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BELO HORIZONTE

GEOGRAFIA REGIONAL DO BRASIL


Esta apresentação sintetiza as reflexões sobre o capítulo que trata de Belo
Horizonte, encontrado na obra Desenvolvimento econômico e evolução urbana
de autoria de Paul Singer.

Discentes: Everton Melo, Gustavo Nascimento, Hans Miller, Tayran Oliveira.


Paul Singer
Economista de origem, doutor em sociologia
e livre-docente em demografia, Singer
publicou trabalhos que versam sobre temas da
economia política, da urbanização, do
trabalho e emprego e de demografia e saúde.
Considerado pioneiro da economia solidária
no Brasil, Paul Singer deixou um denso
legado para o pensamento social brasileiro.
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Não foi capital econômica pois a economia de mercado da região não adquiriu caráter
orgânico, e não estabeleceu conexões econômicas com áreas relativamente afastadas,
de modo que os fluxos de mercadorias pudesse concentrar e dispersar a partir de um
centro único ou pelo menos de maior importância;
◦ Na Economia Colonial, a economia de mercado é representada, sobretudo, pelo Setor
de Mercado Externo, o que significa que as unidades produtivas locais se ligam a um
mercado que se encontra além-fronteiras, nesse sentido, portanto, os portos marítimos
desempenhavam o papel de centros econômicos das áreas produtoras de artigos
coloniais;
◦ Minas não tinha saída para o mar, com isso era inviável que a mesma tivesse uma
capital ou centro econômico, tais funções acabavam por ser exercidas por cidades
situadas fora do seu espaço;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ A ocupação de Minas está diretamente relacionada a exploração aurífera ocorrida a
partir do fim do séc. XVII e início do séx. XVIII. Essas explorações ocorreram
inicialmente na área central que viria a ser Minas Gerais, e foi nesse espaço que
surgiram os primeiros centros urbanos;
◦ Apesar da relativa dispersão territorial das lavras auríferas, a atividade mineradora mais
significativa e mais duradoura se deu na faixa central inicialmente ocupada, na qual
surgiram por essa razão os núcleos urbanos de maior importância na fase da mineração;
◦ A produção mineira está geograficamente condicionada à localização dos depósitos e
núcleos urbanos, que surgem em função da atividade mineradora e adquirem geralmente
caráter “especializado” de lugar de moradia dos mineradores e da comercialização do
seu produto;
Mapa 1: Minas Gerais no auge da mineração. Fonte: Fundação Getúlio Vargas
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Todos os núcleos coloniais, notadamente Vila Rica (Ouro Preto), Sabará,
Tejuco (Diamantina) e São João del Rei possuem o mesmo caráter. Em comum
com todas as cidades vinculadas a mineração, mostram-se desligadas daquelas
qualidades de posição e situação que são de tamanha importância na
localização de cidades comerciais;
◦ A mina é o núcleo funcional de tais cidades; uma localização centralizada
com franca acessibilidade ao território circundante ou mesmo um terreno
favorável em que colocar as ruas e os edifícios, são questões menos relevantes;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ A economia mineradora irradiava sua influência por quase todo o território da
colônia, por mais que as autoridades metropolitanas procurassem encaminhar o
ouro por um só escoadouro, no caso, o Rio de Janeiro, o que configurava a
única forma de poder fiscalizar a arrecadação do tributo – o “quinto ” – sobre o
metal extraído;
◦ Talvez menos pelo empenho do poder público colonial do que por ser o
“caminho novo” para o Rio o trajeto mais curto entre as Gerais e o mar, o fato
é que o Rio se tornou o grande escoadouro do metal precioso e o mais
importante porto de importação dos produtos de além-mar consumidos pelas
populações mineiras. A isso é que deve o Rio ter-se tornado capital do Brasil
em 1763;
Figura 1: Produção de ouro e população mineira no século 18. Fonte: Fundação Getúlio Vargas
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Embora Ouro Preto se tenha beneficiado com valiosos tesouros artísticos, por ter sido
capital de Minas durante o fastígio da mineração, sua insignificância como centro
econômico permaneceu, sobretudo após o encerramento daquela atividade;
◦ Para se compreender a transformação sofrida pela economia de Minas acarretada pelo
esgotamento dos depósitos auríferos, é preciso considerar que, ao lado da atividade no
Setor de Mercado Externo (mineração) se desenvolveu um amplo Setor de
Subsistência (lavoura e pecuária) no território do atual Estado de Minas;
◦ Verifica-se que na periferia da área mineradora desenvolveram-se atividades de
subsistência, cujos excedentes eram destinados ao mercado de Minas Gerais. Era
inevitável que isto acontecesse, pois os produtos de subsistência além de escassos,
alcançavam preços muito elevados na área de mineração, em função da oneração dos
altos custos de transporte;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ As cidades de Marina, Pitangui e São João del Rei foram ocupadas
inicialmente por fazendas de gado, a exploração do ouro só se deu depois. Isto
mostra que o desenvolvimento do Setor de Subsistência, em Minas, foi quase
concomitante com o Setor de Mercado Externo. Mas, é preciso considerar que
tendo sido o primeiro condicionado pelo último, é lógico que aquele só poderia
alcançar plena expansão após o desenvolvimento deste;
◦ Com o progressivo desaparecimento da mineração, a partir do final do séc.
