Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Unidade II
5 EMBRIOLOGIA
Chamamos de período embrionário o período que vai da fertilização até a oitava semana de gestação,
enquanto o período fetal se inicia na nona semana e só termina no nascimento.
75
Unidade II
Lembrete
Iremos abordar a formação dos gametas femininos e masculinos, bem como alguns aspectos do
desenvolvimento embrionário e fetal.
Recebe o nome de gametogênese o processo responsável pela formação dos gametas femininos e
masculinos, ou seja, os óvulos e os espermatozoides, respectivamente.
Observação
O processo responsável pela redução do número de cromossomos nos gametas é a meiose. Como
visto anteriormente, a meiose é um processo que consiste em duas divisões nucleares. Na primeira,
ocorre separação dos cromossomos homólogos, resultando na redução do número de cromossomos de
46 para 23. Na segunda divisão, ocorre a separação das cromátides irmãs. A figura a seguir resume o
processo de meiose.
76
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Mitose Meiose
Interfase (2n)
Prófase Prófase
Divisão reducional
Metáfase Metáfase I
Anáfase Anáfase I
Telófase Telófase I
2n 2n
Telófase II
n n n n
Saiba mais
A meiose é um fator crucial para a formação dos gametas porque permite a manutenção do
número de cromossomos da espécie ao longo das gerações. Por meio do crossing‑over, ocorre a
permuta de segmentos gênicos de cromossomos homólogos, garantindo a variabilidade genética
nos gametas formados.
77
Unidade II
As células germinativas primitivas são observadas já no início da quarta semana como estruturas
grandes e esféricas. Por volta da sexta semana de gestação, essas células migram para uma região onde,
no futuro, encontraremos a cavidade abdominal.
5.2 Ovogênese
O processo de ovogênese diz respeito ao processo de formação dos gametas femininos no ovário
e começa durante o período de desenvolvimento fetal inicial. Nesse momento, as células germinativas
primordiais diferenciam‑se em ovogônias. A maioria dessas células se degenera antes mesmo do
nascimento, mas as que restam se diferenciam em ovócitos primários. Tanto as ovogônias quanto os
ovócitos primários são células diploides, ou seja, 2n=46 cromossomos.
Os ovócitos primários entram em meiose I durante o desenvolvimento fetal, porém não completam
todo o processo. Os ovócitos primários realizam apenas a prófase I e permanecem parados nesse
estágio até a puberdade. Graças à ação dos hormônios secretados pela adeno‑hipófise, existe o
estímulo para que o ovócito primário termine a meiose I e gere dois ovócitos secundários de
tamanhos diferentes, mas ambos com 23 cromossomos. A célula com uma menor quantidade de
citoplasma recebe o nome de corpo polar; aquela que tiver a maior parte do citoplasma receberá
o nome de ovócito secundário. Apenas o ovócito secundário continua a divisão meiótica, o corpo
polar formado logo se degenera.
O ovócito secundário entra em meiose II, porém, mais uma vez, esse processo não se completa: é
interrompido na metáfase II. O ovócito secundário parado em metáfase II é expelido do ovário durante a
ovulação, capturado pelas fímbrias e conduzido para o interior da tuba uterina. O ovócito só terminará
sua meiose II se for fecundado por um espermatozoide, caso contrário, será expelido junto com o
endométrio uterino durante a menstruação.
78
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
No embrião
Célula primordial
Divisões mitóticas
2n Oogônia
Divisões mitóticas
Ovócito primário
2n (presentes no nascimento),
permanece na prófase I da meiose
Conclusão da meiose II
Fertilização do óvulo
n
Observação
Quando o ovócito secundário é liberado durante a ovulação, ele está envolto por uma camada
mucoide conhecida como zona pelúcida que fica em contato direto com a membrana do ovócito.
