repasses federais.
29. Reiterou a indisponibilidade da referida documentação nos arquivos da Prefeitura,
mas obteve alguns empenhos, notas de liquidação e extratos, que foram encaminhadas em anexo
à sua manifestação.
30. Ressaltou que ingressou com uma Ação de Obrigação de Fazer de Exibição de
Documentos, em face do ex-gestor, Sr. Reginaldo Soares Veloso, para que ele apresente toda a
documentação solicitada por este Tribunal de Contas, e encaminhou em anexo o comprovante de
protocolo da referida ação (peça 80).
Análise:
31. A documentação encaminhada pelo prefeito de Palmeirais/PI consiste basicamente
em Notas de Empenho, Notas de Liquidação e Ordens de Pagamento emitidas em favor da Conex
Consultoria em Gestão Empresarial Ltda. relativas à prestação de serviços de gerenciamento
informatizado de frota de veículos e a título de taxa de comissão referente a intermediação de
negócio, no exercício de 2018, acompanhadas de algumas poucas notas fiscais relativas ao
pagamento de taxas de intermediação de negócios e reembolso pelo gerenciamento de
informatizado de manutenção veicular (peças 64-70, 73-75, 77, 78, 80-88), e de alguns extratos
de conta corrente do Fundo Municipal de Educação e da Prefeitura Municipal de Palmeirais/PI-
FUS (peça 71, 72, 76, e 79).
32. Pelos documentos apresentados, denota-se que foram utilizados recursos próprios do
município e de transferências federais para pagamentos à Conex, pela prestação de serviços de
gerenciamento informatizado de frota de veículos e a título de taxa de comissão referente a
intermediação de negócio, quais sejam (peças 64-66):
a) Fonte 119 - recursos de transferência da União para o Município, referentes ao
Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE) (peça 64, p. 1-9 c/c peça 91).
b) Fonte 01 - recursos ordinários da municipalidade (Peça 65, p. 10-26 c/c peça 91),
recursos próprios do Fundo Municipal de Saúde (FMS) (peça 66, p. 5-18; 43-44 c/c peça 91).

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

c) Fonte 110 - recursos provenientes de transferências recebidas do Fundo de


Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) (peça 65 c/c peça 91).
d) Fonte 210 – Recursos proveniente de transferência da União para o Município, via
Fundo Nacional de Saúde, para financiamento do SUS (peça 66, p. 1-4; 19-42; 45-47 c/c peça
91).
33. Os recursos provenientes de transferências da União para o FNDE, Fundeb e FMS
(fontes 119, 110 e 210) estão sujeitas à competência fiscalizatória do TCU, ao passo que os
recursos ordinários da municipalidade e os repasses municipais ao FMS (fonte 101) estão
sujeitos à jurisdição do TCE/PI.
34. Ou seja, tanto o TCU quanto o TCE/PI possuem competência para fiscalização do
Contrato Administrativo 6/2018, firmado com a empresa Conex Consultoria em gestão
empresarial, em razão da adesão à Ata de Registro de Preços decorrente do PP 1/2018.
35. A atuação desta Corte de Contas na presente representação encontra sérias
limitações, em especial, pela falta de elementos probatórios, haja vista que a diligência feita
junto ao Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior não obteve resposta, como se verá a seguir, e os
elementos apresentados em resposta às diligências feitas junto ao município de Palmeirais/PI,
consolidam-se como uma documentação incompleta, sem organização sistemática, e
desacompanhada de qualquer relatório gerencial, o que não permite a realização de
manifestação conclusiva por esta Corte de Contas acerca da sua boa e regular aplicação.
36. Observa-se, na verdade, que a situação do Contrato 6/2018, celebrado pela
Prefeitura de Palmeirais/PI, se assemelha à situação do Contrato 4/2018, celebrado pela
Prefeitura de José de Freitas/PI, em que parte da execução contratual é custeada por recursos
federais e outra parte, que parece ser mais significativa, com recursos próprios do município.
37. Sendo assim, entende-se que o encaminhamento deve ser o mesmo proposto no item
18 acima. Além disso, considerando que o TCE/PI já vem analisando o PP 1/2018, que está na
origem do Contrato Administrativo 6/2018, e considerando que a prefeitura de Palmeirais/PI
presta contas de sua gestão perante aquela Corte de Contas, será proposto o encaminhamento
desta representação ao TCE/PI para que adote as providências que entender pertinentes.
Item 28.4: Diligenciar o Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior, Prefeito Municipal de
Palmeirais/PI, à época dos fatos, com fundamento nos artigos 157 e 187 do Regimento Interno
deste Tribunal, para que, no prazo de quinze dias, encaminhe cópia dos seguintes documentos
e/ou esclarecimentos: a) informe quais os recursos utilizados para a execução do Contrato
Administrativo 6/2018, firmado com a empresa Conex Consultoria em gestão empresarial
EIRELLE —EPP, CNPJ: 28.008.410/0001-06, em razão da adesão à Ata de Registro de Preços
decorrente do PP 1/2018, encaminhando as notas de empenho que suportem suas respostas; b)
caso tenham sido utilizados recursos provenientes de repasses de verbas federais à
municipalidade na execução do Contrato Administrativo 6/2018, encaminhar cópia de toda a
documentação relativa à execução contratual (rede de estabelecimentos credenciados para a
prestação dos serviços, relatórios do sistema com as cotações realizadas para escolha do
prestador de serviços, notas de empenho, liquidação e pagamento, notas fiscais emitidas pela
empresa gerenciadora e pelas empresas prestadoras dos serviços, comprovantes de pagamento,
extratos bancários das contas pelas quais foram realizados os pagamentos, relativos aos
exercícios em que os serviços foram contratados, etc.). c) demais informações que julgar
necessárias; e d) designação formal de interlocutor que conheça da matéria para dirimir
eventuais dúvidas, informando nome, função/cargo, e-mail e telefone de contato.
Manifestação da Unidade Jurisdicionada:
38. O Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior não apresentou qualquer manifestação.

