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II – A Imigração Européia
Exportação da Borracha
6.000 Toneladas Década 70 (1870)
11.000 Toneladas Década 80 (1880)
21.000 Toneladas Década 90 (1890)
35.000 Toneladas 1° Decênio século XX (1900 – 1910)
Os dados demográficos da região amazônica para esse período são
precários. Admitindo-se um crescimento anual vegetativo de 1 por cento – as
condições de salubridade são reconhecidamente precárias na região –
depreende-se que o influxo externo teria sido da ordem de 260.000 pessoas,
não contados aqueles que já haviam penetrado na região que viria a ser depois
o Território e Estado do Acre. Essa enorme transumância indica claramente um
reservatório substancial de mão-de-obra, e leva a crer que, se não tivesse sido
possível solucionar o problema da lavoura cafeeira com imigrantes europeus,
uma solução alternativa teria surgido dentro do próprio país. Assim a população
nordestina destinou-se a produção da borracha.
Após a decadência da produção açucareira, a população nordestina
transformou-se de sistema pecuário para economia de subsistência. Assim
sendo, a população cresce em função da disponibilidade de alimentos.
Quanto à distribuição e qualidade da terra os colonos europeus
localizados no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, tiveram situação
favorável, proporcionando alimentos mais adequados. Essas colônias
apresentavam uma taxa altíssima de crescimento demográfico vegetativo. Essa
massa de população das regiões de colônias e o excedente virtual de produção
de alimentos que nestas existia constituirão fatores básicos do rápido
desenvolvimento da região sul do país.
Na região central, a população tende a deslocar-se a grandes
distâncias, em razão da maior escassez de boas terras.
Na região nordestina: com o desenvolvimento da cultura algodoeira,
nos primeiros decênios do século, havia permitido uma diversificação da
atividade econômica, intensificando ainda mais pela Guerra de Secessão nos
EUA. Essas ondas de prosperidade iam contribuindo, entretanto, pra criar um
desequilíbrio estrutural na economia de subsistência, agravando-se a situação
na seca de 1877-80, durante a qual desapareceu quase todo o rebanho da
região e pereceram de cem a duzentas mil pessoas, provocando uma forte
corrente migratória para os outros estados, principalmente dos Estados
Amazônicos, os quais os governos devido ao interesse pela mão-de-obra,
concederam subsídios para gastos de transporte.
Alguns contrastes entre os dois grandes movimentos de população:
o imigrante europeu, exigente e ajudado por seu governo, chegava à plantação
de café com todos os gastos pagos, residência garantida, gastos de
manutenção assegurados até a primeira colheita. Dispunha de terra para
plantar o essencial ao alimento de sua família.
A situação do nordestino na Amazônia era bem diversa começava
sempre a trabalhar endividado, pois via de regra obrigavam-no a reembolsar os
gastos com a sua viagem, com os instrumentos de trabalho e outras despesas
de instalação. Para alimentar-se dependia do suprimento que, em regime de
estrito monopólio, realizava o mesmo empresário com o qual estava
endividado. As grandes distâncias e a precariedade de sua situação financeira
reduziam-no a um regime de servidão. Entre as longas caminhadas na floresta
e a solidão das cabanas rudimentares onde habitava, esgotava-se sua vida,
num isolamento que talvez nenhum outro sistema econômico haja imposto os
homem. Demais, os perigos da floresta e a insalubridade no meio encurtavam
sua vida de trabalho.
O contraste maior entre os dois movimentos migratórios foi o
desenvolvimento subseqüente das duas regiões. A economia cafeeira
demonstraria solidez para prolongar-se num processo de industrialização. A
economia da borracha, ao contrário, entraria em brusca e permanente
prostração. A população imigrante seria reduzida a condições de extrema
miséria, regredindo a forma mais primitiva de economia de subsistência.