Você está na página 1de 35

Durante o período de 29, o Brasil passou por duas mudanças.

Uma delas é a mudança


econômica, onde o então modelo de exportação agrícola perde devido à crise da indústria
cafeeira, além do surgimento do modelo de substituição de importações. Outra mudança é a
política que deu início à era Vargas e encerrou a política do Café com Leite, que
representou uma alternância de poder entre o Partido Republicano de Minas Gerais e
políticos filiados ao Partido Republicano. O fim dessa política se deu ao apoio de
Washington Luís à entrada de outro paulista, Júlio Prestes. Entra Prestes, mas há indícios
de fraude na eleição de Prestes e no assassinato do vice de Vargas, tudo aliado à crise de
29, que trouxe problemas à economia e ao endividamento. Todo esse contexto abre as
portas do poder para Getúlio Vargas.

Com os grandes problemas financeiros causados pela crise de 29, a procura foi reduzida,
provocando preços baixos na década de 1930 e aumento das colheitas até 1933. As
economias recuperaram após a crise de 1937, mas a Segunda Guerra Mundial causou um
declínio dos preços e assim permaneceu até 1945.

A política inflacionista exigia armazenamento para venda posterior, mas como os preços
não subiam, o governo decidiu comprar e queimar estoques, financiados por emissões de
moeda estrangeira, impostos de exportação e empréstimos, considerada uma política
anticíclica de apoio aos preços.

Segundo Furtado, as políticas keynesianas, praticadas antes de Keynes, tiveram destaque


na recuperação econômica do Brasil. Recuperando-se da Segunda Guerra Mundial, os
preços voltaram a subir entre 1945 e 1954. A partir de 1960, foi concluído um acordo
internacional sobre o café: a chamada internacionalização da proteção das cotas de
exportação de cada país. Assim, a partir da década de 1930, o Brasil começou a perder
sua participação relativa no mercado mundial.

Outro ponto importante para o período analisado (1930-1960) que merece destaque é a
Industrialização Restringida e o Processo de Substituição de Importações (1929-
1955). Segundo Suzigan, existem 4 teorias sobre a origem da indústria no Brasil. A primeira
seria a teoria do choque adverso, que consiste em um choque adverso à economia
doméstica de origem estrangeira, que provoca aumento nos preços dos bens estrangeiros,
efeito protetor e substituição de importações. O foco principal da teoria está no externo. Em
tempos normais, a concorrência com produtos estrangeiros era injusta. Contrariamente às
vantagens da indústria durante um choque, o setor de exportação agrícola passaria por uma
crise porque não seria capaz de exportar. As críticas a essa teoria incluem: concentrar-se
no efeito protetor da indústria, ignorar o efeito-renda, prejudicar as exportações, reduzir os
rendimentos e, assim, reduzir a procura de bens manufaturados. Müller fala que a
negligência tem impacto econômico, dificultando o acesso a bens importados, o que
também dificulta a entrada de bens de capital no mercado.

Outra teoria seria a industrialização liderada pela exportação. A indústria ganha crescimento
no setor exportador, que complementa as exportações agrícolas e o setor industrial. O foco
da teoria é o fenômeno da demanda interna e de renda, que consiste nas exportações, na
criação de renda e na demanda por produtos manufaturados, promovendo a produção
interna. Uma crítica a esta teoria é que ela ignora as mudanças qualitativas estruturais que
os choques externos causariam num país. Segundo Versiani, ambas as teorias teriam os
aspectos certos para explicar a industrialização, os choques de crescimento e a produção;
um bom setor exportador leva à acumulação de capital produtivo e à desvalorização das
taxas de câmbio.

A terceira teoria é o capitalismo tardio, que consiste numa teoria de mediação de teorias
anteriores. A industrialização depende do bom desenvolvimento do setor exportador,
embora não linearmente, e ao mesmo tempo do capital estrangeiro e da procura interna e
externa destes produtos.

E a quarta teoria é criada deliberadamente pela política governamental. Isto não é muito
significativo, pois sabe-se que nenhuma política industrial importante foi implementada. A
política governamental refletida na indústria geralmente era a do café.

1º governo Vargas 1930-1945

No setor agrícola, o desempenho foi bastante baixo. O setor agrícola ainda continua
pautado no café, sendo o principal produto mesmo com a queda na participação relativa
após a crise. No período de 1930-1939 os preços do café estavam muito retraídos, e como
era um produto gerador de efeito renda, isso poderia ser preocupante. As políticas de
valorização do café geraram um efeito renda positivo e atuavam como políticas
keynesianas, anticíclicas. A queda de produção e na área plantada do café a partir de 1936
abre espaço para o crescimento industrial e de outros produtos agrícolas, pois libera
recursos antes vinculados apenas ao setor cafeeiro. Entre esses outros produtos agrícolas
estava o algodão, produto que sempre esteve presente no setor agrícola brasileiro, porém
nessa época vira a lavoura de ouro do país, ganhando participação relativa nas
exportações. A sua área plantada e a produção aumentam consequentemente. Outro
produto foi a cana de açúcar, que teve um desempenho bom na época, apesar de menor
que o algodão. Sua área plantada e a produção também aumentaram. Não se pode falar
em diversificação, pois tais produtos sempre estiveram presentes na pauta de exportações
brasileiras. O que aconteceu nesse período foi que ganharam espaço na pauta de
exportações à custa da crise do café.

No setor industrial, foi um momento de ruptura, pois o grande motor de crescimento do país
deixa de ser o setor agrário e passa a ser o setor industrial. Abandona-se o modelo agrário
exportador e adota-se o modelo de substituição de importações. A produção industrial deixa
de ser voltada para fora e volta-se para dentro. Depois da crise, a indústria se revigora e sai
da crise mais forte. O produto real da indústria cresceu 6% a.a. contra 2% do setor agrícola.
Vargas quando assume o poder estava em uma situação difícil: crise do café e crise da
dívida externa, porém a dívida passou a ser uma preocupação após a crise porque
incomodou o preço do café, além da liquidez internacional está precária por conta das
crises profundas nos outros países, não tendo disponibilidade de empréstimos para a
economia brasileira.

Com o problema da dívida, Vargas tem opções para resolver o problema da dívida externa,
como declarar moratória unilateral e tentar uma política de tentar pagar a dívida externa a
qualquer custo, que acabou sendo a escolhida por Vargas. Havia a necessidade de gerar
divisas para o pagamento da dívida externa e isso seria feito em duas vias: uma tentando
manter as receitas de exportação, através da queima de cafezais, política de defesa do café
e a outra tentando diminuir as despesas com importações.

O controle das importações foi feito através de três mecanismos: o racionamento de divisas,
onde ninguém podia importar o que quisesse na hora que quisesse, visto que era tudo
controlado pelo Banco do Brasil, que tinha funções de Banco Central. Quanto mais
supérfluo fosse bem ou se ele tivesse similares nacionais que pudessem suprir a demanda
interna, mais racionada era sua compra. Em bens de capital, insumos básicos, a taxação
era consideravelmente menor.

Outro mecanismo são as tarifas alfandegárias protecionistas para vários setores que tinham
a característica de suprir a demanda interna. E o último mecanismo é a desvalorização
cambial, onde foi um movimento natural por causa do café e depois por causa da indústria.
Isso gerou um efeito protetor que incentiva o processo de substituição de importações,
limitando a importação de produtos não essenciais, diminuindo a demanda por produtos
importados não essenciais, economizando-se divisas para pagar saldos da dívida externa,
causando um efeito positivo para a indústria. Além disso, o governo intervindo impediu a
queda vertiginosa dos preços do café que com certeza aconteceria se o mercado tivesse
sido mantido livre. Ao longo de todo esse período a balança comercial ficou positiva, o que
demonstrou que as políticas deram certo. Mesmo com os saldos positivos na balança
comercial, há certa dificuldade externa, principalmente de 1939 para frente quando começa
a segunda guerra. Assim, o setor externo se torna uma preocupação constante e há um
aumento de 20% na renda nacional e 7% na renda per capita no período.

O período Vargas é dividido em 3 épocas: de 1930 a 1931, onde o Brasil ainda está
sofrendo com a crise. Crise relacionada ao setor cafeeiro e a emergência da crise da dívida;
de 1932 a 1939, onde marca um período de grande retomada da produção industrial, além
de expansão. Acentuando o setor têxtil, a produção industrial se elevou consideravelmente,
ocorreu uma correção do saldo da balança de pagamentos e a questão da política cambial
já nasce como política voltada ao setor industrial; e de 1939 a 1945, período da segunda
guerra.

Alguns fatores levaram a um crescimento notável da indústria. No período de 1932 a 1939


houve uma diversificação da indústria têxtil, vestuário e setor de alimentos, ocorrendo um
crescimento de produção interna com queda de importações. Nota-se uma clara
substituição de importações. Essa substituição de importações tem três fases: começa
pelos bens não duráveis, depois bens duráveis e depois bens de capital. Os outros fatores
foram o acúmulo de capacidade instalada durante a década de 20; o crescimento de bens
intermediários; a política de compra do café mantendo a renda e possibilitando demanda
interna; e a política de saldos positivos, efeito direto protecionista na indústria.