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

Análise:
39. O Sr. Reginaldo Soares Veloso Júnior não encaminhou qualquer dos documentos ou
informações solicitados, tampouco apresentou justificativas para sua omissão.
40. Tal comportamento denota desídia do gestor com dever constitucional de prestar
contas dos recursos públicos por ele aplicados, a que se encontra obrigado por força do
parágrafo único, do art. 70, da CF/1988, o que pode ensejar a imputação de débito e aplicação
de multa pela omissão no dever de prestar contas em eventual processo de tomada de contas
especial. Todavia, não é cabível a aplicação da multa prevista no art. 58, IV, da Lei 8.443/1992,
já que ele, na condição de ex-gestor, não está obrigado a atender à diligência deste Tribunal.
Item 45.5: Reiterar a solicitação ao Tribunal de Contas do Estado do Piauí que informe, se possível, a
respeito da existência de eventuais ações de controle/fiscalização sobre o Pregão Presencial 1/2018,
realizado no âmbito da Prefeitura Municipal de José de Freitas/PI, encaminhando cópia de documentos e
informações que entenderem pertinentes, mediante o instituto do compartilhamento de provas, sem
prejuízo da manutenção do sigilo por parte desta Corte de Contas.
Manifestação do TCE/PI:
41. A Entidade encaminhou o Relatório de Gestão de Contas da Prefeitura Municipal de
José de Freitas/PI, referente ao exercício de 2019 (peça 47, p. 2-56); cópia do Processo
Administrativo 278/2017-PMJF/PI, relativo ao Pregão Presencial 1/2018-PMJF/PI (peça 47, p.
57-286); e Manifestação da Divisão de Apoio aos Jurisdicionados (DAJUR), com informações
solicitadas pelo TCU (peça 47, p. 287-288).
42. Na folha de informação à peça 47, p. 287, o TCE/PI informa que foi realizada
análise do referido procedimento licitatório, com a detecção de irregularidades, conforme consta
do item 2.5 – Sistema de Gerenciamento de Frota, do Relatório de Gestão de Contas à peça 47,
p. 35-43.
Análise:
43. A documentação encaminhada pelo TCE/PI nos permitiu verificar que a entidade já
analisou o Pregão Presencial 1/2018 e o contrato dele decorrente, na prestação de contas de
2018, do Município de José de Freitas/PI, conforme consta do item 2.5 – Sistema de
Gerenciamento de Frota, do Relatório de Gestão de Contas à peça 47, p. 35-43.
44. As análises e implicações das informações prestadas pelo TCE/PI estão dispostas na
análise da diligência realizada ao município de José de Freitas/PI (ver parágrafos 11 a 18 desta
instrução).
Outras considerações
45. Após o início da instrução processual, a empresa representante encaminhou duas
novas petições que foram acostadas aos autos às peças 48 e 50.
46. Na primeira, datada de 10/12/2021, apresenta as seguintes informações (peça 48):
46.1. Um representante da Link Card compareceu ao Município de Palmeirais/PI, para tentar
obter cópias da execução firmada com a Bamex, mas na oportunidade foi dito que os arquivos
sumiram.
46.2. Os dados bancários, no entanto, poderiam ser consultados, afinal, permanecem nos
registros da instituição bancária, assim como bastaria solicitar à Bamex os relatórios extraídos
do sistema referente a cada mês, com os dados das manutenções feitas, veículos, valores gastos,
data e os estabelecimentos credenciados responsáveis por realizarem as vendas à Prefeitura.
46.3. Em que pese o incontroverso problema envolvendo a execução dos contratos oriundos da
contratação de José de Freitas e a recalcitrância dos órgãos e da Bamex em apresentar
documentos, a empresa tem se utilizado dos atestados de capacidade técnica fornecidos por esses
locais para comprovar qualificação técnica.
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

