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FRASE OPTATIVAS
Frase é todo enunciado linguístico com sentido completo que O enunciado exprime um desejo; termina em ponto ou ponto de
é capaz de exprimir pensamentos e/ou sentimentos do seu autor. exclamação, normalmente.
Contendo verbo ou não, ela pode ser brevíssima, constituída, às vezes, Exemplos:
por uma só palavra, ou longa, envolvendo vários elementos.
Que Deus te proteja!
Exemplos:
Boa sorte!
Fogo!
Que a vida lhe ensine.
Que noite maravilhosa!
O presidente do clube viajará amanhã.
ORAÇÃO
Na próxima semana, o resultado do concurso sairá às 15 horas;
É toda frase verbal, ou seja, toda estrutura linguística que
com isso, todos os professores saberão quais alunos conseguiram a
apresenta um verbo ou uma locução verbal. Podemos afirmar que
tão sonhada aprovação.
a oração é a frase que se biparte normalmente em sujeito e predicado.
Observação Em algumas orações, pode, entretanto (como veremos mais
adiante), faltar o sujeito, caro concurseiro. Isso ocorrerá quando
O tamanho não importa! Basta haver sentido completo para ser a declaração se encerra em si mesma sem referência particular a
uma frase. nenhum ser (sujeito).
Exemplos:
Tradicionalmente, há cinco tipos de frase:
A roupa está rasgada.
DECLARATIVAS OU EXPOSITIVAS Começou a chover na cidade do Rio.
Com a qual enunciamos um juízo a respeito de alguma coisa, ou
pessoa, isto é, apresentam um juízo de valor. PERÍODO
Exemplos: O período nada mais é do que a frase que apresenta uma ou mais
orações. Ele começa com letra maiúscula e termina com algum sinal
Deus é perfeito.
de pontuação que fecha período: ponto (.), ponto de exclamação (!),
A mulher saiu do banho. ponto de interrogação (?) ou reticências (...).
Quando o período apresenta apenas uma oração, ele é classificado
INTERROGATIVAS como SIMPLES; apresentando duas ou mais orações, classificá-lo-
Com a qual indagamos alguma coisa, isto é, perguntamos algo, emos como COMPOSTO.
seja diretamente (?), seja indiretamente (.). A oração de um período simples é classificada como ABSOLUTA;
Exemplos: já a oração de um período composto é classificada como
COORDENADA ou SUBORDINADA.
Quanto lhe devo? (interrogativa direta)
Exemplos:
Não sei o que ele pretende. (interrogativa indireta)
[ O aluno gabaritou a prova.]
IMPERATIVAS [ O pai viu ] [ que o filho estudara.]
Com a qual exortamos (ordenamos) alguém a fazer ou deixar de [ Eu vou cantar a música.]
fazer alguma coisa. [ Bobeou,] [ dançou.]
Exemplos: [ Eu sei ] [ que você mentiu.]
Saia daqui agora.
Meia volta! LOCUÇÃO VERBAL
Vamos entender o conceito de locução verbal.
EXCLAMATIVAS Inicialmente, podemos dizer que uma locução verbal é a sequência
Com a qual exteriorizamos alguma repulsa, admiração, irritação, de dois ou mais verbos equivalendo a um só. São dois ou mais verbos
desprezo, surpresa, etc. Esta modalidade é finalizada com ponto de associados ao mesmo núcleo e, às vezes, entre tais verbos surge uma
exclamação (!). preposição. Normalmente são dois verbos: o primeiro recebe o nome
de AUXILIAR; o segundo recebe o nome de PRINCIPAL.
Exemplos:
O verbo PRINCIPAL se encontra sempre em uma das formas
Bem feito!
nominais dos verbos: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Muito bem!
Quem manda na Locução Verbal?
O Auxiliar ou o Principal?
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Morria-se muito naquele ambiente. f) Verbo Passar seguido da preposição DE na referência a horas.
Verbo: morria (Intransitivo) Já passou das dez horas.
Se – PIS (pronome Indeterminador do sujeito) g) Verbos que indicam fenômenos da natureza: chover, ventar,
entardecer, chuviscar, neblinar, etc.
Aspira-se a dias melhores. Assim que anoiteceu, choveu muito.
Verbo: aspira (Transitivo Indireto)
SE – PIS (Pronome Indeterminador do sujeito) Sujeito Oracional: É aquele que apresenta um verbo em sua
composição, ou seja, é sujeito em forma de oração.
[Convém] [aulas regulares serem dadas aos alunos.]
Era-se feliz naquele país.
Verbo: era (Verbo de Ligação)
Exercício Resolvido
Se – PIS (pron. Indeterminador do sujeito)
01. Cronistas de reinos passados, gênios das navegações [...] não
Observação falam de discos, pratos ou charutos voadores ... O verbo que NÃO
Quando você, meu aluno, encontrar o pronome SE ligado a um verbo foi empregado com o mesmo tipo de complemento que o verbo
transitivo direto, haverá algumas possibilidades. grifado acima está em:
O pronome SE pode ser reflexivo a) ... sequer pensarmos em outros mundos ...
Ela se banhou no lago. b) Enjoaram de nós?
c) Venceu a hipótese de naves...
O pronome SE pode ser recíproco d) Começou com um piloto norte-americano de caças...
Elas se abraçaram. e) ... que simplesmente desistimos deles?
Resolução: D
d) Verbo SER na indicação de tempo cronológico e distância.
Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do presente do
Daqui ao curso, são três quilômetros.
indicativo.