O período de 1939 a 1950 ainda é tratado como industrialização restrita ou restringida, o


setor industrial cresceu e ganhou espaço, mas o que se percebe é uma substituição de
importações majoritariamente de produtos não duráveis. Apenas com o Plano de Metas, em
1956, a indústria passou a ser voltada para substituição de produtos duráveis, bens de
capital e bens intermediários.
No período de 1939 a 1945, da Segunda Guerra Mundial, ocorreram semelhanças em
relação à primeira guerra mundial. Entre eles, o choque externo. A dificuldade de
importações provocou o encarecimento e limitação dessas importações, assim, a demanda
interna tem que ser suprida pela indústria nacional, que é a substituição de importações.
Isso provocou um grande crescimento da produção industrial do período, porém com certa
dificuldade de aumentar a capacidade produtiva. Após o fim da guerra, o Brasil perde esse
espaço novamente, que nem ocorreu na primeira guerra mundial. Mas houve diferenças
também. Um exemplo disso é a situação em que a indústria se encontra em termos de
desenvolvimento, mudança qualitativa importante desde a primeira guerra mundial.

Outras características importantes do período são o aumento na quantidade das


exportações e também no valor das exportações e a queda na quantidade importada. O
Brasil teve algumas heranças da Segunda Guerra. O Brasil acumula divisas durante esse
período, além de saldos positivos na balança comercial. Quando a segunda guerra mundial
acabou, ocorreu uma forte obsolescência dos bens de capital: uma necessidade veemente
de se repor os bens de capital. A inflação também foi uma herança, por conta do grande
crescimento das exportações e poucas importações, houve a monetização da economia.
Além disso, com o crescimento do setor industrial, a economia aqueceu. E na conclusão
desse período, a indústria sofreu uma grande diversificação, dinamismo, crescimento, motor
do crescimento, apesar da ótica de industrialização restrita. São Paulo se consolidou como
grande polo industrial, acentuando as desigualdades regionais. Não havia possibilidade ao
capital privado de realizar investimentos nos setores de infraestrutura, visto a grande
participação estatal. E sobre esse contexto, assume Dutra.

Dutra 1946-1950

Em 1946 Vargas sofre um golpe para tirá-lo do poder e Dutra é eleito democraticamente.
Dutra ficou no cargo de presidente de 1946 a 1950. Sobre sua política econômica, ocorreu
uma condução da política cambial voltada para a questão industrial , porém anteriormente o
câmbio estava fixo em um patamar valorizado. Quando Dutra assumiu a economia, a
segunda guerra já havia terminado e as heranças eram máquinas obsoletas, inflação e
grande acúmulo de reservas. A solução é que havia a ilusão de divisas mas não eram tão
grandes assim e não tinham conversibilidade. Isso gerou uma decisão precipitada de Dutra,
que foi liberar o mercado cambial, onde não havia nenhuma restrição às importações e era
livre a entrada e saída de capitais. As importações livres permitiam repor os parques
industriais obsoletos e, além disso, permitia a demanda por bens de consumo que havia
ficado reprimida durante a segunda guerra. Assim, aumentando a competitividade e a
inflação tenderia a cair. As importações deram um salto absurdo, mais que dobraram. As
reservas internacionais baixam, e assim, Dutra muda a política cambial. A nova política
cambial consiste no câmbio mantido fixo e valorizado, mas são incorporadas licenças para
importar. Havia uma seletividade das importações, ou seja, quanto mais o produto era
supérfluo e mais era produzido internamente, menor sua cota.

O efeito sobre a indústria e sobre a economia foi um câmbio fixo valorizado que gerou efeito
de subsídio para a indústria e a seletividade gerou efeito proteção, fazendo com que a
lucratividade da indústria nacional crescesse. Essa política só mudou em outubro de 1953.
No período de 1930 a 1957, o grande motor da política industrial é através da política
cambial. Uma outra tentativa do governo Dutra foi o Plano SALTE (Saúde, Alimentação,
Transporte e Energia), porém não foi um plano que teve resultados práticos, pois não havia
fontes de financiamento para ele, mas foi o primeiro plano oficial que demonstra uma
preocupação importante aos gargalos da economia brasileira. A indústria cresceu bem
durante vinte anos, mas precisava de mais infraestrutura. Se transporte e energia não
crescessem, o setor industrial ficaria limitado. O plano SALTE juntamente com a comissão
mista Brasil e EUA (1951) e a comissão CEPAL BNDE (1953) dará origem ao Plano de
Metas.

2º governo Vargas 1951-1954

Os pontos mais importantes do governo Vargas foram a comissão mista Brasil e EUA
(1951), o viés nacionalista de Vargas e a mudança na política cambial em outubro de 1953.

A comissão mista Brasil e EUA (1951) foi criada no governo Truman. A ideia era identificar
lacunas estruturais brasileiras importantes e atacar com ajuda financeira as lacunas, mas
depois que muda de presidente no EUA, a ajuda é negada, causando a extinção do plano
de ajudas à América Latina. Depois é criada a inteligência nacional para tratar esse
assunto.

O viés nacionalista de Vargas também foi relevante. Foi fundada a Petrobrás, o BNDE (que
proporcionou o financiamento para o setor privado para que ele pudesse participar da
construção de melhor infraestrutura brasileira e cobrir as lacunas), a Eletrobrás, Banco do
Nordeste (para contrabalançar a desigualdade regional), Companhia Hidrelétrica do São
Francisco. O estado se tornou grande, com financiamento, regulação e planejamento.

Outro ponto importante foi a mudança na política cambial em outubro de 1953. Desde 1947
o câmbio estava fixo e valorizado. O Brasil passa a se preocupar com a questão cambial
devido à dificuldade encontrada pelo setor exportador com o câmbio valorizado. Isso
prejudica o setor externo brasileiro e a balança de pagamentos. Era necessário algo que
pudesse continuar incentivando a indústria, mas não em detrimento da balança de
pagamentos. Vargas queria realizar isso de forma a controlar mais intensivamente as
importações.

Regime oficial de câmbios múltiplos, seguindo a instrução 070 da SUMOC. Câmbios


múltiplos para eliminar os controles quantitativos e não geravam receita, gerando custo na
dificuldade de fiscalização, davam margem à corrupção. => é substituído pela via controle
de preço que gera receita ao governo, dá fiscalização mais ágil e eficiente, além de menos
margem à corrupção.

Havia uma série de câmbios, para cada tipo de operação, portanto a política cambial fica
mais complexa. A taxa de câmbio oficial era bastante valorizada pois permitia que o
governo realizasse operações urgentes a um custo baixo e importasse o que achasse
importante. A taxa do mercado livre era desvalorizada para atrair capital estrangeiro. E o
câmbio de custo era mais valorizado, produtos considerados importantes eram importados a
um preço mais barato. Já no câmbio das importações, o governo conseguia as divisas
através das exportações e a moeda ficava no BB. O BB aplicava as divisas de acordo com
o necessário. O governo determinava a quantidade por categoria e, de acordo com a
demanda, determinava seu preço. Quanto menos essencial, mais o governo ganhava por
ágil, fazendo com que o câmbio fosse mais desvalorizado. E as ultimas série de câmbio
são as suas categorias de câmbio para exportação, que são bastante valorizadas. Tendo o
foco na política industrial, transfere-se renda do setor agrícola para o setor industrial,
gerando uma maior receita para o governo. A diferença do que o governo pagava para cada
exportador e para o que ele vendia no leilão era a receita do governo. Isso permitia a
seleção mais inteligente de importações, menos problema com a corrupção e havia maior
controle. Uma crítica sobre isso é que como manteve um câmbio valorizado, surgiam
problemas na balança comercial, pois não incentivava as exportações. Essa política cambial
permanece até 1957 em JK.

Mas surgiram problemas, que no fim, levaram ao suicídio de Vargas. Os industriais que
precisavam importar algo que o governo não considerasse essencial, que não estivesse nas
primeiras categorias mais essenciais estavam sendo prejudicados. Isso resultou em uma
forte insatisfação, comprando o câmbio cada vez mais alto. Então, era preferido a cota que
pelo menos era barata. O setor exportador estava muito insatisfeito também. Haviam
manifestações para aumentar o salário mínimo. Os ganhos da indústria não estavam sendo
repassados, o que causava inflação. Acontece um atentado em 5 de agosto de 1954 contra
Carlos Lacerda, opositor político e jornalista, conhecido como “derrubador de presidentes”,
que foi planejado pelo guarda pessoal do Vargas. Na madrugada do dia 23 para o dia 24 de
agosto, Vargas se suicida.

Assume Café Filho, fica até 1955 e sua única medida importante foi a instrução 113 da
SUMOC, que tinha o objetivo de desburocratizar a entrada de capital estrangeiro no país.
Também permitia a compra de máquinas e equipamentos das empresas de capital
estrangeiro sem precisar passar pelo leilão de câmbio, ou seja, importação de forma direta.

JK 1956-1960

A lei de tarifas (1957) foi a introdução de um sistema de proteção específico via tarifas que
estabelecia tarifas ad valorem que variaram de 0 a 150 por cento, onde os produtos eram
definidos por categorias. Seguia o mesmo esquema do mais essencial menor tarifa, onde
quanto maior fosse a porcentagem, maior era o impedimento para importar e,
consequentemente, quanto menor fosse a porcentagem, mais garantia de que fossem
importados.

