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​INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

TÉCNICO INTEGRADO A ADMINISTRAÇÃO

CAROLINA ELIAS
LORENA BIANCHI
LORENZA TOMAZELLI
MARIA EDUARDA SONEGHETT.

1° REINADO E PERÍODO REGENCIAL

CARIACICA-ES
2018
SUMÁRIO

1- INDEPENDÊNCIA E GUERRA NO BRASIL 2


1.1) VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA A COLÔNIA BRASILEIRA (1808) 2
1.2) REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817) 2
1.3) REVOLUÇÃO DO PORTO 6

2 - CONSTITUIÇÃO DE 1824, 155 E CRISES DO PRIMEIRO REINADO 8


2.1) NOITE DAS GARRAFADAS 8

3 - GUERRAS NO PRIMEIRO REINADO: CISPLATINA E CONFEDERAÇÃO DO


EQUADOR 9
3.1) CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR 9

4 - CRISES NO BRASIL E ABDICAÇÃO DE D. PEDRO 10

5- A REGÊNCIA TRINA 12

6- REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ 13

7- AS REVOLTAS REGENCIAIS: CABANAGEM E BALAIADA 14


7.1) CABANAGEM 14
7.2) BALAIADA 15

8- AS REVOLTAS REGENCIAIS: SABINADA E FARROUPILHA 16


8.1) SABINADA 16
8.2) FARROUPILHA 17

9- O GOLPE DA MAIORIDADE (1840) 17


9.1) PERÍODO REGENCIAL 17
9.2) ATO ADICIONAL 18
9.3) O GOLPE 19

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1- INDEPENDÊNCIA E GUERRA NO BRASIL

1.1) VINDA DA CORTE PORTUGUESA PARA A COLÔNIA BRASILEIRA (1808)

No início do século XIX, a Europa estava agitada pelas guerras. Inglaterra e França
disputavam a liderança no continente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte,
imperador da França, decretou o Bloqueio Continental, proibindo que qualquer país
aliado ou ocupado pelas forças francesas comercializasse com a Inglaterra. O
objetivo do bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não obedecesse, seria
invadido pelo exército francês.

Portugal viu-se numa situação delicada. Dom João, rei português da época, não
podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Bloqueio Continental, devido a
crônica dependência de Portugal em relação ​à ​Inglaterra.

Sem outra alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mas, continuou comercializando


com a Inglaterra. Ao descobrir a trama, Napoleão determinou a invasão de Portugal
em novembro de 1807. Sem condições de resistir à invasão francesa, D. João e
toda a corte portuguesa fugiram para o Brasil, sob a proteção naval da marinha
inglesa. A Inglaterra ofereceu escolta na travessia do Atlântico, mas em troca exigiu
a abertura dos portos brasileiros aos navios ingleses.

1.2) REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA (1817)

​A permanência da ​família real no Brasil, de interesse dos proprietários de escravos


e de terras, comerciantes e burocratas da região centro - sul, não satisfez aos
habitantes das demais regiões do país, fossem eles proprietários rurais,
governadores ou funcionários. O primeiro grupo tinha consciência de que os favores
e privilégios concedidos pelo monarca português eram os responsáveis pelo seu
enriquecimento; o segundo vivia, desde a instalação da ​Corte no Rio de Janeiro,

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uma situação paradoxal: afastado do poder, tinha, ao mesmo tempo, o ônus de
sustentá-lo.

Outro grupo extremamente descontente com a política de favorecimento de D. João


era composto pelos militares de origem brasileira. Para guarnecer as cidades e,
também, ajudá-lo em suas ações contra ​Caiena e a região do ​Prata​, D. João trouxe
tropas de Portugal e com elas organizou as forças militares, reservando os melhores
postos para a nobreza portuguesa. Com isso, o peso dos impostos aumentou ainda
mais, pois agora a Colônia tinha que manter as despesas da Corte e os gastos das
campanhas militares.

Como analisa a historiadora Maria Odila Silva Dias "a fim de custear as despesas
de instalação de obras públicas e do funcionalismo, aumentaram os impostos sobre
a exportação do açúcar, ​tabaco e couros, criando-se ainda uma série de outras
tributações que afetavam diretamente as capitanias do Norte, que a Corte não
hesitava em sobrecarregar com a violência dos recrutamentos e com as
contribuições para cobrir as despesas da guerra no reino, na Guiana e no Prata.
Para governadores e funcionários das várias capitanias parecia a mesma coisa
dirigirem-se para Lisboa ou para o Rio."

Esse sentimento de insatisfação era particularmente forte na região nordestina, a


mais antiga área de ​colonização do Brasil, afetada pela crise da produção
açucareira e algodoeira e pela seca de 1816. Aí, o desejo de independência
definitiva de Portugal era profundo. Em Recife, capital da província de Pernambuco
e um dos principais portos da região, o descontentamento era enorme. O sentimento
generalizado era de que os "portugueses da nova Lisboa" exploravam e oprimiam os
"patriotas pernambucanos".