79
Unidade II
Acima da zona pelúcida, existe uma camada de células foliculares chamada de corona radiata. A
zona pelúcida é formada por glicoproteínas que permitem a adesão das células foliculares. Enquanto
a zona pelúcida é responsável pela nutrição do ovócito, a corona radiata é responsável pela proteção
da célula contra choques mecânicos. Em termos de organização intracelular, o óvulo tem um
citoplasma abundante rico em proteínas que irão auxiliar na nutrição do embrião durante o início
do desenvolvimento embrionário até que a placenta esteja formada. Além disso, o citoplasma é rico
em fatores morfognéticos, que irão controlar a diferenciação celular e serão segregados para regiões
específicas durante a clivagem. Abaixo da membrana plasmática, existem ainda os grânulos corticais,
vesículas ricas em enzimas ácidas e proteolíticas que serão liberadas no momento que o primeiro
espermatozoide romper a zona pelúcida, desencadeando o processo de bloqueio à poliespermia que
impede a entrada de mais de um espermatozoide no mesmo óvulo. Esse processo será discutido com
mais detalhes durante a fertilização.
Zona Pelúcida
Corona Radiata
Figura 58 – Principais estruturas presentes no ovócito secundário e que persistem no óvulo maduro
5.3 Espermatogênese
80
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Observação
Divisões mitótica
Célula-tronco de
espermatogônia 2n
Divisões mitótica
Espermatogônia 2n
Divisões mitótica
Espermatócito primário 2n
Meiose I
Espermatócito secundário n n
Meiose III
Espermatide primário n n n n
Diferenciação
(células de Sertoli
fornecem nutrientes)
Espermatozoide u u u u
81
Unidade II
No entanto, as espermátides são células esféricas e precisam sofrer um novo processo de diferenciação
para se tornarem espermatozoides maduros. Durante a espermiogênese, as espermátides sofrem uma
metamorfose que envolve a condensação do núcleo, a redução drástica do volume citoplasmático e a
formação de duas estruturas essenciais: o acrossoma e o flagelo. A figura a seguir mostra a sequência
de eventos responsável pela formação do espermatozoide maduro.
Centríolo Mitocôndria
Golgi
Golgi
Grânulo
acrossômico
Acrossomo
Estrutura em anel
Golgi
Porção da cauda
Porção média
Núcleo
recoberto pelo
acrossomo
O acrossoma é uma estrutura que ocupa quase toda a cabeça do espermatozoide. É uma
organela derivada do complexo de Golgi e rica em enzimas que auxiliaram na penetração da
corona radiata e da zona pelúcida durante o processo de fertilização. Paralelamente à formação
do acrossoma, as mitocôndrias migram para a extremidade da célula onde encontram‑se os
centríolos que iniciarão a formação do flagelo, essencial para que o espermatozoide consiga
se locomover para atravessar o corpo do útero e as tubas uterinas até encontrar o óvulo. As
mitocôndrias ficam localizadas na base do flagelo justamente para produzir o ATP necessário
para a ativação da estrutura.
82
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Acrossoma
Peça principal da cauda
Cabeça
Colo
Peça intermediária
da cauda
Ao compararmos as figuras 59 e 60, podemos perceber que, embora ambos os processos gerem
células haploides, ou seja, n=23 cromossomos, a formação dos gametas femininos e masculinos
se diferem em vários aspectos. A primeira grande diferença observada diz respeito ao tamanho e à
mobilidade do gameta gerado; enquanto o óvulo é grande e imóvel, o espermatozoide é pequeno e
possui grande motilidade. Além disso, podemos perceber que, durante a espermiogênese, existe um
descarte do citoplasma da espermátides para a formação do espermatozoide maduro, enquanto na
ovogênese a citocinese desigual é essencial para que o gameta maduro carregue em seu citoplasma os
fatores morfogenéticos necessários para a diferenciação celular durante o desenvolvimento embrionário.
Finalmente, um outro aspecto interessante é que a ovogênese não é um processo contínuo, ela tem uma
fase embrionária, reinicia‑se na puberdade e se mantém até que a mulher entre na menopausa. Por
outro lado, a espermatogênese inicia‑se na puberdade e dura toda a vida do homem.