46.4. Segundo a representante há indícios de que estes atestados contêm informações falsas,
citando o comparativo com contratos celebrados por outras municipalidades, de forma a
demonstrar desproporcionalidade nos valores apresentados nestes atestados de capacitação
técnica.
47. Na segunda petição, datada de 28/1/2022, relata o seguinte (peça 50):
47.1. Há evidências de falsidade no atestado de capacidade técnica apresentados pela
Bamex no Pregão Eletrônico 60/2021 (peça 51), realizado pela Prefeitura Municipal de
Timon/MA, destinado a contratação dos serviços de gerenciamento dos abastecimentos
(combustíveis) e manutenções preventivas/corretivas/substituição de peças para veículos, para
atender as demandas futuras da municipalidade.
47.2. Segundo a representante, os atestados apresentados foram emitidos pelas Prefeituras
Municipais de José de Freitas/PI, Demerval Lobão/PI e Palmeirais/PI, no entanto, os serviços
relatados nos atestados não são compatíveis com os contratos de serviços assinados com aquelas
municipalidades.
47.3. Do cotejamento entre os atestados e os contratos assinados, verifica-se que os
atestados possuem sérios indícios de conterem dados inverídicos, afinal, contemplam a
disponibilização de TAG RFID, embora nos seus respectivos contratos não tenham tais
exigências (peça 50, p. 3-6, e peça 51).
47.4. De acordo com a representante esta informação deve ter sido indevidamente inserida
nos atestados para atender às exigências do certame da Prefeitura Municipal de Timon/MA, que
prevê o fornecimento de sistema informatizado e integrado, com a utilização de etiqueta com
tecnologia RFID.
Análise:
48. A representante traz aos autos denúncia de irregularidades ocorridas em processo
licitatório promovido por outra municipalidade, o município de Timon/MA.
49. Segundo a representante, a Conex teria apresentado na licitação atestados de
capacidade técnica adulterados, posto que em desconformidade com os contratos que os
suportam.
50. Entende-se não ser o caso de analisar, no presente processo de representação, esse
novo certame realizado pelo município de Timon/MA, seja porque não foram encaminhados
indícios suficientes concernentes às irregularidades relatadas, como o edital do certame por
exemplo, seja porque não restou clara a competência do TCU.
51. Na verdade, a representante parece ter tido a intenção de trazer novos elementos
acerca das irregularidades já relatadas na inicial, no sentido de caracterizar a ocorrência de
contínuas irregularidades praticadas pela Conex e seu grupo econômico.
CONCLUSÃO
52. De acordo com o quadro apresentado pela representante, uma empresa, a Conex
consultoria (ou Bamex Consultoria) estaria apresentando atestados de capacidade técnica falsos
para se habilitar em processos licitatórios para prestação de serviços de gerenciamento de
frotas, e nos contratos celebrados estaria cometendo uma série de irregularidades, como o não
fornecimento de sistema de gerenciamento de frotas e rede credenciada, com direcionamento dos
serviços de reparo e manutenção veicular para oficinas ligadas ao seu proprietário, sem que
houvesse uma efetiva pesquisa de mercado para a contratação dos serviços de manutenção.
53. A inserção de serviços de locação de máquinas pesadas no mesmo processo
licitatório para contratação de serviços de gerenciamento de frotas restringindo o caráter
competitivo do Pregão Presencial 1/2018; a habilitação indevida da Conex na referida licitação,
posto que não apresentou sua DRE ou qualquer outra demonstração contábil relativa ao
exercício de 2017, mas apenas seu balanço patrimonial de abertura (peça 12, p. 8); a negativa
das entidades contratantes em apresentar a documentação relativas às referidas contratações,
em resposta às diligências desta Corte de Contas, a desconformidade dos atestados de
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

