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Os maçons, mais uma vez demonstrando seu ímpeto de justiça social e amor à
pátria, aprovaram resoluções estrondosas sobre a necessidade de combater o
colonialismo francês e criar um Estado maçônico no mundo árabe. Eles não
mencionaram como os não-maçons seriam tratados se tal entidade visse a luz
do dia. Um maçom xiita chamado Wajih Baydoun, por exemplo, escreveu um
ensaio em fevereiro de 1937 dizendo: “A Maçonaria nestas terras foi
corrompida ao máximo [pelo domínio francês]”. Em julho de 1920, o maçom Ata
al-Ayyubi tornou-se ministro do Interior, ocupando o cargo no após a ocupação
francesa da Síria. Ayyubi estabeleceu ligações com nacionalistas locais e
contrabandeou armas e fundos para um rebelde alauíta chamado Saleh al-Ali,
que iniciou uma revolta no litoral sírio (região de maioria alauíta) contra a
França, e também para Ibrahim Hananu, líder da revolta de Aleppo. Ayyubi
também deu passos sócio-políticos importantes, como introduzir extintores de
incêndio no Ministério do Interior e torná-los obrigatórios em todos os locais
públicos de Damasco, e implementar o sistema de bônus para a polícia,
mostrando o melhor que um maçom pode oferecer à vida social e política de
seu país, mesmo em contexto adverso. Sua atividade nacionalista era uma
ampla prova de que os maçons eram patriotas declarados e inimigos ferrenhos
do regime de mandato colonial ao invés de serem meros fantoches, como a
França tentava a tempos fazer da Maçonaria oriental.
Os maçons sírios não odiavam a França apenas por sua tirania colonial, mas
também por seu Grande Oriente estar sempre tentando minar – a serviço do
Palácio do Eliseu –, ou tomar controle, da Maçonaria local. Em 1923, trinta
lojas foram registradas na Síria e no Líbano, com um total de 15.000 maçons –
7.000 só em Damasco –. A maioria das lojas ficavam perto da Grande Mesquita
Omíada - o túmulo do profeta Yahya (conhecido na tradição cristã como João
Batista).
Egito
A Maçonaria Egípcia tem sua origem histórica no século XIX, com o
estabelecimento de lojas pelos britânicos que formariam o Grande Oriente do
Egito. Em lendas maçônicas, no entanto, a Maçonaria surgiu no Egito (ou, ao
menos, lá surgiu seu segredo), como diz Hermes Trismegisto: "no Egito antes
da areia". Estiveram envolvidos na Maçonaria egípcia figuras da independência
e da monarquia egípcia (que assumiu após a independência, feita com o apoio
da Inglaterra), como os próprios membros da família real, como Ismail Pasha
(antigo 'khedive', espécie de vice-rei otomano do Egito) e o Rei Farouq I do
Egito. A situação para os maçons começou a ficar tensa na década de 50, com
o Golpe de Estado dos generais baathistas liderados por Gamal Abdel Nasser
que depuseram o Rei e instituíram uma República autoritária em 1952. Após
anunciar a nacionalização do Canal de Suez, uma coligação entre Grã-
Bretanha, França e Israel foi feita para invadir o Canal e o Sinal. Após falharem,
Nasser expulsou os estrangeiros, o que diminuiu o número de maçons no país.
A desconfiança de Nasser com a Maçonaria, a partir disso, só vinha
aumentando cada vez mais. A gota d'água para o ditador foi quando, em 1964,
um espião israelense pertencente a uma loja egípcia, o judeu egípcio Eli
Cohen, foi descoberto e executado. Isso levou Nasser a proibir e desmantelar a
Maçonaria do país.
Líbano
O Líbano tem uma longa história maçônica. A Grande Loja da Escócia e a
Grande Loja de Nova York geralmente governam a maioria das lojas regulares
localizadas no país. A primeira Loja Maçônica a ser erguido no Líbano foi
fundado pela Grande Loja da Escócia em 1861 e recebeu o nome Loja
Palestina No. 415. Esta loja estava operando em Beirute, mas ficou inativa em
1895. Quatro outras lojas escocesas foram erguidas no Líbano até a época da
Primeira Guerra Mundial, mas apenas algumas destes reviveu após a guerra.
O Grande Oriente da França fundou uma loja em 1869, com rito em árabe.
Seguiram-se mais duas lojas. Nenhuma sobreviveu à Primeira Guerra Mundial.
Outras novas lojas formadas antes da Grande Guerra foram as lojas de Beirute
sob a Grande Loja da Turquia, e uma loja sob a Grande Loja Nacional do Egito,
erigida por volta de 1914. Várias outras Lojas Egípcias autorizadas foram
fundadas posteriormente, e após a Primeira Guerra Mundial estas foram
formadas em um Distrito. No final da Segunda Guerra Mundial, parece que
essas lojas foram extintas, fundidas ou alojadas em vários corpos “maçônicos”
espúrios.
Turquia
A Maçonaria na Turquia tem suas origens no antigo Império Otomano. Há
documentações que mostra a presença e operação de lojas desde o ano de
1738, na Anatólia. As lojas continuaram a florescer até o dia 16 de junho de
1826, quando o Sultão Mahmud II decretou a extinção e prisão dos Janissários,
a antiga “tropa de elite” otomana que havia acumulado enorme poder político
no Império; junto deles, foi proibida e perseguida a já referenciada ordem sufi
Bektashi, que havia de certa forma se tornado a “ordem sufi oficial” dos
janízaros. O que isso tem a ver com a Maçonaria? O fato de que, por algum
motivo, as autoridades otomanas e a ulemás sunita ortodoxa considerarem a
Maçonaria uma espécie de Bektashismo; isto é, que a Maçonaria era parte ou
um braço da tariqa Bektashi. Desse modo, a Maçonaria foi perseguida até que,
após a Guerra da Criméia em 1856, a Obra voltou a florescer com o aval do
governo otomano e apoio do governo britânico, especialmente do então
embaixador britânico Lord Bulwer, que ajudou na organização do Grande
Oriente no Império. Entre 1860 e 1870 as lojas eram abertas como flores
desabrocham na Primavera e, foi durante o reinado do Sultão e Califa
Abdülhamid II, um sufi devoto, que a Maçonaria floresceu não apenas na
Turquia, mas também no Oriente Médio, á época governado pela Sublime
Porta.
A Maçonaria e o Sufismo
A conexão bektashi:
Bibliografia:
https://historiaislamica.com
NAIRN, Bob; R.J.C., (2012). World of Freemasonry: Freemasonry in Israel, Lebanon, Syria and Jordan (2
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MOUBAYED, Sami (2017). East of the Grand Ummayad: Freemasonry in Damascus 1868-1968.
DE POLI, Barbara. “Sufi and Freemasons in the Ottoman Empire”. Freemansonry and the Orient
Esotericisms between the East and the West.