Lembrete
83
Unidade II
Lembrete
• alterações balanceadas – quando não há perda da informação genética total; justamente por isso
não apresentam efeitos fenotípicos. Os problemas ocorrem, na verdade, nas gerações futuras, pois
os indivíduos irão gerar gametas com cromossomos com alterações numéricas não balanceadas;
• alterações não balanceadas – quando há alterações no conteúdo genético final, ou seja, há perda
ou ganho de segmentos cromossômicos. Sempre há manifestação fenotípica e a gravidade da
alteração vai depender da quantidade de genes que foi inserida ou deletada do cromossomo.
Essas alterações são mais raras do que as aneuploidias e, na maioria das vezes, são consequência da
ação de fatores ambientais como o álcool, drogas, agentes físicos (radiação), medicamentos e infecções.
84
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Cardiopatias
Alteração estrutural
Síndrome de DiGeorge Esquizofrenia
Microdeleções no cromossomo 22
Defeitos no fechamento do palato
Alteração estrutural
Leucemia mieloide crônica Alterações na produção de células da
Translocação entre o cromossomo 9 e o linhagem mieloide
cromossomo 22
6 DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
6.1 Fertilização
Para que o desenvolvimento embrionário se inicie, é necessário que ocorra a fertilização. Esse
processo se caracteriza pela entrada do espermatozoide no óvulo maduro. A união dessas duas células
haploides vai gerar um zigoto diploide (2n=46) de constituição genética única, uma vez que é resultado
da combinação de cromossomos maternos e paternos.
O processo de fertilização ocorre nas tubas uterinas e o sucesso do evento depende de uma série de
outros eventos moleculares que devem ocorrer de forma coordenada. Um fator que deve ser levado em
conta é o tempo, como vemos na figura a seguir. A fertilização deve ocorrer entre 12‑24 horas após a
ovulação, tempo que o ovócito secundário permanece viável. A maioria dos espermatozoides morrem
no útero; aqueles que sobrevivem se tornam aptos a fertilizar o ovócito secundário graças às secreções
existentes na tuba uterina. Além disso, os espermatozoides que chegam até o ovócito secundário não
conseguem fertilizá‑lo imediatamente, existe um período de cerca de 7 horas chamado de capacitação.
Durante esse período, várias alterações químicas ocorrem no espermatozoide que permitem um aumento
de velocidade de movimentação da cauda, alteração nas glicoproteínas da sua membrana plasmática
para prepará‑la para a fusão com a membrana do ovócito e, finalmente, a ativação das proteases e
hialuronidases presentes no acrossoma.
85
Unidade II
Parede posterior
do útero
Blastocistos
Estágio de Estágio de Estágio de
Mórula quatro célular duas célular Zigoto
oito célular
Fertilização
Ovócito
Folículo Folículo quase na tuba
Folículo em secundário maduro
Folículo
crescimento maduro
Folículo
primário Ovócito
inicial
Vasos
sanquíneos
Epitélio
Corpo albicans
Ovócito liberado
Corpo lúteo maduro
Folículo roto
Folículo em atresia (em degeneração)
Tecido conjuntivo Corpo lúteo em
Endométrio Sangue coagulado desenvolvimento
Figura 62 – Esquema mostrando a coordenação entre os eventos de ovogênese, fertilização, clivagem e implantação
O passo seguinte é o rompimento da camada mucosa que protege a membrana do ovócito. Para que
o rompimento dessa barreira ocorra, os espermatozoides precisam que os receptores específicos da sua
membrana interajam com glicoproteínas presentes na zona pelúcida. Por isso, temos a impressão de que
essas células ficam “dando cabeçadas” na barreira mucosa!