capacidade técnica com os contratos que lhe deram fundamento (peça 51); a inexistência de um
sistema informatizado (software) para gerenciamento de frota, constatada pelo TCE/PI na
execução do Contrato 4/2021 (peça 47, p. 41); a negativa da Prefeitura de José de Freitas em
apresentar a lista de credenciadas pela empresa Bamex Consultoria ao TCE/PI (peça 47, p. 42);
e o fato de apenas e tão somente a empresa Aro Sport, vinculada ao proprietário da Conex, ter
realizado os serviços de reposição e manutenção automotiva, contratados no Contrato
Administrativo 64/2018-PMDL/PI, celebrado com a Prefeitura de Demerval Lobão (peças 5 e 6),
são indícios de que as irregularidades relatadas pela representante tenham de fato ocorrido.
54. Embora todos estes elementos indiquem que a Bamex foi indevidamente habilitada
no PP 1/2018, que contou com cláusulas restritivas de competitividade, e na execução do
contrato celebrado, 4/2018, a empresa não prestou os serviços na forma contratada, posto que
não forneceu software de gerenciamento de frota, e a rede credenciada de prestadores de serviço,
com direcionamento de serviços para oficinas ligadas ao grupo, esta Corte de Contas não dispõe
de elementos suficientes para manifestação conclusiva acerca da ocorrência das referidas
irregularidades, e tampouco, para eventual responsabilização dos gestores envolvidos,
especialmente pela negativa das entidades diligenciadas em encaminhar os documentos e
informações solicitados, e por restarem infrutíferas as pesquisas realizadas na rede mundial de
computadores, em especial, na página de transparência da municipalidade.
55. O mesmo ocorre em relação aos contratos firmados pela adesão à Ata de Registro de
Preços decorrente do PP 1/2018, Contrato 64/2018-PMDL/PI, firmado entre a Prefeitura
Municipal de Demerval Lobão/PI com Conex Consultoria, e o Contrato 6/2018, celebrado entre
a Prefeitura Municipal de Palmeirais/PI e a referida empresa.
56. No caso do Contrato 6/2018, a documentação encaminhada pelo atual prefeito de
Palmeirais/PI permite inferir a presença de recursos municipais e federais na sua execução, mas
se trata de documentação incompleta e esparsa, que não possibilita um pronunciamento
conclusivo acerca da regularidade da execução do ajuste (ver parágrafos 30 a 36 desta
instrução).
57. No caso do Contrato 64/2018-PMDL/PI, não se pode inferir nem mesmo a
competência desta Corte de Contas, uma vez que os comprovantes de transferência à peça 5, p.
25, 30 e 34, denotam que os pagamentos foram realizados com recursos do Fundo de
Participação dos Municípios, cuja fiscalização está a cargo Tribunal de Contas do Estado do
Piauí (ver parágrafos 22-25 desta instrução).
58. Diante deste quadro, considerando que não foram obtidos os elementos necessários
para que esta Corte de Contas apresente manifestação conclusiva acerca das irregularidades
nesta representação; considerando que o Tribunal de Contas do Piauí já está realizando a
apuração das referidas irregularidades ocorridas no PP 1/2018, e no Contrato dele decorrente
4/2018, em processo de prestação de contas do Município de José de Freitas/PI, no qual está
promovendo a devida responsabilização dos gestores envolvidos, e adotando medidas para evitar
a repetição das ocorrências detectadas, conforme descrito nos parágrafos 11 a 18 desta
instrução; considerando que o TCE/PI tem competência para fiscalizar todas as contratações em
comento, considerando que as municipalidades envolvidas nas contratações apresentam suas
prestações de contas ao TCE/PI; considerando que a presente representação não atende aos
requisitos previstos no exame sumário disposto no art. 106 da Resolução-TCU 259/2014;
entende-se que a medida mais adequada neste momento processual é considerar prejudicada a
continuidade do exame da representação por este Tribunal, diante do baixo risco, da baixa
relevância e da baixa materialidade de seu objeto, autorizando o arquivamento dos autos após a
representação ser levada ao conhecimento do Denasus, do FNDE e do FNAS para a adoção das
providências de suas alçadas e armazenamento em base de dados acessível ao Tribunal, com
cópia para o respectivo órgão de controle interno, nos termos do art. 106, § 4º, inciso II, da
Resolução-TCU 259/2014, alterada pela Resolução-TCU 323/2020, bem como encaminhamento
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

