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Ex Opere Operato

Sobre a ascensão da Devotio Moderna e a quebra política da Igreja Medieval

Eduardo Kirchhof1

RESUMO
O século XVI revelasse um período de grandes mudanças para a, então, instituição de
maior poder na Europa: a Igreja Católica Apostólica Romana. Com a ascensão de
movimentos protestantes na Alemanha, Holanda e Inglaterra, conjunto com a tomada do
poder dos reis europeus através do Absolutismo, a Igreja se viu obrigada a revisar seus
conceitos e práticas, através dos Concílios. Estes, porém, sofriam com a crítica de
movimentos dentro da própria igreja e a repressão de reis, contrários à sua exclusão.
Portanto, a ideia deste trabalho é entender a quebra do poder político da Igreja durante
esse período de sua história.

Palavras-chave: Reforma católica, Concílio, Política, Absolutismo.

ABSTRACT
The 16th senctury reveals itself as a period of great change to, until that point, the most
powerfull instituition on Europe: the Catholic Apostolic Roman Church. With the
ascension of protestant agitations in Germany, Holland and England, along with the
power take of european kings through Absolutism, the Church saw itself in need of
change about its concepts and acts, through Councils. This, however, suffered with the
critic of inside moviments and the repression of kings, contrary to their exclusion.
Therefore, the idea of this paper is to understand que break on the political power of the
Church on this period.

Key words: Catholic Reformation, Council, Politics, Absolutism.

1
Graduando do Curso de História (Noturno) – Universidade Federal de Santa Catarina –
Florianópolis/SC – edukirchhof@hotmail.com
INTRODUÇÃO
Para compreender os movimentos acontecidos dentro da Igreja durante sua
Reforma, assim como a sua força política, quebra e retomada desta nos momentos de sua
atuação, é necessário primeiro entender a conjuntura que se encontrava aquela nos
momentos anteriores à esta, objetivo final deste trabalho. Durante a Idade Média, a Igreja
representava o maior poder político dentro da Europa, estando acima dos senhores
medievais. Sediada em Roma, a Igreja era a representante da fé cristã diante seus súditos,
do simples camponês aos senhores feudais e, posteriormente, com a tomada de poder
monárquico, dos reis.
Esta tomada, porém, movimentou a Europa de forma a virar a jogo a favor das
monarquias recém estruturadas. A união de feudos pelo poder do absolutismo real,
construiu as poderosas nações europeias do período moderno, baseadas na Legibus
Solutus do direito romano, implicando que a vontade do rei é a lei. Esse fortalecimento
do poder real contou, sobretudo, com o apoio da classe burguesa, emergente comercial
das cidades europeias. Esse processo de nacionalização europeia, contudo, buscava
também a libertação das nações em relação à Igreja, aproveitando-se da procura sempre
ascendente pelo controle, exercida por estes. Sobre este processo, Martin N. Dreher
explica em sua obra Crise e Renovação da Igreja no Período da Reforma, que “Após o
cisma (1378-1417; 1449) e depois do Concílio de Basiléia, os papas tiveram que buscar
reconhecimento junto aos príncipes, imperadores e reis, concedendo ao Estado grandes
poderes sobre a Igreja. ” (Dreher: 1996; 15).
Conseguinte a essa mudança de lideranças na política europeia, a Igreja teve de
curvar-se perante a autoridade monárquica, mas claro, afim de continuar com seu poder
intacto (na medida que isto fosse possível). Pode-se, portanto, observar a cumplicidade
entre a nobreza e o clero, com acordos econômicos e políticos, firmando um plano de
mutuo ganho: a Igreja estaria isenta de seus impostos e inserida nesta rede de exploração
do campesinato; a monarquia, mais especificamente o rei, por sua vez, estaria inserido na
alta cúpula da Igreja, passível de determinar, juntamente com os colegiados, planos e
ações para a atuação desta na Europa.
Este entrosamento malicioso, porém, como já explicado, visada principalmente a
exploração final do camponês e da própria classe burguesa, apoiadora da monarquia. É
sabido que as indulgências, amplamente criticadas por reformadores protestantes como
Lutero e, juntamente, teóricos do período, cada vez mais presentes pela atuação em
universidades europeias, eram concedidas com o favor dos príncipes europeus,
recebedores de uma fração dos “lucros” do processo da salvação. Atos como este
reforçam a teoria de Dreher, afirmando o poder real acima do clero. Este exemplo
demonstra, também, a disseminação do “metalismo”, proposta mercantilista de
apropriação de metais no intuito de demonstrar o poder nacional, extremamente
explorado posteriormente nas chamadas Grandes Navegações.
Merecedor de observação especial ainda, temos na consciência burguesa quanto
aos abusos realizados pela Igreja, os quais eram combatidos por estes. As ações
questionáveis dos papados renascentistas, como com Alexandre VI (1492-1503) e seu
sucessor Júlio III (1503-1513), reconhecidamente corruptos e não exatamente exemplos
da doutrina cristã, somado com a declarada resistência da instituição com a “Liberdade”,

