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Como a distinção entre o Império Romano e o Império Bandeira da dinastia Emblema imperial da dinastia
Bizantino é em grande parte uma convenção moderna, paleóloga paleóloga
não é possível atribuir uma data de separação. Vários
eventos do século IV ao século VI marcaram o período
de transição durante o qual as metades oriental e
ocidental do Império Romano se dividiram.[2] Em 285,
o imperador Diocleciano (r. 284–305) dividiu a
administração imperial em duas metades. Entre 324 e
330, Constantino (r. 306–337) transferiu a capital
principal de Roma para Bizâncio, conhecida mais tarde
como Constantinopla ("Cidade de Constantino") e Império Bizantino em seu zênite sob Justiniano
Nova Roma.[nt 1] Sob Teodósio I (r. 379–395), o
cristianismo tornou-se a religião oficial do império e, Coordenadas de 41° N 28° 58' E
O ápice
Crise e fragmentação
Dinastia comnena e as Cruzadas
Aleixo I e a Primeira Cruzada
João II, Manuel I e a Segunda Cruzada
Renascimento do século XII
Declínio e desintegração
Dinastia Ângelo
Quarta Cruzada
Saque de Constantinopla pelos
cruzados
Queda
Império no exílio
Reconquista de Constantinopla
Ascensão dos otomanos e queda de
Constantinopla
Legado político e consequências
Governo
Diplomacia
Exército
Marinha
Economia
Religião
Língua
Arte
Conhecimento
Sociedade
Recreação
Vestuário
Culinária
Legado
Ver também
Notas
Referências
Bibliografia
Fontes primárias
Fontes secundárias
Nomenclatura
A designação do império como "bizantino" surgiu na Europa Ocidental em 1557, quando o historiador alemão
A designação do império como bizantino surgiu na Europa Ocidental em 1557, quando o historiador alemão
Hieronymus Wolf publicou sua obra Corpus Historiæ Byzantinæ, uma coleção de fontes bizantinas.
"Bizantino" em si vem de "Bizâncio" (uma cidade grega, fundada por colonos de Mégara em 667 a.C.), o
nome da cidade de Constantinopla antes de se tornar a capital do império sob Constantino. Este antigo nome
da cidade raramente seria utilizado a partir daquele evento, exceto no contexto poético ou histórico. A
publicação, em 1668, de Bizantino du Louvre (Corpus Scriptorum Historiæ Byzantinæ), e em 1680 da
História Bizantina de Du Cange popularizou o uso de Bizantino em autores franceses, como Montesquieu.[8]
Contudo, só em meados do século XIX é que o termo entrou em uso geral no mundo ocidental.[9]
O império era conhecido por seus habitantes como Império Romano (em latim: Imperium Romanum; em
grego: Βασιλεία τῶν Ῥωμαίων; romaniz.: Basileía tôn Rhōmaíōn)[10] ou Império dos Romanos (em latim:
Imperium Romanorum; em grego: Αρχη τῶν Ῥωμαίων; romaniz.: Arche tôn Rhōmaíōn), România (em latim:
Romania;em grego: Ῥωμανία; romaniz.: Rhōmanía),[nt 2] República Romana (em latim: Res Publica Romana;
em grego: Πολιτεία τῶν Ῥωμαίων; romaniz.: Politeίa tôn Rhōmaíōn),[16] Graikia (em grego: Γραικία),[17] e
também Rhōmais (Ῥωμαΐς).[18]
Por boa parte da Idade Média, os bizantinos identificaram-se como romaioi (em grego: Ρωμαίοι , "romanos",
ou seja, cidadãos do Império Romano), um termo que, em língua grega, tornou-se sinônimo de grego
cristão.[19][20] Também chamavam-se graikoi (em grego: Γραικοί , "gregos"),[21][22][23][24][25] embora este
etnônimo nunca foi usado na correspondência política oficial antes de 1204.[26] O antigo nome "heleno" era
popularmente considerado um sinônimo para pagão e foi readotado como um etnônimo no período médio
bizantino,[nt 3] mais precisamente no século XI.[30]
Embora o império tivesse caráter multiétnico em boa parte de sua história[31][32] e mantém as tradições
romano-helênicas, [33] era geralmente conhecido pela maioria dos seus contemporâneos ocidentais e do norte
como o "Império dos Gregos" (em latim: Imperium Graecorum)[nt 4] devido ao crescente predomínio do
elemento grego.[4][34][35][36][37][38][39][40][41][42] O uso ocasional do termo "Império dos Gregos" para referir
o Império Romano do Oriente e "Imperador dos Gregos" (em latim: Imperator Graecorum) [43] para o
imperador bizantino reflete o desejo dos novos reinos do Ocidente de separá-lo do Império Romano, pois
rejeitavam a afirmação imperial de descendência.[nt 5]
A reivindicação do Império Oriente da herança romana foi ativamente disputada no Ocidente durante o
reinado da imperatriz Irene de Atenas (r. 797–802), depois da coroação de Carlos Magno como imperador do
Sacro Império no ano 800 pelo papa Leão III, que, precisando de ajuda contra os lombardos em Roma,
considerou vago o trono do Império Romano por não haver um ocupante do sexo masculino no trono. O papa
e os governantes do ocidente sempre utilizaram o nome "romano" para referirem-se aos imperadores do
oriente, todavia preferiram o termo Imperator Romaniæ ("imperador da România"), em vez de Imperator
Romanorum ("imperador romano"), um título que os ocidentais mantiveram apenas para Carlos Magno e seus
sucessores.[nt 6] Essa distinção não existiu nos mundos persa, islâmico e eslavo, nos quais o império era visto
como uma continuação do Império Romano. No mundo islâmico, era conhecido principalmente como روم
(Rûm, "Roma").[46][47]
História
Em 293, Diocleciano (r. 284–305) criou um novo sistema administrativo, a Tetrarquia.[49] Após a abdicação
de Diocleciano e Maximiano (r. 286–308), a tetrarquia entrou em colapso e Constantino (r. 306–337)
substituiu-a pelo princípio dinástico de sucessão hereditária.[50] Escolheu a antiga cidade de Bizâncio como
nova capital imperial, refundando-a em 330 como "Nova Roma" (adquiriria posteriormente o nome
Constantinopla), pois estava bem situada nas rotas comerciais que passavam pelos mares Negro e
Mediterrâneo, ligando o Oriente e o Ocidente. Constantino fez muitas mudanças nas instituições civis,
militares, administrativas e religiosas. Baseando-se nas reformas administrativas introduzidas por Diocleciano,
Em 480, o imperador Zenão I (r. 474–491) aboliu a divisão do império, tonando-se imperador único. Odoacro
(r. 476–493), agora governando a Itália como rei, foi nominalmente subordinado de Zenão, mas atuou com
completa autonomia e acabou por apoiar uma rebelião contra o imperador.[70] Para recuperar a Itália, Zenão
negociou a reconquista com o rei ostrogótico da Mésia, Teodorico, o Grande (r. 474–526), a quem enviou
como mestre dos soldados da Itália, a fim de depor Odoacro. Ele foi assassinado por Teodorico durante um
banquete em 493 e Teodorico fundou o Reino Ostrogótico, do qual tornou-se rei (493–526),[71] embora nunca
tenha sido reconhecido como tal pelos imperadores orientais.[70] Em 491, Anastácio I (r. 491–518), um oficial