É meio-dia.
Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos de que
São duas horas. esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, caso seja
necessário):
e) Verbos Bastar e Chegar, seguidos da preposição DE, nas • Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
ideias de suficiência. • Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicional de 5,4
Basta de choro e reclamações. bilhões de reais por ano. Existem / existirá
Chega de torturas..
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a) sujeito. d) aposto.
04. “... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos filhos
b) objeto direto. e) predicativo. do sueco.” O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de
c) objeto indireto. complementos que o grifado acima está empregado em:
a) ... que existe uma coisa chamada EXÉRCITO...
Resolução: A
b) ... como se isso aqui fosse casa da sogra?
Se substituirmos a oração “reconhecer” pelo pronome “isso”
c) ... compareceu em companhia da mulher à delegacia...
teremos: É justo isso, ou, ISSO é justo. Temos um exemplo de
oração subordinada substantiva subjetiva - reduzida de infinitivo d) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
(função de sujeito da oração principal). e) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevimento.
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07. A chancela da representatividade, que legitima os legisladores, d) o enunciado apresentado se constitui de três orações,
não os autoriza em hipótese alguma a duplicar os vícios sociais (...). configurando um único período composto.
Nessa frase, são exemplos de uma mesma função sintática os termos e) as vírgulas empregadas demarcam a quantidade de períodos simples.
a) os legisladores e os vícios sociais.
b) A chancela e os legisladores. 03. (EFOMM)
TREINAMENTO
ignorante, e se no meio dos meus milhos graúdos aparecessem aquelas
espigas nanicas, eu ficaria bravo e trataria de me livrar delas. Pois o
fato é que, sob o ponto de vista do tamanho, os milhos da pipoca não
podem competir com os milhos normais. Não sei como isso aconteceu,
mas o fato é que houve alguém que teve a ideia de debulhar as espigas
01. (DIRENS AERONÁUTICA) Assinale a alternativa que apresenta a e colocá-las numa panela sobre o fogo, esperando que assim os grãos
classificação incorreta da oração subordinada destacada. amolecessem e pudessem ser comidos. Havendo fracassado a experiência
a) Suponho ser ele o homem de palavras sinceras. (Oração com água, tentou a gordura. O que aconteceu, ninguém jamais poderia
Subordinada Adverbial) ter imaginado. Repentinamente os grãos começaram a estourar, saltavam
b) Só depois disso percebi quão sinceras eram as palavras dele. da panela com uma enorme barulheira. Mas o extraordinário era o que
(Oração Subordinada Substantiva) acontecia com eles: os grãos duros quebra-dentes se transformavam em
flores brancas e macias que até as crianças podiam comer. O estouro das
c) Só depois disso percebi a sinceridade que as palavras dele
pipocas se transformou, então, de uma simples operação culinária, em
continham. (Oração Subordinada Adjetiva)
uma festa, brincadeira, molecagem, para os risos de todos, especialmente
d) Só depois que caí em mim, percebi a sinceridade das palavras as crianças. É muito divertido ver o estouro das pipocas!
dele. (Oração Subordinada Adverbial)
E o que é que isso tem a ver com o candomblé? É que a transformação
do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação
02. (PRAÇA DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA) Considerando-se porque devem passar os homens para que eles venham a ser o que
o enunciado “Diante da proximidade das provas, os candidatos ficam devem ser. O milho da pipoca não é o que deve ser. Ele deve ser aquilo
bastante ansiosos para mostrar, por meio dos resultados, o valor que tem que acontece depois do estouro. O milho da pipoca somos nós: duros,
uma grande dedicação”, é correto afirmar que quebra-dentes, impróprios para comer, pelo poder do fogo podemos,
a) se verifica no enunciado a existência de três períodos e uma oração. repentinamente, nos transformar em outra coisa − voltar a ser crianças!
b) a correspondência entre frase e período só se sustenta quando se Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. Milho de
trata de períodos simples. pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para
c) as vírgulas cumprem a função de demarcar o inicio e o fim das frases. sempre. Assim acontece com a gente. As grandes transformações
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acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo fica 04. (EFOMM)
do mesmo jeito, a vida inteira. São pessoas de uma mesmice e dureza FELICIDADE CLANDESTINA
assombrosas. Só que elas não percebem. Acham que o seu jeito de ser Clarice Lispector
é o melhor jeito de ser. Mas, de repente, vem o fogo. O fogo é quando
a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente
fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder um crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós
emprego, ficar pobre. Pode ser fogo de dentro. Pânico, medo, ansiedade, todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois
depressão − sofrimentos cujas causas ignoramos. Há sempre o recurso bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que
aos remédios. Apagar o fogo. Sem fogo o sofrimento diminui. E com isso qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter: um pai dono
a possibilidade da grande transformação. de livraria.
Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro Pouco aproveitava. E nós menos ainda: até para aniversário, em
ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou: vai morrer. vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos
De dentro de sua casca dura, fechada em si mesma, ela não pode um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do
imaginar destino diferente. Não pode imaginar a transformação Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas.
que está sendo preparada. A pipoca não imagina aquilo de que Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como “data natalícia”
ela é capaz. Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande e “saudade”.
transformação acontece: pum! − e ela aparece como uma outra coisa,
completamente diferente, que ela mesma nunca havia sonhado. É a Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura
lagarta rastejante e feia que surge do casulo como borboleta voante. vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia
nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias,
Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o
representado pela morte e ressurreição de Cristo: a ressurreição é o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a
estouro do milho de pipoca. É preciso deixar de ser de um jeito para que ela me submetia: continuava a implorar-lhe emprestados os livros
ser de outro. “Morre e transforma-te!” − dizia Goethe. que ela não lia.
