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GALAXYA

XIX
Com autorização para ter acesso ao andar do Galaxya que não era parte da Confederação,
ou seja, onde estavam Synn Tharra, Marcelle e Pum Riss, Gene desceu para vê-las.
Surpresas com a visita inesperada da amiga, Synn Tharra falou primeiro:

- Que bom ver você aqui, Gene? Veio com o Secretário-Geral da Terra, Ernesto Vivácqua
Aguillar?

- Sim, Synn Tharra. Viemos eu e as Valquírias, bem como o Capitão Ross Croisman Azevedo
e seus Cavaleiros Sombrios. O Secretário-Geral Aguillar foi convencido a trazê-los junto. –
Gene deu de ombros.

- Ele ainda é somente um capitão, Tenente-coronel. – Disse Marcelle, com floreios, o que fez
Gene sorrir.

- Sabe uma estátua, que fica paralisada no mesmo lugar? É Ross. Ele continua o mesmo,
por mais que eu tente convencê-lo de que suas atitudes erráticas o prejudiquem. Agora, ele
tem de obedecer a mim. – As quatro riram, e Pum Riss falou:

- Essa analogia eu compreendi. É uma pena, pois quem acaba perdendo com isso é ele
mesmo. – Então Synn Tharra disse:

- Não volte a mencionar os nomes dos grupos e codinomes para Luannia, pois ela andou
pesquisando e descobriu os significados. – Todas voltaram a rir, e Gene argumentou:

- Seria legal explicar para ela que os significados quem dá somos nós. Mas, na verdade,
queria saber se vocês têm um tempo para conversamos, faz tempo que não sento para bater
um papo com vocês. – Então as quatro se dirigiram para o Caupona1.

Não demorou muito e todos, inclusive Aryannin, se reuniam no Testimonii, conforme pedido
por Antares:

- Acredito que sua participação será essencial, Megami Aryannin.

- Se acredita nisso, Antares, participarei com prazer.

Com todos acomodamos, Antares iniciou o que desejava:

- Antes de iniciar o que peço. Corr Sairy, somente peço que espere eu concluir o que tenho
para falar. – E todos olharam para o caolho que se sentava ao lado de Luannia e suas filhas.
Corr Sairy sorriu e concordou com a cabeça. – Seguindo, fui chamado ao andar da
Confederação Galaxial onde me encontrei com Stahirr de Thrittan e, sem mais delongas, ele
pediu para ingressar no nosso grupo? – Corr Sairy nada disse, mas Aryannin questionou:

- E ele deu os motivos, Antares?

- Creio, Megami Aryannin, que as palavras dele poderão falar por si mesmo. – E Galaxya
projetou sobre a mesa a reunião de Antares e Stahirr. Ao fim, Aryannin voltou a falar:

- Aparentemente ele só está cansado e quer dar um novo rumo para si mesmo. – Então foi a
vez de Marcelle falar:

- Não sei se seria correto aceitarmos o ex-Confederado-mor como um dos nossos. As muitas
coisas nessa conversa que poderiam ter vários entendimentos, principalmente no que diz

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Caupona (Restaurante) = área de alimentação e lazer do Galaxya.

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assunto aos renegados e à Domminon. Pela conversa, eu interpretaria que houve muita
negligência...

- Não vejo como negligência, Marcelle Menken. Stahirr sempre se via pressionado pelos
planetas-membros com mais hostilidade e, por isso, terminou desviando o olhar algumas
vezes.

- Isso é uma visão sua, Antares. – Explanou Luannia. – Inocente, mas sua. Tenho que
concordar com Celle, existem muitas coisas estranhas nessa conversa. – E cutucou Corr
Sairy que fingia estar dormindo. Deu um salto e olhou para ela, como se não entendesse o
que ocorria, mas nada falou. Então Synn Tharra disse:

- Não acho correto, eu, por exemplo, dar um diagnóstico sobre a vinda de Stahirr para cá ou
não. Meu contato com a Confederação Galaxial foi ínfimo. Estou tendo meu primeiro papel
como uma pessoa que interlocuta nossa relação com eles, mas, mesmo assim, acho mais
correto refletirmos melhor sobre a ação que deveremos tomar. – Irascível, K’thryn se
pronunciou:

- Você se questionava, no exílio, sobre as falas de Stahokk? E quanto a minha irmã,


Antares? Desculpa se não prestei bem atenção a tudo, pois quando tocaram no assunto dos
renegados, um nome abjeto até, pois não renegamos minha irmã...

- A Confederação renegou, K’thryn Swiss. – Antares completou.

- Que seja. Mas quando vocês falaram disso, eu me lembrei do discurso de Stahokk e,
também, de minha irmã. Sempre vi suas palavras como eloquentes, mesmo que nossa
genitora e Mitir pedisse para esquecer. Você e todos os membros da Confederação Galaxial
julgaram minha irmã como culpada e a condenaram a eternidade no Satélite-prisão. Agora
você questiona as falas de Stahokk! Volto a perguntar, e as de minha irmã! E complementou
tudo que Stahokk falou e foi mais longe. Ela colocou os erros que vinham sendo cometidos,
as desfaçatezes da Confederação Galaxial e apoiar ações que não condiziam com a
Confederação Galaxial.

“Minha irmã, a pessoa mais sábia, paciente, equilibrada e companheira que todas nós,
dharkyensis já tivemos agora está encarcerada em uma cela e nem visitar pode receber. E
agora você se questiona se foi justo?” – K’thryn se levantou e retirou do Testimonii, sendo
seguida por Ortsac:

- Eu conversarei com ela. – O darkyani disse e se retirou. Corr Sairy olhou para Luannia,
Synn Tharra, Marcelle e Pum Riss:

- A reunião se encerrou? – Ele perguntou com ar de curiosidade, mas Kotharyn o


questionou:

- Por que nada disse?

- Estava esperando terminar. – Então ele se levantou. – Antares, essa conversa aí – apontou
para frente, aonde havia sido projetada a reunião –, nada mais demonstra do que você ainda
é, possivelmente, manipulável pela Confederação Galaxial. Você não percebeu que,
enquanto falava sobre ele ser pressionado e tal, uma lividez foi se instaurando nele (tá, eu
sei que lividez tem a ver com face, mas ele é tão difícil de interpretar quanto Antares).
Stahirr nada mais quer do que vir aqui e assumir as cordas sobre você, novamente. Ele quer
(como eu posso dizer! Ah) assumir as rédeas do cavalo premiado. Você disse a ele que para a
Confederação Galaxial fosse poderia ser visto como líder entre nós, mas enquanto você
falava isso, ele pensava em você ser nosso líder, também. Nos comandar. Tendo ele como
ventríloquo. – Então estendeu a mão para Luannia que aceitou e se levantou. – Mas, dito
tudo isso, eu concordo! – Todos se surpreenderam. – Pois eu sempre sigo a boa política do...

- É bom manter os amigos perto... – Disse Pum Riss e Synn Tharra.

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- E os inimigos mais perto ainda. – Completou Marcelle. Corr Sairy sorriu e falou:

- Essas são minhas garotas! Agora vamos ver nossa amiga, K’thryn Swiss, com sua licença.
– Mas, antes de sair, Luannia falou:

- Eu ia ser contar, mas depois dessas claras falas do meu Amado, você a favor! – E saíram
os dois juntos. Antares não parecia satisfeito:

- Isso não saiu como eu esperava! – Mas Aryannin completou:

- Antares, você tem de entender a complexidade de trazer alguém como Stahirr até vocês...

- Mas eu estou aqui e era membro da Confederação. – Então H-Glorr falou:

- Isso é deveras diferente, Antares. Tu tomaste uma atitude, claramente, pensando em


alguém além de ti. E está neste grupo desde então, aprendendo o convívio com todos nós. É
diferente de Stahirr. Talvez a análise de Corr Sairy seja bem calamitosa na questão de ele
manipulá-lo aqui, mas eu lembro como o víamos nos corredores da Confederação Galaxial e
todos sempre o mencionavam como o Confederado do Confederado-mor, pois ele ordenava e
tu fazias. Sei que Corr Sairy e Luannia já deram seus posicionamentos, mas acho certo
todos refletirmos antes de decidir algo assim. – E todos assentiram com a cabeça, em
concordância com as falas de H-Glorr. Então Antares concluiu:

- Se assim desejam, assim será. Ao fim da posse do novo Confederado-mor, voltaremos a


nos reunir. – Com isso, todos se levantaram e retiraram.

Bem antes, Corr Sairy e Luannia chegavam aos aposentos de K’thryn e Ortsac. Este estava
de costas para a porta e ouvia-se coisas sendo quebradas no interior:

- Ela não está nada bem, não é? – Corr Sairy perguntou e os enormes olhos reptilianos do
darkyani o olhou:

- Ela nem quis me ouvir. Você a conhece, Corr Sairy, ela te ouviria. – Então Corr Sairy disse:

- Não, ela não me ouviria. Mas talvez ouvisse você, Lu. – Surpresa, Luannia exclamou:

- Eu? E por que isso? Por que sou feminina, também? – Corr Sairy fez ar de ofendido:

- Lógico que não. É porque você tem uma irmã. Pense como você se sentiria se Hannia fosse
julgada injustamente e sentenciada a uma cela, sem visitas, pelo resto da vida.
Compreendeu? – Luannia conseguia entender o ponto de vista de Corr Sairy, se aproximou
da porta e falou:

- Katty, sou eu, Luannia. Posso entrar? – e a comporta esmaeceu, permitindo sua entrada e
logo voltou.

Enquanto Ortsac e Corr Sairy esperavam do lado de fora, Luannia adentrava no cômodo e
percebia que tudo estava um verdadeiro caos:

- Você sabe que eu fiz a mesma coisa com o aposento de Synn Tharra, quando Corr Sairy
não veio. E repeti, novamente, em Kelkzerr, no meu quarto. Uma pena que não tinha
Galaxya em Kelkzerr. Fico com pena de quem teve que arrumar àquilo.

- Por que Corr Sairy te pediu para vir? Por que somos mulheres? – Luannia sorriu:

- Eu pensei o mesmo. Mas ele colocou um ponto importante (É impressionante como ele
pensa rápido). Se fosse minha irmã, eu teria tentado queimar aquela cara imutável de
Antares e destroçado toda a Confederação Galaxial. – K’thryn, esbaforida, prestou atenção. –

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Eu não posso dizer como você se sente, com certeza, mas eu acho que teria sido bem menos
passiva do que você foi.

- Culpa de K’rynn. Ela sempre me pediu para ser menos emocional e mais racional. –
K’thryn sentou e, em meio a bagunça, Luannia conseguiu algo para se sentar, também. –
Ela sempre foi assim.

- Do jeito que você fala ela me lembra um pouco Hannia. Todos sabem, fomos criadas em
dois lados diferentes de um sistema bidimensional. Eu fui levada por Desharr e criada como
uma guerreira, com desejo de tomar a vida de meu pai. Desharr alimentou isso em mim. Eu
era a mais mortal, a mais cruel, a mais insipiente, a mais imponderada dentre todos.
Enquanto Luannia foi preparada para reinar, para ser a pessoa sensata, ponderada, justa,
severa quando necessária, mas eloquente. Nosso primeiro encontro, foram de energias
conflitantes, principalmente porque foi ela quem me encontrou sobre nosso pai, com as
mãos ensanguentadas. Nos digladiamos como iguais, em total equilíbrio de forças.
Enquanto eu aprendi a ser vil e mortal, ela aprendeu a ser estratégica, e assim me venceu.
Mas quando nos tocamos, pela primeira vez, sabíamos quem éramos.

“A profecia era conhecida por ambos os lados, mas sempre todos acharam que era uma
história para crianças. Então, quando eu “despertei” – Luannia fez as aspas com as mãos –
senti meu ódio se voltar por quem me transformara em quem eu havia me tornado. Voltei
para Desharr e o destruí. Fui chamada pelos kelkzerrins de parricida e pelos desharrins de
traidora. Mas Hannia me aceitou e punia severamente àqueles que me tratassem de forma
leviana. Me pediu para acompanha-la no enterro de nosso pai. Eu não quis, mas ela me
disse que se alguém ousasse falar algo, pagaria pesadamente. Podíamos ouvir os
burburinhos e, por vezes, ela pensou em agir com severidade, mas eu pedi para não o fazer.
Quando percebi que nunca parariam, fugi. Daí veio meu cavaleiro de tapa-olho – isso fez
K’thryn sorrir – e me salvou. Hannia nem questionou, e olha que os dois já haviam
acasalado antes. Hommir ficou feliz, mesmo já tendo deitado com Corr Sairy, mas o
caminho para minha irmã estava livre.

“Quando Corr Sairy me falou o que eu sentiria se fosse minha irmã, presa, eu entendi, um
pouco, o que você sentia”.

- Obrigada por essa história. Eu conhecia, como todos os outros, sobre você ter tirado a vida
de seu pai. A julguei (me desculpa) por isso. Na verdade, todos ficamos sabendo. Foi antes
de K’rynn se juntar a Stahokk e os outros. Minha irmã me disse, quem era eu para julgar
algo ou alguém se não estava na posição de vocês. Se sua irmã a havia te perdoado, quem
me dava o direito de considera-la culpada.

- Já gostei de sua irmã. – Brincou Luannia e K’thryn sorriu, enquanto uma lágrima descia
de seu olho.

- Ela sempre foi justa e honesta, Luannia. Ela não deveria... – E a comoção tomou conta de
K’thryn, e Luannia correu para ajudá-la. – Eu tenho vontade de matar todos por terem
considerado ela uma pessoa má, vil, que desejasse destruir esse monstro acima de nossas
cabeças – K’thryn enfatizou a palavra monstro, se referindo a Confederação Galaxial:

- Acredite, eu te compreendo muito bem, Katty e, se um dia decidir fazer isso, pode contar
comigo. – E K’thryn riu. – Eu e Corr Sairy decidimos aceitar a vinda de Stahirr – isso deixou
K’thryn surpresa –, mas com base naqueles ditados amalucados de Corr Sairy,
demonstrando que ele sempre desconfiará de todos a sua volta. Quando vínhamos para cá,
Corr Sairy me disse que assim ele poderá descobrir o que verdadeiramente aconteceu com
sua irmã, pois ele tem desconfiança do que aconteceu de verdade. – Aquilo despertou
K’thryn, que inquiriu Luannia:

- E do que ele desconfia? O que ele te falou?

- Você conhece Corr Sairy. Mesmo que o torturássemos, ele não diria. Parece que ativou um
modo investigador nele. Mas uma coisa ele me deu certeza, assim que tiver certeza de algo

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serei a primeira (talvez a segunda, por causa de S.E.) a saber. – Aquilo motivou K’thryn a
enxugar as lágrimas e se levantar. Ambas saíram dali mais fugazes:

- O que quer que você descubra, eu quero ser a quarta a saber! – K’thryn foi enfática. Ortsac
não entendeu nada, mas Corr Sairy sim:

- Você é boca grande mesmo. – Luannia deu com ombros:

- É tão interesse dela quanto seu. Na verdade, é mais sua curiosidade, mas para K’thryn é
interesse de verdade. – E beijou Corr Sairy, saindo dali:

- O que está acontecendo? – Questionou Ortsac, confuso.

- Afeição minha, quando eu souber mais prometo que você será o primeiro para quem
contarei. – E ambos foram ao Hangar.

Não demorou muito e a Confederação Galaxial convocava a todos para comparecerem ao


novo Grande Salão para dar posse ao novo Confederado-mor:

- Agradecemos a presença de todos neste momento solene. – Iniciou Goliath Hitarr. – É um


momento histórico para nós, da Confederação Galaxial e para todos seus planetas-
membros. Como bem sabem, durante muitos k-rarrs a Confederação Galaxial teve caráter
migratório, indo de planeta para planeta, aonde era o lar de seu Confederado-mor.
Iniciamos em Crisyen e, agora fixamos morada neste lugar, o Galaxya. Ele nos concedeu
abrigo e, assim, estaremos solidificados e teremos um alcance mais amplo, podendo levar a
palavra da Confederação para locais nunca dantes chegados.

“O Galaxya, por si só é autossuficiente, mas permitiu a ingerência de Antares, antes


Confederado entre nós, hoje galaxyen e coordenador-chefe do Galaxya. Ele nos deu total
suporte, bem como seus companheiros, que se disponibilizaram a estarem disponíveis no
que for preciso.

“No campo das ciências e cura, poderemos contar com a ajuda da Iatrévo K’thryn Swiss. Na
área de locomoção, tecnologia e suporte no nosso hangar, contaremos com o krarrashin
Kotharyn e o galaxyen Ortsac Searamiug – puderam ouvir vaias vindo dos darkyanis, que
Goliath ignorou – supervisionando e coordenando aqueles que estão, constantemente, nos
assistenciando está Synn Tharra de Galaxya. Dando-nos suporte e assistência nos quesitos
de ensino e informações, bem como coordenação em nossas viagens no interior do Galaxya,
temos umtapo wolwazi Pum Riss de Phællans e a galaxyen Marcelle Menken, que é a
cosmóloga do Galaxya. Todos sob os olhos e a coordenação-chefe daquele que podemos
confiar e bem conhecemos, Antares de Galaxya”. – Uma salva de palmas pode ser ouvida por
todos. Luannia, que se encontrava ao lado de sua irmã, terminou sendo questionada por
esta:

- E tu, não recebes crédito por nada? – Sorrindo, Luannia disse:

- Estou cuidando do treinamento dos aspirantes, junto com H-Glorr e T-Rass. Se


percebeste, nem eles receberam créditos, também. – E continuaram a ouvir Goliath Hitarr:

- As delongas se fazem necessárias, pois como momento histórico que é este, viemos todos
aqui para a primeira (de muitas, assim espero) eleições do Confederado-mor da
Confederação Galaxial. O momento é de grande comemoração, mas também de uma tristeza
que nos consomem, pois é o momento de nos despedirmos do nosso Confederado Stahirr de
Thrittan. – Stahirr entrou e pode-se se ouvir algumas palmas esparsas, mas Corr Sairy, que
observava tudo do Collocutio, se concentrou em olhar para K’thryn, e falou para si mesmo:

- Aguenta firme, guerreira! – O olhar de K’thryn seguiu a entrada de Stahirr, e a raiva e


rancor pululavam sua cabeça. Este colocou-se entre Goliath e Antares. K’thryn olhou na

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direção de Luannia, que cerrou pulso. Não compreendendo, Hannia a interrogou,


novamente:

- O que foi isso? – E Luannia lhe explicou:

- Um gesto que eu combinei com K’thryn, dando-lhe força. – Imitando a irmão, Hannia fez o
gesto, e falou:

- Tua vida aqui é bem agitada. Quem trocar de lugar comigo, irmã? – Sorrindo, Luannia
respondeu:

- Nem pensar, Corr Sairy é meu! – E Hannia sorriu.

Vendo o gesto de ambas, K’thryn se sentiu mais forte. Então Goliath Hitarr continuou:

- O Confederado Stahirr, bem como eu e outros confederados, participamos do Primeiro


Período Exploratório da Confederação Galaxial. Neste, além de encontrarmos Antares nos
restos de seu planeta Mæsttra, o Confederado terminou se perdendo de nós e terminamos
encontrando-o na Terra, durante o Segundo Período Exploratório da Confederação Galaxial.
Seu primeiro vínculo como Confederado-mor ocorreu em K-Rarr 946 e, de lá para cá, vinha
ocupando o cargo com sabedoria e destreza, sem perder a confiança e o tino para comandar
esta organização de grande valor. Foi em sua época que planetas como Volos VI, Terra e
Kelkzerr vieram a fazer parte da Confederação Galaxial. Foi com sua instrução que a Grande
Revolta foi rechaçada e os responsáveis punidos. – Neste instante, K’thryn se colocou de
frente para Antares, olhando com ferocidade para Stahirr, e disse:

- Preciso me retirar, pois preciso examinar como anda o desenvolvimento de Jonas. –


Antares não compreendeu, mas concordou. E K’thryn se retirou. Ortsac ia segui-la, mas ela
gesticulou e ele permaneceu ali. Todos olharam ela sair. Quando estava do lado de fora, ela
ouviu a voz de sua genitora:

- Por que ainda guarda este rancor? – K’thryn virou-se e podia ver a fúria em seu olhar.
Então se dirigiu a sua mãe:

- Mitir, minha genitora, você renegou à sua filha? – K’roll não compreendeu a pergunta:

- Por que me perguntas isso, minha filha? – Atrás vieram a General da Mitir, B’trixx Tvokk.
K’thryn a viu se aproximando, K’roll se virou e pediu para que B’trixx parasse, então pegou
no braço de K’thryn e a levou a um canto mais distante. – Que assunto é este que tens
agora comigo?

- Só me responda, minha genitora, você renegou vossa filha, K’rynn Swiss, sua filha, minha
irmã, sua General? Você o fez? – Tentando se acalmar, K’roll respondeu:

- Logicamente que não, K’thryn. Nunca renegaria minhas filhas. Vocês advieram de mim.
Posso não as ter gerado de meu próprio íntimo, mas vocês são minhas filhas. O que está
ocorrendo?

- Antes de virmos para cá, Antares veio a nós pedir para que o Confederado-mor Stahirr
(agora não mais Confederado-mor) ingressasse entre nós, e durante isso, ele transmitiu uma
conversa entre ambos, que Antares dizia duvidar das intenções de Stahokk com a
Confederação Galaxial. Então me lembrei do discurso de minha irmã. Lembras? –
Compreendendo onde a filha desejava chegar, K’roll falou da forma mais maternal que
podia:

- Lógico que me lembro. Ela havia me falado antes de entrarmos naquela arena injusta.

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“Tu não sabias, mas antes de irmos àquele julgamento, sem vossa presença, eu fui ver
vossa irmã, minha filha. Ela me disse que o coração dela estava feliz, mesmo naquele local.
Ela não tinha esperanças de liberdade, mas sentia-se satisfeita pelo que fizera.

“Ela me disse, como na Sala de Conferências da Confederação Galaxial, que eles não
buscavam desmoralizar ou denegrir o que a Confederação Galaxial era, mas sim mostrar a
todos o que ela era antes. Como todos haviam esquecido o símbolo de união e auxílio que a
Confederação Galaxial representava.

“Ela me disse que a Confederação Galaxial merecia seu retorno à verdadeira equidade de
opiniões, indo em auxílio aos seus planetas-membros e não permitindo que males e seres
odiosos trouxessem perigos a estes, acautelando-os. Desejavam que os planetas fossem
mais justos entre si, distinguindo que era amplo a nossa galáxia, e punindo correta e
severamente àqueles que agissem contra os artigos da Lei da Confederação Galaxial”.

- E por que motivos pediste que eu esquecesse àquelas palavras? – A ira ainda estava na voz
de K’thryn, mas K’roll manteve-se maternal:

- Porque já bastava a mim sofrer, não queria isso para ti, também. És minha filha, K’thryn,
o que desejas que eu te pedisse? – Então tomou o rosto da filha nas mãos. – Entendo seu
rancor e sua raiva, mas se Stahirr for mesmo fazer parte do grupo de vós, deverás aprender
a conter isso.

- Ele fará, minha Mitir, pois Corr Sairy está nos vendo agora e disse que pretende investigar
sobre isso. Mais tarde determinaremos se Stahirr deve ser membro do Galaxya e eu e
Ortsac, como Corr Sairy e Luannia já fizeram, votaremos sim. – Enquanto isso, no
Collocutio, Corr Sairy sorriu.

Enquanto essa conversa ocorria nos corredores do andar da Confederação Galaxial, Goliath
Hitarr continuava seu discurso:

- Stahirr de Thrittan perseverou e trouxe a paz que a Confederação Galaxial sempre


estimou, desde seus princípios. Se hoje somos uma instituição sólida e aqui estamos, no
Galaxya, devemos em sua maior parte à Stahirr de Thrittan e, por isso, vindo de todos nós,
membros da Confederação Galaxial – um dos rapazes que auxiliavam no andar trouxe uma
placa de cristal e entregou a Goliath – lhe prestigiamos com esta Comenda, por todos os k-
rarrs prestados à frente desta organização ou mesmo em seus bastidores. – Stahirr
estampou algo que parecia um sorriso em sua máscara e, solenemente, disse:

- Sou extremamente grato por isso, Confederado Goliath Hitarr de Bhlokyonss, e a todos os
membros da Confederação Galaxial. Foram muitos k-rarrs convosco, auxiliando nas
decisões ou a frente desta. Juntos conseguimos tornar a Confederação Galaxial uma
instituição forte, sólida, perseverante. E tenho certeza que juntos continuaram a fazê-lo,
pois a Confederação Galaxial é mais do que um membro desta, ela é um símbolo de união e
luta pelos objetivos dela. Me retiro de minha vida pública para assumir outras direções e,
quem sabe, ainda continuar auxiliando a Confederação Galaxial de alguma forma. – Assim
que encerrou suas falas, Goliath voltou a se pronunciar:

- Mas voltemos ao momento que mais aguardamos e que, como sempre, ocorreu de forma
velada.

“A Confederação Galaxial sempre conta, entre seus membros, com seis inscritos no processo
de eleição do Confederado-mor. No transcorrer das votações, três destes abnegaram suas
candidaturas e restaram somente três candidatos. E, com clara margem de votos a seu
favor, determino como novo Confederado-mor da Confederação Galaxial Victor Cambasi da
Terra”. – Uma salva de palmas desanimada pode-se ser ouvida entre o público, mas mais
acalorada entre os confederados. Victor Cambasi então colocou-se à frente e a ele foi
conferida a ornamentação que o colocava como Confederado-mor. Então, Goliath lhe deu o
direito a palavra:

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- Não sei como agradecer a todos os membros da Confederação Galaxial por isso. Se hoje
estou aqui, devo muito a Stahirr de Thrittan, que acreditou em mim e viu potencial em
minha forma de dialogar e negociar com os outros planetas-membros da Confederação
Galaxial e, desde que sou o Confederado de um planeta-membro, consegui conquistas
primorosas para meu planeta. Fui de essencial importância para ajudar na Guerra de
Crisyen. Forneci a todos os planetas-membros os chips neurais, que contém o Anima Mundi
e o Tradutor Omniversal...

- Em algum lugar Corr deve estar rindo. – Synn Tharra cochichou para Marcelle, que riu.
Victor Cambasi continuou:

- Ajudei na manutenção dos objetivos do que Stahirr, como Confederado-mor, desejava, e


agora aqui estou, ocupando este cargo de sublime importância, prometendo dar
continuidade ao crescimento da Confederação Galaxial, como a conhecemos. E, para
demonstrar minha importância com Stahirr de Thrittan, chamo para ser minha suplente no
comando da Confederação Galaxial, Sharan de Thrittan. – Todos pareciam surpresos com a
escolha, inclusive Sharan, que foi à frente. – Confederada Sharan de Thrittan, tens
demonstrado, mesmo antes de assumir este cargo, uma das representantes mais estimadas
da Confederação Galaxial e, em homenagem a seu antecessor, lhe chamo para sentar-se ao
meu lado como suplente de Confederado-mor da Confederação Galaxial. – Sharan,
claramente demonstrava total surpresa pela escolha, mas acenou com a cabeça a
concordância de seu cargo e, assim, do Confederado Goliath Hitarr, recebeu a
ornamentação de Suplente do Confederado-mor. Então Victor Cambasi seguiu. – E assim
determino encerrado este momento solene. – No Collocutio, Corr Sairy falou para si mesmo:

- Isso vai ser muito interessante.

Todos retornaram ao andar da Confederação Galaxial, comentando o que ocorrera, mas


perceberam que Corr Sairy não os esperava como comumente. Então virão S.E. do lado de
fora do Collocutio. Aryannin o inquiriu:

- Corr Sairy ainda está aí dentro? – A representação do ser metálico respondeu:

- Está conversando com a Erregina Tyth Annis. Ela quis falar diretamente com ele.

- Mas ela estava ao nosso lado, durante todo o pronunciamento lá em cima. – Colocou
Luannia. – Não falou nada para mim.

- Aparentemente ela não queria falar pessoalmente com nenhum de nós. Então pediu para
Galaxya localizar Corr Sairy e, agora, está conversando com ele. Aparentemente perderemos
quatro crisyenos.

- Ela não pode fazer isso! – Synn Tharra demonstrou sua injuria. – Isso diminuirá nosso
número para vinte e quatro aspirantes. – Com muita indignação, requereu. – Galaxya, por
favor, comunique aos outros escolhidos que eles precisam se apresentar com urgência e que
em três arrs encaminharemos transportes para pegá-los. – E com muita ira, se retirou,
dizendo. – Maldita seja, Erregina Tyth Annis. – Enquanto ia, Corr Sairy saiu do Collocutio:

- Aonde Synn Tharra foi? – E S.E. respondeu:

- Eu contei a ela dos quatro crisyenos. – Corr Sairy então falou:

- Você é boca grande mesmo. – Foi aí que Luannia se aproximou:

- O que achou do circo lá em cima?

- Achei interessante.

- E o que teve de interessante? – Antares interpôs, no que Corr Sairy disse:

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- Tenho certeza que ninguém esperava que Victor Cambasi escolhesse Sharan como
Suplente dele. Sei que não seria Goliath Hitarr, pois ele foi Suplente durante todo o tempo
que Stahirr foi Confederado-mor. Também sei que não seriam os rivais, pois se ninguém
vota neles (a não ser eles mesmos), então não seriam os escolhidos. Acredito que esperavam
que fosse o Confederado de Prismus ou, quem sabe, a Confederada de Vulcallo. Sharan foi
uma bela surpresa. Ela não é tão manipulável e, pelo que me lembro dela, honestidade faz
parte de sua índole. Sinceramente, nunca pensei que Victor Cambasi fosse chamar uma
pessoa íntegra como Sharan.

- Agora é Confederado-mor Victor Cambasi. – Pontuou Antares e Corr Sairy fez cara de
desdém. Ignorando-o, Antares continuou. – Creio que possamos nos reunir para decidir
como deveremos proceder quanto à Stahirr de Thrittan. – Corr Sairy então disse:

- Já dei meu posicionamento. Por mim, traga ele pra perto, assim podemos observá-lo
melhor. Ah, e após o Confederado (está bom assim, Antares?) Goliath Hitarr falar do período
que Stahirr ficou na Terra. Fui procurar este tempo que 335 k-rarrs que ele ficou lá, entre o
Primeiro e Segundo Períodos Exploratórios. Foram três milênios terranos, onde foram
registrados a criação das crenças terranas. Em cada crença, existia um deus com dons que
poderiam se assemelhar aos de Stahirr. Enlil2, Adade3, Baal4, Seth5, Zeus6, Júpiter7, Thor8,
Indra9, entre tantos outros. Parece que o ex-Confederado esteve ocupado na Terra, se
passando por deuses.

- Essa suposição poderia ser interessante, mas a Terra não teve outras deidades, além
dessas que mencionaste? – Argumentou Antares. E Corr Sairy levantou as mãos em
rendição, dizendo:

- Sou estou mencionando. – Naquele instante, Synn Tharra retornava:

- Gravei uma mensagem para os novos aspirantes. – Se virou para Corr Sairy e questionou.
– Ela pediu mesmo que os quatro crisyenos retornem? – Corr Sairy confirmou com a cabeça.
Synn Tharra queria desfiar impropérios, mas conteve-se. – Vamos logo decidir sobre Stahirr,
pois terei muitas coisas pela frente. – Mas antes de entrarem no Testimonii, H-Glorr chamou
a atenção de todos:

- Bem, como Corr Sairy não participará desta reunião, acho viável dizer desde aqui que
voltaremos à Terra com Gene Sisrac. – Todos ficaram surpreendidos com aquilo, mas T-Rass
continuou:

- Acredito que fizemos nossa parte por aqui e preparamos os melhores agufalgavianos para
seguir com essa missão. T-Pinn demonstrou-se mais do que preparada para seguir com o
treinamento em nosso lugar. Além do que ela conta, também com companheiros mais do
que capazes.

- E T-Rass está prenhe e desejamos que nosso (ou nossa) rebento nasça e cresça perto dos
primos. – H-Glorr completou e todos ficaram extasiados pelos dois. Então Antares disse:

- Creio que isso eu posso dizer por todos, H-Glorr e T-Rass, vocês foram essenciais para
alcançarmos o que somos agora. Se desejam que vosso rebento (ou rebenta) cresça com os
primos, que assim seja. – Todos abraçaram a ambos e desejaram-lhes boa sorte. Então eles
se dirigiram ao Tuboelevador e foram para o andar de cima:

2
Elil = deus sumério do ar, das tempestades e outras manifestações naturais ligadas à atmosfera (raio e o trovão).
3
 Adade = deus vinculado ao clima entre os acádios, sendo representado na iconografia segurando raios na mão.
4
Baal = deus do clima, fertilidade, chuva, vento, raio, mar e guerra
5
Seth = deus das tempestades, dos raios e do vento.
6
Zeus = deus grego da luz, do céu e dos raios.
7
Júpiter = deus romano da luz do dia, do céu, dos raios e trovões.
8
Thor = deus do trovão e dos raios.
9
Indra = dos céus, raios, trovões, tempestades, chuvas, rios e guerras.

9
GALAXYA

- Continuemos então. – Antares disse, depois inquiriu Corr Sairy e Luannia, que ainda
estavam abraçados. – Vocês dois não participarão? – Sinalizando com a cabeça, ambos
confirmaram que não. Com isso, todos entraram e se acomodaram em seus lugares. – Creio
que não a necessidade de falar tudo que eu dissera antes. Caso desejem colocar seus
motivos, fiquem à vontade. – Então Aryannin iniciou:

- Acredito que iniciarei isso, pois também tenho de voltar para o andar da Confederação
Galaxial. Já sinto que minha ausência pode ser um problema.

“Bem, embarquei nessa viagem louca de Corr Sairy e encontramos o Galaxya, juntos.
Passamos por altos e baixos, mas prosseguimos. Muitos entraram, tantos outros saíram,
mas ainda estamos firmes e fortes. Não acredito nas palavras de Corr Sairy quanto ao lance
de manter o inimigo mais próximo ainda, mas também não acredito nos floreios do
Confederado Goliath Hitarr quanto aos feitos e realizações de Stahirr de Thrittan. Mas,
também, não tenho nada contra sua ingressão, então que venha. – Então Marcelle falou:

- Quando vi Stahirr pela primeira vez, usando a indumentária de Confederado-mor,


parecendo austero, forte e firme, o admirei. Mas, com o passar dos tempos, principalmente
durante o julgamento de Corr Sairy, não senti o mesmo respeito e suas palavras finais no
julgamento de Corr Sairy não me saem da cabeça e nelas eu senti falsidade. Piorou quando
você, Antares, nos revelou que tudo já tinha sido decidido com pouco confederados. Aquilo
foi baixo.

“Você diz e acredita que ele foi pressionado demais a tomar decisões, mas eu não consigo ter
essa visão. Na verdade, repito o que meu pai disse, parece ingenuidade de sua parte
acreditar nisso, mas quem sou eu. Não quero ser a do contra, então concordo com a vinda
de Stahirr para cá. – Na sequência foi Pum Riss:

- Bem, meu contato com Stahirr de Thrittan sempre fora breve e de pouca significância, mas
por vezes testemunhei Ubukhosi Li Kkan demandar com Confederado Pan Rrar a respeito
da falta de visão maximizada de Stahirr, principalmente quando intervimos e auxiliamos
Crisyen. Ele lembrou que outros confederados-mor, anteriormente, teriam demandado
ajuda à Crisyen. Não teriam permitido um ataque dissimulado de um ser fora da
Confederação Galaxial a um planeta-membro. Ubukhosi Elizabeth ainda reclamou de não
terem prestado atenção nas palavras dos renegados da Confederação Galaxial. Se for para
Stahirr vir para cá, que ele seja observado o tempo todo. Como disse Marcelle, digo o
mesmo, para não ser contra, concordo com a vinda dele. – Então pulou para Synn Tharra:

- Anteriormente eu já disse o que acho e continuo a dizer, não tenho direito a opinião por
não conhecer Stahirr, então prefiro me abster. – Com isso pulou para K’thryn, que colocou:

- No nosso encontro anterior, sai antes do término, pois me aborreci em demasia com a
projeção feita por Antares. Discordo de Aryannin, e acredito que Corr Sairy esteja certo. E
também acho que está sendo inocente e manipulado, Antares, então fique com seus dois
olhos bem abertos. Seguindo a ideia da frase de Corr Sairy, ele Stahirr venha. Afeição
minha? – E Ortsac somente completou:

- Como Synn Tharra, não tenho muito o que dizer sobre Stahirr de Thrittan, mas seguirei o
dito pela minha Afeição, e concordo com a vinda dele. – Então Kotharyn finalizou:

- Pelo que demonstram sou o único que tem uma visão mais positiva de Stahirr de Thrittan.
Por que falo isso? Porque ele aceitara meu planeta na Confederação Galaxial. Sei que antes
Aryannin requerera isso dele e ele se negou, mas agora Krarrash II está na Confederação e
tem contribuído bastante com ela. Talvez Stahirr não seja perfeito, mas quem pode dizer que
seja. Enfrentei o cargo de Görkemli10 em Krarrash II e mesmo tentando fazer tudo certo,
ainda existiam pessoas insatisfeitas. Não é fácil ser um governante, não importando o
tamanho do cargo. Acredito na visão de Antares que, possivelmente, Stahirr viu-se
pressionado e teve de tomar decisões que, muitas vezes, ia contra o que ele pensava e quem

10
Görkemli = título dado ao soberano de Karrash. Grandioso, em turco.

10
GALAXYA

ele era. Não tenho objeções para ele vir e ser um de nós. – Finalizando os sentados à mesa,
Antares se voltou para a pequena presença de S.E.:

- O que tens a dizer, S.E.? – E este se pronunciou:

- Eu quero ver para crer. Que Stahirr venha. – Então Antares questionou:

- E tu, Galaxya? – E puderam ouvir a voz do tecnoplaneta:

- Sei mais do que vocês pensam, mas não posso ficar revelando muito do que sei, pois sou
um pesquisador. – Então ele fez surgir sua forma humanoide. – Stahirr é o primeiro de três
de um spark único, que também surgiram Stahokk e Sharan. As possibilidades da pesquisa
de Corr Sairy, sobre o período de Stahirr na Terra, são bem concisas e possíveis.
Convenhamos que ele se manteve como Confederado-mor graças as alianças que fizera, não
mais do que isso. É um bom dialogador e tem experiência em diplomacia, mas como bem
disse K’thryn Swiss, ele deve ser mantido em observação. Se desejarem, já posso comunica-
lo.

- Por favor faça isso, Galaxya. – Pediu Antares e o humanoide logo disse:

- Está feito. Ele está a caminho daqui. – Então Corr Sairy e Luannia entraram no
Testimonii:

- Galaxya pediu para entramos. – Explicou Luannia, se aconchegando perto de Synn


Tharra, e Corr Sairy inquiriu:

- Qual é a boa, Galaxya?

- Bem, depois de muito ponderar, devo lhe dizer que permitirei que os dommæans aportem
sua nave em meu exterior. – Corr Sairy sorriu e o humanoide continuou. – Mas devo lhe
deixar bem claro que eles não terão ligação nenhuma a mim. Poderão aportar em meu Polo
Sul, de desejarem, e lá ficarem. Mas eles serão eles e eu serei eu. Só peço e recomendo que
eles se adaptem as transferências, senão ficarão para trás quando eu fizer e, sempre que eu
estiver camuflado, eles também deverão fazê-lo.

- Falarei com eles sobre essas normas. Obrigado por isso, Galaxya. – E Corr Sairy beijou
Luannia e saiu correndo, seguido por S.E.

Ao chegar em sua nave, logo pediu:

- Acha que consegue localizá-los, S.E.?

- Da última vez que estivemos com eles, me deram um canal de transmissão, que eles
responderiam.

- Certo, então mande o sinal. – Corr Sairy esperou um pouco, tempo o bastante para
Luannia chegar até ele:

- Nada ainda?

- Não. – Corr Sairy parecia frustrado. – Eles podem estar bem pertos, como podem estar
muito longes. São como o Galaxya.

- Bem, que bom que deu tempo para eu vir e conhece-los. Finalizaram tudo e Stahirr já está
no nosso andar. Uma satisphæra se foi e outras setes chegaram, uma delas vinda de
Kelkzerr com dois jovens kelkzerrins. – Então dois seres diferentes e acinzentados surgiram
em frente de Corr Sairy e Luannia:

11
GALAXYA

- Finalmente entrou em contato conosco. – Disse Glulg.

- É, contato conosco. Por que demoraste tanto? – Disse Blulb.

- É, demoraste tanto?

- Porque Galaxya não queria permitir que vocês viessem para cá. – Então Luannia disse:

- Eles falam estranho. – Percebendo a presença dela, Blulb falou:

- Quem é a kelkzerrin e por que não a conhecemos?

- É, a conhecemos? Ela é nova no seu grupo? – Completou Glulg.

- É, seu grupo?

- Não ela não é nova no meu grupo. Esta é Luannia, irmã da Illuminus de Kelkzerr e
soberana do sistema bidimensional.

- Isso é muito interessante. Nunca conhecemos o sistema bidimensional de KellDesh. –


Começou Glulg.

- É, de KellDesh. Seria uma viagem interessante se pudéssemos conhecer. – Continuou


Blulb.

- É, pudéssemos conhecer.

- Sim, mas isso vai ter que ficar para depois. No momento eu tenho autorização para lhes
dizer que estão autorizados a aportar sua Arca no exterior do Galaxya, desde que sigam
algumas normas. – E Corr Sairy repetiu as determinações do Galaxya. – Entenderam o que
ele lhes pede?

- Sim, compreendemos e concordamos. Acredito que nossa primeira abordagem foi


extremamente intrusiva e insatisfatória. – Explicou Blulb.

- É, e insatisfatória. Acho que será o jeito mais correto de interagirmos com ele e já estamos
mais que preparados, Galaxya? – Pontuou Glulg.

- É, preparado, Galaxya? Podemos vê-lo sobre o ombro de Corr Sairy, como havíamos
deixado antes. – Expôs Blulb.

- É, deixando antes. Temos a capacidade de nos transferirmos e, se preciso for, ficarmos


camuflados, como o Galaxya. – Ponderou Glulg.

- É, o Galaxya.

- Então, se tem essa capacidade, façam agora e já aportem aqui. – Não demorou muito e
puderam ver, à distância a Arca dos Gêmeos, que encerraram a transmissão sem se
despedir:

- Fiquei totalmente confusa. Mas o que foi aquilo? – Questionou Luannia, parecendo
atordoada, mas antes que Corr Sairy pudesse explicar, um chamado do Galaxya soou sobre
seu ombro:

- Algo aconteceu no andar dos alojamentos dos visitantes da Confederação Galaxial. Creio
que precisem de você. – No instante em que Corr Sairy esperava o contato com os
dommæns, enquanto observava a chegada dos novos aspirantes, Antares recebeu a
chamada do Galaxya em seu chip neural:

12
GALAXYA

- “Aconteceu algo no andar do alojamento dos visitantes. Acho que você deve ir e intervir”. –
Antares viu que Marcelle recebera a mesma mensagem e ambos foram ao Tuboelevador e
subiram para o andar, onde viram no corredor as Valquírias, lideradas por Gene, acuadas
pelos Cavaleiros Sombrios de Ross. Este parecia confuso e meio atordoado, mas no chão do
corredor, Seth se prostava sobre Gene:

- Saía de cima dela, Tenente Seth Ámoneth. – Ordenou Antares, mas Seth não o fez:

- Ela está dominada. Já cuidamos da situação. – Então Antares reparou que Marcelle
brilhava, ela se aproximou e disse:

- Ele disse para sair de cima! – E, sem muito esforço, empurrou Seth que caiu no chão,
sentindo uma dor no peito. Vendo isso, os demais Cavaleiros soltaram as outras Valquírias,
que se colocaram atrás de Marcelle. Então Antares requiriu:

- Expliquem-se. – E, se levantando com a mão sobre o tórax, Seth se pronunciou:

- Elas drogaram nosso Capitão, de alguma forma, quando a convidamos para celebrarmos a
indicação do Confederado Victor Cambasi como Confederado-mor. Tudo estava indo bem,
quando ela – Seth apontou para Gene – saiu de nosso alojamento e ia na direção dos
aposentos do Secretário-Geral Aguillar, materializou uma arma quando a retirei de lá e a
imobilizei. – Naquele instante, Corr Sairy adentrava pelo corredor, atrás das Valquírias, com
Luannia:

- Sinto muita mentira no que acabou dizer, Seth. – Disse Corr Sairy, se aproximando.
Ouvindo a voz dele, Ross pareceu despertar:

- Você sempre vai duvidar de nós, Corr Sairy. E respeite meu oficial. Para você ele é Tenente
Seth Ámoneth. – Corr Sairy olhou com desdém para Ross e falou:

- Para mim ele é uma aberração desnecessária. – Então o Secretário-Geral interveio:

- Mas o que ele disse é verdade, a Tenente-coronel Sisrac entrou em meu aposento e uma
arma projetou em sua mão. Se não fosse o Tenente Ámoneth, eu poderia estar morto. –
Então Gene, que também parecia meio confusa, anunciou:

- Eu não lembro de nada disso. Só lembro de despertar no chão, com o joelho de Seth sobre
minhas costas. – Então Galaxya falou com Corr Sairy, Marcelle, Antares e Luannia:

- “O alojamento dele possui um inibidor de comunicação camuflado”. – Corr Sairy sorriu e,


antes que Antares pudesse pronunciar algo, esse levantou a mão e seguiu para o local onde
os Cavaleiros Sombrios estavam alojados:

- Então tudo aconteceu aqui? – Corr Sairy se pronunciou. – Galaxya, desfazer quarto! – E o
aposento parecia uma gigantesca lousa branca, com exceção de um objeto que se destacava
no canto. – O que é isso? Um inibidor de imagens? Pra que vocês têm isso? – Os homens de
Ross pareciam acuados, mas não Seth, que continuava se achando dono da situação. Então
Corr Sairy se aproximou do truculento homem e, encostando fortemente no tórax deste,
continuou. – Isso aqui pode funcionar na Terra, quando vocês desejarem esconder algo de
alguém, mas não no Galaxya. – Então pediu. – Galaxya, reconstruir ambiente. – E, para a
surpresa de Seth e os homens de Ross, surgiu a frente de todos a projeção do aconteceu,
antes das Valquírias chegarem.

A projeção, sem som, mostrava um dos Cavaleiros de Ross colocando o inibidor em um


canto escondido, longe dos olhos de quem estivesse presente:

- Bela tentativa! – Corr Sairy disse, olhando para o soldado que colocou.

Então continuou (Galaxya ativou o som), com Seth falando com Ros:

13
GALAXYA

- “Cara, que maravilha o Cambasi se tornar o Confederado-mor. Temos que comemorar


isso!” – E ofereceu um copo de bebida para Ross:

- “Sabe que não bebo nada destilado, Seth. Acho que deveríamos descansar, pois partiremos
logo cedo. Sei lá quando vai ser isso, já que eles contam em k-rarrs por aqui, também”. –
Seth insistiu em oferecer, mas Ross recusava-se. Então, um outro Cavaleiro Sombrio
entregou algo na mão de Seth:

- Parar! – Pediu Antares e a projeção foi interrompida e todos se aproximaram e viram um


injetor de remédios que cabia na palma da mão de Seth. – Continuar! – E seguiu a imagem,
com Seth acertando a base superior da nuca de Ross, acima de seu traje:

- “Toma um pedala!” – Seth disse, em tom de brincadeira. Ross se virou aborrecido:

- “O que é isso, Seth? Sabe que não gosto...” – E todos virão Ross tombar sobre suas pernas.
Sua vos soava embriagada. – “O que aconteceu comigo?”

- “Nada demais, Chefe. Só a comemoração começando. Por que não chama a Tenente-
coronel para cá?” – Olhando a projeção, que seguia, Gene falou:

- Eu lembro disso. Ross me interlocutou. Havíamos combinado instalar comunicadores


auriculares, ao invés de usar os chips neurais. Sua voz parecia de bêbado, mas nos chamou
para virmos para cá. Dava para ouvir a voz de Seth, cochichando algo que não deu para
entender. – Então Galaxya ampliou o volume da voz de Seth:

- “Diga que estamos dando uma festa”. – Fez uma pausa para Ross seguir suas instruções. –
“Agora a chame para comemorar conosco”. – E Ross obedeceu, novamente, e Gene
continuou:

- Então viemos para cá, quem atendeu a porta foi o próprio Seth, enquanto Ross parecia
sentado no canto. – Uma música alta começou a tocar, mas Galaxya diminuiu o volume. –
Obrigada, Galaxya. Eles nos falaram que estavam comemorando a nomeação do
Confederado-mor e Ross queria que participássemos. O vi sentado no canto. Nunca o havia
visto embriagado. Então vieram os copos, com a bebida. Depois disso, não me lembro de
mais nada. – Ao final do relato, todos prestaram atenção no ambiente. Equalizando o
volume, Galaxya diminuiu a música alta, mas ampliou a voz de Seth:

- “E aí, Tenente-coronel Sisrac? Tudo certo? Aqui, sabia que o Secretário-Geral Aguillar que
acabar com as Valquírias? Pois é, ele vai acabar com vocês e deixar tudo nas nossas mãos,
os Cavaleiros Sombrios – Seth gargalhou e os outros riram, pois prestavam atenção no que
ele falava, enquanto as Valquírias estavam desvairadas, dançando sem noção nenhuma do
que faziam:

- O que deram para elas? – Inquiriu Corr Sairy aos homens de Ross e Sth parecia não se
importar e, na sua projeção ele continuava:

- “Você vai permitir isso? Vai deixar que ele tire tudo que vocês conquistaram? Tudo que
você e aquela vadia de sua mãe fizeram por essas que te acompanham? Acho que o único
jeito de resolver isso é você dando cabo dele. É o seguinte” – Seth colocou um dispositivo na
mão de Gene – “Quando você estiver sozinha com ele, ative esse dispositivo e ele te dará a
solução final para todos seus problemas”. – E, naquele momento, Gene saiu do alojamento
dos Cavaleiros Sombrios. Percebendo sua líder sair, as Valquírias a seguiram e, logo depois,
um dos soldados de Ross o pegavam pelo braço e eles saíam, também. E a projeção se
encerrou. Antares viu no canto do alojamento alvo uma garrafa no chão. A pegou e falou:

- Galaxya, o que tem nessa bebida?

- É um hidromel. – Galaxya começou e concluiu. – Com leve dose de GHB e Cetamina,


drogas que diminuem no nível de consciência, além de anestesiar os terranos. Um tipo de

14
GALAXYA

droga hipnótica, que as deixou desinibidas e sugestivas a fazer o que desejassem. – Então
ouviu-se um tombo no chão. Gene acabara de socar Seth, com tanta força que ela segurou
os dedos. Então Antares se dirigiu ao Secretário-Geral Aguillar:

- Secretário-Geral da Terra, Ernesto Vivácqua Aguillar, creio que existem provas suficientes
aqui para incriminar os Cavaleiros Sombrios e inocentar a Tenente-coronel Gene Sisrac. O
que pretende fazer?

- Quem orquestrou isso? – Aguillar se dirigiu a Seth, que ainda sentia o queixo e se
levantava do chão. – Sabem que sou superior a vocês e os mandarei à Corte Marcial por
isso. Digam, quem ordenou que fizessem isso?

- Você poderá tentar, mas logo que chegarmos à Terra, estaremos libertos e voltaremos a
nossa base. – Então um outro soco veio de uma direção diferente e foi Ross que o desferiu,
fazendo Seth cair novamente:

- Vocês me manipularam, me usaram e me traíram. Acham mesmo que voltaram à base,


como se nada tivesse acontecido? – Ainda no chão, Seth respondeu:

- E o que você acha que poderá fazer? Você, como nós, responde a Stendart. Sem ele, nós
não teríamos nada, não seríamos nada. Então, Chefe – Seth enfatizou de forma irônica a
palavra –, coloca o rabo entre as pernas, como você sempre fez, e baixa as orelhas. – E um
novo murro foi desferido por Ross, fazendo Seth cair com o rosto no chão:

- Vocês todos estão presos, em nome das Forças Armadas da Terra. Minha patente pode não
ser minhas, mas as delas são. Tenente-coronel Sisrac, pode prendê-los. – E, sem muitas
delongas, as Valquírias retiraram as algemas energizadas de seus trajes e colocaram nos
Cavaleiros Sombrios:

- Algemas nos trajes? – Corr Sairy demonstrou surpresa, e Gene respondeu:

- Fomos patrulheiras da Terra, então Jacqueline pensou que seria o ideal. Essas algemas
são melhores, pois a energia que pelas argolas, conectando-as, geram um neutralizador,
anulando qualquer dispositivo dos trajes. – Então se virou para Seth, ainda caído no chão. –
Só não sei se funcionará nele. – Tomando a frente, Ross pediu:

- Se me permitirem. Galaxya, por favor, gere um campo de êxtase em volta do Tenente Seth
Ámoneth. – E o Galaxya o fez, erguendo o homem truculento, que tinha sangue saindo da
boca, do nariz e da testa. – Ele acabou de me dizer que Stendart não permitirá que ele seja
preso. Sendo assim, me submeto como testemunha contra eles, Secretário-Geral Aguillar e
peço demissão da Força Terra-Espaço, tendo todo vocês como testemunhas.

- Acredito que este problema está mais do que resolvido. – Concluiu Antares. – Precisa de
mais alguma coisa, Secretário-Geral da Terra, Ernesto Vivácqua Aguillar? – Aguillar olhou
para o enorme homem cor de rubi e disse:

- Não, obrigado, Antares. Acredito que devamos nos preparar para sairmos. Vocês cuidaram
deles para nós, Tenente-coronel Sisrac?

- Com toda certeza, Secretário-Geral Aguillar. – E este saiu do aposento onde estavam os
Cavaleiros Negros algemados e Seth em um campo de êxtase. Quando Corr Sairy, Marcelle,
Luannia e Antares iam saindo, Gene veio atrás deles:

- Obrigado por me inocentarem. – Então falou com Corr Sairy. – Ainda acha que ele é
irrecuperável? – E Corr Sairy foi direto:

- Se ele se demitir mesmo e testemunhar contra Seth e os outros, além de ajudar a


desmascarar Stendart – Corr Sairy fez uma pausa –, talvez eu confie – Gene sorriu e entrou

15
GALAXYA

no aposento, novamente, enquanto eles desciam pelo Tuboelevador. Ao chegarem eu seu


andar, Stahirr os esperava e se dirigiu a Antares:

- Brilhante atuação diante do problema, Antares. Eficaz e diplomático, como sempre. –


Todos ficaram olhando para a bajulação de Stahirr com Antares. – Senão tivesse intervindo
tão rápido e de forma eficiente, provavelmente o problema se agravaria. – Ignorando àquilo,
Corr Sairy entrou pela porta que o levava para a área externa, sendo seguido por Luannia:

- O que foi aquilo? – Corr Sairy a beijou e falou:

- Se prepare para ver cada vez mais disso.

- O que pretende fazer agora? – Corr Sairy fingiu pensar, enquanto entrava em S.E.:

- Agora? Vou preparar meu arsenal, pois temos uns vinte e sete aspirantes para treinar.

E como havia prometido, Corr Sairy auxiliou como pode no treinamento dos novos
aspirantes. Com a saída de H-Glorr e T-Rass, T-Pinn e W-Nott assumiram os treinamentos
dos novos agufalgavianos que entraram.

A decisão de quem seriam os dux e o Ducem Galaxya praesul, não terminou como esperado.
Até a decisão dos dux tudo correu bem, mas na hora do anúncio de que T-Pinn, além de
Bello dux11 seria a Ducem Galaxya praesul, o terrano Rodney Stradivius contestou a
escolha:

- Acho injusto escolherem ela para isso. – E Synn Tharra inquiriu:

- Por que acha injusto, Rodney? Como havíamos dito...

- Eu sei, eu sei. – Rodney interrompeu Synn Tharra. – Vocês disseram que a mesma pessoa
que fosse esse lance de dux poderia ser ducem, também. Mas, tá, T-Pinn se saiu muito bem
em estratégia, pilotagem, e tudo mais. – Olhou na direção de T-Pinn, que o observava. –
Você é nota dez mesmo, T-Pinn, parabéns! Mas em luta no solo, ela não conseguiria vencer
qualquer um de nós. Essas asas devem pesar nas costas e atrapalhar sua desenvoltura.
Acho que deveriam repensar esse voto e colocar Potharkk no lugar dela. Opinião pessoal. –
E voltou para um grupinho que ele fazia parte, onde o jovem krarrashin parecia dominar.
Sem muitas delongas, T-Pinn desceu de onde estava e foi ao centro do Caupona, onde
ocorria a votação:

- Desculpe por isso, Synn Tharra, mas creio que eu fui desafiada. – Synn Tharra nada disse,
bem como os outros que ali estavam. – Sendo assim, chamo quem me desafiou para provar
se mereço ou não ser Ducem Galaxya praesul. – Então, Luannia, sentindo-se motivada,
disse:

- Parece que ela aceitou seu desafio, Rodney. Não vai enfrenta-la? – Rodney parecia
acanhado no canto dele e ele disse:

- Mas eu não falei de mim, não, Senhora Luannia, falei do Potharkk aqui. – E bateu no
braço largo do colega ao lado que olhou para ele e sorriu. Potharkk então se levantou. Ele
era grande, mas não tão grande quanto Kotharyn. Era também bem corpulento. Quando
chegou perto de T-Pinn, ela batia na altura de seu diafragma:

- Eu vou terminar te machucando muito, T-Pinn. – Ela esticou o pescoço para olhar nos
olhos dele e disse:

11
Bello dux = Chefe de Guerra

16
GALAXYA

- Bem, como o combate será somente no solo. Wuthann! – T-Pinn chamou ao bhlokyonssi,
que foi escolhido como Galaxya praesul Scientia dux12. – Como você é o dux do Scientia,
confio-lhe minhas asas. Pode atá-las! – No canto onde estavam os jurados, Corr Sairy disse:

- Quando eu cheguei aqui, H-Glorr e T-Rass estavam treinando-os assim, por causa de W-
Nott e W-Marna. – Então foi Kotharyn que se pronunciou:

- Potharkk tem força e é ágil, mas H-Glorr me pediu para treinar os quatro desse jeito.
Fiquei impressionado. Não sei se Potharkk terá chance. – Então T-Pinn chamou Synn
Tharra:

- Synn Tharra, poderia nos dar a honra de arbitrar essa contenda? – Ela olhou para o pai e
a irmã, se levantou de onde estava e foi:

- Galaxya, fechar círculo. – E uma parece leitosa se fechou. – Lembrem-se, as pessoas do


outro lado podem ver o que ocorre, então sem trapaças. Vocês não poderão nos ver, mas nós
veremos vocês. As regras deste combate são para solo. Ela pediu para atar as asas nas
costas, então não pode ataca-las, compreendeu Potharkk. – O krarrashin concordou com a
cabeça. Poderão golpes dos mais diversos para neutralizar o oponente. O combate terminará
quando o outro não puder mais levantar. Preparados? Comecem! – E Synn Tharra saiu de
costas e desapareceu na parede leitosa.

De começo, T-Pinn e Potharkk pareceram se estudar e procurar uma forma de entrar na


luta. Potharkk tentou a primeira tentativa de puxá-la, mas T-Pinn o evitou. No interior do
círculo eles não podiam ouvir nada, pois Galaxya neutralizava o som, mas do lado de fora,
os jovens aspirantes, seniores e neófitos, vibravam e torciam por alguém.

Potharkk foi mais invasivo, mas T-Pinn lhe floreou, passando as penas de suas asas por
suas mãos:

- As penas são rígidas. – Ele disse. – Parecem pesadas. – T-Pinn ignorou a provocação.
Então, Potharkk avançou com tudo, mas T-Pinn escorregou pelo chão, passando por entre
as pernas do krarrashin. Agilmente se virou e acertou com as palmas dos pés nas costas
dele, que perdeu o equilíbrio, batendo com o rosto no círculo, que se enrijecera após Synn
Tharra passar.

Potharkk não gostou daquilo e parecia um rinoceronte de braços abertos para um golpe
mortal, mas com leveza e maestria, T-Pinn saltou, apoiou suas duas mãos sobre sua cabeça
e abriu as pernas em ângulo reto, em um espacate, no ar. Quando passou por ele, girou no
ar e com a ponta do pé, acertou a nuca do grande krarrashin, que sentiu a dor e caiu de
joelhos, segurando o local atingido. T-Pinn parou em pé, como uma ginasta e se virou,
esperando seu opositor. Do lado de fora, Kotharyn se pronunciou:

- O combate acabou! – Ninguém entendeu o motivo dele falar aquilo, e Marcelle questionou:

- Como pode ter certeza, ele está ajoelhado ainda? – Mas foi K’thryn que respondeu:

- Quando T-Pinn atingiu a parte de trás da nuca de Potharkk, ela atingiu uma terminação
nervosa que paralisou o resto do corpo. Ele não vai conseguir sair daquela posição. É firme,
como uma krarrashin, mas logo... – E antes de K’thryn finalizar sua fala, Potharkk desabou
para o lado. A parece leitosa se esvaneceu e T-Pinn se aproximou do colega, tocando o
mesmo ponto, mas com delicadeza e Potharkk pode sentir seu corpo novamente. Quando
conseguiu falar, perguntou:

- Como? – Sorrindo, T-Pinn disse:

12
Scientia dux = Cientista-chefe

17
GALAXYA

- Passei k-rarrs acreditando que minhas asas eram minha vantagem, mas T-Rass me
explicou que o segredo não está em nossas asas, mas sim em nossa estrutura óssea. Mesmo
que as asas pareçam pesadas, eu sou leve. Só usei isso. – E deu a mão ao colega, que era
bem pesado. Potharkk então a levantou, num ato, e colocou-a no ombro, celebrando a
Ducem Galaxya praesul.

Para não sem sentir menosprezado, Corr Sairy permitiu que S.E. auxiliasse Ortsac e
Kotharyn. Galaxya facilitou isso, aprimorando os sistemas de S.E. permitindo que este
projetasse sua estrutura para fora de si. Assim os jovens aspirantes saberiam como ele é
feito. Ele também os ensinou como conviver com Inteligência Artificial.

Em pouco tempo os aspirantes já participavam do dia-a-dia do Galaxya, principalmente nos


andares da Confederação Galaxial ou em missões externas, lideradas por T-Pinn e seu
segundo no comando, Potharkk.

Em determinado momento, Illuminus Hannia entrou em contato com sua irmã e Corr Sairy
para contar novidades:

- Estou prenhe! E de Hommir! – Aquilo deixou os dois estupefatos:

- Você fez inseminação? – Luannia questionou.

- Sim. Eu e Hommir havíamos conversado com Mitir K’roll Swiss sobre isso, pois queríamos
ter filhos nossos, mas se algo acontecesse, que eles pudessem desenvolver, sadiamente, in
vitro. Então Iatreío T’chya Kbonn nos forneceu a melhor tecnologia que eles tinham. Meu
interior e o dele ficaram guardados, caso algo acontecesse conosco. Eu me cansei de ficar
sozinha, então decidi me inseminar. Fui até Dharkyens e eles fizeram tudo por mim. São
gêmeos, um menino e uma menina.

- Só não lhe dê os nomes de Kelkzerr e Desharr. Principalmente que este segundo é uma
maldição! – Disse Luannia, preocupada, mas Hannia logo respondeu:

- Nunca! Darei a eles os nomes de nossos pais! – Os olhos de Luannia marejaram. – E quero
vocês dois de padrinhos! – Luannia se emocionou e foi Corr Sairy quem falou:

- Iremos com o maior prazer, Hannia! – E brincou. – Quando as meninas souberem, ficaram
felizes de ter primos. – E os três sorriram, mas Hannia continuou:

- Outra novidade, fechamos a Fenda Dimensional. – Aquilo assustou Luannia, que logo
enxugou as lágrimas, mas Hannia continuou. – Dishinna está com alguém, também, e
muito feliz. A Superior dela, Akhannda, se uniu a ela. Como decidi me prenhar, achei justo
abdicar do título de Desharr e dar a ela. Fui na sua Formalidade de Consagração como
Desharr...

- Por que não me chamou? – Luannia interrompeu, desapontada:

- Desculpa, irmã, nem pensei nisso. Tu estás tão atarefada com as coisas do Galaxya...

- Mas você sabe que eu a considero como uma irmã, também, Hannia. Dishinna sofreu
muito nas mãos de Desharr, enquanto ele me bajulava (do jeito dele). Eu queria estar lá.
Agora nunca mais...

- Não é bem assim! – Foi a vez de Hannia interrompê-la. – A Fenda foi fechada, mas ela disse
que sempre poderá visita-la. Só tentaremos governar nossos sistemas de forma separada. –
As palavras de Hannia não melhoraram o ânimo de Luannia. – Luannia, minha irmã, me
perdoe. Eu sinto muito mesmo! – Então foi Corr Sairy que falou:

- Acho melhor encerrarmos, pois sua irmã não parece que ficará bem agora. Nos falaremos
depois. – Hannia olhava para Luannia amuada e então disse:

18
GALAXYA

- Está bem, me lindo guerreiro. Cuidem-se vocês dois! Luannia, te amo! – E quase inaudível
deu para ouvir Luannia dizer:

- Também te amo! – E a projeção se encerrou e, do nada, Corr Sairy disse:

- Quer ter filhos? – Luannia tomou um susto e começou a gargalhar. Corr Sairy riu. Então
ela disse:

- Você é a pessoa mais louca, desvairada que eu conheço! Não, Amado, não quero ter filhos.
Deixo isso para minha irmã. O que temos já me deixa feliz! Tenho duas lindas meninas
talentosas que eu amo demais, como se fossem minhas, e isso é o suficiente para mim. –
Deu uma pausa e riu de novo. – Que ideia mais louca, Corr Sairy!

- Sei lá? De repente você queria e eu não sabia. Sendo que, depois de tanto copularmos e
nada acontecer, creio que nossos genes não batem muito bem. – Luannia riu, novamente e
sentou no colo dele:

- Eu te amo mesmo, seu maluco! – E o beijou.

No lado externo do Galaxya, K’thryn chamava Antares até o Scientia:

- Chamaste-me, K’thryn Swiss?

- Sim, Antares. – E K’thryn o levou até perto do tubo. – Como eu disse, retardei ao máximo o
envelhecimento de Jonas. Eu tinha lhe dito que em 1.2 k-rarrs ele teria doze k-rarrs, mas
consegui elevar o tempo para o equilíbrio certo, pois assim ele poderá envelhecer até a idade
adulta de vinte k-rarrs, quando poderá decidir se deseja ou não tomar o Soro Amo Kken.

- Então conseguiste retardar o envelhecimento e, nos dois k-rarrs que passaram ele tem
exatos doze k-rarrs? – Antares inquiriu.

- Sim. Depois daquela conversa que tivemos, inseri nele um chip neural, assim ele já está
adquirindo conhecimento na medida que se passaram esses dois k-rarrs. – K’thryn explicou.

- Isso é excelente. Agora, quais procedimentos deveremos tomar? – Antares estava curioso, e
K’thryn elucidou:

- Bem, vou retirá-lo do interior do béquer, mas os músculos das pernas, dos braços e toda a
anatomia da laringe dele, nunca foram exercitadas. Ele também deverá, por um tempo usar
um revestimento que o adaptará a claridade, pois passou doze k-rarrs de olhos fechados.
Então teremos de ensina-lo tudo. Mas ele tem a genética de Gene misturada com dos
phællansis, então creio que em menos de quinze arrs, ele já esteja se movimentando e
falando. A alimentação dele deverá ser de líquidos no começo, passando para pastosa, até
ele poder se alimentar de coisas sólidas. Creio que em um Rarr já teremos Jonas totalmente
apto a tudo. Uma outra recomendação é que ele tenha contato com todos, assim se
acostumará a conversar e se socializar. Então, quanto mais puder leva-lo ao Caupona,
melhor. Não somente para treinamento, mas também para interação.

- Compreendo. Sei que não aparento demonstrar, mas estou ansioso para iniciar o tutelado
do jovem Jonas Sisrac. – O sobrenome surpreendeu K’thryn, então Antares explicou. –
Questionei a Tenente-coronel Gene Sisrac sobre como deveria sobrenomear Jonas e ela me
permitiu dar-lhe seu sobrenome. – Sorrindo, K’thryn chamou uma jovem terrana para
ajudá-la:

- Maya, observe atentamente os dados do suporte de vida de Jonas, enquanto operarei o


sistema de esvaziamento e filtragem. Galaxya, pode iniciar. – E Galaxya começou a retirar o
líquido amniótico que sustentava Jonas em seu interior:

19
GALAXYA

- Suporte está tudo bem, Iatrévo. – Maya falou, enquanto Jonas descia lentamente para o
fundo do tanque.

- Sistema de escoamento e filtragem funcionando em cem porcento. – Analisou K’thryn, não


tirando os olhos do jovem que começava a se recolher no fundo. – Operação concluída!
Maya?

- Sem nenhum problema no seu ritmo cardíaco e respiração, Iatrévo. – Maya explicou. –
Músculos tendo espasmos, mas nada anormal. Administrando descargas para não atrofiar.
– Maya apertou um botão no painel virtual, enquanto K’thryn se dirigia para o béquer:

- Galaxya, pode suspender, por favor? – Assim que o fez, um cheiro forte e ácido tomou
conta do local, mas logo Galaxya ventilou o local. Então galaxyens apareceram para
suspender o corpo de Jonas, de forma bem cuidadosa: - Maya, traga aquela maca, por
favor? – E Maya logo fez o que K’thryn lhe pediu. Mas antes que os galaxyens alojar o corpo
inerte de Jonas, K’thryn acionou um botão que cobriu a maca com um revestimento macio e
perolado. – Podem descer, devagar. – Quando o corpo foi instalado, o corpo de Jonas foi
coberto por uma proteção, cobrindo todo seu corpo até o pescoço. – Assim ele ficará
aquecido. – Então se voltou para Maya. – Obrigada pela ajuda, Maya.

- Estou aqui para isso, Iatrévo. – Antares reparou a tudo sem se pronunciar, então falou:

- Por que somente ela está aqui? Aonde estão os demais?

- Estão com o Scientia dux 13 no andar que Galaxya os forneceu para assistenciar a
Confederação Galaxial. Wuthann Brakk já veio reclamar que o Confederado Bavan Sheys o
está importunando...

- Espero que não tenha o recomendado dar um soco no Confederado. – Aquilo surpreendeu
K’thrynn, que riu:

- Não sabia que estava sujeita a ouvir piadas vindo e ti, Antares? Mas não, disse que se ele
fizesse novamente, recorresse a ti. Então espere, em breve, chamadas de nosso Scientia dux
Galaxya praesul. – Antares arriscou um sorriso, algo que K’thryn ainda não havia visto, mas
ela prosseguiu. – Agora devemos fornecer-lhe um alojamento. Infelizmente não sabemos
qual seria o ambiente apropriado para ele, por isso, deixe em branco. Ele moldará quando
achar necessário. – E passou a maca para Antares:

- Estou extremamente grato por isso, K’thryn Swiss. Não sei como poderei lhe agradecer.

- Cuide bem de nosso jovem e o permita interação. Avisarei a todos que você está com ele.
Assim que permitir, eles o visitarão. – E Antares saiu do Scientia, empurrando a maca.

13
Scientia dux = Chefe do Centro científico e clínico dos Guardiões do Galaxya

20
GALAXYA

XX
Assim que Jonas despertou, percebeu Antares ao seu lado, que logo lhe explicou tudo, como
K’thryn havia lhe dito, onde ele estava e quem era.

O começo foi difícil, mas quando Jonas estava nos testes fisioterapêuticos ou passando um
tempo com Pum Riss e Synn Tharra, para aprender mais, principalmente a falar, Antares
podia cuidar de suas obrigações junto a Confederação Galaxial, tendo ao seu lado Stahirr.
Com dez arrs ele já pronunciava muito bem as falas, articulando as palavras de forma bem
eficiente:

- Qual o seu idioma? – Corr Sairy brincou com ele, uma vez, no Caupona, e ele de imediato
respondeu:

- O que o tradutor omniversal optou por eu ter.