Quando ocorre a ligação da glicoproteína com o receptor, desencadeia‑se a reação acrossômica, que
seria a liberação das proteases presentes no acrossoma criando um caminho para que o espermatozoide
atravesse a zona pelúcida através de movimentos ondulatórios do flagelo e acesse a membrana do
óvulo. Apenas um espermatozoide é capaz de realizar esse processo, isso porque, quando o primeiro
espermatozoide entra na camada mucosa, ele desencadeia uma reação da zona, que altera a composição
da região em decorrência da liberação das enzimas dos grânulos corticais do óvulo para o meio externo,
enrijecendo a zona pelúcida e impedindo que outros espermatozoides cheguem até a membrana do
óvulo. Esse processo recebe o nome de bloqueio à poliespermia.
86
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
No terceiro passo do processo, ocorre a fusão das membranas dos gametas. A membrana plasmática
e o citoplasma residual do espermatozoide são desprezados e o flagelo se degenera. Apenas o núcleo e
os centríolos do espermatozoide penetram no citoplasma do ovócito secundário. A entrada de um novo
material genético estimula o ovócito secundário a terminar sua segunda divisão meiótica e se tornar
um óvulo maduro; o núcleo gerado nesse processo é chamado de pronúcleo feminino. Paralelamente
ao término da maturação do óvulo, o núcleo do espermatozoide aumenta de tamanho para também
formar um pronúcleo masculino.
Finalmente, no último passo, temos a aproximação dos dois pronúcleos. A membrana dos pronúcleos
irá se dissolver e os cromossomos irão se condensar e se distribuir pelo citoplasma do zigoto para dar
início à primeira divisão mitótica utilizando os centríolos do óvulo e os centríolos do espermatozoide
que penetraram junto com o núcleo. Todo esse processo dura cerca de 24 horas.
Célula
granulosa
Figura 63 – Esquema mostrando os passos da fertilização: (1) espermatozoide se aproxima das células foliculare; (2) liberação da
enzima hialuronidase para romper a união entre as células foliculares da corona radiata; (3) liberação das proteases do acrossoma
para digerir a zona pelúcida, em contrapartida existe a reação de zona onde ocorre a liberação dos grânulos corticais do óvulo para
impedir a entrada de outros espermatozoides; (4) fusão da membrana do espermatozoide com a membrana do óvulo, apenas o
núcleo e os centríolos do espermatozoide penetram no óvulo
87
Unidade II
Exemplo de aplicação
A fertilização in vitro permitiu que muitos casais com diferentes problemas de fertilidade pudessem
realizar o sonho de serem pais.
6.2 Clivagem
Logo após a fusão dos pronúcleos, os cromossomos alinham‑se no citoplasma do zigoto para iniciar
uma série de divisões bivalentes. As repetidas divisões mitóticas que resultam em um rápido aumento do
número de células do zigoto recebem o nome de clivagem. A mitose é um processo que sempre gerará
células idênticas que não se diferenciam, nesse primeiro momento, em nenhuma direção.
A clivagem é um processo de divisão exponencial. Cada uma dessas células recebe o nome de
blastômero e ainda é contida pela zona pelúcida, bastante espessa e gelatinosa. À medida que o número
de células aumenta, ocorre uma compactação dos blastômeros que possibilita uma maior interação
entre as células e forma uma estrutura que recebe o nome de mórula.
Blastômeros
Corpos polares
Estágio de
Estágio de quatro células Mórula em estágio
duas células inicial
dia 2 dia 3
dia 4 Mórula em estágio
dia 5 avançado
Primeira divisão de
clivagem dias 7-10:
fertilização Massa celular
interna Biastocele
dia 6
Ovulação
88
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Células
trofoblásticas
Cavidade blastocisto
Embrioblasto
Massa celular
externa ou trofoblasto
Figura 65 – Representação esquemática de um blastocisto ao final da clivagem A) e no início da implantação B). O esquema mostra a
importância do trofoblasto no processo de implantação
Todo esse processo ocorre nas tubas uterinas e leva cerca de 4‑6 dias. Assim que o blastocisto é formado,
a zona pelúcida é fragmentada e o blastocisto entra na cavidade uterina pronto para ser implantado.
6.3 Implantação
A formação do blastocisto (figura 62) é essencial para o processo de implantação, também conhecido
como nidação, pois permite a aderência da massa celular ao endométrio uterino.