civil de origem romana, tornou-se imperador. No âmbito militar foi bem sucedido em suprimir, em 497, uma
revolta isaura que havia eclodido em 492,[72] bem como numa guerra contra o Império Sassânida. Atualmente
desconhecem-se os termos do tratado de paz que terminou este último conflito.[73][74] No âmbito
desconhecem se os termos do tratado de paz que terminou este último conflito. No âmbito
administrativo mostrou-se um reformador enérgico e um administrador competente — aperfeiçoou o sistema
de cunhagem de Constantino, através do estabelecimento definitivo do peso do fólis, a moeda utilizada na
maioria das transações diárias,[75] e reformou o sistema tributário, abolindo permanentemente o imposto
Crisárgiro. O Tesouro do Estado dispunha da enorme quantia de 150 000 quilos de ouro quando ele morreu
em 518.[76]
Em 541, quando Justiniano estava empenhado em suas campanhas ocidentais, Cosroes I resolveu quebrar a
5 , qua do Just a o estava e pe ado e suas ca pa as oc de ta s, Cos oes eso veu queb a a
Paz Eterna e declarar guerra. A chamada Guerra Lázica começou com inúmeras escaramuças e cercos na
frente mesopotâmica, sendo transferida, a partir de 548, à Lázica por influência do rei local Gubazes II
(r. 541–555), arrastando-se até 561, quando concluiu-se a chamada Paz de 50 anos.[nt 8][99] Em meados dos
anos 550, Justiniano obteve vitórias na maioria dos teatros de operação, com a notável exceção dos Bálcãs,
que foram submetidos a repetidas incursões dos esclavenos e gépidas; depois, sob Heráclio, tribos sérvias e
croatas foram reassentadas no nordeste dos Bálcãs.[100] Em 559, o Império Bizantino enfrentou uma grande
invasão dos cutrigures liderada por Zabergano. Justiniano chamou o seu general Belisário de seu retiro e, com
a liderança deste, os hunos foram derrotados. O reforço das frotas do rio Danúbio provocou a retirada dos
cutrigures, que concordaram num tratado que permitiu a passagem segura para o outro lado do
Danúbio.[101][102]
As fronteiras encolhendo
Dinastia heracliana
Jerusalém e levando a Vera Cruz para sua capital, Ctesifonte.[123] A contra-ofensiva de Heráclio assumiu
caráter de guerra santa, e uma imagem acheiropoieta de Cristo foi usada como estandarte.[124][125] De mesmo
modo, quando Constantinopla foi salva do cerco avar em 626, a vitória foi atribuída ao ícone da Virgem, que
foi levado em procissão pelo patriarca Sérgio I sobre os muros.[126] A principal força persa foi destruída em
Nínive em 627 e Heráclio restaurou a Vera Cruz em cerimônia majestosa em 629.[122][127] [128] A guerra
esgotou os Impérios Bizantino e Sassânida, e deixou-os vulneráveis aos árabes muçulmanas que surgiram nos
anos seguintes.[129] Os romanos sofreram uma esmagadora derrota para os árabes na Batalha de Jarmuque, em
636, e Ctesifonte caiu em 637.[130]
O último imperador heracliano, Justiniano II, tentou quebrar o poder da aristocracia urbana através de
tributação severa e nomeação de "estrangeiros" para cargos administrativos. Foi expulso do poder em 695, e se
exilou primeiro junto dos cazares e posteriormente dos búlgaros. Nos anos seguintes, mais precisamente até
698,[142] os últimos territórios bizantinos do norte da África foram conquistados pelos árabes, concluindo o
processo iniciado em 647.[143] Em 705, Justiniano retornou a Constantinopla com exércitos do cã Tervel
(r. 695–715), retomou o trono e instituiu um regime de terror contra seus inimigos. Com sua queda final em
711, mais uma vez apoiada pela aristocracia urbana, a dinastia heracliana chegou ao fim.[144][145][146]
Teófilo (r. 829–842) e Miguel III, o Ébrio (r. 842–867), o Império Bizantino conquistou as cidades de Tarso
(831), Melitene e Arsamosata (837), destruiu Sozópetra (837)[165][166] e derrotou decisivamente os árabes em
Lalacão (863).[167]
A remoção da ameaça do leste e o aumento da confiança dos bizantinos abriu novas oportunidades no oeste,
onde o cã Bóris I (r. 852–889) vinha negociando com o papa e Luís, o Germânico, (r. 817–876) para uma
possível conversão pessoal e de seu povo ao cristianismo. Esta expansão da influência eclesiástica de Roma
até perto de Constantinopla não poderia ser tolerada pelo governo bizantino. Em 864, os exércitos orientais
vitoriosos foram transferidos à Europa e invadiram a Bulgária, numa demonstração de poderio militar que
convenceu Bóris a aceitar missionários. O rei búlgaro foi batizado, assumindo o nome de Miguel em honra ao
imperador, iniciando a cristianização da Bulgária e assegurando que seu país estaria sob influência da Igreja
bizantina.[168][169][170]
Nos séculos VIII e IX, o império foi dominado pela polêmica e divisão religiosa causada pela política
iconoclasta. Os ícones foram banidos em 726 por Leão, levando à revolta dos iconódulos (apoiantes dos
ícones) em todo o império.[171] Após esforços da imperatriz Irene, o Concílio de Niceia se reuniu em 787 e
afirmou que os ícones podiam ser venerados mas não adorados. Em 813, Leão V, o Armênio (r. 813–820)
restaurou a política da iconoclastia, mas em 843, Teodora restaurou a veneração dos ícones com a ajuda do
patriarca Metódio I.[172] A iconoclastia desempenhou o seu papel na alienação posterior do Oriente e
Ocidente, que se agravou no Cisma de Fócio, quando o papa Nicolau I desafiou a elevação de Fócio ao
patriarcado.[173]
No início do reinado de Basílio I, Nicetas Orifa protegeu Ragusa, na Dalmácia, dos árabes de Bari, na Itália, e
sua vitória encorajou o imperador a enviar oficiais, agentes e missionários à região, restaurando o governo
sobre as cidades e regiões costeiras na forma do Tema da Dalmácia, enquanto os principados tribais eslavos do
interior permaneceram altamente autônomo sob seus governantes; a cristianização dos sérvios e outras tribos
eslavas também começou nesta época.[175][176][177] Em contraste, os aglábidas sitiaram Melite, capital de
Malta, que foi capturada, saqueada e a ilha ficou praticamente despovoada até o século XI.[178] Na Itália, Bari
caiu aos bizantinos em 873/876, formando a capital e núcleo do posterior Tema da Longobárdia.[179][180] Sob
o almirante Nasar, a frota ifriquiana foi derrotada em Cefalônia e Estelas,[181] permitindo aos bizantinos enviar
outro esquadrão para Nápoles onde venceram novamente os árabes Estas vitórias foram cruciais à restauração
outro esquadrão para Nápoles, onde venceram novamente os árabes. Estas vitórias foram cruciais à restauração
do controle imperial sobre o sul da Itália (o futuro Catapanato da Itália), que pertenceria aos bizantinos durante
200 anos,[182] compensando extensivamente a perda efetiva da Sicília após a queda de Siracusa em 878.
