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INFLUÊNCIA INGLESA EM NOVA LIMA: CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADE, DE


UM MODO DE VIDA

Cláudia Teresa Pereira Pires1

O trabalho apresentado a seguir diz respeito a influência dos ingleses na consolidação


do que hoje se entende como Distrito Sede da cidade de Nova Lima. Este artigo é fragmento de
um estudo realizado sobre a cidade e sua história e foi tema da Monografia Final do Curso de
Especialização em Urbanismo da Universidade Federal de Minas Gerais.

Localizada no Estado de Minas Gerais, no que se compreende como região metropoli-


tana de Belo Horizonte, Nova Lima está distante 15 km da capital de Minas, sendo parte inte-
grante da região geológica denominada Quadrilátero Ferrífero. Atualmente a população da ci-
dade é de 70.000 habitantes, sendo que a maioria participa direta ou indiretamente do processo
produtivo e extrativo de ouro e minério de ferro, vocação natural da região.

A região de Nova Lima se caracteriza por possuir relevo acidentado, densa área de ma-
tas, abundância de recursos hídricos e minerais, sendo atualmente área de expansão econômico
e imobiliária para a capital mineira que se encontra em suas adjacências.

Os vestígios do processo de consolidação da influência inglesa na cidade, são observa-


dos principalmente no seu distrito sede. Veremos a seguir, acompanhando um pouco de sua
história como essa influência foi pouco a pouco moldada.

NOVA LIMA

As cidades mineiras são um campo riquíssimo para o entendimento da problemática da


urbanização no Brasil dentro do tema organização e história da evolução do espaço urbano,
visto que este ciclo econômico assumiu características urbanas, primeiramente. O surto minera-
dor no Brasil foi um acontecimento que demandou um fluxo muito grande de imigrações, e
“inchou” regiões do sertão mineiro quase que da noite para o dia. Considerando-se os números,
Minas Gerais recebeu um contingente habitacional da ordem de 30.000 pessoas envolvidas no
processo de mineração e chegava a apurar até 5250 quilos de ouro anuais. 1 O efeito da minera-
ção foi um multiplicador em um ciclo tão denso como efêmero, já que perdurou pouco mais
de um século2. Sendo urbano por excelência construi rapidamente uma estrutura urbana nem
sempre organizada que se tornou um movimento de ocupação peculiar a essa parte do território
brasileiro. Segundo Sylvio de Vasconcelos,
“As minas porém não tiveram infância.

1
Arquiteta, Especialista em Urbanismo pela UFMG. Mestranda em Geografia Urbana pelo IGC, UFMG.
2

Nasceram como a deusa de Atenas,


já feitas e armadas”3.

Dentro deste processo, o ciclo do Ouro beneficiou a todos que se preocuparam em for-
necer a precária infra-estrutura que se precisava para sobreviver no sertão hostil e em regiões
ainda não totalmente desbravadas do Brasil Colônia. As regiões mineradoras agiram como cen-
tros de espirais de influência que ligavam Minas a quaisquer dos centros de escoamento de
Produção do Sudeste Brasileiro.

O efeito econômico da mineração foi explosivo porque, num movimento que enrique-
ceu homens rapidamente, produziu a fama de eldorado para as Minas Gerais, culminando um
surto imigratório para o Brasil, de proporções nunca vistas, fazendo surgir cidades da noite para
o dia.4

As cidades mineradoras surgem em função de um veio aurífero, não se preocupam em


momento nenhum com a sua acomodação no sítio muitas vezes hostil, onde “um terreno favo-
rável em que colocar ruas e os edifícios são questões de somenos”5. A cidade acontece à medi-
da em que os resultados da investida impetuosa dos descobridores de riquezas, afloram à céu
aberto. Tal como Sylvio de Vasconcelos descreve:
“Multiplicam-se assim, os manifestos e seus exploradores, desprovidos de garantias de vida e de
propriedade, são impelidos a entrincheirar-se no mesmo local de trabalho, levantando seus
abrigos nas próprias catas, à beira dos talhos a céu aberto ou aproveitando as próprias bocas
das minas concorrendo, desse modo, as exploração, para as disseminações dos povoados”6

Dentro desta ótica, podemos imaginar o que de fato ocorreu em cada ponto de extração
promissor. Surgem, com estas mesmas características e a mesma estruturação, Vilas importan-
tes tais como Vila Rica, Mariana, Caeté, Santa Bárbara, Sabará e Congonhas de Sabará7 se con-
solidaram enquanto pólos urbanos quase que da noite para o dia.

A história de Nova Lima (originalmente Congonhas do Campo), do seu distrito a com-


posição territorial que possui hoje, poderia se resumir a seguinte constatação: Sem a mineração
provavelmente não existiria. Desde sua origem sua história está ligada ao processo de explora-
ção mineral sendo este o motivo de seu nascimento e tendendo a se definir, a partir disso, os
rumos da manutenção de sua existência.

Campos de Congonhas, hoje Nova Lima, é o achado promissor de Domingos da Fonse-


ca Leme, bandeirante do grupo de Borba Gato, que encontra veios ricos nas confluências dos
Ribeirões dos Cristais e Cardoso, no ano de 1700, dando início ao que se considera ser o pri-
meiro núcleo de povoamento da cidade de Nova Lima.
3

Essa descoberta define também a vocação da cidade para área mineradora com grande
influência regional a partir de sua administração sob capital inglês, e que não se exaure com o
declínio da mineração de céu aberto, prorrogando-se até os dias de hoje com a exploração tam-
bém do minério de ferro, manganês, bauxita, cobre, prata, ácido sulfúrico, dentre outros mine-
rais de alto valor comercial.

Além do ouro aluvião encontrado nos leitos dos ribeirões acima citados, foi encontrado,
a partir de finais do século XVIII, ouro na cabeceira dos morros da parte Norte que compõem o
chamado Vale do Cardoso, conhecido como Morro Velho. Essa área era de propriedade de um
padre, o Padre Freitas foi, a primeira lavra subterrânea em Nova Lima - inicialmente trabalhada
até 1820, de forma assistemática por um grupo de escravos que eram obrigados a se submeter
ao trabalho de perfurar vários túneis na cabeceira do morro, numa atitude que demonstrava
ignorância quanto à natureza do filão aurífero a ser perseguido rocha adentro. Logo após é ven-
dida ao Capitão Lyon, que após melhorias em suas instalações a repassa para a Companhia
inglesa Saint John Del Rey, que se encarrega de melhorá-la tecnologicamente e fazê-la crescer
como investimento de peso que passou a ser até os dias de hoje.