XVIII, a economia de Minas sofre uma profunda transformação. Com o
contínuo crescimento populacional e o esgotamento das jazidas, o Setor de
Mercado Externo libera mão-de-obra que teria de ser absorvida pelo Setor de
Subsistência ou pelo Setor de Mercado Interno;
Figura 2: População e exportações da Colônia. Fonte: Fundação Getúlio Vargas
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Efetivamente, a partir desta época, verifica-se ponderável expansão
das atividades artesanais, particularmente a tecelagem e a
metalurgia do ferro, a ponto de alarmar a metrópole, que chega a
proibi-las terminantemente, em 1785;
◦ Este promissor crescimento do Setor de Mercado Interno, que
prenunciava autêntica transformação estrutural da economia
mineira, foi sufocado, portanto, por uma ação deliberada das
autoridades portuguesas, conscientemente dispostas a preservar a
Economia Colonial no país.
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Barrada desta forma a expansão do Setor de Mercado Interno, era
inevitável que os fatores liberados pelo Setor de Mercado Externo
fossem absorvidos pelo Setor de Subsistência. Este, por sua vez, que
estava voltado para a zona de mineração, passa a sofrer um movimento
centrífugo: sem mercado para seus excedentes de produção, novas terras
foram ocupadas à medida que a população cresce sem qualquer
interconexão entre as várias zonas agrícolas que formam a capitania.
Esta perde sua identidade, tornando-se um mero conglomerado
administrativo de áreas economicamente autônomas;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ O povoamento, a partir de atividades de subsistência, foi avançando ao longo
dos vales sem manter ligação funcional com seu ponto comum de origem. Nos
vales do oeste e do norte desenvolveu-se a criação extensiva, como
continuação orgânica da pecuária nordestina, que tinha subido o São Francisco
nos séculos anteriores. No sul se desenvolveu mais a criação leiteira,
provavelmente tendo em vista uma pequena exportação de queijos para o Rio e
mesmo para Portugal, no oeste expandiu-se a suinocultura;
◦ Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, fizeram-se várias
tentativas de reativar a vida econômica da zona central de Minas mediante o
estabelecimento da siderurgia do ferro, mas infelizmente a grande ocasião para
o desenvolvimento da siderurgia em Minas já tinha passado;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ O mercado para o ferro provinha sobretudo da mineração do ouro, o qual tinha
estimulado o aparecimento das siderúrgicas proibidas pelo alvará de 1785;
◦ O que impediu um maior desenvolvimento da siderurgia mineira, apesar da
abundância da matéria-prima, foi a limitação do mercado, que deve ter constituído
o principal obstáculo ao emprego de uma tecnologia tipicamente industrial. Minas
sequer dispunha de bons meios de comunicação com o litoral, além da
concorrência que o produto importado estaria em condições de oferecer;
◦ Com o Tratado de 1810, as importações inglesas gozam de quase isenção
aduaneira e dificilmente o ferro produzido nas adversas condições da Economia
Colonial e com mão-de-obra escrava, sabidamente inadaptável ao trabalho
industrial, poderia concorrer com o produto do país mais industrializado na época;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ No decorrer do séc. XIX a economia mineira sofre transformações profundas, principalmente com a
expansão da cafeicultura, que penetra em escala significativa, em terras mineiras a partir de meados do
século;
◦ O que vai impedir que que o plantio se expanda mais rapidamente é a dificuldade de transporte.
Efetivamente, Minas até a segunda metade do século XIX continua não dispondo de comunicações fáceis
com o litoral;
◦ O desenvolvimento de um sistema viário moderno em Minas se inicia com a construção da rodovia
“União e Indústria”, que liga Petrópolis a Juiz de Fora. Iniciada em 1856, esta estrada é concluída em
1861, e por ela passa a maior parte do café mineiro;
◦ É o surto ferroviário, a partir de 1870 principalmente, que vai criar condições para a expansão da
cafeicultura mineira.
