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ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO
CONSULTORIA JURÍDICA DA UNIÃO ESPECIALIZADA VIRTUAL DE PATRIMÔNIO
NÚCLEO JURÍDICO

PARECER n. 00122/2021/NUCJUR/E-CJU/PATRIMÔNIO/CGU/AGU

NUP: 10154.196923/2020-18
INTERESSADOS: SUPERINTENDÊNCIA DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL -
SPU/RS
ASSUNTOS: DOAÇÃO DE BENS IMÓVEIS.

EMENTA:
I - Direito Administrativo. Patrimônio Imobiliário da União;
II - Doação, sem encargo, de bens imóveis à União, pela Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde
de Porto Alegre - UFCSPA;
III - Fundamentação Legal: Artigo 17, inciso I, alínea “b”, da Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993;
IV - Análise da minuta de Portaria de Aceitação de Doação e Minuta de Contrato de Doação, sem encargo;
V - Pela aprovação das minutas de Portaria de Aceitação de Doação e minuta do Contrato de Doação, sem
encargo, mediante o atendimento das recomendações contidas neste parecer.

I – RELATÓRIO

1. A Superintendência Regional do Patrimônio da União no Estado do Rio Grande Do Sul (SPU/RS) encaminha o
presente processo à esta Consultoria Jurídica da União Especializada Virtual de Patrimônio (e-CJU/Patrimônio), por intermédio do
OFÍCIO SEI Nº 35378/2021/ME, de 11 de fevereiro de 2021, com a finalidade de atender ao pedido de pronunciamento jurídico em
relação a possibilidade de aceitar a doação de dois imóveis da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre -
UFCSPA, à União, bem como de análise da minuta de Portaria de Aceitação de Doação (SEI 13594908) e minuta do Contrato de
Doação, sem encargo, com força de escritura pública (SEI 13596270), nos termos do artigo 11, inciso VI , alínea “b”, da Lei
Complementar n. 73, de 1993, que instituiu a Lei Orgânica da Advocacia-Geral da União e do artigo 19, incisos I e VI, do Ato
Regimental n. 5, de 27 de setembro de 2007, do Advogado-Geral da União, em cumprimento ao resultado no artigo 38, parágrafo
único, da Lei nº 8.666, de 1993.

2. O presente processo trata da doação, sem encargo, com força de escritura pública, de dois imóveis da Fundação
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA, na qualidade de Outorgante Doadora, inscrita no
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) sob o nº 92.967.595/0001-77, representada pela Reitora Senhora Lúcia Campos
Pellanda, brasileira, portadora da Carteira de Identidade RG n° 9005543591 – SJS/II RS, inscrita no CPF/MF n° 628.314.700-30, à
União, na qualidade de Outorgada Donatária, pessoa jurídica de direito público interno, representada pelo Superintendente do
Patrimônio da União no Estado do Rio Grande do Sul (SPU/RS), sendo, um terreno situado na Rua Corrêa Lima, sob nº 1259,
bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS, com área superficial de 9.060,00m² (RIP 8801 01095.500-6) - (SEI 12536699), cadastrado
junto à Secretaria Municipal da Fazenda do Município de Porto Alegre sob Número de Inscrição n° 2024632 (SEI 12537804) e o
outro, situado na Rua Corrêa Lima, sob nº 1381, bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS, medindo 26,00 metros de frente a sudeste
à Rua Correa Lima, lado ímpar, distante 133,05 metros da esquina da Rua Hipólito da Costa, lado par; dividindo-se a nordeste, numa
extensão de 94,00 metros, com imóvel que é de Milton Flores da Cunha Mattos; e pelo outro lado, a sudoeste, numa extensão de 95,00
metros divide-se com imóvel que é de Hugo Fagundes Garcia; confrontando-se, nos fundos, a noroeste, numa extensão de 19,00
metros com imóvel que é de Antônio Fagundes Garcia e outros. Quarteirão formado pelas ruas Hipólito da Costa, Correa Lima e
Miguel Couto (RIP 8801 01097.500-7) - (SEI 12536706), cadastrado junto à Secretaria Municipal da Fazenda sob Número de
Inscrição n° 6279589 (SEI 12537809); conforme ainda, com a descrição contida na Cláusula Primeira da minuta do Contrato de
Doação (SEI 13596270).

3. Em janeiro de 2011, a Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre - UFCSPA, adquiriu
esses dois terrenos, com áreas de 2.123,95m² e 9.060m², contíguos ao terreno doado com encargo pela Secretaria de Patrimônio da
União, em maio de 2010, situado na rua Corrêa Lima nº 1239, com área de 4.350m² para a “instalação de futuro Campus no Bairro
Santa Tereza em Porto Alegre/RS”, matrícula nº 40.035 de 28/05/2010, conforme informação contida na justificativa da Proposição de
Doação (SEI 12536589), e que, tinha como encargo o início das obras em 2 anos e 5 anos para seu andamento, fato este não
concretizado. Sobre esse terreno, a única menção que temos conhecimento está contida na ATA DE SESSÃO ORDINÁRIA Nº
08/2019/CONSUN, realizada dia 05/09/2019, que diz: " Em relação aos terrenos de Santa Tereza, o primeiro terreno foi doado em
2009 com cláusula de tempo para construção, cujo prazo venceu em 2015 e não foi solicitada a renovação pela Universidade.
Informou que o terreno já foi perdido, a devolução foi solicitada pela SPU e não há o que deliberar a respeito, pois a devolução
precisa ser feita. " ( SEI 13593337, fl.410, linhas 406-410).

