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28/10/2022
A Alquimia, como qualquer maçom regular ou pessoa que estudou a Fraternidade sabe, é
um dos pilares da Ordem. Ela também, como podemos atestar através de autores clássicos
que escreveram sobre o assunto, como Marcellin Berthelot (químico e político orientalista
francês do século XIX), e também da análise direta de obras primárias, como por exemplo [ -
] de [fulano de tal] e tantas outras obras alquímicas daquele que é considerado a berço da
alquimia ocidental – as abadias inglesas do século XI, XII e XIII, que, feitas a partir de
manuscritos alquímicos arábicos (vindos em sua maioria do Al-Andalus ibérico), nos
confirmam a origem árabe e islâmica inequívoca da ciência conhecida no Oriente Próximo
como Al-Kimiyyah. Tão evidente era essa origem que os abades e monges que traduziam
tais obras o faziam e o mantinham em segredo, para não sofrerem represálias (tais como
excomunhão, na mais otimista das hipóteses) da Igreja Católica Romana (cuja exercício de
um poder político intolerante, cruel e ditatorial sobre as mentes, almas e mãos de seus fiéis
sempre configurou um grande inimigo da Obra e um dragão a ser abatido); em fato, as
origens palpáveis pela historiografia moderna da Maçonaria (excluindo as origens místicas e
lendárias) estão tanto nas Guildas de Pedreiros quanto nos monastérios.
Mais ainda, prosseguindo no tempo, temos no Império Otomano do século XVII, lar do
Califado dos muçulmanos sunitas, também, o surgimento de uma outra grande influência
não apenas na Maçonaria, mas em outras ordens que já vinham se formando desde o
advento do Renascimento Europeu e o alvorecer da Era Moderna. Na metade do século
XVII, despontou na cidade de Esmirna, na atual Turquia, um rabino judeu sefardita
chamado Shabbetai Zvi. Carismático rabino e exímio cabalista, Zvi através do seu
conhecimento esotérico e místico da Cabalá (principalmente da ciência mística das letras
hebraicas) operava diversos milagres na comunidade local; um prodígio ordenado aos 18
anos, Zvi, no entanto, começou a ter um comportamento estranho com o passar do tempo.
Não demorou muito para que se declarasse o Messias dos judeus e chamasse o povo de
Israel para seu seguimento adiante uma nova Era Messiânica. Zvi, após receber em seu
rebanho aquele que seria seu mais devoto discípulo, Natã de Gaza, fez um tour pelo Império
Otomano quebrando normas Haláchicas (da Halachá, a Lei Mosaica) e operando feitos
extraordinários em nome da Nova Era. Após dividir a judiaria num cisma (da qual ela não se
recuperaria tão cedo), Zvi foi aprisionado pelo Vizir do Sultão Otomano que, querendo lhe
pregar uma peça, o disse que, caso se não convertesse ao Islã, morreria. Zvi, com medo,
converteu-se ao Islã, o que definitivamente encerrou sua curta Era Messiânica... ou não. A
maior parte de seus seguidores retornaram, cabisbaixos e arrependidos, ao Judaísmo
ortodoxo. Alguns se suicidaram. Outros, no entanto, fiéis a seu Messias, viram nisso um
sinal – uma última prova –, e repetiram seu feito: milhares de sabateístas se converteram,
então, ao Islã; estes conversos, que exteriormente praticavam o Islã mas internamente
mantinham práticas judaicas à moda de Shabbetai, ficaram conhecidos como Dönmeh.
Shabbetai e muitos de seus seguidores tiveram uma relação estreita e amigável com a
ordem sufi Bektashiyyah. Esta informação nos será útil mais á frente, quando falarmos da
relação entre a Maçonaria e o Sufismo.
Apesar de tudo isso, como foi dito no início do texto, a situação da Maçonaria no Mundo
Islâmico, infelizmente, não é das melhores: além do preconceito do senso comum inspirado
em propagandismo islamista e baathista (o “socialismo árabe” bem popular durante a Guerra
Fria), a seita dos wahabbitas e dos salafistas (comuns nas monarquias do Golfo e na
monarquia Saudita, que os financia no resto do mundo) têm alimentado esse sentimento.
