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MUNICÍPIO DE ALMIRANTE TAMANDARÉ

ESTADO DO PARANÁ
SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSUNTOS JURÍDICOS

Parecer Jurídico

Assunto: Equilíbrio Econômico-Financeiro.


Interessada: Secretaria Municipal de Obras.
Protocolo: 0018.0017256/2015
08/06/2015

REVISÃO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO. EQUILIBRIO


ECONÔMICO-FINANCEIRO. CONTRATAÇÃO DE EMPRESA
PARA FORNECIMENTO DE LIGANTES ASFÁLTICOS A
GRANEL, TIPO CM30 E RR-1C, PARA PAVIMENTAÇÃO,
RESTAURO E RECAPE DE VIAS MUNICIPAIS. VARIAÇÃO
NOS CUSTOS DE AQUISIÇÃO DOS ASFALTOS. ADITIVO
INFERIOR AO LIMITE LEGAL. LEGALIDADE.

I – DA SÍNTESE FÁTICA E PROCEDIMENTAL.

01. Trata-se de pedido acréscimo de valor do Contrato Administrativo n.º


052/2015, cujo objeto é a Contratação de Empresa para Fornecimento de Ligantes
Asfálticos a Granel, tipo CM-30 e RR-1C, para pavimentação, restauro e recape de vias
municipais, celebrado em 13 de maio de 2015.

02. Alega a Requerente que o percentual de aumento requerido é resultante


da variação nos custos de aquisição dos asfaltos, aplicados pela empresa Petróleo
Brasileira S/A – PETROBRAS, única e exclusiva fornecedora de asfaltos em território
nacional.

03. Desta forma, requer o realinhamento contratual no importe de 11,10%,


elevando o preço licitado de R$ 1.065,00 (um mil e sessenta e cinco reais) para R$ 1.183,22
(um mil cento e oitenta e três reais e vinte e dois centavos).

04. O processo administrativo foi encaminhado ao Gabinete quando o


Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal emitiu despacho encaminhando-o à Secretaria

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Municipal de Fazenda para dotação orçamentária, em ato contínuo a esta Secretaria


Municipal de Assuntos Jurídicos.

05. Juntaram-se: pedido de equilíbrio econômico-financeiro, notas fiscais,


justificativa do acréscimo, cópia do contrato original, autorização do Exmo. Sr. Prefeito
Municipal e dotação orçamentária.

06. Foi encaminhado à esta Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos para


parecer jurídico, entretanto ponderou ser necessário que a Secretaria de Obras
apresentasse manifestação quanto ao pedido de Reequilíbrio Econômico-Financeiro, que foi
prontamente atendido pela respectiva Secretaria vindo os autos para parecer e, em sendo o
caso, confecção do termo aditivo.

07. É o relatório!

II – DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA.

08. Prefacialmente, deve-se salientar que a presente manifestação toma por


base, exclusivamente, os elementos constantes dos autos até a presente data, incumbindo
a esta Secretaria prestar consultoria sob o prisma estritamente jurídico, não lhe competindo
adentrar na análise da conveniência e oportunidade dos atos praticados no âmbito da
Secretaria Municipal de Obras, nem analisar aspectos de natureza eminentemente técnica
ou administrativa.

09. O artigo 65, inciso II, alínea “d” da lei 8.666/93 define que os contratos
poderão ser alterados por acordo entre as partes, para restabelecer a relação que as partes
pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da administração
para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato.

10. A legislação aplicável ao tema institui a obrigatoriedade na aceitação dos


acréscimos, estabelecendo, contudo, em se tratando de compras, como na hipótese ora
tratada, o limite de 25% (vinte e cinco por cento):

“Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:

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I - unilateralmente pela Administração:


a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para melhor
adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por
esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço,
bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da
inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de
circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a
antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a
correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra
ou serviço;
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre os
encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do
equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem
fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis,
retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de
força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica
extraordinária e extracontratual.
§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais,
os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até
25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no
caso particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50%
(cinqüenta por cento) para os seus acréscimos.
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites estabelecidos
no parágrafo anterior, salvo: ”

11.Na manifestação do Insigne Secretário Municipal de Obras, consta


requerimento para majoração dos valores contratuais, nos seguintes termos:
“[...]
Que o contrato foi assinado em 13 de maio de 2015, as notas de aquisição do
insumo junto ao fornecedor Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS, continham
os valor de aquisição do produto em R$ 1,317/Kg (um real e trinta e um
centavos por quilograma), conforme demonstrado através da apresentação das

