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Com os grandes problemas financeiros causados pela crise de 29, a procura foi reduzida,
provocando preços baixos na década de 1930 e aumento das colheitas até 1933. As
economias recuperaram após a crise de 1937, mas a Segunda Guerra Mundial causou um
declínio dos preços e assim permaneceu até 1945.
A política inflacionista exigia armazenamento para venda posterior, mas como os preços
não subiam, o governo decidiu comprar e queimar estoques, financiados por emissões de
moeda estrangeira, impostos de exportação e empréstimos, considerada uma política
anticíclica de apoio aos preços.
Outro ponto importante para o período analisado (1930-1960) que merece destaque é a
Industrialização Restringida e o Processo de Substituição de Importações (1929-
1955). Segundo Suzigan, existem 4 teorias sobre a origem da indústria no Brasil. A primeira
seria a teoria do choque adverso, que consiste em um choque adverso à economia
doméstica de origem estrangeira, que provoca aumento nos preços dos bens estrangeiros,
efeito protetor e substituição de importações. O foco principal da teoria está no externo. Em
tempos normais, a concorrência com produtos estrangeiros era injusta. Contrariamente às
vantagens da indústria durante um choque, o setor de exportação agrícola passaria por uma
crise porque não seria capaz de exportar. As críticas a essa teoria incluem: concentrar-se
no efeito protetor da indústria, ignorar o efeito-renda, prejudicar as exportações, reduzir os
rendimentos e, assim, reduzir a procura de bens manufaturados. Müller fala que a
negligência tem impacto econômico, dificultando o acesso a bens importados, o que
também dificulta a entrada de bens de capital no mercado.
Outra teoria seria a industrialização liderada pela exportação. A indústria ganha crescimento
no setor exportador, que complementa as exportações agrícolas e o setor industrial. O foco
da teoria é o fenômeno da demanda interna e de renda, que consiste nas exportações, na
criação de renda e na demanda por produtos manufaturados, promovendo a produção
interna. Uma crítica a esta teoria é que ela ignora as mudanças qualitativas estruturais que
os choques externos causariam num país. Segundo Versiani, ambas as teorias teriam os
aspectos certos para explicar a industrialização, os choques de crescimento e a produção;
um bom setor exportador leva à acumulação de capital produtivo e à desvalorização das
taxas de câmbio.
A terceira teoria é o capitalismo tardio, que consiste numa teoria de mediação de teorias
anteriores. A industrialização depende do bom desenvolvimento do setor exportador,
embora não linearmente, e ao mesmo tempo do capital estrangeiro e da procura interna e
externa destes produtos.
E a quarta teoria é criada deliberadamente pela política governamental. Isto não é muito
significativo, pois sabe-se que nenhuma política industrial importante foi implementada. A
política governamental refletida na indústria geralmente era a do café.
No setor agrícola, o desempenho foi bastante baixo. O setor agrícola ainda continua
pautado no café, sendo o principal produto mesmo com a queda na participação relativa
após a crise. No período de 1930-1939 os preços do café estavam muito retraídos, e como
era um produto gerador de efeito renda, isso poderia ser preocupante. As políticas de
valorização do café geraram um efeito renda positivo e atuavam como políticas
keynesianas, anticíclicas. A queda de produção e na área plantada do café a partir de 1936
abre espaço para o crescimento industrial e de outros produtos agrícolas, pois libera
recursos antes vinculados apenas ao setor cafeeiro. Entre esses outros produtos agrícolas
estava o algodão, produto que sempre esteve presente no setor agrícola brasileiro, porém
nessa época vira a lavoura de ouro do país, ganhando participação relativa nas
exportações. A sua área plantada e a produção aumentam consequentemente. Outro
produto foi a cana de açúcar, que teve um desempenho bom na época, apesar de menor
que o algodão. Sua área plantada e a produção também aumentaram. Não se pode falar
em diversificação, pois tais produtos sempre estiveram presentes na pauta de exportações
brasileiras. O que aconteceu nesse período foi que ganharam espaço na pauta de
exportações à custa da crise do café.