de cópia da presente representação ao TCE/PI, para que adote as medidas que julgar pertinentes
em relação aos relatos de irregularidade na execução dos Contratos 64/2018-PMDL/PI, firmado
entre a Prefeitura Municipal de Demerval Lobão/PI, com a Conex Consultoria, e 6/2018,
celebrado entre a Prefeitura Municipal de Palmeirais/PI e a referida empresa.
59. Por fim, considerando que a não apresentação de documentos imprescindíveis à
apuração de irregularidades tratadas em processo de controle externo, expressamente cobrados
em diligência, sujeita o responsável à aplicação da multa prevista no art. 58, IV, da Lei
8.443/1992, e que a aplicação de multa por não atendimento a diligência do TCU prescinde de
realização de prévia audiência quando constar na comunicação processual encaminhada ao
responsável advertência de que o não cumprimento à diligência pode ensejar a aplicação da
referida penalidade (Acórdãos 2202/2011-TCU-Primeira Câmara, Min. Rel. Ubiratan Aguiar, e
Acórdão 3015/2019-Primeira Câmara), será proposta a aplicação de multa ao Sr. Roger
Coqueiro Linhares, Prefeito Municipal de José de Freitas/PI.
60. O arquivamento do presente processo só deve ocorrer após o efetivo recolhimento da
eventual multa aplicada e sua quitação.
F. IMPACTO DOS ENCAMINHAMENTOS PROPOSTOS

Haverá impacto relevante na Unidade Jurisdicionada e/ou na sociedade, Não


decorrente dos encaminhamentos propostos?
G. PEDIDO DE INGRESSO AOS AUTOS, DE INFORMAÇÕES/VISTAS/CÓPIAS, E DE SUSTENTAÇÃO
ORAL

Há pedido do representante de ingresso aos autos? Não


Há pedido de informações/vistas/cópia do processo? Não
Há pedido de sustentação oral? Não
H. PROCESSOS CONEXOS E APENSOS

Há processos conexos noticiando possíveis irregularidades na contratação Não


ora em análise?
Há processos apensos? Não
I. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

61. Em virtude do exposto, propõe-se:


61.1. conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade constantes no
art. 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o art. 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, e no art. 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
61.2. considerar prejudicada a continuidade do exame da representação por este Tribunal,
diante do baixo risco, da baixa relevância e da baixa materialidade de seu objeto;
61.3. comunicar os fatos ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde (Denasus), ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e ao Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS), para adoção das providências internas de sua alçada e
armazenamento em base de dados acessível ao Tribunal, com cópia para a Controladoria Geral
da União, sem prejuízo de encaminhar-lhes cópia dos autos;
61.4. aplicar ao Sr. Roger Coqueiro Linhares, Prefeito Municipal de José de Freitas/PI, a
multa prevista no art. 58, inciso IV, da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a
contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do
Regimento Interno), o recolhimento da multa aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

monetariamente da data do acórdão até a do efetivo recolhimento, se for paga após o


