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CMCG AE1/2011 – PORTUGUÊS 2º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 1


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ALUNO N°: NOME: TURMA: Ten NAIRA

3ª QUESTÃO (25 escores)


LEITURA, ANÁLISE E PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS
5 Leia, a seguir, o texto I do articulista Michael kepp e resolva os itens que a ele se referem.
TEXTO I
A MANIA NACIONAL DA TRANSGRESSÃO LEVE

10 Pequenos delitos são transgressões leves que passam impunes e, no Brasil, estão tão institucionalizados
que os transgressores nem têm ideia de que estão fazendo algo errado. Ou então acham esses “miniabusos”
irresistíveis, apesar de causarem “minidanos” e/ou levarem a delitos maiores. Esses maus exemplos são também
contagiosos. E, em uma sociedade na qual proliferam, ser um cidadão-modelo exige que se reme contra uma
poderosa maré ou que se beire a santidade.
15 Alguns pequenos delitos — fazer barulho em casa a ponto de incomodar os vizinhos ou usar as calçadas
como depósito de lixo e de cocô de cachorro — diminuem a qualidade de vida em pequenas, porém significativas,
doses. Eles ilustram a frase do escritor Millôr Fernandes: “Nossa liberdade começa onde podemos impedir a dos
outros”.
[...] No ano passado, o grupo de adolescentes que furou a enorme fila para assistir ao show gratuito de
20 Naná Vasconcelos, na qual eu e outros esperávamos por horas, impediu nossa liberdade. Os jovens receberam os
ingressos gratuitos que, embora devessem ser nossos, se esgotaram antes de chegarmos à bilheteria.
A frase de Millôr também cai como uma luva para o casal que recentemente pediu a um amigo — na
minha frente, na fila das bebidas, no intervalo de uma peça — que comprasse comes e bebes para ambos. O fura-
fila indireto me irritou não só porque demorou mais para me atenderem, mas também porque o segundo ato
25 estava prestes a começar. Qual é a diferença deles para os motoristas que me ultrapassam pelo acostamento nas
estradas e depois furam a fila, atrasando a minha viagem? E que dizer daqueles motoristas que costuram atrás
das ambulâncias?
Outros pequenos delitos causam danos porque representam uma pequena parte da reação em cadeia que
corrói o tecido social. Os brasileiros que contribuem para a rede de consumo de drogas não são apenas os que as
30 compram, mas até os que as consomem de vez em quando em festas. Uma simples tragada liga você, mesmo
que de modo ínfimo, ao traficante e à bala perdida, mas atos aparentemente tão inócuos e difíceis de condenar
nos forçam a pensar no que constitui um pequeno delito.
Por exemplo, que dano social pode ser causado pelo roubo de “lembrancinhas” — de toalhas e cinzeiros
de hotel a cobertores de companhias aéreas? Bem, os hotéis e companhias aéreas compensam o custo de
35 substituir esses objetos aumentando levemente o preço. Os varejistas fazem o mesmo para compensar as perdas
com pequenos furtos.
Outros pequenos delitos são mais fáceis de classificar, mas igualmente tentadores de cometer. Veja o
caso da pessoa que não diz ao caixa que recebeu por engano uma nota de R$ 50 em vez da correta nota de R$
10. Ou do garoto que obedece ao trocador, passa por baixo da roleta e lhe passa uma nota de R$ 1 em vez de
40 pagar à empresa de ônibus R$ 1,60. Esse suborno não é igual a pagar à polícia uma propina para se safar? Essas
caixinhas não seriam também crias do famoso caixa dois, que já virou uma instituição?
Um dos meus vizinhos disse que alguns desses pequenos delitos, como vários tipos de caixa dois, são
fruto da necessidade. Ele escreve, embora não assine, monografias para que universitários preguiçosos/ocupados
terminem seus cursos. É assim que põe comida na mesa. Apesar de defender sua atividade antiética dizendo que
45 “a fome também é antiética”, ele bem que poderia perder 20 quilos.
Outro vizinho vendeu sua cobertura no Rio com uma vista espetacular da floresta da Tijuca porque
descobriu que, no prazo de um ano, um arranhacéu seria construído, acabando com a vista e desvalorizando o
imóvel em R$ 50 mil. Ele disse isso aos compradores? Não. E eu também não considero esse delito tão pequeno
diante do valor do prejuízo.
50 Apesar de os delitos pequenos estarem institucionalizados demais para notar ou serem tentadores demais
para resistir, dizer "não" a eles beneficia a sociedade como um todo. E um “não” vigoroso o bastante pode alertar
os distraídos e os fracos de espírito para que, em uma sociedade que se guia pela “lei de Gerson”, nossa bússola
moral possa nos apontar o caminho