Paradoxalmente, com a derrota imperial em Milazo em 888,
desaparece virtualmente a maior parte da atividade naval nos mares
em torno da Itália no século seguinte.[183]
A luta com a Sé de Roma continuou até o período macedônico, estimulada pela questão da supremacia
religiosa sobre a recém-cristianizada Bulgária.[174] Após 80 anos de paz entre os Estados, o poderoso
imperador Simeão I invadiu o império em 854, mas foi repelido pelos bizantinos, que usaram a sua frota para
atacar a retaguarda búlgara navegando pelo mar Negro e contando com apoio dos magiares.[191] Contudo, os
bizantinos foram derrotados em Bulgarófigo em 896 e concordaram em pagar tributos anuais aos
búl [185] C d L ã VI 912 h ilid d l Si ã h d
búlgaros.[185] Com a morte de Leão VI em 912, as hostilidades logo recomeçaram, com Simeão marchando
sobre Constantinopla à frente de grande exército.[192] Embora as muralhas da cidade fossem inexpugnáveis, a
A resistência búlgara reacendeu sob os cometópulos ("filhos do conde"), mas Basílio II (r. 976–1025) fez a
submissão dos búlgaros seu objetivo principal. Sua primeira expedição contra a Bulgária, porém, resultou em
derrota humilhante na Porta de Trajano. Nos anos seguintes, o imperador esteve preocupado com revoltas
internas na Anatólia, enquanto os búlgaros se expandiam nos Bálcãs. A guerra se prolongou por quase 20
anos. As vitórias bizantinas em Esperqueu e Escópia enfraqueceram decisivamente o exército búlgaro, e
Basílio metodicamente reduziu as fortalezas deles em campanhas anuais. Posteriormente, na Batalha de Clídio,
em 1014, eles foram completamente derrotados. Em 1018, seus últimos redutos se renderam e a região se
tornou parte do Império Bizantino como província.[199] Essa vitória restaurou a fronteira do Danúbio, algo que
não ocorria desde os tempos de Heráclio.[190][193]
Entre 850 e 1100, o império desenvolveu uma relação mista com o novo Estado que surgiu ao norte do mar
Negro, a Rússia de Quieve.[200] Esta relação teria repercussões duradouras na história dos eslavos do leste, e o
império logo se tornou o principal parceiro comercial e cultural de Quieve Os rus' lançaram seu primeiro
império logo se tornou o principal parceiro comercial e cultural de Quieve. Os rus' lançaram seu primeiro
ataque a Constantinopla em 860, pilhando os subúrbios da cidade. Em 941, apareceram na costa asiática do
Bósforo, mas foram esmagados, indicando melhorias na posição militar depois de 907, quando apenas a
diplomacia foi capaz de repelir os invasores. Basílio II não podia
ignorar o poder emergente dos rus' e, seguindo o exemplo de seus
antecessores, usou a religião como meio à consecução de fins
políticos.[201] As relações rus'-bizantinas tornaram-se mais próximas
após o casamento de Ana Porfirogênita com Vladimir, o Grande
(r. 980–1015) em 988 e a subsequente cristianização dos rus'. Padres,
arquitetos e artistas bizantinos foram convidados a trabalhar em
numerosas catedrais em território rus', expandindo ainda mais a
influência cultural bizantina, enquanto vários rus' serviram ao exército
Rus' em frente às muralhas de
como mercenários na famosa guarda varegue.[200]
Constantinopla em 860
Contudo, mesmo após a cristianização dos rus' as relações não foram
sempre amigáveis. O conflito mais sério foi a guerra de 968-971 na Bulgária. Além disso, há registro de vários
raides rus' contra cidades bizantinas na costa do mar Negro e à própria Constantinopla. Embora a maioria
destes ataques tenha sido repelido, frequentemente foram seguidos por tratados geralmente favoráveis aos rus',
como o que celebrou o fim da guerra de 1043, no qual os rus' mostram suas ambições de competir com os
bizantinos como poder independente.[201]
O ápice
Durante o período macedônico também ocorreram eventos de importante significado religioso. A conversão de
búlgaros, sérvios e rus' ao cristianismo oriental mudou permanentemente o mapa religioso da Europa que ainda
hoje vigora Os santos Cirilo e Metódio dois irmãos gregos bizantinos de Tessalônica contribuíram
hoje vigora. Os santos Cirilo e Metódio, dois irmãos gregos bizantinos de Tessalônica, contribuíram
significativamente à cristianização dos eslavos e no processo criaram o alfabeto glagolítico, ancestral do
alfabeto cirílico. Em 1054, as relações entre as tradições oriental e ocidental da Igreja Cristã chegou a uma
crise terminal, conhecida como Grande Cisma. Embora houve uma declaração formal de separação
institucional, em 16 de julho, quando três legados papais entraram em Santa Sofia durante a Divina Liturgia
numa tarde de sábado e puseram uma bula de excomunhão sobre o altar;[208] esse cisma era a culminação de
séculos de separação gradual.[209] Foi com este cisma que surgiram a Igreja Ortodoxa Grega, com sede em
Constantinopla, e a Igreja Católica Apostólica Romana, com sede em Roma.[210]
Crise e fragmentação
Porém, seria na Ásia Menor que o maior desastre aconteceria. Os turcos seljúcidas fizeram suas primeiras
explorações do outro lado da fronteira bizantina na Armênia em 1065 e em 1067. A emergência deu peso à
aristocracia militar na Anatólia que, em 1068, garantiu a eleição de um dos seus, Romano IV Diógenes
(r. 1068–1071), como imperador. No verão de 1071, Romano realizou uma campanha maciça no leste para
atrair os seljúcidas para uma batalha geral contra o exército bizantino, que ocorreu em agosto do mesmo ano
em Manziquerta. Nessa batalha, além de sofrer uma surpreendente derrota frente ao sultão Alparslano
(r. 1063–1072), Romano foi capturado. Alparslano o tratou com respeito e não impôs condições pesadas aos
bizantinos. Em Constantinopla, no entanto, um golpe de Estado ocorreu em favor de Miguel VII Ducas
(r. 1068–1078), que logo enfrentou a oposição de Nicéforo Briênio (r. 1077–1078) e Nicéforo III Botaniates
(r. 1078–1081). Até 1081, os seljúcidas expandiram seu domínio sobre quase todo o planalto da Anatólia e
Armênia a leste da Bitínia, e no ocidente fundaram, em 1077, o Sultanato de Rum, com capital em Niceia, a
apenas 88 quilômetros de Constantinopla.[212]
Dinastia comnena e as Cruzadas
O período entre 1081 a 1185 é também conhecido como período
Comneno. Juntos, os cinco imperadores da dinastia (Aleixo I, João II,
Manuel I, Aleixo II e Andrónico I) reinaram por 104 anos, presidindo
uma constante, embora incompleta, restauração da posição militar,
econômica e política do Império Bizantino. Apesar dos turcos seljúcidas
terem ocupado o coração do império na Anatólia, foi contra as
potências ocidentais que os esforços militares bizantinos foram
direcionados, particularmente contra os normandos.[217]
Em termos de prosperidade e vida cultural, esse período foi um dos picos na história bizantina,[219] e
