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2022
A Sociedade Cristã (Séculos XX – XIII)1
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dirige a cada um dos estados. Este tema é recorrente nas ordens mendicantes. Mas
o reconhecimento, ou seja, o estabelecimento desses estados na igreja se dá quando
eles aparecem nos manuais de confissão. No século 13, o confessionário de Jean de
Friburgo organiza os pecados tal como cada estado da sociedade. O desenvolvimento
deste tema faz com que a sociedade cristã veja esses estados da sociedade como o
corpo humano, que tem diversos membros e uma cabeça que seriam os estados
maiores. Esta visão dualista reflete como se organizou a sociedade cristã na idade
média, onde a unidade era vista como algo bom e a diversidade como algo mal.
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escrita por sacerdotes que definem a função dos reis, por exemplo, Espelhos de
príncipes. Neste sentido: o rei defende a Igreja e a Igreja, sacraliza o poder, se o rei
se distancia desse ideal, a igreja o relembra de sua indignidade.
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Em um primeiro estágio, o homem pertence ao seu grupo familiar, no caso dos
nobres, esse grupo constituído por linguagens sanguíneas era solicitado em caso de
necessidades, o grande objetivo era a manutenção de um patrimônio que fosse
comum, é desse modo que também surgem tensões, seja entre meios-irmãos, filhos
bastardos e em situações extremas, entre pais e filhos.
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Neste contexto as mulheres sofrem uma marginalização quase que dobrada,
frequentemente são meros objetos entre os homens de diferentes classes sociais,
trabalhando de modo exaustivo e justa remuneração.
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Contra os hereges judeus o IV Concílio de Latrão os obrigam a usar um sinal
distintivo, decidem colocar todos os leprosos em um único lugar tirando assim a sua
Liberdade. Porém a necessidade dos judeus de seus empréstimos faz com que
Papas. Abades e Governadores os protejam.
No que diz respeito a sodomia, carece de elucidação, uma vez que ela é
indulgente com quem está na alta sociedade, mas para os que estão nos níveis mais
baixos é considerado pecado contra a natureza. Por fim o verdadeiro excluído da
sociedade era o estrangeiro, pois ele não era súdito de nenhum rei ele não devia
obediência a ninguém, assim como aqueles que também não se encontravam em
lugar nenhum, também estes eram facilmente excluídos da sociedade medieval.
2 LE GOFF Jacques, O Deus da idade média. 6ª edição, Rio de Janeiro, civilização brasileira, 2021.
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de Senhor, o Senhor dos senhores, ele já não recebe um nome como no judaísmo e
islamismo, sua potência é ligada ao fato de Ele ser rei.
Quando olhamos para a Santíssima Trindade, vemos que Deus Pai acaba
assumindo aspecto dominante, justamente pela ideia majestática que se arraigou a
Ele, uma figura sentada, com papel de decisão, um juiz, já a figura de Deus Filho,
apesar da temática gloriosa da segunda vinda como Juiz, é representada,
principalmente a partir do século XI, como humilde e sofredor: O Cristo Crucificado.
Nesse contexto é que a justiça divina ganha espaço, pois acreditava-se que
assim como Deus permite a desordem, também Ele vem restabelecer, insere-se então
uma visão de Deus ligada à justiça e a paz, utilizam-se de meios controversos, provas
e combates, para designar se uma pessoa é inocente ou não, algo que é suprimido
no início do século XIII, quando se desenvolvem métodos judiciários mais justos.
A sacralização das figurais reais não eram consenso entre todos, uma fonte de
contestação são os sermões, onde os sacerdotes, por meio da interpretação da
Sagrada Escritura, fazem verdadeiras críticas, com uso inclusive do Primeiro Livro de
Samuel, ao poder real constituído.
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A Igreja e o sistema feudal estavam profundamente unidos, tanto que a queda
do feudalismo provoca abalos na Igreja, de algum modo, passou-se a ideia de que
Deus era o ápice e o fiador de todo sistema feudal.
O Santo Bispo de Hipona faz uma inversão na listagem dos dons, aparecendo
a Sabedoria como em primeiro lugar, desse modo o entendimento passa a ser de que
Deus é o doador dos dons e o seu Temor (que passa a ser o sétimo dom) é uma
consequência. Entretanto, Santo Agostinho fixa-se no dom da Ciência, de modo que
assim entende-se que o saber não é um simples privilégio de alguns, essencialmente
clérigos, mas um dom Deus que o concede a quem pede.
Quanto a disputa sobre o que seria maior: dons ou virtudes, Santo Tomás
encerra a questão colocando os dons em primeiro lugar, pois eles agem
sobrenaturalmente, enquanto a virtude por meio da faculdade humana, assim o
Espírito Santo ocupa papel de superioridade. É nesse sentido que se fala de uma
flexibilização do monoteísmo, Deus continua sendo único, mas delega seus poderes
entres Divinas Pessoas.
3 Ibid
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É nesse sentido que surge nesse período a obra de Gioacchino da Fiore, onde
Deus é dividido entre os períodos históricos, sendo o tempo do Antigo Testamento a
Idade do Pai, o tempo da Igreja, a Idade do Filho e o tempo presente, e momento final,
a Idade do Espírito Santo, uma espécie de milenarismo que identificou Frederico II
como anticristo, e acreditava que o Espírito Santo conduziria a uma sociedade de
iguais.
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promovida extraordinariamente, isso fica muito evidente na iconografia, onde a figura
do Menino Jesus passa a ser destacada.
Leon Battista degli Alberti (1404) veio de uma família de notários e cambistas,
quando seu pai morreu, a família queria que administrasse os negócios, como recusou
para se dedicar aos estudos, teve sua renda financeira retirada, em 1428 se licencia
em Direito Canônico, serviu na corte do Papa Eugênio IV, período que se interessa
pela arquitetura da Roma antiga, empreendendo restaurações.
Leonardo da Vinci (1452) filho de um notário, com o auxílio dos Médici estudou
pintura, segue para Milão onde serve Ludovico, o Mouro, como engenheiro e pintor,
colaborando com as catedrais de Milão, Pavia e o castelo de Milão, período que pinta
a Santa Ceia em Santa Maria delle Grazie.
Ambos se ligam diretamente com a economia de seu tempo, seja pela origem
familiar, como pelo trabalho desenvolvido, assim se combina tanto a ciência, como a
4WOLFF Philippe, Outono da idade média ou primavera dos novos tempos?. São Paulo, edições 70,
1986.
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arte e o pensamento. Aliás, são estes homens de negócios que exercem o poder
político e tornam as cidades cada vez mais proeminentes, tornam-se cada vez mais
sedentarizados dirigindo seus impérios.
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uma interiorização do sentimento religioso, chamada de Devotio moderna, um grande
representante é a obre Imitação de Cristo de Thomas a Kempis (século XV).
Referências Bibliográficas
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