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ESTADO DE SANTA CATARINA

MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL

Autos nº 0030403/2018 (apensos nr. 002943/2020)

Impetrante: Paviplan Pavimentação Ltda

Impetrado: Município de Jaraguá do Sul (Secretaria Municipal de Obras e Serviços


Públicos)

DECISÃO ADMINISTRATIVA

I- Trata-se de pedido de concessão de reequilíbrio econômico-


financeiro formalizado por Paviplan Pavimentação Ltda., pessoa jurídica de direito
privado, devidamente inscrita no CNPJ sob nº 03.620.927/0001-12 que, tendo firmado o
Contrato nº 381/2018 com o Município em 04 de outubro de 2018, fundamentado na
decisão exarada em processo correspondente à Concorrência nº 56/2018, cujo objeto
consiste na prestação de serviços de engenharia com fornecimento de materiais e mão
de obra para pavimentação asfáltica, drenagem e sinalização das Ruas Maria Madalena
Lopes Sant’Ana, Arthur Carsten, Guilherme Schiochet, Adolfo Menel e Domingos Murara,
no bairro Nereu Ramos com extensão total de 1.893,62m (um mil, oitocentos e noventa e
três vírgula sessenta e dois metros), em conformidade com os Projetos, Memorial
Descritivo, Planilha Orçamentária/Quantitativa, partes integrantes do edital.

Regulares as manifestações da Secretaria de origem (fls. 08/13 e


176/190), da Procuradoria-Geral (fls. 161/168) e da Secretaria Municipal da
Transparência e Integridade Pública (fls. 191/203).

Com a instrução processual vieram-me os autos conclusos em 14


de abril de 2021 (fl. 203v.), embora a empresa tenha realizado o pedido de

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reequilíbrio em 13/11/2018 (processo nr. 23090/2018), e em 13/02/2020 nr.


0002943/2020, no qual faz um pedido resposta ao pedido de reequilíbrio.

É o relatório.

II. FUNDAMENTO E DECIDO

II.I – Preliminarmente

É preciso dizer desde já que o pedido da empresa trata do item


“custo de aquisição do insumo “CAP 50/70” utilizado para a prestação dos serviços
caracterizados como objeto do contrato”, disposto no processo de Licitação Concorrência
nº 056/2018, que deu origem ao Contrato nº 381/2018, firmado com o Município em 04
de outubro de 2018.

Em 13 de novembro de 2018 (fl. 2, dos autos 0030403/2018), a


empresa protocolou, tempestivamente, o pedido de reequilíbrio econômico-financeiro,
conquanto o Contrato não está mais vigente, a execução do contrato encerrou em
20/05/2019(fls. 162).

No entanto, tenho, o processo só pode ser medida de justiça, e é


descabido que se deixe de analisar eventual prejuízo da empresa, até por quê, houve
grande demora para que chegasse ao Gabinete para julgamento.

Bem por isso, tendo em vista os princípios da instrumentalidade,


da celeridade e da economia processual, converto, de ofício, o pedido de

reequilíbrio econômico-financeiro em indenizatório e, feito isso passo à


análise de mérito.

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II.II – Ao mérito, então.

O objeto desta decisão é aferir se possível ou não a homologação do


pedido de reequilíbrio econômico-financeiro, do item “insumo CAP”, eis que o Contrato nº
381/2018 com o Município em 04 de outubro de 2018, fundamentado na decisão exarada
em processo correspondente à Concorrência nº 56/2018, cujo objeto consiste na
prestação de serviços de engenharia com fornecimento de materiais e mão de obra para
pavimentação asfáltica, drenagem e sinalização das Ruas Maria Madalena Lopes
Sant’Ana, Arthur Carsten, Guilherme Schiochet, Adolfo Menel e Domingos Murara, no
bairro Nereu Ramos com extensão total de 1.893,62m (um mil, oitocentos e noventa e
três vírgula sessenta e dois metros), em conformidade com os Projetos, Memorial
Descritivo, Planilha Orçamentária/Quantitativa, partes integrantes do edital.

O pedido de reequilíbrio financeiro tem norte no texto constitucional,


no art. 37, conquanto:

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
eficiência e, também, ao seguinte:
[…] XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras,
serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de
licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de
pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos
da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das
obrigações. (sem grifo no original)

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Nas palavras do doutrinador Hely Lopes Meirelles dispostas na


jurisprudência do TJSC1:

O equilíbrio financeiro ou equilíbrio econômico do contrato administrativo,


também denominado equação econômica ou equação financeira, é a
relação que as partes estabelecem inicialmente, no ajuste, entre os
encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa
remuneração da obra, do serviço ou do fornecimento. Em última análise, é
a correlação entre o objeto do contrato e sua remuneração, originariamente
prevista e fixada pelas partes em números absolutos ou em escala móvel.
Essa correlação deve ser conservada durante toda a execução do
contrato, mesmo que alteradas as cláusulas regulamentares da prestação
ajustada, a fim de que se mantenha a equação financeira ou, por outras
palavras, o equilíbrio econômico-financeiro do contrato (Lei 8.666/93, art.
65, II, "d" e § 6º) (Licitação e Contrato Administrativo. 13. ed. São Paulo:
Editora Malheiros, 2002)