Em Minas, todo mundo sabe o que é piruá. Falando sobre Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre
os piruás com os paulistas descobri que eles ignoram o que seja. mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que
Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é possuía As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio para
confirmar o meu conhecimento da língua. Piruá é o milho de pipoca Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo
que se recusa a estourar. Meu amigo William, extraordinário professor com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas
pesquisador da Unicamp, especializou-se em milhos, e desvendou posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que
cientificamente o assombro do estouro da pipoca. Com certeza ele ela o emprestaria.
tem uma explicação científica para os piruás. Mas, no mundo da Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da
poesia as explicações científicas não valem. Por exemplo: em Minas alegria: eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me
“piruá” é o nome que se dá às mulheres que não conseguiram casar. levavam e me traziam.
Minha prima, passada dos quarenta, lamentava: “Fiquei piruá!” Mas No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não
acho que o poder metafórico dos piruás é muito maior. Piruás são morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou
aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado
mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo.
que o jeito delas serem. Ignoram o dito de Jesus: “Quem preservar a Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava
sua vida perde-la-á.” A sua presunção e o seu medo são a dura casca toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo
do milho que não estoura. O destino delas é triste. Vão ficar duras a estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a
vida inteira. Não vão se transformar na flor branca macia. Não vão dar promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde
alegria para ninguém. Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando
da panela ficam os piruás que não servem para nada. Seu destino é o pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez.
lixo. Quanto às pipocas que estouraram, são adultos que voltaram a
Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do
ser crianças e que sabem que a vida é uma grande brincadeira...
dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava
Disponível em http://www.releituras.com/rubemalves_pipoca.asp.
eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para
Acessado em 31 de mai. 2016.
ouvir a resposta calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu
Assinale a opção em que se constata a presença de um período composto. voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer
da vida, o drama do “dia seguinte” com ela ia se repetir com meu
a) Aí, sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação coração batendo.
acontece: pum!
E assim continuou. Quanto tempo? Não sei. Ela sabia que era
b) Cheguei mesmo a dedicar metade de um livro poético-filosófico a tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo
uma meditação sobre o filme A festa de Babette (...) grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer,
c) Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada. às vezes adivinho. Mas, adivinhando-me mesmo, às vezes aceito:
d) O estouro das pipocas se transformou, então, de uma simples como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente
operação culinária, em uma festa, brincadeira, molecagem, para que eu sofra.
os risos de todos, especialmente as crianças. Quanto tempo? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia
e) Na simbologia cristã o milagre do milho de pipoca está sequer. Às vezes ela dizia: pois o livro esteve comigo ontem de tarde,
representado pela morte e ressurreição de Cristo (...) mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina.
E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os
meus olhos espantados.
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Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo Não são poucos os atos – prosaicos e sofisticados – que os
humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar policiais exercem para que sintam involuntariamente este prazeroso
estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua orgulho da sua profissão, fazendo-nos admitir que tal ofício não é
casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, vão ou desnecessário. Apesar das dificuldades, dos entraves de todas
entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada as ordens que fazem com que a motivação esmoreça, o orgulho está
vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa sempre lá – e esta é uma diferença essencial, já que a motivação
mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa policial é circunstancial e pode ser manipulada, para o bem e para
exclamou: mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler! o mal, diferentemente do orgulho, que atinge o ego de qualquer
E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. homem ou mulher tão logo admita que está praticando o bem.
Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava [...] É em referência a este orgulho bom que as crianças são
em silêncio: a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a entusiastas dos policiais, sentimento às vezes esquecido quando
menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi percebem que policiais são capazes de fazer o contrário do que é
então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha: sua missão. É em referência a esse orgulho que iniciamos nossa
você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim: “E você fica com carreira ansiosos por viver o cotidiano das ruas, sentimento às vezes
o livro por quanto tempo quiser.” Entendem? Valia mais do que me esquecido quando percebemos o mar de politicagem e carência a que
dar o livro: “pelo tempo que eu quisesse” é tudo o que uma pessoa, eventualmente somos submetidos.
grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer. Como disse recentemente João Ubaldo Ribeiro, “se não há
Como contar o que se seguiu? Eu estava estonteada, e assim esperança de nada, então a vida é um contrassenso. As pessoas não
recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, podem viver sem esperança”. Por pior que sejam o contexto e as
não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que perspectivas, sempre há alguma esperança, que no caso dos policiais
segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o repousa sobre a vontade de afirmar o máximo possível esse orgulho.
peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Orgulho que, sem cruzar os braços e sem assumir posturas indolentes,
Meu peito estava quente, meu coração pensativo. Chegando em casa, é sempre bom lembrar que carregamos conosco.
não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto (FERREIRA, Danillo. Por que sentir orgulho de ser policial. Adaptado.
de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o Disponível em: abordagempolicial.com. Consulta em 04/01/2013.)
de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com
manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o Sobre o período “As pessoas não podem viver sem esperança.”, pode-
por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela se afirmar que é:
coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser a) composto por subordinação, com oração adverbial.
clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei! b) composto por subordinação, com oração adjetiva.