Francisco Muniz Tavares, uma destacada figura da sociedade pernambucana,


assim se referia a D. João: "(...) Porquanto, que culpa tiveram estes (habitantes de
Pernambuco) de que o Príncipe de Portugal sacudido de sua capital pelos ventos
impetuosos de uma invasão inimiga, saindo faminto de entre os seus lusitanos,

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viesse achar abrigo no franco e generoso continente do Brasil, e matar a fome e a
sede na altura de Pernambuco?"

As idéias liberais que entravam no Brasil junto com os ​viajantes estrangeiros e,


também, por meio de livros e de outras publicações que chegavam, incentivaram o
sentimento de revolta entre os pernambucanos. Também já haviam chegado, desde
o fim do século XVIII, as sociedades secretas, como as ​lojas maçônicas​. Em
Pernambuco existiam muitas delas, como Patriotismo, Restauração, e Pernambuco
do Oriente, que serviam como locais de discussão e difusão das "infames idéias
francesas."

O governador da Província, temendo o agravamento da situação, mandou prender


pessoas suspeitas de envolvimento com as lojas maçônicas, tentando, assim,
controlar a situação. Entretanto, não foi bem sucedido, pois ocasionou a deflagração
do movimento, no início de março de 1817. Os líderes da revolta prenderam o
governador e instauraram um Governo Provisório, baseado em uma Lei Orgânica
que proclamou a República, estabeleceu a igualdade de direitos, a tolerância
religiosa, a liberdade de imprensa e de consciência, sem, no entanto, abordar a
questão da ​escravidão​.

A Lei Orgânica determinava, ainda: que se os estrangeiros estabelecidos na região


dessem provas de adesão seriam considerados "patriotas"; a abolição dos tributos
que oneravam os gêneros de primeira necessidade; e que o Governo Provisório
duraria até a elaboração da Constituição do Estado por uma Assembléia
Constituinte, a ser convocada dentro de um ano.

O movimento, denominado Revolução Pernambucana, abrangeu amplas camadas


da população, como: militares, proprietários rurais, juízes, artesãos, comerciantes e
um grande número de sacerdotes, a ponto de ficar também conhecido como a
"revolução dos padres." A participação dos padres deve-se, especialmente, ao fato
de serem, também, grandes proprietários rurais e, portanto, quererem proteger seus
interesses. As camadas mais humildes também aderiram, por sentirem-se atingidas

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pelas medidas do Governo português, que ocasionaram o encarecimento dos
gêneros alimentícios.

Os comerciantes portugueses de Recife, por sua vez, tentaram impedir o


movimento, interessados na preservação do sistema colonial e de seus privilégios,
oferecendo 500 mil francos aos membros do novo Governo para que desistissem da
revolução.

O Governo Provisório, formado pela elite colonial, era composto pelo comerciante
Domingos José Martins, o advogado José Luís de Mendonça, o capitão Domingos
Teotônio Jorge, o padre João Ribeiro e o fazendeiro Manuel Correia de Araújo e
pretendia ser o representante de todos os grupos. Mas essa abrangência não incluía
os escravos, apesar de os líderes da revolução falarem o tempo todo sobre
Liberdade. Para eles, Liberdade significava o fim do domínio português e a
independência, senão da Colônia, pelo menos do Nordeste, isso porque o
movimento se estendeu a outras províncias da região, atingindo Alagoas, Paraíba,
Ceará e Rio Grande do Norte. Não pretendiam acabar com a escravidão, mas como
essa idéia passou a ser ventilada e os proprietários rurais ameaçaram tirar seu
apoio ao movimento

Procurando apoio ao seu movimento, os líderes revolucionários contataram, sem


sucesso, os Estados Unidos, a Argentina e a Inglaterra. Junto a esta última tentaram
obter, em vão, a adesão do jornalista Hipólito José da Costa, lá radicado. Quando a
notícia sobre a revolução chegou ao ​Rio de Janeiro​, D. João promoveu uma violenta
repressão, buscando evitar, de qualquer modo, a ameaça à união do Império. Os
revoltosos entraram pelo ​sertão nordestino, mas, logo em seguida, as tropas
enviadas por D. João, acrescidas das forças organizadas pelos comerciantes
portugueses e proprietários rurais, ocuparam Recife em maio de 1817. Os Governos
da Bahia e do Ceará também reagiram à revolução, prendendo os revoltosos que
para lá se dirigiram, buscando adesão ao movimento.

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A luta durou mais de dois meses, até as forças governistas conseguirem derrotar os
revoltosos. A repressão foi extremamente violenta. Muitos dos líderes receberam a
pena de morte, como Domingos José Martins, José Luis de Mendonça, Domingos
Teotônio Jorge e os padres Miguelinho e Pedro de Sousa Tenório. Para o Governo
português a punição deveria ser exemplar, para desestimular movimentos similares.
Depois de mortos, os réus tiveram suas mãos cortadas e as cabeças decepadas. Os
restos dos cadáveres foram arrastados por cavalos até o cemitério.

Em 1818, por ocasião da aclamação do rei D. João VI, foram ordenados o


encerramento da ​devassa​, a suspensão de novas prisões e a libertação dos
prisioneiros sem culpa formada. Continuaram, entretanto, presos na Bahia os
implicados que já se encontravam sob processo, e assim permaneceram até 1821,
quando foram postos em liberdade. Entre eles estavam o ex-ouvidor de Olinda,
Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva, os padres Frei Joaquim do
Amor Divino Rabelo o Frei Caneca e Francisco Muniz Tavares.