Sua voz adentrando na puberdade, encantava a todos. Ele conversava com maestria com os
membros do Galaxya, de forma descontraída com os Galaxya praesul:

- Quando terei contato com a Confederação Galaxial, Vermelho? – Jonas questionou


Antares, que colocou:

- Não queria que tivesse aprendido esse apelido com Corr Sairy. Acho ofensivo! – Jonas
desculpou-se e questionou:

- Se acha assim, por que permite que Corr Sairy o use?

- Corr Sairy é um homem adulto, deveria saber! – Antares foi enfático, então outro dia, em
conversa com Corr Sairy no interior do S.E., Jonas disse:

- Antares considera Vermelho ofensivo! – Corr Sairy olhou para Jonas sem entender, mas
S.E. disse:

- Eu te falei que ele considerava assim. – Corr Sairy pareceu mal com aquilo e logo entrou
no Galaxya, sendo seguido por Jonas, encontrando Antares saindo de seu aposento:

- Desculpa pelo apelido, Antares. – Este olhou para Jonas, atrás de Corr Sairy. – Não é
culpa dele, eu que deveria ter percebido que estava te ofendendo. Foi mal!

- Desculpas aceitas. – Então se voltou para Jonas. – O que estava fazendo lá fora? – Então
foi S.E., em sua forma diminuta, que respondeu:

- Ele estava aprendendo comigo sobre Inteligência Artificial e sobre respeito a outros seres
sencientes.

- De fato, ele estava. Eu observava os dois, quando ele me falou sobre isso. O assunto era
válido e o erro foi meu. – Corr Sairy informou.

- Lhe agradeço por isso, Corr Sairy. Volte para sua aula, Jonas Sisrac. – Antares finalizou,
seguindo seu caminho para o andar da Confederação Galaxial, mas cheio de orgulho do
rapaz.

Após atingir quinze k-rarrs, Jonas voltava do Libri com Antares e lhe pediu:

- Eu posso falar com meus genitores? – Antares olhou atenciosamente para ele e perguntou:

21
GALAXYA

- O que falaria para eles?

- Não sei, mas gostaria de conhece-los. Sem contar que Phællans também já saiu do seu
tubo, como você me disse outro dia, e nós nunca nos falamos. – Então Antares o guiou até a
entrada do Collocutio:

- Sempre que desejar falar com Li Kkan, Gene Sisrac ou Phællans, venha até aqui e fale com
Galaxya. – A porta do Collocutio se abriu e Jonas viu o grande breu do seu interior e entrou:

- Com quem deseja falar, jovem Jonas? – Galaxya projetou sua face humanoide no interior
do Collocutio. E vendo isso, Jonas sorriu e respondeu:

- Jacqueline Dévero. – Galaxya demorou um pouco e logo voltou, dizendo:

- Ela o atenderá agora. – Então Jonas se viu no interior do escritório de Jacqueline, na


Terra. Ela estava em pé, se apoiando na mesa atrás dela:

- Olá, Jonas. É um prazer finalmente conhece-lo. A que devo essa honra? – O garoto parecia
meio desnorteado com aquilo:

- Não me acostumei com isso ainda, apesar de ter interagido com projeções deste tipo
durante meu treinamento com Luannia. – Jacqueline sorriu. – Foi graças a você que estou
aqui, de acordo com Antares. Tenente-coronel Sisrac não quis saber de mim. – Jacqueline
sentou e o convidou para fazer o mesmo e ele o fez.

- Quem lhe falou isso, Antares? – Ela inquiriu.

- Não. Antares nunca falaria isso. Na verdade, ninguém nunca falou disso, mas eu presumi,
já que foi você quem permitiu que Katty continuasse com meu processo de desenvolvimento.

- Quantos sua idade atualmente?

- Tenho 13 k-rarrs, mas todos me tratam aqui como se fosse um deles.

- Por isso fala tão fluentemente. – Analisou Jacqueline e continuou. – Olha, Gene, bem como
eu, foi gerada de uma forma a não sofrer os mesmos processos de uma mulher comum.
Bem, eu vivia em um corpo masculino, então minha transformação em quem sou agora,
nunca me seria permitido ter filhos. Já Gene, para ser mais eficiente como um ser humano
perfeito, os geneticistas que a criaram a tornaram totalmente estéril, então ela nunca
pensou em ter um lado maternal.

“Quando K’thryn nos avisou que você e o outro jovem, Phællans, foram criados por Bavan
Sheys, aquilo a abalou muito. Ela nunca pensou em ter filhos e, do dia para noite, ela tinha
dois. Então, desde então, temos conversado muito sobre isso. Eu, ela e o irmão dela,
Ricardo. Sentamos e explanamos sobre ela ter você e Phællans na vida dela.

“Eu falei para K’thryn continuar com o processo, pois sei que Gene se arrependeria depois,
se ela tivesse pedido para ser encerrado. Tanto que ela manteve contato com K’thryn e ficou
sabendo sobre tudo. Quando ela soube que Phællans não estava mais aí, ficou muito triste e
chorou, mas logo Lyn Xus entrou em contato e nos falou como estava o seu irmão.

“Antares, um dia entrou em contato conosco e disse que desejava ser seu tutor e isso a
deixou muito feliz. Então ele perguntou como desejava que se chamasse, seu sobrenome. Eu
sugeri Dévero, mas logo Gene disse para usar o dela, Sisrac. Sabe o significado desse
sobrenome, Jonas?”

- Sim, você lhe deu o nome baseado no Projeto Gênesis e incluiu as iniciais dos geneticistas
que a criaram, os Doutores Ross e Azevedo e a Doutora Croisman. – Jacqueline sorriu. –

22
GALAXYA

Marcelle me contou que, quando descobriu isso, parecia uma boba revelando. – Jacqueline
gargalhou. E Jonas continuou. – Eu não sabia dessa história dela. Eu sabia sobre o lance
dela ter sido criada para ser a ser humana perfeita, mas não sabia que lhe tinham tirado
essa possibilidade.

- Os geneticistas foram desumanos nesse ponto, achando que uma mulher com capacidade
de ter filhos, não seria perfeita. E olha que, entre eles, tinha uma mulher.

- Obrigado por isso...

- Pode me chamar de Jackie, mas por favor, nunca de vovó! – Jacqueline o interrompeu e
brincou. Rindo, Jonas completou:

- Pode deixar, Jackie. Obrigado mesmo.

- Assim que eu conseguir falar com ela, direi que você está bem. Ela, com certeza, vai querer
falar com você. – E beijou a imagem do jovem que era projetado na sua frente. – Sinta-se
beijado.

- Me sinto. – E a projeção foi interrompida e Jonas se viu, novamente, no vazio do


Collocutio. Então Galaxya reapareceu:

- Desejava falar com mais alguém? – Mas Jonas respondeu:

- Não Galaxya, obrigado. Agora tenho aula com T-Pinn e W-Nott. Acho que vou ganhar uma
asa. – Ele falou contente e saiu na direção do Tuboelevador.

Passou-se um tempo, enquanto Jonas estava aprendendo como funciona as montagens do


sistema de flutuação das satisphæras, Galaxya o chamou no chip neural:

- “Tem uma pessoa querendo falar contigo no Collocutio”.

- “Quem é Galaxya?” – Jonas perguntou, percebendo que o rapaz parara de prestar atenção,
Kotharyn questionou:

- Aconteceu alguma coisa, Jonas Sisrac? – Mas foi a voz de Galaxya que Jonas ouviu:

- “Gene Sisrac deseja falar com você”. – Jonas arregalou os olhos e sem muito o que dizer,
saiu correndo até o Tuboelevador, mas Galaxya explicou para Ortsac e Kotharyn o que
estava acontecendo.

Assim que entrou no Collocutio, Jonas se viu projetado em uma sala de treinamento, com
uma pessoa sentada a sua frente. Os cabelos alvos de Gene pareciam embaralhados e
suados. Ela usava um traje de treino:

- Oi, Jonas. – Gene saudou. – Se quiser pode sentar, não mordo. – E ele se sentou na frente
daquela linda mulher que tinha cabelos maravilhosamente brancos. – Desculpa não te
procurar antes para conversarmos, mas tenho me ocupado muito com as Valquírias e...

- Por que foi Jackie que decidiu por continuar meu processo de desenvolvimento e não você?
Tá, ok, ela me disse que você foi criada sem direito a ter filhos e tal, mas fiquei pensando
comigo, eu não deveria ser, então, uma benção? – Gene conhecia bem os sentimentos
humanos para perceber que existia rancor nas palavras do pequeno jovem de cabelos
castanhos escuros, e ela sabia que aquele era o momento de se tomar muito cuidado com o
que diria e, que se ele tivesse a mesma percepção dela, não poderia pensar em mentir:

23
GALAXYA

- Sim, você tem razão, foi Jacqueline que escolheu continuar com seu desenvolvimento.
Mas, como creio que ela deva ter te explicado, também, eu fui pega de surpresa com aquilo.
Me senti violentada com que o Confederado Bavan Sheys fizera com meus genes.

“Não tinha a ver com você ou Phællans, especificamente, mas com o ato do Confederado de
Callyns, em especial. Ele pegou (acho que vou explicar algo que você já saiba, mas vamos lá)
meu DNA e, através dele, gerou meu óvulo inúmeras vezes. Pegou o DNA do Ubukhosi Li
Kkan e produziu vários espermatozoides, fertilizando esses óvulos com eles. Isso é
abominável e hediondo. Não foram somente você e Phællans, mas vários outros, que K’thryn
teve que se desfazer, pois eram natimortos. Quando ele percebia que falhava, parava de
produzir. Você e Phællans, se K’thryn não tivesse intervindo, poderiam fazer parte dessa
estatística e isso me feriu muito.

“Como Jacqueline lhe explicou, nós conversamos muito sobre isso. Eu, ela e Ricardo (que
adorou a ideia de ter sobrinhos), e eu cheguei à conclusão que deixar de saber sobre vocês
era um erro tremendo. Agradeço muito a minha mãe por não ter permitido que o processo
de vocês dois fosse interrompido, bem, Li Kkan não permitiria isso com Phællans, então o
erro foi meu mesmo, e desculpa nunca será o suficiente.

“Quando percebi que eu estava muito errada, comecei a acompanhar o desenvolvimento de


vocês. Chorei muito quando soube que Phællans tinha partido (acho que entendi mal a
palavra), mas fiquei contentíssima ao saber que ele estava sob a supervisão de Lyn Xus e
agora quase não vive na Cidade-capital de Phællans (mesmo tão mais novo do que você), e
quase Lyn Xus não tem contato com ele. Às vezes nos falamos, pois ele carrega consigo um
bracelete comunicador e, aparentemente, é seguido por um do ycons do Galaxya.

“Já você sempre foi a minha maior preocupação. Sempre que tinha alguma novidade sua, eu
ficava feliz por ter sobrevivido mais um dia (ou, no seu caso, arr). Eu fiquei sabendo que
tinha sido tirado do tubo, que estava aprendendo a falar, fazendo exercícios e aprendendo
com essas pessoas maravilhosas, que tanto me ensinaram, também. Mas estava com
vergonha.

“Vergonha por ter te rejeitado. Vergonha por não estar aí contigo e acompanhado seu
desenvolvimento. Assim que eu soube que continuaria, deveria ter abandonado tudo aqui e
ido para aí. Você é muito importante para mim, Jonas. Não somente por ser parte de mim
(muito por isso, sim), mas porque você é alguém que eu nunca pensei que um dia poderia
ter. Meu corpo não produz aquilo que te gerou.

“Não perdoo Bavan Sheys por ter feito isso, mas agradeço a ele (de certa forma, mais a
K’thryn) por você existir. Sua avó (eu sei que ela deve ter lhe falado para não a chamar
assim) errou em uma coisa, não foi quando conversamos com Antares sobre o momento que
você iria sair do tubo que eu decidi dar-lhe meu sobrenome, mas sim no momento em que te
vi, naquele tubo e pude tocá-lo que percebi que você era parte de mim e quis que recebesse
algo mais do que somente isso”. – Os olhos de Gene estavam marejados de lágrimas e ela
viu a mão projetada de Jonas se aproximando de seu rosto, como se tentasse enxugar as
lágrimas e dizendo:

- Não chora, mamãe. – Ela sorriu e, mesmo à distância, ambos se abraçaram e ficaram
assim durante minutos. Quando terminaram, Jonas disse. – Eu quero te conhecer,
pessoalmente.

- Nada me faria mais feliz. – Então a projeção da forma humanoide de Galaxya surgiu e se
sentou perto dos dois. – Seja bem-vindo, Galaxya.

- Muito obrigado, Tenente-coronel Gene Sisrac. – Galaxya disse e, olhando para ambos,
disse. – Estou tomando o caminho para a Terra neste exato momento. Dentro em breve
estarei aí, assim poderão se encontrar. – Sorrindo, Gene e Jonas se entre olharam. A
projeção de Galaxya desapareceu, e Gene disse:

- Então, dentro em breve, nos veremos. – E Jonas concluiu:

24
GALAXYA

- E eu ficarei aí, com você, Ricardo e Jackie (ela me disse mesmo para não a chamar de
vovó) – Os dois riram e, novamente se abraçaram, e a projeção acabou. – Galaxya, poderia
chamar a todos para o Testimonii, por favor. – A face de Galaxya apareceu diante de Jonas e
concordou com aquilo. Momentos depois, todos estava no Testimonii:

- Para tudo! Você solicitou essa reunião? Daqui a pouco ele assume seu lugar, Antares. –
Brincou Corr Sairy, no que Antares respondeu:

- Não creio que seja isso que ele tenha a dizer, não é, Jonas?

- Sim, você tem razão, Antares. – Disse Jonas e prosseguiu. – Olha, eu tenho passado os
melhores momentos que alguém como eu poderia desfrutas com as pessoas. Tenho mais
amigos do que acredito que alguém, da minha idade, teria, e de vários planetas diferentes.
São bhlokyonssis, prismusis, agufalgavianos, kelkzerrins, phællansis, krarrashins,
darkyanis, terranos e galaxyins, além de seres como S.E. – disse, apontando para a pequena
nave que sobrevoava o ombro de Corr Sairy – e aprendi demais com todos vocês, também.
Aprendi com Luannia, K’thryn, Marcelle, Pum Riss, Synn Tharra, Ortsac, Kotharyn, Corr
Sairy, S.E., Galaxya e com você, Antares. Acho que nenhum jovem de quinze k-rarrs, como
eu, pode vivenciar uma experiência tão maravilhosa como essa.

“Se não fosse Galaxya chamar Corr Sairy e K’thryn, eu poderia ser mais uma estatística na
lista do Confederado Bavan Sheys. Graças ao total suporte e perseverança de K’thryn, eu
estou aqui com vocês. Antares aceitou o desafio de seu meu tutor, mesmo sem ter total
conhecimento de como seria isso e sei que as vezes dificultei as coisas. Principalmente
aquela vez que descobri ser mais rápido que os outro e Luannia me deu uma tremenda lição
de humildade (obrigado por aquilo, Lu!). Sem vocês, eu não seira nada do que sou hoje. Mas
eu fui gerado a partir de uma pessoa que nunca poderia ter alguém como eu e ela está na
Terra e quer que eu faça parte de sua vida, agora.

“Alguns arrs atrás, pedi a Antares para poder falar com meus genitores, mas eu queria
mesmo era falar com quem falei há pouco, Gene. Conversamos e nos abraçamos (da melhor
forma que uma projeção pode abraçar a outra). Ela me explicou tudo, principalmente sobre
ter me visto ainda no tubo e ter dito para você usar o sobrenome dela em mim, Antares.

“Eu não quero parecer ou ser ingrato e sair assim, principalmente sendo tão jovem, ainda.
Mas se eu sou quem sou, devo isso a vocês. Até um par de asas eu ganhei de W-Nott, e foi
Galaxya que fez!

“Se Jonas Sisrac, esse garoto de quinze k-rarrs, que lhes fala aqui, existe, pode falar, pode
andar, pode correr, tem muitos amigos, devo a todos vocês. Mas eu quero minha mãe,
preciso de minha mãe e, definitivamente, vou viver com minha mãe”. – Com exceção de
Antares (que todos conheciam bem) e Stahirr, não tinha um que não estivesse emocionado e
sentindo o carinho e o afeto das palavras de Jonas:

- Todos temos um caminho traçado e trilhado para nós, Jon. Se este é o seu, siga-o! – Falou
Synn Tharra.

- Eu venho estudando a cultura e os costumes terranos, principalmente por ter aceitado a


missão de ser seu tutor. Posso dizer que eu esperava por isso, no momento em que retornei
ao Galaxya e pedi a K’thryn Swiss que me avisasse quando tivesse treze k-rarrs. Logo entrei
em contato com Jacqueline Dévero e a Tenente-coronel Gene Sisrac, avisando sobre isso.
Naquele momento, Jacqueline Dévero lhe deu o sobrenome de Dévero, mas quando Gene
Sisrac veio ao Galaxya, para a eleição do Confederado-mor Victor Cambasi, ela fez uma
visita ao nosso andar (lhe é permitido isso) e quis ver você. Não compreendo a natureza
humana o suficiente, mas ela passava a mão em seu tubo e uma lágrima escorreu pelo seu
rosto, ela pensou que eu não tivesse reparado e tentou disfarçar. Naquele momento ela me
disse para chama-lo de Jonas Sisrac.

“Mesmo desconhecendo a natureza dos terranos, percebi que ela havia se ligado,
afetuosamente a ti, Jonas. És o único que me sinto assim, também, tanto que prefiro

25
GALAXYA

chama-lo somente pelo primeiro nome. Não espero que meus colegas me entendam mal,
mas afeição é um processo diferente para mim, pois nunca senti como sinto por ti. Mas, em
meus aprendizados, li uma frase que me fez compreender bem o que está fazendo agora e
ela dizia que os filhos devem ser criados para o mundo. Eles devem se tornar
independentes, livres, principalmente de nossas ordens e que, a partir de determinada
idade, valem os conselhos.

“És jovem ainda, de acordo com o que Corr Sairy disse, à idade adulta na Terra seriam
dezoito anos. Mas, se contarmos em tempo da Terra, seria mais do que um adulto...”

- Estaria bem idoso, isso sim. – Corr Sairy completou e Antares afirmou, continuando:

- Então a idade é algo superlativo, supervalorizado. Não precisa de idade para seres capaz
de ter a possibilidade de discernimento. Se vossa mãe o espera, ela o terá junto a ela.

- Obrigado, Antares. Seu respeito. Na verdade, o respeito de todos vocês por mim e a
valorização que sempre demonstraram, me faz ser mais forte e capaz. – E sorrindo, com os
olhos marejados, devido as palavras de Antares, Jonas finalizou. – Dou por fim essa
reunião.

Não demorou muito, Galaxya chegava próximo à fronteira do sistema solar, onde receberam
um chamado:

- O Primeiro-tenente Ross Croisman Azevedo deseja falar-lhes. – Galaxya disse à Antares e


Corr Sairy, que se encontravam no Testimonii, no que Antares se pronunciou:

- Pode transmitir, Galaxya. – E, sobre a mesa que eles se reuniam, apareceu uma projeção
de Ross:

- Antares. Corr Sairy. É bom vê-los novamente. Qual o motivo do Galaxya estar visitando o
nosso sistema solar? – Então, Antares questionou de volta:

- Não foi lhe comunicado o motivo de nossa visita, Primeiro-Tenente Ross Croisman
Azevedo? – Ross então viu um comunicado chegando:

- Esperem um momento. – Ross parecia falar com alguém, chegando até a sorrir. Corr Sairy
e Antares se encararam, intrigados. Então, Ross se voltou para eles. – Me perdoem, acabei
de ser comunicado que a nave da Tenente-coronel Sisrac a caminho do Galaxya. A
Secretária-geral Achara Li-Zhang também virá, guardada pelos Guerreiros Alados. Peço
permissão para me juntar a Tenente-coronel Sisrac.

- Será bem-vindo, Primeiro-tenente Ross Croisman Azevedo. – Assim que a transmissão


encerrou, Corr Sairy questionou Antares:

- Por que você me queria aqui? Poderia ter chamado Marcelle! – Enquanto caminhavam para
fora do Testimonii, a caminho do Tuboelevador, Antares explicou:

- Desejava ver sua reação ao saber da patente do Primeiro-tenente Ross Croisman Azevedo.
Alguns Rarrs atrás, por mera curiosidade, enquanto conversava com Jacqueline Dévero
sobre Jonas, a questionei como estavam as coisas a respeito da Piel-Green
Empreendimentos e a Força Terra-Espaço.

“Após os acontecimentos com o ex Secretário-Geral da Terra, Ernesto Vivácqua Aguillar, a


Força Terra-Espaço foi fechada e iniciou-se uma investigação mais acirrada sobre as ações
deles. O Diretor Presidente da Piel-Green Empreendimentos, Stendart, que descobriram ser
da raça alienígena sollutis que, aparentemente, está extinta, apagou a vários arquivos,
principalmente do seu período como piloto da Força Terra-Espaço...”

- Era de se esperar isso. – Corr Sairy completou. Então Antares continuou:

26
GALAXYA

- Com certeza. Mas muitos arquivos ainda foram guardados pelo sistema de Inteligência
Artificial da Base Espacial Prometheus, programado pelo Primeiro-tenente Ross Croisman
Azevedo, denominado SDI4S, que significa Inteligência Auto-Dinâmica de Vigilância
Espacial do Sistema Solar. Além disso, S.E. providenciou o fornecimento de seus arquivos
de comunicação com o Confederado-mor Victor Cambasi (que já foi sabatinado, por sinal).

“O mais interessante dos arquivos guardados pelo SDI4S é que havia uma conversa entre
Stendart e Seth Ámoneth a respeito de uma missão chamada Armagedon. Como o Primeiro-
tenente Ross Croisman Azevedo tinha um código genético semelhante ao de Seth Ámoneth,
ele teve acesso à missão e, no arquivo, estava claro sobre o assassinato do Diretor Executivo
da Svagner-Yamabushi Comunicações, Katsuhiro Ojji, a divulgação das projeções de Seth
Ámoneth trajando um equipamento semelhante ao traje Ávatar de Jacqueline Dévero no
Projeto Esperança. A possível compra de juiz e jurado, caso o caso fosse a um tribunal.
Creio que foi decepcionante saberem que eu, como Confederado da Confederação Galaxial,
auxiliei sem a necessidade de ir à julgamento.

“Mas a missão Armagedon tomou outro rumo, quando os Cavaleiros Sombrios do Primeiro-
Tenente Ross Croisman Azevedo e as Valquírias da Tenente-coronel Gene Sisrac seriam
responsáveis pelo trabalho de segurança do ex Secretário-Geral da Terra, Ernesto Vivácqua
Aguillar. Intitulado Armagedon II...”

- Nossa, quanta criatividade! – Corr Sairy comentou, mas Antares seguiu:

- O Primeiro-tenente Ross Croisman Azevedo conseguiu ver que Stendart já esperava a


vitória do Confederado-mor Victor Cambasi (acredito que ele tivesse avisado à Stendart).
Então o plano usar o objeto que encontramos para editar a projeção, então drogar ao
Primeiro-tenente Ross Croisman Azevedo, convencer as Valquírias de festejar com eles,
droga-las, levar a Tenente-coronel Gene Sisrac a assassinar o ex Secretário-Geral da Terra,
Ernesto Vivácqua Aguillar, mas ficava em aberto se ela o mataria ou não. Então Seth
Ámoneth a deteria e a projeção apresentaria somente o que eles desejavam que
assistíssemos.

- Como eles editariam as imagens? Nunca vi um inibidor desse tipo? – Eles já estavam
cercados com os demais (Stahirr se encontrava ao lado de Antares, naquele momento). Foi
Ortsac que questionou, e Antares respondeu:

- Aparentemente era uma tecnologia nova da Terra, monitorada pelo chip neural. Capta a
projeção do ambiente e a pessoa que o dispositivo está ligado pode dizer quando interromper
a projeção. Inteligente, mas bem questionável.

- Isso tudo para derrubar as Corporações Dévero? – Argumentou Luannia.

- Tudo na Terra corresponde a poder, Lu. – Contra-argumentou Corr Sairy. – Quem ter mais
poder, tem mais evidência. Isso é um círculo vicioso na Terra. Quando as corporações
assumiram o controle das comunicações, saúde e segurança do planeta, autorizado pela
SCO14, que as coisas perderam o controle.

“Assim, era mais fácil deixar as corporações cuidarem disso, pois os custos diminuíam para
o governo global, mas criava uma disputa acirrada para quem fosse o melhor. A Piel-Green
sempre desejou a globalização do poder, enquanto as Corporações Dévero (sob supervisão
de Jackie) tentava fazer acordos, sem globalizar. Era uma disputa de quem pagava mais e
quem conseguiria a melhor concessão. O Projeto Terra do Amanhã, que era coordenado por
Elizabeth, conseguiu um apaziguamento da situação, mas quando ela se tornou esposa de
Li Kkan e Ubukhosi de Phællans e Victor Cambasi assumiu a gerência, as coisas
desandaram. Daí Cambasi se tornou Confederado da Terra e houve a separação total, cada
um por si. A F.T.E. conseguiu a concessão do espaço, fazendo vigilância das fronteiras da
SCO, além dos transportes de mercadorias para planetas-membros da Confederação

14
SCO = Solar Composition Order (Ordem da Composição Solar, em inglês)

27
GALAXYA

Galaxial. A CADETE15 ficou com a vigilância da Terra, mas as Corporações Dévero tinham
acordos com a Asclepius Farmacêutica e Saúde, uma grande corporação no campo da
medicina, e a Svagner-Yamabushi Comunicações, que tinha a concessão dos sistemas de
comunicação do planeta. Convenhamos, Jackie era esperta”.

- Então o Stendart queria tudo. – Synn Tharra afirmou. – Nossa, que canalhice! – Corr Sairy
sorriu. Então, Galaxya comunicou-os:

- A G-001 e uma nave Pegasus XM-30 pedem autorização para aportar. – Kotharyn então
falou:

- Pode autorizar, Galaxya. – E as duas naves entraram no Hangar e de seu interior saíram
Gene, Jacqueline e Ross, respectivamente:

- Que maravilha, ainda sou autorizada a caminhar entre os maiorais. – Brincou Jacqueline,
que foi logo na direção de Corr Sairy e Luannia. – Então você é Luannia. Minha cara, tenho
muitas coisas para lhe contar sobre o seu parceiro. – Luannia olhou para Corr Sairy, sem
entender:

- Eu te falei que ela era assim, tão louca quanto você. – Então Luannia se voltou para
Jacqueline:

- Que prazer conhece-la, Jackie. Quero saber dos mínimos detalhes. – Então Ross se
aproximou de Antares:

- Obrigado por ainda me permitir aterrizar no Hangar, Antares. Me desculpe pelo que
aconteceu k-rarrs atrás no andar da Confederação Galaxial.

- O importante é que você tomou a atitude correta, Primeiro Tenente Ross Croisman
Azevedo. – E, aproveitando que Luannia e Jacqueline conversavam, Corr Sairy falou:

- Agora sim posso dizer que é um prazer revê-lo, Primeiro Tenente Azevedo. – Ross olhou
para Corr Sairy, mas sua forma de olhar não tinha mais desdém. Era respeito.

Mas todos se voltaram para Gene naquele momento, pois Jonas se aproximava dela:

- Olá Jonas, é um prazer conhece-lo, finalmente. – Uma lágrima brotava de seu olho. Então
Jonas disse:

- Eu posso abraça-la. – Sorrindo, Gene disse:

- Não só pode, como deve! – E os dois se abraçaram com grande carinho e intensidade.
Quando terminaram, Gene continuou. – Me desculpa, meu filho. Eu nunca deveria tê-lo
rejeitado. Eu estava muito errada. E agora olha você, está da minha altura, agora...

- E ele só tem quinze anos! – Corr Sairy falou, a distância, fazendo-os sorrir. Então todos
foram em sua direção.

A reunião naquele andar foi de pura descontração, mas logo Galaxya chamava Corr Sairy:

- Skill está te chamando. – Então Pum Riss falou, contento:

- Sagrado Phællans, Sth Nnie deve estar lá em cima, com Mi Lssa. Quanto tempo não a
vemos? – Inquiriu, olhando para Marcelle, mas foi Corr Sairy que respondeu ao Galaxya:

15
CADETE = Comando de Ação Defensiva e Estratégica Terra-Espaço

28
GALAXYA

- Avise-o que estaremos subindo, Galaxya, por favor. – Então se voltou para Luannia. – Vai
ficar aí falando de mim ou vai comigo? – Luannia o olhou e Corr Sairy entendeu a resposta,
seguindo com Marcelle, Pum Riss e Synn Tharra, indo para o andar dos alojamentos. Assim
que lá chegaram, na entrada do Tuboelevador, tinham dois jovens alados (um deles com
asas de metal) e uma pequena hibrida de terrano com phællansi:

- Pensei que não te veria pessoalmente. – Disse a linda jovem de cabelos castanhos e Asas
Brancas.

- Se você é tão impaciente quanto seu pai, M-Kara, eu tô encrencado. – Corr Sairy retorquiu.
M-Kara sorriu e abraçou o padrinho. – Finalmente conheci vocês dois pessoalmente. – Corr
Sairy bagunçou o cabelo de M-Karo, então Synn Tharra se apresentou:

- Parece que Corr me esquece as vezes. Oi, sou Synn Tharra, progênie dele. Prazer conhecer
vocês dois. – Então ouviram uma voz vindo do corredor e se aproximando:

- É a cara dele fazer isso, Synn. – Assim, que Skill se aproximou, beijou Synn Tharra no
rosto. – Que bom poder ver você novamente, e pessoalmente. – Então Corr Sairy questionou:

- O que essas crianças estão fazendo aqui? – M-Karo se sentiu atingido:

- Ei, não somos mais crianças. Na Terra somos adultos. – Corr Sairy riu, enquanto eles
caminhavam para o alojamento dos Guerreiros Alados, Skill explicou:

- Não se surpreenda, mas H-Glorr e T-Rass voltaram pra Agufalgav. – Corr Sairy então
falou:

- Já estamos sabendo. Seu sogro decidiu se aposentar e, em breve, H-Glorr e H-Lik serão
consagrados como Magnanimus de Agufalgav. Será revolucionário. – Skill pensou em
contra-argumentar, mas lembrou que H-Glorr deveria ter contado a eles, mas Corr Sairy
percebeu isso. – H-Glorr não nos falou nada, mas Antares vive no andar da Confederação,
junto com Stahirr como carrapato dele – Durante uma Assembleia do fim do Rarr, que é
aberta, o Confederado de Agufalgav divulgou sobre a aposentadoria de H-Kok e H-Kik.
Terminando aqui, devemos voltar ao sistema Vertus, se desejarem uma carona. – Então
chegaram ao alojamento, onde estavam H-Kik, Sw Fitt, Sth Nnie, Ricardo e Ronald Howard.
– A única coisa que não entendi é por que você não se tornou a Magnanimus? – Corr Sairy
perguntou a H-Kik, mas antes dela poder responder, Ricardo se dirigiu a Skill:

- Coronel, gostaria de sua permissão para visitar minha mãe e minha irmã, além de ir
conhecer meu sobrinho. – A empolgação na voz de Ricardo era clara.

- Lógico, Capitão Dévero, mas recomendo que requira a Synn Tharra autorização. – Ricardo
então foi na direção de Synn Tharra, que dialogava com Sth Nnie, Sw Fitt e Ronald. Pediu a
ela e após Synn Tharra chamar Galaxya e este falar que estava autorizado, o empolgado
terrano correu para o Tuboelevador. – Ele estava ansioso por isso, mas é nosso piloto e
tinha que nos deixar aqui antes.

- Você abusa dele, isso sim. Você poderia pilotar muito bem. – Skill riu e H-Kik se
aproximou:

- Respondendo à sua pergunta, eu abdiquei de meu direito de ser Magnanimus, mas pedi
que H-Glorr não fizesse o mesmo. Seria maravilhoso que ele e T-Rass se tornassem
Magnanimus, mostrando para todos que Agufalgav estava mudando. E, depois de tudo o
que ele passou, duvido que alguém iria contra ele. Mas, mesmo eu abrindo mão, meus filhos
ainda tem direitos, só que serão incluídos depois do filho de H-Glorr.

- T-Rass está grávida? – Corr Sairy parecia perplexo. Então Skill, H-Kik, M-Karo e M-Kara
riram:

29
GALAXYA

- Finalmente algo que você não sabia. – Skill disse e H-Kik completou:

- Na Terra pareceu uma eternidade, mas foram mais rápido do que nós dois. Howard fez os
exames e será uma menina. E sim, aceitamos a carona para a Celebração de meu irmão e
minha cunhada se tornarem Magnanimus.

Após o fim da confraternização, deu-se a despedida de Antares e Jonas:

- Se cuide, Jonas. E tenha certeza que aprenderá bastante, também, com vossa mãe. –
Antares disse ao jovem rapaz e, depois, se voltou para Gene. – Sabia que tens um rapaz de
enorme estima contigo, Tenente-coronel Gene Sisrac.

- Eu sei disso, Antares. Obrigado por tudo que fez por nós, não tenho palavras para
agradecer do quanto cuidou de nós, desde o momento que aceitou defender Jacqueline até
agora. – Então Jacqueline falou:

- Se ela não sabe, eu sei. – E ficando nas pontas dos pés, Jacqueline beijou os lábios de
antares, surpreendendo a todos. – Há muito tempo que quero fazer isso. Você é quente. –
Percebendo o constrangimento no ar, Ross falou:

- Bem, temos de ir, pois devemos servir de guarda para uma satisphæra que levará a
Secretária-Geral de volta à Terra. Os Guerreiros Alados ficarão para ir até Agufalgav. –
Então Ortsac se intrometeu:

- Esperem, eu e Kotharyn temos uma surpresa para o jovem Jonas Sisrac. – E, de baixo de
uma manta prateada, que estava perto da G de Gene, Kotharyn mostrou um veículo
incomum. – Estudamos veículos compactos da Terra e percebemos que existem veículos
como esses, então fizemos nossa versão.

- Na Terra seria chamada de motocicleta. Estudamos alguns nomes terranos e decidimos


chama-la de Hermes. – Falou Kotharyn, apresentando o veículo que se assemelhava mesmo
a uma motocicleta, mas não possuía rodas. O desenho era simples, com alguns detalhes
que pareciam retros, como três linhas sobressaltadas na parte frontal, nas laterais e na
parte traseira. – Ela tem uma capacidade de camuflagem em forma de campo que o envolve
totalmente e, mesmo atingindo altas velocidades, seu corpo não sofrerá com o atrito, pois o
traje o protegerá. – Kotharyn disse entregando um estojo e um capacete. – Aproveite
bastante. – Naquele instante o veículo desapareceu e Galaxya disse:

- O transferi para o interior da G de Gene. – Sorridente e extasiado, Jonas disse:

- Obrigado, Galaxya. Valeu mesmo Ortsac e Kotharyn. Caramba, sem vocês eu não
entenderia nada sobre isso tudo. Devo muito a vocês. Na verdade, devo muito a todos vocês.
– Disse olhando para os presentes. Corr Sairy, Synn Tharra, Marcelle e Pum Riss estavam
sendo projetados. – Eu já fiz isso, mas foram os três k-rarrs mais maravilhosos de minha
vida. Espero que mantenhamos contato.

- Pode contar com isso. – Disse Synn Tharra. – Não vai se livrar tão facilmente de nós.

Então todos entraram em suas respectivas espaçonaves e partiram dali. Galaxya logo
iniciou a viagem para retornar ao sistema Vertus, mas então Luannia recebeu uma
comunicação de Lyttar, Capitão da Guarda de Kelkzerr:

- Sra. Luannia, me desculpe atrapalha-la, mas sua irmã pede vossa presença em Kelkzerr.
Ela sente que o momento chegou. – Ansiosa, Luannia pede que Galaxya se comunique com
Corr Sairy e assim que este soube, desceu pelo Tuboelevador com Marcelle e Synn Tharra
junto com ele:

- Gostaríamos de ir com vocês. – Disse Synn Tharra.

30
GALAXYA

- Queremos testemunhar esse momento, também. – Completou Marcelle, e todos foram até
S.E. e partiram. Quando S.E. iria abrir uma Fenda Hipertemporal (Luannia pediu por isso
por ser mais rápido), Corr Sairy falou com Antares:

- Logo voltaremos e iremos direto para Agufalgav. – Antares somente concordou com a
cabeça e encerrou a transmissão.

Assim que cruzaram a Fenda Hipertemporal, já ouviram a Capitã da Guarda Lyttar:

- Obrigado por terem vindo tão brevemente. A Illuminus os aguarda. – Corr Sairy terminou
soltando um comentário:

- Dá para sentir falta de Hommir. – E Luannia socou seu braço com força:

- Não ouse falar isso em Kelkzerr. – Entendo o recado (com uma risada perceptiva de S.E.),
Corr Sairy ficou quieto. Assim que pousaram, um veículo kelkzerrin os aguardavam e ele
seguiram para o Tempio di Illuminus16. Após subirem os degraus que dava acesso (dessa vez
Corr Sairy estava com melhor preparo), logo foram aos aposentos de Hannia, que estava
deitada, respirando ofegantemente:

- Finalmente! – Hannia disse, nervosa. – Pensei que não chegariam nunca. Olá, meninas! –
Disse, entre uma respiração ofegante e outra. Então Luannia entrou e quando Corr Sairy ia
entrar, ela o barrou:

- Aonde o senhor pensa que vai?

- Ficar contigo e Hannia. Não posso? – Taxativa, Luannia disse:

- Nem pensar, isso é um rito sagrado no qual homens não participam, mas precisarei de
Marcelle. – Corr Sairy e Synn Tharra se surpreenderam. – Se você não tivesse vindo, eu teria
a chamado (desculpa, Synn Tharra). Já percebi que você pode até comer pelo sabor, mas o
que a alimenta mesmo são as estrelas que nos aproximamos. Sendo assim, depois de tantos
tempos terem passados, teremos uma pessoa capaz de expandir a própria energia dando à
luz a gêmeos, então precisarei de você para manter-nos equilibrada, pois não pretendo
largar a mão de minha irmã e, como bem sabem, o que ela sente...

- Você sente! – Synn Tharra completou, percebendo a situação. – Acho melhor ficarmos por
aqui, Corr. – E a porta do quarto de Hannia se fechou.

O tempo que eles ficaram do lado de fora do quarto não parecia passar. Synn Tharra,
apreensiva, saiu para conhecer um pouco as proximidades, sem se afastar muito. Corr
Sairy, já acostumado com vigílias, ficou ali e sem lugar para sentar, se alojou no chão.

Então um estrondo enorme e ensurdecedor pode ser ouvido. Synn Tharra veio correndo,
pensando se já havia acabado, mas a porta dos aposentos de Hannia ainda estavam
fechadas. Ela então fez companhia ao pai, sentando no chão e aconchegando a cabeça em
seu colo:

- Já pensou em raspar a cabeça? – Corr Sairy implicou com Synn Tharra, que olhou para
ela, ainda deitada:

- Pra quê? – Ela inquiriu, rindo, e Corr Sairy, fingindo seriedade e passando a mão na
cabeça calva, respondeu:

- Para ficar mais semelhante a mim. – Deitada, Synn Tharra gargalhou.

16
Tempio de Illuminus = Templo da Illuminus. Morada da Illuminus de Kelkzerr

31
GALAXYA

Synn Tharra quase cochilou, quando um novo estrondo pode ser ouvido, fazendo com que
levantasse no susto. Quando a porta abriu, uma grande névoa saiu do interior e puderam
ouvir a voz de Marcelle:

- Acabou. Eles nasceram! – Quando a viram, ela brilhava, como se irradiasse uma energia
forte e cegante. Antes de se aproximar mais deles, deixou estabilizar, daí ouviu a voz de
Synn Tharra:

- Corr tem toda a razão em chama-la de Estrelinha, Celle. – Os médicos vieram rapidamente
e passaram por Corr Sairy e Synn Tharra, entrando no quarto, aquecido. Quando pai e filha
entraram, o bafo quente lembrava de uma sauna:

- Acho que vou dar uma emagrecida legal ficando aqui! – Corr Sairy brincou e Hannia e
Luannia o olharam com seriedade:

- Eu sei que sente falta de Hommir, pois ele riria dessa brincadeira, mas ele não está aqui,
mas sim seus sobrinhos, Honnio II e Lennie II. Como Lennie nasceu antes, ela é a primeira
sucessora a ser Illuminus. Estou felicíssima e realizada. Não quer também, irmã? – Foi a vez
de Luannia olhar seriamente para sua gêmea:

- Depois disso que senti, prefiro ficar do que jeito que estou, com uma pessoa com quem
não posso procriar e já me deu duas lindas meninas que amo demais. Também estou
felicíssima e realizada. – Enquanto a conversa rolava, os médicos kelkzerrins examinavam
as crianças, mas logo Luannia falou. – Já chega, deixem meus sobrinhos descansarem,
depois vocês retornam. Saiam! – Eles saíram correndo, enquanto Corr Sairy ria. Após todos
saírem, Marcelle questionou:

- Existe alguma celebração a mais? – Hannia, encostou-se e explicou:

- Não existem outras celebrações. Agora, após eu passar meu tempo de recuperação e
descanso, irei com Lennie e Honnio ao cume da escadaria do Tempio di Illuminus para
apresenta-los e será transmitido para todas as outras vilas. Dishinna também pediu para
recepcionar a apresentação, então abriremos, temporariamente, a Fenda Dimensional, mas
sem sequestros, dessa vez. – Hannia finalizou, olhando para a irmã, que sorriu. – E como
integramos a Confederação Galaxial, transmitiremos para todos os planetas-membros,
também. – Sentindo-se cansada, Hannia escorregou no seu leito. – Agora preciso me
recuperar e vocês precisam ir, pois têm a Cerimônia de Celebração de H-Glorr e T-Rass
como Magnanimus de Agufalgav.

- Eu ficarei contigo. – Disse Luannia, mas Hannia falou:

- Não há necessidade, minha irmã. Vá e represente nosso povo na Cerimônia de Celebração,


já que eu não posso. É algo revolucionário para aquele planeta. Somente deixem Lennie e
Honnio próximos de mim. – Sem muito esforço, Luannia levou o berço dos gêmeos para
perto de sua irmã. – Agora podem ir. Obrigado por estarem aqui. – Luannia beijou a testa da
irmã, enquanto Corr Sairy beijou os lábios de Hannia. Os dois saíram dali, com Marcelle e
Synn Tharra, em direção a S.E.

Assim que saíram de Kelkzerr, S.E. disparou uma Fenda Hipertemporal e logo os cinco se
encontravam próximos de Agufalgav:

- Já estão todos em Agufalgav neste momento. – Galaxya disse para eles. S.E., então, após a
confirmação de quem eram, se preparou para a reentrada e logo pousava no Porto de
Agufalgav. Não demorou muito e eram levados para o Summa Nidum 17 e, na entrada da
gigantesca residência dos Magnanimus, como se os esperassem, estavam H-Kok, H-Lik, H-
Glorr e T-Rass:

17
Summa Nidum = Ninho Superior

32
GALAXYA

- Sejais bem-vindo, Corr Sairy, Luannia, Marcelle Menken e Synn Tharra. – Disse H-Kok. –
Em breve iniciaremos a Cerimônia de Celebração de H-Glorr e T-Rass como Magnanimus de
Agufalgav. Chegastes atrasados.

- Não sejas impertinente, H-Kok. – H-Lik chamou a atenção e se voltou aos convidados. –
Como bem sabem, devemos seguir tais protocolos ainda. Agradeço-lhes por terem vindo
para este momento tão sublime e único em nossa história. Novos ares respiraremos.
Marcelle Menken, Pum Riss a aguarda em um Ninho que separamos para ambas. Corr Sairy
e Luannia, também separamos um Ninho para vós. Jovem Synn Tharra, preferirás ficar só.
– Então Marcelle falou:

- Minha irmã ficará conosco, Magnanimus H-Lik.

- Excelente. Agora deixemos das formalidades e me diga, Luannia, como está vossa irmã? –
H-Lik questionou, curiosa, no que Luannia contou-lhe:

- Está ótima, Magnanimus H-Lik. Agora está no período de resguardo. Quando estiver
totalmente recuperada, fará a apresentação de meus sobrinhos. – E se dirigiu para T-Rass. –
Ficamos sabendo que está prenhe, também, Parabéns, T-Rass.

- Sim, seremos abençoados, em breve, pela nossa de H-Rikk. – Corr Sairy se surpreendeu
com o nome:

- Será um Asa Branca? – Mas foi H-Glorr quem respondeu:

- Independente ser for ou não. – Olhou para o pai. – Ela nasce no âmago da minha casta e,
por isso, merece este nome.

- O que importa é que tenha saúde. – Completou H-Kok. – Agora podem seguir para os
Ninhos de vocês. – Enquanto eram encaminhados para o Ninho, cruzaram com K-Ranna,
que voava ao lado de uma Asa Metalizada. Corr Sairy a chamou e as duas pousaram eu seu
veículo:

- K-Ranna, quero lhe apresentar Luannia e Synn Tharra.

- Luannia? Sim, Corr Sairy falara-me de ti da última vez que veio aqui. – Disse K-Ranna. –
Quero lhes apresentar minha companheira, W-Marr. Synn Tharra, não lhe conhecia!

- Cynthia voltou para mim e adotou o nome de Synn Tharra. – Então foi a vez de Luannia
falar:

- Você era a parceira de Corr Sairy aqui! – Corr Sairy e K-Ranna se encararam e riram. – Por
que estão rindo.

- Nós nunca tivemos nada. – K-Ranna disse. – Seu parceiro é bem perceptivo com as coisas,
então a primeira vez que veio aqui, me viu sozinha, afastada de minha casta, mas com meu
pretendente, K-Row insistindo para que eu fosse ao seu Ninho. Nunca me interessei pelos
machos, se é que me entende. Mas Corr Sairy, mesmo sem eu pedir, correu em meu
socorro. Fiquei furiosa com ele por isso, mas ele disse que conhecia pessoas como eu.

“Aqui, em Agufalgav, pessoas como eu não eram bem quistas, pelo contrário, eram tratadas
como indesejáveis. Corr Sairy então me ajudou nesse ponto, fingindo seu meu parceiro.
Prometeu esconder esse segredo, até sua morte. Mas H-Kok vem cumprindo com o
prometido à H-Glorr depois do que K-Row fez e, com isso, pude abrir quem eu sou.
Recentemente conheci W-Marr e estamos felizes juntas, nos completamos.

- Mas você me disse que havia traído Sth Nnie? – Inquiriu Marcelle.

33
GALAXYA

- Qual a parte “até a morte” você não entendeu? – Corr Sairy retrucou e K-Ranna continuou:

- Marcelle Menken, eu o fiz prometer isso e, tenho certeza, no começo ele escondia muitas
coisas de muitas pessoas. Veja o caso do Maghnussy de Maghnessy, por exemplo. Mas eu
permiti que ele contasse a verdade para Sth Nnie, por isso ela saiu daqui não tão com raiva
dele, da primeira vez. Os motivos para não ter voltado para Phællans, isso eu não sei. –
Explicou K-Ranna e Corr Sairy completou:

- Isso eu sei. Ela disse que preferia se afastar, pois não conseguiria guardar tamanho
segredo dos pais. Do irmão, não era problema. Por ela, ele nunca saberia de nós dois, mas
me viu sair do quarto dela, em determinada noite. Mas ela me falou, quando fui à Terra no
período que ela esperava Mi Lssa, que havia contato para Howard, mas cobrou que ele
guardasse como se fosse segredo de médico e, sinceramente, o cara é bom.

- Agora não é problema. Eu e W-Marr podemos voar juntas, sem tabus. – E socou o braço de
Corr Sairy, com força. – Agora espero que aproveitem a estadia de vocês em Agufalgav. Nos
veremos na Cerimônia de Celebração. – E K-Ranna e W-Marr levantaram voo:

- Você e seus segredos! – Colocou Luannia, beijando Corr Sairy e, brincando, as meninas
fizeram cara de nojo.

Assim que chegaram ao local, todos estavam no Local de Convivência, confraternizando e,


quando os cinco entraram, foi uma festa. Todos bebiam e conversavam descontraidamente.
Luannia contou sobre o parto dos gêmeos Lennie e Honnio e o quanto Marcelle foi útil
naquele momento. Corr Sairy falou sobre encontrar com K-Ranna e W-Marr:

- E você escondeu aquele segredo esse tempo todo...

- Menos de mim. – Sth Nnie interrompeu Skill, que continuou:

- Sim, menos dela. Me deixou pensando que o velho Rodrigo tinha voltado. Você estava
levando mesmo a sério o lance de não confiar em ninguém.

- Na verdade, ainda levo, Skill. Mas estou mais aberto às experiências e tentativas.

Em outro canto, confraternizando com M-Karo e M-Kara, Synn Tharra falou para Marcelle e
Pum Riss:

- Não quero lhes atrapalhar. Eu ficarei bem em um Ninho, sozinha. – Mas foi Pum Riss
quem falou:

- Nem pensar. Você é bem-vinda em nosso Ninho e sabe disso. – Então M-Kara disse:

- Por que não dorme conosco. Será bem-vinda, se desejar. Não somos um casal, somos
irmãos. – E M-Karo riu:

- Sim, pode ficar comigo, quer dizer, conosco, se quiser. – Marcelle e Pum Riss trocaram
olhares e Synn Tharra percebeu, cutucando a irmã:

- Agradeço mesmo! – Synn Tharra finalizou.

Mais tarde, K-Ranna e W-Marr se juntaram ao grupo, trazendo seu irmão, K-Rott, com elas:

- Corr Sairy, K-Rott quer dizer-lhe algo. – E empurrou o irmão:

- Sim. Já fiz isso com H-Glorr, com Skill Hawkesley e H-Kik, faltava a ti. Peço-lhe perdão por
K-Row. Na época, não podíamos revelar o que éramos um para o outro e isso nos frustrava,

34
GALAXYA

mas ele somente sabia expressar com raiva. – Corr Sairy então tocou o ombro do corpulento
Asas Pardas e falou:

- Está perdoado. E, sinceramente, você encontrará algo melhor para ti, um dia. Venham,
juntem-se a nós.

A celebração foi até Vertus beirar o horizonte de Agufalgav. Então todos voltaram aos seus
Ninhos:

- Nossa, as comemorações de vocês são muito mais divertidas aqui, nos Locais de
Convivência. Queria ter experimentado isso mais vezes. Bendito momento que abri mão de
ser Magnanimus. – Disse H-Kik sorrindo. – Onde estão M-Kara e M-Karo?

- Se retiraram, com Synn Tharra! – Disse Corr Sairy, de forma dissimulada. Percebendo,
Skill implicou:

- Pronto, a cria puxou ao pai! – Entendo a conversa, H-Kik celebrou:

- Sério? Meus gêmeos e seu progênie? O Infinito é maravilhoso! Só em pensar que quando
era Cynthia me odiava com todas as forças.

- Era ciúme adolescente, H-Kik. Pensava que você fosse tomar o padrinho...

- Daí arrumou o namoradinho e me contou, para me fazer ciúme. – Skill completou a fala de
Corr Sairy. – Sério, é completamente sua filha.

Quando Vertus se encontrava no topo da Cidadela Central de Agufalgav, todos se reuniam


no Summa Nidum. Na frente estavam H-Kok, H-Lik e a Sacerdotisa P-Tara. Nas cadeiras da
frente se sentavam a casta dos Asa Brancas, seguidos pela casta dos Asas Cinzas e Asas
Pardas, deixando os assentos de trás para os convidados.

H-Kik preferiu se sentar com os amigos. Synn Tharra se sentava no meio de M-Kara e M-
Karo, o que deixava H-Kik orgulhosa. Então, quando H-Glorr e T-Rass surgiram, no fundo,
todos se ergueram para recepciona-los. Percebia-se certa relutância para tal entre os Asas
Cinzas e Asas Brancas, pois nem todos ficaram de pé. Quando chegaram e ficaram de frente
para P-Tara, esta deu antes a oportunidade de H-Lik se pronunciar:

- Vejo o rosto de cada um que decidiu não aceitar o que celebramos hoje. Já percebi a
ausência de alguns e eles arcaram com as consequências disso. Agora, se não desejavam
celebrar este momento, nem deveriam ter vindo. Então, se estão aqui ou se levantam ou
saíam. – Todos esperaram em silêncio o que aconteceria. Alguns que estavam sentados se
levantaram, outros decidiram sair. Quando iam falar algo, H-Lik esbravejou. – Já pagarás
por desonrar nossa casta, se falares algo será bem pior. – Então saíram em silêncio. –
Prosseguimos com a celebração de mudanças. P-Tara!

Ao fundo, Luannia comentou, baixinho, com H-Kik:

- Amei sua mãe! – E Corr Sairy completou:

- Nada em Agufalgav é comum. Acho que é por isso que gosto tanto.

P-Tara se prostou de frente para H-Glorr e T-Rass e iniciou:

- Quando H-Klorr disse “Com estas castas começo minha tríade e eles devem se copular
entre si. E, assim, eu início meu povo”, ele pretendia que Agufalgav se proliferasse,
crescesse e se tornasse um exemplo para qualquer outro. No princípio foi assim, mas depois
tudo mudou e vimos a rejeição ao que era diferente. Mas agora ventos de mudanças surgem
no horizonte e testemunhamos o surgir de novas esperanças para nosso povo.

35
GALAXYA

“Quando H-Klorr nomeou o primeiro Asa Branca como Magnanimus, ele desejava que este
fosse benevolente e abraçasse a todos seus irmãos, não importando as cores de suas asas
ou se não a possuíam, pois era quem deveria ser o Magnanimus. Mas houve uma
desvirtuação da palavra e somente os de castas eram favorecidos. Mas agora não mais será
assim. H-Klorr abençoou a um de nós com asas que se assemelhassem às dele e este se
torna Magnanimus agora, mostrando-nos que o povo de H-Klorr não se restringe a três
castas, mas a todos, com ou sem asas. Não existe um Povo de Baixo, mas sim
agufalgavianos que tem a esperança de um dia voar com seus irmãos. Antes estes olhavam
para os céus e nos viam como deuses, mas agora eles têm a oportunidade de nos ver como
iguais. Este era o desejo de H-Klorr e assim será.

“Eu, P-Tara das Asas Cinzas, Summum Sacerdos 18 do Consilia Presbyteralia19, Dux
Consiliario20 do Consilium Agufalgav21, fui honrada pelos Magnanimus H-Kok e H-Lik para
ser a valorosa celebrante deste momento de passagem e novos tempos. Neste momento, pelo
direito assim me dado, destituo H-Kok e H-Lik de seu direito de Magnanimus – ambos
saíram de seus lugares no espaldar mais alto – para conceder este respeitável dote a H-Glorr
e T-Rass. – Os dois se dirigiram aos assentos vagos, no cume da escada e se sentaram. – A
ambos concedo o direito merecedor de portarem em suas frontes o ornamento de
Magnanimus. – H-Kok e H-Lik retiraram de suas cabeças pares de asas douradas e
colocaram sobre as cabeças de H-Glorr e T-Rass, respectivamente:

- Parabéns para ambos! – Disse H-Lik, baixinho. E P-Tara continuou:

- A vós, H-Glorr e T-Rass, neste instante único e celebratório, nomeio-os como Magnanimus
de Agufalgav. Honrem este cargo e tragam, cada vez mais, dignidade a ele. – H-Glorr e T-
Rass se ergueram, portando o ornamento na cabeça. Então todos se levantaram, também e
aplaudiram. Os que estavam mais atrás não somente aplaudiram, como deram gritos de
felicidade. Então H-Glorr se pronunciou:

- Agradeço à H-Kok e H-Lik, meus genitores, por dar essa oportunidade. Também agradeço
a ti, H-Kik, minha irmã, por abdicar por mim. A todos aqui presentes, digo que dias
melhores virão para todos nós e todas as nossas cidadelas, sejam de cima ou de baixo.
União e equidade é o que Agufalgav precisa. Respeite seu próximo para seres respeitado, e
assim será. Todas as castas, uni-vos para...

Repentinamente, H-Glorr sentiu uma enorme dor e todos se desesperaram com aquilo. H-
Kik logo saiu se onde estava e voou até seu irmão. Este gritava e T-Rass chorava:

- O que te fizeram, meu irmão. – H-Kik falava, desesperada. – Farei todos eles pagarem. –
Então H-Glorr disse:

- Não é isso. Não é meu ventre que dói, mas minhas costas. Por favor, removam as asas,
algo está estranho. – Nervosamente, H-Kik convoca Skill a frente. Este voou rapidamente:

- H-Glorr pede que removamos as Asas. – Skill percebendo a dor do cunhado, tira um
punhal cerimonial que carregava e rasga o manto nas costas. Todos notam protuberâncias
sobre o equipamento das Asas. Skill, então, pressiona os botões e retira o equipamento. Os
pedaços que haviam ficado das asas antigas caem, como galhos mortos. Todos que veem
aquilo choram, enquanto H-Glorr grita de dor.

Então, suas costas, onde estavam as partes mortas de suas antigas asas, abrem rasgos e
percebem-se penugens saindo das costas. De repente, de um salto, que jogou todos
próximos no chão, duas belíssimas e maravilhosas Asas Negras surgem das costas de H-
Glorr. Aquilo surpreendeu a todos. H-Kok e H-Lik sorriram. T-Rass ficou abismada. H-Kik
pronunciou:

18
Summum Sacerdos = Sumo Sacerdotisa
19
Consilia Presbyteralia = Conselho de Sacerdotes
20
Dux Consiliario = Conselheira-chefe
21
Consilium Agufalgav = Conselho de Agufalgav

36
GALAXYA

- H-Glorr, suas Asas? – Este olhou para elas e sorriu. Então, com as penas ainda sujas do
visgo escuros que advinha das veias de H-Glorr, este reergueu e aprumou as asas. Todos os
agufalgavianos se ajoelharam e falavam:

- Divina Metempsychosis22! – Corr Sairy sorriu e Luannia questionou o sorriso:

- Por que você está sorrindo?

- Porque H-Glorr se tornou mais do que o Magnanimus agora. Todos o consideram a


reencarnação do próprio H-Klorr. – Então Marcelle argumentou:

- E isso não vai ser nada bom praquela galera que saiu daqui. – Corr Sairy concordou.

Finalizada a Cerimônia de Celebração, com a grande surpresa no final, todos retornaram


para suas respectivas satisphæras e espaçonaves. Mas antes que o grupo do Galaxya e os
Guerreiros Alados embarcassem, H-Glorr e T-Rass surgem:

- Saindo para esticar as Asas? – H-Kik comentou.

- É bom sentir-me eu, novamente. O problema é como todos me olham, agora. Como se
esperassem por algo divino.

- H-Glorr, meu irmão, sabes que sempre fui uma questionadora dessa deidade de H-Klorr,
mas o que aconteceu durante a Celebração foi algo surpreendente.

- P-Tara disse que isso é temporário, que os agufalgavianos ficaram abismados, pois foi algo
inesperado. Devo governar com sapiência e bondade e as pessoas pararão com esse papo de
Divina Metempsychosis. – H-Glorr respondeu H-Kik, que completou:

- O importante é fazer isso saber e saber que conta com uma agufalgaviana como T-Rass ao
seu lado, inteligente e que lhe completa. – H-Glorr concordou com a cabeça e abraçou a
companheira. Então Corr Sairy perguntou:

- E seus pais? O que eles farão agora? – Mas foi T-Rass que respondeu:

- H-Lik prometeu que eles ficarão para nos ajudar, no começo. Depois ela me disse que
partirão para conhecer mais de Agufalgav, além das Cidadelas de Cima. Ela quer conhecer
mais o Povo de Baixo e levará H-Kok consigo. – Então H-Glorr agradeceu:

- Eu sou extremamente grato a todos do Galaxya, inclusive a ti, Galaxya. – Falou para a
esfera sobre o ombro de Corr Sairy. – Vocês me ajudaram muito no começo. Depois minha
irmã, meu cunhado e meus sobrinhos, que nos receberam em vosso lar e nos ajudaram em
nosso treinamento. Depois nos foi permitido voltar ao Galaxya para treinar jovens
aspirantes e, ao fim, voltamos à Terra, que se tornou nosso terceiro lar. Sou muito grato por
tudo, mesmo. – E T-Rass finalizou:

- Todos vocês não me consideraram uma excluída, me aceitaram em seus grupos, sem se
importar com minhas Asas, mas sim com o que eu tinha para colaborar. Ser treinada por H-
Kik e Sth Nnie foi uma recompensa maravilhosa, principalmente passar isso para frente, foi
mais gratificante ainda. Aqui estamos e faremos de tudo para que nosso povo saiba agir
como você fizeram comigo. Obrigada demais!

Após levantar voo, S.E. se pronunciou:

- Agora posso falar com vocês. Seguinte, Domminon está indo para o Sistema Volos. – Todos
se assustaram, então a imagem de Antares foi projetada no interior de S.E.:

22
Divina Metempsychosis = Reencarnação Divina

37
GALAXYA

- Galaxya lhes falou sobre Domminon? – Ele inquiriu e Corr Sairy respondeu:

- Não, foi S.E. – Então se dirigindo ao seu amigo metalizado, Corr Sairy falou. – Explique-se!

- O dispositivo que você instalou na nau de Domminon, Galaxya a detectou voltando para a
nossa galáxia e, de acordo com a trajetória estimada, em pouco tempo ele estará em Volos.
Aryannin já foi avisada e se encaminhou para Volos, deixando seu Confederado para trás,
para negociar proteção. Stahirr mandou notícias, dizendo que o Confederado Odared Efnoc
de Darkyan desapareceu. – Explicou S.E. Antares olhou para trás e se voltou para as
pessoas no interior de S.E.:

- Ortsac Searamiug acredita que isso seja sinal que Redíl já decidiu quem ele apoiará.

- Quanto tempo até o Galaxya, S.E.? – Corr Sairy questionou.

- Já estamos nele. – Assim que entraram, todos seguiram para o Stellæ. Enquanto a sala era
ativada, os Dux e a Ducem Galaxya praesul:

- Seguimos o que nos instruíra, Synn Tharra. – Disse T-Pinn. – Mas a Confederação Galaxial
não me permitiu participar da reunião fechada com o Confederado Akothyok de Volos VI.
Mas permitiram Stahirr participar. – Corr Sairy olhou para Antares e este entendeu:

- Irei ao andar da Confederação Galaxial. Em breve lhes dou um posicionamento. – Assim


que Antares saiu, sobre o brilho das estrelas que iluminavam o Stellæ, todos olharam para
Corr Sairy, que ficou espantado:

- Você está no comando, Amado. Faça sua mágica. – Disse Luannia, carinhosamente, então
Corr Sairy falou:

- Olha, eu não sei o que esperam de mim, mas temos uma cláusula terceira que nos permite
ir em auxílio de um planeta-membro da Confederação Galaxial, então não pretendo esperar
por qualquer decisão. Mas, antes de qualquer coisa, tenho de ser claro a todos, o que
enfrentaremos não será um grupo de dez naves ou uma negociação, são três naus
gigantescas, com canhões que pulverizariam qualquer G em milésimos de segundos.

“Desculpa me expressar em termos terranos, mas o momento é extremamente tenso para


pensar em como falar. Então vamos lá. T-Pinn, quero que você organize o grupo de melhores
pilotos que tiver, e que todos estejam preparados. Mas, entenda, não devem somente pilotar
bem, devem ser exímios pilotos que saibam como controlar e fazer aqueles G’s serem
extensões deu seus corpos, compreendeu?” – A jovem afirmou e saiu. – Galaxya, meu amigo,
você terá que ficar aqui, pois existem muitas vidas civis no seu interior e, vale lembrar, que
temos os galaxyins e a última coisa que precisamos é deles apavorados ao ver as naus,
novamente.

- Compreendo o que diz! – Galaxya respondeu e Corr Sairy continuou:

- Wuthann, prepare todos no Galaxya Scientia, pois podemos ter muitos feridos ou até em
pior situação. Então preparem-se para solidificar seus estômagos. Podem ser queimaduras
leves até perda de membros, então deixe tudo pronto, pois qualquer nave que chegar, Ak
Turrk ficará responsável por orientá-las na reentrada e, acredite meu caro, elas poderão
estar bastante avariadas. – Então Wuthann e Ak Turrk saíram correndo. – Akeem você
ficará aqui com Marcelle...

- Quem lhe disse isso? Eu vou com vocês! – Marcelle interrompeu Corr Sairy. – Sou
excelente pilotando e quanto mais pessoas lá fora, mais chance temos. – Corr Sairy
percebeu que não adiantaria teimar:

- Mas precisarei de alguém coordenando as coisas daqui.

38
GALAXYA

- Eu ficarei, com Oiluj me auxiliando. – Disse Pum Riss. – Não me saí tão bem assim em
pilotagem.

- E você? – Corr Sairy se direcionou a Synn Tharra, que logo respondeu:

- Não perco a ação lá fora, nem que você me amarrasse. Vou, com certeza! – Corr Sairy
sorriu e se dirigiu a Akeem:

- Vamos lá, rapaz. Faça a magia rolar. – Akeem ergueu as mãos e todos virão as naus de
Domminon e seus irmãos, que viajavam de maneira assustadoramente rápida:

- Isso não é Salto hiperespecial. O que é isso? – E Galaxya explicou:

- Ele está se transferindo, mas não rapidamente se colocando próximo de Volos...

- Sim, isso é estratégico. Ele está desfrutando do momento. Ele sabe que o estamos
monitorando. – Disse Luannia e todos olharam para Corr Sairy:

- Era de se esperar isso. Não duvido que ela tenha me permitido andar em seu interior
somente para eu saber o tamanho do poder de fogo dele.

- Ele deve usar tecnologia itharikk. – Então Pum Riss falou:

- Eu li sobre eles. Os itharikk são os seres mais avançados tecnologicamente. Eles usam
95% de sua capacidade cerebral, tanto que não se comunicam por fala, pois acham
enfadonho. Eles conseguem estar à frente do próprio Galaxya em desenvolvimento.

- Exato. – Galaxya replicou. – Como passam mais tempo pensando no que desenvolverão e
não param para conversar, os itharikk têm avanços tecnológicos que me surpreendem. Eles
sempre me detectavam, quando tentava me aproximar para observá-los. Agora, me
permitem manter ycons para observá-los, mas por vezes os desativaram, pois achavam o
barulho muito incômodo.

- E os ycons fazem barulho? – Corr Sairy questionou, no que Synn Tharra disse:

- Não é um barulho tão grande, mas zunidos. – E Antares concordou:

- Sim. Não considero tão incômodo, mas dá para ouvi-los. – Naquele momento, Akeem
chamou a atenção de todos:

- Naves darkyanis se juntaram às naus. – Ortsac reparou:

- Redíl está com eles. – Disse, apontando para a grande nave acinzentada. – Então Corr
Sairy falou:

- Valeu, Akeem. Continue o monitoramento e nos avisando. Agora me acompanhem! – Corr


Sairy chamou aos outros que seguiriam com ele para Volos.

Todos entraram no Tuboelevador e Corr Sairy disse:

- Eu não esperava que você quisesse vir, Synn, então me perdoe por isso. – Eles passaram
pelo Hangar e não pararam. Luannia percebeu:

- Corr Sairy para onde estamos indo? – Então eles pararam em um andar sem iluminação:

- Galaxya! – Corr Sairy requiriu e o local se iluminou, mostrando nove espaçonaves


diferentes do G’s, mas que todos lembravam muito bem:

39
GALAXYA

- Você fez uma laileb? – Ortsac questionou.

- Não é uma laileb, mas um modelo semelhante. E não fui eu quem fiz, foi Galaxya, ao meu
pedido.

- Tu fizeste uma Uzay Gemisi 23? Eu nunca pensei em construir uma dessas, pois não teria
certeza como fazê-lo. – Argumentou Kotharyn.

- Corr Sairy, essa é uma modelo da Koryfaío Diastimóploio 24. Como a que perdi no acidente
com Ortsac. – Colocou K’thryn. – Mas elas estão com tons diferentes.

- Como eu disse, eu não fiz nada, foi somente Galaxya. Ele usou os arquivos de modelos das
espaçonaves de cada um dos seus planetas...

- Aquelas são Præda Bellator25 agufalgavianas? – Inquiriu Synn Tharra. – Você e Galaxya
fizeram naves agufalgavianas, mas não fizeram uma para mim?

- Não esperava que você viesse juro. Como vem gerenciando tudo no Galaxya, pensei que
continuaria coordenando as coisas aqui. Mas temos dois modelos para você e Celle. – E Corr
Sairy apontou para um modelo semelhante ao S.E. e uma Shaya Ukulwa 26 phællansi.
Marcelle logo disse:

- Fico com a Shaya Ukulwa. – Então Synn Tharra perguntou:

- Não é S.E., qual o nome dessa? – Então S.E. se aproximou dela e disse:

- Eu estou chamando de Harpia. – Então Corr Sairy voltou a explicar:

- Como eu dizia, Galaxya se baseou nas naves que elas representam, mas elas são mais
resistentes e avançadas. Todas possuem poder de fogo, menos Harpia, ela possui os
mesmos recursos de S.E., inclusive uma inteligência artificial semelhante a ele, mas em
nível 4, ou seja, ela responde sozinha, dá ideias, mas responde ao seu comando. Todas
possuem capacidade de camuflagem e todos os sistemas de defesa que Galaxya possui, mas
vale lembra-los, estamos indo enfrentar Domminon e seus irmãos. Eles têm poder de fogo o
suficiente para...

- Corrigindo, eu estou indo deter Redíl. – K’thryn interrompeu e Ortsac completou:

- Com minha ajuda. Já passou da hora de alguém dar uma lição a Redíl. Se temos
condições disso, este é o momento. – Corr Sairy sabia que não adiantaria argumentar, então
disse:

- Está bem, mas lembrem-se que não estamos indo por vendeta, mas para salvar o sistema
Volos. Encarem seus demônios, mas foquem no objetivo. – Ortsac e K’thryn concordaram.
Então, de fininho, Luannia se aproximou:

- Você fez uma Astronave Compatta27 desharrin para mim? Te amo! – E o beijou. Então o
Collocutio dux28, Entt Rokay, um jovem prismusis, chamou por Corr Sairy:

- “Senhor Corr Sairy, Antares deseja lhe falar”. – Corr Sairy estranhou aquilo:

- Por que não foi você que me comunicou, Galaxya? – E o tecnoplaneta disse:
23
Usay Gemisi = Espaçonave
24
Koryfaío Diastimóploio (Κορυφαίο διαστημόπλοιο) = Espaçonave líder
25
Præda Bellator = Rapinas Guerreiras
26
Shaya Ukulwa = Batedora de Combate
27
Astronave compatta = Espaçonave compacta
28
Collocutio dux = Chefe de conferência

40
GALAXYA

- O jovem ficou perdido no interior do Stellæ. Você não determinou nenhuma missão para
ele. Então permiti que ele oriente as comunicações. – Corr Sairy deu um tapa na própria
testa e respondeu Entt:

- “Me desculpa, Entt. Por favor, transmita”. – E o jovem projetou Antares na frente de todos:

- Aonde vocês estão? – Ele questionou.

- No Paraíso. – Corr Sairy brincou. – O que houve?

- Acabamos de sair da reunião da Confederação Galaxial. Esta não interferirá, pois é


impedida pelo Inciso III do Artigo 6 da Lei da Confederação Galaxial, que diz “A
Confederação Galaxial não se envolverá nas políticas ou conflitos de seus planetas-
membros, a não ser que (...) O conflito envolva mais de dois planetas-membros da
Confederação Galaxial”. Como Darkyan aliou-se a Domminon e este é um planeta-membro,
o Confederado-mor vê como impossibilidade de envolvimento. – Corr Sairy então pediu ao
Galaxya:

- Pode nos transferir para o Hangar? – E, em instantes estavam todos no Hangar, bem como
setes espaçonaves, surpreendendo Antares:

- O que significa isso? – Disse Antares, reparando nas espaçonaves.