Eu vivia no ar... Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha
delicada. Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro c) composto por coordenação, com oração aditiva.
aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo. Não era mais uma d) composto por subordinação, com oração substantiva.
menina com um livro: era uma mulher com o seu amante. e) simples, com oração absoluta.
Assinale a opção em que aparece mais de uma oração no período.
a) Como essa menina devia nos odiar (...) 06. (DIRENS AERONÁUTICA) Assinale a alternativa em que todos os
termos destacados classificam-se como sujeito.
b) (...) continuava a implorar-lhe emprestados os livros (...)
a) “Por onde passava ficava um fermento de desassossego, os
c) Não me mandou entrar.
homens não reconheciam suas mulheres que subitamente
d) Eu já começara a adivinhar que ela (...) se punham a olhar para eles, com pena de que não tivessem
e) Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela desaparecido.” (José Saramago)
menina (...) b) “O episódio da metrópole apavorada pela penumbra descreve bem
a má reputação que as sombras carregam.” (Superinteressante,
05. (INCAB) Leia o texto abaixo e responda a questão. SP: Abril, jun. 2009)
Texto II c) “As rosas desabrocharam/ Com a luz do sol/ E a beleza das
POR QUE SENTIR ORGULHO DE SER POLICIAL? mulheres/ Com o creme Rugol.” (antigo texto publicitário)
Há pelo menos uma característica da atividade policial que garante d) “Olha, Marília, as flautas dos pastores/ Que bom que soam, como
o sentimento de orgulho àqueles que a exercem: o exercício da estão cadentes!/ Olha o Tejo a sorrir-se!” (Bocage)
garantia da paz aos demais componentes da sociedade, a possibilidade
de evitar e corrigir injustiças, a capacidade de afirmar direitos e fazer 07. (DIRENS AERONÁUTICA) Respeitando-se a ordem natural dos
cumprir os deveres. Trata-se quase de uma missão heroica, não fossem termos sintáticos da oração, assinale a alternativa que apresenta o
humanos e falhos aqueles que possuem tais responsabilidades. De termo faltante na frase No teu colo é o meu abrigo, modificada de
todo modo, ser titular deste papel social gera, sim, certo sentimento uma canção popular.
de elevação, de nobreza, sem que seja necessário, é claro, tangenciar a) Sujeito c) Adjunto adnominal
o esnobismo e a empáfia.
b) Objeto direto d) Predicativo do sujeito
Falamos de orgulho como quem fala do filho que acaba de ganhar
o campeonato de Karatê, como quem percebe que, do esforço de si
08. (OFICIAL DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA)
próprio, é possível gerar frutos positivos, bem sucedidos. Passar horas
em uma madrugada em busca de uma arma de fogo que, se não fosse SOBRE A ESCRITA ...
apreendida, acabaria com uma vida inocente. Capturar um suspeito que Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha
tenha cometido um abuso contra uma criança. Impedir que uma pessoa máquina é macio.
embriagada cometa um acidente no trânsito. Dar o encaminhamento Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A
legal a quem atenta contra a vida ou outros direitos de terceiros. palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo
Ou (aparentemente) menos: dar uma informação a um desavisado. com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão
Fazer com que uma criança encontre seus pais. Levar um cão perdido forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma ideia. Cada
a um canil [...]. palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais
sou capaz de pensar o meu sentimento.
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Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino Os mais jovens se comunicam de modo quase que incompreensível
invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um aos mais velhos, com Facebook, Twitter e textos em celulares. Podemos
escultor é identificável por uma extrema simplicidade de linhas. Todas ir à Lua, mas a maior parte da população continua mal nutrida.
as palavras que digo - é por esconderem outras palavras. Consumimos o planeta com um apetite insaciável, criando uma
Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não devastação ecológica sem precedentes. Isso tudo graças à ciência? Ao
sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez menos, é assim que pensam os descontentes, mas não é nada disso.
unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece- Primeiro, a ciência não promete a redenção humana. Ela
me que todo o resto não é proibido. Mas- -acontece- que eu quero é simplesmente se ocupa de compreender como funciona a natureza,
exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar ela é um corpo de conhecimento sobre o Universo e seus habitantes,
essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão vivos ou não, acumulado através de um processo constante de
corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que refinamento e testes conhecido como método científico.
inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida.
As palavras é que me impedem de dizer a verdade. A prática da ciência provê um modo de interagir com o mundo,
expondo a essência criativa da natureza. Disso, aprendemos que a
Simplesmente não há palavras. O que não sei dizer é mais natureza é transformação, que a vida e a morte são parte de uma
importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é cadeia de criação e destruição perpetuada por todo o cosmo,
imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e dos átomos às estrelas e à vida. Nossa existência é parte desta
escrita são como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam transformação constante da matéria, onde todo elo é igualmente
do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e vegetal também. importante, do que é criado ao que é destruído.
Sim, mas é a sorte às vezes.
A ciência pode não oferecer a salvação eterna, mas oferece a
Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa:que fosse ao possibilidade de vivermos livres do medo irracional do desconhecido.
mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranquilidade Ao dar ao indivíduo a autonomia de pensar por si mesmo, ela oferece
ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano a liberdade da escolha informada. Ao transformar mistério em desafio,
e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu a ciência adiciona uma nova dimensão à vida, abrindo a porta para
livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho um novo tipo de espiritualidade, livre do dogmatismo das religiões
uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de organizadas.
pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.