1.3) REVOLUÇÃO DO PORTO

​A Revolução do Porto foi um dos eventos que influenciou diretamente na


Independência do Brasil. Sua origem está nos desdobramentos das Guerras
Napoleônicas: a invasão de Portugal Continental pelas tropas de Napoleão provocou
a fuga de D. João VI, sua Corte e boa parte do tesouro português para o Brasil, em
1808.

Para garantir o seu trono e os interesses ingleses, o Governante português torna o


Brasil Reino Unido a Portugal e Algarves e abre os portos às nações amigas,
mergulhando os comerciantes das grandes cidades lusitanas, como Porto e Lisboa,
numa crise econômica, considerando que boa parte de seu comércio era garantida
pelo monopólio dos produtos brasileiros.

Politicamente, a permanência, como regente e chefe do Exército Português, do


militar britânico William Carr Beresford causou mal-estar às elites Lusas. Após a

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expulsão definitiva das tropas francesas do território português em 1815, nasceu o
Supremo Conselho Regenerador de Portugal e do Algarves, movimento de caráter
nacionalista, liberal e anti britânico liderado pelo General Gomes Freire de Andrade.
O Conselho era composto, basicamente, de Maçons e Militares, e criticava o
despotismo e o domínio inglês em Portugal. Em 1817 o Conselho foi denunciado,
seus membros foram indiciados e executados, aumentando assim a tensão entre os
governantes e a população.

Diante dos protestos, Beresford veio ao Brasil solicitar de D João VI mais poderes
para conter a situação. Nesse ínterim, foi fundado na cidade do Porto o Sinédrio
que, organizado por Maçons, visava o fortalecimento da influência portuguesa
dentro do Exército.

Com a adesão da burguesia e da população às ideias defendidas pelo Sinédrio,


eclode a chamada Revolução Liberal do Porto em agosto de 1820, que rapidamente
se alastra por Portugal, tornando-se vitoriosa. Ao voltar do Brasil, Beresford é
impedido de desembarcar e os Rebeldes formaram a Junta Provisional do Supremo
Governo do Reino, que deveria convocar as eleições para as Cortes Constituintes
de Portugal, a fim de formar uma constituição à qual o poder do Monarca deveria se
submeter.

A revolução do Porto ocorreu junto de uma série de Revoluções Liberais que se


sucederam na Europa, das quais a mais recente foi a Espanhola, no ano de 1820.
Enquanto a Constituição de Portugal não ficava pronta os Lusitanos utilizaram,
provisoriamente, uma Carta baseada na Constituinte Espanhola. As Cortes
convocam imediatamente a volta do Rei a Portugal e o retorno do Brasil à condição
de Colônia. Com o restabelecimento do Monopólio econômico e fim da autonomia
administrativa nas terras além do Atlântico, acirram-se as tensões existentes entre
portugueses e brasileiros.

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2 - CONSTITUIÇÃO DE 1824, 155 E CRISES DO PRIMEIRO REINADO

O anteprojeto constitucional limitava limitava os poderes do imperador, ao mesmo


tempo que assumia um caráter nitidamente elitista, mantendo o voto censitário para
as futuras eleições. Além disso, também isentava os atos dos deputados
constituintes da senção de D. Pedro I. Isso desagradou o imperador, que dissolveu a
Assembleia Constituinte e nomeou um Conselho de Estado, composto de
Portugueses, para redigir uma nova Constituição. Em 25 de março de 1824, o
imperador outorgou a primeira constituição do país.

A Constituição outorgada ​estabelecida como forma de governo uma ​monarquia


constitucional, hereditária e representativa. Nessa estrutura unitária e centralizada,
as províncias não tinham autonomia política e eram administradas por presidentes
escolidos pelo imperador. O Estado brasileiro estava organizado em quatro poderes:
Executivo, Judiciário, Legislativo e Moderador. Esse último era exercido
exclusivamente pelo imperador, que tinha amplas atribuições, entre as quais o poder
de dissolver a Câmara dos Deputado, nomear e demitir juízes e assinar tratados
internacionais. O imperador poderia ser auxiliado por um Conselho de Estado.

2.1) NOITE DAS GARRAFADAS

Nove anos após a Independência do Brasil, a governo de D. Pedro I estava


extremamente desgastado. O descontentamento popular com a situação social do
país era grande. O autoritarismo do imperador deixava grande parte da elite política
descontente. A derrota na Guerra da Cisplatina só gerou prejuízos financeiros e
sofrimento para as famílias dos soldados mortos. Além disso, as revoltas e
movimentos sociais de oposição foram desgastando, aos poucos, o governo
imperial.
Outro fato que pesou contra o imperador foi o assassinato do jornalista Libero
Badaró. Forte crítico do governo imperial, Badaró foi assassinado no final de 1830. A
polícia não encontrou o assassino, porém a desconfiança popular caiu sobre
homens ligados ao governo imperial.