No setor industrial, foi um momento de ruptura, pois o grande motor de crescimento do país
deixa de ser o setor agrário e passa a ser o setor industrial. Abandona-se o modelo agrário
exportador e adota-se o modelo de substituição de importações. A produção industrial deixa
de ser voltada para fora e volta-se para dentro. Depois da crise, a indústria se revigora e sai
da crise mais forte. O produto real da indústria cresceu 6% a.a. contra 2% do setor agrícola.
Vargas quando assume o poder estava em uma situação difícil: crise do café e crise da
dívida externa, porém a dívida passou a ser uma preocupação após a crise porque
incomodou o preço do café, além da liquidez internacional está precária por conta das
crises profundas nos outros países, não tendo disponibilidade de empréstimos para a
economia brasileira.
Com o problema da dívida, Vargas tem opções para resolver o problema da dívida externa,
como declarar moratória unilateral e tentar uma política de tentar pagar a dívida externa a
qualquer custo, que acabou sendo a escolhida por Vargas. Havia a necessidade de gerar
divisas para o pagamento da dívida externa e isso seria feito em duas vias: uma tentando
manter as receitas de exportação, através da queima de cafezais, política de defesa do café
e a outra tentando diminuir as despesas com importações.
O controle das importações foi feito através de três mecanismos: o racionamento de divisas,
onde ninguém podia importar o que quisesse na hora que quisesse, visto que era tudo
controlado pelo Banco do Brasil, que tinha funções de Banco Central. Quanto mais
supérfluo fosse bem ou se ele tivesse similares nacionais que pudessem suprir a demanda
interna, mais racionada era sua compra. Em bens de capital, insumos básicos, a taxação
era consideravelmente menor.
Outro mecanismo são as tarifas alfandegárias protecionistas para vários setores que tinham
a característica de suprir a demanda interna. E o último mecanismo é a desvalorização
cambial, onde foi um movimento natural por causa do café e depois por causa da indústria.
Isso gerou um efeito protetor que incentiva o processo de substituição de importações,
limitando a importação de produtos não essenciais, diminuindo a demanda por produtos
importados não essenciais, economizando-se divisas para pagar saldos da dívida externa,
causando um efeito positivo para a indústria. Além disso, o governo intervindo impediu a
queda vertiginosa dos preços do café que com certeza aconteceria se o mercado tivesse
sido mantido livre. Ao longo de todo esse período a balança comercial ficou positiva, o que
demonstrou que as políticas deram certo. Mesmo com os saldos positivos na balança
comercial, há certa dificuldade externa, principalmente de 1939 para frente quando começa
a segunda guerra. Assim, o setor externo se torna uma preocupação constante e há um
aumento de 20% na renda nacional e 7% na renda per capita no período.
O período Vargas é dividido em 3 épocas: de 1930 a 1931, onde o Brasil ainda está
sofrendo com a crise. Crise relacionada ao setor cafeeiro e a emergência da crise da dívida;
de 1932 a 1939, onde marca um período de grande retomada da produção industrial, além
de expansão. Acentuando o setor têxtil, a produção industrial se elevou consideravelmente,
ocorreu uma correção do saldo da balança de pagamentos e a questão da política cambial
já nasce como política voltada ao setor industrial; e de 1939 a 1945, período da segunda
guerra.
Dutra 1946-1950
Em 1946 Vargas sofre um golpe para tirá-lo do poder e Dutra é eleito democraticamente.
Dutra ficou no cargo de presidente de 1946 a 1950. Sobre sua política econômica, ocorreu
uma condução da política cambial voltada para a questão industrial , porém anteriormente o
câmbio estava fixo em um patamar valorizado. Quando Dutra assumiu a economia, a
segunda guerra já havia terminado e as heranças eram máquinas obsoletas, inflação e
grande acúmulo de reservas. A solução é que havia a ilusão de divisas mas não eram tão
grandes assim e não tinham conversibilidade. Isso gerou uma decisão precipitada de Dutra,
que foi liberar o mercado cambial, onde não havia nenhuma restrição às importações e era
livre a entrada e saída de capitais. As importações livres permitiam repor os parques
industriais obsoletos e, além disso, permitia a demanda por bens de consumo que havia
ficado reprimida durante a segunda guerra. Assim, aumentando a competitividade e a
inflação tenderia a cair. As importações deram um salto absurdo, mais que dobraram. As
reservas internacionais baixam, e assim, Dutra muda a política cambial. A nova política
cambial consiste no câmbio mantido fixo e valorizado, mas são incorporadas licenças para
importar. Havia uma seletividade das importações, ou seja, quanto mais o produto era
supérfluo e mais era produzido internamente, menor sua cota.