A lei do similar nacional atuava em situações onde se tivesse um produto que fosse
produzido internamente e que fosse suficiente para responder a demanda interna, seria
proibida a importação deste produto. Se não fosse produzido em quantidade suficiente, a
importação era restringida. Se não fosse produzido internamente, era permitida a
importação. A lei de tarifas e a lei do similar nacional se configuram em um instrumento
mais estável que a política cambial.

Plano de Metas

O plano de metas não surgiu de uma hora para outra e tiveram alguns antecedentes. As
visões foram formadas desde 1947 com o plano SALTE, com a comissão mista (EUA e
Brasil), BNDE + CEPAL. Essas ações explicitaram lacunas brasileiras e demonstram a
mudança de pensamento.
As características do plano de metas são: o profundo comprometimento com o cumprimento
das metas; plano dividido em trinta metas mais Brasília; e busca atacar gargalos que
impediam o crescimento brasileiro; e os grupos executivos subordinados ao conselho de
desenvolvimento, onde descentralizava decisões e ganhava eficiência.

Principais objetivos e cinco pontos principais de investimento foram o setor energético, que
obteve 42,4% do plano de metas investidos. Esse setor vinha sofrendo no Brasil desde a
Segunda Guerra Mundial. Tendo uma defasagem em termos de oferta e uma grande
demanda; o setor de transporte, que obteve 28,9% dos investimentos do plano de metas
investidos; a indústria de base, que obteve 22,3%. Antes se percebia um Brasil
diversificando e industrializando primordialmente no setor de bens de consumo não
duráveis. Mas houve um crescimento relativo de produtos intermediários, resultando uma
mudança importante, mas ainda se tem a predomina nos bens de consumo não duráveis; a
alimentação que ficou 3,6 %; a educação com 2,8 % e a criação de Brasília foi a meta
síntese.

O governo financiou os investimentos por meio de maior déficit público, pela emissão de
moedas, receita de leilões de câmbios, no aumento da facilidade de crédito via BNDE e BB.
Aconteceu uma enorme entrada de capital estrangeiro com a instrução 113 da SUMOC. Em
1954, não havia bastante incentivo à entrada de capitais estrangeiros. Porém JK tem um
viés muito mais acolhedor do capital estrangeiro. Então as empresas internacionais passam
a colocar mais capital em países estrangeiros depois da reestruturação da guerra. A partir
de certo momento passou a ser mais necessária: precisava-se de maior estímulo ao setor
exportador para melhorar a balança de pagamentos.

Os resultados positivos do plano de metas foram o crescimento de mais de 20% do setor de


bens de capital e de bens de consumo duráveis, um grande crescimento da economia, a
taxa de crescimento média do PIB no período chegando a 8,1% ao ano. Na indústria há
uma mudança estrutural importante: o crescimento dominante, setor dinâmico da economia,
onde ocorreu a mudança de quantidade e salto qualitativo, um ataque a gargalos
importantes e as indústrias ficaram mais complexas. O setor de transporte ultrapassou a
meta de construção de rodovias.

Os resultados negativos foram um grande crescimento da dívida pública, tanto interna como
externa; uma aceleração da inflação por conta da entrada de capital financeiro internacional,
da emissão de moeda, déficit público, crédito, leilão, que geraram uma monetização grande;
a maioria dos investimentos foi feito na região sudeste, causando um aprofundamento das
desigualdades regionais. Porém as metas eram ambiciosas e o que se conseguiu foi muito
importante. Não é correto dizer que o plano foi um fracasso. No setor de energia, 85% do
plano foi cumprido, e no transporte a meta é ultrapassada.

Fechando a década de 1950 é importante ressaltar dois pontos importantes em relação ao


capital estrangeiro. A primeira metade da década foi sem incentivo ao capital estrangeiro, já
na segunda metade houve forte incentivo à entrada de capital estrangeiro. No JK, grande
parte da receita de exportações ia para o pagamento das dívidas. Mas havia uma grande
entrada de capitais que compensava. Algumas dessas capitais eram empréstimos que
aumentavam a dívida externa. O abandono da indústria restringida e um aprofundamento
da política de substituição de importações. Ocorreu a ultrapassagem do PIB industrial em
relação ao agrícola e foi dado uma ênfase ao setor industrial para abrir mão de um maior
apoio do setor agrário, valorizando o câmbio.

No governo JK também ocorreu uma mudança no regime cambial, onde até JK tomar
posse, a política industrial era pautada praticamente pela política cambial. Agora mais
coisas terão papel nisso, os outros três elementos (lei de tarifas, lei do similar nacional e
plano de metas) também vão gerar a política industrial. A reforma cambial tenta simplificar
os câmbios para importação e racionalizar melhor a proteção à indústria nacional, reduzindo
de cinco para duas categorias de importação: categoria geral para os bens considerados
essenciais e a categoria específica para os bens considerados não essenciais. Existia uma
terceira categoria chamada preferencial, que atuava via câmbio de custo. Essa simplificação
durou até 1961, quando Jânio Quadros mudou novamente o regime cambial. Outro ponto
principal dentro do governo JK é a questão do setor industrial passar pela primeira vez na
história a participar relativamente mais que a agricultura no PIB.

O governo JK ficou conhecido como o governo dos anos de ouro, tendo o slogan “50 anos
em 5” e tendo um salto qualitativo da indústria e quantitativos. Em 1960 Brasília é
inaugurada, trazendo esperança de mudança do desenvolvimento regional e se tornando o
novo polo populacional do Brasil.
Aula 8
Período 1961-1964

⇨ Inflação crescente, estagnação e baixo crescimento. Ruptura política


(golpe militar)
⇨ João Goulart consegue uma vitória: plesbicito => ganha a volta do
presidencialismo. Depois enfia pé pelas mãos => tensão comunista.

Jango queria declarar Estado de sítio, mas não


consegue. Por que temos baixo crescimento e alta
inflação?

Baixo crescimento => taxas de crescimento:

✔ 1961 – 8,6%
✔ 1962 – 6,6%
✔ 1963 -0,6%
✔ 1964 – 3,9%

Dados da inflação:

✔ 1961 – 32,2%
✔ 1962 – 45,5%
✔ 1963 – 83,25%
✔ 1964 - 90,9%

Explicações:

● Crise política => gera incerteza na economia => queda nos investimentos.
● Depois que se conclui o plano de metas, tem uma baixa de investimentos
(depois que se para um grande volume de investimento vindo do plano de
metas)
● Aceleração da inflação: piora a distribuição de renda (menos acesso a
bancos), além de diminuir o poder de compra da população =>
principalmente de bens de consumo duráveis (nova composição na
indústria brasileira).
● Plano trienal: política recessiva para combater a inflação.
● Falhas em reformas econômicas => arcabouço institucional frágil (não
havia Banco Central).
● Indústria crescendo protegida => ramos industriais apresentam
ineficiência.
● Baixa diversificação das exportações => apesar do aumento e melhora
das exportações, o Brasil ainda mostrava pequena diversificação.
● Aprofundamento da desigualdade na distribuição de renda (crescimento
anterior focado na concentração de renda).

Explicações para a alta inflação:

● Monetização do déficit público. A atratividade dos títulos públicos fica


menor com o aumento da inflação. O Governo se financiava sem
depender das receitas.
● Aumentos salariais importantes.
● Reajustes de tarifas públicas. => tentativa de melhorar a situação do
governo.
● Política fiscal que corrobora a questão da inflação mais uma expectativa
ruim da economia.

Período 1964-1967

*Retoma-se o crescimento parcialmente.

Governo do Castello Branco – Abril 1964 até março de 1967

Aliado dos EUA: considerado pessoa bastante sensata, militar brando.

O contexto que Castello Branco assume: ampla aceleração da inflação e


desaceleração do crescimento. “Por ordem na casa” – Estabilização da
economia.

● PAEG: Plano ou programa de ação econômica do governo. => lançado


logo em seguida que o Castello Branco assume. => PRINCIPAL, MAS
NÃO ÚNICO OBJETIVO: estabilização gradual dos preços => abria a
possibilidade de gerar crescimento. => composto de medidas
heterodoxas e ortodoxas.

- Segundo plano mais bem sucedido de estabilização de preços (só perde para
o plano real).

- Parecido com o plano real

Objetivos:

● Estabilização de preços
● Retomada do crescimento. => forma de legitimar o Governo Militar
● Ganhar legitimidade (por trás de todos outros objetivos)
● Reformas institucionais importantes. Upgrade em termos de mercado
financeiro, autoridade monetária, aumento da poupança interna.
⇨ Criação do Bacen e do Conselho monetário nacional
⇨ Sistema financeiro habitacional => estímulo à construção civil.
⇨ FGTS => retira a estabilidade de 10 anos e troca pelo depósito mensal
feito pelo empregador. => poupança forçada.
● Atenuar os desequilíbrios regionais.
⇨ Zona franca de Manaus
⇨ SUDENE com maior apoio
● Tentar corrigir déficit na balança de pagamentos.
● Política cambial de câmbio desvalorizado => melhora exportações. =>
Política voltada para o setor externo: mantém o câmbio desvalorizado
para com isso continuar favorecendo as exportações.
● Estímulo a entrada de capitais estrangeiros, com desburocratização. =>
governo militar todo estimula a entrada de capitais estrangeiros. O trade
off dessas escolhas: a desvalorização do câmbio tem efeito sobre a
inflação => aumenta a inflação, um dos objetivos do plano.
● Juros + correção monetária para os títulos públicos do governo =>
ORTN (obrigações reajustáveis do tesouro nacional). Outras maneiras
de financiar o déficit público que não seja emitir moeda. => Ter um canal
menos ativo para a inflação. => títulos mais atrativos => governo financia
seu déficit sem emitir moeda, de forma não inflacionária (tira moeda da
economia vendendo título).
⇨ Porém isso tem um forte problema: indexação (correção monetária =
indexação com base na inflação passada). Só para os títulos públicos
estava ok, mas depois aumenta para a caderneta de poupança (aumenta
poupança interna), PORÉM: está-se espalhando um mecanismo de
indexação. Posteriormente: tributos também são indexados.