Por exemplo, não muito tempo atrás o "Colégio Jurisprudencial Islâmico", numa sessão em
Meca, numa decisão claramente absurda e parcial (como todas aquelas vindas dos salafi-
wahabbitas) declarou a Maçonaria como entidade ligado ao Judaísmo e ao Sionismo e com
propósitos subversivos e sinistros, declarando-os agentes do ‘maligno’ e da heresia,
barrando muçulmanos de entrarem, declarando os muçulmanos que forem maçons como
"descrentes" e "apóstatas".
Esta situação, inclusive se repetiria no Oriente Médio, cujas origens da Maçonaria por lá
remontam ao início das expedições orientalistas e da própria colonização europeia. A
primeira loja no OM foi de rito escocês, fundada em Áden (Iêmen) em 1850. Atualmente
poucas lojas restam, a mais antiga delas ainda ativa é uma escocesa na Jordânia, fundada
em 1925. A grande maioria das lojas foram fundadas sob os auspícios das Obediências da
Grã-Bretanha, França e da Itália. No entanto, a Maçonaria tentou crescer no mundo árabe.
Durante a última metade do século XIX, a Maçonaria foi significativa no Oriente Médio,
particularmente no Império Otomano. Além disso, a tradição árabe foi abraçada na busca de
legitimidade ritualística: uma autoridade maçônica afirmou que os quraysh, a tribo guardiã de
Meca e da Caaba, bem como a tribo do próprio Profeta Muhammad (sas), guardiões da
sagrada kaacba em Meca eram membros da Obra Maçônica. Verdade ou não, a seguir,
veremos as histórias incríveis e verídicas dos quatro países onde a Franco-maçonaria mais
prosperou.
Síria
A Maçonaria Síria começou em 1868, com um orientalista americano chamado Robert
Morris, membro de uma loja regular do estado do Kentucky, viajando para a Síria buscando
estabelecer uma Obediência regular ali. Uma vez em Damasco, foi guiado pelo Emir Abdul
Qadir al-Jaza’iri– um santo sufi da ordem Qadiriyyah e herói de resistência anticolonial
argelino –, que era maçom (ele o cumprimentou com o toque secreto, inclusive), à presença
do governador otomano de Damasco, Mehmed Rashid Pasha, também um maçom. Apesar
de haverem maçons turcos, árabes, e muçulmanos, não havia ainda no Levante uma
Obediência maçônica regular, nem uma Loja regular. Juntos, então, eles fizeram a primeira
do Levante e da Síria. A data da cerimônia de inauguração da Obra na Síria, realizada com o
patrocínio de Rashid Pasha, com um Alcorão e uma Bíblia como livros da lei, num 7 de abril,
é icônica na história da Síria. Foi o dia em que a Maçonaria baseada em Damasco nasceu
em 1868 e também foi o dia em que o Baathismo viu seu nascimento setenta e nove anos
depois, também em Damasco. Foi o Baathismo que invadiu e acabou destruindo a
Maçonaria de Damasco, em 1965. Entre os homens na cerimônia estavam Nazif Meshaka,
filho de uma rica família cristã, que servia como secretário do vice-cônsul americano em
Damasco, e Mohammad Ali Mahasin, um notável de uma grande e proeminente família
muçulmana sunita de Damasco que também era secretário do Supremo Tribunal Otomano
da cidade. Os notáveis argelinos muçulmanos baseados em Damasco Muhiddine el-Djezairi
e Mohammad el-Djezairi, filhos do Emir Abdul Qadir supracitado, também estiveram
presentes.
Os maçons sírios não odiavam a França apenas por sua tirania colonial, mas também por
seu Grande Oriente estar sempre tentando minar – a serviço do Palácio do Eliseu –, ou
tomar controle, da Maçonaria local. Em 1923, trinta lojas foram registradas na Síria e no
Líbano, com um total de 15.000 maçons – 7.000 só em Damasco –. A maioria das lojas
ficavam perto da Grande Mesquita Omíada - o túmulo do profeta Yahya (conhecido na
tradição cristã como João Batista).