Nesta mesma época podemos traçar o cenário do processo de corrida do ouro nos de-
mais pontos de exploração da região das Minas Gerais. O esgotamento da mineração de aluvião
trouxe decadência a todos estes promissores vilarejos auto-suficientes e ricos construídos ao
longo de todo o século XVIII. No Em início do século XIX, porém, o que se via era apenas
abandono, fome e pobreza a ponto de um viajante alemão Freireyss, em 1815, relatar o seguin-
te:
“Eu fantasiava grandes estabelecimentos; enorme foi a minha surpresa quando me mostraram,
aqui e ali, um par de negros nus, munidos apenas de uma enxada, uma gamela de madeira e al-
guns trapos”8

Após o declínio da mineração à flor da rocha e do leito dos rios, Nova Lima também
entrou em processo de decadência. A mina foi vendida ao Capitão Lyon mas isso, a princípio,
não significou avanços extrativos porque faltava o essencial capaz de acordar Nova Lima para
outra etapa de sua História. Faltava ferramental e maquinários. Dentro disso o que Saint Hilai-
re, viajante francês que passou por Morro Velho em finais da década de 30, presenciou foi
decadência e hostilidade ao desenvolvimento.
“Congonhas deve sua fundação a mineiros atraídos pelo ouro que se encontrava nos arredores
e sua história é a mesma de tantos outros arraiais: o metal precioso esgotou-se. Os trabalhos
tornaram-se mais difíceis e Congonhas não anuncia presentemente senão decadência e abando-
no.”9
4

Uma situação que se repetia padronizadamente, em toda província de Minas. A princí-


pio, - em acontecimentos contrários a decadência de Congonhas de Sabará - a partir de 1817 e
de acordo com as impressões de defendedores de que o ouro existia em veios riquíssimos em
Minas, bastando a tecnologia para a sua exploração, a Coroa Portuguesa autorizou a formação
de grupos para explorar o ouro existente no local em larga escala com investimentos de capital
acionário privado10. Porém, o grande salto desenvolvimentista nesta área passa a acontecer com
o processo de Independência do Brasil e consequente afastamento do domínio português sobre
sua antiga colônia. Essa iniciativa colabora para a fomentação de atividades de cunho minera-
dor, cujo investimento se configurou, principalmente, como Capital Inglês privado em busca de
expansões dentro da chamada condição potencial da antiga província de Minas em ser espaço
propício para o desenvolvimento de uma atividade industrial promissora. Reiterando a opinião
dos ingleses alguns provincianos teciam comentários elogiosos à esta investida, tal como jor-
nais de época citados por Libby:
“... Nós mesmos temos visto quanto pode o espírito de associação. Os ingleses que primeiro vie-
ram estabelecer Companhias de Mineração em a Província de Minas, nos estão ensinando
quanto com seu auxílio se podem melhorar, ou mesmo aproveitar imensas riquezas naturais que
temos perdidas por falta de capitães, e por não havermos ainda bem conhecido quanto elas po-
dem interessar-nos.”11

Primeiramente, a exemplo do que havia pensado o Capitão Lyon,12 a respeito dos inves-
timentos, Saint John Minning Company utilizou grande parte do capital na adequação das insta-
lações da Mina de Morro Velho às condições mínimas de trabalho, passando a mesma por uma
grande restruturação que incluía desde instalação de maquinários para perfuração da rocha co-
mo para moagem do material recolhido no interior da mina.

A Saint John Minning Company, compradora de Morro Velho em 1834, primeiro en-
cerrou suas atividades em São João Del Rey - um dos seus investimentos anteriores de peso em
território mineiro- transferindo-se definitivamente para Campos de Congonhas, região poten-
cial em rentabilidade, onde passa ter papel decisivo, até os dias de hoje sobre os rumos de cres-
cimento da cidade. Começou a ter retorno do investimento a partir de 1839. Entre 1835 e 1886,
a empresa foi considerada o investimento mais lucrativo feito em terras brasileiras no Setor de
Mineração. Distribui, durante este período, investimentos da ordem de 18 % anual médio aos
seus acionistas13. Segundo Libby, mão de obra escrava foi utilizada em larga escala pela Saint
John Minning Company que chegou se utilizar 2500 homens na exploração de suas lavras 14.
Campos de Congonhas, por sua vez, foi elevada a Distrito de Sabará em 1836, sendo denomi-
nada Arraial de Nossa Sra. do Pilar de Congonhas de Sabará.15
5

No entanto, a partir de 1857, a Mina de Morro Velho passará por uma série de pro-
blemas tendo paralisado, por diversas vezes, suas atividades, sendo uma delas o desabamento
da galeria da Mina Grande em 1857, que interromperá suas atividades extrativas por um ano.
Mal se recuperava deste incidente, outro problema vem a surgir, desta vez com um incêndio no
ano de 1867.

Porém não havia como negar que mesmo com os riscos o investimento que se fazia em
Morro velho produzia lucros bastantes expressivos que justificava o prosseguimento de ativida-
des “... que implicavam num entrosamento com a economia local. no caso específico do Brasil, o grande
sucesso da St. John Del Rey evidentemente estimulou vários investimentos no setor aurífero embora a
16
maioria malograsse”

Em 1886, mais outro gravíssimo acidente mergulhou Morro Velho numa má situação,
tendo sido cogitado, na época, seu fechamento definitivo17. A Saint John levou dois anos se
recuperando do prejuízo e se preparando para a reabertura da mina. Tendo isso acontecido ape-
nas porque os investidores britânicos acreditavam ser a mina ainda lucrativa.

Morro Velho voltou após o desastre como sendo uma das minas mais profundas do
mundo, em 1888. Voltou dotada de uma tecnologia avançada em termos de indústria extrativa
existente no país, neste período.18 Interessante notar que segundo Grossi19, durante o fechamen-
to temporário da mina, o município continuou sendo financiado por uma elite comercial que
tratou de fornecer víveres para a população enquanto Morro Velho se recuperava. Este financi-
amento objetiva sustentar a estrutura criada até aquele momento e nos dá prova que a Minera-
ção é de grande influência para o município e para regiões vizinhas até num raio de 300 km.
Segundo Libby, a Mina de Morro Velho possuiu um raio de abrangência muito maior do que se
possa imaginar e talvez fosse interessante em outro artigo, investigar o papel destas influências
na história destes municípios.20

Conveniente observar que muitos vilarejos, no Ciclo do Ouro, foram surgindo da pró-
pria necessidade de prover recursos para funcionamento das minas, “antecipando o fenômeno que
21
só viria ser verificado com frequência após as grandes concentrações industriais(...)” . Assim sendo
surgiram do nada entrepostos comerciais de manutenção da atividade mineradora, de dormida
dos mascates de contato frente ao universo hostil que esta região apresentava.

Morro Velho se serviu desta estrutura também, empregando mascates que a seu mando
traziam tudo que ela necessitava para o seu funcionamento ao mesmo tempo que regulava o
próprio fornecimento de víveres, feito pelos comerciantes próprios, mantendo o que se pode
denominar, nos dias de hoje, de estoque regulador.
6

Um dos problemas enfrentados também, à nível de produção, dizia respeito a utilização


de mão de obra escrava que teve de ser paralisada pela assinatura de leis abolicionistas. 22 Toda-
via, na década de 90, mesmo com assinatura de tratados abolicionistas e numa atitude contrária
a acordos como a Bill Aberdeen, tratados esses anteriores a Lei Áurea, a Mina Morro Velho
empregava na execução de suas atividades 2500 empregados, sendo 1690, escravos, intimamen-
te envolvidos com o processo de redução, britagem do material recolhido no interior da Mina 23.

“... o escravo foi empregado em todas as atividades da Mina, demonstrando não só a versatili-
dade do trabalho escravo, mas também sua importância como base de um esquema de distri-
buição racional da força de trabalho”24

Reiniciada as atividades no ano de 1888, as modificações tecnológicas pelo qual a Mina


passou produziram lucratividade esperada e Morro Velho chegou a financiar, segundo Grossi, a
construção da Nova Capital de Minas Gerais, com pequenos empréstimos financeiros bem co-
mo liberação de alguns de seus serviçais para as obras da nova capital de Minas, antes da che-
gada dos imigrantes.25

No século XIX, a produção de ouro em Minas Gerais chegou a representar 60% da


produção nacional sendo Morro Velho responsável por até 83% do ouro produzido no estado. 26
Mesmo com esta produção, o Brasil que a té o século XVIII, havia sido o maior produtor mun-
dial até então. Essa posição é perdida somente com o advento da mineração nos Estados Unidos
da América, no Alasca, e na África do Sul, no começo do século XIX.

