Você está na página 1de 12

11º ENCONTRO

A. Planejamento das atividades de


leitura do texto

Professor(a),

Como bem sabemos, a leitura é um processo de interação entre o leitor e o


texto. É, portanto, um processo que deve ser construído. Mas essa construção
deve ser feita pelo aluno. Para isso, você deve se colocar como um guia, um
mediador e não como um detentor do saber.

Neste ENCONTRO, iniciaremos nossas atividades com um planejamento da


leitura fazendo algumas propostas para desenvolver a leitura dos textos "Cordel
da Chapéu" e "Chapeuzinho Amarelo”.

Se possível, faça uma discussão com os alunos sobre “medos”. De que vocês
têm medo? Como combater os medos? Faça com eles um painel com a lista de
medos e como combatê-los. Você também pode passar o vídeo
youtu.be/7PUkO082QZA, que conta a história da Chapeuzinho Amarela.

Antes de pedir que os alunos façam a primeira leitura, coloque apenas os


títulos no quadro e comece a averiguar o que eles já sabem sobre o assunto.

O que é “cordel”?
Já viram algum folheto de Cordel?
Vocês já leram a história da Chapeuzinho Vermelho?
O que sabem sobre outras “Chapeuzinhos”?

Nesse momento, você pode fazer antecipações com os alunos.

Considerando que os títulos dos dois textos são parecidos, as histórias serão
contadas da mesma maneira? Comentem.
Qual seria a diferença entre as “Chapeuzinhos” dos dois textos?
Será que as histórias se referem à mesma personagem?
Vocês acham que, com esse título, o Texto 2 apresenta a mesma personagem
de “Chapeuzinho Vermelho”?

Agora, mostre os textos aos alunos e procure articular essas informações com
outras, como:

127
Quem escreveu os dois textos?
Eles pertencem ao mesmo gênero?
Já viram mulheres ou meninas usando chapéu? Comentem.

Essa é a hora da primeira leitura dos textos, que pode ser silenciosa. Leitura
feita, vamos levar os alunos a buscar o sentido das palavras que constam do
Glossário. Caso haja muitas dúvidas ou divergências entre eles, convide-os a
consultar o dicionário.

Ao término dessa atividade, peça aos alunos que falem sobre as impressões
do que leram (livremente) para que você tenha uma ideia do perfil de cada
aluno/leitor. Em seguida, você pode fazer um exercício de compreensão dos
textos, uma exploração topográfica, isto é, um exame parágrafo a parágrafo,
linha a linha, enfim, de tudo o que compõe visualmente os textos, com as
seguintes perguntas:

No Texto 1, para quem a menina vai levar o bolo?


No Texto 1, Chapeuzinho corre atrás de quem?
No Texto 2, por que a chapeuzinho era amarelada?
No Texto 2, qual era o maior medo da Chapeuzinho?
No Texto 2, quando foi que a Chapeuzinho perdeu o medo?

Depois dessa primeira leitura, você pode ler os textos em voz alta, ou fazer
uma leitura compartilhada e, em seguida, pode levá-los a fazer algumas
inferências, ou seja, a construir novos sentidos para os textos. É o plano da
interpretação do texto, em que se usam estratégias que caracterizam o
comportamento reflexivo, de nível consciente do leitor.

Por que o autor do Texto 1 deu o título de “O cordel da Chapéu?"


Em que a personagem do Texto 1 é diferente da personagem do Texto 2?
No Texto 2, a última estrofe tem relação com o título, ou será que mudou
alguma coisa?

Você pode aproveitar a leitura para relacionar os textos à época atual.

De que vocês têm medo hoje em dia?


Que tipo de medo vocês enfrentam nas ruas nos dias de hoje. Comentem.

Outras estratégias de leitura podem ser adotadas. Estas representam


apenas algumas sugestões. Passemos, então, às atividades complementares
que deverão ser realizadas após a leitura dos textos.

128
11º ENCONTRO

Cordel da Chapéu Texto 1

Um dia sua mãe lhe disse:


- Chapeuzinho vá deixar
Um bolo pra sua avó
Que acabei de confeitar
Mas tenha muito cuidado
Pra na mata não entrar.

A menina pega o bolo


E sai cantando feliz
A princípio ela fez tudo
De acordo como a mãe quis
Mas vendo uma borboleta
Fez algo que não condiz…

Chapeuzinho corre atrás


Da borboleta azulada
E se afasta do caminho
Da sua rota traçada.
Com pouco tempo a menina
Tava na mata fechada.

Nesse momento ela viu


No meio do matagal
Um vulto muito assombroso
Era um lobo colossal
Porém Chapeuzinho achou
Ser ele um manso animal Disponível em <http://blogs.estadao.com.br/estadinho/
cordel-da-chapeu/ > Acesso em 10/12/012. Fragmento.