Bem por isso, a Lei das Licitações, a Lei nº 8.666/93, no art. 65,
inciso II, alínea d, assim dispõe:

Art.65.Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
I - unilateralmente pela Administração:
a) quando houver modificação do projeto ou das especificações, para
melhor adequação técnica aos seus objetivos;
b) quando necessária a modificação do valor contratual em decorrência de
acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos
por esta Lei;
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação
técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição
de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada
a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado,
sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou
execução de obra ou serviço;

1Disponível no sítio do TJSC, Apelação Cível n. 2010.084289-4, de Imaruí Relator: Des. Subst. Júlio César Knoll, acessado em 19
de abril de 2021, às 15h44min

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d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente


entre os encargos do contratado e a retribuição da administração para
a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito
ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e
extracontratual. (Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994) (sem grifo no
original)

Pois muito bem.

Ora, a letra da Lei não deixa dúvida, não basta a previsão


orçamentária pela unidade gestora, é necessário que se comprove o desequilíbrio
orçamentário impactante na relação contratual e tem-se que eventual aumento
sazonal detectado nos valores do produto entregue à Coisa Pública não é suficiente para
nortear tal deferimento, ou seja, o aumento dos valores a pagar ao postulante.

Nas palavras da doutrinadora Fernanda Marinela2:

[…] consiste no reconhecimento de que eventos novos, imprevistos e


imprevisíveis pelas partes e a elas não imputados, alteram o equilíbrio
econômico-financeiro refletindo na economia ou na execução do contrato,
autorizam sua revisão para ajustá-lo à situação superveniente, equilibrando
novamente a relação contratual. Portanto a ocorrência deve ser
superveniente, imprevista (porque as partes não imaginaram), imprevisível
(porque ninguém no lugar delas conseguiria imaginar – algo impensável) e
que onera demais o contrato para uma das partes, exigindo-se a
recomposição. São hipóteses de teoria da imprevisão: a) força maior e
caso fortuito (...); b) fato do príncipe (...); c) fato da administração […]

Muito bem.

2Direito Administrativo. Niterói - RJ: Editora Impetus, 4ª edição, 2010, pág. 429.

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Trago, como razão de decidir, o Parecer Técnico da Secretaria da


Transparência e Integridade Pública nº 119/2021 (fls. 191/203), eis que com ele,
assinto na integralidade. Ao final, apresento minhas considerações:

(…) 3 ANÁLISE TÉCNICA

Preliminarmente, verifica-se a existência de Parecer formalizado pela


Procuradoria-Geral deste município. Através de Ofício 3 os procuradores
analisaram a possibilidade legal do pedido formalizado pelo fornecedor e
manifestaram-se, inicialmente, de forma favorável à pretensão desta última.
Os aspectos jurídicos relacionados ao intuito à concessão do reequilíbrio
contratual foram vastamente expostos e discutidos no mencionado
documento elaborado pela Procuradoria-Geral, motivo pelo qual acredita-se
serem desnecessárias exposições adicionais, de ordem legal e
jurisprudencial, relacionadas ao tema, neste parecer.
Todavia, a Procuradoria Municipal condicionou a concessão dos valores
solicitados pela empresa contratada a uma manifestação técnica favorável
por parte desta Secretaria e focada na análise dos itens documentais através
dos quais a recorrente realiza o pleito.
Para que ocorra a possibilidade técnica em relação ao pedido de reequilíbrio
econômico-financeiro, torna-se necessária a constatação e a certificação das
situações e condições descritas adiante.

3.1 Das disposições contratuais a respeito do equilíbrio econômico-


financeiro
As determinações constantes na denominada “CLÁUSULA QUINTA – DO
PREÇO, CONDIÇÕES DE PAGAMENTO E REAJUSTE” que em seu item 5.6
– REAJUSTE, do contrato de nº 381/2018 firmado entre o fornecedor e o
Município em 04 de outubro de 2018, prevê:
5.6 – REAJUSTE: Em caso de prorrogação do contrato e depois
de decorrido o prazo de 12 (doze) meses, a contar da data da
apresentação da proposta comercial, o valor poderá ser
reajustado pela variação do INCC ocorrida nos últimos 12 (doze)
meses.