2
tema essencial para a compreensão da modernidade e da própria reforma protestante,
montam um cenário inevitável para a Reforma. Estes atos são sustentados pela
eclesiologia papalista, pregando o poder do papa como absoluto dentro da Igreja. Esta
proposta é sustentada também por Juan de Torquemada (cardeal espanhol da Ordem dos
Pregadores) em sua Summa de Ecclesia2, defendida no Concílio de Basiléia,
anteriormente citado por Dreher. A insatisfação burguesa com tais abusos os leva a apoiar
monarcas em um sistema que, supostamente, acabaria com tais atos pela instituição
religiosa, que, por fim, apoia igualmente o sistema para poder não ser destituída de suas
regalias, renovando os abusos contra os burgueses, agora em duas frentes: a Igreja e a
Coroa.
“No todo, pode-se dizer que a descrição que se fazia da Igreja
insere-se em uma teoria de decadência e degeneração. Visto de um modo
simplista, afirmava-se, em geral, que ao longo de sua história a Igreja
afastou-se sempre mais da situação ideal da Igreja Primitiva. Somente o
retorno à Igreja Primitiva poderia eliminar o mal que tomou conta da
Igreja em virtude do abuso feito com o poder papal. ”3

Importante ressaltar que, somente em 1869-1870 a Igreja tentaria formular uma


eclesiologia uniforme para suas ordens, proposta no Concilium Vaticano Primum4, sendo
apenas alcançada com a “Lumen Gentium”5, no Concilium Vaticano Secundum6, no fim
do século XX (1962-1965). A infalibilidade papal e o primado, todavia, haviam sido
promulgados na primeira parte do Concilio, solidificando as teorizações de Torquemada
sobre os sucessores do apóstolo Pedro. Entende-se, portanto, que os abusos promovidos
pelo papado antecedem o auge de seu poder constitucional.
Com este cenário montado, começa-se a entender o que levou ao início da
Reforma protestante. A Reforma (ou Reforma protestante, como utilizado neste trabalho),
tem seu início marcado com os trabalhos de Martim Lutero em seus debates na
universidade de Wittenberg, onde lecionava neste ponto de sua vida. Lutero, batizado
Martim Luder, antecedendo sua troca quando “(...) da descoberta da justificação por graça
e fé. ” (Dreher:1996; 23), nasceu na cidade de Eisleben7 em 1483. Os primeiros anos de
sua formação foram passados na escola de Mansfeld, a partir do ano de 1490, seguida,
em 1497, por Magdeburg e, por fim, em Eisenach, em 1498. Seguindo para a
Universidade de Erfurt, na Turíngia, estudou na faculdade dos artistas8 entre os anos de
1501 e 1505, tornando-se Magister Artium9. Dreher discorre sobre à formação de Lutero,
indicando que “Os professores da faculdade dos artistas eram todos pertencentes à ‘via
moderna’. Isso significa que Lutero recebeu uma exposição do pensamento de Aristóteles

2
“o aàdaàIg eja ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
3
Martin N. Dreher, 21.
4
Co ílioàVati a oàP i ei o ,àe àt aduç oàli eàdoàautor.
5
áàCo stituiç oàDog ti aàso eàaàIg eja ,àouà LuzàdosàPo os àe àt aduç oàli eàdoàauto ,àdese ol idaà
durante o Concílio Vaticano II, promulgada por Paulo VI em 1964, propunha uma revisão dos dogmas da
Igreja como instituição política e de fé.
6
Co ílioàVati a oà“egu do ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
7
Atual Lutherstadt Eisleben, (Eisleben Cidade de Lutero, em tradução livre do autor), cidade do estado de
Saxônia-Anhalt, Alemanha.
8
áà Fa uldadeàdosàá tistas àe aà e ess iaàpa aà aà at í ulaà sàt sàfa uldadesàsupe io esàdispo í eis:à
Direito, Teologia e Medicina, como explicado por Dreher em sua obra.
9
Mest eàdasàá tes ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