Constantinopla permaneceu a principal cidade do mundo cristão em termos de tamanho, riqueza e cultura.[220]
Assistiu-se o renovado interesse pela filosofia grega clássica, bem como o aumento na produção literária em
grego vernacular.[221] A arte e literatura mantiveram posição proeminente na Europa e o impacto cultural de
ambas no Ocidente foi enorme e de longa duração.[222]
Tendo alcançado estabilidade no Ocidente, Aleixo voltou sua atenção às graves dificuldades econômicas e à
desintegração das defesas tradicionais do império. No entanto, ainda não tinha pessoal suficiente para
recuperar os territórios perdidos na Ásia Menor e para avançar contra os turcos seljúcidas. No Concílio de
Placência em 1095 os emissários de Aleixo falaram com o papa Urbano II sobre o sofrimento dos cristãos do
Placência em 1095, os emissários de Aleixo falaram com o papa Urbano II sobre o sofrimento dos cristãos do
Oriente e salientaram que, sem a ajuda do Ocidente, continuariam a sofrer sob domínio muçulmano. Urbano
viu no pedido de Aleixo uma oportunidade dupla: estabelecer vínculos de amizade na Europa Ocidental[229] e
reforçar o poder papal.[230][231] Em 27 de novembro, Urbano
convocou o Concílio de Clermont e exortou todos os presentes
a pegar em armas sob o símbolo da cruz e iniciar uma
peregrinação armada para recuperar Jerusalém e Oriente dos
muçulmanos.[232]
Na parte final de seu reinado, João focou suas atividades no Oriente. Retomou as cidades de Laodiceia e
Sozópolis, restabelecendo as ligações terrestres para Constantinopla,[244] derrotou o Emirado Danismendida
de Melitene e reconquistou as cidades de Tarso, Adana e Mopsuéstia do Reino Armênio da Cilícia,
d b d f íl [245] lé d f d d
aprisionando, em 1138, Leão I e boa parte de sua família.[245] Além disso, forçou Raimundo de Poitiers
(r. 1136–1149), príncipe antioqueno, a reconhecer a suserania bizantina. Esperando demonstrar o papel do
Chegada da Segunda Cruzada a O herdeiro escolhido de João foi seu quarto filho, Manuel I Comneno
Constantinopla. Jean Fouquet, 1455- (r. 1143–1180), que realizou agressivas campanhas contra seus
1460 vizinhos no oriente e no ocidente. Na Anatólia, iniciou uma
campanha punitiva contra o Sultanato de Rum, atacando sua capital,
Icônio (atual Cônia), e aniquilando a cidade fortificada de
Filomélio. [248] Além disso, expulsou os turcos da Isáuria.[249] Na Palestina, aliou-se ao Reino de Jerusalém e
enviou grande frota para participar de uma invasão combinada do Califado Fatímida. Ele reforçou sua posição
como senhor dos Estados cruzados, com hegemonia sobre Antioquia e Jerusalém garantida pelo acordo com
Reinaldo (r. 1153–1160), o príncipe de Antioquia, e Amalrico I (r. 1162–1174), o rei de Jerusalém,
respectivamente.[250][251]
Após retomar Corfu dos normandos com a ajuda de tropas de Conrado III (r. 1138–1152) e dos
venezianos,[252] Manuel aproveitou-se da instabilidade política ocasionada pela sucessão de Rogério II da
Sicília por seu filho Guilherme I (r. 1154–1166) e lançou, em 1155, uma invasão ao sul da Itália sob o
comando de Miguel Paleólogo e João Ducas.[253] Foram alcançados resultados rapidamente e uma aliança foi
estabelecida entre Manuel e o papa Adriano IV.[254] Porém, disputas dentro da coalizão levaram ao posterior
fracasso da campanha. Apesar deste revés militar, os exércitos de Manuel invadiram com sucesso o Reino da
Hungria em 1167, derrotando os húngaros na Batalha de Sirmio. No ano seguinte, quase toda a costa oriental
do Adriático estava nas mãos do império.[255] Manuel fez várias alianças com o papa e os reinos cristãos
ocidentais, e tratou com sucesso da passagem da Segunda Cruzada através do império, após uma batalha às
portas da capital.[256]
No leste, no entanto, Manuel sofreu uma grande derrota na Batalha de Miriocéfalo, em 1176, contra os turcos.
Contudo, as perdas foram rapidamente recuperadas e em 1177 as forças de Manuel infligiram derrota a uma
força de "turcos escolhidos".[257] O comandante bizantino João Comneno Vatatzes, que esmagou os invasores
turcos na Batalha de Hiélio e Limoquir, conseguiu, além das tropas que levou da capital, reunir um exército ao
longo do caminho, um sinal de que o exército bizantino se mantinha forte e que a defesa do oeste da Ásia
Menor ainda era eficaz.[258]
Na arte, houve o ressurgimento de mosaicos e escolas regionais de arquitetura começaram a produzir estilos
distintos que se basearam numa série de influências culturais. Durante o século XII, os bizantinos
desenvolveram seu modelo precoce de humanismo, com um renascimento do interesse nos clássicos. Em
Eustácio de Tessalônica, o humanismo bizantino encontrou sua expressão mais característica.[262]
Declínio e desintegração
Dinastia Ângelo
Embora tenha começado seu reinado com um golpe, Andrônico foi elogiado pelos historiadores devido às
medidas bem sucedidas para reformar o governo. Sob seu comando, a venda de cargos cessou, sendo a
seleção baseada no mérito e os salários foram adequados para evitar a tentação pelo suborno; nas províncias,
suas reformas produziram uma melhora rápida e acentuada.[265] No campo militar, contudo, Andrônico teve
muitos reveses: Isaac Comneno proclamou a independência de Chipre, Bela III (r. 1172–1196) reintegrou os
territórios croatas na Hungria, Estêvão Nemânia de Ráscia (r. 1166–1196) declarou-se independente do
Império Bizantino e Guilherme I da Sicília enviou uma expedição em 1185 com 300 navios e 80 000
homens[266] que, além de conquistar Dirráquio (atual Durrës), sitiou Tessalônica.[267] Porém, o aumento da
oposição política por parte da aristocracia levou Andrônico a adotar uma postura tirânica,[268] marcada por
execuções, atos violentos contra seus adversários e medidas cada vez mais implacáveis para escorar seu
regime [265] Andrônico acabou destronado por Isaac II Ângelo que o mandou executar [269]
regime.[ ] Andrônico acabou destronado por Isaac II Ângelo, que o mandou executar.[ ]
Quarta Cruzada
Após se apoderarem de Corfu, os cruzados chegaram à capital bizantina no verão de 1204. Derrotaram as
tropas terrestres da cidade, que foram forçadas a recuar, e bombardearam a torre de Gálata. Aleixo III fugiu da
capital e Aleixo Ângelo foi elevado ao trono como Aleixo IV, juntamente com seu pai, o cego Isaac. No
entanto, os dois não conseguiram manter suas promessas e foram depostos por Aleixo V Ducas quando os
cruzados foram repelidos para fora da cidade. 20 000 homens cercaram novamente a cidade. O primeiro
assalto começou em 9 de abril e a cidade finalmente sucumbiu após novo assalto em 13 de abril, no qual os
venezianos usaram seus navios como fortalezas às escadas que foram erguidas nas muralhas. Constantinopla