75 129
LIVRO DO
ALUNO
Chapeuzinho Amarelo Texto 2

Era a Chapeuzinho Amarelo de tanto esperar o LOBO,


Amarelada de medo um dia topou com ele
Tinha medo de tudo, aquela que era assim:
Chapeuzinho. carão de LOBO,
olhão de LOBO,
Já não ria jeitão de LOBO,
Em festa, não aparecia e principalmente um bocão
Não subia escada, nem descia tão grande que era capaz de comer
Não estava resfriada, mas tossia duas avós,
Ouvia conto de fada, e estremecia um caçador, rei, princesa, sete panelas
Não brincava mais de nada, nem de de arroz…
amarelinha e um chapéu de sobremesa.
Tinha medo de trovão Mas o engraçado é que,
Minhoca, pra ela, era cobra assim que encontrou o LOBO,
E nunca apanhava sol, porque tinha a Chapeuzinho Amarelo
medo da sombra foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que
Não ia pra fora pra não se sujar
tinha do LOBO.
Não tomava sopa pra não ensopar
Foi ficando só com um pouco de medo
Não tomava banho pra não descolar
daquele lobo.
Não falava nada pra não engasgar
Depois acabou o medo e ela ficou só
Não ficava em pé com medo de cair
com o lobo.
Então vivia parada, deitada, mas sem
dormir, com medo de pesadelo
Era a Chapeuzinho Amarelo… Chico Buarque de Holanda. Disponível em <https://
contobrasileiro.com.br/chapeuzinho-amarelo-poema-de-
E de todos os medos que tinha chico-buarque/> Acesso em 10/11/2012. Fragmento.
O medo mais que medonho era o medo
do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.

Mesmo assim a Chapeuzinho tinha


cada vez mais medo do medo do medo
do medo de um dia encontrar um LOBO
Um LOBO que não existia.

E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com o LOBO,

130 76
LIVRO DO
ALUNO
11º ENCONTRO

Glossário
Para ajudá-lo a compreender o texto, procure inferir o sentido das
palavras abaixo:

condiz (l. 12 -Texto 1): aquilo que está de acordo com.


rota (l. 16 -Texto 1): um caminho, uma direção ou um rumo que liga um lugar a
outro.
medonho (l. 25 -Texto 2): que provoca repulsa; atroz, execrável, revoltante.

B. Planejamento das atividades


complementares

1 Desenvolvendo habilidades de leitura

1. A Chapeuzinho amarelo (Texto 2) é diferente da Chapeuzinho do Texto 1


porque é
A) atenciosa.
B) curiosa.
C) medrosa.
D) teimosa.
D15 – Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação
de textos.

2. No Texto 1, no caminho da casa da avó, o que desvia a atenção de


Chapeuzinho é
A) a borboleta.
B) a mata.
C) o bolo.
D) o lobo.
D1 – Localizar informações explícitas em um texto.

3. No Texto 1, no verso “Mas tenha muito cuidado” (l. 5), a palavra destacada
foi usada para
A) adicionar uma informação.
B) concluir um pensamento.
C) explicar uma situação.
D) opor uma ideia.
D12 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por
conjunções, advérbios, etc.

77 131
LIVRO DO
ALUNO
4. No Texto 1, em “Fez algo que não condiz...” (l. 12), o uso de reticências sugere
um clima de
A) certeza.
B) decepção.
C) expectativa.
D) medo.
D14 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação e de outras
notações.

5. No Texto 2, em “Era a Chapeuzinho Amarelo.”, a palavra em destaque


sugere
A) apatia.
B) medo.
C) raiva.
D) tristeza.
D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

6. No Texto 2, em “Não tomava banho pra não descolar” (l. 18) a palavra
destacada é exemplo de linguagem
A) coloquial.
B) culta.
C) regional.
D) técnica.
D10 – Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o
interlocutor de um texto.

2 Compreendendo o texto

7. No Texto 1, para quem a menina vai levar o bolo?


Para a avó.

8. No Texto 1, Chapeuzinho corre atrás de quem?


Da borboleta azulada.

9. No Texto 2, por que a chapeuzinho era amarelada?


Porque tinha medo de tudo.

10. No Texto 2, qual era o maior medo da Chapeuzinho?


Era o medo do tal do lobo.

11. No Texto 2, quando foi que a Chapeuzinho perdeu o medo?


Quando topou com o lobo.

132 77/78
LIVRO DO
ALUNO
11º ENCONTRO

3 Interpretando o texto

12. Por que o autor do Texto 1 deu o título de “O cordel da Chapéu"?


Porque a história está contada em versos de cordel.

13. Em que a personagem do Texto 1 é diferente da personagem do Texto 2?


A personagem do Texto 1 não teve medo do lobo; a personagem do Texto
2 tinha muito medo do lobo.

14. No Texto 2, a última estrofe tem relação com o título, ou será que mudou
alguma coisa?

A última estrofe não tem relação com o título porque a Chapeuzinho


deixou de ter medo. Já não era mais a Chapeuzinho Amarelo.