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notas fiscais n.º 291815 de 17/03/2015, 296425 de 13/04/2015, 303001


de 19/05/2015, 304135 de 25/05/2015, 310150 de 25/06/2015, 310314
de 26/06/2015, 321671 de 28/08/2015, 323434 de 10/09/2015 e
324149 de 15/09/2015 (cópias em anexo), onde mantinha-se o valor.
Posteriormente foi apresentada nota fiscal sob n.º 324349 de 16/09/2015
com o mesmo insumo no valor de R$ 1,463/Kg (um real e quarenta e seis
centavos por quilograma), o que motivou a solicitação do reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato, haja vista a elevação do preço em 11,10%
(onze vírgula dez por cento) do preço que se praticava desde a assinatura do
contrato com o Município.
[...]
Desta forma, observamos que o aumento foi superior aos índices de
reajustamento do período, caracterizando assim um descompasso na regulação
dos preços e a possibilidade do pleito de reequilíbrio contratual.”

Comentando a questão, Maria Sylvia Zanella Di Pietro aduz que, para que
se autorize o restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, é necessário
que o fato seja: (i) imprevisível quanto a sua ocorrência ou suas consequências; (ii) estranho
à vontade das partes; (iii) inevitável; e (iv) provoque desequilíbrio muito grande no contrato.
No caso em apreço, a empresa CBB INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE
ASFALTOS E ENGENHARIA LTDA. demonstra, através das notas fiscais anexadas ao
processo nº 0018.0017256/2015, que houve substancial aumento de preços, por parte do
fornecedor do item constante do lote nº 02, Especificação Técnica (Emulsão Asfáltica RR-
1C).
12. Quer parecer, portanto, que se tratam de fatos imprevisíveis (uma vez que
a empresa requerente ou a Administração Pública não podem, de antemão, apontar o
momento e o quantum de eventuais aumentos de preços por parte dos fornecedores) e
estranhos às vontades das partes, já que a iniciativa dos aumentos adveio não das partes
do contrato, mas de fornecedores externos à relação contratual. O caráter inevitável, por sua
vez, caracteriza-se pelas nuances do mercado, uma vez que empresa interessada não se
encontra imune a consequências econômicas decorrentes das condutas de seus
fornecedores.
13. Ainda, à medida que, após a licitação, o fabricante dos produtos elevou
consideravelmente os seus preços, se mantidos os termos do contrato original firmado entre
a CBB INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ASFALTOS E ENGENHARIA LTDA. e o Município de

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Almirante Tamandaré, recairiam sobre a primeira prejuízos consideráveis, caracterizando-


se, assim, manifesto desequilíbrio contratual.
14. A respeito de eventos posteriores e imprevisíveis, que rompem o equilíbrio
econômico financeiro, Marçal JUSTEN FILHO , nos ensina:

"[...] a recomposição de preços retrata a alteração das regras contratuais em


virtude de eventos posteriores imprevisíveis, que alteram substancialmente o
conteúdo ou a extensão das prestações impostas ao contratante".

15. Conforme já julgado pelo Tribunal de Contas da União:

"Equilíbrio econômico-financeiro. Contrato. Teoria da Imprevisão. Alteração


Contratual. A ocorrência de variáveis que tornam excessivamente onerosos os
encargos do contratado, quando claramente demonstradas, autorizam a
alteração do contrato, visando ao restabelecimento inicial do equilíbrio
econômico financeiro, com fundamento na teoria da imprevisão, acolhida pelo
Decreto-Lei 2.300/86 e pela atual Lei n.º 8.666/93. (TCU, TC-
500.125/92-9, Min. Bento José Bugarin, 27/10/94, BDA n.º 12/96,
Dez/96, p. 834)." Antônio Roque Citadine, Comentários e Jurisprudência
sobre a Lei de licitações públicas, 2º edição, editora Max Limonad, São Paulo,
1997, pág. 380.

“Equilíbrio econômico-financeiro, assegurado pela Constituição Federal, consiste


na manutenção das condições de pagamento estabelecidas inicialmente no
contrato, de maneira que se mantenha estável a relação entre as obrigações do
contratado e a justa retribuição da Administração pelo fornecimento de bem,
execução de obra ou prestação de serviço.”1

16. No caso em exame, não basta a simples alegação da superveniência de


fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, impeditivos de
uma execução equilibrada do contrato, faz-se necessário, essencialmente, a demonstração
de que tais eventos alteraram substancialmente o conteúdo ou a extensão das prestações
impostas ao contratante. Essencial, demonstração analítica da variação dos componentes
dos custos do contrato, devidamente justificada.