- Natal! – Apontou para uma espaçonave que era muito semelhante à de Antares quando os
dois se conheceram. – Feliz Natal!

- Mas isso é apropriação de tecnologia, Corr Sairy. – Argumentou Stahirr, mas foi Galaxya
quem respondeu:

- Não exatamente, Stahirr de Thrittan. Apesar das semelhanças físicas, cada uma tem
tecnologias mais avançadas, como o sistema de camuflagem e campos energéticos que, com
certeza, as originais não possuem. São mais resistentes e possuem sistema de Inteligência
que podem auxiliá-los em combate. Com exceção de Harpia, que S.E. pediu para ser mais
avançada.

- Você sempre esperou por esse momento, não foi? – Antares inquiriu Corr Sairy.

- Venho pensando nisso, desde que Tyth Annis me pediu para descobrir onde estava
Domminon. Eu cumpri minha missão, mas sabia que era falha, em vários níveis e que, com
certeza, Domminon e seus irmãos voltariam para Volos VI. Quando pensei nisso, conversei
com o Galaxya, antes de me distanciar demais, para que estudasse e criasse naves que
todos poderíamos pilotar e enfrentar Domminon.

“Daí me contaram que H-Glorr e T-Rass tinham vindo, Galaxya construiu naves para eles.
Temos de mandar para eles. Cada uma dessas naves são réplicas o mais exatas possíveis do
que todos já pilotaram e conhecem. São bélicas? Sim, pois não enfrentaremos naves que se
contenham. Com exceção de S.E. e Harpia, todas as outras possuem poder de fogo igual
suas semelhantes, bem como a sua, Antares”.

- Isso é absurdo. – Stahirr falou. – Vocês não podem se envolver nisso. É um problema de
um planeta-membro da Confederação Galaxial. Muitos planetas falaram que se envolveram.
Não podemos colocar a Confederação Galaxial...

- A Confederação Galaxial, bem como o Galaxya, ficará aqui, Stahirr. Nós iremos, pois temos
a nossa cláusula terceira que nos permite isso. Sem contar que estamos falando de uma de
nossas amigas mais fiéis, Aryannin.

- Respeite o título dela, Corr Sairy, é Megami Aryannin. – Stahirr corrigiu Corr Sairy e se
voltou para Antares. – Antares, você não pode permitir isso. É uma insanidade. Se os

41
GALAXYA

planetas-membros decidirem se envolver, eles estão no direito deles, mas este grupo não
deverá se envolver, também. – Então Antares disse:

- Quando informamos à Confederação Galaxial os motivos dela vir para o Galaxya, fomos
claros que as sete cláusulas deveriam ser respeitadas. Como bem lembrou Corr Sairy, a
Terceira Cláusula no permite participar de qualquer ação, quando formos chamados, e é
isso que faremos.

- Mas não foram chamados pela Megami Aryannin, ainda. – Argumentou Stahirr. Então
Galaxya, informou:

- Não seja por isso. Antares, Megami Aryannin deseja falar-lhe.

- Transmita, Galaxya. – E Aryannin surgiu diante de todos:

- O que esperam? Preciso de vocês aqui! – Então Stahirr interferiu:

- Megami Aryannin, como bem sabes o envolvimento deles fere o Artigo...

- Stahirr, se fosses Confederado-mor, eu ainda poderia ouvi-lo e argumentaria que, neste


momento, Volos VI sai da Confederação Galaxial. Mas tu não passas de um conselheiro do
Antares para assuntos que tenham relação com a Confederação Galaxial. Valendo-lhe a
lembrança que existe uma cláusula que permite aos membros do Galaxya na participação,
caso eu ou qualquer planeta-membro requira. Então, sim, eu os convoco e aguardo-os por
aqui. – E Aryannin encerrou a comunicação. Antares olhou para Stahirr e se voltou para
Corr Sairy:

- O que devemos fazer agora? – Corr Sairy sorriu e falou:

- Agora? Vamos ajudar uma amiga! – Todos embarcaram em suas naves e levantaram voo
do Hangar.

42
GALAXYA

XXI
Assim que saíram, atrás deles surgiram dez G’s pilotados pelos Galaxya praesul. Corr Sairy
então projetou no interior de cada uma das naves:

- Acredito em cada um de vocês. Cumpramos com nosso objetivo e obedeçam ao que lhes for
ordenado, Galaxya praesul. Quanto aos meus amigos e família, façamos para que voltemos
todos. Inteiros. Vamos nessa! – E todas as naves deram saltos Hiperespacial.

Assim que saíram do Salto, se encontravam nos limites do sistema Volos. Logo Akeem falava
com todos:

- As naves de Domminon e seus irmãos, Ykkamera e Pokketor há 2.4 k-rarrs de distância do


sistema Volos, mas se aproximando rapidamente. – Akeem deu uma pausa e voltou a falar.
– Esperem, a belonave de Domminon e uma outra parou a 1840 Moors 29, mas uma outra
está se aproximando de vocês, junto com a tropa de lailebs darkyanis, liderada pela Ednarg
Laileb do Redíl. – Uma nova pausa, e volta a falar. – Tem um grande número de naves
saindo do interior dessa nave. Galaxya identificou como a nave do irmão de Domminon,
Pokketor...

- Obrigado, Akeem. – Corr Sairy interrompeu a comunicação do Stellæ Dux Galaxya


praesul30. – Então é isso, - uma projeção do número de espaçonaves apareceu na frente de
todos – creio ter umas cem espaçonaves para cada um. G’s e Harpia, vocês estão como eu,
sem poder de fogo equivalente ao que enfrentaremos, mas tem sistemas de defesa mais que
eficientes para se protegerem, e campos energéticos que podem ser usados como armas
para inabilita-los. Ensinei a vocês como usar assim.

“Os demais, evitem fazer vítimas. Não queremos nos igualar a eles. Ortsac e K’thryn, vocês
devem enfrentar uma barra pesada antes de chegar até a Ednarg Laileb do Redíl. Cuidado!”

- E quanto a belonave de Pokketor? – Inquiriu Antares.

- Observe bem que verá Antares. – Na projeção, podia-se ver mais de trinta Sensō uchūsen 31
volosis, lideradas pela Megami sensō uchūsen32, indo na direção da nave de Pokketor. –
Acredito que eles cuidarão bem disso.

Naquele instante, as dezenove espaçonaves viam-se cercadas por um número incrível de


inimigos.

As G’s faziam manobras mirabolantes, girando em movimentos para se desviarem dos


disparos das lailebs e das naves de Pokketor. Em determinado momento da batalha, S.E.
percebeu que as naves de Pokketor não demonstravam sinais de vida no seu interior:

- Tem certeza disso, S.E.? – Corr Sairy questionou, sentindo sua nave tremer com os
disparos. Então projetou o interior de uma das naves, já avariadas:

- Vê, não tem suporte de vida. Elas devem estar sendo controladas do interior da nave de
Pokketor. – Então, para mostrar, S.E. arriscou tudo e disparou um campo de contenção do
que seria o interior do cockpit de uma das naves e expandiu. Criou um Campo de êxtase e
mostrou a Corr Sairy. – Como eu disse, ninguém.

29
Moor = padrão de medida da Confederação Galaxial. (1 Mr = 3.840 km)
30
Stellæ dux Galaxya praesul = Guia das Estrelas dos Protetores do Galáxia
31
Sensō uchūsen (戦争宇宙船) = Espaçonaves bélicas
32
Megami sensō uchūsen (女神戦争宇宙船) = Espaçonave bélica da deusa

43
GALAXYA

Corr Sairy passou, então a mensagem para os demais, que destruíram as naves de
Pokketor, sem piedade. Já as lailebs ficavam avariadas em seus motores, mas com suporte
de vida funcionando.

Durante um tempo, puderam ver a laileb de Ortsac e a Koryfaío Diastimóploio de K’thryn,


até que eles desapareçam do sistema de rastreamento de todos:

- Eles ativaram a camuflagem. – Synn Tharra disse, em canal fechado, com os demais,
enquanto enfrentava trinta lailebs em volta de Harpia.

Repentinamente, viam-se outras naves chegando dos mais diversos cantos. Eram de
Kelkzerr, Phællans, Crisyen, Maghnessy, Dharkyens e Agufalgav:

- Pedimos permissão para nos unirmos a vocês? – Disse Ja Kris, já deixando duas lailebs
bem avariadas. Outra projeção surgiu, e era Pan Rrar gritando feito um louco:

- Fazia tempo que eu não me sentia tão bem! – Corr Sairy sorriu.

Distante dali, sem participar da batalha, estava a Ednarg Laileb de Redíl. Usando o sistema
de camuflagem que suas naves ganharam, graças à Galaxya, Ortsac e K’thryn procuraram
entradas que permitissem que adentrassem na nave. Como suas naves não podiam ficar
muito próximas, cada um acessou um sistema de escoamentos de detritos daquela nave:

- “Vamos fazer assim, quem chegar primeiro, destrói Redíl”. – Brincou K’thryn.

- “Não é você que sempre fala, mais ação e menos falatório?” – Retrucou Ortsac.

- “Deixa de ser chato. Estão com medo de perder?”

- “Não, estou com medo de te vencer. Corr Sairy já me contou que você não é muito boa em
ser derrotada”. – Implicou Ortsac. – “Não esqueça de distribuir os explosivos pela nave, na
sua obsessão de acabar com Redíl”.

- “Digo o mesmo para você”. – K’thryn pausou um pouco e falou. – “Encontrei um sistema de
saída antes de você. Afeição minha, o que se come em Darkyan que fede tanto?”

- “Vai ver eles tiveram uma festividade antes de vir”. – Ortsac deu uma pausa. – “Com
certeza foi isso. Se empanturraram de odaziug e euqsíu. Já tive de limpar muitos sistemas
de escoamento, então reconheço bem o cheiro”

Ouve um silêncio sepulcral entre os dois, deixando Ortsac preocupado. Quando ele
encontrou uma saída do túnel, chamou K’thryn:

- “Afeição, você está bem?”

- “Sim, mas tô com o ombro chamuscado. Encontrei resistência na saída. Tome cuidado!” –
Veio uma nova pausa, mas menos demorada. – “Esse mapa que você fez está correto,
Afeição?” – Ortsac saiu do tubo de escoamento, mas não viu nada na sua frente. Estava
sozinho. – “Ortsac?”

- “Me desculpa. Sim, por quê?” – Ela riu pelo chip neural:

- “Porque eu parei bem perto de onde está Redíl. Acho que vou acabar com ele antes de
você!”

- “Afeição, não ataque ele sozinha. Redíl é dissimulado e ardiloso. Já lhe contei como ele
venceu meu onretarf Ledif. Enfrentaremos ele juntos!” – Não veio resposta de imediato e isso
deixou Ortsac mais preocupado. Ele então rastejou na direção da sala de comando, onde

44
GALAXYA

deveria encontrar Redíl. Acelerou quando K’thryn demorou ainda mais para lhe responder.
Então viu-se diante da porta da sala de comando e K’thryn enfrentava Redíl. Ortsac preferiu
não falar com o chip neural dela para não a distrair, mas foi notado pelos sosocileb que
olhavam a luta, que partiram em sua direção, disparando.

Ortsac se escondeu e disparava de volta, neutralizando alguns, que estavam em campo mais
aberto. A cada disparo tentava ver como andava a luta. Percebeu que K’thryn se distraiu,
então falou:

- “Não se importe comigo. Atenção na luta!” – E ele terminou sendo atingido, sentindo o
ombro. Quando se voltou conseguiu neutralizar o que lhe atingira e viu que K’thryn
cambaleara e um ataque iminente de Redíl ia na direção dela:

- “Cuidado!” – Ele gritou e ela defendeu, sorrindo. – “Cuidado com a causa dele!” – Mas era
tarde, pois o ferrão metálico na cauda de Redíl atingira, em cheio, o ombro de K’thryn.
Vendo aquilo, Ortsac gritou. – Não!

Redíl então o viu. Ortsac sacou uma arratimic que carregara consigo para a batalha. Ela
havia pertencido ao seu onretarf Ledif. Ele a levou para a missão contra K’thryn, pois
contava com a força de Ledif para ajudá-lo. K’thryn guardou quando ele foi feito prisioneiro
em Dharkyens e levou com ela para o Galaxya, dando-lhe assim que estabeleceram lar
naquele local.

Ortsac treinou com todos no Galaxya para, nesse dia, poder enfrentar Redíl ao lado de sua
afeiçoada, mas agora ela estava com um oãrref enfiado em seu ombro, enquanto ele tentava
se aproximar.

Redíl, observando a tentativa do darkyani, saboreou aquele momento. Ele percebia que
K’thryn tentava se desvencilhar do oãrref, mas a dor excruciante daquilo que parecia um
ferrão de arraia, era maior e ela perdia a luta.

Então Redíl, usando a força de sua cauda, aproximou K’thryn de si mesmo, se virou para
Ortsac:

- É por esta que abandonaste vosso povo? É por esta que permitiste que sua anretam, uma
das minhas melhores sasocileb, e seu onretap sofressem pelo seu Otneminab Osornosed? É
esta? Se gostas tanto dela, fique com duas dela! – E a cauda de Redíl desceu do ombro até o
ventre de K’thryn, em um corte perfeito e limpo, quase dividindo em duas.

Ortsac chegou a tempo de não permitir que o corpo de K’thryn atingisse o piso da sala de
comando, mas, infelizmente, não havia mais vida nele.

Encolerizado, Ortsac ergueu-se, empunhando a arratimic de Ledif em uma das mãos e na


outra a Kópis33 de K’thryn. Então lembrou de seu treinamento com Kotharyn:

- “Você é um ser perfeito para combate. Seu corpo não possui impedimentos como pernas. É
uma extensão de quem você é!” – Disse Kotharyn.

- “Meu onretarf Ledif sempre dizia ‘somos um’ e eu sempre pensei que ele falava de mim e
dele”. – Ortsac argumentou e Kotharyn riu:

- “Não, meu amigo darkyani, vosso onretarf falava de cada um de vocês são o que são.
Perceba em mim, por exemplo. Estou fincado ao chão por essas duas pernas, então minha
mobilidade e agilidade dependem que eu tente deslizar e salta, sobrecarregando a força
sobre elas. Já tu és a extensão total disso. Teu corpo é único e você tem agilidade o
suficiente nele para qualquer feito. Creio que, se constringisse uma árvore, poderia parti-la,
facilmente, desde que se esforçasse e desejasse isso”. – Naquele instante, veio um golpe

33
Kópis (Κοπίς) = cópis

45
GALAXYA

direto na direção da cabeça de Ortsac e este deslizou, erguendo o braço e cortando o


antebraço de Redíl com a Kópis de K’thryn:

- Achas melhor do vosso Redíl, ocinâcem. Eu teria feito picadinho de ti no Arreug Eugnas. –
Redíl disse, sentindo o braço latejar. Ortsac somente declarou:

- Não sou mais aquele! – Eles pareciam se estudar. Os sosocileb que ainda estavam
conscientes, observavam.

Ambos circulavam em um eixo de estudo entre si mesmos. Ortsac não queria arriscar e
tentou não se distrair, olhando para o corpo inerte de K’thryn. Pensava em sentir a dor da
perda depois, antes vinha a vingança.

Então Ortsac arriscou uma estocada e viu a cauda de Redíl chegar bem perto de seu olho,
ganhando somente um corte profundo na lateral do rosto. Percebendo que Ortsac tocava o
ferimento, foi a vez de Redíl tentar ataca-lo. Nisso o darkyani passou a própria cauda pelo
corpo de Redíl e apertou, se envolvendo e forçando Redíl largar sua arma. Então veio oãrref
e com a arratimic de Ledif, ele cortou fora. Redíl gritou de dor e Ortsac disse:

- Isso é por Ledif! – Constringiu bem Redíl, que gritava, pedindo para seu sosocileb o
ajudarem, mas este nada fizeram, pois era um Arreug Eugnas que acontecia ali. Abriu
espaço sobre o tórax de Redíl e com a cópis de K’thryn, trespassou-o:

- Isso é por K’thryn! – Reparou nos olhos reptilíneos, esbugalhados, de Redíl e, na medida
que se desenrolava do corpo de seu adversário, posicionou a arratimic de Ledif no pescoço e
cortou a cabeça fora, que tombou antes do corpo desvanecer.

Ortsac, com as mãos tonalizadas da secreção gosmenta e viscosa que saiu do tórax e da
cabeça de Redíl, olhou em volta. A cópis de K’thryn ainda estava encravada no peito de seu
oponente. Ele então rasgou e enfiou uma das mãos, retirando o coração. Deu uma mordida
feroz e gritou:

- Eu o superei! Eu sou o melhor! Se curvem diante de mim! – Nenhum dos sosocileb ouram
desafiar àquela ordem e se curvaram.

Ortsac rasgou parte das vestes de Redíl e colocou o resto do coração, ainda viscoso,
enrolado e prendeu ao seu traje. Colocou a arratimic de Ledif em sua bainha, a cópis de
K’thryn na cintura e saiu dali. Mas antes, virou para os que estavam naquele lugar:

- Fujam se não desejarem morrer! – Ele sabia que aqueles sosocileb poderiam teme-lo, mas
não fugiriam, pois, a maior honra para um darkyani era morrer em batalha e,
principalmente, por aquele que derrotou o Redíl.

Assim que conseguiu encontrar sua laileb, Ortsac colocou, delicadamente, o corpo de
K’thryn sob uma maca no fundo. Todo manchado pelo visco gosmento de Redíl, assumiu o
controle da nave. Quando estava com distância o suficiente, acionou os explosivos e a
Ednarg Laileb irrompeu. As lailebs operacionais conseguiram ver aquilo, então Ortsac se
projetou, gritando, em canal aberto:

- Eu o superei! Eu sou o melhor! Se curvem diante de mim! – E mostrou o coração do Redíl,


mordido por ele. Aquilo deixou a todos surpresos e as laileb pareciam sem reação, pois não
tinham uma liderança, não tinham mais seu Redíl, ou talvez tivessem. Todas então
cercaram a laileb de Ortsac. Eram umas cinquentas. Mas Ortsac ainda estava com sede de
vingança e atacou com grande ferocidade.

Todos os demais queriam entender o que ocorrera, mas não era tempo para isso, pois ainda
enfrentavam as naves de Pokketor. Corr Sairy tentou falar com Ortsac, Marcelle tentou falar
com ele, até mesmo Mitir K’roll Swiss, que liderava as suas guerreiras, tentou falar com ele,
mas não obtiveram resposta.

46
GALAXYA

Então, um brilho incandescente surgiu no horizonte, era Aryannin inutilizando todos os


sistemas da belonave de Pokketor. Esta então abriu um canal e falou a todos:

- Ele não poderá causar nenhum mal a Volos, agora! Seu irmão covarde o mandou no seu
lugar! Acho que este aqui poderá ser feito prisioneiro! – Mas um grande estrondo pode ser
ouvido a anos-luz de distância. Volos se expandia, de forma desproporcional. As Sensō
uchūsen volosis e a Megami sensō uchūsen eram devoradas em questão de minutos. A
estrela se expandia cada vez mais. A última coisa que ouviram de Aryannin foi:

- Sentirei sua falta, Kotharyn. – E ela se foi, com seu corpo sendo consumido pelo calor da
estrela.

Percebendo que a expansão lhes alcançaria, todas as naves deram saltos hiperespaciais, na
esperança de não serem pegas pela onda de choque ou a radiação da estrela, pois o seu
calor quadruplicava e S.E. conseguiu sentir um pouco:

- Está me queimando! – Corr Sairy ficou preocupado com o amigo:

- Ative o Campo de Contenção! – E S.E. o fez, mas o calor era tão intenso que quase
sobrecarregou as baterias de força de S.E. Então um comunicado veio de Akeem,
prejudicado pela radiação de Volos:

- Detectei... nave... perto... Ykkamera! – Então Corr Sairy pediu:

- Rastreie!

- Corr Sairy, isso é loucura! Não temos poder suficiente para enfrenta-la. – Então, com a voz
aborrecida, Corr Sairy disse:

- S.E., acabamos de perder Aryannin. Sabe-se lá o que ocorreu dentro daquela nave do
Redíl. É uma chance única que temos. Vamos torcer que os outros tenham ouvido também
e venham nos ajudar. – S.E. entendeu a posição de Corr Sairy e faria de tudo para ajudar.
Então ativou sua camuflagem e foi na direção do rastreamento:

- O bom de ter todas as formas de energia usada por essas belonaves, é que posso
identificar facilmente. – Então S.E. parou. – Na nossa frente.

Não tão distante deles, podiam ver a segunda nave que acompanhava a de Domminon.
Maior que a de Pokketor, era descomunal. Parecia parada dali, admirando Volos devorar
todos os planetas que transladavam a estrela:

- O que pretende fazer? Campo de Contenção? Campo de Êxtase? Saiba que estou sendo
irônico, pois mesmo que quiséssemos, nunca poderíamos ir contra aquele poderio bélico.
Infelizmente não somos Aryannin.

- Então porque não nos juntamos todos? – Marcelle apareceu no interior de S.E. – Por
Aryannin! – Então cada um dele foi surgindo. Kotharyn chorava e estava nervoso. Somente
Ortsac não apareceu.

- Os G’s estão aí? – Corr Sairy questionou e T-Pinn surgiu, também:

- Não todos, senhor, mas daremos tudo de nós. – Então Corr Sairy traçou o plano de
captura:

- Certo. Abram seus sistemas de abastecimento. Todos os G’s, bem como as naves têm o
mesmo sistema de abastecimento de S.E., ou seja...

47
GALAXYA

- Radiação de uma estrela. – Synn Tharra completou. Corr Sairy concordou com a cabeça e
continuou:

- Não acreditem no contador, o sistema suporta mais do que ele indica. Só o colocamos para
não acontecerem desastres...

- Que tipo de desastres, senhor? – Inquiriu Potharkk, ainda ali.

- Tipo, vocês explodirem! – Corr Sairy respondeu. – Confiem em mim. Quando eu disser,
disparem!

Todos obedeceram às ordens de Corr Sairy, mesmo temerosos. Viram o marcador atingir o
limite dele e o tempo passar. Então veio a ordem:

- Disparem! – Todas as seis G’s remanescentes, mais as naves dos membros do Galaxya
dispararam ao mesmo tempo um gigantesco Campo de Contenção que ficou em volta da
belonave de Ykkamera. – Não fechem o sistema de abastecimento. – Corr Sairy ouviu gritos
e medo nas vozes. – Agora, ordenem uma inversão.

- Quantas vezes você fez isso na vida? – Luannia perguntou, preocupada.

- Nunca, mas tudo tem uma primeira vez! – S.E. foi o primeiro e os outros fizeram na
sequência. Então, ao invés do campo de Contenção se expandir com os disparos que a nave
de Ykkamera fazia, ele começou a se contrair, destruindo os canhões de força e
comprimindo a nave, que começava a ter setores explodindo. Então Corr Sairy gritou. –
Parem!

Quando o Campo de contenção se recolheu, a belonave de Ykkamera estava muito avariada,


parecendo uma uva-passa de metal. Demonstrava estar à deriva. Não impedido por nada,
uma projeção surgiu no interior de cada uma das naves. Era Domminon:

- Que pensam que fazem? – Sua voz era gutural e imponente, bem como assustadora. –
Quem acham que atacam? Esta é a Belonave da irmã de Domminon, Ykkamera. Já não
basta terem matado o irmão de Domminon, Pokketor? O que pretendem? – Então Antares
falou para a projeção:

- Pretendemos prender ela e todos os tripulantes daquela Belonave por conspiração,


assassinato e destruição de um planeta-membro da Confederação Galaxial.

- Domminon o ouve, mas não sabe quem tu és. Sendo que não importa. Prenderás a irmã de
Domminon, Ykkamera? Domminon a liberta! Confederação Galaxial! Insetos perante
Domminon! – Corr Sairy então inquiriu:

- Como você fez?

- Reconheço vosso padrão. A nave que pensava enganar Domminon. Domminon permitiu
que entrasse no interior da Belonave de Domminon, visse todo poder. Domminon o viu,
diminuto. No elevatório. Domminon teve que dar fim àqueles que dividiram elevatório
contigo. Como Domminon fez o quê?

- Como implantou o Exxorum no interior de Volos? – Domminon gargalhou e falou:

- Domminon não lhe deve explicações, mas mesmo assim falo. Domminon colocou Exxorum
no interior da Estrela Volos enquanto Aryannin se distraía com irmão de Domminon,
Pokketor. Ela o impossibilitou de fugir, matando-o quando Domminon ativou o Exxorum.
Finalmente Domminon destruiu deusa desagradável. – Então fez uma pequena pausa e
disse. – Bem, Domminon precisa ir. Querem prender irmã de Domminon, Ykkamera?
Prendam! Domminon destruirá local onde Ykkamera estiver presa e, depois destruirá cada
um dos planetas da chamada Confederação Galaxial. – E a transmissão se encerrou.

48
GALAXYA

Naquele instante Galaxya surgiu, rebocando com campos de êxtase, as G’s avariadas. A
laileb de Ortsac apareceu da camuflagem que se encontrava e entrou em Galaxya, que falou
no ombro de Corr Sairy:

- Perdemos K’thryn! – Aquilo arrepiou Corr Sairy dos pés à cabeça. Ouviu-se um suspiro de
S.E.:

- Não!

Quando pousou, todos puderam ver Ortsac com K’thryn em seus braços. Até mesmo o
semblante de Antares parecia triste. Sua cor parecia mais opaca. Ninguém conteve o choro.
Luannia correu para passar as mãos nos cabelos cor de anil de K’thryn, chorando
copiosamente. Corr Sairy caiu de joelhos. Marcelle e Synn Tharra estavam em frangalhos.
Quando Pum Riss lá chegou, não aguentou e chorou, também. Kotharyn socava a lateral de
sua nave, pois era sua forma de demonstrar toda sua perda. Antares foi em direção a
Ortsac:

- Eu sinto muito, Ortsac! Eu sinto... – E não conseguiu mais falar. Os Galaxya praesul 34
ainda em condições choravam, principalmente Wuthann Brakk, que dizia:

- Não, Iatrévo não! – T-Pinn e Potharkk o consolaram. Ninguém mais nada disse e, enquanto
Ortsac a levava para o quarto de ambos, um silêncio pairou pelo Hangar.

O clima não era dos melhores nos andares do grupo do Galaxya e dos Galaxya praesul.
Ninguém ousou assumir o que K’thryn vinha desenvolvendo no Scientia.

Assim que soube do que ocorrera, K’roll pousou no Hangar (a autorização veio do próprio
Galaxya). Culpando-se, Ortsac se colocou abaixo dela e erguendo a Kópis de K’thryn, exigiu:

- Foste tudo minha culpa, Mitir. Não mereço esta vida. Por favor, acabe com ela, por favor. –
No começo K’roll culpou mesmo Ortsac, por não ter a quem culpar, já que este tirou a vida
do Redíl. Mas ela percebeu que a dor dele era tão real quanto a dela. Tomou a Kópis das
mãos de Ortsac, ergueu a face dele, ainda suja do visco de Redíl, fazendo-o ficar de sua
altura e disse:

- Honre a memória de minha cria, Ortsac Searamiug. Deste fim ao seu assassino e isso é o
mais importante.

Antares convidou-a para seguir viagem com eles, no interior do Galaxya, enquanto se
dirigiam para o sistema Vertus e K’roll aceitou, não saindo do lado do corpo da filha, que
ficou sendo velado por ela e Ortsac no Scientia.

A primeira reunião após a Batalha de Volos (como todos já chamavam) foi tensa e sem
muitas palavras:

- Convidei a Bello dux e Ducem Galaxya praesul T-Pinn de Agufalgav, seu Bello dux
vicarium35 Potharkk de Krarrash II, Scientia dux Wuthann Brakk de Bhlokyonss e seu
Scientia dux vicarium36, Maya Laconellis da Terra, para nos passar o balanço da Batalha de
Volos. Prossigo, dando a palavra a Bello dux e Ducem Galaxya praesul T-Pinn. – T-Pinn
segurou o choro e falou:

- Tirando a nossa grande perda de Iatrévo K’thryn Swiss, dos dez G’s, com pequenas avarias
voltaram cinco. Um teve pequenas avarias, mas a pilota, Dannyin de Kelkzerr, sofreu sérias
queimadura de segundo e terceiro graus, pois tentava socorrer um dos G’s que foi
consumido pela explosão da Estrela Volos.

34
Galaxya praesul = Protetores do Galaxya
35
Bello dux vicarium = Vice-Chefe de Guerra
36
Scientia dux vicarium = Vice Cientista-chefe

49
GALAXYA

“Perdemos dois G’s na explosão da estrela. Um era do piloto Rodney Stradivius da Terra e o
outro era da pilota My Ditth de Phællans”. – T-Pinn pigarreou, contendo a emoção. – Os
outros dos G’s sofreram grandes avarias e foram rebocados pelo Galaxya. O piloto Camm
Tokver de Prismus está se recuperando com queimaduras de primeiro, segundo e terceiro
graus, além de lacerações e perdas de membros. Perdemos a pilota Tythan Marrap de
Bhlokyonss, devido muita perda de sua estrutura física.

- Obrigado, Bello dux e Ducem Galaxya praesul T-Pinn. Scientia dux Wuthann Brakk,
explique a situação do Galaxya praesul Scientia. – Requiriu Antares a Wuthann que,
claramente, não poderia responder naquele momento. Se contendo mais, Maya falou por ele:

- Como bem colocou Bello dux e Ducem Galaxya praesul T-Pinn, perdemos Tythan Marrap
de Bhlokyonss. As perdas de sua estrutura estavam além do alcance da reestruturação.
Camm Tokver de Crisyen teve perda total de um dos braços e perda parcial de uma das
pernas. Parte do corpo dele foi bastante queimado, mas é um guerreiro e estamos
conseguindo recuperar o tecido corporal que regeneração. Dannyin é um outro caso, seu
corpo sofreu mais queimaduras na parte dorsal. Para retirarmos seu traje, que grudara em
sua pele, tivemos de tomar muito cuidado. Mas agora ela se recupera bem.

- Era disso que eu falava quando disse que não deveríamos ter-nos envolvido nisso. –
Stahirr disse, deixando claramente um incomodo no Testimonii. – Perdemos crianças,
outras ficaram extremamente feridas. A moral está em baixa com a perda de K’thryn Swiss.
É nisso que dá quando se envolve.

- O que está alegando, Stahirr? – Corr Sairy inquiriu, não parecendo satisfeito.

- Que este tipo de coisa é o que ocorre quando se envolve no que não lhe interessa, Corr
Sairy. Vidas se perdem! Mas todos preferiram dar atenção ao que você falava, me ignorando
totalmente. Aryannin poderia ter dado cabo da situação por ela mesma, mas vocês se
envolveram...

- Ela enfrentaria não somente Pokketor, mas também as tropas darkyanis. – Colocou
Marcelle.

- As tropas de planetas-membros não chegaram? Sim, ela teria sofrido um pouco com
aquilo, mas eles teriam ajudado a ela...

- E todos teriam perecido com ela após o Exxorum explodir. – Colocou Synn Tharra. – Não
teríamos capturado Ykkamera. Kelkzerr, Phællans, Crisyen, Maghnessy, Dharkyens e
Agufalgav teriam perdido não somente representante, mas seus líderes, também, que
comandaram seus grupos. Redíl ainda estaria vivo.

- K’thryn Swiss ainda estaria viva, Synn Tharra. Já pensaste nisso? – Pontuou Stahirr. –
Capturar Ykkamera, irmã de Domminon? De que isto adianta? E as perdas que
mencionaste, sinceramente, são perdas estruturais e recuperáveis. Os planetas-membros
terminariam se recuperando rapidamente. – Corr Sairy ia falar mais alguma coisa, mas um
longo braço robusto, rapidamente, fechou o punho como um torniquete no pescoço de
Stahirr.

Kotharyn o ergueu até a altura de seus olhos e todos ficaram sem ação, no momento:

- Perdas estruturais e recuperáveis? É assim que vês a perda de Aryannin, estrutural e


recuperável? – Então Stahirr voou sobre a mesa, batendo com as costas na parede contrária
de onde se sentava. – Não perdemos somente uma valorosa e maravilhosa colega, amiga e
irmã – Kotharyn falou, subindo na mesa –, perdemos duas. K’thryn Swiss foi uma perda
terrível e seu companheiro testemunhou isso. Enquanto todos nós testemunhamos a perda
de nossa companheira e cofundadora deste grupo no qual fazes parte, Stahirr. Tua
inaptidão de compreensão disso me assombra. Como foste, durante tantos k-rarrs
Confederado-mor se não possuis a capacidade de discernimento do que é uma perda

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GALAXYA

valorosa para uma perda estrutural e recuperável. Achas mesmo que os planetas-membros
pensariam como ti? – Kotharyn estava sobre um Stahirr estatelado no piso do Testimonii.
Todos correram para segurá-lo:

- Não o machuque mais, Kotharyn. – Esbravejou Antares.

- Machucá-lo? Pensas mesmo que isso o machuca, Antares? – Disse Kotharyn, ainda
colérico. – Teu patrão é feito de energia, não possui corpo. Este traje contentor que usa é
para guardar a carga de energia que ele possui. É um elemental. Te preocupas com ele? Pois
então fique com ele! – E Kotharyn saiu do Testimonii.

Antares auxiliou Stahirr a se levantar:

- É assim que vós ágeis quando se fala a verdade? – Disse Stahirr, mais constrangido do que
ferido.

- Sabe, Stahirr, eu sempre me perguntei se, de fato, Stahokk ficou preso em um meteorito?
– Ninguém entendeu aquela ponderação de Corr Sairy. – Eu vou falar com Kotharyn. – E
saiu do Testimonii, com Luannia seguindo-o:

- O que quis dizer com aquilo? – Ela o questionou, mas Corr Sairy disse:

- Depois eu te falo, antes precisamos ver Kotharyn. – Eles caminharam até o aposento do
krarrashin. – Kotharyn, sou eu e Luannia, podemos entrar? – E a porta que dava acesso ao
aposento dele esmaeceu. Quando entraram viram um ambiente bem diferente do que
esperavam:

- Decidi prestar uma homenagem a Aryannin. – Kotharyn disse, sentado próximo de um


quarto cercado de cristais. – Era aqui que ela descansava, quando era somente aquela
jovem de dezesseis ciclos que nem fazia ideia de quem era.

“Durante ciclos e ciclos, nós conversávamos. Ela tentava entender o que e quem era, mas eu
nada podia dizer, pois éramos vigiados, o tempo todo. Após o cair de Volos no poente, dei
uma bebida do sono para o vigia que observava. Seria o suficiente para levar a cápsula
hibernária até o aposento de Aryannin, coloca-la nela e manda-la embora dali, salvando-a”.

- Você faria o que fiz com Marcelle? – Corr Sairy achou aquilo improvável, mas Kotharyn
explicou:

- Eu sempre gostei de pesquisar e estudar. Outros krarrashins achavam aquilo absurdo e


desnecessário, mas me apaziguava, acalmava o meu lado krarrashin bestial (como sempre
chamamos a sede por combate). Então lia de tudo, até mesmo matérias aleatórias.

“Uma vez acessei uma matéria sobre a fuga de uma jovem terrana”. – Corr Sairy e Luannia
se surpreenderam. – Sim. E uma das teorias da fuga era que ela havia embarcado em uma
cápsula experimental e fugido. Eles não sabiam como ele escapara do enclausuro dela, mas
desaparecera e uma cápsula hibernária, também.

“Quando a conheci naquele asteroide, não desconfiei quem fosse, pois na matéria não tinha
referências aos seus pais. Então ela contou sua história para nós e tu também, Corr Sairy.
É impressionante como essa invenção de vossa consorte estreitou nossos caminhos, antes
mesmo de nos conhecermos”. – Corr Sairy estava sem palavras. – Sei que nunca contei isso,
pois nunca havia encontrado momento para tal. Mas assim que recriei este ambiente, me
lembrei disso tudo. Também, tantas coisas que vivenciamos, acha isso enfadonho.

“Então, coloquei-a na cápsula, mas ela pediu para eu não a deixar só e, como era
apaixonado por ela, fiz o que me pedira e aqui estamos”.

51
GALAXYA

- Espere um instante, você a amava? – Luannia inquiriu, Kotharyn sorriu, com as lágrimas
brotando em seus olhos:

- Sim. Mas era algo impossível, inalcançável. Lembras quando fomos, pela primeira vez, a
Arca dos dommæns e eu disse ter visto uma bela krarrashin? Eu menti naquele dia, pois
não queria que todos me achassem um estranho. Eu vira Aryannin na minha frente.

“Nunca me confessei a ela, pois ela era a Megami. Pensei nisso ao ver Ortsac e K’thryn, mas
ainda me sentia distante demais dela, pois quem era eu perto da Megami volosi.

“Teu pósteros, Synn Tharra, bem perceptivo, uma vez me abordara. Falou-me de meus
sentimentos por Aryannin. Algo que nem eu percebera. Synn chamou de storgí 37. Disse-me
que tu contaste a Marcelle sobre isso, que era um sentimento de ligação entre uma
dharkyensi e o ser amado. Quando a vida de Aryannin fora ceifada pela explosão de Volos,
eu me senti ligado a ela e acredito ter sentido essa dor. Será que eu também sofri storgí,
Corr Sairy? – Kotharyn chorava copiosamente naquele momento. – Pois não somente senti a
dor que ela sentiu, mas sinto como se uma parte de mim tivesse se esvanecido no momento
que Volos a consumiu. Como eu faço essa dor parar, Corr Sairy? Como?” – Corr Sairy não
suportou ver um gigantesco krarrashin ser consumido em sua dor e, com a voz embargada,
disse:

- Eu também queria saber como, meu amigo. Acredite! – E fez-se um silêncio sepulcral
naquele momento.

O tempo passou e a vida não poderia parar no Galaxya. Maya, Scientia dux vicarium,
assumiu temporariamente o Scientia no andar do grupo do Galaxya.

Quando chegaram ao sistema Vertus, Ortsac foi convidado a ir com Mitir K’roll para
Dharkyens. Seu corpo ainda estava manchado, depois de tanto tempo, com o visco de Redíl:

- A assearemos em Dharkyens. – Disse K’roll ao grupo e partiram.

Assim que chegaram em Dharkyens, B’trixx Tvokk, Mitir Archistrátigos 38 de Dharkyens


acompanhou Ortsac Searamiug até os aposentos de K’thryn:

- Poderás ficar aqui, Ortsac Searamiug. – Disse B’trixx, que a fronte curvada, não olhando
nos olhos do darkyani. Então falou. – Eu lamento por vossa perda. – E saiu.

K’roll pediu a Ortsac para assear-se, antes dele ir ao quarto, e ele o fez. Assim que saiu, um
traje cerimonial darkyani de luto se encontrava sobre a cama de K’thryn e ele o vestiu. Saiu
dos aposentos e foi guiado por uma guerreira que o esperava na porta. Esta também
mantinha a cabeça curvada.

Ortsac reparou que, por onde passava, as dharkyensis curvavam a cabeça perante ele.
Quando chegou em uma sala com uma longa mesa retangular, lá estava K’roll, sentada na
ponta, próxima da porta:

- Obrigada por trazê-lo, Irmã M’tinna. – A guerreira então disse:

- Tudo pela nossa Mitir e sua cria. – E se retirou. Ortsac estava curioso e questionou:

- Perdoe-me, Mitir K’roll Swiss, mas dá primeira vez que aqui estive, tuas guerreiras me
olhavam, me encarando. Eu podia sentir o olho no olhar delas. Mas, agora, elas curvam a
cabeça para mim. Não compreendo! – Com um sorriso maternal, K’roll explicou:

37
Storgí (στοργή) = afeição
38
Mitir Archistrátigos (Μήτηρ Αρχιστράτηγος) = Madre General

52
GALAXYA

- É respeito pelo enlutado, Ortsac. É a forma que minha Irmãs tem de demonstrar o respeito
delas pelo vosso e meu luto. Nós acreditamos que isso é de cada um, então não deve encarar
a pessoa em pesar. Por favor, se aproxime. – Pediu K’roll e Ortsac o fez. – Antes de qualquer
coisa, peço que não me chame pelo meu título mais, és da família. Em seio familiar, minhas
filhas não precisavam me chamar de Mitir, chamavam-me de mãe. – E riu. – K’thryn sempre
fora a mais atrevida, pois quando deseja me enervar, chamava-me assim diante de nossas
Irmãs.

“Sendo assim, podes me chamar de K’roll, como bem fazes Corr Sairy, quando estamos
entre amigos. Tu já és de meu cerne, pois minha cria era tua afeiçoada e ela era de ti”. –
Naquele instante, T’chya Kbonn, Iatrévo de Dharkyens, adentrava na sala:

- Ypérochi Mitir39, vim como requiriste! – Então K’roll perguntou:

- Como anda o que minha cria lhe pedira, Iatrévo T’chya Kbonn? – Esta, sem erguer a
cabeça, respondeu:

- Extremamente bem, Mitir. Os desenvolvimentos dos três seguem de forma soberba. –


Então K’roll se levantou e chamou Ortsac:

- Siga-nos, Ortsac. – E falou com T’chya. – Mostre-nos, minha Iatrévo.

Ambos seguiram pelo corredor de piso azul-anil. As paredes pareciam ser feitas de
labradorite. Sempre que caminhavam pelo corredor, todas as guerreiras dharkyensis
continuavam a curvar suas cabeças.

Assim que chegaram ao Ergastírio therapeías 40, um tipo de laboratório misturado com
hospital, Ortsac reparou em três macas flutuantes vedadas. Ao se aproximar, ao lado de
K’roll, percebeu que duas dessas tinham um darkyani e uma dharkyensi. Antes de indagar
algo, K’roll lhe explicou:

- K-rarrs atrás, vós descobrirdes experimentos maliciosos do Confederado Bavan Sheys no


interior do Galaxya. Ele usara cadeias genéticas para recriar células reprodutivas
masculinas e femininas de espécimes diferentes e decidiu gerar vida a partir daí, mas
cometeu vários erros no processo, gerando anomalias que ele descartou no decorrer.

“Apesar disso, K’thryn viu certa coerência em algumas anotações, pois a cada fracasso e
erro, ele anotava algo novo. O problema dele, gerar a vida antes de testar virtualmente,
sendo que contava com o melhor aparato científico que já tivemos contato, o do Galaxya.

“Quando ele gerou Jonas Sisrac e Phællans, havia acertado nas células reprodutoras, mas
errara no tempo de desenvolvimento. Algo que K’thryn estabilizou com maestria, como
atesta nossa Iatrévo”. – E K’roll deu a palavra T’chya, que evitada encarar os dois:

- Exato, minha Ypérochi Mitir. Sempre lhe disse que K’thryn Swiss era minha melhor
discipula. Ela estabilizou o tempo de desenvolvimento e conseguiu que imberbes se
desenvolvessem.

“Então ela passou-nos os estudos do Confederado Bavan Sheys com as anotações dela e nos
pediu que fizéssemos isso por ela. Sinceramente, Ortsac Searamiug, ficamos reticentes de
fazê-lo, já que és da raça que és, mas Mitir K’roll Swiss aceitou o intuito. Ela então nos
passou seu material genético, sêmen coletado durante a copulação. Então seguimos os
procedimentos de reconstrução do material genético dela, coletado quando é glabra, e do
seu e geramos estes dois infantes que vê na sua frente”.

- Eles são nossos filhos? – Ortsac estava assombrado. Sorrindo, K’roll disse:

39
Ypérochi Mitir (Υπεροχή μητήρ) = Mater Maravilhosa
40
Ergastírio therapeías (Εργαστήριο θεραπείας) = Sala de cura laboratorial

53
GALAXYA

- Sim. São material genético de ambos, gerados de forma a serem vossas crias. – Os olhos de
Ortsac marejavam. Ele estava sem palavras para àquilo. Então, após enxugar seus olhos,
reparou no outro invólucro que, diferente de seus filhos, estava coberto por algo que se
assemelhava a mercúrio:

- E este outro. – K’roll permitiu que T’chya revelasse e, assim que passou a mão, o metal
aquoso desapareceu e pode-se ver o corpo inerte de Aryannin:

- É Megami Aryannin! – Ele falou, totalmente perplexo, mas T’chya revelou:

- Não exatamente. Megami Aryannin, através de K’thryn Swiss, entrou em contato conosco,
dizendo que desejava mais controle de suas reencarnações. Então nos forneceu seu material
genético para que pudéssemos recriá-la, como fazemos conosco desde tempos imemoráveis.

“Não sei se conheces nossa história, mas nem sempre fomos somente nós. Tínhamos varões
entre nós. Mas um vírus atingiu somente as espécies viripotentes, dizimando-os. Então
nossas irmãs temeram usar as células reprodutivas dos espécimes viris e conseguiram
desconstruir nosso material genético e reconstruir células reprodutivas saudáveis. Então
mantivemos somente nossa espécie ativa e fazendo nosso planeta funcionar. Algumas
outras cidades tentaram gerar espécimes masculinas, mas estes morreram ainda nos tubos.
Foi uma chacina desnecessária, mas para mostrar que não tínhamos mais que ter
espécimes que não se assemelhassem a nós”.

- Então correram risco comigo e meu filho? – Interpelou Ortsac, mas foi K’roll quem
respondeu:

- Não exatamente. Acredito que sabes que, assim que souberam que não tínhamos mais
espécimes machos entre nós, vosso povo decidiu nos atacar. Foi daí que surgira nossas
demandas...

- Bem, meu povo conta de forma diferente. Contam que vocês provocavam nossas saemêf,
pois elas dependiam e trabalhavam com os sohcam. – Corr Sairy olhou para K’roll e viu seu
olhar de desdém. – Mas não duvido que isso seja uma calúnia.

- E é, pois nossos registros mostram o primeiro ataque que ocorrera. Lailebs adentraram
nosso espaço e seu povo tentou nos conquistar, à força e nos escravizar. O problema é que
sempre existiu equidade em Dharkyens, sem diferenciação para machos e fêmeas. Então
vossos guerreiros, ou melhor, os sosocileb e as sasocileb de vosso povo encarou uma luta
que os fez recuar.

“Mas houve capturados, tanto machos quanto fêmeas. Percebemos que os machos
darkyanis não sucumbiam ao vírus. Por isso não tememos mantê-lo naquela cela, quando
trouxe K’thryn de volta para nós”. – Ortsac compreendeu bem àquilo, então indagou:

- Desejas que eu leve minhas crias comigo? – E T’chya acrescentou:

- Não somente vossas crias, mas também Aryannin. Temo material genético dela para
outras encarnações, mas creio que quando esta despertar, desejará estar entre amigos,
também.

- Entenda, vossos filhos são como crianças, aptas a aprender. Não implantamos nelas
memórias ou lembranças, pois não fazemos isso. Acreditamos que todos devem ter vosso
próprio aprendizado. Bem sabemos que, em breve, Aryannin despertará neste corpo que
aqui está. Ela nos relevou que se condicionou para despertar assim que tomar consciência.
Ela é uma petiz ainda, nem abriste o cerne ainda. Mas quando o fizer, deverá ser retirada
daí e desejamos que seja feito com os amigos.

- Compreendo. – Disse Ortsac, mas K’roll continuou:

54
GALAXYA

- Ortsac Searamiug, tu lutaste ombro a ombro com minha cria e demonstraste honra ao dar
fim ao monstro que guiava vosso povo e que a matara. Continue honrando-a, mantendo
vossas crias saudáveis e vivas. Crie-as como elas merecem serem criadas. – E se retiraram
do Ergastírio therapeías.

Quando Vertus nasceu no horizonte, os preparativos para as honras fúnebres à K’thryn já


estavam prontos. Por todo o planeta, as janelas eram cobertas por mortalhas de um azul
noturno. O Mitir Paláti41, em todas as janelas e vitrais, tinha uma manta semelhante. Na
entrada do local, um extenso tapete do mesmo tom de azul passava, até chegar ao altar, que
antes ficava a cadeira de espaldar longo da Mitir, agora estava a esquife com K’thryn em seu
interior.

Sua urna parecia ser feita de topázio, com uma tampa de joia semelhante a água marinha.
Sua face demonstrava uma serenidade plena e seu corpo era coberto com o brasão que
representava seu povo.

Todos chegaram bem antes do raiar de Vertus, em silêncio sepulcral e tomaram assentos.

Àqueles que dividiram a honra de ter morado com K’thryn no Galaxya, foram reservados
assentos à frente. Assim podia-se ver Corr Sairy, Antares, Kotharyn, Marcelle, Pum Riss,
Synn Tharra e Luannia. Ortsac se juntou aos seus amigos. Também se sentaram com ele
Bello dux e Ducem Galaxya praesul T-Pinn, Fectum dux 42 Ak Turrk de Phællans, Scientia
dux Wuthann Brakk, Collocutio dux Entt Rokay de Prismus, Stellæ dux Akeem Mathup da
Terra e Libri dux43 Oiluj Ariexiet de Darkyan (que foi observado com rancor pelas
dharkyensis):

- Não se importe. Nosso povo fez muito mal a elas, então é natural. – Ortsac disse ao jovem
darkyani. Nos demais assentos ficaram chefes das cidades de Dharkyens, líderes de tropas,
líderes e governantes de planetas-membros, o Confederado-mor, sua suplente e os demais
confederados da Confederação Galaxial. Então, de frente para todos e atrás do esquife de
K’thryn, surgiu uma jovem mulher, com trajes compridos e de tonalidades diversas de azul,
que se anunciou:

- Me chamo M’andha Akvott, Iereía44 de Dharkyens e fiquei responsável por esta despedida
de uma de nossas Irmãs, K’thryn Swiss.

“Fui colega de K’thryn Swiss. Estivemos no mesmo período, estudando juntas. Ela sempre
foi atrevida, inquieta e companheira. Não respeitava as instituições, mas respeitava aos
instituidores. Seu maior exemplo sempre foi o maior exemplo de todos nós, nossa Mitir
K’roll Swiss e sua consanguínea, K’rynn Swiss.

“Sim, K’rynn Swiss não era exemplo somente para ela, mas para todos nós. Disciplinada,
austera, altruísta, esplêndida. K’thryn Swiss sempre nos disse que desejava ser como sua
consanguínea. E ela conseguiu.

“Sabemos que ela se exilou de nosso âmago, mas porque sentira algo que todas nós
desejamos, mas poucas conseguimos, o storgí. Isso é algo mais do que uma mera afeição
para copular com espécies masculinas, é além, que nossas vindouras Irmãs no passado
remoto tiveram. Hoje poucas têm. Mas o motivo do exílio se deu por ela ter tido o storgí com
o inimigo, com nosso pior antagônico, um darkyani.

“Mas este demonstrou não ser como seus outros iguais. Ele demonstrou sofrer de storgí por
K’thryn Swiss, também, e agora sentimos por vossa perda. Todas nós sentimos por vossa
perda. Ortsac Searamiug!

41
Mitir Paláti (Μητήρ Παλάτι) = Palácio da mãe
42
Fectum dux = Engenheiro chefe
43
Libri dux = Guia-livro
44
Iereía (Ιερεία) = Sacerdotisa

55
GALAXYA

“Como bem sabemos, nós falamos quando nos despedimos de nossas Irmãs a verdade sobre
elas e quem elas eram, de fato. K’thryn Swiss era imprudente, atrevida, inquieta e
desrespeitosa, mas, seguindo o exemplo de vossa consanguínea e nossa Irmã que nos foi
tirada, K’rynn Swiss, ela se tornou o inverso disso tudo, tornando-se prudente, disciplinada,
atenciosa, altruísta, austera e esplendida.

“Então nossa despedida por esta alma que se regenerou e combateu o mal, se elevando ao
patamar das mais nobres e valentes guerreiras, se faz agora”. – Então as dharkyensis
ficaram de pé, fazendo todos se elevarem também, e soaram um canto que parecia
melancólico mais engrandecedor. Então a jovem M’andha deu seu lugar para a K’roll falar:

- Sempre que me viajo pelas cidades de Dharkyens, participando das despedidas de nossas
Irmãs-guerreiras, seja por terem tido a vida consumida em combate ou por seu tempo entre
nós, eu vos digo, “a vida passa para todos, o importante é que sigamos em frente pelos
outros”. Aprendi isso com minha originária e ela com a dela e assim sucessivamente. Mas
eu não poderei passar isso à frente, não para minhas crias.

“Poderia aproveitar a vinda de toda a Confederação Galaxial para este momento de


despedida e inflamar palavras de quão errados estão ao manter minha cria encarcerada
naquele Satélite-prisão, mas já inflamei tais falas até desgastá-las.

“Eu requiri que K’thryn esquecesse a isso, mas a dor que ela sentia eu ainda sinto, a dor de
uma perda grande, que agora se amplia ainda mais, pois minha segunda cria partiu”. –
K’roll chorava, mas conseguiu se conter. – As palavras que minha originária me ensinara,
pois havia aprendido com a sua e assim sempre foi, não tem sentido para mim. Pelo
contrário, é totalmente descabida e vergonhosa, pois devemos seguir em frente por quem e
para quem quando perdemos nosso futuro?

“Neste momento não me despeço somente de minha cria, mas da Irmã de vocês, de sua
companheira Ortsac, da amiga de vocês, da líder e professora de vocês. Eu me despeço de
um pedaço de mim que será irrecuperável e que se foi nas mãos de um algoz horrendo, que
teve seu fim nas mãos de um ser maravilhoso.

“Sim, eu te odiei quando lhe conheci, Ortsac e, talvez o odiasse até exte exato momento,
senão tivesse sido o storgí de minha cria e ela o seu. Não conheço vossa perda, mas conheço
a minha e estou totalmente esfacelada por dentro e, por causa disso, tomo este momento
para determinar-me o Sovarí Exoría45”. – Todos ficaram estupefatos com aquilo. – Minhas
Irmãs, acalmem-se! Eu preciso deste exílio, deste repouso. Aclamei a nossa Mitir
Archistrátigos, B’trixx Tvokk, para assumir minha posição enquanto faço este exílio. B’trixx
Tvokk é sabia e ponderada, tendo total capacidade, desde quando a conheço, para assumir
meu lugar. Se eu voltar, reassumo o que me é de direito até o momento de minha partida,
onde, com certeza, B’trixx Tvokk será a mais qualificada para ficar. – Ela encerrou a sua fala
e um burburinho enorme tomou conta do local. Mas, antes de qualquer coisa, a despedida
devia prosseguir. Então quatro guerreiras assumiram a lateral do esquife de K’thryn e o
levantaram, todas ao mesmo tempo, até o ombro, ainda segurando a lateral.

Elas seguiram em frente, com todos atrás dela, em silêncio solene. No centro da cidade,
uma enorme pira foi erguida. As guerreiras, então, desceram o ataúde de seus ombros e
prostraram sobre um levadiço, que o ergueu. No cume, tinham outras quatro guerreiras que
o colocaram no centro da pira e então desceram. As oito guerreiras então tomaram em suas
mãos balestras com flechas que foram acesas e uma chama azul tremulava de suas pontas.
Elas deram a volta na pira em um círculo e dispararam suas flechas para o alto, acertando
as laterais, na altura que estava o esquife de K’thryn.

A distância, todos viam o crepitar azulado das chamas consumindo a tudo, menos a urna.
Demorou até o poente de Vertus para as chamas se extinguirem e restar cinzas e o ataúde.
No interior deste, os restos mortais de K’thryn haviam virado cinzas. Então K’roll chamou

45
Sovarí Exoría (Σοβαρή εξορία) = Exílio solene

56
GALAXYA

Ortsac para abrir a tampa que, mesmo com todo aquele calor, ainda estava fria. Ele o fez e
os ventos que sopravam do crepúsculo levaram embora, sem restar nada no interior.

Quando Vertus alvoreceu, somente os membros do Galaxya ainda estavam em Dharkyens,


pois os membros da Confederação, bem como Stahirr, já haviam partido para o Galaxya,
junto com os Galaxya praesul.

K’roll reuniu a todos na grande mesa que ela ceava com suas filhas:

- Sabes, Ortsac, foi aqui que K’thryn me confirmou estar afeiçoada a ti. Faz tanto tempo
isso. – Ortsac ainda estava amuado, mas forçou-se um sorriso.

- K’roll, você acha certo se determinar um exílio? – Corr Sairy lhe questionou.

- Eu preciso, Corr Sairy. O que me segurava aqui, ainda, era K’thryn, mesmo que exilada
convosco. Agora que a perdi, preciso me repensar, me estudar. Por isso o Sovarí Exoría. –
Então mudou de assunto. – K’thryn me contara que também não acreditas na culpa de
K’rynn?

- Sim, não acredito, mas ainda não tenho argumentos para provar isso. Mas eu, S.E. e
Galaxya estamos trabalhando nisso, quer dizer, mais eu e S.E., já que Galaxya não pode se
envolver muito. – Corr Sairy argumentou.

- Se tiveres notícias a respeito disso, deixarei que minhas Irmãs me avisem. – Colocou K’roll.

- Ficarei até que parta. – Ortsac disse, mas de forma maternal, K’roll o dispensou:

- Não podes ficar, Ortsac. Por mais que agora faças parte do meu seio familiar, és um
estrangeiro. Somente uma dharkyensi pode testemunhar o Sovarí Exoría. Para, leve suas
crias contigo e sejas feliz. – Todos tomaram um susto, mas foi Synn Tharra que falou:

- Suas crias? – Sorrindo, K’roll disse:

- Creio que isso ficará para quando chegarem ao Galaxya. Pois nada melhor do que três
maravilhosas surpresas.

Logo após a ceia matinal, todos partiram na satisphæra, no S.E. e no laileb de Ortsac.
Quando desceram no Hangar, todos estavam ansiosos para saber as novidades que Ortsac
tinha. Com certa dificuldade, pois a laileb ficara pequena para ele, Ortsac saiu com três
urnas com um tampo aquoso e espelhado:

- Sabia que ansiedade mata? – Argumentou Synn Tharra. Então Ortsac passou as mãos
sobre os tampos e estes ficaram cristalinos, mostrando seu interior:

- Espere um momento. É uma dharkyensi e um darkyani? O que significa isso? – Inquiriu


Marcelle, e Ortsac explicou tudo como K’roll e T’chya haviam lhe explicado. E, bem
emocionada, Marcelle disse. – São seus filhos! Que maravilha, Ortsac?

- Parabéns, papai, vai saber o que é ter duas pessoas te atazanando. – Synn Tharra o socou
no braço e Corr Sairy riu. Então Antares questionou:

- E quem está neste. – Ao passar a mão, o vidro cristalizou e todos viram uma pequena
pessoa acinzentada. – É Megami Aryannin? – E Ortsac explicou, também:

- Aryannin sempre demonstrou expertise. Não queria depender de seus filhos para fazer o
que era certo, então providenciou-se. – Colocou Kotharyn.

- Mas daí vem a questão? Quem cuidará deles? – Indagou Luannia e a resposta veio:

57
GALAXYA

- Logicamente que manterei a supervisão dos três no Scientia, principalmente de Megami


Aryannin, pois tenho absoluta certeza que Ortsac não deixará seus filhos sozinhos.

- Podes ter certeza disso, Galaxya. – Justificou Ortsac e Kotharyn retorquiu:

- Lhe acompanharei, amigo. – E ambos seguiram para o Tuboelevador com as arcas.

- Acredito que esta seja minha deixa para ir ao andar da Confederação Galaxial. – Ponderou
Antares, deixando Corr Sairy e sua família a sós, no que Pum Riss expôs:

- É impressão minha ou Ortsac está maior. – E a esfera no ombro de Corr Sairy brilhou:

- Sim, ele está maior, Pum Riss de Phællans. Isso é consequência do Arreug Eugnas, pois ao
fim deste, para declarar sua vitória, o ganhador deve retirar o coração do adversário e
devorá-lo, assim adquire a força e tenacidade de seu rival. Como Redíl vinha vencendo todos
os Arreug Eugnas, ele não precisava mais fazê-lo, mas para considerar-se vencedor, Ortsac
tinha de fazê-lo e gritar...

- “Eu o superei! Eu sou o melhor! Se curvem diante de mim!” – Replicou Luannia,


completando a fala do Galaxya. – Lembro dele falar isso em canal aberto para todos e
mostrar o coração mordido.

- Exato. Isso o conclama o vencedor! Agora seu corpo passa por uma metamorfose
consequencial. Mas existe um porém nisso tudo.

- Ele pode ser consumido pelo lado sombrio de Redíl. – Corr Sairy pontuou.

- Exatamente. – Finalizou Galaxya. – Por isso ele deve ficar em constante observação, algo
que farei constantemente.

Não demorou muito e Hannia havia se recuperado e transmitia para toda a Confederação
Galaxial a Apresentação de Lennie e Honnio. Lógico que Corr Sairy e Luannia, como
padrinhos, estavam lá para acompanha-la. Corr Sairy segurava a pequena Lennie e Luannia
o pequeno Honnio:

- Povo de Kelkzerr, povo de Desharr e planetas-membros da Confederação Galaxial, venho


até vós para apresentar-lhes meu futuro, minha criação e de meu Illuminus Hommir,
Lennie – Corr Sairy entregou a Hannia – e Honnio – Luannia entregou-o. Vieram de meu
interior, de meu âmago, são parte de mim e aqui os conclamo com meu futuros sucessores.
– O povo abaixo ovacionava de felicidades a Apresentação dos gêmeos.

E, não tão distante dali, na Terra, Jacqueline assistia ao lado de seus filhos e de Jonas a
Apresentação de Lennie e Honnio:

- Caramba, em meio a tantas intempéries, uma chama de vida. – Jacqueline argumentou. –


Olha para Corr Sairy e Luannia, parecem felizes, mas eu vi como eles estavam após a perda
de K’thryn. Era uma mulher fenomenal.

- Katty era estupenda. Aprendi muito com ela. Com certeza, se eu sei alguma coisa sobre
tratar e cuidar de pessoas enfermas, devo muito a ela. – Colocou Gene e olhou para o filho
que estava amuado. – Desculpa, querido, esqueci o quanto isso ainda lhe magoa. – Jonas ia
argumentar algo, mas o intercomunicador tocou e projetou a face de Ross:

- Cheguei! – E Ricardo liberou sua entrada. Assim que adentrou na sala onde todos
assistiam há Apresentação dos gêmeos de Kelkzerr, já veio falando. – Testemunho dado.
Demoraram para me chamar, mas está tudo certo. – E beijou Gene nos lábios:

58
GALAXYA

- É, ainda não me acostumei com isso! Vocês são irmãos, por favor! – Jacqueline disse,
nervosa, mas foi Jonas que retorquiu:

- Jackie, eles são de projetos distintos. É melhor se acostumar. – E abraçou Ross, que se
sentou ao lado de Gene, abraçando-a. Então Ricardo questionou:

- E como foi lá? Terminou tudo?

- Não sei se terminou, Ricardo, mas respondi tudo que tinha para responder. Respondi a
várias instâncias no decorrer desses dias. Falei sobre a compra da patente, falei sobre as
licenças desproporcionais de Seth e seus comparsas. Falei da tentativa de assassinato do
Secretário-geral. Além de entregar todos os registros e arquivos que guardei no decorrer
desse tempo, o que era muita coisa. Acho que levaram mais um longo tempo para apurar
tudo, mas uma coisa eles me garantiram, a Piel Green Empreendimentos não tem direito de
negociar mais nada. As Estações Prometheus, Epimetheus, Atlas e Menôitios estão fechadas
até o final da apuração de tudo. O problema é que, apesar dos pesares, garantíamos a
segurança de nosso sistema solar.

- Então está na hora de revelar a vocês que a CADETE conseguiu o direito de proteção do
sistema solar e cinco Bases foram lançadas para serem ocupadas pelos escolhidos pela
Tenente-coronel Gene Sisrac e o Capitão Ross Croisman Azevedo. – Ross ficou
extremamente abismado com aquilo:

- Como assim a minha patente ainda é...

- Não desde esta manhã, meu caro. O Comitê de Patentes das Forças Armadas da Terra
entrou em contato com o Coronel Skill Hawkesley, dizendo que este deveria lhe conceder a
patente de Capitão das Forças Armadas da Terra, por mérito adquirido pela integridade em
seus depoimentos e por auxiliar sua Tenente-coronel na prisão do assassino do empresário
Katsuhiro Ojji. Além disso, também receberá a Estrela de Prata. Sendo assim, como preciso
de dois oficiais de alta patente para escolher os homens e mulheres que ocuparão as Bases
Bóreas, Euros, Notos, Zêphyros e Áiolos. Cada uma dessas bases recebeu a supervisão de
sistema do Galaxya. O bom dele manter os ycons dele aqui é isso.

- Esses nomes são definitivos? – Ross indagou, o que surpreendeu Jacqueline:

- Não, mas pensei que quisesse manter nomes ligados a divindades helênicas, já que as
quatro bases tinham nome assim.

- Desculpa, Jacqueline, eu não quero parecer ingrato. É que eu queria fugir de qualquer
coisa que me aparente ligação com Stendart ou os Cavaleiros Sombrios, sendo que, eu gosto
do nome.

- Bem, os nomes já foram estampados nas bases, mas podem ser mudados facilmente.
Quais nomes que deseja. – Ross olhou para Gene e sorriu, pois, ela já sabia:

- Bem, eu pensei em quatro, mas um quinto me vem à memória agora. Seria Arthur,
Trystan, Galahad, Gawain e Lancelot. – Jacqueline sorriu:

- As Lendas Arturianas? Gostei! Dá um aspecto de nobreza, mas lembre-se como termina. –


Envergonhado, foi Gene que altercou a mãe:

- Jacqueline, por que você teve que falar isso? – Então, se intrometendo na conversa, Jonas
interveio:

- Bem, eu ainda gosto dos nomes helênicos e como Jackie, andei conversando com Galaxya
sobre uma construção de uma habitar espacial na órbita da Terra. Seria como uma grande
ilha no espaço, com um ambiente totalmente artificial, mas totalmente auto dinâmico,
administrado por Mentor.

59
GALAXYA

- Obrigado por lembrar de minha existência, Jonas Sisrac. – Então Jonas tirou um pequeno
projetor do bolso da calça e colocou sobre a mesa, e uma verdadeira ilha paradisíaca surgiu,
com uma cadeia de montanhas bem altas. Nascem dela uma enorme cascata que cria um
rio que passa por todo o ambiente. Então Jonas ampliou e puderam ver moradas nas copas
das árvores, para pessoas descansarem e aproveitarem o ambiente:

- Este será um local para as pessoas da Terra poderem desfrutar de um excelente ambiente
para repouso, e estará aberto e disponível para todos, com reservas programadas. Não se
fará exceções e concessões, todos terão direito. A estimativa feita por Mentor é de mais de
cem mil pessoas desfrutando deste ambiente que não é somente nas árvores e no solo, mas
embaixo deste também. – Então Jonas suspendeu mostrando uma cadeia de túneis que dão
para ambientes amplos, permitindo famílias de até seis membros. – Mas não é somente isso,
pois o Elýsion (foi mal Ross, mas nunca colocaria o nome de Camelot) será a Base de
Operações da CADETE. – Ele ampliou, mostrando o interior das montanhas que possuíam
locais totalmente preparados para servir de base para os Guerreiros Alados, as Valquírias,
os Arcanjo Sombrio e seus Cavaleiros Sombrios e mais outros quatro ambientes.

- Eu estou boquiaberto. Quando você iniciou esse projeto? – Perguntou Ricardo. – Caramba,
parece melhor do que o Ninho atual. – Disse, ampliando o local que seria a base dos
Guerreiros Alados.

- Pensei nisso depois que vi que o CADETE não tem uma base integrada. Mesmo que
mantenham a comunicação constante, as Valquírias de mamãe têm uma base dentro do
Complexo das Corporações Dévero. O Ninho dos Guerreiros Alados fica escondido entre a
Cordilheira dos Andes. Os Cavaleiros Sombrios de Ross ficam em bases espaciais. Então por
que não ter uma Central onde todos possam se reunir, como a Base da CADETE. – Todos se
olharam e riram. – Por que estão rindo?

- Querido, foi a simplicidade do nome. Base da CADETE, sendo que você pensou em algo tão
majestoso e magnífico. Um nome que remete a um lugar paradisíaco e, simplesmente
chamou de Base da CADETE. – Justificou Gene. Jonas ficou embaraçado:

- Sinceramente, não pensei em nada melhor mesmo. CADETE está há tantos milênios na
família que nem pensei em muda-lo. – De forma maternal, Jacqueline falou:

- Acredite, Jonas, te entendo. Já pensei em mudar o nome várias vezes, principalmente


porque remete ao grau mais baixo das Forças Armadas e nos faz parecer inexperientes, mas
quando meu antecessor, Jacob Dévero pensou ele simplificou. Quem sabe não consigamos
algo melhor quando pensarmos mais, pois precisamos de algo ao nível dele lugar. – Então
surgiu uma dúvida. – Esqueci de perguntar, qual será o tamanho do Elýsion?

- Algo em torno de três milhões e quinhentos e quarenta mil quilômetros quadrados. Teria
uma distância inferior ao da lua, ou seja, algo em torno de duzentos e quinze mil
quilômetros de altura, na altura da termosfera. Possuiria um campo que em seu interior
simularia a atmosfera e se autorrenovaria, por isso a nascente e o rio que deságua neste
lago, onde ocorreria todo o ciclo, constante. Biodiversidade abundante e emergente. Seria
um paraíso no espaço.

- Querido, este campo de proteção seria por qual motivo? – Inquiriu Gene.

- Oras, chuvas de meteoros. Durante o dia, não parecerá, mas à noite, parecerá um show de
fogos.

- Bem com a tecnologia de Galaxya, acredito que será mágico. E quando começará a ser
construído o Elýsion? – Questionou Jacqueline.

- Galaxya já começou. Ele me deu sinal verde meses atrás, após Corr Sairy apresentar pro
pessoal suas espaçonaves novas. Ele me disse que terão galaxyens auxiliando na
construção. Ele acredita que em 5 k-rarrs deverá estar pronta.

60
GALAXYA

- Ou seja, mais cinquenta anos da Terra e teremos o paraíso perfeito. – Argumentou Ricardo
e Jonas pensou no que ele disse e, novamente, ficou encabulado:

- Eu fiquei tão empolgado que nem pensei na diferença de tempo da Terra para a contagem
de tempo da Confederação Galaxial.

- Jonas, não se preocupe. Vamos aproveitar mesmo assim. – Colocou Ross.

61
GALAXYA

XXII
Ainda na Terra, a um oceano de distância, mais exatamente na Baía de Port Phillip, na
Austrália, em seu iate de 230 metros, um enorme ser, de aparência humana, com seus 2,10
metros de altura, descansa na popa, se alimentando e banqueteando dos raios ultravioletas
do sol, quando um de seus empregados chega com um pequeno projetor:

- Sr. Stendart, um chamado para o senhor! – Stendart abre seus pétreos olhos azuis para o
homem, que se assusta com o corpulento ser. Tremendo ele deixa a projeção sobre uma
plataforma flutuante, ao lado da espreguiçadeira, e se retira. Stendart ajusta o encosto e
coloca a plataforma e surge um homem de terno engomado e cabelo acertado por gel:

- Sr. Stendart, senhor. Acabamos de receber uma intimação da Ordem da Composição


Solar, dizendo que o testemunho do (agora) Capitão Ross Croisman Azevedo e as gravações
que ele fizera no decorrer dos últimos séculos, a respeito das operações da Piel Green
Empreendimentos, foram aceitam pela Suprema Corte da Terra. Com isso, todas as
operações comerciais da Piel Green foram interrompidas até a total apuração do caso. Sendo
assim, não conseguimos o habeas corpus do seu funcionário, Seth Ámoneth, que é acusado
de homicídio doloso do Diretor Executivo da Svagner-Yamabushi Comunicações, Katsuhiro
Ojji, e conspiração e tentativa de homicídio do ex Secretário-geral da Terra, Ernesto
Vivácqua Aguillar...

