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Matéria publicada no Diário Oficial da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul -

ASSOMASUL, no dia 05/08/2021.


Número da edição: 2904

RESOLUÇÃO SEINTRA Nº 001, DE 04 DE AGOSTO DE 2021.

DISPÕE SOBRE O PROCEDIMENTO E OS CRITÉRIOS PARA O REEQUILÍBRIO ECONÔMICO-


FINANCEIRO DE CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DECORRENTE DO ACRÉSCIMO OU
DECRÉSCIMO DOS CUSTOS DE AQUISIÇÃO DE MATERIAIS ASFÁLTICOS, MATERIAIS
ELÉTRICOS, CONCRETO, TUBOS PEAD, ESTRUTURAS METÁLICAS E AÇO NO ÂMBITO DA
SECRETARIA MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE E TRÂNSITO – SEINTRA.

O SECRETÁRIO MUNICIPAL DE INFRAESTRUTURA, TRANSPORTE E TRÂNSITO DE TRÊS


LAGOAS, ESTADO DE MATO GROSS O DO SUL, no uso de suas atribuições legais conferidas pelo
inciso II do parágrafo único do artigo 47 da Lei Orgânica do Município de Três Lagoas/MS, e

CONSIDERANDO o disposto na Instrução de Serviço nº 10/DG/DNIT, de 16 de maio de 2019, em que


se estabeleceu o procedimento e os critérios para o reequilíbrio econômico-financeiro de contratos
administrativos decorrente do acréscimo ou decréscimo dos custos de aquisição de materiais asfálticos;

CONSIDERANDO o teor do Decreto Legislativo nº 620, de 20 de março de 2020, em que a Assembleia


Legislativa reconhece a ocorrência do estado de calamidade pública no território sul-mato-grossense, em
decorrência da pandemia causada pelo coronavírus;

CONSIDERANDO que a Constituição Federal dispõe em seu artigo 37, inciso XXI, que o Poder Público
poderá contratar obras e serviços de particulares, mediante processo de licitação pública, com cláusulas
que estabeleçam obrigações de pagamento, desde que mantidas as condições efetivas da proposta;

CONSIDERANDO as determinações contidas no Acordão nº 1604/2015-TCU/Plenário, constante do


processo TC nº 7615/2015-9 referentes às obras tuteladas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (DNIT);

CONSIDERANDO o entendimento firmado no Acórdão nº 12460/2016-TCU, no sentido de que o


reequilíbrio econômico-financeiro de contrato, nos termos do que prevê o artigo 65, inciso II, alínea d, da
Lei Federal nº 8.666/1993, deve estar lastreado em documentação que comprove, de forma inequívoca, a
alteração dos custos dos insumos do contrato, de sorte que esta alteração seja de tal ordem que inviabilize
a execução do contrato. Ademais, deve a referida alteração ter sido causada pela ocorrência de uma das
hipóteses previstas expressamente no citado dispositivo legal, a exemplo de sobrevirem fatos
imprevisíveis, ou previsíveis, porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando
álea extraordinária e extracontratual;

CONSIDERANDO a volatilidade observada na comercialização de materiais asfálticos, materiais


elétricos, concreto, tubos PEAD, estruturas metálicas e aço no território nacional, originada a partir da
implementação da nova política de preços adotada pela Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A), cujas
diretrizes impõem o vínculo da base de cálculo desses produtos ao mercado internacional (dólar e preço
internacional do barril), incorrendo em variações abruptas de preços em virtude de oscilações cambiais,
raciocínio que se aplica também as commodities do cobre, do aço e do cimento;

CONSIDERANDO que tal volatilidade e oscilações de preço têm se agravado durante o vigente estado
de calamidade pública provocado pela pandemia que assola o país; e

CONSIDERANDO o risco de paralisação de obras devido ao custo insuportável pelos contratados, com
consequências imprevisíveis ao interesse público primário;
RESOLVE:

Art. 1º Adotar como referência, no âmbito desta Secretaria Municipal de Infraestrutura Transporte e
Trânsito, para fins de se estabelecer procedimento e critérios visando ao reequilíbrio econômico-
financeiro dos contratos administrativos vigentes, em razão de acréscimo ou decréscimo dos custos de
aquisição de materiais asfálticos, materiais elétricos, concreto, tubos PEAD, estruturas metálicas e aço,
assim como para a abertura de critério de pagamentos objetivando a separação dos referidos insumos dos
serviços de pavimentação, além de regulamentar a forma de cálculo dos índices de reajustamento
compostos para misturas comerciais.

Parágrafo único. Também se aplicam aos procedimentos desta Resolução a abertura de critério de
pagamento objetivando a separação daqueles insumos dos serviços de pavimentação cujo objetivo seja tão
somente a aplicação do índice de reajustamento correspondente aos materiais asfálticos, materiais
elétricos, concreto, tubos PEAD, estruturas metálicas e aço.

Art. 2º O requerimento de reequilíbrio econômico-financeiro, acompanhado do respectivo cálculo e


demais documentos, deve ser promovido pela contratada diretamente a Secretaria Municipal de Finanças,
Receita e Controle.

Art. 3º A Secretaria Municipal de Finanças, Receita e Controle remeterá o requerimento à Secretaria cujo
contrato esteja sob sua tutela, ou à área técnica responsável, para que o autue em apartado ao do
respectivo contrato de execução de obras ou serviço de engenharia.