foi pilhada e massacrada durante três dias. Muitos ícones, relíquias e outros objetos de valor inestimável foram
enviados à Europa Ocidental, grande parte deles para Veneza. Nicetas Coniates relata que uma prostituta foi
posta no trono patriarcal de Santa Sofia.[278] Quando o papa Inocêncio III soube da conduta de seus cruzados,
ele os castigou em termos inequívocos, mas a situação estava fora de seu controle, especialmente depois de ter
libertado os cruzados de seus juramentos de marchar à Terra Santa.[193] Quando a ordem foi restabelecida, os
cruzados e venezianos implementaram seu acordo; Balduíno de Flandres foi eleito imperador e o veneziano
Tomás Morosini foi escolhido para o recém-criado patriarcado latino. As terras distribuídas entre os líderes não
incluíram todas as antigas possessões bizantinas e os bizantinos continuaram reinando em Niceia, Trebizonda e
no Epiro.[275]
Queda
Império no exílio
Reconquista de Constantinopla
Nessa época, a cidade de Constantinopla estava despovoada e em ruínas.[275] A população havia se reduzido
de tal forma que a cidade não passava de um aglomerado de vilas separadas por campos. Em 1402, o império
experimentou algum desafogo da ameaça otomana quando Tamerlão (r. 1370–1405) derrotou os otomanos na
Batalha de Ancara.[292] Porém, isso não impediu que, em 2 de abril de 1453, o sultão
Maomé II, o Conquistador (r. 1451–1481) lançasse um ataque contra Constantinopla com um exército de
80 000 homens.[293] Apesar da defesa desesperada de última hora pelas tropas cristãs (cerca de 7 000 homens,
dos quais 2 000 eram estrangeiros),[291] Constantinopla finalmente caiu em 29 de maio de 1453, depois de
dois meses de cerco. As muralhas da cidade, poderosas e inexpugnáveis por séculos, não conseguiram deter o
avanço otomano. O último imperador bizantino, Constantino XI Paleólogo (r. 1449–1453), foi visto pela
última vez despojando-se de suas insígnias imperiais, antes de lançar-se em combate corpo a corpo depois de
as muralhas da cidade terem sido tomadas.[294]
Poucos anos após a queda de Constantinopla, Maomé II empreendeu a conquista dos últimos estados
Poucos anos após a queda de Constantinopla, Maomé II empreendeu a conquista dos últimos estados
bizantinos existentes: em 1460 foi tomado o Despotado da Moreia e em 1461 foi a vez do Império de
Trebizonda.[295] No entanto, locais isolados como Monemvasia, a península de Mani e o castelo Salmênico,
este último controlado por um paleólogo (Graitzas), resistiram por
mais algum tempo.[296] André Paleólogo, o sobrinho de
Constantino XI, recebeu o título do imperador do extinto Império
Bizantino, intitulando-se Imperator Constantinopolitanus ("imperador
de Constantinopla");[297] em 1494, numa viagem à França, cedeu ao
rei Carlos VIII (r. 1483–1498) seu direito.[298] Após sua morte, o
papel do imperador como patrono da Ortodoxia Oriental foi
reivindicado por Ivã III (r. 1462–1505), grão-duque da Moscóvia,
casado com a irmã de André, Sofia Paleóloga, cujo neto, Ivã IV
O "Theatrum Orbis Terrarum"
(r. 1547–1584), tornar-se-ia o primeiro czar da Rússia. Seus
("Teatro do Globo Terrestre") de
Abraão Ortélio, publicado em 1570
sucessores consideraram Moscou como herdeira legítima de Roma e
em Antuérpia, considerado o primeiro Constantinopla e mantiveram a ideia do Império Russo como a
atlas moderno, resultado das "Terceira Roma" até seu desaparecimento com a Revolução Russa em
intensas explorações marítimas 1917.[299] Além deles, os próprios turcos e os monarcas dos
Principados do Danúbio também se intitularam sucessores dos
imperadores bizantinos.[300]
As diversas transformações econômicas e políticas que se seguiram à queda do Império Bizantino levaram
historiadores a adotarem o ano de 1453 como marco do fim da Idade Média.[301] Entre as principais
consequências da conquista de Constantinopla destaca-se a migração de intelectuais bizantinos à Itália que
levaram conhecimentos que influenciaram o Renascimento.[302][nt 10] Além disso, foi abalado o comércio de
especiarias, antes monopolizado por Veneza, pois além de serem cobradas taxas altíssimas pelos produtos
comercializados, tornou-se perigoso aos cristãos navegarem no Mediterrâneo Oriental.[304] Esse foi um dos
motivos que levaram os Estados nacionais a procurar por novas rotas para adquirir especiarias da Índia e
China. Foi após a queda de Constantinopla que Portugal descobriu o caminho marítimo à Índia.[305]
Governo
No Estado bizantino, o imperador se
tornou governante único e absoluto,
e seu poder foi visto como tendo
origem divina.[306] A afiliação foi
tamanha que no Império Bizantino
tornou-se comum a mutilação de
rivais políticos: se Deus era perfeito,
o imperador também devia ser Temas ca. 750 Temas ca. 950
imaculado; qualquer mutilação,
sobretudo feridas faciais, equivalia a
desqualificar um indivíduo de sua possibilidade de ascender ao trono.[307] O senado deixou de ter autoridade
política e legislativa efetiva, mas permaneceu como conselho honorário com membros titulares. Até o final do
século VIII, uma administração civil centrada na corte foi formada como parte da consolidação em larga escala
do poder na capital (o aumento e proeminência da posição do sacelário está relacionada a esta
mudança).[308][309] A reforma administrativa mais importante do período foi a criação de temas, nas quais a
administração civil e militar era exercido pelo estratego.[310][311]
Apesar do uso às vezes pejorativo dos termos "bizantino" e "bizantinismo", a burocracia tinha eficácia notável
de reconstituir-se de acordo com a situação do império. O elaborado sistema de títulos e precedências, que deu
prestígio e influência à corte, fez com que a administração imperial parecesse uma burocracia ordenada aos
observadores modernos. Os oficiais eram dispostos em ordem rigorosa em torno do imperador e seus cargos
dependiam da vontade imperial. Havia também verdadeiros trabalhos administrativos, mas a autoridade era
dada a indivíduos e não postos.[312][313] Nos séculos VIII e IX, o serviço civil era o meio mais eficaz para
alcançar estatuto aristocrático, mas, a partir do século IX, a
aristocracia civil rivalizou com a aristocracia nobre. Segundo
alguns estudos sobre o governo, a política do século XI foi
sujeita à competição entre civis e a aristocratas militares.
Durante o período, Aleixo I empreendeu importantes reformas
administrativas, incluindo a criação de novos títulos e postos na
Cegamento de Leão Focas, o Velho após corte.[314]
sua rebelião sem sucesso contra Romano I
Lecapeno (r. 920–944), Iluminura no
Escilitzes de Madri Diplomacia
A diplomacia era entendida como tendo função de recolha de informações, além da função puramente política.