A história de Morro Velho permanece inauterada durante todo o decorrer deste século
com a Mina produzindo de 5.000 a 8.000 kilos de ouro por ano.

Em nome da melhoria da produtividade da Mina e de uma modernidade anunciada


Morro Velho inaugura sua usina e barragem em Rio de Peixe, em 1904, capaz de gerar energia
elétrica para manter os processos mecanizados da Mina. Os ingleses de Morro Velho canaliza-
ram córregos provenientes do Jambreiro de forma a abastecer a mina de quantidade considerá-
vel de água utilizada para a lavagem do minério e para apuração do ouro nos processos de cia-
netação.
Inaugurou em 1913, um ramal secundário de uma estrada de ferro que ligava Nova Li-
ma e Raposos, a Estrada de ferro, Leopoldina Railway, de forma a fazer ligação direta entre a
Morro Velho e o Rio de Janeiro, de onde vinham todas as suas provisões. Anteriormente à
construção dessa ferrovia, os bens necessários ao funcionamento da Companhia chegavam em
Carros de Boi, por estradas em péssima condição, dificultando em muito a organização correta
de um cronograma de atividades, segundo conta George Chalmers, autor do projeto:
7

“Os benefícios que a Companhia usufruiu com o trem elétrico são incalculáveis, sendo difícil
avaliar o quanto lutamos nos primeiros dias com os transportes(...) neste acidentado e monta-
nhoso país. Depois que as máquinas chegaram à Raposos não se ouve falar em atrasos, sendo o
material prontamente entregue à Mina (...) Ele valorizou nossa desperdiçada e devastada flores-
ta oferecendo meios para o transporte de madeiras em toda uma grande área, em outras pala-
vras, tornou o solo onde passa apto para o cultivo de eucaliptus e recentemente auxiliou na
plantação transportando 4.400 operários ocupados neste trabalho”27

Esta iniciativa de manter o ramal ferroviário funcionando se estende até a década de 60,
quando é desativado pela empresa28.

Data de 1923, a mudança do nome da cidade para Nova Lima.29

Dentro do cenário do estado, Minas - que até então possuía um crescimento industrial
inexpressivo - começa-se a produzir resultados nesta área que são fruto de uma retomada da
expansão da usina siderúrgica, abandonada desde os finais do século passado e que significava,
até então, apenas uma indústria artesanal.30 Nova Lima desponta no cenário mineiro figurando,
às custas da mineração, como um dos dez municípios mais desenvolvimento de Minas Gerais,
conforme expresso nas tabelas que se seguem.

TABELA 10
MUNICÍPIOS MAIS INDUSTRIALIZADOS DE MINAS GERAIS - 1946
MUNICÍPIOS VALOR DA PRODUÇÃO IN- PESSOAL OCUPADO NA IN-
DUSTRIAL DÚSTRIA
(Em % sobre
Cr$ 1.000.000) Minas
Belo Horizonte 734 14% 16.134
Rio Piracicaba 516 10% 12.451
Juiz de Fora 434 8% 3.200
Sabará 140 2% 2.355
Nova Lima 125 2% 7.500
Barbacena 106 2% 2.400
Itabirito 77 1% 2.030
S. João del Rei 75 1% 2.880
Paraopeba 75 1% 910
Curvelo 72 1% 2.412
Fonte: Plano de Eletrificação de Minas Gerais, p. 188. In: SINGER, Paul. Desenvolvimento Econômico e
Evolução Urbana. p. 254

TABELA 11
MUNICÍPIOS MAIS INDUSTRIALIZADOS DE MINAS GERAIS - 1920
MUNICÍPIOS VALOR DA PRODUÇÃO PESSOAL OCUPADO
(1.000 contos)
Juiz de Fora 33 4.953
Conselheiro Lafaiete 19 1.650
Belo Horizonte 18 2.223
Nova Lima 16 3.395
Santos Dumont 13 520
Ouro Preto 8 884
Oliveira 7 320
São João Nepomuceno 5 872
Itajubá 5 599
8

Ponte Nova 5 508


Fonte: Censo de 1920 (De acordo com o Plano de Eletrificação de Minas Gerais, 1950, vol. I, p. 189. In:
SINGER, Paul. Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana. p. 236

Duas décadas depois a St. Saint John Mining inicia um remodelamento da mina que
auxiliará na manutenção da sua produção anual responsável por 83 % da produção nacional.31
Morro Velho investe massivamente na tecnologia em busca de melhor ou manter sua perfor-
mance produtiva. É o que diz Rache, citado por Grossi:
“... mesmo sem os avanços tecnológicos, em 1955, a produção de ouro da Morro Velho foi de
3225 kg, fato significativo quando comparado com a produção de 1972, que correspondeu a
5.400 kg. Os engenhos de tratamento da empresa, em 1955, receberam 305.400 toneladas de
minério, acrescentando-se que a produção total do estado em 1954 foi de 1.170 toneladas, exce-
tuando-se Nova Lima.”32

A tabela abaixo nos mostra no decorrer do século a média de produção de ouro em


Morro Velho, de certa forma justificando porque das cidades se fazer importante dentro da pré-
história industrial de Minas, sendo considerado o investimento inglês mais promissor neste
Estado.

TABELA 12
PRODUÇÃO DE OURO EM MINAS GERAIS
1700 -1950
DISCRIMINAÇÃO (séculos) QUILOGRAMAS MÉDIA ANUAL
XVIII 720.000,000 7.200,000
XIX 204.451,000 2.044,514
XX 244.855,752 2.296,114
Fonte: COSTA, Roberto A. A Cortina de Ouro (Morro Velho). Belo Horizonte, Gráf. Santa Maria, 1955.
p. 29. In: GROSSI, Yone. Morro Velho - Extração do Homem, 1981. p. 45.

Morro Velho é transferida ao capital Norte Americano, através da Hannaa Company em


1960. O grupo de Ohio, segundo Leonardo, levou junto com a transação da mina de ouro, as
reservas de ferro da Serra do Curral e mais os 42 ha. de propriedades da St. John Minning Co.,
adquirida no decorrer dos anos que imperou absoluta sobre este território. Com relação ao po-
tencial de exploração das reservas de ferro localizadas na Serra do Curral, descoberta na década
de 50 pela própria emergência do processo de industrialização em Minas. Foi criada pelo grupo
de Ohio, uma Companhia estritamente para explorar o minério de ferro e ouro - principal pro-
duto extraído até então, em Nova Lima - foi entregue à um Grupo com maioria acionária Brasi-
leira (Grupo Unibanco), tendo a Hanna ficado com a minoria das ações. 33 Atualmente trata-se
da Mineração que explora o maciço anticlinal existente entre Belo Horizonte e Nova Lima,
chamado Serra do Curral.
9

Construção da influência da Companhia Inglesa Saint John Mining Company no


processo de consolidação do município.