Apesar de, o instrumento jurídico prever apenas a possibilidade contratual


relativa à concessão do reajuste após decorridos 12 (doze) meses,
3 Ofício nº 782/2019-PGM – DCA, documento integrante das laudas de nº 161 à 168 do Processo 0030403/2018

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legalmente, através do disposto na Lei Federal nº 8.666/93, que em seu artigo


65 é claro ao mencionar o reequilíbrio financeiro entre as partes, a qualquer
tempo, em hipótese de fatos imprevisíveis ou previsíveis, em conformidade ao
que a Procuradoria do Município já mencionou no Ofício nº 782/2019/PGM-
DCA.

Evidenciada a possibilidade legal da empresa contratada de


requisitar o reequilíbrio, todavia tal prerrogativa carece do
cumprimento de requisitos relacionados à documentação
comprobatória de fatos alusivos à majoração dos insumos
necessários ao fornecimento do serviço contratado.

3.2 Da documentação comprobatória apresentada

Apurada a possibilidade referente a solicitação de reequilíbrio dos preços


praticados, observa-se que, no pedido de reequilíbrio feito pelo fornecedor e
no Parecer emitido pelo fiscal do citado contrato, o engenheiro civil, Sr. Ivan
Andreias Wolter, restaram esclarecidos de que, os insumos na qual está
pleiteando o reequilíbrio, são utilizados somente para a efetivação dos itens
3.5 (Imprimação de base de pavimentação com ADP CM-30 - taxa de
aplicação estimado de 1,3 L/m²) e 3.6 (Execução de pavimento com aplicação
de Concreto Betuminoso Usinado a Quente – CBUQ – camada de rolamento,
com espessura de 4,0 cm, inclusive transporte DMT = 30Km) da Planilha de
Medições.
A requerente pleiteia inicialmente um acréscimo monetário para os itens 3.5 e
3.6 da Planilha de Medições na mesma proporção dos percentuais de
aumentos repassados pela Petrobras. Levando-se em consideração os
valores firmados contratualmente para cada item e o pedido da requerente
juntamente da planilha apresentada em requerimento, o valor do reequilíbrio
econômico-financeiro pretendido encontra-se demonstrado em quadros
abaixo:

Item 3.5 – Imprimação de base de pavimentação com ADP CM-30 (taxa de aplicação estimado de 1,3 L/m²)
Valor
Preço Diferença Total
Valor Total Unitário Valor Total Item
Quant. (m²) Unitário (R$) Requerida
Inicial (R$) Requerido (R$)
Inicial (R$) Item 3.5
(R$)
R. Maria Madalena
9.675,28 3,48 33.660,30 4,16 40.249,16 6.588,86
Sant’Ana
R. Guilherme Schiochet 739,00 3,48 2.570,98 4,16 3.074,24 503,26
R. Domingos Murara 2.656,80 3,48 9.243,01 4,16 11.052,29 1.809,28
R. Arthur Carsten 2.950,00 3,48 10.263,05 4,16 12.272,00 2.008,95
R. Adolfo Menel 3.925,74 3,48 13.657,65 4,16 16.331,08 2.673,43

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TOTAL 19.946,82 3,48 69.394,99 4,16 82.978,77 13.583,78


Fonte: Preço unitário requerido em conformidade à Planilha disposta em lauda nº 06 do Processo nº
0030403/2018.

Item 3.6 – Execução de pavimento com aplicação de Concreto Betuminoso Usinado a Quente (CBUQ), camada de
rolamento, com espessura de 4,0 cm, inclusive transporte DMT = 30 km
Valor
Preço Diferença Total
Quant. Valor Total Unitário Valor Total
Unitário (R$) Requerida
(m³) Inicial (R$) Requerido Item (R$)
Inicial (R$) Item 3.6
(R$)
R. Maria Madalena
387,01 550,28 212.963,24 609,84 236.014,18 23.050,94
Sant’Ana
R. Guilherme
29,56 550,28 16.266,23 609,84 18.026,87 1.760,64
Schiochet
R. Domingos Murara 132,84 550,28 73.098,98 609,84 81.011,15 7.912,17
R. Arthur Carsten 118,00 550,28 64.932,85 609,84 71.961,12 7.028,27
R. Adolfo Menel 157,03 550,28 86.410,22 609,84 95.763,18 9.352,96
TOTAL 824,44 550,28 453.671,52 609,84 502.776,50 49.104,98
Fonte: Preço unitário requerido em conformidade à Planilha disposta em lauda nº 06 do Processo nº
0030403/2018.

