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1996
RAZÃO DE ESTADO
por João Adolfo Hansen
Resumo
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Nos inúmeros tratados do século XVII, que retomam a síntese das obras de
Maquiavel, Guicciardini, Bodin e Tácito feita pelo jesuíta Giovanni Botero em seu
Della ragion di Stato, de 1588, discutem-se a natureza da hierarquia, o conselho
externo dos privados de Príncipe e o conselho interno da prudência, a fama dos
grandes e a murmuração de vulgares, as ocasiões, as medidas e os meios, astutos e
virtuosos, de controle de ministros e magistrados, de senhores e servos, os modos
de manter a plebe ocupada com trabalhos, divertimentos, castigos e festas…
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Meinecke informa que a expressão “razão de Estado” aparece usada pela primeira
vez em 1547, com o sentido moderno de “excepcionalidade”, na obra do
[9]
humanista Giovanni della Casa. No início do século XVI, a noção foi
sistematizada por Maquiavel, cuja obra se tornou o divisor de águas das doutrinas
sobre o poder e a “razão de Estado”. Ainda que não tenha utilizado a expressão, a
partir de sua obra ela passou a ser entendida como uma regra permanente do
Estado, cuja única lei seria a da necessidade da própria conservação.
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É a doutrina médica dos quatro humores que dá receitas para a decisão quando se
trata de escolher ministros. Dos temperamentos, é o moderado que mais convém
para o poder, pois a mistura do humor sanguíneo com o melancólico tempera o
excesso de agitação do sangue. A moderação marca a presença senhoril,
inclinando-a à justiça, à magnanimidade e à clemência. Flegmáticos são mais para
servir que para mandar, pois trazem o entendimento assombrado por suspeitas. O
temperamento moderadamente colérico mescla bens e males: sujeito às alterações
do humor, é variável, e menos grave do que pede a majestade de um Príncipe.
Quanto ao melancólico, não faz o Príncipe tão majestoso, como se requer, nem de
ânimo grande, como se necessita, mas o torna engenhoso, ainda que parcimonioso
e calado. E, se o engenho do ministro é muito agudo, não se resolve no menos fácil
e conveniente, porque é mais afeito a novidades que a resoluções prudentes. Um
ministro de grandes partes ofende-se de obedecer a um homem incapaz de
[13]
grandezas. O conselho de ministros não deve exceder a inteligência do Príncipe.
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No De regno, II, 2, santo Tomás afirma que o bem de qualquer ação pressupõe sua
adequação ao fim para o qual é feita. Governar um ser é conduzi-lo como convém
ao fim requerido pela sua natureza. Aqui, novamente aparece a antiga tópica
retórica do piloto e do barco: costuma-se dizer que um navio está governado
quando a habilidade do piloto o conduz sem danos para o porto pelo caminho
reto. Mantendo-se a analogia, assim como uma coisa está ordenada para algum
fim extrínseco, como o navio que deve atingir o porto, do mesmo modo o ofício de
quem governa consistirá “não só em conservar intata a coisa nela mesma, mas,
[15]
além disso, em conduzi-la a seu fim”.
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A questão do fim implica que se especifique o fim “de toda a multidão e […] o do
indivíduo”. Se o fim do homem fosse um bem qualquer que existisse nele mesmo e
se, do mesmo modo, o fim último da multidão a ser governada fosse o de adquirir
um tal bem e manter-se nele e, ainda, se esse fim último consistisse na vida e na
saúde, isso seria encargo de um médico. Contudo “o fim da multidão agrupada em
sociedade é o de viver segundo a virtude”. Os homens se reúnem para levar juntos
uma vida boa, o que não podem conseguir vivendo isolados. Como apenas a vida
segundo a virtude é boa, a vida virtuosa é, portanto, o fim da sociedade humana.
No entanto, o homem que vive segundo a virtude está ordenado para um fim
ulterior que consiste no gozo de Deus; logo, é preciso que a multidão humana
tenha o mesmo fim que o indivíduo. O fim último da sociedade não é viver
[16]
segundo a virtude mas, pela vida virtuosa, atingir o gozo de Deus. Essa
concepção é o pressuposto doutrinário de Botero, que ensina ao Príncipe a boa
navegação católica pelos mares da heresia.