Enfurecido, Stendart golpeia a plataforma flutuante que gira em seu próprio eixo até atingir
a proteção de vidro do arco da popa, fazendo o projetor voar na água da Baía. Ele desce até
seu escritório no deque principal, onde acessa o A.R.E.S.46:

- ARES conecte-me com o Secretário-Geral Adofo Mensah. – Stendart requiriu e, após uma
pequena pausa, o sistema respondeu:

- O Secretário-geral Adofo Mensah não se encontra em seu escritório na Ordem da


Composição Solar. – Uma outra pausa e ARES voltou. – O Secretário-geral Adofo Mensah
está em sua residência em Sekondi-Takoradi, mas disse que não o atenderá. – Enfurecido,
Stendart socou sua mesa, trincando o mármore. Então exigiu:

- ARES eu quero falar com o embaixador Kristoffer Bakken. – Após uma longa pausa, ARES
falou:

- O embaixador Kristoffer Bakken da Noruega não se encontra em seu escritório na Ordem


da Composição Solar. – Então mais uma pausa, e o sistema voltou. – O embaixador
Kristoffer Bakken da Noruega não está em sua residência em Kristiansand. – Outra pausa, e
ARES disse. – O embaixador Kristoffer Bakken está em seu iate, a trezentos metros de Østre
Rondøya, mas disse que não o atenderá. – Encolerizado, Stendart levantou sua mesa de 360
quilos, chumbada ao assoalho, e a virou, quebrando o mármore sobre ela. Aquilo assustou a
todos no gigantesco navio, mas ninguém decidiu intervir. Então Stendart ordenou que
preparassem seu helicóptero, pois ele iria voltar para terra.

Em sua residência, em Melbourne, Stendart se arrumou para pegar um voo que o levaria
para Genebra, na Suíça. Lá chegando, no interior de seu veículo, ligou diretamente para o
escritório da Diretora-Executiva do Centro de Comércio Interplanetário da SCO, Tania Pupo
Labrada:

- Tania, querida. – Stendart quis parecer condescendente. – Então, estou indo até o seu
escritório para conversarmos. Pode me encontrar lá? Já estou no carro. – A mulher parecia
constrangida e acuada, mas falou:

46
A.R.E.S. = Artificial Revolutionary Extreme System (Sistema Extremo Revolucionário Artificial)

62
GALAXYA

- Stendart, no momento estou a caminho da casa de meus pais, na minha cidade-natal,


Moa. Acho que teremos de remarcar esse encontro.

- Mas Tania, meu amor, fiquei sabendo que... – E a ligação foi interrompida. –
Extremamente nervoso, Stendart quebrou o copo de uísque que segurava, enxarcando sua
mão com a bebida, mas graças a sua pele grossa, não se feriu, então gritou para seu
funcionário retornar. Então pegou um voo particular que o levou direto para a sede da Piel
Green Empreendimentos. Quando seu veículo passou na frente do prédio da empresa, viu
grupos e mais grupos de oficiais trajando casacos com o emblema da SCO nas costas, além
de minicams projetoras que os cercavam. Estes oficiais entravam e saíam do prédio,
carregando grandes número de microprocessadores de informações e colocando na caçamba
de um carro forte.

Stendart passou por eles e se dirigiu para sua entrada secreta do prédio, sem acesso
conhecido até mesmo por seus funcionários. Lá tomou seu elevador privativo que o levava
direto para o interior de sua sala, no topo do prédio, uma torre com mais de 1150 metros
quadrados. As janelas, de vidros reforçados, deixavam a luz do Sol adentrar na sala,
permitindo Stendart se alimentar, pois como um sokkear, ele precisava dos raios
ultravioletas, sua única fonte de alimento.

Stendart era o último de sua raça, pois os sokkear haviam sido extintos graças a
Domminon. O sistema estelar em que residia, Arusta, tinha uma gigantesca estrela laranja.
Seu planeta era o sétimo do sistema estelar e Stendart era um ambicioso negociador de
raios ultravioletas, que ele conseguia nas minas de seu planeta, Sokkor, graças ao núcleo
deste. Mas, com a escassez do seu produto de comércio, pois a maioria dos governantes do
planeta buscavam fontes alternativas de alimento, até mesmo artificiais, Stendart se viu
indo à falência. Então entrou em contato com Domminon e negociou a saída dele do
planeta, prometendo que para onde fosse, eles seriam negociadores constantes.

Domminon aceitou a barganha e, após Stendart fugir, disparou o Exxorum no núcleo da


estrela, dizimando o sistema estelar.

Stendart conseguiu localizar o sistema estelar Sol, descobrindo que a estrela era uma
grande fonte de raios ultravioletas. Ambicioso, convenceu o Diretor Executivo da Piel Corp,
Stanley Pielberg, que poderia trazer os mais revolucionários aparatos bélicos, iniciando
assim seus negócios com Domminon. Quando Stanley Pielberg faleceu de causas naturais,
Stendart assumiu a empresa, pois os raios ultravioletas não permitiam que ele
envelhecesse, e fez a fusão com a Green Technological Advances, criando a Piel Green
Empreendimentos. Os negócios com Domminon continuaram e amadureceram fazendo a
empresa de Stendart se tornar uma das maiores corporações da Terra. Aproveitando-se da
criação da Ordem da Composição Solar, Stendart investiu pesado para tornar sua empresa
uma das principais investidoras da SCO, tendo como rival somente as Corporações Dévero.
Ele aceitou a aliança temporária quando Elizabeth Asimov criou o Projeto Terra do Amanhã
e, quando viu que três geneticistas desenvolveriam o ser humano perfeito, negociou com
eles sua ida para a Piel Green, onde eles criariam mais do que dois seres, mas sim um
exército.

Stendart não gostou da proposta do primeiro, que ele permitiu aos geneticistas chamarem
de Ross Croisman Azevedo, seus sobrenomes, é pediu que os três maculassem seu projeto,
então eles criaram o preferido de Stendart, Seth Ámoneth (ele permitiu que Seth escolhesse
o próprio nome). Quando os geneticistas falaram que denunciariam Stendart para o
Conselho de Segurança da SCO, estes sofreram um acidente inexplicável e faleceram.
Negociando e chantageando embaixadores e representantes dos planetas unidos, Stendart
criou a F.T.E. Conseguiu a indicação de seu Secretário-executivo Victor Cambasi como
Confederado da Terra na Confederação Galaxial e manteve negócios escusos com planetas-
membros, como Darkyan (que Domminon apresentou a ele), Prismus, Maghnessy,
Thrarkus, além de ser um dos fornecedores de armamentos às tropas de Brann Dawh,
através de Darkyan.

63
GALAXYA

Stendart só via um impedimento para seu crescimento ser ainda maior, Jacqueline Dévero e
sua empresa, que trabalhava em conjunto com as Forças Armadas da Terra, através dos
Guerreiros Alados de Skill Hawkesley. O Conselho de Segurança sempre buscava na
CADETE o auxílio para levar missões de paz e negociações para os países da Terra, bem
como nos planetas colonizados do Sistema Solar. Para a F.T.E. era destinado somente os
transportes interespaciais e a guarda e vigilância das fronteiras do Sistema Solar, com as
bases espaciais ocupadas pelos Cavaleiros Sombrios da F.T.E. e seu líder, Ross Croisman
Azevedo, o Arcanjo Sombrio (nomes que o próprio Ross escolhera, mas Stendart não gostara
tanto). Stendart escolheu os homens que trabalhariam com Ross, deixando-o achar que os
liderava, quando quem o representava nas bases era Seth.

Só que ele queria mais e, para isso, precisava se livrar de Jacqueline. Então, ele planejou
por uma década um plano para isso que ele chamou de Armagedon. Não conseguindo o
material exato do traje que Jacqueline havia mostrado em um Congresso de Segurança
Global e Interplanetária, mas reconhecendo o desenho, Stendart ordenou que fizessem este
para que Seth pudesse vesti-lo. Então, mandou Seth para o Japão, onde ele assassinou o
Diretor Executivo da Svagner-Yamabushi Comunicações, Katsuhiro Ojji. As filmagens, ele
mesmo providenciou, de forma para usá-las como provas contra Jacqueline. Mas ele não
esperava a intervenção do Confederado Antares. Exigiu explicações de Cambasi, mas este
não sabia o que dizer, somente que Antares tornara-se Guardião de outro calo no pé de
Stendart, o ex-coronel Rodrigo Scandian, agora conhecido como Corr Sairy.

Jacqueline Dévero foi inocentada e os problemas começaram na vida de Stendart. Mas todas
ele conseguiu passar. Ele ludibriou e escapou de muitas investigações e tentativas de
fechamento de sua empresa. Então, percebendo uma oportunidade maravilhosa, criou o
plano Armagedon II, pois Jacqueline conseguira aprovação do Conselho de Segurança para
prosseguir com o Projeto Esperança, já que sua filha, Gene Sisrac (advinda do Projeto
anterior dos geneticistas), havia sido aprovada com honra nos exames feitos no Galaxya, ao
contrário de Ross Croisman Azevedo. Stendart preferia ter mandado Seth, mas este seria
mais indisciplinado ainda, guardando suas últimas esperanças em Ross, que se desfizeram
totalmente.

Então, acreditando que Armagedon II daria certo, Stendart enviou seus Cavaleiros Sombrios
para drogarem Ross, a Tenente-coronel Gene Sisrac e suas Valquírias, convencê-las a tentar
matar o Secretário-geral da SCO, Ernesto Vivácqua Aguillar, e tornar sua querida criatura,
Seth, em um herói. Assim, além de Gene Sisrac ser acusada de assassinato, o Projeto
Esperança seria fechado e Jacqueline Dévero seria, novamente, acusada, dessa vez, de
tentativa de assassinato do Secretário-geral da SCO. Mas ele não contava com o próprio
Galaxya, pois o dispositivo que ele criara, não funcionou e Seth foi acusado de conspiração
e tentativa de assassinato em segundo grau, perdendo sua patente. Os outros Cavaleiros
Sombrios também foram destituídos de suas patentes e Ross Croisman Azevedo decidiu se
submeter a Escola de Oficiais das Forças Armadas da Terra, tendo apoio de Gene Sisrac
para isso.

As coisas se apertaram, mas Stendart ainda acreditava que poderia sobreviver a mais esta
prova, só que não foi assim e o cerco se fechou.

Em sua sala, ele exigiu de ARES que se comunicasse com Victor Cambasi, agora
Confederado-mor da Confederação Galaxial. Então o sistema avisou:

- Projetando o Confederado-mor Victor Cambasi. – A imagem de Cambasi apareceu na frente


de Stendart, que foi logo exigindo:

- Você precisa mexer seus pauzinhos aí para que eu consiga ser inocentado aqui. Faça
alguma coisa, Cambasi. Se você está aí é graças a mim. – Cambasi parecia estudar o
enorme ser de terno alinhado, mas de corpo robusto que se realçava sob o terno. Então
falou:

- Sr. Stendart, como bem sabe a Confederação Galaxial é impedida de intervir em assuntos
de seus planetas-membros, conforme o Artigo 6 da Lei da Confederação Galaxial...

64
GALAXYA

- Dane-se essa maldita lei. – Stendart estava colerizado, fazendo parecer que seus músculos
rasgariam a camisa e o blazer de seu terno. – Você está aí por minha causa. Quando eu
quiser te tiro de seu cargo. – Cambasi deu um sorriso malicioso e falou:

- Você não tem mais alcance sobre mim, Stendart. Estou além de você. Sim, fiquei sabendo
das investigações a seu respeito e, como ato de boa-fé, sendo agora Confederado-mor da
Confederação Galaxial, entreguei conversas que tivemos no decorrer de meu tempo como
Confederado da Terra. Suas demandas, exigências, chantagens e ameaças.

“Antes de assumir este cargo que ocupo agora, fui à Terra dar meu testemunho mais do que
sincero de ter sido manipulado e usado por você, para que conseguisse o que desejava. A
SCO sabe de suas negociações ilegais com planetas que nem ela negocia, como Darkyan e
Prismus, principalmente este último, pois não apoia o governo totalitarista do Imperator de
Prismus. Para você estar assim, no mínimo, Ross Croisman Azevedo já deu o testemunho
dele, não é? Pois então, acabou para você, Stendart. Agora é sentar no chão e chorar. – E
Cambasi encerrou a comunicação, desaparecendo da frente de Stendart, que parecia
extremamente enfurecido, pegando sua gigantesca mesa com vários aparatos tecnológicos,
que deveria pesar uns quinhentos quilos, e jogando-a contra a janela reforçada de seu
escritório, fazendo um leve buraco nessa:

- Você acha que acabou? Eu digo quando acabou! ARES conecte-me com Domminon! – Após
alguns segundos, um enorme ser (maior que Stendart), de pele de um vermelho escurecido e
olhar frio, sem vida, surgiu na frente de Stendart. – Senhor Domminon, preciso de vossos
préstimos, novamente. – Com sua voz gutural, que parecia fazer estremecer o ambiente,
Domminon inquiriu:

- E o que tens a oferecer para Domminon, sokkear? Domminon já negocia convosco, sendo
que, não tens mais comprado de Domminon. Está ferindo nossas negociações, sokkear. –
Stendart temia Domminon e este gostava:

- Não, Senhor Domminon, nunca. O povo deste planeta está querendo me destruir, tirar
tudo de mim. Eles me barraram de fazer negócios contigo...

- Tu dizes a Domminon que este planeta insosso, ignóbil, de seres com corpulência
fragilizada, que Domminon não subjugaria nem que fossem os últimos de toda a
Grandiosidade, tem lhe embargado de negociar com Domminon? Este planeta insípido tem
capacidade de tal? Domminon não acredita nisso. Estás a ferir acordo com Domminon.

- Lhe juro que não, Senhor Domminon. Os moradores deste planeta Terra me
desarticularam completamente. Até mesmo o terrano que eu tinha a frente da Confederado
Galaxial deles se voltou contra mim. Então venho a ti pedir retaliação por isso.

- E que tipo de retaliação desejas, sokkear? A mesma que desejou para teu antigo planeta,
Sokkor? – Stendart pareceu pensar. Domminon disse que não submeteria os terranos e que
considera a Terra desprovida de interesse para ele. Mas, demonstrando aborrecimento,
Domminon esbravejou. – Ande, sokkear, Domminon não pode ficar preso aguardando
inquirimentos pessoais. Responda ou Domminon encerra contato.

- Sim! – Stendart colocou. – Faça o que fizeste com Sokkor. Este sistema estelar merece isso.
– Domminon olhou para Stendart com seus olhos pétreos e concluiu:

- Domminon está resolvendo assuntos bem distantes de onde estás. Domminon não tem
pressa, principalmente por não contar com apoio de Pokketor e Ykkamera, irmão e irmã de
Domminon. Se uns destes estivesse com Domminon, seria enviado para isso. Demorará,
mas Domminon realizará, mais uma vez, o seu desejo, sokkear. No próximo planeta que
habitares, tome logo o comando deste, assim Domminon não precisará se desgastar. – E
encerrou a comunicação com Stendart.

65
GALAXYA

No Galaxya, este entra em contato com Corr Sairy no interior de S.E. através de sua
diminuta figura:

- Interceptei um comunicado de Domminon com Stendart, na Terra.

- E aquele papo de não intervir? – Corr Sairy questionou e Galaxya respondeu:

- Acho que isso faça minha intervenção necessária. – E Galaxya passou a conversa de
ambos. Ao final, Corr Sairy inquiriu:

- Como conseguiu isso?

- Stendart e o Confederado-mor Victor Cambasi vêm mantendo contato constante. Hoje foi
mais um desses, mas não terminou como Stendart desejava, então achei melhor manter a
vigilância.

“Caso não saiba, Stendart é um sokkear, do planeta Sokkor, e ele foi o responsável pela
destruição do próprio planeta, por Domminon. Foi para a Terra e se tornou o
megaempresário que conheces. Agora, em provérbio terrano, a casa caiu definitivamente
para ele e decidiu fazer com a Terra o mesmo que fez com Sokkor”. – Então Corr Sairy disse:

- Não se pudermos evitar. Chama todos para o Testimonii, por favor. – E Galaxya colocou:

- Já chamei a todos. Até mesmo Stahirr. – Então Corr Sairy entrou no Galaxya e encontrou
com Luannia, que o esperava:

- Qual a urgência?

- Stendart deu a Terra para Domminon destruí-la! – Luannia se assustou com aquilo e,
assim que chegaram no Testimonii, Antares fez um questionamento semelhante:

- O que é tão importante, Corr Sairy. – Então este pediu para o Galaxya transmitir a
conversa entre Stendart e Domminon. Assim que terminou, Synn Tharra disse:

- Temos de fazer algo, urgente! – Marcelle foi mais trágica:

- Isso quer dizer que o sistema Solar vai ser destruído? O Observatório dos meus pais e tudo
o mais será destruído, totalmente? – Pum Riss a consolou e falou:

- O que podemos fazer, Corr Sairy? – Mas foi Stahirr quem falou:

- Vocês não podem fazer nada. Isso é interferir nas negociações de um planeta-membro.
Mesmo que este Stendart seja de outro planeta, ele adotou a Terra como seu planeta-natal e
está negociando...

- Com um pirata intergaláctico. – Corr Sairy interrompeu Stahirr. – Olha, eu não sei qual é a
sua, Stahirr, mas eu não vou ficar aqui sentado e vendo amigos meus serem mortos porque
um imbecil cansou do planeta em que vive e quer destruí-lo...

- E fará o que, Corr Sairy? Levará quantos mais à morte? Já esqueceste das perdas no
Combate de Volos? Quantos morreram por causa de vossa imprudência e desmando?
K’thryn Swiss e Megami Aryannin! E quantos mais você deseja que morram? Acredito que o
mais correto seja informar a Confederação Galaxial sobre isso e deixar que eles decidam. A
Terra e um planeta-membro da Confederação Galaxial, então cabe ao Confederado-mor, que
é um terrano, a decisão. – Corr Sairy ia esbravejar algo, mas foi intercalado por Antares:

- Galaxya, já providenciou a comunicação e a projeção para o Confederado-mor Victor


Cambasi? – O tecnoplaneta respondeu:

66
GALAXYA

- Com certeza, Antares. Ele já está ciente e preparará uma Assembleia Extraordinária neste
momento.

- Obrigado, Galaxya. Eu e Stahirr subiremos para assistir à Assembleia. – Stahirr pareceu


sorrir, mas Antares continuou. – Corr Sairy, se possível, avise a Jacqueline Dévero a
respeito disso e, de preferência, peça que organize o povo da Terra para uma evacuação
imediata do planeta. – Foi a vez de Corr Sairy sorrir. Stahirr ia demandar algo, mas Antares
concluiu. – Estamos subindo, pode continuar sem nossa presença. – E Antares saiu,
empurrando Stahirr com ele. Então Kotharyn falou:

- Eu pensei que seria sua vez de soca-lo, Corr Sairy. – E Corr Sairy sorriu:

- Não dessa vez, Grandão. Então. Celle, Estrelinha, eu sei que dói saber disso, mas preciso
de você concentrada em encontrar o planeta ideal para os terranos remanescentes. Pegue
todas as características da Terra, antes de ser como é, e busque o mais ideal, por favor. –
Então Synn Tharra interpôs:

- Queria avisar M-Kara e M-Karo. – Corr Sairy sorriu maliciosamente:

- Pode deixar que eu aviso aos pais deles. – Então se voltou para Kotharyn. – Kotharyn, eu
gostaria que você e... cadê Ortsac? Eu pensei que ele estivesse ao seu lado. – Então foi
Galaxya que falou:

- Ortsac está nos aposentos dele. Não está nada bem. Creio que seja resultado da
metamorfose que vem passando após o Eugnas Arreug.

- Há quanto tempo, Galaxya? – Corr Sairy inquiriu, então foi a vez de Kotharyn falar:

- Tem arrs que isso vem ocorrendo. Nem visitado os infantes ele tem ido. E sei disso, pois
tenho ido ver Aryannin, mas não tenho notado a presença dele. Nem no Hangar ele tem
aparecido. Tenho contado, bastante, com Ak Turrk, que se divide entre o hangar do
Confederação Galaxial e o nosso.

- Synn, sei que você tem cuidado do Scientia aqui. Tem como dar uma olhada no Ortsac? –
Corr Sairy pediu e continuou. – Kotharyn, então trabalhe você e Galaxya em melhores
formas para transportar mais de treze bilhões de terranos para fora do planeta Terra, pois
não quero deixar de fora nem prisioneiros, então terá de ter um ambiente de carceragem,
também. Pum Riss, quero que entre em contato com Le Pann e veja com ela contêineres
para armazenarmos de forma ideal tudo que temos nos museus e bibliotecas da Terra. Sei
que Phællans tem formas ideais de fazer isso, graças a você e ela. E fale com Lyn Xus que
precisaremos de muito soro da eternidade (tá, Celle, eu sei como se chama). Lu, entre em
contato com Hannia e veja com ela se tem como confeccionar as maiores Fendas
Hipertemporais que ela puder. Não será necessário leva-los até o planeta que Celle
encontrará, mas pelo menos que tire do alcance da explosão do sistema solar. – Então
Luannia implicou:

- Você, o abnegador das Fendas Hipertemporais? Pedindo para que minha irmã faça
maiores? – Corr Sairy sorriu:

- Tá, obrigado por me lembrar. – Então Marcelle indagou:

- E você, o que pretende fazer?

- Vou bolar um plano para, desta vez, capturar o maldito do Domminon. Mas antes vou
fazer o que Antares pediu e falar com Jackie. – Cientes de suas tarefas, todos saíram do
Testimonii.

Logo, Synn Tharra está de frente para a porta do aposento de Ortsac:

67
GALAXYA

- Ortsac, sou eu, Synn Tharra. Deixe-me entrar. – Mas não obteve resposta. Então a forma
humanoide de Galaxya apareceu ao lado de Synn Tharra, dando-lhe um susto:

- Se desejar posso esmaecer a parede do aposento. – Ela então concordou com a cabeça e
Galaxya o fez. O quarto estava sobre um breu intenso, somente possibilitando ver a grande
silhueta de Ortsac:

- Ortsac, olha para cá. – Então Ortsac olhou na direção de Synn Tharra e percebeu que sua
parede desaparecera:

- O que está ocorrendo? – Sua voz parecia gutural e, mesmo sobre um breu tão escuro,
pode-se ver seu pesado corpo atingir o piso do aposento. Então o interior ficou sobre meia-
luz, pois parecia incomodar Ortsac, e Synn Tharra pode ver o tamanho do darkyani:

- O que aconteceu contigo? – Ela se assustou, pois do ombro de Ortsac saíam


protuberâncias cinzentas que se assemelhavam a pedra lapidada. Seu corpo ficara
descomunalmente grande, e espinhos grandes e pontiagudos surgiram em toda a extensão
de suas costas até a cauda, que terminava com um ferrão ameaçador. Então Synn Tharra
ouviu uma voz ao seu lado:

- É o espírito do Redíl e todos que ele devorara. – Quando olhou, lá estava Oiluj Ariexiet. –
Creio que nunca viste o Redíl, não é? – Synn Tharra assentiu. – Então, ele era, mais ou
menos, assim. Era assustador e ameaçador. Enfrentá-lo, para todos os darkyanis, era como
enfrentar a própria morte. Todo sabiam disso, mesmo que tentassem.

“No Eugnas Arreug, sempre ao final do combate, depois de devorar o coração do


combatente, Redíl se tornava mais forte, mais ágil e mais ameaçador. Só que seu tamanho
também era uma desvantagem, pois os outros eram mais furtivos que ele. Então, antes que
fosse derrotado por qualquer um desses, ele decidiu equipar o oãrref com uma lâmina.
Assim, mesmo que seu adversário usasse uma armadura, ele conseguiria penetrá-la e, além
de sua cauda tornar-se perfurante, ela ganhou a habilidade de cortar, ou seja, além matar,
ele impossibilitava que qualquer osocileb ou asocileb surrupiasse o coração de seu inimigo e
ficasse mais forte do que ele. Lógico que isso também é trapacear, pois as únicas armas
permitidas no Eugnas Arreug eram as que se porta em punho. O oãrref não deveria ser
usado contra outro darkyani, somente contra inimigos, mas quem falaria isso para o Redíl,
sem ser morto por ele”.

- Você conhece bastante sobre o assunto, Oiluj. – Disse Synn Tharra.

- Sim. Fui preparado para ser abircse, então a história do meu povo era algo que eu amava
ler. Até saber como éramos tratados e aparecer a vaga para me tornar um Galaxya praesul.
Não pensei duas vezes, pois sabia que entre vocês vivia Ortsac Searamiug. – Synn Tharra
sorriu e perguntou:

- O que podemos fazer por ele? – Mas foi a voz gutural de Ortsac que se ouviu:

- Nada podes fazer, Synn Tharra. O mais correto seria eu ir para Darkyan e ser desafiado no
Eugnas Arreug, mas dificilmente eu seria derrotado, pois tenho em mim a alma ardil de
Redíl. Pode ser difícil de entender...

- Não, não é difícil, Ortsac, mas precisamos ajuda-lo de alguma forma. – Synn Tharra o
interrompeu. – Você não pode ficar assim. Se você fosse para Darkyan...

- Corromperei tudo o que acredito. – Foi a vez de Ortsac interrompeu Synn Tharra. – O que
fiz, foi por K’thryn. Vê-la naquele estado, deflagrada por Redíl, me ensandeceu e agi por
instinto, aproveitando o treinamento que tive com K’thryn, Kotharyn e H-Glorr. Sabes do
que falo, pois tiveste, também, ambos. – Ortsac apontou para Synn Tharra e Oiluj. – A única
forma de acabar com isso, seria arrancando meu coração de mim e queimando-o, junto com

68
GALAXYA

aquilo – E Ortsac mostrou o resto do coração do Redíl em um invólucro –, mas meu corpo
não me permitiria fazê-lo. – Synn Tharra compadeceu-se do amigo:

- Não pense assim, Ortsac. Encontraremos uma solução para isso. Galaxya! – E Galaxya
cobriu a parede novamente, enquanto Synn Tharra voltava pro Scientia, deixando Oiluj só,
ali.

No interior de S.E., Corr Sairy estabelecia contato com a Terra e Jacqueline aparecia na sua
frente:

- Fala gatão! – Implicou Jacqueline, depois fingiu preocupação. – Opa, foi mal, sua esposa tá
aí?

- Muito engraçada! Deixando as brincadeiras de lado, tenho um assunto muito sério para
lhe falar e o tempo está correndo. – Então surgiram Gene, Ross, Ricardo e Jonas. – A família
toda reunida? Que bom, assim ficam todos avisados. – Mas antes de Corr Sairy falar, Gene
dá a novidade:

- Ross conseguiu a patente de capitão. Agora por esforço próprio! – Corr Sairy sorriu:

- Parabéns, Capitão Azevedo. Mas eu preciso lhes dizer que Stendart acabou de negociar
com Domminon a destruição da Terra. – Aquilo caiu como uma bomba entre todos:

- Do que você está falando? – Jacqueline demonstrou nervosismo.

- Temos que impedi-lo disso. – Ross ressaltou. Mas Corr Sairy rechaçou:

- Esquece. Ele já fez.

- Como você tomou ciência disso? – Gene inquiriu.

- Galaxya interceptou uma comunicação de Stendart com Domminon, após ele ter
conversado com Victor Cambasi e este ter-lhe dado um pé na bunda.

- E o que podemos fazer agora? – Foi a vez de Jonas questionar. – Tem que ter algo que
possamos fazer?

- Sim, tem Jonas. Jackie, entre em contato com a SCO e faça uma conferência emergencial.
Galaxya já passou para vocês a projeção de Stendart conversando com Domminon. Se
houver dúvidas quanto a ameaça de Domminon, S.E. está enviando todos os dados a
respeito da belonave dele e a projeção da explosão de Volos.

- Já chegou à projeção de Stendart. – Ouviu-se a voz de Gene, que não aparecia mais na
projeção. Então, taciturna, Jacqueline disse:

- E a Confederação Galaxial? Qual a posição dela quanto a isso?

- Neste momento Antares está em uma Assembleia Extraordinária da Confederação


Galaxial. Esperemos que o Confederado-mor Victor Cambasi aja, mas não sei se todos
concordarão, já que ele atou as mãos quanto Volos. – Gene surgiu, com lágrimas nos olhos:

- Como ele pode fazer isso? – Então Ricardo falou:

- Acabei de falar com Skill, ele pediu para entrar em contato com ele, Corr Sairy.

- Obrigado, Ricardo. – Então se voltou para Jacqueline. – Jackie, este é um momento


crucial. Não adianta ficar nervosa e tentar qualquer coisa contra Stendart. A melhor forma é
negligenciá-lo. Deixá-lo isolado. Entenda, ele não pode saber do que planejamos.

69
GALAXYA

- E o que planejamos? – Jonas perguntou e Jacqueline respondeu, séria:

- Evacuação total! – Então voltou para Corr Sairy. – Mas não temos veículo e expertise para
efetuar a construção de arcas o suficiente...

- Está tudo na incumbência de Kotharyn, Ortsac e Galaxya...

- Não podemos contar com Ortsac. Synn Tharra acabou de vê-lo e a situação é complicada.
– Galaxya o interrompeu.

- Mas podemos contar contigo e Kotharyn? – Gene perguntou.

- Logicamente, Tenente-coronel Gene Sisrac. – Galaxya respondeu. Corr Sairy continuou:

- Pum Riss está contactando Le Pann e Lyn Xus. Então contêineres serão enviados à Terra
para carregar tudo que estiver nos museus e bibliotecas. Não podemos deixar a história da
Terra para trás. Lyn Xus deverá providenciar um suprimento de soro da eternidade para
todos. Luannia vai entrar em contato com Hannia para providenciar Fendas Hipertemporais
grandes o suficiente para as arcas passarem, enquanto Marcelle está procurando um novo
planeta. – Então Corr Sairy, vendo o rosto sorumbático de Jacqueline, tentou acalmá-la. –
Jackie, volto a falar, o momento e de reflexão e concentração no foco certo. Ignore Stendart!
Não faça nada, pois ele já cavou essa cova. Fazer algo contra ele só vai atrasar tudo.

- Corr Sairy tem toda a razão, Jacqueline. Também não gosto dessa situação, mas temos de
ser práticos. – Disse Gene, enxugando os olhos. – Ele é um monstro e... Espere aí, onde está
Ross? – Aquilo despertou Jacqueline, pois viu todos desesperados procurando Ross e então
falou:

- Tenho que interromper, Corr Sairy. Ross deve ter ido fazer besteira.

Na Terra, Ross vestiu seu traje de Arcanjo Sombrio e foi na direção do edifício da Piel Green
Empreendimentos, em Nova York. Mas terminou sendo alcançado por Gene no traje Ávatar:

- Pare, o que pensa que está fazendo?

- Dando fim àquele monstro? – A voz de Ross soava encolerizada sobre a máscara que
escondia suas feições. Então Gene tentou negociar:

- Pense um pouco. De que vai adiantar isso? Ele já fez. Nos entregou de bandeja para um
dos maiores monstros intergalácticos. Nós vimos o que ocorreu com Volos. Temos de pensar
na praticidade da situação, Ross, e eu preciso de sua ajuda nisso, mais do que nunca.

“Se você for até lá e prendê-lo ou mesmo fazer algo que poderia se arrepender depois,
somente atrasará o que temos que fazer agora. Você é tão inteligente e esperto quanto eu
para saber que estou certa no que falo”. – Ambos flutuavam sobre o Oceano Atlântico,
abaixo da percepção de qualquer radar e sem obstruírem a passagem de veículo. Ross
pareceu pensar sobre o que Gene falou e respondeu:

- Eu mais esperto e inteligente que você? Você me bajulando é horrível, Gene. – E riu, se
aproximando dela e tocando as testas. – Eu perdi a cabeça na hora que vi aquela projeção.
Stendart me enganou e me manipulou por séculos. Agora, somente porque foi pego, decide
que tem de dar a cartada final. Ele não pode dar esse Xeque-mate.

- E não dará. Nós estamos passos à frente dele nessa. Vamos agira na surdina, como Corr
Sairy disse. – E ambos começaram a retornar para Vitória:

- Caramba, eu fui feito do mesmo jeito que você, mas você continua se saindo bem melhor
que eu.

70
GALAXYA

- É a vantagem de ser a mais velha nessa relação.

Já no Galaxya, enquanto Corr Sairy pensava consigo mesmo, Galaxya o chamou:

- Você precisa entrar agora! – O imediatismo de Galaxya parecia desesperado e Corr Sairy
correu do S.E. e entrou no Galaxya, vendo Synn Tharra na porta do alojamento de Ortsac,
com lágrimas nos olhos. Marcelle e Pum Riss chegaram momentos depois e se assustaram,
também com o que virão. Quando Corr Sairy chegou ao local, estava que parecia um
abatedouro e, em um canto, com as mãos ensanguentadas, segurando em uma mão um
punhal e no outro um enorme coração, estava Oiluj. Quando Corr Sairy olhou para o lado
do rapaz, viu o corpo de Ortsac com o tórax aberto:

- Galaxya, o que aconteceu aqui? – O tecnoplaneta estava silencioso. Naquele momento


Kotharyn também chegou e ficou logo encolerizado. Corr Sairy tentou segurá-lo. – Não
Kotharyn, não faça nada que possa se arrepender depois.

- O maldito matou Ortsac! – Kotharyn disse, e Oiluj pareceu despertar de um transe e


percebeu o punhal e o coração nas mãos, largou-os no mesmo momento. Então Corr Sairy
se virou para o rapaz:

- Oiluj, o que ocorreu aqui? – A voz do jovem darkyani estava trêmula e chorosa:

- Eu, eu não tenho certeza. Senhor Ortsac Searamiug me pediu para entrar em vosso
aposento e o fiz. Conversávamos sobre o onretap dele, como era um magnífico abircse.
Então me mostrou a coleção de armas perfurantes da Senhora K’thryn Swiss. Sua voz
parecia sedutora e hipnotizante. Ele, ele disse para eu enfiar aquela adaga em teu peito e eu
obedeci. Daí, daí ele disse para eu arrancar-lhe o coração e eu o fiz. Então, então eu parei de
ouvi-lo na minha cabeça e, quando acordei, com a voz do Senhor Kotharyn, isso estava
assim. O que, o que foi que eu fiz? – E começou a chorar. Naquele momento, Antares
apareceu e sua face voltou a perder o brilho vermelho intenso:

- Como isso pode ter acontecido? – Antares inquiriu. – Galaxya, como pôde permitir isso? –
O silêncio sepulcral do Galaxya era estranho. Kotharyn ainda estava nervoso, as meninas
estavam perplexas. Luannia chegou, sorrindo, pois havia visto os sobrinhos-afilhados, mas
tomou um grande susto com aquilo. Corr Sairy tentou manter a calma e falou:

- Kotharyn, me ajude com o corpo de Ortsac. – Stahirr ia falar algo e, por um instante Corr
Sairy perdeu a calma. – Cale essa maldita boca! Não diga nada que possa se arrepender. –
Stahirr não disse nada. Kotharyn encarava o jovem no canto, enfurecido e pegou o corpo de
Ortsac nos ombros. Corr Sairy, calmamente, lhe disse. – Não saia daí, Oiluj – Kotharyn o
chutou – Kotharyn! – Corr Sairy gritou com o krarrashin. Os dois saíram do aposento e
carregaram o corpo de Ortsac até o Scientia, onde estavam Maya e Mazhurpa de Krarrash,
cuidando dos filhos de K’thryn e Ortsac e de Aryannin, que se assustaram com aquilo:

- Ele não está mais vivo, infelizmente. Só peço fechem o tórax dele, por favor. – Corr Sairy
disse, de forma soturna. E voltou com Kotharyn para o local, onde Stahirr esbravejava com
Antares:

- É necessário que este garoto seja responsabilizado por este assassinato, Antares. É um
absurdo lidar com uma situação dessas de forma tão branda. Corr Sairy...

- O que tem eu? – Corr Sairy surgiu atrás de Stahirr que se virou e falou com ele:

- Tu não és o líder deste grupo e nem de longe és o responsável por estes meninos. Disseste
que estava aposentado e, agora, vem assumindo postos de liderança. Dê lugar aos
verdadeiros ajuizados disso. – Corr Sairy olhou para Stahirr e deu dois passos para trás.
Suas mãos e seu traje estavam cobertos do visco de Ortsac, bem como o corredor por onde
ele e Kotharyn haviam passado. Após se afastar e olhar para as mãos, sujas do visco de
Ortsac, ele falou:

71
GALAXYA

- Está bem, Stahirr. Você quer assumir, assuma! – O thritannis parecia contente e se virou
para Antares que, olhou para Corr Sairy e inquiriu:

- O que faremos agora? – Aquilo arrasou com Stahirr. Corr Sairy então se aproximou e o
empurrou, quase fazendo-o cair e entrou no aposento. O jovem Oiluj estava paralisado:

- Ninguém vai fazer nada para você. – E tocou com a mão suja no ombro do rapaz que o
olhou com os olhos embaçados de lágrimas. – Galaxya, só quero entender o que ocorreu, por
isso, se possível, esmaeça a parede para todos verem e projete o que aconteceu. – Sem falar
nada, Galaxya fez o que lhe foi pedido e o interior do quarto apareceu como se Corr Sairy
estivesse participando daquilo:

- “Sejas bem-vindo ao meu aposento!” – Todos ouviram Ortsac falar, ao verem Oiluj
entrando. – “Aspectos dele têm mais características de K’thryn do que as minhas. Sabes
como é, se não és um osocileb ou uma asocileb, seus aposentos são bem humildes”.

- “Então esta é a aparência de um aposento em Dharkyens?” – Questionou o desorientado


Oiluj, no que Ortsac logo respondeu:

- “Sim. Lá elas são todas tratadas com respeito. Não diferenciam ninguém, pelo contrário,
valorizam a todas. Assim, como sou um darkyani, meu acesso foi restrito a uma cela, no
começo. Mas, dessa última vez que fui lá, fiquei perplexo como elas são acolhedoras”.

- “Bem, eu não me senti assim”. – Oiluj disse, encabulado. – “Elas me pareciam


ameaçadoras”.

- “Como eu lhe disse, é porque tens a aparência do inimigo. Mas depois que elas o
conhecerem, saberão que és um jovem darkyani decente”. – Então Oiluj reparou que havia
uma projeção do onretap, da anretam e do onretarf de Ortsac:

- “Seu onretap era o mais abircse que eu li. Sinto muito pelo que ocorreu a ela e vossa
anretam”.

- “Você leu os escritos de meu onretap?” – Ortsac parecia admirado, e Oiluj respondeu:

- “Lógico. É como ser um ocinâcem. Você precisa saber tudo sobre seus antecessores para
ser uma melhor. O seu onretap é expert em detalhes, esmiuçando tudo que ocorria em
Darkyan nos últimos tempos. Ele narra a ascensão do Redíl com uma precisão incrível.
Parecia que eu estava vendo tudo”. – Ortsac sorriu, então disse:

- “Ele foi um grande orientador para mim. Bem como meu onretarf. Minhas anretam já não
gostava muito de mim, pois eu era um ‘mão suja’, ‘vestidor de trapos’, ...”

- “Amante de máquinas”. – Completou Oiluj. – “Já ouvi todos esses”.

- “Então, só descobri o que é ser respeitado quando conheci K’thryn. Ela foi minha luz na
escuridão profunda. E vê-la se aniquilada daquele jeito, foi medonho”. – Oiluj curvou a
cabeça:

- “Eu sinto muito pelo Senhor, Senhor Ortsac”. – Então uma projeção da forma humanoide
de Galaxya apareceu:

- “Ortsac, sei que está ocupado com este jovem, mas...”

- “Relaxe, Galaxya!” – O tom da voz de Ortsac pareceu mudar e a forma humanoide de


Galaxya, simplesmente, sentou-se na cama. Ortsac percebeu àquilo e voltou a falar. – “Nos
deixe sozinhos, sem interrupções” – E Galaxya se desfez, desaparecendo do aposento. Corr
Sairy e todos observavam e ouviam com atenção. Então mantendo o tom de voz que usara

72
GALAXYA

com Galaxya, Ortsac disse. – “Vê aquilo, são o que K’thryn chama de adagas e punhais. Tem
formatos diferentes e variados. Pir exemplo, pegue essa de cabo avermelhado” – e Oiluj a
pegou, como se guiado àquilo – “Percebe a curva da lâmina para dentro, K’thryn me dizia
que era assim para facilitar o corte, funcionando como uma tesoura. Você a penetra no meu
tórax” – E o rapaz atingiu o centro do peito de Ortsac com grande ferocidade e este fez um
semblante de dor, mas continuou com a voz como se sentisse uma grande dor. – “vai
descendo de forma precisa e abrindo o meu tórax, bem como cortando a membrana que
fecha minhas costelas sobre o coração. Isso lhe dá possiblidade de acessar minha caixa
torácica e retirar meu coração de seu interior”. – E Oiluj fez o que Ortsac lhe pediu,
cortando as aortas que ligavam o coração ao corpo e retirando do interior. Então o corpo de
Ortsac caiu, desvanecido e o jovem Oiluj ficou inerte, com o punhal em uma mão e o grande
coração em outra, até que Corr Sairy chegou:

- Pode interromper, Galaxya. – Corr Sairy pediu e quando a projeção se encerrou, ele se
direcionou ao tecnoplaneta. – Acho melhor não usar essa sua forma humanoide, nunca
mais. Você pode ser manipulado nela.

- Acredito que sim. – Galaxya, finalmente respondeu. Então, segurou no braço do jovem
Oiluj e o ergueu, levando-o até Synn Tharra:

- Synn, cuide dele, por favor. – Synn Tharra concordou com a cabeça e todos viram os dois
se retirando, então Kotharyn disse:

- Por que ele fez isso? – Foi a vez de Antares falar:

- Porque ele não desejava ser como Redíl, que era quem ele estava se tornando. – Ainda
perplexa, Luannia argumentou:

- Como ele conseguiu manipular Galaxya e Oiluj? Isso é normal? – Então foi a vez de Pum
Riss se manifestar:

- Existem relatos de que houveram Redíl com essa capacidade, mas isso fora a muitos k-
rarrs atrás. Se não me engano, o último Redíl com este dom fez seus inimigos se estriparem.

- Nossa, que medonho! – Exclamou Marcelle.

- E o que faremos com o pobre rapaz? – Kotharyn inquiriu e Stahirr interpôs:

- Prendê-lo. – No seu tom de voz monotônico, Antares requisitou:

- E por que faríamos isso Stahirr? – Corr Sairy nem esperou a resposta:

- Sério, Antares, eu não sei por que esse thritannis ainda está aqui. Faça um favor para
todos nós e manda ele de volta para Thritann. – E se retirou, sendo seguido por todos os
outros, com exceção de Antares e Stahirr:

- Aguardo sua resposta. – Antares requiriu e, tentando parecer apaziguador, Stahirr disse:

- Antares, não percebe o que está ocorrendo aqui? Corr Sairy está manipulando você e todos
os outros ao bel prazer dele. Ele fala e todos fazem o que ele quer.

“Se ele não tivesse feito aquela missão para Crisyen, hoje estaríamos aqui com Aryannin e
K’thryn Swiss, além do darkyani, Ortsac Searamiug. Você está sendo totalmente
manipulado por ele. Agora esse negócio de resgatar a Terra. Você ouviu o que a
Confederação Galaxial ponderou. Eles não podem intervir.

- Sim, e se planetas-membros desejarem, poderão ajudar. – Antares colocou.

73
GALAXYA

- Exato. Mas tudo ainda é incerto, foi uma comunicação vaga. Pode ser que leve vários k-
rarrs para Domminon fazer algo...

- Como pode levar poucos arrs para acontecer. Este é o conceito de ambiguidade, Stahirr. O
problema é que, tanto na situação de Volos como na Terra, nós todos temos interesse. –
Antares completou.

- E que interesse tu terias na Terra, Antares? Sim, é um planeta que nos abastece a
Confederação Galaxial com os chips neurais, mas tirando isso, o que mais tem de
interessante?

- Amigos! Na Terra eu tenho vários amigos. Pessoas que conheci e me apeguei,


principalmente Jonas Sisrac. Antares fez uma pausa e ponderou. – E, do jeito que falas,
pareces desejar que a Terra finde.

- Logicamente que não. Como eu bem lhe disse, a Terra nos fornece os chips neurais. O fim
dela seria um desastre para a Confederação Galaxial e sua busca por ampliação. O que
dizer é para que deixem os planetas-membros assumam essa contenda. Não cabe a nós nos
envolvermos. – Argumentou Stahirr.

- Mas cabe sim. Se meu argumento quanto aos meus amigos não lhe convencera, deixo-lhe,
novamente, claro que temos direito a ajudar qualquer planeta que clamar nossa ajuda,
como é o caso da Terra.

- Não recebemos esse pedido do Secretário-geral da Terra, que é o governante do planeta.

- O pedido pode vir de um membro de um planeta-membro, como no caso da Tenente-


coronel Jacqueline Dévero, que além de uma oficial de patente alta no planeta Terra é a
Diretora-Executiva das Corporações Dévero, uma das maiores corporações da Terra, que
auxilia a Ordem da Composição Solar. – Antares ia saindo, quando retornou e concluiu. –
Ah, e quanto ao Corr Sairy me manipular, existe um ledo engano em vossa fala, pois desde
que me tornei Guardião dele, instituído pela Confederação Galaxial, nunca me senti tão livre
para expressar-me. Ouço Corr Sairy devido sua calma e atenção que dá aos detalhes. Se
não percebeu ainda isso, deveria deixar as reclamações de lado e dar mais atenção. E o
jovem Oiluj Ariexiet não será encarcerado, pois ele foi manipulado e induzido aos atos que
cometeu e, como não é algo que ocorreu no Galaxya, resolveremos ao nosso modo. – E saiu,
deixando Stahirr no corredor.

O Galaxya, então, chamou a todos para comparecerem ao Testimonii:

- Obrigado a todos por terem vindo tão brevemente. Seguindo o conselho de Corr Sairy, não
mais farei uso de minha forma humanoide, não quero ser novamente manipulado como
ocorrera. Em minha forma onipresente, creio ser mais difícil isso ocorrer.

“Adiante, Ortsac Searamiug vinha gravando um diário de seu desenvolvimento e, antes de


Synn Tharra e Oiluj Ariexiet chegarem ao seu aposento, ele gravou isso”. – Um quase
irreconhecível Ortsac surgiu na frente de todos, dizendo:

- “Então, mais um ciclo, e meu corpo muda constantemente, cada vez mais me deixando
semelhante ao Redíl. Creio estar enlouquecendo, pois ouço a voz dele em minha cabeça,
tentando me influenciar. Ele pede que eu retorne a Darkyan e aceite desafios para o Eugnas
Arreug. Não sou eu quem deseja isso, é ele. Eu nunca combateria um outro darkyani
somente para me alimentar de sua força. Isso é errado.

“O mais estranho é que eu não ouço somente ele, mas outros Redíl. Eles têm uma segue
pelo visco corpóreo darkyani incomensurável. Eu preciso me livrar disso, mas não sei como.
Tenho de me livrar daquilo” – ele apontou para o coração mordido do Redíl –, “mas não sei
como. Se eu tentar fazer por mim mesmo, Redíl não permitirá. Tenho certeza disso. Ele ou
os outros não permitirão um ato de desonra ao que eles eram.

74
GALAXYA

“Sinceramente, não me importo mais com Darkyan. Eles me tiraram tudo! Meu onretarf
Ledif Solrac, foi massacrado por Redíl. Minha anretam Atram Solpmac e meu onretap Onerb
Ohlavrac foram sacrificados por causa do meu Otneminab Osornosed. E Redíl tirou a
pessoa que mais significou para mim o que posso chamar de amo, K’thryn.

“Sim, eu os culpo! Você fez isso, mas eu culpo todos, pois aceitavam a sua insanidade e
beligerância”. – Ele parecia falar consigo mesmo, mas voltou a falar para a filmagem. –
“Preciso me livrar disso. Preciso queimar tudo! Mas como farei isso? Se eu for a Darkyan e
deixar outro me vencer (creio que isso Redíl permitiria), alguém mais forte do que eu fui, ele
tomará meu coração e o devorará, continuando essa alheação. Eu preciso...” – A projeção se
encerrou e Galaxya voltou a falar:

- Neste momento, Synn Tharra chegou e logo depois Oiluj Ariexiet.

- Ele estava enlouquecendo? – Kotharyn questionou, mas Synn Tharra explicou:

- Não, Kotharyn. Quando ouvi falar sobre o Eugnas Arreug, decidi pesquisar no Libri sobre o
assunto e, aparentemente, de acordo com os sabircse de Darkyan, todo Redíl tem em sua
consciência algo como o espírito de seu antecessor e dos antecessores a ele, eles chamam de
aicnêicsinmo. Alguns relatavam que a insanidade beligerante do Redíl era devida a essa
legião lhe falando como agir. Um dos sabircse mais antigos, Cire Hcolb, em uma época em
que os serodaruc eram consultados, entrevistou a arodaruc Einalem Sniklac, que lhe
explicou sobre a aicnêicsinmo do Redíl e explicitou que se ele buscasse um equilíbrio em
seu âmago, conseguiria controlar todas as vozes que ouvia (foi a forma como ela falou). Caso
não o fizesse, a aicnêicsinmo dele causaria, cada vez mais, insanidade e vilania. Lógico que,
assim que o artigo foi publicado, Cire Hcolb e Einalem Sniklac que, por sinal, eram casados,
foram calcinados em sua morada...

- E desde então um abircse poderia falar da aicnêicsinmo do Redíl, mas um rodaruc ou uma
arodaruc não poderiam especular sobre o assunto. – Completou Pum Riss.

- Então ele agiu no improviso. – Corr Sairy argumentou. – Quando percebeu que pôde
manipular Galaxya, percebeu que poderia fazer o mesmo com o garoto. Em falar nisso,
como ele está, Synn Tharra? – Mas antes que a resposta fosse respondida, Galaxya disse:

- Antares, Mitir B’trixx Tvokk lhe deseja falar. – Corr Sairy indagou:

- Você contatou Mitir B’trixx Tvokk?

- Logicamente. Ele está na governança de Dharkyens e, como todos ouvimos, Ortsac é do


seio familiar de Mitir K’roll Swiss. Na verdade, eu desejava falar com ela, mas
aparentemente Mitir B’trixx Tvokk que saber sobre o assunto antes. – Então se voltou ao
Galaxya. – Pode projetar, Galaxya! – E B’trixx apareceu na frente de Antares, exigindo:

- Queremos o culpado disso, Antares. Ortsac Searamiug em o storgí de K’thryn Swiss. Ele
não pode ser destituído de sua vida assim. Mitir K’roll Swiss exigiria justiça da forma
correta.

- Concordo contigo, Mitir B’trixx Tvokk, mas antes preciso esclarecer-lhe o que ocorrera. –
Então Antares explicou toda a situação para B’trixx que, por conhecer Antares de sua época
como representante de Dharkyens, confio no que ele disse, então falou:

- É bem mais complexo do que eu imaginei. Conhecíamos sobre os relatos que mencionará
dessa consciência coletiva (a palavra darkyani é muito complicada) do Redíl. Agora entendo
porque desejas falar diretamente com Mitir K’roll Swiss. De fato, tentei contato com ela
antes de falar convosco, mas não consegui. Ela teria sapiência o suficiente para solucionar
isso.

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GALAXYA

- De fato, mas se ela lhe escolheu é porque tinha ciência de sua competência. O que venho a
questionar se refere às crias de Ortsac Searamiug e K’thryn Swiss, pois se nos permitir,
cuidaremos e criaremos ambos da mesma forma que seus genitores fariam. – B’trixx
pareceu refletir sobre o que Antares falara, então respondeu:

- Podes ficar com as crias. Somente lhes peço que os conscientizem sobre seus genitores.
Peço que, se possível, nos enviem o corpo de Ortsac Searamiug, pois ele merece ser
dignificado por ter sido storgí de K’thryn Swiss e por tê-la honrado em vida.

- Faremos mais do que isso, pois Ortsac Searamiug era um companheiro nosso. Iremos com
ele para prestar as devidas homenagens. – Antares se prontificou.

- Todos vocês sempre serão muito bem-vindos à Dharkyens. Somente peço que não tragam
o jovem darkyani. Minhas Irmãs podem achar ofensivo ver o assassino do storgí de K’thryn
Swiss convosco. – B’trixx requiriu e Antares consentiu com a cabeça, encerrando a
transmissão. Corr Sairy então se pronunciou:

- Eu até entendo o que Mitir B’trixx diz, mas não acho justo. Ortsac era um exemplo para
Oiluj. O garoto o admirava.

- Compreendo o que dizes, Corr Sairy, mas é necessário seguirmos essas diretrizes. Synn
Tharra, peço que prepare o corpo de Ortsac Searamiug para levarmos...

- Ele irá comigo no interior de S.E. – Corr Sairy se prontificou e Antares concordou.

Quando se reuniram no Hangar, todos repararam que Antares carregava dois invólucros:

- O coração de Redíl e de Ortsac! – Falou Luannia. – Pretende deixa-las queimá-los na


mesma pira, Antares?

- Acredito que seja o correto. – Antares argumentou, mas Luannia continuou:

- Bem, então você não entende muito de cerimônias fúnebres. Acredito que elas possam
aceitar colocar o coração de Ortsac na mesma pira. Até mesmo inseri-lo de volta em seu
tórax, mas o coração de Redíl? Por mim, eu faria uma fogueirinha e deixava queimar.

- Por que dizes isso? – Antares inquiriu, mas foi Pum Riss que respondeu:

- Porque não existe honra em abrasar o coração de quem assassinou K’thryn Swiss. Na
verdade, não acredito que aja honra em nenhuma parte do coração do Redíl. Eras de uma
consciência coletiva vilipendiosa.

- Posso? – Synn Tharra pediu. Antares olhou para ela e entregou o coração de Redíl em suas
mãos. – Galaxya, transfira para o interior de Vertus. – E o coração de Redíl sumiu.

- Por que fizeste isso? – Antares parecia intrigado e Synn Tharra falou:

- Porque é o máximo que ele merece. Agora acho melhor irmos.

S.E. e uma satisphæra partiram do interior do Galaxya e, em pouco tempo, já estavam em


Dharkyens. Não houve uma cerimônia semelhante para Ortsac e a pira em que seu ataúde
foi colocado era menor, mas isso se devia a ele não ser um dharkyensi e, mesmo sendo
considerado do seio familiar de K’roll, não era honrado com nenhuma titulaturas.

Seu coração foi colocado junto com seu enorme corpo em um esquife e, como antes, ao final
da queima da pira, somente restavam cinzas, que foram unidas na mesma urna de K’thryn
Swiss:

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GALAXYA

- Que eles aqui descansem, unidos para todos sempre! – Mencionou B’trixx e entregou-a nas
mãos de Antares. – Peço que leve para o Galaxya, pois foi lá que eles ficaram unidos por
mais tempo. – Consentindo, Antares tomou a urna nas mãos.

Quando Corr Sairy e Luannia retornam para o interior de S.E., veem Oiluj com lágrimas nos
olhos:

- Obrigado, senhor Corr Sairy e senhora Luannia, por isso. Agradeço a ti também, S.E. –
Logo depois, Antares aparece à porta, assustando a todos:

- Imaginei que foste fazer algo assim. Espero que tenha gostado da cerimônia, Oiluj Ariexiet.
– Então estendeu a urna para o jovem darkyani. – Tome, leve-a consigo e coloque-a no
alojamento deles, onde deverá ficar. – Corr Sairy e Luannia se entreolharam e sorriram.
Oiluj então falou:

- Obrigado por tal honraria, Senhor Antares! – Antares voltou para a satisphæra e todos
voltaram para o Galaxya.

O que se passou em seguida foi o preparo para os terranos não serem totalmente destruídos
por Domminon:

- Queria ter feito isso por Volos e Aryannin. – Kotharyn chegou a falar com seus ajudantes
na construção das arcas que serviriam como transporte para os terranos.

Comunicações e contatos constantes eram estabelecidos com o Galaxya, sendo o primeiro


de Jacqueline, ao lado do Secretário-Geral Adofo Mensah:

- É um enorme prazer poder falar contigo, Secretário-Geral da Terra Adofo Mensah. –


Cumprimentou Antares. – Creio que esteja totalmente ciente do que está acontecendo.

- Sim, Antares, mas acho deveras precipitado algo tão emergente. Podemos prender
Stendart e obriga-lo...

- Secretário-geral? Tudo certo, aqui é Corr Sairy, ex-Coronel Rodrigo Scandian da Terra,
codinome Corsário (sim, sei que é parecido). – Corr Sairy interrompeu o Secretário-geral,
sorrindo e continuou. – Então, sabe o que rolou com o sistema Volos, não? – o Secretário-
geral ia falar algo, mas Corr Sairy interpôs novamente. – A pergunta foi redundante, mas
essa é sincera, você quer que aconteça com a SCO o mesmo que ocorreu com o sistema
Volos? – O Secretário-geral nada disse. – Pois então, nada é precipitado ou emergente
demais. Se vocês se preocuparem em prender Stendart e obriga-lo a pedir que Domminon
não destrua o seu sistema solar, sabe o que acontecerá? Domminon fará isso simplesmente
por prazer. Ele não desejava escravizar volosis, ele não desejava tomar posse dos bens dos
volosis, ele só queria destruir o sistema Volos, por simples prazer. Se acha que estou sendo
exagerado, veja isso. – Então surgiu uma projeção de uma enorme figura feminina, de pele
arroxeada, com feições semelhantes à de Domminon:

- “Qual teu nome?” – A figura feminina sorriu:

- “Sou Ykkamera, irmã de Domminon, que destruirá a todos vocês por isso”. – Mas a
entrevista continuou:

- “Por que destruíste o sistema Volos?” – Ela sorriu, novamente:

- “Porque Domminon estava cansado daquele povo desmedrado. A aborrecível deusa deles,
por vezes, foi irritante e prejudicial às nossas ações. Mereciam aquilo, como vocês também
merecerão”.

- “Mas ele sacrificou o próprio irmão para isso!” – Ela foi questionada, mas não aparentou
gostar:

77
GALAXYA

- “Pokketor era irmão de Domminon. Domminon é absoluto e Pokketor era irrelevante, como
Ykkamera também é. Pokketor feneceu honradamente por Domminon, como Ykkamera
também honraria Domminon dessa forma”. – E Corr Sairy encerrou a transmissão:

- Como vê, Secretário-geral, Domminon se acha absoluto. Se ele está a caminho para
destruir o sistema solar, ele fará, quer Stendart peça ou não para que ele não arrase com
tudo. Agora, se deseja perder tempo aprisionando Stendart, tentando convence-lo para pedir
a Domminon para não o fazer. Bem – Corr Sairy se voltou pra Jacqueline –, Jackie prepara
tuas coisas e dos outros para vocês virem para cá. Tenho certeza que Ubukhosi Elizabeth
dará salvaguarda para vocês, além do que H-Kik e os Guerreiros Alados poderão residir em
Agufalgav. – Jacqueline sorriu com aquilo, principalmente pelo rosto de calmaria de Corr
Sairy. Antares e ninguém disse nada, nem mesmo Stahirr, que estava impedido de falar
nessas reuniões. Então o Secretário-geral falou:

- Reunirei todos os governantes dos países da Terra, bem como os governantes das colônias
da Terra no sistema solar, pois não posso tomar essa decisão sozinho. Entrarei em contato
em breve. – E encerrou a transmissão.

Mas o breve demorou algum tempo. Tanto que deu tempo de Li Kkan entrar em contato com
eles:

- O que Pum Riss pediu está sendo providenciado. Só não entendo por que te importas isso,
Corr Sairy? A Terra foi péssima para ti.

- Nem tanto, Li Kkan. Foi na Terra que conheci Josiane, que Cynthia nasceu...

- Mas renasceu como Synn Tharra no Galaxya. – Li Kkan completou e Corr Sairy continuou:

- Sim, mas lá que surgiu minha amizade com Skill. Lá que eu criei o chip neural. Então,
mesmo com toda a porcaria que ocorreu depois, assim tenho um laço sentimental com
aquela bola azul. – Então Elizabeth interpôs:

- Sem contar que está ajudando-os por ser meu planeta, Li Kkan. – O líder phællansi sorriu
e ponderou:

- Sim, faço isso por ti. – Então se voltou para os membros do Galaxya. – E por ti, Corr Sairy,
bem como por Marcelle Menken e Synn Tharra. Mas se o Confederado-mor Victor Cambasi
me pedisse (e vocês não estivessem envolvidos), eu pensaria duas vezes em ajuda-lo. –
Então Marcelle falou:

- Obrigada por isso, Ubukhosi Li Kkan. – E com um sorriso no rosto, Li Kkan encerrou a
chamada, mas Marcelle continuou. – Pum Riss me deu uma ideia e acho que poderia ser
válida. Poderíamos desmontar o observatório de meu pai, tijolo por tijolo, e leva-lo para o
novo planeta. – Ninguém nada disse, mas Antares se pronunciou:

- Seria algo louvável para a preservação da memória de vosso pai e vossa mãe, Marcelle
Menken. Mas como seria feito? – Marcelle nada disse, dando a palavra pra Pum Riss:

- Obrigada, Uthando47. Então, seria algo bem fácil até. A Terra, por sinal, já fez isso na
antiguidade dela (pelo menos foi o que li). Mas, para ser uma forma mais rápida e precisa,
poderíamos usar desemassadores, que retirariam o revestimento que une os tijolos (como
Marcelle disse). Escanearíamos o exterior e o interior, para depois projetá-los e remontar no
planeta. Lógico que encontraríamos um local que não interferisse no ambiente.

- Sim, mas para isso precisaríamos de um planeta. – Corr Sairy concluiu, mas Marcelle
olhou para Pum Riss, e demonstrou excitação:

47
Uthando = Amor

78
GALAXYA

- Eu acho que já o encontrei. – Então se levantou e chamou a todos para segui-la, mas
Stahirr disse a antares:

- Não desejo participar dessa alegoria, Antares. – Este se voltou para ele e argumentou:

- Não é necessário me avisar, Stahirr. – E seguiu os outros.

Assim que chegaram ao Stellæ, viram alguns dos Galaxya praesul e Marcelle disse:

- Não foi exatamente eu que encontrei, na verdade foi Akeem quem o fez. Então vou deixar
que ele mostre. – Então ela apontou para o jovem terrano que, assim que a comporta fechou
e a projeção do Universo se iniciou, ele explicou:

- É o sexto planeta de uma estrela na Escala 4 do Padrão Menken. A área de superfície é


bem maior que da Terra, tendo 634,23 milhões de quilômetros quadrados. É um planeta
novo, que se formou há pouco tempo. De acordo com o Galaxya, o planeta iniciou sua
formação a mais de trinta e cinco milhões de k-rarrs, então não encontramos vida senciente
no planeta. Mas a flora é abundante. Os mares compõem a maior parte do planeta, também.
O volume de água corresponde a 80% do planeta. Os 20% ficam por conta de vastas áreas
de terra, composta de montanhas, florestas densas, pequenos desertos, áreas de campos
vastas, com a possibilidade de plantios, pois o solo é rico de minerais.

“A composição atmosférica se assemelha muito a da Terra. Nitrogênio, oxigênio, argônio e


dióxido de carbono em níveis totalmente adaptáveis. A pressão atmosférica aparenta ser
prazerosa, também, ficando em torno de cem mil pascais ao nível do mar.

“O lance é que, por ser o sexto planeta, a rotação e a translação são mais lentas, levando
mais tempo do que estamos acostumados para passar um ano, mas creio que possa ser
resolvido facilmente com a viagem que ocorrerá até ele. Poderemos ampliar o tempo de
viagem, mesmo no salto hiperespacial, adaptando as pessoas há períodos mais longos de
sonos e despertar. Estranharão no começo, mas com o soro Amo Kken, facilitará muito”. –
Corr Sairy riu, deixando Akeem inibido, mas Marcelle disse:

- Ignore-o, Akeem. Meu pai é um bobão. Ele está rindo porque ele teima em chamar o soro
Amo Kken de soro da eternidade e quando vou corrigi-lo, ele me corta. Continue com a
explicação. – Akeem sorriu e continuou:

- O planeta ainda está se terraformando em sua topografia, então sofre alguns terremotos e
maremotos, mas têm áreas totalmente possíveis de habitação para sofrer pouco com isso.
Existem continentes ainda surgindo, como podemos ver mais próximo do hemisfério sul.
Esse planeta também tem uma forma geoide e seu polos são mais extensos do que da Terra,
mas também estão se formando, ainda.

- E esse planeta já tem nome? – Corr Sairy questionou. Akeem, Marcelle, Pum Riss, Synn
Tharra e os outros membros do Galaxya praesul sorriram, e o jovem terrano disse:

- Parvati. A estrela eu nomeei de Surya. – Disse orgulhoso e Antares questionou:

- E qual o motivo desses nomes? – E Akeem explicou:

- Na minha religião, são divindades importantes. Parvati é a deusa-mãe, a protetora. Já


Surya é o deus-sol, senhor da luz e do dia. Como eu descobri, Senhorita Marcelle me
permitiu nomeá-los...

- E eu aprovei o nome! – Marcelle completou.

- Não vejo motivos para não ser. - Comprovou Antares e se voltou para seus colegas. – Creio
que está no momento de avisarmos aos terranos que encontramos no planeta Parvati, no

79
GALAXYA

sistema Surya, o ambiente correto para ele irem. Quanto tempo levaria de viagem, Stellæ
dux Akeem Mathup? – Orgulhoso de si mesmo, Akeem respondeu:

- Pensando numa prolongação da viagem, mesmo com o encurtamento de tempo pelas


Fendas Hipertemporais, creio que em cinco k-rarrs devem chegar a Parvati. – Então Antares
concluiu:

- Então seguiremos as instruções do Stellæ dux Akeem Mathup. Avisarei a Confederação


Galaxial, enquanto você fala com a Terra, Corr Sairy. – Corr Sairy se surpreendeu:

- Peraí, por que eu? Deixa Marcelle fazer isso. – Antares foi sucinto:

- A forma com agira com o Secretário-geral da Terra Adofo Mensah foi bem direta e
esclarecedora. Se puder agir assim, novamente, caso ele fique reticente, seria louvável.
Lembrando que ainda não nos deu uma resposta a respeito do posicionamento deles. Não
poderemos agir se nada disserem. Preciso me dirigir ao Confederado-mor Victor Cambasi e
explicar nosso status atual. – E se retirou, sem deixar Corr Sairy contrapor:

- Ele tem mania disso. – Disse para seus “papagaios”, e se dirigiu ao Collocutio, onde
decidiu chamar Jacqueline. – Ei, e aí?

- Nem me venha com isso, pois estou enervada com a Ordem. Estou mexendo uns
pauzinhos com as corporações, com exceção de Stendart, para forçarmos a SCO a agir. Tô
me arrependendo do desligamento agora. Antes eles agiriam só de pensar que cortaríamos
tudo. – Jacqueline estava aborrecida. Então Corr Sairy disse:

- Que dia é hoje?

- Por quê? – Então ela entendeu a pergunta. – Dia de conectar todos os governos a uma
pessoa só. – Corr Sairy sorriu e falou:

- Galaxya, faça sua mágica. – E, repentinamente, ele e Jacqueline estavam no interior de


cada escritório dos governantes dos países da Terra e colônias nos planetas do sistema
Solar, além da sala do Secretário-geral:

- Olá, senhor Secretário-geral, tudo certo. Assim, o tempo urge e estamos tendo certos
atrasos por parte da Terra quanto a uma decisão a ser tomada. – De repente, Corr Sairy e
Jacqueline ouviam bipes de chamada na sala do Secretário-geral. – Ah quanto a isso é
porque cada presidente, monarca, ditador, sheik, aiatolá, primeiro-ministro e diretor-
executivo das colônias terranas estão assistindo a essa transmissão. Diga olá para eles,
Jackie. – E Jacqueline brincou:

- Olá para eles, Jackie. – E Corr Sairy continuou:

- Bem, eu não sei o que o Secretário-geral da Terra, o senhor Adofo Mensah, lhes disse, mas
a Terra se encontra ameaçada pelo pirata intergaláctico Domminon – E uma projeção de
Domminon apareceu para todos. – É esse cara grandão e ameaçador que vocês estão vendo
aí.

“É o seguinte, o Diretor Presidente da Piel-Green Empreendimentos, Stendart, ofereceu o Sol


para a prática preferida de Domminon, a extinção de um sistema estelar. Ele implanta um
dispositivo no núcleo da estrela e esta se torna uma supernova em pouco minutos,
devorando todo o sistema estelar. Se quiserem um exemplo. Galaxya, mostre a destruição
do sistema Akothon”. – E Galaxya projetou a destruição de Akothon, uma estrela muito
semelhante ao Sol. – Então, é isso que vai acontecer com Mercúrio, Vênus, Terra, Marte,
Jupiter, Saturno, Urano e Netuno, além das luas que têm colônias da Terra e estações
espaciais e orbitais. Tudo será consumido em pouco tempo, não dando oportunidade nem
para uma despedida acalorada da família, pois o calor vai vir da explosão do Sol.

80
GALAXYA

“Dessa forma, de maneira mais providencial possível, decidimos, eu, Corr Sairy, e a
Diretora-Executiva das Corporações Dévero, Jacqueline Dévero, fazermos essa reunião
emergencial para que possamos chegar a um consenso e salvarmos o maior número de
vidas possível da Terra (senão todas as formas de vida da Terra) e, quem sabe, torna-los
heróis no processo. Só tem uma coisa, não me venham com essa de preferência, pois as
arcas que mandaremos para a Terra não tem diferenciação de ambiente para ninguém,
todas têm o mesmo espaço físico, já que ficarão em processo hibernário uma boa parte da
viagem. Não tem mais fica em tal lugar. São câmaras hibernarias, controladas por sistemas
automatizados. O máximo que ocorrerá é deixar as famílias juntas. Agora, nós vamos deixar
vocês por meia hora decidindo entre vocês e então voltamos”. – E Galaxya cortou a projeção
dos dois. Surpresa pela atitude de Corr Sairy, Jacqueline indagou:

- De onde veio toda essa atitude? Isso me lembra o bom e velho Rodrigo Scandian.
Determinado e provocador. – Então Corr Sairy explicou:

- Você não imagina o desespero de Celle. Ela e Pum Riss criaram um esquema para salvar
pedra sobre pedra do Observatório Menken. Quando eu penso nisso...

- Fica com ciúmes? – Jacqueline o provocou.

- Não, besta, fico orgulhoso. – Jacqueline gargalhou e Corr Sairy continuou. – Ela preza
muito pela memória dos pais. Thiago e Marcela são mais do que uma memória retrograda,
são parte de quem ela é. E isso me fez refletir o quanto a Terra representou para minha
história e para quem eu sou. Skill, você, Elizabeth, Josiane e Cynthia. Mesmo que eu tenha
passado mais tempo no espaço do que na Terra, foi aí que eu me formei e me tornei alguém.
Tá, não sou mais o Coronel Rodrigo Scandian, mas foi como eu nasci e quem eu fui, graças
à Terra. – E Jacqueline ficou séria novamente:

- Eu te entendo completamente. Quando eu despertei naquele tubo de ensaio gigante e não


tinha ideia de quem eu era ou quem eu queria ser e começaram a me imputar as
lembranças de um homem que diziam que eu era, eu pensei, “será que eu sou somente
isso?”, mas o tempo me mostrou tudo diferente. Eu reconstruí minha identidade, me tornei
mais merecedora de meu cargo que meu antecessor (sabe que não sou de falsa modéstia),
adotei uma jovem que poderia ser a pessoa mais insuportável do mundo, mas se tornou
uma mulher maravilhosa e mãe. Adotei um menino que hoje é um homem e um dos maiores
pilotos da Terra (acho que até te superou). – Corr Sairy sorriu. – Enfrentei poucas e boas
nas últimas décadas, mas construí minha própria história e não estou disposta a abrir mão
fácil dela, nem dos meus filhos, do meu genro (fala sério, Ross Croisman Azevedo é meu
genro) e meu neto.