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Em março de 1831, após retornar de Minas Gerais, D. Pedro I foi recebido no Rio
de Janeiro com atos de protestos de opositores. Alguns mais exaltados chegaram a
jogar garrafas no imperador, conflito que ficou conhecido como “A Noite das
Garrafadas”. Os comerciantes portugueses, que apoiavam D. Pedro I entraram em
conflitos de rua com os opositores.

3 - GUERRAS NO PRIMEIRO REINADO: CISPLATINA E CONFEDERAÇÃO DO


EQUADOR

A Banda Oriental, território que integrava a América espanhola, foi invadida por
tropas luso-brasileiras durante o governo de D. João VI e anexada ao Reino Unido
de Portugal e Brasil em 1821, com o nome de Província Cisplatina. Em 1825, os
cisplatinos uniram-se à República das Províncias do Rio da Prata( atual Argentina),
contrariando os interesses do governo brasileiro. Em resposta D. Pedro I declarou
guerra ao governo de Buenos Aires. O conflito estendeu-se até 1828, quando foi
reconhecida a independência definitiva da Província Cisplatina, que passou a ser
chamada República Oriental do Uruguai.

3.1) CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR

A dissolução da Constituinte de 1823 provocou uma forte insatisfação nas


províncias do Nordeste, principalmente em Pernambuco. O estopim para a revolta
ocorreu pela imposição de um governador para a província. Em 2 de julho de 1824,
os rebeldes, liderados por Frei Caneca e Manoel de Carvalho Paes e apoiados pela
aristocracia rural, proclamaram a ​Confederação do Equador​, que seria uma
república nos moldes dos Estados Unidos. O movimento conseguiu apoio de amplos
setores, a adesão das províncias do Ceará da Paraíba e a do Rio Grande do Norte e
o apoio do Piauí.

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4 - CRISES NO BRASIL E ABDICAÇÃO DE D. PEDRO

​A deflagração da Revolução Liberal do Porto empreendeu um sério abalo na


situação política brasileira no início da década de 1820. O evento ocorrido em terras
portuguesas foi organizado por uma elite liberal que desejava empreender diversas
reformas na estrutura política lusitana. Para tanto, era necessário que o rei Dom
João VI, fixado em terras brasileiras, voltasse ao seu país de origem para que tais
mudanças fossem efetivamente consolidadas.

Temendo perder o trono por meio do evento liberal, D. João VI voltou para Portugal
e deixou seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente em terras brasileiras. De
certo modo, a adoção de tal medida parecia uma garantia de preservação do poder
mediante uma possível dissolução da monarquia em Portugal. Não por acaso, os
participantes da revolução exigiam que toda a Família Real retornasse
imediatamente para Portugal. Afinal de contas, o objetivo dos portugueses era impor
a recolonização do Brasil.

Ao saberem das intenções portuguesas, os integrantes da elite econômica brasileira


se aproximaram da figura de Dom Pedro I e deram sustentação ao seu governo
regencial. Projetando a perda dos privilégios alcançados com a abertura dos portos,
figuras influentes da época tomaram o apoio a D. Pedro I como meio de se
arquitetar a independência através da jovem figura do príncipe regente. Dessa
forma, nosso processo de emancipação alcançava seus derradeiros passos.

Para manifestar suas intenções de apoio ao regente, a elite carioca organizou um


abaixo-assinado com mais de oito mil nomes que defendiam a permanência de Dom
Pedro I em terras brasileiras. Enquanto isso, portugueses – principalmente os
comerciantes, burocratas e militares – reafirmavam a autoridade lusitana como meio
de assegurar suas posições. Nesse contexto, vemos uma oposição política entre o
que poderíamos chamar de “partido português” e “partido brasileiro”.

Prestigiado com os que defendiam sua permanência no Brasil, D. Pedro I tomou


ações pretendendo cortar as despesas do governo, diminuir os impostos e equiparar
os oficiais brasileiros aos portugueses. Tais medidas vieram a mostrar a aliança

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política entre os membros do “partido brasileiro” e o regente. As Cortes de Portugal,
naturalmente, não viram com bons olhos o fortalecimento dessa relação política.
Logo, os revolucionários de Portugal reforçaram as pressões para que o filho de
Dom João VI saísse do Brasil.

No dia 9 de janeiro de 1822, D. Pedro I realizou a leitura de um documento oficial


em que se comprometia a permanecer em terras brasileiras. Tal demonstração
pública acabou ficando conhecida como o “Dia do Fico”. Indignados, os ministros
portugueses de seu governo solicitaram demissão. A partir desse evento, o príncipe
regente convocou um novo ministério composto somente por brasileiros. Entre os
convocados estava José Bonifácio, figura próxima do regente e entusiasta da
emancipação.

Em poucos meses, a figura política de Dom Pedro se fortaleceu com a adoção do


“Cumpra-se”. O “Cumpra-se” consistia em uma medida em que qualquer decisão
tomada pelas Cortes portuguesas só teria validade no Brasil com a prévia
autorização do príncipe regente. Desse modo, o poder de mando lusitano era
anulado e a autonomia política brasileira reafirmada.

