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3º TRIMESTRE/2022
Prof. Amauri
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2. A VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O documentos, bibliotecas, coleções de arte e tudo
BRASIL o que podiam transportar.
Depois de algumas semanas de viagem, uma
ANTECEDENTES forte tempestade separou as embarcações.
Algumas, como a de D. João, foram para
O processo de independência do Brasil começou Salvador. As restantes, para o Rio de Janeiro. De
em 1808, quando a família real portuguesa veio Salvador, D. João transferiu-se para o Rio de
para o Brasil. O motivo desta vinda está ligado Janeiro, em março de 1808. E foi nesta cidade
aos interesses de Napoleão Bonaparte, que que ocorreram as maiores mudanças efetuadas
desejava dominar a Europa. Então imperador da em seu governo.
França, Bonaparte derrotou exércitos de vários
países. No entanto, a Inglaterra, por ser uma ilha, A CHEGADA
oferecia grande resistência. Isto porque a
marinha inglesa era mais poderosa do que a Ao chegar no Rio de Janeiro, D. João foi recebido
marinha francesa, fazendo com que Napoleão com grandes festas, preparadas por seus amigos
sofresse uma grande derrota naval, na Batalha de e funcionários. Mas a população do Rio de
Trafalgar. Não conseguindo vitória militar contra a Janeiro não apreciou muito a vinda da família real.
Inglaterra, Napoleão criou uma forma de Em 1808, o Rio de Janeiro tinha em torno de 60
enfraquecê-la economicamente, através do mil habitantes, sendo que 40 mil eram escravos.
Bloqueio Continental. Os 15 mil membros da família real causaram uma
verdadeira “avalanche humana” na cidade,
BLOQUEIO CONTINENTAL obrigando D. João a tomar uma medida
impopular. Para abrigar tantos nobres, D. João
O Bloqueio Continental foi um decreto mandou despejar os moradores das melhores
napoleônico de 1807, que proibia todos os países residências da cidade, mandando afixar, nas
europeus de comercializarem com a Inglaterra. portas, as letras P.R. Esta sigla significava
Napoleão achava que, enfraquecendo os “Príncipe Regente”, ou “Propriedade do Rei”.
ingleses economicamente, poderia facilmente
dominá-los. Acomodado no Rio de Janeiro, D. João começou
Portugal, por ser um antigo aliado da Inglaterra, a efetuar uma série de mudanças econômicas e
desobedeceu ao bloqueio. Napoleão logo culturais que iriam mudar não só a cara da cidade,
acionou suas tropas para invadir o reino como também futuro do país.
português. Temendo a perda de seu poder – e
sob a proteção da Inglaterra – o príncipe regente ABERTURA DOS PORTOS
D. João fugiu com a família real portuguesa, vindo
para o Brasil. A primeira coisa que D. João fez, ao chegar ao
Brasil, foi abrir os portos brasileiros a todas as
DOM JOÃO IV nações amigas. Como o império português tinha
agora sua sede no Brasil, Portugal só poderia
No período napoleônico, D. João IV era príncipe comercializar com outros países a partir dos
regente de Portugal pois, sua mãe, D. Maria I, não portos brasileiros.
podia governar devido a problemas mentais. Em
1818, com a morte de sua mãe, D. João foi Quem saiu ganhando foram os ingleses que,
coroado rei, com o título de D. João VI. naquela época, dominavam o comércio mundial.
Foi casado com a princesa espanhola Carlota Prejudicada pelo Bloqueio Continental, a
Joaquina, com quem teve três filhos e seis filhas. Inglaterra viu abrir um amplo mercado no Brasil.
Os principais portos brasileiros foram tomados
A VIAGEM por mercadorias inglesas. Havia, inclusive,
produtos de inverno que, no calor tropical do Rio
D. João fugiu com, aproximadamente, 15 mil de Janeiro, não tinham muita utilidade.
nobres portugueses, em 14 embarcações. Como
não sabiam ao certo quanto tempo iam ficar no A Abertura dos Portos também rompeu com o
Brasil, os nobres trouxeram riquezas, pacto colonial entre Brasil e Portugal,
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enfraquecendo a influência da metrópole sobre a espalhou por todo país. Esta revolução ficou
colônia, e criando as condições para a conhecida como Revolução do Porto.
proclamação da independência, em 1822. Vitoriosos, os revoltosos formaram um governo
provisório e exigiram o retorno imediato de D.