Ambos ficaram em um silêncio temporário e restabeleceram a comunicação, vendo que a


discussão estava acalorada. Então o Secretário-geral falou:

- Vocês estão tentando manipular o nosso coletivo com algo improvável. – Então foi
Jacqueline quem falou, de forma bem íntima:

- Adofo, você acredita certo duvidar do que lhe foi mostrado aqui? Você viu o que este
dispositivo pode fazer. Você acha certo submeter sua esposa, seus filhos, sua mãe, seu pai,
sua tribo a essa destruição desmedida, por causa de seu achismo que não acontecerá isso?

“Agora me volto a todos os senhores, líderes e governantes de seus devidos países e


colônias. Acham certo que tudo que construíram. Seus legados, sejam desfeitos em uma
explosão que consumirá tudo em pouco minutos? O que vocês querem? É por que terão de
dividir espaço com seu povo? Ou por que desejamos salvar a todos, sem distinção? A
proposta e salvar a todos os terranos e leva-los para um novo planeta, aonde poderemos
deixar nosso legado seguir em frente e ter um futuro.

“Se vocês ficarem aqui”. – Houve um pequeno burburinho. – Sim, digo vocês, pois eu não
vou deixar minha família ser consumida porque um de nós cansou de nosso planeta...”

81
GALAXYA

- Ele não é um de nós. Ele já disse ser uma alienígena. – Disse um dos governantes que
Jacqueline conhecia:

- Sim, Presidente Marcos, ele disse isso, mas nós o aceitamos em nosso planeta e não
devemos fazer este tipo de juízo. O problema de Stendart não é ele ter vindo de outro
planeta, mas sim desejar eliminar a Terra, pois estamos levando-o a julgamento.

“Stendart desejar a destruição da Terra, pois o Secretário-geral, bem como as Forças


Armadas da Terra e tantos outros membros ligados a SCO viraram as costas para ele. Além
do próprio Confederado-mor Victor Cambasi, que está lá por causa de ele fazer campanha
para isso”. – E a projeção do Confederado-mor surgiu, também. – Não é, senhor
Confederado-mor Victor Cambasi?

- O que é isso? O que está ocorrendo? – Cambasi parecia aturdido, mas Jacqueline
continuou:

- O Confederado-mor mesmo, por ter virado as costas para Volos, encontra resistências dos
outro planetas-membros para auxiliar à Terra. – Cambasi ficou sem ação diante da projeção
dos rostos dos governantes da Terra e das colônias da Terra, além do Secretário-geral:

- Isso é inadmissível. Estão fazendo uma transmissão não autorizada com o Confederado-
mor da Confederação Galaxial...

- Na verdade, Confederado-mor Victor Cambasi da Terra, fui eu que o projetei, porque assim
quis. Ninguém requiriu sua presença nessa reunião, mas como representa a Terra e suas
colônias, achei acertado inclui-lo. – Galaxya o interrompeu, deixando sem reação, mas
Jacqueline continuou:

- Mesmo que o Confederado-mor Victor Cambasi não faça nada por seu planeta, têm
pessoas fazendo. Kotharyn de Krarrash, junto com Galaxya e os Galaxya praesul estão
desenhando e desenvolvendo arcas que nos servirão de habitat na viagem para um novo
planeta...

- Já encontrado pelo terrano Akeem Mathup, Stellæ dux dos Galaxya praesul. No sistema
Surya, o sexto planeta, Parvati. – Corr Sairy completou e o Primeiro-ministro da Índia falou:

- São nomes de divindades hindus. – Corr Sairy sorriu. Então Jacqueline continuou:

- Phællans estará enviando contêineres para que possamos salvar nossa cultura, nossa
memória e nossa história nos museus e bibliotecas da Terra, além de fornecer um
suprimento do soro Amo Kken, para que possamos sobreviver mais tempo do que vivemos
agora. Todos estão levando isso muito a sério, menos vocês, senhores e senhoras que
comandam seus países e colônias da Terra. Se a SCO não se mexer e envolver, Adofo, tudo
que você construiu, até aqui, se perdera como se nunca tivesse existido. – Houve um longo
silêncio, até que o primeiro-ministro da Índia se pronunciou:

- Abençoados por Parvati e Surya, podem contar com meu país. – Então todos os outros
países foram se manifestando, aprovando a empreitada. Mesmo os dignitários totalitaristas
apoiaram, falando de si em primeira pessoa, ficando somente o Secretário-geral para
finalizar a decisão:

- Eu não me tornei embaixador de Gana e, hoje, Secretário-geral por ter conseguido meu
conseguido com corporações e empresas que investem no nosso planeta ou negociam fora
dele, mas em nosso benefício, aparentemente. Me tornei por luta e muita perseverança no
que acredito. Minha história é parte de mim e meu legado é o que mais prezo.

“Vocês dois agiram arbitrariamente, de forma desmedida e pretenciosa, mesmo que a


pretensão seja justificável. Esta é uma conversa que levarias meses, anos, para ser
acertada, mas eu entendo a emergência. Mas muito me surpreende a senhorita Jacqueline

82
GALAXYA

Dévero, que abriu um processo para o desligamento das grandes corporações com a Ordem
da Composição Solar impor-se assim”. – Jacqueline ia falar, mas foi impedida com o
prosseguimento do Secretário-geral. – Me surpreende, mas é aceitável.

“Não sou dado a ações e atitudes imediatas. Creio que a ponderação e a conversação sejam
mais corretas. Só que, se tudo exposto por Corr Sairy ocorrer de fato, algo que ainda
considero pouco provável, eu não gostaria que minha história fosse um fracasso, que meu
legado não tivesse prosseguimento e que meu povo não visse sua história ser reconstruída,
não importa aonde seja.

“Apoio o esforço conjunto do Galaxya e seus membros, dos Galaxya praesul, de Phællans,
das Corporações Dévero e de Kelkzerr, e lhes sou muito grato por isso. Mas deixo claro que,
se nada ocorrer, manterei o registro disso, mesmo que eu não seja mais secretário-geral, de
que exigirei que Jacqueline Dévero seja julgada por improbidade e ameaça a governantes.

“Dito isso, assim que as arcas estiverem prontas e a população organizada, iniciaremos a
evacuação. Peço aos meus conterrâneos dos países de nosso continente-mãe, bem como de
países que possuem uma fauna rica, como da Eurásia e da América, que comecem a coleta
de sua biodiversidade. Não somos somente nós indispensáveis neste planeta, eles também.

“Se for possível, aproveito e peça a ajuda das Corporações Dévero para isso, pois estes seres
são terranos, também, e tem sua história”. – Jacqueline concordou no mesmo instante. –
Então, dou por encerrada essa conferência. – E os rostos dos líderes da Terra e das colônias
foram desaparecendo, bem como de Victor Cambasi e, por fim, desapareceu o Secretário-
geral:

- Ele vai te importunar, dentro em breve. – Corr Sairy colocou.

- Sinceramente, não ligo, pois estamos fazendo o certo. Quem dera tivessem dado atenção a
isso no caso de Volos. – Corr Sairy ainda sentia a culpa:

- Eu deveria ter lutado mais por eles, também. Deveria ter imaginado o ardil de
Domminon...

- Deveria, deveria. Corr Sairy, não foi culpa sua. – Jacqueline argumentou. – Não faça isso
consigo mesmo. Sei que vocês perderam muito com isso. Synn Tharra falou com M-Karo e
M-Kara, que falaram aos pais, que falaram para Gene e ela me contou. Vocês perderam
Ortsac, também. É duro, mas não é culpa de vocês. Na verdade, fica difícil definir uma
culpa para alguém. Se eu fazer isso, diria que é de Domminon, pois ele parece imprevisível.
Só uma pergunta, vocês ainda conseguem rastreá-lo?

- Não. Depois de Volos, ele se desconectou. Acredito que Galaxya somente saiba onde ele
está se estabelecer um novo contato com Stendart. Vamos torcer que isso ocorra. – Corr
Sairy lamentou.

- Bem, Adofo já está me chamando em outra linha. Depois nos falamos. Um beijo para você,
as meninas e Luannia. – E a comunicação foi cessada.

83
GALAXYA

XXIII
Quando as primeiras arcas ficaram prontas, no período de 2.5 k-rarrs, foram rapidamente
enviadas para a Terra.

Eram esferas, semelhantes ao Galaxya, mas com um diâmetro de mais de trinta mil
quilômetros. As duas primeiras esferas receberiam as maiores populações terranas, da
Eurásia e da África. As esferas seguintes ficaram prontas em menos tempo, mas enquanto a
última estava sendo construída, Galaxya interceptou uma nova comunicação entre Stendart
e Domminon, que transmitiu para os membros do Galaxya, os Galaxya praesul, a
Confederação Galaxial, Jacqueline Dévero e a Secretária-geral da Terra, Daksha Anand:

- “Aonde está sokkear?”

- “Grande Domminon, que bom poder receber uma nova comunicação sua!”

- “Não importa a Domminon isso, o que importa é aonde estás?”

- “No mesmo local de antes. Aqui ninguém tem acesso sem minha autorização. O local
possui vidros reforçados e posso me alimentar tranquilamente...”

- “Falas de mais, sokkear. Domminon só entrou em contato, pois disse que quando estivesse
indo para este sistema medíocre, lhe avisaria. Não devo demorar em chegar e irei de
imediato, então prepare-se. Seu veículo está ao teu alcance?”

- “Sim, grandioso Domminon, ele está abaixo desta sala. É resistente para ultrapassar...”

- “Não importa. Domminon lhe passa o rastreamento, como da outra vez, para saber quando
sair. Lembra-te?”

- “Sim. Quando estiver no sistema estelar vizinho a este, eu saio daqui”.

- “Se demorares, tu serás consumindo pelo Exxorum. Domminon não gostaria de perder um
negociador como tu, mas existem tantos outros valorosos em toda a Grandiosidade”. – E a
comunicação foi interrompida:

- Quanto mais ouço Domminon, mas presunçoso o acho! – Argumentou Jacqueline. –


Entende agora que não estávamos inventando nada, Secretária-geral?

- Não vou mentir que fiquei em dúvidas quando meus antecessores falaram sobre isso, mas
isso não pode mesmo ser detido? – A Secretária-geral questionou:

- Se pudéssemos detê-lo antes dele disparar o Exxorum, Secretária-geral da Terra, Daksha


Anand, sim. Mas Domminon tem se mostrado furtivo e eficaz em suas ações. Esperemos
detê-lo antes disso, mas preferimos que o plano A siga conforme o planejado. – Colocou
Antares, mas antes de qualquer um falar, Galaxya interpôs:

- Terá que ser breve, pois Domminon está entrando nesta galáxia, neste momento. – E
Galaxya projetou, de forma minimizada, a galáxia sobre a mesa do Testimonii e pontuou o
local onde Domminon está. – Então Marcelle disse, preocupada:

- Se ele usar o mesmo sistema que usou para chegar em Volos, prevejo que esteja no
sistema mais próximo da Terra, o Alpha Centauri, em menos de 15 rarrs, o que
impossibilitaria de enviarmos a última esfera. Mas se ele manter o ritmo que disse
anteriormente para Stendart, de não se preocupar, estimo que chegue em 1.6 k-rarr. Ficará
bem apertado, mas conseguiremos ter todos nas esferas e a última passará, possivelmente,
no instante que o sol virar uma supernova. Minha temerança fica com a Fenda

84
GALAXYA

Hipertemporal ser danificada, devido a temperatura que o Sol atingir. – Então de forma
direta, Corr Sairy perguntou:

- Como conseguiu rastreá-lo, Galaxya?

- Acessei as informações que Domminon forneceu para Stendart. A criptografia delas é


absurdamente complexa, mas meu conhecimento do uso tecnológico de vários planetas
facilitou. Disponibilizei para vós, Galaxya praesul, bem como para ti, Marcelle Menken, e
para a Terra, Secretária-geral Daksha Anand e Jacqueline Dévero. Assim poderemos
acompanhar de perto o progresso de Domminon. – Galaxya explicou. Então a Secretária-
geral disse:

- Se possível, pois não sei se eu serei a Secretária-geral até o fim desse processo, peço que
me enviem essa última conversa de Stendart com o tal Domminon. Agradeço pelo contato,
mas preciso comunicar tudo aos líderes dos países e das colônias. – E encerrou a
transmissão dela.

- Sabe, eu estava com tantos planos de expansão. Coloquei cinco estações espaciais em
torno da Terra para que Ross pudesse continuar seu trabalho. Pretendia começar a negociar
com o Secretário-geral na época, Adofo Mensah, a criação de um grupo de representantes da
Terra na Confederação Galaxial, como os outros planetas têm. Mas agora estou preocupada
em quantas vidas se perderão no processo de evacuação. Alguns resistem, mas temos de
agir de forma autoritária, pois é uma vida. São famílias que estabeleceram gerações aonde
moram. Tribos que têm suas raízes naquela região. Nossa flora se perderá, pois, um imbecil
cansou de ser rechaçado e deu nosso planeta para um monstro destruí-lo. – Jacqueline
tinha lágrimas nos olhos. – Minha vontade e arrebentar aquele escritório dele ou então
cobrir aquela torre com uma lona pesada de chumbo e deixa-lo sem alimento. Me
desculpem!

- Jacqueline Dévero, posso não entender o que sente, mas imagino que seja complicado
abrir mão de tudo isso que criaram. Assisti às vossas palavras, quando você e Corr Sairy
fizeram aquela reunião emergencial. Então peço que se lembre daquelas palavras, pois é dali
que tens de achar força. Sim, precisam de forma autoritária, retirando famílias de seus
lares, mas bens materiais poderão ser novamente reconstituídos. Tribos se sentirão
deslocadas no novo ambiente, mas se adaptaram, bem como a fauna terrana que será salva.

“Sei que a flora será praticamente irrecuperável, mas se existe algo na história deste
planeta, que eu já li, se resume na palavra superação. Os terranos demonstram sempre
buscar superar qualquer animosidade que lhes é impelida. Sejam vírus mortais, eras
glaciais, mudanças climáticas absurdas, vocês conseguem superar e se manter. Se em algo
que aprendi no tempo que convivo com este a minha volta é que vidas importam! E é isso
que você e todos no seu planeta estão buscando fazer. Salvar vidas!” – As palavras de
Antares pareceram reaquecer o coração de Jacqueline, que enxugou as lágrimas e disse:

- Você sempre tentando me salvar, não é, Antares. – Ela sorriu. – Bem, deixe-me ir à luta,
então, pois estou participando da organização de mudas que levaremos para o novo planeta.
– E as transmissões foram encerradas. Logo depois, Corr Sairy chamava Ross:

- Corr Sairy? O que deseja?

- Jacqueline disse que preparou cinco estações espaciais para você e seus Cavaleiros
Sombrios. Elas estão funcionais?

- Não tenho certeza, pois Jacqueline que estava resolvendo isso. Por que não a questiona? –
Ross estava intrigado.

- Acredite, você não foi minha primeira opção. Tentei falar com Jackie, mas ela não
responde. Também tentei Gene, mas ela está em uma missão com Jonas, nos contêineres, e

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GALAXYA

também não soube me responder. Então tentei você, principalmente por ser líder dos
Cavaleiros Sombrios. – Ross riu e falou:

- Bom saber que não fui a primeira opção. Olha, eu estou trabalhando na sedação de
animais, neste momento, na Malásia, mas ela me deu total acesso às bases espaciais. O que
pretende fazer com elas?

- Usa-las para conter a explosão do Sol. – Aquilo pareceu surpreender Ross. – Pesquisei com
Galaxya. Ela usou muito da tecnologia que ele forneceu nessas bases espaciais, então existe
um campo de contenção em cada uma. Se elas ativarem, todas ao mesmo tempo, poderá
conter a explosão, pelo menos, para a última esfera de sobrevivência passar pela Fenda
Hipertemporal, sem prejudicar nem a Fenda e nem a esfera.

- Mas para isso você precisaria ter o controle das bases espaciais...

- Que somente você e Jackie devem ter o controle. – Corr Sairy completou a fala de Ross,
que sorriu, novamente:

- Pode dar certo!

- Não pode, Capitão Azevedo, dará. – Corr Sairy estava confiante. – Quando tiver os códigos
de acesso, me avise.

- Pode deixar. – E a comunicação se encerrou e, como dito, Ross providenciou os códigos,


mas não antes de falar com Jacqueline, que se comunicou, duvidosa, com Corr Sairy:

- Então os campos de contenção, impedirão a supernova de consumir o sistema solar? –


Percebendo o erro de interpretação, Corr Sairy explicou:

- Não é assim que o Campo de Contenção funciona. Mesmo que o colássemos em volta do
Sol, o campo se alimenta da onde de choque propelida da explosão. Ele se expandiria e
destruiria os planetas de qualquer forma. O lance é circundar o sistema solar, já que as
bases espaciais se encontram em seu limite, após a última esfera de sobrevivência sair do
sistema, assim mesmo com a expansão do Campo de Contenção, o que ocorrerá será algo
como um empurrão na esfera. Consideraremos uma distância mais segura para a Fenda e,
até as bases espaciais serem destruídas, pois não conseguirão conter o campo, a última
esfera já terá passado e a Fenda já estará fechada. – Entendendo a ideia, Jacqueline passou
os códigos de acesso para o S.E.

- E aonde você pretende estar quando isso ocorrer? – Jacqueline perguntou e Corr Sairy
sorriu. – Para, Corr Sairy, você vai arriscar a sua vida e de S.E.? – Mas foi S.E. que
respondeu:

- Não correremos risco, pois estarei envolvido com meu Campo de Contenção, também. Mas,
antes nós do que mais de dois bilhões de seres terranos. – Jacqueline aparentava
preocupação:

- Jackie, não se preocupe. Eu e S.E. estaremos bem. O importante é se preocupar com todos
os outros. Como andam as coisas?

- Examinei hoje a posição de Domminon. – Corr Sairy sorriu. – Por que estão sorrindo?

- Você está que nem nós. A todo momento verificando aonde o miserável está.

- Pois é, e ele parece muito perto, mas fui ver e ele está a novecentos mil anos-luz da Terra.
E isso, no que, pouco mais de dois anos. Nem com o Salto Hiperespacial percorreríamos
tanto em tão pouco tempo. Que sistema de propulsão ele utiliza? – E Galaxya decidiu
intervir:

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GALAXYA

- Seria necessário eu ter acesso a belonave de Domminon para saber, mas S.E. analisou
alguns rastros de propulsão que ele utiliza. Acredito que ele está usando algum sistema de
propulsão a base de uma estrela. – Jacqueline tentou entender:

- Como ocorre com S.E.? – E Galaxya foi mais explícito:

- Não, uma estrela. Logicamente que não uma nas proporções que vocês na Terra
conhecem, mas seria em um tamanho bem menor. Se for mesmo isso, o prazo será bem
apertado. – Então Jacqueline falou:

- Desse jeito, acho melhor voltar ao trabalho. Você tem os códigos, mas tenha cuidado, pois
não quero ser acusada por sua namorada. – E, no momento que a transmissão encerrou,
Luannia chegou:

- Acusada de que, Jackie tem medo? – Corr Sairy foi direto:

- De mim e S.E. morrermos durante a explosão da supernova que o Sol se tornará. –


Descrente daquelas palavras, Luannia o empurrou para a cadeira e esbravejou:

- Como é que é? Você e S.E. vão, novamente, se meter a besta na frente de uma supernova?
Vocês estão querendo morrer? – S.E. interveio:

- Não é isso exatamente, Luannia. Corr Sairy pensou em usar as bases estelares que
Jacqueline posicionou na fronteira do sistema estelar deles para criar um gigantesco Campo
de Contenção. Assim, no momento que o Sol se tornar uma supernova, mesmo com a
expansão do campo, manterá a energia no interior, dando tempo para a última esfera
passar pela Fenda Hipertemporal e esta cerrar. Mas, para fazermos isso, teremos que ficar a
uma distância mais próxima, devido ao alcance para o uso dos códigos de ativação. Mas,
lógico, estarei com meu Campo de Contenção, também, ativado, o tempo todo.

- Que quase não suportou a carga da explosão de Volos, S.E. E ainda sinto um “mas” nessa
história. – Luannia estava aborrecida, mas Corr Sairy manteve a serenidade e disse:

- Sim, tem. Mas talvez não consigamos sair antes do calor e onda de choque da explosão
arrebentar com as bases espaciais e permitir que estas duas nos alcancem. Só que, como
S.E. disse, ele estará com o Campo de Contenção dele ativado.

- Nem pensar que vou deixar vocês dois irem sozinhos nessa missão suicida! – Esclareceu
Luannia.

- E o que você vai fazer? Você será necessária no Galaxya, pois junto com Antares e Marcelle
conseguirão deter Domminon. Esse é o plano. O que eu e S.E. faremos e dar mais tempo aos
terranos escaparem. Não vamos morrer no processo!

- Mesmo sabichão, e que garantias você me dá? – Corr Sairy se levantou de seu assento e se
aproximou de Luannia:

- Depois disso tudo, passaremos quinze k-rarrs bem distante de toda essa bagunça.
Somente você, eu e S.E. – Luannia olhou para ele, suspeitando:

- É melhor os dois cumprirem essa promessa, senão dou um jeito de trazê-los de volta e eu
mesma acabo com ambos. Lembrem-se, temos amigos que se especializaram em trazer
pessoas de volta, sem contar, meu caro Águia de Aço IV, que eu faço Galaxya te trazer,
também. – Ela empurrou Corr Sairy novamente, na cadeira:

- De onde veio essa ideia de viagem? – S.E. questionou. – Pensei que tínhamos nos
aposentados.

87
GALAXYA

- Vem da inquietação que Corr Sairy tem. – Galaxya se interpôs.

- Na verdade não, Galaxya. Eu toparia ficar numa boa, mas tem muito cacique, muito índio
e pouco descanso. Quando eu quis encontrar-lhe, pensei que viajaríamos o Universo, com
você mantendo suas pesquisas e eu aproveitando e conhecendo um pouco mais, mas não
rolou com o estabelecimento da Confederação Galaxial aqui. Sem contar que, eu preciso
verificar algumas coisas e com a lotação atual do nosso grupo, fica difícil fazer. Sei que você
manteria sigilo, mas não quero te envolver nisso. – Corr Sairy articulou e S.E. inquiriu:

- Isso tem haver com aquela promessa que você fez para K’thryn? A respeito de descobrir a
verdade sobre a irmã dela? – Corr Sairy somente sorriu. – Mas se é isso, por que levar
Luannia conosco?

- Você está afim de deixa-la para trás, de novo? Se estiver, eu a aviso e vocês se acerta com
ela. – Corr Sairy implicou.

- Nem pensar. Se ela fez aquilo com você quando voltamos, imagina o que faria comigo.
Antes ela do nosso lado do que contra a gente. – S.E. colocou.

Bem próximo do prazo, S.E. viajou com Corr Sairy para as proximidades do sistema Solar,
para ficar aguardando o momento certo, mas este veio antecipado, pois Galaxya identificou
algo diferente no sistema estelar Alpha-Centauri:

- Domminon chegou! – Ele disse, transmitindo a comunicação para as esferas de


sobrevivência (como Corr Sairy vinha chamando) e o G de Gene e a nave dos Guerreiros
Alados. Então veio o comunicado:

- “Sokkear, onde estão as vidas viventes deste planeta?” – A projeção de Stendart pareceu
confusa:

- “Do que falas, Supremo Domminon?” – Então, extremamente aborrecido, Domminon


esbraveja:

- “As vidas viventes deste planeta fugiram. A belonave de Domminon localizou algo no
extremo deste sistema ignóbil. Enganaste Domminon, sokkear? Domminon não tolera isto!”
- A transmissão foi interrompida:

- Será que Stendart conseguirá... – Mas Corr Sairy nem conseguiu completar a fala e o Sol
já iniciava o processo de supernova, vaporizando cada um dos planetas. A última esfera
atravessou o limite da base espacial Lancelot e Corr Sairy gritou. – Ative, S.E.! – E a
explosão, contida pelo Campo de Contenção, deu um enorme empuxo em S.E. e na esfera e
foi ampliando cada vez mais o campo em volta. Viram a esfera passar, junto com o G e a
nave dos Guerreiros Alados. Assim que o fez, a Fenda Hipertemporal se fechou, selando
totalmente, mas então as bases espaciais começaram a arrebentar e, no último segundo,
S.E. revestiu-se com seu Campo de Contenção, sendo alcançado pela onda de impacto:

- Caramba! Aguenta firme! – S.E. disse, quando Corr Sairy foi jogado em seu piso. – Isso foi
a onda de impacto. O pior vem agora... – E ele se viu cercado pelo calor de supernova do Sol.

Distante dali, após falar com Stendart, Domminon ordenou a transferência do Exxorum
para o núcleo do Sol e, em pouco tempo a estrela se dissipava, como se crescesse de
tamanho. Enquanto observava àquilo sua belonave foi cercada por um Campo de
Contenção, disparado pelo Galaxya. E este projetou Antares no interior da belonave de
Domminon:

- Olá, Domminon, meu nome é Antares do Galaxya e você está preso. – Nervoso, Domminon
esbravejou:

88
GALAXYA

- Vocês acreditam poder deter Domminon! Domminon já foi a lugares que vós, seres
medíocres, nunca ousariam ir. A Grandiosidade é de Domminon! Domminon a conquista e
destrói quando bem quiser. E Domminon não será feito prisioneiro por vós. – Então a
belonave de Domminon começou a disparar contra o Campo de Contenção, ampliando-o. No
Hangar do Galaxya, Antares questionou:

- Qual o limite do Campo de Contenção, Galaxya? – Com a voz exasperada, Galaxya disse:

- Nunca foi testado isso. O Campo de Contenção, pelo que eu conheço, já suportou muitas
coisas, mas também ele depende daquilo que o dispara e lhe fornece energia. Não sei quanto
tempo posso suportar.

- Não será necessário suportar mais! Nos transfira. – E Antares, Luannia e Marcelle foram
transferidas para o interior da belonave de Domminon, em um local que parecia funcionar
os propulsores da nave. Assim que foram localizados, disparos vieram de vários cantos e ele
se esconderam:

- Deveríamos ter usado a camuflagem. – Disse Marcelle, preocupada.

- Talvez não funcionasse. Lembra que seu pai foi descoberto, mas fingiram que não o viam?
– Colocou Luannia, mas Antares foi enfático:

- Não temos tempo para essa conversa. – Se levantou e começou a propagar uma grande
gama de energia vermelha. Seguindo seu exemplo, Luannia fez o mesmo. Marcelle, se
nutrindo dos dois, começou a brilhar e usou o aumento de sua massa para danificar vários
equipamentos ali. – Só tomem cuidado com o suporte de vida, pois, de acordo com Corr
Sairy, ele tem três cidades no interior.

Eram como se três pequenas estrelas estivessem naquele local, destruindo a tudo e fazendo
os homens de Domminon fugirem, alguns com queimaduras bem sérias, outros com
queimadura mais leves.

Em seu deque, Domminon percebeu que seus canhões cessavam os disparos e alguns
projetores, que ainda funcionavam, lhe mostraram as duas estrelas vermelhas e a branca,
destruindo seu maquinário. Ele, então, usou um dispositivo e se transferiu para o local.

Seu robusto corpo suportava a energia emanada pelos três. Então, com um salto, ele partiu
para cima de Antares, pois era o maior e, aparentava, ser o mais forte. Socou seu rosto e
seu diafragma. Antares nunca sentira aquilo antes. A forma de Domminon lutar era crua,
mas eficaz, pois ele usava sua força bruta para liquidar o enorme homem de rubi.
Percebendo que Antares estava em perigo, Luannia focalizou seu disparo no corpo de
Domminon, empurrando-o para longe de Antares, que estava bem debilitado. Mas o que a
surpreendeu era a resistência daquele ser.

Domminon havia fincado o pé e agora, com Luannia disparando intensamente contra ele, ia
em sua direção. Quando estava bem próximo, um grande murro em seu plexo o fez tombar
a distância de Luannia:

- Você não vai fazer nada com minha mãe! – Esbravejou Marcelle. Luannia caiu sobre os
próprios joelhos, sentindo o corpo fraquejado. Marcelle foi socorrê-la. – Como você está, Lu?
– Esta olhou para ela e disse:

- Mãe? Gostei disso! – Mas sem tempo para pensar e com uma rapidez impressionante,
Domminon alcançou Marcelle e a esbofeteou com grande força:

- És pequena, mas forte. Só que Domminon é ainda mais! – Ele falou enquanto se
aproximava dela, novamente. – Desesperada e sem saber o que fazer, Luannia ouviu em seu
chip neural:

89
GALAXYA

- “Encontre o núcleo com a estrela. Ela nutrirá você e Marcelle Menken, principalmente!” –
Galaxya parecia estar com urgência, mas o que estava escrito estava bem chamuscado, pois
ela e Antares haviam queimado tudo. Então ouviu um enorme estrondo e quando viu era
Domminon dando um golpe de martelo em Marcelle e ela se defendendo. Conseguiu ainda
vê-la dando uma rasteira naquele enorme ser que caiu de costas e fez outro grande
estrondo.

Então, buscando se acalmar, concentrou-se em localizar o espectro da estrela, algo que


aprendera ainda jovem, quando Desharr a treinava. Então, não muito distante de onde a
luta era travada, ela localizou o que desejava e correu para chegar lá. Passou por Antares e
até pensou em parar, vendo se ele estava bem, mas continuou, pois Marcelle começava a
receber golpes que a estavam enfraquecendo. Quando chegou no local que estava a estrela,
Luannia viu um novo empecilho, existia um código, mas o sistema estava danificado.
Focalizando seus últimos resquícios de força, Luannia disparou contra a porta, fazendo-a
entrar no local da estrela:

- “Lembre-se é uma pequena estrela, então...” – Galaxya disse, mas quando Luannia entrou
no local, viu que a estrela era maior do que ela pensava e se nutriu dela. Sem sair de sua
proximidade e localizando Marcelle, ela a viu estatelada no chão. Quando viu que
Domminon estava pronto para dar o desfecho final, uma fúria tomou conta de seu ser. Era
algo que não sentia desde que calcinara Desharr. Focalizou tudo e disparou contra
Domminon que voou bem longe, sendo derrubado e ficando desacordado.

Mesmo tendo gasto tanta energia para derrubá-lo, Luannia ainda se sentia nutrida pela
estrela:

- Transfira Antares e Marcelle para o Scientia, por favor, Galaxya. Transfira Domminon para
o setor de celas e, se houver algo que possa fazer, mantenha-o inerte. – Galaxya fez o que
Luannia pediu e ela ele transferiu para o Hangar. – Alguma notícia de Corr Sairy e S.E.?

- Sinto dizer, mas nada ainda. Após vocês destruírem todo o sistema de propulsão e
impossibilitar a artilharia de Domminon, removi o Campo de Contenção e várias naves estão
saindo do local desaparecendo. Algumas bem reconhecíveis, por sinal. – Galaxya expôs,
então falou. – Jacqueline Dévero quer falar com alguém daqui.

- Transmita! – Luannia disse, e Jacqueline apareceu, desesperada:

- Luannia, ainda bem. Tem notícias de Corr Sairy ou S.E.?

- Não ainda. Vocês estão bem? – Mas Jacqueline não respondeu, falando:

- Luannia, eu estou preocupada, pois assim que a Fenda fechou, pudemos ver, bem
rapidamente, a energia atingindo S.E. Não temos como voltar, pois estamos muito longe.
Vocês são o mais perto... – Luannia nem esperou Jacqueline finalizar e já foi até Harpia e
embarcou nela:

- Harpia, acionar sistemas. – E a nave ativou-se, mas foi a voz de Galaxya que ela ouviu:

- O que pretendes fazer? – Luannia se sentou no cockpit e antes de responder Galaxya,


falou:

- Harpia, rastreie S.E. – Então respondeu ao tecnoplaneta. Nisso Kotharyn embarcou. – Eu


vou localizar Corr Sairy e S.E. Não vou deixá-los onde quer que estejam.

- O que está ocorrendo? – Kotharyn questionou. – Por que está na Harpia?

- Porque ela é a irmã gêmea de S.E., então (com exceção da Inteligência Artificial) é o mais
próximo que eu posso usar para rastrear aqueles dois. – Galaxya falou:

90
GALAXYA

- Deixe Kotharyn fazer isso. Você está exausta depois de tudo. Fique com Marcelle e
Antares...

- O que aconteceu com Antares e Marcelle? – Kotharyn ficou preocupado. – E você está indo
resgatar Corr Sairy? Será que algo aconteceu com ele? – Ela olhou, seriamente, nos olhos de
Kotharyn e disse:

- Ou você vem comigo ou desce. – Então ouviu-se a voz de Harpia:

- Localizei S.E. Ele está à deriva se afastando do local que ocorreu a Explosão do Exxorum.
Deseja traçar trajeto? – Luannia ainda olhava para Kotharyn que, não desejando contraria-
la, desceu de Harpia. Assim que o fez, a nave saiu do Hagar e deu um salto hiperespacial.
Em instantes estava próximo de S.E. que aparentava estar bem avariado:

- Harpia, avaliação de danos? – Harpia escaneou S.E. e o projetou no seu interior, falando:

- Sistema de propulsão bem danificado, impossibilitando sua locomoção. Sistema de


resfriamento interior avariado. Sistema de navegação totalmente inoperante. Suporte de
Vida falhando. Vida no interior – Harpia projetou Corr Sairy – está usando o traje de suporte
de vida, mas localizo queimaduras de segundo e terceiro graus no tórax, braços e pernas.
Rosto com queimaduras de segundo grau. – Então Luannia pediu:

- Tente contato! – E Harpia disse:

- Sistema de comunicação danificado. – Nervosa, Luannia questionou:

- Sinais de vida do corpo no interior? – E Harpia disse:

- Instável. Fratura da clavícula esquerda. Fratura das costelas esquerdas 4, 5 e 6. Fratura


do úmero esquerdo. Deslocamento do cotovelo esquerdo. Fratura do rádio e ulna esquerdos.
Deslocamento das patelas. Fratura dos fêmures. Apesar do traje de suporte de vida mantê-
lo inteiro, sua respiração está ofegante, pois os pulmões estão queimados por dentro. – Após
ouvir aquilo tudo, Luannia ficou exasperada, mas sem necessidade de reagir, Galaxya se
transferiu para lá e rebocou S.E.

Assim que Harpia pousou, Luannia correu para S.E., que nem o trem de pouso podia usar.
Kotharyn, soando preocupado, disse:

- Pelos meus ancestrais! – Luannia tentava manter a calma:

- Você consegue abri-lo, Kotharyn? – Ainda soando preocupado, Kotharyn respondeu:

- Não sem machucar S.E. – Então ouviram a voz debilitada de S.E. nos chips neurais:

- “Faça isso, Kotharyn, por favor. Salve Corr Sairy”. – Kotharyn então obedeceu ao pedido e
tocou o corpo de S.E. e sentiu a temperatura do casco:

- Está absurdamente quente. – Ele disse, mas não desistiu. Então, um dos jovens que o
auxiliavam ali trouxe algo que parecia com uma enorme caixa de som:

- Senhor Kotharyn, acredito que o Emissor de Ondas. – Kotharyn olhou para aquilo e
Luannia percebeu a dor nos olhos do krarrashin. O rapaz então deu a ela um enorme fone
de ouvido e Kotharyn colocou outro e ligou o dispositivo que fez tudo estremecer no Hangar.
A comporta foi recuando até que arrebentou para o interior do S.E. e um bafo de calor saiu
do interior; Luannia já ia entrando quando Kotharyn a segurou e apontou para tirar os
fones. Ela o fez e ele disse:

- Você não pode entrar, o calor do interior está muito alto. – Decidida, Luannia retrucou:

91
GALAXYA

- Eu acabei de me expor a uma estrela. Minha vida toda me alimentei de uma estrela. Um
calor desses não é nada para mim. – E adentrou no interior de S.E., seguida por Kotharyn.
Tudo estava incandescente no interior e bem avariado. O piso emitia ondas de calor que
fariam qualquer ser vivo terranos sofrer queimaduras graves no corpo, mas não Luannia e
Kotharyn. Quando chegaram na frente, as cadeiras estavam derretidas sem condições de
alguém sentar e no assoalho Corr Sairy estava imóvel:

- “Eu não consigo ver os sinais de vida dele”. – A voz de S.E. fraquejava e percebia-se a dor.
– “Como ele está?”

- “Poupe suas energias, S.E. Você também está muito mal. Kotharyn e os meninos cuidaram
bem de você”. – Luannia tentou parecer calma ao falar com o amigo metálico de Corr Sairy.
Sem Luannia precisar falar nada, Synn Tharra surgia, com um traje de suporte de vida,
entrando na nave, acompanhada de uma maca flutuante:

- Pai! – Percebendo o nervosismo na voz da jovem, Luannia tentou apaziguá-la:

- Harpia disse que ele está seguro neste traje, mas tem que ser levado com urgência para o
Scientia. – Ela viu as lágrimas nos enormes olhos da jovem. – Você precisa ser forte, pelo
seu pai e sua irmã. Eles precisam de você mais do que nunca. – Compreendendo o que
Luannia dizia, Synn Tharra pediu:

- Kotharyn, ajude-me a coloca-lo na maca. – E Kotharyn fez, mas não se ouviu um gemido
vindo de Corr Sairy. Nada. Não tentando pensar nisso, Synn Tharra saiu rapidamente do
interior do S.E. com seu pai, deixando Luannia e Kotharyn. Esta o falou:

- Por favor, cuide desse outro maluco para mim. – Ela se continha com todas as forças de
seu ser. Kotharyn nada disse, somente concordou com a cabeça.

Luannia saiu do interior do S.E. e acariciou o amigo debilitado. Subiu pelo Tuboelevador e
viu que Synn Tharra e vários membros do Galaxya praesul estavam ali, trabalhando como
formigas para salvar Corr Sairy, enquanto Marcelle, que tinha Pum Riss, chorando, ao seu
lado, e Antares estavam em câmaras de recuperação. Sem saber para onde ir, Luannia
entrou no Testimonii e sentou na cadeira que sempre se sentava ao lado de Corr Sairy,
Marcelle, Synn Tharra e Pum Riss e veio com toda a força dela. Começou com uma pequena
lágrima no canto dos olhos, mas o turbilhão tomou conta de seu ser e ela chorou
copiosamente. Saiu da cadeira e sentou em um canto da sala e lá ficou, chorando até cair
no sono. Galaxya não permitiu que ninguém entrasse no local e desligou a iluminação,
deixando-a descansar.

O tempo passou de forma lenta e com todos preocupados.

A primeira pessoa que entrou em contato com Galaxya foi Jacqueline. Ela estava muito feliz
com todos terem salvado, mas quando soube das condições de Corr Sairy e S.E., ficou
exasperada:

- O que podemos fazer? – Inquiriu Luannia, que aparentava cansaço e abalo:

- Torcer pela recuperação dele. Synn Tharra e o pessoal do Galaxya praesul Scientia estão
cuidando dele. As queimaduras são bem graves, mas estão fazendo reconstrução do tecido.
O problema são os pulmões, foram bem danificados e ele está dependendo de máquinas. –
Então ouviu a voz de Gene:

- Nós vamos pro Galaxya...

- Não. Vocês têm uma missão que é levar os terranos com segurança para Parvati.
Mantenho-os informados de qualquer progressão no quadro dele. – e, na tentativa de
descontrair, Jacqueline disse:

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GALAXYA

- Quem sabe na reconstrução do tecido não dão um jeito naquela cicatriz dele e no olho. –
Com um sorriso apagado, Luannia ponderou:

- Se fizermos isso, você arca com os problemas que ele arranjará quando acordar?

- Nem pensar, ele é seu companheiro. – Manifestou-se Jacqueline. – Ele vai sair dessa,
tenho certeza. Estamos na torcida. – E finalizou a chamada.

Vários outros entraram em contato querendo saber de Corr Sairy e S.E. Kotharyn conseguiu
recuperar o diminuto S.E. e este dividia seu tempo com Luannia ou no Scientia:

- Kotharyn teme mexer em mim agora, pois foi Corr Sairy que me fez. Ele acha melhor
esperarmos ele sair do Scientia. – Disse para os membros do Galaxya no Testimonii, após
Marcelle e Antares despertarem.

Quando Hannia entrou em contato com o Galaxya, Luannia se sentiu mais apta a se abrir:

- Eu estou com medo, irmã. – Luannia disse, de forma preocupante:

- Você falando em medo torna as coisas ainda mais preocupantes, irmã. Como estão
Marcelle e Antares?

- Já se recuperaram. Fizemos uma rápida reunião para decidir os próximos passos. Antares
agora tem sido menos formal, chamando a todos somente pelo nome. É estranho, mas
encurtou bastante as falas dele. Mantém somente a formalidade quando fala com a
Confederação Galaxial.

- Eles entraram em contato!

- Na verdade foi Antares que entrou em contato com o Confederado-mor, querendo saber
sobre o julgamento de Domminon, que acontecerá no próximo arr.

- E Marcelle?

- Desde que despertou? Não sai do Scientia. A coitadinha não entende nada daquilo, mas
tem tentado ajudar a irmã. Como eu, se culpa por Corr Sairy ter ido sozinho naquela
missão.

- Irmã, vocês não podem fazer isso convosco...

- Como não. Se eu ou Marcelle tivéssemos assumido a missão de ter cuidado da segurança


dos terranos, Corr Sairy estaria...

- Morto! – Hannia foi direta. – Parece que vocês não conhecem o homem que é seu parceiro e
pai dela. Se Corr Sairy não tivesse cuidados de salvar os terranos, ele teria ido atrás de
Domminon e, com certeza, ele estaria morto agora. Ele foi estratégico, irmã. Ele sabia que
você e Marcelle dariam conta de Domminon, como fizeram. Sim, ele sofreu queimaduras
gravíssimas e teve o corpo bem avariado, mas ele sabia que Synn Tharra e os Galaxya
praesul batalhariam para salvá-lo. Sem contar que, duvido muito, o Galaxya deixe Corr
Sairy morrer.

- Eu temo perde-lo, irmã! – Luannia começava a chorar.

- O temo é natural, irmã. Você está ligado a Corr Sairy como eu estava ligada a Hommir,
talvez até mais. Como é mesmo que as dharkyensis chama?

- Storgí. – Luannia completou, sorrindo. O que despertou um sorriso em Hannia, também:

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GALAXYA

- Então! Corr Sairy é teimoso demais para morrer assim. Daqui a pouco ele estará nos
torrando a paciência e colocando aquele corpo terrano dele em perigo. – Luannia teve uma
lembrança que a fez sorrir mais. – O que houve?

- Ele me prometeu que faríamos uma viagem de quinze k-rarrs. Somente eu, ele e S.E. –
Hannia, brincando, fez cara de triste:

- Poxa, vou ficar mais longe de ti por quinze k-rarrs? Sem problema, eu tenho Lennie e
Honnio agora. – Mudando de assunto, Hannia falou de forma mais séria. – Dishinna
precisou de minha ajuda a pouco tempo.

- O que houve? – Luannia se preocupou e Hannia explicou:

- Mais um grupo remanescente de seguidores de Desharr. A chamam de usurpadora. Eles


queriam atravessar a Fenda Dimensional para atacar Kelkzerr, mas resolvemos isso.

- Eles não param! – Luannia argumentou, com raiva.

- Será sempre assim, mas o importante é rechaçar sempre que possível. Mantemos a Fenda
Dimensional selada. Somente eu ou ela temos como abri-la, então sempre que algo ocorrer,
eu cuidarei disso. – Então retomou o assunto anterior. – Irmã, Corr Sairy é um lutador. Um
dos maiores e melhores guerreiros com quem tive a felicidade de conviver (e dividir a cama)
– Luannia jogou a cabeça pro ar e Hannia riu. Então continuou –, então, se tem uma que
sairá dessa, com certeza, é ele. Vá, cuide de suas filhas (amei o lance de Marcelle a
considerar assim), fique ao lado do seu companheiro, pois, quando ele despertar, dê um
soco meu nele por se meter em tantas confusões. – Luannia riu daquilo. – Te amo muito,
irmã! E amo demais aquele guerreiro maravilhoso! – E a transmissão se encerrou. Assim
que Luannia saiu do Collocutio, Marcelle a esperava:

- É tudo culpa minha, Lu! Eu não deveria... – E desabou em chorar, caindo sobre os
próprios joelhos. Luannia sentiu a dor da jovem, pois era a mesma que a dela:

- Não, Celle, não é culpa sua e nem minha. Hannia acabou de falar uma coisa certa. Se
tivéssemos nós cuidado da extração dos terranos, seu pai teria ido tentar prender
Domminon. Ele agora está ali e sua irmã não para. Eu não a vi descansar um segundo se
quer. Então, com certeza, seu pai sai dessa. Temo que acreditar nisso. – E as duas se
abraçaram amavelmente. Neste momento, Pum Riss chegou. – Cuide de sua companheira
por mim, Rissie. – Esta abanou a cabeça em confirmação. Marcelle a abraços e ambas foram
para seu aposento.

Como Luannia disse para Hannia, no arr seguinte foi o julgamento de Domminon, que
demorou cinco arrs para apresentação das provas, testemunhas e análise das provas por
parte da Confederação Galaxial. No processo, Odared Efnoc foi selado em seus aposentos,
por ter compactuado com Domminon. O Confederado-mor Victor Cambasi também foi
responsabilizado, mas sua punição seria que, após o processo, ele deixaria o posto de
Confederado-mor e uma nova eleição emergencial ocorreria. O julgamento foi assumido por
sua suplente, Sharan. Ele também seria substituído por um novo Confederado da Terra ou,
no caso, de Parvati, quando estes chegassem ao novo planeta.

Após o decorrer do julgamento, foi o momento da leitura da sentença de Domminon, que


esteve presente a todos o julgamento, acorrentado e amordaçado:

- Domminon de Dokktara. Pirata intergaláctico, escravagista, comerciante de armamento


ilegal, financiador de golpes despóticos, destruidor de sistemas estelares. Você e seus
irmãos, Pokketor (agora falecido) e Ykkamera (que cumpre prisão no Satélite-prisão) foram,
durante muitos k-rarrs o horror que vagou por toda a Imensidão. Vocês infringiram o terror
e a vilania por vários planetas, e para quê? Por vezes agiu contra o sistema Volos, lar dos
volosis e de sua Megami Aryannin. Destruiu o sistema anterior que os phællansis
habitavam, bem como o sistema anterior que os krarrashins habitavam, tornando-os

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GALAXYA

escravos, que negociou, posteriormente com Megami Aryannin, que lhes salvou as vidas.
Apoiou o golpe do déspota Brann Dawh o Usurpador. Negociou material bélico e letal com os
planetas Darkyan e Terra. E, por fim, destruiu o sistema Volos e, mais recentemente, o
sistema Sol, ambos pelo simples prazer de provar ser capaz de fazê-lo.

“Olho em vossos olhos e não enxergo remorso, complacência ou altruísmo. São olhos frios,
vazios dessas emoções, que demonstram a mim que, se fosses solto novamente, voltaria a
fazer tudo de novo, com o prazer que fizera antes, senão até com mais prazer.

“Sacrificaste teu próprio irmão para alcançar o que desejas. Sacrificaste o ser que disseste
que valorizava somente por não tolerar que a Terra não tivesse mais seres vivos. Pergunto-
me se tens sentimento, mas acho que já sei a resposta para este questionamento.

“Bem, como todo ser julgado pela Confederação Galaxial, tu terás o direito de tuas últimas
palavras antes que eu promulgue vossa sentença”. – Sharan apontou para o krarrashin
Potharkk que, com o clique de um botão, liberou os lábios de Domminon, que esbravejou e
sua voz parecia fazer tremer a Sala de Conferências:

- Ser medíocre que comanda um grupo de seres ordinários, achas que abala Domminon com
vossas palavras? Sentença? Não importa quanto tempo imponham a Domminon. Domminon
voltará e destruirá cada um de vós. Domminon é absoluto! Domminon é poder! Não podem
infringir nada a Domminon, pois Domminon é mais que qualquer um desse seres ignóbeis e
inferiores à Domminon... – E a mordaça foi novamente acionada por Potharkk, a pedido de
Sharan:

- Suas palavras demonstram tudo que acabei de dizer e que todos ouviram bem. Sendo
assim, pelo poder a mim instaurado como Confederada-mor interina, eu o sentencio a toda
sua eternidade na cadeia de meteoros. Não vemos outra solução que não seja essa. Então,
dou fim a este julgamento e a execução da sentença será efetuada o mais urgente possível.

Como dito por Sharan, instantes depois todos estavam no Grande Salão para Domminon se
colocado em uma câmara hibernária e ser enviado para uma cadeia de meteoros:

- Você deveria permanecer como Confedera-mor, Sharan. – Disse Luannia depois de tudo. –
Ia ser uma bela surpresa para Corr Sairy, quando ele acordar.

- E como ele está? – Sharan soou preocupada. – Como bem sabem, os membros da
Confederação Galaxial não podem ter acesso ao andar de vocês. Falei, arrs atrás, com Synn
Tharra, mas ela não pode falar muito. – Consternada, Luannia disse:

- Não temos um prognóstico ainda, mas Synn não para um momento. – Então se voltou
para seu chip neural. – “Galaxya, tem como dar autorização para Sharan visitar Corr
Sairy?” – E a resposta logo veio:

- “Ela poderá ir quando desejar”. – Sorrindo, Luannia lhe falou o que pedira a Galaxya e
Sharan replicou:

- Muito obrigada por isso, Luannia. Sei que não é normal...

- Mas você é amiga de Corr Sairy e ele valoriza demais você.

Não demorou muito e Sharan foi ao andar para ver Corr Sairy, o que deixou Pum Riss e
Marcelle surpresas, mas felizes, também:

- Luannia permitiu minha vinda para cá. – Sharan esclareceu.

- É maravilhoso vê-la aqui, Confederada-mor interina Sharan. – Disse Antares. Mas essa
logo colocou:

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GALAXYA

- Sem muitas formalidades, por favor. Não vim como representante da Confederação ou
mesmo membro desta, vim como amiga de Corr Sairy. – Então, Marcelle e Pum Riss a
levaram ao Scientia. Ao ver Sharan, Synn Tharra a abraçou:

- Me desculpe por aquele dia. As coisas não param e eu estava com minha irmã em
recuperação, Antares, meu pai, além de cuidar das crias de Ortsac e K’thryn e do
desenvolvimento de Aryannin. Queria tê-la tratado melhor, Sharan, ou melhor,
Confederada...

- Sem formalidade, Synn Tharra, estou aqui em forma civil. E ele, como está?

- Recuperamos o tecido do rosto, do tórax, dos braços e das pernas. Os ossos já


calcificaram, mas o problema ainda são os pulmões. A reconstrução tem sido mais lenta,
pois é um órgão importante do corpo terrano. – Synn Tharra explicou.

- Nos conhecemos bem tardiamente. Aqui, no Galaxya, mas eu conheci teu pai em Thrittan,
no julgamento dele. Do nada havia me escolhido para defende-lo. Achei maluco, mas ele
demonstrou ser um lutador e que não se entregaria com facilidade, mesmo que usasse de
noções e conceitos totalmente dele – todos sorriram –, mas este é Corr Sairy. Se tem uma
pessoa que eu acredito que sairá dessa, com certeza, será ele. – E Synn Tharra abraçou
Sharan, novamente.

Passaram-se três arrs e, enquanto Synn Tharra cochilava ao pé da cama de seu pai, ouviu
uma voz que queria ouvir a muito tempo, mas ainda mais rouca do que antes:

- Você deveria estar cuidando de mim e não descansando! – Synn Tharra acordou no susto e
gritou:

- Pai! – Se levantou e foi abraça-lo. Logo todos estavam no Scientia. As Galaxya praesul que
ajudavam Synn Tharra, tinham lágrimas de felicidade nos olhos. Marcelle, como a irmã,
abraçou o pai fortemente. Luannia lhe desferiu um soco no rosto:

- Isso é por Hannia! – Corr Sairy segurou o queixo e falou:

- Acho que mereci isso! – Então, Luannia segurou o rosto dele e o beijou afetuosamente:

- E este é por mim! – Corr Sairy sorriu e pronunciou:

- Mas eu gostei mais disso!

Com exceção de Stahirr, que ainda estava mais ausente do que o normal, todos estavam no
aposento, que agora estava isolado do resto do Scientia:

- Eu não queria mexer em S.E. Você e ele trabalharam nisso, não queria me meter. –
Kotharyn se pronunciou.

- Tudo bem, Grandão. – Então falou com o diminuto S.E. – Como você ficou?

- Esquece. Tô muito detonado para me recuperar. Aquela supernova nos detonou mesmo!

- Eu falei para vocês dois que era uma má ideia. – Argumentou Luannia, então S.E. expôs:

- Pode ser, mas salvamos muitas pessoas, Luannia. Desculpa falar isso, mas valeu a pena.
E Corr Sairy expressou:

- Lu, eu tenho que concordar com S.E. Perdemos muito, S.E. tá malzaço, eu demorei para
me recuperar (obrigado por isso Synn Tharra), mas trilhões de vidas terranas foram salvas.
Sem contar que você, Antares e Celle detonaram a nave de Domminon, e você e Estrelinha

96
GALAXYA

detonaram o maldito. Isso já valeu muito. Só sinto não ter visto ele receber a punição. E
com Sharan decretando! Caramba, Sharan é a Confederado-mor...

- Interina. – Antares completou. – Pena que não pude fazer muito enfrentando Domminon,
mas Luannia e Marcelle resolveram bem o problema.

- Sabe o que é mais estranho disso tudo. É você sendo menos formal, Antares. Isso é
estranhaço! Mas se você está bem com isso, com certeza, eu estou.

- Certo pessoal! Ele está melhor, mas ainda precisa de repouso. Como bem sabem, Corr
gosta de falar demais e isso é abuso de um pulmão quase novo. – Todos entenderam o
recado de Synn Tharra e saíram do quarto. – Depois venho vê-lo e, com certeza, todos
poderão vir, também. Serão somente quinze arrs de cama e sossego. Para quem queria se
aposentar, isso é ótimo. Até mais, pai! – E saiu, deixando somente S.E. com Corr Sairy, que
não falou mais nada, deixando o amigo descansar.

Depois de tempos vagarosos, os quinze arrs passaram voando e Corr Sairy saiu da cama:

- Minha musculatura não está atrofiada? – Corr Sairy estava pasmo e Synn Tharra lhe
explicou:

- Pequenos choques diários mantiveram sua musculatura ativa. Começamos depois da


recuperação do tecido. – Corr Sairy então beijou a filha:

- Você tem se saído muito bem aqui.

- É, mas ainda sinto falta de K’thryn. Penso que se fosse ela...

- Teria demorado o mesmo tempo que você, Synn. Não fique pensando nisso. Meu corpo
tava bem surrado e você, Galaxya e as meninas fizeram tudo por mim. Agora eu tenho que
fazer algo por esse camarada aí. – Proferiu, falando de S.E.:

- Demorou. Tá na hora de voltarmos a ativa...

- Com calma! Vocês dois têm muito trabalho pela frente. – Pontuou Luannia, surgindo na
porta. Synn Tharra saiu e Luannia a beijou. – Você já contou a ela?

- Contou o quê? – E Luannia deu-lhe um soco no braço. – Ai! Antes temos que recuperar
S.E. Daí então nós contaremos a todos. – Luannia o abraçou e disse:

- Não serão somente férias, não é? – Corr Sairy, enigmático, questionou:

- Por que acha isso? – Luannia estava feliz e argumentou:

- Corr Sairy, se bem te conheço, você não faz nada sem planos. Você tem dez mil planos
para três mil coisas. Não sei porquê, mas acho que tem a ver com K’rynn Swiss.

- Quando chegar o momento certo, eu te falarei.

A recuperação de S.E. foi rápida, pois Corr Sairy contava com tudo o que precisava ali
mesmo.

De começo, todos achavam que Corr Sairy usaria Harpia, mas ele logo descartou a ideia:

- Nem pensar, a garota foi ideia do S.E. O que podemos fazer é dar-lhe mais personalidade,
que tal, Galaxya? – E logo Harpia se tornava um ser senciente como S.E. e sua
personalidade tinha uma força equiparada a de Luannia:

97
GALAXYA

- Ela é maravilhosa! – S.E. concluiu.

Não ocorreram mudanças no design de S.E., mas sua estrutura era diferenciada:

- O seu corpo suportará muito mais agruras. O sistema interno nunca superaquecerá como
ocorreu antes, bem como você também não, já que seu corpo é feito do mesmo material que
o meu e o de Harpia. – Explicou Galaxya. – Ainda mantivemos seus sistemas de propulsão,
mas este não se sobrecarregará, pois tem um sistema de escape. Os escudos de proteção,
bem como os campos estão mais resistentes. Agora, o ponto final, sua pigmentação viva (já
que preferem manter a cor escura com faixas vermelhas) é antirreativa positiva, ou seja, ela
garantirá mais uma camada de proteção a você. Ah, e quando decidir se tornar mais
compacto, a ação não parecerá tão dolorosa como antes. Compreendeu a tudo!

- Tô me sentindo como pinto no lixo! – S.E. brincou. – Obrigado por tudo, Galaxya.
Deveríamos ter feito isso desde que havíamos chegado aqui, Corr Sairy.

- Só posso concordar contigo. – Corr Sairy colocou e depois agradeceu. – Obrigado por tudo
mesmo, Galaxya. Assim, logo depois, Corr Sairy agendou uma reunião no Testimonii:

- Obrigado a todos por terem vindo. – Corr Sairy começou. – Até mesmo você, Stahirr, que
anda bem desaparecido. Seguindo, depois que as esferas de sobrevivência chegarem a
Parvati, gostaria de participar da restruturação dos parvatinos (como eles já vêm se
definindo).

- Estávamos pensando a mesma coisa, pai. – Alegou Marcelle. – Eu e Rissie adoraríamos


participar da reconstrução do Observatório Menken. Encontramos o local perfeito para isso,
ou melhor, foi Akeem que encontrou. Ele está muito empolgado, também, dizendo que quer
participar.

- Seria maravilhoso que nos dispuséssemos a auxiliá-los no que desejassem. – Exprimiu


Antares.

- Bem, eu prefiro permanecer aqui. Não vejo motivos para ajuda-los, já que são tantos. –
Argumentou Stahirr.

- E por que será que isso não me surpreende? Bem, se mais de nós iremos, será
maravilhoso. Acredito que devemos falar com quem está responsável pela governança do
planeta, temporariamente. Creio que devam ter nomeado alguém para isso. – Corr Sairy
argumentou e logo Antares se pronunciou:

- Cada esfera nomeou um representante para isso, após os problemas que enfrentaram de
começo. Possivelmente teremos de falar com cada um desses representantes. Farei isso!

-Valeu Antares. Agora, o segundo motivo de eu ter reunido a todos. Após ajudarmos os
parvatinos, eu, Luannia e S.E. sairemos em uma viagem longa, de quinze k-rarrs, no
mínimo. Sei que isso parece meio abrupto...

- Não sei porque, mas eu já esperava por isso? – Synn Tharra falou.

- Definitivamente, vocês precisam de mais tempo longe da confusão. – Proferiu Marcelle.


Corr Sairy olhou para as filhas e, então, Antares disse:

- Desde que você considerou o Galaxya superlotado, eu esperava que fosse tomar essa
decisão. Quando saiu em perseguição ao Domminon, imaginei que seria neste momento que
faria essa pausa. Sinceramente, meu caro amigo, torço para que tudo corra bem.

- Já estava na hora de vocês terem somente um momento para ambos. Como bem colocou
Marcelle, precisam ficar um tempo longo distante de confusões. – Explicitou Kotharyn.
Sabendo que Stahirr não se pronunciaria, Corr Sairy ponderou:

98
GALAXYA

- Que bom ter este apoio de vocês. Facilita muito as coisas. Bem, como eu disse, será depois
de auxiliarmos Parvati. Se ninguém tiver mais o que dizer, acredito que acabamos. – Mas
Stahirr se pronunciou:

- Creio que eu não tenha me pronunciado. Sei que minha opinião pouco lhe importa, Corr
Sairy. Que nem desejava minha presença aqui. Mas espero e torço que encontre o que
deseja e saiba que cuidaremos de tudo por aqui. – Surpreso, Corr Sairy comentou:

- Não que eu me importe ou não com sua opinião, Stahirr. Só não imaginei que quisesse
falar algo e considera-se uma vantagem minha ausência, já que acredita que eu manipule
Antares. Não, não foi ele quem disse algo – Corr Sairy falou quando Stahirr olhou para
Antares –, eu simplesmente joguei verde e consegui colher maduro. Mas é bom saber que
tenha alguma impressão de mim, mesmo que negativa.

“Sim, eu não desejava você aqui, pois Antares sempre demonstrou mais liberdade para
interlocutar e se expressar longe da Confederação Galaxial, mas você tem se ausentado
tanto e por tanto tempo, que você estar ou não entre nós, não tem feito diferença. O que
meu preocupa são os motivos dessas ausências. Mas, não quero especular nada, pois você
conhecia muitos dos confederados da Confederação Galaxial e deve passar bastante tempo
com eles. Só espero que seja isso mesmo. Bem, mais alguém”. – Ele esperou que alguém
falasse algo, mas como nada foi dito ele pronunciou. – Então, agora sim é encerrada essa
reunião.

Momentos depois, Luannia, Marcelle, Synn Tharra e Pum Riss foram até S.E., para ver Corr
Sairy:

- Que papo foi aquele no final da reunião? – Inquiriu Marcelle. – O que você está tramando,
pai?

- Por que acha que estou tramando algo? – Corr Sairy inquiriu e Luannia sorriu, mas foi
Synn Tharra que falou:

- Corr, sabemos que desde antes de Stahirr entrar para o grupo, você vem desconfiando
dele.

- Sim, e investigamos aquela sua alegação a respeito dele ter sido os tais deuses que
mencionara. É mesmo instigante que o período dele ter desaparecido, foi o período em que
tais deidades ficaram em evidência na Terra, mas desconfiamos que seja mais do que isso. –
Apresentou Pum Riss, foi nisso que Luannia falou:

- Não adianta, meninas. Já tentei tirar algo dele, mas vocês podem ter certeza que narrarei
para vocês tudo que seu pai fizer. – Corr Sairy fingiu afrontamento:

- Vocês todas contra mim? Me sinto ofendido! – Todas sorriram, então Marcelle colocou:

- Não importa o que você esteja tramando, espero que tenha provas do que quer que seja,
pois somente alegações não fazem nada. Ah, e Rissie andou verificando mais coisas.

- Sim, nós também temos visto que Stahirr tem se ausentado muito e consegui identificar
que ele tem ido muito a Arca dos Gêmeos. Fui até eles, mas não consegui. Não sei como
consegues conversar com eles.

- É só ignorar o eco e dar atenção ao resto. – Corr Sairy ponderou, e Pum Riss continuou:

- Difícil isso, mas consegui captar que ele tem se encontrado com confederados específicos.
Feito reuniões constantes, até mesmo com o ex Confederado-mor Victor Cambasi. Goliath
Hitarr de Bhlokyonss, Bavan Sheys de Callyns, Odared Efnoc de Darkyan. Às vezes com
cada um deles, as vezes com todos eles. Só não deram atenção para o que conversavam.

99
GALAXYA

- Eles têm gravações de tudo o que ocorre lá na Arca. – Corr Sairy explicou.

- Acredito que eles devem ter me oferecido, mas minha cabeça já estava doendo com o jeito
deles falarem. Agradeci e saí.

- Bem, como Luannia disse, deixaremos vocês a par de tudo que ocorrer em nossa viagem.
Não estou dizendo que não tentarei descobrir algo sobre K’rynn (sim, Stahirr é
consequência), mas não será somente isso. Pretendo ir aonde eu desejava antes da
Confederação entrar no Galaxya. Como S.E. está melhorado, vai ser ótimo. – Corr Sairy
beijou as filhas e Pum Riss e estas saíram, deixando-o com Luannia, somente:

- Por que descobrir algo sobre K’rynn Swiss?

- Porque fiz uma promessa a K’thryn a respeito disso. Tenho certeza que podemos inocentá-
la e tirá-la daquele Satélite-prisão. Quem sabe, assim, K’roll volta em definitivo.

- Quando você se cansará de tentar seu o herói? – Brincou Luannia.

- Do que está falando? Só quero a verdade.

- Que poderia deixar para outra pessoa tentar achar.

- Quem, Lu? K’roll se submeteu ao Sovarí Exoría. K’thryn perdeu a vida nas mãos de um
monstro, que destruiu um outro ser fantástico (acredite, nunca pensei que diria isso de um
darkyani). A Confederação Galaxial não se importa, pois preferem mantê-la como culpada.
Nenhum outro planeta vai querer fazer isso. Então, como prometi a K’thryn, vou cumprir
isso. – Os grandes olhos de rubi de Luannia olharam para Corr Sairy e ela disse:

- É por isso que eu te amo! – A cadeira de Corr Sairy se ampliou e ambos deitaram,
abraçados.

As esferas logo chegaram a Parvati, mas nem todos se sentiram ambientados de começo.
Acostumados às colônias, os habitantes da Lua, Marte e Titã, além das Estações Espaciais,
ficaram em sua Esfera de sobrevivência. Quando Elýsion chegou para orbitar Parvati, os
moradores das Estações Espaciais logo se deslocaram para lá.

Foram longos k-rarrs de adaptação. No primeiro, um tipo de vírus atingiu algumas pessoas
mais idosas, mas logo Synn Tharra descobriu como combate-lo, imunizando a todos
parvatinos. Com os longos períodos de sonos nas esferas, os parvatinos tinham se adaptado
bem a forma de rotação do planeta, que era mais próxima de Phællans, com uma diferença,
de 0,578 arrs.

No primeiro momento, foi percebido que o solo seria mais difícil de ser explorado, para
construção e cultivo, então um grupo de engenheiros lembrou-se de povos que se
adaptaram com moradias nas copas das árvores e, assim, organizaram-se para a
construção de moradias.

As esferas foram adaptadas para cuidar dos desenvolvimentos agrícolas que eles
precisariam:

- Os parvatinos são criativos. – Galaxya mencionou, determinado momento.

Os povos acostumados aos desertos, foram levados a regiões ermas do planeta, onde
descobriram vários tesouros enterrados sobre as areias. A adaptação foi complicada, pois as
tempestades de areia eram mais recorrentes e fortes, mas nada que um povo adaptado
àquilo não pudesse fazer.

100
GALAXYA

No décimo k-rarr em Parvati, a sociedade estava totalmente estabelecida e já exploravam o


espaço. Como anteriormente, Bases espaciais foram firmadas nos limites do sistema estelar
Surya, sendo a Arthur ocupada por Ross Croisman Azevedo. O apelido que pegou em
Parvati foi “A Távola Redonda”, por causa dos nomes incomuns que Ross escolhera, mas
todos se sentiam seguros, pois as oito bases formavam um campo de proteção que
impossibilitaria qualquer objeto não reconhecível passar por ele.

No décimo-quinto k-rarr, Parvati decidiu criar a Ordem Comum de Parvati ou PCO 48, com
representantes de cada um dos seis continentes ali localizados (com exceção dos polos), das
Estações Espaciais Ganesha e Karttikeya, para as colônias nos planetas Shiva e Vishnu (os
mais próximos de Parvati). Também foi escolhido um representante para a ilha espacial
(como os parvatinos chamavam) Elýsion, mesmo que servisse como base para a Comando
de Defesa Estratégica de Surya ou SSDC 49, comandado pela General Jacqueline Dévero,
determinada pelo PCO. O presidente do PCO foi escolhido no décimo-sexto k-rarr.
Inicialmente, cada continente, Estação Espacial e Colônia escolheu um representante,
depois estes colocaram suas propostas que foi apresentada a todos e a melhor foi eleita. O
Presidente do PCO teria seis k-rarrs para cumprir suas promessas e, se o fizesse, manteria o
cargo por mais seis k-rarrs, com novas promessas. Se não cumprisse, em seis k-rarrs as
propostas, uma nova eleição seria realizada. O presidente, dependendo de seu desempenho,
poderia manter o cargo por dezoito k-rarrs. A primeira presidente escolhida foi Daksha
Anand, pois ainda estava na memória dos parvatinos que fora ela à frente da retirada deles
da Terra, antes da destruição.

Após a escolha da presidente Daksha Anand, foi o momento de escolherem o Confederado


de Parvati na Confederação Galaxial, mas foi determinado que este também teria um prazo
para cumprir com o que prometesse e seria escolhido pelos parvatinos. O primeiro a ser
escolhido foi Akeem Mathup, pois como ele havia descoberto Parvati e era um parvatinos,
poderia assumir o cargo como Confederado de Parvati.

Ele ficou preocupado com aquilo, mas Marcelle lhe disse:

- Assuma e seja o melhor protegendo e defendendo o que acredita ser o ideal para Parvati.
Você foi o melhor e por isso o haviam escolhido como Stellæ dux. Agora todo seu planeta o
escolheu para ser o Confederado. Faça justiça a isso.

Após auxiliar no estabelecimento de Parvati nesses dezesseis k-rarrs, as coisas voltaram a


normalidade no Galaxya, mas uma despedida estava para acontecer:

- Foi mais longo do que eu esperava este restabelecimento em Parvati. – Concluiu Corr
Sairy.

- Tínhamos de deixa-los fazer tudo, pois assim não ficariam mal-acostumados. Galaxya já
fez muito criando Elýsion, as Estações espaciais e as Bases espaciais. – Disse Synn Tharra.

- Sim, Synn Tharra, mas os parvatinos foram bem criativos com as esferas. Eles as
transformaram em ambientes de cultivos, laboratórios e fábricas, sem precisar abusar do
planeta. Os engenheiros foram habilidosos com a ideia de usar as árvores para reconstruir
as moradias. E o povo do deserto, souberam usar as grandes tempestades em benefícios de
todos, produzindo energia limpa e durável. Os parvatinos são muito inventivos. – Analisou
Galaxya.

- Bem, agora eu e Luannia partiremos. – Corr Sairy disse. – A não ser que você não queira,
já que se ligou mais ainda às nossas filhas. – Luannia o olhou com os olhos cerrados:

- Você não se livrará tão facilmente assim de mim, Corr Sairy. – Então se voltou para Synn
Tharra e Marcelle. – Fiquem bem e cuidem uma da outra. Pum Riss cuide das duas.

48
PCO = Parvati Common Order
49
SSDC = Surya Strategic Defense Command

101
GALAXYA

Manterei contato constantemente. – As quatro se abraçaram. Então foi a vez de Corr Sairy
falar:

- Bem, vocês têm umas as outras. E sei bem que você – falando com Synn Tharra – andou
estabelecendo contato com M-Kara e M-Karo – Corr Sairy sorriu – às suas vidas a vocês
pertencem. Façam o que achar melhor delas. Como disse, Lu, manteremos contato, sempre.
Amo todas vocês! – E mais abraços. Então Antares se aproximou:

- Tentarei manter-lhe informado de nossos progressos aqui.

- Só não caia na lábia de Stahirr, Antares. Você aqui é livre para ser quem é. Sempre vou
lhe dizer isso. – E viu-se um sorriso no rosto de Antares.

- Avisaremos quando Aryannin despertar. Falta menos de um k-rarr para ocorrer. –


Kotharyn falou.

- Ficaremos felizes em saber, Kotharyn. – Disse Luannia e embarcaram em S.E.:

- Preparados para a viagem dos sonhos de vocês? Quinze k-rarrs curtindo um ao outro? –
Então Corr Sairy pontuou:

- Lembre-se que temos uma parada antes.

- Difícil esquecer. – S.E. colocou e Luannia disse:

- Vocês já têm tudo esquematizado, não é? – E S.E. se pronunciou novamente:

- Sempre. Por isso somos parceiros. – E levantou voo do Hangar indo em direção ao seu
primeiro destino e depois para uma viagem de quinze k-rarrs.

102
GALAXYA

XXIV
No primeiro contato, Synn Tharra foi bem direta:

- Aonde vocês pararam antes de seguir? – Luannia riu e disse:

- Olá para você também, Synn! – Envergonhada, Synn Tharra falou:

- Desculpe-me, mas é a ansiedade. Corr anda com tanto mistério a respeito disso.