Após a independência da Síria – orquestrada por maçons, para variar um pouco! –, a cena
política da Síria foi dominada por maçons até 1958. O presidente sírio Adib al-Shishakli,
arquiteto de três golpes de estado na década de 50, governou a Síria entre 1951-1954. Seu
companheiro, o general al-Fezu, também presidente da Síria na mesma década, também
era maçom. Um outro nacionalista sírio e figura política importante, inclusive na
independência siria, foi o político Antune Saadeh. Saadeh era um nacionalista sírio secular
que se recusava a respeitar as divisões sectárias do poder ou a aceitar as fronteiras da Síria
moderna. Foi extraditado na década de 60 para o Líbano, onde foi executado. O oficial
libanês que ordenou a execução foi o primeiro-ministro Riad al-Sulh, também maçom. Sulh
era um nacionalista libanês e um dos pais fundadores de seu país, agora que era
independente da França. Ele havia negociado pessoalmente seu Pacto Nacional com o
presidente Khoury, um acordo de cavalheiros que dava a presidência libanesa a um
muçulmano sunita, a presidência da câmara a um xiita e a presidência do país a um cristão
maronita. Outra grande personalidade maçônica síria que reforça as contribuições sociais e
científicas da Maçonaria foi Riad Said, fundador e primeiro reitor da Universidade de
Damasco.
Na Síria, em 1958, o chefe da inteligência al-Sarraj e seu correligionário al-Hawrani eram
anti-maçons virulentos. Chegaram aos ouvidos dos Veneráveis Mestres de Damasco que
ambos estavam planejando batidas nas lojas e confisco de propriedade para, efetivamente,
destruir a Maçonaria Síria e encarcerar seus membros. A solução encontrada pelos irmãos
maçons foi antecipar-se à dupla: eles mesmo fecharam suas lojas e destruíram a grande
maioria de seus documentos. Em 1982, durante a Revolta Islamista na Síria, encabeçada
pela Irmandade Muçulmana, Bader al-Din Shallah - um conhecido e influente maçom de
alto grau - ajudou o presidente Hafez al-Assad indo falar pessoalmente com seus
correligionários comerciantes sunitas comerciantes para convencê-los a não apoiarem a
greve-geral que antecedeu o levante armado. Apesar da gratidão eterna de Hafez - e do ódio
eterno da Irmandade Muçulmana -, a Maçonaria Síria já estava virtualmente inoperante e
inexistente à essa altura, uma vez que em 1965, o primeiro governante baathista da Síria,
General Amin al-Hafez, baniu a Maçonaria, oficialmente. Daí, ela se dispersou e destruiu os
poucos documentos que restavam. Essa decisão foi tomada pois, m 10 de agosto de 1965,
apenas três meses após a execução o espião israelense no Egito Eli Cohen - um maçom -,
a Maçonaria foi proibida em toda a Síria, uma decisão aprovada pelo Conselho Presidencial.
O decreto foi publicado no porta-voz oficial do Partido Baath, al-Baath. Os maçons eram os
culpados por todos os males na Síria desde 1948. Para o presidente Amin al-Hafez -
tentando salvar sua reputação pessoal – a ele, parecia a única coisa lógica a fazer. A
Maçonaria síria, até hoje, não se recuperou.
Egito
A Maçonaria Egípcia tem sua origem histórica no século XIX, com o estabelecimento de
lojas pelos britânicos que formariam o Grande Oriente do Egito. Em lendas maçônicas, no
entanto, a Maçonaria surgiu no Egito (ou, ao menos, lá surgiu seu segredo), como diz
Hermes Trismegisto: "no Egito antes da areia". Estiveram envolvidos na Maçonaria egípcia
figuras da independência e da monarquia egípcia (que assumiu após a independência, feita
com o apoio da Inglaterra), como os próprios membros da família real, como Ismail Pasha
(antigo 'khedive', espécie de vice-rei otomano do Egito) e o Rei Farouq I do Egito. A situação
para os maçons começou a ficar tensa na década de 50, com o Golpe de Estado dos
generais baathistas liderados por Gamal Abdel Nasser que depuseram o Rei e instituíram
uma República autoritária em 1952. Após anunciar a nacionalização do Canal de Suez, uma
coligação entre Grã-Bretanha, França e Israel foi feita para invadir o Canal e o Sinal. Após
falharem, Nasser expulsou os estrangeiros, o que diminuiu o número de maçons no país. A
desconfiança de Nasser com a Maçonaria, a partir disso, só vinha aumentando cada vez
mais. A gota d'água para o ditador foi quando, em 1964, um espião israelense pertencente a
uma loja egípcia, o judeu egípcio Eli Cohen, foi descoberto e executado. Isso levou Nasser
a proibir e desmantelar a Maçonaria do país.