“Uma vereda que segue um corte profundo, com o pétreos remanescentes de uma antiquada
calçada, algumas cabanas, a capelinha do Bomfim e uma casa grande, de um fornecedor de
carvão constituem a entrada da cidade. Atravessamos a ponte sobre o ribeirão e dali prosse-
guimos sobre o calçamento de escorregadias pedras(...)”34

A descrição acima feita se refere ao relato do geógrafo Richard Burton 35 quando de sua
passagem pela Mina de Morro Velho em 1867, investigando o sistema de exploração do ouro
dentro do que era considerado um dos mais promissores investimentos ingleses nas terras brasi-
leiras. Se formos situarmos correlatamente esta investida de Burton, pelos sertões de Minas -
que ele considera como sendo “uma região tão grande, um solo tão fértil e um clima tão salubre
quanto o da Inglaterra”36 - e, especificamente, por Nova Lima há um século atrás, veremos
que ela coincide com o que podemos considerar como sendo um dos períodos históricos mais
importantes de Morro Velho.
“... Deixei a mina em próspera situação, porém, em 21 de novembro de 1867, irrompeu um in-
cêndio e, a despeito de todos os esforços, os danos foram consideráveis”37

Burton caracteriza a área compreendida como sendo da mineração, aos pés do morro e
nos dá uma idéia do que era o processo produtivo de Morro Velho.
“Situado em um espaço pequeno, o núcleo da mineração fica na encosta ocidental do vale; ali
estão enormes rodas hidráulicas, os compridos e escuros barracões, com o chão coberto de mi-
nério cinzento, casas de máquinas e pequenas construções em forma de quiosque, caiadas de
branco, onde ficam os homens encarregados das manobras”38

Na atualidade o visitante que se encontra nas imediações da Matriz do Pilar pode estra-
nhar que todo o conjunto arquitetônico esteja “dando as costas” para o visitante. Na verdade,
segundo Suzy Mello, o conjunto arquitetônico colonial se voltava para o leito dos rios visto que
o rio era fonte de riqueza e consolidação do núcleo histórico e o monumento religioso configu-
rava-se como sendo o marco para o nascimento de um determinado núcleo de povoação e a
partir dele poderíamos avaliar o grau de complexidade e desenvolvimento que permeava a
história de cada uma dessas vilas coloniais.

“... a princípio, nas povoações primeiras, unem-se os indivíduos em torno de uma única capela,
de construção precária, núcleo de povoação nascente e ponto de referência do lugar. Na capela
se reúne o povo em suas festas e aperturas...”39

Segundo Vasconcelos, igrejas e casarios - que ao longo do tempo também assumem


formas mais complexas denotando riqueza dos seus moradores - comprovam a teoria de que
Minas se reiterou da lógica de formação da cidades no Brasil de forma avessa ao restante do
processo.
10

Em Nova Lima, como pode observar Burton, a ocupação se deu das proximidades dos
vales para as encostas, havendo também incidência de ocupação em platôs localizados no cume
de morros conforme o que aconteceu com os morros Boa Vista e Timbuctu.

Outra característica interessante a ser observada seria a de que sempre o povoamento se


faria no sentido longilíneo acompanhando, em grande parte das vezes, os caminhos tão impor-
tante ao contato do ambiente internos das povoações com mundo externo de onde provinham os
víveres e a manutenção da atividade mineradora.

“Esse íntimo relacionamento com o caminhos, além de acentuar a conformação longilínea das
40
povoações dava-lhes outra característica: “suas ruas eram sempre antigas estradas””

Em Nova Lima, confirma-se a tendência de formação do espaço urbano longitudinal,


espichando-se por entre os caminhos, entre eles o ribeirão, que conduzia até o leito do Rio das
Velhas, que alguns quilômetros à frente já era plenamente navegável. Sua rua principal é a so-
matória de um amontoado de caminhos que se fundem com o tempo.

Em Nova Lima, se o visitante observar a inversão contida no assentamento das capelas


com o eixo viário hoje existente, ou seja, avesso à conformação do núcleo urbano original, con-
cluiirá que uma vez exaurida a exploração dos cursos dágua existentes - Ribeirão dos Cristais e
Cardoso em sua confluência, a cidade cresceu em função da existência do Parque Industrial de
Morro Velho, situada no sentido oposto. Na atualidade o que se pode ver é que nas imediações
da Matriz principal, o conjunto arquitetônico consolidado dá as costas para o rio. Logo ao pé da
primeira igrejinha de Nova Lima, a do Bomfim - a mineração se voltou para a região oposta à
esta que se situa atrás do núcleo urbano primitivo. Eram de lá que provinham as pepitas, en-
contradas nos ribeirões e que carreavam com as enxurradas em direção aos cursos dágua exis-
tentes e confluentes. Uma vez consolidada a ocupação do Morro Velho como área de explora-
ção de lavras profundas, a população se volta para esta direção, abandonando os cursos dágua
agora improdutivos e Nova Lima tende a crescer em torno do seu novo foco de incidência da
sua principal atividade econômica e mais tarde acompanha uma ordenação ditada pela própria
regulação do território pela mineradora. Isto pode ser comprovado na narração de Burton. Ele
primeiro nos fala, sobre a praça principal e simbolicamente o elo gerador de todo processo de
organização do arraial gerado pela garimpagem a céu aberto e nos regatos localizados à uma
curta distância:

“A praça principal tem algumas casas de dois pavimentos41 e enfeitadas, e os dignatários da lo-
calidade trataram de assegurar a presença de uma necessidade na vida municipal brasileira, o
teatro, decrépito, embora tenha apenas quinze anos. A matriz (...), tem uma fachada com três
janelas e um frontão coroado por uma cruz, as torres apresentam telhados suíços, virados nos
cantos (...)”42
11

Este trecho também reforça a idéia da consolidação do núcleo urbano uma vez que o
próprio já possuía uma matriz, sobrados e um comércio que segundo Burton “...floresce em vinte
43
estabelecimentos, inclusive um laboratório e algumas farmácias” .

No segundo trecho do relato de Burton, ele nos diz a respeito da expansão da cidade até
o Retiro, bairro que se consolidou às margens de um acesso futuro a Belo Horizonte e que ser-
viu de local para assentamento de casas que na opinião de Burton, pelo próprio formato, tendi-
am a se inspirar no que era feito em termos de arquitetura no Brasil Colonial. Neste segundo
trecho percebemos que a cidade começa a se distanciar deste elo organizador da forma urbana
original para ir se assentando em terrenos mais próximos da presença dos limites físicos de
Morro Velho, principal causador do desenvolvimento econômico da vila existente:

“... subimos o Morro do Depósito e chegamos à aldeia do retiro, construída em uma encosta.
Ali se erguem, em filas sucessivas, casas de aspecto brasileiro44, tendo na frente canteiro de flo-
res e verduras. São casas dos mineiros ingleses e suas famílias. O aluguel varia de 0$500 a
1$500 por mês. Outras casas ficam em Mingu, atrás do Hospital; três famílias (agosto de 1867)
moram perto do portão da Praia45 e algumas perto de Congonhas.”46

Podemos abrir um parênteses e reforçarmos a idéia de que a Saint John foi pioneira em
manter habitações disponíveis de forma a agregar ao trabalho da mina uma mão de obra fiel e
constante aos trabalhos.

Ao mesmo tempo que se refere às casas de acomodação da Companhia, como mistura


entre um estilo brasileiro, que consiste em acomodações para os hóspedes eventuais bem como
perceber influências inglesas nestas residências, que segundo Burton são “... muito bem cuidadas,
47
tendo em frente canteiros de flores cercados de grades e um regato escuro de leito de ardósia...”