A degeneração da zona pelúcida ocorre quando o blastocisto já está na cavidade uterina e permite
o aumento do tamanho do blastocisto. Até o momento da nidação, o blastocisto ficará “levitando” na
cavidade uterina. Finalmente, entre o 6º‑8º dia após a fertilização, o blastocisto irá se aderir à mucosa
intestinal, ocasionando a implantação em si.
A implantação ocorre pelo lado adjacente ao embrioblasto e é seguida de uma rápida proliferação
das células do trofoblasto. Como consequência da expansão do trofoblasto são formadas duas camadas:
o citotrofoblasto, posicionado mais internamente; e o sinciciotrofoblasto, camada mais externa e que
fica em contato direto com o endométrio uterino.
89
Unidade II
Tecido conjuntivo
endometrial
Sinciciotrofoblasto
Embrioblasto
Citotrofoblasto Cavidade amniótica Âmnio
Epitélio
Hipoblasto (endoderma primário) Epiblasto endometrial
Cavidade blastocística Cavaidade Citotrofoblasto
exocelômica
Membrana Hipoblasto
exocelômica
Figura 66 – Diferentes fases do processo de implantação. A) Início do processo, quando o sinciciotrofoblasto inicia a liberação de
metaloproteases para a escavação do endométrio uterino. B) Estágio avançado da implantação quando sinciciotrofoblasto já se
infiltrou no endométrio uterino, iniciando o processo de formação da parte embrionária da placenta
Enquanto isso, o embrioblasto se divide de maneira mais lenta. Por volta do 7º dia, são observados dois
grupos de células diferenciadas. O primeiro é formado por células cuboides na superfície do embrioblasto
– é o hipoblasto, que dará origem também ao saco vitelino; e outra camada de células mais cilíndricas
e altas, o epiblasto, que forma uma vesícula preenchida por líquido, a chamada cavidade amniótica.
90
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Cavidade amniótica
Epiblasto Sinciciotrofoblasto
Hipoblasto
Citotrofoblasto
Mesodema
extraembrionário
Vesícula vitelínica
definitiva
Figura 67 – Formação do disco embrionário. Em amarelo, o saco vitelino formado a partir do hipoblasto e, em azul, a cavidade
amniótica formada a partir do epiblasto
Ectoderme
embrionária
Ectoderma Endoderme
embrionária
Epiblasto Linha primitiva
Cavidade
amniótica Mesoderme
Embrioblasto
Endoderme
extraembionária
Blastocisto
Hipoblasto
Saco vitelino
Citotrofoblasto
Trofoblasto
Sinciciotrofoblasto Parte embrionária
da plancenta
Figura 68 – Esquema das principais estruturas formadas durante as três primeiras semanas de gestação
91
Unidade II
Prega neural
Membrana
Placa pré-cordial bucofaríngea
Placa
Ectoderma do neural
embrião
Processo Sulco neural
Nó
primitivo notocordal
Células
Linha primitiva recém-
acrescentadas
Extremidade caudal Notocorda
subjacente ao
Membrana cloacal sulco neural
A partir da quarta semana, as células da linha primitiva reduzem sua velocidade de proliferação e de
diferenciação, de forma que, com o passar do tempo, se torna uma estrutura insignificante na região
sacrococcígea e desaparece totalmente ao final da quarta semana.
92
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
A notocorda formada não irá se diferenciar em nenhum órgão especial, porém irá estimular as
células da ectoderme a se movimentarem, iniciando o processo de neurulação.
Level of section D
First somite
Somite
Connecting Intraembryonic
stalk spianchnic mesoderm
Intraembryonic
Pericardial coelom
coelom Neural folds
Pericardio-peritoneal Somile about to fuse to Somatopleure
form neural tube
canal
Peritoneal coelom
(cavity)
Level os section F
Intraembryonic
coelom
Spianchnopleure
93
Unidade II
6.5 Gêmeos
Os gêmeos sempre foram um capítulo à parte na embriologia e sempre despertam muita curiosidade.
