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Só a partir do século XIX é que a cidade do Rio de Janeiro começa a transformar radicalmente a sua forma

urbana e a apresentar verdadeiramente um espaço dividido em termos de classes sociais. Até entã o, o Rio era
uma cidade apertada, limitada pelos Morros do Castelo, de Sã o Bento, de Santo Antô nio e da Conceiçã o.
Ocupava um chã o duramente conquistado eliminando a natureza, através de um processo de dissecamento de
brejos e mangues que já durava mais de três séculos. Além dos morros havia apenas alguns tentá culos, que se
dirigiam aos "sertõ es" do sul, do oeste e do norte'.

Era também uma cidade em que a maioria da populaçã o era escrava. Quase que uma cidade de mercadorias.
Poucos eram os trabalhadores livres, e reduzidíssima a elite administradora/militar/mercantil que lhe dirigia
política e economicamente. A falta de meios de transporte coletivo e as necessidades de defesa faziam com que
todos morassem relativamente pró ximos uns aos outros, a elite local diferenciando-se do restante da populaçã o
mais pela forma - aparência de suas residências - e vestimentas - , do que pela localizaçã o das mesmas.

No decorrer do século XIX assiste-se, entretanto, a modificaçõ es profundas tanto na aparência como no
conteú do da cidade. A vinda da família real impõ e ao Rio uma classe social até entã o praticamente inexistente.
Impõ e também novas necessidades materiais que atendam nã o só aos anseios dessa classe, como facilitem o
desempenho das atividades econô micas, políticas e ideoló gicas que a cidade passa a exercer. A independência
política e o início do reinado do café geram, por sua vez, uma nova fase de expansã o econô mica, resultando daí
a atraçã o - no decorrer do século e em progressã o crescente - de grande nú mero de trabalhadores livres,
nacionais e estrangeiros.

Empresas estrangeiras

A partir de meados do século a cidade passa a atrair também numerosos capitais internacionais (empresas),
cada vez mais disponíveis e à procura de novas fontes de reproduçã o de lucros. Grande parte deles é utilizada
no setor de serviços pú blicos (transportes, esgoto, gá s, etc.), via concessõ es obtidas do Estado.

Subúrbio - zona Sul (divisão espacial das classes sociais)

A separaçã o só foi possível devido à introduçã o do bonde de burro e do trem a vapor que, a partir de 1870,
constituíram- se nos grandes impulsionadores do crescimento físico da cidade. Um crescimento que segue a
direçã o das "frentes pioneiras urbanas" já esboçadas desde o Século XVIII, mas que é agora qualitativamente
diferente, já que os usos e classes "nobres" tomam a direçã o dos bairros servidos por bondes (em especial
aqueles da zona sul), enquanto para o subú rbio passam a se deslocar os usos "sujos" e as classes menos
privilegiadas.

Entendendo...Treze anos apó s a chegada da família real, e a um ano da independência do país, o Rio de Janeiro
ainda é, em 1821, uma cidade bastante modesta. Restringia-se basicamente à s freguesias da Candelá ria, Sã o
José, Sacramento, Santa Rita e Santana, que correspondem, de grosso modo, à s atuais regiõ es do Centro e
Portuá ria. As demais freguesias existentes eram, entã o, predominantemente rurais.

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