De que maneira alcançar os objetivos?

● Controle da inflação => PAEG diagnosticou a inflação brasileira como de


demanda

Forma de combater: ortodoxia

=> política fiscal contracionista (reduzir o déficit público – controla canais de


déficits para combater a inflação - aumenta a receita pública pelo aumento dos
impostos)

=> política monetária tentando ser contracionista, mas não consegue ser no final
das contas.

=> política salarial: se pega o salário real médio dos últimos 24 meses + índice
de produtividade calculado pelo governo (calculado pelo conselho nacional de
economia – acabava sempre sendo subestimados) + resíduo inflacionário
(metade da inflação prevista pelo ano corrente).

Resultado: arrocho dos trabalhadores – perda do poder de compra real do salário


mínimo. (1964 -1974 => tempo de maior perda para os trabalhadores.)
● Política salarial: primeira grande política salarial que tinha uma regra
normatizada.

Resultados:

✔ Estabilização gradual (preferível para ganhar legitimidade – governo


atuava melhor) de preços => sucesso.
✔ Em termos de “retomada do crescimento”: o crescimento se manteve
mais alto do que nos outros períodos, apesar de nada muito exuberante.
✔ Ganhos de legitimidade => ok
✔ Acalmou os ânimos economicamente – base do milagre econômico.

Críticas:

⇨ Arrocho salarial – diminuição do poder de compra dos trabalhadores =>


agrava a desigualdade de distribuição de renda
⇨ Regressividade do sistema tributário
⇨ Motivos do porque a inflação não baixou ainda mais:
⮚ Diagnóstico da inflação: Edmar Bacha => desconsidera que na verdade
boa parte da inflação vinha de custos – oferta (quebra de safra).
⮚ Rigidez à baixa de preços – estrutural
⮚ Em março de 1967 sai Castello Branco.

Período 1968-1973
Costa e Silva – linha mais dura do regime militar

⇨ Milagre econômico. Anos de chumbo. AI-5 (dezembro de 1968)


Aula 9

1968-1973 – Milagre

econômico. Costa e Silva (1968

– 1969)

- Linha militar mais dura (eleito indiretamente)

Anos de Chumbo – Milagre econômico (dois presidentes: Costa e Silva e Médici.


Antes de Médici entrar, com o advento da doença de Costa e Silva (um derrame
que posteriormente culmina em sua morte), fica durante um período uma junta
militar).

⇨ Condições mais favoráveis – inflação mais baixa (desacelerando


gradualmente – a inflação baixou para a casa dos 20% - além da
retomada ascendente do crescimento), consequência do PAEG (Plano de
Ação Econômica do Governo). => heranças do governo Castello Branco.
⇨ Perda de esperança: não há transição para a democracia. Passagem para
o governo civil não seria tão rápida como o esperado.

Anos de Chumbo

Ruptura democrática => mudança na legislação contra direitos civis.

AI-5 (dezembro de 1968)

Contexto de lançamento:

● Março de 1968: morte do estudante secundarista Edson Luiz => primeira


morte oficial associada à ditadura. A morte aconteceu durante a
manifestação no restaurante Calabouço contra a alta dos preços no
restaurante.
● Julho de 1968: passeata dos cem mil.

● Setembro de 1968 (dias 2 e 4): deputado federal da oposição Márcio Alves


=> discurso incitando as pessoas a boicotarem o 7 de setembro.
● Outubro de 1968: UNE (União Nacional dos Estudantes) => encontro em
Ibiúna, polícia invade o encontro e prende várias pessoas. Vários grupos
são formados (MR-8, por exemplo) contra a ditadura.

Governo aumenta o controle contra os subversivos: AI-5. Por ordem na casa na


força.

Medidas do AI-5:

- Fim dos direitos civis.


- Permissão de cassação dos mandatos dos parlamentares que eram
considerados contra a ordem.

- Permissão de fechamento do congresso nacional, das câmaras legislativas e


municipais.

- Limitação dos poderes do judiciário => suspensão do direito de habeas corpus


para pessoas que cometiam crimes considerados contra a ordem.

- Proibição das manifestações de natureza política.


- Censura prévia da imprensa - TV, música, teatro, filme. Extinto em meados de
1978 no governo de Ernesto Geisel.

● Episódio do sequestro do Charles Burke, embaixador americano. “Vitória


na marra da esquerda” (ocorreu no período da junta militar) => “que é isso
companheiro?”. Feita para chamar a atenção da população para as coisas
ruins do governo militar – pessoas comuns apenas percebiam a melhora
que estava ocorrendo em termos de renda, crescimento e não os sumiços
e opressão. A Esquerda consegue que o governo militar leia integralmente
a carta em todos os meios de comunicação em que a esquerda escreveu
sobre as atrocidades da ditadura e a liberação de 15 presos políticos
(entre eles José Dirceu). Charles Burke solto em um jogo do maracanã.
⇨ “Brasil: ame-o ou deixe-o”. Se você não está satisfeito com o governo,
vai embora que ninguém te quer aqui. Slogan que ganhou adeptos;
alienação da população.
⇨ Apelido Brasil como grande potência: várias obras importantíssimas
começaram a ser construídas nessa época: transamazônica, rodovia
Cuiabá- Santarém, Angra I, ponte Rio- Niterói (ponte presidente Costa e
Silva).

Por que o período se chama milagre econômico:

Trinômio: alto crescimento, baixa inflação e balança equilibrada.

✔ Grande crescimento econômico da ordem 11,4% a.a. em média


considerado absolutamente alto – 1973: crescimento de 14% a.a.
✔ Inflação estável com tendência à baixa.
✔ Balança comercial em média equilibrada.
✔ Balança de pagamentos com saldo positivo.

Mitos do milagre econômico:

- Pode até pensar que o milagre econômico foi um período de alta inflação
porque ele teve alto crescimento. Não foi isso que aconteceu: a inflação
permaneceu estável em tendência de queda.
- Algumas pessoas associam esse período a um período de nascimento da crise
da dívida externa brasileira (porque a dívida bruta quadruplicou e a líquida, que
é mais importante, duplicou). Mas não é verdade!!!! Ritmo de crescimento da
dívida menor que o ritmo de crescimento da economia. O problema vem
depois da crise do petróleo. A capacidade de pagar estava em expansão no
período. Pequena nota para quem não fez macroeconomia 2 de verdade – fez
com o Joaquim: diferença entre dívida líquida (menos as reservas) e bruta =>
são as reservas internacionais. Diferença entre dívida bruta e líquida (o que
precisa pagar e não tem de fato para se pagar no momento): são as reservas.

- Necessidade de financiamento => acúmulo de reservas muito grande vindos


da entrada de capital financeiro. A entrada de capitais estrangeiros foi mais
uma conveniência do que uma necessidade => porque as economias
internacionais estavam crescendo bastante => havia abundância de liquidez
internacional a juros baixos. => configuração externa bastante favorável (custo
de oportunidade de pegar empréstimo estava baixo) => não havia a necessidade
= foi mais uma conveniência para compor as reservas internacionais e fechar a
balança de pagamentos.

Na época a poupança interna estava melhorando => 67-73 melhora da poupança


privada => correção monetária (ficou mais atraente a poupança). => poupança
pública: déficit diminuiu - desde o PAEG (com a política fiscal restritiva)- e
poupança pública aumenta. O Governo tinha internamente tinha condições
de realizar uma boa parte do que era feito. Mas a entrada de capitais
estrangeiros ajudou a ter mais conforto, a fechar a balança de pagamentos. Não
foi uma condição necessária para que o milagre econômico existisse, nem
primordial.

● Em termos teóricos: teorias que estão surgindo => curva de Phillips (1958)
relação inversa entre desemprego e inflação (trade-off) – relação direta
entre inflação e crescimento – lei de Okun. => modelo IS-LM para
economia aberta –exportações dependem da taxa de câmbio e da renda
externa –> importações – taxa de cambio e renda interna.
● Curva de Phillips no Brasil diferente do que prega a teoria => alto
crescimento, queda no desemprego e INFLAÇÃO ESTÁVEL. Curva de
Phillips cada vez mais vertical.
● Predição do modelo Modle Fleim (não sei escrever) => exportações
aumentam (dependiam da renda externa e do câmbio) e importações
também (com o aumento da renda interna). – Vai contra a teoria que diz
se se aumenta renda interna, apenas se aumentam as importações,
deteriorando a balança comercial.
● Câmbio mantido desvalorizado que possibilitava também maiores
exportações. Considerando a condição de Marshall-Lenner =>
desvalorização do câmbio provoca a melhora da balança comercial não
necessariamente imediato (curva J).
Milagre econômico (1968 – 1973)

● Conjuntura internacional mais favorável: importante para explicar a


entrada de capitais estrangeiros, fechamento do balanço de pagamentos.
● Delfim Neto – heterodoxo desenvolmentista - como ministro da fazenda
durante todo o período do milagre econômico.