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O que se faz por “razão de Estado” são coisas que não podem ser reduzidas à razão
ordinária e comum e que, por isso, estão acima do direito comum. A “razão de
Estado” é, no caso, uma entidade mais ampla, corporificada no tema do “bem
comum”, no qual o interesse particular e o interesse geral teoricamente se fundem
com harmonia. Nesse sentido, mesmo as medidas tomadas pelo Príncipe em nome
da “razão de Estado” não visam um alvo diverso do interesse de particulares, mas
a manutenção da harmonia deles entre si e com o interesse superior da
[19]
comunidade.
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É necessário, para isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os
ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do
bem, mas, podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado. O Príncipe
deve, no entanto, ter muito cuidado em não deixar escapar da boca expressões que
não revelem as cinco qualidades acima mencionadas, devendo aparentar, à vista e ao
[20]
ouvido, ser todo piedade, fé, integridade, humanidade, religião.
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Contra a doutrina luterana do direito divino dos reis, a doutrina católica exposta
por Botero em Da razão de Estado defende que a autoridade política é instituída de
iure humano (por direito humano). Trata-se de uma quasi alienatio, pois a
transferência do poder que estava no povo para o rei é interpretável,
analogicamente, pelo modelo jurídico da escravidão, como se dá em Suárez. Pela
transferência do poder, o Príncipe não tem superior: não há ninguém que possa
obrigá-lo a nada: é legibus solutus, livre do poder coercitivo das leis, mas deve
seguir a lei natural para que seu governo seja legítimo. Doutra forma, torna-se
tirano, podendo ser destronado e mesmo morto.
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Como escreve santo Tomás, o Príncipe — sua persona idealis (mystica ou publica),
não o homem particular que foi feito Príncipe — é legibus solutus, acima das leis.
Isso porque, não podendo dar ordens a si mesmo, está livre da força de coação da
lei, mas ao mesmo tempo está subordinado a ela por sua força de direção. Por isso,
segundo a “razão de Estado” católica, enquanto controla o corpo político de seu
Estado na esfera temporal, teoricamente a Igreja continuaria guiando as almas de
seu reino na esfera espiritual. Nas versões cristãs, principalmente nas católicas, o
modelo que fornece os critérios teóricos do poder absolutista e da “razão de
Estado” é o da infalibilidade absoluta do papa como vigário de Cristo ou vice-
Cristo. Kantorowicz o diz de modo lapidar:
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Quando a mesma guerra passa a ser teorizada não como algo excepcional mas
como o termo que define a realidade efetiva das coisas em sociedade, necessidade
torna-se a determinação primeira da política; e como “a necessidade não conhece
lei”, a moral cristã torna-se supérflua.
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O Príncipe, por exemplo, faz a teoria do que Maquiavel chama “o príncipe novo”,
ou seja, o novo tipo de governante que chegou ao poder pela força das armas,
[23]
como César Bórgia, e que poderia, quem sabe, unificar a Itália. Quando os
capítulos XV, XVI, XVII e XVIII, por exemplo, são lidos como uma teoria geral, o
pensamento de Maquiavel é deslocado do seu contexto especificamente italiano,
passando a ser interpretado como uma técnica geral da tirania, definida em termos
tradicionais, nas interpretações religiosas dele, como falta de ética. O
“maquiavelismo” é, antes de tudo, um produto dos inimigos de Maquiavel, que
capturam seu pensamento em categorias teológico-políticas como as de “Deus”,
“pessoa humana”, “luz natural”, “Graça” e “moral”, apagando na operação o fato
de que, pela base, a questão teológica e a moral estão postas de lado pela sua
obra, que nem sequer admite a classificação de “moral/imoral”, pois é regida por
outro sistema de pressupostos.