- Infelizmente, sobre isso, deverá permanecer o mistério. Seu pai pediu para nos
lembrarmos de Krarrash II Nós duas não estávamos lá, mas sabemos o que ocorreu. –
Colocou Luannia e Pum Riss falou:

- Então tem uma vida em jogo? – Mas foi Corr Sairy quem respondeu:

- Creio que mais do que uma vida, Rissie. Juro, amaria abrir para vocês o que descobrimos,
mas no momento certo será contado. Por enquanto estamos chegando em Kelkzerr. Vamos
ver Hannia, Lennie e Honnio antes de seguirmos. Recomendo que façam o mesmo. Quando
foi a última vez que virão eles? – Marcelle ia falar algo, mas Corr Sairy interpôs. – Estou
dizendo pessoalmente, pois sei que vocês têm falado com eles virtualmente. Synn Tharra
mesmo vê mais M-Kara e M-Karo do que Lennie e Honnio.

- Existe uma grande diferença, Corr, e você sabe disso! – Synn Tharra proferiu. – Lennie e
Honnio são primos, já M-Kara e M-Karo...

- Tá, informação demais! – Corr Sairy cortou, brincando.

- Então, depois daqui eu e seu pai devemos hibernar um pouco. Creio que em um k-rarr
deveremos estar onde S.E. encontrou Galaxya. Daí voltaremos a contatá-las. Beijos e amo
demais vocês três. – Expressou Luannia e Corr Sairy concluiu:

- Se cuidem e cuidem uma da outra. Em um k-rarr nos falamos.

Depois de uma breve visita e Corr Sairy contar para Hannia, Lennie e Honnio (agora uma
moça e um rapaz, respectivamente) o que descobriram, para a surpresa de Luannia, eles
voltaram para S.E. Quando entraram Luannia o interpelou:

- Sei que Hannia é minha irmã e eu a amo muito, bem como Lennie e Honnio, mas por que
contou a eles sobre o que descobrimos, mas não para nossas filhas e Rissie?

- Porque sua irmã, como nós dois, neste momento, não convivemos com as pessoas
envolvidas em nossa descoberta. Infelizmente, nossas filhas e Pum Riss sim. Então vamos
manter isso desse jeito. – Luannia entendeu o ponto de vista de Corr Sairy e S.E. partiu.
Quando distante de Kelkzerr, ativou o sistema hibernário e colocou-os em sono induzido.

Enquanto viajavam, S.E. recebeu um chamado de Kotharyn e o projetou fora do cockpit


onde Corr Sairy e Luannia descansavam:

- Fala, Grandão, como estão as coisas por aí? – Kotharyn via o diminuto S.E. na sua frente:

- Corr Sairy e Luannia descansam?

- Pois é, eles estão em sono induzido do sistema hibernário. O que aconteceu? – Kotharyn
não parecia muito feliz. – Desculpa não poder acordá-los, mas...

103
GALAXYA

- Não é isso, S.E. Eu gosto de falar contigo. Eu só desejava avisá-los que Aryannin espertou.

- Nossa, que maravilhoso. Isso é ótimo! – S.E. disse, soando felicidade, mas percebeu que
não era compartilhada. – Pensei que estaria feliz, também. Você, mais do que qualquer
outro, desejava isso.

- Sim, sei disso, mas parece diferente do que imaginara. Sei que é Aryannin, ela fala como
Aryannin, tem as lembranças de Aryannin, mas é diferente, pois não me sinto na presença
de Aryannin, consegues me entender? – S.E. se sentiu frustrado, pois como um ser como
consciência artificial que nutria preocupação por Corr Sairy, principalmente, não conseguia
entender a essência de seres naturais:

- Foi mal, Kotharyn. Queria entender, mas nunca passei por este tipo de situação. Lembro
que, quando aconteceu aquilo tudo, Corr Sairy e Luannia foram conversar contigo, mas por
equivoco meu, não me interessei em saber sobre o que conversaram. Mas, prometo que,
assim que despertarem, avisá-los-ei sobre essa nossa conversa. – Consternado, Kotharyn
encerrou a comunicação. S.E. sentiu-se abalado por não poder ajuda-lo.

Quando chegaram do outro lado da galáxia, S.E. despertou Corr Sairy e Luannia. Luannia
então se despiu e saiu pela comporta de S.E., flutuando perto de uma estrela gigante
vermelha, se reabastecendo. Após entrar, revigorada, S.E. lhes falou do contato com
Kotharyn:

- Eu queria ajuda-lo, mas o que ele me falou pareceu confuso. Pelo que entendi, ele disse
que é Aryannin que despertou, mas não é Aryannin. Não consegui compreender.

- Estabeleça contato com ele, S.E. – E logo Kotharyn apareceu na frente deles. – Ei,
Grandão, aonde você está?

- No Galaxya praesul hangar, pois alguns G’s sofreram avarias durante uma missão de
contato com um planeta. Eles acharam que fossem naves thrarkussis. Aparentemente, os
thrarkussis vêm se aproveitando deles, storris, do planeta Storr, no sistema vizinho de
Vertus, Mantha. T-Pinn resolveu tudo, mas alguns G’s precisam de consertos. Assim que eu
voltar ao meu alojamento, entro em contato convosco. – E a transmissão foi interrompida.
Então Luannia disse:

- S.E. estabeleça contato com as meninas. – Não demorou muito e Marcelle aparecia diante
deles. – Ei Celle, como estão as coisas aí?

- Ei, mãe. Ei, pai. Mais ou menos. Aryannin, Ortsac e K’thryn despertaram ao mesmo
tempo. Ortsac e K’thryn estão agora no Libri, com Rissie, aprendendo a história de seus
planetas, ou melhor, dos planetas de seus pais. Synn Tharra foi ajudar no Galaxya praesul
Scientia, pois uma missão foi atacada por storris...

- Sim, Kotharyn nos falou sobre isso. Eles estão bem? – Corr Sairy se envolveu na conversa.

- Estão, foram pequenos arranhões e queimaduras leves. Aparentemente, eles têm armas
que compraram com Domminon para enfrentar os thrarkussis. Mas T-Pinn cuidou bem da
situação e está servindo de porta-voz para que eles ingressem na Confederação Galaxial.
Não poderia estar mais orgulhosa dela continuar como Ducem Galaxya praesul. E vocês? –
Explanou Marcelle e Luannia colocou:

- Estamos bem. Despertamos a pouco, fui me banhar em uma estrela vermelha aqui perto e
quando voltei falamos com Kotharyn. Ele não pareceu muito empolgado com a volta de
Aryannin.

- Então. Temos Aryannin de volta, mas ela está em um ritmo diferente do nosso. Está mais
imediatista. Não sai do andar da Confederação Galaxial, negociando com a Confederada-
mor Pennier. Como sabemos, desde que o sistema Volos foi destruído, o Confederado

104
GALAXYA

Akothyok de Volos VI tem sido mantido por consideração, mas sem muitos poderes
atribuídos, pois não tem o que negociar. Estão desejando substitui-lo, mas Aryannin tem
batido o pé que Volos ainda terá o que oferecer quando retornar com força total. O lance é
que ela não tem previsão para um retorno imediato.

“Acredita-se que, mesmo que Aryannin comece agora, levando em conta tudo que passou
para formar sua sociedade, levaria mais de dezoito k-rarrs para ser metade do que Volos VI
era. Mas Pennier tem demonstrado paciência e requiriu ao Galaxya que participe mais da
Confederação Galaxial”. – Marcelle explicou e Corr Sairy ficou curioso:

- Participe mais como? Sendo um planeta-membro? – Marcelle confirmou com a cabeça,


então Luannia demandou:

- E o que Antares disse sobre isso?

- Ele disse que precisaria consultar a todos antes, então, com certeza, em breve nos
reuniremos no Testimonii. Mas temos alguém empolgado com isso, Stahirr. – Marcelle
ponderou e Corr Sairy reagiu:

- Por que não vejo novidades nisso? Fale com Antares que desejamos participar dessa
reunião, Estrelinha. – Ela concordou com a cabeça e quando ia falar mais, S.E.
interrompeu:

- Kotharyn está querendo falar com vocês.

- Celle, depois continuamos. Kotharyn está nos chamando. – Luannia disse, e Marcelle
finalizou:

- Está bem. Amo vocês. – A comunicação foi interrompida e Kotharyn surgiu:

- Ei, Grandão, ficamos sabendo que conversou com S.E. sobre Aryannin. – Corr Sairy
iniciou e logo Kotharyn disse:

- Não é a mesma coisa. É Aryannin, mas ela está...

- Mais preocupada com a restauração do povo dela. – Luannia completou e continuou. –


Como se sente com isso, Kotharyn?

- Não sei o que sentir. Entendo que ela se sinta vazia, pois testemunhou seu povo ser
desintegrado, bem como a si mesma. Mas esperava que desejasse conversar sobre as
últimas palavras que me disse e como será daqui para frente. Mas creio que não tenhamos
mais nossa Aryannin de volta. – Explicou Kotharyn e Corr Sairy tentou ser paternal:

- Sei que não é o que esperava ouvir de mim, Kotharyn, mas ela sempre priorizará o povo
dela. Sim, sabíamos que ela estava decepcionada e frustrada com o povo dela e que
ameaçou, algumas vezes, destruí-los, mas eram ameaças vazias, pois ela nunca conseguiria
fazer. Ela era mãe e irmã de todos os volosis.

“Mas existe uma diferença disso tudo e foi aquilo que ela nos disse uma vez. Se não tivesse
conhecido a nós, e descobrisse por si só que a estavam sacrificando, algo que poderia
acontecer a qualquer momento, ela teria reiniciado Volos, sem dó e nem piedade. Mas foi
sua compaixão que a fez perceber que existia mais do que ser uma Megami autoritária.
Acredito que, se ela fizer um novo povo em outra estrela, já que Volos se extinguiu, ela fará
pensando em tudo que aprendeu contigo, Kotharyn”.

Kotharyn prestava atenção a cada palavra de Corr Sairy e, assim que ele concluiu, disse:

105
GALAXYA

- Obrigado por essas palavras, Corr Sairy. É difícil crer que não teremos a nossa Aryannin
de volta...

- Mas temos, Kotharyn. Ela está lá dentro, só que agora tem uma visão mais ampla do que
precisa, pois perdeu todo seu povo. Ela precisa encontrar o sistema estelar ideal e começar
a reconstruir. Neste momento e, talvez, nos próximos ciclos de vida dela não a veremos, por
enquanto, mas ela ressurgirá, pois está lá dentro, aguardando o momento certo para voltar.
– Expôs Luannia.

- Será que estou sendo egoísta, então? – Indagou Kotharyn.

- Não, pois em situação similar qualquer um agiria como você. Mas tem de entender que o
momento é adverso e precisa ter paciência. Conversávamos com Marcelle antes de falar
contigo – Kotharyn ia interromper Luannia, mas esta continuou –, pode deixar, não
expomos nada que nos contou. Ela crê que demorará mais de dezoito k-rarrs para termos
uma sociedade estável em Nova Volos. E, quem sabe, depois disso, teremos Aryannin de
volta. Infelizmente, teremos de esperar e ajudar no que ela precisar.

- Obrigado, amigos. Agora tenho de voltar aos G’s. Nos falaremos em breve. – E a
comunicação foi interrompida.

Enquanto Corr Sairy descansava no cockpit, Luannia estabeleceu contato com o Galaxya,
querendo falar com Marcelle, Synn Tharra e Pum Riss:

- Ei meninas, que bom poder falar com todas vocês ao mesmo tempo. – Synn Tharra
pareceu pressentir, e inquiriu:

- O que aconteceu, Lu? Você parece apreensiva. – Então ela começou a contar para as três o
que aconteceu antes deles partirem para Kelkzerr e as três ouviram atentamente. Corr Sairy
terminou despertando com a voz de Marcelle sobressaltada e foi ver o que ocorria. Todas
estavam olhando para Luannia, assustadas e abismadas:

- Você contou para elas? – Corr Sairy questionou e Luannia argumentou:

- Você contou para Hannia, Lennie e Honnio. Não achei correto esconder de nossas filhas e
Rissie. – Exasperada, Marcelle inquiriu:

- Isso é verdade? O que mamãe nos disse é verdade? – Corr Sairy tentou manter a calma e
falou:

- Não temos certeza de nada ainda, mas quem nos falou é confiável. Eu acredito no que ele
disse, mas é necessário investigar mais.

- Investigaremos aqui. Temos acesso a todos os registros e informações que precisamos...

- Não, vocês não farão isso. – Corr Sairy interrompeu Marcelle e falou com Luannia,
pacientemente. – Por isso eu temia contar para elas. – E se voltou para as três, do outro
lado. – Olha, agora que vocês sabem, Galaxya sabe e com certeza poderia passar-lhes todas
as informações que precisam, mas se fizer isso, vocês poderão erguer suspeitas. E, mesmo
que Galaxya esconda bem, suspeitas levam a desconfianças e podem levar a ações extremas
e precisamos manter nosso informante.

“Em breve, teremos uma reunião no Testimonii e não quero vê-las influenciadas por
informações que podem ou não serem verdades. Se forem verdadeiras, descobriremos, no
tempo certo. No momento precisamos pensar se desejamos que o Galaxya seja ou não
membro da Confederação Galaxial...”

- Depois disso, como podemos pensar no Galaxya integrar esse ninho de cobras. – Synn
Tharra o interrompeu e, pacientemente, Corr Sairy explicou:

106
GALAXYA

- Como é o ditado antigaço que eu sigo...

- É bom manter os amigos perto... – Completou Luannia, ao lado dele, e Marcelle, Pum Riss
e Synn Tharra finalizaram:

- ... e os inimigos mais perto ainda. – Corr Sairy sorriu:

- Por isso amo vocês quatro. – Então Marcelle inseriu:

- Mas pai, como podemos deixar o Galaxya se envolver em grupo que achamos...

- Celle, eu sei que está preocupada com isso, no momento, mas isso não é um plano de
curto prazo. Com o tempo certo, todos terão seus papéis nisso. O que temos de fazer agora é
não levantar suspeitas e seguir com nossas funções, ou melhor, vocês seguirem com as
suas e nós com nossa viagem. Em breve nos encontraremos para a votação, mas só peço
que não levem isso em conta. Como eu disse é uma suspeita, precisaríamos ter mais provas.
E volto a falar, não investiguem nada, pois não é o momento. Nos vemos em breve, no
Testimonii. Amo as três. – Corr Sairy a interrompeu e explicou. Luannia finalizou:

- Fiquem bem, as três. – Assim que a transmissão encerrou, Luannia falou. – Você sabe que
elas vão investigar.

- Sim, e por isso não queria contar agora. Eu entendo sua ansiedade, pois também são
minhas filhas, mas sei como elas irão reagir. Synn Tharra tem a minha curiosidade.
Marcelle tem a sensatez de Thiago, mas a audácia de Marcela, e Pum Riss é curiosa por si
só...

- Posso falar algo? – S.E. interrompeu Corr Sairy, que lhe disse:

- Lógico, não estaríamos aqui sem você. Tem todo o direito.

- Valeu. Então, as três são isso tudo que você disse, Corr Sairy, mas eu as vi em suas
funções, várias vezes, e elas são meticulosas e incisivas. Se sairão bem. E, apesar de ter
perdido o Galaxya que ficava sobre seu ombro depois da Terra, nós mantemos contato e ele
prometeu que será meticuloso, também. – Sorrindo, Corr Sairy falou:

- Obrigado por isso, amigo.

Em pouco tempo Antares marcou a reunião a respeito da proposta da Confederada-mor


Pennier:

- Agradeço a presença de todos neste momento, principalmente daqueles que se encontram


tão distantes de nós. Apresento a vós, Ortsac Searamiug e K’thryn Swiss, crias de nossos
amigos homônimos. Esta é a primeira reunião que eles participarão e poderão opinar.

- Nós lhes agradecemos por permitirem isso. Todo o treino e disciplinaridade que temos tido
com cada um dos membros aqui presentes, nos mostra as áreas que poderemos nos sair
melhor. Sei que nosso pai era um mero mecânico, mas nossa mãe era uma médica,
geneticista, princesa e guerreira, o que amplia nosso alcance. – Disse Ortsac, mas Corr
Sairy foi o primeiro a falar, aborrecido:

- Você está sendo bem arrogante ao falar desse jeito, rapaz. Se eu estivesse aí te mostraria
que o seu pai era mais do que um mero mecânico...

- Perdoe, meu irmão, Corr Sairy. Aparentemente ele tem se concentrado nas futilidades e
não nos feitos. Acredito, e espero, que possamos se bem úteis e auxiliar no que for
necessário neste grupo. – K’thryn interrompeu Corr Sairy, que também não ficou convencido
das palavras dela, mas deixou seguir:

107
GALAXYA

- Obrigado pela lucidez de vossas palavras, K’thryn Swiss. Deveria aprender com vossa
irmã, Ortsac Searamiug. – Antares situou e prosseguiu. – No mais, esta reunião ocorre, pois
a Confederada-mor Pennier de Kelkzerr nos propôs que o Galaxya integre a Confederação
Galaxial, com um de nós tendo voz ativa entre eles, não somente assistindo e
testemunhando as decisões que, às vezes, nos concerne. Estão abertas as ponderações. – E
Stahirr foi o primeiro:

- Acho louvável da parte da Confederada-mor fazer tal proposta aos membros do Galaxya,
pois mesmo não sendo um planeta como os demais, ainda tem uma população significativa,
com os galaxyens, sem contar àqueles, como tu Antares, que decidiste se tornar um
galaxyen. Acredito que seremos mais benquistos se integrarmos à Confederação Galaxial,
tendo a ti como Confederado Antares.

- Sinceramente não vejo como discordarmos de Stahirr. O que ele acabou de dizer foi
deveras eloquente e preciso. Somente acredito que, por teres mais experiência,
principalmente como Confederado-mor da Confederação Galaxial, deveria seres ti o
Confederado do Galaxya, Stahirr.

- Não sejas tola, irmã. Somente uma um membro de um planeta-membro da Confederação


Galaxial pode ser um Confederado. Acho louvável o tamanho da sapiência de Stahirr em
vossa articulação e considero satisfatória a escolha de Antares como Confederado do
Galaxya. – Corr Sairy e Luannia não entenderam a rasgação de seda dos filhos de Ortsac e
K’thryn, mas S.E. lhes explicou, via chip neural:

- “Galaxya me informou que ambos andam passando bastante tempo com Stahirr. Ele
assumiu a tutela dos dois, como Antares fez com Jonas”. – Então Antares se pronunciou:

- Agradeço-lhes pela confiança em mim instaurada, mas caso aceitemos que o Galaxya
integre a Confederação Galaxial, recomendo o nome de Synn Tharra para o cargo. – Os
rostos desdenhosos dos filhos de seus amigos, deixou Corr Sairy bem desconfortável, então
ele falou:

- Tá, já ouvimos os bajuladores de Stahirr e o próprio bajulado. Alguém tem mais alguma
coisa a dizer? – Stahirr ficou desconfortável com as palavras de Corr Sairy, enquanto Ortsac
e K’thryn sentiram-se ofendidos, mas nada disseram. – Então vamos votar essa porcaria.
Apoio a entrada do Galaxya, tendo você como Confederado, Antares. – Aquilo surpreendeu
às filhas de Corr Sairy, Pum Riss e Luannia. – “Acredite, eu sei o que estou fazendo!” – Ele
falou para Luannia pelo chip neural, e ela votou:

- Vou seguir pela linha de raciocínio de Corr Sairy, e apoio a entrada e Antares como
Confederado. – Sem entender o que ocorria, Marcelle:

- Não acho válido e nem viável o Galaxya entrar na Confederação Galaxial, quanto mais
termo um Confederado na Confederação Galaxial. Vens participando das reuniões e visto
quando precisam ou não de nós. Os Galaxya praesul vêm prestando serviços para a
Confederação, de qualquer forma. Mesmo que meu voto pouco signifique, não apoio isso! –
Então Antares interrompeu:

- Como bem sabem, precisamos de um consenso entre nós. Um voto contra já anula tudo.
Então, por conseguinte, se Marcelle não apoia nossa entrada, considero encerrada a
votação. – Com isso, a projeção de Corr Sairy e Luannia foram encerradas, mas, mais tarde,
as três entraram em contato com os dois no interior do S.E.:

- Que estupidez foi aquela de vocês dois? – Esbravejou Marcelle, nervosa. – Vocês apoiam a
entrada do Galaxya na Confederação, depois de tudo o que descobriram? – De forma
complacente, Corr Sairy falou:

- Estrelinha, acredite, estou sendo estratégico nesse momento...

108
GALAXYA

- Não existe estratégia nisso, pai. O que eles fizeram é atroz, desumano e vamos viver sobre
as asas deles, sabendo que agiram daquele jeito. – Marcelle interrompeu, mas, entendo a
raiva e o rancor da filha, ele prosseguiu:

- Você sabe, mais do que ninguém, que isso me aflige mais ainda. Principalmente por não
poder revelar às pessoas que mais importam nesse caso. Sei que parece dissonante pensar
que isso seja estratégia, integrar uma coligação como essa, mas ainda existem pessoas ali
confiáveis. Temos Pan Mirr, filha de Pan Rrar e Ja Kris. Temos Akeem Mathup, que é o
Confederado da Terra, sua pessoa que maior confiança. Temos a própria Confederada-mor
que é de Kelkzerr, entre tantos outros. Então temos que acreditar que existem seres que não
participaram disso. Eu não sei quantos estão envolvidos, pois nossa fonte foi bem
incongruente neste ponto, mas também, volto a falar, até termo certeza de tudo, são
suposições. Nossa fonte não é de extrema confiança, ele parecia meio perdido. Talvez
tenham sido os segredos. Por isso investigarei quando voltar...

- Já começamos a investigação. Desculpa, Corr, mas não podíamos esperar. Não existem
registros na Confederação Galaxial sobre o que sua fonte falou. – Então Corr Sairy explicou
uma situação recente que vivenciou e, intrigada, Synn Tharra inquiriu. – E o que isso tem a
ver?

- Talvez muito ou talvez nada, mas foi algo que me fez pensar. Volto a falar para vocês, o
que eu e Lu votamos foi puramente estratégico. Vocês têm de pensar isso com as cabeças
mais desanuviadas. Sabe o que sempre eu fazia para isso rolar? Olhava o espaço e o
Universo infinito. Isso sempre me ajudava. Encontrem o que melhor lhes ajudarem e
decidam.

“Agora, eu e Lu vamos para fora da nossa galáxia, então não sei se poderemos manter essa
comunicação com vocês, mas gravaremos mensagens e enviaremos. Antes de sairmos daqui,
vou falar com Antares para considerar nossos votos. Depois somente ouviremos suas
gravações e vocês as nossas. Saibam que amo as três demais. São as coisas mais
importantes da minha vida”.

- Repito as palavras do seu pai e triplico meu amor por vocês três. Cuidem-se e cuidem
umas das outras. Sempre vou gravar mensagens, tenho certeza que supero o pai de vocês. –
E a transmissão foi cessada, mas Luannia estava curiosa:

- Em que momento você conversou isso com ela? – Corr Sairy pareceu pasmo:

- Você estava do lado quando conversamos. Nem ouviu? – Luannia pensou e lembrou-se:

- Sagrada Desharr, eu deveria estar prestando atenção nas meninas cuidando de Ortsac e
K’thryn neste momento. Em falar nisso, que coisa sinistra foi aquela. Os dois viraram
devotos de Stahirr. Isso é horrível!

- Bem, não vou pensar neles agora. Precisamos falar com Antares. S.E. – E logo Antares
aparecia na frente deles:

- Qual o motivo da comunicação, Corr Sairy, algum problema?

- Não, nenhum, Antares. Estamos somente ligando para deixar claro que ficaremos fora de
contato imediato, pois sairemos de nossa galáxia. Se quiser saber ou nos falar algo, mande
uma mensagem, pois assim que S.E. conseguir captá-la, nos transmitirá. – Corr Sairy
instruiu.

- Agradeço-lhes por isso, mas e como ficará a votação. Sem os votos de vocês, não
poderemos prosseguir. – Antares indagou e Luannia aclarou:

- Considere nossos votos já ditos. Não mudaremos mesmo. Se Marcelle decidir voltar atrás e
você se tornar Confederado, desejo boa sorte e cuidado.

109
GALAXYA

- Novamente sou-lhes grato por isso. Mas acreditas que Marcelle voltará atrás. Pelas
palavras proferidas por ela...

- Antares, vai por mim. Já fizemos algo assim antes e quando voltamos para decidir, com as
cabeças mais claras, votamos a favor. Ponderações contra todos temos. Eu tenho várias,
mas a Confederação está aí e, como já disse várias vezes, se o Galaxya for a favor de fazer
parte, que sejamos. Desde que, também, sejamos coerentes com nossos princípios. Até
mais, amigo! – E a comunicação foi interrompida. Quando Luannia pensou que eles iam
entrar em hibernação, Corr Sairy pediu para o Galaxya gravar uma mensagem e este o fez. –
Entregue a ele quando se tornar Confederado-mor. – Espantado, S.E. questionou:

- Tem certeza que ele se tornará Confederado-mor, antes de voltarmos? – Corr Sairy sorriu,
então foi a vez de Luannia inquirir:

- Você falou tudo para ele nessa mensagem. Todas as suspeitas, seu informante e sua
conversa. Você acha que ele acreditará em você e não passará para a frente? Mesmo sendo
Confederado-mor?

- Lu, amor meu, se tem uma coisa que eu aprendi é não esperar nada de ninguém. Mas
vocês insistem tanto que tenho que confiar mais, então decidi fazer com essa mensagem.
Mas acredite, se tudo der errado...

- Você tem um plano reserva. – Luannia completou e Corr Sairy a beijou com ardor:

- Por isso que eu te amo! – Os dois se posicionaram em suas cadeiras, S.E. acionou o
sistema hibernário e ambos entraram em um sono sem sonhos.

No primeiro despertar, Corr Sairy e Luannia tiveram três mensagens gravadas. A primeira
foi de Marcelle e Pum Riss:

- Ei pai, ei mãe. – Respirou fundo. – Então, é estranho falar com vocês, depois de tanto
tempo de convivência, por mensagem, mas vamos lá. Como você pediu, pai, eu pensei bem
em tudo que disse e aceitei que nós viéssemos a integrar a Confederação Galaxial.
Convoquei a reunião no Testimonii. Antares esclareceu a todos que vocês disseram a ele que
os votos de vocês permaneceriam o mesmo e como sabíamos que era verdade prosseguimos.
Bem, como perceberam, temos bajuladores de Stahirr. Então, qualquer coisa que ele falar,
já tem dois votos ao seu favor. Acredito que Ortsac e K’thryn se decepcionariam com eles
por causa disso. Acredito não, tenho certeza. Bem, por que disse isso? Eles usaram a
bravata de que quem não está presente, não deveria ter direito a voto. Mas pisaram no calo
de Antares, aparentemente, pois ele deu um belo sermão em ambos, mas foi menos direto
do que você foi, pai.

“Terminada a votação, decidimos por Antares assumir o cargo como Confederado. Acredito
que Stahirr e seus aduladores, esperavam que este escolhesse ele como representante do
Galaxya na Confederação, mas terminou escolhendo a mim. Quando aceitei ser a segunda
depois dele, não esperava essa responsabilidade. Eu falei que deveria ser Synn, pois está
constantemente coordenando os Galaxya praesul, mas Synn foi bem breve e disse que não
queria mais essa função...”

- Ela está com medo! – Pum Riss implicou e rindo, Marcelle a empurrou:

- Sim, estou com medo. Não estou acostumada com postos de liderança ou representação.
Sou ligada às estrelas. Synn tem se dedicado ao trabalho constante com os Galaxya Praesul,
seria a pessoa mais indicada para ficar como representante. Naquele momento de Antares
escolher sua segunda, deveria ter dito para escolher Synn, não a mim. Será que, quando ele
disse que Synn deveria ser Confederade, já pensava em mim como representante? No mais,
tenho visitado mais Parvati, com Rissie aqui. – E abraçou a companheira, beijando-a. E
Pum Riss disse:

110
GALAXYA

- Além de estarmos indo mais a Phællans. Temos tido mais tempo para isso, com os Galaxya
praesul dux assumindo mais as funções. Abrimos vagas para novos aspirantes e, desta vez,
Erregina Tyth Annis permitiu crisyenos se inscreverem. Ficamos surpresas, mas isso é
maravilhoso.

“Em nossa visita à Phællans, Ti Kkrus disse que temos de pensar em unir nossos votos de
fidelidade. Celle diz que queria a presença de vocês aqui para isso e eu concordei. Não seria
certo unir nossos votos de fidelidade sem a presença de vocês. Pensando bem, deveríamos
ter pensado nisso k-rarrs atrás, mas aparecia uma confusão atrás da outra. O que importa
é estarmos felizes juntas. Le Pann está prenhe, novamente, e Ti Kkrus chamando Celle para
ser madrinha desta vez, já que eu sou madrinha do filho deles Ti Korr. Como bens sabes,
Corr Sairy, a responsabilidade de ser padrinho ou madrinha de um phællansi é grande, mas
será bom termos mais o que fazer, pois chega ser monótono as vezes. Por isso, por favor,
mandem registros de suas viagens. Preciso de mais coisas. No mais, sentimos muita falta de
vocês e amamos vocês demais...”

- Ei era para eu falar isso? – Marcelle brigou e Pum Riss riu. – Pai, mãe, sentimos muita
falta de vocês e amamos vocês demais. Voltem logo! – E a transmissão se encerrou. A
segunda transmissão era de Antares:

- Bem como você disse, Marcelle decidiu a favor de nosso ingresso na Confederação
Galaxial. Não senti empolgação em nenhuma de suas filhas e nem em Pum Riss nisso, mas
elas aceitaram. Todos decidiram por eu ser o Confederado, assim, para não sobrecarregar
Synn Tharra com vossos afazeres e tendo Marcelle como meu braço direito, ela será a
conexão entre nós e a Confederação Galaxial. Mas uma coisa é certa, o que temos a oferecer
à Confederação Galaxial que eles já não tenham? Não comercializamos nada, mas
fornecemos a eles segurança total. Isso já basta?

“Bem, estou praguejando. Marcelle titubeou com minha decisão dela ser a representante,
dizendo que esta deveria ser Synn Tharra, devido a sua ligação com os Galaxya praesul.
Devo concordar que ela está correta, mas Synn Tharra está com este afazer e já que
escolheram a mim como Confederado, acredito que Marcelle seja a mais indicada. Depois de
Synn Tharra pronunciar-se, Marcelle aceitou bem. Irei assumir no próximo arr. Gostaria
que estivessem aqui para acompanhar minha posse, mas espero que a viagem esteja sendo
produtiva, sendo que, pensando bem, eu contaria com Luannia assistindo, pois Corr Sairy,
com certeza se abdicaria disso. No mais, desejo-lhes tudo de bom e bom proveito”. – A
terceira mensagem foi de Synn Tharra:

- Ei Corr, eu Lu. Então, não vou falar sobre o lance de Celle se tornar a nova no comando e
eu continuar na coordenação dos Galaxya praesul, pois ela já falou isso para vocês. Quero
lhes falar que M-Kara e M-Karo estão vindo para cá passar um tempo conosco. Eles, bem
como Mi Lssa se inscreveram como aspirantes e serão treinados para integrar o grupo dos
Galaxya praesul...”

- Diz para eles de quem foi essa ideia brilhante? – Ouviu-se a voz de Marcelle ao fundo e,
irritada com aquilo, Synn Tharra continuou:

- Tá, a ideia foi totalmente minha. Mas será bom para eles e Mi Lssa também, pois
aprenderão bem mais aqui...

- Como se Skill e os outros não fosse bons professores. – O rosto de Marcelle surgiu,
implicando com Synn Tharra, que lhe empurrou:

- Você quer parar? Quando você falou com eles, eu não me meti. – Synn Tharra colocou, no
que Marcelle gritou, novamente:

- Você não estava aqui, é diferente!

111
GALAXYA

- Bem, eu usarei o aposento de Lu para mim, assim terei mais liberdade do que aqui com
Celle me importunando...

- Synn quer ter momentos a sós com M-Karo e M-Kara, isso sim. – Marcelle interrompeu,
novamente, agora aparecendo atrás. Isso deixou Synn Tharra mais irritada:

- Para! O que Corr e Lu pensaram de mim? – E veio a resposta de Marcelle:

- Que você está gostando deles, Synn. Por que esconder isso de papai e mamãe. Se abre!
Seja sincera como você é com os Galaxya praesul. – Synn Tharra respirou firme e
continuou:

- Tá bom, eu gosto deles. Me sinto muito bem com eles. Ambos me satisfazem e aceitam isso
muito bem. Padrinho não estranhou e espero que vocês também não. O problema é que não
sei como Corr pensa, pois ele sempre usa de ironias ou implicância com isso. Lu eu sei que
aceita, pois já conversamos sobre o assunto e ela me disse que devo seguir em frente. Mas
você, Corr, eu não sei. Quase não conversamos. Quando não dialogamos. Às vezes que isso
ocorreu foi aquela vez no exterior do Galaxya, onde me contou tudo. Depois daquilo, não
rolou mais.

“Sim, fiquei feliz quando lhe revelei quem não me defino por um sexo e você disse que o
importante é eu ser feliz. Mas sempre veio com alfinetadas e me deixou incerta do que acha
disso tudo. Não quero sua aprovação, Corr, mas esperava, no mínimo, seu apoio. Mas não
sei o que pensa. Bem, vou encerrar aqui!” – Synn Tharra encerrou, com lágrimas nos olhos e
Marcelle indo acalentá-la. Luannia olhou para Corr Sairy que entendeu o que tinha de fazer:

- Você me deixa um pouco sozinho? – Ele pediu e Luannia o beijou e foi para a parte de trás
da nave. – S.E.

- Pode começar! – E Corr Sairy iniciou:

- Ei, Musa! Lembra quando eu te chamava assim e você reclamava que eu estava errado ao
chama-la desse jeito, pois musas inspiravam artistas. Daí eu lhe expliquei que as Musas
eram mais do que isso, pois eram vencedoras, ninguém as vencia nesse quesito. Mesmo
sendo filhas de Mnemosyne e Zeus, elas eram ligadas a Apolo. Foi daí que tiramos a ideia de
seu nome, dessa ligação à Apolo, Cynthia, que significava mulher de Cintos, local onde
Apolo e Ártemis teriam nascido.

“Sim, de fato você tem razão. Depois daquela nossa conversa, não tivemos mais um tempo
somente nosso. Sempre estamos na presença de todos. Mas, na verdade, eu não pensei que
você sentisse falta disso.

“Sempre que olho para você, seja quando estamos todos juntos ou seja quando está sozinha
(sim, eu a observo aonde mais tem passado tempo, no Scientia), sempre tenho dúvidas que
sejas mi prole. Não me entenda mal, pois não tem nada a ver com seu renascimento, mas
sim quando penso que és tão genial, tão autossuficiente, tão independente.

“Quando voltamos ao Galaxya e foi-me dito que você assumira a coordenação dos Galaxya
praesul, não podia estar mais orgulhoso de ti, pois sempre acreditei que fosse mais do que
mi prole. Quando revelou que é não-binarie, simplesmente fiquei feliz por ter me deixado
mais próximo de ti. Já o lance de M-Kara e M-Karo. Bem, eu sou seu pai, independente do
tempo que fiquemos afastados. Você é mi prole, e eu vou ter ciúmes. Por mais que eu
reconheça sua independência, aceita-la e vê-la crescendo, é diferente.

“Novamente, não me entenda mal, eu amo sua irmã. Ela é minha filha como você é mi prole,
mas tem uma grande diferença. Quando nos reconectamos, enquanto você estava naquela
cápsula, era você voltando. Era Cynthia Scandian de volta. A quem eu vi nascer, dar seus
primeiros passos, falar suas primeiras palavras, aprender a tocar seu primeiro instrumento.
Fazer uma bagunça generalizada na nossa biblioteca, pois queria pegar o livro que a mãe

112
GALAXYA

escrevera no alto da prateleira. Com quem eu travava altos debates e, geralmente, me


vencia. Que era a melhor xadrezista que eu conhecera, vencendo a própria mãe, outra
exímia xadrezista.

“Me perdoe, mi prole, mi Musa (ou seria Muse?). Eu me importo com sua felicidade, eu me
importo de que seja feliz e se meus afilhados, M-Kara e M-Karo fazem isso contigo, eu estou
feliz, também. Torço e espero que eles se sintam felizes aí, contigo, bem como você se sinta
feliz com eles. Te amo mais do que tudo em toda a imensidão do Universo. Beijos” – E a
gravação terminou, com Luannia na porta, observando:

- A ama mais do que a mim? – Luannia brincou e, sorrindo, Corr Sairy respondeu:

- Amores diferentes, pessoas diferentes. Synn Tharra é amor antigo, que nunca se apaga.
Você é amor – Corr Sairy titubeou e disse – antigo também, mas mais recente do elu. O que
você ouviu?

- Tudo! S.E. somente colocou um breu ao fundo e me escondi nele. Gostei do apelido, Muse.
Ela não gostava mesmo? – Luannia discorreu e Corr Sairy se levantou ficando de frente para
ela:

- Eu não tenho certeza se gostava ou não, mas reclamava, então parei de chamar pelo
apelido e chamei somente pelo nome, como faz comigo até hoje.

- Eu a ouvi chamar de pai quando o levei para o Scientia. – Luannia passou os braços em
volta do pescoço de Corr Sairy e, passando os braços pela cintura dela, ele brincou:

- Todos temos nossos momentos de deslizes. – Luannia fez rosto de chocada e o empurrou
com um soco:

- Você é horrível, Corr Sairy. – Depois segurou a cabeça careca de seu parceiro e beijou
ardentemente. – Mas é bom saber que ama nossas filhas com tanta avidez. Vejam só eu
falando de filhas. Desde que ouvi Marcelle me chamar de mãe na briga com Domminon, me
sinto feliz com isso.

- Convenhamos mulheres fortes se identificam com mulheres fortes. – Corr Sairy disse,
sorrindo, então se voltou para S.E. – Aonde estamos, S.E.?

- Primeira grande parada dessa viagem. Recomendação do Galaxya (todas serão


recomendações dele), sistema Aponnin, nas margem sul da galáxia Schtorr. Estrela
Aponnin, de tamanho 5 do Padrão Menken. Planeta nomeado por Galaxya de Ithemba 50.
Condições atmosféricas próprias para não precisar de traje de sobrevivência. Preparando
para reentrada. Pousarei sobre uma clareira em um cânion. Não usem trajes. Estilo Adão e
Eva é mais aceitável pelos habitantes de Ithemba. Se possível, evitem falar, pois eles não
entenderam vocês, mas vocês os entenderam. Gesticulem com a mão próximo do pescoço
que eles entenderam que vocês não falam. Se pedirem para escrever, coloquem a mão
esquerda sobre a direita e gesticulem separando-as em abertura, eles entenderam que não
sabem escrever...

- Vão pensar que somos problemáticos. – Corr Sairy colocou, mas S.E. retorquiu:

- Não, para eles não é problema, pois poderão se comunicar com desenhos.

- E qual o gesto que não sabe desenhar? – Brincou Luannia e S.E. fez um riso irônico:

- Sejam felizes. Desfrutem muito e voltem para partimos para o próximo local.

50
Ithemba = Esperança

113
GALAXYA

Após pousar e o dois saírem, totalmente sem roupas, S.E. ativou o sistema de camuflagem,
pois o povo dali não podia tomar conhecimento e sua existência.

Enquanto isso, chegava no Galaxya a mensagem que Corr Sairy gravou para Synn Tharra,
que chamou a irmã, a cunhada e seus companheiros, M-Kara e M-Karo, para assistirem. Ao
fim, Marcelle implicou:

- É isso, nem mensagem para mim? Fiquei chateada. – E rindo, se voltou para Synn Tharra.
– Eu te disse que ele amou isso tudo. Ele se importa com todos nós. Corr é uma pessoa
difícil, Synn, mas é nosso pai. – E M-Kara colocou:

- Padrinho é ótimo. Papai nos contou toda a história dele e sua, Synn. Desde então, ficamos
pensando porquê ele escolheu você voltar...

- E chegamos à seguinte conclusão. Mesmo com Celle, ele ainda sentia sua falta. Não que
não sinta falta de Josiane, mas ele tem Luannia, mas não tinha você. Ah, acho que me
embolei todo – Completou M-Karo e Synn Tharra riu:

- Eu entendi a ideia, M-Karo. E Celle tinha chegado a essa mesma conclusão, k-rarrs atrás
quando eu lhe falei dessa ausência de Corr Sairy na minha vida. Eu estou feliz por ele e Lu
estarem aproveitando esse momento dos dois, mas eu queria, também, ter um momento
nosso, se é que me entendem. – Todos abanaram a cabeça em afirmação e Pum Riss disse:

- Talvez, como Uthando disse, seja por ele retratar dificuldade de aproximação, mas Corr
ama demais você. Isso é certo! – Synn Tharra estava com os olhos marejados, mas feliz.

Terminado um período de quinze alvoradas e crepúsculos da Estrela Aponnin, Corr Sairy e


Luannia voltaram para S.E. sentindo-se renovados:

- Valeu cada momento passado lá. Mas eu falei para me ensinar a gesticulação de não saber
desenhar, mas você levou na brincadeira, S.E. – Luannia se pronunciou enquanto seu traje
a revestia. – Principalmente Corr Sairy. Você não é um nanoengenheiro?

- Saber desenhar placas e circuitos não faz de mim um desenhista nato. – Corr Sairy
respondeu, mas S.E. retorquiu:

- Tá bom, mas você me desenhou. Como justifica isso?

- Você já prestou atenção em sua forma. Foi a mais simples e limpa possível, sem muitos
detalhes. Linhas e curvas, nada mais. Duas asas laterais e mais duas embutidas, para a
forma compacta e pronto. Agora, tive de apelar para o pauzinho para interpretar que eu era
e quem era Luannia. Galaxya não falou nada deles serem assexuados e copularem pelas
mãos. – Luannia ria, de gargalhar. – Do que está rindo?

- Quando você descobriu isso, se sentiu violado, pois eles haviam tocado seu órgão sexual. –
S.E. riu junto e Corr Sairy se sentiu contrariado:

- Lógico. Se eu soubesse disso, não permitiria que me tocassem daquele jeito. E as


preliminares? – Corr Sairy finalizou, brincando, rindo junto. – Está certo, alguma
mensagem?

- Não, nada por enquanto, mas tenho de lhes dizer que foram três k-rarrs que vocês
passaram lá – Corr Sairy e Luannia se surpreenderam:

- Ou seja, já foram cinco k-rarrs, desde que partimos. Como o tempo passa voando. –
Luannia argumentou e Corr Sairy retrucou:

- Mas eu lhe disse que deveríamos passar somente quinze arrs lá. Por que todo esse tempo?

114
GALAXYA

- Porque o tempo corre diferente de lá para cá. Se fossem somente quinze arrs, vocês não
teriam aproveitado nada. – S.E. explicou e Luannia concordou:

- Com certeza, amor meu, S.E. está certo. Teria sido um tempo corrido e nem teríamos
relaxado nada. Valeram os três k-rarrs. Agora nosso próximo destino, S.E?

- Bem, fiz os cálculos de distância e pelo que vi, serão dois k-rarrs de tempo passado. Como
Corr Sairy sempre deixa claro, o corpo humano dele somente suporta um k-rarr de tempo
no sistema hibernário, então eu os acordo quando estivermos na metade. – Ambos
concordaram e se colocaram para entrar no sono sem sonhos.

Como prometido, ao completar um k-rarr de viagem, S.E. despertou Corr Sairy e Luannia e,
desta vez, tinham cinco mensagens para serem assistidas. A primeira veio de Hannia:

- Falem seres distantes (como eu odeio essa forma de comunicação!)! Venho noticiar-lhes
que Honnio se casará com uma jovem e linda kelkzerrin. E quando digo linda é porque é
linda mesmo, não tô bajulando a futura esposa de meu filho. Ambos se conheceram no
Baile de Formatura de Oficiais de Kelkzerr (que nome fofo para uma festa!). E, para minha
grande surpresa é Hennair, filha do irmão de Hommir. Ou seja, nem que tivéssemos
planejado, teria sido mais maravilhoso. Já Lennie diz que continuará unir-se a uma pessoa
pelo resto da vida. Imaculada? Nunca! Puxou à mãe neste ponto, dando preferências aos
machos (acho que já me superou, neste ponto). Se ela pretende ter filhos? Neste quesito
puxou, infelizmente, a tia desgarrada. Disse que, depois que eu deixa-la assumir e for o
momento, passará o trono para seu sobrinho ou sobrinha mais velho. Por que, neste ponto,
ela tinha de puxar a ti, irmã? Ah é, você não pode responder agora. Bem, espero que
estejam curtindo bastante (queria estar no lugar de ambos. Brincadeira, não troco isso aqui
por nada). Aproveitem muito e tragam lembranças para mim e seus sobrinhos. Beijos e
amor sempre! – Ao fim Corr Sairy olhou para Luannia e riu. Entendendo o motivo, ela socou
o braço dele. Então assistiram a segunda mensagem, dessa vez de Synn Tharra:

- Ei para vocês dois. Pai (tenho que me acostumar com isso, a pedido de Celle) – aquilo
surpreendeu Corr Sairy –, amei sua mensagem. Desculpa por demorar a responder, mas os
Galaxya praesul tem exigido bastante minha atenção, ainda mais com o aumento de
aspirantes. Galaxya ainda faz toda a seleção, não confiaria em outra pessoa melhor para
isso. Tem sido bom, por um lado, pois nos mantém atentos, mas por outro é negativo, pois
eu mesma tenho dado pouca atenção aos veteranos. Mas minha sorte é que a experiência
deles já ultrapassa minha necessidade de atenção. Todos votaram e T-Pinn se tornou,
oficialmente, a ducem dos Galaxya praesul. Tivemos de mudar as regras, mas nada que não
fosse possível.

“Ah sim, isso revoltou os bajuladores de Stahirr, Ortsac Searamiug e K’thryn Swiss. Sério,
estou pensando em manda-los direto para Dharkyens, para se virarem sobre o comando de
C’thryn Tvokk, cria de Mitir B’trixx Tvokk e Mitir Archistrátigos de Dharkyens. Dura na
queda!

“Mais o quê? Ah sim, eles disseram que mandariam mensagens para vocês, no mínimo para
chamarem minha atenção” – Synn Tharra riu. – Eles devem achar que vocês têm alguma
autoridade sobre mim, pois com a idade que agora têm ainda adulam um idiota como
Stahirr. Sério, as vezes dá vontade de leva-los ao Certamina e dar-lhes uma lição. Talvez eu
faça isso! No mais, amor vocês dois e sinto muito a falta de ambos. Ah, maldita hora que
você falou aquele apelido, pai (essa foi quase!), Celle não me para de chamar de Muse”. – E a
chamada encerrou:

- Ainda acho um apelido elegante e charmoso. – Colocou Luannia enquanto começava a


terceira mensagem e eram Ortsac e K’thryn. – Bem que Synn falou.

- Corr Sairy de Galaxya e Luannia de Kelkzerr, como bem sabem me chamo Ortsac
Searamiug, como meu infortúnio pai. Não por escolha ou opção, mas porque vocês
decidiram me chamar assim. Eu e minha irmã, K’thryn Swiss, que recebeu o nobre nome de
nossa mãe...

115
GALAXYA

- Não desfruto do mesmo descontentamento que meu irmão quanto ao nosso pai. – K’thryn
o interrompeu.

- Isso porque levas o nome de nossa mãe. – K’thryn fez cara de desdém e Ortsac
prosseguiu. – Como bem sabem, como vários outros jovens iguais a nós, somos membros
dos Galaxya praesul e também desfrutamos do correlacionamento direto convosco, como o
nobre Stahirr. Dito isso, evoco-lhes que tomem medidas para que sua prole perceba o quão
importante somos, a mais, do que uma Asa Mesclada que, mesmo em seu planeta, seria no
máximo uma das Prædam agufalgavianas de lá. Irmã, desejas falar algo?

- Sinceramente, volto a lhe dizer por que motivos clamaste aos dois que nem aqui estão.
Deveríamos ir diretamente ao Confederado Antares para solucionarmos este impasse. As
vozes deles se tornaram vazias. Me pergunto por que nossos pais davam importância para
eles, tendo Stahirr e toda a sua sapiência...

- Desejo-lhe boa viagem. – Ortsac interrompeu a irmã e finalizou a mensagem:

- Sinceramente, este dois são insuportáveis. Eles precisam ser colocados no lugar deles. –
Luannia disse e Corr Sairy concordou, mas sem tempo para falar pois veio a quarta
mensagem de Marcelle, que chorava, ao lado de Pum Riss:

- Ei para vocês. Temos uma péssima notícia para lhes dar. Ti Kkrus faleceu. – Aquilo chocou
Corr Sairy. – Tudo ocorreu em uma nova colônia que foi construída no sistema vizinho de
Vertus. Ele foi lá para a instalação do sistema de rastreamento e estudos, quando Lyn Xitta,
filha de Lyn Xus, que o substituiu como usosayensi omkhulu de Phællans, identificou uma
chuva de meteoros que atingiu a colônia com tudo. De acordo com os relatos, a intenção era
que a os sistemas que Ti Kkrus instalaria seria para rastear ameaças ao acampamento, pois
a região é sísmica e ocorrem eventos constantes, devido ao magnetismo do planeta. O
acampamento foi totalmente arrasado. Mais de 800 phællansis foram mortos, entre
geólogos, gemólogos, sismólogos e engenheiros, principalmente, membros da equipe de Ti
Kkrus. Le Pann, com isso, vai se aposentar e passou suas funções para o irmão, Le Orkh.
Vamos para as cerimônias de inumações e depois auxiliaremos Le Pann em sua inativação
dos serviços à Phællans. Devemos ficar desconectadas por um tempo, devido ao período de
silêncio, em homenagem aos falecidos. Pai, sei que era um grande amigo de Ti Kkrus, se
quiser mandar uma mensagem, tenho certeza que todos amarão. – Aquela notícia abalou
Corr Sairy, que chorou:

- Vou dar um tempo. – S.E. soou triste, mas Corr Sairy pediu:

- Não vamos seguir. – E S.E. projetou Antares, já com o traje de Confederado, ladeado por
Stahirr:

- Por favor, Stahirr, preciso gravar essa mensagem e depois irei. – Stahirr saiu e Antares
prosseguiu. – Olá amigos. Creio que já saibam que estão com a ausência de Marcelle e Pum
Riss, pois Ti Kkrus, irmão de Pum Riss, faleceu. A Confederada-mor, sua suplente e alguns
Galaxya praesul foram juntos com Marcelle e Pum Riss para Phællans para as práticas
cerimoniais.

“Bem, na verdade não vim para tais relatos. Como deveria ter imaginado, Stahirr não deixa
de me cercar e, mesmo não sendo meu representante, cargo este de Marcelle, fica me
instruindo como agir. Acho que a mania de me comandar não deixa de passar, mas agora
está de forma enfadonha.

“Como tens ciência, após partirdes, a Confederada Pennier de Kelkzerr se tornou


Confederada-mor da Confederação Galaxial em uma eleição extraordinária. Ela pensa em
renovar o cargo, mas Stahirr crê que eu deva me eleger, quando for indicado como um dos
possíveis candidatos. Não acho correto com a Confederada-mor Pennier fazê-lo, mas
gostaria muito de vossas opiniões sobre isso, pois não desejo que as vozes de Stahirr, Ortsac
Searamiug e K’thryn Swiss seja as ressonantes para que eu me candidate. Agora,
sinceramente, vejo os motivos de seres contra a presença de Stahirr, Corr Sairy. As

116
GALAXYA

adulações constantes dele, bem como a forma que tutelou os jovens filhos de nossos
companheiros deu um novo tom ao nosso grupo. Ortsac Searamiug e K’thryn Swiss são dois
jovens insuportáveis e pedantes. Vossa prole, Synn Tharra, deseja os enviar para Dharkyens
e eu pretendo apoiar a isso, mas precisaremos de mais vozes a favor. Kotharyn precisou se
ausentar, também, pois a consorte do irmão dele teve um rebento e como irmão do
Görkemli, Kotharyn teve de ir. Então essa votação poderá gerar um impasse, o que
acarretará na permanência dos dois aqui, apoiando as ideias estapafúrdias de Stahirr.
Precisamos de vossas vozes, também, já que, também, não podemos contar com Aryannin,
que agora se ocupa de buscar um novo sistema estelar. Aguardo uma posição. Tudo de bom
para ambos.” – E a mensagem foi encerrada:

- Você começa ou eu começo? – Corr Sairy questionou e Luannia se pronunciou:

- Deixe-me ir ao outro ponto do S.E. e gravarei para minha irmã enquanto você grava a
mensagem para Ti Kkrus aí, depois gravaremos juntos. – E foi o que fizeram. Corr Sairy
gravou sua mensagem para a homenagem aos falecidos, enquanto Luannia gravou para a
irmã. Depois os dois se juntaram e gravaram para uma reunião no Testimonii.

Após as gravações feitas, S.E. as transmitiu e ambos voltaram para o sistema hibernário e o
sono induzido.

Em Kelkzerr, Hannia, Lennie e Honnio recebiam a mensagem de Luannia:

- Olá para os três, ou já serão quatro. Não sei, pois S.E. já nos disse que o tempo acontece
de forma diferente por aqui e esta mensagem pode chegar bem atrasada ou no tempo certo.

“Bem, se chegou no tempo certo. Honnio, meu lindo menino de cabelos dourados, de sua tia
e seu tio, desejamos-lhes toda a felicidade que mereces. Queríamos muito estar presentes
para a Celebração de vosso matrimônio com a jovem Hennair, mas não queremos atrasos
em vossas vidas conjuntas, então realize-se e se junte com essa jovem, que sua mãe tanto
elogiara.

“Lennie, quem faz vosso rumo é ti mesma. Aja e faça o melhor para si mesma. E não caia
nas ondas de tua mãe, pois se Corr Sairy não tivesse falado que vosso pai a amava, ela
também não teria falado e os dois seriam dois solteirões amargurados. Se és feliz como és,
continue sendo. Não é um parceiro ou uma parceira. Uma cria que tecerá vossa felicidade.
Sua mãe é feliz por ter tido a vós e eu sou feliz por ter tido minhas filhas já mais maduras.
Tudo depende somente da gente. O mais importante, para ambos, é serem sábios como
vossa mãe é. Paciente e decidido como vosso avô foi. E guerreiro e valente como vosso pai
foi. E principalmente, sedes nobres como estes três são ou foram.

“Irmã, te amo, sinto sua falta e estarei levando para vós algumas frutas de um maravilhoso
paraíso que eu e Corr Sairy pousamos e precisamos ficar nus. Corr Sairy teve até relação
com um dele, sem saber que estava tendo”. – Luannia gargalhou novamente. – Então,
espero estarmos voltando em breve e tudo de bom para todos vocês. Amo a todos!

Quando todos honravam Ti Kkrus com palavras que enobreciam seus feitos, Pum Riss
subiu ao púlpito e, depois dela falar, projetou a fala de Corr Sairy:

- Odeio isso! Odeio perder amigos! Lyn Xus partiu e eu estava acamado e não pude me
despedir daquele que mais me ajudou no meu período mais sombrio. Agora aquele que, sem
eles, eu nunca teria tido S.E. de volta parte e estou distante demais para poder velá-lo,
pessoalmente.

“Ti Kkrus sempre foi de uma paciência fenomenal comigo. Tentando entender minhas ideias
insanas e complexas, principalmente na confecção da consciência senciente de S.E. Foi dele
a ideia de manter o tom jovial e bem humorado. Como diríamos na Terra, descolado, que
S.E. tem. Foi ele que me falou que, se eu desejasse manter minha integridade, não deveria
colocar armas, pois armas fazem mais mal do que ajudam.

117
GALAXYA

“Ti Kkrus era um pacifista, mas um guerreiro, também. Eu o acompanhei me várias


missões, como piloto, e o vi ultrapassar obstáculos e demonstrar todo seu talento e
perseverança em campo. Quando eu conheci Pum Riss e descobri que era irmã dele, logo
pensei, é de família, pois como Pum Riss, Ti Kkrus queria conhecer, saber a fundo aquilo
que trabalhava. Ele não fazia coisas superficiais, ele estava acessando e adentrando no que
fosse necessário, sujando a mão e se arriscando. E resolvia a tudo com grande destreza.

“Sei que o que digo aqui não é uma novidade para nenhum de vós, pois conviveram com ele.
Mas eu era um estrangeiro em uma terra estrangeira e tudo me surpreendia. Ti Kkrus foi
uma dessas grandes surpresas.

“Lamento por Le Pann, Ti Korr, a pequena Le Patt, Pum Riss e Si Berk. Foi um grande
choque quando minha filha, Marcelle, me deu a notícia e ainda é um choque ter de fazer
essa homenagem.

“Ti Kkrus. Amigo, guerreiro, engenheiro, desbravador e sábio. Agora fazes companhia para
Lyn Xus no Izulu51 e observa a todos nós de lá. Traga sapiência a vosso filho, Ti Korr e dê
mais de sua luz a Ti Karr. Guie vossa esposa em sua inatividade”. – E a projeção de Corr
Sairy se encerrou, com várias aclamações.

Antares também recebeu a mensagem dele, onde Corr Sairy, ao lado de Luannia, pedia que
transmitisse o que diriam em uma reunião no Testimonii.

Praticamente com o Testimonii vazio, pois contava somente com Antares, Synn Tharra,
Ortsac Searamiug, K’thryn Swiss e Stahirr, o Confederado do grupo falou:

- Bem, convoquei esta reunião, pois precisamos decidir algumas coisas urgentes, dentre
essas será o envio de Ortsac Searamiug e K’thryn Swiss para Dharkyens. – Aquilo
surpreendeu a ambos, mas não lhe foi permitido falar antes de antares finalizar. – A
necessidade disso? Dharkyens é o ambiente que deu a mãe de vocês toda a sapiência que
ela possuía. Poderíamos enviar Ortsac Searamiug para Darkyan, mas o planeta anda
passando por uma reestruturação, tanto que andam ausentes até da Confederação Galaxial.
Então não sabemos se ele seria benquisto ou considerado como filho de seu pai, como bem
sabemos, o assassino do Redíl...

- Que tirou a própria vida. – Ortsac falou em tom baixo e sorriu de escárnio e todo virão algo
que nunca se esperava ver. Antares nervoso:

- Não tolerarei escárnio com o nome que usas! – Antares brilhava com grande intensidade e
deu um tapa forte na mesa. – Se não aceitas teu nome e quem teu pai era, abra mão deste e
te enviaremos para onde deves ir e não para o planeta de vossa mãe. – Stahirr se
aproximou, mas Antares foi enfático. – Afasta-te, essas crias são deste modo por tua culpa.
Maldito foi meu momento de permitir-lhe tutorear a ambos. K’thryn Swiss soa falsa e
pedante, enquanto Ortsac Searamiug é abusado e desdenhoso com o próprio pai, um dos
seres mais nobres que eu conheci em toda minha existência. Corrompeste o legado dele,
declamando injúrias contra ele, destilando heresias a respeito de quem Ortsac era. –
Antares foi se acalmando, enquanto Ortsac e K’thryn tremiam de medo dele. Synn Tharra
sorria, de forma camuflada. – Agora passarei uma mensagem transmitida por dois de nossos
membros que, mesmo distantes, tem mais direito a voto do que estes dois seres
insuportáveis. – E Antares ativou a projeção:

- Olá a todos. Ei Muse. – Falou Luannia. – Antares. Stahirr. Aduladores de Stahirr. E Corr
Sairy prosseguiu:

- Bem, oi Antares e Synn, pois o resto pouco me importa. Seguinte, é difícil para mim gravar
essa mensagem depois de me despedir de mais um amigo fantástico, que marcou minha
vida.

51
Izulu = mundo dos finados para Phællans

118
GALAXYA

“Sabem, fazia tempo que não me despedia de tantos amigos, sejam por catástrofes naturais,
por batalhas que entraram para os anais das histórias de um povo ou mesmo um sacrifício,
pois não queria que os filhos o vissem destruindo tudo que acreditava”.

- Pois é. Quando eu embarquei no Galaxya, uma das pessoas que mais me chamou a
atenção foi Ortsac. Ele era um darkyani, mas não parecia ser um. Gentil, amável, didático.
Explicava a tudo com uma paciência que eu nunca teria antes. Aprendi muito com ele no
passar dos tempos. Além disse, a constante atenção, amor e carinho que dava a K’thryn,
eram impressionantes. – Colocou Luannia e Corr Sairy completou:

- Verdade seja dita. Eu mesmo, quando falaram que ele embarcaria no Galaxya virei minha
cara, mas K’thryn de forma sábia me mostrou que Ortsac era um ser diferente e eu aprendi
que a visão dela era a correta. Ortsac era extremamente nobre e fiel àquilo que acreditava.

- Eu fico pensando o que deve ter passado na cabeça dele naquele dia em que viu a afeição
dela, a storgí dele, ser dilacerada da forma que foi por Redíl. Abrir mão de não causar mal a
outro ser vivo, pois este havia lhe tirado tudo. Mas então surgiu a esperança para ele, pois
K’roll lhe disse que haviam duas crias. – Expôs Luannia e Corr Sairy prosseguiu:

- Sim, duas belas crias que haviam sido geradas dos genes combinados de ambos. Algo que
era impossível, mas que K’thryn havia possibilitado aquilo. Nós o víamos, arr após arr, indo
ver as próprias crias. Até que algo se assomou em seu interior. Algo pútrido, vil, asqueroso.
Era Redíl tentando tomar conta dele, transformar Ortsac no que ele mais odiava.

- Então usando de um dom raro, mas existente, Ortsac conseguiu que outro darkyani, Oiluj
Ariexiet. – Luannia exprimia quando Oiluj entrou no Testimonii. – Este Galaxya praesul aí,
retirasse dele o coração maléfico que consumiu o dele. Mas tinha algo que nenhum de nós
tinha ciência, mas Galaxya descobrira. Ortsac gravou um diário de seu progresso, mas
também gravou uma mensagem para vossas crias, pois desejava que soubessem de algo.

- Não acho que sejas necessário...

- Tu não achas nada, Antares. Estou a ponto de expulsar-lhe daqui, então cala-te! – Antares
queria soar insatisfeito e conseguiu. Então a projeção iniciou:

- Ei minhas crias. Bem, não sei que nomes vou lhes dar ainda, pois antes preciso consultar
a cultura de vossa materna para saber como elas procediam, pois em nosso povo o nome
advinha somente após termos nossas funções estabelecidas. Meu nome advém daí, pois eu
era um ocinâcem. Acredito que seja mais garboso em Dharkyens. Se possível for, não desejo
lhes transmitir nada de Darkyan.

“Espero mesmo estar assistindo isso convosco, mas algo ocorre comigo que não estou
compreendendo. Cheguei agora da bela Cerimônia que realizaram para vossa materna, uma
dharkyensi formidável e guerreira. Atenciosa e benevolente. Ela guerreou como se espera de
grandes combatentes e enfrentou um monstro horrendo e terminou perdendo a vida nas
mãos deste.

“Eu me vi sem meu futuro a frente e decidi enfrentar meu destino nas mãos daquele ser
beligerante. Pensei em me entregar e deixa-lo tirar minha vida, mas não seria honroso com
vossa materna, com meu onretarf, como meu onretap e com minha anretam, então
enfrentei-o e usei tudo que aprendera com meus dois sábios amigos, H-Glorr e Kotharyn,
vencendo meu inimigo. Em minha cultura, devemos devorar o coração de nosso inimigo,
pois somente assim nos respeitarão e eu o fiz e gritei para que todos soubessem. Somente
assim pude sair dali com o corpo de vossa materna.

“Combati aos outros desestabilizando suas naves e pensei em partir, mas isso também não
seria nobre, principalmente porque pessoas que tanto considero ainda enfrentavam a nave
de outra pessoa maléfica, a irmã de Domminon, Ykkamera. Então os ajudei, e senti que
vossa mãe estava ali comigo, em sua forma espectral, me guiando e me tornando melhor.

119
GALAXYA

“Sabem, nunca pensei que eu teria amigos e companheiros como tenho no Galaxya. Antares
(um ser enormemente sábio que vem descobrindo isso nele), Marcelle Menken (alguns a
chama de Celle, não sei por que motivo, mas ela entende as estrelas como eu nunca
entenderia), Kotharyn (meu grande amigo e parceiro em várias realizações), Pum Riss (uma
sábia entre os mais sábios), H-Glorr e T-Rass (um casal de asas que compreende até o que
não é tê-las), Aryannin (a deusa mais humana e humilde que acredito que exista), Synn
Tharra (uma jovem que se desdobra em mil. Impressionante!), Luannia (guerreira sem igual,
com uma paixão do mesmo tamanho), Corr Sairy e vossa mãe, com quem não pensaria em
ter momentos mais magníficos.

“Bem, quanto a Corr Sairy. Sei que não teci elogios para com ele, pois é difícil um mero
elogio para ele. Corr Sairy era a pessoa que mais poderia me ojerizar em todo o grupo, mas
mesmo me dando uma recepção morna, foi compreensivo e, em pouco tempo, ele e seu
amigo, S.E. (nunca o chamem de outro jeito), me permitiram conhecer mais sobre eles e
desfrutar de momentos grandiosos de aprendizados. Corr Sairy é a pessoa com quem mais
desejo que convivam, pois mesmo com as qualidades de todos os outros, ele parece ter um
pouquinho de cada um deles. E acreditem, não sou o único que pensa assim, pois Antares
já confessou várias vezes considerar Corr Sairy a pessoa de mais valor que ele conhecera.

“Mas há alguns que eu desejaria, neste momento, um certo distanciamento de vós. Não por
acha-lo uma pessoa desmerecedora de créditos, mas sim por não o conhecer tão bem
quanto aos outros. Ele também não parece desejar permitir que o conheçamos, pois vive
ausente e quando surge é para destilar opiniões que poderia ajudar, como foi no caso da
batalha que participamos no sistema Volos. Não creio que Stahirr seja a pessoa adequada
para vosso convívio neste momento, então, dependendo de quando verem esta gravação, se
eu o tiver aproximado de vós, saibam que no começo era porque não o conhecia o suficiente
e as coisas que ele fala são bem ásperas.

“Amo aos dois. Queria poder lhes dar vossa mãe, mas isso ficou impossível de ocorrer, mas
saibam que ela também os ama em demasia, senão não teria realizado o feito de trazê-los ao
mundo. Sejamos eternamente gratos por isso”. – E quando a gravação encerrou, K’thryn foi
a primeira a se pronunciar:

- Por que nunca nos passou esta gravação? Aparentemente tinhas conhecimento dela! –
Ortsac interviu:

- Não precipite, irmã, esta gravação deve ser manipulada. – Então foi Antares que interpôs:

- Achas mesmo que eu passaria uma gravação manipulada? Que eu usaria tal artífice?
Ortsac Searamiug, tens se saído tão indigno de usar o nome de vosso pai que, a partir de
hoje, nego-lhe o direito do uso. Ninguém lhe chamará pelo nome, como ocorreria em
Darkyan. Só não lhe envio para lá, por causa de vosso pai. Mas irás para Dharkyens, bem
como ti, K’thryn Swiss. – Esta olhou para Antares e falou:

- Com todo o prazer! Quero distância deste! – Disse, olhando com desdém para Stahirr.

- Preparem suas coisas para vossa partida. – Antares falou e depois se virou para Stahirr. –
Quanto essa vossa insistência em eu me tornar Confederado-mor não acontecerá agora e,
possivelmente, não ocorrerá nunca.

Eles se arrumaram, mas K’thryn embarcou na satisphæra sem falar com Stahirr. Ortsac
intercalou:

- Não te preocupes, Stahirr. Falarei com minha irmã e ela compreenderá que fizeste tudo
para sermos melhores. Em breve regressaremos e tudo voltará ao normal. – E embarcou na
satisphæra. Demonstrando aborrecimento, Stahirr voltou-se para Antares:

- Percebeste o que fizera? Eles poderiam se tornar tão melhores convivendo comigo, como tu
eras. – Antares, em toda sua serenidade, expressou:

120
GALAXYA

- E em que eu era melhor, Stahirr? Em obedecer-lhe e agir sem contradizê-lo, mesmo que
considerasse as ações desnecessárias. Isso tem um nome, submissão. Aprendi com o tempo
que passei aqui que cooperação e submissão são bem distintas entre si. Agora, me dê
licença, pois tenho de retornar a Confederação Galaxial.

Quando S.E. chegou ao novo destino deles, despertou-os:

- Bom dia, família linda! A Estrela Tipakk brilha forte lá fora e eu preciso de um ser com
rosto para identificação, pois eles acham que eu sou uma mera nave! Acorda aí pra me
ajudar! – Na medida que S.E. falava, ao fundo, ouvia-se o cacarejar de um galo:

- Quando você vai aprender a acordar as pessoas sem muita zoação? – Corr Sairy
praguejou.

- Mas o divertido é despertar assim! Cheio de alegria e felicidade transbordante. – S.E.


respondeu e Luannia riu:

- Olá, S.E.! Como você está?

- Viu, tem gente que me respeita aqui. Luannia, vamos abandonar ele lá embaixo e
fugirmos, só nós dois? – S.E. brinco e Luannia disse:

- Primeiro me deixe nutrida, depois penso na sua proposta. – E a frente de S.E. esmaeceu,
permitindo que a estrela transbordasse o interior dele com sua luz azulada. Então Corr
Sairy questionou:

- E onde estamos, exatamente?

- Nas proximidades do planeta Xmorgg. Quinto planeta do sistema estelar Tipakk. Como
Galaxya disse, o planeta Xmorgg possui uma camada sintética de quarenta porcento, na
superfície. A bateria do planeta é o núcleo que é alimentado por um painel que capta a
energia da Estrela Tipakk. Não tem um sistema de biodiversidade na superfície, sendo tudo
artificial. As formas de vida são sintéticas, a superfície é sintética. Se não fosse pelo núcleo,
eu diria que é um planeta morto...

- Não estamos aqui para julgá-los, S.E. – Corr Sairy interrompeu o amigo. – Estabeleça
contato.

- Na verdade, eles já estabeleceram. Me escanearam do nariz até o sistema de propulsão.


Invadiram meu sistema de navegação e comunicação. Estou me sentindo violado. – S.E.
parecia preocupado. Então, um pequeno ser, de rosto brilhante, com pontos que brilhavam
na cabeça apareceu no interior de S.E.:

- Precisávamos saber quem são vocês e o que desejam em nosso sistema estelar. A nave é de
um padrão conhecido, tendo componentes confeccionados pelo Galaxya. O nome é meio
incomum, Águia de Aço V, vulgarmente chamado de S.E. Totalmente senciente, mas que se
permite conviver com seres de capacidade cognitiva abaixo dele. Dois seres de espécies
diferentes, mas que copulam entre si – imagens de Corr Sairy e Luannia, em sua
intimidade, surgem na sua frente –, simplesmente degradante e despudorado.

“Usam um artefato em suas massas encefálicas que faz com quem se compreendam entre
si. A tecnologia é primitiva e obsoleta. Por favor, silenciem este dispositivo ou nós faremos.
Não, fêmea, a nave não registra as atividades corpóreas de vocês, mas conseguimos captar
do ambiente que estão e pelo espectro, simplesmente caótico do interior, transformamos
isso em projeção. Por que estão aqui?”

- Eu preciso que me ajudem com uma coisa. – Corr Sairy disse humildemente, mesmo que
se sentisse ofendido com tudo que fora dito. O ser pequeno então disse:

121
GALAXYA

- Sinceramente, vamos ter que desativar o dispositivo que usam, pois nos incomodam
deveras. Pronto! Quanto ao que nos falam, estranho, por que nós o ajudaríamos? – Corr
Sairy temeu falar e não ser compreendido por aquele ser:

- Eu... quero... e... espero... ajuda... de... vocês... por... favor... – Falou pausadamente, mas
Luannia disse:

- Eu estou lhe entendendo completamente. Ele desligou mesmo o chip neural? – Luannia
tentou se comunicar com Corr Sairy via chip, mas não conseguiu. – Sim, ele desligou, mas
eu te entendo, como é possível. – Então o ser explicou:

- Suas mentes primitivas e ignóbeis estavam em dissonância. Um pequeno ajuste, indolor,


pode fazer com que entrassem na mesma sintonia. Pelo que vejo o atraso não é somente
tecnorgânico, mas cognitivo e mental, também. Nós não temos tempo para insignificâncias.
Ativaremos vossos instrumentos e exigimos que partam.