O estudo dos gêmeos é de extrema importância na genética humana, pois permite a avaliação da
resposta dos genes em diferentes condições ambientais, permitindo, muitas vezes, o entendimento das
bases da hereditariedade de algumas heranças.
Primeiro precisamos deixar claro que existem dois tipos de gêmeos: aqueles chamados de
monozigóticos (MZ) e aqueles chamados de dizigóticos (DZ).
94
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Dois blastocistos
Estágio Duas
de duas mórulas
células
Zigoto Placentas
Córions separadas Dois âmnios
fundidos
Sacos
coriônicos
fundidos
Sacos coriônicos
fundidos
Placentas fundidas
Implantação dos
blastocistos um
junto ao outro Dois córions Dois âmnios
(fundidos)
Gêmeos Dizigóticos
95
Unidade II
Genética
30%
Multifatorial
55%
Ambiental
15%
96
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Risco crescente
Parto
0 3 5 8 38
Período embrionário Período fetal
Semanas de gestação
Comumente chamamos de síndrome o conjunto de anomalias que ocorrem juntas em consequência de uma
causa comum; por exemplo, a Síndrome de Down, em que todas as alterações são consequência da cópia extra do
cromossomo 21. Já a teratologia é a área da medicina que estuda as causas e as consequências dessas alterações.
Os fatores ambientais começaram a ser considerados como fortes agentes teratogênicos na década de 1950
com as associações das malformações causadas pela infecção da mãe pelo vírus da rubéola, e, na década de 1960,
com a associação da focomelia ao uso de talidomida pela mãe. Entre os anos de 2015‑2016, foi associada a presença
de microcefalia em fetos cujas mães apresentaram febre zika durante os quatro primeiros meses de gestação.
Saiba mais
<http://zika‑virus‑resource‑center.elsevier.com.br/>.
Hoje sabemos que a intensidade dos efeitos teratogênicos depende de uma série de fatores. O estágio
da gestação em que ocorreu a exposição ao agente (físico, químico ou biológico) é apenas um deles, e o
desenvolvimento de cada um dos sistemas terá uma fase de maior susceptibilidade.
Outro fator é a dose e o tempo de exposição, já que altas doses do teratógeno (carga microbiana
ou concentração) precisam de pouco tempo de exposição, mas o risco de doses baixas com exposição
frequente é tão agressivo quanto.
97
Unidade II
Atualmente, várias pesquisas têm demostrado que a constituição genotípica da mãe bem como o
genoma fetal podem influenciar a forma como o teratógeno afetará o feto em desenvolvimento.
Cada teratógeno, independente da sua origem, tem um mecanismo de ação específico que resultará
na inibição total ou parcial de vias bioquímicas específicas que se manifestará fenotipicamente como
malformações, comprometimento intelectual e motor, ou até mesmo na morte do concepto. O quadro
a seguir mostra alguns teratógenos e os efeitos causados por ele.
Lembrete
Exemplo de aplicação
O aconselhamento genético é uma prática muito utilizada para assessorar os casais que já tiveram
algum problema de anomalias congênitas em gestações passadas ou que possuem um histórico familiar
de malformações.
Reflita sobre o papel de cada membro da equipe multidisciplinar que participa desse processo.
Durante a clivagem são formados os blastômeros, um grupo de células embrionárias que ainda não
responderam aos fatores morfogenéticos de diferenciação. Essas células são referidas normalmente
como células‑tronco. Duas características podem ser atribuídas às células‑tronco: 1) capacidade de
se dividir por períodos indefinidos, se corretamente manejadas; 2) originar muitos tipos de células
diferentes por serem não especializadas.
98
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Existem também as células‑tronco do cordão umbilical, que são resquícios daqueles blastômeros
do início do desenvolvimento embrionário. Essas células possuem uma capacidade maior de gerar
outras células quando comparadas com as células pluripotentes adultas, mas, por já terem sido
expostas a fatores de diferenciação celular, também têm uma capacidade limitada de diferenciação.