4. Na Proposição de Doação, a UFCSPA alegou que "em análise técnica de engenharia verificou-se que os três terrenos
se situavam próximo a Área de Preservação Ambiental –APP, não permitindo a concretização do projeto de engenharia proposto para
atender as necessidades de ampliação de área física da universidade.", e ainda que houve despesas e que "Tais despesas impactaram
financeiramente de forma significativa no orçamento global da universidade, sem que houvessem garantias de recursos financeiros
para efetivação das obras após os estudos e projetos, nem mesmo previsão de incremento orçamentário para a manutenção dos
prédios construídos.Ressalta-se que diante do prazo transcorrido, quase 10 anos, e da não efetivação da construção, o terreno doado

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com encargo teria sua reversão efetuada.(...), Diante disso e considerando apontamentos de auditorias da CGU, que recomendavam a
tomada de decisão quanto à destinação dos terrenos adquiridos, a atual gestão encaminhou ao Conselho Universitário da instituição
o relato da situação e a proposição da doação dos terrenos à Polícia Federal. Dessa forma,foi aprovada, conforme ata em anexo, a
doação dos bens." (SEI 12536589)

5. Houve Resolução deliberativa nº 23/2019/CONSUN, de 5 de setembro de 2019, do Conselho Universitário, órgão de


instância máxima da Universidade, que decidiu pela doação do terreno com área de 2.123,92m², registrado no Serviço de Registro de
Imóveis da 5ª Zona da Comarca de Porto Alegre (RS) no livro nº 2 do Registro Geral sob a matrícula nº 21.481 e do terreno com área
de 9,060 m², registrado no Serviço de Registro de Imóveis da 5ª Zona da Comarca de Porto Alegre (RS) no livro nº 2 do Registro
Geral sob a matrícula nº 42.415 para o Departamento de Polícia Federal ou Secretaria de Patrimônio da União. (SEI 12422757)

6. Houve Despacho de Aceite de Doação (SEI 13594158), bem como juntada a Minuta de Portaria de Aceitação de
Doação. (SEI 13594908)

7. O processo acha-se instruído com a Minuta do Contrato de Doação, imprescindível ao desiderato (SEI 13596270),
além de outros documentos pertinentes à consecução dos objetivos ambicionados.

8. São acostados aos autos:

Matrícula nº 21.481; 12422384; 12422566


Matrícula nº 42.415; 12422441
Resolução nº 23/2019; 12422757
Planta; 12448180
Formulário de proposição de doação; 12536589
Resumo da avaliação - matrícula 42.415; 12536689
Anexo Decreto nomeação - Reitora - Lucia Campos; 12536693
Espelho SPIUnet - RIP 8801 01095.500-6; 12536699
Espelho SPIUnet - RIP 8801 01097.500-7; 12536706
Cadastro Município - matricula 42.415; 12537804
Cadastro Município - matricula 21.481; 12537809
Certidão Valor Venal - matricula 42.415; 12537824
Certidão Valor Venal - Matrícula 21.481; 12537832
Certidão Negativa de Débitos - Município; 12537959
Comprovante Inscrição CNPJ - UFCSPA; 12538483
Certidão Negativa de Tributos Federais; 12538600
Certidão Negativa de Débitos Trabalhistas; 12538609
Certificado de regularidade FGTS - UFCSPA; 12538616
Estatuto UFCSPA; 12558430
Ofício 320521; 12558623
Ofício 320523; 12558645
Certidão Negativa de Débitos - Município; 13592142
Certificado de regularidade FGTS - UFCSPA; 13593034
Resolução 23/2019/CONSUN; 13593337
Portaria Nomeação - Gladstone; 13593872
Despacho (aceite da doação); 13594158
Minuta de Portaria de Aceitação de doação - UFCSP; 13594908
Minuta de Contrato de Doação; 13596270
Ofício 35378; 13653500
Ofício 189; 13718265
Despacho; 13718489
Matrícula nº 42.415; 13724910
Matrícula nº 21.481; 13724953
Despacho; 13725109

9. É o relatório.

II - DA FINALIDADE E ABRANGÊNCIA DO PARECER JURÍDICO

10. A presente manifestação jurídica tem o escopo de assistir a autoridade assessorada no controle interno da legalidade
administrativa dos atos a serem praticados ou já efetivados. Ela envolve, também, o exame prévio dos textos de editais, de minutas de
contratos e de seus anexos, quando for o caso.

11. Nossa atribuição é justamente apontar possíveis riscos do ponto de vista jurídico e recomendar providências para
salvaguardar a autoridade assessorada, a quem compete avaliar a real dimensão do risco e a necessidade de se adotar ou não a
precaução recomendada.

12. Importante salientar, que o exame dos autos processuais se restringe aos seus aspectos jurídicos, excluídos, portanto,
aqueles de natureza técnica. Em relação a estes, parte-se da premissa de que a autoridade competente se municiou dos conhecimentos
específicos imprescindíveis para a sua adequação às necessidades da Administração, observando os requisitos legalmente impostos.

13. Já as questões que envolvam a legalidade, de observância obrigatória pela Administração, serão apontadas, ao final
deste parecer, como óbices a serem corrigidos ou superados.

14. Por fim, com relação à atuação desta Consultoria Jurídica, é importante informar que, embora as observações e
recomendações expostas não possuam caráter vinculativo, constituem importante instrumento em prol da segurança da autoridade
assessorada, a quem incumbe, dentro da margem de discricionariedade que lhe é conferida pela lei, avaliar e acatar, ou não, tais
ponderações, ressaltando-se, todavia, que o seguimento do processo sem a observância destes apontamentos será de responsabilidade
exclusiva do órgão, por sua conta e risco.