vencimento, na forma da legislação em vigor;
61.5. com fulcro no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, autorizar, desde logo, a cobrança
judicial da dívida, caso não atendida a notificação;
61.6. autorizar, desde logo, o pagamento da dívida em até 36 parcelas mensais e
consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 217 do Regimento Interno, caso
solicitado pelo responsável, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a
contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre
cada parcela, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
61.7. alertar o responsável de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer
parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do
Regimento Interno deste Tribunal;
61.8. encaminhar cópia da presente representação ao Tribunal de Contas do Estado do
Piauí (TCE/PI), para que adote as medidas que julgar pertinentes em relação aos relatos de
irregularidade na execução dos Contratos 64/2018-PMDL/PI, firmado entre a Prefeitura
Municipal de Demerval Lobão/PI com Conex Consultoria em gestão empresarial EIRELLE —
EPP, CNPJ: 28.008.410/0001-06, e 6/2018, celebrado entre a Prefeitura Municipal de
Palmeirais/PI e a referida empresa; e
61.9. informar às Prefeituras Municipais de José de Freitas/PI, Demerval Lobão/PI e
Palmeiras/PI e ao representante do acórdão que vier a ser proferido, destacando que o relatório
e o voto que fundamentam a deliberação ora encaminhada podem ser acessados por meio do
endereço eletrônico www.tcu.gov.br/acordaos.

VOTO

Trata-se de representação formulada pela Link Card Administradora de Benefícios


contra possíveis irregularidades ocorridas Pregão Presencial 1/2018, realizado pela Prefeitura de José
de Freiras/PI, e no contrato dele derivado, cujo objeto é a prestação de serviços que utilize tecnologia
de gestão e gerenciamento por sistema informatizado e integrado via web ou cartão magnético,
permitindo a transmissão de dados e movimentação diária por software via internet para locação de
máquinas pesadas, abastecimento de veículos, manutenção preventiva e corretiva de veículos, com
fornecimento, de peças, acessórios, componentes, lubrificantes, pneus e materiais originais
recomendados pelo fabricante.
A representante acusa a ocorrência das seguintes irregularidades: restrição ao caráter
competitivo do certame pela omissão, no aviso de licitação, de informações sobre o objeto da
contração; habilitação indevida da empresa vencedora do certame (Conex Consultoria em Gestão
Empresarial Eireli EPP, também denominada Bamex Consultoria) por ter apresentado documentação
inidônea; prejuízo à seleção da proposta mais vantajosa para a Administração Pública, uma vez que,
apenas, uma empresa acorreu ao certame; favorecimento a poucas empresas credenciadas e ligadas à
contratada para fornecimento de peça automotiva de reposição; reprodução das mesmas
irregularidades relatadas no município de José de Freitas/PI em outros entes municipais, como
Demerval Lobão e Palmeiras, também no Estado do Piauí.
A Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog), após exame da peça
inaugural e da realização de diligências aos municípios envolvidos e ao Tribunal de Contas do Estado
do Piauí, propõe, entre outras medidas:
a) conhecer da representação, satisfeitos os requisitos de admissibilidade aplicáveis à
espécie;
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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 014.765/2021-7

b) considerar prejudicado a continuidade do exame da representação, diante do baixo risco,