Ainda há uma passagem serve também para comprovar, dentro do cenário do século
XIX, a interferência da Empresa, no que diz respeito às habitações operárias do tipo “bonse-
rás” que esta constrói no hoje conhecido como Bairro da Rocinha:

“A Companhia construiu, além de Retiro48, casas para os mineiros brasileiros e alemães, mas as
acomodações residenciais são geralmente, más, e podem ser melhoradas sem grandes despesas
e com muita vantagem”49

As habitações construídas no Bairro Boa Vista e Timbuctu 50, anteriormente, para abri-
gar escravos possuem estas mesmas características bem como habitações existentes até este
século no Bairro do Rosário.

Mais tarde as regiões compreendidas como Vila Operária e Cristais se ocupam com
estas casas, seguidas pelos terrenos de Cruzeiro e Montividiu 51. Serão utilizados pela Minera-
ção como locais para construção demais casas para funcionários, ou cessão de terreno para que
12

eles mesmos as façam, numa fase posterior a esta, estabelecendo-se em implantações num sis-
tema viário ortogonal que desrespeita as declividades superiores a quarenta e cinco por cento
ali existentes. As casas da chamada Vila Operária também seguem o mesmo esquema constru-
tivo usado pelos ingleses de Morro Velho em suas instalações industriais. Já as residências
localizadas no Sopé do Morro das Quintas serão ocupadas por funcionários ingleses que pos-
suem cargos de chefia ou controlavam a produção da Mina de Morro Velho. As casas constru-
ídas no Retiro, menores, com varanda e jardim na frente, representam as primeiras que foram
construídas para abrigar estes funcionários, em fins de século passado. Possuem as mesmas
características das casas construídas nas Quintas posteriormente.

Dentro do processo descrito podemos observar que a atividade mineradora no municí-


pio de Nova Lima estreita suas relações com a consolidação do núcleo urbano, a medida que é
em função da existência da mineração que o comércio, a habitação e a infra-estrutura básica
fornecida por Morro Velho produz subsídio para o funcionamento da cidade, tal como descrito
pelos que estudam esse assunto52. Logo a mineração encontra aí o auxílio para subexistir em
seus momentos mais difíceis. Interessante é citar o exemplo do entreposto existente em Nova
Lima, que também exerceu influência no comércio de víveres de toda das adjacências da cidade
por ser o mais completo estabelecimento comercial a se firmar nesta região. A Casa Aristides
situada em região lindeira aos limites físicos da própria Saint John Minning Company, coope-
rou para estabelecer uma pouco a pouco, coligada com a Companhia, um sistema de dependên-
cia entre trabalhadores livres e empresa, promovendo vendas a Crédito 53. Desta forma garantia-
se, garantindo primeiramente, o endividamento do empregado, que este não abandonasse o seu
posto pois sempre dependeria do seu empregador e do benefício criado pelo vínculo emprega-
tício, estreitamente ligado a questão da sobrevivência de sua família.

Além desse condicionante de fixação e de dependência da força de trabalho à empresa,


- denominado comércio - a Saint John Minning Company soma-se a partir de 1844, a iniciativa
de construção de casas para os trabalhadores livres numa tentativa de fixá-lo ao trabalho, consi-
derado bastante árduo na mina54 e estabelece o que pode ser observado, com freqüência, como
característica do nascimento do processo industrial no Brasil. Trata-se da adoção de um modelo
paternalista de vínculo estabelecido entre empregador/empregado, através cessão da moradia
construída e de propriedade da empresa, que se faz assim incorporador e imobiliário.

A partir de 1847, face às necessidades de fixar mais e mais mão de obra à produção - já
que não se pode contar mais com os cativos -, a Companhia Inglesa repete a iniciativa de cons-
truir mais algumas casas visto que “(...) o número de trabalhadores livres é impedido unicamente
pela impossibilidade dos recém chegados de acharem qualquer lugar para ficar dentro de uma distância
13

55
razoável da mina” . A maioria da população captada pela mineração para trabalhar em Morro
Velho era do Campo. Aliando a falta de moradia, com as péssimas condições de trabalho que a
mina oferecia, este contingente de mão de obra estava fadado a debandar de volta para o cam-
po, onde pelo menos a pequena colheita era certa, caso não houvessem sido empregados meca-
nismos eficientes de controle para manutenção e controle da mão-de-obra empregada.

Consta nos registros da Companhia que o período de colheita no campo coincidia com
o maior índice de absenteísmo no ambiente de trabalho, ou seja, de abandono das atividades
pelos trabalhadores livres. Grande parte destes trabalhadores eram filhos de pequenos proprie-
tários de terras, geralmente sem escravos ou sem empregados, que necessitavam da família para
colher seu produto, nas épocas de lavoura.56 Anular essa aparente ligação entre campo e cidade
cria garantias do sucesso produtivo do empreendimento de Morro Velho.

A imigração ou o incentivo à imigração foi uma das alternativas utilizadas pela indús-
tria com objetivo de suprir deficiências relacionadas com a pouca especificidade do trabalhador
brasileiro. Os imigrantes eram geralmente trabalhadores com experiência no maquinário e nos
acontecimentos industriais da Europa. Foi assim com Belo Horizonte, onde a eles foi dada a
incumbência de construção dos principais monumentos da Nova Capital, bem como preencher
as lacunas encontradas no trabalhador brasileiro inclusive na Agricultura comercial.

Morro Velho, na tentativa de suprir seus quadros de empregados, relativizar as dificul-


dades encontradas com a cessão do tráfico negreiro e conseqüente proibição de comercialização
de escravos, empregou entre muitos, collies chineses, imigrantes europeus tais como alemães,
franceses, austríacos e ingleses vindos de uma região inglesa chamada Cornualha57. A estes
eram dadas as tarefas que demandavam alguma técnica especial no manejo no interior da mina,
de atividades perigosas tais como dinamitamento de filões rochosos e, é claro, a supervisão
destes trabalhos .Os ingleses, geralmente vinham acompanhados de família para uma estada de
seis anos, garantidas as passagens de vinda e ida. Isto constituía uma das partes do contrato de
prestação de serviço feitas pelos imigrantes europeus58.

A iniciativa de se construir para os empregados livres era gerada também pela necessi-
dade de locar, também, esta mão de obra estrangeira. As Quintas são a iniciativa da empresa
para alojar seus empregados de alto escalão, ou de funções especiais.. Surge em Nova Lima,
verdadeira colônia de empregados ingleses que trazem para a cidade toda influência de sua
cultura alterando os costumes cotidianos do lucar. Trazem também uma consciência crescente
em torno das diferenças entre classes sociais, formadas pelos mineiros versus imigrantes que,
como Grossi analisa em seu trabalho, contribui para o fortalecimento, anos mais tarde, de um
14

processo de sindicalização que sai em defesa da classe operária, constituída pelos mineiros de
Morro Velho, culminando na fundação de uma Central do Partido Comunista na cidade que
incentiva o nascimento de um sindicato forte nas primeiras décadas do século XX.59

Interessante citar nesta parte do trabalho, à problemática da divisão dos territórios em


Nova Lima - dos ingleses (Patrões) e dos empregados (Mineiros) - porque esclarece, de ante-
mão o processo de transformação de Nova Lima, em uma verdadeira Cidade Industrial. Para os
empregados não especializados (mineiros) - maioria na cidade - surge a partir de 1850, os “bon-
serás”60, residências coletivas com um só banheiro. Para os empregados solteiros ou em alguns
casos para famílias inteiras, constroem-se as Casas de Companhia (habitações melhoradas para
o uso da classe operária).