Nas Histórias florentinas (V, I), conforme a noção renascentista que entende a
história como movimento pendular de ascensões e decadências, Maquiavel escreve
que a virtù produz o repouso, que o repouso produz o ócio, que o ócio produz a
desordem, e que esta causa a ruína dos Estados, para outra vez, do meio das
ruínas, renascer a virtude, e da virtude, a glória e a prosperidade. É
principalmente o ócio especulativo que leva à ruína. Como as letras o pressupõem,
cultivá-las também significa defender a paz. Como diz em O Príncipe, não há
engano mais perigoso nem mais seguro do que esse para introduzir a ociosidade
nos Estados. As letras reduzem à ociosidade o repouso conquistado pelas armas e
ela leva ao esquecimento das virtudes guerreiras. É oportuno viver a paz com o
pensamento constante da guerra para impedir que a ociosidade corrompa o
Estado.
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Em Trento também se afirmou que o homem tem capacidade inata e volitiva para
entender a lei natural inscrita em sua consciência por Deus; mas, como é criatura
[27]
decaída, também tem necessidade de leis convenientes para governar-se.
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O mesmo princípio é corrente nas letras do século XVII, que denunciam como
“imoralidade” aquilo que passa por lei e não tem força legítima, porque não se
caracteriza pela justiça da lei natural, infringindo a lei positiva tida como
expressão adequada da lei da Graça. O abuso dos privilégios — seus excessos para
mais e para menos — , o desvio de dinheiros públicos por ministros, a usura, a
simonia, a heresia, a idolatria, o sexo contra naturam e, principalmente, as
iniciativas individualistas dissociadas do interesse do “bem comum” são vícios que
devem ser exemplarmente castigados e extirpados. Como o fundamento primeiro
da crítica é Deus, obviamente não há nela nenhum sentido de superação do
presente em nome de utopias progressistas. O abuso é denunciado para repropor-
se o costume dos bons usos codificados.
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No mesmo concílio de Trento, sua tese foi declarada herética por juristas jesuítas e
dominicanos, que estabeleceram uma analogia entre ela e a tese de Lutero de que
toda sociedade política legítima deve ser fundada na divindade. Numa das teses de
Wittenberg, de 1517, Lutero afirmara que, devido à corrupção do pecado original,
a natureza humana ficou incapacitada de reconhecer a vontade do verus Deus
absconditus, o verdadeiro Deus oculto. Dessa maneira, também teria ficado
incapacitada de distinguir o bem do mal e, assim, de reproduzir um reflexo da
justiça divina adequado à ordenação virtuosa da vida.
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A tese católica afirma que o poder resulta de uma convenção humana. Por
exemplo, contra a pretensão de ser rei por direito divino, defendida por James I da
Inglaterra, Suárez afirma na Defensio fidei, em 1617, que é certamente correto
dizer que todo poder provém de Deus, mas não que Deus confere imediata e
formalmente o poder ao rei. Escolasticamente, Deus é “causa próxima e universal”,
mas não “causa próxima e imediata”, quando confere o poder.
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Não se trata, na oposição das “razões de Estado”, da diferença entre uma visão
moral da política e uma visão imoral da mesma, pois o contraste essencial é o de
[33]
duas moralidades inimigas, como adverte Skinner. A reação católica pressupõe a
verdade divina como fundamento absoluto da ética. Como Maquiavel descarta
Deus em política, a “razão de Estado” católica o constitui como “mal”, “falta de
bem” ou “imoralidade”. Sua obra tem outros pressupostos, contudo, e não se deixa
reduzir ao Bem católico.
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Também é um equívoco supor-se que, por afirmar a ética, a política católica seja
“democrática”, mais “justa” ou menos autoritária que a “maquiavélica”. A estrutura
fundamental de referência da “razão de Estado” católica é, como propõe Robinet,
“a trilogia das primordialidades diferenciadoras da ipseidade divina”, ou seja, as
três primordialidades que afetam o Ser absoluto por meio da sua própria reflexão
sobre Si Mesmo, ou as virtudes da Trindade, a Potência do Pai, o Amor do Espírito
[34]
e a Sabedoria do Filho.
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[…] são perigosos para o repouso público aqueles que não têm interesse nenhum por
ele, isto é, os que se acham em grande miséria e pobreza, porque tal gente, não tendo
o que perder, é facilmente induzida na ocasião de coisas novas e abraça facilmente
todos os meios que se apresentam a ela de crescer e fazer seu lucro com a ruína de
outrem […]. O rei deve, pois, assegurar-se contra esses, o que fará de duas maneiras:
ou expulsando-os do seu Estado, ou fazendo com que tenham interesse pelo repouso
do mesmo. Serão expulsos enviando-os para as colônias […] ou então se poderá
enviá-los para a guerra […] ou então serão totalmente expulsos, como Fernando, rei
de Espanha, expulsou os vagabundos e inúteis aos quais deu prazo de dois meses. Far-
[37]
se-á com que tenham interesse obrigando-os a fazer alguma coisa […].