A ciência não diz o que devemos fazer com o conhecimento que
Simplesmente as palavras do homem. acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral tomada pelos políticos que
(Clarice Lispector) elegemos, ao menos numa sociedade democrática. A culpa dos usos mais
nefastos da ciência deve ser dividida por toda a sociedade. Inclusive, mas
Fonte: contobrasileiro.com.br/sobre-a-escrita-conto-declarice-lispector/
não exclusivamente, pelos cientistas. Afinal, devemos culpar o inventor
Na frase “Simplesmente não há palavras.”, há um exemplo de da pólvora pelas mortes por tiros e explosivos ao longo da história? Ou o
oração sem sujeito. Assinale a opção que também apresenta uma inventor do microscópio pelas armas biológicas?
oração sem sujeito. A ciência não contrariou nossas expectativas. Imagine um mundo
a) Ocorreu um acidente na via expressa. sem antibióticos, TVs, aviões, carros. As pessoas vivendo no mato, sem
os confortos tecnológicos modernos, caçando para comer. Quantos
b) Chegaram os convidados para a festa. optariam por isso?
c) Precisa-se de professor de alemão. A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não da ciência.
d) Ontem chuviscou durante toda tarde. Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o seu destino
e) Viveu naquele bairro durante meses. responsavelmente. Nosso futuro depende disso.
Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College (EUA).
09. (DIRENS AERONÁUTICA) Assinale a alternativa que apresenta sujeito
Assinale a alternativa que apresenta o núcleo do sujeito do seguinte
composto.
período: “Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o
a) “Mui grande é o vosso amor e o meu delito (...).” (Gregório de Matos) seu destino responsavelmente”.
b) “Senhora, doei-vos de mim e lembrai-vos do que me prometestes.” a) ciência d) escolher
(João de Barros)
b) versada e) destino
c) “Ela foi descendo até o portão, onde passava um bonde em que
c) sociedade
entrou e partiu.” (Machado de Assis)
d) “Houve um momento de silêncio: todos os rostos empalideceram;
11. (PRAÇA DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA) Assinale a
todos os lábios calaram.” (Alexandre Herculano)
opção que apresenta um caso de sujeito indeterminado.
a) Choveu a noite toda.
10. (ESPCEX)
b) Há muitos acidentes nesta rua.
SOBRE A IMPORTÂNCIA DA CIÊNCIA
c) Chega de tanta hipocrisia.
Parece paradoxal que, no início deste milênio, durante o que
chamamos com orgulho de “era da ciência”, tantos ainda acreditem d) Falam mal de você.
em profecias de fim de mundo. Quem não se lembra do bug do e) Existem cadeiras vazias.
milênio ou da enxurrada de absurdos ditos todos os dias sobre a
previsão maia de fim de mundo no ano 2012? 12. (PRAÇA DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA) Assinale a
Existe um cinismo cada vez maior com relação à ciência, um opção que apresenta um sujeito composto.
senso de que fomos traídos, de que promessas não foram cumpridas. a) As manhãs de outono são maravilhosas.
Afinal, lutamos para curar doenças apenas para descobrir outras
novas. Criamos tecnologias que pretendem simplificar nossas vidas, b) Sua alegria e sua doçura são contagiantes.
mas passamos cada vez mais tempo no trabalho. Pior ainda: tem c) Nós estávamos numa situação complicada.
sempre tanta coisa nova e tentadora no mercado que fica impossível d) Chegaram de viagem semana passada.
acompanhar o passo da tecnologia.
e) O beija-flor é o pássaro mais belo.
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SINTAXE I
13. (DIRENS AERONÁUTICA) Assinale a alternativa em que o sujeito 19. (CONSULPLAN - Soldado Bombeiro Militar - CBM PA) Texto para
está corretamente destacado. responder à questão.
a) “O trovão ribombava de instante a instante.” (C. Soromenho) O DIREITO À LITERATURA
b) “Nem o pranto os teus olhos umedece O assunto que me foi confiado nesta série é aparentemente meio
Nem te comove a dor da despedida.” (Olavo Bilac) desligado dos problemas reais: “Direitos humanos e literatura”. As
c) “Aqui e além, recantos e arvoredos maneiras de abordá‐lo são muitas, mas não posso começar a falar
sugestionavam trágicos segredos.” (Conde de Monsaraz) sobre o tema específico sem fazer algumas reflexões prévias a respeito
d) “Doiravam-lhe o cabelo claros lumes dos próprios direitos humanos. [...]
Do sacrossanto esplendor antigo.” (Cruz e Sousa) [...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer
que aquilo que consideramos indispensável para nós é também
14. (DIRENS AERONÁUTICA) Leia: indispensável para o próximo. Esta me parece a essência do problema,
inclusive no plano estritamente individual, pois é necessário um
“Oh, Dora,
grande esforço de educação e autoeducação a fim de reconhecermos
Rainha do frevo e do maracatu,
sinceramente este postulado. Na verdade, a tendência mais funda é
Ninguém requebra nem dança
achar que os nossos direitos são mais urgentes que os do próximo.
Melhor do que tu”
[...] a literatura aparece claramente como manifestação universal
Analisando sintaticamente os versos acima, pode-se afirmar que
de todos os homens em todos os tempos. Não há povo e não há
a) “Rainha do frevo e do maracatu” é vocativo. homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de entrar
b) “Ninguém” é sujeito. em contato com alguma espécie de fabulação. Assim como todos
c) “Dora” é sujeito. sonham todas as noites, ninguém é capaz de passar as vinte e quatro
horas do dia sem alguns momentos de entrega ao universo fabulado.
d) “Dora” é aposto. [...]