O efeito sobre a indústria e sobre a economia foi um câmbio fixo valorizado que gerou efeito
de subsídio para a indústria e a seletividade gerou efeito proteção, fazendo com que a
lucratividade da indústria nacional crescesse. Essa política só mudou em outubro de 1953.
No período de 1930 a 1957, o grande motor da política industrial é através da política
cambial. Uma outra tentativa do governo Dutra foi o Plano SALTE (Saúde, Alimentação,
Transporte e Energia), porém não foi um plano que teve resultados práticos, pois não havia
fontes de financiamento para ele, mas foi o primeiro plano oficial que demonstra uma
preocupação importante aos gargalos da economia brasileira. A indústria cresceu bem
durante vinte anos, mas precisava de mais infraestrutura. Se transporte e energia não
crescessem, o setor industrial ficaria limitado. O plano SALTE juntamente com a comissão
mista Brasil e EUA (1951) e a comissão CEPAL BNDE (1953) dará origem ao Plano de
Metas.
Os pontos mais importantes do governo Vargas foram a comissão mista Brasil e EUA
(1951), o viés nacionalista de Vargas e a mudança na política cambial em outubro de 1953.
A comissão mista Brasil e EUA (1951) foi criada no governo Truman. A ideia era identificar
lacunas estruturais brasileiras importantes e atacar com ajuda financeira as lacunas, mas
depois que muda de presidente no EUA, a ajuda é negada, causando a extinção do plano
de ajudas à América Latina. Depois é criada a inteligência nacional para tratar esse
assunto.
O viés nacionalista de Vargas também foi relevante. Foi fundada a Petrobrás, o BNDE (que
proporcionou o financiamento para o setor privado para que ele pudesse participar da
construção de melhor infraestrutura brasileira e cobrir as lacunas), a Eletrobrás, Banco do
Nordeste (para contrabalançar a desigualdade regional), Companhia Hidrelétrica do São
Francisco. O estado se tornou grande, com financiamento, regulação e planejamento.
Outro ponto importante foi a mudança na política cambial em outubro de 1953. Desde 1947
o câmbio estava fixo e valorizado. O Brasil passa a se preocupar com a questão cambial
devido à dificuldade encontrada pelo setor exportador com o câmbio valorizado. Isso
prejudica o setor externo brasileiro e a balança de pagamentos. Era necessário algo que
pudesse continuar incentivando a indústria, mas não em detrimento da balança de
pagamentos. Vargas queria realizar isso de forma a controlar mais intensivamente as
importações.
Havia uma série de câmbios, para cada tipo de operação, portanto a política cambial fica
mais complexa. A taxa de câmbio oficial era bastante valorizada pois permitia que o
governo realizasse operações urgentes a um custo baixo e importasse o que achasse
importante. A taxa do mercado livre era desvalorizada para atrair capital estrangeiro. E o
câmbio de custo era mais valorizado, produtos considerados importantes eram importados a
um preço mais barato. Já no câmbio das importações, o governo conseguia as divisas
através das exportações e a moeda ficava no BB. O BB aplicava as divisas de acordo com
o necessário. O governo determinava a quantidade por categoria e, de acordo com a
demanda, determinava seu preço. Quanto menos essencial, mais o governo ganhava por
ágil, fazendo com que o câmbio fosse mais desvalorizado. E as ultimas série de câmbio
são as suas categorias de câmbio para exportação, que são bastante valorizadas. Tendo o
foco na política industrial, transfere-se renda do setor agrícola para o setor industrial,
gerando uma maior receita para o governo. A diferença do que o governo pagava para cada
exportador e para o que ele vendia no leilão era a receita do governo. Isso permitia a
seleção mais inteligente de importações, menos problema com a corrupção e havia maior
controle. Uma crítica sobre isso é que como manteve um câmbio valorizado, surgiam
problemas na balança comercial, pois não incentivava as exportações. Essa política cambial
permanece até 1957 em JK.