Desta maneira, o pleito do reequilíbrio econômico-financeiro no Contrato nº


381/2018 é no valor total de R$ 62.688,76 (sessenta e dois mil, seiscentos e
oitenta e oito reais e setenta e seis centavos), que poderá ser concedido
desde que, corretamente comprovados e demonstrados através de notas
fiscais e Planilhas de Composição de Custos da Formação do Preço do
Serviço, que se verifica adiante.
A entrega da proposta comercial para participação do certame ocorreu em 14
de maio de 2018, a assinatura do Contrato nº 381/2018 foi em 04 de outubro
de 2018 e a assinatura da Ordem de Serviços deu-se em 08 de outubro de
2018.
Houve a apresentação de planilha de custos 4 pela requerente, onde o fiscal
do contrato aponta divergências nesta. Os demais cálculos demonstrados no
presente processo, são efetuados pelo fiscal do contrato. Não houve
apresentação dos demais elementos que compõe a planilha de custos para
cada item 3.5 e 3.6 da planilha de medições, para assim, ter-se a noção do
impacto que a majoração dos insumos aqui discutidos, trouxe à cada um
destes itens.
Porém, para ter-se direito ao reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, é
necessário demonstrar e comprovar esta majoração de custos alegada,
assim como nos mostra o ensinamento do Professor Jorge Ulisses Jacoby
Fernandes quanto à documentação a ser apresentada a fim de se ter a
possibilidade de pleitear o reequilíbrio contratual:
1. Requerimento do interessado

4 Lauda nº 06 do Processo nº 0030403/2018.

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O reequilíbrio que visar a majoração de preços deve ter sempre por


base o pleito do contratado, do mesmo modo que os que visem a
redução de preços deve se basear na verificação da Administração
Pública da redução de preços do mercado.

É ao contratado, quando pretende a majoração dos preços, que


cabe pedir e demonstrar o direito ao reequilíbrio. A atuação de
ofício, demonstra o interesse do agente público de zelar por
interesse privado, absolutamente incompatível com a austeridade de
quem gere recursos públicos.

2. Demonstração de desequilíbrio

Ao pleitear o reequilíbrio caberá ao contratado apresentar duas


planilhas de custos: uma do tempo atual e outra da época da
proposta.

São esses os períodos a serem considerados pela Administração


Pública e somente esses justificam o atendimento do pleito.
Circunstâncias alheias ao custo do contrato, como má gestão da
empresa, não justificam o reequilíbrio.

3. exame econômico das planilhas

Atento ao que foi exposto, não deve o administrador conceder o


reequilíbrio confiando, apenas, nos dados apresentados pelo
contratado. Ao contrário, impõe-se-lhe o dever de verificar, item
por item, a compatibilidade e veracidade da informação
apresentada. Por força de lei, – art. 113, da Lei nº 8.666/93 -, houve
a inversão da presunção de legitimidade dos atos praticados pelo
administrador público em matéria de contratos. Cabe-lhe
demonstrar a legalidade e regularidade dos atos que pratica e
essa demonstração deve ficar no processo. (Grifo nosso)

(In: Vade-mécum de licitações e contratos: legislação selecionada e


organizada com jurisprudência, notas e índices. 3ª edição. Belo
Horizonte: Fórum, 2008. p. 882/883).

Os cálculos efetuados pelo fiscal do contrato apontam inicialmente um


desequilíbrio econômico-financeiro total de R$ 73.652,43 (setenta e três mil,
seiscentos e cinquenta e dois reais e quarenta e três centavos) 5,
considerando os moldes preliminares requeridos pela Paviplan Pavimentação,
ajustando as inconsistências encontradas na planilha apresentada
preliminarmente. Após a emissão do Ofício nº 337/2019/Cogem 6 pela
Controladoria do Município, datado em 04 de junho de 2019, com o pedido de

5 Parecer Técnico da Secretaria originária disposto às laudas nº 08 à 13 do Processo nº 0030403/2018.


6 Ofício nº 0337/2019/Cogem – laudas nº 169 à 171 do Processo nº 0030403/2018.

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notas fiscais tempestivas da requerente e planilhas de custos com os demais


itens que a compõe, o fiscal do contrato apontou novo desequilíbrio contratual
total de R$ 140.556,80 (cento e quarenta mil, quinhentos e cinquenta e seis
reais e oitenta centavos)7, levando em consideração as novas notas
fiscais apensadas ao processo.
Reequilíbrio do item 3.5 – Imprimação de base de pavimentação com
ADP CM-30

Para a execução do objeto do referido contrato às cinco ruas do bairro Nereu


Ramos com extensão total de 1.893,62m (um mil, oitocentos e noventa e três
vírgula sessenta e dois metros), fora contratado 19.946,82 m² (dezenove mil,
novecentos e quarenta e seis vírgula oitenta e dois metros quadrados) do
item 3.5 (Imprimação de base de pavimentação com ADP CM-30 (taxa de
aplicação estimado de 1,3 L/m²)), ao custo inicial unitário de R$ 3,48 (três
reais e quarenta e oito centavos), totalizando R$ 69.394,99 (sessenta e nove
mil, trezentos e noventa e quatro reais e noventa e nove centavos) para o
item.
A fim de comprovar a majoração sofrida no insumo “Imprimação” utilizado
para concretização deste item 3.5, a requerente apresentou duas notas
fiscais8, em conformidade ao sintetizado em quadro abaixo:

Nota fiscal 69.948 de 23/03/2018 Nota fiscal 41.659 de 21/11/2018


Fornecedor: Greca Distr.de Fornecedor: NTA – Novas Variação Valor
Insumo Asfaltos Técnicas de Asfaltos do Insumo
Valor Insumo Valor Insumo
Imprimação (CM-30) R$ 1,78/kg R$ 2,398/kg 34,72%

A descrição do produto constante nas duas notas fiscais diverge: a primeira


apresenta como produto “Emulsão de Ruptura Media Cationica” e a segunda
nota fiscal apresenta como produto “NTA Eco-Imprimação”. Por tratar-se de
insumo utilizado na aplicação dos serviços, assunto unicamente técnico, esta
Secretaria não poderá avaliar se os dois referem-se ao mesmo produto.
Infere-se que sim, pois o fiscal do contrato não apontou qualquer
irregularidade na apresentação destas.
Juntamente às notas fiscais supracitadas foram incluídas Planilhas de Custos 9
com os demais insumos utilizados para a efetivação do item 3.5 da Planilha
de Medições, onde afere-se o insumo “CM-30” antes da majoração de preços,
no valor de R$ 1.847,50 (um mil, oitocentos e quarenta e sete reais e

7 Novo Parecer Técnico da Secretaria originária disposto às laudas nº 176 à 190 do Processo nº 0030403/2018.
8 Laudas nº 25 e 26 do Processo nº 0030403/2018.
9 Laudas nº 14 e 15 do Processo nº 0030403/2018.

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cinquenta centavos) por tonelada, que, transformada em quilo, nos traz o


custo em torno de R$ 1,85 (um real e oitenta e cinco centavos). Após a
majoração, a devida planilha indica que o seu preço alterou para R$ 2.637,80
(dois mil, seiscentos e trinta e sete reais e oitenta centavos centavos) por
tonelada, ou seja, em torno de R$ 2,64 (dois reais e sessenta e quatro
centavos) por quilo do mesmo insumo “CM-30”.
Neste sentido, os valores apresentados na Planilha de Custos divergem dos
valores demonstrados nas notas fiscais. O mínimo necessário é que as
informações estejam atreladas aos documentos comprobatórios.
Fora ainda apresentada a nota fiscal nº 66.134 da empresa Greca
Distribuidora de Asfaltos S/A, datada em 23 de outubro de 2017. Por ter sido
emitida muito antes da entrega da proposta comercial para participação do
certame, esta nota fiscal não poderá ser aceita para comprovar valores
baseados na elaboração dos preços da proposta comercial.
Em Ofício nº 0337/2019/Cogem, a Controladoria Geral do Município solicita
mais documentos para ter-se o embasamento correto à concessão do
reequilíbrio econômico-financeiro para o item 3.5 da Planilha de Medições,
onde dispõe:
Para a comprovação do insumo CM-30 / Imprim ação, houve a
apresentação de planilhas às páginas 14 e 15 do presente Processo,
porém os valores informados para o insumo “Asfalto diluído CM-30”
não está comprovado através das notas fiscais acostadas ao mesmo
processo. Poderão ser aceitas as notas fiscais para comprovação de
preço antes e após os referidos aumentos, se, e somente se,
comprovar os valores através de planilha de custos, que deverá
estar acostada ao processo. Não será aceito notas fiscais há mais
de um mês da data da entrega da proposta, pois em meses, os
preços podem variar muito, não sendo aceito neste sentido, a nota
fiscal com data de outubro de 2017.

Posterior à emissão do Ofício supracitado, não foram acostadas notas fiscais


ou planilhas de custos adicionais a fim de comprovar a real majoração de
preços sofrida para o material ADP CM-30, no período requisitado.
Nos Pareceres Técnicos emitidos pelo fiscal da obra, foram utilizados cálculos
puramente técnicos, na qual esta Secretaria se abstêm da validação destes,
devido a tratar-se de matéria técnica de engenharia.
Reequilíbrio do item 3.6 – Concreto Betuminoso Usinado à Quente
(CBUQ)

Para a execução do objeto do referido contrato às cinco ruas do bairro Nereu


Ramos com extensão total de 1.893,62m (um mil, oitocentos e noventa e três
vírgula sessenta e dois metros), fora contratado 824,44m³ (oitocentos e vinte
e quatro vírgula quarenta e quatro metros cúbicos) do item 3.6 (Execução de

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pavimento com aplicação de Concreto Betuminoso Usinado a Quente


(CBUQ), camada de rolamento, com espessura de 4,0 cm, inclusive
transporte DMT = 30 km), ao custo inicial unitário de R$ 550,28 (quinhentos e
cinquenta reais e vinte e oito centavos), com custo total de R$ 453.671,52
(quatrocentos e cinquenta e três mil, seiscentos e setenta e um reais e
cinquenta e dois centavos) para o item.