Ora, se ninguém pode passar vinte e quatro horas sem mergulhar
15. (DIRENS AERONÁUTICA) Leia e responda.
no universo da ficção e da poesia, a literatura concebida no sentido
1. Com a eloquência de sua oratória, fez o nobre deputado defesa amplo a que me referi parece corresponder a uma necessidade
da Reforma da Previdência. universal, que precisa ser satisfeita e cuja satisfação constitui um
2. Não se dorme bem com o calor insuportável em uma grande direito. [...]
metrópole durante o verão tropical brasileiro. Portanto, a luta pelos direitos humanos abrange a luta por um
3. Tempestade forte, transbordamento de rios e deslizamento de estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes
encostas castigaram a cidade do Rio de Janeiro em 2019. níveis de cultura. A distinção entre cultura popular e cultura erudita
não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como
Tem-se, respectivamente,
se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividida em esferas
a) sujeito simples; sujeito composto; sujeito indeterminado. incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores.
b) simples; sujeito indeterminado; sujeito composto. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a
c) sujeito composto; sujeito indeterminado; sujeito simples. fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os
níveis é um direito inalienável.
d) sujeito indeterminado; sujeito simples; sujeito composto.
(CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos.
Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.)
16. (DIRENS AERONÁUTICA) Assinale a alternativa que contém
oração sem sujeito. Em “[...] pensar em direitos humanos tem um pressuposto: reconhecer
a) Ainda se vivia num mundo de incertezas. (A. Bessa Luís) que aquilo que consideramos indispensável para nós é também
indispensável para o próximo.” (2º§) a forma verbal “tem” estabelece
b) Havia cinco anos que D. Felicidade o amava. (Eça de Queirós)
concordância verbal com seu referente, sujeito da oração, a saber:
c) Meu professor de análise sintática era o tipo do sujeito inexistente.
a) “humanos”.
(Paulo Leminski)
b) “reconhecer”.
d) Tinha-se posto de joelhos, com as mãos estendidas, parecia
implorar p iedade. (Alexandre Herculano) c) “um pressuposto”.
d) “direitos humanos”.
17. (DEIP PM-PI) “Recebeu o prêmio o jogador que fez o gol”. Nessa e) “pensar em direitos humanos”.
frase o sujeito de “fez”?
a) o prêmio; 20. (PRAÇA DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA) Leia a oração
b) o jogador; a seguir.
c) que; “Ao amigo a diretora ofereceu, durante a visita, uma valiosa ajuda.”
d) o gol; Assinale a opção que apresenta o sujeito da oração acima.
e) recebeu. a) Ao amigo
b) a diretora
18. (ESA) Em: “... milhares de indivíduos voltam a ver o mundo graças c) ofereceu
às córneas doadas.”, que tipo de sujeito se manifesta?
d) durante a visita
a) Sujeito simples
e) uma valiosa ajuda
b) Sujeito composto
c) Sujeito inexistente
d) Sujeito indeterminado
e) Sujeito oculto
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E se quiser que mude, não podendo fazer nada para isso, espere, que 06. (AOCP)
mudará por si. ABRIL DESPEDAÇADO
[...] Alessandra Salina
Tudo isso que de uns tempos para cá me vem ocorrendo, às vezes
inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento há O filme Abril Despedaçado, de Walter Salles, aborda o conflito de
poucos dias, quando eu ia caminhando distraído pela praia. Revirava terras entre duas famílias no interior nordestino do Brasil. Essa disputa
na cabeça, não sei a que propósito, uma frase ouvida desde a infância se mantém durante várias gerações e se caracteriza por um ritual no
e que fazia parte de sua filosofia: não se deve aumentar a aflição qual sempre os filhos mais velhos de cada família se enfrentam em um
dos aflitos. Esta máxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos duelo de morte em nome de suas terras, de forma que as mortes se
Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente alternavam entre as famílias. Abril Despedaçado mostra a repercussão
Seu Domingos perfilharia: não devemos exigir das pessoas mais do desta prática na história de vida dos personagens, principalmente em
que elas podem dar. De repente fui fulminado por uma verdade tão relação ao protagonista Tonho (Rodrigo Santoro) e seu irmão Menino.
absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos O contexto dessa história também denuncia a pobreza do sertão e
para entender melhor. No entanto era uma verdade evangélica, de principalmente os vários níveis de exploração e domínio estabelecidos.
clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vênia de A família evidenciada no filme sobrevive da confecção da rapadura e,
gratidão a Seu Domingos por me havê-la enviado: enquanto o pai de família força o filho pequeno ao trabalho intenso,
— Só há um meio de resolver qualquer problema nosso: é resolver também é explorado pelo dono da venda que passa a pagar menos
primeiro o do outro. pelo seu produto.
Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom O filme mostrou-se um recurso muito rico para observação e
senso, da experiência adquirida ao longo de uma vida sem maiores análise da violência, principalmente a psicológica. É importante
ambições: Seu Domingos, além de representante de umas firmas ressaltar que outro personagem, Menino, é vítima constante de
inglesas, era procurador de partes — solene designação para uma violência: apanha do pai, é proibido de brincar, obrigado a trabalhos
atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. forçados e presencia o assassinato de um dos irmãos.