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III - FUNDAMENTAÇÃO

15. As razões declinadas pela SPU-RS para fins de fundamentar a formalização da Doação, sem encargo, foram
aviadas no bojo do Despacho abaixo (SEI 13594158), não competindo a esta -E-CJU Patrimônio endossar o mérito administrativo,
tendo em vista que este é relativo à área técnica competente da Administração, em atendimento à recomendação da Consultoria-Geral
da União, por meio das Boas Práticas Consultivas, BPC nº 07.

" DESPACHO
Processo nº 10154.196923/2020-18
Assunto: Incorporação de imóvel - Recebimento em Doação
Imóvel: Rua Correa Lima, sob nºs 1259 e 1381, bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS

1. Trata o presente processo de solicitação de incorporação ao patrimônio imobiliário da União (recebimento


em Doação) e posterior entrega ao Departamento de Polícia Federal dos imóveis situados na Rua Correa
Lima, sob nºs 1259 e 1381, bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS, conforme E-mail (12422069) e seus anexos
(SEI 12422187, 12422384, 12422441, 12422566, 12422757).
2. Trata-se de imóveis de propriedade da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre -
UFCSPA, constituído por dois terrenos com as seguintes características:

a) Terreno situado na Rua Correa Lima, sob nº 1259, bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS, com área superficial
de 9.060,00m², medindo 12,50 metros de largura de frente a leste no alinhamento da Rua Correa Lima, nº 1.299,
lote 1, parte de um todo maior desmembrado do prédio de nº 1.299 da Rua Correa Lima, ao sul, partindo da dita
rua mede 199,50 metros, fazendo divisa com Eny Magalhães Jardim; nos fundos entesta com terras que são ou
foram de José Difini por uma linha enviezada no sentido sudeste-noroeste, que mede 56,00 metros; ao norte,
distanciado 69,50 metros do alinhamento da Rua Correa Lima, a divisa é formada por uma linha que mede
174,50 metros dividindo-se com terras que são ou foram de José Difini; a leste, ainda, perpendicularmente ao
limite sul, a divisa é formada por um trecho de reta que, partindo da extremidade divisa norte, a 69,50 metros do
alinhamento da Rua Correa Lima, medindo 19,50 metros, ao fim da qual, em linha curva com 60,08 metros de
comprimento, segue na direção norte-leste, completando-se por uma linha reta perpendicular à Rua Correa Lima
e paralela a divisa sul, com 30,00 metros. Quarteirão formado pelas ruas Correa Lima, Hipólito da Costa e
outras duas vias públicas projetadas.
Este imóvel encontra-se cadastrado no Sistema de Gerenciamento de Imóveis de Uso Especial da União -
SPIUnet sob RIP 880101955006, registrado no Registro de Imóveis da 5ª Zona de Porto Alegre sob matrícula
n° 42.415 (SEI 12422441) e cadastrado junto à Secretaria Municipal da Fazenda do Município de Porto Alegre
sob Número de Inscrição n° 2024632 (SEI 12537804).

b) Terreno situado na Rua Correa Lima, sob nº 1381, bairro Santa Tereza, Porto Alegre/RS, medindo 26,00
metros de frente a sudeste à Rua Correa Lima, lado ímpar, distante 133,05 metros da esquina da Rua Hipólito da
Costa, lado par; dividindo-se a nordeste, numa extensão de 94,00 metros, com imóvel que é de Milton Flores da
Cunha Mattos; e pelo outro lado, a sudoeste, numa extensão de 95,00 metros divide-se com imóvel que é de
Hugo Fagundes Garcia; confrontando-se, nos fundos, a noroeste, numa extensão de 19,00 metros com imóvel
que é de Antônio Fagundes Garcia e outros. Quarteirão formado pelas ruas Hipólito da Costa, Correa Lima e
Miguel Couto.
Este imóvel encontra-se registrado no Registro de Imóveis da 5ª Zona de Porto Alegre sob Matrícula nº 21.481
(SEI 12422384) e cadastrado junto à Secretaria Municipal da Fazenda sob Número de Inscrição n° 6279589
(SEI 12537809).

3. Instruem o processo

4. Foi enviado o Ofício nº 320521/2020/ME (SEI 12558623), solicitando ao Cartório de Registro de Imóveis da
5ª Zona de Porto Alegre a Certidão negativa de ônus, gravames e de distribuição de ações reais e
reipersecutórias relativa aos imóveis objeto da proposição de doação.

5. Anexamos ao processo, minuta de Contrato de Doação (SEI 13596270) e minuta de Portaria de Aceitação de
Doação (SEI 13594908), propondo-se que sejam enviadas para exame e aprovação prévia pela Consultoria
Jurídica da União no Estado do Rio Grande do Sul, enquanto aguarda-se a documentação solicitada ao Cartório
e a elaboração de laudo de avaliação dos imóveis.

Porto Alegre/RS, 09 de fevereiro de 2021.


Documento assinado eletronicamente
BERNADETE WEBER RECKZIEGEL
Geógrafa - SPU/RS

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a) Levando em conta o interesse público e os aspectos de conveniência e


oportunidade administrativa, aceito a doação dos imóveis supra referenciados.
b) Visando dar continuidade aos procedimentos de incorporação do imóvel acima
identificado, encaminhe-se o processo à Consultoria Jurídica da União no Estado do Rio Grande do
Sul para fins de apreciação da Minuta de Contrato de Doação, anexada ao presente processo sob
documento SEI 13596270 e da minuta de Portaria de Aceitação de Doação anexada ao presente
processo sob documento SEI 13594908.