Mas surgiram problemas, que no fim, levaram ao suicídio de Vargas. Os industriais que
precisavam importar algo que o governo não considerasse essencial, que não estivesse nas
primeiras categorias mais essenciais estavam sendo prejudicados. Isso resultou em uma
forte insatisfação, comprando o câmbio cada vez mais alto. Então, era preferido a cota que
pelo menos era barata. O setor exportador estava muito insatisfeito também. Haviam
manifestações para aumentar o salário mínimo. Os ganhos da indústria não estavam sendo
repassados, o que causava inflação. Acontece um atentado em 5 de agosto de 1954 contra
Carlos Lacerda, opositor político e jornalista, conhecido como “derrubador de presidentes”,
que foi planejado pelo guarda pessoal do Vargas. Na madrugada do dia 23 para o dia 24 de
agosto, Vargas se suicida.
Assume Café Filho, fica até 1955 e sua única medida importante foi a instrução 113 da
SUMOC, que tinha o objetivo de desburocratizar a entrada de capital estrangeiro no país.
Também permitia a compra de máquinas e equipamentos das empresas de capital
estrangeiro sem precisar passar pelo leilão de câmbio, ou seja, importação de forma direta.
JK 1956-1960
A lei de tarifas (1957) foi a introdução de um sistema de proteção específico via tarifas que
estabelecia tarifas ad valorem que variaram de 0 a 150 por cento, onde os produtos eram
definidos por categorias. Seguia o mesmo esquema do mais essencial menor tarifa, onde
quanto maior fosse a porcentagem, maior era o impedimento para importar e,
consequentemente, quanto menor fosse a porcentagem, mais garantia de que fossem
importados.
A lei do similar nacional atuava em situações onde se tivesse um produto que fosse
produzido internamente e que fosse suficiente para responder a demanda interna, seria
proibida a importação deste produto. Se não fosse produzido em quantidade suficiente, a
importação era restringida. Se não fosse produzido internamente, era permitida a
importação. A lei de tarifas e a lei do similar nacional se configuram em um instrumento
mais estável que a política cambial.
Plano de Metas
O plano de metas não surgiu de uma hora para outra e tiveram alguns antecedentes. As
visões foram formadas desde 1947 com o plano SALTE, com a comissão mista (EUA e
Brasil), BNDE + CEPAL. Essas ações explicitaram lacunas brasileiras e demonstram a
mudança de pensamento.
As características do plano de metas são: o profundo comprometimento com o cumprimento
das metas; plano dividido em trinta metas mais Brasília; e busca atacar gargalos que
impediam o crescimento brasileiro; e os grupos executivos subordinados ao conselho de
desenvolvimento, onde descentralizava decisões e ganhava eficiência.
Principais objetivos e cinco pontos principais de investimento foram o setor energético, que
obteve 42,4% do plano de metas investidos. Esse setor vinha sofrendo no Brasil desde a
Segunda Guerra Mundial. Tendo uma defasagem em termos de oferta e uma grande
demanda; o setor de transporte, que obteve 28,9% dos investimentos do plano de metas
investidos; a indústria de base, que obteve 22,3%. Antes se percebia um Brasil
diversificando e industrializando primordialmente no setor de bens de consumo não
duráveis. Mas houve um crescimento relativo de produtos intermediários, resultando uma
mudança importante, mas ainda se tem a predomina nos bens de consumo não duráveis; a
alimentação que ficou 3,6 %; a educação com 2,8 % e a criação de Brasília foi a meta
síntese.
O governo financiou os investimentos por meio de maior déficit público, pela emissão de
moedas, receita de leilões de câmbios, no aumento da facilidade de crédito via BNDE e BB.
Aconteceu uma enorme entrada de capital estrangeiro com a instrução 113 da SUMOC. Em
1954, não havia bastante incentivo à entrada de capitais estrangeiros. Porém JK tem um
viés muito mais acolhedor do capital estrangeiro. Então as empresas internacionais passam
a colocar mais capital em países estrangeiros depois da reestruturação da guerra. A partir
de certo momento passou a ser mais necessária: precisava-se de maior estímulo ao setor
exportador para melhorar a balança de pagamentos.
