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AD2 – 05 de outubro de 2018

 
1. Leia o Texto: Creveld, Martin Van. Ascensão e Declínio do Estado, pp. 83-176;
 
2. Relacione o texto com as aulas 10 e 11 do Material didático;
 
3. Produza um texto, de no mínimo 4 páginas, que englobe as resposta às questões
abaixo:
 
No seu texto, o autor aponta algumas lutas travadas pelos reis no processo de
centralização do poder. Quais são os 4 poderes indicados pelo autor contra os quais os
reis tiveram que lutar?
Indique as funções exercidas por cada um desses “adversários do rei” e que impediam a
centralização de poder.
 
ORIENTAÇÕES GERAIS
 
O seu texto deve ser apresentado no formato Times New Roman, tamanho 12, espaço
1,5.
 
O texto deve atender aos seguintes critérios:
- Correção dos elementos apresentados e a articulação entre eles;
- Clareza e qualidade da argumentação (coesão/coerência);
- Correção do português.
- É obrigatório o uso do texto e das aulas dos módulos para a construção de sua
argumentação, que deve ser feita em forma dissertativa;
Licenciatura em História
AD2 – História Moderna I
Mara Lúcia Ramos de Souza Pinheiro
Matrícula: 14116090282
Pólo: Cantagalo-RJ