Documento assinado eletronicamente


GLADSTONE THEMÓTEO MENEZES BRITO DA SILVA
Superintendente do Patrimônio da União no Estado do Rio Grande do Sul"

16. Analisando o regramento legal sobre a matéria, vislumbro que a alienação de bens imóveis pelo Poder Público por
meio de doação tem previsão no artigo 17, inciso I, alínea 'b', da Lei Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993:

"Lei Ordinária Federal nº 8.666, de 21 de junho de 1993


(Regulamenta o artigo 37, inciso XXI, da Constituição Federal e instituiu
normas para licitações e contratos da Administração Pública)

Capítulo I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Seção VI

Das Alienações

Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da administração pública, de qualquer
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i (Redação dada pela Lei Federal nº 11.952, de de
25 de junho de 2009;" (negritei)

17. Prosseguindo, antes de adentrar ao mérito dos autos, mister se faz refletir acerca do instituto jurídico da doação,
definido pelo legislador no Código Civil Brasileiro da seguinte maneira:

"Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio
bens ou vantagens para o de outra.
[...]
Art. 541. A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular.
Parágrafo único. A doação verbal será válida, se, versando sobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir
incontinenti a tradição.
[...]
Art. 553. O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro,
ou do interesse geral.
Parágrafo único. Se desta última espécie for o encargo, o Ministério Público poderá exigir sua execução, depois
da morte do doador, se este não tiver feito.
[...]
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
[...]
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não
havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo
razoável para que cumpra a obrigação assumida." (negritei e sublinhei)

18. Devidamente esclarecidas as premissas gerais da doação, passa-se à análise pormenorizada.

19. No âmbito de atuação da SPU, quanto ao recebimento de imóvel mediante doação, vigem as regras contidas na
Instrução Normativa nº 22, de 22 de fevereiro de 2017, de lavra do Secretário do Patrimônio da União, de onde é possível extrair as
seguintes disposições de relevo ao caso:

"Art. 10 São requisitos básicos da aquisição de imóveis e respectivos direitos em nome da União:
I - a capacidade plena do agente transmitente, no caso das aquisições por acordo entre as partes;
II - condições de alienabilidade e disponibilidade do bem;
III – demonstração do atendimento dos critérios de racionalidade de uso do imóvel proposto, quando destinado à
implantação ou funcionamento de órgão da APF;
IV – a fixação do preço, quando se tratar de aquisição onerosa; e
V – a adequada identificação e caracterização do bem.
§ 1º Considera-se plenamente capaz aquele assim considerado pela legislação civil.

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§ 2º Para efeito do disposto no inciso II do caput, não são considerados alienáveis ou disponíveis os imóveis:
I – de família, entendido como aqueles destinados à residência da família, que só podem ser alienados à União
com o consentimento judicial, a pedido dos interessados e ouvido o Ministério Público;
II – gravados com cláusula de inalienabilidade, admissível nas doações e nos testamentos;
III – declarados indisponíveis por decisão judicial; ou
IV – afetados para uso especial do poder público ou uso comum do povo.
§ 3º Para comprovação da condição de que trata o inciso III do caput deverão ser observados os critérios e
dimensões estabelecidos na Portaria SPU nº 241, de 20 de novembro de 2009, sem prejuízo de outros baixados
pelo Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão.
§ 4º Para efeito do inciso V do caput, a identificação e a caracterização serão consideradas adequadas quando
obtidas a partir de planta e memorial descritivo contendo as coordenadas georreferenciadas dos vértices
definidores dos limites do imóvel.
§ 5º Para atendimento do § 4º deste artigo deverão ser observados:
I – quando imóveis urbanos, as disposições presentes no art. 176, § 1º, inciso II, item 3, alínea "b", da Lei nº
6.015, de 1973, somadas às orientações técnicas expedidas pela área competente da SPU quanto ao
georreferenciamento de imóveis;
II – em se tratando de imóveis rurais, as disposições presentes no art. 176, § 1º, inciso II, item 3, alínea "a", e §§
3º a 6º da Lei nº 6.015, de 1973, além de outras regras aplicáveis a bens de mesma natureza.
§ 6º Para fins desta IN, na atividade de caracterização de imóveis adquiridos em nome da União, é necessária,
quando for o caso, a apresentação de anotação de responsabilidade técnica ART no respectivo conselho de
fiscalização profissional.
Art. 11 Constituem títulos pelos quais se efetivará e formalizará a aquisição dos direitos reais e possessórios
sobre bens imóveis pela União aqueles indicados no Anexo I desta IN, por modalidade de aquisição imobiliária.
§ 1º Os atos de aquisição formalizados por meio de contratos serão lavrados em livro próprio da respectiva
SPU/UF, admitida a modalidade eletrônica de lavratura, realizada em sistema corporativo da SPU.
§ 2º Compete ao respectivo Superintendente do Patrimônio da União autorizar a lavratura dos contratos de
aquisição que tenham por objeto imóvel adquirido em nome da União.
§ 3º Os contratos de aquisição lavrados deverão consignar:
I – identificação da data e local de sua assinatura;
II - identificação, qualificação e ateste da capacidade de todos os participantes do contrato;
III – manifestação clara de vontade das partes e dos intervenientes;
IV – as cláusulas aplicáveis previstas no art. 55 da Lei n° 8.666, de 21 de junho de 1993, de acordo à respectiva
modalidade de aquisição, no que couber; e
V – apresentação dos documentos e das certidões mencionadas nos incisos I, III, IV e V do art. 1º do Decreto nº
93.240, 9 de setembro de 1986.
§ 4º Os títulos aquisitivos lavrados pela SPU terão força de escritura pública de acordo com o art. 74 do
Decreto-Lei nº 9.760, de 5 de setembro de 1946.
§ 5º A publicação no Diário Oficial da União dos extratos de contratos e de seus aditamentos tendo por objeto a
aquisição de imóveis constitui condição indispensável para a eficácia dos mesmos, devendo ser providenciada
até o quinto dia útil do mês seguinte ao de sua assinatura, nos termos do art. 61, parágrafo único, da Lei nº
8.666, de 1993.
§ 6º Os títulos aquisitivos não formalizados por meio de contrato devem ser arquivados na SPU/UF em que se
localizar o imóvel.
§ 7º Nos títulos aquisitivos e respectivos atos autorizativos fica dispensada a descrição e caracterização do
imóvel urbano, desde que estes elementos constem da certidão do Cartório de Registro de Imóveis.
§ 8º Na hipótese prevista no §7º deste artigo, o instrumento consignará exclusivamente o número da matrícula
ou da transcrição no Registro de Imóveis, sua completa localização e os documentos e certidões constantes do
art. 1º, §2º, da Lei nº 7.433, de 1985."