Em atendimento à documentação mínima a ser apresentada para


solicitar o reequilíbrio econômico-financeiro do contrato, a requerente
apresentou duas notas fiscais10 para comprovar a majoração sofrida no
insumo “CAP 50/70” utilizado para concretização deste item 3.6 da Planilha
de Medições, onde requer demonstrar o preço praticado próximo à data da
entrega dos envelopes para participação da Concorrência nº 028/2018,
comparado ao preço deste mesmo insumo, em data próxima à finalização do
item, expostos de forma sintética em quadro a seguir:
Nota fiscal 28.778 de Nota fiscal 29.039 de
16/05/2018 18/06/2018
Variação Valor do
Fornecedor: CBB Ind.e Fornecedor: CBB Ind.e
Insumo Insumo
Com.de Asfaltos Com.de Asfaltos
Valor Insumo Valor Insumo
CAP 50/70 R$ 2,105/kg R$ 2,2675/kg 7,72%

Fora ainda apresentada a nota fiscal nº 1.531 da empresa CBB Indústria e


Comércio de Asfaltos e Engenharia Ltda., datada em 12 de setembro de
2016. Por ter sido emitida há mais de um ano da entrega da proposta
comercial para participação do certame, esta nota fiscal não poderá ser aceita
para comprovar valores baseados na elaboração dos preços.
No processo administrativo em questão não se encontrou uma Planilha de
Composição de Custos da Formação do Preço do Serviço que demonstrasse
os demais insumos utilizados para efetivação do item 3.6 da Planilha de
Medições. Na própria descrição do item percebe-se que o mesmo não é
composto somente por CAP 50/70, pois há na descrição “camada de
rolamento” e “inclusive transporte DMT”.
Ademais, nas notas fiscais apresentadas, o insumo demonstra-se com preço
em quilo e a contratação do item 3.6 foi feita por metro cúbico.
Em Ofício nº 0337/2019/Cogem, a Controladoria Geral do Município solicita
planilhas de custos com os demais insumos utilizados para concretização do
referido item, para ter-se o embasamento correto à concessão do reequilíbrio
econômico-financeiro para o item 3.6 da Planilha de Medições, onde dispõe:
Para a comprovação do insumo CAP 50/70, poderá ser aceito a nota
fiscal nº 28778 de CBB, comprovando o preço para a data próxima
ao envio da proposta, se, e somente se, comprovar os valores

10 Laudas nº 21 e 22 do Processo nº 0030403/2018.

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através de planilha, não acostadas ao processo, visto que a nota


fiscal encontra-se com o produto vendido a kg, e a planilha de
medição encontra-se com a demonstração do produto vendido em
m³. Ainda para o produto CAP 50/70, faltou a nota fiscal com o preço
pago após os aumentos notificados, ou seja, após a data de 31 de
janeiro de 2019.

Posterior à emissão do Ofício supracitado, foram acostadas novas notas


fiscais, porém sem planilhas de custos demonstrando os demais elementos
que compõe a execução do item 3.6. Uma destas notas fiscais apensadas é a
nota fiscal nº 70.372 de Greca Distribuidora de Asfaltos S/A 11, datado em 12
de abril de 2018, onde consta o valor unitário a R$ 2,00 (dois reais) por quilo.
Não obstante a nota fiscal nº 70.372 da empresa Greca Distribuidora de
Asfaltos apresentar como destinatário a empresa contratada, esta trata-se de
nota fiscal com natureza de operação de simples remessa, ou seja, os valores
ali informados são meramente representados para transporte da mercadoria
até a empresa Paviplan Pavimentação. Nas informações complementares
desta nota fiscal percebe-se que a operação comercial ocorreu entre a
empresa Greca Distribuidora de Asfaltos e empresa terceira, denominada TV
Técnica Viária, estranha ao contrato formalizado com esta municipalidade.
Neste sentido, não poderá ser aceita esta nota fiscal para comprovação de
preços praticados, sendo que a Paviplan Pavimentação não participou da
negociação comercial, mas sim, somente recebeu a mercadoria para fins
específicos.
Nos Pareceres Técnicos emitidos pelo fiscal da obra, foram utilizados cálculos
puramente técnicos, na qual esta Secretaria se abstêm da validação destes,
devido a tratar-se de matéria técnica de engenharia. O que se pôde observar,
é que os cálculos ali discriminados foram baseados nas notas fiscais
apensadas aos processos, incluindo a nota fiscal de simples remessa da
empresa Greca Distribuidora de Asfaltos relatada anteriormente.
É a análise técnica.
DISPOSIÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
Uma vez constatado o cumprimento das condicionantes técnicas necessárias
ao atendimento da presente demanda, compete a esta Secretaria recomendar
que:
devido: 1) a falta de apresentação de planilhas de custos por parte da
requerente, validadas pelo fiscal do contrato, a fim de demonstrar os demais
insumos utilizados para concretização dos itens 3.5 e 3.6 da Planilha de
Medições da Obra, para assim ter-se a mensuração do real impacto que a
majoração dos insumos trouxeram à execução dos itens; 2) os valores das
notas fiscais apresentadas para comprovação dos preços praticados para a
execução do item 3.5 da obra, não conferem com os valores constantes nas