◦ O café não somente reconstitui o Setor de Mercado Externo da economia mineira, como representa, na
realidade, seu único ramo de alguma expressão. O restante das exportações mineiras é, em grande
medida, constituído por excedentes de produção do Setor de Subsistência;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ O ressurgimento do Setor de Mercado Externo, embora de natureza diferente do
constituído pela mineração no século anterior, em nada contribuirá para dar unidade e
coesão econômica a Minas Gerais;
◦ Da mesma forma que a mineração, cafeicultura fará do porto de embarque, situado
fora do território mineiro, o verdadeiro centro econômico da província. O Rio de
Janeiro volta a desempenhar este papel, como já o desempenhara no século anterior;
◦ As transformações na economia mineira, decorrentes do ressurgimento, no séc. XIX,
de um forte Setor de Mercado Externo, em seu território, acentuam os movimentos
centrífugos e reforçam a fragmentação da província, que se dividi cada vez mais
profundamente em regiões autônomas, estanques entre si, e que se entrosam com
economias circunvizinhas, agrupadas ao redor de polos de crescimento exteriores a
Minas Gerais;
Ouro Preto: sede da administração mineira
do início do séc. XVIII ao final do séc. XIV
◦ Neste quadro o papel de Ouro Preto se restringe cada vez
mais ao de Sede da Administração provincial. O café mal
penetra na Zona Metalúrgica, pouco apta para seu cultivo
do ponto de vista das condições ecológicas. Ouro Preto
pouco se beneficia do surto cafeeiro em Minas e, no fundo,
o seu afastamento das áreas mais ricas do Setor de
Mercado Externo ainda acentua mais a sua alienação da
vida econômica da província;
A mudança da capital
◦ Em 1843/44, o presidente da província, General Soares de Andréa propôs a mudança
para Mariana ou São João del Rei, em função da decadência de Ouro Preto;
◦ As considerações a respeito de São João del Rei permitem entrever uma das
motivações para mudança da capital: a situação topográfica de Ouro Preto dificultava
as comunicações com o resto da Província e com a Capital do Império;
◦ Numerosos projetos de desmembramentos emergiram durante esse período, ora pelos
separatistas, inspirados pelo desmembramento do Paraná da Província de São Paulo,
levada a cabo pelo então chefe do governo imperial, o político mineiro Honório
Hermeto Carneiro Leão, Marquês do Paraná; ora por deputados paulistas, em
represália a separação do Paraná;
◦ Estes movimentos separatistas podem ser considerados inevitáveis face às
transformações ocorridas na economia mineira no séc. XIX;
A mudança da capital
◦ Proposta do Padre Souza Paraízo em 1807 para as margens do Rio das Velhas,
sem local definido, apenas uma indicação entre dois pontos (barra do Jequitibá
e Villa do Guaicuhy, Principalmente pela ligação com o Rio São Francisco;
◦ Visava o desenvolvimento de áras marginalizadas, buscando desenvolver o
aumento demográfico local;
◦ Projeto aprovado em Assembléia, mas vetado pelo presidente da provincia e
veto acolhido pela assembleia provincial;
◦ O presidente alegou falta de recursos, e que tal mudança apenas beneficiaria o
local escolhido;
A mudança da capital
◦ Falta de meio para se ligar a mercados dinâmicos;
◦ Econômica do NE pouco dinâmica e inferior aos mercados do sul;
◦ Investigação locacional (Eng. Ferreira Pena).;
◦ Preocupação com a Macrolocalização;
◦ Proporcionar maior comunicação entre os centros existentes e a
serem criados;
◦ Só a partir dessa primeira escolha que segue-se a microlocalização;
A mudança da capital
◦ Parte do vale do Rio das Velhas;
◦ Povoação de Curral del Rei (Posteriormente Belo Horizonte);
◦ Consolidação a partir da Criação da constituição estadual;
◦ Destaque para o art. 13 que mandava mudar a capital para um
local que oferecesse as precisas condições higiênicas (mas não
dizia onde);
Disputa de interesses
◦ Todas as províncias acreditavam ser predestinadas a serem o
centro que unificaria todas as outras;
◦ Chances iguais para as regiões de maior importância;
◦ Critérios desclassificatórios. (relevo, higiene, localização);
◦ Empate (São João del Rei x Belo Horizonte);
Desempate
◦ São João del Rei estrategicamente localizada entre duas zonas
economicamente mais fortes do estado;
◦ Entretanto, todo seu norte era ocupado por fazendas de gado;