Os resultados negativos foram um grande crescimento da dívida pública, tanto interna como
externa; uma aceleração da inflação por conta da entrada de capital financeiro internacional,
da emissão de moeda, déficit público, crédito, leilão, que geraram uma monetização grande;
a maioria dos investimentos foi feito na região sudeste, causando um aprofundamento das
desigualdades regionais. Porém as metas eram ambiciosas e o que se conseguiu foi muito
importante. Não é correto dizer que o plano foi um fracasso. No setor de energia, 85% do
plano foi cumprido, e no transporte a meta é ultrapassada.
No governo JK também ocorreu uma mudança no regime cambial, onde até JK tomar
posse, a política industrial era pautada praticamente pela política cambial. Agora mais
coisas terão papel nisso, os outros três elementos (lei de tarifas, lei do similar nacional e
plano de metas) também vão gerar a política industrial. A reforma cambial tenta simplificar
os câmbios para importação e racionalizar melhor a proteção à indústria nacional, reduzindo
de cinco para duas categorias de importação: categoria geral para os bens considerados
essenciais e a categoria específica para os bens considerados não essenciais. Existia uma
terceira categoria chamada preferencial, que atuava via câmbio de custo. Essa simplificação
durou até 1961, quando Jânio Quadros mudou novamente o regime cambial. Outro ponto
principal dentro do governo JK é a questão do setor industrial passar pela primeira vez na
história a participar relativamente mais que a agricultura no PIB.
O governo JK ficou conhecido como o governo dos anos de ouro, tendo o slogan “50 anos
em 5” e tendo um salto qualitativo da indústria e quantitativos. Em 1960 Brasília é
inaugurada, trazendo esperança de mudança do desenvolvimento regional e se tornando o
novo polo populacional do Brasil.
Aula 8
Período 1961-1964
✔ 1961 – 8,6%
✔ 1962 – 6,6%
✔ 1963 -0,6%
✔ 1964 – 3,9%
Dados da inflação:
✔ 1961 – 32,2%
✔ 1962 – 45,5%
✔ 1963 – 83,25%
✔ 1964 - 90,9%
Explicações:
● Crise política => gera incerteza na economia => queda nos investimentos.
● Depois que se conclui o plano de metas, tem uma baixa de investimentos
(depois que se para um grande volume de investimento vindo do plano de
metas)
● Aceleração da inflação: piora a distribuição de renda (menos acesso a
bancos), além de diminuir o poder de compra da população =>
principalmente de bens de consumo duráveis (nova composição na
indústria brasileira).
● Plano trienal: política recessiva para combater a inflação.
● Falhas em reformas econômicas => arcabouço institucional frágil (não
havia Banco Central).
● Indústria crescendo protegida => ramos industriais apresentam
ineficiência.
● Baixa diversificação das exportações => apesar do aumento e melhora
das exportações, o Brasil ainda mostrava pequena diversificação.
● Aprofundamento da desigualdade na distribuição de renda (crescimento
anterior focado na concentração de renda).
Período 1964-1967
- Segundo plano mais bem sucedido de estabilização de preços (só perde para
o plano real).
Objetivos:
● Estabilização de preços
● Retomada do crescimento. => forma de legitimar o Governo Militar
● Ganhar legitimidade (por trás de todos outros objetivos)
● Reformas institucionais importantes. Upgrade em termos de mercado
financeiro, autoridade monetária, aumento da poupança interna.
⇨ Criação do Bacen e do Conselho monetário nacional
⇨ Sistema financeiro habitacional => estímulo à construção civil.
⇨ FGTS => retira a estabilidade de 10 anos e troca pelo depósito mensal
feito pelo empregador. => poupança forçada.
● Atenuar os desequilíbrios regionais.
⇨ Zona franca de Manaus
⇨ SUDENE com maior apoio
● Tentar corrigir déficit na balança de pagamentos.