Políticas econômicas mais importantes:

- Como Delfim Neto era heterodoxo desenvolmentista esperavam-se mudanças


e que determinados diagnósticos econômicos fossem mudar.

* Inflação controlada em 1967 => segundo Delfim Neto não havia perigo da
inflação voltar a se acelerar.

=> A Inflação remanescente não é mais de demanda (como era no PAEG, em


que se controlaram gastos governamentais, salários, etc) – agora a inflação era
associada a custos (quebras de safras, etc) => esses custos vinham
majoritariamente de juros, ou seja, custos financeiros, que prejudicavam o capital
de giro das indústrias que impedindo novos investimentos.

Solução: se as taxas de juros fossem controladas (mantendo um teto máximo),


a inflação de custos também ia ser (entre outras medidas).

▪ Urgência em crescer => era necessário apoio do brasileiro médio, para


dar legitimidade à ditatura. Isso viria do aumento do crescimento. O
crescimento ainda vinha tímido.

* A inflação não caiu mais, ficou estável com tendência à baixa. A inflação não
caiu mais (20% ao ano) porque o governo tinha como prioridade o crescimento,
assim tolerava-se maior inflação.

Estratégia adotada: PED – Programa Estratégico de Desenvolvimento (julho


de 1967)

Objetivos do PED:

- Promoção do crescimento mediante expansão da demanda agregada =>


objetivo primordial.

- Incentivar investimentos e parceiras do setor privado.

- Estimular as exportações (não só em quantidade, mas também promovendo a


diversificação da pauta brasileira com maior participação de produtos
manufaturados).

- Aumentando a exportação – maiores divisas – maior capacidade de


importação (com a indústria crescendo a uma taxa grande, era preciso importar
insumos (petróleo e derivados) e bens de capital). Exportações aumentam em
termos de quantidade e de valor.

- Conter o resíduo inflacionário = 20% (inflação de custos).

- Criação de empregos.
Aula 10

⮚ PMBA (Plano de Metas de Base de Ação)


⮚ I PND (Primeiro Plano Nacional de Desenvolvimento)

Os dois possuem os mesmo objetivos só mudam os nomes.

⮚ 68-73 – Guerra do Vietnam influencia com a emissão de moeda nos EUA aumentando a
liquidez externa e a entrada de dólares no Brasil.
⮚ Com o PAEG (e o Plano de Metas) a indústria estava com grande capacidade ociosa, a
inflação de demanda controlada, o resto da inflação era de custos para o crescimento,
era necessário estimular a demanda.
⮚ Estimulando a demanda há uma pressão inflacionária que pode ser combatida com a
expansão da oferta (pela capacidade ociosa disponível terá rápida reação).
⮚ Estímulo da demanda (incentivavam a demanda, investimento e exportação):
● Expansão monetária (não mais stop and go)
● Expansão de crédito (principalmente pelo BNDE):
o Crédito especial à agricultura, consumo, exportação:
▪ Financiamento à agricultura – combate à inflação de oferta
(que historicamente ocorre no Brasil, quebra de safra ajuda)
▪ Incentivo aso setor exportador com crédito, subsídio de IPI de
produtos voltados à exportação (manufaturados)
▪ Crédito ao consumidor – aumentar o consumo

● Setor de habitação (compra de imóveis é a única coisa que entra como


investimento nas contas nacionais dos gastos da família) – também aumenta a
demanda
● Estímulo ao investimento público (infraestrutura), privado (concessão de
crédito – BNDE), estrangeiro (câmbio desvalorizado, clima econômico mais
favorável, empenho governamental, conjuntura externa positiva).
⮚ Política de expansão (crédito e monetária) completamente diferente do PAEG.

⮚ Política fiscal do PAEG mantida (retracionista) – redução dos gastos de manutenção e


gastos mais produtivos, aumento da arrecadação (aumento do IOF, aumento da carga
tributária total – 22% para 24,4%)
⮚ Salarial (manteve a política do PAEG, quase a mesma) – influencia a demanda agregada
e os custos (redução da inflação de oferta). Ponto principal do arrocho agora é o custo
não a demanda. Mudança na regra do cálculo pelo fator do resíduo inflacionário
(compensação da subestimação que ocorria). Amenização do arrocho.
⮚ Salário mínimo é importante, pois cerca de 51% da população recebia um salário e 75%
até dois (o que de certa forma compensava o arrocho).
⮚ Política cambial – antes havia as maxidesvalorização cambial – câmbio valorizava com a
entrada externa (câmbio real), desvalorização nominal grande de uma vez em períodos
espaçados. No ano (período) gerava inflação. Passa –se a se usar uma nova política de
câmbio – minidesvalorização – o câmbio era mantido desvalorizado dia-a- dia,
beneficiando, também as exportações.
⮚ Controle de preços:
● Direto (controle de preços) – CONEP/CIP – órgão que tomava conta dos preços,
os preços só podiam ser aumentados se houvesse comprovação de aumento de
custos, tabelando alguns preços de insumos essenciais.
● Juros baixos (vindo da política monetária expansionista).
● Política salarial.
⮚ PIB cresceu em média 11,4%. Chegando a 14% em 1973. Indústria cresceu bem mais que
isso (cerca de 13% em média) – principalmente manufatureira, não de transformação.
⮚ Inflação (varia de acordo com índice) – estável próxima a 20% com baixa tendência e
aumento em 1973.
⮚ Aumento das exportações (aumento da capacidade de importar) e importações.
⮚ Transações correntes (crescentemente negativa) – pagamento de juros de
empréstimos e remessa de lucros de multinacionais.
⮚ Balanço de Pagamentos positivo.
⮚ Aumento da Reserva de Capitais.
⮚ Crescimento da dívida bruta e líquida, mas em proporções menores que o PIB
(capacidade de pagamento).
⮚ Objetivos adicionais do I PND:
● Maior integração nacional.
● Estímulo ao desenvolvimento científico e tecnológico (principalmente
absorção).
● Aplicação de energia nuclear.
● Aprofundamento do setor naval, petroquímico, siderúrgico, extração mineral.
⮚ Tricampeonato (1970) da copa, TV a cores, fechamento do acordo de ITAIPU.
⮚ Todos melhoraram, menos o mais pobre. Aumento da desigualdade (índice de Gini
crescente):
● Fishlow/Holfman – política de arrocho salarial, fim da possibilidade de atuação
sindical (perda real de renda de cerca de 50%).
● Carlos Langone – não fala da política salarial, falta de mão de obra especializada
(portanto uma valorização dos especializados, aumentando a diferença) – Curva
de kuznets; desigualdade é um processo natural, sem responsabilização do
governo (ele era amigo de Delfin Netto).
⮚ Redução da capacidade ociosa (de 25,5% a 5%) – pressão inflacionária novamente pela
falta de capacidade de produção.
⮚ Primeiro choque do petróleo em 1973.

⮚ Quebra da safra agrícola: arroz e feijão – 1973.


⮚ Investimento vai de 15% a 20,5%.
Aula 11

Ano de 1973: ainda governo Médici

Mudanças em 73 – apesar do crescimento estrondoso, a inflação começa a se


acelerar.

Por que há essa pressão maior sobre os preços?

- Pressão por estar muito próximo de esgotar a capacidade ociosa, em torno de


7%, 5%. Isso significa estar atuando no máximo da capacidade. Indústria crescia
a uma taxa recorde havia seis anos, mesmo com o aumento dos investimentos,
o aumento da produção não cresceu no mesmo ritmo => estrangulamento para
que se houvesse o mesmo crescimento e não pressões inflacionárias.

- Problema com safras de alimentos.

Preocupação: qual seria a velocidade de investimentos para que se pudesse


aumentar a produção, aumentar a capacidade instalada, controlando a inflação?

Outubro de 1973 – Primeiro Choque do Petróleo

Egito e Síria em conflito com Israel => EUA interfere e apoia o lado israelense.

⇨ Egito e Síria (OPEP) retalham os EUA, com a diminuição na produção de


petróleo e a exportação para os EUA. Essa diminuição de exportação aos
EUA teve impacto no preço do petróleo por todo mundo. Petróleo sai da
casa dos 2,73 dólares para quase 13 dólares o barril. (praticamente
quadruplicou).

Brasil importava nessa época 82% do petróleo que consumia. Produção muito
pequena se comparada ao consumo.

● OPEP – Organização dos países produtores de petróleo - reunia os


principais produtores de petróleo do mundo.

Linkando com a teoria econômica a atitude da OPEP:

- Decisões sempre em curto prazo, mas impacto contundente sobre os preços.