Quando esta medida chegou a terras lusitanas, as autoridades de lá responderam


com a anulação de todas essas determinações e exigiram o retorno de D. Pedro I ao
país. Escritas em agosto de 1822, as ordens vindas de Lisboa deixavam claro que a
intransigência de D. Pedro I seria respondida com o envio de tropas. Aconselhado
por carta de José Bonifácio, o príncipe se convenceu de que a independência era
inevitável. E foi o que aconteceu, com a proclamação feita no dia 7 de setembro
daquele mesmo ano.

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5- A REGÊNCIA TRINA

​A Regência Trina faz parte do período da história brasileira conhecido como


regencial​, que durou de 1831, ​abdicação de ​D. Pedro I​, até a ascensão de ​D. Pedro
II ao trono em 1840. Este foi um período de transição entre o governo de Pedro I
para seu filho, quando políticos ocupantes de cargos públicos comandaram o
Império, em espera à ​maioridade de D. Pedro II, que foi antecipada em 1840. ​A
década de 1830 é uma importante fase da história do Brasil, pois este tempo que
marca o período regencial foi conturbado e cheio de dúvida, não havia consenso
sobre o melhor caminho para governar o país, e era fundamental garantir a unidade
territorial e política.A ​constituição de 1824 dizia que, durante a menoridade do
sucessor, o Império deveria ser governado por um Regente que fosse um parente
mais próximo do Imperador. No entanto, naquela época não havia ninguém que se
encaixasse nestes requisitos. Portanto, foi feito a formação de uma ​Regência Trina
Provisória​, para que o executivo não ficasse vago.
Para compor a ​Regência Trina Provisória, evidenciou-se a busca do equilíbrio
político, pois reunia, em um mesmo governo, representantes das facções mais
importantes e antagônicas: os liberais moderados representado por Marques das
Caravelas cujo nome era Carneiro de Campos, para representar os exaltados
escolheram o Senador Campos Vergueiro, e como o fiel da balança escolheram
Francisco de Lima e Silva que era um militar centrista.
A principal medida tomada por essa Regência foi convocar os demais parlamentares
para que elegessem, em Assembléia Geral, a Regência Trina Permanente. Apesar
de manter as estruturas políticas do Império autoritário, a Regência Provisória tinha
um caráter liberal e anti-absolutista. Era o início do chamado avanço liberal, que
durou até 1837, quando os grupos políticos das províncias alcançaram um maior
grau de autonomia. Entre outras medidas tomadas pela Regência Provisória
destacam-se:
- reintegração do Ministério dos Brasileiros, demitido por D. Pedro I em abril de
1831;
-promulgação de uma lei restringindo as atribuições do Poder Moderador;
-anistia aos presos políticos para abafar a agitação política;

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-proibição dos ajuntamentos noturnos em praça pública, tornando inafiançáveis os
crimes em que ocorresse prisão em flagrante.
Instalada a Assembléia Geral, foi eleita em 17 de junho de 1831 a ​Regência Trina
Permanente​, que ficou composta pelos deputados José da Costa Carvalho, político
do sul do país, João Bráulio Muniz, do norte, e novamente pelo Brigadeiro Francisco
de Lima e Silva. Tal composição representava, por um lado, uma tentativa de
equilíbrio entre as forças do norte e do sul do país; por outro lado, a permanência do
Brigadeiro Francisco de Lima e Silva, era a garantia do controle da situação e da
manutenção da ordem pública. A Câmara logo firmou posição ao aprovar, em 14 de
junho, Lei que tirava dos regentes as atribuições do Poder Moderador. Por essa Lei
os regentes ficavam impedidos de dissolver a Câmara dos Deputados, de conceder
títulos de nobreza, de decretar a suspensão das garantias constitucionais e de
negociar tratados com potências estrangeiras, como por exemplo, os tratados
referentes ao ​tráfico negreiro intercontinental. Figura de destaque nessa Regência
foi o padre Diogo Antônio Feijó, nomeado Ministro da Justiça, cargo que assumiu
sob a condição de que lhe garantisse grande autonomia de ação. ​Feijó teve carta
branca para castigar os desordeiros e os delinqüentes, o direito de exonerar e
responsabilizar os funcionários públicos negligentes ou prevaricadores e a
possibilidade de manter um jornal sob sua responsabilidade direta.
Feijó teve atuação enérgica na repressão às agitações populares e aos levantes
militares que ocorreram na capital e em diversos pontos do país nesse período. Para
garantir a integridade territorial e a defesa da ordem pública criou, em 18 de agosto
de 1831, o Corpo de Guardas Municipais Permanentes no ​Rio de Janeiro​, e a
Guarda Nacional na Corte e em todas as províncias. Órgãos subordinados ao
Ministério da Justiça, se constituíram na principal força armada do Império.