● Política cambial de câmbio desvalorizado => melhora exportações. =>
Política voltada para o setor externo: mantém o câmbio desvalorizado
para com isso continuar favorecendo as exportações.
● Estímulo a entrada de capitais estrangeiros, com desburocratização. =>
governo militar todo estimula a entrada de capitais estrangeiros. O trade
off dessas escolhas: a desvalorização do câmbio tem efeito sobre a
inflação => aumenta a inflação, um dos objetivos do plano.
● Juros + correção monetária para os títulos públicos do governo =>
ORTN (obrigações reajustáveis do tesouro nacional). Outras maneiras
de financiar o déficit público que não seja emitir moeda. => Ter um canal
menos ativo para a inflação. => títulos mais atrativos => governo financia
seu déficit sem emitir moeda, de forma não inflacionária (tira moeda da
economia vendendo título).
⇨ Porém isso tem um forte problema: indexação (correção monetária =
indexação com base na inflação passada). Só para os títulos públicos
estava ok, mas depois aumenta para a caderneta de poupança (aumenta
poupança interna), PORÉM: está-se espalhando um mecanismo de
indexação. Posteriormente: tributos também são indexados.
=> política monetária tentando ser contracionista, mas não consegue ser no final
das contas.
=> política salarial: se pega o salário real médio dos últimos 24 meses + índice
de produtividade calculado pelo governo (calculado pelo conselho nacional de
economia – acabava sempre sendo subestimados) + resíduo inflacionário
(metade da inflação prevista pelo ano corrente).
Resultados:
Críticas:
Período 1968-1973
Costa e Silva – linha mais dura do regime militar
1968-1973 – Milagre
– 1969)
Anos de Chumbo
Contexto de lançamento:
Medidas do AI-5:
- Pode até pensar que o milagre econômico foi um período de alta inflação
porque ele teve alto crescimento. Não foi isso que aconteceu: a inflação
permaneceu estável em tendência de queda.
- Algumas pessoas associam esse período a um período de nascimento da crise
da dívida externa brasileira (porque a dívida bruta quadruplicou e a líquida, que
é mais importante, duplicou). Mas não é verdade!!!! Ritmo de crescimento da
dívida menor que o ritmo de crescimento da economia. O problema vem
depois da crise do petróleo. A capacidade de pagar estava em expansão no
período. Pequena nota para quem não fez macroeconomia 2 de verdade – fez
com o Joaquim: diferença entre dívida líquida (menos as reservas) e bruta =>
são as reservas internacionais. Diferença entre dívida bruta e líquida (o que
precisa pagar e não tem de fato para se pagar no momento): são as reservas.
● Em termos teóricos: teorias que estão surgindo => curva de Phillips (1958)
relação inversa entre desemprego e inflação (trade-off) – relação direta
entre inflação e crescimento – lei de Okun. => modelo IS-LM para
economia aberta –exportações dependem da taxa de câmbio e da renda
externa –> importações – taxa de cambio e renda interna.
● Curva de Phillips no Brasil diferente do que prega a teoria => alto
crescimento, queda no desemprego e INFLAÇÃO ESTÁVEL. Curva de
Phillips cada vez mais vertical.
● Predição do modelo Modle Fleim (não sei escrever) => exportações
aumentam (dependiam da renda externa e do câmbio) e importações
também (com o aumento da renda interna). – Vai contra a teoria que diz
se se aumenta renda interna, apenas se aumentam as importações,
deteriorando a balança comercial.
● Câmbio mantido desvalorizado que possibilitava também maiores
exportações. Considerando a condição de Marshall-Lenner =>
desvalorização do câmbio provoca a melhora da balança comercial não
necessariamente imediato (curva J).
Milagre econômico (1968 – 1973)
* Inflação controlada em 1967 => segundo Delfim Neto não havia perigo da
inflação voltar a se acelerar.
* A inflação não caiu mais, ficou estável com tendência à baixa. A inflação não
caiu mais (20% ao ano) porque o governo tinha como prioridade o crescimento,
assim tolerava-se maior inflação.
Objetivos do PED:
- Criação de empregos.
Aula 10
⮚ 68-73 – Guerra do Vietnam influencia com a emissão de moeda nos EUA aumentando a
liquidez externa e a entrada de dólares no Brasil.
