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Período Joanino

Os que fugiram de portugal aquela noite não eram


indivíduos isolados que saíam as pressas, e sim a sede
do Estado português que mudava de endereço, com seu
aparelho administrativo e burocrático, seu tesouro, suas
repartições, secretarias, tribunais e arquivos
funcionários.
Segundo relatos da época, o que mais causou espanto
ao chegar no Brasil foram os negros escravizados. O
modo como eram tratados, a naturalidade com que eram
dispostos, chocava até mesmo quem era acostumado
com cativeiro em terras próprias, como os portugueses.
Segundo relatos da época, o que mais causou espanto ao
chegar no Brasil foram os negros escravizados. O modo
como eram tratados, a naturalidade com que eram dispostos,
chocava até mesmo quem era acostumado com cativeiro em
terras próprias, como os portugueses. Não era raro ver os
cativos serem açoitados nas ruas, levantarem pesos
desproporcionais ou levar nos ombros cadeirinhas e liteiras,
acomodando moças de pele branca.
Em 28 de janeiro D. João assinou a primeira medida
régia na nova sede do Império: a carta de abertura dos
portos brasileiros as nações amigas. A partir de então
ficava permitida a importação de “todo e qualquer
gênero, fazendas e mercadorias transportadas em
navios estrangeiros das potências que se conservavam
em paz e harmonia com a minha Real Coroa”.
A abertura dos portos, mais do que um ato de benevolência,
representava uma decorrência inevitável. Da metrópole, ocupada então
pela França, já não saiam mercadorias. necessárias para a vida no
Brasil, onde quase tudo era importado, tampouco se teria para onde
remeter os bens produzidos na colônia. Um país havia sido
especialmente favorável a medida – a inglaterra foi a maior beneficiada e
na época era “nação amiga” de Portugal. O contexto não poderia ser
mais propício a ela. Uma vez que o comércio brasileiro se abria,
precisamente quando a maioria dos mercados tradicionais se fechava
para a grã-bretanha, após o bloqueio continental de napoleão em 1806.
O resultado imediato desta decisão régia foi que o comércio
britânico se firmou com o Brasil. intensificando-se ainda mais
depois da assinatura de Comércio e Navegação em 1810,
que reduziu os tributos sobre produtos ingleses exportados
para cá, tornando-os mais competitivos que os dos demais
países, inclusive, portugal. O tratado representava o preço
pago pela metrópole a Inglaterra pelo auxílio que dela
recebera na fuga da família real.
As determinações do tratado comercial de 1810 foram
complementadas pelo tratado de “Paz e Amizade” que
previa vantagens ao ingleses na hora da compra e do
corte de maneira; proibia a introdução da Inquisição na
colonia; estipulava a abolição gradual do tráfico.
D. João concedeu licença para que fosse criada a
Escola de Cirurgia, instalada no Hospital São José, em
Salvador, em 1808 e a Escola Anatômica. Cirúrgica e
Médica do Hospital Militar e da Marinha do Rio de
Janeiro. Deles se originaram nossas primeiras escolas
de medicina. A colônia carecia de especialistas na área.
A consequência disso foi a falta crônica de médicos.
A metrópole proibia a existência do ensino superior no
Brasil. Diferente da Espanha, cuja política cultural havia
muito tempo a tinha liberado nas colônias.
Os comerciantes que já moravam no RJ não aceitaram
de bom grado a presença dos compatriotas que foram
ocupando seus lugares. O governo percebeu que
precisava amenizar tensões, atraindo os negociantes
prejudicados bem como proprietários de terra locais.
Para tanto, nada como um título de nobreza. D. João
concedeu até seu retorno a Portugal em 1821, 235
títulos.
Os comerciantes que já moravam no RJ não aceitaram
de bom grado a presença dos compatriotas que foram
ocupando seus lugares. O governo percebeu que
precisava amenizar tensões, atraindo os negociantes
prejudicados bem como proprietários de terra locais.
Para tanto, nada como um título de nobreza.
A maior parte dos emigrados comportava-se como um
bando de vadios. A máquina estatal inchava e para dar
conta das novas despesas, foram criados novos
impostos.
As instituições que existiam em Portugal foram
transportadas para o Brasil com o mesmo espírito de
rotina burocrática. Assim, o governo tratou de instalar
suas áreas estratégicas de de atuação: segurança e
polícia, justiça, fazenda e área militar.
Aqui, ameaças não faltavam. Se na Europa elas vinham a exemplo da
Revolução Francesa, aqui, além dos ideais iluministas e da influência do
republicanismo norte-americano, os ventos sopravam da própria
vizinhança. Para reforçar a centralização, logo em abril de 1808 foi
fundada a intendência geral de Polícia da Corte e do Estado do Brasil.
Quase tudo era caso de polícia: a guarda da pessoa real e sua
organização, as obras municipais, a fiscalização dos teatros e diversão
pública, a matrícula de veículos e embarcações, registro de estrangeiros
e expedição de passaporte, detenção de escravos fugidos, a
perseguição e prisão daqueles que se opusessem ao governo.
O que estava acontecendo era realmente novo. A
colonia estava se transformando em sede da metrópole.
Foi produzida uma enxurrada de documentos para se
concretizar essa transição: legislação, papéis
diplomáticos e todos os atos de repartição do real
serviço.
Até 1810 as atenções se concentram mais nas medidas
administrativas. A partir de 1811 abriram-se as
comportas para um “banho de civilização”. A primeira
medida foi construir um horto botânico nos moldes do
que existia em Lisboa. Em 1816 foi inaugurada uma
escola Real de Ciências, Artes e Ofício e criou-se um
museu real. Em meio a esse conjunto de medidas se
criou a Real Biblioteca.
Se o Brasil lucrava politicamente com a transição, o
preço interno era grande. Os impostos subiam ao meso
tempo que a maquina se agigantava. A construção
imperial tinha muito de retórica política: a Coroa tentava
desfazer a má impressão deixava na Europa por sua
partida.
Em 16 de dezembro de 1815 d.João elevou o Brasil a condição de
Reino Unido a Portugal e Algarves e transformou a colônia em
sede do Império. O ato tinha contornos políticos, econômicos e
diplomáticos: desembaraçava o comércio, respondia as demandas
inglesas, e de quebra buscava se desviar do destino
revolucionário da América inglesa e das colônias espanholas. Ou
seja, procurava-se evitar o processo de independência e a
fragmentação do território. Afinal, mesmo com as decisões do
congresso de Viena, movimentos revolucionários ecoavam por
toda parte, mostrando que a situação ainda era delicada.
A montagem de um novo aparelho de Estado custava caro.
Em consequência, o peso dos impostos aumentava, bem
como a desigualdade regional. O sentimento das regiões
afastadas da corte era de que o domínio escorregava de
uma cidade distante para outra. Pernambuco passa por um
momento difcícil: queda do preço do açúcar, do algodão e
alta do preço dos escravos. Logo, estoura a revolução
pernambucana em 1817
Há quem acredite que as “abomináveis ideias francesas” chegaram ao
Recife. Fosse qual fosse o motivo inicial, a conjuntura aceleraria o andar
da carruagem. Em 1817 uma recessão generalizada provocada pela
flutuação preço dos produtos importados levou a uma grita geral.O povo
sentia a carestia e jogava na Corte e seus impostos a culpa pelos males.
Uma insurreição unindo setores diversos começou: homens livros,
militares, artesões, proprietários de terra, juízes. Tomaram o Recife em 6
de março e instalaram um governo provisório, uma república, com
liberdade religiosa, igualdade de direitos mas sem tocar na escravidão. A
reação portuguesa foi rápida e a repressão violenta. Os revoltosos foram
executados e esquartejados.
Perguntas:
(Enem/2010) Essa medida, decretada pelo príncipe D. João de Bragança, praticamente eliminou o
exclusivo metropolitano sobre o comércio da Colônia, desferindo um golpe mortal no Pacto Colonial
luso, além de constituir o primeiro grande passo para a independência efetiva do Brasil. Trata-se
da(o):

a) Abertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas.


b) Grito do Ipiranga.
c) Alvará de Liberdade Industrial.
d) Elevação do Brasil à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.
e) Fundação do Banco do Brasil.
Perguntas:
(Enem/2018) A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em 13 de
junho de 1645, dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João Fernandes foi decretar nulas as dívidas
que os rebeldes tinham com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta
proclamação heroica.

VAINFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.

O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi o resultado do(a)

a) fraqueza bélica dos protestantes batavos.


b) comércio transatlântico da África ocidental.
c) auxílio financeiro dos negociantes flamengos.
d) diplomacia internacional dos Estados ibéricos.
e) interesse econômico dos senhores de engenho.
Perguntas:
((Enem/2017) Sou filho natural de uma negra, africana livre, da Costa da Mina (Nagô de Nação), de nome Luíza Mahin, pagã, que sempre recusou o
batismo e a doutrina cristã. Minha mãe era baixa de estatura, magra, bonita, a cor era de um preto retinto e sem lustro, tinha os dentes alvíssimos
como a neve, era muito altiva, geniosa, insofrida. Dava-se ao comércio – era quitandeira, muito laboriosa e, mais de uma vez, na Bahia, foi presa
como suspeita de envolver-se em planos de insurreição de escravos, que não tiveram efeito.

[AZEVEDO, E. “Lá vai verso!”: Luiz Gama e as primeiras trovas burlescas de Getulino.

ln: CHALHOUB, S.; PEREIRA, L. A. M. A história contada: capítulos de história social da literatura no Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998,
adaptado.

Nesse trecho de suas memórias, Luiz Gama ressalta a importância dos(as)

a) laços de solidariedade familiar.


b) estratégias de resistência cultural.
c) mecanismos de hierarquização tribal.
d) instrumentos de dominação religiosa.
e) limites da concessão de alforria.
Perguntas:
(ENEM) "O alfaiate pardo João de Deus, que, na altura em que foi preso, não tinha mais do que 80 réis e oito filhos,
declarava que “Todos os brasileiros se fizessem franceses, para viverem em igualdade e abundância”. MAXWELL, Ke
Condeionaismos da indpendéncia do Brasi. SLVA, MN. (019) O império luso-brasâir, 1750-1822 Listoa: Estampa, 1956. O
texto faz referência à Conjuração Baiana. No contexto da crise do sistema colonial, esse movimento se diferenciou dos
demais movimentos libertários ocorridos no Brasil por

a) defender a igualdade econômica, extinguindo a propriedade, conforme proposto nos movimentos liberais da
França napoleônica.

b) introduzir no Brasil o pensamento e o ideário liberal que moveram os revolucionários ingleses na luta contra o
absolutismo monárquico.

c) propor a instalação de um regime nos moldes da república dos Estados Unidos, sem alterar a ordem
socioeconômica escravista e latifundiária.

d) apresentar um caráter elitista burguês, uma vez que sofrera influência direta da Revolução Francesa, propondo o
sistema censitário de votação.
e) defender um govemo democrático que garantisse a participação política das camadas populares, influenciado
pelo ideário da Revolução Francesa.
Perguntas:
(Enem/2014) A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole.
Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e
funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus
parentes após o ano de 1808.

NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terem

a) incentivado o clamor popular por liberdade.


b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.
c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.
d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.
e) provocado os movimentos separatistas das províncias.

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