A princípio os amigos, conhecidos, e depois até desconhecidos Outro aspecto positivo do filme é o fato de mostrar uma população
passaram a procurá-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma que sofre violência e que possivelmente apenas intervenções amplas
orientação. Era de se ver a romaria no seu escritório todas as manhãs: em seu contexto poderiam protegê-las, como o oferecimento de
um funcionário que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo condições dignas de trabalho, moradia, acesso à escola etc.
marido, um pai agoniado com problemas do filho — era gente assim Disponível em: http://www.laprev.ufscar.br/sinopse-filmes/abril-despedacado
que vinha buscar com ele alívio para a sua dúvida, o seu medo, a Acesso em 21/01/2018.
sua aflição. O próprio Governador, que não o conhecia pessoalmente,
certa vez o consultou através de um secretário, sobre questão Analise o seguinte trecho e assinale a alternativa INCORRETA. “Essa
administrativa que o atormentava. Não se falando nos filhos: mesmo disputa se mantém durante várias gerações e se caracteriza por
depois de ter saído de casa, mais de uma vez tomei trem ou avião e fui um ritual no qual sempre os filhos mais velhos de cada família se
colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz. enfrentam em um duelo de morte em nome de suas terras[...].”
Resta apenas evocá-la, como faço agora, para me servir de a) Trata-se de um período composto por três orações.
consolo nas horas más. No momento, ele próprio está aqui a meu b) A relação existente entre a primeira e a segunda oração é de
lado, com o seu sorriso bom. adição.
SABINO, Fernando. A volta por cima. ln: Obra Reunida v. III.
Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto adaptado) c) A primeira oração denomina-se principal, por não iniciar por
conjunção.
Com base no texto, responda à questão a seguir. d) Na segunda oração, o sujeito está ocultado para evitar repetições
Assinale a opção que contém o maior número de orações. desnecessárias.
a) "De uns tempos para cá, porém, comecei a perceber que a e) O sujeito da segunda oração é “várias gerações”.
opinião, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a
alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer." (4°§) 07. (IBFC)
b) "Isso significará talvez — Deus queira — que insensivelmente vou Texto
me tornando com o correr dos anos cada vez mais parecido com SANTINHO
ele." (4°§)
(Luiz Fernando Veríssimo)
c) "Os filhos guardavam zelosa distância, até que ela ia aos seus
afazeres e ele se punha à disposição de cada um, para ouvir Me lembro com clareza de todas as minhas professoras, mas me
nossos problemas e ajudar a resolvê-los." (9º§) lembro de uma em particular. Ela se chamava Dona Ilka. Curioso: por que
d) "Se acaso ainda estávamos acordados, podíamos contar com o escrevi “Dona Ilka” e não Ilka? Talvez por medo de que ela se materializasse
saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer." (9º§) aqui ao meu lado e exigisse o “Dona”, onde se viu tratar professora pelo
e) "Tudo isso que de uns tempos para cá vem me vem ocorrendo, primeiro nome, menino? No meu tempo ainda não se usava o “tia”. Elas
às vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu podiam ser boas e até maternais, mas decididamente não eram nossas
coroamento há poucos dias, quando eu ia caminhando distraído tias. A Dona Ilka não era maternal. Era uma mulher pequena com um
pela praia." (16°§) perfil de passarinho. Um pequeno passarinho loiro. E uma fera.
Eu era aluno “bem-comportado”. Era um vagabundo, não aprendia
05. (DEIP PMPI) Em “O governo anunciou a construção de novas nada, vivia distraído. Mas comportamento, 10. Por isto até hoje faço
estradas”, o período é: verdadeiras faxinas na memória, procurando embaixo de tudo e em
todos os nichos a razão de ter sido, um dia, castigado pela Dona Ilka.
a) composto por coordenação;
Alguma eu devo ter feito, mas não consigo lembrar o quê. O fato é que
b) simples; fui posto de castigo. Que consistia em ficar de pé num canto da sala de
c) composto por subordinação; aula, com a cara virada para a parede. (Isto tudo, já dá pra ver, foi mais ou
d) composto por coordenação e subordinação; menos lá pela Idade Média.) Mas o que eu nunca esqueci foi a Dona Ilka
ter me chamado de “santinho do pau oco”.
e) composto por duas orações.
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Ser bem-comportado em aula não era uma decisão minha nem era nada Maanape então é que foi se lavar, mas Jiguê esborrifava toda a
de que me orgulhasse. Era só o meu temperamento. Mas a frase terrível água encantada pra fora da cova. Tinha só um bocado lá no fundo e
da Dona Ilka sugeria que a minha boa conduta era uma simulação. Eu Maanape conseguiu molhar só a palma dos pés e das mãos. Por isso
era um falso. Um santo falsificado! Depois disso, pelo resto da vida, não ficou negro bem filho da tribo dos Tapanhumas. Só que as palmas
foram poucas as vezes em que um passarinho imaginário com perfil de das mãos e dos pés dele são vermelhas por terem se limpado na água
professora pousou no meu ombro e me chamou de fingido. Os santinhos santa. Macunaíma teve dó e consolou:
do pau oco passam a vida se questionando. – Não se avexe, mano Maanape, não se avexe não, mais sofreu
Já outra professora quase destruiu para sempre qualquer pretensão nosso tio Judas!”
minha à originalidade literária. Era para fazer uma redação em aula sobre a (Mario de Andrade. Macunaima. Adaptado)
ociosidade, e eu não tinha a menor ideia do que era ociosidade. Se a palavra
fora mencionada em aula tinha certamente sido num dos meus períodos Assinale a alternativa com trecho do texto caracterizado por período
de devaneio, em que o corpo ficava ali, mas a mente ia passear. E então, composto por coordenação.