11 Lauda nº 106 do Processo nº 0023089/2018.

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planilhas de custos apensadas ao Processo; 3) a nota fiscal apensada para


comprovação dos preços praticados para execução do item 3.6 da obra,
tratar-se de natureza de operação de simples remessa, na qual foi utilizada
para os cálculos do fiscal da obra em seu Parecer.
Diante do exposto, em atenção ao atendimento do interesse público
caracterizado pela contratação dos serviços com o proponente, bem como em
observação ao disposto na legislação em vigor, manifesta-se esta
Secretaria com parecer DESFAVORÁVEL à solicitação formulada
pela empresa contratada.
(…)

É preciso lembrar que, para concessão do pedido de reequilíbrio, é


necessário comprovar números “imprevistos e imprevisíveis pelas partes e a elas não
imputados, alteram o equilíbrio econômico-financeiro refletindo na economia ou na
execução do contrato, autorizam sua revisão para ajustá-lo à situação
superveniente, equilibrando novamente a relação contratual. Portanto a ocorrência
deve ser superveniente, imprevista (porque as partes não imaginaram),
imprevisível (porque ninguém no lugar delas conseguiria imaginar – algo
impensável) e que onera demais o contrato para uma das partes, exigindo-se a
recomposição”,retrazendo ao excerto anterior.

É preciso repetir em defesa da Coisa Pública, do Interesse


Público, que um dos objetos de uma licitação é justamente a vantajosidade para a
Administração, bem por isso torna público para que participe quem queira e tenha
competência técnica, assim a empresa reclama da defasagem de preços, no
entanto, houve valor limitado no Certame e foi vencedora.

O que este Julgador não pode e não vai admitir, sob pena de
conduta ímproba, com todo respeito, é que a concessão legal do reequilíbrio

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econômico-financeiro, sirva de burla à licitação, conquanto, quem participa do


certame deve sim saber a que preço pode chegar, pois fere de morte a lei, a
razoabilidade, o aceitável, o admissível que empresas participem com baixo preço,
sagrem-se vencedoras eliminando a concorrência, conquanto à frente sejam
agraciadas com a majoração de valores travestidas de “reequilíbrio econômico-
financeiro” ferindo de morte o caráter competitivo da licitação.

Estar-se-ia, em tese, diante de álea econômica, consubstanciada na


teoria da imprevisão, o que acontece quando os sucessivos aumentos são
acontecimentos externos ao contrato, estranhos à vontade das partes,
imprevisíveis e inevitáveis que causam um desequilíbrio muito grande, tornando a
execução do contrato excessivamente onerosa para o contratado 12, bem por isso
não há de se considerar o aumento como consequência calculável, constituindo-se álea
econômica ordinária.

Assim, o art. 58 da Lei das Licitações traz:

Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos instituído por esta
Lei confere à Administração, em relação a eles, a prerrogativa de:

I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequação às


finalidades de interesse público, respeitados os direitos do
contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados no inciso I do art.
79 desta Lei;
III - fiscalizar-lhes a execução;
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do ajuste;
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens
móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na
hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas

12Disponível em https://gustavofavareto.jusbrasil.com.br/artigos/, acessado em 19 de abril de 2021, às 10h

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contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do


contrato administrativo.
§ 1o As cláusulas econômico-financeiras e monetárias dos contratos
administrativos não poderão ser alteradas sem prévia concordância
do contratado.
§ 2o Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas econômico-
financeiras do contrato deverão ser revistas para que se mantenha o
equilíbrio contratual

Tem-se então que a Lei faculta as alterações desde que atendidos o


interesse público e o direito do contratado, no entanto, o mesmo regramento também
dispõe no art. 65, seção III, das alterações dos contratos:

Seção III - Da Alteração dos Contratos


Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
[...]
II - por acordo das partes:
a) quando conveniente a substituição da garantia de execução;
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou
serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação
técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários;
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por
imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial
atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao
cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de
fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço;
d) (VETADO).
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre
os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de
sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências
incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou,
ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe,
configurando álea econômica extraordinária e extracontratual.
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