⮚ Com o PAEG (e o Plano de Metas) a indústria estava com grande capacidade ociosa, a
inflação de demanda controlada, o resto da inflação era de custos para o crescimento,
era necessário estimular a demanda.
⮚ Estimulando a demanda há uma pressão inflacionária que pode ser combatida com a
expansão da oferta (pela capacidade ociosa disponível terá rápida reação).
⮚ Estímulo da demanda (incentivavam a demanda, investimento e exportação):
● Expansão monetária (não mais stop and go)
● Expansão de crédito (principalmente pelo BNDE):
o Crédito especial à agricultura, consumo, exportação:
▪ Financiamento à agricultura – combate à inflação de oferta
(que historicamente ocorre no Brasil, quebra de safra ajuda)
▪ Incentivo aso setor exportador com crédito, subsídio de IPI de
produtos voltados à exportação (manufaturados)
▪ Crédito ao consumidor – aumentar o consumo
Egito e Síria em conflito com Israel => EUA interfere e apoia o lado israelense.
Brasil importava nessa época 82% do petróleo que consumia. Produção muito
pequena se comparada ao consumo.
A inflação de oferta é uma inflação muito mais difícil de lidar. => saídas de curto
prazo: (Existem? São desejáveis?)
- jogar a oferta para baixo de novo (para a direita), descendo o valor dos preços.
Resta aumentar a oferta => é viável? Mesmo que se achasse petróleo (e se
achou na bacia de Campos), não se consegue tirar petróleo de um dia para o
outro. A elasticidade da oferta do petróleo é muito pequena: é difícil movimentá-
la em curto prazo.
- jogar a demanda para baixo (controlar a inflação com um caráter mais restritivo
=> em um país que já sofreu um choque (com inflação de oferta, custos), que
deve legitimar o governo militar, isso é inviável).
Contexto interno:
- Troca de toda equipe econômica, não só do presidente (sai Médici –linha dura
dos militares, entra Geisel- linha branda => mudança ideológica). Trocas:
=> Ministro da Fazenda: sai Delfim Neto (heterodoxo desenvolmentista) e entra
Simonsen (ortodoxo monetarista).
=> Ministro do Planejamento João Reis Veloso (desenvolmentista, mas não tão
heterodoxo como Delfim Neto).
Contexto externo:
- O contexto externo para o Brasil não é tão desfavorável assim: não há grande
restrição de liquidez: os países exportadores de petróleo estão bufando de
ganhar dinheiro – PETRODÓLARES inundam a economia internacional. Esses
países da OPEP tinham poucas opções de investimento do dinheiro.
Duas opções:
- Dar uma grande desvalorização no câmbio, com isso tentar um canal positivo
ainda maior sobre as exportações (amenizando o problema da balança
comercial), além disso, tentar controlar mais contundentemente o nível dos
preços (controlando a demanda agregada, diminuindo a renda interna,
diminuindo as importações, melhorando ainda mais a situação da balança de
pagamentos). Custo dessa primeira opção: atitude mais restritiva, recessiva,
priorizava mais o controle da inflação => solução defendida pelo Simonsen
(conservadora). Mesmo que isso significasse uma recessão a curto prazo, a
longo prazo permitiria a volta de crescimento (uma vez a inflação controlada).
*A opção número dois foi a opção adotada por Geisel e se consolidou através do
II PND.
Existem três textos que falam sobre a racionalidade por trás da escolha da
segunda opção:
- 1997, Guille e Sadi, duas mulheres da USP. O artigo fala de outro tipo de
racionalidade, a politicamente determinada: trocando a linha política dos militares
(linha dura para linha branda), não se queria que houvesse comparações
negativas entre os dois períodos na questão do crescimento. Havia uma
necessidade política muito grande de se evitar um contraste com a presidência
anterior. O Geisel desde sua campanha política falava que havia a necessidade
de uma transição lenta, gradual e segura, que só seria possível se houvesse
crescimento. Uma política recessiva traria dificuldades para que se houvesse
essa transição menos traumática.