me achando formidável, fiz uma redação inteira sobre um aluno que precisa a) Quando o herói saiu do banho estava branco loiro e de olhos
fazer uma redação sobre a ociosidade sem saber o que é isso, sua agonia e azuizinhos, água lavara o pretume dele.
finalmente sua decisão de fazer uma redação sobre um aluno que precisa
fazer uma redação sobre a ociosidade, etc. a professora chamou a atenção b) Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e
de toda a classe para a minha redação. Eu era um exemplo de quem acha Macunaíma se lembrou de tomar banho.
que com esperteza pode-se deixar de estudar e por isto estava ganhando um c) Muitos casos sucederam nessa viagem por caatingas rios
zero exemplar. Só faltou me chamar de original do pau oco. corredeiras, gerais, corgos, corredores de tabatinga matos-virgens
Enfim, sobrevivi. No ginásio, todos os professores eram homens, e milagres do sertão.
mas não me lembro de nenhuma marca que algum deles tenha d) Deixou-a bem na ponta dum mandacaru de dez metros, pra não
deixado. As relações com as nossas pseudomães, no primário, eram ser comida pelas saúvas.
mais profundas. As duas histórias que eu contei não têm nenhuma e) Só que as palmas das mãos e dos pés dele são vermelhas por
importância. Mas olha as cicatrizes. terem se limpado na água santa.
Em “Era um vagabundo, não aprendia nada, vivia distraído.", percebe-
se que as orações são: 10. (DIRENS AERONÁUTICA) Instruções: Para responder à questão,
leia o fragmento a seguir.
a) independentes sintaticamente.
“Poucas pessoas não experimentaram a sensação incômoda, irritante,
b) absolutas entre si.
que muitas vezes evolui para persecutória, de estar na fila errada, a fila que
c) dependentes morficamente. não anda. Nas estradas, quando há retenções, percebem-se motoristas
d) contraditórias semanticamente. acometidos pela angústia da fila errada, e trocam para lá, voltam para cá,
irritados porque nas outras pistas os carros andam, na deles, não. Com a
08. (PRAÇA DE 2ª CLASSE DA RESERVA DA MARINHA) Na frase repetição, muitos desenvolvem a neurose da fila que não anda.”
"Tanto tenho falado e você não escuta", a palavra sublinhada inicia (ÂNGELO, Ivan. “A fila que não anda”. In: Certos homens.
Porto Alegre: Arquipélago Editorial, 2011, p.43).
uma oração
a) coordenada aditiva. d) coordenada alternativa. No trecho lido, há ausência de oração
b) subordinada concessiva. e) coordenada adversativa. a) coordenada assindética.
c) subordinada consecutiva. b) subordinada adjetiva restritiva.
c) subordinada substantiva reduzida.
09. (VUNESP) No outro dia Macunaíma pulou cedo na ubá e deu uma
chegada até a foz do rio Negro pra deixar a consciência na ilha de d) subordinada adverbial consecutiva.
Marapatá. Deixou-a bem na ponta dum mandacaru de dez metros, pra
não ser comida pelas saúvas. Voltou pro lugar onde os manos esperavam
e no pino do dia os três rumaram pra margem esquerda da Sol. RESOLUÇÃO EM VÍDEO
Muitos casos sucederam nessa viagem por caatingas rios corredeiras, Abra o ProApp, leia o QR Code, assista à resolução
gerais, corgos, corredores de tabatinga matos-virgens e milagres do de cada exercício e AVANCE NOS ESTUDOS!
sertão. Macunaíma vinha com os dois manos pra São Paulo. [...]
Uma feita a Sol cobrira os três manos duma escaminha de suor e
Macunaíma se lembrou de tomar banho. Porém no rio era impossível GABARITO
por causa das piranhas tão vorazes que de quando em quando na luta
pra pegar um naco de irmã espedaçada, pulavam aos cachos pra fora EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
d’água metro e mais. Então Macunaíma enxergou numa lapa bem no 01. E 04. D 07. A 10. E
meio do rio uma cova cheia d’água. E a cova era que-nem a marca
02. C 05. E 08. A
dum pé-gigante. Abicaram. O herói depois de muitos gritos por causa
do frio da água entrou na cova e se lavou inteirinho. Mas a água 03. C 06. A 09. A
era encantada porque aquele buraco na lapa era marca do pezão do EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
Sumé, do tempo em que andava pregando o evangelho de Jesus pra
01. A 05. E 09. A 13. A 17. C
indiada brasileira. Quando o herói saiu do banho estava branco loiro e
de olhos azuizinhos, água lavara o pretume dele. E ninguém não seria 02. D 06. A 10. C 14. B 18. A
capaz mais de indicar nele um filho da tribo retinta dos Tapanhumas. 03. C 07. A 11. D 15. B 19. E
Nem bem Jiguê percebeu o milagre, se atirou na marca do pezão do 04. C 08. D 12. B 16. B 20. B
Sumé. Porém, a água já estava muito suja da negrura do herói e por mais EXERCÍCIOS DE COMBATE
que Jiguê esfregasse feito maluco atirando água pra todos os lados só
conseguiu ficar da cor do bronze novo. Macunaíma teve dó e consolou: 01. D 04. B 07. B 10. D
– Olhe, mano Jiguê, branco você ficou não, porém pretume foi-se 02. B 05. E 08. E
e antes fanhoso que sem nariz. 03. B 06. E 09. C
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ANOTAÇÕES
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