◦ A partir disso, levando em consideração o futuro povoamento da
área optou-se por Belo Horizonte por indicar que seria o centro do
território habitado de Minas Gerais;
◦ A pesar disso, a Várzea do Marçal apresentava melhores condições
na construção da capital, por já pre-existir melhores condições
infraestruturais barateando o processo de construção;
Confusão
◦ O resultado do relatório não agradou os ouro-pretenses, principais
prejudicados por essa mudança;
◦ Ameaça de violência;
◦ Debates mais apurados, decidem transferir a capital para Belo
Horizonte;
“40 anos em 4”
◦ Apesar de muitos não concordarem com a decisão, permitiram
contando com que o prazo não seria alcançado;
◦ Engs, Arão Reis e Francisco Bicalho;
◦ Primeiro passo: construir uma malha ferroviária que o ligasse à
Central do Brasil (entrega dos materiais para a construção);
O planejamento
◦ Urbano, suburbano e rural;
◦ Larga avenida (com o custo elevadíssimo);
◦ Inicialmente contornou problemas encontrados nas cidades que
crescem “espontaneamente” ;
◦ Trânsito, água e esgoto e iluminação;
◦ A nova capital foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897,
chamando-se Cidade de Minas. O nome da cidade mudaria para
Belo Horizonte somente em 1901. A capital foi planejada e
construída inspirada nos modelos urbanos de Paris e Washington,
e seu projeto foi executado de 1894 a 1897;
Trajetória econômica
◦ Apesar de Belo Horizonte inicialmente não encabeçar nenhum
tipo de indústria, em relação ao seu entorno apresenta produção
diversificada;
◦ Ainda sim apresentou crescimente gradual, apesar de todos os
investimentos aplicados;
◦ Sua localização geográfica lhe forneceu vantagens (O centro-sul);
◦ Comércio de gado e redistribuição de mercadorias;
◦ Aumento populacional tardio, mas intenso;
Figura 3 : Belo Horizonte. Fonte: Google Imagens
Figura 4 : Jazida de Manganês. Fonte: Google Imagens
Índices de emprego na indústria de minas
gerais
◦ Entre 1940 e 1947 outros ramos se
expandiram mais que a siderurgia,
cujo emprego só aumentou 30% neste
período;
◦ Destaca-se neste sentido, as indústrias
de madeira, cerâmica e olaria e a do
couro;
◦ A indústria de fiação e tecelagem
expandiu-se com maior intensidade
entre 1940 e 1947, ocupando 62% do
seu pessoal;
Declínio da cafeicultura/ascensão da
produção de laticínios e aumento da
exportação de gado bovino
O que
impulsionou o
crescimento da
indústria em
Minas Gerais?
Belo horizonte assume a
hegemonia industrial do
estado
◦ A capital Belo Horizonte se expande na indústria
têxtil, e em 1947 produz 23.805.773 m de
tecidos, superando Juiz de Fora, cuja produção
atingiu no mesmo ano 21.358.192 m;
◦ Ainda assim, Juiz de Fora constitui um centro
têxtil maior que o de Belo Horizonte,
concentrando mais de 60% da produção de fios;
Belo horizonte assume a hegemonia
industrial do estado
◦ Comparando-se a situação de 1946 com a
de 1920, verifica-se que houve uma
verdadeira interiorização da indústria
mineira;
◦ Municípios relativamente excêntricos,
mais próximos do eixo São Paulo-Rio do
que do centro de gravidade econômico de
Minas, como Itajubá, São João
Nepomuceno, Santos Dumont e Ponte
Nova são substituídos por municípios
ligados à área central de Minas, como
Rio Piracicaba, Sabará, Itabirito,
Paraopeba e Curvelo;
Decadência do mercado siderúrgico
de minas gerais em 1946
◦ Em 1941, foi criada a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN) com a finalidade de executar o
projeto elaborado pela Comissão Executiva do Plano
Siderúrgico, de construir uma usina siderúrgica em
Volta Redonda, no estado do Rio de Janeiro;
◦ A localização da usina estava condicionada ao fato
de que o Vale do Paraíba representava o ponto
natural de encontro entre o minério de ferro vindo de
Minas e o carvão mineral vindo do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina, além de se situar a meio
caminho entre os dois principais mercados para os
produtos da usina, Rio e São Paulo;
Decadência do mercado siderúrgico
de minas gerais em 1946
◦ A siderurgia se localizava predominantemente na
Zona Metalúrgica de Minas, na medida que ela
utilizava como combustível o carvão vegetal,
facilmente extraído das matas do Vale do Rio Doce;
◦ A “Itabira Iron” cogitou em estabelecer uma usina a