6- REGÊNCIA UNA DE FEIJÓ

​Atendendo às medidas previstas no Ato Adicional de 1834, foram feitas eleições


para que um novo governo chegasse ao poder. Superando a concorrência liberal,
Diogo Antônio Feijó tornou-se regente com um total de 2.826 votos. O baixo número
de eleitores refletia a exclusão política e a falta de representatividade das

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instituições políticas da época. Mesmo tendo alcançado a maioria dos votos, o
governo de Feijó foi obrigado a resistir a diversas manifestações oposicionistas. Até
mesmo os liberais moderados, aliados naturais de Feijó, acusavam o governo de
tolerante e indeciso. Além disso, os problemas de saúde de Feijó colocavam em
xeque a estabilidade governamental. Nesse mesmo período, o interesse em se
desenvolver uma estrutura fundiária cafeeira, intensificou a participação das elites
nos quadros políticos.As tendências políticas daquela época agora se agrupavam
entre progressistas, de tendência liberal, e os regressistas, partido de orientação
conservadora formado pelos grandes donos de terra, comerciantes e funcionários
públicos. No governo de Feijó, o dilema da representação política e da centralização
de poderes abriu espaço para a deflagração de diferentes revoltas. No ano de 1835,
a ocorrência da Cabanagem no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do Sul
expressou a tensão entre os diferentes interesses políticos da época, Ao invés de
dar abertura às tendências liberais, as conturbações do período fortaleceram as alas
conservadoras que exigiam a estabilidade sócio-política necessária para satisfazer o
interesse das elites agrárias do país. Fisicamente incapacitado e desprovido de
consistente apoio político, Feijó decidiu renunciar ao cargo de regente, em 1837.
Antes de abandonar o cargo, ele nomeou o senador pernambucano Pedro de Araújo
Lima como titular na pasta do Império. Ao tomar essa atitude, Feijó colocou Araújo
Lima como substituto direto ao cargo de regente.

7- AS REVOLTAS REGENCIAIS: CABANAGEM E BALAIADA

A instabilidade política do período regencial leva às chamadas “Rebeliões


Regenciais” que eclodiram em várias regiões do Brasil. Entre suas motivações
estava o excesso de centralização política, a cobrança de inúmeros tributos, e a
situação de miséria em que se encontrava a maioria da população.

7.1) CABANAGEM

Revolta de caráter popular, ocorrida na província do Grão-Pará no período de 1835


a 1840.

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Teve como ponto de partida as disputas locais em torno da nomeação do
presidente da província o que dividiu a elite paraense. Devido a condição de miséria
em que vivia a população, e insatisfação com a minoria de portugueses que
ocupavam os ​cargos públicos e comércio dos recursos econômicos, ​a revolta contou
com a adesão de índios, mestiços e negros que, moravam em cabanas, à beira dos
rios, devendo a este fato o nome do movimento. Em 1835, os Cabanos tomaram a
cidade de Belém, as forças do Governo Central tentam retomar o poder, porém,
perderam novamente para os revoltosos, instala-se por dez meses um governo de
caráter eminentemente popular, em meio a luta destacaram-se na liderança o dos
rebeldes ​Félix Malcher​, ​Antônio Vinagre​, ​Francisco Vinagre e ​Eduardo Angelim​.

Como não havia consenso entre seus líderes, e indefinições quanto aos rumos do
governo, acontece o esvaziamento da revolta. Em 1836, Feijó enviou uma poderosa
força militar para a região, os Cabanos resolveram deixar a capital e resistir no
interior. A repressão foi violenta, o Pará foi “pacificado” às custas de um total de
mortos superior a 30 mil, perto de 20% de toda a população da província.

7.2) BALAIADA

Movimento popular contra os desmandos da aristocracia do Maranhão, durante o


período de 1838 a 1841.Foi mais uma manifestação resultante da crise pela qual
passava a sociedade brasileira durante o período regencial. Origina-se nas disputas
políticas pelo controle do poder local, os rebeldes eram formados pela camada
pobres e miserável da região, os balaios, lavradores, escravos, mestiços, mulatos,
sertanejos, índios e negros, sem direito à cidadania e nem ao acesso à terra,
buscavam o fim das oligarquias regionais que haviam subido ao poder após a
proclamação da independência, contestando os privilégios dos latifundiários e
comerciantes portugueses.
Os principais líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, apelidado
de “Cara Preta”, Manuel dos Anjos Ferreira, o “Balaio”, fabricante de balaios (daí a
inspiração para o nome da revolta), e o negro Cosme Bento das chagas, que liderou
uma força de cerca de 3 mil escravos fugitivos. O negro Cosme denominava-se
Tutor e Defensor das Liberdades Bem-te-vis, os balaios eram também conhecidos
como bem-te-vis, nome derivado de um jornal. Ocorreram várias manifestações,

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inclusive no interior da província, chegaram até mesmo a ocupar a Vila de Caxias,
importante centro urbano da província. Devido às divergências entre seus líderes e à
falta de unidade entre rebeldes, o movimento entrou em rápido declínio, quando
então foi nomeado para reprimi-lo o coronel Luís Alves de Lima e Silva. O governo
imperial consegue a rendição de muitos rebeldes, oferecendo-lhes anistia, inclusive
aos chefes que ajudassem a perseguir aqueles que continuavam rebelados. Aliás,
foi graças a essa vitória que o coronel recebeu o título de Duque de Caxias.