O texto de Creveld, Martin Van. Ascensão e Declínio do Estado aborda a história do Estado,
desde sua formação até a modernidade, onde a instituição encontra-se em declínio.
A aula 10 do material didático traz breves explanações que merecem ser destacadas para a
melhor análise e compreensão do tema proposto, através da abordagem de autores
extremamente relevantes e pioneiros no estudo do processo de centralização do poder, tais
como Perry Anderson e Antônio Manuel Hespanha.
Ao tratar da centralização do poder, o autor Perry Anderson entende que o estudo do tema
deve apresentar uma articulação entre a teoria (marxista) e os efeitos práticos, apontando os
aspectos gerais e específicos.
Perry Anderson expõe que não se trata de um continuum linear, pois há multiplicidade de
rupturas e deslocamentos regionais, bem como há temporalidades específicas.
Deste modo, segundo o autor, os estudos deveriam auxiliar no entendimento dos Estados
absolutistas elaborando uma tipologia regional e comparando-as no Ocidente e no Oriente da
Europa.
Neste sentido:
“com um dos axiomas básicos
do materialismo histórico: que a luta secular entre as classes resolve-se em última
instância no nível político da sociedade, e não no nível
econômico e cultural” (op. cit. p. 11).
Antônio Manuel Hespanha elucida que a historiografia clássica estava preocupada em
transmitir uma imagem positiva do Estado Liberal, desta forma, os processos de centralização
do poder e absolutismo são representados como um caminho rumo ao referido Estado.
Hespanha propõe a necessidade de examinar os condicionamentos estruturais do poder
político, sendo eles: “a estrutura demográfica, a estrutura política/geográfica, as estruturas
financeiras e as estruturas político/administrativas”. (p. 8. Aula 10).
O autor entende que os historiadores estudavam o tema de forma limitada, não desenvolvendo
a lógica interna do Antigo Regime, por isso, há necessidade de compreender esta lógica,
segundo o autor, por meio da teoria corporativa da sociedade, a fim de entender a distribuição
do poder político como uma “constelação de poderes”. (p. 8. Aula 10).
O texto de Creveld narra as lutas enfrentadas pelos reis no processo de centralização do poder,
em especial no que se refere aos quatro poderes definidos no livro, sendo eles, a Igreja, o
império, a nobreza e as cidades.
Em relação à Igreja, Creveld elenca uma série de questões que promoveram o litígio entre a
instituição religiosa e a coroa, a exemplo da França, onde o rei Felipe IV e BonifácioVIII
entraram em conflito por razões econômicas, pois o clero afirmava seu direito de transferir
verbas para fora do reino e o rei sua autoridade de submetê-las a tributos.
O texto leciona que no século XIV, no ano de 1356, devido às lides existentes, o papa perdeu
o direito de participar do processo de eleição imperial. Em seguida, houve a Grande Cisma,
caracterizada pela disputa entre os papas a fim de estabelecer o representante de Cristo e o
Anticristo.
Devido à publicidade de vários escândalos envolvendo eclesiásticos, os governantes entraram
em um jogo de interesses com os primeiros, de modo que a figura religiosa solicitava
intervenção real em seu favor e oferecia em troca concessões de diversas naturezas.
Com a ascensão dos ideais humanistas, os acadêmicos trataram de propor formas de
enfraquecer a Igreja, afirmando ser possível criar uma sociedade desenvolvida e superior no
quesito intelectual sem a necessidade do emprego da fé cristã. Eles propunham também a
secularização das terras da Igreja e defendiam que esta deveria se reduzir ao plano espiritual,
que seria o único de sua competência.
Esta limitação do poder religioso pode ser fundamentada pelo desejo de implantar o sistema
absolutista, à medida que os interessados neste sistema utilizaram vários mecanismos para
exterminar a independência da Igreja, alienando suas terras, convertendo em tributos para os
cofres públicos, propagando novas religiões como verdadeiras, e também diminuindo
significativamente a quantidade de clérigos no governo, visto que com a difusão do
humanismo, as pessoas comuns passaram a ter formação para ocupar tais cargos, assim,
especialmente na Inglaterra, os monarcas fizeram de tudo para evitar que religiosos
ocupassem cargos públicos – no sentido de governança -.
Em síntese, a instituição religiosa representava um obstáculo à centralização do poder e ao
absolutismo, por isso, foram promovidos vários golpes e boicotes à Igreja, além do que
informações gravíssimas se tornaram públicas, gerando muitos casos de excomunhão,
ademais, os governantes e pessoas envolvidas na construção do absolutismo enfraqueceram o
poder religioso, no que tange à economicidade, principalmente através da tomada de terras,
não obstante, a propagação das ideias humanistas contribuiu para esta queda. Note-se que isto
não significa passividade por parte do ente religioso, afinal, trata-se da principal instituição da
Idade Média, contudo, muito foram os ataques sofridos, claro que havia articulações com os
governantes, por meio de concessões, trocas de favores, mas, o que se destaca aqui é que, de
fato, o objetivo de diminuir o poderio eclesiástico foi concluído pelo “Estado”.
O segundo adversário do rei seria o império. O declínio da Igreja também exerceu influência
sobre o Sacro Império Romano, porém este resistia. O autor ilustra afirmando que o papa
insistia que o rei da França se submetesse ao imperador, daí, a seguinte frase “o rei é
imperador de seu próprio reino”, que demonstra muito bem as intenções absolutistas, bem
como a posição do monarca soberano, não obstante, esta frase se assemelha à famosa
proferida por Luís XIV “o Estado sou eu”, ambos os trechos demonstram características
absolutistas marcantes.
O imperador da França afirmava sua soberania, pois, apesar de fazer concessões ao rei, não
abria mão da posição titular de chefe da hierarquia feudal. Acreditava-se que a separação dos
reinos do império extinguiria o segundo. Aqui há um aspecto interessante, mesmo que
império seja inimigo do monarca absolutista, ambos desejam que a Igreja se restrinja ao
âmbito espiritual. A monarquia pelos motivos já elencados e o império porque pressupunha-se
que o imperador era o governante escolhido por Deus e o papa meramente um bispo com
missão exclusivamente espiritual, assim, o anseio era de que a intervenção da Igreja Católica
no Estado fosse a mínima possível.
A Bula de Ouro foi de extrema importância neste sentido, pois destituiu o direito do papa de
participar da eleição do imperador, restando-lhe tão somente a cerimônia de coroação. A este
respeito, MOURRE dispõe:
Bula de ouro é o nome dado, na Idade Média, a diversos acordos
ou constituições reconhecidas pelos soberanos do Sacro Império.
A mais conhecida é a Constituição latina de 31 capítulos promulgada
pelo imperador Carlos IV na dieta de Nuremberg (10 de janeiro de 1356)
e de Metz (25 de dezembro de 1356). Ela excluía toda intervenção do papa
na eleição dos imperadores alemães e confiava a regência, entre a morte do
imperador e a eleição de um novo imperador, ao duque de Saxe e ao conde
palatino. Ela reconhecia o direito dos príncipes de nomear o imperador e mantinha
assim o Santo Império como uma federação de principados num momento em que
tanto a monarquia francesa quanto a monarquia inglesa progrediam em direção
à unidade (MOURRE, 1996).
Não se pode desconsiderar o poder do imperador, já que era o único capaz de nomear reis, da
mesma forma que a monarquia lidou com a Igreja, mediante o jogo de interesses, foi feito
com o Império, entretanto, tanto o monarca quanto o imperador entendiam que a influência da
instituição católica na política deveria ser descaracterizada, o que propiciou uniões neste
sentido, mas não afastou o litígio entre eles.
Com o triunfo sobre a Igreja e o Império, a nobreza também foi enfrentada, visto que
representava a estrutura feudal que se desejava combater.

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