20. Especificamente quanto ao recebimento por doação, a Seção III da referida Instrução Normativa consagra que:

"Seção III
Do Recebimento por Doação
Art. 19 O processo de aquisição imobiliária mediante recebimento por doação, cujos procedimentos encontram-
se especificados no Anexo XVI desta IN, deverá ser autuado na SPU/UF a partir de proposição da pessoa física
ou jurídica proprietária do respectivo imóvel ofertado, ou ainda do órgão da Administração Pública Federal
interessado na sua utilização.
§ 1º Na hipótese de aquisição por doação destinada ao atendimento de interesse da própria SPU, o processo
deverá ser autuado a partir de requerimento fundamentado do Superintendente do Patrimônio da União do
Estado de localização do imóvel.
§ 2º Para formalização de proposição de doação deverá ser utilizado o modelo constante do Anexo XVII desta
IN.
§ 3º A documentação necessária à instrução dos processos de aquisição mediante recebimento por doação
encontra-se relacionada no Anexo II desta IN.
Art. 20 A avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade administrativa da aceitação ou recusa da
doação pela União deverá considerar, além da comprovação dos requisitos previstos no art. 10 desta IN:
I – a existência de interesse público, econômico ou social no recebimento do imóvel ofertado em doação,
levando-se em conta principalmente as potencialidades, estado físico, as restrições de uso e ocupação, assim
como eventuais ônus ou encargos incidentes sobre o bem; e
II – na hipótese de doação com encargos, a demonstração, pelo órgão interessado, da capacidade de
cumprimento dos encargos e condições estabelecidas pelo doador, tais como prazos, vinculação do uso e as
obrigações do donatário no tocante a obras e reformas.
§ 1º Para avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade administrativa referentes à doação deverá ser
utilizado o formulário de análise técnica constante do Anexo XVIII desta IN, seguindo-se à publicação da
respectiva portaria de aceitação ou recusa, adotando-se os modelos constantes dos Anexos XIX e XIXA,
respectivamente.

https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293 5/9
16/03/2021 https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293
§ 2º Caso o doador compreenda ente da administração pública, de qualquer esfera de governo, será requerida
para formalização da doação a manifestação formal do respectivo representante legal quanto à destinação do
imóvel e à aceitação da minuta padrão de contrato de doação utilizada pela SPU.
Art. 21 A existência de ônus ou encargos incidentes sobre o bem ofertado não impede, necessariamente, a
aquisição mediante recebimento por doação.
Parágrafo único. Na hipótese de constatada a conveniência e oportunidade de aceitação de doação de imóvel na
situação referida no caput, deverá o órgão interessado comprovar a disponibilidade de recursos financeiros para
arcar com os ônus incidentes.
Art. 22 Para formalização da aquisição imobiliária mediante recebimento por doação deverá ser utilizado o
modelo de contrato constante do Anexo XX desta IN.
Parágrafo único. Para publicação do extrato de contrato de doação deverá ser adotado o modelo constante do
Anexo XXI desta IN."

21. Como já dito, nos termos do artigo 17, da Lei nº 8.666, de 21 de Junho de 1993, a alienação de bens da Administração
Pública está subordinada à existência de interesse público devidamente justificado e será precedida de avaliação.

"Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público
devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas (...)"

22. Como se vê, a existência de interesse público, fins e uso de interesse social, são pressupostos à doação de bens, com
dispensa de licitação.

23. É de responsabilidade do órgão assessorado zelar para que a efetiva demonstração das razões de interesse público e de
interesse social que sustentam a doação estejam presentes.

24. E, conforme o Despacho do Superintendente do Patrimônio da União no Estado do Rio Grande do Sul, há interesse
público, ipsis litteris " Levando em conta o interesse público e os aspectos de conveniência e oportunidade administrativa, aceito a
doação dos imóveis supra referenciados." (SEI 13594158)

25. Logo, a doação proposta em favor da União apresenta interesse público, justificado pela autoridade competente no
respectivo processo administrativo.

26. De outra parte temos que a demonstração e justificativa da existência de interesse público deve também ser vista sob
múltiplas opções, avaliando e sopesando as vantagens, possibilidades e viabilidade de cada uma delas.

27. Levando em conta ainda o interesse público e a destinação do imóvel, na Resolução do Conselho Universitário nº
23/2019/CONSUN, já defini a destinação dos imóveis para o Departamento da Polícia Federal ou para a Secretaria de Patrimônio da
União. Na Proposição de doação há o direcionamento dos imóveis para a Superintendência de Polícia Federal no Rio Grande do Sul
SR/PF/RS, bem como, no item 1, do Despacho anteriormente transcrito (SEI 13594158).