MUDANÇAS ECONÔMICAS João VI para Portugal. Com medo de perder o
trono, D. João voltou para Portugal, em 1821.
Outras medidas tomadas por D. João serviram de
estímulo para as atividades econômicas do Brasil. D. João VI esvaziou os cofres do Banco do Brasil,
Entre elas, podemos destacar a anulação da lei levando quase todo o ouro para Portugal. No
que proibia a instalação de indústrias no país. Brasil, deixou seu filho, D. Pedro, como príncipe
Isto permitiu a abertura de fábricas e usinas, regente.
sendo que a produção de ferro obteve bastante
progresso. A produção agrícola também cresceu, DOM PEDRO
surgindo o café, ao lado do açúcar e do algodão.
O café, pouco tempo depois, passaria a ocupar o D. Pedro nasceu em Portugal, em 1798. Morreu
primeiro lugar nas exportações brasileiras. em 1834, com 36 anos. Foi o primeiro imperador
do Brasil e 28° rei de Portugal, ainda que o
Não podemos deixar de destacar a fundação reinado em Portugal tenha durado sete dias, em
do Banco do Brasil, que se tornou símbolo da 1826.
economia liberal no país.
Era filho de D. João VI e Carlota Joaquina. Além
MUDANÇAS CULTURAIS disso, foi pai de D. Pedro II, segundo imperador
do Brasil. Seu nome completo era: Pedro de
A cultura do país passou por grandes Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier
transformações, a partir da vinda de D. João VI. de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga
Vários cursos foram criados no Rio de Janeiro e Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e
Bahia, como cirurgia, química, agricultura, Bourbon.
desenho técnico, entre outros.
A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Foi fundado o Museu Nacional, o Observatório
Astronômico, a Biblioteca Real e a Imprensa No Brasil, D. João VI deixou seu filho, D. Pedro,
Régia. Além disso, a arte se destacou com a como príncipe regente. Mas os brasileiros
vinda da Missão Francesa ao Brasil, em queriam a independência. Os portugueses, por
1816. Debret foi um dos grandes pintores da outro lado, queriam que o Brasil voltasse a ser
missão, e retratou cenas do cotidiano brasileiro, colônia de Portugal, como era antes da vinda de
na época. D. João.
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria Para isso, queriam que D. Pedro voltasse para
de Reino Unido de Portugal Brasil e Algarves. Em Portugal e entregasse o governo a uma junta.
1821, as capitanias passaram a se chamar Mas D. Pedro preferiu ficar no Brasil. Esta
províncias. desobediência ficou conhecida como “Dia do
Fico”. D. Pedro proclamou a Independência em
3. O PRIMEIRO REINADO (1924 – 1931) 07 de setembro de 1822, ao receber alguns
decretos das cortes de Portugal, quando estava
ANTECEDENTES em viagem a São Paulo.
Após a fuga de D. João para o Brasil, Portugal
ficou empobrecido por causa da guerra contra os Estes decretos anulavam algumas de suas
franceses. Além disso, o comércio português foi decisões, tentando fazer com que D. Pedro
muito prejudicado pelo decreto de abertura dos obedecesse às cortes portuguesas. D. Pedro
portos brasileiros. aproveitou a ocasião e declarou a separação
entre Brasil e Portugal.