55 (KEPP, Michael. A mania nacional da transgressão leve. In: Folha de S. Paulo.


Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/fsp/indices/inde26082004.htm>
Acesso em: 01 mar 2011.)
VOCABULÁRIO:
60  Institucionalizado — que se tornou oficial, que foi apresentado publicamente como verdade.
 Tecido social — organização da sociedade, forma como a sociedade está organizada.
 Caixa dois — contabilidade não declarada para não se pagar tributo.
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 “Lei de Gerson” — referência à frase de uma propaganda de cigarro em que o ex-jogador de futebol Gerson
dizia: “É preciso levar vantagem em tudo!” segue no sentido negativo de se aproveitar de todas as situações em
65 benefício próprio, sem se importar com questões éticas ou morais.

VERDADEIRO OU FALSO

COLOQUE UM “X” NO RETÂNGULO COM V, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO VERDADEIRO, OU


NO RETÂNGULO COM F, QUANDO A SENTENÇA FOR DE SENTIDO FALSO.
2. Com relação à linguagem e estrutura do gênero artigo de opinião, é correto afirmar que ele
70 UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: F - Tempo: 6 ’ (6 escores)
relata fatos cronologicamente coerentes ao interlocutor, buscando fundamentação lógica a partir de
V F
verdades coletivas. √
V F contém em sua linguagem, geralmente, a modalidade escrita culta da língua portuguesa. √
se baseia no senso comum e utiliza estratégias discursivas como a contra-argumentação que é um
V F
recurso de forte expressão persuasiva. √
V F possui uma natureza argumentativa estruturada em ancoragem, desenvolvimento e conclusão. √

V F expõe argumentos que visam a defender uma tese geralmente apresentada na introdução. √
tem como finalidade expressar o ponto de vista de um jornal (ou órgão de imprensa) sobre assuntos
V F
polêmicos que envolvem a sociedade. √

MÚLTIPLA ESCOLHA

ESCOLHA A ÚNICA RESPOSTA CERTA, ASSINALANDO-A COM UM “X” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA.

75 2. No primeiro período do texto I, é apresentado como motivo para a falta de entendimento de que algumas atitudes
possam ser consideradas pequenas transgressões. Esse motivo é a(o)
UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) institucionalização de pequenos delitos que trata de caracterizá-los como aquilo que foi
estabelecido, instituído, organizado. √
( B ) institucionalização de pequenos delitos que trata da desmistificação de certas atitudes.
( C ) irresponsabilidade dos transgressores para com as instituições governamentais.
( D ) irresponsabilidade dos transgressores para com as instituições nacionais.
( E ) fato de que no Brasil prevalece a impunidade.

80 2. De acordo com o desenvolvimento do texto I, percebe-se que o uso das aspas nas expressões “ miniabusos” e
“minidanos” indica
UD: I - Ass.: 2 - Obj.: a, b - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) a importância dada pelos transgressores citados no texto aos pequenos delitos.


( B ) a subestimação, por parte do autor, em relação aos “pequenos delitos”.
( C ) que os pequenos delitos dos quais trata o texto são irrelevantes.
( D ) o uso de termos impróprios ao contexto da linguagem formal.
( E ) o uso de neologismos com um caráter irônico. √

85 2. Os conectivos são operadores que estabelecem ligação entre dois termos de uma oração, ou entre orações num
período (são as conjunções e os advérbios ou pronomes relativos). No texto I, ao se comparar o uso dos conectivos
“porém” (linha 08) e “mas também” (conjunção correlativa — linha 16) é correto afirmar que
UD: III - Ass.: 1 - Obj.: a, c, d - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) tanto uma quanto a outra estabelece uma relação consentimento entre os termos do período.
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( B ) tanto uma quanto a outra estabelece uma relação consentimento entre os termos do período.
( C ) ambos os dois termos possuem valores semânticos diferentes conforme o contexto em que
estão inseridos. √
( D ) eles funcionam como conectivos concessivos para atenuarem a argumentação sobre o uso da ética e da
ambição.
( E ) o primeiro faz ressalva sobre a irrelevância dos pequenos delitos; já o segundo, contextualiza essa tal
irrelevância.
90

2. Em “E, em uma sociedade na qual proliferam, ser um cidadão-modelo exige que se reme contra uma poderosa
maré ou que se beire à santidade.”, linhas 4 e 5, o articulista faz uso de uma metáfora (figura de estilo em que um
termo substitui outro em vista de uma relação de semelhança entre os elementos que esses termos designam) como
estratégia de argumentação que
95 UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: MD- Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) reforça a ideia anterior de que é impossível que um cidadão esteja alheio aos “minidanos”, “miniabusos” e
maus exemplos que vêm ocorrendo na atual sociedade.
( B ) indica a impossibilidade de reação de qualquer cidadão diante de uma sociedade em que proliferam os
maus exemplos.
( C ) é preciso lutar contra uma forte oposição para que haja distanciamento dos maus exemplos
descritos anteriormente. √
( D ) demonstra a exigência da atual sociedade de que uma pessoa seja vista e reconhecida como cidadão-
modelo.
( E ) estabelece parâmetros para que um ser social possa ser reconhecido como cidadão-modelo pela
sociedade.

2. No excerto “[...] mas atos aparentemente tão inócuos [...]”, linhas 23 e 24 (texto I), o termo em destaque poderia
ser substituído sem prejuízo semântico, considerando-se o contexto, por
100 UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) inesquecíveis.
( B ) inofensivos. √
( C ) injustos.
( D ) iníquos.
( E ) insidiosos.

2. Em “[...] não são apenas os que as compram, mas até os que as consomem de vez em quando em festas.”, linhas
21 e 22 (texto I), os elementos de coesivos em destaque se referem, respectivamente, a
105 UD: III - Ass.: 1 - Obj.: a, c, d - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) brasileiros e drogas. √
( B ) pequenos delitos e redes.
( C ) pequenos delitos e drogas.
( D ) consumo de drogas e festas.
( E ) brasileiros e consumo de drogas.
2. O jornalista Michael Kepp, ao citar alguns exemplos de pequenos delitos na construção do texto I
UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) estabelece uma articulação pouco lógica entre os segmentos textuais.


( B ) esclarece o sentido da metáfora: “... reme contra uma poderosa maré...”
( C ) provoca um distanciamento do tema central para retomá-lo apenas na conclusão.
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( D ) agrega ao texto maior confiabilidade, dando peso às afirmações por meio de dados da
realidade observável. √
( E ) usa a razão para estabelecer correlações lógicas entre as partes do texto, apontando as causas e os
efeitos das afirmações que produz.
110
2. Os pronomes possessivos são mecanismos que associam a ideia de posse às pessoas do discurso. Em “Apesar de
defender sua atividade antiética [...]”, oitavo parágrafo — texto I, o pronome em destaque estabelece unidade lógica
entre a “atividade antiética” e
UD: III - Ass.: 1 - Obj.: a, c, d - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)
115
( A ) “um dos vizinhos do autor”. √
( B ) “universitários preguiçosos”.
( C ) “universitários ocupados”.
( D ) “um pequeno delito”.
( E ) “o caixa dois”.

2. Conclui-se, a partir da argumentação do texto I, que


UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: MD- Tempo: 1 ’ (1 escore)

( A ) a negação de pequenos delitos traz um benefício não individual, mas coletivo; e ainda, tem a
possibilidade de chamar a atenção dos desprevenidos para esta situação. √
( B ) em uma sociedade que se guia por pequenos delitos institucionalizados, é possível colocar em posição de
destaque aqueles que são adeptos de tal prática.
( C ) a negação de pequenos delitos tem a possibilidade de restringir a sociedade apenas àqueles capazes de
viver sem as vantagens da facilidade imprópria.
( D ) dizer “não” aos pequenos delitos poderá trazer benefícios à sociedade de uma forma geral, ainda que os
transgressores não sejam beneficiados.
( E ) lutar contra os pequenos delitos é uma ação solitária na medida em que os mesmos encontram-se
institucionalizados.
120
[ENEM 2010/Adaptada]

TEXTO II

125 O chamado “fumante passivo” é aquele indivíduo que não fuma, mas acaba respirando a fumaça dos cigarros
fumados ao seu redor. Até hoje, discutem-se muito os efeitos do fumo passivo, mas uma coisa é certa: quem não
fuma não é obrigado a respirar a fumaça dos outros.
O fumo passivo é um problema de saúde pública em todos os países do mundo. Na Europa, estima-se que
79% das pessoas estão expostas à fumaça “de segunda mão”, enquanto, nos Estados Unidos, 88% dos não fumantes
130 acabam fumando passivamente. A Sociedade do Câncer da Nova Zelândia informa que o fumo passivo é a terceira
entre as principais causas de morte no país, depois do fumo ativo e do uso de álcool.
(Disponível em: www.terra.com.br. Acesso em: 01 mar. 2011/ fragmento).
TEXTO III TEXTO IV

135

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145

O jogador Gerson, nos anos 70, garoto-propaganda do Vila Rica:


modelo de saúde com orgulho de fumar.

150 (Disponível em: http://www.google.com.br/imgres?. Acesso em: 01 mar. 2011).

2. Sobre os textos II, III, IV e seus conhecimentos de mundo sobre os efeitos prejudiciais do cigarro, assinale a
alternativa correta.
UD: I - Ass.: 2 - Obj.: b, e - ID: M - Tempo: 1 ’ (1 escore)
155

( A ) Os fumantes passivos, no texto II, não são obrigados a inalar as mesmas toxinas que um fumante,
portanto depende exclusivamente dele evitar ou não a contaminação proveniente da exposição ao fumo.
( B ) Ambos os textos II e III ressaltam os malefícios do fumo passivo, ou seja, da inalação
involuntária da fumaça produzida pelos fumantes com os quais se conviva. √
( C ) O texto IV expõe o modelo perfeito de como um indivíduo, com seu “jeitinho” brasileiro, consegue driblar
os efeitos do cigarro por intermédio do esporte.
( D ) Os textos II e III destacam a conscientização dos fumantes passivos, pois é uma maneira de manter a
privacidade de cada indivíduo e garantir a saúde de todos.
( E ) No texto III, para garantir o prazer de fumar, será necessário que o indivíduo elimine o fumante passivo.

Leia, a seguir, o texto VI e resolva os itens que a ele se refere.


TEXTO VI
160

A CARA DO BRASILEIRO
De onde vem nosso jeitinho, nosso modo de falar, nossa malandragem?
Depois de mais uma temporada de escândalos políticos, a discussão
165 em torno da origem do caráter nacional está de volta