28. Quanto a apresentação da avaliação dos imóveis em questão, constatamos nos autos as divergentes e, por vezes,
desatualizadas informações, vejamos:

MATRICULA Nº 42.415 - 9.060,00 m²:


CAIXA - Parecer técnico nº 7136.7136.234922/2010.01.01.01 - SEQ 002, Valor de avaliação do imóvel R$
877.000,00; realizada em 14 de maio de 2010. (SEI 12536689)
PREFEITURA DE PORTO ALEGRE. Certidão de Valor Venal do Imóvel: R$ 5.597.992,80 calculado para o
ano de 2020. (SEI 12537824)
"Esta certidão não tem validade para fins de averbação do registro de imóveis."

MATRICULA Nº 21.481 - 2.123,95 m²:


CAIXA - Parecer técnico nº 7136.7136.234922/2010.01.01.01 - SEQ 003, Valor de avaliação do imóvel R$
677.000,00; realizada em 14 de maio de 2010. (SEI 12422566)
PREFEITURA DE PORTO ALEGRE. Certidão de Valor Venal do Imóvel: R$ 539.700,87 calculado para o ano
de 2020. (SEI 12537832)
"Esta certidão não tem validade para fins de averbação do registro de imóveis."

29. Constatamos que no Despacho (SEI 13594158), de 09 de fevereiro de 2021, foi pedido a realização de novo laudo de
avaliação dos imóveis, in verbis:
"5. Anexamos ao processo, minuta de Contrato de Doação (SEI 13596270) e minuta de Portaria de Aceitação de
Doação (SEI 13594908), propondo-se que sejam enviadas para exame e aprovação prévia pela Consultoria
Jurídica da União no Estado do Rio Grande do Sul, enquanto aguarda-se a documentação solicitada ao Cartório
e a elaboração de laudo de avaliação dos imóveis." (negritei)

30. Destacamos que nos termos da INSTRUÇÃO NORMATIVA SPU Nº 5, DE 28 DE NOVEMBRO DE 2018, que
dispõe sobre as diretrizes de avaliação dos imóveis da União ou de seu interesse, bem como define os parâmetros técnicos de avaliação
para cobrança em razão de sua utilização; disciplina que o prazo geral de validade destes atos é de 01 ano, nos termos do art. 30, e a
aplicação das modalidades das avaliações, art. 15,16 e 17, eis os textos normativos:

"Art. 15. A aplicação das modalidades das avaliações para imóveis da União será definida conforme a finalidade
da avaliação.
Art. 16. O laudo de avaliação será exigido para as seguintes finalidades:
[...]
VII - doação com ou sem encargo;
[...]

https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293 6/9
16/03/2021 https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293
Art. 17. O Relatório de valor de referência será utilizado para as quaisquer forma de cessões gratuitas, inclusive
entregas e cessões sob regime de aforamento gratuito, para constar em contratos.
[...]
Art. 30. Os laudos e os relatórios de valor de referência terão prazo de validade de 1 (um) ano, contado a
partir da data de sua realização." (negritei)

31. Recomenda-se, verificar se foi elaborado novo Laudo de Avaliação, conforme solicitado no despacho (SEI
13594158), e fazer constar os valores dos imóveis na Cláusula Sétima do Contrato de Doação (SEI 13596270), devendo o Órgão
assessorado (SPU/RS), no exercício de sua competência discricionária, a qual envolve juízo de conveniência e oportunidade intrínseco
à pratica do ato administrativo (decisão administrativa a ser tomada), avaliar a viabilidade e relevância de inserir tal informação.

32. No que tange a competência, para melhor contextualizar os apontamentos a seguir lançados, oportuno é o
esclarecimento acerca da prática de atos de representação política e legal relacionados à administração patrimonial da União. Nesse
diapasão, cumpre asseverar que vigora, nos termos da Lei nº 13.844, de 18 de junho de 2019, artigo 31, inciso XX, a competência
atribuída ao Ministério da Economia.

33. Tal atribuição ocorre por intermédio da Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, conforme
estrutura regimental aprovada pelo Decreto nº 9.745, de 8 de abril de 2019, em seu artigo 102, inciso I, do Anexo I, verbis:

"Art. 102. À Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União compete:


I - administrar o patrimônio imobiliário da União e zelar por sua conservação;"

34. Em continuação, seguindo o mesmo raciocínio quanto às delegações, o artigo 1º, inciso VIII, da Portaria MP nº 54, de
22 de fevereiro de 2016, subdelegou ao Secretário do Patrimônio da União a competência para “o recebimento ou recusa de doação e
de dação em pagamento, de bens imóveis à União”. Tal competência se reafirma, em subdelegação aos Superintendentes do
Patrimônio da União por meio do artigo 8º, da Instrução Normativa nº 22, de 22 de fevereiro de 2017.

35. Quanto aos poderes de autorização por parte da doadora - Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de
Porto Alegre, há que se destacar a reunião do Conselho Universitário, realizada em 05 de setembro de 2019 (Ata de Sessão Ordinária
Nº 08/2019/CONSUN), e Resolução deliberativa nº 23/2019/CONSUN, de 5 de setembro de 2019, do Conselho Universitário, órgão
de instância máxima da Universidade, que decidiu pela doação do terreno com área de 2.123,92m², registrado no Serviço de Registro
de Imóveis da 5ª Zona da Comarca de Porto Alegre (RS) no livro nº 2 do Registro Geral sob a matrícula nº 21.481 e do terreno com
área de 9,060 m², registrado no Serviço de Registro de Imóveis da 5ª Zona da Comarca de Porto Alegre (RS) no livro nº 2 do Registro
Geral sob a matrícula nº 42.415 para o Departamento de Polícia Federal ou Secretaria de Patrimônio da União. (SEI 12422757)

36. Em relação aos poderes para assinatura do Contrato de Doação, recaem a Reitora da Fundação Universidade Federal
de Ciências da Saúde de Porto Alegre, ex vi do artigo 18, inciso I, do Estatuto da Fundação Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre – UFCSPA (SEI 12558430), veja-se:

"Art. 18. São atribuições do Reitor:


I - representar a Universidade em juízo ou fora dele;"

37. Para o Donatário – União, nos termos do inciso III, do artigo 102, do Decreto nº 9.745, de 8 de abril de 2019, à
Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União também compete, dentre outros atos, "lavrar, com força de escritura
pública, os contratos de aquisição, alienação, locação, arrendamento, aforamento, cessão e demais atos relativos a imóveis da União
e providenciar os registros e as averbações junto aos cartórios competentes".