1
Licitações e contratos: orientações e jurisprudência do TCU /Tribunal de Contas da União. – 4. ed. rev., atual.
e ampl. – Brasília: TCU, Secretaria-Geral da Presidência: Senado Federal, Secretaria Especial de Editoração e
Publicações, 2010. P. 811

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17. Desse modo, em razão do aumento de preço dos produtos, a Requerente


faz jus, em princípio, à alteração contratual prevista no art. 65, II, d da Lei de Licitações, a
fim de que se proceda ao reequilíbrio da relação contratual.
18. Daí não resulta, entretanto, que a Administração Pública está
necessariamente vinculada aos valores de reajuste propostos pela parte Requerente. Afinal,
a alteração contratual em questão deve visar apenas ao reequilíbrio da relação contratual,
nos moldes originariamente contratados.
19. Portanto, o realinhamento dos preços deve, preferencialmente, ocorrer na
exata proporção dos aumentos de preços informados, não sendo recomendável que, em
detrimento da própria Administração Pública, sejam agora aumentadas as benesses da
empresa Requerente (quanto do cotejo com a relação contratual original). Vale dizer: feitos
os ajustes, deve ser mantida a mesma relação custo-benefício verificada quando da relação
contratual originária.
20. Para o efeito de observância dos limites de alterações contratuais previstos
no art. 65, da Lei n. 8.666/93, o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre
o valor original do contrato, aplicando-se a cada um dos conjuntos, individualmente e sem
nenhum tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no
dispositivo legal.

21. Some-se a isso o fato de que, conforme declaração da Secretaria


Municipal da Fazenda o saldo do contrato 052/2015 é de R$ 106.500,00 (cento e seis mil e
quinhentos reais), está coberto pela seguinte dotação orçamentária:

08.02 – SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS 194


15.451.0032.2.034 – Manutenção de Vias Urbanas
3.3.90.30.00 – 1000 – Material de Consumo

08.02 – SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS 201


15.451.0032.2.035 – Manutenção de Ruas e Avenidas – Royalties, CIDE
3.3.90.30.00 – 1504 – Material de Consumo

08.02 – SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS 202


15.451.0032.2.035 – Manutenção de Ruas e Avenidas – Royalties, CIDE
3.3.90.30.00 – 1512 – Material de Consumo

08.02 – SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS 214


26.782.0032.2.038 – Manutenção de Estradas Vicinais – Royalties, CIDE
3.3.90.30.00 – 1504 – Material de Consumo

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SECRETARIA MUNICIPAL DE ASSUNTOS JURÍDICOS

08.02 – SECRETARIA MUNICIPAL DE OBRAS 215


26.782.0032.2.038 – Manutenção de Estradas Vicinais – Royalties, CIDE
3.3.90.30.00 – 1512 – Material de Consumo

22. Por todo exposto, tendo em vista que o preço proposto encontra
correlação com o atualmente praticado no mercado, sendo inferior a este, impõe-se o
deferimento da pretensão esposada pelo Interessado, com vistas a manter o indispensável
equilíbrio econômico-financeiro da relação contratual.

III – DA CONCLUSÃO E DAS PROVIDÊNCIAS FINAIS.

01. Diante do exposto, com fulcro no art. 65, inciso II, alínea “d”, da Lei n.º
8.666/93, em respeito ao princípio da legalidade, da proporcionalidade, economicidade e da
primazia do interesse público, opina-se pelo DEFERIMENTO do reequilíbrio do Contrato
Administrativo n.º 052/2015, nos moldes já fundamentado, mantendo-se o contrato tal qual
pactuado.

23. Salvo melhor juízo, essa é a orientação da Secretaria Municipal de


Assuntos Jurídicos de Almirante Tamandaré, elaborada de acordo com os elementos dos
autos.

24. Encaminhe-se ao Gabinete do Excelentíssimo Senhor Prefeito Municipal


para que, procedendo ao exame de conveniência e oportunidade, se for o caso, proceda à
assinatura do referido Termo Aditivo.

É o parecer!

Almirante Tamandaré, 26 de fevereiro de 2016.

LUIZ CARLOS DE AMORIM


Advogado | OAB/PR 67.202

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