Por isso, como em outros autores católicos, o termo política é entendido por Botero
como uma arte ou uma técnica que garante a segurança da República (respublica)
contra inimigos externos e internos, lançando mão de vários expedientes. O fim
último da política é cuidar da concórdia interna do reino, mantendo a paz apesar
das divergências e conflitos de interesses — e principalmente por meio deles, nas
novas sociedades de corte em que o rei centraliza o poder, neutralizando a
aristocracia pela manipulação de suas rivalidades formalizadas nos privilégios.
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Logo, o que o poder constitui como vício moral é imediatamente traduzido como
vício político, pois a desordem na harmonia das partes individuais implica a do
todo do corpo político, conforme o lugar-comum que afirma ser por caridade ou
amor do “bem comum” que a “razão de Estado” elimina a fruta podre do cesto de
frutas sadias. A crítica católica dos abusos pressupõe a conservação do statu quo,
como crítica conservadora que se pode ler em poetas do xvii, como Quevedo,
[39]
Gregório de Matos e Caviedes.
Com tais pressupostos, o livro de Botero faz definições dos termos da conceituação
de “razão de Estado” proposta no primeiro capítulo, especificando espécies de
poder e de regimes políticos, quais os impérios que duram mais, se os grandes, os
pequenos ou os médios, fornecendo receitas de conservar, de ampliar e de fundar
o Estado. Por exemplo: “Da maneira de pacificar os tumultos já surgidos”, “Do que
se há de fazer depois de o inimigo ter entrado no país”, “Das maneiras de entreter
o povo”, “Se o Príncipe deve armar os seus súditos ou não”…
Afirmando ter lido tanto um como outro, Botero também afirma ter verificado que
“Maquiavel fundamenta a razão de Estado na pouca consciência” e que Tibério
ocultava sua crueldade e tirania “sob uma barbaríssima lei de majestade”:
[…] me admirava grandemente que um Autor tão ímpio e o comportamento tão cruel
de um tirano fossem tão estimados que eram considerados quase como norma e ideia
do que se deve fazer na administração e governo dos Estados. Mas o que suscitava em
mim não tanto admiração quanto indignação era ver que uma maneira tão bárbara
de governo gozava de tanto crédito que era descaradamente contraposta à lei de Deus,
a ponto de se dizer que algumas coisas são lícitas por razão de Estado e outras por
consciência. E não se pode dizer coisa nem mais irracional nem mais ímpia do que
esta, porque quem subtrai à consciência a sua jurisdição universal sobre tudo o que se
passa entre os homens, nas coisas públicas como nas privadas, mostra que não tem
[40]
alma nem Deus.
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Notas
[1]
André Robinet, “Préface”, in Henry Méchoulan (dir.), L’État baroque; regards
sur la pensée politique de la France du premier XVIIe siècle. Étude liminaire de
Emmanuel Le Roy Ladurie. Préface de André Robinet, Paris, Vrin, 1985, pp. I-VI.
[2]
Jean-François Courtine, “L’héritage scolastique dans la problématique
théologico-politique de l’Âge Classique”, in Henry Méchoulan, op. cit., p. 91.
[3]
Idem, ibidem, p. 109.
[4]
Michel Sellenart, Machiavélisme et raison d’État. — XIIe- XVIIIe siècle, Paris, puf,
1989, p. 5.
[5]
A. Stegmann, “La place de la praxis dans la notion de ‘Raison d’État’”, in Théorie
et pratiques politiques à la Renaissance. XVIIe Colloque International de Tours, Paris,
Vrin, 1977, p. 484.