3
a partir da perspectiva de Guilherme de Ockham. ” (Dreher: 1996; 24), sustentando o
rompimento do jovem Lutero com as “artes liberais”10 e apresentando-o a um pensamento
filosófico mais ampliado, focado na filosofia natural, moral e metafísica, por fim,
enaltecendo a atuação do Doctor Invincibilis11 na interpretação de Aristóteles.
Conseguinte a sua formação nas artes, Lutero seguiu para a faculdade do Direito,
como programado por seu pai, relutante à ideia de seu filho seguir como magister de
Filosofia, visto seu completo planejamento para o herdeiro, longe do celibato da Teologia.
Um mês depois do início de suas aulas, porém, ao voltar de uma viajem à Mansfeld, em
julho de 1505, o jovem estudante é surpreendido por uma tempestade em seu caminho;
assustado, pede por Santa Ana, que, caso lhe intercedesse, viraria monge.
Consequentemente, no dia 17 de julho de 1505, Lutero entrava, sem o consentimento do
pai, no convento agostiniano dos irmãos eremitas observantes, em Erfurt.
Sua entrada no convento dos agostinianos não fora realizada de forma aleatória,
esta permitiria a Lutero continuar seus estudos em Filosofia, após o ano de noviciado. Em
1507, conseguinte a conclusão previa do noviço, Lutero é designado pela ordem para se
tornar professor de Teologia em Erfurt; um ano depois em 1508, foi mandado a
Wittenberg, onde concluiu sua formação e atuou como professor de filosofia moral (no
primeiro ano de sua atuação na universidade), de interpretação bíblica (entre 1509 e 1510,
quando foi enviado, à pedido da ordem, a Roma) e, por fim, assumiu a cátedra bíblica,
anteriormente ocupada por seu confessor Johann von Staupitz12, a qual Lutero lecionou
até o fim de sua vida, em 1546, graduado Doutor em Teologia.
A partir desse momento, os trabalhos de Lutero tomam proporções por ele não
imaginadas. Além de suas interpretações de livros canônicos (Salmos, Romanos, Gálatas
e Hebreus, respectivamente), Lutero escreve as famosas 95 teses, desenvolvida em
conjunto com teóricos da universidade após uma série de debates acima da verdadeira
valia das indulgências. Muitos historiadores relacionam a escrita das teses somente a
Lutero, no entanto, é importante ressaltar que estas são decorrência de debates na,
preferindo-se chama-las de 95 teses de Wittenberg. As teses foram enviadas por Lutero
aos bispos de sua ordem, Jerônimo Schultz e Alberto, conjunto com colegas, o que
ocasionou a disseminação destas, fora do controle de Lutero. “Elas nada contêm de
herético, mas são críticas justificadas a abusos na prática das indulgências e uma
contribuição para sua superação. ” (Dreher: 1996; 26).
“Yet Luther has gone down in history as the first protestant
reformer because of the conflict with the Roman curia that was ignited
by those theses. It was a quarrel that Luther did not seek but also one that
he did not shun once it has begun. During the three years prior to his
excommunication (1521) Luther forged the identity and self-awarness of
a reformer and gained the collegial and political suport that would make

10
As sete artes liberais: gramática, retórica e lógica (Trivium); aritmética, música, astronomia e geometria
(Quadrivium).
11
Oà Douto àI e í el à e àt aduç oàli eàdoàauto ,àGuilhe eàdeàO kha ,àfoiàu àf adeàf a is a o,à
teólogo, filosofo e lógico, representante do modelo Nominalista de ensino, extremamente importante
para a Reforma de Lutero.
12
Joha à o à“taupitzàfoiàoà ... àGe alàdaào de àeàde a oàdaàFa uldadeàdeàTeologiaà ... ,àsegu doàD ehe à
em sua obra, p.25.

4
him a leader os the evangelical moviment in Germany. Even then,
however, Luther was not a reformer in the sense of implementing a
preconceived plan to reshape the church. Once Luther and his followers
were excommunicated, a process of restructuring Christianity in Europe
did ensue, but neither Luther nor his colleagues were able to envision the
outcome of that process. Luther’s reforming agenda had another goal
altogether. ”13

Como evidenciado neste trecho por Scott H. Hendrix14, até o momento da


repressão, por parte da Igreja, Lutero não se identificava como reformador. Não fazia
parte de seus planos sair da Igreja e criar uma nova vertente do cristianismo, apenas
arrumar o que, em sua opinião (e de muitos outros, como Müntzer, professor e colega de
Lutero em Wittenberg, por exemplo) estava errado nas ações daquela. A autoridade
eclesiástica, contudo, expulsou Lutero de sua ordem e do clero, o que foi o grande erro
da Igreja em relação ao movimento reformador na Alemanha.
Como descrito antes, a tomada de poder pelas recém-formadas monarquias
europeias buscava o distanciamento com a Igreja e sua dominação. Com a revolução que
Lutero propunha no pensamento social, príncipes alemães viram que tal movimento
poderia lhes ajudar na conquista de sua independência religiosa, levando a personagens
como Frederico, o Sábio, príncipe da Saxônia, protetor de Lutero (mesmo não havendo
evidências de contato prologado entre estes; Frederico morreu católico, por exemplo) e o
imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Carlos V, que sediou a Dieta de 20 de
junho de 1530, em Augsburgo. O perigo de uma guerra religiosa era iminente, com os
representantes da “Velha Fé” criticando o crescimento anárquico e iconoclasta dos
“protestantes”, forçando uma resposta deste, na imagem da Liga de Esmalcalda,
designada à Dieta com o salvo-conduto de Carlos V.
Em consequência aos avanços turcos sobre a Alemanha, Carlos V adiou as
resoluções da Dieta de Augsburdo, garantindo aos protestantes da Liga de Esmalcalda a
convocação de um concílio (este seria realizado em Mântua em 1537, a pedido do novo
papa, Paulo III) e a proteção contra a violência em questões religiosas, possibilitando uma
ampliação do carisma luterano. O Concilio, todavia, não se realizaria, sendo adiado
somente para 1545, em Trento. A conjuntura, porém, era outra, com a influência de Lutero
e dos Artigos de Esmalcalda (produzidos com base nos trabalhos de Lutero para o

13
Noàe ta toàLute oàfi ouà a adoà a história como o primeiro reformador Protestante por causa do
conflito com a cúria Romana, gerado por aquelas teses. Foi uma briga que Lutero não procurou, mas
também não fugiu, assim que começou. Durante os três anos anteriores a sua excomunhão (1521), Lutero
forjou a identidade e o autoconhecimento de um reformador, ganhando o apoio colegial e político que o
tornaria o líder do movimento evangélico na Alemanha. Ainda assim, Lutero não era um reformador no
sentido de implementar planos preconcebidos para reformar a Igreja. Quando Lutero e seus colegas
foram excomungados, um processo de reestruturação do Cristianismo na Europa foi iniciado, mas nem
Lutero, nem seus colegas conseguiram ver o resultado deste processo. Os planos de reforma de Lutero
possuíam out aà i te ç o.à à – Retirado do livro The Cambridge History of Christianity: Reform and
Expansion 1500-1600 (A História do Cristianismo por Cambridge: Reforma e Expansão 1500-1600), em
tradução livre do autor.
14
Scott H. Hendrix, professor emérito de História da Reforma, na Princeton Theological Seminary
(Seminário Teológico de Princeton).

5
Concilio) crescendo em grande escala, se tornando impossível manter a unidade da Igreja,
sacramentando, por fim, a separação da Igreja, o Cisma da Igreja Ocidental.

15

15
Capaàdoà Cate uis oàaosàP o os ,àdese ol idoà oàCo ílioàdeàT e to,à1 .

6
Com o entendimento dos seus “antecedentes”, agora se possibilita a análise do
período da Reforma Católica. Coloca-se antecedentes entre aspas porque, para muitos
historiadores, a Contrarreforma não é uma simples série de propostas antiprotestantes,
consequência das propostas luteranas. Igualmente, muitos historiadores utilizam o termo
Reforma Católica, buscando a desambiguação desta expressão, justificando que o termo
“contrarreforma” sugere uma interpretação unilateral, intimamente relacionada com a
Inquisição16 e o Index Librorum Prohibitorum17. Não se deve exaltar, também, o
Besserung18 de Lutero como o primeiro movimento de mudança dentro da Igreja; isto
implicaria ignorar as ações da reforma cisneriana, na Espanha. Logo, tem-se na Espanha,
os primeiros momentos da Reforma Católica.
O contesto da Igreja na Espanha do século XVI é completamente diferente da
conjuntura alemã, analisada anteriormente. Em primeiro lugar, ressalta-se a concessão do
Patronato Régio19 à coroa espanhola, que lhes permitia tomadas de decisões políticas na
organização da Igreja em seu reino. “Uma das consequências disso é a política dos reis
da Espanha, desde a época dos Reis Católicos, de se ‘meterem’ nas coisas relativas à
Igreja dentro dos reinos, mais que em qualquer outro reino cristão da época, nomeando
bispos e promovendo reformas (...)”20, explica a professora Luciana Lopes dos Santos.
Os Reis Cristãos, Fernando e Isabel, apoiados por esse poder, realizaram uma reforma
dentro da Igreja de seu reino, guiados pelo cardeal Francisco Ximénez de Cisneros21, de
onde se deriva o nome do movimento. Apesar, ressalta Santos, da existência anterior de
planos políticos em relação à Igreja de Castilla e Aragón, com a instauração da Inquisição
Espanhola (separada da Inquisição Papal, importante ressaltar), relacionada ao
movimento da Reconquista e expulsão dos judeus do reino de Granada.
Cisneros aponta para um dos pontos que Lutero mais tarde escreveria sobre: a
precariedade da educação europeia. Enquanto Lutero evidencia o descaso social com a
educação, Cisneros foca-se na falta de formação do clero, iniciando um processo de
fundação e reforma de universidades na Espanha. O cardeal trouxera o humanismo da
Itália, assim como a evidenciou importância de Tomás de Aquino. “Assim, um tomismo
com características humanistas determinou o catolicismo espanhol da época. ” (Dreher:
1996; 116).
Neste contesto encontramos, então, o plano de fundo para algumas das maiores
mentes reformadoras na Europa, criados neste contesto de mudança da visão clerical,
entusiastas da Devotia Moderna22: Teresa d’Ávila, João da Cruz e Inácio de Loyola.
Convencionou-se, devido interpretações historiográficas, relacionar a proposta inaciana

16
O Santo Oficio moderno, também conhecido como Inquisição Papal, foi instituída em 1542 a conselho
de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus. É importante lembrar que a Inquisição papal é
separada da Inquisição Espanhola, parte das políticas dos Reis Católicos.
17
Í di eàdeàLi osàP oi idos ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
18
Melho a e to , em tradução livre do autor.
19
Direito papal concedido a reinos específicos da Europa, dando-lhes mais autonomia e poder sobre a
Igreja.
20
Trecho retirado de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com a professora Luciana Lopes dos Santos,
da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil.
21
Francisco Ximenez de Cisneros era monge franciscano, conselheiro da rainha Isabel Católica.
22
Mode aàDe oç o ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

7
diretamente ao movimento da Reforma, deixando de lado a Formulação Teresiana23;
contudo, deve-se compreender a diferença entre cada um dos movimentos, para
compreender o porquê desta distinção metodológica.
A fundação da Ordem do Carmelo Descalço por Santa Teresa d’Ávila e São João
da Cruz, juntamente com outros apoiadores de suas propostas, está inserida no momento
da Reforma Católica, sim, porém difere das índoles de outras ordens criadas na época,
pois procurava uma renovação da vida espiritual da Igreja, além de mudanças terrenas24.
“A grande diferença é que a marca da Reforma Teresiana é
espiritual, quer tocar o profundo do ser humano e daí a transformação.
Daí a oração como ‘porta’, como essencial para a interiorização. O
Concílio de Trento propôs uma reforma mais jurídica e disciplinar. É
diferente, mas também fundamental, dado o tamanho da crise. ”25

A fundação de novos conventos e a pratica das propostas teresianas, como o voto


de pobreza (deste fato derivando a nomenclatura “Descalço”, procurando distanciamento
com a antiga ordem, o Carmelo Calçado, como ficou conhecido após a disseminação das
ideias teresianas), que confunde muitos por se encaixar nas propostas altruístas das
reformas; o fator da importância da vida contemplativa, no entanto, afasta a
Fundamentação Teresiana daquelas. Para Teresa, a reclusão e o silêncio são bases para o
entendimento dos mistérios de Deus. Esta pequena base sobre o carisma de Teresa nos
possibilita entender as razões de muitos historiadores relacionarem a Fundamentação
Teresiana com as reformas religiosas de Felipe II26, continuando o trabalho de seus
antepassados, rei Fernando e rainha Isabel, do que com a atuação da Reforma Católica ou
com o Concílio de Trento.
A Companhia de Jesus, porém, buscava a salvação das almas através da doação
aos outros, divergindo da vida de oração carmelitana. Inácio de Loyola, nascido em 1491
na Espanha sob o nome de Iñigo de Onaz y Loyola, foi o fundador da ordem jesuíta,
estabelecida em 1539 sob a designação Societas Jesu27. Anterior a sua formação clerical,
Iñigo representava o clássico cavaleiro espanhol do século XVI. Opiniões divergem sobre
sua procedência militar (alguns autores o afirmam como soldado, outros negam esta
afirmação), o importante, contudo, é entender o acidente que levou sua conversão. Em
1521, Iñigo foi atingido em batalha contra a invasão francesa em Pamplona, deixando-o
terrivelmente machucado, forçando um período de recuperação no castelo de sua família.

23
Termo preferido pela Ordem em relação à Reforma Teresiana.
24
John Patrick Donnelly, professor emérito da Marquete Universty, Milwaukee, Estados Unidos, descreve
e àNe àReligiousàO de sàfo àMe à No asàO de sàpa aà Ho e s à ue,à E eptà possi l àfo àtheà“pa ishà
Discalced Carmelites, all new orders stressed active ministry more than prayer, although none saw work
a dàp a e àasàeithe /ào àalte ati es.à à Co àaà e eç oàdosàCa elitasàDes alçosàespa hóis,àtodasàasà
novas ordens ressaltaram um ministério ativo antes de oração, ainda que nenhum tenha encarado
trabalho e oraç oà o oà pa tesà deà u à es o/à u aà alte ati a ,à e à t aduç oà li eà doà auto ;à Theà
Cambridge History of Christianity, p.162.
25
Trecho de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com frei Anderson Fontes Dias, frade da Ordem do
Carmelo Descalço, província Sul, Brasil.
26
Felipe II de Espanha, o rei Prudente, governou a Espanha e, mais posteriormente, Portugal, até seu
falecimento em 1581. A professora Luciana Lopes dos Santos afirma a existência de uma corrente de
pensamento historiográfico que defende este processoàdeàFelipeàIIà o oà i pa i ia à o àaàle tid oà
do processo de Roma, provocando a Reforma em seu próprio reino através do patrono régio.
27
Co pa hiaàdeàJesus ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

8
Durante este período, leu muitos livros de santos (outro ponto nebuloso entre
historiadores, que não sabem precisar quais aqueles eram, especificamente),
proporcionando sua final conversão. “Inácio de Loyola sublinhou, a partir de sua
experiência, a doutrina da cooperativo hominis cum Deo28 em questões da justificação,
com a mesma veemência que Lutero usou para rejeitá-la. ” (Dreher: 1996; 119),
sustentando suas práticas de devoção aos santos, ao lado de sua consagração à Maria.
Viajou para a terra santa de Jerusalém, fator decisivo para atitudes tomadas
posteriormente para com a ordem jesuíta. Quando voltou de sua peregrinação, estudou
em Barcelona e, em 1528, transferiu-se para Paris, onde conheceu seus companheiros de
fundação da ordem. Estes juraram peregrinar para Jerusalém e agir para a salvação
daqueles, porém, a guerra com os turcos impediu sua viagem à terra santa, levando-os a
buscar orientação de papa Paulo III29. Este permitiu a criação da Ordem e indicou-os para
cidades ao norte da Itália, onde seguiram para evangelizar.
Eleito o primeiro Geral da ordem, Loyola utilizou das características militares para
organizar o grupo, sendo reconhecidamente normalista, mas extremamente flexível com
as suas regras. Esta organização, entretanto, os distinguia das demais ordens da Igreja na
época, permitindo-os alcançar grandes obras posteriormente. Diferentemente do Carmelo
dantes analisado, os jesuítas não buscaram o voto de pobreza, embora presem pela
simplicidade até hoje, sob a justificativa de Inácio que a obediência e a organização
hierárquica os manteria unidos. Percebe-se que a democracia visível em outras ordens
não se encontrava entre jesuítas.
Loyola convergia com as ideias de Lutero no quesito educação, ambos sendo
grandes críticos da escassa formação clerical. O plano jesuítico não era, todavia, tornarem
a educação seu principal ministério. A atuação de seus colégios, somada com a
importância dada ao trabalho missionário alavancou a estrutura e a influência destes para
a Europa, explicando o porquê de ser uma das ordens com maior adesão, apesar dos
rigorosos processos de iniciação e formação. Esta era realizadas nos colégios da ordem,
sendo, com o passar do tempo, procuradas para a educação dos filhos de burgueses e
nobres, dispostos a pagar pela formação de seus filhos30. Com o crescimento destas, sua
fama se espalhou pelas cidades europeias, sendo novas localidades designadas para o
trabalho. “The real pioneer Jesuit college for lay students, not young Jesuits was opened
at Messina in 1548. ”31, explica John Patrick Donnelly sobre a abertura destas para jovens
não jesuítas.
Estes colégios foram se suma importância para o processo reformatório da Igreja,
pois firmava a fé católica nos territórios não tocados pela Reforma Protestante, assim
como “reconquistava” outros dominados pelas teorias desta. A designação de um grupo

28
Coope aç oàe t eàosàho e sàeàDeus ,àe àt aduç oàli eàdoàautor.
29
PapaàPauloàIIIà go e ou àe t eà1 àeà1 .àá ioàpolíti o,àfoià espo s elàpelaà o o aç oàdoàCo ílioà
de Mântua, sendo transferido após revoltas para Trento, em 1542.
30
Percebemos, portanto, uma divergência com a Alemanha dos relatos de Lutero, onde a educação era
extremamente negligenciada pelos pais, independentes da posição social, descrito em seu texto Aos
Conselhos de Todas as Cidades Alemãs para que Criem e Mantenham Escolas Cristãs, 1524.
31
áà e dadei aàp i ei aàes olaàjesuítaàpa aàalu osàdeàfora da ordem, não jesuítas, foi aberta em Messina
e à1 ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