As células‑tronco “verdadeiras”, ou seja, capazes de gerar qualquer tipo celular, são as células‑tronco
embrionárias, colhidas ainda na fase de blastômero.
Os estudos dessas células e a forma como elas responderiam aos estímulos específicos abrem
caminho para pesquisa na área de doenças degenerativas, como as distrofias musculares e doença de
Parkinson e Alzheimer que envolvem células que perderam a capacidade de regeneração. Outra linha de
pesquisa com essas células busca sua aplicação no transplante de órgãos e tecidos, pois o fato de serem
indiferenciadas reduziria o risco de rejeição.
No entanto, apesar dos enormes progressos que vemos nas pesquisas com células‑tronco,
pouco se sabe sobre a segurança do seu uso em longo e médio prazo, e novas pesquisam
continuam sendo feitas para que essa nova estratégia terapêutica possa ser aplicada com
segurança na população.
estímulo
Adipócito
Células da massa
celular interna estímulo
Neurônio
estímulo
Células-tronco Macrófago
Embrião embrionárias cultivadas estímulo
precoce
(blastocistos) Célula muscular lisa
estímulo
Astrócitos e
oligodendrócitos
99
Unidade II
Resumo
100
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
Exercícios
Questão 1. (UFPR 2004) “As células‑tronco conhecidas há mais tempo são as embrionárias, que
aos poucos, com o desenvolvimento do embrião, produzem todas as demais células de um organismo.
As células‑tronco embrionárias são estudadas desde o século 19, mas só há 20 anos dois grupos
independentes de pesquisadores conseguiram imortalizá‑las, ou seja, cultivá‑las indefinidamente
em laboratório. Para isso, utilizaram células retiradas da massa celular interna de blastocisto (um dos
estágios iniciais dos embriões de mamíferos) de camundongos”.
Fonte: CARVALHO, A. C. C. de. Células‑tronco. A medicina do futuro. Ciência Hoje, 2001, v. 29, n. 172, p. 28.
O estágio inicial de desenvolvimento a que o texto se refere é o final da clivagem. Sobre o assunto,
é incorreto afirmar:
102
BIOLOGIA, HISTOLOGIA, EMBRIOLOGIA
A) A clivagem caracteriza‑se por uma sequência de divisões celulares, que na maioria dos animais
acontece muito rapidamente.
E) Ovos com uma quantidade muito grande de vitelo sofrem divisões parciais, ou meroblásticas,
durante a clivagem.
A) Alternativa incorreta.
B) Alternativa incorreta.
Justificativa: o primeiro estágio da clivagem é a mórula, um maciço celular originado entre o terceiro
e quarto dia após a fecundação. Na segunda e última etapa ocorre a blástula, onde as células delimitam
uma cavidade interna chamada blastocele, cheia de um líquido produzido pelas próprias células.
C) Alternativa correta.
Justificativa: o tipo da clivagem está diretamente ligado à distribuição de vitelo no ovo, sendo
alguns tipos o isolécito, centrolécito e telolécito.
D) Alternativa incorreta.
Justificativa: blástula (broto), ou blastocisto (em mamíferos placentários), é uma esfera oca de
células embrionárias, conhecidas como blastômeros, em torno de uma cavidade interna cheia de fluido
chamada blastocele.
E) Alternativa incorreta.
Justificativa: os ovos telolécitos, também chamados de megalécitos, possuem uma enorme quantidade
de vitelo ocupando boa parte do ovo. Nesse caso, o vitelo é chamado de gema. Os ovos telolécitos são
encontrados em aves, répteis, peixes e moluscos cefalópodes e as clivagens são mais lentas.
103
Unidade II
Questão 2. (UFPR 2004) Analisando a figura a seguir, que representa um cariótipo humano, é correto
afirmar que se trata do cariótipo de um indivíduo:
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10 11 12 X
13 14 15 16 17 18
19 20 21 22 Y
Figura
104