8- AS REVOLTAS REGENCIAIS: SABINADA E FARROUPILHA

8.1) SABINADA

O descontentamento dos grupos médios urbanos e a resistência da população local


contra as determinações do governo central, foram os principais motivos para
explosão do movimento, que ocorreu no periodo de 1837 a 1838.
A revolta inicia quando da instituição do recrutamento forçado para a formação de
tropas que iriam combater os farroupilhas no Rio Grande do Sul.Liderado pelo
médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira, a quem se deve o nome da
revolta, que utilizava seu jornal, o Novo Diário da Bahia, para criticar o governo dos
regentes e o presidente da província.Tinham como objetivo separar a Bahia do resto
do Brasil e organizar uma república com caráter provisório, até a maioridade de D.
Pedro de Alcântara.

Buscavam, sobretudo, manter a autonomia provincial conseguida com o Ato


Adicional de 1834, assumiram também, o compromisso de libertar os “crioulos”
(escravos nascidos no Brasil) que apoiassem a revolução, mantendo, porém, os
demais sob o cativeiro.

Os revoltosos acabaram encurralados na Capital, pelas tropas da polícia local. Em


1838, chegaram as tropas do governo central, contaram com o apoio dos senhores
de engenho da região do Recôncavo. Ao final da violenta repreensão, muitos
revoltosos foram queimados ou se tornaram prisoneiros.

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8.2) FARROUPILHA

Revolução também conhecida como Guerra dos Farrapos aconteceu entre 1835 e
1845, no Rio Grande do Sul e Santa Catarina de caráter elitista. O movimento,
representado por poderosos donos de grandes propriedades rurais, conhecidos
como estancieiros, eram contra os altos impostos cobrados pelo governo central
sobre os produtos como charque, gado e couro que favoreciam os produtos
importados argentinos e uruguaios, os revoltosos ainda reivindicavam maior
autonomia para província. Assim em 20 de setembro de 1835, Teve início a
Revolução Farroupilha, quando Bento Gonçalves, filho de um rico proprietário de
terras no Rio Grande do Sul, toma a cidade de Porto Alegre. O objetivo imediato era
pressionar o regente do Brasil, padre Feijó, a apoiar a deposição do então
presidente. O governo reagiu contra o movimento, porém após alguns conflitos os
farrapos saem vitorioso e proclamam a República Rio Grandense.

Para reprimir a revolta o governo imperial nomeou como líder da província, que para
derrotar os farrapos, impediu o escoamento do charque para as fronteiras e
explorou as divergências do movimento. Então em 1845 a revolta chegou ao fim,
porém diferentemente dos outras revoltas o governo negociou um acordo de paz
com os rebeldes.

9- O GOLPE DA MAIORIDADE (1840)

O golpe da maioridade, ocorrido em 1840, foi uma decisão outorgada pelo


parlamento brasileiro declarando o príncipe herdeiro, D. Pedro II, Imperador do
Brasil, a despeito da menoridade do príncipe, que impedia sua coroação até 1843,
ano em que ele completaria 18 anos.

9.1) PERÍODO REGENCIAL

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Em 1831 o Imperador D.Pedro I, pressionado pela opinião pública e pelas elites
agrárias por posições supostamente antiliberais, abdica ao trono, deixando no Brasil
seu filho de apenas seis anos como seu herdeiro. O período de espera até o
Imperador atingir a maioridade, inicialmente definida para 21 anos, foi denominado
Período Regencial.

O Período Regencial, que durou de 1831 até 1840, é considerado pela vasta
maioria dos historiadores como o período de maior crise durante o Império. O Brasil
experimentou diversas revoltas durante esse espaço de tempo, além da maior
polaridade partidária da história do Império. A maioria das revoltas tinha cunho
regional, muito devido a ainda baixa integração entre o governo central e as
províncias, a única revolta separatista de fato, apoiada por uma elite local, foi a
Revolução Farroupilha, ocorrida no Rio Grande do Sul entre 1835 e 1845, as demais
"revoltas regenciais" foram todas primariamente compostas ou de escravos ou de
"trabalhadores pobres livres".

9.2) ATO ADICIONAL


O fato mais importante ocorrido durante o período regencial, entretanto, foi a
aprovação de uma reforma constitucional chamada de "Ato Adicional". Essa
reforma, resultado da conciliação de ambos os partidos políticos do Império na
época, o Partido Conservador e o Partido Liberal, essencialmente moldou a política
do Império até o seu fim, em 1889, ao configurar o pacto federativo que vigoraria no
Império durante todo esse período. O Ato Adicional dava mais poder para os
governos provinciais e transformava os Conselhos Provinciais em Assembleias
Legislativas, que possuíam enorme poder político dentro das províncias, tendo entre
suas atribuições o direito de determinar as despesas municipais e provinciais, assim
como os impostos necessários para cobrir essas despesas. O ato, além disso,
substituiu a Regência Trina por uma Regência Una, com eleições diretas para a
escolha do regente, uma decisão muito popular no período. O primeiro regente eleito
foi o importante senador paulista, Diego Feijó.

Um dos pontos polêmicos do Ato Adicional, porém, era a questão da magistratura,


que dava atribuições do processo criminal aos juízes de paz, cargo judicial eleito em

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âmbito provincial. Na prática isso significou o acirramento das tensões locais, tendo
sido um cargo normalmente utilizado por facções políticas para impor sanções a
seus inimigos. As facções rivais tentavam avidamente controlar ou eleger um
magistrado, e a facção derrotada passava a sofrer perseguições. Essa medida foi
imediatamente contestada pelo Partido Conservador e apoiada pelo Partido Liberal,
assentando as bases do confrontamento político entre os dois partidos.