Em um trecho do livro de Libby, o autor faz a seguinte observação:

“As habitações escravas de Morro velho eram divididos em dois agrupamentos ou Vilas, ambas
localizadas perto das instalações da Mina. Os casais - e o casamento era encorajado - ganha-
vam pequenas casas dotadas de um quintal de tamanho suficiente para comportar criação de
porcos e galinhas, além de uma pequena horta”61

Se formos fazer uma analogia com esta frase mais tarde, mais tarde concluiremos que
os bonserás e as chamadas “Casas de Companhia” nada mais são do que reproduções, em maior
ou menor grau de senzalas. Nos aproximamos aí do modelo muito bem descrito por Grossi, ao
analisar a relação da Saint John com sua força de trabalho62, cujo a argumentação gira em torno
da expropriação excessiva da força de trabalho, comum no capitalismo do início do século.

Para os empregados vindos diretamente do Continente Europeu e patrício dos donos da


indústria - os ingleses - as Quintas, casas espaçosas que traduzem um conforto maior e não pro-
duzem o contato forçado com outros membros da coletividade, pela própria natureza de seu
assentamento dentro do Sítio Urbano.

A empresa começa a planejar sobre um território que já lhe pertence há mais de meio
século, realizando um planejamento voltado para a fixação de sua mão de obra próxima a fon-
te de consumo desta mão de obra; a mina. Em lotes de 200,00 m², ou 360,00 m², em malha ur-
bana planejada, de preferência próxima ao centro de produção compreendido pela Mina de
Morro Velho, a empresa constrói as casinhas e garante aí, pelo menos, a negociação da vinda
do homem do campo definitivamente para a cidade, uma vez que no final do século, a escravi-
dão já não mais é tolerada. A construção destas residência possui um efeito multiplicador e na
década de 60, compõem grande parte do cenário urbano da cidade.

Acompanhando a ideologia da Saint John Minning Company podemos concluir que


estas novas habitações constituem um objeto de barganha entre empregado e empresa, no sen-
15

tido de forçar o trabalhador a “vestir a camisa da empresa” e com isso receber o direito de ha-
bitar seguramente, uma das residências que, para ele mineiro foi planejada. À medida que atrela
o homem ao seu local de residência, cria um elo estruturador que vai garantir que a mão de obra
para o trabalho na mina não faltará.

No caso das residências de Quintas, não funciona assim a dinâmica. Ela garante a mo-
radia do imigrante e a empresa se vê na obrigação de alojar seu patrício graduado. Afinal, sua
prática perante a Mineração corrobora para o pleno êxito das atividades implementadas, uma
vez que é sua função cuidar de que elas não percam os rumos da lucratividade.

A influência coercitiva da barganha habitacional só é abolida com a criação de leis


posteriores a respeito do inquilinato63, que impedem que o patrão retire o empregado de sua
residência caso este deixe de fazer parte do quadro de pessoal da empresa. Entretanto cabe a
Saint John Minning Company até a década de 60, e mesmo depois que é vendida ao Capital
Americano, bem como até os dias atuais, zelar pelo domínio sobre o processo de compra e
venda de qualquer imóvel construído dentro de áreas inicialmente pertencentes à ela.

A estratégia é continuar exercendo o controle do bem, regulando o valor do solo e do


bem, inserindo no Contrato de Compra e Venda que a Empresa possui preferência exclusiva da
compra do imóvel, caso haja interesse do dono de negociá-la. Com isso, garante-se que o imó-
vel possa voltar às mãos de seu dono original ou seja, a própria empresa denominada nos dias
de hoje Mineração Morro Velho S/A, que possui assim valor do mercado para sua compra e
sua posterior revenda. Plenamente regulado tal como fazia em pleno século XIX, com o valor
das mercadorias dos entrepostos comerciais e com sua própria manutenção de estoques regula-
dores. Morro Velho século adentro constrói solidamente sua influência nas instâncias decisó-
rias da cidade.

Podemos continuar construindo esta análise sobre a influência da Saint John Minning
Company Minning Company no município de Nova Lima através da infraestrutura implantada
para funcionamento da mina de Morro Velho. Vimos no Histórico que uma estrada de ferro foi
construída afim de facilitar o transporte de suprimentos até a mineração. Vimos também que a
lucratividade e influência de Morro Velho contribuiu com as obras da Nova Capital e também
influenciou a vida de cidades próximas à Nova Lima.

A Saint John Mining Company foi durante muito tempo e ainda é, auto-suficiente em
energia e água tratada. No que diz respeito a energia necessária para tocar as Minas e conse-
quentemente mecanizá-la constrói e inaugura em 1904, a Barragem de Rio de Peixe, distrito
de Nova Lima, que além de gerar energia para as atividades da mina, serve o município de No-
16

va Lima, Raposos (onde possui mina) e Belo Horizonte. No que diz respeito ao abastecimento
de água, em 1977, foi iniciado o abastecimento pela COPASA. Anteriormente, a Saint John
Mining Company, abastecia Nova Lima inteiramente e até hoje trata a água dos bairros Quin-
tas, Santo Antônio e Campo Alto em sua antiga estação de tratamento - a SANUSA, utilizando
“nascentes oriundas da Serra do Curral (Córrego da Macena) 64. Os processos utilizados repro-
duziam a mais alta tecnologia inglesa transposta para o Brasil. Atualmente ainda mantém uma
estação de tratamento para o beneficiamento a ser feito da Usina de Ácido do Distrito Industrial
Queiroz. O cenário do controle do espaço e gestão estão aí, sobre inteiro controle da empresa,
bastando que para isso ela opte, no momento mais oportuno para ela, sobre o que fazer, quais
rumos tomar.

O que Monte-Mor e Costa65 chamam de “espaço do excedente/poder/ festa/ o espaço do


trabalho” acontece em Nova Lima e parece ser a própria antecipação do que viria a ser a cidade
industrial do Brasil do começo do século 20 - um século atrasado em relação à sua formação
no início do século XIX, na Europa - está presente na maioria dos núcleos históricos remanes-
centes do período colonial em Minas. Nova Lima cresce em torno de um nó formado pela mine-
ração, uma única e grande indústria, desencadeadora do processo de crescimento e desenvolvi-
mento que nunca ocorre alheio a sua vontade. Na construção desse cenário formado por Nova
Lima, seu subsolo, sua construção em prol da ação econômica, muitos aspectos são dignos de
serem ressaltados, de forma a entendermos as questões cruciais do nosso tempo : política, eco-
nomia, capitalismo em ascendência como Nova Ordem Gestora do Poder Absoluto, unânime.

Chegamos a um ponto na construção da história da cidade de Nova Lima que repetimos


a afirmação de que tudo o que acontece na cidade prescinde da mineração, o poder unânime,
como dissemos. Em 1972, por exemplo, os quarenta mil habitantes da cidade viviam direta ou
indiretamente da atividade mineradora. Os dados apresentados neste artigo são uma amostra-
gem do que passa a ser um cenário uniforme e projetado para servir de suporte a atividade mi-
neradora, muito bem organizada, constitindo o embrião formador da cidade que se torna suporte
para um atividade industrial emergente. A mineração, por sua vez, incentiva a formação da
cidade como forma de manutenção do que ela mais necessita: a mão de obra.

