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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA


HISTÓRIA DA AMÉRICA COLONIAL

PLANO DE AULA
1. Tema: A chegada dos Espanhóis na América
2. Habilidades BNCC: (EF0HI09) Analisar os diferentes impactos da conquista
europeia da América para as populações ameríndias e identificar as formas de
resistência
3. Palavras chave
América espanhola; Dominação; Ocupação; Conquista
4. Objetivos
 Compreender o processo da chegada dos espanhóis na América
 Possibilitar ao aluno o contato com a fonte histórica e, assim, possibilitar a
interpretação de tal fonte;
 Compreender que o processo de aculturação era dinâmico e complexo e que os
indígenas, muitas vezes resistiram e mantiveram suas crenças.
5. Tempo estimado: 02 aulas de 50 minutos
6. Turma: 7º ano do Ensino Fundamental
7. Fontes utilizadas: Imagens; fonte escrita
8. Descrição detalhada das atividades

1ª AULA

O objetivo da primeira aula será de introduzir a temática da chegada dos


europeus na América e como foi o primeiro contato entre os espanhóis e os povos que
habitavam na região.

Material utilizado

 Quadro negro
 Imagens projetadas
 Caderno

Desenvolvimento
Primeiro momento: 20 minutos

O primeiro momento da aula, ocorrerá com o intuito dos alunos terem o primeiro
contato com o tema. Sendo assim, apresentarei a unidade e a temática que serão
trabalhadas nas próximas aulas. Em seguida, pedirei para que se organizem para
sentarem em círculo, a fim de conversarmos sobre a temática. A partir da organização,
levantarei as seguintes questões:

 O que vocês entendem sobre o termo América? Um continente, um país...?


 Como vocês acham que era a formação dos primeiros povos americanos?
 Quando os europeus chegaram na América, foi uma descoberta, conquista ou
invasão?

A partir dessas primeiras questões, ouvirei qual a opinião dos alunos sobre essas
perguntas, a fim de construir um bate papo ou até então, levantar outras questões sobre
o tema. Dessa forma, será possível analisar o que eles já sabem sobre a temática e ouvir
a opinião deles sobre o assunto, qual o nível de interesse e como levantar outras
questões para as aulas posteriores.

Após ouvir os saberes prévios dos alunos, farei uma pequena exposição oral do tema
a ser tratado, a fim de que os alunos se situem no que será trabalhado. Explanarei sobre
a chegada dos espanhóis na América e a chegada de Cristóvão Colombo no continente:
Em 1492, o navegador genovês Cristóvão Colombo aportou em Guanahai, nome dado
pelos nativos a uma ilha localizada no caribe. Os espanhóis não encontraram no
Caribe metais nobres, como ouro e prata. Mas eles logo tomaram conhecimento da
existência de muitas riquezas em sociedades do continente. Movidos pela ambição,
muitos homens quiseram se lançar à conquista desses povos. Entre eles destacou-se a
figura de Hernán Cortez. As expedições na américa avançaram até Tenochtitlán, a
capital asteca, e estabeleceram relações amistosas com os povos. Os espanhóis, no
entanto, invadiram um templo, em Tenochtitlán e mataram dezenas de pessoas. Os
astecas reagiram ao ataque, mas a vitória espanhola foi relativamente rápida. Os
espanhóis usaram armas de fogo e cavalos, que os astecas desconheciam. Além disso,
muitos astecas já haviam sido contaminados por doenças trazidas pelos europeus,
como a varíola, a tubérculose e a gripe, o que causou muitas mortes no império.
Segundo momento: 30 minutos

A partir da discussão, com os alunos em círculo ainda, serão projetadas algumas


imagens, para que os alunos possam analisá-las. Antes da projeção das imagens, será
projetado o Mapa Mundi, a fim de localizá-los geograficamente sobre o continente
americano e o continente europeu.