O Gabinete dos Bárbaros da capital lidava com questões de protocolo e registro de todas as questões sobre
"bárbaros" e talvez incluía, assim, um serviço básico de informações (inteligência).[319] Bury acredita que o
gabinete supervisionava sobre todo estrangeiro que visitava a capital e estava sob supervisão do logóteta do
dromo.[320] Apesar de aparentemente ser um organismo protocolar — sua principal missão era garantir que
emissários fossem adequadamente tratados e recebessem fundos suficientes do Estado para sua manutenção, e
a ele pertenciam todos os tradutores oficiais — provavelmente tinha também função de segurança. O Tratado
sobre Estratégia, do século VI, aconselhava sobre embaixadas estrangeiras: "[emissários] que nos são
enviados devem ser recebidos com honra e generosidade, pois todos mantêm-os em alta estima. Seus
membros, porém, devem ser mantidos sob vigilância para impedir que obtenham quaisquer informações por
meio de perguntas sobre nosso povo".[321]
Exército
O exército bizantino foi um continuação do seu antecessor romano. Sua história como força independente
remonta às reformas do início do século IV, quando as legiões foram trocadas por milícias locais fronteiriças
(limítanes) e exércitos campais móveis (comitatenses) que guarneceram o império.[322] Nos séculos V e VI,
oficiais chamados mestres dos soldados foram nomeados para algumas das principais fronteiras do império e
sob seu comando estavam as forças nativas e aquelas dos federados, os bárbaros sob proteção bizantina;
mercenários estrangeiros, os chamados símocos (symmochoi), foram por vezes contratados como unidades
separadas controladas por seus próprios comandantes. Nesses mesmos séculos, como descrito no Strategicon
de Maurício I (r. 582–602), o método de guerra passou por uma transição na qual regimentos de arqueiros e
cavaleiros foram valorizados, imitando as práticas persas e avares.[323]
Rebeliões internas e derrotas nas fronteiras perante as investidas
estrangeiras no final do século VI e começo do VII levaram a
rápido decréscimo dos efetivos imperiais que, embora tenham
sido reorganizados em 628 sob Heráclio (r. 610–641),
estiveram na origem de inúmeras derrotas frente aos ataques
árabes, lombardos e búlgaros nos séculos VII e VIII. Para fazer
face a crise militar, foi elaborada nova reestruturação:
estabeleceram-se distritos militares (temas) onde estacionaram
grupos armados que recebiam propriedades em troca de
serviços. Estes exércitos, conquanto relativamente eficazes
Relevo de marfim representando soldado contra invasões, pois eram recrutados e mantidos localmente,
romano com armadura de escamas e apresentavam problemas de prontidão, mobilidade, rapidez de
escudo redondo, século VI. Museu Bode, ação e coordenação em campanha, frequentemente carecendo
Berlim de disciplina e habilidade militar e eram propensos a rebeliões.
Isto levou o imperador Constantino V Coprônimo (r. 741–745)
a dissolver o exército opsiciano, que constituía a força de
campo imperial, e criou novas unidades conhecidas como
tagmas, que tiveram bases em Constantinopla ou cercanias. As
unidades tagmáticas foram melhor equipadas e no século IX
participaram em expedições com os exércitos temáticos.[323]
Marinha
Economia
Sua economia esteve entre as mais avançadas da Europa e
Mediterrâneo por muitos séculos; a Europa, em particular, foi incapaz
de corresponder a sua força econômica até fins da Idade Média.
Constantinopla foi eixo central numa rede de comércio que por
diversas vezes estendeu-se por quase toda a Eurásia e Norte da África
estando no ponto mais ocidental da Rota da Seda. Até primeira
metade do século XI, em nítido contraste com o Ocidente decadente,
sua economia floresceu e resistiu.[340] Um dos fundamentos
econômicos do Império Bizantino foi o comércio, promovido pelo
caráter marítimo do império, embora, a partir do século VIII e até o
início do XIV, tenha desenvolvido uma intensa economia rural[341]
baseada na produção de cereais, vinhas e oliveiras.[342] Têxteis
O Sudário de Carlos Magno, uma devem ter sido, de longe, o item mais importante de exportação;[nt 11]
seda bizantina policromada do Sedas foram certamente importadas ao Egito e aparecem também na
século IX. Paris, Museu de Clúnia
Bulgária e no Ocidente.[346][347]
O Estado rigorosamente controlou o comércio interno e externo e reteve monopólio de cunhagem, mantendo
sistema monetário durável e flexível adaptado às necessidades do comércio.[348] Ele exerceu controle formal
sobre taxas de juros e definiu parâmetros à atividade das guildas e corporações em que tinha interesse especial.
O imperador e seus oficiais intervinham em épocas de crise para garantir o abastecimento da capital e manter
baixos os preços dos cereais. Outrossim, o governo coletou comumente parte do excedente através de
impostos e colocou-os novamente em circulação através da redistribuição sob forma de salários aos oficiais do
Estado ou sob forma de investimentos em projetos públicos.[347][349]
A Praga de Justiniano e as conquistas árabes representaram uma reversão substancial das fortunas e
contribuíram para um período de estagnação e declínio. As reformas isauras e, em particular, o repovoamento,
obras públicas e medidas fiscais de Constantino V Coprônimo (r. 741–775) marcaram o começo de um
avivamento que seguiu até 1204, apesar da contração territorial.[350][351] Do século X ao final do XII, o
império projetou imagem de luxo e os viajantes ficavam impressionados com a riqueza acumulada na
capital.[352] A Quarta Cruzada provocou a interrupção da fabricação e o domínio comercial dos europeus
ocidentais no Mediterrâneo Oriental, eventos que resultaram em catástrofe econômica.[353] Os paleólogos
tentaram reavivar a economia, mas o Estado não recuperaria o controle total de quaisquer das forças
econômicas externas ou internas. Gradualmente, também perdeu influência sobre modalidades de comércio e
mecanismos de preços, seu controle sobre saída de metais preciosos e, segundo alguns estudiosos, até mesmo
da cunhagem.[354]
Religião
A sobrevivência do Império Romano do Oriente assegurou um papel
ativo do imperador em assuntos da Igreja. O Estado herdou dos
tempos pagãos os procedimentos administrativos e financeiros dos
assuntos religiosos — o imperador era o pontífice máximo — e esses
procedimentos foram aplicados à Igreja Cristã. Seguindo o padrão
estabelecido por Eusébio de Cesareia, os bizantinos viam o imperador
como representante ou mensageiro de Jesus Cristo, responsável, em
particular, pela propagação do cristianismo entre pagãos e pelos temas
que não se relacionavam diretamente à doutrina, como administração
e finanças. A busca pela unificação das crenças, costumes e ritos em
todo império e hierarquia eclesiástica foram dois fatores essenciais que
Teodósio I (r. 379–395), aquele que legitimaram o poder imperial assim como a centralização do Estado:
fez do cristianismo niceno a Igreja como Cyril Mango aponta, o pensamento político bizantino pode ser
imperial resumido no lema "Um Deus, um império, uma religião".[355] No
entanto, o papel imperial nos assuntos da Igreja nunca se desenvolveu
num sistema fixo legalmente definido.[356] Com o declínio de Roma e
a dissensão externa nos outros Patriarcados do Oriente (Antioquia, Alexandria e Jerusalém), a Igreja de
Constantinopla tornou-se, entre os séculos VI e XI, o mais influente e rico centro da cristandade.[357] Mesmo
quando o império foi reduzido a apenas uma sombra de seu esplendor, a Igreja continuou a exercer influência
significativa tanto dentro como fora das fronteiras imperiais. Como George Ostrogorsky aponta:
A doutrina cristã oficial do Estado foi determinada pelos primeiros sete concílios ecumênicos e o imperador