Objetivos:
Resultados do II PND:
- Resultado satisfatório em relação ao crescimento da economia, apesar de
menor que no milagre econômico (6,7%), mas é considerado bastante elevado
observando-se o contexto externo.
=> Ataca setores energéticos, como no pró álcool, construção de Itaipu, usina de
Tucuruí, Angra I.
Críticas ao II PND:
- Aumento da inflação. A inflação saiu da ordem de 22,7% (em 1973), 36% (em
1974) e 56% (em1979). *em 1980 alcança mais de 90% (advindo do segundo
choque do petróleo).
Em 1964 a política salarial havia mudado: o cálculo era feito com base no salário
médio real dos últimos 24 meses anteriores ao mês do reajustamento (que
jogava o salário para baixo) + a taxa de produtividade (“roubo” do governo) +
resquício inflacionário (que jogava as expectativas para baixo). Resultado: perda
de salário real de mais de 20%. => Controlar a inflação de demanda.
Entre 1964 -1973 houve uma perda de salário mínimo real de mais de 40%.
Nota: 1983 => Início do movimento diretas já. Pequeno contexto de transição
para democracia => Ementa Dante de Oliveira (referente à eleição direta) => não
aprovada pelo congresso. Votação feita indiretamente, Tancredo Neves ganha.
Tancredo adoece e quem assume é Sarney.
Contexto:
- Simonsen perde apoio político e pede demissão. Delfim Neto convence que
não é o momento das políticas de Simonsen ainda e “rouba” como um “gato” o
cargo do Simonsen.
- Fatores climáticos que levaram a quebras de safras (1976, 1978, 1979) =>
quebra na produção agrícola – Brasil importa produtos básicos. *Pressiona a
inflação.
– Choque dos juros resultante da crise de petróleo => EUA aumentam os juros
para controlar a sua inflação interna – EUA dizem de maneira informal: “fodam-
se os latinos americanos, temos que cuidar de nós.” => esse choque levou ao
aumento dos juros nos principais países desenvolvidos => gerou para o Brasil:
aumento do custo da dívida (custo de rolagem da dívida), peso maior no
pagamento da dívida (maior esforço para pagar), a maioria das dívidas eram
acumulada em juros flutuantes, então com o aumento dos juros, a dívida dá um
salto. Resultado: APROFUNDAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA! Juros saíram do
patamar 8-9% para 21,5-22% nos EUA.
- Aumento de alguns preços públicos (preços das tarifas públicas defasadas por
causa de anterior controle, piorando a situação do governo). Ameniza a situação
fiscal do governo (inflação corretiva) => diminuiria o canal de pressão via gastos
públicos porque melhoraria a situação do governo de médio e longo prazo.
o Pior coisa que poderia ter acontecido => NOVA REGRA SALARIAL:
reajuste semestral automático dos salários com base no INPC
calculado pelo IBGE. =>Passaria a ser baseada na inflação passada.
<=
o PROBLEMAS: diminui o prazo de reajuste (alimenta a inflação de
forma mais contundente) e passou a olhar a inflação do passado
(auto alimentando a inflação – trazendo a inflação do passado para o
futuro – rigidez à baixa da inflação ~ “OVO DA SERPENTE” ~
espalha a indexação (vira a regra o que antes era exceção
pelo PAEG) pela economia). Piorou a situação do governo em
curto e longo prazo.
- Inflação subindo.
▪ 1981- 1983
- Solta os juros (consequente elevação da taxa de juros). => atraia mais capitais
estrangeiros (que estavam escassos) e controlava a inflação.
Resultado: nenhum efeito sobre a inflação (que continuava em 100%) que era
inercial – as medidas combatiam inflação de demanda. Alta inflação e baixo
crescimento => estagflação. Inflação inercial ganhando espaço.
Não tem mais como voltar atrás – ida ao FMI – problema grave.
Governo recorre ao FMI exige uma série de contrapartidas e assina uma carta
de intenção. (Brasil acaba não cumprindo parte do acordo, apenas parcialmente
através do ajuste do setor externo – através da maxidesvalorização do câmbio,
desestimulando as importações- porém
internamente o Brasil não consegue passar nem perto da meta de inflação, nem
desindexar a economia.)
▪ 1984