Figura 1Mapa Mundi Político com a identificação dos países. Fonte


<https://brasilescola.uol.com.br/geografia/mapa-mundi.htm>

As próximas ilustrações fazem referência aos contatos iniciais dos espanhóis


com os astecas, permitindo-nos inferir como ocorreu a relação entre ambos, no primeiro
momento. Como mostra a ilustração de número 2, os astecas acolheram os espanhóis
com presentes, além de oferecerem a Cortez, como sinal de amizade, a jovem escrava
Malinche. A oferta foi uma imensa vantagem ao capitão Hernán Cortés, pois Malinche
falava a língua asteca, o nahuatl. O filósofo Tzvetan Todorov, em seu livro A Conquista
da América (1982), afirma que Malinche foi a primeira a iniciar o profundo processo de
miscigenação que se observou nos séculos seguintes. Ela conhecia a cultura dos maias e
dos astescas, sendo o principal instrumento que Cortez utilizou para sua dominação.
(TODOROV, 1982, p. 91)

O ano da chegada dos espanhóis, 1519, concidia com o ano “um-cana”, data
recorrente a cada 52 anos, a qual poderia, segundo o mito de Quetzacoatl, marcar o
retorno da Serpente de Plumas. Seriam os espanhóis deuses que vieram retomar sua
herança? Cortez iniciou um combate para a tomada de Tenochtitlán. As armas dos
espanhóis, o uso de cavalos, a emidemia de varíola semeando a morte entre os nativos e
a crença na divindade dos espanhóis e em Cortez como o próprio deus Quetzalcoatl
explicam a derrota dos astecas.

A primeira figura a ser projetada trata-se de uma ilustração do Códice


Azcatitlan, no final do século XVI, na qual guerreiros astecas defendem o templo da
cidade de Tenochtitlán, contra os espanhóis.

Códice Azcatitlan Acesso: <https://arqueologiamexicana.mx/codice-azcatitlan>

A segunda figura ilustra o conquistador espanhol Hernán Cortez, sua intérprete


Malinche e os astecas.
Ilustração do Códice Tlaxaca. Acesso <https://arqueologiamexicana.mx/codice-azcatitlan>

A terceira figura a ser projetada, se trata da tomada de Tenochitlán pelos


europeus

A tomada de Tenochtlán
A quarta figura segue mostrando mais alguns detalhes sobre a tomada de
Tnochtilán pelos europeus

A conquista de Tenochtitlán Fonte <https://br.pinterest.com/pin/774619204650513157/>

A partir das primeiras impressões sobre as pinturas, como os alunos observaram


os detalhes e semelhanças entre elas, serão levantadas algumas questões para
responderem e escereverem no caderno:

1. Observe as imagens 1 e 3. O que elas revelam sobre as diferenças militares e


técnicas entre astecas e espanhóis?
2. Que idéia a imagem 2 transmite da personagem Malinche?
3. Que razões, na sua opinião, explicariam a derrota dos astecas e dos incas
diante dos espanhóis?
4. Como o artista da figura 4 representou a queda da cidade na pintura?

2ª AULA

Material Utilizado

 Quadro negro
 Caderno
 Texto impresso
O objetivo da segunda aula será de, a partir do primeiro contato da aula anterior,
com a chegada dos espanhóis, os alunos possam construir um pensamento crítico sobre
como ocorreu essa dominação.

Primeiro momento 10 minutos


Será realizada a revisão da aula anterior e, a partir da revisão, desenvolver uma
breve narrativa sobre o que foi estudado no último encontro.

Segundo momento 40 minutos


O segundo momento da aula, se dará na leitura e análise de uma fonte escrita. A
fonte trata da chegada dos espanhóis na América, sob a ótica dos europeus e o que era
esperado de se encontrar na região.
De acordo com o historiador Guillermo Giucci, em sua obra Viajantes do
Maravilhoso (1992), existem questões relacionadas ao imaginário dos navegantes e
conquistadores europeus no período de “descoberta da América”. O objetivo de
Cristóvão Colombo em alcançar novas terras asiáticas através de uma rota alternativa à
época, via poente, teria se baseado em diversas leituras sobre a realidade a ser
encontrada. Segundo o padre e cronista Bartolomeu de Las Casas, que acompanhou o
comerciante em algumas expedições, a utopia colombiana partia especialmente das
obras do astrônomo e geógrafo Paolo Dal Pozzo Toscanelli, que considerava a Ásia,
alcançada pelo extremo ocidente, um espaço de riquezas a espera do ataque exploratório
de comerciantes e aventureiros. (GIUCCI, 1992). Para Las Casas, o descobrimento
advém de um caráter divino, em que Deus enviou Colombo para essa missão e que as
populações que viviam aqui no continente, precisavam do contato divino.
Será então, realizada a leitura metódica da fonte histórica, na qual se trata de
uma cópia do texto “A destruição das Índias Ocidentais”, que se encontra na obra “O
paraíso destruído” do padre e cronista Bartolomeu de Las Casas. Recomenda-se que
peça para um aluno ler em voz alta e sucessivamente o outro, até o final do texto:

As Índias foram descobertas no ano de mil quatrocentos e noventa e dois e povoadas


pelos espanhóis no ano seguinte. A primeira terra em que entraram para habitála foi a
grande e mui fértil ilha Espanhola; essa ilha tem seiscentas léguas de circuito. Há ao
redor dela e nos seus confins, outras grandes e infinitas ilhas que vimos povoadas e
cheias de seus habitantes naturais, o mais que o possa se qualquer outro país do
mundo. A terra firme, que está desta ilha a uma distância de 250 léguas ou mais, tem
de costa marítima mais de dez mil léguas já descobertas e outras se descobrem todos os
dias, todas cheias de gente como um formigueiro de formigas. De tal modo que Deus
parece ter colocado nesse país o abismo ou a maior quantidade de todo o gênero
humano.
Deus criou todas essas gentes infinitas, de todas as espécies, mui simples, sem finura,
sem astúcia, sem malícia, mui obedientes e mui fiéis a seus Senhores naturais e aos
espanhóis a que servem; mui humildes, mui pacientes, mui pacíficas e amantes da paz,
sem contendas, sem perturbações, sem querelas, sem questões, sem ira, sem ódio e de
forma alguma desejosos de vingança. São também umas gentes mui delicadas e ternas;
sua compleição é pequena e não podem suportar trabalhos; e morrem logo de qualquer
doença que seja. De sorte que mesmo os filhos de Príncipes e Senhores, entre nós
nutridos com todas as comodidades, cuidados e delícias, não são mais sensíveis que
esses, inda que sejam filhos de lavradores. São gente pobre, que possui poucos bens
temporais, nem mesmo são soberbos, nem ambiciosos, nem invejosos. Seu trajo é
estarem comumente nus e cobertas somente as partes vergonhosas e mesmo quando se
cobrem muito não usam mais que um manto de algodão da medida de um antebraço e
meio ou de dois antebraços de tela em quadrado. Dormem sobre uma rede trançada; e
mesmo o que têm mulher, dormem sobre uma rede presa pelos quatro cantos e que na
língua da ilha Espanhola se chama Hamaças. Têm o entendimento mui nítido e vivo;
são dóceis e capazes de toda boa doutrina. São muito aptos a receber nossa santa Fé
Católica e a serem instruídos em bons e virtuosos costumes, tendo para tanto menos
empecilhos que qualquer outra gente do mundo. E tanto que começaram a apreciar as
cousas da Fé são inflamados e ardentes, por sabêlas entender; e são assim também no
exercício dos Sacramentos da Igreja e no serviço divino que verdadeiramente até os
religiosos necessitam de singular paciência para suportar. E, para terminar, ouvi dizer
a diversos espanhóis que não podiam negar bondade natural que viam neles. Como
essa gente seria feliz se tivesse o conhecimento do verdadeiro Deus.
Sobre esses cordeiros tão dóceis, tão qualificados e dotados pelo seu Criador como se
disse, os espanhóis se arremessaram no mesmo instante em que os conheceram; e como
lobos, como leões e tigres cruéis, há nuito tempo esfaimados, de quarenta anos para cá,
e ainda hoje em dia, outra cousa não fazem ali senão despedaçar, matar, afligir,
atormentar e destruir esse povo por estranhas crueldades (como vos farei ver depois);
de tal sorte que de trẽs milhões de almas que havia na ilha Espanhola e que nós vimos,
não há hoje de seus naturais habitantes nem duzentas pessoas. A ilha de Cuba, que tem
de comprimento a distância que vai de Valladolid a roma, está hoje como deserta. A
ilha de São João e a de Jamaica, ambas muito grandes e muito férteis esã odesoladas.
As ilhas Lucaias, que são vizinhas à ilha Espanhola e à ilha de Cuba pela parte do
Norte, mais de sessenta ilhas, incluindo as que são chamadas as ilhas dos Gigantes e
outras ilhas, grandes e pequenas, das quais a pior é mais fértil qye o Jardim do Rei de
Sevilha, sofreram mais cruéis do que se possa descrever; e de quinhentas mil pessoas
que havia nessas ilhas, não há hoje uma única criatura; a maior parte foi morta ou
tirada dali para trabalhar nas minas da ilha Espanhola onde não havia ficado nenhum
dis naturais. Indo im navio, por espaço de três anos por todas essas ilhas, para –
depois de feitas aquelas pilhagens – recolher a gente que ali restasse, foi um cristão,
movido de piedade e da comapixão de converter e ganhar a Jesus Cristo, aqueles que
ali se encontrasse: mas, com resto de tantos povos, não e encontraram mais que onze
pessoas, as quais eu vi. Outras tantas ilhas, que são mais de trinta, e que encerram
mais de duas mil léguas de teera foram do mesmo modo despovoadas e perdidas.
Quanto à grande terra firme, estamos certos de que nossos espanóis, por suas
crueldades e execráveis ações, despovoaram e desolaram mais de des Reinos, maiores
que toda a Espanha, ne.a compreendidos Portugal e Aragão; tal é uma região duas
vezes maior que a distância que vai de Sevilha a Jerusalém, que são mais de mil léguas
de reinos que permanecem ainda hoje em total desolação e que todavia foram antes tão
povoados quanto possível.
Podemos dar conta boa e certa que em quarenta anos, pela tirania e diabólicas ações
dos espanhóis, morreram injustamente mais de doze milhões de pessoas, homens,
mulheres e crianças; e verdadeiramente eu creio, e penso nõ ser absolutamente
exaferado, que morreram mais de quinze milhões.
Aqueles que foram de Espanha para esses países (e se tem na conta de cristãos)
usaram de duas maneiras gerais e principais pra extirpar da face da terra aquelas
míseras nações. Uma foi a guerra injusta, cruel, tirânica e sangrenta. Outra foi matar
todos aqueles que podiam ainda respirar ou suspirar e pensar em recobrar a liberdade
ou subtrairse aos tormentos que suportam, como fazem todos os Senhores naturais e os
homens valorosos e fortes; pois comumente na guerra não deixam viver senão as
crianças e as mulheres: e depois oprimemnos com a mais horrível e áspera servidão a
que jamais se tenham submetido homens ou animais. A essas duas espécies de tirania
diabólica podem ser reduzidas e levadas, como subalternas do mesmo gênero, todas as
outras inumeráveis e infinitas maneiras que se adotam para extirpar essas gentes.
A causa pela qual os espanhóis destruíram tal infinidade de almas foi unicamente não
terem outra finalidade última senão o ouro, para enriquecer em pouco tempo, subindo
de um salto a posições que absolutamente não convinham a suas pessoas; enfim, não
foi senão sua avareza que causou a perda desses povos, que por serem tão dóceis e tão
benignos foram tão fáceis de subjugar; e quando os índios acreditaram encontrar
algum acolhimento favorável entre esses bárbaros, viramse tratados pior que animais e
como se fossem menos ainda que o excremento das ruas; e assim morreram, sem Fé e
sem Sacramentos, tantos milhões de pessoas. Isso eu posso afirmar como tendo visto e
é cousa tão verdadeira que até os tiranos confessam que jamais os índios causaram
desprazer algum aos espanhóis, que os consideraram como descidos do céu até o
momento em que eles, ou seus vizinhos, provaram os efeitos da tirania.