baixa relevância e baixa materialidade do objeto;
c) dar ciência dos fatos ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de
Saúde (Denasus), ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ao Fundo Nacional
de Assistência Social (FNAS), cujos recursos estão envolvidos nas ocorrências, e à Controladoria-
Geral da União, para adoção das providências internas de suas respectivas alçadas;
d) enviar cópia da representação ao Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE/PI) para
adoção das medidas que julgar pertinentes em relação às irregularidades apontadas na execução dos
Contratos 64/2018-PMDL/PI e 6/2018, firmados entre a empresa Conex Consultoria e,
respectivamente, as Prefeituras de Demerval Lobão/PI e Palmeirais/PI;
e) aplicar sanção pecuniária individual ao prefeito do Município José de Freitas/PI, Roger
Coqueiro Linhares, por não-atendimento injustificado a diligência realizada pela Unidade Técnica;
Feito esse resumo, decido.
Conheço da representação, preenchidos os requisitos estabelecidos nos artigos 113, § 1º, da
Lei 8.666/1993, c/c o artigo 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento Interno/TCU, e no artigo
103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014.
Consoante esmiuçado no relatório antecedente, embora haja indícios de irregularidade
envolvendo recursos federais no custeio dos contratos impugnados, o exame sumário indica existência
de baixo risco do objeto da representação para os órgãos ou entidades jurisdicionados, baixa
materialidade dos recursos federais envolvidos e baixa relevância da matéria. Nos termos do artigo
106, § 4º, inciso II, a Resolução-TCU 259/2014, alterada pela Resolução-TCU 323/2020, não há como
dar prosseguimento ao exame do feito por parte desta Corte de Contas.
Nada obstante, dou ciência dos fatos ao Departamento Nacional de Auditoria do Sistema
Único de Saúde (Denasus), ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ao Fundo
Nacional de Assistência Social (FNAS), cujos recursos foram envolvidos nas irregularidades, e à
Controladoria-Geral da União, para adoção das medidas pertinentes nas esferas das respectivas
competências.
Consta dos autos que o Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE/PI) já realizou
apuração das irregularidades representadas e está promovendo a responsabilização dos agentes
envolvidos. Nessa vereda, deverá ser informado ao TCE/PI sobre a existência de outras irregularidades
relatadas pela unidade instrutiva, para adoção das devidas providências que entender cabíveis.
Por fim, divirjo da proposta da Unidade Técnica de aplicar sanção pecuniária ao prefeito
do Município José de Freitas/PI, Roger Coqueiro Linhares, por não-atendimento injustificado à
diligência deste Tribunal. Embora considere que a medida visa preserva a autoridade desta Corte, não
surtirá o efeito útil desejado quanto a coagir o jurisdicionado ao fornecimento de documentos, uma vez
que não mais será dado prosseguimento ao exame da representação pelo TCU.
Ante o exposto, voto por que o Tribunal acolha a minuta de acórdão que ora submeto à
apreciação do colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 25 de outubro de 2022.

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WALTON ALENCAR RODRIGUES


Relator

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ACÓRDÃO Nº 7754/2022 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo nº TC 014.765/2021-7.
2. Grupo II – Classe de Assunto VI: Representação.
3. Interessados/Responsáveis:
3.1. Interessado: Reginaldo Soares Veloso Junior (004.148.363-40).
4. Órgão: Prefeitura de José de Freitas - PI.
5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.
6. Representante do Ministério Público: não atuou.
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo de Aquisições Logísticas (Selog).
8. Representação legal: Omar de Alvanez Rocha Leal (12437/OAB-PI).

9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de representação;
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da Primeira
Câmara, ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. conhecer da representação, preenchidos os requisitos de admissibilidade constantes no
artigo 113, § 1º, da Lei 8.666/1993, c/c o artigo 237, inciso VII e parágrafo único, do Regimento
Interno/TCU, e no artigo 103, § 1º, da Resolução - TCU 259/2014;
9.2. considerar prejudicada a continuidade do exame da representação por este Tribunal,
diante do baixo risco, da baixa relevância e da baixa materialidade de seu objeto;
9.3. dar ciência deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o acompanham ao
Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), ao Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE) e ao Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS), para
adoção das providências internas de sua alçada e armazenamento em base de dados acessível ao
Tribunal, com cópia para a Controladoria Geral da União;
9.4. encaminhar cópia da representação, bem como deste acórdão, do relatório e do voto ao
Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE/PI), para adoção das medidas que julgar pertinentes em
relação aos relatos de irregularidade na execução dos Contratos 64/2018-PMDL/PI e 6/2018, firmados
entre a empresa Conex Consultoria e, respectivamente, as Prefeituras de Demerval Lobão/PI e
Palmeirais/PI;
9.5. dar ciência às Prefeituras de José de Freitas/PI, Demerval Lobão/PI e Palmeiras/PI e
ao representante do acórdão proferido, assim como do relatório e do voto que o fundamentam.

10. Ata n° 38/2022 – 1ª Câmara.


11. Data da Sessão: 25/10/2022 – Ordinária.
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-7754-38/22-1.

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13. Especificação do quórum:


13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Walton Alencar Rodrigues (Relator),
Vital do Rêgo e Jorge Oliveira.
13.2. Ministros-Substitutos presentes: Augusto Sherman Cavalcanti e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente) (Assinado Eletronicamente)


BENJAMIN ZYMLER WALTON ALENCAR RODRIGUES
na Presidência Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Subprocurador-Geral

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