coque, prevendo sua localização no estado do Espírito
Santo, pelo Plano Farqhuar;
◦ A CSN visava a instalação de uma usina que se
localizasse numa área em que os custos de transporte
fossem tornados mínimos, evitando a área onde já se
tinha estabelecido uma usina a carvão vegetal;
◦ Grande crise estrutural na indústria têxtil após a
guerra;
◦ Esta crise tomou inicialmente um aspecto
conjuntural, durante a guerra foi possível ao Brasil
tornar-se um importante exportador de tecidos de
algodão, vendendo anualmente no exterior mais de
Outros fatores que 20.000 T de tecidos no período de 1942 a 1945, em
reduziram o 1946 a exportação baixou para 14.103 T, em 1947 a
produção se recuperou parcialmente atingindo 16.678
crescimento T e nos anos seguintes caiu drasticamente até quase
industrial de minas ◦
desaparecer;
A maior parte das empresas se encontrou operando
gerais com máquinas obsolentas e com baixo nível de
produtividade, pois passaram a guerra sem poder
importar equipamentos modernos;
◦ Esta crise estrutural afetou a oferta de emprego em
MG e posteriormente o crescimento de Belo
Horizonte;
◦ A partir da criação da usina siderúrgica em Volta
Redonda, que os governos de Minas Gerais
mostraram-se empenhados em criar um parque
industrial ponderável no Estado;
◦ Esta preocupação industrialista do Poder Público
mineiro transparece, por exemplo, no decreto-lei
estadual n.º 778, de 19/06/1941, que cria a “cidade
Belo horizonte, industrial” de Belo Horizonte, situada no município de
centro ◦
Contagem, limítrofe da capital;
Houve um zoneamento da área destinada à cidade,
econômico de dividindo-se os terrenos pelos diversos ramos –
minas alimentação, metalurgia, química, têxteis e vestuário,
eletricidade e instrumentos científicos, construções –
porém o zoneamento não foi rigorosamente
obedecido devido ao “receio dos responsáveis de que
a adoção de uma atitude rigorosa pudesse determinar
a desistência de empresas cujo estabelecimento era
considerado de grande interesse para o Estado”;
◦ Apesar de tudo, o êxito do empreendimento não foi
imediato. Em 1950, havia somente cerca de 10
estabelecimentos na cidade industrial e nem todos
em funcionamento;
◦ Em 1952 foi criada a empresa “Centrais Elétricas de
Belo horizonte, Minas Gerais S.A.” (CEMIG) com o objetivo de
centro “suprir elevadas cargas”. A CEMIG construiu a
econômico de usina de Salto Grande, a uma distância de 150 Km a
nordeste de Belo Horizonte;
minas ◦ Só em 1955 foi possível a instalação na cidade de
Contagem numerosas grandes empresas:
Mannesmann, Belgo-mineira, Marfesa, R.C.A,
Victor...;
◦ Outra iniciativa estatal de grande importância foi a
fundação das “Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais
S.A.” (USIMINAS), em 1956;
Volta da hegemonia mineira no mercado siderúrgico
nacional
◦ A USIMINAS construiu em Ipatinga,
município de Coronel Fabriciano, uma
usina integrada cuja capacidade final
poderá ultrapassar mais de 2 milhões de
toneladas;
◦ A usina foi completada em 1962 e em
1964 já produzia 276.416 toneladas de
gusa, 276.248 toneladas de lingotes de
aço, 232.176 toneladas de placas e blocos
e 84.214 toneladas de chapas grossas;
Volta da hegemonia mineira no mercado
siderúrgico nacional
Municípios mais industrializados de minas
gerais
◦ Mesmo Belo Horizonte, com suas
74.099 pessoas ocupadas na indústria
produzindo um valor de 92 bilhões de
cruzeiros, em 1962, ela ainda está
longe de uma Guanabara, que
possuía 150.780 operários produzindo
um valor de 362,9 bilhões;
◦ Ainda assim Belo Horizonte tem
crescido com rapidez na sua
economia industrial. Contando com
uma população de 693.328 habitants
em 1960;
◦ Não se pode dizer que a integração da
economia de Minas se tenha dado pela
ação livre das forças de mercado. A
intervenção consciente e deliberada do
Estado conduziu a este resultado;
Considerações ◦ Os esforços no sentido de dotar o Estado
de economias externas – energia,
finais transporte rodoviário, grande siderurgia –
permitiram a industrialização de Minas
Gerais, cuja economiase acabará
integrando como consequência do
surgimento de um pólo industrial forte em
seu território;
Obrigado!
Referência

◦SINGER, Paul I. Desenvolvimento econômico e evolução urbana. São Paulo, Cia. Editora Nacional,
1968.

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