38. Neste contexto, há autorização para os Superintendentes do Patrimônio da União firmarem os contratos de aquisição
de imóveis, com supedâneo na Portaria SPU nº 40/2009, alterada pela Portaria SPU n° 217/2013, in verbis:

"Art. 1º Autorizar os Superintendentes do Patrimônio da União a firmar os contratos de aquisição, alienação,


locação, arrendamento, aforamento, cessões, concessões, autorizações e permissões relativos a imóveis da
União."

39. Ocorre que foi publicada a Portaria nº 12.746, de 30 de novembro de 2018, que redefiniu as competências do
Superintendente de Patrimônio da União, veja-se:

"Art. 9° Subdelegar aos Superintendentes do Patrimônio da União nos Estados e no Distrito Federal a
competência para a prática dos seguintes atos administrativos, observado no que couber o disposto na
Tabela constante do Anexo I:
I - aceitação e recusa de dação em pagamento e de doação com ou sem encargos de bens imóveis da União;"
(negritei)

40. Convém destacar que os Comitês Gestores de Destinação Estaduais mencionados na Portaria nº 12.746, de 30 de
novembro de 2018, foram extintos tacitamente, tendo em vista o Decreto nº 9.679/2019, posteriormente revogado pelo Decreto
9.745/2019, o que, por conseguinte, outorga aos Superintendentes Regionais do Patrimônio da União as competências então
reconhecidas àqueles Comitês, no âmbito das Superintendências.

41. Em face do exposto, o melhor fundamento a ser utilizado para a determinação da competência para a assinatura do
contrato de doação é aquele previsto no artigo 1º, Portaria SPU nº 40/2009, alterada pela Portaria SPU n° 217/2013, qual seja, do
Superintendente do Patrimônio da União no Estado do Rio Grande do Sul.

42. Recomenda-se, de qualquer sorte, que o Consulente promova as diligências necessárias visando o aprimoramento da
redação dada ao artigo 9º, na Portaria nº 12.746, de 30 de novembro de 2018, para que se determine a competência para os atos de
forma clara e coerente.

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16/03/2021 https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293
43. Pois bem, cumpre asseverar desde logo que sobre a aceitação da doação, vigem as regras contidas na Instrução
Normativa nº 22, de 22 de fevereiro de 2017, que em seu artigo 20, § 1º, prevê que:

"Art. 20. A avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade administrativa da aceitação ou recusa da
doação pela União deverá considerar, além da comprovação dos requisitos previstos no art. 10 desta IN:
(...)
§ 1º. Para avaliação dos aspectos de conveniência e oportunidade administrativa referentes à doação deverá ser
utilizado o formulário de análise técnica constante do Anexo XVIII desta IN, seguindo-se à publicação da
respectiva portaria de aceitação ou recusa, adotando-se os modelos constantes dos Anexos XIX e XIX-A,
respectivamente." (negritei)

44. No caso dos autos, é possível notar que a minuta de Portaria de Aceitação de Doação, encaminhada à apreciação
deste Órgão Consultivo, seguiu o prefalado modelo constante no anexo XIX, com as devidas adaptações, estando de acordo também
com os atos desenvolvidos no presente processo. ( SEI 13594908)

45. Sugere-se, por fim, que a Administração, faça uma conferência em todos os atos e termos, a fim de sanear eventuais
erros materiais, de gramática e de redação, desde que não altere o teor e a substância jurídica, sob pena da necessidade de novo
Parecer, sendo que no caso nada mais há para se sugerir ou alterar.

46. Recomenda-se, que a Portaria seja publicada no D.O.U., antes da assinatura do contrato de doação pretendido, eis que
representa documento prévio e essencial para sua formalização.

47. Quanto a utilização do formulário de análise técnica constante do Anexo XVIII, para avaliação dos aspectos de
conveniência e oportunidade administrativa referentes à doação, não localizamos nos autos, apenas verificamos que parte das
informações pertinentes ao formulário foram apresentadas no DESPACHO (SEI 13594158), inclusive o aceite a doação dos imóveis
supra referenciados e descrição dos documentos acostados aos autos.

48. Recomenda-se, a adoção do formulário de análise técnica, constante do Anexo XVIII, incluindo no rol dos
documentos apresentados a Certidão de Inteiro Teor e Certidão negativa de ônus, gravames e de distribuição de ações reais e
reipersecutórias relativa aos imóveis objeto da proposição de doação, já acostados nos autos (SEI 13724989), o novo laudo de
avaliação solicitado, bem como, o atesto quanto a regularidade da documentação apresentada.

49. Recomenda-se, a verificação dos documentos exigidos para o recebimento de imóvel por meio de doação, quanto ao
cumprimento do contido no Anexo II da IN nº 22, de 22 de fevereiro de 2017.

IV - MINUTA DO CONTRATO DE DOAÇÃO

50. Em geral, para negócios jurídicos desta natureza, são utilizadas pelo Consulente minutas previamente aprovadas no
âmbito patrimonial da União, visando a padronização do procedimento, de caráter normalmente vinculante aos órgãos subordinados à
Secretaria de Patrimônio da União.