Afinal, quem somos nós, os brasileiros? À primeira vista, a resposta para essa pergunta é fácil: somos o
produto da miscigenação entre os colonizadores portugueses, os índios que aqui viviam e os africanos trazidos como
mão-de-obra escrava, além dos imigrantes que chegaram entre os séculos 19 e 20 — como alemães, italianos,
170 japoneses. Até aí, tudo bem. Somos, enfim, um povo mestiço genética e culturalmente que, apesar da diversidade,
compartilha certos traços em comum.
A questão, porém, fica um pouco mais complicada quando se trata de buscar a essência do que se
convencionou chamar de caráter nacional, aqueles traços que explicam uma série de comportamentos que
costumamos encarar com naturalidade, mas que, quase sempre, causam surpresa entre os estrangeiros.
175 “Não é só um estereótipo. As pessoas aqui se relacionam com mais afetividade. Os brasileiros conversam na
rua, enquanto na Europa o silêncio predomina nas estações de ônibus e metrô”, diz o jornalista espanhol Juan Arias,
que há 7 anos vive no Rio como correspondente do jornal El País. “Mas fiquei chocado com a burocracia kafkiana para
tirar o visto de permanência após casar com uma brasileira. Foram mais de 600 dias de espera, 6 quilos de
documentos e a insinuação de que tudo poderia sair rapidamente se pagasse 8 mil reais.”
180 Brooke Unger, correspondente da revista inglesa The Economist em São Paulo, é mais um que se diz a um só
tempo encantado e estarrecido com certos traços do povo brasileiro. “Quando cheguei ao Brasil pela primeira vez, vi
garis em um desfile pelas praias do Rio, numa cena impensável para um americano.” Em compensação, ele diz não
entender a espécie de amnésia coletiva diante de casos graves de violência e impunidade. “A maioria dos brasileiros
sabe mais sobre o atentado terrorista do dia 7 de julho, em Londres, do que sobre a chacina na Baixada Fluminense
185 que matou 29 pessoas no dia 31 de março.”
Criativo ou enrolão, extrovertido ou indiscreto, cordial ou malandro, maleável ou corruptível?
[...] Mas qual será a cara do brasileiro no século 21? "Acredito que algo está mudando", diz a antropóloga Lilia
Schwarcz.
Segundo Lilia, um dos erros do brasileiro é acreditar que precisamos nos tornar sisudos e impessoais para
190 fazer com que o país se desenvolva e todos tenham acesso à cidadania. “Acho que esse é um falso dilema”, diz a
antropóloga.
“Se nossa malandragem se restringir ao nosso lado bem-humorado, autocrítico e tolerante e ficar fora da
política, então não há com que se preocupar”, afirma ela. “Os holandeses, por exemplo, conseguem ser flexíveis e rir
de si mesmos sem que isso signifique desrespeito às leis.” O jornalista espanhol Juan Arias concorda. “Por muito
195 tempo, os espanhóis também acreditavam que não conseguiriam ser desenvolvidos como as nações vizinhas sem
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perder a sua identidade ibérica e católica”, diz. “Mas tanto a Espanha quanto a Irlanda e outros países viriam a
descobrir que o problema não era de identidade, mas de falta de acesso da população à educação de qualidade,
emprego — enfim, de cidadania.”
200 (CAVALCANTE, Rodrigo.A cara do brasileiro. In: Superinteressante.
Disponível em: < http://super.abril.com.br/superarquivo/2005/conteudo_402444.shtml>
Acesso em: 01 mar 2011 — adaptado)

DÊ O QUE SE PEDE
205

AO RESPONDER OS ITENS “DÊ O QUE SE PEDE”, ATENTE PARA A FORMULAÇÃO DAS RESPOSTAS. NÃO SE
ESQUEÇA QUE PARA CADA RESPOSTA COMPLETA E CORRETA SERÁ ATRIBUÍDO 01 ESCORE.

2. De acordo com o texto VI, definir o jeito de ser ou a personalidade do brasileiro é uma questão polêmica, pois
somos muitos e com características bem diversas. A que “jeitinho” ou modo de falar do brasileiro se faz referência no
texto?
210 UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: F - Tempo: 2 ’ (2 escores)
RESPOSTA: O jeitinho faz referência à mania que o brasileiro tem de tentar resolver os problemas
sempre de modo mais fácil, mas nem sempre o mais adequado. √ [RESPOSTA COMPLETA] √

215 2. Segundo o texto VI, o brasileiro está mudando sua cara. Por que a antropóloga do texto considera um erro o
brasileiro acreditar que, para que o país se torne desenvolvido, o povo precisa se tornar sisudo e impessoal? Justifique
sua resposta.
UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b/b, c - ID: F - Tempo: 3 ’ (3 escores)
220 RESPOSTA: Para a Antropóloga, o povo brasileiro possui um temperamento e modo de ser invejável,
apesar de certas falhas. √ A sisudez iria apenas torná-lo frio e distante, descaracterizá-lo. √ [RESPOSTA
COMPLETA] √