tinha dever de impô-la aos súditos. Um decreto imperial de 388, depois incorporado no Código de Justiniano,
ordenava que a população "assumisse o nome de cristãos católicos" e declarava todos que não cumprissem a
lei como "pessoas loucas e tolas", seguidoras de "dogmas heréticos".[355] Apesar dos decretos e postura
rigorosa da Igreja do Estado, que passou a chamar-se "Igreja Ortodoxa", ela nunca representou todos os
cristãos do império. Mango acredita que, nos estágios iniciais, as "pessoas loucas e tolas", justamente os
Os judeus foram uma minoria significativa no Estado ao longo de sua história e, de acordo com a lei romana,
constituíam grupo religioso legalmente reconhecido. No período inicial, foram geralmente tolerados, mas
depois ocorreram períodos de tensões e perseguições (como a Revolta judaica contra Heráclio). De qualquer
forma, após as conquistas árabes, a maioria dos judeus se viu fora do império; aqueles que ficaram dentro das
fronteiras aparentemente viveram em relativa paz a partir do século X.[367]
Língua
Além da corte, da administração e do exército, a principal língua
usada nas províncias romanas orientais mesmo antes do declínio do
Império Ocidental sempre foi o grego, falado na região séculos antes
do latim.[368] Na verdade, logo no início do Império Romano, o
grego se tornou língua comum da Igreja Cristã, da erudição, das artes
e, em grande medida, foi lingua franca para o comércio entre as
Rolo de Josué, manuscrito iluminado
províncias e outras nações.[369][370][371] Durante algum tempo, a do século X feito em Constantinopla
língua ganhou natureza dual, com a principal língua falada, o coiné (Biblioteca Apostólica Vaticana,
vernacular em constante desenvolvimento (que haveria de evoluir Roma)
para o grego demótico), coexistindo com o grego ático, uma língua
literária mais antiga; o coiné acabou por evoluir até se tornar o dialeto
padrão.[372][373]
O uso administrativo do latim persistiu até ser abandonado por
Heráclio (r. 610–641).[374][375] O latim académico caiu rapidamente
em desuso entre as classes instruídas, embora fez parte, ao menos
cerimonialmente, da cultura durante algum tempo.[376][377] Além
disso, o latim vulgar continuou a ser língua minoritária no império, e
entre as populações traco-romanas deu origem ao proto-romeno. Do
mesma modo, na costa do mar Adriático se desenvolveu outro
vernáculo neolatino, que mais tarde originaria a língua dálmata. Nas
províncias do Mediterrâneo Ocidental, temporariamente conquistadas
sob Justiniano (r. 527–565), o latim (que posteriormente evoluiu às
línguas românicas) continuou a ser usado como língua falada e como Vida de Jacó. Cena do manuscrito
língua acadêmica.[378] siro do século VI Gênesis de Viena
Arte
A arte é quase inteiramente centrada na expressão religiosa e,
notadamente, na tradução impessoal da teologia da Igreja
cuidadosamente controlada em termos artísticos. Foi muito influenciada
pela arte da Antiguidade Clássica e pela alegoria oriental, mantendo, a
despeito da influência oriental, forte uniformidade da tradição clássica ao
longo de sua história. A partir do século VI a arte começou a distanciar-
se da produzida nas regiões do antigo Império Ocidental. Alcançou seu
apogeu sob a dinastia macedônica (886–1056) e declinou com a Queda
de Constantinopla em 1453.[391] Foi muito prestigiosa e procurada na
Europa Ocidental, mantendo influência na arte medieval até perto do
final do período; tal era o caso na Itália, onde seus estilos persistiram de
forma modificada ao longo do século XII e tornaram-se influências
formativas na arte renascentista. Com a expansão da Igreja Ortodoxa,
suas formas e estilos espalharam-se para todo o mundo ortodoxo e
além.[392][393][394]
No caso da música, para além das aclamações, nenhuma obra não ligada às liturgias sobreviveu. Embora a
música secular é citada várias vezes por autores cristãos e historiadores, o gênero, estilo e forma são incertas,
sendo que autores modernos considerem como "música bizantina" todo cântico sagrado medieval que seguiu o
rito Ortodoxo Oriental e alguns cânticos cerimoniais em honra ao imperador, a família imperial e altos
dignitários da Igreja Ortodoxa.[402] A pouca informação preservada sobre instrumentos musicais também é um
problema. O seu número, tipo e função não está completamente compreendido e, embora alguns nomes
tenham sido preservados em textos contemporâneos, é muito difícil associá-los claramente com as
representações pictóricas e/ou escultóricas remanescentes.[403]
Conhecimento
Os escritos da Antiguidade Clássica nunca deixaram de ser cultivados no
Império Bizantino. Assim, a ciência teve ligação estreita com a filosofia
antiga (sobretudo Platão e Aristóteles)[404] e com a metafísica.[405]
Embora em vários momentos os bizantinos tenham alcançado feitos
magníficos na aplicação das ciências (notadamente na construção de
Santa Sofia), a partir do século VI os eruditos fizeram poucas
Iluminura retratando o interior de contribuições à ciência em termos de desenvolvimento de novas teorias
uma escola ou no estender de autores clássicos.[406][407] Nos anos sombrios da
praga e conquistas árabes, o conhecimento sofreu acentuada estagnação,
mas no Renascimento bizantino no final do primeiro milênio, os
estudiosos reafirmaram-se novamente, tornando-se especialistas nos desenvolvimentos científicos dos árabes e
persas, especialmente astronomia e matemática.[408] No século XV, gramáticos foram os principais
á i l ã l t it d t d ti i lit á i d ti
responsáveis pela execução, pessoalmente e por escrito, de estudos gramaticais e literários do grego antigo que
Sob Constantino IX (r. 1042–1055), foram fundadas escolas de direito e filosofia, e no século XII o patriarca
manteve escola de retórica e teologia, a chamada Escola Patriarcal. No final do século XIII e no XIV, nota-se a
manutenção do patrocínio imperial do ensino superior e há registro de muitas escolas, privadas ou semi-
privadas.[414] Durante a vida acadêmica os alunos aprendiam gramática (leitura, escrita e crítica a obras
clássicas, sobretudo Homero), retórica (correção da pronúncia e estudo de autores), filosofia, arte, aritmética,
geometria, música, astronomia, direito, medicina e física, além de educação religiosa. Não há menções sobre
educação feminina mas supõe-se que jovens de classes abastadas recebiam, em parte, a mesma educação dos
meninos, enquanto que nas classes inferiores aprendiam geralmente apenas a ler e escrever.[413]
Sociedade
A sociedade incluía várias classes sociais que não eram exclusivas
nem imutáveis. Delas as mais características eram as dos pobres,
camponeses, soldados, comerciantes e membros do clero.[416] Os
pobres, segundo um documento de 533, eram todos aqueles que não
possuíssem 50 moedas de ouro (soldos).[417] Formaram a maioria da
plebe cosmopolitana[418] e sua quantidade flutuou ao longo dos
séculos do império, embora seu número tenha se elevado de maneira
acentuada no final da Antiguidade Tardia com as invasões bárbaras e Imperador Teófilo visita a Igreja de
a fuga de muitas pessoas às cidades, para escaparem da alta tributação Santa Maria de Blaquerna. Iluminura
[419] d E ilit d M di
no campo.[419] Embora não haja dados precisos sobre seu número, do Escilitzes de Madri
sem dúvida o campesinato representou a maioria dos habitantes das
Por fim havia a classe dos clérigos. Ao contrário de seus congêneres europeus ocidentais, que distanciavam-se
dos ditos leigos, os clérigos orientais mantinham-se em constante contato com a sociedade. Ao contrário da
Igreja Latina, a Igreja Bizantina autorizava o casamento de padres e diáconos, uma vez que muitos deles já o
eram antes da ordenação. Aos bispos, contudo, recomendava-se que não se casassem.[428] Estando a