Diante das dificuldades, em 1820, estourou a
revolução na cidade do Porto, que logo se
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OS LIMITES DA INDEPENDÊNCIA Esta Constituição determinava que os senadores
só deixassem o cargo quando morressem. O voto
Para ser reconhecido oficialmente, o Brasil era censitário, ou seja, só podia votar ou se
aceitou pagar indenizações de 2 milhões de libras candidatar a cargos públicos quem ganhasse
esterlinas a Portugal. Para isso, pediu um uma renda mínima. Além dos três poderes usuais
empréstimo à Inglaterra, fato que iniciou a dívida – Executivo, Legislativo e Judiciário – a
externa do Brasil. Constituição criava o Poder Moderador, feito
especialmente para o imperador. Este quarto
Apesar do processo de independência ter base poder permitia a ele nomear o ministério,
nas ideias iluministas de liberdade, a escravidão dissolver a Assembleia e nomear os presidentes
foi mantida, atendendo aos interesses dos das províncias.
grandes proprietários de terras. O Brasil
continuou com o modelo agrário, baseado em Assim, a Constituição de 1824 estabelecia um
latifúndios e na produção de gêneros primários governo de poucos, que representava apenas os
voltada para a exportação. Ou seja, pouco mais ricos da sociedade e beneficiava o
diferente de quando era colônia de Portugal. imperador.
Ao contrário de outros países da América Latina,
que adotaram o sistema republicano, o Brasil GUERRA DA CISPLATINA
adotou o governo monárquico, baseado no poder
de um rei. A guerra da Cisplatina foi um conflito que
ocorreu entre 1825 a 1828, na Província
O PRIMEIRO REINADO Cisplatina, atual Uruguai. A Província Cisplatina
foi incorporada ao Brasil em 1821, após quatro
No dia 1° de dezembro de 1822, D. Pedro foi anos de lutas sangrentas contra as tropas de D.
coroado primeiro imperador do Brasil, com o título João VI.
de D. Pedro I. Seu governo ficou conhecido
como Primeiro Reinado, e durou de 1822 a Porém, com costumes, tradições e língua
1831. diferentes, os uruguaios queriam formar um país
independente. Em 1825, apoiados pela
D. Pedro I enfrentou muitas dificuldades para Argentina, começaram a luta contra o Brasil.
governar o Brasil, em parte por causa do seu Depois de três anos de combate, D. Pedro I teve
autoritarismo. Além disso, muitos achavam que que fazer um acordo. Brasil e Argentina
D. Pedro I, sendo português, em vez de se reconheceram a independência do Uruguai.
preocupar com os brasileiros, estava mais
preocupado com a situação de Portugal. A guerra da Cisplatina trouxe muitas mortes e
perdas materiais para o Brasil. Por esse motivo,
A postura do imperador em relação a Constituição D. Pedro I enfrentou oposição cada vez mais forte
de 1824, a Guerra da Cisplatina e a Confederação por parte de muitos políticos e da população.
do Equador foram alguns dos fatos que levaram
à sua abdicação, em 1831.
CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR
CONSTITUIÇÃO DE 1824
A Confederação do Equador foi uma tentativa
A Constituição de 1824 foi a primeira na História de estabelecer um governo republicano
do país. Constituição é a lei mais importante de independente, no nordeste, em 1824. Envolveu
um país, que contém normas relativas aos as províncias de Pernambuco, Ceará, Rio Grande
poderes públicos e direitos da população. D. do Norte e Paraíba. Dentre os motivos da revolta,
Pedro I entrou em confronto direto com a podemos destacar o autoritarismo do imperador,
Assembleia responsável por elaborar a primeira que nomeava pessoalmente os presidentes das
Constituição. O imperador mandou criar uma províncias. Esta nomeação ignorava, muitas
Constituição que lhe agradasse, o que lhe trouxe vezes, os interesses da população local.
desgaste político.
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Além disso, as condições de vida da população composta por três membros, eleitos pela
nordestina eram muito precárias. Os revoltosos Assembleia Geral, dos quais o mais velho seria o
uniram-se contra a escravidão, contra a presidente.
desigualdade social e contra o imperador. Os
revoltosos foram atacados e dominados por Enquanto os regentes não fossem eleitos, o
tropas mercenárias inglesas contratadas por D. poder seria exercido por uma regência provisória,
Pedro I, e por proprietários de terras que não também composta por três membros: o ministro
queriam o fim da escravidão. da Justiça e dois conselheiros de Estado.
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GUERRA DO PARAGUAI
FIM DA GUERRA