Nova Lima se torna aí perfeito exemplo para demonstração do poder da indústria e de


como a arquitetura, na preocupação recente de servir aos novos tempos, corrobora para o sur-
gimento do modelo industrial que persegue as cidades onde a atividade econômica é um encla-
ve. A habitação, no próprio Movimento Moderno, surge como carro chefe e modelo para de-
monstração da força do standard,66 propenso a satisfazer a necessidade do coletivo, não neces-
17

sariamente do individual. Nova Lima exemplifica esta opção que, num primeiro momento pro-
cura seus modelos na arquitetura da Vila Colonial e num, segundo momento, porém sem aban-
doná-los, satisfaz os anseios da produção em série disposta a fornecer sustentáculo a produção
criando abrigo para a classe trabalhadora, sistematizando e uniformizando as incidências da
habitação operária em todo o sítio urbano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Se contarmos a história da cidade de Nova Lima esbarraremos sempre nos condicionan-


tes descritos por este artigo: a construção do núcleo urbano original da cidade atravessa a pró-
pria história da exploração mineral brasileira, bem como participa do embrião da chamada in-
dustrialização brasileira.

As influências que encontramos recentemente no espaço urbano de Nova Lima se fa-


zem sentir na adoção de partidos arquitetônicos e volumetrias que em muito, transcrevem uma
influência sofrida pela cultura inglesa que habita a cidade por 160 anos.

Os modelos arquitetônicos atuais pouco evoluem e a casa que se constrói hoje pouco
difere em implantação e partido às construídas pela comunidade inglesa para seus empregados
da Mina de Morro Velho. Isso realça o nível de importância que a mineração e toda a estrutura
criada em torno dela, possui dentro da construção do tecido urbano da cidade.

Os vestígios da influência inglesa em Nova Lima estão por toda parte. Essa influência
está presente nas obras de engenharia que perduram até o dia de hoje, nas casas operárias, no
folclore, na adoção de costumes gastronômicos, tais como a “queca” (simplificação verbal da
palavra inglesa cake), enfim em várias posturas encontradas no modo de vida das pessoas da
cidade.

A exemplo do ocorrido na Light no Rio e em São Paulo, o contato mesmo que hierar-
quizado com essa cultura inglesa, deixou fortes vestígios nas histórias pessoais dos habitantes
da cidade. As dimensões desta influência podem ser encontradas a nível laico, atingindo até
mesmo os níveis administrativos, sociais e políticos desta comunidade.

Essa experiência reafirma a importância do imigrante na história da composição da


sociedade brasileira. Primeiro com a influência de vida pela presença da dominação portuguesa
que transpôs além da sua cultura, seu poder. Depois com a influência de culturas presentes no
fenômeno de imigrações dos mais diferentes países que contribuíram para o desenvolvimento
industrial do país, em seus primórdios de industrialização, bem como garantiram para as suas
nações de origem um certo interpolamento com um núcleo promissor e expansionista para o
18

sistema capitalista vigente. As terras virgens brasileiras representavam novas oportunidades. O


Brasil foi percebido pelos países mercantilistas do século passado, como pólo de uma expansão
de seus domínios comerciais. Por isso foi tão disputado. A Inglaterra foi um desses países que
mais tiraram proveito do país enquanto pólo de expansão para suas atividades econômicas in-
dustriais.

Espera-se que com esse trabalho contribuir para uma breve compreensão do que signi-
ficou a presença do imigrante, mais precisamente da imigração inglesa, no processo de consoli-
dação histórica e desenvolvimento econômico do município de Nova Lima, nas suas mais vari-
adas interfaces, seja elas cultural, política, econômica ou histórica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CORBUSIER, Le.. Por Uma Arquitetura. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1972.
FURTADO, Celso. História da Formação Econômica do Brasil. 7 ed. São Paulo, Nacional,
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MELLO, Suzy. Barroco Mineiro São Paulo, Ed. Brasiliense, 1985.
MONTE-MOR, Roberto L. de M. e COSTA, Heloísa S. M. Cidades Industriais planejadas e a
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SAINT HILLAIRE, Auguste de. Viagem pelo distrito de diamantes e litoral do Brasil com re-
sumo histórico das revoluções do Brasil depois da chegada de D. João VI à América à abdi-
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SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e Evolução Urbana. (Análise da evolução econô-
mica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife”. São Paulo, Compa-
nhia Editora Nacional, Vol. 22, 1968.
VASCONCELOS, Diogo. História Antiga das Minas Gerais. Rio de Janeiro, Imprensa Nacio-
nal, 1948, volume 2, p. 188
19

VASCONCELLOS, Sylvio. Arquitetura particular em Vila Rica. Belo Horizonte, 1951.

1
- SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e Evolução Urbana. (Análise da evolução econômica de São Paulo,
Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife”, p. 202.
2
- MARTINS, Roberto Borges e outros. A história da Mineração no Brasil, p. 14-62.
3
- VASCONCELOS, Diogo. História Antiga das Minas Gerais, p. 188.
4
- MELLO, Suzy. Barroco Mineiro. p. 65-90.
5
JAMES, Preston. Belo Horizonte e Ouro Preto, estudo comparativo de duas cidades brasileiras. In: Bo-
letim Geográfico, ano 4, n. 48, março de 1947, pp. 1599; SINGER, Paul. Desenvolvimento econômico e
Evolução Urbana (Análise da evolução econômica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizon-
te e Recife”. p. 200.
6
- VASCONCELLOS, Sylvio. Arquitetura Particular em Vila Rica. p.16.
7
- Atual Nova Lima. N.A.
8
MARTINS, Roberto Borges e outros. A História da Mineração no Brasil. p.46
9
- SAINT HILLAIRE, Auguste de. Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil com um resumo históri-
co das revoluções do Brasil depois da chegada de D. João VI à América à abdicação de D. Pedro. São Paulo, Nacio-
nal, 1941 (Biblioteca Pedagógica Brasileira), 5, Brasiliana, v. 210. In: GROSSI, Yone. Morro velho: Extração do
homem. p. 36
10
MARTINS, Roberto Borges e outros. A História da Mineração no Brasil. p. 48.
11
- O UNIVERSAL. Ouro Preto, 05 de novembro de 1834, p. 3, c.1-2. In: LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo
na Mina de Morro Velho
12
GROSSI, Yone. “... revendeu- à Saint John Minning Company por 56434 libras incluindo na transação, máquinas,
ferramentas, armazéns, minério bruto, gado e escravos”. p. 37
13
- MARTINS, Roberto Borges e outros. A História da Mineração no Brasil. p. 50.
14
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho Escravo na Mina de Morro Velho, 1979. Este trabalho nos dá um excelente
panorama do processo de extração da -Mina de Morro Velho e a utilização do trabalho escravo. N.A.
15
- Lei provincial de 08.04.1836. In: GROSSI, Yone. Morro Velho: Extração do Homem. p. 34.
16
Ibid. p. 26
17
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 65-66.
18
- GROSSI, Yone. Morro Velho: Extração do Homem. p. 39.
19
- Ibid.
20
- Ibid.
21
- MELLO, Suzy. Barroco Mineiro. p. 71.
22
- LIBBY, Douglas Cole. O Trabalho Escravo na Mina de Morro Velho. p. 14.
23
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 122.
24
- Ibid. p. 122.
25
- GROSSI, Yone. Morro velho: Extração do homem. p. 41.
26
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 50.
27
- George Chalmer’s letter. Fonte: Centro de Memória da Mineração Morro Velho, em Nova Lima. Citação biblio-
gráfica não mencionada. O grifo no transportes é meu. N.A.
28
O bondinho é lembrado por todos os moradores da cidade porque também era meio de transporte até Raposos e era
usado como lazer nos fins de semana por estes. No centro de memória está exposta a máquina dessa locomotiva de
bitola estreita. N.A.
29
- Lei estadual de 07.09.1923. In: GROSSI, Yone. Morro Velho: Extração do Homem. p. 34.
30
- SINGER, Paul, Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana. p. 208, 238-239. Quando o mesmo monta o
cenário da nossa siderurgia a partir da abertura dos portos e declínio da mineração em Minas. De acordo com o autor,
a siderurgia foi prejudicada de desenvolver junto com a mineração devido a interessas ingleses, assumidos por leis
Nacionais que protegiam as importações prejudicando o produto nacional. Durante a dominação portuguesa sobre o
Brasil, a história não foi outra. Qualquer tentativa brasileira de manufaturar era prontamente impedida. N.A. Ver o
caso da Portaria de 1785. “o mercado do ferro provinha sobretudo da mineração do ouro, o qual tinha estimulado o
aparecimento das indústrias siderúrgicas...”.
31
Os pilões californianos foram substituídos por Moinhos de Bolas e a perfuração utilizaria a partir daí ar comprimi-
do. Além disso, o minério seria triturado antes de sair da mina. Este remodelamento consegue retirar os burros de
dentro da mina, que até então só saíam do interior desta, dia de ano Novo e São João completamente desvairados
sendo quase impossível fazer com que voltassem. N.A. Para ver mais sobre isso: GROSSI, Yone. Morro Velho:
Extração do Homem. p. 42; LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. Capítulo 3 e 4.
32
RACHE, Atos de Lemos. Contribuição ao Estudo da Economia Mineira, 1957. p.144-5. In: GROSSI, Yone. Morro
Velho: Extração do Homem. p. 47
33
- Que possui ações nesses bancos brasileiros que possuem o controle acionário. N.A.
20