51. Incumbe a esta Consultoria Jurídica Especializada Virtual de Patrimônio, apesar disso, alertar que diversos aspectos
estão previstos no modelo de forma genérica, e que a utilização destes requer do servidor responsável cautela redobrada na sua
adaptação, observando as peculiaridades de cada caso.

52. Relevante lembrar, em acréscimo, que cada contrato tem as suas peculiaridades, sendo inviável prever todas as
variantes possíveis para inserção nos modelos. Destarte, é papel da Administração verificar, em cada caso, qual a exigência
efetivamente cabível, o que se espera que tenha sido feito no presente caso.

53. Ainda a título de ressalva, cabe alertar que a verificação de erros materiais nessas adaptações, tais como, remissão a
itens, prazos ou datas (ano), é atividade que extrapola a análise jurídica, objeto do presente parecer, de tal sorte que se eventuais
observações a respeito forem tecidas, serão apenas aquelas que se evidenciaram no curso da leitura, não tendo, pois, qualquer caráter
exaustivo, sendo imprescindível, isto sim, a já mencionada cautela de quem procedeu às adaptações.

54. Quanto a minuta do Contrato de Doação, vale anotar que há minuta padronizada pela SPU, contida na Instrução
Normativa nº 22, de 22 de fevereiro de 2017, anexo XX.

55. Do exame da minuta constante dos autos, constata-se que a maior parte do conteúdo da minuta padrão está
contemplado, tendo sido acrescentadas outras cláusulas também pertinentes, não sendo necessário, sob tal prisma, qualquer ajuste face
a inexistência de falha/inconsistência que demande a adoção de providência saneadora, ressalvada a recomendação sugerida no item
"31" deste parecer.

56. A minuta do Contrato de Doação (SEI 13596270) em sua CLÁUSULA TERCEIRA ressalva que o imóvel encontra-
se livre e desembaraçado de todos e quaisquer ônus judiciais, hipoteca legal ou convencional, ou ainda, qualquer outro ônus real.

57. Deste modo, estão reguardados (preservados) os princípios da segurança jurídica e da proteção à confiança,
decorrentes do princípio da boa-fé objetiva, o qual prestigia a estabilidade das relações jurídicas constituídas e almeja a pacificação
dos vínculos estabelecidos a fim de preservar a ordem jurídica, um dos primados do Direito, sem qualquer prejuízo para terceiros,
operando de modo a preservar a legítima expectativa, a confiança gerada e o dever de lealdade, conforme padrão de comportamento a
ser seguido como um modelo de conduta fundado na honestidade, lealdade e cooperação, tendo como uma de suas funções a
integrativa prevista no artigo 422 do Código Civil, integrando a boa-fé qualquer relação obrigacional e protegendo a relação jurídica
entre os participantes, de forma a impor-lhes mutuamente alguns deveres como a lealdade e a cooperação, os quais, por sua vez, visam
em última análise o adimplemento obrigacional.

https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293 8/9
16/03/2021 https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293
58. Superadas essas incoerências processuais, a minuta de contrato de doação estará apta a seguir para a assinatura,
publicação e registro, a propósito de atingir à finalidade para qual foi concebida.

59. Convém que a Administração faça uma conferência em todos os atos e termos, a fim de sanear eventuais erros
materiais, de gramática e de redação, desde que não altere o teor e a substância jurídica, sob pena da necessidade de novo Parecer.

V - CONCLUSÃO

60. Em face do anteriormente exposto, abstraídos os aspectos de conveniência e oportunidade do Administrador, nos
limites da lei, e as valorações de cunho econômico–financeiro, ressalvadas, ainda, a manutenção da conformidade documental com as
questões de ordem fática, técnica e de cálculo, ínsitas à esfera administrativa, essenciais até mesmo para a devida atuação dos órgãos
de controle, conclui-se pela possibilidade jurídica da celebração do Contrato de Doação, sem encargo, ora analisado, nos moldes
trazidos a exame, recomendando-se, não obstante, que o órgão assessorado atente para as recomendações lançadas nos itens 31,
42, 46, 48 e 49 deste parecer.

61. Observe-se que somente após o acatamento e implementação das recomendações acima emitidas, ou após seu
afastamento de forma motivada, consoante previsão do artigo 50, inciso VII, da Lei n° 9.784 de 1999, será possível dar
prosseguimento ao processo nos seus demais termos, dispensada nova manifestação desta Consultoria Jurídica.

62. Ao protocolo da Consultoria Jurídica da União Especializada Virtual de Patrimônio (e-CJU/Patrimônio) para restituir o
processo a SPU-RS para ciência desta manifestação jurídica, bem como para adoção das providências pertinentes.

63. É o Parecer.

Boa Vista, 02 de março de 2021.

ÉLIDA DE SOUSA TAVARES COELHO


ADVOGADA DA UNIÃO
Consultoria Jurídica da União/RR
-E-CJU Patrimônio -

Atenção, a consulta ao processo eletrônico está disponível em http://sapiens.agu.gov.br mediante o fornecimento do


Número Único de Protocolo (NUP) 10154196923202018 e da chave de acesso fac7273c

Documento assinado eletronicamente por ELIDA DE SOUSA TAVARES COELHO, de acordo com os normativos legais aplicáveis. A
conferência da autenticidade do documento está disponível com o código 587635293 no endereço eletrônico http://sapiens.agu.gov.br.
Informações adicionais: Signatário (a): ELIDA DE SOUSA TAVARES COELHO. Data e Hora: 03-03-2021 12:25. Número de Série:
17366771. Emissor: Autoridade Certificadora SERPRORFBv5.

https://sapiens.agu.gov.br/documento/587635293 9/9

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