4 Pensando sobre o texto

15. No Texto 1, por que a mãe de Chapeuzinho pediu que ela tivesse cuidado?
Por causa do lobo que ficava na mata.

16. Como você entende os cuidados que geralmente as mães têm em relação
aos filhos? Eles são necessários em qualquer ocasião? Por quê?

(Resposta pessoal)

17. Por que o autor do Texto 2 escolheu o nome “Chapeuzinho amarelo” para
a menina? Comente.

Porque dizem que quando as pessoas estão com medo, elas ficam amarelas.

79 133
LIVRO DO
ALUNO
5 Explorando a gramática no texto

Substantivo – Flexão de grau

Substantivo designa os seres em geral. Os seres designados podem se


apresentar em diversos tamanhos - flexão de grau: diminutivo e aumentativo.

casa (forma normal)

casinha (diminutivo)

casarão (aumentativo)
Grau aumentativo

O substantivo se apresenta em tamanho aumentado. Geralmente são


utilizados os sufixos:

“-o, -arão, -arrão, -zarrão, -eirão, -alhão, -gão”.


Observe:
casa – casarão pé – pezão

bobo – bobalhão dedo – dedão

18. Retire do Texto 2, quatro palavras em que esse recurso foi usado.
carão olhão jeitão bocão

19. Reescreva as frases a seguir, empregando os aumentativos dos


substantivos destacados.

a) Mário é um bobo.
b) Ele tem um cachorro peludo.
c) Aquele homem me deu medo.

a) Mário é um bobalhão.
b) Ele tem um cachorrão peludo.
c) Aquele homenzarrão me deu medo.

Pronomes possessivos

Os pronomes possessivos estabelecem uma noção de posse em referência


às pessoas do discurso (1ª, 2ª e 3ª), isto é, designam a pessoa gramatical a quem
pertence o ser.

134 80
LIVRO DO
ALUNO
11º ENCONTRO

1ª pessoa – meu, minha, meus, minhas

Singular 2ª pessoa – teu, tua, teus, tuas

3ª pessoa – seu, sua, seus, suas

1ª pessoa – nosso, nossa, nossos, nossas

Plural 2ª pessoa – vosso, vossa, vossos, vossas

3ª pessoa – seu, sua, seus, suas

Observe:

“Um bolo pra sua avó”

20. Complete as frases abaixo como os pronomes possessivos indicados


nos parênteses.

a) Leve esse bolo para sua avó. (2ª pessoa do singular)

b) Leve esse bolo para vossa madrinha. (2ª pessoa do plural)

Desenvolvendo a escrita
6 Atividade para casa

Escreva um texto narrativo reinventando a história de Chapeuzinho


Vermelho. Use sua imaginação e inclua personagens de outras histórias
conhecidas da nossa cultura popular.

81 135
LIVRO DO
ALUNO
____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

136 82
LIVRO DO
ALUNO
11º ENCONTRO

7 Conhecendo o gênero textual

Literatura de Cordel
Também conhecida no Brasil como folheto, literatura popular em
verso, ou simplesmente cordel, é um gênero literário popular escrito
frequentemente na forma rimada, originariamente em relatos orais
e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o
Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma
forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como
tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em
cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome
foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto
brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são
ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais
comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas,
recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de
viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e
animadas para conquistar os possíveis compradores.

Poema
Poema é um conceito técnico, e tem o mesmo sentido de poesia no
sentido comum. Por que o texto dessa unidade é um poema? Quando
você lê um texto constituído de frases, oração e períodos, isso é um texto
em prosa.
Quando você escreve, você ocupa a linha inteira do caderno, mas na
poesia há uma forma de escrita que se chama forma poética. Não só
na escrita as diferenças são tão evidentes. Na leitura também. Quando
lemos um poema imprimimos um ritmo diferente da leitura de um
texto em prosa. Normalmente, a leitura é feita com pausas de acordo
com a pontuação, na poesia às vezes nem pontuação tem. Pode até
acontecer de no poema a autor não respeitar nem mesmo as regras
gramaticais. A isso se chama liberdade poética.

83 137
LIVRO DO
ALUNO
8 Conhecendo o autor

Chico Buarque
Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido como Chico Buarque,
nasceu em 1944, na cidade do Rio de Janeiro – RJ. É músico, dramaturgo,
escritor e ator brasileiro. Escreveu seu primeiro conto aos 18 anos, ganhando
destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum,
Chico Buarque de Hollanda venceu o Festival de Música Popular Brasileira
com a música A banda. É conhecido por ser um dos maiores nomes da
música popular brasileira. Sua discografia conta com aproximadamente
oitenta discos, entre eles discos solo, em parceria com outros músicos e
compactos.

Sugestões de leitura

1. A roupa nova do 2. História pra boi casar,


Imperador, Alessandra Roscoe,

A H
(cordel) recontado por Editora Peirópolis.
João Bosco Bezerra
Bonfim, Editora Prumo.

138 84
LIVRO DO
ALUNO

Você também pode gostar