34
- BURTON, Richard Francis. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. p.172. Publicado originalmente em 1868.
35
- Ibid, p. 196. Temos ainda do mesmo autor a seguinte introdução: “Espero que as minhas notas, tomadas na Rai-
nha das Minas Gerais não parecerão sem interesse. Elas mostram o que é a vida dos ingleses no coração do Brasil, e
fornecerão alguns pormenores sobre um lugar digno de estudo”.
36
BURTON, Richard Francis. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho
37
Ibid., p. 203.
38
- Ibid. p. 193
39
VASCONCELLOS, Sylvio de. A Arquitetura Colonial Mineira. In: Seminário de estudos mineiros, Belo Horizon-
te, Universidade Federal de Minas Gerais, 1957, p. 68. In: MELLO, Suzy de. Barroco Mineiro, p. 131.
40
- LATIF, Miran de Barros. As Minas Gerais. p. 109. In: MELLO, Suzy. Barroco Mineiro, p. 83.
41
- Esta parte da narrativa nos remete a pensar que a cidade acompanha cronologicamente a evolução das vilas de
ouro de minas que segundo descrição de Sylvio de Vasconcelos e outros autores que se ocuparam do fato, foi o so-
brado a segunda fase de evolução das tipologias habitacionais encontradas nas Minas indicando até que o povoamen-
to conheceu um período de extração maior do que alguns povoados como Tiradentes que possuem pouquíssimos
exemplares de sobrados e muitas casas térreas. N.A.
42
-BURTON, Richard Francis. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. Publicado originalmente em 1868 p. 172
43
Ibid. p. 173
44
- Seriam as primeiras casas construídas pela Companhia para abrigar tanto mineiros quanto inglês. As primeiras
casas de Quintas que foram construídas e que ainda existem estão nas proximidades do Bicame e Rua Elogio Pimen-
tel e Dick Morgan. Estas outras casas se situam principalmente no Bairro do retiro em sua Rua principal. Em Rio de
Peixe, distrito de Nova Lima, são encontradas também. N.A. Os grifos são meus.
45
- Praia seria hoje a região compreendida na cidade como o Matadouro e finalzinho do Centro próximo às ruas
Antônio Jardim, onde até alguns meses atrás ainda podia ser vista uma represa. Na atualidade, esta região está sendo
transformada em uma Avenida Sanitária. N. A.
46
BURTON, Richard Francis. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. Publicado originalmente em 1868. p. 175.
Congonhas poderiam então ser considerada como o núcleo histórico primitivo que circundava a área da primeira
descoberta de ouro. N.A. Os grifos são meus.
47
BURTON, Richard Francis. Viagem do Rio de Janeiro a Morro Velho. Publicado originalmente em 1868. p. 196
48
- Referencia ao bairro Retiro localizado próximo ao mencionado Morro do depósito. N.A.
49
- Há incidência de casas com planta quadrada e em cruz, com janelas quadradas cujo detalhe interessante seria o da
existência de um orifício localizado em ponto superior do pé direito que serve para ventilação. N.A. Ver Capítulo
sobre Tipologias. No livro de LIBBY, há uma observação sobre o fato de que, em 1851, “... chegaram a Morro
Velho, vinte ilhéus portugueses, presumivelmente da Ilha da Madeira.”. p. 123-124. O texto informa que não se
sabe quanto tempo ficaram em Nova Lima, visto que nenhuma alusão a estes é feita depois. O fato é que de alguma
forma estes portugueses podem ter contribuído para influenciar a adoção de determinadas peculiaridades no modo de
construir da Companhia. N.A.
50
- Bairro localizado acima da Mina Grande e Velha, no chamado Morro do Morro Velho. O cruzeiro de madeira,
símbolo forte para os mineiros da mina e que é referencial histórico para a cidade, está assentado neste Morro. Foi
colocado lá em meados de 1840, pelo Superintendente da Mina, Mr. Keogh. O mesmo que acompanha Burton na sua
visita e o mesmo que falou, pela primeira vez, na construção de casas populares. N.A.
51
- Local por onde Burton parece ter chegado. N.A.
52
- FURTADO, Celso. História da Formação econômica do Brasil., 1967.
53
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho, 1979; GROSSI, Yone. O trabalho escravo
na Mina de Morro Velho, 1981.
54
- GROSSI, Yone. Morro Velho: Extração do Homem, 1981.
55
LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 85.
56
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 109.
57
- Ibid. p. 123-124.
58
- LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 123-124.
59
- GROSSI, Yone. Morro velho: Extração do homem.
60
- Ver Capítulo Tipologias encontradas no Sítio Urbano. N.A.
61
LIBBY, Douglas Cole. O trabalho escravo na Mina de Morro Velho. p. 140
62
- Este assunto voltará ser analisado mais tarde nas “Tipologias encontradas no Sítio Urbano”. N.A.
63
-LEMOS, Carlos A. C. História da Casa Brasileira. p. 58.
64
- PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVA LIMA. Plano Diretor de Nova Lima. Nova Lima, 1993, p. 66-7.
65
- MONTE-MOR, Roberto L. de M. e COSTA, Heloísa S. M. Cidades Industriais planejadas e a exclusão da força
de trabalho. VI Encontro da Nacional da ANPUR. 1994. (mimeo)
66
CORBUSIER, Le. Por Uma Arquitetura. São Paulo, Ed. Perspectiva, 1972. Ver também : GROPIUS, Walter Bau-
haus, Nova arquitetura. São Paulo. Perspectiva, . 1972.

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