Líbano
O Líbano tem uma longa história maçônica. A Grande Loja da Escócia e a Grande Loja de
Nova York geralmente governam a maioria das lojas regulares localizadas no país. A
primeira Loja Maçônica a ser erguido no Líbano foi fundado pela Grande Loja da Escócia em
1861 e recebeu o nome Loja Palestina No. 415. Esta loja estava operando em Beirute, mas
ficou inativa em 1895. Quatro outras lojas escocesas foram erguidas no Líbano até a época
da Primeira Guerra Mundial, mas apenas algumas destes reviveu após a guerra. O Grande
Oriente da França fundou uma loja em 1869, com rito em árabe. Seguiram-se mais duas
lojas. Nenhuma sobreviveu à Primeira Guerra Mundial.
Outras novas lojas formadas antes da Grande Guerra foram as lojas de Beirute sob a
Grande Loja da Turquia, e uma loja sob a Grande Loja Nacional do Egito, erigida por volta
de 1914. Várias outras Lojas Egípcias autorizadas foram fundadas posteriormente, e após a
Primeira Guerra Mundial estas foram formadas em um Distrito. No final da Segunda Guerra
Mundial, parece que essas lojas foram extintas, fundidas ou alojadas em vários corpos
“maçônicos” espúrios.
Em Nova York, foi formada a Loja Sírio-Americana, em 1924, por imigrantes libaneses
americanos. Várias outras lojas foram erguidas antes da Segunda Guerra Mundial e depois.
Com exceção de uma loja originalmente erigida na Síria, todas as lojas fretadas de Nova
York em seu distrito Síria-Líbano (doze no total) continuaram a operar em situação regular
nos últimos tempos.
Grandes personalidades libanesas que foram maçons incluem Riad as-Sulh, que foi o
primeiro primeiro-ministro do Líbano (1943-1945), após a independência do país (a qual
protagonizou) e, como todos os seus sucessores como primeiro-ministro do Líbano, era
muçulmano sunita. Da mesma família dos Sulh, vinha outro primeiro-ministro, Rashid el-
Sulh. Havia também um cristão maronita que, quiçá, é um dos mais famosos libaneses: o
político, gângster e miliciano Bashir Gemayel, eleito presidente do Líbano em 1982, no
meio da Guerra Civil (ao qual liderava um grupo de inspiração fascista cristão
chamado Kataeb, ou “Falanges Libanesas”); foi impedido de assumir por ocasião de seu
assassinato a bomba, ainda em 1982.
Turquia
A Maçonaria na Turquia tem suas origens no antigo Império Otomano. Há documentações
que mostra a presença e operação de lojas desde o ano de 1738, na Anatólia. As lojas
continuaram a florescer até o dia 16 de Junho de 1826, quando o Sultão Mahmud II decretou
a extinção e prisão dos Janissários, a antiga “tropa de elite” otomana que havia acumulado
enorme poder político no Império; junto deles, foi proibida e perseguida a já referenciada
ordem sufi Bektashi, que havia de certa forma se tornado a “ordem sufi oficial” dos janízaros.
O que isso tem a ver com a Maçonaria? O fato de que, por algum motivo, as autoridades
otomanas e a ulemás sunita ortodoxa considerarem a Maçonaria uma espécie de
Bektashismo; isto é, que a Maçonaria era parte ou um braço da tariqa Bektashi. Desse
modo, a Maçonaria foi perseguida até que, após a Guerra da Criméia em 1856, a Obra
voltou a florescer com o aval do governo otomano e apoio do governo britânico,
especialmente do então embaixador britânico Lord Bulwer, que ajudou na organização do
Grande Oriente no Império. Entre 1860 e 1870 as lojas eram abertas como flores
desabrocham na Primavera e, foi durante o reinado do Sultão e Califa Abdülhamid II, um
sufi devoto, que a Maçonaria floresceu não apenas na Turquia, mas também no Oriente
Médio, á época governado pela Sublime Porta.