9
para a ciração do Collegium Germanicum32, fundado em 1552 para a formação de jovens
clérigos afim de atuarem na Alemanha luterana, era de grande interesse para Roma; esta
viu na missão de Francisco Xavier33 também um enorme potencial de dominação política
de áreas não tocadas pelo protestantismo. Outro exemplo destas jornadas jesuítas é sua
atuação no Brasil, ainda no século XVI, parte destes planos conciliares, fazendo dos
jesuítas os principais responsáveis (práticos) pela universalização da Igreja.
Ao lado das ordens espanholas podemos citar os cappuccinos 34, teatinos35,
barnabitas36, oratorianos37, entre muitas outras ordens, que se fundamentaram nas práticas
da caridade e mudança da vida eclesial. Entre todas, o Carmelo Descalço fora “a única
ordem clerical masculina na igreja fundada por uma mulher. ”38, referindo-se, é claro, à
Teresa d’Àvila, anteriormente discutida, exaltada por John Donnelly como “(...) the
sixteenth century’s greatest mystic and arguably its greatest woman writer. ”39.
Voltando-se, agora, para a organização política da Reforma, percebemos a
importância destas ordens dentro do plano geral da Igreja. O Concílio de Trento,
anteriormente relatado pela oficialização do Cisma, foi o XIX Concílio Geral da Igreja,
realizado em 1545. É importante entender o concílio não apenas como um canal de
discussão das propostas antiprotestantes, reacionárias ao fortalecimento luterano alemão,
mas também pela institucionalização da Igreja como universal e confessional.
A publicação do Professio Fidei Tridentinae40, em 1546, propunha ao corpo
clerical uma nova forma de atuação, como antes descrita como confessional, formando
assim parte da Reforma proposta; ao instituir a universalidade da Igreja, entende-se o
movimento como a separação com o nominalismo exaltado por Lutero, clarificando a
doutrina, basificando a Reforma por completo (somando-se, assim, a vida eclesiástica
com a administração).
Compreende-se, no entanto, o esforço papal de não exigir um Concílio, com o
adiamento de tantos anteriores, ação criticada por reformadores protestantes, ao fator
político-estrutural da reunião. Estes momentos eram direcionados para discussões acerca
das ações políticas do alto-clero, tendo o poder de questionar decisões promulgadas
anteriormente, até mesmo pelo papado. Á este exemplo temos Clemente VII, dirigente
entre 1523 e 1534, que não acionou concílios por sustentar o mandato da casa Médici,
32
Col gioàGe i o ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
33
Francisco Xavier foi um jovem jesuíta que partiu, no ano de 1542, em missão para a índia, iniciando os
processos missionários tão estimados pela Societa Jesu.
34
Os Cappuccinos foram institucionalizados oficialmente em 1619, porém, sua idealização remonta as
ideias do papa Leo X, em 1517, de separar os franciscanos em diferentes ordens.
35
Os Teatinos formaram-se em 1524, em Roma, liderados por Gaetano Thiene e Giampietro Carafa, futuro
Paulo IV.
36
Os Barnabitas realizaram com sucesso seus votos em 1533, em Milão, sendo oficialmente reconhecidos
como uma comunidade de fé.
37
Os Oratorianos basearam-se nos ensinamentos de Filippino Neri, que fundou a ordem (porém esta só
fora reconhecida em 1575, por Gregório XIII), santo da Reforma como Loyola mais tarde também seria
canonizado e reconhecido.
38
Trecho de entrevista realizada no dia 13/07/2016 com frei Anderson Fontes Dias, frade da Ordem do
Carmelo Descalço, província Sul, Brasil.
39
... àaà aio à ísti aàdoàs uloàXVIàe,àse àdú idas,àsuaà aio àes ito a.à ,àe àt aduç oàli eàdoàauto ,à
retirado de The Cambridge History of Christianity, Reform and Expansion 1500-1600, p.176.
40
P ofiss oàdeàF àdeàT e to ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

10
mesmo vendo a necessidade deste, por temer a atuação imperial no concílio. Paulo III,
sucessor de Clemente VII, apesar de suas ações questionáveis, convocou um concílio para
o ano 1537 em Mântua, como já explicamos os desenrolares deste episódio anteriormente,
sendo adiado para 1542 em Trento. A revolta do corpo clerical francês, no entanto, o
forçou a suspender o Concílio novamente, para 1545, novamente em Trento.
Durante o primeiro período do Concílio (de 1545 a 1547), tratou-se sobre o dogma
da Igreja, dando caro, anteriormente, do direito a voto dos leigos, sendo este retirado. Esta
ação incluía reis, que exigiam, juntamente com o imperador, a reforma imediata da Igreja.
Entre a canonização de novos textos, a primeira medida tomada foi quanto a Sagrada
Escritura, importantíssima para a Reforma protestante, que foi aceita como meio de
cristianização, sendo equiparada a tradição oral. A tradição, no entanto, não foi tocada,
pois dizia respeito a toda a doutrina papal.
“Hubert Jedin constatou que o concílio tinha que responder
as sete questões: 1) Frente ao sola gratia de Lutero, acentuou-se
que é possível uma certa disposição do ser humano para receber a
graça; 2) Não é o perdão dos pecados que leva à santificação; a
santificação inclui o perdão dos pecados; 3) As boas obras são fruto
da graça divina, mas também devem ser exigidas; 4) A vontade
humana participa da dádiva da graça ao aceita-la e ao produzir
frutos de justiça; 5) As boas obras são fruto da graça divina e, como
tais, são mérito, mas como também são obra humana, até certo
ponto pode-se dizer que são mérito humano; 6) Os sacramentos são
o único meio normal para conseguir a justificação; só eles mudam
a qualidade do ser humano; 7) O sacramento age ex opere operato,
por isso a justificação não precisa ser uma experiência humana. ”41
Esta revisão, observada pelo professor Jedin, das bases eclesiásticas e normativas
da Igreja demonstram, ao mesmo tempo, as propostas antiprotestantes e o
estabelecimento de dogmas e, também, o ressalvo dos sacramentos. Essas medidas eram,
de forma clara, meramente reflexos do momento vivido, não procurando mudanças
estruturais. Isto se comprova na proibição de argumentos sobre liberdade, apesar da
necessidade de uma união ser acentuada, como defende Dreher.
Todavia, a maior e mais importante mudança proposta por essa primeira parte do
concílio foi, inegavelmente, a instituição de cátedras para o ensino nos conventos
europeus, contornando as críticas sobre a educação da época. O decreto contra a
acumulação fora, da mesma forma, importantíssimo para a comprovação da proposta
conciliarista de mudanças. Em 1555, Gianpietro Caraffa, fundador da ordem dos teatinos,
foi consagrado papa, com o nome de Paulo IV, tentando realizar a reforma sem a
convenção do concílio, em hiato desde 1552. Contudo, Pio V42, sucessor de Paulo IV,
propôs o retorno do concílio para 1561, que se estender até 1563, solidificando a segunda
parte do Concílio de Trento.