- Espere! – Corr Sairy requiriu. – Sei que para vocês nós devemos ser meras alegorias. Seres
feitos de carne e ossos. Mas se for além, perceberá que temos uma composição atômica que
poderia até mesmo ser semelhante a vocês. Sei que deve ser pouco, mas é algo a se pensar.
Eu vim de muito longe, de outra galáxia, para estar aqui e conversar convosco,
recomendado pelo Galaxya. – O ser pequeno olhou atentamente para ambos e não falou por
um tempo, como se analisasse a situação. Então disse:

- Galaxya nos recomendou? Isso não seria anormal, vindo do Galaxya. Vocês chamam o
espaço de onde vieram de galáxia? Seu nome é Corr Sairy quando seu nome de guerra na
Terra era Corsário? Você é cercado de coincidências em sua vida, Rodrigo Scandian.

“Galaxya, o real, não o espaço de onde vieram, tem o costume de se simpatizar com formas
de vidas inferiores. Tanto que carrega aquelas formas primitivas em seu topo. Sempre nos
disse que desejava formas de vidas para se interlocutar, mas nunca nos interessou, pois ele
mesmo, às vezes, se mostra obsoleto. Tanto potencial, mas os dommæns deram a ele algo
desnecessário, empatia. Formas de vidas como nós não necessitam disso. Por exemplo, este
ser que estão no interior, por que empatia. Isso causa dor, sofrimento, agonia, raiva,
rancor...”

- E também nos dá amor, afeição, carinho, benevolência, carinho, amizade, entre várias
outras características viáveis. Talvez vocês devessem experimentar um pouco. – S.E.
interrompeu o ser. – Posso parecer insignificante para vocês, mas sou importante para meus
amigos e tenho mais significado do que imaginas. – O ser pequeno interrompeu a
transmissão. – Desculpa, Corr Sairy, mas eu não podia...

- Sem problemas, S.E. Ele também me ofendeu dizendo que você não merecia ter empatia. –
Então sentiram um puxão leve. – O que está acontecendo? – E o ser pequeno apareceu,
novamente:

- Estamos atraindo vocês para nosso planeta, Rodrigo Scandian. Como percebemos,
também encontraste com Domminon e, aparentemente, o detiveram. Não é perceptível ao
olho nu, mas nossa estrela tem uma camada de proteção, que impossibilita a injeção de
dispositivos em seu interior. Fizemos isso quando Domminon nos ameaçou. Devido a
irrelevância dele, pois conseguíamos nos defender, permitimos que continuasse. Mas, se
alguém ousou detê-lo, como a sua companheira do planeta Kelkzerr, da Estrela
bidimensional KellDesh/DeshKell, Luannia, estes merecem nossa atenção.

- Como vocês sabem tanto? – Luannia estava curiosa e o ser pequeno falou:

- Como bem disse seu companheiro, Luannia (ou seria somente Lu ou mãe ou mamãe?),
somos parecidos subatomicamente. E todo corpo deixa resíduos, memórias espectômicras,
por onde passam. Nós poderíamos contar toda a história de Rodrigo Scandian somente
delineando tudo que ocorreu no interior de Águia de Aço V, local aonde ele passa a maior

122
GALAXYA

parte de seu tempo vivo. São períodos e períodos longos de história narrada aí dentro. Com
as memórias espectômicras, poderia citar o nome de cada ser que adentrou no interior do
Águia de Aço V, desde quando era o Águia de Aço I. – Aquilo surpreendeu aos dois, mas
Luannia questionou:

- Mas meu conflito com Domminon não ocorreu aqui dentro, mas sim no interior da
belonave dele. – O ser completou:

- Sim, mas palavras também possuem resíduos subatômicos. As ondas sonoras podem não
mais ser ouvidas pelos ouvidos despreparados, mas ficam armazenadas em todo o canto do
interior do Águia de Aço V...

- Por favor, pode me chamar de S.E.? – S.E. pediu.

- Sim, se prefere ser chamado assim, o farei. Bem como o chamarei de Corr Sairy, Rodrigo
Scandian. Como já dialogaram sobre os motivos de terem vindo até nós, no interior do S.E.,
nós também sabemos porque aqui estão, e sim, Corr Sairy, podemos lhe ajudar com isso.
Mas entenda que é um processo longo e que lhe infringirá muita dor. Evitamos isso, por isso
temos a forma que temos e não a seres vivos entre nós. Sentimentos são dispares e vemos
como desnecessários. Mas, também, não somos nefandos. Não o obrigaremos a ser como
nós somos. Se desejas algo que lhe traga dor e angustia, entenderemos, mas faremos tudo
no interior de S.E. e não em nossa superfície. – De repente S.E. sentiu uma parada. – Nós
entraremos em S.E. e pedimos que Luannia mantenha-se no cockpit e você nos encontre no
fundo. – Corr Sairy se levantou de seu lugar e fez o que foi pedido. De repente, Luannia se
viu isolada:

- S.E., o que está fazendo? – Exasperado, S.E. disse:

- Eu não estou fazendo nada. São eles. – O ser então apareceu, novamente, para Luannia:

- Nos perdoe, Luannia, mas é necessário a desacoplagem da parte frontal do S.E. Devido
sua ligação emocional com Corr Sairy, a manteremos em nossa superfície enquanto fazemos
os procedimentos requeridos. Sei que pode ser hostil e agir com grande violência, mas
pedimos que não o faça e confiem em nós.

- Confiar em vocês? Acabamos de nos conhecer e vocês querem confiança, separando-me e


S.E. de Corr Sairy. Eu vou sair daqui...

- Sabemos disso tudo, mas lembrem-se, foram vocês que nos procuraram, não nós
buscamos vocês. E, para termos sucesso no procedimento, Corr Sairy precisa ficar isolado. –
Uma projeção da parte de trás de S.E. apareceu no interior dele. – Poderá observar o
complemento de S.E. daqui. Fazemos isso, pois se ouvir o que teremos de ouvir, sentirás a
mesma dor que Corr Sairy sentirá. Não será na mesma intensidade, mas poderá perturbar o
que faremos.

Luannia e S.E. não gostavam daquilo, mas aceitaram naquele momento. Ela não tirava os
olhos do complemento de S.E., que pairava sobre eles. Por vezes saiu do interior de S.E.,
devido a apreensão e olhava par a movimentação de pequenos seres que iam e vinham do
interior do complemento. Em determinado momento, tentou ampliar para ver se conseguia
enxergar alguma coisa, mas Corr Sairy não estava perto da comporta que abria e fechava de
forma muito rápida.

123
GALAXYA

XXV
S.E. contava cinco k-rarrs quando o ser pequeno reapareceu em seu interior. Luannia que
estava do lado de fora, correu para o cockpit:

- Bem, o procedimento se encerrou, mas Corr Sairy não está totalmente recuperado. Seu
corpo está no interior de uma câmara pressurizada para manutenção de sua estrutura.
Aproveitamos para fazer algumas melhorias em seu sistema de propulsão, S.E. Não
recomendamos que se transfira, pois o corpo de Corr Sairy não pode sofrer nenhuma
reestruturação no momento, pois ainda está muito frágil. Também não recomendamos o
salto hiperespacial, pois o efeito elástico seria danoso. Como possuis um sistema de
abastecimento por energia estelar, implantamos uma nanoestrela artificial. Ela se alimenta
de outras estrelas, mas tem pouca necessidade disso. Ela alimentará seu sistema para
sempre. Se desejar alimentá-la (ou achar necessário isso), esvaneça a lateral e ela será
exposta a estrela mais próxima. O procedimento dela é quase semelhante ao de Luannia e
da filha adotiva de Corr Sairy e Luannia, Marcelle Menken.

“Outra coisa, os seres Cynthia Scandian, também conhecido como Synn Tharra, e Antares,
têm origem nos suppærs. Synn Tharra é um ser suppær dos últimos de sua espécie. Pode
não demonstrar características físicas dos suppærs, pois preferiu assumir a alma da jovem
Cynthia Scandian. Já Antares é um pouco mais complexo.

“Antares é um suppær renegado. Ele vagou pelo Infinito Longínquo caçando e exterminando
os seus. Isso ocorreu quando ele percebeu que quando um dos seus esvanecia a energia,
alimentava à dele, tornando-o mais forte. Sendo assim, ele vagou por todo o Infinito
Longínquo tentando ser o melhor e o maior suppær. Pura ambição para um dos seres
primordiais, mas vocês testemunharam isso com Khyodor Nallekoh.

“Sim, nós o conhecemos também.

“Não existem registros do que ocorreu com o suppær renegado, desde quando despareceu
muitas eras atrás. Acreditava-se que ele desafiou o espaço-tempo, pois havia se arrependido
do que fizera e desejava impedir-se do que fizera. Mas acredito que não conseguiu, pois
seria extremamente catastrófico, podendo gerar o ressurgimento de um novo universo ou de
outro universo, ainda mais caótico do que este.

“No caso de Cynthia Scandian. Não posso dizer que sei o que ocorreu anteriormente com o
suppær que possuiu sua alma e se tornou Synn Tharra. Sabíamos que Khyodor Nallekoh
possuía um espécime dos suppær em cativeiro. Talvez tenha buscado refúgio em com
Khyodor Nallekoh e este se aproveitou disso. Mas que bom está livre e vivendo como Synn
Tharra.

“Agora eu o acoplarei novamente, S.E. e desejo a ambos uma boa viagem. Ah, também lhe
deixei algo que possa ser útil em um futuro para ti, S.E., pois sei de vossos desejos,
Pinóquio!” – Assim que acoplou ao seu complemente, S.E. esvaneceu a parede que separava
e Luannia viu a câmara em que Corr Sairy era mantido. Ela se aproximou e pode ver o rosto
de seu companheiro, com a parte onde estava o tapa-olho coberta:

- Você ama me dar sustos! – Ela falou e ouviu no chip neural:

- “Qual é a graça se eu não puder fazer isso?” – E uma projeção de Corr Sairy surgiu no
interior. – Caramba, essa é nova!

Com lágrima nos olhos, ela beijou a projeção:

- Tem gosto de eletricidade. Formiga na boca! – E ambos sorriram. Corr Sairy se aproximou
da câmara em que seu corpo estava:

124
GALAXYA

- É como aquele lance de projeção astral, no qual a gente se vê fora do próprio corpo. Muita
loucura!

- Fala sério, se um de você já é chato, imagina dois! - S.E. implicou e Corr Sairy disse:

- Tá bom, vamos nos transferir, pois estamos com pouco tempo. – Mas Luannia alertou:

- Não podemos transferi-nos e nem dar salto hiperespecial.

- Então como vamos viajar de volta? Levarmos mais de três trilhões de k-rarrs para
voltarmos até os limites da Via Láctea...

- Lembra o sistema de propulsão com núcleo de estrela de Domminon? – S.E. questionou e


antes de Corr Sairy responder, ele já disse. – Eu tenho um, agora. Cortesia dos xmorggs.
Então se segurem, pois completaremos a diferença espacial em menos tempo do que um
Salto Hiperespacial, com a minha Megapropulsão. – S.E. ativou os motores e uma onda de
choque foi gerada em seus motores, lançando-os em uma velocidade nunca antes atingida
por ele:

- Será que sua estrutura suporta isso? – Corr Sairy estava preocupado, mas S.E. logo
respondeu, com a voz alegre:

- Eu nem tô sentindo. É como uma rede de proteção se projetasse do meu nariz. Isso é
muito legal! Sem contar que não está afetando meu interior, também. Uma velocidade
dessas seria totalmente prejudicial para as formas de vidas inferiores do meu interior. – S.E.
brincou.

- Rá, Rá, tô rindo muito de ti. – Corr Sairy tomou um susto ao ver o painel de navegação. –
Você já está entrando na Via Láctea? – Então S.E. faz uma parada brusca que pode ser
sentida no interior:

- Foi mal, pessoal, mas deem uma olhada nisso à frente. – E abriu a janela frontal,
permitindo que Corr Sairy e Luannia vissem algo disforme, com aparência aquosa,
prateada, como mercúrio, parecendo um monstruoso lago no espaço. Aquilo estava se
aproximando de um sistema estelar que S.E. colocou no painel com o nome Ettivo. Uma
estrela anã vermelha, com dois planetas habitados, o terceiro, com nome Mikandro, e o
sexto que se chamava Anuvis. Quando aquele lago espacial prateado passou pela estrela,
em questão de segundo, tudo desaparecera:

- Ele devorou o sistema estelar inteiro! – Luannia falou, assustada. – Para onde isso está
indo?

- Peraí que acho que dá para mapear. – E, após fazê-lo, um silêncio mórbido tomou conta do
interior de S.E. e Corr Sairy o quebrou:

- Sistema Surya. – Nervoso com aquilo, Corr Sairy praguejou. – Mal salvamos os parvatinos
de algo, eles já estão correndo risco, novamente. – Se voltou para S.E. – Quanto tempo para
chegar até o sistema Surya, S.E.?

- Amado, não sei se faz bem ao seu corpo você ficar nervoso assim. – Luannia falou e Corr
Sairy olhou para ela, depois olhou para si. Por instantes se esquecera que seu corpo ainda
estava na câmara, se recuperando. Então veio a resposta de S.E.:

- O tempo estimado é de vinte k-rarrs, para mais ou para menos. Como é disforme e
vagueia, é mais complexo conjecturar. – Então Corr Sairy pediu:

- Então registre e passe para o Galaxya. Em falar nisso, temos mensagens? – S.E. estranhou
a calma:

125
GALAXYA

- Você ficou calmo, de repente. – E Corr Sairy explicou para ambos:

- Vinte k-rarrs é pouco tempo, mas passando tudo para o Galaxya, podemos criar um plano
antecipado. Sem contar que Lu tem razão, não é bom eu ficar nervoso.

- Bem, sendo assim, estamos na via láctea, podemos fazer até uma chamada. – S.E.
concluiu e isso colocou um sorriso no rosto de ambos. Em pouco tempo, Marcelle, Pum
Riss, Kotharyn E Synn Tharra apareciam na frente deles:

- Espera aí. Eu estou vendo uma projeção de uma projeção de Corr? Como isso é possível? –
Argumentou Synn Tharra e Galaxya logo falou:

- Isso é tecnologia xmorgg. Eles devem ter dito poucas e boas para vocês.

- Imagina, ser chamada de primitiva, obsoleta e ainda ser separada de Corr Sairy, de forma
forçada. Os xmorggs são simpaticíssimos. – Ironizou Luannia.

- Mas por que estamos vendo uma projeção de nosso pai? – Questionou Marcelle. Foi a vez
de Corr Sairy falar:

- Lembra que eu falei que teria uma grande surpresa? – Daí ele e Luannia caminharam para
a parte de trás de S.E. e todos puderam ver seu corpo no interior da câmara:

- O que aconteceu? – Synn Tharra estava exasperada e, para acalmá-la, Corr Sairy contou:

- Eu sofri uma reestruturação subatômica. Meu corpo foi todo refeito. Eu me lembro de ter
sido bem doloroso, mas em determinado momento não sentia mais nada. Quando voltei a
sentir, era uma dor bem amena.

- Mas por que fizeste isso, Corr Sairy? – Então ouviram uma voz de criança entrando no
Testimonii, chamando Pum Riss e Marcelle de mamãe. Corr Sairy e Luannia se
surpreenderam:

- Quando nos tornamos avô e avó? – Pum Riss olhou para o jovem que sentava em seu colo
e disse:

- Nós mandamos uma mensagem para vocês, dois k-rarrs atrás. Este é Pi Math. Ele era um
dos jovens phællansis que perderam os pais no desastre que Ti Kkrus faleceu. Quando o
conhecemos, ele ainda era bem filhote. Só pudemos assumir a adoção quando ele tivesse
três k-rarrs. Ainda passamos mais um k-rarr em Phællans, ajudando no que precisavam.
Quando voltamos, ele veio conosco.

- E demoraram quatro k-rarrs para nos dizer isso? – Luannia inquiriu, sorrindo. – Nem sei
por que questionei isso. Estou feliz por ambas. – E outra voz pode ser ouvida:

- São aqueles dois bandidos? Eles nem responderam minha última mensagem. – E Hannia
apareceu na projeção, também. – Finalmente. A gente manda mensagens para vocês, mas
nunca recebe nada de volta.

- O que está fazendo aí, irmã? – Luannia não entendia nada, mas Hannia foi logo dizendo:

- Ajudando no treinamento dos aspirantes a Galaxya praesul. Lennie assumiu meu trono,
tendo seu irmão como Conselheiro próximo e a esposa deste como Chefe da Guarda
Illuminus. Corr Sairy, devo lhe dizer que Synn Tharra é durona. – Então, surpresa, indagou.
– Por que estou olhando uma projeção de sua projeção. – E Corr Sairy mostrou, explicando
novamente para ela, mas antes de Hannia falar, Synn Tharra interpôs:

- Não enrola, pai. Por que você fez isso? – E Corr Sairy disse:

126
GALAXYA

- Porque eu não queria morrer! Synn, Celle, Rissie, Hannia e Kotharyn. Antes de sair daí, eu
já havia conversado com Luannia sobre isso e Galaxya nos explicou quem deveríamos
procurar. Então fomos até uma outra galáxia e lá conhecemos os xmorggs que fizeram isso
por mim.

- Ainda não estou entendendo, Corr Sairy. – Kotharyn intercalou. – Que medo de morte é
esse? Todos morrem, um dia.

- Sim, Grandão. Mas olhe para minhas filhas, olhe para si mesmo, olhe para essas gêmeas
maravilhosas e para minha linda nora. Para nenhum de vocês o tempo parece passar. Por
mais que eu use o – Corr Sairy fez uma pausa – soro Amo Kken – Marcelle riu –, eu sinto
meu relógio biológico batendo, dizendo que meu tempo está acabando. Eu não queria isso!
Eu queria desfrutar mais momentos com minhas filhas, com minha parceira e com meus
amigos. – Corr Sairy fez outra pausa. – Em falar nisso, onde está Antares?

- Você quer dizer o Confederado-mor Antares? – Synn Tharra respondeu, surpreendendo


Luannia e fazendo o pai sorrir. – Pois é, Antares agora é Confederado-mor da Confederação
Galaxial, tendo como suplente o Confederado Dav Annon de Cycillian.

- Então ele já recebeu minha mensagem. – Corr Sairy falou. Todos arregalaram os olhos,
mas somente Kotharyn ficou perplexo:

- Que mensagem? – Ele questionou e Corr Sairy contou tudo ao krarrashin. – Bem, somente
eu não tinha ciência disso? – Todos abanaram a cabeça em confirmação. – Por que me
excluíram, não confiam em mim para tal?

- Pelo contrário, Grandão, não tem pessoa que mais eu poderia confiar do que você. O lance
é que Luannia se precipitou e contou para as meninas. – Corr Sairy alegou e Luannia
retrucou:

- Porque tu contaste para minha irmã e nossos sobrinhos. – Hannia intercalou:

- E ele não poderia me contar? – Então Pum Riss se interpôs:

- Gente, independente disso tudo. Desculpa deixa-lo de fora, Kotharyn. Quando soubemos
pensamos em contar-lhe. Daí surgiu as questões em seu planeta, depois as questões em
meu planeta. Synn ficou sozinho aqui, praticamente, pois Ortsac e K’thryn foram enviados
para Dharkyens. Muitas coisas ao mesmo tempo e terminamos excluindo-o, mas foi sem
querer. – Kotharyn pareceu entender, mesmo que seu semblante fosse de chateado. – Então
contaste, também, para Antares?

- Deixei uma mensagem que S.E. passou para Galaxya e este deve ter entregue assim que
Antares assumiu. – E ouviram a voz do Galaxya:

- Assim que ele assumiu o cargo e ficou sozinho na sala do Confederado-mor, lhe enviei a
mensagem. Ele ficou receoso de suas informações, devo lhe dizer, mas tentou esquematizar
uma pesquisa. Mas tem sido difícil, já que Stahirr se autonomeou Auxiliar de Antares e não
sai do seu lado.

- Sinceramente, eu já esperava que isso ocorresse. Stahirr sempre gosta de ficar perto do
poder e para ele nada mais poderoso do que a Confederação Galaxial no Galaxya.

“Nunca pensei que ele abriria mão do cargo de Confederado-mor. Aquilo me surpreendeu,
mas seu cargo era pequeno diante do que demos à Antares, líder do Galaxya perante a
Confederação Galaxial. Mas, como tudo mais, isso é especulação tenho certeza que a
entrada do Galaxya na Confederação Galaxial tem dedo dele”. – Contextualizou Corr Sairy, e
Synn Tharra disse:

- Não encontrei nada que ateste o que argumenta.

127
GALAXYA

- Vocês requisitaram aos Gêmeos? – Corr Sairy questionou, mas Pum Riss respondeu, triste:

- Eles foram embora.

- Como assim foram embora? – Luannia ficou admirada, então Corr Sairy explicou:

- Eles não foram embora, exatamente. Estou impressionado de terem ficado tanto tempo.
Como já disse, Blulb e Glulg são nômades. Eles vagueiam pela galáxia. Eles simplesmente
devem ter se entediado e seguiram caminho. Mas isso se soluciona fácil, pois ainda temos o
rastreador...

- Não temos mais não! – S.E. parecia encabulado. – O sistema de rastreamento da Arca
estava ligado aos meus sensores. Depois que quase fomos calcinados, fritou junto.

- E nós não pedimos para eles colocarem outro quando visitamos da última vez. – Corr Sairy
completou. Então Galaxya pigarreou e falou:

- Eu tenho como localizá-los. Arca dos dommæns tem o mesmo padrão que minha estrutura
e os mesmos sistemas de propulsão, com exceção do sistema de transferência, pois quando
se limitaram a essa galáxia, perderam a oportunidade de ampliar vosso conhecimento.
Sendo assim. – E Galaxya projetou o trajeto para a Arca de Glulg e Blulb. – Corr Sairy,
quanto a anomalia que vocês encontraram, eu já me esbarrara nela algumas outras vezes. –
Galaxya projetou sobre a mesa do Testimonii, para todos tomarem ciência. – Eu chamo de
Umtyi52, que vocês chamariam de Devorador. Sinceramente me surpreende a ameaça ter
chegado até este setor do Infindável.

- Você acha que ele pode ter sido deslocado para cá? – Corr Sairy inquiriu, mas Galaxya
taxou:

- Dificilmente, seria algo inimaginável pode fazer isso, já que, como viu, ele devora tudo que
se aproxima demais dele.

- Se assemelha a um enorme lago argênteo. – Indagou Synn Tharra. – E então uma outra
estrela e todo seu sistema estelar foi consumido. – Nossa!

- S.E. está correto quanto à trajetória, a caminho do sistema Surya. – Galaxya argumentou
e Marcelle pareceu nervosa:

- Você só pode estar brincando! Tem menos de trinta k-rarrs que eles estão em Parvati e já
surge essa ameaça O que faremos?

- Por isso eu passei para o Galaxya informar vocês. Eu esperava ir direto para aí e
tentarmos resolver isso juntos, mas vou atrás dos Gêmeos agora. Depois que conseguir o
que precisamos com eles, nos veremos e decidiremos tudo juntos. – Corr Sairy falou, mas
Galaxya finalizou:

- Somente vi um problema no calculo do tempo, pois como conheço a anomalia e sabia onde
ela estava há mil k-rarrs atrás. O tempo mais próximo de alcançar o sistema Surya é de
cinco k-rarrs. Mas já deixei o Confederado-mor Antares ciente de tudo.

- Obrigado Galaxya. Beijos, meninas. Amamos vocês demais! Se cuidem, Kotharyn e


Hannia. – E Luannia se despediu:

- Amo cada uma muito e estou louca para vê-las novamente. Até daqui a pouco, Kotharyn.
Te amo, irmã, para todo o sempre. – Assim que a transmissão encerrou:

- Quinze-k-rarrs, não é? – Corr Sairy corrigiu S.E. e este se defendeu:


52
Umtyi = Comedor

128
GALAXYA

- Eu disse que para mais ou para menos. Foi bem menos, mas convenhamos, ele parecia
bem lento, o tal Devorador.

- Sim, parecia mesmo. Bem, já que meu corpo não suporta uma transferência e nem um
Salto Hiperespacial, ainda...

- Antes de dar esse disparo, S.E., acho melhor trajetar uma rota para chegarmos ao
Gêmeos. – Luannia expôs. – Senão daqui a pouco colidimos com um planeta, na velocidade
que você viaja. Isso se não fizemos isso, momentos atrás. – S.E. riu:

- Não rolou não, pois eu tinha trajetado um caminho que não passasse por nenhum
sistema. Ainda bem que deu para parar quando nos deparamos com o Devorador. – Então
S.E. verificou o trajeto que deveria fazer até onde os Gêmeos estavam e disparou em
megavelocidade, chegando rapidamente onde a Arca se encontrava. Ao pousar, os
procedimentos padrões se deram e Luannia se viu diante de duas projeções de Corr Sairy:

- Um é bom, mas dois é demais. – Ela disse, enquanto a projeção lhe falava. Ao final, a outra
projeção desapareceu e Corr Sairy disse:

- Você vai ter que resolver isso. – Luannia se assustou:

- Não, nem pensar. Você quer que eu fale com aqueles? Me deu dor de cabeça ouvindo eles
falarem contigo. Não vou sozinha até lá, não. – Corr Sairy então disse:

- Ei, olhe para mim. – Luannia olhou no olho da projeção. – Se eu pudesse ir contigo, eu
iria, mas estou impossibilitado no momento, dentro de uma câmara, então só posso contar
contigo. Lembre-se, esquece o começo das palavras, são ecos. Preste atenção no resto e você
entenderá. Se prestar atenção a tudo que eles falam, isso te confundirá mesmo. – Luannia
respirou fundo, para se acalmar, e saiu do interior de S.E., caminhando na direção da Arca:

- Você acha que ela vai conseguir? – S.E. questionou, incrédulo, e Corr Sairy retorquiu:

- Tenho certeza que conseguirá.

Assim que entrou na Arca, o odor inebriante tomou conta de Luannia, que se sentiu ótima,
como da última vez. O local estava bem iluminado, como sempre os Gêmeos queriam, para
não deixar cantos escuros. Luannia não conhecia ninguém como ninguém a conhecia.
Então se aproximou do balcão e chamou ao bartender:

- Eu preciso falar com Glulg e Blulb. – Em pouco tempo, os dois surgiam diante dela:

- Luannia de Kelkzerr, que bom vê-la. – Iniciou Glulg.

- É, bom vê-la. O que te trazes aqui? – Intermediou Blulb.

- É, trazes aqui? Aonde está Corr Sairy?

- É, Corr Sairy? Vocês não falaram conosco depois que saíram daqui.

- É, saíram daqui. Isso nos magoou muito.

- É, magoou muito. – Finalizou Blulb. Luannia tentava fazer como Corr Sairy pedia, mas era
bem complicado, então argumentou:

- Não tínhamos intenção de magoá-los. Nosso objetivo era encontrar alguém e sairmos de
viagem. Estamos voltando agora e ficamos sabendo que tinham deixado o Galaxya.

- Sim, pois aquilo ali não era para nós. – Blulb começou.

129
GALAXYA

- É, para nós. Estávamos muito tempo em um mesmo lugar. – Continuou Glulg.

- É, mesmo lugar. Nossos clientes são bem discretos.

- É, bem discretos. Então não podíamos continuar estacionados ali.

- É, estacionados ali. Por isso achamos melhor partirmos.

- É, melhor partirmos. – Concluiu Glulg. Começando a se sentir confusa, Luannia foi direta:

- Precisamos das gravações com a presença de Stahirr de Thrittan aqui. – Glulg então disse:

- Espere um momento. – E Blulb concluiu:

- É, um momento.

Enquanto isso a projeção de Corr Sairy observava seu corpo inerte dentro da câmara:

- A gente se mete em cada uma, S.E. – Mas antes do amigo metalizado de Corr Sairy
responder, Luannia adentrou:

- Nunca mais você vai me fazer falar com aqueles dois. Se você tentar isso aqui outra vez – e
bateu com o dedo sobre o cristal cobrindo o rosto de Corr Sairy – e tivermos que falar com
eles, vamos esperar sua recuperação e que se dane qualquer complicação que o Infinito
esteja passando. – Então abriu a mão e, na sua palma, estava uma caixa escrita em cima o
nome de Stahirr. – Eles fizeram especialmente para você, disseram, pois sabiam que depois
de Pum Riss visita-los, você o faria...

- E instalaram um novo sistema de rastreamento em mim. – S.E. completou. Corr Sairy


beijou Luannia e agradeceu:

- Obrigado S.E. Obrigado aos dois. – Enquanto S.E. levantava voo, Luannia disse:

- Amor meu, eu esperava contar isso para você disperso, mas acho melhor deixa-lo logo a
par. – Então revelou a Corr Sairy tudo que os xmorggs descobriram sobre Antares e Synn
Tharra. Então Corr Sairy declarou:

- Isso só torna Synn mais especial ainda. Uma pena o suppær não ter mantido os dons nela,
mas deve ter seus motivos. Já o lance de Antares ser o renegado, era algo que eu já havia
suspeitado e os Gêmeos tinham aflorado mais ainda minha suspeita. Ele dele ter tentado
um salto no espaço-tempo foi novidade, pois nem Glulg e Blulb sabiam disso.

- Mas se lembra que Galaxya disse que eles estão presos neste setor há muito tempo. –
Expôs Luannia.

- Você tem razão. Mas por que os dois nunca se encontraram? Será que isso tem tanto
tempo?

- Corr Sairy, se formos pensar na idade que o Universo tem, seria incalculável. Alguns
teórico e cientistas de vários planetas já tentaram presumir, bem como encontrar um fim,
mas acredito que nunca conseguiram nem chegar perto. Se os dommæns e os suppærs
surgiram com o Universo, isso pode ter ocorrido a incalculáveis k-rarrs atrás. O que frita
meus circuitos é entender como Stahirr, Mas Htims, Bavan Sheys, Goliath Hitarr e Dav
Annon encontraram ele e ele falava “Antares” e “Mæsttra” que, como você disse, pode ter
sido a interpretação deles para “Maestro”. Sem contar que, quando vocês encontraram os
restos da nave, aparentavam estar a mais tempo ali do que se era esperado. – Explanou S.E.
e Corr Sairy completou:

130
GALAXYA

- Foi a análise de Lyn Xus que chegou a isso.

- Espere um pouco, há quanto tempo vocês vêm averiguando isso? – S.E. respondeu
Luannia:

- Desde que ficamos sabendo que Antares estava no encalço de Corr Sairy por causa do
assassinato do Maghnussy de Maghnessy. – Incrédula, Luannia alegou:

- Isso é a sua cara, Corr Sairy. Só que nunca vi levar tanto tempo para chegar há tudo isso.

- Era porque tudo estava interligado, de alguma forma. O suppær renegado, a descoberta de
Antares, o desaparecimento de Stahirr, sua ascensão ao cargo de Confederado-mor e A
Grande Revolta, tudo emaranhado. O que mais me surpreendeu foi nosso informante e o
que ele disse...

- Acho melhor guardar isso para depois, o Confederado-mor Antares quer falar contigo. –
S.E. o interrompeu e Antares apareceu na frente de Corr Sairy e Luannia, trajando as vestes
de Confederado-mor, com Stahirr de um lado e Dav Annon do outro:

- Confederado-mor Antares do Galaxya, Suplente Dav Annon de Cycillian e Língua de


Cobra. Prazer em vê-los. A que devo a honra. – Antares curvou a cabeça e balançou, como
incrédulo da pompa que Corr Sairy usara. Quando levantou, um sorriso desaparecia no
canto do rosto:

- Sei que acreditava que isso ocorreria um dia, então aqui estamos. Verificamos a anomalia
que nos enviou e Galaxya diz que a nomeou de Umtyi e percebemos que devorou um
sistema estelar em um tempo miserável. Quando Galaxya nos informou que o trajeto dele
tinha em seu caminho mais outros seis sistemas estelares habitados, além do sistema
Surya, tentamos juntar todas as mentes científicas dos planetas-membros da Confederação
Galaxial, mas não chegamos a nenhuma conclusão. De acordo com a análise do Galaxya, o
Umtyi ainda pode ameaçar Nova Volos e o sistema Vertus...

- E o Confederado Bavan Sheys acredita ser impossível enfrenta-lo. – Stahirr interrompeu


Antares e Corr Sairy fez cara de asco e pontuou:

- Se Bavan Sheys fosse inteligente de verdade, parava de dar pitaco onde não deveria.

- Mas ele foi um dos que tivemos de recorrer. – Dav Annon expôs.

- Desculpe-me, Confederado Dav Annon, mas a última mente a quem vocês deveriam ter
recorrido era a de Bavan Sheys. O que os outros disseram?

- K’thryn Swiss de Dharkyens, – Antares colocou e aquilo abriu um sorriso no rosto de Corr
Sairy e Luannia – acredita que poderíamos desenvolver um dispositivo que implodisse
Umtyi, mas não temos tempo hábil para isso. Antes do dispositivo estar pronto,
possivelmente, na análise de Galaxya, já teríamos sido devorados e o próximo ponto seria K-
Rarr e depois KellDesh.

- Ou seja, ele devoraria toda a Confederação Galaxial. – Fincou Luannia, mas Antares
mencionou:

- O sistema Mantha, aparentemente, ficaria ileso. Podemos requerer asilo para o sistema
Vertus, mas é um sistema pequeno demais para conter todo o sistema Vertus. E os storris
ainda têm várias ressalvas com os thrarkussis.

- Você não está dizendo nada e isso me preocupa. – Luannia se direcionou à projeção de
Corr Sairy. Ele olhou para ela e brincou:

131
GALAXYA

- Sabia que ficar nessa forma é maravilhoso, pois minhas pernas nunca cansam. – Cética,
Luannia falou:

- Corr Sairy! – Então ele olhou para os três rostos projetado e questionou:

- Aonde está a belonave de Domminon? – Ninguém entendeu o questionamento, mas foi


Antares que perguntou:

- Por que perguntas?

- Se não foi desmontada, o que duvido que conseguiriam, mesmo o Galaxya, no interior dela
tem Exxorum, o Dispositivo Supernova que Domminon destruiu Volos e o Sol, além de
outras tantas estrelas.

- E o que você pretende? Explodir aquela anomalia? Seria mais prejudicial ainda. Você fala
para não ouvirmos Bavan Sheys, mas ele analisou uma explosão em larga escala daquilo,
caso fosse possível. A energia que dispersaria consumiria todo nosso setor no
Incomensurável. – Corr Sairy fez que concordava, mas demandou:

- E se implodíssemos? Eu não acredito que aquele dispositivo de Domminon tenha somente


uma função. Ele não usaria um dispositivo somente de uma forma, com certeza ele teria
uma forma de revertê-lo e ao invés de explodir um objeto, o implodiria. Só temos que lhe
questionar como fazer isso. – Aquilo agitou o outro lado, mas Antares foi a voz da razão:

- Não podemos fazer isso, Corr Sairy. Como bem sabes, Domminon está em exílio eterno na
cadeia de meteoros. Ele não pode receber nenhuma visitação, pois não sabemos do que ele é
capaz.

- Então deixemos tudo acontecer como tem de ser. – Corr Sairy disse, e depois se
comunicou com o chip neural de Antares:

- “Assistiu à minha mensagem?”

- “Sim, suas alegações são plausíveis e procurei o Satélite-prisão. Estou esperando o


momento acertado para agir”.

- “O momento acertado quem faz somos nós, Antares”. – Corr Sairy pausou e então falou. –
“Você confia em mim?”

- “Isso não tem a ver com confiança, Corr Sairy. Se fizer qualquer coisa, terei de cumprir
com a Lei da Confederação Galaxial. Não faça isso!” – E Antares olhou para o rosto de Corr
Sairy e ele sorriu:

- Bem, nos vemos depois. Na verdade, dentro em breve, pois S.E. viajava mais rápido do que
nunca. – E encerrou a comunicação. Foi a vez de S.E. falar:

- Você não vai fazer isso? – Não compreendendo, Luannia inquiriu:

- Fazer o quê? – Quando finalizou, entendeu. – Não! Corr Sairy isso é loucura. E se ele
fugir...

- A culpa será minha. – Corr Sairy completou e continuou. – Sem contar que tínhamos de ir
à cadeia de meteoros mesmo, então serão dois coelhos com uma cajadada só.

- Você ainda está nessa câmara. Eu não vou ir falar com ele. Nem pense nisso! – Luannia
estava inflamada.

- Daremos um jeito. – Corr Sairy ponderou e declarou. – S.E., vamos visitar Domminon.

132
GALAXYA

Em pouquíssimo tempo, eles estavam na cadeia de meteoros. Após uma breve parada,
seguiram para onde estava Domminon. Nisso, Synn Tharra se comunicou:

- Aonde vocês estão? – Ela demandou e Luannia falou:

- Aonde você está? Parece o Collocutio. Tirando o seu pai, ninguém mais o usa...

- Mãe, cadê a projeção de papai? – Synn Tharra a interrompeu e parecia preocupada,


Luannia declarou, ansiosa:

- Lá embaixo, procurando Domminon. Muse, o que está acontecendo?

- Os Galaxya praesul estão indo atrás de vocês. Tentei detê-los, mas o Confederado-mor
instituiu extrema urgência na captura de S.E...

- Tente impedi-los, Synn Tharra, pois estamos aqui camuflados e impossibilitados de


sermos detectados. Se os G’s vierem, acusarão a posição de Domminon. Parece que Antares
não aprendeu que Corr Sairy sempre é prevenido.

Enquanto a discussão era acirrada no S.E., Corr Sairy encontrava Domminon:

- Ei Domminon? – O gigantesco e corpulento homem rubro se virou e reparou Corr Sairy:

- Oras, e o diminuto ser que ousou desafiar Domminon em Volos VI encarcerando a irmão
de Domminon, Ykkamera. Percebo que está sendo gerado por tecnologia. Por que ser
insignificante? Teme encarar Domminon pessoalmente? Escondes vossos companheiros em
algum lugar para deter Domminon?

- Bem, primeiro que meu corpo está se recuperando, eu estive em Xmorgg, também.
Segundo que se percebe que eles modificaram sua capacidade vocal, já que consegue falar
no espaço. – Domminon gargalhou e sua risada parecia fazer os meteoros dispersarem:

- Diminuto ignóbil. Xmorgg nunca deram nada a Domminon, pois se Domminon quisesse
algo deles, tiraria. Isso é uma atmosfera artificial, que estava na cápsula de Domminon
quando ele aqui pousou. Alimentos tem vindo até Domminon, também. Domminon somente
está aqui, ainda, porque deseja estar. Bem como Ykkamera está naquele falho Satélite-
prisão, porque Domminon quer que esteja. Domminon têm pessoas que ajudam Domminon,
simplesmente por saberem do que Domminon é capaz.

- Se a cada palavra que você profere, falasse menos seu nome, seria tão mais fácil. – Corr
Sairy argumentou e prosseguiu. – Mas vamos lá, eu gostaria de saber como inverter a
capacidade do Exxorum para ele implodir? – Domminon ficou instigado com aquilo:

- Por que achas que Domminon permitiria usar o Exxorum? – E Corr Sairy expôs:

- Porque se Domminon não fizer isso, Domminon não terá seu direito de vingança, já que
uma anomalia gigantesca vai devorar todos os sistemas estelares que Domminon quem
destruir. – Corr Sairy se surpreendeu, pois Domminon parecia assustado:

- Aquele que tudo devora! – Ele disse. Se virou de costas para a projeção de Corr Sairy, que
ficou olhando para as enormes costas do ser gigantesco. Quando se virou parecia refletir e
falou. – Cada Exxorum possui dois botões, um verde e um azul. O verde faz as estrelas
expandirem, o azul faz as estrelas retraírem. Mas Domminon lhe deixa claro, ser diminuto,
Domminon já tentara disparar Exxorum no interior d’Aquele que tudo devora e não
adiantou. Seriam necessárias cargas maciças, o que poderia colapsar o tecido do espaço-
tempo. – Corr Sairy ouviu com atenção e finalizou a projeção, fazendo o ycon explodir. Então
ressurgiu no interior de S.E., onde Luannia parecia extremamente nervosa e uma projeção
de Synn Tharra também. Quando o virão, clamaram:

133
GALAXYA

- Finalmente você voltou. – Corr Sairy não entendeu o que ocorria, mas antes de perguntar,
Luannia falou:

- G’s estão vindo para cá. Aparentemente o Confederado-mor Antares ordenou sua prisão
imediata. – Corr Sairy ficou nervoso:

- Mas ele disse que confiaria em mim. Eu não acredito que Antares me traiu desse jeito. E
enviando G’s vai terminar trazendo Ykkamera para cá. – Synn Tharra ficou abismada:

- Mas Ykkamera está no Satélite-prisão, pai! Como ela iria até aí? – Corr Sairy olhou para
Synn Tharra:

- Synn, Ykkamera não passou um arr no Satélite-prisão. Aquele lugar é somente para
pessoas que desejam ficar lá. K-Rarrs atrás, quando eu ainda buscava Galaxya, terminei
esbarrando com Gottakk na Arca dos Gêmeos. Ele havia sido capturado na tentativa de
assassinato do vizir Malov Torrk de Thrarkus e mandado para o Satélite-prisão. Quando nos
encontramos, ele deveria estar cumprindo pena lá. O Satélite-prisão foi construído em
Prismus, no começo da Confederação Galaxial. Todo automatizado, com capacidade para
mais de dois milhões de prisioneiros. Tem área de recreação, área de lazer, as celas são bem
espaçosas e tudo bem harmonizado. O que rola, uma cápsula chega lá, os dróides...

- Peraí, vocês estão parados, enquanto você conta isso? – Synn Tharra o interrompeu, e Corr
Sairy sorriu:

- Você acha que eu seria tão estúpido. – S.E. falou. – Pessoa de pouca fé. – E Corr Sairy
continuou:

- Então, o prisioneiro seria levado para uma das celas onde cumpriria o resto de sua vida
encarcerado.

- Sim, eu conheço toda essa história, pai. Passei arrs enfurnada no Libri...

- Mas uma coisa que você não sabe é que os prisioneiros quase nunca chegam no Satélite-
prisão. Como a localização é clara, a 1.63 milhão de Moors de distância do Sistema Vertus,
as cápsulas são interceptadas no caminho. Com certeza, Domminon fez isso com a irmã e a
deixou de molho, por ter perdido a própria belonave. Mas esta já deve ter outra, nova e mais
belicosa que a anterior. E agora tem a localização do irmão.

- E para onde vocês estão indo? – Synn Tharra ficou instigada. E Corr Sairy disse:

- Conseguiu localizar? – Atônita, esbravejou:

- Peraí, enquanto você me falava isso tudo, falava com S.E. também?

- E comigo, também. – Luannia colocou, deixando Synn Tharra mais nervosa, então essa
tentou apaziguá-la. – Muse, seu pai está naqueles momentos de planos deles. E quando ele
está assim...

- Ele quer se dividir em mil. – Synn Tharra completou e Corr Sairy confirmou:

- E estou me sentindo mil. Synn, as coisas se encaixaram no final e ficaremos muito bem.
Caso as G’s entrem em contato, diga que fui atrás da belonave do Domminon. – Synn
Tharra pensou em questioná-lo, mas somente disse:

- Muse. – Corr Sairy não entendeu. – Celle tem me chamado assim, Pum Riss tem me
chamado assim. Mamãe tem me chamado assim. – Corr Sairy sorriu. – Te amo, pai! – e
encerrou a transmissão.

134
GALAXYA

Em pouco tempo S.E. estava na localização da belonave de Domminon:

- Mas cadê ela? – Luannia questionou, e S.E. explicou:

- Galaxya disponibilizou geradores de camuflagem em torno da belonave. – E S.E.


atravessou o campo de camuflagem, se deparando com a gigantesca espaçonave bélica de
Domminon. – Incrível, somente o suporte de vida está funcionando, o restante tudo vocês
detonaram mesmo, Luannia.

- Foi um trabalho em conjunto. – Ela celebrou e Corr Sairy elogiou:

- Um maravilhoso trabalho em conjunto. Agora precisamos entrar. S.E. tem como me


colocar lá?

- Lógico, com todos os dispositivos de proteção desativados, coloca-los no interior vai ser
fácil, fácil. – E S.E. transferiu Luannia para o interior e Corr Sairy surgiu ao lado:

- Nossa, isso é muito estranho. – Então ela ouviu a voz de S.E. em seu chip neural:

- “Coloquei vocês no local do sistema de disparo do Exxorum”. – Então eles virão, vários
diminutos cubos bicolores envolvidos por um campo aquoso e transparente:

- O que é isso? – Corr Sairy estava curioso e Luannia disse:

- S.E. está dizendo que é um campo de sustentação nulificado. O Exxorum deve ficar nele
antes de ser transferido para a estrela. – E ainda usando Luannia como pombo correio, Corr
Sairy inquire:

- Será que teria como transferir isso tudo para o interior de S.E.? – Luannia riu e depois,
bem irônica, falou:

- Nem se ele saísse dele mesmo conseguiríamos.

- Muito engraçado, os dois. – E Luannia falou:

- Ele acredita que ele poderia usar a nova capacidade do motor dele e pilotar a nave até o
local.

- Esquece, devemos estar envoltos por um Campo de Êxtase. – Então Corr Sairy pensou no
que falou. – Como sou estúpido! Agora não temos como sair daqui. – Então uma pequena
esfera surgiu próximo aos dois, falando:

- Ledo engano, pois eu posso desligar o Campo de Êxtase quando bem entender. –
Surpresos, os dois falaram em uníssono:

- Galaxya?

- Acreditava mesmo que eu não examinaria e exploraria este ambiente. Simplesmente


fascinante e aterrador, também. Os cartazes, o locais de aprisionamento...

- Você pode então desligar o Campo de Êxtase e permitir que S.E. guie a nave até onde
precisamos ir?

- E aonde pretendem ir? – Galaxya aparentou intrigado.

- Deter o Umtyi, lógico! – Luannia confirmou.

135
GALAXYA

- Parece justo. Pena que tudo isso se perderá, mas será por uma boa causa. Mas para isso
será necessário desligar o campo de sustentação nulificado e coloca-los do lado correto.
Sabe qual é? – Galaxya demandou e Corr Sairy foi rápido e enfático:

- Azul. – Então a pequena esfera adentrou o campo de sustentação e bateu nos lados azuis
de cada um dos Exxorum, quando saiu, Corr Sairy estava curioso, mas Galaxya parecia
saber a pergunta:

- Enquanto o campo estiver ativo os dispositivos ficam inoperantes, mas assim que o campo
foi desativado, é melhor não estar perto. Mas ainda tenho sérias questões quanto ao que
isso pode causar ao tecido espaço-tempo.

- Bem, a implosão ocorrerá no interior do Devorador, sendo assim, eu espero que ele morra.
Mas caso ocorra algum “rasgo” – as mãos projetadas de Corr Sairy fizeram as aspas –, eu
tenho um plano B. – Então Galaxya requiriu:

- Pode acionar-se quando desejar, S.E. – Mas Corr Sairy pediu:

- Antes transfira Galaxya e Luannia para o seu interior, S.E.

- Não, Corr Sairy, eu preciso ficar. Entenda, sim minha forma está relacionada a mim, mas
é 0,0956 por cento de quem eu sou. Antes de adentrar no Umtyi, ativo seu modo
automático, instruído a desligar o campo de sustentação nulificado. Não quero perder mais
0,0956 por cento de mim mesmo. – Galaxya argumentou e Corr Sairy soou sentido:

- Foi mal por aquilo.

- Não precisas se desculpar, não tínhamos como sabe com certeza que os sistemas dariam
pane. E tem mais, se essa sua projeção ficar, com você usando seu chip neural para gera-la,
você poderá perder parte de sua memória e correrá o risco de não conseguir desativar o
campo. – Explanou Galaxya e Corr Sairy sorriu:

- E eu estava me sentindo tão você. Está bem, S.E. transfira Luannia. Farei companhia ao
Galaxya até o Devorador. – S.E. fez o que lhe foi pedido. No interior do S.E., vendo seu
companheiro ainda inerte na câmara, Luannia questionou:

- Você tem certeza que consegue, S.E.? É muita coisa. Pode te esgotar. – Então, em tom de
brincadeira, mas sendo bem sincero, S.E. disse:

- Lu, eu sou feito de placas e circuitos. Meu eu, na verdade, tá dentro da cabeça maluca
deste louco no interior desta câmara. Ele não pode nos ouvir, pois está lá embaixo, com
Galaxya e, como Galaxya disse, se Corr Sairy ficasse, em sofreria uma lobotomia. Então
posso lhe ser bem sincero. Desde que abri meus olhos (se assim posso dizer), a pessoa que
sempre esteve ao meu lado foi Corr Sairy. Ele acha que eu não lembro, pois ainda não era
tudo que sou hoje, mas as memórias permaneceram, de tudo que vivemos e tudo que
enfrentamos. Corr Sairy nunca me abandonou, Luannia. Nunca me deixou sentir-me só. E
sei que o nosso laço de amizade é intenso como o seu com ele e o dele com cada uma das
meninas. Então faço qualquer coisa para ajudá-lo. E farei agora. Se segura! – S.E. acionou
seus propulsores no máximo que conseguiria e ancorou-se com firmeza à belonave de
Domminon. Quando conseguiu movê-la, ela entrou em seu campo de inércia e ele disparou.
Logo se encontrando de frente com Umtyi, o Devorador. Demonstrando cansaço com o
esforço, falou com Galaxya e este transmitiu para Corr Sairy:

- S.E. fez um belo esforço e nos trouxe até aqui. Agora fica tudo em minhas mãos. Antes que
parta, Corr Sairy, quero que saiba que tem sido maravilhoso ser seu amigo e ver o esforço
que realiza para salvar vidas que, muitas delas, nem se importam contigo. Estou aqui,
esperando por esse desfecho. Até daqui a pouco, meu caro amigo. – E a projeção de Corr
Sairy se encerrou e ycon explodiu.

136
GALAXYA

No interior de S.E., Corr Sairy surgia ao lado de Luannia:

- Agora é a hora de ver se isso vai dar certo ou não. Cruze os dedos – Luannia olhou para ele
e depois para a frente de S.E. Este se desvencilhava da belonave de Domminon que seguia o
empuxo na direção da anomalia. Quando entrou naquele lago de serenidade prateado, nada
pareceu ocorrer e a esperança começaria a esvanecer, mas o Universo pareceu tremer. – O
que isso? – E Corr Sairy viu a lagoa argêntea espacial começar a perder seu brilho e ficar
embaçada. O embaçamento se tornou escuridão profunda e, como se nunca tivesse existido,
a anomalia desapareceu:

- E o que faremos agora? – Luannia inquiriu. Corr Sairy olhou para ela, depois olhou para a
câmara com seu corpo e disse:

- Esperamos.

Passaram-se três k-rarrs e não se tinham notícias de Corr Sairy. Todos sabiam que a
belonave de Domminon havia desaparecido e que Umtyi também, pois Galaxya informara
aos membros da Confederação Galaxial, aos Galaxya praesul e os membros do Galaxya.

As coisas não estavam legais entre os Galaxya praesul e os membros do Galaxya,


acontecendo uma divisão ainda maior entre eles. Os Galaxya praesul agora tinham de se
virar sem o auxílio dos membros do Galaxya, o que dificultou muito a vida deles, mesmo
com todo o conhecimento adquirido, pois Marcelle, Pum Riss, Kotharyn e Synn Tharra
cortaram totalmente os laços.

O mesmo acontecera com a Confederação Galaxial, que preferiu se desvincular dos


membros do Galaxya. Antares preferia dar ouvido para Stahirr do que para aqueles que
tinham sido seus amigos e companheiros.

O que eles não sabiam, nem os Galaxya praesul e a Confederação Galaxial é que Corr Sairy,
Luannia e S.E. estavam no Hangar todo o tempo.

S.E. havia chegado camuflado e adentrado no Hangar e Luannia estabeleceu contato,


inicialmente com Kotharyn:

- “Quem está aí contigo?” – Kotharyn reconheceu Luannia e lhe respondeu:

- “Definimos total distanciamento dos Galaxya praesul. Eles não têm mais acesso ao nosso
andar. Trabalho somente com os galaxyins”.

- “Então, siga a luz!” – Luannia falou e Kotharyn viu um brilho vermelho e foi até ele,
entrando em S.E., ainda camuflado. – Olá, meu amigo!

- Há quanto tempo está aqui? – Kotharyn questionou, surpreso. – As meninas sabem que
estão aqui?

- Não, Grandão, por enquanto, somente você sabe. Galaxya nos deixou ficar em um ponto
que poucos passam e estratégico. – Disse a projeção de Corr Sairy. – Estamos aqui tem uns
cinco rarrs. Chegamos no rastro dos G’s, quando eles interromperam as buscas por nós.

- E o que pretendes fazer? Se fores se entregar, irei contigo, pois não te levaram novamente
para o setor de celas. – Kotharyn colocou, excitado com a situação.

- Na verdade, precisamos seguir com o plano. – Luannia disse e levou Kotharyn até o fundo,
abrindo uma gaveta, deixando o krarrashin estupefato. – Encontramos em um meteorito.

- Por que fizeram isso? – Kotharyn questionou, perplexo. Então ouviu uma voz familiar. Era
Synn Tharra que o chamava e ouviu a voz dela no chip neural e ele falou-lhe que estava em

137
GALAXYA

uma satisphæra. – Preciso estar em uma satisphæra. – E S.E. o transferiu. E, como por
tantas vezes, ouviram a voz da filha, mas tiveram de esperar.

Em determinado momento, uma mensagem veio aos chips neurais dos membros do
Galaxya:

- Agora! – E uma projeção de Corr Sairy surgiu no Galaxya praesul hangar:

- Sabe de uma coisa, estou totalmente decepcionado com todos vocês. Tomaram lado muito
depressa, somente porque eu queria salvar seus planetas. Sim, o planeta de cada um de
vocês. Daí enviaram G’s atrás de mim e colocaram em risco a segurança de toda a
Confederação Galaxial. Sabe por quê? Por causa disso! – Uma enorme projeção de
Domminon surgiu ao lado de Corr Sairy, que o viu:

- Oras, ser diminuto, obrigado por teres salvo estes. Não esperava vê-lo aqui, já que lhe
culpam pela fuga de Domminon. O problema é que Domminon não precisou deste ignóbil
ser diminuto, pois ele não forneceu forma para irmã de Domminon, Ykkamera, chegar a
Domminon. Mas as primevas naves de vocês o fizeram. E não somente isso permitiram,
também nos concederam a possibilidade de extinguir a vida de todos vocês. Considerem-se
destruídos. – E disparos de enormes canhões atingiam a lateral de Galaxya, que balançava
fazendo as pessoas no seu interior caírem.

- “Galaxya, como você está?” – Corr Sairy questionou. – “Desculpa te fazer de isca...”

- “Estou aguentando bem. As melhorias que S.E. me trouxe ajudaram aos sistemas de
defesa” – Mas o rimbombar no interior parecia estar dilacerando Galaxya, fazendo vários
membros da Confederação Galaxial se desesperarem, bem como os visitantes e
negociadores. Parecia que o mundo estava se acabando. – “Você avisou a ela?”

- “Sim. Ela já deve” – uma Fenda Hipertemporal se abriu e um diminuto corpo passou por
ele – “Ela chegou!”

O espaço naquele lugar pareceu tremer, pois sua voz ressoou no vácuo:

- Domminon! – A cinzenta figura, que parecia vestida de estrelas, emitia energia que parecia
nublar o espaço que os cercava. No interior da belonave da irmã, Domminon estava
assustado e suava frio, pois tinha certeza que ela não poderia ter voltado. Se perguntava
como ela poderia ter voltado, já que todo o sistema estelar dela, bem como ela, havia sido
consumido pelo Exxorum.

As pessoas no interior do Galaxya começavam a se recompor, enquanto Aryannin do lado de


fora começava a envolver a belonave de Ykkamera naquela escuridão, fechando em um breu
ovalado. Sem piedade, Aryannin abriu com um pequeno gesto acesso a cabine de comando
e, no interior, com um vermelho empalidecido, estava Domminon, surpreso com a Megami
volosi:

- Eu lhe poupei várias vezes. Lhe dei chance para se recuperar. Permiti vossa fuga. Até
mesmo concedi-lhe um de meus planetas para que fizesse tua prática insana. E como me
pagaste? Enviando teu irmão como chamariz para inserir na estrela de meu sistema estelar
seu Exxorum, que consumiu todos os meus filhos e filhas, além de mim mesma.

“Mas pensei a frente de ti, Domminon, e providenciei um jeito de retorno mais eficaz. Agora
é o meu momento de vingar-me, de acabar de vez com a vossa existência. Não temes
mortais, pois eles fazem pouco contra ti, mas vais temer estar deusa, pois é o momento de
fazer-lhe pagar por cada vida que vosso dispositivo consumira”. – E Aryannin começou a
despedaçar a nave de Ykkamera como se fosse folhas de papel sendo rasgadas. Seres caíam
no fundo do ovo de escuridão e escoavam para o espaço, onde suas vidas se perdiam. Todos
temeram fazer algo, enquanto observavam do Galaxya praesul hangar. Não queriam sentir a
fúria da Megami Aryannin.

138
GALAXYA

Quando sobrou somente a cabine de comando, a pequena Aryannin entrou nela e pousou.
Vendo se tamanho, Ykkamera a achou frágil e decidiu ataca-la. Mal dera tempo de ela ouvir
seu irmão gritar:

- Não, Ykkamera! – Ela virava pó. Ao chegar bem próxima de Domminon, Aryannin levitou e
ficou frente a frente com ele, que tremia, temendo pela própria vida:

- Agora tremes! Agora estás temendo morrer. Mas existem coisas piores do que a morte
Domminon. – Aryannin segurou o braço dele, que tentou resistir e arrancou fora jogando
nas costas. Ele gritou. – Não vou lhe mostrar como estava a mente de cada um de meus
filhos e filhas, antes de serem consumidos. – Ela segurou o outro braço dele e arrancou fora
atirando nas costas. Ele gritou. – Não vou fazê-lo ver pelos meus olhos os meus últimos
momentos, mas quero que sintas, em teu corpo a dor que eu senti. – Aryannin se afastou
dele e como um objeto cortante e certeiro, atravessou o peito de Domminon, que deu seu
último suspiro. Quando o envolvimento desapareceu, restava pouco mais de uma carcaça
nauseabunda no local de uma belonave que atacava com ferocidade o Galaxya.

Enquanto os Galaxya praesul se concertavam curvavam, temendo suas vidas, a projeção de


Corr Sairy caminhava livremente até o Tuboelevador, subindo até o andar da Confederação
Galaxial. Quando chegou lá, passou por vários seres que pareciam temer pela própria vida.
Atrás dele surgiram suas filhas, sua companheira e o krarrashin. Enquanto caminhava pelo
corredor, foi em direção à porta do Confederado-mor que Galaxya lhe deu acesso. Stahirr
parecia desesperado, gritando para que Antares o acompanhasse para fora dali:

- Sabia que você era um covarde! Homem de pouca fé. – Antares e Stahirr se viraram e
viram a projeção de Corr Sairy:

- O que fazes aqui? Deveria estar preso. – Então no exterior, Aryannin envolvia a belonave
em um casulo de escuridão e tudo parou de tremer e Stahirr tomou compostura. – Vou
chamar os Galaxya praesul e eles cuidaram de vocês. – Então uma voz surgiu de traz da
projeção, que desapareceu. A voz era irreconhecível, mas tinha a mesma estatura, a mesma
cor de pele, mas não possuía mais aquele tapa-olho e nem a cicatriz por baixo, pelo
contrário tinha dois olhos:

- Você não vai a lugar nenhum Stahirr que não seja o Satélite-prisão e eu garanto que você
vai chegar lá. – Corr Sairy falou. – Sabe, se tem uma coisa que eu acho complicada são
pessoas que se acham acima de qualquer outra. E, para manter-se por cima, usam de
artifícios para continuar onde estão. – Stahirr então dirigiu-se a Antares:

- Confederado-mor Antares, precisas fazer algo. Este ser libertou Domminon e quase
destruiu-nos por causa disso. – Antares olhou para Stahirr e disse:

- Na verdade, eu sou culpado por Domminon estar livre. Mas, para nossa sorte, Corr Sairy
sempre tem um plano extra. Desculpe-me, meu amigo, acho que me exaltei e, quase,
coloquei tudo a perder. O maior problema foram os Galaxya praesul se voltarem contra
todos vocês. Meu erro! – Exaltado, Stahirr disse:

- Seu erro? Foi seu acerto, Confederado-mor Antares. Agiste como se deve agir com
criminosos. A família toda é cumplice dele... – Corr Sairy, sério, enfiou o dedo na máscara
de Stahirr e disse:

- Não coloque minha família no meio. – E, se virando de costas para Stahirr, começou a
falar.

“Sabe aonde você errou, Stahirr? Em lugar nenhum! Seu plano era impecável, sucinto e
meticuloso. Eu não vou falar das minhas hipóteses, mas desde que voltou da Terra e
experimentara o corpo pelo poder, percebeu que ser um mero Confederado de Thrittan não
era nada e, a qualquer momento, seu irmão (se assim posso chamar), Stahokk, poderia
assumir seu lugar. Então começou a fazer alianças significativas, apoiar causas de planetas

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GALAXYA

que poderia lhe favorecer e se candidatou a Confederado-mor, ganhando facilmente o cargo.


Então cumpriu com suas promessas aos planetas aliados, tornou um desses aliados seu
eterno braço direito e, sabendo do potencial de Antares, pois haviam lhe contado o que ele
fizera com Khyodor Nallekoh (você ainda estava na Terra, na época), colocou com seu faz-
tudo, nomeando-o Confederado de Mæsttra (me pergunto de onde tiraram esse nome?).

Sempre que surgia um problema e você tinha de ir, Antares estava ali, ao seu lado, com o
jeito ameaçador dele. Mas seu poder começou a decair, as alianças já não demonstravam ter
fidelidade. Até mesmo o mais novo aliado, a Terra, parecia minguar. A oportunidade de ouro
surgiu com a Guerra de Crisyen, onde decidiu, sem pensar muito, apoiar Brann Dawh, o
Usurpador, achando que ele dignificaria o cargo de Errege e devolveria os cidadãos das
Cidades Flutuantes para Prismus ou mesmo destruíra-los de vez. O que você não contava
era com um detalhe, as alianças que Crisyen tinha, de planetas-membros que você nunca
conseguiu muito. Para sua surpresa, a Terra apoiou a causa da Cidades Flutuantes, mas
isso era devido a Elizabeth Scandian, a quem a Terra devia muito mais e como ela era
Ubukhosi de Phællans, não puderam recusar ajudar.

“Vendo ali uma possível derrota, você precisou agir rápido e agitou ao seu irmão, Stahokk,
um thrittani que sempre lhe falava que a Confederação Galaxial deveria visar a todos e não
somente às alianças firmadas. Você o incentivou a partir nessa empreitada.

“Goliath Hitarr lhe convenceu que ele deveria convidar seu irmão mais velho, Davith Hitarr,
para participar do grupo. Bem como Bavan Sheys falou de seu mentor e criador, Ikken
Bergg. A única pessoa com quem vocês não contavam. A única carta fora desse baralho?
Mitir Archistrátigos K’rynn Swiss, cria da Mitir K’roll Swiss.

“K’rynn se afeiçoou facilmente por Stahokk e este por ela, gerando o que em Dharkyens
chamam de storgí. Mitir K’roll Swiss tentou convencê-la a desistir daquilo, mas quando
acontece o storgí não existem mais volta. Mas você não podia voltar atrás do que planejara
(acredito que nem desejava). Então, conhecendo todo o potencial de Antares, e sabendo
onde Stahokk se reunia com seus amigos para conversarem sobre as palestras que ele dava,
você mandou o seu Confederado-guerreiro para lá. A ordem? Exterminar Ikken Bergg, pois
era o desejo de Bavan Sheys, pois estava cansado de ficar na sombra da verdadeira mente
pensante de Callyns, e trazer os outros que teriam seus destinos definidos. Mas o que fazer
com K’rynn Swiss?

“Bem, a primeira coisa foi nomear às palestras de A Grande Revolta, depois dizer que a
Confederação Galaxial renegava aos revoltosos e que nenhum planeta deveria dar-lhes
abrigo. Mas Davith Hitarr fora levado para Bhlokyonss, ficando aos cuidados do Kokonga 53,
Abraakh Hitarr, seu pai, que lhe retirou o direito ao título e deu à Goliath Hitarr, o
ambicioso e maléfico filho caçula, que aguarda o esfacelamento do pai. Davith está, neste
momento, sendo retirado das catacumbas em que foi soterrado, pois a verdade foi relevada
ao Kokonga Abraakh Hitarr, que disse sentir vergonha do filho caçula e sua ambição,
renegando-o. É triste, mas real.

“Mas ainda faltavam dois. Você poderia se livrar facilmente de Stahokk, deixando-o preso
em seu quarto, ou em algum abrigo subterrâneo de Thrittan, distante dos olhos do Ratder
Ausbilder e de sua irmã (se posso chama-la assim), Sharan. Mas precisaria levar K’rynn
Swiss à julgamento, pois se a devolvesse ao seio de sua família, ela contaria a verdade sobre
as palestras, ou melhor, A Grande Revolta (sempre me confundo com isso).

“Então fez-se o julgamento e incumbiu, novamente, Antares de assumir a frente. Este,


somente contando com os artigos da Lei da Confederação Galaxial, não percebeu que estava
sendo manipulado e conseguiu a condenação de ambos. Stahokk, por ser o líder dos
renegados revoltosos, passaria a eternidade na cadeia de meteoros, enquanto K’rynn Swiss,
amante e braço-direito de Stahokk, passaria a eternidade no Satélite-prisão.

53
Kokonga = Pilar

140
GALAXYA

“Neste momento, eu queria, mesmo, que tivesse sido uma confusão, mas não foi o caso. No
momento em que ambos foram disparados em suas cápsulas, você, Stahirr de Thrittan,
enviou Stahokk para o Satélite-prisão e K’rynn Swiss para a cadeia de meteoros”. – Corr
Sairy sentiu a raiva subir sua cabeça. – Você condenou uma guerreira excepcional, uma
filha devotada, uma irmã maravilhosa à morte, pois tinha medo dela – Corr Sairy cerrou o
punho –, dela contar a verdade deste plano sórdido, movido pelo desejo de poder e, por que
não, inveja da mais pura.

“Por que inveja? Porque Stahokk era o preferido do Ratder Ausbilder. O spark em que você
nasceu, você foi o último. Você não era uma benção. Você não era benquisto. Era
considerado uma maldição! O Ratder Ausbilder deu-lhe algo, pois Stahokk havia intervindo
por você. Era para existir Stahokk e Sharan, mas você surgiu Stahirr. O extra! O recusado!
E isso alimentou seu desprezo por seu irmão, pois ele conseguira que você continuasse sua
existência, por caridade, clemência. Você não podia aceitar àquilo e o motivou às palestras,
disseminando mentiras para Sharan, pois o desenvolvimento dela foi mais lento, mas
porque você não tinha de ter nascido. Então mentiu para ela, dizendo que era um milagre
sua existência. Sharan nunca questionou isso, pois você era presente, enquanto Stahokk
precisava representar o Ratder Ausbilder e, depois, dar as palestrar, mostrando que toda a
Confederação Galaxial deveria trabalhar de igual convívio”. – Então uma cápsula foi
empurrada para o interior da sala do Confederado-mor, toda suja de poeira e, junto com a
cápsula, entrou Sharan:

- O que está ocorrendo aqui, Corr Sairy? – Corr Sairy a inquiriu:

- Sharan, quem lhe disse que sua Aura Empática não funciona com thritannis? – Surpresa
com a pergunta, Sharan respondeu:

- Stahirr. Ele me explicou que era impossível sentir o que outro thrittanis sente. – Então ele
chegou perto dela, com um sorriso, disse:

- Senti sua falta! – Sharan sentiu a felicidade de Corr Sairy ao vê-la, mas sabia que tinha
algo mais. – Tocando essa cápsula, o que você sente? – Sharan se concentrou somente na
cápsula. Era algo que ela vinha trabalhando há algo tempo, se concentrar em ponto
específico. Então expôs:

- O mesmo que senti em ti, antes da felicidade, muita apreensão, certo rancor, tristeza e –
ela pausou – ódio! Quem está dentro desta cápsula hibernária, Corr Sairy? – Antes de abri-
la, Corr Sairy lhe disse:

- Você sente as emoções de outros thritannis, só que não tinha ciência disse. – Quando Corr
Sairy abriu a cápsula, um ser revestido de um traje que cobria todo seu corpo dos pés a
cabeça, saiu dela. Espantada, Sharan disse:

- Stahokk? Mas como? – Atônito, Stahirr balbuciou:

- Mas esta cápsula era dela? Era para ela estar aí? – Antares demonstrou curiosidade:

- Ela quem, Stahirr? – Meio atordoado e embevecido com a presença de Stahokk, Stahirr
tentou tomar a compostura:

- Ninguém, Confederado-mor Antares. – Ao ouvir àquilo Stahokk falou:

- Ninguém? Ninguém? Tu condenaste uma dharkyensi estupenda a uma sentença de morte


e dizes ninguém! – Stahokk enfatizou a ultima palavra, com a força do brandir de trovões.
Se voltou para a cápsula e puxou um molde de corpo, contendo um esqueleto no interior. –
Tu chamas a ela de ninguém? – Aquilo surpreendeu Sharan:

- Espera, esta é? – Sharan ficou pasma. – Não pode ser. Ela estava presa no Satélite-prisão.

141
GALAXYA

- Não Sharan, eu fui enviado para o Satélite-prisão. K’rynn Swiss foi mandada para a cadeia
de meteoros. Stahirr fizera isto, pois além de não podermos deixar nosso spark apagar,
queria silenciar K’rynn Swiss. Então inventou a máxima que não se pode visitar prisioneiros
no Satélite-prisão, quando ele me visitava corriqueiramente. – Acuado, Stahirr recorreu a
Antares:

- Confederado-mor Antares, eles estão buscando recriar A Grande Revolta. É necessário que
faças algo. – Naquele momento, Aryannin entrava na sala:

- Espero não ter perdido muito. Ei Kotharyn! – Ela sorriu para ele e ele sorriu de volta. Corr
Sairy a viu e falou:

- Pelo contrário, chegou na hora certa. Acho que Antares e Sharan (talvez Stahokk) estejam
bem familiarizados com este bracelete. Eu estou. Vi eles muitas vezes durante meu
julgamento, projetando falas minhas, projeções e coisas bem íntimas. Tudo para me
desvencilhar de acusações que eu não era culpado, mas que deturpando uma fala da
Erregina Tyth Annis, me condenaram a cinco k-rarrs. Eu cumpri, mas não do jeito que a
Confederação Galaxial esperava ou desejava (me pergunto se não me abandonariam na
cadeira de meteoros, também).

“Voltando, neste bracelete verdades ou mentiras podem estar guardados e podem nos
surpreender. Bem, se eu pedir ao Galaxya, agora, para atestar que os vídeos que projetar
são verdadeiros, Stahirr dirá que são mentirosos e caluniadores. E como ele é um ser quase
tão expressividade facial quanto Antares, vou apelar para um em específico. Synn, traga o
Confederado Akothyok de Volos III. – E um ser, do tamanho de Aryannin e Synn Tharra,
entrou na sala. Surpreso com a presença de Aryannin, disse:

- Megami Aryannin, prazer revê-la. Soube que liquidaste de uma vez por todas Domminon.
Expurgou este ser da Imensidão. Gloriosa seja a Megami. – Incrédula, Aryannin olhou para
o Corr Sairy:

- Corr Sairy, Akothyok pode ter errado antes contigo, ou melhor, nem erro dele foi. Ele teve
uma impressão errada de ti. Mas por que estaria envolvido em algo com Stahirr. – Corr
Sairy percebeu que tinha de medir bem suas palavras naquele momento:

- Aryannin, sei que de começo eu não aparentei me importar contigo, pois queria resolver os
problemas de Crisyen, voltar para Luannia e partir atrás do Galaxya. Mas eu sabia que
aquilo era errado. S.E. também insistiu bastante nisso, e eu tinha que voltar atrás e confiar
no que Kotharyn desejava. O Grandão sempre foi o único ser em que você pode confiar,
mesmo não sendo um volosi. Esteve ao seu lado em todos os momentos e, após sua partida,
foi o único que a defendeu, chegando a arremessar Stahirr do outro lado do Testimonii
(memorável!).