[6]
Por exemplo, pela distinção entre prudência (virtuosa e católica) e astúcia
(imoral e maquiavélica), como em Sebastião César de Meneses, Summa politica;
offerecida ao principe d. Theodosio de Portugal, por Sebastião Cesar de Meneses,
eleito bispo conde de Coimbra. Amsterdam, Tipographia de Simão Dias Soeiro
Lusitano, 1650, p. 136: “O artificio (não falando na religião) talvez pode ser
instrumento necessario para as condições de reynar; mas quando ajuda reduzido
alguma vez a acto de prudencia; tanto, e muito mais destroe, feito habito de
astucia”.
[7]
Sebastião César de Meneses, “Introducção”, op. cit.
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[8]
Martim de Albuquerque, A sombra de Maquiavel e a ética tradicional portuguesa;
ensaio de história das ideias políticas, Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa/ Instituto Histórico Infante Dom Henrique, 1974.
[9]
Meinecke, Der Idee der Staaträson in der neueren Geschichte (1924); L’idée de la
raison d’État dans l’histoire des temps modernes, Genebra, Droz, 1973, p. 48.
[10]
Emmanuel Le Roy Ladurie, “Monarchie classique”, in Henry Méchoulan (dir.),
op. cit., p. XIV.
[11]
Cf. Francisco Suárez, De legibus, iv, 4, 11: “Tal transferência de poder da
República para o príncipe não é delegação mas quase alienação ou um perfeito
abandono do poder que estava na comunidade […] assim, quando um homem
particular se vende e se entrega a outro como escravo, esse dominium é pura e
simplesmente instituído pelo homem. Com efeito, estando suposto esse contrato, o
escravo é obrigado, por direito divino como por direito natural, a obedecer a seu
mestre. Da mesma forma, o poder (potestas), tendo sido transferido ao rei, este é
feito por ele superior ao reino que o deu a ele, porque, dando-se a ele, o reino se
submeteu como súdito (se subjecit) e privou-se da liberdade anterior, como se
conclui, guardadas as proporções, do exemplo da escravidão”.
[12]
Cf. Alcir Pécora, “Vieira, o índio e o corpo místico”, in Adauto Novaes (org.),
Tempo e história, São Paulo, Companhia das Letras/Secretaria Municipal da
Cultura, 1992, pp. 423-61; “As artes e os feitos ou A secretaria do Império”, in
Adauto Novaes (org.), Artepensamento, São Paulo, Companhia das Letras, 1994,
pp. 163-88; Teatro do sacramento; a unidade teológico-retórico-política dos
sermões de Antônio Vieira, São Paulo/Campinas, edusp/edunicamp, 1994.
[13]
Sebastião César de Meneses, op. cit., passim.
[14]
Idem, ibidem, p. 124: “E se a cabeça he a mais nobre, e sensivel parte do corpo
humano, tambem o Principe he a parte mais superior, e sensivel do corpo
político”.
[15]
Santo Tomás de Aquino, De regno, II, 2, in Opera omnia, Roma, 1979, t. 42, pp.
449-71.
[16]
Idem, ibidem.
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[17]
Luís Reis Torgal, “Introdução”, in João Botero, Da razão de Estado; coordenação
e introdução de Luís Reis Torgal; tradução de Raffaella Longobardi Ralha,
Coimbra, Instituto Nacional de Investigação Científica/Centro de História da
Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, 1992, pp. XIII-XIV.
[18]
João Botero, op. cit., p. 5.
[19]
António Manuel Hespanha, Poder e instituições na Europa do Antigo Regime;
colectânea de textos, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1984, p. 28: “O
poder político não visa, deste modo, interesses qualitativamente diferentes dos
interesses dos particulares; antes pelo contrário, se se pode falar dum objectivo
que caracteriza o poder é o de visar exclusivamente a salvaguarda destes direitos
(daí que se fale, a este propósito, dum ‘Estado-que-mantém-os-direitos’ ou ‘Estado
jurisdicional’ — Rechtsbewahrungsstaat ou Jurisdictionsstaat)”.
[20]
N. Maquiavel, O Príncipe; trad. Lívio Xavier, São Paulo, Abril Cultural, 1973,
cap. XVIII, pp. 80-1.
[21]
Ernst Kantorowicz, Les deux corps du roi; essai sur la théologie politique au
Moyen Âge, Paris, Gallimard, 1989.
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