41
Dreher em citação de Jedin, p.123 e 124.
42
Papa Pio V exerceu seu cargo de 1559 a 1565.

11
Esta segunda parte encarou maus momentos, com a hesitação de Pio V em perder
seu poder e, analogamente, a união dos bispos franceses com o Imperador alemão contra
o concílio. Entre as medidas tomadas neste segundo momento temos, notavelmente, o
mantimento das indulgências, com sua troca por dinheiro sendo finalmente proibida.
Ressaltada necessidade de formação aos clérigos, disfunção de cargos (como o
administrador de prebenda) estão entre as novas medidas do concílio.
Encerrando, em 1563, o Concílio de Trento, marca-se o nascimento da Igreja
moderna, com novas propostas e desligamento gradual do poder papal e do velho
dogmatismo da Igreja Medieval. Ainda que separadas, a Igreja Católica ainda se negaria
a afirmar a fundamentação da Reforma Protestante na igreja antiga, conforme as tradições
cristãs. Este reconhecimento viria somente com o Concílio Vaticano II, em na década de
60 do século XX.
A grande importância do Concílio de Trento para a afirmação de uma nova era
cristã não está em suas propostas, mas no cumprimento destas. O poder papal,
constantemente ameaçado no período anterior ao concílio, solidificava-se novamente, não
sem, todavia, o protesto dos bispos franceses. Promulgou-se a obrigatoriedade da leitura
do catecismo de Trento ao corpo clerical, assim como o juramento perante à Professio
Fidei Tridentinae; edita-se um novo missal universal e uma nova versão da missa;
instituem-se novas universidades pela Europa, como o apoio ao Collegium Germanicum
juntamente com o Collegium Hungaricum43, Collegio Anglium44 e Collegium Graecum45,
assim como o Collegium Romanum46, fundado por Loyola; reorganização da Cúria
romana; criação do Index Librorum Prohibitorum47 e a instituição da Congregação dos
Concílios, aumentando o poder papal e diminuindo o poder do colégio dos cardeais, em
decorrência da criação de novas congregações. Entende-se, por fim, que todas as medidas
promulgadas procuraram a manutenção do poder papal, através, porém da união dos
estados católicos.
Podemos concluir, portanto, que para a história da Igreja, o momento da Reforma
Católica se apresenta como de suma importância, perdendo somente para o nascimento
do próprio Cristo (este, contudo, é ainda um debate grande demais para ser analisado em
um pequeno artigo). O sentimento de mudança vivenciado por Lutero, Müntzer, Loyola,
d’Ávila, dentre outros teóricos do período moderno solidificam a mudança das estações
do medievo ao moderno, proporcionam um “reavivamento” do espírito cristão, buscando
a separação da Igreja da faceta industrial e imperial que criou ao longo dos séculos em
favorecimento das tradições da Igreja primitiva.
Até os dias atuais a Igreja ainda falha, em muitos aspectos, como falhou e
continuará falhando. Este processo é natural do ser humano, somos fracos e egoístas por
natureza, mas a Igreja procura (ou deveria procurar) demonstrar que não é necessário se
viver assim. Teóricos discutem a possibilidade de o momento atual da Igreja, iniciado por
Santo João Paulo II, continuado por Bento XVI e hoje com Francisco, ser uma nova fase

43
Col gioàHú ga o ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
44
Col gioàI gl s ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
45
Col gioàG ego ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
46
Col gioàRo a o ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .
47
Í di eàdeàLi osàP oi idos ,àe àt aduç oàli eàdoàauto .

12
de Reforma para a Igreja Católica Apostólica Romana. Deve-se, como historiador,
esperar por novas documentações e tratados futuros sobre as grandes obras realizadas
neste período. Deve-se, como sociedade, esperar que os abusos cometidos pela instituição
de fé, supostamente justa e verdadeira, não mais se proteja com tradições e históricos.
Deve-se torcer para que os seres humanos cresçam com os erros do passados, para nunca
mais realiza-los novamente.
48

48
Página inicial do Índex Librorum Prohibitorum, promulgado em 1545.

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BIBLIOGRAFIAS

DREHER, Martin N. “A crise e a renovação da Igreja no Período da Reforma”. São


Leopoldo : Simodal, 1996

HENDRIX, Scott. “Martin Luther, reformer”. In The Cambridge History of Christianity,


United Kingdom, 2012

DONNELLY, John Patrick. “New religious orders for men”. In Cambridge History of
Christianity, United Kingdom, 2012

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