§ 1º A Secretaria ou a área técnica a que se refere o caput deste artigo, deverá, por meio do fiscal do
contrato ou do técnico responsável, avaliar o requerimento protocolado e tomar as seguintes providências:

I- Caso haja incorreções de cálculo, solicitar as correções à interessada no pleito;

II- Após a confirmação do cálculo, o fiscal do contrato ou o técnico responsável deverá emitir nota
técnica sobre o requerimento, apontando a existência ou não de desequilíbrio econômico-financeiro nos
termos do artigo 65, inciso II, alínea d, da Lei Federal nº 8.666/1993, e remeter os autos do processo ao
gestor do contrato para ateste de conformidade dos cálculos com esta Resolução;

III- Posterior ao ateste, o gestor de contrato encaminhará os autos do processo à Procuradoria Jurídica
para análise sobre a completude da instrução processual e quanto à obediência aos requisitos relativos ao
reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos; e

IV- Ato seguinte, os autos devem ser devolvidos à Secretaria Municipal de Finanças, Receita e Controle
para deliberação com posterior encaminhamento à Diretoria Compras e Licitação para formalização do
termo aditivo contratual, se for o caso.

§ 2º Nos contratos em que for deferido o requerimento de reequilíbrio econômico-financeiro, o gestor do


contrato deverá analisar a possibilidade de o pleito resultar em ressarcimento ou estorno no contrato.

§ 3º No caso de indeferimento do reequilíbrio econômico-financeiro a comunicação será promovida pela


Secretaria Municipal de Finanças, Receita e Controle à interessada.

Art. 4º O gestor de contrato monitorará e impulsionará o processo administrativo em todas as suas fases
até a deliberação final da Secretaria Municipal de Finanças, Receita e Controle e formalização do termo
aditivo contratual, quando for o caso.

Art. 5º O impacto financeiro a ser considerado no cálculo do reequilíbrio é a diferença entre “a variação
do preço produtor entre o mês da medição e a data-base, aplicada sobre o valor medido do mês a preços
iniciais excluindo-se o lucro operacional referencial estabelecido pelo BDI e “o reajustamento pago na
medição”, calculada mês a mês de todos os serviços de aquisições de materiais asfálticos, materiais
elétricos, concreto, tubos PEAD, estruturas metálicas e aço do período considerado.

Parágrafo único. Poderá ser utilizada total ou parcialmente a equação prevista na Instrução de Serviço nº
10/DG/DNIT, de 16 de maio de 2019, para fins de cálculo.

Art. 6º O reequilíbrio econômico-financeiro aqui previsto será realizado nas medições a partir de janeiro
de 2021, em períodos de no mínimo quatro meses, sempre compreendido no interstício entre as datas de
reajustes contratuais.

§1º Nos casos em que o contrato encerrar em prazo inferior a quatro meses do mês de aniversário, poderá
ser aplicado o reequilíbrio econômico-financeiro em período único inferior ao previstos no caput.

§2º Nos contratos sem previsão de reajuste anual, contar-se-á o prazo a partir da data de vigência do
contrato.

Art. 7º Na hipótese do reequilíbrio econômico-financeiro ser positivo, deverá ser criado item de
ressarcimento nos seguintes termos: “Ressarcimento devido a título de reequilíbrio econômico-financeiro
no período de MM/AAAA a MM/AAAA”.

Parágrafo único. Caso negativo, deverá ser criado item de estorno com nos seguintes termos: “Estorno
devido a título de reequilíbrio econômico-financeiro no período de MM/AAAA a MM/AAAA”.

Art. 8º Para efeitos desta Resolução, deve-se considerar o preço produtor do mês de referência aquele da
semana em que contiver o dia quinze do mês anterior.

Art. 9º O preço produtor deve considerar a região na qual está localizada a origem de aquisição dos
materiais asfálticos, materiais elétricos, concreto, tubos PEAD, estruturas metálicas e aço definida no
termo de referência ou projeto da licitação.

Parágrafo único. Caso não exista preço divulgado na semana que forma o preço produtor, deve-se adotar
o preço produtor nacional.

Art. 10 . O preço produtor de referência deverá ser obtido em função do insumo adquirido e o produto
que melhor o representa na tabela da Agência Nacional de Petróleo, seguindo a regra prevista na
Instrução de Serviço nº 10/DG/DNIT, de 16 de maio de 2019.

Art. 11. A variação do preço produtor é calculada pela razão entre o preço produtor do mês da medição e
o preço produtor do mês da data-base do contrato, seguindo a regra prevista na Instrução de Serviço nº
10/DG/DNIT, de 16 de maio de 2019.

Art. 12 . Os casos omissos que necessitarem de regulamentação deverão ser examinados pela Secretaria,
cujo contrato esteja sob sua tutela, ou pela área técnica responsável, e as alterações necessárias nesta
Resolução submetidas à aprovação do Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Trânsito.

Art. 13. Esta Resolução entrará em vigor na data da sua publicação.

Adriano Kawahata Barreto

Secretário Municipal de Infraestrutura, Transporte e Trânsito

Matéria enviada por Flávia Priscilla Ferreira da Silva Areias

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