2. No texto VI, alguns países como a Espanha e a Irlanda — povos que se desenvolveram sem perder sua identidade
225 —, são referências para o Brasil. Nesse contexto, o que representa o acesso das pessoas a recursos relacionados à
cidadania, como educação de qualidade e emprego? Justifique.
UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, b, d/b, c - ID: M - Tempo: 4 ’ (4 escores)
RESPOSTA: Espera-se que o aluno perceba que todo cidadão tem direito de ter emprego, saúde e
230 educação. √ Só com essas mudanças o Brasil poderá prosperar como os demais países onde a cidadania
prevalece. √Ou seja, nosso problema, assim como o dos países citados, não é de identidade, mas de falta
de possibilidade da população de exercer a cidadania. √ [RESPOSTA COMPLETA] √
3ª QUESTÃO (21 escores)

235 ELEMENTOS DA EXPRESSÃO ESCRITA

Leia, a seguir, o texto X e resolva os itens que a ele se refere.


TEXTO X
240 PARA UM BRASILEIRO IMIGRANTE
Caro amigo, encontrará um país como este”. E realmente não irá.
Aqui o verde escuro está por toda parte, das
As saudades são tantas que não há como 260 alamedas às florestas intermináveis. Não há nenhum
245 expressá-las por palavras. Sei que já decidiu não país que se compare. Flores e frutas em todos os
voltar mais à nossa pátria... Isso me entristece... É lugares, de qualquer tipo em qualquer estação.
realmente lamentável saber que os nossos lindos Imagine um país grande e antigo, tão enorme
campos e bosques, aqueles que têm mais vida, não que ninguém pode invadir. Temos poucos exemplos
te dão mais tanto prazer. No entanto, como eu não 265 como os E.U.A., a China, a Rússia, a Índia e a
250 desisto das coisas facilmente, escrevo essa carta Austrália. Todos eles nasceram através de
para atraí-lo, envolvê-lo em um sonho intenso de conquistas, compras, guerras e uniões. Não aqui.
amor e esperança. Prepare-se, pois agora, em poucas Brasil é o único país grande que sempre foi o Brasil,
palavras, irei lembrá-lo de detalhes que por vezes até mesmo antes de sua descoberta. Lembra do
são esquecidos, e quem sabe desse modo mover 270 Tratado de Tordesilhas?
255 seus pensamentos e coração. No Brasil não há dialeto. Todo cidadão fala o
Há muito tempo havia um show de televisão mesmo português brasileiro, esparramado por muitas
que começava com esta chamada: “Você não cadeias de televisão privadas e redes de rádio. Esta
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rede de comunicação espalhou o que é chamado de 285 Bem, preciso colocar um ponto final nessa
275 “jeitinho brasileiro”, que conta sobre o modo fácil carta, mas continuarei com a firme determinação em
que achamos para fazer coisas. E funciona, você acreditar que esse “país brasileiro, de povo forte e
sabe! guerreiro, território soberano” é um dos melhores
Não poderia deixar de mencionar dos filhos lugares do mundo para se viver.
que não fogem à luta. Pessoas que têm raça, face, 290
280 cor, vestimenta, sobrenome ou especificação. Neste Um abraço danado de afetuoso,
mundo, você não pode descobrir um brasileiro por
qualquer característica. Brasileiros são únicos, pois Naira Caetano.
não temem a própria morte. Hun... fazemos parte
desse clube, não é mesmo?
295
(“Intertexto” elaborado por Naira Caetano.
Em 01 de mar de 2011. Campo Grande – MS.)

CERTO OU ERRADO
300

COLOQUE UM “C” OU “E” NOS PARÊNTESES À ESQUERDA, CONFORME OS CONCEITOS SEJAM


CONSIDERADOS CERTOS OU ERRADOS. NO CASO DE ERRADOS, UTILIZE A LINHA ABAIXO PARA SUBSTITUIR A(S)
PALAVRA(S) SUBLINHADA(S) PELA(S) QUE OS TORNEM CERTOS.