A Maçonaria turca passou pela Primeira Guerra Mundial e pela desintegração do Império
Otomano relativamente bem, até 1935, quando a situação política de opressão por parte do
governo da República Turca (que havia banido as ordens sufis) forçou o Conselho Supremo
da Turquia a entrar em um estado de hibernação. Esse período de estafa só foi encerrado
em 1948, até que em 1956 a Grande Loja da Turquia foi fundada e reconhecida e
consagrada pela Grande Loja da Escócia em 1965. Desde então, a Maçonaria turca se
tornou a mais numerosa e bem-sucedida num país de maioria muçulmana até hoje
A Maçonaria e o Sufismo
A conexão bektashi:
Um dos motivos que alguém pode ligar ao sucesso da Maçonaria na Turquia pode ser o fato
de que a nação turca é, historicamente e espiritualmente, dado ao misticismo e à devoção
esotérica. Isso pode ser visto no fato de ser o país com a maior diversidade e proeminência
de turuqs, as ordens sufis de misticismo islâmico, do Mundo. A Maçonaria, então, tem muitos
pontos em comum com as turuq: segredos, devoção a um Único Deus Criador, altruísmo e
rituais (embora de maneiras diferenciadas, claramente) que elevam a alma humana em sua
potência (no sentido aristotélico da palavra) para mais próximo do Criador.
Uma dessas ordens sufis é a Bektashiyyah, a qual já citamos no texto. A tariqa bektashi tem
crenças heterodoxas e práticas – inclusive rituais – não-convencionais e que não têm
paralelo algum no resto das turuq. Na realidade, é bem curioso notar que as autoridades
temporais e religiosas do Império Otomano no início do século XIX tivessem a visão do
Bektashismo e da Maçonaria como “a mesma coisa”, uma vez que muitos rituais bektashis –
especialmente o de iniciação do murid –, têm elementos simbólicos idênticos à cerimônia de
iniciação maçônica. Além disso, os bektashis também tem um misticismo em comum: a
bektashiyyah foi influenciado tanto pelos “cabalistas muçulmanos” Hufuriyyah de Fazlullah
al-Astarabadi quanto, possivelmente, pelos sabateístas com sua Cabalá. Desse modo, é
curioso que exista tanta reciprocidade não apenas de elementos, mas de doutrinas (que não
irei explicitar muito aqui), tais como a deificação do homem através dos ritos e o alcance da
gnose esotérica através da purificação da alma ainda em vida pelo conjunto entre rito e
conhecimento.
Outro exemplo do encontro entre a dimensão esotérica Sufi e a Maçonaria é o de Jamal al-
Din al-Afghani. Apesar de seu nome, ele não nasceu no Afeganistão, mas no Irã (e também
não era não era sunita, mas xiita). Várias fontes persas dizem que ele recebeu educação em
disciplinas islâmicas, em filósofos muçulmanos e em misticismo. Depois de ter ficado na
Índia e em Istambul, passou os anos de 1871 a 1879 no Egito, onde iniciou sua atividade
política contra o imperialismo e a favor das reformas liberais. No Cairo, começou a ensinar
ciências religiosas, filosofia, lógica, sufismo e literatura árabe em al-Azhar, a mais prestigiosa
universidade islâmica do Oriente Médio. Devido à sua abordagem intelectual progressista e
racionalista, juntamente com a sua oposição ao imperialismo e ao seu ativismo político, al-
Afghānī é considerado um dos atores mais eficazes na mudança cultural e ideológica no
Levante no final do século XIX. Ele é conhecido principalmente por seu compromisso
político, mas seus esforços reformistas provavelmente também encontrou terreno fértil para
a renovação racionalista em sua dimensão sufi pessoal.
Foi visto como, na Turquia, a política, o Sufismo e a Maçonaria chegaram mais perto do
alvorecer do século XX, quando muitos Jovens Turcos, muitas vezes afiliados Bektashis, se
juntaram a lojas maçônicas. Nesse contexto, uma figura de destaque foi o político e
intelectual Riza Tevfik (1868-1949). Nascido em uma família bektashi do norte da Albânia.
Tevfīk passou sua juventude em Edirne, Istambul, Izmir e Gallipoli (Gelibolu); nesta última
cidade, quando jovem, teve contato pela primeira vez com o misticismo turco das
irmandades populares e, graças aos dervixes rodopiantes da ordem sufi Mevleviyyah que
conheceu no convento de Hüssameddin, leu a famosa obra do Masnavi de Jalal ud-Din
Rumi.
Conclusão
Bibliografia: