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História do Brasil

Aula 1
Não é um fato isolado. Para entender o processo de independência temos que entender
todo o movimento.
1. Fatores internos.
O Brasil foi conquistado para ser explorado, durante 30 anos ficou praticamente
abandonado, porque Portugal estava em busca de mercadorias que a Europa não
possuía, quando chegaram aqui, não encontraram nenhuma mercadoria e nenhum ouro.
Os espanhóis encontraram ouro na região da América Central e os portugueses não.
Portanto eles que eram comerciantes, tiveram que se tornar produtores. Resolveram
introduzir no Brasil um produto agrícola que não existia na Europa, a cana-de-açúcar.
Organizaram toda a produção na zona da mata, Nordeste, Pernambuco.
Outra atividade secundaria eram as drogas do sertão.
Resto do Brasil abandonado porque não tinha riqueza.
No processo de catequizar os índios, Jesuítas irão fundar uma vila, a Vila de São Paulo
de Piratininga, esquecida, abandonada, que vivia um povo muito rude em uma
economia de subsistência.
A Vila de São Paulo de Piratininga durante 8 meses era habitada só por mulheres,
velhos e crianças, pois todos jovens e adultos iam em expedições no interior das matas.
Não tinham dinheiro para comprar negros escravizados, então caçavam indígenas por
conta própria. Eram chamados de bandeirantes, sem que estivesse planejado, acabam
descobrindo no Brasil central o desejado ouro em Minas Gerais.
A notícia se espalhou, e assim começou a corrida do ouro.
A mineração vai fazer o eixo econômico se deslocar para o Brasil Central. Interligação
entre todas as regiões que eram abandonadas e esquecidas.
Ou seja, o pessoal vai lá para extrair o ouro, fica morando lá e isso vai fazer com que as
outras regiões tenham interesse e vantagem em ir lá vender mercadorias, gado da região
sul, por exemplo. Então começa um comercio interno.
Além disso, o ouro é uma moeda de troca e vai criando uma certa poupança interna.
Vai surgir os primeiros movimentos emancipacionistas, ou seja, movimentos políticos
com a ideia de separar de Portugal. Até porque na mineração vai se formando uma elite
riquíssima, diferentes dos fazendeiros que vivem no campo, homens até rudes,
ignorantes, analfabetos. Esse pessoal das minas mora na cidade e vão mandar seus
filhos na Europa.
O movimento emancipacionista, os primeiros movimentos que vão esboçar a ideia de se
separar de Portugal, são 2. O primeiro é a inconfidência mineira. O outro é a
conjuração baiana, também chamada de revolta dos alfaiates.
A inconfidência mineira é um projeto político comandado pela elite, porque Portugal de
forma crescente e intensa aumenta a taxação de impostos querendo cada vez mais ouro.
Portugal precisa de tanto ouro porque está endividado, então o Brasil é dependente de
um país que é dependente de outro país, que é a Inglaterra (União Ibérica e tudo mais).
Assim fizeram a inconfidência mineira. Só tinha um lá que era mais pobre, não era
letrado, Tiradentes, o único q eu tinha um pouco de contato com a população, por isso
foi o único que foi condenado e enforcado, os outros eram ricos, compram a justiça, vão
para o exilio, se safaram. Tiradentes morreu porque era o mais pobre e menos letrado,
ele era o único que fazia propostas, enquanto os outros só queriam saber de como seria
bandeira do Brasil.
Na conjuração baiana é diferente. Na Bahia essa ideia de Brasil não era a ideia do 7 de
setembro de 1822, não era o Brasil da inconfidência mineira, porque nessa conjuração
baiana quem estava querendo a independência eram os negros escravizados, os negros
libertos, os mestiços, os brancos pobres, e muitos dos que hoje chamamos de classe
média, que eram os alfaiates, os artesãos, que trabalhavam de verdade, não como a elite.
Eles colocavam a primeira questão o fim da escravidão e a reforma agraria. Não eram
apenas contra Portugal, também eram contra o fazendeiro que explorava eles todo dia.
La a revolta era pensando em um outro Brasil, que não existe até hoje, por isso não foi
um enforcado, mas centenas assassinadas.
A inconfidência mineira e a conjuração baiana, juntas formam o movimento
emancipacionista. Apesar de não terem tido existo, vão pavimentando um caminho,
porque a questão central não foi resolvida, não teve mudança.

Aula 2
2. Fatores externos.
A nação pioneira da Revolução Industrial é a Inglaterra, ela fez uma revolução política,
que são a Revoluções Inglesas, dividida em duas partes:
- Revolução Puritana: mais sangrenta e violenta.
- Revolução Gloriosa: foi feito um acordo e conseguiu se consolidar a burguesia no
poder, abolindo o absolutismo sem a guerra sangrenta, como a anterior.
A nobreza se aburguesou (nobreza=proprietários de terra), ele percebeu que se ele
tivesse ações na empresa mercantil de navegação, ele ganharia, então a nobreza se
aburguesou e a burguesia se enobreceu, a burguesia comprou terras. Então depois
daquelas guerras fez-se um acordo, a Monarquia Constitucional, aonde o rei reina, mas
não governa.
A burguesia assume o governo, e começa a tendo o dinheiro no bolso, as ideias na
cabeça e o poder político nas mãos, inicia-se a Revolução Industrial na Inglaterra.
A França teve mais dificuldades, a nobreza resistiu mais tempo. O absolutismo francês
era mais duro, então a revolução francesa foi depois, isso fez com que o modo de
produção capitalista acontecesse depois e a Inglaterra por ser a primeira se tornou a líder
mundial.
A França não queria ficar em segundo. A logica do capital é a competição, a competição
prepara o caminho para a guerra. Por isso que a burguesia francesa vai ter que mobilizar
o povo para derrotar o rei, que é absolutista, e depois não consegue mais controlar o
povo, no final acaba entregando o poder a um general, virando império que é a mesma
coisa que a monarquia, mas a palavra monarquia pegava mal então o General Napoelão
Bonapart vira imperador.
Imperador de quem? Da burguesia, para executar o projeto burguês. Qual era o projeto?
Derrotar a Inglaterra.
Começam as guerras napoleônicas.
O Napoleão monta um exército imbatível terrestres, mas a vantagem da Inglaterra é que
ela possuía a mais poderosa e imbatível marinha de guerra. Então a França quer travar a
batalha na terra, tem que atravessar o canal da mancha, e lá tem uma muralha
intransponível da marinha.
Napoleão decide estrangular economicamente a Inglaterra, bloqueio continental,
nenhum país poderá comprar e vender com a Inglaterra e tem que romper ligações
diplomáticas e políticas. E se algum país desobedecesse, o imbatível exército francês
invadiria.
Todo mundo obedeceu, só que a economia de Portugal estava toda nas mãos da
Inglaterra e o embaixador francês pressionando o governo português que ia enrolando,
até que Napoleão perdeu a paciência e decretou que o exército francês invadisse a
península Ibérica. Entrou na Espanha, derrubou o rei e o próximo seria Dom João
(príncipe regente de Portugal), que entrou em pânico. O embaixador inglês deu a
solução de transferir a corte de Portugal para o Brasil (vulgo, fuga), sendo escoltados
pela marinha inglesa.
Porém, tudo isso tem um preço, que é entregar o Brasil aos ingleses, tanto que quando a
corte chega em Salvador, os políticos brasileiros, que eram representantes dos
proprietários de terra e escravizados, já tinham conversado com os políticos ingleses e
entregam a Dom João um documento para ele assinar, o qual continha a abertura dos
portos às nações amigas (apenas Inglaterra). Isso significava o fim da colônia
economicamente (1808), porque o que mantinha a burguesia metropolitana dependente
de Portugal era o pacto colonial, aqui no Brasil só poderia vender para Portugal por
preços baixos e comprar por preços altos, não poderia comercializar com ninguém e
Portugal ganhava com isso.
E aí entrou produtos ingleses no Brasil, inundou o mercado brasileiro e vai matar
também a possibilidade do brasil fazer um revolução industrial logo após a
independência, o produto entrava mais barato inundando o mercado, não há uma
proteção da indústria nacional que durante o período colonial era proibido.
Depois em 1815, Napoleão vai ser derrotado pelos ingleses em uma batalha terrestre.
Sem a ameaça de Napoleão, Dom João não tem porque continuar no Brasil, mas
continua. Ele assina um decreto de elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal.
Em 1820, explode em Portugal a Revolução do Porto, na cidade do porto os políticos, a
burguesia, estavam arruinados, porque perderam o Brasil com o fim do pacto colonial.
Exigem que Dom João volte para Portugal, assine uma constituição que é o fim do
absolutismo e feche os portos do Brasil.
Os fazendeiros percebem que não poderiam mais fechar os portos e teriam que enfrentar
a corte de Lisboa.
Quando a noticia da Revolução do Porto chega ao Brasil, os fazendeiros se reúnem e
vão formar três correntes políticas para decidir o que fazer.

Aula 3
Esses debates vão ser chamados erradamente de partidos políticos, mas não são.
I. Partido português.
Constituído por: portugueses que estavam no brasil e ocupavam os altos postos da
administração pública, os comandantes militares e os comerciantes portugueses.
Defendiam: os interesses da Revolução do Porto, recolonizar o Brasil.
II. Partido brasileiro
Constituído por: grandes proprietários de terras e escravizados (fazendeiros),
principalmente do Rio de Janeiro e um pouco de São Paulo e Minas.
Defendiam: a não recolonização e uma monarquia dual, um rei no Brasil e outro em
Portugal, um Reino Unido com dois reis.
Eles não falaram em independência porque na verdade o que eles queriam, era manter o
comercio lucrativo diretamente com a Inglaterra sem um intermediário. Independência é
uma palavra que ate assustava, remetia a liberdade, eles tinham muito medo que essa
palavra chegasse na senzala e alimentasse as inúmeras revoltas dos negros. Nas senzalas
a noite os negros sonhavam com a liberdade, na casa grande o branco fazendeiro tinha
pesadelos com a revolta que era frequente.
III. Liberais radicais
É importante de lembrar que eram os outros partidos que chamavam esse terceiro
partido de liberais radicais para dar um tom pejorativo.
Constituído por: camadas médias urbanas (classe média).
Defendiam: intendência do Brasil e república.
Os comerciantes portugueses eram intransigentes, teimosos sobre ter que fechar o porto
e por causa disso os fazendeiros, a contragosto, apoiaram a independência por não haver
outra opção.
No entanto, uma independência cautelosa, nada com o povo. Eles decidem se aproximar
e puxar para o seu lado Pedro, filho de Dom João, que ficou aqui como príncipe regente,
que veio com 9 anos, cresceu aqui sem uma educação requintada de uma corte europeia.
Convencem ele a querer ser rei do Brasil, em janeiro de 1822 ocorreu a independência
(em setembro foi só a oficialização), em janeiro foi quando Pedro aceita e torna publica
a sua decisão.
O partido português avisou os comerciantes em Portugal sobre essa decisão, e eles
pressionam Dom João para que de uma ordem ao filho, que é para ele voltar a Portugal,
porem Pedro caga para o pai e continua aqui. As ordens continuam vindo de Portugal e
ignoradas, até que no final de agosto os navios de guerra desembarcam no Rio de
Janeiro vindo para prender Pedro, que não estava lá.
2 figuras importantes, José Bonifácio e Leopoldina (mulher de Pedro e filha do rei do
império Austro-húngaro). Quando os navios chegam José Bonifácio e Leopoldina se
reúnem e escrevem cartas a Pedro dizendo que está na hora de proclamar a
independência ou ele será preso. Pedro recebe essas cartas no caminho voltando da casa
da amante em santos e proclama enfim.

Aula 4
No Brasil o estado surge antes da nação. Esse estado, o estado imperial, que está nas
mãos dos políticos que representam a elite econômica, proclamada a independência,
eles têm uma tarefa, organizar o estado pela lei, elaborar uma constituição.
Se ela é feita através de uma assembleia constituinte e votada, ela é chamada de
constituição promulgada. Quando ela é imposta pelo governante de forma ditatorial,
ela é chamada de outorgada.
A primeira constituição do Brasil vai iniciar o processo de elaboração dela através de
uma assembleia constituinte, ou seja, essa elite econômica resolveu convocar eleições
para eleger deputados que teriam função principal de redigir a constituição, enquanto
isso o Brasil é provisoriamente governado sem lei pelo Dom Pedro I.
O processo eleitoral é bastante excludente. Serão eleitos apenas 100 deputados
constituintes que representam a classe dominante. Eles se reuniram e começaram a
discutir para fazer a constituição. Em maio de 1823, o imperador vai fazer um discurso,
onde diz “que essa constituição tenha a minha imperial aceitação”. Ele expressou a sua
vocação absolutista.
Então aí já se instaura um conflito, o rei quer ser absolutista e tem o apoio do partido
dos portugueses, enquanto os fazendeiros querem a monarquia constitucional. Os
liberais radicais continuavam defendendo a república, mas sem força para isso.
Antônio Carlos Andrade Silva, em nome da maioria dos deputados vai apresentar dois
projetos constitucionais, dois artigos, duas leis que deveriam estar na constituição:
a. É proibido o imperador ser governante de dois reinos, porque o Pedro é I no
Brasil e IV em Portugal. Quando o pai dele morrer lá ele fica rei de dois reinos.
b. O imperador estava proibido a dissolver o parlamento, porque se o parlamento
faz uma lei que contraria o imperador, o imperador poderia dissolver o
parlamento e fazer outro, estaria acima do parlamento.
Nesse primeiro momento Dom Pedro I fecha a assembleia nacional constituinte e vai
outorgar uma constituição do jeito que ele queria; evidentemente a elite vai reagir e
construir um processo de derrotar politicamente o Dom Pedro I.
Dom Pedro reúne os conselheiros dele e faz a constituição outorgada, cria 3 poderes e
um quarto poder, o poder moderador, de competência exclusiva do imperador e anula os
outros 3 poderes.
Aula 5
A primeira ação NÂO foi realizada pelo setor da elite que estava no centro do poder e
comandava o processo. No Nordeste vai surgir a Confederação do Equador, que é o
nome de uma revolta comandada a partir de Pernambuco, que tem um caráter
separatista, eles querem separar do Brasil e formar um novo país que seria uma
República.
Tem um caráter de rebelião popular (participação do povo), tem a adesão das camadas
populares com os setores de camadas médias e intelectualizadas, que é a liderança
ideológica do movimento e também o apoio dos proprietários de terra que estão muito
insatisfeitos com o projeto de independência.
A camada media está com mais clareza política, os fazendeiros têm interesses próprios e
a camada popular sempre se revolta com a exploração. Vai ter o destaque de um
importante líder popular, o Frei Caneca.
Dom Pedro envia para o Nordeste as tropas imperiais, para provocar repressão que vira
um banho de sangue que respinga até na própria elite.
Os fazendeiros do Rio de Janeiro são mais estratégicos, todo dia na tribuna um politico
sobe e ataca o Dom Pedro, no jornal saia manchete atacando Dom Pedro. No objetivo
de enfraquece-lo, isola-lo politicamente. Um processo lento, mas muito ardiloso.
Dom Pedro vai cometer erros gravíssimos. Dois erros se evidenciam:
- Guerra da Cisplatina:
O pai de Dom Pedro I ainda príncipe regente quando chegou ao Brasil em 1808,
resolveu anexar a região mais ao sul, colonizada por espanhóis dando o nome de
Cisplatina.
Com Dom Pedro I já governando, os espanhóis daquela região resolvem declarar guerra
de independência ao Brasil. Dom Pedro envia tropas, mas perde.
A derrota da munição para ataca-lo.
- Disputa pelo trono imperial:
Dom João morre em Portugal e quem iria suceder seria Dom Pedro, mas ele percebeu
que a oposição aqui estava crescendo e que se ele fosse embora não voltava mais. Ele
escolhe o Brasil e indica sua filha para ser rainha de Portugal, como ela é menor de
idade, Dom Miguel, irmão dele, vai se tornar príncipe regente até ela ter idade para virar
rainha.
Alguns nobres tentam se aproximar de Dom Miguel e convencer ele a ser Rei, enquanto
outros dizem que tem que seguir a lei. E assim acontece uma guerra civil entre eles.
Dom Pedro vai usar dinheiro do Brasil para comprar armas para os partidários que
defendem a filha dele. Oposição usa isso contra ele e cresce uma revolta no Rio. Os
políticos percebem que essa é a hora e vão entrar no palácio, Dom Pedro manda
comandante das tropas reprimir, mas o comandante que já havia conversado com os
políticos se recusa. Assim ele abdica o poder (expulso do Brasil).
Deixa seu filho Pedro, de 5 anos, como governante do Brasil, e José Bonifácio para ser
tutor do garoto. O menino é educado de acordo com os interesses dos fazendeiros que
vão ser quem realmente lidera o país.

Aula 6 e 7
Período regencial (de 1831 a 1841).
Adicação do Dom Pedro I, repentinamente. Como assembleia estava de férias, três
políticos que estavam lá serão a regência trina provisória (vai durar poucos meses). E
depois faria a regência trina permanente que deveria durar até a maioridade do menino,
mas não vai.
O padre Feijó, foi ministro da justiça, tinha lucidez política, fazendeiros estão
aprendendo a governar, e teriam que lidar com a centralização e descentralização. Os
fazendeiros que estavam longe queriam a descentralização e os do Rio queriam o poder
centralizado.
O Feijó enxergou que não da para manter o Brasil em um império unitário, precisa de
um equilíbrio. Vai adotar 3 medidas descentralizadoras:
 Criou a guarda nacional: milícia para militar comandada pelo fazendeiro, o
fazendeiro recebe o titulo de coronel (mas não é patente militar). Fazendeiro
pode criar uma guarda nacional, que é o direito de policia local, o direito de
repressão. Para reprimir as revoltas do povo não precisa chamar as tropas
imperiais, a guarda começa a repressão. Grupo de pessoas recrutadas pelo
fazendeiro para ser essa milícia, legalmente.
 Fortaleceu o poder do juiz de paz: um fazendeiro que eles escolhiam entre eles
para exercer o poder de justiça local. Obrigar o cumprimento da lei.
 Criou a assembleia legislativa provincial: o fazendeiro vai poder fazer leis de
aplicação local, e nomear cargos.
Ato adicional: não mudou a constituição, apenas acrescentou.
Transforma a regência trina em regência una, regente seria eleito e haveria mandato de
4 anos. Mas continuaria censitário, fazendeiros votam e fazendeiros podem se
candidatar.
Padre Feijó é eleito como regente, em 1835. Não tinha a maioria da câmara, os
deputados/senadores conseguiram colocar na câmara uma maioria de opositores ao
padre Feijó. Por isso vai ficar só 2 dois anos, abdicou. O inimigo dele, Araújo Lima, é
eleito.
Feijó: progressista liberal, defendia a descentralização.
Araújo Lima vai assumir em 1837: regressista conservador, defendia a centralização.
Dois lados: conservadores e liberais.
Agora os liberais são oposição, formaram um plano político para derrubar o Araújo
Lima.

Aula 8
Araújo Lima vai fazer lei de interpretação aos atos adicionais, limitar o ato adicional,
com uma série de meditas em relação ao poder do juiz de fora e da assembleia
legislativa. Apenas não limitou a guarda nacional, porque a função era reprimir o povo e
isso ele apoiava.
Liberais arquitetam o golpe da maioridade, se aproximaram do jovem Pedro que tinha
15 anos e vai convence-lo de que ele não precisaria esperar a maioridade legal para se
tornar imperador, fazem uma campanha na tribuna, no parlamento, distribuindo
panfletos para o povo.
Argumento que o Brasil está um caos, é preciso de um governo forte para acabar com
essas revoltas. Isso vai crescer de tal modo, lá no Rio de Janeiro, que eles vão conseguir
aprovar a lei.
Então o Pedro é coroado e se torna Dom Pedro II. A primeira medida é montar um
ministério, os primeiros ministros, que vão ser os liberais.
Assim os conservadores se tornam os opositores e vão atacar os liberais.
Pergunta da prova: qual é o duplo caráter dos conflitos regenciais? Tem dois aspectos,
começa de um jeito e termina de outro, em relação aos conflitos sociais.
Pois então, enquanto tudo isso acontecia, havia conflitos sociais.
1- Cabanagem (Pará, 1835-1840)
Revoltas no campo
2- Balaiada (Maranhão, 1838-1841)
3- Males (Salvador, 1835)
Revoltas urbanizadas, na área urbana
4- Sabinada (Salvador, 1837)
5- Guerra dos Farrapos (Rio Grande do sul, 1835-1845)
Aula 9
Os conflitos regenciais centrais, principalmente a Cabanagem, tem duplo caráter.
O primeiro caráter é o que se insere na disputa entre o poder central e a
descentralização, mas a opção pela luta armada coloca nesse combate as camadas
populares que são inicialmente recrutadas, comandadas e manipuladas pela elite.
No transcorrer das batalhas vai surgir algumas lideranças populares, e essas camadas
vão perceber, enxergar melhor a situação e ai ocorre um segundo caráter social-popular,
a população vai assumindo a condução do processo, se libertando da manipulação dos
fazendeiros e passa a lutar contra os fazendeiros, porque a população vai percebendo
que a raiz do seu sofrimento, a causa verdadeira, não se resolveria pela disputa poder
central poder local, as camadas populares colocam na agenda dela o seu interesse, o seu
plano político.
A elite local que começou a guerra, agora implora ao poder central o envio de tropas do
exercito imperial para esmagar a revolta do povo.
A Cabanagem ocorreu no Pará, houve a participação maciça dos cabanos, uma
população rural que vivia a beira dos rios em cabanas, em uma economia de
subsistência. Eles que vão ser recrutados pelos fazendeiros.
Liderados pelos fazendeiros eles vão entrar em Belém, pela primeira vez um movimento
de luta armada consegue conquistar uma cidade, lá o governador vai ser executado e aí
que surge a divergência. Porque quando isso acontece, vão começar a governar, a elite
pega o poder para ela e diz as camadas populares para voltarem a beira do rio, os
cabanos se recusam mostrando seus interesses de governar, ter uma república separada
do Brasil, terra e o fim da escravidão.
A elite vai chamar as tropas imperais, que são mais treinadas e equipadas, quando
chegam os cabanos se dispersam pelo interior e durante 5 anos resistem em uma tática
de ataques de guerrilhas.
A Balaiada aconteceu no Maranhão. Havia um choque entre a elite local que queria
governar e ter uma parcela de poder, e o poder central que era quem de fato governava.
Vai ter um estopim, tinha um vaqueiro (criação de gado), chamado Raimundo Gomes
trabalhava para um fazendeiro, não se sabe bem o que aconteceu, mas o delegado
prendeu ele, quando o patrão dele ficou sabendo disso disse que era perseguição do
poder central, juntou uns jagunços armados invadiu a vila, abriu a cela e soltou o
vaqueiro, junto com todos os outros presos. Foi um ato violento para desafiar o poder
central. Quando a noticia se espalha vai ter uma adesão enorme das camadas populares.
Por que esse foi o estopim? Porque muito antes disso havia um artesão, fabricava
balaios (cestos), e vendia de fazenda a fazenda, ao vender os balaios ele conversava
então foi politizando o pessoal. Então quando ocorre o estopim, faz ter uma revolta
generalizada contras os fazendeiros, porque foi uma quebra de poder.
Não teve uma organização.
Fazendeiros contra o poder central – vaqueiros contra fazendeiros
Aula 10
Em Salvador vão ocorrer dois conflitos.
Primeiro a revolta dos Males, uma etnia de negros do norte da África, que vieram
especificamente para Salvador. Eram negros islamizados, já alfabetizados, cultos e
adeptos da fé Islâmica. Vão ser escravos do Estado, eles faziam a leitura das leis, a
escrita. Circulavam livremente por Salvador, eram escravizados, mas não tinham os
maus-tratos, a violência, o trabalho exaustivo.
O Brasil era o que chamava padroado, portanto todos os negros escravizados tinham que
se converter a fé católica, mas os males tinham uma forte crença religiosa, e não
aceitavam serem convertidos.
Eles vão fazendo reuniões e vão começando a preparar essa revolta para tomar o poder,
só que na cidade as revoltas era muito difícil de ocorrer, porque a vigilância era muito
maior, então o governo vai obter informações antes que a revolta eclodisse através de
delações que está estava sendo preparada, e os negros vão ser violentamente oprimidos.
Vai ter outra revolta chamada de Sabinada, os organizadores da revolta, que estavam a
frente eram de camadas medias urbanas, camadas intelectualizadas. Eles eram do grupo
dos liberais exaltados, aqueles que no processo de independência, defendiam que o
Brasil deveria se tornar uma república.
Irão se organizar em um jornal que eles vão criar para divulgar suas ideias defendendo a
descentralização.
Assim que o poder central é informado pelo poder local, descobrem que a ideia estava
se espalhando, e vão enviar as tropas imperiais para reprimir o movimento.
Para entender a Guerra dos Farrapos, precisa entender o processo histórico cultural de
ocupação dessa região, para depois entender o que foi o estopim.
A região sul, por um longo período colonial foi desprezada pela metrópole, Portugal. A
atividade econômica lá era a criação de gado, em todo o período colonial viveram por
conta própria, para consumo próprio, com a extração do ouro eles ampliam essa
produção para outras regiões do país. La eles vão criar gado solto, os que vieram de
Portugal e os descendentes de portugueses, e estarão também os que vieram da Espanha
e descendentes de espanhóis, então não há uma fronteira definida. Isso vai gerar um
conflito entre os dois, tendo constantes guerras, que deu a eles um preparo militar.
Eles tem forte espírito republicano, tanto que a guerra dos farrapos é uma guerra
separatista, eles vão se separar do brasil e criar outro país. É uma ideia de república
diferente dos liberais, é uma república caudilhesca, onde todos vão seguir o líder.
O estopim vai ser uma reclamação dos fazendeiros, que vai ser que o governo central
não protegia carne gaúcha, a carne importada entrava no pais sem nenhum tipo de
taxação, então o que os fazendeiros reivindicavam era uma politica protecionista, vão
exigir uma taxação, que na alfandega tivesse elevados impostos aos produtos
estrangeiros.
O governo ignora, eles são prejudicados economicamente, ai decidem pegar em armas e
se separar do Brasil.
Há duas diferenças entre a Guerra dos Farrapos e as demais revoltas.
A primeira é que no Rio Grande do Sul, os fazendeiros não perdem o controle das
camadas populares, porque até pela própria natureza da organização social da economia
da pecuária, naquele momento histórico e naquele local, criava uma aproximação
cotidiana entre o patrão e o empregado, porque ambos estavam em cima do cavalo com
a arma na mão, e tinham uma convivência diária.
A segunda é o fim da guerra, todas terminaram em repressão, mas essa a ação do
governo combina ações militares e vai enfrentar do outro lado pessoas também
preparadas para guerra, no entanto o governo não vai se limitar a ações militares, vai
também para propor o fim da luta uma negociação, vai atender as reivindicações e dar
anistia (perdão), os que pegaram em armas podem continuar com as armas, mas vistam
a farda do exército.

Aula 11
Quais as transformações econômicas que causaram a proclamação da república?
Duas leis importantes foram criadas:
 Lei Eusébio de Queiroz: determinava que o tráfico negreiro estaria proibido.
A independência foi patrocinada pela Inglaterra, que já tinha feito a revolução industrial
(pioneira), foi o ponta pé para o modo de produção capitalista, se ela produz muito ela
tem que vender muito, vai ajudar a independência do Brasil, porque se ele se liberta de
Portugal pode comercializar com a Inglaterra.
Depois disso ela pressiona o Brasil para abolir a escravidão, porque o escravo é um tipo
de exploração que não gera consumidor,
O Brasil resiste, porque os fazendeiros não querem parar de ter pessoas escravizadas.
Ate que a Inglaterra faz uma lei que diz que vai bombardear os navios negreiros, o
Eusébio de Queiroz juntou os outros fazendeiros e decidiram pelo fim do tráfico, mas
vai iniciar a reprodução no cativeiro e a comercialização entre estados.

 Lei de terras: normas para a aquisição de terras, chamadas terras devolutas, vai
determinar que para uma pessoa dizer que era dona da terra ela teria que ter um
documento de aquisição.
Muitas dessas terras devolutas eram ocupadas, ocupadas por poceiros (brancos pobres,
negros libertos) que iam para o interior das matas, cortavam as arvores e faziam um
plantio roça de subsistência, essas pessoas não tinham o título de compra dessas terras.
Então o objetivo dessa lei era impedir o acesso a terra pelas camadas populares.
Aula 12
O fator principal para o fim do império foi o início de uma nova atividade econômica, a
economia cafeeira.
Quando se inicia o século 19, o Brasil está em crise, porque o açúcar não é mais o líder
mundial e tem grande concorrência, e o ouro se esgotou rapidamente, então a solução
vai ser o café, mas não é nada planejado. O que vai despertar o interesse pelo café é um
fato fora do país, a demanda pelo café vai crescendo na Europa, vai se tornando um
produto de consumo em larga escala, uma moda, com isso o Brasil percebeu que a
produção de café poderia ser uma saída.
O café no Rio de Janeiro é um café nos moldes econômicos tradicionais, fazendeiro de
mentalidade colonial, a grande mudança vai ser quando o café se desloca para outra
região, já que não tem investimento tecnológico, a única opção de aumentar a produção
é expandir a fronteira agrícola, aumentar a produção produzindo em mais terras.
O café vai ser de fato o responsável pelo fim do império quando ele chega lá pelos anos
de 1870 no Oeste paulista, são Paulo (campinas, centro de produção do café).
Como o café foi parar em São Paulo:
Os bandeirantes da vila de São Paulo de Piratininga, faziam o caminho de goiases para
Minas Gerais, que se iniciava na vila e ia ate onde hoje é Jundiai, paravam em alguns
pontos de Campinas, para descansar, onde haviam córregos (3 campings), depois
continuavam e iam até Minas Gerais. Alguns desses bandeirantes resolveram parar em
Campinas e ficar, fazer um “hotel de beira de estrada”, uma “pousada”, constroem
cabana, plantam milho e cobram em ouro para os que quisessem ficar lá, ao invés de ter
que ir até o ouro, esse se torna o primeiro agrupamento humano, são poceiros.
Então o ouro entra em decadência, e na região de Taubaté os fazendeiros produtores de
cana (liderados por Barreto Leme) ficam sabendo que na região de Campinas tem a terra
e clima bons e decidem que vão tomar aquelas terras dos poceiros, afinal eles tinham
títulos.
A primeira riqueza: Cana-de-açúcar.
Campinas é transformada em um distrito de Jundiai, e em 1784 o Barreto Leme pede
o=ao governador da província para que não precise mais ser distrito de Jundiaí,
transformar em uma vila.

Aula 13
O café no oeste paulista vai fazer uma nova categoria da classe dominante que é a
burguesia cafeeira paulista, ela tem ideias já de caráter empresarial. Ele vai investir uma
parte do lucro, não vai só gastar, para aumentar a produtividade vai investir na
mecanização. Também vai aplicar seu dinheiro em outras atividades na cidade. E ter
uma gradual substituição da mão de obra escrava para a assalariada, vai perceber que
escravidão é algo arcaico, porque estava ficando cada vez mais caro comprar os negros
escravizados, que depois poderiam fugir, morrer e assim ele perderia o dinheiro, além
de que os negros não tinham incentivo para serem mais produtivos, em uma crise ele
ainda teria que alimentar o negro, enquanto com a mão de obra assalariada o
funcionário receberia o salário, compraria o alimento do próprio armazém do fazendeiro
e em uma crise ele ainda poderia despedir os funcionários sem problemas.
Estavam amarrados ao império, uma política arcaica, muito rígido tendo a visão dos
fazendeiros tradicionais que não conseguiam ver a visão futurista, empresarial da
burguesia cafeeira paulista.
Então em 1870-1872 vai fazer 3 coisas: Vai lançar um manifesto, manifesto
republicano, aonde vai defender a república. Lançar um jornal chamado A República. E
por fim, fundar um partido republicano.
A burguesia cafeeira queria a república para aumentar o lucro dela, mas em seu
manifesto e em seu jornal ela dizia que estava defendendo o Brasil, que para melhorar a
vida do povo tinha que proclamar a república.

Aula 14
O Paraguai teve um processo de independência muito diferente dos outros países da
América Latina em função da liderança de Francia conduzindo esse processo.
Ao proclamar a independência o Francia vai confiscar as terras da igreja católica e fazer
uma reforma agraria, distribuir aos camponeses e criar paralelamente fazendas pro
estado, abolir a escravidão, por tanto não surgiu a elite de fazendeiros e mercantil como
nos outros países. Tinha uma política econômica estatal. Vai criar escolas e alfabetizar
toda a população, percebe que agricultura não é o futuro, que o modelo é a Inglaterra
então vai estimular a produção industrial.
Único país não explorado pelo império capitalista inglês. O que vai chamar a atenção da
Inglaterra porque é um exemplo perigoso.
Solano Lopes vai suceder e continuar na mesma linha. O Paraguai tem um problema
que é não ter saída direta para o oceano, tem que fazer toda a exportação pela bacia do
rio prata, passando pela região controlada pela argentina, evidentemente a argentina é
subordinada pela a Inglaterra, que vai ver uma maneira de estrangulara economia do
Paraguai. Então vai encontrar maneiras de dificultar a passagem dos navios do Paraguai,
principalmente na elevação exagerada das taxas alfandegarias.
Na região tem o Brasil, a Argentina e o Uruguai, o Uruguai era uma província do Brasil
que fez a independência e se separou. Nessa época o Uruguai tinha um governo quase
aliado ao Paraguai.
O Solano Lopez percebeu o interesse da Argentina e do Brasil em interferir na politica
interna do Uruguai e deu um ultimato que se o Brasil interferisse seria uma declaração
de guerra, que é o que vai acontecer, o império vai intervir, derrubar o governo do
Uruguai. Feito isso o Solano Lopez invade o Brasil, começando a guerra do Paraguai
em 1865, durou 5 anos, terminando em 1870, e na fase final deixou de ser guerra e virou
um genocídio.
Primeira parte da guerra Argentina comanda, segunda parte Brasil (GENOCIDIO).
Terminando a guerra o preço da vitória foi muito caro do ponto de vista econômico,
porque o Brasil fica afundado em dívidas, tem que pagar os empréstimos aos bancos
ingleses com juros. Para pagar essa divida o governo vai aumentar os impostos, o que
gera descontentamento; vai ter uma política emissionista, emitir mais papel moeda que
gera inflação.
A guerra do Paraguai faz com que o exército tenha mais poder, e os problemas pós-
guerra faz com que eles fiquem descontentes com o governo, além de não abrirem
espaço pra eles na política, isso tudo faz com que eles se tornem pró-república.
Na guerra vai surgir os “voluntários” da pátria. Os fazendeiros, não iria mandar seus
filhos para guerra, então mandam alguns escravizados no lugar, esses voluntários são os
negros escravizados que são obrigados a irem para a guerra, tanto que na frente de
batalha era formada principalmente por negros. Em troca disso os negros saem daquele
cotidiano de escravidão e voltam libertos, tendo uma contingência maior de negros
libertos pós-guerra, e tudo isso vai engrossar o que mais para frente se transforma na
campanha abolicionista.

Aula 15
Três fatores conjunturais da proclamação da república:
 Questão abolicionista:
Desde o início da escravidão inicia-se uma revolta dos negros pela condição de
escravo, uma revolta continua. A ação que impacta, é a ação dos negros nos quilombos,
para onde os negros fugiam e organizavam uma sociedade livre mais evoluída que a dos
brancos europeus, o maior e mais famoso foi o quilombo dos palmares, não havia só
negros, os brancos pobres e cansados de serem explorados também iam para lá, desde
que se pensasse coletivamente estava incluso, brancos, mulatos, indígenas... A
existência do quilombo mostrava que o discurso do fazendeiro ao tentar convencer,
inclusive os próprios negros, que eles eram como animais era uma mentira, além de
afetar o fazendeiro economicamente.

Aula 16
A questão do fim da escravidão depois de meados do século 19, tornou-se uma
questão que ultrapassou exclusivamente a permanente luta dos negros, essa adesão de
não negros lutando pelo fim da escravidão será principalmente das camadas médias
urbanas intelectualizadas. Vai ser talvez a primeira campanha da história, que seja de
maças, envolvendo manifestações públicas um grande número de pessoas.
Essa campanha vai ter dois setores, que querem a mesma coisa, mas com ideias
diferentes na cabeça
1. Setor moderado (conservador): defendiam o fim da escravidão, mas mantendo a
sociedade de classes e a exploração, presente do governo e os negros deveriam
ser eternamente gratos
2. Setor progressista (apelidado pelo setor moderado como setor radical): o fim da
escravidão não seria bondade do governo, mas conquista dos negros. Com a
abolição deveria vir terras para os negros e educação para que eles fossem
integrados na sociedade.
Dom Pedro II estava sempre viajando, e deixava a filha dele, a Princesa Isabel com
regente, em 1888, o palácio imperial estava cercado pela multidão quando ela assinou a
lei Áurea. Os fazendeiros donos de negros escravizados, que antes eram os únicos a
favor do império, agora passam a ser contra, abalando e enfraquecendo o império.

Aula 17
 Questão militar:
Na guerra do Paraguai, os militares tiveram uma longa convivência com o exército
da Argentina, que tinham força política por ser uma república.
Os militares passaram a ter ambição política, e vão criticar o império através da
imprensa, que é controlada pela burguesia cafeeira que também quer a república, então
eles vão abrir espaço para que os oficiais militares façam pronunciamentos no jornal
criticando o império.
Militares e burguesia cafeeira, são aliados nesse momento, cada grupo quer seu tipo
de república, mas eles têm um objetivo em comum.
O imperador manda prender os militares que criticaram, isso provoca uma maior
coesão no meio militar.
A república nasceu com um golpe militar, então a questão militar é a questão
decisiva conjuntural.

 Questão religiosa:
A igreja católica era a religião oficial do império, qualquer ordem papal, que vinha
do vaticano para o Brasil, tinha que passar pelo imperador antes.
Existência de uma sociedade secreta, a maçonaria. Grande parte dos políticos, dos
católicos, frequentavam a maçonaria. Isso começou a ser um problema para a igreja, que
tem uma rígida estrutura hierárquica vertical, que exige obediência absoluta. O
problema era que os padres frequentando a maçonaria fugiam ao controle, pois eles não
contavam a seus superiores o que faziam lá.
Então o papa decidiu que era proibido frequentar a maçonaria, que se frequentasse
seria excomungado, essa ordem chega no Brasil e o imperador que era da maçonaria e
decide não cumprir a ordem papal.
Alguns bispos lá no Nordeste, decidem punir os padres que frequentavam a
maçonaria, em represália Dom Pedro II vai prender o bispo e com isso toda a igreja vai
romper a aliança política com o império.
O império ficou isolado, perdeu o apoio do único setor da classe dominante que apoiava
ainda, que eram os proprietários de escravizados, que ficaram contra o império com
abolição. Perdeu o apoio militar, porque os militares querem fazer política e o império
não deixa. E perde o apoio ideológico da igreja que convencia o povo a aceitar o
império.
Só faltava o ato final de derrubar o império, que foi o golpe militar liderado pelo
Marechal Deodoro da Fonseca, 15 de novembro de 1889, os militares saem as ruas sem
que o povo soubesse o que estava acontecendo.