Com relação às ideias, aos aspectos textuais e aos estudos sobre regência nominal e verbal,
responda aos itens de 16 a 20.
UD: I e II - Ass.: 2, 7 - Obj.: b/b, c e Ass.: 1 – Obj.: a, b - ID: M - Tempo: 5’ (5 escores)
305

2. ( C ) O texto evidencia uma forte construção interna de valores pátrios com a finalidade de estimular o
interlocutor a mudar de opinião acerca de sua terra natal.

2. ( C ) No trecho “As saudades são tantas que não há como expressá-las por palavras.” (l. 03 e 04), o elemento
“por” pode ser corretamente substituído por “em”.

2. ( E ) O texto possui traços dissertativos, uma vez que expõe idéias e as discute em um fluxo lógico-
argumentativo coerente.
√ Argumentativos. √

2. ( C ) Na oração “[...] não temem a própria morte.” (l. 44 e 45), o verbo não exige complemento indireto.

2. ( E ) O uso do sinal indicativo de crase em “[...] filhos que não fogem à luta.” (l. 40) é facultativo, tendo em
vista o termo regente solicitar uma preposição.
√ OBRIGATÓRIO.

DÊ O QUE SE PEDE
310

AO RESPONDER OS ITENS “DÊ O QUE SE PEDE”, ATENTE PARA A FORMULAÇÃO DAS RESPOSTAS. NÃO SE
ESQUEÇA QUE PARA CADA RESPOSTA COMPLETA E CORRETA SERÁ ATRIBUÍDO 01 ESCORE.

Considere a frase:

“Todos os amigos lhe informaram de que o Brasil seria a melhor opção.”

315 2. Há, no período acima, uma inadequação quanto à regência do verbo informar, pois, ao verbo, foram associados
dois objetos indiretos. Utilizando a norma culta, escreva as duas maneiras de corrigir o desvio existente.
UD: II - Ass.: 1 - Obj.: a - ID: M- Tempo: 3 ’ (3 escores)
RESPOSTA: As duas maneiras de corrigir o desvio existente são: I - Todos os amigos lhe informaram que
320 o Brasil seria a melhor opção; √ II - Todos os amigos o informaram de que o Brasil seria a melhor opção. √
[RESPOSTA COMPLETA] √
Leia a construção abaixo:
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“[...] Sei que já decidiu não voltar mais à nossa pátria.”


325

2. Explique o uso da crase na sentença apresentada acima.


UD: II - Ass.: 1 - Obj.: b - ID: M - Tempo: 3 ’ (3 escores)
RESPOSTA: A crase apresentada na sentença supracitada é facultativa devido à presença do pronome
330 possessivo. √ De acordo com a regra, ocorre à fusão da preposição com o artigo do termo regido. √
[RESPOSTA COMPLETA] √
Leia os excertos a seguir.
335 I. “Jovens brasileiros preferem muito mais os E.U.A. do que o Brasil.”
II. “Preferi ficar a ir embora.”
2. Em qual dos excertos supracitados há um erro relativo à regência verbal. Identifique esse problema, explique a sua
340 inadequação e, a seguir, faça a correção necessária.
UD: II - Ass.: 1 - Obj.: a - ID: M - Tempo: 5 ’ (5 escores)
RESPOSTA: O erro relativo à regência verbal está no primeiro excerto. √ O problema está em empregar a
regência do verbo preferir de acordo com a variedade coloquial da língua, √ além de aplicar expressões
345 de reforço (mais, muito, etc.) não admitidas para tal verbo na norma culta. √ A correção do período é
“Jovens brasileiros preferem os E.U.A. ao Brasil. √ [RESPOSTA COMPLETA] √

Em um estacionamento externo de uma empresa foi afixada, em um muro, a seguinte placa de orientação:

350
Certo dia, ao lado da placa, apareceu esta outra frase, escrita com spray, por algum zeloso, mas meio
desatento, defensor da língua portuguesa:

“Motoristas obedeçam a gramática!”