9.3) O GOLPE

Em 1837, já com uma regência conservadora, propôs-se a revisão do Ato nesses


termos, numa discussão que se arrastou até 1840. Finalmente nesse ano os
conservadores conseguiram passar essas reformas, prontamente respondidas pelos
liberais com a sugestão ao parlamento de adiantar a maioridade de D. Pedro II, já
naquele ano, sob a justificativa da necessidade da figura imperial para a pacificação
da nação. O imperador foi perguntado pessoalmente sobre o assunto e, dando sua
concordância explícita, acabou com qualquer oposição à medida no parlamento. Em
23 de julho o parlamento outorgou o Golpe da Maioridade, coroando D. Pedro II
imperador, aos 14 anos de idade. Com uma ascensão marcada por fortes
antagonismos políticos, era esperado de D. Pedro II o apoio aos liberais, maiores
responsáveis por sua coroação precoce, ansiosos por revogar as medidas de
revisão do Ato aprovadas pelos conservadores. Inicialmente, o jovem imperador
seguiu com o esperado, um ano depois, porém, ele dissolveu o gabinete liberal e
convocou um conservador, surpreendendo as elites políticas do país. A derrota
política dos liberais os tirou qualquer esperança de ver a revisão conservadora ser
revogada de maneira democrática e estabeleceu as bases para a Revolução Liberal
de 1842, uma tentativa liberal de tomar o poder pela luta armada a partir de
províncias onde obtinham maioria política, como São Paulo e Minas Gerais. Após a
derrota dessa revolução a revisão conservadora se estabeleceu definitivamente,
assentando a política brasileira pelas próximas décadas.

9.4) REGRESSISTAS E PROGRESSISTAS

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A saída de Dom Pedro I do governo imperial revelou as tensões e instabilidades
que marcavam o processo de formação do Estado Brasileiro. Por outro lado, esse
mesmo evento serviu para que os brasileiros ganhassem maior espaço na vida
política brasileira daquela época.

Nesse novo contexto, vemos a formação de partidos políticos que ofereciam


diferentes projetos de condução da vida política nacional após a saída do imperador.
Ao falarmos da existência desses partidos políticos, não devemos imaginar que
estes se organizavam de modo formal, como vemos hoje. Geralmente, os partidários
eram pessoas de classes sociais próximas entre si e que, em ocasiões diversas, se
reuniam para debater as formas de organização da nação brasileira.

Entre as várias tendências apresentadas na época, vemos que os chamados


“restauradores”, também conhecidos como “caramurus” eram os mais
conservadores da época. Formado essencialmente pela figura de comerciantes
portugueses, burocratas e militares, estes defendiam o retorno do imperador Dom
Pedro I para o Brasil. Defendiam também um regime monárquico fortemente
centralizado e criticavam fortemente os demais partidos políticos da época.

Popularmente designados como “chimangos”, os liberais moderados não


simpatizavam com o regime absolutista e contavam com a presença de aristocratas
da porção centro sul do país. Apesar de não concordarem com o absolutismo,
defendiam a manutenção de um regime monárquico capaz de defender os
interesses da elite agroexportadora do país. Buscavam equilibrar o aumento das
funções do Poder Legislativo com uma autoridade monárquica que se mostrasse
compromissada com as elites nacionais.

Mais heterogêneos em sua formação social, os liberais exaltados – igualmente


conhecidos como farroupilhas ou jurujubas – acreditavam que a autonomia das
províncias deveria ser aumentada. Integrado por pequenos comerciantes e homens
livres em posses, esse partido tinha uma relativa influência entre as camadas
populares urbanas do território nacional. Entre outras coisas, eles reivindicavam

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reformas políticas mais amplas, o fim do Conselho de Estado e do Poder Moderador
e, em alguns casos mais extremos, a criação de uma República.

Ao longo do tempo, a hegemonia política exercida pelos liberais moderados acabou


dando origem a uma nova subdivisão que gerou os partidos regressista e
progressista. O primeiro tinha uma orientação mais conservadora, já os
progressistas acreditavam na necessidade de se fazer algumas concessões para os
exaltados. De fato, esse diálogo com os grupos mais liberais acabou estabelecendo
a aprovação do Ato Adicional de 1834, que deu maior liberdade às províncias.

Chegado o Segundo Reinado, as tendências políticas brasileiras ficaram


essencialmente polarizadas entre o Partido Liberal, de origem progressista, e o
Partido Conservador, organizado por políticos de tendência regressista. Nesse
contexto, acabamos percebendo que os partidos que se consolidaram no cenário
político nacional tinham poucas diferenças entre si. Afinal de contas, grande parte
das figuras políticas desse período compartilhava de uma mesma origem social.

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BIBLIOGRAFIA:

Disponível em: ​https://brasilescola.uol.com.br/historiab/corte-portuguesa.htm​.


Acesso em: 12 abril 2018.

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12 abril 2018.

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Acesso em 12 de abril de 2018

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​ 0. ed. Salvador; São Paulo:


TAVARES, Luis Henrique Dias. ​História da Bahia. 1
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