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§ 1o O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições


contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
acréscimos.
§ 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no parágrafo anterior.
§ 2o Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os limites
estabelecidos no parágrafo anterior, salvo: (Redação dada pela Lei
nº 9.648, de 1998)
I - (VETADO) (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre os
contratantes. (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998)
§ 3o Se no contrato não houverem sido contemplados preços unitários
para obras ou serviços, esses serão fixados mediante acordo entre as
partes, respeitados os limites estabelecidos no § 1o deste artigo.
§ 4o No caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já
houver adquirido os materiais e posto no local dos trabalhos, estes
deverão ser pagos pela Administração pelos custos de aquisição
regularmente comprovados e monetariamente corrigidos, podendo caber
indenização por outros danos eventualmente decorrentes da supressão,
desde que regularmente comprovados.
§ 5o Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alterados ou extintos,
bem como a superveniência de disposições legais, quando ocorridas após
a data da apresentação da proposta, de comprovada repercussão nos
preços contratados, implicarão a revisão destes para mais ou para menos,
conforme o caso.
§ 6o Em havendo alteração unilateral do contrato que aumente os
encargos do contratado, a Administração deverá restabelecer, por
aditamento, o equilíbrio econômico-financeiro inicial.
§ 7o (VETADO)
§ 8o A variação do valor contratual para fazer face ao reajuste de
preços previsto no próprio contrato, as atualizações, compensações
ou penalizações financeiras decorrentes das condições de
pagamento nele previstas, bem como o empenho de dotações
orçamentárias suplementares até o limite do seu valor corrigido, não
caracterizam alteração do mesmo, podendo ser registrados por

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simples apostila, dispensando a celebração de aditamento. (grifo


deste Gabinete)

Pois bem, embora diga a empresa que necessário o reequilíbrio


contratual, a prova documental trazida aos autos aponta que não há como deferir o
o pedido pela falta de apresentação de planilhas de custos por parte da requerente,
validadas pelo fiscal do contrato, a fim de demonstrar os demais insumos utilizados para
concretização dos itens 3.5 e 3.6 da Planilha de Medições da Obra;

Com relação as notas fiscais apensada para comprovação dos


preços praticados para execução do item 3.6 da obra, tratar-se de natureza de operação
de simples remessa, na qual foi utilizada para os cálculos do fiscal da obra em seu
Parecer.

Bem por isso, não vejo norte, senão indeferir o pedido proposto, eis
que não há nos autos motivação que autorize este Julgador a homologar o
presente reequilíbrio contratual diante da fundamentação posta neste processo.

Em virtude de delegação de poderes contida no artigo 1º, inciso XIV,


do Decreto Municipal nº 12.302/2018, eventual aplicação de multas previstas em lei e
contratos, bem como a relevação destas quando impostas de forma irregular é de
competência do Secretário Municipal de Administração13.

13Decreto n 12.302/2018
Art. 1º Fica delegada ao Secretário Municipal da Administração a competência para exercer os atos de direção superior da Secretaria
Municipal da Administração, com poderes para:

XIV - aplicar multas previstas em lei e contratos, bem como relevá-las quando impostas irregularmente, cuja competência legal não
seja exclusiva de outra entidade, órgão do Executivo Municipal ou de agente público legalmente investido na função;
Disponível em: <https://leismunicipais.com.br/a2/sc/j/jaragua-do-sul/decreto/2018/1231/12302/decreto-n-12302-2018-delega-poderes?
q=delega+compet%C3%AAncia>. Acesso em 21 jan de 2021.

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Importante esclarecer que não há questões pendentes a serem


trazidas aos autos, motivo pelo qual passa-se ao mérito.

Assim, DIANTE DO EXPOSTO, conheço do pedido e, no

MÉRITO, NEGO PROVIMENTO INDEFERINDO o pedido formulado pela empresa


Paviplan Pavimentação Ltda., pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita
no CNPJ sob nº 03.620.927/0001-12 que, tendo firmado Contrato nº 381/2018 com o
Município em 04 de outubro de 2018, fundamentado na decisão exarada em processo
correspondente à Concorrência nº 56/2018, cujo objeto consiste na prestação de
serviços de engenharia com fornecimento de materiais e mão de obra para
pavimentação asfáltica, drenagem e sinalização das Ruas Maria Madalena Lopes
Sant’Ana, Arthur Carsten, Guilherme Schiochet, Adolfo Menel e Domingos Murara, no
bairro Nereu Ramos com extensão total de 1.893,62m (um mil, oitocentos e noventa e
três vírgula sessenta e dois metros), em conformidade com os Projetos, Memorial
Descritivo, Planilha Orçamentária/Quantitativa, partes integrantes do edital.

Assim:

À Secretaria da Obras e Serviços Públicos para cumprimento


imediato da decisão junto ao setor de licitações públicas e intimação da empresa
contratada.

Cumpra-se nestes termos e de imediato.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Feito isso, ARQUIVEM-SE-OS com as devidas baixas.

Jaraguá do Sul, 20 de Abril de 2021.

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Argos José Burgardt Benedito Carlos Noronha
Secretário Municipal de Administração Procurador-Geral do Município

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