hierarquia religiosa espalhada pelas divisões administrativas do império, o clero foi mais onipresente do que os
servos do imperador.[429] A questão do cesaropapismo, geralmente associada com o Império Bizantino, é
agora entendida como sendo uma simplificação das condições reais do império.[430] No século V, o patriarca
de Constantinopla foi reconhecido como o primeiro entre iguais dos quatro patriarcados orientais, com estatuto
igual ao do papa de Roma. As províncias eclesiásticas (chamadas eparquias) eram chefiadas pelos arcebispos e
metropolitas, que supervisionavam seus subordinados bispos ou epíscopos. À maioria das pessoas, contudo, o
rosto mais reconhecível do clero era o seu pároco ou papas (da palavra grega para "pai").[428][431]
Embora constituindo 50% da população, as mulheres tenderam a ser esquecidas nos estudos bizantinos.[432] A
sociedade era patriarcal e deixou poucos registros sobre mulheres. Outrossim, eram geralmente vistas com
desconfiança e consideradas periodicamente imundas e como resultado foram objeto de discriminação. As
mulheres eram desfavorecidas em alguns aspectos legais, no acesso à educação e na liberdade de movimento,
que era limitado.[433] Segundo as tradição os casamentos eram arranjados pelos pais dos noivos almejando
alianças familiares, dotes, etc. As moças podiam casar-se aos 12 anos e os rapazes aos 14. O homem precisava
de bens equivalentes ao dote da mulher. Os casamentos imperiais eram arranjados pelos alto funcionários do
palácio, que traziam pretendentes de todo o reino para os príncipes escolherem.[434]
Recreação
Os persas introduziram o chatrangue (um dos antecessores do xadrez)
no Império Bizantino por volta do século VII que foi assimilado sob o
nome de zatrício (em grego: ζατρίκιον; romaniz.: zatrikion). Porém,
sua primeira evidência da qual é possível estabelecer uma data correta
é do século XII, numa passagem da biografia de Aleixo I, escrita por
sua filha Ana Comnena. Não se conhece em detalhes as regras do
jogo que era praticado na corte bizantina e com a derrocada do
Iluminura da Épica dos Reis de
império em 1453, a versão existente do jogo foi substituída pela
Ferdusi mostrando embaixadores da
versão turca que viria a ser posteriormente substituída pela versão
Índia jogando uma partida de
europeia.[435] Os bizantinos eram ávidos jogadores de tábula (em
chatrangue com Burzemir, o vizir do
xá Cosroes I (r. 531–579)
grego medieval: τάβλη; romaniz.: táble), o moderno gamão, que ainda
é popular em antigo territórios bizantinos e é conhecido na Grécia
pelo mesmo nome.[436]
Além da caça, praticava-se três modalidades de esportes equestres: o tzicânio, o tornemo e o dzustra. O
tzicânio, similar ao polo, veio muito cedo da Pérsia e um Tzicanistério (estádio para este jogo) foi edificado por
Teodósio II (r. 408–450) dentro do Grande Palácio de Constantinopla;[438] Basílio I destruiu o edifício original
para edificar a Igreja Nova e edificou um maior; diz-se que Basílio era excelente no jogo,[437] Aleixo I se feriu
quando jogava com Tatício[439] e João I (r. 1235–1238) se feriu fatalmente quando jogava em Trebizonda. O
tornemo e a dzustra foram introduzidos pelos ocidentais e jogados segundo as regras dos encontros
cavalheirescos.[440]
Vestuário
Culinária
Consumia-se molho de soja (murri) e molho de cevada fermentada como condimento,[449] garo (molho de
peixe), pasto (carne seca temperada),[450][451][452] coptóplaco (tipo de pastel)[453][454] e tiropita.[455][456][457]
Retsina (vinho aromatizado com resina de pinheiro) também era bebido; Liuprando de Cremona, em sua
embaixada a Constantinopla em 968 em nome do imperador Otão I (r. 936–973), reclamou do sabor do vinho
e do garo.[458] Com o comércio de longa distância, Constantinopla era inundada por muitos produtos
alimentícios (noz-moscada, tâmara, figo, romã, amêndoa, pistache, cenoura, alho, abobrinha, uva, pera, maçã,
alho-poró, melão, laranja, berinjela, etc.), provenientes de diferentes lugares, principalmente da Ásia.[447]
Através dos fragmentos de livros culinários descobriu-se alguns hábitos alimentares e as propriedades
atribuídas aos alimentos: rosa, alho, lírio, açafrão, violeta, mirtilo, camomila, sândalo, cânfora e noz-moscada
eram vistos como plantas medicinais, enquanto grão-de-bico, melão, tâmara e rúcula eram afrodisíacos.[459]
Legado
O império é comumente descrito como absolutista, ortodoxo, oriental
e exótico, assim como os termos "bizantino" e "bizantinismo" são
usados como arquétipos de decadência, burocracia complexa e
repressão. Países da Europa Central e Sudeste que saíram do Bloco
do Leste no final da década de 80 e começo da 90 avaliaram essa
civilização e seu legado negativamente devido sua ligação com um
suposto "autoritarismo e autocracia oriental". Tanto autores europeus
orientais como ocidentais têm apresentado frequentemente o Império
Bizantino como um corpo de ideias religiosas, políticas e filosóficas
contrárias ao Ocidente. Mesmo na Grécia do século XIX, o foco foi
principalmente seu passado clássico, enquanto a tradição bizantina era
associada a conotações negativas.[460]
Essa abordagem tradicional tem sido questionada, parcial ou Rei Davi nas vestes de um
totalmente, e revisada por estudos modernos, que focam nos aspectos imperador bizantino. Iluminura do
positivos da cultura e legado. Averil Cameron considera inegável sua Saltério de Paris
contribuição à formação da Europa medieval, e tanto Cameron como
Obolensky reconhecem o papel central do Império Bizantino na
formação da Ortodoxia, que por sua vez ocupou posição central na história e sociedade da Grécia, Bulgária,
Rússia, Sérvia e outros países.[461] Os bizantinos preservaram e copiaram manuscritos clássicos, pelo que são
assim reconhecidos como transmissores do conhecimento clássico, importantes contribuidores à civilização
europeia moderna e precursores tanto do humanismo renascentista como da cultura eslava ortodoxa.[462]
Como único Estado de longo prazo na Europa na Idade Média, ele isolou a Europa Ocidental das forças
emergentes do Oriente. Sob ataque constante, manteve afastados da Europa Ocidental persas, árabes, turcos
seljúcidas e, por algum tempo, turcos otomanos. De uma perspectiva diferente, desde o século VII, a evolução
e constante reformulação do Estado foram diretamente relacionadas com o progresso do Islã.[462] Com a
tomada de Constantinopla em 1453, o sultão Maomé II, o Conquistador usou o título de "César de Roma" (em
turco: Kaysar-i-Rûm), pois queria fazer o Império Otomano herdeiro do Império Bizantino.[463][464] Segundo
Cameron, ao considerarem-se "herdeiros" do Império Bizantino, os otomanos preservaram aspectos
importantes de sua tradição, permitindo um "renascimento ortodoxo" durante o período pós-comunista nos
Estados do Leste Europeu.[462]
Ver também
Notas
bizantinos. Em 1204, os líderes da Quarta
1. A referência ao nome "Nova Roma" aparece Cruzada deram o nome România ao recém-
pela primeira vez num documento oficial do fundado Império Latino.[15] O termo não se
Primeiro Concílio de Constantinopla (381), refere à moderna Romênia.
onde é usado para justificar a afirmação de
que a sé patriarcal de Constantinopla é 3. A historiografia bizantina convencionou
dividir a história do Império Bizantino em três
precedida apenas por aquela de Roma.[3]
períodos: período antigo (324-610),[27]
2. "România" foi um nome popular do império
médio (610-1204)[28] e tardio (1204-
usado principalmente extra-oficialmente, que
1453).[29]
significa "terra dos romanos".[11][12][13][14]
g
Após 1081, também aparece 4. Outros nomes ocidentais como "O Império
ocasionalmente em documentos oficiais de Constantinopla" (em latim: Imperium
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