=> a demanda por petróleo é bastante inelástica no curto prazo, poucos produtos
são substitutos do petróleo então quando o preço sobe absurdamente, não se
deixa de consumir petróleo de um dia para o outro. Quando a OPEP limita a
produção, joga artificialmente a oferta para cima (para esquerda) culminando em
preços do petróleo maiores. Isso só é positivo no curto prazo porque a demanda
é inelástica! Há então queda menos que proporcional na demanda e aumento
na receita.
Porém: no longo prazo a demanda vai se tornando cada vez mais elástica,
diminuindo o valor da receita.

Foi a partir do choque do petróleo que se tem o lançamento oficial do


plano Pró-álcool.

⇨ Mesmo o Brasil saindo com uma alternativa (pró-álcool), e descobrindo


petróleo logo em seguida, a inflação de custos não pôde ser evitada.

A inflação de oferta é uma inflação muito mais difícil de lidar. => saídas de curto
prazo: (Existem? São desejáveis?)

- jogar a oferta para baixo de novo (para a direita), descendo o valor dos preços.
Resta aumentar a oferta => é viável? Mesmo que se achasse petróleo (e se
achou na bacia de Campos), não se consegue tirar petróleo de um dia para o
outro. A elasticidade da oferta do petróleo é muito pequena: é difícil movimentá-
la em curto prazo.

Solução: atacar o lado da oferta, mas não especificamente no setor petrolífero,


como setor agrícola, bens de capital, bens intermediários, proálcool. Isso se deu
via II PND.

- jogar a demanda para baixo (controlar a inflação com um caráter mais restritivo
=> em um país que já sofreu um choque (com inflação de oferta, custos), que
deve legitimar o governo militar, isso é inviável).

● Quando se tem uma inflação de demanda, combate-se com medidas


fáceis e o diagnóstico é relativamente fácil, óbvio e rápido => controlando
a oferta monetária, os gastos do governo, aumento nos tributos etc. =>
consegue-se fazer isso num prazo muito curto.

Inflação sobe. O II PND consegue aumentar a produção e também a demanda


(com a série de investimentos, gastos, política monetária mais frouxa – gera mais
pressão inflacionária), mas a inflação não é controlada.

Geisel – março 1974

● Crescimento satisfatório dada a conjuntura internacional, porém maior


tolerância com a inflação.

Geisel (a favor de uma passagem lenta, gradual e segura => condição


necessária: crescimento econômico que favorecesse essa passagem, transição
menos dramática) entra no poder com o contexto bastante desfavorável, com
uma inflação bem mais difícil de lidar que a de demanda.

Contexto interno:

- Troca de toda equipe econômica, não só do presidente (sai Médici –linha dura
dos militares, entra Geisel- linha branda => mudança ideológica). Trocas:
=> Ministro da Fazenda: sai Delfim Neto (heterodoxo desenvolmentista) e entra
Simonsen (ortodoxo monetarista).

=> Ministro do Planejamento João Reis Veloso (desenvolmentista, mas não tão
heterodoxo como Delfim Neto).

Pessoas esperam políticas bastante ortodoxas de Geisel para combater a


inflação, mas isso não aconteceu.

Contexto externo:

- Primeira crise do petróleo. Forte elevação do preço, quase todos os países


eram dependentes do petróleo => isso levou a uma inflação de custos para
quase todos os países, período de recessão => desaceleração do crescimento
(principalmente na economia americana e europeia).

- O contexto externo para o Brasil não é tão desfavorável assim: não há grande
restrição de liquidez: os países exportadores de petróleo estão bufando de
ganhar dinheiro – PETRODÓLARES inundam a economia internacional. Esses
países da OPEP tinham poucas opções de investimento do dinheiro.

Por que o Brasil surgiu como ponto focal desses investimentos?

- Outros países estavam adotando políticas muito recessivas de combate à


inflação, tomando cuidado com o aumento do endividamento vindo de capital
estrangeiro. => O Brasil estava fazendo exatamente o contrário: estava
apostando em crescer com endividamento (II PND). O II PND só pode ser
colocado em prática por causa da grande liquidez internacional, advinda dos
dólares conseguidos com a exportação de petróleo, os petrodólares. O
investimento vinha ao Brasil não só como investimento estrangeiro direto, mas
também como empréstimos, aumentando a dívida externa do país na época.

Quais eram as opções de Geisel na época, observando todo esse contexto?

Duas opções:

- Dar uma grande desvalorização no câmbio, com isso tentar um canal positivo
ainda maior sobre as exportações (amenizando o problema da balança
comercial), além disso, tentar controlar mais contundentemente o nível dos
preços (controlando a demanda agregada, diminuindo a renda interna,
diminuindo as importações, melhorando ainda mais a situação da balança de
pagamentos). Custo dessa primeira opção: atitude mais restritiva, recessiva,
priorizava mais o controle da inflação => solução defendida pelo Simonsen
(conservadora). Mesmo que isso significasse uma recessão a curto prazo, a
longo prazo permitiria a volta de crescimento (uma vez a inflação controlada).

- Tentar ganhar tempo e realizar uma reestruturação da oferta (tentando jogar a


oferta de volta para frente) realizando ajustes graduais e lentos no setor
causador da inflação, setor petrolífero. Ideia: continuar a crescer com o apoio
externo, expandir a oferta (lidando com os gargalos) e ao mesmo tempo expandir
a demanda com o aumento de gastos (investimento), diversificando a oferta, as
exportações. Manteria crescimento mesmo que isso levasse a uma inflação
(seria tolerada). Mas o governo não estaria preocupado com isso no momento.
Custo dessa segunda opção: conviver com inflação por mais tempo e custo de
maior endividamento interno (governo realizaria muitos investimentos,
aumentando o déficit) e externo (só se manteria o crescimento com a entrada de
capitais estrangeiros para fechar o balanço de pagamentos). As pessoas que
defendiam essa segunda opção, porque se a oferta reagisse rapidamente, se
conseguiria controlar o nível de preços e se a economia continuasse crescendo,
seria possível continuar pagando a dívida.

*A opção número dois foi a opção adotada por Geisel e se consolidou através do
II PND.

Existem três textos que falam sobre a racionalidade por trás da escolha da
segunda opção:

- Mais importante e conhecido. Texto de 1985 do Barros de Castro.


Racionalidade econômica: o II PND ataca a raiz do problema: manter
crescimento, alterar os rumos do crescimento uma vez que o problema
energético seria duradouro e estrutural. Atacar os gargalos estruturais em longo
prazo para desenvolver a economia.

- 1997, Guille e Sadi, duas mulheres da USP. O artigo fala de outro tipo de
racionalidade, a politicamente determinada: trocando a linha política dos militares
(linha dura para linha branda), não se queria que houvesse comparações
negativas entre os dois períodos na questão do crescimento. Havia uma
necessidade política muito grande de se evitar um contraste com a presidência
anterior. O Geisel desde sua campanha política falava que havia a necessidade
de uma transição lenta, gradual e segura, que só seria possível se houvesse
crescimento. Uma política recessiva traria dificuldades para que se houvesse
essa transição menos traumática.

- 2007, Fonseca e Monteiro, dois professores da federal do Rio Grande do Sul.


Juntam os dois artigos anteriores. As duas racionalidades foram importantes
para tomar a decisão. São complementares. Essa é a conclusão que fica.

II PND – segundo Plano Nacional de Desenvolvimento

● Lançado oficialmente no final de 1974.

Objetivos:

- Manter elevado o crescimento e reorientar a oferta de bens e serviços (tentar


jogar a oferta para a direita), de modo a superar dificuldades na balança de
pagamentos enfrentados pelo país. Essas dificuldades eram advindas da
primeira crise do petróleo – o valor das importações imediatamente cresce
(salto imediato) e não se deixa de comprar de um dia para o outro. Isso leva a
uma negatividade de 5 bilhões da balança comercial – déficit crescente em
transações correntes puxados pelo pagamento de juros. (reversão da balança
comercial) Essa balança comercial fica negativa durante todo período de 1974
– 1979, diferentemente do período do milagre econômico, em que a média da
balança comercial foi positiva.

- Atuar como política anticíclica mediando à crise externa, mantendo


crescimento.

- Realizar investimentos nos setores chaves: energia, transporte e bens de


capital. Energia: motivos óbvios => toda a crise inflação, etc, que vinha era
advinda do setor energético, puxada pelo choque do petróleo. Estrangulamento
e dependência externa – econômica e financeira.

- Substituir importações de petróleo - pró álcool e energia hidrelétrica -, indústria


química, papel, indústria siderúrgica. O Brasil já tinha avançado nesses setores,
porém ainda eram focos de estrangulamento, ainda mais depois do milagre
econômico, em que culminou por deixa-las perto de máxima utilização da
capacidade instalada: precisava-se de novos investimentos, modernização do
parque industrial.

- Aumentar a autossuficiência energética e reduzir a dependência externa de


petróleo.

- Diversificar as exportações, principalmente do setor de manufaturados.

- Atacar gargalos estruturais que impediam e limitavam o crescimento do PIB


brasileiro promovendo uma nova onda de substituições de importações,
permitindo uma mudança qualitativa: bens de capital, bens intermediários e bens
básicos derivados do petróleo.

- Objetivo social do plano: tentar diminuir as desigualdades sociais que tinham


aumentado bastante nas duas últimas décadas. Garantir melhoras na renda real
da população e trabalhar focos de pobreza.