Após a leitura metódica da fonte, serão passadas algumas questões para os


alunos, a fim de que respondam em formato de texto. As perguntas serão apenas como
tópicos a serem seguidos na produção do texto. Caso não dê tempo para terminar
durante a aula, poderá ser feito em casa, para trazer na próxima aula.

 Quais as características dos nativos que são apresentadas no texto?


 Como o cronista descreve a organização econômica dos povos nativos, são
povos ambiciosos como os Espanhóis?
 Como a fonte descreve os Espanhóis? São parecidos com os povos nativos?
Quais características os diferenciam?
Referências

GIUCCI, Guilhermo. Viajantes do maravilhoso: o Novo Mundo. Trad. Josely Vianna


Baptista. São Paulo, Companhia das Letras, 1992, 262p.

LAS CASAS, Frei Bartolomé de. A destruição da Índias Ocidentais. In: _______. O
paraíso destruído: A sangrenta história da conquista da América. Porto Alegre: L&PM,
2008. p. 26 29.

O'GORMAN, E. A invenção da América: reflexão a respeito da estrutura histórica do


Novo Mundo e do sentido do seu devir. São Paulo: Editora da Universidade Estadual
Paulista, 1992.

TODOROV, Tzevetan (1983). A Conquista da América. A Questão do Outro. São


Paulo, Ed. Martins Fontes

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