História da Europa
Aula 17
Século XIX, o movimento operário da Europa.
O marco inaugural para existir o operário e a burguesia industrial, é a implantação do
modo de produção capitalista. Novo modo de produção, máquinas, fabricas e capital
acumulado no comercio é aplicado na produção e vai gerar o capital na produção, que é
a extração da mais valia do operário na fábrica.
Então nasce o capitalismo na Inglaterra no século XVIII, século XIX já é a segunda
revolução industrial e é nela que o movimento operário vai se organizar, surgir e reagir.
A primeira forma de exploração, é chamada mais valia absoluta, implica em um grau de
exploração de intensidade maior, a reação e a luta dos operários é que vai tentar
diminuir essa exploração embora o objetivo final seja acabar com ela.
As condições de trabalho do operário eram precárias. Diante disso, na Inglaterra os
trabalhadores vão reagir.
A primeira reação é o chamado ludismo, e consistia em entrar na fabricas e quebrar as
máquinas. Está muito relacionado a própria origem das fabricas, esses operários são
formados por: camponeses que foram expulsos do campo, substituídos pelas máquinas e
artesoes que tiveram seu artesanato arruinado pela concorrência das máquinas. Para eles
a máquina é a responsável pela sua miséria, e deu visibilidade para o operário porque é
um prejuízo ao patrão.
O segundo movimento, é o cartismo, é a ideia de fazer uma carta do povo, de colocar no
papel todas as reivindicações para o governo, portanto pressupõe um dialogo maior
entre os operários e uma maior organização porque precisa fazer um abaixo-assinado,
implica em um grau maior de politização.
Vão reivindicar que os parlamentares recebessem salário, para que assim os operários
pudessem participar do parlamento.
Governo reprimiu o movimento operário, operário percebeu que teriam que se defender
porque ninguém iria ajudá-los, e assim se organizar em sindicatos.

Aula 18
Luta econômica (sindicatos) – luta política (partidos)
Essa passagem ocorre através do conhecimento. Importante papel dos intelectuais que
colocam o conhecimento a serviço dos trabalhadores, e aí nasce um projeto de ideia que
é o socialismo.
O socialismo começa como socialismo utópico, que é uma sociedade perfeita no papel
ou no futuro, mas não diz como chegar lá.

As características do socialismo científico. Primeiro é a crítica da propriedade privada


aos meios de produção, então as relações sociais de produção, as relações que os
homens estabelecem entre si no processo produtivo, isso permite analisar as forças
produtivas, que são os meios de produção (são a matéria prima e as ferramentas, as
maquinas) + a força de trabalho.

O socialismo científico deveria se chamar de capitalismo científico, porque o que ele vai
fazer é explicar o capitalismo. Vai falar que na sociedade capitalista você tem a
infraestrutura (é a base, essas forças produtivas) e a superestrutura (é todo o edifício
jurídico, político, o Estado, as leis, as artes, a ciência... tudo que não é material).

A terceira característica é a mais valia, é o trabalho não pago, por exemplo, o


trabalhador tem uma jornada de 8 horas de trabalho, em 2 horas ele produz o valor do
salário dele do dia, as outras 6 horas ele trabalha de graça.

Os trabalhadores estão começando a perceber a partir da Europa, que a exploração se dá


em vários países, e depois que eles leem o manifesto comunista do Marx em 1848, os
trabalhadores decidem criar uma organização internacional, que é chamada
Internacional. Seria como uma ONU, organização dos operários unidos. Cada país
manda seu representante, levando suas reivindicações, seus relatos, lá eles tomam
decisões, voltam para os seus países de modo que a luta seja internacional e clandestina.
Obviamente, tudo é clandestino, debaixo de uma feroz repressão.

Na primeira Internacional (1864-1876), o debate que vai ocorrer vai estar em dois lados
sobre o processo de transformação histórica, o objetivo é o mesmo o fim da propriedade
privada consequentemente o fim do Estado que é instrumento de dominação da classe
proprietária. A divergência é qual o caminho, vai ter um debate entre os comunistas
(liderado pelo Marx) e os anarquistas (pelo Bacuni?).

Os anarquistas defendem uma passagem direta, do capitalismo para esta sociedade


anarco-comunista, através de greve geral, uma insurreição, o sistema se desmorona e
das ruinas do capitalismo nasce o anarcocomunisno, o anarquismo.
Os comunistas acreditam que não é possível uma passagem direta, existe uma fase
intermediaria, aonde ainda tem classes onde ainda tem estado, essa fase é o socialismo.

Na segunda Internacional (1889-1914), os anarquistas não têm mais presença


significativa, a maior parte dos operários foram se convencendo da ideia
socialista/comunista. A divergência agora é entre os socialistas e os reformistas, que são
ideias burguesas, se não da para acabar com o capitalista deve-se reformá-lo.

Partido social alemão, formado por reformistas, maior partido socialista, legalizado e
ganhava eleições, tinham deputados no parlamento. Como a Alemanha estava se
preparando para a primeira guerra, o governo capitalista da Alemanha envia para o
parlamento um pedido para usar o dinheiro publico dos impostos para fabricar armas,
abriu uma grande discussão no meio operário e na hora que foi votar grande parte dos
deputados do partido socialista votaram a favor. Uma outra parte discordou, era uma
guerra capitalista, não teria sentido um operário pegar em armas para matar outros
operários, esses que discordaram saíram do partido dizendo que o partido havia traído o
movimento operário, porque os operários não queriam a guerra.

A terceira Internacional, está ligada a revolução socialista na Rússia, em 1917, a classe


operaria russa, liderada pelo partido Bolchevique, implanta o primeiro governo
socialista. Quando a Rússia faz revolução eles irão fundar um partido comunista e eles
criam a terceira Internacional, nasce como consequência da vitória revolucionária do
proletariado na Rússia.

Nasce com a primeira guerra mundial e termina com a segunda guerra mundial, quando
o Stalin no acordo pós segunda guerra mundial vai extinguir da terceira Internacional.

O problema da terceira Internacional é o fato dela estar muito diretamente relacionada


com a União Soviética, de modo que as turbulências políticas que vão ocorrer dentro da
União Soviética repercutem na Internacional. Então quando o Lenin ainda esta vivo, ela
preserva o espirito internacionalista de unir todos os operários, mas a medida que o
Stalin vai assumir o poder e trem da revolução vai se descarrilhando, a Internacional vai
se tornando aos poucos um instrumentos nas mão do Stalin para que os operários do
mundo inteiro convencidos ou iludidos passem a defender a União Soviética.

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