- Meta de crescimento: crescer 10% ao ano. – subestimou o real impacto do


choque do petróleo.

Alguns objetivos são recorrentes, advindos do I PND, como:

- a política de estímulo às exportações e à agricultura.

- abertura ao capital estrangeiro. Porém há uma diferença: no milagre


econômico foi uma conveniência – havia grande liquidez mundial - , mas no II
PND a liquidez estava restrita aos países da OPEP.

Resultados do II PND:
- Resultado satisfatório em relação ao crescimento da economia, apesar de
menor que no milagre econômico (6,7%), mas é considerado bastante elevado
observando-se o contexto externo.

- Último suspiro da substituição de importações no Brasil que durou 50 anos


(desde Vargas). Depois dele há uma inflação cada vez maior e planos
econômicos param de ser prioridade. Coeficiente de importações cai de 12%
para 7,3%.

- Manteve uma reestruturação da oferta.

- Realizou bastantes investimentos nos setores de transporte e energia:

=> Ataca setores energéticos, como no pró álcool, construção de Itaipu, usina de
Tucuruí, Angra I.

=> Transporte: ferrovia do aço, porto de Sepitiba, estrada de ferro Carajás.

- Exportações aumentam e se diversificam no período.

De maneira geral, os objetivos são cumpridos.

Críticas ao II PND:

- Crescente renúncia fiscal do governo, a díspar do milagre econômico. No II


PND, há um aumento dos gastos, comprometendo a balança comercial
deixando-a cada vez mais deficitária. Governo também isenta IPI, subsídios e
depreciação acelerada nos setores que ele considerava chave, diminuindo ainda
mais sua receita. Piora constante do déficit público nesse período => maior
emissão de títulos - maior endividamento interno.

- Aumento do endividamento externo: entrada de capitais financeiros para


fechar o balanço de pagamentos. A dívida externa sai em termos brutos de 12
bilhões e alcança 50 bilhões. Dívida líquida (estatística relevante) quintuplica: sai
de 6 bilhões e alcança 32 bilhões. => crescimento de 25% ao ano da dívida e
crescimento de 6,7% da economia => diminuiu a capacidade de pagamento da
dívida, ao contrário do milagre econômico.

- Aumento da inflação. A inflação saiu da ordem de 22,7% (em 1973), 36% (em
1974) e 56% (em1979). *em 1980 alcança mais de 90% (advindo do segundo
choque do petróleo).

O que levou ao aumento da inflação nesse período?

⇨ Maior tolerância à inflação que veio do II PND em troca de mais


crescimento.
⇨ Elevados gastos do governo para cumprir os objetivos do II PND.
⇨ Em 1976, 1978 e 1979 ocorreram secas e geadas na produção agrícola,
levando à queda de produção de alguns alimentos, culminando na
importação de alguns alimentos.
⇨ Crescente desequilíbrio fiscal do governo.
⇨ Choque do petróleo.
⇨ Política salarial.

Em 1964 a política salarial havia mudado: o cálculo era feito com base no salário
médio real dos últimos 24 meses anteriores ao mês do reajustamento (que
jogava o salário para baixo) + a taxa de produtividade (“roubo” do governo) +
resquício inflacionário (que jogava as expectativas para baixo). Resultado: perda
de salário real de mais de 20%. => Controlar a inflação de demanda.

Em 1968, mudança de novo: se houvesse subestimação da inflação para aquele


ano, o governo recomporia parte da perda no ano seguinte. Diminuía as perdas.
=> Controlar a inflação de custos.

Entre 1964 -1973 houve uma perda de salário mínimo real de mais de 40%.

Em 1974, outra mudança na política salarial. Objetivo: aliviar o arrocho salarial.


Agora, ao invés de pegar o salário real médio dos últimos 24 meses, pegava-se
o salário real médio dos últimos 12 meses. Isso aumentava a média. Além disso,
foi dado um abono salarial de 10% em relação ao próximo reajuste de salários.
Essa política salarial mais frouxa levou a uma renda disponível maior e a um
estancamento da perda de salário.

Com salário constante, há melhores condições para consumo => maiores


pressões inflacionárias.

Em março de 1979, Geisel sai do governo.

● Nada era tão preocupante ainda. Depois do segundo choque do petróleo,


o ano de 1979 vira o ano sabático da economia brasileira.
❖ O II PND é parecido com o Plano de Metas. Atacando gargalos estruturais,
reestruturando a oferta e atacando setores estratégicos (energia e
transporte). Isso não é à toa. Vinte anos após o Plano de Metas, é
chegada a hora de uma nova rodada de substituições de importações,
uma nova rodada de investimentos nesses setores que voltavam a ser
gargalos na economia brasileira.
❖ Dois pontos de discordância entre o PND e o Plano de Metas:
⇨ Tratamento das exportações. No plano de metas havia o regime de
câmbios múltiplos, com o câmbio das exportações valorizado,
desestimulando as exportações e o setor agrícola. No II PND há
exatamente o contrário, com as minidesvalorizações periódicas, incentivo
às exportações, tanto em quantidade quanto em qualidade, via crédito,
subsídio, etc.
⇨ Questão das fontes de financiamento.

No plano de metas havia três fontes de financiamento:


1. Capital estrangeiro
2. Capital nacional estatal
3. Capital nacional privado

No II PND a ordem muda:

1. Capital nacional estatal – o que tornava o plano altamente estatizante.


2. Capital estrangeiro
3. Capital nacional privado
Aula 13 – Economia Brasileira Contemporânea

Leitura: (término da unidade 3)

Nota: 1983 => Início do movimento diretas já. Pequeno contexto de transição
para democracia => Ementa Dante de Oliveira (referente à eleição direta) => não
aprovada pelo congresso. Votação feita indiretamente, Tancredo Neves ganha.
Tancredo adoece e quem assume é Sarney.

Período: março de 1979 – 1985

Figueredo (último governador do período militar)

- grupo mais brando (Castellista).

Quatro subperíodos do governo Figueredo:

▪ Março – Agosto (1979)

Contexto:

- Quando Figueredo assume: chama para Ministro do Planejamento –


Simonsen, Ministro da Agricultura – Delfim Neto e Ministro da fazenda: Carlos
“Heinzbiter” (esse sobrenome está provavelmente escrito errado, mas não
importa).

- Ministro do planejamento passa a ser o mais importante formulador de políticas


(de novo). Simonsen tenta formular as principais politicas econômicas. Inflação
está se acelerando (35% até 57%, sem ter o segundo choque do petróleo ainda,
vejam só) => Simonsen queria uma política ortodoxa de controle da inflação
(receita de bolo ortodoxo: controle dos gastos do governo, etc). => Figueredo
não é convencido pelo argumento do Simonsen – para que a passagem
democrática fosse menos traumática, deveria ser feita de lenta, gradual e segura
e se daria melhor com melhores taxas de crescimento, que entraria em
estancamento com políticas restritivas.

- Delfim Neto começa com o “canto das sereias”: é possível continuar


crescendo sem impacto na inflação.

- Simonsen perde apoio político e pede demissão. Delfim Neto convence que
não é o momento das políticas de Simonsen ainda e “rouba” como um “gato” o
cargo do Simonsen.

Delfim Neto assume como ministro do planejamento em agosto de 1979. Nova


era da política econômica brasileira.
▪ Agosto 1979 até final de 1980

Período marcantemente negativo! Primeiro momento do Delfim Neto.

1979 foi um ano dramático para a economia brasileira:

- Segundo choque do petróleo => advindo da revolução islâmica no Irã.


Aumento de 18 para 30 doláres o preço do barril, alcançando 36 dólares em
1981, com a paralisação de produção. => Efeito negativo na nossa balança
comercial. Transações correntes muito baixas (explicita mais a dependência do
Brasil em capitais estrangeiros para fechar a balança) => explicita-se que
precisamos de capital vindo de fora para fechar a balança – porém há um
extremo enxugamento de liquidez externa. => fica mais difícil fechar o balanço
de pagamentos: empréstimos cada vez mais caros, escassos e de rolagem
rápida. Reservas internacionais começam a queimar novamente quando não se
conseguiam capitais estrangeiros para fechar a balança. Aprofunda as
dificuldades brasileiras em relação ao setor externo.

- Fatores climáticos que levaram a quebras de safras (1976, 1978, 1979) =>
quebra na produção agrícola – Brasil importa produtos básicos. *Pressiona a
inflação.

– Mudança drástica em termos de liquidez internacional.

– Aumento da dívida externa brasileira.

– Choque dos juros resultante da crise de petróleo => EUA aumentam os juros
para controlar a sua inflação interna – EUA dizem de maneira informal: “fodam-
se os latinos americanos, temos que cuidar de nós.” => esse choque levou ao
aumento dos juros nos principais países desenvolvidos => gerou para o Brasil:
aumento do custo da dívida (custo de rolagem da dívida), peso maior no
pagamento da dívida (maior esforço para pagar), a maioria das dívidas eram
acumulada em juros flutuantes, então com o aumento dos juros, a dívida dá um
salto. Resultado: APROFUNDAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA! Juros saíram do
patamar 8-9% para 21,5-22% nos EUA.