355 2. Quais os desvios o grafiteiro também cometeu? Se você tivesse a oportunidade de dar continuidade à “brincadeira”
do grafiteiro, que mensagem escreveria para ele?
UD: II - Ass.: 1 - Obj.: a, b - ID: M - Tempo: 5 ’ (5 escores)

R.: Os desvios que o grafiteiro cometeu foram: 1. “motoristas” é vocativo, portanto deve ser separado
360 por vírgula, √ 2. o verbo “obedecer” exige a prep. “a”, √ que, com o artigo “a”, dá origem à crase √ -
Espera-se que os alunos proponham algo como: “Grafiteiro, obedeça à gramática”. √ [RESPOSTA
COMPLETA] √

3ª QUESTÃO (8 escores)
365
Leia, a seguir, os textos abaixo e resolva o item 24.

TEXTO VII

370 ÉTICA COTIDIANA

Usar o telefone da empresa para interurbanos particulares é uma maneira de economizar. Mas isso é
aceitável?

375 Pedir ao avô ou a uma amiga grávida que compre ingressos na fila
preferencial é passar os outros para trás?
Visto:
CMCG AE1/2011 – PORTUGUÊS 2º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 9
___________
ALUNO N°: NOME: TURMA: Ten NAIRA

Pegar “carona” na rede sem fio do vizinho que seu computador capta é errado?

380 Vejo que muitos motoristas jogam o toco de cigarro pela janela, em vez de apagá-lo no cinzeiro do carro. Isso
é aceitável?

(Veja, 29 de março de 2006


Disponível em: < http://veja.abril.com.br/acervodigital/home.aspx>
385 Acesso em: 01 mar 2011.)

TEXTO VIII

ÉTICA E CIDADANIA
390 Ética — 2. Conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de
uma sociedade.
Cidadania — 1. É o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que
vive.

395 (Dicionário eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa


Acesso em: 01 mar 2011.)

TEXTO IX
400

405

410

415
(Millôr Fernandes
Disponível em: http://www.google.com.br/imgres?
Acesso em: 01 mar. 2011)

420

DISCURSIVA

LEIA ATENTAMENTE O TEMA ABAIXO E REDIJA O TEXTO NA CAIXA DE RASCUNHO E TRANSCREVA-O PARA A
RASCUNHO:
CAIXA DO TEXTO DEFINITIVO.
________________________________________________________________________________
2. A partir da leitura dos textos I, VI, VII, VIII e IX, REDIJA um comentário versando sobre os prejuízos que pequenos
425 delitos causam à sociedade. Você pode relacionar questões de cidadania e de ética ao tema. Fundamente seu
________________________________________________________________________________
texto com argumentos convincentes que sustentem sua posição, sem copiar fragmentos contidos nos textos desta
________________________________________________________________________________
prova.
________________________________________________________________________________
Não esqueça que será avaliada a variedade culta da língua e também progressão lógica de seus argumentos.
Seu texto deverá ter no mínimo 6 linhas e no máximo 10.
5 ________________________________________________________________________________
430 UD: I - Ass.: 2, 7 - Obj.: a, d/d - ID: D - Tempo: 8 ’ (8 escores)
________________________________________________________________________________
RESPOSTA: Espera-se que o aluno(a) desenvolva o tema solicitado posicionando-se com argumentos
________________________________________________________________________________
consistentes e fundamentados, utilizando, é claro, a variedade culta da língua. √ √ √ √ √ √ √ √
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
10 ________________________________________________________________________________
Visto:
CMCG AE1/2011 – PORTUGUÊS 2º ANO DO ENSINO MÉDIO 1ª CHAMADA 10
___________
ALUNO N°: NOME: TURMA: Ten NAIRA
10

435

440

445

450
ESTRUTURA CONTEÚDO
RECURSOS LIGUÍSTICOS DESENVOLVIMENTO DO TEMA
Coesão Coesão Convenção da Adequação à Argumentos
Gramatical Lexical escrita proposta
0 1 2 0 1 2 0 1 0 1 0 1 2
Total: 08 escores Escores obtidos: ____________.

TEXTO DEFINITIVO:
________________________________________________________________________________
455 ________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
460 5 ________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
465
________________________________________________________________________________
10 ________________________________________________________________________________

470
Correção gramatical e/ou apresentação da prova: 0,2 ponto.
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BOA PROVA!

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