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Para sexta - Capítulo 16 e Capítulo 17, FEB - Celso Furtado

Capítulo XVI

O MARANHÃO E A FALSA EUFORIA DO FIM DA ÉPOCA COLONIAL

1. Por que Celso Furtado denomina o capítulo 16 (...) e a falsa euforia do fim da
época colonial?
Ocorre no Maranhão um aumento extraordinário da produção e da exportação de
algodão. Em 1760 passavam pelos portos do Maranhão cerca de um ou dois navios por
ano, já no fim da época colonial em 1820 passavam cerca de 150 navios por ano. O
Maranhão cumpria um papel geopolítico nas relações internas da América Portuguesa,
eles tinham uma rivalidade com os jesuítas em relação a captura ou não do escravizado,
dessa forma, o Maranhão recebe o apoio explícito e direto do governo português.
Pombal criou no Maranhão uma companhia de comércio de alta capitalização, o que
contribuiu para o desenvolvimento da até então, região mais pobre do Brasil.
Nesse ínterim, ocorria uma modificação do mercado mundial de produtos tropicais,
motivada principalmente pela guerra de independência dos EUA e pela Revolução
Industrial na Inglaterra. Com a independência dos EUA ocorre uma guerra contra a
Inglaterra que desarticula a produção e a oferta do algodão americano — os EUA era o
grande produtor de algodão do mundo —, ao mesmo tempo se tem a revolução
industrial na Inglaterra — uma revolução baseada na produção de manufaturas têxteis.
Consequentemente, o aumento de produtividade da indústria têxtil fez com que a
demanda de algodão se elevasse. Sendo assim, os EUA não conseguiam atender a
demanda da Inglaterra, fazendo com que o Maranhão passasse a produzir o algodão para
atender a demanda inglesa. Sendo assim, a colônia como um todo vive uma aparente
prosperidade, apesar da prostração econômica.
Nesse período, também está ocorrendo a Revolução Francesa (1789) que excede o
território francês, atingindo, principalmente, as colônias francesas. Na parte I do livro
Formação Econômica do Brasil de Celso Furtado, fica claro que o aumento de produção
de açúcar nas Antilhas foi o principal fator da crise da economia açucareira no Brasil. A
ilha de Santo Domingo — colônia francesa — era uma grande produtora de açúcar, no
entanto, com a revolução francesa, ocorre a chamada Revolução Haitiana no final do
século XVII, tida como a primeira e única cujo sujeito principal eram os negros
escravizados. A revolução no Haiti desarticula completamente a produção de açúcar, o
que abre espaço para o açúcar brasileiro mais uma vez.
Como uma repercussão de longo prazo da revolução francesa temos as Guerras
Napoleônicas no início do século XIX, que levam ao Bloqueio Continental, fazendo
com que a Inglaterra fique isolada do comércio com o continente europeu, o que fez
com que os ingleses buscassem mercadorias nas Américas, beneficiando, assim o
comércio brasileiro. Concomitantemente, ocorre o enfraquecimento do império
espanhol, causada principalmente pelas insurreições que ocorreram nas colônias,
fazendo com que ocorra uma desarticulação produtiva, o que também beneficia os
produtos brasileiros.
Portanto, há um conjunto de fatores externos que levam a essa aparente
prosperidade na colônia brasileira. De acordo com Celso Furtado “praticamente todos os
produtos da colônia se beneficiam de aumento temporário de preços”, levando a um
aumento da lucratividade interna. Sendo assim, essa breve euforia irá se dissipar quando
as circunstâncias externas voltarem a normalidade.

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