- OMC (Organização Mundial do Comércio) começa a reclamar dos subsídios


brasileiros às exportações. => Brasil diminui os incentivos (subsídios) às
exportações. Para compensar a balança comercial ruim, o governo faz maxi
desvalorização cambial! => a desvalorização do câmbio gera pressão adicional
sobre a inflação que já estava alta! (“trade off do cobertor curto” inflação e
exportação).

Resultado: Involução da renda per capita de 11%!!!! Desigualdade piora –


problemas sociais. => inflação sempre atinge a camada mais pobre da
população. Década de oitenta ruim advindos dos problemas de 1979 (Década
Perdida!) – inflação subindo (chegou a 200% em 1983). Agravamento dos
problemas de 1979: Deterioração absurda em termos da inflação na década –
aumento da dívida externa e interna. * Crescimento médio NEGATIVO!! =>
Estagflação. Moratória! => credibilidade brasileira em declínio nas questões de
pagamento da dívida. Ineficiente economia devido ao fechamento ao mercado
externo – Sarney não consegue abrir o mercado.

- Deterioração de aspectos políticos, econômicos (inflação e dívidas


crescentes, governo falido) e sociais!

Muitos culpam Delfim Neto pela escolha errada de política econômica.

Lógica do Delfim Neto (que percebe a inflação alta):

- Se a economia continuar crescendo (jogar a oferta para frente, aumentando a


produção de produtos agrícolas, manufaturados, etc), as pressões de demanda
serão compensadas/aliviadas. Contrabalancear as pressões de demanda para
aliviar as pressões sobre os preços que vinham tanto do lado da demanda quanto
do lado da oferta.

Principais medidas do Delfim Neto:

- Controle dos juros parecido com o milagre econômico. (Estabelece teto


máximo para os juros – controla inflação de custos, oferta).

- Controle direto de preços (também foi feito no milagre econômico!). Mantém


com a CIP o controle de preços para deter a inflação (de forma heterodoxa
expansionista).

- Eliminação de alguns incentivos fiscais (tentar melhorar a situação fiscal do


governo – diminuir do déficit público (tentar controlar o canal de pressão
inflacionária- principalmente a inflação de demanda)).

- Aumento de alguns preços públicos (preços das tarifas públicas defasadas por
causa de anterior controle, piorando a situação do governo). Ameniza a situação
fiscal do governo (inflação corretiva) => diminuiria o canal de pressão via gastos
públicos porque melhoraria a situação do governo de médio e longo prazo.

- MUITAS ESTRELINHAS AQUI, O MAIS IMPORTANTE!!!!!:

o Pior coisa que poderia ter acontecido => NOVA REGRA SALARIAL:
reajuste semestral automático dos salários com base no INPC
calculado pelo IBGE. =>Passaria a ser baseada na inflação passada.
<=
o PROBLEMAS: diminui o prazo de reajuste (alimenta a inflação de
forma mais contundente) e passou a olhar a inflação do passado
(auto alimentando a inflação – trazendo a inflação do passado para o
futuro – rigidez à baixa da inflação ~ “OVO DA SERPENTE” ~
espalha a indexação (vira a regra o que antes era exceção
pelo PAEG) pela economia). Piorou a situação do governo em
curto e longo prazo.

- Maxi desvalorização cambial de 30% do câmbio nominal. (substituir a perda de


exportações pela falta de subsídios causada pela medida advinda da reclamação
da OMC.)

A ideia não era acabar com a inflação, era manter crescimento!!

● Em 1979 o crescimento foi de 7,8%, em 1980 foi de 9,1%. Alguns autores


dizem que é consequência da recuperação agrícola. => poucos dizem que
foi por causa das medidas de Delfim Neto => outros dizem que foi o
aumento da demanda do consumo por bens duráveis – modo de defesa
da inflação. “crescimento voo de galinha” (não era sustentado a médio e
longo prazo).

Críticas às medidas de Delfim Neto:

- Crescimento proveniente das medidas do Delfim Neto ou consequência


(crescimento inercial) do II PND?

- Crescimento proveniente das medidas do Delfim Neto ou consequência da


recuperação agrícola?

- Inflação subindo.

- Delfim subestimou o efeito da segunda crise do petróleo na economia


brasileiro quando, na verdade, ocorreu um aprofundamento constante da
situação do governo e da economia brasileira. Subestimou a magnitude e
duração da crise. Delfim achava que os desvios seriam temporários.

- Aprofundamento dos problemas do setor externo. => secagem da liquidez


internacional, aumento dos juros internacionais, problemas de fechamento do
balanço de pagamentos. Delfim Neto pouco se preocupa. (Chegou-se a usar
82% da receita das exportações ia para o pagamento de juros de empréstimo
internacional). Setor externo trabalhando para pagar a dívida. => política errática:
não era para ser um período expansionista, era para ser um período de ajustes!

- Medidas contraditórias e descoordenadas em prol de um objetivo comum.

- Alimento da inflação inercial.

▪ 1981- 1983

Segundo momento do Delfim Neto

- Taxa de crescimento médio de -2,2% (resposta à política restritiva).


- Renda per capita cai 11%.

- Setor externo totalmente agravado, Brasil dependente do capital estrangeiro


para fechar as contas ou queimando reservas para pagar as dívidas. => Delfim
recebe críticas. => Brasil não consegue avançar por conta dos problemas do
setor externo.

- Mudança de política: agora a política é ortodoxa recessiva (impacto ruim


sobre o crescimento). => maior ênfase na inflação. No período anterior:
heterodoxo expansionista!!

Série de medidas ortodoxas recessivas para tentar controlar a inflação de caráter


inercial – grande rigidez a baixa (sem efeito – combate a inflação de demanda,
mas não combate a inflação inercial.):

- Solta os juros (consequente elevação da taxa de juros). => atraia mais capitais
estrangeiros (que estavam escassos) e controlava a inflação.

- Cortes de alguns investimentos públicos, principalmente em estatais –


decorrência da falência fiscal

- Redução de crédito dos bancos oficiais.

Resultado: nenhum efeito sobre a inflação (que continuava em 100%) que era
inercial – as medidas combatiam inflação de demanda. Alta inflação e baixo
crescimento => estagflação. Inflação inercial ganhando espaço.

Não tem mais como voltar atrás – ida ao FMI – problema grave.

Setembro de 1982: moratória do México da dívida => seca mais a entrada de


capitais no Brasil.

1983: Salto da inflação – passa da casa dos 100% para 200%.

- Quebra de safra da inflação

- Outra maxi desvalorização do câmbio de 30%

Grande objetivo do período: tentar gerar superávit comercial a todo custo


para compensar (folga, alívio) o pagamento crescente de juros da dívida.
=> maxidesvalorização para incentivar as exportações + inflações (diminui a
renda interna e a capacidade de importar bens supérfluos, economia em
recessão) – consegue-se melhorar o setor externo. *Parte do objetivo atingido.

Governo recorre ao FMI exige uma série de contrapartidas e assina uma carta
de intenção. (Brasil acaba não cumprindo parte do acordo, apenas parcialmente
através do ajuste do setor externo – através da maxidesvalorização do câmbio,
desestimulando as importações- porém
internamente o Brasil não consegue passar nem perto da meta de inflação, nem
desindexar a economia.)

Contrapartidas exigidas pelo FMI:

- Melhorar o setor externo – diminuindo as pressões inflacionárias - e a balança


comercial (estancamento da perda de reservas).

- Atenuar a situação interna do Brasil (controlar a inflação. Meta: 78%, porém a


realidade foi que a inflação bateu na casa dos 200%).

- Desindexação da economia (não feita).

Desequilíbrio interno aumento, apesar do controle do setor externo.

▪ 1984

Ano um pouco diferente. Recuperação da economia brasileira e mundial.

- 5,7% de crescimento. => imprevisibilidade da economia (ruim), incertezas,


queda de investimentos.

Motivos pelos quais o crescimento é retomado:

- Retomada do crescimento mundial, aumento de demanda pelas nossas


exportações. => “Ventos mudam”: setor externo mais controlado permite que o
crescimento “retome”, apesar da inflação descontrolada. => Recuperação da
economia brasileira e mundial. => retomada do crescimento mundial, cresce a
demanda por exportações brasileiras.

- Depende menos de petróleo (II PND – substitutivo de importações, pró álcool,


bacia de Campos).

- Preço do petróleo começa a cair de preço.

- Commodities aumentam de preço.

- Diminuição das importações, além de diminuição do valor delas.

- Funcionamento de ITAIPU (e outros projetos iniciados pelo II PND).

- Capacidade ociosa da indústria (devido ao crescimento negativo, com grande


crise). A capacidade ocioso alta, com os estímulos e investimentos em 1984,
permitiu um espaço de reação mais alto e contundente.

Acaba-se o período do Figueredo e entrega voluntariamente, de bom grado, a


presidência ao vice-presidente Sarney.

Economia fechada, estrutura institucional e de produção obsoleta deixada


pelos militares, com baixa eficiência industrial. Baixo crescimento e alta e
persistente inflação, governo falido em termos de receita e credibilidade Só
se consegue abrir a economia novamente no governo Collor, a díspar das
tentativas de Sarney.

~ Mudança de pensamento nos EUA e na Inglaterra que levam ao


Consenso de Washington => estado regulador e não provedor. Brasil na
contramão do resto do mundo!!

Você também pode gostar