“Quando Ortsac a trouxe para cá, zelava dia e noite por ti. Sei que Akothyok é seu único
filho remanescente, mas Kotharyn sempre foi mais do que isso. Agora o vídeo que eu vou
passar, lhe peço, de coração, mantenha a calma, pois existem mais esqueletos para saírem
do armário. – Ela não entendeu, mas Corr Sairy iniciou uma projeção, explicando. – Então
este é o interior da Arca. Creio que alguns conheçam muito bem, dentre estes Stahirr. Por
que sei disso? Porque Glulg e Blulb são dois seres que gostam de guardar tudo, até mesmo
imagens gravadas daqueles que lhe visitam.

“A projeção que veem é de um desses momentos, senão o primeiro, de Stahirr na Arca. Ah, e
os Gêmeos ama ouvir as conversas, também”. – Assim que Stahirr entrou, ele veio seguido
de Goliath Hitarr, Bavan Sheys, Sthil Tvorr de Prismus, Odared Efnoc e Akothyok:

- O que você faz acompanhando estes, Akothyok? – Aryannin inquiriu, mas ouviu-se a voz
de Stahirr:

142
GALAXYA

- O ambiente parece bem aconchegante, mas o mais importante, longe dos olhos e ouvidos
do Galaxya. Tem sido uma experiência prazerosa o tempo que venho passando com aqueles
aliados do Antares, pois percebo com quem poderei contar em breve. Uma delas é a tal Synn
Tharra. Filha de Corr Sairy e se diz sem sexo, sendo que é uma fêmea, percebe-se pelo
corpo. Se H-Glorr permanecer, também creio que conseguiria manipulá-lo...

- Por que me chamara, Stahirr? Eu não tenho para lhe oferecer. – Ouviram Akothyok falar. –
Além do mais não és mais Confederado de Thrittan. Passaste vosso cargo para Confederada
Sharan. – Stahirr não aparentou felicidade com a menção daquilo, mas fingiu ignorar,
enquanto Sthil Tvorr ia ao bartender pedir bebidas:

- Aí que se engana, Confederado Akothyok. Todos sempre têm a oferecer. A exemplo o


Confederado Goliath Hitarr. Ele é o herdeiro direto de um dos tronos mais privilegiados da
Confederação Galaxial. Seu povo fornece o melhor material bruto para a criação de metais
dos mais nobre, além de comercializar pedras de valores incomensuráveis. O Confederado
Odared Efnoc, outro exemplo, tem o contato com o maior negociador do Universo,
Domminon...

- Domminon é um pirata intergaláctico desalmado. Ele desejou destruir nosso sistema


estelar por vezes que somente Megami Aryannin poderia dizer. Graças a Megami, nunca
perdemos uma batalha.

- Sim, Confederado Akothyok. Megami Aryannin tem sido a salvação de vosso planeta, mas
por ciclos o que ocorreu com ela? Deixou ser submetida a Leis que a desonravam. Por mais
que você fosse ao púlpito reclamar, ninguém lhe dava atenção, mas foi o krarrashin liberta-
la e todos eles viraram salvadores. Quando você requiriu a um de seus novos asseclas
sacrificar um dos chamados salvadores, Aryannin o condena ao Exílio, servindo a ela. Mas
nisso, vosso irmão fica em Volos, desfrutando do trabalho que já era dele. Tu foras
sentenciado ao exílio, enquanto ele mantém o cargo.

- Mas Akonyionn foi eleito pelos volosis. – Akothyok disse e Stahirr destilou mais veneno:

- Se Aryannin é a Megami, por que não tirou ele? Ou então, deu-lhe uma punição severa.

- Megami Aryannin desejas ser mais indulgente, menos implacável.

- Justificativas tolas para não demonstrar que enfraquecera. – Akothyok sobressaltou-se:

- Como ousa dizer que Megami Aryannin enfraquecera. Ela é nossa Megami, sua força
advém de nós.

- Algo que ela perdera há algum tempo e você vinha tentando restabelecer, quando ela lhe
exilou. Sabes, não desejo me prolongar, pois creio que não aceitará o que tenho a lhe dizer.
– Todos na mesa, desfrutavam de suas bebidas, com exceção de Akothyok e Stahirr. O
volosi então disse:

- Somente depois de ouvir poderei lhe dizer se aceitaria ou não. – Nisso todos pararam com
suas bebidas e deram atenção à Stahirr:

- Como bem lhe disse, tentavas fortalecer vosso povo e foras exilado de tudo e todos,
enquanto vosso irmão, que corroborou pelo prosseguir de uma lei absurda, continua em seu
cargo. Então desafiamos a fé dos volosis. E qual a única forma disso ocorrer? Domminon!

- Não, nunca Domminon. Megami Aryannin ojeriza Domminon. Ele é um mal que ela já
deveria ter extirpado...

- Percebes o que diz? – Stahirr o interrompeu. – Você acredita que ela já deveria ter
extirpado Domminon da existência, mas ela não o fez, mesmo em uma época que não era
tão benevolente. – Akothyok nada disse, e Stahirr prosseguiu. – Se colocarmos Domminon

143
GALAXYA

diante de Volos VI, em pouco tempo, Aryannin retorna e o destrói (ou sei lá o que ela pode
fazer dessa vez). Falar com Domminon que o sistema Volos está desprotegido será fácil, o
resto ocorrerá conforme a providência. – Akothyok pareceu pensar e, após um longo
momento de reflexão, ele voltou e disse:

- Está bem. Façamos isso. Megami Aryannin lhes provará que nosso povo tem fé maior e
destruirá a todos. – E a projeção encerrou. O ambiente, até então bem iluminado, ficou
sobre o breu que Aryannin emanava. Ninguém reagiu, a não ser o temeroso Akothyok, que
clamou:

- Perdoa-me, Megami, pois falhei contigo e nosso povo, principalmente meu irmão. Sim, todo
o conteúdo dessa projeção é verdadeiro e eu mereço a pior punição de todas. – O breu
desapareceu e Aryannin disse:

- Depois verificaremos qual punição lhe determinarei. – Então se voltou para Stahirr. – E
você, ser vil, desprezível, nefando, sórdido. Por que fizeste isso? Que mal Volos fez a ti,
biltre? – Mas Stahirr nada dizia, ainda acuado.

- Então vamos fechar com chave de ouro? – Corr Sairy pronunciou. – Quando Aryannin
despertou de seu tubo de renascimento (a primeira Aryannin, não você agora), junto com ela
despertaram as crias de dois amigos estimadíssimos de todos nós, Ortsac Searamiug e
K’thryn Swiss. Stahirr pediu para ser um tutor da dupla de garotos, bem como ocorrera com
Jonas Sisrac, filho de Gene Sisrac e Ross Croisman Azevedo. Antares só recomendou que
deixasse os jovens interagirem com os membros, tanto da Confederação Galaxial quanto dos
Galaxya praesul. E Stahirr acatou e permitiu que os dois fizessem. Ele ainda alegou a
Antares que seria a remissão dele e justificou dizendo que sempre achou que eles poderiam
ter sido mais brandos com K’rynn. – Naquele momento, K’roll entrava na sala do
Confederado-mor, ladeada por K’thryn e Ortsac. Stahirr abriu algo semelhante um sorriso
na direção dos jovens, mas eles o ignoraram. E Corr Sairy deu continuidade.

“Então ele cuidou da educação dos jovens, permitindo-lhes contato com Celle, Synn, Rissie
e Grandão, bem como com os dux e a ducem Galaxya praesul. O problema é como ele
educou esses dois.

“Ortsac vinha desenvolvendo um diário digital, aonde ele gravava coisas para compreender o
que lhe ocorria e para suas crias, com quem esperava desfrutar momentos muito bons. Só
que Stahirr, usou somente partes do diário de Ortsac onde ele demonstrava fraqueza, dor e
incertezas, deixando os dois acreditarem que Ortsac havia se acovardado e tirado a própria
vida. Mas existe um problema aí, pois como bem disse Ortsac, ele nunca conseguiria retirar
sua vida.

“Mas Stahirr percebeu força nisso e, então, quando não tinha mais Ortsac e K’thryn para
manipular, ele partiu para cima dos Galaxya praesul, fazendo-os crer que a Lei da
Confederação Galaxial está acima das regras do Galaxya e isso os fez se voltarem contra
àquelas que tanto fizeram pelo grupo.

“Stahirr é vil, desumano, sórdido, nocivo, pernicioso, manipulador e assassino”. – Corr Sairy
se dirigiu a K’roll, que estava sentada, cercada pelos netos. – Obrigado por ter vindo, K’roll.
– Ela o olhou com autoridade. – Quando assumir o título de Mitir, lhe chamo assim. – Então
chamou Stahokk até ali e este veio empurrando a cápsula com os restos de K’rynn. Diante
de K’roll, Stahokk caiu de joelhos:

- Me perdoe, Mitir K’roll Swiss. Se eu tivesse ideia que isso ocorreria. Mas quando eu disse a
ela que não era nada demais e porque não era. Declamávamos palavras, pedindo por
equidade entre os planetas, para que todos se favorecem. Mal sabia que estava sendo
manipulado pelo meu spark, Stahirr. – K’roll tocou a cabeça coberta do thrittani e viu um
molde do corpo da filha, sendo ocupado pelos seus restos mortais. E com um olhar desejoso
de vingança e mal agouro, ela olhou em direção de Stahirr:

144
GALAXYA

- As palavras que Corr Sairy falou são poucas perto do mal que causaste à minha casa,
fazendo-me achar culpada de minha prole ter algum problema, quando o problema estava
na cadeira do Confederado-mor. Sua desonestidade me enoja e, mais enojante ainda,
desejavas passar isso para as crias de minha cria? Se K’thryn estivesse aqui, serias punido
com o rigor do metal.

- Confederado-mor Antares?

- Ducem Galaxya praesul T-Pinn, podes entrar. – T-Pinn e outros adentraram. – Peço que
levem, imediatamente, para o Setor de Celas Stahirr de Thrittan, pois deverá ser julgado
dentro em breve. – T-Pinn se aproximava de Corr Sairy quando Synn Tharra partiu para
cima dela:

- O que pensas que está fazendo, T-Pinn? – T-Pinn ficou sem reação e olhou para Antares:

- Responda ao que ela questiona, Ducem Galaxya praesul T-Pinn? – T-Pinn engoliu a seco e
falou:

- Devemos apreender Corr Sairy, também, Confederado-mor Antares? – Antares disse:

- Não. Eu lidarei com Corr Sairy em outro momento. E deixo-lhe bem claro, Ducem Galaxya
praesul T-Pinn, Stahirr não é e nunca foi meu Conselheiro. Me envergonho de levarem o
título que levam neste momento. Marcelle Menken era minha Conselheira e representante e,
ao invés de dá-la a devida atenção, foram dar atenção a um assassino. – T-Pinn arregalou os
olhos. – Sim, a cápsula próxima da Mitir K’roll Swiss guarda o que sobrou de vossa filha,
K’rynn Swiss, que foi injustamente julgada e condenada pela Confederação Galaxial.

“Já estive em vosso lugar, Ducem Galaxya praesul T-Pinn. Sendo manipulado e usado, por
isso não desfarei vosso grupo e enviá-los-ei de volta para seus planetas. Agora tire este
ordinário de nossa presença”. – T-Pinn e os outros não sabiam onde enfiar os rostos, então
abaixaram as cabeças e saíram, empurrando Stahirr. Só então Antares disse:

- Desde as reuniões escusas de Stahirr como Confederado-mor que eu não via esta sala tão
cheia. Obrigado a presença de todos e meus pêsames pelo que perdera, Mitir K’roll Swiss.
Stahokk de Thrittan, eu gostaria de lhe falar um instante. E Corr Sairy...

- Antes vamos homenagear aquela que merece uma homenagem honroso, Antares, depois
conversaremos. – E a sala se esvaziou, ficando somente Antares, Sharan e Stahokk.

145
GALAXYA

XXVI
Do lado de fora, Aryannin tocou a mão de Kotharyn, que a olhou:

- Olá, meu companheiro e amigo. – Kotharyn se agachou para ficar mais próximo de
Aryannin:

- Olá, Megami Aryannin. – Olhando de forma maternal, Aryannin disse:

- Nunca nos tratamos por títulos, se lembra? – Todos deixaram os dois no momento deles.
Então Kotharyn continuou:

- Você se afastou...

- Eu precisava, Kotharyn.

“Acredite, naquele momento, eu senti cada alma, cada um de meus filhos e filhas sendo
consumidos pela explosão de Volos e quando despertei essa dor ainda estava no meu
âmago. Então precisava colocar para fora. Akothyok era o único sobrevivente. Eu tinha ideia
do que ele havia feito, mas essa um sentimento. Uma sensação. Mas não podia me importar
com aquilo, não naquele momento. Meus filhos e filhas precisavam de um novo lar, mas
dessa vez eu queria e deveria fazer diferente. Então, quando (na época) o Stellæ dux Akeem
Mathup nos encontrou um lugar perfeito, fui sozinha para lá, para fazer o que precisava.

“Volos II não é como Volos VI. O planeta tem tudo que meus filhos e filhas precisam, mas
possui outros quatro planetas para serem explorados, com recursos variados. Em Volos II
existem grandes florestas. Grandes áreas campestres, onde meu povo vem construindo suas
vilas. E mar.

“Nós nunca tivemos água em Volos VI, mas agora temos. Com isso, temos chuvas”. –
Aryannin riu e fez Kotharyn sorrir. – É maravilhoso!

“Desta vez decidi não dar à luz a cada um de meus filhos e filhas. Decidi trazê-los de volta,
conscientes do que passaram e usei a essência das águas para isso. Foi um esforço menor?
Com certeza! Mas foi um esforço. Minha sorte é que Dharkyens vem produzindo minhas
próximas encarnações e tenho mais confiança nelas do que em meus filhos e filhas, se é que
me entende”. – Kotharyn abanou a cabeça, afirmando que entendia. Ela o fez levantar e
ambos caminharam para o Tuboelevador, enquanto Aryannin continuava a narrar. –
Quando voltei, a primeira pessoa que vi foi K’thryn. Foi uma surpresa boa, mas ela me disse
que era a cria da original. Até estar pronta para retornar, conversamos bastante e eu pude
falar mais para ela sobre sua mãe. Ela me disse que tem um irmão, mas esse auxilia na
restruturação de Darkyan. Fascinante! Bem, voltei ao meu povo e vi que vários planetas-
membros haviam se mobilizado para nos ajudar. Crisyen, Kelkzerr, Phællans, Maghnessy,
Thrarkus, Parvati, Agufalgav, Dharkyens e Darkyan (para minha surpresa!). Eles
reconstruíram as vilas, nos alimentaram, nos ensinaram. Foi sublime!

“Expliquei a todos meus filhos e filhas porquê havia agido daquele jeito. Queria que eles
lembrassem pelo que passaram, o que sofreram, para que nunca mais agissem como
agiram. Akonyionn foi o primeiro a me pedir perdão e abdicou do cargo de Migoto, dizendo
que auxiliaria o próximo se este desejasse. Então recebi o chamado de Corr Sairy e aqui
estamos”.

- Me desculpe, Aryannin, eu fui egoísta. – Kotharyn estava sentido. – Eu desejava que


voltássemos ao antes ou, quem sabe, além. Ambos entraram no aposento de Kotharyn e
Aryannin viu o altar erguido a ela. – Me perdoe por isso, mas...

146
GALAXYA

- Não deves pedir desculpas ou perdão, Kotharyn. – Aryannin o interrompeu de forma


maternal. – Altares são coisas comuns em minha vida. Eu acho bonito e singelo, demonstra
o tipo de amor que uma pessoa sente.

“Sabe, sempre soube de vossos sentimentos por mim, mas sempre não os nutri, mas
mantive a proximidade, pois gosto também de ti. Não somos como Ortsac e K’thryn ou
Marcelle e Pum Riss ou Corr Sairy e Luannia ou Synn Tharra, M-Kara e M-Karo. Nossas
realidades são diferentes, também, pois eu sou uma Megami, uma divindade do meu povo,
sua criadora e mãe. Infelizmente, entre nós, não teria como dar certo”. – Uma lágrima
surgiu nos olhos de Kotharyn. – Me perdoe, meu amigo...

- Não deves pedir perdão a um reles mortal, Aryannin. – Kotharyn a interrompeu, sorrindo.
– As lágrimas possuem tristeza, lógico, mas também traz felicidade nelas. Sim, eu sempre
soube que nossas realidades eram diferentes, que nunca daria certo, pois somos bem
distantes em vários sentidos. – Ele brincou com a altura de ambos e riram. – Mas quando te
afastaste, senti como se perdesse parte de mim naquele momento, e uma parte importante,
que aprendi a cultivar, mesmo que ficássemos distantes. Isso – disse apontando para o altar
– era um meio de me sentir mais próximo de ti, pois, de tudo, o que não desejo perder é o
que sempre tivemos, nossa amizade.

Aryannin então segurou com suas pequenas mãos o grande rosto massudo de Kotharyn e
tocou seus lábios no dele e depois tocaram suas testas:

- Quero lhe pedir que venha comigo e seja meu guia, meu amigo e meu conselheiro pessoal.
Venha comigo para Volos II. – Kotharyn se surpreendeu:

- Mas e Galaxya? – Ela olhou bem dentro dos enormes olhos de âmbar de Kotharyn e
declarou:

- Creio que as coisas estão para mudar por aqui.

No exterior do Galaxya, mas no interior de S.E., Corr Sairy se reunia com suas filhas, Pum
Riss e Luannia:

- E onde estão os gêmeos? – Corr Sairy questionou Synn Tharra que esclareceu:

- Envergonhados. Skill e H-Kik virão até aqui para leva-los de volta para Elýsion. Padrinho
não ficou nada feliz em saber que eles apoiavam a Confederação ao invés da família deles.
M-Kara tentou argumentar, mas H-Kik pegou pesadaço com eles. Sinceramente, não senti
pena. – Então Pum Riss se aproximou e pegou o rosto de Corr Sairy, levantando.
Estranhando aquilo, Corr Sairy disse:

- O que foi, Rissie? – Ela riu e falou:

- Seus olhos são azuis acinzentados. Nunca tinha reparado. – Marcelle comentou:

- Era aquele maldito tapa-olho. Ele desviava a atenção de nosso olhar para ele. Amei assim,
pai. – Ao seu lado, passando a mão na cabeça calva de Corr Sairy, Luannia falou:

- Finalmente conheço, de verdade, o homem que eu amo. Só não entendo por que manter-se
calvo, mas com esse bigode e cavanhaque. – Luannia finalizou, segurando o cavanhaque,
como se estivesse agoniada.

- Ei. É tudo questão de estilo! Posso ter deixado algumas coisas de lado, mas outras ainda
são para manter o toque pessoal. – Então S.E. disse:

- Como se isso fosse bonito! Ah, vocês têm visitas. – E entrou no S.E. Sharan e Stahokk,
fazendo-os se levantarem para recepciona-los:

147
GALAXYA

- Eu nunca pensei que veria essa sua cara completa, Corr Sairy. – Disse Sharan. – Até a voz
mudou. Como foi isso? – E Corr Sairy contou tudo para Sharan, de forma resumida. –
Nossa! Você nunca para mesmo! – Então Stahokk se pronunciou:

- Eu vim lhe agradecer pelo que fez por todos nós! Soube que conheceste K’rynn antes de
mim. – Corr Sairy ficou acanhado. – Não, por favor, não se sinta assim. K’rynn tinha um
enorme carinho por ti. Por vezes ela me falou que devíamos chama-lo para nos ajudar,
estrategicamente. Mas você estava inacessível, em KellDesh. Acho que foi melhor não
termos envolvido você. Na verdade...

- Stahokk, sei que acabamos de nos conhecer, mas não existe culpa aqui. Testemunhamos
de perto o que é o storgí, pois K’thryn sentia por Ortsac, e eu tenho certeza que K’rynn
sentia por ti, também. Se existe um culpado, de verdade, ele agora está preso. Encarcerado.
E, em breve, será julgado por seus crimes, passando o resto do tempo de existência no
Satélite-prisão. E eu terei o prazer de leva-lo até lá, para que não se perca no caminho.

- Isso que eu ainda não entendi. Por que Stahirr terá de ficar no Satélite-prisão? Por que
não o condenar ao exílio na Cadeia de meteoros. – Então Stahokk explicou:

- Nosso spark é diferente dos outros sparks, pois ele se dividiu em três. Eu, você e Stahirr.
Acredita-se, isso veio do Ratder Ausbilder, que como somos uma tríade, nosso terceiro nos
enfraqueceu (nunca acreditei nisso). Então, se uma parte de nosso spark fenecer em algum
lugar que não o nutre, poderemos fenecer, também.

- Lembra quando lhe perguntei se ainda se sentia bem? – Sharan pensou e falou:

- Sim, achei até intrigante o questionamento. Você se referia a isso? – Corr Sairy sorriu. –
Você é sagaz e ardiloso, às vezes, Corr Sairy! – Todos sorriram. – Bem, quero muito lhe
agradecer por ter-me trago parte do meu spark de volta. Pena que nunca estaremos
completos. Não consigo sentir nada de ruim por Stahirr, só enternecimento.

- Ainda sinto deslustre, rancor, mas não por mim e sim por K’rynn. Creio que parte dela
ainda faça parte de mim. Mas com o tempo o perdoarei. – Disse Stahokk e completou. –
Sabe o que foi mais doloroso em meu cativeiro, foi sentir o momento que a luz de K’rynn se
apagou. Foi como se parte de mim se apagasse, também. Bem, vamos deixá-los. Creio que
nos veremos nas honras fúnebres de K’rynn Swiss, em Dharkyens.

- Estaremos lá. – Corr Sairy confirmou e os thrittanis saíram, mas logo S.E. chamou:

- Corr Sairy, Antares está lhe chamando na sala do Confederado-mor. Ele está sozinho. –
Todas olharam para ele e Luannia já falou:

- Vou contigo! – Ele a beijou e disse:

- Não. Essa é aquela conversa que temos de ter somente nós dois.

Assim que Corr Sairy chegou à porta da Sala do Confederado-mor, esta esvaneceu e ele
entrou. Antares estava em um canto, olhando para a imensidão espacial com o brilho de
Vertus sendo o mais próximo dele:

- Só em pensar que instantes atrás estávamos desmascarando um tirano aqui, fica difícil ver
esse gabinete de outra forma, agora. – Antares o olhou de canto de olho e um sorriso surgiu
em seu rosto. – É bom que aprendeu isso. Sorrir. Faz bem ao corpo.

- Tive um aprendizado maravilhoso com pessoas inesquecíveis. – Antares falou, indo em


direção ao assento de Confederado-mor. – Gostei do seu novo eu. Aprendeste a confiar de
novo?

148
GALAXYA

- Não, mas acredito que Luannia e minhas filhas mereçam meu verdadeiro eu, mesmo que
internamente ainda seja o velho eu. Precisamos... – Antares ia interrompê-lo, mas sinalizou
que Corr Sairy prosseguisse. Este se sentou de frente para ele e falou. – Eu preciso dizer que
descobri sobre você. Não este você agora, mas quem você era, de verdade.

- Voltaremos a este ponto? Onde tudo isso começou? – Corr Sairy sorriu:

- Não exatamente. Sei que você não se importa com isso, que para ti o importante é o que
fazemos daqui para frente, mas eu sempre vi o passado como nossa construção. Era quem
nós éramos e o presente é quem nos tornamos. O passado pode influenciar em nosso
caráter, de forma negativa ou positiva.

“Pego como exemplo Stahirr. Sei que é uma ferida recente, mas vamos pega-lo. Ele teve um
passado de condenação. De animosidade em seu povo, mas seu spark, Stahokk, queria-lhe
algo mais, acreditando nele. Stahirr poderia ter usado isso para um crescimento favorável,
mas quando experimentou força e adoração, desejou o poder. Voltou para a Confederação e
teve rejeição de novo de seu povo, mesmo quando se tornou Confederado-mor. E o apoio de
Stahokk, ao invés de gerar nele algo de bom, gerou algo de ruim. Ele traiu Stahokk,
influenciou erroneamente Sharan, e usou você para manter-se no poder. Quando percebeu
que o Galaxya não seria dele, largou a Confederação Galaxial e se tornou membro do nosso
grupo, pois nossas regras estariam acima da Lei da Confederação Galaxial.

“Usou a oportunidade lhe dada, influenciou crias de nossos amigos próximos e acreditou
que voltara a lhe manipular, com você como Confederado-mor da Confederação Galaxial.
Com isso, ele acreditava ter todo o poder que desejava”.

- Por que fazer essa declamação toda para falar de mim? – Antares inquiriu e Corr Sairy
sentiu o tom sarcástico na voz:

- Sarcasmo? Essa é nova! – Ambos sorriram. – Bem, porque seu passado é bem condenável,
Antares.

“Você vem de uma das raças primordiais do Universo, os suppærs. Como nós dois sabemos,
os suppærs eram observadores, que poucas vezes interferiam no aspecto de formação de um
planeta. Mas quando um se esvaia, pois uma estrela o consumia, ele fortalecia os demais. A
maioria dos suppærs não ligou para isso, mas um viu apego nessa essência e decidiu deixar
de ser observador para ser um devorador de seus iguais. Então viajou pelo universo
consumindo a essência de outros suppærs. O problema disso é que os outros sentiam o que
ele vinha fazendo, então decidiram se esconder, de alguma forma. Alguns se uniram a
planetas e geraram povos elementais. Outros se uniram a dommæns. Outros se tornaram
deuses ou deusas e geraram, a partir de si mesmo, seus povos. Outros buscaram abrigos e
foram escravizados. O suppær egoísta viu-se só e, mesmo que fosse forte tão sentia nenhum
de seus pares mais. Foi...”

- Acometido pela solidão. – Antares completou. – Sim, fui acometido por uma grande
solidão.

“Eu cometi o erro de ambicionar aos meus pares e me esqueci os motivos de termos sido
gerados pela Grandiosidade, que de testemunhar sua beleza extrema. Meu esganamento,
minha cobiça, me levou ao ermo. Foram eras e mais eras de consumismo e me deparei, em
lugar nenhum, só. Então tomei uma decisão, de regressar.

“Sabia que era possível fazê-lo, pois alguns de meus pares o fizeram. Então eu tinha de
regressar e me impedir de fazer o que fizeram. Talvez Consumir-me e, depois, entregar-me a
estrela que eu observava, uma gigante vermelha, chamado pelos terranos de Antares.

“Só que, no meu processo de volta, do ponto que eu estava, colidi com uma nave e o corpo
em seu interior se uniu a minha essência. Então parei em um ponto, totalmente esquecido
de quem eu era e como havia parado ali. Amnésico, lembrava do nome da estrela e da nave

149
GALAXYA

em que minha essência, Julius Asimov, estava”. – Antares parou um pouco para refletir
sobre aquilo. Se levantou de sua cadeira e se dirigiu à janela. Se virou para Corr Sairy e
questionou. Como?

- Eu sabia? Bem, parte você já sabe. – Corr Sairy explanou. – Eu uni sua história a de
Julius, só não imaginava que fosse uma colisão de um suppær que causaria isso tudo.
Depois os Gêmeos me fizeram crer que você poderia ser um suppær, bem como o nosso
amigo Galaxya.

- Eu somente sabia que não existia um planeta de nome Mæsttra e nunca existiu, em torno
da Estrela Antares. – Galaxya colocou e Corr Sairy continuou:

- Então foi necessário eu e Lu irmos para outra galáxia, onde os xmorggs contaram a ela
quem você era, só não sabiam como você se tornara quem é agora.

- Como você disse? O passado nos constrói? Não, o passado pode influenciar em nosso
caráter, de forma negativa ou positiva. – Antares refletiu as palavras de Corr Sairy. – Meu
passado foi torpe e vil, mas tive a oportunidade de muda-lo, como você disse Corr Sairy. Não
sei o que aconteceria se, no Primeiro Período Exploratório da Confederação Galaxial, não
tivessem. Talvez eu despertasse e ficaria ali, até Julius aparecer. Ou talvez vagasse pelo
espaço, até encontrar o primeiro sistema estelar habitado. Ou talvez cruzasse comigo
mesmo, mas não nos identificássemos, pois quando Julius se uniu a minha essência, deixei
de ser um suppær somente e me tornei algo mais.

“O interessante, sempre tive essa sede de compreender e entender as coisas e pensava que
fosse por saber pouco, mas é a parte de Julius Asimov em mim. A culpa, a vergonha de
meus atos, era a minha parte suppær que me fazia sentir isso e, por isso, eu tentava me
controlar. E, pensando bem, não era que eu não tivesse esquecido mesmo, só não desejava
a lembrança de quem eu havia sido, pois não queria essa influência de volta. Mas como você
mesmo disse, nos construímos a partir de nosso passado. Obrigado, Corr Sairy”. – Corr
Sairy sorriu. – Mas eu não o chamei para isso.

- É, eu sei que não! Mas, em minha defesa, a culpa foi dos Galaxya praesul, e sua. Eu falei
que quando dissesse para confiar em mim eu tinha tudo esquematizado para desmascarar
Stahirr.

- Sim, mas eu sou o Confederado-mor da Confederação Galaxial – Podia-se ouvir nuances


na vos de Antares, o que surpreendeu Corr Sairy, mas ele não disse nada. – Eu tinha que
agir como tal. E quando tu me disseste tudo aquilo, eu estava com Stahirr ao meu lado e
meu suplente, Dav Annon de Cycillian. Se não reagisse, eles desconfiariam e poderiam até
me destituir. E, como sempre, você tem todo o plano e não nos passa todos os passos. –
Corr Sairy ficou encabulado com aquilo:

- Tá, você tem razão. Bem, eu errei e feio com isso, mas tenho uma solução, que já vinha
planejando com Galaxya há algum tempo e agora chegou a hora de você tomar
conhecimento.

Naquele momento, Luannia ainda estava reunida com Marcelle, Pum Riss e Synn Tharra no
interior do S.E. contando-lhes sobre a viagem, quando Ortsac e K’thryn surgem à porta:

- Podemos entrar? – K’thryn pediu e todas olharam para eles e sorriram. – Que bom vê-las
aqui. É um prazer finalmente conhece-la pessoalmente, Luannia. Viemos nos despedir, pois
estamos voltando aos nossos afazeres.

- Ficamos sabendo que assumiste o cargo de Iatrévo e therapeftís 54 de Dharkyens, K’thryn.


Sua mãe ficaria orgulhosa de ti. – Elogiou Luannia. – E você assumiu um cargo importante
em Darkyan, Ortsac. Agora és o efehc abircse e está organizando tudo por lá. Sinto muito
orgulho de ambos, como creio que seus pais sentiriam.
54
Therapeftís (θεραπευτής) = curadora

150
GALAXYA

- Eu devo minhas mais sinceras desculpas pelos meus atos indisciplinados. – Ortsac parecia
envergonhado, mas Pum Riss o fez erguer a cabeça e disse:

- Influências somente afligem nossas vidas se deixarmos. Elas podem vir de forma boa ou
forma má. Se soubermos discernir isso, sempre sairemos vencedores, como você agora são.

- Sempre mantenham sua cabeça e erguida e tenham orgulho do legado que lhes foi deixado
por seus pais. – Pontuou Marcelle. Synn Tharra então abraçou-os e concluiu:

- E saibam que são muito bem-vindos, sempre que desejarem. – Ao fim todos se abraçaram
e despediram.

Mas tarde, naquele mesmo arr, se reuniram no Testimonii Corr Sairy, Antares, Luannia,
Synn Tharra, Marcelle, Pum Riss, Kotharyn e Aryannin:

- Aquelas duas cadeiras sempre farão falta. – Kotharyn falou, olhando para as cadeiras que
Ortsac e K’thryn ocupavam. Foi um momento solene, até Galaxya se pronunciar:

- Bem, esta reunião foi requerida a mim por Corr Sairy e Antares. Mas antes de inicia-la,
incluo mais dos assentos em volta desta mesa, e chamo-lhes Essié e Harpia para se unirem
a nós. – A porta esvaneceu e dois seres, feitos de corpos sintéticos, surgiram no interior do
Testimonii, surpreendendo até mesmo Corr Sairy, Luannia, Marcelle e Pum Riss:

- Mas o que é isso? – Corr Sairy estava eufórico, e Essié disse:

- O quê? Não gostou? – Com um sorriso alargado no rosto, Corr Sairy gaguejou:

- Eu, eu, eu adorei! Eu sempre o imaginei assim, mas sempre temi fazer algo artificial
demais. Pensei em pedir para Galaxya, um dia confeccionar um corpo para ti, mas... Uau! –
Todos sorriram e Essié falou:

- Xmorgg me disse que tinha uma surpresa para mim, guardada aonde ele lhe havia
operado, mas tantas coisas aconteceram, que nem tive tempo de ver. Ele me chamou de
“Pinóquio” e fiquei impressionado com ele conhecer aquele nome.

- O romance do terrano Carlo Collodi, escrito em K-Rarr 647.97, que fala de um boneco de
madeira que queria ser um menino. – Pum Riss falou. – Eu li esse romance no Libri e é
fascinante, mas o que isso tem a ver?

- Desde que eu comecei a desenvolver S.E...

- Agora é Essié. – Corr Sairy não compreendeu e Essié explicou. – E, dois esses, i e é,
acentuado. Esse é o meu nome agora. – Disse, estampando um sorriso em seu rosto
sintético. E, lógico, temos Harpia, também. – Meio acanhada, Harpia disse:

- Olá a todos! – Synn Tharra ficou maravilhada:

- Amei você! – Harpia pareceu envergonhada. Sorrindo, Corr Sairy cumprimentou:

- Olá, Harpia, seja bem-vinda. – E continuou. – Como eu dizia, enquanto desenvolvia Essié,
eu tinha como reflexo Pinóquio. Tudo bem, ele era um menino travesso, como qualquer
criança. Falei sobre isso com Ti Kkrus, enquanto iniciávamos quem Essié se tornaria
naquele momento e ele, disse que poderíamos usar um tom adolescente, então. – Os olhos
de Pum Riss ficaram marejados com a lembrança do irmão. – A dor não passou para mim
também, Rissie. Ele veio o toque de mestre de Ti Kkrus em quem Essié era. Nós havíamos
bolado um corpo, mas Ti Kkrus dizia que não tínhamos tecnologia para tal. Até brincou
comigo, dizendo que quando eu encontrasse Galaxya, ele poderia fazê-lo.

151
GALAXYA

“Mas Galaxya me disse que os seres certos para fazer isso seriam os xmorggs. Mas eles
iniciaram minha operação antes que eu pudesse pedir”.

- Eles podem ter acessado essa sua memória e feito Essié como você pensava. Sabendo que
Essié tinha Harpia, fizeram o mesmo por ela. – Concluiu Luannia. Então Antares tomou a
palavra para ele:

- Eu fico felicíssimo de ter sua presença mais do que física, na verdade, corpórea entre nós,
Essié. E seja muito bem-vinda ao nosso grupo, Harpia. Mas eu tenho a triste notícia que ele
deixará de existir. – Aquilo não pareceu surpreender ninguém. – Infelizmente, o grupo já
vinha se desvencilhando aos poucos no passar dos k-rarrs. Eu me afastei terrivelmente de
vocês, assumindo o cargo de Confederado-mor. O que os Galaxya praesul fizeram foi uma
terrível traição a tudo que aprenderam conosco e me sinto envergonhado de certa forma, ter
sido o responsável por isso, pois permiti o acesso de Stahirr a eles.

Usando de seu acesso a este andar e ao Hangar, alguns Galaxya praesul invadiram espaços
e trataram a todos que aqui estavam como traidores. Foi absurdo e vergonhoso ter sido,
indiretamente, o responsável. T-Pinn, ducem dos Galaxya praesul veio a mim pedir escusas
pelos atos deles, mas para perdoá-los será uma longa caminhada, começando que os
desvencilhei do nome Galaxya, pois eles estavam longe de serem o que foram criados para
ser. Principalmente protetores, algo que eles macularam totalmente.

“O correto seríamos decidir pela expulsão de todos e seu retorno para seus planetas, mas
não acho que seria o correto com os prismusis, por exemplo, e nem com Oiluj Ariexiet. Este,
então, foi a voz sensata em meio a todos e, por isso, o tornei o líder do grupo, pois eles
precisam de sensatez, algo que passou longe de T-Pinn...”

- Mas nós votamos pela extinção dos Galaxya praesul? – Atestou Synn Tharra,
interrompendo Antares, no que Corr Sairy retrucou:

- Muse, você quer ficar com eles? Quer manda-los para seus planetas, aonde alguns seriam
rechaçados facilmente?

- Pai, eu entendo o ponto de vista. Não suporto olhar nos olhos de T-Pinn ou de qualquer
um deles. Eles invadiram nosso espaço, que dávamos liberdade para ir e vir, pois eram
nossos pupilos. Mas não acho correta a extinção.

- Eles não serão extintos, Synn, somente receberão outra denominação, que ainda não me
veio a cabeça. Se Marcelle quiser ajudar? – E Marcelle, rancorosa, disse:

- Só me vem a palavra traidor para eles. Nunca pensei que viria algo como aquilo. Eles
invadiram o Libri e desorganizaram tudo. Até mesmo aqueles que mais desfrutaram do que
estava ali. Um total desrespeito. Deixo em suas mãos, Antares.

- Obrigado. Outra coisa é que Kotharyn tem algo a dizer. – E Kotharyn se levantou, forçando
todos olharem para o alto, então Aryannin lhe disse:

- Fique sentado, senão forçará demais nossos pescoços. – Ele sorriu e todos, também:

- Em Krarrash é normal ser alto. Mas mesmo com Corr Sairy sempre chamando de Grandão
(algo que pegou, pois, vossas filhas e Essié também me chamavam assim), nunca me senti
diferente de nenhum de vocês. Antes de falar o que preciso. Galaxya desmantelou quase
todos os G’s, pois os Galaxya, ou melhor, aqueles a quem ensinamos não merecem ostentar
o trabalho que eu, Ortsac e Galaxya desenvolvemos. Gene Sisrac ainda tem o dela. Mantive
alguns no Hangar, onde somente nós temos acesso. E levarei um comigo, pois estou indo
com Aryannin para Volos II. – Todos lamentaram e lágrimas brotaram nos olhos.

“Sabe, nunca me senti tão benquisto e aceito como aqui no Galaxya e com vocês. Tive um
amigo e parceiro que me ajudou muito e nada pude fazer por ele em seu momento de maior

152
GALAXYA

alento. Não lamento, pois eu não saberia o que fazer, mas queria ter sabido. Perdi a pessoa
que eu mais admirava e, também, não pude fazer nada. Então, quando Ortsac, amigo e
companheiro, a trouxe até nós. Guardei seu corpo e aguardei, mas quando ela despertou
não era, ainda, nosso momento.

“Mas este chegou e ela me chamou para ajuda-la em Volos II. Para aconselhá-la e protege-
la, com certeza. Sou seu guardião, pois sei de onde ela sempre brotará, quando precisar. Só
espero, mesmo, não perder o contato convosco, nunca”. – Corr Sairy estava em silêncio e
com os olhos marejados. As mãos cruzadas à frente da boca e olhando para Kotharyn,
enquanto ele falava e quando este cessou, Luannia olhou para ele e viu a lágrima escorrer,
beijando-a. Então Corr Sairy disse:

- Obrigado pela paciência comigo. Pela sapiência com as palavras e por estar ao nosso lado
todo esse tempo, Kotharyn. Não sei o que será este local sem você. – Então Essié, que
também chorava (impressionando a todos), também disse:

- Você cuidava de mim, como seu eu fosse seu filho. Temeu por mim e zelou por mim no
meu momento mais agonizante. Eu não sei como será não estar perto de ti, Grandão! – E
correu para abraçar Kotharyn.

Pigarreando, Antares falou:

- Eu e Corr Sairy tivemos uma conversa bem séria, agora a pouco, pois, mesmo em meio a
tudo, ele infringiu a Lei da Confederação Galaxial. – Todos enxugavam as lágrimas e
praguejavam. Marcelle foi a primeira:

- Fala sério, Antares, vai condenar meu pai, de novo? Dessa vez os errados foram seus
soldados, não ele. – Então Luannia reagiu:

- Se você pensa que, por ser o Confederado-mor da Confederação Galaxial, termos lutado
ombro a ombro contra Domminon, eu permitirei que coloque Corr Sairy no Satélite-prisão,
está muito enganado. – Tentando acalmar os ânimos, Corr Sairy se pronunciou:

- Amores da minha vida, meus amigos. Peste! – Essié fez careta:

- Agora posso fazer isso para você. – Corr Sairy riu e continuou:

- Senhorita! – Se dirigiu a Harpia. – Deixem Antares concluir. – Todos pararam, mas não
estavam felizes. Então Antares prosseguiu:

- Obrigado, Corr Sairy. Continuando, ele infringiu a Lei da Confederação Galaxial. Eu errei
ao enviar os meus soldados, como bem disse Marcelle, atrás de Corr Sairy? Com certeza.
Mas isso não muda que houve infração ao Artigo 164 da Lei da Confederação Galaxial, onde
é dito que “O criminoso condenado não poderá receber visitas de nenhum tipo durante seu
clausuro”. Senão fossemos condenar Corr Sairy por isso, teria também quando eu estava
exilado, mas ali nós dois ferimos a Lei da Confederação e o Confederado-mor decidiu por
conceder-nos perdão, possivelmente, por interesse próprio, querendo comprar nossa
confiança.

“No entanto, com tudo o que acontecera no interior do Galaxya, acho inviável a permanência
da Confederação Galaxial aqui. Definitivamente, a Confederação Galaxial não é merecedora
de ambientar o Galaxya e eu me abri com este sobre isso. Mas Corr Sairy se adiantou em
planejar algo que possa vir a ser útil para a Confederação Galaxial e Galaxya construiu a
Confederação. – E a esfera surgiu no centro do Testimonii. – A Confederação é menor do que
o Galaxya. – Uma imagem dos dois foram colocadas lado a lado. – Mas tem o ambiente mais
do essencial para suprir todas as necessidades da Confederação Galaxial.

153
GALAXYA

“Já Corr Sairy, pelo seu crime infringindo o Artigo 164 da Lei da Confederação Galaxial, será
condenado a dez k-rarrs, passados no Galaxya”. – Todos fizeram ar de surpresa, mas foi
Aryannin que disse:

- Percebi algo diferente em ti, Confederado-mor Antares. Sua voz tem nuances, teu rosto
ficou mais expressivo. A que se deve isso? – Antares sorriu:

- Obrigado por notar, Megami Aryannin. Isso se deve ao meu passado. – E ele contou tudo
para os presentes e, ao fim, Luannia disse:

- Você também era uma suppær, Muse. – Synn Tharra tomou um susto. – Os xmorggs nos
falaram isso, mas quando a essência de Cynthia Scandian se uniu a você, nos deu Synn
Tharra. – Corr Sairy completou:

- E isso não diminuiu em nada o amor que sentimos por ti, Muse, só a torna ainda mais
especial. – E a família se abraçou. Mas não havia terminado, pois Marcelle também tinha
algo a dizer:

- Bem, então vou aproveitar esse momento para me despedir, também. – Todos ficaram
abismados com aquilo, principalmente Synn Tharra que começou a chorar. – Não chora,
Muse, senão vou chorar, também.

“Como todo sabem, eu e Rissie iniciamos uma família com Pi Math. O adotamos e queremos
que ele cresça com raízes fortes, mas que também tenha mais contato com outros de sua
idade e, convenhamos, não tem ninguém assim aqui”. – Todos sorriram, e Marcelle
continuou.

“Sabe, eu me sentia abandonada, deixada de lado, e não entendia o porque daquilo. Por que
tinham me abandonado naquele lugar”. – Corr Sairy ia falar, mas Marcelle o interrompeu. –
Não te culpo por isso, pai. Na verdade, não culpava ninguém, achava que eu era culpada de
algo.

“Então, em determinado momento vi uma cápsula, muito parecida com a minha pousar
naquele mesmo local e logo me veio a cabeça que eu estava ganhando companhia e minha
primeira visão foi aquele homem enorme e gentil e essa mulher maravilhosa e de olhar
maternal”. – Marcelle disse, apontando para Kotharyn e Aryannin. – Eles foram meus
primeiros amigos, mesmo que não nos entendêssemos ou pudéssemos falar.

“Daí chegou aquele ali,” – apontou para Essié – “na sua forma anterior, pousando
sorrateiramente e do seu interior veio nosso salvador, meu pai. Ele me explicou tudo, fiquei
com raiva com certeza, mas ele me disse que não sabia o que fazer e agiu como imaginava
ser o certo. Ele me abandonou uma segunda vez, mas me deixou em um lugar que eu pude
conhecer o amor da minha vida, com quem convivo há mais de trinta k-rarrs. Daí fugi com
meu pai, mas de bagagem veio esse enorme homem de rubi, o Grandão e a deusa e
encontramos esse enorme amigo que nos acolheu. Trouxe minha uthando para cá, conheci
um dos casais mais maravilhosos e completos de todos os tempos. Ganhei minha irmã.
Ganhei uma mãe e me senti importante novamente.

“Então eu fui privilegiada, pai. Ainda bem que você fez aquilo por mim, pois se eu tenho
tudo que conquistei, foi graças ao seu ato. Se eu posso ter uma família e viver que com
quem eu amo, foi graças ao que você fez. E, tenho certeza, onde quer que eles estejam
agora, Thiago e Marcela Menken estão dizendo para ti, muito obrigado!” – Corr Sairy
chorava copiosamente, mas nada disse naquele momento.

Em poucos rarrs ocorreu a mudança da Confederação Galaxial para a Confederação. Os


Guardiões da Confederação (nome que Oiluj Ariexiet lhes deram) sentiam-se retraídos e
tentaram falar com Synn Tharra, principalmente, mas esta os ignorou totalmente. Muitos
terminaram abandonando, pois perceberam que não seria como antes e voltaram para seus
planetas, permanecendo somente poucos:

154
GALAXYA

- Antes poucos que saibam ouvir e discernir o certo do errado, do que muito que se enchem
de razão. – Antares disse para Oiluj, que concordou.

Como não necessitaria das satisphæras, Galaxya deixou com a Confederação.

Enquanto isso ocorria, os membros do Galaxya compareceram para as honras fúnebres de


K’rynn Swiss, que contava com Mitir K’roll Swiss no púlpito, falando sobre a filha. Ao fim,
como ocorreu com K’thryn, os restos mortais de K’rynn foram colocados sobre uma imensa
pira e ela teve as mesmas honras da irmã.

No retorno ao Galaxya, Corr Sairy falou sobre Antares deixar tudo a cargo do seu suplente,
Dav Annon de Cycillian:

- Você deposita confiança demais nas mãos do Confederado Dav Annon. – Disse Corr Sairy,
em certo momento, enquanto viajavam na satisphæra:

- Isso é porque Essié prefere não se uma nave ou somente desconfiança natural sua? –
Antares inquiriu e Luannia respondeu por Corr Sairy:

- Um pouco dos dois. Na verdade, Corr Sairy continua confiando, desconfiando.

Ao entrarem no Galaxya, Antares não desembarcaria:

- Acredito que este é o meu momento de despedir-me de vocês. Uma pena Aryannin e
Kotharyn já terem partido depois das honras fúnebres, mas pudemos nos despedir deles,
antes.

“Marcelle e Pum Riss desejo-lhes boa sorte na vida junto que terão. E você, cumpra sua
pena. Galaxya e Synn Tharra são seus Guardiães agora. Dez k-rarrs, nem mais e nem
menos”. – E satisphæra saiu, levando-o e Corr Sairy percebeu que ainda restava uma:

- Pra que aquela satisphæra? Galaxya pode nos transferir para Phællans. – Luannia olhou
para Marcelle, Pum Riss Synn Tharra, Essié e Harpia e disse:

- Quem conta? – E Pum Riss declarou:

- Mas não pode transferir a todos para cá para nossa cerimônia de matrimônio. – Corr Sairy
arregalou os olhos, surpreso. – Nós falamos que esperávamos a volta de vocês, mas foi um
problema em cima do outro, que adíamos para agora.

- Mas sua família não estará toda aqui, Estrelinha? – Corr Sairy falou:

- Mas você, mamãe e Muse estão e isso é o que mais importa para mim. – Sentindo-se
excluído, Essié falou:

- Tá, e nós? – Sorrindo e pegando o rosto de Essié nas mãos, Marcelle declarou:

- Vocês também, Essié. Sem você não seria completo, bem como Harpia.

- E o que eu sou? – Galaxya chamou atenção para si e Corr Sairy disse:

- Você é a essência máxima, Galaxya. Mas lhe peço que não nos transfira. Nos leve em Salto
Hiperespacial, por favor.

E Galaxya o fez e, assim que chegou ao sistema K-Rarr, parou:

- Você aparenta estar apreensivo. – Galaxya disse ao Corr Sairy.

155
GALAXYA

- Dizem que o pai da noiva ganha mais cabelos brancos no dia do casamento. Ah é, você não
tem cabelos. – Essié implicou.

- Muito engraçado. Lembre-se que agora eu posso puxar sua orelha. Como estão as coisas lá
em cima, Galaxya? – Corr Sairy questionou, enquanto seguia para o quarto onde estava
Marcelle:

- Tudo pronto e arrumado. – Corr Sairy sorriu e quando a porta do quarto esvaneceu, ouviu
gritos e desaprovações. – Ei, sou eu. – Então Luannia disse:

- Não é certo, sabia? O pai só vê a filha no momento de entrar no altar.

- Desde quando? – Corr Sairy inquiriu e Synn Tharra argumentou:

- Você passou aquele tempo todo no indlu yezincwadi 55 de Phællans e não leu sobre
cerimônias matrimoniais? Que vergonha, papai! – E Harpia o empurrou para fora, com a
porta ressurgindo:

- Mereço isso? – E Essié disse:

- Acho que deveria ter te contado? Não, assim foi mais divertido.

Momentos depois, todas saíram do quarto de Marcelle e subiram pelo Tuboelevador.


Passando por Corr Sairy, Luannia mexeu com ele:

- Nem tinha reparado como você ficou elegante. – E o beijou. Depois passaram as
phællansis que ajudaram Pum Riss em se arrumar e subiram, também. Logo depois, ela
(vestindo um traje cerimonial com tons de amarelo, vermelho e verde, acetinados) e Ti Korr
passaram e Corr Sairy a elogiou:

- Você está linda, Rissie. Parabéns, Ti Korr. – E o sobrinho de Pum Riss sorriu e disse:

- É uma honra representar meu pai neste momento. – E Corr Sairy completou:

- Ele se sentiria orgulhoso. – Então os dois entraram e subiram. Então Marcelle surgiu. Ela
vestia um vestido azul marinho que cintilavam pequenas pedras, como estrelas e detalhes
em cinza, deixando Corr Sairy boquiaberto:

- O quê? Está exagerado? – Do rosto abismado de Corr Sairy surgiu um sorriso de ponta a
ponta:

- Você está maravilhosa, Estrelinha. – Ela sorriu e ambos entraram no Tuboelevador que
parecia mais lento:

- Por que esta lento assim, Galaxya? – E Corr Sairy falou:

- É porque eu convidei algumas pessoas a mais para a festa. – E quando chegaram no andar
de cima, onde ficara a Confederação Galaxial, Marcelle ficou pasma com o mar de pessoas
no local. Era como ela testemunhar tudo que vivenciara desde que reencontrou Corr Sairy
naquele meteoro. Essié, Harpia e Ti Math abriam a passagem, à frente de Corr Sairy e
Marcelle e, como era tradição em Phællans, as filas iam se levantando e curvando diante
dela. Ela viu a Erregina Tyth Annis fazer isso, com seu Errege. E então Galaxya ressoou no
ambiente, de forma orquestrada, a música Twinkle Twinkle Little Star:

- “Você fez isso?” – Corr Sairy ouviu no seu chip neural:

55
indlu yezincwadi = biblioteca

156
GALAXYA

- “Com uma grande ajuda de Galaxya e Essié. Pense assim, Estrelinha, você estava falando,
há alguns arrs atrás, que se sentia sozinha e que ter-nos encontrado novamente possibilitou
uma mudança, quando você foi a grande mudança. Não somente na minha vida, mas de
todos que aqui estão, para celebrar o seu dia”. – Marcelle enxugou uma lágrima que surgia
em seu olho. – “Isso tudo passou por sua vida, até esse momento, onde encontrará, ao final,
aquela que completou e vivenciou contigo todos os tormentos”. – Eles chegaram ao pé do
altar, que tinha no púlpito Galaxya em sua forma humanoide. Corr Sairy beijou a testa de
Marcelle e finalizou. “Você pertence a ela e ela a você”. – E deu a mão de Marcelle para Pum
Riss, cantando. – “Brilha, brilha, estrelinha. Baila, linda bailarina”.

E Galaxya iniciou a cerimônia:

- Me foi dada a honra de ser o celebrador da união dessas duas almas.

“Desde que as recebi aqui, em meu âmago, sou testemunha do amor que desfrutam uma
pela outra. Enfrentaram contendas, desafios, adventos que sempre fortaleceram esta união.
Marcelle Menken era uma neófita ao adentrar em meu interior, mas uma sagaz interessada
em ganhar mais sabedoria. Já Pum Riss, quando veio até nosso grupo, já era uma
experiente uthisha56, isazi-mlando57 e umtapo wolwazi58. Se completavam.

“Hoje, Marcelle Menken é uma das maiores astrônomas e catalogadoras do cosmos que
poderíamos ter o prazer de contar do nosso lado e, sempre, pode contar com o auxílio e
apoio de Pum Riss para tal, bem como ela faz com vossa companheira.

“Ambas, ampliaram a família ao adotarem o jovem Ti Math, que segue pelo caminho de
Marcelle Menken, estudando e compreendendo às estrelas. Já advindas de famílias de
sábios. Pum Riss, é filha de Pum Tarr e Ti Gorr, irmã de Ti Kkrus e cunhada de Le Pann. Tia
de Ti Korr e Le Patt. Já Marcelle Menken é filha de Tiago Menken e Marcela Menken, que
deram à Corr Sairy, antes Rodrigo Scandian, de se tornar pai dela que, com sua união a
Luannia, tornou-a mãe de Marcelle Menken, também.

“Famílias de sábios, nobres, guerreiros e honrosos seres, a união de Marcelle Menken e Pum
Riss não poderia conceder a este ambiente maior grandiosidade do que já existe no amor de
ambas, seja por suas famílias, seja por sua família, seja por vocês mesmas. A união é
eterna, em corpo, alma e ser.

“Agora, antes de declamarem as palavras que preparam uma para outra, vamos a
celebração com ‘Uthando, uthando nobunye’” – Então, todos os seres phællansis presentes,
bem como Corr Sairy, Synn Tharra, Luannia, Kotharyn, Aryannin, Antares e Jonas, se
ergueram e declamaram:

“Thanda uthando
Uma sebumbene
Kanye uphawu
Awusoze washaywa

Uthando, uthando
Kanye kunqotshiwe
Uma sekukhonjwe
Akuzange kuphinde kunganakwa

Inyunyana, inyunyana
Uma isiqalile
Uma usufezile

56
Uthisha = professora
57
Isazi-mlando = historiadora
58
Umtapo wolwazi = bibliotecária

157
GALAXYA

Akuzange kuphinde kuhoxiswe”59. - E deram gritos de felicidade ao final. Pum Riss e


Marcelle se colaram de frente, olhando olhos nos olhos, e a primeira começou a falar:

- Uthando. – Ambas sorriram. – Sempre que a chamei assim eu pensava neste poema que
representa a união máxima de duas almas. E é assim que me sinto contigo, unida em toda a
extensão desta palavra.

“Você, Marcelle (ou Celle, como os outros a chamam), me mostrou um novo mundo. Me
mostrou uma nova forma de ver a tudo e a todos. Esteve comigo nas minhas maiores
felicidades e nos meus maiores desfortúnios. Vi, k-rarrs em Phællans sem encontrar alguém
que me completasse e, por vezes, Ti Kkrus e Le Pann se entristeceram por eu não ter alguém
que fosse minha uthando.

“Sim, esta não é somente uma palavra para que sejamos próximas, mas que nos aproxima.
Cada povo tem a sua palavra. Em Dharkyens chamam de storgí, em Crisyen é debozioa 60,
em Agufalgav é in caritate61, em Kelkzerr é Amado, em Krarrash chama-se Hayran 62, em
Volos é Subete63 e em Parvati chamam de Amor. Cada um tem sua expressão para o mesmo
significado e para o mesmo sentimento. E quando você surgiu em Phællans, você me trouxe
todos esses significados que resumo em um somente.

“Eu me uno a você e você se une a mim, agora nós duas somos uthando!”. – Sentindo o
rosto corar e segurando o choro, Marcelle iniciou:

- Nossa, eu nem sei o que dizer depois disso, Rissie.

“Bem, vou tentar desenhar palavras para expressar o que sinto agora. Eu estou feliz! Sim,
estou extremamente feliz e realizada.

“Há poucos arrs falei há todos meus amigos que aqui estão presentes e participaram da
declamação deste lindo poema. Meu pai, minha mãe, minha irmã e todos os meus amigos, e
para você, que eu era uma pessoa solitária e não tinha ninguém até me encontrarem em um
meteoro. Eu esperava algo simples e direto, mas meu pai decidiu nos mostrar que eu
sempre tive muito mais, e agora eu percebo isso. Mas, mesmo com todos aqui presentes,
somente uma pessoa me completou e me fez sentir-me inteira, e esta foi você.

“Vê-la, ouvi-la falando de tudo que conhecia e sabia. Seus cabelos ruivos aos ventos, me fez
querer fazer e ser parte de você. Eu nunca compreendi a palavra uthando, mas procurei
uma tradução próxima do que é e, em Parvati (antes na Terra), seria carinho. Parece uma
palavra que perde o significado quando traduzida e, por isso, creio eu, nunca fora, mas não
é verdade, pois carinho é afago, é zelo, é dedicação àquele que se ama. É amor!

“Lógico que, em minha busca pela palavra, me deparei com o poema de onde advém e, neste
momento, lhe repito ‘Uthando, uthando/Kanye kunqotshiwe/Uma sekukhonjwe/Akuzange
kuphinde kunganakwa’”. – E ambas se beijaram, com Galaxya dizendo, ao final:

- Uma vez unidas, nunca mais separadas. E que seja conclamado. – Então todos se
ergueram e falaram bem alto:

- Uma vez unidas, nunca mais separadas! – E gritam em festejo. E, assim que Marcelle e
Pum Riss desceram do púlpito, este desapareceu e o local se modificou diante de todos
tomando o formato de um grande salão de festa. Marcelle se aproximou do pai e questionou:

59
“Amor, amor/Uma vez unido/Uma vez selado/Nunca será desbaratado//Carinho, carinho/Uma vez
conquistado/Uma vez identificado/Nunca mais negligenciado//União, união/Uma vez encetado/Uma vez
realizado/Nunca mais revogado”
60
Debozioa = devoção
61
In caritate = apaixonado
62
Hayran = Adorado
63
Subete (すべて) = Tudo

158
GALAXYA

- Isso também é coisa sua? – Mas a resposta veio de Skill, que se aproximou e disse:

- Se tem alguém que sabe dar uma festa, este é o pai de vocês!

Enquanto a festa rolava e todos desfrutavam dela, Corr Sairy decidiu desaparecer:

- Não tem como se esconder já que todos te conhecemos. – Ele ouviu a voz de Marcelle. Corr
Sairy estava no mesmo ambiente de sempre, na área externa do Galaxya, mas sem a
companhia de Essié, que se acabava de dançar na festa, com Harpia. – Por que vir para cá,
hoje?

- Gosto de vir aqui para pensar. – Olhou para a filha que parecia cansada e ofegante. – Vem,
sente aqui comigo. – E ela se sentou, olhando para o nada. – Lembra a primeira vez que nos
sentamos assim. Eu estava em uma cela e você esperava ouvir eu contar minha história. –
Corr Sairy fez uma longa pausa e a abraçou, então continuou. – Quando desmascaramos
Stahirr, quando eu falava sobre K’rynn ter sido o inesperado na situação que ele armava
contra o irmão...

- Spark, pai. – Corr Sairy sorriu:

- Tá, spark. Então, eu pensava nisso.

- No quê?

- No inesperado. – Então se colocou de frente para Marcelle. – Quando eu sai de Maghnessy


e vagava no espaço, esperando Essié encontrar os Gêmeos, para pegar a esfera que me
traria até o Galaxya, recebi aquele chamado do Migoto Akonyionn e o inesperado aconteceu.

“Eu tinha tudo planejado. Pegaríamos a esfera com Glulg e Blulb, encontraríamos o
Galaxya, iríamos pegar sua mãe e desapareceríamos. Talvez surgíssemos aqui ou ali, em
algum batizado ou casamento, mas as pessoas pouco nos veriam. Mas surgiu a missão de
resgatar a deusa sequestrada por um escravo krarrashin. Essié não queria pegar a missão,
pois ele acreditava que era errado aquilo, mas eu sabia que precisávamos encerrar a missão
para a Erregina Tyth Annis...”

- Missão essa que ter condenou por mercenarismo. – Marcelle o interrompeu.

- É, você tem razão. Mas se eu não tivesse aceitado aquela última missão, aquele último
trabalho, não teria lhe encontrado e não estaríamos aqui, hoje. Minha vida teria sido
somente eu, Luannia, Galaxya e Essié, que poderia ser quem ele é, agora. Mas não, ela ficou
mais rica.

“Eu sou uma pessoa difícil de admitir as coisas. Replicando sua mãe, eu confio,
desconfiando. Mas todos que passaram pela minha vida, desde o inesperado acontecer,
enriqueceram-na demais.

“Eu aprendi mais com o tempo que passei com vocês do que aprenderia sozinho, com sua
mãe, Galaxya e Essié”. – Os olhos de Corr Sairy se enchiam de lágrimas. – E isso está se
desfazendo, agora, e eu não sei como agir! – Corr Sairy caiu em lágrimas e Marcelle o
acalentou. – Eu reclamei, eu esbravejei, eu discuti, mas minha vida teria sido horrível se
não tivesse todos que passaram por ela.

“Agora Antares assume a Confederação Galaxial. Aryannin e Kotharyn partiram para Volos
II. Vocês duas cresceram e agora constituem sua família, com um filho. Em breve, Synn
também parte...”

- Eu não saio daqui! – Synn Tharra o interrompeu, nervosa. Surgindo atrás deles, com Pum
Riss e Luannia ao lado. – Pode esquecer. Eu fiquei mais de três milênios em um limbo de
vida, que não tenho lembranças. Quando voltei, você – apontou para Corr Sairy – foi minha

159
GALAXYA

primeira visão gloriosa. Não tem M-Karo e nem M-Kara que me tiram do seu lado. Eu fico
contigo e mamãe, até o fim! – Aquilo fez Corr Sairy sorrir e ele continuou:

- Obrigado, Muse. Mas mesmo que você fosse, é o destino de cada um seguir a própria vida.
Não vou deixar de ser menos feliz por que vocês seguiram com suas vidas e eu vou
continuar desfrutando momentos maravilhosos com Lu, Essié, Harpia e Synn. Mas será
menor, perto disso que somos hoje, uma família.

Corr Sairy se levantou de onde estava e auxiliou Marcelle, que o beijou tenramente no rosto:

- Minha família é onde meu coração está, pai. E ele sempre estará com você. – E entrou com
Pum Riss. Synn Tharra se aproximou e o beijou, também:

- Pai, sei que você tem essa mania de lobo solitário. De ficar sozinho e tal. Mas você trouxe
todas essas pessoas que estiveram em nossas vidas e vai ficar aqui, sozinho? – Então
Luannia foi a voz da razão:

- Você sabe que Muse está falando a verdade. Você convidou a todos e fica aqui lambendo
as feridas. Vamos fazer o seguinte. Nos divertimos agora e, mais tarde, eu ajudo na
lambedura, também. – Corr Sairy sabia que era verdade e deu atenção as duas mulheres
que o puxavam e entrou no Galaxya.

Corr Sairy e Luannia ficaram no Hangar, aonde se despediram dos que iam e logo Antares,
Aryannin e Kotharyn aparecereram:

- Preciso ir e me preparar para o julgamento de Stahirr. Stahokk pediu a Confederada


Sharan para ser a defensora, quando ela queria ser acusadora, mas o Confederado Akeem
Mathup aceitou essa missão. Mas creio em uma reviravolta.

- Como assim? – Aryannin demonstrou curiosidade Antares disse:

- Creio que Stahirr alegará culpa dos crimes que foram determinados a ele. Restando-me
somente a promulgação da sentença.

- Boa sorte nessa! – Corr Sairy desejou e Antares partiu em uma satisphæra.

- Nós também já vamos. A distância para Volos II ficou mais longa e, possivelmente, não
poderemos estar no julgamento de Stahirr, mas acompanharemos, com certeza. – Aryannin
afirmou.

- Nunca participara deste tipo de celebração, Corr Sairy. Fora esfuziante! Quando fizer mais
destas, me chame que virei, com certeza. – Aryannin riu. – Por que ris? É fato. Divertido a
forma de alegria nestes eventos. Não tem formalidades desnecessárias.

- Adeus aos dois e bom retorno para Volos II. – Luannia falou ao vê-los entrando na nave
volosi, que logo partiu. – Viu, Sr. Corr Sairy, a festa foi esfuziante! – E Corr Sairy sorriu:

- Não implica com Grandão. Sempre com a mão suja de engrenagens ou se tornando o que
não queria, ele nunca desfrutou de momentos assim. Foi bom para descontrair um pouco.
Fazia tempo que não participava de uma dessas.

- E fazia mesmo! – Ouviu a voz de Jacqueline, que se aproximava com Gene, Ross e Jonas:

- Onde está Ricardo? – Parecendo aérea, ela falou:

- Não sei. A última vez que o vi estava emaranhado em uma phællansi.

- O nome dela é Ca Thrin, Jackie. – Jonas a corrigiu.

160
GALAXYA

- Que seja! Ele estava agarrado a essa Ca Thrin. Só falta fugir para Phællans com Celle e
Rissie. – Corr Sairy riu. – Não as deixe fazer isso, amarre-as ao pé da cama, quando
estiverem dormindo.

- Você passou dos limites nas bebidas, isso sim. – Corr Sairy a chamou atenção e, fazendo
cara feia, Jacqueline disse:

- Pra que vir a uma festa dessas, maravilhosa, se não para enfiar o pé na jaca. Lembra
quando falávamos isso! Enfiar o pé na jaca! – Gene e Ross riam:

- Vamos Jackie. – Jonas a pegou nos braços, mas ela se desvencilhou e abraçou Corr Sairy:

- Obrigada por esta festa memorável. – Jonas a pegou na cintura e puxou. – E não se
esqueça, amarre os pés na cama.

- Tchau Corr Sairy. Tchau, Luannia. – Jonas falou, arrastando Jaqueline, que se virou e
abraçou o pescoço dele.

- Desculpe minha mãe, Corr Sairy, mas sabe como ela é com esse lance de festas. Ama a
esbórnia. – Disse Gene.

- Não vejo nada demais. Eu entrava nessas loucuras com ela sempre, na época da Escola de
Oficiais. Para Jackie não tem tempo ruim. Mas por que esse lance de amarrar o pé na
cama? O que está rolando?

- É que nós estamos querendo deixar o ninho. – Ross falou.

- Não fale assim, amor. É que não vamos mais morar no Elýsion com ela e Jonas. Estamos
procurando nosso canto. Na verdade, nem Jonas mora conosco, pois arranjou uma
namorada e está morando com ela. Jacqueline está se sentindo sozinha. – Explicou Gene.

- Bem, se pensarmos quanto tempo você morou com ela na Terra e mais o tempo que todos
moraram junto em Parvati. É compreensível ela se sentir assim. – Corr Sairy colocou e
Luannia completou:

- Se fosse comigo, ia ficar muito mal. Na verdade, já fiz isso, alguma vezes e Corr que me
resgatou.

- Bem, nunca foi algo definitivo. Era uma hipótese que levantávamos, principalmente ao ver
Jonas seguir o caminho dele. – Explanou Ross e Gene continuou:

- Sim. O problema é que ela ouviu essa nossa conversa. Daí já viu como ficou. Mas temos
muito o que pensar, ainda.

- Se cuidem e boa sorte. – Corr Sairy desejou e os dois foram em direção ao G e partiram.
Quando chegavam no Tuboelevador, ele veio com todos os Guerreiros Alados:

- Maravilhosa festa, Corr Sairy! – Disse Sw Fitt.

- Eu curti muito. – Mi Lssa expôs, sorrindo.

- Obrigado pela excelente noite. – Ricardo falou.

- É sua mãe saiu super feliz daqui. – Corr Sairy implicou e recebeu um cotovelada de
Luannia.

- Sério, eu não me lembro a quanto tempo não curtíamos uma festa como essa? Você
sempre foi mestre nisso! Deu até saudades da Escola de Oficiais. – Foi a vez de H-Kik

161
GALAXYA

cutucar o marido. Notando a ausência de membros do grupo (e ciente da resposta), Luannia


questionou:

- E M-Kara e M-Karo? – H-Kik proferiu, sarcasticamente:

- Fizeram as pazes com Synn Tharra e disseram para irmos. Que, algum dia, o padrinho
deles os levariam para casa. – Se virou para Corr Sairy e o intimidou. – Ouviu, padrinho?

Corr Sairy e Skill riram e foram, novamente, acotovelados:

- Adeus, Sth Nnie. Adeus, Howard. – Corr Sairy se despediu do casal. Howard falou:

- Esta festa foi maravilhosa. Quando Mi Lssa decidir qual caminho seguir, você está
convidado para organizar. – E a nave dos Guerreiros Alados partiu. Então os dois subiram
pelo Tuboelevador até o andar da festa e Luannia o inquiriu:

- Por que você e Skill riram? – Corr Sairy encarou os dois olhos de rubi e disse:

- Porque nós conhecemos bem Synn Tharra. Elu está bem agora com eles, mas é só pisarem
na bola de novo que o trator passa por cima. Synn pode amar intensamente, como se irritar
na mesma intensidade. Você viu o que elu fez, quando os dois lhe magoaram chamando de
traidore. O lance é que já pisaram na bola antes...

- E se pisarem novamente, será pior a dosagem? – Luannia questionou, completando, e Corr


Sairy a beijou:

- Por isso que te amo! – No andar da festa, só restavam a forma humanoide de Galaxya,
Essié, Harpia, Marcelle e Pum Riss:

- Você é mágico, pai! – Marcelle elogiou.

- Definitivamente, Corr Sairy, você deu um desfecho fantástico. – Colocou Galaxya. – Agora
me retiro. – E sua forma humanoide se desfez.

- Também vamos nos recolher, pois teremos que ir. Te amo, pai! – Marcelle proferiu,
beijando-o no rosto e saiu com sua esposa. Essié e Harpia também partiram:

- Obrigada por tudo. – Disse Harpia.

Vendo aquele espaço vazio, que antes estava lotado, Corr Sairy falou:

- Não queria que acabasse nunca.

- Infelizmente tudo um dia acaba, Amado. – Argumentou Luannia. Então ele a puxou e
ambos desceram para o Tuboelevador e no centro do Hangar, totalmente vazio, estava a
nave que Corr Sairy conhecera como lar e a acariciou. – O que foi, Amado, medo do fim?

Corr Sairy caminhou com Luannia até a porta do Hangar e a tomou nos braços e disse:

- Não Lu, pois o fim quem faz somos nós!

FIM

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